Nº 6 - Abril de 2009

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Abril de 2009 Edição bimensal Nº 6

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Doutor Gustavo Brandão - A homenagem ao homem, ao artista... ao amigo Plano Nacional do Ensino do Português - PNEP traz à ESE 400 professores de 1.º ciclo IX Simpósio Internacional GEDEI – Grupo de Estudos para o Desenvolvimento da Educação de Infância Doutora Manuela Sanches Ferreira fala-nos sobre o Decreto lei 3/ 2008, sua avaliação e impacto para uma Educação mais Inclusiva

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Abril de 2009Edição bimensal

Nº 6

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EDITORIAL2

por Ana Bertão

O conteúdo de cada artigo é da responsabilidade dos seus signatários ou responsáveis pelos órgãos.

A publicação Note-se é uma iniciativa do Centro de Recursos em Conhecimento da Escola Superior de Educação do Porto e do Gabinete de Educação para o Desenvolvimento e Cooperação, e conta com o apoio do Conselho Directivo da ESEPP.

A mudança caracteriza o ser humano, o espaço de vida que medeia o nas-cimento e a morte, e anda a par com o que permanece imutável, com o que perdura no eixo do tempo e que nos dá um sentimento de continuidade, de pertença e de integração. Equilibrar mudança e estabilidade nem sempre é tarefa fácil. Por vezes, a aceleração do tempo, os dias que se encontram com as noites cada vez mais tarde, não nos permite perceber o que se passa à nossa volta, como o ambiente se transforma, como as pessoas, sendo as mesmas, se revelam outras, como os “novos” permanecem desconhecidos ao fim de alguns anos, e como dos departamentos, dos cursos, centros e serviços só sabem quem lhes pertence. Tantas vezes, nem tempo fica para se olhar as marcas daqueles que já não ocupam os espaços físicos, mas que continuam vivendo nas nossas memórias.

Ao sinalizar aspectos desta realidade em constante transformação, o jor-nal Note-se, apesar de muito jovem (encontra-se no seu segundo ano de existência), tem já lugar imprescindível: fazendo notações várias, permite o cruzamento de olhares renovados sobre as coisas de todos os dias e abre portas à construção e descoberta das novas possibilidades. Constitui-se como um espaço para nos revelarmos, para nos conhecermos, espaço onde emerge a vontade da descoberta, da troca, da partilha.

Percorrer as suas páginas, num formato simpático, é descobrir as iniciativas que ainda surgem, as finalidades e funções dos serviços da ESE, os eventos que se oferecem como espaços de cultura, de conhecimento e de lazer. Encontrei nessas páginas aspectos da Escola e dos colegas que os escassos encontros no bar e nos corredores já não permitem desvendar. Vamos então partilhar mais para nos conhecermos melhor, fazermos melhor e sermos mais Escola.

Este jornal é também o rosto dos seus proponentes e organizadores, é o rosto divertido, curioso, juvenil e ávido de envolvimento e de conhecimento da Liliana, da Teresa, do Rui. Neste tempo sem tempo para parar, para reflectir, para elaborar, Note-se oferece-se como um marcador de acontecimentos que pode crescer, que pode envolver, que pode fazer notações tão variadas quanto o desejarmos. Há espaços a construir para a divulgação de Projectos, das Práticas dos estudantes, das acções e dos saberes que as sustentam e enquadram; espaços para a interrogação permanente sobre aquilo que se faz, para o rigor de como se faz, para as inquietações que emergem das dúvidas resultantes de quem tem força para duvidar e para se surpreender quotidianamente.

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NOTÍCIAS 3

Um exercício de liberdade no Dia Mundial do Livro

pelos membros do NELA (Núcleo de Estudos Literários e Artísticos da ESE do Porto)

Há 35 anos, Portugal e os portu-gueses celebravam a queda dos “velho[s] abutre[s]”, o dia “inicial inteiro e limpo”, que poria fim ao “Tempo de solidão e de incerteza / Tempo de medo e de traição / Tempo de injustiça e de vileza”, nas palavras tão exactas de Sophia de Mello Breyner Andresen.

E porque continuam cada vez mais a fazer sentido estas palavras e esta data – 25 de Abril de 1974 –, o NELA (Núcleo de Estudos Literários e Artísticos da ESE) desafiou o poeta e autor de literatura para a infância Manuel António Pina a intervir na sessão cultural de quinta-feira, dia 23 de Abril, su-bordinada ao tema “35 anos do 25 de Abril | Dia Mundial do Livro 2009: Ditadura e Liberdade | Literatura e Cinema”, e a conversar com os numerosos estudantes e professores presentes sobre o seu livro “O Tesouro”,centrado na reconquista da liberdade, leitmotiv para outras conversas sobre a memória histórica do 25 de Abril. Nesta sessão participou também Ana Margarida Ramos, professora da Universidade de Aveiro e membro associado do NELA, com a comuni-cação “Reescritas da Ditadura e da Revolução na Literatura para a Infância”, revisitando os autores e as narrativas para os mais jovens que exploram tópicos relacionados com este

momento histórico, crucial para os portu-gueses. Introduzido por Ana Cristina Macedo, foi também apresentado um filme (baseado em três contos do escritor galego Manuel Rivas,

retirados da obra “¿Qué me quieres, amor?”), o qual tem como pano de fundo o ano de 1936 e a Guerra Civil espanhola. A película, cuja acção permite testemunhar o início do fascismo em Espanha, aborda temas como a família e os seus valores como base primeira de sociabilização e de formação cívica, bem como o lugar central e estruturante do professor na formação de uma criança desde os primeiros anos de escolaridade.

“Contarás de Abril” foi o título da leitura encenada preparada pelo TRIP, momento final desta iniciativa, que antecedeu uma distribuição de cravos e um Porto de Honra. Assim o TRIP nos “contou de Abril” textos de Baptista-Bastos, José Gomes Ferreira, José Afonso, Na-tália Correia, Ary dos Santos, Sophia de Mello Breyner Andresen, Ana Saldanha e Urbano Tavares Rodrigues.

