New LÉXICO, DISCURSO E PROJETO DE NAÇÃO. · 2019. 12. 11. · RESUMO SILVA, B. G. da, Léxico,...

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1 UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS. BRIAN GALDINO DA SILVA LÉXICO, DISCURSO E PROJETO DE NAÇÃO. DISSERTAÇÃO DE MESTRADO. SÃO PAULO 2019

Transcript of New LÉXICO, DISCURSO E PROJETO DE NAÇÃO. · 2019. 12. 11. · RESUMO SILVA, B. G. da, Léxico,...

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UNIVERSIDADE DE SAtildeO PAULO

FACULDADE DE FILOSOFIA LETRAS E CIEcircNCIAS HUMANAS

BRIAN GALDINO DA SILVA

LEacuteXICO DISCURSO E PROJETO DE NACcedilAtildeO

DISSERTACcedilAtildeO DE MESTRADO

SAtildeO PAULO

2019

2

BRIAN GALDINO DA SILVA

LEacuteXICO DISCURSO E PROJETO DE NACcedilAtildeO

Dissertaccedilatildeo apresentada ao

Departamento de Letras Claacutessicas e

Vernaacuteculas da Faculdade de Filosofia

Letras e Ciecircncias Humanas da

Universidade de Satildeo Paulo para

obtenccedilatildeo do tiacutetulo de mestre em Liacutengua

Portuguesa

Aacuterea de concentraccedilatildeo Lexicologia da

liacutengua portuguesa Anaacutelise criacutetica do

discurso

Orientador Prof Dr Manoel

Mourivaldo Santiago Almeida

SAtildeO PAULO

2019

3

Autorizo a reproduccedilatildeo e divulgaccedilatildeo total ou parcial deste trabalho por qualquer meio

convencional ou eletrocircnico para fins de estudo e pesquisa desde que citada a fonte

Catalogaccedilatildeo na Publicaccedilatildeo

Serviccedilo de Biblioteca e Documentaccedilatildeo

Faculdade de Filosofia Letras e Ciecircncias Humanas da Universidade de Satildeo Paulo

Silva Brian Galdino da

Ss1l LEacuteXICO DISCURSO E PROJETO DE NACcedilAtildeO Brian

Galdino da Silva orientador Manuel Mourivaldo

Santiago Almeida - Satildeo Paulo 2019

333 f

Dissertaccedilatildeo (Mestrado)- Faculdade de Filosofia

Letras e Ciecircncias Humanas da Universidade de Satildeo

Paulo Departamento de Letras Claacutessicas e

Vernaacuteculas Aacuterea de concentraccedilatildeo Filologia e Liacutengua

Portuguesa

1 Estudo do leacutexico 2 Anaacutelise do criacutetica do

discurso 3 Projeto de naccedilatildeo no Brasil do seacutec XIX

4 Tecnologia e neologismo 5 Medicina e

neologismo I Almeida Manuel Mourivaldo Santiago

orient II Tiacutetulo

UNIVERSIDADE DE SAtildeO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA LETRAS E CIEcircNCIAS HUMANAS

ENTREGA DO EXEMPLAR CORRIGIDO DA DISSERTACcedilAtildeOTESE

Termo de Ciecircncia e Concordacircncia do (a) orientador (a)

Nome do (a) aluno (a) Brian Galdino da Silva

Data da defesa 06082019

Nome do Prof (a) orientador (a) Manoel Mourivaldo Santiago Almeida

Nos termos da legislaccedilatildeo vigente declaro ESTAR CIENTE do conteuacutedo deste EXEMPLAR

CORRIGIDO elaborado em atenccedilatildeo agraves sugestotildees dos membros da comissatildeo Julgadora na

sessatildeo de defesa do trabalho manifestando-me plenamente favoraacutevel ao seu

encaminhamento e publicaccedilatildeo no Portal Digital de Teses da USP

Satildeo Paulo 11112019

___________________________________________________

(Assinatura do (a) orientador (a)

4

Nome SILVA Brian Galdino da

Tiacutetulo Leacutexico Discurso e Projeto de Naccedilatildeo

Dissertaccedilatildeo apresentada ao Departamento

de Letras Claacutessicas e Vernaacuteculas da

Faculdade de Filosofia Letras e Ciecircncias

Humanas da Universidade de Satildeo Paulo

para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de mestre em

liacutengua portuguesa

Aprovado em

Banca Examinadora

Prof Dr___________________________

Julgamento _______________________

Prof Dr __________________________

Julgamento _______________________

Prof Dr __________________________

Julgamento _______________________

Instituiccedilatildeo ________________________

Assinatura ________________________

Instituiccedilatildeo ________________________

Assinatura ________________________

Instituiccedilatildeo ________________________

Assinatura ________________________

5

AGRADECIMENTOS

Agrave Faculdade de Filosofia Letras e Ciecircncias Humanas que formou o profissional que eu

sempre sonhei ser e onde eu conheci muitos dos amigos que trago comigo ateacute os dias de

hoje desde a graduaccedilatildeo

Ao Prof Dr Emilio Gozze Pagotto com quem tive minha primeira e segunda

experiecircncia em pesquisas e que me incentivou a continuar pesquisando

Ao Prof Dr Manoel Mourivaldo Santiago Almeida que aceitou me orientar nessa

empreitada

Agrave minha esposa minha Iaiaacute amada por quem e com quem vivo e meu filho Eros o

melhor presente que minha esposa jaacute me deu na vida que sempre estiveram comigo

dando a forccedila que eu precisava nos momentos em que pensei que natildeo conseguiria

Aos meus amigos que juntamente com minha famiacutelia estavam sempre disponiacuteveis para

me dar um empurratildeo em especial a Tatiana Malheiro que me ajudou a levantar nas

vaacuterias vezes em que caiacute minha irmatilde a quem admiro e amo

6

RESUMO

SILVA B G da Leacutexico Discurso e Projeto de Naccedilatildeo 2019 Dissertaccedilatildeo (Mestrado)

ndash Faculdade de Filosofia Letras e Ciecircncias Humanas Universidade de Satildeo Paulo Satildeo

Paulo 2019

Este trabalho teve como meta levantar entradas lexicais gregas na liacutengua portuguesa que

foram adotadas por nomearem artefatos tecnoloacutegicos inventados e postos em uso no

seacuteculo XIX no Brasil As tecnologias assim como artigos ligados a medicina e cultura

procuraram durante o seacuteculo XIX no grego antigo lexemas de base grega para dar

nomes agraves novidades Tendo como corpus anuacutencios de jornais da eacutepoca faremos o

possiacutevel para analisar criticamente os discursos que acompanharam esses empreacutestimos

para que possamos compor um mapa social e consequentemente esclarecer questotildees

quanto ao processo civilizatoacuterio brasileiro e seu projeto de naccedilatildeo

Palavras-chave Helenismo Anaacutelise Criacutetica do Discurso Civilizaccedilatildeo

7

ABSTRACT

SILVA B G da Lexicon Discourse and Nation Project 2019 Dissertaccedilatildeo

(Mestrado) ndash Faculdade de Filosofia Letras e Ciecircncias Humanas Universidade de Satildeo

Paulo Satildeo Paulo 2019

This work has as its goal to raise lexicais gregas entries in Portuguese language that

foram added by nomearem invented technological artifacts and posts in use no seculo

XIX no Brazil The technologies as well as articles linked to medicine and culture

sought during the 19th century in Ancient Greek for lexemes of greek base to give

name to new things We have as corpus advertisements of the day of the epoch we will

do the possible to critically analyze the speeches that accompany these loans so that we

have a social map and consequently clarify question about the Brazilian civilization

process and their national project

Keywords Hellenism Critical Discourse Analysis Civilization

8

Sumaacuterio Introduccedilatildeo 9

1 Metodologia16

2 Linguagem como distintivo de humanidade 18

21 Investigaccedilotildees relativas agrave linguagem 21

22 O Leacutexico da Liacutengua Portuguesa 25

23 Projeto de naccedilatildeo portuguecircs para Portugal 31

3 A importacircncia da imprensa no processo civilizatoacuterio 38

31 A imprensa e a disseminaccedilatildeo de discursos 445

4 Desejo de ascensatildeo 48

5 Nomenclatura especializada e a disseminaccedilatildeo das tecnologias na sociedade 50

6 Projeto de uma naccedilatildeo brasileira 55

7 Passos mecacircnicos 59

71 Arte mecacircnica 75

72 Dono de seu proacuteprio tempo 82

8 Para garantir a vida 91

9 Conclusotildees 109

10 Bibliografia 111

101 Bibliografia online 116

11 Apecircndices 117

111 Lexemas ligados agrave cultura 118

112 Lexemas ligados agraves tecnologias 145

113 Lexemas ligados agrave sauacutede 222

9

Introduccedilatildeo

A histoacuteria da humanidade eacute marcada por sequecircncias de descobertas e invenccedilotildees

que impulsionaram as revoluccedilotildees porque passamos ateacute nos encontrarmos nesta realidade

de e do agora Olhar criticamente para os momentos dessas passagens de eras nos faz

entender alguns porquecircs dos dias atuais Muitas satildeo as perspectivas com relaccedilatildeo ao quecirc

devemos chamar de civilizado afinal depende da perspectiva de quem estaacute adjetivando

Para noacutes neste trabalho eacute interessante que tenhamos como paradigma aquelas que

tenham como fio condutor uma linha mais eurocecircntrica tanto para concordarmos

quanto para discordarmos e criticarmos porque como poderatildeo perceber na leitura desta

dissertaccedilatildeo a influecircncia que estudaremos eacute europeia Perceber que cada degrau

alcanccedilado pela humanidade rumo a patamares mais civilizados da forma como eacute

comungado pela perspectiva que escolhemos se associa agrave realizaccedilatildeo de uma descoberta

ou invenccedilatildeo tecnoloacutegica eacute dar significacircncia agrave histoacuteria passada presente e quiccedilaacute

possamos trazer contribuiccedilotildees a trabalhos posteriores que leiam neste algo de relevante

Das tecnologias inventadas pela humanidade as que mais nos interessam satildeo

aquelas que se assoiciam agrave linguagem e dela fazem uso Linguagens que se desdobram

historicamente em um enorme cabedal com muacuteltiplas possibilidades visando agrave

comunicaccedilatildeo eacute o que possibilitou que os avanccedilos fossem possiacuteveis

Debruccedilamo-nos entatildeo sobre um momento da nossa histoacuteria procurando por

respostas de como chegamos noacutes brasileiros aonde chegamos e a forma como

chegamos

Esta pesquisa teve seu iniacutecio como um trabalho de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica que natildeo se

esgotou mas teve de ser finalizado em 2011 Foi utilizado para trabalho de mestrado o

corpus da pesquisa inicial mas com perspectivas mais amandurecidas do que quando

foi escrita anteriormente aleacutem de um vieacutes de anaacutelise mais apurado principalmente no

que diz respeito agraves anaacutelises dos discursos presentes no corpus

As tecnologias satildeo motores de inovaccedilotildees de avanccedilos e mudanccedilas para novos

modus vivendi Claro que nem sempre esses avanccedilos inovaccedilotildees e mudanccedilas podem ser

concebidas pelo prisma de positivaccedilatildeo mas elas satildeo inevitaacuteveis pela forma como satildeo

intruduzidas nas vidas daqueles que assistem seus nascimentos Vemos essas

10

ldquorevoluccedilotildeesrdquo tecnoloacutegicas como uma bomba Imaginemos um quandrante Quando essa

bomba eacute lanccedilada a modificaccedilatildeo campal eacute maior no lugar especiacutefico onde ocorre a

explosatildeo alterando totalmente a paisagem Contudo os arredores satildeo inevitavelmente

atingidos pelos fragmentos dessa bomba se alterando em maior ou menor grau

dependendo da distacircncia em que esse lugar se encontra em relaccedilatildeo ao ponto de impacto

Dessa forma como bem atesta RIBEIRO (2000) ldquoA cada uma dessas etapas de

progresso tecnoloacutegico Morgan faz corresponder modos particulares de organizaccedilatildeo

social e conteuacutedos especiais da visatildeo do mundo e dos corpos de crenccedila e valoresrdquo As

mudanccedilas segundo o atropoloacutego natildeo satildeo apenas na praacutetica dos trabalhos a que a

tecnologia se destina As mudanccedilas satildeo mais profundas

A perspectiva de Morgan citada por Ribeiro eacute por anos reelaborada por uns e

desdobrada por outros historiadores antropoacutelogos e arqueoacutelogos Friedrich Engels em

1884 reelaborou o esquema de Morgan tendo como base as concepccedilotildees marxistas das

formaccedilotildees econocircmico-sociais definido essas organizaccedilotildees como tipos histoacutericos de

sociedades que podem ser caracterizadas pela combinaccedilatildeo de um modo de produccedilatildeo

(tecnologia + divisatildeo do trabalho) que partilham de certa organizaccedilatildeo social com um

corpo particular de concepccedilotildees ideoloacutegicas Engels divide a evoluccedilatildeo em cinco

formaccedilotildees distintas o comunismo primitivo o escravismo o feudalismo o capitalismo

e o socialismo Este uacuteltimo como uma utopia a que poderiacuteamos alcanccedilar em certo ponto

de nossa histoacuteria

Os estudos de Marx tiveram como objeto de observaccedilatildeo as formaccedilotildees sociais

asiaacuteticas a antiga claacutessica a eslava e a germacircnica Eacute preciso notar que sua perspectiva

foi intensamente revista por ele proacuteprio e por Engels aleacutem de outros estudiosos

marxistas

Gordon Childe jaacute no seacuteculo XX com o auxiacutelio das pesquisas proliacuteferas de sua

eacutepoca no campo da arqueologia e etnologia e seguindo as linhas de Morgan mas de

certa forma contribuindo com modificaccedilotildees conceituais com as perspectivas de seu

ldquomestrerdquo estende a selvageria ateacute a Revoluccedilatildeo Neoliacutetica representada pela difusatildeo da

agricultura e do pastoreio quando se iniciaria a barbaacuterie A barbaacuterie seria divida em

duas etapas a barbaacuterie neoliacutetica e a da idade do cobre que se estenderia ateacute a

Revoluccedilatildeo Urbana que determinaria o iniacutecio da civilizaccedilatildeo Esta divida em trecircs etapas

as idades de bronze ferro e o feudalismo que se estenderia ateacute a Revoluccedilatildeo Industrial

Aleacutem desses nomes RIBEIRO (2000) ainda cita Leslie White que traz contribuiccedilotildees agrave

11

perspectiva evolucionista de Morgan e Childe Julian Steward que traz contribuiccedilotildees

assinaladas agrave teoria da evoluccedilatildeo cultural comparando as sociedades mesopotacircmica

egiacutepcia indiana chinesa peruana e meso-americana e por fim Karl Wittfogel que com

base em estudos da China e tendo como pano de fundo os conceitos desenvolvidos por

Marx faz um trabalho sobre o ldquodespotismo orientalrdquo

Assim essa sucessatildeo de revoluccedilotildees tecnoloacutegicas e processos que caminham em

direccedilatildeo a uma civilitude cada vez maior tirando o homem da condiccedilatildeo de caccediladores e

coletores que eram generalizadas encaminham o homem a formas de organizaccedilatildeo social

e formas de explicar suas experiecircncias Essas formas segundo RIBEIRO (2000) podem

ser enquadradas em imperativos comuns apesar de diferentes dependendo de cada

povo O primeiro imperativo diz respeito ao ldquocaraacuteter acumulativo do progresso

tecnoloacutegico que se desenvolve desde formas mais elementares a formas mais

complexasrdquo o segundo diz respeito quanto agraves ldquorelaccedilotildees reciacuteprocas entre o equipamento

tecnoloacutegico empregado por uma sociedade em sua atuaccedilatildeo sobre a natureza para

produzir bensrdquo obviamente isso se atrela agrave ldquomagnitude de sua populaccedilatildeo a forma de

organizaccedilatildeo das relaccedilotildees internas entre os membros ()rdquo e por fim o terceiro

imperativo se relaciona com a ldquointeraccedilatildeo entre esses esforccedilos de controle da natureza e

da ordenaccedilatildeo das relaccedilotildees humanas e a culturardquo Essas relaccedilotildees devem ser entendidas

como patrimocircnios simboacutelocos que padronizam os modos de pensar e dos saberes

manifestados de forma material ldquonos artefatos e bens expressamente atraveacutes da

conduta social e ideologicamente pela comunicaccedilatildeo simboacutelica e pela formulaccedilatildeo da

experiecircncia social em corpos de saber de crenccedilas e valoresrdquo Esses trecircs imperativos

sucintamente remetem a fatores determinantes de uma sociedade civilizada ou em vias

de civilarem-se de acordo com a perspectiva de Ribeiro A associaccedilatildeo desses trecircs

fatores tecnologia sociedade e ideoloacutegia entrelaccedilam-se de maneira indissociaacutevel Em

outras palavras esses imperativos trabalham em conjunto e conectados As etapas

evolutivas no campo da tecnologia correspondem a classificaccedilotildees fundadas em padrotildees

de organizaccedilatildeo social e a moldes de configuraccedilotildees ideoloacutegicas A relaccedilatildeo entre esses

trecircs fatores trabalha de forma a uma induzir a outra a modificar-se de acordo com sua

necessidade imediata

Para a fundaccedilatildeo de uma sociedade podemos notar alguns contingenciamentos que

conformem as culturas O primeiro diz respeito agrave condiccedilatildeo bioloacutegica humana que a

uniformiza a partir das evoluccedilotildees bioloacutegicas Em virtude desse contingenciamento as

12

culturas desenvolvem normas uniformes de orientaccedilatildeo da accedilatildeo adaptativa e meios de

como tirar de sua realidade materiais para a sobrevivecircncia e multiplicaccedilatildeo o segundo eacute

a criaccedilatildeo de pautas culturais que determinem e propiciem a ordenaccedilatildeo e interaccedilatildeo

social e por fim o contingenciamento de natureza psicoloacutegica A tudo isso sobrevem

um imperativo elementar de natureza propriamente cultural que consiste na capacidade

humana de comunicaccedilatildeo simboacutelica pois eacute atraveacutes da linguagem que todos os outros

contingenciamentos podem ser guardados como heranccedila cultural e transmitidos de

geraccedilatildeo a geraccedilatildeo Desta forma todo desenvolvimento posterior depende de

caracteriacutesticas de patrimocircnios preacute-existentes

A maneira como o Brasil foi colonizado a maneira como durante todo o tempo

que natildeo foi curto em que o Brasil foi apenas considerado uma colocircnia sendo

dilapidado explorado e posto no mapa do mundo que se dizia civilizado natildeo segue a

ordem loacutegica da evoluccedilatildeo prescrita ateacute aqui Tudo o que foi exposto nos serve como

base para que possamos repensar essa loacutegica

Apesar de tudo hoje temos uma sociedade instituiacuteda temos uma organizaccedilatildeo

poliacutetica econocircmica e cultural estruturada devido inclusive agrave forma como o que

conhecemos como Brasil foi concebido Aleacutem de tudo temos uma liacutengua que nos

disitingue e seraacute esse nosso objeto de estudo

Como eacute a partir do uso das linguagens que se transmitem as ideologias partilhadas

por uma sociedade decidimos tomar o leacutexico como ponto inicial para que pudeacutessemos

olhar para as unidades constitutivas do discurso partindo de sua menor unidade assim

como o ideaacuterio comungado pelos filoacutesofos da Era Claacutessica Grega

Consequentemente o presente trabalho pretende demostrar a importacircncia dos

lexemas de base grega para reforccedilar o discurso vigente na eacutepoca que decidimos

investigar o seacuteculo XIX em que se intensificam as intenccedilotildees que nos servem de mote

Os lexemas assim pretenderemos demonstrar serviratildeo como centros gravitacionais ao

redor dos quais se constituiratildeo os discursos que em sua totalidade carregaratildeo consigo

marcas importantes em que poderatildeo ser lidas as intensotildees dos agentes sociais

A perspectiva que adotaremos para as anaacutelises dos discursos de nosso corpus

basia-se em estudiosos que professam a Anaacutelise Criacutetica de Discurso por acreditarmos

que este vieacutes de estudo deva carregar inevitavelmente compromisso social O porquecirc

da escolha dessa vertente natildeo eacute difiacutecil de entender Trataremos de linguagem E sendo

esta uma das principais ferramentas das sociedades e da sociabilizaccedilatildeo a noacutes nos parece

13

natural que os estudos dessa mateacuteria estejam vinculados ao social BOLIacuteVAR (2003)

na introduccedilatildeo de seu artigo nos serve de apoio para o nosso ideal

ldquoLos desarrollos de los estudios del discurso han sido tan acelerados y

variados en los ultimos antildeos que abundan las publicaciones y manuales en

ingleacutes y en otras lenguas (hellip) con lo que se demuestra la consolidacioacuten de

una disciplina cuya meta fundamental es investigar sobre el papel del

lenguaje en la interaccioacuten socialrdquo

(BOLIacuteVAR 2003 p9)

Procurando assim investigar os discursos presentes no periacuteodo a que nos

propusemos aleacutem de descrever seu uso apoiados nos lexemas tentaremos trazer

subsiacutedios para explicar a construccedilatildeo de sentido Afinal de contas ldquoas explicaccedilotildees de

construccedilatildeo de significaccedilatildeo pela linguagem ajudam a entender melhor processos do tipo

cognitivo social cultural e poliacuteticordquo1 O compromisso do nosso trabalho vai para aleacutem

da simples investigaccedilatildeo do simples compromisso com a disciplina Procuraremos trazer

benefiacutecios para quem sabe melhorar a sociedade que eacute com quem temos um

compromisso muito maior por fazermos parte dela

ldquo[] Como questatildeo de meacutetodo a possibilidade de deslocar o estatuto dos

textos que historicamente foram categorizados como ldquodocumentosrdquo aqui

tomados como discurso lugar de significaccedilatildeo de confronto de sentidos de

estabelecimento de identidades de argumentaccedilatildeo etc Como uma das

finalidades sair do jaacute nomeado do interpretado e procurar entender esses

textos como discursos que produzem efeitos de sentido a serem

compreendidos nas condiccedilotildees em que apareceram e nas de hojerdquo

(ORLANDI 1990 p 18)

A disciplina Anaacutelise de Discurso nasce para que pudeacutessemos ultrapassar as

fronteiras da gramaacutetica e da semacircntica (BOLIacuteVAR 2003) com a finalidade de

incrementar o estudo com a inclusatildeo de questotildees pragmaacuteticas agraves anaacutelises Entretanto a

analista nos alerta sobre o uso da perspectiva pragmaacutetica nos estudos

1 BOLIacuteVAR (2003) traduccedilatildeo nossa

14

ldquoAun asiacute la pragmaacutetica ha mostrado ser insuficiente para ofrecer

explicaciones sobre coacutemo se construyen los significados en la interaccioacuten

social y eso se debe en gran parte el desarrollo del anaacutelisis criacutetico del

discurso Fairclough (1989 p 9) por ejemplo considera que lsquola pragmaacutetica

con frecuencia para describir el discurso como podriacutea ser en un mundo mejor

en vez de describirlo tal como esrsquordquo

(BOLIacuteVAR 2003 p 11)

Comungando da perspectiva da autora logicamente nem todos os enfoques

podem ser criacuteticos tampouco linguiacutesticos mas todas as anaacutelises devem partir do

pressuposto de que os discursos satildeo inevitavelmente sociais de conhecimento

histoacutericos e dialoacutegicos (BOLIacuteVAR 2003)

Seguindo entatildeo por essa via a anaacutelise criacutetica de discurso que pretendemos eacute

aquela que leva em consideraccedilatildeo a linguagem como praacutetica social dentro de um

contexto de uso desta mesma linguagem

Recorrendo novamente a BOLIacuteVAR (2003) que enumerou belamente os

princiacutepios gerais que regem a anaacutelise criacutetica do discurso citaremos a autora novamente

Os princiacutepios satildeo entatildeo os seguintes

1 el anaacutelisis criacutetico tiene una motivacioacuten social y aborda problemas

sociales

2 las relaciones de poder son discursivas

3 el discurso constituye la sociedad y la cultura

4 con el discurso se hace trabajo ideoloacutegico

5 el discurso es histoacuterico

6 la relacioacuten entre texto y sociedad es mediada por los oacuterdenes del

discurso y por la cognicioacuten

7 el anaacutelisis es interpretativo y explicativo

8 el discurso es una forma de accioacuten social

(BOLIacuteVAR 2003 p 16)

Assim a anaacutelise de nosso corpus vai para aleacutem do estudo dos usos lexicais mas

os relacionaremos com o discurso que pairava sobre os ares brasileiros da eacutepoca Esses

discursos seratildeo imperiosos para mudanccedilas que se iniciariam no seacuteculo XIX e que

15

somente se reforccedilariam com o passar das deacutecadas uma vez que as tecnologias avanccedilam

sem freios pelo tempo

As questotildees que moveratildeo nossa anaacutelise entatildeo satildeo as que se relacionam ao

estabelecimento de uma nova realidade no Brasil oitocentista as respostas institucionais

para dar conta das demandas sociais o investimento na ideologia utoacutepica que seria

compartilhada pela vontade de e da naccedilatildeo pelo menos pelas vozes mais audiacuteveis na

eacutepoca aleacutem do que seria preciso para que se estabelecesse uma identidade nacional no

imaginaacuterio da populaccedilatildeo brasileira desse novo Brasil que se iniciva no seacuteculo XIX

Tentaremos o tanto quanto for possiacutevel demonstrar os sentidos do que eacute dito

assim como daquilo que fica encoberto sob o manto do ldquonatildeo ditordquo que fica calado

silenciado Uma vez que o que natildeo eacute falado tambeacutem significa2

2 ORLANDI (1990) o autor destaca a importacircncia em se notar a ldquopoliacutetica do silenciardquo a qual aliaacutes

subdivide em duas formas ldquoa) O silecircncio constitutivo ou seja a parte do sentido que necessariamente

se sacrifica se apaga ao se dizer Toda fala silencia necessariamente A atividade de nomear eacute bem

ilustrativa toda denominaccedilatildeo circunscreve o sentido do nomeado rejeitando para o natildeo-sentido tudo o

que nele natildeo estaacute dito b) O silecircncio local do tipo censura e similares esse silecircncio eacute que eacute produzido ao

se proibir alguns sentido de circularem por exemplo num regime poliacutetico num grupo social

determinado de uma forma de sociedade especiacutefica etcrdquo

16

1 Metodologia

O nosso objeto de estudos se trata como dito de lexemas que adentraram a Liacutegua

Portuguesa que nomeiam artefatos ligados agraves tecnologias agraves aacutereas da medicina da

eacutepoca como medicamentos e procedimentos meacutedicos assim como lexemas ligados agrave

cultura Esses lexemas que nos servem de corpus foram levantados a partir de anuacutencios

de jornais que pudemos coletar e que foram impressos durante o seacuteculo XIX periacuteodo

em que o Brasil se torna primeiramente independente de seus colonizadores

portugueses ao menos formalmente e procurava estabelecer-se como naccedilatildeo dentro de

suas possibilidades circunstanciais

A coleta dos anuacutencios teve como ferramenta utiliacutessima a obra ldquoDiachronicardquo ldquoE

Os Preccedilos Eram Commodos ndash Anuacutencios de Jornais Brasileiros do Seacuteculo XIXrdquo

impresso no ano 2000 pela Copyright 2000 da Humanitas FFLCHSP organizada por

Marymarcia Guedes e Rosana de Andrade Berlink Nesta obra as organizadoras

dispotildeem de forma sistemaacutetica anuacutencios transcritos retirados de jornais de algumas

regiotildees do Brasil Compotildee este compecircndio 310 anuacutencios do estado da Bahia 142

anuacutencios do estado de Minas Gerais 90 anuacutencios do estado do Paranaacute 66 anuacutencios do

estado do Pernambuco 146 anuacutencios do estado do Rio de Janeiro 106 anuacutencios do

estado de Santa Catarina e 783 anuacutencios do estado de Satildeo Paulo totalizando 1643

anuacutencios impressos em jornais do seacuteculo XIX

Assim como na pesquisa de iniciaccedilatildeo cientiacutefica para que se estabelecesse um

criteacuterio para a anaacutelise que natildeo fosse tatildeo largo os anuacutencios que utilizamos foram os que

correram as matildeos dos leitores das cidades de Campinas Satildeo Paulo e Sorocaba cidades

estas em franco desenvolvimento no seacuteculo XIX devido agrave produccedilatildeo cafeeira aleacutem da

suma importacircncia histoacuterica e econocircmica dessas cidades para o estado de Satildeo Paulo e

posteriormente para o Brasil As cidades escolhidas se enquadram perfeitamente na

proposta do trabalho por figurar muito bem a dicotomia ruralurbano e o processo

civilizatoacuterio aleacutem do afatilde pela modernidade

Assim da obra de GUEDES amp BELINK foram utilizados 523 anuacutencios e a estes

foram adicionados mais 61 anuacutencios levantados a partir do site do ARQUIVO

PUacuteBLICO DO ESTADO DE SAtildeO PAULO que disponibiliza perioacutedicos digitalizados

Desses 584 anuacutencios analisados foram levantados 74 lexemas construiacutedos a partir

de raiacutezes gregas Essas 74 ocorrecircncias figuram em exatos 181 anuacutencios dos 584

17

analisados E se dividem em 42 lexemas que se ligam agrave linguagem meacutedica ou

relacionada agrave sauacutede 26 nominam objetos de tecnologia maquinal e 6 desses se

relacionam com questotildees culturais ou faziam parte das classes estritamente gramaticais

como se poderaacute notar nos apecircndices do trabalho onde estatildeo digitados todos os anuacutencios

integralmente

Apoacutes a coleta do corpus foi efetuada a anaacutelise de cada um dos lexemas de modo a

tabelaacute-los dando a conhecer o perioacutedico de onde foi extraiacutedo o anuacutencio a data em que o

anuacutencio foi publicado e a cidade de publicaccedilatildeo do jornal que serviu como veiacuteculo de

divulgaccedilatildeo assim como as entradas lexicais em dicionaacuterio etimoloacutegico e entradas em

dicionaacuterio de Liacutengua Portuguesa de modo a se ter um quadro sinoacutetico de cada um dos

lexemas que foram tomados como empreacutestimo

A isso se seguiu o estudo mais detalhado dos lexemas que deu origem aos textos

analiacuteticos que constituem o trabalho

Sobre as anaacutelises a partir do lexema presente em cada um dos anuacutencios

analisados procurou-se estabelecer a conexatildeo entre o lexema e a construccedilatildeo do discurso

dos anuacutencios que deles fezeram uso de modo a clarificar a intenccedilatildeo dessa associaccedilatildeo

nomegtnovidade tecnoloacutegicagtmodernidadegtcivilizaccedilatildeo

As escolhas para a contruccedilatildeo do texto desta dissertaccedilatildeo que lhes eacute apresentado e a

forma como foi idealizado intenta fazer dele um texto teacutecnico mas que natildeo fosse

maccedilante de ser lido e que desse algum prazer aos leitores

Trataremos de inovaccedilatildeo tecnoloacutegica Para tanto foi feito uso de inovaccedilotildees a que

noacutes temos disponibilidade como a internet por exemplo para a construccedilatildeo deste

trabalho

18

2 Linguagem como distintivo de humanidade

Quando um beletrista se propotildee a anaacutelisar sua liacutengua materna a necessidade de

por um lado analisar com paixatildeo de trabalhar com um objeto que lhe pertence por

fazer parte de um ldquosirdquo do qual eacute inseparaacutevel indissociaacutevel procurar por fina forccedila por

outro lado certo distanciamento para que se imprima em sua pesquisa certo teor de

objetividade cientiacutefica chacoalha o pesquisador de um modo que se lhe for permitido

o amalgama da objetividade cientiacutefica e subjetividade apaixonada poriam juntas cada

um dos ladrilhos que comporiam a obra final desse pesquisador que se dispotildee a

discorrer de algo que eacute tatildeo seu

Como eacute possiacutevel analisar a relaccedilatildeo loacutegica de uma liacutengua que se propotildee a nominar

coisas a partir de sua relaccedilatildeo direta com essas mesmas coisas sem levar em

consideraccedilatildeo as mais variadas accedilotildees possiacuteveis no estabelecimento dessas relaccedilotildees que

podem ser tatildeo plurais

Os mitos as crenccedilas e as religiotildees nos trazem narrativas que atribuem agrave origem

das linguagens agraves ldquoforccedilas divinas aos animais e a seres fantaacutesticos que o homem teria

imitadordquo (KRISTEVA 1969)

Quando o Deus da mitologia judaico-cristatilde terminou sua obra de construccedilatildeo da

Terra assim como a criaccedilatildeo dos animais e do homem foi dada a este a responsabilidade

pela nomeaccedilatildeo de toda a criaccedilatildeo que era divina

ldquoHavendo pois o SENHOR Deus formado da terra todos os animais do

campo e todas as aves dos ceacuteus trouxe-os ao homem para ver como este lhes

chamaria e o nome que o homem desse a todos os seres viventes esse seria

o nome deles

Deu nome o homem a todos os animais domeacutesticos agraves aves dos ceacuteus e a

todos os animais selvaacuteticos[]rdquo

(Gecircnesis II 19-20)

A citaccedilatildeo nos serve para estabelecermos a diferenccedila entre os humanos e demais

animais ainda no que diz respeito a crenccedilas e mitos que justificam a humanidade A fala

eacute atributo humano assim como a gama de tecnologias que foram desenvolvidas por

causa dela e por ela

19

A liacutengua em si eacute um ato poliacutetico pois a liacutengua eacute algo proacuteprio da humanidade e

como disse o filoacutesofo Aristoacuteteles ldquoo homem eacute um ser poliacuteticordquo Posto dessa forma

talvez seja necessaacuterio esclarecer qual a nossa percepccedilatildeo nossa leitura dessa frase neste

ponto para que natildeo haja ruiacutedo algum quando se dispuserem a ler este trabalho

Tomamos o termo ldquopoliacuteticardquo respeitando o sentido primeiro Aquele expresso por

Platatildeo quando pensou utopicamente certa organizaccedilatildeo dos homens que viviam em

comunhatildeo na polis Como sabemos essa comunhatildeo se restringia a um nicho social que

natildeo era total que natildeo assistia todos os que habitavam a Heacutelade mas uma classe bem

pequena restrita aos nativos ignorando os estrangeiros e escravos e mais do que isso as

mulheres atenienses porque foi em Atenas onde esse ideaacuterio nasceu

A vida em clatildes e tribos destoa organizacionalmente exatamente quando se passa

para o niacutevel seguinte da sociabilizaccedilatildeo Fazem-se necessaacuterias organizaccedilotildees tanto

estruturais quanto no que concerne ao mando para com outrem Poliacutetica vai aleacutem do

governo Antes se refere agrave organizaccedilatildeo dentro de uma sociedade que de certa forma eacute

de responsabilidade de todos e cada um Dessa maneira as interaccedilotildees cotidianas entre

aqueles que dividem os espaccedilos da polis satildeo atos poliacuteticos Dentro das famiacutelias as

interaccedilotildees entre pais e filhos filhos e pais filhos e filhos as ideias de paternidade

ldquofiliedaderdquo e fraternidade nada satildeo aleacutem de praacuteticas poliacuteticas que se enquadram em

determinada perspectiva de organizaccedilatildeo perspectiva essa da qual comungamos ainda

hoje devido nossa histoacuteria e heranccedila cultural

Cai-se em equiacutevoco quando se compara o ser humano com os demais animais

postos na natureza Atestamos aqui que natildeo o somos O ser humano eacute uacutenico Bem ou

mal bom ou mau estamos nessa existecircncia para procurar significaccedilatildeo e para darmos

significaccedilatildeo atraveacutes de nossas accedilotildees Mesmo que estejamos fadados uns mais que

outros ao esquecimento e que o que se fique para a posteridade seja apenas para noacutes

mesmos seres humanos por meio de nossas instituiccedilotildees idealizaccedilotildees e praacuteticas

poliacuteticas

De comunidade agrave sociedade a humanidade se construiu visando a um status que

se desejasse civilizado Cada etapa desse processo civilizatoacuterio eacute acompanhada por

tecnologias que impulsionaram o status anterior ao proacuteximo patamar Para cada salto

aleacutem uma revoluccedilatildeo tecnoloacutegica

20

ldquoPara a fundaccedilatildeo de uma sociedade eacute inevitaacutevel que notemos alguns

contingenciamentos que conformem as culturas O primeiro diz respeito agrave

condiccedilatildeo bioloacutegica humana que a uniformiza Em virtude desse

contingenciamento as culturas desenvolvem normas uniformes de orientaccedilatildeo

da ldquoaccedilatildeo adaptativardquo e meios para tirar deles materiais para a sobrevivecircncia e

multiplicaccedilatildeo da espeacutecie o segundo eacute a criaccedilatildeo de ldquopautas culturaisrdquo que

determinem e propiciem a ordenaccedilatildeo e interaccedilatildeo social e por uacuteltimo o

contingenciamento de natureza psicoloacutegica A tudo isso sobreveacutem um

imperativo elementar de natureza propriamente cultural que consiste na

capacidade humana de comunicaccedilatildeo simboacutelica pois eacute atraveacutes da linguagem

que todos os outros contingenciamentos podem ser guardados como heranccedila

cultural e transmitidos de geraccedilatildeo a geraccedilatildeo Desta forma todo

desenvolvimento posterior depende de caracteriacutesticas de patrimocircnios preacute-

existentes Com isso em mente eacute de se depreender que as culturas se

desenvolvem pela acumulaccedilatildeo de ldquocompreensotildees comuns e pelo exerciacutecio de

opccedilotildees como um desdobramento dialeacutetico das potencialidades de conduta

cultural cuja resultante eacute o fenocircmeno humano em toda a sua variedaderdquo A

possibilidade de repassar agraves novas geraccedilotildees o que se alcanccedilou

tecnologicamente na geraccedilatildeo anterior atraveacutes das linguagens eacute que possibilita

que as culturas natildeo precisem regressar agraves suas bases iniciais podendo dar

continuidade sequencial agraves tecnologias ou adaptando-as para garantir seu

desenvolvimentordquo

(SILVA 2011 p 10)

Das tecnologias idealizadas pela humanidade ao longo de sua existecircncia a mais

singular e importante para que se realizasse concretamente seu afatilde pela procura de

significaccedilatildeo sem sombra de duacutevidas foi a linguagem O desenvolvimento da fala e

consequentemente da escrita que consolida de forma mais duradoura as expressotildees do

pensamento satildeo ferramentas tecnoloacutegicas capazes de atestar a condiccedilatildeo humana por

uma via ademais essas ferramentas satildeo essenciais para que seja possiacutevel o estudo do

desenvolvimento histoacuterico da humanidade

ldquoA comunicaccedilatildeo significa o proacuteprio momento da Humanizaccedilatildeo naquele

sentido de ldquoexpressatildeo simboacutelicardquo que segundo LESLIE WHITE decorreu

do ldquoprocesso natural da evoluccedilatildeo orgacircnicardquo e conduziu agrave ldquopreservaccedilatildeo ndash

acumulaccedilatildeo e progressordquo RUTH BENEDICT refere-se a esse ldquoprocesso

essencialmente humano de inventar e transmitir suas invenccedilotildeesrdquo como um

21

fenocircmeno diretamente relacionado aos seguintes elementos culturais o

domiacutenio do fogo a linguagem e as ferramentas de pedrardquo

(MELO 1973 p 24)

Reiterando a cada passo rumo agrave civilidade dado pela humanidade de acordo com

a perspectiva eurocecircntrica acompanha uma inovaccedilatildeo tecnoloacutegica assim como a cada

revoluccedilatildeo tecnoloacutegica o ser humano daacute um passo rumo agrave civilidade Por ora natildeo

discorreremos acerca do ser bom ou ruim as inovaccedilotildees ou mesmo a necessidade humana

em e distanciar do que eacute mais natural afinal talvez seja da natureza humana a aversatildeo agrave

natureza

21 Investigaccedilotildees relativas agrave linguagem

Os estudos de pesquisadores modernos de liacutenguas antigas aquelas que natildeo

possuem registros histoacutericos materiais e a ambiccedilatildeo de determinar com propriedade uma

ldquopreacute-histoacuteriardquo3 da linguagem deram alguns frutos que apesar de interessantes ateacute

palataacuteveis natildeo puderam e natildeo podem ser tomados com propriedade por figurarem como

interessantes natildeo datildeo conta de responder a todos os questionamentos que surgiram e

que ainda surgem com relaccedilatildeo agrave gecircnese da propriedade linguiacutestica humana A falta de

material testemunhal para que se pudesse atestar com veemecircncia uma conclusatildeo impede

que esses estudos sejam categoacutericos

A questatildeo para esses estudiosos eacute haacute uma liacutengua a partir da qual todas se

desdobraram

Uma questatildeo intereressante que merece estudo mas o que nos diz respeito eacute o

uso natildeo o gecircnese

O que podemos observar quanto agrave utilidade social eacute que toda e qualquer

linguagem adquire assim que postas na vida praacutetica certa associaccedilatildeo e relaccedilatildeo com a

necessidade de correspondecircncia poliacutetica obviamente quando posta numa relaccedilatildeo menos

privada

3 Em Kristeva (1969) nesta obra eacute apresentada certa historicidade do estudo do que aqui chamamos assim

como na nessa obra ldquopreacute-histoacuteria da linguagemrdquo citando estudiosos e momentos distintos dessa investigaccedilatildeo

assim como algumas metodologias e levantamento de possibilidades

22

Para noacutes interessaratildeo as investigaccedilotildees e trabalhos realizados pelos helenos e

helenistas no que se refere agrave teorizaccedilatildeo acerca da liacutengua e linguagens pelo menos neste

primeiro momento Os gregos natildeo foram os primeiros tampouco os uacutenicos a se

debruccedilarem e investigarem os objetos linguiacutesticos Entretanto fato eacute que eles foram os

que mais influenciaram as civilizaccedilotildees que se desenvolveram no ocidente o que nos

inclui durante seacuteculos Segundo KRISTEVA (1969) ldquoEstabelecendo as bases do

raciociacutenio moderno a filosofia grega forneceu tambeacutem os princiacutepios fundamentais

segundo os quais a linguagem foi pensada ateacute nossos diasrdquo

Demoacutecrito historicamente foi o primeiro a contestar agravequeles filoacutesofos que

atribuiacuteam agrave liacutengua um caraacuteter materialista como Heraacuteclito que afirmava que havia

certo teor reflexivo entre as coisas nomeadas e seus nomes como se o nome carregasse

consigo partes indissociaacuteveis daquilo a que nomeava Demoacutecrito atestava que os nomes

se davam por convenccedilatildeo social Em suma o pensamento desse grego e de outros

pensadores que o procederam ldquoentende a linguagem como um sistema formalrdquo

(KRISTEVA 1969) que se relaciona ao que estaacute no mundo de maneira distinta

convencionalmente e arbitrariamente A autonomia da liacutengua estabelece conjuntamente

a autonomia do sujeito que faz uso dela

Uma vez sujeito o uso que se pode fazer da linguagem pode ser vaacuterio Os sofistas

ganhavam a vida transferindo seus saberes acerca da linguagem para a construccedilatildeo de

discursos capazes de cumprir seu papel de efetivo convencimento dos interlocutores

daqueles que pagavam por suas aulas

ldquo[] a escola retoacuterica da Greacutecia se dedicou ao cuidado da orthoacutetes que aiacute jaacute

natildeo tem o sentido de verdade metafiacutesica falar de modo justo (orthoacutes) eacute usar

uma linguagem correta As palavras devem ser bem compostas bem soantes

e bem aplicadasrdquo

(NEVES 2004 p 41)

A liacutengua era no periacuteodo homeacuterico uma ferramenta que poderia ser utilizada para

transmitir ensinamentos atraveacutes da criaccedilatildeo e transmissatildeo dos mitos visando ao

estabelecimento de uma sociedade que dividisse os mesmos ideais espelhados em heroacuteis

e homens maiores

23

A constituiccedilatildeo das polis e em Atenas o advento da democracia faz surgir uma

nova demanda que tinha na linguagem sua ferramenta essencial

Nas decisotildees que eram tomadas em assembleias se fazia necessaacuteria a exposiccedilatildeo de

argumentos vaacutelidos sobre uma ou outra via que devessem tomar em conjunto

Convencer o outro ou outros era entatildeo uma necessidade social pois a decisatildeo

influiria na vida de todos Logo escolher os termos que comporiam o discurso de forma

cuidadosa procurando a correccedilatildeo na utilizaccedilatildeo dos nomes e das partes do discurso para

que se evitasse qualquer defeito garantiria a efetivaccedilatildeo de sua funccedilatildeo primordial naquele

contexto convencer

A construccedilatildeo do discurso para os sofistas executava uma funccedilatildeo praacutetica

persuadir seu interlocutor com uma construccedilatildeo bem acabada sim mas que poderia ser

manipulada de acordo com a vontade daquele que o constroacutei o que natildeo lhe garante

relaccedilatildeo com a verdade As palavras se relacionam dentro do discurso a partir do

pensamento humano segundo idealizaccedilatildeo sofiacutestica natildeo se estabelecendo qualquer

investigaccedilatildeo com o mundo externo a ele para aleacutem da palavra Para os sofistas devido

agrave preeminecircncia do logos eacute impossiacutevel falar falso O discurso para os sofistas se

relaciona somente consigo mesmo assim o que eacute dito eacute verdade natildeo havendo

possibilidade de falseamento discursivo desde que as formas se associem a contento de

maneira justa

Mesmo que a relaccedilatildeo entre as coisas e os nomes das coisas tenha sido estabelecida

de maneira arbitraacuteria atraveacutes de convenccedilotildees sociais quando aceita e posta em uso a

relaccedilatildeo nomegtcoisa se torna indissociaacutevel para aquela sociedade mesmo que no

decorrer do tempo o nome seja transferido para outra coisa a relaccedilatildeo primeira continua

vaacutelida por causa da relaccedilatildeo estabelecida na hora da escolha do nome

Para Platatildeo a palavra natildeo eacute autocircnoma natildeo se encerra em si de maneira reflexiva

mas antes se relaciona com algo que lhe eacute exterior Dessa forma contrariando o

pensamento sofiacutestico eacute possiacutevel dizer verdades e mentiras uma vez que natildeo se respeite

a relaccedilatildeo nomegtcoisa A palavra deve ser instrumento para a procura e estabelecimento

da verdade porque as palavras satildeo representaccedilotildees da realidade assistida e comungada

por todos que fazem parte da sociedade O exerciacutecio da dialeacutetica idealizado por Platatildeo

se contrapotildee ao uso retoacuterico dos sofistas por procurar a verdade atraveacutes do uso da

palavra

Na obra platocircnica ldquoCraacutetilordquo o filoacutesofo trata da questatildeo da justeza dos nomes

24

ldquoContrariando agrave tese de Protaacutegoras as coisas existem por si mesmas de

acordo com sua essecircncia natural haacute nas coisas mesmas uma certa firmeza

uma essecircncia permanente (386d) que natildeo depende de noacutes e de nosso modo

de vecirc-las Haacute pois um eicircdos uma ldquoideiardquo das coisas E se isso ocorre com

as coisas assim tambeacutem com as accedilotildees [] Logo as accedilotildees se realizam

segundo sua proacutepria natureza natildeo conforme nossa opiniatildeo (387a) Assim as

accedilotildees tambeacutem tecircm seu eicircdos Ora falar eacute uma accedilatildeo e assim tem tambeacutem seu

eicircdos falaraacute justamente quem disser as coisas como elas devem ser ditas

(387c) E se o nomear eacute uma parte importante do falar tambeacutem haacute um eicircdos

do nome (387d)rdquo

(NEVES 2004 p49)

Havendo portanto um eicircdos em cada palavra que nomeia as coisas objetos ou

accedilotildees entendemos com isso que a linguagem eacute em si uma arte e como arte entendemos

teacutechne e ldquoa teacutechne eacute o fazer conforme a natureza eacute o fazer de acordo com o eicircdosrdquo

(NEVES 2004)

O ato de nomear deve se relacionar com o plano do preexistente Aquele que

nomeia deve procurar a melhor maneira de dar nome ao que jaacute faz parte da realidade

dele mesmo e dos outros mesmo que a existecircncia ainda esteja no mundo das ideias

como algo planejado para se dar agrave luz ldquoCriar palavras consiste em encontrar um

invoacutelucro para essa ideia jaacute existenterdquo (Kristeva 1969)

Ora se assim se pensa o papel de nomeador sendo de suma importacircncia natildeo

pode ser destinado a qualquer pessoa segundo o pensamento Claacutessico Essa moira essa

responsabilidade eacute destinada agravequele que responsavelmente conhece o eicircdos dos objetos

das coisas por se tratar do mais raro dos demiourgoacutes eacute destinada ao nomotheacutetes ao

legislador4

A constituiccedilatildeo do leacutexico de uma liacutengua depende indubitavelmente da accedilatildeo do

homem no mundo pois eacute a partir das interaccedilotildees humanas com a realidade que as

necessidades surgem uma vez que essas necessidades precisam ser supridas formas

maquinais satildeo idealizadas para a resoluccedilatildeo de situaccedilatildeo problema ainda que a

4 KRISTEVA (1969) e NEVES (2004) nos ensinam sobre a importacircncia da figura do legislador no ideaacuterio

platocircnico Dentro da utopia do filoacutesofo a importacircncia do legislador em nomear aquilo que natildeo possuiacutea

nome se pelo seu conhecimento adquirido a partir da sua relaccedilatildeo com a natureza das coisas

25

maquinaccedilatildeo seja imaginativa como o raciociacutenio para a soluccedilatildeo de um problema

maquinaccedilotildees Entretanto a noacutes interessa mesmo o que se produz de fiacutesico como

ferramenta construiacuteda pela humanidade Uma vez que a ferramenta seja inovadora o

nome dela tambeacutem seraacute novo e seraacute incorporado pelo leacutexico quando essa nova

tecnologia se disseminar pela necessidade de outros seres humanos

22 O Leacutexico da Liacutengua Portuguesa

A Liacutengua Portuguesa que eacute nosso instrumento primeiro de anaacutelise faz parte de

um grupo de liacutenguas denominadas romacircnicas neolatinas ou liacutenguas latinas Aqui

quando necessaacuterio seraacute utilizada a primeira nomeaccedilatildeo citada Essas liacutenguas se

formaram a partir do contato do Latim com outras liacutenguas em momentos de expansatildeo

territorial de Roma Na eacutepoca o latim que se misturava agraves outras liacutenguas jaacute se

diferenciava da liacutengua matildee em geral devido a fatores geograacuteficos e tudo o que se pode

notar tendo esse fator como iniacutecio de diferenciaccedilatildeo

O termo ldquoLeacutexicordquo se refere agrave infinidade de palavras que compotildeem as liacutenguas e

serve de objeto de muitos estudos por parte daqueles que desejam entender melhor o

funcionamento das formas seja num plano macro ou micro seja na maneira como as

formas lexicais satildeo compostas seja na maneira como as formas lexicais se relacionam

entre si

LUumlDTKE (1974) levanta um questionamento quanto a uma perspectiva que

antigamente era disseminada entre os lexicoacutegrafos em sua obra ldquoHistoacuteria del Leacutexico

Romaacutenicordquo A perspectiva de que uma palavra soacute poderia ser considerada parte do

leacutexico de determinada liacutengua quando dicionarizado Obviamente essa visatildeo eacute

considerada ultrapassada mas pode nos servir para delinear um raciociacuteneo

Se uma palavra pode ser tida como parte do leacutexico de uma liacutengua somente quando

dicionarizada isso quer dizer que somente as comunidades linguiacutesticas com um niacutevel

civilizatoacuterio que faccedilam uso da modalidade escrita possuem leacutexico Haacute de se notar que

os dicionaacuterios fazem uso de uma tecnologia que pode natildeo ser comungada por todas as

comunidades linguiacutesticas Haacute ainda no seacuteculo XXI liacutenguas somente orais ignorando as

teacutecnicas de escrita Para levarmos esse assunto adiante demos voz ao proacuteprio

especialista

26

ldquoSin embargo no debemos olvidar los siguientes hechos

1) Muchas lenguas de la tierra posiblemente la mayoriacutea no son lenguas

escritas sino soacutelo habladas Es maacutes no hay una lengua que sea soacutelo escrita

La lengua hablada es universal la escrita no

2) Todas la lenguas escritas actuales fueron en alguna eacutepoca anterior

soacutelo lenguas habladas no escritas

3) Incluso en una sociedad altamente civilizada con gran consumo de

papel no hay persona que diacutea a diacutea no hable maacutes de lo que escribe y oiga

maacutes de lo que leerdquo

(LUumlDTKE 1974 p 12)

Dessa maneira quando estudamos o leacutexico devemos partir sempre que possiacutevel

da liacutengua falada partir do que ldquovai na boca do povordquo ou seja algo que de fato jaacute estaacute

estabelecid A fala em si natildeo existe mas antes acontece Quando se trabalha tendo

como objeto o leacutexico devemos tecirc-lo como parte integrante da liacutengua assim como a

foneacutetica a morfologia a semacircntica Aleacutem de ter clara a impossibilidade de se trabalhar

com a liacutengua falada como material passiacutevel de observaccedilatildeo empiacuterica A fala eacute fenocircmeno

natildeo um sistema estabelecido (LUumlDTKE 1974)

Como anteriormente neste trabalho a Liacutengua Portuguesa faz parte de um grupo de

demais liacutenguas que se enquadram no que chamamos de liacutenguas romacircnicas Esse grupo

linguiacutestico pode ser entendido em sentido estrito como as ldquocontinuadorasrdquo do latim

(LUumlDTKE 1974) assim como ldquocatalatildeo sardo italiano francecircs espanholrdquo ainda

podendo abranger alguns dialetos e mesmo outras liacutenguas que com o passar dos vaacuterios

seacuteculos se extinguiram Haacute outra perspectiva mais ampla a de que as liacutenguas citadas

natildeo satildeo filhas do latim uma vez que este uacuteltimo persiste em Roma como liacutengua

evoluindo assim como todas as liacutenguas vivas por estar viva sofrendo inclusive

influecircncia das liacutenguas romacircnicas em sua constituiccedilatildeo o que inclui o latim no rol de

liacutenguas romacircnicas Prova disso pode ser a comparaccedilatildeo entre o latim atual e o latim do

tempo de Ciacutecero (LUumlDTKE 1974)

Perceber a Liacutengua Portuguesa como liacutengua romacircnica nos faz perceber de onde o

leacutexico de nossa liacutengua teve origem carregando consigo novas possibilidades de se ver o

mundo e com este interagir A parte que mais nos interessa quando olhamos para as

27

influecircncias de outras liacutenguas no leacutexico latino eacute sem duacutevidas a do mundo helecircnico e

heleno

A Greacutecia antes do estabelecimento de relaccedilotildees com Roma tinha forte influecircncia

econocircmica e poliacutetica na regiatildeo em que se encontra exatamente por sua posiccedilatildeo

geograacutefica privilegiada A relaccedilatildeo entre os macedocircnios e o mundo grego

principalmente com o mais importante deles dos macedocircnios Alexandre o Grande que

foi responsaacutevel pela disseminaccedilatildeo do modus vivendi helecircnico dentro do territoacuterio que

vinha a ser seu Impeacuterio demonstra a importacircncia dada agrave civilizaccedilatildeo grega exatamente

por ser dentre as que a rodeavam a terra natal do imperador uma das mais civilizadas

culturalmente Conta-se que Alexandre ia agraves suas incursotildees levando consigo sempre

uma ediccedilatildeo manuscrita da Iliacuteada a qual a anedota diz que usava como travesseiro aleacutem

do fato sabido de que seu preceptor era nada mais nada menos que o filoacutesofo que viveu

em Atenas sendo disciacutepulo de Platatildeo Aristoacuteteles fundador do Liceu A importacircncia

poliacutetica da liacutengua grega devido a sua importacircncia poliacutetica estaacute atrelada

ldquoHablemos ahora de la influencia del latiacuten o dicho de manera maacutes general

del influjo de la cultura mediterraacutenea en tanto que lengua latina Esta

influencia se extendioacute fundamentalmente a todas las lenguas del Imperio

romano Bien es verdad que la parte oriental (aproximadamente la mitad

oriental) tuvo una situacioacuten privilegiada Antes de la llegada de los romanos

era el griego el que dominaba en esta parte como consecuencia de la

conquista de Alexandre Magno Mantuvo su posicioacuten dominante durante

todas las eacutepocas del Imperio romano Los liacutemites entre las zonas de

influencia latina y griega estaban en la comarca del bajo Danubiordquo

(LUumlDTKE pg 30)

Muitos territoacuterios que vieram a ser incorporados por Roma eventualmente agrave

eacutepoca eram culturalmente influenciados pelos gregos claramente a liacutengua era um dos

fatores de influecircncia

Ateacute o seacuteculo III a Greacutecia foi indubitavelmente a civilizaccedilatildeo de maior

importacircncia na Europa devido suas relaccedilotildees poliacuteticas econocircmicas e culturais com as

demais civilizaccedilotildees fato que explica inclusive porque a liacutengua grega foi

historicamente a que mais forneceu empreacutestimos lexicais agrave liacutengua latina tanto na liacutengua

falada quanto na liacutengua culta Outra anedota diz que se fosse real a frase de Juacutelio Ceacutesar

28

apoacutes o cliacutemax da conspiraccedilatildeo que levou o imperador a ser vaacuterias vezes apunhalado pelas

costas ateacute mesmo por seu amigo pessoal Marco Juacutenio Bruto ele natildeo diria ldquoEt tu

Bruterdquo mas antes ldquoκαί σῦ βρυτῆrdquo devido a importacircncia que a liacutengua grega na

eacutepoca servindo ateacute como siacutembolo de status

Fato eacute que a contribuiccedilatildeo lexical grega ao latim foi profiacutecua seja de forma direta

ou indireta Muitos empreacutestimos que realizados pelo latim se deu a partir do contato

com outros povos que por sua vez agregaram a sua proacutepria liacutengua formas lexicais

gregas Caso em que se pode supor este movimento cita LUumlDTKE quando fala da

relaccedilatildeo entre os gregos e etruscos A relaccedilatildeo entre esses dois povos se deram

concomitantemente ao contato dos gregos e romanos ou quiccedilaacute anteriormente Tanto

etruscos como romanos receberam influencia em seu leacutexico dos gregos aleacutem daqueles

tambeacutem manterem relaccedilotildees em si o que apesar de natildeo se pode afirmar com toda a

certeza nos dar a suposiccedilatildeo de que algumas palavras do leacutexico grego tenham sido

passadas indiretamente atraveacutes dos etruscos

Os empreacutestimos lexicais cobrem vaacuterias classes gramaticais sendo de vaacuterias

modalidades (empreacutestimos vocabulares de formaccedilatildeo e semacircnticos assim como aqueles

em que haacute modificaccedilatildeo no campo semacircntico) sobre os quais natildeo nos cabe discorrer aqui

e agora afinal essa parte do trabalho se presta mais a justificar a relaccedilatildeo histoacuterica entre

as liacutenguas que refletiraacute nas demais liacutenguas romacircnicas

O fenocircmeno sobre o qual vimos discorrendo ateacute o momento podemos acomodar

numa linha temporal inicial ainda no estabelecimento do latim como uma liacutengua Na

ascensatildeo do latim enquanto dialeto agrave liacutengua Nessa linha eacute importante notar os

empreacutestimos que vieram num uacuteltimo fenocircmeno culturalhistoacuterico de suma importacircncia

para a liacutengua latina eacute que o advento do cristianismo uma vez que devido agrave importacircncia

da liacutengua grega foi nela em que se foi procurar por lexemas que dessem conta da nova

realidade vivida no impeacuterio romano

ldquoSon caracteriacutesticas del preacutestamo directo de palabras griegas las

denominaciones del edificio para culto cristiano No se toma templum por

estar asociada esta palabra a muchas ideas paganas sino en su lugar se

usaron las gr ἐκκλησία y βασιλικήrdquo

(LUumlDTKE 1974 p59)

29

Aleacutem dos lexemas citados acima pelo autor ligados ao cristianismo muitos

outros que nominam ldquocargosrdquo clericais ou ainda atos lituacutergicos foram adotadas pelo

latim para dar conta dessa novidade Haacute de se notar que o Novo Testamento foi escrito

natildeo em sua totalidade mas essencialmente em grego mais especificamente em um

dialeto denominado koineacute que era o grego falado pelos judeus da eacutepoca em que foram

escritos os livros que compotildeem a obra religiosa E assim como os empreacutestimos

anteriores os desse tipo tambeacutem satildeo proliacuteferos e cobrem muitas classes gramaticais e

formas de empreacutestimos Sobre esses lexemas pretendemos nos debruccedilar com mais

atenccedilatildeo no decorrer da anaacutelise das entradas lexicais na Liacutengua Portuguesa mais a frente

O Impeacuterio Romano conheceu seu apogeu no seacuteculo II dC tanto em sua

importacircncia militar quanto poliacutetica e influencia religiosa O que se nota historicamente

no que se segue eacute a imensa onda de invasotildees de povos os quais os romanos

denominavam baacuterbaros que cindiu o Impeacuterio politicamente por se tratar de um

territoacuterio grande demais para que se pudesse governar de forma centralizada como vinha

sendo ateacute entatildeo

ldquoCom as invasotildees germacircnicas no Ocidente e eslavas no Oriente ocorreu uma

grande fragmentaccedilatildeo poliacutetica e linguiacutestica e os povos falantes de latim

localizados em proviacutencias tatildeo distantes como a Daacutecia e a Lusitacircnia

mantiveram traccedilos de romanizaccedilatildeo em graus variados que dependiam

basicamente da antiguidade da romanizaccedilatildeo do periacuteodo em que ficaram

submissas ao Impeacuterio e da profundidade dos contatos essas proviacutencias

entatildeo acabaram desenvolvendo dialetos mais ou menos proacuteximos ao latim

vulgar O desenvolvimento da Romacircnia posterior ou Romacircnia Medieval

deu-se em parte por causa desses fatores mas tambeacutem dependeu dos contatos

linguiacutesticos com os povos falantes de outras liacutenguas que jaacute se encontravam

nos territoacuterios conquistados (falantes das chamadas liacutenguas de substrato)

com os falantes das liacutenguas dos povos que vieram a conquistar os territoacuterios

romanizados (falantes das liacutenguas de superestrato) e com os povos falantes de

liacutenguas como o grego que conviveram com os falantes de latim em vaacuterias

regiotildees em situaccedilatildeo de bilinguismo por muito tempo (falantes de liacutenguas de

adstrato)rdquo

(GONCcedilALVES e BASSO 2010 p41)

30

O que determinou a instituiccedilatildeo das liacutenguas romacircnicas como se diz foi a forma e

o tempo de contato entre o Impeacuterio e as aacutereas dominadas Assim agraves aacutereas de maior

contato uma maior influecircncia de menor contato uma menor influecircncia Com a queda

do Impeacuterio Romano em 476 dC regiotildees como as em que hoje se instauram naccedilotildees

como a Inglaterra a regiatildeo dos bascos parte do que hoje eacute a Beacutelgica e outras aacutereas em

que a dominaccedilatildeo romana ocorreu de maneira que podemos chamar de fraca ldquoacabaram

desenvolvendo liacutenguas natildeo romacircnicas ainda que mantivessem influecircncias do latim

vulgar em seu substratordquo (GONCcedilALVES BASSO 2010) Ainda nas regiotildees em que o

latim mostrou-se mais influente a distacircncia entre os falantes dessas regiotildees e o latim

original era bastante grande Dialetos surgiram dentro desses lugares e tomaram forccedila

se distanciavam do latim culto e mesmo da primeira modalidade de latim vulgar que os

influenciaram

Entre invasotildees baacuterbaras e movimentos de reconquista estatildeo os movimentos

inerentes ligados a desenvolvimentos e movimentos linguiacutesticos importantes para

nossas anaacutelises A efetiva constituiccedilatildeo de Portugal como naccedilatildeo na peniacutensula Ibeacuterica e a

evoluccedilatildeo de uma liacutengua portuguesa a partir de todo o movimento que tentamos traccedilar

ateacute este momento neste texto nos mostra como a constituiccedilatildeo lexical de nossa liacutengua

vem fixando era a era e assim podemos entender sua formaccedilatildeo

ldquoUm dos momentos mais importantes da histoacuteria de Portugal se deu em

virtude das alianccedilas poliacuteticas derivadas dos movimentos de Reconquista

Assim em virtude de seu sucesso na luta contra os aacuterabes D Raimundo e

seu primo D Henrique receberam respectivamente de D Afonso VI rei de

Leatildeo e Castela sua filha Urraca e a regiatildeo da Galiza e sua filha bastarda

Tareja e a regiatildeo desmembrada da Galiza chamada Condado Portucalense D

Henrique administra o condado sob a tutela de D Raimundo de modo que o

condado ainda fosse submisso agrave Galiza No entanto D Henrique ao morrer

deixa o comando do condado a sua mulher Tareja Seu filho D Afonso

Henriques descontente com a nova vida amorosa de sua matildee em 1128 vence

a batalha de Satildeo Mamede e se proclama rei Em 1143 Afonso VII rei de

Leatildeo reconhece sua realeza que foi ratificada pelo papa Alexandre III em

1173 Portugal passa a ser entatildeo independente da Galiza e D Afonso

Henriques continua a expansatildeo em direccedilatildeo ao sul que D Afonso III

completa em 1250 com a conquista do Algarve de modo a fixar as fronteiras

31

atuais de Portugal Durante todo esse periacuteodo ateacute o seacuteculo XIV a liacutengua de

Portugal e da Galiza era a mesma o galego-portuguecircsrdquo

(GONCcedilALVES BASSO 2010 p 75)

A histoacuteria das naccedilotildees europeias enquanto constituiccedilatildeo poliacutetica tomada de poder

por uns perda de prestiacutegio por outros entre o iniacutecio do calendaacuterio cristatildeo e o ano de

fundaccedilatildeo do reino de Portugal eacute marcada por disputas acirradas de perdas irreparaacuteveis

no que tange dialetos e mesmo idiomas que se encontravam nos campos de batalha

(GONCcedilALVES BASSO 2010) Mas eacute preciso darmos alguns passos atraacutes para

justificar o que argumentaremos adiante

23 Projeto de naccedilatildeo portuguecircs para Portugal

Eacute importante para o nosso trabalho notar que obviamente o Renascimento

Cultural ocorrido no seacuteculo XV foi importantiacutessimo para a nova onda de empreacutestimos

lexicais devido a sua influencia nas ciecircncias e teacutecnicas que vieram a nascer No entanto

houve anteriormente um fato que nos eacute crucial Durante o Impeacuterio Caroliacutengio nos

anos finais do seacuteculo VIII dC Carlos Magno conseguiu alcanccedilar muitas vitoacuterias na

tentativa de resgatar o Impeacuterio Romano no Ocidente Viemos demonstrando a

importacircncia do ideaacuterio grego na constituiccedilatildeo do Impeacuterio Romano assim a noacutes nos

parece clara a retomada de certas praacuteticas gregas que influenciaram os latinos e que

influenciariam por sua vez os demais povos que se encontravam sob o jugo do Impeacuterio

Caroliacutengio

ldquoNo final do seacuteculo VIII Carlos Magno conseguira reunir grande parte da

Europa sob seu domiacutenio Para unificar e fortalecer o seu impeacuterio decidiu

executar uma reforma na educaccedilatildeo O monge beneditino Alcuiacuteno criou um

projeto de desenvolvimento escolar que buscou reviver o saber claacutessico

estabelecendo os programas de estudo a partir das sete artes liberais

o trivium ou ensino literaacuterio (gramaacutetica retoacuterica e dialeacutetica) e o quadrivium

ou ensino cientiacutefico (aritmeacutetica geometria astronomia e muacutesica) A partir do

ano 787 foram emanados decretos que recomendavam em todo o impeacuterio a

restauraccedilatildeo de antigas escolas e a fundaccedilatildeo de novas Institucionalmente

essas novas escolas podiam ser monacais sob a responsabilidade

32

dos mosteiros catedrais junto agrave sede dos bispados e palatinas junto

agraves cortesrdquo

(httpsptwikipediaorgwikiRenascenC3A7a_carolC3ADngia)

Para o bem ou para o mal Carlos Magno via a possibilidade de sucesso em suas

empreitadas e mesmo a manutenccedilatildeo de seu impeacuterio ser apoiada em uma elite que para

ele deveria ser culta uma vez que o aumento gradual de nobres avolumava-se em seus

domiacutenios Para tanto procurou atrair para seu reino uma quantidade significativa de

letrados e estudiosos de vaacuterias regiotildees do Ocidente e do Oriente (VIEIRA 2010)

Notemos que apesar da forte influecircncia do cristianismo no Impeacuterio Caroliacutengio a

quantidade de pensadores e intelectuais nessa eacutepoca foi vital para que a retomada dos

paradigmas da era antiga e claacutessica pudessem reflorescer nas artes e modo de pensar

como a praacutetica de exerciacutecios retoacutericos e dialeacuteticos nas escolas e mesmo pensamentos

mais ligado ao que hoje determinamos como pertencentes agrave aacuterea das exatas como o da

geometria astronomia e muacutesica

O renascimento caroliacutengio foi de suma importacircncia para que as formas lexicais

ora tomadas por empreacutestimo de outras liacutenguas que anteriormente tiveram contato com o

latim se cristalizassem e fossem lexicalizadas consequentemente pelas demais liacutenguas

que posteriormente sofressem influecircncia do Impeacuterio

Com esse raciociacutenio a forma como as naccedilotildees europeias se desenvolveram

inegavelmente se deu com certa influencia mesmo que indireta de pensamentos que

foram idealizados na Greacutecia claacutessica e antiga

Quando lembramos das aulas de literatura e histoacuteria assistidas na escola e

faculdade uma frase que sempre eacute martelada quando se fala do Renascimento que

aconteceu entre meados do seacuteculo XIV e o final do seacuteculo XVI eacute que este movimento

foi influenciado grandemente pela literatura claacutessica greco-romana assim como por

todo o prisma que se refere agraves artes Camotildees agrave eacutepoca fez renascer o gecircnero eacutepico com

sua principal obra Os Lusiacuteadas

Em Os Lusiacuteadas vemos a construccedilatildeo do discurso atraveacutes dos versos de um

imaginaacuterio que se devia prestar como grande propaganda dos feitos dos heroacuteis de sua

eacutepoca A narrativa que retoma o modelo eacutepico influenciado pelos cantos gregos e

posteriormente romanos procura nesse gecircnero literaacuterio a grandeza das naccedilotildees de onde

se bebe da aacutegua

33

Textualmente podemos ler a partir do verso 17 do primeiro canto quais foram as

obras a que o poeta recorreu para compor sua obra quando diz

ldquoCessem do saacutebio Grego e do Troiano

As navegaccedilotildees grandes que fizeram

Calle-se de Alexandre e de Trajano

A fama das victorias que tiveratildeo

Que eu canto o peito ilustre Lusitano

A quem Neptuno e Marte obedececircratildeo

Cesse tudo o que a Musa antiga canta

Que outro valor mais alto se alevantardquo

(CAMOtildeES 1639)

A forma o estilo e ainda o leacutexico escolhido pelo autor da maior epopeia

portuguesa jaacute escrita carrega consigo o atestado da necessidade em ser grande em

mostrar que Portugal era grande capaz de feitos heroicos atraveacutes de sua boa gente

guerreira

Discursivamente a obra carrega o ideaacuterio pretendido pela naccedilatildeo portuguesa Mas

perceba-se a comparaccedilatildeo entre Portugal e o Impeacuterio Romano e a Greacutecia Antiga devia

restringir-se enquanto importacircncia de sua grandeza assim como de seus feitos e de suas

figuras heroicas todavia o que quiseram transmitir foi que a forccedila era de uma naccedilatildeo

Natildeo descabidamente o que se deva cessar fossem os cantos das Musas que eram antigas

tampouco natildeo eacute sem intenccedilatildeo que o que se ldquoalevantardquo eacute posto em um tempo verbal que

se relaciona ao presente A modernidade e os feitos das personagens no poema se ligam

a uma ideia de modernidade que se comungava em Portugal ligada agraves navegaccedilotildees

ldquoSem duacutevida a descoberta de novas terras a ampliaccedilatildeo geograacutefica do mundo

satildeo feitos adequados a uma nova era que a partir do incremento do

mercantilismo e das decorrentes mudanccedilas sociais rompe de maneira

decidida com o periacuteodo medievalrdquo

(PEREIRA 2000 p 2)

O mundo europeu renascentista estava em processo de mudanccedila mudanccedila raacutepida

devido a exatamente estar sendo acossado pela ideia de modernizaccedilatildeo O feudalismo

34

estava em crise as formas de poder vigentes na eacutepoca estavam em crise Uma nova

classe social apresentava-se ao jogo e posteriormente viria modificar completamente as

formas de organizaccedilatildeo e relaccedilotildees poliacuteticas do velho mundo Com o nascimento da

classe burguesa e o incremento do mercantilismo novos ventos sopravam sobre velas

de Portugal que na eacutepoca era uma naccedilatildeo que devido seu investimento em tecnologias

navais e a sorte de sua posiccedilatildeo geograacutefica se apresentava como uma naccedilatildeo com poder

para governo (PEREIRA 2000) Para tanto o discurso nacionalista presente nOs

Lusiacuteadas se apresenta como ferramenta efetiva para atacar o pathos e entusiasmar seu

povo propagandeando um imaginaacuterio

O papel das epopeias gregas era sem duacutevida servir como ferramenta que

ensinasse seu povo a se espelhar nos heroacuteis que protagonizavam as aventuras proferidas

pelos aedos Natildeo em vatildeo as apresentaccedilotildees dessas obras ainda quando existiam apenas

enquanto tradiccedilatildeo oral aconteciam em situaccedilotildees em que houvesse plateia numerosa

ouvidos que pudessem se deleitar com os cantos que fariam bem agraves almas

enriquecendo-as com conhecimento daquilo que somente as divindades sabiam

segundo o ideaacuterio da eacutepoca A exortaccedilatildeo nos cantos eacutepicos gregos era destinada agraves

musas

ldquoA ira Deusa celebra do Peleio Aquiles

o irado desvario que aos Aqueus tantas penas

trouxe e incontaacuteveis almas arrojou no Hades

de valentes de heroacuteis espoacutelio para os catildees

pasto de aves repaces fez-se a lei de Zeus

()rdquo

(HOMERO I 1-55)

ldquoO homem multiversaacutetil Musa canta as muitas

erracircncias destruiacuteda Troia poacutelis sacra

as muitas urbes que mirou e mentes de homens

que escrutinou as muitas dores amargadas

no mar a fim de preservar o proacuteprio alento

5 Iliacuteada de Homero vol I traduccedilatildeo de Haroldo de Campos introduccedilatildeo e organizaccedilatildeo Trajano Vieira ndash 4

Ed ndash Satildeo Paulo Arx 2003

35

e a volta aos soacutecios()rdquo

(HOMERO I 1-66)

Os deuses gregos eram perfeitos mesmo com suas imperfeiccedilotildees porque eram

eternos Eram siacutembolos a serem imitados assim como seus filhos semideuses como

Aquiles para aproveitar o exemplo citado As narrativas eram carregadas de fatos e

accedilotildees que determinavam como os demais seres humanos deviam se comportar dentro da

sociedade grega individualmente e para com os outros Todo heroacutei deveria ser mostrado

quando evocado pelo canto de uma maneira que os gregos vislumbrassem seu caraacuteter

καλὸς κἂγαθός (kaloacutes krsquoagathoacutes) nobre e bom

A importacircncia da figura heroica nOs Lusiacuteadas eacute evidente quando aos heroacuteis cabe

a cabeceira do canto de abertura Diferentemente das epopeias gregas e mais proacuteximo agrave

epopeia romana a exortaccedilatildeo agraves musas vem em segundo plano

Virgiacutelio em sua Eneida potildee a si mesmo em evidencia no iniacutecio de sua obra

como que para exemplificar a grandeza de seu povo romano que descende do grande

Eneias fundador de Roma

ldquoEu que entoava na delgada avena

Muacutesica rude e egresso das florestas

Fiz que as vizinhas lavras contentassem

A avidez do colono a campesinos

Grata empresa de Marte ora as horriacuteveis

Armas canto e o varatildeo que ecircxul de Troia

Primeiro os fados proacutefugo aportaram

Na Hepeacuteria Lavino()rdquo

(VIRGIacuteLIO I 1-77)

6 Odisseia Homero ediccedilatildeo biliacutengue traduccedilatildeo posfaacutecio e notas de Trajano Vieira ensaio de Italo

Calvino ndash Satildeo Paulo Ed 34 2011 816 p

7 VIRGIacuteLIO Eneida brasileira traduccedilatildeo poeacutetica da epopeia de Puacuteblico Virgiacutelio Maro Virgiacutelio

organizaccedilatildeo Paulo Seacutergio de Vasconcellos e al traduccedilatildeo Manuel Odorico Mendes - Campinas SP

Editora UNICAMP 2008

36

A presenccedila da musa na epopeia lusitana soacute se faz presente no verso 25 do canto

inaugural A importacircncia antes eacute dada aos heroacuteis que puderam iccedilar a naccedilatildeo a patamares

dignos de nota

ldquoAs armas e os barotildees assinalados

Que da Occidental praia Lusitana

Por mares nunca de antes navegados

Passaacuteratildeo ainda alem da Taprobana

E em perigos e guerras esforccedilados

Mais do que prometia a forccedila humana

Entre gente remota edificaacuteratildeo

Novo Reino que tanto sublimaacuteratildeordquo

(CAMOtildeES I 1-8)

Comparativamente podemos analisar a escolha no que se queria dar ecircnfase em

cada uma das epopeias citadas e assim notamos claramente que mesmo que se

quisesse seguir a tradiccedilatildeo de se relatar o nascimento e expansatildeo de uma naccedilatildeo como

nos casos da Eneida de Virgiacutelio assim como dOs Lusiacutedas de Camotildees ou ainda realizar

uma obra que se quisesse exemplar como todas elas o modelo epopeico traria certa

carga de importacircncia para as obras Os discursos que cada uma das obras carrega se liga

diretamente agrave necessidade de demonstrar atraveacutes do exemplo como cada um dos

concidadatildeos dos autores deveria se portar para que sua naccedilatildeo se tornasse ou continuasse

grande Cada uma delas vem servir de modelo civilizatoacuterio mesmo que repletas de

accedilotildees e atitudes por parte de suas personagens que para noacutes possam parecer baacuterbaras

Importante notar que as realizaccedilotildees fora do contexto civilizado em cada um dos poemas

eacutepicos aconteciam em lugares distantes das poacutelis e cidades em ambientes campestres e

mesmo selvagens Ainda todas essas accedilotildees satildeo postas para contrapor o caraacuteter dos

heroacuteis agraves situaccedilotildees porque passaram numa clara dicotomia civilizado versus baacuterbaro

As obras literaacuterias nos serviram para que pudeacutessemos apontar parte do discurso

que para nos interessa em nosso trabalho pois as artes literaacuterias satildeo postas agrave luz

exatamente para dar ecircnfase ou por em evidecircncia discursos correntes na sociedade em

que estatildeo inseridas

Em Portugal a obra de Camotildees era mais do que entretenimento Era um ato

poliacutetico uma ferramenta uacutetil agrave situaccedilatildeo em que se encontrava uma situaccedilatildeo de

37

afirmaccedilatildeo de sua importacircncia como naccedilatildeo dentro de um quadro em que estavam postas

outras naccedilotildees que tambeacutem vinham participando do jogo que visava ao alcance da

modernidade O fervilhar de novas tecnologias a necessidade de expansatildeo de mercado

assim como a de ambientes proacuteprios para produccedilatildeo de artefatos que eram de interesse

dos mercados consumidores que acossavam as naccedilotildees na corrida rumo a um status que

pudesse suprir agravequelas demandas

38

3 A importacircncia da imprensa no processo civilizatoacuterio

A evoluccedilatildeo dos gecircneros textuais acontece conjuntamente agrave necessidade humana

de expressar e fazer conhecer suas realizaccedilotildees seja uma epifania espiritual uma criacutetica

agrave sociedade ou a cooptaccedilatildeo ao status quo ou ainda propagandear um novo artefato que

se possa adquirir para que as vidas sejam facilitadas

A imprensa ou antes a tipografia eacute em si um aparato tecnoloacutegico que trouxe

grandes benefiacutecios agraves sociedades tornando-se essencial para as demandas de um mundo

em que no momento de seu nascimento se distanciava da grande recessatildeo porque

passava a Europa Ocidental e experimentava certo progresso

Entre os seacuteculos IX e XI as modalidades mercantis estavam restritas ao mercado

ainda muito modesto dentro das cidades geralmente ladeando as abadias ou castelos

dos senhores feudais ou convergecircncias fluviais onde se efetuavam trocas de produtos

da terra ou artigos manufaturados artesanalmente O mais proacuteximo que temos de uma

transaccedilatildeo comercial que para noacutes nos parece mais comum acontecia pelas matildeos de

mercadores itinerantes judeus que viajavam de cidade em cidade vindos de territoacuterios

mulccedilumanos trazendo artigos de alto valor eou especiarias do oriente (MELO 2003)

Fato eacute que seacuteculos o modus vivendi europeu era assaz campestre campesino

quase envolto em uma penumbra densa que punha a populaccedilatildeo em um breu de

ignoracircncia Desde a populaccedilatildeo mais rural aos nobres dos castelos o nuacutemero de

analfabetos era muito grande assolando a grande maioria da poluccedilatildeo geral da Europa

Uma ilha neste vasto mar de desconhecimento era a Igreja Catoacutelica que disputando o

poder poliacutetico com os monarcas se apresentava como a grande detentora dos

conhecimentos de escrita e leitura de modo que ldquoas produccedilotildees culturais da eacutepoca

confinavam-se aos bispados abadias e mosteirosrdquo (MELO 2003)

Conhecimento eacute poder um poder que com o nascimento do capitalismo se

procurou alcanccedilar para dar conta de demandas que advieram aos processos

mercantilistas

ldquoNatildeo obstante o Impeacuterio Bizantino tivesse repelido a invasatildeo aacuterabe

continuando sob o domiacutenio as aacuteguas do mar Adriaacutetico e do mar Egeu a

verdade eacute que o seu comeacutercio tambeacutem se enfraqueceu Isto natildeo impediu

todavia que Constantinopla e algumas cidades italianas como Veneza

39

procurassem superar as naturais dificuldades para prosseguir o comeacutercio

interrompido com as regiotildees orientais em poder dos mulccedilumanos Explica

Pirene que isto se deveu ao fato de ser o espiacuterito de cobiccedila naquelas cidades

mais poderoso que o escruacutepulo religioso Tanto assim que o interesse

mercantilista levava-os a proclamar natildeo importa a religiatildeo dos clientes

contato que paguem Dentro de pouco tempo Veneza e as cidades bizantinas

da Itaacutelia alcanccedilariam um elevado niacutevel de progresso econocircmico o que

repercutira posteriormente na esfera social e culturalrdquo

(MELO 2003 p 29-30)

O seacuteculo XI eacute um marco para as mudanccedilas necessaacuterias para o desenvolvimento de

novas configuraccedilotildees sociais na Europa Apoacutes anos a fio de estagnaccedilatildeo imposta pelas

conquistas baacuterbaras e a invasatildeo dos sarracenos ao passo que a cada conflito enfrentado

realizam-se evoluccedilotildees e devastaccedilotildees enriquecimento de uns e empobrecimento de

outros desenvolvimento de um lado e degradaccedilatildeo de outro o advento das cruzadas para

o homem europeu pode ser notado como o grande possibilitador da abertura de novos

rumos a serem trilhados pelo continente

O comeacutercio europeu renasce efetivamente e efervecentemente havendo transaccedilotildees

de mercadorias seja por vias aquaacuteticas seja por vias terrestres que invadem os castelos

e os burgos (organizaccedilatildeo social urbana relativamente nova na eacutepoca) oferecendo os

mais diversos produtos estrangeiros carregados do oriente para o ocidente a muito custo

Com isso originam-se as feiras e funda-se o mercado que mais se assemelha agrave

constituiccedilatildeo de mercado que conhecemos hoje Um novo grupo social se estabelece nas

novas cidades devido estar em sua maioria residindo em burgos definindo-se

burgueses

ldquoEsses acontecimentos consolidam a formaccedilatildeo de um novo grupo social nas

cidades entatildeo existentes sobretudo nas cidades italianas incluindo

marinheiros prestamistas e os emergentes banqueiros embriatildeo da burguesia

comercial Concomitantemente comeccedila a ruir o lsquoedifiacutecio social do

feudalismorsquo ao se tornar efetiva a reaccedilatildeo dessa lsquonova classe de mercadores e

marinheiros contra os velhos agregados senhoriais possuidores de vastos

domiacutenios agriacutecolasrdquo

(MELO 2003 p 30-31)

40

A populaccedilatildeo que era anteriormente basicamente rural vecirc nas cidades a

possibilidade do sentimento de liberdade poderiam ver a si mesmos livres do julgo dos

senhores dos feudos A cidade oferecia aos seus habitantes mais do que a liberdade de

movimento antes numa circunstacircncia em que a vida que comeccedila a orbitar o capital daacute-

lhes a liberdade de posse de propriedade Os homens natildeo necessitavam mais viver

presos a uma relaccedilatildeo de vassalagem pagando tributo ao seu senhor Agora o homem

queria ser dono de seu proacuteprio chatildeo ter bens que lhe garantissem status imoacuteveis que

pudessem inclusive hipotecar se fosse da sua vontade (MELO 2003)

Essa nova classe homens livres visando agrave ascensatildeo social e econocircmica potildee em

praacutetica seu gecircnio inventivo melhorando suas produccedilotildees qualitativa e quantitativamente

Aperfeiccediloam suas teacutecnicas para melhor servir ao puacuteblico Para aleacutem do aperfeiccediloamento

das teacutecnicas de produccedilatildeo com o desenvolvimento de novas tecnologias ainda

simplificadas o homem medieval nota que o que o distinguiria do antigo status natildeo

estava somente no que tange o material mas tambeacutem em seu desenvolvimento

intelectual Aqueles que poderiam dar conta de pagar pela educaccedilatildeo naquele momento

dedicavam-se aos estudos da escrita da numeraccedilatildeo da geografia Obviamente mateacuterias

que poderiam ser utilizadas de maneira pragmaacutetica em suas atividades mercantis

Surgem para suprir essas demandas educacionais as escolas leigas

ldquoA partir do seacuteculo XI com a expansatildeo e o renascimento do comeacutercio

europeu os mecanismos da atividade mercantil apresentam-se mais e mais

complexos (comeccedilam a circular as letras de cacircmbio surgem as agecircncias

bancaacuterias e vaacuterias outras formas de agecircncias comerciais) que exigem a

escrituraccedilatildeo contaacutebil a correspondecircncia comercial as informaccedilotildees sobre as

flutuaccedilotildees do mercado como recursos indispensaacuteveis agraves grandes empresas jaacute

constituiacutedasrdquo

(MELO 2003 pg 39)

O serviccedilo burocraacutetico era realizado pelos estudantes das escolas leigas fundadas

por comerciantes ricos justamente para gerar uma casta de ldquojovens adestrados para o

comeacutercio ou a burocraciardquo (MELO 2003)

O que era monopolizado pela igreja ateacute entatildeo agora alcanccedila um nuacutemero maior de

indiviacuteduos claro que longe de uma universalizaccedilatildeo mas um nuacutemero que destoa

bastante do que se assistia ateacute o momento Uma elite se avulta e detecircm o conhecimento

41

relacionado ao funcionalismo especializado inicialmente As aacutereas de atuaccedilatildeo dos

estudantes das chamadas escolas leigas dentro das cidades eram as ligadas agraves financcedilas

guerra (que sempre teve seu caraacuteter comercial por movimentar economias) e direito

Esse tipo de educaccedilatildeo se disseminou por vaacuterias cidades da Europa e com o

desenvolvimento cada vez maior das aacutereas urbanas os mecanismos de controle

populacional tambeacutem se incrementaram o que criou a necessidade de uma nova

modalidade de servidores Estes foram buscados entre os letrados formados nas escolas

leigas

Entretanto eacute com a criaccedilatildeo das universidades europeias que vemos a formaccedilatildeo

efetiva de uma elite intelectual No seacuteculo XII fundaram-se as universidades de

Bolonha e a de Paris No seacuteculo seguinte surgem as de Cambridge Oxford e

Salamanca O homem livre capitalista tinha sede de conhecimento e agora procurava a

universalidade do saber dentro obviamente de seu nicho social Por um curto espaccedilo de

tempo mas o bastante para impactar essa nova Europa as universidades foram gratuitas

(MELO 2003)

Com a efervescecircncia cultural a demanda de livros manuscritos se tornou muito

grande o que dificultava o acesso O comeacutercio editorial elevou os preccedilos de suas obras

o que natildeo impediu de serem disputadas por estudantes e colecionadores aacutevidos por mais

um livro em suas estantes

Saiacutedos de uma era em que natildeo se lia porque a leitura era benefiacutecio tido por poucos

o contato do homem medieval com a literatura que traz em seu bojo todo um

patrimocircnio cultural da Antiguidade o faz vislumbrar uma possibilidade de mundo

diferente do qual ele estava inserido Consequentemente esse contato influenciou os

movimentos civilizatoacuterios Importante destacar ainda o contato com outras culturas

proporcionado pelas viagens que gradualmente ampliavam as rotas comerciais

Conjuntamente esses dois fatores mostraram a faceta ambiciosa do homemque se

letrava e almejava ampliar assim como as rotas de navegaccedilatildeo seu universo intelectual

pois estava ansioso para obter novo conhecimento acerca de tudo que lhe parecesse

intelectualmente instigante e lucrativo

Com tanto material sendo manuscrito na Europa livros para os aacutevidos por

conhecimento estudantes de escolas leigas e universidades papeacuteis burocraacuteticos para os

aacutevidos pelo comeacutercio banqueiros juristas e os demais a invenccedilatildeo de Gutenberg a

tipografia permitiu ldquoa reproduccedilatildeo raacutepida de um mesmo texto e ofereceu agrave linguagem

42

escrita as possibilidades de uma difusatildeo que o manuscrito natildeo tinhardquo (ALBERT

TERROU 1990)

Podemos dizer que a invenccedilatildeo de Gutenberg surge como uma resposta ou certa

correspondecircncia a mecanismos que faziam parte da vida humana num jogo evolutivo

uma vez que a invenccedilatildeo faz uso de tinta papel prensa alfabeto metal que se tratam de

artigos jaacute usados pelo homem

ldquoO certo no entanto eacute que a imprensa veio atender agraves necessidades

crescentes de produccedilatildeo de livros a fim de satisfazer agraves solicitaccedilotildees da elite

intelectual forjada pelas universidades e pelo movimento renascentistardquo

(MELO 2003 p 42)

Obviamente a importacircncia dada ao papel do serviccedilo de prensa no que diz respeito

agrave produccedilatildeo de livros para as instituiccedilotildees de ensino realmente eacute muito grande mas natildeo

exclusiva A demanda de produccedilatildeo de papeis utilizados pelas atividades mais ligadas ao

trabalho comercial e industrial e onde morava a burocracia atividades estas que

nasceram gecircmeas aos burgueses tambeacutem propulsionaram o sucesso da tipografia

Ainda a invenccedilatildeo atendia aos interesses da Igreja na reproduccedilatildeo de imagens de santo

indulgecircncias oraccedilotildees entre outros instrumentos utilizados nas liturgias cristatildes que

serviam a uma maior popularizaccedilatildeo da religiosidade E seguindo a vontade de

popularizaccedilatildeo talvez o fator mais importante para nosso assunto o homem

renascentista livre via na nova tecnologia a possibilidade de satisfazer sua curiosidade

quanto ao que lhe era hodierno o que veio a dar agrave luz a imprensa perioacutedica

ldquo[] o citadino que deseja conhecer a vida do grupo social ao qual ele

pertence e que ultrapassa suas relaccedilotildees primaacuterias o comerciante burguecircs e

banqueiro que natildeo pode ter sucesso em seus negoacutecios se natildeo estiver

informado dos preccedilos das mercadorias e da sua acessibilidade que depende

da conjuntura poliacutetica os cidadatildeos ansiosos por sua participaccedilatildeo no exeacutercito

da Itaacutelia que tem sede de informaccedilotildees precisas o Rei para defender sua

poliacutetica que procura atingir a opiniatildeordquo

(MELO 2003 p 43)

43

Fato interessante a se notar eacute que aqueles estudiosos que se dispuseram a

debruccedilar-se sobre os materiais produzidos pela invenccedilatildeo de Gutenberg escolheram

analisar em sua maioria as produccedilotildees ligadas agrave literatura e ao jornalismo das vaacuterias

eacutepocas A literatura por se tratar de um tipo de produccedilatildeo completamente ligada agraves artes

demonstra os avanccedilos que a humanidade realizou atraveacutes dos anos com relaccedilatildeo agrave sua

expressatildeo do que lhe era e eacute mais interior e o jornalismo em que por mais que se

deseje alcanccedilar certo distanciamento para que se busque imprimir nas notiacutecias graus de

imparcialidade ainda assim nele podemos ler muita intenccedilatildeo literaacuteria O que era

impresso e se ligava agraves aacutereas mais burocraacuteticas do comeacutercio e administraccedilatildeo ficou um

tanto deixado de lado pelos estudos que utilizaram os produtos de imprensa como

corpus

Por sua vez o gecircnero propaganda nasce conjuntamente agrave imprensa perioacutedica

procurando imprimir em seus textos algo que chamasse a atenccedilatildeo de possiacuteveis

consumidores Artistas se esmeravam em criar logotipos assim como se se preocupava

com a disposiccedilatildeo dos textos no afatilde de imprimir algo de esteacutetico que personalizasse as

instituiccedilotildees favorecendo-as no novo sistema que era assaz competitivo de estrutura

capitalista

Dado o momento histoacuterico podemos afirmar que a propagaccedilatildeo da invenccedilatildeo de

Gutenberg foi disseminada pelo continente europeu com grande velocidade Na

Alemanha a tipografia eacute fundada em 1450 na Itaacutelia 1464 na Suiacuteccedila em 1467 na

Franccedila foi fundada em 1470 na Holana1472 na Hungria e na Espanha

concomitantemente em 1473 na Beacutelgica em 1474 na Polocircnia 1475 na Inglaterra

1476 na Aacuteustria em 1482 assim como na Dinamarca na Sueacutecia 1487 e finalmente

ado que nos interessa particularmente em Portugal a primeira tipografia eacute instalada em

1487 na cidade do Faro (MELO 1973)

Devemos ter em mente eacute claro que os materiais impressos natildeo alcanccedilavam a

totalidade das pessoas que compunham as naccedilotildees que deles faziam uso mas sim um

nicho restrito no iniacutecio de sua existecircncia Afinal de contas o nuacutemero de pessoas letradas

era muito pequeno e quanto mais pobre a classe maior o nuacutemero consequentemente

menor o acesso A imprensa como ferramenta fosse qual fosse era prerrogativa de uma

minoria que compunha a elite intelectual de cada uma das naccedilotildees

Algo que podemos citar como benefiacutecio advindo com a imprensa desde sua gecircnese

com aumento gradual ano a ano foi que contrariando o que pretendia a Igreja que era

44

uma Europa unificada sob a eacutegide da religiatildeo cristatilde o sentimento de nacionalismo anda

de matildeos dadas com a afirmaccedilatildeo das liacutenguas regionais e de certa centralizaccedilatildeo dos

poderes na figura dos monarcas O uso das liacutenguas regionais nos materiais de imprensa

atua conjuntamente com o estiacutemulo de produccedilotildees literaacuterias vernaacuteculas o que para

Weber pode ser chamado de ldquoconsciecircncia do valor da nacionalidade intriacutensecardquo

(MELO2003) O latim que ainda era usado em atos lituacutergicos ainda eacute a liacutengua dos

saberes como a filosofia e as aacutereas das ciecircncias mas natildeo impediu que as liacutenguas

europeias se desenvolvessem de modo a imprimir sua proacutepria identidade enquanto

vernaacuteculo

Entre idas e vindas assiste-se agrave evoluccedilatildeo dos serviccedilos de prensa e imprensa

Houve momentos como durante a inquisiccedilatildeo em que algumas obras foram tachadas e

proibidas de serem publicadas Censuras como a aprovada pelo Conciacutelio de Trento

assim como decisotildees de alguns monarcas que desejavam manter certo controle do corria

por seus domiacutenios Por outro lado a censura natildeo era capaz de impedir a existecircncia das

gazetas e pasquins clandestinos formadores de opiniatildeo alguns desses eram manuscritos

Esses papeis influenciaram paulatinamente uma espeacutecie de toleracircncia por parte dos

governos uma vez que o seu impedimento era quase impossiacutevel De certa maneira

constituindo o geacutermen da liberdade de imprensa A Inglaterra no seacuteculo XVIII eacute a

primeira naccedilatildeo europeia a abolir a censura preacutevia Fato mais importante para a liberdade

de imprensa foi sem duacutevida a vitoacuteria dos libertaacuterios que lutaram na Revoluccedilatildeo

Francesa que viam na tecnologia uma ferramenta uacutetil e praacutetica para seus intentos

poliacuteticos e econocircmicos O desenvolvimento da imprensa no continente europeu daacute seus

maiores saltos a partir de entatildeo

31 A imprensa e a disseminaccedilatildeo de discursos

As inteccedilotildees de paiacuteses europeus em aumentar o lucro e crescer como naccedilatildeo com a

desculpa de um sentimento de patriotismo fazem vaacuterias dessas naccedilotildees se lanccedilarem para

aleacutem-mar e em rotas contraacuterias agraves que estavam acostumadas a seguir e que jaacute

conheciam Principalmente depois que os turcos invadem e tomam Constantinopla que

impede o acesso comercial aos povos do Oriente a necessidade de suprir as vontades

dos clientes impele agraves aventuras em mares ateacute entatildeo desconhecidos

45

Portugal foi um pioneiro no que diz respeito ao uso em terras colonizadas que natildeo

americanas dos serviccedilos de prensa Principalmente como ferramenta de disseminaccedilatildeo

da liacutengua paacutetria assim como de sua religiatildeo que pretendia instaurar em tudo o que era

ldquoseurdquo Pode-se atestar que a iniciativa concretizou-se no seacuteculo XVI Nas colocircnias

africanas a intensatildeo era principalmente impedir as influecircncias turcas atuando de

forma proselitista O mesmo seacuteculo eacute marcado por uma fase de grande desenvolvimento

econocircmico da naccedilatildeo lusitana impulsionado pelas navegaccedilotildees pelo comeacutercio de artigos

orientais garantidos pelo controle das rotas abertas atraveacutes do Oceano Atlacircntico Essa

foi exatamente a eacutepoca em que assistimos um franco progresso da imprensa em

territoacuterio portuguecircs seguindo a instauraccedilatildeo das oficinas em Faro (MELO 1973)

Verdade que a primeira tipografia a ser instalada na Ameacuterica natildeo foi obra

portuguesa mas espanhola Trata-se da oficina fundada no Meacutexico em 1533 tampouco

a segunda que tambeacutem foi realizada pelos espanhoacuteis em 1584 em Lima onde estava

localizado o Vice-Reinado do Peru A imprensa vinha respondendo agraves necessidades de

cada colocircnia uma vez que se exigia sua presenccedila para tarefas logicamente ligadas agrave

colonizaccedilatildeo

A instalaccedilatildeo do primeiro serviccedilo de imprensa pelos portugueses se tratando do

Brasil levou 276 anos porque natildeo era interessante para os colonizadores que houvesse

um puacuteblico bem informado em terras americanas

A famiacutelia real portuguesa chegou ao Brasil em 1808 uma vez que as tropas

napoleocircnicas invadiram Portugal e para salvaguardar a permanecircncia da corte neste

mundo e para suprir a necessidade de se imprimir uma infraestrutura que pudesse dar

conta dos velhos mecanismos poliacuteticos na nova corte foi implantada oficialmente a

imprensa no novo Reino Unido em conjunto com outras importantes ferramentas

administrativas como o Banco Nacional do Rio de Janeiro e tribunais para a

administraccedilatildeo das financcedilas e da justiccedila

A Imprensa Reacutegia num primeiro momento tinha como foco executar serviccedilos

relativos agrave administraccedilatildeo real Entretanto com os acontecimentos que se desenrolavam

no velho mundo natildeo se podia condenar os novos habitantes agrave total ignoracircncia dos fatos

assim como se deveria deixar conhecer os fatos ocorridos na nova sede do governo

portuguecircs Ainda a implantaccedilatildeo de escolas de ensino superior assim como outras

instituiccedilotildees culturais exigiam a produccedilatildeo de livros e diferentes papeacuteis de cunho natildeo

46

burocraacutetico o que forccedila a Imprensa Reacutegia a procurar sanar essa demanda

completamente social

Em 10 de setembro de 1808 ocorre a circulaccedilatildeo do primeiro jornal produzido e

impresso em terras brasileiras a Gazeta do Rio de Janeiro serviccedilo que era uma

prerrogativa apenas da sede do governo

Entre os anos de 1808 e 1821 a produccedilatildeo da imprensa no Brasil foi muito

pequena devido a decreto que forccedilava as tipografias a dar prioridade aos papeacuteis

administrativos imprimindo inclusive uma face censoacuteria ao trabalho da imprensa

praticada em terras americanas Este decreto era claro quanto ao papel das oficinas

ldquo[] e atendendo agrave necessidade que haacute da oficina de impressatildeo nestes meus

Estados sou servido que a casa onde eles se estabeleceratildeo sirvam

interinamente da Impressatildeo Reacutegia onde se imprimam exclusivamente toda a

legislaccedilatildeo e Papeacuteis Diplomaacuteticos que emanarem de qualquer Reparticcedilatildeo do

meu Real Serviccedilordquo

(Ipanema 1949 p 53)

A essa restriccedilatildeo inicial no mesmo documento pode ser lida a possibilidade de

abertura para a impressatildeo de papeacuteis mais variados De modo que poucos dias depois da

primeira publicaccedilatildeo uma outra faz-se conhecer as ldquoInstruccedilotildees Provisoacuterias para o

Regimento da Imprensa Reacutegiardquo em 24 de junho de 1808 lia-se o estimulo de produccedilatildeo

de papeacuteis comerciais e obras populares

Entre 1808 e 1821 apenas duas oficinas de prensa habitavam terras brasileiras a

do Rio de Janeiro fundada em 1808 e a segunda na Bahia fundada em 1811

O atraso na instauraccedilatildeo da imprensa em terras brasileiras pode ser explicado pelo

desinteresse da monarquia portuguesa em instituir uma populaccedilatildeo que tivesse acesso agraves

ferramentas modernas da civilizaccedilatildeo europeia na colocircnia devido seu papel na economia

da corte Afinal ignorantes satildeo mais faacuteceis de conduzir Os grilhotildees seriam mais

facilmente mantidos O que se imprime nas oficinas eacute disseminador de discursos que

poderiam incitar dissidecircncia o que natildeo era interessante para Portugal Com o

desembarque da corte e a necessidade poliacutetica de tais serviccedilos a presenccedila real figurava

de certa forma como instituiccedilatildeo que asseguraria muitas vezes atraveacutes do uso da forccedila

o controle do que se publicava

47

Em 1821 quando eacute abolida a censura preacutevia no Reino em consequecircncia da

Revoluccedilatildeo do Porto o nuacutemero de trabalhos editados aumenta exponencialmente Assim

como o nuacutemero de trabalhos editados o nuacutemero de tipografias em territoacuterio brasileiro

tambeacutem aumentou significantemente apoacutes 1821 A partir daquela data quatro outras

mais seriam instaladas em Recife (PE) em Satildeo Luiacutes (MA) em Beleacutem (PA) e em Vila

Rica (MG) Entre 1824 e 1852 quinze outros estados puderam ter em seus territoacuterios

tipografias dentre elas no que hoje eacute denominado Estado de Satildeo Paulo tem a

implantaccedilatildeo oficial datada no ano de 1827 (MELO 1973)

Satildeo Paulo tinha um jornal que tratava de coisas pertencentes a sua realidade visto

que a vida na corte nada tinha de similar aos viveres paulistas Apesar do grande

desenvolvimento experimentado pela regiatildeo durante todo o seacuteculo XIX devido agrave

produccedilatildeo cafeeira a elite paulista natildeo usufruiacutea das mesmas prerrogativas da elite

carioca Mas se constituiacutea como um mercado aacutevido por bens de consumo que

participavam ativamente do pensamento de desruralizaccedilatildeo apesar de ter no rural sua

maior forccedila mas mesmo no campo devia-se ser civilizado e para ser civilizado eacute

imperioso que se faccedila parte do jogo adotando bens simboacutelicos principalmente apoacutes a

independecircncia em 1822

48

4 Desejo de ascensatildeo

No iniacutecio do seacuteculo XIX a elite cafeeira emerge no Vale do Paraiacuteba alcanccedilando

status e trazendo enriquecendo para a regiatildeo diferenciando-se do restante do territoacuterio

paulista que ainda dependia da produccedilatildeo de cana de accediluacutecar e do comeacutercio estabelecido

na vila de Satildeo Paulo para movimentar sua economia O distrito de Satildeo Paulo inicia seu

desenvolvimento de forma mais efetiva quando em 1827 funda-se a faculdade de

direito o que influencia a providecircncia de estabelecimentos que recebam os viajantes e os

estudantes assim como aqueles que migravam para a regiatildeo com o intuito

empreendedor como hoteacuteis e pensotildees

O solo do Vale do Paraiacuteba por volta dos anos de 1860 se mostra exaurido o que

forccedila os agricultores a procurar por terras mais feacuterteis que vatildeo encontrar mais a oeste do

territoacuterio nas redondezas do que hoje conhecemos como Campinas e Itu Agrave eacutepoca as

produccedilotildees natildeo mais escoavam pelos portos do Rio de Janeiro mas pelo porto de Santos

o que resulta na construccedilatildeo da primeira ferrovia de Satildeo Paulo ligando a regiatildeo de

Jundiaiacute agrave baixada santista com um entreposto na cidade de Satildeo Paulo Esta cresce

consequentemente em importacircncia uma vez que era o ponto estrateacutegico que ligava o

litoral e o interior No interior a cultura do cafeacute expandia-se atraveacutes das terras propiacutecias

ao seu cultivo imprimindo notoriedade agrave regiatildeo frente ao entatildeo Impeacuterio

O poeta talvez o mais importante da geraccedilatildeo traacutegica do Mal do Seacuteculo Aacutelvares

de Azevedo mesmo tendo nascido em Satildeo Paulo viveu a maior parte de sua vida na

sede da corte Quando na idade formaccedilatildeo superior se negou a fazer medicina e

embarcou rumo a Satildeo Paulo decidido a fazer Direito na faculdade instalada no Largo

Satildeo Francisco

Em suas correspondecircncias especialmente as destinadas agrave sua irmatilde eacute recorrente ler

sua frustraccedilatildeo quanto a sua nova residecircncia A geografia o incomodava o pavimento ou

a falta dele das ruas o incomodavam a falta de iluminaccedilatildeo urbana o incomodava Para

o poeta afeito agrave vida urbana restava a lamuacuteria ldquoNa minha terra soacute haacute formigas e

caipirasrdquo Sequer poderia receber a alcunha de cidade ldquoProviacutencia intoleraacutevel []rdquo A

intenccedilatildeo de Satildeo Paulo em mostrar-se civilizada e procurar satisfazer sua populaccedilatildeo

tanto nativa quanto imigrante no que se refere a praacuteticas sociais e de sociabilizaccedilatildeo natildeo

49

impressionavam o jovem estudante Tampouco o puacuteblico que ele encontrava nessas

situaccedilotildees

ldquo[] ir a bailes pordf danccedilar com essas bestas minhas patricias q soacute abrem a

bocca pordf dizer asneiras acho q eacute tolice Natildeo julgue Vmcecirc q fallo com

exageraccedilatildeo ndash a moccedila senatildeo a mais bonita a estatua mais perfeita em tudo

uma Belisaacuteria (mineira) eacute uma estupida q diz ndash noacutes natildeo sabe danccedilaacute pocircque

etc e comtudo eacute uma belleza mas Eacute uma estaacutetua estuacutepida e sem vida ndash Como

diz o soneto do Octavianordquo

(AZEVEDO 1976 106)

Apesar da perspectiva negativa a respeito da realidade paulista que bem provaacutevel

seria da maioria das pessoas que tivessem experimentado niacuteveis de civilidade mais

modernos e modernizados a vontade o desejo de alcanccedilar patamares elitizados

espelhados nos grandes centros internacionais e na sede da corte morava nos ideais e

intentos das pessoas assim como nas instituiccedilotildees que habitavam aquela terra que se

enriquecia

50

5 Nomenclatura especializada e a disseminaccedilatildeo das tecnologias

na sociedade

Quando tratamos das tecnologias materiais a produccedilatildeo de maacutequinas e artigos

relacionados agrave medicina diferentemente da cultura que pode ser algo local lidamos

com movimentos de disseminaccedilatildeo que ultrapassam os limites impostos geograficamente

e politicamente Visto que a produccedilatildeo de certos a artigos eacute destinada agrave facilitaccedilatildeo da

vida das pessoas inevitavelmente satildeo mercadorias que para os homens de negoacutecio

devem ser adquiridas pelo maior nuacutemero de compradores possiacutevel De modo que natildeo eacute

interessante que se restrinja somente a um uacutenico local mas eacute melhor para a economia

que se dissemine por todo o globo o quanto possiacutevel alcanccedilando claro aqueles que

possam pagar

Os meios de produccedilatildeo sofreram incrementos evoluiacuteram para que se pudesse dar

conta das demandas do mercado consumidor dependendo da utilidade do que fora

inventado O surgimento de faacutebricas onde o proletariado vendia sua forccedila de trabalho

estaacute atrelado agrave necessidade de produccedilatildeo em massa de produtos tecnoloacutegicos ou insumos

para assistir a fabricaccedilatildeo do produto final

O tipo de capitalismo que nasceu laacute no final do feudalismo o ligado ao

mercantilismo agora evolui para o que podemos chamar de capitalismo industrial que

nasce na Revoluccedilatildeo Industrial iniciada na Inglaterra no seacuteculo XVIII mas que se

dissemina pelo globo se desdobrando em vaacuterias fases durante o seacuteculo XIX

Muito embora possamos assistir o sentimento de patriotismo crescendo com o

passar dos seacuteculos tendo no estabelecimento e valorizaccedilatildeo das liacutenguas locais

vernaacuteculas sua mais clara demonstraccedilatildeo utilizadas em praacuteticas sociais cotidianas

quando se trata das aacutereas relacionadas agraves ciecircncias os lexemas buscados para nominar as

invenccedilotildees e descobertas assim como em algumas aacutereas do conhecimento acadecircmico

como a filosofia gramaacutetica e matemaacutetica estes devido agrave tradiccedilatildeo histoacuterica dos estudos

correntes no ocidente satildeo de origem latina ou grega ndash certos lexemas gregos entram nas

liacutenguas modernas de forma indireta atraveacutes do latim que jaacute os havia incorporado ao seu

proacuteprio como discorremos sobre em momento anterior Procurava-se no antigo no

passado a melhor maneira para dar nome ao que era completamente novo atual em

cada eacutepoca atestando a importacircncia daquelas civilizaccedilotildees na mudanccedila de pensamento e

51

demais mudanccedilas porque vinha sofrendo a humanidade no que diz respeito a

conhecimento e desenvolvimento

Se por um lado as invenccedilotildees e descobertas que pudessem ser comercializadas

deveriam alcanccedilar o maior nuacutemero de consumidores possiacutevel por outro deveria se

proteger a mente inventora salvaguardando seus direitos sobre o produto Nasce entatildeo

o direito de patente que incluiacutea aleacutem dos direitos sobre o produto em si os direitos

sobre o nome dado ao produto que fora escolhido com tanto esmero

As escolhas lexicais feitas nessas aacutereas num primeiro momento mantinham-se

restritas ao campo restrito das literaturas especializadas e ao nicho social composto

pelos cientistas Para estes foi dada a liberdade e poder de introduzir novos nomes

novos lexemas agraves liacutenguas juntamente com a mudanccedila da realidade dos povos por meio

da disposiccedilatildeo de suas invenccedilotildees que eram destinadas agrave posse de outrem Com a

profusatildeo dos trabalhos que vem num crescendo seacuteculo a seacuteculo o nuacutemero de palavras

que compotildeem o leacutexico das liacutenguas tambeacutem cresce de maneira arbitraacuteria e natildeo natural

Esse complexo de nomes constitutivos do leacutexico por atuar de maneira diferente e em

instacircncias diferentes dos demais em estudos que surgem anos depois sobre a liacutengua e

seu funcionamento influencia o surgimento da terminologia

A preocupaccedilatildeo quanto agrave necessidade de certa sistematizaccedilatildeo dos nomes caminha

de matildeos dadas com a ideia de normatizaccedilatildeo uma vez que os especialistas se interessam

pela associaccedilatildeo precisa entre denominaccedilatildeo e conceito cientiacutefico

A escolha por neologismos derivados de empreacutestimo de outras liacutenguas mesmo

que estas jaacute natildeo estejam mais em voga tenham historicamente caiacutedo em desuso ou

menos draacutestico tenham sofrido alteraccedilotildees quanto a sentidos de seu leacutexico se

desenvolvendo naturalmente apresenta certa especificidade O lexema jaacute carrega

consigo um sentido anterior ao empreacutestimo No caso entatildeo da adoccedilatildeo para nomear um

objeto novo de um lexema que jaacute se lhe tenha atribuiacutedo um sentido em algum momento

da sua histoacuteria assim o faz para acessar em certo grau esse significado Muitas vezes

atrelando a novidade ao antigo significante exatamente para que o nome seja facilmente

identificado e compreendido

O estudo de leacutexico especializado aqueles adotados em aacutereas de conhecimento

especiacutefico como as ligadas ao campo cientiacutefico por exemplo eacute praticado desde o

seacuteculo XVIII perpassando o seacuteculo XIX conquanto tenha ganhado maior visibilidade e

52

importacircncia real no seacuteculo XX Neste seacuteculo haacute um delineamento mais acertado da

ciecircncia terminoloacutegica8

Importante notar que de acordo com o incremento dos avanccedilos tecnoloacutegicos

numa linha diacrocircnica cada vez mais se nota a necessidade de uma harmonizaccedilatildeo dos

teacuterminos Essa necessidade culmina no pensamento de normalizaccedilatildeo pregada por

Wuumlster na primeira metade do seacuteculo XX sobre a qual discorre em sua tese de

doutorado intitulada ldquoA normalizaccedilatildeo internacional da terminologia teacutecnicardquo em 1931

O pensamento o engenheiro eacute difundido e faz sentido se ignorarmos certas

circunstacircncias intrinsicamente humanas

ldquoA difusatildeo da versatildeo russa da tese de Wuumlster suscita um maior interesse pela

Terminologia nos domiacutenios especializados e influencia a criaccedilatildeo do Comitecirc

Teacutecnico 37 ldquoTerminologiardquo (TC37) da ISA (International Standardization

Association) da Federaccedilatildeo Internacional das Associaccedilotildees Nacionais de

Normalizadores a precursora da atual ISO (International Standardization

Organization) (Cabreacute 199322 199611)rdquo

(ALMEIDA p 2)

A representaccedilatildeo e a prescritividade aquela para etiquetar de forma justa e

inequiacutevoca o produto a segunda para certificar que houvesse controle sobre as escolhas

das nomenclaturas foram duas caracteriacutesticas determinantes na teoria de Wuumlster a TGT

(Teoria Geral da Tecnologia) Os conceitos se estruturam loacutegica e ontologicamente de

maneira hieraacuterquica O terminoacutelogo em oposiccedilatildeo aos linguistas acreditava que a

evoluccedilatildeo das liacutenguas poderia sim se dar de maneira espontacircnea mas natildeo soacute assim Ao

desenvolvimento espontacircneo Wuumlster chamava norma descritiva em oposiccedilatildeo agrave norma

prescritiva empregada pelos cientistas pois para ele

ldquoSin embargo en terminologiacutea con la tremenda productividad de conceptos

y teacuterminos una evolucioacuten libre de la lengua llevariacutea a una confusioacuten

8 ALMEIDA ldquoO Percurso Da Terminologia De Atividade Praacutetica Agrave Consolidaccedilatildeo De Uma

Disciplina Autocircnomardquo trata-se de um artigo em que discorre sobre certa historiografia da

disciplina Terminologia desde os primeiros expoentes no seacuteculo XVIII ateacute sua maior

sistematizaccedilatildeo no seacuteculo XX quando ganha maior notoriedade devido a aumento exponencial

de novos termos adotado pelas liacutenguas modernas

53

intolerable Para evitar esta situacioacuten desde principios de siglo e incluso

antes en el caso de algunas especialidades los terminoacutelogos empezaron a

unificar por consenso algunos conceptos y teacuterminosrdquo

(CABREacute)

Dentro do ambiente restrito em que se encontram os cientistas a determinaccedilatildeo

exata de um termo eacute muito importante assim a teoria se mostra bem acertada se dentro

destes limites mas pouco efetiva para dar conta das questotildees que envolvem uma

situaccedilatildeo de comunicaccedilatildeo real

Entendemos os neologismos provenientes do campo cientiacutefico-tecnoloacutegico como

terminologias especializadas que realmente foram impostas pelos cientistas mas que

natildeo ficaram presas agraves literaturas especializadas por serem artefatos ou conceitos que

eram destinados ao grande puacuteblico A mostra disso pode ser percebida no pelo

deslizamento que essas terminologias sofreram no que diz respeito agrave tipologizaccedilatildeo

textual na qual encontramos o uso desses lexemas

Se levarmos em consideraccedilatildeo os ensinamentos de CIAPUSCIO (2003) que faz

uma divisatildeo muito perspicaz quanto aos tipos de textos podemos entender esse

deslizamento A autora separa os textos em dois tipos principais formas primaacuterias e

formas derivadas que se subdividem As formas primaacuterias corresponderiam agraves formas

textuais que trazem contribuiccedilotildees originais informaccedilotildees teacutecnicas sobre um artigo

completamente novo Aleacutem de possuir um formato textual predeterminado em outras

escolhas lexicais satildeo estabelecidas de antematildeo havendo pouca variedade em sua

ediccedilatildeo Natildeo podemos negar que a construccedilatildeo textual dos textos especializados possam

variar de acordo com a eacutepoca ou mesmo sofrer variaccedilotildees dependentes da cultura em

que esteja sendo produzidos mas a foacutermula tende a ser mais estanque exatamente pela

necessidade da aacuterea em evitar desacordos ou ininteligibilidade Esse tipo de texto se

destinaria ao puacuteblico especializado obviamente As formas derivadas baseiam-se em

textos subjacentes que dependem dos textos fontes que figuram as formas primaacuterias

Aquelas formas poderiam ser chamadas tambeacutem de formas semiespecializadas uma vez

que os textos para estudantes por exemplo fazem parte do da lista que a compete

Podemos entender os anuacutencios de jornal como textos de um terceiro tipo o

divulgativo pois satildeo textos que datildeo agrave luz um produto trazendo informaccedilotildees a serem

54

conhecidas pelo puacuteblico que para tanto satildeo constituiacutedos por discursos que visam

persuadir ao leitor de que o artefato anunciado eacute uacutetil e que deve ser adquirido

ldquoEn la noticia de prensa con las modalidades propias del geacutenero domina el

propoacutesito informativo que se traduce en indicios linguumliacutesticos claros en este texto

tambieacuten es muy perceptible el esfuerzo por la presentacioacuten positiva de la

informacioacutenrdquo

(CIAPUSCIO 2003)

O conhecimento necessaacuterio ao puacuteblico nada tem de teacutecnico a natildeo ser no que diz

respeito agrave utilidade do produto

Assim os teacuterminos adentram o leacutexico do homem comum e eventualmente

sofreraacute as mudanccedilas impostas pelo uso comum em situaccedilotildees reais podendo desdobrar-se

em outros lexemas enriquecendo a liacutengua

55

6 Projeto de uma naccedilatildeo brasileira

A primeira metade do seacuteculo XIX no Brasil pode ser vista como o momento de

instalaccedilatildeo e instauraccedilatildeo de uma sociedade civilizada de maneira mais efetiva e atrelada

aos moldes europeus Os passos morosos dados pela Colocircnia apressaram-se somente

quando no seacuteculo XIX fugindo das tropas napoleocircnicas D Joatildeo acompanhado de sua

famiacutelia e aproximadamente 20 mil portugueses constituintes da corte lusitana

desembarcam no Rio de Janeiro O ano era 1808 e a chegada dos novos habitantes

quase que da mesma forma como os primeiros europeus em 1500 guardadas as devidas

proporccedilotildees impactaram tremendamente a paisagem das terras americanas A partir de

1808 o Rio de Janeiro jaacute natildeo era mais uma cidade da colocircnia mas a sede do Impeacuterio

ldquoTransformado em Reino Unido jaacute em 1815 o Brasil distanciava-se aos

poucos de seu antigo estatuto colonial ganhando uma autonomia relativa

jamais conhecida naquele contexto O Estado portuguecircs humilhado

perseguido e transplantado reproduziu no Brasil o seu aparelho

administrativo e do Rio de Janeiro o regente denominado tambeacutem ldquorei do

Brasilrdquo administrava todo o seu Impeacuteriordquo

(SCHWARCZ 1998 p 36)

O Brasil que vinha desde a primeira chegada dos portugueses por questotildees

poliacuteticas que assegurassem o domiacutenio sofrendo com as limitaccedilotildees do que poderia ou

natildeo ser implementado agrave vida cotidiana de seus residentes devido agrave nova situaccedilatildeo assiste

mudanccedilas que influenciariam posteriormente todo o seu caminhar rumo ao futuro A

abertura dos portos para material estrangeiro assim como os processos de urbanizaccedilatildeo

que acompanhavam a instauraccedilatildeo das novas instituiccedilotildees poliacuteticas e comerciais em solo

brasileiro impulsionaram a adesatildeo de novas filosofias constitutivas de ideologias no

imaginaacuterio daqueles que chamavam o Brasil de sua terra

Enquanto colocircnia as poliacuteticas praticadas natildeo intentavam a uniatildeo entre as

proviacutencias que quando deparadas com qualquer situaccedilatildeo que lhes fugia do controle

recorriam ao reino sem antes procurar auxiacutelio nas vizinhanccedilas As figuras dos

governadores das capitanias procuravam de certa forma atraveacutes de manobras estar

mais proacuteximas do rei Historiadores relatam ldquoos destinos de Rodrigo Cesar de Menezesrdquo

56

que em Satildeo Paulo enviava falsas informaccedilotildees ao rei diretamente a fim de granjear

merecimento e forccedila poliacutetica (SODREacute 1998) Natildeo interessava de qualquer modo que

se nutrisse qualquer sentimento de unidade na colocircnia

ldquoDessa forma a tradiccedilatildeo natildeo era de coesatildeo mas de dispersatildeo Natildeo era de

uniatildeo mas de dissociaccedilatildeo E tudo contribuiacutea para isso as distacircncias os

tempos das viagens a diversidade de lavouras a vantagem do entendimento

direto com Lisboardquo

(SODREacute 1998 p 40)

Ao final do seacuteculo XVIII uma grave crise econocircmica assola o Brasil Crise essa

que se estende ao iniacutecio do seacuteculo seguinte inclusive durante os anos em que a famiacutelia

real desembarca nessas terras

A mineraccedilatildeo estava entrando em decadecircncia no Brasil produtos que eram

considerados inextinguiacuteveis rareavam a cada ano que adentra o seacuteculo XIX Aleacutem das

riquezas naturais retiradas da terra a lavoura de cana brasileira e a induacutestria accedilucareira

sofrem com o golpe da produccedilatildeo de accediluacutecar na Europa a partir da beterraba Dois fatores

que influenciam fortemente o sentimento de desagrado de descontentamento com

relaccedilatildeo agrave situaccedilatildeo

Esse sentimento de desagrado se reforccedila e soma-se a inseguranccedila imposta pelas

mudanccedilas poliacuteticas iniciadas em 1808 Por todo territoacuterio pipocam insurreiccedilotildees pouco

conectadas entre si a natildeo ser pela vontade e pelo sentimento que se assemelhavam Os

levantes aconteciam particularmente a partir de peculiaridades locais

A unidade poderia natildeo ocorrer com relaccedilatildeo aos espaccedilos mas o sentimento era

comungado graccedilas agrave proximidade ideoloacutegica e de princiacutepios que impulsionavam a

vontade de libertaccedilatildeo Os liacutederes dos levantes bebiam das aacuteguas libertadoras que

moveram os moinhos da revoluccedilatildeo ocorrida na Franccedila no seacuteculo XVIII ainda nos livros

que tratavam da democracia instaurada em terras americanas e todo o discurso que

acompanhava o nascimento dos Estados Unidos com relaccedilatildeo ao progresso e

estabelecimento de uma civilizaccedilatildeo ldquouma sorte de paraiacuteso estatal definitivordquo (SODREacute

1998)

57

ldquo[] Livros e jornais fizeram essa obra de solapamento intelectual tatildeo faacutecil

de penetrar o caraacuteter ainda maleaacutevel da nossa gente cuja credulidade poliacutetica

natildeo tem limites em se tratando de coisas importadas Parece que uma

indolecircncia enorme em pesquisar objetivamente os fundamentos da nossa

sociedade eacute que nos impulsiona em mandar vir de fora as ideologias jaacute

prontas jaacute montadas jaacute acabadas faltando apenas o necessaacuterio esforccedilo para

implantaacute-lasrdquo

(SODREacute 1998 p 43-44)

A classe mais abastada da nova sociedade brasileira aquela que jaacute havia

angariado certa riqueza e alccedilado certo status beberavam das filosofias europeias atraveacutes

dos livros pelos quais podia pagar Fato que a curiosidade intelectual natildeo era

prerrogativa de todos mas o gosto pela leitura ganhava mais adeptos a cada passar de

ano Dessa feita a massa dos medianos e aqueles que natildeo se davam muito aos livros

tinham contato com os ensinamentos por via da imprensa que na eacutepoca era por vezes ateacute

violenta

Esses movimentos soacute foram possiacuteveisi pela quantidade crescente de tipografias

que cobriram nosso territoacuterio muitas com vida bastante curta efecircmera ateacute

A crise econocircmica accedilucareira e da aacuterea da mineraccedilatildeo o descontentamento poliacutetico

e todas as circunstacircncias que levaram agrave independecircncia embebida pelas filosofias

estrangeiras podem nos dar o vislumbre da intenccedilatildeo das accedilotildees oligaacuterquicas que

pretendiam um paiacutes independente

Interessante notar que o deslizamento que ocorre com os lexemas quanto agrave

tipologia textual tambeacutem ocorre com os discursos em voga Se se desejava uma terra

que abraccedilasse a ideologia de crescimento e mudanccedila de certos haacutebitos que fossem

considerados desconectados do imaginaacuterio ideal a melhor forma de se alcanccedilar os

objetivos era primeiro propagandear essa ideologia Em segundo lugar propagandear

os objetos que se ligam intrinsicamente ao status O povo deveria ser civilizado tanto

verbalmente quanto substantivamente num jogo dialeacutetico da palavra

A exemplo do que se assistia no exterior uma naccedilatildeo civilizada deve consumir

bens que simbolizam essa civilidade Para tanto temos um mercado consumidor aacutevido e

as mentes bem empregadas dos cientistas na Europa principalmente que produzem

avidamente para dar conta das necessidades de seu puacuteblico Fazendo o intercacircmbio faz

com que a situaccedilatildeo encontrasse nos jornais a maneira mais efetiva para levar ao

58

conhecimento do mercado consumidor as novas tecnologias receacutem-saiacutedas do forno

apresentadas da maneira mais positiva quanto possiacutevel apelando para a civilidade tanto

almejada

59

7 Passos mecacircnicos

A vida civilizada dos centros urbanos baseia-se na sociabilizaccedilatildeo entre habitantes

As pessoas precisam conhecer e serem conhecidas As maneiras para se fazerem

conhecidas diziam respeito tanto ao pessoal quanto ao profissional A agenda dos bailes

era movimentada na corte nas cidades que se estabeleciam nos demais estados e no que

nos interessa especialmente o que conhecemos como Satildeo Paulo apesar de menos

badalada natildeo se relegava a total inatividade

A cidade de Campinas que crescia devido agrave cultura do cafeacute estabelecida na regiatildeo

era dessas cidades pequenas mas que se via dentro do jogo civilizatoacuterio disposta a

corresponder aos atributos e pagar seus tributos agraves praacuteticas civilizadas Eacute de Campinas o

primeiro exemplo que analisaremos

- 14 de junho de 1870 Campinas Gazeta de Campinas

KX|Vende-se uma machina propria para marcar papel cartatildeo de visita e casamento e

bem assim um sortimento de cartotildees bordados e dourados tudo de 1ordf qualidade Para

tratar com o QUIM SIMOtildeES

Em um espaccedilo urbano eacute natural que a quantidade de profissionais como meacutedicos

advogados professores particulares e outros tantos que natildeo podem se dar ao luxo de

fazer uma assinatura de propaganda com o jornal local por um tempo muito prolongado

precisa arrumar outras maneiras para acessar possiacuteveis empregadores Ademais a

quantidade desses profissionais crescia de acordo com o crescimento das cidades e o

contingente populacional

O que estaacute agrave venda no anuacutencio obviamente natildeo se destinava a uma pessoa

somente Natildeo se trata de um artigo para uso individual o que nos leva a crer que o

possiacutevel comprador devesse ser uma empresa tal qual uma graacutefica uma tipografia A

essa instituiccedilatildeo era dado o papel de confeccionar os cartotildees de visita dos profissionais

que desejassem se ldquoautopropagandearrdquo

Mas essa maacutequina natildeo estava posta apenas para o mundo do trabalho A escolha

feita pelo anunciante foi frisar que ela tambeacutem se prestava agrave confecccedilatildeo de cartotildees para

convite a casamentos Essa praacutetica eacute historicamente um evento social que marca

60

geraccedilotildees por ser no miacutenimo o iniacutecio da possibilidade de uma nova O casamento aleacutem

de unir duas pessoas une duas famiacutelias garante o incremento das posses e o

estabelecimento de certo teor de poder se o acontecimento se daacute entre pessoas que

poderiam pagar por convites que a noacutes parece ser bastante valorizados Afinal satildeo

papeis ldquobordados e dourados tudo de 1ordf qualidaderdquo

A regiatildeo de Campinas berccedilo dessa propaganda se destacou ateacute por alguns anos

mais do que a vila de Satildeo Paulo que viria a ser a capital do estado economicamente

ALONSO (2002) diz

ldquoO processo de revigoramento econocircmico que acompanhou a crescente

produccedilatildeo de cafeacute no oeste ndash as novas lavouras entre as duas grandes ferrovias

abertas a Paulista e a Mogiana ndash gerou uma ldquorefundaccedilatildeordquo da cidade de Satildeo

Paulo sintetizada por Morse (1970 235-6) como transformaccedilatildeo ldquode

comunidade em metroacutepolerdquo O boom da economia do cafeacute fez crescer seu

comeacutercio e sua populaccedilatildeo expandiu os contornos urbanos deu-lhes

iluminaccedilatildeo puacuteblica bondes casarotildees e obras de saneamento A capital

finalmente ultrapassava Campinas e se tornava o centro econocircmico e nervoso

da proviacutenciardquo

(ALONSO 2002 p 149)

O importante para noacutes nessa citaccedilatildeo para o momento eacute corroborar a afirmaccedilatildeo de

que a regiatildeo se mostrava pareada ao afatilde civilizatoacuterio Os movimentos poliacuteticos sociais e

econocircmicos na regiatildeo de Satildeo Paulo foram determinantes em vaacuterios momentos da

histoacuteria brasileira Nessa regiatildeo um grupo nasce beberando de ideologias e filosofias

positivistas liberalistas e federalistas Muitos vinham da regiatildeo de Campinas e do oeste

paulista e como nos diz ALONSO (2002) ldquoaderiram agraves atividades cafeicultora pelo

casamentordquo Essa classe emergente via no mantenimento das famiacutelias a seguranccedila do

status E para fazer com que a uniatildeo seja bem celebrada o primeiro passo eacute garantir que

os convidados recebessem convites para o casamento que fizessem jus aos nomes das

famiacutelias

Maacutequina eacute uma forma que jaacute fazia parte do leacutexico latino e que natildeo sofreu

mudanccedilas de sentido ateacute ser incorporada ao portuguecircs quando seu sentido foi reduzido

No grego antigo temos o sentido que foi transmitido ao latim

61

μηχανή Dor μαχανά ἡ (μῆχος) ndash Lat machina I an instrument

machine for lifting weights and the like Hdt μ Ποσειδῶνος of the

trident Aesch λαοπόροις μ of Xerxesrsquo bridge of boats Id 2 an engine

of war Thuc 3 a theatrical machine by which gods were made to appear in

the air Plat hence proverb Of any sudden appearance ὥσπερ ἀπὸ

μηχανῆς (cf Lat deus ex machine) Dem II any contrivance for doing a

thing Hdt etc in pl μηχαναί shifts devices arts wiles Hes Att

μηχαναῖς Διός by the arts of Zeus Aesch proverb μηχαναὶ Σιςύφου

Ar - phrases μηχανήν or μηχανὰς προσφέρειν Eur εὑρισκειν

Aesch etc - c gen μ κακῶν a contrivance against ills Eur but μ

σωτηρίας a way of providing safety Aesch 2 οὐδεμία μηχανή [έστι]

ὅπως ού c fut Hdt also μὴ ού c inf Id 3 in adverb phrases ἐκ

μηχανῆς τινος in some way or other Id μεδεμιῆι μηχανῆι by no

means whatsoever Id (LIDDLE amp SCOTT Greek-English

Lexicon)

Devemos antes de tudo notar as diferentes formas dialetais μηχανή (mechaneacute)

e μαχανά (machanaacute) a primeira pertencente ao dialeto aacutetico e a segunda ao dialeto

doacuterico A diferenccedila principal entre esse dois dialetos eacute como podemos notar a

predominacircncia no dialeto doacuterico da vogal α que equivale em portuguecircs ao nosso a

enquanto no aacutetico a vogal predominante eacute o η que equivale em portuguecircs ao nosso ε

Notamos que em grego antigo o significado para μηχανή (mechaneacute) liga-se ao

engenho mental meacutetodo o qual se aplica para alcanccedilar determinado fim

independentemente se esse meio eacute fiacutesico ou natildeo podendo ser traduzido por wiles (logro

engano) ou arts (arte induacutestria habilidade manha) como vemos em alguns exemplos

de frases dadas pelo proacuteprio dicionaacuterio ldquoμηχαναῖς Διός (mechanaacuteis Dioacutes = pela arte

de Zeus)rdquo a forma no grego natildeo se dissocia assim como no portuguecircs do sentido

intriacutenseco de mecanismo maneira meio (way) E junto a esse sentido estaacute o que foi

acolhido pelo leacutexico portuguecircs de utensiacutelio fiacutesico o qual se usa para alcanccedilar

determinado fim como os mecanismos de guerra como instrumentos em geral

maacutequinas O dicionaacuterio Liddell and Scott daacute o exemplo do artifiacutecio que Xerxes usou

para alcanccedilar a Heacutelade quando para da Aacutesia chegar agrave Greacutecia construiu uma ponte feita

62

de barcos interligados por cordas ligando as duas porccedilotildees de terra no Helesponto Para

isso Heroacutedoto o historiador que relatou a invasatildeo persa agrave Greacutecia denomina essa

induacutestria de Xerxes λαοπόροις μαχαναί (laopoacuterois machanaiacute) ldquoΛαοπόροςrdquo

(laopoacuteros) dicionariza-se como ldquoque serve como uma passagem para um povo

condutor de homensrdquo Dessa forma o sintagma pode ser entendido porque foi esse o

mecanismo que o rei persa usou para alcanccedilar seu alvo junto com seu imenso exeacutercito e

assim λαοπόροις μαχαναί pode ser traduzido para o portuguecircs simplesmente como

ldquoponterdquo Esse sentindo amplo do morfema μηχανή (mechaneacute) passa ao latim com

exatidatildeo

machinaae f Cic a machina militar o engenho v g de levantar pesos de

moinho etc Cic a catasta ou o logar em que se expunham os escravos para

se venderem Cic A machina astuacutecia o artifiacutecio engano Ulp Jctus O

andaime do pedreiro Machinari machinam Plaut Armar machinar ou

idear engano Adhibere machinas as aliquid Cic Applicar toda a astucia

para conseguir alguma cousa Mundi machina Lucr A machina do mundo

(Souza F A de Novo Diccionario Latino-Portuguez)

O sentido com o qual maacutequina chegou ao portuguecircs eacute muito reduzido se

comparado com o sentido que esse lexema possuiacutea no grego ou latim guardando

somente parte de suas possiacuteveis traduccedilotildees mais objetivo e objetivado

maacutequina Sf 1 Aparelho ou instrumento proacuteprio para comunicar

movimento ou para aproveitar pocircr em accedilatildeo ou transformar uma energia ou

agente natural 2 O conjunto orgacircnico das peccedilas dum instrumento

maquinismo mecanismo 3 veiacuteculo locomotor 4 utensiacutelio instrumento 5

fig Estrutura orgacircnica e harmocircnica 6 fig Construccedilatildeo importante complexa

ou suntuosa 7 fig Entidade ou organismo complexo 8 fig Multiplicidade

de coisas que se relacionam entre si 9 fig Pessoa sem ideacuteias proacuteprias e que

procede como autocircmato () (Aureacutelio 1988)

O uso do morfema se restringe a nomear os utensiacutelios fiacutesicos que se usam para

alcanccedilar determinado fim e mesmo quando usado conotativamente ldquofig Pessoa sem

ideias proacuteprias e que procede como autocircmatordquo a ideia eacute de algueacutem que eacute usado por

outro como um utensiacutelio fiacutesico como algo natildeo orgacircnico e objetificado Assim o lexema

63

maacutequina geralmente vem associado a um outro lexema que lhe decirc sentido ou algum

sintagma que o explique que instrumentalize o lexema maacutequina pois nota-se que esse

lexema torna-se geral como um determinante de algo mutaacutevel que natildeo possui um

sentido restrito por haver vaacuterias espeacutecies e tipos de maacutequinas Exemplo da segunda

constataccedilatildeo eacute o uso do lexema machina que em seguida para apresentar sua utilizaccedilatildeo

lemos o sintagma ldquopropria para marcar papelrdquo O pronome ldquoproacutepriardquo que acompanha

o sintagma nos daacute a entender que haviam outros tipos de maacutequinas inclusive dentro dos

trabalho com o papel como maacutequinas de furar papel por exemplo Aleacutem obviamente

de outros tipos que natildeo se assemelhavam agrave funccedilatildeo

O anuacutencio apresentado acima traz uma maacutequina que seria utilizada em um

ambiente especializado e bastante restrito Em termos de quantidade tratava-se de um

produto de produccedilatildeo sazonal certo de que a procura natildeo seria intensa O artefato era

uacutenico inclusive leia-se a quantidade expressa no anuacutencio ldquoVende-se uma machina

propria para marcar papelrdquo Ainda que seu produto se destine a um nuacutemero maior do

que aquele que faz uso da maacutequina era um grupo restrito aquele que usufruiacutea dele

A constituiccedilatildeo das civilizaccedilotildees se deu historicamente nos entornos de alguma

fonte de aacutegua uma vez que esse eacute um produto natural vital para o sucesso da vida na

terra A cada aumento populacional a cada passo dado rumo a uma vida mais urbana

distanciando-se da natureza o homem produziu um artefato tecnoloacutegico para trazer a

aacutegua cada vez mais para perto e cada vez de uma maneira menos trabalhosa Famosos

eram os canais artificiais da antiguidade no Nilo e o sistema de aqueduto romano

Quanto mais poder o homem tem sobre os recursos naturais maior o niacutevel de civilidade

a ele eacute outorgado

Para a sociedade brasileira oitocentista natildeo poderia ser diferente e nos anos idos

do seacuteculo em questatildeo podia se encontrar maacutequinas idealizadas exatamente para que a

facilidade em se obter aacutegua fosse maximizada

- 28 de janeiro de 1872 Campinas Gazeta de Campinas

BEacuteLIER HIDRAULIQUE (Machinas para suspender agua) ||Na Imperial

Officina Machina de AC Sampaio Peixoto construe-se as machinas acima

de diversos tamanhos para suspender agua a qualquer altura|Estas Machinas

satildeo de muita vantagem para quem tem agua distante da moradia podendo

com o emprego dellas trazel-a para aonde quizer e trabalham noite e dia

64

sem ser necessario meio algum para movel-a se natildeo a propria agua que

entrando por um tubo escapa parte e pela compressatildeo do ar daacute impulso a que

fica em outro fazendo-a subir a altura desejada|Satildeo de contruccedilatildeo simples e

duravel o que se garante| Na officina acima construiu-se uma muito pequena

que estaacute exposta ali para quem quizer vecircr e trabalha perfeitamente bem

suspendendo 23 pollegadas cubicas de agua por minuto aacute altura de 18 peacutes (25

palmos)

ldquoBeacutelier Hidrauliquerdquo era o nome fantasia de um tipo de maacutequina feita em

territoacuterio nacional Haacute uma oficina especializada para a produccedilatildeo em escala dessa

tecnologia Note-se que o que segue o nome do artefato eacute uma explicaccedilatildeo entre

parecircnteses para que o puacuteblico se certificasse do que se trataria ldquoMachinas para

suspender aguardquo A relaccedilatildeo com a aacutegua muito embora venha expressa pelo lexema

ldquohidrauliquerdquo necessitava segundo o anunciante ser atestada para que natildeo houvesse

duacutevidas O sintagma ocorre da mesma forma que a construccedilatildeo do anuacutencio anterior a

esse uma construccedilatildeo lexema + a preposiccedilatildeo lsquopararsquo + infinitivo uma forma de explicar

o uso do objeto

Seja para o conforto de ter aacutegua perto de casa para o uso cotidiano seja para levar

aacutegua agrave lavoura ter o poder sobre o elemento eacute uma demonstraccedilatildeo clara do afatilde

progressista que imperava no ideaacuterio paulista da eacutepoca que via na ciecircncia um degrau

seguro para alcanccedilar a modernidade

ALONSO (2003) citando Pereira Barreto nos diz o seguinte

ldquoAchamo-nos portanto neste dilema ou optar pela ciecircncia e seguir

resolutamente a vereda aberta pelos paiacuteses emancipados ou com fervor nos

lanccedilamos sobre os braccedilos da feacute e nos resignamos a natildeo ser ocupar senatildeo o

uacuteltimo lugar na retaguarda da civilizaccedilatildeordquo

(BARRETO 1876 VII)

O consumo dessa modernidade principalmente depois da deacutecada de 70 vem num

crescendo que impele consequentemente o incremento das possibilidades de produccedilatildeo

assim como bem atesta a propaganda do produto de AC Sampaio Peixoto A maacutequina

desse artiacutefice tinha grande variedade de tamanhos e que poderiam variar tambeacutem quanto

agrave capacidade de acordo com a vontade veja bem Vontade porque ele natildeo diz que leva a

65

aacutegua aonde precisar mas antes pode ldquocom o emprego dellas trazel-a para aonde

quizerrdquo A demonstraccedilatildeo de poder sobre algo tatildeo natural casa-se com o ideaacuterio

positivista da eacutepoca

Ao passo que novas tecnologias maquinais satildeo postas em jogo notamos que a

relaccedilatildeo sintaacutetica tambeacutem se inova Ao que nos parece os nomes que satildeo compostos

pelo lexema maacutequinamachina quando mais antigos ou de tradiccedilatildeo mais antiga como os

que nos serviram com exemplo nos anuacutencios anteriores seguem o padratildeo lexema + a

preposiccedilatildeo lsquopararsquo + infinitivo quando temos um artigo intermediaacuterio em se tratando da

linha histoacuterica vemos uma nova construccedilatildeo que pode ser lida equivalentemente em seu

sentido uma vez que tem a funccedilatildeo de identificar o uso do tipo de maacutequinamachina A

construccedilatildeo que se utiliza de complemento nominal com a construccedilatildeo lexema (maquina)

+ preposiccedilatildeo lsquodersquo + lexema (nome) formando uma palavra complexa para especificar o

tipo de maacutequina de que se trata

De Satildeo Paulo levantamos um anuacutencio de um tipo de machina que pode

exemplificar o que fora expresso no uacuteltimo paraacutegrafo

- 29 de julho de 1887 Satildeo Paulo Correio Paulistano

Machinas de costura|A Frederico Schulze amp Companhia|Importadores de

Machinas de Costura|Pedem ao respeitavel publico se digne visitar o seu

estabele|cimento para examinar o que haacute de melhor em machinas de|costura

dos afamados auctores e com todos os aperfeiccediloamentos|uacuteteis adoptados pela

technica moderna| Os seus preccedilos satildeo extremamente moacutedicos e ao alcance

de|todas as bolsas Aqui encontraraacute sempre o publico grande sortimento|de

machinas para tocar aacute matildeo aacute peacute aacute|peacute e matildeo com caixa ou sem| caixa

proacuteprias e perfeitas para todas as costuras desde a mais fina|cambraia ateacute o

mais en corpado algodatildeo|Os Senhores Alfaiates sapateiros selleiros

correeiros etc| tambem encontraratildeo nesta casa as mais aperfeiccediloadas

machinas jaacute|com accessorios que soacute a mechanica do progresso

hodierno|poderia adeptar para que taes machinas produzam

trabalhos|maravilhosos natildeo soacute pela perfeiccedilatildeo como pelo pouco tempo

comsumido|e pelo pequeno incommodo de quem as menejar para

produzirem|taes resultados Todas as machinas de nosso estabelecimento satildeo

garan|tidas porque soacute importaremos o que houver de bom solido elegante|e

perfeito nesta industria Tambeacutem ahi encontraraacute o respeitavel|publico artigos

concernento aacutes machinas de costura como agulhas|retroz oleo almotolias

66

correias peccedilas avulsas etc tudo de | superior qualidade a preccedilo moacutedico|

Rua de Satildeo Bento 62| Satildeo Paulo

As ldquoMachinas de costura de A Frederico Schulze amp Companhiardquo eacute um dos

anuacutencios mais interessantes que encontramos pela riqueza de detalhes quanto ao

produto e lexemas que se ligam ao produto assim como com o discurso positivista dos

artigos tecnoloacutegicos modernos da eacutepoca

Podemos comeccedilar notando que diferentemente das machinas hidraacuteulicas esse

produto tratava-se de um item que havia necessidade de importaccedilatildeo natildeo sendo

produzido em solo brasileiro Esse eacute um fator a ser notado que demonstra a forma de

comeacutercio que soacute pode ser instaurado apoacutes as transformaccedilotildees poliacuteticas e as poliacuteticas

econocircmicas que se instauraram no Brasil A abertura dos portos para produtos

importados ocorrida no seacuteculo XIX eacute o que possibilitou a entrada inclusive desse tipo

de maquinaacuterio em terras brasileiras A modernidade estrangeira estava sendo

incorporada uma vez que elas serviam como modelo Os importadores traziam para a

naccedilatildeo brasileira o que havia de melhor em machinas de costura de produtores afamados

mundo afora que se alinhavam ao que havia de technica mais moderna

Esse tipo de maquinaacuterio se punha disponiacutevel para todas as bolsas para todos os

tipos de trabalhadores (alfaiates sapateiros selleiros correeiros etc) de vaacuterias sortes

de funcionamento aleacutem de tratarem-se das mais aperfeiccediloadas machinas jaacute com

accessorios que soacute a mechanica do progresso hodierno Importante notarmos o teor

ufanista presente nesse anuacutencio no que condiz com a perspectiva acerca do momento

histoacuterico em que se encontravam julgavam-no como o aacutepice do status moderno A ideia

eacute reforccedilada pela forma adverbial de ldquosoacuterdquo

Os importadores garantem o seu produto como sendo do melhor tipo

independente do tipo de machina Atestam com suas proacuteprias palavras dizendo que ldquosoacute

importaremos o que houver de bom solido elegante e perfeito nesta induacutestriardquo A

gradaccedilatildeo nas escolhas dos adjetivos culmina no lexema ldquoperfeitordquo A raiz desse adjetivo

aparece constituindo vaacuterias outras palavras durante o texto Fala-se do aperfeiccediloamento

adotados pela teacutecnica hodierna das machinas que satildeo perfeitas para a costura das

machinas que se podem achar no estabelecimento que satildeo as mais aperfeiccediloadas ainda

da perfeiccedilatildeo com que se pode produzir trabalhos com essas machinas e alcanccedila o

trabalho finalmente realizado pela induacutestria de maquinas de costura os que seratildeo

67

importados porque satildeo perfeitos Vejamos que a tentativa do anunciante era a de que

textualmente seu produto se mostrasse intrinsicamente atrelado ao julgamento de que

se tratava de algo perfeito

Haacute um outro ponto nesse anuacutencio ao qual recorreremos mais adiante quando este

se refere a questatildeo do tempo

As duas formas de construccedilotildees sintaacuteticas apresentadas ateacute este ponto neste texto

podem ser lidas equivalentemente De tal modo que parafraseando lsquomachina de

costurarsquo temos em bom portuguecircs lsquomachina para costurarrsquo ou no sentido contraacuterio

para lsquomachina para suspender aacuteguarsquo temos como frase equivalente lsquomachina de

suspensatildeo de aacuteguarsquo comparando os dois anuacutencios que apresentamos ateacute agora e a

maneira como operam com o leacutexico

Quando o lexema machina aparece isolado sem qualquer tipo de associaccedilatildeo para

a formaccedilatildeo de palavras complexas ou sintagmas que expliquem o seu uso se refere a

uma gama de tipos desse artefato ou se trata de retomadas reduzidas do tipo de maacutequina

jaacute mencionada no texto dos anuacutencios Para exemplificar essa uacuteltima afirmaccedilatildeo podemos

tomar parte do anuacutencio logo acima transcrito

ldquo- 29 de julho de 1887 Satildeo Paulo Correio Paulistano

()Aqui encontraraacute sempre o publico grande sortimento|de machinas para

tocar aacute matildeo aacute peacute aacute|peacute e matildeo com caixa ou sem| caixa proacuteprias e perfeitas

para todas as costuras desde a mais fina|cambraia ateacute o mais en corpado

algodatildeo ()rdquo

Abrindo aqui um parecircntese ALENCASTRO9 nos conta sobre a tentativa do

Brasil do seacuteculo XIX de procurar se espelhar em certas naccedilotildees jaacute constituiacutedas na

Europa principalmente a Franccedila O autor nos fala sobre um certo ldquofranceismordquo

experimentado pela sociedade brasileira tanto no que tange a vida urbana quanto agrave vida

rural

9 Alencastro Luis Felipe de ldquoVida Privada e Ordem Privada no Impeacuteriordquo artigo que se encontra na obra

ldquoHistoacuteria da Vida Privada no Brasilrdquo Esta obra se propotildee a nos dar um panorama da vida no Impeacuterio

assim assim como as ideias sobre o processo civilizatoacuterio experimentada pelo Brasil no seacuteculo XIX

68

ldquoUm modo de vida caracterizado por uma cultura rica menos

desequilibrada que a da Itaacutelia menos ruacutestica que a da Espanha e Portugal

mais densa que a da Inglaterra mais presente do que a da Ameacuterica no

Norterdquo

(ALENCASTRO 1997)

Haacute de se ter em mente que a populaccedilatildeo urbana em comparaccedilatildeo agrave rural no Brasil

do seacuteculo XIX era em termos de grandeza numeacuterica menor e por isso mais presente

na vida enquanto sociedade Tendo entatildeo como fonte de paracircmetro civilizado a Franccedila

atraveacutes de folhetins operetas e romances que desembarcavam no Impeacuterio a elite

brasileira se mostrava uma grande consumidora do modelo escolhido Assim os

modelos de maacutequinas de costura vinham para incrementar ldquoas atividades domeacutesticas

das mulheres livres e escravasrdquo (ALENCASTRO 1997) respeitando seu espelho

Uma ferramenta muito uacutetil para atestados de discursos surgiu no iniacutecio do seacuteculo

XIX e foi recebida de maneira bastante calorosa Em 1826 o francecircs Niceacutephore Niegravepce

militar e cientista amador fascinado pela ideia da possibilidade do registro visual

consegue alcanccedilar a faccedilanha ainda que para ele natildeo tenha sido uma mostra de sucesso

de produzir o que hoje eacute considerada a primeira fotografia da histoacuteria Devido a teacutecnica

inicialmente utilizada pelo inventor que atraveacutes da luz capturava a imagem em oito

horas enquanto a luz do sol muda assim como as sombras o resultado final dessa

primeira fotografia era algo muito borrado mas promissor A associaccedilatildeo de Niegravepce e

Louis Daguerre que via o potencial da tecnologia resultou apoacutes a morte do primeiro e

com mais investimentos pelo segundo no incremento da teacutecnica possibilitando a

criaccedilatildeo de maacutequinas capazes de fotografar com mais perfeiccedilatildeo aquilo que se julgasse

digno de registro ao que o inventor nomeou daguerreotipo Outros inventores em

outros lugares do mundo vinham trabalhando em invenccedilotildees que procuravam o mesmo

resultado Talbot e Herschel na Inglaterra Hercules Florence que viveu no Brasil entre

1824 e 1879 na vila de Satildeo Carlos onde hoje eacute conhecido como Campinas que se

utilizou da proacutepria urina para alcanccedilar resultados satisfatoacuterios em seus experimentos em

1833 Sobre este uacuteltimo apesar de natildeo ter dado nenhum nome especiacutefico para sua

invenccedilatildeo aos resultados obtidos pela sua teacutecnica foi dado o nome de fotografia

Uma vez obtido sucesso a produccedilatildeo de maacutequinas fotograacuteficas poderia se tornar

produto para o mercado

69

- 22 de janeiro de 1879 Satildeo Paulo Correio Paulistano

PHOTOGRAFIA|AMERICANA|RUA DA IMPERATRIZ|Satildeo PAULO| O

propretaacuterio deste estabelecimento de volta de sua viagem aacute Europa continua

a trabalhar no mesmo estabelecimento o qual se acha augmentado com

machinas e utensiacutelios os| mais modernos|Neste estabelecimento que conta

16 annos de existencia (o mais antigo deste proviacutencia) continua-se a

trabalhar por todos|os sistemas de photografias desde o retrato em a|mais

pequena miniatura ateacute o tamanho natural|Encarrega-se de mandar pintar em

Pariz pelos melhores pintores qualquer retrato em|busto ou corpo inteiro a

oleo pastel ou aquarella bastando para isso um pequeno retrato|da pessoa

que se quizer retratar|Trabalhar-se todos os dias das 10 horas da manhatilde aacutes 4

horas da tarde natildeo importa o tempo chuvoso|OS SENHORES

PHOTOGRAFOS|encontraratildeo neste estabelecimento tudo que eacute mister aacute

mesma arte e pelos preccedilos do Rio de Janeiro|Retratos de ateacute Reacuteis 5$ a

duacutezia

Incriacutevel eacute notar a rapidez com que as tecnologias se potildee feitas logo satildeo

consumidas em sanha terriacutevel

O lexema machina neste anuacutencio diferentemente das utilizaccedilotildees sintaacuteticas

analisadas antes natildeo vem acompanhado de complemento que explique a sua utilizaccedilatildeo

como em machina de costura ou machina para suspender aacutegua O lexema se apresenta

sozinho o que nos faz crer que a familiaridade com o produto na eacutepoca era bastante

avanccedilado

O proprietaacuterio importava natildeo soacute as machinas e utensiacutelios mais modernos mas

trazia consigo o conhecimento dos sistemas pelos quais se poderia modernizar as

praacuteticas artiacutesticas da fotografia

Photografia foi um lexema adotado pela liacutengua portuguesa em 1858

fot(o) elem Comp do gr Photo- de phos photoacutes luz que se documenta em

numerosos compostos introduzidos nas liacutenguas modernas de cultura a partir

do seacutec XIX como fotografia fotometria fotosfera etc Pelo modelo de

fotografia cuja forma abreviada foto veio a constituir novo elemento de

composiccedilatildeo formaram-se dezenas de outros compostos tais como fotocarta

fotonovela fototeca etc () fotografia | photographia 1858 (CUNHA

2007)

70

Podemos notar como foi grande a aceitaccedilatildeo puacuteblica dessa nova tecnologia no

Brasil oitocentista como podemos notar pela quantidade de anuacutencios que se fizeram na

eacutepoca de casas especializadas nessa arte

- 24 de abril de 1870 Campinas Gazeta de Campinas

PHOTOGRAPHIA CAMPINENSE DE HENRIQUE ROSEN|| 28-RUA

DIREITA-28||Tira retratos todos os dias e por todos os systemas Para familia

- os preccedilos satildeo reduzidos consideravelmente

A photografia eacute importante para noacutes pois se trata de um registro que vai aleacutem do

comezinho natildeo eacute algo simplesmente para guardar um momento Antes carrega consigo

um discurso

ldquoEacute preciso compreender por exemplo que dentro de uma fotografia se

revela natildeo soacute a imagem em si ela traz consigo um contexto histoacuterico social

Expressa tambeacutem o olhar particular do fotoacutegrafo que tem um objetivo em

seu registro e este olhar eacute tambeacutem uma construccedilatildeo social o fotoacutegrafo eacute uma

construccedilatildeo social Portanto revela o autor da obra e revela aquele que vecirc a

imagem que para interpretaacute-la faraacute uso de conhecimentos jaacute adquiridos em

sociedade Todo esse enredo dentro de uma fotografia demonstra a amplitude

do ato de fotografar e a reaccedilatildeo da imagem gerada para terceirosrdquo

(FREITAS 2018 p 5)

As fotografias de D Pedro II para tomarmos o exemplo mais expressivo

carregavam sempre consigo algo a mais do que a imagem em si mas antes vinha repleto

de intenccedilatildeo dependendo da razatildeo da fotografia Mais do que uma construccedilatildeo social no

caso das fotografias do seacuteculo XIX muitas delas se prestavam para a construccedilatildeo de uma

sociedade aquela idealizada pela circunstacircncia

Na obra As Barbas do Imperador de Schwarcz haacute um capiacutetulo intitulado ldquoA

revoluccedilatildeo do daguerreacutetipo entre noacutesrdquo Sobre a corte eacute dito que o imperador do Brasil

aleacutem de grande entusiasta da tecnologia e das teacutecnicas fotograacuteficas ele mesmo se tornou

um fotoacutegrafo precoce ldquoo primeiro fotoacutegrafo brasileiro o primeiro soberano-fotoacutegrafo

do mundordquo Leia-se ainda ldquoNa verdade d Pedro faraacute da fotografia o grande

71

instrumento de divulgaccedilatildeo de sua imagem moderna como queria que fosse o reinordquo

(SCHWARCZ 1998 pg 345)

Entre agosto de 1839 quando o daguerreotipo foi anunciado na Academia de

Belas-Artes e de Ciecircncias em Paris e janeiro de 1840 tempo bastante curto para a

eacutepoca diga-se no Brasil a tecnologia estava introduzida exercitando a arte e a

curiosidade de nosso povo A arte fotograacutefica era vista como o grande marco da

modernidade

No produto avistava-se o casamento com a modernidade atestando o status

civilizado aleacutem de figurar como um negoacutecio para o enriquecimento pessoal uma vez

que os retratos a oacuteleo apresentavam preccedilos cada vez mais altos A procura por retratos

fotograacuteficos que eram feitos agraves duacutezias e que poderia ser dados como presentes ou

mesmo trocados se tornaram uma saiacuteda muito cocircmoda para aqueles que desejassem seu

retrato ou do que quer que fosse Atraveacutes dos retratos poderia se mostrar o quanto

civilizadamente moderno se era pelo produto e pela forma como eram realizados os

retratos Assim todos eram um pouco como o imperador propagandeando

Como se vecirc nos exemplos dados machina e modernidade se expotildeem de forma

associada e inseparaacuteveis ideologicamente

Uma vez incorporado o lexema agrave liacutengua inevitavelmente sofre fenocircmenos

morfoloacutegicos principalmente por fazer parte de uma aacuterea tatildeo produtiva quanto o campo

de novas tecnologias Dessa forma a partir do lexema machina e do fenocircmeno

derivacional que ldquoconsiste em formar palavras de outra primitiva por meio de afixosrdquo

(BECHARA 2007) novas palavras satildeo criadas (neologismos) para dar conta das novas

aacutereas que surgem a partir da adoccedilatildeo de novas tecnologias Assim da ldquopalavra simplesrdquo

machina com a adiccedilatildeo do sufixo derivacional agentivo ldquondashistardquo temos a denominaccedilatildeo da

pessoa que opera maacutequinas o machinista Segundo Cunha a adoccedilatildeo deste neologismo

se deu em 1813

maacutequina sf Qualquer utensiacutelio ou instrumento | machina 1572 | do lat

Machina deriv Do gr Dor Machana meio engenhoso para se conseguir um

fim () maquinista 1813 do fr Machiniste() (Cunha 2010)

Temos assim o exemplo dessa nova palavra em nosso corpus

72

- 27 de fevereiro de 1889 Satildeo Paulo Correio Paulistano

Engelberg Siciliano amp Companhia|Machinas para lavoura|privilegiadas pelo

governo imperial|Satildeo Paulo|No empenho de tornar cada vez mais conhecidas

as vantagens que sobre|quaesquer outras offerecam as nossas excellentes

machinas para a lavoura|chamamos a atenccedilatildeo do senhores fazendeiros para o

seguinte|descascador de cafeacute do ldquoengelbergrdquo|O descascador ldquoEngelbergrdquo eacute o

unico que absolutamente natildeo quebra cafeacute|apresentando aleacutem desta

incontestavel vantagem outras muitas taes como--|grande simplicidade e

solidez dispensando os tantos concertos que satildeo|precisos em outras

beneficio perfeitissimo devido ao seu excepcional e |unico systema pelo

qual o cafeacute se descasca brandamente sem estragar-se conservando por muito

tempo a sua cocircr natural e sendo por isso muito apreciado e procurado em

todos os mercados natildeo se perde nenhum gratildeo de cafeacute porque a palha sahe de

tal modo moiacuteda que eacute impossivel envolver cafeacute algum|natildeo acontecendo o

mesmo com outros descascadores os quaes apezar de|moerem o cafeacute

deixam a palha quase inteira envolvendo-se nella grande|quantidade de gratildeos

que afinal se perdem por na poderem ser separados|occupa menor forccedila do

que qualquer outro descascador para beneficiar a|mesma quantidade havendo

aleacutem disso grande economia de lenha e tempo| Enfim os numerosos

attestados que recebemos diariamente de illustrados|fazendeiros e as

experiencias feitas por muitas vezes em cotejo com outras|machinas em

cujas experiencias tem-se observado que os nossos descascadores|sugmentam

a safra ateacute dez por cento satildeo elementos mais que sufficientes para |

comprovar o que dizemos|E se isso ainda natildeo focircr bastanto nos obrigamos a

pagar a quantia de reacuteis 50$000|por arroba de cafeacute que sahir quebrado de

nossa machina condiccedilatildeo essa que nos | poderaacute impor qualquer

comprador|Ainda mais -- faremos prezente de um descascador de qualquer

tamanho|dos de nossa invenccedilatildeo a quem quizer nos dar em troca o cafeacute que

sobrar do cotejo com outro descascador de differente systema tomando-se

como base|quantidade egual de cafeacute em cocircco calculada para dar dez mil

arrobas|beneficiadas|Quer isto dizer que o nosso descascador nas primeiras

mil arrobas de cafeacute que | beneficia jaacute proporciona para o fazendeiro uma

economia cujo valor eacute superior|ao seu custo|Diante de vantagem tatildeo reaes e

incontestaveis excusado eacute encarecer os meritos desta machina e para sua

significativa importancia nos limitamos a reclamar em|geral a attenccedilatildeo da

lavoura do paiz a favor da qual revertem os seus beneficios|Ventilador de

cafeacute em cocircco|Apartador de pedras|Esta machina tambem muito simples de

tatildeo solida construcccedilatildeo como a|precedente torna se egualmente necessaria por

ser de grande vantagem e de|reconhecia utilidade notadamente nas fazendas

73

situadas em terrenos|pedregosos|Atenuando consideravelmente a penosa lide

da lavagem do cafeacute proporciona ao|fazendeiro uma grande economia de

tempo em relaccedilatildeo aacutequelle prejudicial|systema|O nosso ndash Ventilador para cafeacute

em cocircco ldquoApartador de pedrasrdquo duas machinas|adaptadas nrsquouma soacute peccedila

pelo que dispensa completamente o antigo ventilador|para cafeacute em cocircco

preencheu perfeitamente a lacuna que existia na lavoura|e tanto eacute isso

verdade que continuamos a receber constantemente pedidos dessa excellente

uacutenica e tatildeo invejada machina|Machina de beneficiar arroz Evaristo

Conrado|Este prodigioso producto da machina eacute superior a todo o encocircmio

que se lhe|possa fazer e para comprovar o que avanccedilamos basta nos-aacute

lembrar o imenso|sucesso que acaba de obter nos Estados Unidos da

America onde cauzou|assombro a sua apresentaccedilatildeo um publico

organizando-se desde logo uma|companhia com o elevado capital de um

milhatildeo de dollars para desenvolver o|seu fabrico em grande escala conforme

reclama a procura|A superioridade desta machina sobre qualquer outra eacute tatildeo

sensiacutevel que a torna unica no mundo De uma solidez e simplicidade

extremas dispensa o serviccedilo|de machinista profissional para dirigil-a sem

prejudicar nem mesmo de leve|este resultado-- natildeo quebra arroz brune-o

com admiraacutevel perfeiccedilatildeo e|toda a casca pondo-a em condiccedilotildees de prestar-se

a diversos misteres de grande|utilidade|Aleacutem disto a machina ldquoEvaristo

Conradordquo soacute occupa um pequeno espaccedilo para | seu funccionamento quando

as outras existentes sobre serem deficientes em|seus resultados satildeo de

grandes complicaccedilotildees e de preccedilo extraordinariamente|maior sendo ainda de

dispendiosissima montagem

Temos anuacutencio de um tipo de maacutequina que de tatildeo moderna e de tal autonomia que

ldquodispensa o serviccedilo de machinista profissional para dirigil-ardquo Lecirc-se nas entrelinhas

algo que vai aleacutem Nesse momento existe um profissional especializado em ldquodirigirrdquo

esse tipo de maacutequina mas que com a evoluccedilatildeo tecnoloacutegica se torna dispensaacutevel

Reiteramos aqui todo o empenho dos paulistas em se mostrar cada vez mais

adepto do cientificismo e das teacutecnicas cientiacuteficas O campo era a mina de onde se

retirava a riqueza desse povo A preocupaccedilatildeo com esse campo de pesquisa era grande

de modo a civilizar o campo modernizando-o assim como as cidades

O mundo cultuava a tecnologia Desde o iniacutecio da segunda metade do seacuteculo XIX

exposiccedilotildees chamadas de Exposiccedilotildees Universais ocorriam mundo afora em grandes

centros demonstrando toda sorte de trabalhos festejando o progresso

74

ldquoEacute nessa mesma eacutepoca que nosso imperador comeccedila a investir mais e mais

em uma imagem lsquoprogredidarsquo para o paiacutes no exterior O lsquomonarca inventorrsquo e

adepto das vogas cientiacuteficas combinava com o cidadatildeo do mundo que viajava

como um turista que se quer qualquerrsquordquo

(SCHWARCZ 1998 p 385)

A eacutepoca eacute a deacutecada de 80 O puacuteblico das exposiccedilotildees crescia a cada evento e se

destinava a propaganda das naccedilotildees e seus trabalhos O que cada naccedilatildeo tinha a oferecer

ao mercado externo Ser sede de uma dessas feiras era garantir visibilidade aleacutem do

grande retorno financeiro Participar como expositor tambeacutem obviamente trazia

visibilidade ao paiacutes dono do estande e a partir da terceira exposiccedilatildeo que aconteceu em

Londres em 1862 o Brasil foi presenccedila cativa (SCHWARCZ 1998)

O Brasil queria se mostrar civilizado e levava para os seus estandes o que era

produto do paiacutes cafeacute seu carro chefe chaacute erva mate guaranaacute arroz borracha tabaco

madeira entre outros produtos agriacutecolas Aleacutem do que era mais rural tambeacutem se

apresentavam produtos mais modernos tecnoloacutegicos ateacute como maquinaria em geral

materiais para estrada de ferro e construccedilatildeo civil teleacutegrafos armamentos militares

Produtos estes que seriam mais simboacutelicos no que tange a modernidade contudo eram

vilipendiados pelos visitantes do estande que premiavam o cafeacute e a ceracircmica marajoara

e mantinham a opiniatildeo de que o Brasil era um paiacutes exoacutetico

Ao menos a agricultura era premiada devido agrave excelecircncia de seus produtos

Retomemos o anuacutencio Este era destinado aos senhores fazendeiros para que

conhecessem um descascador de cafeacute que diferentemente daquelas que recheavam o

mercado trabalhava de modo a manter a integridade dos gratildeos da mesma sorte que

apenas o que sairia da maacutequina era o gratildeo sem resquiacutecios de palha O que era um

problema A adjetivaccedilatildeo utilizada para esta maacutequina e seu sistema de funcionamento

natildeo podia ser outro que natildeo perfeitiacutessimo Os vendedores punham tanta feacute em sua

tecnologia que se propunham a pagar pelas sacas de cafeacute que saiacutessem quebrados da

maacutequina

A maacutequina que dispensava machinista era uma destinada ao trato com o arroz

apoacutes a colheita e esta ausecircncia natildeo prejudicaria ldquonem mesmo de leve este resultado--

natildeo quebra arroz brune-o com admiraacutevel perfeiccedilatildeo e toda a casca pondo-a em

condiccedilotildees de prestar-se a diversos misteres de grande utilidaderdquo

75

71 Arte mecacircnica

Quando anteriormente chamamos a atenccedilatildeo para as duas formas dialetais

existentes do lexema machina μηχανή e μαχανά no grego natildeo foi de maneira

nenhuma sem um propoacutesito Ambas as formas influenciaram o leacutexico da liacutengua

portuguesa tendo formas lexicais adotadas em momentos distintos obviamente

formando radicais distintos mas logicamente associados quanto ao sentido

A forma doacuterica μαχανά como pode parecer claro influenciou a adoccedilatildeo no

leacutexico latino e ao radical que forma o lexema machina assim como palavras que dela

derivaram A forma faz parte de uma gama de outros lexemas que serviram de

empreacutestimos dos mais antigos respeitando o fluxo grego gt latim por questotildees histoacuterico-

geograacuteficas As colocircnias doacutericas situavam-se na Greacutecia ocidental parte delas mais

precisamente no sul da Itaacutelia na antiguidade Devido essa proximidade fiacutesica entre as

liacutenguas a influencia entre si acontecia naturalmente

A forma aacutetica μηχανή (mechaneacute) jaacute no grego era muito mais produtiva na

formaccedilatildeo de palavras influenciando outro ramo lexicograacutefico o que nos presenteou

com a forma mechanica Essa segunda forma dialetal pocircde ser mais produtiva muito

devido a sua origem A partir seacuteculo IV aC o dialeto falado em Atenas alcanccedilou a

promoccedilatildeo agrave liacutengua modelo devido sua importacircncia no processo civilizatoacuterio do territoacuterio

(LUumlDTKE 1974) Como o francecircs falado em Paris que nos dias de hoje tem sua

importacircncia internacional ou em um grau reduzido podemos exemplificar esse fato

fazendo uma associaccedilatildeo com o portuguecircs falado no Brasil e o dialeto (ou dialetos) do

sudeste que pode natildeo ser tido como modelo explicitamente mas ainda hoje eacute o dialeto

no territoacuterio nacional com maior prestiacutegio o dialeto preferido para o uso na televisatildeo

por exemplo sendo o mais difundido

Como dito a forma aacutetica era muito mais produtiva do que a forma doacuterica no

proacuteprio grego antigo dando origem a palavras como μηχάνημα (mechaacutenema)

μηχανητέον (mechaneteacuteon) μηχανητικός (mechanetikoacutes) μηχανικός

(mechanikoacutes) μηχανική (mechanikeacute) etc Atentemos para este uacuteltimo Este lexema

faz parte de uma lista especiacutefica de substantivos criados no grego para nomear artes

teacutecnicas O sufixo κή (keacute) foi amplamente utilizado por Platatildeo e seus disciacutepulos como

Aristoacuteteles para nomear aacutereas de estudo que abrangiam campos de conhecimento e esse

76

conhecimento deveria ser focado e especificado para que dessa forma esse

conhecimento pudesse ser transmitido Assim vaacuterios outros neologismos foram

adotados ainda no grego por volta do seacuteculo V aC a partir desse fenocircmeno que aplica a

sufixaccedilatildeo como γραμματική (gramatikeacute) ποιητική (poietikeacute) ῥητορική (retorikeacute)

e o caso que nos interessa μηχανική (mechanikeacute) entre outros que se dicionarizam

respectivamente arte gramaacutetica arte poeacutetica arte retoacuterica e consequentemente arte

mecacircnica Eacute fato que a adoccedilatildeo μηχανική (mechanikeacute) eacute posterior agrave grande profusatildeo de

neologismos utilizada por Platatildeo mas que segue as mesmas diretrizes para a criaccedilatildeo de

novos lexemas Sendo uma mateacuteria de estudo naturalmente surgiram tratados e

compecircndios sobre os assuntos ainda na Greacutecia claacutessica e posteriormente visto que toda

τέχνη (teacutechne) supotildee ensinamento e aprendizado

Desta sorte o sentido jaacute presente no grego chega atraveacutes do latim ao portuguecircs

mecacircnica sf 1 Ciecircncia que investiga os movimentos e as forccedilas que os

provocam 2 obra atividade ou teoria que trata de tal ciecircncia3 o conjunto

das leis do movimento 4 estrutura e funcionamento orgacircnico 5 aplicaccedilatildeo

praacutetica dos princiacutepios de uma arte ou ciecircncia 6 tratado ou compecircndio de

mecacircnica 7 exemplar de um desses tratos ou compecircndios 8 fig

combinaccedilatildeo de meios de recursos mecanismo () (Aureacutelio 1988)

O termo segundo CUNHA (2010) em seu ldquoDicionaacuterio Etimoloacutegico da Liacutengua

Portuguesardquo teve sua primeira ocorrecircncia no seacuteculo XVI

mecacircnico adj relativo agrave Mecacircnica parte da Fiacutesicarsquo maquinal versado em

Mecacircnica operaacuterio que se ocupa da conservaccedilatildeo e conserto de motores

artista artesatildeo () mecacircnica XVI Do lat mechanica deriv do gr

mechanikeacute

(Cunha 2010)

Assim como o lexema machina mechanica carrega consigo um peso grande

difiacutecil de dissociar da ideia de modernidade por serem obviamente associados no que

tange ao campo de aplicaccedilatildeo e familiaridade A ciecircncia mecacircnica desdobra-se

acompanhando lado a lado os novos inventos sempre sendo ampliado para dar conta de

novos movimentos movimentos que vatildeo ao encontro da modernidade Pois eacute por essa

77

teacutecnica por essa arte por essa ciecircncia que os novos inventos inventos mecacircnicos

podem vir agrave luz

O lexema realmente jaacute fazia parte do leacutexico da liacutengua portuguesa para definir uma

ciecircncia que evoluiacutea a passos lentos Contudo eacute no seacuteculo XVIII na Inglaterra que com

a dita ldquoRevoluccedilatildeo Industrialrdquo e depois no seacuteculo XIX com a propagaccedilatildeo desta

revoluccedilatildeo pelo mundo aleacutem do advento de uma segunda fase que esse lexema toma

novas cores tambeacutem se associando a palavra revoluccedilatildeo em voga na eacutepoca chegando-

se mais agrave ideia de inovaccedilatildeo de modernidade Podemos notar o discurso ufanista em

relaccedilatildeo agraves novidades tecnoloacutegicas e agrave ciecircncia que possibilita sua existecircncia e avanccedilo nos

anuacutencios que analisamos

Em anuacutencio analisado anteriormente neste mesmo trabalho chamamos a atenccedilatildeo

para a palavra mechanica utilizada para dizer da modernidade como as machinas de

costura vinham sendo produzidas na eacutepoca em estudo Naquela anaacutelise demonstramos a

relaccedilatildeo entre a teacutecnica e os avanccedilos civilizatoacuterios

Aleacutem dos avanccedilos tecnoloacutegicos praacuteticos que podem ser usados como ferramentas

para um maior conforto seja no momento do trabalho seja na organizaccedilatildeo social

comungada pela elite da eacutepoca o Brasil punha-se a consumir o que havia de inovaccedilatildeo

cultural ou ferramenta cultural como eacute o caso do nosso proacuteximo exemplo do uso do

lexema mechanica

- 12 de julho de 1828 Satildeo Paulo O Farol Paulistano

Joatildeo Pedro Latzon tem a honra de participar| ao respeitavel Publico que elle

proximamente che|gou de Londres aacute esta Capital onde pertende exhi|bir

algumas Artes Liberaes ou Optica Mechanica| com toda subtileza

perfeiccedilatildeo e delicadeza a que| eacute possiacutevel chegar na casa da Opera desta

mesma| Cidade no dia 13 do corrente mez de Julho Todos| os Senhores e

Senhoras que quizerem honrar o dic|to espectaculo com as suas presenccedilas

queiratildeo se| dirigir aacute casa do Senhor Guilherme Hopkins morador| na Ponte

de Lorena desde as 10 horas da manhatilde| ateacute as 4 da tarde do referido dia 13

onde acharaacuteotilde| os Bilhetes natildeo soacute dos Camarotes como da Pla|tea em cuja

occasiatildeo espera o Reprezentante rece|ber a competente esportula_Principiaraacute

agraves 8 horas| NoteBem A esportula dos Camarotes Platea| e Varanda eacute a do

costume

78

O exemplo desse anuacutencio vem dialogar com um avanccedilo importantiacutessimo quanto

ao trato que a humanidade realizava com o que lhe eacute proacuteprio e distintivo

No mundo grego a distinccedilatildeo entre as artes punha as mecacircnicas num patamar de

menor importacircncia do que aquelas que satildeo realizadas acessando a subjetividade

Aristoacuteteles dividia as ciecircncias de sua eacutepoca como sendo de trecircs tipos as teoacutericas as

praacuteticas e as poeacuteticas Elas respeitavam certa hierarquia que se relacionava com o que eacute

mais interior e mais proacuteximo do espirito As que tocavam o que era mais interior eram

consideradas superiores agravequelas mais mecacircnicas

Se por um lado a teacutechne segundo se relaciona com a esperteza com a astuacutecia

assim como com as habilidades nas produccedilotildees humanas Por outro a espisteacuteme se

relaciona com o saber fazer algo com o conhecimento Logicamente a teacutechne tambeacutem

se relacionava com o conhecimento teoacuterico para que se possa explicar como funciona

cada um dos procedimentos postos em praacutetica

ldquoPara Platatildeo teacutechne consistia em compreender o procedimento de

determinada coisa mas que natildeo se reduzia ao mero jeito de fazer Jaacute para

Aristoacuteteles teacutechne referia-se agrave produccedilatildeo de algo enquanto episteacuteme agrave

construccedilatildeo de um discurso racional demonstrativo com a finalidade de

comunicar o conhecimento A teacutechne natildeo tinha em si mesma uma finalidade

era sempre instrumental o meio com o qual se atingia alguma coisardquo

(SILVA 2014 p 3)

Houve trabalhos durante o medievo que procuraram aproximar as ciecircncias

estreitando a relaccedilatildeo entre o homo sapiens e o homo artifex de modo a clarificar o que eacute

inseparaacutevel para a humanidade a inteligecircncia sagaz e a engenhosidade teacutecnica A partir

da idade meacutedia e suas mudanccedilas com relaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo novos modelos do diacutestico

ensino aprendizagem satildeo praticados que se distanciavam das antigas praacuteticas de

passagem de conhecimento entre artesatildeos gt aprendizes Toda forma de aprendizagem

na Era Medieval era uma escola mas com o desenvolvimento e surgimento de novas

teacutecnicas a relaccedilatildeo evoluiu demandando inovaccedilatildeo

A educaccedilatildeo profissional no Brasil no seacuteculo XIX foi foco de reflexotildees e accedilotildees

para corresponder agraves expectativas de um mundo que se modernizava em velocidade

muito grande Na eacutepoca notava-se a necessidade de uma educaccedilatildeo mais universal natildeo

apenas como uma prerrogativa da elite Por exemplo para que existisse um maquinista

79

especialista que operasse as maacutequinas era necessaacuterio que se realizasse uma accedilatildeo em que

se fixasse um aprendizado sobre seu funcionamento

ldquoA sociedade jaacute natildeo estava mais baseada numa economia latifundiaacuteria das

grandes propriedades mas no ldquo[] regime da pequena propriedade e a

supremacia da riqueza moacutevel A condensaccedilatildeo de ontem cede o domiacutenio agrave

difusatildeo de hoje o bem estar intelectual e econocircmico generaliza-se []rdquo

(SOUZA FILHO 1887 p 8) A defesa por uma educaccedilatildeo de todos eacute

convicccedilatildeo moderna natildeo observada na Antiguidade nem na Idade Meacutedia Para

Souza Filho (1887) o ensino e a educaccedilatildeo cotileacutedones da mesma semente

ldquo[] satildeo os princiacutepios vitais da civilizaccedilatildeo [] Sem ensino e educaccedilatildeo

tornam-se inviaacuteveis a ordem moral os meios de se assegurar o

desenvolvimento humano o progresso a justiccedila e uma sociedade de paz A

democracia e a evoluccedilatildeo econocircmica exigem educaccedilatildeo e lsquoprogresso da

instruccedilatildeorsquordquo

(SILVA 2014 p 5)

Numa naccedilatildeo que vinha investindo pesadamente em um futuro dentre os grandes o

investimento da educaccedilatildeo servia para fazer coro com o discurso de progresso

Entretanto o sistema educacional brasileiro carecia de certa atualizaccedilatildeo Era formada

toda casta de funcionaacuterios puacuteblicos advogados meacutedicos poliacuteticos nas salas das escolas

brasileiras mas deixava-se de lado uma aacuterea que carecia de profissionais ligadas agrave

agricultura comeacutercio e induacutestria que se ligavam diretamente ao progresso econocircmico

pelo menos ateacute a primeira metade do seacuteculo XIX As mudanccedilas aconteceram

lentamente e truncada por discussotildees e accedilotildees de ordem partidaacuterias Mas as artes

mecacircnicas foram sendo introduzidas na realidade do paiacutes a fim de assegurar matildeo de

obra especializada que pudesse corresponder ao mercado de trabalho que por sua vez

asseguravam os passos rumo agrave modernidade

O anuacutencio entatildeo nos serve para vem fazer conhecer os serviccedilos de Joatildeo Pedro

Latzon que vinha apresentar com perfeiccedilatildeo e delicadeza algumas dessas artes liberais

ou optica mecacircnica saberes esses trazidos do exterior pois este vinha de viagem

realizada agrave Londres

Podemos deduzir a partir da raiz que o uso do lexema como adjetivo eacute posterior

ao uso do mesmo lexema como substantivo e uma vez adjetivado se potildee no jogo

gramatical podendo sofrer todas as operaccedilotildees no que diz respeito ao uso de um adjetivo

80

como por exemplo as flexotildees de gecircnero e nuacutemero Dessa forma o adjetivo mechanica

eacute flexionado respeitando o gecircnero do substantivo o qual determina Sendo um adjetivo

com tema em -o a alternacircncia de gecircnero para o feminino se faz com a adiccedilatildeo do sufixo

flexional -a

Notemos que o sintagma vem parafraseado anteriormente por ldquoartes liberaisrdquo um

tipo de arte especiacutefico que visa o ensinamento a formaccedilatildeo pessoal do indiviacuteduo Esse

pensamento acompanha as ideias de formaccedilatildeo de naccedilatildeo em voga na eacutepoca Para se

construir uma naccedilatildeo eacute importante formar cidadatildeos Assim a arte liberal eacute uma

ferramenta que deve ser usada para essa formaccedilatildeo arte liberal ou ldquooptica mechanicardquo

um mecanismo

Acreditamos que este seja o momento de explanarmos que esse sintagma eacute

construiacutedo a partir de duas palavras que possuem raiacutezes gregas ldquoOpticardquo tem sua raiz

em ὄψις (oacutepsis) e esta se dicionariza da seguinte forma

ὄψις ἡ gen εως Ion ιος (from ΟΠ Root of ὄψομαι) I look

appearance aspect of a person or thing Lat Species oris aspectus II

Soph εἰκάζεσθαι απὸ τῆς φανεπᾶς ὄψεως Thuc - acc Absol In

appearance Pind Att 2 the countenance face Eur etc 3 = θέαμα a

sight Aesch Eur etc ἄλλην ὄψιν οἰκοδομημάτων other architectural

sight Hdt τῆι ὄψει from what they saw Thuc 4 a vision apparition Hdt

Trag II Eyesight vision Hom Hdt Att in pl the organs of sight the

eye Soph Xen 2 view sight Lat Conspectus ἀπικέσθαι ἐς ὄψιν τινί to

come into onersquos sight ie presence Hdt εἰς ὄψιν τινός or τινί ἥκειν

μολεῖν ελθεῖν περᾶν Aesch Eur (Liddle amp Scott Greek-English

Lexicon)

A partir da raiz assim como eacute o caso de μηχανή (machina) e μηχανική

(mechanica) um substantivo derivado se formou o neologismo ὀπτική (οptikeacute) a partir

do uso do sufixo κή (keacute) Como explicado anteriormente a esse sufixo agrega-se o

sentido de arte teacutecnica Essa palavra foi adotada pelo latim meacutedio com o sentido de

arte

optice es f Vitr a oacuteptica parte da mathematica que trata da luz e da visatildeo

directa (Souza F A de Novo Diccionario Latino-Portuguez)

81

Uma vez constituinte da liacutengua latina e com o passar dos anos o lexema sofreu

algumas alteraccedilotildees no que tange ao sentido aumentando o seu campo de

conceitualizaccedilatildeo e dessa forma eacute dicionarizado por Aureacutelio

oacuteptica Sf 1 parte da fiacutesica que investiga os fenocircmenos de produccedilatildeo

transmissatildeo e detecccedilatildeo eletromagneacutetica de comprimento de onda

compreendido aproximadamente entre 10 Aring e 1 mm 2 tratado ou compecircndio

acerca dessa mateacuteria 3 exemplar de um desses tratados ou compecircndios 4

aspecto ou perspectiva dos objetos vistos 5 estabelecimento onde se vendem

eou fabricam instrumentos oacutepticos sobretudo oacuteculos ou lunetas 6 fig

Maneira de ver de julgar de sentir conceito ou ideia particular (Aureacutelio

1988)

Cunha nos atesta que a primeira ocorrecircncia deste lexema no portuguecircs se deu em

1813 o que nos daacute a certeza de que a arte mecacircnica daquele tempo realmente fazia uso

de tudo o que era de novo para a eacutepoca e se disseminava com uma consideraacutevel

velocidade como dito pelo anunciante no anuacutencio anterior ao que estamos analisando

por ora ldquoaccessorios que soacute a mechanica do progresso hodierno poderia adoptarrdquo

72 Dono de seu proacuteprio tempo

Haacute seacuteculos talvez milecircnios o homem procurando se tornar atuante e dono de seu

tempo tanto da eacutepoca em que viviam quanto de seus momentos vividos no cotidiano a

ponto de hoje em dia haver capitalizado seu tempo e expresso isso com a maacutexima time

is money vem procurando maneiras de marcar o tempo com a invenccedilatildeo de diversas

formas de determinaacute-lo Desde a clepsidras agraves ampulhetas reloacutegios solares e os das

torres das igrejas invenccedilotildees que visavam uma organizaccedilatildeo social de acordo com as

horas do dia a ideia de reloacutegio servia como predeterminaccedilatildeo dos compromissos dos

cidadatildeos Sem duacutevida a invenccedilatildeo veio para moldar uma nova forma de medida

temporal

82

O lexema reloacutegio tem em sua raiz e origem uma palavra que determinava as

estaccedilotildees do ano assim mais tarde atrela-se ao sentido da palavra e de outras que dela

derivariam qualquer divisatildeo temporal

ὥρα Ion ὥρη ἡ Ep gen pl ὡράων Ion ὡρέων poet dat pl

ὥραισι Lat hora any time or period whether of the year month or day

(νυκυτός τε ὥραν καὶ μηνὸς καὶ ἐνιαυτοῦ Xen) hence I A part of

the year a season in pl the seasons (hellip) (Liddle amp Scott Greek-

English Lexicon)

Assim com essa ideia de divisatildeo temporal e tendo o grande marcador de tempo a

sua disposiccedilatildeo os primeiros reloacutegios foram os solares Inclusive Liddell and Scott

mencionam em seu dicionaacuterio a existecircncia de um reloacutegio solar Outros dicionaacuterios

trazem a evoluccedilatildeo da palavra ὥρα (hoacutera) que nos daacute o lexema que nos serve para

anaacutelise

ὡρολόγ-ιον τό A an instrument for telling the time a dial or clock ὡ

σκιοθηρικόν the sun-dial of Anaximenes PlinHN2187 a sun-dial

(ὡρολόγιον) at Zea (Piraeus) mentioned in PHaw81 (Att periegesis of iii

B C pap of ii A D) ldquoἀπὸ τοῦ σκιακοῦ ὡρολογίουrdquo

IGRom4293ai35 (Pergam prob 1276 BC) cf Cleom110sq Gem823

Plu21006f CIG1947 (loc inc) InscrCos57 Suid (who writes it

ὡρολογεῖον) ὡ ὑδραυλικόν a water-clock = κλεψύδρα cf

Aristocl apAth4174c PlinHN7213 Bato 214 ldquoμηχανικὰ ὡrdquo AchTat

IntrArat256 the dimensions of a water()-clock are given in POxy47031

(iii A D) (Perseus online)

E assim Liddell and Scott dicionarizam ὡρολόγιον (horoloacutegion) como um

instrumento que diz as horas um mostrador e menciona o reloacutegio solar de Anaxiacutemenes

localizado no Pireus

Com a grafia horologium esse lexema passa ao latim com a ideia ainda de reloacutegio

solar advinda dos gregos que era a forma mais praacutetica para se determinar o tempo

naquele tempo

83

Contudo ainda nos atestam Liddel and Scott outras formas de medida temporal

imediata - quando digo imediata me refiro agraves horas do dia Haacute o uso de um ὡρολόγιον

ὑδραυλικόν (hopoloacutegion hydraulikoacuten) um reloacutegio que utilizava em seu mecanismo a

aacutegua nomeado de κλεψύδρα (clepsidra) que eram usados para determinar o tempo de

cada orador nas assembleias principalmente na Acroacutepole de Atenas Haacute de se notar que

a democracia ateniense eacute a maior demonstraccedilatildeo de civilidade e sociabilizaccedilatildeo dentre os

gregos

Acompanhando a evoluccedilatildeo humana o reloacutegio eacute desenvolvido adotando novos

mecanismos para seu funcionamento mais exato e o reloacutegio na torre da igreja que se

localizava no centro das cidades determinava o andamento dos viveres das sociedades

que rumavam para a civilidade Do reloacutegio da torre ao reloacutegio de algibeira num

movimento indivualizador o homem tem o tempo em suas matildeos O homem livre era

dono do seu tempo Durante muitos anos os reloacutegios de bolsos eram uma forma

determinante de status social sendo considerados verdadeiras joias com correntes de

ouro pedrarias e afins destinado agraves elites

No iniacutecio do seacuteculo XIX brasileiro as horas diurnas que como diz

ALENCASTRO costumavam ter sua medida ajustada aleatoriamente e ateacute

desnecessaacuteria com a chegada dos reloacutegios de bolso as horas agora necessitam de certo

acerto e os seus tempos poderiam ser ldquomarcados passo a passo de cebolatildeo na matildeo nas

casas nas fazendas nas estradasrdquo enfim em todos os lugares onde houvesse homens

livres

Em 1829 chega a Satildeo Paulo um relojoeiro que pretendia instalar-se na cidade e

prover agrave sociedade paulistana reloacutegios de todas as qualidades

- 11 de janeiro de 1829 Satildeo Paulo O Farol Paulistano

He chegado nesta Cidade vindo de Pariacutes Bont|te Dillon Fabricante de

reloacutegios de todas qualidades| e tambegravem faz todos os concertos aos ditos

reloacutegios e| traz tambem bastantes feitos porisso faz publico a todos| os

Senhores que quizerem utilizar-se do supplicante| para alguma obra o que

faraacute muito comodo e mora na| Rua do Ouvidor numero 49 onde tambem tem

fazendas e modas Francezas

84

A vida social daqueles que queriam alcanccedilar o patamar civilizado deveria se

adequar ao que era o modelo a vida social europeia Alencastro nos conta sobre a

inauguraccedilatildeo em 1850 de uma linha regular de navio a vapor entre Liverpool na

Inglaterra e o Rio de Janeiro Dessa forma os horaacuterios deveriam estar adequadamente

sincronizados Os navios ingleses atracavam no porto do Rio com tal pontualidade

saindo todo dia 24 do mecircs para chegar exatamente no dia 21 do mecircs seguinte mexendo

com o imaginaacuterio de toda a corte

A acircnsia pela modernidade e pelo status civilizado eacute o maior motor para o

consumo de bens como o reloacutegio Assim principalmente apoacutes a segunda metade do

seacuteculo XIX a demanda desse tipo de bem aumenta em grande escala do mesmo modo

que profissionais para suprir a demanda tanto no que diz respeito agrave venda quanto no que

diz respeito a concertos

- 5 de outubro de 1852 Satildeo Paulo Aurora Paulistana

- 15 de outubro de 1852 Satildeo Paulo Aurora Paulistana

JOSErsquo PHILIPPE SALMAN mora | dor na rua de Satildeo Bento nuacutemero 16

participa | ao respeitavel publico e especialmente | aos seus freguezes que

elle tem para | vender um completo sortimento do | oculos de todas as

qualidades lunetas | vidros avulsos oculos de alcance di- | tos para theatro

bengallas ampc ampc | na mesma casa continua-se a vender | e concertar

relogios de todas as qua- | lidades

O poder sobre seu proacuteprio tempo ultrapassa os limites do urbano e as fronteiras

das cidades Inventar maacutequinas para as lavouras que natildeo prescindisse de um maquinista

eacute retirar o homem do trabalho braccedilal subtrair o agente da arte mecacircnica para que seu

tempo pudesse ser investido em artes liberais mais dignificantes

Em anuacutencios jaacute analisados notamos muitas vezes que o diferencial das novidades

maquinais era o tempo gasto no trabalho dessas maacutequinas Quando fora anunciado as

machinas de costura textualmente se fala natildeo somente da perfeiccedilatildeo de seus trabalhos

mas tambeacutem da economia de tempo para que o trabalho seja efetivado

- 29 de julho de 1887 Satildeo Paulo Correio Paulistano

85

[] Os Senhores Alfaiates sapateiros selleiros correeiros etc| tambem

encontraratildeo nesta casa as mais aperfeiccediloadas machinas jaacute|com accessorios

que soacute a mechanica do progresso hodierno|poderia adeptar para que taes

machinas produzam trabalhos|maravilhosos natildeo soacute pela perfeiccedilatildeo como pelo

pouco tempo comsumido|e pelo pequeno incommodo de quem as menejar

para produzirem|taes resultados []

Quando se anunciam as machinas importadas por Engelberg Siciliano amp

Companhia maacutequinas para lavoura a preocupaccedilatildeo em especializar o maquinaacuterio da

aacuterea econocircmica que movimentava o comeacutercio interno e externo do Brasil via-se como

melhoramento dos trabalhos a economia de tempo gasto nele como fator importante

- 27 de fevereiro de 1889 Satildeo Paulo Correio Paulistano

[] Atenuando consideravelmente a penosa lide da lavagem do cafeacute

proporciona ao fazendeiro uma grande economia de tempo em relaccedilatildeo

aacutequelle prejudicial systema []

O trabalho aacuterduo penoso que antes era feito pelos braccedilos e corpos do fazendeiro

(e de seus escravos e posteriormente empregados) poderia ser atenuado pelo uso das

machinas que lhe renderia uma grande economia de tempo se comparado com outros

systemas jaacute ultrapassados pela excepcional mechanica hodierna

O homem livre dono de seu tempo para conquistar o poder de ter seus passos

marcados pelo reloacutegio em suas matildeos se dirigia agraves lojas de iniacutecio que tinha uma vasta

gama de produtos a serem adquiridos

Neste momento ainda nota-se que o artigo eacute vendido em algumas lojas natildeo

especializadas como no caso do anuacutencio de 5 de outubro de 1852 do jornal Aurora

Paulistana em que o senhor Joseacute Philippe Salman aleacutem de vender outros artigos

destinados agrave vida cultural da proviacutencia tambeacutem concertava e vendia relogios Mas

assim com aconteceu com a fotografia torna-se notaacutevel a necessidade de fundar um

novo comeacutercio no Brasil lojas especializadas em reloacutegios com um nome relacionado

ao artigo tatildeo especial e que necessitaria de profissionais especializados O lexema jaacute

fazia parte da liacutengua portuguesa desde o seacuteculo XVIII como nos atesta CUNHA mas eacute

no seacuteculo XIX que se faz maior uso dessa palavra nos anuacutencios de jornais e nas placas

em frente agraves lojas brasileiras Relojoaria

86

- 14 de outubro de 1874 Campinas A Mocidade

RELOJOARIA || DO || REGULADOR CAMPINENSE ||Penteado amp Nunes

|| LARGO DA MATRIZ VELHA Nuacutemero 39|| Acaba de receber um

completo sortimento de relogios de parede e algibeira de lindos gostos sendo

vendidos por commodo preccedilo affianccedilados por um anno Rcebeu mais lindo

sortimento de pince-nez tanto de vidro de cor como de grao despertadores

correntes de ouro prata plaquet | Relogios | Para torres ou fazendas

encarregando-se os donos do estabelecimento da sua collocaccedilatildeo e

affianccedilando a boa marcha por cinco annos|| CONCERTOS PERFEITOS E

AFFIANCcedilADOS|| POR UM ANNO

Neste anuacutencio se faz perceber o cuidado que se tinha na manufatura desse tipo de

artefato e que vem re-afirmar o que mencionei anteriormente sobre os reloacutegios de

algibeira ser destinados agraves elites aos homens de bem Por se tratar de uma relojoaria

ou seja uma loja especializada em reloacutegios aleacutem de comercializar o produto

comercializa todo o tipo de material relacionado como as correntes que prendem os

reloacutegios agrave roupa de seu usuaacuterio Mas natildeo satildeo quaisquer tipos de correntes satildeo correntes

de ouro de prata ou no pior dos casos revestidas com plaquecirc Claro que essa gradaccedilatildeo

de valor monetaacuterio refletia o valor que era preciso desprender ao portador de dado

artefato

A partir do momento em que o homem deixa de ser dependente da hora natural

imposta pela luz do sol e dentro de uma comunidade civilizada onde as

responsabilidades excediam agraves horas do dia noite adentro eacute de extrema necessidade o

desenvolvimento de mecanismos que possibilitem a vida social noturna Iluminaccedilatildeo

artificial eacute a saiacuteda Archotes luz de velas foram por anos a fio utilizados pelas

sociedades que vieram antes da chegada do lampiatildeo que iluminavam os passeios

puacuteblicos e as residecircncias do seacuteculo XIX

O lexema liga-se pelo radical com lacircmpada que chegou atraveacutes do latim agrave liacutengua

portuguesa O original grego eacute λαμπάς (lampaacutes) no nominativo singular possuindo

uma raiz diferente para as demais declinaccedilotildees com a adiccedilatildeo de uma dental sonora (δ)

desta forma a raiz para as demais formas declinadas que natildeo o nominativo eacute λαμπαδ-

Liddell and Scott define o lexema da seguinte forma

87

λαμπάς άδος ἡ (λάμπω) a torch Aesch Soph etc a beacon-light

Aesch - later an oil-lamp NT Anth 2 metaph of the sun Soph Eur

etc ἡ ἐπιοῦσα λ the coming light ie the next day Eur II the torch-

race like λαμπαδηδρομία Hdt λαμπάδα δραμεῖν to run the race

Ar (Liddle amp Scott Greek-English Lexicon)

Os lampiotildees do seacuteculo XIX nada mais eram do que pequenas tochinhas dentro de

invoacutelucros de vidro muito rudimentares ou ainda pequenos candeeiros que tinham

como combustiacutevel oacuteleo azeite e posteriormente kerosene que serviam sobretudo para

iluminaccedilatildeo de interiores

As cidades que nos servem para anaacutelise de seus anuacutencios em nosso trabalho

possuiacuteam no seacuteculo XIX uma precaacuteria iluminaccedilatildeo puacuteblica que foi sendo melhorada

paulatinamente atraveacutes dos anos Mas quando olhamos para as vidas particulares de

dentro das casas dos cidadatildeos brasileiros oitocentistas lhes eram oferecida a

possibilidade da aquisiccedilatildeo de lampeotildees agravequeles que desejassem comprar imbuiacutedos do

sentimento civilizada e de descolamento do que eacute ruacutestico

- 17 de maio de 1874 Campinas A Mocidade

ATTENCcedilAtildeO|| Attenccedilatildeo [espaccedilo] Attenccedilatildeo|| Prospero Bellinfanti

participa ao respeitavel publico campeneiro que recebeu um grande e

completo sortimento de generos norte americanos constando de machinas de

costura com todos os pertences linhas agulhas e oleos arados completos

separados de zinco para cafeacute machinas para manteiga ditas para cafeacute

gaiolas de arame e muitos outros artigos de mesma procedencia| Na mesma

casa encontra-se lampeotildees de todos os tamanhos tocidas vidros para os

mesmos e Kerosenes fogotildees de ferro completo camas de ferro banheiras

tens de cosinhas estanhados francezes torradores para cafeacute de todos os

tamanhos e grande sortimento de cestos de vime| O Propretario deste

estabelecimento te aacute Rua da ponte sem Santa Cruz Nuacutemero 15 uma officina

de caldeireiro e funileiro aonde se encarrega de todas as obras com cobre

zinco folha etc| Faz os mais perfeitos alambiques para distilaccedilatildeo de

espiritos| Incumbe-se de qualquer encanamento em casas etc | Faz

banheiras de folha de todas as dimensotildees| Assenta bombas simples e de

pressatildeo levando a agua onde se quizer| Faz finalmente todas as obras

88

concernentes aacute profissatildeo acudindo aos chamados para qualquer parte onde

seus serviccedilos forem precisos| Concerta e renova todos os objetos estragados|

Tudo por preccedilos commodos

O dono desse estabelecimento aleacutem de comerciante voraz tendo em vista a

quantidade e diversificaccedilatildeo de seus produtos estes importados e de manufatura proacutepria

ainda se propagandeia como um profissional versaacutetil Assentador de bombas drsquoaacutegua

essa machina que pode levar aacutegua para onde se quizer tambeacutem trabalha com os

encanamentos internos agraves casas Se a aacutegua jaacute estava dentro das casas algo que era

retirado da natureza a luz deveria tambeacutem estar dentro e individualizada

O puacuteblico poderia comprar o produto lampeatildeo assim como seu combustiacutevel o

kerosene neste estabelecimento comercial O novo produto combustiacutevel teve o lexema

adotado pela liacutengua portuguesa segundo CUNHA em 1873

querosene sm (Quim) liacutequido resultante da destilaccedilatildeo do petroacuteleo |

kerosene 1873 | Do fr keacuterosegravene do gr keros cera (Cunha 2010)

Contudo podemos notar a existecircncia de propagandas do produto em anuacutencios

anteriores agrave dataccedilatildeo estipulada pelo lexicoacutegrafo

- 07 de julho de 1870 Campinas Gazeta de Campinas

Abrio-se| O QUE Eacute QUE ABRIO-SE|| A Casa commercial de Francisco

Alvaro de Souza Camargo o qual participa a seus parentes amigos e

freguezes que acaba de receber um completo sortimento de ferragens

drogas tintas miudezas de armarinho kerosene chaacute cecircra sementes de

hortaliccedilas etc|Recommenda aos amadores um bonito sortimento de

espingardas rewolvers facas de caccedila etc etc|Espera merecer confianccedila das

pessoas que honrarem seu novo estabelecimento estando o annunciante

resolvido a vender por commodos preccedilos|Rua Direita canto da Cadecirca

Como bem atesta Cunha sobre a procedecircncia do lexema Kerosene tem sua raiz

em κηρός (keroacutes)

κηρός ὁ bee-wax Lat Cera Od Pl (Liddle amp Scott Greek-English

Lexicon)

89

O kerosene eacute o produto mais pastoso obtido com a destilaccedilatildeo do petroacuteleo que

liquefeito torna-se um combustiacutevel seguro diferenciando-se da forma como a raiz da

palavra foi concebida no grego O produto que foi em meados do seacuteculo XIX

produzido em escala industrial foi o principal fator para a decadecircncia do mercado de

oacuteleos produzidos pela induacutestria baleeira

Entretanto tatildeo largos eram os passos dos avanccedilos tecnoloacutegicos e tatildeo apressados

que em curtos espaccedilos de tempo uma novidade era trocada por outra Assim do anuacutencio

citado acima datado de 1870 em que o kerosene era vendido para que servisse de

combustiacutevel para os lampeotildees dezoito anos depois um prazo de tempo muito curto

diga-se de passagem temos o anuacutencio de um paquete a vapor que possuiacutea sua

iluminaccedilatildeo interna a luz electrica

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio Paulistano

REAL COMPANHIA | DE | Paquetes a vapor | DE | SOUTHAMPTON || O

MAGNIFICO VAPOR | TAGUS | Sahiraacute no dia 19 de Maio as 4 horas | da

tarde com escalas pelo | Rio de Janeiro| Bahia | Pernambuco | Lisboa | Vigo

e | Saouthampton | O paquete a vapor | NILE | Esperado de Southampton e

escalas no | dia 1 de Junho || Sahiraacute depois da indispensavel demo- | ra para |

Montevideacuteo e | BuenosAyres || Todos estes vapores satildeo illumidaos a luz |

electrica || N B ndash Na agencia tomam-se seguros | sobre as mercadorias

embarcadas por | estes vapores || Para passageiros carga e mais informaccedilotildees |

com os agentes | Holworthy Ellis amp Companhia || RUA DE SANTO

ANTONIO 40 | SANTOS

A iluminaccedilatildeo puacuteblica eleacutetrica chega agrave cidade de Satildeo Paulo somente no ano de

1891 deacutecada final do seacuteculo

Como demonstraccedilatildeo de civilizaccedilatildeo Satildeo Paulo investia em siacutembolos urbanos que

embelezavam a cidade Construiacuteram-se praccedilas lojas como as que anunciam nos jornais

palacetes que transformavam os passeios puacuteblicos A primeira mudanccedila quanto agrave

iluminaccedilatildeo puacuteblica ocorrida na capital paulista ocorreu na rua Baratildeo de Itapetininga no

centro da cidade que era repleta por um centro comercial fervilhante disposto a socorrer

os quereres da elite emergente paulistana

90

Para dar conta das demandas dos clientes nas cidades ou no campo a

comunicaccedilatildeo entre as partes interessadas em firmar negoacutecio era imprescindiacutevel Os

jornais se apresentavam como uma ferramenta utiliacutessima para por em contato os

vendedores e seu puacuteblico Contudo havia negoacutecios que demandariam um contato mais

urgente e direto O telegrapho nasce da necessidade do contato imediato

- 14 de outubro de 1874 Campinas A Mocidade

PEDE-SE TODA||ATTENCcedilAtildeO|| Aos senhores fazendeiros|| Ferreira Novo amp

Filho participaratildeo aos senhores fazendeiros e negociantes que continuatildeo a

comprar cafegrave em maior quantidade do que faziam ateacute hoje achando-se para

isso habilitados por acabarem de contractar com algumas das principais casas

exportadoras a fazerem grandes compras Nosso systema de compras seraacute

Comprar toda e qualquer quantidade de cafegrave quando beneficiado o prompto

recebemos ou com poucos dias de demora depois da venda| Pedimos a todos

os senhores fazendeiros qua quando tenhatildeo cafegrave em qualquer quantidade

promptoe queiratildeo vender a bondade de nos procurarem pagando sempre no

dia da venda maior preccedilo que permitir o estado do cafegrave nos principais

mercados do paiz da America e da Europa habilitando-nos para podermos

fazer tatildeo grande vantagem aos senhores lavradores o telegrapho que acaba

de collocar em comunicaccedilatildeo diaria esta florescente cidade com aqueles

principaes mercados

A fim de incrementar os negoacutecios agriacutecolas dos territoacuterios produtores de cafeacute a

disponibilizaccedilatildeo de um artigo tatildeo moderno quanto o telegrapho eacute mais uma mostra que

atesta o quanto moderno se queria e se poderia ser o homem de negoacutecios da eacutepoca

mesmo no campo Estar conectado ao mercado agilizava os negoacutecios garantindo

rentabilidade maior inclusive economizando o tempo tatildeo valorizado

Entre 1854 e 1858 juntamente com as estradas de ferro foram esticados os

primeiros fios telegraacuteficos As linhas telegraacuteficas que em 1873 percorriam 3460

quilocircmetros em solo brasileiro vecirc-se avolumar de forma extraordinaacuteria chegando em

1888 a 18000 quilocircmetros com direito a conexotildees submarinas com a Europa (SODREacute

1998)

91

8 Para garantir a vida

Haacute de se levar em consideraccedilatildeo um dos motores propulsionais de organizaccedilatildeo

ideoloacutegica em funcionamento no Brasil do seacuteculo XIX Havia na eacutepoca um discurso

positivista corrente na ateacute entatildeo corte um discurso que soacute cresce com o passar dos

anos Com a independecircncia do paiacutes em 1822 o sentimento antilusitano e o ideal de

fundaccedilatildeo de uma naccedilatildeo autocircnoma soacute vem a se tornar mais pujante com a aproximaccedilatildeo

da metade do seacuteculo O sentimento lusoacutefobo leva agrave troca de nomes de batismos por

nomes ora indiacutegenas ora por nomes de grandes pensadores e celebridades do mundo

antigo grego e latino E o Brasil elege um novo modelo ideal jaacute citado neste trabalho

quando tratamos do lexema machina A Franccedila torna-se para o Brasil um paradigma de

civilizaccedilatildeo de naccedilatildeo a ser copiada quando possiacutevel Desta sorte nos relata Alencastro

ldquoautores franceses e ciacuterculos francoacutefilosrdquo vecircm influenciar correntes de pensamento e

praacuteticas sociais principalmente na eacutepoca do Segundo Reinado seriam eles o

positivismo o kardecismo e a homeopatia Aqui entatildeo noacutes chegamos ao ponto que mais

interessa a esta seccedilatildeo O positivismo eacute sem duacutevida como sabemos a base para os

experimentos cientiacuteficos e os experimentos ligam-se as inovaccedilotildees da medicina Assim

a pajelanccedila e curandeirismo datildeo lugar a tratamentos atraveacutes de drogas ou tratamentos

homeopaacuteticos que faziam uso de magnetismo mas que tambeacutem poderiam fazer uso de

preparados de ervas podendo ser enquadrados no substantivo droga Esses preparados e

drogas eram comercializados em drogarias ou pharmacias

O lexema jaacute fazia parte da liacutengua portuguesa desde o seacuteculo XVII como nos

atesta CUNHA

farmaacutecia sf local em que se estocam e se vendem medicamentos tratado

cientiacutefico sobre os medicamentos XVII Do lat tard Pharmacia deriv do

gr Pharmakeacuteia () (Cunha 2010)

Como notamos pela designaccedilatildeo dada por Cunha farmaacutecia se relaciona a

medicamento sendo o local de estoque e venda desses medicamentos A mesma

associaccedilatildeo faz Aureacutelio

92

farmaacutecia Sf1 Parte da farmacologia que trata da maneira de preparar

caracterizar e conservar os medicamentos 2 Estabelecimento onde se

preparam e vendem medicamentos 3 Profissatildeo do farmacecircutico 4 Coleccedilatildeo

de medicamentos 5 Conjunto de medicamentos que se tecircm em casa num

coleacutegio numa reparticcedilatildeo etc para uso no tratamento de leves indisposiccedilotildees

ou em primeiros socorros (Aureacutelio 1988)

Ao associar farmaacutecia com medicamento somos impelidos a ter uma visatildeo positiva

com relaccedilatildeo ao sentido atribuiacutedo ao lexema pois medicamento eacute hoje dicionarizado

como substacircncia ou preparo que se utiliza como remeacutedio e remeacutedio tem um sentido

beneacutefico carregando consigo a ideia desse benefiacutecio como algo que sara as doenccedilas

dor ou males aquilo que serve pra curar10

Quando usado metaforicamente essa ideia

de benefiacutecio tambeacutem se faz presente Da mesma forma natildeo se dava no grego ao menos

natildeo especificamente Pharmacia como bem atesta Cunha tem como raiz φαρμακεία

(pharmakeacuteia) lexema ao qual Liddell and Scott dicionarizam como a seguir

φαρμακεία ἡ (φαρμακεύω) the use of drugs potions spells Plat 2

poisoning witchcraft Lat veneficium Dem II remedy cure Arist (Liddle

amp Scott Greek-English Lexicon)

Claro que o sentido que chegou ao portuguecircs fazia parte jaacute no grego do

significado do lexema mas eacute preciso esclarecer que esse sentido eacute posterior agrave adoccedilatildeo da

palavra pelos gregos sentido este que se agregou ao lexema com o advento da medicina

na Greacutecia antiga por volta do seacuteculo V aC Aleacutem do sentido ligado agrave medicina ndash

remedy cure ndash agravequele tempo podia-se associar o lexema a toda e qualquer poccedilatildeo

utilizada em ritos miacutesticos como a palavra poccedilatildeo nos dias de hoje que remete a

ciecircncias obscuras Dessa forma Liddell and Scott em seu dicionaacuterio nos datildeo o sentido

de witchcraft (feiticcedilaria) spells (feiticcedilo encanto) tambeacutem presente no significado do

lexema em sua origem Mesmo ao sentido dado pelos helenistas de drugs estaacute

claramente ligado o sentido de veneno

10

remeacutedio sm 1 Aquilo que combate o mal a dor ou uma doenccedila 2 Aquilo que serve para curar ou

aliviar dor ou enfermidade 3 Recurso expediente soluccedilatildeo 4 Ajuda auxiacutelio socorro proteccedilatildeo 5

Correccedilatildeo retificaccedilatildeo emenda 6 Jur Meio adequado e liacutecito para se alcanccedilar determinado fim de

direito (Aureacutelio 1988)

93

Se recordarmos a trageacutedia de Euriacutepedes Medeia ndash representada pela primeira vez

em 431 a C ndash a protagonista que inclusive nomeia a peccedila para se vingar da traiccedilatildeo

imposta pelo seu amado Jasatildeo tece um plano funesto A heroiacutena trama contra a vida da

filha de Creonte regente de Corinto Glauce enviando-lhe por intermeacutedio dos proacuteprios

filhos um presente envenenado vestimentas e uma ldquocoroardquo aos quais incutiu um

φάρμακον (phaacutermakon) um veneno Ao enviar esse presente agrave sua rival Medeia

conscientemente condena seus proacuteprios filhos agrave morte ao terem contato com o

φάρμακον assim como a Creonte pai da viacutetima principal que ao ver a filha sofrendo

as dores causadas pelo veneno corre para socorrecirc-la entrando tambeacutem em contato com

o ardil da heroiacutena condenando-se agrave morte O mensageiro relata o que ocorreu no castelo

de Creonte para Medeia e para o puacuteblico dizendo o seguinte

ldquoὂλωλεν ἡ τύραννος ἀρτίως κόρη

Κρέων θrsquo ὁ φύσας φαρμάκων τῶν σῶν ὓποrdquo

A essa passagem Flaacutevio Ribeiro de Oliveira traduz para o portuguecircs belamente

desta forma

ldquoMorre haacute pouco a jovem soberana

e o pai Creonte pelas drogas tuasrdquo

Entenda-se que essa droga nada mais era do que um preparado nocivo destinado a

pocircr fim a vida de uma pessoa e que foi extremamente bem sucedido

Medeia era uma forasteira uma baacuterbara levada agrave Corinto por Jasatildeo apoacutes a

incursatildeo deste e demais heroacuteis denominados argonautas que partiram da Greacutecia para a

Coacutelquida visando agrave obtenccedilatildeo do Velo de Ouro A traiccedilatildeo agrave famiacutelia e agrave paacutetria pela honra

do amado a fazia esperar nada mais do que a reciprocidade por parte do heroacutei mas este

de modo egoiacutesta e oportunista vecirc no matrimocircnio com a filha do rei coriacutentio a

possibilidade de engrandecimento pessoal

A accedilatildeo de Medeia pode ser vista de forma repugnante pocircr fim a vida de sua rival

e filhos Contudo devemos ressaltar que eram tambeacutem filhos de Jasatildeo objeto de sua

revolta e se deixarmos de lado o politicamente correto e tentarmos olhar o fado de

Medeia pelo seu prisma entenderemos que o mecanismo usado natildeo deixa de ser um

94

remeacutedio para seus males Ela que havia por amor a Jasatildeo deixado a paacutetria depois de

trair seu pai e matado seu irmatildeo na fuga agora tinha a timeacute (a honra) ultrajada ao ser

vilipendiada e trocada por interesses pessoais do heroacutei Algo a estava fazendo mal Seu

coraccedilatildeo e sua honra estavam feridos era preciso um remeacutedio para suas dores e impelida

pela sua natureza feminina pocircs em accedilatildeo duas coisas das quais era perita o dolo e a arte

maacutegica na fomentaccedilatildeo de seu plano ardiloso11

Entendendo desta forma podemos ligar o lexema pharmacia ao que vise o bem

estar das pessoas O remeacutedio de Medeia foi um remeacutedio muito amargo mas que para a

heroiacutena era o mais certo a se tomar

Apoacutes esta breve digressatildeo podemos voltar ao nosso assunto central A vida

humana eacute desde sua origem atacada por pequenos animais parasitas pestes

Dentre os anuacutencios coletados haacute a propaganda de produtos destinados agrave

exterminaccedilatildeo de pestes como pulgas mosquitos e percevejos Num grau de comparaccedilatildeo

muito reduzido esses venenos para outros seres vivos se ligam ao remeacutedio de Medeia

Usam-se esses venenos para por fim a algo que nos faz mal ou incomodam Ainda hoje

se fala em remeacutedio para ratos Assim temos a associaccedilatildeo mais clara dos sentidos do

lexema pharmacia ao sentido original no grego temos o sentido mais expandido

presente no entendimento atual

O anuacutencio citado acima diz o seguinte

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio Paulistano

Mosquitos || PERCEVEJOS PULGAS ETC || desapparecem infallivemente

com o uso | do bem conhecido e verdadeiro 60 6 | || Orsquo DA PERSIA || Chegou

nova remessa aacute || Pharmacia Ypiranga || Nuacutemero 25 ndash RUA DIREITA ndash

Nuacutemero 25 || EM || SAtildeO PAULO || Preccedilo de um pacote 1$000 || A duacutezia

9$000 || Cada pacote do verdadeiro Poacute da | Peacutersia leva detalhada ex- |

plicaccedilatildeo de seu uso || Remette-se para o interior

Na Pharmacia Ypiranga vendia-se um veneno para essas pragas que faziam com

que desaparecessem ldquoinfallivementerdquo e que natildeo era prerrogativa dos centros urbanos

pois deixa-se claro que agrave eacutepoca ldquoRemette-se para o interiorrdquo

11

Medeacuteia Euriacutepedes (2006) - pg 173 texto analiacutetico sobre a trageacutedia assinado pela equipe de filoacutelogos

da Kaktos

95

Esses estabelecimentos com a profusatildeo de medicamentos descobertos e

desenvolvidos recebem de fora do paiacutes ou de pharmaceuticos nacionais uma vasta

gama de remeacutedios e tem na imprensa a maior ferramenta para que se faccedilam conhecer

- 28 de fevereiro de 1875 Campinas A Mocidade

NOVA||PHARMACIA CAMPINENSE|| 31 - Rua do Commercio - 31||Tendo

este estabelecimento recebido um grande sortimento de drogas acha-[s]e em

condicccedilotildees de satisfazer quaesquer pedidos e receituarios medicos que lhe

forem dirigidos| Garante-se a boa qualidade das drogas e promptidatildeo nas

remessas que lhe forem pedidas esperando por isso a concorrencia do

respeitavel publico

Diferentemente do caso citado anteriormente com relaccedilatildeo ao lexema machina

que para nomear o agente o profissional que poria em praacutetica a teacutecnica de se operar o

maquinaacuterio o neologismo machinista foi criado na liacutengua portuguesa no caso de do

lexema pharmacia o substantivo que denomina o agente teacutecnico jaacute existia no grego

uma palavra complexa criada atraveacutes da incorporaccedilatildeo ao radical um sufixo agentivo

φαρμα^κ-ευτικός ή όν A of or by means of drugs or pharmacy

ldquoκάθαρσιςrdquo PlTi89b ἡ -κή (sc τέχνη) = φαρμακεία opp surgery

Gal15425 DL 385 ldquoφ ἰατρόςrdquo one who prescribes drugs GalThras24

(Perseus online)

Eacute bem provaacutevel que a derivaccedilatildeo no grego tenha se dado por conversatildeo A

primeira citaccedilatildeo em outro dicionaacuterio especializado em grego antigo o dicionaacuterio Liddell

and Scott eacute de um diaacutelogo platocircnico Timeu quando Platatildeo prognostica o natildeo uso de

medicamentos que possam prolongar a vida de uma pessoa doente pois seria

antinatural Eacute de costume desse dicionaacuterio usar de uma certa cronologia para distribuir

suas citaccedilotildees nas entradas lexicais quase como um trabalho etimoloacutegico A obra

platocircnica data do seacuteculo V a C logo sendo anterior a segunda citaccedilatildeo feita por Liddell

and Scott quando fala sobre Diogenes Laertius filoacutesofo de vida pouco conhecida que

viveu no seacuteculo III a C e ainda agrave terceira citaccedilatildeo Galen estudioso que trouxe muitas

contribuiccedilotildees agraves ciecircncias como fisiologia anatomia patologia e farmacologia

96

Conhecido como Galen de Pergamo viveu nasceu em 129 d C e morreu em 217 d C

Este romano que possuiacutea descendecircncia grega foi muito influenciado pelo grande nome

da medicina grega Hipoacutecrates Pela distacircncia temporal entre as citaccedilotildees do dicionaacuterio eacute

bem certo que se possa atestar o desdobramento dos sentidos deste lexema de um

adjetivo para um substantivo

Notamos pelo sentido dicionarizado por Liddell o alcance do lexema agraves classes de

palavras adjetivo e substantivo como aquilo concernente agraves drogas agrave farmaacutecia assim

como o lexema nomeia aquele que prescreve drogas Esse lexema eacute adotado pelo latim

contudo preservando apenas seu caraacuteter adjetivo

pharmăceutĭcus a um adj φαρμακευτικός I of or belonging to drugs

pharmaceutical Cael Aur Tard 5 10 126 (Perseus online)

Na liacutengua portuguesa o lexema retoma o sentido presente no grego antigo

adotado para nomear o profissional farmacecircutico

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio Paulistano

Medico e pharmaceutico | Doutor Ulysses Cruz || com longa pratica de

hospitaes e for- | mado em ambas as faculdades de medi- | cina do Brazil eacute

encontrado em seu con- | sultorio na rua do Thezouro nuacutemero 9 | sobrado do

meio dia as 3 da tar- | de e sua residecircncia para o largo do | Arouche nuacutemero

39 || ESPECIALIDADE || Molestias de crianccedilas de senhoras da | pelle e

shyphiliticas Gratis aos pobres

O anunciante eacute uma figura que pode traduzir muito bem o pensamento que

perpassa o seacuteculo XIX acircnsia de se alcanccedilar o estatuto de naccedilatildeo por isso munir os

cidadatildeos com subsiacutedios para um ldquobem viverrdquo formar meacutedicos no proacuteprio territoacuterio

assim como farmacecircuticos aleacutem de figurar como exemplo do sentimento antilusitano

que traz em seu nome ldquoGilberto Freire observou a mudanccedila dos nomes cristatildeos para

nomes gregos e romanos e depois ingleses e franceses na sequecircncia da desruralizaccedilatildeo

das classes dominantes no seacuteculo XIXrdquo12

O meacutedico e pharmaceutico preserva de certa

forma a dicotomia entre o novo e o descolamento com a tradiccedilatildeo em seu nome Ulysses

12

Alencastro Vida Privada e Ordem Privada no Impeacuterio In Histoacuteria da Vida Privada no Brasil

97

Cruz Se por um lado o primeiro nome remete ao heroacutei grego conhecido por suas

navegaccedilotildees no retorno para casa e que eacute um heroacutei pagatildeo por outro a cristandade ainda

permanece com o sobrenome que remete a uma das figuras mais fortes do cristianismo

a cruz Esse fato ilustra muito bem o periacuteodo de transiccedilatildeo experimentada no seacuteculo XIX

O meacutedico e farmacecircutico Ulysses Cruz que possui um vasto curriacuteculo eacute

ldquoformado em ambas as faculdades de medicina do Brazilrdquo de certo a faculdade de

medicina da Bahia e a do Rio de Janeiro visto que a faculdade de medicina de Satildeo

Paulo ainda natildeo havia sido fundada vem fazer a conhecer seu trabalho pelo anuacutencio de

jornal praticando aleacutem de tudo um trabalho filantroacutepico ldquoGratis aos pobresrdquo uma

praacutetica bastante usual agrave eacutepoca

O movimento cientiacutefico de desenvolvimento de descobertas e a tentativa de sanar

certas debilidades na naccedilatildeo em organizaccedilatildeo que era o Brasil no seacuteculo XIX impulsiona

as mentes para o trabalho de criaccedilatildeo desse novo paiacutes O discurso ufanista com relaccedilatildeo agraves

inovaccedilotildees se faz presentes na teacutecnica meacutedica assim como apontado nas ldquoteacutecnicas

maquinaisrdquo O anuacutencio analisado anteriormente data de 1888 mas anteriormente a essa

data pharmaceuticos jaacute se propunham a curar com maestria as doenccedilas que assolavam a

populaccedilatildeo

- 4 de marccedilo de 1853 Satildeo Paulo Aurora Paulistana

CURA CERTA | e em pouco tempo de todas as enfermidades provenientes de

vicio san- | guineo como ndashescrophulas tube[r]- | culos lepra syphylis etc

etce [ilegiacutevel] | particular as affecccediloens de pape[ilegiacutevel] | em seu principio ||

Etienne Lagarde || Pharmaceutico e cirurgiatildeo das faculdades | Pariz e do

Rio de Janeiro ex-preparad[o] | do Curso de Chimica da escola de medic[i]- |

na e pharmacia de Poi[furo]iers membro da s[o]- | ciedade medica da mesma

cidade e corres- | pondente de algumas sociedades scientificas || Attenccedilacirco ||

A experiencia junto aacute perseveranccedila qu[e] | hoje tem sido meus uacutenicos guias

no trata[men]- | to das enfermidades acima mencionadas os | caracteres

horriveis que ellas apresentatildeo | desgostos que sobrevem as pessoas que satildeo

de | las attacadas deviatildeo naturalmente attrahir | attenccedilatildeo de todo o homem

amigo da huma- | nidade || Antigamente estas enfermidades se consi- |

deravatildeo com um principio contagioso o que | obrigava os doentes a buscar

longe das povo- | accedilotildees uma morada tranquilla que lhes permi- | tisse esperar

com paciencia a hora que [o] | Creador tivesse determinado para pocircr term[]| a

todos os seus soffrimentos hoje porem assim | natildeo acontece os progressos

98

que tem feito [a] | sciencia medica com os numerosos trabalhos | e

investigaccedilotildees da chimica tem em fim intro- | duzido na therapeutica e posto aacute

disposiccedilatildeo | dos homens da sciencia um meio prophilati- | cos contra estas

crueis enfermidades fazendo | assim esperar uma prompta cura a todos |

aquelles que o quizerem abraccedilar || Penetrado do sentimento o mais sincero da

| philantropia do amor aacute sociedade offereccedilo o[s] | meus recursos meacutedicos e

pharmaceuticos ad- | quiridos por um aturado e longo estudo da na- | tureza

humana Ersquo pois com os medicamen- | tos preparados por minhas proacuteprias

matildeos qu[e] | me proponho a curar a todos aquelles que m[e] | quizerem

procurar || Estou certo que os epithetos de ndash charlatatildeo | e especulador ndash ser-

me-hatildeo lanccedilados por al- | guns ao lerem este meu annuncio porem natildeo | seraacute

por homens sensatos que serei assim [ilegiacutevel] | xado O sabio indaga

consulta ouve [ilegiacutevel] | entre voacutes (como eu creio) existe algum

rec[ilegiacutevel] | conhecimento recebei de antematildeo toda a mi- | nha gratidatildeo || A

voacutes enfermos eu dirijo meus offereci- | mentos eu saberei consolar-vos e

talvez da[r]- | vos a panaceacutea beneacutefica da saude que tan[furo] | desejaes || Seja

o reconhecimento o fructo de meu[s] | trabalhos e o uacutenico tributo que desejo

obte[r] | daquelles que me quizerem honrar com sua[s] | consultas|| Dirijatildeo-se

ao Hotel Paulistano na rua d[e] | Satildeo Bento nuacutemero 35

Notemos mas sem nos aprofundar que a nomeaccedilatildeo das moleacutestias assim como

grande parte do leacutexico ligado agrave medicina eacute proveniente de radicais gregos como por

exemplo lepra presente neste anuacutencio Eacute enorme a quantidade de nomes de doenccedilas as

quais os meacutedicos farmacecircuticos e novos remeacutedios prometem curar desta sorte natildeo nos

deteremos demoradamente em cada um desses nomes a natildeo ser que seja preciso para

elucidar um ou outro ponto As fichas presentes nos apecircndices detalharatildeo cada uma das

ocorrecircncias destes lexemas

Tratando especificamente do anuacutencio notamos que assim como no nome do

farmacecircutico no anuacutencio anterior a presenccedila de um nome afrancesado e neste caso natildeo

tem a ligaccedilatildeo com o cristianismo Eacute difiacutecil determinar com certeza a nacionalidade deste

anunciante contudo pela sua formaccedilatildeo e retoacuterica podemos inferir que se trate de um dos

casos citados por ALENCASTRO de adoccedilatildeo de nomes franceses O pharmaceutico e

cirurgiatildeo formado pelas faculdades de Paris e do Rio de Janeiro e que tem em seu

curriacuteculo ainda os cursos de chimica e pharmacia propotildee seu trabalho agrave sociedade

paulistana com um discurso mais que ufanista sobre sua arte sua teacutecnica Ele que possui

uma formaccedilatildeo superior de peso se propotildee a curar as moleacutestias da sociedade paulistana

99

do seacuteculo XIX pondo em praacutetica seus conhecimentos assim como suas proacuteprias matildeos

ldquoErsquo pois com os medicamen- | tos preparados por minhas proacuteprias matildeos qu[e] | me

proponho a curar a todos aquelles que m[e] | quizerem procurarrdquo O discurso de

Etienne Lagarde parafraseia sua profissatildeo expressa anteriormente Cirurgiatildeo eacute um

lexema que possui sua raiz em um lexema grego χειρουργία (cheirougiacutea)

dicionarizado da seguinte forma

χειρουγία ἡ a working by hand practice of a handicraft or art skill herein

Plat etc II a handicraft Id - esp the practice of chirurgery surgery

(Liddle amp Scott Greek-English Lexicon)

O discurso do pharmaceutico mostra o quanto sua segunda profissatildeo estaacute

encarnada em si tanto na praacutetica meacutedica quanto na fomentaccedilatildeo de medicamentos Aleacutem

de servir como corporificaccedilatildeo do pensamento nacional a construccedilatildeo de uma naccedilatildeo

pelas matildeos de seus cidadatildeos Um trabalho que somente nos dias que lhe eram atuais

poderia ser feito visto que o anunciante dispotildee duas formas de tratamento agraves doenccedilas

uma anterior uma forma como enfrentariam as doenccedilas que ldquoobrigava os doentes a

buscar longe das povoaccedilotildees uma morada tranquilla que lhes permitisse esperar com

paciencia a hora que [o] Creador tivesse determinado para pocircr term[]a todos os seus

soffrimentosrdquo ligada fortemente ao fado estipulado pelo ldquoCreadorrdquo e o seu tempo

quando o homem tenta por forccedila de seu ceacuterebro poderosos e suas matildeos haacutebeis tomar as

reacutedeas de sua existecircncia Assim em seu tempo eacute possiacutevel que seja dito ldquohoje porem

assim natildeo acontece os progressos que tem feito [a] sciencia medica com os numerosos

trabalhos e investigaccedilotildees da chimica tem em fim introduzido na therapeutica e posto aacute

disposiccedilatildeo dos homens da sciencia um meio prophilaticos contra estas crueis

enfermidadesrdquo

Por se tratar de um texto criado tendo como pano de fundo a medicina e seus

avanccedilos no combate agraves doenccedilas e reforccedilando o que fora dito acima aleacutem dos nomes

das doenccedilas o texto se constroacutei utilizando-se uma gama de palavras de raiacutezes gregas

neologismos adotados no seacuteculo XIX no geral para dar conta das novas praacuteticas

meacutedicas e que o nosso cirurgiatildeo faz uso indiscriminado pois haacute de se pensar o quanto

esses novos lexemas faziam parte da vida cotidiana dos leitores desse anuacutencio

100

Aleacutem das palavras pharmaceutico e cirurgiatildeo analisadas haacute pouco temos ainda

therapeutica que provecircm do verbo grego θεραπεύω (therapeacuteuo) + o sufixo κή o

mesmo utilizado nos exemplos dados anteriormente para neologismos presentes no

grego que carregavam junto agraves palavras o sentido de tecnicidade e prophilatico de

προφυλάσσω (prophylaacutesso)

θεραπεύω f ndashεύσω (θεράπων) to be an attendant do service Od 2 to

do service to the gods Lat colore deos Hes Hdt Att - to do service or

honour to onersquos parents or masters Eur Plat 3 to serve court pay court

to τινά Hdt Ar etc and in bad sense to flatter wheedle Thuc to

conciliate Id τὸ θεραπεῦον = οἱ θεραπεύοντες Id 4 of things to

consult attend to Lat inservire Id ἡδονὴν θερ to indulge one`s love of

pleasure Xen τὰς θύρας τινὸς θερ to wait at a great man`s door Id

II to take care of provide for men of the gods Thuc estv 3 θερ τὸ

σῶμα to take care of one`s person Lat cutem curare Plat 4 to treat

medically to heal cure Thuc Xen 5 θ ἡμέρην to observe a day keep

it as a feast Hdt θ τὰ ἱερά = Lat sacra procurare Thuc 6 of land to

cultivate Xen δένδρον θερ to train a tree Hdt (Liddle amp Scott

Greek-English Lexicon)

Notamos dentre o vasto campo de sentidos da palavra (que de certa forma

preservam o sentido de assistecircncia) as possibilidades de traduccedilatildeo dadas em ldquo3 to take

care of one`s personrdquo e ldquo4 to treat medically to heal curerdquo sentidos esses presentes

no entendimento da palavra uma vez adotada pela liacutengua portuguesa Cunha nos daacute o

momento da adoccedilatildeo deste lexema na liacutengua portuguesa assim como o sentido com o

qual foi adotado

terapecircutica sf lsquoparte da medicina que estuda e potildee em praacutetica os meios

adequados para aliviar ou curar doenccedilasrsquo | the- XIX | do fr theacuterapeutique

deriv do lat tard therapeutica e este do gr therapeutikeacute de therapeacuteuo lsquoeu

curorsquo () (Cunha 2010)

Podemos entrever no texto do anuacutencio a distinccedilatildeo a que se faz do que viria a ser a

chamada therapeutica por ele citado Somente em seu tempo natildeo anteriormente eacute que

101

atraveacutes dos desenvolvimentos da sciencia medica poderiam ser introduzidos na arte de

aliviar ou curar doenccedilas que eacute a therapeutica um meio prophilatico contra as

moleacutestias que danavam a sociedade novecentista paulistana A ideia de profilaxia pode

ser notada e atestada pela quantidade de tocircnicos elixires xaropes como os prometidos

pelo pharmaceutico Lagarde os quais fariam ldquocirurgicamenterdquo

Como jaacute adiantado acima prophilatico tem sua origem no verbo grego

προφυλάσσω (prophilaacutesso) uma palavra composta pelo lexema φυλάσσω (assistir e

guardar defender guardar) + a preposiccedilatildeo πρό preposiccedilatildeo esta que tambeacutem foi

adotada pela liacutengua portuguesa sendo muito utilizada em formaccedilotildees de palavras com o

sentido jaacute presente no grego de anterioridade em defesa de ou por Dessa forma temos

o sentido de προφυλάσσω

προφυλάσσω Att ndashττω f ξω to keep guard before to guard a place or

house c acc h Hom (in the Ep 2 pl imperat προφύλχθε for

προφυλάσσετε) Xen προφυλάσσειν ἐπί τινι to keep guard over a

person or place Hdt - absol to be on guard keep watch ἡ

προφυλάσσουσα (sc ναῦς) = προφυλακίς Id - Med to guard

oneself to be on one`s guard take precautions Id Thuc - c acc To be on

one`s guard or take precautions against Lat Cavere Hdt Xen (Liddle amp

Scott Greek-English Lexicon)

Segundo Cunha prophilatico eacute um lexema incorporado agrave liacutengua portuguesa no

seacuteculo XIX sendo para noacutes um poderoso exemplo de como a arte meacutedica estava se

desenvolvendo a ponto de influenciar a linguagem cotidiana Em seu dicionaacuterio

etimoloacutegico Cunha no explana o verbete

profilaxia Sf lsquoemprego de meios para evitar doenccedilasrsquo | prophilaxia 1873 | do

fr prophilaxie deriv do lat cient prophylaxis e este do gr prophyacutelaxis

lsquoprecauccedilatildeorsquo || profilaacutetico | prophilactico 1858 | do fr prophylactiqque do gr

prophylaktikoacutes (Cunha 2010)

O verbete atesta que o lexema teve sua primeira ocorrecircncia em 1858 mas

notamos pela dataccedilatildeo do anuacutencio que a palavra jaacute fazia parte do jargatildeo meacutedico em datas

anteriores agrave citada pelo lexicoacutegrafo

102

Podemos ainda apontar alguns usos lexicais neste anuacutencio que escapam agrave

linguagem meacutedica ou especializada um uso lexical que pode espelhar o niacutevel de

conhecimento do ldquomedico e pharmaceuticordquo Etienne Lagarde Seu discurso eacute todo

carregado de um ufanismo quanto agrave arte como jaacute mostrado anteriormente A pessoa que

se dispotildee a ter essa arte como profissatildeo segundo o anunciante nada mais eacute do que um

amante da populaccedilatildeo um amigo da humanidade por dela cuidar e quem sabe sarar

Assim ldquopenetrado do sentimento o mais sincero da philantropia do amor aacute sociedaderdquo

eacute que ele pode oferecer seus trabalhos Notemos que o substantivo philantropia vem

parafraseado logo em seguida de modo explicativo Ainda como demonstraccedilatildeo de seu

belo vocabulaacuterio sobre as possiacuteveis descrenccedilas daqueles que teriam contato com o

anuacutencio ele diz ldquoEstou certo que os epithetos de ndash charlatatildeo e especulador ndash ser-me-

hatildeo lanccedilados por alguns ao lerem este meu annuncio ()rdquo Penso que a escolha de

certos lexemas para a fomentaccedilatildeo de seu discurso como philantropia que logo vem

parafraseado ou mesmo epithetos em vez de qualquer outra palavra como cognome

ou ainda uma paraacutefrase para o lexema eacute feita para de certa forma mostrar ao puacuteblico

que a pessoa que anuncia tem um niacutevel consideraacutevel de instruccedilatildeo Pela palavra ele

demonstra o que fora anunciado quanto a sua formaccedilatildeo ldquocirurgiatildeo das faculdades

Pariz e do Rio de Janeiro ex-preparad[o] do Curso de Chimica da escola de

medic[i]na e pharmacia de Poi[furo]iersrdquo

As preocupaccedilotildees com a sauacutede puacuteblica refletem-se nas tentativas de contenccedilatildeo de

pestes como explanado anteriormente havendo tambeacutem a preocupaccedilatildeo com a sauacutede

pessoal como acabamos de notar nos anuacutencios que analisamos e ainda na profusatildeo de

elixires e tocircnicos vendidos logicamente nas pharmacias

A maioria dos anuacutencios onde aparece o lexema pharmacia que faz parte de nosso

corpus faz propaganda dos novos xaropes elixires e tocircnicos que satildeo verdadeiros

remeacutedios maacutegicos contra os mais variados tipos de moleacutestias os quais poderia assolar a

populaccedilatildeo brasileira do seacuteculo XIX

O lexema elixir chega agrave liacutengua portuguesa atraveacutes do aacuterabe segundo Cunha No

aacuterabe o lexema possuiacutea um sentido muito ligado ao misticismo e a faceta maacutegica

atribuiacuteda aos medicamentos em uma eacutepoca em que a medicina ainda natildeo possuiacutea um

status teacutecnico nessa cultura Contudo no grego o sentido era de medicamento

103

elixir sm bebida medicamentosa balsacircmica ou confortadora XVIII Do fr

Eacutelixir deriv Do deriv Do aacuter Eliksir pedra filosofal e este do gr Kseron

medicamento (Cunha 2010)

Segundo o lexicoacutegrafo a primeira ocorrecircncia deste lexema na liacutengua portuguesa

foi no seacuteculo XVIII mas como dito pelo pharmaceutico Etienne Lagarde somente com

ldquoos progressos que tem feito [a] | sciencia medicardquo no seacuteculo XIX eacute que se podem

encontrar anuacutencios de elixires como o seguinte

- 03 de janeiro de 1889 Satildeo Paulo Correio Paulistano

Grande descoberta|O maior sucesso da eacutepoca que atravessaacutemos eacute a descoberta

do prodigioso vegetal cujo vegetal em si a acccedilatildeo maravilhosa de destruir

todos os virus de syphilitico A descoberta deste remedio que eacute Vegetal

Por|Excellencia eacute a verdadeira Maravilha Do Seculo XIX Os

saacutebios|estudos de muitos annos e as sucessivas experiecircncias do illustrado e

intelligente|senhor M Morato deram em resultado que o grande remedio

pura exclusiva|e unicamente vegetal a que deu o nome de ldquoExilir depurativo

de M Moratordquo|cura completa e rapidamente toda syphilis curo o

rheumatismo com uma|felicidade espantosa cura a asthma e usado

convenientemente tem com | espanto de centenas de pessoas curado o

terrivel mas a|Morphegravea |A grande descoberta deste explendoroso remeacutedio eacute

a felicidade da|humanidade eacute o passo mais gigantesco dado na medicina

Procurar ldquoExilir|depurativo de M Moratordquo propagado por Doutor

Carlos|Agente Depositaacuterio Em Satildeo Paulo|Peixoto Estella amp Companhia|Rua

de Satildeo Bento nuacutemero 11| Preccedilos|20 Exilir ndash frasco 5$000 Duzia 50$000

O medicamento revolucionaacuterio ldquoa verdadeira Maravilha Do Seculo XIX rdquo

adveacutem de uma ldquoGrande descobertardquo que pode ser vista como o maior sucesso da eacutepoca

que atravessavam destinado a destruir todos os viacuterus syphiliticos O anuacutencio ainda faz

propaganda do aacuterduo trabalho em que essa descoberta se fundou pois essa maravilha se

deve aos ldquosaacutebios|estudos de muitos annos e as sucessivas experiecircnciasrdquo e que

figuravam segundo o anunciante ldquoo passo mais gigantesco dado na medicinardquo

Se por um lado o texto vem dar agrave luz o conhecimento de um novo e

revolucionaacuterio medicamento therapeutico destinado a curar toda syphilis

rheumatismos asthmas a descoberta ainda se enraiacuteza em estudos e praacuteticas

104

experimentais anteriores visto que agrave eacutepoca (1889) experiecircncias jaacute davam conta de

fomentaccedilotildees de medicamentos sinteacuteticos Dessa forma temos o discurso ligado agrave

descoberta ligado agrave novidade de um lado e de outro temos o discurso ligado ao jaacute

conhecido e que de certa forma daacute seguranccedila Assim o medicamento eacute de origem

vegetal ldquopura exclusiva|e unicamente vegetalrdquo

Os elixires como medicamento prophilatico e therapeuticos destinavam-se a sarar

as doenccedilas e assim dar novas forccedilas revitalizar tonificar os debilitados Dessa forma

forma-se como um sinocircnimo um neologismo adotado segundo Cunha em 1858

Tonico para tambeacutem dar nome a esse tipo de medicamento alimentiacutecio

- 01 de fevereiro de 1888 Campinas Diaacuterio de Campinas

O Elixir alimenticio Ducro e muito agradavel ao paladar e as pessoas a quem

mais repugnam os alimentos o tomam ateacute por gosto| Eacute um tonico

poderosissimo aconselhado para as mulheres e a crianccedilas delicadas os

velhos os convalescentes em que desperta o appetite e restabelece as forccedilas|

Convem sobretudo nos paizes quentes onde as forccedilas diminuem pela

transpiraccedilatildeo e onde se esta sujeito a molestias contagiosas - Para mais

detalhes leia-se o prospecto que acompanha cada vidro| Pariz 20 Place des

Vosges|| E EM TODAS AS PHARMACIAS

Como dito acima e seguindo com nossos estudos Cunha nos daacute verbete

tom Sm tensatildeo tono altura de um som tonalidade | XIV toom XV | do lat

Tonus -i deriv Do gr Toacutenos muacutesculo tendatildeo tendatildeo intensidade forccedila

energia tensatildeo de uma corda som de instrumento () tocircnico adj relativo

ao tom tonifica ou daacute energia diz-se do elemento que recebe o acento de

intensidade 1858 do fr tonique deriv do gr tonikoacutes () (Cunha 2010)

A associaccedilatildeo elixir = tonico quando se diz o Elixir Ducro eacute um tonico

poderosiacutessimo eacute o que nos leva a fazer uma associaccedilatildeo sinoniacutemica entre os lexemas

Dessa forma haacute um desdobramento de sentidos em ambos os lexemas dando-lhes novos

sentidos Se por um lado temos no dicionaacuterio Aureacutelio (1988) a denominaccedilatildeo de elixir

105

elixir S m 1 confeiccedilatildeo farmacecircutica de xaropes com alcoolatos 2 bebida

deliciosa balsacircmica ou confortadora 3 Fig Aquilo que tem efeito maacutegico

ou miraculoso filtro (Aureacutelio 1988)

E de tocircnico

tocircnico Adj 1 relativo a som (1) 2 que tonifica ou daacute energia 3 gram Diz-

se do elemento (vogal siacutelaba) que recebe acento de intensidade ou icto

sm4 medicamento ou cosmeacutetico tocircnico revigorante (Aureacutelio 1988)

Temos nos sentidos de ambos os lexemas significaccedilotildees que se tocam levemente

no que diz respeito agrave accedilatildeo do medicamento no corpo daquele que o ingere se tomarmos

os sentidos de forma o mais aberta quanto possiacutevel o elixir conforta enquanto bebida

balsacircmica lenitiva e o tonico daacute energia revigora Contudo se tomarmos o sentido de

equivalecircncia que o anunciante faz entre os dois lexemas notamos no uso uma

aproximaccedilatildeo muito maior do que a dicionarizada O tonico tem atributos dados pelo

dicionaacuterio apenas ao elixir ldquoO Elixir alimenticio Ducro e muito agradavel ao paladar e

as pessoas a quem mais repugnam os alimentos o tomam ateacute por gostordquo e se o elixir ldquoEacute

um tonico poderosiacutessimordquo logo tambeacutem eacute muito agradavel ao paladar Mas segundo

o dicionaacuterio Aureacutelio somente o elixir pode ter o atributo de bebida deliciosa Da

mesma forma o elixir eacute mais do que um medicamento destinado a dar somente o

conforto afinal ele eacute um tonico poderosiacutessimo que ldquodesperta o appetite e restabelece as

forccedilasrdquo Assim o medicamento therapeutico eacute destinado para os ares brasileiros pois

este faz parte dos ldquopaizes quentes onde as forccedilas diminuem pela transpiraccedilatildeo e onde

se esta sujeito a molestias contagiosasrdquo

E aqui temos o gancho para tratarmos de um assunto jaacute mencionado em capiacutetulos

anteriores sucintamente das praacuteticas sociais e das correntes de pensamento dos

brasileiros do seacuteculo XIX influenciados por iguais franceses Apesar de natildeo

abertamente notamos nos discurso do anunciante anterior a vertente meacutedica que

rapidamente foi divulgada na eacutepoca a homeophatia Fundamentada nos estudos

hipocraacuteticos que acreditava que a sauacutede se associa aos quatro humores e estes ao meio

em que vive o homem de modo que o clima pode influenciar na sauacutede deste homem

assim a homeophatia entendia a condiccedilatildeo humana Natildeo haacute menccedilatildeo clara a essa praacutetica

no discurso do anunciante poreacutem quando este diz que o elixir convecircm sobretudo nos

106

paizes quentes podemos mais que rapidamente ligar as crenccedilas tidas pelos homeopatas

ao anunciante

A homeophatia fazia grande sucesso entre os cidadatildeos brasileiros do seacuteculo XIX a

ponto de em Campinas cidade do uacuteltimo anuacutencio de cada cinco meacutedicos atuantes na

cidade dois eram homeopatas13

Essa filosofia meacutedica era demasiadamente nova agrave

eacutepoca Cunha data a entrada desse lexema na liacutengua portuguesa de 1858

homeo- elem comp do gr homoios da mesma natureza igual semelhante

que se documenta em alguns compostos introduzidos a partir do seacutec XIX na

linguagem cientiacutefica internacional () homeopatia | -thia 1858 | Do fr

homeacuteopathie deriv do al Homoumlopathie voc criado em 1796 pelo meacutedico

alematildeo SCFHahnemann () (Cunha 2010)

O Aureacutelio o dicionariza da seguinte forma

homeopatia S f Med Sistema terpecircutico criado por Christian Friederich

Samuel Hahnemann (1755-1843) que consiste em tratar as doenccedilas por meio

de substacircncias ministradas em doses diluiacutedas a ponto de se tornarem por

vezes infiniteacutesimas capazes de produzir em indiviacuteduos satildeos quadros

cliacutenicos semelhantes aos que apresentam os doentes a serem tratados ()

