NG7-CO-INCINERAÇÃO

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1 Trabalho de grupo: ANUNCIAÇÃO, VANUSA, PRAZERES, FRESCO e RICARDO E.F.A.-SEC ANO 200972010 ; TURMA- S3 STC ; NG7

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Trabalho de grupo: ANUNCIAÇÃO, VANUSA, PRAZERES, FRESCO e RICARDO

E.F.A.-SEC

ANO 200972010 ; TURMA- S3

STC ; NG7

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INTRODUÇÃO

No presente trabalho analisar-se-á a incineração em fornos de produção de

cimento (co-incineração), como forma de eliminação de resíduos perigosos.

Na maior parte dos países desenvolvidos, os resíduos, quer urbanos, quer

hospitalares, quer industriais e outros, foram-se acumulando durante anos, sem

serem devidamente tratados e causando significativos impactos ambientais no

ambiente e na saúde pública, entre outros efeitos por contaminação de solos e de

águas superficiais e subterrâneas, por emissões de cheiros, proliferação de

insectos e criação de condições insalubres às populações vizinhas.

Estima-se que Portugal produza na ordem dos 2,5 milhões toneladas/ano de

resíduos industriais, dos quais 5% (125.000 toneladas) correspondem a resíduos

classificados como perigosos e dentro destes cerca de 16.000 toneladas são

considerados incineráveis. Assim, torna-se necessário implementar com urgência

um sistema de tratamento de resíduos industriais perigosos e não perigosos, com

vista a haver uma adequada eliminação e destino final dos resíduos e desse modo

acabar com a actual anarquia de deposição "selvagem" dos resíduos sem qualquer

controle, com os inerentes graves riscos para a saúde pública das populações e o

ambiente em geral.

Interior de um forno de incineração

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O que é a co-incineração?

A co-incineração consiste basicamente em aproveitar os fornos das

cimenteiras tirando partido das suas altas temperaturas (entre 1450 e 2000

graus) para queima dos resíduos perigosos, ao mesmo tempo que se produz

cimento. Consideram-se como resíduos perigosos uma gama variada de

substâncias na forma líquida, sólida ou pastosa tais como: solventes de

limpeza, solventes de industria química, tinta e vernizes, óleos usados,

alcatrões, betumes, lamas de estações de tratamento de águas, etc. Estes

resíduos envolvem muitas vezes na sua constituição hidrocarbonetos e

compostos clorados e fluorados entre outros, e alguns deles possuem um

elevado poder calorífico.

O processo da co-incineração implica adaptações mínimas nas cimenteiras.

Os resíduos perigosos industriais são encaminhados para uma estação de

pré-tratamento - que constitui a «peça-chave» do sistema. Aí, os lixos com

pouco poder calorífico (como é o caso de lamas de estações de tratamento

de águas residuais, por exemplo) são fluidizados, isto é, submetidos à

trituração, dispersão e separação dos materiais ferrosos; já os resíduos

líquidos (desde hidrocarbonetos a solventes, tintas e vernizes, entre outros)

são impregnados com serradura, podendo também sofrer uma

centrifugação, no caso dos que possuem uma grande quantidade de água;

para os resíduos termofusíveis, como alcatrões e betumes, será feito o re-

armazenamento em lotes. Somente após esta fase, os resíduos são enviados

para as cimenteiras. Se porventura ocorrer um acidente no transporte, os

efeitos ambientais serão inferiores à mesma situação antes desse pré-

tratamento. Ou seja, acidentes graves têm uma maior probabilidade de

ocorrência no transporte e processamento dos resíduos para e na estação de

pré-tratamento. Chegados às cimenteiras, os resíduos são pulverizados para

o forno, aproveitando-se assim o seu poder calorífico, no caso dos

combustíveis, ou as suas características como matéria-prima substituta para

a própria produção de cimento. Embora não existam resíduos

remanescentes deste processo, uma vez que estes são incorporados no

próprio cimento, e as temperaturas e tempo de residência dos gases

diminua a produção de gases tóxicos, deverá existir um sistema de

tratamento, isto é, deverão ser aplicados filtros de mangas, de modo a

reduzir ao máximo os efeitos de uma eventual fuga de gases.