De referir ainda que a presidente do Conselho Científico da ESE, Prof. Doutora Irene Figueire-do, abriu formalmente o evento, tendo-se segui-do uma breve intervenção do coordenador do NELA, Prof. Doutor José António Gomes, que deixou um apontamento sobre a celebração conjunta da Revolução e do Dia Mundial do Livro – momento ideal para reflectir sobre a funda experiência de liberdade e cidadania que a leitura pode proporcionar.

“35 anos do 25 de Abril | Dia Mundial do Livro 2009: Ditadura e Liberdade | Literatura e Cinema”

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4 NOTÍCIAS

por 3º Ano de Gestão do Património

IV Jornadas de Património ARTErial

Como é do conhecimento de todos, o curso de Gestão do Património decidiu levar a cabo, uma vez mais, as Jornadas de Património ARTErial.

Nesta IV sessão optou-se pelos seguintes temas: Artes Performativas, Património Natural / Ambi-ental, Teorias e Práticas do Património e Arte, cultura e Património.

No dia 12 de Março, e com a casa bastante cheia, estivemos atentos com agrado às palestras dos nossos convidados: a artista e Mestre Beatriz Albuquerque, a Doutora Isabel Alves Costa das Comédias do Minho e a Doutora Né Barros, uma das directoras do Balleteatro.

No mesmo dia, à noite, por volta das 21h30, assistimos a um pequeno sarau onde escutámos delicia-dos, aos dedos mágicos e delicados de Mariya Krasnosshchok, o Adágio Sustenuto Sonate op.27 nr.2 de Ludwing Van Beethoven. Recitaram-se também poemas, entre eles “Ballet” de António Gedeão e sentimos o beat com o grupo de Hip Hop, de Paços de Ferreira, Dance Salves. Perante o sucesso desta primeira sessão, prontamente nos embrenhamos na programação e produção da segunda (que versará sobre Património Natural / Ambiental) e seguintes.

Cremos que o nosso trabalho fala por si e com ele contamos cativar cada vez mais um maior número de espectadores, por isso, apareçam. Não faltem!

O CIPEM acaba de lançar o livro Crescer nas Bandas Filarmónicas – Um estudo sobre a construção da identidade musical de jovens da editora Afrontamento.

A investigação que deu origem a este livro foi financiada pela Fundação para a Ciência e Tecnologia e teve como objectivo geral a busca de compreensão acerca do papel que a par-ticipação nas Bandas Filarmónicas representa na construção da identidade musical de jovens portugueses.

Desde1986, altura em que a Escola Superior de Educação do Politécnico do Porto iniciou o programa de formação de Professores de Educação Musical, que se constatou que uma boa parte dos candidatos ao curso tinham não só iniciado a sua formação musical nas Bandas Filarmónicas, como mantinham com estas uma relação significativa de continuidade e de uma pertença muito própria, quer em termos dos laços familiares, quer dos afectos e das afiliações culturais e sociais. A investigação contou ainda com a participação da Escola Superior de Edu-cação de Bragança, cuja população estudantil era igualmente susceptível de ser enquadrada, em parte, no perfil acima explicitado. A análise dos dados recolhidos junto dos alunos e ex-alunos das duas instituições permitiu construir social e culturalmente o contexto das Bandas Filarmónicas e compreender o papel que tiveram e continuam a ter na estruturação das suas identidades musicais.

por Graça Mota

CIPEM lança livro

Campanha Global pela Educação (CGE) - SAGE 2009

pela Coligação Nacional da Campanha Global pela Educação

Na ESE realizou-se “A Grande Leitura”, a 22 de Abril de 2009

A Campanha Global pela Educação (CGE) dedicou este ano a Semana de Acção Global , de 20 a 26 de Abril, ao tema da “Alfabetização de Jovens e Adultos e a Aprendizagem Contínua”.

Esta Campanha teve início em 1999, em vés-peras da realização do Fórum Mundial sobre Educação realizado em Dakar, no Senegal, e decorre actualmente em cerca de 150 países. O principal objectivo desta coligação, com-posta por organizações não governamentais, sindicatos de professores e outros grupos comprometidos com o direito à educação em todo o mundo, é o de vincar a responsabilização governamental e da comunidade internacional, por um lado, e a responsabilização individual de cada um de nós, por outro, na transformação da realidade para que todos tenham as mesmas oportunidades no acesso a uma educação de qualidade.

Em 2000 foram traçados em Dakar seis metas específicas a atingir decorrentes do Fórum Mundial sobre Educação, as chamadas

Metas de Dakar ou objectivos para a Educação para Todos. No mesmo ano os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio (ODM) estabele-cidos na Cimeira do Milénio vieram reforçar a necessidade de se alcançar a educação primária universal até 2015.

São diversos os estudos que demonstram que a educação tem um papel decisivo na luta contra a pobreza, através da formação e capacitação dos indivíduos para lidarem com situações do quotidiano, a nível individual e social, através da aquisição e interpretação de conhecimentos em áreas tão diversas como a higiene pessoal e saúde, a alimentação, a saúde reprodutiva e sexual, a participação política, a gestão de pequenos negócios, etc, e para o próprio processo de crescimento enquanto seres humanos e sociais.

A CGE promove todos os anos a Semana de Acção Global pela Educação (SAGE) para chamar a atenção dos representantes políticos, da comunidade educativa, dos meios de comu-nicação e do público em geral sobre a urgência de se agir para que os objectivos da Educação para Todos sejam atingidos, conforme foi pro-metido internacionalmente.

A CGE tem vindo a trabalhar essencialmente com o público escolar mas convida a partici-pação do público em geral nas suas iniciativas, disponibilizando propostas de actividades adaptadas à educação formal (vários níveis de ensino) e não-formal para se reflectir sobre as assimetrias no acesso à educação e sobre as suas consequências. Estas propostas podem ser encontradas no website oficial da CGE www.

educacaoparatodos.org (ver recursos).Durante a SAGE realizaram-se “Grandes

Leituras”, a nível nacional e internacional, no dia 22 de Abril. Foram gestos simbólicos para se reconhecer o valor da alfabetização e da importância do exercício efectivo do direito à educação por todos e por todas.