(Aureacutelio 1988)

A homeophatia veio associar-se no Brasil agrave fitoterapia nacional Dessa forma ldquopor

meio da homeopatia ndash e da valorizaccedilatildeo da fitoterapia tropical - a medicina cientiacutefica

europeia vinculava-se agrave medicina popular indiacutegena e afro-brasileira14

rdquo

Temos assim de um lado o pensamento cientiacutefico dos quiacutemicos que produzem

seus medicamentos tambeacutem se utilizando da fitoterapia sendo influenciados por

pensamentos homeopaacuteticos Assim como temos os que tecircm um pensamento claro de sua

praacutetica e anuncia

- 15 de outubro de 1852 Satildeo Paulo Aurora Paulistana

- 31 de outubro de 1852 Satildeo Paulo Aurora Paulistana

13

Alencastro Vida Privada e Ordem Privada no Impeacuterio In Histoacuteria da Vida Privada no Brasil

14 Idem

107

HOMŒOPATHIA PURA | RUA DIREITA NUacuteMERO 17 | O medico-

cirurgiatildeo Joseacute Maria de | Souza tem a honra de declarar a to- | das aquellas

pessoas que quizeres | honrar com sua confianccedila que elle se | acha

novamente residindo nesta ci- | dade rua Direita nuacutemero 17 onde continuacutea |

a exercer a sua profissatildeo pelo syste- | ma homœopathico e onde seraacute encon- |

trado a qualquer hora do dia ou da | noite O annunciante tambem arran- | ca

lima e chumba dentes e faz todas | as outras operaccedilotildees que diz respeito | a

esta arte com a maior perfeiccedilatildeo|| Os pobres seratildeo tratados gratuita- | mente

A praacutetica philantropica eacute muito comum entre os homeopatas da eacutepoca tratando

dos enfermos pobres gratuitamente Alencastro nos relata que o pensamento dos

homeopatas era ldquofazer no Brasil lsquonovos Matusaleacutens [] e concorrendo para o bem

geral da humanidaderdquo Com o advento dessa praacutetica meacutedica fundam-se no Brasil do

seacuteculo XIX escolas destinadas a formar novos praticantes assim como a fomentaccedilatildeo de

toda uma bibliografia que assistisse a esse puacuteblico

- 05 de fevereiro de 1867 Satildeo Paulo Correio Paulistano

NA CASA GARRAUX || LARGO DA SEacute || Encontra-se os artigos seguintes

||Papel para desenho || Papel de luto || Papel de peso || Papel almasso || Papel

florete || Papel Hollanda || Papel de phantasia || Papel de cartas || Enveloppes

brancos || Enveloppes de cores || Enveloppes de luto || Enveloppes

commerciaes || Enveloppes forrados de panno || Cartotildees de visita || Ditos para

casamentos || Tinteiro de vidro || Tinteiro de crystal || Tinteiro de bronze ||

Tinteiro ricos de phantasia || Pennas de accedilo de varias qualidades || Pennas de

ave || Sinetas || Canivetes || Pacas de cortar papel || Lacre || Obreiras ||

Imagens || Quadros de devoccedilatildeo || Desenhos || Albuns para desenhos || Aacutelbuns

para photographia || Quadros para photographia || Carteiras || Estojos de

viagem || Caixas de perfumaria || Caixas de papelaria || Caixas de costura com

musica || Caixa de mathematicas || Caixas de tintas || Tintas de escrever ||

Livro de direito || Livros de litteratura || Livros de devoccedilatildeo || Livros de

educaccedilatildeo || Livros de homœopathia || Livros de missa || Horas Marianas ||

Livros de luxo para presentes || Objectos de phantasia para presentes || Lapis ||

Baralho de cartas || Baralhos de cartas de phantasia || Bengallas || Livros para

apontamentos || Stereoscopos || Folhinhas do anno || Pastas || E muito mais

objectos || Grande sortimento de papel pintado | para forrar casas fabricados

em Paris | desde 500 reacuteis a peccedila para cima | Guarniccedilatildeo roda-peacute paisagens

108

etc | Esta casa recebe directamente da Europa todos seus livros e mercado- |

rias e destrsquoarte poacutede offerecer aacutes pessoas que a Ella se dirigem considera- |

veis vantagens

Assim na casa Garraux dentre vaacuterias outras literaturas e materiais de papelaria

podia-se encontrar Livros de homœopathia

Seguindo a ordem natural dos neologismos que possuem uma histoacuteria de uso

abundante como eacute loacutegico medicamentos adjetivado pelo neologismo criado a partir do

substantivo homeopathia homeopathicos

- 26 de maio de 1872 Campinas Gazeta de Campinas

Medicamentos Homeopathicos|No estabelecimento do Roso amp Filho em

liquidaccedilatildeo aacute rua do Commercio nuacutemero 45 encontra-se sempre grande

sortimento destes medicamentos em tinturas globulos e opodeldoc de

Bryonia Rhux para rheumatismo do laboratoio do doutor Cochrane amp

Pinho do Rio de Janeiro bem assim livros homeopathicos

Esses remeacutedios concorriam pela preferecircncia do puacuteblico com os medicamentos

produzidos pelos quiacutemicos fitoteraacutepicos licenciados pela junta de Hygiene do Imperio

do Brazil15

vendidos nas pharmacias destinados aos tratamentos das mesmas moleacutestias

como o rheumatismo diabete cystites epilepsia gonorrhea16

e muitas outras

Munindo a populaccedilatildeo brasileira de possibilidades de cura agraves doenccedilas mesmo aos

pobres que natildeo podendo pagar pelo tratamento tinham a sauacutede assegurada pelos

philantropos eacute que se poderia garantir uma civilizaccedilatildeo disposta a avanccedilar em direccedilatildeo ao

status de naccedilatildeo que o paiacutes queria alcanccedilar

15

Nos apecircndices estatildeo as fichas das palavras analisadas neste trabalho Notaratildeo que na ficha destinada

ao lexema hygiene haacute uma recorrente menccedilatildeo a junta de hygiene do Imperio do Brazil nos anuacutencios de

medicamentos natildeo homeopaacuteticos Podemos entender essa menccedilatildeo como um aval de um oacutergatildeo puacuteblico

a fomentaccedilatildeo de medicamentos a partir de uma praacutetica que possa ser vista como mais cientiacutefica em

oposiccedilatildeo agraves praacuteticas homeopaacuteticas

16 Ver apecircndices

109

9 Conclusotildees

O trabalho natildeo daacute conta de todas as entradas lexicais levantadas que satildeo

apresentadas nos apecircndices Essas estatildeo postas na sessatildeo para servir de amostragem do

corpus Poreacutem julgamos que o retrato mesmo que 34 das entradas lexicais e a

influecircncia dessas adoccedilotildees no leacutexico da Liacutengua Portuguesa alcanccedilou o que nos

propusemos a fazer quando foi pensado o projeto

Tentamos neste trabalho e esperamos que a contento apontar alguns movimentos

da sociedade brasileira rumo agrave civilidade em seu projeto de naccedilatildeo

Comungamos da crenccedila muito bem apresentada por KRISTEVA (1969) em sua

Histoacuteria da Linguagem quando esta dizendo sobre as novas formas de entendermos o

homem apresenta-nos uma nova ferramenta a linguagem nos ensina

ldquoQuanto agrave concepccedilatildeo da linguagem como ltltchavegtgt do homem e da histoacuteria social

como via de acesso agraves leis do funcionamento da sociedade essa talvez constitua uma das mais

importantes caracteriacutesticas da nossa eacutepocardquo

Acreditamos que desenvolver o raciociacutenio a partir da historiografia da evoluccedilatildeo

humana dentro da perspectiva eurocecircntrica nos deixa perceber alguns passos escolhidos

assim como os discursos que foram adotados para jusificar aqueles passos Mostramos

como o imaginaacuterio de projeto de naccedilatildeo ocorrido em Portugal de certa forma se repete

no Brasil do seacuteculo XIX O discurso que atrela civilidade e modernidade eacute recorrente

nos dois momentos

A escolha por partir dos anuacutecios de jornais acreditamos conseguiu dar conta da

proposta de levantar uma amostragem real dos discursos que corriam como ideaacuterio no

Brasil

Entatildeo atraveacutes dos discursos ocorridos no seacuteculo XIX tentamos explanar um

pouco da histoacuteria social brasileira Notamos as passagens do velho para novo quando

as leis que se faziam operantes natildeo deixam de existir mas se modificam ora se

modificando totalmente ora se complementando e se expandindo Artefatos novos para

velhos trabalhos palavras formadas por raiacutezes morfoloacutegicas antigas para nomear a

novidade E dessa forma temos pelo estudo da linguagem uma possibilidade de leitura

de um mundo

110

Pode-se chegar a determinados pontos por diversos caminhos Verdade

Escolhemos trabalhar com os lexemas de base morfoloacutegica grega por uma equaccedilatildeo ateacute

que bem faacutecil de entender Sabemos que as inovaccedilotildees tecnoloacutegicas satildeo os motores mais

importantes para os avanccedilos do homem no processo civilizatoacuterio E as tecnologias ateacute

meados do seacuteculo XX buscavam no grego as suas terminologias Assim as ligaccedilotildees

ficam expliacutecitas e justificamos o trabalho

111

10 Bibliografia

- ALBERT P e Terrou F Histoacuteria da Imprensa Traduccedilatildeo de Edison Darci Heldt Satildeo

Paulo Martins Fontes 1990

- ALENCASTRO L F (Org 1997) Histoacuteria da Vida Privada no Brasil vol II

Impeacuterio a corte e a modernidade nacional Satildeo Paulo Companhia das Letras (cap 1)

- ALMEIDA Gladis Maria de Barcellos O percurso da terminologia de atividade

praacutetica agrave consolidaccedilatildeo de uma disciplina autocircnoma

httpwwwgelhospedagemdesiteswsestudoslinguisticosvolumes32htmmesaredomr00

4htmestudoslinguisticosvolumes32htmmesaredomr004htm

- ALVES Joseacute Eustaacutequio Diniz Anaacutelise de conjuntura teoria e meacutetodo

httpwwwieufrjbrapartepdfsanaliseconjuntura_teoriametodo_01jul08pdf

- ALONSO Angela Ideias em movimento a geraccedilatildeo 1870 na crise do Brasil-Impeacuterio

ndash Satildeo Paulo Paz e Terra 2002

- ATHAYDE Wesley Rodrigues As Artes Liberais E Mecacircnicas Uma via para o

conhecimento da Sapiecircncia segundo Hugo de Satildeo Viacutetor Dissertaccedilatildeo apresentada ao

Departamento de Filosofia da Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica de Satildeo Paulo 2009

- BECHARA Evanildo Moderna Gramaacutetica Portuguesa Rio de Janeiro Lucerna

2007

- BOLIacuteVAR Adriane Anaacutelisis Del Discurso Y Compromiso Social Universidad Central de

Venezuela Texto online sem publicaccedilatildeo in

fileCUsersHpDownloadsiv20Adriana20Bolivar20-20ACDpdf

- CAcircMARA Joaquim Mattoso Estrutura da Liacutengua Portuguesa Petroacutepolis Editora

Vozes 2005

112

- CAMOtildeES Luiacutes de Os Lusiacuteadas Ediccedilatildeo comentada pelo prof Otoniel Mota 13deg

ediccedilatildeo Editora Melhoramentos

- CIAPUSCIO E G Los Teacuterminos em el Texto Hacia una Tipologiacutea de los Textos de

Especialidad in Textos Especializados y Terminologiacutea Barcelona Institut Universitari

de Linguumliacutestica Aplicada Universitat Pompeu Fabra 2003

- CUNHA A G Dicionaacuterio Etimoloacutegico da Liacutengua Portuguesa 4ordf Ed Revista pela

nova ortografia Rio de Janeiro Lexikon 2010

- EURIacutePEDES Medeia Traduccedilatildeo e organizaccedilatildeo Flaacutevio Ribeiro de Oliveira Satildeo Paulo

Odysseus Editora 2006 ndash (Coleccedilatildeo Kouacuteros)

- FAIRCLOUGH Norman Language and Power British Library Cataloguing in

Publication 1941

- FERREIRA Aureacutelio Buarque de Holanda Dicionaacuterio Aureacutelio Escolar da Liacutengua

Portuguesa Rio de Janeiro Nova Fronteira 1988

- FREITAS Fernanda Simplicio Petri Branco de et SILVA Jorge Luacutezio Matos Um

Manifesto Imageacutetico A Imagem Como Contribuiccedilatildeo Para A Construccedilatildeo Do Ser

Poliacutetico E Intervenccedilatildeo Poliacutetico-Social Satildeo Paulo 2018 Artigo sem publicaccedilatildeo

- GONCcedilALVES Rodrigo Tadeu et Basso Renato Miguel Histoacuteria da liacutengua ndash

Florianoacutepolis LLVCCEUFSC 2010

- GUEDES MARYMARCIA e BERLINCK Rosane de Andrade (orgs) E os preccedilos

eram commodos Anuacutencios de Jornais Brasileiros do Seacuteculo XIX Satildeo Paulo

Humanitas FFLCH USP 2000

- HERNANDEZ Marcos Martinez Historia Del Leacutexico Romaacutenico Madri Biblioteca

Romacircnica Hispaacutenica Editorial Gredos 1974

113

- Iliacuteada de Homero vol I Homero traduccedilatildeo de Haroldo de Campos introduccedilatildeo e

organizaccedilatildeo Trajano Vieira ndash 4 Ed ndash Satildeo Paulo Arx 2003

- KRISTEVA Julia Histoacuteria da Linguagem Coleccedilatildeo Signos 6 Traduccedilatildeo Maria

Margarida Barahoma Lisboa Ediccedilotildees 70 1969

- LIDDELL and SCOTT An Intermediate Greek-English Lexicon The seventh edition

of Liddell and Scottrsquos Greek-English Lexicon Oxford University Press printed in India

by Gopsons Paper Ltd Noid ndash 201 301

- MELO Joseacute Marques de Histoacuteria social da imprensa fatores socioculturais que

ratardaram a implantaccedilatildeo da imprensa no Brasil Joseacute Marques de Melo ndash Porto

Alegre EDIPUCRS 2003

- MELO Joseacute Marques de Sociologia da Imprensa Brasileira a implantaccedilatildeo Prefaacutecio

de Luiz Beltratildeo Petroacutepolis Vozes 1973

- Odisseia Homero ediccedilatildeo biliacutengue traduccedilatildeo posfaacutecio e notas de Trajano Vieira

ensaio de Italo Calvino ndash Satildeo Paulo Ed 34 2011

- ORLANDI E P (1990) Terra agrave Vista Discurso do Confronto Velho e Novo Mundo

CampinasSatildeo Paulo Ed Unicamp Cortez

____________ (1999) Anaacutelise do Discurso ndash Princiacutepios e Procedimentos Campinas

Pontes

- PEREIRA Rui Abel Unidades Greco-Latinas na Liacutengua Portuguesa Dissertaccedilatildeo de

Mestrado defendida na Universidade Catoacutelica Portuguesa 2005

- PEREIRA Terezinha Maria Scher Histoacuteria e linguagem em Os Lusiacuteadas

fileCUsersHpDownloads49613-Texto20do20artigo-60952-1-10-

2013010820(1)pdf

114

- RANAURO Hilma LEXICOGRAFIA E INCORPORACcedilAtildeO ORTOGRAacuteFICA DE

EMPREacuteSTIMOS[1] a soluccedilatildeo brasileira Texto online sem publicaccedilatildeo in

httpwwwfilologiaorgbrhilmaranaurolexicograficaeincorporacaohtml (11032019

agraves 930 hrs)

- RIBEIRO Darcy O Processo Civilizatoacuterio Satildeo Paulo Companhia das Letras

Publifolha 2000

- RODRIacuteGUEZ-TAPIA Sergio Los textos especializados semiespecializados y

divulgativos una propuesta de anaacutelisis cualitativo y de clasificacioacuten cuantitativa

UNED Revista Signa 25 (2016) pags 987-1006

- SILVA Maxwel F O Embate Entre Artes Liberais E Artes Mecacircnicas E O Discurso

Da Educaccedilatildeo Profissional No Brasil No Final Do Seacuteculo XIX E Iniacutecio Do Seacuteculo XX

Revista Temas em Educaccedilatildeo Joatildeo Pessoa v23 n1 p160-168 jan-jun 2014

- Syndicate of the University of Cambridge Reading Greek Cambridge Typeset in

Bembo 1999

- SHWARCZ L M (1998) As Barbas do Imperador ndash D Pedro II um monarca nos

troacutepicos Satildeo Paulo Companhia das Letras

- SOUZA Francisco Antonio de Novo Diccionario ndash Latino-Portuguez Rio de Janeiro

Livraria H Antunes sd

- SOUZA Patriacutecia Aparecida Guimaratildees de As personagens das cartas de Aacutelvares de

Azevedo

- Syndicate of the University of Cambridge Reading Greek Cambridge Typeset in

Bembo 1999

- VIEIRA Faacutebio Antunes O Impeacuterio e o Renascimento Caroliacutengio uma abordagem

UNIMONTES CIENTIacuteFICA Montes Claros v12 n12 - jandez 2010

115

-VIRGIacuteLIO Eneida brasileira traduccedilatildeo poeacutetica da epopeia de Puacuteblico Virgiacutelio Maro

Virgiacutelio organizaccedilatildeo Paulo Seacutergio de Vasconcellos et al traduccedilatildeo Manuel Odorico

Mendes - Campinas SP Editora da UNICAMP 2008

- WUumlSTER Eugen Introduccioacuten la Teoriacutea General de la Terminologiacutea y a la

Lexicografiacutea Terminoloacutegica Barcelona Institut Universitari de Linguumliacutestica Aplicada

Universitat Pompeu Fabra 1998 (Responsable de la edicioacuten M Teresa Cabreacute)

101 Bibliografia online

httpwwwperseustuftseduhoppertextdoc=Perseus3Atext3A19990400573A

entry3Dw28rolo2Fgion ndash dia 21092018 agraves 2050hrs

httpwwwperseustuftseduhoppertextdoc=Perseus3Atext3A19990400573A

entry3Dfarmakeutiko2Fs ndash 09072018 agraves 1532hrs

httpwwwperseustuftseduhoppertextdoc=Perseus3Atext3A19990400593A

entry3Dpharmaceuticus - 09072018 agraves 1611hrs

httpenwikipediaorgwikiGalen - 09072018 agraves 1653hrs

httpptwikipediaorgwikiHomeopatia - 23072018 agraves 1346hrs

httpwwwinfoescolacomquimicaquerosene - 2307 agraves 1732hrs

httpwwwgelhospedagemdesiteswsestudoslinguisticosvolumes32htmmesaredom

r004htmestudoslinguisticosvolumes32htmmesaredomr004htm (25032019)

httpsptwikipediaorgwikiRenascenC3A7a_carolC3ADngia

116

httpwwwmuseudaenergiaorgbrmedia6315311pdf

httpwwwgelhospedagemdesiteswsestudoslinguisticosvolumes32htmmesaredom

r004htmestudoslinguisticosvolumes32htmmesaredomr004htm (2503)

httpsptwikipediaorgwikiRenascenC3A7a_carolC3ADngia

117

11 Apecircndices

111 Lexemas ligados agrave cultura

PALAVRA BIOGRAPHIA

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

- bio- elem Comp do Gr biacuteos lsquovidarsquo

que se documenta em numerosos

compostos da linguagem cientiacutefica

internacional a partir do seacutec XIX ()

biografia | -phia 1825 ()

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

biografia Sf descriccedilatildeo ou histoacuteria da

vida de uma pessoa

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 25 de abril de 1852 Aurora Paulistana

Satildeo Paulo

ATTENCcedilAtildeO | A Farrapeida| Recebem-

se nesta typogra|phia assignaturas para um

| opusculo que breve sahiraacute aacute | luz com o

titulo acima e con- | teraacute cerca de 120

paginas Ersquo | um poema em que se descre-

| vecirc a biographia dos princi- | paes

membros do partido - | Venda-grande ndash

118

nesta provin- | cia e dividido em 5 cantos

dos quaes estatildeo jaacute na typogra- | phia os

tres primeiros cujos titulos satildeo | I A

CARA-SUGEIDA | precedida de uma

estampa | representando um individuo |

desejando surprehender os | segredos de

uma bella Con- | deccedila | II A

CARRONrsquoIHEI- | DA ou as magicaturas

pre- | cedida igualmente de uma ca- |

ricatura | III A JANISTROQUEI- | DA

ou factos historicos bio- | graphia

completa de um ca- | valheiro muito

conhecido a | caricatura que precede este |

canto eacute muito curiosa | Preccedilo de cada

exemplar | 1$ reis pagos ao receber o |

exemplar

PALAVRA EPITHETO

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

epiacuteteto sm lsquopalavra ou frase que

qualifica pessoa ou coisarsquo lsquocognomersquo |

epytheton XVI | do fr eacutepithegravete deriv do

lat epitheton ndashi e este do gr epiacutetheton

()

119

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

epiacuteteto sm 1 palavra ou frase que

qualifica pessoa ou coisa 2 V cognome

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 4 de marccedilo de 1853 Satildeo Paulo Aurora

Paulistana

CURA CERTA | e em pouco tempo de

todas as enfermidades provenientes de

vicio san- | guineo como ndashescrophulas

tube[r]- | culos lepra syphylis etc etce

[ilegiacutevel] | particular as affecccediloens de

pape[ilegiacutevel] | em seu principio ||

Etienne Lagarde || Pharmaceutico e

cirurgiatildeo das faculdades | Pariz e do Rio

de Janeiro ex-preparad[o] | do Curso de

Chimica da escola de medic[i]- | na e

pharmacia de Poi[furo]iers membro da

s[o]- | ciedade medica da mesma cidade e

corres- | pondente de algumas sociedades

scientificas || Attenccedilacirco || A experiencia

junto aacute perseveranccedila qu[e] | hoje tem sido

meus uacutenicos guias no trata[men]- | to das

enfermidades acima mencionadas os |

caracteres horriveis que ellas apresentatildeo |

desgostos que sobrevem as pessoas que

satildeo de | las attacadas deviatildeo naturalmente

attrahir | attenccedilatildeo de todo o homem amigo

da huma- | nidade || Antigamente estas

enfermidades se consi- | deravatildeo com um

120

principio contagioso o que | obrigava os

doentes a buscar longe das povo- | accedilotildees

uma morada tranquilla que lhes permi- |

tisse esperar com paciencia a hora que [o]

| Creador tivesse determinado para pocircr

term[]| a todos os seus soffrimentos hoje

porem assim | natildeo acontece os progressos

que tem feito [a] | sciencia medica com os

numerosos trabalhos | e investigaccedilotildees da

chimica tem em fim intro- | duzido na

therapeutica e posto aacute disposiccedilatildeo | dos

homens da sciencia um meio prophilati- |

cos contra estas crueis enfermidades

fazendo | assim esperar uma prompta cura

a todos | aquelles que o quizerem abraccedilar

|| Penetrado do sentimento o mais sincero

da | philantropia do amor aacute sociedade

offereccedilo o[s] | meus recursos meacutedicos e

pharmaceuticos ad- | quiridos por um

aturado e longo estudo da na- | tureza

humana Ersquo pois com os medicamen- | tos

preparados por minhas proacuteprias matildeos

qu[e] | me proponho a curar a todos

aquelles que m[e] | quizerem procurar ||

Estou certo que os epithetos de ndash

charlatatildeo | e especulador ndash ser-me-hatildeo

lanccedilados por al- | guns ao lerem este meu

annuncio porem natildeo | seraacute por homens

sensatos que serei assim [ilegiacutevel] | xado

O sabio indaga consulta ouve [ilegiacutevel] |

entre voacutes (como eu creio) existe algum

rec[ilegiacutevel] | conhecimento recebei de

antematildeo toda a mi- | nha gratidatildeo || A

121

voacutes enfermos eu dirijo meus offereci- |

mentos eu saberei consolar-vos e talvez

da[r]- | vos a panaceacutea beneacutefica da saude

que tan[furo] | desejaes || Seja o

reconhecimento o fructo de meu[s] |

trabalhos e o uacutenico tributo que desejo

obte[r] | daquelles que me quizerem

honrar com sua[s] | consultas|| Dirijatildeo-se

ao Hotel Paulistano na rua d[e] | Satildeo

Bento nuacutemero 35

PALAVRAS SYSTEMA

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

sistema sm conjunto de elementos

materiais ou ideais entre os quais se possa

encontrar ou definir alguma relaccedilatildeo

meacutetodo processo | sys- 1810 | do fr

Systegraveme deriv Do lat Tard Systema e

este do gr Syacutestema

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

sistema Sm1 conjunto de elementos

materiais ou ideias entre os quais se possa

encontrar ou definir alguma relaccedilatildeo 2

disposiccedilatildeo das parts ou dos elementos de

um todo coordenados entre si e que

122

funcionam como estrutura organizada 3

reuniatildeo de elementos naturais da mesma

espeacutecie que constituem um conjunto

intimamente relacionado 4 o conjunto

das instituiccedilotildees poliacuteticas eou sociais e dos

meacutetodos por elas adotados encarados quer

do ponto de vista teorico quer do de sua

aplicaccedilatildeo praacutetica 5 reuniatildeo coordenada e

loacutegica de priciacutepiosou ideacuteias

relacionadasde modo que abranjam um

campodo conhecimento 6 conjunto

ordenados de meios ou ideacuteias tendente a

um resultado plano meacutetodo 7 teacutecnica ou

meacutetodo empregado para um fim preciacutepuo

8 modo maneira forma 9 complexo de

regras ou normas 10 haacutebito particular

costume 11 anat conjunto de oacutergatildeos

compostos do mesmo tecido e que

desempenham funcotildees similares 12

biolcoodenaccedilatildeo hierarquica dos seres

vivos em um esquema loacutegico e metoacutedico

segundo o princiacutepio de subordinaccedilatildeo dos

caracteres 13 comun conjunto particular

de instrumentos e convenccedilotildees adotados

com o fim de dar um informaccedilatildeo 14 fiacutes

parte limitada do universo sujeita a

observaccedilatildeo imediata ou mediata e que

em geral pode caracterizar-se por um

conjunto finito de variaacuteveis associadas a

grandezas fiacutesicas que a identificam

univocamente 15 geolconjunto de

terrenos que correspondem a um periacuteodo

geologico 16 ling conjunto de elementos

123

linguiacutesticos solidaacuterios entre si 17 ling a

proacutepria lingua quando encarada sob um

aspecto estrutural 18 muacutes qualquer seacuterie

determinada de sons consecutivos ()

PERIOacuteDICOS

DATAS

E

CIDADES DE ORIGEM

- 24 de abril de 1870 Campinas Gazeta

de Campinas

PHOTOGRAPHIA CAMPINENSE DE

HENRIQUE ROSENI|28-RUA

DIREITA-28|Tira-se retratos todos os dias

e por todos os systemas Para familia - os

preccedilos satildeo reduzidos consideravelmente

- 29 de setembro de 1870 Campinas

Gazeta de Campinas

E Athouguia cirurgiatildeo dentista aprovado

pela academia de medicina do Rio de

Janeiro colloca dentaduras pelos systemas

melhores e mais mdernos (como jaacute

annunciou) limpa e chumba os dentes

cariados cauteriza-os com antecedencia

afim de tirar-lhes toda a sensibilidade

nervosa tira os defeito provenientes de

uma maacute regularidade desses orgatildeos cura

124

todas as molestias da bocca e faz

obturadores apparelhos essenciaes tanto

para o asseio da mesma como para a boa

pronunciaccedilatildeo tendo pleno conhecimento

das molestias e de sua applicaccedilatildeo offerece

seus prestimos gratuitamente aacutes pessoas

menos abastadas Quem precisar dirija-se

ou por escripto ao largo da Matriz Velha

junto do sino grande

- 25 de fevereiro de 1872 Campinas

Gazeta de Campinas

Grande sortimento de garampos para

prender o cabello novo systhema Em

casa de Leon Hertz -66

- 08 de agosto de 1872 Campinas Gazeta

de Campinas

ESPECIALIDADE|| Acha-se aberto no

largo da Matriz-nova nuacutemero 2C um

armazem de assucar de todas as

qualidades|Recebe-se mensalmente

grande porccedilatildeo de assucar de Pernambuco

das melhores qualidades desde o alvo

125

fino ateacute o mascavo|Recebe assucar

refinado de 1ordf e 2ordf qualidade pelo

processo de crestalisaccedilatildeo bastante

conceituado entre os que conhecem esses

systemas de clarear depurar e

cristalisar|Recebe igualmente refinado a

braccedilos pelo systhema comum e das mais

acreditadas refinaccedilotildees do Rio de

Janeiro|Vende-se o assucar cruacute de meia

arroba para mais havendo grande

abatimento comprando em saccos|

Vende-se o refinado tambem de meia

arroba para mais havendo grande

abatimento comprando embarricada

- 14 de junho de 1874 Campinas A

Mocidade

O retratista photographo Evaristo

Brasileiro de Campos Mello esperando

uma nova officina que lhe vem

directamente da Europa previne a seus

amigos e fregezes que continuaraacute a tirar

retratos por qualquer systema pelos

preccedilos do costume garantindo um grande

melhoramento em seu trabalho espernado

por isso merecer sempre confianccedila deste

cavalheiro e generoso povo Campineiro|

A 5000 A DUZIA

126

- 14 de outubro de 1874 Campinas A

Mocidade

PEDE-SE TODA||ATTENCcedilAtildeO|| Aos

senhores fazendeiros|| Ferreira Novo amp

Filho participaratildeo aos senhores

fazendeiros e negociantes que continuatildeo a

comprar cafegrave em maior quantidade do que

faziam ateacute hoje achando-se para isso

habilitados por acabarem de contractar

com algumas das principais casas

exportadoras a fazerem grandes compras

Nosso systema de compras seraacute

Comprar toda e qualquer quantidade de

cafegrave quando beneficiado o prompto

recebemos ou com poucos dias de

demora depois da venda| Pedimos a todos

os senhores fazendeiros qua quando

tenhatildeo cafegrave em qualquer quantidade

promptoe queiratildeo vender a bondade de

nos procurarem pagando sempre no dia da

venda maior preccedilo que permitir o estado

do cafegrave nos principais mercados do paiz

da America e da Europa habilitando-nos

para podermos fazer tatildeo grande vantagem

aos senhores lavradores o telegrapho que

acaba de collocar em comunicaccedilatildeo diaria

esta florescente cidade com aqueles

127

principaes mercados

- 21 de outubro de 1874 Campinas A

Mocidade

Photographia

Campinense||DE||HENRIQUE ROSEN||

50 - RUA DIREITA - 50||Em

consequencia de novos melhoramentos

introduzidos no salatildeo de vidro deste bem

conhecido estabelecimento photographico

o mais antigo da provincia tira-se de hoje

em deante retratos perfeitos das 7 horas da

manhatilde ateacute 5 da tarde e com qualque[r]

tempo sendo preferidos os dias cobertos

e chuvosos| Trabalha-se todos os dias e

por todos os systemas Especialidades -

Retratos coloridos a Crozat e aquarela

Esmaltados Bombeacute Cabinet e Mezzo

Tinto dos quaes os ultimos imitando

porcellana foratildeo introduzidos nesta

provincia pelo annunciante e satildeo tirados

soacutemente no estabelecimento do mesmo|

Os retratos da phptographia simples tiratildeo-

se ainda pelo preccedilo baratiacutessimo de 6$000

a duzia pagando adeantado| O

annunciante esera conrinuar a merecer a

affluencia e valiosa protecccedilatildeo dos seus

numerosos amigos e freguezes - convida

128

ao respeitavel publico em geral para

examinar sua extense e variada galeria|

CASA FILIAL A PHOTOGRAPHIA

CAMPINENSE|| Satildeo Joatildeo do Rio-Claro||

20 - RUA DO COMMERCIO - 20|| (Perto

da Collectoria)

- 01 de fevereiro de 1888 Campinas

Diaacuterio de Campinas

Officina de espingardeiro||RUA

GENERAL OZORIO 102 A|Nesta antiga

e muito conhecida officina continuam-se a

trabalhar com perfeiccedilatildeo e solidez em

consertos de armas de fogo de qualquer

systema| Envernizam-se espingardas

com perfeiccedilatildeo tal de competir comas

novas Bem como fabricam-se qualquer

peccedila nova e tudo que diz respeito a essa

arte| Facas de prata trabalhadas aacute

capricho| Garante-se a maxima perfeiccedilatildeo

na execuccedilatildeo dos trabalhos que a esta casa

forem confiados|| PRECcedilOS MODICOS||

BALTHASAR BRUNI|| RUA GENERAL

OZORIO 102 A|| CAMPINAS

- 10 de dezembro de 1828 Satildeo Paulo O

129

Farol Paulistano

Joatildeo Francisco Espingardeiro de Paris

avisa|ao Respeitavel Puacuteblico drsquoesta

Cidade que elle tem| um sortimento de

espingardas de um novo systema|

chamado Pistatildeo cuja superioridade eacute

incontestavel a|respeito das de

pedra_Tambem poem as de pedra|ao

systema novo e faz com o maior cuidado

todos os| concertos de sua profissatildeo sua

residecircncia eacute na Rua| do Rozario nuacutemero

24

- 22 de janeiro de 1879 Satildeo Paulo

Correio Paulistano

PHOTOGRAFIA|AMERICANA|RUA

DA IMPERATRIZ|Satildeo PAULO| O

propretaacuterio deste estabelecimento de

volta de sua viagem aacute Europa continua a

trabalhar no mesmo estabelecimento o

qual se acha augmentado com machinas e

utensiacutelios os| mais modernos|Neste

estabelecimento que conta 16 annos de

existencia (o mais antigo deste proviacutencia)

continua-se a trabalhar por todos|os

sistemas de photografias desde o retrato

130

em a|mais pequena miniatura ateacute o

tamanho natural|Encarrega-se de mandar

pintar em Pariz pelos melhores pintores

qualquer retrato em|busto ou corpo

inteiro a oleo pastel ou aquarella

bastando para isso um pequeno retrato|da

pessoa que se quizer retratar|Trabalhar-se

todos os dias das 10 horas da manhatilde aacutes 4

horas da tarde natildeo importa o tempo

chuvoso|OS SENHORES

PHOTOGRAFOS|encontraratildeo neste

estabelecimento tudo que eacute mister aacute

mesma arte e pelos preccedilos do Rio de

Janeiro|Retratos de ateacute Reacuteis 5$ a duacutezia

- 13 de julho de 1879 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

SALAtildeO CONIMBRICENSE|30 A ndash Rua

da Imperatriz ndash 30 A| Neste bem montado

estabelecimento encontraratildeo as

excelentiacutessimas famiacutelias um grande

e|variado sortimento de posticcedilos de

cabelos de todas as cores como sejam

tranccedilas coques|caeche-peignes topetes e

grampos frisados penteados pelos

systemas mais modernos|Os preccedilos satildeo

sempre mais baratos do que em qualquer

outra parte|SALAtildeO

131

CONIMBRICENSE|30 A ndash Rua da

Imperatriz ndash 30 A|Joseacute da Cunha

Fachadas|Satildeo Paulo

- 27 de fevereiro de 1889 Satildeo Paulo

Correio Paulistano

Engelberg Siciliano amp

Companhia|Machinas para

lavoura|privilegiadas pelo governo

imperial|Satildeo Paulo|No empenho de tornar

cada vez mais conhecidas as vantagens

que sobre|quaesquer outras offerecam as

nossas excellentes machinas para a

lavoura|chamamos a atenccedilatildeo do senhores

fazendeiros para o seguinte|descascador

de cafeacute do ldquoengelbergrdquo|O descascador

ldquoEngelbergrdquo eacute o unico que absolutamente

natildeo quebra cafeacute|apresentando aleacutem desta

incontestavel vantagem outras muitas

taes como--|grande simplicidade e

solidez dispensando os tantos concertos

que satildeo|precisos em outras beneficio

perfeitissimo devido ao seu excepcional e

|unico systema pelo qual o cafeacute se

descasca brandamente sem estragar-se

conservando por muito tempo a sua cocircr

natural e sendo por isso muito apreciado e

procurado em todos os mercados natildeo se

132

perde nenhum gratildeo de cafeacute porque a palha

sahe de tal modo moiacuteda que eacute impossivel

envolver cafeacute algum|natildeo acontecendo o

mesmo com outros descascadores os

quaes apezar de|moerem o cafeacute deixam a

palha quase inteira envolvendo-se nella

grande|quantidade de gratildeos que afinal se

perdem por na poderem ser

separados|occupa menor forccedila do que

qualquer outro descascador para

beneficiar a|mesma quantidade havendo

aleacutem disso grande economia de lenha e

tempo| Enfim os numerosos attestados

que recebemos diariamente de

illustrados|fazendeiros e as experiencias

feitas por muitas vezes em cotejo com

outras|machinas em cujas experiencias

tem-se observado que os nossos

descascadores|sugmentam a safra ateacute dez

por cento satildeo elementos mais que

sufficientes para | comprovar o que

dizemos|E se isso ainda natildeo focircr bastanto

nos obrigamos a pagar a quantia de reacuteis

50$000|por arroba de cafeacute que sahir

quebrado de nossa machina condiccedilatildeo essa

que nos | poderaacute impor qualquer

comprador|Ainda mais -- faremos

prezente de um descascador de qualquer

tamanho|dos de nossa invenccedilatildeo a quem

quizer nos dar em troca o cafeacute que sobrar

do cotejo com outro descascador de

differente systema tomando-se como

base|quantidade egual de cafeacute em cocircco

133

calculada para dar dez mil

arrobas|beneficiadas|Quer isto dizer que o

nosso descascador nas primeiras mil

arrobas de cafeacute que | beneficia jaacute

proporciona para o fazendeiro uma

economia cujo valor eacute superior|ao seu

custo|Diante de vantagem tatildeo reaes e

incontestaveis excusado eacute encarecer os

meritos desta machina e para sua

significativa importancia nos limitamos a

reclamar em|geral a attenccedilatildeo da lavoura

do paiz a favor da qual revertem os seus

beneficios|Ventilador de cafeacute em

cocircco|Apartador de pedras|Esta machina

tambem muito simples de tatildeo solida

construcccedilatildeo como a|precedente torna se

egualmente necessaria por ser de grande

vantagem e de|reconhecia utilidade

notadamente nas fazendas situadas em

terrenos|pedregosos|Atenuando

consideravelmente a penosa lide da

lavagem do cafeacute proporciona

ao|fazendeiro uma grande economia de

tempo em relaccedilatildeo aacutequelle

prejudicial|systema|O nosso ndash Ventilador

para cafeacute em cocircco ldquoApartador de pedrasrdquo

duas machinas|adaptadas nrsquouma soacute peccedila

pelo que dispensa completamente o antigo

ventilador|para cafeacute em cocircco preencheu

perfeitamente a lacuna que existia na

lavoura|e tanto eacute isso verdade que

continuamos a receber constantemente

pedidos dessa excellente uacutenica e tatildeo

134

invejada machina|Machina de beneficiar

arroz Evaristo Conrado|Este prodigioso

producto da machina eacute superior a todo o

encocircmio que se lhe|possa fazer e para

comprovar o que avanccedilamos basta nos-aacute

lembrar o imenso|sucesso que acaba de

obter nos Estados Unidos da America

onde cauzou|assombro a sua apresentaccedilatildeo

um publico organizando-se desde logo

uma|companhia com o elevado capital de

um milhatildeo de dollars para desenvolver

o|seu fabrico em grande escala conforme

reclama a procura|A superioridade desta

machina sobre qualquer outra eacute tatildeo

sensiacutevel que a tornaunica no mundo De

uma solidez e simplicidade extremas

dispensa o serviccedilo|de machinista

profissional para dirigil-a sem prejudicar

nem mesmo de leve|este resultado-- natildeo

quebra arroz brune-o com admiraacutevel

perfeiccedilatildeo e|toda a casca pondo-a em

condiccedilotildees de prestar-se a diversos

msisters de grande|utilidade|Aleacutem disto a

machina ldquoEvaristo Conradordquo soacute occupa

um pequeno espaccedilo para | seu

funccionamento quando as outras

existentes sobre serem deficientes

em|seus resultados satildeo de grandes

complicaccedilotildees e de preccedilo

extraordinariamente|maior sendo ainda de

dispendiosissima montagem

135

- 15 de outubro de 1852 Satildeo Paulo

Aurora Paulistana

HOMŒOPATHIA PURA | RUA

DIREITA NUacuteMERO 17 | O medico-

cirurgiatildeo Joseacute Maria de | Souza tem a

honra de declarar a to- | das aquellas

pessoas que quizeres | honrar com sua

confianccedila que elle se | acha novamente

residindo nesta ci- | dade rua Direita

nuacutemero 17 onde continuacutea | a exercer a sua

profissatildeo pelo syste- | ma homœopathico

e onde seraacute encon- | trado a qualquer hora

do dia ou da | noite O annunciante

tambem arran- | ca lima e chumba dentes

e faz todas | as outras operaccedilotildees que diz

respeito | a esta arte com a maior

perfeiccedilatildeo|| Os pobres seratildeo tratados

gratuita- | mente

- 5 de fevereiro de 1867 Satildeo Paulo

Correio Paulistano

ATTENCcedilAtildeO || Chegou aacute rua da

136

Imperatriz nuacutemero 4 os seguintes |

instrumentos de musicas os quaes seratildeo

ven- | didos a preccedilos ainda menores que os

do Rio | de Janeiro || Grandes sortimentos

de clarinetas de eacutebano e | buxo com 13

10 e 17 chaves em si b || Ditas de eacutebano

com 13 chaves em doacute e laacute || Grandes

sortimentos de palhetas para as mes- |

mas e requinta || Flautins de eacutebano e

buxo com 4 5 e 6 cha- | vecircs de prata e

diversos tons || Completo sortimento de

instrumentos de me- | tal para banda

militar e orchestra sendo tudo | pelo

systema sax o mais moderno que ha ||

Arvores de campainhas bumbos flautas

di- | versas cavaletes para rabecatildeo

estandartes para | violatildeo-cello surdinas

para rabeca metronomos | para marcar

compasso differentes bocaes para |

instrumentos de metal violotildees diapasatildeo

nor- | mas etc etc | Na mesma casa ha

sempre grande sortimento | de musicas

para piano e canto orchestra e to- | dos os

instrumentos || N B Para qualquer

instrumento comprado | nesta casa ha

methodos e escallas

PALAVRA THEATRO

137

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

teatro Sm orig local onde se

representam obras dramaacuteticas oacuteperas etc

exta arte de representar o palco | the-

XV | do lat Theatrum -e ()

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

teatro Sm 1 edifiacutecio onde se

apresentam obras dramaacuteticas oacuteperas etc

2 A arte de representar o palco 3

coleccedilatildeo das obras dramaacuteticas de um autor

eacutepoca ou naccedilatildeo 4 lugar onde se passa

algum acontecimento memoraacutevel palco

()

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 01 de outubro de 1879 Satildeo Paulo O

Constituinte

THEATRO SAtildeO JOSEacute|Companhia

Lyrica Italiana|EMPRESA ANGELO

FERRARI|O empresaacuterio Angelo Ferrari

desejando corresponder ao graciozo

convite de muitas pessoas drsquoessa culta

cidade de Satildeo Paulo resolveu dar uma

seacuterie de 12 reacutecitas apresentando nrsquoeste

numero as operas mas applaudidas de seu

repertorio incluindo O GUARANY do

138

distincto CARLOS GOMES|As

apreiaccedilotildees da imprensa drsquoesta cocircrte cuja

critica tem-se referido aacute exhibiccedilatildeo de cada

opera dispensa elogio aos artistas que

compotildee o elenco da companhia e cujos

nomes satildeo sobejamente conhecidos tanto

na Europa como na America|Aos

illustriacutessimos senhores A L Garraux amp

Companhia podem dirigir-se os|senhores

que assignaram para as 12 reacutecitas que

devem comeccedilar nos pri|meiros dias de

Novembro e aquelles senhores acham-se

auctorisados para|receberem a respectiva

entrada|O elenco eacute composto dos artistas

da companhia jaacute conhecidos|pelas

publicaccedilotildees nas folhas drsquoesta cocircrte

inclusive a primeira dama|soprano Maria

Durand e o primeiro tenor F Tamagno A

orchestra|contando haacutebeis professores e

regida pelo distincto

maestro|CAVALHEIRO N BASSI |Rio

de Janeiro 26 de sentembro de 1870|A

Ferrari

- 5 de outubro de 1852 Satildeo Paulo

Aurora Paulistana

- 15 de outubro de 1852 Satildeo Paulo

Aurora Paulistana

139

JOSErsquo PHILIPPE SALMAN mora | dor

na rua de Satildeo Bento nuacutemero 16 participa

| ao respeitavel publico e especialmente |

aos seus freguezes que elle tem para |

vender um completo sortimento do |

oculos de todas as qualidades lunetas |

vidros avulsos oculos de alcance di- | tos

para theatro bengallas ampc ampc | na

mesma casa continua-se a vender | e

concertar relogios de todas as qua- |

lidades

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

Theatro Satildeo Joseacute || GRANDE

COMPANHIA | DE | OPERA-COMICA

E OPERETAS | DO | Theatro SantrsquoAnna

da Cocircrte || EMPREZA HELLER ||

Continuaccedilatildeo dos festejos da | Aboliccedilatildeo ||

HOJE || HOJE || Terccedila-feira 15 de Maio

de 1888 || 4ordf reacutecita de assignatura ||

Representar-se-ha pela primeira vez |

nesta capital a opera-comica fantastica | de

grande espectaculo em 3 actos e 7 |

quadors de Dumanoir e d Ennery tra- |

ducccedilatildeo de Eduardo Garrido ә do doutor

Mo- | reira Sampaio musica original do

dis- | tincto maestro brazileiro Miguel

140

Cordozo || O Ramo de Ouro || Tiacutetulo dos

quadros || 1 a heranccedila do tio Andreacute 2 a

caccedilada | real 3 a Burra de Martinho 4 o

poder | do Ramo 5 O genio e a fada 6 o

amo | de Branca 7 o palaacutecio encantado ||

Os scenarios novos satildeo devidos ao ha- |

bil pincel do distincto scenographo Car- |

rancine || Os vestuarios satildeo todos novos e

riquis- | simos feitos nas officinas do

theatro | SantrsquoAnna sob a direcccedilatildeo do

senhor Lisboa | e de Mm Victorina

Pezanna || Todos os adereccedilos novos

feitos tam- | bem nas officinas do theatro

sob a direc- | ccedilatildeo dos senhores Joseacute Dias e

Jardim || A musica eacute ensaiada pelo

maestro da | comanhia do senhor Miguel

Cardoso e pelo | distincto professor

Tavares || Todas as cabelleiras satildeo feitas

pelo | muito habil cabelleireiro do theatro

o | senhor Joatildeo Lima Campos || Mise-em-

scene do artista HELLER || Arsquos 8frac12

horas|| Os bilhetes aacute venda na Casa

Garraux | ateacute aacutes 4 horas da tarde e das 5

horas em | diante na bilheteria do theatro

|| Preccedilos || Camarote e 1ordf e 2ordf ordem

15$000 || Camarote e 3ordf ordem 8$000 ||

Poltronas 3$000 || Cadeiras 2$000 ||

Galeria 1$000 || AMANHAN || Quarta-

feira 16 de Maio | 5ordf Reacutecita de

assignatura | com a opera comica em 3

actos | e 4 quadras || OS SIGNOS DE

CORNEVILLE

141

PALAVRA PHILANTROPIA

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

-fil(o)- -fil(o) fil(o)- elem Comp

derivados do grego mas de eacutetimos

distintos (i) -fil(o)- do gr Phil(o)- de

phiacutelos amigo que ocorre em vaacuterios

compostos jaacute formados no proacuteprio grego

como filosofo por exemplo e em muitos

outros introduzidos na linguagem

cientiacutefica internacional a partir do seacutec

XVIII () -fil(o)- do gr phyl(o)- de

phyacutelon phyle tribo grupo de famiacutelias da

mesma raccedila bem menos frequentedo que

os dois elementos anteriores ocorre em

alguns poucos vocs da linguagem

cientiacutefica internacional () filantropia (i)

| XVIII ph- XVIII | do fr philanthropie

deriv do gr philanthropiacutea

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

filantropia sf 1 amor agrave humanidade

humanitarismo [Antocircn misantropia (1)

antropofobia] 2 caridade (1)

142

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 4 de marccedilo de 1853 Satildeo Paulo Aurora

Paulistana

CURA CERTA | e em pouco tempo de

todas as enfermidades provenientes de

vicio san- | guineo como ndashescrophulas

tube[r]- | culos lepra syphylis etc etce

[ilegiacutevel] | particular as affecccediloens de

pape[ilegiacutevel] | em seu principio ||

Etienne Lagarde || Pharmaceutico e

cirurgiatildeo das faculdades | Pariz e do Rio

de Janeiro ex-preparad[o] | do Curso de

Chimica da escola de medic[i]- | na e

pharmacia de Poi[furo]iers membro da

s[o]- | ciedade medica da mesma cidade e

corres- | pondente de algumas sociedades

scientificas || Attenccedilacirco || A experiencia

junto aacute perseveranccedila qu[e] | hoje tem sido

meus uacutenicos guias no trata[men]- | to das

enfermidades acima mencionadas os |

caracteres horriveis que ellas apresentatildeo |

desgostos que sobrevem as pessoas que

satildeo de | las attacadas deviatildeo naturalmente

attrahir | attenccedilatildeo de todo o homem amigo

da huma- | nidade || Antigamente estas

enfermidades se consi- | deravatildeo com um

principio contagioso o que | obrigava os

doentes a buscar longe das povo- | accedilotildees

uma morada tranquilla que lhes permi- |

tisse esperar com paciencia a hora que [o]

143

| Creador tivesse determinado para pocircr

term[]| a todos os seus soffrimentos hoje

porem assim | natildeo acontece os progressos

que tem feito [a] | sciencia medica com os

numerosos trabalhos | e investigaccedilotildees da

chimica tem em fim intro- | duzido na

therapeutica e posto aacute disposiccedilatildeo | dos

homens da sciencia um meio prophilati- |

cos contra estas crueis enfermidades

fazendo | assim esperar uma prompta cura

a todos | aquelles que o quizerem abraccedilar

|| Penetrado do sentimento o mais sincero

da | philantropia do amor aacute sociedade

offereccedilo o[s] | meus recursos meacutedicos e

pharmaceuticos ad- | quiridos por um

aturado e longo estudo da na- | tureza

humana Ersquo pois com os medicamen- | tos

preparados por minhas proacuteprias matildeos

qu[e] | me proponho a curar a todos

aquelles que m[e] | quizerem procurar ||

Estou certo que os epithetos de ndash charlatatildeo

| e especulador ndash ser-me-hatildeo lanccedilados por

al- | guns ao lerem este meu annuncio

porem natildeo | seraacute por homens sensatos que

serei assim [ilegiacutevel] | xado O sabio

indaga consulta ouve [ilegiacutevel] | entre

voacutes (como eu creio) existe algum

rec[ilegiacutevel] | conhecimento recebei de

antematildeo toda a mi- | nha gratidatildeo || A

voacutes enfermos eu dirijo meus offereci- |

mentos eu saberei consolar-vos e talvez

da[r]- | vos a panaceacutea beneacutefica da saude

que tan[furo] | desejaes || Seja o

144

reconhecimento o fructo de meu[s] |

trabalhos e o uacutenico tributo que desejo

obte[r] | daquelles que me quizerem

honrar com sua[s] | consultas|| Dirijatildeo-se

ao Hotel Paulistano na rua d[e] | Satildeo

Bento nuacutemero 35

145

112 Lexemas ligados agraves tecnologias

PALAVRA ASPHALTO

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

Asfalto sm lsquodesignaccedilatildeo comum aos

pirobetumes asfaacutelticos utilizados para

pavimentaccedilatildeo de estradas e

impermeabilizaccedilatildeorsquo | -ph- XVI | do fr

Asphalte deriv Do b lat Asphaltus e

este do Gr aacutesphaltos lsquoasfalto betumersquo

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

Asfalto s m 1 designaccedilatildeo comum aos

pirobetumes asfaacutelticos naturais ou

artificiais utilizados para a pavimentaccedilatildeo

de estradas e impermeabilizaccedilatildeo 2

pavimentaccedilatildeo asfaacuteltica asfaltamento

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 15 de junho de 1852 Aurora Paulistana

Satildeo Paulo

Flecheux participa ao publico que elle |

estabeleceo sua fabrica drsquoasphalto no

caminho | de S Caetano e estaacute prompto

para executar | os trabalhos que se lhe

encommendarem Ro- | ga portanto as

146

pessoas que precisarem desta | nova

industria hajatildeo de dirigir-se aacute fabrica |

ou deixar os seus nomes em casa do

Senhor Ce- | lestino Bouroult rua do

Rosario para ser pro- | curado | Avisa

igualmente que os annuncios | feitos pelo

Senhor Bastide satildeo nullos porque o |

annunciante eacute o unico dono e proprietaacuterio

| da dita fabrica

PALAVRAS BICYCLETA

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

cicl(o)- elem Comp do gr Kyklo- de

kyacuteklos ciacuterculo que se documenta em

alguns compostos formados no proacuteprio

grego (como ciacuteclico) e em muitos outros

introduzidos a partir do seacutec XIX na

linguagem erudita () bicicleta sfveiacuteculo

constituiacutedo por um quadro montado em

duas rodas alinhadas uma atraacutes da outra

XIX Do fr bicyclette ||

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

bicicleta (eacute) sf 1 veiacuteculo constituiacutedo por

um quadro (14) montado em duas rodas

originariamente grades alinhadas uma

147

atraacutes de outra e com raios metaacutelicos e que

eacute dotado de selim e manobrado por

guidom e pedais ()

PERIOacuteDICOS

DATAS

E

CIDADES DE ORIGEM

- Dezembro de 1898 Satildeo Paulo A

Notiacutecia

BICYCLETAS| Monarch e

[Ppiao]|Fortes Resistentes Elegantes|

Vende-se em prestaccedilotildees semanaes

PALAVRA ELECTRICA

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

ele(o)tr(o)- elem Comp do gr Elektro-

de elektron acircmbar amarelo que se

documenta em numerosos vocs Eruditos

com a noccedilatildeo de eletricidade em razatildeo da

propriedade que possui o acircmbar de

quando atritado atrair pequenos corpos

que lhe estatildeo proacuteximos esse fenocircmeno

que os cientstas do seacutec XVII atribuiacuteram a

um fluido foi posteriormente

indentificado como um novo tipo de

energia a eletricidade () ele(c)trico |

148

electr- 1813 ()

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

eletrico adj 1 Relativo ou pertencente agrave

eletricidade 2 que se move ou se potildee em

funcionamento pela eletriciade ()

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

REAL COMPANHIA | DE | Paquetes a

vapor | DE | SOUTHAMPTON || O

MAGNIFICO VAPOR | TAGUS | Sahiraacute

no dia 19 de Maio as 4 horas | da tarde

com escalas pelo | Rio de Janeiro| Bahia |

Pernambuco | Lisboa | Vigo e |

Saouthampton | O paquete a vapor | NILE

| Esperado de Southampton e escalas no |

dia 1 de Junho || Sahiraacute depois da

indispensavel demo- | Ra para |

Montevideacuteo e | BuenosAyres || Todos

estes vapores satildeo illumidaos a luz |

electrica || N B ndash Na agencia tomam-se

seguros | sobre as mercadorias

embarcadas por | estes vapores || Para

passageiros carga e mais informaccedilotildees |

com os agentes | Holworthy Ellis amp

Companhia || RUA DE SANTO

149

ANTONIO 40 | SANTOS

PALAVRAS HYDRAULICOS

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

hidr(o)- elem comp do gr hydro- de

hyacutedor-atos aacutegua quese documenta em

vocs formados no proacuteprio grego como

hidrofobia por exemplo e me vaacuterios

outros introduzidos na linguagem

cientiacutefica internacional a partir do seacutec

XIX () hidraacuteulico adj | hy- 1813 | do

lat hidrualicus deriv do gr hydraulikoacutes

()

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

hidraacuteulico Adj1 referencia a qualquer

movimento de liacutequidos especialmente a

aacutegua 2 relativo agrave hidraacuteulica ()

PERIOacuteDICOS

DATAS

E

CIDADES DE ORIGEM

- 22 de janeiro de 1879 Satildeo Paulo

Correio Paulistano

FABRICA|de mosaicos hydraulicos de

Betons agglo|meacutereacutes brancos e de cores

proacuteprios para|terreiros de cafeacute calccediladas

varan|das corredores vestiacutebulos egrejas

150

etc

PALAVRAS KEROSENE

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

querosene sm (Quim) liacutequido resultante

da destilaccedilatildeo do petroacuteleo | kerosene 1873 |

Do fr keacuterosegravene do gr keros cera

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

querosene Sm quiacutem Liacutequido resultante

da destilaccedilatildeo do petroacuteleo com

temperatura de ebuliccedilatildeo entre 150 e 300

graus centesimais fraccedilatildeo entre a gasolina

e o oacuteleo diesel usado como combustiacutevel e

como base de certos inseticiacutedas ()

PERIOacuteDICOS

DATAS

E

CIDADES DE ORIGEM

- 17 de maio de 1874 Campinas A

Mocidade

ATTENCcedilAtildeO|| Attenccedilatildeo [espaccedilo]

Attenccedilatildeo|| Prospero Bellinfanti participa

ao respeitavel publico campeneiro que

recebeu um grande e completo sortimento

de generos norte americanos constando

de machinas de costira com todos os

151

pertences linhas agulhas e oleos arados

completos separados de zinco para cafeacute

machinas para manteiga ditas para cafeacute

gaiolas de arame e muitos outros artigos

de mesma procedencia| Na masma casa

encontra-se lampeotildees de todos os

tamanhos tocidas vidors ara os mesmos e

Kerosenes fogotildees de ferro completo

camas de ferro banheiras tens de

cosinhas estanhados francezes torradores

para cafeacute de todos os tamanhos e grande

sortimento de cestos de vime| O

Propretario deste estabelecimento te aacute Rua

da ponte sem Santa Cruz Nuacutemero 15 uma

officina de caldeireiro e funileiro aonde

se encarrega de todas as obras com cobre

zinco folha etc| Faz os mais perfeitos

alambiques para distilaccedilatildeo de espiritos|

Incumbe-se de qualquer encanamento em

casas etc | Faz banheiras de folha de

todas as dimensotildees| Assenta bombas

simples e de pressatildeo levando a agua onde

se quizer| Faz finalmente todas as obras

concernentes aacute profissatildeo acudindo aos

chamados para qualquer parte onde seus

serviccediloes forem precisos| Concerta e

renova todos os objetos estragados| Tudo

por preccedilos commodos

- 07 de julho de 1870 Campinas Gazeta

152

de Campinas

Abrio-se| O QUE Eacute QUE ABRIO-SE||

A Casa commercial de Francisco Alvaro

de Souza Camargo o qual participa a seus

parentes amigos e freguezes que acaba

de receber um completo sortimento de

ferragens drogas tintas miudezas de

armarinho kerosene chaacute cecircra sementes

de hortaliccedilas etc|Recommenda aos

amadores um bonito sortimento de

espingardas rewolvers facas de caccedila etc

etc|Espera merecer confianccedila das pessoas

que honrarem seu novo estabelecimento

estando o annunciante resolvido a vender

por commodos preccedilos|Rua Direita canto

da da Cadecirca

- 08 de agosto de 1872 Campinas Gazeta

de Campinas

PRESUNTOS|| Carne secca Assucar

Vinhos e Louccedila|| 15-RUA DIREITA-15||

Largo do Rosario|| SAMPAIO ||

Chegaram ultimamente novos generos de

todas as qualidades por preccedilos muito

commodos Velas de composiccedilatildeo de

sebo kerosene azeite doce licores e

153

charutos a comissatildeo assim como

chrystaes da Bohemia porcellanas

caticcedilaes de Leclopate e cera em velas| 15-

RUA DIREITA-15

- 17 de maio de 1874 Campinas A

Mocidade

ATTENCcedilAtildeO|| Attenccedilatildeo [espaccedilo]

Attenccedilatildeo|| Prospero Bellinfanti participa

ao respeitavel publico campineiro que

recebeu um grande e completo sotimento

de generos norte americanos constando

de machinas de costira com todos os

pertences linhas agulhas e oleos arados

completos separadores de zinco para cafeacute

machinas para manteiga ditas para

cafeacutegaiolas de arame e muitos outros

artigos da mesma procedencia| Na mesma

casa encontra-se lampeotildees de todos os

tamanhos torcidas vidros para os

mesmos e Kerozenes fogotildees de ferro

completo camas de ferro banheiras trens

de cozinhas entanhados frencezes

torradores para cafeacute de todo os tamanhos e

grande sortimento de cestos de vime| O

Proprietario deste estabelecimento te aacute

Rua da ponte em Santa Cruz Nuacutemero 15

uma officina de caldeireiro aonde se

154

encarrega de todas as obras em cobre

zinco folha etc| Faz os mais perfeitos

alambiques para destilaccedilatildeo de espiritos|

Incumbe-se de qualquer encanamento em

casas etc| Faz banheiras de folha de todas

as dimensotildees| Assenta bombas simples e

de pressatildeo levando a agua onde se

quizer| Faz finalmente todas as obras

concernentes aacute sua profissatildeo acudindo

aos chamados para qualquer parte onde

seus serviccedilos forem precisos| Concerta e

renova todos os objetos estragados| Tudo

por preccedilos commodos

PALAVRAS LAMPEAtildeO

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

lacircmpada sf aparelho de iluminaccedilatildeo |

XII lampaa XIV | Do lat Lampăda -ae

de lampas -ădis e este do gr Lampaacutes -

ados archote () lampiatildeo | -peatildeo 1813

|()

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

lampiatildeo Sm 1 Tipo de laterna de

grandes dimensotildees eleacutetrica ou

reservatoacuteria para combustiacutevel portaacutetil ou

155

fixa em um teto esquina ou parede 2 p

ext Poste de iluminaccedilatildeo das ruas

PERIOacuteDICOS

DATAS

E

CIDADES DE ORIGEM

- 17 de maio de 1874 Campinas A

Mocidade

ATTENCcedilAtildeO|| Attenccedilatildeo [espaccedilo]

Attenccedilatildeo|| Prospero Bellinfanti participa

ao respeitavel publico campeneiro que

recebeu um grande e completo sortimento

de generos norte americanos constando

de machinas de costira com todos os

pertences linhas agulhas e oleos arados

completos separados de zinco para cafeacute

machinas para manteiga ditas para cafeacute

gaiolas de arame e muitos outros artigos

de mesma procedencia| Na mesma casa

encontra-se lampeotildees de todos os

tamanhos tocidas vidors para os mesmos

e Kerosenes fogotildees de ferro completo

camas de ferro banheiras tens de

cosinhas estanhados francezes torradores

para cafeacute de todos os tamanhos e grande

sortimento de cestos de vime| O

Propretario deste estabelecimento te aacute Rua

da ponte sem Santa Cruz Nuacutemero 15 uma

officina de caldeireiro e funileiro aonde

se encarrega de todas as obras com cobre

zinco folha etc| Faz os mais perfeitos

156

alambiques para distilaccedilatildeo de espiritos|

Incumbe-se de qualquer encanamento em

casas etc | Faz banheiras de folha de

todas as dimensotildees| Assenta bombas

simples e de pressatildeo levando a agua onde

se quizer| Faz finalmente todas as obras

concernentes aacute profissatildeo acudindo aos

chamados para qualquer parte onde seus

serviccedilos forem precisos| Concerta e

renova todos os objetos estragados| Tudo

por preccedilos commodos

PALAVRA LITROS

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

litro sm unidade fundamental de

capacidade de sistema meacutetrico decimal

equivalente agrave capacidade de um deciacutemetro

cuacutebico o conteuacutedo de um litro 1844 do

fr Litre do fr Ant litron deriv Do lat

Med Litra e este do gr Liacutetra peso de

doze onccedilas litro | 1836 sc |

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

litro Sm1 unidade de medida de

capacidade igual a um deciacutemetro cuacutebico

[Siacutemb l] 2 garrafa de litro

157

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 05 de julho de 1887 Satildeo Paulo Correio

Paulista

Alcatratildeo de Guyot|Gordon de Guyot

Purifica o sangue augmenta o apetite

levanta as forccedilas e eacute efficaz|em todas as

doenccedilas dos pulmocirces catarrhas da bexiga

e|affecccedilocirces das mucosas|O Alcatracirco de

Guyot foi experimentado som vantagem

real nos|principatildees hospitatildees de Franccedila

da Beacutelgica e Espanha|Durante os calocircres

e em tempo epidemico eacute uma

bebida|hygienica e preservadora Um soacute

vidro basta para preparar doze|litras

drsquouma bebida salutarissima|O Alcatracirco de

Guyot Authentico eacute vendido em vidras

trazendo|na rotulo e com trez cores a

assgnatura|Venda a varejo na mor parte

das pharmacias Fabricaccedilatildeo em atacado

Casa L Frere

PALAVRAS MACHINAS

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

maacutequina sf Qualquer utensiacutelio ou

158

ETIMOLOacuteGICO instrumento | machina 1572 | do lat

Machina deriv Do gr Dor Machana

meio engenhoso para se conseguir um

fim

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

maacutequina Sf 1 Aparelho ou instrumento

proacuteprio para comunicar movimento ou

para aproveitar pocircr em accedilatildeo ou

transformar uma energia ou agente

natural 2 O conjunto orgacircnico das peccedilas

dum instrumento maquinismo

mecanismo 3 veiacuteculo locomotor 4

utensiacutelio instrumento 5 fig Estrutura

orgacircnica e harmocircnica 6 fig Construccedilatildeo

importante complexa ou suntuosa 7 fig

Entidade ou organismo complexo 8 fig

Multiplicidade de coisas que se

relacionam entre si 9 fig Pessoa sem

ideacuteias proacuteprias e que procede como

autocircmato ()

PERIOacuteDICOS

DATAS

E

CIDADES DE ORIGEM

- 14 de junho de 1870 Campinas Gazeta

de Campinas

KX|Vende-se uma machina propria para

marcar papel cartatildeo de visita e

casamento e bem assim um sortimento de

159

cartotildees bordados e dourados tudo de 1ordf

qualidade Para tratar com o QUIM

SIMOtildeES

- 28 de janeiro de 1872 Campinas

Gazeta de Campinas

BEacuteLIER HIDRAULIQUE (Machinas

para suspender agua) ||Na Imperial

Officina Machina de AC Sampaio

Peixoto construe-se as machinas acima

de diversos tamanhos para suspender agua

a qualquer altura|Estas Machinas satildeo de

muita vantagem para quem tem agua

distante da moradia podendo com o

emprego dellas trazel-a para aonde

quizer e trabalham noite e dia sem ser

necessario meio algum para movel-a se

natildeo a propria agua que entrando por um

tubo escapa parte e pela compressatildeo do ar

daacute impulso a que fica em outro fazendo-a

subir a altura desejada|Satildeo de contruccedilatildeo

simples e duravel o que se garante| Na

officina acima construiu-se uma muito

pequena que estaacute exposta ali para quem

quizer vecircr e trabalha perfeitamente bem

suspendendo 23 pollegadas cubicas de

agua por minuto aacute altura de 18 peacutes (25

palmos)

160

- 17 de maio de 1874 Campinas A

Mocidade

ATTENCcedilAtildeO|| Attenccedilatildeo [espaccedilo]

Attenccedilatildeo|| Prospero Bellinfanti participa

ao respeitavel publico campineiro que

recebeu um grande e completo sotimento

de generos norte americanos constando

de machinas de costira com todos os

pertences linhas agulhas e oleos arados

completos separadores de zinco para cafeacute

machinas para manteiga ditas para

cafeacutegaiolas de arame e muitos outros

artigos da mesma procedencia| Na mesma

casa encontra-se lampeotildees de todos os

tamanhos torcidas vidros para os

mesmos e Kerozenes fogotildees de ferro

completo camas de ferro banheiras trens

de cozinhas entanhados frencezes

torradores para cafeacute de todo os tamanhos e

grande sortimento de cestos de vime| O

Proprietario deste estabelecimento te aacute

Rua da ponte em Santa Cruz Nuacutemero 15

uma officina de caldeireiro aonde se

encarrega de todas as obras em cobre

zinco folha etc| Faz os mais perfeitos

alambiques para destilaccedilatildeo de espiritos|

Incumbe-se de qualquer encanamento em

casas etc| Faz banheiras de folha de todas

161

as dimensotildees| Assenta bombas simples e

de pressatildeo levando a agua onde se

quizer| Faz finalmente todas as obras

concernentes aacute sua profissatildeo acudindo

aos chamados para qualquer parte onde

seus serviccedilos forem precisos| Concerta e

renova todos os objetos estragados| Tudo

por preccedilos commodos

- 22 de janeiro de 1879 Satildeo Paulo

Correio Paulistano

PHOTOGRAFIA|AMERICANA|RUA

DA IMPERATRIZ|Satildeo PAULO| O

propretaacuterio deste estabelecimento de

volta de sua viagem aacute Europa continua a

trabalhar no mesmo estabelecimento o

qual se acha augmentado com machinas e

utensiacutelios os| mais modernos|Neste

estabelecimento que conta 16 annos de

existencia (o mais antigo deste proviacutencia)

continua-se a trabalhar por todos|os

sistmas de photografias desde o retrato

em a|mais pequena miniatura ateacute o

tamanho natural|Encarrega-se de mandar

pintar em Pariz pelos melhores pintores

qualquer retrato em|busto ou corpo

inteiro a oleo pastel ou aquarella

bastando para isso um pequeno retrato|da

162

pessoa que se quizer retratar|Trabalhar-se

todos os dias das 10 horas da manhatilde aacutes 4

horas da tarde natildeo importa o tempo

chuvoso|OS SENHORES

PHOTOGRAFOS|encontraratildeo neste

estabelecimento tudo que eacute mister aacute

mesma arte e pelos preccedilos do Rio de

Janeiro|Retratos de ateacute Reacuteis 5$ a duacutezia

- 05 de julho de 1879 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

LENHA RACHADA POR

MACHINA|Vende-se a 3$000 a carrada

posta em casa do comprador e a 2$600 na

fabrica aacute|Travessa da Mooacuteca proximo a

rua do Braz|Recebem se encomendas no

Cafeacute Americano e Cafeacute de Londres|A

fabrica tendo obtido grandes

melhoramento estaacute prompta a fazer

forenecimentos com toda a pontualidade

possiacutevel

-12 de julho de 1879 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

163

ESTRADA DE FERRO DE Satildeo

PAULO|Vende-se uma machina fixa de

forccedila de 10 cavallos para ver e mais

informaccedilotildees|dirijam-se ao chefe da

estaccedilatildeo nas officinas da companhia na

Luz| As pessoas que a pretenderem

comprar faratildeo sua propostas em cartas

fechadas a esta superintendencia|Satildeo

Paulo 11 de Julho de 1879|W Speers

Superintendente

- 29 de julho de 1887 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

Machinas de costura|A Frederico

Schulze amp Companhia|Impotadores de

Machinas de Costura|Pedem ao

respeitavel publico se digne visitar o seu

estabele|cimento para examinar o que haacute

de melhor em machinas de|costura dos

afamados auctores e com todos os

aperfeiccediloamentos|uacuteteis adoptados pela

technica moderna| Os seus preccedilos satildeo

extremamente moacutedicos e ao alcance

de|todas as bolsas Aqui encontraraacute

sempre o publico grande sortimento|de

machinas para tocar aacute matildeo aacute peacute aacute|peacute e

matildeo com caixa ou sem| caixa proacuteprias e

164

perfeitas para todas as costuras desde a

mais fina|cambraia ateacute o mais en corpado

algodatildeo|Os Senhores Alfaiates

sapateiros selleiros correeiros etc|

tambem encontraratildeo nesta casa as mais

aperfeiccediloadas machinas jaacute|com

accessorios que soacute a mechanica do

progresso hodierno|poderia adeptar para

que taes machinas produzam

trabalhos|maravilhosos natildeo soacute pela

perfeiccedilatildeo como pelo pouco tempo

comsumido|e pelo pequeno incommodo

de quem as menejar para produzirem|taes

resultados Todas as machinas de nosso

estabelecimento satildeo garan|tidas porque soacute

importaremos o que houver de bom

solido elegante|e perfeito nesta industria

Tambeacutem ahi encontraraacute o

respeitavel|publico artigos concerneto aacutes

machinas de costura como

agulhas|retroz oleo almotolias correias

peccedilas avulsas etc tudo de | superior

qualidade a preccedilo moacutedico| Rua de Satildeo

Bento 62| Satildeo Paulo

- 27 de fevereiro de 1889 Satildeo Paulo

Correio Paulistano

Engelberg Siciliano amp

165

Companhia|Machinas para

lavoura|privilegiadas pelo governo

imperial|Satildeo Paulo|No empenho de tornar

cada vez mais conhecidas as vantagens

que sobre|quaesquer outras offerecam as

nossas excellentes machinas para a

lavoura|chamamos a atenccedilatildeo do senhores

fazendeiros para o seguinte|descascador

de cafeacute do ldquoengelbergrdquo|O descascador

ldquoEngelbergrdquo eacute o unico que absolutamente

natildeo quebra cafeacute|apresentando aleacutem desta

incontestavel vantagem outras muitas

taes como--|grande simplicidade e

solidez dispensando os tantos concertos

que satildeo|precisos em outras beneficio

perfeitissimo devido ao seu excepcional e

|unico systema pelo qual o cafeacute se

descasca brandamente sem estragar-se

conservando por muito tempo a sua cocircr

natural e sendo por isso muito apreciado e

procurado em todos os mercados natildeo se

perde nenhum gratildeo de cafeacute porque a palha

sahe de tal modo moiacuteda que eacute impossivel

envolver cafeacute algum|natildeo acontecendo o

mesmo com outros descascadores os

quaes apezar de|moerem o cafeacute deixam a

palha quase inteira envolvendo-se nella

grande|quantidade de gratildeos que afinal se

perdem por na poderem ser

separados|occupa menor forccedila do que

qualquer outro descascador para

beneficiar a|mesma quantidade havendo

aleacutem disso grande economia de lenha e

166

tempo| Enfim os numerosos attestados

que recebemos diariamente de

illustrados|fazendeiros e as experiencias

feitas por muitas vezes em cotejo com

outras|machinas em cujas experiencias

tem-se observado que os nossos

descascadores|sugmentam a safra ateacute dez

por cento satildeo elementos mais que

sufficientes para | comprovar o que

dizemos|E se isso ainda natildeo focircr bastanto

nos obrigamos a pagar a quantia de reacuteis

50$000|por arroba de cafeacute que sahir

quebrado de nossa machina condiccedilatildeo

essa que nos | poderaacute impor qualquer

comprador|Ainda mais -- faremos

prezente de um descascador de qualquer

tamanho|dos de nossa invenccedilatildeo a quem

quizer nos dar em troca o cafeacute que sobrar

do cotejo com outro descascador de

differente systema tomando-se como

base|quantidade egual de cafeacute em cocircco

calculada para dar dez mil

arrobas|beneficiadas|Quer isto dizer que o

nosso descascador nas primeiras mil

arrobas de cafeacute que | beneficia jaacute

proporciona para o fazendeiro uma

economia cujo valor eacute superior|ao seu

custo|Diante de vantagem tatildeo reaes e

incontestaveis excusado eacute encarecer os

meritos desta machina e para sua

significativa importancia nos limitamos a

reclamar em|geral a attenccedilatildeo da lavoura

do paiz a favor da qual revertem os seus

167

beneficios|Ventilador de cafeacute em

cocircco|Apartador de pedras|Esta machina

tambem muito simples de tatildeo solida

construcccedilatildeo como a|precedente torna se

egualmente necessaria por ser de grande

vantagem e de|reconhecia utilidade

notadamente nas fazendas situadas em

terrenos|pedregosos|Atenuando

consideravelmente a penosa lide da

lavagem do cafeacute proporciona

ao|fazendeiro uma grande economia de

tempo em relaccedilatildeo aacutequelle

prejudicial|systema|O nosso ndash Ventilador

para cafeacute em cocircco ldquoApartador de pedrasrdquo

duas machinas|adaptadas nrsquouma soacute peccedila

pelo que dispensa completamente o antigo

ventilador|para cafeacute em cocircco preencheu

perfeitamente a lacuna que existia na

lavoura|e tanto eacute isso verdade que

continuamos a receber constantemente

pedidos dessa excellente uacutenica e tatildeo

invejada machina|Machina de beneficiar

arroz Evaristo Conrado|Este prodigioso

producto da machina eacute superior a todo o

encocircmio que se lhe|possa fazer e para

comprovar o que avanccedilamos basta nos-aacute

lembrar o imenso|sucesso que acaba de

obter nos Estados Unidos da America

onde cauzou|assombro a sua apresentaccedilatildeo

um publico organizando-se desde logo

uma|companhia com o elevado capital de

um milhatildeo de dollars para desenvolver

o|seu fabrico em grande escala conforme

168

reclama a procura|A superioridade desta

machina sobre qualquer outra eacute tatildeo

sensiacutevel que a tornaunica no mundo De

uma solidez e simplicidade extremas

dispensa o serviccedilo|de machinista

profissional para dirigil-a sem prejudicar

nem mesmo de leve|este resultado-- natildeo

quebra arroz brune-o com admiraacutevel

perfeiccedilatildeo e|toda a casca pondo-a em

condiccedilotildees de prestar-se a diversos

msisters de grande|utilidade|Aleacutem disto a

machina ldquoEvaristo Conradordquo soacute occupa

um pequeno espaccedilo para | seu

funccionamento quando as outras

existentes sobre serem deficientes

em|seus resultados satildeo de grandes

complicaccedilotildees e de preccedilo

extraordinariamente|maior sendo ainda de

dispendiosissima montagem

PALAVRAS MACHINISTA

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

maquina sf Qualquer utensiacutelio ou

instrumento | machina 1572 | di lat

Machina deriv Do gr Dor Machana

meio engenhoso para se conseguir um fim

() maquinista 1813 do fr machiniste

169

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

maquinista s 2 g 1 pessoa que inventa

constroacutei ou conduz maacutequinas

principalmente locomotivas e maacutequinas de

navios a vapor 2 teat Contra-regra ou

operaacuterio encarregado da manipulaccedilatildeo dos

mequinismos de um teatro

PERIOacuteDICOS

DATAS

E

CIDADES DE ORIGEM

- 27 de fevereiro de 1889 Satildeo Paulo

Correio Paulistano

Engelberg Siciliano amp

Companhia|Machinas para

lavoura|privilegiadas pelo governo

imperial|Satildeo Paulo|No empenho de tornar

cada vez mais conhecidas as vantagens

que sobre|quaesquer outras offerecam as

nossas excellentes machinas para a

lavoura|chamamos a atenccedilatildeo do senhores

fazendeiros para o seguinte|descascador

de cafeacute do ldquoengelbergrdquo|O descascador

ldquoEngelbergrdquo eacute o unico que absolutamente

natildeo quebra cafeacute|apresentando aleacutem desta

incontestavel vantagem outras muitas

taes como--|grande simplicidade e

solidez dispensando os tantos concertos

que satildeo|precisos em outras beneficio

perfeitissimo devido ao seu excepcional e

|unico systema pelo qual o cafeacute se

170

descasca brandamente sem estragar-se

conservando por muito tempo a sua cocircr

natural e sendo por isso muito apreciado e

procurado em todos os mercados natildeo se

perde nenhum gratildeo de cafeacute porque a palha

sahe de tal modo moiacuteda que eacute impossivel

envolver cafeacute algum|natildeo acontecendo o

mesmo com outros descascadores os

quaes apezar de|moerem o cafeacute deixam a

palha quase inteira envolvendo-se nella

grande|quantidade de gratildeos que afinal se

perdem por na poderem ser

separados|occupa menor forccedila do que

qualquer outro descascador para

beneficiar a|mesma quantidade havendo

aleacutem disso grande economia de lenha e

tempo| Enfim os numerosos attestados

que recebemos diariamente de

illustrados|fazendeiros e as experiencias

feitas por muitas vezes em cotejo com

outras|machinas em cujas experiencias

tem-se observado que os nossos

descascadores|sugmentam a safra ateacute dez

por cento satildeo elementos mais que

sufficientes para | comprovar o que

dizemos|E se isso ainda natildeo focircr bastanto

nos obrigamos a pagar a quantia de reacuteis

50$000|por arroba de cafeacute que sahir

quebrado de nossa machina condiccedilatildeo essa

que nos | poderaacute impor qualquer

comprador|Ainda mais -- faremos

prezente de um descascador de qualquer

tamanho|dos de nossa invenccedilatildeo a quem

171

quizer nos dar em troca o cafeacute que sobrar

do cotejo com outro descascador de

differente systema tomando-se como

base|quantidade egual de cafeacute em cocircco

calculada para dar dez mil

arrobas|beneficiadas|Quer isto dizer que o

nosso descascador nas primeiras mil

arrobas de cafeacute que | beneficia jaacute

proporciona para o fazendeiro uma

economia cujo valor eacute superior|ao seu

custo|Diante de vantagem tatildeo reaes e

incontestaveis excusado eacute encarecer os

meritos desta machina e para sua

significativa importancia nos limitamos a

reclamar em|geral a attenccedilatildeo da lavoura

do paiz a favor da qual revertem os seus

beneficios|Ventilador de cafeacute em

cocircco|Apartador de pedras|Esta machina

tambem muito simples de tatildeo solida

construcccedilatildeo como a|precedente torna se

egualmente necessaria por ser de grande

vantagem e de|reconhecia utilidade

notadamente nas fazendas situadas em

terrenos|pedregosos|Atenuando

consideravelmente a penosa lide da

lavagem do cafeacute proporciona

ao|fazendeiro uma grande economia de

tempo em relaccedilatildeo aacutequelle

prejudicial|systema|O nosso ndash Ventilador

para cafeacute em cocircco ldquoApartador de pedrasrdquo

duas machinas|adaptadas nrsquouma soacute peccedila

pelo que dispensa completamente o antigo

ventilador|para cafeacute em cocircco preencheu

172

perfeitamente a lacuna que existia na

lavoura|e tanto eacute isso verdade que

continuamos a receber constantemente

pedidos dessa excellente uacutenica e tatildeo

invejada machina|Machina de beneficiar

arroz Evaristo Conrado|Este prodigioso

producto da machina eacute superior a todo o

encocircmio que se lhe|possa fazer e para

comprovar o que avanccedilamos basta nos-aacute

lembrar o imenso|sucesso que acaba de

obter nos Estados Unidos da America

onde cauzou|assombro a sua apresentaccedilatildeo

um publico organizando-se desde logo

uma|companhia com o elevado capital de

um milhatildeo de dollars para desenvolver

o|seu fabrico em grande escala conforme

reclama a procura|A superioridade desta

machina sobre qualquer outra eacute tatildeo

sensiacutevel que a tornaunica no mundo De

uma solidez e simplicidade extremas

dispensa o serviccedilo|de machinista

profissional para dirigil-a sem prejudicar

nem mesmo de leve|este resultado-- natildeo

quebra arroz brune-o com admiraacutevel

perfeiccedilatildeo e|toda a casca pondo-a em

condiccedilotildees de prestar-se a diversos

msisters de grande|utilidade|Aleacutem disto a

machina ldquoEvaristo Conradordquo soacute occupa

um pequeno espaccedilo para | seu

funccionamento quando as outras

existentes sobre serem deficientes

em|seus resultados satildeo de grandes

complicaccedilotildees e de preccedilo

173

extraordinariamente|maior sendo ainda de

dispendiosissima montagem

PALAVRAS MECHANICA

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

mecacircnico adj relativo agrave Mecacircnica parte

da Fiacutesica maquinal versado em

Mecacircnica operaacuterio que se ocupa da

conservaccedilatildeo e conserto de motores

artista artesatildeo () mecacircnica XVI Do

lat mechanica deriv do gr mechanikeacute

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

mecacircnica sf 1 Ciecircncia que investiga os

movimentos e as forccedilas que os provocam

2 obra atividade ou teoria que trata de tal

ciecircncia3 o conjunto das leis do

movimento 4 estrutura e funcionamento

orgacircnico 5 aplicaccedilatildeo praacutetica dos

princiacutepios de uma arte ou ciecircncia 6

tratado ou compecircndio de mecacircnica 7

exemplar de um desses tratos ou

compecircndios 8 fig combinaccedilatildeo de meios

de recursos mecanismo ()

174

PERIOacuteDICOS

DATAS

E

CIDADES DE ORIGEM

- 12 de julho de 1828 Satildeo Paulo O Farol

Paulistano

Joatildeo Pedro Latzon tem a honra de

participar| ao respeitavel Publico que elle

proximamente che|gou de Londres aacute esta

Capital onde pertende exhi|bir algumas

Artes Liberaes ou Optica Mechanica|

com toda subtileza perfeiccedilatildeo e

delicadeza a que| eacute possiacutevel chegar na

casa da Opera desta mesma| Cidade no

dia 13 do corrente mez de Julho Todos|

os Senhores e Senhoras que quizerem

honrar o dic|to espectaculo com as suas

presenccedilas queiratildeo se| dirigir aacute casa do

Senhor Guilherme Hopkins morador| na

Ponte de Lorena desde as 10 horas da

manhatilde| ateacute as 4 da tarde do referido dia

13 onde acharaacuteotilde| os Bilhetes natildeo soacute dos

Camarotes como da Pla|tea em cuja

occasiatildeo espera o Reprezentante rece|ber a

competente esportula_Principiaraacute agraves 8

horas| NoteBem A esportula dos

Camarotes Platea| e Varanda eacute a do

costume

175

- 29 de julho de 1887 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

Machinas de costura|A Frederico Schulze

amp Companhia|Impotadores de Machinas

de Costura|Pedem ao respeitavel publico

se digne visitar o seu estabele|cimento

para examinar o que haacute de melhor em

machinas de|costura dos afamados

auctores e com todos os

aperfeiccediloamentos|uacuteteis adoptados pela

technica moderna| Os seus preccedilos satildeo

extremamente moacutedicos e ao alcance

de|todas as bolsas Aqui encontraraacute

sempre o publico grande sortimento|de

machinas para tocar aacute matildeo aacute peacute aacute|peacute e

matildeo com caixa ou sem| caixa proacuteprias e

perfeitas para todas as costuras desde a

mais fina|cambraia ateacute o mais en corpado

algodatildeo|Os Senhores Alfaiates

sapateiros selleiros correeiros etc|

tambem encontraratildeo nesta casa as mais

aperfeiccediloadas machinas jaacute|com

accessorios que soacute a mechanica do

progresso hodierno|poderia adeptar para

que taes machinas produzam

trabalhos|maravilhosos natildeo soacute pela

perfeiccedilatildeo como pelo pouco tempo

comsumido|e pelo pequeno incommodo

de quem as menejar para produzirem|taes

resultados Todas as machinas de nosso

estabelecimento satildeo garan|tidas porque soacute

176

importaremos o que houver de bom

solido elegante|e perfeito nesta industria

Tambeacutem ahi encontraraacute o

respeitavel|publico artigos concerneto aacutes

machinas de costura como

agulhas|retroz oleo almotolias correias

peccedilas avulsas etc tudo de | superior

qualidade a preccedilo moacutedico| Rua de Satildeo

Bento 62| Satildeo Paulo

PALAVRAS OPTICA

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

oacuteptico adj sm lsquorespeitante agrave oacutepticarsquo

lsquoespecialista em oacutepticarsquo | XVI oacutetico XX |

do lat med opticus deriv do gr optikoacutes

Empregas-se modernamente com certa

frenquecircncia a var oacuteticosup1 que apresenta a

inconveniecircncia de se confundir com oacuteticosup2

lsquo relativo ou pertencente ao ouvidorsquo ||

oacuteptica lsquoparte da fiacutesica que investiga os

fenocircmenos da visatildeo e da luz | 1813 oacutetica

XX | do lat optice ndashes deriv do gr optikeacute

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

oacuteptica Sf 1 parte da fiacutesica que investiga

os fenocircmenos de produccedilatildeo transmissatildeo e

177

COMUM detecccedilatildeo eletromagneacutetica de comprimento

de onda compreendido aproximadamente

entre 10 Aring e 1 mm 2 tratado ou

compecircndio acerca dessa mateacuteria 3

exemplar de um desses tratados ou

compecircndios 4 aspecto ou perspectiva dos

objetos vistos 5 estabelecimento onde se

vendem eou fabricam instrumentos

oacutepticos sobretudo oacuteculos ou lunetas 6

fig Maneira de ver de julgar de sentir

conceito ou ideacuteia particular

PERIOacuteDICOS

DATAS

E

CIDADES DE ORIGEM

- 12 de julho de 1828 Satildeo Paulo O Farol

Paulistano

Joatildeo Pedro Latzon tem a honra de

participar| ao respeitavel Publico quye

elle proximamente che|gou de Londres aacute

esta Capital onde pertende exhi|bir

algumas Artes Liberaes ou Optica

Mechanica| com toda subtileza perfeiccedilatildeo

e delicadeza a que| eacute possiacutevel chegar na

casa da Opera desta mesma| Cidade no

dia 13 do corrente mez de Julho Todos|

os Senhores e Senhoras que quizerem

honrar o dic|to espectaculo com as suas

presenccedilas queiratildeo se| dirigir aacute casa do

Senhor Guilherme Hopkins morador| na

178

Ponte de Lorena desde as 10 horas da

manhatildea| ateacute as 4 da tarde do referido dia

13 onde acharaacuteotilde| os Bilhetes natildeo soacute dos

Camarotes como da Pla|tea em cuja

occasiatildeo espera o Reprezentante rece|ber a

competente esportula_Principiaraacute agraves 8

horas| NoteBem A esportula dos

Camarotes Platea| e Varanda eacute a do

costume

PALAVRA PHOSPHOREIRAS

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

foacutesforo sm orig substacircncia que

resplandece que brilha ne escuro 1813

palito provido de uma cabeccedila composta

de foacutesfora e outras substacircncias quiacutemicas

que se inflamam quando atritadas num

superfiacutecie aacutespera | phosphoro 1860 | ()

SEM REGISTRO

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

Fosforeira Sf caixa onde se guardam

foacutesforos

179

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 17 de setembro de 1879 Satildeo Paulo O

Constituinte

REABRIO-SE A|charutaria|Do Ponto dos

Bonds|Aacute|Rua Municipal nuacutemero

67|COM|Um variado sortimento de todos

|artigos para fumantes como

sejam|charutos de todas as marcas

cigar|ros fumos palhas para

cigarros|ponteiras para charutos e

cigarros|phosphoreiras e muitos outros

ar|tigos que achando-se em viagem

da|cocircrte para esta poderemos

breve|mente offerecer a nossos amigos

e|freguezes muitas especialidades|deste

genero o quaes sendo do|bom e melhor

venderemos por|preccedilos sem

competencia|Em poucos dias en|contraratildeo

os afa|mados cigar|ros de|Santa

Branca|CHARUTARIA|DO|Ponto dos

Bonds|Aacute|RUA MUNICIPAL NUMERO

67|Em frente ao Cafeacute Americano|SAtildeO

PAULO|Mriano amp Companhia

PALAVRAS PHOTOGRAPHIA

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

fot(o) elem Comp do gr Photo- de phos

180

ETIMOLOacuteGICO photoacutes luz que se documenta em

numerosos compostos introduzidos nas

liacutenguas modernas de cultura a partir do

seacutec XIX como fotografia fotometria

fotosfera etc Pelo modelo de fotografia

cuja forma abreviada foto veio a constituir

novo elemento de composiccedilatildeo formaram-

se dezenas de outros compostos tais como

fotocarta fotonovela fototeca etc ()

fotografia | photographia 1858

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

fotografia Sf1 processo de formar e

fixar sobre uma emulsatildeofotossensiacutevel a

imagem dum objeto e que compreende

usualmente duas fases distintas na

primeira a emulsatildeo eacute impressionada pela

luz e sobre ela se forma por meio dum

sistema oacuteptico a imagem do objeto na

segunda a emulsatildeo impressionada eacute

tratada por meio de reagentes quiacutemicos

que revelam e fixam permanentemente a

imagem desejada 2 imagem obtida por

esse processo ()

PERIOacuteDICOS

DATAS

- 24 de abril de 1870 Campinas Gazeta

de Campinas

181

E

CIDADES DE ORIGEM

PHOTOGRAPHIA CAMPINENSE DE

HENRIQUE ROSEN|| 28-RUA

DIREITA-28||Tira retratos todos os dias e

por todos os systemas Para familia - os

preccedilos satildeo reduzidos consideravelmente

- 21 de outubro de 1874 Campinas A

Mocidade

Photographia

Campinense||DE||HENRIQUE ROSEN||

50 - RUA DIREITA - 50||Em

consequencia de novos melhoramentos

introduzidos no salatildeo de vidro deste bem

conhecido estabelecimento photographico

o mais antigo da provincia tira-se de hoje

em deante retratos perfeitos das 7 horas da

manhatilde ateacute 5 da tarde e com qualque[r]

tempo sendo preferidos os dias cobertos

e chuvosos| Trabalha-se todos os dias e

por todos os systemas Especialidades -

Retratos coloridos a Crozat e aquarela

Esmaltados Bombeacute Cabinet e Mezzo

Tinto dos quaes os ultimos imitando

porcellana foratildeo introduzidos nesta

provincia pelo annunciante e satildeo tirados

soacutemente no estabelecimento do mesmo|

Os retratos da phptographia simples

tiratildeo-se ainda pelo preccedilo baratiacutessimo de

182

6$000 a duzia pagando adeantado| O

annunciante esera conrinuar a merecer a

affluencia e valiosa protecccedilatildeo dos seus

numerosos amigos e freguezes - convida

ao respeitavel publico em geral para

examinar sua extense e variada galeria|

CASA FILIAL A PHOTOGRAPHIA

CAMPINENSE|| Satildeo Joatildeo do Rio-Claro||

20 - RUA DO COMMERCIO - 20|| (Perto

da Collectoria)

- 22 de janeiro de 1879 Satildeo Paulo

Correio Paulistano

PHOTOGRAFIA|AMERICANA|RUA

DA IMPERATRIZ|Satildeo PAULO| O

propretaacuterio deste estabelecimento de

volta de sua viagem aacute Europa continua a

trabalhar no mesmo estabelecimento o

qual se acha augmentado com machinas e

utensiacutelios os| mais modernos|Neste

estabelecimento que conta 16 annos de

existencia (o mais antigo deste proviacutencia)

continua-se a trabalhar por todos|os

sistemas de photografias desde o retrato

em a|mais pequena miniatura ateacute o

tamanho natural|Encarrega-se de mandar

pintar em Pariz pelos melhores pintores

qualquer retrato em|busto ou corpo

183

inteiro a oleo pastel ou aquarella

bastando para isso um pequeno retrato|da

pessoa que se quizer retratar|Trabalhar-se

todos os dias das 10 horas da manhatilde aacutes 4

horas da tarde natildeo importa o tempo

chuvoso|OS SENHORES

PHOTOGRAFOS|encontraratildeo neste

estabelecimento tudo que eacute mister aacute

mesma arte e pelos preccedilos do Rio de

Janeiro|Retratos de ateacute Reacuteis 5$ a duacutezia

- 05 de fevereiro de 1867 Satildeo Paulo

Correio Paulistano

NA CASA GARRAUX || LARGO DA SEacute

|| Encontra-se os artigos seguintes ||Papel

para desenho || Papel de luto || Papel de

peso || Papel almasso || Papel florete ||

Papel Hollanda || Papel de phantasia ||

Papel de cartas || Envelppes brancos ||

Enveloppes de cores || Enveloppes de luto

|| Enveloppes commerciaes || Enveloppes

forrados de panno || Cartotildees de visita ||

Ditos para casamentos || Tinteiro de vidro

|| Tinteiro de crystal || Tinteiro de bronze ||

Tinteiro ricos de phantasia || Pennas de

accedilo de varias qualidades || Pennas de ave

|| Sinetas || Canivetes || Pacas de cortar

papel || Lacre || Obreiras || Imagens ||

184

Quadros de devoccedilatildeo || Desenhos || Albuns

para desenhos || Aacutelbuns para

photographia || Quadros para

photographia || Carteiras || Estojos de

viagem || Caixas de perfumaria || Caixas

de papelaria || Caixas de costura com

musica || Caixa de mathematicas || Caixas

de tintas || Tintas de escrever || Livro de

direito || Livros de litteratura || Livros de

devoccedilatildeo || Livros de educaccedilatildeo || Livros de

homœopathia || Livros de missa || Horas

Marianas || Livros de luxo para presentes ||

Objectos de phantasia para presentes ||

Lapis || Baralho de cartas || Baralhos de

cartas de phantasia || Bengallas || Livros

para apontamentos || Stereoscopos ||

Folhinhas do anno || Pastas || E muito mais

objectos || Grande sortimento de papel

pintado | para forrar casas fabricados em

Paris | desde 500 reacuteis a peccedila para cima |

Guarniccedilatildeo roda-peacute paisagens etc | Esta

casa recebe directamente da Europa todos

seus livors e mercado- | rias e destrsquoarte

poacutede offerecer aacutes pessoas que a Ella se

dirigem considera- | veis vantagens

- 5 de fevereiro de 1867 Satildeo Paulo

Correio Paulistano

185

RETRATOS || da Augusta Familia

Imperial para albuns e | quadros tirados

ultimamente com a maior ni- | tidez e

perfeiccedilatildeo e tambem dos generaes prus- |

sianos celebres na guerra do anno proximo

| passado || Photographia academica e

commercial Rua | do Imperador nuacutemero

14

PALAVRAS PHOTOGRAPHICO

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

fot(o) elem Comp do gr Photo- de phos

photoacutes luz que se documenta em

numerosos compostos introduzidos nas

liacutenguas modernas de cultura a partir do

seacutec XIX como fotografia fotometria

fotosfera etc Pelo modelo de fotografia

cuja forma abreviada foto veio a constituir

novo elemento de composiccedilatildeo formaram-

se dezenas de outors compostos tais como

fotocarta fotonovela fototeca etc ()

fotograacutefico | photographico 1858

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

fotograacutefico adj1 relativo agrave fotografia 2

fig Que lembra a fotografia pela

186

fidelidade de reproduccedilatildeo muito fiel ao

modelo

PERIOacuteDICOS

DATAS

E

CIDADES DE ORIGEM

- 21 de outubro de 1874 Campinas A

Mocidade

Photographia

Campinense||DE||HENRIQUE ROSEN||

50 - RUA DIREITA - 50||Em

consequencia de novos melhoramentos

introduzidos no salatildeo de vidro deste bem

conhecido estabelecimento

photographico o mais antigo da

provincia tira-se de hoje em deante

retratos perfeitos das 7 horas da manhatilde ateacute

5 da tarde e com qualque[r] tempo

sendo preferidos os dias cobertos e

chuvosos| Trabalha-se todos os dias e

por todos os systemas Especialidades -

Retratos coloridos a Crozat e aquarela

Esmaltados Bombeacute Cabinet e Mezzo

Tinto dos quaes os ultimos imitando

porcellana foratildeo introduzidos nesta

provincia pelo annunciante e satildeo tirados

soacutemente no estabelecimento do mesmo|

Os retratos da phptographia simples tiratildeo-

se ainda pelo preccedilo baratiacutessimo de 6$000

a duzia pagando adeantado| O

annunciante esera conrinuar a merecer a

187

affluencia e valiosa protecccedilatildeo dos seus

numerosos amigos e freguezes - convida

ao respeitavel publico em geral para

examinar sua extense e variada galeria|

CASA FILIAL A PHOTOGRAPHIA

CAMPINENSE|| Satildeo Joatildeo do Rio-Claro||

20 - RUA DO COMMERCIO - 20|| (Perto

da Collectoria)

PALAVRAS PHOTOGRAPHO

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

fot(o) elem Comp do gr Photo- de phos

photoacutes luz que se documenta em

numerosos compostos introduzidos nas

liacutenguas modernas de cultura a partir do

seacutec XIX como fotografia fotometria

fotosfera etc Pelo modelo de fotografia

cuja forma abreviada foto veio a constituir

novo elemento de composiccedilatildeo formaram-

se dezenas de outors compostos tais como

fotocarta fotonovela fototeca etc ()

fotoacutegrafo || photographo 1858 ()

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

fotoacutegrafo sm aquele que pratica a

fotografia ou a exerce como profissatildeo

188

PERIOacuteDICOS

DATAS

E

CIDADES DE ORIGEM

- 14 de junho de 1874 Campinas A

Mocidade

O retratista photographo Evaristo

Brasileiro de Campos Mello esperando

uma nova officina que lhe vem

directamente da Europa previne a seus

amigos e freguezes que continuaraacute a tirar

retratos por qualquer systema pelos

preccedilos do costume garantindo um grande

melhoramento em seu trabalho espernado

por isso merecer sempre confianccedila deste

cavalheiro e generoso povo Campineiro|

A 5000 A DUZIA

- 22 de janeiro de 1879 Satildeo Paulo

Correio Paulistano

PHOTOGRAFIA|AMERICANA|RUA

DA IMPERATRIZ|Satildeo PAULO| O

propretaacuterio deste estabelecimento de

volta de sua viagem aacute Europa continua a

trabalhar no mesmo estabelecimento o

qual se acha augmentado com machinas e

utensiacutelios os| mais modernos|Neste

189

estabelecimento que conta 16 annos de

existencia (o mais antigo deste proviacutencia)

continua-se a trabalhar por todos|os

sistemas de photografias desde o retrato

em a|mais pequena miniatura ateacute o

tamanho natural|Encarrega-se de mandar

pintar em Pariz pelos melhores pintores

qualquer retrato em|busto ou corpo

inteiro a oleo pastel ou aquarella

bastando para isso um pequeno retrato|da

pessoa que se quizer retratar|Trabalhar-se

todos os dias das 10 horas da manhatilde aacutes 4

horas da tarde natildeo importa o tempo

chuvoso|OS SENHORES

PHOTOGRAFOS|encontraratildeo neste

estabelecimento tudo que eacute mister aacute

mesma arte e pelos preccedilos do Rio de

Janeiro|Retratos de ateacute Reacuteis 5$ a duacutezia

PALAVRAS RELOGIO

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

reloacutegio sm designaccedilatildeo comum a diversos

tipos de instrumentos ou mecanismos para

medir intervalo de tempo | relogeo XV |

Do lat Horologium -ii deriv Do gr

Horoloacutegion

190

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

reloacutegio S m 1 Designaccedilatildeo comum a

diversos tipos de instrumentos ou

mecanismos para medir intervalos de

tempo 2 reloacutegio (1) mecacircnico dotado

em geral de rodas dentadas movidas por

pecircndulos molas eletricidade pilhas etc

e de mostrador de ponteiros

apresentando-se nas mais variadas formas

e dimensotildees()

PERIOacuteDICOS

DATAS

E

CIDADES DE ORIGEM

- 14 de outubro de 1874 Campinas A

Mocidade

RELOJOARIA || DO || REGULADOR

CAMPINENSE ||Penteado amp Nunes ||

LARGO DA MATRIZ VELHA Nuacutemero

39|| Acaba de receber u completo

sortimento de relogios de parede e

algibeira de lindos gostos sendo vendidos

pos commodo preccedilo affianccedilados por um

anno Rcebeu mais lindo sortimento de

pince-nez tanto de vidro de cor como de

grao despertadores correntes de ouro

prata plaquet | Relogios | Para torres ou

fazendas encarregando-se os donos do

estabelecimento da sua collocaccedilatildeo e

affianccedilando a boa marcha por cinco

annos|| CONCERTOS PERFEITOS E

191

AFFIANCcedilADOS|| POR UM ANNO

- 28 de agosto de 1870 Campinas Gazeta

de Campinas

MUITA ATTENCcedilAtildeO|| Offerece-se a

quantia de 50$000 a quem der noticia dos

seguintes objectos roubados na noute do

dia 8 para 9 do corrente| 5libras

esterllinas 1 alfinete de brilhante 1 par de

oculos de ouro n 24 com caixa (marca

Henrique Fox Satildeo Paulo) 1 botatildeo feito

de um dolar cujo peacute estaacute rachado 1

corrente de relogio de ouro de 14

quilates 1 abotuadura de ouro francez

para punhos tendo dois peacutes e sendo

esmaltado de preto 1 collete e uma calccedila

de casimira de cocircr bem cala uma calccedila de

casimira um pouco mais escura uma calccedila

de casimira cocircr de havana e 1 collete de

panno preto sem golla| Chama-se a

attenccedilatildeo dos senhores ourives para taes

objectos Desconfia-se que foram levados

para serem negociados com os

trabalhadores da estrada de ferro|Quem

dos mesmos souber poacutede dirigir-se a

Thomaz Gleeson alfaiate largo da Matriz

Velha em frente ao sino grande|

Campinas

192

- 14 de outubro de 1874 Campinas A

Mocidade

RELOJOARIA|| DO || REGULADOR

CAMPINENSE || Penteado amp Nunes ||

LARGO DA MATRIZ VELHA Nuacutemero

39|| Acaba de receber um completo

sortiemento de relogios de parede e

algibeira de lindos gostos sendo vendidos

pos commodos preccedilos affianccedilados por um

anno Recebeu mais lindo sortimento de

pince-nez tanto de vidro de cor como de

grao despertadores correntes de ouro

prata plaquet| Relogios| Para torres ou

fazendas encarregando-se os donos do

estabelecimento da sua collocaccedilatildeo e

affiancado a boa marcha por cinco annos||

CONCERTOS PERFEITOS E

AFFIANCcedilADOS||POR UM ANNO

- 11 de janeiro de 1829 Satildeo Paulo O

Farol Paulistano

He chegado nesta Cidade vindo de Pariacutes

Bont|te Dillon Fabricante de reloacutegios de

193

todas qualidades| e tambegravem faz todos os

concertos aos ditos reloacutegios e| traz

tambem bastantes feitos porisso faz

publico a todos| os Senhores que quizerem

utilizar-se do supplicante| para alguma

obra o que faraacute muito comodo e mora na|

Rua do Ouvidor numero 49 onde tambem

tem fazendas e modas Francezas

- 5 de outubro de 1852 Satildeo Paulo

Aurora Paulistana

- 15 de outubro de 1852 Satildeo Paulo

Aurora Paulistana

JOSErsquo PHILIPPE SALMAN mora | dor

na rua de Satildeo Bento nuacutemero 16 participa

| ao respeitavel publico e especialmente |

aos seus freguezes que elle tem para |

vender um completo sortimento do |

oculos de todas as qualidades lunetas |

vidros avulsos oculos de alcance di- | tos

para theatro bengallas ampc ampc | na

mesma casa continua-se a vender | e

concertar relogios de todas as qua- |

lidades

194

- 17 de novembro de 1852 Satildeo Paulo

Aurora Paulistana

PERDEO-SE no dia 1ordm de novem- | bro os

seguintes objetos uma corrente | de

reloacutegio de ouro quebrada uma den- |

tadura de pressatildeo de pressatildeo ar com tres

den- | tes em uma chapa de ouro tudo em

um | embrulhos e bem assim uma carteira

de | marroquim verde contendo vaacuterios pa-

| peis que soacute poacutedem servir ao dono e |

algumas notas miudas Roga-se por | isso

aacute pessoa que tiver achado os men- |

cionados objectos o obsequio de os en- |

tregar em casa do Senhor Joaquim

Sertorio | pelo que seraacute gratificado se o

exigir

- 05 de fevereiro de 1867 Satildeo Paulo

Correio Paulistano

CORBISIER | Nuacutemero 10 | RUA DA

IMPERATRIZ (isso escrito dentro de um

desenho de reloacutegio) | Garante seu trabalho

por um anno | Encarrega-se de qualquer

encom- | menda de relogios por mais |

complicada possivel || Participa ao

respeitavel publico que continuacutea | a

195

concertar relogios de todas as qualidades

| sendo a sua especialidade refazer peccedilas

quebra- | das por mais difficeis que sejam

tem em sua | casa em escolhido sortimento

de relogios de | ouro e prata que vende por

preccedilos commodos

PALAVRAS RELOJOARIA

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

reloacutegio sm designaccedilatildeo comum a diversos

tipos de instrumentos ou mecanismos para

medir intervalo de tempo | relogeo XV |

Do lat Horologium -ii deriv Do gr

Horoloacutegion || relojoaria | relogiaria XVIII

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

relojoaria Sf 1 Arte de relojoeiro 2

Loja que fabrica ou conserta reloacutegios ()

PERIOacuteDICOS

DATAS

E

- 14 de outubro de 1874 Campinas A

Mocidade

RELOJOARIA || DO || REGULADOR

196

CIDADES DE ORIGEM CAMPINENSE ||Penteado amp Nunes ||

LARGO DA MATRIZ VELHA Nuacutemero

39|| Acaba de receber u completo

sortimento de relogios de parede e

algibeira de lindos gostos sendo vendidos

pos commodo preccedilo affianccedilados por um

anno Rcebeu mais lindo sortimento de

pince-nez tanto de vidro de cor como de

grao despertadores correntes de ouro

prata plaquet | Relogios | Para torres ou

fazendas encarregando-se os donos do

estabelecimento da sua collocaccedilatildeo e

affianccedilando a boa marcha por cinco

annos|| CONCERTOS PERFEITOS E

AFFIANCcedilADOS|| POR UM ANNO

- 14 de outubro de 1874 Campinas A

Mocidade

RELOJOARIA|| DO || REGULADOR

CAMPINENSE || Penteado amp Nunes ||

LARGO DA MATRIZ VELHA Nuacutemero

39|| Acaba de receber um completo

sortiemento de relogios de parede e

algibeira de lindos gostos sendo vendidos

pos commodos preccedilos affianccedilados por um

anno Recebeu mais lindo sortimento de

pince-nez tanto de vidro de cor como de

grao despertadores correntes de ouro

197

prata plaquet| Relogios| Para torres ou

fazendas encarregando-se os donos do

estabelecimento da sua collocaccedilatildeo e

affiancado a boa marcha por cinco annos||

CONCERTOS PERFEITOS E

AFFIANCcedilADOS||POR UM ANNO

PALAVRA RELOJOEIRO

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

reloacutegio sm designaccedilatildeo comum a diversos

tipos de instrumentos ou mecanismos para

medir intervalo de tempo | relogeo XV |

Do lat Horologium -ii deriv Do gr

Horoloacutegion || relojoaria | relogiaria XVIII

|| relojoeiro | relogeiro 1813

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

relojoeiro Adj 1 relativo a relojoaria ou

a reloacutegio s m 2 aquele que fabrica ou

concerta reloacutegios

PERIOacuteDICO

DATA

- 29 de novembro de 1852 Satildeo Paulo

Aurora Paulistana

198

E

CIDADE DE ORIGEM

BAZAR FLUMINENSE | Rua da

Quintana nuacutemero 48 | RIO DE JANEIRO

| Co aquella denominaccedilatildeo e neste local

acaba de abrir-se um Es- | tabelecimento

que apresenta um mercado prompto

variadissimo e ao | alcance de todas as

fortunas dos ricos porque tem por onde

esco- | lher das classes menos abastadas

porque hatildeo-de encontrar bom e | barato ||

Este Estabelecimento eacute o unico de seu

genero nesta corte porque | nelle se

reuacutenem muitos dos objectos que

constituem o sortimento das | lojas de

fazendas e de armarinho de louccedila e de

ferragem de ourives | e relojoeiro de

roupa e de calccedilado de mobiacutelia de livros e

papel ampc| ampc eacute uma Bazar de variados

artefactos tanto nacionaes como es- |

trangeiros e eacute ainda o unico nesta Corte

quanto aacute modicidade dos | preccedilos porque

todos os effeitos ahi seratildeo vendidas por

custo muito | inferior ao geralmente

estabelecido || Para satisfazer

religiosamente a esta condiccedilatildeo base em

que deve | repousar a confianccedila publica

os proprietaacuterios deste Estabelecimente |

natildeo procuratildeo para sortimento de sua casa

determinados objectos elo | les compratildeo

somente quando possatildeo obter por preccedilos

muitos modicos- | e neste empenho

lanccedilaratildeo matildeo de todos os meios que lhes

199

ministratildeo | os recursos pecuniaacuterios de que

dispotildeem e a sua longa pratica de |

commercio Suas compras seratildeo sempre

feitas em primeira matildeo | nos grandes

armazeacutens por junto e com dinheiro aacute

vista natildeo aban- | donando tambem as que

vantajosamente poderem realizar em arre-

| mataccedilotildees judiciaes nrsquoAlfandega nos

Trapiches em Casa de leilatildeo | e em toda a

parte onde a palavra ndash barato ndash for uma

realidade mandaratildeo vir por sua conta

remessas de foacutera invidaratildeo emfim todas

as suas | forccedilas para que o diminuto preccedilo

das compras facilite a barateza das ven- |

das Desejao vender muito embora seja

diminutissimo o seu lucro em | cada

objecto || Nenhum dos artigos proacuteprios

das casas de seccos e molhados teraacute |

cabida em seus armazens porem ahi

acharaotilde os habitantes desta ci- | dade e os

negociantes do interior fazendas de seda

latildea linho e al- | godatildeo ndash objectos de ouro

prata e outros metaes ndash vidros crystaes

lou- | ccedila e porcellana ndash livros em todas as

linguas papel estampas e ob- | jectos

drsquoescriptorio ndash roupa chapeacuteos e calccedilados

ndash trastes para o serviccedilo e ornamentos de

casas ndash objectos de armarinho e muitos

outros tudo | barato por preccedilos fixos e

dinheiro aacute vista pois eacute incontestavel que o

| Bazar natildeo poacutede vender a praso pelos

moacutedicos preccedilos que tem esta- | belecido ||

Todas as vendas seratildeo acompanhadas de

200

uma conta a mais cir- | cunstanciada

maximeacute quando forem feitas por

intermedio de criados | ou escravos a fim

de que os Senhores compradores a possatildeo

combinar | com cataacutelogos que o Bazar for

publicando e reconhecer sempre | a

lealdade deste Estabelecimento ||

Bondade de gecircnero ndash probidade nas

transacccedilotildees ndash pontualidade nas |

encommendas ndash sortimento variadissimo ndash

e barateza das vendas eis o | progamma

do BAZAR FLUMINENSE O Publico

decidiraacutese es- | e Estabelecimento eacute digno

da sua confianccedila || Aviso aos Habitantes

dos Municipios da Provincia do | Rio de

Janeiro e das Provincias centraes || A

Direcccedilatildeo do Bazar Fluminense encarrega-

se de mandar encai- | xotar e remetter aos

seus destinos quaesquer objectos que lhe

forem | encommendados e promptamente

pagos e tambem de comprar por |

commissatildeo os que natildeo houverem neste

Estabelecimento compra a que |

drocederaacute com a mais severa economia e

de maneira que a impor- | tancia dessa

commissatildeo (que nunca excederaacute de 5 por

cento por | mais limitadas que sejatildeo as

encommendas) natildeo absorva o abatimen- |

to que a favor dos nossos freguezes se

obtiver em taes compras | e nos preccedilos

geralmente estabelecidos || As pessoas

que se dignarem honrar o Estabelecimento

com a sua | confianccedila podem dirigir-se

201

nesta Corte pessoalmente ou por escrito |

ao abaixo assignado e em Minas podem

igualmente dar suas ordens | ao Senhor

Sebastiatildeo Augusto Pinto de Souza

Director da casa filial | estabelecida na

Cidade do Ouro Preto Capital drsquoaquella

Proviacutencia || Rio de Janeiro 7 de

Novembro de 1852 || Bernardo Xavier

Pinto de Souza || N B A Direcccedilatildeo do

Bazar encarrega-se igualmente de mandar

| apromptar pelos uacuteltimos preccedilotildees tudo

que pertence ao fardamento e | uniformes

dos Senhores Officiaes da Guarda

Nacional

PALAVRA STEREOSCOPOS

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

esteacutereo sm lsquomedida de volume para

lenha equivalente a um metro cuacutebicorsquo |

estere 1881 | do fr stegravere deriv do gr

stereoacutes lsquosoacutelido firmersquo O voc ocorre na

formaccedilatildeo de inuacutemeros derivados ()

estereoscoacutepio | stereoscopo 1858 | do fr

steacutereacuteoscopie ()

202

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

SEM REGISTRO

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 05 de fevereiro de 1867 Satildeo Paulo

Correio Paulistano

NA CASA GARRAUX || LARGO DA SEacute

|| Encontra-se os artigos seguintes ||Papel

para desenho || Papel de luto || Papel de

peso || Papel almasso || Papel florete ||

Papel Hollanda || Papel de phantasia ||

Papel de cartas || Envelppes brancos ||

Enveloppes de cores || Enveloppes de luto

|| Enveloppes commerciaes || Enveloppes

forrados de panno || Cartotildees de visita ||

Ditos para casamentos || Tinteiro de vidro

|| Tinteiro de crystal || Tinteiro de bronze ||

Tinteiro ricos de phantasia || Pennas de

accedilo de varias qualidades || Pennas de ave

|| Sinetas || Canivetes || Pacas de cortar

papel || Lacre || Obreiras || Imagens ||

Quadros de devoccedilatildeo || Desenhos || Albuns

para desenhos || Aacutelbuns para photographia

|| Quadros para photographia || Carteiras ||

Estojos de viagem || Caixas de perfumaria

|| Caixas de papelaria || Caixas de costura

com musica || Caixa de mathematicas ||

Caixas de tintas || Tintas de escrever ||

Livro de direito || Livros de litteratura ||

203

Livros de devoccedilatildeo || Livros de educaccedilatildeo ||

Livros de homœopathia || Livros de missa

|| Horas Marianas || Livros de luxo para

presentes || Objectos de phantasia para

presentes || Lapis || Baralho de cartas ||

Baralhos de cartas de phantasia ||

Bengallas || Livros para apontamentos ||

Stereoscopos || Folhinhas do anno ||

Pastas || E muito mais objectos || Grande

sortimento de papel pintado | para forrar

casas fabricados em Paris | desde 500 reacuteis

a peccedila para cima | Guarniccedilatildeo roda-peacute

paisagens etc | Esta casa recebe

directamente da Europa todos seus livros e

mercado- | rias e destrsquoarte poacutede offerecer

aacutes pessoas que a Ella se dirigem

considera- | veis vantagens

PALAVRAS TACHYGRAPHIA

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

taqueo- (taco-) taqu(i)- elem Comp do

gr Tachy- de tachyacutes tachoacutes raacutepido

ceacutelere que se documenta em alguns

compostos introduzidos a partir do seacutec

XIX na linguagem erudita ()

taquigrafia | tachygraphia 1844 ()

204

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

taquigrafia SfV estenografia = escrita

abreviada e simplificada na qual se

empregam sinais que permitem escrever

com a mesma rapidez com que se fala

taquigrafia logografia

PERIOacuteDICOS

DATAS

E

CIDADES DE ORIGEM

- 24 de abril de 1889 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

Questionaacuterio da arte tachygraphica|

ensinada no Brasil pelo

professor|Sebastiatildeo Mestrinho| 1 O que eacute

a Tachugraphia - Eacute a Arte de escreverse

tatildeo veloz como se fala| 2 Em quantas

partes se divide a Tachygraphia -

Alphabeto terminaccedilotildees| convenccedilotildees ou

signaes particulares| 3 De quantas letras

se compotildee o Alphabeto - De 16 que satildeo

b d f g h l m n p q|r s t v x z| 4 De quantos

caracteres se compotildee as terminaccedilotildees - De

18 que satildeo - Avel| Ario Ando Asto

Anto Anccedila Arte Amos Ei Au Menta

Ismo A otilde| Bilidade A I U (para os

artigos) Em Eu| 5 Quantos alphabetos -

Um que reproduz-se por 4 formas

simples ligado | simples e composto e

circulo| 6 De onde eacute retirada a

Tachygrafia - De um circulo e seus

205

raios| 7 O que eacute Alphabeto

Tachygraphico - Eacute uma convenccedilatildeo feita

do circulo e raios| de que se compotildee os

nomes| 8 O que satildeo as terminaccedilotildees -

Uma colleccedilatildeo de caracteres que abreviatildeo

letras e|syllabas| 9 Ha regra certa ou base

na Tachygraphia Sim quando para

provarmos que|sabemos a arte Natildeo

quando acompanhamos a palavrapor que

abandonamos|a arte e abraccedilamos as

convenccedilotildees|10 Para que servem os

signaes particulares ou convenccedilotildees -

Para facilitar o|acompanhamento da

palavra|11 Quantos methodos conta a

Arte Tachygraphica - Uma infinidade

delles|Cada disciacutepulo depois de habilitado

poacutede tomar por base o circulo e crear|uma

arte|12 Qual eacute o melhor methodo

Tachygraphico ndash Aquelle que contiver

os|caracteres mais necessarios nos pontos

de mais facilidade nos traccedilos|13 Quaes

satildeo as qualidades essenciaacutees do

Tachygrapho Bom ouvido|agilidade

manual a necessaria intelligentcia e fina

penetraccedilatildeo|14 Todo homem que sabe

Tachygraphian pocircde ser Tachygrapho ndash

Natildeo por que|poacutede reunir todas as

qualidades communs e natildeo dispor da

precisa espeditez|para auxilial-os nos

conhecimentos que tem a arte|15 Para que

servem as cruzetas ou espaccedilos em branco

ndash Para indicar ponto final| oraccedilatildeo

interrompida ou falha etc|16 O nome

206

escripto em Tachygraphia poacutede variar ndash

Sim porque com o mesmo|signal

podemos traduzir nomes mui decerso

(fazendo-o pelo sentido da|oraccedilatildeo)|17

Temos masculino ou feminino ndash Natildeo ndash

Classificamos pelo sentido|18 Temos

singular ou plural ndash Natildeo ndash Distinguimos

pelo precedente e os|nuacutemeros satildeo os

mesmos|19 Temos ortographia ndash Natildeo

escrevemos pelos sons como se vecirc Casa

Quis Quaes Cossa etc que fazemos em

QZ ou QS

PALAVRA TACHYGRAPHICO(A)

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

taqueo- (taco-) taqu(i)- elem Comp do

gr Tachy- de tachyacutes tachoacutes raacutepido

ceacutelere que se documenta em alguns

compostos introduzidos a partir do seacutec

XIX na linguagem erudita ()

taquigraacutefico | tachygraphico 1844 ()

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

Taquigraacutefico Adj Referente agrave

taquigrafia estenograacutefico

207

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 24 de abril de 1889 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

Questionaacuterio da arte tachygraphica|

ensinada no Brasil pelo

professor|Sebastiatildeo Mestrinho| 1 O que eacute

a Tachugraphia - Eacute a Arte de escreverse

tatildeo veloz como se fala| 2 Em quantas

partes se divide a Tachygraphia -

Alphabeto terminaccedilotildees| convenccedilotildees ou

signaes particulares| 3 De quantas letras

se compotildee o Alphabeto - De 16 que satildeo

b d f g h l m n p q|r s t v x z| 4 De quantos

caracteres se compotildee as terminaccedilotildees - De

18 que satildeo - Avel| Ario Ando Asto

Anto Anccedila Arte Amos Ei Au Menta

Ismo A otilde| Bilidade A I U (para os

artigos) Em Eu| 5 Quantos alphabetos -

Um que reproduz-se por 4 formas

simples ligado | simples e composto e

circulo| 6 De onde eacute retirada a

Tachygrafia - De um circulo e seus

raios| 7 O que eacute Alphabeto

Tachygraphico - Eacute uma convenccedilatildeo feita

do circulo e raios| de que se compotildee os

nomes| 8 O que satildeo as terminaccedilotildees -

Uma colleccedilatildeo de caracteres que abreviatildeo

letras e|syllabas| 9 Ha regra certa ou base

na Tachygraphia Sim quando para

208

provarmos que|sabemos a arte Natildeo

quando acompanhamos a palavra por que

abandonamos|a arte e abraccedilamos as

convenccedilotildees|10 Para que servem os

signaes particulares ou convenccedilotildees -

Para facilitar o|acompanhamento da

palavra|11 Quantos methodos conta a

Arte Tachygraphica - Uma infinidade

delles|Cada disciacutepulo depois de habilitado

poacutede tomar por base o circulo e crear|uma

arte|12 Qual eacute o melhor methodo

Tachygraphico ndash Aquelle que contiver

os|caracteres mais necessarios nos pontos

de mais facilidade nos traccedilos|13 Quaes

satildeo as qualidades essenciaacutees do

Tachygrapho Bom ouvido|agilidade

manual a necessaria intelligentcia e fina

penetraccedilatildeo|14 Todo homem que sabe

Tachygraphia pocircde ser Tachygrapho ndash

Natildeo por que|poacutede reunir todas as

qualidades communs e natildeo dispor da

precisa espeditez|para auxilial-os nos

conhecimentos que tem a arte|15 Para que

servem as cruzetas ou espaccedilos em branco

ndash Para indicar ponto final| oraccedilatildeo

interrompida ou falha etc|16 O nome

escripto em Tachygraphia poacutede variar ndash

Sim porque com o mesmo|signal

podemos traduzir nomes mui decerso

(fazendo-o pelo sentido da|oraccedilatildeo)|17

Temos masculino ou feminino ndash Natildeo ndash

Classificamos pelo sentido|18 Temos

singular ou plural ndash Natildeo ndash Distinguimos

209

pelo precedente e os|nuacutemeros satildeo os

mesmos|19 Temos ortographia ndash Natildeo

escrevemos pelos sons como se vecirc Casa

Quis Quaes Cossa etc que fazemos em

QZ ou QS

PALAVRA TACHYGRAPHO

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

taqueo- (taco-) taqu(i)- elem Comp do

gr Tachy- de tachyacutes tachoacutes raacutepido

ceacutelere que se documenta em alguns

compostos introduzidos a partir do seacutec

XIX na linguagem erudita ()

taquiacutegrafo | tachygrapho 1844 ()

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

Taquigrafo sm V estenoacutegrafo

PERIOacuteDICO

DATA

E

- 24 de abril de 1889 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

210

CIDADE DE ORIGEM Questionaacuterio da arte tachygraphica|

ensinada no Brasil pelo

professor|Sebastiatildeo Mestrinho| 1 O que eacute

a Tachugraphia - Eacute a Arte de escreverse

tatildeo veloz como se fala| 2 Em quantas

partes se divide a Tachygraphia -

Alphabeto terminaccedilotildees| convenccedilotildees ou

signaes particulares| 3 De quantas letras

se compotildee o Alphabeto - De 16 que satildeo

b d f g h l m n p q|r s t v x z| 4 De quantos

caracteres se compotildee as terminaccedilotildees - De

18 que satildeo - Avel| Ario Ando Asto

Anto Anccedila Arte Amos Ei Au Menta

Ismo A otilde| Bilidade A I U (para os

artigos) Em Eu| 5 Quantos alphabetos -

Um que reproduz-se por 4 formas

simples ligado | simples e composto e

circulo| 6 De onde eacute retirada a

Tachygrafia - De um circulo e seus

raios| 7 O que eacute Alphabeto

Tachygraphico - Eacute uma convenccedilatildeo feita

do circulo e raios| de que se compotildee os

nomes| 8 O que satildeo as terminaccedilotildees -

Uma colleccedilatildeo de caracteres que abreviatildeo

letras e|syllabas| 9 Ha regra certa ou base

na Tachygraphia Sim quando para

provarmos que|sabemos a arte Natildeo

quando acompanhamos a palavrapor que

abandonamos|a arte e abraccedilamos as

convenccedilotildees|10 Para que servem os

signaes particulares ou convenccedilotildees -

Para facilitar o|acompanhamento da

palavra|11 Quantos methodos conta a

211

Arte Tachygraphica - Uma infinidade

delles|Cada disciacutepulo depois de habilitado

poacutede tomar por base o circulo e crear|uma

arte|12 Qual eacute o melhor methodo

Tachygraphico ndash Aquelle que contiver

os|caracteres mais necessarios nos pontos

de mais facilidade nos traccedilos|13 Quaes

satildeo as qualidades essenciaacutees do

Tachygrapho Bom ouvido|agilidade

manual a necessaria intelligentcia e fina

penetraccedilatildeo|14 Todo homem que sabe

Tachygraphia pocircde ser Tachygrapho ndash

Natildeo por que|poacutede reunir todas as

qualidades communs e natildeo dispor da

precisa espeditez|para auxilial-os nos

conhecimentos que tem a arte|15 Para que

servem as cruzetas ou espaccedilos em branco

ndash Para indicar ponto final| oraccedilatildeo

interrompida ou falha etc|16 O nome

escripto em Tachygraphia poacutede variar ndash

Sim porque com o mesmo|signal

podemos traduzir nomes mui decerso

(fazendo-o pelo sentido da|oraccedilatildeo)|17

Temos masculino ou feminino ndash Natildeo ndash

Classificamos pelo sentido|18 Temos

singular ou plural ndash Natildeo ndash Distinguimos

pelo precedente e os|nuacutemeros satildeo os

mesmos|19 Temos ortographia ndash Natildeo

escrevemos pelos sons como se vecirc Casa

Quis Quaes Cossa etc que fazemos em

QZ ou QS

212

- 5 de junho de 1852 Aurora Paulistana

Satildeo Paulo

Post-Scriptum | Demoramos a publicaccedilatildeo

desta folha por | que pelo contrato para a

publicaccedilatildeo das dis- | cussotildees da

Assembleacutea provincial soacute nos corre | a

obrigaccedilatildeo de publical-a quando o material

| fornecido pelo tachygrapho preencha as

tres | primeiras paginas

PALAVRAS TELEGRAPHO

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

tel(e)- elem comp do gr Tele- de tele

longe ao longe de longe que se

documenta em inuacutemeros compostos

introduzidos a partir de seacutec XIX na

linguagem erudita () teleacutegrafo 1813 do

fr teacuteleacutegraphe voc criado por Miot no

final do seacutec XVIII

213

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

teleacutegrafo Sm 1 Qualquer sistema

sistema de transmissatildeo de mensagens

entre pontos distantes por meio de sinais

2 casa ou lugar onde ele funciona

PERIOacuteDICOS

DATAS

E

CIDADES DE ORIGEM

- 14 de outubro de 1874 Campinas A

Mocidade

PEDE-SE TODA||ATTENCcedilAtildeO|| Aos

senhores fazendeiros|| Ferreira Novo amp

Filho participaratildeo aos senhores

fazendeiros e negociantes que continuatildeo a

comprar cafegrave em maior quantidade do que

faziam ateacute hoje achando-se para isso

habilitados por acabarem de contractar

com algumas das principais casas

exportadoras a fazerem grandes compras

Nosso systema de compras seraacute Comprar

toda e qualquer quantidade de cafegrave quando

beneficiado o prompto recebemos ou com

poucos dias de demora depois da venda|

Pedimos a todos os senhores fazendeiros

quando tenhatildeo cafegrave em qualquer

quantidade promptoe queiratildeo vender a

bondade de nos procurarem pagando

sempre no dia da venda maior preccedilo que

permitir o estado do cafegrave nos principais

mercados do paiz da America e da

Europa habilitando-nos para podermos

214

fazer tatildeo grande vantagem aos senhores

lavradores o telegrapho que acaba de

collocar em comunicaccedilatildeo diaria esta

florescente cidade com aqueles principaes

mercados

PALAVRAS TELEPHONE

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

tel(e)- elem Comp do gr Tele- de tele

longe ao longe de longe que se

documenta em inuacutemeros compostos

introduzidos a partir de seacutec XIX na

linguagem erudita () telefone | -pho-

1899 | Do fr I teacuteleacutephone O voc Jaacute se

documenta em alematildeo (Telephon) desde

1796

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

telefone S m 1 Aparelho para transmitir

a distacircncia a palavra falada 2 Restr

Telefone (1) de uso corrente que consta

de um mecanismo eleacutetrico capaz de

efetuar a ligaccedilatildeo entre duas linhas e

peccedila(s) distinta(s) a emitir e receber

mensagens faladas()

215

PERIOacuteDICOS

DATAS

E

CIDADES DE ORIGEM

- 31 de dezembro de 1896 Campinas

Cidade de Campinas

LIXIVIA PHENIX|| Agente de differentes

casas de Satildeo Paulo de cujas casas tem

amostras de artigos| Tem a venda a

explendida farinha de aveia Knorr| Abre

aacutes 6frac12 da manhatilde e fecha aacutes 5 horas da

tarde| Telephone 247| Caixa postal 89|

RUA GENERAL OSORIO Nuacutemero 59||

BF NEGRAtildeO|| CAMPINAS

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

Doutor CARLOS PENNA | MEDICO

OPERADOR | ESBECIALISTA | DAS

MOLESTIAS DOS OLHOS || Consultorio

ndash Rua da Imperatriz 35 de 1 aacutes 3 horas

Telephono 190 || Residencia ndash Rua

Aurora 76 ndash Telephono nuacutemero 42 ||

Dispocirce de excellentes aposentos para o

tratamento de clientes de QUAL- | QUER

classe || Attende a chamados para

qualquer ponto da provincia

216

PALAVRA TYPOGRAPHIA

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

tipo sm orig modelo exemplar siacutembolo

ext (Tip) letra de forma de imprimir

XVII Do lat typus -i deriv Do gr tyacutepos

() tipografia | typographia 1813

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

tipografia Sf 1 Arte que compreende as

vaacuterias operaccedilotildees conducentes agrave impressatildeo

de textos desde a criaccedilatildeo dos caracteres agrave

sua composiccedilatildeo e impressatildeo de modo que

resulte num produto graacutefico ao mesmo

tempo adequado legiacutevel e agradaacutevel 2

Restr Sistema de imprimir com focircrmas

em relevo impressatildeo tipograacutefica 3 Estilo

ou arranjo do texto tipograacutefico 4

Estabelecimento tipograacutefico

PERIOacuteDICO

DATA

E

- 25 de abril de 1852 Aurora Paulistana

Satildeo Paulo

217

CIDADE DE ORIGEM ATTENCcedilAtildeO | A Farrapeida| Recebem-

se nesta typogra|phia assignaturas para

um | opusculo que breve sahiraacute aacute | luz

com o titulo acima e con- | teraacute cerca de

120 paginas Ersquo | um poema em que se

descre- | vecirc a biographia dos princi- | paes

membros do partido - | Venda-grande ndash

nesta provin- | cia e dividido em 5 cantos

dos quaes estatildeo jaacute na typogra- | phia os

tres primeiros cujos titulos satildeo | I A

CARA-SUGEIDA | precedida de uma

estampa | representando um individuo |

desejando surprehender os | segredos de

uma bella Con- | deccedila | II A

CARRONrsquoIHEI- | DA ou as magicaturas

pre- | cedida igualmente de uma ca- |

ricatura | III A JANISTROQUEI- | DA

ou factos historicos bio- | graphia

completa de um ca- | valheiro muito

conhecido a | caricatura que precede este |

canto eacute muito curiosa | Preccedilo de cada

exemplar | 1$ reis pagos ao receber o |

exemplar

- 25 de abril de 1852 Aurora Paulistana

Satildeo Paulo

A Illustrissiacutema Senhora Dona Joaquina

Maria das | Dores drsquoOliveira tem uma

carta no es-| criptorio drsquoesta typographia

que ainda se | natildeo mandou entregar por

218

ignorar-se a | sua residencia

- 29 de maio de 1852 Aurora Paulistana

Satildeo Paulo

- 5 de junho de 1852 Aurora Paulistana

Satildeo Paulo

- 15 de junho de 1852 Aurora Paulistana

Satildeo Paulo

ATTENCcedilAtildeO | Typographia Liberal | de

| J R drsquoAzevedo Marques | LARGO DA

SErsquo N 3 | Joaquim Roberte drsquoAzevedo

Marques tem | a honra de participar ao

respeitavel publico | que acaba de montar

em maior escala a Ty- | pographia

Liberal se sua propriedade com | um

variado e novo sortimento de typos vi- |

nhetas emblemas florotildees ampc e com um

dos | mais aperfeiccediloados preacutelos de ferro

dos que ul- | timamente se fabricatildeo em

Paris e achando-se | por esta forma

habilitado para desempenhar | com

promptidatildeo e aceio qualquer trabalho ty- |

pographico por este offerece o seu

estabeleci | mento ao illustrado publico

desta capital e pro- | vincia a quem

assegura que alem da nitidez | e gosto que

distinguiratildeo os seus trabalhos se- | ratildeo

219

feitos com a brevidade que actualmente |

lhe proporcionatildeo os recursos do

estabeleci- | mento e pelos preccedilos os mais

commodos

- 5 de outubro de 1852 Satildeo Paulo

Aurora Paulistana

AVISO | Roga-se aos nossos assi- |

gnantes que natildeo quizerem | continuar sua

assignatura e | aacutequellas pessoas a que

ago- | ra remettemos a nossa folha | e natildeo

acceitarem o nosso affe- | recimento

tenhatildeo a bondade | de reverter aacute

typographia este | numero ou declarar ao

dis- | tribuidor que a natildeo acceitatildeo | na

entrega do seguinte

- 15 de outubro de 1852 Satildeo Paulo

Aurora Paulistana

ALUGA-SE um servente para ser- | viccedilo

dentro desta cidade quem o tiver | poacutede

comparecer nesta typographia | para

tratar a respeito

220

PALAVRA TYPOGRAPHICO

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

tipo sm orig modelo exemplar siacutembolo

ext (Tip) letra de forma de imprimir

XVII Do lat typus -i deriv Do gr tyacutepos

() tipograacutefico | typographico 1813 ()

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

Tipografico adj Relativo agrave tipografia

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 29 de maio de 1852 Aurora Paulistana

Satildeo Paulo

- 5 de junho de 1852 Aurora Paulistana

Satildeo Paulo

- 15 de junho de 1852 Aurora Paulistana

Satildeo Paulo

ATTENCcedilAtildeO | Typographia Liberal | de |

J R drsquoAzevedo Marques | LARGO DA

SErsquo N 3 | Joaquim Roberte drsquoAzevedo

Marques tem | a honra de participar ao

221

respeitavel publico | que acaba de montar

em maior escala a Ty- | pographia Liberal

se sua propriedade com | um variado e

novo sortimento de typos vi- | nhetas

emblemas florotildees ampc e com um dos |

mais aperfeiccediloados preacutelos de ferro dos que

ul- | timamente se fabricatildeo em Paris e

achando-se | por esta forma habilitado

para desempenhar | com promptidatildeo e

aceio qualquer trabalho ty- | pographico

por este offerece o seu estabeleci | mento

ao illustrado publico desta capital e pro- |

vincia a quem assegura que alem da

nitidez | e gosto que distinguiratildeo os seus

trabalhos se- | ratildeo feitos com a brevidade

que actualmente | lhe proporcionatildeo os

recursos do estabeleci- | mento e pelos

preccedilos os mais commodos

222

113 Lexemas ligados agrave sauacutede

PALAVRA AMENORRHEA

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

Amenorreacuteia Sf lsquoausecircncia de menorreia

ou menstruaccedilatildeorsquo | 1899 amenorrhecirca 1858

| do fr Amenorrheacutee deriv Do lat Cient

amenorrhea (ltGr a-[v A-(iv)] + men

lsquomecircsrsquo + -rhoia lsquofluxorsquo) ()

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

Amenorreacuteia Sf ausecircncia de menorreia

ou menstruaccedilatildeo amenia

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 05 de julho de 1887 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

Tonico|Fevrifugo|Regenerador|vinho do

doutor johanno Quina Coca Extracto de

Carne e Hypophosphito|Recommendatildeo-

no nos casos que necessitatildeo toacutenicos

para|reconstruir e regenerar o organismo

arruinado por molestias|excessos

natureza do clima anemia chlorosis

amenorrhea cachxia|fluxo branco que

tanto arruinatildeo a saude das mulheres

223

pobreza de|sangue fraqueza geral

debilidade etc|H Vivien Droguista 50

Boulevard de Strasboug em Paris

PALAVRAS ANEMIA

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

anemia sfdiminuiccedilatildeo de hemoglobina do

sangue circulante 1858 Do fr aneacutemie

deriv do gr anaimiacutea || anecircmico 1871

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

anemia S f Patol1 Deficiecircncia de

hemaacutecias ou hemoglobina no sangue

circulante 2 fig Debilidade fraqueza

PERIOacuteDICOS

DATAS

E

CIDADES DE ORIGEM

- 01 de fevereiro de 1888 Campinas

Diaacuterio de Campinas

PRODUCTOS DE J-P

LAROZE||APROVADOS||pela junta de

Hygiena do Brasil||2 RUA DES LIONS-

SAINT-PAUL 2 PARIS||Xarope

Depurativo| de Casca de Laranja amarga

224

aos | Ioduretos de Potassio| contra

escrephulosas cancerosas syphiliticas

tumores brancos da agrura do sangue

etc| Xarope Ferruginoso| de Casca de

Laranja e Quassia amara ao | Proto-

Iodureto de Ferro| contra as cores pallidas

chlorose anemia doenccedilas de langor

rachitismo etc| Xarope Sedativo| de

Casca de Laranja amarga ao| Bromureto

de Potassio| calmante certo contra as

nevralgias a epilepsia o hysterico

insonia das crianccedilas todas as affecccedilotildees

nervosas| Deposito em todas as boas

Drogarias e Pharmacias

- 05 de julho de 1887 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

Tonico|Fevrifugo|Regenerador|vinho do

doutor johanno Quina Coca Extracto de

Carne e Hypophosphito|Recommendatildeo-

no nos casos que necessitatildeo toacutenicos

para|reconstruir e regenerar o organismo

arruinado por molestias|excessos

natureza do clima anemia chlorosis

amenorrhea cachxia|fluxo branco que

tanto arruinatildeo a saude das mulheres

pobreza de|sangue fraqueza geral

debilidade etc|H Vivien Droguista 50

225

Boulevard de Strasboug em Paris

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

VINHO || Tonico-Nutritivo || DEFRESNE

|| Com Peptons (Carne assimilavel) ||

FERRO E LACTO-PHOSPHATO DE

CAL NATURAES || Sendo o Vinho

Defresne drsquoum gosto | delicioso tambem

eacute o unico reconsti- | tuinte natural e

completo || Eacute o mais precioso de todos os

tonicos sob a sua influencia desvanecem-

se os | accindentes febris renasce o

appetite forta- | lecem-se os musculos e

voltam as forccedilas || Emprega-se com ecircxito

contra a inappe- | tencia os crescimentos

raacutepidos com ra- | lecoenccedilas molestias de

estomago a | anemia e [ilegiacutevel] ||

DEFRESNE Fornecedor dos Hospitaes

Paris || E todas as Pharmacias

PALAVRA ANTIPHOLOGISTICO

226

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

flox sm lsquo(Bot) gecircnero de polemoniaacuteceas

ornamentaisrsquo 1899 Do lat phlox ndashgis e

este do gr phloacutex ndashgoacutes lsquoflamarsquo | flogiacutestico

| phlo- 1844 | do fr phlogisitque do lat

cient phlogisticum voc criado pelo

quiacutemico alematildeo Becker (1628-1685)

(antiplogiacutestico SEM REGISTRO)

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

antiflogiacutestico adj e sm diz-se de ou

substacircncia aplicaacutevel contra inflamaccedilotildees

antiinflamatoacuterio

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

CONSTIPACcedilOtildeES e MOLESTIAS do

PEITO || XAROPE

ANTIPHOLOGISTICO BRIANT ||

PARIS Pharmacia BRIANT 150 rua de

Rivoli PARIS || As celebridades medicas

de Paris recommendatildeo ha mais de 30

annos o | XAROPE BRIANT como o

medicamento peitoral de gosto mais

agradaacutevel e | de efficacia mais certa de

Defluxos Constipaccedilotildees Catharros etc |

Este Xarope nunca [ilegiacutevel] ndash Deve-se

227

exigir a Brochura em nove linguas | com a

assignatura bem lisivel do inventor |

DEPOSITO EM TODAS AS

PRINCIPAES PHARMACIAS

PALAVRA APPOPLEXIA

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

apoplexia sf lsquo(Med) afecccedilatildeo cerebral que

se manifesta imprevistamente

acompanhada de privaccedilatildeo dos sentidos e

do movimentorsquo XVI Do lat apoplexia

deriv do gr apoplixiacutea ()

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

apoplexia (cs) Sf med 1 afecccedilatildeo

cerebral que se manifesta

imprevistamente acompanhada de

privaccedilatildeo dos sentidos e do movimento 2

qualquer das afecccedilotildees resultantes da

formaccedilatildeo raacutepida de um derrame sanguiacuteneo

ou seroso no interior de um oacutergatildeo

PERIOacuteDICO

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

228

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

Paulistano

Santo JEAN de La Croix [gravura]|

AGUA | DE | MELISSA dos

CAMELITAS | BOYER | Unico successor

| dos Carmelitas | SAINTE THERESE

[gravura]| PARIS ndash 14 Rua de lrsquoAbbaye

14 ndash PARIS | EAU DES CARMES | RUE

TARANNE Nuacutemero 14 TRANSFEacuteREacuteE

14 RUE DE LrsquoABBAYE PARIS [brazatildeo]

| CONTRA | Apoplexia | Cholera | Enjocirco

do mar | Faltos | Coacutelicas | Indigestotildees |

Febre amarella etc | Ler o prospecto no

qual vai envolvido | cada vidro || Deve-se

exigir o letreiro branco e preto | em todos

os vidros | seja qual focircr o tamanho |

Desconfiar | AS | FALSIFICACcedilOtildeES | e |

Exigir a assignatura | de | [assinatura] |

DEPOSITO EM TODAS AS

PHARMACIAS | DO Universo

PALAVRA ASTHENIA

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

astenia sf debilidade fraquesa | -th-

1844 do fr Astheacutenis deriv Do gr

Astheacuteneia falta de vigor ()

229

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

astenia sfmed Fraquesa orgacircnica

debilidade fraqueza [antocircn Estenia]

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 29 de janeiro de 1899 Satildeo Paulo

A Notiacutecia

A EMULSAtildeO DE SCOTT|de Oleo de

Figado de|Bacalhau com Hipophos|phitos

de Cal e Soda|Eacute UM REMEacuteDIO-

ALIMENTOPOR EXCELENCIA|Porque

o Oleo de Figado de Bacalhau como

alimento eacute dum valor importantissimo-

fortalece e engorda-Como remedio rico-eacute

magnifico creador d sangue assim como

um bom remedio alterante espinha dorsal

e systema osseo e a combinaccedilatildeo destes

preciosos componentes produz o melhor

reconstituinte tonico e purificador de

sangue que a sciencia medica conhece

Natildeo te rival para todas as molestias

debilitantes ha annos emprego a

Emulsatildeo de Ha mais de 20 annos que

emprego Scott e seguro contra affecccedilotildees

do em minha clinica sempre com muito

apparelho respiratorioe para vantagem nos

casos em que eacute combater a asthenia em

230

geral Diz indicada Diz o deistincto

Doutor Joseacute o illustrado Doutor Bacellar

do Rio Justino de Mello de Paranaguaacute

Grande do Sul Cautella com Imitaccedilotildees| A

venda em todas as Drogarias

Falsificaccedilotildees e Pharmacias Exija-se a

Legitima|Scott amp Bowne Chimicos New

York EUA

PALAVRA ASTHMA

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

asma Sf doenccedila caracterizada por

ataques repetitivos de dispneia XV Do

lat Asthma -atis e este do gr Aacutesthma -

tos

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

asma Sfpatol Condiccedilatildeo que se

caracteriza por acessos recorrentes de

dispneacuteia paroxiacutextica tosse e sensaccedilatildeo de

constriccedilatildeo por efeito da contraccedilatildeo

espasmoacutedica dos brocircnquios Em casos eacute

de natureza alergica

231

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 03 de janeiro de 1889 Satildeo Paulo

Correio Paulistano

Grande descoberta|O maior sucesso da

eacutepoca que atravessaacutemos eacute a descoberta do

prodigioso vegetal cujo vegetal em si a

acccedilatildeo maravilhosa de destruir todos os

virus de syphilitico A descoberta deste

remedio que eacute Vegetal Por|Excellencia eacute

a verdadeira Maravilha Do Seculo XIX

Os saacutebios|estudos de muitos annos e as

sucessivas experiecircncias do illustrado e

intelligente|senhor M Morato deram em

resultado que o grande remedio pura

exclusiva|e unicamente vegetal a que deu

o nome de ldquoExilir depurativo de M

Moratordquo|cura completa e rapidamente toda

syphilis curo o rheumatismo com

uma|felicidade espantosa cura a asthma

e usado convenientemente tem com |

espanto de centenas de pessoas curado o

terrivel mas a|Morphegravea |A grande

descoberta deste explendoroso remeacutedio eacute

a felicidade da|humanidade eacute o passo

mais gigantesco dado na medicina

Procurar ldquoExilir|depurativo de M

Moratordquo propagado por Doutor

Carlos|Agente Depositaacuterio Em Satildeo

Paulo|Peixoto Estella amp Companhia|Rua

de Satildeo Bento nuacutemero 11| Preccedilos|20 Exilir

ndash frasco 5$000 Duzia 50$000

232

PALAVRA BLENORRHAGIA

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

Blen(o)- elem Comp do Gr blenno- de

bleacutenna ndashos lsquomucorsquo ou bleacutennos lsquo humor

viscosorsquo que se documenta em alguns

compostos da linguagem meacutedica

internacional a partir do seacutec XIX ()

blenorragia | bennorrhagia 1844

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

Blenorragia Sf patol 1 eliminaccedilatildeo

excessiva de muco 2 V gonorreacuteia

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 04 de abril de 1889 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

Capsulas|Mathey-Caylus|Preparados pelo

doutor clin Premio Montyon|As Capsulas

Mathey ndash Caylus com Envolucro delgado

de Gluten natildeo fatigatildeo|nunca o estomago e

satildeo recommendadas pelos Professores das

Faculdades de|Medicina e os Hospitaes de

233

Paris Londres e New-York para a|cura

raacutepida dos|Corrimentos antigos ou

recentes a Gonorrhea a Blenorrhagia a

Cystite Du|Collo o Catarrho e as Molestia

da Bexigas dos oacutergatildeos genito urinarios|

Uma explicaccedilatildeo detalhada acompanha

cada Frasco|Exigir Verdadeiras Capsulas

Mathey ndash Caylus de clin amp Compagnie

de|Paris que se achatildeo em casa dos

Droguistas e Pharmaceuticos

PALAVRA CHLOROSIS

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

clor(o) elem comp do gr chloro- de

chloroacutes verde esverdeado que se

documenta em vaacuterios compostos

introduzidos a partir do seacute XIX na

linguagem cientiacutefica internacional ()

clorose | chlo- 1858 | Do fr chlorose

deriv do lat cient chlorosis -osticus ()

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

clorose S f 1 Patol anemia peculiar agrave

mulher assim chamada pelo tom amarelo-

esverdeado que imprime agrave pele()

234

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 01 de fevereiro de 1888 Campinas

Diaacuterio de Campinas

PRODUCTOS DE J-P

LAROZE||APROVADOS||pela junta de

Hygiena do Brasil||2 RUA DES LIONS-

SAINT-PAUL 2 PARIS||Xarope

Depurativo| de Casca de Laranja amarga

aos | Ioduretos de Potassio| contra

escrephulosas cancerosas syphiliticas

tumores brancos da agrura do sangue

etc| Xarope Ferruginoso| de Casca de

Laranja e Quassia amara ao | Proto-

Iodureto de Ferro| contra as cores pallidas

chlorose anemia doenccedilas de langor

rachitismo etc| Xarope Sedativo| de

Casca de Laranja amarga ao| Bromureto

de Potassio| calmante certo contra as

nevralgias a epilepsia o hysterico

insonia das crianccedilas todas as affecccedilotildees

nervosas| Deposito em todas as boas

Drogarias e Pharmacias

- 05 de julho de 1887 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

235

Tonico|Fevrifugo|Regenerador|vinho do

doutor johanno Quina Coca Extracto de

Carne e Hypophosphito|Recommendatildeo-

no nos casos que necessitatildeo toacutenicos

para|reconstruir e regenerar o organismo

arruinado por molestias|excessos

natureza do clima anemia chlorosis

amenorrhea cachxia|fluxo branco que

tanto arruinatildeo a saude das mulheres

pobreza de|sangue fraqueza geral

debilidade etc|H Vivien Droguista 50

Boulevard de Strasboug em Paris

PALAVRA CHOLERA

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

coacutelera Sf ira raiva fuacuteria (Pat) doenccedila

infecciosa aguda XV Do latcholera

deriv Do gr Choleacutera

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

coacutelera Sf () 4 Patol Doenccedila

infecciosa aguda contagiosa que pode

manisfestar-se sob forma epidecircmica

236

caracterizada em sua apresentaccedilatildeo

claacutessica por diarreacuteia abundante prostaccedilatildeo

e catildeimbras coacutelera-morbo

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

Santo JEAN de La Croix [gravura]|

AGUA | DE | MELISSA dos

CAMELITAS | BOYER | Unico successor

| dos Carmelitas | SAINTE THERESE

[gravura]| PARIS ndash 14 Rua de lrsquoAbbaye

14 ndash PARIS | EAU DES CARMES | RUE

TARANNE Nuacutemero 14 TRANSFEacuteREacuteE

14 RUE DE LrsquoABBAYE PARIS [brazatildeo]

| CONTRA | Apoplexia | Cholera | Enjocirco

do mar | Faltos | Coacutelicas | Indigestotildees |

Febre amarella etc | Ler o prospecto no

qual vai envolvido | cada vidro || Deve-se

exigir o letreiro branco e preto | em todos

os vidros | seja qual focircr o tamanho |

Desconfiar | AS | FALSIFICACcedilOtildeES | e |

Exigir a assignatura | de | [assinatura] |

DEPOSITO EM TODAS AS

PHARMACIAS | DO Universo

237

PALAVRA CIRURGIAtildeO

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

cirurgia sf lsquo(Med) medicina operatoacuteriarsquo |

1611 celorgia XIII cilurgia XIII

selorgia XIV etc | do lat med chirurgia

deriv do gr cheirourgiacutea lsquooperaccedilatildeo

manualrsquo (gr cheir lsquomatildeorsquo e ergoacuten

lsquotrabalhorsquo V ndashERG- e QUIR(O)- ||

cirugiatildeo sm lsquooperadorrsquo | XVI celorgiatildeo

XIII solyrgiatildees pl XIV sirurgiatildees pl

XIV selergiatildeo XV etc | do lat

chirurgianus || ciruacutergico 1758 Do lat

chirurgicus

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

cirurgiatildeo S m meacutedico que exerce a

cirurgia meacutedico-cirurgiatildeo operador ()

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 4 de marccedilo de 1853 Satildeo Paulo Aurora

Paulistana

CURA CERTA | e em pouco tempo de

todas as enfermidades provenientes de

vicio san- | guineo como ndashescrophulas

tube[r]- | culos lepra syphylis etc etce

[ilegiacutevel] | particular as affecccediloens de

238

pape[ilegiacutevel] | em seu principio ||

Etienne Lagarde || Pharmaceutico e

cirurgiatildeo das faculdades | Pariz e do Rio

de Janeiro ex-preparad[o] | do Curso de

Chimica da escola de medic[i]- | na e

pharmacia de Poi[furo]iers membro da

s[o]- | ciedade medica da mesma cidade e

corres- | pondente de algumas sociedades

scientificas || Attenccedilacirco || A experiencia

junto aacute perseveranccedila qu[e] | hoje tem sido

meus uacutenicos guias no trata[men]- | to das

enfermidades acima mencionadas os |

caracteres horriveis que ellas apresentatildeo |

desgostos que sobrevem as pessoas que

satildeo de | las attacadas deviatildeo naturalmente

attrahir | attenccedilatildeo de todo o homem amigo

da huma- | nidade || Antigamente estas

enfermidades se consi- | deravatildeo com um

principio contagioso o que | obrigava os

doentes a buscar longe das povo- | accedilotildees

uma morada tranquilla que lhes permi- |

tisse esperar com paciencia a hora que [o]

| Creador tivesse determinado para pocircr

term[]| a todos os seus soffrimentos hoje

porem assim | natildeo acontece os progressos

que tem feito [a] | sciencia medica com os

numerosos trabalhos | e investigaccedilotildees da

chimica tem em fim intro- | duzido na

therapeutica e posto aacute disposiccedilatildeo | dos

homens da sciencia um meio prophilati- |

cos contra estas crueis enfermidades

fazendo | assim esperar uma prompta cura

a todos | aquelles que o quizerem abraccedilar

239

|| Penetrado do sentimento o mais sincero

da | philantropia do amor aacute sociedade

offereccedilo o[s] | meus recursos meacutedicos e

pharmaceuticos ad- | quiridos por um

aturado e longo estudo da na- | tureza

humana Ersquo pois com os medicamen- | tos

preparados por minhas proacuteprias matildeos

qu[e] | me proponho a curar a todos

aquelles que m[e] | quizerem procurar ||

Estou certo que os epithetos de ndash charlatatildeo

| e especulador ndash ser-me-hatildeo lanccedilados por

al- | guns ao lerem este meu annuncio

porem natildeo | seraacute por homens sensatos que

serei assim [ilegiacutevel] | xado O sabio

indaga consulta ouve [ilegiacutevel] | entre

voacutes (como eu creio) existe algum

rec[ilegiacutevel] | conhecimento recebei de

antematildeo toda a mi- | nha gratidatildeo || A

voacutes enfermos eu dirijo meus offereci- |

mentos eu saberei consolar-vos e talvez

da[r]- | vos a panaceacutea beneacutefica da saude

que tan[furo] | desejaes || Seja o

reconhecimento o fructo de meu[s] |

trabalhos e o uacutenico tributo que desejo

obte[r] | daquelles que me quizerem

honrar com sua[s] | consultas|| Dirijatildeo-se

ao Hotel Paulistano na rua d[e] | Satildeo

Bento nuacutemero 35

240

PALAVRA CYSTITE

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

Cist(i) elem Comp do lat Cystis deriv

Do Gr kyrsquo stisrsquo ndash eos ndashidos lsquobexiga

vesiacutecularsquo que se documenta em alguns

compostos introduzidos a partir do seacutec

XIX na linguagem da medicina ()

cisitite | cys- 1844 | do fr Cystite

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

Cistite Sf patol inflamaccedilatildeo na bexiga

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 04 de abril de 1889 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

Capsulas|Mathey-Caylus|Preparados pelo

doutor clin Premio Montyon|As Capsulas

Mathey ndash Caylus com Envolucro delgado

de Gluten natildeo fatigatildeo|nunca o estomago e

satildeo recommendadas pelos Professores das

Faculdades de|Medicina e os Hospitaes de

Paris Londres e New-York para a|cura

raacutepida dos|Corrimentos antigos ou

recentes a Gonorrhea a Blenorrhagia a

Cystite Du|Collo o Catarrho e as

241

Molestia da Bexigas dos oacutergatildeos genito

urinarios| Uma explicaccedilatildeo detalhada

acompanha cada Frasco|Exigir

Verdadeiras Capsulas Mathey ndash Caylus de

clin amp Compagnie de|Paris que se achatildeo

em casa dos Droguistas e Pharmaceuticos

PALAVRA DARTRES

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

dartos Sm membrana que envolve os

testiacuteculos situada abaixo da pele do

escroto agrave qual adere intimamente 1858

do gr Dartoacutes (chitoacuten) membrana do

escroto por via erudita

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

darto Sm AnatMembrana que envolve

os testiacuteculos situada sob a pele do

escroto agrave qual adere intimamente

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 20 de julho de 1887 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

242

Syfilis Adquirida ou Hereditaacuteria em todo

os periodos accidentes segundarios|e

terciaacuterios que resultatildeo drsquoella Ulceraccedilatildeo

da bocca e da garganta|gommas

exostoses carie dos ossos rheumatismos

ulceras impotencia etc etc|Scrofulas

viacutecios do sangue molestias da pelle

(Dartres ecleacutemas lepra | herpes)- Cura

certa raacutepida e radical pelos celebres

BISCOUTOS|DEPURATIVOS do

DrsquoOLLIVIER o mais poderoso anti-

syphilitico e|receitado haacute mais de 60

annos pelos mais illustrados

profissionaes|eacute o unico remedio no

mundo inteiro approvado pela Academia

de|Medicina de Paris unico premiado

com Recompensa Nacional de 24000|

Francos||Deposito Geral 62 Rua de

Rivali Paris| Em Satildeo Paulo Martins

Labre amp Companhia

- 11 de abril de 1889 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

syfilis Adquirida ou Hereditaacuteria em todo

os periodos accidentes segundarios e|

terciaacuterios que resultatildeo drsquoella Ulceraccedilatildeo

da bocca e da garganta Gommas|

243

Exostoses Carie dos ossos

Rheumatismos Ulceras Impotencia etc

etc|Scrofulas Viacutecios do Sangue

Molestias da pelle (Dartres Eczeacutemas

Lepra | Herpes)- Cura certa raacutepida e

radical pelos celebres biscoutos

depurativos|do drsquoollivier o mais poderoso

anti-syphilitico e receitado haacute mais de 60

annos| pelos mais illustrados

profissionaes|eacute o unico remedio no

mundo inteiro| Approvado pela Academia

de Medicina de Paris unico premiado

com|Recompensa Nacional de 24000

Francos|Deposito Geral 62 Rua de

Rivolli Paris| Em Satildeo Paulo Martins

Labre amp [Companhia]

PALAVRA DIABETE

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

dianbete(s) sm e f lsquo(Med) estado

patoloacutegico que se caracteriza por um

acreacutescimo anormal do volume da urinarsquo

1813 Provavelmente do fr diabete do lat

tard diabetes e este do gr diabetes

lsquosifatildeorsquo de diabaiacutenen lsquotraspor atravessarrsquo

Modernamente com o avanccedilo das

pesquisas meacutedicas a diabetes teraacute outra

244

conceituaccedilatildeo ()

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

diabetes sm e f patol 1 Siacutendrome

caracterizada por uma eliminaccedilatildeo

exagerada e permanente de urina 2 restr

V diabetes melito [var diabete] diams

diabetes accedilucarada Patol V melituacuteria

diabetes accedilucarado Patol V melituacuteria

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

CURA CERTA DAS MOLESTIAS

NERVOSAS | Epilepsia ndash Hysteria |

Choreatilde | Hystero-Epilepsia | Molestias do

Cerebro | e do Espinhaccedilo | Diabete

assucarado || PELO || XAROPE DE

HENRY MURE || com Bromureto de

Potassium chimicamente puro || BOM

EXITO VERIFICADO POR 15 ANNOS

DE EXPERIENCIAS | NOS HOSPITAES

DE PARIS | Uma Noticia muito

importante seraacute dirigida a quem a pedir |

HENRY MURE em Pont-St-Esprit

(Franccedila)|| Deposito em todas as principaes

Pharmacias

245

PALAVRA ECZEacuteMAS

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

Eczema sm lsquo(patol) dermatose

inflamatoacuteria caracterizada pela formaccedilatildeo

de vesiacuteculas confluentes exsudatos e

crostasrsquo 1881 do lat Cient eczema deriv

Do Gr ekzema ndashatos ()

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

Eczema Sm patol Dermatose

inflamatoacuteria caracterizada pela formaccedilatildeo

de vesiacuteculas confluentes exsudatos e

crostas e provocada por diferentes causas

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 20 de julho de 1887 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

Syfilis Adquirida ou Hereditaacuteria em todo

os periodos accidentes segundarios|e

terciaacuterios que resultatildeo drsquoella Ulceraccedilatildeo

246

da bocca e da garganta|gommas

exostoses carie dos ossos rheumatismos

ulceras impotencia etc etc|Scrofulas

viacutecios do sangue molestias da pelle

(Dartres ecleacutemas lepra | herpes)- Cura

certa raacutepida e radical pelos celebres

BISCOUTOS|DEPURATIVOS do

DrsquoOLLIVIER o mais poderoso anti-

syphilitico e|receitado haacute mais de 60

annos pelos mais illustrados

profissionaes|eacute o unico remedio no

mundo inteiro approvado pela Academia

de|Medicina de Paris unico premiado

com Recompensa Nacional de 24000|

Francos||Deposito Geral 62 Rua de

Rivali Paris| Em Satildeo Paulo Martins

Labre amp Companhia

- 11 de abril de 1889 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

syfilis Adquirida ou Hereditaacuteria em todo

os periodos accidentes segundarios e|

terciaacuterios que resultatildeo drsquoella Ulceraccedilatildeo

da bocca e da garganta Gommas|

Exostoses Carie dos ossos

Rheumatismos Ulceras Impotencia etc

etc|Scrofulas Viacutecios do Sangue

Molestias da pelle (Dartres Eczeacutemas

247

Lepra | Herpes)- Cura certa raacutepida e

radical pelos celebres biscoutos

depurativos|do drsquoollivier o mais poderoso

anti-syphilitico e receitado haacute mais de 60

annos| pelos mais illustrados

profissionaes|eacute o unico remedio no

mundo inteiro| Approvado pela Academia

de Medicina de Paris unico premiado

com|Recompensa Nacional de 24000

Francos|Deposito Geral 62 Rua de

Rivolli Paris| Em Satildeo Paulo Martins

Labre amp [Companhia]

PALAVRA ELIXIR

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

elixir sm bebida medicamentosa

balsacircmica ou confortadora XVIII Do fr

Eacutelixir deriv Do deriv Do aacuter Eliksir

pedra filosofal e este do gr Kseron

medicamento

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

elixir S m 1 confeiccedilatildeo farmacecircutica de

xaropes com alcoolatos 2 bebida

deliciosa balsacircmica ou confortadora 3

Fig Aquilo que tem efeito maacutegico ou

248

miraculoso filtro

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 01 de fevereiro de 1888 Campinas

Diaacuterio de Campinas

O Elixir alimenticio Ducro e muito

agradavel ao paladar e as pessoas a quem

mais repugnam os aimentos o tomam ateacute

por gosto| Eacute um tonico poderosissimo

aconselhado para as mulheres e a crianccedilas

delicadas os velhos os convalescentes em

que desperta o appetite e restabelece as

forccedilas| Convem sobretudo nos paizes

quentes onde as forccedilas diminuem pela

transpiraccedilatildeo e onde se esta sujeito a

molestias contagiosas - Para mais

detalhes leia-se o prospecto que

acompanha cada vidro| Pariz 20 Place

des Vosges|| E EM TODAS AS

PHARMACIAS

- 03 de janeiro de 1889 Satildeo Paulo

Correio Paulistano

Grande descoberta|O maior sucesso da

eacutepoca que atravessaacutemos eacute a descoberta do

249

prodigioso vegetal cujo vegetal em si a

acccedilatildeo maravilhosa de destruir todos os

virus de syphilitico A descoberta deste

remedio que eacute Vegetal Por|Excellencia eacute

a verdadeira Maravilha Do Seculo XIX

Os saacutebios|estudos de muitos annos e as

sucessivas experiecircncias do illustrado e

intelligente|senhor M Morato deram em

resultado que o grande remedio pura

exclusiva|e unicamente vegetal a que deu

o nome de ldquoExilir depurativo de M

Moratordquo|cura completa e rapidamente toda

syphilis curo o rheumatismo com

uma|felicidade espantosa cura a asthma

e usado convenientemente tem com |

espanto de centenas de pessoas curado o

terrivel mas a|Morphegravea |A grande

descoberta deste explendoroso remeacutedio eacute

a felicidade da|humanidade eacute o passo

mais gigantesco dado na medicina

Procurar ldquoExilir|depurativo de M

Moratordquo propagado por Doutor

Carlos|Agente Depositaacuterio Em Satildeo

Paulo|Peixoto Estella amp Companhia|Rua

de Satildeo Bento nuacutemero 11| Preccedilos|20 Exilir

ndash frasco 5$000 Duzia 50$000

PALAVRA EPILEPSIA

250

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

epilepsia sm (Patol) doenccedila nervosa

com manifestaccedilotildees ocasionais suacutebitas e

raacutepidas entre as quais sobressaem

convulsotildees e distuacuterbios da consciecircncia

XVII Do lat Tard Epilepsia -ae deriv

Do gr Epilepsiacutea

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

epilepsia sfPatol Afecccedilatildeo de que haacute

alguns tipos que incide no homem e em

vaacuterios animais (alguns quadruacutepedes e

certas aves) e consiste em acessos

recidivantes de distuacuterbios de cosciecircncia ou

de outras funccedilotildees psiacutequicas movimentos

musculares involuntaacuterios e perturbaccedilotildees

do sistema nervoso autocircnomo Estes

sintomas de repeticcedilatildeo satildeo concomitantes a

descarga disriacutetmica de neurocircnios

encefaacutelicos registrados por

eletrencegalogramas [em termos de

distuacuterbio funcional a epilepsia eacute uma

disritmia cerebral paroxiacutestica sintomaacutetica]

()

PERIOacuteDICO

DATA

- 01 de fevereiro de 1888 Campinas

Diaacuterio de Campinas

251

E

CIDADE DE ORIGEM

PRODUCTOS DE J-P

LAROZE||APROVADOS||pela junta de

Hygiena do Brasil||2 RUA DES LIONS-

SAINT-PAUL 2 PARIS||Xarope

Depurativo| de Casca de Laranja amarga

aos | Ioduretos de Potassio| contra

escrephulosas cancerosas syphiliticas

tumores brancos da agrura do sangue

etc| Xarope Ferruginoso| de Casca de

Laranja e Quassia amara ao | Proto-

Iodureto de Ferro| contra as cores pallidas

chlorose anemia doenccedilas de langor

rachitismo etc| Xarope Sedativo| de

Casca de Laranja amarga ao| Bromureto

de Potassio| calmante certo contra as

nevralgias a epilepsia o hysterico

insonia das crianccedilas todas as affecccedilotildees

nervosas| Deposito em todas as boas

Drogarias e Pharmacias

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

CURA CERTA DAS MOLESTIAS

NERVOSAS | Epilepsia ndash Hysteria |

Choreatilde | Hystero-Epilepsia | Molestias do

Cerebro | e do Espinhaccedilo | Diabetes

assucarado || PELO || XAROPE DE

HENRY MURE || com Bromureto de

252

Potassium chimicamente puro || BOM

EXITO VERIFICADO POR 15 ANNOS

DE EXPERIENCIAS | NOS HOSPITAES

DE PARIS | Uma Noticia muito

importante seraacute dirigida a quem a pedir |

HENRY MURE em Pont-St-Esprit

(Franccedila)|| Deposito em todas as principaes

Pharmacias

PALAVRA EPILEPSIA-HYSTERIA

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

SEM REGISTRO DO

COMPOSTO

hister(o) elem Comp do gr Hysteacutera

uacutetero que se documenta em alguns vocs

Formados no proacuteprio grego como

histeacuterico por exemplo e em vaacuterios outros

introduzidos a partir do seacutec XIX na

linguagem cientiacutefica internacional () |

histeria 1858

+

253

epilepsia sm (Patol) doenccedila nervosa

com manifestaccedilotildees ocasionais suacutebitas e

raacutepidas entre as quais sobressaem

convulsotildees e distuacuterbios da consciecircncia

XVII Do lat Tard Epilepsia -ae deriv

Do gr Epilepsiacutea

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

SEM REGISTRO DO COMPOSTO

Histeria Sf psiq Afecccedilatildeo mental cujos

sistemas se baseiam em conversatildeo e

caracterizada por falta de controle sobre

atos e emoccedilotildees ansiedade sentido

moacuterbido de autoconsciecircncia exagero do

efeito de impressotildees sensoriais e por

simulaccedilatildeo de diversas doenccedilas

+

epilepsia sfPatol Afecccedilatildeo de que haacute

alguns tipos que incide no homem e em

vaacuterios animais (alguns quadruacutepedes e

certas aves) e consiste em acessos

recidivantes de distuacuterbios de cosciecircncia ou

de outras funccedilotildees psiacutequicas movimentos

musculares involuntaacuterios e perturbaccedilotildees

do sistema nervoso autocircnomo Estes

254

sintomas de repeticcedilatildeo satildeo concomitantes a

descarga disriacutetmica de neurocircnios

encefaacutelicos registrados por

eletrencegalogramas [em termos de

distuacuterbio funcional a epilepsia eacute uma

disritmia cerebral paroxiacutestica sintomaacutetica]

()

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 07 de julho de 1887 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

Cura Certa das Molestias Nervosas

Epilepsia-Hysteria Molestias do Cerebro

e do Espinhaccedilo|Choreatilde Diabete

Assucarado Hystero-Epilepsia Xarope de

Henry Bom exito verificado por 15 annos

de experiencia nos Hos|pitaes de

Paris|Uma notiacutecia muito importante seraacute

dirigida a quem a pedir| depositos em

todas as principaes Pharmacias

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

CURA CERTA DAS MOLESTIAS

255

NERVOSAS | Epilepsia ndash Hysteria |

Choreatilde | Hystero-Epilepsia | Molestias do

Cerebro | e do Espinhaccedilo | Diabetes

assucarado || PELO || XAROPE DE

HENRY MURE || com Bromureto de

Potassium chimicamente puro || BOM

EXITO VERIFICADO POR 15 ANNOS

DE EXPERIENCIAS | NOS HOSPITAES

DE PARIS | Uma Noticia muito

importante seraacute dirigida a quem a pedir |

HENRY MURE em Pont-St-Esprit

(Franccedila)|| Deposito em todas as principaes

Pharmacias

PALAVRA EXOSTOSES

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

Ex(o)- elem Comp do Gr eacutexo lsquofora fora

de para forarsquo que jaacute se documenta em

vcs formados no proacuteprio grego como

ecircxodo e em muitos outros introduzidos na

linguagem cientiacutefica internacional a partir

do seacutec XIX () exostose sf lsquo(Med)

proliferaccedilatildeo oacutessea na superfiacutecie de um

ossorsquo ldquo(Bot) excrescecircncia no tronco de

algumas aacutervoresrsquo | -sis 1844 | do fr

Exostose deriv Do lat Cient exostosis e

este do Gr exoacutestosis ()

256

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

Exostose (z) sf 1 med Proliferaccedilatildeo

oacutessea na superfiacutecie de um osso 2 morfol

Veg Excrescecircncia no tronco de algumas

aacutervores

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 20 de julho de 1887 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

Syfilis Adquirida ou Hereditaacuteria em todo

os periodos accidentes segundarios|e

terciaacuterios que resultatildeo drsquoella Ulceraccedilatildeo

da bocca e da garganta|gommas

exostoses carie dos ossos rheumatismos

ulceras impotencia etc etc|Scrofulas

viacutecios do sangue molestias da pelle

(Dartres ecleacutemas lepra | herpes)- Cura

certa raacutepida e radical pelos celebres

BISCOUTOS|DEPURATIVOS do

DrsquoOLLIVIER o mais poderoso anti-

syphilitico e|receitado haacute mais de 60

annos pelos mais illustrados

profissionaes|eacute o unico remedio no

mundo inteiro approvado pela Academia

de|Medicina de Paris unico premiado

com Recompensa Nacional de 24000|

Francos||Deposito Geral 62 Rua de

257

Rivali Paris| Em Satildeo Paulo Martins

Labre amp Companhia

- 11 de abril de 1889 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

syfilis Adquirida ou Hereditaacuteria em todo

os periodos accidentes segundarios e|

terciaacuterios que resultatildeo drsquoella Ulceraccedilatildeo

da bocca e da garganta Gommas|

Exostoses Carie dos ossos

Rheumatismos Ulceras Impotencia etc

etc|Scrofulas Viacutecios do Sangue

Molestias da pelle (Dartres Eczeacutemas

Lepra | Herpes)- Cura certa raacutepida e

radical pelos celebres biscoutos

depurativos|do drsquoollivier o mais poderoso

anti-syphilitico e receitado haacute mais de 60

annos| pelos mais illustrados

profissionaes|eacute o unico remedio no

mundo inteiro| Approvado pela Academia

de Medicina de Paris unico premiado

com|Recompensa Nacional de 24000

Francos|Deposito Geral 62 Rua de

Rivolli Paris| Em Satildeo Paulo Martins

Labre amp [Companhia]

258

PALAVRA GONORRHEacuteA

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

-gon(o)sup2- elem Comp deriv Do Gr

gono- de goacutenos (goneacute) lsquogeraccedilatildeo oacutergatildeo

genitaisrsquo lsquosemente espermarsquo que jaacute se

documenta em compostos formados no

proacuteprio grego como gonorreacuteia por

exemplo e em alguns vocs introduzidos

na linguagem cientiacutefica internacional a

partir do seacutec XIX () gonorreacuteia | -rrhea

XVIII ()

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

Gonorreacuteia Sf patol Infecccedilatildeo veneacuteria

purulenta que surge com poucos dias de

incubaccedilatildeo e localiza inicialmente na

uretra donde pode estender-se a outras

estruturas urinaacuterias e genitais no homem

ou na mulher Aleacutem das precedentes pode

ter localizaccedilatildeo no reto articulaccedilotildees e

conjuntiva ocular [sin blenorragia]

PERIOacuteDICO

- 04 de abril de 1889 Satildeo Paulo Correio

259

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

Paulistano

Capsulas|Mathey-Caylus|Preparados pelo

doutor clin Premio Montyon|As Capsulas

Mathey ndash Caylus com Envolucro delgado

de Gluten natildeo fatigatildeo|nunca o estomago e

satildeo recommendadas pelos Professores das

Faculdades de|Medicina e os Hospitaes de

Paris Londres e New-York para a|cura

raacutepida dos|Corrimentos antigos ou

recentes a Gonorrhea a Blenorrhagia a

Cystite Du|Collo o Catarrho e as Molestia

da Bexigas dos oacutergatildeos genito urinarios|

Uma explicaccedilatildeo detalhada acompanha

cada Frasco|Exigir Verdadeiras Capsulas

Mathey ndash Caylus de clin amp Compagnie

de|Paris que se achatildeo em casa dos

Droguistas e Pharmaceuticos

PALAVRA HERPES

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

Herpes sm pl lsquo(med) erupccedilatildeo aguda de

vesiacuteculas agrupadas em nuacutemero variado e

de localizaccedilatildeo cutacircnea ou mucosarsquo | erpes

| do fr Herpes deriv Do lat Herpes ndashetis

e este do Gr herpes ()

260

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

Herpes sm 2n 1 patol Dermatose

inflamatoacuteria caracterizada pela formaccedilatildeo

de pequenas vesiacuteculas que se apresentam

em grupo 2 fig Mal contagioso estrago

podridatildeo

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 20 de julho de 1887 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

Syfilis Adquirida ou Hereditaacuteria em todo

os periodos accidentes segundarios|e

terciaacuterios que resultatildeo drsquoella Ulceraccedilatildeo

da bocca e da garganta|gommas

exostoses carie dos ossos rheumatismos

ulceras impotencia etc etc|Scrofulas

viacutecios do sangue molestias da pelle

(Dartres ecleacutemas lepra | herpes)- Cura

certa raacutepida e radical pelos celebres

BISCOUTOS|DEPURATIVOS do

DrsquoOLLIVIER o mais poderoso anti-

syphilitico e|receitado haacute mais de 60

annos pelos mais illustrados

profissionaes|eacute o unico remedio no

mundo inteiro approvado pela Academia

de|Medicina de Paris unico premiado

com Recompensa Nacional de 24000|

Francos||Deposito Geral 62 Rua de

261

Rivali Paris| Em Satildeo Paulo Martins

Labre amp Companhia

- 11 de abril de 1889 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

syfilis Adquirida ou Hereditaacuteria em todo

os periodos accidentes segundarios e|

terciaacuterios que resultatildeo drsquoella Ulceraccedilatildeo

da bocca e da garganta Gommas|

Exostoses Carie dos ossos

Rheumatismos Ulceras Impotencia etc

etc|Scrofulas Viacutecios do Sangue

Molestias da pelle (Dartres Eczeacutemas

Lepra | Herpes)- Cura certa raacutepida e

radical pelos celebres biscoutos

depurativos|do drsquoollivier o mais poderoso

anti-syphilitico e receitado haacute mais de 60

annos| pelos mais illustrados

profissionaes|eacute o unico remedio no

mundo inteiro| Approvado pela Academia

de Medicina de Paris unico premiado

com|Recompensa Nacional de 24000

Francos|Deposito Geral 62 Rua de

Rivolli Paris| Em Satildeo Paulo Martins

Labre amp [Companhia]

262

PALAVRA HOMEOPATHIA

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

homeo- elem comp do gr homoios da

mesma natureza igual semelhante que

se documenta em alguns compostos

introduzidos a partir do seacutec XIX na

linguagem cientiacutefica internacional ()

homeopatia | -thia 1858 | Do fr

homeacuteopathie deriv do al Homoumlopathie

voc criado em 1796 pelo meacutedico alematildeo

SCFHahnemann ()

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

homeopatia S f Med Sistema terpecircutico

criado por Christian Friederich Samuel

Hahnemann (1755-1843) que consiste em

tratar as doenccedilas por meio de substacircncias

ministradas em doses diluiacutedas a ponto de

se tornarem por vezes infinitesimas

capazes de produzir em indiviacuteduos satildeos

quadros cliacutenicos semelhantes aos que

apresentam os doentes a serem tratados

()

- 15 de outubro de 1852 Satildeo Paulo

263

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

Aurora Paulistana

- 31 de outubro de 1852 Satildeo Paulo

Aurora Paulistana

HOMŒOPATHIA PURA | RUA

DIREITA NUacuteMERO 17 | O medico-

cirurgiatildeo Joseacute Maria de | Souza tem a

honra de declarar a to- | das aquellas

pessoas que quizeres | honrar com sua

confianccedila que elle se | acha novamente

residindo nesta ci- | dade rua Direita

nuacutemero 17 onde continuacutea | a exercer a sua

profissatildeo pelo syste- | ma homœopathico

e onde seraacute encon- | trado a qualquer hora

do dia ou da | noite O annunciante

tambem arran- | ca lima e chumba dentes

e faz todas | as outras operaccedilotildees que diz

respeito | a esta arte com a maior

perfeiccedilatildeo|| Os pobres seratildeo tratados

gratuita- | mente

- 05 de fevereiro de 1867 Satildeo Paulo

Correio Paulistano

NA CASA GARRAUX || LARGO DA SEacute

|| Encontra-se os artigos seguintes ||Papel

para desenho || Papel de luto || Papel de

peso || Papel almasso || Papel florete ||

264

Papel Hollanda || Papel de phantasia ||

Papel de cartas || Envelppes brancos ||

Enveloppes de cores || Enveloppes de luto

|| Enveloppes commerciaes || Enveloppes

forrados de panno || Cartotildees de visita ||

Ditos para casamentos || Tinteiro de vidro

|| Tinteiro de crystal || Tinteiro de bronze ||

Tinteiro ricos de phantasia || Pennas de

accedilo de varias qualidades || Pennas de ave

|| Sinetas || Canivetes || Pacas de cortar

papel || Lacre || Obreiras || Imagens ||

Quadros de devoccedilatildeo || Desenhos || Albuns

para desenhos || Aacutelbuns para photographia

|| Quadros para photographia || Carteiras ||

Estojos de viagem || Caixas de perfumaria

|| Caixas de papelaria || Caixas de costura

com musica || Caixa de mathematicas ||

Caixas de tintas || Tintas de escrever ||

Livro de direito || Livros de litteratura ||

Livros de devoccedilatildeo || Livros de educaccedilatildeo ||

Livros de homœopathia || Livros de

missa || Horas Marianas || Livros de luxo

para presentes || Objectos de phantasia

para presentes || Lapis || Baralho de cartas

|| Baralhos de cartas de phantasia ||

Bengallas || Livros para apontamentos ||

Stereoscopos || Folhinhas do anno || Pastas

|| E muito mais objectos || Grande

sortimento de papel pintado | para forrar

casas fabricados em Paris | desde 500 reacuteis

a peccedila para cima | Guarniccedilatildeo roda-peacute

paisagens etc | Esta casa recebe

directamente da Europa todos seus livors e

265

mercado- | rias e destrsquoarte poacutede offerecer

aacutes pessoas que a Ella se dirigem

considera- | veis vantagens

PALAVRA HOMEOPHATICOS

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

homeo- elem comp do gr homoios da

mesma natureza igual semelhante que

se documenta em alguns compostos

introduzidos a partir do seacutec XIX na

linguagem cientiacutefica internacional ()

homeopatico | -thico 1858 ()

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

homeopaacutetico adj 1 Relativo ou

pertencente agrave homeopatia [Antocircn

alopaacutetico] 2 fig Muito pequeno iacutenfimo

insignificante

PERIOacuteDICO

DATA

E

- 26 de maio de 1872 Campinas Gazeta

de Campinas

Medicamentos Homeopathicos|No

266

CIDADE DE ORIGEM estabelecimento do Roso amp Filho em

liquidaccedilatildeo aacute rua do Commercio nuacutemero

45 encontra-se sempre grande sortimento

destes medicamentos em tinturas

globulos e opodeldoc de Bryonia Rhux

para rheumatismo do laboratoio do doutor

Cochrane amp Pinho do Rio de Janeiro

bem assim livros homeopathicos

- 21 de agosto de 1852 Aurora

Paulistana Satildeo Paulo

Mudanccedila de Domicilio | O consultoacuterio

homœeopathico de Can- | dido Ribeiro

dos Santos mudou-se da | rua da Freira

para a rua da Cruz Preta | nuacutemero 30 na

casa onde morou o Doutor Joatildeo

Nepomuceno de Souza Freire No mes- |

mo consultorio acha-se aacute venda boticas |

homœopathicas

- 15 de outubro de 1852 Satildeo Paulo

Aurora Paulistana

- 31 de outubro de 1852 Satildeo Paulo

Aurora Paulistana

267

HOMŒOPATHIA PURA | RUA

DIREITA NUacuteMERO 17 | O medico-

cirurgiatildeo Joseacute Maria de | Souza tem a

honra de declarar a to- | das aquellas

pessoas que quizeres | honrar com sua

confianccedila que elle se | acha novamente

residindo nesta ci- | dade rua Direita

nuacutemero 17 onde continuacutea | a exercer a sua

profissatildeo pelo syste- | ma homœopathico

e onde seraacute encon- | trado a qualquer hora

do dia ou da | noite O annunciante

tambem arran- | ca lima e chumba dentes

e faz todas | as outras operaccedilotildees que diz

respeito | a esta arte com a maior

perfeiccedilatildeo|| Os pobres seratildeo tratados

gratuita- | mente

PALAVRA HYGIENE

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

higiene Sf conhecimento da ou praacutetica

relativa agrave manutenccedilatildeo da sauacutede ciecircncia

sanitaacuteria ext limpeza asseio | hyg- 1844

| do fr Hygiegravene deriv Do gr Hygieneacute

substantivaccedilatildeo do fem de hygienoacutes satildeo

que tem sauacutede

268

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

higiene Sf 1 Ciecircncia que visa agrave

preservaccedilatildeo da sauacutede e agrave prevenccedilatildeo de

doenccedilas 2 fig limpeza asseio

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 01 de fevereiro de 1888 Campinas

Diaacuterio de Campinas

PRODUCTOS DE J-P

LAROZE||APROVADOS||pela junta de

Hygiena do Brasil||2 RUA DES LIONS-

SAINT-PAUL 2 PARIS||Xarope

Depurativo| de Casca de Laranja amarga

aos | Ioduretos de Potassio| contra

escrephulosas cancerosas syphiliticas

tumores brancos da agrura do sangue

etc| Xarope Ferruginoso| de Casca de

Laranja e Quassia amara ao | Proto-

Iodureto de Ferro| contra as cores pallidas

chlorose anemia doenccedilas de langor

rachitismo etc| Xarope Sedativo| de

Casca de Laranja amarga ao| Bromureto

de Potassio| calmante certo contra as

nevralgias a epilepsia o hysterico

insonia das crianccedilas todas as affecccedilotildees

nervosas| Deposito em todas as boas

Drogarias e Pharmacias

269

- 13 de julho de 1879 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

Essencia depurativa ferru|ginosa do doutor

A A Ribeiro|PREPARADO POR J

PASSOS EXAMINADA E

AUCTORISADA PELA

EXCELENTIacuteSSIMA JUNTA|CENTRAL

DE HYGIENE PUBLICA| Este

prodigioso medicamento o mais effi|caz

contra as molestias syphiliticas

bouba|ticas escrophulas e rheumaticas

acha-se aacute|venda no deposito abaixo|

Encarecer as virtudes desse preparo

focircra|repetir o que eacute unanimemente

proclamado|pelas mais celebres

summidades medicas|do Rio de Janeiro

Campos Nitheroy etc|Chamamos a

attenccedilatildeo do publico para o al|manak que

se distribue no nosso deposito|Uacutenico

deposito nesta capital os senhores

Fonse|Ca e Kiehl ndash Pharmacia Ypiranga ndash

rua Di|reita nuacutemero 32|Uacutenico deposito do

UNGUENTO MOREL|na mesma

pharmacia

270

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

Grande Ecircxito ha mais de 30 annos ||

XAROPE DE BLAYN || Licenciado pela

Inspectoria de Hygiene do Imperio do

Brazil || Este Medicamento de sabor

agradaacutevel | eacute adoptado pelos melhores

Meacutedicos de Paris | CONTRA |

DEFLUXOS GRIPPE TOSSE DORES

DE GARGANTA | CATARRO

PULMONAR | IRRITACcedilOtildeES do PEITO

das VIAS URINARIAS | e da BEXIGA ||

PARIS ndash Pharmacia BLAYN 8 Avenue

Victoria ndash Paris || Depositos em todas as

principaes Pharmacias

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistasno

Belleza ndash Hygiena ndash Saude ||

PERFUMARIA HERMOSA || ULTIMA

NOVIDADE PREPARADA

CONFORME OS PROCESSOS

SCIENTIFICOS OS MAIS

APERFEICcedilOADOS || Marca registrada ||

ESSecircncia HERMOSA | HERMOSA-OIL |

LOCcedilAtildeO HERMOSA | AGUA de

271

HERMOSA | HERMOSALINA | AGUA

de TOILETTE | PASTA de CEREJA |

PASTA de LIRIO | Produtos

SUPERIORES de RECOMMENDADOS

|| AJON Perfumista 62 B de Strasbourg

PARIS || DEPOSITARIOS EM Satildeo Paulo

amp VICTOR NOTHMAN amp Companhia

NAS PRINCIPAES CASAS DE

PERFUMARIAS

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

Licenciado pela Inspectoria de Hygiene

do Impeacuterio do Brazil || CAPSULAS DE

SANDALO CRITIN | de Savaresse |

Preparaccedilatildeo alguma eacute mais efficaz contra

as | MOLESTIAS SECRETAS | do que as

famosas Capsulas universalmente

recommendadas pelos Meacutedicos | Uma

caixa (com instrucccedilotildees completas para o

tratamento) cura geralmente dentro de

uma semana | EVANS SONS amp

Companhia em LIVERPOOL ndash EVANS

LESCHER amp WEBB em LONDRES |

DEPOSITOS EM TODAS AS

PRINCIPAES PHARMACIAS

272

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

VERDAEIROS GRAtildeOS DE SAUDE DO

DoutoR FRENCK || LICENCIADOS

PELA INSPECTORIA GERAL DE

HYGIENE DO IMPERIO DO BRAZIL ||

Aparientes Estomachinos Purgativos

Depurativos | Contra a Falta de appetite a

Obstruccedilatildeo a Enxaqueca as Vertigems |

as congestotildees etc ndash Dose ordinaria 1 2

aacute 3 gratildeos || Desconfiar as falsificaccedilotildees ndash

Exigir o rotulo junto imprimido em

frencez | e com letras de 4 cores sendo |

cada letra de uma cocircr differente e | O

Sello da Uniatildeo dos Fabricantes | Em

Pariz Pharmacia Leroy ndash Depoacutesitos em

todas as principaes pharmacias

PALAVRA HYGIENICO(A)

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

higiene Sf conhecimento da ou preacutetica

relativa agrave manutenccedilatildeo da sauacutede ciecircncia

sanitaacuteria ext limpeza asseio | hyg- 1858

| do fr Hygieacutenique ()

273

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

higiecircnico adj 1 Referente agrave higiene 2

propiacutecio agrave sauacutede 3 limpo asseado

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 01 de janeiro de 1899 Satildeo Paulo A

Notiacutecia

LYCEU PAULISTA| Rua Santa Luzia

7|e Rua Bonita nuacutemero 4| proximo a Rua

Concelheiro Furtado| CAIXA POSTAL

271 - Satildeo Paulo| Este conhecido collegio

funcciona em um predio vasto e

hygienico Instrucccedilatildeo primaria e

secundaria completa Corpo docente

escrupulosamente escolhido Prepara

alumnos para as academias e para o

commercio Remettem-se prospectos

|Entrada dos internos no dia 15 de

Janeiro| Reabertura das aulas no dia 16 de

Janeiro|O DIRECTOR| JG

Vanderveiken

- 05 de julho de 1887 Satildeo Paulo Correio

Paulista

274

Alcatratildeo de Guyot|Gordon de Guyot

Purifica o sangue augmenta o apetite

levanta as forccedilas e eacute efficaz|em todas as

doenccedilas dos pulmocirces catarrhas da bexiga

e|affecccedilocirces das mucosas|O Alcatracirco de

Guyot foi experimentado som vantagem

real nos|principatildees hospitatildees de Franccedila

da Beacutelgica e Espanha|Durante os calocircres

e em tempo epidemico eacute uma

bebida|hygienica e preservadora Um soacute

vidro basta para preparar doze|litras

drsquouma bebida salutarissima|O Alcatracirco de

Guyot Authentico eacute vendido em vidras

trazendo|na rotulo e com trez cores a

assgnatura|Venda a varejo na mor parte

das pharmacias Fabricaccedilatildeo em atacado

Casa L Frere

PALAVRA HYPOPHOSPHITO

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

hip(o)-sup1 elem Comp() do gr Hypo- de

hypoacute debaixo de em posiccedilatildeo inferior

ocorre em varios compostos jaacute formados

no proacuteprio grego como hypoacutetese por

275

exemplo e muitiacutessimos outros formados

nas liacutenguas modernas() foi e continua

sendo de extraordinaacuteria vitalidade na

formaccedilatildeo de compostos eruditos

particularmente na linguagem de medicina

(onde ele ocorre em vocaacutebulos que

indicam a deficiecircncia de uma atividade

orgacircnica) e da quiacutemica (onde ele aparece

designando aacutecidos - e os sais

correspondentes - que possuem um grau

inferior de oxidaccedilatildeo) () hipophosphito |

hypophosphito 1858 ()

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

hipofosfito SEM REGISTRO

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 05 de julho de 1887 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

Tonico|Fevrifugo|Regenerador|vinho do

doutor johanno Quina Coca Extracto de

Carne e Hypophosphito|Recommendatildeo-

no nos casos que necessitatildeo toacutenicos

para|reconstruir e regenerar o organismo

arruinado por molestias|excessos

natureza do clima anemia chlorosis

276

amenorrhea cachxia|fluxo branco que

tanto arruinatildeo a saude das mulheres

pobreza de|sangue fraqueza geral

debilidade etc|H Vivien Droguista 50

Boulevard de Strasboug em Paris

PALAVRA HYSTERIA

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

hister(o) elem Comp do gr Hysteacutera

uacutetero que se documenta em alguns vocs

Formados no proacuteprio grego como

histeacuterico por exemplo e em vaacuterios outros

introduzidos a partir do seacutec XIX na

linguagem cientiacutefica internacional () |

histeria 1858

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

histeria Sf psiq Afecccedilatildeo mental cujos

sistemas se baseiam em conversatildeo e

caracterizada por falta de controle sobre

atos e emoccedilotildees ansiedade sentido

moacuterbido de autoconsciecircncia exagero do

efeito de impressotildees sensoriais e por

simulaccedilatildeo de diversas doenccedilas

277

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

CURA CERTA DAS MOLESTIAS

NERVOSAS | Epilepsia ndash Hysteria |

Choreatilde | Hystero-Epilepsia | Molestias do

Cerebro | e do Espinhaccedilo | Diabetes

assucarado || PELO || XAROPE DE

HENRY MURE || com Bromureto de

Potassium chimicamente puro || BOM

EXITO VERIFICADO POR 15 ANNOS

DE EXPERIENCIAS | NOS HOSPITAES

DE PARIS | Uma Noticia muito

importante seraacute dirigida a quem a pedir |

HENRY MURE em Pont-St-Esprit

(Franccedila)|| Deposito em todas as principaes

Pharmacias

PALAVRA HYSTERICO

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

hister(o) elem Comp do gr Hysteacutera

uacutetero que se documenta em alguns vocs

Formados no proacuteprio grego como

histeacuterico por exemplo e em vaacuterios outros

introduzidos a partir do seacutec XIX na

linguagem cientiacutefica internacional ()

278

histerico || hy- 1844 ()

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

histeacuterico adj 1 relativo agrave ou proacuteprio da

histeria 2 que a tem 3 Pop Irritadiccedilo

zangadiccedilo nervoso sm 4 aquele que

tem ou mostra histeria

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 01 de fevereiro de 1888 Campinas

Diaacuterio de Campinas

PRODUCTOS DE J-P

LAROZE||APROVADOS||pela junta de

Hygiena do Brasil||2 RUA DES LIONS-

SAINT-PAUL 2 PARIS||Xarope

Depurativo| de Casca de Laranja amarga

aos | Ioduretos de Potassio| contra

escrephulosas cancerosas syphiliticas

tumores brancos da agrura do sangue

etc| Xarope Ferruginoso| de Casca de

Laranja e Quassia amara ao | Proto-

Iodureto de Ferro| contra as cores pallidas

chlorose anemia doenccedilas de langor

rachitismo etc| Xarope Sedativo| de

Casca de Laranja amarga ao| Bromureto

de Potassio| calmante certo contra as

nevralgias a epilepsia o hysterico

insonia das crianccedilas todas as affecccedilotildees

279

nervosas| Deposito em todas as boas

Drogarias e Pharmacias

PALAVRA LEPRA

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

Lepra Sf lsquoinfecccedilatildeo crocircnica produzida or

bacilo especiacutefico (o bacilo de Hansen)rsquo

XV Do lat Lepra ndashae deriv Do Gr

lepra ndashas ()

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

Lepra sf 1 patol Infecccedilatildeo crocircnica

devida a uma microbacteacuteria

(Mycobacterium leprae) descrita em 1874

por Gerhard Armauer Hansen (1841-

1912) meacutedico norueguecircs ()

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 20 de julho de 1887 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

280

Syfilis Adquirida ou Hereditaacuteria em todo

os periodos accidentes segundarios|e

terciaacuterios que resultatildeo drsquoella Ulceraccedilatildeo

da bocca e da garganta|gommas

exostoses carie dos ossos rheumatismos

ulceras impotencia etc etc|Scrofulas

viacutecios do sangue molestias da pelle

(Dartres ecleacutemas lepra | herpes)- Cura

certa raacutepida e radical pelos celebres

BISCOUTOS|DEPURATIVOS do

DrsquoOLLIVIER o mais poderoso anti-

syphilitico e|receitado haacute mais de 60

annos pelos mais illustrados

profissionaes|eacute o unico remedio no

mundo inteiro approvado pela Academia

de|Medicina de Paris unico premiado

com Recompensa Nacional de 24000|

Francos||Deposito Geral 62 Rua de

Rivali Paris| Em Satildeo Paulo Martins

Labre amp Companhia

- 11 de abril de 1889 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

syfilis Adquirida ou Hereditaacuteria em todo

os periodos accidentes segundarios e|

terciaacuterios que resultatildeo drsquoella Ulceraccedilatildeo

da bocca e da garganta Gommas|

Exostoses Carie dos ossos

281

Rheumatismos Ulceras Impotencia etc

etc|Scrofulas Viacutecios do Sangue

Molestias da pelle (Dartres Eczeacutemas

Lepra | Herpes)- Cura certa raacutepida e

radical pelos celebres biscoutos

depurativos|do drsquoollivier o mais poderoso

anti-syphilitico e receitado haacute mais de 60

annos| pelos mais illustrados

profissionaes|eacute o unico remedio no

mundo inteiro| Approvado pela Academia

de Medicina de Paris unico premiado

com|Recompensa Nacional de 24000

Francos|Deposito Geral 62 Rua de

Rivolli Paris| Em Satildeo Paulo Martins

Labre amp [Companhia]

- 4 de marccedilo de 1853 Satildeo Paulo Aurora

Paulistana

CURA CERTA | e em pouco tempo de

todas as enfermidades provenientes de

vicio san- | guineo como ndashescrophulas

tube[r]- | culos lepra syphylis etc etce

[ilegiacutevel] | particular as affecccediloens de

pape[ilegiacutevel] | em seu principio ||

Etienne Lagarde || Pharmaceutico e

cirurgiatildeo das faculdades | Pariz e do Rio

de Janeiro ex-preparad[o] | do Curso de

Chimica da escola de medic[i]- | na e

282

pharmacia de Poi[furo]iers membro da

s[o]- | ciedade medica da mesma cidade e

corres- | pondente de algumas sociedades

scientificas || Attenccedilacirco || A experiencia

junto aacute perseveranccedila qu[e] | hoje tem sido

meus uacutenicos guias no trata[men]- | to das

enfermidades acima mencionadas os |

caracteres horriveis que ellas apresentatildeo |

desgostos que sobrevem as pessoas que

satildeo de | las attacadas deviatildeo naturalmente

attrahir | attenccedilatildeo de todo o homem amigo

da huma- | nidade || Antigamente estas

enfermidades se consi- | deravatildeo com um

principio contagioso o que | obrigava os

doentes a buscar longe das povo- | accedilotildees

uma morada tranquilla que lhes permi- |

tisse esperar com paciencia a hora que [o]

| Creador tivesse determinado para pocircr

term[]| a todos os seus soffrimentos hoje

porem assim | natildeo acontece os progressos

que tem feito [a] | sciencia medica com os

numerosos trabalhos | e investigaccedilotildees da

chimica tem em fim intro- | duzido na

therapeutica e posto aacute disposiccedilatildeo | dos

homens da sciencia um meio prophilati- |

cos contra estas crueis enfermidades

fazendo | assim esperar uma prompta cura

a todos | aquelles que o quizerem abraccedilar

|| Penetrado do sentimento o mais sincero

da | philantropia do amor aacute sociedade

offereccedilo o[s] | meus recursos meacutedicos e

pharmaceuticos ad- | quiridos por um

aturado e longo estudo da na- | tureza

283

humana Ersquo pois com os medicamen- | tos

preparados por minhas proacuteprias matildeos

qu[e] | me proponho a curar a todos

aquelles que m[e] | quizerem procurar ||

Estou certo que os epithetos de ndash charlatatildeo

| e especulador ndash ser-me-hatildeo lanccedilados por

al- | guns ao lerem este meu annuncio

porem natildeo | seraacute por homens sensatos que

serei assim [ilegiacutevel] | xado O sabio

indaga consulta ouve [ilegiacutevel] | entre

voacutes (como eu creio) existe algum

rec[ilegiacutevel] | conhecimento recebei de

antematildeo toda a mi- | nha gratidatildeo || A

voacutes enfermos eu dirijo meus offereci- |

mentos eu saberei consolar-vos e talvez

da[r]- | vos a panaceacutea beneacutefica da saude

que tan[furo] | desejaes || Seja o

reconhecimento o fructo de meu[s] |

trabalhos e o uacutenico tributo que desejo

obte[r] | daquelles que me quizerem

honrar com sua[s] | consultas|| Dirijatildeo-se

ao Hotel Paulistano na rua d[e] | Satildeo

Bento nuacutemero 35

PALAVRA NEVRALGIA

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

neur(o)- nevr(o)- elem comp do gr

neur(o)- de neucircron lsquonervorsquo (ge lat

284

ETIMOLOacuteGICO nervus) que se documenta em vocs

eruditos introduzidos na linguagem

cientiacutefica internacional a partir do seacutec

XIX particularmente no domiacutenio da

medicina Natildeo haacute ao que parece

nenhuma razatildeo de ordem cientiacutefica que

justifique a oscilaccedilatildeo neu-nev-

(neurastenianevralgia) na formaccedilatildeo dos

compostos portugueses Nos vocs adiante

relacionados essa oscilaccedilatildeo fica

patenteada mas o motivo da preferecircncia

por uma das formas neu- ou nev- eacute sem

duacutevida aleatoacuterio () nevralgia 1858 cp

neuralgia ()

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

nevralgia sf med Neuralgia

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

XAROPE DE FOLLET || Sirop de Choral

Follet || E o calmante por excelencia que

supprime a dor e procura | o somno

tranquumlilo e natural nos casos de |

NEVRALGIAS ndash GOTTA ndash RHEUMA |

285

TISICA ndash FEBRES || Exigir a Firma ||

Fabrica casa FRERE 19 rua Jacob

PARIZ

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

Acalma | 8 vezes sobre 10 | Enxaquecas |

Rheumatismos | Nevralgias | do |

Estomago | da | Cabeccedila | e dos | Intestinos||

Exigir a Firma | Clertan | [assinatura] | 19

rua Jacob PARIZ | PEROLAS | DE |

TEREBENTHINA | DO DoutoR

CLERTAN | Approbaccedilatildeo da Academia |

de | Medicina de Pariz || Acalma | 8 vezes

sobre 10 | Enfermidades | do | Fiacutegado |

Caacutelculos biliarios | Catarrhos | Pulmonares

| e da | Bexiga || Exigir a Firma | Clertan |

[assinatura] | 19 rua Jacob Pariz

PALAVRA PANACEacuteA

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

pan- pant(o)- elem comp do gr

pacircnpant(o)- (cp pacircs pacircsa pacircn ndash genit

pantoacutes pases pantoacutes) lsquotudo todosrsquo que

286

se documenta em alguns vocaacutebulos

formados no proacuteprio grego como

panaceia e em muitos outros

introduzidos na linguagem cientiacutefica

internacional a partir do seacuteculo XIX ()

panaceia sf lsquoremeacutedio para todos os

malesrsquo 1813 do lat panacea ndashae deriv

do gr panaacutekeia ()

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

panaceacuteia Sf 1 remeacutedio para todos os

males 2 preparado que tem certas

propriedades gerais 3 fig Recursos se

nenhum valor empregado para remediar

dificuldades

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 4 de marccedilo de 1853 Satildeo Paulo Aurora

Paulistana

CURA CERTA | e em pouco tempo de

todas as enfermidades provenientes de

vicio san- | guineo como ndashescrophulas

tube[r]- | culos lepra syphylis etc etce

[ilegiacutevel] | particular as affecccediloens de

pape[ilegiacutevel] | em seu principio ||

Etienne Lagarde || Pharmaceutico e

cirurgiatildeo das faculdades | Pariz e do Rio

de Janeiro ex-preparad[o] | do Curso de

287

Chimica da escola de medic[i]- | na e

pharmacia de Poi[furo]iers membro da

s[o]- | ciedade medica da mesma cidade e

corres- | pondente de algumas sociedades

scientificas || Attenccedilacirco || A experiencia

junto aacute perseveranccedila qu[e] | hoje tem sido

meus uacutenicos guias no trata[men]- | to das

enfermidades acima mencionadas os |

caracteres horriveis que ellas apresentatildeo |

desgostos que sobrevem as pessoas que

satildeo de | las attacadas deviatildeo naturalmente

attrahir | attenccedilatildeo de todo o homem amigo

da huma- | nidade || Antigamente estas

enfermidades se consi- | deravatildeo com um

principio contagioso o que | obrigava os

doentes a buscar longe das povo- | accedilotildees

uma morada tranquilla que lhes permi- |

tisse esperar com paciencia a hora que [o]

| Creador tivesse determinado para pocircr

term[]| a todos os seus soffrimentos hoje

porem assim | natildeo acontece os progressos

que tem feito [a] | sciencia medica com os

numerosos trabalhos | e investigaccedilotildees da

chimica tem em fim intro- | duzido na

therapeutica e posto aacute disposiccedilatildeo | dos

homens da sciencia um meio prophilati- |

cos contra estas crueis enfermidades

fazendo | assim esperar uma prompta cura

a todos | aquelles que o quizerem abraccedilar

|| Penetrado do sentimento o mais sincero

da | philantropia do amor aacute sociedade

offereccedilo o[s] | meus recursos meacutedicos e

pharmaceuticos ad- | quiridos por um

288

aturado e longo estudo da na- | tureza

humana Ersquo pois com os medicamen- | tos

preparados por minhas proacuteprias matildeos

qu[e] | me proponho a curar a todos

aquelles que m[e] | quizerem procurar ||

Estou certo que os epithetos de ndash charlatatildeo

| e especulador ndash ser-me-hatildeo lanccedilados por

al- | guns ao lerem este meu annuncio

porem natildeo | seraacute por homens sensatos que

serei assim [ilegiacutevel] | xado O sabio

indaga consulta ouve [ilegiacutevel] | entre

voacutes (como eu creio) existe algum

rec[ilegiacutevel] | conhecimento recebei de

antematildeo toda a mi- | nha gratidatildeo || A

voacutes enfermos eu dirijo meus offereci- |

mentos eu saberei consolar-vos e talvez

da[r]- | vos a panaceacutea beneacutefica da saude

que tan[furo] | desejaes || Seja o

reconhecimento o fructo de meu[s] |

trabalhos e o uacutenico tributo que desejo

obte[r] | daquelles que me quizerem

honrar com sua[s] | consultas|| Dirijatildeo-se

ao Hotel Paulistano na rua d[e] | Satildeo

Bento nuacutemero 35

PALAVRA PHARMACEUTICO

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

farmaacutecia sf local em que se estocam e se

289

ETIMOLOacuteGICO vendem medicamentos tratado cientiacutefico

sobre os medicamentos XVII Do lat

Tard Pharmacia deriv Do gr

Pharmakeacuteia () || farmacecircutico XVII

Do lat Tard Pharmaceuticus deriv Do

gr Pharmakeutikoacutes

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

farmacecircutico Adj 1 Respeitante a

farmaacutecia sm 2 Aquele que exerce a

farmaacutecia (3) boticaacuterio

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 04 de abril de 1889 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

Capsulas|Mathey-Caylus|Preparados pelo

doutor clin Premio Montyon|As Capsulas

Mathey ndash Caylus com Envolucro delgado

de Gluten natildeo fatigatildeo|nunca o estomago e

satildeo recommendadas pelos Professores das

Faculdades de|Medicina e os Hospitaes de

Paris Londres e New-York para a|cura

raacutepida dos|Corrimentos antigos ou

recentes a Gonorrhea a Blenorrhagia a

Cystite Du|Collo o Catarrho e as Molestia

da Bexigas dos oacutergatildeos genito urinarios|

Uma explicaccedilatildeo detalhada acompanha

cada Frasco|Exigir Verdadeiras Capsulas

290

Mathey ndash Caylus de clin amp Compagnie

de|Paris que se achatildeo em casa dos

Droguistas e Pharmaceuticos

- 4 de marccedilo de 1853 Satildeo Paulo Aurora

Paulistana

CURA CERTA | e em pouco tempo de

todas as enfermidades provenientes de

vicio san- | guineo como ndashescrophulas

tube[r]- | culos lepra syphylis etc etce

[ilegiacutevel] | particular as affecccediloens de

pape[ilegiacutevel] | em seu principio ||

Etienne Lagarde || Pharmaceutico e

cirurgiatildeo das faculdades | Pariz e do Rio

de Janeiro ex-preparad[o] | do Curso de

Chimica da escola de medic[i]- | na e

pharmacia de Poi[furo]iers membro da

s[o]- | ciedade medica da mesma cidade e

corres- | pondente de algumas sociedades

scientificas || Attenccedilacirco || A experiencia

junto aacute perseveranccedila qu[e] | hoje tem sido

meus uacutenicos guias no trata[men]- | to das

enfermidades acima mencionadas os |

caracteres horriveis que ellas apresentatildeo |

desgostos que sobrevem as pessoas que

satildeo de | las attacadas deviatildeo naturalmente

attrahir | attenccedilatildeo de todo o homem amigo

da huma- | nidade || Antigamente estas

291

enfermidades se consi- | deravatildeo com um

principio contagioso o que | obrigava os

doentes a buscar longe das povo- | accedilotildees

uma morada tranquilla que lhes permi- |

tisse esperar com paciencia a hora que [o]

| Creador tivesse determinado para pocircr

term[]| a todos os seus soffrimentos hoje

porem assim | natildeo acontece os progressos

que tem feito [a] | sciencia medica com os

numerosos trabalhos | e investigaccedilotildees da

chimica tem em fim intro- | duzido na

therapeutica e posto aacute disposiccedilatildeo | dos

homens da sciencia um meio prophilati- |

cos contra estas crueis enfermidades

fazendo | assim esperar uma prompta cura

a todos | aquelles que o quizerem abraccedilar

|| Penetrado do sentimento o mais sincero

da | philantropia do amor aacute sociedade

offereccedilo o[s] | meus recursos meacutedicos e

pharmaceuticos ad- | quiridos por um

aturado e longo estudo da na- | tureza

humana Ersquo pois com os medicamen- | tos

preparados por minhas proacuteprias matildeos

qu[e] | me proponho a curar a todos

aquelles que m[e] | quizerem procurar ||

Estou certo que os epithetos de ndash charlatatildeo

| e especulador ndash ser-me-hatildeo lanccedilados por

al- | guns ao lerem este meu annuncio

porem natildeo | seraacute por homens sensatos que

serei assim [ilegiacutevel] | xado O sabio

indaga consulta ouve [ilegiacutevel] | entre

voacutes (como eu creio) existe algum

rec[ilegiacutevel] | conhecimento recebei de

292

antematildeo toda a mi- | nha gratidatildeo || A

voacutes enfermos eu dirijo meus offereci- |

mentos eu saberei consolar-vos e talvez

da[r]- | vos a panaceacutea beneacutefica da saude

que tan[furo] | desejaes || Seja o

reconhecimento o fructo de meu[s] |

trabalhos e o uacutenico tributo que desejo

obte[r] | daquelles que me quizerem

honrar com sua[s] | consultas|| Dirijatildeo-se

ao Hotel Paulistano na rua d[e] | Satildeo

Bento nuacutemero 35

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

Medico e pharmaceutico | Doutorr

Ulysses Cruz || com longa pratica de

hospitaes e for- | mado em ambas as

faculdades de medi- | cina do Brazil eacute

encontrado em seu con- | sultorio na rua

do Thezouro nuacutemero 9 | sobrado do meio

dia as 3 da tar- | de e sua residecircncia para o

largo do | Arouche nuacutemero 39 ||

ESPECIALIDADE || Molestias

decrianccedilas de senhoras da | pelle e

shyphiliticas Gratis aos pobres

293

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

Gotta Rheumatismo Dores | Soluccedilatildeo do

Doutor Clin | Laureado da Faculdade de

Medicina de Paris ndash Premio Montyon ||

A Verdadeira Soluccedilatildeo Clin ao Salicylato

de Soda emprega-se para curar | AS

Affecccedilotildees Rheumatismaes agudas e

chronicas o Rheumatismo gottoso | as

Dores articulares e musculares e todas as

vezes que eacute necessario calmar os |

soffrimentos occasionados por estas

molestias || A Verdadeira Soluccedilatildeo Clin eacute

o melhor remeacutedio contra o Rheumatismo

| a Gotta e as Dores || Uma explicaccedilatildeo

detalhada acompanha cada frasco || Exigir

a Verdadeira Soluccedilatildeo de Clin amp

Companhia de PARIS que se encontra

em | casa dos Droguistas e

Pharmaceuticos

PALAVRA PHARMACIA

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

farmaacutecia sf local em que se estocam e se

vendem medicamentos tratado cientiacutefico

sobre os medicamentos XVII Do lat

294

Tard Pharmacia deriv Do gr

Pharmakeacuteia ()

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

farmaacutecia Sf1 parte da farmacologia que

trata da maneira de preparar caracterizar e

conservar os medicamentos 2

estabelecimento onde se preparam e

vendem medicamentos 3 Profissatildeo do

farmacecircutico 4 Coleccedilatildeo de

medicamentos 5 Conjunto de

medicamentos que se tecircm em casa num

coleacutegio numa reparticcedilatildeo etc para uso no

tratamento de leves indisposiccedilotildees ou em

primeiros socorros

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 15 de dezembro de 1898 Satildeo Paulo A

Notiacutecia

Pharmacia Saotilde Bento| Attendendo a crise

em que atravessamos e em vista das

difficuldades que tenho lutado para os

meus recebimentos resolvi para poder

attender as exigencias dos meus

fornecedores e tambem para poder

continuar [ ] vender a praso aos meos bons

295

freguezes deminuir o praso antigo de 90

dias para 60 dias desta data em diante|

Certo de que continue honrrarme com sua

freguezia anticipo agradecido e com

muita estima| Sou de Vossa Senhoria|

Amigo e [ilegiacutevel]| Francisco do Amarl

Baros

- 29 de janeiro de 1899 Satildeo Paulo A

Notiacutecia

A EMULSAtildeO DE SCOTT|de Oleo de

Figado de|Bacalhau com Hipophos|phitos

de Cal e Soda|Eacute UM REMEacuteDIO-

ALIMENTOPOR EXCELENCIA|Porque

o Oleo de Figado de Bacalhau como

alimento eacute dum valor importantissimo-

fortalece e engorda-Como remedio rico-eacute

magnifico creador d sangue assim como

um bom remedio alterante espinha dorsal

e systema osseo e a combinaccedilatildeo destes

preciosos componentes produz o melhor

reconstituinte tonico e purificador de

sangue que a sciencia medica conhece

Natildeo te rival para todas as molestias

debilitantes ha annos emprego a

Emulsatildeo de Ha mais de 20 annos que

emprego Scott e seguro contra affecccedilotildees

do em minha clinica sempre com muito

296

apparelho respiratorioe para vantagem nos

casos em que eacute combater a asthenia em

geral Diz indicada Diz o deistincto

Doutor Joseacute o illustrado Doutor Bacellar

do Rio Justino de Mello de Paranaguaacute

Grande do Sul Cautella com Imitaccedilotildees| A

venda em todas as Drogarias

Falsificaccedilotildees e Pharmacias Exija-se a

Legitima|Scott amp Bowne Chimicos New

York EUA

- 28 de fevereiro de 1875 Campinas A

Mocidade

NOVA||PHARMACIA CAMPINENSE||

31 - Rua do Commercio - 31||Tendo este

estabelecimento recebido um grande

sortimento de drogas acha-[s]e em

condicccedilotildees de satisfazer quaesquer

pedidos e receituarios medicos que lhe

forem dirigidos| Garante-se a boa

qualidade das drogas e promptidatildeo nas

remessas que lhe forem pedidas

esperando por isso a concorrencia do

respeitavel publico

297

- 01 de fevereiro de 1888 Campinas

Diaacuterio de Campinas

PRODUCTOS DE J-P

LAROZE||APROVADOS||pela junta de

Hygiena do Brasil||2 RUA DES LIONS-

SAINT-PAUL 2 PARIS||Xarope

Depurativo| de Casca de Laranja amarga

aos | Ioduretos de Potassio| contra

escrephulosas cancerosas syphiliticas

tumores brancos da agrura do sangue

etc| Xarope Ferruginoso| de Casca de

Laranja e Quassia amara ao | Proto-

Iodureto de Ferro| contra as cores pallidas

chlorose anemia doenccedilas de langor

rachitismo etc| Xarope Sedativo| de

Casca de Laranja amarga ao| Bromureto

de Potassio| calmante certo contra as

nevralgias a epilepsia o hysterico

insonia das crianccedilas todas as affecccedilotildees

nervosas| Deposito em todas as boas

Drogarias e Pharmacias

- 01 de fevereiro de 1888 Campinas

Diaacuterio de Campinas

298

O Elixir alimenticio Ducro e muito

agradavel ao paladar e as pessoas a quem

mais repugnam os aimentos o tomam ateacute

por gosto| Eacute um tonico poderosissimo

aconselhado para as mulheres e a crianccedilas

delicadas os velhos os convalescentes em

que desperta o appetite e restabelece as

forccedilas| Convem sobretudo nos paizes

quentes onde as forccedilas diminuem pela

transpiraccedilatildeo e onde se esta sujeito a

molestias contagiosas - Para mais

detalhes leia-se o prospecto que

acompanha cada vidro| Pariz 20 Place

des Vosges|| E EM TODAS AS

PHARMACIAS

- 13 de julho de 1879 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

Essencia depurativa ferru|ginosa do doutor

A A Ribeiro|PREPARADO POR J

PASSOS EXAMINADA E

AUCTORISADA PELA

EXCELENTIacuteSSIMA JUNTA|CENTRAL

DE HYGIENE PUBLICA| Este

prodigioso medicamento o mais effi|caz

contra as molestias syphiliticas

bouba|ticas escrophulas e rheumaticas

299

acha-se aacute|venda no deposito abaixo|

Encarecer as virtudes desse preparo

focircra|repetir o que eacute unanimemente

proclamado|pelas mais celebres

summidades medicas|do Rio de Janeiro

Campos Nitheroy etc|Chamamos a

attenccedilatildeo do publico para o al|manak que

se distribue no nosso deposito|Uacutenico

deposito nesta capital os senhores

Fonse|Ca e Kiehl ndash Pharmacia Ypiranga

ndash rua Di|reita nuacutemero 32|Uacutenico deposito

do UNGUENTO MOREL|na mesma

pharmacia

- 05 de julho de 1887 Satildeo Paulo Correio

Paulista

Alcatratildeo de Guyot|Gordon de Guyot

Purifica o sangue augmenta o apetite

levanta as forccedilas e eacute efficaz|em todas as

doenccedilas dos pulmocirces catarrhas da bexiga

e|affecccedilocirces das mucosas|O Alcatracirco de

Guyot foi experimentado som vantagem

real nos|principatildees hospitatildees de Franccedila

da Beacutelgica e Espanha|Durante os calocircres

e em tempo epidemico eacute uma

bebida|hygienica e preservadora Um soacute

vidro basta para preparar doze|litras

drsquouma bebida salutarissima|O Alcatracirco de

300

Guyot Authentico eacute vendido em vidras

trazendo|na rotulo e com trez cores a

assgnatura|Venda a varejo na mor parte

das pharmacias Fabricaccedilatildeo em atacado

Casa L Frere

- 07 de julho de 1887 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

Cura Certa das Molestias Nervosas

Epilepsia-Hysteria Molestias do Cerebro e

do Espinhaccedilo|Choreatilde Diabete Assucarado

Hystero-Epilepsia Xarope de Henry Bom

exito verificado por 15 annos de

experiencia nos Hos|pitaes de Paris|Uma

notiacutecia muito importante seraacute dirigida a

quem a pedir| depositos em todas as

principaes Pharmacias

- 4 de marccedilo de 1853 Satildeo Paulo Aurora

Paulistana

CURA CERTA | e em pouco tempo de

todas as enfermidades provenientes de

vicio san- | guineo como ndashescrophulas

301

tube[r]- | culos lepra syphylis etc etce

[ilegiacutevel] | particular as affecccediloens de

pape[ilegiacutevel] | em seu principio ||

Etienne Lagarde || Pharmaceutico e

cirurgiatildeo das faculdades | Pariz e do Rio

de Janeiro ex-preparad[o] | do Curso de

Chimica da escola de medic[i]- | na e

pharmacia de Poi[furo]iers membro da

s[o]- | ciedade medica da mesma cidade e

corres- | pondente de algumas sociedades

scientificas || Attenccedilacirco || A experiencia

junto aacute perseveranccedila qu[e] | hoje tem sido

meus uacutenicos guias no trata[men]- | to das

enfermidades acima mencionadas os |

caracteres horriveis que ellas apresentatildeo |

desgostos que sobrevem as pessoas que

satildeo de | las attacadas deviatildeo naturalmente

attrahir | attenccedilatildeo de todo o homem amigo

da huma- | nidade || Antigamente estas

enfermidades se consi- | deravatildeo com um

principio contagioso o que | obrigava os

doentes a buscar longe das povo- | accedilotildees

uma morada tranquilla que lhes permi- |

tisse esperar com paciencia a hora que [o]

| Creador tivesse determinado para pocircr

term[]| a todos os seus soffrimentos hoje

porem assim | natildeo acontece os progressos

que tem feito [a] | sciencia medica com os

numerosos trabalhos | e investigaccedilotildees da

chimica tem em fim intro- | duzido na

therapeutica e posto aacute disposiccedilatildeo | dos

homens da sciencia um meio prophilati- |

cos contra estas crueis enfermidades

302

fazendo | assim esperar uma prompta cura

a todos | aquelles que o quizerem abraccedilar

|| Penetrado do sentimento o mais sincero

da | philantropia do amor aacute sociedade

offereccedilo o[s] | meus recursos meacutedicos e

pharmaceuticos ad- | quiridos por um

aturado e longo estudo da na- | tureza

humana Ersquo pois com os medicamen- | tos

preparados por minhas proacuteprias matildeos

qu[e] | me proponho a curar a todos

aquelles que m[e] | quizerem procurar ||

Estou certo que os epithetos de ndash charlatatildeo

| e especulador ndash ser-me-hatildeo lanccedilados por

al- | guns ao lerem este meu annuncio

porem natildeo | seraacute por homens sensatos que

serei assim [ilegiacutevel] | xado O sabio

indaga consulta ouve [ilegiacutevel] | entre

voacutes (como eu creio) existe algum

rec[ilegiacutevel] | conhecimento recebei de

antematildeo toda a mi- | nha gratidatildeo || A

voacutes enfermos eu dirijo meus offereci- |

mentos eu saberei consolar-vos e talvez

da[r]- | vos a panaceacutea beneacutefica da saude

que tan[furo] | desejaes || Seja o

reconhecimento o fructo de meu[s] |

trabalhos e o uacutenico tributo que desejo

obte[r] | daquelles que me quizerem

honrar com sua[s] | consultas|| Dirijatildeo-se

ao Hotel Paulistano na rua d[e] | Satildeo

Bento nuacutemero 35

303

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

Mosquitos || PERCEVEJOS PULGAS

ETC || desapparecem infallivemente com

o uso | do bem conhecido e verdadeiro 60

6 | || Orsquo DA PERSIA || Chegou nova

remessa aacute || Pharmacia Ypiranga ||

Nuacutemero 25 ndash RUA DIREITA ndash Nuacutemero

25 || EM || SAtildeO PAULO || Preccedilo de um

pacote 1$000 || A duacutezia 9$000 || Cada

pacote do verdadeiro Poacute da | Peacutersia leva

detalhada ex- | plicaccedilatildeo de seu uso ||

Remette-se para o interior

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

VINHO || Tonico-Nutritivo || DEFRESNE

|| Com Peptons (Carne assimilavel) ||

FERRO E LACTO-PHOSPHATO DE

CAL NATURAES || Sendo o Vinho

Defresne drsquoum gosto | delicioso tambem

eacute o unico reconsti- | tuinte natural e

completo || Eacute o mais precioso de todos os

tonicos sob a sua influencia desvanecem-

se os | accindentes febris renasce o

304

appetite forta- | lecem-se os musculos e

voltam as forccedilas || Emprega-se com ecircxito

contra a inappe- | tencia os crescimentos

raacutepidos com ra- | lecoenccedilas molestias de

estomago a | anemia e [ilegiacutevel] ||

DEFRESNE Fornecedor dos Hospitaes

Paris || E todas as Pharmacias

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

LINIMENTO GEacuteNEAU || Para os

CAVALLOS || SUPRESSAtildeO do FOGO |

e da QUEDA do PELLO ||MARCA DE

FABRICA || SUBSTITUE || o FOGO ||

em || todas as suas || APPLICACcedilOtildeES || A

cura faz-se com a matildeo em 3 minutos |

sem dor e sem cortar nem raspar o pello

|| Pharmia GEacuteNEAU 275 Rua St-

Honoreacute PARIS | E EM TODAS AS

PHARMACIAS

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

Grande Ecircxito ha mais de 30 annos ||

305

XAROPE DE BLAYN || Licenciado pela

Inspectoria de Hygiene do Imperio do

Brazil || Este Medicamento de sabor

agradaacutevel | eacute adoptado pelos melhores

Meacutedicos de Paris | CONTRA |

DEFLUXOS GRIPPE TOSSE DORES

DE GARGANTA | CATARRO

PULMONAR | IRRITACcedilOtildeES do PEITO

das VIAS URINARIAS | e da BEXIGA ||

PARIS ndash Pharmacia BLAYN 8 Avenue

Victoria ndash Paris || Depositos em todas as

principaes Pharmacias

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

CONSTIPACcedilOtildeES e MOLESTIAS do

PEITO || XAROPE

ANTIPHOLOGISTICO BRIANT ||

PARIS Pharmacia BRIANT 150 rua de

Rivoli PARIS || As celebridades medicas

de Paris recommendatildeo ha mais de 30

annos o | XAROPE BRIANT como o

medicamento peitoral de gosto mais

agradaacutevel e | de efficacia mais certa de

Defluxos Constipaccedilotildees Catharros etc |

Este Xarope nunca [ilegiacutevel] ndash Deve-se

exigir a Brochura em nove linguas | com a

assignatura bem lisivel do inventor |

306

DEPOSITO EM TODAS AS

PRINCIPAES PHARMACIAS

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

Licenciado pela Inspectoria de Hygiene

do Impeacuterio do Brazil || CAPSULAS DE

SANDALO CRITIN | de Savaresse |

Preparaccedilatildeo alguma eacute mais efficaz contra

as | MOLESTIAS SECRETAS | do que as

famosas Capsulas universalmente

recommendadas pelos Meacutedicos | Uma

caixa (com instrucccedilotildees completas para o

tratamento) cura geralmente dentro de

uma semana | EVANS SONS amp

Companhia em LIVERPOOL ndash EVANS

LESCHER amp WEBB em LONDRES |

DEPOSITOS EM TODAS AS

PRINCIPAES PHARMACIAS

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

VERDAEIROS GRAtildeOS DE SAUDE DO

DoutoR FRENCK || LICENCIADOS

307

PELA INSPECTORIA GERAL DE

HYGIENE DO IMPERIO DO BRAZIL ||

Aparientes Estomachinos Purgativos

Depurativos | Contra a Falta de appetite a

Obstruccedilatildeo a Enxaqueca as Vertigems |

as congestotildees etc ndash Dose ordinaria 1 2

aacute 3 gratildeos || Desconfiar as falsificaccedilotildees ndash

Exigir o rotulo junto imprimido em

frencez | e com letras de 4 cores sendo |

cada letra de uma cocircr differente e | O

Sello da Uniatildeo dos Fabricantes | Em

Pariz Pharmacia Leroy ndash Depoacutesitos em

todas as principaes pharmacias

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

CURA CERTA DAS MOLESTIAS

NERVOSAS | Epilepsia ndash Hysteria |

Choreatilde | Hystero-Epilepsia | Molestias do

Cerebro | e do Espinhaccedilo | Diabetes

assucarado || PELO || XAROPE DE

HENRY MURE || com Bromureto de

Potassium chimicamente puro || BOM

EXITO VERIFICADO POR 15 ANNOS

DE EXPERIENCIAS | NOS HOSPITAES

DE PARIS | Uma Noticia muito

importante seraacute dirigida a quem a pedir |

HENRY MURE em Pont-St-Esprit

308

(Franccedila)|| Deposito em todas as principaes

Pharmacias

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

Santo JEAN de La Croix [gravura]|

AGUA | DE | MELISSA dos

CAMELITAS | BOYER | Unico successor

| dos Carmelitas | SAINTE THERESE

[gravura]| PARIS ndash 14 Rua de lrsquoAbbaye

14 ndash PARIS | EAU DES CARMES | RUE

TARANNE Nuacutemero 14 TRANSFEacuteREacuteE

14 RUE DE LrsquoABBAYE PARIS [brazatildeo]

| CONTRA | Apoplexia | Cholera | Enjocirco

do mar | Faltos | Coacutelicas | Indigestotildees |

Febre amarella etc | Ler o prospecto no

qual vai envolvido | cada vidro || Deve-se

exigir o letreiro branco e preto | em todos

os vidros | seja qual focircr o tamanho |

Desconfiar | AS | FALSIFICACcedilOtildeES | e |

Exigir a assignatura | de | [assinatura] |

DEPOSITO EM TODAS AS

PHARMACIAS | DO Universo

309

PALAVRA PHOSPHATO

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

foacutesforo sm orig substacircncia que

resplandece que brilha ne escuro 1813

palito provido de uma cabeccedila composta

de foacutesfora e outras substacircncias quiacutemicas

que se inflamam quando atritadas num

superfiacutecie aacutespera | phosphoro 1860 |

(Quim) elemento quiacutemico natildeo metaacutelico

de nuacutemero atocircmico 15 | phosphoro 1844 |

do lat phosphorus deriv do gr

phosphoacuteros (lt phos luz + -phoroacutes que

conduz) () fosfato | phosph- 1858 | do

fr phosphat voc introduzidona linguagem

cientiacutefica internacional em 1787 pelo

francecircs de Morveu

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

fosfato SmQuiacutem Qualquer sal do aacutecido

fosfoacuterico

PERIOacuteDICO

DATA

E

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

VINHO || Tonico-Nutritivo || DEFRESNE

310

CIDADE DE ORIGEM || Com Peptons (Carne assimilavel) ||

FERRO E LACTO-PHOSPHATO DE

CAL NATURAES || Sendo o Vinho

Defresne drsquoum gosto | delicioso tambem

eacute o unico reconsti- | tuinte natural e

completo || Eacute o mais precioso de todos os

tonicos sob a sua influencia desvanecem-

se os | accindentes febris renasce o

appetite forta- | lecem-se os musculos e

voltam as forccedilas || Emprega-se com ecircxito

contra a inappe- | tencia os crescimentos

raacutepidos com ra- | lecoenccedilas molestias de

estomago a | anemia e [ilegiacutevel] ||

DEFRESNE Fornecedor dos Hospitaes

Paris || E todas as Pharmacias

PALAVRA PROPHILATICO

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

profilaxia Sf lsquoemprego de meios para

evitar doenccedilasrsquo | prophilaxia 1873 | do fr

prophilaxie deriv do lat cient

prophylaxis e este do gr prophyacutelaxis

lsquoprecauccedilatildeorsquo || profilaacutetico | prophilactico

1858 | do fr prophylactiqque do gr

prophylaktikoacutes

311

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

profilaacutectico Adj 1 relativo a profilaxia

2 preservativo preventivo

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 4 de marccedilo de 1853 Satildeo Paulo Aurora

Paulistana

CURA CERTA | e em pouco tempo de

todas as enfermidades provenientes de

vicio san- | guineo como ndashescrophulas

tube[r]- | culos lepra syphylis etc etce

[ilegiacutevel] | particular as affecccediloens de

pape[ilegiacutevel] | em seu principio ||

Etienne Lagarde || Pharmaceutico e

cirurgiatildeo das faculdades | Pariz e do Rio

de Janeiro ex-preparad[o] | do Curso de

Chimica da escola de medic[i]- | na e

pharmacia de Poi[furo]iers membro da

s[o]- | ciedade medica da mesma cidade e

corres- | pondente de algumas sociedades

scientificas || Attenccedilacirco || A experiencia

junto aacute perseveranccedila qu[e] | hoje tem sido

meus uacutenicos guias no trata[men]- | to das

enfermidades acima mencionadas os |

caracteres horriveis que ellas apresentatildeo |

desgostos que sobrevem as pessoas que

satildeo de | las attacadas deviatildeo naturalmente

attrahir | attenccedilatildeo de todo o homem amigo

da huma- | nidade || Antigamente estas

312

enfermidades se consi- | deravatildeo com um

principio contagioso o que | obrigava os

doentes a buscar longe das povo- | accedilotildees

uma morada tranquilla que lhes permi- |

tisse esperar com paciencia a hora que [o]

| Creador tivesse determinado para pocircr

term[]| a todos os seus soffrimentos hoje

porem assim | natildeo acontece os progressos

que tem feito [a] | sciencia medica com os

numerosos trabalhos | e investigaccedilotildees da

chimica tem em fim intro- | duzido na

therapeutica e posto aacute disposiccedilatildeo | dos

homens da sciencia um meio prophilati- |

cos contra estas crueis enfermidades

fazendo | assim esperar uma prompta cura

a todos | aquelles que o quizerem abraccedilar

|| Penetrado do sentimento o mais sincero

da | philantropia do amor aacute sociedade

offereccedilo o[s] | meus recursos meacutedicos e

pharmaceuticos ad- | quiridos por um

aturado e longo estudo da na- | tureza

humana Ersquo pois com os medicamen- | tos

preparados por minhas proacuteprias matildeos

qu[e] | me proponho a curar a todos

aquelles que m[e] | quizerem procurar ||

Estou certo que os epithetos de ndash charlatatildeo

| e especulador ndash ser-me-hatildeo lanccedilados por

al- | guns ao lerem este meu annuncio

porem natildeo | seraacute por homens sensatos que

serei assim [ilegiacutevel] | xado O sabio

indaga consulta ouve [ilegiacutevel] | entre

voacutes (como eu creio) existe algum

rec[ilegiacutevel] | conhecimento recebei de

313

antematildeo toda a mi- | nha gratidatildeo || A

voacutes enfermos eu dirijo meus offereci- |

mentos eu saberei consolar-vos e talvez

da[r]- | vos a panaceacutea beneacutefica da saude

que tan[furo] | desejaes || Seja o

reconhecimento o fructo de meu[s] |

trabalhos e o uacutenico tributo que desejo

obte[r] | daquelles que me quizerem

honrar com sua[s] | consultas|| Dirijatildeo-se

ao Hotel Paulistano na rua d[e] | Satildeo

Bento nuacutemero 35

PALAVRA RACHITISMO

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

raqui(o)- elem Comp do gr Raacutechis

espinha dorsal espinha vertebral que se

documenta em alguns compostos

introduzidos na linguagem cientiacutefica

internacional a partir do seacutec XIX ()

raquitismo 1858

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

raquitismo S m 1 Patol Doenccedila da

infacircncia produzida por distuacuterbiosdo

metabolismo do caacutecio e do foacutesforo por

efeito de carecircncia de vitamina D e que se

manifesta sobretudo por alteraccedilotildees e

deformidades do esqueleto ()

314

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 01 de fevereiro de 1888 Campinas

Diaacuterio de Campinas

PRODUCTOS DE J-P

LAROZE||APROVADOS||pela junta de

Hygiena do Brasil||2 RUA DES LIONS-

SAINT-PAUL 2 PARIS||Xarope

Depurativo| de Casca de Laranja amarga

aos | Ioduretos de Potassio| contra

escrephulosas cancerosas syphiliticas

tumores brancos da agrura do sangue

etc| Xarope Ferruginoso| de Casca de

Laranja e Quassia amara ao | Proto-

Iodureto de Ferro| contra as cores pallidas

chlorose anemia doenccedilas de langor

rachitismo etc| Xarope Sedativo| de

Casca de Laranja amarga ao| Bromureto

de Potassio| calmante certo contra as

nevralgias a epilepsia o hysterico

insonia das crianccedilas todas as affecccedilotildees

nervosas| Deposito em todas as boas

Drogarias e Pharmacias

PALAVRA RHEUMA

315

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

reuma sf (Patol) fluxo de humor catarral

ou aquoso | XVII rreyma XIV | Do lat

Rheuma deriv Do gr Rheucircma ndashatos

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

reuma sf patol Fluxo de humor catarral

ou aquoso [Var reima]

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

XAROPE DE FOLLET || Sirop de Choral

Follet || E o calmante por excelencia que

supprime a dor e procura | o somno

tranquumlilo e natural nos casos de |

NEVRALGIAS ndash GOTTA ndash RHEUMA |

TISICA ndash FEBRES || Exigir a Firma ||

Fabrica casa FRERE 19 rua Jacob

PARIZ

PALAVRA RHEUMATICAS

316

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

reuma sf (Patol) fluxo de humor catarral

ou aquoso | XVII rreyma XIV | Do lat

Rheuma deriv Do gr Rheucircma -atos ()

reumaacutetico 1813 do lat Tard

Rheumaticus deriv Do Gr rheumatikoacutes

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

Reumaacutetico Adj 1 relativo a reuma 2

reumatismal 3 que sofre de reumatismo

sm 4 indiviacuteduo que sofre de

reumatismo

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 13 de julho de 1879 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

Essencia depurativa ferru|ginosa do doutor

A A Ribeiro|PREPARADO POR J

PASSOS EXAMINADA E

AUCTORISADA PELA

EXCELENTIacuteSSIMA JUNTA|CENTRAL

DE HYGIENE PUBLICA| Este

prodigioso medicamento o mais effi|caz

contra as molestias syphiliticas

bouba|ticas escrophulas e rheumaticas

acha-se aacute|venda no deposito abaixo|

Encarecer as virtudes desse preparo

317

focircra|repetir o que eacute unanimemente

proclamado|pelas mais celebres

summidades medicas|do Rio de Janeiro

Campos Nitheroy etc|Chamamos a

attenccedilatildeo do publico para o al|manak que

se distribue no nosso deposito|Uacutenico

deposito nesta capital os senhores

Fonse|Ca e Kiehl ndash Pharmacia Ypiranga ndash

rua Di|reita nuacutemero 32|Uacutenico deposito do

UNGUENTO MOREL|na mesma

pharmacia

PALAVRA RHEUMATISMAES

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

reuma sf (Patol) fluxo de humor catarral

ou aquoso | XVII rreyma XIV | Do lat

Rheuma deriv Do gr Rheucircma -atos ()

reumatismo 1813 Do lat tard

Rheumatismus deriv do gr

rheumatismoacutes

REUMATIMAIS SEM REGISTRO

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

reumatismal Adj 2 g relativo ao ou da

natureza do reumatismo reumaacutetico

318

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

Gotta Rheumatismo Dores | Soluccedilatildeo do

Doutor Clin | Laureado da Faculdade de

Medicina de Paris ndash Premio Montyon ||

A Verdadeira Soluccedilatildeo Clin ao Salicylato

de Soda emprega-se para curar | AS

Affecccedilotildees Rheumatismaes agudas e

chronicas o Rheumatismo gottoso | as

Dores articulares e musculares e todas as

vezes que eacute necessario calmar os |

soffrimentos occasionados por estas

molestias || A Verdadeira Soluccedilatildeo Clin eacute

o melhor remeacutedio contra o Rheumatismo

| a Gotta e as Dores || Uma explicaccedilatildeo

detalhada acompanha cada frasco || Exigir

a Verdadeira Soluccedilatildeo de Clin amp

Companhia de PARIS que se encontra

em | casa dos Droguistas e

Pharmaceuticos

PALAVRA RHEUMATISMO

319

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

reuma sf (Patol) fluxo de humor catarral

ou aquoso | XVII rreyma XIV | Do lat

Rheuma deriv Do gr Rheucircma -atos ()

reumatismo 1813 Do lat tard

Rheumatismus deriv do gr

rheumatismoacutes

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

reumatismo Sm designaccedilatildeo imprecisa

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 26 de maio de 1872 Campinas Gazeta

de Campinas

Medicamentos Homeopathicos|No

estabelecimento do Roso amp Filho em

liquidaccedilatildeo aacute rua do Commercio nuacutemero

45 encontra-se sempre grande sortimento

destes medicamentos em tinturas

globulos e opodeldoc de Bryonia Rhux

para rheumatismo do laboratoio do

doutor Cochrane amp Pinho do Rio de

Janeiro bem assim livros homeopathicos

- 20 de julho de 1887 Satildeo Paulo Correio

320

Paulistano

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

Syfilis Adquirida ou Hereditaacuteria em todo

os periodos accidentes segundarios|e

terciaacuterios que resultatildeo drsquoella Ulceraccedilatildeo

da bocca e da garganta|gommas

exostoses carie dos ossos

rheumatismos ulceras impotencia etc

etc|Scrofulas viacutecios do sangue molestias

da pelle (Dartres ecleacutemas lepra |

herpes)- Cura certa raacutepida e radical pelos

celebres BISCOUTOS|DEPURATIVOS

do DrsquoOLLIVIER o mais poderoso anti-

syphilitico e|receitado haacute mais de 60

annos pelos mais illustrados

profissionaes|eacute o unico remedio no

mundo inteiro approvado pela Academia

de|Medicina de Paris unico premiado

com Recompensa Nacional de 24000|

Francos||Deposito Geral 62 Rua de

Rivali Paris| Em Satildeo Paulo Martins

Labre amp Companhia

- 03 de janeiro de 1889 Satildeo Paulo

Correio Paulistano

321

Grande descoberta|O maior sucesso da

eacutepoca que atravessaacutemos eacute a descoberta do

prodigioso vegetal cujo vegetal em si a

acccedilatildeo maravilhosa de destruir todos os

virus de syphilitico A descoberta deste

remedio que eacute Vegetal Por|Excellencia eacute

a verdadeira Maravilha Do Seculo XIX

Os saacutebios|estudos de muitos annos e as

sucessivas experiecircncias do illustrado e

intelligente|senhor M Morato deram em

resultado que o grande remedio pura

exclusiva|e unicamente vegetal a que deu

o nome de ldquoExilir depurativo de M

Moratordquo|cura completa e rapidamente toda

syphilis curo o rheumatismo com

uma|felicidade espantosa cura a asthma

e usado convenientemente tem com |

espanto de centenas de pessoas curado o

terrivel mas a|Morphegravea |A grande

descoberta deste explendoroso remeacutedio eacute

a felicidade da|humanidade eacute o passo

mais gigantesco dado na medicina

Procurar ldquoExilir|depurativo de M

Moratordquo propagado por Doutor

Carlos|Agente Depositaacuterio Em Satildeo

Paulo|Peixoto Estella amp Companhia|Rua

de Satildeo Bento nuacutemero 11| Preccedilos|20 Exilir

ndash frasco 5$000 Duzia 50$000

322

- 11 de abril de 1889 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

syfilis Adquirida ou Hereditaacuteria em todo

os periodos accidentes segundarios e|

terciaacuterios que resultatildeo drsquoella Ulceraccedilatildeo

da bocca e da garganta Gommas|

Exostoses Carie dos ossos

Rheumatismos Ulceras Impotencia etc

etc|Scrofulas Viacutecios do Sangue

Molestias da pelle (Dartres Eczeacutemas

Lepra | Herpes)- Cura certa raacutepida e

radical pelos celebres biscoutos

depurativos|do drsquoollivier o mais poderoso

anti-syphilitico e receitado haacute mais de 60

annos| pelos mais illustrados

profissionaes|eacute o unico remedio no

mundo inteiro| Approvado pela Academia

de Medicina de Paris unico premiado

com|Recompensa Nacional de 24000

Francos|Deposito Geral 62 Rua de

Rivolli Paris| Em Satildeo Paulo Martins

Labre amp [Companhia]

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

Acalma | 8 vezes sobre 10 | Enxaquecas |

323

Rheumatismos | Nevralgias | do |

Estomago | da | Cabeccedila | e dos | Intestinos||

Exigir a Firma | Clertan | [assinatura] | 19

rua Jacob PARIZ | PEROLAS | DE |

TEREBENTHINA | DO DoutoR

CLERTAN | Approbaccedilatildeo da Academia |

de | Medicina de Pariz || Acalma | 8 vezes

sobre 10 | Enfermidades | do | Fiacutegado |

Caacutelculos biliarios | Catarrhos | Pulmonares

| e da | Bexiga || Exigir a Firma | Clertan |

[assinatura] | 19 rua Jacob Pariz

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

Gotta Rheumatismo Dores | Soluccedilatildeo do

Doutor Clin | Laureado da Faculdade de

Medicina de Paris ndash Premio Montyon ||

A Verdadeira Soluccedilatildeo Clin ao Salicylato

de Soda emprega-se para curar | AS

Affecccedilotildees Rheumatismaes agudas e

chronicas o Rheumatismo gottoso | as

Dores articulares e musculares e todas as

vezes que eacute necessario calmar os |

soffrimentos occasionados por estas

molestias || A Verdadeira Soluccedilatildeo Clin eacute

o melhor remeacutedio contra o Rheumatismo

| a Gotta e as Dores || Uma explicaccedilatildeo

detalhada acompanha cada frasco || Exigir

324

a Verdadeira Soluccedilatildeo de Clin amp

Companhia de PARIS que se encontra

em | casa dos Droguistas e

Pharmaceuticos

PALAVRA THERAPEUTICA

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

terapecircutica sf lsquoparte da medicina que

estuda e potildee em praacutetica os meios

adequados para aliviar o curar doenccedilasrsquo |

the- XIX | do fr theacuterapeutique deriv do

lat tard therapeutica e este do gr

therapeutikeacute de therapeacuteuo lsquoeu curorsquo ()

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO COMUM

terapecircutica sf parte da medicina que

estuda e potildee em praacutetica os meios

adequados para aliviar ou curar os

doentes terapia ()

PERIOacuteDICO

DATA

- 4 de marccedilo de 1853 Satildeo Paulo Aurora

Paulistana

325

E

CIDADE DE ORIGEM

CURA CERTA | e em pouco tempo de

todas as enfermidades provenientes de

vicio san- | guineo como ndashescrophulas

tube[r]- | culos lepra syphylis etc etce

[ilegiacutevel] | particular as affecccediloens de

pape[ilegiacutevel] | em seu principio ||

Etienne Lagarde || Pharmaceutico e

cirurgiatildeo das faculdades | Pariz e do Rio

de Janeiro ex-preparad[o] | do Curso de

Chimica da escola de medic[i]- | na e

pharmacia de Poi[furo]iers membro da

s[o]- | ciedade medica da mesma cidade e

corres- | pondente de algumas sociedades

scientificas || Attenccedilacirco || A experiencia

junto aacute perseveranccedila qu[e] | hoje tem sido

meus uacutenicos guias no trata[men]- | to das

enfermidades acima mencionadas os |

caracteres horriveis que ellas apresentatildeo |

desgostos que sobrevem as pessoas que

satildeo de | las attacadas deviatildeo naturalmente

attrahir | attenccedilatildeo de todo o homem amigo

da huma- | nidade || Antigamente estas

enfermidades se consi- | deravatildeo com um

principio contagioso o que | obrigava os

doentes a buscar longe das povo- | accedilotildees

uma morada tranquilla que lhes permi- |

tisse esperar com paciencia a hora que [o]

| Creador tivesse determinado para pocircr

term[]| a todos os seus soffrimentos hoje

porem assim | natildeo acontece os progressos

que tem feito [a] | sciencia medica com os

numerosos trabalhos | e investigaccedilotildees da

chimica tem em fim intro- | duzido na

326

therapeutica e posto aacute disposiccedilatildeo | dos

homens da sciencia um meio prophilati- |

cos contra estas crueis enfermidades

fazendo | assim esperar uma prompta cura

a todos | aquelles que o quizerem abraccedilar

|| Penetrado do sentimento o mais sincero

da | philantropia do amor aacute sociedade

offereccedilo o[s] | meus recursos meacutedicos e

pharmaceuticos ad- | quiridos por um

aturado e longo estudo da na- | tureza

humana Ersquo pois com os medicamen- | tos

preparados por minhas proacuteprias matildeos

qu[e] | me proponho a curar a todos

aquelles que m[e] | quizerem procurar ||

Estou certo que os epithetos de ndash charlatatildeo

| e especulador ndash ser-me-hatildeo lanccedilados por

al- | guns ao lerem este meu annuncio

porem natildeo | seraacute por homens sensatos que

serei assim [ilegiacutevel] | xado O sabio

indaga consulta ouve [ilegiacutevel] | entre

voacutes (como eu creio) existe algum

rec[ilegiacutevel] | conhecimento recebei de

antematildeo toda a mi- | nha gratidatildeo || A

voacutes enfermos eu dirijo meus offereci- |

mentos eu saberei consolar-vos e talvez

da[r]- | vos a panaceacutea beneacutefica da saude

que tan[furo] | desejaes || Seja o

reconhecimento o fructo de meu[s] |

trabalhos e o uacutenico tributo que desejo

obte[r] | daquelles que me quizerem

honrar com sua[s] | consultas|| Dirijatildeo-se

ao Hotel Paulistano na rua d[e] | Satildeo

327

Bento nuacutemero 35

PALAVRA TISICA

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

tiacutesico adj sm que ou aquele que sofre de

tiacutesica XVII Do lat tard phthisius deriv

do gr phthisikoacutes ()

