Newsletter licinia de campos 37 gastronomia sustentavel

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NEWSLETTER LICINIA DE CAMPOS SEMANA 37 GASTRONOMIA SUSTENTÁVEL Essa é uma nova vertente a respeito de gastronomia, com movimentos como Slow Food, e grandes cias como a General Mills sustentando-a. Quem trabalha com alimentos tem de estar consciente dessa nova tendência. Existem vários livros a respeito e o site citado foi gerado de um livro. Vou expor pura e simplesmente os conceitos, sem me ater se é correto ou não, para dar uma idéia geral do que se passa. Depois gostaria que me enviassem e-mails com suas opiniões a respeito e na próxima newsletter, vamos abrir um debate a respeito dos pontos mais contundentes. Segue abaixo um trecho traduzido do site www.sustainablekitchen.com . Aí está: Alimento é uma necessidade básica e nisso todos concordam. A maioria de nós tem se tornado distante do envolvimento e participação com os alimentos que compramos, cozinhamos e consumimos. Raramente, se é que acontece, sentamos e discutimos como cultivamos nossas hortaliças ou como a carne que chega ao nosso prato é produzida. Mas todos sentimos que deveria fazer parte de nossa conversação e conscientização. As escolhas de atacadistas e varejistas dos quais compramos e como afetam o meio-ambiente, a economia e a qualidade de vida de todos. Acreditamos que é importante estar conscientes e preocupados a respeito de onde nossos alimentos vêm. Tudo o que fazemos, tanto individualmente quanto coletivamente, tem um impacto no nosso meio- ambiente e seu futuro. Sob este prisma, acreditamos que deveríamos alinhar nossas escolhas de ingredientes com o ciclo natural das estações. O alimento sazonal está no pico da nutrição e sabor. Na sazonalidade, os ingredientes são plenos de benefícios, tornando-se mais disponíveis, baratos e no pico da perfeição. É fato fundamental da culinária que nenhum cozinheiro pode produzir um prato melhor sem a qualidade dos ingredientes utilizados, mesmo sendo criativo e capacitado. Deveríamos todos tentar encurtar a rota da fazenda à nossa mesa. Os resultados podem ser vistos na qualidade dos alimentos preparados, assim como muito além de nossa mesa de refeição. Está surgindo uma nova onda por todo o mundo: a cozinha sustentável. Trata a respeito de consumo alimentar responsável e sustentável. Quando se trata de alimentos, podemos falar a respeito de sustentabilidade de meio-ambiente, econômica e social. Pelo consumo alimentar sustentável, podemos produzir grande impacto no meio-ambiente. Pequenas fazendas produtoras de várias culturas permitem maiores biodiversidades que as massivas monoculturas. Comprando localmente, diminuímos os custos do meio-ambiente associados com o transporte dos alimentos custos tais como aumento da poluição do ar, o uso de combustíveis fósseis, e

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NEWSLETTER LICINIA DE CAMPOS

SEMANA 37

GASTRONOMIA SUSTENTÁVEL

Essa é uma nova vertente a respeito de gastronomia, com movimentos como Slow Food, e grandes cias

como a General Mills sustentando-a. Quem trabalha com alimentos tem de estar consciente dessa nova

tendência. Existem vários livros a respeito e o site citado foi gerado de um livro. Vou expor pura e

simplesmente os conceitos, sem me ater se é correto ou não, para dar uma idéia geral do que se passa.

Depois gostaria que me enviassem e-mails com suas opiniões a respeito e na próxima newsletter, vamos

abrir um debate a respeito dos pontos mais contundentes. Segue abaixo um trecho traduzido do site

www.sustainablekitchen.com. Aí está:

“Alimento é uma necessidade básica e nisso todos concordam. A maioria de nós tem se tornado distante

do envolvimento e participação com os alimentos que compramos, cozinhamos e consumimos.

Raramente, se é que acontece, sentamos e discutimos como cultivamos nossas hortaliças ou como a

carne que chega ao nosso prato é produzida. Mas todos sentimos que deveria fazer parte de nossa

conversação e conscientização. As escolhas de atacadistas e varejistas dos quais compramos e como

afetam o meio-ambiente, a economia e a qualidade de vida de todos. Acreditamos que é importante

estar conscientes e preocupados a respeito de onde nossos alimentos vêm.