Vivemos num mundo globalizado em que as nossas acções locais se reflectem na vida de outros à escala global. Cada vez mais somos chamados a assumir uma responsabilidade, partilhada por toda a humanidade, de con-struirmos um mundo melhor, mais justo e equitativo.

Na ESEPP a “Grande Leitura” contou com a participação de cerca de 75 pes-soas, que tiveram aqui oportunidade de discutir e pensar na Educação como um direito universal, para o qual todos temos o dever de contribuir. Agradecemos a todos os que participaram nesta activi-dade a presença e o empenho neste acto simbólico.

Informações: www.educacaoparatodos.org

Artes Performativas, Património Natural / Ambiental, Teorias e Práticas do Património/ Arte, Cultura e Património

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5NOTÍCIAS

por O Núcleo Regional do PNEP/Porto

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A importância de questionar as práticas de ensino dos pro-fessores e de as enquadrar cientificamente foi o ponto de partida da sessão plenária regional do Programa Nacio-nal de Ensino do Português (PNEP), que mobilizou, em dois dias de trabalho na ESE (1 e 2 de Abril), cerca de 400 professores do 1.º ciclo.

O grande número de docentes en-volvidos no programa, que atravessa o segundo ano de funcionamento, levou o Núcleo Regional do PNEP/Porto, constituído por professores da ESE, a dividi-los em quatro grupos, que intervieram em duas sessões distintas.

Um desses momentos consistiu na apre-sentação de Práticas de Ensino da Língua, sessão conduzida por formadores residentes do PNEP/Porto e por elementos do Núcleo Regional. Após uma criteriosa selecção prévia, foram apresentadas actividades desenvolvidas por professores do 1.º ciclo no quadro desta formação e incidindo em diferentes domínios em que se exerce a língua: compreensão e expressão oral, leitura e escrita. Foi possível assistir a um debate, previamente gravado, moderado por uma docente e dinamizado por alunos do 2.º ano de escolaridade em que se exploram as regras próprias deste género oral. Este encontro pnepiano contou, igualmente,

com a presença de uma turma de alunos do 1.º e 3.º anos de escolaridade, que entoaram canções a partir de rimas construídas em aula. Tratou-se de uma actividade que constitui o corolário de outras tarefas destinadas ao desen-volvimento de vários aspectos da competência linguística, como, por exemplo, a consciência fonológica, o conhecimento lexical e a capaci-dade de construção de frases e textos.

As potencialidades do trabalho com o hi-pertexto e com recursos multimédia variados foram também exploradas nesta sessão. Fi-nalmente, assinalou-se o Dia Internacional do Livro Infantil, comemorado a 2 de Abril, através da apresentação de uma prática de leitura que evocou mensagens de anos anteriores, e da leitura da mensagem do 2 de Abril difundida

este ano pelo IBBY (International Board on Books for Young People).

Num outro momento, dinamizado por um dos professores do Núcleo Regional do PNEP/Porto sob o título Terminologia Linguística na sala de aula, os professores de 1.º ciclo puderam reflectir sobre o modo como tratam questões relativas ao funcionamento da língua. A sessão foi dividida em duas partes. Na primeira, destacaram-se as vantagens do recurso a diversos tipos de textos nas aulas, na medida em que permitem descobrir e explorar as potencialidades da língua e verificar a sua utilidade nas mais variadas situações comunicativas do dia-a-dia.

Na segunda, e partindo de exemplos recolhidos em textos de Literatura

para a Infância, foram abordadas questões específicas relativas a várias áreas linguísticas. Procurou-se, deste modo, esclarecer dúvidas com que os professores se deparam na sua prática quotidiana e fornecer-lhes indicações cientificamente enquadradas com base no que a investigação linguística mais recente tem apresentado. A Terminologia Linguística para os Ensinos Básico e Secundário, revista em 2008, funcionou como pano de fundo para o tratamento destas questões, que passaram por temas como a divisão silábica e translineação, os sinais de escrita, as relações entre palavras, a formação de palavras, a variação em género e grau, as classes de palavras e a análise sintag-mática e sintáctica.

PNEP traz à ESE 400 professores de 1.º ciclo

por Luís Rothes

Um novo mandato para a Assembleia de Representantes

A Assembleia de Representantes (AR) é o órgão de representação da escola. Nos termos dos Estatutos da Escola Superior de Educação (ESE), a AR é composta por membros por inerência e por membros eleitos, num total de 30 membros. Fazem parte da AR por inerên-cia: os Presidentes do Conselho Directivo, do Conselho Científico, do Conselho Pedagógico, da Associação de Estudantes e o Secretário da escola. São membros da Assembleia: 12 do-centes, 3 dos quais por inerência; 12 discentes, 1 dos quais por inerência, 6 funcionários, 1 dos quais por inerência. A Mesa da AR é constituída por um Presidente, um Vice-Presidente e dois Secretários, tendo sido eleita a1 de Abril de 2009, na primeira Assembleia realizada depois da eleição dos seus membros. Passou a ter a

seguinte composição:> Presidente•Luís Rothes (docente)> Vice-Presidente Carla Serrão (docente)> Secretários Sandra Conceição (funcionária não docente)> Vera Barros (aluna)

As competências da AR, nos termos dos ac-tuais Estatutos da ESE, são as seguintes: emitir pareceres sobre as propostas do Conselho Directivo, relativamente aos instrumentos de gestão da escola ou sobre qualquer outro assunto que este órgão entenda submeter-lhe; fiscalizar genericamente os seus actos e pronunciar-se, quando necessário, sobre a incapacidade dos seus membros; deliberar so-

bre a necessidade das revisões extraordinárias dos Estatutos.

Ao longo dos últimos anos, a AR tem cons-tituído, pois, um espaço significativo de par-ticipação de docentes, discentes e funcionários da escola. A implicação construtiva de todos é decisiva para melhorar a escola, tornando gratificante e qualificante o tempo que todos aqui vivemos e permitindo que a escola seja significativa na construção dos projectos profis-sionais e pessoais de toda a comunidade aca-démica. Obviamente, teremos que continuar, nos próximos tempos, a apostar na AR como um espaço onde se exprimam anseios e preocu-pações e se discutam as opções estratégicas da escola. Contamos, para isso, com a colaboração de todos!