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

tiacutesica sfpatol Tuberculose [qv]

pulmonar especilmente na fase

consuntiva heacutectica()

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 27 de Janeiro de 1888 Campinas

Diaacuterio de Campinas

Tisica pulmonar||Grande descoberta

indigena|Estaacute mais que reconhecido que o

infallivel medicamento contra a tisica e o

EXTRACTO FLUIDO DE BOCAGY o

qual foi muito bem aceito em Madrid

como estatildeo fazendo continuadamente

pedidos para a Hepanha e em todas as

328

provncias do imperio tendo feito curas

importantes em qualquer grau que estaja a

tisica| Remete-se qualquer encommenda

mandando o dinheiro| Preccedilos de cada|

garrafa10$000|| Os pedidos satildeo dirigidos

aos senhores Oliveira amp Lima em Santa

Cruz do Rio Pardo

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

XAROPE DE FOLLET || Sirop de Choral

Follet || E o calmante por excelencia que

supprime a dor e procura | o somno

tranquumlilo e natural nos casos de |

NEVRALGIAS ndash GOTTA ndash RHEUMA |

TISICA ndash FEBRES || Exigir a Firma ||

Fabrica casa FRERE 19 rua Jacob

PARIZ

PALAVRA TONICO

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

tom Sm tensatildeo tono altura de um som

329

ETIMOLOacuteGICO tonalidade | XIV toom XV | do lat Tonus

-i deriv Do gr Toacutenos muacutesculo tendatildeo

tendatildeo intensidade forccedila energia tensatildeo

de uma corda som de instrumento ()

tocircnico adj relativo ao tom tonifica ou daacute

energia diz-se do elemento que recebe o

acento de intensidade 1858 do fr

tonique deriv do gr tonikoacutes ()

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

tocircnico Adj 1 relativo a som (1) 2 que

tonifica ou daacute energia 3 gram Diz-se do

elemento (vogal siacutelaba) que recebe acento

de intensidade ou icto sm4

medicamento ou cosmeacutetico tocircnico

revigorante

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 29 de janeiro de 1899 Satildeo Paulo A

Notiacutecia

A EMULSAtildeO DE SCOTT|de Oleo de

Figado de|Bacalhau com Hipophos|phitos

de Cal e Soda|Eacute UM REMEacuteDIO-

ALIMENTOPOR EXCELENCIA|Porque

o Oleo de Figado de Bacalhau como

alimento eacute dum valor importantissimo-

fortalece e engorda-Como remedio rico-eacute

magnifico creador de sangue assim como

330

um bom remedio alterante espinha dorsal

e systema osseo e a combinaccedilatildeo destes

preciosos componentes produz o melhor

reconstituinte tonico e purificador de

sangue que a sciencia medica conhece

Natildeo te rival para todas as molestias

debilitantes ha annos emprego a

Emulsatildeo de Ha mais de 20 annos que

emprego Scott e seguro contra affecccedilotildees

do em minha clinica sempre com muito

apparelho respiratorioe para vantagem nos

casos em que eacute combater a asthenia em

geral Diz indicada Diz o deistincto

Doutor Joseacute o illustrado Doutor Bacellar

do Rio Justino de Mello de Paranaguaacute

Grande do Sul Cautella com Imitaccedilotildees| A

venda em todas as Drogarias

Falsificaccedilotildees e Pharmacias Exija-se a

Legitima|Scott amp Bowne Chimicos New

York EUA

- 01 de fevereiro de 1888 Campinas

Diaacuterio de Campinas

O Elixir alimenticio Ducro e muito

agradavel ao paladar e as pessoas a quem

mais repugnam os aimentos o tomam ateacute

por gosto| Eacute um tonico poderosissimo

aconselhado para as mulheres e a crianccedilas

331

delicadas os velhos os convalescentes em

que desperta o appetite e restabelece as

forccedilas| Convem sobretudo nos paizes

quentes onde as forccedilas diminuem pela

transpiraccedilatildeo e onde se esta sujeito a

molestias contagiosas - Para mais

detalhes leia-se o prospecto que

acompanha cada vidro| Pariz 20 Place

des Vosges|| E EM TODAS AS

PHARMACIAS

- 05 de julho de 1887 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

Tonico|Fevrifugo|Regenerador|vinho do

doutor johanno Quina Coca Extracto de

Carne e Hypophosphito|Recommendatildeo-

no nos casos que necessitatildeo toacutenicos

para|reconstruir e regenerar o organismo

arruinado por molestias|excessos

natureza do clima anemia chlorosis

amenorrhea cachxia|fluxo branco que

tanto arruinatildeo a saude das mulheres

pobreza de|sangue fraqueza geral

debilidade etc|H Vivien Droguista 50

Boulevard de Strasboug em Paris

332

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

VINHO || Tonico-Nutritivo || DEFRESNE

|| Com Peptons (Carne assimilavel) ||

FERRO E LACTO-PHOSPHATO DE

CAL NATURAES || Sendo o Vinho

Defresne drsquoum gosto | delicioso tambem

eacute o unico reconsti- | tuinte natural e

completo || Eacute o mais precioso de todos os

tonicos sob a sua influencia

desvanecem-se os | accindentes febris

renasce o appetite forta- | lecem-se os

musculos e voltam as forccedilas || Emprega-

se com ecircxito contra a inappe- | tencia os

crescimentos raacutepidos com ra- | lecoenccedilas

molestias de estomago a | anemia e

[ilegiacutevel] || DEFRESNE Fornecedor dos

Hospitaes Paris || E todas as Pharmacias

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

VINHO EMINENTEMENTE TONICO||

Unico | approvado pela Academia | de

Medicina de Pariz || Quinium Labarraque

|| Fabrica | Casa L Frere 19 rua Jacob |

PARIZ | FEBIFUGO E FORIFICANTE

333

  • LEacuteXICO DISCURSO E PROJETO DE NACcedilAtildeO
    • AGRADECIMENTOS
    • RESUMO
    • ABSTRACT
    • Sumaacuterio
    • Introduccedilatildeo
    • 1 Metodologia
    • 2 Linguagem como distintivo de humanidade
      • 21 Investigaccedilotildees relativas agrave linguagem
      • 22 O Leacutexico da Liacutengua Portuguesa
      • 23 Projeto de naccedilatildeo portuguecircs para Portugal
        • 3 A importacircncia da imprensa no processo civilizatoacuterio
          • 31 A imprensa e a disseminaccedilatildeo de discursos
            • 4 Desejo de ascensatildeo
            • 5 Nomenclatura especializada e a disseminaccedilatildeo das tecnologias na sociedade
            • 6 Projeto de uma naccedilatildeo brasileira
            • 7 Passos mecacircnicos
              • 71 Arte mecacircnica
              • 72 Dono de seu proacuteprio tempo
                • 8 Para garantir a vida
                • 9 Conclusotildees
                • 10 Bibliografia
                • 11 Apecircndices

2

BRIAN GALDINO DA SILVA

LEacuteXICO DISCURSO E PROJETO DE NACcedilAtildeO

Dissertaccedilatildeo apresentada ao

Departamento de Letras Claacutessicas e

Vernaacuteculas da Faculdade de Filosofia

Letras e Ciecircncias Humanas da

Universidade de Satildeo Paulo para

obtenccedilatildeo do tiacutetulo de mestre em Liacutengua

Portuguesa

Aacuterea de concentraccedilatildeo Lexicologia da

liacutengua portuguesa Anaacutelise criacutetica do

discurso

Orientador Prof Dr Manoel

Mourivaldo Santiago Almeida

SAtildeO PAULO

2019

3

Autorizo a reproduccedilatildeo e divulgaccedilatildeo total ou parcial deste trabalho por qualquer meio

convencional ou eletrocircnico para fins de estudo e pesquisa desde que citada a fonte

Catalogaccedilatildeo na Publicaccedilatildeo

Serviccedilo de Biblioteca e Documentaccedilatildeo

Faculdade de Filosofia Letras e Ciecircncias Humanas da Universidade de Satildeo Paulo

Silva Brian Galdino da

Ss1l LEacuteXICO DISCURSO E PROJETO DE NACcedilAtildeO Brian

Galdino da Silva orientador Manuel Mourivaldo

Santiago Almeida - Satildeo Paulo 2019

333 f

Dissertaccedilatildeo (Mestrado)- Faculdade de Filosofia

Letras e Ciecircncias Humanas da Universidade de Satildeo

Paulo Departamento de Letras Claacutessicas e

Vernaacuteculas Aacuterea de concentraccedilatildeo Filologia e Liacutengua

Portuguesa

1 Estudo do leacutexico 2 Anaacutelise do criacutetica do

discurso 3 Projeto de naccedilatildeo no Brasil do seacutec XIX

4 Tecnologia e neologismo 5 Medicina e

neologismo I Almeida Manuel Mourivaldo Santiago

orient II Tiacutetulo

UNIVERSIDADE DE SAtildeO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA LETRAS E CIEcircNCIAS HUMANAS

ENTREGA DO EXEMPLAR CORRIGIDO DA DISSERTACcedilAtildeOTESE

Termo de Ciecircncia e Concordacircncia do (a) orientador (a)

Nome do (a) aluno (a) Brian Galdino da Silva

Data da defesa 06082019

Nome do Prof (a) orientador (a) Manoel Mourivaldo Santiago Almeida

Nos termos da legislaccedilatildeo vigente declaro ESTAR CIENTE do conteuacutedo deste EXEMPLAR

CORRIGIDO elaborado em atenccedilatildeo agraves sugestotildees dos membros da comissatildeo Julgadora na

sessatildeo de defesa do trabalho manifestando-me plenamente favoraacutevel ao seu

encaminhamento e publicaccedilatildeo no Portal Digital de Teses da USP

Satildeo Paulo 11112019

___________________________________________________

(Assinatura do (a) orientador (a)

4

Nome SILVA Brian Galdino da

Tiacutetulo Leacutexico Discurso e Projeto de Naccedilatildeo

Dissertaccedilatildeo apresentada ao Departamento

de Letras Claacutessicas e Vernaacuteculas da

Faculdade de Filosofia Letras e Ciecircncias

Humanas da Universidade de Satildeo Paulo

para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de mestre em

liacutengua portuguesa

Aprovado em

Banca Examinadora

Prof Dr___________________________

Julgamento _______________________

Prof Dr __________________________

Julgamento _______________________

Prof Dr __________________________

Julgamento _______________________

Instituiccedilatildeo ________________________

Assinatura ________________________

Instituiccedilatildeo ________________________

Assinatura ________________________

Instituiccedilatildeo ________________________

Assinatura ________________________

5

AGRADECIMENTOS

Agrave Faculdade de Filosofia Letras e Ciecircncias Humanas que formou o profissional que eu

sempre sonhei ser e onde eu conheci muitos dos amigos que trago comigo ateacute os dias de

hoje desde a graduaccedilatildeo

Ao Prof Dr Emilio Gozze Pagotto com quem tive minha primeira e segunda

experiecircncia em pesquisas e que me incentivou a continuar pesquisando

Ao Prof Dr Manoel Mourivaldo Santiago Almeida que aceitou me orientar nessa

empreitada

Agrave minha esposa minha Iaiaacute amada por quem e com quem vivo e meu filho Eros o

melhor presente que minha esposa jaacute me deu na vida que sempre estiveram comigo

dando a forccedila que eu precisava nos momentos em que pensei que natildeo conseguiria

Aos meus amigos que juntamente com minha famiacutelia estavam sempre disponiacuteveis para

me dar um empurratildeo em especial a Tatiana Malheiro que me ajudou a levantar nas

vaacuterias vezes em que caiacute minha irmatilde a quem admiro e amo

6

RESUMO

SILVA B G da Leacutexico Discurso e Projeto de Naccedilatildeo 2019 Dissertaccedilatildeo (Mestrado)

ndash Faculdade de Filosofia Letras e Ciecircncias Humanas Universidade de Satildeo Paulo Satildeo

Paulo 2019

Este trabalho teve como meta levantar entradas lexicais gregas na liacutengua portuguesa que

foram adotadas por nomearem artefatos tecnoloacutegicos inventados e postos em uso no

seacuteculo XIX no Brasil As tecnologias assim como artigos ligados a medicina e cultura

procuraram durante o seacuteculo XIX no grego antigo lexemas de base grega para dar

nomes agraves novidades Tendo como corpus anuacutencios de jornais da eacutepoca faremos o

possiacutevel para analisar criticamente os discursos que acompanharam esses empreacutestimos

para que possamos compor um mapa social e consequentemente esclarecer questotildees

quanto ao processo civilizatoacuterio brasileiro e seu projeto de naccedilatildeo

Palavras-chave Helenismo Anaacutelise Criacutetica do Discurso Civilizaccedilatildeo

7

ABSTRACT

SILVA B G da Lexicon Discourse and Nation Project 2019 Dissertaccedilatildeo

(Mestrado) ndash Faculdade de Filosofia Letras e Ciecircncias Humanas Universidade de Satildeo

Paulo Satildeo Paulo 2019

This work has as its goal to raise lexicais gregas entries in Portuguese language that

foram added by nomearem invented technological artifacts and posts in use no seculo

XIX no Brazil The technologies as well as articles linked to medicine and culture

sought during the 19th century in Ancient Greek for lexemes of greek base to give

name to new things We have as corpus advertisements of the day of the epoch we will

do the possible to critically analyze the speeches that accompany these loans so that we

have a social map and consequently clarify question about the Brazilian civilization

process and their national project

Keywords Hellenism Critical Discourse Analysis Civilization

8

Sumaacuterio Introduccedilatildeo 9

1 Metodologia16

2 Linguagem como distintivo de humanidade 18

21 Investigaccedilotildees relativas agrave linguagem 21

22 O Leacutexico da Liacutengua Portuguesa 25

23 Projeto de naccedilatildeo portuguecircs para Portugal 31

3 A importacircncia da imprensa no processo civilizatoacuterio 38

31 A imprensa e a disseminaccedilatildeo de discursos 445

4 Desejo de ascensatildeo 48

5 Nomenclatura especializada e a disseminaccedilatildeo das tecnologias na sociedade 50

6 Projeto de uma naccedilatildeo brasileira 55

7 Passos mecacircnicos 59

71 Arte mecacircnica 75

72 Dono de seu proacuteprio tempo 82

8 Para garantir a vida 91

9 Conclusotildees 109

10 Bibliografia 111

101 Bibliografia online 116

11 Apecircndices 117

111 Lexemas ligados agrave cultura 118

112 Lexemas ligados agraves tecnologias 145

113 Lexemas ligados agrave sauacutede 222

9

Introduccedilatildeo

A histoacuteria da humanidade eacute marcada por sequecircncias de descobertas e invenccedilotildees

que impulsionaram as revoluccedilotildees porque passamos ateacute nos encontrarmos nesta realidade

de e do agora Olhar criticamente para os momentos dessas passagens de eras nos faz

entender alguns porquecircs dos dias atuais Muitas satildeo as perspectivas com relaccedilatildeo ao quecirc

devemos chamar de civilizado afinal depende da perspectiva de quem estaacute adjetivando

Para noacutes neste trabalho eacute interessante que tenhamos como paradigma aquelas que

tenham como fio condutor uma linha mais eurocecircntrica tanto para concordarmos

quanto para discordarmos e criticarmos porque como poderatildeo perceber na leitura desta

dissertaccedilatildeo a influecircncia que estudaremos eacute europeia Perceber que cada degrau

alcanccedilado pela humanidade rumo a patamares mais civilizados da forma como eacute

comungado pela perspectiva que escolhemos se associa agrave realizaccedilatildeo de uma descoberta

ou invenccedilatildeo tecnoloacutegica eacute dar significacircncia agrave histoacuteria passada presente e quiccedilaacute

possamos trazer contribuiccedilotildees a trabalhos posteriores que leiam neste algo de relevante

Das tecnologias inventadas pela humanidade as que mais nos interessam satildeo

aquelas que se assoiciam agrave linguagem e dela fazem uso Linguagens que se desdobram

historicamente em um enorme cabedal com muacuteltiplas possibilidades visando agrave

comunicaccedilatildeo eacute o que possibilitou que os avanccedilos fossem possiacuteveis

Debruccedilamo-nos entatildeo sobre um momento da nossa histoacuteria procurando por

respostas de como chegamos noacutes brasileiros aonde chegamos e a forma como

chegamos

Esta pesquisa teve seu iniacutecio como um trabalho de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica que natildeo se

esgotou mas teve de ser finalizado em 2011 Foi utilizado para trabalho de mestrado o

corpus da pesquisa inicial mas com perspectivas mais amandurecidas do que quando

foi escrita anteriormente aleacutem de um vieacutes de anaacutelise mais apurado principalmente no

que diz respeito agraves anaacutelises dos discursos presentes no corpus

As tecnologias satildeo motores de inovaccedilotildees de avanccedilos e mudanccedilas para novos

modus vivendi Claro que nem sempre esses avanccedilos inovaccedilotildees e mudanccedilas podem ser

concebidas pelo prisma de positivaccedilatildeo mas elas satildeo inevitaacuteveis pela forma como satildeo

intruduzidas nas vidas daqueles que assistem seus nascimentos Vemos essas

10

ldquorevoluccedilotildeesrdquo tecnoloacutegicas como uma bomba Imaginemos um quandrante Quando essa

bomba eacute lanccedilada a modificaccedilatildeo campal eacute maior no lugar especiacutefico onde ocorre a

explosatildeo alterando totalmente a paisagem Contudo os arredores satildeo inevitavelmente

atingidos pelos fragmentos dessa bomba se alterando em maior ou menor grau

dependendo da distacircncia em que esse lugar se encontra em relaccedilatildeo ao ponto de impacto

Dessa forma como bem atesta RIBEIRO (2000) ldquoA cada uma dessas etapas de

progresso tecnoloacutegico Morgan faz corresponder modos particulares de organizaccedilatildeo

social e conteuacutedos especiais da visatildeo do mundo e dos corpos de crenccedila e valoresrdquo As

mudanccedilas segundo o atropoloacutego natildeo satildeo apenas na praacutetica dos trabalhos a que a

tecnologia se destina As mudanccedilas satildeo mais profundas

A perspectiva de Morgan citada por Ribeiro eacute por anos reelaborada por uns e

desdobrada por outros historiadores antropoacutelogos e arqueoacutelogos Friedrich Engels em

1884 reelaborou o esquema de Morgan tendo como base as concepccedilotildees marxistas das

formaccedilotildees econocircmico-sociais definido essas organizaccedilotildees como tipos histoacutericos de

sociedades que podem ser caracterizadas pela combinaccedilatildeo de um modo de produccedilatildeo

(tecnologia + divisatildeo do trabalho) que partilham de certa organizaccedilatildeo social com um

corpo particular de concepccedilotildees ideoloacutegicas Engels divide a evoluccedilatildeo em cinco

formaccedilotildees distintas o comunismo primitivo o escravismo o feudalismo o capitalismo

e o socialismo Este uacuteltimo como uma utopia a que poderiacuteamos alcanccedilar em certo ponto

de nossa histoacuteria

Os estudos de Marx tiveram como objeto de observaccedilatildeo as formaccedilotildees sociais

asiaacuteticas a antiga claacutessica a eslava e a germacircnica Eacute preciso notar que sua perspectiva

foi intensamente revista por ele proacuteprio e por Engels aleacutem de outros estudiosos

marxistas

Gordon Childe jaacute no seacuteculo XX com o auxiacutelio das pesquisas proliacuteferas de sua

eacutepoca no campo da arqueologia e etnologia e seguindo as linhas de Morgan mas de

certa forma contribuindo com modificaccedilotildees conceituais com as perspectivas de seu

ldquomestrerdquo estende a selvageria ateacute a Revoluccedilatildeo Neoliacutetica representada pela difusatildeo da

agricultura e do pastoreio quando se iniciaria a barbaacuterie A barbaacuterie seria divida em

duas etapas a barbaacuterie neoliacutetica e a da idade do cobre que se estenderia ateacute a

Revoluccedilatildeo Urbana que determinaria o iniacutecio da civilizaccedilatildeo Esta divida em trecircs etapas

as idades de bronze ferro e o feudalismo que se estenderia ateacute a Revoluccedilatildeo Industrial

Aleacutem desses nomes RIBEIRO (2000) ainda cita Leslie White que traz contribuiccedilotildees agrave

11

perspectiva evolucionista de Morgan e Childe Julian Steward que traz contribuiccedilotildees

assinaladas agrave teoria da evoluccedilatildeo cultural comparando as sociedades mesopotacircmica

egiacutepcia indiana chinesa peruana e meso-americana e por fim Karl Wittfogel que com

base em estudos da China e tendo como pano de fundo os conceitos desenvolvidos por

Marx faz um trabalho sobre o ldquodespotismo orientalrdquo

Assim essa sucessatildeo de revoluccedilotildees tecnoloacutegicas e processos que caminham em

direccedilatildeo a uma civilitude cada vez maior tirando o homem da condiccedilatildeo de caccediladores e

coletores que eram generalizadas encaminham o homem a formas de organizaccedilatildeo social

e formas de explicar suas experiecircncias Essas formas segundo RIBEIRO (2000) podem

ser enquadradas em imperativos comuns apesar de diferentes dependendo de cada

povo O primeiro imperativo diz respeito ao ldquocaraacuteter acumulativo do progresso

tecnoloacutegico que se desenvolve desde formas mais elementares a formas mais

complexasrdquo o segundo diz respeito quanto agraves ldquorelaccedilotildees reciacuteprocas entre o equipamento

tecnoloacutegico empregado por uma sociedade em sua atuaccedilatildeo sobre a natureza para

produzir bensrdquo obviamente isso se atrela agrave ldquomagnitude de sua populaccedilatildeo a forma de

organizaccedilatildeo das relaccedilotildees internas entre os membros ()rdquo e por fim o terceiro

imperativo se relaciona com a ldquointeraccedilatildeo entre esses esforccedilos de controle da natureza e

da ordenaccedilatildeo das relaccedilotildees humanas e a culturardquo Essas relaccedilotildees devem ser entendidas

como patrimocircnios simboacutelocos que padronizam os modos de pensar e dos saberes

manifestados de forma material ldquonos artefatos e bens expressamente atraveacutes da

conduta social e ideologicamente pela comunicaccedilatildeo simboacutelica e pela formulaccedilatildeo da

experiecircncia social em corpos de saber de crenccedilas e valoresrdquo Esses trecircs imperativos

sucintamente remetem a fatores determinantes de uma sociedade civilizada ou em vias

de civilarem-se de acordo com a perspectiva de Ribeiro A associaccedilatildeo desses trecircs

fatores tecnologia sociedade e ideoloacutegia entrelaccedilam-se de maneira indissociaacutevel Em

outras palavras esses imperativos trabalham em conjunto e conectados As etapas

evolutivas no campo da tecnologia correspondem a classificaccedilotildees fundadas em padrotildees

de organizaccedilatildeo social e a moldes de configuraccedilotildees ideoloacutegicas A relaccedilatildeo entre esses

trecircs fatores trabalha de forma a uma induzir a outra a modificar-se de acordo com sua

necessidade imediata

Para a fundaccedilatildeo de uma sociedade podemos notar alguns contingenciamentos que

conformem as culturas O primeiro diz respeito agrave condiccedilatildeo bioloacutegica humana que a

uniformiza a partir das evoluccedilotildees bioloacutegicas Em virtude desse contingenciamento as

12

culturas desenvolvem normas uniformes de orientaccedilatildeo da accedilatildeo adaptativa e meios de

como tirar de sua realidade materiais para a sobrevivecircncia e multiplicaccedilatildeo o segundo eacute

a criaccedilatildeo de pautas culturais que determinem e propiciem a ordenaccedilatildeo e interaccedilatildeo

social e por fim o contingenciamento de natureza psicoloacutegica A tudo isso sobrevem

um imperativo elementar de natureza propriamente cultural que consiste na capacidade

humana de comunicaccedilatildeo simboacutelica pois eacute atraveacutes da linguagem que todos os outros

contingenciamentos podem ser guardados como heranccedila cultural e transmitidos de

geraccedilatildeo a geraccedilatildeo Desta forma todo desenvolvimento posterior depende de

caracteriacutesticas de patrimocircnios preacute-existentes

A maneira como o Brasil foi colonizado a maneira como durante todo o tempo

que natildeo foi curto em que o Brasil foi apenas considerado uma colocircnia sendo

dilapidado explorado e posto no mapa do mundo que se dizia civilizado natildeo segue a

ordem loacutegica da evoluccedilatildeo prescrita ateacute aqui Tudo o que foi exposto nos serve como

base para que possamos repensar essa loacutegica

Apesar de tudo hoje temos uma sociedade instituiacuteda temos uma organizaccedilatildeo

poliacutetica econocircmica e cultural estruturada devido inclusive agrave forma como o que

conhecemos como Brasil foi concebido Aleacutem de tudo temos uma liacutengua que nos

disitingue e seraacute esse nosso objeto de estudo

Como eacute a partir do uso das linguagens que se transmitem as ideologias partilhadas

por uma sociedade decidimos tomar o leacutexico como ponto inicial para que pudeacutessemos

olhar para as unidades constitutivas do discurso partindo de sua menor unidade assim

como o ideaacuterio comungado pelos filoacutesofos da Era Claacutessica Grega

Consequentemente o presente trabalho pretende demostrar a importacircncia dos

lexemas de base grega para reforccedilar o discurso vigente na eacutepoca que decidimos

investigar o seacuteculo XIX em que se intensificam as intenccedilotildees que nos servem de mote

Os lexemas assim pretenderemos demonstrar serviratildeo como centros gravitacionais ao

redor dos quais se constituiratildeo os discursos que em sua totalidade carregaratildeo consigo

marcas importantes em que poderatildeo ser lidas as intensotildees dos agentes sociais

A perspectiva que adotaremos para as anaacutelises dos discursos de nosso corpus

basia-se em estudiosos que professam a Anaacutelise Criacutetica de Discurso por acreditarmos

que este vieacutes de estudo deva carregar inevitavelmente compromisso social O porquecirc

da escolha dessa vertente natildeo eacute difiacutecil de entender Trataremos de linguagem E sendo

esta uma das principais ferramentas das sociedades e da sociabilizaccedilatildeo a noacutes nos parece

13

natural que os estudos dessa mateacuteria estejam vinculados ao social BOLIacuteVAR (2003)

na introduccedilatildeo de seu artigo nos serve de apoio para o nosso ideal

ldquoLos desarrollos de los estudios del discurso han sido tan acelerados y

variados en los ultimos antildeos que abundan las publicaciones y manuales en

ingleacutes y en otras lenguas (hellip) con lo que se demuestra la consolidacioacuten de

una disciplina cuya meta fundamental es investigar sobre el papel del

lenguaje en la interaccioacuten socialrdquo

(BOLIacuteVAR 2003 p9)

Procurando assim investigar os discursos presentes no periacuteodo a que nos

propusemos aleacutem de descrever seu uso apoiados nos lexemas tentaremos trazer

subsiacutedios para explicar a construccedilatildeo de sentido Afinal de contas ldquoas explicaccedilotildees de

construccedilatildeo de significaccedilatildeo pela linguagem ajudam a entender melhor processos do tipo

cognitivo social cultural e poliacuteticordquo1 O compromisso do nosso trabalho vai para aleacutem

da simples investigaccedilatildeo do simples compromisso com a disciplina Procuraremos trazer

benefiacutecios para quem sabe melhorar a sociedade que eacute com quem temos um

compromisso muito maior por fazermos parte dela

ldquo[] Como questatildeo de meacutetodo a possibilidade de deslocar o estatuto dos

textos que historicamente foram categorizados como ldquodocumentosrdquo aqui

tomados como discurso lugar de significaccedilatildeo de confronto de sentidos de

estabelecimento de identidades de argumentaccedilatildeo etc Como uma das

finalidades sair do jaacute nomeado do interpretado e procurar entender esses

textos como discursos que produzem efeitos de sentido a serem

compreendidos nas condiccedilotildees em que apareceram e nas de hojerdquo

(ORLANDI 1990 p 18)

A disciplina Anaacutelise de Discurso nasce para que pudeacutessemos ultrapassar as

fronteiras da gramaacutetica e da semacircntica (BOLIacuteVAR 2003) com a finalidade de

incrementar o estudo com a inclusatildeo de questotildees pragmaacuteticas agraves anaacutelises Entretanto a

analista nos alerta sobre o uso da perspectiva pragmaacutetica nos estudos

1 BOLIacuteVAR (2003) traduccedilatildeo nossa

14

ldquoAun asiacute la pragmaacutetica ha mostrado ser insuficiente para ofrecer

explicaciones sobre coacutemo se construyen los significados en la interaccioacuten

social y eso se debe en gran parte el desarrollo del anaacutelisis criacutetico del

discurso Fairclough (1989 p 9) por ejemplo considera que lsquola pragmaacutetica

con frecuencia para describir el discurso como podriacutea ser en un mundo mejor

en vez de describirlo tal como esrsquordquo

(BOLIacuteVAR 2003 p 11)

Comungando da perspectiva da autora logicamente nem todos os enfoques

podem ser criacuteticos tampouco linguiacutesticos mas todas as anaacutelises devem partir do

pressuposto de que os discursos satildeo inevitavelmente sociais de conhecimento

histoacutericos e dialoacutegicos (BOLIacuteVAR 2003)

Seguindo entatildeo por essa via a anaacutelise criacutetica de discurso que pretendemos eacute

aquela que leva em consideraccedilatildeo a linguagem como praacutetica social dentro de um

contexto de uso desta mesma linguagem

Recorrendo novamente a BOLIacuteVAR (2003) que enumerou belamente os

princiacutepios gerais que regem a anaacutelise criacutetica do discurso citaremos a autora novamente

Os princiacutepios satildeo entatildeo os seguintes

1 el anaacutelisis criacutetico tiene una motivacioacuten social y aborda problemas

sociales

2 las relaciones de poder son discursivas

3 el discurso constituye la sociedad y la cultura

4 con el discurso se hace trabajo ideoloacutegico

5 el discurso es histoacuterico

6 la relacioacuten entre texto y sociedad es mediada por los oacuterdenes del

discurso y por la cognicioacuten

7 el anaacutelisis es interpretativo y explicativo

8 el discurso es una forma de accioacuten social

(BOLIacuteVAR 2003 p 16)

Assim a anaacutelise de nosso corpus vai para aleacutem do estudo dos usos lexicais mas

os relacionaremos com o discurso que pairava sobre os ares brasileiros da eacutepoca Esses

discursos seratildeo imperiosos para mudanccedilas que se iniciariam no seacuteculo XIX e que

15

somente se reforccedilariam com o passar das deacutecadas uma vez que as tecnologias avanccedilam

sem freios pelo tempo

As questotildees que moveratildeo nossa anaacutelise entatildeo satildeo as que se relacionam ao

estabelecimento de uma nova realidade no Brasil oitocentista as respostas institucionais

para dar conta das demandas sociais o investimento na ideologia utoacutepica que seria

compartilhada pela vontade de e da naccedilatildeo pelo menos pelas vozes mais audiacuteveis na

eacutepoca aleacutem do que seria preciso para que se estabelecesse uma identidade nacional no

imaginaacuterio da populaccedilatildeo brasileira desse novo Brasil que se iniciva no seacuteculo XIX

Tentaremos o tanto quanto for possiacutevel demonstrar os sentidos do que eacute dito

assim como daquilo que fica encoberto sob o manto do ldquonatildeo ditordquo que fica calado

silenciado Uma vez que o que natildeo eacute falado tambeacutem significa2

2 ORLANDI (1990) o autor destaca a importacircncia em se notar a ldquopoliacutetica do silenciardquo a qual aliaacutes

subdivide em duas formas ldquoa) O silecircncio constitutivo ou seja a parte do sentido que necessariamente

se sacrifica se apaga ao se dizer Toda fala silencia necessariamente A atividade de nomear eacute bem

ilustrativa toda denominaccedilatildeo circunscreve o sentido do nomeado rejeitando para o natildeo-sentido tudo o

que nele natildeo estaacute dito b) O silecircncio local do tipo censura e similares esse silecircncio eacute que eacute produzido ao

se proibir alguns sentido de circularem por exemplo num regime poliacutetico num grupo social

determinado de uma forma de sociedade especiacutefica etcrdquo

16

1 Metodologia

O nosso objeto de estudos se trata como dito de lexemas que adentraram a Liacutegua

Portuguesa que nomeiam artefatos ligados agraves tecnologias agraves aacutereas da medicina da

eacutepoca como medicamentos e procedimentos meacutedicos assim como lexemas ligados agrave

cultura Esses lexemas que nos servem de corpus foram levantados a partir de anuacutencios

de jornais que pudemos coletar e que foram impressos durante o seacuteculo XIX periacuteodo

em que o Brasil se torna primeiramente independente de seus colonizadores

portugueses ao menos formalmente e procurava estabelecer-se como naccedilatildeo dentro de

suas possibilidades circunstanciais

A coleta dos anuacutencios teve como ferramenta utiliacutessima a obra ldquoDiachronicardquo ldquoE

Os Preccedilos Eram Commodos ndash Anuacutencios de Jornais Brasileiros do Seacuteculo XIXrdquo

impresso no ano 2000 pela Copyright 2000 da Humanitas FFLCHSP organizada por

Marymarcia Guedes e Rosana de Andrade Berlink Nesta obra as organizadoras

dispotildeem de forma sistemaacutetica anuacutencios transcritos retirados de jornais de algumas

regiotildees do Brasil Compotildee este compecircndio 310 anuacutencios do estado da Bahia 142

anuacutencios do estado de Minas Gerais 90 anuacutencios do estado do Paranaacute 66 anuacutencios do

estado do Pernambuco 146 anuacutencios do estado do Rio de Janeiro 106 anuacutencios do

estado de Santa Catarina e 783 anuacutencios do estado de Satildeo Paulo totalizando 1643

anuacutencios impressos em jornais do seacuteculo XIX

Assim como na pesquisa de iniciaccedilatildeo cientiacutefica para que se estabelecesse um

criteacuterio para a anaacutelise que natildeo fosse tatildeo largo os anuacutencios que utilizamos foram os que

correram as matildeos dos leitores das cidades de Campinas Satildeo Paulo e Sorocaba cidades

estas em franco desenvolvimento no seacuteculo XIX devido agrave produccedilatildeo cafeeira aleacutem da

suma importacircncia histoacuterica e econocircmica dessas cidades para o estado de Satildeo Paulo e

posteriormente para o Brasil As cidades escolhidas se enquadram perfeitamente na

proposta do trabalho por figurar muito bem a dicotomia ruralurbano e o processo

civilizatoacuterio aleacutem do afatilde pela modernidade

Assim da obra de GUEDES amp BELINK foram utilizados 523 anuacutencios e a estes

foram adicionados mais 61 anuacutencios levantados a partir do site do ARQUIVO

PUacuteBLICO DO ESTADO DE SAtildeO PAULO que disponibiliza perioacutedicos digitalizados

Desses 584 anuacutencios analisados foram levantados 74 lexemas construiacutedos a partir

de raiacutezes gregas Essas 74 ocorrecircncias figuram em exatos 181 anuacutencios dos 584

17

analisados E se dividem em 42 lexemas que se ligam agrave linguagem meacutedica ou

relacionada agrave sauacutede 26 nominam objetos de tecnologia maquinal e 6 desses se

relacionam com questotildees culturais ou faziam parte das classes estritamente gramaticais

como se poderaacute notar nos apecircndices do trabalho onde estatildeo digitados todos os anuacutencios

integralmente

Apoacutes a coleta do corpus foi efetuada a anaacutelise de cada um dos lexemas de modo a

tabelaacute-los dando a conhecer o perioacutedico de onde foi extraiacutedo o anuacutencio a data em que o

anuacutencio foi publicado e a cidade de publicaccedilatildeo do jornal que serviu como veiacuteculo de

divulgaccedilatildeo assim como as entradas lexicais em dicionaacuterio etimoloacutegico e entradas em

dicionaacuterio de Liacutengua Portuguesa de modo a se ter um quadro sinoacutetico de cada um dos

lexemas que foram tomados como empreacutestimo

A isso se seguiu o estudo mais detalhado dos lexemas que deu origem aos textos

analiacuteticos que constituem o trabalho

Sobre as anaacutelises a partir do lexema presente em cada um dos anuacutencios

analisados procurou-se estabelecer a conexatildeo entre o lexema e a construccedilatildeo do discurso

dos anuacutencios que deles fezeram uso de modo a clarificar a intenccedilatildeo dessa associaccedilatildeo

nomegtnovidade tecnoloacutegicagtmodernidadegtcivilizaccedilatildeo

As escolhas para a contruccedilatildeo do texto desta dissertaccedilatildeo que lhes eacute apresentado e a

forma como foi idealizado intenta fazer dele um texto teacutecnico mas que natildeo fosse

maccedilante de ser lido e que desse algum prazer aos leitores

Trataremos de inovaccedilatildeo tecnoloacutegica Para tanto foi feito uso de inovaccedilotildees a que

noacutes temos disponibilidade como a internet por exemplo para a construccedilatildeo deste

trabalho

18

2 Linguagem como distintivo de humanidade

Quando um beletrista se propotildee a anaacutelisar sua liacutengua materna a necessidade de

por um lado analisar com paixatildeo de trabalhar com um objeto que lhe pertence por

fazer parte de um ldquosirdquo do qual eacute inseparaacutevel indissociaacutevel procurar por fina forccedila por

outro lado certo distanciamento para que se imprima em sua pesquisa certo teor de

objetividade cientiacutefica chacoalha o pesquisador de um modo que se lhe for permitido

o amalgama da objetividade cientiacutefica e subjetividade apaixonada poriam juntas cada

um dos ladrilhos que comporiam a obra final desse pesquisador que se dispotildee a

discorrer de algo que eacute tatildeo seu

Como eacute possiacutevel analisar a relaccedilatildeo loacutegica de uma liacutengua que se propotildee a nominar

coisas a partir de sua relaccedilatildeo direta com essas mesmas coisas sem levar em

consideraccedilatildeo as mais variadas accedilotildees possiacuteveis no estabelecimento dessas relaccedilotildees que

podem ser tatildeo plurais

Os mitos as crenccedilas e as religiotildees nos trazem narrativas que atribuem agrave origem

das linguagens agraves ldquoforccedilas divinas aos animais e a seres fantaacutesticos que o homem teria

imitadordquo (KRISTEVA 1969)

Quando o Deus da mitologia judaico-cristatilde terminou sua obra de construccedilatildeo da

Terra assim como a criaccedilatildeo dos animais e do homem foi dada a este a responsabilidade

pela nomeaccedilatildeo de toda a criaccedilatildeo que era divina

ldquoHavendo pois o SENHOR Deus formado da terra todos os animais do

campo e todas as aves dos ceacuteus trouxe-os ao homem para ver como este lhes

chamaria e o nome que o homem desse a todos os seres viventes esse seria

o nome deles

Deu nome o homem a todos os animais domeacutesticos agraves aves dos ceacuteus e a

todos os animais selvaacuteticos[]rdquo

(Gecircnesis II 19-20)

A citaccedilatildeo nos serve para estabelecermos a diferenccedila entre os humanos e demais

animais ainda no que diz respeito a crenccedilas e mitos que justificam a humanidade A fala

eacute atributo humano assim como a gama de tecnologias que foram desenvolvidas por

causa dela e por ela

19

A liacutengua em si eacute um ato poliacutetico pois a liacutengua eacute algo proacuteprio da humanidade e

como disse o filoacutesofo Aristoacuteteles ldquoo homem eacute um ser poliacuteticordquo Posto dessa forma

talvez seja necessaacuterio esclarecer qual a nossa percepccedilatildeo nossa leitura dessa frase neste

ponto para que natildeo haja ruiacutedo algum quando se dispuserem a ler este trabalho

Tomamos o termo ldquopoliacuteticardquo respeitando o sentido primeiro Aquele expresso por

Platatildeo quando pensou utopicamente certa organizaccedilatildeo dos homens que viviam em

comunhatildeo na polis Como sabemos essa comunhatildeo se restringia a um nicho social que

natildeo era total que natildeo assistia todos os que habitavam a Heacutelade mas uma classe bem

pequena restrita aos nativos ignorando os estrangeiros e escravos e mais do que isso as

mulheres atenienses porque foi em Atenas onde esse ideaacuterio nasceu

A vida em clatildes e tribos destoa organizacionalmente exatamente quando se passa

para o niacutevel seguinte da sociabilizaccedilatildeo Fazem-se necessaacuterias organizaccedilotildees tanto

estruturais quanto no que concerne ao mando para com outrem Poliacutetica vai aleacutem do

governo Antes se refere agrave organizaccedilatildeo dentro de uma sociedade que de certa forma eacute

de responsabilidade de todos e cada um Dessa maneira as interaccedilotildees cotidianas entre

aqueles que dividem os espaccedilos da polis satildeo atos poliacuteticos Dentro das famiacutelias as

interaccedilotildees entre pais e filhos filhos e pais filhos e filhos as ideias de paternidade

ldquofiliedaderdquo e fraternidade nada satildeo aleacutem de praacuteticas poliacuteticas que se enquadram em

determinada perspectiva de organizaccedilatildeo perspectiva essa da qual comungamos ainda

hoje devido nossa histoacuteria e heranccedila cultural

Cai-se em equiacutevoco quando se compara o ser humano com os demais animais

postos na natureza Atestamos aqui que natildeo o somos O ser humano eacute uacutenico Bem ou

mal bom ou mau estamos nessa existecircncia para procurar significaccedilatildeo e para darmos

significaccedilatildeo atraveacutes de nossas accedilotildees Mesmo que estejamos fadados uns mais que

outros ao esquecimento e que o que se fique para a posteridade seja apenas para noacutes

mesmos seres humanos por meio de nossas instituiccedilotildees idealizaccedilotildees e praacuteticas

poliacuteticas

De comunidade agrave sociedade a humanidade se construiu visando a um status que

se desejasse civilizado Cada etapa desse processo civilizatoacuterio eacute acompanhada por

tecnologias que impulsionaram o status anterior ao proacuteximo patamar Para cada salto

aleacutem uma revoluccedilatildeo tecnoloacutegica

20

ldquoPara a fundaccedilatildeo de uma sociedade eacute inevitaacutevel que notemos alguns

contingenciamentos que conformem as culturas O primeiro diz respeito agrave

condiccedilatildeo bioloacutegica humana que a uniformiza Em virtude desse

contingenciamento as culturas desenvolvem normas uniformes de orientaccedilatildeo

da ldquoaccedilatildeo adaptativardquo e meios para tirar deles materiais para a sobrevivecircncia e

multiplicaccedilatildeo da espeacutecie o segundo eacute a criaccedilatildeo de ldquopautas culturaisrdquo que

determinem e propiciem a ordenaccedilatildeo e interaccedilatildeo social e por uacuteltimo o

contingenciamento de natureza psicoloacutegica A tudo isso sobreveacutem um

imperativo elementar de natureza propriamente cultural que consiste na

capacidade humana de comunicaccedilatildeo simboacutelica pois eacute atraveacutes da linguagem

que todos os outros contingenciamentos podem ser guardados como heranccedila

cultural e transmitidos de geraccedilatildeo a geraccedilatildeo Desta forma todo

desenvolvimento posterior depende de caracteriacutesticas de patrimocircnios preacute-

existentes Com isso em mente eacute de se depreender que as culturas se

desenvolvem pela acumulaccedilatildeo de ldquocompreensotildees comuns e pelo exerciacutecio de

opccedilotildees como um desdobramento dialeacutetico das potencialidades de conduta

cultural cuja resultante eacute o fenocircmeno humano em toda a sua variedaderdquo A

possibilidade de repassar agraves novas geraccedilotildees o que se alcanccedilou

tecnologicamente na geraccedilatildeo anterior atraveacutes das linguagens eacute que possibilita

que as culturas natildeo precisem regressar agraves suas bases iniciais podendo dar

continuidade sequencial agraves tecnologias ou adaptando-as para garantir seu

desenvolvimentordquo

(SILVA 2011 p 10)

Das tecnologias idealizadas pela humanidade ao longo de sua existecircncia a mais

singular e importante para que se realizasse concretamente seu afatilde pela procura de

significaccedilatildeo sem sombra de duacutevidas foi a linguagem O desenvolvimento da fala e

consequentemente da escrita que consolida de forma mais duradoura as expressotildees do

pensamento satildeo ferramentas tecnoloacutegicas capazes de atestar a condiccedilatildeo humana por

uma via ademais essas ferramentas satildeo essenciais para que seja possiacutevel o estudo do

desenvolvimento histoacuterico da humanidade

ldquoA comunicaccedilatildeo significa o proacuteprio momento da Humanizaccedilatildeo naquele

sentido de ldquoexpressatildeo simboacutelicardquo que segundo LESLIE WHITE decorreu

do ldquoprocesso natural da evoluccedilatildeo orgacircnicardquo e conduziu agrave ldquopreservaccedilatildeo ndash

acumulaccedilatildeo e progressordquo RUTH BENEDICT refere-se a esse ldquoprocesso

essencialmente humano de inventar e transmitir suas invenccedilotildeesrdquo como um

21

fenocircmeno diretamente relacionado aos seguintes elementos culturais o

domiacutenio do fogo a linguagem e as ferramentas de pedrardquo

(MELO 1973 p 24)

Reiterando a cada passo rumo agrave civilidade dado pela humanidade de acordo com

a perspectiva eurocecircntrica acompanha uma inovaccedilatildeo tecnoloacutegica assim como a cada

revoluccedilatildeo tecnoloacutegica o ser humano daacute um passo rumo agrave civilidade Por ora natildeo

discorreremos acerca do ser bom ou ruim as inovaccedilotildees ou mesmo a necessidade humana

em e distanciar do que eacute mais natural afinal talvez seja da natureza humana a aversatildeo agrave

natureza

21 Investigaccedilotildees relativas agrave linguagem

Os estudos de pesquisadores modernos de liacutenguas antigas aquelas que natildeo

possuem registros histoacutericos materiais e a ambiccedilatildeo de determinar com propriedade uma

ldquopreacute-histoacuteriardquo3 da linguagem deram alguns frutos que apesar de interessantes ateacute

palataacuteveis natildeo puderam e natildeo podem ser tomados com propriedade por figurarem como

interessantes natildeo datildeo conta de responder a todos os questionamentos que surgiram e

que ainda surgem com relaccedilatildeo agrave gecircnese da propriedade linguiacutestica humana A falta de

material testemunhal para que se pudesse atestar com veemecircncia uma conclusatildeo impede

que esses estudos sejam categoacutericos

A questatildeo para esses estudiosos eacute haacute uma liacutengua a partir da qual todas se

desdobraram

Uma questatildeo intereressante que merece estudo mas o que nos diz respeito eacute o

uso natildeo o gecircnese

O que podemos observar quanto agrave utilidade social eacute que toda e qualquer

linguagem adquire assim que postas na vida praacutetica certa associaccedilatildeo e relaccedilatildeo com a

necessidade de correspondecircncia poliacutetica obviamente quando posta numa relaccedilatildeo menos

privada

3 Em Kristeva (1969) nesta obra eacute apresentada certa historicidade do estudo do que aqui chamamos assim

como na nessa obra ldquopreacute-histoacuteria da linguagemrdquo citando estudiosos e momentos distintos dessa investigaccedilatildeo

assim como algumas metodologias e levantamento de possibilidades

22

Para noacutes interessaratildeo as investigaccedilotildees e trabalhos realizados pelos helenos e

helenistas no que se refere agrave teorizaccedilatildeo acerca da liacutengua e linguagens pelo menos neste

primeiro momento Os gregos natildeo foram os primeiros tampouco os uacutenicos a se

debruccedilarem e investigarem os objetos linguiacutesticos Entretanto fato eacute que eles foram os

que mais influenciaram as civilizaccedilotildees que se desenvolveram no ocidente o que nos

inclui durante seacuteculos Segundo KRISTEVA (1969) ldquoEstabelecendo as bases do

raciociacutenio moderno a filosofia grega forneceu tambeacutem os princiacutepios fundamentais

segundo os quais a linguagem foi pensada ateacute nossos diasrdquo

Demoacutecrito historicamente foi o primeiro a contestar agravequeles filoacutesofos que

atribuiacuteam agrave liacutengua um caraacuteter materialista como Heraacuteclito que afirmava que havia

certo teor reflexivo entre as coisas nomeadas e seus nomes como se o nome carregasse

consigo partes indissociaacuteveis daquilo a que nomeava Demoacutecrito atestava que os nomes

se davam por convenccedilatildeo social Em suma o pensamento desse grego e de outros

pensadores que o procederam ldquoentende a linguagem como um sistema formalrdquo

(KRISTEVA 1969) que se relaciona ao que estaacute no mundo de maneira distinta

convencionalmente e arbitrariamente A autonomia da liacutengua estabelece conjuntamente

a autonomia do sujeito que faz uso dela

Uma vez sujeito o uso que se pode fazer da linguagem pode ser vaacuterio Os sofistas

ganhavam a vida transferindo seus saberes acerca da linguagem para a construccedilatildeo de

discursos capazes de cumprir seu papel de efetivo convencimento dos interlocutores

daqueles que pagavam por suas aulas

ldquo[] a escola retoacuterica da Greacutecia se dedicou ao cuidado da orthoacutetes que aiacute jaacute

natildeo tem o sentido de verdade metafiacutesica falar de modo justo (orthoacutes) eacute usar

uma linguagem correta As palavras devem ser bem compostas bem soantes

e bem aplicadasrdquo

(NEVES 2004 p 41)

A liacutengua era no periacuteodo homeacuterico uma ferramenta que poderia ser utilizada para

transmitir ensinamentos atraveacutes da criaccedilatildeo e transmissatildeo dos mitos visando ao

estabelecimento de uma sociedade que dividisse os mesmos ideais espelhados em heroacuteis

e homens maiores

23

A constituiccedilatildeo das polis e em Atenas o advento da democracia faz surgir uma

nova demanda que tinha na linguagem sua ferramenta essencial

Nas decisotildees que eram tomadas em assembleias se fazia necessaacuteria a exposiccedilatildeo de

argumentos vaacutelidos sobre uma ou outra via que devessem tomar em conjunto

Convencer o outro ou outros era entatildeo uma necessidade social pois a decisatildeo

influiria na vida de todos Logo escolher os termos que comporiam o discurso de forma

cuidadosa procurando a correccedilatildeo na utilizaccedilatildeo dos nomes e das partes do discurso para

que se evitasse qualquer defeito garantiria a efetivaccedilatildeo de sua funccedilatildeo primordial naquele

contexto convencer

A construccedilatildeo do discurso para os sofistas executava uma funccedilatildeo praacutetica

persuadir seu interlocutor com uma construccedilatildeo bem acabada sim mas que poderia ser

manipulada de acordo com a vontade daquele que o constroacutei o que natildeo lhe garante

relaccedilatildeo com a verdade As palavras se relacionam dentro do discurso a partir do

pensamento humano segundo idealizaccedilatildeo sofiacutestica natildeo se estabelecendo qualquer

investigaccedilatildeo com o mundo externo a ele para aleacutem da palavra Para os sofistas devido

agrave preeminecircncia do logos eacute impossiacutevel falar falso O discurso para os sofistas se

relaciona somente consigo mesmo assim o que eacute dito eacute verdade natildeo havendo

possibilidade de falseamento discursivo desde que as formas se associem a contento de

maneira justa

Mesmo que a relaccedilatildeo entre as coisas e os nomes das coisas tenha sido estabelecida

de maneira arbitraacuteria atraveacutes de convenccedilotildees sociais quando aceita e posta em uso a

relaccedilatildeo nomegtcoisa se torna indissociaacutevel para aquela sociedade mesmo que no

decorrer do tempo o nome seja transferido para outra coisa a relaccedilatildeo primeira continua

vaacutelida por causa da relaccedilatildeo estabelecida na hora da escolha do nome

Para Platatildeo a palavra natildeo eacute autocircnoma natildeo se encerra em si de maneira reflexiva

mas antes se relaciona com algo que lhe eacute exterior Dessa forma contrariando o

pensamento sofiacutestico eacute possiacutevel dizer verdades e mentiras uma vez que natildeo se respeite

a relaccedilatildeo nomegtcoisa A palavra deve ser instrumento para a procura e estabelecimento

da verdade porque as palavras satildeo representaccedilotildees da realidade assistida e comungada

por todos que fazem parte da sociedade O exerciacutecio da dialeacutetica idealizado por Platatildeo

se contrapotildee ao uso retoacuterico dos sofistas por procurar a verdade atraveacutes do uso da

palavra

Na obra platocircnica ldquoCraacutetilordquo o filoacutesofo trata da questatildeo da justeza dos nomes

24

ldquoContrariando agrave tese de Protaacutegoras as coisas existem por si mesmas de

acordo com sua essecircncia natural haacute nas coisas mesmas uma certa firmeza

uma essecircncia permanente (386d) que natildeo depende de noacutes e de nosso modo

de vecirc-las Haacute pois um eicircdos uma ldquoideiardquo das coisas E se isso ocorre com

as coisas assim tambeacutem com as accedilotildees [] Logo as accedilotildees se realizam

segundo sua proacutepria natureza natildeo conforme nossa opiniatildeo (387a) Assim as

accedilotildees tambeacutem tecircm seu eicircdos Ora falar eacute uma accedilatildeo e assim tem tambeacutem seu

eicircdos falaraacute justamente quem disser as coisas como elas devem ser ditas

(387c) E se o nomear eacute uma parte importante do falar tambeacutem haacute um eicircdos

do nome (387d)rdquo

(NEVES 2004 p49)

Havendo portanto um eicircdos em cada palavra que nomeia as coisas objetos ou

accedilotildees entendemos com isso que a linguagem eacute em si uma arte e como arte entendemos

teacutechne e ldquoa teacutechne eacute o fazer conforme a natureza eacute o fazer de acordo com o eicircdosrdquo

(NEVES 2004)

O ato de nomear deve se relacionar com o plano do preexistente Aquele que

nomeia deve procurar a melhor maneira de dar nome ao que jaacute faz parte da realidade

dele mesmo e dos outros mesmo que a existecircncia ainda esteja no mundo das ideias

como algo planejado para se dar agrave luz ldquoCriar palavras consiste em encontrar um

invoacutelucro para essa ideia jaacute existenterdquo (Kristeva 1969)

Ora se assim se pensa o papel de nomeador sendo de suma importacircncia natildeo

pode ser destinado a qualquer pessoa segundo o pensamento Claacutessico Essa moira essa

responsabilidade eacute destinada agravequele que responsavelmente conhece o eicircdos dos objetos

das coisas por se tratar do mais raro dos demiourgoacutes eacute destinada ao nomotheacutetes ao

legislador4

A constituiccedilatildeo do leacutexico de uma liacutengua depende indubitavelmente da accedilatildeo do

homem no mundo pois eacute a partir das interaccedilotildees humanas com a realidade que as

necessidades surgem uma vez que essas necessidades precisam ser supridas formas

maquinais satildeo idealizadas para a resoluccedilatildeo de situaccedilatildeo problema ainda que a

4 KRISTEVA (1969) e NEVES (2004) nos ensinam sobre a importacircncia da figura do legislador no ideaacuterio

platocircnico Dentro da utopia do filoacutesofo a importacircncia do legislador em nomear aquilo que natildeo possuiacutea

nome se pelo seu conhecimento adquirido a partir da sua relaccedilatildeo com a natureza das coisas

25

maquinaccedilatildeo seja imaginativa como o raciociacutenio para a soluccedilatildeo de um problema

maquinaccedilotildees Entretanto a noacutes interessa mesmo o que se produz de fiacutesico como

ferramenta construiacuteda pela humanidade Uma vez que a ferramenta seja inovadora o

nome dela tambeacutem seraacute novo e seraacute incorporado pelo leacutexico quando essa nova

tecnologia se disseminar pela necessidade de outros seres humanos

22 O Leacutexico da Liacutengua Portuguesa

A Liacutengua Portuguesa que eacute nosso instrumento primeiro de anaacutelise faz parte de

um grupo de liacutenguas denominadas romacircnicas neolatinas ou liacutenguas latinas Aqui

quando necessaacuterio seraacute utilizada a primeira nomeaccedilatildeo citada Essas liacutenguas se

formaram a partir do contato do Latim com outras liacutenguas em momentos de expansatildeo

territorial de Roma Na eacutepoca o latim que se misturava agraves outras liacutenguas jaacute se

diferenciava da liacutengua matildee em geral devido a fatores geograacuteficos e tudo o que se pode

notar tendo esse fator como iniacutecio de diferenciaccedilatildeo

O termo ldquoLeacutexicordquo se refere agrave infinidade de palavras que compotildeem as liacutenguas e

serve de objeto de muitos estudos por parte daqueles que desejam entender melhor o

funcionamento das formas seja num plano macro ou micro seja na maneira como as

formas lexicais satildeo compostas seja na maneira como as formas lexicais se relacionam

entre si

LUumlDTKE (1974) levanta um questionamento quanto a uma perspectiva que

antigamente era disseminada entre os lexicoacutegrafos em sua obra ldquoHistoacuteria del Leacutexico

Romaacutenicordquo A perspectiva de que uma palavra soacute poderia ser considerada parte do

leacutexico de determinada liacutengua quando dicionarizado Obviamente essa visatildeo eacute

considerada ultrapassada mas pode nos servir para delinear um raciociacuteneo

Se uma palavra pode ser tida como parte do leacutexico de uma liacutengua somente quando

dicionarizada isso quer dizer que somente as comunidades linguiacutesticas com um niacutevel

civilizatoacuterio que faccedilam uso da modalidade escrita possuem leacutexico Haacute de se notar que

os dicionaacuterios fazem uso de uma tecnologia que pode natildeo ser comungada por todas as

comunidades linguiacutesticas Haacute ainda no seacuteculo XXI liacutenguas somente orais ignorando as

teacutecnicas de escrita Para levarmos esse assunto adiante demos voz ao proacuteprio

especialista

26

ldquoSin embargo no debemos olvidar los siguientes hechos

1) Muchas lenguas de la tierra posiblemente la mayoriacutea no son lenguas

escritas sino soacutelo habladas Es maacutes no hay una lengua que sea soacutelo escrita

La lengua hablada es universal la escrita no

2) Todas la lenguas escritas actuales fueron en alguna eacutepoca anterior

soacutelo lenguas habladas no escritas

3) Incluso en una sociedad altamente civilizada con gran consumo de

papel no hay persona que diacutea a diacutea no hable maacutes de lo que escribe y oiga

maacutes de lo que leerdquo

(LUumlDTKE 1974 p 12)

Dessa maneira quando estudamos o leacutexico devemos partir sempre que possiacutevel

da liacutengua falada partir do que ldquovai na boca do povordquo ou seja algo que de fato jaacute estaacute

estabelecid A fala em si natildeo existe mas antes acontece Quando se trabalha tendo

como objeto o leacutexico devemos tecirc-lo como parte integrante da liacutengua assim como a

foneacutetica a morfologia a semacircntica Aleacutem de ter clara a impossibilidade de se trabalhar

com a liacutengua falada como material passiacutevel de observaccedilatildeo empiacuterica A fala eacute fenocircmeno

natildeo um sistema estabelecido (LUumlDTKE 1974)

Como anteriormente neste trabalho a Liacutengua Portuguesa faz parte de um grupo de

demais liacutenguas que se enquadram no que chamamos de liacutenguas romacircnicas Esse grupo

linguiacutestico pode ser entendido em sentido estrito como as ldquocontinuadorasrdquo do latim

(LUumlDTKE 1974) assim como ldquocatalatildeo sardo italiano francecircs espanholrdquo ainda

podendo abranger alguns dialetos e mesmo outras liacutenguas que com o passar dos vaacuterios

seacuteculos se extinguiram Haacute outra perspectiva mais ampla a de que as liacutenguas citadas

natildeo satildeo filhas do latim uma vez que este uacuteltimo persiste em Roma como liacutengua

evoluindo assim como todas as liacutenguas vivas por estar viva sofrendo inclusive

influecircncia das liacutenguas romacircnicas em sua constituiccedilatildeo o que inclui o latim no rol de

liacutenguas romacircnicas Prova disso pode ser a comparaccedilatildeo entre o latim atual e o latim do

tempo de Ciacutecero (LUumlDTKE 1974)

Perceber a Liacutengua Portuguesa como liacutengua romacircnica nos faz perceber de onde o

leacutexico de nossa liacutengua teve origem carregando consigo novas possibilidades de se ver o

mundo e com este interagir A parte que mais nos interessa quando olhamos para as

27

influecircncias de outras liacutenguas no leacutexico latino eacute sem duacutevidas a do mundo helecircnico e

heleno

A Greacutecia antes do estabelecimento de relaccedilotildees com Roma tinha forte influecircncia

econocircmica e poliacutetica na regiatildeo em que se encontra exatamente por sua posiccedilatildeo

geograacutefica privilegiada A relaccedilatildeo entre os macedocircnios e o mundo grego

principalmente com o mais importante deles dos macedocircnios Alexandre o Grande que

foi responsaacutevel pela disseminaccedilatildeo do modus vivendi helecircnico dentro do territoacuterio que

vinha a ser seu Impeacuterio demonstra a importacircncia dada agrave civilizaccedilatildeo grega exatamente

por ser dentre as que a rodeavam a terra natal do imperador uma das mais civilizadas

culturalmente Conta-se que Alexandre ia agraves suas incursotildees levando consigo sempre

uma ediccedilatildeo manuscrita da Iliacuteada a qual a anedota diz que usava como travesseiro aleacutem

do fato sabido de que seu preceptor era nada mais nada menos que o filoacutesofo que viveu

em Atenas sendo disciacutepulo de Platatildeo Aristoacuteteles fundador do Liceu A importacircncia

poliacutetica da liacutengua grega devido a sua importacircncia poliacutetica estaacute atrelada

ldquoHablemos ahora de la influencia del latiacuten o dicho de manera maacutes general

del influjo de la cultura mediterraacutenea en tanto que lengua latina Esta

influencia se extendioacute fundamentalmente a todas las lenguas del Imperio

romano Bien es verdad que la parte oriental (aproximadamente la mitad

oriental) tuvo una situacioacuten privilegiada Antes de la llegada de los romanos

era el griego el que dominaba en esta parte como consecuencia de la

conquista de Alexandre Magno Mantuvo su posicioacuten dominante durante

todas las eacutepocas del Imperio romano Los liacutemites entre las zonas de

influencia latina y griega estaban en la comarca del bajo Danubiordquo

(LUumlDTKE pg 30)

Muitos territoacuterios que vieram a ser incorporados por Roma eventualmente agrave

eacutepoca eram culturalmente influenciados pelos gregos claramente a liacutengua era um dos

fatores de influecircncia

Ateacute o seacuteculo III a Greacutecia foi indubitavelmente a civilizaccedilatildeo de maior

importacircncia na Europa devido suas relaccedilotildees poliacuteticas econocircmicas e culturais com as

demais civilizaccedilotildees fato que explica inclusive porque a liacutengua grega foi

historicamente a que mais forneceu empreacutestimos lexicais agrave liacutengua latina tanto na liacutengua

falada quanto na liacutengua culta Outra anedota diz que se fosse real a frase de Juacutelio Ceacutesar

28

apoacutes o cliacutemax da conspiraccedilatildeo que levou o imperador a ser vaacuterias vezes apunhalado pelas

costas ateacute mesmo por seu amigo pessoal Marco Juacutenio Bruto ele natildeo diria ldquoEt tu

Bruterdquo mas antes ldquoκαί σῦ βρυτῆrdquo devido a importacircncia que a liacutengua grega na

eacutepoca servindo ateacute como siacutembolo de status

Fato eacute que a contribuiccedilatildeo lexical grega ao latim foi profiacutecua seja de forma direta

ou indireta Muitos empreacutestimos que realizados pelo latim se deu a partir do contato

com outros povos que por sua vez agregaram a sua proacutepria liacutengua formas lexicais

gregas Caso em que se pode supor este movimento cita LUumlDTKE quando fala da

relaccedilatildeo entre os gregos e etruscos A relaccedilatildeo entre esses dois povos se deram

concomitantemente ao contato dos gregos e romanos ou quiccedilaacute anteriormente Tanto

etruscos como romanos receberam influencia em seu leacutexico dos gregos aleacutem daqueles

tambeacutem manterem relaccedilotildees em si o que apesar de natildeo se pode afirmar com toda a

certeza nos dar a suposiccedilatildeo de que algumas palavras do leacutexico grego tenham sido

passadas indiretamente atraveacutes dos etruscos

Os empreacutestimos lexicais cobrem vaacuterias classes gramaticais sendo de vaacuterias

modalidades (empreacutestimos vocabulares de formaccedilatildeo e semacircnticos assim como aqueles

em que haacute modificaccedilatildeo no campo semacircntico) sobre os quais natildeo nos cabe discorrer aqui

e agora afinal essa parte do trabalho se presta mais a justificar a relaccedilatildeo histoacuterica entre

as liacutenguas que refletiraacute nas demais liacutenguas romacircnicas

O fenocircmeno sobre o qual vimos discorrendo ateacute o momento podemos acomodar

numa linha temporal inicial ainda no estabelecimento do latim como uma liacutengua Na

ascensatildeo do latim enquanto dialeto agrave liacutengua Nessa linha eacute importante notar os

empreacutestimos que vieram num uacuteltimo fenocircmeno culturalhistoacuterico de suma importacircncia

para a liacutengua latina eacute que o advento do cristianismo uma vez que devido agrave importacircncia

da liacutengua grega foi nela em que se foi procurar por lexemas que dessem conta da nova

realidade vivida no impeacuterio romano

ldquoSon caracteriacutesticas del preacutestamo directo de palabras griegas las

denominaciones del edificio para culto cristiano No se toma templum por

estar asociada esta palabra a muchas ideas paganas sino en su lugar se

usaron las gr ἐκκλησία y βασιλικήrdquo

(LUumlDTKE 1974 p59)

29

Aleacutem dos lexemas citados acima pelo autor ligados ao cristianismo muitos

outros que nominam ldquocargosrdquo clericais ou ainda atos lituacutergicos foram adotadas pelo

latim para dar conta dessa novidade Haacute de se notar que o Novo Testamento foi escrito

natildeo em sua totalidade mas essencialmente em grego mais especificamente em um

dialeto denominado koineacute que era o grego falado pelos judeus da eacutepoca em que foram

escritos os livros que compotildeem a obra religiosa E assim como os empreacutestimos

anteriores os desse tipo tambeacutem satildeo proliacuteferos e cobrem muitas classes gramaticais e

formas de empreacutestimos Sobre esses lexemas pretendemos nos debruccedilar com mais

atenccedilatildeo no decorrer da anaacutelise das entradas lexicais na Liacutengua Portuguesa mais a frente

O Impeacuterio Romano conheceu seu apogeu no seacuteculo II dC tanto em sua

importacircncia militar quanto poliacutetica e influencia religiosa O que se nota historicamente

no que se segue eacute a imensa onda de invasotildees de povos os quais os romanos

denominavam baacuterbaros que cindiu o Impeacuterio politicamente por se tratar de um

territoacuterio grande demais para que se pudesse governar de forma centralizada como vinha

sendo ateacute entatildeo

ldquoCom as invasotildees germacircnicas no Ocidente e eslavas no Oriente ocorreu uma

grande fragmentaccedilatildeo poliacutetica e linguiacutestica e os povos falantes de latim

localizados em proviacutencias tatildeo distantes como a Daacutecia e a Lusitacircnia

mantiveram traccedilos de romanizaccedilatildeo em graus variados que dependiam

basicamente da antiguidade da romanizaccedilatildeo do periacuteodo em que ficaram

submissas ao Impeacuterio e da profundidade dos contatos essas proviacutencias

entatildeo acabaram desenvolvendo dialetos mais ou menos proacuteximos ao latim

vulgar O desenvolvimento da Romacircnia posterior ou Romacircnia Medieval

deu-se em parte por causa desses fatores mas tambeacutem dependeu dos contatos

linguiacutesticos com os povos falantes de outras liacutenguas que jaacute se encontravam

nos territoacuterios conquistados (falantes das chamadas liacutenguas de substrato)

com os falantes das liacutenguas dos povos que vieram a conquistar os territoacuterios

romanizados (falantes das liacutenguas de superestrato) e com os povos falantes de

liacutenguas como o grego que conviveram com os falantes de latim em vaacuterias

regiotildees em situaccedilatildeo de bilinguismo por muito tempo (falantes de liacutenguas de

adstrato)rdquo

(GONCcedilALVES e BASSO 2010 p41)

30

O que determinou a instituiccedilatildeo das liacutenguas romacircnicas como se diz foi a forma e

o tempo de contato entre o Impeacuterio e as aacutereas dominadas Assim agraves aacutereas de maior

contato uma maior influecircncia de menor contato uma menor influecircncia Com a queda

do Impeacuterio Romano em 476 dC regiotildees como as em que hoje se instauram naccedilotildees

como a Inglaterra a regiatildeo dos bascos parte do que hoje eacute a Beacutelgica e outras aacutereas em

que a dominaccedilatildeo romana ocorreu de maneira que podemos chamar de fraca ldquoacabaram

desenvolvendo liacutenguas natildeo romacircnicas ainda que mantivessem influecircncias do latim

vulgar em seu substratordquo (GONCcedilALVES BASSO 2010) Ainda nas regiotildees em que o

latim mostrou-se mais influente a distacircncia entre os falantes dessas regiotildees e o latim

original era bastante grande Dialetos surgiram dentro desses lugares e tomaram forccedila

se distanciavam do latim culto e mesmo da primeira modalidade de latim vulgar que os

influenciaram

Entre invasotildees baacuterbaras e movimentos de reconquista estatildeo os movimentos

inerentes ligados a desenvolvimentos e movimentos linguiacutesticos importantes para

nossas anaacutelises A efetiva constituiccedilatildeo de Portugal como naccedilatildeo na peniacutensula Ibeacuterica e a

evoluccedilatildeo de uma liacutengua portuguesa a partir de todo o movimento que tentamos traccedilar

ateacute este momento neste texto nos mostra como a constituiccedilatildeo lexical de nossa liacutengua

vem fixando era a era e assim podemos entender sua formaccedilatildeo

ldquoUm dos momentos mais importantes da histoacuteria de Portugal se deu em

virtude das alianccedilas poliacuteticas derivadas dos movimentos de Reconquista

Assim em virtude de seu sucesso na luta contra os aacuterabes D Raimundo e

seu primo D Henrique receberam respectivamente de D Afonso VI rei de

Leatildeo e Castela sua filha Urraca e a regiatildeo da Galiza e sua filha bastarda

Tareja e a regiatildeo desmembrada da Galiza chamada Condado Portucalense D

Henrique administra o condado sob a tutela de D Raimundo de modo que o

condado ainda fosse submisso agrave Galiza No entanto D Henrique ao morrer

deixa o comando do condado a sua mulher Tareja Seu filho D Afonso

Henriques descontente com a nova vida amorosa de sua matildee em 1128 vence

a batalha de Satildeo Mamede e se proclama rei Em 1143 Afonso VII rei de

Leatildeo reconhece sua realeza que foi ratificada pelo papa Alexandre III em

1173 Portugal passa a ser entatildeo independente da Galiza e D Afonso

Henriques continua a expansatildeo em direccedilatildeo ao sul que D Afonso III

completa em 1250 com a conquista do Algarve de modo a fixar as fronteiras

31

atuais de Portugal Durante todo esse periacuteodo ateacute o seacuteculo XIV a liacutengua de

Portugal e da Galiza era a mesma o galego-portuguecircsrdquo

(GONCcedilALVES BASSO 2010 p 75)

A histoacuteria das naccedilotildees europeias enquanto constituiccedilatildeo poliacutetica tomada de poder

por uns perda de prestiacutegio por outros entre o iniacutecio do calendaacuterio cristatildeo e o ano de

fundaccedilatildeo do reino de Portugal eacute marcada por disputas acirradas de perdas irreparaacuteveis

no que tange dialetos e mesmo idiomas que se encontravam nos campos de batalha

(GONCcedilALVES BASSO 2010) Mas eacute preciso darmos alguns passos atraacutes para

justificar o que argumentaremos adiante

23 Projeto de naccedilatildeo portuguecircs para Portugal

Eacute importante para o nosso trabalho notar que obviamente o Renascimento

Cultural ocorrido no seacuteculo XV foi importantiacutessimo para a nova onda de empreacutestimos

lexicais devido a sua influencia nas ciecircncias e teacutecnicas que vieram a nascer No entanto

houve anteriormente um fato que nos eacute crucial Durante o Impeacuterio Caroliacutengio nos

anos finais do seacuteculo VIII dC Carlos Magno conseguiu alcanccedilar muitas vitoacuterias na

tentativa de resgatar o Impeacuterio Romano no Ocidente Viemos demonstrando a

importacircncia do ideaacuterio grego na constituiccedilatildeo do Impeacuterio Romano assim a noacutes nos

parece clara a retomada de certas praacuteticas gregas que influenciaram os latinos e que

influenciariam por sua vez os demais povos que se encontravam sob o jugo do Impeacuterio

Caroliacutengio

ldquoNo final do seacuteculo VIII Carlos Magno conseguira reunir grande parte da

Europa sob seu domiacutenio Para unificar e fortalecer o seu impeacuterio decidiu

executar uma reforma na educaccedilatildeo O monge beneditino Alcuiacuteno criou um

projeto de desenvolvimento escolar que buscou reviver o saber claacutessico

estabelecendo os programas de estudo a partir das sete artes liberais

o trivium ou ensino literaacuterio (gramaacutetica retoacuterica e dialeacutetica) e o quadrivium

ou ensino cientiacutefico (aritmeacutetica geometria astronomia e muacutesica) A partir do

ano 787 foram emanados decretos que recomendavam em todo o impeacuterio a

restauraccedilatildeo de antigas escolas e a fundaccedilatildeo de novas Institucionalmente

essas novas escolas podiam ser monacais sob a responsabilidade

32

dos mosteiros catedrais junto agrave sede dos bispados e palatinas junto

agraves cortesrdquo

(httpsptwikipediaorgwikiRenascenC3A7a_carolC3ADngia)

Para o bem ou para o mal Carlos Magno via a possibilidade de sucesso em suas

empreitadas e mesmo a manutenccedilatildeo de seu impeacuterio ser apoiada em uma elite que para

ele deveria ser culta uma vez que o aumento gradual de nobres avolumava-se em seus

domiacutenios Para tanto procurou atrair para seu reino uma quantidade significativa de

letrados e estudiosos de vaacuterias regiotildees do Ocidente e do Oriente (VIEIRA 2010)

Notemos que apesar da forte influecircncia do cristianismo no Impeacuterio Caroliacutengio a

quantidade de pensadores e intelectuais nessa eacutepoca foi vital para que a retomada dos

paradigmas da era antiga e claacutessica pudessem reflorescer nas artes e modo de pensar

como a praacutetica de exerciacutecios retoacutericos e dialeacuteticos nas escolas e mesmo pensamentos

mais ligado ao que hoje determinamos como pertencentes agrave aacuterea das exatas como o da

geometria astronomia e muacutesica

O renascimento caroliacutengio foi de suma importacircncia para que as formas lexicais

ora tomadas por empreacutestimo de outras liacutenguas que anteriormente tiveram contato com o

latim se cristalizassem e fossem lexicalizadas consequentemente pelas demais liacutenguas

que posteriormente sofressem influecircncia do Impeacuterio

Com esse raciociacutenio a forma como as naccedilotildees europeias se desenvolveram

inegavelmente se deu com certa influencia mesmo que indireta de pensamentos que

foram idealizados na Greacutecia claacutessica e antiga

Quando lembramos das aulas de literatura e histoacuteria assistidas na escola e

faculdade uma frase que sempre eacute martelada quando se fala do Renascimento que

aconteceu entre meados do seacuteculo XIV e o final do seacuteculo XVI eacute que este movimento

foi influenciado grandemente pela literatura claacutessica greco-romana assim como por

todo o prisma que se refere agraves artes Camotildees agrave eacutepoca fez renascer o gecircnero eacutepico com

sua principal obra Os Lusiacuteadas

Em Os Lusiacuteadas vemos a construccedilatildeo do discurso atraveacutes dos versos de um

imaginaacuterio que se devia prestar como grande propaganda dos feitos dos heroacuteis de sua

eacutepoca A narrativa que retoma o modelo eacutepico influenciado pelos cantos gregos e

posteriormente romanos procura nesse gecircnero literaacuterio a grandeza das naccedilotildees de onde

se bebe da aacutegua

33

Textualmente podemos ler a partir do verso 17 do primeiro canto quais foram as

obras a que o poeta recorreu para compor sua obra quando diz

ldquoCessem do saacutebio Grego e do Troiano

As navegaccedilotildees grandes que fizeram

Calle-se de Alexandre e de Trajano

A fama das victorias que tiveratildeo

Que eu canto o peito ilustre Lusitano

A quem Neptuno e Marte obedececircratildeo

Cesse tudo o que a Musa antiga canta

Que outro valor mais alto se alevantardquo

(CAMOtildeES 1639)

A forma o estilo e ainda o leacutexico escolhido pelo autor da maior epopeia

portuguesa jaacute escrita carrega consigo o atestado da necessidade em ser grande em

mostrar que Portugal era grande capaz de feitos heroicos atraveacutes de sua boa gente

guerreira

Discursivamente a obra carrega o ideaacuterio pretendido pela naccedilatildeo portuguesa Mas

perceba-se a comparaccedilatildeo entre Portugal e o Impeacuterio Romano e a Greacutecia Antiga devia

restringir-se enquanto importacircncia de sua grandeza assim como de seus feitos e de suas

figuras heroicas todavia o que quiseram transmitir foi que a forccedila era de uma naccedilatildeo

Natildeo descabidamente o que se deva cessar fossem os cantos das Musas que eram antigas

tampouco natildeo eacute sem intenccedilatildeo que o que se ldquoalevantardquo eacute posto em um tempo verbal que

se relaciona ao presente A modernidade e os feitos das personagens no poema se ligam

a uma ideia de modernidade que se comungava em Portugal ligada agraves navegaccedilotildees

ldquoSem duacutevida a descoberta de novas terras a ampliaccedilatildeo geograacutefica do mundo

satildeo feitos adequados a uma nova era que a partir do incremento do

mercantilismo e das decorrentes mudanccedilas sociais rompe de maneira

decidida com o periacuteodo medievalrdquo

(PEREIRA 2000 p 2)

O mundo europeu renascentista estava em processo de mudanccedila mudanccedila raacutepida

devido a exatamente estar sendo acossado pela ideia de modernizaccedilatildeo O feudalismo

34

estava em crise as formas de poder vigentes na eacutepoca estavam em crise Uma nova

classe social apresentava-se ao jogo e posteriormente viria modificar completamente as

formas de organizaccedilatildeo e relaccedilotildees poliacuteticas do velho mundo Com o nascimento da

classe burguesa e o incremento do mercantilismo novos ventos sopravam sobre velas

de Portugal que na eacutepoca era uma naccedilatildeo que devido seu investimento em tecnologias

navais e a sorte de sua posiccedilatildeo geograacutefica se apresentava como uma naccedilatildeo com poder

para governo (PEREIRA 2000) Para tanto o discurso nacionalista presente nOs

Lusiacuteadas se apresenta como ferramenta efetiva para atacar o pathos e entusiasmar seu

povo propagandeando um imaginaacuterio

O papel das epopeias gregas era sem duacutevida servir como ferramenta que

ensinasse seu povo a se espelhar nos heroacuteis que protagonizavam as aventuras proferidas

pelos aedos Natildeo em vatildeo as apresentaccedilotildees dessas obras ainda quando existiam apenas

enquanto tradiccedilatildeo oral aconteciam em situaccedilotildees em que houvesse plateia numerosa

ouvidos que pudessem se deleitar com os cantos que fariam bem agraves almas

enriquecendo-as com conhecimento daquilo que somente as divindades sabiam

segundo o ideaacuterio da eacutepoca A exortaccedilatildeo nos cantos eacutepicos gregos era destinada agraves

musas

ldquoA ira Deusa celebra do Peleio Aquiles

o irado desvario que aos Aqueus tantas penas

trouxe e incontaacuteveis almas arrojou no Hades

de valentes de heroacuteis espoacutelio para os catildees

pasto de aves repaces fez-se a lei de Zeus

()rdquo

(HOMERO I 1-55)

ldquoO homem multiversaacutetil Musa canta as muitas

erracircncias destruiacuteda Troia poacutelis sacra

as muitas urbes que mirou e mentes de homens

que escrutinou as muitas dores amargadas

no mar a fim de preservar o proacuteprio alento

5 Iliacuteada de Homero vol I traduccedilatildeo de Haroldo de Campos introduccedilatildeo e organizaccedilatildeo Trajano Vieira ndash 4

Ed ndash Satildeo Paulo Arx 2003

35

e a volta aos soacutecios()rdquo

(HOMERO I 1-66)

Os deuses gregos eram perfeitos mesmo com suas imperfeiccedilotildees porque eram

eternos Eram siacutembolos a serem imitados assim como seus filhos semideuses como

Aquiles para aproveitar o exemplo citado As narrativas eram carregadas de fatos e

accedilotildees que determinavam como os demais seres humanos deviam se comportar dentro da

sociedade grega individualmente e para com os outros Todo heroacutei deveria ser mostrado

quando evocado pelo canto de uma maneira que os gregos vislumbrassem seu caraacuteter

καλὸς κἂγαθός (kaloacutes krsquoagathoacutes) nobre e bom

A importacircncia da figura heroica nOs Lusiacuteadas eacute evidente quando aos heroacuteis cabe

a cabeceira do canto de abertura Diferentemente das epopeias gregas e mais proacuteximo agrave

epopeia romana a exortaccedilatildeo agraves musas vem em segundo plano

Virgiacutelio em sua Eneida potildee a si mesmo em evidencia no iniacutecio de sua obra

como que para exemplificar a grandeza de seu povo romano que descende do grande

Eneias fundador de Roma

ldquoEu que entoava na delgada avena

Muacutesica rude e egresso das florestas

Fiz que as vizinhas lavras contentassem

A avidez do colono a campesinos

Grata empresa de Marte ora as horriacuteveis

Armas canto e o varatildeo que ecircxul de Troia

Primeiro os fados proacutefugo aportaram

Na Hepeacuteria Lavino()rdquo

(VIRGIacuteLIO I 1-77)

6 Odisseia Homero ediccedilatildeo biliacutengue traduccedilatildeo posfaacutecio e notas de Trajano Vieira ensaio de Italo

Calvino ndash Satildeo Paulo Ed 34 2011 816 p

7 VIRGIacuteLIO Eneida brasileira traduccedilatildeo poeacutetica da epopeia de Puacuteblico Virgiacutelio Maro Virgiacutelio

organizaccedilatildeo Paulo Seacutergio de Vasconcellos e al traduccedilatildeo Manuel Odorico Mendes - Campinas SP

Editora UNICAMP 2008

36

A presenccedila da musa na epopeia lusitana soacute se faz presente no verso 25 do canto

inaugural A importacircncia antes eacute dada aos heroacuteis que puderam iccedilar a naccedilatildeo a patamares

dignos de nota

ldquoAs armas e os barotildees assinalados

Que da Occidental praia Lusitana

Por mares nunca de antes navegados

Passaacuteratildeo ainda alem da Taprobana

E em perigos e guerras esforccedilados

Mais do que prometia a forccedila humana

Entre gente remota edificaacuteratildeo

Novo Reino que tanto sublimaacuteratildeordquo

(CAMOtildeES I 1-8)

Comparativamente podemos analisar a escolha no que se queria dar ecircnfase em

cada uma das epopeias citadas e assim notamos claramente que mesmo que se

quisesse seguir a tradiccedilatildeo de se relatar o nascimento e expansatildeo de uma naccedilatildeo como

nos casos da Eneida de Virgiacutelio assim como dOs Lusiacutedas de Camotildees ou ainda realizar

uma obra que se quisesse exemplar como todas elas o modelo epopeico traria certa

carga de importacircncia para as obras Os discursos que cada uma das obras carrega se liga

diretamente agrave necessidade de demonstrar atraveacutes do exemplo como cada um dos

concidadatildeos dos autores deveria se portar para que sua naccedilatildeo se tornasse ou continuasse

grande Cada uma delas vem servir de modelo civilizatoacuterio mesmo que repletas de

accedilotildees e atitudes por parte de suas personagens que para noacutes possam parecer baacuterbaras

Importante notar que as realizaccedilotildees fora do contexto civilizado em cada um dos poemas

eacutepicos aconteciam em lugares distantes das poacutelis e cidades em ambientes campestres e

mesmo selvagens Ainda todas essas accedilotildees satildeo postas para contrapor o caraacuteter dos

heroacuteis agraves situaccedilotildees porque passaram numa clara dicotomia civilizado versus baacuterbaro

As obras literaacuterias nos serviram para que pudeacutessemos apontar parte do discurso

que para nos interessa em nosso trabalho pois as artes literaacuterias satildeo postas agrave luz

exatamente para dar ecircnfase ou por em evidecircncia discursos correntes na sociedade em

que estatildeo inseridas

Em Portugal a obra de Camotildees era mais do que entretenimento Era um ato

poliacutetico uma ferramenta uacutetil agrave situaccedilatildeo em que se encontrava uma situaccedilatildeo de

37

afirmaccedilatildeo de sua importacircncia como naccedilatildeo dentro de um quadro em que estavam postas

outras naccedilotildees que tambeacutem vinham participando do jogo que visava ao alcance da

modernidade O fervilhar de novas tecnologias a necessidade de expansatildeo de mercado

assim como a de ambientes proacuteprios para produccedilatildeo de artefatos que eram de interesse

dos mercados consumidores que acossavam as naccedilotildees na corrida rumo a um status que

pudesse suprir agravequelas demandas

38

3 A importacircncia da imprensa no processo civilizatoacuterio

A evoluccedilatildeo dos gecircneros textuais acontece conjuntamente agrave necessidade humana

de expressar e fazer conhecer suas realizaccedilotildees seja uma epifania espiritual uma criacutetica

agrave sociedade ou a cooptaccedilatildeo ao status quo ou ainda propagandear um novo artefato que

se possa adquirir para que as vidas sejam facilitadas

A imprensa ou antes a tipografia eacute em si um aparato tecnoloacutegico que trouxe

grandes benefiacutecios agraves sociedades tornando-se essencial para as demandas de um mundo

em que no momento de seu nascimento se distanciava da grande recessatildeo porque

passava a Europa Ocidental e experimentava certo progresso

Entre os seacuteculos IX e XI as modalidades mercantis estavam restritas ao mercado

ainda muito modesto dentro das cidades geralmente ladeando as abadias ou castelos

dos senhores feudais ou convergecircncias fluviais onde se efetuavam trocas de produtos

da terra ou artigos manufaturados artesanalmente O mais proacuteximo que temos de uma

transaccedilatildeo comercial que para noacutes nos parece mais comum acontecia pelas matildeos de

mercadores itinerantes judeus que viajavam de cidade em cidade vindos de territoacuterios

mulccedilumanos trazendo artigos de alto valor eou especiarias do oriente (MELO 2003)

Fato eacute que seacuteculos o modus vivendi europeu era assaz campestre campesino

quase envolto em uma penumbra densa que punha a populaccedilatildeo em um breu de

ignoracircncia Desde a populaccedilatildeo mais rural aos nobres dos castelos o nuacutemero de

analfabetos era muito grande assolando a grande maioria da poluccedilatildeo geral da Europa

Uma ilha neste vasto mar de desconhecimento era a Igreja Catoacutelica que disputando o

poder poliacutetico com os monarcas se apresentava como a grande detentora dos

conhecimentos de escrita e leitura de modo que ldquoas produccedilotildees culturais da eacutepoca

confinavam-se aos bispados abadias e mosteirosrdquo (MELO 2003)

Conhecimento eacute poder um poder que com o nascimento do capitalismo se

procurou alcanccedilar para dar conta de demandas que advieram aos processos

mercantilistas

ldquoNatildeo obstante o Impeacuterio Bizantino tivesse repelido a invasatildeo aacuterabe

continuando sob o domiacutenio as aacuteguas do mar Adriaacutetico e do mar Egeu a

verdade eacute que o seu comeacutercio tambeacutem se enfraqueceu Isto natildeo impediu

todavia que Constantinopla e algumas cidades italianas como Veneza

39

procurassem superar as naturais dificuldades para prosseguir o comeacutercio

interrompido com as regiotildees orientais em poder dos mulccedilumanos Explica

Pirene que isto se deveu ao fato de ser o espiacuterito de cobiccedila naquelas cidades

mais poderoso que o escruacutepulo religioso Tanto assim que o interesse

mercantilista levava-os a proclamar natildeo importa a religiatildeo dos clientes

contato que paguem Dentro de pouco tempo Veneza e as cidades bizantinas

da Itaacutelia alcanccedilariam um elevado niacutevel de progresso econocircmico o que

repercutira posteriormente na esfera social e culturalrdquo

(MELO 2003 p 29-30)

O seacuteculo XI eacute um marco para as mudanccedilas necessaacuterias para o desenvolvimento de

novas configuraccedilotildees sociais na Europa Apoacutes anos a fio de estagnaccedilatildeo imposta pelas

conquistas baacuterbaras e a invasatildeo dos sarracenos ao passo que a cada conflito enfrentado

realizam-se evoluccedilotildees e devastaccedilotildees enriquecimento de uns e empobrecimento de

outros desenvolvimento de um lado e degradaccedilatildeo de outro o advento das cruzadas para

o homem europeu pode ser notado como o grande possibilitador da abertura de novos

rumos a serem trilhados pelo continente

O comeacutercio europeu renasce efetivamente e efervecentemente havendo transaccedilotildees

de mercadorias seja por vias aquaacuteticas seja por vias terrestres que invadem os castelos

e os burgos (organizaccedilatildeo social urbana relativamente nova na eacutepoca) oferecendo os

mais diversos produtos estrangeiros carregados do oriente para o ocidente a muito custo

Com isso originam-se as feiras e funda-se o mercado que mais se assemelha agrave

constituiccedilatildeo de mercado que conhecemos hoje Um novo grupo social se estabelece nas

novas cidades devido estar em sua maioria residindo em burgos definindo-se

burgueses

ldquoEsses acontecimentos consolidam a formaccedilatildeo de um novo grupo social nas

cidades entatildeo existentes sobretudo nas cidades italianas incluindo

marinheiros prestamistas e os emergentes banqueiros embriatildeo da burguesia

comercial Concomitantemente comeccedila a ruir o lsquoedifiacutecio social do

feudalismorsquo ao se tornar efetiva a reaccedilatildeo dessa lsquonova classe de mercadores e

marinheiros contra os velhos agregados senhoriais possuidores de vastos

domiacutenios agriacutecolasrdquo

(MELO 2003 p 30-31)

40

A populaccedilatildeo que era anteriormente basicamente rural vecirc nas cidades a

possibilidade do sentimento de liberdade poderiam ver a si mesmos livres do julgo dos

senhores dos feudos A cidade oferecia aos seus habitantes mais do que a liberdade de

movimento antes numa circunstacircncia em que a vida que comeccedila a orbitar o capital daacute-

lhes a liberdade de posse de propriedade Os homens natildeo necessitavam mais viver

presos a uma relaccedilatildeo de vassalagem pagando tributo ao seu senhor Agora o homem

queria ser dono de seu proacuteprio chatildeo ter bens que lhe garantissem status imoacuteveis que

pudessem inclusive hipotecar se fosse da sua vontade (MELO 2003)

Essa nova classe homens livres visando agrave ascensatildeo social e econocircmica potildee em

praacutetica seu gecircnio inventivo melhorando suas produccedilotildees qualitativa e quantitativamente

Aperfeiccediloam suas teacutecnicas para melhor servir ao puacuteblico Para aleacutem do aperfeiccediloamento

das teacutecnicas de produccedilatildeo com o desenvolvimento de novas tecnologias ainda

simplificadas o homem medieval nota que o que o distinguiria do antigo status natildeo

estava somente no que tange o material mas tambeacutem em seu desenvolvimento

intelectual Aqueles que poderiam dar conta de pagar pela educaccedilatildeo naquele momento

dedicavam-se aos estudos da escrita da numeraccedilatildeo da geografia Obviamente mateacuterias

que poderiam ser utilizadas de maneira pragmaacutetica em suas atividades mercantis

Surgem para suprir essas demandas educacionais as escolas leigas

ldquoA partir do seacuteculo XI com a expansatildeo e o renascimento do comeacutercio

europeu os mecanismos da atividade mercantil apresentam-se mais e mais

complexos (comeccedilam a circular as letras de cacircmbio surgem as agecircncias

bancaacuterias e vaacuterias outras formas de agecircncias comerciais) que exigem a

escrituraccedilatildeo contaacutebil a correspondecircncia comercial as informaccedilotildees sobre as

flutuaccedilotildees do mercado como recursos indispensaacuteveis agraves grandes empresas jaacute

constituiacutedasrdquo

(MELO 2003 pg 39)

O serviccedilo burocraacutetico era realizado pelos estudantes das escolas leigas fundadas

por comerciantes ricos justamente para gerar uma casta de ldquojovens adestrados para o

comeacutercio ou a burocraciardquo (MELO 2003)

O que era monopolizado pela igreja ateacute entatildeo agora alcanccedila um nuacutemero maior de

indiviacuteduos claro que longe de uma universalizaccedilatildeo mas um nuacutemero que destoa

bastante do que se assistia ateacute o momento Uma elite se avulta e detecircm o conhecimento

41

relacionado ao funcionalismo especializado inicialmente As aacutereas de atuaccedilatildeo dos

estudantes das chamadas escolas leigas dentro das cidades eram as ligadas agraves financcedilas

guerra (que sempre teve seu caraacuteter comercial por movimentar economias) e direito

Esse tipo de educaccedilatildeo se disseminou por vaacuterias cidades da Europa e com o

desenvolvimento cada vez maior das aacutereas urbanas os mecanismos de controle

populacional tambeacutem se incrementaram o que criou a necessidade de uma nova

modalidade de servidores Estes foram buscados entre os letrados formados nas escolas

leigas

Entretanto eacute com a criaccedilatildeo das universidades europeias que vemos a formaccedilatildeo

efetiva de uma elite intelectual No seacuteculo XII fundaram-se as universidades de

Bolonha e a de Paris No seacuteculo seguinte surgem as de Cambridge Oxford e

Salamanca O homem livre capitalista tinha sede de conhecimento e agora procurava a

universalidade do saber dentro obviamente de seu nicho social Por um curto espaccedilo de

tempo mas o bastante para impactar essa nova Europa as universidades foram gratuitas

(MELO 2003)

Com a efervescecircncia cultural a demanda de livros manuscritos se tornou muito

grande o que dificultava o acesso O comeacutercio editorial elevou os preccedilos de suas obras

o que natildeo impediu de serem disputadas por estudantes e colecionadores aacutevidos por mais

um livro em suas estantes

Saiacutedos de uma era em que natildeo se lia porque a leitura era benefiacutecio tido por poucos

o contato do homem medieval com a literatura que traz em seu bojo todo um

patrimocircnio cultural da Antiguidade o faz vislumbrar uma possibilidade de mundo

diferente do qual ele estava inserido Consequentemente esse contato influenciou os

movimentos civilizatoacuterios Importante destacar ainda o contato com outras culturas

proporcionado pelas viagens que gradualmente ampliavam as rotas comerciais

Conjuntamente esses dois fatores mostraram a faceta ambiciosa do homemque se

letrava e almejava ampliar assim como as rotas de navegaccedilatildeo seu universo intelectual

pois estava ansioso para obter novo conhecimento acerca de tudo que lhe parecesse

intelectualmente instigante e lucrativo

Com tanto material sendo manuscrito na Europa livros para os aacutevidos por

conhecimento estudantes de escolas leigas e universidades papeacuteis burocraacuteticos para os

aacutevidos pelo comeacutercio banqueiros juristas e os demais a invenccedilatildeo de Gutenberg a

tipografia permitiu ldquoa reproduccedilatildeo raacutepida de um mesmo texto e ofereceu agrave linguagem

42

escrita as possibilidades de uma difusatildeo que o manuscrito natildeo tinhardquo (ALBERT

TERROU 1990)

Podemos dizer que a invenccedilatildeo de Gutenberg surge como uma resposta ou certa

correspondecircncia a mecanismos que faziam parte da vida humana num jogo evolutivo

uma vez que a invenccedilatildeo faz uso de tinta papel prensa alfabeto metal que se tratam de

artigos jaacute usados pelo homem

ldquoO certo no entanto eacute que a imprensa veio atender agraves necessidades

crescentes de produccedilatildeo de livros a fim de satisfazer agraves solicitaccedilotildees da elite

intelectual forjada pelas universidades e pelo movimento renascentistardquo

(MELO 2003 p 42)

Obviamente a importacircncia dada ao papel do serviccedilo de prensa no que diz respeito

agrave produccedilatildeo de livros para as instituiccedilotildees de ensino realmente eacute muito grande mas natildeo

exclusiva A demanda de produccedilatildeo de papeis utilizados pelas atividades mais ligadas ao

trabalho comercial e industrial e onde morava a burocracia atividades estas que

nasceram gecircmeas aos burgueses tambeacutem propulsionaram o sucesso da tipografia

Ainda a invenccedilatildeo atendia aos interesses da Igreja na reproduccedilatildeo de imagens de santo

indulgecircncias oraccedilotildees entre outros instrumentos utilizados nas liturgias cristatildes que

serviam a uma maior popularizaccedilatildeo da religiosidade E seguindo a vontade de

popularizaccedilatildeo talvez o fator mais importante para nosso assunto o homem

renascentista livre via na nova tecnologia a possibilidade de satisfazer sua curiosidade

quanto ao que lhe era hodierno o que veio a dar agrave luz a imprensa perioacutedica

ldquo[] o citadino que deseja conhecer a vida do grupo social ao qual ele

pertence e que ultrapassa suas relaccedilotildees primaacuterias o comerciante burguecircs e

banqueiro que natildeo pode ter sucesso em seus negoacutecios se natildeo estiver

informado dos preccedilos das mercadorias e da sua acessibilidade que depende

da conjuntura poliacutetica os cidadatildeos ansiosos por sua participaccedilatildeo no exeacutercito

da Itaacutelia que tem sede de informaccedilotildees precisas o Rei para defender sua

poliacutetica que procura atingir a opiniatildeordquo

(MELO 2003 p 43)

43

Fato interessante a se notar eacute que aqueles estudiosos que se dispuseram a

debruccedilar-se sobre os materiais produzidos pela invenccedilatildeo de Gutenberg escolheram

analisar em sua maioria as produccedilotildees ligadas agrave literatura e ao jornalismo das vaacuterias

eacutepocas A literatura por se tratar de um tipo de produccedilatildeo completamente ligada agraves artes

demonstra os avanccedilos que a humanidade realizou atraveacutes dos anos com relaccedilatildeo agrave sua

expressatildeo do que lhe era e eacute mais interior e o jornalismo em que por mais que se

deseje alcanccedilar certo distanciamento para que se busque imprimir nas notiacutecias graus de

imparcialidade ainda assim nele podemos ler muita intenccedilatildeo literaacuteria O que era

impresso e se ligava agraves aacutereas mais burocraacuteticas do comeacutercio e administraccedilatildeo ficou um

tanto deixado de lado pelos estudos que utilizaram os produtos de imprensa como

corpus

Por sua vez o gecircnero propaganda nasce conjuntamente agrave imprensa perioacutedica

procurando imprimir em seus textos algo que chamasse a atenccedilatildeo de possiacuteveis

consumidores Artistas se esmeravam em criar logotipos assim como se se preocupava

com a disposiccedilatildeo dos textos no afatilde de imprimir algo de esteacutetico que personalizasse as

instituiccedilotildees favorecendo-as no novo sistema que era assaz competitivo de estrutura

capitalista

Dado o momento histoacuterico podemos afirmar que a propagaccedilatildeo da invenccedilatildeo de

Gutenberg foi disseminada pelo continente europeu com grande velocidade Na

Alemanha a tipografia eacute fundada em 1450 na Itaacutelia 1464 na Suiacuteccedila em 1467 na

Franccedila foi fundada em 1470 na Holana1472 na Hungria e na Espanha

concomitantemente em 1473 na Beacutelgica em 1474 na Polocircnia 1475 na Inglaterra

1476 na Aacuteustria em 1482 assim como na Dinamarca na Sueacutecia 1487 e finalmente

ado que nos interessa particularmente em Portugal a primeira tipografia eacute instalada em

1487 na cidade do Faro (MELO 1973)

Devemos ter em mente eacute claro que os materiais impressos natildeo alcanccedilavam a

totalidade das pessoas que compunham as naccedilotildees que deles faziam uso mas sim um

nicho restrito no iniacutecio de sua existecircncia Afinal de contas o nuacutemero de pessoas letradas

era muito pequeno e quanto mais pobre a classe maior o nuacutemero consequentemente

menor o acesso A imprensa como ferramenta fosse qual fosse era prerrogativa de uma

minoria que compunha a elite intelectual de cada uma das naccedilotildees

Algo que podemos citar como benefiacutecio advindo com a imprensa desde sua gecircnese

com aumento gradual ano a ano foi que contrariando o que pretendia a Igreja que era

44

uma Europa unificada sob a eacutegide da religiatildeo cristatilde o sentimento de nacionalismo anda

de matildeos dadas com a afirmaccedilatildeo das liacutenguas regionais e de certa centralizaccedilatildeo dos

poderes na figura dos monarcas O uso das liacutenguas regionais nos materiais de imprensa

atua conjuntamente com o estiacutemulo de produccedilotildees literaacuterias vernaacuteculas o que para

Weber pode ser chamado de ldquoconsciecircncia do valor da nacionalidade intriacutensecardquo

(MELO2003) O latim que ainda era usado em atos lituacutergicos ainda eacute a liacutengua dos

saberes como a filosofia e as aacutereas das ciecircncias mas natildeo impediu que as liacutenguas

europeias se desenvolvessem de modo a imprimir sua proacutepria identidade enquanto

vernaacuteculo

Entre idas e vindas assiste-se agrave evoluccedilatildeo dos serviccedilos de prensa e imprensa

Houve momentos como durante a inquisiccedilatildeo em que algumas obras foram tachadas e

proibidas de serem publicadas Censuras como a aprovada pelo Conciacutelio de Trento

assim como decisotildees de alguns monarcas que desejavam manter certo controle do corria

por seus domiacutenios Por outro lado a censura natildeo era capaz de impedir a existecircncia das

gazetas e pasquins clandestinos formadores de opiniatildeo alguns desses eram manuscritos

Esses papeis influenciaram paulatinamente uma espeacutecie de toleracircncia por parte dos

governos uma vez que o seu impedimento era quase impossiacutevel De certa maneira

constituindo o geacutermen da liberdade de imprensa A Inglaterra no seacuteculo XVIII eacute a

primeira naccedilatildeo europeia a abolir a censura preacutevia Fato mais importante para a liberdade

de imprensa foi sem duacutevida a vitoacuteria dos libertaacuterios que lutaram na Revoluccedilatildeo

Francesa que viam na tecnologia uma ferramenta uacutetil e praacutetica para seus intentos

poliacuteticos e econocircmicos O desenvolvimento da imprensa no continente europeu daacute seus

maiores saltos a partir de entatildeo

31 A imprensa e a disseminaccedilatildeo de discursos

As inteccedilotildees de paiacuteses europeus em aumentar o lucro e crescer como naccedilatildeo com a

desculpa de um sentimento de patriotismo fazem vaacuterias dessas naccedilotildees se lanccedilarem para

aleacutem-mar e em rotas contraacuterias agraves que estavam acostumadas a seguir e que jaacute

conheciam Principalmente depois que os turcos invadem e tomam Constantinopla que

impede o acesso comercial aos povos do Oriente a necessidade de suprir as vontades

dos clientes impele agraves aventuras em mares ateacute entatildeo desconhecidos

45

Portugal foi um pioneiro no que diz respeito ao uso em terras colonizadas que natildeo

americanas dos serviccedilos de prensa Principalmente como ferramenta de disseminaccedilatildeo

da liacutengua paacutetria assim como de sua religiatildeo que pretendia instaurar em tudo o que era

ldquoseurdquo Pode-se atestar que a iniciativa concretizou-se no seacuteculo XVI Nas colocircnias

africanas a intensatildeo era principalmente impedir as influecircncias turcas atuando de

forma proselitista O mesmo seacuteculo eacute marcado por uma fase de grande desenvolvimento

econocircmico da naccedilatildeo lusitana impulsionado pelas navegaccedilotildees pelo comeacutercio de artigos

orientais garantidos pelo controle das rotas abertas atraveacutes do Oceano Atlacircntico Essa

foi exatamente a eacutepoca em que assistimos um franco progresso da imprensa em

territoacuterio portuguecircs seguindo a instauraccedilatildeo das oficinas em Faro (MELO 1973)

Verdade que a primeira tipografia a ser instalada na Ameacuterica natildeo foi obra

portuguesa mas espanhola Trata-se da oficina fundada no Meacutexico em 1533 tampouco

a segunda que tambeacutem foi realizada pelos espanhoacuteis em 1584 em Lima onde estava

localizado o Vice-Reinado do Peru A imprensa vinha respondendo agraves necessidades de

cada colocircnia uma vez que se exigia sua presenccedila para tarefas logicamente ligadas agrave

colonizaccedilatildeo

A instalaccedilatildeo do primeiro serviccedilo de imprensa pelos portugueses se tratando do

Brasil levou 276 anos porque natildeo era interessante para os colonizadores que houvesse

um puacuteblico bem informado em terras americanas

A famiacutelia real portuguesa chegou ao Brasil em 1808 uma vez que as tropas

napoleocircnicas invadiram Portugal e para salvaguardar a permanecircncia da corte neste

mundo e para suprir a necessidade de se imprimir uma infraestrutura que pudesse dar

conta dos velhos mecanismos poliacuteticos na nova corte foi implantada oficialmente a

imprensa no novo Reino Unido em conjunto com outras importantes ferramentas

administrativas como o Banco Nacional do Rio de Janeiro e tribunais para a

administraccedilatildeo das financcedilas e da justiccedila

A Imprensa Reacutegia num primeiro momento tinha como foco executar serviccedilos

relativos agrave administraccedilatildeo real Entretanto com os acontecimentos que se desenrolavam

no velho mundo natildeo se podia condenar os novos habitantes agrave total ignoracircncia dos fatos

assim como se deveria deixar conhecer os fatos ocorridos na nova sede do governo

portuguecircs Ainda a implantaccedilatildeo de escolas de ensino superior assim como outras

instituiccedilotildees culturais exigiam a produccedilatildeo de livros e diferentes papeacuteis de cunho natildeo

46

burocraacutetico o que forccedila a Imprensa Reacutegia a procurar sanar essa demanda

completamente social

Em 10 de setembro de 1808 ocorre a circulaccedilatildeo do primeiro jornal produzido e

impresso em terras brasileiras a Gazeta do Rio de Janeiro serviccedilo que era uma

prerrogativa apenas da sede do governo

Entre os anos de 1808 e 1821 a produccedilatildeo da imprensa no Brasil foi muito

pequena devido a decreto que forccedilava as tipografias a dar prioridade aos papeacuteis

administrativos imprimindo inclusive uma face censoacuteria ao trabalho da imprensa

praticada em terras americanas Este decreto era claro quanto ao papel das oficinas

ldquo[] e atendendo agrave necessidade que haacute da oficina de impressatildeo nestes meus

Estados sou servido que a casa onde eles se estabeleceratildeo sirvam

interinamente da Impressatildeo Reacutegia onde se imprimam exclusivamente toda a

legislaccedilatildeo e Papeacuteis Diplomaacuteticos que emanarem de qualquer Reparticcedilatildeo do

meu Real Serviccedilordquo

(Ipanema 1949 p 53)

A essa restriccedilatildeo inicial no mesmo documento pode ser lida a possibilidade de

abertura para a impressatildeo de papeacuteis mais variados De modo que poucos dias depois da

primeira publicaccedilatildeo uma outra faz-se conhecer as ldquoInstruccedilotildees Provisoacuterias para o

Regimento da Imprensa Reacutegiardquo em 24 de junho de 1808 lia-se o estimulo de produccedilatildeo

de papeacuteis comerciais e obras populares

Entre 1808 e 1821 apenas duas oficinas de prensa habitavam terras brasileiras a

do Rio de Janeiro fundada em 1808 e a segunda na Bahia fundada em 1811

O atraso na instauraccedilatildeo da imprensa em terras brasileiras pode ser explicado pelo

desinteresse da monarquia portuguesa em instituir uma populaccedilatildeo que tivesse acesso agraves

ferramentas modernas da civilizaccedilatildeo europeia na colocircnia devido seu papel na economia

da corte Afinal ignorantes satildeo mais faacuteceis de conduzir Os grilhotildees seriam mais

facilmente mantidos O que se imprime nas oficinas eacute disseminador de discursos que

poderiam incitar dissidecircncia o que natildeo era interessante para Portugal Com o

desembarque da corte e a necessidade poliacutetica de tais serviccedilos a presenccedila real figurava

de certa forma como instituiccedilatildeo que asseguraria muitas vezes atraveacutes do uso da forccedila

o controle do que se publicava

47

Em 1821 quando eacute abolida a censura preacutevia no Reino em consequecircncia da

Revoluccedilatildeo do Porto o nuacutemero de trabalhos editados aumenta exponencialmente Assim

como o nuacutemero de trabalhos editados o nuacutemero de tipografias em territoacuterio brasileiro

tambeacutem aumentou significantemente apoacutes 1821 A partir daquela data quatro outras

mais seriam instaladas em Recife (PE) em Satildeo Luiacutes (MA) em Beleacutem (PA) e em Vila

Rica (MG) Entre 1824 e 1852 quinze outros estados puderam ter em seus territoacuterios

tipografias dentre elas no que hoje eacute denominado Estado de Satildeo Paulo tem a

implantaccedilatildeo oficial datada no ano de 1827 (MELO 1973)

Satildeo Paulo tinha um jornal que tratava de coisas pertencentes a sua realidade visto

que a vida na corte nada tinha de similar aos viveres paulistas Apesar do grande

desenvolvimento experimentado pela regiatildeo durante todo o seacuteculo XIX devido agrave

produccedilatildeo cafeeira a elite paulista natildeo usufruiacutea das mesmas prerrogativas da elite

carioca Mas se constituiacutea como um mercado aacutevido por bens de consumo que

participavam ativamente do pensamento de desruralizaccedilatildeo apesar de ter no rural sua

maior forccedila mas mesmo no campo devia-se ser civilizado e para ser civilizado eacute

imperioso que se faccedila parte do jogo adotando bens simboacutelicos principalmente apoacutes a

independecircncia em 1822

48

4 Desejo de ascensatildeo

No iniacutecio do seacuteculo XIX a elite cafeeira emerge no Vale do Paraiacuteba alcanccedilando

status e trazendo enriquecendo para a regiatildeo diferenciando-se do restante do territoacuterio

paulista que ainda dependia da produccedilatildeo de cana de accediluacutecar e do comeacutercio estabelecido

na vila de Satildeo Paulo para movimentar sua economia O distrito de Satildeo Paulo inicia seu

desenvolvimento de forma mais efetiva quando em 1827 funda-se a faculdade de

direito o que influencia a providecircncia de estabelecimentos que recebam os viajantes e os

estudantes assim como aqueles que migravam para a regiatildeo com o intuito

empreendedor como hoteacuteis e pensotildees

O solo do Vale do Paraiacuteba por volta dos anos de 1860 se mostra exaurido o que

forccedila os agricultores a procurar por terras mais feacuterteis que vatildeo encontrar mais a oeste do

territoacuterio nas redondezas do que hoje conhecemos como Campinas e Itu Agrave eacutepoca as

produccedilotildees natildeo mais escoavam pelos portos do Rio de Janeiro mas pelo porto de Santos

o que resulta na construccedilatildeo da primeira ferrovia de Satildeo Paulo ligando a regiatildeo de

Jundiaiacute agrave baixada santista com um entreposto na cidade de Satildeo Paulo Esta cresce

consequentemente em importacircncia uma vez que era o ponto estrateacutegico que ligava o

litoral e o interior No interior a cultura do cafeacute expandia-se atraveacutes das terras propiacutecias

ao seu cultivo imprimindo notoriedade agrave regiatildeo frente ao entatildeo Impeacuterio

O poeta talvez o mais importante da geraccedilatildeo traacutegica do Mal do Seacuteculo Aacutelvares

de Azevedo mesmo tendo nascido em Satildeo Paulo viveu a maior parte de sua vida na

sede da corte Quando na idade formaccedilatildeo superior se negou a fazer medicina e

embarcou rumo a Satildeo Paulo decidido a fazer Direito na faculdade instalada no Largo

Satildeo Francisco

Em suas correspondecircncias especialmente as destinadas agrave sua irmatilde eacute recorrente ler

sua frustraccedilatildeo quanto a sua nova residecircncia A geografia o incomodava o pavimento ou

a falta dele das ruas o incomodavam a falta de iluminaccedilatildeo urbana o incomodava Para

o poeta afeito agrave vida urbana restava a lamuacuteria ldquoNa minha terra soacute haacute formigas e

caipirasrdquo Sequer poderia receber a alcunha de cidade ldquoProviacutencia intoleraacutevel []rdquo A

intenccedilatildeo de Satildeo Paulo em mostrar-se civilizada e procurar satisfazer sua populaccedilatildeo

tanto nativa quanto imigrante no que se refere a praacuteticas sociais e de sociabilizaccedilatildeo natildeo

49

impressionavam o jovem estudante Tampouco o puacuteblico que ele encontrava nessas

situaccedilotildees

ldquo[] ir a bailes pordf danccedilar com essas bestas minhas patricias q soacute abrem a

bocca pordf dizer asneiras acho q eacute tolice Natildeo julgue Vmcecirc q fallo com

exageraccedilatildeo ndash a moccedila senatildeo a mais bonita a estatua mais perfeita em tudo

uma Belisaacuteria (mineira) eacute uma estupida q diz ndash noacutes natildeo sabe danccedilaacute pocircque

etc e comtudo eacute uma belleza mas Eacute uma estaacutetua estuacutepida e sem vida ndash Como

diz o soneto do Octavianordquo

(AZEVEDO 1976 106)

Apesar da perspectiva negativa a respeito da realidade paulista que bem provaacutevel

seria da maioria das pessoas que tivessem experimentado niacuteveis de civilidade mais

modernos e modernizados a vontade o desejo de alcanccedilar patamares elitizados

espelhados nos grandes centros internacionais e na sede da corte morava nos ideais e

intentos das pessoas assim como nas instituiccedilotildees que habitavam aquela terra que se

enriquecia

50

5 Nomenclatura especializada e a disseminaccedilatildeo das tecnologias

na sociedade

Quando tratamos das tecnologias materiais a produccedilatildeo de maacutequinas e artigos

relacionados agrave medicina diferentemente da cultura que pode ser algo local lidamos

com movimentos de disseminaccedilatildeo que ultrapassam os limites impostos geograficamente

e politicamente Visto que a produccedilatildeo de certos a artigos eacute destinada agrave facilitaccedilatildeo da

vida das pessoas inevitavelmente satildeo mercadorias que para os homens de negoacutecio

devem ser adquiridas pelo maior nuacutemero de compradores possiacutevel De modo que natildeo eacute

interessante que se restrinja somente a um uacutenico local mas eacute melhor para a economia

que se dissemine por todo o globo o quanto possiacutevel alcanccedilando claro aqueles que

possam pagar

Os meios de produccedilatildeo sofreram incrementos evoluiacuteram para que se pudesse dar

conta das demandas do mercado consumidor dependendo da utilidade do que fora

inventado O surgimento de faacutebricas onde o proletariado vendia sua forccedila de trabalho

estaacute atrelado agrave necessidade de produccedilatildeo em massa de produtos tecnoloacutegicos ou insumos

para assistir a fabricaccedilatildeo do produto final

O tipo de capitalismo que nasceu laacute no final do feudalismo o ligado ao

mercantilismo agora evolui para o que podemos chamar de capitalismo industrial que

nasce na Revoluccedilatildeo Industrial iniciada na Inglaterra no seacuteculo XVIII mas que se

dissemina pelo globo se desdobrando em vaacuterias fases durante o seacuteculo XIX

Muito embora possamos assistir o sentimento de patriotismo crescendo com o

passar dos seacuteculos tendo no estabelecimento e valorizaccedilatildeo das liacutenguas locais

vernaacuteculas sua mais clara demonstraccedilatildeo utilizadas em praacuteticas sociais cotidianas

quando se trata das aacutereas relacionadas agraves ciecircncias os lexemas buscados para nominar as

invenccedilotildees e descobertas assim como em algumas aacutereas do conhecimento acadecircmico

como a filosofia gramaacutetica e matemaacutetica estes devido agrave tradiccedilatildeo histoacuterica dos estudos

correntes no ocidente satildeo de origem latina ou grega ndash certos lexemas gregos entram nas

liacutenguas modernas de forma indireta atraveacutes do latim que jaacute os havia incorporado ao seu

proacuteprio como discorremos sobre em momento anterior Procurava-se no antigo no

passado a melhor maneira para dar nome ao que era completamente novo atual em

cada eacutepoca atestando a importacircncia daquelas civilizaccedilotildees na mudanccedila de pensamento e

51

demais mudanccedilas porque vinha sofrendo a humanidade no que diz respeito a

conhecimento e desenvolvimento

Se por um lado as invenccedilotildees e descobertas que pudessem ser comercializadas

deveriam alcanccedilar o maior nuacutemero de consumidores possiacutevel por outro deveria se

proteger a mente inventora salvaguardando seus direitos sobre o produto Nasce entatildeo

o direito de patente que incluiacutea aleacutem dos direitos sobre o produto em si os direitos

sobre o nome dado ao produto que fora escolhido com tanto esmero

As escolhas lexicais feitas nessas aacutereas num primeiro momento mantinham-se

restritas ao campo restrito das literaturas especializadas e ao nicho social composto

pelos cientistas Para estes foi dada a liberdade e poder de introduzir novos nomes

novos lexemas agraves liacutenguas juntamente com a mudanccedila da realidade dos povos por meio

da disposiccedilatildeo de suas invenccedilotildees que eram destinadas agrave posse de outrem Com a

profusatildeo dos trabalhos que vem num crescendo seacuteculo a seacuteculo o nuacutemero de palavras

que compotildeem o leacutexico das liacutenguas tambeacutem cresce de maneira arbitraacuteria e natildeo natural

Esse complexo de nomes constitutivos do leacutexico por atuar de maneira diferente e em

instacircncias diferentes dos demais em estudos que surgem anos depois sobre a liacutengua e

seu funcionamento influencia o surgimento da terminologia

A preocupaccedilatildeo quanto agrave necessidade de certa sistematizaccedilatildeo dos nomes caminha

de matildeos dadas com a ideia de normatizaccedilatildeo uma vez que os especialistas se interessam

pela associaccedilatildeo precisa entre denominaccedilatildeo e conceito cientiacutefico

A escolha por neologismos derivados de empreacutestimo de outras liacutenguas mesmo

que estas jaacute natildeo estejam mais em voga tenham historicamente caiacutedo em desuso ou

menos draacutestico tenham sofrido alteraccedilotildees quanto a sentidos de seu leacutexico se

desenvolvendo naturalmente apresenta certa especificidade O lexema jaacute carrega

consigo um sentido anterior ao empreacutestimo No caso entatildeo da adoccedilatildeo para nomear um

objeto novo de um lexema que jaacute se lhe tenha atribuiacutedo um sentido em algum momento

da sua histoacuteria assim o faz para acessar em certo grau esse significado Muitas vezes

atrelando a novidade ao antigo significante exatamente para que o nome seja facilmente

identificado e compreendido

O estudo de leacutexico especializado aqueles adotados em aacutereas de conhecimento

especiacutefico como as ligadas ao campo cientiacutefico por exemplo eacute praticado desde o

seacuteculo XVIII perpassando o seacuteculo XIX conquanto tenha ganhado maior visibilidade e

52

importacircncia real no seacuteculo XX Neste seacuteculo haacute um delineamento mais acertado da

ciecircncia terminoloacutegica8

Importante notar que de acordo com o incremento dos avanccedilos tecnoloacutegicos

numa linha diacrocircnica cada vez mais se nota a necessidade de uma harmonizaccedilatildeo dos

teacuterminos Essa necessidade culmina no pensamento de normalizaccedilatildeo pregada por

Wuumlster na primeira metade do seacuteculo XX sobre a qual discorre em sua tese de

doutorado intitulada ldquoA normalizaccedilatildeo internacional da terminologia teacutecnicardquo em 1931

O pensamento o engenheiro eacute difundido e faz sentido se ignorarmos certas

circunstacircncias intrinsicamente humanas

ldquoA difusatildeo da versatildeo russa da tese de Wuumlster suscita um maior interesse pela

Terminologia nos domiacutenios especializados e influencia a criaccedilatildeo do Comitecirc

Teacutecnico 37 ldquoTerminologiardquo (TC37) da ISA (International Standardization

Association) da Federaccedilatildeo Internacional das Associaccedilotildees Nacionais de

Normalizadores a precursora da atual ISO (International Standardization

Organization) (Cabreacute 199322 199611)rdquo

(ALMEIDA p 2)

A representaccedilatildeo e a prescritividade aquela para etiquetar de forma justa e

inequiacutevoca o produto a segunda para certificar que houvesse controle sobre as escolhas

das nomenclaturas foram duas caracteriacutesticas determinantes na teoria de Wuumlster a TGT

(Teoria Geral da Tecnologia) Os conceitos se estruturam loacutegica e ontologicamente de

maneira hieraacuterquica O terminoacutelogo em oposiccedilatildeo aos linguistas acreditava que a

evoluccedilatildeo das liacutenguas poderia sim se dar de maneira espontacircnea mas natildeo soacute assim Ao

desenvolvimento espontacircneo Wuumlster chamava norma descritiva em oposiccedilatildeo agrave norma

prescritiva empregada pelos cientistas pois para ele

ldquoSin embargo en terminologiacutea con la tremenda productividad de conceptos

y teacuterminos una evolucioacuten libre de la lengua llevariacutea a una confusioacuten

8 ALMEIDA ldquoO Percurso Da Terminologia De Atividade Praacutetica Agrave Consolidaccedilatildeo De Uma

Disciplina Autocircnomardquo trata-se de um artigo em que discorre sobre certa historiografia da

disciplina Terminologia desde os primeiros expoentes no seacuteculo XVIII ateacute sua maior

sistematizaccedilatildeo no seacuteculo XX quando ganha maior notoriedade devido a aumento exponencial

de novos termos adotado pelas liacutenguas modernas

53

intolerable Para evitar esta situacioacuten desde principios de siglo e incluso

antes en el caso de algunas especialidades los terminoacutelogos empezaron a

unificar por consenso algunos conceptos y teacuterminosrdquo

(CABREacute)

Dentro do ambiente restrito em que se encontram os cientistas a determinaccedilatildeo

exata de um termo eacute muito importante assim a teoria se mostra bem acertada se dentro

destes limites mas pouco efetiva para dar conta das questotildees que envolvem uma

situaccedilatildeo de comunicaccedilatildeo real

Entendemos os neologismos provenientes do campo cientiacutefico-tecnoloacutegico como

terminologias especializadas que realmente foram impostas pelos cientistas mas que

natildeo ficaram presas agraves literaturas especializadas por serem artefatos ou conceitos que

eram destinados ao grande puacuteblico A mostra disso pode ser percebida no pelo

deslizamento que essas terminologias sofreram no que diz respeito agrave tipologizaccedilatildeo

textual na qual encontramos o uso desses lexemas

Se levarmos em consideraccedilatildeo os ensinamentos de CIAPUSCIO (2003) que faz

uma divisatildeo muito perspicaz quanto aos tipos de textos podemos entender esse

deslizamento A autora separa os textos em dois tipos principais formas primaacuterias e

formas derivadas que se subdividem As formas primaacuterias corresponderiam agraves formas

textuais que trazem contribuiccedilotildees originais informaccedilotildees teacutecnicas sobre um artigo

completamente novo Aleacutem de possuir um formato textual predeterminado em outras

escolhas lexicais satildeo estabelecidas de antematildeo havendo pouca variedade em sua

ediccedilatildeo Natildeo podemos negar que a construccedilatildeo textual dos textos especializados possam

variar de acordo com a eacutepoca ou mesmo sofrer variaccedilotildees dependentes da cultura em

que esteja sendo produzidos mas a foacutermula tende a ser mais estanque exatamente pela

necessidade da aacuterea em evitar desacordos ou ininteligibilidade Esse tipo de texto se

destinaria ao puacuteblico especializado obviamente As formas derivadas baseiam-se em

textos subjacentes que dependem dos textos fontes que figuram as formas primaacuterias

Aquelas formas poderiam ser chamadas tambeacutem de formas semiespecializadas uma vez

que os textos para estudantes por exemplo fazem parte do da lista que a compete

Podemos entender os anuacutencios de jornal como textos de um terceiro tipo o

divulgativo pois satildeo textos que datildeo agrave luz um produto trazendo informaccedilotildees a serem

54

conhecidas pelo puacuteblico que para tanto satildeo constituiacutedos por discursos que visam

persuadir ao leitor de que o artefato anunciado eacute uacutetil e que deve ser adquirido

ldquoEn la noticia de prensa con las modalidades propias del geacutenero domina el

propoacutesito informativo que se traduce en indicios linguumliacutesticos claros en este texto

tambieacuten es muy perceptible el esfuerzo por la presentacioacuten positiva de la

informacioacutenrdquo

(CIAPUSCIO 2003)

O conhecimento necessaacuterio ao puacuteblico nada tem de teacutecnico a natildeo ser no que diz

respeito agrave utilidade do produto

Assim os teacuterminos adentram o leacutexico do homem comum e eventualmente

sofreraacute as mudanccedilas impostas pelo uso comum em situaccedilotildees reais podendo desdobrar-se

em outros lexemas enriquecendo a liacutengua

55

6 Projeto de uma naccedilatildeo brasileira

A primeira metade do seacuteculo XIX no Brasil pode ser vista como o momento de

instalaccedilatildeo e instauraccedilatildeo de uma sociedade civilizada de maneira mais efetiva e atrelada

aos moldes europeus Os passos morosos dados pela Colocircnia apressaram-se somente

quando no seacuteculo XIX fugindo das tropas napoleocircnicas D Joatildeo acompanhado de sua

famiacutelia e aproximadamente 20 mil portugueses constituintes da corte lusitana

desembarcam no Rio de Janeiro O ano era 1808 e a chegada dos novos habitantes

quase que da mesma forma como os primeiros europeus em 1500 guardadas as devidas

proporccedilotildees impactaram tremendamente a paisagem das terras americanas A partir de

1808 o Rio de Janeiro jaacute natildeo era mais uma cidade da colocircnia mas a sede do Impeacuterio

ldquoTransformado em Reino Unido jaacute em 1815 o Brasil distanciava-se aos

poucos de seu antigo estatuto colonial ganhando uma autonomia relativa

jamais conhecida naquele contexto O Estado portuguecircs humilhado

perseguido e transplantado reproduziu no Brasil o seu aparelho

administrativo e do Rio de Janeiro o regente denominado tambeacutem ldquorei do

Brasilrdquo administrava todo o seu Impeacuteriordquo

(SCHWARCZ 1998 p 36)

O Brasil que vinha desde a primeira chegada dos portugueses por questotildees

poliacuteticas que assegurassem o domiacutenio sofrendo com as limitaccedilotildees do que poderia ou

natildeo ser implementado agrave vida cotidiana de seus residentes devido agrave nova situaccedilatildeo assiste

mudanccedilas que influenciariam posteriormente todo o seu caminhar rumo ao futuro A

abertura dos portos para material estrangeiro assim como os processos de urbanizaccedilatildeo

que acompanhavam a instauraccedilatildeo das novas instituiccedilotildees poliacuteticas e comerciais em solo

brasileiro impulsionaram a adesatildeo de novas filosofias constitutivas de ideologias no

imaginaacuterio daqueles que chamavam o Brasil de sua terra

Enquanto colocircnia as poliacuteticas praticadas natildeo intentavam a uniatildeo entre as

proviacutencias que quando deparadas com qualquer situaccedilatildeo que lhes fugia do controle

recorriam ao reino sem antes procurar auxiacutelio nas vizinhanccedilas As figuras dos

governadores das capitanias procuravam de certa forma atraveacutes de manobras estar

mais proacuteximas do rei Historiadores relatam ldquoos destinos de Rodrigo Cesar de Menezesrdquo

56

que em Satildeo Paulo enviava falsas informaccedilotildees ao rei diretamente a fim de granjear

merecimento e forccedila poliacutetica (SODREacute 1998) Natildeo interessava de qualquer modo que

se nutrisse qualquer sentimento de unidade na colocircnia

ldquoDessa forma a tradiccedilatildeo natildeo era de coesatildeo mas de dispersatildeo Natildeo era de

uniatildeo mas de dissociaccedilatildeo E tudo contribuiacutea para isso as distacircncias os

tempos das viagens a diversidade de lavouras a vantagem do entendimento

direto com Lisboardquo

(SODREacute 1998 p 40)

Ao final do seacuteculo XVIII uma grave crise econocircmica assola o Brasil Crise essa

que se estende ao iniacutecio do seacuteculo seguinte inclusive durante os anos em que a famiacutelia

real desembarca nessas terras

A mineraccedilatildeo estava entrando em decadecircncia no Brasil produtos que eram

considerados inextinguiacuteveis rareavam a cada ano que adentra o seacuteculo XIX Aleacutem das

riquezas naturais retiradas da terra a lavoura de cana brasileira e a induacutestria accedilucareira

sofrem com o golpe da produccedilatildeo de accediluacutecar na Europa a partir da beterraba Dois fatores

que influenciam fortemente o sentimento de desagrado de descontentamento com

relaccedilatildeo agrave situaccedilatildeo

Esse sentimento de desagrado se reforccedila e soma-se a inseguranccedila imposta pelas

mudanccedilas poliacuteticas iniciadas em 1808 Por todo territoacuterio pipocam insurreiccedilotildees pouco

conectadas entre si a natildeo ser pela vontade e pelo sentimento que se assemelhavam Os

levantes aconteciam particularmente a partir de peculiaridades locais

A unidade poderia natildeo ocorrer com relaccedilatildeo aos espaccedilos mas o sentimento era

comungado graccedilas agrave proximidade ideoloacutegica e de princiacutepios que impulsionavam a

vontade de libertaccedilatildeo Os liacutederes dos levantes bebiam das aacuteguas libertadoras que

moveram os moinhos da revoluccedilatildeo ocorrida na Franccedila no seacuteculo XVIII ainda nos livros

que tratavam da democracia instaurada em terras americanas e todo o discurso que

acompanhava o nascimento dos Estados Unidos com relaccedilatildeo ao progresso e

estabelecimento de uma civilizaccedilatildeo ldquouma sorte de paraiacuteso estatal definitivordquo (SODREacute

1998)

57

ldquo[] Livros e jornais fizeram essa obra de solapamento intelectual tatildeo faacutecil

de penetrar o caraacuteter ainda maleaacutevel da nossa gente cuja credulidade poliacutetica

natildeo tem limites em se tratando de coisas importadas Parece que uma

indolecircncia enorme em pesquisar objetivamente os fundamentos da nossa

sociedade eacute que nos impulsiona em mandar vir de fora as ideologias jaacute

prontas jaacute montadas jaacute acabadas faltando apenas o necessaacuterio esforccedilo para

implantaacute-lasrdquo

(SODREacute 1998 p 43-44)

A classe mais abastada da nova sociedade brasileira aquela que jaacute havia

angariado certa riqueza e alccedilado certo status beberavam das filosofias europeias atraveacutes

dos livros pelos quais podia pagar Fato que a curiosidade intelectual natildeo era

prerrogativa de todos mas o gosto pela leitura ganhava mais adeptos a cada passar de

ano Dessa feita a massa dos medianos e aqueles que natildeo se davam muito aos livros

tinham contato com os ensinamentos por via da imprensa que na eacutepoca era por vezes ateacute

violenta

Esses movimentos soacute foram possiacuteveisi pela quantidade crescente de tipografias

que cobriram nosso territoacuterio muitas com vida bastante curta efecircmera ateacute

A crise econocircmica accedilucareira e da aacuterea da mineraccedilatildeo o descontentamento poliacutetico

e todas as circunstacircncias que levaram agrave independecircncia embebida pelas filosofias

estrangeiras podem nos dar o vislumbre da intenccedilatildeo das accedilotildees oligaacuterquicas que

pretendiam um paiacutes independente

Interessante notar que o deslizamento que ocorre com os lexemas quanto agrave

tipologia textual tambeacutem ocorre com os discursos em voga Se se desejava uma terra

que abraccedilasse a ideologia de crescimento e mudanccedila de certos haacutebitos que fossem

considerados desconectados do imaginaacuterio ideal a melhor forma de se alcanccedilar os

objetivos era primeiro propagandear essa ideologia Em segundo lugar propagandear

os objetos que se ligam intrinsicamente ao status O povo deveria ser civilizado tanto

verbalmente quanto substantivamente num jogo dialeacutetico da palavra

A exemplo do que se assistia no exterior uma naccedilatildeo civilizada deve consumir

bens que simbolizam essa civilidade Para tanto temos um mercado consumidor aacutevido e

as mentes bem empregadas dos cientistas na Europa principalmente que produzem

avidamente para dar conta das necessidades de seu puacuteblico Fazendo o intercacircmbio faz

com que a situaccedilatildeo encontrasse nos jornais a maneira mais efetiva para levar ao

58

conhecimento do mercado consumidor as novas tecnologias receacutem-saiacutedas do forno

apresentadas da maneira mais positiva quanto possiacutevel apelando para a civilidade tanto

almejada

59

7 Passos mecacircnicos

A vida civilizada dos centros urbanos baseia-se na sociabilizaccedilatildeo entre habitantes

As pessoas precisam conhecer e serem conhecidas As maneiras para se fazerem

conhecidas diziam respeito tanto ao pessoal quanto ao profissional A agenda dos bailes

era movimentada na corte nas cidades que se estabeleciam nos demais estados e no que

nos interessa especialmente o que conhecemos como Satildeo Paulo apesar de menos

badalada natildeo se relegava a total inatividade

A cidade de Campinas que crescia devido agrave cultura do cafeacute estabelecida na regiatildeo

era dessas cidades pequenas mas que se via dentro do jogo civilizatoacuterio disposta a

corresponder aos atributos e pagar seus tributos agraves praacuteticas civilizadas Eacute de Campinas o

primeiro exemplo que analisaremos

- 14 de junho de 1870 Campinas Gazeta de Campinas

KX|Vende-se uma machina propria para marcar papel cartatildeo de visita e casamento e

bem assim um sortimento de cartotildees bordados e dourados tudo de 1ordf qualidade Para

tratar com o QUIM SIMOtildeES

Em um espaccedilo urbano eacute natural que a quantidade de profissionais como meacutedicos

advogados professores particulares e outros tantos que natildeo podem se dar ao luxo de

fazer uma assinatura de propaganda com o jornal local por um tempo muito prolongado

precisa arrumar outras maneiras para acessar possiacuteveis empregadores Ademais a

quantidade desses profissionais crescia de acordo com o crescimento das cidades e o

contingente populacional

O que estaacute agrave venda no anuacutencio obviamente natildeo se destinava a uma pessoa

somente Natildeo se trata de um artigo para uso individual o que nos leva a crer que o

possiacutevel comprador devesse ser uma empresa tal qual uma graacutefica uma tipografia A

essa instituiccedilatildeo era dado o papel de confeccionar os cartotildees de visita dos profissionais

que desejassem se ldquoautopropagandearrdquo

Mas essa maacutequina natildeo estava posta apenas para o mundo do trabalho A escolha

feita pelo anunciante foi frisar que ela tambeacutem se prestava agrave confecccedilatildeo de cartotildees para

convite a casamentos Essa praacutetica eacute historicamente um evento social que marca

60

geraccedilotildees por ser no miacutenimo o iniacutecio da possibilidade de uma nova O casamento aleacutem

de unir duas pessoas une duas famiacutelias garante o incremento das posses e o

estabelecimento de certo teor de poder se o acontecimento se daacute entre pessoas que

poderiam pagar por convites que a noacutes parece ser bastante valorizados Afinal satildeo

papeis ldquobordados e dourados tudo de 1ordf qualidaderdquo

A regiatildeo de Campinas berccedilo dessa propaganda se destacou ateacute por alguns anos

mais do que a vila de Satildeo Paulo que viria a ser a capital do estado economicamente

ALONSO (2002) diz

ldquoO processo de revigoramento econocircmico que acompanhou a crescente

produccedilatildeo de cafeacute no oeste ndash as novas lavouras entre as duas grandes ferrovias

abertas a Paulista e a Mogiana ndash gerou uma ldquorefundaccedilatildeordquo da cidade de Satildeo

Paulo sintetizada por Morse (1970 235-6) como transformaccedilatildeo ldquode

comunidade em metroacutepolerdquo O boom da economia do cafeacute fez crescer seu

comeacutercio e sua populaccedilatildeo expandiu os contornos urbanos deu-lhes

iluminaccedilatildeo puacuteblica bondes casarotildees e obras de saneamento A capital

finalmente ultrapassava Campinas e se tornava o centro econocircmico e nervoso

da proviacutenciardquo

(ALONSO 2002 p 149)

O importante para noacutes nessa citaccedilatildeo para o momento eacute corroborar a afirmaccedilatildeo de

que a regiatildeo se mostrava pareada ao afatilde civilizatoacuterio Os movimentos poliacuteticos sociais e

econocircmicos na regiatildeo de Satildeo Paulo foram determinantes em vaacuterios momentos da

histoacuteria brasileira Nessa regiatildeo um grupo nasce beberando de ideologias e filosofias

positivistas liberalistas e federalistas Muitos vinham da regiatildeo de Campinas e do oeste

paulista e como nos diz ALONSO (2002) ldquoaderiram agraves atividades cafeicultora pelo

casamentordquo Essa classe emergente via no mantenimento das famiacutelias a seguranccedila do

status E para fazer com que a uniatildeo seja bem celebrada o primeiro passo eacute garantir que

os convidados recebessem convites para o casamento que fizessem jus aos nomes das

famiacutelias

Maacutequina eacute uma forma que jaacute fazia parte do leacutexico latino e que natildeo sofreu

mudanccedilas de sentido ateacute ser incorporada ao portuguecircs quando seu sentido foi reduzido

No grego antigo temos o sentido que foi transmitido ao latim

61

μηχανή Dor μαχανά ἡ (μῆχος) ndash Lat machina I an instrument

machine for lifting weights and the like Hdt μ Ποσειδῶνος of the

trident Aesch λαοπόροις μ of Xerxesrsquo bridge of boats Id 2 an engine

of war Thuc 3 a theatrical machine by which gods were made to appear in

the air Plat hence proverb Of any sudden appearance ὥσπερ ἀπὸ

μηχανῆς (cf Lat deus ex machine) Dem II any contrivance for doing a

thing Hdt etc in pl μηχαναί shifts devices arts wiles Hes Att

μηχαναῖς Διός by the arts of Zeus Aesch proverb μηχαναὶ Σιςύφου

Ar - phrases μηχανήν or μηχανὰς προσφέρειν Eur εὑρισκειν

Aesch etc - c gen μ κακῶν a contrivance against ills Eur but μ

σωτηρίας a way of providing safety Aesch 2 οὐδεμία μηχανή [έστι]

ὅπως ού c fut Hdt also μὴ ού c inf Id 3 in adverb phrases ἐκ

μηχανῆς τινος in some way or other Id μεδεμιῆι μηχανῆι by no

means whatsoever Id (LIDDLE amp SCOTT Greek-English

Lexicon)

Devemos antes de tudo notar as diferentes formas dialetais μηχανή (mechaneacute)

e μαχανά (machanaacute) a primeira pertencente ao dialeto aacutetico e a segunda ao dialeto

doacuterico A diferenccedila principal entre esse dois dialetos eacute como podemos notar a

predominacircncia no dialeto doacuterico da vogal α que equivale em portuguecircs ao nosso a

enquanto no aacutetico a vogal predominante eacute o η que equivale em portuguecircs ao nosso ε

Notamos que em grego antigo o significado para μηχανή (mechaneacute) liga-se ao

engenho mental meacutetodo o qual se aplica para alcanccedilar determinado fim

independentemente se esse meio eacute fiacutesico ou natildeo podendo ser traduzido por wiles (logro

engano) ou arts (arte induacutestria habilidade manha) como vemos em alguns exemplos

de frases dadas pelo proacuteprio dicionaacuterio ldquoμηχαναῖς Διός (mechanaacuteis Dioacutes = pela arte

de Zeus)rdquo a forma no grego natildeo se dissocia assim como no portuguecircs do sentido

intriacutenseco de mecanismo maneira meio (way) E junto a esse sentido estaacute o que foi

acolhido pelo leacutexico portuguecircs de utensiacutelio fiacutesico o qual se usa para alcanccedilar

determinado fim como os mecanismos de guerra como instrumentos em geral

maacutequinas O dicionaacuterio Liddell and Scott daacute o exemplo do artifiacutecio que Xerxes usou

para alcanccedilar a Heacutelade quando para da Aacutesia chegar agrave Greacutecia construiu uma ponte feita

62

de barcos interligados por cordas ligando as duas porccedilotildees de terra no Helesponto Para

isso Heroacutedoto o historiador que relatou a invasatildeo persa agrave Greacutecia denomina essa

induacutestria de Xerxes λαοπόροις μαχαναί (laopoacuterois machanaiacute) ldquoΛαοπόροςrdquo

(laopoacuteros) dicionariza-se como ldquoque serve como uma passagem para um povo

condutor de homensrdquo Dessa forma o sintagma pode ser entendido porque foi esse o

mecanismo que o rei persa usou para alcanccedilar seu alvo junto com seu imenso exeacutercito e

assim λαοπόροις μαχαναί pode ser traduzido para o portuguecircs simplesmente como

ldquoponterdquo Esse sentindo amplo do morfema μηχανή (mechaneacute) passa ao latim com

exatidatildeo

machinaae f Cic a machina militar o engenho v g de levantar pesos de

moinho etc Cic a catasta ou o logar em que se expunham os escravos para

se venderem Cic A machina astuacutecia o artifiacutecio engano Ulp Jctus O

andaime do pedreiro Machinari machinam Plaut Armar machinar ou

idear engano Adhibere machinas as aliquid Cic Applicar toda a astucia

para conseguir alguma cousa Mundi machina Lucr A machina do mundo

(Souza F A de Novo Diccionario Latino-Portuguez)

O sentido com o qual maacutequina chegou ao portuguecircs eacute muito reduzido se

comparado com o sentido que esse lexema possuiacutea no grego ou latim guardando

somente parte de suas possiacuteveis traduccedilotildees mais objetivo e objetivado

maacutequina Sf 1 Aparelho ou instrumento proacuteprio para comunicar

movimento ou para aproveitar pocircr em accedilatildeo ou transformar uma energia ou

agente natural 2 O conjunto orgacircnico das peccedilas dum instrumento

maquinismo mecanismo 3 veiacuteculo locomotor 4 utensiacutelio instrumento 5

fig Estrutura orgacircnica e harmocircnica 6 fig Construccedilatildeo importante complexa

ou suntuosa 7 fig Entidade ou organismo complexo 8 fig Multiplicidade

de coisas que se relacionam entre si 9 fig Pessoa sem ideacuteias proacuteprias e que

procede como autocircmato () (Aureacutelio 1988)

O uso do morfema se restringe a nomear os utensiacutelios fiacutesicos que se usam para

alcanccedilar determinado fim e mesmo quando usado conotativamente ldquofig Pessoa sem

ideias proacuteprias e que procede como autocircmatordquo a ideia eacute de algueacutem que eacute usado por

outro como um utensiacutelio fiacutesico como algo natildeo orgacircnico e objetificado Assim o lexema

63

maacutequina geralmente vem associado a um outro lexema que lhe decirc sentido ou algum

sintagma que o explique que instrumentalize o lexema maacutequina pois nota-se que esse

lexema torna-se geral como um determinante de algo mutaacutevel que natildeo possui um

sentido restrito por haver vaacuterias espeacutecies e tipos de maacutequinas Exemplo da segunda

constataccedilatildeo eacute o uso do lexema machina que em seguida para apresentar sua utilizaccedilatildeo

lemos o sintagma ldquopropria para marcar papelrdquo O pronome ldquoproacutepriardquo que acompanha

o sintagma nos daacute a entender que haviam outros tipos de maacutequinas inclusive dentro dos

trabalho com o papel como maacutequinas de furar papel por exemplo Aleacutem obviamente

de outros tipos que natildeo se assemelhavam agrave funccedilatildeo

O anuacutencio apresentado acima traz uma maacutequina que seria utilizada em um

ambiente especializado e bastante restrito Em termos de quantidade tratava-se de um

produto de produccedilatildeo sazonal certo de que a procura natildeo seria intensa O artefato era

uacutenico inclusive leia-se a quantidade expressa no anuacutencio ldquoVende-se uma machina

propria para marcar papelrdquo Ainda que seu produto se destine a um nuacutemero maior do

que aquele que faz uso da maacutequina era um grupo restrito aquele que usufruiacutea dele

A constituiccedilatildeo das civilizaccedilotildees se deu historicamente nos entornos de alguma

fonte de aacutegua uma vez que esse eacute um produto natural vital para o sucesso da vida na

terra A cada aumento populacional a cada passo dado rumo a uma vida mais urbana

distanciando-se da natureza o homem produziu um artefato tecnoloacutegico para trazer a

aacutegua cada vez mais para perto e cada vez de uma maneira menos trabalhosa Famosos

eram os canais artificiais da antiguidade no Nilo e o sistema de aqueduto romano

Quanto mais poder o homem tem sobre os recursos naturais maior o niacutevel de civilidade

a ele eacute outorgado

Para a sociedade brasileira oitocentista natildeo poderia ser diferente e nos anos idos

do seacuteculo em questatildeo podia se encontrar maacutequinas idealizadas exatamente para que a

facilidade em se obter aacutegua fosse maximizada

- 28 de janeiro de 1872 Campinas Gazeta de Campinas

BEacuteLIER HIDRAULIQUE (Machinas para suspender agua) ||Na Imperial

Officina Machina de AC Sampaio Peixoto construe-se as machinas acima

de diversos tamanhos para suspender agua a qualquer altura|Estas Machinas

satildeo de muita vantagem para quem tem agua distante da moradia podendo

com o emprego dellas trazel-a para aonde quizer e trabalham noite e dia

64

sem ser necessario meio algum para movel-a se natildeo a propria agua que

entrando por um tubo escapa parte e pela compressatildeo do ar daacute impulso a que

fica em outro fazendo-a subir a altura desejada|Satildeo de contruccedilatildeo simples e

duravel o que se garante| Na officina acima construiu-se uma muito pequena

que estaacute exposta ali para quem quizer vecircr e trabalha perfeitamente bem

suspendendo 23 pollegadas cubicas de agua por minuto aacute altura de 18 peacutes (25

palmos)

ldquoBeacutelier Hidrauliquerdquo era o nome fantasia de um tipo de maacutequina feita em

territoacuterio nacional Haacute uma oficina especializada para a produccedilatildeo em escala dessa

tecnologia Note-se que o que segue o nome do artefato eacute uma explicaccedilatildeo entre

parecircnteses para que o puacuteblico se certificasse do que se trataria ldquoMachinas para

suspender aguardquo A relaccedilatildeo com a aacutegua muito embora venha expressa pelo lexema

ldquohidrauliquerdquo necessitava segundo o anunciante ser atestada para que natildeo houvesse

duacutevidas O sintagma ocorre da mesma forma que a construccedilatildeo do anuacutencio anterior a

esse uma construccedilatildeo lexema + a preposiccedilatildeo lsquopararsquo + infinitivo uma forma de explicar

o uso do objeto

Seja para o conforto de ter aacutegua perto de casa para o uso cotidiano seja para levar

aacutegua agrave lavoura ter o poder sobre o elemento eacute uma demonstraccedilatildeo clara do afatilde

progressista que imperava no ideaacuterio paulista da eacutepoca que via na ciecircncia um degrau

seguro para alcanccedilar a modernidade

ALONSO (2003) citando Pereira Barreto nos diz o seguinte

ldquoAchamo-nos portanto neste dilema ou optar pela ciecircncia e seguir

resolutamente a vereda aberta pelos paiacuteses emancipados ou com fervor nos

lanccedilamos sobre os braccedilos da feacute e nos resignamos a natildeo ser ocupar senatildeo o

uacuteltimo lugar na retaguarda da civilizaccedilatildeordquo

(BARRETO 1876 VII)

O consumo dessa modernidade principalmente depois da deacutecada de 70 vem num

crescendo que impele consequentemente o incremento das possibilidades de produccedilatildeo

assim como bem atesta a propaganda do produto de AC Sampaio Peixoto A maacutequina

desse artiacutefice tinha grande variedade de tamanhos e que poderiam variar tambeacutem quanto

agrave capacidade de acordo com a vontade veja bem Vontade porque ele natildeo diz que leva a

65

aacutegua aonde precisar mas antes pode ldquocom o emprego dellas trazel-a para aonde

quizerrdquo A demonstraccedilatildeo de poder sobre algo tatildeo natural casa-se com o ideaacuterio

positivista da eacutepoca

Ao passo que novas tecnologias maquinais satildeo postas em jogo notamos que a

relaccedilatildeo sintaacutetica tambeacutem se inova Ao que nos parece os nomes que satildeo compostos

pelo lexema maacutequinamachina quando mais antigos ou de tradiccedilatildeo mais antiga como os

que nos serviram com exemplo nos anuacutencios anteriores seguem o padratildeo lexema + a

preposiccedilatildeo lsquopararsquo + infinitivo quando temos um artigo intermediaacuterio em se tratando da

linha histoacuterica vemos uma nova construccedilatildeo que pode ser lida equivalentemente em seu

sentido uma vez que tem a funccedilatildeo de identificar o uso do tipo de maacutequinamachina A

construccedilatildeo que se utiliza de complemento nominal com a construccedilatildeo lexema (maquina)

+ preposiccedilatildeo lsquodersquo + lexema (nome) formando uma palavra complexa para especificar o

tipo de maacutequina de que se trata

De Satildeo Paulo levantamos um anuacutencio de um tipo de machina que pode

exemplificar o que fora expresso no uacuteltimo paraacutegrafo

- 29 de julho de 1887 Satildeo Paulo Correio Paulistano

Machinas de costura|A Frederico Schulze amp Companhia|Importadores de

Machinas de Costura|Pedem ao respeitavel publico se digne visitar o seu

estabele|cimento para examinar o que haacute de melhor em machinas de|costura

dos afamados auctores e com todos os aperfeiccediloamentos|uacuteteis adoptados pela

technica moderna| Os seus preccedilos satildeo extremamente moacutedicos e ao alcance

de|todas as bolsas Aqui encontraraacute sempre o publico grande sortimento|de

machinas para tocar aacute matildeo aacute peacute aacute|peacute e matildeo com caixa ou sem| caixa

proacuteprias e perfeitas para todas as costuras desde a mais fina|cambraia ateacute o

mais en corpado algodatildeo|Os Senhores Alfaiates sapateiros selleiros

correeiros etc| tambem encontraratildeo nesta casa as mais aperfeiccediloadas

machinas jaacute|com accessorios que soacute a mechanica do progresso

hodierno|poderia adeptar para que taes machinas produzam

trabalhos|maravilhosos natildeo soacute pela perfeiccedilatildeo como pelo pouco tempo

comsumido|e pelo pequeno incommodo de quem as menejar para

produzirem|taes resultados Todas as machinas de nosso estabelecimento satildeo

garan|tidas porque soacute importaremos o que houver de bom solido elegante|e

perfeito nesta industria Tambeacutem ahi encontraraacute o respeitavel|publico artigos

concernento aacutes machinas de costura como agulhas|retroz oleo almotolias

66

correias peccedilas avulsas etc tudo de | superior qualidade a preccedilo moacutedico|

Rua de Satildeo Bento 62| Satildeo Paulo

As ldquoMachinas de costura de A Frederico Schulze amp Companhiardquo eacute um dos

anuacutencios mais interessantes que encontramos pela riqueza de detalhes quanto ao

produto e lexemas que se ligam ao produto assim como com o discurso positivista dos

artigos tecnoloacutegicos modernos da eacutepoca

Podemos comeccedilar notando que diferentemente das machinas hidraacuteulicas esse

produto tratava-se de um item que havia necessidade de importaccedilatildeo natildeo sendo

produzido em solo brasileiro Esse eacute um fator a ser notado que demonstra a forma de

comeacutercio que soacute pode ser instaurado apoacutes as transformaccedilotildees poliacuteticas e as poliacuteticas

econocircmicas que se instauraram no Brasil A abertura dos portos para produtos

importados ocorrida no seacuteculo XIX eacute o que possibilitou a entrada inclusive desse tipo

de maquinaacuterio em terras brasileiras A modernidade estrangeira estava sendo

incorporada uma vez que elas serviam como modelo Os importadores traziam para a

naccedilatildeo brasileira o que havia de melhor em machinas de costura de produtores afamados

mundo afora que se alinhavam ao que havia de technica mais moderna

Esse tipo de maquinaacuterio se punha disponiacutevel para todas as bolsas para todos os

tipos de trabalhadores (alfaiates sapateiros selleiros correeiros etc) de vaacuterias sortes

de funcionamento aleacutem de tratarem-se das mais aperfeiccediloadas machinas jaacute com

accessorios que soacute a mechanica do progresso hodierno Importante notarmos o teor

ufanista presente nesse anuacutencio no que condiz com a perspectiva acerca do momento

histoacuterico em que se encontravam julgavam-no como o aacutepice do status moderno A ideia

eacute reforccedilada pela forma adverbial de ldquosoacuterdquo

Os importadores garantem o seu produto como sendo do melhor tipo

independente do tipo de machina Atestam com suas proacuteprias palavras dizendo que ldquosoacute

importaremos o que houver de bom solido elegante e perfeito nesta induacutestriardquo A

gradaccedilatildeo nas escolhas dos adjetivos culmina no lexema ldquoperfeitordquo A raiz desse adjetivo

aparece constituindo vaacuterias outras palavras durante o texto Fala-se do aperfeiccediloamento

adotados pela teacutecnica hodierna das machinas que satildeo perfeitas para a costura das

machinas que se podem achar no estabelecimento que satildeo as mais aperfeiccediloadas ainda

da perfeiccedilatildeo com que se pode produzir trabalhos com essas machinas e alcanccedila o

trabalho finalmente realizado pela induacutestria de maquinas de costura os que seratildeo

67

importados porque satildeo perfeitos Vejamos que a tentativa do anunciante era a de que

textualmente seu produto se mostrasse intrinsicamente atrelado ao julgamento de que

se tratava de algo perfeito

Haacute um outro ponto nesse anuacutencio ao qual recorreremos mais adiante quando este

se refere a questatildeo do tempo

As duas formas de construccedilotildees sintaacuteticas apresentadas ateacute este ponto neste texto

podem ser lidas equivalentemente De tal modo que parafraseando lsquomachina de

costurarsquo temos em bom portuguecircs lsquomachina para costurarrsquo ou no sentido contraacuterio

para lsquomachina para suspender aacuteguarsquo temos como frase equivalente lsquomachina de

suspensatildeo de aacuteguarsquo comparando os dois anuacutencios que apresentamos ateacute agora e a

maneira como operam com o leacutexico

Quando o lexema machina aparece isolado sem qualquer tipo de associaccedilatildeo para

a formaccedilatildeo de palavras complexas ou sintagmas que expliquem o seu uso se refere a

uma gama de tipos desse artefato ou se trata de retomadas reduzidas do tipo de maacutequina

jaacute mencionada no texto dos anuacutencios Para exemplificar essa uacuteltima afirmaccedilatildeo podemos

tomar parte do anuacutencio logo acima transcrito

ldquo- 29 de julho de 1887 Satildeo Paulo Correio Paulistano

()Aqui encontraraacute sempre o publico grande sortimento|de machinas para

tocar aacute matildeo aacute peacute aacute|peacute e matildeo com caixa ou sem| caixa proacuteprias e perfeitas

para todas as costuras desde a mais fina|cambraia ateacute o mais en corpado

algodatildeo ()rdquo

Abrindo aqui um parecircntese ALENCASTRO9 nos conta sobre a tentativa do

Brasil do seacuteculo XIX de procurar se espelhar em certas naccedilotildees jaacute constituiacutedas na

Europa principalmente a Franccedila O autor nos fala sobre um certo ldquofranceismordquo

experimentado pela sociedade brasileira tanto no que tange a vida urbana quanto agrave vida

rural

9 Alencastro Luis Felipe de ldquoVida Privada e Ordem Privada no Impeacuteriordquo artigo que se encontra na obra

ldquoHistoacuteria da Vida Privada no Brasilrdquo Esta obra se propotildee a nos dar um panorama da vida no Impeacuterio

assim assim como as ideias sobre o processo civilizatoacuterio experimentada pelo Brasil no seacuteculo XIX

68

ldquoUm modo de vida caracterizado por uma cultura rica menos

desequilibrada que a da Itaacutelia menos ruacutestica que a da Espanha e Portugal

mais densa que a da Inglaterra mais presente do que a da Ameacuterica no

Norterdquo

(ALENCASTRO 1997)

Haacute de se ter em mente que a populaccedilatildeo urbana em comparaccedilatildeo agrave rural no Brasil

do seacuteculo XIX era em termos de grandeza numeacuterica menor e por isso mais presente

na vida enquanto sociedade Tendo entatildeo como fonte de paracircmetro civilizado a Franccedila

atraveacutes de folhetins operetas e romances que desembarcavam no Impeacuterio a elite

brasileira se mostrava uma grande consumidora do modelo escolhido Assim os

modelos de maacutequinas de costura vinham para incrementar ldquoas atividades domeacutesticas

das mulheres livres e escravasrdquo (ALENCASTRO 1997) respeitando seu espelho

Uma ferramenta muito uacutetil para atestados de discursos surgiu no iniacutecio do seacuteculo

XIX e foi recebida de maneira bastante calorosa Em 1826 o francecircs Niceacutephore Niegravepce

militar e cientista amador fascinado pela ideia da possibilidade do registro visual

consegue alcanccedilar a faccedilanha ainda que para ele natildeo tenha sido uma mostra de sucesso

de produzir o que hoje eacute considerada a primeira fotografia da histoacuteria Devido a teacutecnica

inicialmente utilizada pelo inventor que atraveacutes da luz capturava a imagem em oito

horas enquanto a luz do sol muda assim como as sombras o resultado final dessa

primeira fotografia era algo muito borrado mas promissor A associaccedilatildeo de Niegravepce e

Louis Daguerre que via o potencial da tecnologia resultou apoacutes a morte do primeiro e

com mais investimentos pelo segundo no incremento da teacutecnica possibilitando a

criaccedilatildeo de maacutequinas capazes de fotografar com mais perfeiccedilatildeo aquilo que se julgasse

digno de registro ao que o inventor nomeou daguerreotipo Outros inventores em

outros lugares do mundo vinham trabalhando em invenccedilotildees que procuravam o mesmo

resultado Talbot e Herschel na Inglaterra Hercules Florence que viveu no Brasil entre

1824 e 1879 na vila de Satildeo Carlos onde hoje eacute conhecido como Campinas que se

utilizou da proacutepria urina para alcanccedilar resultados satisfatoacuterios em seus experimentos em

1833 Sobre este uacuteltimo apesar de natildeo ter dado nenhum nome especiacutefico para sua

invenccedilatildeo aos resultados obtidos pela sua teacutecnica foi dado o nome de fotografia

Uma vez obtido sucesso a produccedilatildeo de maacutequinas fotograacuteficas poderia se tornar

produto para o mercado

69

- 22 de janeiro de 1879 Satildeo Paulo Correio Paulistano

PHOTOGRAFIA|AMERICANA|RUA DA IMPERATRIZ|Satildeo PAULO| O

propretaacuterio deste estabelecimento de volta de sua viagem aacute Europa continua

a trabalhar no mesmo estabelecimento o qual se acha augmentado com

machinas e utensiacutelios os| mais modernos|Neste estabelecimento que conta

16 annos de existencia (o mais antigo deste proviacutencia) continua-se a

trabalhar por todos|os sistemas de photografias desde o retrato em a|mais

pequena miniatura ateacute o tamanho natural|Encarrega-se de mandar pintar em

Pariz pelos melhores pintores qualquer retrato em|busto ou corpo inteiro a

oleo pastel ou aquarella bastando para isso um pequeno retrato|da pessoa

que se quizer retratar|Trabalhar-se todos os dias das 10 horas da manhatilde aacutes 4

horas da tarde natildeo importa o tempo chuvoso|OS SENHORES

PHOTOGRAFOS|encontraratildeo neste estabelecimento tudo que eacute mister aacute

mesma arte e pelos preccedilos do Rio de Janeiro|Retratos de ateacute Reacuteis 5$ a

duacutezia

Incriacutevel eacute notar a rapidez com que as tecnologias se potildee feitas logo satildeo

consumidas em sanha terriacutevel

O lexema machina neste anuacutencio diferentemente das utilizaccedilotildees sintaacuteticas

analisadas antes natildeo vem acompanhado de complemento que explique a sua utilizaccedilatildeo

como em machina de costura ou machina para suspender aacutegua O lexema se apresenta

sozinho o que nos faz crer que a familiaridade com o produto na eacutepoca era bastante

avanccedilado

O proprietaacuterio importava natildeo soacute as machinas e utensiacutelios mais modernos mas

trazia consigo o conhecimento dos sistemas pelos quais se poderia modernizar as

praacuteticas artiacutesticas da fotografia

Photografia foi um lexema adotado pela liacutengua portuguesa em 1858

fot(o) elem Comp do gr Photo- de phos photoacutes luz que se documenta em

numerosos compostos introduzidos nas liacutenguas modernas de cultura a partir

do seacutec XIX como fotografia fotometria fotosfera etc Pelo modelo de

fotografia cuja forma abreviada foto veio a constituir novo elemento de

composiccedilatildeo formaram-se dezenas de outros compostos tais como fotocarta

fotonovela fototeca etc () fotografia | photographia 1858 (CUNHA

2007)

70

Podemos notar como foi grande a aceitaccedilatildeo puacuteblica dessa nova tecnologia no

Brasil oitocentista como podemos notar pela quantidade de anuacutencios que se fizeram na

eacutepoca de casas especializadas nessa arte

- 24 de abril de 1870 Campinas Gazeta de Campinas

PHOTOGRAPHIA CAMPINENSE DE HENRIQUE ROSEN|| 28-RUA

DIREITA-28||Tira retratos todos os dias e por todos os systemas Para familia

- os preccedilos satildeo reduzidos consideravelmente

A photografia eacute importante para noacutes pois se trata de um registro que vai aleacutem do

comezinho natildeo eacute algo simplesmente para guardar um momento Antes carrega consigo

um discurso

ldquoEacute preciso compreender por exemplo que dentro de uma fotografia se

revela natildeo soacute a imagem em si ela traz consigo um contexto histoacuterico social

Expressa tambeacutem o olhar particular do fotoacutegrafo que tem um objetivo em

seu registro e este olhar eacute tambeacutem uma construccedilatildeo social o fotoacutegrafo eacute uma

construccedilatildeo social Portanto revela o autor da obra e revela aquele que vecirc a

imagem que para interpretaacute-la faraacute uso de conhecimentos jaacute adquiridos em

sociedade Todo esse enredo dentro de uma fotografia demonstra a amplitude

do ato de fotografar e a reaccedilatildeo da imagem gerada para terceirosrdquo

(FREITAS 2018 p 5)

As fotografias de D Pedro II para tomarmos o exemplo mais expressivo

carregavam sempre consigo algo a mais do que a imagem em si mas antes vinha repleto

de intenccedilatildeo dependendo da razatildeo da fotografia Mais do que uma construccedilatildeo social no

caso das fotografias do seacuteculo XIX muitas delas se prestavam para a construccedilatildeo de uma

sociedade aquela idealizada pela circunstacircncia

Na obra As Barbas do Imperador de Schwarcz haacute um capiacutetulo intitulado ldquoA

revoluccedilatildeo do daguerreacutetipo entre noacutesrdquo Sobre a corte eacute dito que o imperador do Brasil

aleacutem de grande entusiasta da tecnologia e das teacutecnicas fotograacuteficas ele mesmo se tornou

um fotoacutegrafo precoce ldquoo primeiro fotoacutegrafo brasileiro o primeiro soberano-fotoacutegrafo

do mundordquo Leia-se ainda ldquoNa verdade d Pedro faraacute da fotografia o grande

71

instrumento de divulgaccedilatildeo de sua imagem moderna como queria que fosse o reinordquo

(SCHWARCZ 1998 pg 345)

Entre agosto de 1839 quando o daguerreotipo foi anunciado na Academia de

Belas-Artes e de Ciecircncias em Paris e janeiro de 1840 tempo bastante curto para a

eacutepoca diga-se no Brasil a tecnologia estava introduzida exercitando a arte e a

curiosidade de nosso povo A arte fotograacutefica era vista como o grande marco da

modernidade

No produto avistava-se o casamento com a modernidade atestando o status

civilizado aleacutem de figurar como um negoacutecio para o enriquecimento pessoal uma vez

que os retratos a oacuteleo apresentavam preccedilos cada vez mais altos A procura por retratos

fotograacuteficos que eram feitos agraves duacutezias e que poderia ser dados como presentes ou

mesmo trocados se tornaram uma saiacuteda muito cocircmoda para aqueles que desejassem seu

retrato ou do que quer que fosse Atraveacutes dos retratos poderia se mostrar o quanto

civilizadamente moderno se era pelo produto e pela forma como eram realizados os

retratos Assim todos eram um pouco como o imperador propagandeando

Como se vecirc nos exemplos dados machina e modernidade se expotildeem de forma

associada e inseparaacuteveis ideologicamente

Uma vez incorporado o lexema agrave liacutengua inevitavelmente sofre fenocircmenos

morfoloacutegicos principalmente por fazer parte de uma aacuterea tatildeo produtiva quanto o campo

de novas tecnologias Dessa forma a partir do lexema machina e do fenocircmeno

derivacional que ldquoconsiste em formar palavras de outra primitiva por meio de afixosrdquo

(BECHARA 2007) novas palavras satildeo criadas (neologismos) para dar conta das novas

aacutereas que surgem a partir da adoccedilatildeo de novas tecnologias Assim da ldquopalavra simplesrdquo

machina com a adiccedilatildeo do sufixo derivacional agentivo ldquondashistardquo temos a denominaccedilatildeo da

pessoa que opera maacutequinas o machinista Segundo Cunha a adoccedilatildeo deste neologismo

se deu em 1813

maacutequina sf Qualquer utensiacutelio ou instrumento | machina 1572 | do lat

Machina deriv Do gr Dor Machana meio engenhoso para se conseguir um

fim () maquinista 1813 do fr Machiniste() (Cunha 2010)

Temos assim o exemplo dessa nova palavra em nosso corpus

72

- 27 de fevereiro de 1889 Satildeo Paulo Correio Paulistano

Engelberg Siciliano amp Companhia|Machinas para lavoura|privilegiadas pelo

governo imperial|Satildeo Paulo|No empenho de tornar cada vez mais conhecidas

as vantagens que sobre|quaesquer outras offerecam as nossas excellentes

machinas para a lavoura|chamamos a atenccedilatildeo do senhores fazendeiros para o

seguinte|descascador de cafeacute do ldquoengelbergrdquo|O descascador ldquoEngelbergrdquo eacute o

unico que absolutamente natildeo quebra cafeacute|apresentando aleacutem desta

incontestavel vantagem outras muitas taes como--|grande simplicidade e

solidez dispensando os tantos concertos que satildeo|precisos em outras

beneficio perfeitissimo devido ao seu excepcional e |unico systema pelo

qual o cafeacute se descasca brandamente sem estragar-se conservando por muito

tempo a sua cocircr natural e sendo por isso muito apreciado e procurado em

todos os mercados natildeo se perde nenhum gratildeo de cafeacute porque a palha sahe de

tal modo moiacuteda que eacute impossivel envolver cafeacute algum|natildeo acontecendo o

mesmo com outros descascadores os quaes apezar de|moerem o cafeacute

deixam a palha quase inteira envolvendo-se nella grande|quantidade de gratildeos

que afinal se perdem por na poderem ser separados|occupa menor forccedila do

que qualquer outro descascador para beneficiar a|mesma quantidade havendo

aleacutem disso grande economia de lenha e tempo| Enfim os numerosos

attestados que recebemos diariamente de illustrados|fazendeiros e as

experiencias feitas por muitas vezes em cotejo com outras|machinas em

cujas experiencias tem-se observado que os nossos descascadores|sugmentam

a safra ateacute dez por cento satildeo elementos mais que sufficientes para |

comprovar o que dizemos|E se isso ainda natildeo focircr bastanto nos obrigamos a

pagar a quantia de reacuteis 50$000|por arroba de cafeacute que sahir quebrado de

nossa machina condiccedilatildeo essa que nos | poderaacute impor qualquer

comprador|Ainda mais -- faremos prezente de um descascador de qualquer

tamanho|dos de nossa invenccedilatildeo a quem quizer nos dar em troca o cafeacute que

sobrar do cotejo com outro descascador de differente systema tomando-se

como base|quantidade egual de cafeacute em cocircco calculada para dar dez mil

arrobas|beneficiadas|Quer isto dizer que o nosso descascador nas primeiras

mil arrobas de cafeacute que | beneficia jaacute proporciona para o fazendeiro uma

economia cujo valor eacute superior|ao seu custo|Diante de vantagem tatildeo reaes e

incontestaveis excusado eacute encarecer os meritos desta machina e para sua

significativa importancia nos limitamos a reclamar em|geral a attenccedilatildeo da

lavoura do paiz a favor da qual revertem os seus beneficios|Ventilador de

cafeacute em cocircco|Apartador de pedras|Esta machina tambem muito simples de

tatildeo solida construcccedilatildeo como a|precedente torna se egualmente necessaria por

ser de grande vantagem e de|reconhecia utilidade notadamente nas fazendas

73

situadas em terrenos|pedregosos|Atenuando consideravelmente a penosa lide

da lavagem do cafeacute proporciona ao|fazendeiro uma grande economia de

tempo em relaccedilatildeo aacutequelle prejudicial|systema|O nosso ndash Ventilador para cafeacute

em cocircco ldquoApartador de pedrasrdquo duas machinas|adaptadas nrsquouma soacute peccedila

pelo que dispensa completamente o antigo ventilador|para cafeacute em cocircco

preencheu perfeitamente a lacuna que existia na lavoura|e tanto eacute isso

verdade que continuamos a receber constantemente pedidos dessa excellente

uacutenica e tatildeo invejada machina|Machina de beneficiar arroz Evaristo

Conrado|Este prodigioso producto da machina eacute superior a todo o encocircmio

que se lhe|possa fazer e para comprovar o que avanccedilamos basta nos-aacute

lembrar o imenso|sucesso que acaba de obter nos Estados Unidos da

America onde cauzou|assombro a sua apresentaccedilatildeo um publico

organizando-se desde logo uma|companhia com o elevado capital de um

milhatildeo de dollars para desenvolver o|seu fabrico em grande escala conforme

reclama a procura|A superioridade desta machina sobre qualquer outra eacute tatildeo

sensiacutevel que a torna unica no mundo De uma solidez e simplicidade

extremas dispensa o serviccedilo|de machinista profissional para dirigil-a sem

prejudicar nem mesmo de leve|este resultado-- natildeo quebra arroz brune-o

com admiraacutevel perfeiccedilatildeo e|toda a casca pondo-a em condiccedilotildees de prestar-se

a diversos misteres de grande|utilidade|Aleacutem disto a machina ldquoEvaristo

Conradordquo soacute occupa um pequeno espaccedilo para | seu funccionamento quando

as outras existentes sobre serem deficientes em|seus resultados satildeo de

grandes complicaccedilotildees e de preccedilo extraordinariamente|maior sendo ainda de

dispendiosissima montagem

Temos anuacutencio de um tipo de maacutequina que de tatildeo moderna e de tal autonomia que

ldquodispensa o serviccedilo de machinista profissional para dirigil-ardquo Lecirc-se nas entrelinhas

algo que vai aleacutem Nesse momento existe um profissional especializado em ldquodirigirrdquo

esse tipo de maacutequina mas que com a evoluccedilatildeo tecnoloacutegica se torna dispensaacutevel

Reiteramos aqui todo o empenho dos paulistas em se mostrar cada vez mais

adepto do cientificismo e das teacutecnicas cientiacuteficas O campo era a mina de onde se

retirava a riqueza desse povo A preocupaccedilatildeo com esse campo de pesquisa era grande

de modo a civilizar o campo modernizando-o assim como as cidades

O mundo cultuava a tecnologia Desde o iniacutecio da segunda metade do seacuteculo XIX

exposiccedilotildees chamadas de Exposiccedilotildees Universais ocorriam mundo afora em grandes

centros demonstrando toda sorte de trabalhos festejando o progresso

74

ldquoEacute nessa mesma eacutepoca que nosso imperador comeccedila a investir mais e mais

em uma imagem lsquoprogredidarsquo para o paiacutes no exterior O lsquomonarca inventorrsquo e

adepto das vogas cientiacuteficas combinava com o cidadatildeo do mundo que viajava

como um turista que se quer qualquerrsquordquo

(SCHWARCZ 1998 p 385)

A eacutepoca eacute a deacutecada de 80 O puacuteblico das exposiccedilotildees crescia a cada evento e se

destinava a propaganda das naccedilotildees e seus trabalhos O que cada naccedilatildeo tinha a oferecer

ao mercado externo Ser sede de uma dessas feiras era garantir visibilidade aleacutem do

grande retorno financeiro Participar como expositor tambeacutem obviamente trazia

visibilidade ao paiacutes dono do estande e a partir da terceira exposiccedilatildeo que aconteceu em

Londres em 1862 o Brasil foi presenccedila cativa (SCHWARCZ 1998)

O Brasil queria se mostrar civilizado e levava para os seus estandes o que era

produto do paiacutes cafeacute seu carro chefe chaacute erva mate guaranaacute arroz borracha tabaco

madeira entre outros produtos agriacutecolas Aleacutem do que era mais rural tambeacutem se

apresentavam produtos mais modernos tecnoloacutegicos ateacute como maquinaria em geral

materiais para estrada de ferro e construccedilatildeo civil teleacutegrafos armamentos militares

Produtos estes que seriam mais simboacutelicos no que tange a modernidade contudo eram

vilipendiados pelos visitantes do estande que premiavam o cafeacute e a ceracircmica marajoara

e mantinham a opiniatildeo de que o Brasil era um paiacutes exoacutetico

Ao menos a agricultura era premiada devido agrave excelecircncia de seus produtos

Retomemos o anuacutencio Este era destinado aos senhores fazendeiros para que

conhecessem um descascador de cafeacute que diferentemente daquelas que recheavam o

mercado trabalhava de modo a manter a integridade dos gratildeos da mesma sorte que

apenas o que sairia da maacutequina era o gratildeo sem resquiacutecios de palha O que era um

problema A adjetivaccedilatildeo utilizada para esta maacutequina e seu sistema de funcionamento

natildeo podia ser outro que natildeo perfeitiacutessimo Os vendedores punham tanta feacute em sua

tecnologia que se propunham a pagar pelas sacas de cafeacute que saiacutessem quebrados da

maacutequina

A maacutequina que dispensava machinista era uma destinada ao trato com o arroz

apoacutes a colheita e esta ausecircncia natildeo prejudicaria ldquonem mesmo de leve este resultado--

natildeo quebra arroz brune-o com admiraacutevel perfeiccedilatildeo e toda a casca pondo-a em

condiccedilotildees de prestar-se a diversos misteres de grande utilidaderdquo

75

71 Arte mecacircnica

Quando anteriormente chamamos a atenccedilatildeo para as duas formas dialetais

existentes do lexema machina μηχανή e μαχανά no grego natildeo foi de maneira

nenhuma sem um propoacutesito Ambas as formas influenciaram o leacutexico da liacutengua

portuguesa tendo formas lexicais adotadas em momentos distintos obviamente

formando radicais distintos mas logicamente associados quanto ao sentido

A forma doacuterica μαχανά como pode parecer claro influenciou a adoccedilatildeo no

leacutexico latino e ao radical que forma o lexema machina assim como palavras que dela

derivaram A forma faz parte de uma gama de outros lexemas que serviram de

empreacutestimos dos mais antigos respeitando o fluxo grego gt latim por questotildees histoacuterico-

geograacuteficas As colocircnias doacutericas situavam-se na Greacutecia ocidental parte delas mais

precisamente no sul da Itaacutelia na antiguidade Devido essa proximidade fiacutesica entre as

liacutenguas a influencia entre si acontecia naturalmente

A forma aacutetica μηχανή (mechaneacute) jaacute no grego era muito mais produtiva na

formaccedilatildeo de palavras influenciando outro ramo lexicograacutefico o que nos presenteou

com a forma mechanica Essa segunda forma dialetal pocircde ser mais produtiva muito

devido a sua origem A partir seacuteculo IV aC o dialeto falado em Atenas alcanccedilou a

promoccedilatildeo agrave liacutengua modelo devido sua importacircncia no processo civilizatoacuterio do territoacuterio

(LUumlDTKE 1974) Como o francecircs falado em Paris que nos dias de hoje tem sua

importacircncia internacional ou em um grau reduzido podemos exemplificar esse fato

fazendo uma associaccedilatildeo com o portuguecircs falado no Brasil e o dialeto (ou dialetos) do

sudeste que pode natildeo ser tido como modelo explicitamente mas ainda hoje eacute o dialeto

no territoacuterio nacional com maior prestiacutegio o dialeto preferido para o uso na televisatildeo

por exemplo sendo o mais difundido

Como dito a forma aacutetica era muito mais produtiva do que a forma doacuterica no

proacuteprio grego antigo dando origem a palavras como μηχάνημα (mechaacutenema)

μηχανητέον (mechaneteacuteon) μηχανητικός (mechanetikoacutes) μηχανικός

(mechanikoacutes) μηχανική (mechanikeacute) etc Atentemos para este uacuteltimo Este lexema

faz parte de uma lista especiacutefica de substantivos criados no grego para nomear artes

teacutecnicas O sufixo κή (keacute) foi amplamente utilizado por Platatildeo e seus disciacutepulos como

Aristoacuteteles para nomear aacutereas de estudo que abrangiam campos de conhecimento e esse

76

conhecimento deveria ser focado e especificado para que dessa forma esse

conhecimento pudesse ser transmitido Assim vaacuterios outros neologismos foram

adotados ainda no grego por volta do seacuteculo V aC a partir desse fenocircmeno que aplica a

sufixaccedilatildeo como γραμματική (gramatikeacute) ποιητική (poietikeacute) ῥητορική (retorikeacute)

e o caso que nos interessa μηχανική (mechanikeacute) entre outros que se dicionarizam

respectivamente arte gramaacutetica arte poeacutetica arte retoacuterica e consequentemente arte

mecacircnica Eacute fato que a adoccedilatildeo μηχανική (mechanikeacute) eacute posterior agrave grande profusatildeo de

neologismos utilizada por Platatildeo mas que segue as mesmas diretrizes para a criaccedilatildeo de

novos lexemas Sendo uma mateacuteria de estudo naturalmente surgiram tratados e

compecircndios sobre os assuntos ainda na Greacutecia claacutessica e posteriormente visto que toda

τέχνη (teacutechne) supotildee ensinamento e aprendizado

Desta sorte o sentido jaacute presente no grego chega atraveacutes do latim ao portuguecircs

mecacircnica sf 1 Ciecircncia que investiga os movimentos e as forccedilas que os

provocam 2 obra atividade ou teoria que trata de tal ciecircncia3 o conjunto

das leis do movimento 4 estrutura e funcionamento orgacircnico 5 aplicaccedilatildeo

praacutetica dos princiacutepios de uma arte ou ciecircncia 6 tratado ou compecircndio de

mecacircnica 7 exemplar de um desses tratos ou compecircndios 8 fig

combinaccedilatildeo de meios de recursos mecanismo () (Aureacutelio 1988)

O termo segundo CUNHA (2010) em seu ldquoDicionaacuterio Etimoloacutegico da Liacutengua

Portuguesardquo teve sua primeira ocorrecircncia no seacuteculo XVI

mecacircnico adj relativo agrave Mecacircnica parte da Fiacutesicarsquo maquinal versado em

Mecacircnica operaacuterio que se ocupa da conservaccedilatildeo e conserto de motores

artista artesatildeo () mecacircnica XVI Do lat mechanica deriv do gr

mechanikeacute

(Cunha 2010)

Assim como o lexema machina mechanica carrega consigo um peso grande

difiacutecil de dissociar da ideia de modernidade por serem obviamente associados no que

tange ao campo de aplicaccedilatildeo e familiaridade A ciecircncia mecacircnica desdobra-se

acompanhando lado a lado os novos inventos sempre sendo ampliado para dar conta de

novos movimentos movimentos que vatildeo ao encontro da modernidade Pois eacute por essa

77

teacutecnica por essa arte por essa ciecircncia que os novos inventos inventos mecacircnicos

podem vir agrave luz

O lexema realmente jaacute fazia parte do leacutexico da liacutengua portuguesa para definir uma

ciecircncia que evoluiacutea a passos lentos Contudo eacute no seacuteculo XVIII na Inglaterra que com

a dita ldquoRevoluccedilatildeo Industrialrdquo e depois no seacuteculo XIX com a propagaccedilatildeo desta

revoluccedilatildeo pelo mundo aleacutem do advento de uma segunda fase que esse lexema toma

novas cores tambeacutem se associando a palavra revoluccedilatildeo em voga na eacutepoca chegando-

se mais agrave ideia de inovaccedilatildeo de modernidade Podemos notar o discurso ufanista em

relaccedilatildeo agraves novidades tecnoloacutegicas e agrave ciecircncia que possibilita sua existecircncia e avanccedilo nos

anuacutencios que analisamos

Em anuacutencio analisado anteriormente neste mesmo trabalho chamamos a atenccedilatildeo

para a palavra mechanica utilizada para dizer da modernidade como as machinas de

costura vinham sendo produzidas na eacutepoca em estudo Naquela anaacutelise demonstramos a

relaccedilatildeo entre a teacutecnica e os avanccedilos civilizatoacuterios

Aleacutem dos avanccedilos tecnoloacutegicos praacuteticos que podem ser usados como ferramentas

para um maior conforto seja no momento do trabalho seja na organizaccedilatildeo social

comungada pela elite da eacutepoca o Brasil punha-se a consumir o que havia de inovaccedilatildeo

cultural ou ferramenta cultural como eacute o caso do nosso proacuteximo exemplo do uso do

lexema mechanica

- 12 de julho de 1828 Satildeo Paulo O Farol Paulistano

Joatildeo Pedro Latzon tem a honra de participar| ao respeitavel Publico que elle

proximamente che|gou de Londres aacute esta Capital onde pertende exhi|bir

algumas Artes Liberaes ou Optica Mechanica| com toda subtileza

perfeiccedilatildeo e delicadeza a que| eacute possiacutevel chegar na casa da Opera desta

mesma| Cidade no dia 13 do corrente mez de Julho Todos| os Senhores e

Senhoras que quizerem honrar o dic|to espectaculo com as suas presenccedilas

queiratildeo se| dirigir aacute casa do Senhor Guilherme Hopkins morador| na Ponte

de Lorena desde as 10 horas da manhatilde| ateacute as 4 da tarde do referido dia 13

onde acharaacuteotilde| os Bilhetes natildeo soacute dos Camarotes como da Pla|tea em cuja

occasiatildeo espera o Reprezentante rece|ber a competente esportula_Principiaraacute

agraves 8 horas| NoteBem A esportula dos Camarotes Platea| e Varanda eacute a do

costume

78

O exemplo desse anuacutencio vem dialogar com um avanccedilo importantiacutessimo quanto

ao trato que a humanidade realizava com o que lhe eacute proacuteprio e distintivo

No mundo grego a distinccedilatildeo entre as artes punha as mecacircnicas num patamar de

menor importacircncia do que aquelas que satildeo realizadas acessando a subjetividade

Aristoacuteteles dividia as ciecircncias de sua eacutepoca como sendo de trecircs tipos as teoacutericas as

praacuteticas e as poeacuteticas Elas respeitavam certa hierarquia que se relacionava com o que eacute

mais interior e mais proacuteximo do espirito As que tocavam o que era mais interior eram

consideradas superiores agravequelas mais mecacircnicas

Se por um lado a teacutechne segundo se relaciona com a esperteza com a astuacutecia

assim como com as habilidades nas produccedilotildees humanas Por outro a espisteacuteme se

relaciona com o saber fazer algo com o conhecimento Logicamente a teacutechne tambeacutem

se relacionava com o conhecimento teoacuterico para que se possa explicar como funciona

cada um dos procedimentos postos em praacutetica

ldquoPara Platatildeo teacutechne consistia em compreender o procedimento de

determinada coisa mas que natildeo se reduzia ao mero jeito de fazer Jaacute para

Aristoacuteteles teacutechne referia-se agrave produccedilatildeo de algo enquanto episteacuteme agrave

construccedilatildeo de um discurso racional demonstrativo com a finalidade de

comunicar o conhecimento A teacutechne natildeo tinha em si mesma uma finalidade

era sempre instrumental o meio com o qual se atingia alguma coisardquo

(SILVA 2014 p 3)

Houve trabalhos durante o medievo que procuraram aproximar as ciecircncias

estreitando a relaccedilatildeo entre o homo sapiens e o homo artifex de modo a clarificar o que eacute

inseparaacutevel para a humanidade a inteligecircncia sagaz e a engenhosidade teacutecnica A partir

da idade meacutedia e suas mudanccedilas com relaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo novos modelos do diacutestico

ensino aprendizagem satildeo praticados que se distanciavam das antigas praacuteticas de

passagem de conhecimento entre artesatildeos gt aprendizes Toda forma de aprendizagem

na Era Medieval era uma escola mas com o desenvolvimento e surgimento de novas

teacutecnicas a relaccedilatildeo evoluiu demandando inovaccedilatildeo

A educaccedilatildeo profissional no Brasil no seacuteculo XIX foi foco de reflexotildees e accedilotildees

para corresponder agraves expectativas de um mundo que se modernizava em velocidade

muito grande Na eacutepoca notava-se a necessidade de uma educaccedilatildeo mais universal natildeo

apenas como uma prerrogativa da elite Por exemplo para que existisse um maquinista

79

especialista que operasse as maacutequinas era necessaacuterio que se realizasse uma accedilatildeo em que

se fixasse um aprendizado sobre seu funcionamento

ldquoA sociedade jaacute natildeo estava mais baseada numa economia latifundiaacuteria das

grandes propriedades mas no ldquo[] regime da pequena propriedade e a

supremacia da riqueza moacutevel A condensaccedilatildeo de ontem cede o domiacutenio agrave

difusatildeo de hoje o bem estar intelectual e econocircmico generaliza-se []rdquo

(SOUZA FILHO 1887 p 8) A defesa por uma educaccedilatildeo de todos eacute

convicccedilatildeo moderna natildeo observada na Antiguidade nem na Idade Meacutedia Para

Souza Filho (1887) o ensino e a educaccedilatildeo cotileacutedones da mesma semente

ldquo[] satildeo os princiacutepios vitais da civilizaccedilatildeo [] Sem ensino e educaccedilatildeo

tornam-se inviaacuteveis a ordem moral os meios de se assegurar o

desenvolvimento humano o progresso a justiccedila e uma sociedade de paz A

democracia e a evoluccedilatildeo econocircmica exigem educaccedilatildeo e lsquoprogresso da

instruccedilatildeorsquordquo

(SILVA 2014 p 5)

Numa naccedilatildeo que vinha investindo pesadamente em um futuro dentre os grandes o

investimento da educaccedilatildeo servia para fazer coro com o discurso de progresso

Entretanto o sistema educacional brasileiro carecia de certa atualizaccedilatildeo Era formada

toda casta de funcionaacuterios puacuteblicos advogados meacutedicos poliacuteticos nas salas das escolas

brasileiras mas deixava-se de lado uma aacuterea que carecia de profissionais ligadas agrave

agricultura comeacutercio e induacutestria que se ligavam diretamente ao progresso econocircmico

pelo menos ateacute a primeira metade do seacuteculo XIX As mudanccedilas aconteceram

lentamente e truncada por discussotildees e accedilotildees de ordem partidaacuterias Mas as artes

mecacircnicas foram sendo introduzidas na realidade do paiacutes a fim de assegurar matildeo de

obra especializada que pudesse corresponder ao mercado de trabalho que por sua vez

asseguravam os passos rumo agrave modernidade

O anuacutencio entatildeo nos serve para vem fazer conhecer os serviccedilos de Joatildeo Pedro

Latzon que vinha apresentar com perfeiccedilatildeo e delicadeza algumas dessas artes liberais

ou optica mecacircnica saberes esses trazidos do exterior pois este vinha de viagem

realizada agrave Londres

Podemos deduzir a partir da raiz que o uso do lexema como adjetivo eacute posterior

ao uso do mesmo lexema como substantivo e uma vez adjetivado se potildee no jogo

gramatical podendo sofrer todas as operaccedilotildees no que diz respeito ao uso de um adjetivo

80

como por exemplo as flexotildees de gecircnero e nuacutemero Dessa forma o adjetivo mechanica

eacute flexionado respeitando o gecircnero do substantivo o qual determina Sendo um adjetivo

com tema em -o a alternacircncia de gecircnero para o feminino se faz com a adiccedilatildeo do sufixo

flexional -a

Notemos que o sintagma vem parafraseado anteriormente por ldquoartes liberaisrdquo um

tipo de arte especiacutefico que visa o ensinamento a formaccedilatildeo pessoal do indiviacuteduo Esse

pensamento acompanha as ideias de formaccedilatildeo de naccedilatildeo em voga na eacutepoca Para se

construir uma naccedilatildeo eacute importante formar cidadatildeos Assim a arte liberal eacute uma

ferramenta que deve ser usada para essa formaccedilatildeo arte liberal ou ldquooptica mechanicardquo

um mecanismo

Acreditamos que este seja o momento de explanarmos que esse sintagma eacute

construiacutedo a partir de duas palavras que possuem raiacutezes gregas ldquoOpticardquo tem sua raiz

em ὄψις (oacutepsis) e esta se dicionariza da seguinte forma

ὄψις ἡ gen εως Ion ιος (from ΟΠ Root of ὄψομαι) I look

appearance aspect of a person or thing Lat Species oris aspectus II

Soph εἰκάζεσθαι απὸ τῆς φανεπᾶς ὄψεως Thuc - acc Absol In

appearance Pind Att 2 the countenance face Eur etc 3 = θέαμα a

sight Aesch Eur etc ἄλλην ὄψιν οἰκοδομημάτων other architectural

sight Hdt τῆι ὄψει from what they saw Thuc 4 a vision apparition Hdt

Trag II Eyesight vision Hom Hdt Att in pl the organs of sight the

eye Soph Xen 2 view sight Lat Conspectus ἀπικέσθαι ἐς ὄψιν τινί to

come into onersquos sight ie presence Hdt εἰς ὄψιν τινός or τινί ἥκειν

μολεῖν ελθεῖν περᾶν Aesch Eur (Liddle amp Scott Greek-English

Lexicon)

A partir da raiz assim como eacute o caso de μηχανή (machina) e μηχανική

(mechanica) um substantivo derivado se formou o neologismo ὀπτική (οptikeacute) a partir

do uso do sufixo κή (keacute) Como explicado anteriormente a esse sufixo agrega-se o

sentido de arte teacutecnica Essa palavra foi adotada pelo latim meacutedio com o sentido de

arte

optice es f Vitr a oacuteptica parte da mathematica que trata da luz e da visatildeo

directa (Souza F A de Novo Diccionario Latino-Portuguez)

81

Uma vez constituinte da liacutengua latina e com o passar dos anos o lexema sofreu

algumas alteraccedilotildees no que tange ao sentido aumentando o seu campo de

conceitualizaccedilatildeo e dessa forma eacute dicionarizado por Aureacutelio

oacuteptica Sf 1 parte da fiacutesica que investiga os fenocircmenos de produccedilatildeo

transmissatildeo e detecccedilatildeo eletromagneacutetica de comprimento de onda

compreendido aproximadamente entre 10 Aring e 1 mm 2 tratado ou compecircndio

acerca dessa mateacuteria 3 exemplar de um desses tratados ou compecircndios 4

aspecto ou perspectiva dos objetos vistos 5 estabelecimento onde se vendem

eou fabricam instrumentos oacutepticos sobretudo oacuteculos ou lunetas 6 fig

Maneira de ver de julgar de sentir conceito ou ideia particular (Aureacutelio

1988)

Cunha nos atesta que a primeira ocorrecircncia deste lexema no portuguecircs se deu em

1813 o que nos daacute a certeza de que a arte mecacircnica daquele tempo realmente fazia uso

de tudo o que era de novo para a eacutepoca e se disseminava com uma consideraacutevel

velocidade como dito pelo anunciante no anuacutencio anterior ao que estamos analisando

por ora ldquoaccessorios que soacute a mechanica do progresso hodierno poderia adoptarrdquo

72 Dono de seu proacuteprio tempo

Haacute seacuteculos talvez milecircnios o homem procurando se tornar atuante e dono de seu

tempo tanto da eacutepoca em que viviam quanto de seus momentos vividos no cotidiano a

ponto de hoje em dia haver capitalizado seu tempo e expresso isso com a maacutexima time

is money vem procurando maneiras de marcar o tempo com a invenccedilatildeo de diversas

formas de determinaacute-lo Desde a clepsidras agraves ampulhetas reloacutegios solares e os das

torres das igrejas invenccedilotildees que visavam uma organizaccedilatildeo social de acordo com as

horas do dia a ideia de reloacutegio servia como predeterminaccedilatildeo dos compromissos dos

cidadatildeos Sem duacutevida a invenccedilatildeo veio para moldar uma nova forma de medida

temporal

82

O lexema reloacutegio tem em sua raiz e origem uma palavra que determinava as

estaccedilotildees do ano assim mais tarde atrela-se ao sentido da palavra e de outras que dela

derivariam qualquer divisatildeo temporal

ὥρα Ion ὥρη ἡ Ep gen pl ὡράων Ion ὡρέων poet dat pl

ὥραισι Lat hora any time or period whether of the year month or day

(νυκυτός τε ὥραν καὶ μηνὸς καὶ ἐνιαυτοῦ Xen) hence I A part of

the year a season in pl the seasons (hellip) (Liddle amp Scott Greek-

English Lexicon)

Assim com essa ideia de divisatildeo temporal e tendo o grande marcador de tempo a

sua disposiccedilatildeo os primeiros reloacutegios foram os solares Inclusive Liddell and Scott

mencionam em seu dicionaacuterio a existecircncia de um reloacutegio solar Outros dicionaacuterios

trazem a evoluccedilatildeo da palavra ὥρα (hoacutera) que nos daacute o lexema que nos serve para

anaacutelise

ὡρολόγ-ιον τό A an instrument for telling the time a dial or clock ὡ

σκιοθηρικόν the sun-dial of Anaximenes PlinHN2187 a sun-dial

(ὡρολόγιον) at Zea (Piraeus) mentioned in PHaw81 (Att periegesis of iii

B C pap of ii A D) ldquoἀπὸ τοῦ σκιακοῦ ὡρολογίουrdquo

IGRom4293ai35 (Pergam prob 1276 BC) cf Cleom110sq Gem823

Plu21006f CIG1947 (loc inc) InscrCos57 Suid (who writes it

ὡρολογεῖον) ὡ ὑδραυλικόν a water-clock = κλεψύδρα cf

Aristocl apAth4174c PlinHN7213 Bato 214 ldquoμηχανικὰ ὡrdquo AchTat

IntrArat256 the dimensions of a water()-clock are given in POxy47031

(iii A D) (Perseus online)

E assim Liddell and Scott dicionarizam ὡρολόγιον (horoloacutegion) como um

instrumento que diz as horas um mostrador e menciona o reloacutegio solar de Anaxiacutemenes

localizado no Pireus

Com a grafia horologium esse lexema passa ao latim com a ideia ainda de reloacutegio

solar advinda dos gregos que era a forma mais praacutetica para se determinar o tempo

naquele tempo

83

Contudo ainda nos atestam Liddel and Scott outras formas de medida temporal

imediata - quando digo imediata me refiro agraves horas do dia Haacute o uso de um ὡρολόγιον

ὑδραυλικόν (hopoloacutegion hydraulikoacuten) um reloacutegio que utilizava em seu mecanismo a

aacutegua nomeado de κλεψύδρα (clepsidra) que eram usados para determinar o tempo de

cada orador nas assembleias principalmente na Acroacutepole de Atenas Haacute de se notar que

a democracia ateniense eacute a maior demonstraccedilatildeo de civilidade e sociabilizaccedilatildeo dentre os

gregos

Acompanhando a evoluccedilatildeo humana o reloacutegio eacute desenvolvido adotando novos

mecanismos para seu funcionamento mais exato e o reloacutegio na torre da igreja que se

localizava no centro das cidades determinava o andamento dos viveres das sociedades

que rumavam para a civilidade Do reloacutegio da torre ao reloacutegio de algibeira num

movimento indivualizador o homem tem o tempo em suas matildeos O homem livre era

dono do seu tempo Durante muitos anos os reloacutegios de bolsos eram uma forma

determinante de status social sendo considerados verdadeiras joias com correntes de

ouro pedrarias e afins destinado agraves elites

No iniacutecio do seacuteculo XIX brasileiro as horas diurnas que como diz

ALENCASTRO costumavam ter sua medida ajustada aleatoriamente e ateacute

desnecessaacuteria com a chegada dos reloacutegios de bolso as horas agora necessitam de certo

acerto e os seus tempos poderiam ser ldquomarcados passo a passo de cebolatildeo na matildeo nas

casas nas fazendas nas estradasrdquo enfim em todos os lugares onde houvesse homens

livres

Em 1829 chega a Satildeo Paulo um relojoeiro que pretendia instalar-se na cidade e

prover agrave sociedade paulistana reloacutegios de todas as qualidades

- 11 de janeiro de 1829 Satildeo Paulo O Farol Paulistano

He chegado nesta Cidade vindo de Pariacutes Bont|te Dillon Fabricante de

reloacutegios de todas qualidades| e tambegravem faz todos os concertos aos ditos

reloacutegios e| traz tambem bastantes feitos porisso faz publico a todos| os

Senhores que quizerem utilizar-se do supplicante| para alguma obra o que

faraacute muito comodo e mora na| Rua do Ouvidor numero 49 onde tambem tem

fazendas e modas Francezas

84

A vida social daqueles que queriam alcanccedilar o patamar civilizado deveria se

adequar ao que era o modelo a vida social europeia Alencastro nos conta sobre a

inauguraccedilatildeo em 1850 de uma linha regular de navio a vapor entre Liverpool na

Inglaterra e o Rio de Janeiro Dessa forma os horaacuterios deveriam estar adequadamente

sincronizados Os navios ingleses atracavam no porto do Rio com tal pontualidade

saindo todo dia 24 do mecircs para chegar exatamente no dia 21 do mecircs seguinte mexendo

com o imaginaacuterio de toda a corte

A acircnsia pela modernidade e pelo status civilizado eacute o maior motor para o

consumo de bens como o reloacutegio Assim principalmente apoacutes a segunda metade do

seacuteculo XIX a demanda desse tipo de bem aumenta em grande escala do mesmo modo

que profissionais para suprir a demanda tanto no que diz respeito agrave venda quanto no que

diz respeito a concertos

- 5 de outubro de 1852 Satildeo Paulo Aurora Paulistana

- 15 de outubro de 1852 Satildeo Paulo Aurora Paulistana

JOSErsquo PHILIPPE SALMAN mora | dor na rua de Satildeo Bento nuacutemero 16

participa | ao respeitavel publico e especialmente | aos seus freguezes que

elle tem para | vender um completo sortimento do | oculos de todas as

qualidades lunetas | vidros avulsos oculos de alcance di- | tos para theatro

bengallas ampc ampc | na mesma casa continua-se a vender | e concertar

relogios de todas as qua- | lidades

O poder sobre seu proacuteprio tempo ultrapassa os limites do urbano e as fronteiras

das cidades Inventar maacutequinas para as lavouras que natildeo prescindisse de um maquinista

eacute retirar o homem do trabalho braccedilal subtrair o agente da arte mecacircnica para que seu

tempo pudesse ser investido em artes liberais mais dignificantes

Em anuacutencios jaacute analisados notamos muitas vezes que o diferencial das novidades

maquinais era o tempo gasto no trabalho dessas maacutequinas Quando fora anunciado as

machinas de costura textualmente se fala natildeo somente da perfeiccedilatildeo de seus trabalhos

mas tambeacutem da economia de tempo para que o trabalho seja efetivado

- 29 de julho de 1887 Satildeo Paulo Correio Paulistano

85

[] Os Senhores Alfaiates sapateiros selleiros correeiros etc| tambem

encontraratildeo nesta casa as mais aperfeiccediloadas machinas jaacute|com accessorios

que soacute a mechanica do progresso hodierno|poderia adeptar para que taes

machinas produzam trabalhos|maravilhosos natildeo soacute pela perfeiccedilatildeo como pelo

pouco tempo comsumido|e pelo pequeno incommodo de quem as menejar

para produzirem|taes resultados []

Quando se anunciam as machinas importadas por Engelberg Siciliano amp

Companhia maacutequinas para lavoura a preocupaccedilatildeo em especializar o maquinaacuterio da

aacuterea econocircmica que movimentava o comeacutercio interno e externo do Brasil via-se como

melhoramento dos trabalhos a economia de tempo gasto nele como fator importante

- 27 de fevereiro de 1889 Satildeo Paulo Correio Paulistano

[] Atenuando consideravelmente a penosa lide da lavagem do cafeacute

proporciona ao fazendeiro uma grande economia de tempo em relaccedilatildeo

aacutequelle prejudicial systema []

O trabalho aacuterduo penoso que antes era feito pelos braccedilos e corpos do fazendeiro

(e de seus escravos e posteriormente empregados) poderia ser atenuado pelo uso das

machinas que lhe renderia uma grande economia de tempo se comparado com outros

systemas jaacute ultrapassados pela excepcional mechanica hodierna

O homem livre dono de seu tempo para conquistar o poder de ter seus passos

marcados pelo reloacutegio em suas matildeos se dirigia agraves lojas de iniacutecio que tinha uma vasta

gama de produtos a serem adquiridos

Neste momento ainda nota-se que o artigo eacute vendido em algumas lojas natildeo

especializadas como no caso do anuacutencio de 5 de outubro de 1852 do jornal Aurora

Paulistana em que o senhor Joseacute Philippe Salman aleacutem de vender outros artigos

destinados agrave vida cultural da proviacutencia tambeacutem concertava e vendia relogios Mas

assim com aconteceu com a fotografia torna-se notaacutevel a necessidade de fundar um

novo comeacutercio no Brasil lojas especializadas em reloacutegios com um nome relacionado

ao artigo tatildeo especial e que necessitaria de profissionais especializados O lexema jaacute

fazia parte da liacutengua portuguesa desde o seacuteculo XVIII como nos atesta CUNHA mas eacute

no seacuteculo XIX que se faz maior uso dessa palavra nos anuacutencios de jornais e nas placas

em frente agraves lojas brasileiras Relojoaria

86

- 14 de outubro de 1874 Campinas A Mocidade

RELOJOARIA || DO || REGULADOR CAMPINENSE ||Penteado amp Nunes

|| LARGO DA MATRIZ VELHA Nuacutemero 39|| Acaba de receber um

completo sortimento de relogios de parede e algibeira de lindos gostos sendo

vendidos por commodo preccedilo affianccedilados por um anno Rcebeu mais lindo

sortimento de pince-nez tanto de vidro de cor como de grao despertadores

correntes de ouro prata plaquet | Relogios | Para torres ou fazendas

encarregando-se os donos do estabelecimento da sua collocaccedilatildeo e

affianccedilando a boa marcha por cinco annos|| CONCERTOS PERFEITOS E

AFFIANCcedilADOS|| POR UM ANNO

Neste anuacutencio se faz perceber o cuidado que se tinha na manufatura desse tipo de

artefato e que vem re-afirmar o que mencionei anteriormente sobre os reloacutegios de

algibeira ser destinados agraves elites aos homens de bem Por se tratar de uma relojoaria

ou seja uma loja especializada em reloacutegios aleacutem de comercializar o produto

comercializa todo o tipo de material relacionado como as correntes que prendem os

reloacutegios agrave roupa de seu usuaacuterio Mas natildeo satildeo quaisquer tipos de correntes satildeo correntes

de ouro de prata ou no pior dos casos revestidas com plaquecirc Claro que essa gradaccedilatildeo

de valor monetaacuterio refletia o valor que era preciso desprender ao portador de dado

artefato

A partir do momento em que o homem deixa de ser dependente da hora natural

imposta pela luz do sol e dentro de uma comunidade civilizada onde as

responsabilidades excediam agraves horas do dia noite adentro eacute de extrema necessidade o

desenvolvimento de mecanismos que possibilitem a vida social noturna Iluminaccedilatildeo

artificial eacute a saiacuteda Archotes luz de velas foram por anos a fio utilizados pelas

sociedades que vieram antes da chegada do lampiatildeo que iluminavam os passeios

puacuteblicos e as residecircncias do seacuteculo XIX

O lexema liga-se pelo radical com lacircmpada que chegou atraveacutes do latim agrave liacutengua

portuguesa O original grego eacute λαμπάς (lampaacutes) no nominativo singular possuindo

uma raiz diferente para as demais declinaccedilotildees com a adiccedilatildeo de uma dental sonora (δ)

desta forma a raiz para as demais formas declinadas que natildeo o nominativo eacute λαμπαδ-

Liddell and Scott define o lexema da seguinte forma

87

λαμπάς άδος ἡ (λάμπω) a torch Aesch Soph etc a beacon-light

Aesch - later an oil-lamp NT Anth 2 metaph of the sun Soph Eur

etc ἡ ἐπιοῦσα λ the coming light ie the next day Eur II the torch-

race like λαμπαδηδρομία Hdt λαμπάδα δραμεῖν to run the race

Ar (Liddle amp Scott Greek-English Lexicon)

Os lampiotildees do seacuteculo XIX nada mais eram do que pequenas tochinhas dentro de

invoacutelucros de vidro muito rudimentares ou ainda pequenos candeeiros que tinham

como combustiacutevel oacuteleo azeite e posteriormente kerosene que serviam sobretudo para

iluminaccedilatildeo de interiores

As cidades que nos servem para anaacutelise de seus anuacutencios em nosso trabalho

possuiacuteam no seacuteculo XIX uma precaacuteria iluminaccedilatildeo puacuteblica que foi sendo melhorada

paulatinamente atraveacutes dos anos Mas quando olhamos para as vidas particulares de

dentro das casas dos cidadatildeos brasileiros oitocentistas lhes eram oferecida a

possibilidade da aquisiccedilatildeo de lampeotildees agravequeles que desejassem comprar imbuiacutedos do

sentimento civilizada e de descolamento do que eacute ruacutestico

- 17 de maio de 1874 Campinas A Mocidade

ATTENCcedilAtildeO|| Attenccedilatildeo [espaccedilo] Attenccedilatildeo|| Prospero Bellinfanti

participa ao respeitavel publico campeneiro que recebeu um grande e

completo sortimento de generos norte americanos constando de machinas de

costura com todos os pertences linhas agulhas e oleos arados completos

separados de zinco para cafeacute machinas para manteiga ditas para cafeacute

gaiolas de arame e muitos outros artigos de mesma procedencia| Na mesma

casa encontra-se lampeotildees de todos os tamanhos tocidas vidros para os

mesmos e Kerosenes fogotildees de ferro completo camas de ferro banheiras

tens de cosinhas estanhados francezes torradores para cafeacute de todos os

tamanhos e grande sortimento de cestos de vime| O Propretario deste

estabelecimento te aacute Rua da ponte sem Santa Cruz Nuacutemero 15 uma officina

de caldeireiro e funileiro aonde se encarrega de todas as obras com cobre

zinco folha etc| Faz os mais perfeitos alambiques para distilaccedilatildeo de

espiritos| Incumbe-se de qualquer encanamento em casas etc | Faz

banheiras de folha de todas as dimensotildees| Assenta bombas simples e de

pressatildeo levando a agua onde se quizer| Faz finalmente todas as obras

88

concernentes aacute profissatildeo acudindo aos chamados para qualquer parte onde

seus serviccedilos forem precisos| Concerta e renova todos os objetos estragados|

Tudo por preccedilos commodos

O dono desse estabelecimento aleacutem de comerciante voraz tendo em vista a

quantidade e diversificaccedilatildeo de seus produtos estes importados e de manufatura proacutepria

ainda se propagandeia como um profissional versaacutetil Assentador de bombas drsquoaacutegua

essa machina que pode levar aacutegua para onde se quizer tambeacutem trabalha com os

encanamentos internos agraves casas Se a aacutegua jaacute estava dentro das casas algo que era

retirado da natureza a luz deveria tambeacutem estar dentro e individualizada

O puacuteblico poderia comprar o produto lampeatildeo assim como seu combustiacutevel o

kerosene neste estabelecimento comercial O novo produto combustiacutevel teve o lexema

adotado pela liacutengua portuguesa segundo CUNHA em 1873

querosene sm (Quim) liacutequido resultante da destilaccedilatildeo do petroacuteleo |

kerosene 1873 | Do fr keacuterosegravene do gr keros cera (Cunha 2010)

Contudo podemos notar a existecircncia de propagandas do produto em anuacutencios

anteriores agrave dataccedilatildeo estipulada pelo lexicoacutegrafo

- 07 de julho de 1870 Campinas Gazeta de Campinas

Abrio-se| O QUE Eacute QUE ABRIO-SE|| A Casa commercial de Francisco

Alvaro de Souza Camargo o qual participa a seus parentes amigos e

freguezes que acaba de receber um completo sortimento de ferragens

drogas tintas miudezas de armarinho kerosene chaacute cecircra sementes de

hortaliccedilas etc|Recommenda aos amadores um bonito sortimento de

espingardas rewolvers facas de caccedila etc etc|Espera merecer confianccedila das

pessoas que honrarem seu novo estabelecimento estando o annunciante

resolvido a vender por commodos preccedilos|Rua Direita canto da Cadecirca

Como bem atesta Cunha sobre a procedecircncia do lexema Kerosene tem sua raiz

em κηρός (keroacutes)

κηρός ὁ bee-wax Lat Cera Od Pl (Liddle amp Scott Greek-English

Lexicon)

89

O kerosene eacute o produto mais pastoso obtido com a destilaccedilatildeo do petroacuteleo que

liquefeito torna-se um combustiacutevel seguro diferenciando-se da forma como a raiz da

palavra foi concebida no grego O produto que foi em meados do seacuteculo XIX

produzido em escala industrial foi o principal fator para a decadecircncia do mercado de

oacuteleos produzidos pela induacutestria baleeira

Entretanto tatildeo largos eram os passos dos avanccedilos tecnoloacutegicos e tatildeo apressados

que em curtos espaccedilos de tempo uma novidade era trocada por outra Assim do anuacutencio

citado acima datado de 1870 em que o kerosene era vendido para que servisse de

combustiacutevel para os lampeotildees dezoito anos depois um prazo de tempo muito curto

diga-se de passagem temos o anuacutencio de um paquete a vapor que possuiacutea sua

iluminaccedilatildeo interna a luz electrica

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio Paulistano

REAL COMPANHIA | DE | Paquetes a vapor | DE | SOUTHAMPTON || O

MAGNIFICO VAPOR | TAGUS | Sahiraacute no dia 19 de Maio as 4 horas | da

tarde com escalas pelo | Rio de Janeiro| Bahia | Pernambuco | Lisboa | Vigo

e | Saouthampton | O paquete a vapor | NILE | Esperado de Southampton e

escalas no | dia 1 de Junho || Sahiraacute depois da indispensavel demo- | ra para |

Montevideacuteo e | BuenosAyres || Todos estes vapores satildeo illumidaos a luz |

electrica || N B ndash Na agencia tomam-se seguros | sobre as mercadorias

embarcadas por | estes vapores || Para passageiros carga e mais informaccedilotildees |

com os agentes | Holworthy Ellis amp Companhia || RUA DE SANTO

ANTONIO 40 | SANTOS

A iluminaccedilatildeo puacuteblica eleacutetrica chega agrave cidade de Satildeo Paulo somente no ano de

1891 deacutecada final do seacuteculo

Como demonstraccedilatildeo de civilizaccedilatildeo Satildeo Paulo investia em siacutembolos urbanos que

embelezavam a cidade Construiacuteram-se praccedilas lojas como as que anunciam nos jornais

palacetes que transformavam os passeios puacuteblicos A primeira mudanccedila quanto agrave

iluminaccedilatildeo puacuteblica ocorrida na capital paulista ocorreu na rua Baratildeo de Itapetininga no

centro da cidade que era repleta por um centro comercial fervilhante disposto a socorrer

os quereres da elite emergente paulistana

90

Para dar conta das demandas dos clientes nas cidades ou no campo a

comunicaccedilatildeo entre as partes interessadas em firmar negoacutecio era imprescindiacutevel Os

jornais se apresentavam como uma ferramenta utiliacutessima para por em contato os

vendedores e seu puacuteblico Contudo havia negoacutecios que demandariam um contato mais

urgente e direto O telegrapho nasce da necessidade do contato imediato

- 14 de outubro de 1874 Campinas A Mocidade

PEDE-SE TODA||ATTENCcedilAtildeO|| Aos senhores fazendeiros|| Ferreira Novo amp

Filho participaratildeo aos senhores fazendeiros e negociantes que continuatildeo a

comprar cafegrave em maior quantidade do que faziam ateacute hoje achando-se para

isso habilitados por acabarem de contractar com algumas das principais casas

exportadoras a fazerem grandes compras Nosso systema de compras seraacute

Comprar toda e qualquer quantidade de cafegrave quando beneficiado o prompto

recebemos ou com poucos dias de demora depois da venda| Pedimos a todos

os senhores fazendeiros qua quando tenhatildeo cafegrave em qualquer quantidade

promptoe queiratildeo vender a bondade de nos procurarem pagando sempre no

dia da venda maior preccedilo que permitir o estado do cafegrave nos principais

mercados do paiz da America e da Europa habilitando-nos para podermos

fazer tatildeo grande vantagem aos senhores lavradores o telegrapho que acaba

de collocar em comunicaccedilatildeo diaria esta florescente cidade com aqueles

principaes mercados

A fim de incrementar os negoacutecios agriacutecolas dos territoacuterios produtores de cafeacute a

disponibilizaccedilatildeo de um artigo tatildeo moderno quanto o telegrapho eacute mais uma mostra que

atesta o quanto moderno se queria e se poderia ser o homem de negoacutecios da eacutepoca

mesmo no campo Estar conectado ao mercado agilizava os negoacutecios garantindo

rentabilidade maior inclusive economizando o tempo tatildeo valorizado

Entre 1854 e 1858 juntamente com as estradas de ferro foram esticados os

primeiros fios telegraacuteficos As linhas telegraacuteficas que em 1873 percorriam 3460

quilocircmetros em solo brasileiro vecirc-se avolumar de forma extraordinaacuteria chegando em

1888 a 18000 quilocircmetros com direito a conexotildees submarinas com a Europa (SODREacute

1998)

91

8 Para garantir a vida

Haacute de se levar em consideraccedilatildeo um dos motores propulsionais de organizaccedilatildeo

ideoloacutegica em funcionamento no Brasil do seacuteculo XIX Havia na eacutepoca um discurso

positivista corrente na ateacute entatildeo corte um discurso que soacute cresce com o passar dos

anos Com a independecircncia do paiacutes em 1822 o sentimento antilusitano e o ideal de

fundaccedilatildeo de uma naccedilatildeo autocircnoma soacute vem a se tornar mais pujante com a aproximaccedilatildeo

da metade do seacuteculo O sentimento lusoacutefobo leva agrave troca de nomes de batismos por

nomes ora indiacutegenas ora por nomes de grandes pensadores e celebridades do mundo

antigo grego e latino E o Brasil elege um novo modelo ideal jaacute citado neste trabalho

quando tratamos do lexema machina A Franccedila torna-se para o Brasil um paradigma de

civilizaccedilatildeo de naccedilatildeo a ser copiada quando possiacutevel Desta sorte nos relata Alencastro

ldquoautores franceses e ciacuterculos francoacutefilosrdquo vecircm influenciar correntes de pensamento e

praacuteticas sociais principalmente na eacutepoca do Segundo Reinado seriam eles o

positivismo o kardecismo e a homeopatia Aqui entatildeo noacutes chegamos ao ponto que mais

interessa a esta seccedilatildeo O positivismo eacute sem duacutevida como sabemos a base para os

experimentos cientiacuteficos e os experimentos ligam-se as inovaccedilotildees da medicina Assim

a pajelanccedila e curandeirismo datildeo lugar a tratamentos atraveacutes de drogas ou tratamentos

homeopaacuteticos que faziam uso de magnetismo mas que tambeacutem poderiam fazer uso de

preparados de ervas podendo ser enquadrados no substantivo droga Esses preparados e

drogas eram comercializados em drogarias ou pharmacias

O lexema jaacute fazia parte da liacutengua portuguesa desde o seacuteculo XVII como nos

atesta CUNHA

farmaacutecia sf local em que se estocam e se vendem medicamentos tratado

cientiacutefico sobre os medicamentos XVII Do lat tard Pharmacia deriv do

gr Pharmakeacuteia () (Cunha 2010)

Como notamos pela designaccedilatildeo dada por Cunha farmaacutecia se relaciona a

medicamento sendo o local de estoque e venda desses medicamentos A mesma

associaccedilatildeo faz Aureacutelio

92

farmaacutecia Sf1 Parte da farmacologia que trata da maneira de preparar

caracterizar e conservar os medicamentos 2 Estabelecimento onde se

preparam e vendem medicamentos 3 Profissatildeo do farmacecircutico 4 Coleccedilatildeo

de medicamentos 5 Conjunto de medicamentos que se tecircm em casa num

coleacutegio numa reparticcedilatildeo etc para uso no tratamento de leves indisposiccedilotildees

ou em primeiros socorros (Aureacutelio 1988)

Ao associar farmaacutecia com medicamento somos impelidos a ter uma visatildeo positiva

com relaccedilatildeo ao sentido atribuiacutedo ao lexema pois medicamento eacute hoje dicionarizado

como substacircncia ou preparo que se utiliza como remeacutedio e remeacutedio tem um sentido

beneacutefico carregando consigo a ideia desse benefiacutecio como algo que sara as doenccedilas

dor ou males aquilo que serve pra curar10

Quando usado metaforicamente essa ideia

de benefiacutecio tambeacutem se faz presente Da mesma forma natildeo se dava no grego ao menos

natildeo especificamente Pharmacia como bem atesta Cunha tem como raiz φαρμακεία

(pharmakeacuteia) lexema ao qual Liddell and Scott dicionarizam como a seguir

φαρμακεία ἡ (φαρμακεύω) the use of drugs potions spells Plat 2

poisoning witchcraft Lat veneficium Dem II remedy cure Arist (Liddle

amp Scott Greek-English Lexicon)

Claro que o sentido que chegou ao portuguecircs fazia parte jaacute no grego do

significado do lexema mas eacute preciso esclarecer que esse sentido eacute posterior agrave adoccedilatildeo da

palavra pelos gregos sentido este que se agregou ao lexema com o advento da medicina

na Greacutecia antiga por volta do seacuteculo V aC Aleacutem do sentido ligado agrave medicina ndash

remedy cure ndash agravequele tempo podia-se associar o lexema a toda e qualquer poccedilatildeo

utilizada em ritos miacutesticos como a palavra poccedilatildeo nos dias de hoje que remete a

ciecircncias obscuras Dessa forma Liddell and Scott em seu dicionaacuterio nos datildeo o sentido

de witchcraft (feiticcedilaria) spells (feiticcedilo encanto) tambeacutem presente no significado do

lexema em sua origem Mesmo ao sentido dado pelos helenistas de drugs estaacute

claramente ligado o sentido de veneno

10

remeacutedio sm 1 Aquilo que combate o mal a dor ou uma doenccedila 2 Aquilo que serve para curar ou

aliviar dor ou enfermidade 3 Recurso expediente soluccedilatildeo 4 Ajuda auxiacutelio socorro proteccedilatildeo 5

Correccedilatildeo retificaccedilatildeo emenda 6 Jur Meio adequado e liacutecito para se alcanccedilar determinado fim de

direito (Aureacutelio 1988)

93

Se recordarmos a trageacutedia de Euriacutepedes Medeia ndash representada pela primeira vez

em 431 a C ndash a protagonista que inclusive nomeia a peccedila para se vingar da traiccedilatildeo

imposta pelo seu amado Jasatildeo tece um plano funesto A heroiacutena trama contra a vida da

filha de Creonte regente de Corinto Glauce enviando-lhe por intermeacutedio dos proacuteprios

filhos um presente envenenado vestimentas e uma ldquocoroardquo aos quais incutiu um

φάρμακον (phaacutermakon) um veneno Ao enviar esse presente agrave sua rival Medeia

conscientemente condena seus proacuteprios filhos agrave morte ao terem contato com o

φάρμακον assim como a Creonte pai da viacutetima principal que ao ver a filha sofrendo

as dores causadas pelo veneno corre para socorrecirc-la entrando tambeacutem em contato com

o ardil da heroiacutena condenando-se agrave morte O mensageiro relata o que ocorreu no castelo

de Creonte para Medeia e para o puacuteblico dizendo o seguinte

ldquoὂλωλεν ἡ τύραννος ἀρτίως κόρη

Κρέων θrsquo ὁ φύσας φαρμάκων τῶν σῶν ὓποrdquo

A essa passagem Flaacutevio Ribeiro de Oliveira traduz para o portuguecircs belamente

desta forma

ldquoMorre haacute pouco a jovem soberana

e o pai Creonte pelas drogas tuasrdquo

Entenda-se que essa droga nada mais era do que um preparado nocivo destinado a

pocircr fim a vida de uma pessoa e que foi extremamente bem sucedido

Medeia era uma forasteira uma baacuterbara levada agrave Corinto por Jasatildeo apoacutes a

incursatildeo deste e demais heroacuteis denominados argonautas que partiram da Greacutecia para a

Coacutelquida visando agrave obtenccedilatildeo do Velo de Ouro A traiccedilatildeo agrave famiacutelia e agrave paacutetria pela honra

do amado a fazia esperar nada mais do que a reciprocidade por parte do heroacutei mas este

de modo egoiacutesta e oportunista vecirc no matrimocircnio com a filha do rei coriacutentio a

possibilidade de engrandecimento pessoal

A accedilatildeo de Medeia pode ser vista de forma repugnante pocircr fim a vida de sua rival

e filhos Contudo devemos ressaltar que eram tambeacutem filhos de Jasatildeo objeto de sua

revolta e se deixarmos de lado o politicamente correto e tentarmos olhar o fado de

Medeia pelo seu prisma entenderemos que o mecanismo usado natildeo deixa de ser um

94

remeacutedio para seus males Ela que havia por amor a Jasatildeo deixado a paacutetria depois de

trair seu pai e matado seu irmatildeo na fuga agora tinha a timeacute (a honra) ultrajada ao ser

vilipendiada e trocada por interesses pessoais do heroacutei Algo a estava fazendo mal Seu

coraccedilatildeo e sua honra estavam feridos era preciso um remeacutedio para suas dores e impelida

pela sua natureza feminina pocircs em accedilatildeo duas coisas das quais era perita o dolo e a arte

maacutegica na fomentaccedilatildeo de seu plano ardiloso11

Entendendo desta forma podemos ligar o lexema pharmacia ao que vise o bem

estar das pessoas O remeacutedio de Medeia foi um remeacutedio muito amargo mas que para a

heroiacutena era o mais certo a se tomar

Apoacutes esta breve digressatildeo podemos voltar ao nosso assunto central A vida

humana eacute desde sua origem atacada por pequenos animais parasitas pestes

Dentre os anuacutencios coletados haacute a propaganda de produtos destinados agrave

exterminaccedilatildeo de pestes como pulgas mosquitos e percevejos Num grau de comparaccedilatildeo

muito reduzido esses venenos para outros seres vivos se ligam ao remeacutedio de Medeia

Usam-se esses venenos para por fim a algo que nos faz mal ou incomodam Ainda hoje

se fala em remeacutedio para ratos Assim temos a associaccedilatildeo mais clara dos sentidos do

lexema pharmacia ao sentido original no grego temos o sentido mais expandido

presente no entendimento atual

O anuacutencio citado acima diz o seguinte

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio Paulistano

Mosquitos || PERCEVEJOS PULGAS ETC || desapparecem infallivemente

com o uso | do bem conhecido e verdadeiro 60 6 | || Orsquo DA PERSIA || Chegou

nova remessa aacute || Pharmacia Ypiranga || Nuacutemero 25 ndash RUA DIREITA ndash

Nuacutemero 25 || EM || SAtildeO PAULO || Preccedilo de um pacote 1$000 || A duacutezia

9$000 || Cada pacote do verdadeiro Poacute da | Peacutersia leva detalhada ex- |

plicaccedilatildeo de seu uso || Remette-se para o interior

Na Pharmacia Ypiranga vendia-se um veneno para essas pragas que faziam com

que desaparecessem ldquoinfallivementerdquo e que natildeo era prerrogativa dos centros urbanos

pois deixa-se claro que agrave eacutepoca ldquoRemette-se para o interiorrdquo

11

Medeacuteia Euriacutepedes (2006) - pg 173 texto analiacutetico sobre a trageacutedia assinado pela equipe de filoacutelogos

da Kaktos

95

Esses estabelecimentos com a profusatildeo de medicamentos descobertos e

desenvolvidos recebem de fora do paiacutes ou de pharmaceuticos nacionais uma vasta

gama de remeacutedios e tem na imprensa a maior ferramenta para que se faccedilam conhecer

- 28 de fevereiro de 1875 Campinas A Mocidade

NOVA||PHARMACIA CAMPINENSE|| 31 - Rua do Commercio - 31||Tendo

este estabelecimento recebido um grande sortimento de drogas acha-[s]e em

condicccedilotildees de satisfazer quaesquer pedidos e receituarios medicos que lhe

forem dirigidos| Garante-se a boa qualidade das drogas e promptidatildeo nas

remessas que lhe forem pedidas esperando por isso a concorrencia do

respeitavel publico

Diferentemente do caso citado anteriormente com relaccedilatildeo ao lexema machina

que para nomear o agente o profissional que poria em praacutetica a teacutecnica de se operar o

maquinaacuterio o neologismo machinista foi criado na liacutengua portuguesa no caso de do

lexema pharmacia o substantivo que denomina o agente teacutecnico jaacute existia no grego

uma palavra complexa criada atraveacutes da incorporaccedilatildeo ao radical um sufixo agentivo

φαρμα^κ-ευτικός ή όν A of or by means of drugs or pharmacy

ldquoκάθαρσιςrdquo PlTi89b ἡ -κή (sc τέχνη) = φαρμακεία opp surgery

Gal15425 DL 385 ldquoφ ἰατρόςrdquo one who prescribes drugs GalThras24

(Perseus online)

Eacute bem provaacutevel que a derivaccedilatildeo no grego tenha se dado por conversatildeo A

primeira citaccedilatildeo em outro dicionaacuterio especializado em grego antigo o dicionaacuterio Liddell

and Scott eacute de um diaacutelogo platocircnico Timeu quando Platatildeo prognostica o natildeo uso de

medicamentos que possam prolongar a vida de uma pessoa doente pois seria

antinatural Eacute de costume desse dicionaacuterio usar de uma certa cronologia para distribuir

suas citaccedilotildees nas entradas lexicais quase como um trabalho etimoloacutegico A obra

platocircnica data do seacuteculo V a C logo sendo anterior a segunda citaccedilatildeo feita por Liddell

and Scott quando fala sobre Diogenes Laertius filoacutesofo de vida pouco conhecida que

viveu no seacuteculo III a C e ainda agrave terceira citaccedilatildeo Galen estudioso que trouxe muitas

contribuiccedilotildees agraves ciecircncias como fisiologia anatomia patologia e farmacologia

96

Conhecido como Galen de Pergamo viveu nasceu em 129 d C e morreu em 217 d C

Este romano que possuiacutea descendecircncia grega foi muito influenciado pelo grande nome

da medicina grega Hipoacutecrates Pela distacircncia temporal entre as citaccedilotildees do dicionaacuterio eacute

bem certo que se possa atestar o desdobramento dos sentidos deste lexema de um

adjetivo para um substantivo

Notamos pelo sentido dicionarizado por Liddell o alcance do lexema agraves classes de

palavras adjetivo e substantivo como aquilo concernente agraves drogas agrave farmaacutecia assim

como o lexema nomeia aquele que prescreve drogas Esse lexema eacute adotado pelo latim

contudo preservando apenas seu caraacuteter adjetivo

pharmăceutĭcus a um adj φαρμακευτικός I of or belonging to drugs

pharmaceutical Cael Aur Tard 5 10 126 (Perseus online)

Na liacutengua portuguesa o lexema retoma o sentido presente no grego antigo

adotado para nomear o profissional farmacecircutico

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio Paulistano

Medico e pharmaceutico | Doutor Ulysses Cruz || com longa pratica de

hospitaes e for- | mado em ambas as faculdades de medi- | cina do Brazil eacute

encontrado em seu con- | sultorio na rua do Thezouro nuacutemero 9 | sobrado do

meio dia as 3 da tar- | de e sua residecircncia para o largo do | Arouche nuacutemero

39 || ESPECIALIDADE || Molestias de crianccedilas de senhoras da | pelle e

shyphiliticas Gratis aos pobres

O anunciante eacute uma figura que pode traduzir muito bem o pensamento que

perpassa o seacuteculo XIX acircnsia de se alcanccedilar o estatuto de naccedilatildeo por isso munir os

cidadatildeos com subsiacutedios para um ldquobem viverrdquo formar meacutedicos no proacuteprio territoacuterio

assim como farmacecircuticos aleacutem de figurar como exemplo do sentimento antilusitano

que traz em seu nome ldquoGilberto Freire observou a mudanccedila dos nomes cristatildeos para

nomes gregos e romanos e depois ingleses e franceses na sequecircncia da desruralizaccedilatildeo

das classes dominantes no seacuteculo XIXrdquo12

O meacutedico e pharmaceutico preserva de certa

forma a dicotomia entre o novo e o descolamento com a tradiccedilatildeo em seu nome Ulysses

12

Alencastro Vida Privada e Ordem Privada no Impeacuterio In Histoacuteria da Vida Privada no Brasil

97

Cruz Se por um lado o primeiro nome remete ao heroacutei grego conhecido por suas

navegaccedilotildees no retorno para casa e que eacute um heroacutei pagatildeo por outro a cristandade ainda

permanece com o sobrenome que remete a uma das figuras mais fortes do cristianismo

a cruz Esse fato ilustra muito bem o periacuteodo de transiccedilatildeo experimentada no seacuteculo XIX

O meacutedico e farmacecircutico Ulysses Cruz que possui um vasto curriacuteculo eacute

ldquoformado em ambas as faculdades de medicina do Brazilrdquo de certo a faculdade de

medicina da Bahia e a do Rio de Janeiro visto que a faculdade de medicina de Satildeo

Paulo ainda natildeo havia sido fundada vem fazer a conhecer seu trabalho pelo anuacutencio de

jornal praticando aleacutem de tudo um trabalho filantroacutepico ldquoGratis aos pobresrdquo uma

praacutetica bastante usual agrave eacutepoca

O movimento cientiacutefico de desenvolvimento de descobertas e a tentativa de sanar

certas debilidades na naccedilatildeo em organizaccedilatildeo que era o Brasil no seacuteculo XIX impulsiona

as mentes para o trabalho de criaccedilatildeo desse novo paiacutes O discurso ufanista com relaccedilatildeo agraves

inovaccedilotildees se faz presentes na teacutecnica meacutedica assim como apontado nas ldquoteacutecnicas

maquinaisrdquo O anuacutencio analisado anteriormente data de 1888 mas anteriormente a essa

data pharmaceuticos jaacute se propunham a curar com maestria as doenccedilas que assolavam a

populaccedilatildeo

- 4 de marccedilo de 1853 Satildeo Paulo Aurora Paulistana

CURA CERTA | e em pouco tempo de todas as enfermidades provenientes de

vicio san- | guineo como ndashescrophulas tube[r]- | culos lepra syphylis etc

etce [ilegiacutevel] | particular as affecccediloens de pape[ilegiacutevel] | em seu principio ||

Etienne Lagarde || Pharmaceutico e cirurgiatildeo das faculdades | Pariz e do

Rio de Janeiro ex-preparad[o] | do Curso de Chimica da escola de medic[i]- |

na e pharmacia de Poi[furo]iers membro da s[o]- | ciedade medica da mesma

cidade e corres- | pondente de algumas sociedades scientificas || Attenccedilacirco ||

A experiencia junto aacute perseveranccedila qu[e] | hoje tem sido meus uacutenicos guias

no trata[men]- | to das enfermidades acima mencionadas os | caracteres

horriveis que ellas apresentatildeo | desgostos que sobrevem as pessoas que satildeo

de | las attacadas deviatildeo naturalmente attrahir | attenccedilatildeo de todo o homem

amigo da huma- | nidade || Antigamente estas enfermidades se consi- |

deravatildeo com um principio contagioso o que | obrigava os doentes a buscar

longe das povo- | accedilotildees uma morada tranquilla que lhes permi- | tisse esperar

com paciencia a hora que [o] | Creador tivesse determinado para pocircr term[]| a

todos os seus soffrimentos hoje porem assim | natildeo acontece os progressos

98

que tem feito [a] | sciencia medica com os numerosos trabalhos | e

investigaccedilotildees da chimica tem em fim intro- | duzido na therapeutica e posto aacute

disposiccedilatildeo | dos homens da sciencia um meio prophilati- | cos contra estas

crueis enfermidades fazendo | assim esperar uma prompta cura a todos |

aquelles que o quizerem abraccedilar || Penetrado do sentimento o mais sincero da

| philantropia do amor aacute sociedade offereccedilo o[s] | meus recursos meacutedicos e

pharmaceuticos ad- | quiridos por um aturado e longo estudo da na- | tureza

humana Ersquo pois com os medicamen- | tos preparados por minhas proacuteprias

matildeos qu[e] | me proponho a curar a todos aquelles que m[e] | quizerem

procurar || Estou certo que os epithetos de ndash charlatatildeo | e especulador ndash ser-

me-hatildeo lanccedilados por al- | guns ao lerem este meu annuncio porem natildeo | seraacute

por homens sensatos que serei assim [ilegiacutevel] | xado O sabio indaga

consulta ouve [ilegiacutevel] | entre voacutes (como eu creio) existe algum

rec[ilegiacutevel] | conhecimento recebei de antematildeo toda a mi- | nha gratidatildeo || A

voacutes enfermos eu dirijo meus offereci- | mentos eu saberei consolar-vos e

talvez da[r]- | vos a panaceacutea beneacutefica da saude que tan[furo] | desejaes || Seja

o reconhecimento o fructo de meu[s] | trabalhos e o uacutenico tributo que desejo

obte[r] | daquelles que me quizerem honrar com sua[s] | consultas|| Dirijatildeo-se

ao Hotel Paulistano na rua d[e] | Satildeo Bento nuacutemero 35

Notemos mas sem nos aprofundar que a nomeaccedilatildeo das moleacutestias assim como

grande parte do leacutexico ligado agrave medicina eacute proveniente de radicais gregos como por

exemplo lepra presente neste anuacutencio Eacute enorme a quantidade de nomes de doenccedilas as

quais os meacutedicos farmacecircuticos e novos remeacutedios prometem curar desta sorte natildeo nos

deteremos demoradamente em cada um desses nomes a natildeo ser que seja preciso para

elucidar um ou outro ponto As fichas presentes nos apecircndices detalharatildeo cada uma das

ocorrecircncias destes lexemas

Tratando especificamente do anuacutencio notamos que assim como no nome do

farmacecircutico no anuacutencio anterior a presenccedila de um nome afrancesado e neste caso natildeo

tem a ligaccedilatildeo com o cristianismo Eacute difiacutecil determinar com certeza a nacionalidade deste

anunciante contudo pela sua formaccedilatildeo e retoacuterica podemos inferir que se trate de um dos

casos citados por ALENCASTRO de adoccedilatildeo de nomes franceses O pharmaceutico e

cirurgiatildeo formado pelas faculdades de Paris e do Rio de Janeiro e que tem em seu

curriacuteculo ainda os cursos de chimica e pharmacia propotildee seu trabalho agrave sociedade

paulistana com um discurso mais que ufanista sobre sua arte sua teacutecnica Ele que possui

uma formaccedilatildeo superior de peso se propotildee a curar as moleacutestias da sociedade paulistana

99

do seacuteculo XIX pondo em praacutetica seus conhecimentos assim como suas proacuteprias matildeos

ldquoErsquo pois com os medicamen- | tos preparados por minhas proacuteprias matildeos qu[e] | me

proponho a curar a todos aquelles que m[e] | quizerem procurarrdquo O discurso de

Etienne Lagarde parafraseia sua profissatildeo expressa anteriormente Cirurgiatildeo eacute um

lexema que possui sua raiz em um lexema grego χειρουργία (cheirougiacutea)

dicionarizado da seguinte forma

χειρουγία ἡ a working by hand practice of a handicraft or art skill herein

Plat etc II a handicraft Id - esp the practice of chirurgery surgery

(Liddle amp Scott Greek-English Lexicon)

O discurso do pharmaceutico mostra o quanto sua segunda profissatildeo estaacute

encarnada em si tanto na praacutetica meacutedica quanto na fomentaccedilatildeo de medicamentos Aleacutem

de servir como corporificaccedilatildeo do pensamento nacional a construccedilatildeo de uma naccedilatildeo

pelas matildeos de seus cidadatildeos Um trabalho que somente nos dias que lhe eram atuais

poderia ser feito visto que o anunciante dispotildee duas formas de tratamento agraves doenccedilas

uma anterior uma forma como enfrentariam as doenccedilas que ldquoobrigava os doentes a

buscar longe das povoaccedilotildees uma morada tranquilla que lhes permitisse esperar com

paciencia a hora que [o] Creador tivesse determinado para pocircr term[]a todos os seus

soffrimentosrdquo ligada fortemente ao fado estipulado pelo ldquoCreadorrdquo e o seu tempo

quando o homem tenta por forccedila de seu ceacuterebro poderosos e suas matildeos haacutebeis tomar as

reacutedeas de sua existecircncia Assim em seu tempo eacute possiacutevel que seja dito ldquohoje porem

assim natildeo acontece os progressos que tem feito [a] sciencia medica com os numerosos

trabalhos e investigaccedilotildees da chimica tem em fim introduzido na therapeutica e posto aacute

disposiccedilatildeo dos homens da sciencia um meio prophilaticos contra estas crueis

enfermidadesrdquo

Por se tratar de um texto criado tendo como pano de fundo a medicina e seus

avanccedilos no combate agraves doenccedilas e reforccedilando o que fora dito acima aleacutem dos nomes

das doenccedilas o texto se constroacutei utilizando-se uma gama de palavras de raiacutezes gregas

neologismos adotados no seacuteculo XIX no geral para dar conta das novas praacuteticas

meacutedicas e que o nosso cirurgiatildeo faz uso indiscriminado pois haacute de se pensar o quanto

esses novos lexemas faziam parte da vida cotidiana dos leitores desse anuacutencio

100

Aleacutem das palavras pharmaceutico e cirurgiatildeo analisadas haacute pouco temos ainda

therapeutica que provecircm do verbo grego θεραπεύω (therapeacuteuo) + o sufixo κή o

mesmo utilizado nos exemplos dados anteriormente para neologismos presentes no

grego que carregavam junto agraves palavras o sentido de tecnicidade e prophilatico de

προφυλάσσω (prophylaacutesso)

θεραπεύω f ndashεύσω (θεράπων) to be an attendant do service Od 2 to

do service to the gods Lat colore deos Hes Hdt Att - to do service or

honour to onersquos parents or masters Eur Plat 3 to serve court pay court

to τινά Hdt Ar etc and in bad sense to flatter wheedle Thuc to

conciliate Id τὸ θεραπεῦον = οἱ θεραπεύοντες Id 4 of things to

consult attend to Lat inservire Id ἡδονὴν θερ to indulge one`s love of

pleasure Xen τὰς θύρας τινὸς θερ to wait at a great man`s door Id

II to take care of provide for men of the gods Thuc estv 3 θερ τὸ

σῶμα to take care of one`s person Lat cutem curare Plat 4 to treat

medically to heal cure Thuc Xen 5 θ ἡμέρην to observe a day keep

it as a feast Hdt θ τὰ ἱερά = Lat sacra procurare Thuc 6 of land to

cultivate Xen δένδρον θερ to train a tree Hdt (Liddle amp Scott

Greek-English Lexicon)

Notamos dentre o vasto campo de sentidos da palavra (que de certa forma

preservam o sentido de assistecircncia) as possibilidades de traduccedilatildeo dadas em ldquo3 to take

care of one`s personrdquo e ldquo4 to treat medically to heal curerdquo sentidos esses presentes

no entendimento da palavra uma vez adotada pela liacutengua portuguesa Cunha nos daacute o

momento da adoccedilatildeo deste lexema na liacutengua portuguesa assim como o sentido com o

qual foi adotado

terapecircutica sf lsquoparte da medicina que estuda e potildee em praacutetica os meios

adequados para aliviar ou curar doenccedilasrsquo | the- XIX | do fr theacuterapeutique

deriv do lat tard therapeutica e este do gr therapeutikeacute de therapeacuteuo lsquoeu

curorsquo () (Cunha 2010)

Podemos entrever no texto do anuacutencio a distinccedilatildeo a que se faz do que viria a ser a

chamada therapeutica por ele citado Somente em seu tempo natildeo anteriormente eacute que

101

atraveacutes dos desenvolvimentos da sciencia medica poderiam ser introduzidos na arte de

aliviar ou curar doenccedilas que eacute a therapeutica um meio prophilatico contra as

moleacutestias que danavam a sociedade novecentista paulistana A ideia de profilaxia pode

ser notada e atestada pela quantidade de tocircnicos elixires xaropes como os prometidos

pelo pharmaceutico Lagarde os quais fariam ldquocirurgicamenterdquo

Como jaacute adiantado acima prophilatico tem sua origem no verbo grego

προφυλάσσω (prophilaacutesso) uma palavra composta pelo lexema φυλάσσω (assistir e

guardar defender guardar) + a preposiccedilatildeo πρό preposiccedilatildeo esta que tambeacutem foi

adotada pela liacutengua portuguesa sendo muito utilizada em formaccedilotildees de palavras com o

sentido jaacute presente no grego de anterioridade em defesa de ou por Dessa forma temos

o sentido de προφυλάσσω

προφυλάσσω Att ndashττω f ξω to keep guard before to guard a place or

house c acc h Hom (in the Ep 2 pl imperat προφύλχθε for

προφυλάσσετε) Xen προφυλάσσειν ἐπί τινι to keep guard over a

person or place Hdt - absol to be on guard keep watch ἡ

προφυλάσσουσα (sc ναῦς) = προφυλακίς Id - Med to guard

oneself to be on one`s guard take precautions Id Thuc - c acc To be on

one`s guard or take precautions against Lat Cavere Hdt Xen (Liddle amp

Scott Greek-English Lexicon)

Segundo Cunha prophilatico eacute um lexema incorporado agrave liacutengua portuguesa no

seacuteculo XIX sendo para noacutes um poderoso exemplo de como a arte meacutedica estava se

desenvolvendo a ponto de influenciar a linguagem cotidiana Em seu dicionaacuterio

etimoloacutegico Cunha no explana o verbete

profilaxia Sf lsquoemprego de meios para evitar doenccedilasrsquo | prophilaxia 1873 | do

fr prophilaxie deriv do lat cient prophylaxis e este do gr prophyacutelaxis

lsquoprecauccedilatildeorsquo || profilaacutetico | prophilactico 1858 | do fr prophylactiqque do gr

prophylaktikoacutes (Cunha 2010)

O verbete atesta que o lexema teve sua primeira ocorrecircncia em 1858 mas

notamos pela dataccedilatildeo do anuacutencio que a palavra jaacute fazia parte do jargatildeo meacutedico em datas

anteriores agrave citada pelo lexicoacutegrafo

102

Podemos ainda apontar alguns usos lexicais neste anuacutencio que escapam agrave

linguagem meacutedica ou especializada um uso lexical que pode espelhar o niacutevel de

conhecimento do ldquomedico e pharmaceuticordquo Etienne Lagarde Seu discurso eacute todo

carregado de um ufanismo quanto agrave arte como jaacute mostrado anteriormente A pessoa que

se dispotildee a ter essa arte como profissatildeo segundo o anunciante nada mais eacute do que um

amante da populaccedilatildeo um amigo da humanidade por dela cuidar e quem sabe sarar

Assim ldquopenetrado do sentimento o mais sincero da philantropia do amor aacute sociedaderdquo

eacute que ele pode oferecer seus trabalhos Notemos que o substantivo philantropia vem

parafraseado logo em seguida de modo explicativo Ainda como demonstraccedilatildeo de seu

belo vocabulaacuterio sobre as possiacuteveis descrenccedilas daqueles que teriam contato com o

anuacutencio ele diz ldquoEstou certo que os epithetos de ndash charlatatildeo e especulador ndash ser-me-

hatildeo lanccedilados por alguns ao lerem este meu annuncio ()rdquo Penso que a escolha de

certos lexemas para a fomentaccedilatildeo de seu discurso como philantropia que logo vem

parafraseado ou mesmo epithetos em vez de qualquer outra palavra como cognome

ou ainda uma paraacutefrase para o lexema eacute feita para de certa forma mostrar ao puacuteblico

que a pessoa que anuncia tem um niacutevel consideraacutevel de instruccedilatildeo Pela palavra ele

demonstra o que fora anunciado quanto a sua formaccedilatildeo ldquocirurgiatildeo das faculdades

Pariz e do Rio de Janeiro ex-preparad[o] do Curso de Chimica da escola de

medic[i]na e pharmacia de Poi[furo]iersrdquo

As preocupaccedilotildees com a sauacutede puacuteblica refletem-se nas tentativas de contenccedilatildeo de

pestes como explanado anteriormente havendo tambeacutem a preocupaccedilatildeo com a sauacutede

pessoal como acabamos de notar nos anuacutencios que analisamos e ainda na profusatildeo de

elixires e tocircnicos vendidos logicamente nas pharmacias

A maioria dos anuacutencios onde aparece o lexema pharmacia que faz parte de nosso

corpus faz propaganda dos novos xaropes elixires e tocircnicos que satildeo verdadeiros

remeacutedios maacutegicos contra os mais variados tipos de moleacutestias os quais poderia assolar a

populaccedilatildeo brasileira do seacuteculo XIX

O lexema elixir chega agrave liacutengua portuguesa atraveacutes do aacuterabe segundo Cunha No

aacuterabe o lexema possuiacutea um sentido muito ligado ao misticismo e a faceta maacutegica

atribuiacuteda aos medicamentos em uma eacutepoca em que a medicina ainda natildeo possuiacutea um

status teacutecnico nessa cultura Contudo no grego o sentido era de medicamento

103

elixir sm bebida medicamentosa balsacircmica ou confortadora XVIII Do fr

Eacutelixir deriv Do deriv Do aacuter Eliksir pedra filosofal e este do gr Kseron

medicamento (Cunha 2010)

Segundo o lexicoacutegrafo a primeira ocorrecircncia deste lexema na liacutengua portuguesa

foi no seacuteculo XVIII mas como dito pelo pharmaceutico Etienne Lagarde somente com

ldquoos progressos que tem feito [a] | sciencia medicardquo no seacuteculo XIX eacute que se podem

encontrar anuacutencios de elixires como o seguinte

- 03 de janeiro de 1889 Satildeo Paulo Correio Paulistano

Grande descoberta|O maior sucesso da eacutepoca que atravessaacutemos eacute a descoberta

do prodigioso vegetal cujo vegetal em si a acccedilatildeo maravilhosa de destruir

todos os virus de syphilitico A descoberta deste remedio que eacute Vegetal

Por|Excellencia eacute a verdadeira Maravilha Do Seculo XIX Os

saacutebios|estudos de muitos annos e as sucessivas experiecircncias do illustrado e

intelligente|senhor M Morato deram em resultado que o grande remedio

pura exclusiva|e unicamente vegetal a que deu o nome de ldquoExilir depurativo

de M Moratordquo|cura completa e rapidamente toda syphilis curo o

rheumatismo com uma|felicidade espantosa cura a asthma e usado

convenientemente tem com | espanto de centenas de pessoas curado o

terrivel mas a|Morphegravea |A grande descoberta deste explendoroso remeacutedio eacute

a felicidade da|humanidade eacute o passo mais gigantesco dado na medicina

Procurar ldquoExilir|depurativo de M Moratordquo propagado por Doutor

Carlos|Agente Depositaacuterio Em Satildeo Paulo|Peixoto Estella amp Companhia|Rua

de Satildeo Bento nuacutemero 11| Preccedilos|20 Exilir ndash frasco 5$000 Duzia 50$000

O medicamento revolucionaacuterio ldquoa verdadeira Maravilha Do Seculo XIX rdquo

adveacutem de uma ldquoGrande descobertardquo que pode ser vista como o maior sucesso da eacutepoca

que atravessavam destinado a destruir todos os viacuterus syphiliticos O anuacutencio ainda faz

propaganda do aacuterduo trabalho em que essa descoberta se fundou pois essa maravilha se

deve aos ldquosaacutebios|estudos de muitos annos e as sucessivas experiecircnciasrdquo e que

figuravam segundo o anunciante ldquoo passo mais gigantesco dado na medicinardquo

