Nietzsche e a história

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Sobre o Livro Escritos sobre a História de f. Nietzsche.

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Introdução• As questões concernentes à história habitam o

pensamento de Nietzsche desde sua juventude.– Ele se interessou pelos trágicos gregos, pelos

românticos modernos e pelos estudos consagrados à história e ao cristianismo;

– Relação entre história e tragédia esteve inscrita no seu pensamento;

• No opúsculo de 1862 – FATUM E HISTÓRIA, aparece a relação nunca abandonado por Nietzsche entre história e cristianismo

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– História – tanto dos filósofos com dos historiadores não era isenta de valores;

– Visão do sentido da história – como possibilidade de decadência e niilismo.

– Idéia do eterno retorno – Tempo circular;– História como um grande relógio, cujos

ponteiros estão sempre a começar algo novamente;

– As engrenagens da história são sempre as mesmas, embora se revelem de maneira diversa nos diferentes povos.

– Representa a concepção fundamental contra o tempo concreto, histórico

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• Crítica ao historicismo e a filosofia da história de Hegel

– Se explica por causa da sua submissão e do seu conformismo ao presente e também por causa da sua teleologia idealista.

– Recebe o apoio de Jacob Burckhardt, historiador, do qual extrair a valorização que ele faz dos grandes homens como possibilidades sempre presentes da existência humana, não como momentos de uma evolução para um fim.

– Não concebe qualquer crédito a noções como “necessidade histórica” e “processo histórico”.

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• O critério com o qual ele aborda a história: A VIDA• Para Nietzsche – o sentido histórico da

modernidade tardia era depositária dessa dupla face:

– Doença, excesso, paralisante e esterilizante para a cultura

– Estimulante da ação e criador

• A história tanto poderia contribuir para a elevação da vida quanto fazê-la deteriorar. Poderia ser sinal de saúde ou de doença, tudo dependendo de como, porque e para que ela fosse abordada.

• Os estudos históricos precisam promover a ação de quem busca algo no passado e quer construir um futuro.

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• Quando abordamos o passado histórico com o olhar no presente e lançado para o futuro, quando buscamos no passado uma exemplaridade do que é elevado e fecundo, o sentido histórico é útil à vida de um indivíduo, um povo e uma sociedade.

• SENTIDO HISTÓRICO DA MODERNIDADE– Doença histórica, febre histórica– Utiliza-se da cultura grega como referência, não

acreditando que ela possa ser repetida, mas que é possível resgatar o que ela tem de exemplar e superior para os modernos.

• HISTORICISMO ALEMÃO – coloca o homem irreversivelmente diante do tempo inexorável

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• O sentido histórico traz para a consciência algo que não existe mais, que se esgotou no fluxo do tempo, mas que se acredita ser a via de acesso para a explicação do presente e o vetor indicador do futuro.

• O sentido histórico é desenvolvido por dois tipos de homem, ambos infelizes, buscando o sentido da existência e o meio de se conservar.

• O SÁBIO – que se contenta com qualquer coisa do passado

• O HOMEM DE AÇÃO – que não se contenta com nada

• Para Nietzche o valor do passado depende de como uma época avalia o seu presente

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• O termo REDENÇÃO na acepção nietzschiana não é apenas um contraponto do niilismo, mas leva em conta toda a história do Ocidente.

• REDENÇÃO é o trabalho de superação do espírito de vingança que confrontou todas as criações da cultura

• Redimir é dar um novo sentido, apontar para uma nova direção, descortinar um novo horizonte.

• O espírito de vingança é o pressuposto de toda a metafísica, do sentido histórico moderno e da sua “consciência infeliz”; ele é, de resto, aquilo que estrutura o ambiente cultural desta modernidade.

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• Zaratusta: quem olha para trás com os olhos do historiador descobre que a passagem do tempo é um desfile de desgraças, arbitrariedades e acasos.– Não desqualifica a perspectiva histórica, por seu

direcionamento ao passado.– Condena o historicismo, que enclausura e

petrificam o passado em imagens.

• Quando o espírito de vingança olha para o passado, somente enxerga nele a queda, a dor, a catástrofe: TODA A HISTÓRIA ERA CASTIGO.

• A vontade somente ela é criadora, somente ela pode redimir o tempo

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• Só os seres humanos são capazes de lembrar o passado e projetar no futuro.

• Se o objetivo do homem é a felicidade e se a lembrança somente recorda a queda e a esteira de desgraças que se seguiu, então, a felicidade reside justamente na capacidade do esquecimento.

• A vida exige esquecimento, mas o homem não pode eliminar também a lembrança.

• Viver eterna e perenemente no momento atual, no esquecimento, Nietzsche chama de modo ahistórico de existir

• Modo supra-histórico de existir – implica admitir que a cegueira e a injustiça são os elementos dinâmicos da história.