Tudo o que fazemos, tanto individualmente quanto coletivamente, tem um impacto no nosso meio-

ambiente e seu futuro. Sob este prisma, acreditamos que deveríamos alinhar nossas escolhas de

ingredientes com o ciclo natural das estações. O alimento sazonal está no pico da nutrição e sabor. Na

sazonalidade, os ingredientes são plenos de benefícios, tornando-se mais disponíveis, baratos e no pico

da perfeição. É fato fundamental da culinária que nenhum cozinheiro pode produzir um prato melhor

sem a qualidade dos ingredientes utilizados, mesmo sendo criativo e capacitado. Deveríamos todos

tentar encurtar a rota da fazenda à nossa mesa. Os resultados podem ser vistos na qualidade dos

alimentos preparados, assim como muito além de nossa mesa de refeição.

Está surgindo uma nova onda por todo o mundo: a cozinha sustentável. Trata a respeito de consumo

alimentar responsável e sustentável. Quando se trata de alimentos, podemos falar a respeito de

sustentabilidade de meio-ambiente, econômica e social.

Pelo consumo alimentar sustentável, podemos produzir grande impacto no meio-ambiente. Pequenas

fazendas produtoras de várias culturas permitem maiores biodiversidades que as massivas

monoculturas. Comprando localmente, diminuímos os custos do meio-ambiente associados com o

transporte dos alimentos – custos tais como aumento da poluição do ar, o uso de combustíveis fósseis, e

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o dano às rodovias e oceanos. A refrigeração dos alimentos que necessitam ser transportados por

longos caminhos, utiliza energia e pode envolver o uso de gases depletores de ozônio, afetando

ultimamente o planeta inteiro. Nenhum desses custos ambientais é reconhecido pela maioria dos

consumidores ou levado em conta no preço dos alimentos.

A sustentabilidade ambiental também se relaciona à proteção do suprimento marinho em perigo. Para

garantir a saúde de nossos oceanos e um suprimento diversificado de pescado para o futuro, todas as

nações deveriam fornecer gestão melhor, integrada, da pesca e processamento do pescado. Nossa

crença pessoal é de que a maioria do pescado criado em cativeiro ou dos sistemas de aquacultura na

realidade promovem destruição ecológica e posterior perda protéica do ecosistema oceânico. Os

consumidores, em conjunto com os chefes de cozinha, necessitam se questionar a respeito ao adquirir

pescado: a procedência é de cativeiro ou selvagem? Se foi produzido em cativeiro, foi criado com dieta

vegetariana apropriada e de acordo com os métodos sonantes do meio-ambiente? Se selvagem, onde

foi coletado? Como foi coletado? Deveria ser pescado ou protegido porque esta espécie está em perigo

de extinção? Houve um alta porcentagem de dupla pescagem, impactando negativamente outros

animais marinhos?

Da mesma forma, precisamos nos perguntar sobre a carne dos animais: de onde vem e como foram

criados e abatidos. A criação pecuária necessita ser tratada humanamente, alimentada com insumos os

mais naturais (sem subprodutos animais ou resíduos), nunca dados hormônios de crescimento ou

antibióticos sub-terapêuticos, e crescidos em terras cultivadas para serem fontes sustentáveis.

Como linha de conduta em nosso próprio preparo alimentar, devemos apoiar a policultura, um sistema

já praticado há muito tempo na China e Japão. Becky Goldburg, um cientista veterano em Defesa

Ambiental, uma organização sem lucro para solver problemas ambientais urgentes, declara que “a

policultura é a produção de muitas espécies de plantas ou animais em conjunto em um só sistema, a

fim de otimizar o uso de água e nutrientes e minimizar os desperdícios agropecuários.” Quando o

cozinheiro caseiro começa a se questionar a respeito da cadeia alimentar e solicita respostas adequadas,

então está a caminho da preservação do suprimento alimentar para as gerações futuras.

Sustentabilidade vai bem além dos efeitos ambientais. A sustentabilidade econômica, outro objetivo do

consumo alimentar responsável, se refere ao princípio de manter o dinheiro gerado pelos alimentos na

comunidade local, de maneira que possa contribuir com a manutenção e desenvolvimento da produção

regional dos alimentos e da economia local. Os fazendeiros e cidadãos locais conseguem atingir este

objetivo pelo estabelecimento de grupos da Comunidade de Apoio à Agricultura nas suas comunidades.

Trata-se de um sistema de agricultura local, cujas raízes voltam no passado há 30 anos atrás no Japão,

onde um grupo de mulheres, preocupadas com o aumento da importação de alimentos e o decréscimo

correspondente na população de agricultores, iniciou relacionamento entre o cultivo direto e compras

entre o grupo comunitário e fazendeiros locais. Este acordo é chamado de “teikei” em japonês,

significando “colocando os fazendeiros face a face com os alimentos”.