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Dez Mandamentos para Co-incinerar com Garantias

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1 - Intervenção na fase de preparação dos protocolos para o tratamento de resíduos - a CCI procurará assegurar: a correcta selecção de resíduos a co-incinerar; uma adequada triagem pelas empresas produtoras dos resíduos; a manutenção de elementos de registo e controlo que permitam a verificação das práticas acordadas; sempre que possível uma redução futura dos resíduos industriais perigosos, incentivando a elaboração de planos para sua diminuição; que não se verifique no local de produção qualquer diluição ilegítima de resíduos, o que será verificado mediante a análise da natureza das matérias primas e dos resíduos resultantes das

operações.

2 - Caracterização dos resíduos - Para definir bem o tipo de resíduo será feita

análise de tipo "impressão digital", típica dos resíduos a tratar.

3 - Controlos de recepção na unidade de pré-tratamento - na recepção dos

resíduos industriais perigosos na unidade de pré-tratamento, será verificado, mediante análise de entrada, a conformidade dos resíduos industriais perigosos com a análise tipo do protocolo.

4 - Controlos de recepção na cimenteira - serão realizada uma análise do

combustível de substituição preparado pela unidade de pré-tratamento.

5 - Garantias inerentes ao processo - a operação de fabrico do cimento é um

processo contínuo com exigência de laboração a alta temperatura (aprox. 1450 ºC). Assim, pela natureza intrínseca do processo, há garantia de que as condições necessárias à eliminação das substâncias orgânicas nocivas e inertização dos materiais pesados estão, em grande medida, asseguradas se durante a queima dos resíduos industriais perigosos estiver simultâneamente a ser produzido clinquer. Todas as unidades de co-incineração a licenciar estão certificadas pela norma ISO 9000 para o fabrico do cimento. Prevê-se que, na fase de licenciamento definitivo, estejam

igualmente certificadas pelas normas ISO 14000.

6 - Clinquer - Análise do clinquer para verificar a fixação dos metais.

7 - Monitorização das condições de operação - todas as operações de condução do

forno são monitorizadas em contínuo, registadas e enviadas para o Ministério do Ambiente.

8 - Controlos de saída de efluentes - para além das medições em contínuo de CO,

O2, NOx, SO2, HCl, TOC e quantidade de partículas, serão realizadas periodicamente análises químicas complementares aos efluentes gerados tais como dioxinas/furanos e metais pesados.

9 - Monitorização Ambiental - em 3 estações colocadas na imediação de cada

unidade cimenteira será feita a recolha de amostras para avaliar a quantidade de

partículas e metais pesados precipitados no solo, bem como a qualidade do ar.

10 - Observatório Local - Nos termos do Decreto-Lei 120/99 de 16 de Abril será

constituída uma Comissão de Acompanhamento Local que disporá de representantes

locais, que poderão exercer uma acção de observação regular, detectando eventuais

anomalias. Através da CCI poderão ser accionados mecanismos de verificação

suplementar, desde que as informações transmitidas pelos elementos do observatório

local o aconselhem. O

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Vantagens e Riscos da Co-Incineração face à

Incineração Clássica

A incineração clássica de resíduos perigosos, como sejam os metais

pesados, as dioxinas, furanos e outros compostos orgânicos complexos,

através de uma unidade incineradora tem provocado nos últimos anos uma

cada vez mais forte contestação técnica, pois se essa incineração não for

efectuada com um controle rigoroso das condições e dos parâmetros a

respeitar, pode agravar ainda mais o já latente perigo destes resíduos e

provocar danos muito significativos na saúde pública e no meio ambiente.

A co-incineração apresenta portanto face à incineração clássica numerosas

vantagens que se traduzem num impacto positivo para o ambiente. No

entanto apresenta também desvantagens e perigos que passamos a

enumerar:

- Quando o processo é interrompido, os filtros deixam de funcionar e os

gases escapam-se, praticamente sem tratamento, pela chaminé porque os

filtros de mangas previstos para as poeiras não têm capacidade para reter

gases mais voláteis como o mercúrio.

- Que efeitos terá na saúde pública a permanência num edifício que tenha

sido construído com cimento que tenha absorvido substâncias resultantes

da co-incineração?

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Saúde Pública

No processo de eliminação de resíduos podem ser emitidos para a

atmosfera determinados componentes, que poderão afectar não só o próprio

ambiente como também a saúde das populações. Sendo a saúde e o bem

estar das populações uma prioridade, vamos aprofundar um pouco mais os

efeitos de alguns poluentes.