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• AHISTÓRICO – negação da história, o esquecimento e a absorção total do atual

• SUPRA-HISTÓRICO – estar para além e acima da história, do seu curso linear, o estar concentrado no atual que dá significado ao devir.

• A virtude desses contra-venenos – Subordinação da história à vida– Abrem uma via de redenção a cada momento eterno

e fulgurante.– Não se trata de extirpar totalmente o passado, mas

abstrair do contínuo do passado peças e figuras monumentais que ganham novas significações.

– O fim da história seria também o fim de todos os monumentos, o fim da possibilidade de criar sentido, seria como queda na selvageria.

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• Segundo Nietzsche, a vida precisa do concurso da história por três razões:

1. Porque os homens são seres ativos que perseguem fins e precisam buscar no passado os personagens e os acontecimentos indicadores dos seus fins.

2. Porque acreditando que a chave do enigma humano se encontre na origem, querem conservar e adorar o passado e perpetuar uma tradição

3. Porque eles sofrem com o presente e almejam a libertação

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• HISTÓRIA MONUMENTAL – buscam no passado modelos para a ação– VISÃO CÉTICA DA HISTÓRIA : porque ele ainda

não é o que devia ser.

• HISTÓRIA TRADICIONAL – procuram justificar a sua existência buscando no passado algo que possa ser objeto da sua paixão, algo que deverá ser venerado e conservado como seu eterno patrimônio cultural.– VISÃO NÃO É CAPAZ DE CAPTURAR OS FENÔMENOS

HISTÓRICOS NO SEI CONJUNTO E NA SUA PROFUNDIDADE

• O MODO CLÁSSICO – comparação e identificação impertinente do passado com o presente.– o sentido histórico: toma o passado como um

impulso para a vida– o passado histórico alimenta a vida

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• O MODO TRADICIONALISTA – pretender capturar o passado nas suas especificidades e singularidade– o sentido histórico quer o conhecimento e a

verdade– o passado histórico está morto e não leva mais a

nada.

• HISTÓRIA CRÍTICA – coloca o passado diante de um tribunal e o condena– Nietzsche – é impossível eximir-se da cadeia da

história, os homens são herdeiros do seu passado e terão sempre de viver a contradição entre a herança e a novidade.

– VISÃO DE QUE NÃO HÁ NADA DE POSITIVO NO PASSADO.

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• O sentido histórico é efetivamente uma necessidade para os homens, mas somente na medida em que este olhar para o passado seja impulsionado por forças e fins que não criem amarras para a ação no presente, nem levantem obstáculos à construção de um futuro que não seja mera repetição.

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• Historicismo absoluto de Hegel

• O historicismo alemão estava votado para um longínquo passado cristão e nas antigas tradições populares

• Nietzsche acusa o historicismo de ser apenas uma “nova teologia” ou uma “teologia disfarçada

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• Nietzsche não admite a idéia Hegeliana de que a história culmina objetivamente no Estado Moderno

• A idolatria Hegeliana do Estado se fazia acompanhar da sacralização do sucesso na história

• A visão de Hegel afirma que a história sempre foi escrita pelos vencedores

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• A história universal concebida como a Idéia que se realiza necessariamente, objetivamente e progressivamente no tempo

• Nietzsche se refere ao historicismo de Hegel quando condena a metáfora da juventude e da velhice da humanidade, e quando acusa a era moderna de se auto-identificar com esta velhice

• O historicismo Hegeliano representa a presunção e a soberbia da era moderna que se auto-define como “apogeu”, como determinação, como a única época que é conhecedora de si mesma, a época da auto-revelação

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• Esta visão da história carregava consigo o que Nietzsche chamava de “idolatria do real”, quer dizer, o culto da objetividade dos “fatos”, a crença no sucesso como necessidade racional

• Na opinião de Nietzsche tudo o que os historiadores descrevem são fatos inventados, todas as relações que estabelecem são apena relações presumidas

• O método hegeliano está baseado na idéia de que a história só se revela pelos conceitos que o homem histórico dialeticamente produz

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• A história universal corresponderia a uma dialética que constata ser a vida um eterno sofrimento; e a história, a manifestação do mal no tempo

• A conseqüência lógica da filosofia hegeliana da história é que não se deve empurrá-la pra frente, já que a objetivação do Espírito tem a sua temporalidade própria

• A totalidade é o conceito-chave com o qual todos os hegelianos pretenderam dar conta da história; é a partir dele que se pode demarcar a infância, a maturidade e a velhice da humanidade

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• Para Nietzsche o conceito de totalidade é somente um pressuposto, uma idéia que se funda na crença problemática de que o real é racional e o racional é real

