No alto da montanha mais alta da terra.docx

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No alto da montanha mais alta da terra, no dia mais frio e escuro do ano, dois homens velhos conversavam sobre o futuro da humanidade, bem, na verdade peco ao intitulá-los apenas como homens, afinal, se tem algo que nunca seriam é homens, discutiam coisas que ninguém poderia mudar, eram planos para dois meninos que nasceriam em breve, em famílias diferentes, em lugares diferentes, nasceriam e seriam seus mais amados brinquedos.. cof cof.. digo, generais, numa guerra sem precedentes e, mais tarde saberão, onde não haveria vencedores. Na mesa dos dois, nada mais que uma garrafa de whisky e um tabuleiro de xadrez, onde o jogo não importava e sim, os jogadores, ambos vestiam roupas quentes e pretas e sequer se importavam com o castelo onde estavam ou com quem eram, apenas se importavam em decidir o destino dos homens, que a eles tanto entretinha. E foi então que um deles propôs ao outro que deixassem o jogo mais “divertido”, deixando ao acaso o futuro dos dois e apenas esperando que ambos tomassem seus lugares motivados pelo destino, que segundo ambos seria o mais justo e que acabaria funcionando, afinal, um poder supremo os guiaria desde sempre. E foi assim, nesse mesmo dia, que nasceram o que viria a ser os dois grandes homens, munidos de saúde e poder para governar as nações. Mas o poder tem sempre um alto preço. CAPÍTULO I O PODER COBRA SEUS PRIMEIROS TROCADOS Já é tardezinha quando Jonas vai pra roça, arranca um pé de mandioca e só o que vê é mais uma raiz seca, volta e se senta num banco perto de sua casa, os olhos já não tem nem expressão mais, era como se todo o desalento do mundo estivesse nos ombros daquele velho de 30 anos. Lembrava-se de seus filhos que não comiam praticamente nada a dias, o menorzinho já estava doente, ou não

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No alto da montanha mais alta da terra, no dia mais frio e escuro do ano, dois homens velhos conversavam sobre o futuro da humanidade, bem, na verdade peco ao intitul-los apenas como homens, afinal, se tem algo que nunca seriam homens, discutiam coisas que ningum poderia mudar, eram planos para dois meninos que nasceriam em breve, em famlias diferentes, em lugares diferentes, nasceriam e seriam seus mais amados brinquedos.. cof cof.. digo, generais, numa guerra sem precedentes e, mais tarde sabero, onde no haveria vencedores. Na mesa dos dois, nada mais que uma garrafa de whisky e um tabuleiro de xadrez, onde o jogo no importava e sim, os jogadores, ambos vestiam roupas quentes e pretas e sequer se importavam com o castelo onde estavam ou com quem eram, apenas se importavam em decidir o destino dos homens, que a eles tanto entretinha. E foi ento que um deles props ao outro que deixassem o jogo mais divertido, deixando ao acaso o futuro dos dois e apenas esperando que ambos tomassem seus lugares motivados pelo destino, que segundo ambos seria o mais justo e que acabaria funcionando, afinal, um poder supremo os guiaria desde sempre. E foi assim, nesse mesmo dia, que nasceram o que viria a ser os dois grandes homens, munidos de sade e poder para governar as naes. Mas o poder tem sempre um alto preo.

CAPTULO I

O PODER COBRA SEUS PRIMEIROS TROCADOSJ tardezinha quando Jonas vai pra roa, arranca um p de mandioca e s o que v mais uma raiz seca, volta e se senta num banco perto de sua casa, os olhos j no tem nem expresso mais, era como se todo o desalento do mundo estivesse nos ombros daquele velho de 30 anos. Lembrava-se de seus filhos que no comiam praticamente nada a dias, o menorzinho j estava doente, ou no era doena, era apenas fome, no tinham como saber, mdico pra rico, e rico no precisa de mdico, quem come bem no fica doente.Olhava pro cho fervilhando, sentia fome, fraqueza, afinal era humano, mas no pensava naquilo, pensar s o destruiria e tiraria sua determinao e sua f, e f ele tinha muita, apesar dele no ir mais a igreja por que era longe e sua famlia no tinha roupa pra ir l, onde as pessoas iam to arrumadas, sua celebrao se baseava numa imagem de Nossa Senhora que ficava no canto da cozinha. Orava todas as manhs, uma orao a seu modo, pedia comida, chuva, sade, no sentia que algum deveria pedir nada alm disso por que com isso poderamos conseguir todo o resto. Mas nesse dia no tinha se lembrado de rezar, talvez por estar com preocupaes demais, talvez por que esse fosse ser um dia em que oraes no seriam necessrias.Jonas tinha 2 filhos crescidos e um de colo. O maior chamava-se Pedro, j tinha 13 anos e ajudava o pai em tudo, era o segundo homem da casa, o do meio tinha seus problemas, no aprendia nada direito, mas era um bom garoto, tinha 10 anos e tamanho de 6. Morava com sua mulher e sua sogra, no haviam brigas, talvez por que a pobreza e a fome j causassem sofrimento suficiente, sem deixar espao pra mais nada. Se no houvesse f talvez Jonas chorasse, mas ele apenas se limitava a fitar o horizonte, um sem fim de calor e seca, quando v a longe 2 cavalos parecendo quase uma miragem no alm mundo daquele deserto, que s pareciam se tornar reais conforme se aproximavam. Vieram rpido e se aproximaram de Jonas, trocaram nada mais que 7 palavras com ele e enfiaram o faco em sua barriga, primeiro caram seus intestinos, depois ficou trmulo de joelhos sobre aquela terra seca e quando no aguentou mais caiu deitado de cara no cho, sua mulher e seus filhos viam tudo de longe, gritaram, choraram e espernearam mas no final no sobrou ningum, nem seu casebre humilde deixaram pra trs, tocaram fogo em tudo sem ter d. Os motivos pra isso? Um homem que j dono de meio mundo achava que precisava de mais terra, e como aquela gente pobre no faria falta a ningum nem tinha escritura de nada daquela terra era s ir l e fazer com que voltassem ao p. O nome desse homem era Falb Farias, homem velho, rico, senador da Repblica, homem defensor da moral, dos bons costumes e que sempre fez valer a lei a seu favor, inclusive a lei divina, que ele jurava que seguia, e sempre justificava suas extravagncias com uma ou outra passagem da bblia. Mas a morte escolhe um anjo sem asas e sem pressa e naquele dia no fez questo de levar toda aquela famlia, at por que no podia faz-lo, ento um deles teve que sobreviver.

CAPTULO 2