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Este conceito viajou até a Europa e eventualmente aos EUA, onde em 1985, foi estabelecido em

Berkshire, Massachusetts a primeira Comunidade de Apoio aos Agricultores na América do Norte. Hoje,

há mais de 1000 fazendo CAA por todo os EUA e Canadá, com membros e cultivadores partilhando os

custos, riscos e benefícios dos alimentos plantados. Os membros variam de 15 a 150 famílias por

fazenda, cada um assumindo comprometimento financeiro para dar suporte às fazendas por todo o ano.

Em troca do seu investimento, os membros da CAA recebem produtos frescos, colhidos localmente,

geralmente orgânicos, uma vez por semana desde o final da primavera até o começo do outono de

“suas” fazendas.

Nossas escolhas alimentares também têm grande impacto na sociedade e comunidades. Através do

consumo alimentar sustentável, promovemos a saúde física, espiritual, cultural e econômica das famílias

dos fazendeiros e das comunidades. Para realizar esta proposta, precisamos educar pessoas de todas as

gerações sobre os benefícios dos alimentos produzidos localmente; para a continuidade dos pequenos

fazendeiros, precisamos educá-los em como plantar e cultivar os alimentos. O aprendizado

proporcionado aos CAA oferece educaçào valiosa sobre manipulação e movimento contínuo de volta à

terra. Este conceito ensina também às futuras gerações que o alimento vem da terra, não do mercado. A

exposição precoce ao cuidado da Terra habilita as crianças a se nutrirem melhor por si próprios. Jardins

caseiros, sempre que possível, em conjunto com hortas escolares, devem fazer parte da educação

infantil.

Sustentabilidade é um objetivo a longo prazo. As modernas fazendas agricultoras em estilo industrial

têm produzido altos rendimentos em colheitas, mas a que custo? A culinária sustentável e sazonal, por

outro lado, traz muitos benefícios, sendo no mínimo o sabor otimizado. É também divertido saber que

se está consumindo e cozinhando alimentos de qualidade plantados e colhidos pelos fazendeiros locais.

Acreditamos que todos os consumidores deveriam desenvolver relações com os cultivadores,

fornecedores primários dos produtores consumidos e desfrutados. Os fazendeiros são pessoas que

indiretamente acabam por direcionar a dieta e o que está na sua mesa de refeição.

Uma pessoa disse que a música e a culinária são muito similares: as duas artes tratam de misturas e

gostos. A mistura das vozes ou ingredientes é maior que a soma de suas partes. A boa cozinha não diz

respeito à quantidade que um prato pode conter, mas em como se obtém o melhor sabor e em como os

sabores se complementam e casam bem cada um com o outro. É claro que para obter sucesso, gasta-se

tempo no processamento da descoberta e invenção destas parcerias e na mistura das vozes. Mas as

pessoas devem ser encorajadas a descobrirem e desfrutarem dessa brincadeira espirituosa na cozinha.

Traduzindo sustentabilidade em ação

Não é suficiente discutir os conceitos e filosofias do consumo alimentar responsável, sustentável. É

igualmente importante agir:

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Cozinhe sazonalmente, não compre frutas e hortaliças fora da estação;

Quando possível compre localmente, e diretamente do produtor ou da fonte originária mais

próxima do produto disponível;

Forme um Grupo de Apoio ou trabalhe com um fazendeiro local, que lhe forneça produtos sazonais

de sua escolha;

Dê apoio à venda direta do produtor;

A próxima vez que estiver no supermercado, converse com o gerente de produtos. Conte ao gerente

de sua preocupação com pesticidas e deixe-o saber da sua preferência por compras locais, produtos

regionais e alimentos orgânicos certificados, se possível;

Pergunte aos mercadores e supridores a respeito das fontes fornecedoras, de onde se originam a

carne e as aves vendidas e como são produzidas. Se eles não souberem, peça para se inteirarem. Dê

apoio aos mercados e açougues, cujos suprimentos não utilizam técnicas de abates industriais em

grande escala. Porém garanta a aquisição de um produto de abate certificado;

Pergunte sobre onde o peixe comprado foi pescado, se foram utilizadas práticas sustentáveis ou

práticas danosas ao meio-ambiente, e se era originário de fazendas pesqueiras ou fontes naturais;

Aprenda quais espécies de pescado estão ameaçadas por conta de tanta pesca;

Leia rótulos; descubra que ingredientes ou aditivos estão no alimento consumido;

Plante uma horta e/ou ajude a estabelecer uma horta escolar ou comunitária;

Complete o ciclo pela compostagem e reciclagem;

Eduque-se a respeito de alimentos, entenda todos os passos, e deixe os legisladores saberem como

se sente a respeito da gestão de alimentos e quais regras e regulamentos importam à comunidade.”