Se por um lado o texto vem dar agrave luz o conhecimento de um novo e

revolucionaacuterio medicamento therapeutico destinado a curar toda syphilis

rheumatismos asthmas a descoberta ainda se enraiacuteza em estudos e praacuteticas

104

experimentais anteriores visto que agrave eacutepoca (1889) experiecircncias jaacute davam conta de

fomentaccedilotildees de medicamentos sinteacuteticos Dessa forma temos o discurso ligado agrave

descoberta ligado agrave novidade de um lado e de outro temos o discurso ligado ao jaacute

conhecido e que de certa forma daacute seguranccedila Assim o medicamento eacute de origem

vegetal ldquopura exclusiva|e unicamente vegetalrdquo

Os elixires como medicamento prophilatico e therapeuticos destinavam-se a sarar

as doenccedilas e assim dar novas forccedilas revitalizar tonificar os debilitados Dessa forma

forma-se como um sinocircnimo um neologismo adotado segundo Cunha em 1858

Tonico para tambeacutem dar nome a esse tipo de medicamento alimentiacutecio

- 01 de fevereiro de 1888 Campinas Diaacuterio de Campinas

O Elixir alimenticio Ducro e muito agradavel ao paladar e as pessoas a quem

mais repugnam os alimentos o tomam ateacute por gosto| Eacute um tonico

poderosissimo aconselhado para as mulheres e a crianccedilas delicadas os

velhos os convalescentes em que desperta o appetite e restabelece as forccedilas|

Convem sobretudo nos paizes quentes onde as forccedilas diminuem pela

transpiraccedilatildeo e onde se esta sujeito a molestias contagiosas - Para mais

detalhes leia-se o prospecto que acompanha cada vidro| Pariz 20 Place des

Vosges|| E EM TODAS AS PHARMACIAS

Como dito acima e seguindo com nossos estudos Cunha nos daacute verbete

tom Sm tensatildeo tono altura de um som tonalidade | XIV toom XV | do lat

Tonus -i deriv Do gr Toacutenos muacutesculo tendatildeo tendatildeo intensidade forccedila

energia tensatildeo de uma corda som de instrumento () tocircnico adj relativo

ao tom tonifica ou daacute energia diz-se do elemento que recebe o acento de

intensidade 1858 do fr tonique deriv do gr tonikoacutes () (Cunha 2010)

A associaccedilatildeo elixir = tonico quando se diz o Elixir Ducro eacute um tonico

poderosiacutessimo eacute o que nos leva a fazer uma associaccedilatildeo sinoniacutemica entre os lexemas

Dessa forma haacute um desdobramento de sentidos em ambos os lexemas dando-lhes novos

sentidos Se por um lado temos no dicionaacuterio Aureacutelio (1988) a denominaccedilatildeo de elixir

105

elixir S m 1 confeiccedilatildeo farmacecircutica de xaropes com alcoolatos 2 bebida

deliciosa balsacircmica ou confortadora 3 Fig Aquilo que tem efeito maacutegico

ou miraculoso filtro (Aureacutelio 1988)

E de tocircnico

tocircnico Adj 1 relativo a som (1) 2 que tonifica ou daacute energia 3 gram Diz-

se do elemento (vogal siacutelaba) que recebe acento de intensidade ou icto

sm4 medicamento ou cosmeacutetico tocircnico revigorante (Aureacutelio 1988)

Temos nos sentidos de ambos os lexemas significaccedilotildees que se tocam levemente

no que diz respeito agrave accedilatildeo do medicamento no corpo daquele que o ingere se tomarmos

os sentidos de forma o mais aberta quanto possiacutevel o elixir conforta enquanto bebida

balsacircmica lenitiva e o tonico daacute energia revigora Contudo se tomarmos o sentido de

equivalecircncia que o anunciante faz entre os dois lexemas notamos no uso uma

aproximaccedilatildeo muito maior do que a dicionarizada O tonico tem atributos dados pelo

dicionaacuterio apenas ao elixir ldquoO Elixir alimenticio Ducro e muito agradavel ao paladar e

as pessoas a quem mais repugnam os alimentos o tomam ateacute por gostordquo e se o elixir ldquoEacute

um tonico poderosiacutessimordquo logo tambeacutem eacute muito agradavel ao paladar Mas segundo

o dicionaacuterio Aureacutelio somente o elixir pode ter o atributo de bebida deliciosa Da

mesma forma o elixir eacute mais do que um medicamento destinado a dar somente o

conforto afinal ele eacute um tonico poderosiacutessimo que ldquodesperta o appetite e restabelece as

forccedilasrdquo Assim o medicamento therapeutico eacute destinado para os ares brasileiros pois

este faz parte dos ldquopaizes quentes onde as forccedilas diminuem pela transpiraccedilatildeo e onde

se esta sujeito a molestias contagiosasrdquo

E aqui temos o gancho para tratarmos de um assunto jaacute mencionado em capiacutetulos

anteriores sucintamente das praacuteticas sociais e das correntes de pensamento dos

brasileiros do seacuteculo XIX influenciados por iguais franceses Apesar de natildeo

abertamente notamos nos discurso do anunciante anterior a vertente meacutedica que

rapidamente foi divulgada na eacutepoca a homeophatia Fundamentada nos estudos

hipocraacuteticos que acreditava que a sauacutede se associa aos quatro humores e estes ao meio

em que vive o homem de modo que o clima pode influenciar na sauacutede deste homem

assim a homeophatia entendia a condiccedilatildeo humana Natildeo haacute menccedilatildeo clara a essa praacutetica

no discurso do anunciante poreacutem quando este diz que o elixir convecircm sobretudo nos

106

paizes quentes podemos mais que rapidamente ligar as crenccedilas tidas pelos homeopatas

ao anunciante

A homeophatia fazia grande sucesso entre os cidadatildeos brasileiros do seacuteculo XIX a

ponto de em Campinas cidade do uacuteltimo anuacutencio de cada cinco meacutedicos atuantes na

cidade dois eram homeopatas13

Essa filosofia meacutedica era demasiadamente nova agrave

eacutepoca Cunha data a entrada desse lexema na liacutengua portuguesa de 1858

homeo- elem comp do gr homoios da mesma natureza igual semelhante

que se documenta em alguns compostos introduzidos a partir do seacutec XIX na

linguagem cientiacutefica internacional () homeopatia | -thia 1858 | Do fr

homeacuteopathie deriv do al Homoumlopathie voc criado em 1796 pelo meacutedico

alematildeo SCFHahnemann () (Cunha 2010)

O Aureacutelio o dicionariza da seguinte forma

homeopatia S f Med Sistema terpecircutico criado por Christian Friederich

Samuel Hahnemann (1755-1843) que consiste em tratar as doenccedilas por meio

de substacircncias ministradas em doses diluiacutedas a ponto de se tornarem por

vezes infiniteacutesimas capazes de produzir em indiviacuteduos satildeos quadros

cliacutenicos semelhantes aos que apresentam os doentes a serem tratados ()

(Aureacutelio 1988)

A homeophatia veio associar-se no Brasil agrave fitoterapia nacional Dessa forma ldquopor

meio da homeopatia ndash e da valorizaccedilatildeo da fitoterapia tropical - a medicina cientiacutefica

europeia vinculava-se agrave medicina popular indiacutegena e afro-brasileira14

rdquo

Temos assim de um lado o pensamento cientiacutefico dos quiacutemicos que produzem

seus medicamentos tambeacutem se utilizando da fitoterapia sendo influenciados por

pensamentos homeopaacuteticos Assim como temos os que tecircm um pensamento claro de sua

praacutetica e anuncia

- 15 de outubro de 1852 Satildeo Paulo Aurora Paulistana

- 31 de outubro de 1852 Satildeo Paulo Aurora Paulistana

13

Alencastro Vida Privada e Ordem Privada no Impeacuterio In Histoacuteria da Vida Privada no Brasil

14 Idem

107

HOMŒOPATHIA PURA | RUA DIREITA NUacuteMERO 17 | O medico-

cirurgiatildeo Joseacute Maria de | Souza tem a honra de declarar a to- | das aquellas

pessoas que quizeres | honrar com sua confianccedila que elle se | acha

novamente residindo nesta ci- | dade rua Direita nuacutemero 17 onde continuacutea |

a exercer a sua profissatildeo pelo syste- | ma homœopathico e onde seraacute encon- |

trado a qualquer hora do dia ou da | noite O annunciante tambem arran- | ca

lima e chumba dentes e faz todas | as outras operaccedilotildees que diz respeito | a

esta arte com a maior perfeiccedilatildeo|| Os pobres seratildeo tratados gratuita- | mente

A praacutetica philantropica eacute muito comum entre os homeopatas da eacutepoca tratando

dos enfermos pobres gratuitamente Alencastro nos relata que o pensamento dos

homeopatas era ldquofazer no Brasil lsquonovos Matusaleacutens [] e concorrendo para o bem

geral da humanidaderdquo Com o advento dessa praacutetica meacutedica fundam-se no Brasil do

seacuteculo XIX escolas destinadas a formar novos praticantes assim como a fomentaccedilatildeo de

toda uma bibliografia que assistisse a esse puacuteblico

- 05 de fevereiro de 1867 Satildeo Paulo Correio Paulistano

NA CASA GARRAUX || LARGO DA SEacute || Encontra-se os artigos seguintes

||Papel para desenho || Papel de luto || Papel de peso || Papel almasso || Papel

florete || Papel Hollanda || Papel de phantasia || Papel de cartas || Enveloppes

brancos || Enveloppes de cores || Enveloppes de luto || Enveloppes

commerciaes || Enveloppes forrados de panno || Cartotildees de visita || Ditos para

casamentos || Tinteiro de vidro || Tinteiro de crystal || Tinteiro de bronze ||

Tinteiro ricos de phantasia || Pennas de accedilo de varias qualidades || Pennas de

ave || Sinetas || Canivetes || Pacas de cortar papel || Lacre || Obreiras ||

Imagens || Quadros de devoccedilatildeo || Desenhos || Albuns para desenhos || Aacutelbuns

para photographia || Quadros para photographia || Carteiras || Estojos de

viagem || Caixas de perfumaria || Caixas de papelaria || Caixas de costura com

musica || Caixa de mathematicas || Caixas de tintas || Tintas de escrever ||

Livro de direito || Livros de litteratura || Livros de devoccedilatildeo || Livros de

educaccedilatildeo || Livros de homœopathia || Livros de missa || Horas Marianas ||

Livros de luxo para presentes || Objectos de phantasia para presentes || Lapis ||

Baralho de cartas || Baralhos de cartas de phantasia || Bengallas || Livros para

apontamentos || Stereoscopos || Folhinhas do anno || Pastas || E muito mais

objectos || Grande sortimento de papel pintado | para forrar casas fabricados

em Paris | desde 500 reacuteis a peccedila para cima | Guarniccedilatildeo roda-peacute paisagens

108

etc | Esta casa recebe directamente da Europa todos seus livros e mercado- |

rias e destrsquoarte poacutede offerecer aacutes pessoas que a Ella se dirigem considera- |

veis vantagens

Assim na casa Garraux dentre vaacuterias outras literaturas e materiais de papelaria

podia-se encontrar Livros de homœopathia

Seguindo a ordem natural dos neologismos que possuem uma histoacuteria de uso

abundante como eacute loacutegico medicamentos adjetivado pelo neologismo criado a partir do

substantivo homeopathia homeopathicos

- 26 de maio de 1872 Campinas Gazeta de Campinas

Medicamentos Homeopathicos|No estabelecimento do Roso amp Filho em

liquidaccedilatildeo aacute rua do Commercio nuacutemero 45 encontra-se sempre grande

sortimento destes medicamentos em tinturas globulos e opodeldoc de

Bryonia Rhux para rheumatismo do laboratoio do doutor Cochrane amp

Pinho do Rio de Janeiro bem assim livros homeopathicos

Esses remeacutedios concorriam pela preferecircncia do puacuteblico com os medicamentos

produzidos pelos quiacutemicos fitoteraacutepicos licenciados pela junta de Hygiene do Imperio

do Brazil15

vendidos nas pharmacias destinados aos tratamentos das mesmas moleacutestias

como o rheumatismo diabete cystites epilepsia gonorrhea16

e muitas outras

Munindo a populaccedilatildeo brasileira de possibilidades de cura agraves doenccedilas mesmo aos

pobres que natildeo podendo pagar pelo tratamento tinham a sauacutede assegurada pelos

philantropos eacute que se poderia garantir uma civilizaccedilatildeo disposta a avanccedilar em direccedilatildeo ao

status de naccedilatildeo que o paiacutes queria alcanccedilar

15

Nos apecircndices estatildeo as fichas das palavras analisadas neste trabalho Notaratildeo que na ficha destinada

ao lexema hygiene haacute uma recorrente menccedilatildeo a junta de hygiene do Imperio do Brazil nos anuacutencios de

medicamentos natildeo homeopaacuteticos Podemos entender essa menccedilatildeo como um aval de um oacutergatildeo puacuteblico

a fomentaccedilatildeo de medicamentos a partir de uma praacutetica que possa ser vista como mais cientiacutefica em

oposiccedilatildeo agraves praacuteticas homeopaacuteticas

16 Ver apecircndices

109

9 Conclusotildees

O trabalho natildeo daacute conta de todas as entradas lexicais levantadas que satildeo

apresentadas nos apecircndices Essas estatildeo postas na sessatildeo para servir de amostragem do

corpus Poreacutem julgamos que o retrato mesmo que 34 das entradas lexicais e a

influecircncia dessas adoccedilotildees no leacutexico da Liacutengua Portuguesa alcanccedilou o que nos

propusemos a fazer quando foi pensado o projeto

Tentamos neste trabalho e esperamos que a contento apontar alguns movimentos

da sociedade brasileira rumo agrave civilidade em seu projeto de naccedilatildeo

Comungamos da crenccedila muito bem apresentada por KRISTEVA (1969) em sua

Histoacuteria da Linguagem quando esta dizendo sobre as novas formas de entendermos o

homem apresenta-nos uma nova ferramenta a linguagem nos ensina

ldquoQuanto agrave concepccedilatildeo da linguagem como ltltchavegtgt do homem e da histoacuteria social

como via de acesso agraves leis do funcionamento da sociedade essa talvez constitua uma das mais

importantes caracteriacutesticas da nossa eacutepocardquo

Acreditamos que desenvolver o raciociacutenio a partir da historiografia da evoluccedilatildeo

humana dentro da perspectiva eurocecircntrica nos deixa perceber alguns passos escolhidos

assim como os discursos que foram adotados para jusificar aqueles passos Mostramos

como o imaginaacuterio de projeto de naccedilatildeo ocorrido em Portugal de certa forma se repete

no Brasil do seacuteculo XIX O discurso que atrela civilidade e modernidade eacute recorrente

nos dois momentos

A escolha por partir dos anuacutecios de jornais acreditamos conseguiu dar conta da

proposta de levantar uma amostragem real dos discursos que corriam como ideaacuterio no

Brasil

Entatildeo atraveacutes dos discursos ocorridos no seacuteculo XIX tentamos explanar um

pouco da histoacuteria social brasileira Notamos as passagens do velho para novo quando

as leis que se faziam operantes natildeo deixam de existir mas se modificam ora se

modificando totalmente ora se complementando e se expandindo Artefatos novos para

velhos trabalhos palavras formadas por raiacutezes morfoloacutegicas antigas para nomear a

novidade E dessa forma temos pelo estudo da linguagem uma possibilidade de leitura

de um mundo

110

Pode-se chegar a determinados pontos por diversos caminhos Verdade

Escolhemos trabalhar com os lexemas de base morfoloacutegica grega por uma equaccedilatildeo ateacute

que bem faacutecil de entender Sabemos que as inovaccedilotildees tecnoloacutegicas satildeo os motores mais

importantes para os avanccedilos do homem no processo civilizatoacuterio E as tecnologias ateacute

meados do seacuteculo XX buscavam no grego as suas terminologias Assim as ligaccedilotildees

ficam expliacutecitas e justificamos o trabalho

111

10 Bibliografia

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agraves 930 hrs)

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Publifolha 2000

- RODRIacuteGUEZ-TAPIA Sergio Los textos especializados semiespecializados y

divulgativos una propuesta de anaacutelisis cualitativo y de clasificacioacuten cuantitativa

UNED Revista Signa 25 (2016) pags 987-1006

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Revista Temas em Educaccedilatildeo Joatildeo Pessoa v23 n1 p160-168 jan-jun 2014

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troacutepicos Satildeo Paulo Companhia das Letras

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Livraria H Antunes sd

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Bembo 1999

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UNIMONTES CIENTIacuteFICA Montes Claros v12 n12 - jandez 2010

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Virgiacutelio organizaccedilatildeo Paulo Seacutergio de Vasconcellos et al traduccedilatildeo Manuel Odorico

Mendes - Campinas SP Editora da UNICAMP 2008

- WUumlSTER Eugen Introduccioacuten la Teoriacutea General de la Terminologiacutea y a la

Lexicografiacutea Terminoloacutegica Barcelona Institut Universitari de Linguumliacutestica Aplicada

Universitat Pompeu Fabra 1998 (Responsable de la edicioacuten M Teresa Cabreacute)

101 Bibliografia online

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entry3Dw28rolo2Fgion ndash dia 21092018 agraves 2050hrs

httpwwwperseustuftseduhoppertextdoc=Perseus3Atext3A19990400573A

entry3Dfarmakeutiko2Fs ndash 09072018 agraves 1532hrs

httpwwwperseustuftseduhoppertextdoc=Perseus3Atext3A19990400593A

entry3Dpharmaceuticus - 09072018 agraves 1611hrs

httpenwikipediaorgwikiGalen - 09072018 agraves 1653hrs

httpptwikipediaorgwikiHomeopatia - 23072018 agraves 1346hrs

httpwwwinfoescolacomquimicaquerosene - 2307 agraves 1732hrs

httpwwwgelhospedagemdesiteswsestudoslinguisticosvolumes32htmmesaredom

r004htmestudoslinguisticosvolumes32htmmesaredomr004htm (25032019)

httpsptwikipediaorgwikiRenascenC3A7a_carolC3ADngia

116

httpwwwmuseudaenergiaorgbrmedia6315311pdf

httpwwwgelhospedagemdesiteswsestudoslinguisticosvolumes32htmmesaredom

r004htmestudoslinguisticosvolumes32htmmesaredomr004htm (2503)

httpsptwikipediaorgwikiRenascenC3A7a_carolC3ADngia

117

11 Apecircndices

111 Lexemas ligados agrave cultura

PALAVRA BIOGRAPHIA

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

- bio- elem Comp do Gr biacuteos lsquovidarsquo

que se documenta em numerosos

compostos da linguagem cientiacutefica

internacional a partir do seacutec XIX ()

biografia | -phia 1825 ()

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

biografia Sf descriccedilatildeo ou histoacuteria da

vida de uma pessoa

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 25 de abril de 1852 Aurora Paulistana

Satildeo Paulo

ATTENCcedilAtildeO | A Farrapeida| Recebem-

se nesta typogra|phia assignaturas para um

| opusculo que breve sahiraacute aacute | luz com o

titulo acima e con- | teraacute cerca de 120

paginas Ersquo | um poema em que se descre-

| vecirc a biographia dos princi- | paes

membros do partido - | Venda-grande ndash

118

nesta provin- | cia e dividido em 5 cantos

dos quaes estatildeo jaacute na typogra- | phia os

tres primeiros cujos titulos satildeo | I A

CARA-SUGEIDA | precedida de uma

estampa | representando um individuo |

desejando surprehender os | segredos de

uma bella Con- | deccedila | II A

CARRONrsquoIHEI- | DA ou as magicaturas

pre- | cedida igualmente de uma ca- |

ricatura | III A JANISTROQUEI- | DA

ou factos historicos bio- | graphia

completa de um ca- | valheiro muito

conhecido a | caricatura que precede este |

canto eacute muito curiosa | Preccedilo de cada

exemplar | 1$ reis pagos ao receber o |

exemplar

PALAVRA EPITHETO

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

epiacuteteto sm lsquopalavra ou frase que

qualifica pessoa ou coisarsquo lsquocognomersquo |

epytheton XVI | do fr eacutepithegravete deriv do

lat epitheton ndashi e este do gr epiacutetheton

()

119

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

epiacuteteto sm 1 palavra ou frase que

qualifica pessoa ou coisa 2 V cognome

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 4 de marccedilo de 1853 Satildeo Paulo Aurora

Paulistana

CURA CERTA | e em pouco tempo de

todas as enfermidades provenientes de

vicio san- | guineo como ndashescrophulas

tube[r]- | culos lepra syphylis etc etce

[ilegiacutevel] | particular as affecccediloens de

pape[ilegiacutevel] | em seu principio ||

Etienne Lagarde || Pharmaceutico e

cirurgiatildeo das faculdades | Pariz e do Rio

de Janeiro ex-preparad[o] | do Curso de

Chimica da escola de medic[i]- | na e

pharmacia de Poi[furo]iers membro da

s[o]- | ciedade medica da mesma cidade e

corres- | pondente de algumas sociedades

scientificas || Attenccedilacirco || A experiencia

junto aacute perseveranccedila qu[e] | hoje tem sido

meus uacutenicos guias no trata[men]- | to das

enfermidades acima mencionadas os |

caracteres horriveis que ellas apresentatildeo |

desgostos que sobrevem as pessoas que

satildeo de | las attacadas deviatildeo naturalmente

attrahir | attenccedilatildeo de todo o homem amigo

da huma- | nidade || Antigamente estas

enfermidades se consi- | deravatildeo com um

120

principio contagioso o que | obrigava os

doentes a buscar longe das povo- | accedilotildees

uma morada tranquilla que lhes permi- |

tisse esperar com paciencia a hora que [o]

| Creador tivesse determinado para pocircr

term[]| a todos os seus soffrimentos hoje

porem assim | natildeo acontece os progressos

que tem feito [a] | sciencia medica com os

numerosos trabalhos | e investigaccedilotildees da

chimica tem em fim intro- | duzido na

therapeutica e posto aacute disposiccedilatildeo | dos

homens da sciencia um meio prophilati- |

cos contra estas crueis enfermidades

fazendo | assim esperar uma prompta cura

a todos | aquelles que o quizerem abraccedilar

|| Penetrado do sentimento o mais sincero

da | philantropia do amor aacute sociedade

offereccedilo o[s] | meus recursos meacutedicos e

pharmaceuticos ad- | quiridos por um

aturado e longo estudo da na- | tureza

humana Ersquo pois com os medicamen- | tos

preparados por minhas proacuteprias matildeos

qu[e] | me proponho a curar a todos

aquelles que m[e] | quizerem procurar ||

Estou certo que os epithetos de ndash

charlatatildeo | e especulador ndash ser-me-hatildeo

lanccedilados por al- | guns ao lerem este meu

annuncio porem natildeo | seraacute por homens

sensatos que serei assim [ilegiacutevel] | xado

O sabio indaga consulta ouve [ilegiacutevel] |

entre voacutes (como eu creio) existe algum

rec[ilegiacutevel] | conhecimento recebei de

antematildeo toda a mi- | nha gratidatildeo || A

121

voacutes enfermos eu dirijo meus offereci- |

mentos eu saberei consolar-vos e talvez

da[r]- | vos a panaceacutea beneacutefica da saude

que tan[furo] | desejaes || Seja o

reconhecimento o fructo de meu[s] |

trabalhos e o uacutenico tributo que desejo

obte[r] | daquelles que me quizerem

honrar com sua[s] | consultas|| Dirijatildeo-se

ao Hotel Paulistano na rua d[e] | Satildeo

Bento nuacutemero 35

PALAVRAS SYSTEMA

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

sistema sm conjunto de elementos

materiais ou ideais entre os quais se possa

encontrar ou definir alguma relaccedilatildeo

meacutetodo processo | sys- 1810 | do fr

Systegraveme deriv Do lat Tard Systema e

este do gr Syacutestema

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

sistema Sm1 conjunto de elementos

materiais ou ideias entre os quais se possa

encontrar ou definir alguma relaccedilatildeo 2

disposiccedilatildeo das parts ou dos elementos de

um todo coordenados entre si e que

122

funcionam como estrutura organizada 3

reuniatildeo de elementos naturais da mesma

espeacutecie que constituem um conjunto

intimamente relacionado 4 o conjunto

das instituiccedilotildees poliacuteticas eou sociais e dos

meacutetodos por elas adotados encarados quer

do ponto de vista teorico quer do de sua

aplicaccedilatildeo praacutetica 5 reuniatildeo coordenada e

loacutegica de priciacutepiosou ideacuteias

relacionadasde modo que abranjam um

campodo conhecimento 6 conjunto

ordenados de meios ou ideacuteias tendente a

um resultado plano meacutetodo 7 teacutecnica ou

meacutetodo empregado para um fim preciacutepuo

8 modo maneira forma 9 complexo de

regras ou normas 10 haacutebito particular

costume 11 anat conjunto de oacutergatildeos

compostos do mesmo tecido e que

desempenham funcotildees similares 12

biolcoodenaccedilatildeo hierarquica dos seres

vivos em um esquema loacutegico e metoacutedico

segundo o princiacutepio de subordinaccedilatildeo dos

caracteres 13 comun conjunto particular

de instrumentos e convenccedilotildees adotados

com o fim de dar um informaccedilatildeo 14 fiacutes

parte limitada do universo sujeita a

observaccedilatildeo imediata ou mediata e que

em geral pode caracterizar-se por um

conjunto finito de variaacuteveis associadas a

grandezas fiacutesicas que a identificam

univocamente 15 geolconjunto de

terrenos que correspondem a um periacuteodo

geologico 16 ling conjunto de elementos

123

linguiacutesticos solidaacuterios entre si 17 ling a

proacutepria lingua quando encarada sob um

aspecto estrutural 18 muacutes qualquer seacuterie

determinada de sons consecutivos ()

PERIOacuteDICOS

DATAS

E

CIDADES DE ORIGEM

- 24 de abril de 1870 Campinas Gazeta

de Campinas

PHOTOGRAPHIA CAMPINENSE DE

HENRIQUE ROSENI|28-RUA

DIREITA-28|Tira-se retratos todos os dias

e por todos os systemas Para familia - os

preccedilos satildeo reduzidos consideravelmente

- 29 de setembro de 1870 Campinas

Gazeta de Campinas

E Athouguia cirurgiatildeo dentista aprovado

pela academia de medicina do Rio de

Janeiro colloca dentaduras pelos systemas

melhores e mais mdernos (como jaacute

annunciou) limpa e chumba os dentes

cariados cauteriza-os com antecedencia

afim de tirar-lhes toda a sensibilidade

nervosa tira os defeito provenientes de

uma maacute regularidade desses orgatildeos cura

124

todas as molestias da bocca e faz

obturadores apparelhos essenciaes tanto

para o asseio da mesma como para a boa

pronunciaccedilatildeo tendo pleno conhecimento

das molestias e de sua applicaccedilatildeo offerece

seus prestimos gratuitamente aacutes pessoas

menos abastadas Quem precisar dirija-se

ou por escripto ao largo da Matriz Velha

junto do sino grande

- 25 de fevereiro de 1872 Campinas

Gazeta de Campinas

Grande sortimento de garampos para

prender o cabello novo systhema Em

casa de Leon Hertz -66

- 08 de agosto de 1872 Campinas Gazeta

de Campinas

ESPECIALIDADE|| Acha-se aberto no

largo da Matriz-nova nuacutemero 2C um

armazem de assucar de todas as

qualidades|Recebe-se mensalmente

grande porccedilatildeo de assucar de Pernambuco

das melhores qualidades desde o alvo

125

fino ateacute o mascavo|Recebe assucar

refinado de 1ordf e 2ordf qualidade pelo

processo de crestalisaccedilatildeo bastante

conceituado entre os que conhecem esses

systemas de clarear depurar e

cristalisar|Recebe igualmente refinado a

braccedilos pelo systhema comum e das mais

acreditadas refinaccedilotildees do Rio de

Janeiro|Vende-se o assucar cruacute de meia

arroba para mais havendo grande

abatimento comprando em saccos|

Vende-se o refinado tambem de meia

arroba para mais havendo grande

abatimento comprando embarricada

- 14 de junho de 1874 Campinas A

Mocidade

O retratista photographo Evaristo

Brasileiro de Campos Mello esperando

uma nova officina que lhe vem

directamente da Europa previne a seus

amigos e fregezes que continuaraacute a tirar

retratos por qualquer systema pelos

preccedilos do costume garantindo um grande

melhoramento em seu trabalho espernado

por isso merecer sempre confianccedila deste

cavalheiro e generoso povo Campineiro|

A 5000 A DUZIA

126

- 14 de outubro de 1874 Campinas A

Mocidade

PEDE-SE TODA||ATTENCcedilAtildeO|| Aos

senhores fazendeiros|| Ferreira Novo amp

Filho participaratildeo aos senhores

fazendeiros e negociantes que continuatildeo a

comprar cafegrave em maior quantidade do que

faziam ateacute hoje achando-se para isso

habilitados por acabarem de contractar

com algumas das principais casas

exportadoras a fazerem grandes compras

Nosso systema de compras seraacute

Comprar toda e qualquer quantidade de

cafegrave quando beneficiado o prompto

recebemos ou com poucos dias de

demora depois da venda| Pedimos a todos

os senhores fazendeiros qua quando

tenhatildeo cafegrave em qualquer quantidade

promptoe queiratildeo vender a bondade de

nos procurarem pagando sempre no dia da

venda maior preccedilo que permitir o estado

do cafegrave nos principais mercados do paiz

da America e da Europa habilitando-nos

para podermos fazer tatildeo grande vantagem

aos senhores lavradores o telegrapho que

acaba de collocar em comunicaccedilatildeo diaria

esta florescente cidade com aqueles

127

principaes mercados

- 21 de outubro de 1874 Campinas A

Mocidade

Photographia

Campinense||DE||HENRIQUE ROSEN||

50 - RUA DIREITA - 50||Em

consequencia de novos melhoramentos

introduzidos no salatildeo de vidro deste bem

conhecido estabelecimento photographico

o mais antigo da provincia tira-se de hoje

em deante retratos perfeitos das 7 horas da

manhatilde ateacute 5 da tarde e com qualque[r]

tempo sendo preferidos os dias cobertos

e chuvosos| Trabalha-se todos os dias e

por todos os systemas Especialidades -

Retratos coloridos a Crozat e aquarela

Esmaltados Bombeacute Cabinet e Mezzo

Tinto dos quaes os ultimos imitando

porcellana foratildeo introduzidos nesta

provincia pelo annunciante e satildeo tirados

soacutemente no estabelecimento do mesmo|

Os retratos da phptographia simples tiratildeo-

se ainda pelo preccedilo baratiacutessimo de 6$000

a duzia pagando adeantado| O

annunciante esera conrinuar a merecer a

affluencia e valiosa protecccedilatildeo dos seus

numerosos amigos e freguezes - convida

128

ao respeitavel publico em geral para

examinar sua extense e variada galeria|

CASA FILIAL A PHOTOGRAPHIA

CAMPINENSE|| Satildeo Joatildeo do Rio-Claro||

20 - RUA DO COMMERCIO - 20|| (Perto

da Collectoria)

- 01 de fevereiro de 1888 Campinas

Diaacuterio de Campinas

Officina de espingardeiro||RUA

GENERAL OZORIO 102 A|Nesta antiga

e muito conhecida officina continuam-se a

trabalhar com perfeiccedilatildeo e solidez em

consertos de armas de fogo de qualquer

systema| Envernizam-se espingardas

com perfeiccedilatildeo tal de competir comas

novas Bem como fabricam-se qualquer

peccedila nova e tudo que diz respeito a essa

arte| Facas de prata trabalhadas aacute

capricho| Garante-se a maxima perfeiccedilatildeo

na execuccedilatildeo dos trabalhos que a esta casa

forem confiados|| PRECcedilOS MODICOS||

BALTHASAR BRUNI|| RUA GENERAL

OZORIO 102 A|| CAMPINAS

- 10 de dezembro de 1828 Satildeo Paulo O

129

Farol Paulistano

Joatildeo Francisco Espingardeiro de Paris

avisa|ao Respeitavel Puacuteblico drsquoesta

Cidade que elle tem| um sortimento de

espingardas de um novo systema|

chamado Pistatildeo cuja superioridade eacute

incontestavel a|respeito das de

pedra_Tambem poem as de pedra|ao

systema novo e faz com o maior cuidado

todos os| concertos de sua profissatildeo sua

residecircncia eacute na Rua| do Rozario nuacutemero

24

- 22 de janeiro de 1879 Satildeo Paulo

Correio Paulistano

PHOTOGRAFIA|AMERICANA|RUA

DA IMPERATRIZ|Satildeo PAULO| O

propretaacuterio deste estabelecimento de

volta de sua viagem aacute Europa continua a

trabalhar no mesmo estabelecimento o

qual se acha augmentado com machinas e

utensiacutelios os| mais modernos|Neste

estabelecimento que conta 16 annos de

existencia (o mais antigo deste proviacutencia)

continua-se a trabalhar por todos|os

sistemas de photografias desde o retrato

130

em a|mais pequena miniatura ateacute o

tamanho natural|Encarrega-se de mandar

pintar em Pariz pelos melhores pintores

qualquer retrato em|busto ou corpo

inteiro a oleo pastel ou aquarella

bastando para isso um pequeno retrato|da

pessoa que se quizer retratar|Trabalhar-se

todos os dias das 10 horas da manhatilde aacutes 4

horas da tarde natildeo importa o tempo

chuvoso|OS SENHORES

PHOTOGRAFOS|encontraratildeo neste

estabelecimento tudo que eacute mister aacute

mesma arte e pelos preccedilos do Rio de

Janeiro|Retratos de ateacute Reacuteis 5$ a duacutezia

- 13 de julho de 1879 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

SALAtildeO CONIMBRICENSE|30 A ndash Rua

da Imperatriz ndash 30 A| Neste bem montado

estabelecimento encontraratildeo as

excelentiacutessimas famiacutelias um grande

e|variado sortimento de posticcedilos de

cabelos de todas as cores como sejam

tranccedilas coques|caeche-peignes topetes e

grampos frisados penteados pelos

systemas mais modernos|Os preccedilos satildeo

sempre mais baratos do que em qualquer

outra parte|SALAtildeO

131

CONIMBRICENSE|30 A ndash Rua da

Imperatriz ndash 30 A|Joseacute da Cunha

Fachadas|Satildeo Paulo

- 27 de fevereiro de 1889 Satildeo Paulo

Correio Paulistano

Engelberg Siciliano amp

Companhia|Machinas para

lavoura|privilegiadas pelo governo

imperial|Satildeo Paulo|No empenho de tornar

cada vez mais conhecidas as vantagens

que sobre|quaesquer outras offerecam as

nossas excellentes machinas para a

lavoura|chamamos a atenccedilatildeo do senhores

fazendeiros para o seguinte|descascador

de cafeacute do ldquoengelbergrdquo|O descascador

ldquoEngelbergrdquo eacute o unico que absolutamente

natildeo quebra cafeacute|apresentando aleacutem desta

incontestavel vantagem outras muitas

taes como--|grande simplicidade e

solidez dispensando os tantos concertos

que satildeo|precisos em outras beneficio

perfeitissimo devido ao seu excepcional e

|unico systema pelo qual o cafeacute se

descasca brandamente sem estragar-se

conservando por muito tempo a sua cocircr

natural e sendo por isso muito apreciado e

procurado em todos os mercados natildeo se

132

perde nenhum gratildeo de cafeacute porque a palha

sahe de tal modo moiacuteda que eacute impossivel

envolver cafeacute algum|natildeo acontecendo o

mesmo com outros descascadores os

quaes apezar de|moerem o cafeacute deixam a

palha quase inteira envolvendo-se nella

grande|quantidade de gratildeos que afinal se

perdem por na poderem ser

separados|occupa menor forccedila do que

qualquer outro descascador para

beneficiar a|mesma quantidade havendo

aleacutem disso grande economia de lenha e

tempo| Enfim os numerosos attestados

que recebemos diariamente de

illustrados|fazendeiros e as experiencias

feitas por muitas vezes em cotejo com

outras|machinas em cujas experiencias

tem-se observado que os nossos

descascadores|sugmentam a safra ateacute dez

por cento satildeo elementos mais que

sufficientes para | comprovar o que

dizemos|E se isso ainda natildeo focircr bastanto

nos obrigamos a pagar a quantia de reacuteis

50$000|por arroba de cafeacute que sahir

quebrado de nossa machina condiccedilatildeo essa

que nos | poderaacute impor qualquer

comprador|Ainda mais -- faremos

prezente de um descascador de qualquer

tamanho|dos de nossa invenccedilatildeo a quem

quizer nos dar em troca o cafeacute que sobrar

do cotejo com outro descascador de

differente systema tomando-se como

base|quantidade egual de cafeacute em cocircco

133

calculada para dar dez mil

arrobas|beneficiadas|Quer isto dizer que o

nosso descascador nas primeiras mil

arrobas de cafeacute que | beneficia jaacute

proporciona para o fazendeiro uma

economia cujo valor eacute superior|ao seu

custo|Diante de vantagem tatildeo reaes e

incontestaveis excusado eacute encarecer os

meritos desta machina e para sua

significativa importancia nos limitamos a

reclamar em|geral a attenccedilatildeo da lavoura

do paiz a favor da qual revertem os seus

beneficios|Ventilador de cafeacute em

cocircco|Apartador de pedras|Esta machina

tambem muito simples de tatildeo solida

construcccedilatildeo como a|precedente torna se

egualmente necessaria por ser de grande

vantagem e de|reconhecia utilidade

notadamente nas fazendas situadas em

terrenos|pedregosos|Atenuando

consideravelmente a penosa lide da

lavagem do cafeacute proporciona

ao|fazendeiro uma grande economia de

tempo em relaccedilatildeo aacutequelle

prejudicial|systema|O nosso ndash Ventilador

para cafeacute em cocircco ldquoApartador de pedrasrdquo

duas machinas|adaptadas nrsquouma soacute peccedila

pelo que dispensa completamente o antigo

ventilador|para cafeacute em cocircco preencheu

perfeitamente a lacuna que existia na

lavoura|e tanto eacute isso verdade que

continuamos a receber constantemente

pedidos dessa excellente uacutenica e tatildeo

134

invejada machina|Machina de beneficiar

arroz Evaristo Conrado|Este prodigioso

producto da machina eacute superior a todo o

encocircmio que se lhe|possa fazer e para

comprovar o que avanccedilamos basta nos-aacute

lembrar o imenso|sucesso que acaba de

obter nos Estados Unidos da America

onde cauzou|assombro a sua apresentaccedilatildeo

um publico organizando-se desde logo

uma|companhia com o elevado capital de

um milhatildeo de dollars para desenvolver

o|seu fabrico em grande escala conforme

reclama a procura|A superioridade desta

machina sobre qualquer outra eacute tatildeo

sensiacutevel que a tornaunica no mundo De

uma solidez e simplicidade extremas

dispensa o serviccedilo|de machinista

profissional para dirigil-a sem prejudicar

nem mesmo de leve|este resultado-- natildeo

quebra arroz brune-o com admiraacutevel

perfeiccedilatildeo e|toda a casca pondo-a em

condiccedilotildees de prestar-se a diversos

msisters de grande|utilidade|Aleacutem disto a

machina ldquoEvaristo Conradordquo soacute occupa

um pequeno espaccedilo para | seu

funccionamento quando as outras

existentes sobre serem deficientes

em|seus resultados satildeo de grandes

complicaccedilotildees e de preccedilo

extraordinariamente|maior sendo ainda de

dispendiosissima montagem

135

- 15 de outubro de 1852 Satildeo Paulo

Aurora Paulistana

HOMŒOPATHIA PURA | RUA

DIREITA NUacuteMERO 17 | O medico-

cirurgiatildeo Joseacute Maria de | Souza tem a

honra de declarar a to- | das aquellas

pessoas que quizeres | honrar com sua

confianccedila que elle se | acha novamente

residindo nesta ci- | dade rua Direita

nuacutemero 17 onde continuacutea | a exercer a sua

profissatildeo pelo syste- | ma homœopathico

e onde seraacute encon- | trado a qualquer hora

do dia ou da | noite O annunciante

tambem arran- | ca lima e chumba dentes

e faz todas | as outras operaccedilotildees que diz

respeito | a esta arte com a maior

perfeiccedilatildeo|| Os pobres seratildeo tratados

gratuita- | mente

- 5 de fevereiro de 1867 Satildeo Paulo

Correio Paulistano

ATTENCcedilAtildeO || Chegou aacute rua da

136

Imperatriz nuacutemero 4 os seguintes |

instrumentos de musicas os quaes seratildeo

ven- | didos a preccedilos ainda menores que os

do Rio | de Janeiro || Grandes sortimentos

de clarinetas de eacutebano e | buxo com 13

10 e 17 chaves em si b || Ditas de eacutebano

com 13 chaves em doacute e laacute || Grandes

sortimentos de palhetas para as mes- |

mas e requinta || Flautins de eacutebano e

buxo com 4 5 e 6 cha- | vecircs de prata e

diversos tons || Completo sortimento de

instrumentos de me- | tal para banda

militar e orchestra sendo tudo | pelo

systema sax o mais moderno que ha ||

Arvores de campainhas bumbos flautas

di- | versas cavaletes para rabecatildeo

estandartes para | violatildeo-cello surdinas

para rabeca metronomos | para marcar

compasso differentes bocaes para |

instrumentos de metal violotildees diapasatildeo

nor- | mas etc etc | Na mesma casa ha

sempre grande sortimento | de musicas

para piano e canto orchestra e to- | dos os

instrumentos || N B Para qualquer

instrumento comprado | nesta casa ha

methodos e escallas

PALAVRA THEATRO

137

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

teatro Sm orig local onde se

representam obras dramaacuteticas oacuteperas etc

exta arte de representar o palco | the-

XV | do lat Theatrum -e ()

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

teatro Sm 1 edifiacutecio onde se

apresentam obras dramaacuteticas oacuteperas etc

2 A arte de representar o palco 3

coleccedilatildeo das obras dramaacuteticas de um autor

eacutepoca ou naccedilatildeo 4 lugar onde se passa

algum acontecimento memoraacutevel palco

()

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 01 de outubro de 1879 Satildeo Paulo O

Constituinte

THEATRO SAtildeO JOSEacute|Companhia

Lyrica Italiana|EMPRESA ANGELO

FERRARI|O empresaacuterio Angelo Ferrari

desejando corresponder ao graciozo

convite de muitas pessoas drsquoessa culta

cidade de Satildeo Paulo resolveu dar uma

seacuterie de 12 reacutecitas apresentando nrsquoeste

numero as operas mas applaudidas de seu

repertorio incluindo O GUARANY do

138

distincto CARLOS GOMES|As

apreiaccedilotildees da imprensa drsquoesta cocircrte cuja

critica tem-se referido aacute exhibiccedilatildeo de cada

opera dispensa elogio aos artistas que

compotildee o elenco da companhia e cujos

nomes satildeo sobejamente conhecidos tanto

na Europa como na America|Aos

illustriacutessimos senhores A L Garraux amp

Companhia podem dirigir-se os|senhores

que assignaram para as 12 reacutecitas que

devem comeccedilar nos pri|meiros dias de

Novembro e aquelles senhores acham-se

auctorisados para|receberem a respectiva

entrada|O elenco eacute composto dos artistas

da companhia jaacute conhecidos|pelas

publicaccedilotildees nas folhas drsquoesta cocircrte

inclusive a primeira dama|soprano Maria

Durand e o primeiro tenor F Tamagno A

orchestra|contando haacutebeis professores e

regida pelo distincto

maestro|CAVALHEIRO N BASSI |Rio

de Janeiro 26 de sentembro de 1870|A

Ferrari

- 5 de outubro de 1852 Satildeo Paulo

Aurora Paulistana

- 15 de outubro de 1852 Satildeo Paulo

Aurora Paulistana

139

JOSErsquo PHILIPPE SALMAN mora | dor

na rua de Satildeo Bento nuacutemero 16 participa

| ao respeitavel publico e especialmente |

aos seus freguezes que elle tem para |

vender um completo sortimento do |

oculos de todas as qualidades lunetas |

vidros avulsos oculos de alcance di- | tos

para theatro bengallas ampc ampc | na

mesma casa continua-se a vender | e

concertar relogios de todas as qua- |

lidades

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

Theatro Satildeo Joseacute || GRANDE

COMPANHIA | DE | OPERA-COMICA

E OPERETAS | DO | Theatro SantrsquoAnna

da Cocircrte || EMPREZA HELLER ||

Continuaccedilatildeo dos festejos da | Aboliccedilatildeo ||

HOJE || HOJE || Terccedila-feira 15 de Maio

de 1888 || 4ordf reacutecita de assignatura ||

Representar-se-ha pela primeira vez |

nesta capital a opera-comica fantastica | de

grande espectaculo em 3 actos e 7 |

quadors de Dumanoir e d Ennery tra- |

ducccedilatildeo de Eduardo Garrido ә do doutor

Mo- | reira Sampaio musica original do

dis- | tincto maestro brazileiro Miguel

140

Cordozo || O Ramo de Ouro || Tiacutetulo dos

quadros || 1 a heranccedila do tio Andreacute 2 a

caccedilada | real 3 a Burra de Martinho 4 o

poder | do Ramo 5 O genio e a fada 6 o

amo | de Branca 7 o palaacutecio encantado ||

Os scenarios novos satildeo devidos ao ha- |

bil pincel do distincto scenographo Car- |

rancine || Os vestuarios satildeo todos novos e

riquis- | simos feitos nas officinas do

theatro | SantrsquoAnna sob a direcccedilatildeo do

senhor Lisboa | e de Mm Victorina

Pezanna || Todos os adereccedilos novos

feitos tam- | bem nas officinas do theatro

sob a direc- | ccedilatildeo dos senhores Joseacute Dias e

Jardim || A musica eacute ensaiada pelo

maestro da | comanhia do senhor Miguel

Cardoso e pelo | distincto professor

Tavares || Todas as cabelleiras satildeo feitas

pelo | muito habil cabelleireiro do theatro

o | senhor Joatildeo Lima Campos || Mise-em-

scene do artista HELLER || Arsquos 8frac12

horas|| Os bilhetes aacute venda na Casa

Garraux | ateacute aacutes 4 horas da tarde e das 5

horas em | diante na bilheteria do theatro

|| Preccedilos || Camarote e 1ordf e 2ordf ordem

15$000 || Camarote e 3ordf ordem 8$000 ||

Poltronas 3$000 || Cadeiras 2$000 ||

Galeria 1$000 || AMANHAN || Quarta-

feira 16 de Maio | 5ordf Reacutecita de

assignatura | com a opera comica em 3

actos | e 4 quadras || OS SIGNOS DE

CORNEVILLE

141

PALAVRA PHILANTROPIA

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

-fil(o)- -fil(o) fil(o)- elem Comp

derivados do grego mas de eacutetimos

distintos (i) -fil(o)- do gr Phil(o)- de

phiacutelos amigo que ocorre em vaacuterios

compostos jaacute formados no proacuteprio grego

como filosofo por exemplo e em muitos

outros introduzidos na linguagem

cientiacutefica internacional a partir do seacutec

XVIII () -fil(o)- do gr phyl(o)- de

phyacutelon phyle tribo grupo de famiacutelias da

mesma raccedila bem menos frequentedo que

os dois elementos anteriores ocorre em

alguns poucos vocs da linguagem

cientiacutefica internacional () filantropia (i)

| XVIII ph- XVIII | do fr philanthropie

deriv do gr philanthropiacutea

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

filantropia sf 1 amor agrave humanidade

humanitarismo [Antocircn misantropia (1)

antropofobia] 2 caridade (1)

142

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 4 de marccedilo de 1853 Satildeo Paulo Aurora

Paulistana

CURA CERTA | e em pouco tempo de

todas as enfermidades provenientes de

vicio san- | guineo como ndashescrophulas

tube[r]- | culos lepra syphylis etc etce

[ilegiacutevel] | particular as affecccediloens de

pape[ilegiacutevel] | em seu principio ||

Etienne Lagarde || Pharmaceutico e

cirurgiatildeo das faculdades | Pariz e do Rio

de Janeiro ex-preparad[o] | do Curso de

Chimica da escola de medic[i]- | na e

pharmacia de Poi[furo]iers membro da

s[o]- | ciedade medica da mesma cidade e

corres- | pondente de algumas sociedades

scientificas || Attenccedilacirco || A experiencia

junto aacute perseveranccedila qu[e] | hoje tem sido

meus uacutenicos guias no trata[men]- | to das

enfermidades acima mencionadas os |

caracteres horriveis que ellas apresentatildeo |

desgostos que sobrevem as pessoas que

satildeo de | las attacadas deviatildeo naturalmente

attrahir | attenccedilatildeo de todo o homem amigo

da huma- | nidade || Antigamente estas

enfermidades se consi- | deravatildeo com um

principio contagioso o que | obrigava os

doentes a buscar longe das povo- | accedilotildees

uma morada tranquilla que lhes permi- |

tisse esperar com paciencia a hora que [o]

143

| Creador tivesse determinado para pocircr

term[]| a todos os seus soffrimentos hoje

porem assim | natildeo acontece os progressos

que tem feito [a] | sciencia medica com os

numerosos trabalhos | e investigaccedilotildees da

chimica tem em fim intro- | duzido na

therapeutica e posto aacute disposiccedilatildeo | dos

homens da sciencia um meio prophilati- |

cos contra estas crueis enfermidades

fazendo | assim esperar uma prompta cura

a todos | aquelles que o quizerem abraccedilar

|| Penetrado do sentimento o mais sincero

da | philantropia do amor aacute sociedade

offereccedilo o[s] | meus recursos meacutedicos e

pharmaceuticos ad- | quiridos por um

aturado e longo estudo da na- | tureza

humana Ersquo pois com os medicamen- | tos

preparados por minhas proacuteprias matildeos

qu[e] | me proponho a curar a todos

aquelles que m[e] | quizerem procurar ||

Estou certo que os epithetos de ndash charlatatildeo

| e especulador ndash ser-me-hatildeo lanccedilados por

al- | guns ao lerem este meu annuncio

porem natildeo | seraacute por homens sensatos que

serei assim [ilegiacutevel] | xado O sabio

indaga consulta ouve [ilegiacutevel] | entre

voacutes (como eu creio) existe algum

rec[ilegiacutevel] | conhecimento recebei de

antematildeo toda a mi- | nha gratidatildeo || A

voacutes enfermos eu dirijo meus offereci- |

mentos eu saberei consolar-vos e talvez

da[r]- | vos a panaceacutea beneacutefica da saude

que tan[furo] | desejaes || Seja o

144

reconhecimento o fructo de meu[s] |

trabalhos e o uacutenico tributo que desejo

obte[r] | daquelles que me quizerem

honrar com sua[s] | consultas|| Dirijatildeo-se

ao Hotel Paulistano na rua d[e] | Satildeo

Bento nuacutemero 35

145

112 Lexemas ligados agraves tecnologias

PALAVRA ASPHALTO

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

Asfalto sm lsquodesignaccedilatildeo comum aos

pirobetumes asfaacutelticos utilizados para

pavimentaccedilatildeo de estradas e

impermeabilizaccedilatildeorsquo | -ph- XVI | do fr

Asphalte deriv Do b lat Asphaltus e

este do Gr aacutesphaltos lsquoasfalto betumersquo

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

Asfalto s m 1 designaccedilatildeo comum aos

pirobetumes asfaacutelticos naturais ou

artificiais utilizados para a pavimentaccedilatildeo

de estradas e impermeabilizaccedilatildeo 2

pavimentaccedilatildeo asfaacuteltica asfaltamento

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 15 de junho de 1852 Aurora Paulistana

Satildeo Paulo

Flecheux participa ao publico que elle |

estabeleceo sua fabrica drsquoasphalto no

caminho | de S Caetano e estaacute prompto

para executar | os trabalhos que se lhe

encommendarem Ro- | ga portanto as

146

pessoas que precisarem desta | nova

industria hajatildeo de dirigir-se aacute fabrica |

ou deixar os seus nomes em casa do

Senhor Ce- | lestino Bouroult rua do

Rosario para ser pro- | curado | Avisa

igualmente que os annuncios | feitos pelo

Senhor Bastide satildeo nullos porque o |

annunciante eacute o unico dono e proprietaacuterio

| da dita fabrica

PALAVRAS BICYCLETA

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

cicl(o)- elem Comp do gr Kyklo- de

kyacuteklos ciacuterculo que se documenta em

alguns compostos formados no proacuteprio

grego (como ciacuteclico) e em muitos outros

introduzidos a partir do seacutec XIX na

linguagem erudita () bicicleta sfveiacuteculo

constituiacutedo por um quadro montado em

duas rodas alinhadas uma atraacutes da outra

XIX Do fr bicyclette ||

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

bicicleta (eacute) sf 1 veiacuteculo constituiacutedo por

um quadro (14) montado em duas rodas

originariamente grades alinhadas uma

147

atraacutes de outra e com raios metaacutelicos e que

eacute dotado de selim e manobrado por

guidom e pedais ()

PERIOacuteDICOS

DATAS

E

CIDADES DE ORIGEM

- Dezembro de 1898 Satildeo Paulo A

Notiacutecia

BICYCLETAS| Monarch e

[Ppiao]|Fortes Resistentes Elegantes|

Vende-se em prestaccedilotildees semanaes

PALAVRA ELECTRICA

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

ele(o)tr(o)- elem Comp do gr Elektro-

de elektron acircmbar amarelo que se

documenta em numerosos vocs Eruditos

com a noccedilatildeo de eletricidade em razatildeo da

propriedade que possui o acircmbar de

quando atritado atrair pequenos corpos

que lhe estatildeo proacuteximos esse fenocircmeno

que os cientstas do seacutec XVII atribuiacuteram a

um fluido foi posteriormente

indentificado como um novo tipo de

energia a eletricidade () ele(c)trico |

148

electr- 1813 ()

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

eletrico adj 1 Relativo ou pertencente agrave

eletricidade 2 que se move ou se potildee em

funcionamento pela eletriciade ()

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

REAL COMPANHIA | DE | Paquetes a

vapor | DE | SOUTHAMPTON || O

MAGNIFICO VAPOR | TAGUS | Sahiraacute

no dia 19 de Maio as 4 horas | da tarde

com escalas pelo | Rio de Janeiro| Bahia |

Pernambuco | Lisboa | Vigo e |

Saouthampton | O paquete a vapor | NILE

| Esperado de Southampton e escalas no |

dia 1 de Junho || Sahiraacute depois da

indispensavel demo- | Ra para |

Montevideacuteo e | BuenosAyres || Todos

estes vapores satildeo illumidaos a luz |

electrica || N B ndash Na agencia tomam-se

seguros | sobre as mercadorias

embarcadas por | estes vapores || Para

passageiros carga e mais informaccedilotildees |

com os agentes | Holworthy Ellis amp

Companhia || RUA DE SANTO

149

ANTONIO 40 | SANTOS

PALAVRAS HYDRAULICOS

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

hidr(o)- elem comp do gr hydro- de

hyacutedor-atos aacutegua quese documenta em

vocs formados no proacuteprio grego como

hidrofobia por exemplo e me vaacuterios

outros introduzidos na linguagem

cientiacutefica internacional a partir do seacutec

XIX () hidraacuteulico adj | hy- 1813 | do

lat hidrualicus deriv do gr hydraulikoacutes

()

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

hidraacuteulico Adj1 referencia a qualquer

movimento de liacutequidos especialmente a

aacutegua 2 relativo agrave hidraacuteulica ()

PERIOacuteDICOS

DATAS

E

CIDADES DE ORIGEM

- 22 de janeiro de 1879 Satildeo Paulo

Correio Paulistano

FABRICA|de mosaicos hydraulicos de

Betons agglo|meacutereacutes brancos e de cores

proacuteprios para|terreiros de cafeacute calccediladas

varan|das corredores vestiacutebulos egrejas

150

etc

PALAVRAS KEROSENE

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

querosene sm (Quim) liacutequido resultante

da destilaccedilatildeo do petroacuteleo | kerosene 1873 |

Do fr keacuterosegravene do gr keros cera

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

querosene Sm quiacutem Liacutequido resultante

da destilaccedilatildeo do petroacuteleo com

temperatura de ebuliccedilatildeo entre 150 e 300

graus centesimais fraccedilatildeo entre a gasolina

e o oacuteleo diesel usado como combustiacutevel e

como base de certos inseticiacutedas ()

PERIOacuteDICOS

DATAS

E

CIDADES DE ORIGEM

- 17 de maio de 1874 Campinas A

Mocidade

ATTENCcedilAtildeO|| Attenccedilatildeo [espaccedilo]

Attenccedilatildeo|| Prospero Bellinfanti participa

ao respeitavel publico campeneiro que

recebeu um grande e completo sortimento

de generos norte americanos constando

de machinas de costira com todos os

151

pertences linhas agulhas e oleos arados

completos separados de zinco para cafeacute

machinas para manteiga ditas para cafeacute

gaiolas de arame e muitos outros artigos

de mesma procedencia| Na masma casa

encontra-se lampeotildees de todos os

tamanhos tocidas vidors ara os mesmos e

Kerosenes fogotildees de ferro completo

camas de ferro banheiras tens de

cosinhas estanhados francezes torradores

para cafeacute de todos os tamanhos e grande

sortimento de cestos de vime| O

Propretario deste estabelecimento te aacute Rua

da ponte sem Santa Cruz Nuacutemero 15 uma

officina de caldeireiro e funileiro aonde

se encarrega de todas as obras com cobre

zinco folha etc| Faz os mais perfeitos

alambiques para distilaccedilatildeo de espiritos|

Incumbe-se de qualquer encanamento em

casas etc | Faz banheiras de folha de

todas as dimensotildees| Assenta bombas

simples e de pressatildeo levando a agua onde

se quizer| Faz finalmente todas as obras

concernentes aacute profissatildeo acudindo aos

chamados para qualquer parte onde seus

serviccediloes forem precisos| Concerta e

renova todos os objetos estragados| Tudo

por preccedilos commodos

- 07 de julho de 1870 Campinas Gazeta

152

de Campinas

Abrio-se| O QUE Eacute QUE ABRIO-SE||

A Casa commercial de Francisco Alvaro

de Souza Camargo o qual participa a seus

parentes amigos e freguezes que acaba

de receber um completo sortimento de

ferragens drogas tintas miudezas de

armarinho kerosene chaacute cecircra sementes

de hortaliccedilas etc|Recommenda aos

amadores um bonito sortimento de

espingardas rewolvers facas de caccedila etc

etc|Espera merecer confianccedila das pessoas

que honrarem seu novo estabelecimento

estando o annunciante resolvido a vender

por commodos preccedilos|Rua Direita canto

da da Cadecirca

- 08 de agosto de 1872 Campinas Gazeta

de Campinas

PRESUNTOS|| Carne secca Assucar

Vinhos e Louccedila|| 15-RUA DIREITA-15||

Largo do Rosario|| SAMPAIO ||

Chegaram ultimamente novos generos de

todas as qualidades por preccedilos muito

commodos Velas de composiccedilatildeo de

sebo kerosene azeite doce licores e

153

charutos a comissatildeo assim como

chrystaes da Bohemia porcellanas

caticcedilaes de Leclopate e cera em velas| 15-

RUA DIREITA-15

- 17 de maio de 1874 Campinas A

Mocidade

ATTENCcedilAtildeO|| Attenccedilatildeo [espaccedilo]

Attenccedilatildeo|| Prospero Bellinfanti participa

ao respeitavel publico campineiro que

recebeu um grande e completo sotimento

de generos norte americanos constando

de machinas de costira com todos os

pertences linhas agulhas e oleos arados

completos separadores de zinco para cafeacute

machinas para manteiga ditas para

cafeacutegaiolas de arame e muitos outros

artigos da mesma procedencia| Na mesma

casa encontra-se lampeotildees de todos os

tamanhos torcidas vidros para os

mesmos e Kerozenes fogotildees de ferro

completo camas de ferro banheiras trens

de cozinhas entanhados frencezes

torradores para cafeacute de todo os tamanhos e

grande sortimento de cestos de vime| O

Proprietario deste estabelecimento te aacute

Rua da ponte em Santa Cruz Nuacutemero 15

uma officina de caldeireiro aonde se

154

encarrega de todas as obras em cobre

zinco folha etc| Faz os mais perfeitos

alambiques para destilaccedilatildeo de espiritos|

Incumbe-se de qualquer encanamento em

casas etc| Faz banheiras de folha de todas

as dimensotildees| Assenta bombas simples e

de pressatildeo levando a agua onde se

quizer| Faz finalmente todas as obras

concernentes aacute sua profissatildeo acudindo

aos chamados para qualquer parte onde

seus serviccedilos forem precisos| Concerta e

renova todos os objetos estragados| Tudo

por preccedilos commodos

PALAVRAS LAMPEAtildeO

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

lacircmpada sf aparelho de iluminaccedilatildeo |

XII lampaa XIV | Do lat Lampăda -ae

de lampas -ădis e este do gr Lampaacutes -

ados archote () lampiatildeo | -peatildeo 1813

|()

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

lampiatildeo Sm 1 Tipo de laterna de

grandes dimensotildees eleacutetrica ou

reservatoacuteria para combustiacutevel portaacutetil ou

155

fixa em um teto esquina ou parede 2 p

ext Poste de iluminaccedilatildeo das ruas

PERIOacuteDICOS

DATAS

E

CIDADES DE ORIGEM

- 17 de maio de 1874 Campinas A

Mocidade

ATTENCcedilAtildeO|| Attenccedilatildeo [espaccedilo]

Attenccedilatildeo|| Prospero Bellinfanti participa

ao respeitavel publico campeneiro que

recebeu um grande e completo sortimento

de generos norte americanos constando

de machinas de costira com todos os

pertences linhas agulhas e oleos arados

completos separados de zinco para cafeacute

machinas para manteiga ditas para cafeacute

gaiolas de arame e muitos outros artigos

de mesma procedencia| Na mesma casa

encontra-se lampeotildees de todos os

tamanhos tocidas vidors para os mesmos

e Kerosenes fogotildees de ferro completo

camas de ferro banheiras tens de

cosinhas estanhados francezes torradores

para cafeacute de todos os tamanhos e grande

sortimento de cestos de vime| O

Propretario deste estabelecimento te aacute Rua

da ponte sem Santa Cruz Nuacutemero 15 uma

officina de caldeireiro e funileiro aonde

se encarrega de todas as obras com cobre

zinco folha etc| Faz os mais perfeitos

156

alambiques para distilaccedilatildeo de espiritos|

Incumbe-se de qualquer encanamento em

casas etc | Faz banheiras de folha de

todas as dimensotildees| Assenta bombas

simples e de pressatildeo levando a agua onde

se quizer| Faz finalmente todas as obras

concernentes aacute profissatildeo acudindo aos

chamados para qualquer parte onde seus

serviccedilos forem precisos| Concerta e

renova todos os objetos estragados| Tudo

por preccedilos commodos

PALAVRA LITROS

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

litro sm unidade fundamental de

capacidade de sistema meacutetrico decimal

equivalente agrave capacidade de um deciacutemetro

cuacutebico o conteuacutedo de um litro 1844 do

fr Litre do fr Ant litron deriv Do lat

Med Litra e este do gr Liacutetra peso de

doze onccedilas litro | 1836 sc |

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

litro Sm1 unidade de medida de

capacidade igual a um deciacutemetro cuacutebico

[Siacutemb l] 2 garrafa de litro

157

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 05 de julho de 1887 Satildeo Paulo Correio

Paulista

Alcatratildeo de Guyot|Gordon de Guyot

Purifica o sangue augmenta o apetite

levanta as forccedilas e eacute efficaz|em todas as

doenccedilas dos pulmocirces catarrhas da bexiga

e|affecccedilocirces das mucosas|O Alcatracirco de

Guyot foi experimentado som vantagem

real nos|principatildees hospitatildees de Franccedila

da Beacutelgica e Espanha|Durante os calocircres

e em tempo epidemico eacute uma

bebida|hygienica e preservadora Um soacute

vidro basta para preparar doze|litras

drsquouma bebida salutarissima|O Alcatracirco de

Guyot Authentico eacute vendido em vidras

trazendo|na rotulo e com trez cores a

assgnatura|Venda a varejo na mor parte

das pharmacias Fabricaccedilatildeo em atacado

Casa L Frere

PALAVRAS MACHINAS

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

maacutequina sf Qualquer utensiacutelio ou

158

ETIMOLOacuteGICO instrumento | machina 1572 | do lat

Machina deriv Do gr Dor Machana

meio engenhoso para se conseguir um

fim

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

maacutequina Sf 1 Aparelho ou instrumento

proacuteprio para comunicar movimento ou

para aproveitar pocircr em accedilatildeo ou

transformar uma energia ou agente

natural 2 O conjunto orgacircnico das peccedilas

dum instrumento maquinismo

mecanismo 3 veiacuteculo locomotor 4

utensiacutelio instrumento 5 fig Estrutura

orgacircnica e harmocircnica 6 fig Construccedilatildeo

importante complexa ou suntuosa 7 fig

Entidade ou organismo complexo 8 fig

Multiplicidade de coisas que se

relacionam entre si 9 fig Pessoa sem

ideacuteias proacuteprias e que procede como

autocircmato ()

PERIOacuteDICOS

DATAS

E

CIDADES DE ORIGEM

- 14 de junho de 1870 Campinas Gazeta

de Campinas

KX|Vende-se uma machina propria para

marcar papel cartatildeo de visita e

casamento e bem assim um sortimento de

159

cartotildees bordados e dourados tudo de 1ordf

qualidade Para tratar com o QUIM

SIMOtildeES

- 28 de janeiro de 1872 Campinas

Gazeta de Campinas

BEacuteLIER HIDRAULIQUE (Machinas

para suspender agua) ||Na Imperial

Officina Machina de AC Sampaio

Peixoto construe-se as machinas acima

de diversos tamanhos para suspender agua

a qualquer altura|Estas Machinas satildeo de

muita vantagem para quem tem agua

distante da moradia podendo com o

emprego dellas trazel-a para aonde

quizer e trabalham noite e dia sem ser

necessario meio algum para movel-a se

natildeo a propria agua que entrando por um

tubo escapa parte e pela compressatildeo do ar

daacute impulso a que fica em outro fazendo-a

subir a altura desejada|Satildeo de contruccedilatildeo

simples e duravel o que se garante| Na

officina acima construiu-se uma muito

pequena que estaacute exposta ali para quem

quizer vecircr e trabalha perfeitamente bem

suspendendo 23 pollegadas cubicas de

agua por minuto aacute altura de 18 peacutes (25

palmos)

160

- 17 de maio de 1874 Campinas A

Mocidade

ATTENCcedilAtildeO|| Attenccedilatildeo [espaccedilo]

Attenccedilatildeo|| Prospero Bellinfanti participa

ao respeitavel publico campineiro que

recebeu um grande e completo sotimento

de generos norte americanos constando

de machinas de costira com todos os

pertences linhas agulhas e oleos arados

completos separadores de zinco para cafeacute

machinas para manteiga ditas para

cafeacutegaiolas de arame e muitos outros

artigos da mesma procedencia| Na mesma

casa encontra-se lampeotildees de todos os

tamanhos torcidas vidros para os

mesmos e Kerozenes fogotildees de ferro

completo camas de ferro banheiras trens

de cozinhas entanhados frencezes

torradores para cafeacute de todo os tamanhos e

grande sortimento de cestos de vime| O

Proprietario deste estabelecimento te aacute

Rua da ponte em Santa Cruz Nuacutemero 15

uma officina de caldeireiro aonde se

encarrega de todas as obras em cobre

zinco folha etc| Faz os mais perfeitos

alambiques para destilaccedilatildeo de espiritos|

Incumbe-se de qualquer encanamento em

casas etc| Faz banheiras de folha de todas

161

as dimensotildees| Assenta bombas simples e

de pressatildeo levando a agua onde se

quizer| Faz finalmente todas as obras

concernentes aacute sua profissatildeo acudindo

aos chamados para qualquer parte onde

seus serviccedilos forem precisos| Concerta e

renova todos os objetos estragados| Tudo

por preccedilos commodos

- 22 de janeiro de 1879 Satildeo Paulo

Correio Paulistano

PHOTOGRAFIA|AMERICANA|RUA

DA IMPERATRIZ|Satildeo PAULO| O

propretaacuterio deste estabelecimento de

volta de sua viagem aacute Europa continua a

trabalhar no mesmo estabelecimento o

qual se acha augmentado com machinas e

utensiacutelios os| mais modernos|Neste

estabelecimento que conta 16 annos de

existencia (o mais antigo deste proviacutencia)

continua-se a trabalhar por todos|os

sistmas de photografias desde o retrato

em a|mais pequena miniatura ateacute o

tamanho natural|Encarrega-se de mandar

pintar em Pariz pelos melhores pintores

qualquer retrato em|busto ou corpo

inteiro a oleo pastel ou aquarella

bastando para isso um pequeno retrato|da

162

pessoa que se quizer retratar|Trabalhar-se

todos os dias das 10 horas da manhatilde aacutes 4

horas da tarde natildeo importa o tempo

chuvoso|OS SENHORES

PHOTOGRAFOS|encontraratildeo neste

estabelecimento tudo que eacute mister aacute

mesma arte e pelos preccedilos do Rio de

Janeiro|Retratos de ateacute Reacuteis 5$ a duacutezia

- 05 de julho de 1879 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

LENHA RACHADA POR

MACHINA|Vende-se a 3$000 a carrada

posta em casa do comprador e a 2$600 na

fabrica aacute|Travessa da Mooacuteca proximo a

rua do Braz|Recebem se encomendas no

Cafeacute Americano e Cafeacute de Londres|A

fabrica tendo obtido grandes

melhoramento estaacute prompta a fazer

forenecimentos com toda a pontualidade

possiacutevel

-12 de julho de 1879 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

163

ESTRADA DE FERRO DE Satildeo

PAULO|Vende-se uma machina fixa de

forccedila de 10 cavallos para ver e mais

informaccedilotildees|dirijam-se ao chefe da

estaccedilatildeo nas officinas da companhia na

Luz| As pessoas que a pretenderem

comprar faratildeo sua propostas em cartas

fechadas a esta superintendencia|Satildeo

Paulo 11 de Julho de 1879|W Speers

Superintendente

- 29 de julho de 1887 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

Machinas de costura|A Frederico

Schulze amp Companhia|Impotadores de

Machinas de Costura|Pedem ao

respeitavel publico se digne visitar o seu

estabele|cimento para examinar o que haacute

de melhor em machinas de|costura dos

afamados auctores e com todos os

aperfeiccediloamentos|uacuteteis adoptados pela

technica moderna| Os seus preccedilos satildeo

extremamente moacutedicos e ao alcance

de|todas as bolsas Aqui encontraraacute

sempre o publico grande sortimento|de

machinas para tocar aacute matildeo aacute peacute aacute|peacute e

matildeo com caixa ou sem| caixa proacuteprias e

164

perfeitas para todas as costuras desde a

mais fina|cambraia ateacute o mais en corpado

algodatildeo|Os Senhores Alfaiates

sapateiros selleiros correeiros etc|

tambem encontraratildeo nesta casa as mais

aperfeiccediloadas machinas jaacute|com

accessorios que soacute a mechanica do

progresso hodierno|poderia adeptar para

que taes machinas produzam

trabalhos|maravilhosos natildeo soacute pela

perfeiccedilatildeo como pelo pouco tempo

comsumido|e pelo pequeno incommodo

de quem as menejar para produzirem|taes

resultados Todas as machinas de nosso

estabelecimento satildeo garan|tidas porque soacute

importaremos o que houver de bom

solido elegante|e perfeito nesta industria

Tambeacutem ahi encontraraacute o

respeitavel|publico artigos concerneto aacutes

machinas de costura como

agulhas|retroz oleo almotolias correias

peccedilas avulsas etc tudo de | superior

qualidade a preccedilo moacutedico| Rua de Satildeo

Bento 62| Satildeo Paulo

- 27 de fevereiro de 1889 Satildeo Paulo

Correio Paulistano

Engelberg Siciliano amp

165

Companhia|Machinas para

lavoura|privilegiadas pelo governo

imperial|Satildeo Paulo|No empenho de tornar

cada vez mais conhecidas as vantagens

que sobre|quaesquer outras offerecam as

nossas excellentes machinas para a

lavoura|chamamos a atenccedilatildeo do senhores

fazendeiros para o seguinte|descascador

de cafeacute do ldquoengelbergrdquo|O descascador

ldquoEngelbergrdquo eacute o unico que absolutamente

natildeo quebra cafeacute|apresentando aleacutem desta

incontestavel vantagem outras muitas

taes como--|grande simplicidade e

solidez dispensando os tantos concertos

que satildeo|precisos em outras beneficio

perfeitissimo devido ao seu excepcional e

|unico systema pelo qual o cafeacute se

descasca brandamente sem estragar-se

conservando por muito tempo a sua cocircr

natural e sendo por isso muito apreciado e

procurado em todos os mercados natildeo se

perde nenhum gratildeo de cafeacute porque a palha

sahe de tal modo moiacuteda que eacute impossivel

envolver cafeacute algum|natildeo acontecendo o

mesmo com outros descascadores os

quaes apezar de|moerem o cafeacute deixam a

palha quase inteira envolvendo-se nella

grande|quantidade de gratildeos que afinal se

perdem por na poderem ser

separados|occupa menor forccedila do que

qualquer outro descascador para

beneficiar a|mesma quantidade havendo

aleacutem disso grande economia de lenha e

166

tempo| Enfim os numerosos attestados

que recebemos diariamente de

illustrados|fazendeiros e as experiencias

feitas por muitas vezes em cotejo com

outras|machinas em cujas experiencias

tem-se observado que os nossos

descascadores|sugmentam a safra ateacute dez

por cento satildeo elementos mais que

sufficientes para | comprovar o que

dizemos|E se isso ainda natildeo focircr bastanto

nos obrigamos a pagar a quantia de reacuteis

50$000|por arroba de cafeacute que sahir

quebrado de nossa machina condiccedilatildeo

essa que nos | poderaacute impor qualquer

comprador|Ainda mais -- faremos

prezente de um descascador de qualquer

tamanho|dos de nossa invenccedilatildeo a quem

quizer nos dar em troca o cafeacute que sobrar

do cotejo com outro descascador de

differente systema tomando-se como

base|quantidade egual de cafeacute em cocircco

calculada para dar dez mil

arrobas|beneficiadas|Quer isto dizer que o

nosso descascador nas primeiras mil

arrobas de cafeacute que | beneficia jaacute

proporciona para o fazendeiro uma

economia cujo valor eacute superior|ao seu

custo|Diante de vantagem tatildeo reaes e

incontestaveis excusado eacute encarecer os

meritos desta machina e para sua

significativa importancia nos limitamos a

reclamar em|geral a attenccedilatildeo da lavoura

do paiz a favor da qual revertem os seus

167

beneficios|Ventilador de cafeacute em

cocircco|Apartador de pedras|Esta machina

tambem muito simples de tatildeo solida

construcccedilatildeo como a|precedente torna se

egualmente necessaria por ser de grande

vantagem e de|reconhecia utilidade

notadamente nas fazendas situadas em

terrenos|pedregosos|Atenuando

consideravelmente a penosa lide da

lavagem do cafeacute proporciona

ao|fazendeiro uma grande economia de

tempo em relaccedilatildeo aacutequelle

prejudicial|systema|O nosso ndash Ventilador

para cafeacute em cocircco ldquoApartador de pedrasrdquo

duas machinas|adaptadas nrsquouma soacute peccedila

pelo que dispensa completamente o antigo

ventilador|para cafeacute em cocircco preencheu

perfeitamente a lacuna que existia na

lavoura|e tanto eacute isso verdade que

continuamos a receber constantemente

pedidos dessa excellente uacutenica e tatildeo

invejada machina|Machina de beneficiar

arroz Evaristo Conrado|Este prodigioso

producto da machina eacute superior a todo o

encocircmio que se lhe|possa fazer e para

comprovar o que avanccedilamos basta nos-aacute

lembrar o imenso|sucesso que acaba de

obter nos Estados Unidos da America

onde cauzou|assombro a sua apresentaccedilatildeo

um publico organizando-se desde logo

uma|companhia com o elevado capital de

um milhatildeo de dollars para desenvolver

o|seu fabrico em grande escala conforme

168

reclama a procura|A superioridade desta

machina sobre qualquer outra eacute tatildeo

sensiacutevel que a tornaunica no mundo De

uma solidez e simplicidade extremas

dispensa o serviccedilo|de machinista

profissional para dirigil-a sem prejudicar

nem mesmo de leve|este resultado-- natildeo

quebra arroz brune-o com admiraacutevel

perfeiccedilatildeo e|toda a casca pondo-a em

condiccedilotildees de prestar-se a diversos

msisters de grande|utilidade|Aleacutem disto a

machina ldquoEvaristo Conradordquo soacute occupa

um pequeno espaccedilo para | seu

funccionamento quando as outras

existentes sobre serem deficientes

em|seus resultados satildeo de grandes

complicaccedilotildees e de preccedilo

extraordinariamente|maior sendo ainda de

dispendiosissima montagem

PALAVRAS MACHINISTA

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

maquina sf Qualquer utensiacutelio ou

instrumento | machina 1572 | di lat

Machina deriv Do gr Dor Machana

meio engenhoso para se conseguir um fim

() maquinista 1813 do fr machiniste

169

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

maquinista s 2 g 1 pessoa que inventa

constroacutei ou conduz maacutequinas

principalmente locomotivas e maacutequinas de

navios a vapor 2 teat Contra-regra ou

operaacuterio encarregado da manipulaccedilatildeo dos

mequinismos de um teatro

PERIOacuteDICOS

DATAS

E

CIDADES DE ORIGEM

- 27 de fevereiro de 1889 Satildeo Paulo

Correio Paulistano

Engelberg Siciliano amp

Companhia|Machinas para

lavoura|privilegiadas pelo governo

imperial|Satildeo Paulo|No empenho de tornar

cada vez mais conhecidas as vantagens

que sobre|quaesquer outras offerecam as

nossas excellentes machinas para a

lavoura|chamamos a atenccedilatildeo do senhores

fazendeiros para o seguinte|descascador

de cafeacute do ldquoengelbergrdquo|O descascador

ldquoEngelbergrdquo eacute o unico que absolutamente

natildeo quebra cafeacute|apresentando aleacutem desta

incontestavel vantagem outras muitas

taes como--|grande simplicidade e

solidez dispensando os tantos concertos

que satildeo|precisos em outras beneficio

perfeitissimo devido ao seu excepcional e

|unico systema pelo qual o cafeacute se

170

descasca brandamente sem estragar-se

conservando por muito tempo a sua cocircr

natural e sendo por isso muito apreciado e

procurado em todos os mercados natildeo se

perde nenhum gratildeo de cafeacute porque a palha

sahe de tal modo moiacuteda que eacute impossivel

envolver cafeacute algum|natildeo acontecendo o

mesmo com outros descascadores os

quaes apezar de|moerem o cafeacute deixam a

palha quase inteira envolvendo-se nella

grande|quantidade de gratildeos que afinal se

perdem por na poderem ser

separados|occupa menor forccedila do que

qualquer outro descascador para

beneficiar a|mesma quantidade havendo

aleacutem disso grande economia de lenha e

tempo| Enfim os numerosos attestados

que recebemos diariamente de

illustrados|fazendeiros e as experiencias

feitas por muitas vezes em cotejo com

outras|machinas em cujas experiencias

tem-se observado que os nossos

descascadores|sugmentam a safra ateacute dez

por cento satildeo elementos mais que

sufficientes para | comprovar o que

dizemos|E se isso ainda natildeo focircr bastanto

nos obrigamos a pagar a quantia de reacuteis

50$000|por arroba de cafeacute que sahir

quebrado de nossa machina condiccedilatildeo essa

que nos | poderaacute impor qualquer

comprador|Ainda mais -- faremos

prezente de um descascador de qualquer

tamanho|dos de nossa invenccedilatildeo a quem

171

quizer nos dar em troca o cafeacute que sobrar

do cotejo com outro descascador de

differente systema tomando-se como

base|quantidade egual de cafeacute em cocircco

calculada para dar dez mil

arrobas|beneficiadas|Quer isto dizer que o

nosso descascador nas primeiras mil

arrobas de cafeacute que | beneficia jaacute

proporciona para o fazendeiro uma

economia cujo valor eacute superior|ao seu

custo|Diante de vantagem tatildeo reaes e

incontestaveis excusado eacute encarecer os

meritos desta machina e para sua

significativa importancia nos limitamos a

reclamar em|geral a attenccedilatildeo da lavoura

do paiz a favor da qual revertem os seus

beneficios|Ventilador de cafeacute em

cocircco|Apartador de pedras|Esta machina

tambem muito simples de tatildeo solida

construcccedilatildeo como a|precedente torna se

egualmente necessaria por ser de grande

vantagem e de|reconhecia utilidade

notadamente nas fazendas situadas em

terrenos|pedregosos|Atenuando

consideravelmente a penosa lide da

lavagem do cafeacute proporciona

ao|fazendeiro uma grande economia de

tempo em relaccedilatildeo aacutequelle

prejudicial|systema|O nosso ndash Ventilador

para cafeacute em cocircco ldquoApartador de pedrasrdquo

duas machinas|adaptadas nrsquouma soacute peccedila

pelo que dispensa completamente o antigo

ventilador|para cafeacute em cocircco preencheu

172

perfeitamente a lacuna que existia na

lavoura|e tanto eacute isso verdade que

continuamos a receber constantemente

pedidos dessa excellente uacutenica e tatildeo

invejada machina|Machina de beneficiar

arroz Evaristo Conrado|Este prodigioso

producto da machina eacute superior a todo o

encocircmio que se lhe|possa fazer e para

comprovar o que avanccedilamos basta nos-aacute

lembrar o imenso|sucesso que acaba de

obter nos Estados Unidos da America

onde cauzou|assombro a sua apresentaccedilatildeo

um publico organizando-se desde logo

uma|companhia com o elevado capital de

um milhatildeo de dollars para desenvolver

o|seu fabrico em grande escala conforme

reclama a procura|A superioridade desta

machina sobre qualquer outra eacute tatildeo

sensiacutevel que a tornaunica no mundo De

uma solidez e simplicidade extremas

dispensa o serviccedilo|de machinista

profissional para dirigil-a sem prejudicar

nem mesmo de leve|este resultado-- natildeo

quebra arroz brune-o com admiraacutevel

perfeiccedilatildeo e|toda a casca pondo-a em

condiccedilotildees de prestar-se a diversos

msisters de grande|utilidade|Aleacutem disto a

machina ldquoEvaristo Conradordquo soacute occupa

um pequeno espaccedilo para | seu

funccionamento quando as outras

existentes sobre serem deficientes

em|seus resultados satildeo de grandes

complicaccedilotildees e de preccedilo

173

extraordinariamente|maior sendo ainda de

dispendiosissima montagem

PALAVRAS MECHANICA

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

mecacircnico adj relativo agrave Mecacircnica parte

da Fiacutesica maquinal versado em

Mecacircnica operaacuterio que se ocupa da

conservaccedilatildeo e conserto de motores

artista artesatildeo () mecacircnica XVI Do

lat mechanica deriv do gr mechanikeacute

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

mecacircnica sf 1 Ciecircncia que investiga os

movimentos e as forccedilas que os provocam

2 obra atividade ou teoria que trata de tal

ciecircncia3 o conjunto das leis do

movimento 4 estrutura e funcionamento

orgacircnico 5 aplicaccedilatildeo praacutetica dos

princiacutepios de uma arte ou ciecircncia 6

tratado ou compecircndio de mecacircnica 7

exemplar de um desses tratos ou

compecircndios 8 fig combinaccedilatildeo de meios

de recursos mecanismo ()

174

PERIOacuteDICOS

DATAS

E

CIDADES DE ORIGEM

- 12 de julho de 1828 Satildeo Paulo O Farol

Paulistano

Joatildeo Pedro Latzon tem a honra de

participar| ao respeitavel Publico que elle

proximamente che|gou de Londres aacute esta

Capital onde pertende exhi|bir algumas

Artes Liberaes ou Optica Mechanica|

com toda subtileza perfeiccedilatildeo e

delicadeza a que| eacute possiacutevel chegar na

casa da Opera desta mesma| Cidade no

dia 13 do corrente mez de Julho Todos|

os Senhores e Senhoras que quizerem

honrar o dic|to espectaculo com as suas

presenccedilas queiratildeo se| dirigir aacute casa do

Senhor Guilherme Hopkins morador| na

Ponte de Lorena desde as 10 horas da

manhatilde| ateacute as 4 da tarde do referido dia

13 onde acharaacuteotilde| os Bilhetes natildeo soacute dos

Camarotes como da Pla|tea em cuja

occasiatildeo espera o Reprezentante rece|ber a

competente esportula_Principiaraacute agraves 8

horas| NoteBem A esportula dos

Camarotes Platea| e Varanda eacute a do

costume

175

- 29 de julho de 1887 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

Machinas de costura|A Frederico Schulze

amp Companhia|Impotadores de Machinas

de Costura|Pedem ao respeitavel publico

se digne visitar o seu estabele|cimento

para examinar o que haacute de melhor em

machinas de|costura dos afamados

auctores e com todos os

aperfeiccediloamentos|uacuteteis adoptados pela

technica moderna| Os seus preccedilos satildeo

extremamente moacutedicos e ao alcance

de|todas as bolsas Aqui encontraraacute

sempre o publico grande sortimento|de

machinas para tocar aacute matildeo aacute peacute aacute|peacute e

matildeo com caixa ou sem| caixa proacuteprias e

perfeitas para todas as costuras desde a

mais fina|cambraia ateacute o mais en corpado

algodatildeo|Os Senhores Alfaiates

sapateiros selleiros correeiros etc|

tambem encontraratildeo nesta casa as mais

aperfeiccediloadas machinas jaacute|com

accessorios que soacute a mechanica do

progresso hodierno|poderia adeptar para

que taes machinas produzam

trabalhos|maravilhosos natildeo soacute pela

perfeiccedilatildeo como pelo pouco tempo

comsumido|e pelo pequeno incommodo

de quem as menejar para produzirem|taes

resultados Todas as machinas de nosso

estabelecimento satildeo garan|tidas porque soacute

176

importaremos o que houver de bom

solido elegante|e perfeito nesta industria

Tambeacutem ahi encontraraacute o

respeitavel|publico artigos concerneto aacutes

machinas de costura como

agulhas|retroz oleo almotolias correias

peccedilas avulsas etc tudo de | superior

qualidade a preccedilo moacutedico| Rua de Satildeo

Bento 62| Satildeo Paulo

PALAVRAS OPTICA

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

oacuteptico adj sm lsquorespeitante agrave oacutepticarsquo

lsquoespecialista em oacutepticarsquo | XVI oacutetico XX |

do lat med opticus deriv do gr optikoacutes

Empregas-se modernamente com certa

frenquecircncia a var oacuteticosup1 que apresenta a

inconveniecircncia de se confundir com oacuteticosup2

lsquo relativo ou pertencente ao ouvidorsquo ||

oacuteptica lsquoparte da fiacutesica que investiga os

fenocircmenos da visatildeo e da luz | 1813 oacutetica

XX | do lat optice ndashes deriv do gr optikeacute

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

oacuteptica Sf 1 parte da fiacutesica que investiga

os fenocircmenos de produccedilatildeo transmissatildeo e

177

COMUM detecccedilatildeo eletromagneacutetica de comprimento

de onda compreendido aproximadamente

entre 10 Aring e 1 mm 2 tratado ou

compecircndio acerca dessa mateacuteria 3

exemplar de um desses tratados ou

compecircndios 4 aspecto ou perspectiva dos

objetos vistos 5 estabelecimento onde se

vendem eou fabricam instrumentos

oacutepticos sobretudo oacuteculos ou lunetas 6

fig Maneira de ver de julgar de sentir

conceito ou ideacuteia particular

PERIOacuteDICOS

DATAS

E

CIDADES DE ORIGEM

- 12 de julho de 1828 Satildeo Paulo O Farol

Paulistano

Joatildeo Pedro Latzon tem a honra de

participar| ao respeitavel Publico quye

elle proximamente che|gou de Londres aacute

esta Capital onde pertende exhi|bir

algumas Artes Liberaes ou Optica

Mechanica| com toda subtileza perfeiccedilatildeo

e delicadeza a que| eacute possiacutevel chegar na

casa da Opera desta mesma| Cidade no

dia 13 do corrente mez de Julho Todos|

os Senhores e Senhoras que quizerem

honrar o dic|to espectaculo com as suas

presenccedilas queiratildeo se| dirigir aacute casa do

Senhor Guilherme Hopkins morador| na

178

Ponte de Lorena desde as 10 horas da

manhatildea| ateacute as 4 da tarde do referido dia

13 onde acharaacuteotilde| os Bilhetes natildeo soacute dos

Camarotes como da Pla|tea em cuja

occasiatildeo espera o Reprezentante rece|ber a

competente esportula_Principiaraacute agraves 8

horas| NoteBem A esportula dos

Camarotes Platea| e Varanda eacute a do

costume

PALAVRA PHOSPHOREIRAS

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

foacutesforo sm orig substacircncia que

resplandece que brilha ne escuro 1813

palito provido de uma cabeccedila composta

de foacutesfora e outras substacircncias quiacutemicas

que se inflamam quando atritadas num

superfiacutecie aacutespera | phosphoro 1860 | ()

SEM REGISTRO

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

Fosforeira Sf caixa onde se guardam

foacutesforos

179

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 17 de setembro de 1879 Satildeo Paulo O

Constituinte

REABRIO-SE A|charutaria|Do Ponto dos

Bonds|Aacute|Rua Municipal nuacutemero

67|COM|Um variado sortimento de todos

|artigos para fumantes como

sejam|charutos de todas as marcas

cigar|ros fumos palhas para

cigarros|ponteiras para charutos e

cigarros|phosphoreiras e muitos outros

ar|tigos que achando-se em viagem

da|cocircrte para esta poderemos

breve|mente offerecer a nossos amigos

e|freguezes muitas especialidades|deste

genero o quaes sendo do|bom e melhor

venderemos por|preccedilos sem

competencia|Em poucos dias en|contraratildeo

os afa|mados cigar|ros de|Santa

Branca|CHARUTARIA|DO|Ponto dos

Bonds|Aacute|RUA MUNICIPAL NUMERO

67|Em frente ao Cafeacute Americano|SAtildeO

PAULO|Mriano amp Companhia

PALAVRAS PHOTOGRAPHIA

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

fot(o) elem Comp do gr Photo- de phos

180

ETIMOLOacuteGICO photoacutes luz que se documenta em

numerosos compostos introduzidos nas

liacutenguas modernas de cultura a partir do

seacutec XIX como fotografia fotometria

fotosfera etc Pelo modelo de fotografia

cuja forma abreviada foto veio a constituir

novo elemento de composiccedilatildeo formaram-

se dezenas de outros compostos tais como

fotocarta fotonovela fototeca etc ()

fotografia | photographia 1858

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

fotografia Sf1 processo de formar e

fixar sobre uma emulsatildeofotossensiacutevel a

imagem dum objeto e que compreende

usualmente duas fases distintas na

primeira a emulsatildeo eacute impressionada pela

luz e sobre ela se forma por meio dum

sistema oacuteptico a imagem do objeto na

segunda a emulsatildeo impressionada eacute

tratada por meio de reagentes quiacutemicos

que revelam e fixam permanentemente a

imagem desejada 2 imagem obtida por

esse processo ()

PERIOacuteDICOS

DATAS

- 24 de abril de 1870 Campinas Gazeta

de Campinas

181

E

CIDADES DE ORIGEM

PHOTOGRAPHIA CAMPINENSE DE

HENRIQUE ROSEN|| 28-RUA

DIREITA-28||Tira retratos todos os dias e

por todos os systemas Para familia - os

preccedilos satildeo reduzidos consideravelmente

- 21 de outubro de 1874 Campinas A

Mocidade

Photographia

Campinense||DE||HENRIQUE ROSEN||

50 - RUA DIREITA - 50||Em

consequencia de novos melhoramentos

introduzidos no salatildeo de vidro deste bem

conhecido estabelecimento photographico

o mais antigo da provincia tira-se de hoje

em deante retratos perfeitos das 7 horas da

manhatilde ateacute 5 da tarde e com qualque[r]

tempo sendo preferidos os dias cobertos

e chuvosos| Trabalha-se todos os dias e

por todos os systemas Especialidades -

Retratos coloridos a Crozat e aquarela

Esmaltados Bombeacute Cabinet e Mezzo

Tinto dos quaes os ultimos imitando

porcellana foratildeo introduzidos nesta

provincia pelo annunciante e satildeo tirados

soacutemente no estabelecimento do mesmo|

Os retratos da phptographia simples

tiratildeo-se ainda pelo preccedilo baratiacutessimo de

182

6$000 a duzia pagando adeantado| O

annunciante esera conrinuar a merecer a

affluencia e valiosa protecccedilatildeo dos seus

numerosos amigos e freguezes - convida

ao respeitavel publico em geral para

examinar sua extense e variada galeria|

CASA FILIAL A PHOTOGRAPHIA

CAMPINENSE|| Satildeo Joatildeo do Rio-Claro||

20 - RUA DO COMMERCIO - 20|| (Perto

da Collectoria)

- 22 de janeiro de 1879 Satildeo Paulo

Correio Paulistano

PHOTOGRAFIA|AMERICANA|RUA

DA IMPERATRIZ|Satildeo PAULO| O

propretaacuterio deste estabelecimento de

volta de sua viagem aacute Europa continua a

trabalhar no mesmo estabelecimento o

qual se acha augmentado com machinas e

utensiacutelios os| mais modernos|Neste

estabelecimento que conta 16 annos de

existencia (o mais antigo deste proviacutencia)

continua-se a trabalhar por todos|os

sistemas de photografias desde o retrato

em a|mais pequena miniatura ateacute o

tamanho natural|Encarrega-se de mandar

pintar em Pariz pelos melhores pintores

qualquer retrato em|busto ou corpo

183

inteiro a oleo pastel ou aquarella

bastando para isso um pequeno retrato|da

pessoa que se quizer retratar|Trabalhar-se

todos os dias das 10 horas da manhatilde aacutes 4

horas da tarde natildeo importa o tempo

chuvoso|OS SENHORES

PHOTOGRAFOS|encontraratildeo neste

estabelecimento tudo que eacute mister aacute

mesma arte e pelos preccedilos do Rio de

Janeiro|Retratos de ateacute Reacuteis 5$ a duacutezia

- 05 de fevereiro de 1867 Satildeo Paulo

Correio Paulistano

NA CASA GARRAUX || LARGO DA SEacute

|| Encontra-se os artigos seguintes ||Papel

para desenho || Papel de luto || Papel de

peso || Papel almasso || Papel florete ||

Papel Hollanda || Papel de phantasia ||

Papel de cartas || Envelppes brancos ||

Enveloppes de cores || Enveloppes de luto

|| Enveloppes commerciaes || Enveloppes

forrados de panno || Cartotildees de visita ||

Ditos para casamentos || Tinteiro de vidro

|| Tinteiro de crystal || Tinteiro de bronze ||

Tinteiro ricos de phantasia || Pennas de

accedilo de varias qualidades || Pennas de ave

|| Sinetas || Canivetes || Pacas de cortar

papel || Lacre || Obreiras || Imagens ||

184

Quadros de devoccedilatildeo || Desenhos || Albuns

para desenhos || Aacutelbuns para

photographia || Quadros para

photographia || Carteiras || Estojos de

viagem || Caixas de perfumaria || Caixas

de papelaria || Caixas de costura com

musica || Caixa de mathematicas || Caixas

de tintas || Tintas de escrever || Livro de

direito || Livros de litteratura || Livros de

devoccedilatildeo || Livros de educaccedilatildeo || Livros de

homœopathia || Livros de missa || Horas

Marianas || Livros de luxo para presentes ||

Objectos de phantasia para presentes ||

Lapis || Baralho de cartas || Baralhos de

cartas de phantasia || Bengallas || Livros

para apontamentos || Stereoscopos ||

Folhinhas do anno || Pastas || E muito mais

objectos || Grande sortimento de papel

pintado | para forrar casas fabricados em

Paris | desde 500 reacuteis a peccedila para cima |

Guarniccedilatildeo roda-peacute paisagens etc | Esta

casa recebe directamente da Europa todos

seus livors e mercado- | rias e destrsquoarte

poacutede offerecer aacutes pessoas que a Ella se

dirigem considera- | veis vantagens

- 5 de fevereiro de 1867 Satildeo Paulo

Correio Paulistano

185

RETRATOS || da Augusta Familia

Imperial para albuns e | quadros tirados

ultimamente com a maior ni- | tidez e

perfeiccedilatildeo e tambem dos generaes prus- |

sianos celebres na guerra do anno proximo

| passado || Photographia academica e

commercial Rua | do Imperador nuacutemero

14

PALAVRAS PHOTOGRAPHICO

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

fot(o) elem Comp do gr Photo- de phos

photoacutes luz que se documenta em

numerosos compostos introduzidos nas

liacutenguas modernas de cultura a partir do

seacutec XIX como fotografia fotometria

fotosfera etc Pelo modelo de fotografia

cuja forma abreviada foto veio a constituir

novo elemento de composiccedilatildeo formaram-

se dezenas de outors compostos tais como

fotocarta fotonovela fototeca etc ()

fotograacutefico | photographico 1858

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

fotograacutefico adj1 relativo agrave fotografia 2

fig Que lembra a fotografia pela

186

fidelidade de reproduccedilatildeo muito fiel ao

modelo

PERIOacuteDICOS

DATAS

E

CIDADES DE ORIGEM

- 21 de outubro de 1874 Campinas A

Mocidade

Photographia

Campinense||DE||HENRIQUE ROSEN||

50 - RUA DIREITA - 50||Em

consequencia de novos melhoramentos

introduzidos no salatildeo de vidro deste bem

conhecido estabelecimento

photographico o mais antigo da

provincia tira-se de hoje em deante

retratos perfeitos das 7 horas da manhatilde ateacute

5 da tarde e com qualque[r] tempo

sendo preferidos os dias cobertos e

chuvosos| Trabalha-se todos os dias e

por todos os systemas Especialidades -

Retratos coloridos a Crozat e aquarela

Esmaltados Bombeacute Cabinet e Mezzo

Tinto dos quaes os ultimos imitando

porcellana foratildeo introduzidos nesta

provincia pelo annunciante e satildeo tirados

soacutemente no estabelecimento do mesmo|

Os retratos da phptographia simples tiratildeo-

se ainda pelo preccedilo baratiacutessimo de 6$000

a duzia pagando adeantado| O

annunciante esera conrinuar a merecer a

187

affluencia e valiosa protecccedilatildeo dos seus

numerosos amigos e freguezes - convida

ao respeitavel publico em geral para

examinar sua extense e variada galeria|

CASA FILIAL A PHOTOGRAPHIA

CAMPINENSE|| Satildeo Joatildeo do Rio-Claro||

20 - RUA DO COMMERCIO - 20|| (Perto

da Collectoria)

PALAVRAS PHOTOGRAPHO

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

fot(o) elem Comp do gr Photo- de phos

photoacutes luz que se documenta em

numerosos compostos introduzidos nas

liacutenguas modernas de cultura a partir do

seacutec XIX como fotografia fotometria

fotosfera etc Pelo modelo de fotografia

cuja forma abreviada foto veio a constituir

novo elemento de composiccedilatildeo formaram-

se dezenas de outors compostos tais como

fotocarta fotonovela fototeca etc ()

fotoacutegrafo || photographo 1858 ()

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

fotoacutegrafo sm aquele que pratica a

fotografia ou a exerce como profissatildeo

188

PERIOacuteDICOS

DATAS

E

CIDADES DE ORIGEM

- 14 de junho de 1874 Campinas A

Mocidade

O retratista photographo Evaristo

Brasileiro de Campos Mello esperando

uma nova officina que lhe vem

directamente da Europa previne a seus

amigos e freguezes que continuaraacute a tirar

retratos por qualquer systema pelos

preccedilos do costume garantindo um grande

melhoramento em seu trabalho espernado

por isso merecer sempre confianccedila deste

cavalheiro e generoso povo Campineiro|

A 5000 A DUZIA

- 22 de janeiro de 1879 Satildeo Paulo

Correio Paulistano

PHOTOGRAFIA|AMERICANA|RUA

DA IMPERATRIZ|Satildeo PAULO| O

propretaacuterio deste estabelecimento de

volta de sua viagem aacute Europa continua a

trabalhar no mesmo estabelecimento o

qual se acha augmentado com machinas e

utensiacutelios os| mais modernos|Neste

189

estabelecimento que conta 16 annos de

existencia (o mais antigo deste proviacutencia)

continua-se a trabalhar por todos|os

sistemas de photografias desde o retrato

em a|mais pequena miniatura ateacute o

tamanho natural|Encarrega-se de mandar

pintar em Pariz pelos melhores pintores

qualquer retrato em|busto ou corpo

inteiro a oleo pastel ou aquarella

bastando para isso um pequeno retrato|da

pessoa que se quizer retratar|Trabalhar-se

todos os dias das 10 horas da manhatilde aacutes 4

horas da tarde natildeo importa o tempo

chuvoso|OS SENHORES

PHOTOGRAFOS|encontraratildeo neste

estabelecimento tudo que eacute mister aacute

mesma arte e pelos preccedilos do Rio de

Janeiro|Retratos de ateacute Reacuteis 5$ a duacutezia

PALAVRAS RELOGIO

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

reloacutegio sm designaccedilatildeo comum a diversos

tipos de instrumentos ou mecanismos para

medir intervalo de tempo | relogeo XV |

Do lat Horologium -ii deriv Do gr

Horoloacutegion

190

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

reloacutegio S m 1 Designaccedilatildeo comum a

diversos tipos de instrumentos ou

mecanismos para medir intervalos de

tempo 2 reloacutegio (1) mecacircnico dotado

em geral de rodas dentadas movidas por

pecircndulos molas eletricidade pilhas etc

e de mostrador de ponteiros

apresentando-se nas mais variadas formas

e dimensotildees()

PERIOacuteDICOS

DATAS

E

CIDADES DE ORIGEM

- 14 de outubro de 1874 Campinas A

Mocidade

RELOJOARIA || DO || REGULADOR

CAMPINENSE ||Penteado amp Nunes ||

LARGO DA MATRIZ VELHA Nuacutemero

39|| Acaba de receber u completo

sortimento de relogios de parede e

algibeira de lindos gostos sendo vendidos

pos commodo preccedilo affianccedilados por um

anno Rcebeu mais lindo sortimento de

pince-nez tanto de vidro de cor como de

grao despertadores correntes de ouro

prata plaquet | Relogios | Para torres ou

fazendas encarregando-se os donos do

estabelecimento da sua collocaccedilatildeo e

affianccedilando a boa marcha por cinco

annos|| CONCERTOS PERFEITOS E

191

AFFIANCcedilADOS|| POR UM ANNO

- 28 de agosto de 1870 Campinas Gazeta

de Campinas

MUITA ATTENCcedilAtildeO|| Offerece-se a

quantia de 50$000 a quem der noticia dos

seguintes objectos roubados na noute do

dia 8 para 9 do corrente| 5libras

esterllinas 1 alfinete de brilhante 1 par de

oculos de ouro n 24 com caixa (marca

Henrique Fox Satildeo Paulo) 1 botatildeo feito

de um dolar cujo peacute estaacute rachado 1

corrente de relogio de ouro de 14

quilates 1 abotuadura de ouro francez

para punhos tendo dois peacutes e sendo

esmaltado de preto 1 collete e uma calccedila

de casimira de cocircr bem cala uma calccedila de

casimira um pouco mais escura uma calccedila

de casimira cocircr de havana e 1 collete de

panno preto sem golla| Chama-se a

attenccedilatildeo dos senhores ourives para taes

objectos Desconfia-se que foram levados

para serem negociados com os

trabalhadores da estrada de ferro|Quem

dos mesmos souber poacutede dirigir-se a

Thomaz Gleeson alfaiate largo da Matriz

Velha em frente ao sino grande|

Campinas

192

- 14 de outubro de 1874 Campinas A

Mocidade

RELOJOARIA|| DO || REGULADOR

CAMPINENSE || Penteado amp Nunes ||

LARGO DA MATRIZ VELHA Nuacutemero

39|| Acaba de receber um completo

sortiemento de relogios de parede e

algibeira de lindos gostos sendo vendidos

pos commodos preccedilos affianccedilados por um

anno Recebeu mais lindo sortimento de

pince-nez tanto de vidro de cor como de

grao despertadores correntes de ouro

prata plaquet| Relogios| Para torres ou

fazendas encarregando-se os donos do

estabelecimento da sua collocaccedilatildeo e

affiancado a boa marcha por cinco annos||

CONCERTOS PERFEITOS E

AFFIANCcedilADOS||POR UM ANNO

- 11 de janeiro de 1829 Satildeo Paulo O

Farol Paulistano

He chegado nesta Cidade vindo de Pariacutes

Bont|te Dillon Fabricante de reloacutegios de

193

todas qualidades| e tambegravem faz todos os

concertos aos ditos reloacutegios e| traz

tambem bastantes feitos porisso faz

publico a todos| os Senhores que quizerem

utilizar-se do supplicante| para alguma

obra o que faraacute muito comodo e mora na|

Rua do Ouvidor numero 49 onde tambem

tem fazendas e modas Francezas

- 5 de outubro de 1852 Satildeo Paulo

Aurora Paulistana

- 15 de outubro de 1852 Satildeo Paulo

Aurora Paulistana

JOSErsquo PHILIPPE SALMAN mora | dor

na rua de Satildeo Bento nuacutemero 16 participa

| ao respeitavel publico e especialmente |

aos seus freguezes que elle tem para |

vender um completo sortimento do |

oculos de todas as qualidades lunetas |

vidros avulsos oculos de alcance di- | tos

para theatro bengallas ampc ampc | na

mesma casa continua-se a vender | e

concertar relogios de todas as qua- |

lidades

194

- 17 de novembro de 1852 Satildeo Paulo

Aurora Paulistana

PERDEO-SE no dia 1ordm de novem- | bro os

seguintes objetos uma corrente | de

reloacutegio de ouro quebrada uma den- |

tadura de pressatildeo de pressatildeo ar com tres

den- | tes em uma chapa de ouro tudo em

um | embrulhos e bem assim uma carteira

de | marroquim verde contendo vaacuterios pa-

| peis que soacute poacutedem servir ao dono e |

algumas notas miudas Roga-se por | isso

aacute pessoa que tiver achado os men- |

cionados objectos o obsequio de os en- |

tregar em casa do Senhor Joaquim

Sertorio | pelo que seraacute gratificado se o

exigir

- 05 de fevereiro de 1867 Satildeo Paulo

Correio Paulistano

CORBISIER | Nuacutemero 10 | RUA DA

IMPERATRIZ (isso escrito dentro de um

desenho de reloacutegio) | Garante seu trabalho

por um anno | Encarrega-se de qualquer

encom- | menda de relogios por mais |

complicada possivel || Participa ao

respeitavel publico que continuacutea | a

195

concertar relogios de todas as qualidades

| sendo a sua especialidade refazer peccedilas

quebra- | das por mais difficeis que sejam

tem em sua | casa em escolhido sortimento

de relogios de | ouro e prata que vende por

preccedilos commodos

PALAVRAS RELOJOARIA

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

reloacutegio sm designaccedilatildeo comum a diversos

tipos de instrumentos ou mecanismos para

medir intervalo de tempo | relogeo XV |

Do lat Horologium -ii deriv Do gr

Horoloacutegion || relojoaria | relogiaria XVIII

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

relojoaria Sf 1 Arte de relojoeiro 2

Loja que fabrica ou conserta reloacutegios ()

PERIOacuteDICOS

DATAS

E

- 14 de outubro de 1874 Campinas A

Mocidade

RELOJOARIA || DO || REGULADOR

196

CIDADES DE ORIGEM CAMPINENSE ||Penteado amp Nunes ||

LARGO DA MATRIZ VELHA Nuacutemero

39|| Acaba de receber u completo

sortimento de relogios de parede e

algibeira de lindos gostos sendo vendidos

pos commodo preccedilo affianccedilados por um

anno Rcebeu mais lindo sortimento de

pince-nez tanto de vidro de cor como de

grao despertadores correntes de ouro

prata plaquet | Relogios | Para torres ou

fazendas encarregando-se os donos do

estabelecimento da sua collocaccedilatildeo e

affianccedilando a boa marcha por cinco

annos|| CONCERTOS PERFEITOS E

AFFIANCcedilADOS|| POR UM ANNO

- 14 de outubro de 1874 Campinas A

Mocidade

RELOJOARIA|| DO || REGULADOR

CAMPINENSE || Penteado amp Nunes ||

LARGO DA MATRIZ VELHA Nuacutemero

39|| Acaba de receber um completo

sortiemento de relogios de parede e

algibeira de lindos gostos sendo vendidos

pos commodos preccedilos affianccedilados por um

anno Recebeu mais lindo sortimento de

pince-nez tanto de vidro de cor como de

grao despertadores correntes de ouro

197

prata plaquet| Relogios| Para torres ou

fazendas encarregando-se os donos do

estabelecimento da sua collocaccedilatildeo e

affiancado a boa marcha por cinco annos||

CONCERTOS PERFEITOS E

AFFIANCcedilADOS||POR UM ANNO

PALAVRA RELOJOEIRO

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

reloacutegio sm designaccedilatildeo comum a diversos

tipos de instrumentos ou mecanismos para

medir intervalo de tempo | relogeo XV |

Do lat Horologium -ii deriv Do gr

Horoloacutegion || relojoaria | relogiaria XVIII

|| relojoeiro | relogeiro 1813

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

relojoeiro Adj 1 relativo a relojoaria ou

a reloacutegio s m 2 aquele que fabrica ou

concerta reloacutegios

PERIOacuteDICO

DATA

- 29 de novembro de 1852 Satildeo Paulo

Aurora Paulistana

198

E

CIDADE DE ORIGEM

BAZAR FLUMINENSE | Rua da

Quintana nuacutemero 48 | RIO DE JANEIRO

| Co aquella denominaccedilatildeo e neste local

acaba de abrir-se um Es- | tabelecimento

que apresenta um mercado prompto

variadissimo e ao | alcance de todas as

fortunas dos ricos porque tem por onde

esco- | lher das classes menos abastadas

porque hatildeo-de encontrar bom e | barato ||

Este Estabelecimento eacute o unico de seu

genero nesta corte porque | nelle se

reuacutenem muitos dos objectos que

constituem o sortimento das | lojas de

fazendas e de armarinho de louccedila e de

ferragem de ourives | e relojoeiro de

roupa e de calccedilado de mobiacutelia de livros e

papel ampc| ampc eacute uma Bazar de variados

artefactos tanto nacionaes como es- |

trangeiros e eacute ainda o unico nesta Corte

quanto aacute modicidade dos | preccedilos porque

todos os effeitos ahi seratildeo vendidas por

custo muito | inferior ao geralmente

estabelecido || Para satisfazer

religiosamente a esta condiccedilatildeo base em

que deve | repousar a confianccedila publica

os proprietaacuterios deste Estabelecimente |

natildeo procuratildeo para sortimento de sua casa

determinados objectos elo | les compratildeo

somente quando possatildeo obter por preccedilos

muitos modicos- | e neste empenho

lanccedilaratildeo matildeo de todos os meios que lhes

199

ministratildeo | os recursos pecuniaacuterios de que

dispotildeem e a sua longa pratica de |

commercio Suas compras seratildeo sempre

feitas em primeira matildeo | nos grandes

armazeacutens por junto e com dinheiro aacute

vista natildeo aban- | donando tambem as que

vantajosamente poderem realizar em arre-

| mataccedilotildees judiciaes nrsquoAlfandega nos

Trapiches em Casa de leilatildeo | e em toda a

parte onde a palavra ndash barato ndash for uma

realidade mandaratildeo vir por sua conta

remessas de foacutera invidaratildeo emfim todas

as suas | forccedilas para que o diminuto preccedilo

das compras facilite a barateza das ven- |

das Desejao vender muito embora seja

diminutissimo o seu lucro em | cada

objecto || Nenhum dos artigos proacuteprios

das casas de seccos e molhados teraacute |

cabida em seus armazens porem ahi

acharaotilde os habitantes desta ci- | dade e os

negociantes do interior fazendas de seda

latildea linho e al- | godatildeo ndash objectos de ouro

prata e outros metaes ndash vidros crystaes

lou- | ccedila e porcellana ndash livros em todas as

linguas papel estampas e ob- | jectos

drsquoescriptorio ndash roupa chapeacuteos e calccedilados

ndash trastes para o serviccedilo e ornamentos de

casas ndash objectos de armarinho e muitos

outros tudo | barato por preccedilos fixos e

dinheiro aacute vista pois eacute incontestavel que o

| Bazar natildeo poacutede vender a praso pelos

moacutedicos preccedilos que tem esta- | belecido ||

Todas as vendas seratildeo acompanhadas de

200

uma conta a mais cir- | cunstanciada

maximeacute quando forem feitas por

intermedio de criados | ou escravos a fim

de que os Senhores compradores a possatildeo

combinar | com cataacutelogos que o Bazar for

publicando e reconhecer sempre | a

lealdade deste Estabelecimento ||

Bondade de gecircnero ndash probidade nas

transacccedilotildees ndash pontualidade nas |

encommendas ndash sortimento variadissimo ndash

e barateza das vendas eis o | progamma

do BAZAR FLUMINENSE O Publico

decidiraacutese es- | e Estabelecimento eacute digno

da sua confianccedila || Aviso aos Habitantes

dos Municipios da Provincia do | Rio de

Janeiro e das Provincias centraes || A

Direcccedilatildeo do Bazar Fluminense encarrega-

se de mandar encai- | xotar e remetter aos

seus destinos quaesquer objectos que lhe

forem | encommendados e promptamente

pagos e tambem de comprar por |

commissatildeo os que natildeo houverem neste

Estabelecimento compra a que |

drocederaacute com a mais severa economia e

de maneira que a impor- | tancia dessa

commissatildeo (que nunca excederaacute de 5 por

cento por | mais limitadas que sejatildeo as

encommendas) natildeo absorva o abatimen- |

to que a favor dos nossos freguezes se

obtiver em taes compras | e nos preccedilos

geralmente estabelecidos || As pessoas

que se dignarem honrar o Estabelecimento

com a sua | confianccedila podem dirigir-se

201

nesta Corte pessoalmente ou por escrito |

ao abaixo assignado e em Minas podem

igualmente dar suas ordens | ao Senhor

Sebastiatildeo Augusto Pinto de Souza

Director da casa filial | estabelecida na

Cidade do Ouro Preto Capital drsquoaquella

Proviacutencia || Rio de Janeiro 7 de

Novembro de 1852 || Bernardo Xavier

Pinto de Souza || N B A Direcccedilatildeo do

Bazar encarrega-se igualmente de mandar

| apromptar pelos uacuteltimos preccedilotildees tudo

que pertence ao fardamento e | uniformes

dos Senhores Officiaes da Guarda

Nacional

PALAVRA STEREOSCOPOS

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

esteacutereo sm lsquomedida de volume para

lenha equivalente a um metro cuacutebicorsquo |

estere 1881 | do fr stegravere deriv do gr

stereoacutes lsquosoacutelido firmersquo O voc ocorre na

formaccedilatildeo de inuacutemeros derivados ()

estereoscoacutepio | stereoscopo 1858 | do fr

steacutereacuteoscopie ()

202

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

SEM REGISTRO

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 05 de fevereiro de 1867 Satildeo Paulo

Correio Paulistano

NA CASA GARRAUX || LARGO DA SEacute

|| Encontra-se os artigos seguintes ||Papel

para desenho || Papel de luto || Papel de

peso || Papel almasso || Papel florete ||

Papel Hollanda || Papel de phantasia ||

Papel de cartas || Envelppes brancos ||

Enveloppes de cores || Enveloppes de luto

|| Enveloppes commerciaes || Enveloppes

forrados de panno || Cartotildees de visita ||

Ditos para casamentos || Tinteiro de vidro

|| Tinteiro de crystal || Tinteiro de bronze ||

Tinteiro ricos de phantasia || Pennas de

accedilo de varias qualidades || Pennas de ave

|| Sinetas || Canivetes || Pacas de cortar

papel || Lacre || Obreiras || Imagens ||

Quadros de devoccedilatildeo || Desenhos || Albuns

para desenhos || Aacutelbuns para photographia

|| Quadros para photographia || Carteiras ||

Estojos de viagem || Caixas de perfumaria

|| Caixas de papelaria || Caixas de costura

com musica || Caixa de mathematicas ||

Caixas de tintas || Tintas de escrever ||

Livro de direito || Livros de litteratura ||

203

Livros de devoccedilatildeo || Livros de educaccedilatildeo ||

Livros de homœopathia || Livros de missa

|| Horas Marianas || Livros de luxo para

presentes || Objectos de phantasia para

presentes || Lapis || Baralho de cartas ||

Baralhos de cartas de phantasia ||

Bengallas || Livros para apontamentos ||

Stereoscopos || Folhinhas do anno ||

Pastas || E muito mais objectos || Grande

sortimento de papel pintado | para forrar

casas fabricados em Paris | desde 500 reacuteis

a peccedila para cima | Guarniccedilatildeo roda-peacute

paisagens etc | Esta casa recebe

directamente da Europa todos seus livros e

mercado- | rias e destrsquoarte poacutede offerecer

aacutes pessoas que a Ella se dirigem

considera- | veis vantagens

PALAVRAS TACHYGRAPHIA

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

taqueo- (taco-) taqu(i)- elem Comp do

gr Tachy- de tachyacutes tachoacutes raacutepido

ceacutelere que se documenta em alguns

compostos introduzidos a partir do seacutec

XIX na linguagem erudita ()

taquigrafia | tachygraphia 1844 ()

204

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

taquigrafia SfV estenografia = escrita

abreviada e simplificada na qual se

empregam sinais que permitem escrever

com a mesma rapidez com que se fala

taquigrafia logografia

PERIOacuteDICOS

DATAS

E

CIDADES DE ORIGEM

- 24 de abril de 1889 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

Questionaacuterio da arte tachygraphica|

ensinada no Brasil pelo

professor|Sebastiatildeo Mestrinho| 1 O que eacute

a Tachugraphia - Eacute a Arte de escreverse

tatildeo veloz como se fala| 2 Em quantas

partes se divide a Tachygraphia -

Alphabeto terminaccedilotildees| convenccedilotildees ou

signaes particulares| 3 De quantas letras

se compotildee o Alphabeto - De 16 que satildeo

b d f g h l m n p q|r s t v x z| 4 De quantos

caracteres se compotildee as terminaccedilotildees - De

18 que satildeo - Avel| Ario Ando Asto

Anto Anccedila Arte Amos Ei Au Menta

Ismo A otilde| Bilidade A I U (para os

artigos) Em Eu| 5 Quantos alphabetos -

Um que reproduz-se por 4 formas

simples ligado | simples e composto e

circulo| 6 De onde eacute retirada a

Tachygrafia - De um circulo e seus

205

raios| 7 O que eacute Alphabeto

Tachygraphico - Eacute uma convenccedilatildeo feita

do circulo e raios| de que se compotildee os

nomes| 8 O que satildeo as terminaccedilotildees -

Uma colleccedilatildeo de caracteres que abreviatildeo

letras e|syllabas| 9 Ha regra certa ou base

na Tachygraphia Sim quando para

provarmos que|sabemos a arte Natildeo

quando acompanhamos a palavrapor que

abandonamos|a arte e abraccedilamos as

convenccedilotildees|10 Para que servem os

signaes particulares ou convenccedilotildees -

Para facilitar o|acompanhamento da

palavra|11 Quantos methodos conta a

Arte Tachygraphica - Uma infinidade

delles|Cada disciacutepulo depois de habilitado

poacutede tomar por base o circulo e crear|uma

arte|12 Qual eacute o melhor methodo

Tachygraphico ndash Aquelle que contiver

os|caracteres mais necessarios nos pontos

de mais facilidade nos traccedilos|13 Quaes

satildeo as qualidades essenciaacutees do

Tachygrapho Bom ouvido|agilidade

manual a necessaria intelligentcia e fina

penetraccedilatildeo|14 Todo homem que sabe

Tachygraphian pocircde ser Tachygrapho ndash

Natildeo por que|poacutede reunir todas as

qualidades communs e natildeo dispor da

precisa espeditez|para auxilial-os nos

conhecimentos que tem a arte|15 Para que

servem as cruzetas ou espaccedilos em branco

ndash Para indicar ponto final| oraccedilatildeo

interrompida ou falha etc|16 O nome

206

escripto em Tachygraphia poacutede variar ndash

Sim porque com o mesmo|signal

podemos traduzir nomes mui decerso

(fazendo-o pelo sentido da|oraccedilatildeo)|17

Temos masculino ou feminino ndash Natildeo ndash

Classificamos pelo sentido|18 Temos

singular ou plural ndash Natildeo ndash Distinguimos

pelo precedente e os|nuacutemeros satildeo os

mesmos|19 Temos ortographia ndash Natildeo

escrevemos pelos sons como se vecirc Casa

Quis Quaes Cossa etc que fazemos em

QZ ou QS

PALAVRA TACHYGRAPHICO(A)

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

taqueo- (taco-) taqu(i)- elem Comp do

gr Tachy- de tachyacutes tachoacutes raacutepido

ceacutelere que se documenta em alguns

compostos introduzidos a partir do seacutec

XIX na linguagem erudita ()

taquigraacutefico | tachygraphico 1844 ()

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

Taquigraacutefico Adj Referente agrave

taquigrafia estenograacutefico

207

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 24 de abril de 1889 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

Questionaacuterio da arte tachygraphica|

ensinada no Brasil pelo

professor|Sebastiatildeo Mestrinho| 1 O que eacute

a Tachugraphia - Eacute a Arte de escreverse

tatildeo veloz como se fala| 2 Em quantas

partes se divide a Tachygraphia -

Alphabeto terminaccedilotildees| convenccedilotildees ou

signaes particulares| 3 De quantas letras

se compotildee o Alphabeto - De 16 que satildeo

b d f g h l m n p q|r s t v x z| 4 De quantos

caracteres se compotildee as terminaccedilotildees - De

18 que satildeo - Avel| Ario Ando Asto

Anto Anccedila Arte Amos Ei Au Menta

Ismo A otilde| Bilidade A I U (para os

artigos) Em Eu| 5 Quantos alphabetos -

Um que reproduz-se por 4 formas

simples ligado | simples e composto e

circulo| 6 De onde eacute retirada a

Tachygrafia - De um circulo e seus

raios| 7 O que eacute Alphabeto

Tachygraphico - Eacute uma convenccedilatildeo feita

do circulo e raios| de que se compotildee os

nomes| 8 O que satildeo as terminaccedilotildees -

Uma colleccedilatildeo de caracteres que abreviatildeo

letras e|syllabas| 9 Ha regra certa ou base

na Tachygraphia Sim quando para

208

provarmos que|sabemos a arte Natildeo

quando acompanhamos a palavra por que

abandonamos|a arte e abraccedilamos as

convenccedilotildees|10 Para que servem os

signaes particulares ou convenccedilotildees -

Para facilitar o|acompanhamento da

palavra|11 Quantos methodos conta a

Arte Tachygraphica - Uma infinidade

delles|Cada disciacutepulo depois de habilitado

poacutede tomar por base o circulo e crear|uma

arte|12 Qual eacute o melhor methodo

Tachygraphico ndash Aquelle que contiver

os|caracteres mais necessarios nos pontos

de mais facilidade nos traccedilos|13 Quaes

satildeo as qualidades essenciaacutees do

Tachygrapho Bom ouvido|agilidade

manual a necessaria intelligentcia e fina

penetraccedilatildeo|14 Todo homem que sabe

Tachygraphia pocircde ser Tachygrapho ndash

Natildeo por que|poacutede reunir todas as

qualidades communs e natildeo dispor da

precisa espeditez|para auxilial-os nos

conhecimentos que tem a arte|15 Para que

servem as cruzetas ou espaccedilos em branco

ndash Para indicar ponto final| oraccedilatildeo

interrompida ou falha etc|16 O nome

escripto em Tachygraphia poacutede variar ndash

Sim porque com o mesmo|signal

podemos traduzir nomes mui decerso

(fazendo-o pelo sentido da|oraccedilatildeo)|17

Temos masculino ou feminino ndash Natildeo ndash

Classificamos pelo sentido|18 Temos

singular ou plural ndash Natildeo ndash Distinguimos

209

pelo precedente e os|nuacutemeros satildeo os

mesmos|19 Temos ortographia ndash Natildeo

escrevemos pelos sons como se vecirc Casa

Quis Quaes Cossa etc que fazemos em

QZ ou QS

PALAVRA TACHYGRAPHO

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

taqueo- (taco-) taqu(i)- elem Comp do

gr Tachy- de tachyacutes tachoacutes raacutepido

ceacutelere que se documenta em alguns

compostos introduzidos a partir do seacutec

XIX na linguagem erudita ()

taquiacutegrafo | tachygrapho 1844 ()

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

Taquigrafo sm V estenoacutegrafo

PERIOacuteDICO

DATA

E

- 24 de abril de 1889 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

210

CIDADE DE ORIGEM Questionaacuterio da arte tachygraphica|

ensinada no Brasil pelo

professor|Sebastiatildeo Mestrinho| 1 O que eacute

a Tachugraphia - Eacute a Arte de escreverse

tatildeo veloz como se fala| 2 Em quantas

partes se divide a Tachygraphia -

Alphabeto terminaccedilotildees| convenccedilotildees ou

signaes particulares| 3 De quantas letras

se compotildee o Alphabeto - De 16 que satildeo

b d f g h l m n p q|r s t v x z| 4 De quantos

caracteres se compotildee as terminaccedilotildees - De

18 que satildeo - Avel| Ario Ando Asto

Anto Anccedila Arte Amos Ei Au Menta

Ismo A otilde| Bilidade A I U (para os

artigos) Em Eu| 5 Quantos alphabetos -

Um que reproduz-se por 4 formas

simples ligado | simples e composto e

circulo| 6 De onde eacute retirada a

Tachygrafia - De um circulo e seus

raios| 7 O que eacute Alphabeto

Tachygraphico - Eacute uma convenccedilatildeo feita

do circulo e raios| de que se compotildee os

nomes| 8 O que satildeo as terminaccedilotildees -

Uma colleccedilatildeo de caracteres que abreviatildeo

letras e|syllabas| 9 Ha regra certa ou base

na Tachygraphia Sim quando para

provarmos que|sabemos a arte Natildeo

quando acompanhamos a palavrapor que

abandonamos|a arte e abraccedilamos as

convenccedilotildees|10 Para que servem os

signaes particulares ou convenccedilotildees -

Para facilitar o|acompanhamento da

palavra|11 Quantos methodos conta a

211

Arte Tachygraphica - Uma infinidade

delles|Cada disciacutepulo depois de habilitado

poacutede tomar por base o circulo e crear|uma

arte|12 Qual eacute o melhor methodo

Tachygraphico ndash Aquelle que contiver

os|caracteres mais necessarios nos pontos

de mais facilidade nos traccedilos|13 Quaes

satildeo as qualidades essenciaacutees do

Tachygrapho Bom ouvido|agilidade

manual a necessaria intelligentcia e fina

penetraccedilatildeo|14 Todo homem que sabe

Tachygraphia pocircde ser Tachygrapho ndash

Natildeo por que|poacutede reunir todas as

qualidades communs e natildeo dispor da

precisa espeditez|para auxilial-os nos

conhecimentos que tem a arte|15 Para que

servem as cruzetas ou espaccedilos em branco

ndash Para indicar ponto final| oraccedilatildeo

interrompida ou falha etc|16 O nome

escripto em Tachygraphia poacutede variar ndash

Sim porque com o mesmo|signal

podemos traduzir nomes mui decerso

(fazendo-o pelo sentido da|oraccedilatildeo)|17

Temos masculino ou feminino ndash Natildeo ndash

Classificamos pelo sentido|18 Temos

singular ou plural ndash Natildeo ndash Distinguimos

pelo precedente e os|nuacutemeros satildeo os

mesmos|19 Temos ortographia ndash Natildeo

escrevemos pelos sons como se vecirc Casa

Quis Quaes Cossa etc que fazemos em

QZ ou QS

212

- 5 de junho de 1852 Aurora Paulistana

Satildeo Paulo

Post-Scriptum | Demoramos a publicaccedilatildeo

desta folha por | que pelo contrato para a

publicaccedilatildeo das dis- | cussotildees da

Assembleacutea provincial soacute nos corre | a

obrigaccedilatildeo de publical-a quando o material

| fornecido pelo tachygrapho preencha as

tres | primeiras paginas

PALAVRAS TELEGRAPHO

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

tel(e)- elem comp do gr Tele- de tele

longe ao longe de longe que se

documenta em inuacutemeros compostos

introduzidos a partir de seacutec XIX na

linguagem erudita () teleacutegrafo 1813 do

fr teacuteleacutegraphe voc criado por Miot no

final do seacutec XVIII

213

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

teleacutegrafo Sm 1 Qualquer sistema

sistema de transmissatildeo de mensagens

entre pontos distantes por meio de sinais

2 casa ou lugar onde ele funciona

PERIOacuteDICOS

DATAS

E

CIDADES DE ORIGEM

- 14 de outubro de 1874 Campinas A

Mocidade

PEDE-SE TODA||ATTENCcedilAtildeO|| Aos

senhores fazendeiros|| Ferreira Novo amp

Filho participaratildeo aos senhores

fazendeiros e negociantes que continuatildeo a

comprar cafegrave em maior quantidade do que

faziam ateacute hoje achando-se para isso

habilitados por acabarem de contractar

com algumas das principais casas

exportadoras a fazerem grandes compras

Nosso systema de compras seraacute Comprar

toda e qualquer quantidade de cafegrave quando

beneficiado o prompto recebemos ou com

poucos dias de demora depois da venda|

Pedimos a todos os senhores fazendeiros

quando tenhatildeo cafegrave em qualquer

quantidade promptoe queiratildeo vender a

bondade de nos procurarem pagando

sempre no dia da venda maior preccedilo que

permitir o estado do cafegrave nos principais

mercados do paiz da America e da

Europa habilitando-nos para podermos

214

fazer tatildeo grande vantagem aos senhores

lavradores o telegrapho que acaba de

collocar em comunicaccedilatildeo diaria esta

florescente cidade com aqueles principaes

mercados

PALAVRAS TELEPHONE

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

tel(e)- elem Comp do gr Tele- de tele

longe ao longe de longe que se

documenta em inuacutemeros compostos

introduzidos a partir de seacutec XIX na

linguagem erudita () telefone | -pho-

1899 | Do fr I teacuteleacutephone O voc Jaacute se

documenta em alematildeo (Telephon) desde

1796

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

telefone S m 1 Aparelho para transmitir

a distacircncia a palavra falada 2 Restr

Telefone (1) de uso corrente que consta

de um mecanismo eleacutetrico capaz de

efetuar a ligaccedilatildeo entre duas linhas e

peccedila(s) distinta(s) a emitir e receber

mensagens faladas()

215

PERIOacuteDICOS

DATAS

E

CIDADES DE ORIGEM

- 31 de dezembro de 1896 Campinas

Cidade de Campinas

LIXIVIA PHENIX|| Agente de differentes

casas de Satildeo Paulo de cujas casas tem

amostras de artigos| Tem a venda a

explendida farinha de aveia Knorr| Abre

aacutes 6frac12 da manhatilde e fecha aacutes 5 horas da

tarde| Telephone 247| Caixa postal 89|

RUA GENERAL OSORIO Nuacutemero 59||

BF NEGRAtildeO|| CAMPINAS

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

Doutor CARLOS PENNA | MEDICO

OPERADOR | ESBECIALISTA | DAS

MOLESTIAS DOS OLHOS || Consultorio

ndash Rua da Imperatriz 35 de 1 aacutes 3 horas

Telephono 190 || Residencia ndash Rua

Aurora 76 ndash Telephono nuacutemero 42 ||

Dispocirce de excellentes aposentos para o

tratamento de clientes de QUAL- | QUER

classe || Attende a chamados para

qualquer ponto da provincia

216

PALAVRA TYPOGRAPHIA

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

tipo sm orig modelo exemplar siacutembolo

ext (Tip) letra de forma de imprimir

XVII Do lat typus -i deriv Do gr tyacutepos

() tipografia | typographia 1813

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

tipografia Sf 1 Arte que compreende as

vaacuterias operaccedilotildees conducentes agrave impressatildeo

de textos desde a criaccedilatildeo dos caracteres agrave

sua composiccedilatildeo e impressatildeo de modo que

resulte num produto graacutefico ao mesmo

tempo adequado legiacutevel e agradaacutevel 2

Restr Sistema de imprimir com focircrmas

em relevo impressatildeo tipograacutefica 3 Estilo

ou arranjo do texto tipograacutefico 4

Estabelecimento tipograacutefico

PERIOacuteDICO

DATA

E

- 25 de abril de 1852 Aurora Paulistana

Satildeo Paulo

217

CIDADE DE ORIGEM ATTENCcedilAtildeO | A Farrapeida| Recebem-

se nesta typogra|phia assignaturas para

um | opusculo que breve sahiraacute aacute | luz

com o titulo acima e con- | teraacute cerca de

120 paginas Ersquo | um poema em que se

descre- | vecirc a biographia dos princi- | paes

membros do partido - | Venda-grande ndash

nesta provin- | cia e dividido em 5 cantos

dos quaes estatildeo jaacute na typogra- | phia os

tres primeiros cujos titulos satildeo | I A

CARA-SUGEIDA | precedida de uma

estampa | representando um individuo |

desejando surprehender os | segredos de

uma bella Con- | deccedila | II A

CARRONrsquoIHEI- | DA ou as magicaturas

pre- | cedida igualmente de uma ca- |

ricatura | III A JANISTROQUEI- | DA

ou factos historicos bio- | graphia

completa de um ca- | valheiro muito

conhecido a | caricatura que precede este |

canto eacute muito curiosa | Preccedilo de cada

exemplar | 1$ reis pagos ao receber o |

exemplar

- 25 de abril de 1852 Aurora Paulistana

Satildeo Paulo

A Illustrissiacutema Senhora Dona Joaquina

Maria das | Dores drsquoOliveira tem uma

carta no es-| criptorio drsquoesta typographia

que ainda se | natildeo mandou entregar por

218

ignorar-se a | sua residencia

- 29 de maio de 1852 Aurora Paulistana

Satildeo Paulo

- 5 de junho de 1852 Aurora Paulistana

Satildeo Paulo

- 15 de junho de 1852 Aurora Paulistana

Satildeo Paulo

ATTENCcedilAtildeO | Typographia Liberal | de

| J R drsquoAzevedo Marques | LARGO DA

SErsquo N 3 | Joaquim Roberte drsquoAzevedo

Marques tem | a honra de participar ao

respeitavel publico | que acaba de montar

em maior escala a Ty- | pographia

Liberal se sua propriedade com | um

variado e novo sortimento de typos vi- |

nhetas emblemas florotildees ampc e com um

dos | mais aperfeiccediloados preacutelos de ferro

dos que ul- | timamente se fabricatildeo em

Paris e achando-se | por esta forma

habilitado para desempenhar | com

promptidatildeo e aceio qualquer trabalho ty- |

pographico por este offerece o seu

estabeleci | mento ao illustrado publico

desta capital e pro- | vincia a quem

assegura que alem da nitidez | e gosto que

distinguiratildeo os seus trabalhos se- | ratildeo

219

feitos com a brevidade que actualmente |

lhe proporcionatildeo os recursos do

estabeleci- | mento e pelos preccedilos os mais

commodos

- 5 de outubro de 1852 Satildeo Paulo

Aurora Paulistana

AVISO | Roga-se aos nossos assi- |

gnantes que natildeo quizerem | continuar sua

assignatura e | aacutequellas pessoas a que

ago- | ra remettemos a nossa folha | e natildeo

acceitarem o nosso affe- | recimento

tenhatildeo a bondade | de reverter aacute

typographia este | numero ou declarar ao

dis- | tribuidor que a natildeo acceitatildeo | na

entrega do seguinte

- 15 de outubro de 1852 Satildeo Paulo

Aurora Paulistana

ALUGA-SE um servente para ser- | viccedilo

dentro desta cidade quem o tiver | poacutede

comparecer nesta typographia | para

tratar a respeito

220

PALAVRA TYPOGRAPHICO

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

tipo sm orig modelo exemplar siacutembolo

ext (Tip) letra de forma de imprimir

XVII Do lat typus -i deriv Do gr tyacutepos

() tipograacutefico | typographico 1813 ()

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

Tipografico adj Relativo agrave tipografia

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 29 de maio de 1852 Aurora Paulistana

Satildeo Paulo

- 5 de junho de 1852 Aurora Paulistana

Satildeo Paulo

- 15 de junho de 1852 Aurora Paulistana

Satildeo Paulo

ATTENCcedilAtildeO | Typographia Liberal | de |

J R drsquoAzevedo Marques | LARGO DA

SErsquo N 3 | Joaquim Roberte drsquoAzevedo

Marques tem | a honra de participar ao

221

respeitavel publico | que acaba de montar

em maior escala a Ty- | pographia Liberal

se sua propriedade com | um variado e

novo sortimento de typos vi- | nhetas

emblemas florotildees ampc e com um dos |

mais aperfeiccediloados preacutelos de ferro dos que

ul- | timamente se fabricatildeo em Paris e

achando-se | por esta forma habilitado

para desempenhar | com promptidatildeo e

aceio qualquer trabalho ty- | pographico

por este offerece o seu estabeleci | mento

ao illustrado publico desta capital e pro- |

vincia a quem assegura que alem da

nitidez | e gosto que distinguiratildeo os seus

trabalhos se- | ratildeo feitos com a brevidade

que actualmente | lhe proporcionatildeo os

recursos do estabeleci- | mento e pelos

preccedilos os mais commodos

222

113 Lexemas ligados agrave sauacutede

PALAVRA AMENORRHEA

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

Amenorreacuteia Sf lsquoausecircncia de menorreia

ou menstruaccedilatildeorsquo | 1899 amenorrhecirca 1858

| do fr Amenorrheacutee deriv Do lat Cient

amenorrhea (ltGr a-[v A-(iv)] + men

lsquomecircsrsquo + -rhoia lsquofluxorsquo) ()

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

Amenorreacuteia Sf ausecircncia de menorreia

ou menstruaccedilatildeo amenia

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 05 de julho de 1887 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

Tonico|Fevrifugo|Regenerador|vinho do

doutor johanno Quina Coca Extracto de

Carne e Hypophosphito|Recommendatildeo-

no nos casos que necessitatildeo toacutenicos

para|reconstruir e regenerar o organismo

arruinado por molestias|excessos

natureza do clima anemia chlorosis

amenorrhea cachxia|fluxo branco que

tanto arruinatildeo a saude das mulheres

223

pobreza de|sangue fraqueza geral

debilidade etc|H Vivien Droguista 50

Boulevard de Strasboug em Paris

PALAVRAS ANEMIA

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

anemia sfdiminuiccedilatildeo de hemoglobina do

sangue circulante 1858 Do fr aneacutemie

deriv do gr anaimiacutea || anecircmico 1871

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

anemia S f Patol1 Deficiecircncia de

hemaacutecias ou hemoglobina no sangue

circulante 2 fig Debilidade fraqueza

PERIOacuteDICOS

DATAS

E

CIDADES DE ORIGEM

- 01 de fevereiro de 1888 Campinas

Diaacuterio de Campinas

PRODUCTOS DE J-P

LAROZE||APROVADOS||pela junta de

Hygiena do Brasil||2 RUA DES LIONS-

SAINT-PAUL 2 PARIS||Xarope

Depurativo| de Casca de Laranja amarga

224

aos | Ioduretos de Potassio| contra

escrephulosas cancerosas syphiliticas

tumores brancos da agrura do sangue

etc| Xarope Ferruginoso| de Casca de

Laranja e Quassia amara ao | Proto-

Iodureto de Ferro| contra as cores pallidas

chlorose anemia doenccedilas de langor

rachitismo etc| Xarope Sedativo| de

Casca de Laranja amarga ao| Bromureto

de Potassio| calmante certo contra as

nevralgias a epilepsia o hysterico

insonia das crianccedilas todas as affecccedilotildees

nervosas| Deposito em todas as boas

Drogarias e Pharmacias

- 05 de julho de 1887 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

Tonico|Fevrifugo|Regenerador|vinho do

doutor johanno Quina Coca Extracto de

Carne e Hypophosphito|Recommendatildeo-

no nos casos que necessitatildeo toacutenicos

para|reconstruir e regenerar o organismo

arruinado por molestias|excessos

natureza do clima anemia chlorosis

amenorrhea cachxia|fluxo branco que

tanto arruinatildeo a saude das mulheres

pobreza de|sangue fraqueza geral

debilidade etc|H Vivien Droguista 50

225

Boulevard de Strasboug em Paris

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

VINHO || Tonico-Nutritivo || DEFRESNE

|| Com Peptons (Carne assimilavel) ||

FERRO E LACTO-PHOSPHATO DE

CAL NATURAES || Sendo o Vinho

Defresne drsquoum gosto | delicioso tambem

eacute o unico reconsti- | tuinte natural e

completo || Eacute o mais precioso de todos os

tonicos sob a sua influencia desvanecem-

se os | accindentes febris renasce o

appetite forta- | lecem-se os musculos e

voltam as forccedilas || Emprega-se com ecircxito

contra a inappe- | tencia os crescimentos

raacutepidos com ra- | lecoenccedilas molestias de

estomago a | anemia e [ilegiacutevel] ||

DEFRESNE Fornecedor dos Hospitaes

Paris || E todas as Pharmacias

PALAVRA ANTIPHOLOGISTICO

226

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

flox sm lsquo(Bot) gecircnero de polemoniaacuteceas

ornamentaisrsquo 1899 Do lat phlox ndashgis e

este do gr phloacutex ndashgoacutes lsquoflamarsquo | flogiacutestico

| phlo- 1844 | do fr phlogisitque do lat

cient phlogisticum voc criado pelo

quiacutemico alematildeo Becker (1628-1685)

(antiplogiacutestico SEM REGISTRO)

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

antiflogiacutestico adj e sm diz-se de ou

substacircncia aplicaacutevel contra inflamaccedilotildees

antiinflamatoacuterio

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

CONSTIPACcedilOtildeES e MOLESTIAS do

PEITO || XAROPE

ANTIPHOLOGISTICO BRIANT ||

PARIS Pharmacia BRIANT 150 rua de

Rivoli PARIS || As celebridades medicas

de Paris recommendatildeo ha mais de 30

annos o | XAROPE BRIANT como o

medicamento peitoral de gosto mais

agradaacutevel e | de efficacia mais certa de

Defluxos Constipaccedilotildees Catharros etc |

Este Xarope nunca [ilegiacutevel] ndash Deve-se

227

exigir a Brochura em nove linguas | com a

assignatura bem lisivel do inventor |

DEPOSITO EM TODAS AS

PRINCIPAES PHARMACIAS

PALAVRA APPOPLEXIA

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

apoplexia sf lsquo(Med) afecccedilatildeo cerebral que

se manifesta imprevistamente

acompanhada de privaccedilatildeo dos sentidos e

do movimentorsquo XVI Do lat apoplexia

deriv do gr apoplixiacutea ()

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

apoplexia (cs) Sf med 1 afecccedilatildeo

cerebral que se manifesta

imprevistamente acompanhada de

privaccedilatildeo dos sentidos e do movimento 2

qualquer das afecccedilotildees resultantes da

formaccedilatildeo raacutepida de um derrame sanguiacuteneo

ou seroso no interior de um oacutergatildeo

PERIOacuteDICO

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

228

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

Paulistano

Santo JEAN de La Croix [gravura]|

AGUA | DE | MELISSA dos

CAMELITAS | BOYER | Unico successor

| dos Carmelitas | SAINTE THERESE

[gravura]| PARIS ndash 14 Rua de lrsquoAbbaye

14 ndash PARIS | EAU DES CARMES | RUE

TARANNE Nuacutemero 14 TRANSFEacuteREacuteE

14 RUE DE LrsquoABBAYE PARIS [brazatildeo]

| CONTRA | Apoplexia | Cholera | Enjocirco

do mar | Faltos | Coacutelicas | Indigestotildees |

Febre amarella etc | Ler o prospecto no

qual vai envolvido | cada vidro || Deve-se

exigir o letreiro branco e preto | em todos

os vidros | seja qual focircr o tamanho |

Desconfiar | AS | FALSIFICACcedilOtildeES | e |

Exigir a assignatura | de | [assinatura] |

DEPOSITO EM TODAS AS

PHARMACIAS | DO Universo

PALAVRA ASTHENIA

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

astenia sf debilidade fraquesa | -th-

1844 do fr Astheacutenis deriv Do gr

Astheacuteneia falta de vigor ()

229

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

astenia sfmed Fraquesa orgacircnica

debilidade fraqueza [antocircn Estenia]

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 29 de janeiro de 1899 Satildeo Paulo

A Notiacutecia

A EMULSAtildeO DE SCOTT|de Oleo de

Figado de|Bacalhau com Hipophos|phitos

de Cal e Soda|Eacute UM REMEacuteDIO-

ALIMENTOPOR EXCELENCIA|Porque

o Oleo de Figado de Bacalhau como

alimento eacute dum valor importantissimo-

fortalece e engorda-Como remedio rico-eacute

magnifico creador d sangue assim como

um bom remedio alterante espinha dorsal

e systema osseo e a combinaccedilatildeo destes

preciosos componentes produz o melhor

reconstituinte tonico e purificador de

sangue que a sciencia medica conhece

Natildeo te rival para todas as molestias

debilitantes ha annos emprego a

Emulsatildeo de Ha mais de 20 annos que

emprego Scott e seguro contra affecccedilotildees

do em minha clinica sempre com muito

apparelho respiratorioe para vantagem nos

casos em que eacute combater a asthenia em

230

geral Diz indicada Diz o deistincto

Doutor Joseacute o illustrado Doutor Bacellar

do Rio Justino de Mello de Paranaguaacute

Grande do Sul Cautella com Imitaccedilotildees| A

venda em todas as Drogarias

Falsificaccedilotildees e Pharmacias Exija-se a

Legitima|Scott amp Bowne Chimicos New

York EUA

PALAVRA ASTHMA

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

asma Sf doenccedila caracterizada por

ataques repetitivos de dispneia XV Do

lat Asthma -atis e este do gr Aacutesthma -

tos

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

asma Sfpatol Condiccedilatildeo que se

caracteriza por acessos recorrentes de

dispneacuteia paroxiacutextica tosse e sensaccedilatildeo de

constriccedilatildeo por efeito da contraccedilatildeo

espasmoacutedica dos brocircnquios Em casos eacute

de natureza alergica

231

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 03 de janeiro de 1889 Satildeo Paulo

Correio Paulistano

Grande descoberta|O maior sucesso da

eacutepoca que atravessaacutemos eacute a descoberta do

prodigioso vegetal cujo vegetal em si a

acccedilatildeo maravilhosa de destruir todos os

virus de syphilitico A descoberta deste

remedio que eacute Vegetal Por|Excellencia eacute

a verdadeira Maravilha Do Seculo XIX

Os saacutebios|estudos de muitos annos e as

sucessivas experiecircncias do illustrado e

intelligente|senhor M Morato deram em

resultado que o grande remedio pura

exclusiva|e unicamente vegetal a que deu

o nome de ldquoExilir depurativo de M

Moratordquo|cura completa e rapidamente toda

syphilis curo o rheumatismo com

uma|felicidade espantosa cura a asthma

e usado convenientemente tem com |

espanto de centenas de pessoas curado o

terrivel mas a|Morphegravea |A grande

descoberta deste explendoroso remeacutedio eacute

a felicidade da|humanidade eacute o passo

mais gigantesco dado na medicina

Procurar ldquoExilir|depurativo de M

Moratordquo propagado por Doutor

Carlos|Agente Depositaacuterio Em Satildeo

Paulo|Peixoto Estella amp Companhia|Rua

de Satildeo Bento nuacutemero 11| Preccedilos|20 Exilir

ndash frasco 5$000 Duzia 50$000

232

PALAVRA BLENORRHAGIA

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

Blen(o)- elem Comp do Gr blenno- de

bleacutenna ndashos lsquomucorsquo ou bleacutennos lsquo humor

viscosorsquo que se documenta em alguns

compostos da linguagem meacutedica

internacional a partir do seacutec XIX ()

blenorragia | bennorrhagia 1844

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

Blenorragia Sf patol 1 eliminaccedilatildeo

excessiva de muco 2 V gonorreacuteia

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 04 de abril de 1889 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

Capsulas|Mathey-Caylus|Preparados pelo

doutor clin Premio Montyon|As Capsulas

Mathey ndash Caylus com Envolucro delgado

de Gluten natildeo fatigatildeo|nunca o estomago e

satildeo recommendadas pelos Professores das

Faculdades de|Medicina e os Hospitaes de

233

Paris Londres e New-York para a|cura

raacutepida dos|Corrimentos antigos ou

recentes a Gonorrhea a Blenorrhagia a

Cystite Du|Collo o Catarrho e as Molestia

da Bexigas dos oacutergatildeos genito urinarios|

Uma explicaccedilatildeo detalhada acompanha

cada Frasco|Exigir Verdadeiras Capsulas

Mathey ndash Caylus de clin amp Compagnie

de|Paris que se achatildeo em casa dos

Droguistas e Pharmaceuticos

PALAVRA CHLOROSIS

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

clor(o) elem comp do gr chloro- de

chloroacutes verde esverdeado que se

documenta em vaacuterios compostos

introduzidos a partir do seacute XIX na

linguagem cientiacutefica internacional ()

clorose | chlo- 1858 | Do fr chlorose

deriv do lat cient chlorosis -osticus ()

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

clorose S f 1 Patol anemia peculiar agrave

mulher assim chamada pelo tom amarelo-

esverdeado que imprime agrave pele()

234

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 01 de fevereiro de 1888 Campinas

Diaacuterio de Campinas

PRODUCTOS DE J-P

LAROZE||APROVADOS||pela junta de

Hygiena do Brasil||2 RUA DES LIONS-

SAINT-PAUL 2 PARIS||Xarope

Depurativo| de Casca de Laranja amarga

aos | Ioduretos de Potassio| contra

escrephulosas cancerosas syphiliticas

tumores brancos da agrura do sangue

etc| Xarope Ferruginoso| de Casca de

Laranja e Quassia amara ao | Proto-

Iodureto de Ferro| contra as cores pallidas

chlorose anemia doenccedilas de langor

rachitismo etc| Xarope Sedativo| de

Casca de Laranja amarga ao| Bromureto

de Potassio| calmante certo contra as

nevralgias a epilepsia o hysterico

insonia das crianccedilas todas as affecccedilotildees

nervosas| Deposito em todas as boas

Drogarias e Pharmacias

- 05 de julho de 1887 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

235

Tonico|Fevrifugo|Regenerador|vinho do

doutor johanno Quina Coca Extracto de

Carne e Hypophosphito|Recommendatildeo-

no nos casos que necessitatildeo toacutenicos

para|reconstruir e regenerar o organismo

arruinado por molestias|excessos

natureza do clima anemia chlorosis

amenorrhea cachxia|fluxo branco que

tanto arruinatildeo a saude das mulheres

pobreza de|sangue fraqueza geral

debilidade etc|H Vivien Droguista 50

Boulevard de Strasboug em Paris

PALAVRA CHOLERA

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

coacutelera Sf ira raiva fuacuteria (Pat) doenccedila

infecciosa aguda XV Do latcholera

deriv Do gr Choleacutera

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

coacutelera Sf () 4 Patol Doenccedila

infecciosa aguda contagiosa que pode

manisfestar-se sob forma epidecircmica

236

caracterizada em sua apresentaccedilatildeo

claacutessica por diarreacuteia abundante prostaccedilatildeo

e catildeimbras coacutelera-morbo

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

Santo JEAN de La Croix [gravura]|

AGUA | DE | MELISSA dos

CAMELITAS | BOYER | Unico successor

| dos Carmelitas | SAINTE THERESE

[gravura]| PARIS ndash 14 Rua de lrsquoAbbaye

14 ndash PARIS | EAU DES CARMES | RUE

TARANNE Nuacutemero 14 TRANSFEacuteREacuteE

14 RUE DE LrsquoABBAYE PARIS [brazatildeo]

| CONTRA | Apoplexia | Cholera | Enjocirco

do mar | Faltos | Coacutelicas | Indigestotildees |

Febre amarella etc | Ler o prospecto no

qual vai envolvido | cada vidro || Deve-se

exigir o letreiro branco e preto | em todos

os vidros | seja qual focircr o tamanho |

Desconfiar | AS | FALSIFICACcedilOtildeES | e |

Exigir a assignatura | de | [assinatura] |

DEPOSITO EM TODAS AS

PHARMACIAS | DO Universo

237

PALAVRA CIRURGIAtildeO

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

cirurgia sf lsquo(Med) medicina operatoacuteriarsquo |

1611 celorgia XIII cilurgia XIII

selorgia XIV etc | do lat med chirurgia

deriv do gr cheirourgiacutea lsquooperaccedilatildeo

manualrsquo (gr cheir lsquomatildeorsquo e ergoacuten

lsquotrabalhorsquo V ndashERG- e QUIR(O)- ||

cirugiatildeo sm lsquooperadorrsquo | XVI celorgiatildeo

XIII solyrgiatildees pl XIV sirurgiatildees pl

XIV selergiatildeo XV etc | do lat

chirurgianus || ciruacutergico 1758 Do lat

chirurgicus

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

cirurgiatildeo S m meacutedico que exerce a

cirurgia meacutedico-cirurgiatildeo operador ()

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 4 de marccedilo de 1853 Satildeo Paulo Aurora

Paulistana

CURA CERTA | e em pouco tempo de

todas as enfermidades provenientes de

vicio san- | guineo como ndashescrophulas

tube[r]- | culos lepra syphylis etc etce

[ilegiacutevel] | particular as affecccediloens de

238

pape[ilegiacutevel] | em seu principio ||

Etienne Lagarde || Pharmaceutico e

cirurgiatildeo das faculdades | Pariz e do Rio

de Janeiro ex-preparad[o] | do Curso de

Chimica da escola de medic[i]- | na e

pharmacia de Poi[furo]iers membro da

s[o]- | ciedade medica da mesma cidade e

corres- | pondente de algumas sociedades

scientificas || Attenccedilacirco || A experiencia

junto aacute perseveranccedila qu[e] | hoje tem sido

meus uacutenicos guias no trata[men]- | to das

enfermidades acima mencionadas os |

caracteres horriveis que ellas apresentatildeo |

desgostos que sobrevem as pessoas que

satildeo de | las attacadas deviatildeo naturalmente

attrahir | attenccedilatildeo de todo o homem amigo

da huma- | nidade || Antigamente estas

enfermidades se consi- | deravatildeo com um

principio contagioso o que | obrigava os

doentes a buscar longe das povo- | accedilotildees

uma morada tranquilla que lhes permi- |

tisse esperar com paciencia a hora que [o]

| Creador tivesse determinado para pocircr

term[]| a todos os seus soffrimentos hoje

porem assim | natildeo acontece os progressos

que tem feito [a] | sciencia medica com os

numerosos trabalhos | e investigaccedilotildees da

chimica tem em fim intro- | duzido na

therapeutica e posto aacute disposiccedilatildeo | dos

homens da sciencia um meio prophilati- |

cos contra estas crueis enfermidades

fazendo | assim esperar uma prompta cura

a todos | aquelles que o quizerem abraccedilar

239

|| Penetrado do sentimento o mais sincero

da | philantropia do amor aacute sociedade

offereccedilo o[s] | meus recursos meacutedicos e

pharmaceuticos ad- | quiridos por um

aturado e longo estudo da na- | tureza

humana Ersquo pois com os medicamen- | tos

preparados por minhas proacuteprias matildeos

qu[e] | me proponho a curar a todos

aquelles que m[e] | quizerem procurar ||

Estou certo que os epithetos de ndash charlatatildeo

| e especulador ndash ser-me-hatildeo lanccedilados por

al- | guns ao lerem este meu annuncio

porem natildeo | seraacute por homens sensatos que

serei assim [ilegiacutevel] | xado O sabio

indaga consulta ouve [ilegiacutevel] | entre

voacutes (como eu creio) existe algum

rec[ilegiacutevel] | conhecimento recebei de

antematildeo toda a mi- | nha gratidatildeo || A

voacutes enfermos eu dirijo meus offereci- |

mentos eu saberei consolar-vos e talvez

da[r]- | vos a panaceacutea beneacutefica da saude

que tan[furo] | desejaes || Seja o

reconhecimento o fructo de meu[s] |

trabalhos e o uacutenico tributo que desejo

obte[r] | daquelles que me quizerem

honrar com sua[s] | consultas|| Dirijatildeo-se

ao Hotel Paulistano na rua d[e] | Satildeo

Bento nuacutemero 35

240

PALAVRA CYSTITE

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

Cist(i) elem Comp do lat Cystis deriv

Do Gr kyrsquo stisrsquo ndash eos ndashidos lsquobexiga

vesiacutecularsquo que se documenta em alguns

compostos introduzidos a partir do seacutec

XIX na linguagem da medicina ()

cisitite | cys- 1844 | do fr Cystite

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

Cistite Sf patol inflamaccedilatildeo na bexiga

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 04 de abril de 1889 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

Capsulas|Mathey-Caylus|Preparados pelo

doutor clin Premio Montyon|As Capsulas

Mathey ndash Caylus com Envolucro delgado

de Gluten natildeo fatigatildeo|nunca o estomago e

satildeo recommendadas pelos Professores das

Faculdades de|Medicina e os Hospitaes de

Paris Londres e New-York para a|cura

raacutepida dos|Corrimentos antigos ou

recentes a Gonorrhea a Blenorrhagia a

Cystite Du|Collo o Catarrho e as

241

Molestia da Bexigas dos oacutergatildeos genito

urinarios| Uma explicaccedilatildeo detalhada

acompanha cada Frasco|Exigir

Verdadeiras Capsulas Mathey ndash Caylus de

clin amp Compagnie de|Paris que se achatildeo

em casa dos Droguistas e Pharmaceuticos

PALAVRA DARTRES

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

dartos Sm membrana que envolve os

testiacuteculos situada abaixo da pele do

escroto agrave qual adere intimamente 1858

do gr Dartoacutes (chitoacuten) membrana do

escroto por via erudita

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

darto Sm AnatMembrana que envolve

os testiacuteculos situada sob a pele do

escroto agrave qual adere intimamente

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 20 de julho de 1887 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

242

Syfilis Adquirida ou Hereditaacuteria em todo

os periodos accidentes segundarios|e

terciaacuterios que resultatildeo drsquoella Ulceraccedilatildeo

da bocca e da garganta|gommas

exostoses carie dos ossos rheumatismos

ulceras impotencia etc etc|Scrofulas

viacutecios do sangue molestias da pelle

(Dartres ecleacutemas lepra | herpes)- Cura

certa raacutepida e radical pelos celebres

BISCOUTOS|DEPURATIVOS do

DrsquoOLLIVIER o mais poderoso anti-

syphilitico e|receitado haacute mais de 60

annos pelos mais illustrados

profissionaes|eacute o unico remedio no

mundo inteiro approvado pela Academia

de|Medicina de Paris unico premiado

com Recompensa Nacional de 24000|

Francos||Deposito Geral 62 Rua de

Rivali Paris| Em Satildeo Paulo Martins

Labre amp Companhia

- 11 de abril de 1889 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

syfilis Adquirida ou Hereditaacuteria em todo

os periodos accidentes segundarios e|

terciaacuterios que resultatildeo drsquoella Ulceraccedilatildeo

da bocca e da garganta Gommas|

243

Exostoses Carie dos ossos

Rheumatismos Ulceras Impotencia etc

etc|Scrofulas Viacutecios do Sangue

Molestias da pelle (Dartres Eczeacutemas

Lepra | Herpes)- Cura certa raacutepida e

radical pelos celebres biscoutos

depurativos|do drsquoollivier o mais poderoso

anti-syphilitico e receitado haacute mais de 60

annos| pelos mais illustrados

profissionaes|eacute o unico remedio no

mundo inteiro| Approvado pela Academia

de Medicina de Paris unico premiado

com|Recompensa Nacional de 24000

Francos|Deposito Geral 62 Rua de

Rivolli Paris| Em Satildeo Paulo Martins

Labre amp [Companhia]

PALAVRA DIABETE

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

dianbete(s) sm e f lsquo(Med) estado

patoloacutegico que se caracteriza por um

acreacutescimo anormal do volume da urinarsquo

1813 Provavelmente do fr diabete do lat

tard diabetes e este do gr diabetes

lsquosifatildeorsquo de diabaiacutenen lsquotraspor atravessarrsquo

Modernamente com o avanccedilo das

pesquisas meacutedicas a diabetes teraacute outra

244

conceituaccedilatildeo ()

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

diabetes sm e f patol 1 Siacutendrome

caracterizada por uma eliminaccedilatildeo

exagerada e permanente de urina 2 restr

V diabetes melito [var diabete] diams

diabetes accedilucarada Patol V melituacuteria

diabetes accedilucarado Patol V melituacuteria

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

CURA CERTA DAS MOLESTIAS

NERVOSAS | Epilepsia ndash Hysteria |

Choreatilde | Hystero-Epilepsia | Molestias do

Cerebro | e do Espinhaccedilo | Diabete

assucarado || PELO || XAROPE DE

HENRY MURE || com Bromureto de

Potassium chimicamente puro || BOM

EXITO VERIFICADO POR 15 ANNOS

DE EXPERIENCIAS | NOS HOSPITAES

DE PARIS | Uma Noticia muito

importante seraacute dirigida a quem a pedir |

HENRY MURE em Pont-St-Esprit

(Franccedila)|| Deposito em todas as principaes

Pharmacias

245

PALAVRA ECZEacuteMAS

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

Eczema sm lsquo(patol) dermatose

inflamatoacuteria caracterizada pela formaccedilatildeo

de vesiacuteculas confluentes exsudatos e

crostasrsquo 1881 do lat Cient eczema deriv

Do Gr ekzema ndashatos ()

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

Eczema Sm patol Dermatose

inflamatoacuteria caracterizada pela formaccedilatildeo

de vesiacuteculas confluentes exsudatos e

crostas e provocada por diferentes causas

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 20 de julho de 1887 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

Syfilis Adquirida ou Hereditaacuteria em todo

os periodos accidentes segundarios|e

terciaacuterios que resultatildeo drsquoella Ulceraccedilatildeo

246

da bocca e da garganta|gommas

exostoses carie dos ossos rheumatismos

ulceras impotencia etc etc|Scrofulas

viacutecios do sangue molestias da pelle

(Dartres ecleacutemas lepra | herpes)- Cura

certa raacutepida e radical pelos celebres

BISCOUTOS|DEPURATIVOS do

DrsquoOLLIVIER o mais poderoso anti-

syphilitico e|receitado haacute mais de 60

annos pelos mais illustrados

profissionaes|eacute o unico remedio no

mundo inteiro approvado pela Academia

de|Medicina de Paris unico premiado

com Recompensa Nacional de 24000|

Francos||Deposito Geral 62 Rua de

Rivali Paris| Em Satildeo Paulo Martins

Labre amp Companhia

- 11 de abril de 1889 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

syfilis Adquirida ou Hereditaacuteria em todo

os periodos accidentes segundarios e|

terciaacuterios que resultatildeo drsquoella Ulceraccedilatildeo

da bocca e da garganta Gommas|

Exostoses Carie dos ossos

Rheumatismos Ulceras Impotencia etc

etc|Scrofulas Viacutecios do Sangue

Molestias da pelle (Dartres Eczeacutemas

247

Lepra | Herpes)- Cura certa raacutepida e

radical pelos celebres biscoutos

depurativos|do drsquoollivier o mais poderoso

anti-syphilitico e receitado haacute mais de 60

annos| pelos mais illustrados

profissionaes|eacute o unico remedio no

mundo inteiro| Approvado pela Academia

de Medicina de Paris unico premiado

com|Recompensa Nacional de 24000

Francos|Deposito Geral 62 Rua de

Rivolli Paris| Em Satildeo Paulo Martins

Labre amp [Companhia]

PALAVRA ELIXIR

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

elixir sm bebida medicamentosa

balsacircmica ou confortadora XVIII Do fr

Eacutelixir deriv Do deriv Do aacuter Eliksir

pedra filosofal e este do gr Kseron

medicamento

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

elixir S m 1 confeiccedilatildeo farmacecircutica de

xaropes com alcoolatos 2 bebida

deliciosa balsacircmica ou confortadora 3

Fig Aquilo que tem efeito maacutegico ou

248

miraculoso filtro

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 01 de fevereiro de 1888 Campinas

Diaacuterio de Campinas

O Elixir alimenticio Ducro e muito

agradavel ao paladar e as pessoas a quem

mais repugnam os aimentos o tomam ateacute

por gosto| Eacute um tonico poderosissimo

aconselhado para as mulheres e a crianccedilas

delicadas os velhos os convalescentes em

que desperta o appetite e restabelece as

forccedilas| Convem sobretudo nos paizes

quentes onde as forccedilas diminuem pela

transpiraccedilatildeo e onde se esta sujeito a

molestias contagiosas - Para mais

detalhes leia-se o prospecto que

acompanha cada vidro| Pariz 20 Place

des Vosges|| E EM TODAS AS

PHARMACIAS

- 03 de janeiro de 1889 Satildeo Paulo

Correio Paulistano

Grande descoberta|O maior sucesso da

eacutepoca que atravessaacutemos eacute a descoberta do

249

prodigioso vegetal cujo vegetal em si a

acccedilatildeo maravilhosa de destruir todos os

virus de syphilitico A descoberta deste

remedio que eacute Vegetal Por|Excellencia eacute

a verdadeira Maravilha Do Seculo XIX

Os saacutebios|estudos de muitos annos e as

sucessivas experiecircncias do illustrado e

intelligente|senhor M Morato deram em

resultado que o grande remedio pura

exclusiva|e unicamente vegetal a que deu

o nome de ldquoExilir depurativo de M

Moratordquo|cura completa e rapidamente toda

syphilis curo o rheumatismo com

uma|felicidade espantosa cura a asthma

e usado convenientemente tem com |

espanto de centenas de pessoas curado o

terrivel mas a|Morphegravea |A grande

descoberta deste explendoroso remeacutedio eacute

a felicidade da|humanidade eacute o passo

mais gigantesco dado na medicina

Procurar ldquoExilir|depurativo de M

Moratordquo propagado por Doutor

Carlos|Agente Depositaacuterio Em Satildeo

Paulo|Peixoto Estella amp Companhia|Rua

de Satildeo Bento nuacutemero 11| Preccedilos|20 Exilir

ndash frasco 5$000 Duzia 50$000

PALAVRA EPILEPSIA

250

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

epilepsia sm (Patol) doenccedila nervosa

com manifestaccedilotildees ocasionais suacutebitas e

raacutepidas entre as quais sobressaem

convulsotildees e distuacuterbios da consciecircncia

XVII Do lat Tard Epilepsia -ae deriv

Do gr Epilepsiacutea

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

epilepsia sfPatol Afecccedilatildeo de que haacute

alguns tipos que incide no homem e em

vaacuterios animais (alguns quadruacutepedes e

certas aves) e consiste em acessos

recidivantes de distuacuterbios de cosciecircncia ou

de outras funccedilotildees psiacutequicas movimentos

musculares involuntaacuterios e perturbaccedilotildees

do sistema nervoso autocircnomo Estes

sintomas de repeticcedilatildeo satildeo concomitantes a

descarga disriacutetmica de neurocircnios

encefaacutelicos registrados por

eletrencegalogramas [em termos de

distuacuterbio funcional a epilepsia eacute uma

disritmia cerebral paroxiacutestica sintomaacutetica]

()

PERIOacuteDICO

DATA

- 01 de fevereiro de 1888 Campinas

Diaacuterio de Campinas

251

E

CIDADE DE ORIGEM

PRODUCTOS DE J-P

LAROZE||APROVADOS||pela junta de

Hygiena do Brasil||2 RUA DES LIONS-

SAINT-PAUL 2 PARIS||Xarope

Depurativo| de Casca de Laranja amarga

aos | Ioduretos de Potassio| contra

escrephulosas cancerosas syphiliticas

tumores brancos da agrura do sangue

etc| Xarope Ferruginoso| de Casca de

Laranja e Quassia amara ao | Proto-

Iodureto de Ferro| contra as cores pallidas

chlorose anemia doenccedilas de langor

rachitismo etc| Xarope Sedativo| de

Casca de Laranja amarga ao| Bromureto

de Potassio| calmante certo contra as

nevralgias a epilepsia o hysterico

insonia das crianccedilas todas as affecccedilotildees

nervosas| Deposito em todas as boas

Drogarias e Pharmacias

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

CURA CERTA DAS MOLESTIAS

NERVOSAS | Epilepsia ndash Hysteria |

Choreatilde | Hystero-Epilepsia | Molestias do

Cerebro | e do Espinhaccedilo | Diabetes

assucarado || PELO || XAROPE DE

HENRY MURE || com Bromureto de

252

Potassium chimicamente puro || BOM

EXITO VERIFICADO POR 15 ANNOS

DE EXPERIENCIAS | NOS HOSPITAES

DE PARIS | Uma Noticia muito

importante seraacute dirigida a quem a pedir |

HENRY MURE em Pont-St-Esprit

(Franccedila)|| Deposito em todas as principaes

Pharmacias

PALAVRA EPILEPSIA-HYSTERIA

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

SEM REGISTRO DO

COMPOSTO

hister(o) elem Comp do gr Hysteacutera

uacutetero que se documenta em alguns vocs

Formados no proacuteprio grego como

histeacuterico por exemplo e em vaacuterios outros

introduzidos a partir do seacutec XIX na

linguagem cientiacutefica internacional () |

histeria 1858

+

253

epilepsia sm (Patol) doenccedila nervosa

com manifestaccedilotildees ocasionais suacutebitas e

raacutepidas entre as quais sobressaem

convulsotildees e distuacuterbios da consciecircncia

XVII Do lat Tard Epilepsia -ae deriv

Do gr Epilepsiacutea

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

SEM REGISTRO DO COMPOSTO

Histeria Sf psiq Afecccedilatildeo mental cujos

sistemas se baseiam em conversatildeo e

caracterizada por falta de controle sobre

atos e emoccedilotildees ansiedade sentido

moacuterbido de autoconsciecircncia exagero do

efeito de impressotildees sensoriais e por

simulaccedilatildeo de diversas doenccedilas

+

epilepsia sfPatol Afecccedilatildeo de que haacute

alguns tipos que incide no homem e em

vaacuterios animais (alguns quadruacutepedes e

certas aves) e consiste em acessos

recidivantes de distuacuterbios de cosciecircncia ou

de outras funccedilotildees psiacutequicas movimentos

musculares involuntaacuterios e perturbaccedilotildees

do sistema nervoso autocircnomo Estes

254

sintomas de repeticcedilatildeo satildeo concomitantes a

descarga disriacutetmica de neurocircnios

encefaacutelicos registrados por

eletrencegalogramas [em termos de

distuacuterbio funcional a epilepsia eacute uma

disritmia cerebral paroxiacutestica sintomaacutetica]

()

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 07 de julho de 1887 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

Cura Certa das Molestias Nervosas

Epilepsia-Hysteria Molestias do Cerebro

e do Espinhaccedilo|Choreatilde Diabete

Assucarado Hystero-Epilepsia Xarope de

Henry Bom exito verificado por 15 annos

de experiencia nos Hos|pitaes de

Paris|Uma notiacutecia muito importante seraacute

dirigida a quem a pedir| depositos em

todas as principaes Pharmacias

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

CURA CERTA DAS MOLESTIAS

255

NERVOSAS | Epilepsia ndash Hysteria |

Choreatilde | Hystero-Epilepsia | Molestias do

Cerebro | e do Espinhaccedilo | Diabetes

assucarado || PELO || XAROPE DE

HENRY MURE || com Bromureto de

Potassium chimicamente puro || BOM

EXITO VERIFICADO POR 15 ANNOS

DE EXPERIENCIAS | NOS HOSPITAES

DE PARIS | Uma Noticia muito

importante seraacute dirigida a quem a pedir |

HENRY MURE em Pont-St-Esprit

(Franccedila)|| Deposito em todas as principaes

Pharmacias

PALAVRA EXOSTOSES

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

Ex(o)- elem Comp do Gr eacutexo lsquofora fora

de para forarsquo que jaacute se documenta em

vcs formados no proacuteprio grego como

ecircxodo e em muitos outros introduzidos na

linguagem cientiacutefica internacional a partir

do seacutec XIX () exostose sf lsquo(Med)

proliferaccedilatildeo oacutessea na superfiacutecie de um

ossorsquo ldquo(Bot) excrescecircncia no tronco de

algumas aacutervoresrsquo | -sis 1844 | do fr

Exostose deriv Do lat Cient exostosis e

este do Gr exoacutestosis ()

256

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

Exostose (z) sf 1 med Proliferaccedilatildeo

oacutessea na superfiacutecie de um osso 2 morfol

Veg Excrescecircncia no tronco de algumas

aacutervores

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 20 de julho de 1887 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

Syfilis Adquirida ou Hereditaacuteria em todo

os periodos accidentes segundarios|e

terciaacuterios que resultatildeo drsquoella Ulceraccedilatildeo

da bocca e da garganta|gommas

exostoses carie dos ossos rheumatismos

ulceras impotencia etc etc|Scrofulas

viacutecios do sangue molestias da pelle

(Dartres ecleacutemas lepra | herpes)- Cura

certa raacutepida e radical pelos celebres

BISCOUTOS|DEPURATIVOS do

DrsquoOLLIVIER o mais poderoso anti-

syphilitico e|receitado haacute mais de 60

annos pelos mais illustrados

profissionaes|eacute o unico remedio no

mundo inteiro approvado pela Academia

de|Medicina de Paris unico premiado

com Recompensa Nacional de 24000|

Francos||Deposito Geral 62 Rua de

257

Rivali Paris| Em Satildeo Paulo Martins

Labre amp Companhia

- 11 de abril de 1889 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

syfilis Adquirida ou Hereditaacuteria em todo

os periodos accidentes segundarios e|

terciaacuterios que resultatildeo drsquoella Ulceraccedilatildeo

da bocca e da garganta Gommas|

Exostoses Carie dos ossos

Rheumatismos Ulceras Impotencia etc

etc|Scrofulas Viacutecios do Sangue

Molestias da pelle (Dartres Eczeacutemas

Lepra | Herpes)- Cura certa raacutepida e

radical pelos celebres biscoutos

depurativos|do drsquoollivier o mais poderoso

anti-syphilitico e receitado haacute mais de 60

annos| pelos mais illustrados

profissionaes|eacute o unico remedio no

mundo inteiro| Approvado pela Academia

de Medicina de Paris unico premiado

com|Recompensa Nacional de 24000

Francos|Deposito Geral 62 Rua de

Rivolli Paris| Em Satildeo Paulo Martins

Labre amp [Companhia]

258

PALAVRA GONORRHEacuteA

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

-gon(o)sup2- elem Comp deriv Do Gr

gono- de goacutenos (goneacute) lsquogeraccedilatildeo oacutergatildeo

genitaisrsquo lsquosemente espermarsquo que jaacute se

documenta em compostos formados no

proacuteprio grego como gonorreacuteia por

exemplo e em alguns vocs introduzidos

na linguagem cientiacutefica internacional a

partir do seacutec XIX () gonorreacuteia | -rrhea

XVIII ()

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

Gonorreacuteia Sf patol Infecccedilatildeo veneacuteria

purulenta que surge com poucos dias de

incubaccedilatildeo e localiza inicialmente na

uretra donde pode estender-se a outras

estruturas urinaacuterias e genitais no homem

ou na mulher Aleacutem das precedentes pode

ter localizaccedilatildeo no reto articulaccedilotildees e

conjuntiva ocular [sin blenorragia]

PERIOacuteDICO

- 04 de abril de 1889 Satildeo Paulo Correio

259

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

Paulistano

Capsulas|Mathey-Caylus|Preparados pelo

doutor clin Premio Montyon|As Capsulas

Mathey ndash Caylus com Envolucro delgado

de Gluten natildeo fatigatildeo|nunca o estomago e

satildeo recommendadas pelos Professores das

Faculdades de|Medicina e os Hospitaes de

Paris Londres e New-York para a|cura

raacutepida dos|Corrimentos antigos ou

recentes a Gonorrhea a Blenorrhagia a

Cystite Du|Collo o Catarrho e as Molestia

da Bexigas dos oacutergatildeos genito urinarios|

Uma explicaccedilatildeo detalhada acompanha

cada Frasco|Exigir Verdadeiras Capsulas

Mathey ndash Caylus de clin amp Compagnie

de|Paris que se achatildeo em casa dos

Droguistas e Pharmaceuticos

PALAVRA HERPES

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

Herpes sm pl lsquo(med) erupccedilatildeo aguda de

vesiacuteculas agrupadas em nuacutemero variado e

de localizaccedilatildeo cutacircnea ou mucosarsquo | erpes

| do fr Herpes deriv Do lat Herpes ndashetis

e este do Gr herpes ()

260

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

Herpes sm 2n 1 patol Dermatose

inflamatoacuteria caracterizada pela formaccedilatildeo

de pequenas vesiacuteculas que se apresentam

em grupo 2 fig Mal contagioso estrago

podridatildeo

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 20 de julho de 1887 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

Syfilis Adquirida ou Hereditaacuteria em todo

os periodos accidentes segundarios|e

terciaacuterios que resultatildeo drsquoella Ulceraccedilatildeo

da bocca e da garganta|gommas

exostoses carie dos ossos rheumatismos

ulceras impotencia etc etc|Scrofulas

viacutecios do sangue molestias da pelle

(Dartres ecleacutemas lepra | herpes)- Cura

certa raacutepida e radical pelos celebres

BISCOUTOS|DEPURATIVOS do

DrsquoOLLIVIER o mais poderoso anti-

syphilitico e|receitado haacute mais de 60

annos pelos mais illustrados

profissionaes|eacute o unico remedio no

mundo inteiro approvado pela Academia

de|Medicina de Paris unico premiado

com Recompensa Nacional de 24000|

Francos||Deposito Geral 62 Rua de

261

Rivali Paris| Em Satildeo Paulo Martins

Labre amp Companhia

- 11 de abril de 1889 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

syfilis Adquirida ou Hereditaacuteria em todo

os periodos accidentes segundarios e|

terciaacuterios que resultatildeo drsquoella Ulceraccedilatildeo

da bocca e da garganta Gommas|

Exostoses Carie dos ossos

Rheumatismos Ulceras Impotencia etc

etc|Scrofulas Viacutecios do Sangue

Molestias da pelle (Dartres Eczeacutemas

Lepra | Herpes)- Cura certa raacutepida e

radical pelos celebres biscoutos

depurativos|do drsquoollivier o mais poderoso

anti-syphilitico e receitado haacute mais de 60

annos| pelos mais illustrados

profissionaes|eacute o unico remedio no

mundo inteiro| Approvado pela Academia

de Medicina de Paris unico premiado

com|Recompensa Nacional de 24000

Francos|Deposito Geral 62 Rua de

Rivolli Paris| Em Satildeo Paulo Martins

Labre amp [Companhia]

262

PALAVRA HOMEOPATHIA

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

homeo- elem comp do gr homoios da

mesma natureza igual semelhante que

se documenta em alguns compostos

introduzidos a partir do seacutec XIX na

linguagem cientiacutefica internacional ()

homeopatia | -thia 1858 | Do fr

homeacuteopathie deriv do al Homoumlopathie

voc criado em 1796 pelo meacutedico alematildeo

SCFHahnemann ()

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

homeopatia S f Med Sistema terpecircutico

criado por Christian Friederich Samuel

Hahnemann (1755-1843) que consiste em

tratar as doenccedilas por meio de substacircncias

ministradas em doses diluiacutedas a ponto de

se tornarem por vezes infinitesimas

capazes de produzir em indiviacuteduos satildeos

quadros cliacutenicos semelhantes aos que

apresentam os doentes a serem tratados

()

- 15 de outubro de 1852 Satildeo Paulo

263

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

Aurora Paulistana

- 31 de outubro de 1852 Satildeo Paulo

Aurora Paulistana

HOMŒOPATHIA PURA | RUA

DIREITA NUacuteMERO 17 | O medico-

cirurgiatildeo Joseacute Maria de | Souza tem a

honra de declarar a to- | das aquellas

pessoas que quizeres | honrar com sua

confianccedila que elle se | acha novamente

residindo nesta ci- | dade rua Direita

nuacutemero 17 onde continuacutea | a exercer a sua

profissatildeo pelo syste- | ma homœopathico

e onde seraacute encon- | trado a qualquer hora

do dia ou da | noite O annunciante

tambem arran- | ca lima e chumba dentes

e faz todas | as outras operaccedilotildees que diz

respeito | a esta arte com a maior

perfeiccedilatildeo|| Os pobres seratildeo tratados

gratuita- | mente

- 05 de fevereiro de 1867 Satildeo Paulo

Correio Paulistano

NA CASA GARRAUX || LARGO DA SEacute

|| Encontra-se os artigos seguintes ||Papel

para desenho || Papel de luto || Papel de

peso || Papel almasso || Papel florete ||

264

Papel Hollanda || Papel de phantasia ||

Papel de cartas || Envelppes brancos ||

Enveloppes de cores || Enveloppes de luto

|| Enveloppes commerciaes || Enveloppes

forrados de panno || Cartotildees de visita ||

Ditos para casamentos || Tinteiro de vidro

|| Tinteiro de crystal || Tinteiro de bronze ||

Tinteiro ricos de phantasia || Pennas de

accedilo de varias qualidades || Pennas de ave

|| Sinetas || Canivetes || Pacas de cortar

papel || Lacre || Obreiras || Imagens ||

Quadros de devoccedilatildeo || Desenhos || Albuns

para desenhos || Aacutelbuns para photographia

|| Quadros para photographia || Carteiras ||

Estojos de viagem || Caixas de perfumaria

|| Caixas de papelaria || Caixas de costura

com musica || Caixa de mathematicas ||

Caixas de tintas || Tintas de escrever ||

Livro de direito || Livros de litteratura ||

Livros de devoccedilatildeo || Livros de educaccedilatildeo ||

Livros de homœopathia || Livros de

missa || Horas Marianas || Livros de luxo

para presentes || Objectos de phantasia

para presentes || Lapis || Baralho de cartas

|| Baralhos de cartas de phantasia ||

Bengallas || Livros para apontamentos ||

Stereoscopos || Folhinhas do anno || Pastas

|| E muito mais objectos || Grande

sortimento de papel pintado | para forrar

casas fabricados em Paris | desde 500 reacuteis

a peccedila para cima | Guarniccedilatildeo roda-peacute

paisagens etc | Esta casa recebe

directamente da Europa todos seus livors e

265

mercado- | rias e destrsquoarte poacutede offerecer

aacutes pessoas que a Ella se dirigem

considera- | veis vantagens

PALAVRA HOMEOPHATICOS

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

homeo- elem comp do gr homoios da

mesma natureza igual semelhante que

se documenta em alguns compostos

introduzidos a partir do seacutec XIX na

linguagem cientiacutefica internacional ()

homeopatico | -thico 1858 ()

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

homeopaacutetico adj 1 Relativo ou

pertencente agrave homeopatia [Antocircn

alopaacutetico] 2 fig Muito pequeno iacutenfimo

insignificante

PERIOacuteDICO

DATA

E

- 26 de maio de 1872 Campinas Gazeta

de Campinas

Medicamentos Homeopathicos|No

266

CIDADE DE ORIGEM estabelecimento do Roso amp Filho em

liquidaccedilatildeo aacute rua do Commercio nuacutemero

45 encontra-se sempre grande sortimento

destes medicamentos em tinturas

globulos e opodeldoc de Bryonia Rhux

para rheumatismo do laboratoio do doutor

Cochrane amp Pinho do Rio de Janeiro

bem assim livros homeopathicos

- 21 de agosto de 1852 Aurora

Paulistana Satildeo Paulo

Mudanccedila de Domicilio | O consultoacuterio

homœeopathico de Can- | dido Ribeiro

dos Santos mudou-se da | rua da Freira

para a rua da Cruz Preta | nuacutemero 30 na

casa onde morou o Doutor Joatildeo

Nepomuceno de Souza Freire No mes- |

mo consultorio acha-se aacute venda boticas |

homœopathicas

- 15 de outubro de 1852 Satildeo Paulo

Aurora Paulistana

- 31 de outubro de 1852 Satildeo Paulo

Aurora Paulistana

267

HOMŒOPATHIA PURA | RUA

DIREITA NUacuteMERO 17 | O medico-

cirurgiatildeo Joseacute Maria de | Souza tem a

honra de declarar a to- | das aquellas

pessoas que quizeres | honrar com sua

confianccedila que elle se | acha novamente

residindo nesta ci- | dade rua Direita

nuacutemero 17 onde continuacutea | a exercer a sua

profissatildeo pelo syste- | ma homœopathico

e onde seraacute encon- | trado a qualquer hora

do dia ou da | noite O annunciante

tambem arran- | ca lima e chumba dentes

e faz todas | as outras operaccedilotildees que diz

respeito | a esta arte com a maior

perfeiccedilatildeo|| Os pobres seratildeo tratados

gratuita- | mente

PALAVRA HYGIENE

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

higiene Sf conhecimento da ou praacutetica

relativa agrave manutenccedilatildeo da sauacutede ciecircncia

sanitaacuteria ext limpeza asseio | hyg- 1844

| do fr Hygiegravene deriv Do gr Hygieneacute

substantivaccedilatildeo do fem de hygienoacutes satildeo

que tem sauacutede

268

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

higiene Sf 1 Ciecircncia que visa agrave

preservaccedilatildeo da sauacutede e agrave prevenccedilatildeo de

doenccedilas 2 fig limpeza asseio

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 01 de fevereiro de 1888 Campinas

Diaacuterio de Campinas

PRODUCTOS DE J-P

LAROZE||APROVADOS||pela junta de

Hygiena do Brasil||2 RUA DES LIONS-

SAINT-PAUL 2 PARIS||Xarope

Depurativo| de Casca de Laranja amarga

aos | Ioduretos de Potassio| contra

escrephulosas cancerosas syphiliticas

tumores brancos da agrura do sangue

etc| Xarope Ferruginoso| de Casca de

Laranja e Quassia amara ao | Proto-

Iodureto de Ferro| contra as cores pallidas

chlorose anemia doenccedilas de langor

rachitismo etc| Xarope Sedativo| de

Casca de Laranja amarga ao| Bromureto

de Potassio| calmante certo contra as

nevralgias a epilepsia o hysterico

insonia das crianccedilas todas as affecccedilotildees

nervosas| Deposito em todas as boas

Drogarias e Pharmacias

269

- 13 de julho de 1879 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

Essencia depurativa ferru|ginosa do doutor

A A Ribeiro|PREPARADO POR J

PASSOS EXAMINADA E

AUCTORISADA PELA

EXCELENTIacuteSSIMA JUNTA|CENTRAL

DE HYGIENE PUBLICA| Este

prodigioso medicamento o mais effi|caz

contra as molestias syphiliticas

bouba|ticas escrophulas e rheumaticas

acha-se aacute|venda no deposito abaixo|

Encarecer as virtudes desse preparo

focircra|repetir o que eacute unanimemente

proclamado|pelas mais celebres

summidades medicas|do Rio de Janeiro

Campos Nitheroy etc|Chamamos a

attenccedilatildeo do publico para o al|manak que

se distribue no nosso deposito|Uacutenico

deposito nesta capital os senhores

Fonse|Ca e Kiehl ndash Pharmacia Ypiranga ndash

rua Di|reita nuacutemero 32|Uacutenico deposito do

UNGUENTO MOREL|na mesma

pharmacia

270

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

Grande Ecircxito ha mais de 30 annos ||

XAROPE DE BLAYN || Licenciado pela

Inspectoria de Hygiene do Imperio do

Brazil || Este Medicamento de sabor

agradaacutevel | eacute adoptado pelos melhores

Meacutedicos de Paris | CONTRA |

DEFLUXOS GRIPPE TOSSE DORES

DE GARGANTA | CATARRO

PULMONAR | IRRITACcedilOtildeES do PEITO

das VIAS URINARIAS | e da BEXIGA ||

PARIS ndash Pharmacia BLAYN 8 Avenue

Victoria ndash Paris || Depositos em todas as

principaes Pharmacias

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistasno

Belleza ndash Hygiena ndash Saude ||

PERFUMARIA HERMOSA || ULTIMA

NOVIDADE PREPARADA

CONFORME OS PROCESSOS

SCIENTIFICOS OS MAIS

APERFEICcedilOADOS || Marca registrada ||

ESSecircncia HERMOSA | HERMOSA-OIL |

LOCcedilAtildeO HERMOSA | AGUA de

271

HERMOSA | HERMOSALINA | AGUA

de TOILETTE | PASTA de CEREJA |

PASTA de LIRIO | Produtos

SUPERIORES de RECOMMENDADOS

|| AJON Perfumista 62 B de Strasbourg

PARIS || DEPOSITARIOS EM Satildeo Paulo

amp VICTOR NOTHMAN amp Companhia

NAS PRINCIPAES CASAS DE

PERFUMARIAS

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

Licenciado pela Inspectoria de Hygiene

do Impeacuterio do Brazil || CAPSULAS DE

SANDALO CRITIN | de Savaresse |

Preparaccedilatildeo alguma eacute mais efficaz contra

as | MOLESTIAS SECRETAS | do que as

famosas Capsulas universalmente

recommendadas pelos Meacutedicos | Uma

caixa (com instrucccedilotildees completas para o

tratamento) cura geralmente dentro de

uma semana | EVANS SONS amp

Companhia em LIVERPOOL ndash EVANS

LESCHER amp WEBB em LONDRES |

DEPOSITOS EM TODAS AS

PRINCIPAES PHARMACIAS

272

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

VERDAEIROS GRAtildeOS DE SAUDE DO

DoutoR FRENCK || LICENCIADOS

PELA INSPECTORIA GERAL DE

HYGIENE DO IMPERIO DO BRAZIL ||

Aparientes Estomachinos Purgativos

Depurativos | Contra a Falta de appetite a

Obstruccedilatildeo a Enxaqueca as Vertigems |

as congestotildees etc ndash Dose ordinaria 1 2

aacute 3 gratildeos || Desconfiar as falsificaccedilotildees ndash

Exigir o rotulo junto imprimido em

frencez | e com letras de 4 cores sendo |

cada letra de uma cocircr differente e | O

Sello da Uniatildeo dos Fabricantes | Em

Pariz Pharmacia Leroy ndash Depoacutesitos em

todas as principaes pharmacias

PALAVRA HYGIENICO(A)

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

higiene Sf conhecimento da ou preacutetica

relativa agrave manutenccedilatildeo da sauacutede ciecircncia

sanitaacuteria ext limpeza asseio | hyg- 1858

| do fr Hygieacutenique ()

273

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

higiecircnico adj 1 Referente agrave higiene 2

propiacutecio agrave sauacutede 3 limpo asseado

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 01 de janeiro de 1899 Satildeo Paulo A

Notiacutecia

LYCEU PAULISTA| Rua Santa Luzia

7|e Rua Bonita nuacutemero 4| proximo a Rua

Concelheiro Furtado| CAIXA POSTAL

271 - Satildeo Paulo| Este conhecido collegio

funcciona em um predio vasto e

hygienico Instrucccedilatildeo primaria e

secundaria completa Corpo docente

escrupulosamente escolhido Prepara

alumnos para as academias e para o

commercio Remettem-se prospectos

|Entrada dos internos no dia 15 de

Janeiro| Reabertura das aulas no dia 16 de

Janeiro|O DIRECTOR| JG

Vanderveiken

- 05 de julho de 1887 Satildeo Paulo Correio

Paulista

274

Alcatratildeo de Guyot|Gordon de Guyot

Purifica o sangue augmenta o apetite

levanta as forccedilas e eacute efficaz|em todas as

doenccedilas dos pulmocirces catarrhas da bexiga

e|affecccedilocirces das mucosas|O Alcatracirco de

Guyot foi experimentado som vantagem

real nos|principatildees hospitatildees de Franccedila

da Beacutelgica e Espanha|Durante os calocircres

e em tempo epidemico eacute uma

bebida|hygienica e preservadora Um soacute

vidro basta para preparar doze|litras

drsquouma bebida salutarissima|O Alcatracirco de

Guyot Authentico eacute vendido em vidras

trazendo|na rotulo e com trez cores a

assgnatura|Venda a varejo na mor parte

das pharmacias Fabricaccedilatildeo em atacado

Casa L Frere

PALAVRA HYPOPHOSPHITO

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

hip(o)-sup1 elem Comp() do gr Hypo- de

hypoacute debaixo de em posiccedilatildeo inferior

ocorre em varios compostos jaacute formados

no proacuteprio grego como hypoacutetese por

275

exemplo e muitiacutessimos outros formados

nas liacutenguas modernas() foi e continua

sendo de extraordinaacuteria vitalidade na

formaccedilatildeo de compostos eruditos

particularmente na linguagem de medicina

(onde ele ocorre em vocaacutebulos que

indicam a deficiecircncia de uma atividade

orgacircnica) e da quiacutemica (onde ele aparece

designando aacutecidos - e os sais

correspondentes - que possuem um grau

inferior de oxidaccedilatildeo) () hipophosphito |

hypophosphito 1858 ()

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

hipofosfito SEM REGISTRO

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 05 de julho de 1887 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

Tonico|Fevrifugo|Regenerador|vinho do

doutor johanno Quina Coca Extracto de

Carne e Hypophosphito|Recommendatildeo-

no nos casos que necessitatildeo toacutenicos

para|reconstruir e regenerar o organismo

arruinado por molestias|excessos

natureza do clima anemia chlorosis

276

amenorrhea cachxia|fluxo branco que

tanto arruinatildeo a saude das mulheres

pobreza de|sangue fraqueza geral

debilidade etc|H Vivien Droguista 50

Boulevard de Strasboug em Paris

PALAVRA HYSTERIA

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

hister(o) elem Comp do gr Hysteacutera

uacutetero que se documenta em alguns vocs

Formados no proacuteprio grego como

histeacuterico por exemplo e em vaacuterios outros

introduzidos a partir do seacutec XIX na

linguagem cientiacutefica internacional () |

histeria 1858

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

histeria Sf psiq Afecccedilatildeo mental cujos

sistemas se baseiam em conversatildeo e

caracterizada por falta de controle sobre

atos e emoccedilotildees ansiedade sentido

moacuterbido de autoconsciecircncia exagero do

efeito de impressotildees sensoriais e por

simulaccedilatildeo de diversas doenccedilas

277

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

CURA CERTA DAS MOLESTIAS

NERVOSAS | Epilepsia ndash Hysteria |

Choreatilde | Hystero-Epilepsia | Molestias do

Cerebro | e do Espinhaccedilo | Diabetes

assucarado || PELO || XAROPE DE

HENRY MURE || com Bromureto de

Potassium chimicamente puro || BOM

EXITO VERIFICADO POR 15 ANNOS

DE EXPERIENCIAS | NOS HOSPITAES

DE PARIS | Uma Noticia muito

importante seraacute dirigida a quem a pedir |

HENRY MURE em Pont-St-Esprit

(Franccedila)|| Deposito em todas as principaes

Pharmacias

PALAVRA HYSTERICO

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

hister(o) elem Comp do gr Hysteacutera

uacutetero que se documenta em alguns vocs

Formados no proacuteprio grego como

histeacuterico por exemplo e em vaacuterios outros

introduzidos a partir do seacutec XIX na

linguagem cientiacutefica internacional ()

278

histerico || hy- 1844 ()

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

histeacuterico adj 1 relativo agrave ou proacuteprio da

histeria 2 que a tem 3 Pop Irritadiccedilo

zangadiccedilo nervoso sm 4 aquele que

tem ou mostra histeria

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 01 de fevereiro de 1888 Campinas

Diaacuterio de Campinas

PRODUCTOS DE J-P

LAROZE||APROVADOS||pela junta de

Hygiena do Brasil||2 RUA DES LIONS-

SAINT-PAUL 2 PARIS||Xarope

Depurativo| de Casca de Laranja amarga

aos | Ioduretos de Potassio| contra

escrephulosas cancerosas syphiliticas

tumores brancos da agrura do sangue

etc| Xarope Ferruginoso| de Casca de

Laranja e Quassia amara ao | Proto-

Iodureto de Ferro| contra as cores pallidas

chlorose anemia doenccedilas de langor

rachitismo etc| Xarope Sedativo| de

Casca de Laranja amarga ao| Bromureto

de Potassio| calmante certo contra as

nevralgias a epilepsia o hysterico

insonia das crianccedilas todas as affecccedilotildees

279

nervosas| Deposito em todas as boas

Drogarias e Pharmacias

PALAVRA LEPRA

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

Lepra Sf lsquoinfecccedilatildeo crocircnica produzida or

bacilo especiacutefico (o bacilo de Hansen)rsquo

XV Do lat Lepra ndashae deriv Do Gr

lepra ndashas ()

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

Lepra sf 1 patol Infecccedilatildeo crocircnica

devida a uma microbacteacuteria

(Mycobacterium leprae) descrita em 1874

por Gerhard Armauer Hansen (1841-

1912) meacutedico norueguecircs ()

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 20 de julho de 1887 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

280

Syfilis Adquirida ou Hereditaacuteria em todo

os periodos accidentes segundarios|e

terciaacuterios que resultatildeo drsquoella Ulceraccedilatildeo

da bocca e da garganta|gommas

exostoses carie dos ossos rheumatismos

ulceras impotencia etc etc|Scrofulas

viacutecios do sangue molestias da pelle

(Dartres ecleacutemas lepra | herpes)- Cura

certa raacutepida e radical pelos celebres

BISCOUTOS|DEPURATIVOS do

DrsquoOLLIVIER o mais poderoso anti-

syphilitico e|receitado haacute mais de 60

annos pelos mais illustrados

profissionaes|eacute o unico remedio no

mundo inteiro approvado pela Academia

de|Medicina de Paris unico premiado

com Recompensa Nacional de 24000|

Francos||Deposito Geral 62 Rua de

Rivali Paris| Em Satildeo Paulo Martins

Labre amp Companhia

- 11 de abril de 1889 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

syfilis Adquirida ou Hereditaacuteria em todo

os periodos accidentes segundarios e|

terciaacuterios que resultatildeo drsquoella Ulceraccedilatildeo

da bocca e da garganta Gommas|

Exostoses Carie dos ossos

281

Rheumatismos Ulceras Impotencia etc

etc|Scrofulas Viacutecios do Sangue

Molestias da pelle (Dartres Eczeacutemas

Lepra | Herpes)- Cura certa raacutepida e

radical pelos celebres biscoutos

depurativos|do drsquoollivier o mais poderoso

anti-syphilitico e receitado haacute mais de 60

annos| pelos mais illustrados

profissionaes|eacute o unico remedio no

mundo inteiro| Approvado pela Academia

de Medicina de Paris unico premiado

com|Recompensa Nacional de 24000

Francos|Deposito Geral 62 Rua de

Rivolli Paris| Em Satildeo Paulo Martins

Labre amp [Companhia]

- 4 de marccedilo de 1853 Satildeo Paulo Aurora

Paulistana

CURA CERTA | e em pouco tempo de

todas as enfermidades provenientes de

vicio san- | guineo como ndashescrophulas

tube[r]- | culos lepra syphylis etc etce

[ilegiacutevel] | particular as affecccediloens de

pape[ilegiacutevel] | em seu principio ||

Etienne Lagarde || Pharmaceutico e

cirurgiatildeo das faculdades | Pariz e do Rio

de Janeiro ex-preparad[o] | do Curso de

Chimica da escola de medic[i]- | na e

282

pharmacia de Poi[furo]iers membro da

s[o]- | ciedade medica da mesma cidade e

corres- | pondente de algumas sociedades

scientificas || Attenccedilacirco || A experiencia

junto aacute perseveranccedila qu[e] | hoje tem sido

meus uacutenicos guias no trata[men]- | to das

enfermidades acima mencionadas os |

caracteres horriveis que ellas apresentatildeo |

desgostos que sobrevem as pessoas que

satildeo de | las attacadas deviatildeo naturalmente

attrahir | attenccedilatildeo de todo o homem amigo

da huma- | nidade || Antigamente estas

enfermidades se consi- | deravatildeo com um

principio contagioso o que | obrigava os

doentes a buscar longe das povo- | accedilotildees

uma morada tranquilla que lhes permi- |

tisse esperar com paciencia a hora que [o]

| Creador tivesse determinado para pocircr

term[]| a todos os seus soffrimentos hoje

porem assim | natildeo acontece os progressos

que tem feito [a] | sciencia medica com os

numerosos trabalhos | e investigaccedilotildees da

chimica tem em fim intro- | duzido na

therapeutica e posto aacute disposiccedilatildeo | dos

homens da sciencia um meio prophilati- |

cos contra estas crueis enfermidades

fazendo | assim esperar uma prompta cura

a todos | aquelles que o quizerem abraccedilar

|| Penetrado do sentimento o mais sincero

da | philantropia do amor aacute sociedade

offereccedilo o[s] | meus recursos meacutedicos e

pharmaceuticos ad- | quiridos por um

aturado e longo estudo da na- | tureza

283

humana Ersquo pois com os medicamen- | tos

preparados por minhas proacuteprias matildeos

qu[e] | me proponho a curar a todos

aquelles que m[e] | quizerem procurar ||

Estou certo que os epithetos de ndash charlatatildeo

| e especulador ndash ser-me-hatildeo lanccedilados por

al- | guns ao lerem este meu annuncio

porem natildeo | seraacute por homens sensatos que

serei assim [ilegiacutevel] | xado O sabio

indaga consulta ouve [ilegiacutevel] | entre

voacutes (como eu creio) existe algum

rec[ilegiacutevel] | conhecimento recebei de

antematildeo toda a mi- | nha gratidatildeo || A

voacutes enfermos eu dirijo meus offereci- |

mentos eu saberei consolar-vos e talvez

da[r]- | vos a panaceacutea beneacutefica da saude

que tan[furo] | desejaes || Seja o

reconhecimento o fructo de meu[s] |

trabalhos e o uacutenico tributo que desejo

obte[r] | daquelles que me quizerem

honrar com sua[s] | consultas|| Dirijatildeo-se

ao Hotel Paulistano na rua d[e] | Satildeo

Bento nuacutemero 35

PALAVRA NEVRALGIA

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

neur(o)- nevr(o)- elem comp do gr

neur(o)- de neucircron lsquonervorsquo (ge lat

284

ETIMOLOacuteGICO nervus) que se documenta em vocs

eruditos introduzidos na linguagem

cientiacutefica internacional a partir do seacutec

XIX particularmente no domiacutenio da

medicina Natildeo haacute ao que parece

nenhuma razatildeo de ordem cientiacutefica que

justifique a oscilaccedilatildeo neu-nev-

(neurastenianevralgia) na formaccedilatildeo dos

compostos portugueses Nos vocs adiante

relacionados essa oscilaccedilatildeo fica

patenteada mas o motivo da preferecircncia

por uma das formas neu- ou nev- eacute sem

duacutevida aleatoacuterio () nevralgia 1858 cp

neuralgia ()

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

nevralgia sf med Neuralgia

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

XAROPE DE FOLLET || Sirop de Choral

Follet || E o calmante por excelencia que

supprime a dor e procura | o somno

tranquumlilo e natural nos casos de |

NEVRALGIAS ndash GOTTA ndash RHEUMA |

285

TISICA ndash FEBRES || Exigir a Firma ||

Fabrica casa FRERE 19 rua Jacob

PARIZ

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

Acalma | 8 vezes sobre 10 | Enxaquecas |

Rheumatismos | Nevralgias | do |

Estomago | da | Cabeccedila | e dos | Intestinos||

Exigir a Firma | Clertan | [assinatura] | 19

rua Jacob PARIZ | PEROLAS | DE |

TEREBENTHINA | DO DoutoR

CLERTAN | Approbaccedilatildeo da Academia |

de | Medicina de Pariz || Acalma | 8 vezes

sobre 10 | Enfermidades | do | Fiacutegado |

Caacutelculos biliarios | Catarrhos | Pulmonares

| e da | Bexiga || Exigir a Firma | Clertan |

[assinatura] | 19 rua Jacob Pariz

PALAVRA PANACEacuteA

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

pan- pant(o)- elem comp do gr

pacircnpant(o)- (cp pacircs pacircsa pacircn ndash genit

pantoacutes pases pantoacutes) lsquotudo todosrsquo que

286

se documenta em alguns vocaacutebulos

formados no proacuteprio grego como

panaceia e em muitos outros

introduzidos na linguagem cientiacutefica

internacional a partir do seacuteculo XIX ()

panaceia sf lsquoremeacutedio para todos os

malesrsquo 1813 do lat panacea ndashae deriv

do gr panaacutekeia ()

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

panaceacuteia Sf 1 remeacutedio para todos os

males 2 preparado que tem certas

propriedades gerais 3 fig Recursos se

nenhum valor empregado para remediar

dificuldades

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 4 de marccedilo de 1853 Satildeo Paulo Aurora

Paulistana

CURA CERTA | e em pouco tempo de

todas as enfermidades provenientes de

vicio san- | guineo como ndashescrophulas

tube[r]- | culos lepra syphylis etc etce

[ilegiacutevel] | particular as affecccediloens de

pape[ilegiacutevel] | em seu principio ||

Etienne Lagarde || Pharmaceutico e

cirurgiatildeo das faculdades | Pariz e do Rio

de Janeiro ex-preparad[o] | do Curso de

287

Chimica da escola de medic[i]- | na e

pharmacia de Poi[furo]iers membro da

s[o]- | ciedade medica da mesma cidade e

corres- | pondente de algumas sociedades

scientificas || Attenccedilacirco || A experiencia

junto aacute perseveranccedila qu[e] | hoje tem sido

meus uacutenicos guias no trata[men]- | to das

enfermidades acima mencionadas os |

caracteres horriveis que ellas apresentatildeo |

desgostos que sobrevem as pessoas que

satildeo de | las attacadas deviatildeo naturalmente

attrahir | attenccedilatildeo de todo o homem amigo

da huma- | nidade || Antigamente estas

enfermidades se consi- | deravatildeo com um

principio contagioso o que | obrigava os

doentes a buscar longe das povo- | accedilotildees

uma morada tranquilla que lhes permi- |

tisse esperar com paciencia a hora que [o]

| Creador tivesse determinado para pocircr

term[]| a todos os seus soffrimentos hoje

porem assim | natildeo acontece os progressos

que tem feito [a] | sciencia medica com os

numerosos trabalhos | e investigaccedilotildees da

chimica tem em fim intro- | duzido na

therapeutica e posto aacute disposiccedilatildeo | dos

homens da sciencia um meio prophilati- |

cos contra estas crueis enfermidades

fazendo | assim esperar uma prompta cura

a todos | aquelles que o quizerem abraccedilar

|| Penetrado do sentimento o mais sincero

da | philantropia do amor aacute sociedade

offereccedilo o[s] | meus recursos meacutedicos e

pharmaceuticos ad- | quiridos por um

288

aturado e longo estudo da na- | tureza

humana Ersquo pois com os medicamen- | tos

preparados por minhas proacuteprias matildeos

qu[e] | me proponho a curar a todos

aquelles que m[e] | quizerem procurar ||

Estou certo que os epithetos de ndash charlatatildeo

| e especulador ndash ser-me-hatildeo lanccedilados por

al- | guns ao lerem este meu annuncio

porem natildeo | seraacute por homens sensatos que

serei assim [ilegiacutevel] | xado O sabio

indaga consulta ouve [ilegiacutevel] | entre

voacutes (como eu creio) existe algum

rec[ilegiacutevel] | conhecimento recebei de

antematildeo toda a mi- | nha gratidatildeo || A

voacutes enfermos eu dirijo meus offereci- |

mentos eu saberei consolar-vos e talvez

da[r]- | vos a panaceacutea beneacutefica da saude

que tan[furo] | desejaes || Seja o

reconhecimento o fructo de meu[s] |

trabalhos e o uacutenico tributo que desejo

obte[r] | daquelles que me quizerem

honrar com sua[s] | consultas|| Dirijatildeo-se

ao Hotel Paulistano na rua d[e] | Satildeo

Bento nuacutemero 35

PALAVRA PHARMACEUTICO

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

farmaacutecia sf local em que se estocam e se

289

ETIMOLOacuteGICO vendem medicamentos tratado cientiacutefico

sobre os medicamentos XVII Do lat

Tard Pharmacia deriv Do gr

Pharmakeacuteia () || farmacecircutico XVII

Do lat Tard Pharmaceuticus deriv Do

gr Pharmakeutikoacutes

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

farmacecircutico Adj 1 Respeitante a

farmaacutecia sm 2 Aquele que exerce a

farmaacutecia (3) boticaacuterio

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 04 de abril de 1889 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

Capsulas|Mathey-Caylus|Preparados pelo

doutor clin Premio Montyon|As Capsulas

Mathey ndash Caylus com Envolucro delgado

de Gluten natildeo fatigatildeo|nunca o estomago e

satildeo recommendadas pelos Professores das

Faculdades de|Medicina e os Hospitaes de

Paris Londres e New-York para a|cura

raacutepida dos|Corrimentos antigos ou

recentes a Gonorrhea a Blenorrhagia a

Cystite Du|Collo o Catarrho e as Molestia

da Bexigas dos oacutergatildeos genito urinarios|

Uma explicaccedilatildeo detalhada acompanha

cada Frasco|Exigir Verdadeiras Capsulas

290

Mathey ndash Caylus de clin amp Compagnie

de|Paris que se achatildeo em casa dos

Droguistas e Pharmaceuticos

- 4 de marccedilo de 1853 Satildeo Paulo Aurora

Paulistana

CURA CERTA | e em pouco tempo de

todas as enfermidades provenientes de

vicio san- | guineo como ndashescrophulas

tube[r]- | culos lepra syphylis etc etce

[ilegiacutevel] | particular as affecccediloens de

pape[ilegiacutevel] | em seu principio ||

Etienne Lagarde || Pharmaceutico e

cirurgiatildeo das faculdades | Pariz e do Rio

de Janeiro ex-preparad[o] | do Curso de

Chimica da escola de medic[i]- | na e

pharmacia de Poi[furo]iers membro da

s[o]- | ciedade medica da mesma cidade e

corres- | pondente de algumas sociedades

scientificas || Attenccedilacirco || A experiencia

junto aacute perseveranccedila qu[e] | hoje tem sido

meus uacutenicos guias no trata[men]- | to das

enfermidades acima mencionadas os |

caracteres horriveis que ellas apresentatildeo |

desgostos que sobrevem as pessoas que

satildeo de | las attacadas deviatildeo naturalmente

attrahir | attenccedilatildeo de todo o homem amigo

da huma- | nidade || Antigamente estas

291

enfermidades se consi- | deravatildeo com um

principio contagioso o que | obrigava os

doentes a buscar longe das povo- | accedilotildees

uma morada tranquilla que lhes permi- |

tisse esperar com paciencia a hora que [o]

| Creador tivesse determinado para pocircr

term[]| a todos os seus soffrimentos hoje

porem assim | natildeo acontece os progressos

que tem feito [a] | sciencia medica com os

numerosos trabalhos | e investigaccedilotildees da

chimica tem em fim intro- | duzido na

therapeutica e posto aacute disposiccedilatildeo | dos

homens da sciencia um meio prophilati- |

cos contra estas crueis enfermidades

fazendo | assim esperar uma prompta cura

a todos | aquelles que o quizerem abraccedilar

|| Penetrado do sentimento o mais sincero

da | philantropia do amor aacute sociedade

offereccedilo o[s] | meus recursos meacutedicos e

pharmaceuticos ad- | quiridos por um

aturado e longo estudo da na- | tureza

humana Ersquo pois com os medicamen- | tos

preparados por minhas proacuteprias matildeos

qu[e] | me proponho a curar a todos

aquelles que m[e] | quizerem procurar ||

Estou certo que os epithetos de ndash charlatatildeo

| e especulador ndash ser-me-hatildeo lanccedilados por

al- | guns ao lerem este meu annuncio

porem natildeo | seraacute por homens sensatos que

serei assim [ilegiacutevel] | xado O sabio

indaga consulta ouve [ilegiacutevel] | entre

voacutes (como eu creio) existe algum

rec[ilegiacutevel] | conhecimento recebei de

292

antematildeo toda a mi- | nha gratidatildeo || A

voacutes enfermos eu dirijo meus offereci- |

mentos eu saberei consolar-vos e talvez

da[r]- | vos a panaceacutea beneacutefica da saude

que tan[furo] | desejaes || Seja o

reconhecimento o fructo de meu[s] |

trabalhos e o uacutenico tributo que desejo

obte[r] | daquelles que me quizerem

honrar com sua[s] | consultas|| Dirijatildeo-se

ao Hotel Paulistano na rua d[e] | Satildeo

Bento nuacutemero 35

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

Medico e pharmaceutico | Doutorr

Ulysses Cruz || com longa pratica de

hospitaes e for- | mado em ambas as

faculdades de medi- | cina do Brazil eacute

encontrado em seu con- | sultorio na rua

do Thezouro nuacutemero 9 | sobrado do meio

dia as 3 da tar- | de e sua residecircncia para o

largo do | Arouche nuacutemero 39 ||

ESPECIALIDADE || Molestias

decrianccedilas de senhoras da | pelle e

shyphiliticas Gratis aos pobres

293

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

Gotta Rheumatismo Dores | Soluccedilatildeo do

Doutor Clin | Laureado da Faculdade de

Medicina de Paris ndash Premio Montyon ||

A Verdadeira Soluccedilatildeo Clin ao Salicylato

de Soda emprega-se para curar | AS

Affecccedilotildees Rheumatismaes agudas e

chronicas o Rheumatismo gottoso | as

Dores articulares e musculares e todas as

vezes que eacute necessario calmar os |

soffrimentos occasionados por estas

molestias || A Verdadeira Soluccedilatildeo Clin eacute

o melhor remeacutedio contra o Rheumatismo

| a Gotta e as Dores || Uma explicaccedilatildeo

detalhada acompanha cada frasco || Exigir

a Verdadeira Soluccedilatildeo de Clin amp

Companhia de PARIS que se encontra

em | casa dos Droguistas e

Pharmaceuticos

PALAVRA PHARMACIA

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

farmaacutecia sf local em que se estocam e se

vendem medicamentos tratado cientiacutefico

sobre os medicamentos XVII Do lat

294

Tard Pharmacia deriv Do gr

Pharmakeacuteia ()

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

farmaacutecia Sf1 parte da farmacologia que

trata da maneira de preparar caracterizar e

conservar os medicamentos 2

estabelecimento onde se preparam e

vendem medicamentos 3 Profissatildeo do

farmacecircutico 4 Coleccedilatildeo de

medicamentos 5 Conjunto de

medicamentos que se tecircm em casa num

coleacutegio numa reparticcedilatildeo etc para uso no

tratamento de leves indisposiccedilotildees ou em

primeiros socorros

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 15 de dezembro de 1898 Satildeo Paulo A

Notiacutecia

Pharmacia Saotilde Bento| Attendendo a crise

em que atravessamos e em vista das

difficuldades que tenho lutado para os

meus recebimentos resolvi para poder

attender as exigencias dos meus

fornecedores e tambem para poder

continuar [ ] vender a praso aos meos bons

295

freguezes deminuir o praso antigo de 90

dias para 60 dias desta data em diante|

Certo de que continue honrrarme com sua

freguezia anticipo agradecido e com

muita estima| Sou de Vossa Senhoria|

Amigo e [ilegiacutevel]| Francisco do Amarl

Baros

- 29 de janeiro de 1899 Satildeo Paulo A

Notiacutecia

A EMULSAtildeO DE SCOTT|de Oleo de

Figado de|Bacalhau com Hipophos|phitos

de Cal e Soda|Eacute UM REMEacuteDIO-

ALIMENTOPOR EXCELENCIA|Porque

o Oleo de Figado de Bacalhau como

alimento eacute dum valor importantissimo-

fortalece e engorda-Como remedio rico-eacute

magnifico creador d sangue assim como

um bom remedio alterante espinha dorsal

e systema osseo e a combinaccedilatildeo destes

preciosos componentes produz o melhor

reconstituinte tonico e purificador de

sangue que a sciencia medica conhece

Natildeo te rival para todas as molestias

debilitantes ha annos emprego a

Emulsatildeo de Ha mais de 20 annos que

emprego Scott e seguro contra affecccedilotildees

do em minha clinica sempre com muito

296

apparelho respiratorioe para vantagem nos

casos em que eacute combater a asthenia em

geral Diz indicada Diz o deistincto

Doutor Joseacute o illustrado Doutor Bacellar

do Rio Justino de Mello de Paranaguaacute

Grande do Sul Cautella com Imitaccedilotildees| A

venda em todas as Drogarias

Falsificaccedilotildees e Pharmacias Exija-se a

Legitima|Scott amp Bowne Chimicos New

York EUA

- 28 de fevereiro de 1875 Campinas A

Mocidade

NOVA||PHARMACIA CAMPINENSE||

31 - Rua do Commercio - 31||Tendo este

estabelecimento recebido um grande

sortimento de drogas acha-[s]e em

condicccedilotildees de satisfazer quaesquer

pedidos e receituarios medicos que lhe

forem dirigidos| Garante-se a boa

qualidade das drogas e promptidatildeo nas

remessas que lhe forem pedidas

esperando por isso a concorrencia do

respeitavel publico

297

- 01 de fevereiro de 1888 Campinas

Diaacuterio de Campinas

PRODUCTOS DE J-P

LAROZE||APROVADOS||pela junta de

Hygiena do Brasil||2 RUA DES LIONS-

SAINT-PAUL 2 PARIS||Xarope

Depurativo| de Casca de Laranja amarga

aos | Ioduretos de Potassio| contra

escrephulosas cancerosas syphiliticas

tumores brancos da agrura do sangue

etc| Xarope Ferruginoso| de Casca de

Laranja e Quassia amara ao | Proto-

Iodureto de Ferro| contra as cores pallidas

chlorose anemia doenccedilas de langor

rachitismo etc| Xarope Sedativo| de

Casca de Laranja amarga ao| Bromureto

de Potassio| calmante certo contra as

nevralgias a epilepsia o hysterico

insonia das crianccedilas todas as affecccedilotildees

nervosas| Deposito em todas as boas

Drogarias e Pharmacias

- 01 de fevereiro de 1888 Campinas

Diaacuterio de Campinas

298

O Elixir alimenticio Ducro e muito

agradavel ao paladar e as pessoas a quem

mais repugnam os aimentos o tomam ateacute

por gosto| Eacute um tonico poderosissimo

aconselhado para as mulheres e a crianccedilas

delicadas os velhos os convalescentes em

que desperta o appetite e restabelece as

forccedilas| Convem sobretudo nos paizes

quentes onde as forccedilas diminuem pela

transpiraccedilatildeo e onde se esta sujeito a

molestias contagiosas - Para mais

detalhes leia-se o prospecto que

acompanha cada vidro| Pariz 20 Place

des Vosges|| E EM TODAS AS

PHARMACIAS

- 13 de julho de 1879 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

Essencia depurativa ferru|ginosa do doutor

A A Ribeiro|PREPARADO POR J

PASSOS EXAMINADA E

AUCTORISADA PELA

EXCELENTIacuteSSIMA JUNTA|CENTRAL

DE HYGIENE PUBLICA| Este

prodigioso medicamento o mais effi|caz

contra as molestias syphiliticas

bouba|ticas escrophulas e rheumaticas

299

acha-se aacute|venda no deposito abaixo|

Encarecer as virtudes desse preparo

focircra|repetir o que eacute unanimemente

proclamado|pelas mais celebres

summidades medicas|do Rio de Janeiro

Campos Nitheroy etc|Chamamos a

attenccedilatildeo do publico para o al|manak que

se distribue no nosso deposito|Uacutenico

deposito nesta capital os senhores

Fonse|Ca e Kiehl ndash Pharmacia Ypiranga

ndash rua Di|reita nuacutemero 32|Uacutenico deposito

do UNGUENTO MOREL|na mesma

pharmacia

- 05 de julho de 1887 Satildeo Paulo Correio

Paulista

Alcatratildeo de Guyot|Gordon de Guyot

Purifica o sangue augmenta o apetite

levanta as forccedilas e eacute efficaz|em todas as

doenccedilas dos pulmocirces catarrhas da bexiga

e|affecccedilocirces das mucosas|O Alcatracirco de

Guyot foi experimentado som vantagem

real nos|principatildees hospitatildees de Franccedila

da Beacutelgica e Espanha|Durante os calocircres

e em tempo epidemico eacute uma

bebida|hygienica e preservadora Um soacute

vidro basta para preparar doze|litras

drsquouma bebida salutarissima|O Alcatracirco de

300

Guyot Authentico eacute vendido em vidras

trazendo|na rotulo e com trez cores a

assgnatura|Venda a varejo na mor parte

das pharmacias Fabricaccedilatildeo em atacado

Casa L Frere

- 07 de julho de 1887 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

Cura Certa das Molestias Nervosas

Epilepsia-Hysteria Molestias do Cerebro e

do Espinhaccedilo|Choreatilde Diabete Assucarado

Hystero-Epilepsia Xarope de Henry Bom

exito verificado por 15 annos de

experiencia nos Hos|pitaes de Paris|Uma

notiacutecia muito importante seraacute dirigida a

quem a pedir| depositos em todas as

principaes Pharmacias

- 4 de marccedilo de 1853 Satildeo Paulo Aurora

Paulistana

CURA CERTA | e em pouco tempo de

todas as enfermidades provenientes de

vicio san- | guineo como ndashescrophulas

301

tube[r]- | culos lepra syphylis etc etce

[ilegiacutevel] | particular as affecccediloens de

pape[ilegiacutevel] | em seu principio ||

Etienne Lagarde || Pharmaceutico e

cirurgiatildeo das faculdades | Pariz e do Rio

de Janeiro ex-preparad[o] | do Curso de

Chimica da escola de medic[i]- | na e

pharmacia de Poi[furo]iers membro da

s[o]- | ciedade medica da mesma cidade e

corres- | pondente de algumas sociedades

scientificas || Attenccedilacirco || A experiencia

junto aacute perseveranccedila qu[e] | hoje tem sido

meus uacutenicos guias no trata[men]- | to das

enfermidades acima mencionadas os |

caracteres horriveis que ellas apresentatildeo |

desgostos que sobrevem as pessoas que

satildeo de | las attacadas deviatildeo naturalmente

attrahir | attenccedilatildeo de todo o homem amigo

da huma- | nidade || Antigamente estas

enfermidades se consi- | deravatildeo com um

principio contagioso o que | obrigava os

doentes a buscar longe das povo- | accedilotildees

uma morada tranquilla que lhes permi- |

tisse esperar com paciencia a hora que [o]

| Creador tivesse determinado para pocircr

term[]| a todos os seus soffrimentos hoje

porem assim | natildeo acontece os progressos

que tem feito [a] | sciencia medica com os

numerosos trabalhos | e investigaccedilotildees da

chimica tem em fim intro- | duzido na

therapeutica e posto aacute disposiccedilatildeo | dos

homens da sciencia um meio prophilati- |

cos contra estas crueis enfermidades

302

fazendo | assim esperar uma prompta cura

a todos | aquelles que o quizerem abraccedilar

|| Penetrado do sentimento o mais sincero

da | philantropia do amor aacute sociedade

offereccedilo o[s] | meus recursos meacutedicos e

pharmaceuticos ad- | quiridos por um

aturado e longo estudo da na- | tureza

humana Ersquo pois com os medicamen- | tos

preparados por minhas proacuteprias matildeos

qu[e] | me proponho a curar a todos

aquelles que m[e] | quizerem procurar ||

Estou certo que os epithetos de ndash charlatatildeo

| e especulador ndash ser-me-hatildeo lanccedilados por

al- | guns ao lerem este meu annuncio

porem natildeo | seraacute por homens sensatos que

serei assim [ilegiacutevel] | xado O sabio

indaga consulta ouve [ilegiacutevel] | entre

voacutes (como eu creio) existe algum

rec[ilegiacutevel] | conhecimento recebei de

antematildeo toda a mi- | nha gratidatildeo || A

voacutes enfermos eu dirijo meus offereci- |

mentos eu saberei consolar-vos e talvez

da[r]- | vos a panaceacutea beneacutefica da saude

que tan[furo] | desejaes || Seja o

reconhecimento o fructo de meu[s] |

trabalhos e o uacutenico tributo que desejo

obte[r] | daquelles que me quizerem

honrar com sua[s] | consultas|| Dirijatildeo-se

ao Hotel Paulistano na rua d[e] | Satildeo

Bento nuacutemero 35

303

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

Mosquitos || PERCEVEJOS PULGAS

ETC || desapparecem infallivemente com

o uso | do bem conhecido e verdadeiro 60

6 | || Orsquo DA PERSIA || Chegou nova

remessa aacute || Pharmacia Ypiranga ||

Nuacutemero 25 ndash RUA DIREITA ndash Nuacutemero

25 || EM || SAtildeO PAULO || Preccedilo de um

pacote 1$000 || A duacutezia 9$000 || Cada

pacote do verdadeiro Poacute da | Peacutersia leva

detalhada ex- | plicaccedilatildeo de seu uso ||

Remette-se para o interior

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

VINHO || Tonico-Nutritivo || DEFRESNE

|| Com Peptons (Carne assimilavel) ||

FERRO E LACTO-PHOSPHATO DE

CAL NATURAES || Sendo o Vinho

Defresne drsquoum gosto | delicioso tambem

eacute o unico reconsti- | tuinte natural e

completo || Eacute o mais precioso de todos os

tonicos sob a sua influencia desvanecem-

se os | accindentes febris renasce o

304

appetite forta- | lecem-se os musculos e

voltam as forccedilas || Emprega-se com ecircxito

contra a inappe- | tencia os crescimentos

raacutepidos com ra- | lecoenccedilas molestias de

estomago a | anemia e [ilegiacutevel] ||

DEFRESNE Fornecedor dos Hospitaes

Paris || E todas as Pharmacias

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

LINIMENTO GEacuteNEAU || Para os

CAVALLOS || SUPRESSAtildeO do FOGO |

e da QUEDA do PELLO ||MARCA DE

FABRICA || SUBSTITUE || o FOGO ||

em || todas as suas || APPLICACcedilOtildeES || A

cura faz-se com a matildeo em 3 minutos |

sem dor e sem cortar nem raspar o pello

|| Pharmia GEacuteNEAU 275 Rua St-

Honoreacute PARIS | E EM TODAS AS

PHARMACIAS

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

Grande Ecircxito ha mais de 30 annos ||

305

XAROPE DE BLAYN || Licenciado pela

Inspectoria de Hygiene do Imperio do

Brazil || Este Medicamento de sabor

agradaacutevel | eacute adoptado pelos melhores

Meacutedicos de Paris | CONTRA |

DEFLUXOS GRIPPE TOSSE DORES

DE GARGANTA | CATARRO

PULMONAR | IRRITACcedilOtildeES do PEITO

das VIAS URINARIAS | e da BEXIGA ||

PARIS ndash Pharmacia BLAYN 8 Avenue

Victoria ndash Paris || Depositos em todas as

principaes Pharmacias

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

CONSTIPACcedilOtildeES e MOLESTIAS do

PEITO || XAROPE

ANTIPHOLOGISTICO BRIANT ||

PARIS Pharmacia BRIANT 150 rua de

Rivoli PARIS || As celebridades medicas

de Paris recommendatildeo ha mais de 30

annos o | XAROPE BRIANT como o

medicamento peitoral de gosto mais

agradaacutevel e | de efficacia mais certa de

Defluxos Constipaccedilotildees Catharros etc |

Este Xarope nunca [ilegiacutevel] ndash Deve-se

exigir a Brochura em nove linguas | com a

assignatura bem lisivel do inventor |

306

DEPOSITO EM TODAS AS

PRINCIPAES PHARMACIAS

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

Licenciado pela Inspectoria de Hygiene

do Impeacuterio do Brazil || CAPSULAS DE

SANDALO CRITIN | de Savaresse |

Preparaccedilatildeo alguma eacute mais efficaz contra

as | MOLESTIAS SECRETAS | do que as

famosas Capsulas universalmente

recommendadas pelos Meacutedicos | Uma

caixa (com instrucccedilotildees completas para o

tratamento) cura geralmente dentro de

uma semana | EVANS SONS amp

Companhia em LIVERPOOL ndash EVANS

LESCHER amp WEBB em LONDRES |

DEPOSITOS EM TODAS AS

PRINCIPAES PHARMACIAS

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

VERDAEIROS GRAtildeOS DE SAUDE DO

DoutoR FRENCK || LICENCIADOS

307

PELA INSPECTORIA GERAL DE

HYGIENE DO IMPERIO DO BRAZIL ||

Aparientes Estomachinos Purgativos

Depurativos | Contra a Falta de appetite a

Obstruccedilatildeo a Enxaqueca as Vertigems |

as congestotildees etc ndash Dose ordinaria 1 2

aacute 3 gratildeos || Desconfiar as falsificaccedilotildees ndash

Exigir o rotulo junto imprimido em

frencez | e com letras de 4 cores sendo |

cada letra de uma cocircr differente e | O

Sello da Uniatildeo dos Fabricantes | Em

Pariz Pharmacia Leroy ndash Depoacutesitos em

todas as principaes pharmacias

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

CURA CERTA DAS MOLESTIAS

NERVOSAS | Epilepsia ndash Hysteria |

Choreatilde | Hystero-Epilepsia | Molestias do

Cerebro | e do Espinhaccedilo | Diabetes

assucarado || PELO || XAROPE DE

HENRY MURE || com Bromureto de

Potassium chimicamente puro || BOM

EXITO VERIFICADO POR 15 ANNOS

DE EXPERIENCIAS | NOS HOSPITAES

DE PARIS | Uma Noticia muito

importante seraacute dirigida a quem a pedir |

HENRY MURE em Pont-St-Esprit

308

(Franccedila)|| Deposito em todas as principaes

Pharmacias

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

Santo JEAN de La Croix [gravura]|

AGUA | DE | MELISSA dos

CAMELITAS | BOYER | Unico successor

| dos Carmelitas | SAINTE THERESE

[gravura]| PARIS ndash 14 Rua de lrsquoAbbaye

14 ndash PARIS | EAU DES CARMES | RUE

TARANNE Nuacutemero 14 TRANSFEacuteREacuteE

14 RUE DE LrsquoABBAYE PARIS [brazatildeo]

| CONTRA | Apoplexia | Cholera | Enjocirco

do mar | Faltos | Coacutelicas | Indigestotildees |

Febre amarella etc | Ler o prospecto no

qual vai envolvido | cada vidro || Deve-se

exigir o letreiro branco e preto | em todos

os vidros | seja qual focircr o tamanho |

Desconfiar | AS | FALSIFICACcedilOtildeES | e |

Exigir a assignatura | de | [assinatura] |

DEPOSITO EM TODAS AS

PHARMACIAS | DO Universo

309

PALAVRA PHOSPHATO

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

foacutesforo sm orig substacircncia que

resplandece que brilha ne escuro 1813

palito provido de uma cabeccedila composta

de foacutesfora e outras substacircncias quiacutemicas

que se inflamam quando atritadas num

superfiacutecie aacutespera | phosphoro 1860 |

(Quim) elemento quiacutemico natildeo metaacutelico

de nuacutemero atocircmico 15 | phosphoro 1844 |

do lat phosphorus deriv do gr

phosphoacuteros (lt phos luz + -phoroacutes que

conduz) () fosfato | phosph- 1858 | do

fr phosphat voc introduzidona linguagem

cientiacutefica internacional em 1787 pelo

francecircs de Morveu

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

fosfato SmQuiacutem Qualquer sal do aacutecido

fosfoacuterico

PERIOacuteDICO

DATA

E

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

VINHO || Tonico-Nutritivo || DEFRESNE

310

CIDADE DE ORIGEM || Com Peptons (Carne assimilavel) ||

FERRO E LACTO-PHOSPHATO DE

CAL NATURAES || Sendo o Vinho

Defresne drsquoum gosto | delicioso tambem

eacute o unico reconsti- | tuinte natural e

completo || Eacute o mais precioso de todos os

tonicos sob a sua influencia desvanecem-

se os | accindentes febris renasce o

appetite forta- | lecem-se os musculos e

voltam as forccedilas || Emprega-se com ecircxito

contra a inappe- | tencia os crescimentos

raacutepidos com ra- | lecoenccedilas molestias de

estomago a | anemia e [ilegiacutevel] ||

DEFRESNE Fornecedor dos Hospitaes

Paris || E todas as Pharmacias

PALAVRA PROPHILATICO

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

profilaxia Sf lsquoemprego de meios para

evitar doenccedilasrsquo | prophilaxia 1873 | do fr

prophilaxie deriv do lat cient

prophylaxis e este do gr prophyacutelaxis

lsquoprecauccedilatildeorsquo || profilaacutetico | prophilactico

1858 | do fr prophylactiqque do gr

prophylaktikoacutes

311

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

profilaacutectico Adj 1 relativo a profilaxia

2 preservativo preventivo

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 4 de marccedilo de 1853 Satildeo Paulo Aurora

Paulistana

CURA CERTA | e em pouco tempo de

todas as enfermidades provenientes de

vicio san- | guineo como ndashescrophulas

tube[r]- | culos lepra syphylis etc etce

[ilegiacutevel] | particular as affecccediloens de

pape[ilegiacutevel] | em seu principio ||

Etienne Lagarde || Pharmaceutico e

cirurgiatildeo das faculdades | Pariz e do Rio

de Janeiro ex-preparad[o] | do Curso de

Chimica da escola de medic[i]- | na e

pharmacia de Poi[furo]iers membro da

s[o]- | ciedade medica da mesma cidade e

corres- | pondente de algumas sociedades

scientificas || Attenccedilacirco || A experiencia

junto aacute perseveranccedila qu[e] | hoje tem sido

meus uacutenicos guias no trata[men]- | to das

enfermidades acima mencionadas os |

caracteres horriveis que ellas apresentatildeo |

desgostos que sobrevem as pessoas que

satildeo de | las attacadas deviatildeo naturalmente

attrahir | attenccedilatildeo de todo o homem amigo

da huma- | nidade || Antigamente estas

312

enfermidades se consi- | deravatildeo com um

principio contagioso o que | obrigava os

doentes a buscar longe das povo- | accedilotildees

uma morada tranquilla que lhes permi- |

tisse esperar com paciencia a hora que [o]

| Creador tivesse determinado para pocircr

term[]| a todos os seus soffrimentos hoje

porem assim | natildeo acontece os progressos

que tem feito [a] | sciencia medica com os

numerosos trabalhos | e investigaccedilotildees da

chimica tem em fim intro- | duzido na

therapeutica e posto aacute disposiccedilatildeo | dos

homens da sciencia um meio prophilati- |

cos contra estas crueis enfermidades

fazendo | assim esperar uma prompta cura

a todos | aquelles que o quizerem abraccedilar

|| Penetrado do sentimento o mais sincero

da | philantropia do amor aacute sociedade

offereccedilo o[s] | meus recursos meacutedicos e

pharmaceuticos ad- | quiridos por um

aturado e longo estudo da na- | tureza

humana Ersquo pois com os medicamen- | tos

preparados por minhas proacuteprias matildeos

qu[e] | me proponho a curar a todos

aquelles que m[e] | quizerem procurar ||

Estou certo que os epithetos de ndash charlatatildeo

| e especulador ndash ser-me-hatildeo lanccedilados por

al- | guns ao lerem este meu annuncio

porem natildeo | seraacute por homens sensatos que

serei assim [ilegiacutevel] | xado O sabio

indaga consulta ouve [ilegiacutevel] | entre

voacutes (como eu creio) existe algum

rec[ilegiacutevel] | conhecimento recebei de

313

antematildeo toda a mi- | nha gratidatildeo || A

voacutes enfermos eu dirijo meus offereci- |

mentos eu saberei consolar-vos e talvez

da[r]- | vos a panaceacutea beneacutefica da saude

que tan[furo] | desejaes || Seja o

reconhecimento o fructo de meu[s] |

trabalhos e o uacutenico tributo que desejo

obte[r] | daquelles que me quizerem

honrar com sua[s] | consultas|| Dirijatildeo-se

ao Hotel Paulistano na rua d[e] | Satildeo

Bento nuacutemero 35

PALAVRA RACHITISMO

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

raqui(o)- elem Comp do gr Raacutechis

espinha dorsal espinha vertebral que se

documenta em alguns compostos

introduzidos na linguagem cientiacutefica

internacional a partir do seacutec XIX ()

raquitismo 1858

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

raquitismo S m 1 Patol Doenccedila da

infacircncia produzida por distuacuterbiosdo

metabolismo do caacutecio e do foacutesforo por

efeito de carecircncia de vitamina D e que se

manifesta sobretudo por alteraccedilotildees e

deformidades do esqueleto ()

314

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 01 de fevereiro de 1888 Campinas

Diaacuterio de Campinas

PRODUCTOS DE J-P

LAROZE||APROVADOS||pela junta de

Hygiena do Brasil||2 RUA DES LIONS-

SAINT-PAUL 2 PARIS||Xarope

Depurativo| de Casca de Laranja amarga

aos | Ioduretos de Potassio| contra

escrephulosas cancerosas syphiliticas

tumores brancos da agrura do sangue

etc| Xarope Ferruginoso| de Casca de

Laranja e Quassia amara ao | Proto-

Iodureto de Ferro| contra as cores pallidas

chlorose anemia doenccedilas de langor

rachitismo etc| Xarope Sedativo| de

Casca de Laranja amarga ao| Bromureto

de Potassio| calmante certo contra as

nevralgias a epilepsia o hysterico

insonia das crianccedilas todas as affecccedilotildees

nervosas| Deposito em todas as boas

Drogarias e Pharmacias

PALAVRA RHEUMA

315

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

reuma sf (Patol) fluxo de humor catarral

ou aquoso | XVII rreyma XIV | Do lat

Rheuma deriv Do gr Rheucircma ndashatos

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

reuma sf patol Fluxo de humor catarral

ou aquoso [Var reima]

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

XAROPE DE FOLLET || Sirop de Choral

Follet || E o calmante por excelencia que

supprime a dor e procura | o somno

tranquumlilo e natural nos casos de |

NEVRALGIAS ndash GOTTA ndash RHEUMA |

TISICA ndash FEBRES || Exigir a Firma ||

Fabrica casa FRERE 19 rua Jacob

PARIZ

PALAVRA RHEUMATICAS

316

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

reuma sf (Patol) fluxo de humor catarral

ou aquoso | XVII rreyma XIV | Do lat

Rheuma deriv Do gr Rheucircma -atos ()

reumaacutetico 1813 do lat Tard

Rheumaticus deriv Do Gr rheumatikoacutes

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

Reumaacutetico Adj 1 relativo a reuma 2

reumatismal 3 que sofre de reumatismo

sm 4 indiviacuteduo que sofre de

reumatismo

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 13 de julho de 1879 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

Essencia depurativa ferru|ginosa do doutor

A A Ribeiro|PREPARADO POR J

PASSOS EXAMINADA E

AUCTORISADA PELA

EXCELENTIacuteSSIMA JUNTA|CENTRAL

DE HYGIENE PUBLICA| Este

prodigioso medicamento o mais effi|caz

contra as molestias syphiliticas

bouba|ticas escrophulas e rheumaticas

acha-se aacute|venda no deposito abaixo|

Encarecer as virtudes desse preparo

317

focircra|repetir o que eacute unanimemente

proclamado|pelas mais celebres

summidades medicas|do Rio de Janeiro

Campos Nitheroy etc|Chamamos a

attenccedilatildeo do publico para o al|manak que

se distribue no nosso deposito|Uacutenico

deposito nesta capital os senhores

Fonse|Ca e Kiehl ndash Pharmacia Ypiranga ndash

rua Di|reita nuacutemero 32|Uacutenico deposito do

UNGUENTO MOREL|na mesma

pharmacia

PALAVRA RHEUMATISMAES

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

reuma sf (Patol) fluxo de humor catarral

ou aquoso | XVII rreyma XIV | Do lat

Rheuma deriv Do gr Rheucircma -atos ()

reumatismo 1813 Do lat tard

Rheumatismus deriv do gr

rheumatismoacutes

REUMATIMAIS SEM REGISTRO

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

reumatismal Adj 2 g relativo ao ou da

natureza do reumatismo reumaacutetico

318

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

Gotta Rheumatismo Dores | Soluccedilatildeo do

Doutor Clin | Laureado da Faculdade de

Medicina de Paris ndash Premio Montyon ||

A Verdadeira Soluccedilatildeo Clin ao Salicylato

de Soda emprega-se para curar | AS

Affecccedilotildees Rheumatismaes agudas e

chronicas o Rheumatismo gottoso | as

Dores articulares e musculares e todas as

vezes que eacute necessario calmar os |

soffrimentos occasionados por estas

molestias || A Verdadeira Soluccedilatildeo Clin eacute

o melhor remeacutedio contra o Rheumatismo

| a Gotta e as Dores || Uma explicaccedilatildeo

detalhada acompanha cada frasco || Exigir

a Verdadeira Soluccedilatildeo de Clin amp

Companhia de PARIS que se encontra

em | casa dos Droguistas e

Pharmaceuticos

PALAVRA RHEUMATISMO

319

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

reuma sf (Patol) fluxo de humor catarral

ou aquoso | XVII rreyma XIV | Do lat

Rheuma deriv Do gr Rheucircma -atos ()

reumatismo 1813 Do lat tard

Rheumatismus deriv do gr

rheumatismoacutes

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

reumatismo Sm designaccedilatildeo imprecisa

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 26 de maio de 1872 Campinas Gazeta

de Campinas

Medicamentos Homeopathicos|No

estabelecimento do Roso amp Filho em

liquidaccedilatildeo aacute rua do Commercio nuacutemero

45 encontra-se sempre grande sortimento

destes medicamentos em tinturas

globulos e opodeldoc de Bryonia Rhux

para rheumatismo do laboratoio do

doutor Cochrane amp Pinho do Rio de

Janeiro bem assim livros homeopathicos

- 20 de julho de 1887 Satildeo Paulo Correio

320

Paulistano

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

Syfilis Adquirida ou Hereditaacuteria em todo

os periodos accidentes segundarios|e

terciaacuterios que resultatildeo drsquoella Ulceraccedilatildeo

da bocca e da garganta|gommas

exostoses carie dos ossos

rheumatismos ulceras impotencia etc

etc|Scrofulas viacutecios do sangue molestias

da pelle (Dartres ecleacutemas lepra |

herpes)- Cura certa raacutepida e radical pelos

celebres BISCOUTOS|DEPURATIVOS

do DrsquoOLLIVIER o mais poderoso anti-

syphilitico e|receitado haacute mais de 60

annos pelos mais illustrados

profissionaes|eacute o unico remedio no

mundo inteiro approvado pela Academia

de|Medicina de Paris unico premiado

com Recompensa Nacional de 24000|

Francos||Deposito Geral 62 Rua de

Rivali Paris| Em Satildeo Paulo Martins

Labre amp Companhia

- 03 de janeiro de 1889 Satildeo Paulo

Correio Paulistano

321

Grande descoberta|O maior sucesso da

eacutepoca que atravessaacutemos eacute a descoberta do

prodigioso vegetal cujo vegetal em si a

acccedilatildeo maravilhosa de destruir todos os

virus de syphilitico A descoberta deste

remedio que eacute Vegetal Por|Excellencia eacute

a verdadeira Maravilha Do Seculo XIX

Os saacutebios|estudos de muitos annos e as

sucessivas experiecircncias do illustrado e

intelligente|senhor M Morato deram em

resultado que o grande remedio pura

exclusiva|e unicamente vegetal a que deu

o nome de ldquoExilir depurativo de M

Moratordquo|cura completa e rapidamente toda

syphilis curo o rheumatismo com

uma|felicidade espantosa cura a asthma

e usado convenientemente tem com |

espanto de centenas de pessoas curado o

terrivel mas a|Morphegravea |A grande

descoberta deste explendoroso remeacutedio eacute

a felicidade da|humanidade eacute o passo

mais gigantesco dado na medicina

Procurar ldquoExilir|depurativo de M

Moratordquo propagado por Doutor

Carlos|Agente Depositaacuterio Em Satildeo

Paulo|Peixoto Estella amp Companhia|Rua

de Satildeo Bento nuacutemero 11| Preccedilos|20 Exilir

ndash frasco 5$000 Duzia 50$000

322

- 11 de abril de 1889 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

syfilis Adquirida ou Hereditaacuteria em todo

os periodos accidentes segundarios e|

terciaacuterios que resultatildeo drsquoella Ulceraccedilatildeo

da bocca e da garganta Gommas|

Exostoses Carie dos ossos

Rheumatismos Ulceras Impotencia etc

etc|Scrofulas Viacutecios do Sangue

Molestias da pelle (Dartres Eczeacutemas

Lepra | Herpes)- Cura certa raacutepida e

radical pelos celebres biscoutos

depurativos|do drsquoollivier o mais poderoso

anti-syphilitico e receitado haacute mais de 60

annos| pelos mais illustrados

profissionaes|eacute o unico remedio no

mundo inteiro| Approvado pela Academia

de Medicina de Paris unico premiado

com|Recompensa Nacional de 24000

Francos|Deposito Geral 62 Rua de

Rivolli Paris| Em Satildeo Paulo Martins

Labre amp [Companhia]

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

Acalma | 8 vezes sobre 10 | Enxaquecas |

323

Rheumatismos | Nevralgias | do |

Estomago | da | Cabeccedila | e dos | Intestinos||

Exigir a Firma | Clertan | [assinatura] | 19

rua Jacob PARIZ | PEROLAS | DE |

TEREBENTHINA | DO DoutoR

CLERTAN | Approbaccedilatildeo da Academia |

de | Medicina de Pariz || Acalma | 8 vezes

sobre 10 | Enfermidades | do | Fiacutegado |

Caacutelculos biliarios | Catarrhos | Pulmonares

| e da | Bexiga || Exigir a Firma | Clertan |

[assinatura] | 19 rua Jacob Pariz

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

Gotta Rheumatismo Dores | Soluccedilatildeo do

Doutor Clin | Laureado da Faculdade de

Medicina de Paris ndash Premio Montyon ||

A Verdadeira Soluccedilatildeo Clin ao Salicylato

de Soda emprega-se para curar | AS

Affecccedilotildees Rheumatismaes agudas e

chronicas o Rheumatismo gottoso | as

Dores articulares e musculares e todas as

vezes que eacute necessario calmar os |

soffrimentos occasionados por estas

molestias || A Verdadeira Soluccedilatildeo Clin eacute

o melhor remeacutedio contra o Rheumatismo

| a Gotta e as Dores || Uma explicaccedilatildeo

detalhada acompanha cada frasco || Exigir

324

a Verdadeira Soluccedilatildeo de Clin amp

Companhia de PARIS que se encontra

em | casa dos Droguistas e

Pharmaceuticos

PALAVRA THERAPEUTICA

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

terapecircutica sf lsquoparte da medicina que

estuda e potildee em praacutetica os meios

adequados para aliviar o curar doenccedilasrsquo |

the- XIX | do fr theacuterapeutique deriv do

lat tard therapeutica e este do gr

therapeutikeacute de therapeacuteuo lsquoeu curorsquo ()

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO COMUM

terapecircutica sf parte da medicina que

estuda e potildee em praacutetica os meios

adequados para aliviar ou curar os

doentes terapia ()

PERIOacuteDICO

DATA

- 4 de marccedilo de 1853 Satildeo Paulo Aurora

Paulistana

325

E

CIDADE DE ORIGEM

CURA CERTA | e em pouco tempo de

todas as enfermidades provenientes de

vicio san- | guineo como ndashescrophulas

tube[r]- | culos lepra syphylis etc etce

[ilegiacutevel] | particular as affecccediloens de

pape[ilegiacutevel] | em seu principio ||

Etienne Lagarde || Pharmaceutico e

cirurgiatildeo das faculdades | Pariz e do Rio

de Janeiro ex-preparad[o] | do Curso de

Chimica da escola de medic[i]- | na e

pharmacia de Poi[furo]iers membro da

s[o]- | ciedade medica da mesma cidade e

corres- | pondente de algumas sociedades

scientificas || Attenccedilacirco || A experiencia

junto aacute perseveranccedila qu[e] | hoje tem sido

meus uacutenicos guias no trata[men]- | to das

enfermidades acima mencionadas os |

caracteres horriveis que ellas apresentatildeo |

desgostos que sobrevem as pessoas que

satildeo de | las attacadas deviatildeo naturalmente

attrahir | attenccedilatildeo de todo o homem amigo

da huma- | nidade || Antigamente estas

enfermidades se consi- | deravatildeo com um

principio contagioso o que | obrigava os

doentes a buscar longe das povo- | accedilotildees

uma morada tranquilla que lhes permi- |

tisse esperar com paciencia a hora que [o]

| Creador tivesse determinado para pocircr

term[]| a todos os seus soffrimentos hoje

porem assim | natildeo acontece os progressos

que tem feito [a] | sciencia medica com os

numerosos trabalhos | e investigaccedilotildees da

chimica tem em fim intro- | duzido na

326

therapeutica e posto aacute disposiccedilatildeo | dos

homens da sciencia um meio prophilati- |

cos contra estas crueis enfermidades

fazendo | assim esperar uma prompta cura

a todos | aquelles que o quizerem abraccedilar

|| Penetrado do sentimento o mais sincero

da | philantropia do amor aacute sociedade

offereccedilo o[s] | meus recursos meacutedicos e

pharmaceuticos ad- | quiridos por um

aturado e longo estudo da na- | tureza

humana Ersquo pois com os medicamen- | tos

preparados por minhas proacuteprias matildeos

qu[e] | me proponho a curar a todos

aquelles que m[e] | quizerem procurar ||

Estou certo que os epithetos de ndash charlatatildeo

| e especulador ndash ser-me-hatildeo lanccedilados por

al- | guns ao lerem este meu annuncio

porem natildeo | seraacute por homens sensatos que

serei assim [ilegiacutevel] | xado O sabio

indaga consulta ouve [ilegiacutevel] | entre

voacutes (como eu creio) existe algum

rec[ilegiacutevel] | conhecimento recebei de

antematildeo toda a mi- | nha gratidatildeo || A

voacutes enfermos eu dirijo meus offereci- |

mentos eu saberei consolar-vos e talvez

da[r]- | vos a panaceacutea beneacutefica da saude

que tan[furo] | desejaes || Seja o

reconhecimento o fructo de meu[s] |

trabalhos e o uacutenico tributo que desejo

obte[r] | daquelles que me quizerem

honrar com sua[s] | consultas|| Dirijatildeo-se

ao Hotel Paulistano na rua d[e] | Satildeo

327

Bento nuacutemero 35

PALAVRA TISICA

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

tiacutesico adj sm que ou aquele que sofre de

tiacutesica XVII Do lat tard phthisius deriv

do gr phthisikoacutes ()

