New LÉXICO, DISCURSO E PROJETO DE NAÇÃO. · 2019. 12. 11. · RESUMO SILVA, B. G. da, Léxico,...
Transcript of New LÉXICO, DISCURSO E PROJETO DE NAÇÃO. · 2019. 12. 11. · RESUMO SILVA, B. G. da, Léxico,...
1
UNIVERSIDADE DE SAtildeO PAULO
FACULDADE DE FILOSOFIA LETRAS E CIEcircNCIAS HUMANAS
BRIAN GALDINO DA SILVA
LEacuteXICO DISCURSO E PROJETO DE NACcedilAtildeO
DISSERTACcedilAtildeO DE MESTRADO
SAtildeO PAULO
2019
2
BRIAN GALDINO DA SILVA
LEacuteXICO DISCURSO E PROJETO DE NACcedilAtildeO
Dissertaccedilatildeo apresentada ao
Departamento de Letras Claacutessicas e
Vernaacuteculas da Faculdade de Filosofia
Letras e Ciecircncias Humanas da
Universidade de Satildeo Paulo para
obtenccedilatildeo do tiacutetulo de mestre em Liacutengua
Portuguesa
Aacuterea de concentraccedilatildeo Lexicologia da
liacutengua portuguesa Anaacutelise criacutetica do
discurso
Orientador Prof Dr Manoel
Mourivaldo Santiago Almeida
SAtildeO PAULO
2019
3
Autorizo a reproduccedilatildeo e divulgaccedilatildeo total ou parcial deste trabalho por qualquer meio
convencional ou eletrocircnico para fins de estudo e pesquisa desde que citada a fonte
Catalogaccedilatildeo na Publicaccedilatildeo
Serviccedilo de Biblioteca e Documentaccedilatildeo
Faculdade de Filosofia Letras e Ciecircncias Humanas da Universidade de Satildeo Paulo
Silva Brian Galdino da
Ss1l LEacuteXICO DISCURSO E PROJETO DE NACcedilAtildeO Brian
Galdino da Silva orientador Manuel Mourivaldo
Santiago Almeida - Satildeo Paulo 2019
333 f
Dissertaccedilatildeo (Mestrado)- Faculdade de Filosofia
Letras e Ciecircncias Humanas da Universidade de Satildeo
Paulo Departamento de Letras Claacutessicas e
Vernaacuteculas Aacuterea de concentraccedilatildeo Filologia e Liacutengua
Portuguesa
1 Estudo do leacutexico 2 Anaacutelise do criacutetica do
discurso 3 Projeto de naccedilatildeo no Brasil do seacutec XIX
4 Tecnologia e neologismo 5 Medicina e
neologismo I Almeida Manuel Mourivaldo Santiago
orient II Tiacutetulo
UNIVERSIDADE DE SAtildeO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA LETRAS E CIEcircNCIAS HUMANAS
ENTREGA DO EXEMPLAR CORRIGIDO DA DISSERTACcedilAtildeOTESE
Termo de Ciecircncia e Concordacircncia do (a) orientador (a)
Nome do (a) aluno (a) Brian Galdino da Silva
Data da defesa 06082019
Nome do Prof (a) orientador (a) Manoel Mourivaldo Santiago Almeida
Nos termos da legislaccedilatildeo vigente declaro ESTAR CIENTE do conteuacutedo deste EXEMPLAR
CORRIGIDO elaborado em atenccedilatildeo agraves sugestotildees dos membros da comissatildeo Julgadora na
sessatildeo de defesa do trabalho manifestando-me plenamente favoraacutevel ao seu
encaminhamento e publicaccedilatildeo no Portal Digital de Teses da USP
Satildeo Paulo 11112019
___________________________________________________
(Assinatura do (a) orientador (a)
4
Nome SILVA Brian Galdino da
Tiacutetulo Leacutexico Discurso e Projeto de Naccedilatildeo
Dissertaccedilatildeo apresentada ao Departamento
de Letras Claacutessicas e Vernaacuteculas da
Faculdade de Filosofia Letras e Ciecircncias
Humanas da Universidade de Satildeo Paulo
para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de mestre em
liacutengua portuguesa
Aprovado em
Banca Examinadora
Prof Dr___________________________
Julgamento _______________________
Prof Dr __________________________
Julgamento _______________________
Prof Dr __________________________
Julgamento _______________________
Instituiccedilatildeo ________________________
Assinatura ________________________
Instituiccedilatildeo ________________________
Assinatura ________________________
Instituiccedilatildeo ________________________
Assinatura ________________________
5
AGRADECIMENTOS
Agrave Faculdade de Filosofia Letras e Ciecircncias Humanas que formou o profissional que eu
sempre sonhei ser e onde eu conheci muitos dos amigos que trago comigo ateacute os dias de
hoje desde a graduaccedilatildeo
Ao Prof Dr Emilio Gozze Pagotto com quem tive minha primeira e segunda
experiecircncia em pesquisas e que me incentivou a continuar pesquisando
Ao Prof Dr Manoel Mourivaldo Santiago Almeida que aceitou me orientar nessa
empreitada
Agrave minha esposa minha Iaiaacute amada por quem e com quem vivo e meu filho Eros o
melhor presente que minha esposa jaacute me deu na vida que sempre estiveram comigo
dando a forccedila que eu precisava nos momentos em que pensei que natildeo conseguiria
Aos meus amigos que juntamente com minha famiacutelia estavam sempre disponiacuteveis para
me dar um empurratildeo em especial a Tatiana Malheiro que me ajudou a levantar nas
vaacuterias vezes em que caiacute minha irmatilde a quem admiro e amo
6
RESUMO
SILVA B G da Leacutexico Discurso e Projeto de Naccedilatildeo 2019 Dissertaccedilatildeo (Mestrado)
ndash Faculdade de Filosofia Letras e Ciecircncias Humanas Universidade de Satildeo Paulo Satildeo
Paulo 2019
Este trabalho teve como meta levantar entradas lexicais gregas na liacutengua portuguesa que
foram adotadas por nomearem artefatos tecnoloacutegicos inventados e postos em uso no
seacuteculo XIX no Brasil As tecnologias assim como artigos ligados a medicina e cultura
procuraram durante o seacuteculo XIX no grego antigo lexemas de base grega para dar
nomes agraves novidades Tendo como corpus anuacutencios de jornais da eacutepoca faremos o
possiacutevel para analisar criticamente os discursos que acompanharam esses empreacutestimos
para que possamos compor um mapa social e consequentemente esclarecer questotildees
quanto ao processo civilizatoacuterio brasileiro e seu projeto de naccedilatildeo
Palavras-chave Helenismo Anaacutelise Criacutetica do Discurso Civilizaccedilatildeo
7
ABSTRACT
SILVA B G da Lexicon Discourse and Nation Project 2019 Dissertaccedilatildeo
(Mestrado) ndash Faculdade de Filosofia Letras e Ciecircncias Humanas Universidade de Satildeo
Paulo Satildeo Paulo 2019
This work has as its goal to raise lexicais gregas entries in Portuguese language that
foram added by nomearem invented technological artifacts and posts in use no seculo
XIX no Brazil The technologies as well as articles linked to medicine and culture
sought during the 19th century in Ancient Greek for lexemes of greek base to give
name to new things We have as corpus advertisements of the day of the epoch we will
do the possible to critically analyze the speeches that accompany these loans so that we
have a social map and consequently clarify question about the Brazilian civilization
process and their national project
Keywords Hellenism Critical Discourse Analysis Civilization
8
Sumaacuterio Introduccedilatildeo 9
1 Metodologia16
2 Linguagem como distintivo de humanidade 18
21 Investigaccedilotildees relativas agrave linguagem 21
22 O Leacutexico da Liacutengua Portuguesa 25
23 Projeto de naccedilatildeo portuguecircs para Portugal 31
3 A importacircncia da imprensa no processo civilizatoacuterio 38
31 A imprensa e a disseminaccedilatildeo de discursos 445
4 Desejo de ascensatildeo 48
5 Nomenclatura especializada e a disseminaccedilatildeo das tecnologias na sociedade 50
6 Projeto de uma naccedilatildeo brasileira 55
7 Passos mecacircnicos 59
71 Arte mecacircnica 75
72 Dono de seu proacuteprio tempo 82
8 Para garantir a vida 91
9 Conclusotildees 109
10 Bibliografia 111
101 Bibliografia online 116
11 Apecircndices 117
111 Lexemas ligados agrave cultura 118
112 Lexemas ligados agraves tecnologias 145
113 Lexemas ligados agrave sauacutede 222
9
Introduccedilatildeo
A histoacuteria da humanidade eacute marcada por sequecircncias de descobertas e invenccedilotildees
que impulsionaram as revoluccedilotildees porque passamos ateacute nos encontrarmos nesta realidade
de e do agora Olhar criticamente para os momentos dessas passagens de eras nos faz
entender alguns porquecircs dos dias atuais Muitas satildeo as perspectivas com relaccedilatildeo ao quecirc
devemos chamar de civilizado afinal depende da perspectiva de quem estaacute adjetivando
Para noacutes neste trabalho eacute interessante que tenhamos como paradigma aquelas que
tenham como fio condutor uma linha mais eurocecircntrica tanto para concordarmos
quanto para discordarmos e criticarmos porque como poderatildeo perceber na leitura desta
dissertaccedilatildeo a influecircncia que estudaremos eacute europeia Perceber que cada degrau
alcanccedilado pela humanidade rumo a patamares mais civilizados da forma como eacute
comungado pela perspectiva que escolhemos se associa agrave realizaccedilatildeo de uma descoberta
ou invenccedilatildeo tecnoloacutegica eacute dar significacircncia agrave histoacuteria passada presente e quiccedilaacute
possamos trazer contribuiccedilotildees a trabalhos posteriores que leiam neste algo de relevante
Das tecnologias inventadas pela humanidade as que mais nos interessam satildeo
aquelas que se assoiciam agrave linguagem e dela fazem uso Linguagens que se desdobram
historicamente em um enorme cabedal com muacuteltiplas possibilidades visando agrave
comunicaccedilatildeo eacute o que possibilitou que os avanccedilos fossem possiacuteveis
Debruccedilamo-nos entatildeo sobre um momento da nossa histoacuteria procurando por
respostas de como chegamos noacutes brasileiros aonde chegamos e a forma como
chegamos
Esta pesquisa teve seu iniacutecio como um trabalho de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica que natildeo se
esgotou mas teve de ser finalizado em 2011 Foi utilizado para trabalho de mestrado o
corpus da pesquisa inicial mas com perspectivas mais amandurecidas do que quando
foi escrita anteriormente aleacutem de um vieacutes de anaacutelise mais apurado principalmente no
que diz respeito agraves anaacutelises dos discursos presentes no corpus
As tecnologias satildeo motores de inovaccedilotildees de avanccedilos e mudanccedilas para novos
modus vivendi Claro que nem sempre esses avanccedilos inovaccedilotildees e mudanccedilas podem ser
concebidas pelo prisma de positivaccedilatildeo mas elas satildeo inevitaacuteveis pela forma como satildeo
intruduzidas nas vidas daqueles que assistem seus nascimentos Vemos essas
10
ldquorevoluccedilotildeesrdquo tecnoloacutegicas como uma bomba Imaginemos um quandrante Quando essa
bomba eacute lanccedilada a modificaccedilatildeo campal eacute maior no lugar especiacutefico onde ocorre a
explosatildeo alterando totalmente a paisagem Contudo os arredores satildeo inevitavelmente
atingidos pelos fragmentos dessa bomba se alterando em maior ou menor grau
dependendo da distacircncia em que esse lugar se encontra em relaccedilatildeo ao ponto de impacto
Dessa forma como bem atesta RIBEIRO (2000) ldquoA cada uma dessas etapas de
progresso tecnoloacutegico Morgan faz corresponder modos particulares de organizaccedilatildeo
social e conteuacutedos especiais da visatildeo do mundo e dos corpos de crenccedila e valoresrdquo As
mudanccedilas segundo o atropoloacutego natildeo satildeo apenas na praacutetica dos trabalhos a que a
tecnologia se destina As mudanccedilas satildeo mais profundas
A perspectiva de Morgan citada por Ribeiro eacute por anos reelaborada por uns e
desdobrada por outros historiadores antropoacutelogos e arqueoacutelogos Friedrich Engels em
1884 reelaborou o esquema de Morgan tendo como base as concepccedilotildees marxistas das
formaccedilotildees econocircmico-sociais definido essas organizaccedilotildees como tipos histoacutericos de
sociedades que podem ser caracterizadas pela combinaccedilatildeo de um modo de produccedilatildeo
(tecnologia + divisatildeo do trabalho) que partilham de certa organizaccedilatildeo social com um
corpo particular de concepccedilotildees ideoloacutegicas Engels divide a evoluccedilatildeo em cinco
formaccedilotildees distintas o comunismo primitivo o escravismo o feudalismo o capitalismo
e o socialismo Este uacuteltimo como uma utopia a que poderiacuteamos alcanccedilar em certo ponto
de nossa histoacuteria
Os estudos de Marx tiveram como objeto de observaccedilatildeo as formaccedilotildees sociais
asiaacuteticas a antiga claacutessica a eslava e a germacircnica Eacute preciso notar que sua perspectiva
foi intensamente revista por ele proacuteprio e por Engels aleacutem de outros estudiosos
marxistas
Gordon Childe jaacute no seacuteculo XX com o auxiacutelio das pesquisas proliacuteferas de sua
eacutepoca no campo da arqueologia e etnologia e seguindo as linhas de Morgan mas de
certa forma contribuindo com modificaccedilotildees conceituais com as perspectivas de seu
ldquomestrerdquo estende a selvageria ateacute a Revoluccedilatildeo Neoliacutetica representada pela difusatildeo da
agricultura e do pastoreio quando se iniciaria a barbaacuterie A barbaacuterie seria divida em
duas etapas a barbaacuterie neoliacutetica e a da idade do cobre que se estenderia ateacute a
Revoluccedilatildeo Urbana que determinaria o iniacutecio da civilizaccedilatildeo Esta divida em trecircs etapas
as idades de bronze ferro e o feudalismo que se estenderia ateacute a Revoluccedilatildeo Industrial
Aleacutem desses nomes RIBEIRO (2000) ainda cita Leslie White que traz contribuiccedilotildees agrave
11
perspectiva evolucionista de Morgan e Childe Julian Steward que traz contribuiccedilotildees
assinaladas agrave teoria da evoluccedilatildeo cultural comparando as sociedades mesopotacircmica
egiacutepcia indiana chinesa peruana e meso-americana e por fim Karl Wittfogel que com
base em estudos da China e tendo como pano de fundo os conceitos desenvolvidos por
Marx faz um trabalho sobre o ldquodespotismo orientalrdquo
Assim essa sucessatildeo de revoluccedilotildees tecnoloacutegicas e processos que caminham em
direccedilatildeo a uma civilitude cada vez maior tirando o homem da condiccedilatildeo de caccediladores e
coletores que eram generalizadas encaminham o homem a formas de organizaccedilatildeo social
e formas de explicar suas experiecircncias Essas formas segundo RIBEIRO (2000) podem
ser enquadradas em imperativos comuns apesar de diferentes dependendo de cada
povo O primeiro imperativo diz respeito ao ldquocaraacuteter acumulativo do progresso
tecnoloacutegico que se desenvolve desde formas mais elementares a formas mais
complexasrdquo o segundo diz respeito quanto agraves ldquorelaccedilotildees reciacuteprocas entre o equipamento
tecnoloacutegico empregado por uma sociedade em sua atuaccedilatildeo sobre a natureza para
produzir bensrdquo obviamente isso se atrela agrave ldquomagnitude de sua populaccedilatildeo a forma de
organizaccedilatildeo das relaccedilotildees internas entre os membros ()rdquo e por fim o terceiro
imperativo se relaciona com a ldquointeraccedilatildeo entre esses esforccedilos de controle da natureza e
da ordenaccedilatildeo das relaccedilotildees humanas e a culturardquo Essas relaccedilotildees devem ser entendidas
como patrimocircnios simboacutelocos que padronizam os modos de pensar e dos saberes
manifestados de forma material ldquonos artefatos e bens expressamente atraveacutes da
conduta social e ideologicamente pela comunicaccedilatildeo simboacutelica e pela formulaccedilatildeo da
experiecircncia social em corpos de saber de crenccedilas e valoresrdquo Esses trecircs imperativos
sucintamente remetem a fatores determinantes de uma sociedade civilizada ou em vias
de civilarem-se de acordo com a perspectiva de Ribeiro A associaccedilatildeo desses trecircs
fatores tecnologia sociedade e ideoloacutegia entrelaccedilam-se de maneira indissociaacutevel Em
outras palavras esses imperativos trabalham em conjunto e conectados As etapas
evolutivas no campo da tecnologia correspondem a classificaccedilotildees fundadas em padrotildees
de organizaccedilatildeo social e a moldes de configuraccedilotildees ideoloacutegicas A relaccedilatildeo entre esses
trecircs fatores trabalha de forma a uma induzir a outra a modificar-se de acordo com sua
necessidade imediata
Para a fundaccedilatildeo de uma sociedade podemos notar alguns contingenciamentos que
conformem as culturas O primeiro diz respeito agrave condiccedilatildeo bioloacutegica humana que a
uniformiza a partir das evoluccedilotildees bioloacutegicas Em virtude desse contingenciamento as
12
culturas desenvolvem normas uniformes de orientaccedilatildeo da accedilatildeo adaptativa e meios de
como tirar de sua realidade materiais para a sobrevivecircncia e multiplicaccedilatildeo o segundo eacute
a criaccedilatildeo de pautas culturais que determinem e propiciem a ordenaccedilatildeo e interaccedilatildeo
social e por fim o contingenciamento de natureza psicoloacutegica A tudo isso sobrevem
um imperativo elementar de natureza propriamente cultural que consiste na capacidade
humana de comunicaccedilatildeo simboacutelica pois eacute atraveacutes da linguagem que todos os outros
contingenciamentos podem ser guardados como heranccedila cultural e transmitidos de
geraccedilatildeo a geraccedilatildeo Desta forma todo desenvolvimento posterior depende de
caracteriacutesticas de patrimocircnios preacute-existentes
A maneira como o Brasil foi colonizado a maneira como durante todo o tempo
que natildeo foi curto em que o Brasil foi apenas considerado uma colocircnia sendo
dilapidado explorado e posto no mapa do mundo que se dizia civilizado natildeo segue a
ordem loacutegica da evoluccedilatildeo prescrita ateacute aqui Tudo o que foi exposto nos serve como
base para que possamos repensar essa loacutegica
Apesar de tudo hoje temos uma sociedade instituiacuteda temos uma organizaccedilatildeo
poliacutetica econocircmica e cultural estruturada devido inclusive agrave forma como o que
conhecemos como Brasil foi concebido Aleacutem de tudo temos uma liacutengua que nos
disitingue e seraacute esse nosso objeto de estudo
Como eacute a partir do uso das linguagens que se transmitem as ideologias partilhadas
por uma sociedade decidimos tomar o leacutexico como ponto inicial para que pudeacutessemos
olhar para as unidades constitutivas do discurso partindo de sua menor unidade assim
como o ideaacuterio comungado pelos filoacutesofos da Era Claacutessica Grega
Consequentemente o presente trabalho pretende demostrar a importacircncia dos
lexemas de base grega para reforccedilar o discurso vigente na eacutepoca que decidimos
investigar o seacuteculo XIX em que se intensificam as intenccedilotildees que nos servem de mote
Os lexemas assim pretenderemos demonstrar serviratildeo como centros gravitacionais ao
redor dos quais se constituiratildeo os discursos que em sua totalidade carregaratildeo consigo
marcas importantes em que poderatildeo ser lidas as intensotildees dos agentes sociais
A perspectiva que adotaremos para as anaacutelises dos discursos de nosso corpus
basia-se em estudiosos que professam a Anaacutelise Criacutetica de Discurso por acreditarmos
que este vieacutes de estudo deva carregar inevitavelmente compromisso social O porquecirc
da escolha dessa vertente natildeo eacute difiacutecil de entender Trataremos de linguagem E sendo
esta uma das principais ferramentas das sociedades e da sociabilizaccedilatildeo a noacutes nos parece
13
natural que os estudos dessa mateacuteria estejam vinculados ao social BOLIacuteVAR (2003)
na introduccedilatildeo de seu artigo nos serve de apoio para o nosso ideal
ldquoLos desarrollos de los estudios del discurso han sido tan acelerados y
variados en los ultimos antildeos que abundan las publicaciones y manuales en
ingleacutes y en otras lenguas (hellip) con lo que se demuestra la consolidacioacuten de
una disciplina cuya meta fundamental es investigar sobre el papel del
lenguaje en la interaccioacuten socialrdquo
(BOLIacuteVAR 2003 p9)
Procurando assim investigar os discursos presentes no periacuteodo a que nos
propusemos aleacutem de descrever seu uso apoiados nos lexemas tentaremos trazer
subsiacutedios para explicar a construccedilatildeo de sentido Afinal de contas ldquoas explicaccedilotildees de
construccedilatildeo de significaccedilatildeo pela linguagem ajudam a entender melhor processos do tipo
cognitivo social cultural e poliacuteticordquo1 O compromisso do nosso trabalho vai para aleacutem
da simples investigaccedilatildeo do simples compromisso com a disciplina Procuraremos trazer
benefiacutecios para quem sabe melhorar a sociedade que eacute com quem temos um
compromisso muito maior por fazermos parte dela
ldquo[] Como questatildeo de meacutetodo a possibilidade de deslocar o estatuto dos
textos que historicamente foram categorizados como ldquodocumentosrdquo aqui
tomados como discurso lugar de significaccedilatildeo de confronto de sentidos de
estabelecimento de identidades de argumentaccedilatildeo etc Como uma das
finalidades sair do jaacute nomeado do interpretado e procurar entender esses
textos como discursos que produzem efeitos de sentido a serem
compreendidos nas condiccedilotildees em que apareceram e nas de hojerdquo
(ORLANDI 1990 p 18)
A disciplina Anaacutelise de Discurso nasce para que pudeacutessemos ultrapassar as
fronteiras da gramaacutetica e da semacircntica (BOLIacuteVAR 2003) com a finalidade de
incrementar o estudo com a inclusatildeo de questotildees pragmaacuteticas agraves anaacutelises Entretanto a
analista nos alerta sobre o uso da perspectiva pragmaacutetica nos estudos
1 BOLIacuteVAR (2003) traduccedilatildeo nossa
14
ldquoAun asiacute la pragmaacutetica ha mostrado ser insuficiente para ofrecer
explicaciones sobre coacutemo se construyen los significados en la interaccioacuten
social y eso se debe en gran parte el desarrollo del anaacutelisis criacutetico del
discurso Fairclough (1989 p 9) por ejemplo considera que lsquola pragmaacutetica
con frecuencia para describir el discurso como podriacutea ser en un mundo mejor
en vez de describirlo tal como esrsquordquo
(BOLIacuteVAR 2003 p 11)
Comungando da perspectiva da autora logicamente nem todos os enfoques
podem ser criacuteticos tampouco linguiacutesticos mas todas as anaacutelises devem partir do
pressuposto de que os discursos satildeo inevitavelmente sociais de conhecimento
histoacutericos e dialoacutegicos (BOLIacuteVAR 2003)
Seguindo entatildeo por essa via a anaacutelise criacutetica de discurso que pretendemos eacute
aquela que leva em consideraccedilatildeo a linguagem como praacutetica social dentro de um
contexto de uso desta mesma linguagem
Recorrendo novamente a BOLIacuteVAR (2003) que enumerou belamente os
princiacutepios gerais que regem a anaacutelise criacutetica do discurso citaremos a autora novamente
Os princiacutepios satildeo entatildeo os seguintes
1 el anaacutelisis criacutetico tiene una motivacioacuten social y aborda problemas
sociales
2 las relaciones de poder son discursivas
3 el discurso constituye la sociedad y la cultura
4 con el discurso se hace trabajo ideoloacutegico
5 el discurso es histoacuterico
6 la relacioacuten entre texto y sociedad es mediada por los oacuterdenes del
discurso y por la cognicioacuten
7 el anaacutelisis es interpretativo y explicativo
8 el discurso es una forma de accioacuten social
(BOLIacuteVAR 2003 p 16)
Assim a anaacutelise de nosso corpus vai para aleacutem do estudo dos usos lexicais mas
os relacionaremos com o discurso que pairava sobre os ares brasileiros da eacutepoca Esses
discursos seratildeo imperiosos para mudanccedilas que se iniciariam no seacuteculo XIX e que
15
somente se reforccedilariam com o passar das deacutecadas uma vez que as tecnologias avanccedilam