- Bill Mollison, Introdução à Permacultura

Dra Licinia de Campos Graduada em Nutrição (Universidade São Judas Tadeu) com formação autodidata em Gastronomia; pós-graduada em Gestão de Negócios de Serviços de Alimentação (SENAC); curso de especialização em Docência e Didática para Ensino Superior em Turismo e Hotelaria (SENAC); curso de Auditor Líder ISO 22000 (Food Design); ex-redatora do Suplemento Feminino do jornal “O Estado de SP” (1984- 1989); especialização em Antropologia Alimentar através de premiação para o Seminário: “Alimentation et hiérarchies sociales et culturelles” pelo IEHCA na Universidade de Tours, França; participante do programa “Com Sabor” da Rede Mulher por 3 anos; tradutora de diversos fascículos e livros para a Editora Globo; consultora gastronômica- nutricional do site www.sic.org.br (Serviço de Informação da Carne) e do site www.lacteabrasil.org.br; palestrante especializada em Gastronomia e Nutrição; redatora da revista NutriNews há mais de 10 anos com premio Destaque Food Service 2008; docente em vários cursos das unidades SENAC desde 1998; Coordenadora do curso de Gastronomia da Faculdade Paschoal Dantas; Consultora e Assessora Especializada em Gestão Operacional Administrativa de Unidades Alimentares; mestranda pela Universidade de Léon, Espanha do curso Master em Gerontologia – Ciência do Envelhecimento. Contatos comerciais p/ assessoria gastronômica e nutricional em Serviços de Alimentação; preparo de manuais e receituários p/ veiculação em internet, revistas, folhetos, etc; tradução de textos culinários e nutricionais; aulas, palestras e treinamentos em Higiene e Manipulação Alimentar, Cortes e Qualidades das carnes bovinas, suínas e ovinas, Adequação de Métodos de Procedimentos e Cozimentos em Unidades Alimentares, Características da Culinária Internacional por especificidade (européia, asiática, oriental, brasileira, etc). e-mail: [email protected]. Tel: (11) 97376596

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RECEITA SUSTENTÁVEL DE VERÃO

Sanduíches tipo finger food de tomate e manjericão (4 porções)

4 fatias de pão integral – 8 colheres (chá) de maionese light – 4 rodelas grossas de

tomate – 4 colheres (chá) de manjericão fresco picado – sal e pimenta do reino.

Corte o pão em rodelas levemente maiores que os tomates com a ajuda de um

cortador de biscoitos. Espalhe em cada fatia 2 colheres (chá) de maionese. Cubra

com tomates, manjericão, tempere com sal e pimenta.

Por porção: 75 kcal; gorduras 2g; colesterol 0mg; carboidratos 12g; açúcares adicionados 1g; proteínas

2g; fibras 2g; sódio 345mg; potássio 118mg.

Crepes de verão (4 porções) – Receita ovolactovegetariana

1/3 xícara de iogurte desnatado – ½ xícara de cebolinhas verdes picadas – 3 colheres (sopa) de leite

desnatado – 2 colheres (chá) de suco de limão – sal – 1 colher (sopa) de azeite

extra-virgem – 2 xícaras de abobrinha italiana picada – 1 ¼ xícaras de vagens

picadas – 1 xícara de milho verde em grãos (1 espiga grande) – 1 xícara de

ricota – ½ xícara de catupiry – 4 crepes (panquecas) de 23cm.

Misture o iogurte com as cebolinhas, leite, suco de limão e tempere com sal e

pimenta do reino. Reserve. Aqueça o azeite em uma frigideira antiaderente e

adicione a abobrinha, vagens, milho e refogue até começar a dourar, 6 a 8

minutos. Abaixe o fogo, junte a ricota e o catupiry e tempere com sal e

pimenta. Cozinhe, sempre mexendo, até que o queijo derreta, 1 a 2 minutos. Retire do fogo. Coloque

cada crepe sobre um prato. Espalhe ¼ do recheio (cerca de ¾ xícara) no centro de cada crepe. Enrole os

crepes como rocambole. Coloque com o lado da emenda para baixo em uma travessa. Sirva cada crepe

com 2 colheres (sopa) das sobras do recheio e mais cebolinhas, se desejar.

Informação nutricional: 302 kcal; gorduras totais 17g; colesterol 46mg; carboidratos 25g; proteínas 15g;

fibras 3g; sódio 687mg; potássio 485mg.