Plano Nacional do Ensino do Português

Apresentação dos membros da Mesa da AR

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6 (do Lat. agora < Gr. agorá, praça ÁGORA

por Lino Miguel Teixeira - IPP

EU na Comunidade Politécnico do PortoCOMUNIDADE.EU.IPP.PT O Politécnico do Porto é a primeira Instituição do País a oferecer à sua Comunidade uma plataforma desen-volvida pela Google – a Google Apps –, assumindo-se como parceiro de referência da Google em Portugal para o desenvolvimento do programa “Google Apps for Education”.

A COMUNIDADE.EU.IPP.PT engloba-nos a todos, inscrevendo-nos numa rede comunitária de trabalho em permanente comunicação e colaboração. E-mail, calendário online, proces-samento de texto, folha de cálculo passam a estar integrados numa única plataforma con-figurada individualmente, pensada para facilitar o trabalho do utilizador [do EU] e partilhável e editável a qualquer momento, mesmo of-fline, por qualquer utilizador da Comunidade, desde que devidamente autorizado pelo(s) autor(es).

O EU preserva todo o “eu”, mas coloca-o em relação permanente com a COMUNIDADE

que ele integra: a COMUNIDADE.EU.IPP.PTNa COMUNIDADE.EU.IPP.PT cria, acede,

edita e partilha a informação relevante para o aperfeiçoamento do seu trabalho.

Também no PORTAL.IPP.PT pode sentir o pulsar quotidiano do Politécnico do Porto (documentos, notícias, eventos, contactos, etc.) e a forma como realizamos a nossa missão: saber conhecer, saber fazer, saber ser. Para que possa sempre saber de onde vimos, onde

estamos e para onde vamos. EU.IPP.PT em 3 passos:www.eu.ipp.pt1) -» click em comunidade.eu.ipp.pt2) -» inserir utilizador + palavra chave3) -» click em entrarComunidade E-U Politécnico do Portowww.e-u.pt O seu EU terá todas as condições para estar

permanentemente em rede. Todas as instala-ções do Universo Politécnico do Porto encon-tram-se cobertas com rede wi-fi, através do acesso à rede Eduroam em qualquer uma das 7 Escolas que constituem a rede Politécnico do Porto em qualquer um dos 6 concelhos onde estamos implantados: Porto, Gaia, Matosinhos, Felgueiras, Póvoa do Varzim e Vila do Conde.

Pode ainda fazê-lo em qualquer outro estabe-lecimento do ensino superior nacional, público ou privado, como em qualquer espaço dotado de rede wi-fi (bibliotecas municipais, em inú-meros pontos de livre acesso garantidos pelas diferentes autarquias e outras entidades).

Não podemos passar muito tempo sem si. Terá todas as condições para passar todo o tempo connosco. Somos a sua Comunidade Politécnico do Porto. Sem si, não somos tão fortes quanto ambicionamos. Em rede connosco será ainda maior do que se permite sonhar.

Nos próximos dias 22 e 23 de Maio 2009 realizar-se-á na Escola Superior de Educação do IPPorto o IX Simpó-sio Internacional GEDEI – Grupo de Estudos para o Desenvolvimento da Educação de Infância, subordinado ao tema "Pedagogias da Infância: a procura da participação".

O Grupo de Estudos para o Desenvolvimento da Educação da Infância (GEDEI) é uma as-sociação que promove a pesquisa e partilha de informação, a intervenção no terreno e a

reflexão no âmbito da educação de infância.

Este Simpósio destina-se essencialmente a profissionais da educação, investigadores e estudantes na área da Educação Pré-Escolar e Primeiro Ciclo do Ensino Básico, e adopta como tema a reflexão sobre as Pedagogias da Infância, procurando sentido(s) da participa-ção. Assim, e na continuação da tradição dos simpósios organizados pelo GEDEI, é objectivo do IX Simpósio do GEDEI, promover a consti-tuição de espaços e tempos de reflexão sobre a praxis em contexto de educação de Infância, que viabilizem:

> pensar a participação como coração da acção educativa;

> apresentar diversas perspectivas ped-agógicas de trabalho em jardim de infância e em creche;

> aprofundar a fundamentação do trabalho de projecto;

> apresentar o Projecto Desenvolvendo a Qualidade em Parcerias (DQP) como um sustentáculo da avaliação da qualidade em educação de infância.

Para mais informações e inscrições consultar http://gedei2009.ese.ipp.pt.

por Comissão Organizadora do GEDEI

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5NOTE-SE7ÁGORA

por Inês Pinho

Gabinete de Relações Internacionais No primeiro trimestre de 2009, o Gabinete de Relações Internacionais apoiou o lançamento, participação e implementação de projectos e pro-gramas de carácter internacional, contribuindo, desta forma, para a quali-ficação do corpo discente e docente da ESEP.

Assim, o GRI apoiou a organização e apre-sentação de candidaturas a programas interna-cionais dos seguintes projectos, candidaturas estas que foram posteriormente enviadas para a Agência Executiva em Bruxelas em meados de Março:

>Projecto “EPTE – European Primary Tea-chers Education”, inserido no Programa Eras-mus Curriculum Development. O líder do pro-jecto é a Hogeschool Van Arnhem en Nijmegen, Holanda e a ESEP entra como parceira, sendo representada pela Doutora Rosário Gambôa, pela Doutora Irene Figueiredo e pela Mestre Inês Pinho.

>Projecto “Plurilingualism in Early Education”, inserido no Programa Intensivo Erasmus (IP). O líder do projecto é a University of Education Upper Austria, Áustria e a ESEP entra como parceira, sendo representada pela Mestre Edite Orange e Doutora Graça Palheiros.

>Projecto “School and Society – Education as a protagonist for social change?”, inserido no Programa Intensivo Erasmus (IP). O líder do projecto é a Katholieke Hogeschool Sint-Lieven, Bélgica e a ESEP entra como par-ceira, sendo representada pela Doutora Irene Figueiredo.