sem freios pelo tempo
As questotildees que moveratildeo nossa anaacutelise entatildeo satildeo as que se relacionam ao
estabelecimento de uma nova realidade no Brasil oitocentista as respostas institucionais
para dar conta das demandas sociais o investimento na ideologia utoacutepica que seria
compartilhada pela vontade de e da naccedilatildeo pelo menos pelas vozes mais audiacuteveis na
eacutepoca aleacutem do que seria preciso para que se estabelecesse uma identidade nacional no
imaginaacuterio da populaccedilatildeo brasileira desse novo Brasil que se iniciva no seacuteculo XIX
Tentaremos o tanto quanto for possiacutevel demonstrar os sentidos do que eacute dito
assim como daquilo que fica encoberto sob o manto do ldquonatildeo ditordquo que fica calado
silenciado Uma vez que o que natildeo eacute falado tambeacutem significa2
2 ORLANDI (1990) o autor destaca a importacircncia em se notar a ldquopoliacutetica do silenciardquo a qual aliaacutes
subdivide em duas formas ldquoa) O silecircncio constitutivo ou seja a parte do sentido que necessariamente
se sacrifica se apaga ao se dizer Toda fala silencia necessariamente A atividade de nomear eacute bem
ilustrativa toda denominaccedilatildeo circunscreve o sentido do nomeado rejeitando para o natildeo-sentido tudo o
que nele natildeo estaacute dito b) O silecircncio local do tipo censura e similares esse silecircncio eacute que eacute produzido ao
se proibir alguns sentido de circularem por exemplo num regime poliacutetico num grupo social
determinado de uma forma de sociedade especiacutefica etcrdquo
16
1 Metodologia
O nosso objeto de estudos se trata como dito de lexemas que adentraram a Liacutegua
Portuguesa que nomeiam artefatos ligados agraves tecnologias agraves aacutereas da medicina da
eacutepoca como medicamentos e procedimentos meacutedicos assim como lexemas ligados agrave
cultura Esses lexemas que nos servem de corpus foram levantados a partir de anuacutencios
de jornais que pudemos coletar e que foram impressos durante o seacuteculo XIX periacuteodo
em que o Brasil se torna primeiramente independente de seus colonizadores
portugueses ao menos formalmente e procurava estabelecer-se como naccedilatildeo dentro de
suas possibilidades circunstanciais
A coleta dos anuacutencios teve como ferramenta utiliacutessima a obra ldquoDiachronicardquo ldquoE
Os Preccedilos Eram Commodos ndash Anuacutencios de Jornais Brasileiros do Seacuteculo XIXrdquo
impresso no ano 2000 pela Copyright 2000 da Humanitas FFLCHSP organizada por
Marymarcia Guedes e Rosana de Andrade Berlink Nesta obra as organizadoras
dispotildeem de forma sistemaacutetica anuacutencios transcritos retirados de jornais de algumas
regiotildees do Brasil Compotildee este compecircndio 310 anuacutencios do estado da Bahia 142
anuacutencios do estado de Minas Gerais 90 anuacutencios do estado do Paranaacute 66 anuacutencios do
estado do Pernambuco 146 anuacutencios do estado do Rio de Janeiro 106 anuacutencios do
estado de Santa Catarina e 783 anuacutencios do estado de Satildeo Paulo totalizando 1643
anuacutencios impressos em jornais do seacuteculo XIX
Assim como na pesquisa de iniciaccedilatildeo cientiacutefica para que se estabelecesse um
criteacuterio para a anaacutelise que natildeo fosse tatildeo largo os anuacutencios que utilizamos foram os que
correram as matildeos dos leitores das cidades de Campinas Satildeo Paulo e Sorocaba cidades
estas em franco desenvolvimento no seacuteculo XIX devido agrave produccedilatildeo cafeeira aleacutem da
suma importacircncia histoacuterica e econocircmica dessas cidades para o estado de Satildeo Paulo e
posteriormente para o Brasil As cidades escolhidas se enquadram perfeitamente na
proposta do trabalho por figurar muito bem a dicotomia ruralurbano e o processo
civilizatoacuterio aleacutem do afatilde pela modernidade
Assim da obra de GUEDES amp BELINK foram utilizados 523 anuacutencios e a estes
foram adicionados mais 61 anuacutencios levantados a partir do site do ARQUIVO
PUacuteBLICO DO ESTADO DE SAtildeO PAULO que disponibiliza perioacutedicos digitalizados
Desses 584 anuacutencios analisados foram levantados 74 lexemas construiacutedos a partir
de raiacutezes gregas Essas 74 ocorrecircncias figuram em exatos 181 anuacutencios dos 584
17
analisados E se dividem em 42 lexemas que se ligam agrave linguagem meacutedica ou
relacionada agrave sauacutede 26 nominam objetos de tecnologia maquinal e 6 desses se
relacionam com questotildees culturais ou faziam parte das classes estritamente gramaticais
como se poderaacute notar nos apecircndices do trabalho onde estatildeo digitados todos os anuacutencios
integralmente
Apoacutes a coleta do corpus foi efetuada a anaacutelise de cada um dos lexemas de modo a
tabelaacute-los dando a conhecer o perioacutedico de onde foi extraiacutedo o anuacutencio a data em que o
anuacutencio foi publicado e a cidade de publicaccedilatildeo do jornal que serviu como veiacuteculo de
divulgaccedilatildeo assim como as entradas lexicais em dicionaacuterio etimoloacutegico e entradas em
dicionaacuterio de Liacutengua Portuguesa de modo a se ter um quadro sinoacutetico de cada um dos
lexemas que foram tomados como empreacutestimo
A isso se seguiu o estudo mais detalhado dos lexemas que deu origem aos textos
analiacuteticos que constituem o trabalho
Sobre as anaacutelises a partir do lexema presente em cada um dos anuacutencios
analisados procurou-se estabelecer a conexatildeo entre o lexema e a construccedilatildeo do discurso
dos anuacutencios que deles fezeram uso de modo a clarificar a intenccedilatildeo dessa associaccedilatildeo
nomegtnovidade tecnoloacutegicagtmodernidadegtcivilizaccedilatildeo
As escolhas para a contruccedilatildeo do texto desta dissertaccedilatildeo que lhes eacute apresentado e a
forma como foi idealizado intenta fazer dele um texto teacutecnico mas que natildeo fosse
maccedilante de ser lido e que desse algum prazer aos leitores
Trataremos de inovaccedilatildeo tecnoloacutegica Para tanto foi feito uso de inovaccedilotildees a que
noacutes temos disponibilidade como a internet por exemplo para a construccedilatildeo deste
trabalho
18
2 Linguagem como distintivo de humanidade
Quando um beletrista se propotildee a anaacutelisar sua liacutengua materna a necessidade de
por um lado analisar com paixatildeo de trabalhar com um objeto que lhe pertence por
fazer parte de um ldquosirdquo do qual eacute inseparaacutevel indissociaacutevel procurar por fina forccedila por
outro lado certo distanciamento para que se imprima em sua pesquisa certo teor de
objetividade cientiacutefica chacoalha o pesquisador de um modo que se lhe for permitido
o amalgama da objetividade cientiacutefica e subjetividade apaixonada poriam juntas cada
um dos ladrilhos que comporiam a obra final desse pesquisador que se dispotildee a
discorrer de algo que eacute tatildeo seu
Como eacute possiacutevel analisar a relaccedilatildeo loacutegica de uma liacutengua que se propotildee a nominar
coisas a partir de sua relaccedilatildeo direta com essas mesmas coisas sem levar em
consideraccedilatildeo as mais variadas accedilotildees possiacuteveis no estabelecimento dessas relaccedilotildees que
podem ser tatildeo plurais
Os mitos as crenccedilas e as religiotildees nos trazem narrativas que atribuem agrave origem
das linguagens agraves ldquoforccedilas divinas aos animais e a seres fantaacutesticos que o homem teria
imitadordquo (KRISTEVA 1969)
Quando o Deus da mitologia judaico-cristatilde terminou sua obra de construccedilatildeo da
Terra assim como a criaccedilatildeo dos animais e do homem foi dada a este a responsabilidade
pela nomeaccedilatildeo de toda a criaccedilatildeo que era divina
ldquoHavendo pois o SENHOR Deus formado da terra todos os animais do
campo e todas as aves dos ceacuteus trouxe-os ao homem para ver como este lhes
chamaria e o nome que o homem desse a todos os seres viventes esse seria
o nome deles
Deu nome o homem a todos os animais domeacutesticos agraves aves dos ceacuteus e a
todos os animais selvaacuteticos[]rdquo
(Gecircnesis II 19-20)
A citaccedilatildeo nos serve para estabelecermos a diferenccedila entre os humanos e demais
animais ainda no que diz respeito a crenccedilas e mitos que justificam a humanidade A fala
eacute atributo humano assim como a gama de tecnologias que foram desenvolvidas por
causa dela e por ela
19
A liacutengua em si eacute um ato poliacutetico pois a liacutengua eacute algo proacuteprio da humanidade e
como disse o filoacutesofo Aristoacuteteles ldquoo homem eacute um ser poliacuteticordquo Posto dessa forma
talvez seja necessaacuterio esclarecer qual a nossa percepccedilatildeo nossa leitura dessa frase neste
ponto para que natildeo haja ruiacutedo algum quando se dispuserem a ler este trabalho
Tomamos o termo ldquopoliacuteticardquo respeitando o sentido primeiro Aquele expresso por
Platatildeo quando pensou utopicamente certa organizaccedilatildeo dos homens que viviam em
comunhatildeo na polis Como sabemos essa comunhatildeo se restringia a um nicho social que
natildeo era total que natildeo assistia todos os que habitavam a Heacutelade mas uma classe bem
pequena restrita aos nativos ignorando os estrangeiros e escravos e mais do que isso as
mulheres atenienses porque foi em Atenas onde esse ideaacuterio nasceu
A vida em clatildes e tribos destoa organizacionalmente exatamente quando se passa
para o niacutevel seguinte da sociabilizaccedilatildeo Fazem-se necessaacuterias organizaccedilotildees tanto
estruturais quanto no que concerne ao mando para com outrem Poliacutetica vai aleacutem do
governo Antes se refere agrave organizaccedilatildeo dentro de uma sociedade que de certa forma eacute
de responsabilidade de todos e cada um Dessa maneira as interaccedilotildees cotidianas entre
aqueles que dividem os espaccedilos da polis satildeo atos poliacuteticos Dentro das famiacutelias as
interaccedilotildees entre pais e filhos filhos e pais filhos e filhos as ideias de paternidade
ldquofiliedaderdquo e fraternidade nada satildeo aleacutem de praacuteticas poliacuteticas que se enquadram em
determinada perspectiva de organizaccedilatildeo perspectiva essa da qual comungamos ainda
hoje devido nossa histoacuteria e heranccedila cultural
Cai-se em equiacutevoco quando se compara o ser humano com os demais animais
postos na natureza Atestamos aqui que natildeo o somos O ser humano eacute uacutenico Bem ou
mal bom ou mau estamos nessa existecircncia para procurar significaccedilatildeo e para darmos
significaccedilatildeo atraveacutes de nossas accedilotildees Mesmo que estejamos fadados uns mais que
outros ao esquecimento e que o que se fique para a posteridade seja apenas para noacutes
mesmos seres humanos por meio de nossas instituiccedilotildees idealizaccedilotildees e praacuteticas
poliacuteticas
De comunidade agrave sociedade a humanidade se construiu visando a um status que
se desejasse civilizado Cada etapa desse processo civilizatoacuterio eacute acompanhada por
tecnologias que impulsionaram o status anterior ao proacuteximo patamar Para cada salto
aleacutem uma revoluccedilatildeo tecnoloacutegica
20
ldquoPara a fundaccedilatildeo de uma sociedade eacute inevitaacutevel que notemos alguns
contingenciamentos que conformem as culturas O primeiro diz respeito agrave
condiccedilatildeo bioloacutegica humana que a uniformiza Em virtude desse
contingenciamento as culturas desenvolvem normas uniformes de orientaccedilatildeo
da ldquoaccedilatildeo adaptativardquo e meios para tirar deles materiais para a sobrevivecircncia e
multiplicaccedilatildeo da espeacutecie o segundo eacute a criaccedilatildeo de ldquopautas culturaisrdquo que
determinem e propiciem a ordenaccedilatildeo e interaccedilatildeo social e por uacuteltimo o
contingenciamento de natureza psicoloacutegica A tudo isso sobreveacutem um
imperativo elementar de natureza propriamente cultural que consiste na
capacidade humana de comunicaccedilatildeo simboacutelica pois eacute atraveacutes da linguagem
que todos os outros contingenciamentos podem ser guardados como heranccedila
cultural e transmitidos de geraccedilatildeo a geraccedilatildeo Desta forma todo
desenvolvimento posterior depende de caracteriacutesticas de patrimocircnios preacute-
existentes Com isso em mente eacute de se depreender que as culturas se
desenvolvem pela acumulaccedilatildeo de ldquocompreensotildees comuns e pelo exerciacutecio de
opccedilotildees como um desdobramento dialeacutetico das potencialidades de conduta
cultural cuja resultante eacute o fenocircmeno humano em toda a sua variedaderdquo A
possibilidade de repassar agraves novas geraccedilotildees o que se alcanccedilou
tecnologicamente na geraccedilatildeo anterior atraveacutes das linguagens eacute que possibilita
que as culturas natildeo precisem regressar agraves suas bases iniciais podendo dar
continuidade sequencial agraves tecnologias ou adaptando-as para garantir seu
desenvolvimentordquo
(SILVA 2011 p 10)
Das tecnologias idealizadas pela humanidade ao longo de sua existecircncia a mais
singular e importante para que se realizasse concretamente seu afatilde pela procura de
significaccedilatildeo sem sombra de duacutevidas foi a linguagem O desenvolvimento da fala e
consequentemente da escrita que consolida de forma mais duradoura as expressotildees do
pensamento satildeo ferramentas tecnoloacutegicas capazes de atestar a condiccedilatildeo humana por
uma via ademais essas ferramentas satildeo essenciais para que seja possiacutevel o estudo do
desenvolvimento histoacuterico da humanidade
ldquoA comunicaccedilatildeo significa o proacuteprio momento da Humanizaccedilatildeo naquele
sentido de ldquoexpressatildeo simboacutelicardquo que segundo LESLIE WHITE decorreu
do ldquoprocesso natural da evoluccedilatildeo orgacircnicardquo e conduziu agrave ldquopreservaccedilatildeo ndash
acumulaccedilatildeo e progressordquo RUTH BENEDICT refere-se a esse ldquoprocesso
essencialmente humano de inventar e transmitir suas invenccedilotildeesrdquo como um
21
fenocircmeno diretamente relacionado aos seguintes elementos culturais o
domiacutenio do fogo a linguagem e as ferramentas de pedrardquo
(MELO 1973 p 24)
Reiterando a cada passo rumo agrave civilidade dado pela humanidade de acordo com
a perspectiva eurocecircntrica acompanha uma inovaccedilatildeo tecnoloacutegica assim como a cada
revoluccedilatildeo tecnoloacutegica o ser humano daacute um passo rumo agrave civilidade Por ora natildeo
discorreremos acerca do ser bom ou ruim as inovaccedilotildees ou mesmo a necessidade humana
em e distanciar do que eacute mais natural afinal talvez seja da natureza humana a aversatildeo agrave
natureza
21 Investigaccedilotildees relativas agrave linguagem
Os estudos de pesquisadores modernos de liacutenguas antigas aquelas que natildeo
possuem registros histoacutericos materiais e a ambiccedilatildeo de determinar com propriedade uma
ldquopreacute-histoacuteriardquo3 da linguagem deram alguns frutos que apesar de interessantes ateacute
palataacuteveis natildeo puderam e natildeo podem ser tomados com propriedade por figurarem como
interessantes natildeo datildeo conta de responder a todos os questionamentos que surgiram e
que ainda surgem com relaccedilatildeo agrave gecircnese da propriedade linguiacutestica humana A falta de
material testemunhal para que se pudesse atestar com veemecircncia uma conclusatildeo impede
que esses estudos sejam categoacutericos
A questatildeo para esses estudiosos eacute haacute uma liacutengua a partir da qual todas se
desdobraram
Uma questatildeo intereressante que merece estudo mas o que nos diz respeito eacute o
uso natildeo o gecircnese
O que podemos observar quanto agrave utilidade social eacute que toda e qualquer
linguagem adquire assim que postas na vida praacutetica certa associaccedilatildeo e relaccedilatildeo com a
necessidade de correspondecircncia poliacutetica obviamente quando posta numa relaccedilatildeo menos
privada
3 Em Kristeva (1969) nesta obra eacute apresentada certa historicidade do estudo do que aqui chamamos assim
como na nessa obra ldquopreacute-histoacuteria da linguagemrdquo citando estudiosos e momentos distintos dessa investigaccedilatildeo
assim como algumas metodologias e levantamento de possibilidades
22
Para noacutes interessaratildeo as investigaccedilotildees e trabalhos realizados pelos helenos e
helenistas no que se refere agrave teorizaccedilatildeo acerca da liacutengua e linguagens pelo menos neste
primeiro momento Os gregos natildeo foram os primeiros tampouco os uacutenicos a se
debruccedilarem e investigarem os objetos linguiacutesticos Entretanto fato eacute que eles foram os
que mais influenciaram as civilizaccedilotildees que se desenvolveram no ocidente o que nos
inclui durante seacuteculos Segundo KRISTEVA (1969) ldquoEstabelecendo as bases do
raciociacutenio moderno a filosofia grega forneceu tambeacutem os princiacutepios fundamentais
segundo os quais a linguagem foi pensada ateacute nossos diasrdquo
Demoacutecrito historicamente foi o primeiro a contestar agravequeles filoacutesofos que
atribuiacuteam agrave liacutengua um caraacuteter materialista como Heraacuteclito que afirmava que havia
certo teor reflexivo entre as coisas nomeadas e seus nomes como se o nome carregasse
consigo partes indissociaacuteveis daquilo a que nomeava Demoacutecrito atestava que os nomes
se davam por convenccedilatildeo social Em suma o pensamento desse grego e de outros
pensadores que o procederam ldquoentende a linguagem como um sistema formalrdquo
(KRISTEVA 1969) que se relaciona ao que estaacute no mundo de maneira distinta
convencionalmente e arbitrariamente A autonomia da liacutengua estabelece conjuntamente
a autonomia do sujeito que faz uso dela
Uma vez sujeito o uso que se pode fazer da linguagem pode ser vaacuterio Os sofistas
ganhavam a vida transferindo seus saberes acerca da linguagem para a construccedilatildeo de
discursos capazes de cumprir seu papel de efetivo convencimento dos interlocutores
daqueles que pagavam por suas aulas
ldquo[] a escola retoacuterica da Greacutecia se dedicou ao cuidado da orthoacutetes que aiacute jaacute
natildeo tem o sentido de verdade metafiacutesica falar de modo justo (orthoacutes) eacute usar
uma linguagem correta As palavras devem ser bem compostas bem soantes
e bem aplicadasrdquo
(NEVES 2004 p 41)
A liacutengua era no periacuteodo homeacuterico uma ferramenta que poderia ser utilizada para
transmitir ensinamentos atraveacutes da criaccedilatildeo e transmissatildeo dos mitos visando ao
estabelecimento de uma sociedade que dividisse os mesmos ideais espelhados em heroacuteis
e homens maiores
23
A constituiccedilatildeo das polis e em Atenas o advento da democracia faz surgir uma
nova demanda que tinha na linguagem sua ferramenta essencial
Nas decisotildees que eram tomadas em assembleias se fazia necessaacuteria a exposiccedilatildeo de
argumentos vaacutelidos sobre uma ou outra via que devessem tomar em conjunto
Convencer o outro ou outros era entatildeo uma necessidade social pois a decisatildeo
influiria na vida de todos Logo escolher os termos que comporiam o discurso de forma
cuidadosa procurando a correccedilatildeo na utilizaccedilatildeo dos nomes e das partes do discurso para
que se evitasse qualquer defeito garantiria a efetivaccedilatildeo de sua funccedilatildeo primordial naquele
contexto convencer
A construccedilatildeo do discurso para os sofistas executava uma funccedilatildeo praacutetica
persuadir seu interlocutor com uma construccedilatildeo bem acabada sim mas que poderia ser
manipulada de acordo com a vontade daquele que o constroacutei o que natildeo lhe garante
relaccedilatildeo com a verdade As palavras se relacionam dentro do discurso a partir do
pensamento humano segundo idealizaccedilatildeo sofiacutestica natildeo se estabelecendo qualquer
investigaccedilatildeo com o mundo externo a ele para aleacutem da palavra Para os sofistas devido
agrave preeminecircncia do logos eacute impossiacutevel falar falso O discurso para os sofistas se
relaciona somente consigo mesmo assim o que eacute dito eacute verdade natildeo havendo
possibilidade de falseamento discursivo desde que as formas se associem a contento de
maneira justa
Mesmo que a relaccedilatildeo entre as coisas e os nomes das coisas tenha sido estabelecida
de maneira arbitraacuteria atraveacutes de convenccedilotildees sociais quando aceita e posta em uso a
relaccedilatildeo nomegtcoisa se torna indissociaacutevel para aquela sociedade mesmo que no
decorrer do tempo o nome seja transferido para outra coisa a relaccedilatildeo primeira continua
vaacutelida por causa da relaccedilatildeo estabelecida na hora da escolha do nome
Para Platatildeo a palavra natildeo eacute autocircnoma natildeo se encerra em si de maneira reflexiva
mas antes se relaciona com algo que lhe eacute exterior Dessa forma contrariando o
pensamento sofiacutestico eacute possiacutevel dizer verdades e mentiras uma vez que natildeo se respeite
a relaccedilatildeo nomegtcoisa A palavra deve ser instrumento para a procura e estabelecimento
da verdade porque as palavras satildeo representaccedilotildees da realidade assistida e comungada
por todos que fazem parte da sociedade O exerciacutecio da dialeacutetica idealizado por Platatildeo
se contrapotildee ao uso retoacuterico dos sofistas por procurar a verdade atraveacutes do uso da
palavra
Na obra platocircnica ldquoCraacutetilordquo o filoacutesofo trata da questatildeo da justeza dos nomes
24
ldquoContrariando agrave tese de Protaacutegoras as coisas existem por si mesmas de
acordo com sua essecircncia natural haacute nas coisas mesmas uma certa firmeza
uma essecircncia permanente (386d) que natildeo depende de noacutes e de nosso modo
de vecirc-las Haacute pois um eicircdos uma ldquoideiardquo das coisas E se isso ocorre com
as coisas assim tambeacutem com as accedilotildees [] Logo as accedilotildees se realizam
segundo sua proacutepria natureza natildeo conforme nossa opiniatildeo (387a) Assim as
accedilotildees tambeacutem tecircm seu eicircdos Ora falar eacute uma accedilatildeo e assim tem tambeacutem seu
eicircdos falaraacute justamente quem disser as coisas como elas devem ser ditas
(387c) E se o nomear eacute uma parte importante do falar tambeacutem haacute um eicircdos
do nome (387d)rdquo
(NEVES 2004 p49)
Havendo portanto um eicircdos em cada palavra que nomeia as coisas objetos ou
accedilotildees entendemos com isso que a linguagem eacute em si uma arte e como arte entendemos
teacutechne e ldquoa teacutechne eacute o fazer conforme a natureza eacute o fazer de acordo com o eicircdosrdquo
(NEVES 2004)
O ato de nomear deve se relacionar com o plano do preexistente Aquele que
nomeia deve procurar a melhor maneira de dar nome ao que jaacute faz parte da realidade
dele mesmo e dos outros mesmo que a existecircncia ainda esteja no mundo das ideias
como algo planejado para se dar agrave luz ldquoCriar palavras consiste em encontrar um
invoacutelucro para essa ideia jaacute existenterdquo (Kristeva 1969)
Ora se assim se pensa o papel de nomeador sendo de suma importacircncia natildeo
pode ser destinado a qualquer pessoa segundo o pensamento Claacutessico Essa moira essa