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

tiacutesica sfpatol Tuberculose [qv]

pulmonar especilmente na fase

consuntiva heacutectica()

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 27 de Janeiro de 1888 Campinas

Diaacuterio de Campinas

Tisica pulmonar||Grande descoberta

indigena|Estaacute mais que reconhecido que o

infallivel medicamento contra a tisica e o

EXTRACTO FLUIDO DE BOCAGY o

qual foi muito bem aceito em Madrid

como estatildeo fazendo continuadamente

pedidos para a Hepanha e em todas as

328

provncias do imperio tendo feito curas

importantes em qualquer grau que estaja a

tisica| Remete-se qualquer encommenda

mandando o dinheiro| Preccedilos de cada|

garrafa10$000|| Os pedidos satildeo dirigidos

aos senhores Oliveira amp Lima em Santa

Cruz do Rio Pardo

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

XAROPE DE FOLLET || Sirop de Choral

Follet || E o calmante por excelencia que

supprime a dor e procura | o somno

tranquumlilo e natural nos casos de |

NEVRALGIAS ndash GOTTA ndash RHEUMA |

TISICA ndash FEBRES || Exigir a Firma ||

Fabrica casa FRERE 19 rua Jacob

PARIZ

PALAVRA TONICO

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

tom Sm tensatildeo tono altura de um som

329

ETIMOLOacuteGICO tonalidade | XIV toom XV | do lat Tonus

-i deriv Do gr Toacutenos muacutesculo tendatildeo

tendatildeo intensidade forccedila energia tensatildeo

de uma corda som de instrumento ()

tocircnico adj relativo ao tom tonifica ou daacute

energia diz-se do elemento que recebe o

acento de intensidade 1858 do fr

tonique deriv do gr tonikoacutes ()

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

tocircnico Adj 1 relativo a som (1) 2 que

tonifica ou daacute energia 3 gram Diz-se do

elemento (vogal siacutelaba) que recebe acento

de intensidade ou icto sm4

medicamento ou cosmeacutetico tocircnico

revigorante

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 29 de janeiro de 1899 Satildeo Paulo A

Notiacutecia

A EMULSAtildeO DE SCOTT|de Oleo de

Figado de|Bacalhau com Hipophos|phitos

de Cal e Soda|Eacute UM REMEacuteDIO-

ALIMENTOPOR EXCELENCIA|Porque

o Oleo de Figado de Bacalhau como

alimento eacute dum valor importantissimo-

fortalece e engorda-Como remedio rico-eacute

magnifico creador de sangue assim como

330

um bom remedio alterante espinha dorsal

e systema osseo e a combinaccedilatildeo destes

preciosos componentes produz o melhor

reconstituinte tonico e purificador de

sangue que a sciencia medica conhece

Natildeo te rival para todas as molestias

debilitantes ha annos emprego a

Emulsatildeo de Ha mais de 20 annos que

emprego Scott e seguro contra affecccedilotildees

do em minha clinica sempre com muito

apparelho respiratorioe para vantagem nos

casos em que eacute combater a asthenia em

geral Diz indicada Diz o deistincto

Doutor Joseacute o illustrado Doutor Bacellar

do Rio Justino de Mello de Paranaguaacute

Grande do Sul Cautella com Imitaccedilotildees| A

venda em todas as Drogarias

Falsificaccedilotildees e Pharmacias Exija-se a

Legitima|Scott amp Bowne Chimicos New

York EUA

- 01 de fevereiro de 1888 Campinas

Diaacuterio de Campinas

O Elixir alimenticio Ducro e muito

agradavel ao paladar e as pessoas a quem

mais repugnam os aimentos o tomam ateacute

por gosto| Eacute um tonico poderosissimo

aconselhado para as mulheres e a crianccedilas

331

delicadas os velhos os convalescentes em

que desperta o appetite e restabelece as

forccedilas| Convem sobretudo nos paizes

quentes onde as forccedilas diminuem pela

transpiraccedilatildeo e onde se esta sujeito a

molestias contagiosas - Para mais

detalhes leia-se o prospecto que

acompanha cada vidro| Pariz 20 Place

des Vosges|| E EM TODAS AS

PHARMACIAS

- 05 de julho de 1887 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

Tonico|Fevrifugo|Regenerador|vinho do

doutor johanno Quina Coca Extracto de

Carne e Hypophosphito|Recommendatildeo-

no nos casos que necessitatildeo toacutenicos

para|reconstruir e regenerar o organismo

arruinado por molestias|excessos

natureza do clima anemia chlorosis

amenorrhea cachxia|fluxo branco que

tanto arruinatildeo a saude das mulheres

pobreza de|sangue fraqueza geral

debilidade etc|H Vivien Droguista 50

Boulevard de Strasboug em Paris

332

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

VINHO || Tonico-Nutritivo || DEFRESNE

|| Com Peptons (Carne assimilavel) ||

FERRO E LACTO-PHOSPHATO DE

CAL NATURAES || Sendo o Vinho

Defresne drsquoum gosto | delicioso tambem

eacute o unico reconsti- | tuinte natural e

completo || Eacute o mais precioso de todos os

tonicos sob a sua influencia

desvanecem-se os | accindentes febris

renasce o appetite forta- | lecem-se os

musculos e voltam as forccedilas || Emprega-

se com ecircxito contra a inappe- | tencia os

crescimentos raacutepidos com ra- | lecoenccedilas

molestias de estomago a | anemia e

[ilegiacutevel] || DEFRESNE Fornecedor dos

Hospitaes Paris || E todas as Pharmacias

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

VINHO EMINENTEMENTE TONICO||

Unico | approvado pela Academia | de

Medicina de Pariz || Quinium Labarraque

|| Fabrica | Casa L Frere 19 rua Jacob |

PARIZ | FEBIFUGO E FORIFICANTE

333

  • LEacuteXICO DISCURSO E PROJETO DE NACcedilAtildeO
    • AGRADECIMENTOS
    • RESUMO
    • ABSTRACT
    • Sumaacuterio
    • Introduccedilatildeo
    • 1 Metodologia
    • 2 Linguagem como distintivo de humanidade
      • 21 Investigaccedilotildees relativas agrave linguagem
      • 22 O Leacutexico da Liacutengua Portuguesa
      • 23 Projeto de naccedilatildeo portuguecircs para Portugal
        • 3 A importacircncia da imprensa no processo civilizatoacuterio
          • 31 A imprensa e a disseminaccedilatildeo de discursos
            • 4 Desejo de ascensatildeo
            • 5 Nomenclatura especializada e a disseminaccedilatildeo das tecnologias na sociedade
            • 6 Projeto de uma naccedilatildeo brasileira
            • 7 Passos mecacircnicos
              • 71 Arte mecacircnica
              • 72 Dono de seu proacuteprio tempo
                • 8 Para garantir a vida
                • 9 Conclusotildees
                • 10 Bibliografia
                • 11 Apecircndices

3

Autorizo a reproduccedilatildeo e divulgaccedilatildeo total ou parcial deste trabalho por qualquer meio

convencional ou eletrocircnico para fins de estudo e pesquisa desde que citada a fonte

Catalogaccedilatildeo na Publicaccedilatildeo

Serviccedilo de Biblioteca e Documentaccedilatildeo

Faculdade de Filosofia Letras e Ciecircncias Humanas da Universidade de Satildeo Paulo

Silva Brian Galdino da

Ss1l LEacuteXICO DISCURSO E PROJETO DE NACcedilAtildeO Brian

Galdino da Silva orientador Manuel Mourivaldo

Santiago Almeida - Satildeo Paulo 2019

333 f

Dissertaccedilatildeo (Mestrado)- Faculdade de Filosofia

Letras e Ciecircncias Humanas da Universidade de Satildeo

Paulo Departamento de Letras Claacutessicas e

Vernaacuteculas Aacuterea de concentraccedilatildeo Filologia e Liacutengua

Portuguesa

1 Estudo do leacutexico 2 Anaacutelise do criacutetica do

discurso 3 Projeto de naccedilatildeo no Brasil do seacutec XIX

4 Tecnologia e neologismo 5 Medicina e

neologismo I Almeida Manuel Mourivaldo Santiago

orient II Tiacutetulo

UNIVERSIDADE DE SAtildeO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA LETRAS E CIEcircNCIAS HUMANAS

ENTREGA DO EXEMPLAR CORRIGIDO DA DISSERTACcedilAtildeOTESE

Termo de Ciecircncia e Concordacircncia do (a) orientador (a)

Nome do (a) aluno (a) Brian Galdino da Silva

Data da defesa 06082019

Nome do Prof (a) orientador (a) Manoel Mourivaldo Santiago Almeida

Nos termos da legislaccedilatildeo vigente declaro ESTAR CIENTE do conteuacutedo deste EXEMPLAR

CORRIGIDO elaborado em atenccedilatildeo agraves sugestotildees dos membros da comissatildeo Julgadora na

sessatildeo de defesa do trabalho manifestando-me plenamente favoraacutevel ao seu

encaminhamento e publicaccedilatildeo no Portal Digital de Teses da USP

Satildeo Paulo 11112019

___________________________________________________

(Assinatura do (a) orientador (a)

4

Nome SILVA Brian Galdino da

Tiacutetulo Leacutexico Discurso e Projeto de Naccedilatildeo

Dissertaccedilatildeo apresentada ao Departamento

de Letras Claacutessicas e Vernaacuteculas da

Faculdade de Filosofia Letras e Ciecircncias

Humanas da Universidade de Satildeo Paulo

para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de mestre em

liacutengua portuguesa

Aprovado em

Banca Examinadora

Prof Dr___________________________

Julgamento _______________________

Prof Dr __________________________

Julgamento _______________________

Prof Dr __________________________

Julgamento _______________________

Instituiccedilatildeo ________________________

Assinatura ________________________

Instituiccedilatildeo ________________________

Assinatura ________________________

Instituiccedilatildeo ________________________

Assinatura ________________________

5

AGRADECIMENTOS

Agrave Faculdade de Filosofia Letras e Ciecircncias Humanas que formou o profissional que eu

sempre sonhei ser e onde eu conheci muitos dos amigos que trago comigo ateacute os dias de

hoje desde a graduaccedilatildeo

Ao Prof Dr Emilio Gozze Pagotto com quem tive minha primeira e segunda

experiecircncia em pesquisas e que me incentivou a continuar pesquisando

Ao Prof Dr Manoel Mourivaldo Santiago Almeida que aceitou me orientar nessa

empreitada

Agrave minha esposa minha Iaiaacute amada por quem e com quem vivo e meu filho Eros o

melhor presente que minha esposa jaacute me deu na vida que sempre estiveram comigo

dando a forccedila que eu precisava nos momentos em que pensei que natildeo conseguiria

Aos meus amigos que juntamente com minha famiacutelia estavam sempre disponiacuteveis para

me dar um empurratildeo em especial a Tatiana Malheiro que me ajudou a levantar nas

vaacuterias vezes em que caiacute minha irmatilde a quem admiro e amo

6

RESUMO

SILVA B G da Leacutexico Discurso e Projeto de Naccedilatildeo 2019 Dissertaccedilatildeo (Mestrado)

ndash Faculdade de Filosofia Letras e Ciecircncias Humanas Universidade de Satildeo Paulo Satildeo

Paulo 2019

Este trabalho teve como meta levantar entradas lexicais gregas na liacutengua portuguesa que

foram adotadas por nomearem artefatos tecnoloacutegicos inventados e postos em uso no

seacuteculo XIX no Brasil As tecnologias assim como artigos ligados a medicina e cultura

procuraram durante o seacuteculo XIX no grego antigo lexemas de base grega para dar

nomes agraves novidades Tendo como corpus anuacutencios de jornais da eacutepoca faremos o

possiacutevel para analisar criticamente os discursos que acompanharam esses empreacutestimos

para que possamos compor um mapa social e consequentemente esclarecer questotildees

quanto ao processo civilizatoacuterio brasileiro e seu projeto de naccedilatildeo

Palavras-chave Helenismo Anaacutelise Criacutetica do Discurso Civilizaccedilatildeo

7

ABSTRACT

SILVA B G da Lexicon Discourse and Nation Project 2019 Dissertaccedilatildeo

(Mestrado) ndash Faculdade de Filosofia Letras e Ciecircncias Humanas Universidade de Satildeo

Paulo Satildeo Paulo 2019

This work has as its goal to raise lexicais gregas entries in Portuguese language that

foram added by nomearem invented technological artifacts and posts in use no seculo

XIX no Brazil The technologies as well as articles linked to medicine and culture

sought during the 19th century in Ancient Greek for lexemes of greek base to give

name to new things We have as corpus advertisements of the day of the epoch we will

do the possible to critically analyze the speeches that accompany these loans so that we

have a social map and consequently clarify question about the Brazilian civilization

process and their national project

Keywords Hellenism Critical Discourse Analysis Civilization

8

Sumaacuterio Introduccedilatildeo 9

1 Metodologia16

2 Linguagem como distintivo de humanidade 18

21 Investigaccedilotildees relativas agrave linguagem 21

22 O Leacutexico da Liacutengua Portuguesa 25

23 Projeto de naccedilatildeo portuguecircs para Portugal 31

3 A importacircncia da imprensa no processo civilizatoacuterio 38

31 A imprensa e a disseminaccedilatildeo de discursos 445

4 Desejo de ascensatildeo 48

5 Nomenclatura especializada e a disseminaccedilatildeo das tecnologias na sociedade 50

6 Projeto de uma naccedilatildeo brasileira 55

7 Passos mecacircnicos 59

71 Arte mecacircnica 75

72 Dono de seu proacuteprio tempo 82

8 Para garantir a vida 91

9 Conclusotildees 109

10 Bibliografia 111

101 Bibliografia online 116

11 Apecircndices 117

111 Lexemas ligados agrave cultura 118

112 Lexemas ligados agraves tecnologias 145

113 Lexemas ligados agrave sauacutede 222

9

Introduccedilatildeo

A histoacuteria da humanidade eacute marcada por sequecircncias de descobertas e invenccedilotildees

que impulsionaram as revoluccedilotildees porque passamos ateacute nos encontrarmos nesta realidade

de e do agora Olhar criticamente para os momentos dessas passagens de eras nos faz

entender alguns porquecircs dos dias atuais Muitas satildeo as perspectivas com relaccedilatildeo ao quecirc

devemos chamar de civilizado afinal depende da perspectiva de quem estaacute adjetivando

Para noacutes neste trabalho eacute interessante que tenhamos como paradigma aquelas que

tenham como fio condutor uma linha mais eurocecircntrica tanto para concordarmos

quanto para discordarmos e criticarmos porque como poderatildeo perceber na leitura desta

dissertaccedilatildeo a influecircncia que estudaremos eacute europeia Perceber que cada degrau

alcanccedilado pela humanidade rumo a patamares mais civilizados da forma como eacute

comungado pela perspectiva que escolhemos se associa agrave realizaccedilatildeo de uma descoberta

ou invenccedilatildeo tecnoloacutegica eacute dar significacircncia agrave histoacuteria passada presente e quiccedilaacute

possamos trazer contribuiccedilotildees a trabalhos posteriores que leiam neste algo de relevante

Das tecnologias inventadas pela humanidade as que mais nos interessam satildeo

aquelas que se assoiciam agrave linguagem e dela fazem uso Linguagens que se desdobram

historicamente em um enorme cabedal com muacuteltiplas possibilidades visando agrave

comunicaccedilatildeo eacute o que possibilitou que os avanccedilos fossem possiacuteveis

Debruccedilamo-nos entatildeo sobre um momento da nossa histoacuteria procurando por

respostas de como chegamos noacutes brasileiros aonde chegamos e a forma como

chegamos

Esta pesquisa teve seu iniacutecio como um trabalho de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica que natildeo se

esgotou mas teve de ser finalizado em 2011 Foi utilizado para trabalho de mestrado o

corpus da pesquisa inicial mas com perspectivas mais amandurecidas do que quando

foi escrita anteriormente aleacutem de um vieacutes de anaacutelise mais apurado principalmente no

que diz respeito agraves anaacutelises dos discursos presentes no corpus

As tecnologias satildeo motores de inovaccedilotildees de avanccedilos e mudanccedilas para novos

modus vivendi Claro que nem sempre esses avanccedilos inovaccedilotildees e mudanccedilas podem ser

concebidas pelo prisma de positivaccedilatildeo mas elas satildeo inevitaacuteveis pela forma como satildeo

intruduzidas nas vidas daqueles que assistem seus nascimentos Vemos essas

10

ldquorevoluccedilotildeesrdquo tecnoloacutegicas como uma bomba Imaginemos um quandrante Quando essa

bomba eacute lanccedilada a modificaccedilatildeo campal eacute maior no lugar especiacutefico onde ocorre a

explosatildeo alterando totalmente a paisagem Contudo os arredores satildeo inevitavelmente

atingidos pelos fragmentos dessa bomba se alterando em maior ou menor grau

dependendo da distacircncia em que esse lugar se encontra em relaccedilatildeo ao ponto de impacto

Dessa forma como bem atesta RIBEIRO (2000) ldquoA cada uma dessas etapas de

progresso tecnoloacutegico Morgan faz corresponder modos particulares de organizaccedilatildeo

social e conteuacutedos especiais da visatildeo do mundo e dos corpos de crenccedila e valoresrdquo As

mudanccedilas segundo o atropoloacutego natildeo satildeo apenas na praacutetica dos trabalhos a que a

tecnologia se destina As mudanccedilas satildeo mais profundas

A perspectiva de Morgan citada por Ribeiro eacute por anos reelaborada por uns e

desdobrada por outros historiadores antropoacutelogos e arqueoacutelogos Friedrich Engels em

1884 reelaborou o esquema de Morgan tendo como base as concepccedilotildees marxistas das

formaccedilotildees econocircmico-sociais definido essas organizaccedilotildees como tipos histoacutericos de

sociedades que podem ser caracterizadas pela combinaccedilatildeo de um modo de produccedilatildeo

(tecnologia + divisatildeo do trabalho) que partilham de certa organizaccedilatildeo social com um

corpo particular de concepccedilotildees ideoloacutegicas Engels divide a evoluccedilatildeo em cinco

formaccedilotildees distintas o comunismo primitivo o escravismo o feudalismo o capitalismo

e o socialismo Este uacuteltimo como uma utopia a que poderiacuteamos alcanccedilar em certo ponto

de nossa histoacuteria

Os estudos de Marx tiveram como objeto de observaccedilatildeo as formaccedilotildees sociais

asiaacuteticas a antiga claacutessica a eslava e a germacircnica Eacute preciso notar que sua perspectiva

foi intensamente revista por ele proacuteprio e por Engels aleacutem de outros estudiosos

marxistas

Gordon Childe jaacute no seacuteculo XX com o auxiacutelio das pesquisas proliacuteferas de sua

eacutepoca no campo da arqueologia e etnologia e seguindo as linhas de Morgan mas de

certa forma contribuindo com modificaccedilotildees conceituais com as perspectivas de seu

ldquomestrerdquo estende a selvageria ateacute a Revoluccedilatildeo Neoliacutetica representada pela difusatildeo da

agricultura e do pastoreio quando se iniciaria a barbaacuterie A barbaacuterie seria divida em

duas etapas a barbaacuterie neoliacutetica e a da idade do cobre que se estenderia ateacute a

Revoluccedilatildeo Urbana que determinaria o iniacutecio da civilizaccedilatildeo Esta divida em trecircs etapas

as idades de bronze ferro e o feudalismo que se estenderia ateacute a Revoluccedilatildeo Industrial

Aleacutem desses nomes RIBEIRO (2000) ainda cita Leslie White que traz contribuiccedilotildees agrave

11

perspectiva evolucionista de Morgan e Childe Julian Steward que traz contribuiccedilotildees

assinaladas agrave teoria da evoluccedilatildeo cultural comparando as sociedades mesopotacircmica

egiacutepcia indiana chinesa peruana e meso-americana e por fim Karl Wittfogel que com

base em estudos da China e tendo como pano de fundo os conceitos desenvolvidos por

Marx faz um trabalho sobre o ldquodespotismo orientalrdquo

Assim essa sucessatildeo de revoluccedilotildees tecnoloacutegicas e processos que caminham em

direccedilatildeo a uma civilitude cada vez maior tirando o homem da condiccedilatildeo de caccediladores e

coletores que eram generalizadas encaminham o homem a formas de organizaccedilatildeo social

e formas de explicar suas experiecircncias Essas formas segundo RIBEIRO (2000) podem

ser enquadradas em imperativos comuns apesar de diferentes dependendo de cada

povo O primeiro imperativo diz respeito ao ldquocaraacuteter acumulativo do progresso

tecnoloacutegico que se desenvolve desde formas mais elementares a formas mais

complexasrdquo o segundo diz respeito quanto agraves ldquorelaccedilotildees reciacuteprocas entre o equipamento

tecnoloacutegico empregado por uma sociedade em sua atuaccedilatildeo sobre a natureza para

produzir bensrdquo obviamente isso se atrela agrave ldquomagnitude de sua populaccedilatildeo a forma de

organizaccedilatildeo das relaccedilotildees internas entre os membros ()rdquo e por fim o terceiro

imperativo se relaciona com a ldquointeraccedilatildeo entre esses esforccedilos de controle da natureza e

da ordenaccedilatildeo das relaccedilotildees humanas e a culturardquo Essas relaccedilotildees devem ser entendidas

como patrimocircnios simboacutelocos que padronizam os modos de pensar e dos saberes

manifestados de forma material ldquonos artefatos e bens expressamente atraveacutes da

conduta social e ideologicamente pela comunicaccedilatildeo simboacutelica e pela formulaccedilatildeo da

experiecircncia social em corpos de saber de crenccedilas e valoresrdquo Esses trecircs imperativos

sucintamente remetem a fatores determinantes de uma sociedade civilizada ou em vias

de civilarem-se de acordo com a perspectiva de Ribeiro A associaccedilatildeo desses trecircs

fatores tecnologia sociedade e ideoloacutegia entrelaccedilam-se de maneira indissociaacutevel Em

outras palavras esses imperativos trabalham em conjunto e conectados As etapas

evolutivas no campo da tecnologia correspondem a classificaccedilotildees fundadas em padrotildees

de organizaccedilatildeo social e a moldes de configuraccedilotildees ideoloacutegicas A relaccedilatildeo entre esses

trecircs fatores trabalha de forma a uma induzir a outra a modificar-se de acordo com sua

necessidade imediata

Para a fundaccedilatildeo de uma sociedade podemos notar alguns contingenciamentos que

conformem as culturas O primeiro diz respeito agrave condiccedilatildeo bioloacutegica humana que a

uniformiza a partir das evoluccedilotildees bioloacutegicas Em virtude desse contingenciamento as

12

culturas desenvolvem normas uniformes de orientaccedilatildeo da accedilatildeo adaptativa e meios de

como tirar de sua realidade materiais para a sobrevivecircncia e multiplicaccedilatildeo o segundo eacute

a criaccedilatildeo de pautas culturais que determinem e propiciem a ordenaccedilatildeo e interaccedilatildeo

social e por fim o contingenciamento de natureza psicoloacutegica A tudo isso sobrevem

um imperativo elementar de natureza propriamente cultural que consiste na capacidade

humana de comunicaccedilatildeo simboacutelica pois eacute atraveacutes da linguagem que todos os outros

contingenciamentos podem ser guardados como heranccedila cultural e transmitidos de

geraccedilatildeo a geraccedilatildeo Desta forma todo desenvolvimento posterior depende de

caracteriacutesticas de patrimocircnios preacute-existentes

A maneira como o Brasil foi colonizado a maneira como durante todo o tempo

que natildeo foi curto em que o Brasil foi apenas considerado uma colocircnia sendo

dilapidado explorado e posto no mapa do mundo que se dizia civilizado natildeo segue a

ordem loacutegica da evoluccedilatildeo prescrita ateacute aqui Tudo o que foi exposto nos serve como

base para que possamos repensar essa loacutegica

Apesar de tudo hoje temos uma sociedade instituiacuteda temos uma organizaccedilatildeo

poliacutetica econocircmica e cultural estruturada devido inclusive agrave forma como o que

conhecemos como Brasil foi concebido Aleacutem de tudo temos uma liacutengua que nos

disitingue e seraacute esse nosso objeto de estudo

Como eacute a partir do uso das linguagens que se transmitem as ideologias partilhadas

por uma sociedade decidimos tomar o leacutexico como ponto inicial para que pudeacutessemos

olhar para as unidades constitutivas do discurso partindo de sua menor unidade assim

como o ideaacuterio comungado pelos filoacutesofos da Era Claacutessica Grega

Consequentemente o presente trabalho pretende demostrar a importacircncia dos

lexemas de base grega para reforccedilar o discurso vigente na eacutepoca que decidimos

investigar o seacuteculo XIX em que se intensificam as intenccedilotildees que nos servem de mote

Os lexemas assim pretenderemos demonstrar serviratildeo como centros gravitacionais ao

redor dos quais se constituiratildeo os discursos que em sua totalidade carregaratildeo consigo

marcas importantes em que poderatildeo ser lidas as intensotildees dos agentes sociais

A perspectiva que adotaremos para as anaacutelises dos discursos de nosso corpus

basia-se em estudiosos que professam a Anaacutelise Criacutetica de Discurso por acreditarmos

que este vieacutes de estudo deva carregar inevitavelmente compromisso social O porquecirc

da escolha dessa vertente natildeo eacute difiacutecil de entender Trataremos de linguagem E sendo

esta uma das principais ferramentas das sociedades e da sociabilizaccedilatildeo a noacutes nos parece

13

natural que os estudos dessa mateacuteria estejam vinculados ao social BOLIacuteVAR (2003)

na introduccedilatildeo de seu artigo nos serve de apoio para o nosso ideal

ldquoLos desarrollos de los estudios del discurso han sido tan acelerados y

variados en los ultimos antildeos que abundan las publicaciones y manuales en

ingleacutes y en otras lenguas (hellip) con lo que se demuestra la consolidacioacuten de

una disciplina cuya meta fundamental es investigar sobre el papel del

lenguaje en la interaccioacuten socialrdquo

(BOLIacuteVAR 2003 p9)

Procurando assim investigar os discursos presentes no periacuteodo a que nos

propusemos aleacutem de descrever seu uso apoiados nos lexemas tentaremos trazer

subsiacutedios para explicar a construccedilatildeo de sentido Afinal de contas ldquoas explicaccedilotildees de

construccedilatildeo de significaccedilatildeo pela linguagem ajudam a entender melhor processos do tipo

cognitivo social cultural e poliacuteticordquo1 O compromisso do nosso trabalho vai para aleacutem

da simples investigaccedilatildeo do simples compromisso com a disciplina Procuraremos trazer

benefiacutecios para quem sabe melhorar a sociedade que eacute com quem temos um

compromisso muito maior por fazermos parte dela

ldquo[] Como questatildeo de meacutetodo a possibilidade de deslocar o estatuto dos

textos que historicamente foram categorizados como ldquodocumentosrdquo aqui

tomados como discurso lugar de significaccedilatildeo de confronto de sentidos de

estabelecimento de identidades de argumentaccedilatildeo etc Como uma das

finalidades sair do jaacute nomeado do interpretado e procurar entender esses

textos como discursos que produzem efeitos de sentido a serem

compreendidos nas condiccedilotildees em que apareceram e nas de hojerdquo

(ORLANDI 1990 p 18)

A disciplina Anaacutelise de Discurso nasce para que pudeacutessemos ultrapassar as

fronteiras da gramaacutetica e da semacircntica (BOLIacuteVAR 2003) com a finalidade de

incrementar o estudo com a inclusatildeo de questotildees pragmaacuteticas agraves anaacutelises Entretanto a

analista nos alerta sobre o uso da perspectiva pragmaacutetica nos estudos

1 BOLIacuteVAR (2003) traduccedilatildeo nossa

14

ldquoAun asiacute la pragmaacutetica ha mostrado ser insuficiente para ofrecer

explicaciones sobre coacutemo se construyen los significados en la interaccioacuten

social y eso se debe en gran parte el desarrollo del anaacutelisis criacutetico del

discurso Fairclough (1989 p 9) por ejemplo considera que lsquola pragmaacutetica

con frecuencia para describir el discurso como podriacutea ser en un mundo mejor

en vez de describirlo tal como esrsquordquo

(BOLIacuteVAR 2003 p 11)

Comungando da perspectiva da autora logicamente nem todos os enfoques

podem ser criacuteticos tampouco linguiacutesticos mas todas as anaacutelises devem partir do

pressuposto de que os discursos satildeo inevitavelmente sociais de conhecimento

histoacutericos e dialoacutegicos (BOLIacuteVAR 2003)

Seguindo entatildeo por essa via a anaacutelise criacutetica de discurso que pretendemos eacute

aquela que leva em consideraccedilatildeo a linguagem como praacutetica social dentro de um

contexto de uso desta mesma linguagem

Recorrendo novamente a BOLIacuteVAR (2003) que enumerou belamente os

princiacutepios gerais que regem a anaacutelise criacutetica do discurso citaremos a autora novamente

Os princiacutepios satildeo entatildeo os seguintes

1 el anaacutelisis criacutetico tiene una motivacioacuten social y aborda problemas

sociales

2 las relaciones de poder son discursivas

3 el discurso constituye la sociedad y la cultura

4 con el discurso se hace trabajo ideoloacutegico

5 el discurso es histoacuterico

6 la relacioacuten entre texto y sociedad es mediada por los oacuterdenes del

discurso y por la cognicioacuten

7 el anaacutelisis es interpretativo y explicativo

8 el discurso es una forma de accioacuten social

(BOLIacuteVAR 2003 p 16)

Assim a anaacutelise de nosso corpus vai para aleacutem do estudo dos usos lexicais mas

os relacionaremos com o discurso que pairava sobre os ares brasileiros da eacutepoca Esses

discursos seratildeo imperiosos para mudanccedilas que se iniciariam no seacuteculo XIX e que

15

somente se reforccedilariam com o passar das deacutecadas uma vez que as tecnologias avanccedilam

sem freios pelo tempo

As questotildees que moveratildeo nossa anaacutelise entatildeo satildeo as que se relacionam ao

estabelecimento de uma nova realidade no Brasil oitocentista as respostas institucionais

para dar conta das demandas sociais o investimento na ideologia utoacutepica que seria

compartilhada pela vontade de e da naccedilatildeo pelo menos pelas vozes mais audiacuteveis na

eacutepoca aleacutem do que seria preciso para que se estabelecesse uma identidade nacional no

imaginaacuterio da populaccedilatildeo brasileira desse novo Brasil que se iniciva no seacuteculo XIX

Tentaremos o tanto quanto for possiacutevel demonstrar os sentidos do que eacute dito

assim como daquilo que fica encoberto sob o manto do ldquonatildeo ditordquo que fica calado

silenciado Uma vez que o que natildeo eacute falado tambeacutem significa2

2 ORLANDI (1990) o autor destaca a importacircncia em se notar a ldquopoliacutetica do silenciardquo a qual aliaacutes

subdivide em duas formas ldquoa) O silecircncio constitutivo ou seja a parte do sentido que necessariamente

se sacrifica se apaga ao se dizer Toda fala silencia necessariamente A atividade de nomear eacute bem

ilustrativa toda denominaccedilatildeo circunscreve o sentido do nomeado rejeitando para o natildeo-sentido tudo o

que nele natildeo estaacute dito b) O silecircncio local do tipo censura e similares esse silecircncio eacute que eacute produzido ao

se proibir alguns sentido de circularem por exemplo num regime poliacutetico num grupo social

determinado de uma forma de sociedade especiacutefica etcrdquo

16

1 Metodologia

O nosso objeto de estudos se trata como dito de lexemas que adentraram a Liacutegua

Portuguesa que nomeiam artefatos ligados agraves tecnologias agraves aacutereas da medicina da

eacutepoca como medicamentos e procedimentos meacutedicos assim como lexemas ligados agrave

cultura Esses lexemas que nos servem de corpus foram levantados a partir de anuacutencios

de jornais que pudemos coletar e que foram impressos durante o seacuteculo XIX periacuteodo

em que o Brasil se torna primeiramente independente de seus colonizadores

portugueses ao menos formalmente e procurava estabelecer-se como naccedilatildeo dentro de

suas possibilidades circunstanciais

A coleta dos anuacutencios teve como ferramenta utiliacutessima a obra ldquoDiachronicardquo ldquoE

Os Preccedilos Eram Commodos ndash Anuacutencios de Jornais Brasileiros do Seacuteculo XIXrdquo

impresso no ano 2000 pela Copyright 2000 da Humanitas FFLCHSP organizada por

Marymarcia Guedes e Rosana de Andrade Berlink Nesta obra as organizadoras

dispotildeem de forma sistemaacutetica anuacutencios transcritos retirados de jornais de algumas

regiotildees do Brasil Compotildee este compecircndio 310 anuacutencios do estado da Bahia 142

anuacutencios do estado de Minas Gerais 90 anuacutencios do estado do Paranaacute 66 anuacutencios do

estado do Pernambuco 146 anuacutencios do estado do Rio de Janeiro 106 anuacutencios do

estado de Santa Catarina e 783 anuacutencios do estado de Satildeo Paulo totalizando 1643

anuacutencios impressos em jornais do seacuteculo XIX

Assim como na pesquisa de iniciaccedilatildeo cientiacutefica para que se estabelecesse um

criteacuterio para a anaacutelise que natildeo fosse tatildeo largo os anuacutencios que utilizamos foram os que

correram as matildeos dos leitores das cidades de Campinas Satildeo Paulo e Sorocaba cidades

estas em franco desenvolvimento no seacuteculo XIX devido agrave produccedilatildeo cafeeira aleacutem da

suma importacircncia histoacuterica e econocircmica dessas cidades para o estado de Satildeo Paulo e

posteriormente para o Brasil As cidades escolhidas se enquadram perfeitamente na

proposta do trabalho por figurar muito bem a dicotomia ruralurbano e o processo

civilizatoacuterio aleacutem do afatilde pela modernidade

Assim da obra de GUEDES amp BELINK foram utilizados 523 anuacutencios e a estes

foram adicionados mais 61 anuacutencios levantados a partir do site do ARQUIVO

PUacuteBLICO DO ESTADO DE SAtildeO PAULO que disponibiliza perioacutedicos digitalizados

Desses 584 anuacutencios analisados foram levantados 74 lexemas construiacutedos a partir

de raiacutezes gregas Essas 74 ocorrecircncias figuram em exatos 181 anuacutencios dos 584

17

analisados E se dividem em 42 lexemas que se ligam agrave linguagem meacutedica ou

relacionada agrave sauacutede 26 nominam objetos de tecnologia maquinal e 6 desses se

relacionam com questotildees culturais ou faziam parte das classes estritamente gramaticais

como se poderaacute notar nos apecircndices do trabalho onde estatildeo digitados todos os anuacutencios

integralmente

Apoacutes a coleta do corpus foi efetuada a anaacutelise de cada um dos lexemas de modo a

tabelaacute-los dando a conhecer o perioacutedico de onde foi extraiacutedo o anuacutencio a data em que o

anuacutencio foi publicado e a cidade de publicaccedilatildeo do jornal que serviu como veiacuteculo de

divulgaccedilatildeo assim como as entradas lexicais em dicionaacuterio etimoloacutegico e entradas em

dicionaacuterio de Liacutengua Portuguesa de modo a se ter um quadro sinoacutetico de cada um dos

lexemas que foram tomados como empreacutestimo

A isso se seguiu o estudo mais detalhado dos lexemas que deu origem aos textos

analiacuteticos que constituem o trabalho

Sobre as anaacutelises a partir do lexema presente em cada um dos anuacutencios

analisados procurou-se estabelecer a conexatildeo entre o lexema e a construccedilatildeo do discurso

dos anuacutencios que deles fezeram uso de modo a clarificar a intenccedilatildeo dessa associaccedilatildeo

nomegtnovidade tecnoloacutegicagtmodernidadegtcivilizaccedilatildeo

As escolhas para a contruccedilatildeo do texto desta dissertaccedilatildeo que lhes eacute apresentado e a

forma como foi idealizado intenta fazer dele um texto teacutecnico mas que natildeo fosse

maccedilante de ser lido e que desse algum prazer aos leitores

Trataremos de inovaccedilatildeo tecnoloacutegica Para tanto foi feito uso de inovaccedilotildees a que

noacutes temos disponibilidade como a internet por exemplo para a construccedilatildeo deste

trabalho

18

2 Linguagem como distintivo de humanidade

Quando um beletrista se propotildee a anaacutelisar sua liacutengua materna a necessidade de

por um lado analisar com paixatildeo de trabalhar com um objeto que lhe pertence por

fazer parte de um ldquosirdquo do qual eacute inseparaacutevel indissociaacutevel procurar por fina forccedila por

outro lado certo distanciamento para que se imprima em sua pesquisa certo teor de

objetividade cientiacutefica chacoalha o pesquisador de um modo que se lhe for permitido

o amalgama da objetividade cientiacutefica e subjetividade apaixonada poriam juntas cada

um dos ladrilhos que comporiam a obra final desse pesquisador que se dispotildee a

discorrer de algo que eacute tatildeo seu

Como eacute possiacutevel analisar a relaccedilatildeo loacutegica de uma liacutengua que se propotildee a nominar

coisas a partir de sua relaccedilatildeo direta com essas mesmas coisas sem levar em

consideraccedilatildeo as mais variadas accedilotildees possiacuteveis no estabelecimento dessas relaccedilotildees que

podem ser tatildeo plurais

Os mitos as crenccedilas e as religiotildees nos trazem narrativas que atribuem agrave origem

das linguagens agraves ldquoforccedilas divinas aos animais e a seres fantaacutesticos que o homem teria

imitadordquo (KRISTEVA 1969)

Quando o Deus da mitologia judaico-cristatilde terminou sua obra de construccedilatildeo da

Terra assim como a criaccedilatildeo dos animais e do homem foi dada a este a responsabilidade

pela nomeaccedilatildeo de toda a criaccedilatildeo que era divina

ldquoHavendo pois o SENHOR Deus formado da terra todos os animais do

campo e todas as aves dos ceacuteus trouxe-os ao homem para ver como este lhes

chamaria e o nome que o homem desse a todos os seres viventes esse seria

o nome deles

Deu nome o homem a todos os animais domeacutesticos agraves aves dos ceacuteus e a

todos os animais selvaacuteticos[]rdquo

(Gecircnesis II 19-20)

A citaccedilatildeo nos serve para estabelecermos a diferenccedila entre os humanos e demais

animais ainda no que diz respeito a crenccedilas e mitos que justificam a humanidade A fala

eacute atributo humano assim como a gama de tecnologias que foram desenvolvidas por

causa dela e por ela

19

A liacutengua em si eacute um ato poliacutetico pois a liacutengua eacute algo proacuteprio da humanidade e

como disse o filoacutesofo Aristoacuteteles ldquoo homem eacute um ser poliacuteticordquo Posto dessa forma

talvez seja necessaacuterio esclarecer qual a nossa percepccedilatildeo nossa leitura dessa frase neste

ponto para que natildeo haja ruiacutedo algum quando se dispuserem a ler este trabalho

Tomamos o termo ldquopoliacuteticardquo respeitando o sentido primeiro Aquele expresso por

Platatildeo quando pensou utopicamente certa organizaccedilatildeo dos homens que viviam em

comunhatildeo na polis Como sabemos essa comunhatildeo se restringia a um nicho social que

natildeo era total que natildeo assistia todos os que habitavam a Heacutelade mas uma classe bem

pequena restrita aos nativos ignorando os estrangeiros e escravos e mais do que isso as

mulheres atenienses porque foi em Atenas onde esse ideaacuterio nasceu

A vida em clatildes e tribos destoa organizacionalmente exatamente quando se passa

para o niacutevel seguinte da sociabilizaccedilatildeo Fazem-se necessaacuterias organizaccedilotildees tanto

estruturais quanto no que concerne ao mando para com outrem Poliacutetica vai aleacutem do

governo Antes se refere agrave organizaccedilatildeo dentro de uma sociedade que de certa forma eacute

de responsabilidade de todos e cada um Dessa maneira as interaccedilotildees cotidianas entre

aqueles que dividem os espaccedilos da polis satildeo atos poliacuteticos Dentro das famiacutelias as

interaccedilotildees entre pais e filhos filhos e pais filhos e filhos as ideias de paternidade

ldquofiliedaderdquo e fraternidade nada satildeo aleacutem de praacuteticas poliacuteticas que se enquadram em

determinada perspectiva de organizaccedilatildeo perspectiva essa da qual comungamos ainda

hoje devido nossa histoacuteria e heranccedila cultural

Cai-se em equiacutevoco quando se compara o ser humano com os demais animais

postos na natureza Atestamos aqui que natildeo o somos O ser humano eacute uacutenico Bem ou

mal bom ou mau estamos nessa existecircncia para procurar significaccedilatildeo e para darmos

significaccedilatildeo atraveacutes de nossas accedilotildees Mesmo que estejamos fadados uns mais que

outros ao esquecimento e que o que se fique para a posteridade seja apenas para noacutes

mesmos seres humanos por meio de nossas instituiccedilotildees idealizaccedilotildees e praacuteticas

poliacuteticas

De comunidade agrave sociedade a humanidade se construiu visando a um status que

se desejasse civilizado Cada etapa desse processo civilizatoacuterio eacute acompanhada por

tecnologias que impulsionaram o status anterior ao proacuteximo patamar Para cada salto

aleacutem uma revoluccedilatildeo tecnoloacutegica

20

ldquoPara a fundaccedilatildeo de uma sociedade eacute inevitaacutevel que notemos alguns

contingenciamentos que conformem as culturas O primeiro diz respeito agrave

condiccedilatildeo bioloacutegica humana que a uniformiza Em virtude desse

contingenciamento as culturas desenvolvem normas uniformes de orientaccedilatildeo

da ldquoaccedilatildeo adaptativardquo e meios para tirar deles materiais para a sobrevivecircncia e

multiplicaccedilatildeo da espeacutecie o segundo eacute a criaccedilatildeo de ldquopautas culturaisrdquo que

determinem e propiciem a ordenaccedilatildeo e interaccedilatildeo social e por uacuteltimo o

contingenciamento de natureza psicoloacutegica A tudo isso sobreveacutem um

imperativo elementar de natureza propriamente cultural que consiste na

capacidade humana de comunicaccedilatildeo simboacutelica pois eacute atraveacutes da linguagem

que todos os outros contingenciamentos podem ser guardados como heranccedila

cultural e transmitidos de geraccedilatildeo a geraccedilatildeo Desta forma todo

desenvolvimento posterior depende de caracteriacutesticas de patrimocircnios preacute-

existentes Com isso em mente eacute de se depreender que as culturas se

desenvolvem pela acumulaccedilatildeo de ldquocompreensotildees comuns e pelo exerciacutecio de

opccedilotildees como um desdobramento dialeacutetico das potencialidades de conduta

cultural cuja resultante eacute o fenocircmeno humano em toda a sua variedaderdquo A

possibilidade de repassar agraves novas geraccedilotildees o que se alcanccedilou

tecnologicamente na geraccedilatildeo anterior atraveacutes das linguagens eacute que possibilita

que as culturas natildeo precisem regressar agraves suas bases iniciais podendo dar

continuidade sequencial agraves tecnologias ou adaptando-as para garantir seu

desenvolvimentordquo

(SILVA 2011 p 10)

Das tecnologias idealizadas pela humanidade ao longo de sua existecircncia a mais

singular e importante para que se realizasse concretamente seu afatilde pela procura de

significaccedilatildeo sem sombra de duacutevidas foi a linguagem O desenvolvimento da fala e

consequentemente da escrita que consolida de forma mais duradoura as expressotildees do

pensamento satildeo ferramentas tecnoloacutegicas capazes de atestar a condiccedilatildeo humana por

uma via ademais essas ferramentas satildeo essenciais para que seja possiacutevel o estudo do

desenvolvimento histoacuterico da humanidade

ldquoA comunicaccedilatildeo significa o proacuteprio momento da Humanizaccedilatildeo naquele

sentido de ldquoexpressatildeo simboacutelicardquo que segundo LESLIE WHITE decorreu

do ldquoprocesso natural da evoluccedilatildeo orgacircnicardquo e conduziu agrave ldquopreservaccedilatildeo ndash

acumulaccedilatildeo e progressordquo RUTH BENEDICT refere-se a esse ldquoprocesso

essencialmente humano de inventar e transmitir suas invenccedilotildeesrdquo como um

21

fenocircmeno diretamente relacionado aos seguintes elementos culturais o

domiacutenio do fogo a linguagem e as ferramentas de pedrardquo

(MELO 1973 p 24)

Reiterando a cada passo rumo agrave civilidade dado pela humanidade de acordo com

a perspectiva eurocecircntrica acompanha uma inovaccedilatildeo tecnoloacutegica assim como a cada

revoluccedilatildeo tecnoloacutegica o ser humano daacute um passo rumo agrave civilidade Por ora natildeo

discorreremos acerca do ser bom ou ruim as inovaccedilotildees ou mesmo a necessidade humana

em e distanciar do que eacute mais natural afinal talvez seja da natureza humana a aversatildeo agrave

natureza

21 Investigaccedilotildees relativas agrave linguagem

Os estudos de pesquisadores modernos de liacutenguas antigas aquelas que natildeo

possuem registros histoacutericos materiais e a ambiccedilatildeo de determinar com propriedade uma

ldquopreacute-histoacuteriardquo3 da linguagem deram alguns frutos que apesar de interessantes ateacute

palataacuteveis natildeo puderam e natildeo podem ser tomados com propriedade por figurarem como

interessantes natildeo datildeo conta de responder a todos os questionamentos que surgiram e

que ainda surgem com relaccedilatildeo agrave gecircnese da propriedade linguiacutestica humana A falta de

material testemunhal para que se pudesse atestar com veemecircncia uma conclusatildeo impede

que esses estudos sejam categoacutericos

A questatildeo para esses estudiosos eacute haacute uma liacutengua a partir da qual todas se

desdobraram

Uma questatildeo intereressante que merece estudo mas o que nos diz respeito eacute o

uso natildeo o gecircnese

O que podemos observar quanto agrave utilidade social eacute que toda e qualquer

linguagem adquire assim que postas na vida praacutetica certa associaccedilatildeo e relaccedilatildeo com a

necessidade de correspondecircncia poliacutetica obviamente quando posta numa relaccedilatildeo menos

privada

3 Em Kristeva (1969) nesta obra eacute apresentada certa historicidade do estudo do que aqui chamamos assim

como na nessa obra ldquopreacute-histoacuteria da linguagemrdquo citando estudiosos e momentos distintos dessa investigaccedilatildeo

assim como algumas metodologias e levantamento de possibilidades

22

Para noacutes interessaratildeo as investigaccedilotildees e trabalhos realizados pelos helenos e

helenistas no que se refere agrave teorizaccedilatildeo acerca da liacutengua e linguagens pelo menos neste

primeiro momento Os gregos natildeo foram os primeiros tampouco os uacutenicos a se

debruccedilarem e investigarem os objetos linguiacutesticos Entretanto fato eacute que eles foram os

que mais influenciaram as civilizaccedilotildees que se desenvolveram no ocidente o que nos

inclui durante seacuteculos Segundo KRISTEVA (1969) ldquoEstabelecendo as bases do

raciociacutenio moderno a filosofia grega forneceu tambeacutem os princiacutepios fundamentais

segundo os quais a linguagem foi pensada ateacute nossos diasrdquo

Demoacutecrito historicamente foi o primeiro a contestar agravequeles filoacutesofos que

atribuiacuteam agrave liacutengua um caraacuteter materialista como Heraacuteclito que afirmava que havia

certo teor reflexivo entre as coisas nomeadas e seus nomes como se o nome carregasse

consigo partes indissociaacuteveis daquilo a que nomeava Demoacutecrito atestava que os nomes

se davam por convenccedilatildeo social Em suma o pensamento desse grego e de outros

pensadores que o procederam ldquoentende a linguagem como um sistema formalrdquo

(KRISTEVA 1969) que se relaciona ao que estaacute no mundo de maneira distinta

convencionalmente e arbitrariamente A autonomia da liacutengua estabelece conjuntamente

a autonomia do sujeito que faz uso dela

Uma vez sujeito o uso que se pode fazer da linguagem pode ser vaacuterio Os sofistas

ganhavam a vida transferindo seus saberes acerca da linguagem para a construccedilatildeo de

discursos capazes de cumprir seu papel de efetivo convencimento dos interlocutores

daqueles que pagavam por suas aulas

ldquo[] a escola retoacuterica da Greacutecia se dedicou ao cuidado da orthoacutetes que aiacute jaacute

natildeo tem o sentido de verdade metafiacutesica falar de modo justo (orthoacutes) eacute usar

uma linguagem correta As palavras devem ser bem compostas bem soantes

e bem aplicadasrdquo

(NEVES 2004 p 41)

A liacutengua era no periacuteodo homeacuterico uma ferramenta que poderia ser utilizada para

transmitir ensinamentos atraveacutes da criaccedilatildeo e transmissatildeo dos mitos visando ao

estabelecimento de uma sociedade que dividisse os mesmos ideais espelhados em heroacuteis

e homens maiores

23

A constituiccedilatildeo das polis e em Atenas o advento da democracia faz surgir uma

nova demanda que tinha na linguagem sua ferramenta essencial

Nas decisotildees que eram tomadas em assembleias se fazia necessaacuteria a exposiccedilatildeo de

argumentos vaacutelidos sobre uma ou outra via que devessem tomar em conjunto

Convencer o outro ou outros era entatildeo uma necessidade social pois a decisatildeo

influiria na vida de todos Logo escolher os termos que comporiam o discurso de forma

cuidadosa procurando a correccedilatildeo na utilizaccedilatildeo dos nomes e das partes do discurso para

que se evitasse qualquer defeito garantiria a efetivaccedilatildeo de sua funccedilatildeo primordial naquele

contexto convencer

A construccedilatildeo do discurso para os sofistas executava uma funccedilatildeo praacutetica

persuadir seu interlocutor com uma construccedilatildeo bem acabada sim mas que poderia ser

manipulada de acordo com a vontade daquele que o constroacutei o que natildeo lhe garante

relaccedilatildeo com a verdade As palavras se relacionam dentro do discurso a partir do

pensamento humano segundo idealizaccedilatildeo sofiacutestica natildeo se estabelecendo qualquer

investigaccedilatildeo com o mundo externo a ele para aleacutem da palavra Para os sofistas devido

agrave preeminecircncia do logos eacute impossiacutevel falar falso O discurso para os sofistas se

relaciona somente consigo mesmo assim o que eacute dito eacute verdade natildeo havendo

possibilidade de falseamento discursivo desde que as formas se associem a contento de

maneira justa

Mesmo que a relaccedilatildeo entre as coisas e os nomes das coisas tenha sido estabelecida

de maneira arbitraacuteria atraveacutes de convenccedilotildees sociais quando aceita e posta em uso a

relaccedilatildeo nomegtcoisa se torna indissociaacutevel para aquela sociedade mesmo que no

decorrer do tempo o nome seja transferido para outra coisa a relaccedilatildeo primeira continua

vaacutelida por causa da relaccedilatildeo estabelecida na hora da escolha do nome

Para Platatildeo a palavra natildeo eacute autocircnoma natildeo se encerra em si de maneira reflexiva

mas antes se relaciona com algo que lhe eacute exterior Dessa forma contrariando o

pensamento sofiacutestico eacute possiacutevel dizer verdades e mentiras uma vez que natildeo se respeite

a relaccedilatildeo nomegtcoisa A palavra deve ser instrumento para a procura e estabelecimento

da verdade porque as palavras satildeo representaccedilotildees da realidade assistida e comungada

por todos que fazem parte da sociedade O exerciacutecio da dialeacutetica idealizado por Platatildeo

se contrapotildee ao uso retoacuterico dos sofistas por procurar a verdade atraveacutes do uso da

palavra

Na obra platocircnica ldquoCraacutetilordquo o filoacutesofo trata da questatildeo da justeza dos nomes

24

ldquoContrariando agrave tese de Protaacutegoras as coisas existem por si mesmas de

acordo com sua essecircncia natural haacute nas coisas mesmas uma certa firmeza

uma essecircncia permanente (386d) que natildeo depende de noacutes e de nosso modo

de vecirc-las Haacute pois um eicircdos uma ldquoideiardquo das coisas E se isso ocorre com

as coisas assim tambeacutem com as accedilotildees [] Logo as accedilotildees se realizam

segundo sua proacutepria natureza natildeo conforme nossa opiniatildeo (387a) Assim as

accedilotildees tambeacutem tecircm seu eicircdos Ora falar eacute uma accedilatildeo e assim tem tambeacutem seu

eicircdos falaraacute justamente quem disser as coisas como elas devem ser ditas

(387c) E se o nomear eacute uma parte importante do falar tambeacutem haacute um eicircdos

do nome (387d)rdquo

(NEVES 2004 p49)

Havendo portanto um eicircdos em cada palavra que nomeia as coisas objetos ou

accedilotildees entendemos com isso que a linguagem eacute em si uma arte e como arte entendemos

teacutechne e ldquoa teacutechne eacute o fazer conforme a natureza eacute o fazer de acordo com o eicircdosrdquo

(NEVES 2004)

O ato de nomear deve se relacionar com o plano do preexistente Aquele que

nomeia deve procurar a melhor maneira de dar nome ao que jaacute faz parte da realidade

dele mesmo e dos outros mesmo que a existecircncia ainda esteja no mundo das ideias

como algo planejado para se dar agrave luz ldquoCriar palavras consiste em encontrar um

invoacutelucro para essa ideia jaacute existenterdquo (Kristeva 1969)

Ora se assim se pensa o papel de nomeador sendo de suma importacircncia natildeo

pode ser destinado a qualquer pessoa segundo o pensamento Claacutessico Essa moira essa

responsabilidade eacute destinada agravequele que responsavelmente conhece o eicircdos dos objetos

das coisas por se tratar do mais raro dos demiourgoacutes eacute destinada ao nomotheacutetes ao

legislador4

A constituiccedilatildeo do leacutexico de uma liacutengua depende indubitavelmente da accedilatildeo do

homem no mundo pois eacute a partir das interaccedilotildees humanas com a realidade que as

necessidades surgem uma vez que essas necessidades precisam ser supridas formas

maquinais satildeo idealizadas para a resoluccedilatildeo de situaccedilatildeo problema ainda que a

4 KRISTEVA (1969) e NEVES (2004) nos ensinam sobre a importacircncia da figura do legislador no ideaacuterio

platocircnico Dentro da utopia do filoacutesofo a importacircncia do legislador em nomear aquilo que natildeo possuiacutea

nome se pelo seu conhecimento adquirido a partir da sua relaccedilatildeo com a natureza das coisas

25

maquinaccedilatildeo seja imaginativa como o raciociacutenio para a soluccedilatildeo de um problema

maquinaccedilotildees Entretanto a noacutes interessa mesmo o que se produz de fiacutesico como

ferramenta construiacuteda pela humanidade Uma vez que a ferramenta seja inovadora o

nome dela tambeacutem seraacute novo e seraacute incorporado pelo leacutexico quando essa nova

tecnologia se disseminar pela necessidade de outros seres humanos

22 O Leacutexico da Liacutengua Portuguesa

A Liacutengua Portuguesa que eacute nosso instrumento primeiro de anaacutelise faz parte de

um grupo de liacutenguas denominadas romacircnicas neolatinas ou liacutenguas latinas Aqui

quando necessaacuterio seraacute utilizada a primeira nomeaccedilatildeo citada Essas liacutenguas se

formaram a partir do contato do Latim com outras liacutenguas em momentos de expansatildeo

territorial de Roma Na eacutepoca o latim que se misturava agraves outras liacutenguas jaacute se

diferenciava da liacutengua matildee em geral devido a fatores geograacuteficos e tudo o que se pode

notar tendo esse fator como iniacutecio de diferenciaccedilatildeo

O termo ldquoLeacutexicordquo se refere agrave infinidade de palavras que compotildeem as liacutenguas e

serve de objeto de muitos estudos por parte daqueles que desejam entender melhor o

funcionamento das formas seja num plano macro ou micro seja na maneira como as

formas lexicais satildeo compostas seja na maneira como as formas lexicais se relacionam

entre si

LUumlDTKE (1974) levanta um questionamento quanto a uma perspectiva que

antigamente era disseminada entre os lexicoacutegrafos em sua obra ldquoHistoacuteria del Leacutexico

Romaacutenicordquo A perspectiva de que uma palavra soacute poderia ser considerada parte do

leacutexico de determinada liacutengua quando dicionarizado Obviamente essa visatildeo eacute

considerada ultrapassada mas pode nos servir para delinear um raciociacuteneo

Se uma palavra pode ser tida como parte do leacutexico de uma liacutengua somente quando

dicionarizada isso quer dizer que somente as comunidades linguiacutesticas com um niacutevel

civilizatoacuterio que faccedilam uso da modalidade escrita possuem leacutexico Haacute de se notar que

os dicionaacuterios fazem uso de uma tecnologia que pode natildeo ser comungada por todas as

comunidades linguiacutesticas Haacute ainda no seacuteculo XXI liacutenguas somente orais ignorando as

teacutecnicas de escrita Para levarmos esse assunto adiante demos voz ao proacuteprio

especialista

26

ldquoSin embargo no debemos olvidar los siguientes hechos

1) Muchas lenguas de la tierra posiblemente la mayoriacutea no son lenguas

escritas sino soacutelo habladas Es maacutes no hay una lengua que sea soacutelo escrita

La lengua hablada es universal la escrita no

2) Todas la lenguas escritas actuales fueron en alguna eacutepoca anterior

soacutelo lenguas habladas no escritas

3) Incluso en una sociedad altamente civilizada con gran consumo de

papel no hay persona que diacutea a diacutea no hable maacutes de lo que escribe y oiga

maacutes de lo que leerdquo

(LUumlDTKE 1974 p 12)

Dessa maneira quando estudamos o leacutexico devemos partir sempre que possiacutevel

da liacutengua falada partir do que ldquovai na boca do povordquo ou seja algo que de fato jaacute estaacute

estabelecid A fala em si natildeo existe mas antes acontece Quando se trabalha tendo

como objeto o leacutexico devemos tecirc-lo como parte integrante da liacutengua assim como a

foneacutetica a morfologia a semacircntica Aleacutem de ter clara a impossibilidade de se trabalhar

com a liacutengua falada como material passiacutevel de observaccedilatildeo empiacuterica A fala eacute fenocircmeno

natildeo um sistema estabelecido (LUumlDTKE 1974)

Como anteriormente neste trabalho a Liacutengua Portuguesa faz parte de um grupo de

demais liacutenguas que se enquadram no que chamamos de liacutenguas romacircnicas Esse grupo

linguiacutestico pode ser entendido em sentido estrito como as ldquocontinuadorasrdquo do latim

(LUumlDTKE 1974) assim como ldquocatalatildeo sardo italiano francecircs espanholrdquo ainda

podendo abranger alguns dialetos e mesmo outras liacutenguas que com o passar dos vaacuterios

seacuteculos se extinguiram Haacute outra perspectiva mais ampla a de que as liacutenguas citadas

natildeo satildeo filhas do latim uma vez que este uacuteltimo persiste em Roma como liacutengua

evoluindo assim como todas as liacutenguas vivas por estar viva sofrendo inclusive

influecircncia das liacutenguas romacircnicas em sua constituiccedilatildeo o que inclui o latim no rol de

liacutenguas romacircnicas Prova disso pode ser a comparaccedilatildeo entre o latim atual e o latim do

tempo de Ciacutecero (LUumlDTKE 1974)

Perceber a Liacutengua Portuguesa como liacutengua romacircnica nos faz perceber de onde o

leacutexico de nossa liacutengua teve origem carregando consigo novas possibilidades de se ver o

mundo e com este interagir A parte que mais nos interessa quando olhamos para as

27

influecircncias de outras liacutenguas no leacutexico latino eacute sem duacutevidas a do mundo helecircnico e

heleno

A Greacutecia antes do estabelecimento de relaccedilotildees com Roma tinha forte influecircncia

econocircmica e poliacutetica na regiatildeo em que se encontra exatamente por sua posiccedilatildeo

geograacutefica privilegiada A relaccedilatildeo entre os macedocircnios e o mundo grego

principalmente com o mais importante deles dos macedocircnios Alexandre o Grande que

foi responsaacutevel pela disseminaccedilatildeo do modus vivendi helecircnico dentro do territoacuterio que

vinha a ser seu Impeacuterio demonstra a importacircncia dada agrave civilizaccedilatildeo grega exatamente

por ser dentre as que a rodeavam a terra natal do imperador uma das mais civilizadas

culturalmente Conta-se que Alexandre ia agraves suas incursotildees levando consigo sempre

uma ediccedilatildeo manuscrita da Iliacuteada a qual a anedota diz que usava como travesseiro aleacutem

do fato sabido de que seu preceptor era nada mais nada menos que o filoacutesofo que viveu

em Atenas sendo disciacutepulo de Platatildeo Aristoacuteteles fundador do Liceu A importacircncia

poliacutetica da liacutengua grega devido a sua importacircncia poliacutetica estaacute atrelada

ldquoHablemos ahora de la influencia del latiacuten o dicho de manera maacutes general

del influjo de la cultura mediterraacutenea en tanto que lengua latina Esta

influencia se extendioacute fundamentalmente a todas las lenguas del Imperio

romano Bien es verdad que la parte oriental (aproximadamente la mitad

oriental) tuvo una situacioacuten privilegiada Antes de la llegada de los romanos

era el griego el que dominaba en esta parte como consecuencia de la

conquista de Alexandre Magno Mantuvo su posicioacuten dominante durante

todas las eacutepocas del Imperio romano Los liacutemites entre las zonas de

influencia latina y griega estaban en la comarca del bajo Danubiordquo

(LUumlDTKE pg 30)

Muitos territoacuterios que vieram a ser incorporados por Roma eventualmente agrave

eacutepoca eram culturalmente influenciados pelos gregos claramente a liacutengua era um dos

fatores de influecircncia

Ateacute o seacuteculo III a Greacutecia foi indubitavelmente a civilizaccedilatildeo de maior

importacircncia na Europa devido suas relaccedilotildees poliacuteticas econocircmicas e culturais com as

demais civilizaccedilotildees fato que explica inclusive porque a liacutengua grega foi

historicamente a que mais forneceu empreacutestimos lexicais agrave liacutengua latina tanto na liacutengua

falada quanto na liacutengua culta Outra anedota diz que se fosse real a frase de Juacutelio Ceacutesar

28

apoacutes o cliacutemax da conspiraccedilatildeo que levou o imperador a ser vaacuterias vezes apunhalado pelas

costas ateacute mesmo por seu amigo pessoal Marco Juacutenio Bruto ele natildeo diria ldquoEt tu

Bruterdquo mas antes ldquoκαί σῦ βρυτῆrdquo devido a importacircncia que a liacutengua grega na

eacutepoca servindo ateacute como siacutembolo de status

Fato eacute que a contribuiccedilatildeo lexical grega ao latim foi profiacutecua seja de forma direta

ou indireta Muitos empreacutestimos que realizados pelo latim se deu a partir do contato

com outros povos que por sua vez agregaram a sua proacutepria liacutengua formas lexicais

gregas Caso em que se pode supor este movimento cita LUumlDTKE quando fala da

relaccedilatildeo entre os gregos e etruscos A relaccedilatildeo entre esses dois povos se deram

concomitantemente ao contato dos gregos e romanos ou quiccedilaacute anteriormente Tanto

etruscos como romanos receberam influencia em seu leacutexico dos gregos aleacutem daqueles

tambeacutem manterem relaccedilotildees em si o que apesar de natildeo se pode afirmar com toda a

certeza nos dar a suposiccedilatildeo de que algumas palavras do leacutexico grego tenham sido

passadas indiretamente atraveacutes dos etruscos

Os empreacutestimos lexicais cobrem vaacuterias classes gramaticais sendo de vaacuterias

modalidades (empreacutestimos vocabulares de formaccedilatildeo e semacircnticos assim como aqueles

em que haacute modificaccedilatildeo no campo semacircntico) sobre os quais natildeo nos cabe discorrer aqui

e agora afinal essa parte do trabalho se presta mais a justificar a relaccedilatildeo histoacuterica entre

as liacutenguas que refletiraacute nas demais liacutenguas romacircnicas

O fenocircmeno sobre o qual vimos discorrendo ateacute o momento podemos acomodar

numa linha temporal inicial ainda no estabelecimento do latim como uma liacutengua Na

ascensatildeo do latim enquanto dialeto agrave liacutengua Nessa linha eacute importante notar os

empreacutestimos que vieram num uacuteltimo fenocircmeno culturalhistoacuterico de suma importacircncia

para a liacutengua latina eacute que o advento do cristianismo uma vez que devido agrave importacircncia

da liacutengua grega foi nela em que se foi procurar por lexemas que dessem conta da nova

realidade vivida no impeacuterio romano

ldquoSon caracteriacutesticas del preacutestamo directo de palabras griegas las

denominaciones del edificio para culto cristiano No se toma templum por

estar asociada esta palabra a muchas ideas paganas sino en su lugar se

usaron las gr ἐκκλησία y βασιλικήrdquo

(LUumlDTKE 1974 p59)

29

Aleacutem dos lexemas citados acima pelo autor ligados ao cristianismo muitos

outros que nominam ldquocargosrdquo clericais ou ainda atos lituacutergicos foram adotadas pelo

latim para dar conta dessa novidade Haacute de se notar que o Novo Testamento foi escrito

natildeo em sua totalidade mas essencialmente em grego mais especificamente em um

dialeto denominado koineacute que era o grego falado pelos judeus da eacutepoca em que foram

escritos os livros que compotildeem a obra religiosa E assim como os empreacutestimos

anteriores os desse tipo tambeacutem satildeo proliacuteferos e cobrem muitas classes gramaticais e

formas de empreacutestimos Sobre esses lexemas pretendemos nos debruccedilar com mais

atenccedilatildeo no decorrer da anaacutelise das entradas lexicais na Liacutengua Portuguesa mais a frente

O Impeacuterio Romano conheceu seu apogeu no seacuteculo II dC tanto em sua

importacircncia militar quanto poliacutetica e influencia religiosa O que se nota historicamente

no que se segue eacute a imensa onda de invasotildees de povos os quais os romanos

denominavam baacuterbaros que cindiu o Impeacuterio politicamente por se tratar de um

territoacuterio grande demais para que se pudesse governar de forma centralizada como vinha

sendo ateacute entatildeo

ldquoCom as invasotildees germacircnicas no Ocidente e eslavas no Oriente ocorreu uma

grande fragmentaccedilatildeo poliacutetica e linguiacutestica e os povos falantes de latim

localizados em proviacutencias tatildeo distantes como a Daacutecia e a Lusitacircnia

mantiveram traccedilos de romanizaccedilatildeo em graus variados que dependiam

basicamente da antiguidade da romanizaccedilatildeo do periacuteodo em que ficaram

submissas ao Impeacuterio e da profundidade dos contatos essas proviacutencias

entatildeo acabaram desenvolvendo dialetos mais ou menos proacuteximos ao latim

vulgar O desenvolvimento da Romacircnia posterior ou Romacircnia Medieval

deu-se em parte por causa desses fatores mas tambeacutem dependeu dos contatos

linguiacutesticos com os povos falantes de outras liacutenguas que jaacute se encontravam

nos territoacuterios conquistados (falantes das chamadas liacutenguas de substrato)

com os falantes das liacutenguas dos povos que vieram a conquistar os territoacuterios

romanizados (falantes das liacutenguas de superestrato) e com os povos falantes de

liacutenguas como o grego que conviveram com os falantes de latim em vaacuterias

regiotildees em situaccedilatildeo de bilinguismo por muito tempo (falantes de liacutenguas de

adstrato)rdquo

(GONCcedilALVES e BASSO 2010 p41)

30

O que determinou a instituiccedilatildeo das liacutenguas romacircnicas como se diz foi a forma e

o tempo de contato entre o Impeacuterio e as aacutereas dominadas Assim agraves aacutereas de maior

contato uma maior influecircncia de menor contato uma menor influecircncia Com a queda

do Impeacuterio Romano em 476 dC regiotildees como as em que hoje se instauram naccedilotildees

como a Inglaterra a regiatildeo dos bascos parte do que hoje eacute a Beacutelgica e outras aacutereas em

que a dominaccedilatildeo romana ocorreu de maneira que podemos chamar de fraca ldquoacabaram

desenvolvendo liacutenguas natildeo romacircnicas ainda que mantivessem influecircncias do latim

vulgar em seu substratordquo (GONCcedilALVES BASSO 2010) Ainda nas regiotildees em que o

latim mostrou-se mais influente a distacircncia entre os falantes dessas regiotildees e o latim

original era bastante grande Dialetos surgiram dentro desses lugares e tomaram forccedila

se distanciavam do latim culto e mesmo da primeira modalidade de latim vulgar que os

influenciaram

Entre invasotildees baacuterbaras e movimentos de reconquista estatildeo os movimentos

inerentes ligados a desenvolvimentos e movimentos linguiacutesticos importantes para

nossas anaacutelises A efetiva constituiccedilatildeo de Portugal como naccedilatildeo na peniacutensula Ibeacuterica e a

evoluccedilatildeo de uma liacutengua portuguesa a partir de todo o movimento que tentamos traccedilar

ateacute este momento neste texto nos mostra como a constituiccedilatildeo lexical de nossa liacutengua

vem fixando era a era e assim podemos entender sua formaccedilatildeo

ldquoUm dos momentos mais importantes da histoacuteria de Portugal se deu em

virtude das alianccedilas poliacuteticas derivadas dos movimentos de Reconquista

Assim em virtude de seu sucesso na luta contra os aacuterabes D Raimundo e

seu primo D Henrique receberam respectivamente de D Afonso VI rei de

Leatildeo e Castela sua filha Urraca e a regiatildeo da Galiza e sua filha bastarda

Tareja e a regiatildeo desmembrada da Galiza chamada Condado Portucalense D

Henrique administra o condado sob a tutela de D Raimundo de modo que o

condado ainda fosse submisso agrave Galiza No entanto D Henrique ao morrer

deixa o comando do condado a sua mulher Tareja Seu filho D Afonso

Henriques descontente com a nova vida amorosa de sua matildee em 1128 vence

a batalha de Satildeo Mamede e se proclama rei Em 1143 Afonso VII rei de

Leatildeo reconhece sua realeza que foi ratificada pelo papa Alexandre III em

1173 Portugal passa a ser entatildeo independente da Galiza e D Afonso

Henriques continua a expansatildeo em direccedilatildeo ao sul que D Afonso III

completa em 1250 com a conquista do Algarve de modo a fixar as fronteiras

31

atuais de Portugal Durante todo esse periacuteodo ateacute o seacuteculo XIV a liacutengua de

Portugal e da Galiza era a mesma o galego-portuguecircsrdquo

(GONCcedilALVES BASSO 2010 p 75)

A histoacuteria das naccedilotildees europeias enquanto constituiccedilatildeo poliacutetica tomada de poder

por uns perda de prestiacutegio por outros entre o iniacutecio do calendaacuterio cristatildeo e o ano de

fundaccedilatildeo do reino de Portugal eacute marcada por disputas acirradas de perdas irreparaacuteveis

no que tange dialetos e mesmo idiomas que se encontravam nos campos de batalha

(GONCcedilALVES BASSO 2010) Mas eacute preciso darmos alguns passos atraacutes para

justificar o que argumentaremos adiante

23 Projeto de naccedilatildeo portuguecircs para Portugal

Eacute importante para o nosso trabalho notar que obviamente o Renascimento

Cultural ocorrido no seacuteculo XV foi importantiacutessimo para a nova onda de empreacutestimos

lexicais devido a sua influencia nas ciecircncias e teacutecnicas que vieram a nascer No entanto

houve anteriormente um fato que nos eacute crucial Durante o Impeacuterio Caroliacutengio nos

anos finais do seacuteculo VIII dC Carlos Magno conseguiu alcanccedilar muitas vitoacuterias na

tentativa de resgatar o Impeacuterio Romano no Ocidente Viemos demonstrando a

importacircncia do ideaacuterio grego na constituiccedilatildeo do Impeacuterio Romano assim a noacutes nos

parece clara a retomada de certas praacuteticas gregas que influenciaram os latinos e que

influenciariam por sua vez os demais povos que se encontravam sob o jugo do Impeacuterio

Caroliacutengio

ldquoNo final do seacuteculo VIII Carlos Magno conseguira reunir grande parte da

Europa sob seu domiacutenio Para unificar e fortalecer o seu impeacuterio decidiu

executar uma reforma na educaccedilatildeo O monge beneditino Alcuiacuteno criou um

projeto de desenvolvimento escolar que buscou reviver o saber claacutessico

estabelecendo os programas de estudo a partir das sete artes liberais

o trivium ou ensino literaacuterio (gramaacutetica retoacuterica e dialeacutetica) e o quadrivium

ou ensino cientiacutefico (aritmeacutetica geometria astronomia e muacutesica) A partir do

ano 787 foram emanados decretos que recomendavam em todo o impeacuterio a

restauraccedilatildeo de antigas escolas e a fundaccedilatildeo de novas Institucionalmente

essas novas escolas podiam ser monacais sob a responsabilidade

32

dos mosteiros catedrais junto agrave sede dos bispados e palatinas junto

agraves cortesrdquo

(httpsptwikipediaorgwikiRenascenC3A7a_carolC3ADngia)

Para o bem ou para o mal Carlos Magno via a possibilidade de sucesso em suas

empreitadas e mesmo a manutenccedilatildeo de seu impeacuterio ser apoiada em uma elite que para

ele deveria ser culta uma vez que o aumento gradual de nobres avolumava-se em seus

domiacutenios Para tanto procurou atrair para seu reino uma quantidade significativa de

letrados e estudiosos de vaacuterias regiotildees do Ocidente e do Oriente (VIEIRA 2010)

Notemos que apesar da forte influecircncia do cristianismo no Impeacuterio Caroliacutengio a

quantidade de pensadores e intelectuais nessa eacutepoca foi vital para que a retomada dos

paradigmas da era antiga e claacutessica pudessem reflorescer nas artes e modo de pensar

como a praacutetica de exerciacutecios retoacutericos e dialeacuteticos nas escolas e mesmo pensamentos

mais ligado ao que hoje determinamos como pertencentes agrave aacuterea das exatas como o da

geometria astronomia e muacutesica

O renascimento caroliacutengio foi de suma importacircncia para que as formas lexicais

ora tomadas por empreacutestimo de outras liacutenguas que anteriormente tiveram contato com o

latim se cristalizassem e fossem lexicalizadas consequentemente pelas demais liacutenguas

que posteriormente sofressem influecircncia do Impeacuterio

Com esse raciociacutenio a forma como as naccedilotildees europeias se desenvolveram

inegavelmente se deu com certa influencia mesmo que indireta de pensamentos que

foram idealizados na Greacutecia claacutessica e antiga

Quando lembramos das aulas de literatura e histoacuteria assistidas na escola e

faculdade uma frase que sempre eacute martelada quando se fala do Renascimento que

aconteceu entre meados do seacuteculo XIV e o final do seacuteculo XVI eacute que este movimento

foi influenciado grandemente pela literatura claacutessica greco-romana assim como por

todo o prisma que se refere agraves artes Camotildees agrave eacutepoca fez renascer o gecircnero eacutepico com

sua principal obra Os Lusiacuteadas

Em Os Lusiacuteadas vemos a construccedilatildeo do discurso atraveacutes dos versos de um

imaginaacuterio que se devia prestar como grande propaganda dos feitos dos heroacuteis de sua

eacutepoca A narrativa que retoma o modelo eacutepico influenciado pelos cantos gregos e

posteriormente romanos procura nesse gecircnero literaacuterio a grandeza das naccedilotildees de onde

se bebe da aacutegua

33

Textualmente podemos ler a partir do verso 17 do primeiro canto quais foram as

obras a que o poeta recorreu para compor sua obra quando diz

ldquoCessem do saacutebio Grego e do Troiano

As navegaccedilotildees grandes que fizeram

Calle-se de Alexandre e de Trajano

A fama das victorias que tiveratildeo

Que eu canto o peito ilustre Lusitano

A quem Neptuno e Marte obedececircratildeo

Cesse tudo o que a Musa antiga canta

Que outro valor mais alto se alevantardquo

(CAMOtildeES 1639)

A forma o estilo e ainda o leacutexico escolhido pelo autor da maior epopeia

portuguesa jaacute escrita carrega consigo o atestado da necessidade em ser grande em

mostrar que Portugal era grande capaz de feitos heroicos atraveacutes de sua boa gente

guerreira

Discursivamente a obra carrega o ideaacuterio pretendido pela naccedilatildeo portuguesa Mas

perceba-se a comparaccedilatildeo entre Portugal e o Impeacuterio Romano e a Greacutecia Antiga devia

restringir-se enquanto importacircncia de sua grandeza assim como de seus feitos e de suas

figuras heroicas todavia o que quiseram transmitir foi que a forccedila era de uma naccedilatildeo

Natildeo descabidamente o que se deva cessar fossem os cantos das Musas que eram antigas

tampouco natildeo eacute sem intenccedilatildeo que o que se ldquoalevantardquo eacute posto em um tempo verbal que

se relaciona ao presente A modernidade e os feitos das personagens no poema se ligam

a uma ideia de modernidade que se comungava em Portugal ligada agraves navegaccedilotildees

ldquoSem duacutevida a descoberta de novas terras a ampliaccedilatildeo geograacutefica do mundo

satildeo feitos adequados a uma nova era que a partir do incremento do

mercantilismo e das decorrentes mudanccedilas sociais rompe de maneira

decidida com o periacuteodo medievalrdquo

(PEREIRA 2000 p 2)

O mundo europeu renascentista estava em processo de mudanccedila mudanccedila raacutepida

devido a exatamente estar sendo acossado pela ideia de modernizaccedilatildeo O feudalismo

34

estava em crise as formas de poder vigentes na eacutepoca estavam em crise Uma nova

classe social apresentava-se ao jogo e posteriormente viria modificar completamente as

formas de organizaccedilatildeo e relaccedilotildees poliacuteticas do velho mundo Com o nascimento da

classe burguesa e o incremento do mercantilismo novos ventos sopravam sobre velas

de Portugal que na eacutepoca era uma naccedilatildeo que devido seu investimento em tecnologias

navais e a sorte de sua posiccedilatildeo geograacutefica se apresentava como uma naccedilatildeo com poder

para governo (PEREIRA 2000) Para tanto o discurso nacionalista presente nOs

Lusiacuteadas se apresenta como ferramenta efetiva para atacar o pathos e entusiasmar seu

povo propagandeando um imaginaacuterio

O papel das epopeias gregas era sem duacutevida servir como ferramenta que

ensinasse seu povo a se espelhar nos heroacuteis que protagonizavam as aventuras proferidas

pelos aedos Natildeo em vatildeo as apresentaccedilotildees dessas obras ainda quando existiam apenas

enquanto tradiccedilatildeo oral aconteciam em situaccedilotildees em que houvesse plateia numerosa

ouvidos que pudessem se deleitar com os cantos que fariam bem agraves almas

enriquecendo-as com conhecimento daquilo que somente as divindades sabiam

segundo o ideaacuterio da eacutepoca A exortaccedilatildeo nos cantos eacutepicos gregos era destinada agraves

musas

ldquoA ira Deusa celebra do Peleio Aquiles

o irado desvario que aos Aqueus tantas penas

trouxe e incontaacuteveis almas arrojou no Hades

de valentes de heroacuteis espoacutelio para os catildees

pasto de aves repaces fez-se a lei de Zeus

()rdquo

(HOMERO I 1-55)

ldquoO homem multiversaacutetil Musa canta as muitas

erracircncias destruiacuteda Troia poacutelis sacra

as muitas urbes que mirou e mentes de homens

que escrutinou as muitas dores amargadas

no mar a fim de preservar o proacuteprio alento

5 Iliacuteada de Homero vol I traduccedilatildeo de Haroldo de Campos introduccedilatildeo e organizaccedilatildeo Trajano Vieira ndash 4

Ed ndash Satildeo Paulo Arx 2003

35

e a volta aos soacutecios()rdquo

(HOMERO I 1-66)

Os deuses gregos eram perfeitos mesmo com suas imperfeiccedilotildees porque eram

eternos Eram siacutembolos a serem imitados assim como seus filhos semideuses como

Aquiles para aproveitar o exemplo citado As narrativas eram carregadas de fatos e

accedilotildees que determinavam como os demais seres humanos deviam se comportar dentro da

sociedade grega individualmente e para com os outros Todo heroacutei deveria ser mostrado

quando evocado pelo canto de uma maneira que os gregos vislumbrassem seu caraacuteter

καλὸς κἂγαθός (kaloacutes krsquoagathoacutes) nobre e bom

A importacircncia da figura heroica nOs Lusiacuteadas eacute evidente quando aos heroacuteis cabe

a cabeceira do canto de abertura Diferentemente das epopeias gregas e mais proacuteximo agrave

epopeia romana a exortaccedilatildeo agraves musas vem em segundo plano

Virgiacutelio em sua Eneida potildee a si mesmo em evidencia no iniacutecio de sua obra

como que para exemplificar a grandeza de seu povo romano que descende do grande

Eneias fundador de Roma

ldquoEu que entoava na delgada avena

Muacutesica rude e egresso das florestas

Fiz que as vizinhas lavras contentassem

A avidez do colono a campesinos

Grata empresa de Marte ora as horriacuteveis

Armas canto e o varatildeo que ecircxul de Troia

Primeiro os fados proacutefugo aportaram

Na Hepeacuteria Lavino()rdquo

(VIRGIacuteLIO I 1-77)

6 Odisseia Homero ediccedilatildeo biliacutengue traduccedilatildeo posfaacutecio e notas de Trajano Vieira ensaio de Italo

Calvino ndash Satildeo Paulo Ed 34 2011 816 p

7 VIRGIacuteLIO Eneida brasileira traduccedilatildeo poeacutetica da epopeia de Puacuteblico Virgiacutelio Maro Virgiacutelio

organizaccedilatildeo Paulo Seacutergio de Vasconcellos e al traduccedilatildeo Manuel Odorico Mendes - Campinas SP

Editora UNICAMP 2008

36

A presenccedila da musa na epopeia lusitana soacute se faz presente no verso 25 do canto

inaugural A importacircncia antes eacute dada aos heroacuteis que puderam iccedilar a naccedilatildeo a patamares

dignos de nota

ldquoAs armas e os barotildees assinalados

Que da Occidental praia Lusitana

Por mares nunca de antes navegados

Passaacuteratildeo ainda alem da Taprobana

E em perigos e guerras esforccedilados

Mais do que prometia a forccedila humana

Entre gente remota edificaacuteratildeo

Novo Reino que tanto sublimaacuteratildeordquo

(CAMOtildeES I 1-8)

Comparativamente podemos analisar a escolha no que se queria dar ecircnfase em

cada uma das epopeias citadas e assim notamos claramente que mesmo que se

quisesse seguir a tradiccedilatildeo de se relatar o nascimento e expansatildeo de uma naccedilatildeo como

nos casos da Eneida de Virgiacutelio assim como dOs Lusiacutedas de Camotildees ou ainda realizar

uma obra que se quisesse exemplar como todas elas o modelo epopeico traria certa

carga de importacircncia para as obras Os discursos que cada uma das obras carrega se liga

diretamente agrave necessidade de demonstrar atraveacutes do exemplo como cada um dos

concidadatildeos dos autores deveria se portar para que sua naccedilatildeo se tornasse ou continuasse

grande Cada uma delas vem servir de modelo civilizatoacuterio mesmo que repletas de

accedilotildees e atitudes por parte de suas personagens que para noacutes possam parecer baacuterbaras

Importante notar que as realizaccedilotildees fora do contexto civilizado em cada um dos poemas

eacutepicos aconteciam em lugares distantes das poacutelis e cidades em ambientes campestres e

mesmo selvagens Ainda todas essas accedilotildees satildeo postas para contrapor o caraacuteter dos

heroacuteis agraves situaccedilotildees porque passaram numa clara dicotomia civilizado versus baacuterbaro

As obras literaacuterias nos serviram para que pudeacutessemos apontar parte do discurso

que para nos interessa em nosso trabalho pois as artes literaacuterias satildeo postas agrave luz

exatamente para dar ecircnfase ou por em evidecircncia discursos correntes na sociedade em

que estatildeo inseridas

Em Portugal a obra de Camotildees era mais do que entretenimento Era um ato

poliacutetico uma ferramenta uacutetil agrave situaccedilatildeo em que se encontrava uma situaccedilatildeo de

37

afirmaccedilatildeo de sua importacircncia como naccedilatildeo dentro de um quadro em que estavam postas

outras naccedilotildees que tambeacutem vinham participando do jogo que visava ao alcance da

modernidade O fervilhar de novas tecnologias a necessidade de expansatildeo de mercado

assim como a de ambientes proacuteprios para produccedilatildeo de artefatos que eram de interesse

dos mercados consumidores que acossavam as naccedilotildees na corrida rumo a um status que

pudesse suprir agravequelas demandas

38

3 A importacircncia da imprensa no processo civilizatoacuterio

A evoluccedilatildeo dos gecircneros textuais acontece conjuntamente agrave necessidade humana

de expressar e fazer conhecer suas realizaccedilotildees seja uma epifania espiritual uma criacutetica

agrave sociedade ou a cooptaccedilatildeo ao status quo ou ainda propagandear um novo artefato que

se possa adquirir para que as vidas sejam facilitadas

A imprensa ou antes a tipografia eacute em si um aparato tecnoloacutegico que trouxe

grandes benefiacutecios agraves sociedades tornando-se essencial para as demandas de um mundo

em que no momento de seu nascimento se distanciava da grande recessatildeo porque

passava a Europa Ocidental e experimentava certo progresso

Entre os seacuteculos IX e XI as modalidades mercantis estavam restritas ao mercado

ainda muito modesto dentro das cidades geralmente ladeando as abadias ou castelos

dos senhores feudais ou convergecircncias fluviais onde se efetuavam trocas de produtos

da terra ou artigos manufaturados artesanalmente O mais proacuteximo que temos de uma

transaccedilatildeo comercial que para noacutes nos parece mais comum acontecia pelas matildeos de

mercadores itinerantes judeus que viajavam de cidade em cidade vindos de territoacuterios

mulccedilumanos trazendo artigos de alto valor eou especiarias do oriente (MELO 2003)

Fato eacute que seacuteculos o modus vivendi europeu era assaz campestre campesino

quase envolto em uma penumbra densa que punha a populaccedilatildeo em um breu de

ignoracircncia Desde a populaccedilatildeo mais rural aos nobres dos castelos o nuacutemero de

analfabetos era muito grande assolando a grande maioria da poluccedilatildeo geral da Europa

Uma ilha neste vasto mar de desconhecimento era a Igreja Catoacutelica que disputando o

poder poliacutetico com os monarcas se apresentava como a grande detentora dos

conhecimentos de escrita e leitura de modo que ldquoas produccedilotildees culturais da eacutepoca

confinavam-se aos bispados abadias e mosteirosrdquo (MELO 2003)

Conhecimento eacute poder um poder que com o nascimento do capitalismo se

procurou alcanccedilar para dar conta de demandas que advieram aos processos

mercantilistas

ldquoNatildeo obstante o Impeacuterio Bizantino tivesse repelido a invasatildeo aacuterabe

continuando sob o domiacutenio as aacuteguas do mar Adriaacutetico e do mar Egeu a

verdade eacute que o seu comeacutercio tambeacutem se enfraqueceu Isto natildeo impediu

todavia que Constantinopla e algumas cidades italianas como Veneza

39

procurassem superar as naturais dificuldades para prosseguir o comeacutercio

interrompido com as regiotildees orientais em poder dos mulccedilumanos Explica

Pirene que isto se deveu ao fato de ser o espiacuterito de cobiccedila naquelas cidades

mais poderoso que o escruacutepulo religioso Tanto assim que o interesse

mercantilista levava-os a proclamar natildeo importa a religiatildeo dos clientes

contato que paguem Dentro de pouco tempo Veneza e as cidades bizantinas

da Itaacutelia alcanccedilariam um elevado niacutevel de progresso econocircmico o que

repercutira posteriormente na esfera social e culturalrdquo

(MELO 2003 p 29-30)

O seacuteculo XI eacute um marco para as mudanccedilas necessaacuterias para o desenvolvimento de

novas configuraccedilotildees sociais na Europa Apoacutes anos a fio de estagnaccedilatildeo imposta pelas

conquistas baacuterbaras e a invasatildeo dos sarracenos ao passo que a cada conflito enfrentado

realizam-se evoluccedilotildees e devastaccedilotildees enriquecimento de uns e empobrecimento de

outros desenvolvimento de um lado e degradaccedilatildeo de outro o advento das cruzadas para

o homem europeu pode ser notado como o grande possibilitador da abertura de novos

rumos a serem trilhados pelo continente

O comeacutercio europeu renasce efetivamente e efervecentemente havendo transaccedilotildees

de mercadorias seja por vias aquaacuteticas seja por vias terrestres que invadem os castelos

e os burgos (organizaccedilatildeo social urbana relativamente nova na eacutepoca) oferecendo os

mais diversos produtos estrangeiros carregados do oriente para o ocidente a muito custo

Com isso originam-se as feiras e funda-se o mercado que mais se assemelha agrave

constituiccedilatildeo de mercado que conhecemos hoje Um novo grupo social se estabelece nas

novas cidades devido estar em sua maioria residindo em burgos definindo-se

burgueses

ldquoEsses acontecimentos consolidam a formaccedilatildeo de um novo grupo social nas

cidades entatildeo existentes sobretudo nas cidades italianas incluindo

marinheiros prestamistas e os emergentes banqueiros embriatildeo da burguesia

comercial Concomitantemente comeccedila a ruir o lsquoedifiacutecio social do

feudalismorsquo ao se tornar efetiva a reaccedilatildeo dessa lsquonova classe de mercadores e

marinheiros contra os velhos agregados senhoriais possuidores de vastos

domiacutenios agriacutecolasrdquo

(MELO 2003 p 30-31)

40

A populaccedilatildeo que era anteriormente basicamente rural vecirc nas cidades a

possibilidade do sentimento de liberdade poderiam ver a si mesmos livres do julgo dos

senhores dos feudos A cidade oferecia aos seus habitantes mais do que a liberdade de

movimento antes numa circunstacircncia em que a vida que comeccedila a orbitar o capital daacute-

lhes a liberdade de posse de propriedade Os homens natildeo necessitavam mais viver

presos a uma relaccedilatildeo de vassalagem pagando tributo ao seu senhor Agora o homem

queria ser dono de seu proacuteprio chatildeo ter bens que lhe garantissem status imoacuteveis que

pudessem inclusive hipotecar se fosse da sua vontade (MELO 2003)

Essa nova classe homens livres visando agrave ascensatildeo social e econocircmica potildee em

praacutetica seu gecircnio inventivo melhorando suas produccedilotildees qualitativa e quantitativamente

Aperfeiccediloam suas teacutecnicas para melhor servir ao puacuteblico Para aleacutem do aperfeiccediloamento

das teacutecnicas de produccedilatildeo com o desenvolvimento de novas tecnologias ainda

simplificadas o homem medieval nota que o que o distinguiria do antigo status natildeo

estava somente no que tange o material mas tambeacutem em seu desenvolvimento

intelectual Aqueles que poderiam dar conta de pagar pela educaccedilatildeo naquele momento

dedicavam-se aos estudos da escrita da numeraccedilatildeo da geografia Obviamente mateacuterias

que poderiam ser utilizadas de maneira pragmaacutetica em suas atividades mercantis

Surgem para suprir essas demandas educacionais as escolas leigas

ldquoA partir do seacuteculo XI com a expansatildeo e o renascimento do comeacutercio

europeu os mecanismos da atividade mercantil apresentam-se mais e mais

complexos (comeccedilam a circular as letras de cacircmbio surgem as agecircncias

bancaacuterias e vaacuterias outras formas de agecircncias comerciais) que exigem a

escrituraccedilatildeo contaacutebil a correspondecircncia comercial as informaccedilotildees sobre as

flutuaccedilotildees do mercado como recursos indispensaacuteveis agraves grandes empresas jaacute

constituiacutedasrdquo

(MELO 2003 pg 39)

O serviccedilo burocraacutetico era realizado pelos estudantes das escolas leigas fundadas

por comerciantes ricos justamente para gerar uma casta de ldquojovens adestrados para o

comeacutercio ou a burocraciardquo (MELO 2003)

O que era monopolizado pela igreja ateacute entatildeo agora alcanccedila um nuacutemero maior de

indiviacuteduos claro que longe de uma universalizaccedilatildeo mas um nuacutemero que destoa

bastante do que se assistia ateacute o momento Uma elite se avulta e detecircm o conhecimento

41

relacionado ao funcionalismo especializado inicialmente As aacutereas de atuaccedilatildeo dos

estudantes das chamadas escolas leigas dentro das cidades eram as ligadas agraves financcedilas

guerra (que sempre teve seu caraacuteter comercial por movimentar economias) e direito

Esse tipo de educaccedilatildeo se disseminou por vaacuterias cidades da Europa e com o

desenvolvimento cada vez maior das aacutereas urbanas os mecanismos de controle

populacional tambeacutem se incrementaram o que criou a necessidade de uma nova

modalidade de servidores Estes foram buscados entre os letrados formados nas escolas

leigas

Entretanto eacute com a criaccedilatildeo das universidades europeias que vemos a formaccedilatildeo

efetiva de uma elite intelectual No seacuteculo XII fundaram-se as universidades de

Bolonha e a de Paris No seacuteculo seguinte surgem as de Cambridge Oxford e

Salamanca O homem livre capitalista tinha sede de conhecimento e agora procurava a

universalidade do saber dentro obviamente de seu nicho social Por um curto espaccedilo de

tempo mas o bastante para impactar essa nova Europa as universidades foram gratuitas

(MELO 2003)

Com a efervescecircncia cultural a demanda de livros manuscritos se tornou muito

grande o que dificultava o acesso O comeacutercio editorial elevou os preccedilos de suas obras

o que natildeo impediu de serem disputadas por estudantes e colecionadores aacutevidos por mais

um livro em suas estantes

Saiacutedos de uma era em que natildeo se lia porque a leitura era benefiacutecio tido por poucos

o contato do homem medieval com a literatura que traz em seu bojo todo um

patrimocircnio cultural da Antiguidade o faz vislumbrar uma possibilidade de mundo

diferente do qual ele estava inserido Consequentemente esse contato influenciou os

movimentos civilizatoacuterios Importante destacar ainda o contato com outras culturas

proporcionado pelas viagens que gradualmente ampliavam as rotas comerciais

Conjuntamente esses dois fatores mostraram a faceta ambiciosa do homemque se

letrava e almejava ampliar assim como as rotas de navegaccedilatildeo seu universo intelectual

pois estava ansioso para obter novo conhecimento acerca de tudo que lhe parecesse

intelectualmente instigante e lucrativo

Com tanto material sendo manuscrito na Europa livros para os aacutevidos por

conhecimento estudantes de escolas leigas e universidades papeacuteis burocraacuteticos para os

aacutevidos pelo comeacutercio banqueiros juristas e os demais a invenccedilatildeo de Gutenberg a

tipografia permitiu ldquoa reproduccedilatildeo raacutepida de um mesmo texto e ofereceu agrave linguagem

42

escrita as possibilidades de uma difusatildeo que o manuscrito natildeo tinhardquo (ALBERT

TERROU 1990)

Podemos dizer que a invenccedilatildeo de Gutenberg surge como uma resposta ou certa

correspondecircncia a mecanismos que faziam parte da vida humana num jogo evolutivo

uma vez que a invenccedilatildeo faz uso de tinta papel prensa alfabeto metal que se tratam de

artigos jaacute usados pelo homem

ldquoO certo no entanto eacute que a imprensa veio atender agraves necessidades

crescentes de produccedilatildeo de livros a fim de satisfazer agraves solicitaccedilotildees da elite

intelectual forjada pelas universidades e pelo movimento renascentistardquo

(MELO 2003 p 42)

Obviamente a importacircncia dada ao papel do serviccedilo de prensa no que diz respeito

agrave produccedilatildeo de livros para as instituiccedilotildees de ensino realmente eacute muito grande mas natildeo

exclusiva A demanda de produccedilatildeo de papeis utilizados pelas atividades mais ligadas ao

trabalho comercial e industrial e onde morava a burocracia atividades estas que

nasceram gecircmeas aos burgueses tambeacutem propulsionaram o sucesso da tipografia

Ainda a invenccedilatildeo atendia aos interesses da Igreja na reproduccedilatildeo de imagens de santo

indulgecircncias oraccedilotildees entre outros instrumentos utilizados nas liturgias cristatildes que

serviam a uma maior popularizaccedilatildeo da religiosidade E seguindo a vontade de

popularizaccedilatildeo talvez o fator mais importante para nosso assunto o homem

renascentista livre via na nova tecnologia a possibilidade de satisfazer sua curiosidade

quanto ao que lhe era hodierno o que veio a dar agrave luz a imprensa perioacutedica

ldquo[] o citadino que deseja conhecer a vida do grupo social ao qual ele

pertence e que ultrapassa suas relaccedilotildees primaacuterias o comerciante burguecircs e

banqueiro que natildeo pode ter sucesso em seus negoacutecios se natildeo estiver

informado dos preccedilos das mercadorias e da sua acessibilidade que depende

da conjuntura poliacutetica os cidadatildeos ansiosos por sua participaccedilatildeo no exeacutercito

da Itaacutelia que tem sede de informaccedilotildees precisas o Rei para defender sua

poliacutetica que procura atingir a opiniatildeordquo

(MELO 2003 p 43)

43

Fato interessante a se notar eacute que aqueles estudiosos que se dispuseram a

debruccedilar-se sobre os materiais produzidos pela invenccedilatildeo de Gutenberg escolheram

analisar em sua maioria as produccedilotildees ligadas agrave literatura e ao jornalismo das vaacuterias

eacutepocas A literatura por se tratar de um tipo de produccedilatildeo completamente ligada agraves artes

demonstra os avanccedilos que a humanidade realizou atraveacutes dos anos com relaccedilatildeo agrave sua

expressatildeo do que lhe era e eacute mais interior e o jornalismo em que por mais que se

deseje alcanccedilar certo distanciamento para que se busque imprimir nas notiacutecias graus de

imparcialidade ainda assim nele podemos ler muita intenccedilatildeo literaacuteria O que era

impresso e se ligava agraves aacutereas mais burocraacuteticas do comeacutercio e administraccedilatildeo ficou um

tanto deixado de lado pelos estudos que utilizaram os produtos de imprensa como

corpus

Por sua vez o gecircnero propaganda nasce conjuntamente agrave imprensa perioacutedica

procurando imprimir em seus textos algo que chamasse a atenccedilatildeo de possiacuteveis

consumidores Artistas se esmeravam em criar logotipos assim como se se preocupava

com a disposiccedilatildeo dos textos no afatilde de imprimir algo de esteacutetico que personalizasse as

instituiccedilotildees favorecendo-as no novo sistema que era assaz competitivo de estrutura

capitalista

Dado o momento histoacuterico podemos afirmar que a propagaccedilatildeo da invenccedilatildeo de

Gutenberg foi disseminada pelo continente europeu com grande velocidade Na

Alemanha a tipografia eacute fundada em 1450 na Itaacutelia 1464 na Suiacuteccedila em 1467 na

Franccedila foi fundada em 1470 na Holana1472 na Hungria e na Espanha

concomitantemente em 1473 na Beacutelgica em 1474 na Polocircnia 1475 na Inglaterra

1476 na Aacuteustria em 1482 assim como na Dinamarca na Sueacutecia 1487 e finalmente

ado que nos interessa particularmente em Portugal a primeira tipografia eacute instalada em

1487 na cidade do Faro (MELO 1973)

Devemos ter em mente eacute claro que os materiais impressos natildeo alcanccedilavam a

totalidade das pessoas que compunham as naccedilotildees que deles faziam uso mas sim um

nicho restrito no iniacutecio de sua existecircncia Afinal de contas o nuacutemero de pessoas letradas

era muito pequeno e quanto mais pobre a classe maior o nuacutemero consequentemente

menor o acesso A imprensa como ferramenta fosse qual fosse era prerrogativa de uma

minoria que compunha a elite intelectual de cada uma das naccedilotildees

Algo que podemos citar como benefiacutecio advindo com a imprensa desde sua gecircnese

com aumento gradual ano a ano foi que contrariando o que pretendia a Igreja que era

44

uma Europa unificada sob a eacutegide da religiatildeo cristatilde o sentimento de nacionalismo anda

de matildeos dadas com a afirmaccedilatildeo das liacutenguas regionais e de certa centralizaccedilatildeo dos

poderes na figura dos monarcas O uso das liacutenguas regionais nos materiais de imprensa

atua conjuntamente com o estiacutemulo de produccedilotildees literaacuterias vernaacuteculas o que para

Weber pode ser chamado de ldquoconsciecircncia do valor da nacionalidade intriacutensecardquo

(MELO2003) O latim que ainda era usado em atos lituacutergicos ainda eacute a liacutengua dos

saberes como a filosofia e as aacutereas das ciecircncias mas natildeo impediu que as liacutenguas

europeias se desenvolvessem de modo a imprimir sua proacutepria identidade enquanto

vernaacuteculo

Entre idas e vindas assiste-se agrave evoluccedilatildeo dos serviccedilos de prensa e imprensa

Houve momentos como durante a inquisiccedilatildeo em que algumas obras foram tachadas e

proibidas de serem publicadas Censuras como a aprovada pelo Conciacutelio de Trento

assim como decisotildees de alguns monarcas que desejavam manter certo controle do corria

por seus domiacutenios Por outro lado a censura natildeo era capaz de impedir a existecircncia das

gazetas e pasquins clandestinos formadores de opiniatildeo alguns desses eram manuscritos

Esses papeis influenciaram paulatinamente uma espeacutecie de toleracircncia por parte dos

governos uma vez que o seu impedimento era quase impossiacutevel De certa maneira

constituindo o geacutermen da liberdade de imprensa A Inglaterra no seacuteculo XVIII eacute a

primeira naccedilatildeo europeia a abolir a censura preacutevia Fato mais importante para a liberdade

de imprensa foi sem duacutevida a vitoacuteria dos libertaacuterios que lutaram na Revoluccedilatildeo

Francesa que viam na tecnologia uma ferramenta uacutetil e praacutetica para seus intentos

poliacuteticos e econocircmicos O desenvolvimento da imprensa no continente europeu daacute seus

maiores saltos a partir de entatildeo

31 A imprensa e a disseminaccedilatildeo de discursos

As inteccedilotildees de paiacuteses europeus em aumentar o lucro e crescer como naccedilatildeo com a

desculpa de um sentimento de patriotismo fazem vaacuterias dessas naccedilotildees se lanccedilarem para

aleacutem-mar e em rotas contraacuterias agraves que estavam acostumadas a seguir e que jaacute

conheciam Principalmente depois que os turcos invadem e tomam Constantinopla que

impede o acesso comercial aos povos do Oriente a necessidade de suprir as vontades

dos clientes impele agraves aventuras em mares ateacute entatildeo desconhecidos

45

Portugal foi um pioneiro no que diz respeito ao uso em terras colonizadas que natildeo

americanas dos serviccedilos de prensa Principalmente como ferramenta de disseminaccedilatildeo

da liacutengua paacutetria assim como de sua religiatildeo que pretendia instaurar em tudo o que era

ldquoseurdquo Pode-se atestar que a iniciativa concretizou-se no seacuteculo XVI Nas colocircnias

africanas a intensatildeo era principalmente impedir as influecircncias turcas atuando de

forma proselitista O mesmo seacuteculo eacute marcado por uma fase de grande desenvolvimento

econocircmico da naccedilatildeo lusitana impulsionado pelas navegaccedilotildees pelo comeacutercio de artigos

orientais garantidos pelo controle das rotas abertas atraveacutes do Oceano Atlacircntico Essa

foi exatamente a eacutepoca em que assistimos um franco progresso da imprensa em

territoacuterio portuguecircs seguindo a instauraccedilatildeo das oficinas em Faro (MELO 1973)

Verdade que a primeira tipografia a ser instalada na Ameacuterica natildeo foi obra

portuguesa mas espanhola Trata-se da oficina fundada no Meacutexico em 1533 tampouco

a segunda que tambeacutem foi realizada pelos espanhoacuteis em 1584 em Lima onde estava

localizado o Vice-Reinado do Peru A imprensa vinha respondendo agraves necessidades de

cada colocircnia uma vez que se exigia sua presenccedila para tarefas logicamente ligadas agrave

colonizaccedilatildeo

A instalaccedilatildeo do primeiro serviccedilo de imprensa pelos portugueses se tratando do

Brasil levou 276 anos porque natildeo era interessante para os colonizadores que houvesse

um puacuteblico bem informado em terras americanas

A famiacutelia real portuguesa chegou ao Brasil em 1808 uma vez que as tropas

napoleocircnicas invadiram Portugal e para salvaguardar a permanecircncia da corte neste

mundo e para suprir a necessidade de se imprimir uma infraestrutura que pudesse dar

conta dos velhos mecanismos poliacuteticos na nova corte foi implantada oficialmente a

imprensa no novo Reino Unido em conjunto com outras importantes ferramentas

administrativas como o Banco Nacional do Rio de Janeiro e tribunais para a

administraccedilatildeo das financcedilas e da justiccedila

A Imprensa Reacutegia num primeiro momento tinha como foco executar serviccedilos

relativos agrave administraccedilatildeo real Entretanto com os acontecimentos que se desenrolavam

no velho mundo natildeo se podia condenar os novos habitantes agrave total ignoracircncia dos fatos

assim como se deveria deixar conhecer os fatos ocorridos na nova sede do governo

portuguecircs Ainda a implantaccedilatildeo de escolas de ensino superior assim como outras

instituiccedilotildees culturais exigiam a produccedilatildeo de livros e diferentes papeacuteis de cunho natildeo

46

burocraacutetico o que forccedila a Imprensa Reacutegia a procurar sanar essa demanda

completamente social

Em 10 de setembro de 1808 ocorre a circulaccedilatildeo do primeiro jornal produzido e

impresso em terras brasileiras a Gazeta do Rio de Janeiro serviccedilo que era uma

prerrogativa apenas da sede do governo

Entre os anos de 1808 e 1821 a produccedilatildeo da imprensa no Brasil foi muito

pequena devido a decreto que forccedilava as tipografias a dar prioridade aos papeacuteis

administrativos imprimindo inclusive uma face censoacuteria ao trabalho da imprensa

praticada em terras americanas Este decreto era claro quanto ao papel das oficinas

ldquo[] e atendendo agrave necessidade que haacute da oficina de impressatildeo nestes meus

Estados sou servido que a casa onde eles se estabeleceratildeo sirvam

interinamente da Impressatildeo Reacutegia onde se imprimam exclusivamente toda a

legislaccedilatildeo e Papeacuteis Diplomaacuteticos que emanarem de qualquer Reparticcedilatildeo do

meu Real Serviccedilordquo

(Ipanema 1949 p 53)

A essa restriccedilatildeo inicial no mesmo documento pode ser lida a possibilidade de

abertura para a impressatildeo de papeacuteis mais variados De modo que poucos dias depois da

primeira publicaccedilatildeo uma outra faz-se conhecer as ldquoInstruccedilotildees Provisoacuterias para o

Regimento da Imprensa Reacutegiardquo em 24 de junho de 1808 lia-se o estimulo de produccedilatildeo

de papeacuteis comerciais e obras populares

Entre 1808 e 1821 apenas duas oficinas de prensa habitavam terras brasileiras a

do Rio de Janeiro fundada em 1808 e a segunda na Bahia fundada em 1811

O atraso na instauraccedilatildeo da imprensa em terras brasileiras pode ser explicado pelo

desinteresse da monarquia portuguesa em instituir uma populaccedilatildeo que tivesse acesso agraves

ferramentas modernas da civilizaccedilatildeo europeia na colocircnia devido seu papel na economia

da corte Afinal ignorantes satildeo mais faacuteceis de conduzir Os grilhotildees seriam mais

facilmente mantidos O que se imprime nas oficinas eacute disseminador de discursos que

poderiam incitar dissidecircncia o que natildeo era interessante para Portugal Com o

desembarque da corte e a necessidade poliacutetica de tais serviccedilos a presenccedila real figurava

de certa forma como instituiccedilatildeo que asseguraria muitas vezes atraveacutes do uso da forccedila

o controle do que se publicava

47

Em 1821 quando eacute abolida a censura preacutevia no Reino em consequecircncia da

Revoluccedilatildeo do Porto o nuacutemero de trabalhos editados aumenta exponencialmente Assim

como o nuacutemero de trabalhos editados o nuacutemero de tipografias em territoacuterio brasileiro

tambeacutem aumentou significantemente apoacutes 1821 A partir daquela data quatro outras

mais seriam instaladas em Recife (PE) em Satildeo Luiacutes (MA) em Beleacutem (PA) e em Vila

Rica (MG) Entre 1824 e 1852 quinze outros estados puderam ter em seus territoacuterios

tipografias dentre elas no que hoje eacute denominado Estado de Satildeo Paulo tem a

implantaccedilatildeo oficial datada no ano de 1827 (MELO 1973)

Satildeo Paulo tinha um jornal que tratava de coisas pertencentes a sua realidade visto

que a vida na corte nada tinha de similar aos viveres paulistas Apesar do grande

desenvolvimento experimentado pela regiatildeo durante todo o seacuteculo XIX devido agrave

produccedilatildeo cafeeira a elite paulista natildeo usufruiacutea das mesmas prerrogativas da elite

carioca Mas se constituiacutea como um mercado aacutevido por bens de consumo que

participavam ativamente do pensamento de desruralizaccedilatildeo apesar de ter no rural sua

maior forccedila mas mesmo no campo devia-se ser civilizado e para ser civilizado eacute

imperioso que se faccedila parte do jogo adotando bens simboacutelicos principalmente apoacutes a

independecircncia em 1822

48

4 Desejo de ascensatildeo

No iniacutecio do seacuteculo XIX a elite cafeeira emerge no Vale do Paraiacuteba alcanccedilando

status e trazendo enriquecendo para a regiatildeo diferenciando-se do restante do territoacuterio

paulista que ainda dependia da produccedilatildeo de cana de accediluacutecar e do comeacutercio estabelecido

na vila de Satildeo Paulo para movimentar sua economia O distrito de Satildeo Paulo inicia seu

desenvolvimento de forma mais efetiva quando em 1827 funda-se a faculdade de

direito o que influencia a providecircncia de estabelecimentos que recebam os viajantes e os

estudantes assim como aqueles que migravam para a regiatildeo com o intuito

empreendedor como hoteacuteis e pensotildees

O solo do Vale do Paraiacuteba por volta dos anos de 1860 se mostra exaurido o que

forccedila os agricultores a procurar por terras mais feacuterteis que vatildeo encontrar mais a oeste do

territoacuterio nas redondezas do que hoje conhecemos como Campinas e Itu Agrave eacutepoca as

produccedilotildees natildeo mais escoavam pelos portos do Rio de Janeiro mas pelo porto de Santos

o que resulta na construccedilatildeo da primeira ferrovia de Satildeo Paulo ligando a regiatildeo de

Jundiaiacute agrave baixada santista com um entreposto na cidade de Satildeo Paulo Esta cresce

consequentemente em importacircncia uma vez que era o ponto estrateacutegico que ligava o

litoral e o interior No interior a cultura do cafeacute expandia-se atraveacutes das terras propiacutecias

ao seu cultivo imprimindo notoriedade agrave regiatildeo frente ao entatildeo Impeacuterio

O poeta talvez o mais importante da geraccedilatildeo traacutegica do Mal do Seacuteculo Aacutelvares

de Azevedo mesmo tendo nascido em Satildeo Paulo viveu a maior parte de sua vida na

sede da corte Quando na idade formaccedilatildeo superior se negou a fazer medicina e

embarcou rumo a Satildeo Paulo decidido a fazer Direito na faculdade instalada no Largo

Satildeo Francisco

Em suas correspondecircncias especialmente as destinadas agrave sua irmatilde eacute recorrente ler

sua frustraccedilatildeo quanto a sua nova residecircncia A geografia o incomodava o pavimento ou

a falta dele das ruas o incomodavam a falta de iluminaccedilatildeo urbana o incomodava Para

o poeta afeito agrave vida urbana restava a lamuacuteria ldquoNa minha terra soacute haacute formigas e

caipirasrdquo Sequer poderia receber a alcunha de cidade ldquoProviacutencia intoleraacutevel []rdquo A

intenccedilatildeo de Satildeo Paulo em mostrar-se civilizada e procurar satisfazer sua populaccedilatildeo

tanto nativa quanto imigrante no que se refere a praacuteticas sociais e de sociabilizaccedilatildeo natildeo

49

impressionavam o jovem estudante Tampouco o puacuteblico que ele encontrava nessas

situaccedilotildees

ldquo[] ir a bailes pordf danccedilar com essas bestas minhas patricias q soacute abrem a

bocca pordf dizer asneiras acho q eacute tolice Natildeo julgue Vmcecirc q fallo com

exageraccedilatildeo ndash a moccedila senatildeo a mais bonita a estatua mais perfeita em tudo

uma Belisaacuteria (mineira) eacute uma estupida q diz ndash noacutes natildeo sabe danccedilaacute pocircque

etc e comtudo eacute uma belleza mas Eacute uma estaacutetua estuacutepida e sem vida ndash Como

diz o soneto do Octavianordquo

(AZEVEDO 1976 106)

Apesar da perspectiva negativa a respeito da realidade paulista que bem provaacutevel

seria da maioria das pessoas que tivessem experimentado niacuteveis de civilidade mais

modernos e modernizados a vontade o desejo de alcanccedilar patamares elitizados

espelhados nos grandes centros internacionais e na sede da corte morava nos ideais e

intentos das pessoas assim como nas instituiccedilotildees que habitavam aquela terra que se

enriquecia

50

5 Nomenclatura especializada e a disseminaccedilatildeo das tecnologias

na sociedade

Quando tratamos das tecnologias materiais a produccedilatildeo de maacutequinas e artigos

relacionados agrave medicina diferentemente da cultura que pode ser algo local lidamos

com movimentos de disseminaccedilatildeo que ultrapassam os limites impostos geograficamente

e politicamente Visto que a produccedilatildeo de certos a artigos eacute destinada agrave facilitaccedilatildeo da

vida das pessoas inevitavelmente satildeo mercadorias que para os homens de negoacutecio

devem ser adquiridas pelo maior nuacutemero de compradores possiacutevel De modo que natildeo eacute

interessante que se restrinja somente a um uacutenico local mas eacute melhor para a economia

que se dissemine por todo o globo o quanto possiacutevel alcanccedilando claro aqueles que

possam pagar

Os meios de produccedilatildeo sofreram incrementos evoluiacuteram para que se pudesse dar

conta das demandas do mercado consumidor dependendo da utilidade do que fora

inventado O surgimento de faacutebricas onde o proletariado vendia sua forccedila de trabalho

estaacute atrelado agrave necessidade de produccedilatildeo em massa de produtos tecnoloacutegicos ou insumos

para assistir a fabricaccedilatildeo do produto final

O tipo de capitalismo que nasceu laacute no final do feudalismo o ligado ao

mercantilismo agora evolui para o que podemos chamar de capitalismo industrial que

nasce na Revoluccedilatildeo Industrial iniciada na Inglaterra no seacuteculo XVIII mas que se

dissemina pelo globo se desdobrando em vaacuterias fases durante o seacuteculo XIX

Muito embora possamos assistir o sentimento de patriotismo crescendo com o

passar dos seacuteculos tendo no estabelecimento e valorizaccedilatildeo das liacutenguas locais

vernaacuteculas sua mais clara demonstraccedilatildeo utilizadas em praacuteticas sociais cotidianas

quando se trata das aacutereas relacionadas agraves ciecircncias os lexemas buscados para nominar as

invenccedilotildees e descobertas assim como em algumas aacutereas do conhecimento acadecircmico

como a filosofia gramaacutetica e matemaacutetica estes devido agrave tradiccedilatildeo histoacuterica dos estudos

correntes no ocidente satildeo de origem latina ou grega ndash certos lexemas gregos entram nas

liacutenguas modernas de forma indireta atraveacutes do latim que jaacute os havia incorporado ao seu

proacuteprio como discorremos sobre em momento anterior Procurava-se no antigo no

passado a melhor maneira para dar nome ao que era completamente novo atual em

cada eacutepoca atestando a importacircncia daquelas civilizaccedilotildees na mudanccedila de pensamento e

51

demais mudanccedilas porque vinha sofrendo a humanidade no que diz respeito a

conhecimento e desenvolvimento

Se por um lado as invenccedilotildees e descobertas que pudessem ser comercializadas

deveriam alcanccedilar o maior nuacutemero de consumidores possiacutevel por outro deveria se

proteger a mente inventora salvaguardando seus direitos sobre o produto Nasce entatildeo

o direito de patente que incluiacutea aleacutem dos direitos sobre o produto em si os direitos

sobre o nome dado ao produto que fora escolhido com tanto esmero

As escolhas lexicais feitas nessas aacutereas num primeiro momento mantinham-se

restritas ao campo restrito das literaturas especializadas e ao nicho social composto

pelos cientistas Para estes foi dada a liberdade e poder de introduzir novos nomes

novos lexemas agraves liacutenguas juntamente com a mudanccedila da realidade dos povos por meio

da disposiccedilatildeo de suas invenccedilotildees que eram destinadas agrave posse de outrem Com a

profusatildeo dos trabalhos que vem num crescendo seacuteculo a seacuteculo o nuacutemero de palavras

que compotildeem o leacutexico das liacutenguas tambeacutem cresce de maneira arbitraacuteria e natildeo natural

Esse complexo de nomes constitutivos do leacutexico por atuar de maneira diferente e em

instacircncias diferentes dos demais em estudos que surgem anos depois sobre a liacutengua e

seu funcionamento influencia o surgimento da terminologia

A preocupaccedilatildeo quanto agrave necessidade de certa sistematizaccedilatildeo dos nomes caminha

de matildeos dadas com a ideia de normatizaccedilatildeo uma vez que os especialistas se interessam

pela associaccedilatildeo precisa entre denominaccedilatildeo e conceito cientiacutefico

A escolha por neologismos derivados de empreacutestimo de outras liacutenguas mesmo

que estas jaacute natildeo estejam mais em voga tenham historicamente caiacutedo em desuso ou

menos draacutestico tenham sofrido alteraccedilotildees quanto a sentidos de seu leacutexico se

desenvolvendo naturalmente apresenta certa especificidade O lexema jaacute carrega

consigo um sentido anterior ao empreacutestimo No caso entatildeo da adoccedilatildeo para nomear um

objeto novo de um lexema que jaacute se lhe tenha atribuiacutedo um sentido em algum momento

da sua histoacuteria assim o faz para acessar em certo grau esse significado Muitas vezes

atrelando a novidade ao antigo significante exatamente para que o nome seja facilmente

identificado e compreendido

O estudo de leacutexico especializado aqueles adotados em aacutereas de conhecimento

especiacutefico como as ligadas ao campo cientiacutefico por exemplo eacute praticado desde o

seacuteculo XVIII perpassando o seacuteculo XIX conquanto tenha ganhado maior visibilidade e

52

importacircncia real no seacuteculo XX Neste seacuteculo haacute um delineamento mais acertado da

ciecircncia terminoloacutegica8

Importante notar que de acordo com o incremento dos avanccedilos tecnoloacutegicos

numa linha diacrocircnica cada vez mais se nota a necessidade de uma harmonizaccedilatildeo dos

teacuterminos Essa necessidade culmina no pensamento de normalizaccedilatildeo pregada por

Wuumlster na primeira metade do seacuteculo XX sobre a qual discorre em sua tese de

doutorado intitulada ldquoA normalizaccedilatildeo internacional da terminologia teacutecnicardquo em 1931

O pensamento o engenheiro eacute difundido e faz sentido se ignorarmos certas

circunstacircncias intrinsicamente humanas

ldquoA difusatildeo da versatildeo russa da tese de Wuumlster suscita um maior interesse pela

Terminologia nos domiacutenios especializados e influencia a criaccedilatildeo do Comitecirc

Teacutecnico 37 ldquoTerminologiardquo (TC37) da ISA (International Standardization

Association) da Federaccedilatildeo Internacional das Associaccedilotildees Nacionais de

Normalizadores a precursora da atual ISO (International Standardization

Organization) (Cabreacute 199322 199611)rdquo

(ALMEIDA p 2)

A representaccedilatildeo e a prescritividade aquela para etiquetar de forma justa e

inequiacutevoca o produto a segunda para certificar que houvesse controle sobre as escolhas

das nomenclaturas foram duas caracteriacutesticas determinantes na teoria de Wuumlster a TGT

(Teoria Geral da Tecnologia) Os conceitos se estruturam loacutegica e ontologicamente de

maneira hieraacuterquica O terminoacutelogo em oposiccedilatildeo aos linguistas acreditava que a

evoluccedilatildeo das liacutenguas poderia sim se dar de maneira espontacircnea mas natildeo soacute assim Ao

desenvolvimento espontacircneo Wuumlster chamava norma descritiva em oposiccedilatildeo agrave norma

prescritiva empregada pelos cientistas pois para ele

ldquoSin embargo en terminologiacutea con la tremenda productividad de conceptos

y teacuterminos una evolucioacuten libre de la lengua llevariacutea a una confusioacuten

8 ALMEIDA ldquoO Percurso Da Terminologia De Atividade Praacutetica Agrave Consolidaccedilatildeo De Uma

Disciplina Autocircnomardquo trata-se de um artigo em que discorre sobre certa historiografia da

disciplina Terminologia desde os primeiros expoentes no seacuteculo XVIII ateacute sua maior

sistematizaccedilatildeo no seacuteculo XX quando ganha maior notoriedade devido a aumento exponencial

de novos termos adotado pelas liacutenguas modernas

53

intolerable Para evitar esta situacioacuten desde principios de siglo e incluso

antes en el caso de algunas especialidades los terminoacutelogos empezaron a

unificar por consenso algunos conceptos y teacuterminosrdquo

(CABREacute)

Dentro do ambiente restrito em que se encontram os cientistas a determinaccedilatildeo

exata de um termo eacute muito importante assim a teoria se mostra bem acertada se dentro

destes limites mas pouco efetiva para dar conta das questotildees que envolvem uma

situaccedilatildeo de comunicaccedilatildeo real

Entendemos os neologismos provenientes do campo cientiacutefico-tecnoloacutegico como

terminologias especializadas que realmente foram impostas pelos cientistas mas que

natildeo ficaram presas agraves literaturas especializadas por serem artefatos ou conceitos que

eram destinados ao grande puacuteblico A mostra disso pode ser percebida no pelo

deslizamento que essas terminologias sofreram no que diz respeito agrave tipologizaccedilatildeo

textual na qual encontramos o uso desses lexemas

Se levarmos em consideraccedilatildeo os ensinamentos de CIAPUSCIO (2003) que faz

uma divisatildeo muito perspicaz quanto aos tipos de textos podemos entender esse

deslizamento A autora separa os textos em dois tipos principais formas primaacuterias e

formas derivadas que se subdividem As formas primaacuterias corresponderiam agraves formas

textuais que trazem contribuiccedilotildees originais informaccedilotildees teacutecnicas sobre um artigo

completamente novo Aleacutem de possuir um formato textual predeterminado em outras

escolhas lexicais satildeo estabelecidas de antematildeo havendo pouca variedade em sua

ediccedilatildeo Natildeo podemos negar que a construccedilatildeo textual dos textos especializados possam

variar de acordo com a eacutepoca ou mesmo sofrer variaccedilotildees dependentes da cultura em

que esteja sendo produzidos mas a foacutermula tende a ser mais estanque exatamente pela

necessidade da aacuterea em evitar desacordos ou ininteligibilidade Esse tipo de texto se

destinaria ao puacuteblico especializado obviamente As formas derivadas baseiam-se em

textos subjacentes que dependem dos textos fontes que figuram as formas primaacuterias

Aquelas formas poderiam ser chamadas tambeacutem de formas semiespecializadas uma vez

que os textos para estudantes por exemplo fazem parte do da lista que a compete

Podemos entender os anuacutencios de jornal como textos de um terceiro tipo o

divulgativo pois satildeo textos que datildeo agrave luz um produto trazendo informaccedilotildees a serem

54

conhecidas pelo puacuteblico que para tanto satildeo constituiacutedos por discursos que visam

persuadir ao leitor de que o artefato anunciado eacute uacutetil e que deve ser adquirido

ldquoEn la noticia de prensa con las modalidades propias del geacutenero domina el

propoacutesito informativo que se traduce en indicios linguumliacutesticos claros en este texto

tambieacuten es muy perceptible el esfuerzo por la presentacioacuten positiva de la

informacioacutenrdquo

(CIAPUSCIO 2003)

O conhecimento necessaacuterio ao puacuteblico nada tem de teacutecnico a natildeo ser no que diz

respeito agrave utilidade do produto

Assim os teacuterminos adentram o leacutexico do homem comum e eventualmente

sofreraacute as mudanccedilas impostas pelo uso comum em situaccedilotildees reais podendo desdobrar-se

em outros lexemas enriquecendo a liacutengua

55

6 Projeto de uma naccedilatildeo brasileira

A primeira metade do seacuteculo XIX no Brasil pode ser vista como o momento de

instalaccedilatildeo e instauraccedilatildeo de uma sociedade civilizada de maneira mais efetiva e atrelada

aos moldes europeus Os passos morosos dados pela Colocircnia apressaram-se somente

quando no seacuteculo XIX fugindo das tropas napoleocircnicas D Joatildeo acompanhado de sua

famiacutelia e aproximadamente 20 mil portugueses constituintes da corte lusitana

desembarcam no Rio de Janeiro O ano era 1808 e a chegada dos novos habitantes

quase que da mesma forma como os primeiros europeus em 1500 guardadas as devidas

proporccedilotildees impactaram tremendamente a paisagem das terras americanas A partir de

1808 o Rio de Janeiro jaacute natildeo era mais uma cidade da colocircnia mas a sede do Impeacuterio

ldquoTransformado em Reino Unido jaacute em 1815 o Brasil distanciava-se aos

poucos de seu antigo estatuto colonial ganhando uma autonomia relativa

jamais conhecida naquele contexto O Estado portuguecircs humilhado

perseguido e transplantado reproduziu no Brasil o seu aparelho

administrativo e do Rio de Janeiro o regente denominado tambeacutem ldquorei do

Brasilrdquo administrava todo o seu Impeacuteriordquo

(SCHWARCZ 1998 p 36)

O Brasil que vinha desde a primeira chegada dos portugueses por questotildees

poliacuteticas que assegurassem o domiacutenio sofrendo com as limitaccedilotildees do que poderia ou

natildeo ser implementado agrave vida cotidiana de seus residentes devido agrave nova situaccedilatildeo assiste

mudanccedilas que influenciariam posteriormente todo o seu caminhar rumo ao futuro A

abertura dos portos para material estrangeiro assim como os processos de urbanizaccedilatildeo

que acompanhavam a instauraccedilatildeo das novas instituiccedilotildees poliacuteticas e comerciais em solo

brasileiro impulsionaram a adesatildeo de novas filosofias constitutivas de ideologias no

imaginaacuterio daqueles que chamavam o Brasil de sua terra

Enquanto colocircnia as poliacuteticas praticadas natildeo intentavam a uniatildeo entre as

proviacutencias que quando deparadas com qualquer situaccedilatildeo que lhes fugia do controle

recorriam ao reino sem antes procurar auxiacutelio nas vizinhanccedilas As figuras dos

governadores das capitanias procuravam de certa forma atraveacutes de manobras estar

mais proacuteximas do rei Historiadores relatam ldquoos destinos de Rodrigo Cesar de Menezesrdquo

56

que em Satildeo Paulo enviava falsas informaccedilotildees ao rei diretamente a fim de granjear

merecimento e forccedila poliacutetica (SODREacute 1998) Natildeo interessava de qualquer modo que

se nutrisse qualquer sentimento de unidade na colocircnia

ldquoDessa forma a tradiccedilatildeo natildeo era de coesatildeo mas de dispersatildeo Natildeo era de

uniatildeo mas de dissociaccedilatildeo E tudo contribuiacutea para isso as distacircncias os

tempos das viagens a diversidade de lavouras a vantagem do entendimento

direto com Lisboardquo

(SODREacute 1998 p 40)

Ao final do seacuteculo XVIII uma grave crise econocircmica assola o Brasil Crise essa

que se estende ao iniacutecio do seacuteculo seguinte inclusive durante os anos em que a famiacutelia

real desembarca nessas terras

A mineraccedilatildeo estava entrando em decadecircncia no Brasil produtos que eram

considerados inextinguiacuteveis rareavam a cada ano que adentra o seacuteculo XIX Aleacutem das

riquezas naturais retiradas da terra a lavoura de cana brasileira e a induacutestria accedilucareira

sofrem com o golpe da produccedilatildeo de accediluacutecar na Europa a partir da beterraba Dois fatores

que influenciam fortemente o sentimento de desagrado de descontentamento com

relaccedilatildeo agrave situaccedilatildeo

Esse sentimento de desagrado se reforccedila e soma-se a inseguranccedila imposta pelas

mudanccedilas poliacuteticas iniciadas em 1808 Por todo territoacuterio pipocam insurreiccedilotildees pouco

conectadas entre si a natildeo ser pela vontade e pelo sentimento que se assemelhavam Os

levantes aconteciam particularmente a partir de peculiaridades locais

A unidade poderia natildeo ocorrer com relaccedilatildeo aos espaccedilos mas o sentimento era

comungado graccedilas agrave proximidade ideoloacutegica e de princiacutepios que impulsionavam a

vontade de libertaccedilatildeo Os liacutederes dos levantes bebiam das aacuteguas libertadoras que

moveram os moinhos da revoluccedilatildeo ocorrida na Franccedila no seacuteculo XVIII ainda nos livros

que tratavam da democracia instaurada em terras americanas e todo o discurso que

acompanhava o nascimento dos Estados Unidos com relaccedilatildeo ao progresso e

estabelecimento de uma civilizaccedilatildeo ldquouma sorte de paraiacuteso estatal definitivordquo (SODREacute

1998)

57

ldquo[] Livros e jornais fizeram essa obra de solapamento intelectual tatildeo faacutecil

de penetrar o caraacuteter ainda maleaacutevel da nossa gente cuja credulidade poliacutetica

natildeo tem limites em se tratando de coisas importadas Parece que uma

indolecircncia enorme em pesquisar objetivamente os fundamentos da nossa

sociedade eacute que nos impulsiona em mandar vir de fora as ideologias jaacute

prontas jaacute montadas jaacute acabadas faltando apenas o necessaacuterio esforccedilo para

implantaacute-lasrdquo

(SODREacute 1998 p 43-44)

A classe mais abastada da nova sociedade brasileira aquela que jaacute havia

angariado certa riqueza e alccedilado certo status beberavam das filosofias europeias atraveacutes

dos livros pelos quais podia pagar Fato que a curiosidade intelectual natildeo era

prerrogativa de todos mas o gosto pela leitura ganhava mais adeptos a cada passar de

ano Dessa feita a massa dos medianos e aqueles que natildeo se davam muito aos livros

tinham contato com os ensinamentos por via da imprensa que na eacutepoca era por vezes ateacute

violenta

Esses movimentos soacute foram possiacuteveisi pela quantidade crescente de tipografias

que cobriram nosso territoacuterio muitas com vida bastante curta efecircmera ateacute

A crise econocircmica accedilucareira e da aacuterea da mineraccedilatildeo o descontentamento poliacutetico

e todas as circunstacircncias que levaram agrave independecircncia embebida pelas filosofias

estrangeiras podem nos dar o vislumbre da intenccedilatildeo das accedilotildees oligaacuterquicas que

pretendiam um paiacutes independente

Interessante notar que o deslizamento que ocorre com os lexemas quanto agrave

tipologia textual tambeacutem ocorre com os discursos em voga Se se desejava uma terra

que abraccedilasse a ideologia de crescimento e mudanccedila de certos haacutebitos que fossem

considerados desconectados do imaginaacuterio ideal a melhor forma de se alcanccedilar os

objetivos era primeiro propagandear essa ideologia Em segundo lugar propagandear

os objetos que se ligam intrinsicamente ao status O povo deveria ser civilizado tanto

verbalmente quanto substantivamente num jogo dialeacutetico da palavra

A exemplo do que se assistia no exterior uma naccedilatildeo civilizada deve consumir

bens que simbolizam essa civilidade Para tanto temos um mercado consumidor aacutevido e

as mentes bem empregadas dos cientistas na Europa principalmente que produzem

avidamente para dar conta das necessidades de seu puacuteblico Fazendo o intercacircmbio faz

com que a situaccedilatildeo encontrasse nos jornais a maneira mais efetiva para levar ao

58

conhecimento do mercado consumidor as novas tecnologias receacutem-saiacutedas do forno

apresentadas da maneira mais positiva quanto possiacutevel apelando para a civilidade tanto

almejada

59

7 Passos mecacircnicos

A vida civilizada dos centros urbanos baseia-se na sociabilizaccedilatildeo entre habitantes

As pessoas precisam conhecer e serem conhecidas As maneiras para se fazerem

conhecidas diziam respeito tanto ao pessoal quanto ao profissional A agenda dos bailes

era movimentada na corte nas cidades que se estabeleciam nos demais estados e no que

nos interessa especialmente o que conhecemos como Satildeo Paulo apesar de menos

badalada natildeo se relegava a total inatividade

A cidade de Campinas que crescia devido agrave cultura do cafeacute estabelecida na regiatildeo

era dessas cidades pequenas mas que se via dentro do jogo civilizatoacuterio disposta a

corresponder aos atributos e pagar seus tributos agraves praacuteticas civilizadas Eacute de Campinas o

primeiro exemplo que analisaremos

- 14 de junho de 1870 Campinas Gazeta de Campinas

KX|Vende-se uma machina propria para marcar papel cartatildeo de visita e casamento e

bem assim um sortimento de cartotildees bordados e dourados tudo de 1ordf qualidade Para

tratar com o QUIM SIMOtildeES

Em um espaccedilo urbano eacute natural que a quantidade de profissionais como meacutedicos

advogados professores particulares e outros tantos que natildeo podem se dar ao luxo de

fazer uma assinatura de propaganda com o jornal local por um tempo muito prolongado

precisa arrumar outras maneiras para acessar possiacuteveis empregadores Ademais a

quantidade desses profissionais crescia de acordo com o crescimento das cidades e o

contingente populacional

O que estaacute agrave venda no anuacutencio obviamente natildeo se destinava a uma pessoa

somente Natildeo se trata de um artigo para uso individual o que nos leva a crer que o

possiacutevel comprador devesse ser uma empresa tal qual uma graacutefica uma tipografia A

essa instituiccedilatildeo era dado o papel de confeccionar os cartotildees de visita dos profissionais

que desejassem se ldquoautopropagandearrdquo

Mas essa maacutequina natildeo estava posta apenas para o mundo do trabalho A escolha

feita pelo anunciante foi frisar que ela tambeacutem se prestava agrave confecccedilatildeo de cartotildees para

convite a casamentos Essa praacutetica eacute historicamente um evento social que marca

60

geraccedilotildees por ser no miacutenimo o iniacutecio da possibilidade de uma nova O casamento aleacutem

de unir duas pessoas une duas famiacutelias garante o incremento das posses e o

estabelecimento de certo teor de poder se o acontecimento se daacute entre pessoas que

poderiam pagar por convites que a noacutes parece ser bastante valorizados Afinal satildeo

papeis ldquobordados e dourados tudo de 1ordf qualidaderdquo

A regiatildeo de Campinas berccedilo dessa propaganda se destacou ateacute por alguns anos

mais do que a vila de Satildeo Paulo que viria a ser a capital do estado economicamente

ALONSO (2002) diz

ldquoO processo de revigoramento econocircmico que acompanhou a crescente

produccedilatildeo de cafeacute no oeste ndash as novas lavouras entre as duas grandes ferrovias

abertas a Paulista e a Mogiana ndash gerou uma ldquorefundaccedilatildeordquo da cidade de Satildeo

Paulo sintetizada por Morse (1970 235-6) como transformaccedilatildeo ldquode

comunidade em metroacutepolerdquo O boom da economia do cafeacute fez crescer seu

comeacutercio e sua populaccedilatildeo expandiu os contornos urbanos deu-lhes

iluminaccedilatildeo puacuteblica bondes casarotildees e obras de saneamento A capital

finalmente ultrapassava Campinas e se tornava o centro econocircmico e nervoso

da proviacutenciardquo

(ALONSO 2002 p 149)

O importante para noacutes nessa citaccedilatildeo para o momento eacute corroborar a afirmaccedilatildeo de

que a regiatildeo se mostrava pareada ao afatilde civilizatoacuterio Os movimentos poliacuteticos sociais e

econocircmicos na regiatildeo de Satildeo Paulo foram determinantes em vaacuterios momentos da

histoacuteria brasileira Nessa regiatildeo um grupo nasce beberando de ideologias e filosofias

positivistas liberalistas e federalistas Muitos vinham da regiatildeo de Campinas e do oeste

paulista e como nos diz ALONSO (2002) ldquoaderiram agraves atividades cafeicultora pelo

casamentordquo Essa classe emergente via no mantenimento das famiacutelias a seguranccedila do

status E para fazer com que a uniatildeo seja bem celebrada o primeiro passo eacute garantir que

os convidados recebessem convites para o casamento que fizessem jus aos nomes das

famiacutelias

Maacutequina eacute uma forma que jaacute fazia parte do leacutexico latino e que natildeo sofreu

mudanccedilas de sentido ateacute ser incorporada ao portuguecircs quando seu sentido foi reduzido

No grego antigo temos o sentido que foi transmitido ao latim

61

μηχανή Dor μαχανά ἡ (μῆχος) ndash Lat machina I an instrument

machine for lifting weights and the like Hdt μ Ποσειδῶνος of the

trident Aesch λαοπόροις μ of Xerxesrsquo bridge of boats Id 2 an engine

of war Thuc 3 a theatrical machine by which gods were made to appear in

the air Plat hence proverb Of any sudden appearance ὥσπερ ἀπὸ

μηχανῆς (cf Lat deus ex machine) Dem II any contrivance for doing a

thing Hdt etc in pl μηχαναί shifts devices arts wiles Hes Att

μηχαναῖς Διός by the arts of Zeus Aesch proverb μηχαναὶ Σιςύφου

Ar - phrases μηχανήν or μηχανὰς προσφέρειν Eur εὑρισκειν

Aesch etc - c gen μ κακῶν a contrivance against ills Eur but μ

σωτηρίας a way of providing safety Aesch 2 οὐδεμία μηχανή [έστι]

ὅπως ού c fut Hdt also μὴ ού c inf Id 3 in adverb phrases ἐκ

μηχανῆς τινος in some way or other Id μεδεμιῆι μηχανῆι by no

means whatsoever Id (LIDDLE amp SCOTT Greek-English

Lexicon)

Devemos antes de tudo notar as diferentes formas dialetais μηχανή (mechaneacute)

e μαχανά (machanaacute) a primeira pertencente ao dialeto aacutetico e a segunda ao dialeto

doacuterico A diferenccedila principal entre esse dois dialetos eacute como podemos notar a

predominacircncia no dialeto doacuterico da vogal α que equivale em portuguecircs ao nosso a

enquanto no aacutetico a vogal predominante eacute o η que equivale em portuguecircs ao nosso ε

Notamos que em grego antigo o significado para μηχανή (mechaneacute) liga-se ao

engenho mental meacutetodo o qual se aplica para alcanccedilar determinado fim

independentemente se esse meio eacute fiacutesico ou natildeo podendo ser traduzido por wiles (logro

engano) ou arts (arte induacutestria habilidade manha) como vemos em alguns exemplos

de frases dadas pelo proacuteprio dicionaacuterio ldquoμηχαναῖς Διός (mechanaacuteis Dioacutes = pela arte

de Zeus)rdquo a forma no grego natildeo se dissocia assim como no portuguecircs do sentido

intriacutenseco de mecanismo maneira meio (way) E junto a esse sentido estaacute o que foi

acolhido pelo leacutexico portuguecircs de utensiacutelio fiacutesico o qual se usa para alcanccedilar

determinado fim como os mecanismos de guerra como instrumentos em geral

maacutequinas O dicionaacuterio Liddell and Scott daacute o exemplo do artifiacutecio que Xerxes usou

para alcanccedilar a Heacutelade quando para da Aacutesia chegar agrave Greacutecia construiu uma ponte feita

62

de barcos interligados por cordas ligando as duas porccedilotildees de terra no Helesponto Para

isso Heroacutedoto o historiador que relatou a invasatildeo persa agrave Greacutecia denomina essa

induacutestria de Xerxes λαοπόροις μαχαναί (laopoacuterois machanaiacute) ldquoΛαοπόροςrdquo

(laopoacuteros) dicionariza-se como ldquoque serve como uma passagem para um povo

condutor de homensrdquo Dessa forma o sintagma pode ser entendido porque foi esse o

mecanismo que o rei persa usou para alcanccedilar seu alvo junto com seu imenso exeacutercito e

assim λαοπόροις μαχαναί pode ser traduzido para o portuguecircs simplesmente como

ldquoponterdquo Esse sentindo amplo do morfema μηχανή (mechaneacute) passa ao latim com

exatidatildeo

machinaae f Cic a machina militar o engenho v g de levantar pesos de

moinho etc Cic a catasta ou o logar em que se expunham os escravos para

se venderem Cic A machina astuacutecia o artifiacutecio engano Ulp Jctus O

andaime do pedreiro Machinari machinam Plaut Armar machinar ou

idear engano Adhibere machinas as aliquid Cic Applicar toda a astucia

para conseguir alguma cousa Mundi machina Lucr A machina do mundo

(Souza F A de Novo Diccionario Latino-Portuguez)

O sentido com o qual maacutequina chegou ao portuguecircs eacute muito reduzido se

comparado com o sentido que esse lexema possuiacutea no grego ou latim guardando

somente parte de suas possiacuteveis traduccedilotildees mais objetivo e objetivado

maacutequina Sf 1 Aparelho ou instrumento proacuteprio para comunicar

movimento ou para aproveitar pocircr em accedilatildeo ou transformar uma energia ou

agente natural 2 O conjunto orgacircnico das peccedilas dum instrumento

maquinismo mecanismo 3 veiacuteculo locomotor 4 utensiacutelio instrumento 5

fig Estrutura orgacircnica e harmocircnica 6 fig Construccedilatildeo importante complexa

ou suntuosa 7 fig Entidade ou organismo complexo 8 fig Multiplicidade

de coisas que se relacionam entre si 9 fig Pessoa sem ideacuteias proacuteprias e que

procede como autocircmato () (Aureacutelio 1988)

O uso do morfema se restringe a nomear os utensiacutelios fiacutesicos que se usam para

alcanccedilar determinado fim e mesmo quando usado conotativamente ldquofig Pessoa sem

ideias proacuteprias e que procede como autocircmatordquo a ideia eacute de algueacutem que eacute usado por

outro como um utensiacutelio fiacutesico como algo natildeo orgacircnico e objetificado Assim o lexema

63

maacutequina geralmente vem associado a um outro lexema que lhe decirc sentido ou algum

sintagma que o explique que instrumentalize o lexema maacutequina pois nota-se que esse

lexema torna-se geral como um determinante de algo mutaacutevel que natildeo possui um

sentido restrito por haver vaacuterias espeacutecies e tipos de maacutequinas Exemplo da segunda

constataccedilatildeo eacute o uso do lexema machina que em seguida para apresentar sua utilizaccedilatildeo

lemos o sintagma ldquopropria para marcar papelrdquo O pronome ldquoproacutepriardquo que acompanha

o sintagma nos daacute a entender que haviam outros tipos de maacutequinas inclusive dentro dos

trabalho com o papel como maacutequinas de furar papel por exemplo Aleacutem obviamente

de outros tipos que natildeo se assemelhavam agrave funccedilatildeo

O anuacutencio apresentado acima traz uma maacutequina que seria utilizada em um

ambiente especializado e bastante restrito Em termos de quantidade tratava-se de um

produto de produccedilatildeo sazonal certo de que a procura natildeo seria intensa O artefato era

uacutenico inclusive leia-se a quantidade expressa no anuacutencio ldquoVende-se uma machina

propria para marcar papelrdquo Ainda que seu produto se destine a um nuacutemero maior do

que aquele que faz uso da maacutequina era um grupo restrito aquele que usufruiacutea dele

A constituiccedilatildeo das civilizaccedilotildees se deu historicamente nos entornos de alguma

fonte de aacutegua uma vez que esse eacute um produto natural vital para o sucesso da vida na

terra A cada aumento populacional a cada passo dado rumo a uma vida mais urbana

distanciando-se da natureza o homem produziu um artefato tecnoloacutegico para trazer a

aacutegua cada vez mais para perto e cada vez de uma maneira menos trabalhosa Famosos

eram os canais artificiais da antiguidade no Nilo e o sistema de aqueduto romano

Quanto mais poder o homem tem sobre os recursos naturais maior o niacutevel de civilidade

a ele eacute outorgado

Para a sociedade brasileira oitocentista natildeo poderia ser diferente e nos anos idos

do seacuteculo em questatildeo podia se encontrar maacutequinas idealizadas exatamente para que a

facilidade em se obter aacutegua fosse maximizada

- 28 de janeiro de 1872 Campinas Gazeta de Campinas

BEacuteLIER HIDRAULIQUE (Machinas para suspender agua) ||Na Imperial

Officina Machina de AC Sampaio Peixoto construe-se as machinas acima

de diversos tamanhos para suspender agua a qualquer altura|Estas Machinas

satildeo de muita vantagem para quem tem agua distante da moradia podendo

com o emprego dellas trazel-a para aonde quizer e trabalham noite e dia

64

sem ser necessario meio algum para movel-a se natildeo a propria agua que

entrando por um tubo escapa parte e pela compressatildeo do ar daacute impulso a que

fica em outro fazendo-a subir a altura desejada|Satildeo de contruccedilatildeo simples e

duravel o que se garante| Na officina acima construiu-se uma muito pequena

que estaacute exposta ali para quem quizer vecircr e trabalha perfeitamente bem

suspendendo 23 pollegadas cubicas de agua por minuto aacute altura de 18 peacutes (25

palmos)

ldquoBeacutelier Hidrauliquerdquo era o nome fantasia de um tipo de maacutequina feita em

territoacuterio nacional Haacute uma oficina especializada para a produccedilatildeo em escala dessa

tecnologia Note-se que o que segue o nome do artefato eacute uma explicaccedilatildeo entre

parecircnteses para que o puacuteblico se certificasse do que se trataria ldquoMachinas para

suspender aguardquo A relaccedilatildeo com a aacutegua muito embora venha expressa pelo lexema

ldquohidrauliquerdquo necessitava segundo o anunciante ser atestada para que natildeo houvesse

duacutevidas O sintagma ocorre da mesma forma que a construccedilatildeo do anuacutencio anterior a

esse uma construccedilatildeo lexema + a preposiccedilatildeo lsquopararsquo + infinitivo uma forma de explicar

o uso do objeto

Seja para o conforto de ter aacutegua perto de casa para o uso cotidiano seja para levar

aacutegua agrave lavoura ter o poder sobre o elemento eacute uma demonstraccedilatildeo clara do afatilde

progressista que imperava no ideaacuterio paulista da eacutepoca que via na ciecircncia um degrau

seguro para alcanccedilar a modernidade

ALONSO (2003) citando Pereira Barreto nos diz o seguinte

ldquoAchamo-nos portanto neste dilema ou optar pela ciecircncia e seguir

resolutamente a vereda aberta pelos paiacuteses emancipados ou com fervor nos

lanccedilamos sobre os braccedilos da feacute e nos resignamos a natildeo ser ocupar senatildeo o

uacuteltimo lugar na retaguarda da civilizaccedilatildeordquo

(BARRETO 1876 VII)

O consumo dessa modernidade principalmente depois da deacutecada de 70 vem num

crescendo que impele consequentemente o incremento das possibilidades de produccedilatildeo

assim como bem atesta a propaganda do produto de AC Sampaio Peixoto A maacutequina

desse artiacutefice tinha grande variedade de tamanhos e que poderiam variar tambeacutem quanto

agrave capacidade de acordo com a vontade veja bem Vontade porque ele natildeo diz que leva a

65

aacutegua aonde precisar mas antes pode ldquocom o emprego dellas trazel-a para aonde

quizerrdquo A demonstraccedilatildeo de poder sobre algo tatildeo natural casa-se com o ideaacuterio

positivista da eacutepoca

Ao passo que novas tecnologias maquinais satildeo postas em jogo notamos que a

relaccedilatildeo sintaacutetica tambeacutem se inova Ao que nos parece os nomes que satildeo compostos

pelo lexema maacutequinamachina quando mais antigos ou de tradiccedilatildeo mais antiga como os

que nos serviram com exemplo nos anuacutencios anteriores seguem o padratildeo lexema + a

preposiccedilatildeo lsquopararsquo + infinitivo quando temos um artigo intermediaacuterio em se tratando da

linha histoacuterica vemos uma nova construccedilatildeo que pode ser lida equivalentemente em seu

sentido uma vez que tem a funccedilatildeo de identificar o uso do tipo de maacutequinamachina A

construccedilatildeo que se utiliza de complemento nominal com a construccedilatildeo lexema (maquina)

+ preposiccedilatildeo lsquodersquo + lexema (nome) formando uma palavra complexa para especificar o

tipo de maacutequina de que se trata

De Satildeo Paulo levantamos um anuacutencio de um tipo de machina que pode

exemplificar o que fora expresso no uacuteltimo paraacutegrafo

- 29 de julho de 1887 Satildeo Paulo Correio Paulistano

Machinas de costura|A Frederico Schulze amp Companhia|Importadores de

Machinas de Costura|Pedem ao respeitavel publico se digne visitar o seu

estabele|cimento para examinar o que haacute de melhor em machinas de|costura

dos afamados auctores e com todos os aperfeiccediloamentos|uacuteteis adoptados pela

technica moderna| Os seus preccedilos satildeo extremamente moacutedicos e ao alcance

de|todas as bolsas Aqui encontraraacute sempre o publico grande sortimento|de

machinas para tocar aacute matildeo aacute peacute aacute|peacute e matildeo com caixa ou sem| caixa

proacuteprias e perfeitas para todas as costuras desde a mais fina|cambraia ateacute o

mais en corpado algodatildeo|Os Senhores Alfaiates sapateiros selleiros

correeiros etc| tambem encontraratildeo nesta casa as mais aperfeiccediloadas

machinas jaacute|com accessorios que soacute a mechanica do progresso

hodierno|poderia adeptar para que taes machinas produzam

trabalhos|maravilhosos natildeo soacute pela perfeiccedilatildeo como pelo pouco tempo

comsumido|e pelo pequeno incommodo de quem as menejar para

produzirem|taes resultados Todas as machinas de nosso estabelecimento satildeo

garan|tidas porque soacute importaremos o que houver de bom solido elegante|e

perfeito nesta industria Tambeacutem ahi encontraraacute o respeitavel|publico artigos

concernento aacutes machinas de costura como agulhas|retroz oleo almotolias

66

correias peccedilas avulsas etc tudo de | superior qualidade a preccedilo moacutedico|

Rua de Satildeo Bento 62| Satildeo Paulo

As ldquoMachinas de costura de A Frederico Schulze amp Companhiardquo eacute um dos

anuacutencios mais interessantes que encontramos pela riqueza de detalhes quanto ao

produto e lexemas que se ligam ao produto assim como com o discurso positivista dos

artigos tecnoloacutegicos modernos da eacutepoca

Podemos comeccedilar notando que diferentemente das machinas hidraacuteulicas esse

produto tratava-se de um item que havia necessidade de importaccedilatildeo natildeo sendo

produzido em solo brasileiro Esse eacute um fator a ser notado que demonstra a forma de

comeacutercio que soacute pode ser instaurado apoacutes as transformaccedilotildees poliacuteticas e as poliacuteticas

econocircmicas que se instauraram no Brasil A abertura dos portos para produtos

importados ocorrida no seacuteculo XIX eacute o que possibilitou a entrada inclusive desse tipo

de maquinaacuterio em terras brasileiras A modernidade estrangeira estava sendo

incorporada uma vez que elas serviam como modelo Os importadores traziam para a

naccedilatildeo brasileira o que havia de melhor em machinas de costura de produtores afamados

mundo afora que se alinhavam ao que havia de technica mais moderna

Esse tipo de maquinaacuterio se punha disponiacutevel para todas as bolsas para todos os

tipos de trabalhadores (alfaiates sapateiros selleiros correeiros etc) de vaacuterias sortes

de funcionamento aleacutem de tratarem-se das mais aperfeiccediloadas machinas jaacute com

accessorios que soacute a mechanica do progresso hodierno Importante notarmos o teor

ufanista presente nesse anuacutencio no que condiz com a perspectiva acerca do momento

histoacuterico em que se encontravam julgavam-no como o aacutepice do status moderno A ideia

eacute reforccedilada pela forma adverbial de ldquosoacuterdquo

Os importadores garantem o seu produto como sendo do melhor tipo

independente do tipo de machina Atestam com suas proacuteprias palavras dizendo que ldquosoacute

importaremos o que houver de bom solido elegante e perfeito nesta induacutestriardquo A

gradaccedilatildeo nas escolhas dos adjetivos culmina no lexema ldquoperfeitordquo A raiz desse adjetivo

aparece constituindo vaacuterias outras palavras durante o texto Fala-se do aperfeiccediloamento

adotados pela teacutecnica hodierna das machinas que satildeo perfeitas para a costura das

machinas que se podem achar no estabelecimento que satildeo as mais aperfeiccediloadas ainda

da perfeiccedilatildeo com que se pode produzir trabalhos com essas machinas e alcanccedila o

trabalho finalmente realizado pela induacutestria de maquinas de costura os que seratildeo

67

importados porque satildeo perfeitos Vejamos que a tentativa do anunciante era a de que

textualmente seu produto se mostrasse intrinsicamente atrelado ao julgamento de que

se tratava de algo perfeito

Haacute um outro ponto nesse anuacutencio ao qual recorreremos mais adiante quando este

se refere a questatildeo do tempo

As duas formas de construccedilotildees sintaacuteticas apresentadas ateacute este ponto neste texto

podem ser lidas equivalentemente De tal modo que parafraseando lsquomachina de

costurarsquo temos em bom portuguecircs lsquomachina para costurarrsquo ou no sentido contraacuterio

para lsquomachina para suspender aacuteguarsquo temos como frase equivalente lsquomachina de

suspensatildeo de aacuteguarsquo comparando os dois anuacutencios que apresentamos ateacute agora e a

maneira como operam com o leacutexico

Quando o lexema machina aparece isolado sem qualquer tipo de associaccedilatildeo para

a formaccedilatildeo de palavras complexas ou sintagmas que expliquem o seu uso se refere a

uma gama de tipos desse artefato ou se trata de retomadas reduzidas do tipo de maacutequina

jaacute mencionada no texto dos anuacutencios Para exemplificar essa uacuteltima afirmaccedilatildeo podemos

tomar parte do anuacutencio logo acima transcrito

ldquo- 29 de julho de 1887 Satildeo Paulo Correio Paulistano

()Aqui encontraraacute sempre o publico grande sortimento|de machinas para

tocar aacute matildeo aacute peacute aacute|peacute e matildeo com caixa ou sem| caixa proacuteprias e perfeitas

para todas as costuras desde a mais fina|cambraia ateacute o mais en corpado

algodatildeo ()rdquo

Abrindo aqui um parecircntese ALENCASTRO9 nos conta sobre a tentativa do

Brasil do seacuteculo XIX de procurar se espelhar em certas naccedilotildees jaacute constituiacutedas na

Europa principalmente a Franccedila O autor nos fala sobre um certo ldquofranceismordquo

experimentado pela sociedade brasileira tanto no que tange a vida urbana quanto agrave vida

rural

9 Alencastro Luis Felipe de ldquoVida Privada e Ordem Privada no Impeacuteriordquo artigo que se encontra na obra

ldquoHistoacuteria da Vida Privada no Brasilrdquo Esta obra se propotildee a nos dar um panorama da vida no Impeacuterio

assim assim como as ideias sobre o processo civilizatoacuterio experimentada pelo Brasil no seacuteculo XIX

68

ldquoUm modo de vida caracterizado por uma cultura rica menos

desequilibrada que a da Itaacutelia menos ruacutestica que a da Espanha e Portugal

mais densa que a da Inglaterra mais presente do que a da Ameacuterica no

Norterdquo

(ALENCASTRO 1997)

Haacute de se ter em mente que a populaccedilatildeo urbana em comparaccedilatildeo agrave rural no Brasil

do seacuteculo XIX era em termos de grandeza numeacuterica menor e por isso mais presente

na vida enquanto sociedade Tendo entatildeo como fonte de paracircmetro civilizado a Franccedila

atraveacutes de folhetins operetas e romances que desembarcavam no Impeacuterio a elite

brasileira se mostrava uma grande consumidora do modelo escolhido Assim os

modelos de maacutequinas de costura vinham para incrementar ldquoas atividades domeacutesticas

das mulheres livres e escravasrdquo (ALENCASTRO 1997) respeitando seu espelho

Uma ferramenta muito uacutetil para atestados de discursos surgiu no iniacutecio do seacuteculo

XIX e foi recebida de maneira bastante calorosa Em 1826 o francecircs Niceacutephore Niegravepce

militar e cientista amador fascinado pela ideia da possibilidade do registro visual

consegue alcanccedilar a faccedilanha ainda que para ele natildeo tenha sido uma mostra de sucesso

de produzir o que hoje eacute considerada a primeira fotografia da histoacuteria Devido a teacutecnica

inicialmente utilizada pelo inventor que atraveacutes da luz capturava a imagem em oito

horas enquanto a luz do sol muda assim como as sombras o resultado final dessa

primeira fotografia era algo muito borrado mas promissor A associaccedilatildeo de Niegravepce e

Louis Daguerre que via o potencial da tecnologia resultou apoacutes a morte do primeiro e

com mais investimentos pelo segundo no incremento da teacutecnica possibilitando a

criaccedilatildeo de maacutequinas capazes de fotografar com mais perfeiccedilatildeo aquilo que se julgasse

digno de registro ao que o inventor nomeou daguerreotipo Outros inventores em

outros lugares do mundo vinham trabalhando em invenccedilotildees que procuravam o mesmo

resultado Talbot e Herschel na Inglaterra Hercules Florence que viveu no Brasil entre

1824 e 1879 na vila de Satildeo Carlos onde hoje eacute conhecido como Campinas que se

utilizou da proacutepria urina para alcanccedilar resultados satisfatoacuterios em seus experimentos em

1833 Sobre este uacuteltimo apesar de natildeo ter dado nenhum nome especiacutefico para sua

invenccedilatildeo aos resultados obtidos pela sua teacutecnica foi dado o nome de fotografia

Uma vez obtido sucesso a produccedilatildeo de maacutequinas fotograacuteficas poderia se tornar

produto para o mercado

69

- 22 de janeiro de 1879 Satildeo Paulo Correio Paulistano

PHOTOGRAFIA|AMERICANA|RUA DA IMPERATRIZ|Satildeo PAULO| O

propretaacuterio deste estabelecimento de volta de sua viagem aacute Europa continua

a trabalhar no mesmo estabelecimento o qual se acha augmentado com

machinas e utensiacutelios os| mais modernos|Neste estabelecimento que conta

16 annos de existencia (o mais antigo deste proviacutencia) continua-se a

trabalhar por todos|os sistemas de photografias desde o retrato em a|mais

pequena miniatura ateacute o tamanho natural|Encarrega-se de mandar pintar em

Pariz pelos melhores pintores qualquer retrato em|busto ou corpo inteiro a

oleo pastel ou aquarella bastando para isso um pequeno retrato|da pessoa

que se quizer retratar|Trabalhar-se todos os dias das 10 horas da manhatilde aacutes 4

horas da tarde natildeo importa o tempo chuvoso|OS SENHORES

PHOTOGRAFOS|encontraratildeo neste estabelecimento tudo que eacute mister aacute

mesma arte e pelos preccedilos do Rio de Janeiro|Retratos de ateacute Reacuteis 5$ a

duacutezia

Incriacutevel eacute notar a rapidez com que as tecnologias se potildee feitas logo satildeo

consumidas em sanha terriacutevel

O lexema machina neste anuacutencio diferentemente das utilizaccedilotildees sintaacuteticas

analisadas antes natildeo vem acompanhado de complemento que explique a sua utilizaccedilatildeo

como em machina de costura ou machina para suspender aacutegua O lexema se apresenta

sozinho o que nos faz crer que a familiaridade com o produto na eacutepoca era bastante

avanccedilado

O proprietaacuterio importava natildeo soacute as machinas e utensiacutelios mais modernos mas

trazia consigo o conhecimento dos sistemas pelos quais se poderia modernizar as

praacuteticas artiacutesticas da fotografia

Photografia foi um lexema adotado pela liacutengua portuguesa em 1858

fot(o) elem Comp do gr Photo- de phos photoacutes luz que se documenta em

numerosos compostos introduzidos nas liacutenguas modernas de cultura a partir

do seacutec XIX como fotografia fotometria fotosfera etc Pelo modelo de

fotografia cuja forma abreviada foto veio a constituir novo elemento de

composiccedilatildeo formaram-se dezenas de outros compostos tais como fotocarta

fotonovela fototeca etc () fotografia | photographia 1858 (CUNHA

2007)

70

Podemos notar como foi grande a aceitaccedilatildeo puacuteblica dessa nova tecnologia no

Brasil oitocentista como podemos notar pela quantidade de anuacutencios que se fizeram na

eacutepoca de casas especializadas nessa arte

- 24 de abril de 1870 Campinas Gazeta de Campinas

PHOTOGRAPHIA CAMPINENSE DE HENRIQUE ROSEN|| 28-RUA

DIREITA-28||Tira retratos todos os dias e por todos os systemas Para familia

- os preccedilos satildeo reduzidos consideravelmente

A photografia eacute importante para noacutes pois se trata de um registro que vai aleacutem do

comezinho natildeo eacute algo simplesmente para guardar um momento Antes carrega consigo

um discurso

ldquoEacute preciso compreender por exemplo que dentro de uma fotografia se

revela natildeo soacute a imagem em si ela traz consigo um contexto histoacuterico social

Expressa tambeacutem o olhar particular do fotoacutegrafo que tem um objetivo em

seu registro e este olhar eacute tambeacutem uma construccedilatildeo social o fotoacutegrafo eacute uma

construccedilatildeo social Portanto revela o autor da obra e revela aquele que vecirc a

imagem que para interpretaacute-la faraacute uso de conhecimentos jaacute adquiridos em

sociedade Todo esse enredo dentro de uma fotografia demonstra a amplitude

do ato de fotografar e a reaccedilatildeo da imagem gerada para terceirosrdquo

(FREITAS 2018 p 5)

As fotografias de D Pedro II para tomarmos o exemplo mais expressivo

carregavam sempre consigo algo a mais do que a imagem em si mas antes vinha repleto

de intenccedilatildeo dependendo da razatildeo da fotografia Mais do que uma construccedilatildeo social no

caso das fotografias do seacuteculo XIX muitas delas se prestavam para a construccedilatildeo de uma

sociedade aquela idealizada pela circunstacircncia

Na obra As Barbas do Imperador de Schwarcz haacute um capiacutetulo intitulado ldquoA

revoluccedilatildeo do daguerreacutetipo entre noacutesrdquo Sobre a corte eacute dito que o imperador do Brasil

aleacutem de grande entusiasta da tecnologia e das teacutecnicas fotograacuteficas ele mesmo se tornou

um fotoacutegrafo precoce ldquoo primeiro fotoacutegrafo brasileiro o primeiro soberano-fotoacutegrafo

do mundordquo Leia-se ainda ldquoNa verdade d Pedro faraacute da fotografia o grande

71

instrumento de divulgaccedilatildeo de sua imagem moderna como queria que fosse o reinordquo

(SCHWARCZ 1998 pg 345)

Entre agosto de 1839 quando o daguerreotipo foi anunciado na Academia de

Belas-Artes e de Ciecircncias em Paris e janeiro de 1840 tempo bastante curto para a

eacutepoca diga-se no Brasil a tecnologia estava introduzida exercitando a arte e a

curiosidade de nosso povo A arte fotograacutefica era vista como o grande marco da

modernidade

No produto avistava-se o casamento com a modernidade atestando o status

civilizado aleacutem de figurar como um negoacutecio para o enriquecimento pessoal uma vez

que os retratos a oacuteleo apresentavam preccedilos cada vez mais altos A procura por retratos

fotograacuteficos que eram feitos agraves duacutezias e que poderia ser dados como presentes ou

mesmo trocados se tornaram uma saiacuteda muito cocircmoda para aqueles que desejassem seu

retrato ou do que quer que fosse Atraveacutes dos retratos poderia se mostrar o quanto

civilizadamente moderno se era pelo produto e pela forma como eram realizados os

retratos Assim todos eram um pouco como o imperador propagandeando

Como se vecirc nos exemplos dados machina e modernidade se expotildeem de forma

associada e inseparaacuteveis ideologicamente

Uma vez incorporado o lexema agrave liacutengua inevitavelmente sofre fenocircmenos

morfoloacutegicos principalmente por fazer parte de uma aacuterea tatildeo produtiva quanto o campo

de novas tecnologias Dessa forma a partir do lexema machina e do fenocircmeno

derivacional que ldquoconsiste em formar palavras de outra primitiva por meio de afixosrdquo

(BECHARA 2007) novas palavras satildeo criadas (neologismos) para dar conta das novas

aacutereas que surgem a partir da adoccedilatildeo de novas tecnologias Assim da ldquopalavra simplesrdquo

machina com a adiccedilatildeo do sufixo derivacional agentivo ldquondashistardquo temos a denominaccedilatildeo da

pessoa que opera maacutequinas o machinista Segundo Cunha a adoccedilatildeo deste neologismo

se deu em 1813

maacutequina sf Qualquer utensiacutelio ou instrumento | machina 1572 | do lat

Machina deriv Do gr Dor Machana meio engenhoso para se conseguir um

fim () maquinista 1813 do fr Machiniste() (Cunha 2010)

Temos assim o exemplo dessa nova palavra em nosso corpus

72

- 27 de fevereiro de 1889 Satildeo Paulo Correio Paulistano

Engelberg Siciliano amp Companhia|Machinas para lavoura|privilegiadas pelo

governo imperial|Satildeo Paulo|No empenho de tornar cada vez mais conhecidas

as vantagens que sobre|quaesquer outras offerecam as nossas excellentes

machinas para a lavoura|chamamos a atenccedilatildeo do senhores fazendeiros para o

seguinte|descascador de cafeacute do ldquoengelbergrdquo|O descascador ldquoEngelbergrdquo eacute o

unico que absolutamente natildeo quebra cafeacute|apresentando aleacutem desta

incontestavel vantagem outras muitas taes como--|grande simplicidade e

solidez dispensando os tantos concertos que satildeo|precisos em outras

beneficio perfeitissimo devido ao seu excepcional e |unico systema pelo

qual o cafeacute se descasca brandamente sem estragar-se conservando por muito

tempo a sua cocircr natural e sendo por isso muito apreciado e procurado em

todos os mercados natildeo se perde nenhum gratildeo de cafeacute porque a palha sahe de

tal modo moiacuteda que eacute impossivel envolver cafeacute algum|natildeo acontecendo o

mesmo com outros descascadores os quaes apezar de|moerem o cafeacute

deixam a palha quase inteira envolvendo-se nella grande|quantidade de gratildeos

que afinal se perdem por na poderem ser separados|occupa menor forccedila do

que qualquer outro descascador para beneficiar a|mesma quantidade havendo

aleacutem disso grande economia de lenha e tempo| Enfim os numerosos

attestados que recebemos diariamente de illustrados|fazendeiros e as

experiencias feitas por muitas vezes em cotejo com outras|machinas em

cujas experiencias tem-se observado que os nossos descascadores|sugmentam

a safra ateacute dez por cento satildeo elementos mais que sufficientes para |

comprovar o que dizemos|E se isso ainda natildeo focircr bastanto nos obrigamos a

pagar a quantia de reacuteis 50$000|por arroba de cafeacute que sahir quebrado de

nossa machina condiccedilatildeo essa que nos | poderaacute impor qualquer

comprador|Ainda mais -- faremos prezente de um descascador de qualquer

tamanho|dos de nossa invenccedilatildeo a quem quizer nos dar em troca o cafeacute que

sobrar do cotejo com outro descascador de differente systema tomando-se

como base|quantidade egual de cafeacute em cocircco calculada para dar dez mil

arrobas|beneficiadas|Quer isto dizer que o nosso descascador nas primeiras

mil arrobas de cafeacute que | beneficia jaacute proporciona para o fazendeiro uma

economia cujo valor eacute superior|ao seu custo|Diante de vantagem tatildeo reaes e

incontestaveis excusado eacute encarecer os meritos desta machina e para sua

significativa importancia nos limitamos a reclamar em|geral a attenccedilatildeo da

lavoura do paiz a favor da qual revertem os seus beneficios|Ventilador de

cafeacute em cocircco|Apartador de pedras|Esta machina tambem muito simples de

tatildeo solida construcccedilatildeo como a|precedente torna se egualmente necessaria por

ser de grande vantagem e de|reconhecia utilidade notadamente nas fazendas

73

situadas em terrenos|pedregosos|Atenuando consideravelmente a penosa lide

da lavagem do cafeacute proporciona ao|fazendeiro uma grande economia de

tempo em relaccedilatildeo aacutequelle prejudicial|systema|O nosso ndash Ventilador para cafeacute

em cocircco ldquoApartador de pedrasrdquo duas machinas|adaptadas nrsquouma soacute peccedila

pelo que dispensa completamente o antigo ventilador|para cafeacute em cocircco

preencheu perfeitamente a lacuna que existia na lavoura|e tanto eacute isso

verdade que continuamos a receber constantemente pedidos dessa excellente

uacutenica e tatildeo invejada machina|Machina de beneficiar arroz Evaristo

Conrado|Este prodigioso producto da machina eacute superior a todo o encocircmio

que se lhe|possa fazer e para comprovar o que avanccedilamos basta nos-aacute

lembrar o imenso|sucesso que acaba de obter nos Estados Unidos da

America onde cauzou|assombro a sua apresentaccedilatildeo um publico

organizando-se desde logo uma|companhia com o elevado capital de um

milhatildeo de dollars para desenvolver o|seu fabrico em grande escala conforme

reclama a procura|A superioridade desta machina sobre qualquer outra eacute tatildeo

sensiacutevel que a torna unica no mundo De uma solidez e simplicidade

extremas dispensa o serviccedilo|de machinista profissional para dirigil-a sem

prejudicar nem mesmo de leve|este resultado-- natildeo quebra arroz brune-o

com admiraacutevel perfeiccedilatildeo e|toda a casca pondo-a em condiccedilotildees de prestar-se

a diversos misteres de grande|utilidade|Aleacutem disto a machina ldquoEvaristo

Conradordquo soacute occupa um pequeno espaccedilo para | seu funccionamento quando

as outras existentes sobre serem deficientes em|seus resultados satildeo de

grandes complicaccedilotildees e de preccedilo extraordinariamente|maior sendo ainda de

dispendiosissima montagem

Temos anuacutencio de um tipo de maacutequina que de tatildeo moderna e de tal autonomia que

ldquodispensa o serviccedilo de machinista profissional para dirigil-ardquo Lecirc-se nas entrelinhas

algo que vai aleacutem Nesse momento existe um profissional especializado em ldquodirigirrdquo

esse tipo de maacutequina mas que com a evoluccedilatildeo tecnoloacutegica se torna dispensaacutevel

Reiteramos aqui todo o empenho dos paulistas em se mostrar cada vez mais

adepto do cientificismo e das teacutecnicas cientiacuteficas O campo era a mina de onde se

retirava a riqueza desse povo A preocupaccedilatildeo com esse campo de pesquisa era grande

de modo a civilizar o campo modernizando-o assim como as cidades

O mundo cultuava a tecnologia Desde o iniacutecio da segunda metade do seacuteculo XIX

exposiccedilotildees chamadas de Exposiccedilotildees Universais ocorriam mundo afora em grandes

centros demonstrando toda sorte de trabalhos festejando o progresso

74

ldquoEacute nessa mesma eacutepoca que nosso imperador comeccedila a investir mais e mais

em uma imagem lsquoprogredidarsquo para o paiacutes no exterior O lsquomonarca inventorrsquo e

adepto das vogas cientiacuteficas combinava com o cidadatildeo do mundo que viajava

como um turista que se quer qualquerrsquordquo

(SCHWARCZ 1998 p 385)

A eacutepoca eacute a deacutecada de 80 O puacuteblico das exposiccedilotildees crescia a cada evento e se

destinava a propaganda das naccedilotildees e seus trabalhos O que cada naccedilatildeo tinha a oferecer

ao mercado externo Ser sede de uma dessas feiras era garantir visibilidade aleacutem do

grande retorno financeiro Participar como expositor tambeacutem obviamente trazia

visibilidade ao paiacutes dono do estande e a partir da terceira exposiccedilatildeo que aconteceu em

Londres em 1862 o Brasil foi presenccedila cativa (SCHWARCZ 1998)

O Brasil queria se mostrar civilizado e levava para os seus estandes o que era

produto do paiacutes cafeacute seu carro chefe chaacute erva mate guaranaacute arroz borracha tabaco

madeira entre outros produtos agriacutecolas Aleacutem do que era mais rural tambeacutem se

apresentavam produtos mais modernos tecnoloacutegicos ateacute como maquinaria em geral

materiais para estrada de ferro e construccedilatildeo civil teleacutegrafos armamentos militares

Produtos estes que seriam mais simboacutelicos no que tange a modernidade contudo eram

vilipendiados pelos visitantes do estande que premiavam o cafeacute e a ceracircmica marajoara

e mantinham a opiniatildeo de que o Brasil era um paiacutes exoacutetico

Ao menos a agricultura era premiada devido agrave excelecircncia de seus produtos

Retomemos o anuacutencio Este era destinado aos senhores fazendeiros para que

conhecessem um descascador de cafeacute que diferentemente daquelas que recheavam o

mercado trabalhava de modo a manter a integridade dos gratildeos da mesma sorte que

apenas o que sairia da maacutequina era o gratildeo sem resquiacutecios de palha O que era um

problema A adjetivaccedilatildeo utilizada para esta maacutequina e seu sistema de funcionamento

natildeo podia ser outro que natildeo perfeitiacutessimo Os vendedores punham tanta feacute em sua

tecnologia que se propunham a pagar pelas sacas de cafeacute que saiacutessem quebrados da

maacutequina

A maacutequina que dispensava machinista era uma destinada ao trato com o arroz

apoacutes a colheita e esta ausecircncia natildeo prejudicaria ldquonem mesmo de leve este resultado--

natildeo quebra arroz brune-o com admiraacutevel perfeiccedilatildeo e toda a casca pondo-a em

condiccedilotildees de prestar-se a diversos misteres de grande utilidaderdquo

75

71 Arte mecacircnica

Quando anteriormente chamamos a atenccedilatildeo para as duas formas dialetais

existentes do lexema machina μηχανή e μαχανά no grego natildeo foi de maneira

nenhuma sem um propoacutesito Ambas as formas influenciaram o leacutexico da liacutengua

portuguesa tendo formas lexicais adotadas em momentos distintos obviamente

formando radicais distintos mas logicamente associados quanto ao sentido

A forma doacuterica μαχανά como pode parecer claro influenciou a adoccedilatildeo no

leacutexico latino e ao radical que forma o lexema machina assim como palavras que dela

derivaram A forma faz parte de uma gama de outros lexemas que serviram de

empreacutestimos dos mais antigos respeitando o fluxo grego gt latim por questotildees histoacuterico-

geograacuteficas As colocircnias doacutericas situavam-se na Greacutecia ocidental parte delas mais

precisamente no sul da Itaacutelia na antiguidade Devido essa proximidade fiacutesica entre as

liacutenguas a influencia entre si acontecia naturalmente

A forma aacutetica μηχανή (mechaneacute) jaacute no grego era muito mais produtiva na

formaccedilatildeo de palavras influenciando outro ramo lexicograacutefico o que nos presenteou

com a forma mechanica Essa segunda forma dialetal pocircde ser mais produtiva muito

devido a sua origem A partir seacuteculo IV aC o dialeto falado em Atenas alcanccedilou a

promoccedilatildeo agrave liacutengua modelo devido sua importacircncia no processo civilizatoacuterio do territoacuterio

(LUumlDTKE 1974) Como o francecircs falado em Paris que nos dias de hoje tem sua

importacircncia internacional ou em um grau reduzido podemos exemplificar esse fato

fazendo uma associaccedilatildeo com o portuguecircs falado no Brasil e o dialeto (ou dialetos) do

sudeste que pode natildeo ser tido como modelo explicitamente mas ainda hoje eacute o dialeto

no territoacuterio nacional com maior prestiacutegio o dialeto preferido para o uso na televisatildeo

por exemplo sendo o mais difundido

Como dito a forma aacutetica era muito mais produtiva do que a forma doacuterica no

proacuteprio grego antigo dando origem a palavras como μηχάνημα (mechaacutenema)

μηχανητέον (mechaneteacuteon) μηχανητικός (mechanetikoacutes) μηχανικός

(mechanikoacutes) μηχανική (mechanikeacute) etc Atentemos para este uacuteltimo Este lexema

faz parte de uma lista especiacutefica de substantivos criados no grego para nomear artes

teacutecnicas O sufixo κή (keacute) foi amplamente utilizado por Platatildeo e seus disciacutepulos como

Aristoacuteteles para nomear aacutereas de estudo que abrangiam campos de conhecimento e esse

76

conhecimento deveria ser focado e especificado para que dessa forma esse

conhecimento pudesse ser transmitido Assim vaacuterios outros neologismos foram

adotados ainda no grego por volta do seacuteculo V aC a partir desse fenocircmeno que aplica a

sufixaccedilatildeo como γραμματική (gramatikeacute) ποιητική (poietikeacute) ῥητορική (retorikeacute)

e o caso que nos interessa μηχανική (mechanikeacute) entre outros que se dicionarizam

respectivamente arte gramaacutetica arte poeacutetica arte retoacuterica e consequentemente arte

mecacircnica Eacute fato que a adoccedilatildeo μηχανική (mechanikeacute) eacute posterior agrave grande profusatildeo de

neologismos utilizada por Platatildeo mas que segue as mesmas diretrizes para a criaccedilatildeo de

novos lexemas Sendo uma mateacuteria de estudo naturalmente surgiram tratados e

compecircndios sobre os assuntos ainda na Greacutecia claacutessica e posteriormente visto que toda

τέχνη (teacutechne) supotildee ensinamento e aprendizado

Desta sorte o sentido jaacute presente no grego chega atraveacutes do latim ao portuguecircs

mecacircnica sf 1 Ciecircncia que investiga os movimentos e as forccedilas que os

provocam 2 obra atividade ou teoria que trata de tal ciecircncia3 o conjunto

das leis do movimento 4 estrutura e funcionamento orgacircnico 5 aplicaccedilatildeo

praacutetica dos princiacutepios de uma arte ou ciecircncia 6 tratado ou compecircndio de

mecacircnica 7 exemplar de um desses tratos ou compecircndios 8 fig

combinaccedilatildeo de meios de recursos mecanismo () (Aureacutelio 1988)

O termo segundo CUNHA (2010) em seu ldquoDicionaacuterio Etimoloacutegico da Liacutengua

Portuguesardquo teve sua primeira ocorrecircncia no seacuteculo XVI

mecacircnico adj relativo agrave Mecacircnica parte da Fiacutesicarsquo maquinal versado em

Mecacircnica operaacuterio que se ocupa da conservaccedilatildeo e conserto de motores

artista artesatildeo () mecacircnica XVI Do lat mechanica deriv do gr

mechanikeacute

(Cunha 2010)

Assim como o lexema machina mechanica carrega consigo um peso grande

difiacutecil de dissociar da ideia de modernidade por serem obviamente associados no que

tange ao campo de aplicaccedilatildeo e familiaridade A ciecircncia mecacircnica desdobra-se

acompanhando lado a lado os novos inventos sempre sendo ampliado para dar conta de

novos movimentos movimentos que vatildeo ao encontro da modernidade Pois eacute por essa

77

teacutecnica por essa arte por essa ciecircncia que os novos inventos inventos mecacircnicos

podem vir agrave luz

O lexema realmente jaacute fazia parte do leacutexico da liacutengua portuguesa para definir uma

ciecircncia que evoluiacutea a passos lentos Contudo eacute no seacuteculo XVIII na Inglaterra que com

a dita ldquoRevoluccedilatildeo Industrialrdquo e depois no seacuteculo XIX com a propagaccedilatildeo desta

revoluccedilatildeo pelo mundo aleacutem do advento de uma segunda fase que esse lexema toma

novas cores tambeacutem se associando a palavra revoluccedilatildeo em voga na eacutepoca chegando-

se mais agrave ideia de inovaccedilatildeo de modernidade Podemos notar o discurso ufanista em

relaccedilatildeo agraves novidades tecnoloacutegicas e agrave ciecircncia que possibilita sua existecircncia e avanccedilo nos

anuacutencios que analisamos

Em anuacutencio analisado anteriormente neste mesmo trabalho chamamos a atenccedilatildeo

para a palavra mechanica utilizada para dizer da modernidade como as machinas de

costura vinham sendo produzidas na eacutepoca em estudo Naquela anaacutelise demonstramos a

relaccedilatildeo entre a teacutecnica e os avanccedilos civilizatoacuterios

Aleacutem dos avanccedilos tecnoloacutegicos praacuteticos que podem ser usados como ferramentas

para um maior conforto seja no momento do trabalho seja na organizaccedilatildeo social

comungada pela elite da eacutepoca o Brasil punha-se a consumir o que havia de inovaccedilatildeo

cultural ou ferramenta cultural como eacute o caso do nosso proacuteximo exemplo do uso do

lexema mechanica

- 12 de julho de 1828 Satildeo Paulo O Farol Paulistano

Joatildeo Pedro Latzon tem a honra de participar| ao respeitavel Publico que elle

proximamente che|gou de Londres aacute esta Capital onde pertende exhi|bir

algumas Artes Liberaes ou Optica Mechanica| com toda subtileza

perfeiccedilatildeo e delicadeza a que| eacute possiacutevel chegar na casa da Opera desta

mesma| Cidade no dia 13 do corrente mez de Julho Todos| os Senhores e

Senhoras que quizerem honrar o dic|to espectaculo com as suas presenccedilas

queiratildeo se| dirigir aacute casa do Senhor Guilherme Hopkins morador| na Ponte

de Lorena desde as 10 horas da manhatilde| ateacute as 4 da tarde do referido dia 13

onde acharaacuteotilde| os Bilhetes natildeo soacute dos Camarotes como da Pla|tea em cuja

occasiatildeo espera o Reprezentante rece|ber a competente esportula_Principiaraacute

agraves 8 horas| NoteBem A esportula dos Camarotes Platea| e Varanda eacute a do

costume

78

O exemplo desse anuacutencio vem dialogar com um avanccedilo importantiacutessimo quanto

ao trato que a humanidade realizava com o que lhe eacute proacuteprio e distintivo

No mundo grego a distinccedilatildeo entre as artes punha as mecacircnicas num patamar de

menor importacircncia do que aquelas que satildeo realizadas acessando a subjetividade

Aristoacuteteles dividia as ciecircncias de sua eacutepoca como sendo de trecircs tipos as teoacutericas as

praacuteticas e as poeacuteticas Elas respeitavam certa hierarquia que se relacionava com o que eacute

mais interior e mais proacuteximo do espirito As que tocavam o que era mais interior eram

consideradas superiores agravequelas mais mecacircnicas

Se por um lado a teacutechne segundo se relaciona com a esperteza com a astuacutecia

assim como com as habilidades nas produccedilotildees humanas Por outro a espisteacuteme se

relaciona com o saber fazer algo com o conhecimento Logicamente a teacutechne tambeacutem

se relacionava com o conhecimento teoacuterico para que se possa explicar como funciona

cada um dos procedimentos postos em praacutetica

ldquoPara Platatildeo teacutechne consistia em compreender o procedimento de

determinada coisa mas que natildeo se reduzia ao mero jeito de fazer Jaacute para

Aristoacuteteles teacutechne referia-se agrave produccedilatildeo de algo enquanto episteacuteme agrave

construccedilatildeo de um discurso racional demonstrativo com a finalidade de

comunicar o conhecimento A teacutechne natildeo tinha em si mesma uma finalidade

era sempre instrumental o meio com o qual se atingia alguma coisardquo

(SILVA 2014 p 3)

Houve trabalhos durante o medievo que procuraram aproximar as ciecircncias

estreitando a relaccedilatildeo entre o homo sapiens e o homo artifex de modo a clarificar o que eacute

inseparaacutevel para a humanidade a inteligecircncia sagaz e a engenhosidade teacutecnica A partir

da idade meacutedia e suas mudanccedilas com relaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo novos modelos do diacutestico

ensino aprendizagem satildeo praticados que se distanciavam das antigas praacuteticas de

passagem de conhecimento entre artesatildeos gt aprendizes Toda forma de aprendizagem

na Era Medieval era uma escola mas com o desenvolvimento e surgimento de novas

teacutecnicas a relaccedilatildeo evoluiu demandando inovaccedilatildeo

A educaccedilatildeo profissional no Brasil no seacuteculo XIX foi foco de reflexotildees e accedilotildees

para corresponder agraves expectativas de um mundo que se modernizava em velocidade

muito grande Na eacutepoca notava-se a necessidade de uma educaccedilatildeo mais universal natildeo

apenas como uma prerrogativa da elite Por exemplo para que existisse um maquinista

79

especialista que operasse as maacutequinas era necessaacuterio que se realizasse uma accedilatildeo em que

se fixasse um aprendizado sobre seu funcionamento

ldquoA sociedade jaacute natildeo estava mais baseada numa economia latifundiaacuteria das

grandes propriedades mas no ldquo[] regime da pequena propriedade e a

supremacia da riqueza moacutevel A condensaccedilatildeo de ontem cede o domiacutenio agrave

difusatildeo de hoje o bem estar intelectual e econocircmico generaliza-se []rdquo

(SOUZA FILHO 1887 p 8) A defesa por uma educaccedilatildeo de todos eacute

convicccedilatildeo moderna natildeo observada na Antiguidade nem na Idade Meacutedia Para

Souza Filho (1887) o ensino e a educaccedilatildeo cotileacutedones da mesma semente

ldquo[] satildeo os princiacutepios vitais da civilizaccedilatildeo [] Sem ensino e educaccedilatildeo

tornam-se inviaacuteveis a ordem moral os meios de se assegurar o

desenvolvimento humano o progresso a justiccedila e uma sociedade de paz A

democracia e a evoluccedilatildeo econocircmica exigem educaccedilatildeo e lsquoprogresso da

instruccedilatildeorsquordquo

(SILVA 2014 p 5)

Numa naccedilatildeo que vinha investindo pesadamente em um futuro dentre os grandes o

investimento da educaccedilatildeo servia para fazer coro com o discurso de progresso

Entretanto o sistema educacional brasileiro carecia de certa atualizaccedilatildeo Era formada

toda casta de funcionaacuterios puacuteblicos advogados meacutedicos poliacuteticos nas salas das escolas

brasileiras mas deixava-se de lado uma aacuterea que carecia de profissionais ligadas agrave

agricultura comeacutercio e induacutestria que se ligavam diretamente ao progresso econocircmico

pelo menos ateacute a primeira metade do seacuteculo XIX As mudanccedilas aconteceram

lentamente e truncada por discussotildees e accedilotildees de ordem partidaacuterias Mas as artes

mecacircnicas foram sendo introduzidas na realidade do paiacutes a fim de assegurar matildeo de

obra especializada que pudesse corresponder ao mercado de trabalho que por sua vez

asseguravam os passos rumo agrave modernidade

O anuacutencio entatildeo nos serve para vem fazer conhecer os serviccedilos de Joatildeo Pedro

Latzon que vinha apresentar com perfeiccedilatildeo e delicadeza algumas dessas artes liberais

ou optica mecacircnica saberes esses trazidos do exterior pois este vinha de viagem

realizada agrave Londres

Podemos deduzir a partir da raiz que o uso do lexema como adjetivo eacute posterior

ao uso do mesmo lexema como substantivo e uma vez adjetivado se potildee no jogo

gramatical podendo sofrer todas as operaccedilotildees no que diz respeito ao uso de um adjetivo

80

como por exemplo as flexotildees de gecircnero e nuacutemero Dessa forma o adjetivo mechanica

eacute flexionado respeitando o gecircnero do substantivo o qual determina Sendo um adjetivo

com tema em -o a alternacircncia de gecircnero para o feminino se faz com a adiccedilatildeo do sufixo

flexional -a

Notemos que o sintagma vem parafraseado anteriormente por ldquoartes liberaisrdquo um

tipo de arte especiacutefico que visa o ensinamento a formaccedilatildeo pessoal do indiviacuteduo Esse

pensamento acompanha as ideias de formaccedilatildeo de naccedilatildeo em voga na eacutepoca Para se

construir uma naccedilatildeo eacute importante formar cidadatildeos Assim a arte liberal eacute uma

ferramenta que deve ser usada para essa formaccedilatildeo arte liberal ou ldquooptica mechanicardquo

um mecanismo

Acreditamos que este seja o momento de explanarmos que esse sintagma eacute

construiacutedo a partir de duas palavras que possuem raiacutezes gregas ldquoOpticardquo tem sua raiz

em ὄψις (oacutepsis) e esta se dicionariza da seguinte forma

ὄψις ἡ gen εως Ion ιος (from ΟΠ Root of ὄψομαι) I look

appearance aspect of a person or thing Lat Species oris aspectus II

Soph εἰκάζεσθαι απὸ τῆς φανεπᾶς ὄψεως Thuc - acc Absol In

appearance Pind Att 2 the countenance face Eur etc 3 = θέαμα a

sight Aesch Eur etc ἄλλην ὄψιν οἰκοδομημάτων other architectural

sight Hdt τῆι ὄψει from what they saw Thuc 4 a vision apparition Hdt

Trag II Eyesight vision Hom Hdt Att in pl the organs of sight the

eye Soph Xen 2 view sight Lat Conspectus ἀπικέσθαι ἐς ὄψιν τινί to

come into onersquos sight ie presence Hdt εἰς ὄψιν τινός or τινί ἥκειν

μολεῖν ελθεῖν περᾶν Aesch Eur (Liddle amp Scott Greek-English

Lexicon)

A partir da raiz assim como eacute o caso de μηχανή (machina) e μηχανική

(mechanica) um substantivo derivado se formou o neologismo ὀπτική (οptikeacute) a partir

do uso do sufixo κή (keacute) Como explicado anteriormente a esse sufixo agrega-se o

sentido de arte teacutecnica Essa palavra foi adotada pelo latim meacutedio com o sentido de

arte

optice es f Vitr a oacuteptica parte da mathematica que trata da luz e da visatildeo

directa (Souza F A de Novo Diccionario Latino-Portuguez)

81

Uma vez constituinte da liacutengua latina e com o passar dos anos o lexema sofreu

algumas alteraccedilotildees no que tange ao sentido aumentando o seu campo de

conceitualizaccedilatildeo e dessa forma eacute dicionarizado por Aureacutelio

oacuteptica Sf 1 parte da fiacutesica que investiga os fenocircmenos de produccedilatildeo

transmissatildeo e detecccedilatildeo eletromagneacutetica de comprimento de onda

compreendido aproximadamente entre 10 Aring e 1 mm 2 tratado ou compecircndio

acerca dessa mateacuteria 3 exemplar de um desses tratados ou compecircndios 4

aspecto ou perspectiva dos objetos vistos 5 estabelecimento onde se vendem

eou fabricam instrumentos oacutepticos sobretudo oacuteculos ou lunetas 6 fig

Maneira de ver de julgar de sentir conceito ou ideia particular (Aureacutelio

1988)

Cunha nos atesta que a primeira ocorrecircncia deste lexema no portuguecircs se deu em

1813 o que nos daacute a certeza de que a arte mecacircnica daquele tempo realmente fazia uso

de tudo o que era de novo para a eacutepoca e se disseminava com uma consideraacutevel

velocidade como dito pelo anunciante no anuacutencio anterior ao que estamos analisando

por ora ldquoaccessorios que soacute a mechanica do progresso hodierno poderia adoptarrdquo

72 Dono de seu proacuteprio tempo

Haacute seacuteculos talvez milecircnios o homem procurando se tornar atuante e dono de seu

tempo tanto da eacutepoca em que viviam quanto de seus momentos vividos no cotidiano a

ponto de hoje em dia haver capitalizado seu tempo e expresso isso com a maacutexima time

is money vem procurando maneiras de marcar o tempo com a invenccedilatildeo de diversas

formas de determinaacute-lo Desde a clepsidras agraves ampulhetas reloacutegios solares e os das

torres das igrejas invenccedilotildees que visavam uma organizaccedilatildeo social de acordo com as

horas do dia a ideia de reloacutegio servia como predeterminaccedilatildeo dos compromissos dos

cidadatildeos Sem duacutevida a invenccedilatildeo veio para moldar uma nova forma de medida

temporal

82

O lexema reloacutegio tem em sua raiz e origem uma palavra que determinava as

estaccedilotildees do ano assim mais tarde atrela-se ao sentido da palavra e de outras que dela

derivariam qualquer divisatildeo temporal

ὥρα Ion ὥρη ἡ Ep gen pl ὡράων Ion ὡρέων poet dat pl

ὥραισι Lat hora any time or period whether of the year month or day

(νυκυτός τε ὥραν καὶ μηνὸς καὶ ἐνιαυτοῦ Xen) hence I A part of

the year a season in pl the seasons (hellip) (Liddle amp Scott Greek-

English Lexicon)

Assim com essa ideia de divisatildeo temporal e tendo o grande marcador de tempo a

sua disposiccedilatildeo os primeiros reloacutegios foram os solares Inclusive Liddell and Scott

mencionam em seu dicionaacuterio a existecircncia de um reloacutegio solar Outros dicionaacuterios

trazem a evoluccedilatildeo da palavra ὥρα (hoacutera) que nos daacute o lexema que nos serve para

anaacutelise

ὡρολόγ-ιον τό A an instrument for telling the time a dial or clock ὡ

σκιοθηρικόν the sun-dial of Anaximenes PlinHN2187 a sun-dial

(ὡρολόγιον) at Zea (Piraeus) mentioned in PHaw81 (Att periegesis of iii

B C pap of ii A D) ldquoἀπὸ τοῦ σκιακοῦ ὡρολογίουrdquo

IGRom4293ai35 (Pergam prob 1276 BC) cf Cleom110sq Gem823

Plu21006f CIG1947 (loc inc) InscrCos57 Suid (who writes it

ὡρολογεῖον) ὡ ὑδραυλικόν a water-clock = κλεψύδρα cf

Aristocl apAth4174c PlinHN7213 Bato 214 ldquoμηχανικὰ ὡrdquo AchTat

IntrArat256 the dimensions of a water()-clock are given in POxy47031

(iii A D) (Perseus online)

E assim Liddell and Scott dicionarizam ὡρολόγιον (horoloacutegion) como um

instrumento que diz as horas um mostrador e menciona o reloacutegio solar de Anaxiacutemenes

localizado no Pireus

Com a grafia horologium esse lexema passa ao latim com a ideia ainda de reloacutegio

solar advinda dos gregos que era a forma mais praacutetica para se determinar o tempo

naquele tempo

83

Contudo ainda nos atestam Liddel and Scott outras formas de medida temporal

imediata - quando digo imediata me refiro agraves horas do dia Haacute o uso de um ὡρολόγιον

ὑδραυλικόν (hopoloacutegion hydraulikoacuten) um reloacutegio que utilizava em seu mecanismo a

aacutegua nomeado de κλεψύδρα (clepsidra) que eram usados para determinar o tempo de

cada orador nas assembleias principalmente na Acroacutepole de Atenas Haacute de se notar que

a democracia ateniense eacute a maior demonstraccedilatildeo de civilidade e sociabilizaccedilatildeo dentre os

gregos

Acompanhando a evoluccedilatildeo humana o reloacutegio eacute desenvolvido adotando novos

mecanismos para seu funcionamento mais exato e o reloacutegio na torre da igreja que se

localizava no centro das cidades determinava o andamento dos viveres das sociedades

que rumavam para a civilidade Do reloacutegio da torre ao reloacutegio de algibeira num

movimento indivualizador o homem tem o tempo em suas matildeos O homem livre era

dono do seu tempo Durante muitos anos os reloacutegios de bolsos eram uma forma

determinante de status social sendo considerados verdadeiras joias com correntes de

ouro pedrarias e afins destinado agraves elites

No iniacutecio do seacuteculo XIX brasileiro as horas diurnas que como diz

ALENCASTRO costumavam ter sua medida ajustada aleatoriamente e ateacute

desnecessaacuteria com a chegada dos reloacutegios de bolso as horas agora necessitam de certo

acerto e os seus tempos poderiam ser ldquomarcados passo a passo de cebolatildeo na matildeo nas

casas nas fazendas nas estradasrdquo enfim em todos os lugares onde houvesse homens

livres

Em 1829 chega a Satildeo Paulo um relojoeiro que pretendia instalar-se na cidade e

prover agrave sociedade paulistana reloacutegios de todas as qualidades

- 11 de janeiro de 1829 Satildeo Paulo O Farol Paulistano

He chegado nesta Cidade vindo de Pariacutes Bont|te Dillon Fabricante de

reloacutegios de todas qualidades| e tambegravem faz todos os concertos aos ditos

reloacutegios e| traz tambem bastantes feitos porisso faz publico a todos| os

Senhores que quizerem utilizar-se do supplicante| para alguma obra o que

faraacute muito comodo e mora na| Rua do Ouvidor numero 49 onde tambem tem

fazendas e modas Francezas

84

A vida social daqueles que queriam alcanccedilar o patamar civilizado deveria se

adequar ao que era o modelo a vida social europeia Alencastro nos conta sobre a

inauguraccedilatildeo em 1850 de uma linha regular de navio a vapor entre Liverpool na

Inglaterra e o Rio de Janeiro Dessa forma os horaacuterios deveriam estar adequadamente

sincronizados Os navios ingleses atracavam no porto do Rio com tal pontualidade

saindo todo dia 24 do mecircs para chegar exatamente no dia 21 do mecircs seguinte mexendo

com o imaginaacuterio de toda a corte

A acircnsia pela modernidade e pelo status civilizado eacute o maior motor para o

consumo de bens como o reloacutegio Assim principalmente apoacutes a segunda metade do

seacuteculo XIX a demanda desse tipo de bem aumenta em grande escala do mesmo modo

que profissionais para suprir a demanda tanto no que diz respeito agrave venda quanto no que

diz respeito a concertos

- 5 de outubro de 1852 Satildeo Paulo Aurora Paulistana

- 15 de outubro de 1852 Satildeo Paulo Aurora Paulistana

JOSErsquo PHILIPPE SALMAN mora | dor na rua de Satildeo Bento nuacutemero 16

participa | ao respeitavel publico e especialmente | aos seus freguezes que

elle tem para | vender um completo sortimento do | oculos de todas as

qualidades lunetas | vidros avulsos oculos de alcance di- | tos para theatro

bengallas ampc ampc | na mesma casa continua-se a vender | e concertar

relogios de todas as qua- | lidades

O poder sobre seu proacuteprio tempo ultrapassa os limites do urbano e as fronteiras

das cidades Inventar maacutequinas para as lavouras que natildeo prescindisse de um maquinista

eacute retirar o homem do trabalho braccedilal subtrair o agente da arte mecacircnica para que seu

tempo pudesse ser investido em artes liberais mais dignificantes

Em anuacutencios jaacute analisados notamos muitas vezes que o diferencial das novidades

maquinais era o tempo gasto no trabalho dessas maacutequinas Quando fora anunciado as

machinas de costura textualmente se fala natildeo somente da perfeiccedilatildeo de seus trabalhos

mas tambeacutem da economia de tempo para que o trabalho seja efetivado

- 29 de julho de 1887 Satildeo Paulo Correio Paulistano

85

[] Os Senhores Alfaiates sapateiros selleiros correeiros etc| tambem

encontraratildeo nesta casa as mais aperfeiccediloadas machinas jaacute|com accessorios

que soacute a mechanica do progresso hodierno|poderia adeptar para que taes

machinas produzam trabalhos|maravilhosos natildeo soacute pela perfeiccedilatildeo como pelo

pouco tempo comsumido|e pelo pequeno incommodo de quem as menejar

para produzirem|taes resultados []

Quando se anunciam as machinas importadas por Engelberg Siciliano amp

Companhia maacutequinas para lavoura a preocupaccedilatildeo em especializar o maquinaacuterio da

aacuterea econocircmica que movimentava o comeacutercio interno e externo do Brasil via-se como

melhoramento dos trabalhos a economia de tempo gasto nele como fator importante

- 27 de fevereiro de 1889 Satildeo Paulo Correio Paulistano

[] Atenuando consideravelmente a penosa lide da lavagem do cafeacute

proporciona ao fazendeiro uma grande economia de tempo em relaccedilatildeo

aacutequelle prejudicial systema []

O trabalho aacuterduo penoso que antes era feito pelos braccedilos e corpos do fazendeiro

(e de seus escravos e posteriormente empregados) poderia ser atenuado pelo uso das

machinas que lhe renderia uma grande economia de tempo se comparado com outros

systemas jaacute ultrapassados pela excepcional mechanica hodierna

O homem livre dono de seu tempo para conquistar o poder de ter seus passos

marcados pelo reloacutegio em suas matildeos se dirigia agraves lojas de iniacutecio que tinha uma vasta

gama de produtos a serem adquiridos

Neste momento ainda nota-se que o artigo eacute vendido em algumas lojas natildeo

especializadas como no caso do anuacutencio de 5 de outubro de 1852 do jornal Aurora

Paulistana em que o senhor Joseacute Philippe Salman aleacutem de vender outros artigos

destinados agrave vida cultural da proviacutencia tambeacutem concertava e vendia relogios Mas

assim com aconteceu com a fotografia torna-se notaacutevel a necessidade de fundar um

novo comeacutercio no Brasil lojas especializadas em reloacutegios com um nome relacionado

ao artigo tatildeo especial e que necessitaria de profissionais especializados O lexema jaacute

fazia parte da liacutengua portuguesa desde o seacuteculo XVIII como nos atesta CUNHA mas eacute

no seacuteculo XIX que se faz maior uso dessa palavra nos anuacutencios de jornais e nas placas

em frente agraves lojas brasileiras Relojoaria

86

- 14 de outubro de 1874 Campinas A Mocidade

RELOJOARIA || DO || REGULADOR CAMPINENSE ||Penteado amp Nunes

|| LARGO DA MATRIZ VELHA Nuacutemero 39|| Acaba de receber um

completo sortimento de relogios de parede e algibeira de lindos gostos sendo

vendidos por commodo preccedilo affianccedilados por um anno Rcebeu mais lindo

sortimento de pince-nez tanto de vidro de cor como de grao despertadores

correntes de ouro prata plaquet | Relogios | Para torres ou fazendas

encarregando-se os donos do estabelecimento da sua collocaccedilatildeo e

affianccedilando a boa marcha por cinco annos|| CONCERTOS PERFEITOS E

AFFIANCcedilADOS|| POR UM ANNO

Neste anuacutencio se faz perceber o cuidado que se tinha na manufatura desse tipo de

artefato e que vem re-afirmar o que mencionei anteriormente sobre os reloacutegios de

algibeira ser destinados agraves elites aos homens de bem Por se tratar de uma relojoaria

ou seja uma loja especializada em reloacutegios aleacutem de comercializar o produto

comercializa todo o tipo de material relacionado como as correntes que prendem os

reloacutegios agrave roupa de seu usuaacuterio Mas natildeo satildeo quaisquer tipos de correntes satildeo correntes

de ouro de prata ou no pior dos casos revestidas com plaquecirc Claro que essa gradaccedilatildeo

de valor monetaacuterio refletia o valor que era preciso desprender ao portador de dado

artefato

A partir do momento em que o homem deixa de ser dependente da hora natural

imposta pela luz do sol e dentro de uma comunidade civilizada onde as

responsabilidades excediam agraves horas do dia noite adentro eacute de extrema necessidade o

desenvolvimento de mecanismos que possibilitem a vida social noturna Iluminaccedilatildeo

artificial eacute a saiacuteda Archotes luz de velas foram por anos a fio utilizados pelas

sociedades que vieram antes da chegada do lampiatildeo que iluminavam os passeios

puacuteblicos e as residecircncias do seacuteculo XIX

O lexema liga-se pelo radical com lacircmpada que chegou atraveacutes do latim agrave liacutengua

portuguesa O original grego eacute λαμπάς (lampaacutes) no nominativo singular possuindo

uma raiz diferente para as demais declinaccedilotildees com a adiccedilatildeo de uma dental sonora (δ)

desta forma a raiz para as demais formas declinadas que natildeo o nominativo eacute λαμπαδ-

Liddell and Scott define o lexema da seguinte forma

87

λαμπάς άδος ἡ (λάμπω) a torch Aesch Soph etc a beacon-light

Aesch - later an oil-lamp NT Anth 2 metaph of the sun Soph Eur

etc ἡ ἐπιοῦσα λ the coming light ie the next day Eur II the torch-

race like λαμπαδηδρομία Hdt λαμπάδα δραμεῖν to run the race

Ar (Liddle amp Scott Greek-English Lexicon)

Os lampiotildees do seacuteculo XIX nada mais eram do que pequenas tochinhas dentro de

invoacutelucros de vidro muito rudimentares ou ainda pequenos candeeiros que tinham

como combustiacutevel oacuteleo azeite e posteriormente kerosene que serviam sobretudo para

iluminaccedilatildeo de interiores

As cidades que nos servem para anaacutelise de seus anuacutencios em nosso trabalho

possuiacuteam no seacuteculo XIX uma precaacuteria iluminaccedilatildeo puacuteblica que foi sendo melhorada

paulatinamente atraveacutes dos anos Mas quando olhamos para as vidas particulares de

dentro das casas dos cidadatildeos brasileiros oitocentistas lhes eram oferecida a

possibilidade da aquisiccedilatildeo de lampeotildees agravequeles que desejassem comprar imbuiacutedos do

sentimento civilizada e de descolamento do que eacute ruacutestico

- 17 de maio de 1874 Campinas A Mocidade

ATTENCcedilAtildeO|| Attenccedilatildeo [espaccedilo] Attenccedilatildeo|| Prospero Bellinfanti

participa ao respeitavel publico campeneiro que recebeu um grande e

completo sortimento de generos norte americanos constando de machinas de

costura com todos os pertences linhas agulhas e oleos arados completos

separados de zinco para cafeacute machinas para manteiga ditas para cafeacute

gaiolas de arame e muitos outros artigos de mesma procedencia| Na mesma

casa encontra-se lampeotildees de todos os tamanhos tocidas vidros para os

mesmos e Kerosenes fogotildees de ferro completo camas de ferro banheiras

tens de cosinhas estanhados francezes torradores para cafeacute de todos os

tamanhos e grande sortimento de cestos de vime| O Propretario deste

estabelecimento te aacute Rua da ponte sem Santa Cruz Nuacutemero 15 uma officina

de caldeireiro e funileiro aonde se encarrega de todas as obras com cobre

zinco folha etc| Faz os mais perfeitos alambiques para distilaccedilatildeo de

espiritos| Incumbe-se de qualquer encanamento em casas etc | Faz

banheiras de folha de todas as dimensotildees| Assenta bombas simples e de

pressatildeo levando a agua onde se quizer| Faz finalmente todas as obras

88

concernentes aacute profissatildeo acudindo aos chamados para qualquer parte onde

seus serviccedilos forem precisos| Concerta e renova todos os objetos estragados|

Tudo por preccedilos commodos

O dono desse estabelecimento aleacutem de comerciante voraz tendo em vista a

quantidade e diversificaccedilatildeo de seus produtos estes importados e de manufatura proacutepria

ainda se propagandeia como um profissional versaacutetil Assentador de bombas drsquoaacutegua

essa machina que pode levar aacutegua para onde se quizer tambeacutem trabalha com os

encanamentos internos agraves casas Se a aacutegua jaacute estava dentro das casas algo que era

retirado da natureza a luz deveria tambeacutem estar dentro e individualizada

O puacuteblico poderia comprar o produto lampeatildeo assim como seu combustiacutevel o

kerosene neste estabelecimento comercial O novo produto combustiacutevel teve o lexema

adotado pela liacutengua portuguesa segundo CUNHA em 1873

querosene sm (Quim) liacutequido resultante da destilaccedilatildeo do petroacuteleo |

kerosene 1873 | Do fr keacuterosegravene do gr keros cera (Cunha 2010)

Contudo podemos notar a existecircncia de propagandas do produto em anuacutencios

anteriores agrave dataccedilatildeo estipulada pelo lexicoacutegrafo

- 07 de julho de 1870 Campinas Gazeta de Campinas

Abrio-se| O QUE Eacute QUE ABRIO-SE|| A Casa commercial de Francisco

Alvaro de Souza Camargo o qual participa a seus parentes amigos e

freguezes que acaba de receber um completo sortimento de ferragens

drogas tintas miudezas de armarinho kerosene chaacute cecircra sementes de

hortaliccedilas etc|Recommenda aos amadores um bonito sortimento de

espingardas rewolvers facas de caccedila etc etc|Espera merecer confianccedila das

pessoas que honrarem seu novo estabelecimento estando o annunciante

resolvido a vender por commodos preccedilos|Rua Direita canto da Cadecirca

Como bem atesta Cunha sobre a procedecircncia do lexema Kerosene tem sua raiz

em κηρός (keroacutes)

κηρός ὁ bee-wax Lat Cera Od Pl (Liddle amp Scott Greek-English

Lexicon)

89

O kerosene eacute o produto mais pastoso obtido com a destilaccedilatildeo do petroacuteleo que

liquefeito torna-se um combustiacutevel seguro diferenciando-se da forma como a raiz da

palavra foi concebida no grego O produto que foi em meados do seacuteculo XIX

produzido em escala industrial foi o principal fator para a decadecircncia do mercado de

oacuteleos produzidos pela induacutestria baleeira

Entretanto tatildeo largos eram os passos dos avanccedilos tecnoloacutegicos e tatildeo apressados

que em curtos espaccedilos de tempo uma novidade era trocada por outra Assim do anuacutencio

citado acima datado de 1870 em que o kerosene era vendido para que servisse de

combustiacutevel para os lampeotildees dezoito anos depois um prazo de tempo muito curto

diga-se de passagem temos o anuacutencio de um paquete a vapor que possuiacutea sua

iluminaccedilatildeo interna a luz electrica

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio Paulistano

REAL COMPANHIA | DE | Paquetes a vapor | DE | SOUTHAMPTON || O

MAGNIFICO VAPOR | TAGUS | Sahiraacute no dia 19 de Maio as 4 horas | da

tarde com escalas pelo | Rio de Janeiro| Bahia | Pernambuco | Lisboa | Vigo

e | Saouthampton | O paquete a vapor | NILE | Esperado de Southampton e

escalas no | dia 1 de Junho || Sahiraacute depois da indispensavel demo- | ra para |

Montevideacuteo e | BuenosAyres || Todos estes vapores satildeo illumidaos a luz |

electrica || N B ndash Na agencia tomam-se seguros | sobre as mercadorias

embarcadas por | estes vapores || Para passageiros carga e mais informaccedilotildees |

com os agentes | Holworthy Ellis amp Companhia || RUA DE SANTO

ANTONIO 40 | SANTOS

A iluminaccedilatildeo puacuteblica eleacutetrica chega agrave cidade de Satildeo Paulo somente no ano de

1891 deacutecada final do seacuteculo

Como demonstraccedilatildeo de civilizaccedilatildeo Satildeo Paulo investia em siacutembolos urbanos que

embelezavam a cidade Construiacuteram-se praccedilas lojas como as que anunciam nos jornais

palacetes que transformavam os passeios puacuteblicos A primeira mudanccedila quanto agrave

iluminaccedilatildeo puacuteblica ocorrida na capital paulista ocorreu na rua Baratildeo de Itapetininga no

centro da cidade que era repleta por um centro comercial fervilhante disposto a socorrer

os quereres da elite emergente paulistana

90

Para dar conta das demandas dos clientes nas cidades ou no campo a

comunicaccedilatildeo entre as partes interessadas em firmar negoacutecio era imprescindiacutevel Os

jornais se apresentavam como uma ferramenta utiliacutessima para por em contato os

vendedores e seu puacuteblico Contudo havia negoacutecios que demandariam um contato mais

urgente e direto O telegrapho nasce da necessidade do contato imediato

- 14 de outubro de 1874 Campinas A Mocidade

PEDE-SE TODA||ATTENCcedilAtildeO|| Aos senhores fazendeiros|| Ferreira Novo amp

Filho participaratildeo aos senhores fazendeiros e negociantes que continuatildeo a

comprar cafegrave em maior quantidade do que faziam ateacute hoje achando-se para

isso habilitados por acabarem de contractar com algumas das principais casas

exportadoras a fazerem grandes compras Nosso systema de compras seraacute

Comprar toda e qualquer quantidade de cafegrave quando beneficiado o prompto

recebemos ou com poucos dias de demora depois da venda| Pedimos a todos

os senhores fazendeiros qua quando tenhatildeo cafegrave em qualquer quantidade

promptoe queiratildeo vender a bondade de nos procurarem pagando sempre no

dia da venda maior preccedilo que permitir o estado do cafegrave nos principais

mercados do paiz da America e da Europa habilitando-nos para podermos

fazer tatildeo grande vantagem aos senhores lavradores o telegrapho que acaba

de collocar em comunicaccedilatildeo diaria esta florescente cidade com aqueles

principaes mercados

A fim de incrementar os negoacutecios agriacutecolas dos territoacuterios produtores de cafeacute a

disponibilizaccedilatildeo de um artigo tatildeo moderno quanto o telegrapho eacute mais uma mostra que

atesta o quanto moderno se queria e se poderia ser o homem de negoacutecios da eacutepoca

mesmo no campo Estar conectado ao mercado agilizava os negoacutecios garantindo

rentabilidade maior inclusive economizando o tempo tatildeo valorizado

Entre 1854 e 1858 juntamente com as estradas de ferro foram esticados os

primeiros fios telegraacuteficos As linhas telegraacuteficas que em 1873 percorriam 3460

quilocircmetros em solo brasileiro vecirc-se avolumar de forma extraordinaacuteria chegando em

1888 a 18000 quilocircmetros com direito a conexotildees submarinas com a Europa (SODREacute

1998)

91

8 Para garantir a vida

Haacute de se levar em consideraccedilatildeo um dos motores propulsionais de organizaccedilatildeo

ideoloacutegica em funcionamento no Brasil do seacuteculo XIX Havia na eacutepoca um discurso

positivista corrente na ateacute entatildeo corte um discurso que soacute cresce com o passar dos

anos Com a independecircncia do paiacutes em 1822 o sentimento antilusitano e o ideal de

fundaccedilatildeo de uma naccedilatildeo autocircnoma soacute vem a se tornar mais pujante com a aproximaccedilatildeo

da metade do seacuteculo O sentimento lusoacutefobo leva agrave troca de nomes de batismos por

nomes ora indiacutegenas ora por nomes de grandes pensadores e celebridades do mundo

antigo grego e latino E o Brasil elege um novo modelo ideal jaacute citado neste trabalho

quando tratamos do lexema machina A Franccedila torna-se para o Brasil um paradigma de

civilizaccedilatildeo de naccedilatildeo a ser copiada quando possiacutevel Desta sorte nos relata Alencastro

ldquoautores franceses e ciacuterculos francoacutefilosrdquo vecircm influenciar correntes de pensamento e

praacuteticas sociais principalmente na eacutepoca do Segundo Reinado seriam eles o

positivismo o kardecismo e a homeopatia Aqui entatildeo noacutes chegamos ao ponto que mais

interessa a esta seccedilatildeo O positivismo eacute sem duacutevida como sabemos a base para os

experimentos cientiacuteficos e os experimentos ligam-se as inovaccedilotildees da medicina Assim

a pajelanccedila e curandeirismo datildeo lugar a tratamentos atraveacutes de drogas ou tratamentos

homeopaacuteticos que faziam uso de magnetismo mas que tambeacutem poderiam fazer uso de

preparados de ervas podendo ser enquadrados no substantivo droga Esses preparados e

drogas eram comercializados em drogarias ou pharmacias

O lexema jaacute fazia parte da liacutengua portuguesa desde o seacuteculo XVII como nos

atesta CUNHA

farmaacutecia sf local em que se estocam e se vendem medicamentos tratado

cientiacutefico sobre os medicamentos XVII Do lat tard Pharmacia deriv do

gr Pharmakeacuteia () (Cunha 2010)

Como notamos pela designaccedilatildeo dada por Cunha farmaacutecia se relaciona a

medicamento sendo o local de estoque e venda desses medicamentos A mesma

associaccedilatildeo faz Aureacutelio

92

farmaacutecia Sf1 Parte da farmacologia que trata da maneira de preparar

caracterizar e conservar os medicamentos 2 Estabelecimento onde se

preparam e vendem medicamentos 3 Profissatildeo do farmacecircutico 4 Coleccedilatildeo

de medicamentos 5 Conjunto de medicamentos que se tecircm em casa num

coleacutegio numa reparticcedilatildeo etc para uso no tratamento de leves indisposiccedilotildees

ou em primeiros socorros (Aureacutelio 1988)

Ao associar farmaacutecia com medicamento somos impelidos a ter uma visatildeo positiva

com relaccedilatildeo ao sentido atribuiacutedo ao lexema pois medicamento eacute hoje dicionarizado

como substacircncia ou preparo que se utiliza como remeacutedio e remeacutedio tem um sentido

beneacutefico carregando consigo a ideia desse benefiacutecio como algo que sara as doenccedilas

dor ou males aquilo que serve pra curar10

Quando usado metaforicamente essa ideia

de benefiacutecio tambeacutem se faz presente Da mesma forma natildeo se dava no grego ao menos

natildeo especificamente Pharmacia como bem atesta Cunha tem como raiz φαρμακεία

(pharmakeacuteia) lexema ao qual Liddell and Scott dicionarizam como a seguir

φαρμακεία ἡ (φαρμακεύω) the use of drugs potions spells Plat 2

poisoning witchcraft Lat veneficium Dem II remedy cure Arist (Liddle

amp Scott Greek-English Lexicon)

Claro que o sentido que chegou ao portuguecircs fazia parte jaacute no grego do

significado do lexema mas eacute preciso esclarecer que esse sentido eacute posterior agrave adoccedilatildeo da

palavra pelos gregos sentido este que se agregou ao lexema com o advento da medicina

na Greacutecia antiga por volta do seacuteculo V aC Aleacutem do sentido ligado agrave medicina ndash

remedy cure ndash agravequele tempo podia-se associar o lexema a toda e qualquer poccedilatildeo

utilizada em ritos miacutesticos como a palavra poccedilatildeo nos dias de hoje que remete a

ciecircncias obscuras Dessa forma Liddell and Scott em seu dicionaacuterio nos datildeo o sentido

de witchcraft (feiticcedilaria) spells (feiticcedilo encanto) tambeacutem presente no significado do

lexema em sua origem Mesmo ao sentido dado pelos helenistas de drugs estaacute

claramente ligado o sentido de veneno

10

remeacutedio sm 1 Aquilo que combate o mal a dor ou uma doenccedila 2 Aquilo que serve para curar ou

aliviar dor ou enfermidade 3 Recurso expediente soluccedilatildeo 4 Ajuda auxiacutelio socorro proteccedilatildeo 5

Correccedilatildeo retificaccedilatildeo emenda 6 Jur Meio adequado e liacutecito para se alcanccedilar determinado fim de

direito (Aureacutelio 1988)

93

Se recordarmos a trageacutedia de Euriacutepedes Medeia ndash representada pela primeira vez

em 431 a C ndash a protagonista que inclusive nomeia a peccedila para se vingar da traiccedilatildeo

imposta pelo seu amado Jasatildeo tece um plano funesto A heroiacutena trama contra a vida da

filha de Creonte regente de Corinto Glauce enviando-lhe por intermeacutedio dos proacuteprios

filhos um presente envenenado vestimentas e uma ldquocoroardquo aos quais incutiu um

φάρμακον (phaacutermakon) um veneno Ao enviar esse presente agrave sua rival Medeia

conscientemente condena seus proacuteprios filhos agrave morte ao terem contato com o

φάρμακον assim como a Creonte pai da viacutetima principal que ao ver a filha sofrendo

as dores causadas pelo veneno corre para socorrecirc-la entrando tambeacutem em contato com

o ardil da heroiacutena condenando-se agrave morte O mensageiro relata o que ocorreu no castelo

de Creonte para Medeia e para o puacuteblico dizendo o seguinte

ldquoὂλωλεν ἡ τύραννος ἀρτίως κόρη

Κρέων θrsquo ὁ φύσας φαρμάκων τῶν σῶν ὓποrdquo

A essa passagem Flaacutevio Ribeiro de Oliveira traduz para o portuguecircs belamente

desta forma

ldquoMorre haacute pouco a jovem soberana

e o pai Creonte pelas drogas tuasrdquo

Entenda-se que essa droga nada mais era do que um preparado nocivo destinado a

pocircr fim a vida de uma pessoa e que foi extremamente bem sucedido

Medeia era uma forasteira uma baacuterbara levada agrave Corinto por Jasatildeo apoacutes a

incursatildeo deste e demais heroacuteis denominados argonautas que partiram da Greacutecia para a

Coacutelquida visando agrave obtenccedilatildeo do Velo de Ouro A traiccedilatildeo agrave famiacutelia e agrave paacutetria pela honra

do amado a fazia esperar nada mais do que a reciprocidade por parte do heroacutei mas este

de modo egoiacutesta e oportunista vecirc no matrimocircnio com a filha do rei coriacutentio a

possibilidade de engrandecimento pessoal

A accedilatildeo de Medeia pode ser vista de forma repugnante pocircr fim a vida de sua rival

e filhos Contudo devemos ressaltar que eram tambeacutem filhos de Jasatildeo objeto de sua

revolta e se deixarmos de lado o politicamente correto e tentarmos olhar o fado de

Medeia pelo seu prisma entenderemos que o mecanismo usado natildeo deixa de ser um

94

remeacutedio para seus males Ela que havia por amor a Jasatildeo deixado a paacutetria depois de

trair seu pai e matado seu irmatildeo na fuga agora tinha a timeacute (a honra) ultrajada ao ser

vilipendiada e trocada por interesses pessoais do heroacutei Algo a estava fazendo mal Seu

coraccedilatildeo e sua honra estavam feridos era preciso um remeacutedio para suas dores e impelida

pela sua natureza feminina pocircs em accedilatildeo duas coisas das quais era perita o dolo e a arte

maacutegica na fomentaccedilatildeo de seu plano ardiloso11

Entendendo desta forma podemos ligar o lexema pharmacia ao que vise o bem

estar das pessoas O remeacutedio de Medeia foi um remeacutedio muito amargo mas que para a

heroiacutena era o mais certo a se tomar

Apoacutes esta breve digressatildeo podemos voltar ao nosso assunto central A vida

humana eacute desde sua origem atacada por pequenos animais parasitas pestes

Dentre os anuacutencios coletados haacute a propaganda de produtos destinados agrave

exterminaccedilatildeo de pestes como pulgas mosquitos e percevejos Num grau de comparaccedilatildeo

muito reduzido esses venenos para outros seres vivos se ligam ao remeacutedio de Medeia

Usam-se esses venenos para por fim a algo que nos faz mal ou incomodam Ainda hoje

se fala em remeacutedio para ratos Assim temos a associaccedilatildeo mais clara dos sentidos do

lexema pharmacia ao sentido original no grego temos o sentido mais expandido

presente no entendimento atual

O anuacutencio citado acima diz o seguinte

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio Paulistano

Mosquitos || PERCEVEJOS PULGAS ETC || desapparecem infallivemente

com o uso | do bem conhecido e verdadeiro 60 6 | || Orsquo DA PERSIA || Chegou

nova remessa aacute || Pharmacia Ypiranga || Nuacutemero 25 ndash RUA DIREITA ndash

Nuacutemero 25 || EM || SAtildeO PAULO || Preccedilo de um pacote 1$000 || A duacutezia

9$000 || Cada pacote do verdadeiro Poacute da | Peacutersia leva detalhada ex- |

plicaccedilatildeo de seu uso || Remette-se para o interior

Na Pharmacia Ypiranga vendia-se um veneno para essas pragas que faziam com

que desaparecessem ldquoinfallivementerdquo e que natildeo era prerrogativa dos centros urbanos

pois deixa-se claro que agrave eacutepoca ldquoRemette-se para o interiorrdquo

11

Medeacuteia Euriacutepedes (2006) - pg 173 texto analiacutetico sobre a trageacutedia assinado pela equipe de filoacutelogos

da Kaktos

95

Esses estabelecimentos com a profusatildeo de medicamentos descobertos e

desenvolvidos recebem de fora do paiacutes ou de pharmaceuticos nacionais uma vasta

gama de remeacutedios e tem na imprensa a maior ferramenta para que se faccedilam conhecer

- 28 de fevereiro de 1875 Campinas A Mocidade

NOVA||PHARMACIA CAMPINENSE|| 31 - Rua do Commercio - 31||Tendo

este estabelecimento recebido um grande sortimento de drogas acha-[s]e em

condicccedilotildees de satisfazer quaesquer pedidos e receituarios medicos que lhe

forem dirigidos| Garante-se a boa qualidade das drogas e promptidatildeo nas

remessas que lhe forem pedidas esperando por isso a concorrencia do

respeitavel publico

Diferentemente do caso citado anteriormente com relaccedilatildeo ao lexema machina

que para nomear o agente o profissional que poria em praacutetica a teacutecnica de se operar o

maquinaacuterio o neologismo machinista foi criado na liacutengua portuguesa no caso de do

lexema pharmacia o substantivo que denomina o agente teacutecnico jaacute existia no grego

uma palavra complexa criada atraveacutes da incorporaccedilatildeo ao radical um sufixo agentivo

φαρμα^κ-ευτικός ή όν A of or by means of drugs or pharmacy

ldquoκάθαρσιςrdquo PlTi89b ἡ -κή (sc τέχνη) = φαρμακεία opp surgery

Gal15425 DL 385 ldquoφ ἰατρόςrdquo one who prescribes drugs GalThras24

(Perseus online)

Eacute bem provaacutevel que a derivaccedilatildeo no grego tenha se dado por conversatildeo A

primeira citaccedilatildeo em outro dicionaacuterio especializado em grego antigo o dicionaacuterio Liddell

and Scott eacute de um diaacutelogo platocircnico Timeu quando Platatildeo prognostica o natildeo uso de

medicamentos que possam prolongar a vida de uma pessoa doente pois seria

antinatural Eacute de costume desse dicionaacuterio usar de uma certa cronologia para distribuir

suas citaccedilotildees nas entradas lexicais quase como um trabalho etimoloacutegico A obra

platocircnica data do seacuteculo V a C logo sendo anterior a segunda citaccedilatildeo feita por Liddell

and Scott quando fala sobre Diogenes Laertius filoacutesofo de vida pouco conhecida que

viveu no seacuteculo III a C e ainda agrave terceira citaccedilatildeo Galen estudioso que trouxe muitas

contribuiccedilotildees agraves ciecircncias como fisiologia anatomia patologia e farmacologia

96

Conhecido como Galen de Pergamo viveu nasceu em 129 d C e morreu em 217 d C

Este romano que possuiacutea descendecircncia grega foi muito influenciado pelo grande nome

da medicina grega Hipoacutecrates Pela distacircncia temporal entre as citaccedilotildees do dicionaacuterio eacute

bem certo que se possa atestar o desdobramento dos sentidos deste lexema de um

adjetivo para um substantivo

Notamos pelo sentido dicionarizado por Liddell o alcance do lexema agraves classes de

palavras adjetivo e substantivo como aquilo concernente agraves drogas agrave farmaacutecia assim

como o lexema nomeia aquele que prescreve drogas Esse lexema eacute adotado pelo latim

contudo preservando apenas seu caraacuteter adjetivo

pharmăceutĭcus a um adj φαρμακευτικός I of or belonging to drugs

pharmaceutical Cael Aur Tard 5 10 126 (Perseus online)

Na liacutengua portuguesa o lexema retoma o sentido presente no grego antigo

adotado para nomear o profissional farmacecircutico

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio Paulistano

Medico e pharmaceutico | Doutor Ulysses Cruz || com longa pratica de

hospitaes e for- | mado em ambas as faculdades de medi- | cina do Brazil eacute

encontrado em seu con- | sultorio na rua do Thezouro nuacutemero 9 | sobrado do

meio dia as 3 da tar- | de e sua residecircncia para o largo do | Arouche nuacutemero

39 || ESPECIALIDADE || Molestias de crianccedilas de senhoras da | pelle e

shyphiliticas Gratis aos pobres

O anunciante eacute uma figura que pode traduzir muito bem o pensamento que

perpassa o seacuteculo XIX acircnsia de se alcanccedilar o estatuto de naccedilatildeo por isso munir os

cidadatildeos com subsiacutedios para um ldquobem viverrdquo formar meacutedicos no proacuteprio territoacuterio

assim como farmacecircuticos aleacutem de figurar como exemplo do sentimento antilusitano

que traz em seu nome ldquoGilberto Freire observou a mudanccedila dos nomes cristatildeos para

nomes gregos e romanos e depois ingleses e franceses na sequecircncia da desruralizaccedilatildeo

das classes dominantes no seacuteculo XIXrdquo12

O meacutedico e pharmaceutico preserva de certa

forma a dicotomia entre o novo e o descolamento com a tradiccedilatildeo em seu nome Ulysses

12

Alencastro Vida Privada e Ordem Privada no Impeacuterio In Histoacuteria da Vida Privada no Brasil

97

Cruz Se por um lado o primeiro nome remete ao heroacutei grego conhecido por suas

navegaccedilotildees no retorno para casa e que eacute um heroacutei pagatildeo por outro a cristandade ainda

permanece com o sobrenome que remete a uma das figuras mais fortes do cristianismo

a cruz Esse fato ilustra muito bem o periacuteodo de transiccedilatildeo experimentada no seacuteculo XIX

O meacutedico e farmacecircutico Ulysses Cruz que possui um vasto curriacuteculo eacute

ldquoformado em ambas as faculdades de medicina do Brazilrdquo de certo a faculdade de

medicina da Bahia e a do Rio de Janeiro visto que a faculdade de medicina de Satildeo

Paulo ainda natildeo havia sido fundada vem fazer a conhecer seu trabalho pelo anuacutencio de

jornal praticando aleacutem de tudo um trabalho filantroacutepico ldquoGratis aos pobresrdquo uma

praacutetica bastante usual agrave eacutepoca

O movimento cientiacutefico de desenvolvimento de descobertas e a tentativa de sanar

certas debilidades na naccedilatildeo em organizaccedilatildeo que era o Brasil no seacuteculo XIX impulsiona

as mentes para o trabalho de criaccedilatildeo desse novo paiacutes O discurso ufanista com relaccedilatildeo agraves

inovaccedilotildees se faz presentes na teacutecnica meacutedica assim como apontado nas ldquoteacutecnicas

maquinaisrdquo O anuacutencio analisado anteriormente data de 1888 mas anteriormente a essa

data pharmaceuticos jaacute se propunham a curar com maestria as doenccedilas que assolavam a

populaccedilatildeo

- 4 de marccedilo de 1853 Satildeo Paulo Aurora Paulistana

CURA CERTA | e em pouco tempo de todas as enfermidades provenientes de

vicio san- | guineo como ndashescrophulas tube[r]- | culos lepra syphylis etc

etce [ilegiacutevel] | particular as affecccediloens de pape[ilegiacutevel] | em seu principio ||

Etienne Lagarde || Pharmaceutico e cirurgiatildeo das faculdades | Pariz e do

Rio de Janeiro ex-preparad[o] | do Curso de Chimica da escola de medic[i]- |

na e pharmacia de Poi[furo]iers membro da s[o]- | ciedade medica da mesma

cidade e corres- | pondente de algumas sociedades scientificas || Attenccedilacirco ||

A experiencia junto aacute perseveranccedila qu[e] | hoje tem sido meus uacutenicos guias

no trata[men]- | to das enfermidades acima mencionadas os | caracteres

horriveis que ellas apresentatildeo | desgostos que sobrevem as pessoas que satildeo

de | las attacadas deviatildeo naturalmente attrahir | attenccedilatildeo de todo o homem

amigo da huma- | nidade || Antigamente estas enfermidades se consi- |

deravatildeo com um principio contagioso o que | obrigava os doentes a buscar

longe das povo- | accedilotildees uma morada tranquilla que lhes permi- | tisse esperar

com paciencia a hora que [o] | Creador tivesse determinado para pocircr term[]| a

todos os seus soffrimentos hoje porem assim | natildeo acontece os progressos

98

que tem feito [a] | sciencia medica com os numerosos trabalhos | e

investigaccedilotildees da chimica tem em fim intro- | duzido na therapeutica e posto aacute

disposiccedilatildeo | dos homens da sciencia um meio prophilati- | cos contra estas

crueis enfermidades fazendo | assim esperar uma prompta cura a todos |

aquelles que o quizerem abraccedilar || Penetrado do sentimento o mais sincero da

| philantropia do amor aacute sociedade offereccedilo o[s] | meus recursos meacutedicos e

pharmaceuticos ad- | quiridos por um aturado e longo estudo da na- | tureza

humana Ersquo pois com os medicamen- | tos preparados por minhas proacuteprias

matildeos qu[e] | me proponho a curar a todos aquelles que m[e] | quizerem

procurar || Estou certo que os epithetos de ndash charlatatildeo | e especulador ndash ser-

me-hatildeo lanccedilados por al- | guns ao lerem este meu annuncio porem natildeo | seraacute

por homens sensatos que serei assim [ilegiacutevel] | xado O sabio indaga

consulta ouve [ilegiacutevel] | entre voacutes (como eu creio) existe algum

rec[ilegiacutevel] | conhecimento recebei de antematildeo toda a mi- | nha gratidatildeo || A

voacutes enfermos eu dirijo meus offereci- | mentos eu saberei consolar-vos e

talvez da[r]- | vos a panaceacutea beneacutefica da saude que tan[furo] | desejaes || Seja

o reconhecimento o fructo de meu[s] | trabalhos e o uacutenico tributo que desejo

obte[r] | daquelles que me quizerem honrar com sua[s] | consultas|| Dirijatildeo-se

ao Hotel Paulistano na rua d[e] | Satildeo Bento nuacutemero 35

Notemos mas sem nos aprofundar que a nomeaccedilatildeo das moleacutestias assim como

grande parte do leacutexico ligado agrave medicina eacute proveniente de radicais gregos como por

exemplo lepra presente neste anuacutencio Eacute enorme a quantidade de nomes de doenccedilas as

quais os meacutedicos farmacecircuticos e novos remeacutedios prometem curar desta sorte natildeo nos

deteremos demoradamente em cada um desses nomes a natildeo ser que seja preciso para

elucidar um ou outro ponto As fichas presentes nos apecircndices detalharatildeo cada uma das

ocorrecircncias destes lexemas

Tratando especificamente do anuacutencio notamos que assim como no nome do

farmacecircutico no anuacutencio anterior a presenccedila de um nome afrancesado e neste caso natildeo

tem a ligaccedilatildeo com o cristianismo Eacute difiacutecil determinar com certeza a nacionalidade deste

anunciante contudo pela sua formaccedilatildeo e retoacuterica podemos inferir que se trate de um dos

casos citados por ALENCASTRO de adoccedilatildeo de nomes franceses O pharmaceutico e

cirurgiatildeo formado pelas faculdades de Paris e do Rio de Janeiro e que tem em seu

curriacuteculo ainda os cursos de chimica e pharmacia propotildee seu trabalho agrave sociedade

paulistana com um discurso mais que ufanista sobre sua arte sua teacutecnica Ele que possui

uma formaccedilatildeo superior de peso se propotildee a curar as moleacutestias da sociedade paulistana

99

do seacuteculo XIX pondo em praacutetica seus conhecimentos assim como suas proacuteprias matildeos

ldquoErsquo pois com os medicamen- | tos preparados por minhas proacuteprias matildeos qu[e] | me

proponho a curar a todos aquelles que m[e] | quizerem procurarrdquo O discurso de

Etienne Lagarde parafraseia sua profissatildeo expressa anteriormente Cirurgiatildeo eacute um

lexema que possui sua raiz em um lexema grego χειρουργία (cheirougiacutea)

dicionarizado da seguinte forma

χειρουγία ἡ a working by hand practice of a handicraft or art skill herein

Plat etc II a handicraft Id - esp the practice of chirurgery surgery

(Liddle amp Scott Greek-English Lexicon)

O discurso do pharmaceutico mostra o quanto sua segunda profissatildeo estaacute

encarnada em si tanto na praacutetica meacutedica quanto na fomentaccedilatildeo de medicamentos Aleacutem

de servir como corporificaccedilatildeo do pensamento nacional a construccedilatildeo de uma naccedilatildeo

pelas matildeos de seus cidadatildeos Um trabalho que somente nos dias que lhe eram atuais

poderia ser feito visto que o anunciante dispotildee duas formas de tratamento agraves doenccedilas

uma anterior uma forma como enfrentariam as doenccedilas que ldquoobrigava os doentes a

buscar longe das povoaccedilotildees uma morada tranquilla que lhes permitisse esperar com

paciencia a hora que [o] Creador tivesse determinado para pocircr term[]a todos os seus

soffrimentosrdquo ligada fortemente ao fado estipulado pelo ldquoCreadorrdquo e o seu tempo

quando o homem tenta por forccedila de seu ceacuterebro poderosos e suas matildeos haacutebeis tomar as

reacutedeas de sua existecircncia Assim em seu tempo eacute possiacutevel que seja dito ldquohoje porem

assim natildeo acontece os progressos que tem feito [a] sciencia medica com os numerosos

trabalhos e investigaccedilotildees da chimica tem em fim introduzido na therapeutica e posto aacute

disposiccedilatildeo dos homens da sciencia um meio prophilaticos contra estas crueis

enfermidadesrdquo

Por se tratar de um texto criado tendo como pano de fundo a medicina e seus

avanccedilos no combate agraves doenccedilas e reforccedilando o que fora dito acima aleacutem dos nomes

das doenccedilas o texto se constroacutei utilizando-se uma gama de palavras de raiacutezes gregas

neologismos adotados no seacuteculo XIX no geral para dar conta das novas praacuteticas

meacutedicas e que o nosso cirurgiatildeo faz uso indiscriminado pois haacute de se pensar o quanto

esses novos lexemas faziam parte da vida cotidiana dos leitores desse anuacutencio

100

Aleacutem das palavras pharmaceutico e cirurgiatildeo analisadas haacute pouco temos ainda

therapeutica que provecircm do verbo grego θεραπεύω (therapeacuteuo) + o sufixo κή o

mesmo utilizado nos exemplos dados anteriormente para neologismos presentes no

grego que carregavam junto agraves palavras o sentido de tecnicidade e prophilatico de

προφυλάσσω (prophylaacutesso)

θεραπεύω f ndashεύσω (θεράπων) to be an attendant do service Od 2 to

do service to the gods Lat colore deos Hes Hdt Att - to do service or

honour to onersquos parents or masters Eur Plat 3 to serve court pay court

to τινά Hdt Ar etc and in bad sense to flatter wheedle Thuc to

conciliate Id τὸ θεραπεῦον = οἱ θεραπεύοντες Id 4 of things to

consult attend to Lat inservire Id ἡδονὴν θερ to indulge one`s love of

pleasure Xen τὰς θύρας τινὸς θερ to wait at a great man`s door Id

II to take care of provide for men of the gods Thuc estv 3 θερ τὸ

σῶμα to take care of one`s person Lat cutem curare Plat 4 to treat

medically to heal cure Thuc Xen 5 θ ἡμέρην to observe a day keep

it as a feast Hdt θ τὰ ἱερά = Lat sacra procurare Thuc 6 of land to

cultivate Xen δένδρον θερ to train a tree Hdt (Liddle amp Scott

Greek-English Lexicon)

Notamos dentre o vasto campo de sentidos da palavra (que de certa forma

preservam o sentido de assistecircncia) as possibilidades de traduccedilatildeo dadas em ldquo3 to take

care of one`s personrdquo e ldquo4 to treat medically to heal curerdquo sentidos esses presentes

no entendimento da palavra uma vez adotada pela liacutengua portuguesa Cunha nos daacute o

momento da adoccedilatildeo deste lexema na liacutengua portuguesa assim como o sentido com o

qual foi adotado

terapecircutica sf lsquoparte da medicina que estuda e potildee em praacutetica os meios

adequados para aliviar ou curar doenccedilasrsquo | the- XIX | do fr theacuterapeutique

deriv do lat tard therapeutica e este do gr therapeutikeacute de therapeacuteuo lsquoeu

curorsquo () (Cunha 2010)

Podemos entrever no texto do anuacutencio a distinccedilatildeo a que se faz do que viria a ser a

chamada therapeutica por ele citado Somente em seu tempo natildeo anteriormente eacute que

101

atraveacutes dos desenvolvimentos da sciencia medica poderiam ser introduzidos na arte de

aliviar ou curar doenccedilas que eacute a therapeutica um meio prophilatico contra as

moleacutestias que danavam a sociedade novecentista paulistana A ideia de profilaxia pode

ser notada e atestada pela quantidade de tocircnicos elixires xaropes como os prometidos

pelo pharmaceutico Lagarde os quais fariam ldquocirurgicamenterdquo

Como jaacute adiantado acima prophilatico tem sua origem no verbo grego

προφυλάσσω (prophilaacutesso) uma palavra composta pelo lexema φυλάσσω (assistir e

guardar defender guardar) + a preposiccedilatildeo πρό preposiccedilatildeo esta que tambeacutem foi

adotada pela liacutengua portuguesa sendo muito utilizada em formaccedilotildees de palavras com o

sentido jaacute presente no grego de anterioridade em defesa de ou por Dessa forma temos

o sentido de προφυλάσσω

προφυλάσσω Att ndashττω f ξω to keep guard before to guard a place or

house c acc h Hom (in the Ep 2 pl imperat προφύλχθε for

προφυλάσσετε) Xen προφυλάσσειν ἐπί τινι to keep guard over a

person or place Hdt - absol to be on guard keep watch ἡ

προφυλάσσουσα (sc ναῦς) = προφυλακίς Id - Med to guard

oneself to be on one`s guard take precautions Id Thuc - c acc To be on

one`s guard or take precautions against Lat Cavere Hdt Xen (Liddle amp

Scott Greek-English Lexicon)

Segundo Cunha prophilatico eacute um lexema incorporado agrave liacutengua portuguesa no

seacuteculo XIX sendo para noacutes um poderoso exemplo de como a arte meacutedica estava se

desenvolvendo a ponto de influenciar a linguagem cotidiana Em seu dicionaacuterio

etimoloacutegico Cunha no explana o verbete

profilaxia Sf lsquoemprego de meios para evitar doenccedilasrsquo | prophilaxia 1873 | do

fr prophilaxie deriv do lat cient prophylaxis e este do gr prophyacutelaxis

lsquoprecauccedilatildeorsquo || profilaacutetico | prophilactico 1858 | do fr prophylactiqque do gr

prophylaktikoacutes (Cunha 2010)

O verbete atesta que o lexema teve sua primeira ocorrecircncia em 1858 mas

notamos pela dataccedilatildeo do anuacutencio que a palavra jaacute fazia parte do jargatildeo meacutedico em datas

anteriores agrave citada pelo lexicoacutegrafo

102

Podemos ainda apontar alguns usos lexicais neste anuacutencio que escapam agrave

linguagem meacutedica ou especializada um uso lexical que pode espelhar o niacutevel de

conhecimento do ldquomedico e pharmaceuticordquo Etienne Lagarde Seu discurso eacute todo

carregado de um ufanismo quanto agrave arte como jaacute mostrado anteriormente A pessoa que

se dispotildee a ter essa arte como profissatildeo segundo o anunciante nada mais eacute do que um

amante da populaccedilatildeo um amigo da humanidade por dela cuidar e quem sabe sarar

Assim ldquopenetrado do sentimento o mais sincero da philantropia do amor aacute sociedaderdquo

eacute que ele pode oferecer seus trabalhos Notemos que o substantivo philantropia vem

parafraseado logo em seguida de modo explicativo Ainda como demonstraccedilatildeo de seu

belo vocabulaacuterio sobre as possiacuteveis descrenccedilas daqueles que teriam contato com o

anuacutencio ele diz ldquoEstou certo que os epithetos de ndash charlatatildeo e especulador ndash ser-me-

hatildeo lanccedilados por alguns ao lerem este meu annuncio ()rdquo Penso que a escolha de

certos lexemas para a fomentaccedilatildeo de seu discurso como philantropia que logo vem

parafraseado ou mesmo epithetos em vez de qualquer outra palavra como cognome

ou ainda uma paraacutefrase para o lexema eacute feita para de certa forma mostrar ao puacuteblico

que a pessoa que anuncia tem um niacutevel consideraacutevel de instruccedilatildeo Pela palavra ele

demonstra o que fora anunciado quanto a sua formaccedilatildeo ldquocirurgiatildeo das faculdades

Pariz e do Rio de Janeiro ex-preparad[o] do Curso de Chimica da escola de

medic[i]na e pharmacia de Poi[furo]iersrdquo

As preocupaccedilotildees com a sauacutede puacuteblica refletem-se nas tentativas de contenccedilatildeo de

pestes como explanado anteriormente havendo tambeacutem a preocupaccedilatildeo com a sauacutede

pessoal como acabamos de notar nos anuacutencios que analisamos e ainda na profusatildeo de

elixires e tocircnicos vendidos logicamente nas pharmacias

A maioria dos anuacutencios onde aparece o lexema pharmacia que faz parte de nosso

corpus faz propaganda dos novos xaropes elixires e tocircnicos que satildeo verdadeiros

remeacutedios maacutegicos contra os mais variados tipos de moleacutestias os quais poderia assolar a

populaccedilatildeo brasileira do seacuteculo XIX

O lexema elixir chega agrave liacutengua portuguesa atraveacutes do aacuterabe segundo Cunha No

aacuterabe o lexema possuiacutea um sentido muito ligado ao misticismo e a faceta maacutegica

atribuiacuteda aos medicamentos em uma eacutepoca em que a medicina ainda natildeo possuiacutea um

status teacutecnico nessa cultura Contudo no grego o sentido era de medicamento

103

elixir sm bebida medicamentosa balsacircmica ou confortadora XVIII Do fr

Eacutelixir deriv Do deriv Do aacuter Eliksir pedra filosofal e este do gr Kseron

medicamento (Cunha 2010)

Segundo o lexicoacutegrafo a primeira ocorrecircncia deste lexema na liacutengua portuguesa

foi no seacuteculo XVIII mas como dito pelo pharmaceutico Etienne Lagarde somente com

ldquoos progressos que tem feito [a] | sciencia medicardquo no seacuteculo XIX eacute que se podem

encontrar anuacutencios de elixires como o seguinte

- 03 de janeiro de 1889 Satildeo Paulo Correio Paulistano

Grande descoberta|O maior sucesso da eacutepoca que atravessaacutemos eacute a descoberta

do prodigioso vegetal cujo vegetal em si a acccedilatildeo maravilhosa de destruir

todos os virus de syphilitico A descoberta deste remedio que eacute Vegetal

Por|Excellencia eacute a verdadeira Maravilha Do Seculo XIX Os

saacutebios|estudos de muitos annos e as sucessivas experiecircncias do illustrado e

intelligente|senhor M Morato deram em resultado que o grande remedio

pura exclusiva|e unicamente vegetal a que deu o nome de ldquoExilir depurativo

de M Moratordquo|cura completa e rapidamente toda syphilis curo o

rheumatismo com uma|felicidade espantosa cura a asthma e usado

convenientemente tem com | espanto de centenas de pessoas curado o

terrivel mas a|Morphegravea |A grande descoberta deste explendoroso remeacutedio eacute

a felicidade da|humanidade eacute o passo mais gigantesco dado na medicina

Procurar ldquoExilir|depurativo de M Moratordquo propagado por Doutor

Carlos|Agente Depositaacuterio Em Satildeo Paulo|Peixoto Estella amp Companhia|Rua

de Satildeo Bento nuacutemero 11| Preccedilos|20 Exilir ndash frasco 5$000 Duzia 50$000

O medicamento revolucionaacuterio ldquoa verdadeira Maravilha Do Seculo XIX rdquo

adveacutem de uma ldquoGrande descobertardquo que pode ser vista como o maior sucesso da eacutepoca

que atravessavam destinado a destruir todos os viacuterus syphiliticos O anuacutencio ainda faz

propaganda do aacuterduo trabalho em que essa descoberta se fundou pois essa maravilha se

deve aos ldquosaacutebios|estudos de muitos annos e as sucessivas experiecircnciasrdquo e que

figuravam segundo o anunciante ldquoo passo mais gigantesco dado na medicinardquo

Se por um lado o texto vem dar agrave luz o conhecimento de um novo e

revolucionaacuterio medicamento therapeutico destinado a curar toda syphilis

rheumatismos asthmas a descoberta ainda se enraiacuteza em estudos e praacuteticas

104

experimentais anteriores visto que agrave eacutepoca (1889) experiecircncias jaacute davam conta de

fomentaccedilotildees de medicamentos sinteacuteticos Dessa forma temos o discurso ligado agrave

descoberta ligado agrave novidade de um lado e de outro temos o discurso ligado ao jaacute

conhecido e que de certa forma daacute seguranccedila Assim o medicamento eacute de origem

vegetal ldquopura exclusiva|e unicamente vegetalrdquo

Os elixires como medicamento prophilatico e therapeuticos destinavam-se a sarar

as doenccedilas e assim dar novas forccedilas revitalizar tonificar os debilitados Dessa forma

forma-se como um sinocircnimo um neologismo adotado segundo Cunha em 1858

Tonico para tambeacutem dar nome a esse tipo de medicamento alimentiacutecio

- 01 de fevereiro de 1888 Campinas Diaacuterio de Campinas

O Elixir alimenticio Ducro e muito agradavel ao paladar e as pessoas a quem

mais repugnam os alimentos o tomam ateacute por gosto| Eacute um tonico

poderosissimo aconselhado para as mulheres e a crianccedilas delicadas os

velhos os convalescentes em que desperta o appetite e restabelece as forccedilas|