Gostaríamos de agradecer a todos os docentes acima mencionados pelo esforço e colaboração nos respectivos projectos, congratulando-os pela iniciativa. Vamos torcer para que estes projectos sejam selecionados!

Durante o mês de Março, e ainda no âmbito dos projectos internacionais, o GRI apoiou a organização e a implementação de alguns projectos, nomeadamente:

>Projecto “SMILE – Sign, Meaning and Iden-tification: (deaf) Learners in Europe”, inserido no Programa Comenius. O GRI apoiou a orga-

nização e implementação do “Student Sandwich Model”, um modelo de intercâmbio de alunos de cursos de Educação Especial e /ou Língua Gestual, dos países parceiros (Portugal, Espanha e Turquia). Este intercâmbio possibilitou aos alunos a realização de pesquisas e elaboração de trabalhos que serão posteriormente apre-sentados.

> Projecto “COMPASS – Comparison and Assessment: Quality in Primary Education in Europe”, inserido no Programa Intensivo Eras-mus (IP). O GRI apoiou a organização deste programa intensivo e a sua implementação, que decorreu na ESEP entre 23 de Março e 3 de Abril (2 semanas intensivas). Contámos com a participação de 40 discentes e 11 docentes dos vários países parceiros, nomeadamente, Holanda, Finlândia, Suécia, Bélgica e Turquia.

Além destas actividades relacionadas com projectos internacionais, o GRI continuou a organizar todos os procedimentos inerentes à mobilidade Erasmus, quer de discentes, do-centes ou pessoal não docente.

Desta forma, o Gabinete de Relações Interna-cionais irá receber 6 professores estrangeiros, durante o 2º semestre 2008/09:

>Virgínia Sánchez López e Javier Marín López, professores de Educação Musical, da Universidad de Jaén (Espanha), em mobilidade “Teaching Staff”, que nos visitaram entre 23 e 29 de Março;

>Malgorzata Zarebinska e Krzysztof Ko-strzewa, professores de Educação Musical da Uniwersytet Rzeszwoski (Polónia), em mobili-dade “Teaching Staff”, que nos visitarão entre 11 a 15 de Maio

>Lucyna Kustra e Aleksandra Hakalla, re-sponsáveis pela mobilidade Erasmus de alunos e docentes Out da Uniwersytet Rzeszowski (Polónia), em mobilidade “Staff Training” que nos visitarão entre 18 e 20 de Maio.

Na última edição (Janeiro), referimos os do-centes que foram seleccionados para realizar uma mobilidade TS (“Teaching Staff Mobility”) numa universidade estrangeira nossa parceira. Todavia, ocorreram algumas reorganizações de trabalho que levaram que as respectivas mobili-dades fossem reafectadas do seguinte modo:

>Mestre Carla Serrão, em mobilidade “Teaching Staff”, que em Abril de 2009 visitou a Ege University (Turquia);

>Doutora Dárida Fernandes, em mobilidade “Teaching Staff”, que em Abril de 2009 visitou a Ege University (Turquia);

>Doutora Graça Palheiros, em mobilidade “Teaching Staff”, que em Abril de 2009 visitou a Uniwersytet Rzeszowski (Polónia);

>Doutora Maria de Fátima Lambert, em mo-bilidade “Teaching Staff”, que em Abril de 2009 visitou a Universitat de Valência (Espanha)

> Mestre. Edite Orange, em mobilidade “Teaching Staff”, que em Maio de 2009 irá visitar a Private Pädagogische Hochschule der Diözese Linz e a University of Education Upper Austria (Áustria).

>Doutora Rosário Gambôa, em mobilidade “Teaching Staff”, que em Abril de 2009 visitou a University of Ljubljana (Eslovénia).

>Doutora Ana Bertão, em mobilidade “Or-ganization Mobility”, que em Março de 2009 visitou a Universidad de Léon (Espanha);

>Mestre Deolinda Araújo, em mobilidade “Organization Mobility”, que em Março de 2009 visitou a Universidad de Léon (Espanha);

>Mestre Rui Teles, em mobilidade “Staff Training”, que em Abril de 2009 visitou o “Communication and Technology Centre Tikoteekki - Finnish Association on Intellec-tual and Developmental Disabilities (FAIDD)” (Finlândia)

>Mestre Inês Pinho, em mobilidade “Staff Training”, que em Abril de 2009 visitou a Ege University na Turquia.

Na última edição do Jornal NOTE-SE foram divulgados os prazos de pré-candidatura para mobilidade de discentes que terminaram no dia 23 de Março. Até ao encerrar desta edição, tinham entregue pré-candidatura 13 alunos.

O GRI agradece às coordenações de curso todo o empenho neste processo e deseja as maiores felicidades para o período de candi-datura. De salientar que este será posterior-mente comunicado a cada aluno candidato, uma vez que os prazos de candidatura dependem da universidade de destino.

Na sequência do que tem vindo a acontecer nos últimos anos, realizaram-se, durante o mês de Março, as estadias do 1º ano

de Gestão do Património, no âmbito da disciplina de Gestão Cultural I.

Estadias dos alunos do 1º ano de Gestão do Património.

por Inês Pinho

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8 ENTREVISTA

Doutora Manuela Sanches Ferreira

Fala-nos sobre o Decreto lei 3/ 2008, sua avaliação e impacto para uma Educação mais Inclusiva

A nomeação da Doutora Manuela Sanches Ferreira para Coordenadora Nacional da Equipa do Projecto de Avaliação da implementação do Decre-to Lei 3/2008 despertou a curiosidade do Note-se. Rui Reisinho conduziu a Entrevista em que se procurou per-ceber o impacto que esta legislação poderá ter na vida de pessoas com Necessidades Especiais, mais concre-tamente no seu percurso escolar.

Rui Reisinho: Pode-nos falar um pouco sobre o seu percurso profissional? O que a levou a enveredar pela área da Educação Especial?