responsabilidade eacute destinada agravequele que responsavelmente conhece o eicircdos dos objetos
das coisas por se tratar do mais raro dos demiourgoacutes eacute destinada ao nomotheacutetes ao
legislador4
A constituiccedilatildeo do leacutexico de uma liacutengua depende indubitavelmente da accedilatildeo do
homem no mundo pois eacute a partir das interaccedilotildees humanas com a realidade que as
necessidades surgem uma vez que essas necessidades precisam ser supridas formas
maquinais satildeo idealizadas para a resoluccedilatildeo de situaccedilatildeo problema ainda que a
4 KRISTEVA (1969) e NEVES (2004) nos ensinam sobre a importacircncia da figura do legislador no ideaacuterio
platocircnico Dentro da utopia do filoacutesofo a importacircncia do legislador em nomear aquilo que natildeo possuiacutea
nome se pelo seu conhecimento adquirido a partir da sua relaccedilatildeo com a natureza das coisas
25
maquinaccedilatildeo seja imaginativa como o raciociacutenio para a soluccedilatildeo de um problema
maquinaccedilotildees Entretanto a noacutes interessa mesmo o que se produz de fiacutesico como
ferramenta construiacuteda pela humanidade Uma vez que a ferramenta seja inovadora o
nome dela tambeacutem seraacute novo e seraacute incorporado pelo leacutexico quando essa nova
tecnologia se disseminar pela necessidade de outros seres humanos
22 O Leacutexico da Liacutengua Portuguesa
A Liacutengua Portuguesa que eacute nosso instrumento primeiro de anaacutelise faz parte de
um grupo de liacutenguas denominadas romacircnicas neolatinas ou liacutenguas latinas Aqui
quando necessaacuterio seraacute utilizada a primeira nomeaccedilatildeo citada Essas liacutenguas se
formaram a partir do contato do Latim com outras liacutenguas em momentos de expansatildeo
territorial de Roma Na eacutepoca o latim que se misturava agraves outras liacutenguas jaacute se
diferenciava da liacutengua matildee em geral devido a fatores geograacuteficos e tudo o que se pode
notar tendo esse fator como iniacutecio de diferenciaccedilatildeo
O termo ldquoLeacutexicordquo se refere agrave infinidade de palavras que compotildeem as liacutenguas e
serve de objeto de muitos estudos por parte daqueles que desejam entender melhor o
funcionamento das formas seja num plano macro ou micro seja na maneira como as
formas lexicais satildeo compostas seja na maneira como as formas lexicais se relacionam
entre si
LUumlDTKE (1974) levanta um questionamento quanto a uma perspectiva que
antigamente era disseminada entre os lexicoacutegrafos em sua obra ldquoHistoacuteria del Leacutexico
Romaacutenicordquo A perspectiva de que uma palavra soacute poderia ser considerada parte do
leacutexico de determinada liacutengua quando dicionarizado Obviamente essa visatildeo eacute
considerada ultrapassada mas pode nos servir para delinear um raciociacuteneo
Se uma palavra pode ser tida como parte do leacutexico de uma liacutengua somente quando
dicionarizada isso quer dizer que somente as comunidades linguiacutesticas com um niacutevel
civilizatoacuterio que faccedilam uso da modalidade escrita possuem leacutexico Haacute de se notar que
os dicionaacuterios fazem uso de uma tecnologia que pode natildeo ser comungada por todas as
comunidades linguiacutesticas Haacute ainda no seacuteculo XXI liacutenguas somente orais ignorando as
teacutecnicas de escrita Para levarmos esse assunto adiante demos voz ao proacuteprio
especialista
26
ldquoSin embargo no debemos olvidar los siguientes hechos
1) Muchas lenguas de la tierra posiblemente la mayoriacutea no son lenguas
escritas sino soacutelo habladas Es maacutes no hay una lengua que sea soacutelo escrita
La lengua hablada es universal la escrita no
2) Todas la lenguas escritas actuales fueron en alguna eacutepoca anterior
soacutelo lenguas habladas no escritas
3) Incluso en una sociedad altamente civilizada con gran consumo de
papel no hay persona que diacutea a diacutea no hable maacutes de lo que escribe y oiga
maacutes de lo que leerdquo
(LUumlDTKE 1974 p 12)
Dessa maneira quando estudamos o leacutexico devemos partir sempre que possiacutevel
da liacutengua falada partir do que ldquovai na boca do povordquo ou seja algo que de fato jaacute estaacute
estabelecid A fala em si natildeo existe mas antes acontece Quando se trabalha tendo
como objeto o leacutexico devemos tecirc-lo como parte integrante da liacutengua assim como a
foneacutetica a morfologia a semacircntica Aleacutem de ter clara a impossibilidade de se trabalhar
com a liacutengua falada como material passiacutevel de observaccedilatildeo empiacuterica A fala eacute fenocircmeno
natildeo um sistema estabelecido (LUumlDTKE 1974)
Como anteriormente neste trabalho a Liacutengua Portuguesa faz parte de um grupo de
demais liacutenguas que se enquadram no que chamamos de liacutenguas romacircnicas Esse grupo
linguiacutestico pode ser entendido em sentido estrito como as ldquocontinuadorasrdquo do latim
(LUumlDTKE 1974) assim como ldquocatalatildeo sardo italiano francecircs espanholrdquo ainda
podendo abranger alguns dialetos e mesmo outras liacutenguas que com o passar dos vaacuterios
seacuteculos se extinguiram Haacute outra perspectiva mais ampla a de que as liacutenguas citadas
natildeo satildeo filhas do latim uma vez que este uacuteltimo persiste em Roma como liacutengua
evoluindo assim como todas as liacutenguas vivas por estar viva sofrendo inclusive
influecircncia das liacutenguas romacircnicas em sua constituiccedilatildeo o que inclui o latim no rol de
liacutenguas romacircnicas Prova disso pode ser a comparaccedilatildeo entre o latim atual e o latim do
tempo de Ciacutecero (LUumlDTKE 1974)
Perceber a Liacutengua Portuguesa como liacutengua romacircnica nos faz perceber de onde o
leacutexico de nossa liacutengua teve origem carregando consigo novas possibilidades de se ver o
mundo e com este interagir A parte que mais nos interessa quando olhamos para as
27
influecircncias de outras liacutenguas no leacutexico latino eacute sem duacutevidas a do mundo helecircnico e
heleno
A Greacutecia antes do estabelecimento de relaccedilotildees com Roma tinha forte influecircncia
econocircmica e poliacutetica na regiatildeo em que se encontra exatamente por sua posiccedilatildeo
geograacutefica privilegiada A relaccedilatildeo entre os macedocircnios e o mundo grego
principalmente com o mais importante deles dos macedocircnios Alexandre o Grande que
foi responsaacutevel pela disseminaccedilatildeo do modus vivendi helecircnico dentro do territoacuterio que
vinha a ser seu Impeacuterio demonstra a importacircncia dada agrave civilizaccedilatildeo grega exatamente
por ser dentre as que a rodeavam a terra natal do imperador uma das mais civilizadas
culturalmente Conta-se que Alexandre ia agraves suas incursotildees levando consigo sempre
uma ediccedilatildeo manuscrita da Iliacuteada a qual a anedota diz que usava como travesseiro aleacutem
do fato sabido de que seu preceptor era nada mais nada menos que o filoacutesofo que viveu
em Atenas sendo disciacutepulo de Platatildeo Aristoacuteteles fundador do Liceu A importacircncia
poliacutetica da liacutengua grega devido a sua importacircncia poliacutetica estaacute atrelada
ldquoHablemos ahora de la influencia del latiacuten o dicho de manera maacutes general
del influjo de la cultura mediterraacutenea en tanto que lengua latina Esta
influencia se extendioacute fundamentalmente a todas las lenguas del Imperio
romano Bien es verdad que la parte oriental (aproximadamente la mitad
oriental) tuvo una situacioacuten privilegiada Antes de la llegada de los romanos
era el griego el que dominaba en esta parte como consecuencia de la
conquista de Alexandre Magno Mantuvo su posicioacuten dominante durante
todas las eacutepocas del Imperio romano Los liacutemites entre las zonas de
influencia latina y griega estaban en la comarca del bajo Danubiordquo
(LUumlDTKE pg 30)
Muitos territoacuterios que vieram a ser incorporados por Roma eventualmente agrave
eacutepoca eram culturalmente influenciados pelos gregos claramente a liacutengua era um dos
fatores de influecircncia
Ateacute o seacuteculo III a Greacutecia foi indubitavelmente a civilizaccedilatildeo de maior
importacircncia na Europa devido suas relaccedilotildees poliacuteticas econocircmicas e culturais com as
demais civilizaccedilotildees fato que explica inclusive porque a liacutengua grega foi
historicamente a que mais forneceu empreacutestimos lexicais agrave liacutengua latina tanto na liacutengua
falada quanto na liacutengua culta Outra anedota diz que se fosse real a frase de Juacutelio Ceacutesar
28
apoacutes o cliacutemax da conspiraccedilatildeo que levou o imperador a ser vaacuterias vezes apunhalado pelas
costas ateacute mesmo por seu amigo pessoal Marco Juacutenio Bruto ele natildeo diria ldquoEt tu
Bruterdquo mas antes ldquoκαί σῦ βρυτῆrdquo devido a importacircncia que a liacutengua grega na
eacutepoca servindo ateacute como siacutembolo de status
Fato eacute que a contribuiccedilatildeo lexical grega ao latim foi profiacutecua seja de forma direta
ou indireta Muitos empreacutestimos que realizados pelo latim se deu a partir do contato
com outros povos que por sua vez agregaram a sua proacutepria liacutengua formas lexicais
gregas Caso em que se pode supor este movimento cita LUumlDTKE quando fala da
relaccedilatildeo entre os gregos e etruscos A relaccedilatildeo entre esses dois povos se deram
concomitantemente ao contato dos gregos e romanos ou quiccedilaacute anteriormente Tanto
etruscos como romanos receberam influencia em seu leacutexico dos gregos aleacutem daqueles
tambeacutem manterem relaccedilotildees em si o que apesar de natildeo se pode afirmar com toda a
certeza nos dar a suposiccedilatildeo de que algumas palavras do leacutexico grego tenham sido
passadas indiretamente atraveacutes dos etruscos
Os empreacutestimos lexicais cobrem vaacuterias classes gramaticais sendo de vaacuterias
modalidades (empreacutestimos vocabulares de formaccedilatildeo e semacircnticos assim como aqueles
em que haacute modificaccedilatildeo no campo semacircntico) sobre os quais natildeo nos cabe discorrer aqui
e agora afinal essa parte do trabalho se presta mais a justificar a relaccedilatildeo histoacuterica entre
as liacutenguas que refletiraacute nas demais liacutenguas romacircnicas
O fenocircmeno sobre o qual vimos discorrendo ateacute o momento podemos acomodar
numa linha temporal inicial ainda no estabelecimento do latim como uma liacutengua Na
ascensatildeo do latim enquanto dialeto agrave liacutengua Nessa linha eacute importante notar os
empreacutestimos que vieram num uacuteltimo fenocircmeno culturalhistoacuterico de suma importacircncia
para a liacutengua latina eacute que o advento do cristianismo uma vez que devido agrave importacircncia
da liacutengua grega foi nela em que se foi procurar por lexemas que dessem conta da nova
realidade vivida no impeacuterio romano
ldquoSon caracteriacutesticas del preacutestamo directo de palabras griegas las
denominaciones del edificio para culto cristiano No se toma templum por
estar asociada esta palabra a muchas ideas paganas sino en su lugar se
usaron las gr ἐκκλησία y βασιλικήrdquo
(LUumlDTKE 1974 p59)
29
Aleacutem dos lexemas citados acima pelo autor ligados ao cristianismo muitos
outros que nominam ldquocargosrdquo clericais ou ainda atos lituacutergicos foram adotadas pelo
latim para dar conta dessa novidade Haacute de se notar que o Novo Testamento foi escrito
natildeo em sua totalidade mas essencialmente em grego mais especificamente em um
dialeto denominado koineacute que era o grego falado pelos judeus da eacutepoca em que foram
escritos os livros que compotildeem a obra religiosa E assim como os empreacutestimos
anteriores os desse tipo tambeacutem satildeo proliacuteferos e cobrem muitas classes gramaticais e
formas de empreacutestimos Sobre esses lexemas pretendemos nos debruccedilar com mais
atenccedilatildeo no decorrer da anaacutelise das entradas lexicais na Liacutengua Portuguesa mais a frente
O Impeacuterio Romano conheceu seu apogeu no seacuteculo II dC tanto em sua
importacircncia militar quanto poliacutetica e influencia religiosa O que se nota historicamente
no que se segue eacute a imensa onda de invasotildees de povos os quais os romanos
denominavam baacuterbaros que cindiu o Impeacuterio politicamente por se tratar de um
territoacuterio grande demais para que se pudesse governar de forma centralizada como vinha
sendo ateacute entatildeo
ldquoCom as invasotildees germacircnicas no Ocidente e eslavas no Oriente ocorreu uma
grande fragmentaccedilatildeo poliacutetica e linguiacutestica e os povos falantes de latim
localizados em proviacutencias tatildeo distantes como a Daacutecia e a Lusitacircnia
mantiveram traccedilos de romanizaccedilatildeo em graus variados que dependiam
basicamente da antiguidade da romanizaccedilatildeo do periacuteodo em que ficaram
submissas ao Impeacuterio e da profundidade dos contatos essas proviacutencias
entatildeo acabaram desenvolvendo dialetos mais ou menos proacuteximos ao latim
vulgar O desenvolvimento da Romacircnia posterior ou Romacircnia Medieval
deu-se em parte por causa desses fatores mas tambeacutem dependeu dos contatos
linguiacutesticos com os povos falantes de outras liacutenguas que jaacute se encontravam
nos territoacuterios conquistados (falantes das chamadas liacutenguas de substrato)
com os falantes das liacutenguas dos povos que vieram a conquistar os territoacuterios
romanizados (falantes das liacutenguas de superestrato) e com os povos falantes de
liacutenguas como o grego que conviveram com os falantes de latim em vaacuterias
regiotildees em situaccedilatildeo de bilinguismo por muito tempo (falantes de liacutenguas de
adstrato)rdquo
(GONCcedilALVES e BASSO 2010 p41)
30
O que determinou a instituiccedilatildeo das liacutenguas romacircnicas como se diz foi a forma e
o tempo de contato entre o Impeacuterio e as aacutereas dominadas Assim agraves aacutereas de maior
contato uma maior influecircncia de menor contato uma menor influecircncia Com a queda
do Impeacuterio Romano em 476 dC regiotildees como as em que hoje se instauram naccedilotildees
como a Inglaterra a regiatildeo dos bascos parte do que hoje eacute a Beacutelgica e outras aacutereas em
que a dominaccedilatildeo romana ocorreu de maneira que podemos chamar de fraca ldquoacabaram
desenvolvendo liacutenguas natildeo romacircnicas ainda que mantivessem influecircncias do latim
vulgar em seu substratordquo (GONCcedilALVES BASSO 2010) Ainda nas regiotildees em que o
latim mostrou-se mais influente a distacircncia entre os falantes dessas regiotildees e o latim
original era bastante grande Dialetos surgiram dentro desses lugares e tomaram forccedila
se distanciavam do latim culto e mesmo da primeira modalidade de latim vulgar que os
influenciaram
Entre invasotildees baacuterbaras e movimentos de reconquista estatildeo os movimentos
inerentes ligados a desenvolvimentos e movimentos linguiacutesticos importantes para
nossas anaacutelises A efetiva constituiccedilatildeo de Portugal como naccedilatildeo na peniacutensula Ibeacuterica e a
evoluccedilatildeo de uma liacutengua portuguesa a partir de todo o movimento que tentamos traccedilar
ateacute este momento neste texto nos mostra como a constituiccedilatildeo lexical de nossa liacutengua
vem fixando era a era e assim podemos entender sua formaccedilatildeo
ldquoUm dos momentos mais importantes da histoacuteria de Portugal se deu em
virtude das alianccedilas poliacuteticas derivadas dos movimentos de Reconquista
Assim em virtude de seu sucesso na luta contra os aacuterabes D Raimundo e
seu primo D Henrique receberam respectivamente de D Afonso VI rei de
Leatildeo e Castela sua filha Urraca e a regiatildeo da Galiza e sua filha bastarda
Tareja e a regiatildeo desmembrada da Galiza chamada Condado Portucalense D
Henrique administra o condado sob a tutela de D Raimundo de modo que o
condado ainda fosse submisso agrave Galiza No entanto D Henrique ao morrer
deixa o comando do condado a sua mulher Tareja Seu filho D Afonso
Henriques descontente com a nova vida amorosa de sua matildee em 1128 vence
a batalha de Satildeo Mamede e se proclama rei Em 1143 Afonso VII rei de
Leatildeo reconhece sua realeza que foi ratificada pelo papa Alexandre III em
1173 Portugal passa a ser entatildeo independente da Galiza e D Afonso
Henriques continua a expansatildeo em direccedilatildeo ao sul que D Afonso III
completa em 1250 com a conquista do Algarve de modo a fixar as fronteiras
31
atuais de Portugal Durante todo esse periacuteodo ateacute o seacuteculo XIV a liacutengua de
Portugal e da Galiza era a mesma o galego-portuguecircsrdquo
(GONCcedilALVES BASSO 2010 p 75)
A histoacuteria das naccedilotildees europeias enquanto constituiccedilatildeo poliacutetica tomada de poder
por uns perda de prestiacutegio por outros entre o iniacutecio do calendaacuterio cristatildeo e o ano de
fundaccedilatildeo do reino de Portugal eacute marcada por disputas acirradas de perdas irreparaacuteveis
no que tange dialetos e mesmo idiomas que se encontravam nos campos de batalha
(GONCcedilALVES BASSO 2010) Mas eacute preciso darmos alguns passos atraacutes para
justificar o que argumentaremos adiante
23 Projeto de naccedilatildeo portuguecircs para Portugal
Eacute importante para o nosso trabalho notar que obviamente o Renascimento
Cultural ocorrido no seacuteculo XV foi importantiacutessimo para a nova onda de empreacutestimos
lexicais devido a sua influencia nas ciecircncias e teacutecnicas que vieram a nascer No entanto
houve anteriormente um fato que nos eacute crucial Durante o Impeacuterio Caroliacutengio nos
anos finais do seacuteculo VIII dC Carlos Magno conseguiu alcanccedilar muitas vitoacuterias na
tentativa de resgatar o Impeacuterio Romano no Ocidente Viemos demonstrando a
importacircncia do ideaacuterio grego na constituiccedilatildeo do Impeacuterio Romano assim a noacutes nos
parece clara a retomada de certas praacuteticas gregas que influenciaram os latinos e que
influenciariam por sua vez os demais povos que se encontravam sob o jugo do Impeacuterio
Caroliacutengio
ldquoNo final do seacuteculo VIII Carlos Magno conseguira reunir grande parte da
Europa sob seu domiacutenio Para unificar e fortalecer o seu impeacuterio decidiu
executar uma reforma na educaccedilatildeo O monge beneditino Alcuiacuteno criou um
projeto de desenvolvimento escolar que buscou reviver o saber claacutessico
estabelecendo os programas de estudo a partir das sete artes liberais
o trivium ou ensino literaacuterio (gramaacutetica retoacuterica e dialeacutetica) e o quadrivium
ou ensino cientiacutefico (aritmeacutetica geometria astronomia e muacutesica) A partir do
ano 787 foram emanados decretos que recomendavam em todo o impeacuterio a
restauraccedilatildeo de antigas escolas e a fundaccedilatildeo de novas Institucionalmente
essas novas escolas podiam ser monacais sob a responsabilidade
32
dos mosteiros catedrais junto agrave sede dos bispados e palatinas junto
agraves cortesrdquo
(httpsptwikipediaorgwikiRenascenC3A7a_carolC3ADngia)
Para o bem ou para o mal Carlos Magno via a possibilidade de sucesso em suas
empreitadas e mesmo a manutenccedilatildeo de seu impeacuterio ser apoiada em uma elite que para
ele deveria ser culta uma vez que o aumento gradual de nobres avolumava-se em seus
domiacutenios Para tanto procurou atrair para seu reino uma quantidade significativa de
letrados e estudiosos de vaacuterias regiotildees do Ocidente e do Oriente (VIEIRA 2010)
Notemos que apesar da forte influecircncia do cristianismo no Impeacuterio Caroliacutengio a
quantidade de pensadores e intelectuais nessa eacutepoca foi vital para que a retomada dos
paradigmas da era antiga e claacutessica pudessem reflorescer nas artes e modo de pensar
como a praacutetica de exerciacutecios retoacutericos e dialeacuteticos nas escolas e mesmo pensamentos
mais ligado ao que hoje determinamos como pertencentes agrave aacuterea das exatas como o da
geometria astronomia e muacutesica
O renascimento caroliacutengio foi de suma importacircncia para que as formas lexicais
ora tomadas por empreacutestimo de outras liacutenguas que anteriormente tiveram contato com o
latim se cristalizassem e fossem lexicalizadas consequentemente pelas demais liacutenguas
que posteriormente sofressem influecircncia do Impeacuterio
Com esse raciociacutenio a forma como as naccedilotildees europeias se desenvolveram
inegavelmente se deu com certa influencia mesmo que indireta de pensamentos que
foram idealizados na Greacutecia claacutessica e antiga
Quando lembramos das aulas de literatura e histoacuteria assistidas na escola e
faculdade uma frase que sempre eacute martelada quando se fala do Renascimento que
aconteceu entre meados do seacuteculo XIV e o final do seacuteculo XVI eacute que este movimento
foi influenciado grandemente pela literatura claacutessica greco-romana assim como por
todo o prisma que se refere agraves artes Camotildees agrave eacutepoca fez renascer o gecircnero eacutepico com
sua principal obra Os Lusiacuteadas
Em Os Lusiacuteadas vemos a construccedilatildeo do discurso atraveacutes dos versos de um
imaginaacuterio que se devia prestar como grande propaganda dos feitos dos heroacuteis de sua
eacutepoca A narrativa que retoma o modelo eacutepico influenciado pelos cantos gregos e
posteriormente romanos procura nesse gecircnero literaacuterio a grandeza das naccedilotildees de onde
se bebe da aacutegua
33
Textualmente podemos ler a partir do verso 17 do primeiro canto quais foram as
obras a que o poeta recorreu para compor sua obra quando diz
ldquoCessem do saacutebio Grego e do Troiano
As navegaccedilotildees grandes que fizeram
Calle-se de Alexandre e de Trajano
A fama das victorias que tiveratildeo
Que eu canto o peito ilustre Lusitano
A quem Neptuno e Marte obedececircratildeo
Cesse tudo o que a Musa antiga canta
Que outro valor mais alto se alevantardquo
(CAMOtildeES 1639)
A forma o estilo e ainda o leacutexico escolhido pelo autor da maior epopeia
portuguesa jaacute escrita carrega consigo o atestado da necessidade em ser grande em
mostrar que Portugal era grande capaz de feitos heroicos atraveacutes de sua boa gente
guerreira
Discursivamente a obra carrega o ideaacuterio pretendido pela naccedilatildeo portuguesa Mas
perceba-se a comparaccedilatildeo entre Portugal e o Impeacuterio Romano e a Greacutecia Antiga devia
restringir-se enquanto importacircncia de sua grandeza assim como de seus feitos e de suas
figuras heroicas todavia o que quiseram transmitir foi que a forccedila era de uma naccedilatildeo
Natildeo descabidamente o que se deva cessar fossem os cantos das Musas que eram antigas
tampouco natildeo eacute sem intenccedilatildeo que o que se ldquoalevantardquo eacute posto em um tempo verbal que
se relaciona ao presente A modernidade e os feitos das personagens no poema se ligam
a uma ideia de modernidade que se comungava em Portugal ligada agraves navegaccedilotildees
ldquoSem duacutevida a descoberta de novas terras a ampliaccedilatildeo geograacutefica do mundo
satildeo feitos adequados a uma nova era que a partir do incremento do
mercantilismo e das decorrentes mudanccedilas sociais rompe de maneira