• Uma das principais críticas levantadas por Nietzsche contra a concepção de história de Hegel se deve ao fato que ele afirmava que o mundo, a humanidade e a história tinham um fim, e que a aventura do homem no mundo seguia um curso racional de progresso

• O principal argumento de Nietzsche contra o finalismo histórico é o seguinte: Se a finitude do tempo é o dado elementar, então, não pode haver fins, pois eles são indispensáveis no registro da eternidade

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• A hipótese de Nietzsche é, portanto, a seguinte: Considerando a eternidade do tempo para frente e para trás, não poderia haver um fim que já não devesse ter sido alcançado

• O mundo, a natureza e o homem estão todos implicados no fluxo continuo e eterno do tempo

• A história do homem não é uma totalidade, mas uma pluralidade de processos de ascensão e declínio simultâneos, que não obedece, portanto a qualquer sucessividade, a quaisquer ordem, plano, razão ou fim

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• Como poderia haver fins universais na história se os ideias humanos foram sempre contraditórios? Na verdade, para Nietzsche, o mundo, assim como a história, é determinado por uma “potência cega”.

• Todas as tentativas realizadas para estabelecer um fim para a humanidade pressupunham de antemão um conceito de homem

• Nietzsche vê sua época como o encerramento de um ciclo: “todos os fins foram destruídos”.

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• Se há uma finalidade para a espécie humana, este fim deve ser estar eternamente nos grandes homens: os sábios, os profetas, os anunciadores, os decifradores de enigmas

• A alternativa dada por Nietzsche ao conceito de progresso apresentado pela modernidade esclarecida é por ele identificada também como um “retorno à natureza”.

• O progresso não pode ser pensado como uma necessidade férrea, como algo que necessariamente deve ocorrer e sempre ocorrerá, mas somente como uma decisão, uma possibilidade.

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• Nietzsche pergunta se a era moderna estaria em condições de produzir os grandes homens que lançariam os fundamentos de uma nova cultura.

• Nietzsche cita o exemplo de Hartmann, cuja filosofia do inconsciente leva ao nada, ao desprezo e ao abandono do mundo

• Para Nietzsche a conquista de um ideal, a conquista da redenção exige engajamento e luta, exige alegria e disposição, exige sobretudo um distanciamento das massas e a busca de sustentação na exemplaridade dos grandes homens

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• Os historiadores do século XIX pretenderam dar um estatuto de ciência aos acontecimentos que eles produziam a respeito do passado

• Nietzsche reconheceu nessa pretensão de cientificidade do sentido histórico, em primeiro lugar, um erro, mas também um escudo e um disfarce para os pregadores do fato consumado

• Os historiadores modernos partem do principio de que nada do que é humano lhes pode ser estranho, por isso eles soberbamente comunicam apenas as suas próprias impressões do passado

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• Para Nietzsche é uma ilusão e um preconceito acreditar que se possa retratar fielmente um personagem ou um acontecimento do passado

• Os historiadores que vêem cientificidade nas pesquisas e dos estudos históricos têm a pretensão de um conhecimento objetivo do passado, quer dizer, a tentativa de ter dos grandes homens e dos grandes acontecimentos um conhecimento real

• O trabalho do historiador está reduzido a uma crítica sem fundamento, isto é, à crítica de algo que ele de fato desconhece, porque adquiriu a visão embaçada de uma época cuja soberbia o cega

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• A história deve estar a serviço da vida, ela não deve, se esgotar em um puro conhecimento do passado, pois isto a tornaria necessariamente estéril.

• Os objetivos da história não podiam efetivamente ser alvo de um tratamento cientifico, porque eram produções da cultura, expressões dos seus valores e das suas tradições

• A pretensão da objetividade do conhecimento histórico leva, por outro lado, a paralisia, à indiferença e ao conformismo

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• A crença na objetividade do conhecimento histórico supõe portanto a crença de que detém o privilegio da justiça. Preconceito típico da modernidade, segundo Nietzsche

• A história não é uma ciência, não é determinada por leis: ainda que houvesse leis históricas, afirma Nietzsche, elas não serviriam para nada, por que o valor que se atribui a elas está apoiado estatisticamente na regularidade e na uniformidade das massas

• O estabelecimento de leis históricas é apenas a expressão de uma lógica estatística que joga com a uniformidade das massas.

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FATUM E HISTÓRIA

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Fatum e História

*Primeiro ensaio histórico-filosófico de Nietzsche escrito em março de 1862, quando tinha 17 anos de idade, um ensaio que jamais abandonará e que demonstra já a pujança da sua formação pedagógica.

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• Questões presentes no opúsculo:– Relação entre Cristianismo e

história;–Mito do “eterno retorno”;– Vontade Livre e Destinação

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OBRIGADO PELA ATENÇÃO E PARTICIPAÇÃO!