Convem sobretudo nos paizes quentes onde as forccedilas diminuem pela

transpiraccedilatildeo e onde se esta sujeito a molestias contagiosas - Para mais

detalhes leia-se o prospecto que acompanha cada vidro| Pariz 20 Place des

Vosges|| E EM TODAS AS PHARMACIAS

Como dito acima e seguindo com nossos estudos Cunha nos daacute verbete

tom Sm tensatildeo tono altura de um som tonalidade | XIV toom XV | do lat

Tonus -i deriv Do gr Toacutenos muacutesculo tendatildeo tendatildeo intensidade forccedila

energia tensatildeo de uma corda som de instrumento () tocircnico adj relativo

ao tom tonifica ou daacute energia diz-se do elemento que recebe o acento de

intensidade 1858 do fr tonique deriv do gr tonikoacutes () (Cunha 2010)

A associaccedilatildeo elixir = tonico quando se diz o Elixir Ducro eacute um tonico

poderosiacutessimo eacute o que nos leva a fazer uma associaccedilatildeo sinoniacutemica entre os lexemas

Dessa forma haacute um desdobramento de sentidos em ambos os lexemas dando-lhes novos

sentidos Se por um lado temos no dicionaacuterio Aureacutelio (1988) a denominaccedilatildeo de elixir

105

elixir S m 1 confeiccedilatildeo farmacecircutica de xaropes com alcoolatos 2 bebida

deliciosa balsacircmica ou confortadora 3 Fig Aquilo que tem efeito maacutegico

ou miraculoso filtro (Aureacutelio 1988)

E de tocircnico

tocircnico Adj 1 relativo a som (1) 2 que tonifica ou daacute energia 3 gram Diz-

se do elemento (vogal siacutelaba) que recebe acento de intensidade ou icto

sm4 medicamento ou cosmeacutetico tocircnico revigorante (Aureacutelio 1988)

Temos nos sentidos de ambos os lexemas significaccedilotildees que se tocam levemente

no que diz respeito agrave accedilatildeo do medicamento no corpo daquele que o ingere se tomarmos

os sentidos de forma o mais aberta quanto possiacutevel o elixir conforta enquanto bebida

balsacircmica lenitiva e o tonico daacute energia revigora Contudo se tomarmos o sentido de

equivalecircncia que o anunciante faz entre os dois lexemas notamos no uso uma

aproximaccedilatildeo muito maior do que a dicionarizada O tonico tem atributos dados pelo

dicionaacuterio apenas ao elixir ldquoO Elixir alimenticio Ducro e muito agradavel ao paladar e

as pessoas a quem mais repugnam os alimentos o tomam ateacute por gostordquo e se o elixir ldquoEacute

um tonico poderosiacutessimordquo logo tambeacutem eacute muito agradavel ao paladar Mas segundo

o dicionaacuterio Aureacutelio somente o elixir pode ter o atributo de bebida deliciosa Da

mesma forma o elixir eacute mais do que um medicamento destinado a dar somente o

conforto afinal ele eacute um tonico poderosiacutessimo que ldquodesperta o appetite e restabelece as

forccedilasrdquo Assim o medicamento therapeutico eacute destinado para os ares brasileiros pois

este faz parte dos ldquopaizes quentes onde as forccedilas diminuem pela transpiraccedilatildeo e onde

se esta sujeito a molestias contagiosasrdquo

E aqui temos o gancho para tratarmos de um assunto jaacute mencionado em capiacutetulos

anteriores sucintamente das praacuteticas sociais e das correntes de pensamento dos

brasileiros do seacuteculo XIX influenciados por iguais franceses Apesar de natildeo

abertamente notamos nos discurso do anunciante anterior a vertente meacutedica que

rapidamente foi divulgada na eacutepoca a homeophatia Fundamentada nos estudos

hipocraacuteticos que acreditava que a sauacutede se associa aos quatro humores e estes ao meio

em que vive o homem de modo que o clima pode influenciar na sauacutede deste homem

assim a homeophatia entendia a condiccedilatildeo humana Natildeo haacute menccedilatildeo clara a essa praacutetica

no discurso do anunciante poreacutem quando este diz que o elixir convecircm sobretudo nos

106

paizes quentes podemos mais que rapidamente ligar as crenccedilas tidas pelos homeopatas

ao anunciante

A homeophatia fazia grande sucesso entre os cidadatildeos brasileiros do seacuteculo XIX a

ponto de em Campinas cidade do uacuteltimo anuacutencio de cada cinco meacutedicos atuantes na

cidade dois eram homeopatas13

Essa filosofia meacutedica era demasiadamente nova agrave

eacutepoca Cunha data a entrada desse lexema na liacutengua portuguesa de 1858

homeo- elem comp do gr homoios da mesma natureza igual semelhante

que se documenta em alguns compostos introduzidos a partir do seacutec XIX na

linguagem cientiacutefica internacional () homeopatia | -thia 1858 | Do fr

homeacuteopathie deriv do al Homoumlopathie voc criado em 1796 pelo meacutedico

alematildeo SCFHahnemann () (Cunha 2010)

O Aureacutelio o dicionariza da seguinte forma

homeopatia S f Med Sistema terpecircutico criado por Christian Friederich

Samuel Hahnemann (1755-1843) que consiste em tratar as doenccedilas por meio

de substacircncias ministradas em doses diluiacutedas a ponto de se tornarem por

vezes infiniteacutesimas capazes de produzir em indiviacuteduos satildeos quadros

cliacutenicos semelhantes aos que apresentam os doentes a serem tratados ()

(Aureacutelio 1988)

A homeophatia veio associar-se no Brasil agrave fitoterapia nacional Dessa forma ldquopor

meio da homeopatia ndash e da valorizaccedilatildeo da fitoterapia tropical - a medicina cientiacutefica

europeia vinculava-se agrave medicina popular indiacutegena e afro-brasileira14

rdquo

Temos assim de um lado o pensamento cientiacutefico dos quiacutemicos que produzem

seus medicamentos tambeacutem se utilizando da fitoterapia sendo influenciados por

pensamentos homeopaacuteticos Assim como temos os que tecircm um pensamento claro de sua

praacutetica e anuncia

- 15 de outubro de 1852 Satildeo Paulo Aurora Paulistana

- 31 de outubro de 1852 Satildeo Paulo Aurora Paulistana

13

Alencastro Vida Privada e Ordem Privada no Impeacuterio In Histoacuteria da Vida Privada no Brasil

14 Idem

107

HOMŒOPATHIA PURA | RUA DIREITA NUacuteMERO 17 | O medico-

cirurgiatildeo Joseacute Maria de | Souza tem a honra de declarar a to- | das aquellas

pessoas que quizeres | honrar com sua confianccedila que elle se | acha

novamente residindo nesta ci- | dade rua Direita nuacutemero 17 onde continuacutea |

a exercer a sua profissatildeo pelo syste- | ma homœopathico e onde seraacute encon- |

trado a qualquer hora do dia ou da | noite O annunciante tambem arran- | ca

lima e chumba dentes e faz todas | as outras operaccedilotildees que diz respeito | a

esta arte com a maior perfeiccedilatildeo|| Os pobres seratildeo tratados gratuita- | mente

A praacutetica philantropica eacute muito comum entre os homeopatas da eacutepoca tratando

dos enfermos pobres gratuitamente Alencastro nos relata que o pensamento dos

homeopatas era ldquofazer no Brasil lsquonovos Matusaleacutens [] e concorrendo para o bem

geral da humanidaderdquo Com o advento dessa praacutetica meacutedica fundam-se no Brasil do

seacuteculo XIX escolas destinadas a formar novos praticantes assim como a fomentaccedilatildeo de

toda uma bibliografia que assistisse a esse puacuteblico

- 05 de fevereiro de 1867 Satildeo Paulo Correio Paulistano

NA CASA GARRAUX || LARGO DA SEacute || Encontra-se os artigos seguintes

||Papel para desenho || Papel de luto || Papel de peso || Papel almasso || Papel

florete || Papel Hollanda || Papel de phantasia || Papel de cartas || Enveloppes

brancos || Enveloppes de cores || Enveloppes de luto || Enveloppes

commerciaes || Enveloppes forrados de panno || Cartotildees de visita || Ditos para

casamentos || Tinteiro de vidro || Tinteiro de crystal || Tinteiro de bronze ||

Tinteiro ricos de phantasia || Pennas de accedilo de varias qualidades || Pennas de

ave || Sinetas || Canivetes || Pacas de cortar papel || Lacre || Obreiras ||

Imagens || Quadros de devoccedilatildeo || Desenhos || Albuns para desenhos || Aacutelbuns

para photographia || Quadros para photographia || Carteiras || Estojos de

viagem || Caixas de perfumaria || Caixas de papelaria || Caixas de costura com

musica || Caixa de mathematicas || Caixas de tintas || Tintas de escrever ||

Livro de direito || Livros de litteratura || Livros de devoccedilatildeo || Livros de

educaccedilatildeo || Livros de homœopathia || Livros de missa || Horas Marianas ||

Livros de luxo para presentes || Objectos de phantasia para presentes || Lapis ||

Baralho de cartas || Baralhos de cartas de phantasia || Bengallas || Livros para

apontamentos || Stereoscopos || Folhinhas do anno || Pastas || E muito mais

objectos || Grande sortimento de papel pintado | para forrar casas fabricados

em Paris | desde 500 reacuteis a peccedila para cima | Guarniccedilatildeo roda-peacute paisagens

108

etc | Esta casa recebe directamente da Europa todos seus livros e mercado- |

rias e destrsquoarte poacutede offerecer aacutes pessoas que a Ella se dirigem considera- |

veis vantagens

Assim na casa Garraux dentre vaacuterias outras literaturas e materiais de papelaria

podia-se encontrar Livros de homœopathia

Seguindo a ordem natural dos neologismos que possuem uma histoacuteria de uso

abundante como eacute loacutegico medicamentos adjetivado pelo neologismo criado a partir do

substantivo homeopathia homeopathicos

- 26 de maio de 1872 Campinas Gazeta de Campinas

Medicamentos Homeopathicos|No estabelecimento do Roso amp Filho em

liquidaccedilatildeo aacute rua do Commercio nuacutemero 45 encontra-se sempre grande

sortimento destes medicamentos em tinturas globulos e opodeldoc de

Bryonia Rhux para rheumatismo do laboratoio do doutor Cochrane amp

Pinho do Rio de Janeiro bem assim livros homeopathicos

Esses remeacutedios concorriam pela preferecircncia do puacuteblico com os medicamentos

produzidos pelos quiacutemicos fitoteraacutepicos licenciados pela junta de Hygiene do Imperio

do Brazil15

vendidos nas pharmacias destinados aos tratamentos das mesmas moleacutestias

como o rheumatismo diabete cystites epilepsia gonorrhea16

e muitas outras

Munindo a populaccedilatildeo brasileira de possibilidades de cura agraves doenccedilas mesmo aos

pobres que natildeo podendo pagar pelo tratamento tinham a sauacutede assegurada pelos

philantropos eacute que se poderia garantir uma civilizaccedilatildeo disposta a avanccedilar em direccedilatildeo ao

status de naccedilatildeo que o paiacutes queria alcanccedilar

15

Nos apecircndices estatildeo as fichas das palavras analisadas neste trabalho Notaratildeo que na ficha destinada

ao lexema hygiene haacute uma recorrente menccedilatildeo a junta de hygiene do Imperio do Brazil nos anuacutencios de

medicamentos natildeo homeopaacuteticos Podemos entender essa menccedilatildeo como um aval de um oacutergatildeo puacuteblico

a fomentaccedilatildeo de medicamentos a partir de uma praacutetica que possa ser vista como mais cientiacutefica em

oposiccedilatildeo agraves praacuteticas homeopaacuteticas

16 Ver apecircndices

109

9 Conclusotildees

O trabalho natildeo daacute conta de todas as entradas lexicais levantadas que satildeo

apresentadas nos apecircndices Essas estatildeo postas na sessatildeo para servir de amostragem do

corpus Poreacutem julgamos que o retrato mesmo que 34 das entradas lexicais e a

influecircncia dessas adoccedilotildees no leacutexico da Liacutengua Portuguesa alcanccedilou o que nos

propusemos a fazer quando foi pensado o projeto

Tentamos neste trabalho e esperamos que a contento apontar alguns movimentos

da sociedade brasileira rumo agrave civilidade em seu projeto de naccedilatildeo

Comungamos da crenccedila muito bem apresentada por KRISTEVA (1969) em sua

Histoacuteria da Linguagem quando esta dizendo sobre as novas formas de entendermos o

homem apresenta-nos uma nova ferramenta a linguagem nos ensina

ldquoQuanto agrave concepccedilatildeo da linguagem como ltltchavegtgt do homem e da histoacuteria social

como via de acesso agraves leis do funcionamento da sociedade essa talvez constitua uma das mais

importantes caracteriacutesticas da nossa eacutepocardquo

Acreditamos que desenvolver o raciociacutenio a partir da historiografia da evoluccedilatildeo

humana dentro da perspectiva eurocecircntrica nos deixa perceber alguns passos escolhidos

assim como os discursos que foram adotados para jusificar aqueles passos Mostramos

como o imaginaacuterio de projeto de naccedilatildeo ocorrido em Portugal de certa forma se repete

no Brasil do seacuteculo XIX O discurso que atrela civilidade e modernidade eacute recorrente

nos dois momentos

A escolha por partir dos anuacutecios de jornais acreditamos conseguiu dar conta da

proposta de levantar uma amostragem real dos discursos que corriam como ideaacuterio no

Brasil

Entatildeo atraveacutes dos discursos ocorridos no seacuteculo XIX tentamos explanar um

pouco da histoacuteria social brasileira Notamos as passagens do velho para novo quando

as leis que se faziam operantes natildeo deixam de existir mas se modificam ora se

modificando totalmente ora se complementando e se expandindo Artefatos novos para

velhos trabalhos palavras formadas por raiacutezes morfoloacutegicas antigas para nomear a

novidade E dessa forma temos pelo estudo da linguagem uma possibilidade de leitura

de um mundo

110

Pode-se chegar a determinados pontos por diversos caminhos Verdade

Escolhemos trabalhar com os lexemas de base morfoloacutegica grega por uma equaccedilatildeo ateacute

que bem faacutecil de entender Sabemos que as inovaccedilotildees tecnoloacutegicas satildeo os motores mais

importantes para os avanccedilos do homem no processo civilizatoacuterio E as tecnologias ateacute

meados do seacuteculo XX buscavam no grego as suas terminologias Assim as ligaccedilotildees

ficam expliacutecitas e justificamos o trabalho

111

10 Bibliografia

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112

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Manifesto Imageacutetico A Imagem Como Contribuiccedilatildeo Para A Construccedilatildeo Do Ser

Poliacutetico E Intervenccedilatildeo Poliacutetico-Social Satildeo Paulo 2018 Artigo sem publicaccedilatildeo

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Florianoacutepolis LLVCCEUFSC 2010

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Margarida Barahoma Lisboa Ediccedilotildees 70 1969

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by Gopsons Paper Ltd Noid ndash 201 301

- MELO Joseacute Marques de Histoacuteria social da imprensa fatores socioculturais que

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- MELO Joseacute Marques de Sociologia da Imprensa Brasileira a implantaccedilatildeo Prefaacutecio

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Da Educaccedilatildeo Profissional No Brasil No Final Do Seacuteculo XIX E Iniacutecio Do Seacuteculo XX

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Universitat Pompeu Fabra 1998 (Responsable de la edicioacuten M Teresa Cabreacute)

101 Bibliografia online

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entry3Dw28rolo2Fgion ndash dia 21092018 agraves 2050hrs

httpwwwperseustuftseduhoppertextdoc=Perseus3Atext3A19990400573A

entry3Dfarmakeutiko2Fs ndash 09072018 agraves 1532hrs

httpwwwperseustuftseduhoppertextdoc=Perseus3Atext3A19990400593A

entry3Dpharmaceuticus - 09072018 agraves 1611hrs

httpenwikipediaorgwikiGalen - 09072018 agraves 1653hrs

httpptwikipediaorgwikiHomeopatia - 23072018 agraves 1346hrs

httpwwwinfoescolacomquimicaquerosene - 2307 agraves 1732hrs

httpwwwgelhospedagemdesiteswsestudoslinguisticosvolumes32htmmesaredom

r004htmestudoslinguisticosvolumes32htmmesaredomr004htm (25032019)

httpsptwikipediaorgwikiRenascenC3A7a_carolC3ADngia

116

httpwwwmuseudaenergiaorgbrmedia6315311pdf

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r004htmestudoslinguisticosvolumes32htmmesaredomr004htm (2503)

httpsptwikipediaorgwikiRenascenC3A7a_carolC3ADngia

117

11 Apecircndices

111 Lexemas ligados agrave cultura

PALAVRA BIOGRAPHIA

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

- bio- elem Comp do Gr biacuteos lsquovidarsquo

que se documenta em numerosos

compostos da linguagem cientiacutefica

internacional a partir do seacutec XIX ()

biografia | -phia 1825 ()

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

biografia Sf descriccedilatildeo ou histoacuteria da

vida de uma pessoa

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 25 de abril de 1852 Aurora Paulistana

Satildeo Paulo

ATTENCcedilAtildeO | A Farrapeida| Recebem-

se nesta typogra|phia assignaturas para um

| opusculo que breve sahiraacute aacute | luz com o

titulo acima e con- | teraacute cerca de 120

paginas Ersquo | um poema em que se descre-

| vecirc a biographia dos princi- | paes

membros do partido - | Venda-grande ndash

118

nesta provin- | cia e dividido em 5 cantos

dos quaes estatildeo jaacute na typogra- | phia os

tres primeiros cujos titulos satildeo | I A

CARA-SUGEIDA | precedida de uma

estampa | representando um individuo |

desejando surprehender os | segredos de

uma bella Con- | deccedila | II A

CARRONrsquoIHEI- | DA ou as magicaturas

pre- | cedida igualmente de uma ca- |

ricatura | III A JANISTROQUEI- | DA

ou factos historicos bio- | graphia

completa de um ca- | valheiro muito

conhecido a | caricatura que precede este |

canto eacute muito curiosa | Preccedilo de cada

exemplar | 1$ reis pagos ao receber o |

exemplar

PALAVRA EPITHETO

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

epiacuteteto sm lsquopalavra ou frase que

qualifica pessoa ou coisarsquo lsquocognomersquo |

epytheton XVI | do fr eacutepithegravete deriv do

lat epitheton ndashi e este do gr epiacutetheton

()

119

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

epiacuteteto sm 1 palavra ou frase que

qualifica pessoa ou coisa 2 V cognome

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 4 de marccedilo de 1853 Satildeo Paulo Aurora

Paulistana

CURA CERTA | e em pouco tempo de

todas as enfermidades provenientes de

vicio san- | guineo como ndashescrophulas

tube[r]- | culos lepra syphylis etc etce

[ilegiacutevel] | particular as affecccediloens de

pape[ilegiacutevel] | em seu principio ||

Etienne Lagarde || Pharmaceutico e

cirurgiatildeo das faculdades | Pariz e do Rio

de Janeiro ex-preparad[o] | do Curso de

Chimica da escola de medic[i]- | na e

pharmacia de Poi[furo]iers membro da

s[o]- | ciedade medica da mesma cidade e

corres- | pondente de algumas sociedades

scientificas || Attenccedilacirco || A experiencia

junto aacute perseveranccedila qu[e] | hoje tem sido

meus uacutenicos guias no trata[men]- | to das

enfermidades acima mencionadas os |

caracteres horriveis que ellas apresentatildeo |

desgostos que sobrevem as pessoas que

satildeo de | las attacadas deviatildeo naturalmente

attrahir | attenccedilatildeo de todo o homem amigo

da huma- | nidade || Antigamente estas

enfermidades se consi- | deravatildeo com um

120

principio contagioso o que | obrigava os

doentes a buscar longe das povo- | accedilotildees

uma morada tranquilla que lhes permi- |

tisse esperar com paciencia a hora que [o]

| Creador tivesse determinado para pocircr

term[]| a todos os seus soffrimentos hoje

porem assim | natildeo acontece os progressos

que tem feito [a] | sciencia medica com os

numerosos trabalhos | e investigaccedilotildees da

chimica tem em fim intro- | duzido na

therapeutica e posto aacute disposiccedilatildeo | dos

homens da sciencia um meio prophilati- |

cos contra estas crueis enfermidades

fazendo | assim esperar uma prompta cura

a todos | aquelles que o quizerem abraccedilar

|| Penetrado do sentimento o mais sincero

da | philantropia do amor aacute sociedade

offereccedilo o[s] | meus recursos meacutedicos e

pharmaceuticos ad- | quiridos por um

aturado e longo estudo da na- | tureza

humana Ersquo pois com os medicamen- | tos

preparados por minhas proacuteprias matildeos

qu[e] | me proponho a curar a todos

aquelles que m[e] | quizerem procurar ||

Estou certo que os epithetos de ndash

charlatatildeo | e especulador ndash ser-me-hatildeo

lanccedilados por al- | guns ao lerem este meu

annuncio porem natildeo | seraacute por homens

sensatos que serei assim [ilegiacutevel] | xado

O sabio indaga consulta ouve [ilegiacutevel] |

entre voacutes (como eu creio) existe algum

rec[ilegiacutevel] | conhecimento recebei de

antematildeo toda a mi- | nha gratidatildeo || A

121

voacutes enfermos eu dirijo meus offereci- |

mentos eu saberei consolar-vos e talvez

da[r]- | vos a panaceacutea beneacutefica da saude

que tan[furo] | desejaes || Seja o

reconhecimento o fructo de meu[s] |

trabalhos e o uacutenico tributo que desejo

obte[r] | daquelles que me quizerem

honrar com sua[s] | consultas|| Dirijatildeo-se

ao Hotel Paulistano na rua d[e] | Satildeo

Bento nuacutemero 35

PALAVRAS SYSTEMA

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

sistema sm conjunto de elementos

materiais ou ideais entre os quais se possa

encontrar ou definir alguma relaccedilatildeo

meacutetodo processo | sys- 1810 | do fr

Systegraveme deriv Do lat Tard Systema e

este do gr Syacutestema

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

sistema Sm1 conjunto de elementos

materiais ou ideias entre os quais se possa

encontrar ou definir alguma relaccedilatildeo 2

disposiccedilatildeo das parts ou dos elementos de

um todo coordenados entre si e que

122

funcionam como estrutura organizada 3

reuniatildeo de elementos naturais da mesma

espeacutecie que constituem um conjunto

intimamente relacionado 4 o conjunto

das instituiccedilotildees poliacuteticas eou sociais e dos

meacutetodos por elas adotados encarados quer

do ponto de vista teorico quer do de sua

aplicaccedilatildeo praacutetica 5 reuniatildeo coordenada e

loacutegica de priciacutepiosou ideacuteias

relacionadasde modo que abranjam um

campodo conhecimento 6 conjunto

ordenados de meios ou ideacuteias tendente a

um resultado plano meacutetodo 7 teacutecnica ou

meacutetodo empregado para um fim preciacutepuo

8 modo maneira forma 9 complexo de

regras ou normas 10 haacutebito particular

costume 11 anat conjunto de oacutergatildeos

compostos do mesmo tecido e que

desempenham funcotildees similares 12

biolcoodenaccedilatildeo hierarquica dos seres

vivos em um esquema loacutegico e metoacutedico

segundo o princiacutepio de subordinaccedilatildeo dos

caracteres 13 comun conjunto particular

de instrumentos e convenccedilotildees adotados

com o fim de dar um informaccedilatildeo 14 fiacutes

parte limitada do universo sujeita a

observaccedilatildeo imediata ou mediata e que

em geral pode caracterizar-se por um

conjunto finito de variaacuteveis associadas a

grandezas fiacutesicas que a identificam

univocamente 15 geolconjunto de

terrenos que correspondem a um periacuteodo

geologico 16 ling conjunto de elementos

123

linguiacutesticos solidaacuterios entre si 17 ling a

proacutepria lingua quando encarada sob um

aspecto estrutural 18 muacutes qualquer seacuterie

determinada de sons consecutivos ()

PERIOacuteDICOS

DATAS

E

CIDADES DE ORIGEM

- 24 de abril de 1870 Campinas Gazeta

de Campinas

PHOTOGRAPHIA CAMPINENSE DE

HENRIQUE ROSENI|28-RUA

DIREITA-28|Tira-se retratos todos os dias

e por todos os systemas Para familia - os

preccedilos satildeo reduzidos consideravelmente

- 29 de setembro de 1870 Campinas

Gazeta de Campinas

E Athouguia cirurgiatildeo dentista aprovado

pela academia de medicina do Rio de

Janeiro colloca dentaduras pelos systemas

melhores e mais mdernos (como jaacute

annunciou) limpa e chumba os dentes

cariados cauteriza-os com antecedencia

afim de tirar-lhes toda a sensibilidade

nervosa tira os defeito provenientes de

uma maacute regularidade desses orgatildeos cura

124

todas as molestias da bocca e faz

obturadores apparelhos essenciaes tanto

para o asseio da mesma como para a boa

pronunciaccedilatildeo tendo pleno conhecimento

das molestias e de sua applicaccedilatildeo offerece

seus prestimos gratuitamente aacutes pessoas

menos abastadas Quem precisar dirija-se

ou por escripto ao largo da Matriz Velha

junto do sino grande

- 25 de fevereiro de 1872 Campinas

Gazeta de Campinas

Grande sortimento de garampos para

prender o cabello novo systhema Em

casa de Leon Hertz -66

- 08 de agosto de 1872 Campinas Gazeta

de Campinas

ESPECIALIDADE|| Acha-se aberto no

largo da Matriz-nova nuacutemero 2C um

armazem de assucar de todas as

qualidades|Recebe-se mensalmente

grande porccedilatildeo de assucar de Pernambuco

das melhores qualidades desde o alvo

125

fino ateacute o mascavo|Recebe assucar

refinado de 1ordf e 2ordf qualidade pelo

processo de crestalisaccedilatildeo bastante

conceituado entre os que conhecem esses

systemas de clarear depurar e

cristalisar|Recebe igualmente refinado a

braccedilos pelo systhema comum e das mais

acreditadas refinaccedilotildees do Rio de

Janeiro|Vende-se o assucar cruacute de meia

arroba para mais havendo grande

abatimento comprando em saccos|

Vende-se o refinado tambem de meia

arroba para mais havendo grande

abatimento comprando embarricada

- 14 de junho de 1874 Campinas A

Mocidade

O retratista photographo Evaristo

Brasileiro de Campos Mello esperando

uma nova officina que lhe vem

directamente da Europa previne a seus

amigos e fregezes que continuaraacute a tirar

retratos por qualquer systema pelos

preccedilos do costume garantindo um grande

melhoramento em seu trabalho espernado

por isso merecer sempre confianccedila deste

cavalheiro e generoso povo Campineiro|

A 5000 A DUZIA

126

- 14 de outubro de 1874 Campinas A

Mocidade

PEDE-SE TODA||ATTENCcedilAtildeO|| Aos

senhores fazendeiros|| Ferreira Novo amp

Filho participaratildeo aos senhores

fazendeiros e negociantes que continuatildeo a

comprar cafegrave em maior quantidade do que

faziam ateacute hoje achando-se para isso

habilitados por acabarem de contractar

com algumas das principais casas

exportadoras a fazerem grandes compras

Nosso systema de compras seraacute

Comprar toda e qualquer quantidade de

cafegrave quando beneficiado o prompto

recebemos ou com poucos dias de

demora depois da venda| Pedimos a todos

os senhores fazendeiros qua quando

tenhatildeo cafegrave em qualquer quantidade

promptoe queiratildeo vender a bondade de

nos procurarem pagando sempre no dia da

venda maior preccedilo que permitir o estado

do cafegrave nos principais mercados do paiz

da America e da Europa habilitando-nos

para podermos fazer tatildeo grande vantagem

aos senhores lavradores o telegrapho que

acaba de collocar em comunicaccedilatildeo diaria

esta florescente cidade com aqueles

127

principaes mercados

- 21 de outubro de 1874 Campinas A

Mocidade

Photographia

Campinense||DE||HENRIQUE ROSEN||

50 - RUA DIREITA - 50||Em

consequencia de novos melhoramentos

introduzidos no salatildeo de vidro deste bem

conhecido estabelecimento photographico

o mais antigo da provincia tira-se de hoje

em deante retratos perfeitos das 7 horas da

manhatilde ateacute 5 da tarde e com qualque[r]

tempo sendo preferidos os dias cobertos

e chuvosos| Trabalha-se todos os dias e

por todos os systemas Especialidades -

Retratos coloridos a Crozat e aquarela

Esmaltados Bombeacute Cabinet e Mezzo

Tinto dos quaes os ultimos imitando

porcellana foratildeo introduzidos nesta

provincia pelo annunciante e satildeo tirados

soacutemente no estabelecimento do mesmo|

Os retratos da phptographia simples tiratildeo-

se ainda pelo preccedilo baratiacutessimo de 6$000

a duzia pagando adeantado| O

annunciante esera conrinuar a merecer a

affluencia e valiosa protecccedilatildeo dos seus

numerosos amigos e freguezes - convida

128

ao respeitavel publico em geral para

examinar sua extense e variada galeria|

CASA FILIAL A PHOTOGRAPHIA

CAMPINENSE|| Satildeo Joatildeo do Rio-Claro||

20 - RUA DO COMMERCIO - 20|| (Perto

da Collectoria)

- 01 de fevereiro de 1888 Campinas

Diaacuterio de Campinas

Officina de espingardeiro||RUA

GENERAL OZORIO 102 A|Nesta antiga

e muito conhecida officina continuam-se a

trabalhar com perfeiccedilatildeo e solidez em

consertos de armas de fogo de qualquer

systema| Envernizam-se espingardas

com perfeiccedilatildeo tal de competir comas

novas Bem como fabricam-se qualquer

peccedila nova e tudo que diz respeito a essa

arte| Facas de prata trabalhadas aacute

capricho| Garante-se a maxima perfeiccedilatildeo

na execuccedilatildeo dos trabalhos que a esta casa

forem confiados|| PRECcedilOS MODICOS||

BALTHASAR BRUNI|| RUA GENERAL

OZORIO 102 A|| CAMPINAS

- 10 de dezembro de 1828 Satildeo Paulo O

129

Farol Paulistano

Joatildeo Francisco Espingardeiro de Paris

avisa|ao Respeitavel Puacuteblico drsquoesta

Cidade que elle tem| um sortimento de

espingardas de um novo systema|

chamado Pistatildeo cuja superioridade eacute

incontestavel a|respeito das de

pedra_Tambem poem as de pedra|ao

systema novo e faz com o maior cuidado

todos os| concertos de sua profissatildeo sua

residecircncia eacute na Rua| do Rozario nuacutemero

24

- 22 de janeiro de 1879 Satildeo Paulo

Correio Paulistano

PHOTOGRAFIA|AMERICANA|RUA

DA IMPERATRIZ|Satildeo PAULO| O

propretaacuterio deste estabelecimento de

volta de sua viagem aacute Europa continua a

trabalhar no mesmo estabelecimento o

qual se acha augmentado com machinas e

utensiacutelios os| mais modernos|Neste

estabelecimento que conta 16 annos de

existencia (o mais antigo deste proviacutencia)

continua-se a trabalhar por todos|os

sistemas de photografias desde o retrato

130

em a|mais pequena miniatura ateacute o

tamanho natural|Encarrega-se de mandar

pintar em Pariz pelos melhores pintores

qualquer retrato em|busto ou corpo

inteiro a oleo pastel ou aquarella

bastando para isso um pequeno retrato|da

pessoa que se quizer retratar|Trabalhar-se

todos os dias das 10 horas da manhatilde aacutes 4

horas da tarde natildeo importa o tempo

chuvoso|OS SENHORES

PHOTOGRAFOS|encontraratildeo neste

estabelecimento tudo que eacute mister aacute

mesma arte e pelos preccedilos do Rio de

Janeiro|Retratos de ateacute Reacuteis 5$ a duacutezia

- 13 de julho de 1879 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

SALAtildeO CONIMBRICENSE|30 A ndash Rua

da Imperatriz ndash 30 A| Neste bem montado

estabelecimento encontraratildeo as

excelentiacutessimas famiacutelias um grande

e|variado sortimento de posticcedilos de

cabelos de todas as cores como sejam

tranccedilas coques|caeche-peignes topetes e

grampos frisados penteados pelos

systemas mais modernos|Os preccedilos satildeo

sempre mais baratos do que em qualquer

outra parte|SALAtildeO

131

CONIMBRICENSE|30 A ndash Rua da

Imperatriz ndash 30 A|Joseacute da Cunha

Fachadas|Satildeo Paulo

- 27 de fevereiro de 1889 Satildeo Paulo

Correio Paulistano

Engelberg Siciliano amp

Companhia|Machinas para

lavoura|privilegiadas pelo governo

imperial|Satildeo Paulo|No empenho de tornar

cada vez mais conhecidas as vantagens

que sobre|quaesquer outras offerecam as

nossas excellentes machinas para a

lavoura|chamamos a atenccedilatildeo do senhores

fazendeiros para o seguinte|descascador

de cafeacute do ldquoengelbergrdquo|O descascador

ldquoEngelbergrdquo eacute o unico que absolutamente

natildeo quebra cafeacute|apresentando aleacutem desta

incontestavel vantagem outras muitas

taes como--|grande simplicidade e

solidez dispensando os tantos concertos

que satildeo|precisos em outras beneficio

perfeitissimo devido ao seu excepcional e

|unico systema pelo qual o cafeacute se

descasca brandamente sem estragar-se

conservando por muito tempo a sua cocircr

natural e sendo por isso muito apreciado e

procurado em todos os mercados natildeo se

132

perde nenhum gratildeo de cafeacute porque a palha

sahe de tal modo moiacuteda que eacute impossivel

envolver cafeacute algum|natildeo acontecendo o

mesmo com outros descascadores os

quaes apezar de|moerem o cafeacute deixam a

palha quase inteira envolvendo-se nella

grande|quantidade de gratildeos que afinal se

perdem por na poderem ser

separados|occupa menor forccedila do que

qualquer outro descascador para

beneficiar a|mesma quantidade havendo

aleacutem disso grande economia de lenha e

tempo| Enfim os numerosos attestados

que recebemos diariamente de

illustrados|fazendeiros e as experiencias

feitas por muitas vezes em cotejo com

outras|machinas em cujas experiencias

tem-se observado que os nossos

descascadores|sugmentam a safra ateacute dez

por cento satildeo elementos mais que

sufficientes para | comprovar o que

dizemos|E se isso ainda natildeo focircr bastanto

nos obrigamos a pagar a quantia de reacuteis

50$000|por arroba de cafeacute que sahir

quebrado de nossa machina condiccedilatildeo essa

que nos | poderaacute impor qualquer

comprador|Ainda mais -- faremos

prezente de um descascador de qualquer

tamanho|dos de nossa invenccedilatildeo a quem

quizer nos dar em troca o cafeacute que sobrar

do cotejo com outro descascador de

differente systema tomando-se como

base|quantidade egual de cafeacute em cocircco

133

calculada para dar dez mil

arrobas|beneficiadas|Quer isto dizer que o

nosso descascador nas primeiras mil

arrobas de cafeacute que | beneficia jaacute

proporciona para o fazendeiro uma

economia cujo valor eacute superior|ao seu

custo|Diante de vantagem tatildeo reaes e

incontestaveis excusado eacute encarecer os

meritos desta machina e para sua

significativa importancia nos limitamos a

reclamar em|geral a attenccedilatildeo da lavoura

do paiz a favor da qual revertem os seus

beneficios|Ventilador de cafeacute em

cocircco|Apartador de pedras|Esta machina

tambem muito simples de tatildeo solida

construcccedilatildeo como a|precedente torna se

egualmente necessaria por ser de grande

vantagem e de|reconhecia utilidade

notadamente nas fazendas situadas em

terrenos|pedregosos|Atenuando

consideravelmente a penosa lide da

lavagem do cafeacute proporciona

ao|fazendeiro uma grande economia de

tempo em relaccedilatildeo aacutequelle

prejudicial|systema|O nosso ndash Ventilador

para cafeacute em cocircco ldquoApartador de pedrasrdquo

duas machinas|adaptadas nrsquouma soacute peccedila

pelo que dispensa completamente o antigo

ventilador|para cafeacute em cocircco preencheu

perfeitamente a lacuna que existia na

lavoura|e tanto eacute isso verdade que

continuamos a receber constantemente

pedidos dessa excellente uacutenica e tatildeo

134

invejada machina|Machina de beneficiar

arroz Evaristo Conrado|Este prodigioso

producto da machina eacute superior a todo o

encocircmio que se lhe|possa fazer e para

comprovar o que avanccedilamos basta nos-aacute

lembrar o imenso|sucesso que acaba de

obter nos Estados Unidos da America

onde cauzou|assombro a sua apresentaccedilatildeo

um publico organizando-se desde logo

uma|companhia com o elevado capital de

um milhatildeo de dollars para desenvolver

o|seu fabrico em grande escala conforme

reclama a procura|A superioridade desta

machina sobre qualquer outra eacute tatildeo

sensiacutevel que a tornaunica no mundo De

uma solidez e simplicidade extremas

dispensa o serviccedilo|de machinista

profissional para dirigil-a sem prejudicar

nem mesmo de leve|este resultado-- natildeo

quebra arroz brune-o com admiraacutevel

perfeiccedilatildeo e|toda a casca pondo-a em

condiccedilotildees de prestar-se a diversos

msisters de grande|utilidade|Aleacutem disto a

machina ldquoEvaristo Conradordquo soacute occupa

um pequeno espaccedilo para | seu

funccionamento quando as outras

existentes sobre serem deficientes

em|seus resultados satildeo de grandes

complicaccedilotildees e de preccedilo

extraordinariamente|maior sendo ainda de

dispendiosissima montagem

135

- 15 de outubro de 1852 Satildeo Paulo

Aurora Paulistana

HOMŒOPATHIA PURA | RUA

DIREITA NUacuteMERO 17 | O medico-

cirurgiatildeo Joseacute Maria de | Souza tem a

honra de declarar a to- | das aquellas

pessoas que quizeres | honrar com sua

confianccedila que elle se | acha novamente

residindo nesta ci- | dade rua Direita

nuacutemero 17 onde continuacutea | a exercer a sua

profissatildeo pelo syste- | ma homœopathico

e onde seraacute encon- | trado a qualquer hora

do dia ou da | noite O annunciante

tambem arran- | ca lima e chumba dentes

e faz todas | as outras operaccedilotildees que diz

respeito | a esta arte com a maior

perfeiccedilatildeo|| Os pobres seratildeo tratados

gratuita- | mente

- 5 de fevereiro de 1867 Satildeo Paulo

Correio Paulistano

ATTENCcedilAtildeO || Chegou aacute rua da

136

Imperatriz nuacutemero 4 os seguintes |

instrumentos de musicas os quaes seratildeo

ven- | didos a preccedilos ainda menores que os

do Rio | de Janeiro || Grandes sortimentos

de clarinetas de eacutebano e | buxo com 13

10 e 17 chaves em si b || Ditas de eacutebano

com 13 chaves em doacute e laacute || Grandes

sortimentos de palhetas para as mes- |

mas e requinta || Flautins de eacutebano e

buxo com 4 5 e 6 cha- | vecircs de prata e

diversos tons || Completo sortimento de

instrumentos de me- | tal para banda

militar e orchestra sendo tudo | pelo

systema sax o mais moderno que ha ||

Arvores de campainhas bumbos flautas

di- | versas cavaletes para rabecatildeo

estandartes para | violatildeo-cello surdinas

para rabeca metronomos | para marcar

compasso differentes bocaes para |

instrumentos de metal violotildees diapasatildeo

nor- | mas etc etc | Na mesma casa ha

sempre grande sortimento | de musicas

para piano e canto orchestra e to- | dos os

instrumentos || N B Para qualquer

instrumento comprado | nesta casa ha

methodos e escallas

PALAVRA THEATRO

137

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

teatro Sm orig local onde se

representam obras dramaacuteticas oacuteperas etc

exta arte de representar o palco | the-

XV | do lat Theatrum -e ()

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

teatro Sm 1 edifiacutecio onde se

apresentam obras dramaacuteticas oacuteperas etc

2 A arte de representar o palco 3

coleccedilatildeo das obras dramaacuteticas de um autor

eacutepoca ou naccedilatildeo 4 lugar onde se passa

algum acontecimento memoraacutevel palco

()

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 01 de outubro de 1879 Satildeo Paulo O

Constituinte

THEATRO SAtildeO JOSEacute|Companhia

Lyrica Italiana|EMPRESA ANGELO

FERRARI|O empresaacuterio Angelo Ferrari

desejando corresponder ao graciozo

convite de muitas pessoas drsquoessa culta

cidade de Satildeo Paulo resolveu dar uma

seacuterie de 12 reacutecitas apresentando nrsquoeste

numero as operas mas applaudidas de seu

repertorio incluindo O GUARANY do

138

distincto CARLOS GOMES|As

apreiaccedilotildees da imprensa drsquoesta cocircrte cuja

critica tem-se referido aacute exhibiccedilatildeo de cada

opera dispensa elogio aos artistas que

compotildee o elenco da companhia e cujos

nomes satildeo sobejamente conhecidos tanto

na Europa como na America|Aos

illustriacutessimos senhores A L Garraux amp

Companhia podem dirigir-se os|senhores

que assignaram para as 12 reacutecitas que

devem comeccedilar nos pri|meiros dias de

Novembro e aquelles senhores acham-se

auctorisados para|receberem a respectiva

entrada|O elenco eacute composto dos artistas

da companhia jaacute conhecidos|pelas

publicaccedilotildees nas folhas drsquoesta cocircrte

inclusive a primeira dama|soprano Maria

Durand e o primeiro tenor F Tamagno A

orchestra|contando haacutebeis professores e

regida pelo distincto

maestro|CAVALHEIRO N BASSI |Rio

de Janeiro 26 de sentembro de 1870|A

Ferrari

- 5 de outubro de 1852 Satildeo Paulo

Aurora Paulistana

- 15 de outubro de 1852 Satildeo Paulo

Aurora Paulistana

139

JOSErsquo PHILIPPE SALMAN mora | dor

na rua de Satildeo Bento nuacutemero 16 participa

| ao respeitavel publico e especialmente |

aos seus freguezes que elle tem para |

vender um completo sortimento do |

oculos de todas as qualidades lunetas |

vidros avulsos oculos de alcance di- | tos

para theatro bengallas ampc ampc | na

mesma casa continua-se a vender | e

concertar relogios de todas as qua- |

lidades

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

Theatro Satildeo Joseacute || GRANDE

COMPANHIA | DE | OPERA-COMICA

E OPERETAS | DO | Theatro SantrsquoAnna

da Cocircrte || EMPREZA HELLER ||

Continuaccedilatildeo dos festejos da | Aboliccedilatildeo ||

HOJE || HOJE || Terccedila-feira 15 de Maio

de 1888 || 4ordf reacutecita de assignatura ||

Representar-se-ha pela primeira vez |

nesta capital a opera-comica fantastica | de

grande espectaculo em 3 actos e 7 |

quadors de Dumanoir e d Ennery tra- |

ducccedilatildeo de Eduardo Garrido ә do doutor

Mo- | reira Sampaio musica original do

dis- | tincto maestro brazileiro Miguel

140

Cordozo || O Ramo de Ouro || Tiacutetulo dos

quadros || 1 a heranccedila do tio Andreacute 2 a

caccedilada | real 3 a Burra de Martinho 4 o

poder | do Ramo 5 O genio e a fada 6 o

amo | de Branca 7 o palaacutecio encantado ||

Os scenarios novos satildeo devidos ao ha- |

bil pincel do distincto scenographo Car- |

rancine || Os vestuarios satildeo todos novos e

riquis- | simos feitos nas officinas do

theatro | SantrsquoAnna sob a direcccedilatildeo do

senhor Lisboa | e de Mm Victorina

Pezanna || Todos os adereccedilos novos

feitos tam- | bem nas officinas do theatro

sob a direc- | ccedilatildeo dos senhores Joseacute Dias e

Jardim || A musica eacute ensaiada pelo

maestro da | comanhia do senhor Miguel

Cardoso e pelo | distincto professor

Tavares || Todas as cabelleiras satildeo feitas

pelo | muito habil cabelleireiro do theatro

o | senhor Joatildeo Lima Campos || Mise-em-

scene do artista HELLER || Arsquos 8frac12

horas|| Os bilhetes aacute venda na Casa

Garraux | ateacute aacutes 4 horas da tarde e das 5

horas em | diante na bilheteria do theatro

|| Preccedilos || Camarote e 1ordf e 2ordf ordem

15$000 || Camarote e 3ordf ordem 8$000 ||

Poltronas 3$000 || Cadeiras 2$000 ||

Galeria 1$000 || AMANHAN || Quarta-

feira 16 de Maio | 5ordf Reacutecita de

assignatura | com a opera comica em 3

actos | e 4 quadras || OS SIGNOS DE

CORNEVILLE

141

PALAVRA PHILANTROPIA

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

-fil(o)- -fil(o) fil(o)- elem Comp

derivados do grego mas de eacutetimos

distintos (i) -fil(o)- do gr Phil(o)- de

phiacutelos amigo que ocorre em vaacuterios

compostos jaacute formados no proacuteprio grego

como filosofo por exemplo e em muitos

outros introduzidos na linguagem

cientiacutefica internacional a partir do seacutec

XVIII () -fil(o)- do gr phyl(o)- de

phyacutelon phyle tribo grupo de famiacutelias da

mesma raccedila bem menos frequentedo que

os dois elementos anteriores ocorre em

alguns poucos vocs da linguagem

cientiacutefica internacional () filantropia (i)

| XVIII ph- XVIII | do fr philanthropie

deriv do gr philanthropiacutea

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

filantropia sf 1 amor agrave humanidade

humanitarismo [Antocircn misantropia (1)

antropofobia] 2 caridade (1)

142

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 4 de marccedilo de 1853 Satildeo Paulo Aurora

Paulistana

CURA CERTA | e em pouco tempo de

todas as enfermidades provenientes de

vicio san- | guineo como ndashescrophulas

tube[r]- | culos lepra syphylis etc etce

[ilegiacutevel] | particular as affecccediloens de

pape[ilegiacutevel] | em seu principio ||

Etienne Lagarde || Pharmaceutico e

cirurgiatildeo das faculdades | Pariz e do Rio

de Janeiro ex-preparad[o] | do Curso de

Chimica da escola de medic[i]- | na e

pharmacia de Poi[furo]iers membro da

s[o]- | ciedade medica da mesma cidade e

corres- | pondente de algumas sociedades

scientificas || Attenccedilacirco || A experiencia

junto aacute perseveranccedila qu[e] | hoje tem sido

meus uacutenicos guias no trata[men]- | to das

enfermidades acima mencionadas os |

caracteres horriveis que ellas apresentatildeo |

desgostos que sobrevem as pessoas que

satildeo de | las attacadas deviatildeo naturalmente

attrahir | attenccedilatildeo de todo o homem amigo

da huma- | nidade || Antigamente estas

enfermidades se consi- | deravatildeo com um

principio contagioso o que | obrigava os

doentes a buscar longe das povo- | accedilotildees

uma morada tranquilla que lhes permi- |

tisse esperar com paciencia a hora que [o]

143

| Creador tivesse determinado para pocircr

term[]| a todos os seus soffrimentos hoje

porem assim | natildeo acontece os progressos

que tem feito [a] | sciencia medica com os

numerosos trabalhos | e investigaccedilotildees da

chimica tem em fim intro- | duzido na

therapeutica e posto aacute disposiccedilatildeo | dos

homens da sciencia um meio prophilati- |

cos contra estas crueis enfermidades

fazendo | assim esperar uma prompta cura

a todos | aquelles que o quizerem abraccedilar

|| Penetrado do sentimento o mais sincero

da | philantropia do amor aacute sociedade

offereccedilo o[s] | meus recursos meacutedicos e

pharmaceuticos ad- | quiridos por um

aturado e longo estudo da na- | tureza

humana Ersquo pois com os medicamen- | tos

preparados por minhas proacuteprias matildeos

qu[e] | me proponho a curar a todos

aquelles que m[e] | quizerem procurar ||

Estou certo que os epithetos de ndash charlatatildeo

| e especulador ndash ser-me-hatildeo lanccedilados por

al- | guns ao lerem este meu annuncio

porem natildeo | seraacute por homens sensatos que

serei assim [ilegiacutevel] | xado O sabio

indaga consulta ouve [ilegiacutevel] | entre

voacutes (como eu creio) existe algum

rec[ilegiacutevel] | conhecimento recebei de

antematildeo toda a mi- | nha gratidatildeo || A

voacutes enfermos eu dirijo meus offereci- |

mentos eu saberei consolar-vos e talvez

da[r]- | vos a panaceacutea beneacutefica da saude

que tan[furo] | desejaes || Seja o

144

reconhecimento o fructo de meu[s] |

trabalhos e o uacutenico tributo que desejo

obte[r] | daquelles que me quizerem

honrar com sua[s] | consultas|| Dirijatildeo-se

ao Hotel Paulistano na rua d[e] | Satildeo

Bento nuacutemero 35

145

112 Lexemas ligados agraves tecnologias

PALAVRA ASPHALTO

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

Asfalto sm lsquodesignaccedilatildeo comum aos

pirobetumes asfaacutelticos utilizados para

pavimentaccedilatildeo de estradas e

impermeabilizaccedilatildeorsquo | -ph- XVI | do fr

Asphalte deriv Do b lat Asphaltus e

este do Gr aacutesphaltos lsquoasfalto betumersquo

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

Asfalto s m 1 designaccedilatildeo comum aos

pirobetumes asfaacutelticos naturais ou

artificiais utilizados para a pavimentaccedilatildeo

de estradas e impermeabilizaccedilatildeo 2

pavimentaccedilatildeo asfaacuteltica asfaltamento

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 15 de junho de 1852 Aurora Paulistana

Satildeo Paulo

Flecheux participa ao publico que elle |

estabeleceo sua fabrica drsquoasphalto no

caminho | de S Caetano e estaacute prompto

para executar | os trabalhos que se lhe

encommendarem Ro- | ga portanto as

146

pessoas que precisarem desta | nova

industria hajatildeo de dirigir-se aacute fabrica |

ou deixar os seus nomes em casa do

Senhor Ce- | lestino Bouroult rua do

Rosario para ser pro- | curado | Avisa

igualmente que os annuncios | feitos pelo

Senhor Bastide satildeo nullos porque o |

annunciante eacute o unico dono e proprietaacuterio

| da dita fabrica

PALAVRAS BICYCLETA

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

cicl(o)- elem Comp do gr Kyklo- de

kyacuteklos ciacuterculo que se documenta em

alguns compostos formados no proacuteprio

grego (como ciacuteclico) e em muitos outros

introduzidos a partir do seacutec XIX na

linguagem erudita () bicicleta sfveiacuteculo

constituiacutedo por um quadro montado em

duas rodas alinhadas uma atraacutes da outra

XIX Do fr bicyclette ||

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

bicicleta (eacute) sf 1 veiacuteculo constituiacutedo por

um quadro (14) montado em duas rodas

originariamente grades alinhadas uma

147

atraacutes de outra e com raios metaacutelicos e que

eacute dotado de selim e manobrado por

guidom e pedais ()

PERIOacuteDICOS

DATAS

E

CIDADES DE ORIGEM

- Dezembro de 1898 Satildeo Paulo A

Notiacutecia

BICYCLETAS| Monarch e

[Ppiao]|Fortes Resistentes Elegantes|

Vende-se em prestaccedilotildees semanaes

PALAVRA ELECTRICA

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

ele(o)tr(o)- elem Comp do gr Elektro-

de elektron acircmbar amarelo que se

documenta em numerosos vocs Eruditos

com a noccedilatildeo de eletricidade em razatildeo da

propriedade que possui o acircmbar de

quando atritado atrair pequenos corpos

que lhe estatildeo proacuteximos esse fenocircmeno

que os cientstas do seacutec XVII atribuiacuteram a

um fluido foi posteriormente

indentificado como um novo tipo de

energia a eletricidade () ele(c)trico |

148

electr- 1813 ()

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

eletrico adj 1 Relativo ou pertencente agrave

eletricidade 2 que se move ou se potildee em

funcionamento pela eletriciade ()

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

REAL COMPANHIA | DE | Paquetes a

vapor | DE | SOUTHAMPTON || O

MAGNIFICO VAPOR | TAGUS | Sahiraacute

no dia 19 de Maio as 4 horas | da tarde

com escalas pelo | Rio de Janeiro| Bahia |

Pernambuco | Lisboa | Vigo e |

Saouthampton | O paquete a vapor | NILE

| Esperado de Southampton e escalas no |

dia 1 de Junho || Sahiraacute depois da

indispensavel demo- | Ra para |

Montevideacuteo e | BuenosAyres || Todos

estes vapores satildeo illumidaos a luz |

electrica || N B ndash Na agencia tomam-se

seguros | sobre as mercadorias

embarcadas por | estes vapores || Para

passageiros carga e mais informaccedilotildees |

com os agentes | Holworthy Ellis amp

Companhia || RUA DE SANTO

149

ANTONIO 40 | SANTOS

PALAVRAS HYDRAULICOS

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

hidr(o)- elem comp do gr hydro- de

hyacutedor-atos aacutegua quese documenta em

vocs formados no proacuteprio grego como

hidrofobia por exemplo e me vaacuterios

outros introduzidos na linguagem

cientiacutefica internacional a partir do seacutec

XIX () hidraacuteulico adj | hy- 1813 | do

lat hidrualicus deriv do gr hydraulikoacutes

()

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

hidraacuteulico Adj1 referencia a qualquer

movimento de liacutequidos especialmente a

aacutegua 2 relativo agrave hidraacuteulica ()

PERIOacuteDICOS

DATAS

E

CIDADES DE ORIGEM

- 22 de janeiro de 1879 Satildeo Paulo

Correio Paulistano

FABRICA|de mosaicos hydraulicos de

Betons agglo|meacutereacutes brancos e de cores

proacuteprios para|terreiros de cafeacute calccediladas

varan|das corredores vestiacutebulos egrejas

150

etc

PALAVRAS KEROSENE

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

querosene sm (Quim) liacutequido resultante

da destilaccedilatildeo do petroacuteleo | kerosene 1873 |

Do fr keacuterosegravene do gr keros cera

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

querosene Sm quiacutem Liacutequido resultante

da destilaccedilatildeo do petroacuteleo com

temperatura de ebuliccedilatildeo entre 150 e 300

graus centesimais fraccedilatildeo entre a gasolina

e o oacuteleo diesel usado como combustiacutevel e

como base de certos inseticiacutedas ()

PERIOacuteDICOS

DATAS

E

CIDADES DE ORIGEM

- 17 de maio de 1874 Campinas A

Mocidade

ATTENCcedilAtildeO|| Attenccedilatildeo [espaccedilo]

Attenccedilatildeo|| Prospero Bellinfanti participa

ao respeitavel publico campeneiro que

recebeu um grande e completo sortimento

de generos norte americanos constando

de machinas de costira com todos os

151

pertences linhas agulhas e oleos arados

completos separados de zinco para cafeacute

machinas para manteiga ditas para cafeacute

gaiolas de arame e muitos outros artigos

de mesma procedencia| Na masma casa

encontra-se lampeotildees de todos os

tamanhos tocidas vidors ara os mesmos e

Kerosenes fogotildees de ferro completo

camas de ferro banheiras tens de

cosinhas estanhados francezes torradores

para cafeacute de todos os tamanhos e grande

sortimento de cestos de vime| O

Propretario deste estabelecimento te aacute Rua

da ponte sem Santa Cruz Nuacutemero 15 uma

officina de caldeireiro e funileiro aonde

se encarrega de todas as obras com cobre

zinco folha etc| Faz os mais perfeitos

alambiques para distilaccedilatildeo de espiritos|

Incumbe-se de qualquer encanamento em

casas etc | Faz banheiras de folha de

todas as dimensotildees| Assenta bombas

simples e de pressatildeo levando a agua onde

se quizer| Faz finalmente todas as obras

concernentes aacute profissatildeo acudindo aos

chamados para qualquer parte onde seus

serviccediloes forem precisos| Concerta e

renova todos os objetos estragados| Tudo

por preccedilos commodos

- 07 de julho de 1870 Campinas Gazeta

152

de Campinas

Abrio-se| O QUE Eacute QUE ABRIO-SE||

A Casa commercial de Francisco Alvaro

de Souza Camargo o qual participa a seus

parentes amigos e freguezes que acaba

de receber um completo sortimento de

ferragens drogas tintas miudezas de

armarinho kerosene chaacute cecircra sementes

de hortaliccedilas etc|Recommenda aos

amadores um bonito sortimento de

espingardas rewolvers facas de caccedila etc

etc|Espera merecer confianccedila das pessoas

que honrarem seu novo estabelecimento

estando o annunciante resolvido a vender

por commodos preccedilos|Rua Direita canto

da da Cadecirca

- 08 de agosto de 1872 Campinas Gazeta

de Campinas

PRESUNTOS|| Carne secca Assucar

Vinhos e Louccedila|| 15-RUA DIREITA-15||

Largo do Rosario|| SAMPAIO ||

Chegaram ultimamente novos generos de

todas as qualidades por preccedilos muito

commodos Velas de composiccedilatildeo de

sebo kerosene azeite doce licores e

153

charutos a comissatildeo assim como

chrystaes da Bohemia porcellanas

caticcedilaes de Leclopate e cera em velas| 15-

RUA DIREITA-15

- 17 de maio de 1874 Campinas A

Mocidade

ATTENCcedilAtildeO|| Attenccedilatildeo [espaccedilo]

Attenccedilatildeo|| Prospero Bellinfanti participa

ao respeitavel publico campineiro que

recebeu um grande e completo sotimento

de generos norte americanos constando

de machinas de costira com todos os

pertences linhas agulhas e oleos arados

completos separadores de zinco para cafeacute

machinas para manteiga ditas para

cafeacutegaiolas de arame e muitos outros

artigos da mesma procedencia| Na mesma

casa encontra-se lampeotildees de todos os

tamanhos torcidas vidros para os

mesmos e Kerozenes fogotildees de ferro

completo camas de ferro banheiras trens

de cozinhas entanhados frencezes

torradores para cafeacute de todo os tamanhos e

grande sortimento de cestos de vime| O

Proprietario deste estabelecimento te aacute

Rua da ponte em Santa Cruz Nuacutemero 15

uma officina de caldeireiro aonde se

154

encarrega de todas as obras em cobre

zinco folha etc| Faz os mais perfeitos

alambiques para destilaccedilatildeo de espiritos|

Incumbe-se de qualquer encanamento em

casas etc| Faz banheiras de folha de todas

as dimensotildees| Assenta bombas simples e

de pressatildeo levando a agua onde se

quizer| Faz finalmente todas as obras

concernentes aacute sua profissatildeo acudindo

aos chamados para qualquer parte onde

seus serviccedilos forem precisos| Concerta e

renova todos os objetos estragados| Tudo

por preccedilos commodos

PALAVRAS LAMPEAtildeO

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

lacircmpada sf aparelho de iluminaccedilatildeo |

XII lampaa XIV | Do lat Lampăda -ae

de lampas -ădis e este do gr Lampaacutes -

ados archote () lampiatildeo | -peatildeo 1813

|()

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

lampiatildeo Sm 1 Tipo de laterna de

grandes dimensotildees eleacutetrica ou

reservatoacuteria para combustiacutevel portaacutetil ou

155

fixa em um teto esquina ou parede 2 p

ext Poste de iluminaccedilatildeo das ruas

PERIOacuteDICOS

DATAS

E

CIDADES DE ORIGEM

- 17 de maio de 1874 Campinas A

Mocidade

ATTENCcedilAtildeO|| Attenccedilatildeo [espaccedilo]

Attenccedilatildeo|| Prospero Bellinfanti participa

ao respeitavel publico campeneiro que

recebeu um grande e completo sortimento

de generos norte americanos constando

de machinas de costira com todos os

pertences linhas agulhas e oleos arados

completos separados de zinco para cafeacute

machinas para manteiga ditas para cafeacute

gaiolas de arame e muitos outros artigos

de mesma procedencia| Na mesma casa

encontra-se lampeotildees de todos os

tamanhos tocidas vidors para os mesmos

e Kerosenes fogotildees de ferro completo

camas de ferro banheiras tens de

cosinhas estanhados francezes torradores

para cafeacute de todos os tamanhos e grande

sortimento de cestos de vime| O

Propretario deste estabelecimento te aacute Rua

da ponte sem Santa Cruz Nuacutemero 15 uma

officina de caldeireiro e funileiro aonde

se encarrega de todas as obras com cobre

zinco folha etc| Faz os mais perfeitos

156

alambiques para distilaccedilatildeo de espiritos|

Incumbe-se de qualquer encanamento em

casas etc | Faz banheiras de folha de

todas as dimensotildees| Assenta bombas

simples e de pressatildeo levando a agua onde

se quizer| Faz finalmente todas as obras

concernentes aacute profissatildeo acudindo aos

chamados para qualquer parte onde seus

serviccedilos forem precisos| Concerta e

renova todos os objetos estragados| Tudo

por preccedilos commodos

PALAVRA LITROS

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

litro sm unidade fundamental de

capacidade de sistema meacutetrico decimal

equivalente agrave capacidade de um deciacutemetro

cuacutebico o conteuacutedo de um litro 1844 do

fr Litre do fr Ant litron deriv Do lat

Med Litra e este do gr Liacutetra peso de

doze onccedilas litro | 1836 sc |

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

litro Sm1 unidade de medida de

capacidade igual a um deciacutemetro cuacutebico

[Siacutemb l] 2 garrafa de litro

157

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 05 de julho de 1887 Satildeo Paulo Correio

Paulista

Alcatratildeo de Guyot|Gordon de Guyot

Purifica o sangue augmenta o apetite

levanta as forccedilas e eacute efficaz|em todas as

doenccedilas dos pulmocirces catarrhas da bexiga

e|affecccedilocirces das mucosas|O Alcatracirco de

Guyot foi experimentado som vantagem

real nos|principatildees hospitatildees de Franccedila

da Beacutelgica e Espanha|Durante os calocircres

e em tempo epidemico eacute uma

bebida|hygienica e preservadora Um soacute

vidro basta para preparar doze|litras

drsquouma bebida salutarissima|O Alcatracirco de

Guyot Authentico eacute vendido em vidras

trazendo|na rotulo e com trez cores a

assgnatura|Venda a varejo na mor parte

das pharmacias Fabricaccedilatildeo em atacado

Casa L Frere

PALAVRAS MACHINAS

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

maacutequina sf Qualquer utensiacutelio ou

158

ETIMOLOacuteGICO instrumento | machina 1572 | do lat

Machina deriv Do gr Dor Machana

meio engenhoso para se conseguir um

fim

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

maacutequina Sf 1 Aparelho ou instrumento

proacuteprio para comunicar movimento ou

para aproveitar pocircr em accedilatildeo ou

transformar uma energia ou agente

natural 2 O conjunto orgacircnico das peccedilas

dum instrumento maquinismo

mecanismo 3 veiacuteculo locomotor 4

utensiacutelio instrumento 5 fig Estrutura

orgacircnica e harmocircnica 6 fig Construccedilatildeo

importante complexa ou suntuosa 7 fig

Entidade ou organismo complexo 8 fig

Multiplicidade de coisas que se

relacionam entre si 9 fig Pessoa sem

ideacuteias proacuteprias e que procede como

autocircmato ()

PERIOacuteDICOS

DATAS

E

CIDADES DE ORIGEM

- 14 de junho de 1870 Campinas Gazeta

de Campinas

KX|Vende-se uma machina propria para

marcar papel cartatildeo de visita e

casamento e bem assim um sortimento de

159

cartotildees bordados e dourados tudo de 1ordf

qualidade Para tratar com o QUIM

SIMOtildeES

- 28 de janeiro de 1872 Campinas

Gazeta de Campinas

BEacuteLIER HIDRAULIQUE (Machinas

para suspender agua) ||Na Imperial

Officina Machina de AC Sampaio

Peixoto construe-se as machinas acima

de diversos tamanhos para suspender agua

a qualquer altura|Estas Machinas satildeo de

muita vantagem para quem tem agua

distante da moradia podendo com o

emprego dellas trazel-a para aonde

quizer e trabalham noite e dia sem ser

necessario meio algum para movel-a se

natildeo a propria agua que entrando por um

tubo escapa parte e pela compressatildeo do ar

daacute impulso a que fica em outro fazendo-a

subir a altura desejada|Satildeo de contruccedilatildeo

simples e duravel o que se garante| Na

officina acima construiu-se uma muito

pequena que estaacute exposta ali para quem

quizer vecircr e trabalha perfeitamente bem

suspendendo 23 pollegadas cubicas de

agua por minuto aacute altura de 18 peacutes (25

palmos)

160

- 17 de maio de 1874 Campinas A

Mocidade

ATTENCcedilAtildeO|| Attenccedilatildeo [espaccedilo]

Attenccedilatildeo|| Prospero Bellinfanti participa

ao respeitavel publico campineiro que

recebeu um grande e completo sotimento

de generos norte americanos constando

de machinas de costira com todos os

pertences linhas agulhas e oleos arados

completos separadores de zinco para cafeacute

machinas para manteiga ditas para

cafeacutegaiolas de arame e muitos outros

artigos da mesma procedencia| Na mesma

casa encontra-se lampeotildees de todos os

tamanhos torcidas vidros para os

mesmos e Kerozenes fogotildees de ferro

completo camas de ferro banheiras trens

de cozinhas entanhados frencezes

torradores para cafeacute de todo os tamanhos e

grande sortimento de cestos de vime| O

Proprietario deste estabelecimento te aacute

Rua da ponte em Santa Cruz Nuacutemero 15

uma officina de caldeireiro aonde se

encarrega de todas as obras em cobre

zinco folha etc| Faz os mais perfeitos

alambiques para destilaccedilatildeo de espiritos|

Incumbe-se de qualquer encanamento em

casas etc| Faz banheiras de folha de todas

161

as dimensotildees| Assenta bombas simples e

de pressatildeo levando a agua onde se

quizer| Faz finalmente todas as obras

concernentes aacute sua profissatildeo acudindo

aos chamados para qualquer parte onde

seus serviccedilos forem precisos| Concerta e

renova todos os objetos estragados| Tudo

por preccedilos commodos

- 22 de janeiro de 1879 Satildeo Paulo

Correio Paulistano

PHOTOGRAFIA|AMERICANA|RUA

DA IMPERATRIZ|Satildeo PAULO| O

propretaacuterio deste estabelecimento de

volta de sua viagem aacute Europa continua a

trabalhar no mesmo estabelecimento o

qual se acha augmentado com machinas e

utensiacutelios os| mais modernos|Neste

estabelecimento que conta 16 annos de

existencia (o mais antigo deste proviacutencia)

continua-se a trabalhar por todos|os

sistmas de photografias desde o retrato

em a|mais pequena miniatura ateacute o

tamanho natural|Encarrega-se de mandar

pintar em Pariz pelos melhores pintores

qualquer retrato em|busto ou corpo

inteiro a oleo pastel ou aquarella

bastando para isso um pequeno retrato|da

162

pessoa que se quizer retratar|Trabalhar-se

todos os dias das 10 horas da manhatilde aacutes 4

horas da tarde natildeo importa o tempo

chuvoso|OS SENHORES

PHOTOGRAFOS|encontraratildeo neste

estabelecimento tudo que eacute mister aacute

mesma arte e pelos preccedilos do Rio de

Janeiro|Retratos de ateacute Reacuteis 5$ a duacutezia

- 05 de julho de 1879 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

LENHA RACHADA POR

MACHINA|Vende-se a 3$000 a carrada

posta em casa do comprador e a 2$600 na

fabrica aacute|Travessa da Mooacuteca proximo a

rua do Braz|Recebem se encomendas no

Cafeacute Americano e Cafeacute de Londres|A

fabrica tendo obtido grandes

melhoramento estaacute prompta a fazer

forenecimentos com toda a pontualidade

possiacutevel

-12 de julho de 1879 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

163

ESTRADA DE FERRO DE Satildeo

PAULO|Vende-se uma machina fixa de

forccedila de 10 cavallos para ver e mais

informaccedilotildees|dirijam-se ao chefe da

estaccedilatildeo nas officinas da companhia na

Luz| As pessoas que a pretenderem

comprar faratildeo sua propostas em cartas

fechadas a esta superintendencia|Satildeo

Paulo 11 de Julho de 1879|W Speers

Superintendente

- 29 de julho de 1887 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

Machinas de costura|A Frederico

Schulze amp Companhia|Impotadores de

Machinas de Costura|Pedem ao

respeitavel publico se digne visitar o seu

estabele|cimento para examinar o que haacute

de melhor em machinas de|costura dos

afamados auctores e com todos os

aperfeiccediloamentos|uacuteteis adoptados pela

technica moderna| Os seus preccedilos satildeo

extremamente moacutedicos e ao alcance

de|todas as bolsas Aqui encontraraacute

sempre o publico grande sortimento|de

machinas para tocar aacute matildeo aacute peacute aacute|peacute e

matildeo com caixa ou sem| caixa proacuteprias e

164

perfeitas para todas as costuras desde a

mais fina|cambraia ateacute o mais en corpado

algodatildeo|Os Senhores Alfaiates

sapateiros selleiros correeiros etc|

tambem encontraratildeo nesta casa as mais

aperfeiccediloadas machinas jaacute|com

accessorios que soacute a mechanica do

progresso hodierno|poderia adeptar para

que taes machinas produzam

trabalhos|maravilhosos natildeo soacute pela

perfeiccedilatildeo como pelo pouco tempo

comsumido|e pelo pequeno incommodo

de quem as menejar para produzirem|taes

resultados Todas as machinas de nosso

estabelecimento satildeo garan|tidas porque soacute

importaremos o que houver de bom

solido elegante|e perfeito nesta industria

Tambeacutem ahi encontraraacute o

respeitavel|publico artigos concerneto aacutes

machinas de costura como

agulhas|retroz oleo almotolias correias

peccedilas avulsas etc tudo de | superior

qualidade a preccedilo moacutedico| Rua de Satildeo

Bento 62| Satildeo Paulo

- 27 de fevereiro de 1889 Satildeo Paulo

Correio Paulistano

Engelberg Siciliano amp

165

Companhia|Machinas para

lavoura|privilegiadas pelo governo

imperial|Satildeo Paulo|No empenho de tornar

cada vez mais conhecidas as vantagens

que sobre|quaesquer outras offerecam as

nossas excellentes machinas para a

lavoura|chamamos a atenccedilatildeo do senhores

fazendeiros para o seguinte|descascador

de cafeacute do ldquoengelbergrdquo|O descascador

ldquoEngelbergrdquo eacute o unico que absolutamente

natildeo quebra cafeacute|apresentando aleacutem desta

incontestavel vantagem outras muitas

taes como--|grande simplicidade e

solidez dispensando os tantos concertos

que satildeo|precisos em outras beneficio

perfeitissimo devido ao seu excepcional e

|unico systema pelo qual o cafeacute se

descasca brandamente sem estragar-se

conservando por muito tempo a sua cocircr

natural e sendo por isso muito apreciado e

procurado em todos os mercados natildeo se

perde nenhum gratildeo de cafeacute porque a palha

sahe de tal modo moiacuteda que eacute impossivel

envolver cafeacute algum|natildeo acontecendo o

mesmo com outros descascadores os

quaes apezar de|moerem o cafeacute deixam a

palha quase inteira envolvendo-se nella

grande|quantidade de gratildeos que afinal se

perdem por na poderem ser

separados|occupa menor forccedila do que

qualquer outro descascador para

beneficiar a|mesma quantidade havendo

aleacutem disso grande economia de lenha e

166

tempo| Enfim os numerosos attestados

que recebemos diariamente de

illustrados|fazendeiros e as experiencias

feitas por muitas vezes em cotejo com

outras|machinas em cujas experiencias

tem-se observado que os nossos

descascadores|sugmentam a safra ateacute dez

por cento satildeo elementos mais que

sufficientes para | comprovar o que

dizemos|E se isso ainda natildeo focircr bastanto

nos obrigamos a pagar a quantia de reacuteis

50$000|por arroba de cafeacute que sahir

quebrado de nossa machina condiccedilatildeo

essa que nos | poderaacute impor qualquer

comprador|Ainda mais -- faremos

prezente de um descascador de qualquer

tamanho|dos de nossa invenccedilatildeo a quem

quizer nos dar em troca o cafeacute que sobrar

do cotejo com outro descascador de

differente systema tomando-se como

base|quantidade egual de cafeacute em cocircco

calculada para dar dez mil

arrobas|beneficiadas|Quer isto dizer que o

nosso descascador nas primeiras mil

arrobas de cafeacute que | beneficia jaacute

proporciona para o fazendeiro uma

economia cujo valor eacute superior|ao seu

custo|Diante de vantagem tatildeo reaes e

incontestaveis excusado eacute encarecer os

meritos desta machina e para sua

significativa importancia nos limitamos a

reclamar em|geral a attenccedilatildeo da lavoura

do paiz a favor da qual revertem os seus

167

beneficios|Ventilador de cafeacute em

cocircco|Apartador de pedras|Esta machina

tambem muito simples de tatildeo solida

construcccedilatildeo como a|precedente torna se

egualmente necessaria por ser de grande

vantagem e de|reconhecia utilidade

notadamente nas fazendas situadas em

terrenos|pedregosos|Atenuando

consideravelmente a penosa lide da

lavagem do cafeacute proporciona

ao|fazendeiro uma grande economia de

tempo em relaccedilatildeo aacutequelle

prejudicial|systema|O nosso ndash Ventilador

para cafeacute em cocircco ldquoApartador de pedrasrdquo

duas machinas|adaptadas nrsquouma soacute peccedila

pelo que dispensa completamente o antigo

ventilador|para cafeacute em cocircco preencheu

perfeitamente a lacuna que existia na

lavoura|e tanto eacute isso verdade que

continuamos a receber constantemente

pedidos dessa excellente uacutenica e tatildeo

invejada machina|Machina de beneficiar

arroz Evaristo Conrado|Este prodigioso

producto da machina eacute superior a todo o

encocircmio que se lhe|possa fazer e para

comprovar o que avanccedilamos basta nos-aacute

lembrar o imenso|sucesso que acaba de

obter nos Estados Unidos da America

onde cauzou|assombro a sua apresentaccedilatildeo

um publico organizando-se desde logo

uma|companhia com o elevado capital de

um milhatildeo de dollars para desenvolver

o|seu fabrico em grande escala conforme

168

reclama a procura|A superioridade desta

machina sobre qualquer outra eacute tatildeo

sensiacutevel que a tornaunica no mundo De

uma solidez e simplicidade extremas

dispensa o serviccedilo|de machinista

profissional para dirigil-a sem prejudicar

nem mesmo de leve|este resultado-- natildeo

quebra arroz brune-o com admiraacutevel

perfeiccedilatildeo e|toda a casca pondo-a em

condiccedilotildees de prestar-se a diversos

msisters de grande|utilidade|Aleacutem disto a

machina ldquoEvaristo Conradordquo soacute occupa

um pequeno espaccedilo para | seu

funccionamento quando as outras

existentes sobre serem deficientes

em|seus resultados satildeo de grandes

complicaccedilotildees e de preccedilo

extraordinariamente|maior sendo ainda de

dispendiosissima montagem

PALAVRAS MACHINISTA

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

maquina sf Qualquer utensiacutelio ou

instrumento | machina 1572 | di lat

Machina deriv Do gr Dor Machana

meio engenhoso para se conseguir um fim

() maquinista 1813 do fr machiniste

169

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

maquinista s 2 g 1 pessoa que inventa

constroacutei ou conduz maacutequinas

principalmente locomotivas e maacutequinas de

navios a vapor 2 teat Contra-regra ou

operaacuterio encarregado da manipulaccedilatildeo dos

mequinismos de um teatro

PERIOacuteDICOS

DATAS

E

CIDADES DE ORIGEM

- 27 de fevereiro de 1889 Satildeo Paulo

Correio Paulistano

Engelberg Siciliano amp

Companhia|Machinas para

lavoura|privilegiadas pelo governo

imperial|Satildeo Paulo|No empenho de tornar

cada vez mais conhecidas as vantagens

que sobre|quaesquer outras offerecam as

nossas excellentes machinas para a

lavoura|chamamos a atenccedilatildeo do senhores

fazendeiros para o seguinte|descascador

de cafeacute do ldquoengelbergrdquo|O descascador

ldquoEngelbergrdquo eacute o unico que absolutamente

natildeo quebra cafeacute|apresentando aleacutem desta

incontestavel vantagem outras muitas

taes como--|grande simplicidade e

solidez dispensando os tantos concertos

que satildeo|precisos em outras beneficio

perfeitissimo devido ao seu excepcional e

|unico systema pelo qual o cafeacute se

170

descasca brandamente sem estragar-se

conservando por muito tempo a sua cocircr

natural e sendo por isso muito apreciado e

procurado em todos os mercados natildeo se

perde nenhum gratildeo de cafeacute porque a palha

sahe de tal modo moiacuteda que eacute impossivel

envolver cafeacute algum|natildeo acontecendo o

mesmo com outros descascadores os

quaes apezar de|moerem o cafeacute deixam a

palha quase inteira envolvendo-se nella

grande|quantidade de gratildeos que afinal se

perdem por na poderem ser

separados|occupa menor forccedila do que

qualquer outro descascador para

beneficiar a|mesma quantidade havendo

aleacutem disso grande economia de lenha e

tempo| Enfim os numerosos attestados

que recebemos diariamente de

illustrados|fazendeiros e as experiencias

feitas por muitas vezes em cotejo com

outras|machinas em cujas experiencias

tem-se observado que os nossos

descascadores|sugmentam a safra ateacute dez

por cento satildeo elementos mais que

sufficientes para | comprovar o que

dizemos|E se isso ainda natildeo focircr bastanto

nos obrigamos a pagar a quantia de reacuteis

50$000|por arroba de cafeacute que sahir

quebrado de nossa machina condiccedilatildeo essa

que nos | poderaacute impor qualquer

comprador|Ainda mais -- faremos

prezente de um descascador de qualquer

tamanho|dos de nossa invenccedilatildeo a quem

171

quizer nos dar em troca o cafeacute que sobrar

do cotejo com outro descascador de

differente systema tomando-se como

base|quantidade egual de cafeacute em cocircco

calculada para dar dez mil

arrobas|beneficiadas|Quer isto dizer que o

nosso descascador nas primeiras mil

arrobas de cafeacute que | beneficia jaacute

proporciona para o fazendeiro uma

economia cujo valor eacute superior|ao seu

custo|Diante de vantagem tatildeo reaes e

incontestaveis excusado eacute encarecer os

meritos desta machina e para sua

significativa importancia nos limitamos a

reclamar em|geral a attenccedilatildeo da lavoura

do paiz a favor da qual revertem os seus

beneficios|Ventilador de cafeacute em

cocircco|Apartador de pedras|Esta machina

tambem muito simples de tatildeo solida

construcccedilatildeo como a|precedente torna se

egualmente necessaria por ser de grande

vantagem e de|reconhecia utilidade

notadamente nas fazendas situadas em

terrenos|pedregosos|Atenuando

consideravelmente a penosa lide da

lavagem do cafeacute proporciona

ao|fazendeiro uma grande economia de

tempo em relaccedilatildeo aacutequelle

prejudicial|systema|O nosso ndash Ventilador

para cafeacute em cocircco ldquoApartador de pedrasrdquo

duas machinas|adaptadas nrsquouma soacute peccedila

pelo que dispensa completamente o antigo

ventilador|para cafeacute em cocircco preencheu

172

perfeitamente a lacuna que existia na

lavoura|e tanto eacute isso verdade que

continuamos a receber constantemente

pedidos dessa excellente uacutenica e tatildeo

invejada machina|Machina de beneficiar

arroz Evaristo Conrado|Este prodigioso

producto da machina eacute superior a todo o

encocircmio que se lhe|possa fazer e para

comprovar o que avanccedilamos basta nos-aacute

lembrar o imenso|sucesso que acaba de

obter nos Estados Unidos da America

onde cauzou|assombro a sua apresentaccedilatildeo

um publico organizando-se desde logo

uma|companhia com o elevado capital de

um milhatildeo de dollars para desenvolver

o|seu fabrico em grande escala conforme

reclama a procura|A superioridade desta

machina sobre qualquer outra eacute tatildeo

sensiacutevel que a tornaunica no mundo De

uma solidez e simplicidade extremas

dispensa o serviccedilo|de machinista

profissional para dirigil-a sem prejudicar

nem mesmo de leve|este resultado-- natildeo

quebra arroz brune-o com admiraacutevel

perfeiccedilatildeo e|toda a casca pondo-a em

condiccedilotildees de prestar-se a diversos

msisters de grande|utilidade|Aleacutem disto a

machina ldquoEvaristo Conradordquo soacute occupa

um pequeno espaccedilo para | seu

funccionamento quando as outras

existentes sobre serem deficientes

em|seus resultados satildeo de grandes

complicaccedilotildees e de preccedilo

173

extraordinariamente|maior sendo ainda de

dispendiosissima montagem

PALAVRAS MECHANICA

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

mecacircnico adj relativo agrave Mecacircnica parte

da Fiacutesica maquinal versado em

Mecacircnica operaacuterio que se ocupa da

conservaccedilatildeo e conserto de motores

artista artesatildeo () mecacircnica XVI Do

lat mechanica deriv do gr mechanikeacute

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

mecacircnica sf 1 Ciecircncia que investiga os

movimentos e as forccedilas que os provocam

2 obra atividade ou teoria que trata de tal

ciecircncia3 o conjunto das leis do

movimento 4 estrutura e funcionamento

orgacircnico 5 aplicaccedilatildeo praacutetica dos

princiacutepios de uma arte ou ciecircncia 6

tratado ou compecircndio de mecacircnica 7

exemplar de um desses tratos ou

compecircndios 8 fig combinaccedilatildeo de meios

de recursos mecanismo ()

174

PERIOacuteDICOS

DATAS

E

CIDADES DE ORIGEM

- 12 de julho de 1828 Satildeo Paulo O Farol

Paulistano

Joatildeo Pedro Latzon tem a honra de

participar| ao respeitavel Publico que elle

proximamente che|gou de Londres aacute esta

Capital onde pertende exhi|bir algumas

Artes Liberaes ou Optica Mechanica|

com toda subtileza perfeiccedilatildeo e

delicadeza a que| eacute possiacutevel chegar na

casa da Opera desta mesma| Cidade no

dia 13 do corrente mez de Julho Todos|

os Senhores e Senhoras que quizerem

honrar o dic|to espectaculo com as suas

presenccedilas queiratildeo se| dirigir aacute casa do

Senhor Guilherme Hopkins morador| na

Ponte de Lorena desde as 10 horas da

manhatilde| ateacute as 4 da tarde do referido dia

13 onde acharaacuteotilde| os Bilhetes natildeo soacute dos

Camarotes como da Pla|tea em cuja

occasiatildeo espera o Reprezentante rece|ber a

competente esportula_Principiaraacute agraves 8

horas| NoteBem A esportula dos

Camarotes Platea| e Varanda eacute a do

costume

175

- 29 de julho de 1887 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

Machinas de costura|A Frederico Schulze

amp Companhia|Impotadores de Machinas

de Costura|Pedem ao respeitavel publico

se digne visitar o seu estabele|cimento

para examinar o que haacute de melhor em

machinas de|costura dos afamados

auctores e com todos os

aperfeiccediloamentos|uacuteteis adoptados pela

technica moderna| Os seus preccedilos satildeo

extremamente moacutedicos e ao alcance

de|todas as bolsas Aqui encontraraacute

sempre o publico grande sortimento|de

machinas para tocar aacute matildeo aacute peacute aacute|peacute e

matildeo com caixa ou sem| caixa proacuteprias e

perfeitas para todas as costuras desde a

mais fina|cambraia ateacute o mais en corpado

algodatildeo|Os Senhores Alfaiates

sapateiros selleiros correeiros etc|

tambem encontraratildeo nesta casa as mais

aperfeiccediloadas machinas jaacute|com

accessorios que soacute a mechanica do

progresso hodierno|poderia adeptar para

que taes machinas produzam

trabalhos|maravilhosos natildeo soacute pela

perfeiccedilatildeo como pelo pouco tempo

comsumido|e pelo pequeno incommodo

de quem as menejar para produzirem|taes

resultados Todas as machinas de nosso

estabelecimento satildeo garan|tidas porque soacute

176

importaremos o que houver de bom

solido elegante|e perfeito nesta industria

Tambeacutem ahi encontraraacute o

respeitavel|publico artigos concerneto aacutes

machinas de costura como

agulhas|retroz oleo almotolias correias

peccedilas avulsas etc tudo de | superior

qualidade a preccedilo moacutedico| Rua de Satildeo

Bento 62| Satildeo Paulo

PALAVRAS OPTICA

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

oacuteptico adj sm lsquorespeitante agrave oacutepticarsquo

lsquoespecialista em oacutepticarsquo | XVI oacutetico XX |

do lat med opticus deriv do gr optikoacutes

Empregas-se modernamente com certa

frenquecircncia a var oacuteticosup1 que apresenta a

inconveniecircncia de se confundir com oacuteticosup2

lsquo relativo ou pertencente ao ouvidorsquo ||

oacuteptica lsquoparte da fiacutesica que investiga os

fenocircmenos da visatildeo e da luz | 1813 oacutetica

XX | do lat optice ndashes deriv do gr optikeacute

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

oacuteptica Sf 1 parte da fiacutesica que investiga

os fenocircmenos de produccedilatildeo transmissatildeo e

177

COMUM detecccedilatildeo eletromagneacutetica de comprimento

de onda compreendido aproximadamente

entre 10 Aring e 1 mm 2 tratado ou

compecircndio acerca dessa mateacuteria 3

exemplar de um desses tratados ou

compecircndios 4 aspecto ou perspectiva dos

objetos vistos 5 estabelecimento onde se

vendem eou fabricam instrumentos

oacutepticos sobretudo oacuteculos ou lunetas 6

fig Maneira de ver de julgar de sentir

conceito ou ideacuteia particular

PERIOacuteDICOS

DATAS

E

CIDADES DE ORIGEM

- 12 de julho de 1828 Satildeo Paulo O Farol

Paulistano

Joatildeo Pedro Latzon tem a honra de

participar| ao respeitavel Publico quye

elle proximamente che|gou de Londres aacute

esta Capital onde pertende exhi|bir

algumas Artes Liberaes ou Optica

Mechanica| com toda subtileza perfeiccedilatildeo

e delicadeza a que| eacute possiacutevel chegar na

casa da Opera desta mesma| Cidade no

dia 13 do corrente mez de Julho Todos|

os Senhores e Senhoras que quizerem

honrar o dic|to espectaculo com as suas

presenccedilas queiratildeo se| dirigir aacute casa do

Senhor Guilherme Hopkins morador| na

178

Ponte de Lorena desde as 10 horas da

manhatildea| ateacute as 4 da tarde do referido dia

13 onde acharaacuteotilde| os Bilhetes natildeo soacute dos

Camarotes como da Pla|tea em cuja

occasiatildeo espera o Reprezentante rece|ber a

competente esportula_Principiaraacute agraves 8

horas| NoteBem A esportula dos

Camarotes Platea| e Varanda eacute a do

costume

PALAVRA PHOSPHOREIRAS

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

foacutesforo sm orig substacircncia que

resplandece que brilha ne escuro 1813

palito provido de uma cabeccedila composta

de foacutesfora e outras substacircncias quiacutemicas

que se inflamam quando atritadas num

superfiacutecie aacutespera | phosphoro 1860 | ()

SEM REGISTRO

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

Fosforeira Sf caixa onde se guardam

foacutesforos

179

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 17 de setembro de 1879 Satildeo Paulo O

Constituinte

REABRIO-SE A|charutaria|Do Ponto dos

Bonds|Aacute|Rua Municipal nuacutemero

67|COM|Um variado sortimento de todos

|artigos para fumantes como

sejam|charutos de todas as marcas

cigar|ros fumos palhas para

cigarros|ponteiras para charutos e

cigarros|phosphoreiras e muitos outros

ar|tigos que achando-se em viagem

da|cocircrte para esta poderemos

breve|mente offerecer a nossos amigos

e|freguezes muitas especialidades|deste

genero o quaes sendo do|bom e melhor

venderemos por|preccedilos sem

competencia|Em poucos dias en|contraratildeo

os afa|mados cigar|ros de|Santa

Branca|CHARUTARIA|DO|Ponto dos

Bonds|Aacute|RUA MUNICIPAL NUMERO

67|Em frente ao Cafeacute Americano|SAtildeO

PAULO|Mriano amp Companhia

PALAVRAS PHOTOGRAPHIA

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

fot(o) elem Comp do gr Photo- de phos

180

ETIMOLOacuteGICO photoacutes luz que se documenta em

numerosos compostos introduzidos nas

liacutenguas modernas de cultura a partir do

seacutec XIX como fotografia fotometria

fotosfera etc Pelo modelo de fotografia

cuja forma abreviada foto veio a constituir

novo elemento de composiccedilatildeo formaram-

se dezenas de outros compostos tais como

fotocarta fotonovela fototeca etc ()

fotografia | photographia 1858

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

fotografia Sf1 processo de formar e

fixar sobre uma emulsatildeofotossensiacutevel a

imagem dum objeto e que compreende

usualmente duas fases distintas na

primeira a emulsatildeo eacute impressionada pela

luz e sobre ela se forma por meio dum

sistema oacuteptico a imagem do objeto na

segunda a emulsatildeo impressionada eacute

tratada por meio de reagentes quiacutemicos

que revelam e fixam permanentemente a

imagem desejada 2 imagem obtida por

esse processo ()

PERIOacuteDICOS

DATAS

- 24 de abril de 1870 Campinas Gazeta

de Campinas

181

E

CIDADES DE ORIGEM

PHOTOGRAPHIA CAMPINENSE DE

HENRIQUE ROSEN|| 28-RUA

DIREITA-28||Tira retratos todos os dias e

por todos os systemas Para familia - os

preccedilos satildeo reduzidos consideravelmente

- 21 de outubro de 1874 Campinas A

Mocidade

Photographia

Campinense||DE||HENRIQUE ROSEN||

50 - RUA DIREITA - 50||Em

consequencia de novos melhoramentos

introduzidos no salatildeo de vidro deste bem

conhecido estabelecimento photographico

o mais antigo da provincia tira-se de hoje

em deante retratos perfeitos das 7 horas da

manhatilde ateacute 5 da tarde e com qualque[r]

tempo sendo preferidos os dias cobertos

e chuvosos| Trabalha-se todos os dias e

por todos os systemas Especialidades -

Retratos coloridos a Crozat e aquarela

Esmaltados Bombeacute Cabinet e Mezzo

Tinto dos quaes os ultimos imitando

porcellana foratildeo introduzidos nesta

provincia pelo annunciante e satildeo tirados

soacutemente no estabelecimento do mesmo|

Os retratos da phptographia simples

tiratildeo-se ainda pelo preccedilo baratiacutessimo de

182

6$000 a duzia pagando adeantado| O

annunciante esera conrinuar a merecer a

affluencia e valiosa protecccedilatildeo dos seus

numerosos amigos e freguezes - convida

ao respeitavel publico em geral para

examinar sua extense e variada galeria|

CASA FILIAL A PHOTOGRAPHIA

CAMPINENSE|| Satildeo Joatildeo do Rio-Claro||

20 - RUA DO COMMERCIO - 20|| (Perto

da Collectoria)

- 22 de janeiro de 1879 Satildeo Paulo

Correio Paulistano

PHOTOGRAFIA|AMERICANA|RUA

DA IMPERATRIZ|Satildeo PAULO| O

propretaacuterio deste estabelecimento de

volta de sua viagem aacute Europa continua a

trabalhar no mesmo estabelecimento o

qual se acha augmentado com machinas e

utensiacutelios os| mais modernos|Neste

estabelecimento que conta 16 annos de

existencia (o mais antigo deste proviacutencia)

continua-se a trabalhar por todos|os

sistemas de photografias desde o retrato

em a|mais pequena miniatura ateacute o

tamanho natural|Encarrega-se de mandar

pintar em Pariz pelos melhores pintores

qualquer retrato em|busto ou corpo

183

inteiro a oleo pastel ou aquarella

bastando para isso um pequeno retrato|da

pessoa que se quizer retratar|Trabalhar-se

todos os dias das 10 horas da manhatilde aacutes 4

horas da tarde natildeo importa o tempo

chuvoso|OS SENHORES

PHOTOGRAFOS|encontraratildeo neste

estabelecimento tudo que eacute mister aacute

mesma arte e pelos preccedilos do Rio de

Janeiro|Retratos de ateacute Reacuteis 5$ a duacutezia

- 05 de fevereiro de 1867 Satildeo Paulo

Correio Paulistano

NA CASA GARRAUX || LARGO DA SEacute

|| Encontra-se os artigos seguintes ||Papel

para desenho || Papel de luto || Papel de

peso || Papel almasso || Papel florete ||

Papel Hollanda || Papel de phantasia ||

Papel de cartas || Envelppes brancos ||

Enveloppes de cores || Enveloppes de luto

|| Enveloppes commerciaes || Enveloppes

forrados de panno || Cartotildees de visita ||

Ditos para casamentos || Tinteiro de vidro

|| Tinteiro de crystal || Tinteiro de bronze ||

Tinteiro ricos de phantasia || Pennas de

accedilo de varias qualidades || Pennas de ave

|| Sinetas || Canivetes || Pacas de cortar

papel || Lacre || Obreiras || Imagens ||

184

Quadros de devoccedilatildeo || Desenhos || Albuns

para desenhos || Aacutelbuns para

photographia || Quadros para

photographia || Carteiras || Estojos de

viagem || Caixas de perfumaria || Caixas

de papelaria || Caixas de costura com

musica || Caixa de mathematicas || Caixas

de tintas || Tintas de escrever || Livro de

direito || Livros de litteratura || Livros de

devoccedilatildeo || Livros de educaccedilatildeo || Livros de

homœopathia || Livros de missa || Horas

Marianas || Livros de luxo para presentes ||

Objectos de phantasia para presentes ||

Lapis || Baralho de cartas || Baralhos de

cartas de phantasia || Bengallas || Livros

para apontamentos || Stereoscopos ||

Folhinhas do anno || Pastas || E muito mais

objectos || Grande sortimento de papel

pintado | para forrar casas fabricados em

Paris | desde 500 reacuteis a peccedila para cima |

Guarniccedilatildeo roda-peacute paisagens etc | Esta

casa recebe directamente da Europa todos

seus livors e mercado- | rias e destrsquoarte

poacutede offerecer aacutes pessoas que a Ella se

dirigem considera- | veis vantagens

- 5 de fevereiro de 1867 Satildeo Paulo

Correio Paulistano

185

RETRATOS || da Augusta Familia

Imperial para albuns e | quadros tirados

ultimamente com a maior ni- | tidez e

perfeiccedilatildeo e tambem dos generaes prus- |

sianos celebres na guerra do anno proximo

| passado || Photographia academica e

commercial Rua | do Imperador nuacutemero

14

PALAVRAS PHOTOGRAPHICO

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

fot(o) elem Comp do gr Photo- de phos

photoacutes luz que se documenta em

numerosos compostos introduzidos nas

liacutenguas modernas de cultura a partir do

seacutec XIX como fotografia fotometria

fotosfera etc Pelo modelo de fotografia

cuja forma abreviada foto veio a constituir

novo elemento de composiccedilatildeo formaram-

se dezenas de outors compostos tais como

fotocarta fotonovela fototeca etc ()

fotograacutefico | photographico 1858

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

fotograacutefico adj1 relativo agrave fotografia 2

fig Que lembra a fotografia pela

186

fidelidade de reproduccedilatildeo muito fiel ao

modelo

PERIOacuteDICOS

DATAS

E

CIDADES DE ORIGEM

- 21 de outubro de 1874 Campinas A

Mocidade

Photographia

Campinense||DE||HENRIQUE ROSEN||

50 - RUA DIREITA - 50||Em

consequencia de novos melhoramentos

introduzidos no salatildeo de vidro deste bem

conhecido estabelecimento

photographico o mais antigo da

provincia tira-se de hoje em deante

retratos perfeitos das 7 horas da manhatilde ateacute

5 da tarde e com qualque[r] tempo

sendo preferidos os dias cobertos e

chuvosos| Trabalha-se todos os dias e

por todos os systemas Especialidades -

Retratos coloridos a Crozat e aquarela

Esmaltados Bombeacute Cabinet e Mezzo

Tinto dos quaes os ultimos imitando

porcellana foratildeo introduzidos nesta

provincia pelo annunciante e satildeo tirados

soacutemente no estabelecimento do mesmo|

Os retratos da phptographia simples tiratildeo-

se ainda pelo preccedilo baratiacutessimo de 6$000

a duzia pagando adeantado| O

annunciante esera conrinuar a merecer a

187

affluencia e valiosa protecccedilatildeo dos seus

numerosos amigos e freguezes - convida

ao respeitavel publico em geral para

examinar sua extense e variada galeria|

CASA FILIAL A PHOTOGRAPHIA

CAMPINENSE|| Satildeo Joatildeo do Rio-Claro||

20 - RUA DO COMMERCIO - 20|| (Perto

da Collectoria)

PALAVRAS PHOTOGRAPHO

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

fot(o) elem Comp do gr Photo- de phos

photoacutes luz que se documenta em

numerosos compostos introduzidos nas

liacutenguas modernas de cultura a partir do

seacutec XIX como fotografia fotometria

fotosfera etc Pelo modelo de fotografia

cuja forma abreviada foto veio a constituir

novo elemento de composiccedilatildeo formaram-

se dezenas de outors compostos tais como

fotocarta fotonovela fototeca etc ()

fotoacutegrafo || photographo 1858 ()

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

fotoacutegrafo sm aquele que pratica a

fotografia ou a exerce como profissatildeo

188

PERIOacuteDICOS

DATAS

E

CIDADES DE ORIGEM

- 14 de junho de 1874 Campinas A

Mocidade

O retratista photographo Evaristo

Brasileiro de Campos Mello esperando

uma nova officina que lhe vem

directamente da Europa previne a seus

amigos e freguezes que continuaraacute a tirar

retratos por qualquer systema pelos

preccedilos do costume garantindo um grande

melhoramento em seu trabalho espernado

por isso merecer sempre confianccedila deste

cavalheiro e generoso povo Campineiro|

A 5000 A DUZIA

- 22 de janeiro de 1879 Satildeo Paulo

Correio Paulistano

PHOTOGRAFIA|AMERICANA|RUA

DA IMPERATRIZ|Satildeo PAULO| O

propretaacuterio deste estabelecimento de

volta de sua viagem aacute Europa continua a

trabalhar no mesmo estabelecimento o

qual se acha augmentado com machinas e

utensiacutelios os| mais modernos|Neste

189

estabelecimento que conta 16 annos de

existencia (o mais antigo deste proviacutencia)

continua-se a trabalhar por todos|os

sistemas de photografias desde o retrato

em a|mais pequena miniatura ateacute o

tamanho natural|Encarrega-se de mandar

pintar em Pariz pelos melhores pintores

qualquer retrato em|busto ou corpo

inteiro a oleo pastel ou aquarella

bastando para isso um pequeno retrato|da

pessoa que se quizer retratar|Trabalhar-se

todos os dias das 10 horas da manhatilde aacutes 4

horas da tarde natildeo importa o tempo

chuvoso|OS SENHORES

PHOTOGRAFOS|encontraratildeo neste

estabelecimento tudo que eacute mister aacute

mesma arte e pelos preccedilos do Rio de

Janeiro|Retratos de ateacute Reacuteis 5$ a duacutezia

PALAVRAS RELOGIO

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

reloacutegio sm designaccedilatildeo comum a diversos

tipos de instrumentos ou mecanismos para

medir intervalo de tempo | relogeo XV |

Do lat Horologium -ii deriv Do gr

Horoloacutegion

190

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

reloacutegio S m 1 Designaccedilatildeo comum a

diversos tipos de instrumentos ou

mecanismos para medir intervalos de

tempo 2 reloacutegio (1) mecacircnico dotado

em geral de rodas dentadas movidas por

pecircndulos molas eletricidade pilhas etc

e de mostrador de ponteiros

apresentando-se nas mais variadas formas

e dimensotildees()

PERIOacuteDICOS

DATAS

E

CIDADES DE ORIGEM

- 14 de outubro de 1874 Campinas A

Mocidade

RELOJOARIA || DO || REGULADOR

CAMPINENSE ||Penteado amp Nunes ||

LARGO DA MATRIZ VELHA Nuacutemero

39|| Acaba de receber u completo

sortimento de relogios de parede e

algibeira de lindos gostos sendo vendidos

pos commodo preccedilo affianccedilados por um

anno Rcebeu mais lindo sortimento de

pince-nez tanto de vidro de cor como de

grao despertadores correntes de ouro

prata plaquet | Relogios | Para torres ou

fazendas encarregando-se os donos do

estabelecimento da sua collocaccedilatildeo e

affianccedilando a boa marcha por cinco

annos|| CONCERTOS PERFEITOS E

191

AFFIANCcedilADOS|| POR UM ANNO

- 28 de agosto de 1870 Campinas Gazeta

de Campinas

MUITA ATTENCcedilAtildeO|| Offerece-se a

quantia de 50$000 a quem der noticia dos

seguintes objectos roubados na noute do

dia 8 para 9 do corrente| 5libras

esterllinas 1 alfinete de brilhante 1 par de

oculos de ouro n 24 com caixa (marca

Henrique Fox Satildeo Paulo) 1 botatildeo feito

de um dolar cujo peacute estaacute rachado 1

corrente de relogio de ouro de 14

quilates 1 abotuadura de ouro francez

para punhos tendo dois peacutes e sendo

esmaltado de preto 1 collete e uma calccedila

de casimira de cocircr bem cala uma calccedila de

casimira um pouco mais escura uma calccedila

de casimira cocircr de havana e 1 collete de

panno preto sem golla| Chama-se a

attenccedilatildeo dos senhores ourives para taes

objectos Desconfia-se que foram levados

para serem negociados com os

trabalhadores da estrada de ferro|Quem

dos mesmos souber poacutede dirigir-se a

Thomaz Gleeson alfaiate largo da Matriz

Velha em frente ao sino grande|

Campinas

192

- 14 de outubro de 1874 Campinas A

Mocidade

RELOJOARIA|| DO || REGULADOR

CAMPINENSE || Penteado amp Nunes ||

LARGO DA MATRIZ VELHA Nuacutemero

39|| Acaba de receber um completo

sortiemento de relogios de parede e

algibeira de lindos gostos sendo vendidos

pos commodos preccedilos affianccedilados por um

anno Recebeu mais lindo sortimento de

pince-nez tanto de vidro de cor como de

grao despertadores correntes de ouro

prata plaquet| Relogios| Para torres ou

fazendas encarregando-se os donos do

estabelecimento da sua collocaccedilatildeo e

affiancado a boa marcha por cinco annos||

CONCERTOS PERFEITOS E

AFFIANCcedilADOS||POR UM ANNO

- 11 de janeiro de 1829 Satildeo Paulo O

Farol Paulistano

He chegado nesta Cidade vindo de Pariacutes

Bont|te Dillon Fabricante de reloacutegios de

193

todas qualidades| e tambegravem faz todos os

concertos aos ditos reloacutegios e| traz

tambem bastantes feitos porisso faz

publico a todos| os Senhores que quizerem

utilizar-se do supplicante| para alguma

obra o que faraacute muito comodo e mora na|

Rua do Ouvidor numero 49 onde tambem

tem fazendas e modas Francezas

- 5 de outubro de 1852 Satildeo Paulo

Aurora Paulistana

- 15 de outubro de 1852 Satildeo Paulo

Aurora Paulistana

JOSErsquo PHILIPPE SALMAN mora | dor

na rua de Satildeo Bento nuacutemero 16 participa

| ao respeitavel publico e especialmente |

aos seus freguezes que elle tem para |

vender um completo sortimento do |

oculos de todas as qualidades lunetas |

vidros avulsos oculos de alcance di- | tos

para theatro bengallas ampc ampc | na

mesma casa continua-se a vender | e

concertar relogios de todas as qua- |

lidades

194

- 17 de novembro de 1852 Satildeo Paulo

Aurora Paulistana

PERDEO-SE no dia 1ordm de novem- | bro os

seguintes objetos uma corrente | de

reloacutegio de ouro quebrada uma den- |

tadura de pressatildeo de pressatildeo ar com tres

den- | tes em uma chapa de ouro tudo em

um | embrulhos e bem assim uma carteira

de | marroquim verde contendo vaacuterios pa-

| peis que soacute poacutedem servir ao dono e |

algumas notas miudas Roga-se por | isso

aacute pessoa que tiver achado os men- |

cionados objectos o obsequio de os en- |

tregar em casa do Senhor Joaquim

Sertorio | pelo que seraacute gratificado se o

exigir

- 05 de fevereiro de 1867 Satildeo Paulo

Correio Paulistano

CORBISIER | Nuacutemero 10 | RUA DA

IMPERATRIZ (isso escrito dentro de um

desenho de reloacutegio) | Garante seu trabalho

por um anno | Encarrega-se de qualquer

encom- | menda de relogios por mais |

complicada possivel || Participa ao

respeitavel publico que continuacutea | a

195

concertar relogios de todas as qualidades

| sendo a sua especialidade refazer peccedilas

quebra- | das por mais difficeis que sejam

tem em sua | casa em escolhido sortimento

de relogios de | ouro e prata que vende por

preccedilos commodos

PALAVRAS RELOJOARIA

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

reloacutegio sm designaccedilatildeo comum a diversos

tipos de instrumentos ou mecanismos para

medir intervalo de tempo | relogeo XV |

Do lat Horologium -ii deriv Do gr

Horoloacutegion || relojoaria | relogiaria XVIII

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

relojoaria Sf 1 Arte de relojoeiro 2

Loja que fabrica ou conserta reloacutegios ()

PERIOacuteDICOS

DATAS

E

- 14 de outubro de 1874 Campinas A

Mocidade

RELOJOARIA || DO || REGULADOR

196

CIDADES DE ORIGEM CAMPINENSE ||Penteado amp Nunes ||

LARGO DA MATRIZ VELHA Nuacutemero

39|| Acaba de receber u completo

sortimento de relogios de parede e

algibeira de lindos gostos sendo vendidos

pos commodo preccedilo affianccedilados por um

anno Rcebeu mais lindo sortimento de

pince-nez tanto de vidro de cor como de

grao despertadores correntes de ouro

prata plaquet | Relogios | Para torres ou

fazendas encarregando-se os donos do

estabelecimento da sua collocaccedilatildeo e

affianccedilando a boa marcha por cinco

annos|| CONCERTOS PERFEITOS E

AFFIANCcedilADOS|| POR UM ANNO

- 14 de outubro de 1874 Campinas A

Mocidade

RELOJOARIA|| DO || REGULADOR

CAMPINENSE || Penteado amp Nunes ||

LARGO DA MATRIZ VELHA Nuacutemero

39|| Acaba de receber um completo

sortiemento de relogios de parede e

algibeira de lindos gostos sendo vendidos

pos commodos preccedilos affianccedilados por um

anno Recebeu mais lindo sortimento de

pince-nez tanto de vidro de cor como de

grao despertadores correntes de ouro

197

prata plaquet| Relogios| Para torres ou

fazendas encarregando-se os donos do

estabelecimento da sua collocaccedilatildeo e

affiancado a boa marcha por cinco annos||

CONCERTOS PERFEITOS E

AFFIANCcedilADOS||POR UM ANNO

PALAVRA RELOJOEIRO

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

reloacutegio sm designaccedilatildeo comum a diversos

tipos de instrumentos ou mecanismos para

medir intervalo de tempo | relogeo XV |

Do lat Horologium -ii deriv Do gr

Horoloacutegion || relojoaria | relogiaria XVIII

|| relojoeiro | relogeiro 1813

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

relojoeiro Adj 1 relativo a relojoaria ou

a reloacutegio s m 2 aquele que fabrica ou

concerta reloacutegios

PERIOacuteDICO

DATA

- 29 de novembro de 1852 Satildeo Paulo

Aurora Paulistana

198

E

CIDADE DE ORIGEM

BAZAR FLUMINENSE | Rua da

Quintana nuacutemero 48 | RIO DE JANEIRO

| Co aquella denominaccedilatildeo e neste local

acaba de abrir-se um Es- | tabelecimento

que apresenta um mercado prompto

variadissimo e ao | alcance de todas as

fortunas dos ricos porque tem por onde

esco- | lher das classes menos abastadas

porque hatildeo-de encontrar bom e | barato ||

Este Estabelecimento eacute o unico de seu

genero nesta corte porque | nelle se

reuacutenem muitos dos objectos que

constituem o sortimento das | lojas de

fazendas e de armarinho de louccedila e de

ferragem de ourives | e relojoeiro de

roupa e de calccedilado de mobiacutelia de livros e

papel ampc| ampc eacute uma Bazar de variados

artefactos tanto nacionaes como es- |

trangeiros e eacute ainda o unico nesta Corte

quanto aacute modicidade dos | preccedilos porque

todos os effeitos ahi seratildeo vendidas por

custo muito | inferior ao geralmente

estabelecido || Para satisfazer

religiosamente a esta condiccedilatildeo base em

que deve | repousar a confianccedila publica

os proprietaacuterios deste Estabelecimente |

natildeo procuratildeo para sortimento de sua casa

determinados objectos elo | les compratildeo

somente quando possatildeo obter por preccedilos

muitos modicos- | e neste empenho

lanccedilaratildeo matildeo de todos os meios que lhes

199

ministratildeo | os recursos pecuniaacuterios de que

dispotildeem e a sua longa pratica de |

commercio Suas compras seratildeo sempre

feitas em primeira matildeo | nos grandes

armazeacutens por junto e com dinheiro aacute

vista natildeo aban- | donando tambem as que

vantajosamente poderem realizar em arre-

| mataccedilotildees judiciaes nrsquoAlfandega nos

Trapiches em Casa de leilatildeo | e em toda a

parte onde a palavra ndash barato ndash for uma

realidade mandaratildeo vir por sua conta

remessas de foacutera invidaratildeo emfim todas

as suas | forccedilas para que o diminuto preccedilo

das compras facilite a barateza das ven- |

das Desejao vender muito embora seja

diminutissimo o seu lucro em | cada

objecto || Nenhum dos artigos proacuteprios

das casas de seccos e molhados teraacute |

cabida em seus armazens porem ahi

acharaotilde os habitantes desta ci- | dade e os

negociantes do interior fazendas de seda

latildea linho e al- | godatildeo ndash objectos de ouro

prata e outros metaes ndash vidros crystaes

lou- | ccedila e porcellana ndash livros em todas as

linguas papel estampas e ob- | jectos

drsquoescriptorio ndash roupa chapeacuteos e calccedilados

ndash trastes para o serviccedilo e ornamentos de

casas ndash objectos de armarinho e muitos

outros tudo | barato por preccedilos fixos e

dinheiro aacute vista pois eacute incontestavel que o

| Bazar natildeo poacutede vender a praso pelos

moacutedicos preccedilos que tem esta- | belecido ||

Todas as vendas seratildeo acompanhadas de

200

uma conta a mais cir- | cunstanciada

maximeacute quando forem feitas por

intermedio de criados | ou escravos a fim

de que os Senhores compradores a possatildeo

combinar | com cataacutelogos que o Bazar for

publicando e reconhecer sempre | a

lealdade deste Estabelecimento ||

Bondade de gecircnero ndash probidade nas

transacccedilotildees ndash pontualidade nas |

encommendas ndash sortimento variadissimo ndash

e barateza das vendas eis o | progamma

do BAZAR FLUMINENSE O Publico

decidiraacutese es- | e Estabelecimento eacute digno

da sua confianccedila || Aviso aos Habitantes

dos Municipios da Provincia do | Rio de

Janeiro e das Provincias centraes || A

Direcccedilatildeo do Bazar Fluminense encarrega-

se de mandar encai- | xotar e remetter aos

seus destinos quaesquer objectos que lhe

forem | encommendados e promptamente

pagos e tambem de comprar por |

commissatildeo os que natildeo houverem neste

Estabelecimento compra a que |

drocederaacute com a mais severa economia e

de maneira que a impor- | tancia dessa

commissatildeo (que nunca excederaacute de 5 por

cento por | mais limitadas que sejatildeo as

encommendas) natildeo absorva o abatimen- |

to que a favor dos nossos freguezes se

obtiver em taes compras | e nos preccedilos

geralmente estabelecidos || As pessoas

que se dignarem honrar o Estabelecimento

com a sua | confianccedila podem dirigir-se

201

nesta Corte pessoalmente ou por escrito |

ao abaixo assignado e em Minas podem

igualmente dar suas ordens | ao Senhor

Sebastiatildeo Augusto Pinto de Souza

Director da casa filial | estabelecida na

Cidade do Ouro Preto Capital drsquoaquella

Proviacutencia || Rio de Janeiro 7 de

Novembro de 1852 || Bernardo Xavier

Pinto de Souza || N B A Direcccedilatildeo do

Bazar encarrega-se igualmente de mandar

| apromptar pelos uacuteltimos preccedilotildees tudo

que pertence ao fardamento e | uniformes

dos Senhores Officiaes da Guarda

Nacional

PALAVRA STEREOSCOPOS

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

esteacutereo sm lsquomedida de volume para

lenha equivalente a um metro cuacutebicorsquo |

estere 1881 | do fr stegravere deriv do gr

stereoacutes lsquosoacutelido firmersquo O voc ocorre na

formaccedilatildeo de inuacutemeros derivados ()

estereoscoacutepio | stereoscopo 1858 | do fr

steacutereacuteoscopie ()

202

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

SEM REGISTRO

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 05 de fevereiro de 1867 Satildeo Paulo

Correio Paulistano

NA CASA GARRAUX || LARGO DA SEacute

|| Encontra-se os artigos seguintes ||Papel

para desenho || Papel de luto || Papel de

peso || Papel almasso || Papel florete ||

Papel Hollanda || Papel de phantasia ||

Papel de cartas || Envelppes brancos ||

Enveloppes de cores || Enveloppes de luto

|| Enveloppes commerciaes || Enveloppes

forrados de panno || Cartotildees de visita ||

Ditos para casamentos || Tinteiro de vidro

|| Tinteiro de crystal || Tinteiro de bronze ||

Tinteiro ricos de phantasia || Pennas de

accedilo de varias qualidades || Pennas de ave

|| Sinetas || Canivetes || Pacas de cortar

papel || Lacre || Obreiras || Imagens ||

Quadros de devoccedilatildeo || Desenhos || Albuns

para desenhos || Aacutelbuns para photographia

|| Quadros para photographia || Carteiras ||

Estojos de viagem || Caixas de perfumaria

|| Caixas de papelaria || Caixas de costura

com musica || Caixa de mathematicas ||

Caixas de tintas || Tintas de escrever ||

Livro de direito || Livros de litteratura ||

203

Livros de devoccedilatildeo || Livros de educaccedilatildeo ||

Livros de homœopathia || Livros de missa

|| Horas Marianas || Livros de luxo para

presentes || Objectos de phantasia para

presentes || Lapis || Baralho de cartas ||

Baralhos de cartas de phantasia ||

Bengallas || Livros para apontamentos ||

Stereoscopos || Folhinhas do anno ||

Pastas || E muito mais objectos || Grande

sortimento de papel pintado | para forrar

casas fabricados em Paris | desde 500 reacuteis

a peccedila para cima | Guarniccedilatildeo roda-peacute

paisagens etc | Esta casa recebe

directamente da Europa todos seus livros e

mercado- | rias e destrsquoarte poacutede offerecer

aacutes pessoas que a Ella se dirigem

considera- | veis vantagens

PALAVRAS TACHYGRAPHIA

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

taqueo- (taco-) taqu(i)- elem Comp do

gr Tachy- de tachyacutes tachoacutes raacutepido

ceacutelere que se documenta em alguns

compostos introduzidos a partir do seacutec

XIX na linguagem erudita ()

taquigrafia | tachygraphia 1844 ()

204

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

taquigrafia SfV estenografia = escrita

abreviada e simplificada na qual se

empregam sinais que permitem escrever

com a mesma rapidez com que se fala

taquigrafia logografia

PERIOacuteDICOS

DATAS

E

CIDADES DE ORIGEM

- 24 de abril de 1889 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

Questionaacuterio da arte tachygraphica|

ensinada no Brasil pelo

professor|Sebastiatildeo Mestrinho| 1 O que eacute

a Tachugraphia - Eacute a Arte de escreverse

tatildeo veloz como se fala| 2 Em quantas

partes se divide a Tachygraphia -

Alphabeto terminaccedilotildees| convenccedilotildees ou

signaes particulares| 3 De quantas letras

se compotildee o Alphabeto - De 16 que satildeo

b d f g h l m n p q|r s t v x z| 4 De quantos

caracteres se compotildee as terminaccedilotildees - De

18 que satildeo - Avel| Ario Ando Asto

Anto Anccedila Arte Amos Ei Au Menta

Ismo A otilde| Bilidade A I U (para os

artigos) Em Eu| 5 Quantos alphabetos -

Um que reproduz-se por 4 formas

simples ligado | simples e composto e

circulo| 6 De onde eacute retirada a

Tachygrafia - De um circulo e seus

205

raios| 7 O que eacute Alphabeto

Tachygraphico - Eacute uma convenccedilatildeo feita

do circulo e raios| de que se compotildee os

nomes| 8 O que satildeo as terminaccedilotildees -

Uma colleccedilatildeo de caracteres que abreviatildeo

letras e|syllabas| 9 Ha regra certa ou base

na Tachygraphia Sim quando para

provarmos que|sabemos a arte Natildeo

quando acompanhamos a palavrapor que

abandonamos|a arte e abraccedilamos as

convenccedilotildees|10 Para que servem os

signaes particulares ou convenccedilotildees -

Para facilitar o|acompanhamento da

palavra|11 Quantos methodos conta a

Arte Tachygraphica - Uma infinidade

delles|Cada disciacutepulo depois de habilitado

poacutede tomar por base o circulo e crear|uma

arte|12 Qual eacute o melhor methodo

Tachygraphico ndash Aquelle que contiver

os|caracteres mais necessarios nos pontos

de mais facilidade nos traccedilos|13 Quaes

satildeo as qualidades essenciaacutees do

Tachygrapho Bom ouvido|agilidade

manual a necessaria intelligentcia e fina

penetraccedilatildeo|14 Todo homem que sabe

Tachygraphian pocircde ser Tachygrapho ndash

Natildeo por que|poacutede reunir todas as

qualidades communs e natildeo dispor da

precisa espeditez|para auxilial-os nos

conhecimentos que tem a arte|15 Para que

servem as cruzetas ou espaccedilos em branco

ndash Para indicar ponto final| oraccedilatildeo

interrompida ou falha etc|16 O nome

206

escripto em Tachygraphia poacutede variar ndash

Sim porque com o mesmo|signal

podemos traduzir nomes mui decerso

(fazendo-o pelo sentido da|oraccedilatildeo)|17

Temos masculino ou feminino ndash Natildeo ndash

Classificamos pelo sentido|18 Temos

singular ou plural ndash Natildeo ndash Distinguimos

pelo precedente e os|nuacutemeros satildeo os

mesmos|19 Temos ortographia ndash Natildeo

escrevemos pelos sons como se vecirc Casa

Quis Quaes Cossa etc que fazemos em

QZ ou QS

PALAVRA TACHYGRAPHICO(A)

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

taqueo- (taco-) taqu(i)- elem Comp do

gr Tachy- de tachyacutes tachoacutes raacutepido

ceacutelere que se documenta em alguns

compostos introduzidos a partir do seacutec

XIX na linguagem erudita ()

taquigraacutefico | tachygraphico 1844 ()

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

Taquigraacutefico Adj Referente agrave

taquigrafia estenograacutefico

207

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 24 de abril de 1889 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

Questionaacuterio da arte tachygraphica|

ensinada no Brasil pelo

professor|Sebastiatildeo Mestrinho| 1 O que eacute

a Tachugraphia - Eacute a Arte de escreverse

tatildeo veloz como se fala| 2 Em quantas

partes se divide a Tachygraphia -

Alphabeto terminaccedilotildees| convenccedilotildees ou

signaes particulares| 3 De quantas letras

se compotildee o Alphabeto - De 16 que satildeo

b d f g h l m n p q|r s t v x z| 4 De quantos

caracteres se compotildee as terminaccedilotildees - De

18 que satildeo - Avel| Ario Ando Asto

Anto Anccedila Arte Amos Ei Au Menta

Ismo A otilde| Bilidade A I U (para os

artigos) Em Eu| 5 Quantos alphabetos -

Um que reproduz-se por 4 formas

simples ligado | simples e composto e

circulo| 6 De onde eacute retirada a

Tachygrafia - De um circulo e seus

raios| 7 O que eacute Alphabeto

Tachygraphico - Eacute uma convenccedilatildeo feita

do circulo e raios| de que se compotildee os

nomes| 8 O que satildeo as terminaccedilotildees -

Uma colleccedilatildeo de caracteres que abreviatildeo

letras e|syllabas| 9 Ha regra certa ou base

na Tachygraphia Sim quando para

208

provarmos que|sabemos a arte Natildeo

quando acompanhamos a palavra por que

abandonamos|a arte e abraccedilamos as

convenccedilotildees|10 Para que servem os

signaes particulares ou convenccedilotildees -

Para facilitar o|acompanhamento da

palavra|11 Quantos methodos conta a

Arte Tachygraphica - Uma infinidade

delles|Cada disciacutepulo depois de habilitado

poacutede tomar por base o circulo e crear|uma

arte|12 Qual eacute o melhor methodo

Tachygraphico ndash Aquelle que contiver

os|caracteres mais necessarios nos pontos

de mais facilidade nos traccedilos|13 Quaes

satildeo as qualidades essenciaacutees do

Tachygrapho Bom ouvido|agilidade

manual a necessaria intelligentcia e fina

penetraccedilatildeo|14 Todo homem que sabe

Tachygraphia pocircde ser Tachygrapho ndash

Natildeo por que|poacutede reunir todas as

qualidades communs e natildeo dispor da

precisa espeditez|para auxilial-os nos

conhecimentos que tem a arte|15 Para que

servem as cruzetas ou espaccedilos em branco

ndash Para indicar ponto final| oraccedilatildeo

interrompida ou falha etc|16 O nome

escripto em Tachygraphia poacutede variar ndash

Sim porque com o mesmo|signal

podemos traduzir nomes mui decerso

(fazendo-o pelo sentido da|oraccedilatildeo)|17

Temos masculino ou feminino ndash Natildeo ndash

Classificamos pelo sentido|18 Temos

singular ou plural ndash Natildeo ndash Distinguimos

209

pelo precedente e os|nuacutemeros satildeo os

mesmos|19 Temos ortographia ndash Natildeo

escrevemos pelos sons como se vecirc Casa

Quis Quaes Cossa etc que fazemos em

QZ ou QS

PALAVRA TACHYGRAPHO

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

taqueo- (taco-) taqu(i)- elem Comp do

gr Tachy- de tachyacutes tachoacutes raacutepido

ceacutelere que se documenta em alguns

compostos introduzidos a partir do seacutec

XIX na linguagem erudita ()

taquiacutegrafo | tachygrapho 1844 ()

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

Taquigrafo sm V estenoacutegrafo

PERIOacuteDICO

DATA

E

- 24 de abril de 1889 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

210

CIDADE DE ORIGEM Questionaacuterio da arte tachygraphica|

ensinada no Brasil pelo

professor|Sebastiatildeo Mestrinho| 1 O que eacute

a Tachugraphia - Eacute a Arte de escreverse

tatildeo veloz como se fala| 2 Em quantas

partes se divide a Tachygraphia -

Alphabeto terminaccedilotildees| convenccedilotildees ou

signaes particulares| 3 De quantas letras

se compotildee o Alphabeto - De 16 que satildeo

b d f g h l m n p q|r s t v x z| 4 De quantos

caracteres se compotildee as terminaccedilotildees - De

18 que satildeo - Avel| Ario Ando Asto

Anto Anccedila Arte Amos Ei Au Menta

Ismo A otilde| Bilidade A I U (para os

artigos) Em Eu| 5 Quantos alphabetos -

Um que reproduz-se por 4 formas

simples ligado | simples e composto e

circulo| 6 De onde eacute retirada a

Tachygrafia - De um circulo e seus

raios| 7 O que eacute Alphabeto

Tachygraphico - Eacute uma convenccedilatildeo feita

do circulo e raios| de que se compotildee os

nomes| 8 O que satildeo as terminaccedilotildees -

Uma colleccedilatildeo de caracteres que abreviatildeo

letras e|syllabas| 9 Ha regra certa ou base

na Tachygraphia Sim quando para

provarmos que|sabemos a arte Natildeo

quando acompanhamos a palavrapor que

abandonamos|a arte e abraccedilamos as

convenccedilotildees|10 Para que servem os

signaes particulares ou convenccedilotildees -

Para facilitar o|acompanhamento da

palavra|11 Quantos methodos conta a

211

Arte Tachygraphica - Uma infinidade

delles|Cada disciacutepulo depois de habilitado

poacutede tomar por base o circulo e crear|uma

arte|12 Qual eacute o melhor methodo

Tachygraphico ndash Aquelle que contiver

os|caracteres mais necessarios nos pontos

de mais facilidade nos traccedilos|13 Quaes

satildeo as qualidades essenciaacutees do

Tachygrapho Bom ouvido|agilidade

manual a necessaria intelligentcia e fina

penetraccedilatildeo|14 Todo homem que sabe

Tachygraphia pocircde ser Tachygrapho ndash

Natildeo por que|poacutede reunir todas as

qualidades communs e natildeo dispor da

precisa espeditez|para auxilial-os nos

conhecimentos que tem a arte|15 Para que

servem as cruzetas ou espaccedilos em branco

ndash Para indicar ponto final| oraccedilatildeo

interrompida ou falha etc|16 O nome

escripto em Tachygraphia poacutede variar ndash

Sim porque com o mesmo|signal

podemos traduzir nomes mui decerso

(fazendo-o pelo sentido da|oraccedilatildeo)|17

Temos masculino ou feminino ndash Natildeo ndash

Classificamos pelo sentido|18 Temos

singular ou plural ndash Natildeo ndash Distinguimos

pelo precedente e os|nuacutemeros satildeo os

mesmos|19 Temos ortographia ndash Natildeo

escrevemos pelos sons como se vecirc Casa

Quis Quaes Cossa etc que fazemos em

QZ ou QS

212

- 5 de junho de 1852 Aurora Paulistana

Satildeo Paulo

Post-Scriptum | Demoramos a publicaccedilatildeo

desta folha por | que pelo contrato para a

publicaccedilatildeo das dis- | cussotildees da

Assembleacutea provincial soacute nos corre | a

obrigaccedilatildeo de publical-a quando o material

| fornecido pelo tachygrapho preencha as

tres | primeiras paginas

PALAVRAS TELEGRAPHO

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

tel(e)- elem comp do gr Tele- de tele

longe ao longe de longe que se

documenta em inuacutemeros compostos

introduzidos a partir de seacutec XIX na

linguagem erudita () teleacutegrafo 1813 do

fr teacuteleacutegraphe voc criado por Miot no

final do seacutec XVIII

213

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

teleacutegrafo Sm 1 Qualquer sistema

sistema de transmissatildeo de mensagens

entre pontos distantes por meio de sinais

2 casa ou lugar onde ele funciona

PERIOacuteDICOS

DATAS

E

CIDADES DE ORIGEM

- 14 de outubro de 1874 Campinas A

Mocidade

PEDE-SE TODA||ATTENCcedilAtildeO|| Aos

senhores fazendeiros|| Ferreira Novo amp

Filho participaratildeo aos senhores

fazendeiros e negociantes que continuatildeo a

comprar cafegrave em maior quantidade do que

faziam ateacute hoje achando-se para isso

habilitados por acabarem de contractar

com algumas das principais casas

exportadoras a fazerem grandes compras

Nosso systema de compras seraacute Comprar

toda e qualquer quantidade de cafegrave quando

beneficiado o prompto recebemos ou com

poucos dias de demora depois da venda|

Pedimos a todos os senhores fazendeiros

quando tenhatildeo cafegrave em qualquer

quantidade promptoe queiratildeo vender a

bondade de nos procurarem pagando

sempre no dia da venda maior preccedilo que

permitir o estado do cafegrave nos principais

mercados do paiz da America e da

Europa habilitando-nos para podermos

214

fazer tatildeo grande vantagem aos senhores

lavradores o telegrapho que acaba de

collocar em comunicaccedilatildeo diaria esta

florescente cidade com aqueles principaes

mercados

PALAVRAS TELEPHONE

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

tel(e)- elem Comp do gr Tele- de tele

longe ao longe de longe que se

documenta em inuacutemeros compostos

introduzidos a partir de seacutec XIX na

linguagem erudita () telefone | -pho-

1899 | Do fr I teacuteleacutephone O voc Jaacute se

documenta em alematildeo (Telephon) desde

1796

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

telefone S m 1 Aparelho para transmitir

a distacircncia a palavra falada 2 Restr

Telefone (1) de uso corrente que consta

de um mecanismo eleacutetrico capaz de

efetuar a ligaccedilatildeo entre duas linhas e

peccedila(s) distinta(s) a emitir e receber

mensagens faladas()

215

PERIOacuteDICOS

DATAS

E

CIDADES DE ORIGEM

- 31 de dezembro de 1896 Campinas

Cidade de Campinas

LIXIVIA PHENIX|| Agente de differentes

casas de Satildeo Paulo de cujas casas tem

amostras de artigos| Tem a venda a

explendida farinha de aveia Knorr| Abre

aacutes 6frac12 da manhatilde e fecha aacutes 5 horas da

tarde| Telephone 247| Caixa postal 89|

RUA GENERAL OSORIO Nuacutemero 59||

BF NEGRAtildeO|| CAMPINAS

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

Doutor CARLOS PENNA | MEDICO

OPERADOR | ESBECIALISTA | DAS

MOLESTIAS DOS OLHOS || Consultorio

ndash Rua da Imperatriz 35 de 1 aacutes 3 horas

Telephono 190 || Residencia ndash Rua

Aurora 76 ndash Telephono nuacutemero 42 ||

Dispocirce de excellentes aposentos para o

tratamento de clientes de QUAL- | QUER

classe || Attende a chamados para

qualquer ponto da provincia

216

PALAVRA TYPOGRAPHIA

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

tipo sm orig modelo exemplar siacutembolo

ext (Tip) letra de forma de imprimir

XVII Do lat typus -i deriv Do gr tyacutepos

() tipografia | typographia 1813

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

tipografia Sf 1 Arte que compreende as

vaacuterias operaccedilotildees conducentes agrave impressatildeo

de textos desde a criaccedilatildeo dos caracteres agrave

sua composiccedilatildeo e impressatildeo de modo que

resulte num produto graacutefico ao mesmo

tempo adequado legiacutevel e agradaacutevel 2

Restr Sistema de imprimir com focircrmas

em relevo impressatildeo tipograacutefica 3 Estilo

ou arranjo do texto tipograacutefico 4

Estabelecimento tipograacutefico

PERIOacuteDICO

DATA

E

- 25 de abril de 1852 Aurora Paulistana

Satildeo Paulo

217

CIDADE DE ORIGEM ATTENCcedilAtildeO | A Farrapeida| Recebem-

se nesta typogra|phia assignaturas para

um | opusculo que breve sahiraacute aacute | luz

com o titulo acima e con- | teraacute cerca de

120 paginas Ersquo | um poema em que se

descre- | vecirc a biographia dos princi- | paes

membros do partido - | Venda-grande ndash

nesta provin- | cia e dividido em 5 cantos

dos quaes estatildeo jaacute na typogra- | phia os

tres primeiros cujos titulos satildeo | I A

CARA-SUGEIDA | precedida de uma

estampa | representando um individuo |

desejando surprehender os | segredos de

uma bella Con- | deccedila | II A

CARRONrsquoIHEI- | DA ou as magicaturas

pre- | cedida igualmente de uma ca- |

ricatura | III A JANISTROQUEI- | DA

ou factos historicos bio- | graphia

completa de um ca- | valheiro muito

conhecido a | caricatura que precede este |

canto eacute muito curiosa | Preccedilo de cada

exemplar | 1$ reis pagos ao receber o |

exemplar

- 25 de abril de 1852 Aurora Paulistana

Satildeo Paulo

A Illustrissiacutema Senhora Dona Joaquina

Maria das | Dores drsquoOliveira tem uma

carta no es-| criptorio drsquoesta typographia

que ainda se | natildeo mandou entregar por

218

ignorar-se a | sua residencia

- 29 de maio de 1852 Aurora Paulistana

Satildeo Paulo

- 5 de junho de 1852 Aurora Paulistana

Satildeo Paulo

- 15 de junho de 1852 Aurora Paulistana

Satildeo Paulo

ATTENCcedilAtildeO | Typographia Liberal | de

| J R drsquoAzevedo Marques | LARGO DA

SErsquo N 3 | Joaquim Roberte drsquoAzevedo

Marques tem | a honra de participar ao

respeitavel publico | que acaba de montar

em maior escala a Ty- | pographia

Liberal se sua propriedade com | um

variado e novo sortimento de typos vi- |

nhetas emblemas florotildees ampc e com um

dos | mais aperfeiccediloados preacutelos de ferro

dos que ul- | timamente se fabricatildeo em

Paris e achando-se | por esta forma

habilitado para desempenhar | com

promptidatildeo e aceio qualquer trabalho ty- |

pographico por este offerece o seu

estabeleci | mento ao illustrado publico

desta capital e pro- | vincia a quem

assegura que alem da nitidez | e gosto que

distinguiratildeo os seus trabalhos se- | ratildeo

219

feitos com a brevidade que actualmente |

lhe proporcionatildeo os recursos do

estabeleci- | mento e pelos preccedilos os mais

commodos

- 5 de outubro de 1852 Satildeo Paulo

Aurora Paulistana

AVISO | Roga-se aos nossos assi- |

gnantes que natildeo quizerem | continuar sua

assignatura e | aacutequellas pessoas a que

ago- | ra remettemos a nossa folha | e natildeo

acceitarem o nosso affe- | recimento

tenhatildeo a bondade | de reverter aacute

typographia este | numero ou declarar ao

dis- | tribuidor que a natildeo acceitatildeo | na

entrega do seguinte

- 15 de outubro de 1852 Satildeo Paulo

Aurora Paulistana

ALUGA-SE um servente para ser- | viccedilo

dentro desta cidade quem o tiver | poacutede

comparecer nesta typographia | para

tratar a respeito

220

PALAVRA TYPOGRAPHICO

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

tipo sm orig modelo exemplar siacutembolo

ext (Tip) letra de forma de imprimir

XVII Do lat typus -i deriv Do gr tyacutepos

() tipograacutefico | typographico 1813 ()

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

Tipografico adj Relativo agrave tipografia

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 29 de maio de 1852 Aurora Paulistana

Satildeo Paulo

- 5 de junho de 1852 Aurora Paulistana

Satildeo Paulo

- 15 de junho de 1852 Aurora Paulistana

Satildeo Paulo

ATTENCcedilAtildeO | Typographia Liberal | de |

J R drsquoAzevedo Marques | LARGO DA

SErsquo N 3 | Joaquim Roberte drsquoAzevedo

Marques tem | a honra de participar ao

221

respeitavel publico | que acaba de montar

em maior escala a Ty- | pographia Liberal

se sua propriedade com | um variado e

novo sortimento de typos vi- | nhetas

emblemas florotildees ampc e com um dos |

mais aperfeiccediloados preacutelos de ferro dos que

ul- | timamente se fabricatildeo em Paris e

achando-se | por esta forma habilitado

para desempenhar | com promptidatildeo e

aceio qualquer trabalho ty- | pographico

por este offerece o seu estabeleci | mento

ao illustrado publico desta capital e pro- |

vincia a quem assegura que alem da

nitidez | e gosto que distinguiratildeo os seus

trabalhos se- | ratildeo feitos com a brevidade

que actualmente | lhe proporcionatildeo os

recursos do estabeleci- | mento e pelos

preccedilos os mais commodos

222

113 Lexemas ligados agrave sauacutede

PALAVRA AMENORRHEA

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

Amenorreacuteia Sf lsquoausecircncia de menorreia

ou menstruaccedilatildeorsquo | 1899 amenorrhecirca 1858

| do fr Amenorrheacutee deriv Do lat Cient

amenorrhea (ltGr a-[v A-(iv)] + men

lsquomecircsrsquo + -rhoia lsquofluxorsquo) ()

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

Amenorreacuteia Sf ausecircncia de menorreia

ou menstruaccedilatildeo amenia

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 05 de julho de 1887 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

Tonico|Fevrifugo|Regenerador|vinho do

doutor johanno Quina Coca Extracto de

Carne e Hypophosphito|Recommendatildeo-

no nos casos que necessitatildeo toacutenicos

para|reconstruir e regenerar o organismo

arruinado por molestias|excessos

natureza do clima anemia chlorosis

amenorrhea cachxia|fluxo branco que

tanto arruinatildeo a saude das mulheres

223

pobreza de|sangue fraqueza geral

debilidade etc|H Vivien Droguista 50

Boulevard de Strasboug em Paris

PALAVRAS ANEMIA

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

anemia sfdiminuiccedilatildeo de hemoglobina do

sangue circulante 1858 Do fr aneacutemie

deriv do gr anaimiacutea || anecircmico 1871

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

anemia S f Patol1 Deficiecircncia de

hemaacutecias ou hemoglobina no sangue

circulante 2 fig Debilidade fraqueza

PERIOacuteDICOS

DATAS

E

CIDADES DE ORIGEM

- 01 de fevereiro de 1888 Campinas

Diaacuterio de Campinas

PRODUCTOS DE J-P

LAROZE||APROVADOS||pela junta de

Hygiena do Brasil||2 RUA DES LIONS-

SAINT-PAUL 2 PARIS||Xarope

Depurativo| de Casca de Laranja amarga

224

aos | Ioduretos de Potassio| contra

escrephulosas cancerosas syphiliticas

tumores brancos da agrura do sangue

etc| Xarope Ferruginoso| de Casca de

Laranja e Quassia amara ao | Proto-

Iodureto de Ferro| contra as cores pallidas

chlorose anemia doenccedilas de langor

rachitismo etc| Xarope Sedativo| de

Casca de Laranja amarga ao| Bromureto

de Potassio| calmante certo contra as

nevralgias a epilepsia o hysterico

insonia das crianccedilas todas as affecccedilotildees

nervosas| Deposito em todas as boas

Drogarias e Pharmacias

- 05 de julho de 1887 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

Tonico|Fevrifugo|Regenerador|vinho do

doutor johanno Quina Coca Extracto de

Carne e Hypophosphito|Recommendatildeo-

no nos casos que necessitatildeo toacutenicos

para|reconstruir e regenerar o organismo

arruinado por molestias|excessos

natureza do clima anemia chlorosis

amenorrhea cachxia|fluxo branco que

tanto arruinatildeo a saude das mulheres

pobreza de|sangue fraqueza geral

debilidade etc|H Vivien Droguista 50

225

Boulevard de Strasboug em Paris

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

VINHO || Tonico-Nutritivo || DEFRESNE

|| Com Peptons (Carne assimilavel) ||

FERRO E LACTO-PHOSPHATO DE

CAL NATURAES || Sendo o Vinho

Defresne drsquoum gosto | delicioso tambem

eacute o unico reconsti- | tuinte natural e

completo || Eacute o mais precioso de todos os

tonicos sob a sua influencia desvanecem-

se os | accindentes febris renasce o

appetite forta- | lecem-se os musculos e

voltam as forccedilas || Emprega-se com ecircxito

contra a inappe- | tencia os crescimentos

raacutepidos com ra- | lecoenccedilas molestias de

estomago a | anemia e [ilegiacutevel] ||

DEFRESNE Fornecedor dos Hospitaes

Paris || E todas as Pharmacias

PALAVRA ANTIPHOLOGISTICO

226

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

flox sm lsquo(Bot) gecircnero de polemoniaacuteceas

ornamentaisrsquo 1899 Do lat phlox ndashgis e

este do gr phloacutex ndashgoacutes lsquoflamarsquo | flogiacutestico

| phlo- 1844 | do fr phlogisitque do lat

cient phlogisticum voc criado pelo

quiacutemico alematildeo Becker (1628-1685)

(antiplogiacutestico SEM REGISTRO)

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

antiflogiacutestico adj e sm diz-se de ou

substacircncia aplicaacutevel contra inflamaccedilotildees

antiinflamatoacuterio

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

CONSTIPACcedilOtildeES e MOLESTIAS do

PEITO || XAROPE

ANTIPHOLOGISTICO BRIANT ||

PARIS Pharmacia BRIANT 150 rua de

Rivoli PARIS || As celebridades medicas

de Paris recommendatildeo ha mais de 30

annos o | XAROPE BRIANT como o

medicamento peitoral de gosto mais

agradaacutevel e | de efficacia mais certa de

Defluxos Constipaccedilotildees Catharros etc |

Este Xarope nunca [ilegiacutevel] ndash Deve-se

227

exigir a Brochura em nove linguas | com a

assignatura bem lisivel do inventor |

DEPOSITO EM TODAS AS

PRINCIPAES PHARMACIAS

PALAVRA APPOPLEXIA

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

apoplexia sf lsquo(Med) afecccedilatildeo cerebral que

se manifesta imprevistamente

acompanhada de privaccedilatildeo dos sentidos e

do movimentorsquo XVI Do lat apoplexia

deriv do gr apoplixiacutea ()

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

apoplexia (cs) Sf med 1 afecccedilatildeo

cerebral que se manifesta

imprevistamente acompanhada de

privaccedilatildeo dos sentidos e do movimento 2

qualquer das afecccedilotildees resultantes da

formaccedilatildeo raacutepida de um derrame sanguiacuteneo

ou seroso no interior de um oacutergatildeo

PERIOacuteDICO

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

228

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

Paulistano

Santo JEAN de La Croix [gravura]|

AGUA | DE | MELISSA dos

CAMELITAS | BOYER | Unico successor

| dos Carmelitas | SAINTE THERESE

[gravura]| PARIS ndash 14 Rua de lrsquoAbbaye

14 ndash PARIS | EAU DES CARMES | RUE

TARANNE Nuacutemero 14 TRANSFEacuteREacuteE

14 RUE DE LrsquoABBAYE PARIS [brazatildeo]

| CONTRA | Apoplexia | Cholera | Enjocirco

do mar | Faltos | Coacutelicas | Indigestotildees |

Febre amarella etc | Ler o prospecto no

qual vai envolvido | cada vidro || Deve-se

exigir o letreiro branco e preto | em todos

os vidros | seja qual focircr o tamanho |

Desconfiar | AS | FALSIFICACcedilOtildeES | e |

Exigir a assignatura | de | [assinatura] |

DEPOSITO EM TODAS AS

PHARMACIAS | DO Universo

PALAVRA ASTHENIA

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

astenia sf debilidade fraquesa | -th-

1844 do fr Astheacutenis deriv Do gr

Astheacuteneia falta de vigor ()

229

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

astenia sfmed Fraquesa orgacircnica

debilidade fraqueza [antocircn Estenia]

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 29 de janeiro de 1899 Satildeo Paulo

A Notiacutecia

A EMULSAtildeO DE SCOTT|de Oleo de

Figado de|Bacalhau com Hipophos|phitos

de Cal e Soda|Eacute UM REMEacuteDIO-

ALIMENTOPOR EXCELENCIA|Porque

o Oleo de Figado de Bacalhau como

alimento eacute dum valor importantissimo-

fortalece e engorda-Como remedio rico-eacute

magnifico creador d sangue assim como

um bom remedio alterante espinha dorsal

e systema osseo e a combinaccedilatildeo destes

preciosos componentes produz o melhor

reconstituinte tonico e purificador de

sangue que a sciencia medica conhece

Natildeo te rival para todas as molestias

debilitantes ha annos emprego a

Emulsatildeo de Ha mais de 20 annos que

emprego Scott e seguro contra affecccedilotildees

do em minha clinica sempre com muito

apparelho respiratorioe para vantagem nos

casos em que eacute combater a asthenia em

230

geral Diz indicada Diz o deistincto

Doutor Joseacute o illustrado Doutor Bacellar

do Rio Justino de Mello de Paranaguaacute

Grande do Sul Cautella com Imitaccedilotildees| A

venda em todas as Drogarias

Falsificaccedilotildees e Pharmacias Exija-se a

Legitima|Scott amp Bowne Chimicos New

York EUA

PALAVRA ASTHMA

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

asma Sf doenccedila caracterizada por

ataques repetitivos de dispneia XV Do

lat Asthma -atis e este do gr Aacutesthma -

tos

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

asma Sfpatol Condiccedilatildeo que se

caracteriza por acessos recorrentes de

dispneacuteia paroxiacutextica tosse e sensaccedilatildeo de

constriccedilatildeo por efeito da contraccedilatildeo

espasmoacutedica dos brocircnquios Em casos eacute

de natureza alergica

231

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 03 de janeiro de 1889 Satildeo Paulo

Correio Paulistano

Grande descoberta|O maior sucesso da

eacutepoca que atravessaacutemos eacute a descoberta do

prodigioso vegetal cujo vegetal em si a

acccedilatildeo maravilhosa de destruir todos os

virus de syphilitico A descoberta deste

remedio que eacute Vegetal Por|Excellencia eacute

a verdadeira Maravilha Do Seculo XIX

Os saacutebios|estudos de muitos annos e as

sucessivas experiecircncias do illustrado e

intelligente|senhor M Morato deram em

resultado que o grande remedio pura

exclusiva|e unicamente vegetal a que deu

o nome de ldquoExilir depurativo de M

Moratordquo|cura completa e rapidamente toda

syphilis curo o rheumatismo com

uma|felicidade espantosa cura a asthma

e usado convenientemente tem com |

espanto de centenas de pessoas curado o

terrivel mas a|Morphegravea |A grande

descoberta deste explendoroso remeacutedio eacute

a felicidade da|humanidade eacute o passo

mais gigantesco dado na medicina

Procurar ldquoExilir|depurativo de M

Moratordquo propagado por Doutor

Carlos|Agente Depositaacuterio Em Satildeo

Paulo|Peixoto Estella amp Companhia|Rua

de Satildeo Bento nuacutemero 11| Preccedilos|20 Exilir

ndash frasco 5$000 Duzia 50$000

232

PALAVRA BLENORRHAGIA

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

Blen(o)- elem Comp do Gr blenno- de

bleacutenna ndashos lsquomucorsquo ou bleacutennos lsquo humor

viscosorsquo que se documenta em alguns

compostos da linguagem meacutedica

internacional a partir do seacutec XIX ()

blenorragia | bennorrhagia 1844

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

Blenorragia Sf patol 1 eliminaccedilatildeo

excessiva de muco 2 V gonorreacuteia

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 04 de abril de 1889 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

Capsulas|Mathey-Caylus|Preparados pelo

doutor clin Premio Montyon|As Capsulas

Mathey ndash Caylus com Envolucro delgado

de Gluten natildeo fatigatildeo|nunca o estomago e

satildeo recommendadas pelos Professores das

Faculdades de|Medicina e os Hospitaes de

233

Paris Londres e New-York para a|cura

raacutepida dos|Corrimentos antigos ou

recentes a Gonorrhea a Blenorrhagia a

Cystite Du|Collo o Catarrho e as Molestia

da Bexigas dos oacutergatildeos genito urinarios|

Uma explicaccedilatildeo detalhada acompanha

cada Frasco|Exigir Verdadeiras Capsulas

Mathey ndash Caylus de clin amp Compagnie

de|Paris que se achatildeo em casa dos

Droguistas e Pharmaceuticos

PALAVRA CHLOROSIS

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

clor(o) elem comp do gr chloro- de

chloroacutes verde esverdeado que se

documenta em vaacuterios compostos

introduzidos a partir do seacute XIX na

linguagem cientiacutefica internacional ()

clorose | chlo- 1858 | Do fr chlorose

deriv do lat cient chlorosis -osticus ()

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

clorose S f 1 Patol anemia peculiar agrave

mulher assim chamada pelo tom amarelo-

esverdeado que imprime agrave pele()

234

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 01 de fevereiro de 1888 Campinas

Diaacuterio de Campinas

PRODUCTOS DE J-P

LAROZE||APROVADOS||pela junta de

Hygiena do Brasil||2 RUA DES LIONS-

SAINT-PAUL 2 PARIS||Xarope

Depurativo| de Casca de Laranja amarga

aos | Ioduretos de Potassio| contra

escrephulosas cancerosas syphiliticas

tumores brancos da agrura do sangue

etc| Xarope Ferruginoso| de Casca de

Laranja e Quassia amara ao | Proto-

Iodureto de Ferro| contra as cores pallidas

chlorose anemia doenccedilas de langor

rachitismo etc| Xarope Sedativo| de

Casca de Laranja amarga ao| Bromureto

de Potassio| calmante certo contra as

nevralgias a epilepsia o hysterico

insonia das crianccedilas todas as affecccedilotildees

nervosas| Deposito em todas as boas

Drogarias e Pharmacias

- 05 de julho de 1887 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

235

Tonico|Fevrifugo|Regenerador|vinho do

doutor johanno Quina Coca Extracto de

Carne e Hypophosphito|Recommendatildeo-

no nos casos que necessitatildeo toacutenicos

para|reconstruir e regenerar o organismo

arruinado por molestias|excessos

natureza do clima anemia chlorosis

amenorrhea cachxia|fluxo branco que

tanto arruinatildeo a saude das mulheres

pobreza de|sangue fraqueza geral

debilidade etc|H Vivien Droguista 50

Boulevard de Strasboug em Paris

PALAVRA CHOLERA

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

coacutelera Sf ira raiva fuacuteria (Pat) doenccedila

infecciosa aguda XV Do latcholera

deriv Do gr Choleacutera

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

coacutelera Sf () 4 Patol Doenccedila

infecciosa aguda contagiosa que pode

manisfestar-se sob forma epidecircmica

236

caracterizada em sua apresentaccedilatildeo

claacutessica por diarreacuteia abundante prostaccedilatildeo

e catildeimbras coacutelera-morbo

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

Santo JEAN de La Croix [gravura]|

AGUA | DE | MELISSA dos

CAMELITAS | BOYER | Unico successor

| dos Carmelitas | SAINTE THERESE

[gravura]| PARIS ndash 14 Rua de lrsquoAbbaye

14 ndash PARIS | EAU DES CARMES | RUE

TARANNE Nuacutemero 14 TRANSFEacuteREacuteE

14 RUE DE LrsquoABBAYE PARIS [brazatildeo]

| CONTRA | Apoplexia | Cholera | Enjocirco

do mar | Faltos | Coacutelicas | Indigestotildees |

Febre amarella etc | Ler o prospecto no

qual vai envolvido | cada vidro || Deve-se

exigir o letreiro branco e preto | em todos

os vidros | seja qual focircr o tamanho |

Desconfiar | AS | FALSIFICACcedilOtildeES | e |

Exigir a assignatura | de | [assinatura] |

DEPOSITO EM TODAS AS

PHARMACIAS | DO Universo

237

PALAVRA CIRURGIAtildeO

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

cirurgia sf lsquo(Med) medicina operatoacuteriarsquo |

1611 celorgia XIII cilurgia XIII

selorgia XIV etc | do lat med chirurgia

deriv do gr cheirourgiacutea lsquooperaccedilatildeo

manualrsquo (gr cheir lsquomatildeorsquo e ergoacuten

lsquotrabalhorsquo V ndashERG- e QUIR(O)- ||

cirugiatildeo sm lsquooperadorrsquo | XVI celorgiatildeo

XIII solyrgiatildees pl XIV sirurgiatildees pl

XIV selergiatildeo XV etc | do lat

chirurgianus || ciruacutergico 1758 Do lat

chirurgicus

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

cirurgiatildeo S m meacutedico que exerce a

cirurgia meacutedico-cirurgiatildeo operador ()

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 4 de marccedilo de 1853 Satildeo Paulo Aurora

Paulistana

CURA CERTA | e em pouco tempo de

todas as enfermidades provenientes de

vicio san- | guineo como ndashescrophulas

tube[r]- | culos lepra syphylis etc etce

[ilegiacutevel] | particular as affecccediloens de

238

pape[ilegiacutevel] | em seu principio ||

Etienne Lagarde || Pharmaceutico e

cirurgiatildeo das faculdades | Pariz e do Rio

de Janeiro ex-preparad[o] | do Curso de

Chimica da escola de medic[i]- | na e

pharmacia de Poi[furo]iers membro da

s[o]- | ciedade medica da mesma cidade e

corres- | pondente de algumas sociedades

scientificas || Attenccedilacirco || A experiencia

junto aacute perseveranccedila qu[e] | hoje tem sido

meus uacutenicos guias no trata[men]- | to das

enfermidades acima mencionadas os |

caracteres horriveis que ellas apresentatildeo |

desgostos que sobrevem as pessoas que

satildeo de | las attacadas deviatildeo naturalmente

attrahir | attenccedilatildeo de todo o homem amigo

da huma- | nidade || Antigamente estas

enfermidades se consi- | deravatildeo com um

principio contagioso o que | obrigava os

doentes a buscar longe das povo- | accedilotildees

uma morada tranquilla que lhes permi- |

tisse esperar com paciencia a hora que [o]

| Creador tivesse determinado para pocircr

term[]| a todos os seus soffrimentos hoje

porem assim | natildeo acontece os progressos

que tem feito [a] | sciencia medica com os

numerosos trabalhos | e investigaccedilotildees da

chimica tem em fim intro- | duzido na

therapeutica e posto aacute disposiccedilatildeo | dos

homens da sciencia um meio prophilati- |

cos contra estas crueis enfermidades

fazendo | assim esperar uma prompta cura

a todos | aquelles que o quizerem abraccedilar

239

|| Penetrado do sentimento o mais sincero

da | philantropia do amor aacute sociedade

offereccedilo o[s] | meus recursos meacutedicos e

pharmaceuticos ad- | quiridos por um

aturado e longo estudo da na- | tureza

humana Ersquo pois com os medicamen- | tos

preparados por minhas proacuteprias matildeos

qu[e] | me proponho a curar a todos

aquelles que m[e] | quizerem procurar ||

Estou certo que os epithetos de ndash charlatatildeo

| e especulador ndash ser-me-hatildeo lanccedilados por

al- | guns ao lerem este meu annuncio

porem natildeo | seraacute por homens sensatos que

serei assim [ilegiacutevel] | xado O sabio

indaga consulta ouve [ilegiacutevel] | entre

voacutes (como eu creio) existe algum

rec[ilegiacutevel] | conhecimento recebei de

antematildeo toda a mi- | nha gratidatildeo || A

voacutes enfermos eu dirijo meus offereci- |

mentos eu saberei consolar-vos e talvez

da[r]- | vos a panaceacutea beneacutefica da saude

que tan[furo] | desejaes || Seja o

reconhecimento o fructo de meu[s] |

trabalhos e o uacutenico tributo que desejo

obte[r] | daquelles que me quizerem

honrar com sua[s] | consultas|| Dirijatildeo-se

ao Hotel Paulistano na rua d[e] | Satildeo

Bento nuacutemero 35

240

PALAVRA CYSTITE

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

Cist(i) elem Comp do lat Cystis deriv

Do Gr kyrsquo stisrsquo ndash eos ndashidos lsquobexiga

vesiacutecularsquo que se documenta em alguns

compostos introduzidos a partir do seacutec

XIX na linguagem da medicina ()

cisitite | cys- 1844 | do fr Cystite

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

Cistite Sf patol inflamaccedilatildeo na bexiga

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 04 de abril de 1889 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

Capsulas|Mathey-Caylus|Preparados pelo

doutor clin Premio Montyon|As Capsulas

Mathey ndash Caylus com Envolucro delgado

de Gluten natildeo fatigatildeo|nunca o estomago e

satildeo recommendadas pelos Professores das

Faculdades de|Medicina e os Hospitaes de

Paris Londres e New-York para a|cura

raacutepida dos|Corrimentos antigos ou

recentes a Gonorrhea a Blenorrhagia a

Cystite Du|Collo o Catarrho e as

241

Molestia da Bexigas dos oacutergatildeos genito

urinarios| Uma explicaccedilatildeo detalhada

acompanha cada Frasco|Exigir

Verdadeiras Capsulas Mathey ndash Caylus de

clin amp Compagnie de|Paris que se achatildeo

em casa dos Droguistas e Pharmaceuticos

PALAVRA DARTRES

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

dartos Sm membrana que envolve os

testiacuteculos situada abaixo da pele do

escroto agrave qual adere intimamente 1858

do gr Dartoacutes (chitoacuten) membrana do

escroto por via erudita

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

darto Sm AnatMembrana que envolve

os testiacuteculos situada sob a pele do

escroto agrave qual adere intimamente

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 20 de julho de 1887 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

242

Syfilis Adquirida ou Hereditaacuteria em todo

os periodos accidentes segundarios|e

terciaacuterios que resultatildeo drsquoella Ulceraccedilatildeo

da bocca e da garganta|gommas

exostoses carie dos ossos rheumatismos

ulceras impotencia etc etc|Scrofulas

viacutecios do sangue molestias da pelle

(Dartres ecleacutemas lepra | herpes)- Cura

certa raacutepida e radical pelos celebres

BISCOUTOS|DEPURATIVOS do

DrsquoOLLIVIER o mais poderoso anti-

syphilitico e|receitado haacute mais de 60

annos pelos mais illustrados

profissionaes|eacute o unico remedio no

mundo inteiro approvado pela Academia

de|Medicina de Paris unico premiado

com Recompensa Nacional de 24000|

Francos||Deposito Geral 62 Rua de

Rivali Paris| Em Satildeo Paulo Martins

Labre amp Companhia

- 11 de abril de 1889 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

syfilis Adquirida ou Hereditaacuteria em todo

os periodos accidentes segundarios e|

terciaacuterios que resultatildeo drsquoella Ulceraccedilatildeo

da bocca e da garganta Gommas|

243

Exostoses Carie dos ossos

Rheumatismos Ulceras Impotencia etc

etc|Scrofulas Viacutecios do Sangue

Molestias da pelle (Dartres Eczeacutemas

Lepra | Herpes)- Cura certa raacutepida e

radical pelos celebres biscoutos

depurativos|do drsquoollivier o mais poderoso

anti-syphilitico e receitado haacute mais de 60

annos| pelos mais illustrados

profissionaes|eacute o unico remedio no

mundo inteiro| Approvado pela Academia

de Medicina de Paris unico premiado

com|Recompensa Nacional de 24000

Francos|Deposito Geral 62 Rua de

Rivolli Paris| Em Satildeo Paulo Martins

Labre amp [Companhia]

PALAVRA DIABETE

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

dianbete(s) sm e f lsquo(Med) estado

patoloacutegico que se caracteriza por um

acreacutescimo anormal do volume da urinarsquo

1813 Provavelmente do fr diabete do lat

tard diabetes e este do gr diabetes

lsquosifatildeorsquo de diabaiacutenen lsquotraspor atravessarrsquo

Modernamente com o avanccedilo das

pesquisas meacutedicas a diabetes teraacute outra

244

conceituaccedilatildeo ()

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

diabetes sm e f patol 1 Siacutendrome

caracterizada por uma eliminaccedilatildeo

exagerada e permanente de urina 2 restr

V diabetes melito [var diabete] diams

diabetes accedilucarada Patol V melituacuteria

diabetes accedilucarado Patol V melituacuteria

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

CURA CERTA DAS MOLESTIAS

NERVOSAS | Epilepsia ndash Hysteria |

Choreatilde | Hystero-Epilepsia | Molestias do

Cerebro | e do Espinhaccedilo | Diabete

assucarado || PELO || XAROPE DE

HENRY MURE || com Bromureto de

Potassium chimicamente puro || BOM

EXITO VERIFICADO POR 15 ANNOS

DE EXPERIENCIAS | NOS HOSPITAES

DE PARIS | Uma Noticia muito

importante seraacute dirigida a quem a pedir |

HENRY MURE em Pont-St-Esprit

(Franccedila)|| Deposito em todas as principaes

Pharmacias

245

PALAVRA ECZEacuteMAS

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

Eczema sm lsquo(patol) dermatose

inflamatoacuteria caracterizada pela formaccedilatildeo

de vesiacuteculas confluentes exsudatos e

crostasrsquo 1881 do lat Cient eczema deriv

Do Gr ekzema ndashatos ()

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

Eczema Sm patol Dermatose

inflamatoacuteria caracterizada pela formaccedilatildeo

de vesiacuteculas confluentes exsudatos e

crostas e provocada por diferentes causas

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 20 de julho de 1887 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

Syfilis Adquirida ou Hereditaacuteria em todo

os periodos accidentes segundarios|e

terciaacuterios que resultatildeo drsquoella Ulceraccedilatildeo

246

da bocca e da garganta|gommas

exostoses carie dos ossos rheumatismos

ulceras impotencia etc etc|Scrofulas

viacutecios do sangue molestias da pelle

(Dartres ecleacutemas lepra | herpes)- Cura

certa raacutepida e radical pelos celebres

BISCOUTOS|DEPURATIVOS do

DrsquoOLLIVIER o mais poderoso anti-

syphilitico e|receitado haacute mais de 60

annos pelos mais illustrados

profissionaes|eacute o unico remedio no

mundo inteiro approvado pela Academia

de|Medicina de Paris unico premiado

com Recompensa Nacional de 24000|

Francos||Deposito Geral 62 Rua de

Rivali Paris| Em Satildeo Paulo Martins

Labre amp Companhia

- 11 de abril de 1889 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

syfilis Adquirida ou Hereditaacuteria em todo

os periodos accidentes segundarios e|

terciaacuterios que resultatildeo drsquoella Ulceraccedilatildeo

da bocca e da garganta Gommas|

Exostoses Carie dos ossos

Rheumatismos Ulceras Impotencia etc

etc|Scrofulas Viacutecios do Sangue

Molestias da pelle (Dartres Eczeacutemas

247

Lepra | Herpes)- Cura certa raacutepida e

radical pelos celebres biscoutos

depurativos|do drsquoollivier o mais poderoso

anti-syphilitico e receitado haacute mais de 60

annos| pelos mais illustrados

profissionaes|eacute o unico remedio no

mundo inteiro| Approvado pela Academia

de Medicina de Paris unico premiado

com|Recompensa Nacional de 24000

Francos|Deposito Geral 62 Rua de

Rivolli Paris| Em Satildeo Paulo Martins

Labre amp [Companhia]

PALAVRA ELIXIR

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

elixir sm bebida medicamentosa

balsacircmica ou confortadora XVIII Do fr

Eacutelixir deriv Do deriv Do aacuter Eliksir

pedra filosofal e este do gr Kseron

medicamento

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

elixir S m 1 confeiccedilatildeo farmacecircutica de

xaropes com alcoolatos 2 bebida

deliciosa balsacircmica ou confortadora 3

Fig Aquilo que tem efeito maacutegico ou

248

miraculoso filtro

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 01 de fevereiro de 1888 Campinas

Diaacuterio de Campinas

O Elixir alimenticio Ducro e muito

agradavel ao paladar e as pessoas a quem

mais repugnam os aimentos o tomam ateacute

por gosto| Eacute um tonico poderosissimo

aconselhado para as mulheres e a crianccedilas

delicadas os velhos os convalescentes em

que desperta o appetite e restabelece as

forccedilas| Convem sobretudo nos paizes

quentes onde as forccedilas diminuem pela

transpiraccedilatildeo e onde se esta sujeito a

molestias contagiosas - Para mais

detalhes leia-se o prospecto que

acompanha cada vidro| Pariz 20 Place

des Vosges|| E EM TODAS AS

PHARMACIAS

- 03 de janeiro de 1889 Satildeo Paulo

Correio Paulistano

Grande descoberta|O maior sucesso da

eacutepoca que atravessaacutemos eacute a descoberta do

249

prodigioso vegetal cujo vegetal em si a

acccedilatildeo maravilhosa de destruir todos os

virus de syphilitico A descoberta deste

remedio que eacute Vegetal Por|Excellencia eacute

a verdadeira Maravilha Do Seculo XIX

Os saacutebios|estudos de muitos annos e as

sucessivas experiecircncias do illustrado e

intelligente|senhor M Morato deram em

resultado que o grande remedio pura

exclusiva|e unicamente vegetal a que deu

o nome de ldquoExilir depurativo de M

Moratordquo|cura completa e rapidamente toda

syphilis curo o rheumatismo com

uma|felicidade espantosa cura a asthma

e usado convenientemente tem com |

espanto de centenas de pessoas curado o

terrivel mas a|Morphegravea |A grande

descoberta deste explendoroso remeacutedio eacute

a felicidade da|humanidade eacute o passo

mais gigantesco dado na medicina

Procurar ldquoExilir|depurativo de M

Moratordquo propagado por Doutor

Carlos|Agente Depositaacuterio Em Satildeo

Paulo|Peixoto Estella amp Companhia|Rua

de Satildeo Bento nuacutemero 11| Preccedilos|20 Exilir

ndash frasco 5$000 Duzia 50$000

PALAVRA EPILEPSIA

250

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

epilepsia sm (Patol) doenccedila nervosa

com manifestaccedilotildees ocasionais suacutebitas e

raacutepidas entre as quais sobressaem

convulsotildees e distuacuterbios da consciecircncia

XVII Do lat Tard Epilepsia -ae deriv

Do gr Epilepsiacutea

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

epilepsia sfPatol Afecccedilatildeo de que haacute

alguns tipos que incide no homem e em

vaacuterios animais (alguns quadruacutepedes e

certas aves) e consiste em acessos

recidivantes de distuacuterbios de cosciecircncia ou

de outras funccedilotildees psiacutequicas movimentos

musculares involuntaacuterios e perturbaccedilotildees

do sistema nervoso autocircnomo Estes

sintomas de repeticcedilatildeo satildeo concomitantes a

descarga disriacutetmica de neurocircnios

encefaacutelicos registrados por

eletrencegalogramas [em termos de

distuacuterbio funcional a epilepsia eacute uma

disritmia cerebral paroxiacutestica sintomaacutetica]

()

PERIOacuteDICO

DATA

- 01 de fevereiro de 1888 Campinas

Diaacuterio de Campinas

251

E

CIDADE DE ORIGEM

PRODUCTOS DE J-P

LAROZE||APROVADOS||pela junta de

Hygiena do Brasil||2 RUA DES LIONS-

SAINT-PAUL 2 PARIS||Xarope

Depurativo| de Casca de Laranja amarga

aos | Ioduretos de Potassio| contra

escrephulosas cancerosas syphiliticas

tumores brancos da agrura do sangue

etc| Xarope Ferruginoso| de Casca de

Laranja e Quassia amara ao | Proto-

Iodureto de Ferro| contra as cores pallidas

chlorose anemia doenccedilas de langor

rachitismo etc| Xarope Sedativo| de

Casca de Laranja amarga ao| Bromureto

de Potassio| calmante certo contra as

nevralgias a epilepsia o hysterico

insonia das crianccedilas todas as affecccedilotildees

nervosas| Deposito em todas as boas

Drogarias e Pharmacias

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

CURA CERTA DAS MOLESTIAS

NERVOSAS | Epilepsia ndash Hysteria |

Choreatilde | Hystero-Epilepsia | Molestias do

Cerebro | e do Espinhaccedilo | Diabetes

assucarado || PELO || XAROPE DE

HENRY MURE || com Bromureto de

252

Potassium chimicamente puro || BOM

EXITO VERIFICADO POR 15 ANNOS

DE EXPERIENCIAS | NOS HOSPITAES

DE PARIS | Uma Noticia muito

importante seraacute dirigida a quem a pedir |

HENRY MURE em Pont-St-Esprit

(Franccedila)|| Deposito em todas as principaes

Pharmacias

PALAVRA EPILEPSIA-HYSTERIA

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

SEM REGISTRO DO

COMPOSTO

hister(o) elem Comp do gr Hysteacutera

uacutetero que se documenta em alguns vocs

Formados no proacuteprio grego como

histeacuterico por exemplo e em vaacuterios outros

introduzidos a partir do seacutec XIX na

linguagem cientiacutefica internacional () |

histeria 1858

+

253

epilepsia sm (Patol) doenccedila nervosa

com manifestaccedilotildees ocasionais suacutebitas e

raacutepidas entre as quais sobressaem

convulsotildees e distuacuterbios da consciecircncia

XVII Do lat Tard Epilepsia -ae deriv

Do gr Epilepsiacutea

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

SEM REGISTRO DO COMPOSTO

Histeria Sf psiq Afecccedilatildeo mental cujos

sistemas se baseiam em conversatildeo e

caracterizada por falta de controle sobre

atos e emoccedilotildees ansiedade sentido

moacuterbido de autoconsciecircncia exagero do

efeito de impressotildees sensoriais e por

simulaccedilatildeo de diversas doenccedilas

+

epilepsia sfPatol Afecccedilatildeo de que haacute

alguns tipos que incide no homem e em

vaacuterios animais (alguns quadruacutepedes e

certas aves) e consiste em acessos

recidivantes de distuacuterbios de cosciecircncia ou

de outras funccedilotildees psiacutequicas movimentos

musculares involuntaacuterios e perturbaccedilotildees

do sistema nervoso autocircnomo Estes

254

sintomas de repeticcedilatildeo satildeo concomitantes a

descarga disriacutetmica de neurocircnios

encefaacutelicos registrados por

eletrencegalogramas [em termos de

distuacuterbio funcional a epilepsia eacute uma

disritmia cerebral paroxiacutestica sintomaacutetica]

()

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 07 de julho de 1887 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

Cura Certa das Molestias Nervosas

Epilepsia-Hysteria Molestias do Cerebro

e do Espinhaccedilo|Choreatilde Diabete

Assucarado Hystero-Epilepsia Xarope de

Henry Bom exito verificado por 15 annos

de experiencia nos Hos|pitaes de

Paris|Uma notiacutecia muito importante seraacute

dirigida a quem a pedir| depositos em

todas as principaes Pharmacias

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

CURA CERTA DAS MOLESTIAS

255

NERVOSAS | Epilepsia ndash Hysteria |

Choreatilde | Hystero-Epilepsia | Molestias do

Cerebro | e do Espinhaccedilo | Diabetes

assucarado || PELO || XAROPE DE

HENRY MURE || com Bromureto de

Potassium chimicamente puro || BOM

EXITO VERIFICADO POR 15 ANNOS

DE EXPERIENCIAS | NOS HOSPITAES

DE PARIS | Uma Noticia muito

importante seraacute dirigida a quem a pedir |

HENRY MURE em Pont-St-Esprit

(Franccedila)|| Deposito em todas as principaes

Pharmacias

PALAVRA EXOSTOSES

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

Ex(o)- elem Comp do Gr eacutexo lsquofora fora

de para forarsquo que jaacute se documenta em

vcs formados no proacuteprio grego como

ecircxodo e em muitos outros introduzidos na

linguagem cientiacutefica internacional a partir

do seacutec XIX () exostose sf lsquo(Med)

proliferaccedilatildeo oacutessea na superfiacutecie de um

ossorsquo ldquo(Bot) excrescecircncia no tronco de

algumas aacutervoresrsquo | -sis 1844 | do fr

Exostose deriv Do lat Cient exostosis e

este do Gr exoacutestosis ()

256

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

Exostose (z) sf 1 med Proliferaccedilatildeo

oacutessea na superfiacutecie de um osso 2 morfol

Veg Excrescecircncia no tronco de algumas

aacutervores

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 20 de julho de 1887 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

Syfilis Adquirida ou Hereditaacuteria em todo

os periodos accidentes segundarios|e

terciaacuterios que resultatildeo drsquoella Ulceraccedilatildeo

da bocca e da garganta|gommas

exostoses carie dos ossos rheumatismos

ulceras impotencia etc etc|Scrofulas

viacutecios do sangue molestias da pelle

(Dartres ecleacutemas lepra | herpes)- Cura

certa raacutepida e radical pelos celebres

BISCOUTOS|DEPURATIVOS do

DrsquoOLLIVIER o mais poderoso anti-

syphilitico e|receitado haacute mais de 60

annos pelos mais illustrados

profissionaes|eacute o unico remedio no

mundo inteiro approvado pela Academia

de|Medicina de Paris unico premiado

com Recompensa Nacional de 24000|

Francos||Deposito Geral 62 Rua de

257

Rivali Paris| Em Satildeo Paulo Martins

Labre amp Companhia

- 11 de abril de 1889 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

syfilis Adquirida ou Hereditaacuteria em todo

os periodos accidentes segundarios e|

terciaacuterios que resultatildeo drsquoella Ulceraccedilatildeo

da bocca e da garganta Gommas|

Exostoses Carie dos ossos

Rheumatismos Ulceras Impotencia etc

etc|Scrofulas Viacutecios do Sangue

Molestias da pelle (Dartres Eczeacutemas

Lepra | Herpes)- Cura certa raacutepida e

radical pelos celebres biscoutos

depurativos|do drsquoollivier o mais poderoso

anti-syphilitico e receitado haacute mais de 60

annos| pelos mais illustrados

profissionaes|eacute o unico remedio no

mundo inteiro| Approvado pela Academia

de Medicina de Paris unico premiado

com|Recompensa Nacional de 24000

Francos|Deposito Geral 62 Rua de

Rivolli Paris| Em Satildeo Paulo Martins

Labre amp [Companhia]

258

PALAVRA GONORRHEacuteA

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

-gon(o)sup2- elem Comp deriv Do Gr

gono- de goacutenos (goneacute) lsquogeraccedilatildeo oacutergatildeo

genitaisrsquo lsquosemente espermarsquo que jaacute se

documenta em compostos formados no

proacuteprio grego como gonorreacuteia por

exemplo e em alguns vocs introduzidos

na linguagem cientiacutefica internacional a

partir do seacutec XIX () gonorreacuteia | -rrhea

XVIII ()

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

Gonorreacuteia Sf patol Infecccedilatildeo veneacuteria

purulenta que surge com poucos dias de

incubaccedilatildeo e localiza inicialmente na

uretra donde pode estender-se a outras

estruturas urinaacuterias e genitais no homem

ou na mulher Aleacutem das precedentes pode

ter localizaccedilatildeo no reto articulaccedilotildees e

conjuntiva ocular [sin blenorragia]

PERIOacuteDICO

- 04 de abril de 1889 Satildeo Paulo Correio

259

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

Paulistano

Capsulas|Mathey-Caylus|Preparados pelo

doutor clin Premio Montyon|As Capsulas

Mathey ndash Caylus com Envolucro delgado

de Gluten natildeo fatigatildeo|nunca o estomago e

satildeo recommendadas pelos Professores das

Faculdades de|Medicina e os Hospitaes de

Paris Londres e New-York para a|cura

raacutepida dos|Corrimentos antigos ou

recentes a Gonorrhea a Blenorrhagia a

Cystite Du|Collo o Catarrho e as Molestia

da Bexigas dos oacutergatildeos genito urinarios|

Uma explicaccedilatildeo detalhada acompanha

cada Frasco|Exigir Verdadeiras Capsulas

Mathey ndash Caylus de clin amp Compagnie

de|Paris que se achatildeo em casa dos

Droguistas e Pharmaceuticos

PALAVRA HERPES

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

Herpes sm pl lsquo(med) erupccedilatildeo aguda de

vesiacuteculas agrupadas em nuacutemero variado e

de localizaccedilatildeo cutacircnea ou mucosarsquo | erpes

| do fr Herpes deriv Do lat Herpes ndashetis

e este do Gr herpes ()

260

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

Herpes sm 2n 1 patol Dermatose

inflamatoacuteria caracterizada pela formaccedilatildeo

de pequenas vesiacuteculas que se apresentam

em grupo 2 fig Mal contagioso estrago

podridatildeo

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 20 de julho de 1887 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

Syfilis Adquirida ou Hereditaacuteria em todo

os periodos accidentes segundarios|e

terciaacuterios que resultatildeo drsquoella Ulceraccedilatildeo

da bocca e da garganta|gommas

exostoses carie dos ossos rheumatismos

ulceras impotencia etc etc|Scrofulas

viacutecios do sangue molestias da pelle

(Dartres ecleacutemas lepra | herpes)- Cura

certa raacutepida e radical pelos celebres

BISCOUTOS|DEPURATIVOS do

DrsquoOLLIVIER o mais poderoso anti-

syphilitico e|receitado haacute mais de 60

annos pelos mais illustrados

profissionaes|eacute o unico remedio no

mundo inteiro approvado pela Academia

de|Medicina de Paris unico premiado

com Recompensa Nacional de 24000|

Francos||Deposito Geral 62 Rua de

261

Rivali Paris| Em Satildeo Paulo Martins

Labre amp Companhia

- 11 de abril de 1889 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

syfilis Adquirida ou Hereditaacuteria em todo

os periodos accidentes segundarios e|

terciaacuterios que resultatildeo drsquoella Ulceraccedilatildeo

da bocca e da garganta Gommas|

Exostoses Carie dos ossos

Rheumatismos Ulceras Impotencia etc

etc|Scrofulas Viacutecios do Sangue

Molestias da pelle (Dartres Eczeacutemas

Lepra | Herpes)- Cura certa raacutepida e

radical pelos celebres biscoutos

depurativos|do drsquoollivier o mais poderoso

anti-syphilitico e receitado haacute mais de 60

annos| pelos mais illustrados

profissionaes|eacute o unico remedio no

mundo inteiro| Approvado pela Academia

de Medicina de Paris unico premiado

com|Recompensa Nacional de 24000

Francos|Deposito Geral 62 Rua de

Rivolli Paris| Em Satildeo Paulo Martins

Labre amp [Companhia]

262

PALAVRA HOMEOPATHIA

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

homeo- elem comp do gr homoios da

mesma natureza igual semelhante que

se documenta em alguns compostos

introduzidos a partir do seacutec XIX na

linguagem cientiacutefica internacional ()

homeopatia | -thia 1858 | Do fr

homeacuteopathie deriv do al Homoumlopathie

voc criado em 1796 pelo meacutedico alematildeo

SCFHahnemann ()

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

homeopatia S f Med Sistema terpecircutico

criado por Christian Friederich Samuel

Hahnemann (1755-1843) que consiste em

tratar as doenccedilas por meio de substacircncias

ministradas em doses diluiacutedas a ponto de

se tornarem por vezes infinitesimas

capazes de produzir em indiviacuteduos satildeos

quadros cliacutenicos semelhantes aos que

apresentam os doentes a serem tratados

()

- 15 de outubro de 1852 Satildeo Paulo

263

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

Aurora Paulistana

- 31 de outubro de 1852 Satildeo Paulo

Aurora Paulistana

HOMŒOPATHIA PURA | RUA

DIREITA NUacuteMERO 17 | O medico-

cirurgiatildeo Joseacute Maria de | Souza tem a

honra de declarar a to- | das aquellas

pessoas que quizeres | honrar com sua

confianccedila que elle se | acha novamente

residindo nesta ci- | dade rua Direita

nuacutemero 17 onde continuacutea | a exercer a sua

profissatildeo pelo syste- | ma homœopathico

e onde seraacute encon- | trado a qualquer hora

do dia ou da | noite O annunciante

tambem arran- | ca lima e chumba dentes

e faz todas | as outras operaccedilotildees que diz

respeito | a esta arte com a maior

perfeiccedilatildeo|| Os pobres seratildeo tratados

gratuita- | mente

- 05 de fevereiro de 1867 Satildeo Paulo

Correio Paulistano

NA CASA GARRAUX || LARGO DA SEacute

|| Encontra-se os artigos seguintes ||Papel

para desenho || Papel de luto || Papel de

peso || Papel almasso || Papel florete ||

264

Papel Hollanda || Papel de phantasia ||

Papel de cartas || Envelppes brancos ||

Enveloppes de cores || Enveloppes de luto

|| Enveloppes commerciaes || Enveloppes

forrados de panno || Cartotildees de visita ||

Ditos para casamentos || Tinteiro de vidro

|| Tinteiro de crystal || Tinteiro de bronze ||

Tinteiro ricos de phantasia || Pennas de

accedilo de varias qualidades || Pennas de ave

|| Sinetas || Canivetes || Pacas de cortar

papel || Lacre || Obreiras || Imagens ||

Quadros de devoccedilatildeo || Desenhos || Albuns

para desenhos || Aacutelbuns para photographia

|| Quadros para photographia || Carteiras ||

Estojos de viagem || Caixas de perfumaria

|| Caixas de papelaria || Caixas de costura

com musica || Caixa de mathematicas ||

Caixas de tintas || Tintas de escrever ||

Livro de direito || Livros de litteratura ||

Livros de devoccedilatildeo || Livros de educaccedilatildeo ||

Livros de homœopathia || Livros de

missa || Horas Marianas || Livros de luxo

para presentes || Objectos de phantasia

para presentes || Lapis || Baralho de cartas

|| Baralhos de cartas de phantasia ||

Bengallas || Livros para apontamentos ||

Stereoscopos || Folhinhas do anno || Pastas

|| E muito mais objectos || Grande

sortimento de papel pintado | para forrar

casas fabricados em Paris | desde 500 reacuteis

a peccedila para cima | Guarniccedilatildeo roda-peacute

paisagens etc | Esta casa recebe

directamente da Europa todos seus livors e

265

mercado- | rias e destrsquoarte poacutede offerecer

aacutes pessoas que a Ella se dirigem

considera- | veis vantagens

PALAVRA HOMEOPHATICOS

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

homeo- elem comp do gr homoios da

mesma natureza igual semelhante que

se documenta em alguns compostos

introduzidos a partir do seacutec XIX na

linguagem cientiacutefica internacional ()

homeopatico | -thico 1858 ()

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

homeopaacutetico adj 1 Relativo ou

pertencente agrave homeopatia [Antocircn

alopaacutetico] 2 fig Muito pequeno iacutenfimo

insignificante

PERIOacuteDICO

DATA

E

- 26 de maio de 1872 Campinas Gazeta

de Campinas

Medicamentos Homeopathicos|No

266

CIDADE DE ORIGEM estabelecimento do Roso amp Filho em

liquidaccedilatildeo aacute rua do Commercio nuacutemero

45 encontra-se sempre grande sortimento

destes medicamentos em tinturas

globulos e opodeldoc de Bryonia Rhux

para rheumatismo do laboratoio do doutor

Cochrane amp Pinho do Rio de Janeiro

bem assim livros homeopathicos

- 21 de agosto de 1852 Aurora

Paulistana Satildeo Paulo

Mudanccedila de Domicilio | O consultoacuterio

homœeopathico de Can- | dido Ribeiro

dos Santos mudou-se da | rua da Freira

para a rua da Cruz Preta | nuacutemero 30 na

casa onde morou o Doutor Joatildeo

Nepomuceno de Souza Freire No mes- |

mo consultorio acha-se aacute venda boticas |

homœopathicas

- 15 de outubro de 1852 Satildeo Paulo

Aurora Paulistana

- 31 de outubro de 1852 Satildeo Paulo

Aurora Paulistana

267

HOMŒOPATHIA PURA | RUA

DIREITA NUacuteMERO 17 | O medico-

cirurgiatildeo Joseacute Maria de | Souza tem a

honra de declarar a to- | das aquellas

pessoas que quizeres | honrar com sua

confianccedila que elle se | acha novamente

residindo nesta ci- | dade rua Direita

nuacutemero 17 onde continuacutea | a exercer a sua

profissatildeo pelo syste- | ma homœopathico

e onde seraacute encon- | trado a qualquer hora

do dia ou da | noite O annunciante

tambem arran- | ca lima e chumba dentes

e faz todas | as outras operaccedilotildees que diz

respeito | a esta arte com a maior

perfeiccedilatildeo|| Os pobres seratildeo tratados

gratuita- | mente

PALAVRA HYGIENE

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

higiene Sf conhecimento da ou praacutetica

relativa agrave manutenccedilatildeo da sauacutede ciecircncia

sanitaacuteria ext limpeza asseio | hyg- 1844

| do fr Hygiegravene deriv Do gr Hygieneacute

substantivaccedilatildeo do fem de hygienoacutes satildeo

que tem sauacutede

268

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

higiene Sf 1 Ciecircncia que visa agrave

preservaccedilatildeo da sauacutede e agrave prevenccedilatildeo de

doenccedilas 2 fig limpeza asseio

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 01 de fevereiro de 1888 Campinas

Diaacuterio de Campinas

PRODUCTOS DE J-P

LAROZE||APROVADOS||pela junta de

Hygiena do Brasil||2 RUA DES LIONS-

SAINT-PAUL 2 PARIS||Xarope

Depurativo| de Casca de Laranja amarga

aos | Ioduretos de Potassio| contra

escrephulosas cancerosas syphiliticas

tumores brancos da agrura do sangue

etc| Xarope Ferruginoso| de Casca de

Laranja e Quassia amara ao | Proto-

Iodureto de Ferro| contra as cores pallidas

chlorose anemia doenccedilas de langor

rachitismo etc| Xarope Sedativo| de

Casca de Laranja amarga ao| Bromureto

de Potassio| calmante certo contra as

nevralgias a epilepsia o hysterico

insonia das crianccedilas todas as affecccedilotildees

nervosas| Deposito em todas as boas

Drogarias e Pharmacias

269

- 13 de julho de 1879 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

Essencia depurativa ferru|ginosa do doutor

A A Ribeiro|PREPARADO POR J

PASSOS EXAMINADA E

AUCTORISADA PELA

EXCELENTIacuteSSIMA JUNTA|CENTRAL

DE HYGIENE PUBLICA| Este

prodigioso medicamento o mais effi|caz

contra as molestias syphiliticas

bouba|ticas escrophulas e rheumaticas

acha-se aacute|venda no deposito abaixo|

Encarecer as virtudes desse preparo

focircra|repetir o que eacute unanimemente

proclamado|pelas mais celebres

summidades medicas|do Rio de Janeiro

Campos Nitheroy etc|Chamamos a

attenccedilatildeo do publico para o al|manak que

se distribue no nosso deposito|Uacutenico

deposito nesta capital os senhores

Fonse|Ca e Kiehl ndash Pharmacia Ypiranga ndash

rua Di|reita nuacutemero 32|Uacutenico deposito do

UNGUENTO MOREL|na mesma

pharmacia

270

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

Grande Ecircxito ha mais de 30 annos ||

XAROPE DE BLAYN || Licenciado pela

Inspectoria de Hygiene do Imperio do

Brazil || Este Medicamento de sabor

agradaacutevel | eacute adoptado pelos melhores

Meacutedicos de Paris | CONTRA |

DEFLUXOS GRIPPE TOSSE DORES

DE GARGANTA | CATARRO

PULMONAR | IRRITACcedilOtildeES do PEITO

das VIAS URINARIAS | e da BEXIGA ||

PARIS ndash Pharmacia BLAYN 8 Avenue

Victoria ndash Paris || Depositos em todas as

principaes Pharmacias

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistasno

Belleza ndash Hygiena ndash Saude ||

PERFUMARIA HERMOSA || ULTIMA

NOVIDADE PREPARADA

CONFORME OS PROCESSOS

SCIENTIFICOS OS MAIS

APERFEICcedilOADOS || Marca registrada ||

ESSecircncia HERMOSA | HERMOSA-OIL |

LOCcedilAtildeO HERMOSA | AGUA de

271

HERMOSA | HERMOSALINA | AGUA

de TOILETTE | PASTA de CEREJA |

PASTA de LIRIO | Produtos

SUPERIORES de RECOMMENDADOS

|| AJON Perfumista 62 B de Strasbourg

PARIS || DEPOSITARIOS EM Satildeo Paulo

amp VICTOR NOTHMAN amp Companhia

NAS PRINCIPAES CASAS DE

PERFUMARIAS

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

Licenciado pela Inspectoria de Hygiene

do Impeacuterio do Brazil || CAPSULAS DE

SANDALO CRITIN | de Savaresse |

Preparaccedilatildeo alguma eacute mais efficaz contra

as | MOLESTIAS SECRETAS | do que as

famosas Capsulas universalmente

recommendadas pelos Meacutedicos | Uma

caixa (com instrucccedilotildees completas para o

tratamento) cura geralmente dentro de

uma semana | EVANS SONS amp

Companhia em LIVERPOOL ndash EVANS

LESCHER amp WEBB em LONDRES |

DEPOSITOS EM TODAS AS

PRINCIPAES PHARMACIAS

272

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

VERDAEIROS GRAtildeOS DE SAUDE DO

DoutoR FRENCK || LICENCIADOS

PELA INSPECTORIA GERAL DE

HYGIENE DO IMPERIO DO BRAZIL ||

Aparientes Estomachinos Purgativos

Depurativos | Contra a Falta de appetite a

Obstruccedilatildeo a Enxaqueca as Vertigems |

as congestotildees etc ndash Dose ordinaria 1 2

aacute 3 gratildeos || Desconfiar as falsificaccedilotildees ndash

Exigir o rotulo junto imprimido em

frencez | e com letras de 4 cores sendo |

cada letra de uma cocircr differente e | O

Sello da Uniatildeo dos Fabricantes | Em

Pariz Pharmacia Leroy ndash Depoacutesitos em

todas as principaes pharmacias

PALAVRA HYGIENICO(A)

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

higiene Sf conhecimento da ou preacutetica

relativa agrave manutenccedilatildeo da sauacutede ciecircncia

sanitaacuteria ext limpeza asseio | hyg- 1858

| do fr Hygieacutenique ()

273

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

higiecircnico adj 1 Referente agrave higiene 2

propiacutecio agrave sauacutede 3 limpo asseado

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 01 de janeiro de 1899 Satildeo Paulo A

Notiacutecia

LYCEU PAULISTA| Rua Santa Luzia

7|e Rua Bonita nuacutemero 4| proximo a Rua

Concelheiro Furtado| CAIXA POSTAL

271 - Satildeo Paulo| Este conhecido collegio

funcciona em um predio vasto e

hygienico Instrucccedilatildeo primaria e

secundaria completa Corpo docente

escrupulosamente escolhido Prepara

alumnos para as academias e para o

commercio Remettem-se prospectos

|Entrada dos internos no dia 15 de

Janeiro| Reabertura das aulas no dia 16 de

Janeiro|O DIRECTOR| JG

Vanderveiken

- 05 de julho de 1887 Satildeo Paulo Correio

Paulista

274

Alcatratildeo de Guyot|Gordon de Guyot

Purifica o sangue augmenta o apetite

levanta as forccedilas e eacute efficaz|em todas as

doenccedilas dos pulmocirces catarrhas da bexiga

e|affecccedilocirces das mucosas|O Alcatracirco de

Guyot foi experimentado som vantagem

real nos|principatildees hospitatildees de Franccedila

da Beacutelgica e Espanha|Durante os calocircres

e em tempo epidemico eacute uma

bebida|hygienica e preservadora Um soacute

vidro basta para preparar doze|litras

drsquouma bebida salutarissima|O Alcatracirco de

Guyot Authentico eacute vendido em vidras

trazendo|na rotulo e com trez cores a

assgnatura|Venda a varejo na mor parte

das pharmacias Fabricaccedilatildeo em atacado

Casa L Frere

PALAVRA HYPOPHOSPHITO

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

hip(o)-sup1 elem Comp() do gr Hypo- de

hypoacute debaixo de em posiccedilatildeo inferior

ocorre em varios compostos jaacute formados

no proacuteprio grego como hypoacutetese por

275

exemplo e muitiacutessimos outros formados

nas liacutenguas modernas() foi e continua

sendo de extraordinaacuteria vitalidade na

formaccedilatildeo de compostos eruditos

particularmente na linguagem de medicina

(onde ele ocorre em vocaacutebulos que

indicam a deficiecircncia de uma atividade

orgacircnica) e da quiacutemica (onde ele aparece

designando aacutecidos - e os sais

correspondentes - que possuem um grau

inferior de oxidaccedilatildeo) () hipophosphito |

hypophosphito 1858 ()

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

hipofosfito SEM REGISTRO

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 05 de julho de 1887 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

Tonico|Fevrifugo|Regenerador|vinho do

doutor johanno Quina Coca Extracto de

Carne e Hypophosphito|Recommendatildeo-

no nos casos que necessitatildeo toacutenicos

para|reconstruir e regenerar o organismo

arruinado por molestias|excessos

natureza do clima anemia chlorosis

276

amenorrhea cachxia|fluxo branco que

tanto arruinatildeo a saude das mulheres

pobreza de|sangue fraqueza geral

debilidade etc|H Vivien Droguista 50

Boulevard de Strasboug em Paris

PALAVRA HYSTERIA

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

hister(o) elem Comp do gr Hysteacutera

uacutetero que se documenta em alguns vocs

Formados no proacuteprio grego como

histeacuterico por exemplo e em vaacuterios outros

introduzidos a partir do seacutec XIX na

linguagem cientiacutefica internacional () |

histeria 1858

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

histeria Sf psiq Afecccedilatildeo mental cujos

sistemas se baseiam em conversatildeo e

caracterizada por falta de controle sobre

atos e emoccedilotildees ansiedade sentido

moacuterbido de autoconsciecircncia exagero do

efeito de impressotildees sensoriais e por

simulaccedilatildeo de diversas doenccedilas

277

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

CURA CERTA DAS MOLESTIAS

NERVOSAS | Epilepsia ndash Hysteria |

Choreatilde | Hystero-Epilepsia | Molestias do

Cerebro | e do Espinhaccedilo | Diabetes

assucarado || PELO || XAROPE DE

HENRY MURE || com Bromureto de

Potassium chimicamente puro || BOM

EXITO VERIFICADO POR 15 ANNOS

DE EXPERIENCIAS | NOS HOSPITAES

DE PARIS | Uma Noticia muito

importante seraacute dirigida a quem a pedir |

HENRY MURE em Pont-St-Esprit

(Franccedila)|| Deposito em todas as principaes

Pharmacias

PALAVRA HYSTERICO

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

hister(o) elem Comp do gr Hysteacutera

uacutetero que se documenta em alguns vocs

Formados no proacuteprio grego como

histeacuterico por exemplo e em vaacuterios outros

introduzidos a partir do seacutec XIX na

linguagem cientiacutefica internacional ()

278

histerico || hy- 1844 ()

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

histeacuterico adj 1 relativo agrave ou proacuteprio da

histeria 2 que a tem 3 Pop Irritadiccedilo

zangadiccedilo nervoso sm 4 aquele que

tem ou mostra histeria

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 01 de fevereiro de 1888 Campinas

Diaacuterio de Campinas

PRODUCTOS DE J-P

LAROZE||APROVADOS||pela junta de

Hygiena do Brasil||2 RUA DES LIONS-

SAINT-PAUL 2 PARIS||Xarope

Depurativo| de Casca de Laranja amarga

aos | Ioduretos de Potassio| contra

escrephulosas cancerosas syphiliticas

tumores brancos da agrura do sangue

etc| Xarope Ferruginoso| de Casca de

Laranja e Quassia amara ao | Proto-

Iodureto de Ferro| contra as cores pallidas

chlorose anemia doenccedilas de langor

rachitismo etc| Xarope Sedativo| de

Casca de Laranja amarga ao| Bromureto

de Potassio| calmante certo contra as

nevralgias a epilepsia o hysterico

insonia das crianccedilas todas as affecccedilotildees

279

nervosas| Deposito em todas as boas

Drogarias e Pharmacias

PALAVRA LEPRA

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

Lepra Sf lsquoinfecccedilatildeo crocircnica produzida or

bacilo especiacutefico (o bacilo de Hansen)rsquo

XV Do lat Lepra ndashae deriv Do Gr

lepra ndashas ()

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

Lepra sf 1 patol Infecccedilatildeo crocircnica

devida a uma microbacteacuteria

(Mycobacterium leprae) descrita em 1874

por Gerhard Armauer Hansen (1841-

1912) meacutedico norueguecircs ()

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 20 de julho de 1887 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

280

Syfilis Adquirida ou Hereditaacuteria em todo

os periodos accidentes segundarios|e

terciaacuterios que resultatildeo drsquoella Ulceraccedilatildeo

da bocca e da garganta|gommas

exostoses carie dos ossos rheumatismos

ulceras impotencia etc etc|Scrofulas

viacutecios do sangue molestias da pelle

(Dartres ecleacutemas lepra | herpes)- Cura

certa raacutepida e radical pelos celebres

BISCOUTOS|DEPURATIVOS do

DrsquoOLLIVIER o mais poderoso anti-

syphilitico e|receitado haacute mais de 60

annos pelos mais illustrados

profissionaes|eacute o unico remedio no

mundo inteiro approvado pela Academia

de|Medicina de Paris unico premiado

com Recompensa Nacional de 24000|

Francos||Deposito Geral 62 Rua de

Rivali Paris| Em Satildeo Paulo Martins

Labre amp Companhia

- 11 de abril de 1889 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

syfilis Adquirida ou Hereditaacuteria em todo

os periodos accidentes segundarios e|

terciaacuterios que resultatildeo drsquoella Ulceraccedilatildeo

da bocca e da garganta Gommas|

Exostoses Carie dos ossos

281

Rheumatismos Ulceras Impotencia etc

etc|Scrofulas Viacutecios do Sangue

Molestias da pelle (Dartres Eczeacutemas

Lepra | Herpes)- Cura certa raacutepida e

radical pelos celebres biscoutos

depurativos|do drsquoollivier o mais poderoso

anti-syphilitico e receitado haacute mais de 60

annos| pelos mais illustrados

profissionaes|eacute o unico remedio no

mundo inteiro| Approvado pela Academia

de Medicina de Paris unico premiado

com|Recompensa Nacional de 24000

Francos|Deposito Geral 62 Rua de

Rivolli Paris| Em Satildeo Paulo Martins

Labre amp [Companhia]

- 4 de marccedilo de 1853 Satildeo Paulo Aurora

Paulistana

CURA CERTA | e em pouco tempo de

todas as enfermidades provenientes de

vicio san- | guineo como ndashescrophulas

tube[r]- | culos lepra syphylis etc etce

[ilegiacutevel] | particular as affecccediloens de

pape[ilegiacutevel] | em seu principio ||

Etienne Lagarde || Pharmaceutico e

cirurgiatildeo das faculdades | Pariz e do Rio

de Janeiro ex-preparad[o] | do Curso de

Chimica da escola de medic[i]- | na e

282

pharmacia de Poi[furo]iers membro da

s[o]- | ciedade medica da mesma cidade e

corres- | pondente de algumas sociedades

scientificas || Attenccedilacirco || A experiencia

junto aacute perseveranccedila qu[e] | hoje tem sido

meus uacutenicos guias no trata[men]- | to das

enfermidades acima mencionadas os |

caracteres horriveis que ellas apresentatildeo |

desgostos que sobrevem as pessoas que

satildeo de | las attacadas deviatildeo naturalmente

attrahir | attenccedilatildeo de todo o homem amigo

da huma- | nidade || Antigamente estas

enfermidades se consi- | deravatildeo com um

principio contagioso o que | obrigava os

doentes a buscar longe das povo- | accedilotildees

uma morada tranquilla que lhes permi- |

tisse esperar com paciencia a hora que [o]

| Creador tivesse determinado para pocircr

term[]| a todos os seus soffrimentos hoje

porem assim | natildeo acontece os progressos

que tem feito [a] | sciencia medica com os

numerosos trabalhos | e investigaccedilotildees da

chimica tem em fim intro- | duzido na

therapeutica e posto aacute disposiccedilatildeo | dos

homens da sciencia um meio prophilati- |

cos contra estas crueis enfermidades

fazendo | assim esperar uma prompta cura

a todos | aquelles que o quizerem abraccedilar

|| Penetrado do sentimento o mais sincero

da | philantropia do amor aacute sociedade

offereccedilo o[s] | meus recursos meacutedicos e

pharmaceuticos ad- | quiridos por um

aturado e longo estudo da na- | tureza

283

humana Ersquo pois com os medicamen- | tos

preparados por minhas proacuteprias matildeos

qu[e] | me proponho a curar a todos

aquelles que m[e] | quizerem procurar ||

Estou certo que os epithetos de ndash charlatatildeo

| e especulador ndash ser-me-hatildeo lanccedilados por

al- | guns ao lerem este meu annuncio

porem natildeo | seraacute por homens sensatos que

serei assim [ilegiacutevel] | xado O sabio

indaga consulta ouve [ilegiacutevel] | entre

voacutes (como eu creio) existe algum

rec[ilegiacutevel] | conhecimento recebei de

antematildeo toda a mi- | nha gratidatildeo || A

voacutes enfermos eu dirijo meus offereci- |

mentos eu saberei consolar-vos e talvez

da[r]- | vos a panaceacutea beneacutefica da saude

que tan[furo] | desejaes || Seja o

reconhecimento o fructo de meu[s] |

trabalhos e o uacutenico tributo que desejo

obte[r] | daquelles que me quizerem

honrar com sua[s] | consultas|| Dirijatildeo-se

ao Hotel Paulistano na rua d[e] | Satildeo

Bento nuacutemero 35

PALAVRA NEVRALGIA

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

neur(o)- nevr(o)- elem comp do gr

neur(o)- de neucircron lsquonervorsquo (ge lat

284

ETIMOLOacuteGICO nervus) que se documenta em vocs

eruditos introduzidos na linguagem

cientiacutefica internacional a partir do seacutec

XIX particularmente no domiacutenio da

medicina Natildeo haacute ao que parece

nenhuma razatildeo de ordem cientiacutefica que

justifique a oscilaccedilatildeo neu-nev-

(neurastenianevralgia) na formaccedilatildeo dos

compostos portugueses Nos vocs adiante

relacionados essa oscilaccedilatildeo fica

patenteada mas o motivo da preferecircncia

por uma das formas neu- ou nev- eacute sem

duacutevida aleatoacuterio () nevralgia 1858 cp

neuralgia ()

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

nevralgia sf med Neuralgia

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

XAROPE DE FOLLET || Sirop de Choral

Follet || E o calmante por excelencia que

supprime a dor e procura | o somno

tranquumlilo e natural nos casos de |

NEVRALGIAS ndash GOTTA ndash RHEUMA |

285

TISICA ndash FEBRES || Exigir a Firma ||

Fabrica casa FRERE 19 rua Jacob

PARIZ

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

Acalma | 8 vezes sobre 10 | Enxaquecas |

Rheumatismos | Nevralgias | do |

Estomago | da | Cabeccedila | e dos | Intestinos||

Exigir a Firma | Clertan | [assinatura] | 19

rua Jacob PARIZ | PEROLAS | DE |

TEREBENTHINA | DO DoutoR

CLERTAN | Approbaccedilatildeo da Academia |

de | Medicina de Pariz || Acalma | 8 vezes

sobre 10 | Enfermidades | do | Fiacutegado |

Caacutelculos biliarios | Catarrhos | Pulmonares

| e da | Bexiga || Exigir a Firma | Clertan |

[assinatura] | 19 rua Jacob Pariz

PALAVRA PANACEacuteA

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

pan- pant(o)- elem comp do gr

pacircnpant(o)- (cp pacircs pacircsa pacircn ndash genit

pantoacutes pases pantoacutes) lsquotudo todosrsquo que

286

se documenta em alguns vocaacutebulos

formados no proacuteprio grego como

panaceia e em muitos outros

introduzidos na linguagem cientiacutefica

internacional a partir do seacuteculo XIX ()

panaceia sf lsquoremeacutedio para todos os

malesrsquo 1813 do lat panacea ndashae deriv

do gr panaacutekeia ()

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

panaceacuteia Sf 1 remeacutedio para todos os

males 2 preparado que tem certas

propriedades gerais 3 fig Recursos se

nenhum valor empregado para remediar

dificuldades

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 4 de marccedilo de 1853 Satildeo Paulo Aurora

Paulistana

CURA CERTA | e em pouco tempo de

todas as enfermidades provenientes de

vicio san- | guineo como ndashescrophulas

tube[r]- | culos lepra syphylis etc etce

[ilegiacutevel] | particular as affecccediloens de

pape[ilegiacutevel] | em seu principio ||

Etienne Lagarde || Pharmaceutico e

cirurgiatildeo das faculdades | Pariz e do Rio

de Janeiro ex-preparad[o] | do Curso de

287

Chimica da escola de medic[i]- | na e

pharmacia de Poi[furo]iers membro da

s[o]- | ciedade medica da mesma cidade e

corres- | pondente de algumas sociedades

scientificas || Attenccedilacirco || A experiencia

junto aacute perseveranccedila qu[e] | hoje tem sido

meus uacutenicos guias no trata[men]- | to das

enfermidades acima mencionadas os |

caracteres horriveis que ellas apresentatildeo |

desgostos que sobrevem as pessoas que

satildeo de | las attacadas deviatildeo naturalmente

attrahir | attenccedilatildeo de todo o homem amigo

da huma- | nidade || Antigamente estas

enfermidades se consi- | deravatildeo com um

principio contagioso o que | obrigava os

doentes a buscar longe das povo- | accedilotildees

uma morada tranquilla que lhes permi- |

tisse esperar com paciencia a hora que [o]

| Creador tivesse determinado para pocircr

term[]| a todos os seus soffrimentos hoje

porem assim | natildeo acontece os progressos

que tem feito [a] | sciencia medica com os

numerosos trabalhos | e investigaccedilotildees da

chimica tem em fim intro- | duzido na

therapeutica e posto aacute disposiccedilatildeo | dos

homens da sciencia um meio prophilati- |

cos contra estas crueis enfermidades

fazendo | assim esperar uma prompta cura

a todos | aquelles que o quizerem abraccedilar

|| Penetrado do sentimento o mais sincero

da | philantropia do amor aacute sociedade

offereccedilo o[s] | meus recursos meacutedicos e

pharmaceuticos ad- | quiridos por um

288

aturado e longo estudo da na- | tureza

humana Ersquo pois com os medicamen- | tos

preparados por minhas proacuteprias matildeos

qu[e] | me proponho a curar a todos

aquelles que m[e] | quizerem procurar ||

Estou certo que os epithetos de ndash charlatatildeo

| e especulador ndash ser-me-hatildeo lanccedilados por

al- | guns ao lerem este meu annuncio

porem natildeo | seraacute por homens sensatos que

serei assim [ilegiacutevel] | xado O sabio

indaga consulta ouve [ilegiacutevel] | entre

voacutes (como eu creio) existe algum

rec[ilegiacutevel] | conhecimento recebei de

antematildeo toda a mi- | nha gratidatildeo || A

voacutes enfermos eu dirijo meus offereci- |

mentos eu saberei consolar-vos e talvez

da[r]- | vos a panaceacutea beneacutefica da saude

que tan[furo] | desejaes || Seja o

reconhecimento o fructo de meu[s] |

trabalhos e o uacutenico tributo que desejo

obte[r] | daquelles que me quizerem

honrar com sua[s] | consultas|| Dirijatildeo-se

ao Hotel Paulistano na rua d[e] | Satildeo

Bento nuacutemero 35

PALAVRA PHARMACEUTICO

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

farmaacutecia sf local em que se estocam e se

289

ETIMOLOacuteGICO vendem medicamentos tratado cientiacutefico

sobre os medicamentos XVII Do lat

Tard Pharmacia deriv Do gr

Pharmakeacuteia () || farmacecircutico XVII

Do lat Tard Pharmaceuticus deriv Do

gr Pharmakeutikoacutes

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

farmacecircutico Adj 1 Respeitante a

farmaacutecia sm 2 Aquele que exerce a

farmaacutecia (3) boticaacuterio

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 04 de abril de 1889 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

Capsulas|Mathey-Caylus|Preparados pelo

doutor clin Premio Montyon|As Capsulas

Mathey ndash Caylus com Envolucro delgado

de Gluten natildeo fatigatildeo|nunca o estomago e

satildeo recommendadas pelos Professores das

Faculdades de|Medicina e os Hospitaes de

Paris Londres e New-York para a|cura

raacutepida dos|Corrimentos antigos ou

recentes a Gonorrhea a Blenorrhagia a

Cystite Du|Collo o Catarrho e as Molestia

da Bexigas dos oacutergatildeos genito urinarios|

Uma explicaccedilatildeo detalhada acompanha

cada Frasco|Exigir Verdadeiras Capsulas

290

Mathey ndash Caylus de clin amp Compagnie

de|Paris que se achatildeo em casa dos

Droguistas e Pharmaceuticos

- 4 de marccedilo de 1853 Satildeo Paulo Aurora

Paulistana

CURA CERTA | e em pouco tempo de

todas as enfermidades provenientes de

vicio san- | guineo como ndashescrophulas

tube[r]- | culos lepra syphylis etc etce

[ilegiacutevel] | particular as affecccediloens de

pape[ilegiacutevel] | em seu principio ||

Etienne Lagarde || Pharmaceutico e

cirurgiatildeo das faculdades | Pariz e do Rio

de Janeiro ex-preparad[o] | do Curso de

Chimica da escola de medic[i]- | na e

pharmacia de Poi[furo]iers membro da

s[o]- | ciedade medica da mesma cidade e

corres- | pondente de algumas sociedades

scientificas || Attenccedilacirco || A experiencia

junto aacute perseveranccedila qu[e] | hoje tem sido

meus uacutenicos guias no trata[men]- | to das

enfermidades acima mencionadas os |

caracteres horriveis que ellas apresentatildeo |

desgostos que sobrevem as pessoas que

satildeo de | las attacadas deviatildeo naturalmente

attrahir | attenccedilatildeo de todo o homem amigo

da huma- | nidade || Antigamente estas

291

enfermidades se consi- | deravatildeo com um

principio contagioso o que | obrigava os

doentes a buscar longe das povo- | accedilotildees

uma morada tranquilla que lhes permi- |

tisse esperar com paciencia a hora que [o]

| Creador tivesse determinado para pocircr

term[]| a todos os seus soffrimentos hoje

porem assim | natildeo acontece os progressos

que tem feito [a] | sciencia medica com os

numerosos trabalhos | e investigaccedilotildees da

chimica tem em fim intro- | duzido na

therapeutica e posto aacute disposiccedilatildeo | dos

homens da sciencia um meio prophilati- |

cos contra estas crueis enfermidades

fazendo | assim esperar uma prompta cura

a todos | aquelles que o quizerem abraccedilar

|| Penetrado do sentimento o mais sincero

da | philantropia do amor aacute sociedade

offereccedilo o[s] | meus recursos meacutedicos e

pharmaceuticos ad- | quiridos por um

aturado e longo estudo da na- | tureza

humana Ersquo pois com os medicamen- | tos

preparados por minhas proacuteprias matildeos

qu[e] | me proponho a curar a todos

aquelles que m[e] | quizerem procurar ||

Estou certo que os epithetos de ndash charlatatildeo

| e especulador ndash ser-me-hatildeo lanccedilados por

al- | guns ao lerem este meu annuncio

porem natildeo | seraacute por homens sensatos que

serei assim [ilegiacutevel] | xado O sabio

indaga consulta ouve [ilegiacutevel] | entre

voacutes (como eu creio) existe algum

rec[ilegiacutevel] | conhecimento recebei de

292

antematildeo toda a mi- | nha gratidatildeo || A

voacutes enfermos eu dirijo meus offereci- |

mentos eu saberei consolar-vos e talvez

da[r]- | vos a panaceacutea beneacutefica da saude

que tan[furo] | desejaes || Seja o

reconhecimento o fructo de meu[s] |

trabalhos e o uacutenico tributo que desejo

obte[r] | daquelles que me quizerem

honrar com sua[s] | consultas|| Dirijatildeo-se

ao Hotel Paulistano na rua d[e] | Satildeo

Bento nuacutemero 35

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

Medico e pharmaceutico | Doutorr

Ulysses Cruz || com longa pratica de

hospitaes e for- | mado em ambas as

faculdades de medi- | cina do Brazil eacute

encontrado em seu con- | sultorio na rua

do Thezouro nuacutemero 9 | sobrado do meio

dia as 3 da tar- | de e sua residecircncia para o

largo do | Arouche nuacutemero 39 ||

ESPECIALIDADE || Molestias

decrianccedilas de senhoras da | pelle e

shyphiliticas Gratis aos pobres

293

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

Gotta Rheumatismo Dores | Soluccedilatildeo do

Doutor Clin | Laureado da Faculdade de

Medicina de Paris ndash Premio Montyon ||

A Verdadeira Soluccedilatildeo Clin ao Salicylato

de Soda emprega-se para curar | AS

Affecccedilotildees Rheumatismaes agudas e

chronicas o Rheumatismo gottoso | as

Dores articulares e musculares e todas as

vezes que eacute necessario calmar os |

soffrimentos occasionados por estas

molestias || A Verdadeira Soluccedilatildeo Clin eacute

o melhor remeacutedio contra o Rheumatismo

| a Gotta e as Dores || Uma explicaccedilatildeo

detalhada acompanha cada frasco || Exigir

a Verdadeira Soluccedilatildeo de Clin amp

Companhia de PARIS que se encontra

em | casa dos Droguistas e

Pharmaceuticos

PALAVRA PHARMACIA

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

farmaacutecia sf local em que se estocam e se

vendem medicamentos tratado cientiacutefico

sobre os medicamentos XVII Do lat

294

Tard Pharmacia deriv Do gr

Pharmakeacuteia ()

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

farmaacutecia Sf1 parte da farmacologia que

trata da maneira de preparar caracterizar e

conservar os medicamentos 2

estabelecimento onde se preparam e

vendem medicamentos 3 Profissatildeo do

farmacecircutico 4 Coleccedilatildeo de

medicamentos 5 Conjunto de

medicamentos que se tecircm em casa num

coleacutegio numa reparticcedilatildeo etc para uso no

tratamento de leves indisposiccedilotildees ou em

primeiros socorros

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 15 de dezembro de 1898 Satildeo Paulo A

Notiacutecia

Pharmacia Saotilde Bento| Attendendo a crise

em que atravessamos e em vista das

difficuldades que tenho lutado para os

meus recebimentos resolvi para poder

attender as exigencias dos meus

fornecedores e tambem para poder

continuar [ ] vender a praso aos meos bons

295

freguezes deminuir o praso antigo de 90

dias para 60 dias desta data em diante|

Certo de que continue honrrarme com sua

freguezia anticipo agradecido e com

muita estima| Sou de Vossa Senhoria|

Amigo e [ilegiacutevel]| Francisco do Amarl

Baros

- 29 de janeiro de 1899 Satildeo Paulo A

Notiacutecia

A EMULSAtildeO DE SCOTT|de Oleo de

Figado de|Bacalhau com Hipophos|phitos

de Cal e Soda|Eacute UM REMEacuteDIO-

ALIMENTOPOR EXCELENCIA|Porque

o Oleo de Figado de Bacalhau como

alimento eacute dum valor importantissimo-

fortalece e engorda-Como remedio rico-eacute

magnifico creador d sangue assim como

um bom remedio alterante espinha dorsal

e systema osseo e a combinaccedilatildeo destes

preciosos componentes produz o melhor

reconstituinte tonico e purificador de

sangue que a sciencia medica conhece

Natildeo te rival para todas as molestias

debilitantes ha annos emprego a

Emulsatildeo de Ha mais de 20 annos que

emprego Scott e seguro contra affecccedilotildees

do em minha clinica sempre com muito

296

apparelho respiratorioe para vantagem nos

casos em que eacute combater a asthenia em

geral Diz indicada Diz o deistincto

Doutor Joseacute o illustrado Doutor Bacellar

do Rio Justino de Mello de Paranaguaacute

Grande do Sul Cautella com Imitaccedilotildees| A

venda em todas as Drogarias

Falsificaccedilotildees e Pharmacias Exija-se a

Legitima|Scott amp Bowne Chimicos New

York EUA

- 28 de fevereiro de 1875 Campinas A

Mocidade

NOVA||PHARMACIA CAMPINENSE||

31 - Rua do Commercio - 31||Tendo este

estabelecimento recebido um grande

sortimento de drogas acha-[s]e em

condicccedilotildees de satisfazer quaesquer

pedidos e receituarios medicos que lhe

forem dirigidos| Garante-se a boa

qualidade das drogas e promptidatildeo nas

remessas que lhe forem pedidas

esperando por isso a concorrencia do

respeitavel publico

297

- 01 de fevereiro de 1888 Campinas

Diaacuterio de Campinas

PRODUCTOS DE J-P

LAROZE||APROVADOS||pela junta de

Hygiena do Brasil||2 RUA DES LIONS-

SAINT-PAUL 2 PARIS||Xarope

Depurativo| de Casca de Laranja amarga

aos | Ioduretos de Potassio| contra

escrephulosas cancerosas syphiliticas

tumores brancos da agrura do sangue

etc| Xarope Ferruginoso| de Casca de

Laranja e Quassia amara ao | Proto-

Iodureto de Ferro| contra as cores pallidas

chlorose anemia doenccedilas de langor

rachitismo etc| Xarope Sedativo| de

Casca de Laranja amarga ao| Bromureto

de Potassio| calmante certo contra as

nevralgias a epilepsia o hysterico

insonia das crianccedilas todas as affecccedilotildees

nervosas| Deposito em todas as boas

Drogarias e Pharmacias

- 01 de fevereiro de 1888 Campinas

Diaacuterio de Campinas

298

O Elixir alimenticio Ducro e muito

agradavel ao paladar e as pessoas a quem

mais repugnam os aimentos o tomam ateacute

por gosto| Eacute um tonico poderosissimo

aconselhado para as mulheres e a crianccedilas

delicadas os velhos os convalescentes em

que desperta o appetite e restabelece as

forccedilas| Convem sobretudo nos paizes

quentes onde as forccedilas diminuem pela

transpiraccedilatildeo e onde se esta sujeito a

molestias contagiosas - Para mais

detalhes leia-se o prospecto que

acompanha cada vidro| Pariz 20 Place

des Vosges|| E EM TODAS AS

PHARMACIAS

- 13 de julho de 1879 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

Essencia depurativa ferru|ginosa do doutor

A A Ribeiro|PREPARADO POR J

PASSOS EXAMINADA E

AUCTORISADA PELA

EXCELENTIacuteSSIMA JUNTA|CENTRAL

DE HYGIENE PUBLICA| Este

prodigioso medicamento o mais effi|caz

contra as molestias syphiliticas

bouba|ticas escrophulas e rheumaticas

299

acha-se aacute|venda no deposito abaixo|

Encarecer as virtudes desse preparo

focircra|repetir o que eacute unanimemente

proclamado|pelas mais celebres

summidades medicas|do Rio de Janeiro

Campos Nitheroy etc|Chamamos a

attenccedilatildeo do publico para o al|manak que

se distribue no nosso deposito|Uacutenico

deposito nesta capital os senhores

Fonse|Ca e Kiehl ndash Pharmacia Ypiranga

ndash rua Di|reita nuacutemero 32|Uacutenico deposito

do UNGUENTO MOREL|na mesma

pharmacia

- 05 de julho de 1887 Satildeo Paulo Correio

Paulista

Alcatratildeo de Guyot|Gordon de Guyot

Purifica o sangue augmenta o apetite

levanta as forccedilas e eacute efficaz|em todas as

doenccedilas dos pulmocirces catarrhas da bexiga

e|affecccedilocirces das mucosas|O Alcatracirco de

Guyot foi experimentado som vantagem

real nos|principatildees hospitatildees de Franccedila

da Beacutelgica e Espanha|Durante os calocircres

e em tempo epidemico eacute uma

bebida|hygienica e preservadora Um soacute

vidro basta para preparar doze|litras

drsquouma bebida salutarissima|O Alcatracirco de

300

Guyot Authentico eacute vendido em vidras

trazendo|na rotulo e com trez cores a

assgnatura|Venda a varejo na mor parte

das pharmacias Fabricaccedilatildeo em atacado

Casa L Frere

- 07 de julho de 1887 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

Cura Certa das Molestias Nervosas

Epilepsia-Hysteria Molestias do Cerebro e

do Espinhaccedilo|Choreatilde Diabete Assucarado

Hystero-Epilepsia Xarope de Henry Bom

exito verificado por 15 annos de

experiencia nos Hos|pitaes de Paris|Uma

notiacutecia muito importante seraacute dirigida a

quem a pedir| depositos em todas as

principaes Pharmacias

- 4 de marccedilo de 1853 Satildeo Paulo Aurora

Paulistana

CURA CERTA | e em pouco tempo de

todas as enfermidades provenientes de

vicio san- | guineo como ndashescrophulas

301

tube[r]- | culos lepra syphylis etc etce

[ilegiacutevel] | particular as affecccediloens de

pape[ilegiacutevel] | em seu principio ||

Etienne Lagarde || Pharmaceutico e

cirurgiatildeo das faculdades | Pariz e do Rio

de Janeiro ex-preparad[o] | do Curso de

Chimica da escola de medic[i]- | na e

pharmacia de Poi[furo]iers membro da

s[o]- | ciedade medica da mesma cidade e

corres- | pondente de algumas sociedades

scientificas || Attenccedilacirco || A experiencia

junto aacute perseveranccedila qu[e] | hoje tem sido

meus uacutenicos guias no trata[men]- | to das

enfermidades acima mencionadas os |

caracteres horriveis que ellas apresentatildeo |

desgostos que sobrevem as pessoas que

satildeo de | las attacadas deviatildeo naturalmente

attrahir | attenccedilatildeo de todo o homem amigo

da huma- | nidade || Antigamente estas

enfermidades se consi- | deravatildeo com um

principio contagioso o que | obrigava os

doentes a buscar longe das povo- | accedilotildees

uma morada tranquilla que lhes permi- |

tisse esperar com paciencia a hora que [o]

| Creador tivesse determinado para pocircr

term[]| a todos os seus soffrimentos hoje

porem assim | natildeo acontece os progressos

que tem feito [a] | sciencia medica com os

numerosos trabalhos | e investigaccedilotildees da

chimica tem em fim intro- | duzido na

therapeutica e posto aacute disposiccedilatildeo | dos

homens da sciencia um meio prophilati- |

cos contra estas crueis enfermidades

302

fazendo | assim esperar uma prompta cura

a todos | aquelles que o quizerem abraccedilar

|| Penetrado do sentimento o mais sincero

da | philantropia do amor aacute sociedade

offereccedilo o[s] | meus recursos meacutedicos e

pharmaceuticos ad- | quiridos por um

aturado e longo estudo da na- | tureza

humana Ersquo pois com os medicamen- | tos

preparados por minhas proacuteprias matildeos

qu[e] | me proponho a curar a todos

aquelles que m[e] | quizerem procurar ||

Estou certo que os epithetos de ndash charlatatildeo

| e especulador ndash ser-me-hatildeo lanccedilados por

al- | guns ao lerem este meu annuncio

porem natildeo | seraacute por homens sensatos que

serei assim [ilegiacutevel] | xado O sabio

indaga consulta ouve [ilegiacutevel] | entre

voacutes (como eu creio) existe algum

rec[ilegiacutevel] | conhecimento recebei de

antematildeo toda a mi- | nha gratidatildeo || A

voacutes enfermos eu dirijo meus offereci- |

mentos eu saberei consolar-vos e talvez

da[r]- | vos a panaceacutea beneacutefica da saude

que tan[furo] | desejaes || Seja o

reconhecimento o fructo de meu[s] |

trabalhos e o uacutenico tributo que desejo

obte[r] | daquelles que me quizerem

honrar com sua[s] | consultas|| Dirijatildeo-se

ao Hotel Paulistano na rua d[e] | Satildeo

Bento nuacutemero 35

303

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

Mosquitos || PERCEVEJOS PULGAS

ETC || desapparecem infallivemente com

o uso | do bem conhecido e verdadeiro 60

6 | || Orsquo DA PERSIA || Chegou nova

remessa aacute || Pharmacia Ypiranga ||

Nuacutemero 25 ndash RUA DIREITA ndash Nuacutemero

25 || EM || SAtildeO PAULO || Preccedilo de um

pacote 1$000 || A duacutezia 9$000 || Cada

pacote do verdadeiro Poacute da | Peacutersia leva

detalhada ex- | plicaccedilatildeo de seu uso ||

Remette-se para o interior

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

VINHO || Tonico-Nutritivo || DEFRESNE

|| Com Peptons (Carne assimilavel) ||

FERRO E LACTO-PHOSPHATO DE

CAL NATURAES || Sendo o Vinho

Defresne drsquoum gosto | delicioso tambem

eacute o unico reconsti- | tuinte natural e

completo || Eacute o mais precioso de todos os

tonicos sob a sua influencia desvanecem-

se os | accindentes febris renasce o

304

appetite forta- | lecem-se os musculos e

voltam as forccedilas || Emprega-se com ecircxito

contra a inappe- | tencia os crescimentos

raacutepidos com ra- | lecoenccedilas molestias de

estomago a | anemia e [ilegiacutevel] ||

DEFRESNE Fornecedor dos Hospitaes

Paris || E todas as Pharmacias

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

LINIMENTO GEacuteNEAU || Para os

CAVALLOS || SUPRESSAtildeO do FOGO |

e da QUEDA do PELLO ||MARCA DE

FABRICA || SUBSTITUE || o FOGO ||

em || todas as suas || APPLICACcedilOtildeES || A

cura faz-se com a matildeo em 3 minutos |

sem dor e sem cortar nem raspar o pello

|| Pharmia GEacuteNEAU 275 Rua St-

Honoreacute PARIS | E EM TODAS AS

PHARMACIAS

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

Grande Ecircxito ha mais de 30 annos ||

305

XAROPE DE BLAYN || Licenciado pela

Inspectoria de Hygiene do Imperio do

Brazil || Este Medicamento de sabor

agradaacutevel | eacute adoptado pelos melhores

Meacutedicos de Paris | CONTRA |

DEFLUXOS GRIPPE TOSSE DORES

DE GARGANTA | CATARRO

PULMONAR | IRRITACcedilOtildeES do PEITO

das VIAS URINARIAS | e da BEXIGA ||

PARIS ndash Pharmacia BLAYN 8 Avenue

Victoria ndash Paris || Depositos em todas as

principaes Pharmacias

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

CONSTIPACcedilOtildeES e MOLESTIAS do

PEITO || XAROPE

ANTIPHOLOGISTICO BRIANT ||

PARIS Pharmacia BRIANT 150 rua de

Rivoli PARIS || As celebridades medicas

de Paris recommendatildeo ha mais de 30

annos o | XAROPE BRIANT como o

medicamento peitoral de gosto mais

agradaacutevel e | de efficacia mais certa de

Defluxos Constipaccedilotildees Catharros etc |

Este Xarope nunca [ilegiacutevel] ndash Deve-se

exigir a Brochura em nove linguas | com a

assignatura bem lisivel do inventor |

306

DEPOSITO EM TODAS AS

PRINCIPAES PHARMACIAS

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

Licenciado pela Inspectoria de Hygiene

do Impeacuterio do Brazil || CAPSULAS DE

SANDALO CRITIN | de Savaresse |

Preparaccedilatildeo alguma eacute mais efficaz contra

as | MOLESTIAS SECRETAS | do que as

famosas Capsulas universalmente

recommendadas pelos Meacutedicos | Uma

caixa (com instrucccedilotildees completas para o

tratamento) cura geralmente dentro de

uma semana | EVANS SONS amp

Companhia em LIVERPOOL ndash EVANS

LESCHER amp WEBB em LONDRES |

DEPOSITOS EM TODAS AS

PRINCIPAES PHARMACIAS

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

VERDAEIROS GRAtildeOS DE SAUDE DO

DoutoR FRENCK || LICENCIADOS

307

PELA INSPECTORIA GERAL DE

HYGIENE DO IMPERIO DO BRAZIL ||

Aparientes Estomachinos Purgativos

Depurativos | Contra a Falta de appetite a

Obstruccedilatildeo a Enxaqueca as Vertigems |

as congestotildees etc ndash Dose ordinaria 1 2

aacute 3 gratildeos || Desconfiar as falsificaccedilotildees ndash

Exigir o rotulo junto imprimido em

frencez | e com letras de 4 cores sendo |

cada letra de uma cocircr differente e | O

Sello da Uniatildeo dos Fabricantes | Em

Pariz Pharmacia Leroy ndash Depoacutesitos em

todas as principaes pharmacias

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

CURA CERTA DAS MOLESTIAS

NERVOSAS | Epilepsia ndash Hysteria |

Choreatilde | Hystero-Epilepsia | Molestias do

Cerebro | e do Espinhaccedilo | Diabetes

assucarado || PELO || XAROPE DE

HENRY MURE || com Bromureto de

Potassium chimicamente puro || BOM

EXITO VERIFICADO POR 15 ANNOS

DE EXPERIENCIAS | NOS HOSPITAES

DE PARIS | Uma Noticia muito

importante seraacute dirigida a quem a pedir |

HENRY MURE em Pont-St-Esprit

308

(Franccedila)|| Deposito em todas as principaes

Pharmacias

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

Santo JEAN de La Croix [gravura]|

AGUA | DE | MELISSA dos

CAMELITAS | BOYER | Unico successor

| dos Carmelitas | SAINTE THERESE

[gravura]| PARIS ndash 14 Rua de lrsquoAbbaye

14 ndash PARIS | EAU DES CARMES | RUE

TARANNE Nuacutemero 14 TRANSFEacuteREacuteE

14 RUE DE LrsquoABBAYE PARIS [brazatildeo]

| CONTRA | Apoplexia | Cholera | Enjocirco

do mar | Faltos | Coacutelicas | Indigestotildees |

Febre amarella etc | Ler o prospecto no

qual vai envolvido | cada vidro || Deve-se

exigir o letreiro branco e preto | em todos

os vidros | seja qual focircr o tamanho |

Desconfiar | AS | FALSIFICACcedilOtildeES | e |

Exigir a assignatura | de | [assinatura] |

DEPOSITO EM TODAS AS

PHARMACIAS | DO Universo

309

PALAVRA PHOSPHATO

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

foacutesforo sm orig substacircncia que

resplandece que brilha ne escuro 1813

palito provido de uma cabeccedila composta

de foacutesfora e outras substacircncias quiacutemicas

que se inflamam quando atritadas num

superfiacutecie aacutespera | phosphoro 1860 |

(Quim) elemento quiacutemico natildeo metaacutelico

de nuacutemero atocircmico 15 | phosphoro 1844 |

do lat phosphorus deriv do gr

phosphoacuteros (lt phos luz + -phoroacutes que

conduz) () fosfato | phosph- 1858 | do

fr phosphat voc introduzidona linguagem

cientiacutefica internacional em 1787 pelo

francecircs de Morveu

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

fosfato SmQuiacutem Qualquer sal do aacutecido

fosfoacuterico

PERIOacuteDICO

DATA

E

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

VINHO || Tonico-Nutritivo || DEFRESNE

310

CIDADE DE ORIGEM || Com Peptons (Carne assimilavel) ||

FERRO E LACTO-PHOSPHATO DE

CAL NATURAES || Sendo o Vinho

Defresne drsquoum gosto | delicioso tambem

eacute o unico reconsti- | tuinte natural e

completo || Eacute o mais precioso de todos os

tonicos sob a sua influencia desvanecem-

se os | accindentes febris renasce o

appetite forta- | lecem-se os musculos e

voltam as forccedilas || Emprega-se com ecircxito

contra a inappe- | tencia os crescimentos

raacutepidos com ra- | lecoenccedilas molestias de

estomago a | anemia e [ilegiacutevel] ||

DEFRESNE Fornecedor dos Hospitaes

Paris || E todas as Pharmacias

PALAVRA PROPHILATICO

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

profilaxia Sf lsquoemprego de meios para

evitar doenccedilasrsquo | prophilaxia 1873 | do fr

prophilaxie deriv do lat cient

prophylaxis e este do gr prophyacutelaxis

lsquoprecauccedilatildeorsquo || profilaacutetico | prophilactico

1858 | do fr prophylactiqque do gr

prophylaktikoacutes

311

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

profilaacutectico Adj 1 relativo a profilaxia

2 preservativo preventivo

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 4 de marccedilo de 1853 Satildeo Paulo Aurora

Paulistana

CURA CERTA | e em pouco tempo de

todas as enfermidades provenientes de

vicio san- | guineo como ndashescrophulas

tube[r]- | culos lepra syphylis etc etce

[ilegiacutevel] | particular as affecccediloens de

pape[ilegiacutevel] | em seu principio ||

Etienne Lagarde || Pharmaceutico e

cirurgiatildeo das faculdades | Pariz e do Rio

de Janeiro ex-preparad[o] | do Curso de

Chimica da escola de medic[i]- | na e

pharmacia de Poi[furo]iers membro da

s[o]- | ciedade medica da mesma cidade e

corres- | pondente de algumas sociedades

scientificas || Attenccedilacirco || A experiencia

junto aacute perseveranccedila qu[e] | hoje tem sido

meus uacutenicos guias no trata[men]- | to das

enfermidades acima mencionadas os |

caracteres horriveis que ellas apresentatildeo |

desgostos que sobrevem as pessoas que

satildeo de | las attacadas deviatildeo naturalmente

attrahir | attenccedilatildeo de todo o homem amigo

da huma- | nidade || Antigamente estas

312

enfermidades se consi- | deravatildeo com um

principio contagioso o que | obrigava os

doentes a buscar longe das povo- | accedilotildees

uma morada tranquilla que lhes permi- |

tisse esperar com paciencia a hora que [o]

| Creador tivesse determinado para pocircr

term[]| a todos os seus soffrimentos hoje

porem assim | natildeo acontece os progressos

que tem feito [a] | sciencia medica com os

numerosos trabalhos | e investigaccedilotildees da

chimica tem em fim intro- | duzido na

therapeutica e posto aacute disposiccedilatildeo | dos

homens da sciencia um meio prophilati- |

cos contra estas crueis enfermidades

fazendo | assim esperar uma prompta cura

a todos | aquelles que o quizerem abraccedilar

|| Penetrado do sentimento o mais sincero

da | philantropia do amor aacute sociedade

offereccedilo o[s] | meus recursos meacutedicos e

pharmaceuticos ad- | quiridos por um

aturado e longo estudo da na- | tureza

humana Ersquo pois com os medicamen- | tos

preparados por minhas proacuteprias matildeos

qu[e] | me proponho a curar a todos

aquelles que m[e] | quizerem procurar ||

Estou certo que os epithetos de ndash charlatatildeo

| e especulador ndash ser-me-hatildeo lanccedilados por

al- | guns ao lerem este meu annuncio

porem natildeo | seraacute por homens sensatos que

serei assim [ilegiacutevel] | xado O sabio

indaga consulta ouve [ilegiacutevel] | entre

voacutes (como eu creio) existe algum

rec[ilegiacutevel] | conhecimento recebei de

313

antematildeo toda a mi- | nha gratidatildeo || A

voacutes enfermos eu dirijo meus offereci- |

mentos eu saberei consolar-vos e talvez

da[r]- | vos a panaceacutea beneacutefica da saude

que tan[furo] | desejaes || Seja o

reconhecimento o fructo de meu[s] |

trabalhos e o uacutenico tributo que desejo

obte[r] | daquelles que me quizerem

honrar com sua[s] | consultas|| Dirijatildeo-se

ao Hotel Paulistano na rua d[e] | Satildeo

Bento nuacutemero 35

PALAVRA RACHITISMO

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

raqui(o)- elem Comp do gr Raacutechis

espinha dorsal espinha vertebral que se

documenta em alguns compostos

introduzidos na linguagem cientiacutefica

internacional a partir do seacutec XIX ()

raquitismo 1858

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

raquitismo S m 1 Patol Doenccedila da

infacircncia produzida por distuacuterbiosdo

metabolismo do caacutecio e do foacutesforo por

efeito de carecircncia de vitamina D e que se

manifesta sobretudo por alteraccedilotildees e

deformidades do esqueleto ()

314

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 01 de fevereiro de 1888 Campinas

Diaacuterio de Campinas

PRODUCTOS DE J-P

LAROZE||APROVADOS||pela junta de

Hygiena do Brasil||2 RUA DES LIONS-

SAINT-PAUL 2 PARIS||Xarope

Depurativo| de Casca de Laranja amarga

aos | Ioduretos de Potassio| contra

escrephulosas cancerosas syphiliticas

tumores brancos da agrura do sangue

etc| Xarope Ferruginoso| de Casca de

Laranja e Quassia amara ao | Proto-

Iodureto de Ferro| contra as cores pallidas

chlorose anemia doenccedilas de langor

rachitismo etc| Xarope Sedativo| de

Casca de Laranja amarga ao| Bromureto

de Potassio| calmante certo contra as

nevralgias a epilepsia o hysterico

insonia das crianccedilas todas as affecccedilotildees

nervosas| Deposito em todas as boas

Drogarias e Pharmacias

PALAVRA RHEUMA

315

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

reuma sf (Patol) fluxo de humor catarral

ou aquoso | XVII rreyma XIV | Do lat

Rheuma deriv Do gr Rheucircma ndashatos

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

reuma sf patol Fluxo de humor catarral

ou aquoso [Var reima]

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

XAROPE DE FOLLET || Sirop de Choral

Follet || E o calmante por excelencia que

supprime a dor e procura | o somno

tranquumlilo e natural nos casos de |

NEVRALGIAS ndash GOTTA ndash RHEUMA |

TISICA ndash FEBRES || Exigir a Firma ||

Fabrica casa FRERE 19 rua Jacob

PARIZ

PALAVRA RHEUMATICAS

316

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

reuma sf (Patol) fluxo de humor catarral

ou aquoso | XVII rreyma XIV | Do lat

Rheuma deriv Do gr Rheucircma -atos ()

reumaacutetico 1813 do lat Tard

Rheumaticus deriv Do Gr rheumatikoacutes

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

Reumaacutetico Adj 1 relativo a reuma 2

reumatismal 3 que sofre de reumatismo

sm 4 indiviacuteduo que sofre de

reumatismo

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 13 de julho de 1879 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

Essencia depurativa ferru|ginosa do doutor

A A Ribeiro|PREPARADO POR J

PASSOS EXAMINADA E

AUCTORISADA PELA

EXCELENTIacuteSSIMA JUNTA|CENTRAL

DE HYGIENE PUBLICA| Este

prodigioso medicamento o mais effi|caz

contra as molestias syphiliticas

bouba|ticas escrophulas e rheumaticas

acha-se aacute|venda no deposito abaixo|

Encarecer as virtudes desse preparo

317

focircra|repetir o que eacute unanimemente

proclamado|pelas mais celebres

summidades medicas|do Rio de Janeiro

Campos Nitheroy etc|Chamamos a

attenccedilatildeo do publico para o al|manak que

se distribue no nosso deposito|Uacutenico

deposito nesta capital os senhores

Fonse|Ca e Kiehl ndash Pharmacia Ypiranga ndash

rua Di|reita nuacutemero 32|Uacutenico deposito do

UNGUENTO MOREL|na mesma

pharmacia

PALAVRA RHEUMATISMAES

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

reuma sf (Patol) fluxo de humor catarral

ou aquoso | XVII rreyma XIV | Do lat

Rheuma deriv Do gr Rheucircma -atos ()

reumatismo 1813 Do lat tard

Rheumatismus deriv do gr

rheumatismoacutes

REUMATIMAIS SEM REGISTRO

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

reumatismal Adj 2 g relativo ao ou da

natureza do reumatismo reumaacutetico

318

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

Gotta Rheumatismo Dores | Soluccedilatildeo do

Doutor Clin | Laureado da Faculdade de

Medicina de Paris ndash Premio Montyon ||

A Verdadeira Soluccedilatildeo Clin ao Salicylato

de Soda emprega-se para curar | AS

Affecccedilotildees Rheumatismaes agudas e

chronicas o Rheumatismo gottoso | as

Dores articulares e musculares e todas as

vezes que eacute necessario calmar os |

soffrimentos occasionados por estas

molestias || A Verdadeira Soluccedilatildeo Clin eacute

o melhor remeacutedio contra o Rheumatismo

| a Gotta e as Dores || Uma explicaccedilatildeo

detalhada acompanha cada frasco || Exigir

a Verdadeira Soluccedilatildeo de Clin amp

Companhia de PARIS que se encontra

em | casa dos Droguistas e

Pharmaceuticos

PALAVRA RHEUMATISMO

319

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

reuma sf (Patol) fluxo de humor catarral

ou aquoso | XVII rreyma XIV | Do lat

Rheuma deriv Do gr Rheucircma -atos ()

reumatismo 1813 Do lat tard

Rheumatismus deriv do gr

rheumatismoacutes

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

reumatismo Sm designaccedilatildeo imprecisa

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 26 de maio de 1872 Campinas Gazeta

de Campinas

Medicamentos Homeopathicos|No

estabelecimento do Roso amp Filho em

liquidaccedilatildeo aacute rua do Commercio nuacutemero

45 encontra-se sempre grande sortimento

destes medicamentos em tinturas

globulos e opodeldoc de Bryonia Rhux

para rheumatismo do laboratoio do

doutor Cochrane amp Pinho do Rio de

Janeiro bem assim livros homeopathicos

- 20 de julho de 1887 Satildeo Paulo Correio

320

Paulistano

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

Syfilis Adquirida ou Hereditaacuteria em todo

os periodos accidentes segundarios|e

terciaacuterios que resultatildeo drsquoella Ulceraccedilatildeo

da bocca e da garganta|gommas

exostoses carie dos ossos

rheumatismos ulceras impotencia etc

etc|Scrofulas viacutecios do sangue molestias

da pelle (Dartres ecleacutemas lepra |

herpes)- Cura certa raacutepida e radical pelos

celebres BISCOUTOS|DEPURATIVOS

do DrsquoOLLIVIER o mais poderoso anti-

syphilitico e|receitado haacute mais de 60

annos pelos mais illustrados

profissionaes|eacute o unico remedio no

mundo inteiro approvado pela Academia

de|Medicina de Paris unico premiado

com Recompensa Nacional de 24000|

Francos||Deposito Geral 62 Rua de

Rivali Paris| Em Satildeo Paulo Martins

Labre amp Companhia

- 03 de janeiro de 1889 Satildeo Paulo

Correio Paulistano

321

Grande descoberta|O maior sucesso da

eacutepoca que atravessaacutemos eacute a descoberta do

prodigioso vegetal cujo vegetal em si a

acccedilatildeo maravilhosa de destruir todos os

virus de syphilitico A descoberta deste

remedio que eacute Vegetal Por|Excellencia eacute

a verdadeira Maravilha Do Seculo XIX

Os saacutebios|estudos de muitos annos e as

sucessivas experiecircncias do illustrado e

intelligente|senhor M Morato deram em

resultado que o grande remedio pura

exclusiva|e unicamente vegetal a que deu

o nome de ldquoExilir depurativo de M

Moratordquo|cura completa e rapidamente toda

syphilis curo o rheumatismo com

uma|felicidade espantosa cura a asthma

e usado convenientemente tem com |

espanto de centenas de pessoas curado o

terrivel mas a|Morphegravea |A grande

descoberta deste explendoroso remeacutedio eacute

a felicidade da|humanidade eacute o passo

mais gigantesco dado na medicina

Procurar ldquoExilir|depurativo de M

Moratordquo propagado por Doutor

Carlos|Agente Depositaacuterio Em Satildeo

Paulo|Peixoto Estella amp Companhia|Rua

de Satildeo Bento nuacutemero 11| Preccedilos|20 Exilir

ndash frasco 5$000 Duzia 50$000

322

- 11 de abril de 1889 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

syfilis Adquirida ou Hereditaacuteria em todo

os periodos accidentes segundarios e|

terciaacuterios que resultatildeo drsquoella Ulceraccedilatildeo

da bocca e da garganta Gommas|

Exostoses Carie dos ossos

Rheumatismos Ulceras Impotencia etc

etc|Scrofulas Viacutecios do Sangue

Molestias da pelle (Dartres Eczeacutemas

Lepra | Herpes)- Cura certa raacutepida e

radical pelos celebres biscoutos

depurativos|do drsquoollivier o mais poderoso

anti-syphilitico e receitado haacute mais de 60

annos| pelos mais illustrados

profissionaes|eacute o unico remedio no

mundo inteiro| Approvado pela Academia

de Medicina de Paris unico premiado

com|Recompensa Nacional de 24000

Francos|Deposito Geral 62 Rua de

Rivolli Paris| Em Satildeo Paulo Martins

Labre amp [Companhia]

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

Acalma | 8 vezes sobre 10 | Enxaquecas |

323

Rheumatismos | Nevralgias | do |

Estomago | da | Cabeccedila | e dos | Intestinos||

Exigir a Firma | Clertan | [assinatura] | 19

rua Jacob PARIZ | PEROLAS | DE |

TEREBENTHINA | DO DoutoR

CLERTAN | Approbaccedilatildeo da Academia |

de | Medicina de Pariz || Acalma | 8 vezes

sobre 10 | Enfermidades | do | Fiacutegado |

Caacutelculos biliarios | Catarrhos | Pulmonares

| e da | Bexiga || Exigir a Firma | Clertan |

[assinatura] | 19 rua Jacob Pariz

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

Gotta Rheumatismo Dores | Soluccedilatildeo do

Doutor Clin | Laureado da Faculdade de

Medicina de Paris ndash Premio Montyon ||

A Verdadeira Soluccedilatildeo Clin ao Salicylato

de Soda emprega-se para curar | AS

Affecccedilotildees Rheumatismaes agudas e

chronicas o Rheumatismo gottoso | as

Dores articulares e musculares e todas as

vezes que eacute necessario calmar os |

soffrimentos occasionados por estas

molestias || A Verdadeira Soluccedilatildeo Clin eacute

o melhor remeacutedio contra o Rheumatismo

| a Gotta e as Dores || Uma explicaccedilatildeo

detalhada acompanha cada frasco || Exigir

324

a Verdadeira Soluccedilatildeo de Clin amp

Companhia de PARIS que se encontra

em | casa dos Droguistas e

Pharmaceuticos

PALAVRA THERAPEUTICA

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

terapecircutica sf lsquoparte da medicina que

estuda e potildee em praacutetica os meios

adequados para aliviar o curar doenccedilasrsquo |

the- XIX | do fr theacuterapeutique deriv do

lat tard therapeutica e este do gr

therapeutikeacute de therapeacuteuo lsquoeu curorsquo ()

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO COMUM

terapecircutica sf parte da medicina que

estuda e potildee em praacutetica os meios

adequados para aliviar ou curar os

doentes terapia ()

PERIOacuteDICO

DATA

- 4 de marccedilo de 1853 Satildeo Paulo Aurora

Paulistana

325

E

CIDADE DE ORIGEM

CURA CERTA | e em pouco tempo de

todas as enfermidades provenientes de

vicio san- | guineo como ndashescrophulas

tube[r]- | culos lepra syphylis etc etce

[ilegiacutevel] | particular as affecccediloens de

pape[ilegiacutevel] | em seu principio ||

Etienne Lagarde || Pharmaceutico e

cirurgiatildeo das faculdades | Pariz e do Rio

de Janeiro ex-preparad[o] | do Curso de

Chimica da escola de medic[i]- | na e

pharmacia de Poi[furo]iers membro da

s[o]- | ciedade medica da mesma cidade e

corres- | pondente de algumas sociedades

scientificas || Attenccedilacirco || A experiencia

junto aacute perseveranccedila qu[e] | hoje tem sido

meus uacutenicos guias no trata[men]- | to das

enfermidades acima mencionadas os |

caracteres horriveis que ellas apresentatildeo |

desgostos que sobrevem as pessoas que

satildeo de | las attacadas deviatildeo naturalmente

attrahir | attenccedilatildeo de todo o homem amigo

da huma- | nidade || Antigamente estas

enfermidades se consi- | deravatildeo com um

principio contagioso o que | obrigava os

doentes a buscar longe das povo- | accedilotildees

uma morada tranquilla que lhes permi- |

tisse esperar com paciencia a hora que [o]

| Creador tivesse determinado para pocircr

term[]| a todos os seus soffrimentos hoje

porem assim | natildeo acontece os progressos

que tem feito [a] | sciencia medica com os

numerosos trabalhos | e investigaccedilotildees da

chimica tem em fim intro- | duzido na

326

therapeutica e posto aacute disposiccedilatildeo | dos

homens da sciencia um meio prophilati- |

cos contra estas crueis enfermidades

fazendo | assim esperar uma prompta cura

a todos | aquelles que o quizerem abraccedilar

|| Penetrado do sentimento o mais sincero

da | philantropia do amor aacute sociedade

offereccedilo o[s] | meus recursos meacutedicos e

pharmaceuticos ad- | quiridos por um

aturado e longo estudo da na- | tureza

humana Ersquo pois com os medicamen- | tos

preparados por minhas proacuteprias matildeos

qu[e] | me proponho a curar a todos

aquelles que m[e] | quizerem procurar ||

Estou certo que os epithetos de ndash charlatatildeo

| e especulador ndash ser-me-hatildeo lanccedilados por

al- | guns ao lerem este meu annuncio

porem natildeo | seraacute por homens sensatos que

serei assim [ilegiacutevel] | xado O sabio

indaga consulta ouve [ilegiacutevel] | entre

voacutes (como eu creio) existe algum

rec[ilegiacutevel] | conhecimento recebei de

antematildeo toda a mi- | nha gratidatildeo || A

voacutes enfermos eu dirijo meus offereci- |

mentos eu saberei consolar-vos e talvez

da[r]- | vos a panaceacutea beneacutefica da saude

que tan[furo] | desejaes || Seja o

reconhecimento o fructo de meu[s] |

trabalhos e o uacutenico tributo que desejo

obte[r] | daquelles que me quizerem

honrar com sua[s] | consultas|| Dirijatildeo-se

ao Hotel Paulistano na rua d[e] | Satildeo

327

Bento nuacutemero 35

PALAVRA TISICA

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

tiacutesico adj sm que ou aquele que sofre de

tiacutesica XVII Do lat tard phthisius deriv

do gr phthisikoacutes ()

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

tiacutesica sfpatol Tuberculose [qv]

pulmonar especilmente na fase

consuntiva heacutectica()

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 27 de Janeiro de 1888 Campinas

Diaacuterio de Campinas

Tisica pulmonar||Grande descoberta

indigena|Estaacute mais que reconhecido que o

infallivel medicamento contra a tisica e o

EXTRACTO FLUIDO DE BOCAGY o

qual foi muito bem aceito em Madrid

como estatildeo fazendo continuadamente

pedidos para a Hepanha e em todas as

328

provncias do imperio tendo feito curas

importantes em qualquer grau que estaja a

tisica| Remete-se qualquer encommenda

mandando o dinheiro| Preccedilos de cada|

garrafa10$000|| Os pedidos satildeo dirigidos

aos senhores Oliveira amp Lima em Santa

Cruz do Rio Pardo

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

XAROPE DE FOLLET || Sirop de Choral

Follet || E o calmante por excelencia que

supprime a dor e procura | o somno

tranquumlilo e natural nos casos de |

NEVRALGIAS ndash GOTTA ndash RHEUMA |

TISICA ndash FEBRES || Exigir a Firma ||

Fabrica casa FRERE 19 rua Jacob

PARIZ

PALAVRA TONICO

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

tom Sm tensatildeo tono altura de um som

329

ETIMOLOacuteGICO tonalidade | XIV toom XV | do lat Tonus

-i deriv Do gr Toacutenos muacutesculo tendatildeo

tendatildeo intensidade forccedila energia tensatildeo

de uma corda som de instrumento ()

tocircnico adj relativo ao tom tonifica ou daacute

energia diz-se do elemento que recebe o

acento de intensidade 1858 do fr

tonique deriv do gr tonikoacutes ()

