No bolso Despesas fixas aumentam 35% para famílias da...

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Cidades Domingo, 3 de janeiro de 2016 6 portalnews.com.br Vilões da inflação Produtos e serviços que mais aumentaram Produto ou serviço Inflação Energia elétrica 52,3% Gasolina 17,6% Etanol 20,0% Botijão de gás 19,9% Café 14,88% Ovo 14,95% Pão francês 11,90% Arroz 26,00% Alho 46,72% Despesas fixas aumentam 35% para famílias da região Combustível, alimentação e energia elétrica foram os grandes vilões das famílias que fazem controle de gastos NO BOLSO Em meio a alta do desemprego e o retorno da inflação, o custo de vida, que não para de subir, tem preocupado muitos brasileiros. Para algumas famílias do Alto Tietê, os gastos com despesas básicas registrou aumento de até 35% ao longo dos últimos 12 meses. A reportagem comparou os gastos fixos de duas famílias, registrados em janeiro e dezembro deste ano. A conclusão foi que independentemente da classe social, as despesas tiveram um aumento significativo, mesmo para aqueles que procuram economizar e reduzir o consumo. Na casa da poaense Suelli Kerchner Paixão, de 55 anos, onde vivem quatro pessoas, a soma das despesas fixas como energia, água, compra do mês e combustível, subiu de R$ 1.958 em janeiro para R$ R$ 2.531 em dezembro. Uma elevação de R$ 29,2%. A conta de luz, por exemplo, que no início do ano ficou em R$ 237 com base no consumo de 470 quilowatts (KW), passou para R$ 370, mesmo após o número de quilowatts terem sido reduzidos para 408. Isso demonstra os reflexos da alta da energia elétrica, que subiu 52,3% neste ano. Sueli: “Substituímos um produto por outro para tentar economizar, mas, ainda assim, temos gastado mais” Outro fator que pesou no orçamento da família foram os gastos com a alimentação. A compra do mês, que em janeiro ficou em R$ 1.500, passou para R$ 2.000. “A gente tem comprado menos. Quando dá acabamos substituindo um produto por outro para tentar economizar, mas, ainda assim, temos gastado mais do que gastávamos antes”, disse a professora. Situação parecida é enfrentada pelo mogiano Antônio Carlos Veríssimo da Silva, de 47 anos, chefe de uma família composta por quatro pessoas. Ao longo do ano, os custos básicos de sua residência passaram de R$ 542 para R$ 734, um aumento de R$ 35%. Neste caso os gastos com energia elétrica, que era de R$ 68, passou para R$ 105, mesmo o consumo tendo sido reduzido de R$ 152 KW para 149 KW. Já os gastos com o mercado, que em janeiro ficou em R$ 380, subiu para R$ 500 em dezembro. A despesa com combustível também sofreu aumento, se elevando de R$ 70 para R$ 100. De acordo com ele, na tentativa de aliviar o orçamento, as despesas são divididas. “A gente divide tudo para não ficar pesado para ninguém. Mas o que chateia é saber que mesmo fazendo todo esse controle, comprando menos, consumindo menos energia, estamos pagando cada vez mais. Imagine se não fizéssemos esse planejamento?”, questionou. Stefany Leandro Amilson Ribeiro O ano de 2015 foi mar- cado por uma série de aumento nos preços em produtos, serviços e im- postos, o que elevou os índices inflacionários e, consequentemente, dimi- nuiu o poder de compra do brasileiro. Diante deste cenário, economistas alertam sobre a necessidade de se fazer uma planilha orçamentária de forma a tornar possível o corte de alguns excessos. De acordo com o eco- nomista Waldir Pereira a inflação, embora tenha afetado a todos, vem cau- sando mais impactos para as famílias de renda mais Economista aconselha a criação de planilha de gastos inflação tem sido ainda mais perversa com as classes mais baixas, pois como costumamos dizer R$ 1 tem mais valor para uma família que ganha menos na comparação daque- le que tem maior poder aquisitivo”, disse. A recomendação, segundo Pereira é que, aproveitando a virada do ano, as pessoas passem a utilizar uma pla- nilha com todos os gastos mensais da família. Controle “O controle é um hábito que já devia fazer parte da vida do brasileiro há muito tempo. Não precisa baixa. “Devemos fechar o ano com uma inflação de 11%, mas, para alguns, por exemplo, a compra de um presente”, aconselhou o especialista. Segundo ele, desta for- ma é possível gerenciar as despesas e cortar gastos desnecessários. “Ao fa- zer esta planilha a pessoa consegue ver a variação de preços. Há coisas, é claro, em que os gastos aumentam mas não é culpa da pessoa, como ocorreu com o combustível e com a conta de luz deste ano. Já outras, como despesas com restaurante, compras de roupas, podem ser avaliadas e gerar uma economia no fim do mês”, comentou o economista. (S.L) ser nada muito complexo. Basta que a pessoa tenha um caderno e anote todos os gastos fixos, como água, luz, telefone e também despesas eventuais, como, Às vezes paro e penso porque estou economizando, pois na prática estou gastando ainda mais” O combustível também foi um dos vilões das despesas. Isso porque no primeiro mês do ano para encher o tanque do veículo era necessários R$ 110. Agora são R$ 150. Para Sueli, fatores como estes são desanimadores. “Sou funcionária pública e no decorrer do ano não tive aumento salarial. Já as despesas subiram e muito. A gente não vê resultado nesse controle de gastos. Às vezes paro e penso porque estou economizando, pois na prática não tenho nenhum retorno”, lamenta. É possível gerenciar as despesas e cortar gastos desnecessários ela incide de forma maior. A classe média teve um aumento do consumo nos últimos anos e agora vem sendo mais atingida pelas questões inflacionárias. A

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Cidades Domingo, 3 de janeiro de 20166 portalnews.com.br

Vilões da inflaçãoProdutos e serviços que mais aumentaram

Produto ou serviço Inflação Energia elétrica 52,3% Gasolina 17,6% Etanol 20,0% Botijão de gás 19,9% Café 14,88% Ovo 14,95% Pão francês 11,90% Arroz 26,00% Alho 46,72%

Despesas fixas aumentam 35% para famílias da região

Combustível, alimentação e energia elétrica foram os grandes vilões das famílias que fazem controle de gastosNo bolso

Em meio a alta do desemprego e o retorno da inflação, o custo de vida, que não para de subir, tem preocupado muitos brasileiros. Para algumas famílias do Alto Tietê, os gastos com despesas básicas registrou aumento de até 35% ao longo dos últimos 12 meses.