Embora o nível de exposição a agentes químicos de populações próximas

de unidades de tratamento de resíduos tenha em regra, sido extremamente

baixo para causar efeitos tóxicos agudos, a possibilidade de ocorrência de

efeitos carcinogénicos e outros de carácter crónico, tem sido motivo de

preocupação.

Admite-se hoje a existência de 26 agentes químicos que isolados ou em

grupo são conhecidos como carcinogénicos humanos.

Por outro lado, os estudos realizados avaliam "a posteriori " as diversas

consequências, sendo difícil pré-definir o impacto que terá numa população

o tratamento por co-incineração dos resíduos.

Nos estudos realizados, referentes às implicações para a saúde pública do

tratamento ou não dos diversos tipos de resíduos, torna-se impossível isolar

os malefícios consequentes da co-incineração, dos resultantes das

industrias, hábitos sociais (ex.: tabagismo ) e demais focos de poluição.

Poluentes e efeitos

Encontram-se identificadas 25 substâncias que são consideradas

contaminantes principais, expelidas no processo de co-incineração:

antimónio, bário, prata, tálio, cloreto de hidrogénio, benzo(a)pireno,

fluretos, ácido sulfúrico, PCDD/PCDF, mercúrio, arsénio, berílio, cádimo,

crómio, cloreto de hidrogénio anual, clorofómio, PCBs, "2,3,7,8-TCDD",

chumbo dióxido de enxofre, óxidos de nitrogénio e monóxido de carbono.

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Caracterização dos Efeitos dos Principais Poluentes

Muitos dos metais pesados resultantes da incineração dos diversos tipos de

resíduos têm efeitos bem definidos sobre a saúde. Muitos são

carcinogénicos, tendo ainda um vasto, espectro de efeitos neurológicos,

hepáticos, renais, hematopoiéticos e outros, alguns deles devastadores para

os seres humanos e outros seres.

O arsénio, cádmio e berílio são metais carcinogénicos; o arsénio, cádmio,

chumbo, mercúrio e vanádio são neurotóxicos; outros são tóxicos agudos

para a vida aquática (ex : zinco, cobre e mercúrio).

Dada a sua natureza elementar e por isso permanente, os metais pesados

acumulam-se nos diversos compartimentos do ambiente e do organismo

humano. Por esse motivo a libertação prolongada mesmo em pequenas

doses, aumenta de modo substancial o nível desses metais.

Poluente Efeitos

Chumbo (Pb)

Neurotoxina que actua mesmo em doses

muito baixas. Provavelmente os seus efeitos

no desenvolvimento do feto não possuem

qualquer limiar. Afecta o desenvolvimento

psico-motor para valores tão baixos como 10

g/dl.

Cádmio (Cd)

Neurotoxina, podendo provocar também

lesões pulmonares graves (efisemas). É ainda

um agente mutagénico e carcinogénico,

podendo se igualmente tóxico para o feto. O

chumbo e o cádmio podem actuar de modo

sinérgico como toxinas para o tecido ósseo.

Mercúrio (Hg) Nas formas orgânicos é também neurotóxico,

em particular para o feto.

Arsénio (As) É um carcinogénico humano e animal, para

além de ser neurotóxico.

Tálio (Ti) e Gálio (Ga) Tóxicos, actuando no processo da reprodução

Monóxido de carbono (CO)

Quando inalado em quantidades elevadas

provoca numerosos disturbios, levando à

morte

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Dioxinas

As dioxinas são extremamente tóxicas e os seus efeitos a longo prazo

permanecem desconhecidos . Experiências revelaram que são compostos

carcinogénicos, tendo causado deficiências de nascimento em animais de

laboratório . Em 1991, um estudo do Nacional Institute for Ocupational

Safety and Health, indicou um aumento da incidência de cancro em cerca

de 500 vezes, nos ratos de laboratório expostos a dioxinas .

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Conclusão

Após a realização deste trabalho é possível concluir que a co-

incineração em fornos de produção de cimento é indutora de impactos positivos para a sociedade por eliminação de forma

correcta de resíduos perigosos e não perigosos que seriam

potenciais causadores de impactes negativos significativos no meio ambiente, e impactos positivos por evitar consumos de

carvão e outros combustíveis fosseis com poupança de recursos

naturais não renováveis e evitando os impactos negativos

indirectos da sua exploração.