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

tocircnico Adj 1 relativo a som (1) 2 que

tonifica ou daacute energia 3 gram Diz-se do

elemento (vogal siacutelaba) que recebe acento

de intensidade ou icto sm4

medicamento ou cosmeacutetico tocircnico

revigorante

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 29 de janeiro de 1899 Satildeo Paulo A

Notiacutecia

A EMULSAtildeO DE SCOTT|de Oleo de

Figado de|Bacalhau com Hipophos|phitos

de Cal e Soda|Eacute UM REMEacuteDIO-

ALIMENTOPOR EXCELENCIA|Porque

o Oleo de Figado de Bacalhau como

alimento eacute dum valor importantissimo-

fortalece e engorda-Como remedio rico-eacute

magnifico creador de sangue assim como

330

um bom remedio alterante espinha dorsal

e systema osseo e a combinaccedilatildeo destes

preciosos componentes produz o melhor

reconstituinte tonico e purificador de

sangue que a sciencia medica conhece

Natildeo te rival para todas as molestias

debilitantes ha annos emprego a

Emulsatildeo de Ha mais de 20 annos que

emprego Scott e seguro contra affecccedilotildees

do em minha clinica sempre com muito

apparelho respiratorioe para vantagem nos

casos em que eacute combater a asthenia em

geral Diz indicada Diz o deistincto

Doutor Joseacute o illustrado Doutor Bacellar

do Rio Justino de Mello de Paranaguaacute

Grande do Sul Cautella com Imitaccedilotildees| A

venda em todas as Drogarias

Falsificaccedilotildees e Pharmacias Exija-se a

Legitima|Scott amp Bowne Chimicos New

York EUA

- 01 de fevereiro de 1888 Campinas

Diaacuterio de Campinas

O Elixir alimenticio Ducro e muito

agradavel ao paladar e as pessoas a quem

mais repugnam os aimentos o tomam ateacute

por gosto| Eacute um tonico poderosissimo

aconselhado para as mulheres e a crianccedilas

331

delicadas os velhos os convalescentes em

que desperta o appetite e restabelece as

forccedilas| Convem sobretudo nos paizes

quentes onde as forccedilas diminuem pela

transpiraccedilatildeo e onde se esta sujeito a

molestias contagiosas - Para mais

detalhes leia-se o prospecto que

acompanha cada vidro| Pariz 20 Place

des Vosges|| E EM TODAS AS

PHARMACIAS

- 05 de julho de 1887 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

Tonico|Fevrifugo|Regenerador|vinho do

doutor johanno Quina Coca Extracto de

Carne e Hypophosphito|Recommendatildeo-

no nos casos que necessitatildeo toacutenicos

para|reconstruir e regenerar o organismo

arruinado por molestias|excessos

natureza do clima anemia chlorosis

amenorrhea cachxia|fluxo branco que

tanto arruinatildeo a saude das mulheres

pobreza de|sangue fraqueza geral

debilidade etc|H Vivien Droguista 50

Boulevard de Strasboug em Paris

332

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

VINHO || Tonico-Nutritivo || DEFRESNE

|| Com Peptons (Carne assimilavel) ||

FERRO E LACTO-PHOSPHATO DE

CAL NATURAES || Sendo o Vinho

Defresne drsquoum gosto | delicioso tambem

eacute o unico reconsti- | tuinte natural e

completo || Eacute o mais precioso de todos os

tonicos sob a sua influencia

desvanecem-se os | accindentes febris

renasce o appetite forta- | lecem-se os

musculos e voltam as forccedilas || Emprega-

se com ecircxito contra a inappe- | tencia os

crescimentos raacutepidos com ra- | lecoenccedilas

molestias de estomago a | anemia e

[ilegiacutevel] || DEFRESNE Fornecedor dos

Hospitaes Paris || E todas as Pharmacias

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

VINHO EMINENTEMENTE TONICO||

Unico | approvado pela Academia | de

Medicina de Pariz || Quinium Labarraque

|| Fabrica | Casa L Frere 19 rua Jacob |

PARIZ | FEBIFUGO E FORIFICANTE

333

  • LEacuteXICO DISCURSO E PROJETO DE NACcedilAtildeO
    • AGRADECIMENTOS
    • RESUMO
    • ABSTRACT
    • Sumaacuterio
    • Introduccedilatildeo
    • 1 Metodologia
    • 2 Linguagem como distintivo de humanidade
      • 21 Investigaccedilotildees relativas agrave linguagem
      • 22 O Leacutexico da Liacutengua Portuguesa
      • 23 Projeto de naccedilatildeo portuguecircs para Portugal
        • 3 A importacircncia da imprensa no processo civilizatoacuterio
          • 31 A imprensa e a disseminaccedilatildeo de discursos
            • 4 Desejo de ascensatildeo
            • 5 Nomenclatura especializada e a disseminaccedilatildeo das tecnologias na sociedade
            • 6 Projeto de uma naccedilatildeo brasileira
            • 7 Passos mecacircnicos
              • 71 Arte mecacircnica
              • 72 Dono de seu proacuteprio tempo
                • 8 Para garantir a vida
                • 9 Conclusotildees
                • 10 Bibliografia
                • 11 Apecircndices

UNIVERSIDADE DE SAtildeO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA LETRAS E CIEcircNCIAS HUMANAS

ENTREGA DO EXEMPLAR CORRIGIDO DA DISSERTACcedilAtildeOTESE

Termo de Ciecircncia e Concordacircncia do (a) orientador (a)

Nome do (a) aluno (a) Brian Galdino da Silva

Data da defesa 06082019

Nome do Prof (a) orientador (a) Manoel Mourivaldo Santiago Almeida

Nos termos da legislaccedilatildeo vigente declaro ESTAR CIENTE do conteuacutedo deste EXEMPLAR

CORRIGIDO elaborado em atenccedilatildeo agraves sugestotildees dos membros da comissatildeo Julgadora na

sessatildeo de defesa do trabalho manifestando-me plenamente favoraacutevel ao seu

encaminhamento e publicaccedilatildeo no Portal Digital de Teses da USP

Satildeo Paulo 11112019

___________________________________________________

(Assinatura do (a) orientador (a)

4

Nome SILVA Brian Galdino da

Tiacutetulo Leacutexico Discurso e Projeto de Naccedilatildeo

Dissertaccedilatildeo apresentada ao Departamento

de Letras Claacutessicas e Vernaacuteculas da

Faculdade de Filosofia Letras e Ciecircncias

Humanas da Universidade de Satildeo Paulo

para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de mestre em

liacutengua portuguesa

Aprovado em

Banca Examinadora

Prof Dr___________________________

Julgamento _______________________

Prof Dr __________________________

Julgamento _______________________

Prof Dr __________________________

Julgamento _______________________

Instituiccedilatildeo ________________________

Assinatura ________________________

Instituiccedilatildeo ________________________

Assinatura ________________________

Instituiccedilatildeo ________________________

Assinatura ________________________

5

AGRADECIMENTOS

Agrave Faculdade de Filosofia Letras e Ciecircncias Humanas que formou o profissional que eu

sempre sonhei ser e onde eu conheci muitos dos amigos que trago comigo ateacute os dias de

hoje desde a graduaccedilatildeo

Ao Prof Dr Emilio Gozze Pagotto com quem tive minha primeira e segunda

experiecircncia em pesquisas e que me incentivou a continuar pesquisando

Ao Prof Dr Manoel Mourivaldo Santiago Almeida que aceitou me orientar nessa

empreitada

Agrave minha esposa minha Iaiaacute amada por quem e com quem vivo e meu filho Eros o

melhor presente que minha esposa jaacute me deu na vida que sempre estiveram comigo

dando a forccedila que eu precisava nos momentos em que pensei que natildeo conseguiria

Aos meus amigos que juntamente com minha famiacutelia estavam sempre disponiacuteveis para

me dar um empurratildeo em especial a Tatiana Malheiro que me ajudou a levantar nas

vaacuterias vezes em que caiacute minha irmatilde a quem admiro e amo

6

RESUMO

SILVA B G da Leacutexico Discurso e Projeto de Naccedilatildeo 2019 Dissertaccedilatildeo (Mestrado)

ndash Faculdade de Filosofia Letras e Ciecircncias Humanas Universidade de Satildeo Paulo Satildeo

Paulo 2019

Este trabalho teve como meta levantar entradas lexicais gregas na liacutengua portuguesa que

foram adotadas por nomearem artefatos tecnoloacutegicos inventados e postos em uso no

seacuteculo XIX no Brasil As tecnologias assim como artigos ligados a medicina e cultura

procuraram durante o seacuteculo XIX no grego antigo lexemas de base grega para dar

nomes agraves novidades Tendo como corpus anuacutencios de jornais da eacutepoca faremos o

possiacutevel para analisar criticamente os discursos que acompanharam esses empreacutestimos

para que possamos compor um mapa social e consequentemente esclarecer questotildees

quanto ao processo civilizatoacuterio brasileiro e seu projeto de naccedilatildeo

Palavras-chave Helenismo Anaacutelise Criacutetica do Discurso Civilizaccedilatildeo

7

ABSTRACT

SILVA B G da Lexicon Discourse and Nation Project 2019 Dissertaccedilatildeo

(Mestrado) ndash Faculdade de Filosofia Letras e Ciecircncias Humanas Universidade de Satildeo

Paulo Satildeo Paulo 2019

This work has as its goal to raise lexicais gregas entries in Portuguese language that

foram added by nomearem invented technological artifacts and posts in use no seculo

XIX no Brazil The technologies as well as articles linked to medicine and culture

sought during the 19th century in Ancient Greek for lexemes of greek base to give

name to new things We have as corpus advertisements of the day of the epoch we will

do the possible to critically analyze the speeches that accompany these loans so that we

have a social map and consequently clarify question about the Brazilian civilization

process and their national project

Keywords Hellenism Critical Discourse Analysis Civilization

8

Sumaacuterio Introduccedilatildeo 9

1 Metodologia16

2 Linguagem como distintivo de humanidade 18

21 Investigaccedilotildees relativas agrave linguagem 21

22 O Leacutexico da Liacutengua Portuguesa 25

23 Projeto de naccedilatildeo portuguecircs para Portugal 31

3 A importacircncia da imprensa no processo civilizatoacuterio 38

31 A imprensa e a disseminaccedilatildeo de discursos 445

4 Desejo de ascensatildeo 48

5 Nomenclatura especializada e a disseminaccedilatildeo das tecnologias na sociedade 50

6 Projeto de uma naccedilatildeo brasileira 55

7 Passos mecacircnicos 59

71 Arte mecacircnica 75

72 Dono de seu proacuteprio tempo 82

8 Para garantir a vida 91

9 Conclusotildees 109

10 Bibliografia 111

101 Bibliografia online 116

11 Apecircndices 117

111 Lexemas ligados agrave cultura 118

112 Lexemas ligados agraves tecnologias 145

113 Lexemas ligados agrave sauacutede 222

9

Introduccedilatildeo

A histoacuteria da humanidade eacute marcada por sequecircncias de descobertas e invenccedilotildees

que impulsionaram as revoluccedilotildees porque passamos ateacute nos encontrarmos nesta realidade

de e do agora Olhar criticamente para os momentos dessas passagens de eras nos faz

entender alguns porquecircs dos dias atuais Muitas satildeo as perspectivas com relaccedilatildeo ao quecirc

devemos chamar de civilizado afinal depende da perspectiva de quem estaacute adjetivando

Para noacutes neste trabalho eacute interessante que tenhamos como paradigma aquelas que

tenham como fio condutor uma linha mais eurocecircntrica tanto para concordarmos

quanto para discordarmos e criticarmos porque como poderatildeo perceber na leitura desta

dissertaccedilatildeo a influecircncia que estudaremos eacute europeia Perceber que cada degrau

alcanccedilado pela humanidade rumo a patamares mais civilizados da forma como eacute

comungado pela perspectiva que escolhemos se associa agrave realizaccedilatildeo de uma descoberta

ou invenccedilatildeo tecnoloacutegica eacute dar significacircncia agrave histoacuteria passada presente e quiccedilaacute

possamos trazer contribuiccedilotildees a trabalhos posteriores que leiam neste algo de relevante

Das tecnologias inventadas pela humanidade as que mais nos interessam satildeo

aquelas que se assoiciam agrave linguagem e dela fazem uso Linguagens que se desdobram

historicamente em um enorme cabedal com muacuteltiplas possibilidades visando agrave

comunicaccedilatildeo eacute o que possibilitou que os avanccedilos fossem possiacuteveis

Debruccedilamo-nos entatildeo sobre um momento da nossa histoacuteria procurando por

respostas de como chegamos noacutes brasileiros aonde chegamos e a forma como

chegamos

Esta pesquisa teve seu iniacutecio como um trabalho de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica que natildeo se

esgotou mas teve de ser finalizado em 2011 Foi utilizado para trabalho de mestrado o

corpus da pesquisa inicial mas com perspectivas mais amandurecidas do que quando

foi escrita anteriormente aleacutem de um vieacutes de anaacutelise mais apurado principalmente no

que diz respeito agraves anaacutelises dos discursos presentes no corpus

As tecnologias satildeo motores de inovaccedilotildees de avanccedilos e mudanccedilas para novos

modus vivendi Claro que nem sempre esses avanccedilos inovaccedilotildees e mudanccedilas podem ser

concebidas pelo prisma de positivaccedilatildeo mas elas satildeo inevitaacuteveis pela forma como satildeo

intruduzidas nas vidas daqueles que assistem seus nascimentos Vemos essas

10

ldquorevoluccedilotildeesrdquo tecnoloacutegicas como uma bomba Imaginemos um quandrante Quando essa

bomba eacute lanccedilada a modificaccedilatildeo campal eacute maior no lugar especiacutefico onde ocorre a

explosatildeo alterando totalmente a paisagem Contudo os arredores satildeo inevitavelmente

atingidos pelos fragmentos dessa bomba se alterando em maior ou menor grau

dependendo da distacircncia em que esse lugar se encontra em relaccedilatildeo ao ponto de impacto

Dessa forma como bem atesta RIBEIRO (2000) ldquoA cada uma dessas etapas de

progresso tecnoloacutegico Morgan faz corresponder modos particulares de organizaccedilatildeo

social e conteuacutedos especiais da visatildeo do mundo e dos corpos de crenccedila e valoresrdquo As

mudanccedilas segundo o atropoloacutego natildeo satildeo apenas na praacutetica dos trabalhos a que a

tecnologia se destina As mudanccedilas satildeo mais profundas

A perspectiva de Morgan citada por Ribeiro eacute por anos reelaborada por uns e

desdobrada por outros historiadores antropoacutelogos e arqueoacutelogos Friedrich Engels em

1884 reelaborou o esquema de Morgan tendo como base as concepccedilotildees marxistas das

formaccedilotildees econocircmico-sociais definido essas organizaccedilotildees como tipos histoacutericos de

sociedades que podem ser caracterizadas pela combinaccedilatildeo de um modo de produccedilatildeo

(tecnologia + divisatildeo do trabalho) que partilham de certa organizaccedilatildeo social com um

corpo particular de concepccedilotildees ideoloacutegicas Engels divide a evoluccedilatildeo em cinco

formaccedilotildees distintas o comunismo primitivo o escravismo o feudalismo o capitalismo

e o socialismo Este uacuteltimo como uma utopia a que poderiacuteamos alcanccedilar em certo ponto

de nossa histoacuteria

Os estudos de Marx tiveram como objeto de observaccedilatildeo as formaccedilotildees sociais

asiaacuteticas a antiga claacutessica a eslava e a germacircnica Eacute preciso notar que sua perspectiva

foi intensamente revista por ele proacuteprio e por Engels aleacutem de outros estudiosos

marxistas

Gordon Childe jaacute no seacuteculo XX com o auxiacutelio das pesquisas proliacuteferas de sua

eacutepoca no campo da arqueologia e etnologia e seguindo as linhas de Morgan mas de

certa forma contribuindo com modificaccedilotildees conceituais com as perspectivas de seu

ldquomestrerdquo estende a selvageria ateacute a Revoluccedilatildeo Neoliacutetica representada pela difusatildeo da

agricultura e do pastoreio quando se iniciaria a barbaacuterie A barbaacuterie seria divida em

duas etapas a barbaacuterie neoliacutetica e a da idade do cobre que se estenderia ateacute a

Revoluccedilatildeo Urbana que determinaria o iniacutecio da civilizaccedilatildeo Esta divida em trecircs etapas

as idades de bronze ferro e o feudalismo que se estenderia ateacute a Revoluccedilatildeo Industrial

Aleacutem desses nomes RIBEIRO (2000) ainda cita Leslie White que traz contribuiccedilotildees agrave

11

perspectiva evolucionista de Morgan e Childe Julian Steward que traz contribuiccedilotildees

assinaladas agrave teoria da evoluccedilatildeo cultural comparando as sociedades mesopotacircmica

egiacutepcia indiana chinesa peruana e meso-americana e por fim Karl Wittfogel que com

base em estudos da China e tendo como pano de fundo os conceitos desenvolvidos por

Marx faz um trabalho sobre o ldquodespotismo orientalrdquo

Assim essa sucessatildeo de revoluccedilotildees tecnoloacutegicas e processos que caminham em

direccedilatildeo a uma civilitude cada vez maior tirando o homem da condiccedilatildeo de caccediladores e

coletores que eram generalizadas encaminham o homem a formas de organizaccedilatildeo social

e formas de explicar suas experiecircncias Essas formas segundo RIBEIRO (2000) podem

ser enquadradas em imperativos comuns apesar de diferentes dependendo de cada

povo O primeiro imperativo diz respeito ao ldquocaraacuteter acumulativo do progresso

tecnoloacutegico que se desenvolve desde formas mais elementares a formas mais

complexasrdquo o segundo diz respeito quanto agraves ldquorelaccedilotildees reciacuteprocas entre o equipamento

tecnoloacutegico empregado por uma sociedade em sua atuaccedilatildeo sobre a natureza para

produzir bensrdquo obviamente isso se atrela agrave ldquomagnitude de sua populaccedilatildeo a forma de

organizaccedilatildeo das relaccedilotildees internas entre os membros ()rdquo e por fim o terceiro

imperativo se relaciona com a ldquointeraccedilatildeo entre esses esforccedilos de controle da natureza e

da ordenaccedilatildeo das relaccedilotildees humanas e a culturardquo Essas relaccedilotildees devem ser entendidas

como patrimocircnios simboacutelocos que padronizam os modos de pensar e dos saberes

manifestados de forma material ldquonos artefatos e bens expressamente atraveacutes da

conduta social e ideologicamente pela comunicaccedilatildeo simboacutelica e pela formulaccedilatildeo da

experiecircncia social em corpos de saber de crenccedilas e valoresrdquo Esses trecircs imperativos

sucintamente remetem a fatores determinantes de uma sociedade civilizada ou em vias

de civilarem-se de acordo com a perspectiva de Ribeiro A associaccedilatildeo desses trecircs

fatores tecnologia sociedade e ideoloacutegia entrelaccedilam-se de maneira indissociaacutevel Em

outras palavras esses imperativos trabalham em conjunto e conectados As etapas

evolutivas no campo da tecnologia correspondem a classificaccedilotildees fundadas em padrotildees

de organizaccedilatildeo social e a moldes de configuraccedilotildees ideoloacutegicas A relaccedilatildeo entre esses

trecircs fatores trabalha de forma a uma induzir a outra a modificar-se de acordo com sua

necessidade imediata

Para a fundaccedilatildeo de uma sociedade podemos notar alguns contingenciamentos que

conformem as culturas O primeiro diz respeito agrave condiccedilatildeo bioloacutegica humana que a

uniformiza a partir das evoluccedilotildees bioloacutegicas Em virtude desse contingenciamento as

12

culturas desenvolvem normas uniformes de orientaccedilatildeo da accedilatildeo adaptativa e meios de

como tirar de sua realidade materiais para a sobrevivecircncia e multiplicaccedilatildeo o segundo eacute

a criaccedilatildeo de pautas culturais que determinem e propiciem a ordenaccedilatildeo e interaccedilatildeo

social e por fim o contingenciamento de natureza psicoloacutegica A tudo isso sobrevem

um imperativo elementar de natureza propriamente cultural que consiste na capacidade

humana de comunicaccedilatildeo simboacutelica pois eacute atraveacutes da linguagem que todos os outros

contingenciamentos podem ser guardados como heranccedila cultural e transmitidos de

geraccedilatildeo a geraccedilatildeo Desta forma todo desenvolvimento posterior depende de

caracteriacutesticas de patrimocircnios preacute-existentes

A maneira como o Brasil foi colonizado a maneira como durante todo o tempo

que natildeo foi curto em que o Brasil foi apenas considerado uma colocircnia sendo

dilapidado explorado e posto no mapa do mundo que se dizia civilizado natildeo segue a

ordem loacutegica da evoluccedilatildeo prescrita ateacute aqui Tudo o que foi exposto nos serve como

base para que possamos repensar essa loacutegica

Apesar de tudo hoje temos uma sociedade instituiacuteda temos uma organizaccedilatildeo

poliacutetica econocircmica e cultural estruturada devido inclusive agrave forma como o que

conhecemos como Brasil foi concebido Aleacutem de tudo temos uma liacutengua que nos

disitingue e seraacute esse nosso objeto de estudo

Como eacute a partir do uso das linguagens que se transmitem as ideologias partilhadas

por uma sociedade decidimos tomar o leacutexico como ponto inicial para que pudeacutessemos

olhar para as unidades constitutivas do discurso partindo de sua menor unidade assim

como o ideaacuterio comungado pelos filoacutesofos da Era Claacutessica Grega

Consequentemente o presente trabalho pretende demostrar a importacircncia dos

lexemas de base grega para reforccedilar o discurso vigente na eacutepoca que decidimos

investigar o seacuteculo XIX em que se intensificam as intenccedilotildees que nos servem de mote

Os lexemas assim pretenderemos demonstrar serviratildeo como centros gravitacionais ao

redor dos quais se constituiratildeo os discursos que em sua totalidade carregaratildeo consigo

marcas importantes em que poderatildeo ser lidas as intensotildees dos agentes sociais

A perspectiva que adotaremos para as anaacutelises dos discursos de nosso corpus

basia-se em estudiosos que professam a Anaacutelise Criacutetica de Discurso por acreditarmos

que este vieacutes de estudo deva carregar inevitavelmente compromisso social O porquecirc

da escolha dessa vertente natildeo eacute difiacutecil de entender Trataremos de linguagem E sendo

esta uma das principais ferramentas das sociedades e da sociabilizaccedilatildeo a noacutes nos parece

13

natural que os estudos dessa mateacuteria estejam vinculados ao social BOLIacuteVAR (2003)

na introduccedilatildeo de seu artigo nos serve de apoio para o nosso ideal

ldquoLos desarrollos de los estudios del discurso han sido tan acelerados y

variados en los ultimos antildeos que abundan las publicaciones y manuales en

ingleacutes y en otras lenguas (hellip) con lo que se demuestra la consolidacioacuten de

una disciplina cuya meta fundamental es investigar sobre el papel del

lenguaje en la interaccioacuten socialrdquo

(BOLIacuteVAR 2003 p9)

Procurando assim investigar os discursos presentes no periacuteodo a que nos

propusemos aleacutem de descrever seu uso apoiados nos lexemas tentaremos trazer

subsiacutedios para explicar a construccedilatildeo de sentido Afinal de contas ldquoas explicaccedilotildees de

construccedilatildeo de significaccedilatildeo pela linguagem ajudam a entender melhor processos do tipo

cognitivo social cultural e poliacuteticordquo1 O compromisso do nosso trabalho vai para aleacutem

da simples investigaccedilatildeo do simples compromisso com a disciplina Procuraremos trazer

benefiacutecios para quem sabe melhorar a sociedade que eacute com quem temos um

compromisso muito maior por fazermos parte dela

ldquo[] Como questatildeo de meacutetodo a possibilidade de deslocar o estatuto dos

textos que historicamente foram categorizados como ldquodocumentosrdquo aqui

tomados como discurso lugar de significaccedilatildeo de confronto de sentidos de

estabelecimento de identidades de argumentaccedilatildeo etc Como uma das

finalidades sair do jaacute nomeado do interpretado e procurar entender esses

textos como discursos que produzem efeitos de sentido a serem

compreendidos nas condiccedilotildees em que apareceram e nas de hojerdquo

(ORLANDI 1990 p 18)

A disciplina Anaacutelise de Discurso nasce para que pudeacutessemos ultrapassar as

fronteiras da gramaacutetica e da semacircntica (BOLIacuteVAR 2003) com a finalidade de

incrementar o estudo com a inclusatildeo de questotildees pragmaacuteticas agraves anaacutelises Entretanto a

analista nos alerta sobre o uso da perspectiva pragmaacutetica nos estudos

1 BOLIacuteVAR (2003) traduccedilatildeo nossa

14

ldquoAun asiacute la pragmaacutetica ha mostrado ser insuficiente para ofrecer

explicaciones sobre coacutemo se construyen los significados en la interaccioacuten

social y eso se debe en gran parte el desarrollo del anaacutelisis criacutetico del

discurso Fairclough (1989 p 9) por ejemplo considera que lsquola pragmaacutetica

con frecuencia para describir el discurso como podriacutea ser en un mundo mejor

en vez de describirlo tal como esrsquordquo

(BOLIacuteVAR 2003 p 11)

Comungando da perspectiva da autora logicamente nem todos os enfoques

podem ser criacuteticos tampouco linguiacutesticos mas todas as anaacutelises devem partir do

pressuposto de que os discursos satildeo inevitavelmente sociais de conhecimento

histoacutericos e dialoacutegicos (BOLIacuteVAR 2003)

Seguindo entatildeo por essa via a anaacutelise criacutetica de discurso que pretendemos eacute

aquela que leva em consideraccedilatildeo a linguagem como praacutetica social dentro de um

contexto de uso desta mesma linguagem

Recorrendo novamente a BOLIacuteVAR (2003) que enumerou belamente os

princiacutepios gerais que regem a anaacutelise criacutetica do discurso citaremos a autora novamente

Os princiacutepios satildeo entatildeo os seguintes

1 el anaacutelisis criacutetico tiene una motivacioacuten social y aborda problemas

sociales

2 las relaciones de poder son discursivas

3 el discurso constituye la sociedad y la cultura

4 con el discurso se hace trabajo ideoloacutegico

5 el discurso es histoacuterico

6 la relacioacuten entre texto y sociedad es mediada por los oacuterdenes del

discurso y por la cognicioacuten

7 el anaacutelisis es interpretativo y explicativo

8 el discurso es una forma de accioacuten social

(BOLIacuteVAR 2003 p 16)

Assim a anaacutelise de nosso corpus vai para aleacutem do estudo dos usos lexicais mas

os relacionaremos com o discurso que pairava sobre os ares brasileiros da eacutepoca Esses

discursos seratildeo imperiosos para mudanccedilas que se iniciariam no seacuteculo XIX e que

15

somente se reforccedilariam com o passar das deacutecadas uma vez que as tecnologias avanccedilam

sem freios pelo tempo

As questotildees que moveratildeo nossa anaacutelise entatildeo satildeo as que se relacionam ao

estabelecimento de uma nova realidade no Brasil oitocentista as respostas institucionais

para dar conta das demandas sociais o investimento na ideologia utoacutepica que seria

compartilhada pela vontade de e da naccedilatildeo pelo menos pelas vozes mais audiacuteveis na

eacutepoca aleacutem do que seria preciso para que se estabelecesse uma identidade nacional no

imaginaacuterio da populaccedilatildeo brasileira desse novo Brasil que se iniciva no seacuteculo XIX

Tentaremos o tanto quanto for possiacutevel demonstrar os sentidos do que eacute dito

assim como daquilo que fica encoberto sob o manto do ldquonatildeo ditordquo que fica calado

silenciado Uma vez que o que natildeo eacute falado tambeacutem significa2

2 ORLANDI (1990) o autor destaca a importacircncia em se notar a ldquopoliacutetica do silenciardquo a qual aliaacutes

subdivide em duas formas ldquoa) O silecircncio constitutivo ou seja a parte do sentido que necessariamente

se sacrifica se apaga ao se dizer Toda fala silencia necessariamente A atividade de nomear eacute bem

ilustrativa toda denominaccedilatildeo circunscreve o sentido do nomeado rejeitando para o natildeo-sentido tudo o

que nele natildeo estaacute dito b) O silecircncio local do tipo censura e similares esse silecircncio eacute que eacute produzido ao

se proibir alguns sentido de circularem por exemplo num regime poliacutetico num grupo social

determinado de uma forma de sociedade especiacutefica etcrdquo

16

1 Metodologia

O nosso objeto de estudos se trata como dito de lexemas que adentraram a Liacutegua

Portuguesa que nomeiam artefatos ligados agraves tecnologias agraves aacutereas da medicina da

eacutepoca como medicamentos e procedimentos meacutedicos assim como lexemas ligados agrave

cultura Esses lexemas que nos servem de corpus foram levantados a partir de anuacutencios

de jornais que pudemos coletar e que foram impressos durante o seacuteculo XIX periacuteodo

em que o Brasil se torna primeiramente independente de seus colonizadores

portugueses ao menos formalmente e procurava estabelecer-se como naccedilatildeo dentro de

suas possibilidades circunstanciais

A coleta dos anuacutencios teve como ferramenta utiliacutessima a obra ldquoDiachronicardquo ldquoE

Os Preccedilos Eram Commodos ndash Anuacutencios de Jornais Brasileiros do Seacuteculo XIXrdquo

impresso no ano 2000 pela Copyright 2000 da Humanitas FFLCHSP organizada por

Marymarcia Guedes e Rosana de Andrade Berlink Nesta obra as organizadoras

dispotildeem de forma sistemaacutetica anuacutencios transcritos retirados de jornais de algumas

regiotildees do Brasil Compotildee este compecircndio 310 anuacutencios do estado da Bahia 142

anuacutencios do estado de Minas Gerais 90 anuacutencios do estado do Paranaacute 66 anuacutencios do

estado do Pernambuco 146 anuacutencios do estado do Rio de Janeiro 106 anuacutencios do

estado de Santa Catarina e 783 anuacutencios do estado de Satildeo Paulo totalizando 1643

anuacutencios impressos em jornais do seacuteculo XIX

Assim como na pesquisa de iniciaccedilatildeo cientiacutefica para que se estabelecesse um

criteacuterio para a anaacutelise que natildeo fosse tatildeo largo os anuacutencios que utilizamos foram os que

correram as matildeos dos leitores das cidades de Campinas Satildeo Paulo e Sorocaba cidades

estas em franco desenvolvimento no seacuteculo XIX devido agrave produccedilatildeo cafeeira aleacutem da

suma importacircncia histoacuterica e econocircmica dessas cidades para o estado de Satildeo Paulo e

posteriormente para o Brasil As cidades escolhidas se enquadram perfeitamente na

proposta do trabalho por figurar muito bem a dicotomia ruralurbano e o processo

civilizatoacuterio aleacutem do afatilde pela modernidade

Assim da obra de GUEDES amp BELINK foram utilizados 523 anuacutencios e a estes

foram adicionados mais 61 anuacutencios levantados a partir do site do ARQUIVO

PUacuteBLICO DO ESTADO DE SAtildeO PAULO que disponibiliza perioacutedicos digitalizados

Desses 584 anuacutencios analisados foram levantados 74 lexemas construiacutedos a partir

de raiacutezes gregas Essas 74 ocorrecircncias figuram em exatos 181 anuacutencios dos 584

17

analisados E se dividem em 42 lexemas que se ligam agrave linguagem meacutedica ou

relacionada agrave sauacutede 26 nominam objetos de tecnologia maquinal e 6 desses se

relacionam com questotildees culturais ou faziam parte das classes estritamente gramaticais

como se poderaacute notar nos apecircndices do trabalho onde estatildeo digitados todos os anuacutencios

integralmente

Apoacutes a coleta do corpus foi efetuada a anaacutelise de cada um dos lexemas de modo a

tabelaacute-los dando a conhecer o perioacutedico de onde foi extraiacutedo o anuacutencio a data em que o

anuacutencio foi publicado e a cidade de publicaccedilatildeo do jornal que serviu como veiacuteculo de

divulgaccedilatildeo assim como as entradas lexicais em dicionaacuterio etimoloacutegico e entradas em

dicionaacuterio de Liacutengua Portuguesa de modo a se ter um quadro sinoacutetico de cada um dos

lexemas que foram tomados como empreacutestimo

A isso se seguiu o estudo mais detalhado dos lexemas que deu origem aos textos

analiacuteticos que constituem o trabalho

Sobre as anaacutelises a partir do lexema presente em cada um dos anuacutencios

analisados procurou-se estabelecer a conexatildeo entre o lexema e a construccedilatildeo do discurso

dos anuacutencios que deles fezeram uso de modo a clarificar a intenccedilatildeo dessa associaccedilatildeo

nomegtnovidade tecnoloacutegicagtmodernidadegtcivilizaccedilatildeo

As escolhas para a contruccedilatildeo do texto desta dissertaccedilatildeo que lhes eacute apresentado e a

forma como foi idealizado intenta fazer dele um texto teacutecnico mas que natildeo fosse

maccedilante de ser lido e que desse algum prazer aos leitores

Trataremos de inovaccedilatildeo tecnoloacutegica Para tanto foi feito uso de inovaccedilotildees a que

noacutes temos disponibilidade como a internet por exemplo para a construccedilatildeo deste

trabalho

18

2 Linguagem como distintivo de humanidade

Quando um beletrista se propotildee a anaacutelisar sua liacutengua materna a necessidade de

por um lado analisar com paixatildeo de trabalhar com um objeto que lhe pertence por

fazer parte de um ldquosirdquo do qual eacute inseparaacutevel indissociaacutevel procurar por fina forccedila por

outro lado certo distanciamento para que se imprima em sua pesquisa certo teor de

objetividade cientiacutefica chacoalha o pesquisador de um modo que se lhe for permitido

o amalgama da objetividade cientiacutefica e subjetividade apaixonada poriam juntas cada

um dos ladrilhos que comporiam a obra final desse pesquisador que se dispotildee a

discorrer de algo que eacute tatildeo seu

Como eacute possiacutevel analisar a relaccedilatildeo loacutegica de uma liacutengua que se propotildee a nominar

coisas a partir de sua relaccedilatildeo direta com essas mesmas coisas sem levar em

consideraccedilatildeo as mais variadas accedilotildees possiacuteveis no estabelecimento dessas relaccedilotildees que

podem ser tatildeo plurais

Os mitos as crenccedilas e as religiotildees nos trazem narrativas que atribuem agrave origem

das linguagens agraves ldquoforccedilas divinas aos animais e a seres fantaacutesticos que o homem teria

imitadordquo (KRISTEVA 1969)

Quando o Deus da mitologia judaico-cristatilde terminou sua obra de construccedilatildeo da

Terra assim como a criaccedilatildeo dos animais e do homem foi dada a este a responsabilidade

pela nomeaccedilatildeo de toda a criaccedilatildeo que era divina

ldquoHavendo pois o SENHOR Deus formado da terra todos os animais do

campo e todas as aves dos ceacuteus trouxe-os ao homem para ver como este lhes

chamaria e o nome que o homem desse a todos os seres viventes esse seria

o nome deles

Deu nome o homem a todos os animais domeacutesticos agraves aves dos ceacuteus e a

todos os animais selvaacuteticos[]rdquo

(Gecircnesis II 19-20)

A citaccedilatildeo nos serve para estabelecermos a diferenccedila entre os humanos e demais

animais ainda no que diz respeito a crenccedilas e mitos que justificam a humanidade A fala

eacute atributo humano assim como a gama de tecnologias que foram desenvolvidas por

causa dela e por ela

19

A liacutengua em si eacute um ato poliacutetico pois a liacutengua eacute algo proacuteprio da humanidade e

como disse o filoacutesofo Aristoacuteteles ldquoo homem eacute um ser poliacuteticordquo Posto dessa forma

talvez seja necessaacuterio esclarecer qual a nossa percepccedilatildeo nossa leitura dessa frase neste

ponto para que natildeo haja ruiacutedo algum quando se dispuserem a ler este trabalho

Tomamos o termo ldquopoliacuteticardquo respeitando o sentido primeiro Aquele expresso por

Platatildeo quando pensou utopicamente certa organizaccedilatildeo dos homens que viviam em

comunhatildeo na polis Como sabemos essa comunhatildeo se restringia a um nicho social que

natildeo era total que natildeo assistia todos os que habitavam a Heacutelade mas uma classe bem

pequena restrita aos nativos ignorando os estrangeiros e escravos e mais do que isso as

mulheres atenienses porque foi em Atenas onde esse ideaacuterio nasceu

A vida em clatildes e tribos destoa organizacionalmente exatamente quando se passa

para o niacutevel seguinte da sociabilizaccedilatildeo Fazem-se necessaacuterias organizaccedilotildees tanto

estruturais quanto no que concerne ao mando para com outrem Poliacutetica vai aleacutem do

governo Antes se refere agrave organizaccedilatildeo dentro de uma sociedade que de certa forma eacute

de responsabilidade de todos e cada um Dessa maneira as interaccedilotildees cotidianas entre

aqueles que dividem os espaccedilos da polis satildeo atos poliacuteticos Dentro das famiacutelias as

interaccedilotildees entre pais e filhos filhos e pais filhos e filhos as ideias de paternidade

ldquofiliedaderdquo e fraternidade nada satildeo aleacutem de praacuteticas poliacuteticas que se enquadram em

determinada perspectiva de organizaccedilatildeo perspectiva essa da qual comungamos ainda

hoje devido nossa histoacuteria e heranccedila cultural

Cai-se em equiacutevoco quando se compara o ser humano com os demais animais

postos na natureza Atestamos aqui que natildeo o somos O ser humano eacute uacutenico Bem ou

mal bom ou mau estamos nessa existecircncia para procurar significaccedilatildeo e para darmos

significaccedilatildeo atraveacutes de nossas accedilotildees Mesmo que estejamos fadados uns mais que

outros ao esquecimento e que o que se fique para a posteridade seja apenas para noacutes

mesmos seres humanos por meio de nossas instituiccedilotildees idealizaccedilotildees e praacuteticas

poliacuteticas

De comunidade agrave sociedade a humanidade se construiu visando a um status que

se desejasse civilizado Cada etapa desse processo civilizatoacuterio eacute acompanhada por

tecnologias que impulsionaram o status anterior ao proacuteximo patamar Para cada salto

aleacutem uma revoluccedilatildeo tecnoloacutegica

20

ldquoPara a fundaccedilatildeo de uma sociedade eacute inevitaacutevel que notemos alguns

contingenciamentos que conformem as culturas O primeiro diz respeito agrave

condiccedilatildeo bioloacutegica humana que a uniformiza Em virtude desse

contingenciamento as culturas desenvolvem normas uniformes de orientaccedilatildeo

da ldquoaccedilatildeo adaptativardquo e meios para tirar deles materiais para a sobrevivecircncia e

multiplicaccedilatildeo da espeacutecie o segundo eacute a criaccedilatildeo de ldquopautas culturaisrdquo que

determinem e propiciem a ordenaccedilatildeo e interaccedilatildeo social e por uacuteltimo o

contingenciamento de natureza psicoloacutegica A tudo isso sobreveacutem um

imperativo elementar de natureza propriamente cultural que consiste na

capacidade humana de comunicaccedilatildeo simboacutelica pois eacute atraveacutes da linguagem

que todos os outros contingenciamentos podem ser guardados como heranccedila

cultural e transmitidos de geraccedilatildeo a geraccedilatildeo Desta forma todo

desenvolvimento posterior depende de caracteriacutesticas de patrimocircnios preacute-

existentes Com isso em mente eacute de se depreender que as culturas se

desenvolvem pela acumulaccedilatildeo de ldquocompreensotildees comuns e pelo exerciacutecio de

opccedilotildees como um desdobramento dialeacutetico das potencialidades de conduta

cultural cuja resultante eacute o fenocircmeno humano em toda a sua variedaderdquo A

possibilidade de repassar agraves novas geraccedilotildees o que se alcanccedilou

tecnologicamente na geraccedilatildeo anterior atraveacutes das linguagens eacute que possibilita

que as culturas natildeo precisem regressar agraves suas bases iniciais podendo dar

continuidade sequencial agraves tecnologias ou adaptando-as para garantir seu

desenvolvimentordquo

(SILVA 2011 p 10)

Das tecnologias idealizadas pela humanidade ao longo de sua existecircncia a mais

singular e importante para que se realizasse concretamente seu afatilde pela procura de

significaccedilatildeo sem sombra de duacutevidas foi a linguagem O desenvolvimento da fala e

consequentemente da escrita que consolida de forma mais duradoura as expressotildees do

pensamento satildeo ferramentas tecnoloacutegicas capazes de atestar a condiccedilatildeo humana por

uma via ademais essas ferramentas satildeo essenciais para que seja possiacutevel o estudo do

desenvolvimento histoacuterico da humanidade

ldquoA comunicaccedilatildeo significa o proacuteprio momento da Humanizaccedilatildeo naquele

sentido de ldquoexpressatildeo simboacutelicardquo que segundo LESLIE WHITE decorreu

do ldquoprocesso natural da evoluccedilatildeo orgacircnicardquo e conduziu agrave ldquopreservaccedilatildeo ndash

acumulaccedilatildeo e progressordquo RUTH BENEDICT refere-se a esse ldquoprocesso

essencialmente humano de inventar e transmitir suas invenccedilotildeesrdquo como um

21

fenocircmeno diretamente relacionado aos seguintes elementos culturais o

domiacutenio do fogo a linguagem e as ferramentas de pedrardquo

(MELO 1973 p 24)

Reiterando a cada passo rumo agrave civilidade dado pela humanidade de acordo com

a perspectiva eurocecircntrica acompanha uma inovaccedilatildeo tecnoloacutegica assim como a cada

revoluccedilatildeo tecnoloacutegica o ser humano daacute um passo rumo agrave civilidade Por ora natildeo

discorreremos acerca do ser bom ou ruim as inovaccedilotildees ou mesmo a necessidade humana

em e distanciar do que eacute mais natural afinal talvez seja da natureza humana a aversatildeo agrave

natureza

21 Investigaccedilotildees relativas agrave linguagem

Os estudos de pesquisadores modernos de liacutenguas antigas aquelas que natildeo

possuem registros histoacutericos materiais e a ambiccedilatildeo de determinar com propriedade uma

ldquopreacute-histoacuteriardquo3 da linguagem deram alguns frutos que apesar de interessantes ateacute

palataacuteveis natildeo puderam e natildeo podem ser tomados com propriedade por figurarem como

interessantes natildeo datildeo conta de responder a todos os questionamentos que surgiram e

que ainda surgem com relaccedilatildeo agrave gecircnese da propriedade linguiacutestica humana A falta de

material testemunhal para que se pudesse atestar com veemecircncia uma conclusatildeo impede

que esses estudos sejam categoacutericos

A questatildeo para esses estudiosos eacute haacute uma liacutengua a partir da qual todas se

desdobraram

Uma questatildeo intereressante que merece estudo mas o que nos diz respeito eacute o

uso natildeo o gecircnese

O que podemos observar quanto agrave utilidade social eacute que toda e qualquer

linguagem adquire assim que postas na vida praacutetica certa associaccedilatildeo e relaccedilatildeo com a

necessidade de correspondecircncia poliacutetica obviamente quando posta numa relaccedilatildeo menos

privada

3 Em Kristeva (1969) nesta obra eacute apresentada certa historicidade do estudo do que aqui chamamos assim

como na nessa obra ldquopreacute-histoacuteria da linguagemrdquo citando estudiosos e momentos distintos dessa investigaccedilatildeo

assim como algumas metodologias e levantamento de possibilidades

22

Para noacutes interessaratildeo as investigaccedilotildees e trabalhos realizados pelos helenos e

helenistas no que se refere agrave teorizaccedilatildeo acerca da liacutengua e linguagens pelo menos neste

primeiro momento Os gregos natildeo foram os primeiros tampouco os uacutenicos a se

debruccedilarem e investigarem os objetos linguiacutesticos Entretanto fato eacute que eles foram os

que mais influenciaram as civilizaccedilotildees que se desenvolveram no ocidente o que nos

inclui durante seacuteculos Segundo KRISTEVA (1969) ldquoEstabelecendo as bases do

raciociacutenio moderno a filosofia grega forneceu tambeacutem os princiacutepios fundamentais

segundo os quais a linguagem foi pensada ateacute nossos diasrdquo

Demoacutecrito historicamente foi o primeiro a contestar agravequeles filoacutesofos que

atribuiacuteam agrave liacutengua um caraacuteter materialista como Heraacuteclito que afirmava que havia

certo teor reflexivo entre as coisas nomeadas e seus nomes como se o nome carregasse

consigo partes indissociaacuteveis daquilo a que nomeava Demoacutecrito atestava que os nomes

se davam por convenccedilatildeo social Em suma o pensamento desse grego e de outros

pensadores que o procederam ldquoentende a linguagem como um sistema formalrdquo

(KRISTEVA 1969) que se relaciona ao que estaacute no mundo de maneira distinta

convencionalmente e arbitrariamente A autonomia da liacutengua estabelece conjuntamente

a autonomia do sujeito que faz uso dela

Uma vez sujeito o uso que se pode fazer da linguagem pode ser vaacuterio Os sofistas

ganhavam a vida transferindo seus saberes acerca da linguagem para a construccedilatildeo de

discursos capazes de cumprir seu papel de efetivo convencimento dos interlocutores

daqueles que pagavam por suas aulas

ldquo[] a escola retoacuterica da Greacutecia se dedicou ao cuidado da orthoacutetes que aiacute jaacute

natildeo tem o sentido de verdade metafiacutesica falar de modo justo (orthoacutes) eacute usar

uma linguagem correta As palavras devem ser bem compostas bem soantes

e bem aplicadasrdquo

(NEVES 2004 p 41)

A liacutengua era no periacuteodo homeacuterico uma ferramenta que poderia ser utilizada para

transmitir ensinamentos atraveacutes da criaccedilatildeo e transmissatildeo dos mitos visando ao

estabelecimento de uma sociedade que dividisse os mesmos ideais espelhados em heroacuteis

e homens maiores

23

A constituiccedilatildeo das polis e em Atenas o advento da democracia faz surgir uma

nova demanda que tinha na linguagem sua ferramenta essencial

Nas decisotildees que eram tomadas em assembleias se fazia necessaacuteria a exposiccedilatildeo de

argumentos vaacutelidos sobre uma ou outra via que devessem tomar em conjunto

Convencer o outro ou outros era entatildeo uma necessidade social pois a decisatildeo

influiria na vida de todos Logo escolher os termos que comporiam o discurso de forma

cuidadosa procurando a correccedilatildeo na utilizaccedilatildeo dos nomes e das partes do discurso para

que se evitasse qualquer defeito garantiria a efetivaccedilatildeo de sua funccedilatildeo primordial naquele

contexto convencer

A construccedilatildeo do discurso para os sofistas executava uma funccedilatildeo praacutetica

persuadir seu interlocutor com uma construccedilatildeo bem acabada sim mas que poderia ser

manipulada de acordo com a vontade daquele que o constroacutei o que natildeo lhe garante

relaccedilatildeo com a verdade As palavras se relacionam dentro do discurso a partir do

pensamento humano segundo idealizaccedilatildeo sofiacutestica natildeo se estabelecendo qualquer

investigaccedilatildeo com o mundo externo a ele para aleacutem da palavra Para os sofistas devido

agrave preeminecircncia do logos eacute impossiacutevel falar falso O discurso para os sofistas se

relaciona somente consigo mesmo assim o que eacute dito eacute verdade natildeo havendo

possibilidade de falseamento discursivo desde que as formas se associem a contento de

maneira justa

Mesmo que a relaccedilatildeo entre as coisas e os nomes das coisas tenha sido estabelecida

de maneira arbitraacuteria atraveacutes de convenccedilotildees sociais quando aceita e posta em uso a

relaccedilatildeo nomegtcoisa se torna indissociaacutevel para aquela sociedade mesmo que no

decorrer do tempo o nome seja transferido para outra coisa a relaccedilatildeo primeira continua

vaacutelida por causa da relaccedilatildeo estabelecida na hora da escolha do nome

Para Platatildeo a palavra natildeo eacute autocircnoma natildeo se encerra em si de maneira reflexiva

mas antes se relaciona com algo que lhe eacute exterior Dessa forma contrariando o

pensamento sofiacutestico eacute possiacutevel dizer verdades e mentiras uma vez que natildeo se respeite

a relaccedilatildeo nomegtcoisa A palavra deve ser instrumento para a procura e estabelecimento

da verdade porque as palavras satildeo representaccedilotildees da realidade assistida e comungada

por todos que fazem parte da sociedade O exerciacutecio da dialeacutetica idealizado por Platatildeo

se contrapotildee ao uso retoacuterico dos sofistas por procurar a verdade atraveacutes do uso da

palavra

Na obra platocircnica ldquoCraacutetilordquo o filoacutesofo trata da questatildeo da justeza dos nomes

24

ldquoContrariando agrave tese de Protaacutegoras as coisas existem por si mesmas de

acordo com sua essecircncia natural haacute nas coisas mesmas uma certa firmeza

uma essecircncia permanente (386d) que natildeo depende de noacutes e de nosso modo

de vecirc-las Haacute pois um eicircdos uma ldquoideiardquo das coisas E se isso ocorre com

as coisas assim tambeacutem com as accedilotildees [] Logo as accedilotildees se realizam

segundo sua proacutepria natureza natildeo conforme nossa opiniatildeo (387a) Assim as

accedilotildees tambeacutem tecircm seu eicircdos Ora falar eacute uma accedilatildeo e assim tem tambeacutem seu

eicircdos falaraacute justamente quem disser as coisas como elas devem ser ditas

(387c) E se o nomear eacute uma parte importante do falar tambeacutem haacute um eicircdos

do nome (387d)rdquo

(NEVES 2004 p49)

Havendo portanto um eicircdos em cada palavra que nomeia as coisas objetos ou

accedilotildees entendemos com isso que a linguagem eacute em si uma arte e como arte entendemos

teacutechne e ldquoa teacutechne eacute o fazer conforme a natureza eacute o fazer de acordo com o eicircdosrdquo

(NEVES 2004)

O ato de nomear deve se relacionar com o plano do preexistente Aquele que

nomeia deve procurar a melhor maneira de dar nome ao que jaacute faz parte da realidade

dele mesmo e dos outros mesmo que a existecircncia ainda esteja no mundo das ideias

como algo planejado para se dar agrave luz ldquoCriar palavras consiste em encontrar um

invoacutelucro para essa ideia jaacute existenterdquo (Kristeva 1969)

Ora se assim se pensa o papel de nomeador sendo de suma importacircncia natildeo

pode ser destinado a qualquer pessoa segundo o pensamento Claacutessico Essa moira essa

responsabilidade eacute destinada agravequele que responsavelmente conhece o eicircdos dos objetos

das coisas por se tratar do mais raro dos demiourgoacutes eacute destinada ao nomotheacutetes ao

legislador4

A constituiccedilatildeo do leacutexico de uma liacutengua depende indubitavelmente da accedilatildeo do

homem no mundo pois eacute a partir das interaccedilotildees humanas com a realidade que as

necessidades surgem uma vez que essas necessidades precisam ser supridas formas

maquinais satildeo idealizadas para a resoluccedilatildeo de situaccedilatildeo problema ainda que a

4 KRISTEVA (1969) e NEVES (2004) nos ensinam sobre a importacircncia da figura do legislador no ideaacuterio

platocircnico Dentro da utopia do filoacutesofo a importacircncia do legislador em nomear aquilo que natildeo possuiacutea

nome se pelo seu conhecimento adquirido a partir da sua relaccedilatildeo com a natureza das coisas

25

maquinaccedilatildeo seja imaginativa como o raciociacutenio para a soluccedilatildeo de um problema

maquinaccedilotildees Entretanto a noacutes interessa mesmo o que se produz de fiacutesico como

ferramenta construiacuteda pela humanidade Uma vez que a ferramenta seja inovadora o

nome dela tambeacutem seraacute novo e seraacute incorporado pelo leacutexico quando essa nova

tecnologia se disseminar pela necessidade de outros seres humanos

22 O Leacutexico da Liacutengua Portuguesa

A Liacutengua Portuguesa que eacute nosso instrumento primeiro de anaacutelise faz parte de

um grupo de liacutenguas denominadas romacircnicas neolatinas ou liacutenguas latinas Aqui

quando necessaacuterio seraacute utilizada a primeira nomeaccedilatildeo citada Essas liacutenguas se

formaram a partir do contato do Latim com outras liacutenguas em momentos de expansatildeo

territorial de Roma Na eacutepoca o latim que se misturava agraves outras liacutenguas jaacute se

diferenciava da liacutengua matildee em geral devido a fatores geograacuteficos e tudo o que se pode

notar tendo esse fator como iniacutecio de diferenciaccedilatildeo

O termo ldquoLeacutexicordquo se refere agrave infinidade de palavras que compotildeem as liacutenguas e

serve de objeto de muitos estudos por parte daqueles que desejam entender melhor o

funcionamento das formas seja num plano macro ou micro seja na maneira como as

formas lexicais satildeo compostas seja na maneira como as formas lexicais se relacionam

entre si

LUumlDTKE (1974) levanta um questionamento quanto a uma perspectiva que

antigamente era disseminada entre os lexicoacutegrafos em sua obra ldquoHistoacuteria del Leacutexico

Romaacutenicordquo A perspectiva de que uma palavra soacute poderia ser considerada parte do

leacutexico de determinada liacutengua quando dicionarizado Obviamente essa visatildeo eacute

considerada ultrapassada mas pode nos servir para delinear um raciociacuteneo

Se uma palavra pode ser tida como parte do leacutexico de uma liacutengua somente quando

dicionarizada isso quer dizer que somente as comunidades linguiacutesticas com um niacutevel

civilizatoacuterio que faccedilam uso da modalidade escrita possuem leacutexico Haacute de se notar que

os dicionaacuterios fazem uso de uma tecnologia que pode natildeo ser comungada por todas as

comunidades linguiacutesticas Haacute ainda no seacuteculo XXI liacutenguas somente orais ignorando as

teacutecnicas de escrita Para levarmos esse assunto adiante demos voz ao proacuteprio

especialista

26

ldquoSin embargo no debemos olvidar los siguientes hechos

1) Muchas lenguas de la tierra posiblemente la mayoriacutea no son lenguas

escritas sino soacutelo habladas Es maacutes no hay una lengua que sea soacutelo escrita

La lengua hablada es universal la escrita no

2) Todas la lenguas escritas actuales fueron en alguna eacutepoca anterior

soacutelo lenguas habladas no escritas

3) Incluso en una sociedad altamente civilizada con gran consumo de

papel no hay persona que diacutea a diacutea no hable maacutes de lo que escribe y oiga

maacutes de lo que leerdquo

(LUumlDTKE 1974 p 12)

Dessa maneira quando estudamos o leacutexico devemos partir sempre que possiacutevel

da liacutengua falada partir do que ldquovai na boca do povordquo ou seja algo que de fato jaacute estaacute

estabelecid A fala em si natildeo existe mas antes acontece Quando se trabalha tendo

como objeto o leacutexico devemos tecirc-lo como parte integrante da liacutengua assim como a

foneacutetica a morfologia a semacircntica Aleacutem de ter clara a impossibilidade de se trabalhar

com a liacutengua falada como material passiacutevel de observaccedilatildeo empiacuterica A fala eacute fenocircmeno

natildeo um sistema estabelecido (LUumlDTKE 1974)

Como anteriormente neste trabalho a Liacutengua Portuguesa faz parte de um grupo de

demais liacutenguas que se enquadram no que chamamos de liacutenguas romacircnicas Esse grupo

linguiacutestico pode ser entendido em sentido estrito como as ldquocontinuadorasrdquo do latim

(LUumlDTKE 1974) assim como ldquocatalatildeo sardo italiano francecircs espanholrdquo ainda

podendo abranger alguns dialetos e mesmo outras liacutenguas que com o passar dos vaacuterios

seacuteculos se extinguiram Haacute outra perspectiva mais ampla a de que as liacutenguas citadas

natildeo satildeo filhas do latim uma vez que este uacuteltimo persiste em Roma como liacutengua

evoluindo assim como todas as liacutenguas vivas por estar viva sofrendo inclusive

influecircncia das liacutenguas romacircnicas em sua constituiccedilatildeo o que inclui o latim no rol de

liacutenguas romacircnicas Prova disso pode ser a comparaccedilatildeo entre o latim atual e o latim do

tempo de Ciacutecero (LUumlDTKE 1974)

Perceber a Liacutengua Portuguesa como liacutengua romacircnica nos faz perceber de onde o

leacutexico de nossa liacutengua teve origem carregando consigo novas possibilidades de se ver o

mundo e com este interagir A parte que mais nos interessa quando olhamos para as

27

influecircncias de outras liacutenguas no leacutexico latino eacute sem duacutevidas a do mundo helecircnico e

heleno

A Greacutecia antes do estabelecimento de relaccedilotildees com Roma tinha forte influecircncia

econocircmica e poliacutetica na regiatildeo em que se encontra exatamente por sua posiccedilatildeo

geograacutefica privilegiada A relaccedilatildeo entre os macedocircnios e o mundo grego

principalmente com o mais importante deles dos macedocircnios Alexandre o Grande que

foi responsaacutevel pela disseminaccedilatildeo do modus vivendi helecircnico dentro do territoacuterio que

vinha a ser seu Impeacuterio demonstra a importacircncia dada agrave civilizaccedilatildeo grega exatamente

por ser dentre as que a rodeavam a terra natal do imperador uma das mais civilizadas

culturalmente Conta-se que Alexandre ia agraves suas incursotildees levando consigo sempre

uma ediccedilatildeo manuscrita da Iliacuteada a qual a anedota diz que usava como travesseiro aleacutem

do fato sabido de que seu preceptor era nada mais nada menos que o filoacutesofo que viveu

em Atenas sendo disciacutepulo de Platatildeo Aristoacuteteles fundador do Liceu A importacircncia

poliacutetica da liacutengua grega devido a sua importacircncia poliacutetica estaacute atrelada

ldquoHablemos ahora de la influencia del latiacuten o dicho de manera maacutes general

del influjo de la cultura mediterraacutenea en tanto que lengua latina Esta

influencia se extendioacute fundamentalmente a todas las lenguas del Imperio

romano Bien es verdad que la parte oriental (aproximadamente la mitad

oriental) tuvo una situacioacuten privilegiada Antes de la llegada de los romanos

era el griego el que dominaba en esta parte como consecuencia de la

conquista de Alexandre Magno Mantuvo su posicioacuten dominante durante

todas las eacutepocas del Imperio romano Los liacutemites entre las zonas de

influencia latina y griega estaban en la comarca del bajo Danubiordquo

(LUumlDTKE pg 30)

Muitos territoacuterios que vieram a ser incorporados por Roma eventualmente agrave

eacutepoca eram culturalmente influenciados pelos gregos claramente a liacutengua era um dos

fatores de influecircncia

Ateacute o seacuteculo III a Greacutecia foi indubitavelmente a civilizaccedilatildeo de maior

importacircncia na Europa devido suas relaccedilotildees poliacuteticas econocircmicas e culturais com as

demais civilizaccedilotildees fato que explica inclusive porque a liacutengua grega foi

historicamente a que mais forneceu empreacutestimos lexicais agrave liacutengua latina tanto na liacutengua

falada quanto na liacutengua culta Outra anedota diz que se fosse real a frase de Juacutelio Ceacutesar

28

apoacutes o cliacutemax da conspiraccedilatildeo que levou o imperador a ser vaacuterias vezes apunhalado pelas

costas ateacute mesmo por seu amigo pessoal Marco Juacutenio Bruto ele natildeo diria ldquoEt tu

Bruterdquo mas antes ldquoκαί σῦ βρυτῆrdquo devido a importacircncia que a liacutengua grega na

eacutepoca servindo ateacute como siacutembolo de status

Fato eacute que a contribuiccedilatildeo lexical grega ao latim foi profiacutecua seja de forma direta

ou indireta Muitos empreacutestimos que realizados pelo latim se deu a partir do contato

com outros povos que por sua vez agregaram a sua proacutepria liacutengua formas lexicais

gregas Caso em que se pode supor este movimento cita LUumlDTKE quando fala da

relaccedilatildeo entre os gregos e etruscos A relaccedilatildeo entre esses dois povos se deram

concomitantemente ao contato dos gregos e romanos ou quiccedilaacute anteriormente Tanto

etruscos como romanos receberam influencia em seu leacutexico dos gregos aleacutem daqueles

tambeacutem manterem relaccedilotildees em si o que apesar de natildeo se pode afirmar com toda a

certeza nos dar a suposiccedilatildeo de que algumas palavras do leacutexico grego tenham sido

passadas indiretamente atraveacutes dos etruscos

Os empreacutestimos lexicais cobrem vaacuterias classes gramaticais sendo de vaacuterias

modalidades (empreacutestimos vocabulares de formaccedilatildeo e semacircnticos assim como aqueles

em que haacute modificaccedilatildeo no campo semacircntico) sobre os quais natildeo nos cabe discorrer aqui

e agora afinal essa parte do trabalho se presta mais a justificar a relaccedilatildeo histoacuterica entre

as liacutenguas que refletiraacute nas demais liacutenguas romacircnicas

O fenocircmeno sobre o qual vimos discorrendo ateacute o momento podemos acomodar

numa linha temporal inicial ainda no estabelecimento do latim como uma liacutengua Na

ascensatildeo do latim enquanto dialeto agrave liacutengua Nessa linha eacute importante notar os

empreacutestimos que vieram num uacuteltimo fenocircmeno culturalhistoacuterico de suma importacircncia

para a liacutengua latina eacute que o advento do cristianismo uma vez que devido agrave importacircncia

da liacutengua grega foi nela em que se foi procurar por lexemas que dessem conta da nova

realidade vivida no impeacuterio romano

ldquoSon caracteriacutesticas del preacutestamo directo de palabras griegas las

denominaciones del edificio para culto cristiano No se toma templum por

estar asociada esta palabra a muchas ideas paganas sino en su lugar se

usaron las gr ἐκκλησία y βασιλικήrdquo

(LUumlDTKE 1974 p59)

29

Aleacutem dos lexemas citados acima pelo autor ligados ao cristianismo muitos

outros que nominam ldquocargosrdquo clericais ou ainda atos lituacutergicos foram adotadas pelo

latim para dar conta dessa novidade Haacute de se notar que o Novo Testamento foi escrito

natildeo em sua totalidade mas essencialmente em grego mais especificamente em um

dialeto denominado koineacute que era o grego falado pelos judeus da eacutepoca em que foram

escritos os livros que compotildeem a obra religiosa E assim como os empreacutestimos

anteriores os desse tipo tambeacutem satildeo proliacuteferos e cobrem muitas classes gramaticais e

formas de empreacutestimos Sobre esses lexemas pretendemos nos debruccedilar com mais

atenccedilatildeo no decorrer da anaacutelise das entradas lexicais na Liacutengua Portuguesa mais a frente

O Impeacuterio Romano conheceu seu apogeu no seacuteculo II dC tanto em sua

importacircncia militar quanto poliacutetica e influencia religiosa O que se nota historicamente

no que se segue eacute a imensa onda de invasotildees de povos os quais os romanos

denominavam baacuterbaros que cindiu o Impeacuterio politicamente por se tratar de um

territoacuterio grande demais para que se pudesse governar de forma centralizada como vinha

sendo ateacute entatildeo

ldquoCom as invasotildees germacircnicas no Ocidente e eslavas no Oriente ocorreu uma

grande fragmentaccedilatildeo poliacutetica e linguiacutestica e os povos falantes de latim

localizados em proviacutencias tatildeo distantes como a Daacutecia e a Lusitacircnia

mantiveram traccedilos de romanizaccedilatildeo em graus variados que dependiam

basicamente da antiguidade da romanizaccedilatildeo do periacuteodo em que ficaram

submissas ao Impeacuterio e da profundidade dos contatos essas proviacutencias

entatildeo acabaram desenvolvendo dialetos mais ou menos proacuteximos ao latim

vulgar O desenvolvimento da Romacircnia posterior ou Romacircnia Medieval

deu-se em parte por causa desses fatores mas tambeacutem dependeu dos contatos

linguiacutesticos com os povos falantes de outras liacutenguas que jaacute se encontravam

nos territoacuterios conquistados (falantes das chamadas liacutenguas de substrato)

com os falantes das liacutenguas dos povos que vieram a conquistar os territoacuterios

romanizados (falantes das liacutenguas de superestrato) e com os povos falantes de

liacutenguas como o grego que conviveram com os falantes de latim em vaacuterias

regiotildees em situaccedilatildeo de bilinguismo por muito tempo (falantes de liacutenguas de

adstrato)rdquo

(GONCcedilALVES e BASSO 2010 p41)

30

O que determinou a instituiccedilatildeo das liacutenguas romacircnicas como se diz foi a forma e

o tempo de contato entre o Impeacuterio e as aacutereas dominadas Assim agraves aacutereas de maior

contato uma maior influecircncia de menor contato uma menor influecircncia Com a queda

do Impeacuterio Romano em 476 dC regiotildees como as em que hoje se instauram naccedilotildees

como a Inglaterra a regiatildeo dos bascos parte do que hoje eacute a Beacutelgica e outras aacutereas em

que a dominaccedilatildeo romana ocorreu de maneira que podemos chamar de fraca ldquoacabaram

desenvolvendo liacutenguas natildeo romacircnicas ainda que mantivessem influecircncias do latim

vulgar em seu substratordquo (GONCcedilALVES BASSO 2010) Ainda nas regiotildees em que o

latim mostrou-se mais influente a distacircncia entre os falantes dessas regiotildees e o latim

original era bastante grande Dialetos surgiram dentro desses lugares e tomaram forccedila

se distanciavam do latim culto e mesmo da primeira modalidade de latim vulgar que os

influenciaram

Entre invasotildees baacuterbaras e movimentos de reconquista estatildeo os movimentos

inerentes ligados a desenvolvimentos e movimentos linguiacutesticos importantes para

nossas anaacutelises A efetiva constituiccedilatildeo de Portugal como naccedilatildeo na peniacutensula Ibeacuterica e a

evoluccedilatildeo de uma liacutengua portuguesa a partir de todo o movimento que tentamos traccedilar

ateacute este momento neste texto nos mostra como a constituiccedilatildeo lexical de nossa liacutengua

vem fixando era a era e assim podemos entender sua formaccedilatildeo

ldquoUm dos momentos mais importantes da histoacuteria de Portugal se deu em

virtude das alianccedilas poliacuteticas derivadas dos movimentos de Reconquista

Assim em virtude de seu sucesso na luta contra os aacuterabes D Raimundo e

seu primo D Henrique receberam respectivamente de D Afonso VI rei de

Leatildeo e Castela sua filha Urraca e a regiatildeo da Galiza e sua filha bastarda

Tareja e a regiatildeo desmembrada da Galiza chamada Condado Portucalense D

Henrique administra o condado sob a tutela de D Raimundo de modo que o

condado ainda fosse submisso agrave Galiza No entanto D Henrique ao morrer

deixa o comando do condado a sua mulher Tareja Seu filho D Afonso

Henriques descontente com a nova vida amorosa de sua matildee em 1128 vence

a batalha de Satildeo Mamede e se proclama rei Em 1143 Afonso VII rei de

Leatildeo reconhece sua realeza que foi ratificada pelo papa Alexandre III em

1173 Portugal passa a ser entatildeo independente da Galiza e D Afonso

Henriques continua a expansatildeo em direccedilatildeo ao sul que D Afonso III

completa em 1250 com a conquista do Algarve de modo a fixar as fronteiras

31

atuais de Portugal Durante todo esse periacuteodo ateacute o seacuteculo XIV a liacutengua de

Portugal e da Galiza era a mesma o galego-portuguecircsrdquo

(GONCcedilALVES BASSO 2010 p 75)

A histoacuteria das naccedilotildees europeias enquanto constituiccedilatildeo poliacutetica tomada de poder

por uns perda de prestiacutegio por outros entre o iniacutecio do calendaacuterio cristatildeo e o ano de

fundaccedilatildeo do reino de Portugal eacute marcada por disputas acirradas de perdas irreparaacuteveis

no que tange dialetos e mesmo idiomas que se encontravam nos campos de batalha

(GONCcedilALVES BASSO 2010) Mas eacute preciso darmos alguns passos atraacutes para

justificar o que argumentaremos adiante

23 Projeto de naccedilatildeo portuguecircs para Portugal

Eacute importante para o nosso trabalho notar que obviamente o Renascimento

Cultural ocorrido no seacuteculo XV foi importantiacutessimo para a nova onda de empreacutestimos

lexicais devido a sua influencia nas ciecircncias e teacutecnicas que vieram a nascer No entanto

houve anteriormente um fato que nos eacute crucial Durante o Impeacuterio Caroliacutengio nos

anos finais do seacuteculo VIII dC Carlos Magno conseguiu alcanccedilar muitas vitoacuterias na

tentativa de resgatar o Impeacuterio Romano no Ocidente Viemos demonstrando a

importacircncia do ideaacuterio grego na constituiccedilatildeo do Impeacuterio Romano assim a noacutes nos

parece clara a retomada de certas praacuteticas gregas que influenciaram os latinos e que

influenciariam por sua vez os demais povos que se encontravam sob o jugo do Impeacuterio

Caroliacutengio

ldquoNo final do seacuteculo VIII Carlos Magno conseguira reunir grande parte da

Europa sob seu domiacutenio Para unificar e fortalecer o seu impeacuterio decidiu

executar uma reforma na educaccedilatildeo O monge beneditino Alcuiacuteno criou um

projeto de desenvolvimento escolar que buscou reviver o saber claacutessico

estabelecendo os programas de estudo a partir das sete artes liberais

o trivium ou ensino literaacuterio (gramaacutetica retoacuterica e dialeacutetica) e o quadrivium

ou ensino cientiacutefico (aritmeacutetica geometria astronomia e muacutesica) A partir do

ano 787 foram emanados decretos que recomendavam em todo o impeacuterio a

restauraccedilatildeo de antigas escolas e a fundaccedilatildeo de novas Institucionalmente

essas novas escolas podiam ser monacais sob a responsabilidade

32

dos mosteiros catedrais junto agrave sede dos bispados e palatinas junto

agraves cortesrdquo

(httpsptwikipediaorgwikiRenascenC3A7a_carolC3ADngia)

Para o bem ou para o mal Carlos Magno via a possibilidade de sucesso em suas

empreitadas e mesmo a manutenccedilatildeo de seu impeacuterio ser apoiada em uma elite que para

ele deveria ser culta uma vez que o aumento gradual de nobres avolumava-se em seus

domiacutenios Para tanto procurou atrair para seu reino uma quantidade significativa de

letrados e estudiosos de vaacuterias regiotildees do Ocidente e do Oriente (VIEIRA 2010)

Notemos que apesar da forte influecircncia do cristianismo no Impeacuterio Caroliacutengio a

quantidade de pensadores e intelectuais nessa eacutepoca foi vital para que a retomada dos

paradigmas da era antiga e claacutessica pudessem reflorescer nas artes e modo de pensar

como a praacutetica de exerciacutecios retoacutericos e dialeacuteticos nas escolas e mesmo pensamentos

mais ligado ao que hoje determinamos como pertencentes agrave aacuterea das exatas como o da

geometria astronomia e muacutesica

O renascimento caroliacutengio foi de suma importacircncia para que as formas lexicais

ora tomadas por empreacutestimo de outras liacutenguas que anteriormente tiveram contato com o

latim se cristalizassem e fossem lexicalizadas consequentemente pelas demais liacutenguas

que posteriormente sofressem influecircncia do Impeacuterio

Com esse raciociacutenio a forma como as naccedilotildees europeias se desenvolveram

inegavelmente se deu com certa influencia mesmo que indireta de pensamentos que

foram idealizados na Greacutecia claacutessica e antiga

Quando lembramos das aulas de literatura e histoacuteria assistidas na escola e

faculdade uma frase que sempre eacute martelada quando se fala do Renascimento que

aconteceu entre meados do seacuteculo XIV e o final do seacuteculo XVI eacute que este movimento

foi influenciado grandemente pela literatura claacutessica greco-romana assim como por

todo o prisma que se refere agraves artes Camotildees agrave eacutepoca fez renascer o gecircnero eacutepico com

sua principal obra Os Lusiacuteadas

Em Os Lusiacuteadas vemos a construccedilatildeo do discurso atraveacutes dos versos de um

imaginaacuterio que se devia prestar como grande propaganda dos feitos dos heroacuteis de sua

eacutepoca A narrativa que retoma o modelo eacutepico influenciado pelos cantos gregos e

posteriormente romanos procura nesse gecircnero literaacuterio a grandeza das naccedilotildees de onde

se bebe da aacutegua

33

Textualmente podemos ler a partir do verso 17 do primeiro canto quais foram as

obras a que o poeta recorreu para compor sua obra quando diz

ldquoCessem do saacutebio Grego e do Troiano

As navegaccedilotildees grandes que fizeram

Calle-se de Alexandre e de Trajano

A fama das victorias que tiveratildeo

Que eu canto o peito ilustre Lusitano

A quem Neptuno e Marte obedececircratildeo

Cesse tudo o que a Musa antiga canta

Que outro valor mais alto se alevantardquo

(CAMOtildeES 1639)

A forma o estilo e ainda o leacutexico escolhido pelo autor da maior epopeia

portuguesa jaacute escrita carrega consigo o atestado da necessidade em ser grande em

mostrar que Portugal era grande capaz de feitos heroicos atraveacutes de sua boa gente

guerreira

Discursivamente a obra carrega o ideaacuterio pretendido pela naccedilatildeo portuguesa Mas

perceba-se a comparaccedilatildeo entre Portugal e o Impeacuterio Romano e a Greacutecia Antiga devia

restringir-se enquanto importacircncia de sua grandeza assim como de seus feitos e de suas

figuras heroicas todavia o que quiseram transmitir foi que a forccedila era de uma naccedilatildeo

Natildeo descabidamente o que se deva cessar fossem os cantos das Musas que eram antigas

tampouco natildeo eacute sem intenccedilatildeo que o que se ldquoalevantardquo eacute posto em um tempo verbal que

se relaciona ao presente A modernidade e os feitos das personagens no poema se ligam

a uma ideia de modernidade que se comungava em Portugal ligada agraves navegaccedilotildees

ldquoSem duacutevida a descoberta de novas terras a ampliaccedilatildeo geograacutefica do mundo

satildeo feitos adequados a uma nova era que a partir do incremento do

mercantilismo e das decorrentes mudanccedilas sociais rompe de maneira

decidida com o periacuteodo medievalrdquo

(PEREIRA 2000 p 2)

O mundo europeu renascentista estava em processo de mudanccedila mudanccedila raacutepida

devido a exatamente estar sendo acossado pela ideia de modernizaccedilatildeo O feudalismo

34

estava em crise as formas de poder vigentes na eacutepoca estavam em crise Uma nova

classe social apresentava-se ao jogo e posteriormente viria modificar completamente as

formas de organizaccedilatildeo e relaccedilotildees poliacuteticas do velho mundo Com o nascimento da

classe burguesa e o incremento do mercantilismo novos ventos sopravam sobre velas

de Portugal que na eacutepoca era uma naccedilatildeo que devido seu investimento em tecnologias

navais e a sorte de sua posiccedilatildeo geograacutefica se apresentava como uma naccedilatildeo com poder

para governo (PEREIRA 2000) Para tanto o discurso nacionalista presente nOs

Lusiacuteadas se apresenta como ferramenta efetiva para atacar o pathos e entusiasmar seu

povo propagandeando um imaginaacuterio

O papel das epopeias gregas era sem duacutevida servir como ferramenta que

ensinasse seu povo a se espelhar nos heroacuteis que protagonizavam as aventuras proferidas

pelos aedos Natildeo em vatildeo as apresentaccedilotildees dessas obras ainda quando existiam apenas

enquanto tradiccedilatildeo oral aconteciam em situaccedilotildees em que houvesse plateia numerosa

ouvidos que pudessem se deleitar com os cantos que fariam bem agraves almas

enriquecendo-as com conhecimento daquilo que somente as divindades sabiam

segundo o ideaacuterio da eacutepoca A exortaccedilatildeo nos cantos eacutepicos gregos era destinada agraves

musas

ldquoA ira Deusa celebra do Peleio Aquiles

o irado desvario que aos Aqueus tantas penas

trouxe e incontaacuteveis almas arrojou no Hades

de valentes de heroacuteis espoacutelio para os catildees

pasto de aves repaces fez-se a lei de Zeus

()rdquo

(HOMERO I 1-55)

ldquoO homem multiversaacutetil Musa canta as muitas

erracircncias destruiacuteda Troia poacutelis sacra

as muitas urbes que mirou e mentes de homens

que escrutinou as muitas dores amargadas

no mar a fim de preservar o proacuteprio alento

5 Iliacuteada de Homero vol I traduccedilatildeo de Haroldo de Campos introduccedilatildeo e organizaccedilatildeo Trajano Vieira ndash 4

Ed ndash Satildeo Paulo Arx 2003

35

e a volta aos soacutecios()rdquo

(HOMERO I 1-66)

Os deuses gregos eram perfeitos mesmo com suas imperfeiccedilotildees porque eram

eternos Eram siacutembolos a serem imitados assim como seus filhos semideuses como

Aquiles para aproveitar o exemplo citado As narrativas eram carregadas de fatos e

accedilotildees que determinavam como os demais seres humanos deviam se comportar dentro da

sociedade grega individualmente e para com os outros Todo heroacutei deveria ser mostrado

quando evocado pelo canto de uma maneira que os gregos vislumbrassem seu caraacuteter

καλὸς κἂγαθός (kaloacutes krsquoagathoacutes) nobre e bom

A importacircncia da figura heroica nOs Lusiacuteadas eacute evidente quando aos heroacuteis cabe

a cabeceira do canto de abertura Diferentemente das epopeias gregas e mais proacuteximo agrave

epopeia romana a exortaccedilatildeo agraves musas vem em segundo plano

Virgiacutelio em sua Eneida potildee a si mesmo em evidencia no iniacutecio de sua obra

como que para exemplificar a grandeza de seu povo romano que descende do grande

Eneias fundador de Roma

ldquoEu que entoava na delgada avena

Muacutesica rude e egresso das florestas

Fiz que as vizinhas lavras contentassem

A avidez do colono a campesinos

Grata empresa de Marte ora as horriacuteveis

Armas canto e o varatildeo que ecircxul de Troia

Primeiro os fados proacutefugo aportaram

Na Hepeacuteria Lavino()rdquo

(VIRGIacuteLIO I 1-77)

6 Odisseia Homero ediccedilatildeo biliacutengue traduccedilatildeo posfaacutecio e notas de Trajano Vieira ensaio de Italo

Calvino ndash Satildeo Paulo Ed 34 2011 816 p

7 VIRGIacuteLIO Eneida brasileira traduccedilatildeo poeacutetica da epopeia de Puacuteblico Virgiacutelio Maro Virgiacutelio

organizaccedilatildeo Paulo Seacutergio de Vasconcellos e al traduccedilatildeo Manuel Odorico Mendes - Campinas SP

Editora UNICAMP 2008

36

A presenccedila da musa na epopeia lusitana soacute se faz presente no verso 25 do canto

inaugural A importacircncia antes eacute dada aos heroacuteis que puderam iccedilar a naccedilatildeo a patamares

dignos de nota

ldquoAs armas e os barotildees assinalados

Que da Occidental praia Lusitana

Por mares nunca de antes navegados

Passaacuteratildeo ainda alem da Taprobana

E em perigos e guerras esforccedilados

Mais do que prometia a forccedila humana

Entre gente remota edificaacuteratildeo

Novo Reino que tanto sublimaacuteratildeordquo

(CAMOtildeES I 1-8)

Comparativamente podemos analisar a escolha no que se queria dar ecircnfase em

cada uma das epopeias citadas e assim notamos claramente que mesmo que se

quisesse seguir a tradiccedilatildeo de se relatar o nascimento e expansatildeo de uma naccedilatildeo como

nos casos da Eneida de Virgiacutelio assim como dOs Lusiacutedas de Camotildees ou ainda realizar

uma obra que se quisesse exemplar como todas elas o modelo epopeico traria certa

carga de importacircncia para as obras Os discursos que cada uma das obras carrega se liga

diretamente agrave necessidade de demonstrar atraveacutes do exemplo como cada um dos

concidadatildeos dos autores deveria se portar para que sua naccedilatildeo se tornasse ou continuasse

grande Cada uma delas vem servir de modelo civilizatoacuterio mesmo que repletas de

accedilotildees e atitudes por parte de suas personagens que para noacutes possam parecer baacuterbaras

Importante notar que as realizaccedilotildees fora do contexto civilizado em cada um dos poemas

eacutepicos aconteciam em lugares distantes das poacutelis e cidades em ambientes campestres e

mesmo selvagens Ainda todas essas accedilotildees satildeo postas para contrapor o caraacuteter dos

heroacuteis agraves situaccedilotildees porque passaram numa clara dicotomia civilizado versus baacuterbaro

As obras literaacuterias nos serviram para que pudeacutessemos apontar parte do discurso

que para nos interessa em nosso trabalho pois as artes literaacuterias satildeo postas agrave luz

exatamente para dar ecircnfase ou por em evidecircncia discursos correntes na sociedade em

que estatildeo inseridas

Em Portugal a obra de Camotildees era mais do que entretenimento Era um ato

poliacutetico uma ferramenta uacutetil agrave situaccedilatildeo em que se encontrava uma situaccedilatildeo de

37

afirmaccedilatildeo de sua importacircncia como naccedilatildeo dentro de um quadro em que estavam postas

outras naccedilotildees que tambeacutem vinham participando do jogo que visava ao alcance da

modernidade O fervilhar de novas tecnologias a necessidade de expansatildeo de mercado

assim como a de ambientes proacuteprios para produccedilatildeo de artefatos que eram de interesse

dos mercados consumidores que acossavam as naccedilotildees na corrida rumo a um status que

pudesse suprir agravequelas demandas

38

3 A importacircncia da imprensa no processo civilizatoacuterio

A evoluccedilatildeo dos gecircneros textuais acontece conjuntamente agrave necessidade humana

de expressar e fazer conhecer suas realizaccedilotildees seja uma epifania espiritual uma criacutetica

agrave sociedade ou a cooptaccedilatildeo ao status quo ou ainda propagandear um novo artefato que

se possa adquirir para que as vidas sejam facilitadas

A imprensa ou antes a tipografia eacute em si um aparato tecnoloacutegico que trouxe

grandes benefiacutecios agraves sociedades tornando-se essencial para as demandas de um mundo

em que no momento de seu nascimento se distanciava da grande recessatildeo porque

passava a Europa Ocidental e experimentava certo progresso

Entre os seacuteculos IX e XI as modalidades mercantis estavam restritas ao mercado

ainda muito modesto dentro das cidades geralmente ladeando as abadias ou castelos

dos senhores feudais ou convergecircncias fluviais onde se efetuavam trocas de produtos

da terra ou artigos manufaturados artesanalmente O mais proacuteximo que temos de uma

transaccedilatildeo comercial que para noacutes nos parece mais comum acontecia pelas matildeos de

mercadores itinerantes judeus que viajavam de cidade em cidade vindos de territoacuterios

mulccedilumanos trazendo artigos de alto valor eou especiarias do oriente (MELO 2003)

Fato eacute que seacuteculos o modus vivendi europeu era assaz campestre campesino

quase envolto em uma penumbra densa que punha a populaccedilatildeo em um breu de

ignoracircncia Desde a populaccedilatildeo mais rural aos nobres dos castelos o nuacutemero de

analfabetos era muito grande assolando a grande maioria da poluccedilatildeo geral da Europa

Uma ilha neste vasto mar de desconhecimento era a Igreja Catoacutelica que disputando o

poder poliacutetico com os monarcas se apresentava como a grande detentora dos

conhecimentos de escrita e leitura de modo que ldquoas produccedilotildees culturais da eacutepoca

confinavam-se aos bispados abadias e mosteirosrdquo (MELO 2003)

Conhecimento eacute poder um poder que com o nascimento do capitalismo se

procurou alcanccedilar para dar conta de demandas que advieram aos processos

mercantilistas

ldquoNatildeo obstante o Impeacuterio Bizantino tivesse repelido a invasatildeo aacuterabe

continuando sob o domiacutenio as aacuteguas do mar Adriaacutetico e do mar Egeu a

verdade eacute que o seu comeacutercio tambeacutem se enfraqueceu Isto natildeo impediu

todavia que Constantinopla e algumas cidades italianas como Veneza

39

procurassem superar as naturais dificuldades para prosseguir o comeacutercio

interrompido com as regiotildees orientais em poder dos mulccedilumanos Explica

Pirene que isto se deveu ao fato de ser o espiacuterito de cobiccedila naquelas cidades

mais poderoso que o escruacutepulo religioso Tanto assim que o interesse

mercantilista levava-os a proclamar natildeo importa a religiatildeo dos clientes

contato que paguem Dentro de pouco tempo Veneza e as cidades bizantinas

da Itaacutelia alcanccedilariam um elevado niacutevel de progresso econocircmico o que

repercutira posteriormente na esfera social e culturalrdquo

(MELO 2003 p 29-30)

O seacuteculo XI eacute um marco para as mudanccedilas necessaacuterias para o desenvolvimento de

novas configuraccedilotildees sociais na Europa Apoacutes anos a fio de estagnaccedilatildeo imposta pelas

conquistas baacuterbaras e a invasatildeo dos sarracenos ao passo que a cada conflito enfrentado

realizam-se evoluccedilotildees e devastaccedilotildees enriquecimento de uns e empobrecimento de

outros desenvolvimento de um lado e degradaccedilatildeo de outro o advento das cruzadas para

o homem europeu pode ser notado como o grande possibilitador da abertura de novos

rumos a serem trilhados pelo continente

O comeacutercio europeu renasce efetivamente e efervecentemente havendo transaccedilotildees

de mercadorias seja por vias aquaacuteticas seja por vias terrestres que invadem os castelos

e os burgos (organizaccedilatildeo social urbana relativamente nova na eacutepoca) oferecendo os

mais diversos produtos estrangeiros carregados do oriente para o ocidente a muito custo

Com isso originam-se as feiras e funda-se o mercado que mais se assemelha agrave

constituiccedilatildeo de mercado que conhecemos hoje Um novo grupo social se estabelece nas

novas cidades devido estar em sua maioria residindo em burgos definindo-se

burgueses

ldquoEsses acontecimentos consolidam a formaccedilatildeo de um novo grupo social nas

cidades entatildeo existentes sobretudo nas cidades italianas incluindo

marinheiros prestamistas e os emergentes banqueiros embriatildeo da burguesia

comercial Concomitantemente comeccedila a ruir o lsquoedifiacutecio social do

feudalismorsquo ao se tornar efetiva a reaccedilatildeo dessa lsquonova classe de mercadores e

marinheiros contra os velhos agregados senhoriais possuidores de vastos

domiacutenios agriacutecolasrdquo

(MELO 2003 p 30-31)

40

A populaccedilatildeo que era anteriormente basicamente rural vecirc nas cidades a

possibilidade do sentimento de liberdade poderiam ver a si mesmos livres do julgo dos

senhores dos feudos A cidade oferecia aos seus habitantes mais do que a liberdade de

movimento antes numa circunstacircncia em que a vida que comeccedila a orbitar o capital daacute-

lhes a liberdade de posse de propriedade Os homens natildeo necessitavam mais viver

presos a uma relaccedilatildeo de vassalagem pagando tributo ao seu senhor Agora o homem

queria ser dono de seu proacuteprio chatildeo ter bens que lhe garantissem status imoacuteveis que

pudessem inclusive hipotecar se fosse da sua vontade (MELO 2003)

Essa nova classe homens livres visando agrave ascensatildeo social e econocircmica potildee em

praacutetica seu gecircnio inventivo melhorando suas produccedilotildees qualitativa e quantitativamente

Aperfeiccediloam suas teacutecnicas para melhor servir ao puacuteblico Para aleacutem do aperfeiccediloamento

das teacutecnicas de produccedilatildeo com o desenvolvimento de novas tecnologias ainda

simplificadas o homem medieval nota que o que o distinguiria do antigo status natildeo

estava somente no que tange o material mas tambeacutem em seu desenvolvimento

intelectual Aqueles que poderiam dar conta de pagar pela educaccedilatildeo naquele momento

dedicavam-se aos estudos da escrita da numeraccedilatildeo da geografia Obviamente mateacuterias

que poderiam ser utilizadas de maneira pragmaacutetica em suas atividades mercantis

Surgem para suprir essas demandas educacionais as escolas leigas

ldquoA partir do seacuteculo XI com a expansatildeo e o renascimento do comeacutercio

europeu os mecanismos da atividade mercantil apresentam-se mais e mais

complexos (comeccedilam a circular as letras de cacircmbio surgem as agecircncias

bancaacuterias e vaacuterias outras formas de agecircncias comerciais) que exigem a

escrituraccedilatildeo contaacutebil a correspondecircncia comercial as informaccedilotildees sobre as

flutuaccedilotildees do mercado como recursos indispensaacuteveis agraves grandes empresas jaacute

constituiacutedasrdquo

(MELO 2003 pg 39)

O serviccedilo burocraacutetico era realizado pelos estudantes das escolas leigas fundadas

por comerciantes ricos justamente para gerar uma casta de ldquojovens adestrados para o

comeacutercio ou a burocraciardquo (MELO 2003)

O que era monopolizado pela igreja ateacute entatildeo agora alcanccedila um nuacutemero maior de

indiviacuteduos claro que longe de uma universalizaccedilatildeo mas um nuacutemero que destoa

bastante do que se assistia ateacute o momento Uma elite se avulta e detecircm o conhecimento

41

relacionado ao funcionalismo especializado inicialmente As aacutereas de atuaccedilatildeo dos

estudantes das chamadas escolas leigas dentro das cidades eram as ligadas agraves financcedilas

guerra (que sempre teve seu caraacuteter comercial por movimentar economias) e direito

Esse tipo de educaccedilatildeo se disseminou por vaacuterias cidades da Europa e com o

desenvolvimento cada vez maior das aacutereas urbanas os mecanismos de controle

populacional tambeacutem se incrementaram o que criou a necessidade de uma nova

modalidade de servidores Estes foram buscados entre os letrados formados nas escolas

leigas

Entretanto eacute com a criaccedilatildeo das universidades europeias que vemos a formaccedilatildeo

efetiva de uma elite intelectual No seacuteculo XII fundaram-se as universidades de

Bolonha e a de Paris No seacuteculo seguinte surgem as de Cambridge Oxford e

Salamanca O homem livre capitalista tinha sede de conhecimento e agora procurava a

universalidade do saber dentro obviamente de seu nicho social Por um curto espaccedilo de

tempo mas o bastante para impactar essa nova Europa as universidades foram gratuitas

(MELO 2003)

Com a efervescecircncia cultural a demanda de livros manuscritos se tornou muito

grande o que dificultava o acesso O comeacutercio editorial elevou os preccedilos de suas obras

o que natildeo impediu de serem disputadas por estudantes e colecionadores aacutevidos por mais

um livro em suas estantes

Saiacutedos de uma era em que natildeo se lia porque a leitura era benefiacutecio tido por poucos

o contato do homem medieval com a literatura que traz em seu bojo todo um

patrimocircnio cultural da Antiguidade o faz vislumbrar uma possibilidade de mundo

diferente do qual ele estava inserido Consequentemente esse contato influenciou os

movimentos civilizatoacuterios Importante destacar ainda o contato com outras culturas

proporcionado pelas viagens que gradualmente ampliavam as rotas comerciais

Conjuntamente esses dois fatores mostraram a faceta ambiciosa do homemque se

letrava e almejava ampliar assim como as rotas de navegaccedilatildeo seu universo intelectual

pois estava ansioso para obter novo conhecimento acerca de tudo que lhe parecesse

intelectualmente instigante e lucrativo

Com tanto material sendo manuscrito na Europa livros para os aacutevidos por

conhecimento estudantes de escolas leigas e universidades papeacuteis burocraacuteticos para os

aacutevidos pelo comeacutercio banqueiros juristas e os demais a invenccedilatildeo de Gutenberg a

tipografia permitiu ldquoa reproduccedilatildeo raacutepida de um mesmo texto e ofereceu agrave linguagem

42

escrita as possibilidades de uma difusatildeo que o manuscrito natildeo tinhardquo (ALBERT

TERROU 1990)

Podemos dizer que a invenccedilatildeo de Gutenberg surge como uma resposta ou certa

correspondecircncia a mecanismos que faziam parte da vida humana num jogo evolutivo

uma vez que a invenccedilatildeo faz uso de tinta papel prensa alfabeto metal que se tratam de

artigos jaacute usados pelo homem

ldquoO certo no entanto eacute que a imprensa veio atender agraves necessidades

crescentes de produccedilatildeo de livros a fim de satisfazer agraves solicitaccedilotildees da elite

intelectual forjada pelas universidades e pelo movimento renascentistardquo

(MELO 2003 p 42)

Obviamente a importacircncia dada ao papel do serviccedilo de prensa no que diz respeito

agrave produccedilatildeo de livros para as instituiccedilotildees de ensino realmente eacute muito grande mas natildeo

exclusiva A demanda de produccedilatildeo de papeis utilizados pelas atividades mais ligadas ao

trabalho comercial e industrial e onde morava a burocracia atividades estas que

nasceram gecircmeas aos burgueses tambeacutem propulsionaram o sucesso da tipografia

Ainda a invenccedilatildeo atendia aos interesses da Igreja na reproduccedilatildeo de imagens de santo

indulgecircncias oraccedilotildees entre outros instrumentos utilizados nas liturgias cristatildes que

serviam a uma maior popularizaccedilatildeo da religiosidade E seguindo a vontade de

popularizaccedilatildeo talvez o fator mais importante para nosso assunto o homem

renascentista livre via na nova tecnologia a possibilidade de satisfazer sua curiosidade

quanto ao que lhe era hodierno o que veio a dar agrave luz a imprensa perioacutedica

ldquo[] o citadino que deseja conhecer a vida do grupo social ao qual ele

pertence e que ultrapassa suas relaccedilotildees primaacuterias o comerciante burguecircs e

banqueiro que natildeo pode ter sucesso em seus negoacutecios se natildeo estiver

informado dos preccedilos das mercadorias e da sua acessibilidade que depende

da conjuntura poliacutetica os cidadatildeos ansiosos por sua participaccedilatildeo no exeacutercito

da Itaacutelia que tem sede de informaccedilotildees precisas o Rei para defender sua

poliacutetica que procura atingir a opiniatildeordquo

(MELO 2003 p 43)

43

Fato interessante a se notar eacute que aqueles estudiosos que se dispuseram a

debruccedilar-se sobre os materiais produzidos pela invenccedilatildeo de Gutenberg escolheram

analisar em sua maioria as produccedilotildees ligadas agrave literatura e ao jornalismo das vaacuterias

eacutepocas A literatura por se tratar de um tipo de produccedilatildeo completamente ligada agraves artes

demonstra os avanccedilos que a humanidade realizou atraveacutes dos anos com relaccedilatildeo agrave sua

expressatildeo do que lhe era e eacute mais interior e o jornalismo em que por mais que se

deseje alcanccedilar certo distanciamento para que se busque imprimir nas notiacutecias graus de

imparcialidade ainda assim nele podemos ler muita intenccedilatildeo literaacuteria O que era

impresso e se ligava agraves aacutereas mais burocraacuteticas do comeacutercio e administraccedilatildeo ficou um

tanto deixado de lado pelos estudos que utilizaram os produtos de imprensa como

corpus

Por sua vez o gecircnero propaganda nasce conjuntamente agrave imprensa perioacutedica

procurando imprimir em seus textos algo que chamasse a atenccedilatildeo de possiacuteveis

consumidores Artistas se esmeravam em criar logotipos assim como se se preocupava

com a disposiccedilatildeo dos textos no afatilde de imprimir algo de esteacutetico que personalizasse as

instituiccedilotildees favorecendo-as no novo sistema que era assaz competitivo de estrutura

capitalista

Dado o momento histoacuterico podemos afirmar que a propagaccedilatildeo da invenccedilatildeo de

Gutenberg foi disseminada pelo continente europeu com grande velocidade Na

Alemanha a tipografia eacute fundada em 1450 na Itaacutelia 1464 na Suiacuteccedila em 1467 na

Franccedila foi fundada em 1470 na Holana1472 na Hungria e na Espanha

concomitantemente em 1473 na Beacutelgica em 1474 na Polocircnia 1475 na Inglaterra

1476 na Aacuteustria em 1482 assim como na Dinamarca na Sueacutecia 1487 e finalmente

ado que nos interessa particularmente em Portugal a primeira tipografia eacute instalada em

1487 na cidade do Faro (MELO 1973)

Devemos ter em mente eacute claro que os materiais impressos natildeo alcanccedilavam a

totalidade das pessoas que compunham as naccedilotildees que deles faziam uso mas sim um

nicho restrito no iniacutecio de sua existecircncia Afinal de contas o nuacutemero de pessoas letradas

era muito pequeno e quanto mais pobre a classe maior o nuacutemero consequentemente

menor o acesso A imprensa como ferramenta fosse qual fosse era prerrogativa de uma

minoria que compunha a elite intelectual de cada uma das naccedilotildees

Algo que podemos citar como benefiacutecio advindo com a imprensa desde sua gecircnese

com aumento gradual ano a ano foi que contrariando o que pretendia a Igreja que era

44

uma Europa unificada sob a eacutegide da religiatildeo cristatilde o sentimento de nacionalismo anda

de matildeos dadas com a afirmaccedilatildeo das liacutenguas regionais e de certa centralizaccedilatildeo dos

poderes na figura dos monarcas O uso das liacutenguas regionais nos materiais de imprensa

atua conjuntamente com o estiacutemulo de produccedilotildees literaacuterias vernaacuteculas o que para

Weber pode ser chamado de ldquoconsciecircncia do valor da nacionalidade intriacutensecardquo

(MELO2003) O latim que ainda era usado em atos lituacutergicos ainda eacute a liacutengua dos

saberes como a filosofia e as aacutereas das ciecircncias mas natildeo impediu que as liacutenguas

europeias se desenvolvessem de modo a imprimir sua proacutepria identidade enquanto

vernaacuteculo

Entre idas e vindas assiste-se agrave evoluccedilatildeo dos serviccedilos de prensa e imprensa

Houve momentos como durante a inquisiccedilatildeo em que algumas obras foram tachadas e

proibidas de serem publicadas Censuras como a aprovada pelo Conciacutelio de Trento

assim como decisotildees de alguns monarcas que desejavam manter certo controle do corria

por seus domiacutenios Por outro lado a censura natildeo era capaz de impedir a existecircncia das

gazetas e pasquins clandestinos formadores de opiniatildeo alguns desses eram manuscritos

Esses papeis influenciaram paulatinamente uma espeacutecie de toleracircncia por parte dos

governos uma vez que o seu impedimento era quase impossiacutevel De certa maneira

constituindo o geacutermen da liberdade de imprensa A Inglaterra no seacuteculo XVIII eacute a

primeira naccedilatildeo europeia a abolir a censura preacutevia Fato mais importante para a liberdade

de imprensa foi sem duacutevida a vitoacuteria dos libertaacuterios que lutaram na Revoluccedilatildeo

Francesa que viam na tecnologia uma ferramenta uacutetil e praacutetica para seus intentos

poliacuteticos e econocircmicos O desenvolvimento da imprensa no continente europeu daacute seus

maiores saltos a partir de entatildeo

31 A imprensa e a disseminaccedilatildeo de discursos

As inteccedilotildees de paiacuteses europeus em aumentar o lucro e crescer como naccedilatildeo com a

desculpa de um sentimento de patriotismo fazem vaacuterias dessas naccedilotildees se lanccedilarem para

aleacutem-mar e em rotas contraacuterias agraves que estavam acostumadas a seguir e que jaacute

conheciam Principalmente depois que os turcos invadem e tomam Constantinopla que

impede o acesso comercial aos povos do Oriente a necessidade de suprir as vontades

dos clientes impele agraves aventuras em mares ateacute entatildeo desconhecidos

45

Portugal foi um pioneiro no que diz respeito ao uso em terras colonizadas que natildeo

americanas dos serviccedilos de prensa Principalmente como ferramenta de disseminaccedilatildeo

da liacutengua paacutetria assim como de sua religiatildeo que pretendia instaurar em tudo o que era

ldquoseurdquo Pode-se atestar que a iniciativa concretizou-se no seacuteculo XVI Nas colocircnias

africanas a intensatildeo era principalmente impedir as influecircncias turcas atuando de

forma proselitista O mesmo seacuteculo eacute marcado por uma fase de grande desenvolvimento

econocircmico da naccedilatildeo lusitana impulsionado pelas navegaccedilotildees pelo comeacutercio de artigos

orientais garantidos pelo controle das rotas abertas atraveacutes do Oceano Atlacircntico Essa

foi exatamente a eacutepoca em que assistimos um franco progresso da imprensa em

territoacuterio portuguecircs seguindo a instauraccedilatildeo das oficinas em Faro (MELO 1973)

Verdade que a primeira tipografia a ser instalada na Ameacuterica natildeo foi obra

portuguesa mas espanhola Trata-se da oficina fundada no Meacutexico em 1533 tampouco

a segunda que tambeacutem foi realizada pelos espanhoacuteis em 1584 em Lima onde estava

localizado o Vice-Reinado do Peru A imprensa vinha respondendo agraves necessidades de

cada colocircnia uma vez que se exigia sua presenccedila para tarefas logicamente ligadas agrave

colonizaccedilatildeo

A instalaccedilatildeo do primeiro serviccedilo de imprensa pelos portugueses se tratando do

Brasil levou 276 anos porque natildeo era interessante para os colonizadores que houvesse

um puacuteblico bem informado em terras americanas

A famiacutelia real portuguesa chegou ao Brasil em 1808 uma vez que as tropas

napoleocircnicas invadiram Portugal e para salvaguardar a permanecircncia da corte neste

mundo e para suprir a necessidade de se imprimir uma infraestrutura que pudesse dar

conta dos velhos mecanismos poliacuteticos na nova corte foi implantada oficialmente a

imprensa no novo Reino Unido em conjunto com outras importantes ferramentas

administrativas como o Banco Nacional do Rio de Janeiro e tribunais para a

administraccedilatildeo das financcedilas e da justiccedila

A Imprensa Reacutegia num primeiro momento tinha como foco executar serviccedilos

relativos agrave administraccedilatildeo real Entretanto com os acontecimentos que se desenrolavam

no velho mundo natildeo se podia condenar os novos habitantes agrave total ignoracircncia dos fatos

assim como se deveria deixar conhecer os fatos ocorridos na nova sede do governo

portuguecircs Ainda a implantaccedilatildeo de escolas de ensino superior assim como outras

instituiccedilotildees culturais exigiam a produccedilatildeo de livros e diferentes papeacuteis de cunho natildeo

46

burocraacutetico o que forccedila a Imprensa Reacutegia a procurar sanar essa demanda

completamente social

Em 10 de setembro de 1808 ocorre a circulaccedilatildeo do primeiro jornal produzido e

impresso em terras brasileiras a Gazeta do Rio de Janeiro serviccedilo que era uma

prerrogativa apenas da sede do governo

Entre os anos de 1808 e 1821 a produccedilatildeo da imprensa no Brasil foi muito

pequena devido a decreto que forccedilava as tipografias a dar prioridade aos papeacuteis

administrativos imprimindo inclusive uma face censoacuteria ao trabalho da imprensa

praticada em terras americanas Este decreto era claro quanto ao papel das oficinas

ldquo[] e atendendo agrave necessidade que haacute da oficina de impressatildeo nestes meus

Estados sou servido que a casa onde eles se estabeleceratildeo sirvam

interinamente da Impressatildeo Reacutegia onde se imprimam exclusivamente toda a

legislaccedilatildeo e Papeacuteis Diplomaacuteticos que emanarem de qualquer Reparticcedilatildeo do

meu Real Serviccedilordquo

(Ipanema 1949 p 53)

A essa restriccedilatildeo inicial no mesmo documento pode ser lida a possibilidade de

abertura para a impressatildeo de papeacuteis mais variados De modo que poucos dias depois da

primeira publicaccedilatildeo uma outra faz-se conhecer as ldquoInstruccedilotildees Provisoacuterias para o

Regimento da Imprensa Reacutegiardquo em 24 de junho de 1808 lia-se o estimulo de produccedilatildeo

de papeacuteis comerciais e obras populares

Entre 1808 e 1821 apenas duas oficinas de prensa habitavam terras brasileiras a

do Rio de Janeiro fundada em 1808 e a segunda na Bahia fundada em 1811

O atraso na instauraccedilatildeo da imprensa em terras brasileiras pode ser explicado pelo

desinteresse da monarquia portuguesa em instituir uma populaccedilatildeo que tivesse acesso agraves

ferramentas modernas da civilizaccedilatildeo europeia na colocircnia devido seu papel na economia

da corte Afinal ignorantes satildeo mais faacuteceis de conduzir Os grilhotildees seriam mais

facilmente mantidos O que se imprime nas oficinas eacute disseminador de discursos que

poderiam incitar dissidecircncia o que natildeo era interessante para Portugal Com o

desembarque da corte e a necessidade poliacutetica de tais serviccedilos a presenccedila real figurava

de certa forma como instituiccedilatildeo que asseguraria muitas vezes atraveacutes do uso da forccedila

o controle do que se publicava

47

Em 1821 quando eacute abolida a censura preacutevia no Reino em consequecircncia da

Revoluccedilatildeo do Porto o nuacutemero de trabalhos editados aumenta exponencialmente Assim

como o nuacutemero de trabalhos editados o nuacutemero de tipografias em territoacuterio brasileiro

tambeacutem aumentou significantemente apoacutes 1821 A partir daquela data quatro outras

mais seriam instaladas em Recife (PE) em Satildeo Luiacutes (MA) em Beleacutem (PA) e em Vila

Rica (MG) Entre 1824 e 1852 quinze outros estados puderam ter em seus territoacuterios

tipografias dentre elas no que hoje eacute denominado Estado de Satildeo Paulo tem a

implantaccedilatildeo oficial datada no ano de 1827 (MELO 1973)

Satildeo Paulo tinha um jornal que tratava de coisas pertencentes a sua realidade visto

que a vida na corte nada tinha de similar aos viveres paulistas Apesar do grande

desenvolvimento experimentado pela regiatildeo durante todo o seacuteculo XIX devido agrave

produccedilatildeo cafeeira a elite paulista natildeo usufruiacutea das mesmas prerrogativas da elite

carioca Mas se constituiacutea como um mercado aacutevido por bens de consumo que

participavam ativamente do pensamento de desruralizaccedilatildeo apesar de ter no rural sua

maior forccedila mas mesmo no campo devia-se ser civilizado e para ser civilizado eacute

imperioso que se faccedila parte do jogo adotando bens simboacutelicos principalmente apoacutes a

independecircncia em 1822

48

4 Desejo de ascensatildeo

No iniacutecio do seacuteculo XIX a elite cafeeira emerge no Vale do Paraiacuteba alcanccedilando

status e trazendo enriquecendo para a regiatildeo diferenciando-se do restante do territoacuterio

paulista que ainda dependia da produccedilatildeo de cana de accediluacutecar e do comeacutercio estabelecido

na vila de Satildeo Paulo para movimentar sua economia O distrito de Satildeo Paulo inicia seu

desenvolvimento de forma mais efetiva quando em 1827 funda-se a faculdade de

direito o que influencia a providecircncia de estabelecimentos que recebam os viajantes e os

estudantes assim como aqueles que migravam para a regiatildeo com o intuito

empreendedor como hoteacuteis e pensotildees

O solo do Vale do Paraiacuteba por volta dos anos de 1860 se mostra exaurido o que

forccedila os agricultores a procurar por terras mais feacuterteis que vatildeo encontrar mais a oeste do

territoacuterio nas redondezas do que hoje conhecemos como Campinas e Itu Agrave eacutepoca as

produccedilotildees natildeo mais escoavam pelos portos do Rio de Janeiro mas pelo porto de Santos

o que resulta na construccedilatildeo da primeira ferrovia de Satildeo Paulo ligando a regiatildeo de

Jundiaiacute agrave baixada santista com um entreposto na cidade de Satildeo Paulo Esta cresce

consequentemente em importacircncia uma vez que era o ponto estrateacutegico que ligava o

litoral e o interior No interior a cultura do cafeacute expandia-se atraveacutes das terras propiacutecias

ao seu cultivo imprimindo notoriedade agrave regiatildeo frente ao entatildeo Impeacuterio

O poeta talvez o mais importante da geraccedilatildeo traacutegica do Mal do Seacuteculo Aacutelvares

de Azevedo mesmo tendo nascido em Satildeo Paulo viveu a maior parte de sua vida na

sede da corte Quando na idade formaccedilatildeo superior se negou a fazer medicina e

embarcou rumo a Satildeo Paulo decidido a fazer Direito na faculdade instalada no Largo

Satildeo Francisco

Em suas correspondecircncias especialmente as destinadas agrave sua irmatilde eacute recorrente ler

sua frustraccedilatildeo quanto a sua nova residecircncia A geografia o incomodava o pavimento ou

a falta dele das ruas o incomodavam a falta de iluminaccedilatildeo urbana o incomodava Para

o poeta afeito agrave vida urbana restava a lamuacuteria ldquoNa minha terra soacute haacute formigas e

caipirasrdquo Sequer poderia receber a alcunha de cidade ldquoProviacutencia intoleraacutevel []rdquo A

intenccedilatildeo de Satildeo Paulo em mostrar-se civilizada e procurar satisfazer sua populaccedilatildeo

tanto nativa quanto imigrante no que se refere a praacuteticas sociais e de sociabilizaccedilatildeo natildeo

49

impressionavam o jovem estudante Tampouco o puacuteblico que ele encontrava nessas

situaccedilotildees

ldquo[] ir a bailes pordf danccedilar com essas bestas minhas patricias q soacute abrem a

bocca pordf dizer asneiras acho q eacute tolice Natildeo julgue Vmcecirc q fallo com

exageraccedilatildeo ndash a moccedila senatildeo a mais bonita a estatua mais perfeita em tudo

uma Belisaacuteria (mineira) eacute uma estupida q diz ndash noacutes natildeo sabe danccedilaacute pocircque

etc e comtudo eacute uma belleza mas Eacute uma estaacutetua estuacutepida e sem vida ndash Como

diz o soneto do Octavianordquo

(AZEVEDO 1976 106)

Apesar da perspectiva negativa a respeito da realidade paulista que bem provaacutevel

seria da maioria das pessoas que tivessem experimentado niacuteveis de civilidade mais

modernos e modernizados a vontade o desejo de alcanccedilar patamares elitizados

espelhados nos grandes centros internacionais e na sede da corte morava nos ideais e

intentos das pessoas assim como nas instituiccedilotildees que habitavam aquela terra que se

enriquecia

50

5 Nomenclatura especializada e a disseminaccedilatildeo das tecnologias

na sociedade

Quando tratamos das tecnologias materiais a produccedilatildeo de maacutequinas e artigos

relacionados agrave medicina diferentemente da cultura que pode ser algo local lidamos

com movimentos de disseminaccedilatildeo que ultrapassam os limites impostos geograficamente

e politicamente Visto que a produccedilatildeo de certos a artigos eacute destinada agrave facilitaccedilatildeo da

vida das pessoas inevitavelmente satildeo mercadorias que para os homens de negoacutecio

devem ser adquiridas pelo maior nuacutemero de compradores possiacutevel De modo que natildeo eacute

interessante que se restrinja somente a um uacutenico local mas eacute melhor para a economia

que se dissemine por todo o globo o quanto possiacutevel alcanccedilando claro aqueles que

possam pagar

Os meios de produccedilatildeo sofreram incrementos evoluiacuteram para que se pudesse dar

conta das demandas do mercado consumidor dependendo da utilidade do que fora

inventado O surgimento de faacutebricas onde o proletariado vendia sua forccedila de trabalho

estaacute atrelado agrave necessidade de produccedilatildeo em massa de produtos tecnoloacutegicos ou insumos

para assistir a fabricaccedilatildeo do produto final

O tipo de capitalismo que nasceu laacute no final do feudalismo o ligado ao

mercantilismo agora evolui para o que podemos chamar de capitalismo industrial que

nasce na Revoluccedilatildeo Industrial iniciada na Inglaterra no seacuteculo XVIII mas que se

dissemina pelo globo se desdobrando em vaacuterias fases durante o seacuteculo XIX

Muito embora possamos assistir o sentimento de patriotismo crescendo com o

passar dos seacuteculos tendo no estabelecimento e valorizaccedilatildeo das liacutenguas locais

vernaacuteculas sua mais clara demonstraccedilatildeo utilizadas em praacuteticas sociais cotidianas

quando se trata das aacutereas relacionadas agraves ciecircncias os lexemas buscados para nominar as

invenccedilotildees e descobertas assim como em algumas aacutereas do conhecimento acadecircmico

como a filosofia gramaacutetica e matemaacutetica estes devido agrave tradiccedilatildeo histoacuterica dos estudos

correntes no ocidente satildeo de origem latina ou grega ndash certos lexemas gregos entram nas

liacutenguas modernas de forma indireta atraveacutes do latim que jaacute os havia incorporado ao seu

proacuteprio como discorremos sobre em momento anterior Procurava-se no antigo no

passado a melhor maneira para dar nome ao que era completamente novo atual em

cada eacutepoca atestando a importacircncia daquelas civilizaccedilotildees na mudanccedila de pensamento e

51

demais mudanccedilas porque vinha sofrendo a humanidade no que diz respeito a

conhecimento e desenvolvimento

Se por um lado as invenccedilotildees e descobertas que pudessem ser comercializadas

deveriam alcanccedilar o maior nuacutemero de consumidores possiacutevel por outro deveria se

proteger a mente inventora salvaguardando seus direitos sobre o produto Nasce entatildeo

o direito de patente que incluiacutea aleacutem dos direitos sobre o produto em si os direitos

sobre o nome dado ao produto que fora escolhido com tanto esmero

As escolhas lexicais feitas nessas aacutereas num primeiro momento mantinham-se

restritas ao campo restrito das literaturas especializadas e ao nicho social composto

pelos cientistas Para estes foi dada a liberdade e poder de introduzir novos nomes

novos lexemas agraves liacutenguas juntamente com a mudanccedila da realidade dos povos por meio

da disposiccedilatildeo de suas invenccedilotildees que eram destinadas agrave posse de outrem Com a

profusatildeo dos trabalhos que vem num crescendo seacuteculo a seacuteculo o nuacutemero de palavras

que compotildeem o leacutexico das liacutenguas tambeacutem cresce de maneira arbitraacuteria e natildeo natural

Esse complexo de nomes constitutivos do leacutexico por atuar de maneira diferente e em

instacircncias diferentes dos demais em estudos que surgem anos depois sobre a liacutengua e

seu funcionamento influencia o surgimento da terminologia

A preocupaccedilatildeo quanto agrave necessidade de certa sistematizaccedilatildeo dos nomes caminha

de matildeos dadas com a ideia de normatizaccedilatildeo uma vez que os especialistas se interessam

pela associaccedilatildeo precisa entre denominaccedilatildeo e conceito cientiacutefico

A escolha por neologismos derivados de empreacutestimo de outras liacutenguas mesmo

que estas jaacute natildeo estejam mais em voga tenham historicamente caiacutedo em desuso ou

menos draacutestico tenham sofrido alteraccedilotildees quanto a sentidos de seu leacutexico se

desenvolvendo naturalmente apresenta certa especificidade O lexema jaacute carrega

consigo um sentido anterior ao empreacutestimo No caso entatildeo da adoccedilatildeo para nomear um

objeto novo de um lexema que jaacute se lhe tenha atribuiacutedo um sentido em algum momento

da sua histoacuteria assim o faz para acessar em certo grau esse significado Muitas vezes

atrelando a novidade ao antigo significante exatamente para que o nome seja facilmente

identificado e compreendido

O estudo de leacutexico especializado aqueles adotados em aacutereas de conhecimento

especiacutefico como as ligadas ao campo cientiacutefico por exemplo eacute praticado desde o

seacuteculo XVIII perpassando o seacuteculo XIX conquanto tenha ganhado maior visibilidade e

52

importacircncia real no seacuteculo XX Neste seacuteculo haacute um delineamento mais acertado da

ciecircncia terminoloacutegica8

Importante notar que de acordo com o incremento dos avanccedilos tecnoloacutegicos

numa linha diacrocircnica cada vez mais se nota a necessidade de uma harmonizaccedilatildeo dos

teacuterminos Essa necessidade culmina no pensamento de normalizaccedilatildeo pregada por

Wuumlster na primeira metade do seacuteculo XX sobre a qual discorre em sua tese de

doutorado intitulada ldquoA normalizaccedilatildeo internacional da terminologia teacutecnicardquo em 1931

O pensamento o engenheiro eacute difundido e faz sentido se ignorarmos certas

circunstacircncias intrinsicamente humanas

ldquoA difusatildeo da versatildeo russa da tese de Wuumlster suscita um maior interesse pela

Terminologia nos domiacutenios especializados e influencia a criaccedilatildeo do Comitecirc

Teacutecnico 37 ldquoTerminologiardquo (TC37) da ISA (International Standardization

Association) da Federaccedilatildeo Internacional das Associaccedilotildees Nacionais de

Normalizadores a precursora da atual ISO (International Standardization

Organization) (Cabreacute 199322 199611)rdquo

(ALMEIDA p 2)

A representaccedilatildeo e a prescritividade aquela para etiquetar de forma justa e

inequiacutevoca o produto a segunda para certificar que houvesse controle sobre as escolhas

das nomenclaturas foram duas caracteriacutesticas determinantes na teoria de Wuumlster a TGT

(Teoria Geral da Tecnologia) Os conceitos se estruturam loacutegica e ontologicamente de

maneira hieraacuterquica O terminoacutelogo em oposiccedilatildeo aos linguistas acreditava que a

evoluccedilatildeo das liacutenguas poderia sim se dar de maneira espontacircnea mas natildeo soacute assim Ao

desenvolvimento espontacircneo Wuumlster chamava norma descritiva em oposiccedilatildeo agrave norma

prescritiva empregada pelos cientistas pois para ele

ldquoSin embargo en terminologiacutea con la tremenda productividad de conceptos

y teacuterminos una evolucioacuten libre de la lengua llevariacutea a una confusioacuten

8 ALMEIDA ldquoO Percurso Da Terminologia De Atividade Praacutetica Agrave Consolidaccedilatildeo De Uma

Disciplina Autocircnomardquo trata-se de um artigo em que discorre sobre certa historiografia da

disciplina Terminologia desde os primeiros expoentes no seacuteculo XVIII ateacute sua maior

sistematizaccedilatildeo no seacuteculo XX quando ganha maior notoriedade devido a aumento exponencial

de novos termos adotado pelas liacutenguas modernas

53

intolerable Para evitar esta situacioacuten desde principios de siglo e incluso

antes en el caso de algunas especialidades los terminoacutelogos empezaron a

unificar por consenso algunos conceptos y teacuterminosrdquo

(CABREacute)

Dentro do ambiente restrito em que se encontram os cientistas a determinaccedilatildeo

exata de um termo eacute muito importante assim a teoria se mostra bem acertada se dentro

destes limites mas pouco efetiva para dar conta das questotildees que envolvem uma

situaccedilatildeo de comunicaccedilatildeo real

Entendemos os neologismos provenientes do campo cientiacutefico-tecnoloacutegico como

terminologias especializadas que realmente foram impostas pelos cientistas mas que

natildeo ficaram presas agraves literaturas especializadas por serem artefatos ou conceitos que

eram destinados ao grande puacuteblico A mostra disso pode ser percebida no pelo

deslizamento que essas terminologias sofreram no que diz respeito agrave tipologizaccedilatildeo

textual na qual encontramos o uso desses lexemas

Se levarmos em consideraccedilatildeo os ensinamentos de CIAPUSCIO (2003) que faz

uma divisatildeo muito perspicaz quanto aos tipos de textos podemos entender esse

deslizamento A autora separa os textos em dois tipos principais formas primaacuterias e

formas derivadas que se subdividem As formas primaacuterias corresponderiam agraves formas

textuais que trazem contribuiccedilotildees originais informaccedilotildees teacutecnicas sobre um artigo

completamente novo Aleacutem de possuir um formato textual predeterminado em outras

escolhas lexicais satildeo estabelecidas de antematildeo havendo pouca variedade em sua

ediccedilatildeo Natildeo podemos negar que a construccedilatildeo textual dos textos especializados possam

variar de acordo com a eacutepoca ou mesmo sofrer variaccedilotildees dependentes da cultura em

que esteja sendo produzidos mas a foacutermula tende a ser mais estanque exatamente pela

necessidade da aacuterea em evitar desacordos ou ininteligibilidade Esse tipo de texto se

destinaria ao puacuteblico especializado obviamente As formas derivadas baseiam-se em

textos subjacentes que dependem dos textos fontes que figuram as formas primaacuterias

Aquelas formas poderiam ser chamadas tambeacutem de formas semiespecializadas uma vez

que os textos para estudantes por exemplo fazem parte do da lista que a compete

Podemos entender os anuacutencios de jornal como textos de um terceiro tipo o

divulgativo pois satildeo textos que datildeo agrave luz um produto trazendo informaccedilotildees a serem

54

conhecidas pelo puacuteblico que para tanto satildeo constituiacutedos por discursos que visam

persuadir ao leitor de que o artefato anunciado eacute uacutetil e que deve ser adquirido

ldquoEn la noticia de prensa con las modalidades propias del geacutenero domina el

propoacutesito informativo que se traduce en indicios linguumliacutesticos claros en este texto

tambieacuten es muy perceptible el esfuerzo por la presentacioacuten positiva de la

informacioacutenrdquo

(CIAPUSCIO 2003)

O conhecimento necessaacuterio ao puacuteblico nada tem de teacutecnico a natildeo ser no que diz

respeito agrave utilidade do produto

Assim os teacuterminos adentram o leacutexico do homem comum e eventualmente

sofreraacute as mudanccedilas impostas pelo uso comum em situaccedilotildees reais podendo desdobrar-se

em outros lexemas enriquecendo a liacutengua

55

6 Projeto de uma naccedilatildeo brasileira

A primeira metade do seacuteculo XIX no Brasil pode ser vista como o momento de

instalaccedilatildeo e instauraccedilatildeo de uma sociedade civilizada de maneira mais efetiva e atrelada

aos moldes europeus Os passos morosos dados pela Colocircnia apressaram-se somente

quando no seacuteculo XIX fugindo das tropas napoleocircnicas D Joatildeo acompanhado de sua

famiacutelia e aproximadamente 20 mil portugueses constituintes da corte lusitana

desembarcam no Rio de Janeiro O ano era 1808 e a chegada dos novos habitantes

quase que da mesma forma como os primeiros europeus em 1500 guardadas as devidas

proporccedilotildees impactaram tremendamente a paisagem das terras americanas A partir de

1808 o Rio de Janeiro jaacute natildeo era mais uma cidade da colocircnia mas a sede do Impeacuterio

ldquoTransformado em Reino Unido jaacute em 1815 o Brasil distanciava-se aos

poucos de seu antigo estatuto colonial ganhando uma autonomia relativa

jamais conhecida naquele contexto O Estado portuguecircs humilhado

perseguido e transplantado reproduziu no Brasil o seu aparelho

administrativo e do Rio de Janeiro o regente denominado tambeacutem ldquorei do

Brasilrdquo administrava todo o seu Impeacuteriordquo

(SCHWARCZ 1998 p 36)

O Brasil que vinha desde a primeira chegada dos portugueses por questotildees

poliacuteticas que assegurassem o domiacutenio sofrendo com as limitaccedilotildees do que poderia ou

natildeo ser implementado agrave vida cotidiana de seus residentes devido agrave nova situaccedilatildeo assiste

mudanccedilas que influenciariam posteriormente todo o seu caminhar rumo ao futuro A

abertura dos portos para material estrangeiro assim como os processos de urbanizaccedilatildeo

que acompanhavam a instauraccedilatildeo das novas instituiccedilotildees poliacuteticas e comerciais em solo

brasileiro impulsionaram a adesatildeo de novas filosofias constitutivas de ideologias no

imaginaacuterio daqueles que chamavam o Brasil de sua terra

Enquanto colocircnia as poliacuteticas praticadas natildeo intentavam a uniatildeo entre as

proviacutencias que quando deparadas com qualquer situaccedilatildeo que lhes fugia do controle

recorriam ao reino sem antes procurar auxiacutelio nas vizinhanccedilas As figuras dos

governadores das capitanias procuravam de certa forma atraveacutes de manobras estar

mais proacuteximas do rei Historiadores relatam ldquoos destinos de Rodrigo Cesar de Menezesrdquo

56

que em Satildeo Paulo enviava falsas informaccedilotildees ao rei diretamente a fim de granjear

merecimento e forccedila poliacutetica (SODREacute 1998) Natildeo interessava de qualquer modo que

se nutrisse qualquer sentimento de unidade na colocircnia

ldquoDessa forma a tradiccedilatildeo natildeo era de coesatildeo mas de dispersatildeo Natildeo era de

uniatildeo mas de dissociaccedilatildeo E tudo contribuiacutea para isso as distacircncias os

tempos das viagens a diversidade de lavouras a vantagem do entendimento

direto com Lisboardquo

(SODREacute 1998 p 40)

Ao final do seacuteculo XVIII uma grave crise econocircmica assola o Brasil Crise essa

que se estende ao iniacutecio do seacuteculo seguinte inclusive durante os anos em que a famiacutelia

real desembarca nessas terras

A mineraccedilatildeo estava entrando em decadecircncia no Brasil produtos que eram

considerados inextinguiacuteveis rareavam a cada ano que adentra o seacuteculo XIX Aleacutem das

riquezas naturais retiradas da terra a lavoura de cana brasileira e a induacutestria accedilucareira

sofrem com o golpe da produccedilatildeo de accediluacutecar na Europa a partir da beterraba Dois fatores

que influenciam fortemente o sentimento de desagrado de descontentamento com

relaccedilatildeo agrave situaccedilatildeo

Esse sentimento de desagrado se reforccedila e soma-se a inseguranccedila imposta pelas

mudanccedilas poliacuteticas iniciadas em 1808 Por todo territoacuterio pipocam insurreiccedilotildees pouco

conectadas entre si a natildeo ser pela vontade e pelo sentimento que se assemelhavam Os

levantes aconteciam particularmente a partir de peculiaridades locais

A unidade poderia natildeo ocorrer com relaccedilatildeo aos espaccedilos mas o sentimento era

comungado graccedilas agrave proximidade ideoloacutegica e de princiacutepios que impulsionavam a

vontade de libertaccedilatildeo Os liacutederes dos levantes bebiam das aacuteguas libertadoras que

moveram os moinhos da revoluccedilatildeo ocorrida na Franccedila no seacuteculo XVIII ainda nos livros

que tratavam da democracia instaurada em terras americanas e todo o discurso que

acompanhava o nascimento dos Estados Unidos com relaccedilatildeo ao progresso e

estabelecimento de uma civilizaccedilatildeo ldquouma sorte de paraiacuteso estatal definitivordquo (SODREacute

1998)

57

ldquo[] Livros e jornais fizeram essa obra de solapamento intelectual tatildeo faacutecil

de penetrar o caraacuteter ainda maleaacutevel da nossa gente cuja credulidade poliacutetica

natildeo tem limites em se tratando de coisas importadas Parece que uma

indolecircncia enorme em pesquisar objetivamente os fundamentos da nossa

sociedade eacute que nos impulsiona em mandar vir de fora as ideologias jaacute

prontas jaacute montadas jaacute acabadas faltando apenas o necessaacuterio esforccedilo para

implantaacute-lasrdquo

(SODREacute 1998 p 43-44)

A classe mais abastada da nova sociedade brasileira aquela que jaacute havia

angariado certa riqueza e alccedilado certo status beberavam das filosofias europeias atraveacutes

dos livros pelos quais podia pagar Fato que a curiosidade intelectual natildeo era

prerrogativa de todos mas o gosto pela leitura ganhava mais adeptos a cada passar de

ano Dessa feita a massa dos medianos e aqueles que natildeo se davam muito aos livros

tinham contato com os ensinamentos por via da imprensa que na eacutepoca era por vezes ateacute

violenta

Esses movimentos soacute foram possiacuteveisi pela quantidade crescente de tipografias

que cobriram nosso territoacuterio muitas com vida bastante curta efecircmera ateacute

A crise econocircmica accedilucareira e da aacuterea da mineraccedilatildeo o descontentamento poliacutetico

e todas as circunstacircncias que levaram agrave independecircncia embebida pelas filosofias

estrangeiras podem nos dar o vislumbre da intenccedilatildeo das accedilotildees oligaacuterquicas que

pretendiam um paiacutes independente

Interessante notar que o deslizamento que ocorre com os lexemas quanto agrave

tipologia textual tambeacutem ocorre com os discursos em voga Se se desejava uma terra

que abraccedilasse a ideologia de crescimento e mudanccedila de certos haacutebitos que fossem

considerados desconectados do imaginaacuterio ideal a melhor forma de se alcanccedilar os

objetivos era primeiro propagandear essa ideologia Em segundo lugar propagandear

os objetos que se ligam intrinsicamente ao status O povo deveria ser civilizado tanto

verbalmente quanto substantivamente num jogo dialeacutetico da palavra

A exemplo do que se assistia no exterior uma naccedilatildeo civilizada deve consumir

bens que simbolizam essa civilidade Para tanto temos um mercado consumidor aacutevido e

as mentes bem empregadas dos cientistas na Europa principalmente que produzem

avidamente para dar conta das necessidades de seu puacuteblico Fazendo o intercacircmbio faz

com que a situaccedilatildeo encontrasse nos jornais a maneira mais efetiva para levar ao

58

conhecimento do mercado consumidor as novas tecnologias receacutem-saiacutedas do forno

apresentadas da maneira mais positiva quanto possiacutevel apelando para a civilidade tanto

almejada

59

7 Passos mecacircnicos

A vida civilizada dos centros urbanos baseia-se na sociabilizaccedilatildeo entre habitantes

As pessoas precisam conhecer e serem conhecidas As maneiras para se fazerem

conhecidas diziam respeito tanto ao pessoal quanto ao profissional A agenda dos bailes

era movimentada na corte nas cidades que se estabeleciam nos demais estados e no que

nos interessa especialmente o que conhecemos como Satildeo Paulo apesar de menos

badalada natildeo se relegava a total inatividade

A cidade de Campinas que crescia devido agrave cultura do cafeacute estabelecida na regiatildeo

era dessas cidades pequenas mas que se via dentro do jogo civilizatoacuterio disposta a

corresponder aos atributos e pagar seus tributos agraves praacuteticas civilizadas Eacute de Campinas o

primeiro exemplo que analisaremos

- 14 de junho de 1870 Campinas Gazeta de Campinas

KX|Vende-se uma machina propria para marcar papel cartatildeo de visita e casamento e

bem assim um sortimento de cartotildees bordados e dourados tudo de 1ordf qualidade Para

tratar com o QUIM SIMOtildeES

Em um espaccedilo urbano eacute natural que a quantidade de profissionais como meacutedicos

advogados professores particulares e outros tantos que natildeo podem se dar ao luxo de

fazer uma assinatura de propaganda com o jornal local por um tempo muito prolongado

precisa arrumar outras maneiras para acessar possiacuteveis empregadores Ademais a

quantidade desses profissionais crescia de acordo com o crescimento das cidades e o

contingente populacional

O que estaacute agrave venda no anuacutencio obviamente natildeo se destinava a uma pessoa

somente Natildeo se trata de um artigo para uso individual o que nos leva a crer que o

possiacutevel comprador devesse ser uma empresa tal qual uma graacutefica uma tipografia A

essa instituiccedilatildeo era dado o papel de confeccionar os cartotildees de visita dos profissionais

que desejassem se ldquoautopropagandearrdquo

Mas essa maacutequina natildeo estava posta apenas para o mundo do trabalho A escolha

feita pelo anunciante foi frisar que ela tambeacutem se prestava agrave confecccedilatildeo de cartotildees para

convite a casamentos Essa praacutetica eacute historicamente um evento social que marca

60

geraccedilotildees por ser no miacutenimo o iniacutecio da possibilidade de uma nova O casamento aleacutem

de unir duas pessoas une duas famiacutelias garante o incremento das posses e o

estabelecimento de certo teor de poder se o acontecimento se daacute entre pessoas que

poderiam pagar por convites que a noacutes parece ser bastante valorizados Afinal satildeo

papeis ldquobordados e dourados tudo de 1ordf qualidaderdquo

A regiatildeo de Campinas berccedilo dessa propaganda se destacou ateacute por alguns anos

mais do que a vila de Satildeo Paulo que viria a ser a capital do estado economicamente

ALONSO (2002) diz

ldquoO processo de revigoramento econocircmico que acompanhou a crescente

produccedilatildeo de cafeacute no oeste ndash as novas lavouras entre as duas grandes ferrovias

abertas a Paulista e a Mogiana ndash gerou uma ldquorefundaccedilatildeordquo da cidade de Satildeo

Paulo sintetizada por Morse (1970 235-6) como transformaccedilatildeo ldquode

comunidade em metroacutepolerdquo O boom da economia do cafeacute fez crescer seu

comeacutercio e sua populaccedilatildeo expandiu os contornos urbanos deu-lhes

iluminaccedilatildeo puacuteblica bondes casarotildees e obras de saneamento A capital

finalmente ultrapassava Campinas e se tornava o centro econocircmico e nervoso

da proviacutenciardquo

(ALONSO 2002 p 149)

O importante para noacutes nessa citaccedilatildeo para o momento eacute corroborar a afirmaccedilatildeo de

que a regiatildeo se mostrava pareada ao afatilde civilizatoacuterio Os movimentos poliacuteticos sociais e

econocircmicos na regiatildeo de Satildeo Paulo foram determinantes em vaacuterios momentos da

histoacuteria brasileira Nessa regiatildeo um grupo nasce beberando de ideologias e filosofias

positivistas liberalistas e federalistas Muitos vinham da regiatildeo de Campinas e do oeste

paulista e como nos diz ALONSO (2002) ldquoaderiram agraves atividades cafeicultora pelo

casamentordquo Essa classe emergente via no mantenimento das famiacutelias a seguranccedila do

status E para fazer com que a uniatildeo seja bem celebrada o primeiro passo eacute garantir que

os convidados recebessem convites para o casamento que fizessem jus aos nomes das

famiacutelias

Maacutequina eacute uma forma que jaacute fazia parte do leacutexico latino e que natildeo sofreu

mudanccedilas de sentido ateacute ser incorporada ao portuguecircs quando seu sentido foi reduzido

No grego antigo temos o sentido que foi transmitido ao latim

61

μηχανή Dor μαχανά ἡ (μῆχος) ndash Lat machina I an instrument

machine for lifting weights and the like Hdt μ Ποσειδῶνος of the

trident Aesch λαοπόροις μ of Xerxesrsquo bridge of boats Id 2 an engine

of war Thuc 3 a theatrical machine by which gods were made to appear in

the air Plat hence proverb Of any sudden appearance ὥσπερ ἀπὸ

μηχανῆς (cf Lat deus ex machine) Dem II any contrivance for doing a

thing Hdt etc in pl μηχαναί shifts devices arts wiles Hes Att

μηχαναῖς Διός by the arts of Zeus Aesch proverb μηχαναὶ Σιςύφου

Ar - phrases μηχανήν or μηχανὰς προσφέρειν Eur εὑρισκειν

Aesch etc - c gen μ κακῶν a contrivance against ills Eur but μ

σωτηρίας a way of providing safety Aesch 2 οὐδεμία μηχανή [έστι]

ὅπως ού c fut Hdt also μὴ ού c inf Id 3 in adverb phrases ἐκ

μηχανῆς τινος in some way or other Id μεδεμιῆι μηχανῆι by no

means whatsoever Id (LIDDLE amp SCOTT Greek-English

Lexicon)

Devemos antes de tudo notar as diferentes formas dialetais μηχανή (mechaneacute)

e μαχανά (machanaacute) a primeira pertencente ao dialeto aacutetico e a segunda ao dialeto

doacuterico A diferenccedila principal entre esse dois dialetos eacute como podemos notar a

predominacircncia no dialeto doacuterico da vogal α que equivale em portuguecircs ao nosso a

enquanto no aacutetico a vogal predominante eacute o η que equivale em portuguecircs ao nosso ε

Notamos que em grego antigo o significado para μηχανή (mechaneacute) liga-se ao

engenho mental meacutetodo o qual se aplica para alcanccedilar determinado fim

independentemente se esse meio eacute fiacutesico ou natildeo podendo ser traduzido por wiles (logro

engano) ou arts (arte induacutestria habilidade manha) como vemos em alguns exemplos

de frases dadas pelo proacuteprio dicionaacuterio ldquoμηχαναῖς Διός (mechanaacuteis Dioacutes = pela arte

de Zeus)rdquo a forma no grego natildeo se dissocia assim como no portuguecircs do sentido

intriacutenseco de mecanismo maneira meio (way) E junto a esse sentido estaacute o que foi

acolhido pelo leacutexico portuguecircs de utensiacutelio fiacutesico o qual se usa para alcanccedilar

determinado fim como os mecanismos de guerra como instrumentos em geral

maacutequinas O dicionaacuterio Liddell and Scott daacute o exemplo do artifiacutecio que Xerxes usou

para alcanccedilar a Heacutelade quando para da Aacutesia chegar agrave Greacutecia construiu uma ponte feita

62

de barcos interligados por cordas ligando as duas porccedilotildees de terra no Helesponto Para

isso Heroacutedoto o historiador que relatou a invasatildeo persa agrave Greacutecia denomina essa

induacutestria de Xerxes λαοπόροις μαχαναί (laopoacuterois machanaiacute) ldquoΛαοπόροςrdquo

(laopoacuteros) dicionariza-se como ldquoque serve como uma passagem para um povo

condutor de homensrdquo Dessa forma o sintagma pode ser entendido porque foi esse o

mecanismo que o rei persa usou para alcanccedilar seu alvo junto com seu imenso exeacutercito e

assim λαοπόροις μαχαναί pode ser traduzido para o portuguecircs simplesmente como

ldquoponterdquo Esse sentindo amplo do morfema μηχανή (mechaneacute) passa ao latim com

exatidatildeo

machinaae f Cic a machina militar o engenho v g de levantar pesos de

moinho etc Cic a catasta ou o logar em que se expunham os escravos para

se venderem Cic A machina astuacutecia o artifiacutecio engano Ulp Jctus O

andaime do pedreiro Machinari machinam Plaut Armar machinar ou

idear engano Adhibere machinas as aliquid Cic Applicar toda a astucia

para conseguir alguma cousa Mundi machina Lucr A machina do mundo

(Souza F A de Novo Diccionario Latino-Portuguez)

O sentido com o qual maacutequina chegou ao portuguecircs eacute muito reduzido se

comparado com o sentido que esse lexema possuiacutea no grego ou latim guardando

somente parte de suas possiacuteveis traduccedilotildees mais objetivo e objetivado

maacutequina Sf 1 Aparelho ou instrumento proacuteprio para comunicar

movimento ou para aproveitar pocircr em accedilatildeo ou transformar uma energia ou

agente natural 2 O conjunto orgacircnico das peccedilas dum instrumento

maquinismo mecanismo 3 veiacuteculo locomotor 4 utensiacutelio instrumento 5

fig Estrutura orgacircnica e harmocircnica 6 fig Construccedilatildeo importante complexa

ou suntuosa 7 fig Entidade ou organismo complexo 8 fig Multiplicidade

de coisas que se relacionam entre si 9 fig Pessoa sem ideacuteias proacuteprias e que

procede como autocircmato () (Aureacutelio 1988)

O uso do morfema se restringe a nomear os utensiacutelios fiacutesicos que se usam para

alcanccedilar determinado fim e mesmo quando usado conotativamente ldquofig Pessoa sem

ideias proacuteprias e que procede como autocircmatordquo a ideia eacute de algueacutem que eacute usado por

outro como um utensiacutelio fiacutesico como algo natildeo orgacircnico e objetificado Assim o lexema

63

maacutequina geralmente vem associado a um outro lexema que lhe decirc sentido ou algum

sintagma que o explique que instrumentalize o lexema maacutequina pois nota-se que esse

lexema torna-se geral como um determinante de algo mutaacutevel que natildeo possui um

sentido restrito por haver vaacuterias espeacutecies e tipos de maacutequinas Exemplo da segunda

constataccedilatildeo eacute o uso do lexema machina que em seguida para apresentar sua utilizaccedilatildeo

lemos o sintagma ldquopropria para marcar papelrdquo O pronome ldquoproacutepriardquo que acompanha

o sintagma nos daacute a entender que haviam outros tipos de maacutequinas inclusive dentro dos

trabalho com o papel como maacutequinas de furar papel por exemplo Aleacutem obviamente

de outros tipos que natildeo se assemelhavam agrave funccedilatildeo

O anuacutencio apresentado acima traz uma maacutequina que seria utilizada em um

ambiente especializado e bastante restrito Em termos de quantidade tratava-se de um

produto de produccedilatildeo sazonal certo de que a procura natildeo seria intensa O artefato era

uacutenico inclusive leia-se a quantidade expressa no anuacutencio ldquoVende-se uma machina

propria para marcar papelrdquo Ainda que seu produto se destine a um nuacutemero maior do

que aquele que faz uso da maacutequina era um grupo restrito aquele que usufruiacutea dele

A constituiccedilatildeo das civilizaccedilotildees se deu historicamente nos entornos de alguma

fonte de aacutegua uma vez que esse eacute um produto natural vital para o sucesso da vida na

terra A cada aumento populacional a cada passo dado rumo a uma vida mais urbana

distanciando-se da natureza o homem produziu um artefato tecnoloacutegico para trazer a

aacutegua cada vez mais para perto e cada vez de uma maneira menos trabalhosa Famosos

eram os canais artificiais da antiguidade no Nilo e o sistema de aqueduto romano

Quanto mais poder o homem tem sobre os recursos naturais maior o niacutevel de civilidade

a ele eacute outorgado

Para a sociedade brasileira oitocentista natildeo poderia ser diferente e nos anos idos

do seacuteculo em questatildeo podia se encontrar maacutequinas idealizadas exatamente para que a

facilidade em se obter aacutegua fosse maximizada

- 28 de janeiro de 1872 Campinas Gazeta de Campinas

BEacuteLIER HIDRAULIQUE (Machinas para suspender agua) ||Na Imperial

Officina Machina de AC Sampaio Peixoto construe-se as machinas acima

de diversos tamanhos para suspender agua a qualquer altura|Estas Machinas

satildeo de muita vantagem para quem tem agua distante da moradia podendo

com o emprego dellas trazel-a para aonde quizer e trabalham noite e dia

64

sem ser necessario meio algum para movel-a se natildeo a propria agua que

entrando por um tubo escapa parte e pela compressatildeo do ar daacute impulso a que

fica em outro fazendo-a subir a altura desejada|Satildeo de contruccedilatildeo simples e

duravel o que se garante| Na officina acima construiu-se uma muito pequena

que estaacute exposta ali para quem quizer vecircr e trabalha perfeitamente bem

suspendendo 23 pollegadas cubicas de agua por minuto aacute altura de 18 peacutes (25

palmos)

ldquoBeacutelier Hidrauliquerdquo era o nome fantasia de um tipo de maacutequina feita em

territoacuterio nacional Haacute uma oficina especializada para a produccedilatildeo em escala dessa

tecnologia Note-se que o que segue o nome do artefato eacute uma explicaccedilatildeo entre

parecircnteses para que o puacuteblico se certificasse do que se trataria ldquoMachinas para

suspender aguardquo A relaccedilatildeo com a aacutegua muito embora venha expressa pelo lexema

ldquohidrauliquerdquo necessitava segundo o anunciante ser atestada para que natildeo houvesse

duacutevidas O sintagma ocorre da mesma forma que a construccedilatildeo do anuacutencio anterior a

esse uma construccedilatildeo lexema + a preposiccedilatildeo lsquopararsquo + infinitivo uma forma de explicar

o uso do objeto

Seja para o conforto de ter aacutegua perto de casa para o uso cotidiano seja para levar

aacutegua agrave lavoura ter o poder sobre o elemento eacute uma demonstraccedilatildeo clara do afatilde

progressista que imperava no ideaacuterio paulista da eacutepoca que via na ciecircncia um degrau

seguro para alcanccedilar a modernidade

ALONSO (2003) citando Pereira Barreto nos diz o seguinte

ldquoAchamo-nos portanto neste dilema ou optar pela ciecircncia e seguir

resolutamente a vereda aberta pelos paiacuteses emancipados ou com fervor nos

lanccedilamos sobre os braccedilos da feacute e nos resignamos a natildeo ser ocupar senatildeo o

uacuteltimo lugar na retaguarda da civilizaccedilatildeordquo

(BARRETO 1876 VII)

O consumo dessa modernidade principalmente depois da deacutecada de 70 vem num

crescendo que impele consequentemente o incremento das possibilidades de produccedilatildeo

assim como bem atesta a propaganda do produto de AC Sampaio Peixoto A maacutequina

desse artiacutefice tinha grande variedade de tamanhos e que poderiam variar tambeacutem quanto

agrave capacidade de acordo com a vontade veja bem Vontade porque ele natildeo diz que leva a

65

aacutegua aonde precisar mas antes pode ldquocom o emprego dellas trazel-a para aonde

quizerrdquo A demonstraccedilatildeo de poder sobre algo tatildeo natural casa-se com o ideaacuterio

positivista da eacutepoca

Ao passo que novas tecnologias maquinais satildeo postas em jogo notamos que a

relaccedilatildeo sintaacutetica tambeacutem se inova Ao que nos parece os nomes que satildeo compostos

pelo lexema maacutequinamachina quando mais antigos ou de tradiccedilatildeo mais antiga como os

que nos serviram com exemplo nos anuacutencios anteriores seguem o padratildeo lexema + a

preposiccedilatildeo lsquopararsquo + infinitivo quando temos um artigo intermediaacuterio em se tratando da

linha histoacuterica vemos uma nova construccedilatildeo que pode ser lida equivalentemente em seu

sentido uma vez que tem a funccedilatildeo de identificar o uso do tipo de maacutequinamachina A

construccedilatildeo que se utiliza de complemento nominal com a construccedilatildeo lexema (maquina)

+ preposiccedilatildeo lsquodersquo + lexema (nome) formando uma palavra complexa para especificar o

tipo de maacutequina de que se trata

De Satildeo Paulo levantamos um anuacutencio de um tipo de machina que pode

exemplificar o que fora expresso no uacuteltimo paraacutegrafo

- 29 de julho de 1887 Satildeo Paulo Correio Paulistano

Machinas de costura|A Frederico Schulze amp Companhia|Importadores de

Machinas de Costura|Pedem ao respeitavel publico se digne visitar o seu

estabele|cimento para examinar o que haacute de melhor em machinas de|costura

dos afamados auctores e com todos os aperfeiccediloamentos|uacuteteis adoptados pela

technica moderna| Os seus preccedilos satildeo extremamente moacutedicos e ao alcance

de|todas as bolsas Aqui encontraraacute sempre o publico grande sortimento|de

machinas para tocar aacute matildeo aacute peacute aacute|peacute e matildeo com caixa ou sem| caixa

proacuteprias e perfeitas para todas as costuras desde a mais fina|cambraia ateacute o

mais en corpado algodatildeo|Os Senhores Alfaiates sapateiros selleiros

correeiros etc| tambem encontraratildeo nesta casa as mais aperfeiccediloadas

machinas jaacute|com accessorios que soacute a mechanica do progresso

hodierno|poderia adeptar para que taes machinas produzam

trabalhos|maravilhosos natildeo soacute pela perfeiccedilatildeo como pelo pouco tempo

comsumido|e pelo pequeno incommodo de quem as menejar para

produzirem|taes resultados Todas as machinas de nosso estabelecimento satildeo

garan|tidas porque soacute importaremos o que houver de bom solido elegante|e

perfeito nesta industria Tambeacutem ahi encontraraacute o respeitavel|publico artigos

concernento aacutes machinas de costura como agulhas|retroz oleo almotolias

66

correias peccedilas avulsas etc tudo de | superior qualidade a preccedilo moacutedico|

Rua de Satildeo Bento 62| Satildeo Paulo

As ldquoMachinas de costura de A Frederico Schulze amp Companhiardquo eacute um dos

anuacutencios mais interessantes que encontramos pela riqueza de detalhes quanto ao

produto e lexemas que se ligam ao produto assim como com o discurso positivista dos

artigos tecnoloacutegicos modernos da eacutepoca

Podemos comeccedilar notando que diferentemente das machinas hidraacuteulicas esse

produto tratava-se de um item que havia necessidade de importaccedilatildeo natildeo sendo

produzido em solo brasileiro Esse eacute um fator a ser notado que demonstra a forma de

comeacutercio que soacute pode ser instaurado apoacutes as transformaccedilotildees poliacuteticas e as poliacuteticas

econocircmicas que se instauraram no Brasil A abertura dos portos para produtos

importados ocorrida no seacuteculo XIX eacute o que possibilitou a entrada inclusive desse tipo

de maquinaacuterio em terras brasileiras A modernidade estrangeira estava sendo

incorporada uma vez que elas serviam como modelo Os importadores traziam para a

naccedilatildeo brasileira o que havia de melhor em machinas de costura de produtores afamados

mundo afora que se alinhavam ao que havia de technica mais moderna

Esse tipo de maquinaacuterio se punha disponiacutevel para todas as bolsas para todos os

tipos de trabalhadores (alfaiates sapateiros selleiros correeiros etc) de vaacuterias sortes

de funcionamento aleacutem de tratarem-se das mais aperfeiccediloadas machinas jaacute com

accessorios que soacute a mechanica do progresso hodierno Importante notarmos o teor

ufanista presente nesse anuacutencio no que condiz com a perspectiva acerca do momento

histoacuterico em que se encontravam julgavam-no como o aacutepice do status moderno A ideia

eacute reforccedilada pela forma adverbial de ldquosoacuterdquo

Os importadores garantem o seu produto como sendo do melhor tipo

independente do tipo de machina Atestam com suas proacuteprias palavras dizendo que ldquosoacute

importaremos o que houver de bom solido elegante e perfeito nesta induacutestriardquo A

gradaccedilatildeo nas escolhas dos adjetivos culmina no lexema ldquoperfeitordquo A raiz desse adjetivo

aparece constituindo vaacuterias outras palavras durante o texto Fala-se do aperfeiccediloamento

adotados pela teacutecnica hodierna das machinas que satildeo perfeitas para a costura das

machinas que se podem achar no estabelecimento que satildeo as mais aperfeiccediloadas ainda

da perfeiccedilatildeo com que se pode produzir trabalhos com essas machinas e alcanccedila o

trabalho finalmente realizado pela induacutestria de maquinas de costura os que seratildeo

67

importados porque satildeo perfeitos Vejamos que a tentativa do anunciante era a de que

textualmente seu produto se mostrasse intrinsicamente atrelado ao julgamento de que

se tratava de algo perfeito

Haacute um outro ponto nesse anuacutencio ao qual recorreremos mais adiante quando este

se refere a questatildeo do tempo

As duas formas de construccedilotildees sintaacuteticas apresentadas ateacute este ponto neste texto

podem ser lidas equivalentemente De tal modo que parafraseando lsquomachina de

costurarsquo temos em bom portuguecircs lsquomachina para costurarrsquo ou no sentido contraacuterio

para lsquomachina para suspender aacuteguarsquo temos como frase equivalente lsquomachina de

suspensatildeo de aacuteguarsquo comparando os dois anuacutencios que apresentamos ateacute agora e a

maneira como operam com o leacutexico

Quando o lexema machina aparece isolado sem qualquer tipo de associaccedilatildeo para

a formaccedilatildeo de palavras complexas ou sintagmas que expliquem o seu uso se refere a

uma gama de tipos desse artefato ou se trata de retomadas reduzidas do tipo de maacutequina

jaacute mencionada no texto dos anuacutencios Para exemplificar essa uacuteltima afirmaccedilatildeo podemos

tomar parte do anuacutencio logo acima transcrito

ldquo- 29 de julho de 1887 Satildeo Paulo Correio Paulistano

()Aqui encontraraacute sempre o publico grande sortimento|de machinas para

tocar aacute matildeo aacute peacute aacute|peacute e matildeo com caixa ou sem| caixa proacuteprias e perfeitas

para todas as costuras desde a mais fina|cambraia ateacute o mais en corpado

algodatildeo ()rdquo

Abrindo aqui um parecircntese ALENCASTRO9 nos conta sobre a tentativa do

Brasil do seacuteculo XIX de procurar se espelhar em certas naccedilotildees jaacute constituiacutedas na

Europa principalmente a Franccedila O autor nos fala sobre um certo ldquofranceismordquo

experimentado pela sociedade brasileira tanto no que tange a vida urbana quanto agrave vida

rural

9 Alencastro Luis Felipe de ldquoVida Privada e Ordem Privada no Impeacuteriordquo artigo que se encontra na obra

ldquoHistoacuteria da Vida Privada no Brasilrdquo Esta obra se propotildee a nos dar um panorama da vida no Impeacuterio

assim assim como as ideias sobre o processo civilizatoacuterio experimentada pelo Brasil no seacuteculo XIX

68

ldquoUm modo de vida caracterizado por uma cultura rica menos

desequilibrada que a da Itaacutelia menos ruacutestica que a da Espanha e Portugal

mais densa que a da Inglaterra mais presente do que a da Ameacuterica no

Norterdquo

(ALENCASTRO 1997)

Haacute de se ter em mente que a populaccedilatildeo urbana em comparaccedilatildeo agrave rural no Brasil

do seacuteculo XIX era em termos de grandeza numeacuterica menor e por isso mais presente

na vida enquanto sociedade Tendo entatildeo como fonte de paracircmetro civilizado a Franccedila

atraveacutes de folhetins operetas e romances que desembarcavam no Impeacuterio a elite

brasileira se mostrava uma grande consumidora do modelo escolhido Assim os

modelos de maacutequinas de costura vinham para incrementar ldquoas atividades domeacutesticas

das mulheres livres e escravasrdquo (ALENCASTRO 1997) respeitando seu espelho

Uma ferramenta muito uacutetil para atestados de discursos surgiu no iniacutecio do seacuteculo

XIX e foi recebida de maneira bastante calorosa Em 1826 o francecircs Niceacutephore Niegravepce

militar e cientista amador fascinado pela ideia da possibilidade do registro visual

consegue alcanccedilar a faccedilanha ainda que para ele natildeo tenha sido uma mostra de sucesso

de produzir o que hoje eacute considerada a primeira fotografia da histoacuteria Devido a teacutecnica

inicialmente utilizada pelo inventor que atraveacutes da luz capturava a imagem em oito

horas enquanto a luz do sol muda assim como as sombras o resultado final dessa

primeira fotografia era algo muito borrado mas promissor A associaccedilatildeo de Niegravepce e

Louis Daguerre que via o potencial da tecnologia resultou apoacutes a morte do primeiro e

com mais investimentos pelo segundo no incremento da teacutecnica possibilitando a

criaccedilatildeo de maacutequinas capazes de fotografar com mais perfeiccedilatildeo aquilo que se julgasse

digno de registro ao que o inventor nomeou daguerreotipo Outros inventores em

outros lugares do mundo vinham trabalhando em invenccedilotildees que procuravam o mesmo

resultado Talbot e Herschel na Inglaterra Hercules Florence que viveu no Brasil entre

1824 e 1879 na vila de Satildeo Carlos onde hoje eacute conhecido como Campinas que se

utilizou da proacutepria urina para alcanccedilar resultados satisfatoacuterios em seus experimentos em

1833 Sobre este uacuteltimo apesar de natildeo ter dado nenhum nome especiacutefico para sua

invenccedilatildeo aos resultados obtidos pela sua teacutecnica foi dado o nome de fotografia

Uma vez obtido sucesso a produccedilatildeo de maacutequinas fotograacuteficas poderia se tornar

produto para o mercado

69

- 22 de janeiro de 1879 Satildeo Paulo Correio Paulistano

PHOTOGRAFIA|AMERICANA|RUA DA IMPERATRIZ|Satildeo PAULO| O

propretaacuterio deste estabelecimento de volta de sua viagem aacute Europa continua

a trabalhar no mesmo estabelecimento o qual se acha augmentado com

machinas e utensiacutelios os| mais modernos|Neste estabelecimento que conta

16 annos de existencia (o mais antigo deste proviacutencia) continua-se a

trabalhar por todos|os sistemas de photografias desde o retrato em a|mais

pequena miniatura ateacute o tamanho natural|Encarrega-se de mandar pintar em

Pariz pelos melhores pintores qualquer retrato em|busto ou corpo inteiro a

oleo pastel ou aquarella bastando para isso um pequeno retrato|da pessoa

que se quizer retratar|Trabalhar-se todos os dias das 10 horas da manhatilde aacutes 4

horas da tarde natildeo importa o tempo chuvoso|OS SENHORES

PHOTOGRAFOS|encontraratildeo neste estabelecimento tudo que eacute mister aacute

mesma arte e pelos preccedilos do Rio de Janeiro|Retratos de ateacute Reacuteis 5$ a

duacutezia

Incriacutevel eacute notar a rapidez com que as tecnologias se potildee feitas logo satildeo

consumidas em sanha terriacutevel

O lexema machina neste anuacutencio diferentemente das utilizaccedilotildees sintaacuteticas

analisadas antes natildeo vem acompanhado de complemento que explique a sua utilizaccedilatildeo

como em machina de costura ou machina para suspender aacutegua O lexema se apresenta

sozinho o que nos faz crer que a familiaridade com o produto na eacutepoca era bastante

avanccedilado

O proprietaacuterio importava natildeo soacute as machinas e utensiacutelios mais modernos mas

trazia consigo o conhecimento dos sistemas pelos quais se poderia modernizar as

praacuteticas artiacutesticas da fotografia

Photografia foi um lexema adotado pela liacutengua portuguesa em 1858

fot(o) elem Comp do gr Photo- de phos photoacutes luz que se documenta em

numerosos compostos introduzidos nas liacutenguas modernas de cultura a partir

do seacutec XIX como fotografia fotometria fotosfera etc Pelo modelo de

fotografia cuja forma abreviada foto veio a constituir novo elemento de

composiccedilatildeo formaram-se dezenas de outros compostos tais como fotocarta

fotonovela fototeca etc () fotografia | photographia 1858 (CUNHA

2007)

70

Podemos notar como foi grande a aceitaccedilatildeo puacuteblica dessa nova tecnologia no

Brasil oitocentista como podemos notar pela quantidade de anuacutencios que se fizeram na

eacutepoca de casas especializadas nessa arte

- 24 de abril de 1870 Campinas Gazeta de Campinas

PHOTOGRAPHIA CAMPINENSE DE HENRIQUE ROSEN|| 28-RUA

DIREITA-28||Tira retratos todos os dias e por todos os systemas Para familia

- os preccedilos satildeo reduzidos consideravelmente

A photografia eacute importante para noacutes pois se trata de um registro que vai aleacutem do

comezinho natildeo eacute algo simplesmente para guardar um momento Antes carrega consigo

um discurso

ldquoEacute preciso compreender por exemplo que dentro de uma fotografia se

revela natildeo soacute a imagem em si ela traz consigo um contexto histoacuterico social

Expressa tambeacutem o olhar particular do fotoacutegrafo que tem um objetivo em

seu registro e este olhar eacute tambeacutem uma construccedilatildeo social o fotoacutegrafo eacute uma

construccedilatildeo social Portanto revela o autor da obra e revela aquele que vecirc a

imagem que para interpretaacute-la faraacute uso de conhecimentos jaacute adquiridos em

sociedade Todo esse enredo dentro de uma fotografia demonstra a amplitude

do ato de fotografar e a reaccedilatildeo da imagem gerada para terceirosrdquo

(FREITAS 2018 p 5)

As fotografias de D Pedro II para tomarmos o exemplo mais expressivo

carregavam sempre consigo algo a mais do que a imagem em si mas antes vinha repleto

de intenccedilatildeo dependendo da razatildeo da fotografia Mais do que uma construccedilatildeo social no

caso das fotografias do seacuteculo XIX muitas delas se prestavam para a construccedilatildeo de uma

sociedade aquela idealizada pela circunstacircncia

Na obra As Barbas do Imperador de Schwarcz haacute um capiacutetulo intitulado ldquoA

revoluccedilatildeo do daguerreacutetipo entre noacutesrdquo Sobre a corte eacute dito que o imperador do Brasil

aleacutem de grande entusiasta da tecnologia e das teacutecnicas fotograacuteficas ele mesmo se tornou

um fotoacutegrafo precoce ldquoo primeiro fotoacutegrafo brasileiro o primeiro soberano-fotoacutegrafo

do mundordquo Leia-se ainda ldquoNa verdade d Pedro faraacute da fotografia o grande

71

instrumento de divulgaccedilatildeo de sua imagem moderna como queria que fosse o reinordquo

(SCHWARCZ 1998 pg 345)

Entre agosto de 1839 quando o daguerreotipo foi anunciado na Academia de

Belas-Artes e de Ciecircncias em Paris e janeiro de 1840 tempo bastante curto para a

eacutepoca diga-se no Brasil a tecnologia estava introduzida exercitando a arte e a

curiosidade de nosso povo A arte fotograacutefica era vista como o grande marco da

modernidade

No produto avistava-se o casamento com a modernidade atestando o status

civilizado aleacutem de figurar como um negoacutecio para o enriquecimento pessoal uma vez

que os retratos a oacuteleo apresentavam preccedilos cada vez mais altos A procura por retratos

fotograacuteficos que eram feitos agraves duacutezias e que poderia ser dados como presentes ou

mesmo trocados se tornaram uma saiacuteda muito cocircmoda para aqueles que desejassem seu

retrato ou do que quer que fosse Atraveacutes dos retratos poderia se mostrar o quanto

civilizadamente moderno se era pelo produto e pela forma como eram realizados os

retratos Assim todos eram um pouco como o imperador propagandeando

Como se vecirc nos exemplos dados machina e modernidade se expotildeem de forma

associada e inseparaacuteveis ideologicamente

Uma vez incorporado o lexema agrave liacutengua inevitavelmente sofre fenocircmenos

morfoloacutegicos principalmente por fazer parte de uma aacuterea tatildeo produtiva quanto o campo

de novas tecnologias Dessa forma a partir do lexema machina e do fenocircmeno

derivacional que ldquoconsiste em formar palavras de outra primitiva por meio de afixosrdquo

(BECHARA 2007) novas palavras satildeo criadas (neologismos) para dar conta das novas

aacutereas que surgem a partir da adoccedilatildeo de novas tecnologias Assim da ldquopalavra simplesrdquo

machina com a adiccedilatildeo do sufixo derivacional agentivo ldquondashistardquo temos a denominaccedilatildeo da

pessoa que opera maacutequinas o machinista Segundo Cunha a adoccedilatildeo deste neologismo

se deu em 1813

maacutequina sf Qualquer utensiacutelio ou instrumento | machina 1572 | do lat

Machina deriv Do gr Dor Machana meio engenhoso para se conseguir um

fim () maquinista 1813 do fr Machiniste() (Cunha 2010)

Temos assim o exemplo dessa nova palavra em nosso corpus

72

- 27 de fevereiro de 1889 Satildeo Paulo Correio Paulistano

Engelberg Siciliano amp Companhia|Machinas para lavoura|privilegiadas pelo

governo imperial|Satildeo Paulo|No empenho de tornar cada vez mais conhecidas

as vantagens que sobre|quaesquer outras offerecam as nossas excellentes

machinas para a lavoura|chamamos a atenccedilatildeo do senhores fazendeiros para o

seguinte|descascador de cafeacute do ldquoengelbergrdquo|O descascador ldquoEngelbergrdquo eacute o

unico que absolutamente natildeo quebra cafeacute|apresentando aleacutem desta

incontestavel vantagem outras muitas taes como--|grande simplicidade e

solidez dispensando os tantos concertos que satildeo|precisos em outras

beneficio perfeitissimo devido ao seu excepcional e |unico systema pelo

qual o cafeacute se descasca brandamente sem estragar-se conservando por muito

tempo a sua cocircr natural e sendo por isso muito apreciado e procurado em

todos os mercados natildeo se perde nenhum gratildeo de cafeacute porque a palha sahe de

tal modo moiacuteda que eacute impossivel envolver cafeacute algum|natildeo acontecendo o

mesmo com outros descascadores os quaes apezar de|moerem o cafeacute

deixam a palha quase inteira envolvendo-se nella grande|quantidade de gratildeos

que afinal se perdem por na poderem ser separados|occupa menor forccedila do

que qualquer outro descascador para beneficiar a|mesma quantidade havendo

aleacutem disso grande economia de lenha e tempo| Enfim os numerosos

attestados que recebemos diariamente de illustrados|fazendeiros e as

experiencias feitas por muitas vezes em cotejo com outras|machinas em

cujas experiencias tem-se observado que os nossos descascadores|sugmentam

a safra ateacute dez por cento satildeo elementos mais que sufficientes para |

comprovar o que dizemos|E se isso ainda natildeo focircr bastanto nos obrigamos a

pagar a quantia de reacuteis 50$000|por arroba de cafeacute que sahir quebrado de

nossa machina condiccedilatildeo essa que nos | poderaacute impor qualquer

comprador|Ainda mais -- faremos prezente de um descascador de qualquer

tamanho|dos de nossa invenccedilatildeo a quem quizer nos dar em troca o cafeacute que

sobrar do cotejo com outro descascador de differente systema tomando-se

como base|quantidade egual de cafeacute em cocircco calculada para dar dez mil

arrobas|beneficiadas|Quer isto dizer que o nosso descascador nas primeiras

mil arrobas de cafeacute que | beneficia jaacute proporciona para o fazendeiro uma

economia cujo valor eacute superior|ao seu custo|Diante de vantagem tatildeo reaes e

incontestaveis excusado eacute encarecer os meritos desta machina e para sua

significativa importancia nos limitamos a reclamar em|geral a attenccedilatildeo da

lavoura do paiz a favor da qual revertem os seus beneficios|Ventilador de

cafeacute em cocircco|Apartador de pedras|Esta machina tambem muito simples de

tatildeo solida construcccedilatildeo como a|precedente torna se egualmente necessaria por

ser de grande vantagem e de|reconhecia utilidade notadamente nas fazendas

73

situadas em terrenos|pedregosos|Atenuando consideravelmente a penosa lide

da lavagem do cafeacute proporciona ao|fazendeiro uma grande economia de

tempo em relaccedilatildeo aacutequelle prejudicial|systema|O nosso ndash Ventilador para cafeacute

em cocircco ldquoApartador de pedrasrdquo duas machinas|adaptadas nrsquouma soacute peccedila

pelo que dispensa completamente o antigo ventilador|para cafeacute em cocircco

preencheu perfeitamente a lacuna que existia na lavoura|e tanto eacute isso

verdade que continuamos a receber constantemente pedidos dessa excellente

uacutenica e tatildeo invejada machina|Machina de beneficiar arroz Evaristo

Conrado|Este prodigioso producto da machina eacute superior a todo o encocircmio

que se lhe|possa fazer e para comprovar o que avanccedilamos basta nos-aacute

lembrar o imenso|sucesso que acaba de obter nos Estados Unidos da

America onde cauzou|assombro a sua apresentaccedilatildeo um publico

organizando-se desde logo uma|companhia com o elevado capital de um

milhatildeo de dollars para desenvolver o|seu fabrico em grande escala conforme

reclama a procura|A superioridade desta machina sobre qualquer outra eacute tatildeo

sensiacutevel que a torna unica no mundo De uma solidez e simplicidade

extremas dispensa o serviccedilo|de machinista profissional para dirigil-a sem

prejudicar nem mesmo de leve|este resultado-- natildeo quebra arroz brune-o

com admiraacutevel perfeiccedilatildeo e|toda a casca pondo-a em condiccedilotildees de prestar-se

a diversos misteres de grande|utilidade|Aleacutem disto a machina ldquoEvaristo

Conradordquo soacute occupa um pequeno espaccedilo para | seu funccionamento quando

as outras existentes sobre serem deficientes em|seus resultados satildeo de

grandes complicaccedilotildees e de preccedilo extraordinariamente|maior sendo ainda de

dispendiosissima montagem

Temos anuacutencio de um tipo de maacutequina que de tatildeo moderna e de tal autonomia que

ldquodispensa o serviccedilo de machinista profissional para dirigil-ardquo Lecirc-se nas entrelinhas

algo que vai aleacutem Nesse momento existe um profissional especializado em ldquodirigirrdquo

esse tipo de maacutequina mas que com a evoluccedilatildeo tecnoloacutegica se torna dispensaacutevel

Reiteramos aqui todo o empenho dos paulistas em se mostrar cada vez mais

adepto do cientificismo e das teacutecnicas cientiacuteficas O campo era a mina de onde se

retirava a riqueza desse povo A preocupaccedilatildeo com esse campo de pesquisa era grande

de modo a civilizar o campo modernizando-o assim como as cidades

O mundo cultuava a tecnologia Desde o iniacutecio da segunda metade do seacuteculo XIX

exposiccedilotildees chamadas de Exposiccedilotildees Universais ocorriam mundo afora em grandes

centros demonstrando toda sorte de trabalhos festejando o progresso

74

ldquoEacute nessa mesma eacutepoca que nosso imperador comeccedila a investir mais e mais

em uma imagem lsquoprogredidarsquo para o paiacutes no exterior O lsquomonarca inventorrsquo e

adepto das vogas cientiacuteficas combinava com o cidadatildeo do mundo que viajava

como um turista que se quer qualquerrsquordquo

(SCHWARCZ 1998 p 385)

A eacutepoca eacute a deacutecada de 80 O puacuteblico das exposiccedilotildees crescia a cada evento e se

destinava a propaganda das naccedilotildees e seus trabalhos O que cada naccedilatildeo tinha a oferecer

ao mercado externo Ser sede de uma dessas feiras era garantir visibilidade aleacutem do

grande retorno financeiro Participar como expositor tambeacutem obviamente trazia

visibilidade ao paiacutes dono do estande e a partir da terceira exposiccedilatildeo que aconteceu em

Londres em 1862 o Brasil foi presenccedila cativa (SCHWARCZ 1998)

O Brasil queria se mostrar civilizado e levava para os seus estandes o que era

produto do paiacutes cafeacute seu carro chefe chaacute erva mate guaranaacute arroz borracha tabaco

madeira entre outros produtos agriacutecolas Aleacutem do que era mais rural tambeacutem se

apresentavam produtos mais modernos tecnoloacutegicos ateacute como maquinaria em geral

materiais para estrada de ferro e construccedilatildeo civil teleacutegrafos armamentos militares

Produtos estes que seriam mais simboacutelicos no que tange a modernidade contudo eram

vilipendiados pelos visitantes do estande que premiavam o cafeacute e a ceracircmica marajoara

e mantinham a opiniatildeo de que o Brasil era um paiacutes exoacutetico

Ao menos a agricultura era premiada devido agrave excelecircncia de seus produtos

Retomemos o anuacutencio Este era destinado aos senhores fazendeiros para que

conhecessem um descascador de cafeacute que diferentemente daquelas que recheavam o

mercado trabalhava de modo a manter a integridade dos gratildeos da mesma sorte que

apenas o que sairia da maacutequina era o gratildeo sem resquiacutecios de palha O que era um

problema A adjetivaccedilatildeo utilizada para esta maacutequina e seu sistema de funcionamento

natildeo podia ser outro que natildeo perfeitiacutessimo Os vendedores punham tanta feacute em sua

tecnologia que se propunham a pagar pelas sacas de cafeacute que saiacutessem quebrados da

maacutequina

A maacutequina que dispensava machinista era uma destinada ao trato com o arroz

apoacutes a colheita e esta ausecircncia natildeo prejudicaria ldquonem mesmo de leve este resultado--

natildeo quebra arroz brune-o com admiraacutevel perfeiccedilatildeo e toda a casca pondo-a em

condiccedilotildees de prestar-se a diversos misteres de grande utilidaderdquo

75

71 Arte mecacircnica

Quando anteriormente chamamos a atenccedilatildeo para as duas formas dialetais

existentes do lexema machina μηχανή e μαχανά no grego natildeo foi de maneira

nenhuma sem um propoacutesito Ambas as formas influenciaram o leacutexico da liacutengua

portuguesa tendo formas lexicais adotadas em momentos distintos obviamente

formando radicais distintos mas logicamente associados quanto ao sentido

A forma doacuterica μαχανά como pode parecer claro influenciou a adoccedilatildeo no

leacutexico latino e ao radical que forma o lexema machina assim como palavras que dela

derivaram A forma faz parte de uma gama de outros lexemas que serviram de

empreacutestimos dos mais antigos respeitando o fluxo grego gt latim por questotildees histoacuterico-

geograacuteficas As colocircnias doacutericas situavam-se na Greacutecia ocidental parte delas mais

precisamente no sul da Itaacutelia na antiguidade Devido essa proximidade fiacutesica entre as

liacutenguas a influencia entre si acontecia naturalmente

A forma aacutetica μηχανή (mechaneacute) jaacute no grego era muito mais produtiva na

formaccedilatildeo de palavras influenciando outro ramo lexicograacutefico o que nos presenteou

com a forma mechanica Essa segunda forma dialetal pocircde ser mais produtiva muito

devido a sua origem A partir seacuteculo IV aC o dialeto falado em Atenas alcanccedilou a

promoccedilatildeo agrave liacutengua modelo devido sua importacircncia no processo civilizatoacuterio do territoacuterio

(LUumlDTKE 1974) Como o francecircs falado em Paris que nos dias de hoje tem sua

importacircncia internacional ou em um grau reduzido podemos exemplificar esse fato

fazendo uma associaccedilatildeo com o portuguecircs falado no Brasil e o dialeto (ou dialetos) do

sudeste que pode natildeo ser tido como modelo explicitamente mas ainda hoje eacute o dialeto

no territoacuterio nacional com maior prestiacutegio o dialeto preferido para o uso na televisatildeo

por exemplo sendo o mais difundido

Como dito a forma aacutetica era muito mais produtiva do que a forma doacuterica no

proacuteprio grego antigo dando origem a palavras como μηχάνημα (mechaacutenema)

μηχανητέον (mechaneteacuteon) μηχανητικός (mechanetikoacutes) μηχανικός

(mechanikoacutes) μηχανική (mechanikeacute) etc Atentemos para este uacuteltimo Este lexema

faz parte de uma lista especiacutefica de substantivos criados no grego para nomear artes

teacutecnicas O sufixo κή (keacute) foi amplamente utilizado por Platatildeo e seus disciacutepulos como

Aristoacuteteles para nomear aacutereas de estudo que abrangiam campos de conhecimento e esse

76

conhecimento deveria ser focado e especificado para que dessa forma esse

conhecimento pudesse ser transmitido Assim vaacuterios outros neologismos foram

adotados ainda no grego por volta do seacuteculo V aC a partir desse fenocircmeno que aplica a

sufixaccedilatildeo como γραμματική (gramatikeacute) ποιητική (poietikeacute) ῥητορική (retorikeacute)

e o caso que nos interessa μηχανική (mechanikeacute) entre outros que se dicionarizam

respectivamente arte gramaacutetica arte poeacutetica arte retoacuterica e consequentemente arte

mecacircnica Eacute fato que a adoccedilatildeo μηχανική (mechanikeacute) eacute posterior agrave grande profusatildeo de

neologismos utilizada por Platatildeo mas que segue as mesmas diretrizes para a criaccedilatildeo de

novos lexemas Sendo uma mateacuteria de estudo naturalmente surgiram tratados e

compecircndios sobre os assuntos ainda na Greacutecia claacutessica e posteriormente visto que toda

τέχνη (teacutechne) supotildee ensinamento e aprendizado

Desta sorte o sentido jaacute presente no grego chega atraveacutes do latim ao portuguecircs

mecacircnica sf 1 Ciecircncia que investiga os movimentos e as forccedilas que os

provocam 2 obra atividade ou teoria que trata de tal ciecircncia3 o conjunto

das leis do movimento 4 estrutura e funcionamento orgacircnico 5 aplicaccedilatildeo

praacutetica dos princiacutepios de uma arte ou ciecircncia 6 tratado ou compecircndio de

mecacircnica 7 exemplar de um desses tratos ou compecircndios 8 fig

combinaccedilatildeo de meios de recursos mecanismo () (Aureacutelio 1988)

O termo segundo CUNHA (2010) em seu ldquoDicionaacuterio Etimoloacutegico da Liacutengua

Portuguesardquo teve sua primeira ocorrecircncia no seacuteculo XVI

mecacircnico adj relativo agrave Mecacircnica parte da Fiacutesicarsquo maquinal versado em

Mecacircnica operaacuterio que se ocupa da conservaccedilatildeo e conserto de motores

artista artesatildeo () mecacircnica XVI Do lat mechanica deriv do gr

mechanikeacute

(Cunha 2010)

Assim como o lexema machina mechanica carrega consigo um peso grande

difiacutecil de dissociar da ideia de modernidade por serem obviamente associados no que

tange ao campo de aplicaccedilatildeo e familiaridade A ciecircncia mecacircnica desdobra-se

acompanhando lado a lado os novos inventos sempre sendo ampliado para dar conta de

novos movimentos movimentos que vatildeo ao encontro da modernidade Pois eacute por essa

77

teacutecnica por essa arte por essa ciecircncia que os novos inventos inventos mecacircnicos

podem vir agrave luz

O lexema realmente jaacute fazia parte do leacutexico da liacutengua portuguesa para definir uma

ciecircncia que evoluiacutea a passos lentos Contudo eacute no seacuteculo XVIII na Inglaterra que com

a dita ldquoRevoluccedilatildeo Industrialrdquo e depois no seacuteculo XIX com a propagaccedilatildeo desta

revoluccedilatildeo pelo mundo aleacutem do advento de uma segunda fase que esse lexema toma

novas cores tambeacutem se associando a palavra revoluccedilatildeo em voga na eacutepoca chegando-

se mais agrave ideia de inovaccedilatildeo de modernidade Podemos notar o discurso ufanista em

relaccedilatildeo agraves novidades tecnoloacutegicas e agrave ciecircncia que possibilita sua existecircncia e avanccedilo nos

anuacutencios que analisamos

Em anuacutencio analisado anteriormente neste mesmo trabalho chamamos a atenccedilatildeo

para a palavra mechanica utilizada para dizer da modernidade como as machinas de

costura vinham sendo produzidas na eacutepoca em estudo Naquela anaacutelise demonstramos a

relaccedilatildeo entre a teacutecnica e os avanccedilos civilizatoacuterios

Aleacutem dos avanccedilos tecnoloacutegicos praacuteticos que podem ser usados como ferramentas

para um maior conforto seja no momento do trabalho seja na organizaccedilatildeo social

comungada pela elite da eacutepoca o Brasil punha-se a consumir o que havia de inovaccedilatildeo

cultural ou ferramenta cultural como eacute o caso do nosso proacuteximo exemplo do uso do

lexema mechanica

- 12 de julho de 1828 Satildeo Paulo O Farol Paulistano

Joatildeo Pedro Latzon tem a honra de participar| ao respeitavel Publico que elle

proximamente che|gou de Londres aacute esta Capital onde pertende exhi|bir

algumas Artes Liberaes ou Optica Mechanica| com toda subtileza

perfeiccedilatildeo e delicadeza a que| eacute possiacutevel chegar na casa da Opera desta

mesma| Cidade no dia 13 do corrente mez de Julho Todos| os Senhores e

Senhoras que quizerem honrar o dic|to espectaculo com as suas presenccedilas

queiratildeo se| dirigir aacute casa do Senhor Guilherme Hopkins morador| na Ponte

de Lorena desde as 10 horas da manhatilde| ateacute as 4 da tarde do referido dia 13

onde acharaacuteotilde| os Bilhetes natildeo soacute dos Camarotes como da Pla|tea em cuja

occasiatildeo espera o Reprezentante rece|ber a competente esportula_Principiaraacute

agraves 8 horas| NoteBem A esportula dos Camarotes Platea| e Varanda eacute a do

costume

78

O exemplo desse anuacutencio vem dialogar com um avanccedilo importantiacutessimo quanto

ao trato que a humanidade realizava com o que lhe eacute proacuteprio e distintivo

No mundo grego a distinccedilatildeo entre as artes punha as mecacircnicas num patamar de

menor importacircncia do que aquelas que satildeo realizadas acessando a subjetividade

Aristoacuteteles dividia as ciecircncias de sua eacutepoca como sendo de trecircs tipos as teoacutericas as

praacuteticas e as poeacuteticas Elas respeitavam certa hierarquia que se relacionava com o que eacute

mais interior e mais proacuteximo do espirito As que tocavam o que era mais interior eram

consideradas superiores agravequelas mais mecacircnicas

Se por um lado a teacutechne segundo se relaciona com a esperteza com a astuacutecia

assim como com as habilidades nas produccedilotildees humanas Por outro a espisteacuteme se

relaciona com o saber fazer algo com o conhecimento Logicamente a teacutechne tambeacutem

se relacionava com o conhecimento teoacuterico para que se possa explicar como funciona

cada um dos procedimentos postos em praacutetica

ldquoPara Platatildeo teacutechne consistia em compreender o procedimento de

determinada coisa mas que natildeo se reduzia ao mero jeito de fazer Jaacute para

Aristoacuteteles teacutechne referia-se agrave produccedilatildeo de algo enquanto episteacuteme agrave

construccedilatildeo de um discurso racional demonstrativo com a finalidade de

comunicar o conhecimento A teacutechne natildeo tinha em si mesma uma finalidade

era sempre instrumental o meio com o qual se atingia alguma coisardquo

(SILVA 2014 p 3)

Houve trabalhos durante o medievo que procuraram aproximar as ciecircncias

estreitando a relaccedilatildeo entre o homo sapiens e o homo artifex de modo a clarificar o que eacute

inseparaacutevel para a humanidade a inteligecircncia sagaz e a engenhosidade teacutecnica A partir

da idade meacutedia e suas mudanccedilas com relaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo novos modelos do diacutestico

ensino aprendizagem satildeo praticados que se distanciavam das antigas praacuteticas de

passagem de conhecimento entre artesatildeos gt aprendizes Toda forma de aprendizagem

na Era Medieval era uma escola mas com o desenvolvimento e surgimento de novas

teacutecnicas a relaccedilatildeo evoluiu demandando inovaccedilatildeo

A educaccedilatildeo profissional no Brasil no seacuteculo XIX foi foco de reflexotildees e accedilotildees

para corresponder agraves expectativas de um mundo que se modernizava em velocidade

muito grande Na eacutepoca notava-se a necessidade de uma educaccedilatildeo mais universal natildeo

apenas como uma prerrogativa da elite Por exemplo para que existisse um maquinista

79

especialista que operasse as maacutequinas era necessaacuterio que se realizasse uma accedilatildeo em que

se fixasse um aprendizado sobre seu funcionamento

ldquoA sociedade jaacute natildeo estava mais baseada numa economia latifundiaacuteria das

grandes propriedades mas no ldquo[] regime da pequena propriedade e a

supremacia da riqueza moacutevel A condensaccedilatildeo de ontem cede o domiacutenio agrave

difusatildeo de hoje o bem estar intelectual e econocircmico generaliza-se []rdquo

(SOUZA FILHO 1887 p 8) A defesa por uma educaccedilatildeo de todos eacute

convicccedilatildeo moderna natildeo observada na Antiguidade nem na Idade Meacutedia Para

Souza Filho (1887) o ensino e a educaccedilatildeo cotileacutedones da mesma semente

ldquo[] satildeo os princiacutepios vitais da civilizaccedilatildeo [] Sem ensino e educaccedilatildeo

tornam-se inviaacuteveis a ordem moral os meios de se assegurar o

desenvolvimento humano o progresso a justiccedila e uma sociedade de paz A

democracia e a evoluccedilatildeo econocircmica exigem educaccedilatildeo e lsquoprogresso da

instruccedilatildeorsquordquo

(SILVA 2014 p 5)

Numa naccedilatildeo que vinha investindo pesadamente em um futuro dentre os grandes o

investimento da educaccedilatildeo servia para fazer coro com o discurso de progresso

Entretanto o sistema educacional brasileiro carecia de certa atualizaccedilatildeo Era formada

toda casta de funcionaacuterios puacuteblicos advogados meacutedicos poliacuteticos nas salas das escolas

brasileiras mas deixava-se de lado uma aacuterea que carecia de profissionais ligadas agrave

agricultura comeacutercio e induacutestria que se ligavam diretamente ao progresso econocircmico

pelo menos ateacute a primeira metade do seacuteculo XIX As mudanccedilas aconteceram

lentamente e truncada por discussotildees e accedilotildees de ordem partidaacuterias Mas as artes

mecacircnicas foram sendo introduzidas na realidade do paiacutes a fim de assegurar matildeo de

obra especializada que pudesse corresponder ao mercado de trabalho que por sua vez

asseguravam os passos rumo agrave modernidade

O anuacutencio entatildeo nos serve para vem fazer conhecer os serviccedilos de Joatildeo Pedro

Latzon que vinha apresentar com perfeiccedilatildeo e delicadeza algumas dessas artes liberais

ou optica mecacircnica saberes esses trazidos do exterior pois este vinha de viagem

realizada agrave Londres

Podemos deduzir a partir da raiz que o uso do lexema como adjetivo eacute posterior

ao uso do mesmo lexema como substantivo e uma vez adjetivado se potildee no jogo

gramatical podendo sofrer todas as operaccedilotildees no que diz respeito ao uso de um adjetivo

80

como por exemplo as flexotildees de gecircnero e nuacutemero Dessa forma o adjetivo mechanica

eacute flexionado respeitando o gecircnero do substantivo o qual determina Sendo um adjetivo

com tema em -o a alternacircncia de gecircnero para o feminino se faz com a adiccedilatildeo do sufixo

flexional -a

Notemos que o sintagma vem parafraseado anteriormente por ldquoartes liberaisrdquo um

tipo de arte especiacutefico que visa o ensinamento a formaccedilatildeo pessoal do indiviacuteduo Esse

pensamento acompanha as ideias de formaccedilatildeo de naccedilatildeo em voga na eacutepoca Para se

construir uma naccedilatildeo eacute importante formar cidadatildeos Assim a arte liberal eacute uma

ferramenta que deve ser usada para essa formaccedilatildeo arte liberal ou ldquooptica mechanicardquo

um mecanismo

Acreditamos que este seja o momento de explanarmos que esse sintagma eacute

construiacutedo a partir de duas palavras que possuem raiacutezes gregas ldquoOpticardquo tem sua raiz

em ὄψις (oacutepsis) e esta se dicionariza da seguinte forma

ὄψις ἡ gen εως Ion ιος (from ΟΠ Root of ὄψομαι) I look

appearance aspect of a person or thing Lat Species oris aspectus II

Soph εἰκάζεσθαι απὸ τῆς φανεπᾶς ὄψεως Thuc - acc Absol In

appearance Pind Att 2 the countenance face Eur etc 3 = θέαμα a

sight Aesch Eur etc ἄλλην ὄψιν οἰκοδομημάτων other architectural

sight Hdt τῆι ὄψει from what they saw Thuc 4 a vision apparition Hdt

Trag II Eyesight vision Hom Hdt Att in pl the organs of sight the

eye Soph Xen 2 view sight Lat Conspectus ἀπικέσθαι ἐς ὄψιν τινί to

come into onersquos sight ie presence Hdt εἰς ὄψιν τινός or τινί ἥκειν

μολεῖν ελθεῖν περᾶν Aesch Eur (Liddle amp Scott Greek-English

Lexicon)

A partir da raiz assim como eacute o caso de μηχανή (machina) e μηχανική

(mechanica) um substantivo derivado se formou o neologismo ὀπτική (οptikeacute) a partir

do uso do sufixo κή (keacute) Como explicado anteriormente a esse sufixo agrega-se o

sentido de arte teacutecnica Essa palavra foi adotada pelo latim meacutedio com o sentido de

arte

optice es f Vitr a oacuteptica parte da mathematica que trata da luz e da visatildeo

directa (Souza F A de Novo Diccionario Latino-Portuguez)

81

Uma vez constituinte da liacutengua latina e com o passar dos anos o lexema sofreu

algumas alteraccedilotildees no que tange ao sentido aumentando o seu campo de

conceitualizaccedilatildeo e dessa forma eacute dicionarizado por Aureacutelio

oacuteptica Sf 1 parte da fiacutesica que investiga os fenocircmenos de produccedilatildeo

transmissatildeo e detecccedilatildeo eletromagneacutetica de comprimento de onda

compreendido aproximadamente entre 10 Aring e 1 mm 2 tratado ou compecircndio

acerca dessa mateacuteria 3 exemplar de um desses tratados ou compecircndios 4

aspecto ou perspectiva dos objetos vistos 5 estabelecimento onde se vendem

eou fabricam instrumentos oacutepticos sobretudo oacuteculos ou lunetas 6 fig

Maneira de ver de julgar de sentir conceito ou ideia particular (Aureacutelio

1988)

Cunha nos atesta que a primeira ocorrecircncia deste lexema no portuguecircs se deu em

1813 o que nos daacute a certeza de que a arte mecacircnica daquele tempo realmente fazia uso

de tudo o que era de novo para a eacutepoca e se disseminava com uma consideraacutevel

velocidade como dito pelo anunciante no anuacutencio anterior ao que estamos analisando

por ora ldquoaccessorios que soacute a mechanica do progresso hodierno poderia adoptarrdquo

72 Dono de seu proacuteprio tempo

Haacute seacuteculos talvez milecircnios o homem procurando se tornar atuante e dono de seu

tempo tanto da eacutepoca em que viviam quanto de seus momentos vividos no cotidiano a

ponto de hoje em dia haver capitalizado seu tempo e expresso isso com a maacutexima time

is money vem procurando maneiras de marcar o tempo com a invenccedilatildeo de diversas

formas de determinaacute-lo Desde a clepsidras agraves ampulhetas reloacutegios solares e os das

torres das igrejas invenccedilotildees que visavam uma organizaccedilatildeo social de acordo com as

horas do dia a ideia de reloacutegio servia como predeterminaccedilatildeo dos compromissos dos

cidadatildeos Sem duacutevida a invenccedilatildeo veio para moldar uma nova forma de medida

temporal

82

O lexema reloacutegio tem em sua raiz e origem uma palavra que determinava as

estaccedilotildees do ano assim mais tarde atrela-se ao sentido da palavra e de outras que dela

derivariam qualquer divisatildeo temporal

ὥρα Ion ὥρη ἡ Ep gen pl ὡράων Ion ὡρέων poet dat pl

ὥραισι Lat hora any time or period whether of the year month or day

(νυκυτός τε ὥραν καὶ μηνὸς καὶ ἐνιαυτοῦ Xen) hence I A part of

the year a season in pl the seasons (hellip) (Liddle amp Scott Greek-

English Lexicon)

Assim com essa ideia de divisatildeo temporal e tendo o grande marcador de tempo a

sua disposiccedilatildeo os primeiros reloacutegios foram os solares Inclusive Liddell and Scott

mencionam em seu dicionaacuterio a existecircncia de um reloacutegio solar Outros dicionaacuterios

trazem a evoluccedilatildeo da palavra ὥρα (hoacutera) que nos daacute o lexema que nos serve para

anaacutelise

ὡρολόγ-ιον τό A an instrument for telling the time a dial or clock ὡ

σκιοθηρικόν the sun-dial of Anaximenes PlinHN2187 a sun-dial

(ὡρολόγιον) at Zea (Piraeus) mentioned in PHaw81 (Att periegesis of iii

B C pap of ii A D) ldquoἀπὸ τοῦ σκιακοῦ ὡρολογίουrdquo

IGRom4293ai35 (Pergam prob 1276 BC) cf Cleom110sq Gem823

Plu21006f CIG1947 (loc inc) InscrCos57 Suid (who writes it

ὡρολογεῖον) ὡ ὑδραυλικόν a water-clock = κλεψύδρα cf

Aristocl apAth4174c PlinHN7213 Bato 214 ldquoμηχανικὰ ὡrdquo AchTat

IntrArat256 the dimensions of a water()-clock are given in POxy47031

(iii A D) (Perseus online)

E assim Liddell and Scott dicionarizam ὡρολόγιον (horoloacutegion) como um

instrumento que diz as horas um mostrador e menciona o reloacutegio solar de Anaxiacutemenes

localizado no Pireus

Com a grafia horologium esse lexema passa ao latim com a ideia ainda de reloacutegio

solar advinda dos gregos que era a forma mais praacutetica para se determinar o tempo

naquele tempo

83

Contudo ainda nos atestam Liddel and Scott outras formas de medida temporal

imediata - quando digo imediata me refiro agraves horas do dia Haacute o uso de um ὡρολόγιον

ὑδραυλικόν (hopoloacutegion hydraulikoacuten) um reloacutegio que utilizava em seu mecanismo a

aacutegua nomeado de κλεψύδρα (clepsidra) que eram usados para determinar o tempo de

cada orador nas assembleias principalmente na Acroacutepole de Atenas Haacute de se notar que

a democracia ateniense eacute a maior demonstraccedilatildeo de civilidade e sociabilizaccedilatildeo dentre os

gregos

Acompanhando a evoluccedilatildeo humana o reloacutegio eacute desenvolvido adotando novos

mecanismos para seu funcionamento mais exato e o reloacutegio na torre da igreja que se

localizava no centro das cidades determinava o andamento dos viveres das sociedades

que rumavam para a civilidade Do reloacutegio da torre ao reloacutegio de algibeira num

movimento indivualizador o homem tem o tempo em suas matildeos O homem livre era

dono do seu tempo Durante muitos anos os reloacutegios de bolsos eram uma forma

determinante de status social sendo considerados verdadeiras joias com correntes de

ouro pedrarias e afins destinado agraves elites

No iniacutecio do seacuteculo XIX brasileiro as horas diurnas que como diz

ALENCASTRO costumavam ter sua medida ajustada aleatoriamente e ateacute

desnecessaacuteria com a chegada dos reloacutegios de bolso as horas agora necessitam de certo

acerto e os seus tempos poderiam ser ldquomarcados passo a passo de cebolatildeo na matildeo nas

casas nas fazendas nas estradasrdquo enfim em todos os lugares onde houvesse homens

livres

Em 1829 chega a Satildeo Paulo um relojoeiro que pretendia instalar-se na cidade e

prover agrave sociedade paulistana reloacutegios de todas as qualidades

- 11 de janeiro de 1829 Satildeo Paulo O Farol Paulistano

He chegado nesta Cidade vindo de Pariacutes Bont|te Dillon Fabricante de

reloacutegios de todas qualidades| e tambegravem faz todos os concertos aos ditos

reloacutegios e| traz tambem bastantes feitos porisso faz publico a todos| os

Senhores que quizerem utilizar-se do supplicante| para alguma obra o que

faraacute muito comodo e mora na| Rua do Ouvidor numero 49 onde tambem tem

fazendas e modas Francezas

84

A vida social daqueles que queriam alcanccedilar o patamar civilizado deveria se

adequar ao que era o modelo a vida social europeia Alencastro nos conta sobre a

inauguraccedilatildeo em 1850 de uma linha regular de navio a vapor entre Liverpool na

Inglaterra e o Rio de Janeiro Dessa forma os horaacuterios deveriam estar adequadamente

sincronizados Os navios ingleses atracavam no porto do Rio com tal pontualidade

saindo todo dia 24 do mecircs para chegar exatamente no dia 21 do mecircs seguinte mexendo

com o imaginaacuterio de toda a corte

A acircnsia pela modernidade e pelo status civilizado eacute o maior motor para o

consumo de bens como o reloacutegio Assim principalmente apoacutes a segunda metade do

seacuteculo XIX a demanda desse tipo de bem aumenta em grande escala do mesmo modo

que profissionais para suprir a demanda tanto no que diz respeito agrave venda quanto no que

diz respeito a concertos

- 5 de outubro de 1852 Satildeo Paulo Aurora Paulistana

- 15 de outubro de 1852 Satildeo Paulo Aurora Paulistana

JOSErsquo PHILIPPE SALMAN mora | dor na rua de Satildeo Bento nuacutemero 16

participa | ao respeitavel publico e especialmente | aos seus freguezes que

elle tem para | vender um completo sortimento do | oculos de todas as

qualidades lunetas | vidros avulsos oculos de alcance di- | tos para theatro

bengallas ampc ampc | na mesma casa continua-se a vender | e concertar

relogios de todas as qua- | lidades

O poder sobre seu proacuteprio tempo ultrapassa os limites do urbano e as fronteiras

das cidades Inventar maacutequinas para as lavouras que natildeo prescindisse de um maquinista

eacute retirar o homem do trabalho braccedilal subtrair o agente da arte mecacircnica para que seu

tempo pudesse ser investido em artes liberais mais dignificantes

Em anuacutencios jaacute analisados notamos muitas vezes que o diferencial das novidades

maquinais era o tempo gasto no trabalho dessas maacutequinas Quando fora anunciado as

machinas de costura textualmente se fala natildeo somente da perfeiccedilatildeo de seus trabalhos

mas tambeacutem da economia de tempo para que o trabalho seja efetivado

- 29 de julho de 1887 Satildeo Paulo Correio Paulistano

85

[] Os Senhores Alfaiates sapateiros selleiros correeiros etc| tambem

encontraratildeo nesta casa as mais aperfeiccediloadas machinas jaacute|com accessorios

que soacute a mechanica do progresso hodierno|poderia adeptar para que taes

machinas produzam trabalhos|maravilhosos natildeo soacute pela perfeiccedilatildeo como pelo

pouco tempo comsumido|e pelo pequeno incommodo de quem as menejar

para produzirem|taes resultados []

Quando se anunciam as machinas importadas por Engelberg Siciliano amp

Companhia maacutequinas para lavoura a preocupaccedilatildeo em especializar o maquinaacuterio da

aacuterea econocircmica que movimentava o comeacutercio interno e externo do Brasil via-se como

melhoramento dos trabalhos a economia de tempo gasto nele como fator importante

- 27 de fevereiro de 1889 Satildeo Paulo Correio Paulistano

[] Atenuando consideravelmente a penosa lide da lavagem do cafeacute

proporciona ao fazendeiro uma grande economia de tempo em relaccedilatildeo

aacutequelle prejudicial systema []

O trabalho aacuterduo penoso que antes era feito pelos braccedilos e corpos do fazendeiro

(e de seus escravos e posteriormente empregados) poderia ser atenuado pelo uso das

machinas que lhe renderia uma grande economia de tempo se comparado com outros

systemas jaacute ultrapassados pela excepcional mechanica hodierna

O homem livre dono de seu tempo para conquistar o poder de ter seus passos

marcados pelo reloacutegio em suas matildeos se dirigia agraves lojas de iniacutecio que tinha uma vasta

gama de produtos a serem adquiridos

Neste momento ainda nota-se que o artigo eacute vendido em algumas lojas natildeo

especializadas como no caso do anuacutencio de 5 de outubro de 1852 do jornal Aurora

Paulistana em que o senhor Joseacute Philippe Salman aleacutem de vender outros artigos

destinados agrave vida cultural da proviacutencia tambeacutem concertava e vendia relogios Mas

assim com aconteceu com a fotografia torna-se notaacutevel a necessidade de fundar um

novo comeacutercio no Brasil lojas especializadas em reloacutegios com um nome relacionado

ao artigo tatildeo especial e que necessitaria de profissionais especializados O lexema jaacute

fazia parte da liacutengua portuguesa desde o seacuteculo XVIII como nos atesta CUNHA mas eacute

no seacuteculo XIX que se faz maior uso dessa palavra nos anuacutencios de jornais e nas placas

em frente agraves lojas brasileiras Relojoaria

86

- 14 de outubro de 1874 Campinas A Mocidade

RELOJOARIA || DO || REGULADOR CAMPINENSE ||Penteado amp Nunes

|| LARGO DA MATRIZ VELHA Nuacutemero 39|| Acaba de receber um

completo sortimento de relogios de parede e algibeira de lindos gostos sendo

vendidos por commodo preccedilo affianccedilados por um anno Rcebeu mais lindo

sortimento de pince-nez tanto de vidro de cor como de grao despertadores

correntes de ouro prata plaquet | Relogios | Para torres ou fazendas

encarregando-se os donos do estabelecimento da sua collocaccedilatildeo e

affianccedilando a boa marcha por cinco annos|| CONCERTOS PERFEITOS E

AFFIANCcedilADOS|| POR UM ANNO

Neste anuacutencio se faz perceber o cuidado que se tinha na manufatura desse tipo de

artefato e que vem re-afirmar o que mencionei anteriormente sobre os reloacutegios de

algibeira ser destinados agraves elites aos homens de bem Por se tratar de uma relojoaria

ou seja uma loja especializada em reloacutegios aleacutem de comercializar o produto

comercializa todo o tipo de material relacionado como as correntes que prendem os

reloacutegios agrave roupa de seu usuaacuterio Mas natildeo satildeo quaisquer tipos de correntes satildeo correntes

de ouro de prata ou no pior dos casos revestidas com plaquecirc Claro que essa gradaccedilatildeo

de valor monetaacuterio refletia o valor que era preciso desprender ao portador de dado

artefato

A partir do momento em que o homem deixa de ser dependente da hora natural

imposta pela luz do sol e dentro de uma comunidade civilizada onde as

responsabilidades excediam agraves horas do dia noite adentro eacute de extrema necessidade o

desenvolvimento de mecanismos que possibilitem a vida social noturna Iluminaccedilatildeo

artificial eacute a saiacuteda Archotes luz de velas foram por anos a fio utilizados pelas

sociedades que vieram antes da chegada do lampiatildeo que iluminavam os passeios

puacuteblicos e as residecircncias do seacuteculo XIX

O lexema liga-se pelo radical com lacircmpada que chegou atraveacutes do latim agrave liacutengua

portuguesa O original grego eacute λαμπάς (lampaacutes) no nominativo singular possuindo

uma raiz diferente para as demais declinaccedilotildees com a adiccedilatildeo de uma dental sonora (δ)

desta forma a raiz para as demais formas declinadas que natildeo o nominativo eacute λαμπαδ-

Liddell and Scott define o lexema da seguinte forma

87

λαμπάς άδος ἡ (λάμπω) a torch Aesch Soph etc a beacon-light

Aesch - later an oil-lamp NT Anth 2 metaph of the sun Soph Eur

etc ἡ ἐπιοῦσα λ the coming light ie the next day Eur II the torch-

race like λαμπαδηδρομία Hdt λαμπάδα δραμεῖν to run the race

Ar (Liddle amp Scott Greek-English Lexicon)

Os lampiotildees do seacuteculo XIX nada mais eram do que pequenas tochinhas dentro de

invoacutelucros de vidro muito rudimentares ou ainda pequenos candeeiros que tinham

como combustiacutevel oacuteleo azeite e posteriormente kerosene que serviam sobretudo para

iluminaccedilatildeo de interiores

As cidades que nos servem para anaacutelise de seus anuacutencios em nosso trabalho

possuiacuteam no seacuteculo XIX uma precaacuteria iluminaccedilatildeo puacuteblica que foi sendo melhorada

paulatinamente atraveacutes dos anos Mas quando olhamos para as vidas particulares de

dentro das casas dos cidadatildeos brasileiros oitocentistas lhes eram oferecida a

possibilidade da aquisiccedilatildeo de lampeotildees agravequeles que desejassem comprar imbuiacutedos do

sentimento civilizada e de descolamento do que eacute ruacutestico

- 17 de maio de 1874 Campinas A Mocidade

ATTENCcedilAtildeO|| Attenccedilatildeo [espaccedilo] Attenccedilatildeo|| Prospero Bellinfanti

participa ao respeitavel publico campeneiro que recebeu um grande e

completo sortimento de generos norte americanos constando de machinas de

costura com todos os pertences linhas agulhas e oleos arados completos

separados de zinco para cafeacute machinas para manteiga ditas para cafeacute

gaiolas de arame e muitos outros artigos de mesma procedencia| Na mesma

casa encontra-se lampeotildees de todos os tamanhos tocidas vidros para os

mesmos e Kerosenes fogotildees de ferro completo camas de ferro banheiras

tens de cosinhas estanhados francezes torradores para cafeacute de todos os

tamanhos e grande sortimento de cestos de vime| O Propretario deste

estabelecimento te aacute Rua da ponte sem Santa Cruz Nuacutemero 15 uma officina

de caldeireiro e funileiro aonde se encarrega de todas as obras com cobre

zinco folha etc| Faz os mais perfeitos alambiques para distilaccedilatildeo de

espiritos| Incumbe-se de qualquer encanamento em casas etc | Faz

banheiras de folha de todas as dimensotildees| Assenta bombas simples e de

pressatildeo levando a agua onde se quizer| Faz finalmente todas as obras

88

concernentes aacute profissatildeo acudindo aos chamados para qualquer parte onde

seus serviccedilos forem precisos| Concerta e renova todos os objetos estragados|

Tudo por preccedilos commodos

O dono desse estabelecimento aleacutem de comerciante voraz tendo em vista a

quantidade e diversificaccedilatildeo de seus produtos estes importados e de manufatura proacutepria

ainda se propagandeia como um profissional versaacutetil Assentador de bombas drsquoaacutegua

essa machina que pode levar aacutegua para onde se quizer tambeacutem trabalha com os

encanamentos internos agraves casas Se a aacutegua jaacute estava dentro das casas algo que era

retirado da natureza a luz deveria tambeacutem estar dentro e individualizada

O puacuteblico poderia comprar o produto lampeatildeo assim como seu combustiacutevel o

kerosene neste estabelecimento comercial O novo produto combustiacutevel teve o lexema

adotado pela liacutengua portuguesa segundo CUNHA em 1873

querosene sm (Quim) liacutequido resultante da destilaccedilatildeo do petroacuteleo |

kerosene 1873 | Do fr keacuterosegravene do gr keros cera (Cunha 2010)

Contudo podemos notar a existecircncia de propagandas do produto em anuacutencios

anteriores agrave dataccedilatildeo estipulada pelo lexicoacutegrafo

- 07 de julho de 1870 Campinas Gazeta de Campinas

Abrio-se| O QUE Eacute QUE ABRIO-SE|| A Casa commercial de Francisco

Alvaro de Souza Camargo o qual participa a seus parentes amigos e

freguezes que acaba de receber um completo sortimento de ferragens

drogas tintas miudezas de armarinho kerosene chaacute cecircra sementes de

hortaliccedilas etc|Recommenda aos amadores um bonito sortimento de

espingardas rewolvers facas de caccedila etc etc|Espera merecer confianccedila das

pessoas que honrarem seu novo estabelecimento estando o annunciante

resolvido a vender por commodos preccedilos|Rua Direita canto da Cadecirca

Como bem atesta Cunha sobre a procedecircncia do lexema Kerosene tem sua raiz

em κηρός (keroacutes)

κηρός ὁ bee-wax Lat Cera Od Pl (Liddle amp Scott Greek-English

Lexicon)

89

O kerosene eacute o produto mais pastoso obtido com a destilaccedilatildeo do petroacuteleo que

liquefeito torna-se um combustiacutevel seguro diferenciando-se da forma como a raiz da

palavra foi concebida no grego O produto que foi em meados do seacuteculo XIX

produzido em escala industrial foi o principal fator para a decadecircncia do mercado de

oacuteleos produzidos pela induacutestria baleeira

Entretanto tatildeo largos eram os passos dos avanccedilos tecnoloacutegicos e tatildeo apressados

que em curtos espaccedilos de tempo uma novidade era trocada por outra Assim do anuacutencio

citado acima datado de 1870 em que o kerosene era vendido para que servisse de

combustiacutevel para os lampeotildees dezoito anos depois um prazo de tempo muito curto

diga-se de passagem temos o anuacutencio de um paquete a vapor que possuiacutea sua

iluminaccedilatildeo interna a luz electrica

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio Paulistano

REAL COMPANHIA | DE | Paquetes a vapor | DE | SOUTHAMPTON || O

MAGNIFICO VAPOR | TAGUS | Sahiraacute no dia 19 de Maio as 4 horas | da

tarde com escalas pelo | Rio de Janeiro| Bahia | Pernambuco | Lisboa | Vigo

e | Saouthampton | O paquete a vapor | NILE | Esperado de Southampton e

escalas no | dia 1 de Junho || Sahiraacute depois da indispensavel demo- | ra para |

Montevideacuteo e | BuenosAyres || Todos estes vapores satildeo illumidaos a luz |

electrica || N B ndash Na agencia tomam-se seguros | sobre as mercadorias

embarcadas por | estes vapores || Para passageiros carga e mais informaccedilotildees |

com os agentes | Holworthy Ellis amp Companhia || RUA DE SANTO

ANTONIO 40 | SANTOS

A iluminaccedilatildeo puacuteblica eleacutetrica chega agrave cidade de Satildeo Paulo somente no ano de

1891 deacutecada final do seacuteculo

Como demonstraccedilatildeo de civilizaccedilatildeo Satildeo Paulo investia em siacutembolos urbanos que

embelezavam a cidade Construiacuteram-se praccedilas lojas como as que anunciam nos jornais

palacetes que transformavam os passeios puacuteblicos A primeira mudanccedila quanto agrave

iluminaccedilatildeo puacuteblica ocorrida na capital paulista ocorreu na rua Baratildeo de Itapetininga no

centro da cidade que era repleta por um centro comercial fervilhante disposto a socorrer

os quereres da elite emergente paulistana

90

Para dar conta das demandas dos clientes nas cidades ou no campo a

comunicaccedilatildeo entre as partes interessadas em firmar negoacutecio era imprescindiacutevel Os

jornais se apresentavam como uma ferramenta utiliacutessima para por em contato os

vendedores e seu puacuteblico Contudo havia negoacutecios que demandariam um contato mais

urgente e direto O telegrapho nasce da necessidade do contato imediato

- 14 de outubro de 1874 Campinas A Mocidade

PEDE-SE TODA||ATTENCcedilAtildeO|| Aos senhores fazendeiros|| Ferreira Novo amp

Filho participaratildeo aos senhores fazendeiros e negociantes que continuatildeo a

comprar cafegrave em maior quantidade do que faziam ateacute hoje achando-se para

isso habilitados por acabarem de contractar com algumas das principais casas

exportadoras a fazerem grandes compras Nosso systema de compras seraacute

Comprar toda e qualquer quantidade de cafegrave quando beneficiado o prompto

recebemos ou com poucos dias de demora depois da venda| Pedimos a todos

os senhores fazendeiros qua quando tenhatildeo cafegrave em qualquer quantidade

promptoe queiratildeo vender a bondade de nos procurarem pagando sempre no

dia da venda maior preccedilo que permitir o estado do cafegrave nos principais

mercados do paiz da America e da Europa habilitando-nos para podermos

fazer tatildeo grande vantagem aos senhores lavradores o telegrapho que acaba

de collocar em comunicaccedilatildeo diaria esta florescente cidade com aqueles

principaes mercados

A fim de incrementar os negoacutecios agriacutecolas dos territoacuterios produtores de cafeacute a

disponibilizaccedilatildeo de um artigo tatildeo moderno quanto o telegrapho eacute mais uma mostra que

atesta o quanto moderno se queria e se poderia ser o homem de negoacutecios da eacutepoca

mesmo no campo Estar conectado ao mercado agilizava os negoacutecios garantindo

rentabilidade maior inclusive economizando o tempo tatildeo valorizado

Entre 1854 e 1858 juntamente com as estradas de ferro foram esticados os

primeiros fios telegraacuteficos As linhas telegraacuteficas que em 1873 percorriam 3460

quilocircmetros em solo brasileiro vecirc-se avolumar de forma extraordinaacuteria chegando em

1888 a 18000 quilocircmetros com direito a conexotildees submarinas com a Europa (SODREacute

1998)

91

8 Para garantir a vida

Haacute de se levar em consideraccedilatildeo um dos motores propulsionais de organizaccedilatildeo

ideoloacutegica em funcionamento no Brasil do seacuteculo XIX Havia na eacutepoca um discurso

positivista corrente na ateacute entatildeo corte um discurso que soacute cresce com o passar dos

anos Com a independecircncia do paiacutes em 1822 o sentimento antilusitano e o ideal de

fundaccedilatildeo de uma naccedilatildeo autocircnoma soacute vem a se tornar mais pujante com a aproximaccedilatildeo

da metade do seacuteculo O sentimento lusoacutefobo leva agrave troca de nomes de batismos por

nomes ora indiacutegenas ora por nomes de grandes pensadores e celebridades do mundo

antigo grego e latino E o Brasil elege um novo modelo ideal jaacute citado neste trabalho

quando tratamos do lexema machina A Franccedila torna-se para o Brasil um paradigma de

civilizaccedilatildeo de naccedilatildeo a ser copiada quando possiacutevel Desta sorte nos relata Alencastro

ldquoautores franceses e ciacuterculos francoacutefilosrdquo vecircm influenciar correntes de pensamento e

praacuteticas sociais principalmente na eacutepoca do Segundo Reinado seriam eles o

positivismo o kardecismo e a homeopatia Aqui entatildeo noacutes chegamos ao ponto que mais

interessa a esta seccedilatildeo O positivismo eacute sem duacutevida como sabemos a base para os

experimentos cientiacuteficos e os experimentos ligam-se as inovaccedilotildees da medicina Assim

a pajelanccedila e curandeirismo datildeo lugar a tratamentos atraveacutes de drogas ou tratamentos

homeopaacuteticos que faziam uso de magnetismo mas que tambeacutem poderiam fazer uso de

preparados de ervas podendo ser enquadrados no substantivo droga Esses preparados e

drogas eram comercializados em drogarias ou pharmacias

O lexema jaacute fazia parte da liacutengua portuguesa desde o seacuteculo XVII como nos

atesta CUNHA

farmaacutecia sf local em que se estocam e se vendem medicamentos tratado

cientiacutefico sobre os medicamentos XVII Do lat tard Pharmacia deriv do

gr Pharmakeacuteia () (Cunha 2010)

Como notamos pela designaccedilatildeo dada por Cunha farmaacutecia se relaciona a

medicamento sendo o local de estoque e venda desses medicamentos A mesma

associaccedilatildeo faz Aureacutelio

92

farmaacutecia Sf1 Parte da farmacologia que trata da maneira de preparar

caracterizar e conservar os medicamentos 2 Estabelecimento onde se

preparam e vendem medicamentos 3 Profissatildeo do farmacecircutico 4 Coleccedilatildeo

de medicamentos 5 Conjunto de medicamentos que se tecircm em casa num

coleacutegio numa reparticcedilatildeo etc para uso no tratamento de leves indisposiccedilotildees

ou em primeiros socorros (Aureacutelio 1988)

Ao associar farmaacutecia com medicamento somos impelidos a ter uma visatildeo positiva

com relaccedilatildeo ao sentido atribuiacutedo ao lexema pois medicamento eacute hoje dicionarizado

como substacircncia ou preparo que se utiliza como remeacutedio e remeacutedio tem um sentido

beneacutefico carregando consigo a ideia desse benefiacutecio como algo que sara as doenccedilas

dor ou males aquilo que serve pra curar10

Quando usado metaforicamente essa ideia

de benefiacutecio tambeacutem se faz presente Da mesma forma natildeo se dava no grego ao menos

natildeo especificamente Pharmacia como bem atesta Cunha tem como raiz φαρμακεία

(pharmakeacuteia) lexema ao qual Liddell and Scott dicionarizam como a seguir

φαρμακεία ἡ (φαρμακεύω) the use of drugs potions spells Plat 2

poisoning witchcraft Lat veneficium Dem II remedy cure Arist (Liddle

amp Scott Greek-English Lexicon)

Claro que o sentido que chegou ao portuguecircs fazia parte jaacute no grego do

significado do lexema mas eacute preciso esclarecer que esse sentido eacute posterior agrave adoccedilatildeo da

palavra pelos gregos sentido este que se agregou ao lexema com o advento da medicina

na Greacutecia antiga por volta do seacuteculo V aC Aleacutem do sentido ligado agrave medicina ndash

remedy cure ndash agravequele tempo podia-se associar o lexema a toda e qualquer poccedilatildeo

utilizada em ritos miacutesticos como a palavra poccedilatildeo nos dias de hoje que remete a

ciecircncias obscuras Dessa forma Liddell and Scott em seu dicionaacuterio nos datildeo o sentido

de witchcraft (feiticcedilaria) spells (feiticcedilo encanto) tambeacutem presente no significado do

lexema em sua origem Mesmo ao sentido dado pelos helenistas de drugs estaacute

claramente ligado o sentido de veneno

10

remeacutedio sm 1 Aquilo que combate o mal a dor ou uma doenccedila 2 Aquilo que serve para curar ou

aliviar dor ou enfermidade 3 Recurso expediente soluccedilatildeo 4 Ajuda auxiacutelio socorro proteccedilatildeo 5

Correccedilatildeo retificaccedilatildeo emenda 6 Jur Meio adequado e liacutecito para se alcanccedilar determinado fim de

direito (Aureacutelio 1988)

93

Se recordarmos a trageacutedia de Euriacutepedes Medeia ndash representada pela primeira vez

em 431 a C ndash a protagonista que inclusive nomeia a peccedila para se vingar da traiccedilatildeo

imposta pelo seu amado Jasatildeo tece um plano funesto A heroiacutena trama contra a vida da

filha de Creonte regente de Corinto Glauce enviando-lhe por intermeacutedio dos proacuteprios

filhos um presente envenenado vestimentas e uma ldquocoroardquo aos quais incutiu um

φάρμακον (phaacutermakon) um veneno Ao enviar esse presente agrave sua rival Medeia

conscientemente condena seus proacuteprios filhos agrave morte ao terem contato com o

φάρμακον assim como a Creonte pai da viacutetima principal que ao ver a filha sofrendo

as dores causadas pelo veneno corre para socorrecirc-la entrando tambeacutem em contato com

o ardil da heroiacutena condenando-se agrave morte O mensageiro relata o que ocorreu no castelo

de Creonte para Medeia e para o puacuteblico dizendo o seguinte

ldquoὂλωλεν ἡ τύραννος ἀρτίως κόρη

Κρέων θrsquo ὁ φύσας φαρμάκων τῶν σῶν ὓποrdquo

A essa passagem Flaacutevio Ribeiro de Oliveira traduz para o portuguecircs belamente

desta forma

ldquoMorre haacute pouco a jovem soberana

e o pai Creonte pelas drogas tuasrdquo

Entenda-se que essa droga nada mais era do que um preparado nocivo destinado a

pocircr fim a vida de uma pessoa e que foi extremamente bem sucedido

Medeia era uma forasteira uma baacuterbara levada agrave Corinto por Jasatildeo apoacutes a

incursatildeo deste e demais heroacuteis denominados argonautas que partiram da Greacutecia para a

Coacutelquida visando agrave obtenccedilatildeo do Velo de Ouro A traiccedilatildeo agrave famiacutelia e agrave paacutetria pela honra

do amado a fazia esperar nada mais do que a reciprocidade por parte do heroacutei mas este

de modo egoiacutesta e oportunista vecirc no matrimocircnio com a filha do rei coriacutentio a

possibilidade de engrandecimento pessoal

A accedilatildeo de Medeia pode ser vista de forma repugnante pocircr fim a vida de sua rival

e filhos Contudo devemos ressaltar que eram tambeacutem filhos de Jasatildeo objeto de sua

revolta e se deixarmos de lado o politicamente correto e tentarmos olhar o fado de

Medeia pelo seu prisma entenderemos que o mecanismo usado natildeo deixa de ser um

94

remeacutedio para seus males Ela que havia por amor a Jasatildeo deixado a paacutetria depois de

trair seu pai e matado seu irmatildeo na fuga agora tinha a timeacute (a honra) ultrajada ao ser

vilipendiada e trocada por interesses pessoais do heroacutei Algo a estava fazendo mal Seu

coraccedilatildeo e sua honra estavam feridos era preciso um remeacutedio para suas dores e impelida

pela sua natureza feminina pocircs em accedilatildeo duas coisas das quais era perita o dolo e a arte

maacutegica na fomentaccedilatildeo de seu plano ardiloso11

Entendendo desta forma podemos ligar o lexema pharmacia ao que vise o bem

estar das pessoas O remeacutedio de Medeia foi um remeacutedio muito amargo mas que para a

heroiacutena era o mais certo a se tomar

Apoacutes esta breve digressatildeo podemos voltar ao nosso assunto central A vida

humana eacute desde sua origem atacada por pequenos animais parasitas pestes

Dentre os anuacutencios coletados haacute a propaganda de produtos destinados agrave

exterminaccedilatildeo de pestes como pulgas mosquitos e percevejos Num grau de comparaccedilatildeo

muito reduzido esses venenos para outros seres vivos se ligam ao remeacutedio de Medeia

Usam-se esses venenos para por fim a algo que nos faz mal ou incomodam Ainda hoje

se fala em remeacutedio para ratos Assim temos a associaccedilatildeo mais clara dos sentidos do

lexema pharmacia ao sentido original no grego temos o sentido mais expandido

presente no entendimento atual

O anuacutencio citado acima diz o seguinte

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio Paulistano

Mosquitos || PERCEVEJOS PULGAS ETC || desapparecem infallivemente

com o uso | do bem conhecido e verdadeiro 60 6 | || Orsquo DA PERSIA || Chegou

nova remessa aacute || Pharmacia Ypiranga || Nuacutemero 25 ndash RUA DIREITA ndash

Nuacutemero 25 || EM || SAtildeO PAULO || Preccedilo de um pacote 1$000 || A duacutezia

9$000 || Cada pacote do verdadeiro Poacute da | Peacutersia leva detalhada ex- |

plicaccedilatildeo de seu uso || Remette-se para o interior

Na Pharmacia Ypiranga vendia-se um veneno para essas pragas que faziam com

que desaparecessem ldquoinfallivementerdquo e que natildeo era prerrogativa dos centros urbanos

pois deixa-se claro que agrave eacutepoca ldquoRemette-se para o interiorrdquo

11

Medeacuteia Euriacutepedes (2006) - pg 173 texto analiacutetico sobre a trageacutedia assinado pela equipe de filoacutelogos

da Kaktos

95

Esses estabelecimentos com a profusatildeo de medicamentos descobertos e

desenvolvidos recebem de fora do paiacutes ou de pharmaceuticos nacionais uma vasta

gama de remeacutedios e tem na imprensa a maior ferramenta para que se faccedilam conhecer

- 28 de fevereiro de 1875 Campinas A Mocidade

NOVA||PHARMACIA CAMPINENSE|| 31 - Rua do Commercio - 31||Tendo

este estabelecimento recebido um grande sortimento de drogas acha-[s]e em

condicccedilotildees de satisfazer quaesquer pedidos e receituarios medicos que lhe

forem dirigidos| Garante-se a boa qualidade das drogas e promptidatildeo nas

remessas que lhe forem pedidas esperando por isso a concorrencia do

respeitavel publico

Diferentemente do caso citado anteriormente com relaccedilatildeo ao lexema machina

que para nomear o agente o profissional que poria em praacutetica a teacutecnica de se operar o

maquinaacuterio o neologismo machinista foi criado na liacutengua portuguesa no caso de do

lexema pharmacia o substantivo que denomina o agente teacutecnico jaacute existia no grego

uma palavra complexa criada atraveacutes da incorporaccedilatildeo ao radical um sufixo agentivo

φαρμα^κ-ευτικός ή όν A of or by means of drugs or pharmacy

ldquoκάθαρσιςrdquo PlTi89b ἡ -κή (sc τέχνη) = φαρμακεία opp surgery

Gal15425 DL 385 ldquoφ ἰατρόςrdquo one who prescribes drugs GalThras24

(Perseus online)

Eacute bem provaacutevel que a derivaccedilatildeo no grego tenha se dado por conversatildeo A

primeira citaccedilatildeo em outro dicionaacuterio especializado em grego antigo o dicionaacuterio Liddell

and Scott eacute de um diaacutelogo platocircnico Timeu quando Platatildeo prognostica o natildeo uso de

medicamentos que possam prolongar a vida de uma pessoa doente pois seria

antinatural Eacute de costume desse dicionaacuterio usar de uma certa cronologia para distribuir

suas citaccedilotildees nas entradas lexicais quase como um trabalho etimoloacutegico A obra

platocircnica data do seacuteculo V a C logo sendo anterior a segunda citaccedilatildeo feita por Liddell

and Scott quando fala sobre Diogenes Laertius filoacutesofo de vida pouco conhecida que

viveu no seacuteculo III a C e ainda agrave terceira citaccedilatildeo Galen estudioso que trouxe muitas

contribuiccedilotildees agraves ciecircncias como fisiologia anatomia patologia e farmacologia

96

Conhecido como Galen de Pergamo viveu nasceu em 129 d C e morreu em 217 d C

Este romano que possuiacutea descendecircncia grega foi muito influenciado pelo grande nome

da medicina grega Hipoacutecrates Pela distacircncia temporal entre as citaccedilotildees do dicionaacuterio eacute

bem certo que se possa atestar o desdobramento dos sentidos deste lexema de um

adjetivo para um substantivo

Notamos pelo sentido dicionarizado por Liddell o alcance do lexema agraves classes de

palavras adjetivo e substantivo como aquilo concernente agraves drogas agrave farmaacutecia assim

como o lexema nomeia aquele que prescreve drogas Esse lexema eacute adotado pelo latim

contudo preservando apenas seu caraacuteter adjetivo

pharmăceutĭcus a um adj φαρμακευτικός I of or belonging to drugs

pharmaceutical Cael Aur Tard 5 10 126 (Perseus online)

Na liacutengua portuguesa o lexema retoma o sentido presente no grego antigo

adotado para nomear o profissional farmacecircutico

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio Paulistano

Medico e pharmaceutico | Doutor Ulysses Cruz || com longa pratica de

hospitaes e for- | mado em ambas as faculdades de medi- | cina do Brazil eacute

encontrado em seu con- | sultorio na rua do Thezouro nuacutemero 9 | sobrado do

meio dia as 3 da tar- | de e sua residecircncia para o largo do | Arouche nuacutemero

39 || ESPECIALIDADE || Molestias de crianccedilas de senhoras da | pelle e

shyphiliticas Gratis aos pobres

O anunciante eacute uma figura que pode traduzir muito bem o pensamento que

perpassa o seacuteculo XIX acircnsia de se alcanccedilar o estatuto de naccedilatildeo por isso munir os

cidadatildeos com subsiacutedios para um ldquobem viverrdquo formar meacutedicos no proacuteprio territoacuterio

assim como farmacecircuticos aleacutem de figurar como exemplo do sentimento antilusitano

que traz em seu nome ldquoGilberto Freire observou a mudanccedila dos nomes cristatildeos para

nomes gregos e romanos e depois ingleses e franceses na sequecircncia da desruralizaccedilatildeo

das classes dominantes no seacuteculo XIXrdquo12

O meacutedico e pharmaceutico preserva de certa

forma a dicotomia entre o novo e o descolamento com a tradiccedilatildeo em seu nome Ulysses

12

Alencastro Vida Privada e Ordem Privada no Impeacuterio In Histoacuteria da Vida Privada no Brasil

97

Cruz Se por um lado o primeiro nome remete ao heroacutei grego conhecido por suas

navegaccedilotildees no retorno para casa e que eacute um heroacutei pagatildeo por outro a cristandade ainda

permanece com o sobrenome que remete a uma das figuras mais fortes do cristianismo

a cruz Esse fato ilustra muito bem o periacuteodo de transiccedilatildeo experimentada no seacuteculo XIX

O meacutedico e farmacecircutico Ulysses Cruz que possui um vasto curriacuteculo eacute

ldquoformado em ambas as faculdades de medicina do Brazilrdquo de certo a faculdade de

medicina da Bahia e a do Rio de Janeiro visto que a faculdade de medicina de Satildeo

Paulo ainda natildeo havia sido fundada vem fazer a conhecer seu trabalho pelo anuacutencio de

jornal praticando aleacutem de tudo um trabalho filantroacutepico ldquoGratis aos pobresrdquo uma

praacutetica bastante usual agrave eacutepoca

O movimento cientiacutefico de desenvolvimento de descobertas e a tentativa de sanar

certas debilidades na naccedilatildeo em organizaccedilatildeo que era o Brasil no seacuteculo XIX impulsiona

as mentes para o trabalho de criaccedilatildeo desse novo paiacutes O discurso ufanista com relaccedilatildeo agraves

inovaccedilotildees se faz presentes na teacutecnica meacutedica assim como apontado nas ldquoteacutecnicas

maquinaisrdquo O anuacutencio analisado anteriormente data de 1888 mas anteriormente a essa

data pharmaceuticos jaacute se propunham a curar com maestria as doenccedilas que assolavam a

populaccedilatildeo

- 4 de marccedilo de 1853 Satildeo Paulo Aurora Paulistana

CURA CERTA | e em pouco tempo de todas as enfermidades provenientes de

vicio san- | guineo como ndashescrophulas tube[r]- | culos lepra syphylis etc

etce [ilegiacutevel] | particular as affecccediloens de pape[ilegiacutevel] | em seu principio ||

Etienne Lagarde || Pharmaceutico e cirurgiatildeo das faculdades | Pariz e do

Rio de Janeiro ex-preparad[o] | do Curso de Chimica da escola de medic[i]- |

na e pharmacia de Poi[furo]iers membro da s[o]- | ciedade medica da mesma

cidade e corres- | pondente de algumas sociedades scientificas || Attenccedilacirco ||

A experiencia junto aacute perseveranccedila qu[e] | hoje tem sido meus uacutenicos guias

no trata[men]- | to das enfermidades acima mencionadas os | caracteres

horriveis que ellas apresentatildeo | desgostos que sobrevem as pessoas que satildeo

de | las attacadas deviatildeo naturalmente attrahir | attenccedilatildeo de todo o homem

amigo da huma- | nidade || Antigamente estas enfermidades se consi- |

deravatildeo com um principio contagioso o que | obrigava os doentes a buscar

longe das povo- | accedilotildees uma morada tranquilla que lhes permi- | tisse esperar

com paciencia a hora que [o] | Creador tivesse determinado para pocircr term[]| a

todos os seus soffrimentos hoje porem assim | natildeo acontece os progressos

98

que tem feito [a] | sciencia medica com os numerosos trabalhos | e

investigaccedilotildees da chimica tem em fim intro- | duzido na therapeutica e posto aacute

disposiccedilatildeo | dos homens da sciencia um meio prophilati- | cos contra estas

crueis enfermidades fazendo | assim esperar uma prompta cura a todos |

aquelles que o quizerem abraccedilar || Penetrado do sentimento o mais sincero da

| philantropia do amor aacute sociedade offereccedilo o[s] | meus recursos meacutedicos e

pharmaceuticos ad- | quiridos por um aturado e longo estudo da na- | tureza

humana Ersquo pois com os medicamen- | tos preparados por minhas proacuteprias

matildeos qu[e] | me proponho a curar a todos aquelles que m[e] | quizerem

procurar || Estou certo que os epithetos de ndash charlatatildeo | e especulador ndash ser-

me-hatildeo lanccedilados por al- | guns ao lerem este meu annuncio porem natildeo | seraacute

por homens sensatos que serei assim [ilegiacutevel] | xado O sabio indaga

consulta ouve [ilegiacutevel] | entre voacutes (como eu creio) existe algum

rec[ilegiacutevel] | conhecimento recebei de antematildeo toda a mi- | nha gratidatildeo || A

voacutes enfermos eu dirijo meus offereci- | mentos eu saberei consolar-vos e

talvez da[r]- | vos a panaceacutea beneacutefica da saude que tan[furo] | desejaes || Seja

o reconhecimento o fructo de meu[s] | trabalhos e o uacutenico tributo que desejo

obte[r] | daquelles que me quizerem honrar com sua[s] | consultas|| Dirijatildeo-se

ao Hotel Paulistano na rua d[e] | Satildeo Bento nuacutemero 35

Notemos mas sem nos aprofundar que a nomeaccedilatildeo das moleacutestias assim como

grande parte do leacutexico ligado agrave medicina eacute proveniente de radicais gregos como por

exemplo lepra presente neste anuacutencio Eacute enorme a quantidade de nomes de doenccedilas as

quais os meacutedicos farmacecircuticos e novos remeacutedios prometem curar desta sorte natildeo nos

deteremos demoradamente em cada um desses nomes a natildeo ser que seja preciso para

elucidar um ou outro ponto As fichas presentes nos apecircndices detalharatildeo cada uma das

ocorrecircncias destes lexemas

Tratando especificamente do anuacutencio notamos que assim como no nome do

farmacecircutico no anuacutencio anterior a presenccedila de um nome afrancesado e neste caso natildeo

tem a ligaccedilatildeo com o cristianismo Eacute difiacutecil determinar com certeza a nacionalidade deste

anunciante contudo pela sua formaccedilatildeo e retoacuterica podemos inferir que se trate de um dos

casos citados por ALENCASTRO de adoccedilatildeo de nomes franceses O pharmaceutico e

cirurgiatildeo formado pelas faculdades de Paris e do Rio de Janeiro e que tem em seu

curriacuteculo ainda os cursos de chimica e pharmacia propotildee seu trabalho agrave sociedade

paulistana com um discurso mais que ufanista sobre sua arte sua teacutecnica Ele que possui

uma formaccedilatildeo superior de peso se propotildee a curar as moleacutestias da sociedade paulistana

99

do seacuteculo XIX pondo em praacutetica seus conhecimentos assim como suas proacuteprias matildeos

ldquoErsquo pois com os medicamen- | tos preparados por minhas proacuteprias matildeos qu[e] | me

proponho a curar a todos aquelles que m[e] | quizerem procurarrdquo O discurso de

Etienne Lagarde parafraseia sua profissatildeo expressa anteriormente Cirurgiatildeo eacute um

lexema que possui sua raiz em um lexema grego χειρουργία (cheirougiacutea)

dicionarizado da seguinte forma

χειρουγία ἡ a working by hand practice of a handicraft or art skill herein

Plat etc II a handicraft Id - esp the practice of chirurgery surgery

(Liddle amp Scott Greek-English Lexicon)

O discurso do pharmaceutico mostra o quanto sua segunda profissatildeo estaacute

encarnada em si tanto na praacutetica meacutedica quanto na fomentaccedilatildeo de medicamentos Aleacutem

de servir como corporificaccedilatildeo do pensamento nacional a construccedilatildeo de uma naccedilatildeo

pelas matildeos de seus cidadatildeos Um trabalho que somente nos dias que lhe eram atuais

poderia ser feito visto que o anunciante dispotildee duas formas de tratamento agraves doenccedilas

uma anterior uma forma como enfrentariam as doenccedilas que ldquoobrigava os doentes a

buscar longe das povoaccedilotildees uma morada tranquilla que lhes permitisse esperar com

paciencia a hora que [o] Creador tivesse determinado para pocircr term[]a todos os seus

soffrimentosrdquo ligada fortemente ao fado estipulado pelo ldquoCreadorrdquo e o seu tempo

quando o homem tenta por forccedila de seu ceacuterebro poderosos e suas matildeos haacutebeis tomar as

reacutedeas de sua existecircncia Assim em seu tempo eacute possiacutevel que seja dito ldquohoje porem

assim natildeo acontece os progressos que tem feito [a] sciencia medica com os numerosos

trabalhos e investigaccedilotildees da chimica tem em fim introduzido na therapeutica e posto aacute

disposiccedilatildeo dos homens da sciencia um meio prophilaticos contra estas crueis

enfermidadesrdquo

Por se tratar de um texto criado tendo como pano de fundo a medicina e seus

avanccedilos no combate agraves doenccedilas e reforccedilando o que fora dito acima aleacutem dos nomes

das doenccedilas o texto se constroacutei utilizando-se uma gama de palavras de raiacutezes gregas

neologismos adotados no seacuteculo XIX no geral para dar conta das novas praacuteticas

meacutedicas e que o nosso cirurgiatildeo faz uso indiscriminado pois haacute de se pensar o quanto

esses novos lexemas faziam parte da vida cotidiana dos leitores desse anuacutencio

100

Aleacutem das palavras pharmaceutico e cirurgiatildeo analisadas haacute pouco temos ainda

therapeutica que provecircm do verbo grego θεραπεύω (therapeacuteuo) + o sufixo κή o

mesmo utilizado nos exemplos dados anteriormente para neologismos presentes no

grego que carregavam junto agraves palavras o sentido de tecnicidade e prophilatico de

προφυλάσσω (prophylaacutesso)

θεραπεύω f ndashεύσω (θεράπων) to be an attendant do service Od 2 to

do service to the gods Lat colore deos Hes Hdt Att - to do service or

honour to onersquos parents or masters Eur Plat 3 to serve court pay court

to τινά Hdt Ar etc and in bad sense to flatter wheedle Thuc to

conciliate Id τὸ θεραπεῦον = οἱ θεραπεύοντες Id 4 of things to

consult attend to Lat inservire Id ἡδονὴν θερ to indulge one`s love of

pleasure Xen τὰς θύρας τινὸς θερ to wait at a great man`s door Id

II to take care of provide for men of the gods Thuc estv 3 θερ τὸ

σῶμα to take care of one`s person Lat cutem curare Plat 4 to treat

medically to heal cure Thuc Xen 5 θ ἡμέρην to observe a day keep

it as a feast Hdt θ τὰ ἱερά = Lat sacra procurare Thuc 6 of land to

cultivate Xen δένδρον θερ to train a tree Hdt (Liddle amp Scott

Greek-English Lexicon)

Notamos dentre o vasto campo de sentidos da palavra (que de certa forma

preservam o sentido de assistecircncia) as possibilidades de traduccedilatildeo dadas em ldquo3 to take

care of one`s personrdquo e ldquo4 to treat medically to heal curerdquo sentidos esses presentes

no entendimento da palavra uma vez adotada pela liacutengua portuguesa Cunha nos daacute o

momento da adoccedilatildeo deste lexema na liacutengua portuguesa assim como o sentido com o

qual foi adotado

terapecircutica sf lsquoparte da medicina que estuda e potildee em praacutetica os meios

adequados para aliviar ou curar doenccedilasrsquo | the- XIX | do fr theacuterapeutique

deriv do lat tard therapeutica e este do gr therapeutikeacute de therapeacuteuo lsquoeu

curorsquo () (Cunha 2010)

Podemos entrever no texto do anuacutencio a distinccedilatildeo a que se faz do que viria a ser a

chamada therapeutica por ele citado Somente em seu tempo natildeo anteriormente eacute que

101

atraveacutes dos desenvolvimentos da sciencia medica poderiam ser introduzidos na arte de

aliviar ou curar doenccedilas que eacute a therapeutica um meio prophilatico contra as

moleacutestias que danavam a sociedade novecentista paulistana A ideia de profilaxia pode

ser notada e atestada pela quantidade de tocircnicos elixires xaropes como os prometidos

pelo pharmaceutico Lagarde os quais fariam ldquocirurgicamenterdquo

Como jaacute adiantado acima prophilatico tem sua origem no verbo grego

προφυλάσσω (prophilaacutesso) uma palavra composta pelo lexema φυλάσσω (assistir e

guardar defender guardar) + a preposiccedilatildeo πρό preposiccedilatildeo esta que tambeacutem foi

adotada pela liacutengua portuguesa sendo muito utilizada em formaccedilotildees de palavras com o

sentido jaacute presente no grego de anterioridade em defesa de ou por Dessa forma temos

o sentido de προφυλάσσω

προφυλάσσω Att ndashττω f ξω to keep guard before to guard a place or

house c acc h Hom (in the Ep 2 pl imperat προφύλχθε for

προφυλάσσετε) Xen προφυλάσσειν ἐπί τινι to keep guard over a

person or place Hdt - absol to be on guard keep watch ἡ

προφυλάσσουσα (sc ναῦς) = προφυλακίς Id - Med to guard

oneself to be on one`s guard take precautions Id Thuc - c acc To be on

one`s guard or take precautions against Lat Cavere Hdt Xen (Liddle amp

Scott Greek-English Lexicon)

Segundo Cunha prophilatico eacute um lexema incorporado agrave liacutengua portuguesa no

seacuteculo XIX sendo para noacutes um poderoso exemplo de como a arte meacutedica estava se

desenvolvendo a ponto de influenciar a linguagem cotidiana Em seu dicionaacuterio

etimoloacutegico Cunha no explana o verbete

profilaxia Sf lsquoemprego de meios para evitar doenccedilasrsquo | prophilaxia 1873 | do

fr prophilaxie deriv do lat cient prophylaxis e este do gr prophyacutelaxis

lsquoprecauccedilatildeorsquo || profilaacutetico | prophilactico 1858 | do fr prophylactiqque do gr

prophylaktikoacutes (Cunha 2010)

O verbete atesta que o lexema teve sua primeira ocorrecircncia em 1858 mas

notamos pela dataccedilatildeo do anuacutencio que a palavra jaacute fazia parte do jargatildeo meacutedico em datas

anteriores agrave citada pelo lexicoacutegrafo

102

Podemos ainda apontar alguns usos lexicais neste anuacutencio que escapam agrave

linguagem meacutedica ou especializada um uso lexical que pode espelhar o niacutevel de

conhecimento do ldquomedico e pharmaceuticordquo Etienne Lagarde Seu discurso eacute todo

carregado de um ufanismo quanto agrave arte como jaacute mostrado anteriormente A pessoa que

se dispotildee a ter essa arte como profissatildeo segundo o anunciante nada mais eacute do que um

amante da populaccedilatildeo um amigo da humanidade por dela cuidar e quem sabe sarar

Assim ldquopenetrado do sentimento o mais sincero da philantropia do amor aacute sociedaderdquo

eacute que ele pode oferecer seus trabalhos Notemos que o substantivo philantropia vem

parafraseado logo em seguida de modo explicativo Ainda como demonstraccedilatildeo de seu

belo vocabulaacuterio sobre as possiacuteveis descrenccedilas daqueles que teriam contato com o

anuacutencio ele diz ldquoEstou certo que os epithetos de ndash charlatatildeo e especulador ndash ser-me-

hatildeo lanccedilados por alguns ao lerem este meu annuncio ()rdquo Penso que a escolha de

certos lexemas para a fomentaccedilatildeo de seu discurso como philantropia que logo vem

parafraseado ou mesmo epithetos em vez de qualquer outra palavra como cognome

ou ainda uma paraacutefrase para o lexema eacute feita para de certa forma mostrar ao puacuteblico

que a pessoa que anuncia tem um niacutevel consideraacutevel de instruccedilatildeo Pela palavra ele

demonstra o que fora anunciado quanto a sua formaccedilatildeo ldquocirurgiatildeo das faculdades

Pariz e do Rio de Janeiro ex-preparad[o] do Curso de Chimica da escola de

medic[i]na e pharmacia de Poi[furo]iersrdquo

As preocupaccedilotildees com a sauacutede puacuteblica refletem-se nas tentativas de contenccedilatildeo de

pestes como explanado anteriormente havendo tambeacutem a preocupaccedilatildeo com a sauacutede

pessoal como acabamos de notar nos anuacutencios que analisamos e ainda na profusatildeo de

elixires e tocircnicos vendidos logicamente nas pharmacias

A maioria dos anuacutencios onde aparece o lexema pharmacia que faz parte de nosso

corpus faz propaganda dos novos xaropes elixires e tocircnicos que satildeo verdadeiros

remeacutedios maacutegicos contra os mais variados tipos de moleacutestias os quais poderia assolar a

populaccedilatildeo brasileira do seacuteculo XIX

O lexema elixir chega agrave liacutengua portuguesa atraveacutes do aacuterabe segundo Cunha No

aacuterabe o lexema possuiacutea um sentido muito ligado ao misticismo e a faceta maacutegica

atribuiacuteda aos medicamentos em uma eacutepoca em que a medicina ainda natildeo possuiacutea um

status teacutecnico nessa cultura Contudo no grego o sentido era de medicamento

103

elixir sm bebida medicamentosa balsacircmica ou confortadora XVIII Do fr

Eacutelixir deriv Do deriv Do aacuter Eliksir pedra filosofal e este do gr Kseron

medicamento (Cunha 2010)

Segundo o lexicoacutegrafo a primeira ocorrecircncia deste lexema na liacutengua portuguesa

foi no seacuteculo XVIII mas como dito pelo pharmaceutico Etienne Lagarde somente com

ldquoos progressos que tem feito [a] | sciencia medicardquo no seacuteculo XIX eacute que se podem

encontrar anuacutencios de elixires como o seguinte

- 03 de janeiro de 1889 Satildeo Paulo Correio Paulistano

Grande descoberta|O maior sucesso da eacutepoca que atravessaacutemos eacute a descoberta

do prodigioso vegetal cujo vegetal em si a acccedilatildeo maravilhosa de destruir

todos os virus de syphilitico A descoberta deste remedio que eacute Vegetal

Por|Excellencia eacute a verdadeira Maravilha Do Seculo XIX Os

saacutebios|estudos de muitos annos e as sucessivas experiecircncias do illustrado e

intelligente|senhor M Morato deram em resultado que o grande remedio

pura exclusiva|e unicamente vegetal a que deu o nome de ldquoExilir depurativo

de M Moratordquo|cura completa e rapidamente toda syphilis curo o

rheumatismo com uma|felicidade espantosa cura a asthma e usado

convenientemente tem com | espanto de centenas de pessoas curado o

terrivel mas a|Morphegravea |A grande descoberta deste explendoroso remeacutedio eacute

a felicidade da|humanidade eacute o passo mais gigantesco dado na medicina

Procurar ldquoExilir|depurativo de M Moratordquo propagado por Doutor

Carlos|Agente Depositaacuterio Em Satildeo Paulo|Peixoto Estella amp Companhia|Rua

de Satildeo Bento nuacutemero 11| Preccedilos|20 Exilir ndash frasco 5$000 Duzia 50$000

O medicamento revolucionaacuterio ldquoa verdadeira Maravilha Do Seculo XIX rdquo

adveacutem de uma ldquoGrande descobertardquo que pode ser vista como o maior sucesso da eacutepoca

que atravessavam destinado a destruir todos os viacuterus syphiliticos O anuacutencio ainda faz

propaganda do aacuterduo trabalho em que essa descoberta se fundou pois essa maravilha se

deve aos ldquosaacutebios|estudos de muitos annos e as sucessivas experiecircnciasrdquo e que

figuravam segundo o anunciante ldquoo passo mais gigantesco dado na medicinardquo

Se por um lado o texto vem dar agrave luz o conhecimento de um novo e

revolucionaacuterio medicamento therapeutico destinado a curar toda syphilis

rheumatismos asthmas a descoberta ainda se enraiacuteza em estudos e praacuteticas

104

experimentais anteriores visto que agrave eacutepoca (1889) experiecircncias jaacute davam conta de

fomentaccedilotildees de medicamentos sinteacuteticos Dessa forma temos o discurso ligado agrave

descoberta ligado agrave novidade de um lado e de outro temos o discurso ligado ao jaacute

conhecido e que de certa forma daacute seguranccedila Assim o medicamento eacute de origem

vegetal ldquopura exclusiva|e unicamente vegetalrdquo

Os elixires como medicamento prophilatico e therapeuticos destinavam-se a sarar

as doenccedilas e assim dar novas forccedilas revitalizar tonificar os debilitados Dessa forma

forma-se como um sinocircnimo um neologismo adotado segundo Cunha em 1858

Tonico para tambeacutem dar nome a esse tipo de medicamento alimentiacutecio

- 01 de fevereiro de 1888 Campinas Diaacuterio de Campinas

O Elixir alimenticio Ducro e muito agradavel ao paladar e as pessoas a quem

mais repugnam os alimentos o tomam ateacute por gosto| Eacute um tonico

poderosissimo aconselhado para as mulheres e a crianccedilas delicadas os

velhos os convalescentes em que desperta o appetite e restabelece as forccedilas|

Convem sobretudo nos paizes quentes onde as forccedilas diminuem pela

transpiraccedilatildeo e onde se esta sujeito a molestias contagiosas - Para mais

detalhes leia-se o prospecto que acompanha cada vidro| Pariz 20 Place des

Vosges|| E EM TODAS AS PHARMACIAS

Como dito acima e seguindo com nossos estudos Cunha nos daacute verbete

tom Sm tensatildeo tono altura de um som tonalidade | XIV toom XV | do lat

Tonus -i deriv Do gr Toacutenos muacutesculo tendatildeo tendatildeo intensidade forccedila

energia tensatildeo de uma corda som de instrumento () tocircnico adj relativo

ao tom tonifica ou daacute energia diz-se do elemento que recebe o acento de

intensidade 1858 do fr tonique deriv do gr tonikoacutes () (Cunha 2010)

A associaccedilatildeo elixir = tonico quando se diz o Elixir Ducro eacute um tonico

poderosiacutessimo eacute o que nos leva a fazer uma associaccedilatildeo sinoniacutemica entre os lexemas

Dessa forma haacute um desdobramento de sentidos em ambos os lexemas dando-lhes novos

sentidos Se por um lado temos no dicionaacuterio Aureacutelio (1988) a denominaccedilatildeo de elixir

105

elixir S m 1 confeiccedilatildeo farmacecircutica de xaropes com alcoolatos 2 bebida

deliciosa balsacircmica ou confortadora 3 Fig Aquilo que tem efeito maacutegico

ou miraculoso filtro (Aureacutelio 1988)

E de tocircnico

tocircnico Adj 1 relativo a som (1) 2 que tonifica ou daacute energia 3 gram Diz-

se do elemento (vogal siacutelaba) que recebe acento de intensidade ou icto

sm4 medicamento ou cosmeacutetico tocircnico revigorante (Aureacutelio 1988)