decidida com o periacuteodo medievalrdquo
(PEREIRA 2000 p 2)
O mundo europeu renascentista estava em processo de mudanccedila mudanccedila raacutepida
devido a exatamente estar sendo acossado pela ideia de modernizaccedilatildeo O feudalismo
34
estava em crise as formas de poder vigentes na eacutepoca estavam em crise Uma nova
classe social apresentava-se ao jogo e posteriormente viria modificar completamente as
formas de organizaccedilatildeo e relaccedilotildees poliacuteticas do velho mundo Com o nascimento da
classe burguesa e o incremento do mercantilismo novos ventos sopravam sobre velas
de Portugal que na eacutepoca era uma naccedilatildeo que devido seu investimento em tecnologias
navais e a sorte de sua posiccedilatildeo geograacutefica se apresentava como uma naccedilatildeo com poder
para governo (PEREIRA 2000) Para tanto o discurso nacionalista presente nOs
Lusiacuteadas se apresenta como ferramenta efetiva para atacar o pathos e entusiasmar seu
povo propagandeando um imaginaacuterio
O papel das epopeias gregas era sem duacutevida servir como ferramenta que
ensinasse seu povo a se espelhar nos heroacuteis que protagonizavam as aventuras proferidas
pelos aedos Natildeo em vatildeo as apresentaccedilotildees dessas obras ainda quando existiam apenas
enquanto tradiccedilatildeo oral aconteciam em situaccedilotildees em que houvesse plateia numerosa
ouvidos que pudessem se deleitar com os cantos que fariam bem agraves almas
enriquecendo-as com conhecimento daquilo que somente as divindades sabiam
segundo o ideaacuterio da eacutepoca A exortaccedilatildeo nos cantos eacutepicos gregos era destinada agraves
musas
ldquoA ira Deusa celebra do Peleio Aquiles
o irado desvario que aos Aqueus tantas penas
trouxe e incontaacuteveis almas arrojou no Hades
de valentes de heroacuteis espoacutelio para os catildees
pasto de aves repaces fez-se a lei de Zeus
()rdquo
(HOMERO I 1-55)
ldquoO homem multiversaacutetil Musa canta as muitas
erracircncias destruiacuteda Troia poacutelis sacra
as muitas urbes que mirou e mentes de homens
que escrutinou as muitas dores amargadas
no mar a fim de preservar o proacuteprio alento
5 Iliacuteada de Homero vol I traduccedilatildeo de Haroldo de Campos introduccedilatildeo e organizaccedilatildeo Trajano Vieira ndash 4
Ed ndash Satildeo Paulo Arx 2003
35
e a volta aos soacutecios()rdquo
(HOMERO I 1-66)
Os deuses gregos eram perfeitos mesmo com suas imperfeiccedilotildees porque eram
eternos Eram siacutembolos a serem imitados assim como seus filhos semideuses como
Aquiles para aproveitar o exemplo citado As narrativas eram carregadas de fatos e
accedilotildees que determinavam como os demais seres humanos deviam se comportar dentro da
sociedade grega individualmente e para com os outros Todo heroacutei deveria ser mostrado
quando evocado pelo canto de uma maneira que os gregos vislumbrassem seu caraacuteter
καλὸς κἂγαθός (kaloacutes krsquoagathoacutes) nobre e bom
A importacircncia da figura heroica nOs Lusiacuteadas eacute evidente quando aos heroacuteis cabe
a cabeceira do canto de abertura Diferentemente das epopeias gregas e mais proacuteximo agrave
epopeia romana a exortaccedilatildeo agraves musas vem em segundo plano
Virgiacutelio em sua Eneida potildee a si mesmo em evidencia no iniacutecio de sua obra
como que para exemplificar a grandeza de seu povo romano que descende do grande
Eneias fundador de Roma
ldquoEu que entoava na delgada avena
Muacutesica rude e egresso das florestas
Fiz que as vizinhas lavras contentassem
A avidez do colono a campesinos
Grata empresa de Marte ora as horriacuteveis
Armas canto e o varatildeo que ecircxul de Troia
Primeiro os fados proacutefugo aportaram
Na Hepeacuteria Lavino()rdquo
(VIRGIacuteLIO I 1-77)
6 Odisseia Homero ediccedilatildeo biliacutengue traduccedilatildeo posfaacutecio e notas de Trajano Vieira ensaio de Italo
Calvino ndash Satildeo Paulo Ed 34 2011 816 p
7 VIRGIacuteLIO Eneida brasileira traduccedilatildeo poeacutetica da epopeia de Puacuteblico Virgiacutelio Maro Virgiacutelio
organizaccedilatildeo Paulo Seacutergio de Vasconcellos e al traduccedilatildeo Manuel Odorico Mendes - Campinas SP
Editora UNICAMP 2008
36
A presenccedila da musa na epopeia lusitana soacute se faz presente no verso 25 do canto
inaugural A importacircncia antes eacute dada aos heroacuteis que puderam iccedilar a naccedilatildeo a patamares
dignos de nota
ldquoAs armas e os barotildees assinalados
Que da Occidental praia Lusitana
Por mares nunca de antes navegados
Passaacuteratildeo ainda alem da Taprobana
E em perigos e guerras esforccedilados
Mais do que prometia a forccedila humana
Entre gente remota edificaacuteratildeo
Novo Reino que tanto sublimaacuteratildeordquo
(CAMOtildeES I 1-8)
Comparativamente podemos analisar a escolha no que se queria dar ecircnfase em
cada uma das epopeias citadas e assim notamos claramente que mesmo que se
quisesse seguir a tradiccedilatildeo de se relatar o nascimento e expansatildeo de uma naccedilatildeo como
nos casos da Eneida de Virgiacutelio assim como dOs Lusiacutedas de Camotildees ou ainda realizar
uma obra que se quisesse exemplar como todas elas o modelo epopeico traria certa
carga de importacircncia para as obras Os discursos que cada uma das obras carrega se liga
diretamente agrave necessidade de demonstrar atraveacutes do exemplo como cada um dos
concidadatildeos dos autores deveria se portar para que sua naccedilatildeo se tornasse ou continuasse
grande Cada uma delas vem servir de modelo civilizatoacuterio mesmo que repletas de
accedilotildees e atitudes por parte de suas personagens que para noacutes possam parecer baacuterbaras
Importante notar que as realizaccedilotildees fora do contexto civilizado em cada um dos poemas
eacutepicos aconteciam em lugares distantes das poacutelis e cidades em ambientes campestres e
mesmo selvagens Ainda todas essas accedilotildees satildeo postas para contrapor o caraacuteter dos
heroacuteis agraves situaccedilotildees porque passaram numa clara dicotomia civilizado versus baacuterbaro
As obras literaacuterias nos serviram para que pudeacutessemos apontar parte do discurso
que para nos interessa em nosso trabalho pois as artes literaacuterias satildeo postas agrave luz
exatamente para dar ecircnfase ou por em evidecircncia discursos correntes na sociedade em
que estatildeo inseridas
Em Portugal a obra de Camotildees era mais do que entretenimento Era um ato
poliacutetico uma ferramenta uacutetil agrave situaccedilatildeo em que se encontrava uma situaccedilatildeo de
37
afirmaccedilatildeo de sua importacircncia como naccedilatildeo dentro de um quadro em que estavam postas
outras naccedilotildees que tambeacutem vinham participando do jogo que visava ao alcance da
modernidade O fervilhar de novas tecnologias a necessidade de expansatildeo de mercado
assim como a de ambientes proacuteprios para produccedilatildeo de artefatos que eram de interesse
dos mercados consumidores que acossavam as naccedilotildees na corrida rumo a um status que
pudesse suprir agravequelas demandas
38
3 A importacircncia da imprensa no processo civilizatoacuterio
A evoluccedilatildeo dos gecircneros textuais acontece conjuntamente agrave necessidade humana
de expressar e fazer conhecer suas realizaccedilotildees seja uma epifania espiritual uma criacutetica
agrave sociedade ou a cooptaccedilatildeo ao status quo ou ainda propagandear um novo artefato que
se possa adquirir para que as vidas sejam facilitadas
A imprensa ou antes a tipografia eacute em si um aparato tecnoloacutegico que trouxe
grandes benefiacutecios agraves sociedades tornando-se essencial para as demandas de um mundo
em que no momento de seu nascimento se distanciava da grande recessatildeo porque
passava a Europa Ocidental e experimentava certo progresso
Entre os seacuteculos IX e XI as modalidades mercantis estavam restritas ao mercado
ainda muito modesto dentro das cidades geralmente ladeando as abadias ou castelos
dos senhores feudais ou convergecircncias fluviais onde se efetuavam trocas de produtos
da terra ou artigos manufaturados artesanalmente O mais proacuteximo que temos de uma
transaccedilatildeo comercial que para noacutes nos parece mais comum acontecia pelas matildeos de
mercadores itinerantes judeus que viajavam de cidade em cidade vindos de territoacuterios
mulccedilumanos trazendo artigos de alto valor eou especiarias do oriente (MELO 2003)
Fato eacute que seacuteculos o modus vivendi europeu era assaz campestre campesino
quase envolto em uma penumbra densa que punha a populaccedilatildeo em um breu de
ignoracircncia Desde a populaccedilatildeo mais rural aos nobres dos castelos o nuacutemero de
analfabetos era muito grande assolando a grande maioria da poluccedilatildeo geral da Europa
Uma ilha neste vasto mar de desconhecimento era a Igreja Catoacutelica que disputando o
poder poliacutetico com os monarcas se apresentava como a grande detentora dos
conhecimentos de escrita e leitura de modo que ldquoas produccedilotildees culturais da eacutepoca
confinavam-se aos bispados abadias e mosteirosrdquo (MELO 2003)
Conhecimento eacute poder um poder que com o nascimento do capitalismo se
procurou alcanccedilar para dar conta de demandas que advieram aos processos
mercantilistas
ldquoNatildeo obstante o Impeacuterio Bizantino tivesse repelido a invasatildeo aacuterabe
continuando sob o domiacutenio as aacuteguas do mar Adriaacutetico e do mar Egeu a
verdade eacute que o seu comeacutercio tambeacutem se enfraqueceu Isto natildeo impediu
todavia que Constantinopla e algumas cidades italianas como Veneza
39
procurassem superar as naturais dificuldades para prosseguir o comeacutercio
interrompido com as regiotildees orientais em poder dos mulccedilumanos Explica
Pirene que isto se deveu ao fato de ser o espiacuterito de cobiccedila naquelas cidades
mais poderoso que o escruacutepulo religioso Tanto assim que o interesse
mercantilista levava-os a proclamar natildeo importa a religiatildeo dos clientes
contato que paguem Dentro de pouco tempo Veneza e as cidades bizantinas
da Itaacutelia alcanccedilariam um elevado niacutevel de progresso econocircmico o que
repercutira posteriormente na esfera social e culturalrdquo
(MELO 2003 p 29-30)
O seacuteculo XI eacute um marco para as mudanccedilas necessaacuterias para o desenvolvimento de
novas configuraccedilotildees sociais na Europa Apoacutes anos a fio de estagnaccedilatildeo imposta pelas
conquistas baacuterbaras e a invasatildeo dos sarracenos ao passo que a cada conflito enfrentado
realizam-se evoluccedilotildees e devastaccedilotildees enriquecimento de uns e empobrecimento de
outros desenvolvimento de um lado e degradaccedilatildeo de outro o advento das cruzadas para
o homem europeu pode ser notado como o grande possibilitador da abertura de novos
rumos a serem trilhados pelo continente
O comeacutercio europeu renasce efetivamente e efervecentemente havendo transaccedilotildees
de mercadorias seja por vias aquaacuteticas seja por vias terrestres que invadem os castelos
e os burgos (organizaccedilatildeo social urbana relativamente nova na eacutepoca) oferecendo os
mais diversos produtos estrangeiros carregados do oriente para o ocidente a muito custo
Com isso originam-se as feiras e funda-se o mercado que mais se assemelha agrave
constituiccedilatildeo de mercado que conhecemos hoje Um novo grupo social se estabelece nas
novas cidades devido estar em sua maioria residindo em burgos definindo-se
burgueses
ldquoEsses acontecimentos consolidam a formaccedilatildeo de um novo grupo social nas
cidades entatildeo existentes sobretudo nas cidades italianas incluindo
marinheiros prestamistas e os emergentes banqueiros embriatildeo da burguesia
comercial Concomitantemente comeccedila a ruir o lsquoedifiacutecio social do
feudalismorsquo ao se tornar efetiva a reaccedilatildeo dessa lsquonova classe de mercadores e
marinheiros contra os velhos agregados senhoriais possuidores de vastos
domiacutenios agriacutecolasrdquo
(MELO 2003 p 30-31)
40
A populaccedilatildeo que era anteriormente basicamente rural vecirc nas cidades a
possibilidade do sentimento de liberdade poderiam ver a si mesmos livres do julgo dos
senhores dos feudos A cidade oferecia aos seus habitantes mais do que a liberdade de
movimento antes numa circunstacircncia em que a vida que comeccedila a orbitar o capital daacute-
lhes a liberdade de posse de propriedade Os homens natildeo necessitavam mais viver
presos a uma relaccedilatildeo de vassalagem pagando tributo ao seu senhor Agora o homem
queria ser dono de seu proacuteprio chatildeo ter bens que lhe garantissem status imoacuteveis que
pudessem inclusive hipotecar se fosse da sua vontade (MELO 2003)
Essa nova classe homens livres visando agrave ascensatildeo social e econocircmica potildee em
praacutetica seu gecircnio inventivo melhorando suas produccedilotildees qualitativa e quantitativamente
Aperfeiccediloam suas teacutecnicas para melhor servir ao puacuteblico Para aleacutem do aperfeiccediloamento
das teacutecnicas de produccedilatildeo com o desenvolvimento de novas tecnologias ainda
simplificadas o homem medieval nota que o que o distinguiria do antigo status natildeo
estava somente no que tange o material mas tambeacutem em seu desenvolvimento
intelectual Aqueles que poderiam dar conta de pagar pela educaccedilatildeo naquele momento
dedicavam-se aos estudos da escrita da numeraccedilatildeo da geografia Obviamente mateacuterias
que poderiam ser utilizadas de maneira pragmaacutetica em suas atividades mercantis
Surgem para suprir essas demandas educacionais as escolas leigas
ldquoA partir do seacuteculo XI com a expansatildeo e o renascimento do comeacutercio
europeu os mecanismos da atividade mercantil apresentam-se mais e mais
complexos (comeccedilam a circular as letras de cacircmbio surgem as agecircncias
bancaacuterias e vaacuterias outras formas de agecircncias comerciais) que exigem a
escrituraccedilatildeo contaacutebil a correspondecircncia comercial as informaccedilotildees sobre as
flutuaccedilotildees do mercado como recursos indispensaacuteveis agraves grandes empresas jaacute
constituiacutedasrdquo
(MELO 2003 pg 39)
O serviccedilo burocraacutetico era realizado pelos estudantes das escolas leigas fundadas
por comerciantes ricos justamente para gerar uma casta de ldquojovens adestrados para o
comeacutercio ou a burocraciardquo (MELO 2003)
O que era monopolizado pela igreja ateacute entatildeo agora alcanccedila um nuacutemero maior de
indiviacuteduos claro que longe de uma universalizaccedilatildeo mas um nuacutemero que destoa
bastante do que se assistia ateacute o momento Uma elite se avulta e detecircm o conhecimento
41
relacionado ao funcionalismo especializado inicialmente As aacutereas de atuaccedilatildeo dos
estudantes das chamadas escolas leigas dentro das cidades eram as ligadas agraves financcedilas
guerra (que sempre teve seu caraacuteter comercial por movimentar economias) e direito
Esse tipo de educaccedilatildeo se disseminou por vaacuterias cidades da Europa e com o
desenvolvimento cada vez maior das aacutereas urbanas os mecanismos de controle
populacional tambeacutem se incrementaram o que criou a necessidade de uma nova
modalidade de servidores Estes foram buscados entre os letrados formados nas escolas
leigas
Entretanto eacute com a criaccedilatildeo das universidades europeias que vemos a formaccedilatildeo
efetiva de uma elite intelectual No seacuteculo XII fundaram-se as universidades de
Bolonha e a de Paris No seacuteculo seguinte surgem as de Cambridge Oxford e
Salamanca O homem livre capitalista tinha sede de conhecimento e agora procurava a
universalidade do saber dentro obviamente de seu nicho social Por um curto espaccedilo de
tempo mas o bastante para impactar essa nova Europa as universidades foram gratuitas
(MELO 2003)
Com a efervescecircncia cultural a demanda de livros manuscritos se tornou muito
grande o que dificultava o acesso O comeacutercio editorial elevou os preccedilos de suas obras
o que natildeo impediu de serem disputadas por estudantes e colecionadores aacutevidos por mais
um livro em suas estantes
Saiacutedos de uma era em que natildeo se lia porque a leitura era benefiacutecio tido por poucos
o contato do homem medieval com a literatura que traz em seu bojo todo um
patrimocircnio cultural da Antiguidade o faz vislumbrar uma possibilidade de mundo
diferente do qual ele estava inserido Consequentemente esse contato influenciou os
movimentos civilizatoacuterios Importante destacar ainda o contato com outras culturas
proporcionado pelas viagens que gradualmente ampliavam as rotas comerciais
Conjuntamente esses dois fatores mostraram a faceta ambiciosa do homemque se
letrava e almejava ampliar assim como as rotas de navegaccedilatildeo seu universo intelectual
pois estava ansioso para obter novo conhecimento acerca de tudo que lhe parecesse
intelectualmente instigante e lucrativo
Com tanto material sendo manuscrito na Europa livros para os aacutevidos por
conhecimento estudantes de escolas leigas e universidades papeacuteis burocraacuteticos para os
aacutevidos pelo comeacutercio banqueiros juristas e os demais a invenccedilatildeo de Gutenberg a
tipografia permitiu ldquoa reproduccedilatildeo raacutepida de um mesmo texto e ofereceu agrave linguagem
42
escrita as possibilidades de uma difusatildeo que o manuscrito natildeo tinhardquo (ALBERT
TERROU 1990)
Podemos dizer que a invenccedilatildeo de Gutenberg surge como uma resposta ou certa
correspondecircncia a mecanismos que faziam parte da vida humana num jogo evolutivo
uma vez que a invenccedilatildeo faz uso de tinta papel prensa alfabeto metal que se tratam de
artigos jaacute usados pelo homem
ldquoO certo no entanto eacute que a imprensa veio atender agraves necessidades
crescentes de produccedilatildeo de livros a fim de satisfazer agraves solicitaccedilotildees da elite
intelectual forjada pelas universidades e pelo movimento renascentistardquo
(MELO 2003 p 42)
Obviamente a importacircncia dada ao papel do serviccedilo de prensa no que diz respeito
agrave produccedilatildeo de livros para as instituiccedilotildees de ensino realmente eacute muito grande mas natildeo
exclusiva A demanda de produccedilatildeo de papeis utilizados pelas atividades mais ligadas ao
trabalho comercial e industrial e onde morava a burocracia atividades estas que
nasceram gecircmeas aos burgueses tambeacutem propulsionaram o sucesso da tipografia
Ainda a invenccedilatildeo atendia aos interesses da Igreja na reproduccedilatildeo de imagens de santo
indulgecircncias oraccedilotildees entre outros instrumentos utilizados nas liturgias cristatildes que
serviam a uma maior popularizaccedilatildeo da religiosidade E seguindo a vontade de
popularizaccedilatildeo talvez o fator mais importante para nosso assunto o homem
renascentista livre via na nova tecnologia a possibilidade de satisfazer sua curiosidade
quanto ao que lhe era hodierno o que veio a dar agrave luz a imprensa perioacutedica
ldquo[] o citadino que deseja conhecer a vida do grupo social ao qual ele
pertence e que ultrapassa suas relaccedilotildees primaacuterias o comerciante burguecircs e
banqueiro que natildeo pode ter sucesso em seus negoacutecios se natildeo estiver
informado dos preccedilos das mercadorias e da sua acessibilidade que depende
da conjuntura poliacutetica os cidadatildeos ansiosos por sua participaccedilatildeo no exeacutercito
da Itaacutelia que tem sede de informaccedilotildees precisas o Rei para defender sua
poliacutetica que procura atingir a opiniatildeordquo
(MELO 2003 p 43)
43
Fato interessante a se notar eacute que aqueles estudiosos que se dispuseram a
debruccedilar-se sobre os materiais produzidos pela invenccedilatildeo de Gutenberg escolheram
analisar em sua maioria as produccedilotildees ligadas agrave literatura e ao jornalismo das vaacuterias
eacutepocas A literatura por se tratar de um tipo de produccedilatildeo completamente ligada agraves artes
demonstra os avanccedilos que a humanidade realizou atraveacutes dos anos com relaccedilatildeo agrave sua
expressatildeo do que lhe era e eacute mais interior e o jornalismo em que por mais que se
deseje alcanccedilar certo distanciamento para que se busque imprimir nas notiacutecias graus de
imparcialidade ainda assim nele podemos ler muita intenccedilatildeo literaacuteria O que era
impresso e se ligava agraves aacutereas mais burocraacuteticas do comeacutercio e administraccedilatildeo ficou um
tanto deixado de lado pelos estudos que utilizaram os produtos de imprensa como
corpus
Por sua vez o gecircnero propaganda nasce conjuntamente agrave imprensa perioacutedica
procurando imprimir em seus textos algo que chamasse a atenccedilatildeo de possiacuteveis
consumidores Artistas se esmeravam em criar logotipos assim como se se preocupava
com a disposiccedilatildeo dos textos no afatilde de imprimir algo de esteacutetico que personalizasse as
instituiccedilotildees favorecendo-as no novo sistema que era assaz competitivo de estrutura
capitalista
Dado o momento histoacuterico podemos afirmar que a propagaccedilatildeo da invenccedilatildeo de
Gutenberg foi disseminada pelo continente europeu com grande velocidade Na
Alemanha a tipografia eacute fundada em 1450 na Itaacutelia 1464 na Suiacuteccedila em 1467 na
Franccedila foi fundada em 1470 na Holana1472 na Hungria e na Espanha
concomitantemente em 1473 na Beacutelgica em 1474 na Polocircnia 1475 na Inglaterra
1476 na Aacuteustria em 1482 assim como na Dinamarca na Sueacutecia 1487 e finalmente
ado que nos interessa particularmente em Portugal a primeira tipografia eacute instalada em
1487 na cidade do Faro (MELO 1973)
Devemos ter em mente eacute claro que os materiais impressos natildeo alcanccedilavam a
totalidade das pessoas que compunham as naccedilotildees que deles faziam uso mas sim um
nicho restrito no iniacutecio de sua existecircncia Afinal de contas o nuacutemero de pessoas letradas
era muito pequeno e quanto mais pobre a classe maior o nuacutemero consequentemente
menor o acesso A imprensa como ferramenta fosse qual fosse era prerrogativa de uma
minoria que compunha a elite intelectual de cada uma das naccedilotildees
Algo que podemos citar como benefiacutecio advindo com a imprensa desde sua gecircnese
com aumento gradual ano a ano foi que contrariando o que pretendia a Igreja que era
44
uma Europa unificada sob a eacutegide da religiatildeo cristatilde o sentimento de nacionalismo anda
de matildeos dadas com a afirmaccedilatildeo das liacutenguas regionais e de certa centralizaccedilatildeo dos
poderes na figura dos monarcas O uso das liacutenguas regionais nos materiais de imprensa
atua conjuntamente com o estiacutemulo de produccedilotildees literaacuterias vernaacuteculas o que para
Weber pode ser chamado de ldquoconsciecircncia do valor da nacionalidade intriacutensecardquo
(MELO2003) O latim que ainda era usado em atos lituacutergicos ainda eacute a liacutengua dos
saberes como a filosofia e as aacutereas das ciecircncias mas natildeo impediu que as liacutenguas
europeias se desenvolvessem de modo a imprimir sua proacutepria identidade enquanto
vernaacuteculo
Entre idas e vindas assiste-se agrave evoluccedilatildeo dos serviccedilos de prensa e imprensa