A reportagem comparou os gastos fixos de duas famílias, registrados em janeiro e dezembro deste ano. A conclusão foi que independentemente da classe social, as despesas tiveram um aumento significativo, mesmo para aqueles que procuram economizar e reduzir o consumo.

Na casa da poaense Suelli Kerchner Paixão, de 55 anos, onde vivem quatro pessoas, a soma das despesas fixas como energia, água, compra do mês e combustível, subiu de R$ 1.958 em janeiro para R$ R$ 2.531 em dezembro. Uma elevação de R$ 29,2%.

A conta de luz, por exemplo, que no início do ano ficou em R$ 237 com base no consumo de 470 quilowatts (KW), passou para R$ 370, mesmo após o número de quilowatts terem sido reduzidos para 408. Isso demonstra os reflexos da alta da energia elétrica, que subiu 52,3% neste ano.

Sueli: “Substituímos um produto por outro para tentar economizar, mas, ainda assim, temos gastado mais”

Outro fator que pesou no orçamento da família foram os gastos com a alimentação. A compra do mês, que em janeiro ficou em R$ 1.500, passou para R$ 2.000.

“A gente tem comprado menos. Quando dá acabamos substituindo um produto por outro para tentar economizar, mas, ainda assim, temos gastado mais do que gastávamos antes”, disse a professora.

Situação parecida é enfrentada pelo mogiano Antônio Carlos Veríssimo da Silva, de 47 anos, chefe de uma família composta por quatro pessoas. Ao longo do ano, os custos básicos de sua residência passaram de R$ 542 para R$ 734,

um aumento de R$ 35%. Neste caso os gastos com energia elétrica, que era de R$ 68, passou para R$ 105, mesmo o consumo tendo sido reduzido de R$ 152 KW para 149 KW. Já os gastos com o mercado, que em janeiro ficou em R$

380, subiu para R$ 500 em dezembro. A despesa com combustível também sofreu aumento, se elevando de R$ 70 para R$ 100.

De acordo com ele, na tentativa de aliviar o orçamento, as despesas são divididas. “A gente divide tudo para não

ficar pesado para ninguém. Mas o que chateia é saber que mesmo fazendo todo esse controle, comprando menos, consumindo menos energia, estamos pagando cada vez mais. Imagine se não fizéssemos esse planejamento?”, questionou.

Stefany LeandroAmilson Ribeiro

O ano de 2015 foi mar-cado por uma série de aumento nos preços em produtos, serviços e im-postos, o que elevou os índices inflacionários e, consequentemente, dimi-nuiu o poder de compra do brasileiro.

Diante deste cenário, economistas alertam sobre a necessidade de se fazer uma planilha orçamentária de forma a tornar possível o corte de alguns excessos.

De acordo com o eco-nomista Waldir Pereira a inflação, embora tenha afetado a todos, vem cau-sando mais impactos para as famílias de renda mais

Economista aconselha a criação de planilha de gastosinflação tem sido ainda mais perversa com as classes mais baixas, pois como costumamos dizer R$ 1 tem mais valor para uma família que ganha menos na comparação daque-le que tem maior poder aquisitivo”, disse.

A recomendação, segundo Pereira é que, aproveitando a virada do ano, as pessoas passem a utilizar uma pla-nilha com todos os gastos mensais da família.

Controle“O controle é um hábito

que já devia fazer parte da vida do brasileiro há muito tempo. Não precisa

baixa. “Devemos fechar o ano com uma inflação de 11%, mas, para alguns,

por exemplo, a compra de um presente”, aconselhou o especialista.

Segundo ele, desta for-ma é possível gerenciar as despesas e cortar gastos desnecessários. “Ao fa-zer esta planilha a pessoa consegue ver a variação de preços. Há coisas, é claro, em que os gastos aumentam mas não é culpa da pessoa, como ocorreu com o combustível e com a conta de luz deste ano. Já outras, como despesas com restaurante, compras de roupas, podem ser avaliadas e gerar uma economia no fim do mês”, comentou o economista. (S.L)

ser nada muito complexo. Basta que a pessoa tenha um caderno e anote todos

os gastos fixos, como água, luz, telefone e também despesas eventuais, como,

Às vezes paro e penso porque estou

economizando, pois na prática estou gastando ainda mais”

O combustível também foi um dos vilões das despesas. Isso porque no primeiro mês do ano para encher o tanque do veículo era necessários R$ 110. Agora são R$ 150.

Para Sueli, fatores como estes são desanimadores.

“Sou funcionária pública e no decorrer do ano não tive aumento salarial. Já as despesas subiram e muito. A gente não vê resultado nesse controle de gastos. Às vezes paro e penso porque estou economizando, pois na prática não tenho nenhum retorno”, lamenta.

É possível gerenciar as despesas e cortar gastos desnecessários

ela incide de forma maior. A classe média teve um aumento do consumo nos últimos anos e agora vem sendo mais atingida pelas questões inflacionárias. A