Temos nos sentidos de ambos os lexemas significaccedilotildees que se tocam levemente

no que diz respeito agrave accedilatildeo do medicamento no corpo daquele que o ingere se tomarmos

os sentidos de forma o mais aberta quanto possiacutevel o elixir conforta enquanto bebida

balsacircmica lenitiva e o tonico daacute energia revigora Contudo se tomarmos o sentido de

equivalecircncia que o anunciante faz entre os dois lexemas notamos no uso uma

aproximaccedilatildeo muito maior do que a dicionarizada O tonico tem atributos dados pelo

dicionaacuterio apenas ao elixir ldquoO Elixir alimenticio Ducro e muito agradavel ao paladar e

as pessoas a quem mais repugnam os alimentos o tomam ateacute por gostordquo e se o elixir ldquoEacute

um tonico poderosiacutessimordquo logo tambeacutem eacute muito agradavel ao paladar Mas segundo

o dicionaacuterio Aureacutelio somente o elixir pode ter o atributo de bebida deliciosa Da

mesma forma o elixir eacute mais do que um medicamento destinado a dar somente o

conforto afinal ele eacute um tonico poderosiacutessimo que ldquodesperta o appetite e restabelece as

forccedilasrdquo Assim o medicamento therapeutico eacute destinado para os ares brasileiros pois

este faz parte dos ldquopaizes quentes onde as forccedilas diminuem pela transpiraccedilatildeo e onde

se esta sujeito a molestias contagiosasrdquo

E aqui temos o gancho para tratarmos de um assunto jaacute mencionado em capiacutetulos

anteriores sucintamente das praacuteticas sociais e das correntes de pensamento dos

brasileiros do seacuteculo XIX influenciados por iguais franceses Apesar de natildeo

abertamente notamos nos discurso do anunciante anterior a vertente meacutedica que

rapidamente foi divulgada na eacutepoca a homeophatia Fundamentada nos estudos

hipocraacuteticos que acreditava que a sauacutede se associa aos quatro humores e estes ao meio

em que vive o homem de modo que o clima pode influenciar na sauacutede deste homem

assim a homeophatia entendia a condiccedilatildeo humana Natildeo haacute menccedilatildeo clara a essa praacutetica

no discurso do anunciante poreacutem quando este diz que o elixir convecircm sobretudo nos

106

paizes quentes podemos mais que rapidamente ligar as crenccedilas tidas pelos homeopatas

ao anunciante

A homeophatia fazia grande sucesso entre os cidadatildeos brasileiros do seacuteculo XIX a

ponto de em Campinas cidade do uacuteltimo anuacutencio de cada cinco meacutedicos atuantes na

cidade dois eram homeopatas13

Essa filosofia meacutedica era demasiadamente nova agrave

eacutepoca Cunha data a entrada desse lexema na liacutengua portuguesa de 1858

homeo- elem comp do gr homoios da mesma natureza igual semelhante

que se documenta em alguns compostos introduzidos a partir do seacutec XIX na

linguagem cientiacutefica internacional () homeopatia | -thia 1858 | Do fr

homeacuteopathie deriv do al Homoumlopathie voc criado em 1796 pelo meacutedico

alematildeo SCFHahnemann () (Cunha 2010)

O Aureacutelio o dicionariza da seguinte forma

homeopatia S f Med Sistema terpecircutico criado por Christian Friederich

Samuel Hahnemann (1755-1843) que consiste em tratar as doenccedilas por meio

de substacircncias ministradas em doses diluiacutedas a ponto de se tornarem por

vezes infiniteacutesimas capazes de produzir em indiviacuteduos satildeos quadros

cliacutenicos semelhantes aos que apresentam os doentes a serem tratados ()

(Aureacutelio 1988)

A homeophatia veio associar-se no Brasil agrave fitoterapia nacional Dessa forma ldquopor

meio da homeopatia ndash e da valorizaccedilatildeo da fitoterapia tropical - a medicina cientiacutefica

europeia vinculava-se agrave medicina popular indiacutegena e afro-brasileira14

rdquo

Temos assim de um lado o pensamento cientiacutefico dos quiacutemicos que produzem

seus medicamentos tambeacutem se utilizando da fitoterapia sendo influenciados por

pensamentos homeopaacuteticos Assim como temos os que tecircm um pensamento claro de sua

praacutetica e anuncia

- 15 de outubro de 1852 Satildeo Paulo Aurora Paulistana

- 31 de outubro de 1852 Satildeo Paulo Aurora Paulistana

13

Alencastro Vida Privada e Ordem Privada no Impeacuterio In Histoacuteria da Vida Privada no Brasil

14 Idem

107

HOMŒOPATHIA PURA | RUA DIREITA NUacuteMERO 17 | O medico-

cirurgiatildeo Joseacute Maria de | Souza tem a honra de declarar a to- | das aquellas

pessoas que quizeres | honrar com sua confianccedila que elle se | acha

novamente residindo nesta ci- | dade rua Direita nuacutemero 17 onde continuacutea |

a exercer a sua profissatildeo pelo syste- | ma homœopathico e onde seraacute encon- |

trado a qualquer hora do dia ou da | noite O annunciante tambem arran- | ca

lima e chumba dentes e faz todas | as outras operaccedilotildees que diz respeito | a

esta arte com a maior perfeiccedilatildeo|| Os pobres seratildeo tratados gratuita- | mente

A praacutetica philantropica eacute muito comum entre os homeopatas da eacutepoca tratando

dos enfermos pobres gratuitamente Alencastro nos relata que o pensamento dos

homeopatas era ldquofazer no Brasil lsquonovos Matusaleacutens [] e concorrendo para o bem

geral da humanidaderdquo Com o advento dessa praacutetica meacutedica fundam-se no Brasil do

seacuteculo XIX escolas destinadas a formar novos praticantes assim como a fomentaccedilatildeo de

toda uma bibliografia que assistisse a esse puacuteblico

- 05 de fevereiro de 1867 Satildeo Paulo Correio Paulistano

NA CASA GARRAUX || LARGO DA SEacute || Encontra-se os artigos seguintes

||Papel para desenho || Papel de luto || Papel de peso || Papel almasso || Papel

florete || Papel Hollanda || Papel de phantasia || Papel de cartas || Enveloppes

brancos || Enveloppes de cores || Enveloppes de luto || Enveloppes

commerciaes || Enveloppes forrados de panno || Cartotildees de visita || Ditos para

casamentos || Tinteiro de vidro || Tinteiro de crystal || Tinteiro de bronze ||

Tinteiro ricos de phantasia || Pennas de accedilo de varias qualidades || Pennas de

ave || Sinetas || Canivetes || Pacas de cortar papel || Lacre || Obreiras ||

Imagens || Quadros de devoccedilatildeo || Desenhos || Albuns para desenhos || Aacutelbuns

para photographia || Quadros para photographia || Carteiras || Estojos de

viagem || Caixas de perfumaria || Caixas de papelaria || Caixas de costura com

musica || Caixa de mathematicas || Caixas de tintas || Tintas de escrever ||

Livro de direito || Livros de litteratura || Livros de devoccedilatildeo || Livros de

educaccedilatildeo || Livros de homœopathia || Livros de missa || Horas Marianas ||

Livros de luxo para presentes || Objectos de phantasia para presentes || Lapis ||

Baralho de cartas || Baralhos de cartas de phantasia || Bengallas || Livros para

apontamentos || Stereoscopos || Folhinhas do anno || Pastas || E muito mais

objectos || Grande sortimento de papel pintado | para forrar casas fabricados

em Paris | desde 500 reacuteis a peccedila para cima | Guarniccedilatildeo roda-peacute paisagens

108

etc | Esta casa recebe directamente da Europa todos seus livros e mercado- |

rias e destrsquoarte poacutede offerecer aacutes pessoas que a Ella se dirigem considera- |

veis vantagens

Assim na casa Garraux dentre vaacuterias outras literaturas e materiais de papelaria

podia-se encontrar Livros de homœopathia

Seguindo a ordem natural dos neologismos que possuem uma histoacuteria de uso

abundante como eacute loacutegico medicamentos adjetivado pelo neologismo criado a partir do

substantivo homeopathia homeopathicos

- 26 de maio de 1872 Campinas Gazeta de Campinas

Medicamentos Homeopathicos|No estabelecimento do Roso amp Filho em

liquidaccedilatildeo aacute rua do Commercio nuacutemero 45 encontra-se sempre grande

sortimento destes medicamentos em tinturas globulos e opodeldoc de

Bryonia Rhux para rheumatismo do laboratoio do doutor Cochrane amp

Pinho do Rio de Janeiro bem assim livros homeopathicos

Esses remeacutedios concorriam pela preferecircncia do puacuteblico com os medicamentos

produzidos pelos quiacutemicos fitoteraacutepicos licenciados pela junta de Hygiene do Imperio

do Brazil15

vendidos nas pharmacias destinados aos tratamentos das mesmas moleacutestias

como o rheumatismo diabete cystites epilepsia gonorrhea16

e muitas outras

Munindo a populaccedilatildeo brasileira de possibilidades de cura agraves doenccedilas mesmo aos

pobres que natildeo podendo pagar pelo tratamento tinham a sauacutede assegurada pelos

philantropos eacute que se poderia garantir uma civilizaccedilatildeo disposta a avanccedilar em direccedilatildeo ao

status de naccedilatildeo que o paiacutes queria alcanccedilar

15

Nos apecircndices estatildeo as fichas das palavras analisadas neste trabalho Notaratildeo que na ficha destinada

ao lexema hygiene haacute uma recorrente menccedilatildeo a junta de hygiene do Imperio do Brazil nos anuacutencios de

medicamentos natildeo homeopaacuteticos Podemos entender essa menccedilatildeo como um aval de um oacutergatildeo puacuteblico

a fomentaccedilatildeo de medicamentos a partir de uma praacutetica que possa ser vista como mais cientiacutefica em

oposiccedilatildeo agraves praacuteticas homeopaacuteticas

16 Ver apecircndices

109

9 Conclusotildees

O trabalho natildeo daacute conta de todas as entradas lexicais levantadas que satildeo

apresentadas nos apecircndices Essas estatildeo postas na sessatildeo para servir de amostragem do

corpus Poreacutem julgamos que o retrato mesmo que 34 das entradas lexicais e a

influecircncia dessas adoccedilotildees no leacutexico da Liacutengua Portuguesa alcanccedilou o que nos

propusemos a fazer quando foi pensado o projeto

Tentamos neste trabalho e esperamos que a contento apontar alguns movimentos

da sociedade brasileira rumo agrave civilidade em seu projeto de naccedilatildeo

Comungamos da crenccedila muito bem apresentada por KRISTEVA (1969) em sua

Histoacuteria da Linguagem quando esta dizendo sobre as novas formas de entendermos o

homem apresenta-nos uma nova ferramenta a linguagem nos ensina

ldquoQuanto agrave concepccedilatildeo da linguagem como ltltchavegtgt do homem e da histoacuteria social

como via de acesso agraves leis do funcionamento da sociedade essa talvez constitua uma das mais

importantes caracteriacutesticas da nossa eacutepocardquo

Acreditamos que desenvolver o raciociacutenio a partir da historiografia da evoluccedilatildeo

humana dentro da perspectiva eurocecircntrica nos deixa perceber alguns passos escolhidos

assim como os discursos que foram adotados para jusificar aqueles passos Mostramos

como o imaginaacuterio de projeto de naccedilatildeo ocorrido em Portugal de certa forma se repete

no Brasil do seacuteculo XIX O discurso que atrela civilidade e modernidade eacute recorrente

nos dois momentos

A escolha por partir dos anuacutecios de jornais acreditamos conseguiu dar conta da

proposta de levantar uma amostragem real dos discursos que corriam como ideaacuterio no

Brasil

Entatildeo atraveacutes dos discursos ocorridos no seacuteculo XIX tentamos explanar um

pouco da histoacuteria social brasileira Notamos as passagens do velho para novo quando

as leis que se faziam operantes natildeo deixam de existir mas se modificam ora se

modificando totalmente ora se complementando e se expandindo Artefatos novos para

velhos trabalhos palavras formadas por raiacutezes morfoloacutegicas antigas para nomear a

novidade E dessa forma temos pelo estudo da linguagem uma possibilidade de leitura

de um mundo

110

Pode-se chegar a determinados pontos por diversos caminhos Verdade

Escolhemos trabalhar com os lexemas de base morfoloacutegica grega por uma equaccedilatildeo ateacute

que bem faacutecil de entender Sabemos que as inovaccedilotildees tecnoloacutegicas satildeo os motores mais

importantes para os avanccedilos do homem no processo civilizatoacuterio E as tecnologias ateacute

meados do seacuteculo XX buscavam no grego as suas terminologias Assim as ligaccedilotildees

ficam expliacutecitas e justificamos o trabalho

111

10 Bibliografia

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de Linguumliacutestica Aplicada Universitat Pompeu Fabra 2003

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Odysseus Editora 2006 ndash (Coleccedilatildeo Kouacuteros)

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Florianoacutepolis LLVCCEUFSC 2010

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- MELO Joseacute Marques de Sociologia da Imprensa Brasileira a implantaccedilatildeo Prefaacutecio

de Luiz Beltratildeo Petroacutepolis Vozes 1973

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ensaio de Italo Calvino ndash Satildeo Paulo Ed 34 2011

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101 Bibliografia online

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entry3Dw28rolo2Fgion ndash dia 21092018 agraves 2050hrs

httpwwwperseustuftseduhoppertextdoc=Perseus3Atext3A19990400573A

entry3Dfarmakeutiko2Fs ndash 09072018 agraves 1532hrs

httpwwwperseustuftseduhoppertextdoc=Perseus3Atext3A19990400593A

entry3Dpharmaceuticus - 09072018 agraves 1611hrs

httpenwikipediaorgwikiGalen - 09072018 agraves 1653hrs

httpptwikipediaorgwikiHomeopatia - 23072018 agraves 1346hrs

httpwwwinfoescolacomquimicaquerosene - 2307 agraves 1732hrs

httpwwwgelhospedagemdesiteswsestudoslinguisticosvolumes32htmmesaredom

r004htmestudoslinguisticosvolumes32htmmesaredomr004htm (25032019)

httpsptwikipediaorgwikiRenascenC3A7a_carolC3ADngia

116

httpwwwmuseudaenergiaorgbrmedia6315311pdf

httpwwwgelhospedagemdesiteswsestudoslinguisticosvolumes32htmmesaredom

r004htmestudoslinguisticosvolumes32htmmesaredomr004htm (2503)

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117

11 Apecircndices

111 Lexemas ligados agrave cultura

PALAVRA BIOGRAPHIA

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

- bio- elem Comp do Gr biacuteos lsquovidarsquo

que se documenta em numerosos

compostos da linguagem cientiacutefica

internacional a partir do seacutec XIX ()

biografia | -phia 1825 ()

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

biografia Sf descriccedilatildeo ou histoacuteria da

vida de uma pessoa

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 25 de abril de 1852 Aurora Paulistana

Satildeo Paulo

ATTENCcedilAtildeO | A Farrapeida| Recebem-

se nesta typogra|phia assignaturas para um

| opusculo que breve sahiraacute aacute | luz com o

titulo acima e con- | teraacute cerca de 120

paginas Ersquo | um poema em que se descre-

| vecirc a biographia dos princi- | paes

membros do partido - | Venda-grande ndash

118

nesta provin- | cia e dividido em 5 cantos

dos quaes estatildeo jaacute na typogra- | phia os

tres primeiros cujos titulos satildeo | I A

CARA-SUGEIDA | precedida de uma

estampa | representando um individuo |

desejando surprehender os | segredos de

uma bella Con- | deccedila | II A

CARRONrsquoIHEI- | DA ou as magicaturas

pre- | cedida igualmente de uma ca- |

ricatura | III A JANISTROQUEI- | DA

ou factos historicos bio- | graphia

completa de um ca- | valheiro muito

conhecido a | caricatura que precede este |

canto eacute muito curiosa | Preccedilo de cada

exemplar | 1$ reis pagos ao receber o |

exemplar

PALAVRA EPITHETO

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

epiacuteteto sm lsquopalavra ou frase que

qualifica pessoa ou coisarsquo lsquocognomersquo |

epytheton XVI | do fr eacutepithegravete deriv do

lat epitheton ndashi e este do gr epiacutetheton

()

119

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

epiacuteteto sm 1 palavra ou frase que

qualifica pessoa ou coisa 2 V cognome

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 4 de marccedilo de 1853 Satildeo Paulo Aurora

Paulistana

CURA CERTA | e em pouco tempo de

todas as enfermidades provenientes de

vicio san- | guineo como ndashescrophulas

tube[r]- | culos lepra syphylis etc etce

[ilegiacutevel] | particular as affecccediloens de

pape[ilegiacutevel] | em seu principio ||

Etienne Lagarde || Pharmaceutico e

cirurgiatildeo das faculdades | Pariz e do Rio

de Janeiro ex-preparad[o] | do Curso de

Chimica da escola de medic[i]- | na e

pharmacia de Poi[furo]iers membro da

s[o]- | ciedade medica da mesma cidade e

corres- | pondente de algumas sociedades

scientificas || Attenccedilacirco || A experiencia

junto aacute perseveranccedila qu[e] | hoje tem sido

meus uacutenicos guias no trata[men]- | to das

enfermidades acima mencionadas os |

caracteres horriveis que ellas apresentatildeo |

desgostos que sobrevem as pessoas que

satildeo de | las attacadas deviatildeo naturalmente

attrahir | attenccedilatildeo de todo o homem amigo

da huma- | nidade || Antigamente estas

enfermidades se consi- | deravatildeo com um

120

principio contagioso o que | obrigava os

doentes a buscar longe das povo- | accedilotildees

uma morada tranquilla que lhes permi- |

tisse esperar com paciencia a hora que [o]

| Creador tivesse determinado para pocircr

term[]| a todos os seus soffrimentos hoje

porem assim | natildeo acontece os progressos

que tem feito [a] | sciencia medica com os

numerosos trabalhos | e investigaccedilotildees da

chimica tem em fim intro- | duzido na

therapeutica e posto aacute disposiccedilatildeo | dos

homens da sciencia um meio prophilati- |

cos contra estas crueis enfermidades

fazendo | assim esperar uma prompta cura

a todos | aquelles que o quizerem abraccedilar

|| Penetrado do sentimento o mais sincero

da | philantropia do amor aacute sociedade

offereccedilo o[s] | meus recursos meacutedicos e

pharmaceuticos ad- | quiridos por um

aturado e longo estudo da na- | tureza

humana Ersquo pois com os medicamen- | tos

preparados por minhas proacuteprias matildeos

qu[e] | me proponho a curar a todos

aquelles que m[e] | quizerem procurar ||

Estou certo que os epithetos de ndash

charlatatildeo | e especulador ndash ser-me-hatildeo

lanccedilados por al- | guns ao lerem este meu

annuncio porem natildeo | seraacute por homens

sensatos que serei assim [ilegiacutevel] | xado

O sabio indaga consulta ouve [ilegiacutevel] |

entre voacutes (como eu creio) existe algum

rec[ilegiacutevel] | conhecimento recebei de

antematildeo toda a mi- | nha gratidatildeo || A

121

voacutes enfermos eu dirijo meus offereci- |

mentos eu saberei consolar-vos e talvez

da[r]- | vos a panaceacutea beneacutefica da saude

que tan[furo] | desejaes || Seja o

reconhecimento o fructo de meu[s] |

trabalhos e o uacutenico tributo que desejo

obte[r] | daquelles que me quizerem

honrar com sua[s] | consultas|| Dirijatildeo-se

ao Hotel Paulistano na rua d[e] | Satildeo

Bento nuacutemero 35

PALAVRAS SYSTEMA

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

sistema sm conjunto de elementos

materiais ou ideais entre os quais se possa

encontrar ou definir alguma relaccedilatildeo

meacutetodo processo | sys- 1810 | do fr

Systegraveme deriv Do lat Tard Systema e

este do gr Syacutestema

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

sistema Sm1 conjunto de elementos

materiais ou ideias entre os quais se possa

encontrar ou definir alguma relaccedilatildeo 2

disposiccedilatildeo das parts ou dos elementos de

um todo coordenados entre si e que

122

funcionam como estrutura organizada 3

reuniatildeo de elementos naturais da mesma

espeacutecie que constituem um conjunto

intimamente relacionado 4 o conjunto

das instituiccedilotildees poliacuteticas eou sociais e dos

meacutetodos por elas adotados encarados quer

do ponto de vista teorico quer do de sua

aplicaccedilatildeo praacutetica 5 reuniatildeo coordenada e

loacutegica de priciacutepiosou ideacuteias

relacionadasde modo que abranjam um

campodo conhecimento 6 conjunto

ordenados de meios ou ideacuteias tendente a

um resultado plano meacutetodo 7 teacutecnica ou

meacutetodo empregado para um fim preciacutepuo

8 modo maneira forma 9 complexo de

regras ou normas 10 haacutebito particular

costume 11 anat conjunto de oacutergatildeos

compostos do mesmo tecido e que

desempenham funcotildees similares 12

biolcoodenaccedilatildeo hierarquica dos seres

vivos em um esquema loacutegico e metoacutedico

segundo o princiacutepio de subordinaccedilatildeo dos

caracteres 13 comun conjunto particular

de instrumentos e convenccedilotildees adotados

com o fim de dar um informaccedilatildeo 14 fiacutes

parte limitada do universo sujeita a

observaccedilatildeo imediata ou mediata e que

em geral pode caracterizar-se por um

conjunto finito de variaacuteveis associadas a

grandezas fiacutesicas que a identificam

univocamente 15 geolconjunto de

terrenos que correspondem a um periacuteodo

geologico 16 ling conjunto de elementos

123

linguiacutesticos solidaacuterios entre si 17 ling a

proacutepria lingua quando encarada sob um

aspecto estrutural 18 muacutes qualquer seacuterie

determinada de sons consecutivos ()

PERIOacuteDICOS

DATAS

E

CIDADES DE ORIGEM

- 24 de abril de 1870 Campinas Gazeta

de Campinas

PHOTOGRAPHIA CAMPINENSE DE

HENRIQUE ROSENI|28-RUA

DIREITA-28|Tira-se retratos todos os dias

e por todos os systemas Para familia - os

preccedilos satildeo reduzidos consideravelmente

- 29 de setembro de 1870 Campinas

Gazeta de Campinas

E Athouguia cirurgiatildeo dentista aprovado

pela academia de medicina do Rio de

Janeiro colloca dentaduras pelos systemas

melhores e mais mdernos (como jaacute

annunciou) limpa e chumba os dentes

cariados cauteriza-os com antecedencia

afim de tirar-lhes toda a sensibilidade

nervosa tira os defeito provenientes de

uma maacute regularidade desses orgatildeos cura

124

todas as molestias da bocca e faz

obturadores apparelhos essenciaes tanto

para o asseio da mesma como para a boa

pronunciaccedilatildeo tendo pleno conhecimento

das molestias e de sua applicaccedilatildeo offerece

seus prestimos gratuitamente aacutes pessoas

menos abastadas Quem precisar dirija-se

ou por escripto ao largo da Matriz Velha

junto do sino grande

- 25 de fevereiro de 1872 Campinas

Gazeta de Campinas

Grande sortimento de garampos para

prender o cabello novo systhema Em

casa de Leon Hertz -66

- 08 de agosto de 1872 Campinas Gazeta

de Campinas

ESPECIALIDADE|| Acha-se aberto no

largo da Matriz-nova nuacutemero 2C um

armazem de assucar de todas as

qualidades|Recebe-se mensalmente

grande porccedilatildeo de assucar de Pernambuco

das melhores qualidades desde o alvo

125

fino ateacute o mascavo|Recebe assucar

refinado de 1ordf e 2ordf qualidade pelo

processo de crestalisaccedilatildeo bastante

conceituado entre os que conhecem esses

systemas de clarear depurar e

cristalisar|Recebe igualmente refinado a

braccedilos pelo systhema comum e das mais

acreditadas refinaccedilotildees do Rio de

Janeiro|Vende-se o assucar cruacute de meia

arroba para mais havendo grande

abatimento comprando em saccos|

Vende-se o refinado tambem de meia

arroba para mais havendo grande

abatimento comprando embarricada

- 14 de junho de 1874 Campinas A

Mocidade

O retratista photographo Evaristo

Brasileiro de Campos Mello esperando

uma nova officina que lhe vem

directamente da Europa previne a seus

amigos e fregezes que continuaraacute a tirar

retratos por qualquer systema pelos

preccedilos do costume garantindo um grande

melhoramento em seu trabalho espernado

por isso merecer sempre confianccedila deste

cavalheiro e generoso povo Campineiro|

A 5000 A DUZIA

126

- 14 de outubro de 1874 Campinas A

Mocidade

PEDE-SE TODA||ATTENCcedilAtildeO|| Aos

senhores fazendeiros|| Ferreira Novo amp

Filho participaratildeo aos senhores

fazendeiros e negociantes que continuatildeo a

comprar cafegrave em maior quantidade do que

faziam ateacute hoje achando-se para isso

habilitados por acabarem de contractar

com algumas das principais casas

exportadoras a fazerem grandes compras

Nosso systema de compras seraacute

Comprar toda e qualquer quantidade de

cafegrave quando beneficiado o prompto

recebemos ou com poucos dias de

demora depois da venda| Pedimos a todos

os senhores fazendeiros qua quando

tenhatildeo cafegrave em qualquer quantidade

promptoe queiratildeo vender a bondade de

nos procurarem pagando sempre no dia da

venda maior preccedilo que permitir o estado

do cafegrave nos principais mercados do paiz

da America e da Europa habilitando-nos

para podermos fazer tatildeo grande vantagem

aos senhores lavradores o telegrapho que

acaba de collocar em comunicaccedilatildeo diaria

esta florescente cidade com aqueles

127

principaes mercados

- 21 de outubro de 1874 Campinas A

Mocidade

Photographia

Campinense||DE||HENRIQUE ROSEN||

50 - RUA DIREITA - 50||Em

consequencia de novos melhoramentos

introduzidos no salatildeo de vidro deste bem

conhecido estabelecimento photographico

o mais antigo da provincia tira-se de hoje

em deante retratos perfeitos das 7 horas da

manhatilde ateacute 5 da tarde e com qualque[r]

tempo sendo preferidos os dias cobertos

e chuvosos| Trabalha-se todos os dias e

por todos os systemas Especialidades -

Retratos coloridos a Crozat e aquarela

Esmaltados Bombeacute Cabinet e Mezzo

Tinto dos quaes os ultimos imitando

porcellana foratildeo introduzidos nesta

provincia pelo annunciante e satildeo tirados

soacutemente no estabelecimento do mesmo|

Os retratos da phptographia simples tiratildeo-

se ainda pelo preccedilo baratiacutessimo de 6$000

a duzia pagando adeantado| O

annunciante esera conrinuar a merecer a

affluencia e valiosa protecccedilatildeo dos seus

numerosos amigos e freguezes - convida

128

ao respeitavel publico em geral para

examinar sua extense e variada galeria|

CASA FILIAL A PHOTOGRAPHIA

CAMPINENSE|| Satildeo Joatildeo do Rio-Claro||

20 - RUA DO COMMERCIO - 20|| (Perto

da Collectoria)

- 01 de fevereiro de 1888 Campinas

Diaacuterio de Campinas

Officina de espingardeiro||RUA

GENERAL OZORIO 102 A|Nesta antiga

e muito conhecida officina continuam-se a

trabalhar com perfeiccedilatildeo e solidez em

consertos de armas de fogo de qualquer

systema| Envernizam-se espingardas

com perfeiccedilatildeo tal de competir comas

novas Bem como fabricam-se qualquer

peccedila nova e tudo que diz respeito a essa

arte| Facas de prata trabalhadas aacute

capricho| Garante-se a maxima perfeiccedilatildeo

na execuccedilatildeo dos trabalhos que a esta casa

forem confiados|| PRECcedilOS MODICOS||

BALTHASAR BRUNI|| RUA GENERAL

OZORIO 102 A|| CAMPINAS

- 10 de dezembro de 1828 Satildeo Paulo O

129

Farol Paulistano

Joatildeo Francisco Espingardeiro de Paris

avisa|ao Respeitavel Puacuteblico drsquoesta

Cidade que elle tem| um sortimento de

espingardas de um novo systema|

chamado Pistatildeo cuja superioridade eacute

incontestavel a|respeito das de

pedra_Tambem poem as de pedra|ao

systema novo e faz com o maior cuidado

todos os| concertos de sua profissatildeo sua

residecircncia eacute na Rua| do Rozario nuacutemero

24

- 22 de janeiro de 1879 Satildeo Paulo

Correio Paulistano

PHOTOGRAFIA|AMERICANA|RUA

DA IMPERATRIZ|Satildeo PAULO| O

propretaacuterio deste estabelecimento de

volta de sua viagem aacute Europa continua a

trabalhar no mesmo estabelecimento o

qual se acha augmentado com machinas e

utensiacutelios os| mais modernos|Neste

estabelecimento que conta 16 annos de

existencia (o mais antigo deste proviacutencia)

continua-se a trabalhar por todos|os

sistemas de photografias desde o retrato

130

em a|mais pequena miniatura ateacute o

tamanho natural|Encarrega-se de mandar

pintar em Pariz pelos melhores pintores

qualquer retrato em|busto ou corpo

inteiro a oleo pastel ou aquarella

bastando para isso um pequeno retrato|da

pessoa que se quizer retratar|Trabalhar-se

todos os dias das 10 horas da manhatilde aacutes 4

horas da tarde natildeo importa o tempo

chuvoso|OS SENHORES

PHOTOGRAFOS|encontraratildeo neste

estabelecimento tudo que eacute mister aacute

mesma arte e pelos preccedilos do Rio de

Janeiro|Retratos de ateacute Reacuteis 5$ a duacutezia

- 13 de julho de 1879 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

SALAtildeO CONIMBRICENSE|30 A ndash Rua

da Imperatriz ndash 30 A| Neste bem montado

estabelecimento encontraratildeo as

excelentiacutessimas famiacutelias um grande

e|variado sortimento de posticcedilos de

cabelos de todas as cores como sejam

tranccedilas coques|caeche-peignes topetes e

grampos frisados penteados pelos

systemas mais modernos|Os preccedilos satildeo

sempre mais baratos do que em qualquer

outra parte|SALAtildeO

131

CONIMBRICENSE|30 A ndash Rua da

Imperatriz ndash 30 A|Joseacute da Cunha

Fachadas|Satildeo Paulo

- 27 de fevereiro de 1889 Satildeo Paulo

Correio Paulistano

Engelberg Siciliano amp

Companhia|Machinas para

lavoura|privilegiadas pelo governo

imperial|Satildeo Paulo|No empenho de tornar

cada vez mais conhecidas as vantagens

que sobre|quaesquer outras offerecam as

nossas excellentes machinas para a

lavoura|chamamos a atenccedilatildeo do senhores

fazendeiros para o seguinte|descascador

de cafeacute do ldquoengelbergrdquo|O descascador

ldquoEngelbergrdquo eacute o unico que absolutamente

natildeo quebra cafeacute|apresentando aleacutem desta

incontestavel vantagem outras muitas

taes como--|grande simplicidade e

solidez dispensando os tantos concertos

que satildeo|precisos em outras beneficio

perfeitissimo devido ao seu excepcional e

|unico systema pelo qual o cafeacute se

descasca brandamente sem estragar-se

conservando por muito tempo a sua cocircr

natural e sendo por isso muito apreciado e

procurado em todos os mercados natildeo se

132

perde nenhum gratildeo de cafeacute porque a palha

sahe de tal modo moiacuteda que eacute impossivel

envolver cafeacute algum|natildeo acontecendo o

mesmo com outros descascadores os

quaes apezar de|moerem o cafeacute deixam a

palha quase inteira envolvendo-se nella

grande|quantidade de gratildeos que afinal se

perdem por na poderem ser

separados|occupa menor forccedila do que

qualquer outro descascador para

beneficiar a|mesma quantidade havendo

aleacutem disso grande economia de lenha e

tempo| Enfim os numerosos attestados

que recebemos diariamente de

illustrados|fazendeiros e as experiencias

feitas por muitas vezes em cotejo com

outras|machinas em cujas experiencias

tem-se observado que os nossos

descascadores|sugmentam a safra ateacute dez

por cento satildeo elementos mais que

sufficientes para | comprovar o que

dizemos|E se isso ainda natildeo focircr bastanto

nos obrigamos a pagar a quantia de reacuteis

50$000|por arroba de cafeacute que sahir

quebrado de nossa machina condiccedilatildeo essa

que nos | poderaacute impor qualquer

comprador|Ainda mais -- faremos

prezente de um descascador de qualquer

tamanho|dos de nossa invenccedilatildeo a quem

quizer nos dar em troca o cafeacute que sobrar

do cotejo com outro descascador de

differente systema tomando-se como

base|quantidade egual de cafeacute em cocircco

133

calculada para dar dez mil

arrobas|beneficiadas|Quer isto dizer que o

nosso descascador nas primeiras mil

arrobas de cafeacute que | beneficia jaacute

proporciona para o fazendeiro uma

economia cujo valor eacute superior|ao seu

custo|Diante de vantagem tatildeo reaes e

incontestaveis excusado eacute encarecer os

meritos desta machina e para sua

significativa importancia nos limitamos a

reclamar em|geral a attenccedilatildeo da lavoura

do paiz a favor da qual revertem os seus

beneficios|Ventilador de cafeacute em

cocircco|Apartador de pedras|Esta machina

tambem muito simples de tatildeo solida

construcccedilatildeo como a|precedente torna se

egualmente necessaria por ser de grande

vantagem e de|reconhecia utilidade

notadamente nas fazendas situadas em

terrenos|pedregosos|Atenuando

consideravelmente a penosa lide da

lavagem do cafeacute proporciona

ao|fazendeiro uma grande economia de

tempo em relaccedilatildeo aacutequelle

prejudicial|systema|O nosso ndash Ventilador

para cafeacute em cocircco ldquoApartador de pedrasrdquo

duas machinas|adaptadas nrsquouma soacute peccedila

pelo que dispensa completamente o antigo

ventilador|para cafeacute em cocircco preencheu

perfeitamente a lacuna que existia na

lavoura|e tanto eacute isso verdade que

continuamos a receber constantemente

pedidos dessa excellente uacutenica e tatildeo

134

invejada machina|Machina de beneficiar

arroz Evaristo Conrado|Este prodigioso

producto da machina eacute superior a todo o

encocircmio que se lhe|possa fazer e para

comprovar o que avanccedilamos basta nos-aacute

lembrar o imenso|sucesso que acaba de

obter nos Estados Unidos da America

onde cauzou|assombro a sua apresentaccedilatildeo

um publico organizando-se desde logo

uma|companhia com o elevado capital de

um milhatildeo de dollars para desenvolver

o|seu fabrico em grande escala conforme

reclama a procura|A superioridade desta

machina sobre qualquer outra eacute tatildeo

sensiacutevel que a tornaunica no mundo De

uma solidez e simplicidade extremas

dispensa o serviccedilo|de machinista

profissional para dirigil-a sem prejudicar

nem mesmo de leve|este resultado-- natildeo

quebra arroz brune-o com admiraacutevel

perfeiccedilatildeo e|toda a casca pondo-a em

condiccedilotildees de prestar-se a diversos

msisters de grande|utilidade|Aleacutem disto a

machina ldquoEvaristo Conradordquo soacute occupa

um pequeno espaccedilo para | seu

funccionamento quando as outras

existentes sobre serem deficientes

em|seus resultados satildeo de grandes

complicaccedilotildees e de preccedilo

extraordinariamente|maior sendo ainda de

dispendiosissima montagem

135

- 15 de outubro de 1852 Satildeo Paulo

Aurora Paulistana

HOMŒOPATHIA PURA | RUA

DIREITA NUacuteMERO 17 | O medico-

cirurgiatildeo Joseacute Maria de | Souza tem a

honra de declarar a to- | das aquellas

pessoas que quizeres | honrar com sua

confianccedila que elle se | acha novamente

residindo nesta ci- | dade rua Direita

nuacutemero 17 onde continuacutea | a exercer a sua

profissatildeo pelo syste- | ma homœopathico

e onde seraacute encon- | trado a qualquer hora

do dia ou da | noite O annunciante

tambem arran- | ca lima e chumba dentes

e faz todas | as outras operaccedilotildees que diz

respeito | a esta arte com a maior

perfeiccedilatildeo|| Os pobres seratildeo tratados

gratuita- | mente

- 5 de fevereiro de 1867 Satildeo Paulo

Correio Paulistano

ATTENCcedilAtildeO || Chegou aacute rua da

136

Imperatriz nuacutemero 4 os seguintes |

instrumentos de musicas os quaes seratildeo

ven- | didos a preccedilos ainda menores que os

do Rio | de Janeiro || Grandes sortimentos

de clarinetas de eacutebano e | buxo com 13

10 e 17 chaves em si b || Ditas de eacutebano

com 13 chaves em doacute e laacute || Grandes

sortimentos de palhetas para as mes- |

mas e requinta || Flautins de eacutebano e

buxo com 4 5 e 6 cha- | vecircs de prata e

diversos tons || Completo sortimento de

instrumentos de me- | tal para banda

militar e orchestra sendo tudo | pelo

systema sax o mais moderno que ha ||

Arvores de campainhas bumbos flautas

di- | versas cavaletes para rabecatildeo

estandartes para | violatildeo-cello surdinas

para rabeca metronomos | para marcar

compasso differentes bocaes para |

instrumentos de metal violotildees diapasatildeo

nor- | mas etc etc | Na mesma casa ha

sempre grande sortimento | de musicas

para piano e canto orchestra e to- | dos os

instrumentos || N B Para qualquer

instrumento comprado | nesta casa ha

methodos e escallas

PALAVRA THEATRO

137

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

teatro Sm orig local onde se

representam obras dramaacuteticas oacuteperas etc

exta arte de representar o palco | the-

XV | do lat Theatrum -e ()

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

teatro Sm 1 edifiacutecio onde se

apresentam obras dramaacuteticas oacuteperas etc

2 A arte de representar o palco 3

coleccedilatildeo das obras dramaacuteticas de um autor

eacutepoca ou naccedilatildeo 4 lugar onde se passa

algum acontecimento memoraacutevel palco

()

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 01 de outubro de 1879 Satildeo Paulo O

Constituinte

THEATRO SAtildeO JOSEacute|Companhia

Lyrica Italiana|EMPRESA ANGELO

FERRARI|O empresaacuterio Angelo Ferrari

desejando corresponder ao graciozo

convite de muitas pessoas drsquoessa culta

cidade de Satildeo Paulo resolveu dar uma

seacuterie de 12 reacutecitas apresentando nrsquoeste

numero as operas mas applaudidas de seu

repertorio incluindo O GUARANY do

138

distincto CARLOS GOMES|As

apreiaccedilotildees da imprensa drsquoesta cocircrte cuja

critica tem-se referido aacute exhibiccedilatildeo de cada

opera dispensa elogio aos artistas que

compotildee o elenco da companhia e cujos

nomes satildeo sobejamente conhecidos tanto

na Europa como na America|Aos

illustriacutessimos senhores A L Garraux amp

Companhia podem dirigir-se os|senhores

que assignaram para as 12 reacutecitas que

devem comeccedilar nos pri|meiros dias de

Novembro e aquelles senhores acham-se

auctorisados para|receberem a respectiva

entrada|O elenco eacute composto dos artistas

da companhia jaacute conhecidos|pelas

publicaccedilotildees nas folhas drsquoesta cocircrte

inclusive a primeira dama|soprano Maria

Durand e o primeiro tenor F Tamagno A

orchestra|contando haacutebeis professores e

regida pelo distincto

maestro|CAVALHEIRO N BASSI |Rio

de Janeiro 26 de sentembro de 1870|A

Ferrari

- 5 de outubro de 1852 Satildeo Paulo

Aurora Paulistana

- 15 de outubro de 1852 Satildeo Paulo

Aurora Paulistana

139

JOSErsquo PHILIPPE SALMAN mora | dor

na rua de Satildeo Bento nuacutemero 16 participa

| ao respeitavel publico e especialmente |

aos seus freguezes que elle tem para |

vender um completo sortimento do |

oculos de todas as qualidades lunetas |

vidros avulsos oculos de alcance di- | tos

para theatro bengallas ampc ampc | na

mesma casa continua-se a vender | e

concertar relogios de todas as qua- |

lidades

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

Theatro Satildeo Joseacute || GRANDE

COMPANHIA | DE | OPERA-COMICA

E OPERETAS | DO | Theatro SantrsquoAnna

da Cocircrte || EMPREZA HELLER ||

Continuaccedilatildeo dos festejos da | Aboliccedilatildeo ||

HOJE || HOJE || Terccedila-feira 15 de Maio

de 1888 || 4ordf reacutecita de assignatura ||

Representar-se-ha pela primeira vez |

nesta capital a opera-comica fantastica | de

grande espectaculo em 3 actos e 7 |

quadors de Dumanoir e d Ennery tra- |

ducccedilatildeo de Eduardo Garrido ә do doutor

Mo- | reira Sampaio musica original do

dis- | tincto maestro brazileiro Miguel

140

Cordozo || O Ramo de Ouro || Tiacutetulo dos

quadros || 1 a heranccedila do tio Andreacute 2 a

caccedilada | real 3 a Burra de Martinho 4 o

poder | do Ramo 5 O genio e a fada 6 o

amo | de Branca 7 o palaacutecio encantado ||

Os scenarios novos satildeo devidos ao ha- |

bil pincel do distincto scenographo Car- |

rancine || Os vestuarios satildeo todos novos e

riquis- | simos feitos nas officinas do

theatro | SantrsquoAnna sob a direcccedilatildeo do

senhor Lisboa | e de Mm Victorina

Pezanna || Todos os adereccedilos novos

feitos tam- | bem nas officinas do theatro

sob a direc- | ccedilatildeo dos senhores Joseacute Dias e

Jardim || A musica eacute ensaiada pelo

maestro da | comanhia do senhor Miguel

Cardoso e pelo | distincto professor

Tavares || Todas as cabelleiras satildeo feitas

pelo | muito habil cabelleireiro do theatro

o | senhor Joatildeo Lima Campos || Mise-em-

scene do artista HELLER || Arsquos 8frac12

horas|| Os bilhetes aacute venda na Casa

Garraux | ateacute aacutes 4 horas da tarde e das 5

horas em | diante na bilheteria do theatro

|| Preccedilos || Camarote e 1ordf e 2ordf ordem

15$000 || Camarote e 3ordf ordem 8$000 ||

Poltronas 3$000 || Cadeiras 2$000 ||

Galeria 1$000 || AMANHAN || Quarta-

feira 16 de Maio | 5ordf Reacutecita de

assignatura | com a opera comica em 3

actos | e 4 quadras || OS SIGNOS DE

CORNEVILLE

141

PALAVRA PHILANTROPIA

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

-fil(o)- -fil(o) fil(o)- elem Comp

derivados do grego mas de eacutetimos

distintos (i) -fil(o)- do gr Phil(o)- de

phiacutelos amigo que ocorre em vaacuterios

compostos jaacute formados no proacuteprio grego

como filosofo por exemplo e em muitos

outros introduzidos na linguagem

cientiacutefica internacional a partir do seacutec

XVIII () -fil(o)- do gr phyl(o)- de

phyacutelon phyle tribo grupo de famiacutelias da

mesma raccedila bem menos frequentedo que

os dois elementos anteriores ocorre em

alguns poucos vocs da linguagem

cientiacutefica internacional () filantropia (i)

| XVIII ph- XVIII | do fr philanthropie

deriv do gr philanthropiacutea

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

filantropia sf 1 amor agrave humanidade

humanitarismo [Antocircn misantropia (1)

antropofobia] 2 caridade (1)

142

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 4 de marccedilo de 1853 Satildeo Paulo Aurora

Paulistana

CURA CERTA | e em pouco tempo de

todas as enfermidades provenientes de

vicio san- | guineo como ndashescrophulas

tube[r]- | culos lepra syphylis etc etce

[ilegiacutevel] | particular as affecccediloens de

pape[ilegiacutevel] | em seu principio ||

Etienne Lagarde || Pharmaceutico e

cirurgiatildeo das faculdades | Pariz e do Rio

de Janeiro ex-preparad[o] | do Curso de

Chimica da escola de medic[i]- | na e

pharmacia de Poi[furo]iers membro da

s[o]- | ciedade medica da mesma cidade e

corres- | pondente de algumas sociedades

scientificas || Attenccedilacirco || A experiencia

junto aacute perseveranccedila qu[e] | hoje tem sido

meus uacutenicos guias no trata[men]- | to das

enfermidades acima mencionadas os |

caracteres horriveis que ellas apresentatildeo |

desgostos que sobrevem as pessoas que

satildeo de | las attacadas deviatildeo naturalmente

attrahir | attenccedilatildeo de todo o homem amigo

da huma- | nidade || Antigamente estas

enfermidades se consi- | deravatildeo com um

principio contagioso o que | obrigava os

doentes a buscar longe das povo- | accedilotildees

uma morada tranquilla que lhes permi- |

tisse esperar com paciencia a hora que [o]

143

| Creador tivesse determinado para pocircr

term[]| a todos os seus soffrimentos hoje

porem assim | natildeo acontece os progressos

que tem feito [a] | sciencia medica com os

numerosos trabalhos | e investigaccedilotildees da

chimica tem em fim intro- | duzido na

therapeutica e posto aacute disposiccedilatildeo | dos

homens da sciencia um meio prophilati- |

cos contra estas crueis enfermidades

fazendo | assim esperar uma prompta cura

a todos | aquelles que o quizerem abraccedilar

|| Penetrado do sentimento o mais sincero

da | philantropia do amor aacute sociedade

offereccedilo o[s] | meus recursos meacutedicos e

pharmaceuticos ad- | quiridos por um

aturado e longo estudo da na- | tureza

humana Ersquo pois com os medicamen- | tos

preparados por minhas proacuteprias matildeos

qu[e] | me proponho a curar a todos

aquelles que m[e] | quizerem procurar ||

Estou certo que os epithetos de ndash charlatatildeo

| e especulador ndash ser-me-hatildeo lanccedilados por

al- | guns ao lerem este meu annuncio

porem natildeo | seraacute por homens sensatos que

serei assim [ilegiacutevel] | xado O sabio

indaga consulta ouve [ilegiacutevel] | entre

voacutes (como eu creio) existe algum

rec[ilegiacutevel] | conhecimento recebei de

antematildeo toda a mi- | nha gratidatildeo || A

voacutes enfermos eu dirijo meus offereci- |

mentos eu saberei consolar-vos e talvez

da[r]- | vos a panaceacutea beneacutefica da saude

que tan[furo] | desejaes || Seja o

144

reconhecimento o fructo de meu[s] |

trabalhos e o uacutenico tributo que desejo

obte[r] | daquelles que me quizerem

honrar com sua[s] | consultas|| Dirijatildeo-se

ao Hotel Paulistano na rua d[e] | Satildeo

Bento nuacutemero 35

145

112 Lexemas ligados agraves tecnologias

PALAVRA ASPHALTO

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

Asfalto sm lsquodesignaccedilatildeo comum aos

pirobetumes asfaacutelticos utilizados para

pavimentaccedilatildeo de estradas e

impermeabilizaccedilatildeorsquo | -ph- XVI | do fr

Asphalte deriv Do b lat Asphaltus e

este do Gr aacutesphaltos lsquoasfalto betumersquo

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

Asfalto s m 1 designaccedilatildeo comum aos

pirobetumes asfaacutelticos naturais ou

artificiais utilizados para a pavimentaccedilatildeo

de estradas e impermeabilizaccedilatildeo 2

pavimentaccedilatildeo asfaacuteltica asfaltamento

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 15 de junho de 1852 Aurora Paulistana

Satildeo Paulo

Flecheux participa ao publico que elle |

estabeleceo sua fabrica drsquoasphalto no

caminho | de S Caetano e estaacute prompto

para executar | os trabalhos que se lhe

encommendarem Ro- | ga portanto as

146

pessoas que precisarem desta | nova

industria hajatildeo de dirigir-se aacute fabrica |

ou deixar os seus nomes em casa do

Senhor Ce- | lestino Bouroult rua do

Rosario para ser pro- | curado | Avisa

igualmente que os annuncios | feitos pelo

Senhor Bastide satildeo nullos porque o |

annunciante eacute o unico dono e proprietaacuterio

| da dita fabrica

PALAVRAS BICYCLETA

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

cicl(o)- elem Comp do gr Kyklo- de

kyacuteklos ciacuterculo que se documenta em

alguns compostos formados no proacuteprio

grego (como ciacuteclico) e em muitos outros

introduzidos a partir do seacutec XIX na

linguagem erudita () bicicleta sfveiacuteculo

constituiacutedo por um quadro montado em

duas rodas alinhadas uma atraacutes da outra

XIX Do fr bicyclette ||

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

bicicleta (eacute) sf 1 veiacuteculo constituiacutedo por

um quadro (14) montado em duas rodas

originariamente grades alinhadas uma

147

atraacutes de outra e com raios metaacutelicos e que

eacute dotado de selim e manobrado por

guidom e pedais ()

PERIOacuteDICOS

DATAS

E

CIDADES DE ORIGEM

- Dezembro de 1898 Satildeo Paulo A

Notiacutecia

BICYCLETAS| Monarch e

[Ppiao]|Fortes Resistentes Elegantes|

Vende-se em prestaccedilotildees semanaes

PALAVRA ELECTRICA

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

ele(o)tr(o)- elem Comp do gr Elektro-

de elektron acircmbar amarelo que se

documenta em numerosos vocs Eruditos

com a noccedilatildeo de eletricidade em razatildeo da

propriedade que possui o acircmbar de

quando atritado atrair pequenos corpos

que lhe estatildeo proacuteximos esse fenocircmeno

que os cientstas do seacutec XVII atribuiacuteram a

um fluido foi posteriormente

indentificado como um novo tipo de

energia a eletricidade () ele(c)trico |

148

electr- 1813 ()

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

eletrico adj 1 Relativo ou pertencente agrave

eletricidade 2 que se move ou se potildee em

funcionamento pela eletriciade ()

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

REAL COMPANHIA | DE | Paquetes a

vapor | DE | SOUTHAMPTON || O

MAGNIFICO VAPOR | TAGUS | Sahiraacute

no dia 19 de Maio as 4 horas | da tarde

com escalas pelo | Rio de Janeiro| Bahia |

Pernambuco | Lisboa | Vigo e |

Saouthampton | O paquete a vapor | NILE

| Esperado de Southampton e escalas no |

dia 1 de Junho || Sahiraacute depois da

indispensavel demo- | Ra para |

Montevideacuteo e | BuenosAyres || Todos

estes vapores satildeo illumidaos a luz |

electrica || N B ndash Na agencia tomam-se

seguros | sobre as mercadorias

embarcadas por | estes vapores || Para

passageiros carga e mais informaccedilotildees |

com os agentes | Holworthy Ellis amp

Companhia || RUA DE SANTO

149

ANTONIO 40 | SANTOS

PALAVRAS HYDRAULICOS

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

hidr(o)- elem comp do gr hydro- de

hyacutedor-atos aacutegua quese documenta em

vocs formados no proacuteprio grego como

hidrofobia por exemplo e me vaacuterios

outros introduzidos na linguagem

cientiacutefica internacional a partir do seacutec

XIX () hidraacuteulico adj | hy- 1813 | do

lat hidrualicus deriv do gr hydraulikoacutes

()

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

hidraacuteulico Adj1 referencia a qualquer

movimento de liacutequidos especialmente a

aacutegua 2 relativo agrave hidraacuteulica ()

PERIOacuteDICOS

DATAS

E

CIDADES DE ORIGEM

- 22 de janeiro de 1879 Satildeo Paulo

Correio Paulistano

FABRICA|de mosaicos hydraulicos de

Betons agglo|meacutereacutes brancos e de cores

proacuteprios para|terreiros de cafeacute calccediladas

varan|das corredores vestiacutebulos egrejas

150

etc

PALAVRAS KEROSENE

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

querosene sm (Quim) liacutequido resultante

da destilaccedilatildeo do petroacuteleo | kerosene 1873 |

Do fr keacuterosegravene do gr keros cera

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

querosene Sm quiacutem Liacutequido resultante

da destilaccedilatildeo do petroacuteleo com

temperatura de ebuliccedilatildeo entre 150 e 300

graus centesimais fraccedilatildeo entre a gasolina

e o oacuteleo diesel usado como combustiacutevel e

como base de certos inseticiacutedas ()

PERIOacuteDICOS

DATAS

E

CIDADES DE ORIGEM

- 17 de maio de 1874 Campinas A

Mocidade

ATTENCcedilAtildeO|| Attenccedilatildeo [espaccedilo]

Attenccedilatildeo|| Prospero Bellinfanti participa

ao respeitavel publico campeneiro que

recebeu um grande e completo sortimento

de generos norte americanos constando

de machinas de costira com todos os

151

pertences linhas agulhas e oleos arados

completos separados de zinco para cafeacute

machinas para manteiga ditas para cafeacute

gaiolas de arame e muitos outros artigos

de mesma procedencia| Na masma casa

encontra-se lampeotildees de todos os

tamanhos tocidas vidors ara os mesmos e

Kerosenes fogotildees de ferro completo

camas de ferro banheiras tens de

cosinhas estanhados francezes torradores

para cafeacute de todos os tamanhos e grande

sortimento de cestos de vime| O

Propretario deste estabelecimento te aacute Rua

da ponte sem Santa Cruz Nuacutemero 15 uma

officina de caldeireiro e funileiro aonde

se encarrega de todas as obras com cobre

zinco folha etc| Faz os mais perfeitos

alambiques para distilaccedilatildeo de espiritos|

Incumbe-se de qualquer encanamento em

casas etc | Faz banheiras de folha de

todas as dimensotildees| Assenta bombas

simples e de pressatildeo levando a agua onde

se quizer| Faz finalmente todas as obras

concernentes aacute profissatildeo acudindo aos

chamados para qualquer parte onde seus

serviccediloes forem precisos| Concerta e

renova todos os objetos estragados| Tudo

por preccedilos commodos

- 07 de julho de 1870 Campinas Gazeta

152

de Campinas

Abrio-se| O QUE Eacute QUE ABRIO-SE||

A Casa commercial de Francisco Alvaro

de Souza Camargo o qual participa a seus

parentes amigos e freguezes que acaba

de receber um completo sortimento de

ferragens drogas tintas miudezas de

armarinho kerosene chaacute cecircra sementes

de hortaliccedilas etc|Recommenda aos

amadores um bonito sortimento de

espingardas rewolvers facas de caccedila etc

etc|Espera merecer confianccedila das pessoas

que honrarem seu novo estabelecimento

estando o annunciante resolvido a vender

por commodos preccedilos|Rua Direita canto

da da Cadecirca

- 08 de agosto de 1872 Campinas Gazeta

de Campinas

PRESUNTOS|| Carne secca Assucar

Vinhos e Louccedila|| 15-RUA DIREITA-15||

Largo do Rosario|| SAMPAIO ||

Chegaram ultimamente novos generos de

todas as qualidades por preccedilos muito

commodos Velas de composiccedilatildeo de

sebo kerosene azeite doce licores e

153

charutos a comissatildeo assim como

chrystaes da Bohemia porcellanas

caticcedilaes de Leclopate e cera em velas| 15-

RUA DIREITA-15

- 17 de maio de 1874 Campinas A

Mocidade

ATTENCcedilAtildeO|| Attenccedilatildeo [espaccedilo]

Attenccedilatildeo|| Prospero Bellinfanti participa

ao respeitavel publico campineiro que

recebeu um grande e completo sotimento

de generos norte americanos constando

de machinas de costira com todos os

pertences linhas agulhas e oleos arados

completos separadores de zinco para cafeacute

machinas para manteiga ditas para

cafeacutegaiolas de arame e muitos outros

artigos da mesma procedencia| Na mesma

casa encontra-se lampeotildees de todos os

tamanhos torcidas vidros para os

mesmos e Kerozenes fogotildees de ferro

completo camas de ferro banheiras trens

de cozinhas entanhados frencezes

torradores para cafeacute de todo os tamanhos e

grande sortimento de cestos de vime| O

Proprietario deste estabelecimento te aacute

Rua da ponte em Santa Cruz Nuacutemero 15

uma officina de caldeireiro aonde se

154

encarrega de todas as obras em cobre

zinco folha etc| Faz os mais perfeitos

alambiques para destilaccedilatildeo de espiritos|

Incumbe-se de qualquer encanamento em

casas etc| Faz banheiras de folha de todas

as dimensotildees| Assenta bombas simples e

de pressatildeo levando a agua onde se

quizer| Faz finalmente todas as obras

concernentes aacute sua profissatildeo acudindo

aos chamados para qualquer parte onde

seus serviccedilos forem precisos| Concerta e

renova todos os objetos estragados| Tudo

por preccedilos commodos

PALAVRAS LAMPEAtildeO

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

lacircmpada sf aparelho de iluminaccedilatildeo |

XII lampaa XIV | Do lat Lampăda -ae

de lampas -ădis e este do gr Lampaacutes -

ados archote () lampiatildeo | -peatildeo 1813

|()

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

lampiatildeo Sm 1 Tipo de laterna de

grandes dimensotildees eleacutetrica ou

reservatoacuteria para combustiacutevel portaacutetil ou

155

fixa em um teto esquina ou parede 2 p

ext Poste de iluminaccedilatildeo das ruas

PERIOacuteDICOS

DATAS

E

CIDADES DE ORIGEM

- 17 de maio de 1874 Campinas A

Mocidade

ATTENCcedilAtildeO|| Attenccedilatildeo [espaccedilo]

Attenccedilatildeo|| Prospero Bellinfanti participa

ao respeitavel publico campeneiro que

recebeu um grande e completo sortimento

de generos norte americanos constando

de machinas de costira com todos os

pertences linhas agulhas e oleos arados

completos separados de zinco para cafeacute

machinas para manteiga ditas para cafeacute

gaiolas de arame e muitos outros artigos

de mesma procedencia| Na mesma casa

encontra-se lampeotildees de todos os

tamanhos tocidas vidors para os mesmos

e Kerosenes fogotildees de ferro completo

camas de ferro banheiras tens de

cosinhas estanhados francezes torradores

para cafeacute de todos os tamanhos e grande

sortimento de cestos de vime| O

Propretario deste estabelecimento te aacute Rua

da ponte sem Santa Cruz Nuacutemero 15 uma

officina de caldeireiro e funileiro aonde

se encarrega de todas as obras com cobre

zinco folha etc| Faz os mais perfeitos

156

alambiques para distilaccedilatildeo de espiritos|

Incumbe-se de qualquer encanamento em

casas etc | Faz banheiras de folha de

todas as dimensotildees| Assenta bombas

simples e de pressatildeo levando a agua onde

se quizer| Faz finalmente todas as obras

concernentes aacute profissatildeo acudindo aos

chamados para qualquer parte onde seus

serviccedilos forem precisos| Concerta e

renova todos os objetos estragados| Tudo

por preccedilos commodos

PALAVRA LITROS

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

litro sm unidade fundamental de

capacidade de sistema meacutetrico decimal

equivalente agrave capacidade de um deciacutemetro

cuacutebico o conteuacutedo de um litro 1844 do

fr Litre do fr Ant litron deriv Do lat

Med Litra e este do gr Liacutetra peso de

doze onccedilas litro | 1836 sc |

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

litro Sm1 unidade de medida de

capacidade igual a um deciacutemetro cuacutebico

[Siacutemb l] 2 garrafa de litro

157

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 05 de julho de 1887 Satildeo Paulo Correio

Paulista

Alcatratildeo de Guyot|Gordon de Guyot

Purifica o sangue augmenta o apetite

levanta as forccedilas e eacute efficaz|em todas as

doenccedilas dos pulmocirces catarrhas da bexiga

e|affecccedilocirces das mucosas|O Alcatracirco de

Guyot foi experimentado som vantagem

real nos|principatildees hospitatildees de Franccedila

da Beacutelgica e Espanha|Durante os calocircres

e em tempo epidemico eacute uma

bebida|hygienica e preservadora Um soacute

vidro basta para preparar doze|litras

drsquouma bebida salutarissima|O Alcatracirco de

Guyot Authentico eacute vendido em vidras

trazendo|na rotulo e com trez cores a

assgnatura|Venda a varejo na mor parte

das pharmacias Fabricaccedilatildeo em atacado

Casa L Frere

PALAVRAS MACHINAS

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

maacutequina sf Qualquer utensiacutelio ou

158

ETIMOLOacuteGICO instrumento | machina 1572 | do lat

Machina deriv Do gr Dor Machana

meio engenhoso para se conseguir um

fim

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

maacutequina Sf 1 Aparelho ou instrumento

proacuteprio para comunicar movimento ou

para aproveitar pocircr em accedilatildeo ou

transformar uma energia ou agente

natural 2 O conjunto orgacircnico das peccedilas

dum instrumento maquinismo

mecanismo 3 veiacuteculo locomotor 4

utensiacutelio instrumento 5 fig Estrutura

orgacircnica e harmocircnica 6 fig Construccedilatildeo

importante complexa ou suntuosa 7 fig

Entidade ou organismo complexo 8 fig

Multiplicidade de coisas que se

relacionam entre si 9 fig Pessoa sem

ideacuteias proacuteprias e que procede como

autocircmato ()

PERIOacuteDICOS

DATAS

E

CIDADES DE ORIGEM

- 14 de junho de 1870 Campinas Gazeta

de Campinas

KX|Vende-se uma machina propria para

marcar papel cartatildeo de visita e

casamento e bem assim um sortimento de

159

cartotildees bordados e dourados tudo de 1ordf

qualidade Para tratar com o QUIM

SIMOtildeES

- 28 de janeiro de 1872 Campinas

Gazeta de Campinas

BEacuteLIER HIDRAULIQUE (Machinas

para suspender agua) ||Na Imperial

Officina Machina de AC Sampaio

Peixoto construe-se as machinas acima

de diversos tamanhos para suspender agua

a qualquer altura|Estas Machinas satildeo de

muita vantagem para quem tem agua

distante da moradia podendo com o

emprego dellas trazel-a para aonde

quizer e trabalham noite e dia sem ser

necessario meio algum para movel-a se

natildeo a propria agua que entrando por um

tubo escapa parte e pela compressatildeo do ar

daacute impulso a que fica em outro fazendo-a

subir a altura desejada|Satildeo de contruccedilatildeo

simples e duravel o que se garante| Na

officina acima construiu-se uma muito

pequena que estaacute exposta ali para quem

quizer vecircr e trabalha perfeitamente bem

suspendendo 23 pollegadas cubicas de

agua por minuto aacute altura de 18 peacutes (25

palmos)

160

- 17 de maio de 1874 Campinas A

Mocidade

ATTENCcedilAtildeO|| Attenccedilatildeo [espaccedilo]

Attenccedilatildeo|| Prospero Bellinfanti participa

ao respeitavel publico campineiro que

recebeu um grande e completo sotimento

de generos norte americanos constando

de machinas de costira com todos os

pertences linhas agulhas e oleos arados

completos separadores de zinco para cafeacute

machinas para manteiga ditas para

cafeacutegaiolas de arame e muitos outros

artigos da mesma procedencia| Na mesma

casa encontra-se lampeotildees de todos os

tamanhos torcidas vidros para os

mesmos e Kerozenes fogotildees de ferro

completo camas de ferro banheiras trens

de cozinhas entanhados frencezes

torradores para cafeacute de todo os tamanhos e

grande sortimento de cestos de vime| O

Proprietario deste estabelecimento te aacute

Rua da ponte em Santa Cruz Nuacutemero 15

uma officina de caldeireiro aonde se

encarrega de todas as obras em cobre

zinco folha etc| Faz os mais perfeitos

alambiques para destilaccedilatildeo de espiritos|

Incumbe-se de qualquer encanamento em

casas etc| Faz banheiras de folha de todas

161

as dimensotildees| Assenta bombas simples e

de pressatildeo levando a agua onde se

quizer| Faz finalmente todas as obras

concernentes aacute sua profissatildeo acudindo

aos chamados para qualquer parte onde

seus serviccedilos forem precisos| Concerta e

renova todos os objetos estragados| Tudo

por preccedilos commodos

- 22 de janeiro de 1879 Satildeo Paulo

Correio Paulistano

PHOTOGRAFIA|AMERICANA|RUA

DA IMPERATRIZ|Satildeo PAULO| O

propretaacuterio deste estabelecimento de

volta de sua viagem aacute Europa continua a

trabalhar no mesmo estabelecimento o

qual se acha augmentado com machinas e

utensiacutelios os| mais modernos|Neste

estabelecimento que conta 16 annos de

existencia (o mais antigo deste proviacutencia)

continua-se a trabalhar por todos|os

sistmas de photografias desde o retrato

em a|mais pequena miniatura ateacute o

tamanho natural|Encarrega-se de mandar

pintar em Pariz pelos melhores pintores

qualquer retrato em|busto ou corpo

inteiro a oleo pastel ou aquarella

bastando para isso um pequeno retrato|da

162

pessoa que se quizer retratar|Trabalhar-se

todos os dias das 10 horas da manhatilde aacutes 4

horas da tarde natildeo importa o tempo

chuvoso|OS SENHORES

PHOTOGRAFOS|encontraratildeo neste

estabelecimento tudo que eacute mister aacute

mesma arte e pelos preccedilos do Rio de

Janeiro|Retratos de ateacute Reacuteis 5$ a duacutezia

- 05 de julho de 1879 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

LENHA RACHADA POR

MACHINA|Vende-se a 3$000 a carrada

posta em casa do comprador e a 2$600 na

fabrica aacute|Travessa da Mooacuteca proximo a

rua do Braz|Recebem se encomendas no

Cafeacute Americano e Cafeacute de Londres|A

fabrica tendo obtido grandes

melhoramento estaacute prompta a fazer

forenecimentos com toda a pontualidade

possiacutevel

-12 de julho de 1879 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

163

ESTRADA DE FERRO DE Satildeo

PAULO|Vende-se uma machina fixa de

forccedila de 10 cavallos para ver e mais

informaccedilotildees|dirijam-se ao chefe da

estaccedilatildeo nas officinas da companhia na

Luz| As pessoas que a pretenderem

comprar faratildeo sua propostas em cartas

fechadas a esta superintendencia|Satildeo

Paulo 11 de Julho de 1879|W Speers

Superintendente

- 29 de julho de 1887 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

Machinas de costura|A Frederico

Schulze amp Companhia|Impotadores de

Machinas de Costura|Pedem ao

respeitavel publico se digne visitar o seu

estabele|cimento para examinar o que haacute

de melhor em machinas de|costura dos

afamados auctores e com todos os

aperfeiccediloamentos|uacuteteis adoptados pela

technica moderna| Os seus preccedilos satildeo

extremamente moacutedicos e ao alcance

de|todas as bolsas Aqui encontraraacute

sempre o publico grande sortimento|de

machinas para tocar aacute matildeo aacute peacute aacute|peacute e

matildeo com caixa ou sem| caixa proacuteprias e

164

perfeitas para todas as costuras desde a

mais fina|cambraia ateacute o mais en corpado

algodatildeo|Os Senhores Alfaiates

sapateiros selleiros correeiros etc|

tambem encontraratildeo nesta casa as mais

aperfeiccediloadas machinas jaacute|com

accessorios que soacute a mechanica do

progresso hodierno|poderia adeptar para

que taes machinas produzam

trabalhos|maravilhosos natildeo soacute pela

perfeiccedilatildeo como pelo pouco tempo

comsumido|e pelo pequeno incommodo

de quem as menejar para produzirem|taes

resultados Todas as machinas de nosso

estabelecimento satildeo garan|tidas porque soacute

importaremos o que houver de bom

solido elegante|e perfeito nesta industria

Tambeacutem ahi encontraraacute o

respeitavel|publico artigos concerneto aacutes

machinas de costura como

agulhas|retroz oleo almotolias correias

peccedilas avulsas etc tudo de | superior

qualidade a preccedilo moacutedico| Rua de Satildeo

Bento 62| Satildeo Paulo

- 27 de fevereiro de 1889 Satildeo Paulo

Correio Paulistano

Engelberg Siciliano amp

165

Companhia|Machinas para

lavoura|privilegiadas pelo governo

imperial|Satildeo Paulo|No empenho de tornar

cada vez mais conhecidas as vantagens

que sobre|quaesquer outras offerecam as

nossas excellentes machinas para a

lavoura|chamamos a atenccedilatildeo do senhores

fazendeiros para o seguinte|descascador

de cafeacute do ldquoengelbergrdquo|O descascador

ldquoEngelbergrdquo eacute o unico que absolutamente

natildeo quebra cafeacute|apresentando aleacutem desta

incontestavel vantagem outras muitas

taes como--|grande simplicidade e

solidez dispensando os tantos concertos

que satildeo|precisos em outras beneficio

perfeitissimo devido ao seu excepcional e

|unico systema pelo qual o cafeacute se

descasca brandamente sem estragar-se

conservando por muito tempo a sua cocircr

natural e sendo por isso muito apreciado e

procurado em todos os mercados natildeo se

perde nenhum gratildeo de cafeacute porque a palha

sahe de tal modo moiacuteda que eacute impossivel

envolver cafeacute algum|natildeo acontecendo o

mesmo com outros descascadores os

quaes apezar de|moerem o cafeacute deixam a

palha quase inteira envolvendo-se nella

grande|quantidade de gratildeos que afinal se

perdem por na poderem ser

separados|occupa menor forccedila do que

qualquer outro descascador para

beneficiar a|mesma quantidade havendo

aleacutem disso grande economia de lenha e

166

tempo| Enfim os numerosos attestados

que recebemos diariamente de

illustrados|fazendeiros e as experiencias

feitas por muitas vezes em cotejo com

outras|machinas em cujas experiencias

tem-se observado que os nossos

descascadores|sugmentam a safra ateacute dez

por cento satildeo elementos mais que

sufficientes para | comprovar o que

dizemos|E se isso ainda natildeo focircr bastanto

nos obrigamos a pagar a quantia de reacuteis

50$000|por arroba de cafeacute que sahir

quebrado de nossa machina condiccedilatildeo

essa que nos | poderaacute impor qualquer

comprador|Ainda mais -- faremos

prezente de um descascador de qualquer

tamanho|dos de nossa invenccedilatildeo a quem

quizer nos dar em troca o cafeacute que sobrar

do cotejo com outro descascador de

differente systema tomando-se como

base|quantidade egual de cafeacute em cocircco

calculada para dar dez mil

arrobas|beneficiadas|Quer isto dizer que o

nosso descascador nas primeiras mil

arrobas de cafeacute que | beneficia jaacute

proporciona para o fazendeiro uma

economia cujo valor eacute superior|ao seu

custo|Diante de vantagem tatildeo reaes e

incontestaveis excusado eacute encarecer os

meritos desta machina e para sua

significativa importancia nos limitamos a

reclamar em|geral a attenccedilatildeo da lavoura

do paiz a favor da qual revertem os seus

167

beneficios|Ventilador de cafeacute em

cocircco|Apartador de pedras|Esta machina

tambem muito simples de tatildeo solida

construcccedilatildeo como a|precedente torna se

egualmente necessaria por ser de grande

vantagem e de|reconhecia utilidade

notadamente nas fazendas situadas em

terrenos|pedregosos|Atenuando

consideravelmente a penosa lide da

lavagem do cafeacute proporciona

ao|fazendeiro uma grande economia de

tempo em relaccedilatildeo aacutequelle

prejudicial|systema|O nosso ndash Ventilador

para cafeacute em cocircco ldquoApartador de pedrasrdquo

duas machinas|adaptadas nrsquouma soacute peccedila

pelo que dispensa completamente o antigo

ventilador|para cafeacute em cocircco preencheu

perfeitamente a lacuna que existia na

lavoura|e tanto eacute isso verdade que

continuamos a receber constantemente

pedidos dessa excellente uacutenica e tatildeo

invejada machina|Machina de beneficiar

arroz Evaristo Conrado|Este prodigioso

producto da machina eacute superior a todo o

encocircmio que se lhe|possa fazer e para

comprovar o que avanccedilamos basta nos-aacute

lembrar o imenso|sucesso que acaba de

obter nos Estados Unidos da America

onde cauzou|assombro a sua apresentaccedilatildeo

um publico organizando-se desde logo

uma|companhia com o elevado capital de

um milhatildeo de dollars para desenvolver

o|seu fabrico em grande escala conforme

168

reclama a procura|A superioridade desta

machina sobre qualquer outra eacute tatildeo

sensiacutevel que a tornaunica no mundo De

uma solidez e simplicidade extremas

dispensa o serviccedilo|de machinista

profissional para dirigil-a sem prejudicar

nem mesmo de leve|este resultado-- natildeo

quebra arroz brune-o com admiraacutevel

perfeiccedilatildeo e|toda a casca pondo-a em

condiccedilotildees de prestar-se a diversos

msisters de grande|utilidade|Aleacutem disto a

machina ldquoEvaristo Conradordquo soacute occupa

um pequeno espaccedilo para | seu

funccionamento quando as outras

existentes sobre serem deficientes

em|seus resultados satildeo de grandes

complicaccedilotildees e de preccedilo

extraordinariamente|maior sendo ainda de

dispendiosissima montagem

PALAVRAS MACHINISTA

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

maquina sf Qualquer utensiacutelio ou

instrumento | machina 1572 | di lat

Machina deriv Do gr Dor Machana

meio engenhoso para se conseguir um fim

() maquinista 1813 do fr machiniste

169

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

maquinista s 2 g 1 pessoa que inventa

constroacutei ou conduz maacutequinas

principalmente locomotivas e maacutequinas de

navios a vapor 2 teat Contra-regra ou

operaacuterio encarregado da manipulaccedilatildeo dos

mequinismos de um teatro

PERIOacuteDICOS

DATAS

E

CIDADES DE ORIGEM

- 27 de fevereiro de 1889 Satildeo Paulo

Correio Paulistano

Engelberg Siciliano amp

Companhia|Machinas para

lavoura|privilegiadas pelo governo

imperial|Satildeo Paulo|No empenho de tornar

cada vez mais conhecidas as vantagens

que sobre|quaesquer outras offerecam as

nossas excellentes machinas para a

lavoura|chamamos a atenccedilatildeo do senhores

fazendeiros para o seguinte|descascador

de cafeacute do ldquoengelbergrdquo|O descascador

ldquoEngelbergrdquo eacute o unico que absolutamente

natildeo quebra cafeacute|apresentando aleacutem desta

incontestavel vantagem outras muitas

taes como--|grande simplicidade e

solidez dispensando os tantos concertos

que satildeo|precisos em outras beneficio

perfeitissimo devido ao seu excepcional e

|unico systema pelo qual o cafeacute se

170

descasca brandamente sem estragar-se

conservando por muito tempo a sua cocircr

natural e sendo por isso muito apreciado e

procurado em todos os mercados natildeo se

perde nenhum gratildeo de cafeacute porque a palha

sahe de tal modo moiacuteda que eacute impossivel

envolver cafeacute algum|natildeo acontecendo o

mesmo com outros descascadores os

quaes apezar de|moerem o cafeacute deixam a

palha quase inteira envolvendo-se nella

grande|quantidade de gratildeos que afinal se

perdem por na poderem ser

separados|occupa menor forccedila do que

qualquer outro descascador para

beneficiar a|mesma quantidade havendo

aleacutem disso grande economia de lenha e

tempo| Enfim os numerosos attestados

que recebemos diariamente de

illustrados|fazendeiros e as experiencias

feitas por muitas vezes em cotejo com

outras|machinas em cujas experiencias

tem-se observado que os nossos

descascadores|sugmentam a safra ateacute dez

por cento satildeo elementos mais que

sufficientes para | comprovar o que

dizemos|E se isso ainda natildeo focircr bastanto

nos obrigamos a pagar a quantia de reacuteis

50$000|por arroba de cafeacute que sahir

quebrado de nossa machina condiccedilatildeo essa

que nos | poderaacute impor qualquer

comprador|Ainda mais -- faremos

prezente de um descascador de qualquer

tamanho|dos de nossa invenccedilatildeo a quem

171

quizer nos dar em troca o cafeacute que sobrar

do cotejo com outro descascador de

differente systema tomando-se como

base|quantidade egual de cafeacute em cocircco

calculada para dar dez mil

arrobas|beneficiadas|Quer isto dizer que o

nosso descascador nas primeiras mil

arrobas de cafeacute que | beneficia jaacute

proporciona para o fazendeiro uma

economia cujo valor eacute superior|ao seu

custo|Diante de vantagem tatildeo reaes e

incontestaveis excusado eacute encarecer os

meritos desta machina e para sua

significativa importancia nos limitamos a

reclamar em|geral a attenccedilatildeo da lavoura

do paiz a favor da qual revertem os seus

beneficios|Ventilador de cafeacute em

cocircco|Apartador de pedras|Esta machina

tambem muito simples de tatildeo solida

construcccedilatildeo como a|precedente torna se

egualmente necessaria por ser de grande

vantagem e de|reconhecia utilidade

notadamente nas fazendas situadas em

terrenos|pedregosos|Atenuando

consideravelmente a penosa lide da

lavagem do cafeacute proporciona

ao|fazendeiro uma grande economia de

tempo em relaccedilatildeo aacutequelle

prejudicial|systema|O nosso ndash Ventilador

para cafeacute em cocircco ldquoApartador de pedrasrdquo

duas machinas|adaptadas nrsquouma soacute peccedila

pelo que dispensa completamente o antigo

ventilador|para cafeacute em cocircco preencheu

172

perfeitamente a lacuna que existia na

lavoura|e tanto eacute isso verdade que

continuamos a receber constantemente

pedidos dessa excellente uacutenica e tatildeo

invejada machina|Machina de beneficiar

arroz Evaristo Conrado|Este prodigioso

producto da machina eacute superior a todo o

encocircmio que se lhe|possa fazer e para

comprovar o que avanccedilamos basta nos-aacute

lembrar o imenso|sucesso que acaba de

obter nos Estados Unidos da America

onde cauzou|assombro a sua apresentaccedilatildeo

um publico organizando-se desde logo

uma|companhia com o elevado capital de

um milhatildeo de dollars para desenvolver

o|seu fabrico em grande escala conforme

reclama a procura|A superioridade desta

machina sobre qualquer outra eacute tatildeo

sensiacutevel que a tornaunica no mundo De

uma solidez e simplicidade extremas

dispensa o serviccedilo|de machinista

profissional para dirigil-a sem prejudicar

nem mesmo de leve|este resultado-- natildeo

quebra arroz brune-o com admiraacutevel

perfeiccedilatildeo e|toda a casca pondo-a em

condiccedilotildees de prestar-se a diversos

msisters de grande|utilidade|Aleacutem disto a

machina ldquoEvaristo Conradordquo soacute occupa

um pequeno espaccedilo para | seu

funccionamento quando as outras

existentes sobre serem deficientes

em|seus resultados satildeo de grandes

complicaccedilotildees e de preccedilo

173

extraordinariamente|maior sendo ainda de

dispendiosissima montagem

PALAVRAS MECHANICA

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

mecacircnico adj relativo agrave Mecacircnica parte

da Fiacutesica maquinal versado em

Mecacircnica operaacuterio que se ocupa da

conservaccedilatildeo e conserto de motores

artista artesatildeo () mecacircnica XVI Do

lat mechanica deriv do gr mechanikeacute

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

mecacircnica sf 1 Ciecircncia que investiga os

movimentos e as forccedilas que os provocam

2 obra atividade ou teoria que trata de tal

ciecircncia3 o conjunto das leis do

movimento 4 estrutura e funcionamento

orgacircnico 5 aplicaccedilatildeo praacutetica dos

princiacutepios de uma arte ou ciecircncia 6

tratado ou compecircndio de mecacircnica 7

exemplar de um desses tratos ou

compecircndios 8 fig combinaccedilatildeo de meios

de recursos mecanismo ()

174

PERIOacuteDICOS

DATAS

E

CIDADES DE ORIGEM

- 12 de julho de 1828 Satildeo Paulo O Farol

Paulistano

Joatildeo Pedro Latzon tem a honra de

participar| ao respeitavel Publico que elle

proximamente che|gou de Londres aacute esta

Capital onde pertende exhi|bir algumas

Artes Liberaes ou Optica Mechanica|

com toda subtileza perfeiccedilatildeo e

delicadeza a que| eacute possiacutevel chegar na

casa da Opera desta mesma| Cidade no

dia 13 do corrente mez de Julho Todos|

os Senhores e Senhoras que quizerem

honrar o dic|to espectaculo com as suas

presenccedilas queiratildeo se| dirigir aacute casa do

Senhor Guilherme Hopkins morador| na

Ponte de Lorena desde as 10 horas da

manhatilde| ateacute as 4 da tarde do referido dia

13 onde acharaacuteotilde| os Bilhetes natildeo soacute dos

Camarotes como da Pla|tea em cuja

occasiatildeo espera o Reprezentante rece|ber a

competente esportula_Principiaraacute agraves 8

horas| NoteBem A esportula dos

Camarotes Platea| e Varanda eacute a do

costume

175

- 29 de julho de 1887 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

Machinas de costura|A Frederico Schulze

amp Companhia|Impotadores de Machinas

de Costura|Pedem ao respeitavel publico

se digne visitar o seu estabele|cimento

para examinar o que haacute de melhor em

machinas de|costura dos afamados

auctores e com todos os

aperfeiccediloamentos|uacuteteis adoptados pela

technica moderna| Os seus preccedilos satildeo

extremamente moacutedicos e ao alcance

de|todas as bolsas Aqui encontraraacute

sempre o publico grande sortimento|de

machinas para tocar aacute matildeo aacute peacute aacute|peacute e

matildeo com caixa ou sem| caixa proacuteprias e

perfeitas para todas as costuras desde a

mais fina|cambraia ateacute o mais en corpado

algodatildeo|Os Senhores Alfaiates

sapateiros selleiros correeiros etc|

tambem encontraratildeo nesta casa as mais

aperfeiccediloadas machinas jaacute|com

accessorios que soacute a mechanica do

progresso hodierno|poderia adeptar para

que taes machinas produzam

trabalhos|maravilhosos natildeo soacute pela

perfeiccedilatildeo como pelo pouco tempo

comsumido|e pelo pequeno incommodo

de quem as menejar para produzirem|taes

resultados Todas as machinas de nosso

estabelecimento satildeo garan|tidas porque soacute

176

importaremos o que houver de bom

solido elegante|e perfeito nesta industria

Tambeacutem ahi encontraraacute o

respeitavel|publico artigos concerneto aacutes

machinas de costura como

agulhas|retroz oleo almotolias correias

peccedilas avulsas etc tudo de | superior

qualidade a preccedilo moacutedico| Rua de Satildeo

Bento 62| Satildeo Paulo

PALAVRAS OPTICA

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

oacuteptico adj sm lsquorespeitante agrave oacutepticarsquo

lsquoespecialista em oacutepticarsquo | XVI oacutetico XX |

do lat med opticus deriv do gr optikoacutes

Empregas-se modernamente com certa

frenquecircncia a var oacuteticosup1 que apresenta a

inconveniecircncia de se confundir com oacuteticosup2

lsquo relativo ou pertencente ao ouvidorsquo ||

oacuteptica lsquoparte da fiacutesica que investiga os

fenocircmenos da visatildeo e da luz | 1813 oacutetica

XX | do lat optice ndashes deriv do gr optikeacute

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

oacuteptica Sf 1 parte da fiacutesica que investiga

os fenocircmenos de produccedilatildeo transmissatildeo e

177

COMUM detecccedilatildeo eletromagneacutetica de comprimento

de onda compreendido aproximadamente

entre 10 Aring e 1 mm 2 tratado ou

compecircndio acerca dessa mateacuteria 3

exemplar de um desses tratados ou

compecircndios 4 aspecto ou perspectiva dos

objetos vistos 5 estabelecimento onde se

vendem eou fabricam instrumentos

oacutepticos sobretudo oacuteculos ou lunetas 6

fig Maneira de ver de julgar de sentir

conceito ou ideacuteia particular

PERIOacuteDICOS

DATAS

E

CIDADES DE ORIGEM

- 12 de julho de 1828 Satildeo Paulo O Farol

Paulistano

Joatildeo Pedro Latzon tem a honra de

participar| ao respeitavel Publico quye

elle proximamente che|gou de Londres aacute

esta Capital onde pertende exhi|bir

algumas Artes Liberaes ou Optica

Mechanica| com toda subtileza perfeiccedilatildeo

e delicadeza a que| eacute possiacutevel chegar na

casa da Opera desta mesma| Cidade no

dia 13 do corrente mez de Julho Todos|

os Senhores e Senhoras que quizerem

honrar o dic|to espectaculo com as suas

presenccedilas queiratildeo se| dirigir aacute casa do

Senhor Guilherme Hopkins morador| na

178

Ponte de Lorena desde as 10 horas da

manhatildea| ateacute as 4 da tarde do referido dia

13 onde acharaacuteotilde| os Bilhetes natildeo soacute dos

Camarotes como da Pla|tea em cuja

occasiatildeo espera o Reprezentante rece|ber a

competente esportula_Principiaraacute agraves 8

horas| NoteBem A esportula dos

Camarotes Platea| e Varanda eacute a do

costume

PALAVRA PHOSPHOREIRAS

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

foacutesforo sm orig substacircncia que

resplandece que brilha ne escuro 1813

palito provido de uma cabeccedila composta

de foacutesfora e outras substacircncias quiacutemicas

que se inflamam quando atritadas num

superfiacutecie aacutespera | phosphoro 1860 | ()

SEM REGISTRO

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

Fosforeira Sf caixa onde se guardam

foacutesforos

179

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 17 de setembro de 1879 Satildeo Paulo O

Constituinte

REABRIO-SE A|charutaria|Do Ponto dos

Bonds|Aacute|Rua Municipal nuacutemero

67|COM|Um variado sortimento de todos

|artigos para fumantes como

sejam|charutos de todas as marcas

cigar|ros fumos palhas para

cigarros|ponteiras para charutos e

cigarros|phosphoreiras e muitos outros

ar|tigos que achando-se em viagem

da|cocircrte para esta poderemos

breve|mente offerecer a nossos amigos

e|freguezes muitas especialidades|deste

genero o quaes sendo do|bom e melhor

venderemos por|preccedilos sem

competencia|Em poucos dias en|contraratildeo

os afa|mados cigar|ros de|Santa

Branca|CHARUTARIA|DO|Ponto dos

Bonds|Aacute|RUA MUNICIPAL NUMERO

67|Em frente ao Cafeacute Americano|SAtildeO

PAULO|Mriano amp Companhia

PALAVRAS PHOTOGRAPHIA

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

fot(o) elem Comp do gr Photo- de phos

180

ETIMOLOacuteGICO photoacutes luz que se documenta em

numerosos compostos introduzidos nas

liacutenguas modernas de cultura a partir do

seacutec XIX como fotografia fotometria

fotosfera etc Pelo modelo de fotografia

cuja forma abreviada foto veio a constituir

novo elemento de composiccedilatildeo formaram-

se dezenas de outros compostos tais como

fotocarta fotonovela fototeca etc ()

fotografia | photographia 1858

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

fotografia Sf1 processo de formar e

fixar sobre uma emulsatildeofotossensiacutevel a

imagem dum objeto e que compreende

usualmente duas fases distintas na

primeira a emulsatildeo eacute impressionada pela

luz e sobre ela se forma por meio dum

sistema oacuteptico a imagem do objeto na

segunda a emulsatildeo impressionada eacute

tratada por meio de reagentes quiacutemicos

que revelam e fixam permanentemente a

imagem desejada 2 imagem obtida por

esse processo ()

PERIOacuteDICOS

DATAS

- 24 de abril de 1870 Campinas Gazeta

de Campinas

181

E

CIDADES DE ORIGEM

PHOTOGRAPHIA CAMPINENSE DE

HENRIQUE ROSEN|| 28-RUA

DIREITA-28||Tira retratos todos os dias e

por todos os systemas Para familia - os

preccedilos satildeo reduzidos consideravelmente

- 21 de outubro de 1874 Campinas A

Mocidade

Photographia

Campinense||DE||HENRIQUE ROSEN||

50 - RUA DIREITA - 50||Em

consequencia de novos melhoramentos

introduzidos no salatildeo de vidro deste bem

conhecido estabelecimento photographico

o mais antigo da provincia tira-se de hoje

em deante retratos perfeitos das 7 horas da

manhatilde ateacute 5 da tarde e com qualque[r]

tempo sendo preferidos os dias cobertos

e chuvosos| Trabalha-se todos os dias e

por todos os systemas Especialidades -

Retratos coloridos a Crozat e aquarela

Esmaltados Bombeacute Cabinet e Mezzo

Tinto dos quaes os ultimos imitando

porcellana foratildeo introduzidos nesta

provincia pelo annunciante e satildeo tirados

soacutemente no estabelecimento do mesmo|

Os retratos da phptographia simples

tiratildeo-se ainda pelo preccedilo baratiacutessimo de

182

6$000 a duzia pagando adeantado| O

annunciante esera conrinuar a merecer a

affluencia e valiosa protecccedilatildeo dos seus

numerosos amigos e freguezes - convida

ao respeitavel publico em geral para

examinar sua extense e variada galeria|

CASA FILIAL A PHOTOGRAPHIA

CAMPINENSE|| Satildeo Joatildeo do Rio-Claro||

20 - RUA DO COMMERCIO - 20|| (Perto

da Collectoria)

- 22 de janeiro de 1879 Satildeo Paulo

Correio Paulistano

PHOTOGRAFIA|AMERICANA|RUA

DA IMPERATRIZ|Satildeo PAULO| O

propretaacuterio deste estabelecimento de

volta de sua viagem aacute Europa continua a

trabalhar no mesmo estabelecimento o

qual se acha augmentado com machinas e

utensiacutelios os| mais modernos|Neste

estabelecimento que conta 16 annos de

existencia (o mais antigo deste proviacutencia)

continua-se a trabalhar por todos|os

sistemas de photografias desde o retrato

em a|mais pequena miniatura ateacute o

tamanho natural|Encarrega-se de mandar

pintar em Pariz pelos melhores pintores

qualquer retrato em|busto ou corpo

183

inteiro a oleo pastel ou aquarella

bastando para isso um pequeno retrato|da

pessoa que se quizer retratar|Trabalhar-se

todos os dias das 10 horas da manhatilde aacutes 4

horas da tarde natildeo importa o tempo

chuvoso|OS SENHORES

PHOTOGRAFOS|encontraratildeo neste

estabelecimento tudo que eacute mister aacute

mesma arte e pelos preccedilos do Rio de

Janeiro|Retratos de ateacute Reacuteis 5$ a duacutezia

- 05 de fevereiro de 1867 Satildeo Paulo

Correio Paulistano

NA CASA GARRAUX || LARGO DA SEacute

|| Encontra-se os artigos seguintes ||Papel

para desenho || Papel de luto || Papel de

peso || Papel almasso || Papel florete ||

Papel Hollanda || Papel de phantasia ||

Papel de cartas || Envelppes brancos ||

Enveloppes de cores || Enveloppes de luto

|| Enveloppes commerciaes || Enveloppes

forrados de panno || Cartotildees de visita ||

Ditos para casamentos || Tinteiro de vidro

|| Tinteiro de crystal || Tinteiro de bronze ||

Tinteiro ricos de phantasia || Pennas de

accedilo de varias qualidades || Pennas de ave

|| Sinetas || Canivetes || Pacas de cortar

papel || Lacre || Obreiras || Imagens ||

184

Quadros de devoccedilatildeo || Desenhos || Albuns

para desenhos || Aacutelbuns para

photographia || Quadros para

photographia || Carteiras || Estojos de

viagem || Caixas de perfumaria || Caixas

de papelaria || Caixas de costura com

musica || Caixa de mathematicas || Caixas

de tintas || Tintas de escrever || Livro de

direito || Livros de litteratura || Livros de

devoccedilatildeo || Livros de educaccedilatildeo || Livros de

homœopathia || Livros de missa || Horas

Marianas || Livros de luxo para presentes ||

Objectos de phantasia para presentes ||

Lapis || Baralho de cartas || Baralhos de

cartas de phantasia || Bengallas || Livros

para apontamentos || Stereoscopos ||

Folhinhas do anno || Pastas || E muito mais

objectos || Grande sortimento de papel

pintado | para forrar casas fabricados em

Paris | desde 500 reacuteis a peccedila para cima |

Guarniccedilatildeo roda-peacute paisagens etc | Esta

casa recebe directamente da Europa todos

seus livors e mercado- | rias e destrsquoarte

poacutede offerecer aacutes pessoas que a Ella se

dirigem considera- | veis vantagens

- 5 de fevereiro de 1867 Satildeo Paulo

Correio Paulistano

185

RETRATOS || da Augusta Familia

Imperial para albuns e | quadros tirados

ultimamente com a maior ni- | tidez e

perfeiccedilatildeo e tambem dos generaes prus- |

sianos celebres na guerra do anno proximo

| passado || Photographia academica e

commercial Rua | do Imperador nuacutemero

14

PALAVRAS PHOTOGRAPHICO

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

fot(o) elem Comp do gr Photo- de phos

photoacutes luz que se documenta em

numerosos compostos introduzidos nas

liacutenguas modernas de cultura a partir do

seacutec XIX como fotografia fotometria

fotosfera etc Pelo modelo de fotografia

cuja forma abreviada foto veio a constituir

novo elemento de composiccedilatildeo formaram-

se dezenas de outors compostos tais como

fotocarta fotonovela fototeca etc ()

fotograacutefico | photographico 1858

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

fotograacutefico adj1 relativo agrave fotografia 2

fig Que lembra a fotografia pela

186

fidelidade de reproduccedilatildeo muito fiel ao

modelo

PERIOacuteDICOS

DATAS

E

CIDADES DE ORIGEM

- 21 de outubro de 1874 Campinas A

Mocidade

Photographia

Campinense||DE||HENRIQUE ROSEN||

50 - RUA DIREITA - 50||Em

consequencia de novos melhoramentos

introduzidos no salatildeo de vidro deste bem

conhecido estabelecimento

photographico o mais antigo da

provincia tira-se de hoje em deante

retratos perfeitos das 7 horas da manhatilde ateacute

5 da tarde e com qualque[r] tempo

sendo preferidos os dias cobertos e

chuvosos| Trabalha-se todos os dias e

por todos os systemas Especialidades -

Retratos coloridos a Crozat e aquarela

Esmaltados Bombeacute Cabinet e Mezzo

Tinto dos quaes os ultimos imitando

porcellana foratildeo introduzidos nesta

provincia pelo annunciante e satildeo tirados

soacutemente no estabelecimento do mesmo|

Os retratos da phptographia simples tiratildeo-

se ainda pelo preccedilo baratiacutessimo de 6$000

a duzia pagando adeantado| O

annunciante esera conrinuar a merecer a

187

affluencia e valiosa protecccedilatildeo dos seus

numerosos amigos e freguezes - convida

ao respeitavel publico em geral para

examinar sua extense e variada galeria|

CASA FILIAL A PHOTOGRAPHIA

CAMPINENSE|| Satildeo Joatildeo do Rio-Claro||

20 - RUA DO COMMERCIO - 20|| (Perto

da Collectoria)

PALAVRAS PHOTOGRAPHO

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

fot(o) elem Comp do gr Photo- de phos

photoacutes luz que se documenta em

numerosos compostos introduzidos nas

liacutenguas modernas de cultura a partir do

seacutec XIX como fotografia fotometria

fotosfera etc Pelo modelo de fotografia

cuja forma abreviada foto veio a constituir

novo elemento de composiccedilatildeo formaram-

se dezenas de outors compostos tais como

fotocarta fotonovela fototeca etc ()

fotoacutegrafo || photographo 1858 ()

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

fotoacutegrafo sm aquele que pratica a

fotografia ou a exerce como profissatildeo

188

PERIOacuteDICOS

DATAS

E

CIDADES DE ORIGEM

- 14 de junho de 1874 Campinas A

Mocidade

O retratista photographo Evaristo

Brasileiro de Campos Mello esperando

uma nova officina que lhe vem

directamente da Europa previne a seus

amigos e freguezes que continuaraacute a tirar

retratos por qualquer systema pelos

preccedilos do costume garantindo um grande

melhoramento em seu trabalho espernado

por isso merecer sempre confianccedila deste

cavalheiro e generoso povo Campineiro|

A 5000 A DUZIA

- 22 de janeiro de 1879 Satildeo Paulo

Correio Paulistano

PHOTOGRAFIA|AMERICANA|RUA

DA IMPERATRIZ|Satildeo PAULO| O

propretaacuterio deste estabelecimento de

volta de sua viagem aacute Europa continua a

trabalhar no mesmo estabelecimento o

qual se acha augmentado com machinas e

utensiacutelios os| mais modernos|Neste

189

estabelecimento que conta 16 annos de

existencia (o mais antigo deste proviacutencia)

continua-se a trabalhar por todos|os

sistemas de photografias desde o retrato

em a|mais pequena miniatura ateacute o

tamanho natural|Encarrega-se de mandar

pintar em Pariz pelos melhores pintores

qualquer retrato em|busto ou corpo

inteiro a oleo pastel ou aquarella

bastando para isso um pequeno retrato|da

pessoa que se quizer retratar|Trabalhar-se

todos os dias das 10 horas da manhatilde aacutes 4

horas da tarde natildeo importa o tempo

chuvoso|OS SENHORES

PHOTOGRAFOS|encontraratildeo neste

estabelecimento tudo que eacute mister aacute

mesma arte e pelos preccedilos do Rio de

Janeiro|Retratos de ateacute Reacuteis 5$ a duacutezia

PALAVRAS RELOGIO

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

reloacutegio sm designaccedilatildeo comum a diversos

tipos de instrumentos ou mecanismos para

medir intervalo de tempo | relogeo XV |

Do lat Horologium -ii deriv Do gr

Horoloacutegion

190

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

reloacutegio S m 1 Designaccedilatildeo comum a

diversos tipos de instrumentos ou

mecanismos para medir intervalos de

tempo 2 reloacutegio (1) mecacircnico dotado

em geral de rodas dentadas movidas por

pecircndulos molas eletricidade pilhas etc

e de mostrador de ponteiros

apresentando-se nas mais variadas formas

e dimensotildees()

PERIOacuteDICOS

DATAS

E

CIDADES DE ORIGEM

- 14 de outubro de 1874 Campinas A

Mocidade

RELOJOARIA || DO || REGULADOR

CAMPINENSE ||Penteado amp Nunes ||

LARGO DA MATRIZ VELHA Nuacutemero

39|| Acaba de receber u completo

sortimento de relogios de parede e

algibeira de lindos gostos sendo vendidos

pos commodo preccedilo affianccedilados por um

anno Rcebeu mais lindo sortimento de

pince-nez tanto de vidro de cor como de

grao despertadores correntes de ouro

prata plaquet | Relogios | Para torres ou

fazendas encarregando-se os donos do

estabelecimento da sua collocaccedilatildeo e

affianccedilando a boa marcha por cinco

annos|| CONCERTOS PERFEITOS E

191

AFFIANCcedilADOS|| POR UM ANNO

- 28 de agosto de 1870 Campinas Gazeta

de Campinas

MUITA ATTENCcedilAtildeO|| Offerece-se a

quantia de 50$000 a quem der noticia dos

seguintes objectos roubados na noute do

dia 8 para 9 do corrente| 5libras

esterllinas 1 alfinete de brilhante 1 par de

oculos de ouro n 24 com caixa (marca

Henrique Fox Satildeo Paulo) 1 botatildeo feito

de um dolar cujo peacute estaacute rachado 1

corrente de relogio de ouro de 14

quilates 1 abotuadura de ouro francez

para punhos tendo dois peacutes e sendo

esmaltado de preto 1 collete e uma calccedila

de casimira de cocircr bem cala uma calccedila de

casimira um pouco mais escura uma calccedila

de casimira cocircr de havana e 1 collete de

panno preto sem golla| Chama-se a

attenccedilatildeo dos senhores ourives para taes

objectos Desconfia-se que foram levados

para serem negociados com os

trabalhadores da estrada de ferro|Quem

dos mesmos souber poacutede dirigir-se a

Thomaz Gleeson alfaiate largo da Matriz

Velha em frente ao sino grande|

Campinas

192

- 14 de outubro de 1874 Campinas A

Mocidade

RELOJOARIA|| DO || REGULADOR

CAMPINENSE || Penteado amp Nunes ||

LARGO DA MATRIZ VELHA Nuacutemero

39|| Acaba de receber um completo

sortiemento de relogios de parede e

algibeira de lindos gostos sendo vendidos

pos commodos preccedilos affianccedilados por um

anno Recebeu mais lindo sortimento de

pince-nez tanto de vidro de cor como de

grao despertadores correntes de ouro

prata plaquet| Relogios| Para torres ou

fazendas encarregando-se os donos do

estabelecimento da sua collocaccedilatildeo e

affiancado a boa marcha por cinco annos||

CONCERTOS PERFEITOS E

AFFIANCcedilADOS||POR UM ANNO

- 11 de janeiro de 1829 Satildeo Paulo O

Farol Paulistano

He chegado nesta Cidade vindo de Pariacutes

Bont|te Dillon Fabricante de reloacutegios de

193

todas qualidades| e tambegravem faz todos os

concertos aos ditos reloacutegios e| traz

tambem bastantes feitos porisso faz

publico a todos| os Senhores que quizerem

utilizar-se do supplicante| para alguma

obra o que faraacute muito comodo e mora na|

Rua do Ouvidor numero 49 onde tambem

tem fazendas e modas Francezas

- 5 de outubro de 1852 Satildeo Paulo

Aurora Paulistana

- 15 de outubro de 1852 Satildeo Paulo

Aurora Paulistana

JOSErsquo PHILIPPE SALMAN mora | dor

na rua de Satildeo Bento nuacutemero 16 participa

| ao respeitavel publico e especialmente |

aos seus freguezes que elle tem para |

vender um completo sortimento do |

oculos de todas as qualidades lunetas |

vidros avulsos oculos de alcance di- | tos

para theatro bengallas ampc ampc | na

mesma casa continua-se a vender | e

concertar relogios de todas as qua- |

lidades

194

- 17 de novembro de 1852 Satildeo Paulo

Aurora Paulistana

PERDEO-SE no dia 1ordm de novem- | bro os

seguintes objetos uma corrente | de

reloacutegio de ouro quebrada uma den- |

tadura de pressatildeo de pressatildeo ar com tres

den- | tes em uma chapa de ouro tudo em

um | embrulhos e bem assim uma carteira

de | marroquim verde contendo vaacuterios pa-

| peis que soacute poacutedem servir ao dono e |

algumas notas miudas Roga-se por | isso

aacute pessoa que tiver achado os men- |

cionados objectos o obsequio de os en- |

tregar em casa do Senhor Joaquim

Sertorio | pelo que seraacute gratificado se o

exigir

- 05 de fevereiro de 1867 Satildeo Paulo

Correio Paulistano

CORBISIER | Nuacutemero 10 | RUA DA

IMPERATRIZ (isso escrito dentro de um

desenho de reloacutegio) | Garante seu trabalho

por um anno | Encarrega-se de qualquer

encom- | menda de relogios por mais |

complicada possivel || Participa ao

respeitavel publico que continuacutea | a

195

concertar relogios de todas as qualidades

| sendo a sua especialidade refazer peccedilas

quebra- | das por mais difficeis que sejam

tem em sua | casa em escolhido sortimento

de relogios de | ouro e prata que vende por

preccedilos commodos

PALAVRAS RELOJOARIA

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

reloacutegio sm designaccedilatildeo comum a diversos

tipos de instrumentos ou mecanismos para

medir intervalo de tempo | relogeo XV |

Do lat Horologium -ii deriv Do gr

Horoloacutegion || relojoaria | relogiaria XVIII

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

relojoaria Sf 1 Arte de relojoeiro 2

Loja que fabrica ou conserta reloacutegios ()

PERIOacuteDICOS

DATAS

E

- 14 de outubro de 1874 Campinas A

Mocidade

RELOJOARIA || DO || REGULADOR

196

CIDADES DE ORIGEM CAMPINENSE ||Penteado amp Nunes ||

LARGO DA MATRIZ VELHA Nuacutemero

39|| Acaba de receber u completo

sortimento de relogios de parede e

algibeira de lindos gostos sendo vendidos

pos commodo preccedilo affianccedilados por um

anno Rcebeu mais lindo sortimento de

pince-nez tanto de vidro de cor como de

grao despertadores correntes de ouro

prata plaquet | Relogios | Para torres ou

fazendas encarregando-se os donos do

estabelecimento da sua collocaccedilatildeo e

affianccedilando a boa marcha por cinco

annos|| CONCERTOS PERFEITOS E

AFFIANCcedilADOS|| POR UM ANNO

- 14 de outubro de 1874 Campinas A

Mocidade

RELOJOARIA|| DO || REGULADOR

CAMPINENSE || Penteado amp Nunes ||

LARGO DA MATRIZ VELHA Nuacutemero

39|| Acaba de receber um completo

sortiemento de relogios de parede e

algibeira de lindos gostos sendo vendidos

pos commodos preccedilos affianccedilados por um

anno Recebeu mais lindo sortimento de

pince-nez tanto de vidro de cor como de

grao despertadores correntes de ouro

197

prata plaquet| Relogios| Para torres ou

fazendas encarregando-se os donos do

estabelecimento da sua collocaccedilatildeo e

affiancado a boa marcha por cinco annos||

CONCERTOS PERFEITOS E

AFFIANCcedilADOS||POR UM ANNO

PALAVRA RELOJOEIRO

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

reloacutegio sm designaccedilatildeo comum a diversos

tipos de instrumentos ou mecanismos para

medir intervalo de tempo | relogeo XV |

Do lat Horologium -ii deriv Do gr

Horoloacutegion || relojoaria | relogiaria XVIII

|| relojoeiro | relogeiro 1813

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

relojoeiro Adj 1 relativo a relojoaria ou

a reloacutegio s m 2 aquele que fabrica ou

concerta reloacutegios

PERIOacuteDICO

DATA

- 29 de novembro de 1852 Satildeo Paulo

Aurora Paulistana

198

E

CIDADE DE ORIGEM

BAZAR FLUMINENSE | Rua da

Quintana nuacutemero 48 | RIO DE JANEIRO

| Co aquella denominaccedilatildeo e neste local

acaba de abrir-se um Es- | tabelecimento

que apresenta um mercado prompto

variadissimo e ao | alcance de todas as

fortunas dos ricos porque tem por onde

esco- | lher das classes menos abastadas

porque hatildeo-de encontrar bom e | barato ||

Este Estabelecimento eacute o unico de seu

genero nesta corte porque | nelle se

reuacutenem muitos dos objectos que

constituem o sortimento das | lojas de

fazendas e de armarinho de louccedila e de

ferragem de ourives | e relojoeiro de

roupa e de calccedilado de mobiacutelia de livros e

papel ampc| ampc eacute uma Bazar de variados

artefactos tanto nacionaes como es- |

trangeiros e eacute ainda o unico nesta Corte

quanto aacute modicidade dos | preccedilos porque

todos os effeitos ahi seratildeo vendidas por

custo muito | inferior ao geralmente

estabelecido || Para satisfazer

religiosamente a esta condiccedilatildeo base em

que deve | repousar a confianccedila publica

os proprietaacuterios deste Estabelecimente |

natildeo procuratildeo para sortimento de sua casa

determinados objectos elo | les compratildeo

somente quando possatildeo obter por preccedilos

muitos modicos- | e neste empenho

lanccedilaratildeo matildeo de todos os meios que lhes

199

ministratildeo | os recursos pecuniaacuterios de que

dispotildeem e a sua longa pratica de |

commercio Suas compras seratildeo sempre

feitas em primeira matildeo | nos grandes

armazeacutens por junto e com dinheiro aacute

vista natildeo aban- | donando tambem as que

vantajosamente poderem realizar em arre-

| mataccedilotildees judiciaes nrsquoAlfandega nos

Trapiches em Casa de leilatildeo | e em toda a

parte onde a palavra ndash barato ndash for uma

realidade mandaratildeo vir por sua conta

remessas de foacutera invidaratildeo emfim todas

as suas | forccedilas para que o diminuto preccedilo

das compras facilite a barateza das ven- |

das Desejao vender muito embora seja

diminutissimo o seu lucro em | cada

objecto || Nenhum dos artigos proacuteprios

das casas de seccos e molhados teraacute |

cabida em seus armazens porem ahi

acharaotilde os habitantes desta ci- | dade e os

negociantes do interior fazendas de seda

latildea linho e al- | godatildeo ndash objectos de ouro

prata e outros metaes ndash vidros crystaes

lou- | ccedila e porcellana ndash livros em todas as

linguas papel estampas e ob- | jectos

drsquoescriptorio ndash roupa chapeacuteos e calccedilados

ndash trastes para o serviccedilo e ornamentos de

casas ndash objectos de armarinho e muitos

outros tudo | barato por preccedilos fixos e

dinheiro aacute vista pois eacute incontestavel que o

| Bazar natildeo poacutede vender a praso pelos

moacutedicos preccedilos que tem esta- | belecido ||

Todas as vendas seratildeo acompanhadas de

200

uma conta a mais cir- | cunstanciada

maximeacute quando forem feitas por

intermedio de criados | ou escravos a fim

de que os Senhores compradores a possatildeo

combinar | com cataacutelogos que o Bazar for

publicando e reconhecer sempre | a

lealdade deste Estabelecimento ||

Bondade de gecircnero ndash probidade nas

transacccedilotildees ndash pontualidade nas |

encommendas ndash sortimento variadissimo ndash

e barateza das vendas eis o | progamma

do BAZAR FLUMINENSE O Publico

decidiraacutese es- | e Estabelecimento eacute digno

da sua confianccedila || Aviso aos Habitantes

dos Municipios da Provincia do | Rio de

Janeiro e das Provincias centraes || A

Direcccedilatildeo do Bazar Fluminense encarrega-

se de mandar encai- | xotar e remetter aos

seus destinos quaesquer objectos que lhe

forem | encommendados e promptamente

pagos e tambem de comprar por |

commissatildeo os que natildeo houverem neste

Estabelecimento compra a que |

drocederaacute com a mais severa economia e

de maneira que a impor- | tancia dessa

commissatildeo (que nunca excederaacute de 5 por

cento por | mais limitadas que sejatildeo as

encommendas) natildeo absorva o abatimen- |

to que a favor dos nossos freguezes se

obtiver em taes compras | e nos preccedilos

geralmente estabelecidos || As pessoas

que se dignarem honrar o Estabelecimento

com a sua | confianccedila podem dirigir-se

201

nesta Corte pessoalmente ou por escrito |

ao abaixo assignado e em Minas podem

igualmente dar suas ordens | ao Senhor

Sebastiatildeo Augusto Pinto de Souza

Director da casa filial | estabelecida na

Cidade do Ouro Preto Capital drsquoaquella

Proviacutencia || Rio de Janeiro 7 de

Novembro de 1852 || Bernardo Xavier

Pinto de Souza || N B A Direcccedilatildeo do

Bazar encarrega-se igualmente de mandar

| apromptar pelos uacuteltimos preccedilotildees tudo

que pertence ao fardamento e | uniformes

dos Senhores Officiaes da Guarda

Nacional

PALAVRA STEREOSCOPOS

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

esteacutereo sm lsquomedida de volume para

lenha equivalente a um metro cuacutebicorsquo |

estere 1881 | do fr stegravere deriv do gr

stereoacutes lsquosoacutelido firmersquo O voc ocorre na

formaccedilatildeo de inuacutemeros derivados ()

estereoscoacutepio | stereoscopo 1858 | do fr

steacutereacuteoscopie ()

202

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

SEM REGISTRO

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 05 de fevereiro de 1867 Satildeo Paulo

Correio Paulistano

NA CASA GARRAUX || LARGO DA SEacute

|| Encontra-se os artigos seguintes ||Papel

para desenho || Papel de luto || Papel de

peso || Papel almasso || Papel florete ||

Papel Hollanda || Papel de phantasia ||

Papel de cartas || Envelppes brancos ||

Enveloppes de cores || Enveloppes de luto

|| Enveloppes commerciaes || Enveloppes

forrados de panno || Cartotildees de visita ||

Ditos para casamentos || Tinteiro de vidro

|| Tinteiro de crystal || Tinteiro de bronze ||

Tinteiro ricos de phantasia || Pennas de

accedilo de varias qualidades || Pennas de ave

|| Sinetas || Canivetes || Pacas de cortar

papel || Lacre || Obreiras || Imagens ||

Quadros de devoccedilatildeo || Desenhos || Albuns

para desenhos || Aacutelbuns para photographia

|| Quadros para photographia || Carteiras ||

Estojos de viagem || Caixas de perfumaria

|| Caixas de papelaria || Caixas de costura

com musica || Caixa de mathematicas ||

Caixas de tintas || Tintas de escrever ||

Livro de direito || Livros de litteratura ||

203

Livros de devoccedilatildeo || Livros de educaccedilatildeo ||

Livros de homœopathia || Livros de missa

|| Horas Marianas || Livros de luxo para

presentes || Objectos de phantasia para

presentes || Lapis || Baralho de cartas ||

Baralhos de cartas de phantasia ||

Bengallas || Livros para apontamentos ||

Stereoscopos || Folhinhas do anno ||

Pastas || E muito mais objectos || Grande

sortimento de papel pintado | para forrar

casas fabricados em Paris | desde 500 reacuteis

a peccedila para cima | Guarniccedilatildeo roda-peacute

paisagens etc | Esta casa recebe

directamente da Europa todos seus livros e

mercado- | rias e destrsquoarte poacutede offerecer

aacutes pessoas que a Ella se dirigem

considera- | veis vantagens

PALAVRAS TACHYGRAPHIA

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

taqueo- (taco-) taqu(i)- elem Comp do

gr Tachy- de tachyacutes tachoacutes raacutepido

ceacutelere que se documenta em alguns

compostos introduzidos a partir do seacutec

XIX na linguagem erudita ()

taquigrafia | tachygraphia 1844 ()

204

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

taquigrafia SfV estenografia = escrita

abreviada e simplificada na qual se

empregam sinais que permitem escrever

com a mesma rapidez com que se fala

taquigrafia logografia

PERIOacuteDICOS

DATAS

E

CIDADES DE ORIGEM

- 24 de abril de 1889 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

Questionaacuterio da arte tachygraphica|

ensinada no Brasil pelo

professor|Sebastiatildeo Mestrinho| 1 O que eacute

a Tachugraphia - Eacute a Arte de escreverse

tatildeo veloz como se fala| 2 Em quantas

partes se divide a Tachygraphia -

Alphabeto terminaccedilotildees| convenccedilotildees ou

signaes particulares| 3 De quantas letras

se compotildee o Alphabeto - De 16 que satildeo

b d f g h l m n p q|r s t v x z| 4 De quantos

caracteres se compotildee as terminaccedilotildees - De

18 que satildeo - Avel| Ario Ando Asto

Anto Anccedila Arte Amos Ei Au Menta

Ismo A otilde| Bilidade A I U (para os

artigos) Em Eu| 5 Quantos alphabetos -

Um que reproduz-se por 4 formas

simples ligado | simples e composto e

circulo| 6 De onde eacute retirada a

Tachygrafia - De um circulo e seus

205

raios| 7 O que eacute Alphabeto

Tachygraphico - Eacute uma convenccedilatildeo feita

do circulo e raios| de que se compotildee os

nomes| 8 O que satildeo as terminaccedilotildees -

Uma colleccedilatildeo de caracteres que abreviatildeo

letras e|syllabas| 9 Ha regra certa ou base

na Tachygraphia Sim quando para

provarmos que|sabemos a arte Natildeo

quando acompanhamos a palavrapor que

abandonamos|a arte e abraccedilamos as

convenccedilotildees|10 Para que servem os

signaes particulares ou convenccedilotildees -

Para facilitar o|acompanhamento da

palavra|11 Quantos methodos conta a

Arte Tachygraphica - Uma infinidade

delles|Cada disciacutepulo depois de habilitado

poacutede tomar por base o circulo e crear|uma

arte|12 Qual eacute o melhor methodo

Tachygraphico ndash Aquelle que contiver

os|caracteres mais necessarios nos pontos

de mais facilidade nos traccedilos|13 Quaes

satildeo as qualidades essenciaacutees do

Tachygrapho Bom ouvido|agilidade

manual a necessaria intelligentcia e fina

penetraccedilatildeo|14 Todo homem que sabe

Tachygraphian pocircde ser Tachygrapho ndash

Natildeo por que|poacutede reunir todas as

qualidades communs e natildeo dispor da

precisa espeditez|para auxilial-os nos

conhecimentos que tem a arte|15 Para que

servem as cruzetas ou espaccedilos em branco

ndash Para indicar ponto final| oraccedilatildeo

interrompida ou falha etc|16 O nome

206

escripto em Tachygraphia poacutede variar ndash

Sim porque com o mesmo|signal

podemos traduzir nomes mui decerso

(fazendo-o pelo sentido da|oraccedilatildeo)|17

Temos masculino ou feminino ndash Natildeo ndash

Classificamos pelo sentido|18 Temos

singular ou plural ndash Natildeo ndash Distinguimos

pelo precedente e os|nuacutemeros satildeo os

mesmos|19 Temos ortographia ndash Natildeo

escrevemos pelos sons como se vecirc Casa

Quis Quaes Cossa etc que fazemos em

QZ ou QS

PALAVRA TACHYGRAPHICO(A)

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

taqueo- (taco-) taqu(i)- elem Comp do

gr Tachy- de tachyacutes tachoacutes raacutepido

ceacutelere que se documenta em alguns

compostos introduzidos a partir do seacutec

XIX na linguagem erudita ()

taquigraacutefico | tachygraphico 1844 ()

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

Taquigraacutefico Adj Referente agrave

taquigrafia estenograacutefico

207

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 24 de abril de 1889 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

Questionaacuterio da arte tachygraphica|

ensinada no Brasil pelo

professor|Sebastiatildeo Mestrinho| 1 O que eacute

a Tachugraphia - Eacute a Arte de escreverse

tatildeo veloz como se fala| 2 Em quantas

partes se divide a Tachygraphia -

Alphabeto terminaccedilotildees| convenccedilotildees ou

signaes particulares| 3 De quantas letras

se compotildee o Alphabeto - De 16 que satildeo

b d f g h l m n p q|r s t v x z| 4 De quantos

caracteres se compotildee as terminaccedilotildees - De

18 que satildeo - Avel| Ario Ando Asto

Anto Anccedila Arte Amos Ei Au Menta

Ismo A otilde| Bilidade A I U (para os

artigos) Em Eu| 5 Quantos alphabetos -

Um que reproduz-se por 4 formas

simples ligado | simples e composto e

circulo| 6 De onde eacute retirada a

Tachygrafia - De um circulo e seus

raios| 7 O que eacute Alphabeto

Tachygraphico - Eacute uma convenccedilatildeo feita

do circulo e raios| de que se compotildee os

nomes| 8 O que satildeo as terminaccedilotildees -

Uma colleccedilatildeo de caracteres que abreviatildeo

letras e|syllabas| 9 Ha regra certa ou base

na Tachygraphia Sim quando para

208

provarmos que|sabemos a arte Natildeo

quando acompanhamos a palavra por que

abandonamos|a arte e abraccedilamos as

convenccedilotildees|10 Para que servem os

signaes particulares ou convenccedilotildees -

Para facilitar o|acompanhamento da

palavra|11 Quantos methodos conta a

Arte Tachygraphica - Uma infinidade

delles|Cada disciacutepulo depois de habilitado

poacutede tomar por base o circulo e crear|uma

arte|12 Qual eacute o melhor methodo

Tachygraphico ndash Aquelle que contiver

os|caracteres mais necessarios nos pontos

de mais facilidade nos traccedilos|13 Quaes

satildeo as qualidades essenciaacutees do

Tachygrapho Bom ouvido|agilidade

manual a necessaria intelligentcia e fina

penetraccedilatildeo|14 Todo homem que sabe

Tachygraphia pocircde ser Tachygrapho ndash

Natildeo por que|poacutede reunir todas as

qualidades communs e natildeo dispor da

precisa espeditez|para auxilial-os nos

conhecimentos que tem a arte|15 Para que

servem as cruzetas ou espaccedilos em branco

ndash Para indicar ponto final| oraccedilatildeo

interrompida ou falha etc|16 O nome

escripto em Tachygraphia poacutede variar ndash

Sim porque com o mesmo|signal

podemos traduzir nomes mui decerso

(fazendo-o pelo sentido da|oraccedilatildeo)|17

Temos masculino ou feminino ndash Natildeo ndash

Classificamos pelo sentido|18 Temos

singular ou plural ndash Natildeo ndash Distinguimos

209

pelo precedente e os|nuacutemeros satildeo os

mesmos|19 Temos ortographia ndash Natildeo

escrevemos pelos sons como se vecirc Casa

Quis Quaes Cossa etc que fazemos em

QZ ou QS

PALAVRA TACHYGRAPHO

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

taqueo- (taco-) taqu(i)- elem Comp do

gr Tachy- de tachyacutes tachoacutes raacutepido

ceacutelere que se documenta em alguns

compostos introduzidos a partir do seacutec

XIX na linguagem erudita ()

taquiacutegrafo | tachygrapho 1844 ()

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

Taquigrafo sm V estenoacutegrafo

PERIOacuteDICO

DATA

E

- 24 de abril de 1889 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

210

CIDADE DE ORIGEM Questionaacuterio da arte tachygraphica|

ensinada no Brasil pelo

professor|Sebastiatildeo Mestrinho| 1 O que eacute

a Tachugraphia - Eacute a Arte de escreverse

tatildeo veloz como se fala| 2 Em quantas

partes se divide a Tachygraphia -

Alphabeto terminaccedilotildees| convenccedilotildees ou

signaes particulares| 3 De quantas letras

se compotildee o Alphabeto - De 16 que satildeo

b d f g h l m n p q|r s t v x z| 4 De quantos

caracteres se compotildee as terminaccedilotildees - De

18 que satildeo - Avel| Ario Ando Asto

Anto Anccedila Arte Amos Ei Au Menta

Ismo A otilde| Bilidade A I U (para os

artigos) Em Eu| 5 Quantos alphabetos -

Um que reproduz-se por 4 formas

simples ligado | simples e composto e

circulo| 6 De onde eacute retirada a

Tachygrafia - De um circulo e seus

raios| 7 O que eacute Alphabeto

Tachygraphico - Eacute uma convenccedilatildeo feita

do circulo e raios| de que se compotildee os

nomes| 8 O que satildeo as terminaccedilotildees -

Uma colleccedilatildeo de caracteres que abreviatildeo

letras e|syllabas| 9 Ha regra certa ou base

na Tachygraphia Sim quando para

provarmos que|sabemos a arte Natildeo

quando acompanhamos a palavrapor que

abandonamos|a arte e abraccedilamos as

convenccedilotildees|10 Para que servem os

signaes particulares ou convenccedilotildees -

Para facilitar o|acompanhamento da

palavra|11 Quantos methodos conta a

211

Arte Tachygraphica - Uma infinidade

delles|Cada disciacutepulo depois de habilitado

poacutede tomar por base o circulo e crear|uma

arte|12 Qual eacute o melhor methodo

Tachygraphico ndash Aquelle que contiver

os|caracteres mais necessarios nos pontos

de mais facilidade nos traccedilos|13 Quaes

satildeo as qualidades essenciaacutees do

Tachygrapho Bom ouvido|agilidade

manual a necessaria intelligentcia e fina

penetraccedilatildeo|14 Todo homem que sabe

Tachygraphia pocircde ser Tachygrapho ndash

Natildeo por que|poacutede reunir todas as

qualidades communs e natildeo dispor da

precisa espeditez|para auxilial-os nos

conhecimentos que tem a arte|15 Para que

servem as cruzetas ou espaccedilos em branco

ndash Para indicar ponto final| oraccedilatildeo

interrompida ou falha etc|16 O nome

escripto em Tachygraphia poacutede variar ndash

Sim porque com o mesmo|signal

podemos traduzir nomes mui decerso

(fazendo-o pelo sentido da|oraccedilatildeo)|17

Temos masculino ou feminino ndash Natildeo ndash

Classificamos pelo sentido|18 Temos

singular ou plural ndash Natildeo ndash Distinguimos

pelo precedente e os|nuacutemeros satildeo os

mesmos|19 Temos ortographia ndash Natildeo

escrevemos pelos sons como se vecirc Casa

Quis Quaes Cossa etc que fazemos em

QZ ou QS

212

- 5 de junho de 1852 Aurora Paulistana

Satildeo Paulo

Post-Scriptum | Demoramos a publicaccedilatildeo

desta folha por | que pelo contrato para a

publicaccedilatildeo das dis- | cussotildees da

Assembleacutea provincial soacute nos corre | a

obrigaccedilatildeo de publical-a quando o material

| fornecido pelo tachygrapho preencha as

tres | primeiras paginas

PALAVRAS TELEGRAPHO

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

tel(e)- elem comp do gr Tele- de tele

longe ao longe de longe que se

documenta em inuacutemeros compostos

introduzidos a partir de seacutec XIX na

linguagem erudita () teleacutegrafo 1813 do

fr teacuteleacutegraphe voc criado por Miot no

final do seacutec XVIII

213

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

teleacutegrafo Sm 1 Qualquer sistema

sistema de transmissatildeo de mensagens

entre pontos distantes por meio de sinais

2 casa ou lugar onde ele funciona

PERIOacuteDICOS

DATAS

E

CIDADES DE ORIGEM

- 14 de outubro de 1874 Campinas A

Mocidade

PEDE-SE TODA||ATTENCcedilAtildeO|| Aos

senhores fazendeiros|| Ferreira Novo amp

Filho participaratildeo aos senhores

fazendeiros e negociantes que continuatildeo a

comprar cafegrave em maior quantidade do que

faziam ateacute hoje achando-se para isso

habilitados por acabarem de contractar

com algumas das principais casas

exportadoras a fazerem grandes compras

Nosso systema de compras seraacute Comprar

toda e qualquer quantidade de cafegrave quando

beneficiado o prompto recebemos ou com

poucos dias de demora depois da venda|

Pedimos a todos os senhores fazendeiros

quando tenhatildeo cafegrave em qualquer

quantidade promptoe queiratildeo vender a

bondade de nos procurarem pagando

sempre no dia da venda maior preccedilo que

permitir o estado do cafegrave nos principais

mercados do paiz da America e da

Europa habilitando-nos para podermos

214

fazer tatildeo grande vantagem aos senhores

lavradores o telegrapho que acaba de

collocar em comunicaccedilatildeo diaria esta

florescente cidade com aqueles principaes

mercados

PALAVRAS TELEPHONE

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

tel(e)- elem Comp do gr Tele- de tele

longe ao longe de longe que se

documenta em inuacutemeros compostos

introduzidos a partir de seacutec XIX na

linguagem erudita () telefone | -pho-

1899 | Do fr I teacuteleacutephone O voc Jaacute se

documenta em alematildeo (Telephon) desde

1796

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

telefone S m 1 Aparelho para transmitir

a distacircncia a palavra falada 2 Restr

Telefone (1) de uso corrente que consta

de um mecanismo eleacutetrico capaz de

efetuar a ligaccedilatildeo entre duas linhas e

peccedila(s) distinta(s) a emitir e receber

mensagens faladas()

215

PERIOacuteDICOS

DATAS

E

CIDADES DE ORIGEM

- 31 de dezembro de 1896 Campinas

Cidade de Campinas

LIXIVIA PHENIX|| Agente de differentes

casas de Satildeo Paulo de cujas casas tem

amostras de artigos| Tem a venda a

explendida farinha de aveia Knorr| Abre

aacutes 6frac12 da manhatilde e fecha aacutes 5 horas da

tarde| Telephone 247| Caixa postal 89|

RUA GENERAL OSORIO Nuacutemero 59||

BF NEGRAtildeO|| CAMPINAS

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

Doutor CARLOS PENNA | MEDICO

OPERADOR | ESBECIALISTA | DAS

MOLESTIAS DOS OLHOS || Consultorio

ndash Rua da Imperatriz 35 de 1 aacutes 3 horas

Telephono 190 || Residencia ndash Rua

Aurora 76 ndash Telephono nuacutemero 42 ||

Dispocirce de excellentes aposentos para o

tratamento de clientes de QUAL- | QUER

classe || Attende a chamados para

qualquer ponto da provincia

216

PALAVRA TYPOGRAPHIA

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

tipo sm orig modelo exemplar siacutembolo

ext (Tip) letra de forma de imprimir

XVII Do lat typus -i deriv Do gr tyacutepos

() tipografia | typographia 1813

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

tipografia Sf 1 Arte que compreende as

vaacuterias operaccedilotildees conducentes agrave impressatildeo

de textos desde a criaccedilatildeo dos caracteres agrave

sua composiccedilatildeo e impressatildeo de modo que

resulte num produto graacutefico ao mesmo

tempo adequado legiacutevel e agradaacutevel 2

Restr Sistema de imprimir com focircrmas

em relevo impressatildeo tipograacutefica 3 Estilo

ou arranjo do texto tipograacutefico 4

Estabelecimento tipograacutefico

PERIOacuteDICO

DATA

E

- 25 de abril de 1852 Aurora Paulistana

Satildeo Paulo

217

CIDADE DE ORIGEM ATTENCcedilAtildeO | A Farrapeida| Recebem-

se nesta typogra|phia assignaturas para

um | opusculo que breve sahiraacute aacute | luz

com o titulo acima e con- | teraacute cerca de

120 paginas Ersquo | um poema em que se

descre- | vecirc a biographia dos princi- | paes

membros do partido - | Venda-grande ndash

nesta provin- | cia e dividido em 5 cantos

dos quaes estatildeo jaacute na typogra- | phia os

tres primeiros cujos titulos satildeo | I A

CARA-SUGEIDA | precedida de uma

estampa | representando um individuo |

desejando surprehender os | segredos de

uma bella Con- | deccedila | II A

CARRONrsquoIHEI- | DA ou as magicaturas

pre- | cedida igualmente de uma ca- |

ricatura | III A JANISTROQUEI- | DA

ou factos historicos bio- | graphia

completa de um ca- | valheiro muito

conhecido a | caricatura que precede este |

canto eacute muito curiosa | Preccedilo de cada

exemplar | 1$ reis pagos ao receber o |

exemplar

- 25 de abril de 1852 Aurora Paulistana

Satildeo Paulo

A Illustrissiacutema Senhora Dona Joaquina

Maria das | Dores drsquoOliveira tem uma

carta no es-| criptorio drsquoesta typographia

que ainda se | natildeo mandou entregar por

218

ignorar-se a | sua residencia

- 29 de maio de 1852 Aurora Paulistana

Satildeo Paulo

- 5 de junho de 1852 Aurora Paulistana

Satildeo Paulo

- 15 de junho de 1852 Aurora Paulistana

Satildeo Paulo

ATTENCcedilAtildeO | Typographia Liberal | de

| J R drsquoAzevedo Marques | LARGO DA

SErsquo N 3 | Joaquim Roberte drsquoAzevedo

Marques tem | a honra de participar ao

respeitavel publico | que acaba de montar

em maior escala a Ty- | pographia

Liberal se sua propriedade com | um

variado e novo sortimento de typos vi- |

nhetas emblemas florotildees ampc e com um

dos | mais aperfeiccediloados preacutelos de ferro

dos que ul- | timamente se fabricatildeo em

Paris e achando-se | por esta forma

habilitado para desempenhar | com

promptidatildeo e aceio qualquer trabalho ty- |

pographico por este offerece o seu

estabeleci | mento ao illustrado publico

desta capital e pro- | vincia a quem

assegura que alem da nitidez | e gosto que

distinguiratildeo os seus trabalhos se- | ratildeo

219

feitos com a brevidade que actualmente |

lhe proporcionatildeo os recursos do

estabeleci- | mento e pelos preccedilos os mais

commodos

- 5 de outubro de 1852 Satildeo Paulo

Aurora Paulistana

AVISO | Roga-se aos nossos assi- |

gnantes que natildeo quizerem | continuar sua

assignatura e | aacutequellas pessoas a que

ago- | ra remettemos a nossa folha | e natildeo

acceitarem o nosso affe- | recimento

tenhatildeo a bondade | de reverter aacute

typographia este | numero ou declarar ao

dis- | tribuidor que a natildeo acceitatildeo | na

entrega do seguinte

- 15 de outubro de 1852 Satildeo Paulo

Aurora Paulistana

ALUGA-SE um servente para ser- | viccedilo

dentro desta cidade quem o tiver | poacutede

comparecer nesta typographia | para

tratar a respeito

220

PALAVRA TYPOGRAPHICO

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

tipo sm orig modelo exemplar siacutembolo

ext (Tip) letra de forma de imprimir

XVII Do lat typus -i deriv Do gr tyacutepos

() tipograacutefico | typographico 1813 ()

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

Tipografico adj Relativo agrave tipografia

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 29 de maio de 1852 Aurora Paulistana

Satildeo Paulo

- 5 de junho de 1852 Aurora Paulistana

Satildeo Paulo

- 15 de junho de 1852 Aurora Paulistana

Satildeo Paulo

ATTENCcedilAtildeO | Typographia Liberal | de |

J R drsquoAzevedo Marques | LARGO DA

SErsquo N 3 | Joaquim Roberte drsquoAzevedo

Marques tem | a honra de participar ao

221

respeitavel publico | que acaba de montar

em maior escala a Ty- | pographia Liberal

se sua propriedade com | um variado e

novo sortimento de typos vi- | nhetas

emblemas florotildees ampc e com um dos |

mais aperfeiccediloados preacutelos de ferro dos que

ul- | timamente se fabricatildeo em Paris e

achando-se | por esta forma habilitado

para desempenhar | com promptidatildeo e

aceio qualquer trabalho ty- | pographico

por este offerece o seu estabeleci | mento

ao illustrado publico desta capital e pro- |

vincia a quem assegura que alem da

nitidez | e gosto que distinguiratildeo os seus

trabalhos se- | ratildeo feitos com a brevidade

que actualmente | lhe proporcionatildeo os

recursos do estabeleci- | mento e pelos

preccedilos os mais commodos

222

113 Lexemas ligados agrave sauacutede

PALAVRA AMENORRHEA

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

Amenorreacuteia Sf lsquoausecircncia de menorreia

ou menstruaccedilatildeorsquo | 1899 amenorrhecirca 1858

| do fr Amenorrheacutee deriv Do lat Cient

amenorrhea (ltGr a-[v A-(iv)] + men

lsquomecircsrsquo + -rhoia lsquofluxorsquo) ()

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

Amenorreacuteia Sf ausecircncia de menorreia

ou menstruaccedilatildeo amenia

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 05 de julho de 1887 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

Tonico|Fevrifugo|Regenerador|vinho do

doutor johanno Quina Coca Extracto de

Carne e Hypophosphito|Recommendatildeo-

no nos casos que necessitatildeo toacutenicos

para|reconstruir e regenerar o organismo

arruinado por molestias|excessos

natureza do clima anemia chlorosis

amenorrhea cachxia|fluxo branco que

tanto arruinatildeo a saude das mulheres

223

pobreza de|sangue fraqueza geral

debilidade etc|H Vivien Droguista 50

Boulevard de Strasboug em Paris

PALAVRAS ANEMIA

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

anemia sfdiminuiccedilatildeo de hemoglobina do

sangue circulante 1858 Do fr aneacutemie

deriv do gr anaimiacutea || anecircmico 1871

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

anemia S f Patol1 Deficiecircncia de

hemaacutecias ou hemoglobina no sangue

circulante 2 fig Debilidade fraqueza

PERIOacuteDICOS

DATAS

E

CIDADES DE ORIGEM

- 01 de fevereiro de 1888 Campinas

Diaacuterio de Campinas

PRODUCTOS DE J-P

LAROZE||APROVADOS||pela junta de

Hygiena do Brasil||2 RUA DES LIONS-

SAINT-PAUL 2 PARIS||Xarope

Depurativo| de Casca de Laranja amarga

224

aos | Ioduretos de Potassio| contra

escrephulosas cancerosas syphiliticas

tumores brancos da agrura do sangue

etc| Xarope Ferruginoso| de Casca de

Laranja e Quassia amara ao | Proto-

Iodureto de Ferro| contra as cores pallidas

chlorose anemia doenccedilas de langor

rachitismo etc| Xarope Sedativo| de

Casca de Laranja amarga ao| Bromureto

de Potassio| calmante certo contra as

nevralgias a epilepsia o hysterico

insonia das crianccedilas todas as affecccedilotildees

nervosas| Deposito em todas as boas

Drogarias e Pharmacias

- 05 de julho de 1887 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

Tonico|Fevrifugo|Regenerador|vinho do

doutor johanno Quina Coca Extracto de

Carne e Hypophosphito|Recommendatildeo-

no nos casos que necessitatildeo toacutenicos

para|reconstruir e regenerar o organismo

arruinado por molestias|excessos

natureza do clima anemia chlorosis

amenorrhea cachxia|fluxo branco que

tanto arruinatildeo a saude das mulheres

pobreza de|sangue fraqueza geral

debilidade etc|H Vivien Droguista 50

225

Boulevard de Strasboug em Paris

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

VINHO || Tonico-Nutritivo || DEFRESNE

|| Com Peptons (Carne assimilavel) ||

FERRO E LACTO-PHOSPHATO DE

CAL NATURAES || Sendo o Vinho

Defresne drsquoum gosto | delicioso tambem

eacute o unico reconsti- | tuinte natural e

completo || Eacute o mais precioso de todos os

tonicos sob a sua influencia desvanecem-

se os | accindentes febris renasce o

appetite forta- | lecem-se os musculos e

voltam as forccedilas || Emprega-se com ecircxito

contra a inappe- | tencia os crescimentos

raacutepidos com ra- | lecoenccedilas molestias de

estomago a | anemia e [ilegiacutevel] ||

DEFRESNE Fornecedor dos Hospitaes

Paris || E todas as Pharmacias

PALAVRA ANTIPHOLOGISTICO

226

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

flox sm lsquo(Bot) gecircnero de polemoniaacuteceas

ornamentaisrsquo 1899 Do lat phlox ndashgis e

este do gr phloacutex ndashgoacutes lsquoflamarsquo | flogiacutestico

| phlo- 1844 | do fr phlogisitque do lat

cient phlogisticum voc criado pelo

quiacutemico alematildeo Becker (1628-1685)

(antiplogiacutestico SEM REGISTRO)

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

antiflogiacutestico adj e sm diz-se de ou

substacircncia aplicaacutevel contra inflamaccedilotildees

antiinflamatoacuterio

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

CONSTIPACcedilOtildeES e MOLESTIAS do

PEITO || XAROPE

ANTIPHOLOGISTICO BRIANT ||

PARIS Pharmacia BRIANT 150 rua de

Rivoli PARIS || As celebridades medicas

de Paris recommendatildeo ha mais de 30

annos o | XAROPE BRIANT como o

medicamento peitoral de gosto mais

agradaacutevel e | de efficacia mais certa de

Defluxos Constipaccedilotildees Catharros etc |

Este Xarope nunca [ilegiacutevel] ndash Deve-se

227

exigir a Brochura em nove linguas | com a

assignatura bem lisivel do inventor |

DEPOSITO EM TODAS AS

PRINCIPAES PHARMACIAS

PALAVRA APPOPLEXIA

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

apoplexia sf lsquo(Med) afecccedilatildeo cerebral que

se manifesta imprevistamente

acompanhada de privaccedilatildeo dos sentidos e

do movimentorsquo XVI Do lat apoplexia

deriv do gr apoplixiacutea ()

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

apoplexia (cs) Sf med 1 afecccedilatildeo

cerebral que se manifesta

imprevistamente acompanhada de

privaccedilatildeo dos sentidos e do movimento 2

qualquer das afecccedilotildees resultantes da

formaccedilatildeo raacutepida de um derrame sanguiacuteneo

ou seroso no interior de um oacutergatildeo

PERIOacuteDICO

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

228

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

Paulistano

Santo JEAN de La Croix [gravura]|

AGUA | DE | MELISSA dos

CAMELITAS | BOYER | Unico successor

| dos Carmelitas | SAINTE THERESE

[gravura]| PARIS ndash 14 Rua de lrsquoAbbaye

14 ndash PARIS | EAU DES CARMES | RUE

TARANNE Nuacutemero 14 TRANSFEacuteREacuteE

14 RUE DE LrsquoABBAYE PARIS [brazatildeo]

| CONTRA | Apoplexia | Cholera | Enjocirco

do mar | Faltos | Coacutelicas | Indigestotildees |

Febre amarella etc | Ler o prospecto no

qual vai envolvido | cada vidro || Deve-se

exigir o letreiro branco e preto | em todos

os vidros | seja qual focircr o tamanho |

Desconfiar | AS | FALSIFICACcedilOtildeES | e |

Exigir a assignatura | de | [assinatura] |

DEPOSITO EM TODAS AS

PHARMACIAS | DO Universo

PALAVRA ASTHENIA

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

astenia sf debilidade fraquesa | -th-

1844 do fr Astheacutenis deriv Do gr

Astheacuteneia falta de vigor ()

229

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

astenia sfmed Fraquesa orgacircnica

debilidade fraqueza [antocircn Estenia]

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 29 de janeiro de 1899 Satildeo Paulo

A Notiacutecia

A EMULSAtildeO DE SCOTT|de Oleo de

Figado de|Bacalhau com Hipophos|phitos

de Cal e Soda|Eacute UM REMEacuteDIO-

ALIMENTOPOR EXCELENCIA|Porque

o Oleo de Figado de Bacalhau como

alimento eacute dum valor importantissimo-

fortalece e engorda-Como remedio rico-eacute

magnifico creador d sangue assim como

um bom remedio alterante espinha dorsal

e systema osseo e a combinaccedilatildeo destes

preciosos componentes produz o melhor

reconstituinte tonico e purificador de

sangue que a sciencia medica conhece

Natildeo te rival para todas as molestias

debilitantes ha annos emprego a

Emulsatildeo de Ha mais de 20 annos que

emprego Scott e seguro contra affecccedilotildees

do em minha clinica sempre com muito

apparelho respiratorioe para vantagem nos

casos em que eacute combater a asthenia em

230

geral Diz indicada Diz o deistincto

Doutor Joseacute o illustrado Doutor Bacellar

do Rio Justino de Mello de Paranaguaacute

Grande do Sul Cautella com Imitaccedilotildees| A

venda em todas as Drogarias

Falsificaccedilotildees e Pharmacias Exija-se a

Legitima|Scott amp Bowne Chimicos New

York EUA

PALAVRA ASTHMA

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

asma Sf doenccedila caracterizada por

ataques repetitivos de dispneia XV Do

lat Asthma -atis e este do gr Aacutesthma -

tos

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

asma Sfpatol Condiccedilatildeo que se

caracteriza por acessos recorrentes de

dispneacuteia paroxiacutextica tosse e sensaccedilatildeo de

constriccedilatildeo por efeito da contraccedilatildeo

espasmoacutedica dos brocircnquios Em casos eacute

de natureza alergica

231

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 03 de janeiro de 1889 Satildeo Paulo

Correio Paulistano

Grande descoberta|O maior sucesso da

eacutepoca que atravessaacutemos eacute a descoberta do

prodigioso vegetal cujo vegetal em si a

acccedilatildeo maravilhosa de destruir todos os

virus de syphilitico A descoberta deste

remedio que eacute Vegetal Por|Excellencia eacute

a verdadeira Maravilha Do Seculo XIX

Os saacutebios|estudos de muitos annos e as

sucessivas experiecircncias do illustrado e

intelligente|senhor M Morato deram em

resultado que o grande remedio pura

exclusiva|e unicamente vegetal a que deu

o nome de ldquoExilir depurativo de M

Moratordquo|cura completa e rapidamente toda

syphilis curo o rheumatismo com

uma|felicidade espantosa cura a asthma

e usado convenientemente tem com |

espanto de centenas de pessoas curado o

terrivel mas a|Morphegravea |A grande

descoberta deste explendoroso remeacutedio eacute

a felicidade da|humanidade eacute o passo

mais gigantesco dado na medicina

Procurar ldquoExilir|depurativo de M

Moratordquo propagado por Doutor

Carlos|Agente Depositaacuterio Em Satildeo

Paulo|Peixoto Estella amp Companhia|Rua

de Satildeo Bento nuacutemero 11| Preccedilos|20 Exilir

ndash frasco 5$000 Duzia 50$000

232

PALAVRA BLENORRHAGIA

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

Blen(o)- elem Comp do Gr blenno- de

bleacutenna ndashos lsquomucorsquo ou bleacutennos lsquo humor

viscosorsquo que se documenta em alguns

compostos da linguagem meacutedica

internacional a partir do seacutec XIX ()

blenorragia | bennorrhagia 1844

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

Blenorragia Sf patol 1 eliminaccedilatildeo

excessiva de muco 2 V gonorreacuteia

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 04 de abril de 1889 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

Capsulas|Mathey-Caylus|Preparados pelo

doutor clin Premio Montyon|As Capsulas

Mathey ndash Caylus com Envolucro delgado

de Gluten natildeo fatigatildeo|nunca o estomago e

satildeo recommendadas pelos Professores das

Faculdades de|Medicina e os Hospitaes de

233

Paris Londres e New-York para a|cura

raacutepida dos|Corrimentos antigos ou

recentes a Gonorrhea a Blenorrhagia a

Cystite Du|Collo o Catarrho e as Molestia

da Bexigas dos oacutergatildeos genito urinarios|

Uma explicaccedilatildeo detalhada acompanha

cada Frasco|Exigir Verdadeiras Capsulas

Mathey ndash Caylus de clin amp Compagnie

de|Paris que se achatildeo em casa dos

Droguistas e Pharmaceuticos

PALAVRA CHLOROSIS

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

clor(o) elem comp do gr chloro- de

chloroacutes verde esverdeado que se

documenta em vaacuterios compostos

introduzidos a partir do seacute XIX na

linguagem cientiacutefica internacional ()

clorose | chlo- 1858 | Do fr chlorose

deriv do lat cient chlorosis -osticus ()

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

clorose S f 1 Patol anemia peculiar agrave

mulher assim chamada pelo tom amarelo-

esverdeado que imprime agrave pele()

234

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 01 de fevereiro de 1888 Campinas

Diaacuterio de Campinas

PRODUCTOS DE J-P

LAROZE||APROVADOS||pela junta de

Hygiena do Brasil||2 RUA DES LIONS-

SAINT-PAUL 2 PARIS||Xarope

Depurativo| de Casca de Laranja amarga

aos | Ioduretos de Potassio| contra

escrephulosas cancerosas syphiliticas

tumores brancos da agrura do sangue

etc| Xarope Ferruginoso| de Casca de

Laranja e Quassia amara ao | Proto-

Iodureto de Ferro| contra as cores pallidas

chlorose anemia doenccedilas de langor

rachitismo etc| Xarope Sedativo| de

Casca de Laranja amarga ao| Bromureto

de Potassio| calmante certo contra as

nevralgias a epilepsia o hysterico

insonia das crianccedilas todas as affecccedilotildees

nervosas| Deposito em todas as boas

Drogarias e Pharmacias

- 05 de julho de 1887 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

235

Tonico|Fevrifugo|Regenerador|vinho do

doutor johanno Quina Coca Extracto de

Carne e Hypophosphito|Recommendatildeo-

no nos casos que necessitatildeo toacutenicos

para|reconstruir e regenerar o organismo

arruinado por molestias|excessos

natureza do clima anemia chlorosis

amenorrhea cachxia|fluxo branco que

tanto arruinatildeo a saude das mulheres

pobreza de|sangue fraqueza geral

debilidade etc|H Vivien Droguista 50

Boulevard de Strasboug em Paris

PALAVRA CHOLERA

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

coacutelera Sf ira raiva fuacuteria (Pat) doenccedila

infecciosa aguda XV Do latcholera

deriv Do gr Choleacutera

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

coacutelera Sf () 4 Patol Doenccedila

infecciosa aguda contagiosa que pode

manisfestar-se sob forma epidecircmica

236

caracterizada em sua apresentaccedilatildeo

claacutessica por diarreacuteia abundante prostaccedilatildeo

e catildeimbras coacutelera-morbo

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

Santo JEAN de La Croix [gravura]|

AGUA | DE | MELISSA dos

CAMELITAS | BOYER | Unico successor

| dos Carmelitas | SAINTE THERESE

[gravura]| PARIS ndash 14 Rua de lrsquoAbbaye

14 ndash PARIS | EAU DES CARMES | RUE

TARANNE Nuacutemero 14 TRANSFEacuteREacuteE

14 RUE DE LrsquoABBAYE PARIS [brazatildeo]

| CONTRA | Apoplexia | Cholera | Enjocirco

do mar | Faltos | Coacutelicas | Indigestotildees |

Febre amarella etc | Ler o prospecto no

qual vai envolvido | cada vidro || Deve-se

exigir o letreiro branco e preto | em todos

os vidros | seja qual focircr o tamanho |

Desconfiar | AS | FALSIFICACcedilOtildeES | e |

Exigir a assignatura | de | [assinatura] |

DEPOSITO EM TODAS AS

PHARMACIAS | DO Universo

237

PALAVRA CIRURGIAtildeO

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

cirurgia sf lsquo(Med) medicina operatoacuteriarsquo |

1611 celorgia XIII cilurgia XIII

selorgia XIV etc | do lat med chirurgia

deriv do gr cheirourgiacutea lsquooperaccedilatildeo

manualrsquo (gr cheir lsquomatildeorsquo e ergoacuten

lsquotrabalhorsquo V ndashERG- e QUIR(O)- ||

cirugiatildeo sm lsquooperadorrsquo | XVI celorgiatildeo

XIII solyrgiatildees pl XIV sirurgiatildees pl

XIV selergiatildeo XV etc | do lat

chirurgianus || ciruacutergico 1758 Do lat

chirurgicus

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

cirurgiatildeo S m meacutedico que exerce a

cirurgia meacutedico-cirurgiatildeo operador ()

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 4 de marccedilo de 1853 Satildeo Paulo Aurora

Paulistana

CURA CERTA | e em pouco tempo de

todas as enfermidades provenientes de

vicio san- | guineo como ndashescrophulas

tube[r]- | culos lepra syphylis etc etce

[ilegiacutevel] | particular as affecccediloens de

238

pape[ilegiacutevel] | em seu principio ||

Etienne Lagarde || Pharmaceutico e

cirurgiatildeo das faculdades | Pariz e do Rio

de Janeiro ex-preparad[o] | do Curso de

Chimica da escola de medic[i]- | na e

pharmacia de Poi[furo]iers membro da

s[o]- | ciedade medica da mesma cidade e

corres- | pondente de algumas sociedades

scientificas || Attenccedilacirco || A experiencia

junto aacute perseveranccedila qu[e] | hoje tem sido

meus uacutenicos guias no trata[men]- | to das

enfermidades acima mencionadas os |

caracteres horriveis que ellas apresentatildeo |

desgostos que sobrevem as pessoas que

satildeo de | las attacadas deviatildeo naturalmente

attrahir | attenccedilatildeo de todo o homem amigo

da huma- | nidade || Antigamente estas

enfermidades se consi- | deravatildeo com um

principio contagioso o que | obrigava os

doentes a buscar longe das povo- | accedilotildees

uma morada tranquilla que lhes permi- |

tisse esperar com paciencia a hora que [o]

| Creador tivesse determinado para pocircr

term[]| a todos os seus soffrimentos hoje

porem assim | natildeo acontece os progressos

que tem feito [a] | sciencia medica com os

numerosos trabalhos | e investigaccedilotildees da

chimica tem em fim intro- | duzido na

therapeutica e posto aacute disposiccedilatildeo | dos

homens da sciencia um meio prophilati- |

cos contra estas crueis enfermidades

fazendo | assim esperar uma prompta cura

a todos | aquelles que o quizerem abraccedilar

239

|| Penetrado do sentimento o mais sincero

da | philantropia do amor aacute sociedade

offereccedilo o[s] | meus recursos meacutedicos e

pharmaceuticos ad- | quiridos por um

aturado e longo estudo da na- | tureza

humana Ersquo pois com os medicamen- | tos

preparados por minhas proacuteprias matildeos

qu[e] | me proponho a curar a todos

aquelles que m[e] | quizerem procurar ||

Estou certo que os epithetos de ndash charlatatildeo

| e especulador ndash ser-me-hatildeo lanccedilados por

al- | guns ao lerem este meu annuncio

porem natildeo | seraacute por homens sensatos que

serei assim [ilegiacutevel] | xado O sabio

indaga consulta ouve [ilegiacutevel] | entre

voacutes (como eu creio) existe algum

rec[ilegiacutevel] | conhecimento recebei de

antematildeo toda a mi- | nha gratidatildeo || A

voacutes enfermos eu dirijo meus offereci- |

mentos eu saberei consolar-vos e talvez

da[r]- | vos a panaceacutea beneacutefica da saude

que tan[furo] | desejaes || Seja o

reconhecimento o fructo de meu[s] |

trabalhos e o uacutenico tributo que desejo

obte[r] | daquelles que me quizerem

honrar com sua[s] | consultas|| Dirijatildeo-se

ao Hotel Paulistano na rua d[e] | Satildeo

Bento nuacutemero 35

240

PALAVRA CYSTITE

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

Cist(i) elem Comp do lat Cystis deriv

Do Gr kyrsquo stisrsquo ndash eos ndashidos lsquobexiga

vesiacutecularsquo que se documenta em alguns

compostos introduzidos a partir do seacutec

XIX na linguagem da medicina ()

cisitite | cys- 1844 | do fr Cystite

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

Cistite Sf patol inflamaccedilatildeo na bexiga

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 04 de abril de 1889 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

Capsulas|Mathey-Caylus|Preparados pelo

doutor clin Premio Montyon|As Capsulas

Mathey ndash Caylus com Envolucro delgado

de Gluten natildeo fatigatildeo|nunca o estomago e

satildeo recommendadas pelos Professores das

Faculdades de|Medicina e os Hospitaes de

Paris Londres e New-York para a|cura

raacutepida dos|Corrimentos antigos ou

recentes a Gonorrhea a Blenorrhagia a

Cystite Du|Collo o Catarrho e as

241

Molestia da Bexigas dos oacutergatildeos genito

urinarios| Uma explicaccedilatildeo detalhada

acompanha cada Frasco|Exigir

Verdadeiras Capsulas Mathey ndash Caylus de

clin amp Compagnie de|Paris que se achatildeo

em casa dos Droguistas e Pharmaceuticos

PALAVRA DARTRES

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

dartos Sm membrana que envolve os

testiacuteculos situada abaixo da pele do

escroto agrave qual adere intimamente 1858

do gr Dartoacutes (chitoacuten) membrana do

escroto por via erudita

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

darto Sm AnatMembrana que envolve

os testiacuteculos situada sob a pele do

escroto agrave qual adere intimamente

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 20 de julho de 1887 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

242

Syfilis Adquirida ou Hereditaacuteria em todo

os periodos accidentes segundarios|e

terciaacuterios que resultatildeo drsquoella Ulceraccedilatildeo

da bocca e da garganta|gommas

exostoses carie dos ossos rheumatismos

ulceras impotencia etc etc|Scrofulas

viacutecios do sangue molestias da pelle

(Dartres ecleacutemas lepra | herpes)- Cura

certa raacutepida e radical pelos celebres

BISCOUTOS|DEPURATIVOS do

DrsquoOLLIVIER o mais poderoso anti-

syphilitico e|receitado haacute mais de 60

annos pelos mais illustrados

profissionaes|eacute o unico remedio no

mundo inteiro approvado pela Academia

de|Medicina de Paris unico premiado

com Recompensa Nacional de 24000|

Francos||Deposito Geral 62 Rua de

Rivali Paris| Em Satildeo Paulo Martins

Labre amp Companhia

- 11 de abril de 1889 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

syfilis Adquirida ou Hereditaacuteria em todo

os periodos accidentes segundarios e|

terciaacuterios que resultatildeo drsquoella Ulceraccedilatildeo

da bocca e da garganta Gommas|

243

Exostoses Carie dos ossos

Rheumatismos Ulceras Impotencia etc

etc|Scrofulas Viacutecios do Sangue

Molestias da pelle (Dartres Eczeacutemas

Lepra | Herpes)- Cura certa raacutepida e

radical pelos celebres biscoutos

depurativos|do drsquoollivier o mais poderoso

anti-syphilitico e receitado haacute mais de 60

annos| pelos mais illustrados

profissionaes|eacute o unico remedio no

mundo inteiro| Approvado pela Academia

de Medicina de Paris unico premiado

com|Recompensa Nacional de 24000

Francos|Deposito Geral 62 Rua de

Rivolli Paris| Em Satildeo Paulo Martins

Labre amp [Companhia]

PALAVRA DIABETE

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

dianbete(s) sm e f lsquo(Med) estado

patoloacutegico que se caracteriza por um

acreacutescimo anormal do volume da urinarsquo

1813 Provavelmente do fr diabete do lat

tard diabetes e este do gr diabetes

lsquosifatildeorsquo de diabaiacutenen lsquotraspor atravessarrsquo

Modernamente com o avanccedilo das

pesquisas meacutedicas a diabetes teraacute outra

244

conceituaccedilatildeo ()

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

diabetes sm e f patol 1 Siacutendrome

caracterizada por uma eliminaccedilatildeo

exagerada e permanente de urina 2 restr

V diabetes melito [var diabete] diams

diabetes accedilucarada Patol V melituacuteria

diabetes accedilucarado Patol V melituacuteria

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

CURA CERTA DAS MOLESTIAS

NERVOSAS | Epilepsia ndash Hysteria |

Choreatilde | Hystero-Epilepsia | Molestias do

Cerebro | e do Espinhaccedilo | Diabete

assucarado || PELO || XAROPE DE

HENRY MURE || com Bromureto de

Potassium chimicamente puro || BOM

EXITO VERIFICADO POR 15 ANNOS

DE EXPERIENCIAS | NOS HOSPITAES

DE PARIS | Uma Noticia muito

importante seraacute dirigida a quem a pedir |

HENRY MURE em Pont-St-Esprit

(Franccedila)|| Deposito em todas as principaes

Pharmacias

245

PALAVRA ECZEacuteMAS

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

Eczema sm lsquo(patol) dermatose

inflamatoacuteria caracterizada pela formaccedilatildeo

de vesiacuteculas confluentes exsudatos e

crostasrsquo 1881 do lat Cient eczema deriv

Do Gr ekzema ndashatos ()

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

Eczema Sm patol Dermatose

inflamatoacuteria caracterizada pela formaccedilatildeo

de vesiacuteculas confluentes exsudatos e

crostas e provocada por diferentes causas

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 20 de julho de 1887 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

Syfilis Adquirida ou Hereditaacuteria em todo

os periodos accidentes segundarios|e

terciaacuterios que resultatildeo drsquoella Ulceraccedilatildeo

246

da bocca e da garganta|gommas

exostoses carie dos ossos rheumatismos

ulceras impotencia etc etc|Scrofulas

viacutecios do sangue molestias da pelle

(Dartres ecleacutemas lepra | herpes)- Cura

certa raacutepida e radical pelos celebres

BISCOUTOS|DEPURATIVOS do

DrsquoOLLIVIER o mais poderoso anti-

syphilitico e|receitado haacute mais de 60

annos pelos mais illustrados

profissionaes|eacute o unico remedio no

mundo inteiro approvado pela Academia

de|Medicina de Paris unico premiado

com Recompensa Nacional de 24000|

Francos||Deposito Geral 62 Rua de

Rivali Paris| Em Satildeo Paulo Martins

Labre amp Companhia

- 11 de abril de 1889 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

syfilis Adquirida ou Hereditaacuteria em todo

os periodos accidentes segundarios e|

terciaacuterios que resultatildeo drsquoella Ulceraccedilatildeo

da bocca e da garganta Gommas|

Exostoses Carie dos ossos

Rheumatismos Ulceras Impotencia etc

etc|Scrofulas Viacutecios do Sangue

Molestias da pelle (Dartres Eczeacutemas

247

Lepra | Herpes)- Cura certa raacutepida e

radical pelos celebres biscoutos

depurativos|do drsquoollivier o mais poderoso

anti-syphilitico e receitado haacute mais de 60

annos| pelos mais illustrados

profissionaes|eacute o unico remedio no

mundo inteiro| Approvado pela Academia

de Medicina de Paris unico premiado

com|Recompensa Nacional de 24000

Francos|Deposito Geral 62 Rua de

Rivolli Paris| Em Satildeo Paulo Martins

Labre amp [Companhia]

PALAVRA ELIXIR

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

elixir sm bebida medicamentosa

balsacircmica ou confortadora XVIII Do fr

Eacutelixir deriv Do deriv Do aacuter Eliksir

pedra filosofal e este do gr Kseron

medicamento

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

elixir S m 1 confeiccedilatildeo farmacecircutica de

xaropes com alcoolatos 2 bebida

deliciosa balsacircmica ou confortadora 3

Fig Aquilo que tem efeito maacutegico ou

248

miraculoso filtro

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 01 de fevereiro de 1888 Campinas

Diaacuterio de Campinas

O Elixir alimenticio Ducro e muito

agradavel ao paladar e as pessoas a quem

mais repugnam os aimentos o tomam ateacute

por gosto| Eacute um tonico poderosissimo

aconselhado para as mulheres e a crianccedilas

delicadas os velhos os convalescentes em

que desperta o appetite e restabelece as

forccedilas| Convem sobretudo nos paizes

quentes onde as forccedilas diminuem pela

transpiraccedilatildeo e onde se esta sujeito a

molestias contagiosas - Para mais

detalhes leia-se o prospecto que

acompanha cada vidro| Pariz 20 Place

des Vosges|| E EM TODAS AS

PHARMACIAS

- 03 de janeiro de 1889 Satildeo Paulo

Correio Paulistano

Grande descoberta|O maior sucesso da

eacutepoca que atravessaacutemos eacute a descoberta do

249

prodigioso vegetal cujo vegetal em si a

acccedilatildeo maravilhosa de destruir todos os

virus de syphilitico A descoberta deste

remedio que eacute Vegetal Por|Excellencia eacute

a verdadeira Maravilha Do Seculo XIX

Os saacutebios|estudos de muitos annos e as

sucessivas experiecircncias do illustrado e

intelligente|senhor M Morato deram em

resultado que o grande remedio pura

exclusiva|e unicamente vegetal a que deu

o nome de ldquoExilir depurativo de M

Moratordquo|cura completa e rapidamente toda

syphilis curo o rheumatismo com

uma|felicidade espantosa cura a asthma

e usado convenientemente tem com |

espanto de centenas de pessoas curado o

terrivel mas a|Morphegravea |A grande

descoberta deste explendoroso remeacutedio eacute

a felicidade da|humanidade eacute o passo

mais gigantesco dado na medicina

Procurar ldquoExilir|depurativo de M

Moratordquo propagado por Doutor

Carlos|Agente Depositaacuterio Em Satildeo

Paulo|Peixoto Estella amp Companhia|Rua

de Satildeo Bento nuacutemero 11| Preccedilos|20 Exilir

ndash frasco 5$000 Duzia 50$000

PALAVRA EPILEPSIA

250

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

epilepsia sm (Patol) doenccedila nervosa

com manifestaccedilotildees ocasionais suacutebitas e

raacutepidas entre as quais sobressaem

convulsotildees e distuacuterbios da consciecircncia

XVII Do lat Tard Epilepsia -ae deriv

Do gr Epilepsiacutea

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

epilepsia sfPatol Afecccedilatildeo de que haacute

alguns tipos que incide no homem e em

vaacuterios animais (alguns quadruacutepedes e

certas aves) e consiste em acessos

recidivantes de distuacuterbios de cosciecircncia ou

de outras funccedilotildees psiacutequicas movimentos

musculares involuntaacuterios e perturbaccedilotildees

do sistema nervoso autocircnomo Estes

sintomas de repeticcedilatildeo satildeo concomitantes a

descarga disriacutetmica de neurocircnios

encefaacutelicos registrados por

eletrencegalogramas [em termos de

distuacuterbio funcional a epilepsia eacute uma

disritmia cerebral paroxiacutestica sintomaacutetica]

()

PERIOacuteDICO

DATA

- 01 de fevereiro de 1888 Campinas

Diaacuterio de Campinas

251

E

CIDADE DE ORIGEM

PRODUCTOS DE J-P

LAROZE||APROVADOS||pela junta de

Hygiena do Brasil||2 RUA DES LIONS-

SAINT-PAUL 2 PARIS||Xarope

Depurativo| de Casca de Laranja amarga

aos | Ioduretos de Potassio| contra

escrephulosas cancerosas syphiliticas

tumores brancos da agrura do sangue

etc| Xarope Ferruginoso| de Casca de

Laranja e Quassia amara ao | Proto-

Iodureto de Ferro| contra as cores pallidas

chlorose anemia doenccedilas de langor

rachitismo etc| Xarope Sedativo| de

Casca de Laranja amarga ao| Bromureto

de Potassio| calmante certo contra as

nevralgias a epilepsia o hysterico

insonia das crianccedilas todas as affecccedilotildees

nervosas| Deposito em todas as boas

Drogarias e Pharmacias

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

CURA CERTA DAS MOLESTIAS

NERVOSAS | Epilepsia ndash Hysteria |

Choreatilde | Hystero-Epilepsia | Molestias do

Cerebro | e do Espinhaccedilo | Diabetes

assucarado || PELO || XAROPE DE

HENRY MURE || com Bromureto de

252

Potassium chimicamente puro || BOM

EXITO VERIFICADO POR 15 ANNOS

DE EXPERIENCIAS | NOS HOSPITAES

DE PARIS | Uma Noticia muito

importante seraacute dirigida a quem a pedir |

HENRY MURE em Pont-St-Esprit

(Franccedila)|| Deposito em todas as principaes

Pharmacias

PALAVRA EPILEPSIA-HYSTERIA

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

SEM REGISTRO DO

COMPOSTO

hister(o) elem Comp do gr Hysteacutera

uacutetero que se documenta em alguns vocs

Formados no proacuteprio grego como

histeacuterico por exemplo e em vaacuterios outros

introduzidos a partir do seacutec XIX na

linguagem cientiacutefica internacional () |

histeria 1858

+

253

epilepsia sm (Patol) doenccedila nervosa

com manifestaccedilotildees ocasionais suacutebitas e

raacutepidas entre as quais sobressaem

convulsotildees e distuacuterbios da consciecircncia

XVII Do lat Tard Epilepsia -ae deriv

Do gr Epilepsiacutea

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

SEM REGISTRO DO COMPOSTO

Histeria Sf psiq Afecccedilatildeo mental cujos

sistemas se baseiam em conversatildeo e

caracterizada por falta de controle sobre

atos e emoccedilotildees ansiedade sentido

moacuterbido de autoconsciecircncia exagero do

efeito de impressotildees sensoriais e por

simulaccedilatildeo de diversas doenccedilas

+

epilepsia sfPatol Afecccedilatildeo de que haacute

alguns tipos que incide no homem e em

vaacuterios animais (alguns quadruacutepedes e

certas aves) e consiste em acessos

recidivantes de distuacuterbios de cosciecircncia ou

de outras funccedilotildees psiacutequicas movimentos

musculares involuntaacuterios e perturbaccedilotildees

do sistema nervoso autocircnomo Estes

254

sintomas de repeticcedilatildeo satildeo concomitantes a

descarga disriacutetmica de neurocircnios

encefaacutelicos registrados por

eletrencegalogramas [em termos de

distuacuterbio funcional a epilepsia eacute uma

disritmia cerebral paroxiacutestica sintomaacutetica]

()

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 07 de julho de 1887 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

Cura Certa das Molestias Nervosas

Epilepsia-Hysteria Molestias do Cerebro

e do Espinhaccedilo|Choreatilde Diabete

Assucarado Hystero-Epilepsia Xarope de

Henry Bom exito verificado por 15 annos

de experiencia nos Hos|pitaes de

Paris|Uma notiacutecia muito importante seraacute

dirigida a quem a pedir| depositos em

todas as principaes Pharmacias

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

CURA CERTA DAS MOLESTIAS

255

NERVOSAS | Epilepsia ndash Hysteria |

Choreatilde | Hystero-Epilepsia | Molestias do

Cerebro | e do Espinhaccedilo | Diabetes

assucarado || PELO || XAROPE DE

HENRY MURE || com Bromureto de

Potassium chimicamente puro || BOM

EXITO VERIFICADO POR 15 ANNOS

DE EXPERIENCIAS | NOS HOSPITAES

DE PARIS | Uma Noticia muito

importante seraacute dirigida a quem a pedir |

HENRY MURE em Pont-St-Esprit

(Franccedila)|| Deposito em todas as principaes

Pharmacias

PALAVRA EXOSTOSES

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

Ex(o)- elem Comp do Gr eacutexo lsquofora fora

de para forarsquo que jaacute se documenta em

vcs formados no proacuteprio grego como

ecircxodo e em muitos outros introduzidos na

linguagem cientiacutefica internacional a partir

do seacutec XIX () exostose sf lsquo(Med)

proliferaccedilatildeo oacutessea na superfiacutecie de um

ossorsquo ldquo(Bot) excrescecircncia no tronco de

algumas aacutervoresrsquo | -sis 1844 | do fr

Exostose deriv Do lat Cient exostosis e

este do Gr exoacutestosis ()

256

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

Exostose (z) sf 1 med Proliferaccedilatildeo

oacutessea na superfiacutecie de um osso 2 morfol

Veg Excrescecircncia no tronco de algumas

aacutervores

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 20 de julho de 1887 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

Syfilis Adquirida ou Hereditaacuteria em todo

os periodos accidentes segundarios|e

terciaacuterios que resultatildeo drsquoella Ulceraccedilatildeo

da bocca e da garganta|gommas

exostoses carie dos ossos rheumatismos

ulceras impotencia etc etc|Scrofulas

viacutecios do sangue molestias da pelle

(Dartres ecleacutemas lepra | herpes)- Cura

certa raacutepida e radical pelos celebres

BISCOUTOS|DEPURATIVOS do

DrsquoOLLIVIER o mais poderoso anti-

syphilitico e|receitado haacute mais de 60

annos pelos mais illustrados

profissionaes|eacute o unico remedio no

mundo inteiro approvado pela Academia

de|Medicina de Paris unico premiado

com Recompensa Nacional de 24000|

Francos||Deposito Geral 62 Rua de

257

Rivali Paris| Em Satildeo Paulo Martins

Labre amp Companhia

- 11 de abril de 1889 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

syfilis Adquirida ou Hereditaacuteria em todo

os periodos accidentes segundarios e|

terciaacuterios que resultatildeo drsquoella Ulceraccedilatildeo

da bocca e da garganta Gommas|

Exostoses Carie dos ossos

Rheumatismos Ulceras Impotencia etc

etc|Scrofulas Viacutecios do Sangue

Molestias da pelle (Dartres Eczeacutemas

Lepra | Herpes)- Cura certa raacutepida e

radical pelos celebres biscoutos

depurativos|do drsquoollivier o mais poderoso

anti-syphilitico e receitado haacute mais de 60

annos| pelos mais illustrados

profissionaes|eacute o unico remedio no

mundo inteiro| Approvado pela Academia

de Medicina de Paris unico premiado

com|Recompensa Nacional de 24000

Francos|Deposito Geral 62 Rua de

Rivolli Paris| Em Satildeo Paulo Martins

Labre amp [Companhia]

258

PALAVRA GONORRHEacuteA

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

-gon(o)sup2- elem Comp deriv Do Gr

gono- de goacutenos (goneacute) lsquogeraccedilatildeo oacutergatildeo

genitaisrsquo lsquosemente espermarsquo que jaacute se

documenta em compostos formados no

proacuteprio grego como gonorreacuteia por

exemplo e em alguns vocs introduzidos

na linguagem cientiacutefica internacional a

partir do seacutec XIX () gonorreacuteia | -rrhea

XVIII ()

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

Gonorreacuteia Sf patol Infecccedilatildeo veneacuteria

purulenta que surge com poucos dias de

incubaccedilatildeo e localiza inicialmente na

uretra donde pode estender-se a outras

estruturas urinaacuterias e genitais no homem

ou na mulher Aleacutem das precedentes pode

ter localizaccedilatildeo no reto articulaccedilotildees e

conjuntiva ocular [sin blenorragia]

PERIOacuteDICO

- 04 de abril de 1889 Satildeo Paulo Correio

259

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

Paulistano

Capsulas|Mathey-Caylus|Preparados pelo

doutor clin Premio Montyon|As Capsulas

Mathey ndash Caylus com Envolucro delgado

de Gluten natildeo fatigatildeo|nunca o estomago e

satildeo recommendadas pelos Professores das

Faculdades de|Medicina e os Hospitaes de

Paris Londres e New-York para a|cura

raacutepida dos|Corrimentos antigos ou

recentes a Gonorrhea a Blenorrhagia a

Cystite Du|Collo o Catarrho e as Molestia

da Bexigas dos oacutergatildeos genito urinarios|

Uma explicaccedilatildeo detalhada acompanha

cada Frasco|Exigir Verdadeiras Capsulas

Mathey ndash Caylus de clin amp Compagnie

de|Paris que se achatildeo em casa dos

Droguistas e Pharmaceuticos

PALAVRA HERPES

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

Herpes sm pl lsquo(med) erupccedilatildeo aguda de

vesiacuteculas agrupadas em nuacutemero variado e

de localizaccedilatildeo cutacircnea ou mucosarsquo | erpes

| do fr Herpes deriv Do lat Herpes ndashetis

e este do Gr herpes ()

260

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

Herpes sm 2n 1 patol Dermatose

inflamatoacuteria caracterizada pela formaccedilatildeo

de pequenas vesiacuteculas que se apresentam

em grupo 2 fig Mal contagioso estrago

podridatildeo

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 20 de julho de 1887 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

Syfilis Adquirida ou Hereditaacuteria em todo

os periodos accidentes segundarios|e

terciaacuterios que resultatildeo drsquoella Ulceraccedilatildeo

da bocca e da garganta|gommas

exostoses carie dos ossos rheumatismos

ulceras impotencia etc etc|Scrofulas

viacutecios do sangue molestias da pelle

(Dartres ecleacutemas lepra | herpes)- Cura

certa raacutepida e radical pelos celebres

BISCOUTOS|DEPURATIVOS do

DrsquoOLLIVIER o mais poderoso anti-

syphilitico e|receitado haacute mais de 60

annos pelos mais illustrados

profissionaes|eacute o unico remedio no

mundo inteiro approvado pela Academia

de|Medicina de Paris unico premiado

com Recompensa Nacional de 24000|

Francos||Deposito Geral 62 Rua de

261

Rivali Paris| Em Satildeo Paulo Martins

Labre amp Companhia

- 11 de abril de 1889 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

syfilis Adquirida ou Hereditaacuteria em todo

os periodos accidentes segundarios e|

terciaacuterios que resultatildeo drsquoella Ulceraccedilatildeo

da bocca e da garganta Gommas|

Exostoses Carie dos ossos

Rheumatismos Ulceras Impotencia etc

etc|Scrofulas Viacutecios do Sangue

Molestias da pelle (Dartres Eczeacutemas

Lepra | Herpes)- Cura certa raacutepida e

radical pelos celebres biscoutos

depurativos|do drsquoollivier o mais poderoso

anti-syphilitico e receitado haacute mais de 60

annos| pelos mais illustrados

profissionaes|eacute o unico remedio no

mundo inteiro| Approvado pela Academia

de Medicina de Paris unico premiado

com|Recompensa Nacional de 24000

Francos|Deposito Geral 62 Rua de

Rivolli Paris| Em Satildeo Paulo Martins

Labre amp [Companhia]

262

PALAVRA HOMEOPATHIA

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

homeo- elem comp do gr homoios da

mesma natureza igual semelhante que

se documenta em alguns compostos

introduzidos a partir do seacutec XIX na

linguagem cientiacutefica internacional ()

homeopatia | -thia 1858 | Do fr

homeacuteopathie deriv do al Homoumlopathie

voc criado em 1796 pelo meacutedico alematildeo

SCFHahnemann ()

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

homeopatia S f Med Sistema terpecircutico

criado por Christian Friederich Samuel

Hahnemann (1755-1843) que consiste em

tratar as doenccedilas por meio de substacircncias

ministradas em doses diluiacutedas a ponto de

se tornarem por vezes infinitesimas

capazes de produzir em indiviacuteduos satildeos

quadros cliacutenicos semelhantes aos que

apresentam os doentes a serem tratados

()

- 15 de outubro de 1852 Satildeo Paulo

263

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

Aurora Paulistana

- 31 de outubro de 1852 Satildeo Paulo

Aurora Paulistana

HOMŒOPATHIA PURA | RUA

DIREITA NUacuteMERO 17 | O medico-

cirurgiatildeo Joseacute Maria de | Souza tem a

honra de declarar a to- | das aquellas

pessoas que quizeres | honrar com sua

confianccedila que elle se | acha novamente

residindo nesta ci- | dade rua Direita

nuacutemero 17 onde continuacutea | a exercer a sua

profissatildeo pelo syste- | ma homœopathico

e onde seraacute encon- | trado a qualquer hora

do dia ou da | noite O annunciante

tambem arran- | ca lima e chumba dentes

e faz todas | as outras operaccedilotildees que diz

respeito | a esta arte com a maior

perfeiccedilatildeo|| Os pobres seratildeo tratados

gratuita- | mente

- 05 de fevereiro de 1867 Satildeo Paulo

Correio Paulistano

NA CASA GARRAUX || LARGO DA SEacute

|| Encontra-se os artigos seguintes ||Papel

para desenho || Papel de luto || Papel de

peso || Papel almasso || Papel florete ||

264

Papel Hollanda || Papel de phantasia ||

Papel de cartas || Envelppes brancos ||

Enveloppes de cores || Enveloppes de luto

|| Enveloppes commerciaes || Enveloppes

forrados de panno || Cartotildees de visita ||

Ditos para casamentos || Tinteiro de vidro

|| Tinteiro de crystal || Tinteiro de bronze ||

Tinteiro ricos de phantasia || Pennas de

accedilo de varias qualidades || Pennas de ave

|| Sinetas || Canivetes || Pacas de cortar

papel || Lacre || Obreiras || Imagens ||

Quadros de devoccedilatildeo || Desenhos || Albuns

para desenhos || Aacutelbuns para photographia

|| Quadros para photographia || Carteiras ||

Estojos de viagem || Caixas de perfumaria

|| Caixas de papelaria || Caixas de costura

com musica || Caixa de mathematicas ||

Caixas de tintas || Tintas de escrever ||

Livro de direito || Livros de litteratura ||

Livros de devoccedilatildeo || Livros de educaccedilatildeo ||

Livros de homœopathia || Livros de

missa || Horas Marianas || Livros de luxo

para presentes || Objectos de phantasia

para presentes || Lapis || Baralho de cartas

|| Baralhos de cartas de phantasia ||

Bengallas || Livros para apontamentos ||

Stereoscopos || Folhinhas do anno || Pastas

|| E muito mais objectos || Grande

sortimento de papel pintado | para forrar

casas fabricados em Paris | desde 500 reacuteis

a peccedila para cima | Guarniccedilatildeo roda-peacute

paisagens etc | Esta casa recebe

directamente da Europa todos seus livors e

265

mercado- | rias e destrsquoarte poacutede offerecer

aacutes pessoas que a Ella se dirigem

considera- | veis vantagens

PALAVRA HOMEOPHATICOS

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

homeo- elem comp do gr homoios da

mesma natureza igual semelhante que

se documenta em alguns compostos

introduzidos a partir do seacutec XIX na

linguagem cientiacutefica internacional ()

homeopatico | -thico 1858 ()

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

homeopaacutetico adj 1 Relativo ou

pertencente agrave homeopatia [Antocircn

alopaacutetico] 2 fig Muito pequeno iacutenfimo

insignificante

PERIOacuteDICO

DATA

E

- 26 de maio de 1872 Campinas Gazeta

de Campinas

Medicamentos Homeopathicos|No

266

CIDADE DE ORIGEM estabelecimento do Roso amp Filho em

liquidaccedilatildeo aacute rua do Commercio nuacutemero

45 encontra-se sempre grande sortimento

destes medicamentos em tinturas

globulos e opodeldoc de Bryonia Rhux

para rheumatismo do laboratoio do doutor

Cochrane amp Pinho do Rio de Janeiro

bem assim livros homeopathicos

- 21 de agosto de 1852 Aurora

Paulistana Satildeo Paulo

Mudanccedila de Domicilio | O consultoacuterio

homœeopathico de Can- | dido Ribeiro

dos Santos mudou-se da | rua da Freira

para a rua da Cruz Preta | nuacutemero 30 na

casa onde morou o Doutor Joatildeo

Nepomuceno de Souza Freire No mes- |

mo consultorio acha-se aacute venda boticas |

homœopathicas

- 15 de outubro de 1852 Satildeo Paulo

Aurora Paulistana

- 31 de outubro de 1852 Satildeo Paulo

Aurora Paulistana

267

HOMŒOPATHIA PURA | RUA

DIREITA NUacuteMERO 17 | O medico-

cirurgiatildeo Joseacute Maria de | Souza tem a

honra de declarar a to- | das aquellas

pessoas que quizeres | honrar com sua

confianccedila que elle se | acha novamente

residindo nesta ci- | dade rua Direita

nuacutemero 17 onde continuacutea | a exercer a sua

profissatildeo pelo syste- | ma homœopathico

e onde seraacute encon- | trado a qualquer hora

do dia ou da | noite O annunciante

tambem arran- | ca lima e chumba dentes

e faz todas | as outras operaccedilotildees que diz

respeito | a esta arte com a maior

perfeiccedilatildeo|| Os pobres seratildeo tratados

gratuita- | mente

PALAVRA HYGIENE

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

higiene Sf conhecimento da ou praacutetica

relativa agrave manutenccedilatildeo da sauacutede ciecircncia

sanitaacuteria ext limpeza asseio | hyg- 1844

| do fr Hygiegravene deriv Do gr Hygieneacute

substantivaccedilatildeo do fem de hygienoacutes satildeo

que tem sauacutede

268

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

higiene Sf 1 Ciecircncia que visa agrave

preservaccedilatildeo da sauacutede e agrave prevenccedilatildeo de

doenccedilas 2 fig limpeza asseio

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 01 de fevereiro de 1888 Campinas

Diaacuterio de Campinas

PRODUCTOS DE J-P

LAROZE||APROVADOS||pela junta de

Hygiena do Brasil||2 RUA DES LIONS-

SAINT-PAUL 2 PARIS||Xarope

Depurativo| de Casca de Laranja amarga

aos | Ioduretos de Potassio| contra

escrephulosas cancerosas syphiliticas

tumores brancos da agrura do sangue

etc| Xarope Ferruginoso| de Casca de

Laranja e Quassia amara ao | Proto-

Iodureto de Ferro| contra as cores pallidas

chlorose anemia doenccedilas de langor

rachitismo etc| Xarope Sedativo| de

Casca de Laranja amarga ao| Bromureto

de Potassio| calmante certo contra as

nevralgias a epilepsia o hysterico

insonia das crianccedilas todas as affecccedilotildees

nervosas| Deposito em todas as boas

Drogarias e Pharmacias

269

- 13 de julho de 1879 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

Essencia depurativa ferru|ginosa do doutor

A A Ribeiro|PREPARADO POR J

PASSOS EXAMINADA E

AUCTORISADA PELA

EXCELENTIacuteSSIMA JUNTA|CENTRAL

DE HYGIENE PUBLICA| Este

prodigioso medicamento o mais effi|caz

contra as molestias syphiliticas

bouba|ticas escrophulas e rheumaticas

acha-se aacute|venda no deposito abaixo|

Encarecer as virtudes desse preparo

focircra|repetir o que eacute unanimemente

proclamado|pelas mais celebres

summidades medicas|do Rio de Janeiro

Campos Nitheroy etc|Chamamos a

attenccedilatildeo do publico para o al|manak que

se distribue no nosso deposito|Uacutenico

deposito nesta capital os senhores

Fonse|Ca e Kiehl ndash Pharmacia Ypiranga ndash

rua Di|reita nuacutemero 32|Uacutenico deposito do

UNGUENTO MOREL|na mesma

pharmacia

270

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

Grande Ecircxito ha mais de 30 annos ||

XAROPE DE BLAYN || Licenciado pela

Inspectoria de Hygiene do Imperio do

Brazil || Este Medicamento de sabor

agradaacutevel | eacute adoptado pelos melhores

Meacutedicos de Paris | CONTRA |

DEFLUXOS GRIPPE TOSSE DORES

DE GARGANTA | CATARRO

PULMONAR | IRRITACcedilOtildeES do PEITO

das VIAS URINARIAS | e da BEXIGA ||

PARIS ndash Pharmacia BLAYN 8 Avenue

Victoria ndash Paris || Depositos em todas as

principaes Pharmacias

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistasno

Belleza ndash Hygiena ndash Saude ||

PERFUMARIA HERMOSA || ULTIMA

NOVIDADE PREPARADA

CONFORME OS PROCESSOS

SCIENTIFICOS OS MAIS

APERFEICcedilOADOS || Marca registrada ||

ESSecircncia HERMOSA | HERMOSA-OIL |

LOCcedilAtildeO HERMOSA | AGUA de

271

HERMOSA | HERMOSALINA | AGUA

de TOILETTE | PASTA de CEREJA |

PASTA de LIRIO | Produtos

SUPERIORES de RECOMMENDADOS

|| AJON Perfumista 62 B de Strasbourg

PARIS || DEPOSITARIOS EM Satildeo Paulo

amp VICTOR NOTHMAN amp Companhia

NAS PRINCIPAES CASAS DE

PERFUMARIAS

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

Licenciado pela Inspectoria de Hygiene

do Impeacuterio do Brazil || CAPSULAS DE

SANDALO CRITIN | de Savaresse |

Preparaccedilatildeo alguma eacute mais efficaz contra

as | MOLESTIAS SECRETAS | do que as

famosas Capsulas universalmente

recommendadas pelos Meacutedicos | Uma

caixa (com instrucccedilotildees completas para o

tratamento) cura geralmente dentro de

uma semana | EVANS SONS amp

Companhia em LIVERPOOL ndash EVANS

LESCHER amp WEBB em LONDRES |

DEPOSITOS EM TODAS AS

PRINCIPAES PHARMACIAS

272

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

VERDAEIROS GRAtildeOS DE SAUDE DO

DoutoR FRENCK || LICENCIADOS

PELA INSPECTORIA GERAL DE

HYGIENE DO IMPERIO DO BRAZIL ||

Aparientes Estomachinos Purgativos

Depurativos | Contra a Falta de appetite a

Obstruccedilatildeo a Enxaqueca as Vertigems |

as congestotildees etc ndash Dose ordinaria 1 2

aacute 3 gratildeos || Desconfiar as falsificaccedilotildees ndash

Exigir o rotulo junto imprimido em

frencez | e com letras de 4 cores sendo |

cada letra de uma cocircr differente e | O

Sello da Uniatildeo dos Fabricantes | Em

Pariz Pharmacia Leroy ndash Depoacutesitos em

todas as principaes pharmacias

PALAVRA HYGIENICO(A)

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

higiene Sf conhecimento da ou preacutetica

relativa agrave manutenccedilatildeo da sauacutede ciecircncia

sanitaacuteria ext limpeza asseio | hyg- 1858

| do fr Hygieacutenique ()

273

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

higiecircnico adj 1 Referente agrave higiene 2

propiacutecio agrave sauacutede 3 limpo asseado

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 01 de janeiro de 1899 Satildeo Paulo A

Notiacutecia

LYCEU PAULISTA| Rua Santa Luzia

7|e Rua Bonita nuacutemero 4| proximo a Rua

Concelheiro Furtado| CAIXA POSTAL

271 - Satildeo Paulo| Este conhecido collegio

funcciona em um predio vasto e

hygienico Instrucccedilatildeo primaria e

secundaria completa Corpo docente

escrupulosamente escolhido Prepara

alumnos para as academias e para o

commercio Remettem-se prospectos

|Entrada dos internos no dia 15 de

Janeiro| Reabertura das aulas no dia 16 de

Janeiro|O DIRECTOR| JG

Vanderveiken

- 05 de julho de 1887 Satildeo Paulo Correio

Paulista

274

Alcatratildeo de Guyot|Gordon de Guyot

Purifica o sangue augmenta o apetite

levanta as forccedilas e eacute efficaz|em todas as

doenccedilas dos pulmocirces catarrhas da bexiga

e|affecccedilocirces das mucosas|O Alcatracirco de

Guyot foi experimentado som vantagem

real nos|principatildees hospitatildees de Franccedila

da Beacutelgica e Espanha|Durante os calocircres

e em tempo epidemico eacute uma

bebida|hygienica e preservadora Um soacute

vidro basta para preparar doze|litras

drsquouma bebida salutarissima|O Alcatracirco de

Guyot Authentico eacute vendido em vidras

trazendo|na rotulo e com trez cores a

assgnatura|Venda a varejo na mor parte

das pharmacias Fabricaccedilatildeo em atacado

Casa L Frere

PALAVRA HYPOPHOSPHITO

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

hip(o)-sup1 elem Comp() do gr Hypo- de

hypoacute debaixo de em posiccedilatildeo inferior

ocorre em varios compostos jaacute formados

no proacuteprio grego como hypoacutetese por

275

exemplo e muitiacutessimos outros formados

nas liacutenguas modernas() foi e continua

sendo de extraordinaacuteria vitalidade na

formaccedilatildeo de compostos eruditos

particularmente na linguagem de medicina

(onde ele ocorre em vocaacutebulos que

indicam a deficiecircncia de uma atividade

orgacircnica) e da quiacutemica (onde ele aparece

designando aacutecidos - e os sais

correspondentes - que possuem um grau

inferior de oxidaccedilatildeo) () hipophosphito |

hypophosphito 1858 ()

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

hipofosfito SEM REGISTRO

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 05 de julho de 1887 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

Tonico|Fevrifugo|Regenerador|vinho do

doutor johanno Quina Coca Extracto de

Carne e Hypophosphito|Recommendatildeo-

no nos casos que necessitatildeo toacutenicos

para|reconstruir e regenerar o organismo

arruinado por molestias|excessos

natureza do clima anemia chlorosis

276

amenorrhea cachxia|fluxo branco que

tanto arruinatildeo a saude das mulheres

pobreza de|sangue fraqueza geral

debilidade etc|H Vivien Droguista 50

Boulevard de Strasboug em Paris

PALAVRA HYSTERIA

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

hister(o) elem Comp do gr Hysteacutera

uacutetero que se documenta em alguns vocs

Formados no proacuteprio grego como

histeacuterico por exemplo e em vaacuterios outros

introduzidos a partir do seacutec XIX na

linguagem cientiacutefica internacional () |

histeria 1858

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

histeria Sf psiq Afecccedilatildeo mental cujos

sistemas se baseiam em conversatildeo e

caracterizada por falta de controle sobre

atos e emoccedilotildees ansiedade sentido

moacuterbido de autoconsciecircncia exagero do

efeito de impressotildees sensoriais e por

simulaccedilatildeo de diversas doenccedilas

277

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

CURA CERTA DAS MOLESTIAS

NERVOSAS | Epilepsia ndash Hysteria |

Choreatilde | Hystero-Epilepsia | Molestias do

Cerebro | e do Espinhaccedilo | Diabetes

assucarado || PELO || XAROPE DE

HENRY MURE || com Bromureto de

Potassium chimicamente puro || BOM

EXITO VERIFICADO POR 15 ANNOS

DE EXPERIENCIAS | NOS HOSPITAES

DE PARIS | Uma Noticia muito

importante seraacute dirigida a quem a pedir |

HENRY MURE em Pont-St-Esprit

(Franccedila)|| Deposito em todas as principaes

Pharmacias

PALAVRA HYSTERICO

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

hister(o) elem Comp do gr Hysteacutera

uacutetero que se documenta em alguns vocs

Formados no proacuteprio grego como

histeacuterico por exemplo e em vaacuterios outros

introduzidos a partir do seacutec XIX na

linguagem cientiacutefica internacional ()

278

histerico || hy- 1844 ()

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

histeacuterico adj 1 relativo agrave ou proacuteprio da

histeria 2 que a tem 3 Pop Irritadiccedilo

zangadiccedilo nervoso sm 4 aquele que

tem ou mostra histeria

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 01 de fevereiro de 1888 Campinas

Diaacuterio de Campinas

PRODUCTOS DE J-P

LAROZE||APROVADOS||pela junta de

Hygiena do Brasil||2 RUA DES LIONS-

SAINT-PAUL 2 PARIS||Xarope

Depurativo| de Casca de Laranja amarga

aos | Ioduretos de Potassio| contra

escrephulosas cancerosas syphiliticas

tumores brancos da agrura do sangue

etc| Xarope Ferruginoso| de Casca de

Laranja e Quassia amara ao | Proto-

Iodureto de Ferro| contra as cores pallidas

chlorose anemia doenccedilas de langor

rachitismo etc| Xarope Sedativo| de

Casca de Laranja amarga ao| Bromureto

de Potassio| calmante certo contra as

nevralgias a epilepsia o hysterico

insonia das crianccedilas todas as affecccedilotildees

279

nervosas| Deposito em todas as boas

Drogarias e Pharmacias

PALAVRA LEPRA

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

Lepra Sf lsquoinfecccedilatildeo crocircnica produzida or

bacilo especiacutefico (o bacilo de Hansen)rsquo

XV Do lat Lepra ndashae deriv Do Gr

lepra ndashas ()

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

Lepra sf 1 patol Infecccedilatildeo crocircnica

devida a uma microbacteacuteria

(Mycobacterium leprae) descrita em 1874

por Gerhard Armauer Hansen (1841-

1912) meacutedico norueguecircs ()

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 20 de julho de 1887 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

280

Syfilis Adquirida ou Hereditaacuteria em todo

os periodos accidentes segundarios|e

terciaacuterios que resultatildeo drsquoella Ulceraccedilatildeo

da bocca e da garganta|gommas

exostoses carie dos ossos rheumatismos

ulceras impotencia etc etc|Scrofulas

viacutecios do sangue molestias da pelle

(Dartres ecleacutemas lepra | herpes)- Cura

certa raacutepida e radical pelos celebres

BISCOUTOS|DEPURATIVOS do

DrsquoOLLIVIER o mais poderoso anti-

syphilitico e|receitado haacute mais de 60

annos pelos mais illustrados

profissionaes|eacute o unico remedio no

mundo inteiro approvado pela Academia

de|Medicina de Paris unico premiado

com Recompensa Nacional de 24000|

Francos||Deposito Geral 62 Rua de

Rivali Paris| Em Satildeo Paulo Martins

Labre amp Companhia

- 11 de abril de 1889 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

syfilis Adquirida ou Hereditaacuteria em todo

os periodos accidentes segundarios e|

terciaacuterios que resultatildeo drsquoella Ulceraccedilatildeo

da bocca e da garganta Gommas|

Exostoses Carie dos ossos

281

Rheumatismos Ulceras Impotencia etc

etc|Scrofulas Viacutecios do Sangue

Molestias da pelle (Dartres Eczeacutemas

Lepra | Herpes)- Cura certa raacutepida e

radical pelos celebres biscoutos

depurativos|do drsquoollivier o mais poderoso

anti-syphilitico e receitado haacute mais de 60

annos| pelos mais illustrados

profissionaes|eacute o unico remedio no

mundo inteiro| Approvado pela Academia

de Medicina de Paris unico premiado

com|Recompensa Nacional de 24000

Francos|Deposito Geral 62 Rua de

Rivolli Paris| Em Satildeo Paulo Martins

Labre amp [Companhia]

- 4 de marccedilo de 1853 Satildeo Paulo Aurora

Paulistana

CURA CERTA | e em pouco tempo de

todas as enfermidades provenientes de

vicio san- | guineo como ndashescrophulas

tube[r]- | culos lepra syphylis etc etce

[ilegiacutevel] | particular as affecccediloens de

pape[ilegiacutevel] | em seu principio ||

Etienne Lagarde || Pharmaceutico e

cirurgiatildeo das faculdades | Pariz e do Rio

de Janeiro ex-preparad[o] | do Curso de

Chimica da escola de medic[i]- | na e

282

pharmacia de Poi[furo]iers membro da

s[o]- | ciedade medica da mesma cidade e

corres- | pondente de algumas sociedades

scientificas || Attenccedilacirco || A experiencia

junto aacute perseveranccedila qu[e] | hoje tem sido

meus uacutenicos guias no trata[men]- | to das

enfermidades acima mencionadas os |

caracteres horriveis que ellas apresentatildeo |

desgostos que sobrevem as pessoas que

satildeo de | las attacadas deviatildeo naturalmente

attrahir | attenccedilatildeo de todo o homem amigo

da huma- | nidade || Antigamente estas

enfermidades se consi- | deravatildeo com um

principio contagioso o que | obrigava os

doentes a buscar longe das povo- | accedilotildees

uma morada tranquilla que lhes permi- |

tisse esperar com paciencia a hora que [o]

| Creador tivesse determinado para pocircr

term[]| a todos os seus soffrimentos hoje

porem assim | natildeo acontece os progressos

que tem feito [a] | sciencia medica com os

numerosos trabalhos | e investigaccedilotildees da

chimica tem em fim intro- | duzido na

therapeutica e posto aacute disposiccedilatildeo | dos

homens da sciencia um meio prophilati- |

cos contra estas crueis enfermidades

fazendo | assim esperar uma prompta cura

a todos | aquelles que o quizerem abraccedilar

|| Penetrado do sentimento o mais sincero

da | philantropia do amor aacute sociedade

offereccedilo o[s] | meus recursos meacutedicos e

pharmaceuticos ad- | quiridos por um

aturado e longo estudo da na- | tureza

283

humana Ersquo pois com os medicamen- | tos

preparados por minhas proacuteprias matildeos

qu[e] | me proponho a curar a todos

aquelles que m[e] | quizerem procurar ||

Estou certo que os epithetos de ndash charlatatildeo

| e especulador ndash ser-me-hatildeo lanccedilados por

al- | guns ao lerem este meu annuncio

porem natildeo | seraacute por homens sensatos que

serei assim [ilegiacutevel] | xado O sabio

indaga consulta ouve [ilegiacutevel] | entre

voacutes (como eu creio) existe algum

rec[ilegiacutevel] | conhecimento recebei de

antematildeo toda a mi- | nha gratidatildeo || A

voacutes enfermos eu dirijo meus offereci- |

mentos eu saberei consolar-vos e talvez

da[r]- | vos a panaceacutea beneacutefica da saude

que tan[furo] | desejaes || Seja o

reconhecimento o fructo de meu[s] |

trabalhos e o uacutenico tributo que desejo

obte[r] | daquelles que me quizerem

honrar com sua[s] | consultas|| Dirijatildeo-se

ao Hotel Paulistano na rua d[e] | Satildeo

Bento nuacutemero 35

PALAVRA NEVRALGIA

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

neur(o)- nevr(o)- elem comp do gr

neur(o)- de neucircron lsquonervorsquo (ge lat

284

ETIMOLOacuteGICO nervus) que se documenta em vocs

eruditos introduzidos na linguagem

cientiacutefica internacional a partir do seacutec

XIX particularmente no domiacutenio da

medicina Natildeo haacute ao que parece

nenhuma razatildeo de ordem cientiacutefica que

justifique a oscilaccedilatildeo neu-nev-

(neurastenianevralgia) na formaccedilatildeo dos

compostos portugueses Nos vocs adiante

relacionados essa oscilaccedilatildeo fica

patenteada mas o motivo da preferecircncia

por uma das formas neu- ou nev- eacute sem

duacutevida aleatoacuterio () nevralgia 1858 cp

neuralgia ()

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

nevralgia sf med Neuralgia

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

XAROPE DE FOLLET || Sirop de Choral

Follet || E o calmante por excelencia que

supprime a dor e procura | o somno

tranquumlilo e natural nos casos de |

NEVRALGIAS ndash GOTTA ndash RHEUMA |

285

TISICA ndash FEBRES || Exigir a Firma ||

Fabrica casa FRERE 19 rua Jacob

PARIZ

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

Acalma | 8 vezes sobre 10 | Enxaquecas |

Rheumatismos | Nevralgias | do |

Estomago | da | Cabeccedila | e dos | Intestinos||

Exigir a Firma | Clertan | [assinatura] | 19

rua Jacob PARIZ | PEROLAS | DE |

TEREBENTHINA | DO DoutoR

CLERTAN | Approbaccedilatildeo da Academia |

de | Medicina de Pariz || Acalma | 8 vezes

sobre 10 | Enfermidades | do | Fiacutegado |

Caacutelculos biliarios | Catarrhos | Pulmonares

| e da | Bexiga || Exigir a Firma | Clertan |

[assinatura] | 19 rua Jacob Pariz

PALAVRA PANACEacuteA

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

pan- pant(o)- elem comp do gr

pacircnpant(o)- (cp pacircs pacircsa pacircn ndash genit

pantoacutes pases pantoacutes) lsquotudo todosrsquo que

286

se documenta em alguns vocaacutebulos

formados no proacuteprio grego como

panaceia e em muitos outros

introduzidos na linguagem cientiacutefica

internacional a partir do seacuteculo XIX ()

panaceia sf lsquoremeacutedio para todos os

malesrsquo 1813 do lat panacea ndashae deriv

do gr panaacutekeia ()

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

panaceacuteia Sf 1 remeacutedio para todos os

males 2 preparado que tem certas

propriedades gerais 3 fig Recursos se

nenhum valor empregado para remediar

dificuldades

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 4 de marccedilo de 1853 Satildeo Paulo Aurora

Paulistana

CURA CERTA | e em pouco tempo de

todas as enfermidades provenientes de

vicio san- | guineo como ndashescrophulas

tube[r]- | culos lepra syphylis etc etce

[ilegiacutevel] | particular as affecccediloens de

pape[ilegiacutevel] | em seu principio ||

Etienne Lagarde || Pharmaceutico e

cirurgiatildeo das faculdades | Pariz e do Rio

de Janeiro ex-preparad[o] | do Curso de

287

Chimica da escola de medic[i]- | na e

pharmacia de Poi[furo]iers membro da

s[o]- | ciedade medica da mesma cidade e

corres- | pondente de algumas sociedades

scientificas || Attenccedilacirco || A experiencia

junto aacute perseveranccedila qu[e] | hoje tem sido

meus uacutenicos guias no trata[men]- | to das

enfermidades acima mencionadas os |

caracteres horriveis que ellas apresentatildeo |

desgostos que sobrevem as pessoas que

satildeo de | las attacadas deviatildeo naturalmente

attrahir | attenccedilatildeo de todo o homem amigo

da huma- | nidade || Antigamente estas

enfermidades se consi- | deravatildeo com um

principio contagioso o que | obrigava os

doentes a buscar longe das povo- | accedilotildees

uma morada tranquilla que lhes permi- |

tisse esperar com paciencia a hora que [o]

| Creador tivesse determinado para pocircr

term[]| a todos os seus soffrimentos hoje

porem assim | natildeo acontece os progressos

que tem feito [a] | sciencia medica com os

numerosos trabalhos | e investigaccedilotildees da

chimica tem em fim intro- | duzido na

therapeutica e posto aacute disposiccedilatildeo | dos

homens da sciencia um meio prophilati- |

cos contra estas crueis enfermidades

fazendo | assim esperar uma prompta cura

a todos | aquelles que o quizerem abraccedilar

|| Penetrado do sentimento o mais sincero

da | philantropia do amor aacute sociedade

offereccedilo o[s] | meus recursos meacutedicos e

pharmaceuticos ad- | quiridos por um

288

aturado e longo estudo da na- | tureza

humana Ersquo pois com os medicamen- | tos

preparados por minhas proacuteprias matildeos

qu[e] | me proponho a curar a todos

aquelles que m[e] | quizerem procurar ||

Estou certo que os epithetos de ndash charlatatildeo

| e especulador ndash ser-me-hatildeo lanccedilados por

al- | guns ao lerem este meu annuncio

porem natildeo | seraacute por homens sensatos que

serei assim [ilegiacutevel] | xado O sabio

indaga consulta ouve [ilegiacutevel] | entre

voacutes (como eu creio) existe algum

rec[ilegiacutevel] | conhecimento recebei de

antematildeo toda a mi- | nha gratidatildeo || A

voacutes enfermos eu dirijo meus offereci- |

mentos eu saberei consolar-vos e talvez

da[r]- | vos a panaceacutea beneacutefica da saude

que tan[furo] | desejaes || Seja o

reconhecimento o fructo de meu[s] |

trabalhos e o uacutenico tributo que desejo

obte[r] | daquelles que me quizerem

honrar com sua[s] | consultas|| Dirijatildeo-se

ao Hotel Paulistano na rua d[e] | Satildeo

Bento nuacutemero 35

PALAVRA PHARMACEUTICO

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

farmaacutecia sf local em que se estocam e se

289

ETIMOLOacuteGICO vendem medicamentos tratado cientiacutefico

sobre os medicamentos XVII Do lat

Tard Pharmacia deriv Do gr

Pharmakeacuteia () || farmacecircutico XVII

Do lat Tard Pharmaceuticus deriv Do

gr Pharmakeutikoacutes

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

farmacecircutico Adj 1 Respeitante a

farmaacutecia sm 2 Aquele que exerce a

farmaacutecia (3) boticaacuterio

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 04 de abril de 1889 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

Capsulas|Mathey-Caylus|Preparados pelo

doutor clin Premio Montyon|As Capsulas

Mathey ndash Caylus com Envolucro delgado

de Gluten natildeo fatigatildeo|nunca o estomago e

satildeo recommendadas pelos Professores das

Faculdades de|Medicina e os Hospitaes de

Paris Londres e New-York para a|cura

raacutepida dos|Corrimentos antigos ou

recentes a Gonorrhea a Blenorrhagia a

Cystite Du|Collo o Catarrho e as Molestia

da Bexigas dos oacutergatildeos genito urinarios|

Uma explicaccedilatildeo detalhada acompanha

cada Frasco|Exigir Verdadeiras Capsulas

290

Mathey ndash Caylus de clin amp Compagnie

de|Paris que se achatildeo em casa dos

Droguistas e Pharmaceuticos

- 4 de marccedilo de 1853 Satildeo Paulo Aurora

Paulistana

CURA CERTA | e em pouco tempo de

todas as enfermidades provenientes de

vicio san- | guineo como ndashescrophulas

tube[r]- | culos lepra syphylis etc etce

[ilegiacutevel] | particular as affecccediloens de

pape[ilegiacutevel] | em seu principio ||

Etienne Lagarde || Pharmaceutico e

cirurgiatildeo das faculdades | Pariz e do Rio

de Janeiro ex-preparad[o] | do Curso de

Chimica da escola de medic[i]- | na e

pharmacia de Poi[furo]iers membro da

s[o]- | ciedade medica da mesma cidade e

corres- | pondente de algumas sociedades

scientificas || Attenccedilacirco || A experiencia

junto aacute perseveranccedila qu[e] | hoje tem sido

meus uacutenicos guias no trata[men]- | to das

enfermidades acima mencionadas os |

caracteres horriveis que ellas apresentatildeo |

desgostos que sobrevem as pessoas que

satildeo de | las attacadas deviatildeo naturalmente

attrahir | attenccedilatildeo de todo o homem amigo

da huma- | nidade || Antigamente estas

291

enfermidades se consi- | deravatildeo com um

principio contagioso o que | obrigava os

doentes a buscar longe das povo- | accedilotildees

uma morada tranquilla que lhes permi- |

tisse esperar com paciencia a hora que [o]

| Creador tivesse determinado para pocircr

term[]| a todos os seus soffrimentos hoje

porem assim | natildeo acontece os progressos

que tem feito [a] | sciencia medica com os

numerosos trabalhos | e investigaccedilotildees da

chimica tem em fim intro- | duzido na

therapeutica e posto aacute disposiccedilatildeo | dos

homens da sciencia um meio prophilati- |

cos contra estas crueis enfermidades

fazendo | assim esperar uma prompta cura

a todos | aquelles que o quizerem abraccedilar

|| Penetrado do sentimento o mais sincero

da | philantropia do amor aacute sociedade

offereccedilo o[s] | meus recursos meacutedicos e

pharmaceuticos ad- | quiridos por um

aturado e longo estudo da na- | tureza

humana Ersquo pois com os medicamen- | tos

preparados por minhas proacuteprias matildeos

qu[e] | me proponho a curar a todos

aquelles que m[e] | quizerem procurar ||

Estou certo que os epithetos de ndash charlatatildeo

| e especulador ndash ser-me-hatildeo lanccedilados por

al- | guns ao lerem este meu annuncio

porem natildeo | seraacute por homens sensatos que

serei assim [ilegiacutevel] | xado O sabio

indaga consulta ouve [ilegiacutevel] | entre

voacutes (como eu creio) existe algum

rec[ilegiacutevel] | conhecimento recebei de

292

antematildeo toda a mi- | nha gratidatildeo || A

voacutes enfermos eu dirijo meus offereci- |

mentos eu saberei consolar-vos e talvez

da[r]- | vos a panaceacutea beneacutefica da saude

que tan[furo] | desejaes || Seja o

reconhecimento o fructo de meu[s] |

trabalhos e o uacutenico tributo que desejo

obte[r] | daquelles que me quizerem

honrar com sua[s] | consultas|| Dirijatildeo-se

ao Hotel Paulistano na rua d[e] | Satildeo

Bento nuacutemero 35

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

Medico e pharmaceutico | Doutorr

Ulysses Cruz || com longa pratica de

hospitaes e for- | mado em ambas as

faculdades de medi- | cina do Brazil eacute

encontrado em seu con- | sultorio na rua

do Thezouro nuacutemero 9 | sobrado do meio

dia as 3 da tar- | de e sua residecircncia para o

largo do | Arouche nuacutemero 39 ||

ESPECIALIDADE || Molestias

decrianccedilas de senhoras da | pelle e

shyphiliticas Gratis aos pobres

293

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

Gotta Rheumatismo Dores | Soluccedilatildeo do

Doutor Clin | Laureado da Faculdade de

Medicina de Paris ndash Premio Montyon ||

A Verdadeira Soluccedilatildeo Clin ao Salicylato

de Soda emprega-se para curar | AS

Affecccedilotildees Rheumatismaes agudas e

chronicas o Rheumatismo gottoso | as

Dores articulares e musculares e todas as

vezes que eacute necessario calmar os |

soffrimentos occasionados por estas

molestias || A Verdadeira Soluccedilatildeo Clin eacute

o melhor remeacutedio contra o Rheumatismo

| a Gotta e as Dores || Uma explicaccedilatildeo

detalhada acompanha cada frasco || Exigir

a Verdadeira Soluccedilatildeo de Clin amp

Companhia de PARIS que se encontra

em | casa dos Droguistas e

Pharmaceuticos

PALAVRA PHARMACIA

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

farmaacutecia sf local em que se estocam e se

vendem medicamentos tratado cientiacutefico

sobre os medicamentos XVII Do lat

294

Tard Pharmacia deriv Do gr

Pharmakeacuteia ()

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

farmaacutecia Sf1 parte da farmacologia que

trata da maneira de preparar caracterizar e

conservar os medicamentos 2

estabelecimento onde se preparam e

vendem medicamentos 3 Profissatildeo do

farmacecircutico 4 Coleccedilatildeo de

medicamentos 5 Conjunto de

medicamentos que se tecircm em casa num

coleacutegio numa reparticcedilatildeo etc para uso no

tratamento de leves indisposiccedilotildees ou em

primeiros socorros

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 15 de dezembro de 1898 Satildeo Paulo A

Notiacutecia

Pharmacia Saotilde Bento| Attendendo a crise

em que atravessamos e em vista das

difficuldades que tenho lutado para os

meus recebimentos resolvi para poder

attender as exigencias dos meus

fornecedores e tambem para poder

continuar [ ] vender a praso aos meos bons

295

freguezes deminuir o praso antigo de 90

dias para 60 dias desta data em diante|

Certo de que continue honrrarme com sua

freguezia anticipo agradecido e com

muita estima| Sou de Vossa Senhoria|

Amigo e [ilegiacutevel]| Francisco do Amarl

Baros

- 29 de janeiro de 1899 Satildeo Paulo A

Notiacutecia

A EMULSAtildeO DE SCOTT|de Oleo de

Figado de|Bacalhau com Hipophos|phitos

de Cal e Soda|Eacute UM REMEacuteDIO-

ALIMENTOPOR EXCELENCIA|Porque

o Oleo de Figado de Bacalhau como

alimento eacute dum valor importantissimo-

fortalece e engorda-Como remedio rico-eacute

magnifico creador d sangue assim como

um bom remedio alterante espinha dorsal

e systema osseo e a combinaccedilatildeo destes

preciosos componentes produz o melhor

reconstituinte tonico e purificador de

sangue que a sciencia medica conhece

Natildeo te rival para todas as molestias

debilitantes ha annos emprego a

Emulsatildeo de Ha mais de 20 annos que

emprego Scott e seguro contra affecccedilotildees

do em minha clinica sempre com muito

296

apparelho respiratorioe para vantagem nos

casos em que eacute combater a asthenia em

geral Diz indicada Diz o deistincto

Doutor Joseacute o illustrado Doutor Bacellar

do Rio Justino de Mello de Paranaguaacute

Grande do Sul Cautella com Imitaccedilotildees| A

venda em todas as Drogarias

Falsificaccedilotildees e Pharmacias Exija-se a

Legitima|Scott amp Bowne Chimicos New

York EUA

- 28 de fevereiro de 1875 Campinas A

Mocidade

NOVA||PHARMACIA CAMPINENSE||

31 - Rua do Commercio - 31||Tendo este

estabelecimento recebido um grande

sortimento de drogas acha-[s]e em

condicccedilotildees de satisfazer quaesquer

pedidos e receituarios medicos que lhe

forem dirigidos| Garante-se a boa

qualidade das drogas e promptidatildeo nas

remessas que lhe forem pedidas

esperando por isso a concorrencia do

respeitavel publico

297

- 01 de fevereiro de 1888 Campinas

Diaacuterio de Campinas

PRODUCTOS DE J-P

LAROZE||APROVADOS||pela junta de

Hygiena do Brasil||2 RUA DES LIONS-

SAINT-PAUL 2 PARIS||Xarope

Depurativo| de Casca de Laranja amarga

aos | Ioduretos de Potassio| contra

escrephulosas cancerosas syphiliticas

tumores brancos da agrura do sangue

etc| Xarope Ferruginoso| de Casca de

Laranja e Quassia amara ao | Proto-

Iodureto de Ferro| contra as cores pallidas

chlorose anemia doenccedilas de langor

rachitismo etc| Xarope Sedativo| de

Casca de Laranja amarga ao| Bromureto

de Potassio| calmante certo contra as

nevralgias a epilepsia o hysterico

insonia das crianccedilas todas as affecccedilotildees

nervosas| Deposito em todas as boas

Drogarias e Pharmacias

- 01 de fevereiro de 1888 Campinas

Diaacuterio de Campinas

298

O Elixir alimenticio Ducro e muito

agradavel ao paladar e as pessoas a quem

mais repugnam os aimentos o tomam ateacute

por gosto| Eacute um tonico poderosissimo

aconselhado para as mulheres e a crianccedilas

delicadas os velhos os convalescentes em

que desperta o appetite e restabelece as

forccedilas| Convem sobretudo nos paizes

quentes onde as forccedilas diminuem pela

transpiraccedilatildeo e onde se esta sujeito a

molestias contagiosas - Para mais

detalhes leia-se o prospecto que

acompanha cada vidro| Pariz 20 Place

des Vosges|| E EM TODAS AS

PHARMACIAS

- 13 de julho de 1879 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

Essencia depurativa ferru|ginosa do doutor

A A Ribeiro|PREPARADO POR J

PASSOS EXAMINADA E

AUCTORISADA PELA

EXCELENTIacuteSSIMA JUNTA|CENTRAL

DE HYGIENE PUBLICA| Este

prodigioso medicamento o mais effi|caz

contra as molestias syphiliticas

bouba|ticas escrophulas e rheumaticas

299

acha-se aacute|venda no deposito abaixo|

Encarecer as virtudes desse preparo

focircra|repetir o que eacute unanimemente

proclamado|pelas mais celebres

summidades medicas|do Rio de Janeiro

Campos Nitheroy etc|Chamamos a

attenccedilatildeo do publico para o al|manak que

se distribue no nosso deposito|Uacutenico

deposito nesta capital os senhores

Fonse|Ca e Kiehl ndash Pharmacia Ypiranga

ndash rua Di|reita nuacutemero 32|Uacutenico deposito

do UNGUENTO MOREL|na mesma

pharmacia

- 05 de julho de 1887 Satildeo Paulo Correio

Paulista

Alcatratildeo de Guyot|Gordon de Guyot

Purifica o sangue augmenta o apetite

levanta as forccedilas e eacute efficaz|em todas as

doenccedilas dos pulmocirces catarrhas da bexiga

e|affecccedilocirces das mucosas|O Alcatracirco de

Guyot foi experimentado som vantagem

real nos|principatildees hospitatildees de Franccedila

da Beacutelgica e Espanha|Durante os calocircres

e em tempo epidemico eacute uma

bebida|hygienica e preservadora Um soacute

vidro basta para preparar doze|litras

drsquouma bebida salutarissima|O Alcatracirco de

300

Guyot Authentico eacute vendido em vidras

trazendo|na rotulo e com trez cores a

assgnatura|Venda a varejo na mor parte

das pharmacias Fabricaccedilatildeo em atacado

Casa L Frere

- 07 de julho de 1887 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

Cura Certa das Molestias Nervosas

Epilepsia-Hysteria Molestias do Cerebro e

do Espinhaccedilo|Choreatilde Diabete Assucarado

Hystero-Epilepsia Xarope de Henry Bom

exito verificado por 15 annos de

experiencia nos Hos|pitaes de Paris|Uma

notiacutecia muito importante seraacute dirigida a

quem a pedir| depositos em todas as

principaes Pharmacias

- 4 de marccedilo de 1853 Satildeo Paulo Aurora

Paulistana

CURA CERTA | e em pouco tempo de

todas as enfermidades provenientes de

vicio san- | guineo como ndashescrophulas

301

tube[r]- | culos lepra syphylis etc etce

[ilegiacutevel] | particular as affecccediloens de

pape[ilegiacutevel] | em seu principio ||

Etienne Lagarde || Pharmaceutico e

cirurgiatildeo das faculdades | Pariz e do Rio

de Janeiro ex-preparad[o] | do Curso de

Chimica da escola de medic[i]- | na e

pharmacia de Poi[furo]iers membro da

s[o]- | ciedade medica da mesma cidade e

corres- | pondente de algumas sociedades

scientificas || Attenccedilacirco || A experiencia

junto aacute perseveranccedila qu[e] | hoje tem sido

meus uacutenicos guias no trata[men]- | to das

enfermidades acima mencionadas os |

caracteres horriveis que ellas apresentatildeo |

desgostos que sobrevem as pessoas que

satildeo de | las attacadas deviatildeo naturalmente

attrahir | attenccedilatildeo de todo o homem amigo

da huma- | nidade || Antigamente estas

enfermidades se consi- | deravatildeo com um

principio contagioso o que | obrigava os

doentes a buscar longe das povo- | accedilotildees

uma morada tranquilla que lhes permi- |

tisse esperar com paciencia a hora que [o]

| Creador tivesse determinado para pocircr

term[]| a todos os seus soffrimentos hoje

porem assim | natildeo acontece os progressos

que tem feito [a] | sciencia medica com os

numerosos trabalhos | e investigaccedilotildees da

chimica tem em fim intro- | duzido na

therapeutica e posto aacute disposiccedilatildeo | dos

homens da sciencia um meio prophilati- |

cos contra estas crueis enfermidades

302

fazendo | assim esperar uma prompta cura

a todos | aquelles que o quizerem abraccedilar

|| Penetrado do sentimento o mais sincero

da | philantropia do amor aacute sociedade

offereccedilo o[s] | meus recursos meacutedicos e

pharmaceuticos ad- | quiridos por um

aturado e longo estudo da na- | tureza

humana Ersquo pois com os medicamen- | tos

preparados por minhas proacuteprias matildeos

qu[e] | me proponho a curar a todos

aquelles que m[e] | quizerem procurar ||

Estou certo que os epithetos de ndash charlatatildeo

| e especulador ndash ser-me-hatildeo lanccedilados por

al- | guns ao lerem este meu annuncio

porem natildeo | seraacute por homens sensatos que

serei assim [ilegiacutevel] | xado O sabio

indaga consulta ouve [ilegiacutevel] | entre

voacutes (como eu creio) existe algum

rec[ilegiacutevel] | conhecimento recebei de

antematildeo toda a mi- | nha gratidatildeo || A

voacutes enfermos eu dirijo meus offereci- |

mentos eu saberei consolar-vos e talvez

da[r]- | vos a panaceacutea beneacutefica da saude

que tan[furo] | desejaes || Seja o

reconhecimento o fructo de meu[s] |

trabalhos e o uacutenico tributo que desejo

obte[r] | daquelles que me quizerem

honrar com sua[s] | consultas|| Dirijatildeo-se

ao Hotel Paulistano na rua d[e] | Satildeo

Bento nuacutemero 35

303

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

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- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

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se os | accindentes febris renasce o

304

appetite forta- | lecem-se os musculos e

voltam as forccedilas || Emprega-se com ecircxito

contra a inappe- | tencia os crescimentos

raacutepidos com ra- | lecoenccedilas molestias de

estomago a | anemia e [ilegiacutevel] ||

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Paris || E todas as Pharmacias

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

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- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

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305

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Inspectoria de Hygiene do Imperio do

Brazil || Este Medicamento de sabor

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Meacutedicos de Paris | CONTRA |

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DE GARGANTA | CATARRO

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Victoria ndash Paris || Depositos em todas as

principaes Pharmacias

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

CONSTIPACcedilOtildeES e MOLESTIAS do

PEITO || XAROPE

ANTIPHOLOGISTICO BRIANT ||

PARIS Pharmacia BRIANT 150 rua de

Rivoli PARIS || As celebridades medicas

de Paris recommendatildeo ha mais de 30

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agradaacutevel e | de efficacia mais certa de

Defluxos Constipaccedilotildees Catharros etc |

Este Xarope nunca [ilegiacutevel] ndash Deve-se

exigir a Brochura em nove linguas | com a

assignatura bem lisivel do inventor |

306

DEPOSITO EM TODAS AS

PRINCIPAES PHARMACIAS

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

Licenciado pela Inspectoria de Hygiene

do Impeacuterio do Brazil || CAPSULAS DE

SANDALO CRITIN | de Savaresse |

Preparaccedilatildeo alguma eacute mais efficaz contra

as | MOLESTIAS SECRETAS | do que as

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tratamento) cura geralmente dentro de

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DEPOSITOS EM TODAS AS

PRINCIPAES PHARMACIAS

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

VERDAEIROS GRAtildeOS DE SAUDE DO

DoutoR FRENCK || LICENCIADOS

307

PELA INSPECTORIA GERAL DE

HYGIENE DO IMPERIO DO BRAZIL ||

Aparientes Estomachinos Purgativos

Depurativos | Contra a Falta de appetite a

Obstruccedilatildeo a Enxaqueca as Vertigems |

as congestotildees etc ndash Dose ordinaria 1 2

aacute 3 gratildeos || Desconfiar as falsificaccedilotildees ndash

Exigir o rotulo junto imprimido em

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cada letra de uma cocircr differente e | O

Sello da Uniatildeo dos Fabricantes | Em

Pariz Pharmacia Leroy ndash Depoacutesitos em

todas as principaes pharmacias

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

CURA CERTA DAS MOLESTIAS

NERVOSAS | Epilepsia ndash Hysteria |

Choreatilde | Hystero-Epilepsia | Molestias do

Cerebro | e do Espinhaccedilo | Diabetes

assucarado || PELO || XAROPE DE

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308

(Franccedila)|| Deposito em todas as principaes

Pharmacias

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

Santo JEAN de La Croix [gravura]|

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CAMELITAS | BOYER | Unico successor

| dos Carmelitas | SAINTE THERESE

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14 ndash PARIS | EAU DES CARMES | RUE

TARANNE Nuacutemero 14 TRANSFEacuteREacuteE

14 RUE DE LrsquoABBAYE PARIS [brazatildeo]

| CONTRA | Apoplexia | Cholera | Enjocirco

do mar | Faltos | Coacutelicas | Indigestotildees |

Febre amarella etc | Ler o prospecto no

qual vai envolvido | cada vidro || Deve-se

exigir o letreiro branco e preto | em todos

os vidros | seja qual focircr o tamanho |

Desconfiar | AS | FALSIFICACcedilOtildeES | e |

Exigir a assignatura | de | [assinatura] |

DEPOSITO EM TODAS AS

PHARMACIAS | DO Universo

309

PALAVRA PHOSPHATO

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

foacutesforo sm orig substacircncia que

resplandece que brilha ne escuro 1813

palito provido de uma cabeccedila composta

de foacutesfora e outras substacircncias quiacutemicas

que se inflamam quando atritadas num

superfiacutecie aacutespera | phosphoro 1860 |

(Quim) elemento quiacutemico natildeo metaacutelico

de nuacutemero atocircmico 15 | phosphoro 1844 |

do lat phosphorus deriv do gr

phosphoacuteros (lt phos luz + -phoroacutes que

conduz) () fosfato | phosph- 1858 | do

fr phosphat voc introduzidona linguagem

cientiacutefica internacional em 1787 pelo

francecircs de Morveu

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

fosfato SmQuiacutem Qualquer sal do aacutecido

fosfoacuterico

PERIOacuteDICO

DATA

E

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

VINHO || Tonico-Nutritivo || DEFRESNE

310

CIDADE DE ORIGEM || Com Peptons (Carne assimilavel) ||

FERRO E LACTO-PHOSPHATO DE

CAL NATURAES || Sendo o Vinho

Defresne drsquoum gosto | delicioso tambem

eacute o unico reconsti- | tuinte natural e

completo || Eacute o mais precioso de todos os

tonicos sob a sua influencia desvanecem-

se os | accindentes febris renasce o

appetite forta- | lecem-se os musculos e

voltam as forccedilas || Emprega-se com ecircxito

contra a inappe- | tencia os crescimentos

raacutepidos com ra- | lecoenccedilas molestias de

estomago a | anemia e [ilegiacutevel] ||

DEFRESNE Fornecedor dos Hospitaes

Paris || E todas as Pharmacias

PALAVRA PROPHILATICO

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

profilaxia Sf lsquoemprego de meios para

evitar doenccedilasrsquo | prophilaxia 1873 | do fr

prophilaxie deriv do lat cient

prophylaxis e este do gr prophyacutelaxis

lsquoprecauccedilatildeorsquo || profilaacutetico | prophilactico

1858 | do fr prophylactiqque do gr

prophylaktikoacutes

311

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

profilaacutectico Adj 1 relativo a profilaxia

2 preservativo preventivo

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 4 de marccedilo de 1853 Satildeo Paulo Aurora

Paulistana

CURA CERTA | e em pouco tempo de

todas as enfermidades provenientes de

vicio san- | guineo como ndashescrophulas

tube[r]- | culos lepra syphylis etc etce

[ilegiacutevel] | particular as affecccediloens de

pape[ilegiacutevel] | em seu principio ||

Etienne Lagarde || Pharmaceutico e

cirurgiatildeo das faculdades | Pariz e do Rio

de Janeiro ex-preparad[o] | do Curso de

Chimica da escola de medic[i]- | na e

pharmacia de Poi[furo]iers membro da

s[o]- | ciedade medica da mesma cidade e

corres- | pondente de algumas sociedades

scientificas || Attenccedilacirco || A experiencia

junto aacute perseveranccedila qu[e] | hoje tem sido

meus uacutenicos guias no trata[men]- | to das

enfermidades acima mencionadas os |

caracteres horriveis que ellas apresentatildeo |

desgostos que sobrevem as pessoas que

satildeo de | las attacadas deviatildeo naturalmente

attrahir | attenccedilatildeo de todo o homem amigo

da huma- | nidade || Antigamente estas

312

enfermidades se consi- | deravatildeo com um

principio contagioso o que | obrigava os

doentes a buscar longe das povo- | accedilotildees

uma morada tranquilla que lhes permi- |

tisse esperar com paciencia a hora que [o]

| Creador tivesse determinado para pocircr

term[]| a todos os seus soffrimentos hoje

porem assim | natildeo acontece os progressos

que tem feito [a] | sciencia medica com os

numerosos trabalhos | e investigaccedilotildees da

chimica tem em fim intro- | duzido na

therapeutica e posto aacute disposiccedilatildeo | dos

homens da sciencia um meio prophilati- |

cos contra estas crueis enfermidades

fazendo | assim esperar uma prompta cura

a todos | aquelles que o quizerem abraccedilar

|| Penetrado do sentimento o mais sincero

da | philantropia do amor aacute sociedade

offereccedilo o[s] | meus recursos meacutedicos e

pharmaceuticos ad- | quiridos por um

aturado e longo estudo da na- | tureza

humana Ersquo pois com os medicamen- | tos

preparados por minhas proacuteprias matildeos

qu[e] | me proponho a curar a todos

aquelles que m[e] | quizerem procurar ||

Estou certo que os epithetos de ndash charlatatildeo

| e especulador ndash ser-me-hatildeo lanccedilados por

al- | guns ao lerem este meu annuncio

porem natildeo | seraacute por homens sensatos que

serei assim [ilegiacutevel] | xado O sabio

indaga consulta ouve [ilegiacutevel] | entre

voacutes (como eu creio) existe algum

rec[ilegiacutevel] | conhecimento recebei de

313

antematildeo toda a mi- | nha gratidatildeo || A

voacutes enfermos eu dirijo meus offereci- |

mentos eu saberei consolar-vos e talvez

da[r]- | vos a panaceacutea beneacutefica da saude

que tan[furo] | desejaes || Seja o

reconhecimento o fructo de meu[s] |

trabalhos e o uacutenico tributo que desejo

obte[r] | daquelles que me quizerem

honrar com sua[s] | consultas|| Dirijatildeo-se

ao Hotel Paulistano na rua d[e] | Satildeo

Bento nuacutemero 35

PALAVRA RACHITISMO

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

raqui(o)- elem Comp do gr Raacutechis

espinha dorsal espinha vertebral que se

documenta em alguns compostos

introduzidos na linguagem cientiacutefica

internacional a partir do seacutec XIX ()

raquitismo 1858

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

raquitismo S m 1 Patol Doenccedila da

infacircncia produzida por distuacuterbiosdo

metabolismo do caacutecio e do foacutesforo por

efeito de carecircncia de vitamina D e que se

manifesta sobretudo por alteraccedilotildees e

deformidades do esqueleto ()

314

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 01 de fevereiro de 1888 Campinas

Diaacuterio de Campinas

PRODUCTOS DE J-P

LAROZE||APROVADOS||pela junta de

Hygiena do Brasil||2 RUA DES LIONS-

SAINT-PAUL 2 PARIS||Xarope

Depurativo| de Casca de Laranja amarga

aos | Ioduretos de Potassio| contra

escrephulosas cancerosas syphiliticas

tumores brancos da agrura do sangue

etc| Xarope Ferruginoso| de Casca de

Laranja e Quassia amara ao | Proto-

Iodureto de Ferro| contra as cores pallidas

chlorose anemia doenccedilas de langor

rachitismo etc| Xarope Sedativo| de

Casca de Laranja amarga ao| Bromureto

de Potassio| calmante certo contra as

nevralgias a epilepsia o hysterico

insonia das crianccedilas todas as affecccedilotildees

nervosas| Deposito em todas as boas

Drogarias e Pharmacias

PALAVRA RHEUMA

315

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

reuma sf (Patol) fluxo de humor catarral

ou aquoso | XVII rreyma XIV | Do lat

Rheuma deriv Do gr Rheucircma ndashatos

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

reuma sf patol Fluxo de humor catarral

ou aquoso [Var reima]

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

XAROPE DE FOLLET || Sirop de Choral

Follet || E o calmante por excelencia que

supprime a dor e procura | o somno

tranquumlilo e natural nos casos de |

NEVRALGIAS ndash GOTTA ndash RHEUMA |

TISICA ndash FEBRES || Exigir a Firma ||

Fabrica casa FRERE 19 rua Jacob

PARIZ

PALAVRA RHEUMATICAS

316

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

reuma sf (Patol) fluxo de humor catarral

ou aquoso | XVII rreyma XIV | Do lat

Rheuma deriv Do gr Rheucircma -atos ()

reumaacutetico 1813 do lat Tard

Rheumaticus deriv Do Gr rheumatikoacutes

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

Reumaacutetico Adj 1 relativo a reuma 2

reumatismal 3 que sofre de reumatismo

sm 4 indiviacuteduo que sofre de

reumatismo

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 13 de julho de 1879 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

Essencia depurativa ferru|ginosa do doutor

A A Ribeiro|PREPARADO POR J

PASSOS EXAMINADA E

AUCTORISADA PELA

EXCELENTIacuteSSIMA JUNTA|CENTRAL

DE HYGIENE PUBLICA| Este

prodigioso medicamento o mais effi|caz

contra as molestias syphiliticas

bouba|ticas escrophulas e rheumaticas

acha-se aacute|venda no deposito abaixo|

Encarecer as virtudes desse preparo

317

focircra|repetir o que eacute unanimemente

proclamado|pelas mais celebres

summidades medicas|do Rio de Janeiro

Campos Nitheroy etc|Chamamos a

attenccedilatildeo do publico para o al|manak que

se distribue no nosso deposito|Uacutenico

deposito nesta capital os senhores

Fonse|Ca e Kiehl ndash Pharmacia Ypiranga ndash

rua Di|reita nuacutemero 32|Uacutenico deposito do

UNGUENTO MOREL|na mesma

pharmacia

PALAVRA RHEUMATISMAES

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

reuma sf (Patol) fluxo de humor catarral

ou aquoso | XVII rreyma XIV | Do lat

Rheuma deriv Do gr Rheucircma -atos ()

reumatismo 1813 Do lat tard

Rheumatismus deriv do gr

rheumatismoacutes

REUMATIMAIS SEM REGISTRO

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

reumatismal Adj 2 g relativo ao ou da

natureza do reumatismo reumaacutetico

318

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

Gotta Rheumatismo Dores | Soluccedilatildeo do

Doutor Clin | Laureado da Faculdade de

Medicina de Paris ndash Premio Montyon ||

A Verdadeira Soluccedilatildeo Clin ao Salicylato

de Soda emprega-se para curar | AS

Affecccedilotildees Rheumatismaes agudas e

chronicas o Rheumatismo gottoso | as

Dores articulares e musculares e todas as

vezes que eacute necessario calmar os |

soffrimentos occasionados por estas

molestias || A Verdadeira Soluccedilatildeo Clin eacute

o melhor remeacutedio contra o Rheumatismo

| a Gotta e as Dores || Uma explicaccedilatildeo

detalhada acompanha cada frasco || Exigir

a Verdadeira Soluccedilatildeo de Clin amp

Companhia de PARIS que se encontra

em | casa dos Droguistas e

Pharmaceuticos

PALAVRA RHEUMATISMO

319

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

reuma sf (Patol) fluxo de humor catarral

ou aquoso | XVII rreyma XIV | Do lat

Rheuma deriv Do gr Rheucircma -atos ()

reumatismo 1813 Do lat tard

Rheumatismus deriv do gr

rheumatismoacutes

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

reumatismo Sm designaccedilatildeo imprecisa

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 26 de maio de 1872 Campinas Gazeta

de Campinas

Medicamentos Homeopathicos|No

estabelecimento do Roso amp Filho em

liquidaccedilatildeo aacute rua do Commercio nuacutemero

45 encontra-se sempre grande sortimento

destes medicamentos em tinturas

globulos e opodeldoc de Bryonia Rhux

para rheumatismo do laboratoio do

doutor Cochrane amp Pinho do Rio de

Janeiro bem assim livros homeopathicos

- 20 de julho de 1887 Satildeo Paulo Correio

320

Paulistano

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

Syfilis Adquirida ou Hereditaacuteria em todo

os periodos accidentes segundarios|e

terciaacuterios que resultatildeo drsquoella Ulceraccedilatildeo

da bocca e da garganta|gommas

exostoses carie dos ossos

rheumatismos ulceras impotencia etc

etc|Scrofulas viacutecios do sangue molestias

da pelle (Dartres ecleacutemas lepra |

herpes)- Cura certa raacutepida e radical pelos

celebres BISCOUTOS|DEPURATIVOS

do DrsquoOLLIVIER o mais poderoso anti-

syphilitico e|receitado haacute mais de 60

annos pelos mais illustrados

profissionaes|eacute o unico remedio no

mundo inteiro approvado pela Academia

de|Medicina de Paris unico premiado

com Recompensa Nacional de 24000|

Francos||Deposito Geral 62 Rua de

Rivali Paris| Em Satildeo Paulo Martins

Labre amp Companhia

- 03 de janeiro de 1889 Satildeo Paulo

Correio Paulistano

321

Grande descoberta|O maior sucesso da

eacutepoca que atravessaacutemos eacute a descoberta do

prodigioso vegetal cujo vegetal em si a

acccedilatildeo maravilhosa de destruir todos os

virus de syphilitico A descoberta deste

remedio que eacute Vegetal Por|Excellencia eacute

a verdadeira Maravilha Do Seculo XIX

Os saacutebios|estudos de muitos annos e as

sucessivas experiecircncias do illustrado e

intelligente|senhor M Morato deram em

resultado que o grande remedio pura

exclusiva|e unicamente vegetal a que deu

o nome de ldquoExilir depurativo de M

Moratordquo|cura completa e rapidamente toda

syphilis curo o rheumatismo com

uma|felicidade espantosa cura a asthma

e usado convenientemente tem com |

espanto de centenas de pessoas curado o

terrivel mas a|Morphegravea |A grande

descoberta deste explendoroso remeacutedio eacute

a felicidade da|humanidade eacute o passo

mais gigantesco dado na medicina

Procurar ldquoExilir|depurativo de M

Moratordquo propagado por Doutor

Carlos|Agente Depositaacuterio Em Satildeo

Paulo|Peixoto Estella amp Companhia|Rua

de Satildeo Bento nuacutemero 11| Preccedilos|20 Exilir

ndash frasco 5$000 Duzia 50$000

322

- 11 de abril de 1889 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

syfilis Adquirida ou Hereditaacuteria em todo

os periodos accidentes segundarios e|

terciaacuterios que resultatildeo drsquoella Ulceraccedilatildeo

da bocca e da garganta Gommas|

Exostoses Carie dos ossos

Rheumatismos Ulceras Impotencia etc

etc|Scrofulas Viacutecios do Sangue

Molestias da pelle (Dartres Eczeacutemas

Lepra | Herpes)- Cura certa raacutepida e

radical pelos celebres biscoutos

depurativos|do drsquoollivier o mais poderoso

anti-syphilitico e receitado haacute mais de 60

annos| pelos mais illustrados

profissionaes|eacute o unico remedio no

mundo inteiro| Approvado pela Academia

de Medicina de Paris unico premiado

com|Recompensa Nacional de 24000

Francos|Deposito Geral 62 Rua de

Rivolli Paris| Em Satildeo Paulo Martins

Labre amp [Companhia]

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

Acalma | 8 vezes sobre 10 | Enxaquecas |

323

Rheumatismos | Nevralgias | do |

Estomago | da | Cabeccedila | e dos | Intestinos||

Exigir a Firma | Clertan | [assinatura] | 19

rua Jacob PARIZ | PEROLAS | DE |

TEREBENTHINA | DO DoutoR

CLERTAN | Approbaccedilatildeo da Academia |

de | Medicina de Pariz || Acalma | 8 vezes

sobre 10 | Enfermidades | do | Fiacutegado |

Caacutelculos biliarios | Catarrhos | Pulmonares

| e da | Bexiga || Exigir a Firma | Clertan |

[assinatura] | 19 rua Jacob Pariz

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

Gotta Rheumatismo Dores | Soluccedilatildeo do

Doutor Clin | Laureado da Faculdade de

Medicina de Paris ndash Premio Montyon ||

A Verdadeira Soluccedilatildeo Clin ao Salicylato

de Soda emprega-se para curar | AS

Affecccedilotildees Rheumatismaes agudas e

chronicas o Rheumatismo gottoso | as

Dores articulares e musculares e todas as

vezes que eacute necessario calmar os |

soffrimentos occasionados por estas

molestias || A Verdadeira Soluccedilatildeo Clin eacute

o melhor remeacutedio contra o Rheumatismo

| a Gotta e as Dores || Uma explicaccedilatildeo

detalhada acompanha cada frasco || Exigir

324

a Verdadeira Soluccedilatildeo de Clin amp

Companhia de PARIS que se encontra

em | casa dos Droguistas e

Pharmaceuticos

PALAVRA THERAPEUTICA

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

terapecircutica sf lsquoparte da medicina que

estuda e potildee em praacutetica os meios

adequados para aliviar o curar doenccedilasrsquo |

the- XIX | do fr theacuterapeutique deriv do

lat tard therapeutica e este do gr

therapeutikeacute de therapeacuteuo lsquoeu curorsquo ()

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO COMUM

terapecircutica sf parte da medicina que

estuda e potildee em praacutetica os meios

adequados para aliviar ou curar os

doentes terapia ()

PERIOacuteDICO

DATA

- 4 de marccedilo de 1853 Satildeo Paulo Aurora

Paulistana

325

E

CIDADE DE ORIGEM

CURA CERTA | e em pouco tempo de

todas as enfermidades provenientes de

vicio san- | guineo como ndashescrophulas

tube[r]- | culos lepra syphylis etc etce

[ilegiacutevel] | particular as affecccediloens de

pape[ilegiacutevel] | em seu principio ||

Etienne Lagarde || Pharmaceutico e

cirurgiatildeo das faculdades | Pariz e do Rio

de Janeiro ex-preparad[o] | do Curso de

Chimica da escola de medic[i]- | na e

pharmacia de Poi[furo]iers membro da

s[o]- | ciedade medica da mesma cidade e

corres- | pondente de algumas sociedades

scientificas || Attenccedilacirco || A experiencia

junto aacute perseveranccedila qu[e] | hoje tem sido

meus uacutenicos guias no trata[men]- | to das

enfermidades acima mencionadas os |

caracteres horriveis que ellas apresentatildeo |

desgostos que sobrevem as pessoas que

satildeo de | las attacadas deviatildeo naturalmente

attrahir | attenccedilatildeo de todo o homem amigo

da huma- | nidade || Antigamente estas

enfermidades se consi- | deravatildeo com um

principio contagioso o que | obrigava os

doentes a buscar longe das povo- | accedilotildees

uma morada tranquilla que lhes permi- |

tisse esperar com paciencia a hora que [o]

| Creador tivesse determinado para pocircr

term[]| a todos os seus soffrimentos hoje

porem assim | natildeo acontece os progressos

que tem feito [a] | sciencia medica com os

numerosos trabalhos | e investigaccedilotildees da

chimica tem em fim intro- | duzido na

326

therapeutica e posto aacute disposiccedilatildeo | dos

homens da sciencia um meio prophilati- |

cos contra estas crueis enfermidades

fazendo | assim esperar uma prompta cura

a todos | aquelles que o quizerem abraccedilar

|| Penetrado do sentimento o mais sincero

da | philantropia do amor aacute sociedade

offereccedilo o[s] | meus recursos meacutedicos e

pharmaceuticos ad- | quiridos por um

aturado e longo estudo da na- | tureza

humana Ersquo pois com os medicamen- | tos

preparados por minhas proacuteprias matildeos

qu[e] | me proponho a curar a todos

aquelles que m[e] | quizerem procurar ||

Estou certo que os epithetos de ndash charlatatildeo

| e especulador ndash ser-me-hatildeo lanccedilados por

al- | guns ao lerem este meu annuncio

porem natildeo | seraacute por homens sensatos que

serei assim [ilegiacutevel] | xado O sabio

indaga consulta ouve [ilegiacutevel] | entre

voacutes (como eu creio) existe algum

rec[ilegiacutevel] | conhecimento recebei de

antematildeo toda a mi- | nha gratidatildeo || A

voacutes enfermos eu dirijo meus offereci- |

mentos eu saberei consolar-vos e talvez

da[r]- | vos a panaceacutea beneacutefica da saude

que tan[furo] | desejaes || Seja o

reconhecimento o fructo de meu[s] |

trabalhos e o uacutenico tributo que desejo

obte[r] | daquelles que me quizerem

honrar com sua[s] | consultas|| Dirijatildeo-se

ao Hotel Paulistano na rua d[e] | Satildeo

327

Bento nuacutemero 35

PALAVRA TISICA

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

ETIMOLOacuteGICO

tiacutesico adj sm que ou aquele que sofre de

tiacutesica XVII Do lat tard phthisius deriv

do gr phthisikoacutes ()

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

tiacutesica sfpatol Tuberculose [qv]

pulmonar especilmente na fase

consuntiva heacutectica()

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 27 de Janeiro de 1888 Campinas

Diaacuterio de Campinas

Tisica pulmonar||Grande descoberta

indigena|Estaacute mais que reconhecido que o

infallivel medicamento contra a tisica e o

EXTRACTO FLUIDO DE BOCAGY o

qual foi muito bem aceito em Madrid

como estatildeo fazendo continuadamente

pedidos para a Hepanha e em todas as

328

provncias do imperio tendo feito curas

importantes em qualquer grau que estaja a

tisica| Remete-se qualquer encommenda

mandando o dinheiro| Preccedilos de cada|

garrafa10$000|| Os pedidos satildeo dirigidos

aos senhores Oliveira amp Lima em Santa

Cruz do Rio Pardo

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

XAROPE DE FOLLET || Sirop de Choral

Follet || E o calmante por excelencia que

supprime a dor e procura | o somno

tranquumlilo e natural nos casos de |

NEVRALGIAS ndash GOTTA ndash RHEUMA |

TISICA ndash FEBRES || Exigir a Firma ||

Fabrica casa FRERE 19 rua Jacob

PARIZ

PALAVRA TONICO

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

tom Sm tensatildeo tono altura de um som

329

ETIMOLOacuteGICO tonalidade | XIV toom XV | do lat Tonus

-i deriv Do gr Toacutenos muacutesculo tendatildeo

tendatildeo intensidade forccedila energia tensatildeo

de uma corda som de instrumento ()

tocircnico adj relativo ao tom tonifica ou daacute

energia diz-se do elemento que recebe o

acento de intensidade 1858 do fr

tonique deriv do gr tonikoacutes ()

ENTRADA NO DICIONAacuteRIO

COMUM

tocircnico Adj 1 relativo a som (1) 2 que

tonifica ou daacute energia 3 gram Diz-se do

elemento (vogal siacutelaba) que recebe acento

de intensidade ou icto sm4

medicamento ou cosmeacutetico tocircnico

revigorante

PERIOacuteDICO

DATA

E

CIDADE DE ORIGEM

- 29 de janeiro de 1899 Satildeo Paulo A

Notiacutecia

A EMULSAtildeO DE SCOTT|de Oleo de

Figado de|Bacalhau com Hipophos|phitos

de Cal e Soda|Eacute UM REMEacuteDIO-

ALIMENTOPOR EXCELENCIA|Porque

o Oleo de Figado de Bacalhau como

alimento eacute dum valor importantissimo-

fortalece e engorda-Como remedio rico-eacute

magnifico creador de sangue assim como

330

um bom remedio alterante espinha dorsal

e systema osseo e a combinaccedilatildeo destes

preciosos componentes produz o melhor

reconstituinte tonico e purificador de

sangue que a sciencia medica conhece

Natildeo te rival para todas as molestias

debilitantes ha annos emprego a

Emulsatildeo de Ha mais de 20 annos que

emprego Scott e seguro contra affecccedilotildees

do em minha clinica sempre com muito

apparelho respiratorioe para vantagem nos

casos em que eacute combater a asthenia em

geral Diz indicada Diz o deistincto

Doutor Joseacute o illustrado Doutor Bacellar

do Rio Justino de Mello de Paranaguaacute

Grande do Sul Cautella com Imitaccedilotildees| A

venda em todas as Drogarias

Falsificaccedilotildees e Pharmacias Exija-se a

Legitima|Scott amp Bowne Chimicos New

York EUA

- 01 de fevereiro de 1888 Campinas

Diaacuterio de Campinas

O Elixir alimenticio Ducro e muito

agradavel ao paladar e as pessoas a quem

mais repugnam os aimentos o tomam ateacute

por gosto| Eacute um tonico poderosissimo

aconselhado para as mulheres e a crianccedilas

331

delicadas os velhos os convalescentes em

que desperta o appetite e restabelece as

forccedilas| Convem sobretudo nos paizes

quentes onde as forccedilas diminuem pela

transpiraccedilatildeo e onde se esta sujeito a

molestias contagiosas - Para mais

detalhes leia-se o prospecto que

acompanha cada vidro| Pariz 20 Place

des Vosges|| E EM TODAS AS

PHARMACIAS

- 05 de julho de 1887 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

Tonico|Fevrifugo|Regenerador|vinho do

doutor johanno Quina Coca Extracto de

Carne e Hypophosphito|Recommendatildeo-

no nos casos que necessitatildeo toacutenicos

para|reconstruir e regenerar o organismo

arruinado por molestias|excessos

natureza do clima anemia chlorosis

amenorrhea cachxia|fluxo branco que

tanto arruinatildeo a saude das mulheres

pobreza de|sangue fraqueza geral

debilidade etc|H Vivien Droguista 50

Boulevard de Strasboug em Paris

332

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

VINHO || Tonico-Nutritivo || DEFRESNE

|| Com Peptons (Carne assimilavel) ||

FERRO E LACTO-PHOSPHATO DE

CAL NATURAES || Sendo o Vinho

Defresne drsquoum gosto | delicioso tambem

eacute o unico reconsti- | tuinte natural e

completo || Eacute o mais precioso de todos os

tonicos sob a sua influencia

desvanecem-se os | accindentes febris

renasce o appetite forta- | lecem-se os

musculos e voltam as forccedilas || Emprega-

se com ecircxito contra a inappe- | tencia os

crescimentos raacutepidos com ra- | lecoenccedilas

molestias de estomago a | anemia e

[ilegiacutevel] || DEFRESNE Fornecedor dos

Hospitaes Paris || E todas as Pharmacias

- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio

Paulistano

VINHO EMINENTEMENTE TONICO||

Unico | approvado pela Academia | de

Medicina de Pariz || Quinium Labarraque

|| Fabrica | Casa L Frere 19 rua Jacob |

PARIZ | FEBIFUGO E FORIFICANTE

333

  • LEacuteXICO DISCURSO E PROJETO DE NACcedilAtildeO
    • AGRADECIMENTOS
    • RESUMO
    • ABSTRACT
    • Sumaacuterio
    • Introduccedilatildeo
    • 1 Metodologia
    • 2 Linguagem como distintivo de humanidade
      • 21 Investigaccedilotildees relativas agrave linguagem
      • 22 O Leacutexico da Liacutengua Portuguesa
      • 23 Projeto de naccedilatildeo portuguecircs para Portugal
        • 3 A importacircncia da imprensa no processo civilizatoacuterio
          • 31 A imprensa e a disseminaccedilatildeo de discursos
            • 4 Desejo de ascensatildeo
            • 5 Nomenclatura especializada e a disseminaccedilatildeo das tecnologias na sociedade
            • 6 Projeto de uma naccedilatildeo brasileira
            • 7 Passos mecacircnicos
              • 71 Arte mecacircnica
              • 72 Dono de seu proacuteprio tempo
                • 8 Para garantir a vida
                • 9 Conclusotildees
                • 10 Bibliografia
                • 11 Apecircndices