Houve momentos como durante a inquisiccedilatildeo em que algumas obras foram tachadas e
proibidas de serem publicadas Censuras como a aprovada pelo Conciacutelio de Trento
assim como decisotildees de alguns monarcas que desejavam manter certo controle do corria
por seus domiacutenios Por outro lado a censura natildeo era capaz de impedir a existecircncia das
gazetas e pasquins clandestinos formadores de opiniatildeo alguns desses eram manuscritos
Esses papeis influenciaram paulatinamente uma espeacutecie de toleracircncia por parte dos
governos uma vez que o seu impedimento era quase impossiacutevel De certa maneira
constituindo o geacutermen da liberdade de imprensa A Inglaterra no seacuteculo XVIII eacute a
primeira naccedilatildeo europeia a abolir a censura preacutevia Fato mais importante para a liberdade
de imprensa foi sem duacutevida a vitoacuteria dos libertaacuterios que lutaram na Revoluccedilatildeo
Francesa que viam na tecnologia uma ferramenta uacutetil e praacutetica para seus intentos
poliacuteticos e econocircmicos O desenvolvimento da imprensa no continente europeu daacute seus
maiores saltos a partir de entatildeo
31 A imprensa e a disseminaccedilatildeo de discursos
As inteccedilotildees de paiacuteses europeus em aumentar o lucro e crescer como naccedilatildeo com a
desculpa de um sentimento de patriotismo fazem vaacuterias dessas naccedilotildees se lanccedilarem para
aleacutem-mar e em rotas contraacuterias agraves que estavam acostumadas a seguir e que jaacute
conheciam Principalmente depois que os turcos invadem e tomam Constantinopla que
impede o acesso comercial aos povos do Oriente a necessidade de suprir as vontades
dos clientes impele agraves aventuras em mares ateacute entatildeo desconhecidos
45
Portugal foi um pioneiro no que diz respeito ao uso em terras colonizadas que natildeo
americanas dos serviccedilos de prensa Principalmente como ferramenta de disseminaccedilatildeo
da liacutengua paacutetria assim como de sua religiatildeo que pretendia instaurar em tudo o que era
ldquoseurdquo Pode-se atestar que a iniciativa concretizou-se no seacuteculo XVI Nas colocircnias
africanas a intensatildeo era principalmente impedir as influecircncias turcas atuando de
forma proselitista O mesmo seacuteculo eacute marcado por uma fase de grande desenvolvimento
econocircmico da naccedilatildeo lusitana impulsionado pelas navegaccedilotildees pelo comeacutercio de artigos
orientais garantidos pelo controle das rotas abertas atraveacutes do Oceano Atlacircntico Essa
foi exatamente a eacutepoca em que assistimos um franco progresso da imprensa em
territoacuterio portuguecircs seguindo a instauraccedilatildeo das oficinas em Faro (MELO 1973)
Verdade que a primeira tipografia a ser instalada na Ameacuterica natildeo foi obra
portuguesa mas espanhola Trata-se da oficina fundada no Meacutexico em 1533 tampouco
a segunda que tambeacutem foi realizada pelos espanhoacuteis em 1584 em Lima onde estava
localizado o Vice-Reinado do Peru A imprensa vinha respondendo agraves necessidades de
cada colocircnia uma vez que se exigia sua presenccedila para tarefas logicamente ligadas agrave
colonizaccedilatildeo
A instalaccedilatildeo do primeiro serviccedilo de imprensa pelos portugueses se tratando do
Brasil levou 276 anos porque natildeo era interessante para os colonizadores que houvesse
um puacuteblico bem informado em terras americanas
A famiacutelia real portuguesa chegou ao Brasil em 1808 uma vez que as tropas
napoleocircnicas invadiram Portugal e para salvaguardar a permanecircncia da corte neste
mundo e para suprir a necessidade de se imprimir uma infraestrutura que pudesse dar
conta dos velhos mecanismos poliacuteticos na nova corte foi implantada oficialmente a
imprensa no novo Reino Unido em conjunto com outras importantes ferramentas
administrativas como o Banco Nacional do Rio de Janeiro e tribunais para a
administraccedilatildeo das financcedilas e da justiccedila
A Imprensa Reacutegia num primeiro momento tinha como foco executar serviccedilos
relativos agrave administraccedilatildeo real Entretanto com os acontecimentos que se desenrolavam
no velho mundo natildeo se podia condenar os novos habitantes agrave total ignoracircncia dos fatos
assim como se deveria deixar conhecer os fatos ocorridos na nova sede do governo
portuguecircs Ainda a implantaccedilatildeo de escolas de ensino superior assim como outras
instituiccedilotildees culturais exigiam a produccedilatildeo de livros e diferentes papeacuteis de cunho natildeo
46
burocraacutetico o que forccedila a Imprensa Reacutegia a procurar sanar essa demanda
completamente social
Em 10 de setembro de 1808 ocorre a circulaccedilatildeo do primeiro jornal produzido e
impresso em terras brasileiras a Gazeta do Rio de Janeiro serviccedilo que era uma
prerrogativa apenas da sede do governo
Entre os anos de 1808 e 1821 a produccedilatildeo da imprensa no Brasil foi muito
pequena devido a decreto que forccedilava as tipografias a dar prioridade aos papeacuteis
administrativos imprimindo inclusive uma face censoacuteria ao trabalho da imprensa
praticada em terras americanas Este decreto era claro quanto ao papel das oficinas
ldquo[] e atendendo agrave necessidade que haacute da oficina de impressatildeo nestes meus
Estados sou servido que a casa onde eles se estabeleceratildeo sirvam
interinamente da Impressatildeo Reacutegia onde se imprimam exclusivamente toda a
legislaccedilatildeo e Papeacuteis Diplomaacuteticos que emanarem de qualquer Reparticcedilatildeo do
meu Real Serviccedilordquo
(Ipanema 1949 p 53)
A essa restriccedilatildeo inicial no mesmo documento pode ser lida a possibilidade de
abertura para a impressatildeo de papeacuteis mais variados De modo que poucos dias depois da
primeira publicaccedilatildeo uma outra faz-se conhecer as ldquoInstruccedilotildees Provisoacuterias para o
Regimento da Imprensa Reacutegiardquo em 24 de junho de 1808 lia-se o estimulo de produccedilatildeo
de papeacuteis comerciais e obras populares
Entre 1808 e 1821 apenas duas oficinas de prensa habitavam terras brasileiras a
do Rio de Janeiro fundada em 1808 e a segunda na Bahia fundada em 1811
O atraso na instauraccedilatildeo da imprensa em terras brasileiras pode ser explicado pelo
desinteresse da monarquia portuguesa em instituir uma populaccedilatildeo que tivesse acesso agraves
ferramentas modernas da civilizaccedilatildeo europeia na colocircnia devido seu papel na economia
da corte Afinal ignorantes satildeo mais faacuteceis de conduzir Os grilhotildees seriam mais
facilmente mantidos O que se imprime nas oficinas eacute disseminador de discursos que
poderiam incitar dissidecircncia o que natildeo era interessante para Portugal Com o
desembarque da corte e a necessidade poliacutetica de tais serviccedilos a presenccedila real figurava
de certa forma como instituiccedilatildeo que asseguraria muitas vezes atraveacutes do uso da forccedila
o controle do que se publicava
47
Em 1821 quando eacute abolida a censura preacutevia no Reino em consequecircncia da
Revoluccedilatildeo do Porto o nuacutemero de trabalhos editados aumenta exponencialmente Assim
como o nuacutemero de trabalhos editados o nuacutemero de tipografias em territoacuterio brasileiro
tambeacutem aumentou significantemente apoacutes 1821 A partir daquela data quatro outras
mais seriam instaladas em Recife (PE) em Satildeo Luiacutes (MA) em Beleacutem (PA) e em Vila
Rica (MG) Entre 1824 e 1852 quinze outros estados puderam ter em seus territoacuterios
tipografias dentre elas no que hoje eacute denominado Estado de Satildeo Paulo tem a
implantaccedilatildeo oficial datada no ano de 1827 (MELO 1973)
Satildeo Paulo tinha um jornal que tratava de coisas pertencentes a sua realidade visto
que a vida na corte nada tinha de similar aos viveres paulistas Apesar do grande
desenvolvimento experimentado pela regiatildeo durante todo o seacuteculo XIX devido agrave
produccedilatildeo cafeeira a elite paulista natildeo usufruiacutea das mesmas prerrogativas da elite
carioca Mas se constituiacutea como um mercado aacutevido por bens de consumo que
participavam ativamente do pensamento de desruralizaccedilatildeo apesar de ter no rural sua
maior forccedila mas mesmo no campo devia-se ser civilizado e para ser civilizado eacute
imperioso que se faccedila parte do jogo adotando bens simboacutelicos principalmente apoacutes a
independecircncia em 1822
48
4 Desejo de ascensatildeo
No iniacutecio do seacuteculo XIX a elite cafeeira emerge no Vale do Paraiacuteba alcanccedilando
status e trazendo enriquecendo para a regiatildeo diferenciando-se do restante do territoacuterio
paulista que ainda dependia da produccedilatildeo de cana de accediluacutecar e do comeacutercio estabelecido
na vila de Satildeo Paulo para movimentar sua economia O distrito de Satildeo Paulo inicia seu
desenvolvimento de forma mais efetiva quando em 1827 funda-se a faculdade de
direito o que influencia a providecircncia de estabelecimentos que recebam os viajantes e os
estudantes assim como aqueles que migravam para a regiatildeo com o intuito
empreendedor como hoteacuteis e pensotildees
O solo do Vale do Paraiacuteba por volta dos anos de 1860 se mostra exaurido o que
forccedila os agricultores a procurar por terras mais feacuterteis que vatildeo encontrar mais a oeste do
territoacuterio nas redondezas do que hoje conhecemos como Campinas e Itu Agrave eacutepoca as
produccedilotildees natildeo mais escoavam pelos portos do Rio de Janeiro mas pelo porto de Santos
o que resulta na construccedilatildeo da primeira ferrovia de Satildeo Paulo ligando a regiatildeo de
Jundiaiacute agrave baixada santista com um entreposto na cidade de Satildeo Paulo Esta cresce
consequentemente em importacircncia uma vez que era o ponto estrateacutegico que ligava o
litoral e o interior No interior a cultura do cafeacute expandia-se atraveacutes das terras propiacutecias
ao seu cultivo imprimindo notoriedade agrave regiatildeo frente ao entatildeo Impeacuterio
O poeta talvez o mais importante da geraccedilatildeo traacutegica do Mal do Seacuteculo Aacutelvares
de Azevedo mesmo tendo nascido em Satildeo Paulo viveu a maior parte de sua vida na
sede da corte Quando na idade formaccedilatildeo superior se negou a fazer medicina e
embarcou rumo a Satildeo Paulo decidido a fazer Direito na faculdade instalada no Largo
Satildeo Francisco
Em suas correspondecircncias especialmente as destinadas agrave sua irmatilde eacute recorrente ler
sua frustraccedilatildeo quanto a sua nova residecircncia A geografia o incomodava o pavimento ou
a falta dele das ruas o incomodavam a falta de iluminaccedilatildeo urbana o incomodava Para
o poeta afeito agrave vida urbana restava a lamuacuteria ldquoNa minha terra soacute haacute formigas e
caipirasrdquo Sequer poderia receber a alcunha de cidade ldquoProviacutencia intoleraacutevel []rdquo A
intenccedilatildeo de Satildeo Paulo em mostrar-se civilizada e procurar satisfazer sua populaccedilatildeo
tanto nativa quanto imigrante no que se refere a praacuteticas sociais e de sociabilizaccedilatildeo natildeo
49
impressionavam o jovem estudante Tampouco o puacuteblico que ele encontrava nessas
situaccedilotildees
ldquo[] ir a bailes pordf danccedilar com essas bestas minhas patricias q soacute abrem a
bocca pordf dizer asneiras acho q eacute tolice Natildeo julgue Vmcecirc q fallo com
exageraccedilatildeo ndash a moccedila senatildeo a mais bonita a estatua mais perfeita em tudo
uma Belisaacuteria (mineira) eacute uma estupida q diz ndash noacutes natildeo sabe danccedilaacute pocircque
etc e comtudo eacute uma belleza mas Eacute uma estaacutetua estuacutepida e sem vida ndash Como
diz o soneto do Octavianordquo
(AZEVEDO 1976 106)
Apesar da perspectiva negativa a respeito da realidade paulista que bem provaacutevel
seria da maioria das pessoas que tivessem experimentado niacuteveis de civilidade mais
modernos e modernizados a vontade o desejo de alcanccedilar patamares elitizados
espelhados nos grandes centros internacionais e na sede da corte morava nos ideais e
intentos das pessoas assim como nas instituiccedilotildees que habitavam aquela terra que se
enriquecia
50
5 Nomenclatura especializada e a disseminaccedilatildeo das tecnologias
na sociedade
Quando tratamos das tecnologias materiais a produccedilatildeo de maacutequinas e artigos
relacionados agrave medicina diferentemente da cultura que pode ser algo local lidamos
com movimentos de disseminaccedilatildeo que ultrapassam os limites impostos geograficamente
e politicamente Visto que a produccedilatildeo de certos a artigos eacute destinada agrave facilitaccedilatildeo da
vida das pessoas inevitavelmente satildeo mercadorias que para os homens de negoacutecio
devem ser adquiridas pelo maior nuacutemero de compradores possiacutevel De modo que natildeo eacute
interessante que se restrinja somente a um uacutenico local mas eacute melhor para a economia
que se dissemine por todo o globo o quanto possiacutevel alcanccedilando claro aqueles que
possam pagar
Os meios de produccedilatildeo sofreram incrementos evoluiacuteram para que se pudesse dar
conta das demandas do mercado consumidor dependendo da utilidade do que fora
inventado O surgimento de faacutebricas onde o proletariado vendia sua forccedila de trabalho
estaacute atrelado agrave necessidade de produccedilatildeo em massa de produtos tecnoloacutegicos ou insumos
para assistir a fabricaccedilatildeo do produto final
O tipo de capitalismo que nasceu laacute no final do feudalismo o ligado ao
mercantilismo agora evolui para o que podemos chamar de capitalismo industrial que
nasce na Revoluccedilatildeo Industrial iniciada na Inglaterra no seacuteculo XVIII mas que se
dissemina pelo globo se desdobrando em vaacuterias fases durante o seacuteculo XIX
Muito embora possamos assistir o sentimento de patriotismo crescendo com o
passar dos seacuteculos tendo no estabelecimento e valorizaccedilatildeo das liacutenguas locais
vernaacuteculas sua mais clara demonstraccedilatildeo utilizadas em praacuteticas sociais cotidianas
quando se trata das aacutereas relacionadas agraves ciecircncias os lexemas buscados para nominar as
invenccedilotildees e descobertas assim como em algumas aacutereas do conhecimento acadecircmico
como a filosofia gramaacutetica e matemaacutetica estes devido agrave tradiccedilatildeo histoacuterica dos estudos
correntes no ocidente satildeo de origem latina ou grega ndash certos lexemas gregos entram nas
liacutenguas modernas de forma indireta atraveacutes do latim que jaacute os havia incorporado ao seu
proacuteprio como discorremos sobre em momento anterior Procurava-se no antigo no
passado a melhor maneira para dar nome ao que era completamente novo atual em
cada eacutepoca atestando a importacircncia daquelas civilizaccedilotildees na mudanccedila de pensamento e
51
demais mudanccedilas porque vinha sofrendo a humanidade no que diz respeito a
conhecimento e desenvolvimento
Se por um lado as invenccedilotildees e descobertas que pudessem ser comercializadas
deveriam alcanccedilar o maior nuacutemero de consumidores possiacutevel por outro deveria se
proteger a mente inventora salvaguardando seus direitos sobre o produto Nasce entatildeo
o direito de patente que incluiacutea aleacutem dos direitos sobre o produto em si os direitos
sobre o nome dado ao produto que fora escolhido com tanto esmero
As escolhas lexicais feitas nessas aacutereas num primeiro momento mantinham-se
restritas ao campo restrito das literaturas especializadas e ao nicho social composto
pelos cientistas Para estes foi dada a liberdade e poder de introduzir novos nomes
novos lexemas agraves liacutenguas juntamente com a mudanccedila da realidade dos povos por meio
da disposiccedilatildeo de suas invenccedilotildees que eram destinadas agrave posse de outrem Com a
profusatildeo dos trabalhos que vem num crescendo seacuteculo a seacuteculo o nuacutemero de palavras
que compotildeem o leacutexico das liacutenguas tambeacutem cresce de maneira arbitraacuteria e natildeo natural
Esse complexo de nomes constitutivos do leacutexico por atuar de maneira diferente e em
instacircncias diferentes dos demais em estudos que surgem anos depois sobre a liacutengua e
seu funcionamento influencia o surgimento da terminologia
A preocupaccedilatildeo quanto agrave necessidade de certa sistematizaccedilatildeo dos nomes caminha
de matildeos dadas com a ideia de normatizaccedilatildeo uma vez que os especialistas se interessam
pela associaccedilatildeo precisa entre denominaccedilatildeo e conceito cientiacutefico
A escolha por neologismos derivados de empreacutestimo de outras liacutenguas mesmo
que estas jaacute natildeo estejam mais em voga tenham historicamente caiacutedo em desuso ou
menos draacutestico tenham sofrido alteraccedilotildees quanto a sentidos de seu leacutexico se
desenvolvendo naturalmente apresenta certa especificidade O lexema jaacute carrega
consigo um sentido anterior ao empreacutestimo No caso entatildeo da adoccedilatildeo para nomear um
objeto novo de um lexema que jaacute se lhe tenha atribuiacutedo um sentido em algum momento
da sua histoacuteria assim o faz para acessar em certo grau esse significado Muitas vezes
atrelando a novidade ao antigo significante exatamente para que o nome seja facilmente
identificado e compreendido
O estudo de leacutexico especializado aqueles adotados em aacutereas de conhecimento
especiacutefico como as ligadas ao campo cientiacutefico por exemplo eacute praticado desde o
seacuteculo XVIII perpassando o seacuteculo XIX conquanto tenha ganhado maior visibilidade e
52
importacircncia real no seacuteculo XX Neste seacuteculo haacute um delineamento mais acertado da
ciecircncia terminoloacutegica8
Importante notar que de acordo com o incremento dos avanccedilos tecnoloacutegicos
numa linha diacrocircnica cada vez mais se nota a necessidade de uma harmonizaccedilatildeo dos
teacuterminos Essa necessidade culmina no pensamento de normalizaccedilatildeo pregada por
Wuumlster na primeira metade do seacuteculo XX sobre a qual discorre em sua tese de
doutorado intitulada ldquoA normalizaccedilatildeo internacional da terminologia teacutecnicardquo em 1931
O pensamento o engenheiro eacute difundido e faz sentido se ignorarmos certas
circunstacircncias intrinsicamente humanas
ldquoA difusatildeo da versatildeo russa da tese de Wuumlster suscita um maior interesse pela
Terminologia nos domiacutenios especializados e influencia a criaccedilatildeo do Comitecirc
Teacutecnico 37 ldquoTerminologiardquo (TC37) da ISA (International Standardization
Association) da Federaccedilatildeo Internacional das Associaccedilotildees Nacionais de
Normalizadores a precursora da atual ISO (International Standardization
Organization) (Cabreacute 199322 199611)rdquo
(ALMEIDA p 2)
A representaccedilatildeo e a prescritividade aquela para etiquetar de forma justa e
inequiacutevoca o produto a segunda para certificar que houvesse controle sobre as escolhas
das nomenclaturas foram duas caracteriacutesticas determinantes na teoria de Wuumlster a TGT
(Teoria Geral da Tecnologia) Os conceitos se estruturam loacutegica e ontologicamente de
maneira hieraacuterquica O terminoacutelogo em oposiccedilatildeo aos linguistas acreditava que a
evoluccedilatildeo das liacutenguas poderia sim se dar de maneira espontacircnea mas natildeo soacute assim Ao
desenvolvimento espontacircneo Wuumlster chamava norma descritiva em oposiccedilatildeo agrave norma
prescritiva empregada pelos cientistas pois para ele
ldquoSin embargo en terminologiacutea con la tremenda productividad de conceptos
y teacuterminos una evolucioacuten libre de la lengua llevariacutea a una confusioacuten
8 ALMEIDA ldquoO Percurso Da Terminologia De Atividade Praacutetica Agrave Consolidaccedilatildeo De Uma
Disciplina Autocircnomardquo trata-se de um artigo em que discorre sobre certa historiografia da
disciplina Terminologia desde os primeiros expoentes no seacuteculo XVIII ateacute sua maior
sistematizaccedilatildeo no seacuteculo XX quando ganha maior notoriedade devido a aumento exponencial
de novos termos adotado pelas liacutenguas modernas
53
intolerable Para evitar esta situacioacuten desde principios de siglo e incluso
antes en el caso de algunas especialidades los terminoacutelogos empezaron a
unificar por consenso algunos conceptos y teacuterminosrdquo
(CABREacute)
Dentro do ambiente restrito em que se encontram os cientistas a determinaccedilatildeo
exata de um termo eacute muito importante assim a teoria se mostra bem acertada se dentro
destes limites mas pouco efetiva para dar conta das questotildees que envolvem uma
situaccedilatildeo de comunicaccedilatildeo real
Entendemos os neologismos provenientes do campo cientiacutefico-tecnoloacutegico como
terminologias especializadas que realmente foram impostas pelos cientistas mas que
natildeo ficaram presas agraves literaturas especializadas por serem artefatos ou conceitos que
eram destinados ao grande puacuteblico A mostra disso pode ser percebida no pelo
deslizamento que essas terminologias sofreram no que diz respeito agrave tipologizaccedilatildeo
textual na qual encontramos o uso desses lexemas
Se levarmos em consideraccedilatildeo os ensinamentos de CIAPUSCIO (2003) que faz
uma divisatildeo muito perspicaz quanto aos tipos de textos podemos entender esse
deslizamento A autora separa os textos em dois tipos principais formas primaacuterias e
formas derivadas que se subdividem As formas primaacuterias corresponderiam agraves formas
textuais que trazem contribuiccedilotildees originais informaccedilotildees teacutecnicas sobre um artigo
completamente novo Aleacutem de possuir um formato textual predeterminado em outras
escolhas lexicais satildeo estabelecidas de antematildeo havendo pouca variedade em sua
ediccedilatildeo Natildeo podemos negar que a construccedilatildeo textual dos textos especializados possam
variar de acordo com a eacutepoca ou mesmo sofrer variaccedilotildees dependentes da cultura em
que esteja sendo produzidos mas a foacutermula tende a ser mais estanque exatamente pela
necessidade da aacuterea em evitar desacordos ou ininteligibilidade Esse tipo de texto se
destinaria ao puacuteblico especializado obviamente As formas derivadas baseiam-se em
textos subjacentes que dependem dos textos fontes que figuram as formas primaacuterias
Aquelas formas poderiam ser chamadas tambeacutem de formas semiespecializadas uma vez
que os textos para estudantes por exemplo fazem parte do da lista que a compete
Podemos entender os anuacutencios de jornal como textos de um terceiro tipo o
divulgativo pois satildeo textos que datildeo agrave luz um produto trazendo informaccedilotildees a serem
54
conhecidas pelo puacuteblico que para tanto satildeo constituiacutedos por discursos que visam
persuadir ao leitor de que o artefato anunciado eacute uacutetil e que deve ser adquirido
ldquoEn la noticia de prensa con las modalidades propias del geacutenero domina el
propoacutesito informativo que se traduce en indicios linguumliacutesticos claros en este texto
tambieacuten es muy perceptible el esfuerzo por la presentacioacuten positiva de la
informacioacutenrdquo
(CIAPUSCIO 2003)