Manuela Ferreira: Quando terminei o curso na Faculdade de Psicologia fiz a minha especialização em Psicologia Clínica. Há 25 anos, a Educação não era uma área que tivesse

muita importância no domínio da Psicologia. Quando concorri ao lugar de Assistente na ESE, no Departamento de Educação Especial, percebi, ao fim do 1º ano, que os meus conhecimentos da Psicologia Clínica não eram os mais adequados na especialização de professores para a Educação Especial. Tal constatação levou-me a enveredar por outro tipo de conhecimentos. Fui fazer o mestrado em Psicologia do Desenvolvimento e da Educação e tive a sorte de ter como Pro-fessor e orientador o Professor Doutor Bairrão Ruivo, a quem o País muito deve em matéria de educação. Todo o meu per-curso académico foi feito com o Professor Bairrão o que foi um privilégio.

“A legislação de um país é importante porque nos diz o que este país pensa e quer

fazer. Mas a seguir depende de nós todos, dos cidadãos, quer enquanto profissionais, quer enquanto pessoas, sermos capazes de pragmatizar aquilo que são os pressupostos da legisla-ção.” (M.F.)

R.R: Acha que Portugal está ao nível da Europa?

M.F.: Essa é uma boa questão, Rui, mas de difícil resposta. Tenho alguma experiência europeia e acho que não podemos falar da Eu-ropa em geral, pois na Europa há alguns países bastante avançados em termos das práticas em Educação Especial e há outros que estão bem mais atrasados do que nós. A nossa legislação é muito boa, mas sabemos que a legislação é condição necessária mas não suficiente. A legislação de um país é importante porque nos diz o que este país pensa e quer fazer. Mas a seguir depende de nós todos, dos cidadãos, quer enquanto profissionais, quer enquanto

pessoas, sermos capazes de pragmatizar aq-uilo que são os pressupostos da legislação. Eu situaria Portugal relativamente bem na Europa. O que falta às vezes a Portugal é a avaliação do que se está a fazer, isto é, falta saber quais as experiências que têm de facto sucesso e quais aquelas que não têm. Temos sobre o mesmo tecto, que é o país e a legislação, boas e más práticas. E a quem tem as más práticas não acontece nada, e provavelmente a quem tem as boas também não… (risos). Portanto, em termos de legislação sim, estamos melhor do que muitos países da Europa, mas em termos de práticas temos ainda muito pouca avalia-ção, e por isso podemos encontrar um aluno muito bem atendido numa determinada escola e outro aluno muito mal servido numa outra escola. Isto é, não há ainda uma igualdade na de inclusão educativa para todos… Mas isto não é assim só para as questões da deficiência e da incapacidade, é para todo o aluno, em todas as situações.

“...não há ainda uma igualdade na de inclusão educativa para todos…” (M.F.)

R.R.: Quais os aspectos fundamentais que o decreto-lei 3/ 2008 traz para a vida das pessoas e das instituições Edu-cativas?

M.F.: O que tem de essencial é a ruptura com um entendimento médico-prescritivo ou médico-diagnóstico da deficiência. Já há muito era conhecido através da investigação que um diagnóstico nos diz muito pouco sobre a pessoa. Nós podemos ter duas pessoas com Síndrome de Down, ou paralisia cerebral, ou qualquer outra situação e serem muito difer-entes entre si. E diferentes em quê? Em termos da sua funcionalidade. Até agora o que tínhamos era a necessidade de um diagnóstico médico ou psicológico para que alguém tivesse acesso a serviços de educação especial. Neste momento, isso não é necessário porque através do decre-to-lei 3/2008 e ao propor a CIF (Classificação Internacional da Funcionalidade, Incapacidade e Saúde) como referencial, o que nos interessa não é o rótulo, mas a funcionalidade da pessoa.

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5NOTE-SE9ENTREVISTA

por Rui Reisinho

Temos de ser capazes de, através dos vários instrumentos, e da avaliação dos diferentes profissionais, traduzir essa informação num perfil de funcionalidade. Ora, nesse perfil de funcionalidade já não está só o individuo e a sua deficiência, mas estão também os factores do meio (barreiras ou facilitadores). A mesma pessoa num ambiente com facilitadores, isto é, um ambiente que lhe permita ter desempenhos mais eficazes, tem a mesma deficiência que outra, mas tem incapacidades diferentes. Esta lei faz a diferenciação entre deficiência e incapaci-dade. A pessoa pode ter uma deficiência e não ter uma incapacidade, porque a incapacidade é uma relação entre o sujeito com deficiência e os factores do meio.

“Esta lei faz a diferenciação entre deficiência e incapacidade. A pessoa pode ter uma deficiência e não ter uma incapacidade, porque a incapacidade é uma relação entre o sujeito com defi-ciência e os factores do meio.” (M.F.)

R.R.: Os seus alunos já tiveram conheci-mento da mudança da lei?

M.F.: Absolutamente! A lei 3/2008 é a lei da Educação Especial e muda a relação entre o chamado ensino regular e a Educação Especial. A Educação Especial não pode ser centrada em si mesma, tem de se centrar na mudança da escola. Muitas vezes em Portugal pensa-se ser a Inclusão um problema da Educação Especial, o que não é verdade. A Inclusão é um problema da Escola e da Sociedade!

O fundamental é ter todos os profissionais da educação a trabalharem neste sentido! Não se pode continuar no “apetece-me ou não me apetece fazer!”. Um dos problemas na educação é ainda haver muitos a continuar com “apetites”, com “não me apetece, não sei, não me ensinaram” , enquanto outros, também muitos, fazem um excelente trabalho. Isto tem de mudar e está a mudar. Na Educação tem-se muitas vezes a ideia de que não há um conheci-mento cientifico por trás e há, de facto!

Os meus alunos são já professores e co-nhecem a lei 3/2008. Fizeram e estão a fazer

um grande esforço para conseguir transformar os anteriores procedimentos, por isso esta lei está a ter efeitos junto dos profissionais que, num primeiro momento, tiveram muitos receios e dúvidas, porque era muita coisa nova. Espero que na formação inicial dos professores também esteja a haver mudanças.

R.R.: Se uma pessoa com deficiência lhe dissesse que não tem apoios na escola, o que fazia?