O conhecimento necessaacuterio ao puacuteblico nada tem de teacutecnico a natildeo ser no que diz
respeito agrave utilidade do produto
Assim os teacuterminos adentram o leacutexico do homem comum e eventualmente
sofreraacute as mudanccedilas impostas pelo uso comum em situaccedilotildees reais podendo desdobrar-se
em outros lexemas enriquecendo a liacutengua
55
6 Projeto de uma naccedilatildeo brasileira
A primeira metade do seacuteculo XIX no Brasil pode ser vista como o momento de
instalaccedilatildeo e instauraccedilatildeo de uma sociedade civilizada de maneira mais efetiva e atrelada
aos moldes europeus Os passos morosos dados pela Colocircnia apressaram-se somente
quando no seacuteculo XIX fugindo das tropas napoleocircnicas D Joatildeo acompanhado de sua
famiacutelia e aproximadamente 20 mil portugueses constituintes da corte lusitana
desembarcam no Rio de Janeiro O ano era 1808 e a chegada dos novos habitantes
quase que da mesma forma como os primeiros europeus em 1500 guardadas as devidas
proporccedilotildees impactaram tremendamente a paisagem das terras americanas A partir de
1808 o Rio de Janeiro jaacute natildeo era mais uma cidade da colocircnia mas a sede do Impeacuterio
ldquoTransformado em Reino Unido jaacute em 1815 o Brasil distanciava-se aos
poucos de seu antigo estatuto colonial ganhando uma autonomia relativa
jamais conhecida naquele contexto O Estado portuguecircs humilhado
perseguido e transplantado reproduziu no Brasil o seu aparelho
administrativo e do Rio de Janeiro o regente denominado tambeacutem ldquorei do
Brasilrdquo administrava todo o seu Impeacuteriordquo
(SCHWARCZ 1998 p 36)
O Brasil que vinha desde a primeira chegada dos portugueses por questotildees
poliacuteticas que assegurassem o domiacutenio sofrendo com as limitaccedilotildees do que poderia ou
natildeo ser implementado agrave vida cotidiana de seus residentes devido agrave nova situaccedilatildeo assiste
mudanccedilas que influenciariam posteriormente todo o seu caminhar rumo ao futuro A
abertura dos portos para material estrangeiro assim como os processos de urbanizaccedilatildeo
que acompanhavam a instauraccedilatildeo das novas instituiccedilotildees poliacuteticas e comerciais em solo
brasileiro impulsionaram a adesatildeo de novas filosofias constitutivas de ideologias no
imaginaacuterio daqueles que chamavam o Brasil de sua terra
Enquanto colocircnia as poliacuteticas praticadas natildeo intentavam a uniatildeo entre as
proviacutencias que quando deparadas com qualquer situaccedilatildeo que lhes fugia do controle
recorriam ao reino sem antes procurar auxiacutelio nas vizinhanccedilas As figuras dos
governadores das capitanias procuravam de certa forma atraveacutes de manobras estar
mais proacuteximas do rei Historiadores relatam ldquoos destinos de Rodrigo Cesar de Menezesrdquo
56
que em Satildeo Paulo enviava falsas informaccedilotildees ao rei diretamente a fim de granjear
merecimento e forccedila poliacutetica (SODREacute 1998) Natildeo interessava de qualquer modo que
se nutrisse qualquer sentimento de unidade na colocircnia
ldquoDessa forma a tradiccedilatildeo natildeo era de coesatildeo mas de dispersatildeo Natildeo era de
uniatildeo mas de dissociaccedilatildeo E tudo contribuiacutea para isso as distacircncias os
tempos das viagens a diversidade de lavouras a vantagem do entendimento
direto com Lisboardquo
(SODREacute 1998 p 40)
Ao final do seacuteculo XVIII uma grave crise econocircmica assola o Brasil Crise essa
que se estende ao iniacutecio do seacuteculo seguinte inclusive durante os anos em que a famiacutelia
real desembarca nessas terras
A mineraccedilatildeo estava entrando em decadecircncia no Brasil produtos que eram
considerados inextinguiacuteveis rareavam a cada ano que adentra o seacuteculo XIX Aleacutem das
riquezas naturais retiradas da terra a lavoura de cana brasileira e a induacutestria accedilucareira
sofrem com o golpe da produccedilatildeo de accediluacutecar na Europa a partir da beterraba Dois fatores
que influenciam fortemente o sentimento de desagrado de descontentamento com
relaccedilatildeo agrave situaccedilatildeo
Esse sentimento de desagrado se reforccedila e soma-se a inseguranccedila imposta pelas
mudanccedilas poliacuteticas iniciadas em 1808 Por todo territoacuterio pipocam insurreiccedilotildees pouco
conectadas entre si a natildeo ser pela vontade e pelo sentimento que se assemelhavam Os
levantes aconteciam particularmente a partir de peculiaridades locais
A unidade poderia natildeo ocorrer com relaccedilatildeo aos espaccedilos mas o sentimento era
comungado graccedilas agrave proximidade ideoloacutegica e de princiacutepios que impulsionavam a
vontade de libertaccedilatildeo Os liacutederes dos levantes bebiam das aacuteguas libertadoras que
moveram os moinhos da revoluccedilatildeo ocorrida na Franccedila no seacuteculo XVIII ainda nos livros
que tratavam da democracia instaurada em terras americanas e todo o discurso que
acompanhava o nascimento dos Estados Unidos com relaccedilatildeo ao progresso e
estabelecimento de uma civilizaccedilatildeo ldquouma sorte de paraiacuteso estatal definitivordquo (SODREacute
1998)
57
ldquo[] Livros e jornais fizeram essa obra de solapamento intelectual tatildeo faacutecil
de penetrar o caraacuteter ainda maleaacutevel da nossa gente cuja credulidade poliacutetica
natildeo tem limites em se tratando de coisas importadas Parece que uma
indolecircncia enorme em pesquisar objetivamente os fundamentos da nossa
sociedade eacute que nos impulsiona em mandar vir de fora as ideologias jaacute
prontas jaacute montadas jaacute acabadas faltando apenas o necessaacuterio esforccedilo para
implantaacute-lasrdquo
(SODREacute 1998 p 43-44)
A classe mais abastada da nova sociedade brasileira aquela que jaacute havia
angariado certa riqueza e alccedilado certo status beberavam das filosofias europeias atraveacutes
dos livros pelos quais podia pagar Fato que a curiosidade intelectual natildeo era
prerrogativa de todos mas o gosto pela leitura ganhava mais adeptos a cada passar de
ano Dessa feita a massa dos medianos e aqueles que natildeo se davam muito aos livros
tinham contato com os ensinamentos por via da imprensa que na eacutepoca era por vezes ateacute
violenta
Esses movimentos soacute foram possiacuteveisi pela quantidade crescente de tipografias
que cobriram nosso territoacuterio muitas com vida bastante curta efecircmera ateacute
A crise econocircmica accedilucareira e da aacuterea da mineraccedilatildeo o descontentamento poliacutetico
e todas as circunstacircncias que levaram agrave independecircncia embebida pelas filosofias
estrangeiras podem nos dar o vislumbre da intenccedilatildeo das accedilotildees oligaacuterquicas que
pretendiam um paiacutes independente
Interessante notar que o deslizamento que ocorre com os lexemas quanto agrave
tipologia textual tambeacutem ocorre com os discursos em voga Se se desejava uma terra
que abraccedilasse a ideologia de crescimento e mudanccedila de certos haacutebitos que fossem
considerados desconectados do imaginaacuterio ideal a melhor forma de se alcanccedilar os
objetivos era primeiro propagandear essa ideologia Em segundo lugar propagandear
os objetos que se ligam intrinsicamente ao status O povo deveria ser civilizado tanto
verbalmente quanto substantivamente num jogo dialeacutetico da palavra
A exemplo do que se assistia no exterior uma naccedilatildeo civilizada deve consumir
bens que simbolizam essa civilidade Para tanto temos um mercado consumidor aacutevido e
as mentes bem empregadas dos cientistas na Europa principalmente que produzem
avidamente para dar conta das necessidades de seu puacuteblico Fazendo o intercacircmbio faz
com que a situaccedilatildeo encontrasse nos jornais a maneira mais efetiva para levar ao
58
conhecimento do mercado consumidor as novas tecnologias receacutem-saiacutedas do forno
apresentadas da maneira mais positiva quanto possiacutevel apelando para a civilidade tanto
almejada
59
7 Passos mecacircnicos
A vida civilizada dos centros urbanos baseia-se na sociabilizaccedilatildeo entre habitantes
As pessoas precisam conhecer e serem conhecidas As maneiras para se fazerem
conhecidas diziam respeito tanto ao pessoal quanto ao profissional A agenda dos bailes
era movimentada na corte nas cidades que se estabeleciam nos demais estados e no que
nos interessa especialmente o que conhecemos como Satildeo Paulo apesar de menos
badalada natildeo se relegava a total inatividade
A cidade de Campinas que crescia devido agrave cultura do cafeacute estabelecida na regiatildeo
era dessas cidades pequenas mas que se via dentro do jogo civilizatoacuterio disposta a
corresponder aos atributos e pagar seus tributos agraves praacuteticas civilizadas Eacute de Campinas o
primeiro exemplo que analisaremos
- 14 de junho de 1870 Campinas Gazeta de Campinas
KX|Vende-se uma machina propria para marcar papel cartatildeo de visita e casamento e
bem assim um sortimento de cartotildees bordados e dourados tudo de 1ordf qualidade Para
tratar com o QUIM SIMOtildeES
Em um espaccedilo urbano eacute natural que a quantidade de profissionais como meacutedicos
advogados professores particulares e outros tantos que natildeo podem se dar ao luxo de
fazer uma assinatura de propaganda com o jornal local por um tempo muito prolongado
precisa arrumar outras maneiras para acessar possiacuteveis empregadores Ademais a
quantidade desses profissionais crescia de acordo com o crescimento das cidades e o
contingente populacional
O que estaacute agrave venda no anuacutencio obviamente natildeo se destinava a uma pessoa
somente Natildeo se trata de um artigo para uso individual o que nos leva a crer que o
possiacutevel comprador devesse ser uma empresa tal qual uma graacutefica uma tipografia A
essa instituiccedilatildeo era dado o papel de confeccionar os cartotildees de visita dos profissionais
que desejassem se ldquoautopropagandearrdquo
Mas essa maacutequina natildeo estava posta apenas para o mundo do trabalho A escolha
feita pelo anunciante foi frisar que ela tambeacutem se prestava agrave confecccedilatildeo de cartotildees para
convite a casamentos Essa praacutetica eacute historicamente um evento social que marca
60
geraccedilotildees por ser no miacutenimo o iniacutecio da possibilidade de uma nova O casamento aleacutem
de unir duas pessoas une duas famiacutelias garante o incremento das posses e o
estabelecimento de certo teor de poder se o acontecimento se daacute entre pessoas que
poderiam pagar por convites que a noacutes parece ser bastante valorizados Afinal satildeo
papeis ldquobordados e dourados tudo de 1ordf qualidaderdquo
A regiatildeo de Campinas berccedilo dessa propaganda se destacou ateacute por alguns anos
mais do que a vila de Satildeo Paulo que viria a ser a capital do estado economicamente
ALONSO (2002) diz
ldquoO processo de revigoramento econocircmico que acompanhou a crescente
produccedilatildeo de cafeacute no oeste ndash as novas lavouras entre as duas grandes ferrovias
abertas a Paulista e a Mogiana ndash gerou uma ldquorefundaccedilatildeordquo da cidade de Satildeo
Paulo sintetizada por Morse (1970 235-6) como transformaccedilatildeo ldquode
comunidade em metroacutepolerdquo O boom da economia do cafeacute fez crescer seu
comeacutercio e sua populaccedilatildeo expandiu os contornos urbanos deu-lhes
iluminaccedilatildeo puacuteblica bondes casarotildees e obras de saneamento A capital
finalmente ultrapassava Campinas e se tornava o centro econocircmico e nervoso
da proviacutenciardquo
(ALONSO 2002 p 149)
O importante para noacutes nessa citaccedilatildeo para o momento eacute corroborar a afirmaccedilatildeo de
que a regiatildeo se mostrava pareada ao afatilde civilizatoacuterio Os movimentos poliacuteticos sociais e
econocircmicos na regiatildeo de Satildeo Paulo foram determinantes em vaacuterios momentos da
histoacuteria brasileira Nessa regiatildeo um grupo nasce beberando de ideologias e filosofias
positivistas liberalistas e federalistas Muitos vinham da regiatildeo de Campinas e do oeste
paulista e como nos diz ALONSO (2002) ldquoaderiram agraves atividades cafeicultora pelo
casamentordquo Essa classe emergente via no mantenimento das famiacutelias a seguranccedila do
status E para fazer com que a uniatildeo seja bem celebrada o primeiro passo eacute garantir que
os convidados recebessem convites para o casamento que fizessem jus aos nomes das
famiacutelias
Maacutequina eacute uma forma que jaacute fazia parte do leacutexico latino e que natildeo sofreu
mudanccedilas de sentido ateacute ser incorporada ao portuguecircs quando seu sentido foi reduzido
No grego antigo temos o sentido que foi transmitido ao latim
61
μηχανή Dor μαχανά ἡ (μῆχος) ndash Lat machina I an instrument
machine for lifting weights and the like Hdt μ Ποσειδῶνος of the
trident Aesch λαοπόροις μ of Xerxesrsquo bridge of boats Id 2 an engine
of war Thuc 3 a theatrical machine by which gods were made to appear in
the air Plat hence proverb Of any sudden appearance ὥσπερ ἀπὸ
μηχανῆς (cf Lat deus ex machine) Dem II any contrivance for doing a
thing Hdt etc in pl μηχαναί shifts devices arts wiles Hes Att
μηχαναῖς Διός by the arts of Zeus Aesch proverb μηχαναὶ Σιςύφου
Ar - phrases μηχανήν or μηχανὰς προσφέρειν Eur εὑρισκειν
Aesch etc - c gen μ κακῶν a contrivance against ills Eur but μ
σωτηρίας a way of providing safety Aesch 2 οὐδεμία μηχανή [έστι]
ὅπως ού c fut Hdt also μὴ ού c inf Id 3 in adverb phrases ἐκ
μηχανῆς τινος in some way or other Id μεδεμιῆι μηχανῆι by no
means whatsoever Id (LIDDLE amp SCOTT Greek-English
Lexicon)
Devemos antes de tudo notar as diferentes formas dialetais μηχανή (mechaneacute)
e μαχανά (machanaacute) a primeira pertencente ao dialeto aacutetico e a segunda ao dialeto
doacuterico A diferenccedila principal entre esse dois dialetos eacute como podemos notar a
predominacircncia no dialeto doacuterico da vogal α que equivale em portuguecircs ao nosso a
enquanto no aacutetico a vogal predominante eacute o η que equivale em portuguecircs ao nosso ε
Notamos que em grego antigo o significado para μηχανή (mechaneacute) liga-se ao
engenho mental meacutetodo o qual se aplica para alcanccedilar determinado fim
independentemente se esse meio eacute fiacutesico ou natildeo podendo ser traduzido por wiles (logro
engano) ou arts (arte induacutestria habilidade manha) como vemos em alguns exemplos
de frases dadas pelo proacuteprio dicionaacuterio ldquoμηχαναῖς Διός (mechanaacuteis Dioacutes = pela arte
de Zeus)rdquo a forma no grego natildeo se dissocia assim como no portuguecircs do sentido
intriacutenseco de mecanismo maneira meio (way) E junto a esse sentido estaacute o que foi
acolhido pelo leacutexico portuguecircs de utensiacutelio fiacutesico o qual se usa para alcanccedilar
determinado fim como os mecanismos de guerra como instrumentos em geral
maacutequinas O dicionaacuterio Liddell and Scott daacute o exemplo do artifiacutecio que Xerxes usou
para alcanccedilar a Heacutelade quando para da Aacutesia chegar agrave Greacutecia construiu uma ponte feita
62
de barcos interligados por cordas ligando as duas porccedilotildees de terra no Helesponto Para
isso Heroacutedoto o historiador que relatou a invasatildeo persa agrave Greacutecia denomina essa
induacutestria de Xerxes λαοπόροις μαχαναί (laopoacuterois machanaiacute) ldquoΛαοπόροςrdquo
(laopoacuteros) dicionariza-se como ldquoque serve como uma passagem para um povo
condutor de homensrdquo Dessa forma o sintagma pode ser entendido porque foi esse o
mecanismo que o rei persa usou para alcanccedilar seu alvo junto com seu imenso exeacutercito e
assim λαοπόροις μαχαναί pode ser traduzido para o portuguecircs simplesmente como
ldquoponterdquo Esse sentindo amplo do morfema μηχανή (mechaneacute) passa ao latim com
exatidatildeo
machinaae f Cic a machina militar o engenho v g de levantar pesos de
moinho etc Cic a catasta ou o logar em que se expunham os escravos para
se venderem Cic A machina astuacutecia o artifiacutecio engano Ulp Jctus O
andaime do pedreiro Machinari machinam Plaut Armar machinar ou
idear engano Adhibere machinas as aliquid Cic Applicar toda a astucia
para conseguir alguma cousa Mundi machina Lucr A machina do mundo
(Souza F A de Novo Diccionario Latino-Portuguez)
O sentido com o qual maacutequina chegou ao portuguecircs eacute muito reduzido se
comparado com o sentido que esse lexema possuiacutea no grego ou latim guardando
somente parte de suas possiacuteveis traduccedilotildees mais objetivo e objetivado
maacutequina Sf 1 Aparelho ou instrumento proacuteprio para comunicar
movimento ou para aproveitar pocircr em accedilatildeo ou transformar uma energia ou
agente natural 2 O conjunto orgacircnico das peccedilas dum instrumento
maquinismo mecanismo 3 veiacuteculo locomotor 4 utensiacutelio instrumento 5
fig Estrutura orgacircnica e harmocircnica 6 fig Construccedilatildeo importante complexa
ou suntuosa 7 fig Entidade ou organismo complexo 8 fig Multiplicidade
de coisas que se relacionam entre si 9 fig Pessoa sem ideacuteias proacuteprias e que
procede como autocircmato () (Aureacutelio 1988)
O uso do morfema se restringe a nomear os utensiacutelios fiacutesicos que se usam para
alcanccedilar determinado fim e mesmo quando usado conotativamente ldquofig Pessoa sem
ideias proacuteprias e que procede como autocircmatordquo a ideia eacute de algueacutem que eacute usado por
outro como um utensiacutelio fiacutesico como algo natildeo orgacircnico e objetificado Assim o lexema
63
maacutequina geralmente vem associado a um outro lexema que lhe decirc sentido ou algum
sintagma que o explique que instrumentalize o lexema maacutequina pois nota-se que esse
lexema torna-se geral como um determinante de algo mutaacutevel que natildeo possui um
sentido restrito por haver vaacuterias espeacutecies e tipos de maacutequinas Exemplo da segunda
constataccedilatildeo eacute o uso do lexema machina que em seguida para apresentar sua utilizaccedilatildeo
lemos o sintagma ldquopropria para marcar papelrdquo O pronome ldquoproacutepriardquo que acompanha
o sintagma nos daacute a entender que haviam outros tipos de maacutequinas inclusive dentro dos
trabalho com o papel como maacutequinas de furar papel por exemplo Aleacutem obviamente
de outros tipos que natildeo se assemelhavam agrave funccedilatildeo
O anuacutencio apresentado acima traz uma maacutequina que seria utilizada em um
ambiente especializado e bastante restrito Em termos de quantidade tratava-se de um
produto de produccedilatildeo sazonal certo de que a procura natildeo seria intensa O artefato era
uacutenico inclusive leia-se a quantidade expressa no anuacutencio ldquoVende-se uma machina
propria para marcar papelrdquo Ainda que seu produto se destine a um nuacutemero maior do
que aquele que faz uso da maacutequina era um grupo restrito aquele que usufruiacutea dele
A constituiccedilatildeo das civilizaccedilotildees se deu historicamente nos entornos de alguma
fonte de aacutegua uma vez que esse eacute um produto natural vital para o sucesso da vida na
terra A cada aumento populacional a cada passo dado rumo a uma vida mais urbana
distanciando-se da natureza o homem produziu um artefato tecnoloacutegico para trazer a
aacutegua cada vez mais para perto e cada vez de uma maneira menos trabalhosa Famosos
eram os canais artificiais da antiguidade no Nilo e o sistema de aqueduto romano
Quanto mais poder o homem tem sobre os recursos naturais maior o niacutevel de civilidade
a ele eacute outorgado
Para a sociedade brasileira oitocentista natildeo poderia ser diferente e nos anos idos
do seacuteculo em questatildeo podia se encontrar maacutequinas idealizadas exatamente para que a
facilidade em se obter aacutegua fosse maximizada
- 28 de janeiro de 1872 Campinas Gazeta de Campinas
BEacuteLIER HIDRAULIQUE (Machinas para suspender agua) ||Na Imperial
Officina Machina de AC Sampaio Peixoto construe-se as machinas acima
de diversos tamanhos para suspender agua a qualquer altura|Estas Machinas
satildeo de muita vantagem para quem tem agua distante da moradia podendo
com o emprego dellas trazel-a para aonde quizer e trabalham noite e dia
64
sem ser necessario meio algum para movel-a se natildeo a propria agua que
entrando por um tubo escapa parte e pela compressatildeo do ar daacute impulso a que
fica em outro fazendo-a subir a altura desejada|Satildeo de contruccedilatildeo simples e
duravel o que se garante| Na officina acima construiu-se uma muito pequena
que estaacute exposta ali para quem quizer vecircr e trabalha perfeitamente bem
suspendendo 23 pollegadas cubicas de agua por minuto aacute altura de 18 peacutes (25
palmos)
ldquoBeacutelier Hidrauliquerdquo era o nome fantasia de um tipo de maacutequina feita em
territoacuterio nacional Haacute uma oficina especializada para a produccedilatildeo em escala dessa
tecnologia Note-se que o que segue o nome do artefato eacute uma explicaccedilatildeo entre
parecircnteses para que o puacuteblico se certificasse do que se trataria ldquoMachinas para
suspender aguardquo A relaccedilatildeo com a aacutegua muito embora venha expressa pelo lexema
ldquohidrauliquerdquo necessitava segundo o anunciante ser atestada para que natildeo houvesse
duacutevidas O sintagma ocorre da mesma forma que a construccedilatildeo do anuacutencio anterior a
esse uma construccedilatildeo lexema + a preposiccedilatildeo lsquopararsquo + infinitivo uma forma de explicar
o uso do objeto
Seja para o conforto de ter aacutegua perto de casa para o uso cotidiano seja para levar
aacutegua agrave lavoura ter o poder sobre o elemento eacute uma demonstraccedilatildeo clara do afatilde
progressista que imperava no ideaacuterio paulista da eacutepoca que via na ciecircncia um degrau
seguro para alcanccedilar a modernidade
ALONSO (2003) citando Pereira Barreto nos diz o seguinte
ldquoAchamo-nos portanto neste dilema ou optar pela ciecircncia e seguir
resolutamente a vereda aberta pelos paiacuteses emancipados ou com fervor nos
lanccedilamos sobre os braccedilos da feacute e nos resignamos a natildeo ser ocupar senatildeo o
uacuteltimo lugar na retaguarda da civilizaccedilatildeordquo
(BARRETO 1876 VII)
O consumo dessa modernidade principalmente depois da deacutecada de 70 vem num
crescendo que impele consequentemente o incremento das possibilidades de produccedilatildeo
assim como bem atesta a propaganda do produto de AC Sampaio Peixoto A maacutequina
desse artiacutefice tinha grande variedade de tamanhos e que poderiam variar tambeacutem quanto
agrave capacidade de acordo com a vontade veja bem Vontade porque ele natildeo diz que leva a
65
aacutegua aonde precisar mas antes pode ldquocom o emprego dellas trazel-a para aonde
quizerrdquo A demonstraccedilatildeo de poder sobre algo tatildeo natural casa-se com o ideaacuterio
positivista da eacutepoca
Ao passo que novas tecnologias maquinais satildeo postas em jogo notamos que a
relaccedilatildeo sintaacutetica tambeacutem se inova Ao que nos parece os nomes que satildeo compostos
pelo lexema maacutequinamachina quando mais antigos ou de tradiccedilatildeo mais antiga como os
que nos serviram com exemplo nos anuacutencios anteriores seguem o padratildeo lexema + a