M.F.: Não pode! Tem de ter apoio. Iria tentar perceber porque é que não teria apoio, porque toda a pessoa com um perfil de funcionalidade que a impeça de conseguir participar no ambi-ente, tem de ter apoio! Isto tem de estar clara-mente definido e as escolas têm de perceber que esta questão não é só da Educação Especial. Este é um dos serviços, mas os alunos precisam de uma escola com serviços e recursos que lhes permitam participar, senão continua a existir uma visão dicotómica decorrente da existência de dois tipos de pessoas. Claro que a prática desmente isto algumas vezes, mas o facto de sabermos que não podem acontecer situações destas é um caminho para as mudanças aconte-cerem no sentido do que deve ser.

“Muitas vezes em Portugal pensa-se ser a Inclusão um problema da Edu-cação Especial, o que não é verdade. A Inclusão é um problema da Escola e da Sociedade!” (M.F.)

R.R.: Como surgiu o convite para as-sumir as funções de Coordenadora Nacional da Equipa do Projecto de Avaliação da implementação do Decreto Lei 3/2008?

M.F.: Tenho vindo a trabalhar dentro do modelo bio-psico-social, tanto na Unidade de Apoio à Escola Inclusiva (UAIE), como na formação e no trabalho desenvolvido com as escolas. Penso que este convite acabou por ser o reconhecimento da qualidade desse trabalho.

R.R.: Em que consistirá o trabalho desta equipa?

M.F.: São dois anos de avaliação, recorrendo à metodologia da investigação, com selecção aleatória e estratificada da amostra, o que faz com que seja um estudo representativo. Está formado um grupo de investigadores, coordenados por mim e com a supervisão do Professor Rune Simeonsson, para desenvolver o projecto. Para além disso há uma Comissão de Acompanhamento, onde estão representa-dos vários serviços e entidades do país .

R.R.: Que significado tem para si este

Projecto?

M.F.: O objectivo deste projecto é estudar a implementação da lei, as dificuldades que pos-sam estar a existir, perceber os impedimentos, os obstáculos, mas também o que está a correr bem e porquê, o que pode servir de feedback desta implementação. Interessa conseguir pro-duzir informação e conhecimento que possa ser rentabilizado desde a tutela, à formação de professores, aos país e à sociedade em geral. Por isso, considero ser um dever desta equipa levar a cabo, com qualidade, este projecto, pois os alunos, as famílias, os professores, todos os profissionais e as escolas merecem de facto o melhor. Merecem um trabalho de qualidade que lhes possa ser útil.. E o Ministé-rio da Educação, através da DGDIC, merece igualmente todo o nosso empenhamento, por esta iniciativa.

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10 VOX POPULI

“A educação não cria o homem, ajuda-o a criar-se” (Debesse, 1999 citado em Mendes, 2007).

Antes de mais, interessa referir que educar significa favorecer o crescimento da capacidade de racionalidade, de espiritualização, de univer-salização, de superação dos limites vários que confinam o indivíduo numa pátria ou grupo, numa localidade ou época, habilitando-nos, portanto, a sermos educadores da sociedade (Sérgio, 1980 citado em Mendes, 2007). Com efeito, a educação é um processo complexo, construído através de práticas que intervêm directamente na transformação dos indivíduos em busca de um desenvolvimento que se pretende integral e harmonioso. Contudo, este não tem que excluir o conflito do seu processo, mas antes lidar com ele como sendo um espaço de crescimento, de afirmação, de negociação e renovação. Portanto, tem de ser uma educação que abranja todo um conjunto de componentes de natureza física, afectiva, intelectual, social e espiritual, através das quais a pessoa se exprime e se define nas várias etapas da sua vida (Mendes, 2007).

Neste seguimento a intervenção do educador social terá de ser sustentada no património hereditário e nas múltiplas aquisições que o meio impõe aos indivíduos. Reunindo igual-mente as características gerais da complexi-dade, da instabilidade e da indefinibilidade dos contextos sócio-culturais que os caracterizam (Santos, 1973 citado em Mendes, 2007). Ou seja, um processo que tem de se vincular ao contexto social e educativo em que se con-cretiza (Rothes, 2006), onde a complexidade do acto educativo não se pode cruzar com as

complexas características do ser humano sem se cruzar, simultaneamente, com as complexas características do contexto sócio-cultural e económico (Mendes, 2007). Assim sendo, para o desenvolvimento integral da pessoa é necessário que a educação não se limite só à aquisição de conceitos e conhecimentos sintetizados em conteúdos programáticos que pressupõem determinados saberes ou culturas dominantes. Por isso, temos, imprescindivel-mente, que considerar como elementos fun-damentais do processo educativo, as atitudes e valores que transformarão os alunos em futuros cidadãos responsáveis e solidários. Ou seja, a formação pessoal e social.

O educador social não vem com isto negar a função particular da escola, mas considera a educação para além dos conteúdos trans-mitidos pela escola, na medida em que vê um território educativo recheado de vivências e potencialidades, onde não têm lugar apenas a comunidade educativa, nem se circunscreve apenas à escola: conta também com a família, a comunidade e, em certo grau, a sociedade na qual todos eles existem. Desse modo legitimam o complemento de “social” à educação.

Por conseguinte, a necessidade de se criarem “pontes” de comunicação, entre os difer-entes contextos de vida dos actores sociais, contribuindo, não só para abrir a escola à comunidade e quebrar barreiras culturais, sociais e simbólicas que impedem, muitas vezes, os encontros entre a escola, as famílias e a comunidade, mas também que optimizem a mediação entre o centro escolar e a família, é um dos campos de acção privilegiada para o Educador Social .

Este modo de acção exige ao educador(a) social uma formação de nível superior, que apesar de não comportar receitas, não se trata de uma educação vazia de conteúdos, mas antes esses conteúdos, terão que, em terreno, ser deliberados colectivamente e conjuntamente, a partir de questões, potencialidades e necessi-dades dos alunos, professores, funcionários, família, órgãos administrativos e executivos, na qualidade de actores sociais, proporcionando a todos uma melhoria da qualidade de vida e das relações.