preposiccedilatildeo lsquopararsquo + infinitivo quando temos um artigo intermediaacuterio em se tratando da
linha histoacuterica vemos uma nova construccedilatildeo que pode ser lida equivalentemente em seu
sentido uma vez que tem a funccedilatildeo de identificar o uso do tipo de maacutequinamachina A
construccedilatildeo que se utiliza de complemento nominal com a construccedilatildeo lexema (maquina)
+ preposiccedilatildeo lsquodersquo + lexema (nome) formando uma palavra complexa para especificar o
tipo de maacutequina de que se trata
De Satildeo Paulo levantamos um anuacutencio de um tipo de machina que pode
exemplificar o que fora expresso no uacuteltimo paraacutegrafo
- 29 de julho de 1887 Satildeo Paulo Correio Paulistano
Machinas de costura|A Frederico Schulze amp Companhia|Importadores de
Machinas de Costura|Pedem ao respeitavel publico se digne visitar o seu
estabele|cimento para examinar o que haacute de melhor em machinas de|costura
dos afamados auctores e com todos os aperfeiccediloamentos|uacuteteis adoptados pela
technica moderna| Os seus preccedilos satildeo extremamente moacutedicos e ao alcance
de|todas as bolsas Aqui encontraraacute sempre o publico grande sortimento|de
machinas para tocar aacute matildeo aacute peacute aacute|peacute e matildeo com caixa ou sem| caixa
proacuteprias e perfeitas para todas as costuras desde a mais fina|cambraia ateacute o
mais en corpado algodatildeo|Os Senhores Alfaiates sapateiros selleiros
correeiros etc| tambem encontraratildeo nesta casa as mais aperfeiccediloadas
machinas jaacute|com accessorios que soacute a mechanica do progresso
hodierno|poderia adeptar para que taes machinas produzam
trabalhos|maravilhosos natildeo soacute pela perfeiccedilatildeo como pelo pouco tempo
comsumido|e pelo pequeno incommodo de quem as menejar para
produzirem|taes resultados Todas as machinas de nosso estabelecimento satildeo
garan|tidas porque soacute importaremos o que houver de bom solido elegante|e
perfeito nesta industria Tambeacutem ahi encontraraacute o respeitavel|publico artigos
concernento aacutes machinas de costura como agulhas|retroz oleo almotolias
66
correias peccedilas avulsas etc tudo de | superior qualidade a preccedilo moacutedico|
Rua de Satildeo Bento 62| Satildeo Paulo
As ldquoMachinas de costura de A Frederico Schulze amp Companhiardquo eacute um dos
anuacutencios mais interessantes que encontramos pela riqueza de detalhes quanto ao
produto e lexemas que se ligam ao produto assim como com o discurso positivista dos
artigos tecnoloacutegicos modernos da eacutepoca
Podemos comeccedilar notando que diferentemente das machinas hidraacuteulicas esse
produto tratava-se de um item que havia necessidade de importaccedilatildeo natildeo sendo
produzido em solo brasileiro Esse eacute um fator a ser notado que demonstra a forma de
comeacutercio que soacute pode ser instaurado apoacutes as transformaccedilotildees poliacuteticas e as poliacuteticas
econocircmicas que se instauraram no Brasil A abertura dos portos para produtos
importados ocorrida no seacuteculo XIX eacute o que possibilitou a entrada inclusive desse tipo
de maquinaacuterio em terras brasileiras A modernidade estrangeira estava sendo
incorporada uma vez que elas serviam como modelo Os importadores traziam para a
naccedilatildeo brasileira o que havia de melhor em machinas de costura de produtores afamados
mundo afora que se alinhavam ao que havia de technica mais moderna
Esse tipo de maquinaacuterio se punha disponiacutevel para todas as bolsas para todos os
tipos de trabalhadores (alfaiates sapateiros selleiros correeiros etc) de vaacuterias sortes
de funcionamento aleacutem de tratarem-se das mais aperfeiccediloadas machinas jaacute com
accessorios que soacute a mechanica do progresso hodierno Importante notarmos o teor
ufanista presente nesse anuacutencio no que condiz com a perspectiva acerca do momento
histoacuterico em que se encontravam julgavam-no como o aacutepice do status moderno A ideia
eacute reforccedilada pela forma adverbial de ldquosoacuterdquo
Os importadores garantem o seu produto como sendo do melhor tipo
independente do tipo de machina Atestam com suas proacuteprias palavras dizendo que ldquosoacute
importaremos o que houver de bom solido elegante e perfeito nesta induacutestriardquo A
gradaccedilatildeo nas escolhas dos adjetivos culmina no lexema ldquoperfeitordquo A raiz desse adjetivo
aparece constituindo vaacuterias outras palavras durante o texto Fala-se do aperfeiccediloamento
adotados pela teacutecnica hodierna das machinas que satildeo perfeitas para a costura das
machinas que se podem achar no estabelecimento que satildeo as mais aperfeiccediloadas ainda
da perfeiccedilatildeo com que se pode produzir trabalhos com essas machinas e alcanccedila o
trabalho finalmente realizado pela induacutestria de maquinas de costura os que seratildeo
67
importados porque satildeo perfeitos Vejamos que a tentativa do anunciante era a de que
textualmente seu produto se mostrasse intrinsicamente atrelado ao julgamento de que
se tratava de algo perfeito
Haacute um outro ponto nesse anuacutencio ao qual recorreremos mais adiante quando este
se refere a questatildeo do tempo
As duas formas de construccedilotildees sintaacuteticas apresentadas ateacute este ponto neste texto
podem ser lidas equivalentemente De tal modo que parafraseando lsquomachina de
costurarsquo temos em bom portuguecircs lsquomachina para costurarrsquo ou no sentido contraacuterio
para lsquomachina para suspender aacuteguarsquo temos como frase equivalente lsquomachina de
suspensatildeo de aacuteguarsquo comparando os dois anuacutencios que apresentamos ateacute agora e a
maneira como operam com o leacutexico
Quando o lexema machina aparece isolado sem qualquer tipo de associaccedilatildeo para
a formaccedilatildeo de palavras complexas ou sintagmas que expliquem o seu uso se refere a
uma gama de tipos desse artefato ou se trata de retomadas reduzidas do tipo de maacutequina
jaacute mencionada no texto dos anuacutencios Para exemplificar essa uacuteltima afirmaccedilatildeo podemos
tomar parte do anuacutencio logo acima transcrito
ldquo- 29 de julho de 1887 Satildeo Paulo Correio Paulistano
()Aqui encontraraacute sempre o publico grande sortimento|de machinas para
tocar aacute matildeo aacute peacute aacute|peacute e matildeo com caixa ou sem| caixa proacuteprias e perfeitas
para todas as costuras desde a mais fina|cambraia ateacute o mais en corpado
algodatildeo ()rdquo
Abrindo aqui um parecircntese ALENCASTRO9 nos conta sobre a tentativa do
Brasil do seacuteculo XIX de procurar se espelhar em certas naccedilotildees jaacute constituiacutedas na
Europa principalmente a Franccedila O autor nos fala sobre um certo ldquofranceismordquo
experimentado pela sociedade brasileira tanto no que tange a vida urbana quanto agrave vida
rural
9 Alencastro Luis Felipe de ldquoVida Privada e Ordem Privada no Impeacuteriordquo artigo que se encontra na obra
ldquoHistoacuteria da Vida Privada no Brasilrdquo Esta obra se propotildee a nos dar um panorama da vida no Impeacuterio
assim assim como as ideias sobre o processo civilizatoacuterio experimentada pelo Brasil no seacuteculo XIX
68
ldquoUm modo de vida caracterizado por uma cultura rica menos
desequilibrada que a da Itaacutelia menos ruacutestica que a da Espanha e Portugal
mais densa que a da Inglaterra mais presente do que a da Ameacuterica no
Norterdquo
(ALENCASTRO 1997)
Haacute de se ter em mente que a populaccedilatildeo urbana em comparaccedilatildeo agrave rural no Brasil
do seacuteculo XIX era em termos de grandeza numeacuterica menor e por isso mais presente
na vida enquanto sociedade Tendo entatildeo como fonte de paracircmetro civilizado a Franccedila
atraveacutes de folhetins operetas e romances que desembarcavam no Impeacuterio a elite
brasileira se mostrava uma grande consumidora do modelo escolhido Assim os
modelos de maacutequinas de costura vinham para incrementar ldquoas atividades domeacutesticas
das mulheres livres e escravasrdquo (ALENCASTRO 1997) respeitando seu espelho
Uma ferramenta muito uacutetil para atestados de discursos surgiu no iniacutecio do seacuteculo
XIX e foi recebida de maneira bastante calorosa Em 1826 o francecircs Niceacutephore Niegravepce
militar e cientista amador fascinado pela ideia da possibilidade do registro visual
consegue alcanccedilar a faccedilanha ainda que para ele natildeo tenha sido uma mostra de sucesso
de produzir o que hoje eacute considerada a primeira fotografia da histoacuteria Devido a teacutecnica
inicialmente utilizada pelo inventor que atraveacutes da luz capturava a imagem em oito
horas enquanto a luz do sol muda assim como as sombras o resultado final dessa
primeira fotografia era algo muito borrado mas promissor A associaccedilatildeo de Niegravepce e
Louis Daguerre que via o potencial da tecnologia resultou apoacutes a morte do primeiro e
com mais investimentos pelo segundo no incremento da teacutecnica possibilitando a
criaccedilatildeo de maacutequinas capazes de fotografar com mais perfeiccedilatildeo aquilo que se julgasse
digno de registro ao que o inventor nomeou daguerreotipo Outros inventores em
outros lugares do mundo vinham trabalhando em invenccedilotildees que procuravam o mesmo
resultado Talbot e Herschel na Inglaterra Hercules Florence que viveu no Brasil entre
1824 e 1879 na vila de Satildeo Carlos onde hoje eacute conhecido como Campinas que se
utilizou da proacutepria urina para alcanccedilar resultados satisfatoacuterios em seus experimentos em
1833 Sobre este uacuteltimo apesar de natildeo ter dado nenhum nome especiacutefico para sua
invenccedilatildeo aos resultados obtidos pela sua teacutecnica foi dado o nome de fotografia
Uma vez obtido sucesso a produccedilatildeo de maacutequinas fotograacuteficas poderia se tornar
produto para o mercado
69
- 22 de janeiro de 1879 Satildeo Paulo Correio Paulistano
PHOTOGRAFIA|AMERICANA|RUA DA IMPERATRIZ|Satildeo PAULO| O
propretaacuterio deste estabelecimento de volta de sua viagem aacute Europa continua
a trabalhar no mesmo estabelecimento o qual se acha augmentado com
machinas e utensiacutelios os| mais modernos|Neste estabelecimento que conta
16 annos de existencia (o mais antigo deste proviacutencia) continua-se a
trabalhar por todos|os sistemas de photografias desde o retrato em a|mais
pequena miniatura ateacute o tamanho natural|Encarrega-se de mandar pintar em
Pariz pelos melhores pintores qualquer retrato em|busto ou corpo inteiro a
oleo pastel ou aquarella bastando para isso um pequeno retrato|da pessoa
que se quizer retratar|Trabalhar-se todos os dias das 10 horas da manhatilde aacutes 4
horas da tarde natildeo importa o tempo chuvoso|OS SENHORES
PHOTOGRAFOS|encontraratildeo neste estabelecimento tudo que eacute mister aacute
mesma arte e pelos preccedilos do Rio de Janeiro|Retratos de ateacute Reacuteis 5$ a
duacutezia
Incriacutevel eacute notar a rapidez com que as tecnologias se potildee feitas logo satildeo
consumidas em sanha terriacutevel
O lexema machina neste anuacutencio diferentemente das utilizaccedilotildees sintaacuteticas
analisadas antes natildeo vem acompanhado de complemento que explique a sua utilizaccedilatildeo
como em machina de costura ou machina para suspender aacutegua O lexema se apresenta
sozinho o que nos faz crer que a familiaridade com o produto na eacutepoca era bastante
avanccedilado
O proprietaacuterio importava natildeo soacute as machinas e utensiacutelios mais modernos mas
trazia consigo o conhecimento dos sistemas pelos quais se poderia modernizar as
praacuteticas artiacutesticas da fotografia
Photografia foi um lexema adotado pela liacutengua portuguesa em 1858
fot(o) elem Comp do gr Photo- de phos photoacutes luz que se documenta em
numerosos compostos introduzidos nas liacutenguas modernas de cultura a partir
do seacutec XIX como fotografia fotometria fotosfera etc Pelo modelo de
fotografia cuja forma abreviada foto veio a constituir novo elemento de
composiccedilatildeo formaram-se dezenas de outros compostos tais como fotocarta
fotonovela fototeca etc () fotografia | photographia 1858 (CUNHA
2007)
70
Podemos notar como foi grande a aceitaccedilatildeo puacuteblica dessa nova tecnologia no
Brasil oitocentista como podemos notar pela quantidade de anuacutencios que se fizeram na
eacutepoca de casas especializadas nessa arte
- 24 de abril de 1870 Campinas Gazeta de Campinas
PHOTOGRAPHIA CAMPINENSE DE HENRIQUE ROSEN|| 28-RUA
DIREITA-28||Tira retratos todos os dias e por todos os systemas Para familia
- os preccedilos satildeo reduzidos consideravelmente
A photografia eacute importante para noacutes pois se trata de um registro que vai aleacutem do
comezinho natildeo eacute algo simplesmente para guardar um momento Antes carrega consigo
um discurso
ldquoEacute preciso compreender por exemplo que dentro de uma fotografia se
revela natildeo soacute a imagem em si ela traz consigo um contexto histoacuterico social
Expressa tambeacutem o olhar particular do fotoacutegrafo que tem um objetivo em
seu registro e este olhar eacute tambeacutem uma construccedilatildeo social o fotoacutegrafo eacute uma
construccedilatildeo social Portanto revela o autor da obra e revela aquele que vecirc a
imagem que para interpretaacute-la faraacute uso de conhecimentos jaacute adquiridos em
sociedade Todo esse enredo dentro de uma fotografia demonstra a amplitude
do ato de fotografar e a reaccedilatildeo da imagem gerada para terceirosrdquo
(FREITAS 2018 p 5)
As fotografias de D Pedro II para tomarmos o exemplo mais expressivo
carregavam sempre consigo algo a mais do que a imagem em si mas antes vinha repleto
de intenccedilatildeo dependendo da razatildeo da fotografia Mais do que uma construccedilatildeo social no
caso das fotografias do seacuteculo XIX muitas delas se prestavam para a construccedilatildeo de uma
sociedade aquela idealizada pela circunstacircncia
Na obra As Barbas do Imperador de Schwarcz haacute um capiacutetulo intitulado ldquoA
revoluccedilatildeo do daguerreacutetipo entre noacutesrdquo Sobre a corte eacute dito que o imperador do Brasil
aleacutem de grande entusiasta da tecnologia e das teacutecnicas fotograacuteficas ele mesmo se tornou
um fotoacutegrafo precoce ldquoo primeiro fotoacutegrafo brasileiro o primeiro soberano-fotoacutegrafo
do mundordquo Leia-se ainda ldquoNa verdade d Pedro faraacute da fotografia o grande
71
instrumento de divulgaccedilatildeo de sua imagem moderna como queria que fosse o reinordquo
(SCHWARCZ 1998 pg 345)
Entre agosto de 1839 quando o daguerreotipo foi anunciado na Academia de
Belas-Artes e de Ciecircncias em Paris e janeiro de 1840 tempo bastante curto para a
eacutepoca diga-se no Brasil a tecnologia estava introduzida exercitando a arte e a
curiosidade de nosso povo A arte fotograacutefica era vista como o grande marco da
modernidade
No produto avistava-se o casamento com a modernidade atestando o status
civilizado aleacutem de figurar como um negoacutecio para o enriquecimento pessoal uma vez
que os retratos a oacuteleo apresentavam preccedilos cada vez mais altos A procura por retratos
fotograacuteficos que eram feitos agraves duacutezias e que poderia ser dados como presentes ou
mesmo trocados se tornaram uma saiacuteda muito cocircmoda para aqueles que desejassem seu
retrato ou do que quer que fosse Atraveacutes dos retratos poderia se mostrar o quanto
civilizadamente moderno se era pelo produto e pela forma como eram realizados os
retratos Assim todos eram um pouco como o imperador propagandeando
Como se vecirc nos exemplos dados machina e modernidade se expotildeem de forma
associada e inseparaacuteveis ideologicamente
Uma vez incorporado o lexema agrave liacutengua inevitavelmente sofre fenocircmenos
morfoloacutegicos principalmente por fazer parte de uma aacuterea tatildeo produtiva quanto o campo
de novas tecnologias Dessa forma a partir do lexema machina e do fenocircmeno
derivacional que ldquoconsiste em formar palavras de outra primitiva por meio de afixosrdquo
(BECHARA 2007) novas palavras satildeo criadas (neologismos) para dar conta das novas
aacutereas que surgem a partir da adoccedilatildeo de novas tecnologias Assim da ldquopalavra simplesrdquo
machina com a adiccedilatildeo do sufixo derivacional agentivo ldquondashistardquo temos a denominaccedilatildeo da
pessoa que opera maacutequinas o machinista Segundo Cunha a adoccedilatildeo deste neologismo
se deu em 1813
maacutequina sf Qualquer utensiacutelio ou instrumento | machina 1572 | do lat
Machina deriv Do gr Dor Machana meio engenhoso para se conseguir um
fim () maquinista 1813 do fr Machiniste() (Cunha 2010)
Temos assim o exemplo dessa nova palavra em nosso corpus
72
- 27 de fevereiro de 1889 Satildeo Paulo Correio Paulistano
Engelberg Siciliano amp Companhia|Machinas para lavoura|privilegiadas pelo
governo imperial|Satildeo Paulo|No empenho de tornar cada vez mais conhecidas
as vantagens que sobre|quaesquer outras offerecam as nossas excellentes
machinas para a lavoura|chamamos a atenccedilatildeo do senhores fazendeiros para o
seguinte|descascador de cafeacute do ldquoengelbergrdquo|O descascador ldquoEngelbergrdquo eacute o
unico que absolutamente natildeo quebra cafeacute|apresentando aleacutem desta
incontestavel vantagem outras muitas taes como--|grande simplicidade e
solidez dispensando os tantos concertos que satildeo|precisos em outras
beneficio perfeitissimo devido ao seu excepcional e |unico systema pelo
qual o cafeacute se descasca brandamente sem estragar-se conservando por muito
tempo a sua cocircr natural e sendo por isso muito apreciado e procurado em
todos os mercados natildeo se perde nenhum gratildeo de cafeacute porque a palha sahe de
tal modo moiacuteda que eacute impossivel envolver cafeacute algum|natildeo acontecendo o
mesmo com outros descascadores os quaes apezar de|moerem o cafeacute
deixam a palha quase inteira envolvendo-se nella grande|quantidade de gratildeos
que afinal se perdem por na poderem ser separados|occupa menor forccedila do
que qualquer outro descascador para beneficiar a|mesma quantidade havendo
aleacutem disso grande economia de lenha e tempo| Enfim os numerosos
attestados que recebemos diariamente de illustrados|fazendeiros e as
experiencias feitas por muitas vezes em cotejo com outras|machinas em
cujas experiencias tem-se observado que os nossos descascadores|sugmentam
a safra ateacute dez por cento satildeo elementos mais que sufficientes para |
comprovar o que dizemos|E se isso ainda natildeo focircr bastanto nos obrigamos a
pagar a quantia de reacuteis 50$000|por arroba de cafeacute que sahir quebrado de
nossa machina condiccedilatildeo essa que nos | poderaacute impor qualquer
comprador|Ainda mais -- faremos prezente de um descascador de qualquer
tamanho|dos de nossa invenccedilatildeo a quem quizer nos dar em troca o cafeacute que
sobrar do cotejo com outro descascador de differente systema tomando-se
como base|quantidade egual de cafeacute em cocircco calculada para dar dez mil
arrobas|beneficiadas|Quer isto dizer que o nosso descascador nas primeiras
mil arrobas de cafeacute que | beneficia jaacute proporciona para o fazendeiro uma
economia cujo valor eacute superior|ao seu custo|Diante de vantagem tatildeo reaes e
incontestaveis excusado eacute encarecer os meritos desta machina e para sua
significativa importancia nos limitamos a reclamar em|geral a attenccedilatildeo da
lavoura do paiz a favor da qual revertem os seus beneficios|Ventilador de
cafeacute em cocircco|Apartador de pedras|Esta machina tambem muito simples de
tatildeo solida construcccedilatildeo como a|precedente torna se egualmente necessaria por
ser de grande vantagem e de|reconhecia utilidade notadamente nas fazendas
73
situadas em terrenos|pedregosos|Atenuando consideravelmente a penosa lide
da lavagem do cafeacute proporciona ao|fazendeiro uma grande economia de
tempo em relaccedilatildeo aacutequelle prejudicial|systema|O nosso ndash Ventilador para cafeacute
em cocircco ldquoApartador de pedrasrdquo duas machinas|adaptadas nrsquouma soacute peccedila
pelo que dispensa completamente o antigo ventilador|para cafeacute em cocircco
preencheu perfeitamente a lacuna que existia na lavoura|e tanto eacute isso
verdade que continuamos a receber constantemente pedidos dessa excellente
uacutenica e tatildeo invejada machina|Machina de beneficiar arroz Evaristo
Conrado|Este prodigioso producto da machina eacute superior a todo o encocircmio
que se lhe|possa fazer e para comprovar o que avanccedilamos basta nos-aacute
lembrar o imenso|sucesso que acaba de obter nos Estados Unidos da
America onde cauzou|assombro a sua apresentaccedilatildeo um publico
organizando-se desde logo uma|companhia com o elevado capital de um
milhatildeo de dollars para desenvolver o|seu fabrico em grande escala conforme
reclama a procura|A superioridade desta machina sobre qualquer outra eacute tatildeo
sensiacutevel que a torna unica no mundo De uma solidez e simplicidade
extremas dispensa o serviccedilo|de machinista profissional para dirigil-a sem
prejudicar nem mesmo de leve|este resultado-- natildeo quebra arroz brune-o
com admiraacutevel perfeiccedilatildeo e|toda a casca pondo-a em condiccedilotildees de prestar-se
a diversos misteres de grande|utilidade|Aleacutem disto a machina ldquoEvaristo
Conradordquo soacute occupa um pequeno espaccedilo para | seu funccionamento quando
as outras existentes sobre serem deficientes em|seus resultados satildeo de
grandes complicaccedilotildees e de preccedilo extraordinariamente|maior sendo ainda de
dispendiosissima montagem
Temos anuacutencio de um tipo de maacutequina que de tatildeo moderna e de tal autonomia que
ldquodispensa o serviccedilo de machinista profissional para dirigil-ardquo Lecirc-se nas entrelinhas
algo que vai aleacutem Nesse momento existe um profissional especializado em ldquodirigirrdquo
esse tipo de maacutequina mas que com a evoluccedilatildeo tecnoloacutegica se torna dispensaacutevel
Reiteramos aqui todo o empenho dos paulistas em se mostrar cada vez mais
adepto do cientificismo e das teacutecnicas cientiacuteficas O campo era a mina de onde se
retirava a riqueza desse povo A preocupaccedilatildeo com esse campo de pesquisa era grande
de modo a civilizar o campo modernizando-o assim como as cidades
O mundo cultuava a tecnologia Desde o iniacutecio da segunda metade do seacuteculo XIX
exposiccedilotildees chamadas de Exposiccedilotildees Universais ocorriam mundo afora em grandes
centros demonstrando toda sorte de trabalhos festejando o progresso
74
ldquoEacute nessa mesma eacutepoca que nosso imperador comeccedila a investir mais e mais
em uma imagem lsquoprogredidarsquo para o paiacutes no exterior O lsquomonarca inventorrsquo e
adepto das vogas cientiacuteficas combinava com o cidadatildeo do mundo que viajava
como um turista que se quer qualquerrsquordquo
(SCHWARCZ 1998 p 385)
A eacutepoca eacute a deacutecada de 80 O puacuteblico das exposiccedilotildees crescia a cada evento e se
destinava a propaganda das naccedilotildees e seus trabalhos O que cada naccedilatildeo tinha a oferecer
ao mercado externo Ser sede de uma dessas feiras era garantir visibilidade aleacutem do
grande retorno financeiro Participar como expositor tambeacutem obviamente trazia