A responsabilidade humana exige uma forma-ção profissional e pessoal para que possa ser desenvolvida de maneira sistemática, coerente, adaptada e concertada, assim como a apropria-ção integrada de atitudes e saberes: saber-fazer/estar/ser, sob a forma de capacidades que constituem competências (Perronoud, 1999,

citado em Batista, 2004). Pela reflexividade, estas deverão conferir ao educador(a) social a possibilidade de intervenção assente na in-terpretação, na comunicação, na avaliação das situações, na empatia, na perseverança e, enfim, na superação empreendedora do sofrimento perante as contrariedades e impasses que prolongam intoleravelmente as injustiças e as frustrações que retiram, tantas e tantas vezes, aos seres humanos, o sonho, a esperança e a utopia (Batista, 2004).

No entanto este profissional da relação, licen-ciado em educação social, não pode, nem deve actuar sozinho. Para tal conta com a interdis-ciplinaridade de todos os outros profissionais sociais, professores, funcionários, alunos e pais, assim como deverá ser capaz de articular com outras instituições e mobilizar os recursos exis-tentes, de modo a que seja possível desocultar e fazer emergir as potencialidades deste território a fim de as mesmas actuarem na resolução das dificuldades e conflitos que vão surgindo. De salientar que este profissional de terreno que busca a mudança social pretende que todos os acima referidos estejam envolvidos (no sentido literal do termo), tornando-os assim sujeitos activos no processo de transformação das suas vidas e da vida da sua comunidade. Dai que à interdisciplinaridade se acrescente a transdisciplinaridade: implicar os indivíduos na intervenção e no trabalho social…

Só assim podemos concluir que “educar não é fabricar adultos segundo um modelo, é libertar em cada homem o que o impede de o ser” (Reboul, citado por Santos (2005) em Mendes 2007)”.

Sónia Ferreira, aluna 3º Ano de Educação Social ESE-IPP a desenvolver estágio no Agrupa-mento de Escolas de Matosinhos Sul, no âmbito do projecto TEIP: Vê o Mar e Sê na Terra

http://educacao-social-sonia.blogs.sapo.pt/

BibliografiaBaptista, I., & Carvalho, A. D. (2004). Educa-

ção Social - fundamentos e estratégias. Porto: Porto Editora.

Mendes, M. (2007). Educação criadora. a página da educação , 13.

Rothes, L, et al. (2006) «Para uma Caracter-ização de Formas de Organização e de Disposi-tivos Pedagógicos de Educação/Formação de Adultos», in LIMA, L, Org. (2006) «Educação Não Escolar de Adultos», Universidade do Minho/UEA, Braga.

O Educador Social e a sua intervenção em contexto e território educativo

por Sónia Ferreira

Page 11: Nº 6 - Abril de 2009

11HOMENAGEM

O Gustavo era grande e forte. Tocava guitarra,

usava o cabelo comprido, apanhado num rabo de

cavalo sempre impecavelmente penteado.

Tinha um andar calmo e seguro, uma voz igual-

mente forte mas que transmitia a doçura da criança

que habitava dentro dele.

Era um ser sensível que procurava nos outros e no

mundo todo a resposta para as suas inquietações.

Inquietações de artista, que o era. Já disse que tocava

guitarra, mas também compunha, escrevia prosa e

versos e gostava de o fazer com a sua inseparável caneta Rotring de tinta permanente

preta (às vezes lilás).

Ao Gustavo não faltavam interesses, não faltavam amigos, não faltavam ideias, não faltava

paixão, nem projectos.

Ao Gustavo faltou-lhe o tempo. E o tempo, sem que ninguém o esperasse, fugiu do

Gustavo e deixou-o para sempre imóvel.

Para mim, o meu amigo Gustavo continua a subir as escadas ao meu lado, a fumar o

cigarrito da manhã à porta comigo e continua a tocar e a “brincar” com os alunos, de cada

vez que uma guitarra toca. O Gustavo continua entre nós, mais do que nunca porque o

recordamos todos os dias e todos os dias imaginamos o seu sorriso de puto reguila e

as suas mãos, também grandes, a agarrar tudo e todos com a força de quem lutava por

ideais e quimeras.

O Gustavo era grande e forte e continua grande e forte dentro de nós. Só o tempo o

traiu.

por Rui Ferreira

Doutor Gustavo Brandão

A homenagem ao homem, ao artista... ao amigo

Page 12: Nº 6 - Abril de 2009

12 NOTE-SE QUE...

SUGESTÕES

Esperamos pelos contributos

para o próximo número através

do e-mail:[email protected]

Ficha TécnicaRedactoras: Liliana Lopes,Teresa MartinsDesigner gráfico: Rui Reisinho Editores: Todos

Agenda da ESEPP

ÚLTIMA NOTA

JOGOS

APONTAMENTOS

> As edições anteriores do Note-se

estão disponíveis em formato digital em: www.ese.ipp.pt/info/notese > Procuram-se colaboradores para in- tegrar a equipa técnica do Note-se! .. Os interessados podem enviar-nos . um e-mail para:

[email protected]

Mestrados novos na ESEPP

Propriedade: Escola Superior de Educação IPP

> 22 e 23 de Maio - IX Simpósio Internacional GEDEI;

> 12 e 13 de Junho - IV Jornadas do Património ARTErial "Arte, Cultura e Património"

no Auditório da ESE (www.jornadas-patrimonioarterial.blogspot.com).

> 15 de Maio a 7 de Junho - Festas do

Senhor de Matosinhos

> 20 de Maio – Musical Gota d’ Água de

Chico Buarque, Coliseu do Porto

> 21 a 25 de Maio - Formação Residencial

Intensiva de AGENTES ODM na Figueira

da Foz (http://www.agenciaodm.org)

> 22 de Maio – Ciclo de Teatro Fórum:

“Miguel + Rita”. Café Concerto da ESMAE,

21:30h

> 26 de Maio a 9 de Junho – 32º FITEI

– Festival Internacional de Teatro de

Expressão Ibérica , Teatro nacional São

João Porto

> 30 de Maio a 27 Setembro – Colecção

da Fundação de Serralves, Museu de

Serralves

> Ensino de Educação Musical no Ensino Básico

> Ensino de Educação Visual e Tecnológica no Ensino Básico

> Mestrado em Ensino Precoce de Inglês