visibilidade ao paiacutes dono do estande e a partir da terceira exposiccedilatildeo que aconteceu em
Londres em 1862 o Brasil foi presenccedila cativa (SCHWARCZ 1998)
O Brasil queria se mostrar civilizado e levava para os seus estandes o que era
produto do paiacutes cafeacute seu carro chefe chaacute erva mate guaranaacute arroz borracha tabaco
madeira entre outros produtos agriacutecolas Aleacutem do que era mais rural tambeacutem se
apresentavam produtos mais modernos tecnoloacutegicos ateacute como maquinaria em geral
materiais para estrada de ferro e construccedilatildeo civil teleacutegrafos armamentos militares
Produtos estes que seriam mais simboacutelicos no que tange a modernidade contudo eram
vilipendiados pelos visitantes do estande que premiavam o cafeacute e a ceracircmica marajoara
e mantinham a opiniatildeo de que o Brasil era um paiacutes exoacutetico
Ao menos a agricultura era premiada devido agrave excelecircncia de seus produtos
Retomemos o anuacutencio Este era destinado aos senhores fazendeiros para que
conhecessem um descascador de cafeacute que diferentemente daquelas que recheavam o
mercado trabalhava de modo a manter a integridade dos gratildeos da mesma sorte que
apenas o que sairia da maacutequina era o gratildeo sem resquiacutecios de palha O que era um
problema A adjetivaccedilatildeo utilizada para esta maacutequina e seu sistema de funcionamento
natildeo podia ser outro que natildeo perfeitiacutessimo Os vendedores punham tanta feacute em sua
tecnologia que se propunham a pagar pelas sacas de cafeacute que saiacutessem quebrados da
maacutequina
A maacutequina que dispensava machinista era uma destinada ao trato com o arroz
apoacutes a colheita e esta ausecircncia natildeo prejudicaria ldquonem mesmo de leve este resultado--
natildeo quebra arroz brune-o com admiraacutevel perfeiccedilatildeo e toda a casca pondo-a em
condiccedilotildees de prestar-se a diversos misteres de grande utilidaderdquo
75
71 Arte mecacircnica
Quando anteriormente chamamos a atenccedilatildeo para as duas formas dialetais
existentes do lexema machina μηχανή e μαχανά no grego natildeo foi de maneira
nenhuma sem um propoacutesito Ambas as formas influenciaram o leacutexico da liacutengua
portuguesa tendo formas lexicais adotadas em momentos distintos obviamente
formando radicais distintos mas logicamente associados quanto ao sentido
A forma doacuterica μαχανά como pode parecer claro influenciou a adoccedilatildeo no
leacutexico latino e ao radical que forma o lexema machina assim como palavras que dela
derivaram A forma faz parte de uma gama de outros lexemas que serviram de
empreacutestimos dos mais antigos respeitando o fluxo grego gt latim por questotildees histoacuterico-
geograacuteficas As colocircnias doacutericas situavam-se na Greacutecia ocidental parte delas mais
precisamente no sul da Itaacutelia na antiguidade Devido essa proximidade fiacutesica entre as
liacutenguas a influencia entre si acontecia naturalmente
A forma aacutetica μηχανή (mechaneacute) jaacute no grego era muito mais produtiva na
formaccedilatildeo de palavras influenciando outro ramo lexicograacutefico o que nos presenteou
com a forma mechanica Essa segunda forma dialetal pocircde ser mais produtiva muito
devido a sua origem A partir seacuteculo IV aC o dialeto falado em Atenas alcanccedilou a
promoccedilatildeo agrave liacutengua modelo devido sua importacircncia no processo civilizatoacuterio do territoacuterio
(LUumlDTKE 1974) Como o francecircs falado em Paris que nos dias de hoje tem sua
importacircncia internacional ou em um grau reduzido podemos exemplificar esse fato
fazendo uma associaccedilatildeo com o portuguecircs falado no Brasil e o dialeto (ou dialetos) do
sudeste que pode natildeo ser tido como modelo explicitamente mas ainda hoje eacute o dialeto
no territoacuterio nacional com maior prestiacutegio o dialeto preferido para o uso na televisatildeo
por exemplo sendo o mais difundido
Como dito a forma aacutetica era muito mais produtiva do que a forma doacuterica no
proacuteprio grego antigo dando origem a palavras como μηχάνημα (mechaacutenema)
μηχανητέον (mechaneteacuteon) μηχανητικός (mechanetikoacutes) μηχανικός
(mechanikoacutes) μηχανική (mechanikeacute) etc Atentemos para este uacuteltimo Este lexema
faz parte de uma lista especiacutefica de substantivos criados no grego para nomear artes
teacutecnicas O sufixo κή (keacute) foi amplamente utilizado por Platatildeo e seus disciacutepulos como
Aristoacuteteles para nomear aacutereas de estudo que abrangiam campos de conhecimento e esse
76
conhecimento deveria ser focado e especificado para que dessa forma esse
conhecimento pudesse ser transmitido Assim vaacuterios outros neologismos foram
adotados ainda no grego por volta do seacuteculo V aC a partir desse fenocircmeno que aplica a
sufixaccedilatildeo como γραμματική (gramatikeacute) ποιητική (poietikeacute) ῥητορική (retorikeacute)
e o caso que nos interessa μηχανική (mechanikeacute) entre outros que se dicionarizam
respectivamente arte gramaacutetica arte poeacutetica arte retoacuterica e consequentemente arte
mecacircnica Eacute fato que a adoccedilatildeo μηχανική (mechanikeacute) eacute posterior agrave grande profusatildeo de
neologismos utilizada por Platatildeo mas que segue as mesmas diretrizes para a criaccedilatildeo de
novos lexemas Sendo uma mateacuteria de estudo naturalmente surgiram tratados e
compecircndios sobre os assuntos ainda na Greacutecia claacutessica e posteriormente visto que toda
τέχνη (teacutechne) supotildee ensinamento e aprendizado
Desta sorte o sentido jaacute presente no grego chega atraveacutes do latim ao portuguecircs
mecacircnica sf 1 Ciecircncia que investiga os movimentos e as forccedilas que os
provocam 2 obra atividade ou teoria que trata de tal ciecircncia3 o conjunto
das leis do movimento 4 estrutura e funcionamento orgacircnico 5 aplicaccedilatildeo
praacutetica dos princiacutepios de uma arte ou ciecircncia 6 tratado ou compecircndio de
mecacircnica 7 exemplar de um desses tratos ou compecircndios 8 fig
combinaccedilatildeo de meios de recursos mecanismo () (Aureacutelio 1988)
O termo segundo CUNHA (2010) em seu ldquoDicionaacuterio Etimoloacutegico da Liacutengua
Portuguesardquo teve sua primeira ocorrecircncia no seacuteculo XVI
mecacircnico adj relativo agrave Mecacircnica parte da Fiacutesicarsquo maquinal versado em
Mecacircnica operaacuterio que se ocupa da conservaccedilatildeo e conserto de motores
artista artesatildeo () mecacircnica XVI Do lat mechanica deriv do gr
mechanikeacute
(Cunha 2010)
Assim como o lexema machina mechanica carrega consigo um peso grande
difiacutecil de dissociar da ideia de modernidade por serem obviamente associados no que
tange ao campo de aplicaccedilatildeo e familiaridade A ciecircncia mecacircnica desdobra-se
acompanhando lado a lado os novos inventos sempre sendo ampliado para dar conta de
novos movimentos movimentos que vatildeo ao encontro da modernidade Pois eacute por essa
77
teacutecnica por essa arte por essa ciecircncia que os novos inventos inventos mecacircnicos
podem vir agrave luz
O lexema realmente jaacute fazia parte do leacutexico da liacutengua portuguesa para definir uma
ciecircncia que evoluiacutea a passos lentos Contudo eacute no seacuteculo XVIII na Inglaterra que com
a dita ldquoRevoluccedilatildeo Industrialrdquo e depois no seacuteculo XIX com a propagaccedilatildeo desta
revoluccedilatildeo pelo mundo aleacutem do advento de uma segunda fase que esse lexema toma
novas cores tambeacutem se associando a palavra revoluccedilatildeo em voga na eacutepoca chegando-
se mais agrave ideia de inovaccedilatildeo de modernidade Podemos notar o discurso ufanista em
relaccedilatildeo agraves novidades tecnoloacutegicas e agrave ciecircncia que possibilita sua existecircncia e avanccedilo nos
anuacutencios que analisamos
Em anuacutencio analisado anteriormente neste mesmo trabalho chamamos a atenccedilatildeo
para a palavra mechanica utilizada para dizer da modernidade como as machinas de
costura vinham sendo produzidas na eacutepoca em estudo Naquela anaacutelise demonstramos a
relaccedilatildeo entre a teacutecnica e os avanccedilos civilizatoacuterios
Aleacutem dos avanccedilos tecnoloacutegicos praacuteticos que podem ser usados como ferramentas
para um maior conforto seja no momento do trabalho seja na organizaccedilatildeo social
comungada pela elite da eacutepoca o Brasil punha-se a consumir o que havia de inovaccedilatildeo
cultural ou ferramenta cultural como eacute o caso do nosso proacuteximo exemplo do uso do
lexema mechanica
- 12 de julho de 1828 Satildeo Paulo O Farol Paulistano
Joatildeo Pedro Latzon tem a honra de participar| ao respeitavel Publico que elle
proximamente che|gou de Londres aacute esta Capital onde pertende exhi|bir
algumas Artes Liberaes ou Optica Mechanica| com toda subtileza
perfeiccedilatildeo e delicadeza a que| eacute possiacutevel chegar na casa da Opera desta
mesma| Cidade no dia 13 do corrente mez de Julho Todos| os Senhores e
Senhoras que quizerem honrar o dic|to espectaculo com as suas presenccedilas
queiratildeo se| dirigir aacute casa do Senhor Guilherme Hopkins morador| na Ponte
de Lorena desde as 10 horas da manhatilde| ateacute as 4 da tarde do referido dia 13
onde acharaacuteotilde| os Bilhetes natildeo soacute dos Camarotes como da Pla|tea em cuja
occasiatildeo espera o Reprezentante rece|ber a competente esportula_Principiaraacute
agraves 8 horas| NoteBem A esportula dos Camarotes Platea| e Varanda eacute a do
costume
78
O exemplo desse anuacutencio vem dialogar com um avanccedilo importantiacutessimo quanto
ao trato que a humanidade realizava com o que lhe eacute proacuteprio e distintivo
No mundo grego a distinccedilatildeo entre as artes punha as mecacircnicas num patamar de
menor importacircncia do que aquelas que satildeo realizadas acessando a subjetividade
Aristoacuteteles dividia as ciecircncias de sua eacutepoca como sendo de trecircs tipos as teoacutericas as
praacuteticas e as poeacuteticas Elas respeitavam certa hierarquia que se relacionava com o que eacute
mais interior e mais proacuteximo do espirito As que tocavam o que era mais interior eram
consideradas superiores agravequelas mais mecacircnicas
Se por um lado a teacutechne segundo se relaciona com a esperteza com a astuacutecia
assim como com as habilidades nas produccedilotildees humanas Por outro a espisteacuteme se
relaciona com o saber fazer algo com o conhecimento Logicamente a teacutechne tambeacutem
se relacionava com o conhecimento teoacuterico para que se possa explicar como funciona
cada um dos procedimentos postos em praacutetica
ldquoPara Platatildeo teacutechne consistia em compreender o procedimento de
determinada coisa mas que natildeo se reduzia ao mero jeito de fazer Jaacute para
Aristoacuteteles teacutechne referia-se agrave produccedilatildeo de algo enquanto episteacuteme agrave
construccedilatildeo de um discurso racional demonstrativo com a finalidade de
comunicar o conhecimento A teacutechne natildeo tinha em si mesma uma finalidade
era sempre instrumental o meio com o qual se atingia alguma coisardquo
(SILVA 2014 p 3)
Houve trabalhos durante o medievo que procuraram aproximar as ciecircncias
estreitando a relaccedilatildeo entre o homo sapiens e o homo artifex de modo a clarificar o que eacute
inseparaacutevel para a humanidade a inteligecircncia sagaz e a engenhosidade teacutecnica A partir
da idade meacutedia e suas mudanccedilas com relaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo novos modelos do diacutestico
ensino aprendizagem satildeo praticados que se distanciavam das antigas praacuteticas de
passagem de conhecimento entre artesatildeos gt aprendizes Toda forma de aprendizagem
na Era Medieval era uma escola mas com o desenvolvimento e surgimento de novas
teacutecnicas a relaccedilatildeo evoluiu demandando inovaccedilatildeo
A educaccedilatildeo profissional no Brasil no seacuteculo XIX foi foco de reflexotildees e accedilotildees
para corresponder agraves expectativas de um mundo que se modernizava em velocidade
muito grande Na eacutepoca notava-se a necessidade de uma educaccedilatildeo mais universal natildeo
apenas como uma prerrogativa da elite Por exemplo para que existisse um maquinista
79
especialista que operasse as maacutequinas era necessaacuterio que se realizasse uma accedilatildeo em que
se fixasse um aprendizado sobre seu funcionamento
ldquoA sociedade jaacute natildeo estava mais baseada numa economia latifundiaacuteria das
grandes propriedades mas no ldquo[] regime da pequena propriedade e a
supremacia da riqueza moacutevel A condensaccedilatildeo de ontem cede o domiacutenio agrave
difusatildeo de hoje o bem estar intelectual e econocircmico generaliza-se []rdquo
(SOUZA FILHO 1887 p 8) A defesa por uma educaccedilatildeo de todos eacute
convicccedilatildeo moderna natildeo observada na Antiguidade nem na Idade Meacutedia Para
Souza Filho (1887) o ensino e a educaccedilatildeo cotileacutedones da mesma semente
ldquo[] satildeo os princiacutepios vitais da civilizaccedilatildeo [] Sem ensino e educaccedilatildeo
tornam-se inviaacuteveis a ordem moral os meios de se assegurar o
desenvolvimento humano o progresso a justiccedila e uma sociedade de paz A
democracia e a evoluccedilatildeo econocircmica exigem educaccedilatildeo e lsquoprogresso da
instruccedilatildeorsquordquo
(SILVA 2014 p 5)
Numa naccedilatildeo que vinha investindo pesadamente em um futuro dentre os grandes o
investimento da educaccedilatildeo servia para fazer coro com o discurso de progresso
Entretanto o sistema educacional brasileiro carecia de certa atualizaccedilatildeo Era formada
toda casta de funcionaacuterios puacuteblicos advogados meacutedicos poliacuteticos nas salas das escolas
brasileiras mas deixava-se de lado uma aacuterea que carecia de profissionais ligadas agrave
agricultura comeacutercio e induacutestria que se ligavam diretamente ao progresso econocircmico
pelo menos ateacute a primeira metade do seacuteculo XIX As mudanccedilas aconteceram
lentamente e truncada por discussotildees e accedilotildees de ordem partidaacuterias Mas as artes
mecacircnicas foram sendo introduzidas na realidade do paiacutes a fim de assegurar matildeo de
obra especializada que pudesse corresponder ao mercado de trabalho que por sua vez
asseguravam os passos rumo agrave modernidade
O anuacutencio entatildeo nos serve para vem fazer conhecer os serviccedilos de Joatildeo Pedro
Latzon que vinha apresentar com perfeiccedilatildeo e delicadeza algumas dessas artes liberais
ou optica mecacircnica saberes esses trazidos do exterior pois este vinha de viagem
realizada agrave Londres
Podemos deduzir a partir da raiz que o uso do lexema como adjetivo eacute posterior
ao uso do mesmo lexema como substantivo e uma vez adjetivado se potildee no jogo
gramatical podendo sofrer todas as operaccedilotildees no que diz respeito ao uso de um adjetivo
80
como por exemplo as flexotildees de gecircnero e nuacutemero Dessa forma o adjetivo mechanica
eacute flexionado respeitando o gecircnero do substantivo o qual determina Sendo um adjetivo
com tema em -o a alternacircncia de gecircnero para o feminino se faz com a adiccedilatildeo do sufixo
flexional -a
Notemos que o sintagma vem parafraseado anteriormente por ldquoartes liberaisrdquo um
tipo de arte especiacutefico que visa o ensinamento a formaccedilatildeo pessoal do indiviacuteduo Esse
pensamento acompanha as ideias de formaccedilatildeo de naccedilatildeo em voga na eacutepoca Para se
construir uma naccedilatildeo eacute importante formar cidadatildeos Assim a arte liberal eacute uma
ferramenta que deve ser usada para essa formaccedilatildeo arte liberal ou ldquooptica mechanicardquo
um mecanismo
Acreditamos que este seja o momento de explanarmos que esse sintagma eacute
construiacutedo a partir de duas palavras que possuem raiacutezes gregas ldquoOpticardquo tem sua raiz
em ὄψις (oacutepsis) e esta se dicionariza da seguinte forma
ὄψις ἡ gen εως Ion ιος (from ΟΠ Root of ὄψομαι) I look
appearance aspect of a person or thing Lat Species oris aspectus II
Soph εἰκάζεσθαι απὸ τῆς φανεπᾶς ὄψεως Thuc - acc Absol In
appearance Pind Att 2 the countenance face Eur etc 3 = θέαμα a
sight Aesch Eur etc ἄλλην ὄψιν οἰκοδομημάτων other architectural
sight Hdt τῆι ὄψει from what they saw Thuc 4 a vision apparition Hdt
Trag II Eyesight vision Hom Hdt Att in pl the organs of sight the
eye Soph Xen 2 view sight Lat Conspectus ἀπικέσθαι ἐς ὄψιν τινί to
come into onersquos sight ie presence Hdt εἰς ὄψιν τινός or τινί ἥκειν
μολεῖν ελθεῖν περᾶν Aesch Eur (Liddle amp Scott Greek-English
Lexicon)
A partir da raiz assim como eacute o caso de μηχανή (machina) e μηχανική
(mechanica) um substantivo derivado se formou o neologismo ὀπτική (οptikeacute) a partir
do uso do sufixo κή (keacute) Como explicado anteriormente a esse sufixo agrega-se o
sentido de arte teacutecnica Essa palavra foi adotada pelo latim meacutedio com o sentido de
arte
optice es f Vitr a oacuteptica parte da mathematica que trata da luz e da visatildeo
directa (Souza F A de Novo Diccionario Latino-Portuguez)
81
Uma vez constituinte da liacutengua latina e com o passar dos anos o lexema sofreu
algumas alteraccedilotildees no que tange ao sentido aumentando o seu campo de
conceitualizaccedilatildeo e dessa forma eacute dicionarizado por Aureacutelio
oacuteptica Sf 1 parte da fiacutesica que investiga os fenocircmenos de produccedilatildeo
transmissatildeo e detecccedilatildeo eletromagneacutetica de comprimento de onda
compreendido aproximadamente entre 10 Aring e 1 mm 2 tratado ou compecircndio
acerca dessa mateacuteria 3 exemplar de um desses tratados ou compecircndios 4
aspecto ou perspectiva dos objetos vistos 5 estabelecimento onde se vendem
eou fabricam instrumentos oacutepticos sobretudo oacuteculos ou lunetas 6 fig
Maneira de ver de julgar de sentir conceito ou ideia particular (Aureacutelio
1988)
Cunha nos atesta que a primeira ocorrecircncia deste lexema no portuguecircs se deu em
1813 o que nos daacute a certeza de que a arte mecacircnica daquele tempo realmente fazia uso
de tudo o que era de novo para a eacutepoca e se disseminava com uma consideraacutevel
velocidade como dito pelo anunciante no anuacutencio anterior ao que estamos analisando
por ora ldquoaccessorios que soacute a mechanica do progresso hodierno poderia adoptarrdquo
72 Dono de seu proacuteprio tempo
Haacute seacuteculos talvez milecircnios o homem procurando se tornar atuante e dono de seu
tempo tanto da eacutepoca em que viviam quanto de seus momentos vividos no cotidiano a
ponto de hoje em dia haver capitalizado seu tempo e expresso isso com a maacutexima time
is money vem procurando maneiras de marcar o tempo com a invenccedilatildeo de diversas
formas de determinaacute-lo Desde a clepsidras agraves ampulhetas reloacutegios solares e os das
torres das igrejas invenccedilotildees que visavam uma organizaccedilatildeo social de acordo com as
horas do dia a ideia de reloacutegio servia como predeterminaccedilatildeo dos compromissos dos
cidadatildeos Sem duacutevida a invenccedilatildeo veio para moldar uma nova forma de medida
temporal
82
O lexema reloacutegio tem em sua raiz e origem uma palavra que determinava as
estaccedilotildees do ano assim mais tarde atrela-se ao sentido da palavra e de outras que dela
derivariam qualquer divisatildeo temporal
ὥρα Ion ὥρη ἡ Ep gen pl ὡράων Ion ὡρέων poet dat pl
ὥραισι Lat hora any time or period whether of the year month or day
(νυκυτός τε ὥραν καὶ μηνὸς καὶ ἐνιαυτοῦ Xen) hence I A part of
the year a season in pl the seasons (hellip) (Liddle amp Scott Greek-
English Lexicon)
Assim com essa ideia de divisatildeo temporal e tendo o grande marcador de tempo a
sua disposiccedilatildeo os primeiros reloacutegios foram os solares Inclusive Liddell and Scott
mencionam em seu dicionaacuterio a existecircncia de um reloacutegio solar Outros dicionaacuterios
trazem a evoluccedilatildeo da palavra ὥρα (hoacutera) que nos daacute o lexema que nos serve para
anaacutelise
ὡρολόγ-ιον τό A an instrument for telling the time a dial or clock ὡ
σκιοθηρικόν the sun-dial of Anaximenes PlinHN2187 a sun-dial
(ὡρολόγιον) at Zea (Piraeus) mentioned in PHaw81 (Att periegesis of iii
B C pap of ii A D) ldquoἀπὸ τοῦ σκιακοῦ ὡρολογίουrdquo
IGRom4293ai35 (Pergam prob 1276 BC) cf Cleom110sq Gem823
Plu21006f CIG1947 (loc inc) InscrCos57 Suid (who writes it
ὡρολογεῖον) ὡ ὑδραυλικόν a water-clock = κλεψύδρα cf
Aristocl apAth4174c PlinHN7213 Bato 214 ldquoμηχανικὰ ὡrdquo AchTat
IntrArat256 the dimensions of a water()-clock are given in POxy47031
(iii A D) (Perseus online)
E assim Liddell and Scott dicionarizam ὡρολόγιον (horoloacutegion) como um
instrumento que diz as horas um mostrador e menciona o reloacutegio solar de Anaxiacutemenes
localizado no Pireus
Com a grafia horologium esse lexema passa ao latim com a ideia ainda de reloacutegio
solar advinda dos gregos que era a forma mais praacutetica para se determinar o tempo
naquele tempo
83
Contudo ainda nos atestam Liddel and Scott outras formas de medida temporal
imediata - quando digo imediata me refiro agraves horas do dia Haacute o uso de um ὡρολόγιον
ὑδραυλικόν (hopoloacutegion hydraulikoacuten) um reloacutegio que utilizava em seu mecanismo a
aacutegua nomeado de κλεψύδρα (clepsidra) que eram usados para determinar o tempo de
cada orador nas assembleias principalmente na Acroacutepole de Atenas Haacute de se notar que
a democracia ateniense eacute a maior demonstraccedilatildeo de civilidade e sociabilizaccedilatildeo dentre os
gregos
Acompanhando a evoluccedilatildeo humana o reloacutegio eacute desenvolvido adotando novos
mecanismos para seu funcionamento mais exato e o reloacutegio na torre da igreja que se
localizava no centro das cidades determinava o andamento dos viveres das sociedades
que rumavam para a civilidade Do reloacutegio da torre ao reloacutegio de algibeira num
movimento indivualizador o homem tem o tempo em suas matildeos O homem livre era
dono do seu tempo Durante muitos anos os reloacutegios de bolsos eram uma forma
determinante de status social sendo considerados verdadeiras joias com correntes de
ouro pedrarias e afins destinado agraves elites
No iniacutecio do seacuteculo XIX brasileiro as horas diurnas que como diz
ALENCASTRO costumavam ter sua medida ajustada aleatoriamente e ateacute
desnecessaacuteria com a chegada dos reloacutegios de bolso as horas agora necessitam de certo
acerto e os seus tempos poderiam ser ldquomarcados passo a passo de cebolatildeo na matildeo nas
casas nas fazendas nas estradasrdquo enfim em todos os lugares onde houvesse homens
livres
Em 1829 chega a Satildeo Paulo um relojoeiro que pretendia instalar-se na cidade e
prover agrave sociedade paulistana reloacutegios de todas as qualidades
- 11 de janeiro de 1829 Satildeo Paulo O Farol Paulistano
He chegado nesta Cidade vindo de Pariacutes Bont|te Dillon Fabricante de
reloacutegios de todas qualidades| e tambegravem faz todos os concertos aos ditos
reloacutegios e| traz tambem bastantes feitos porisso faz publico a todos| os
Senhores que quizerem utilizar-se do supplicante| para alguma obra o que
faraacute muito comodo e mora na| Rua do Ouvidor numero 49 onde tambem tem
fazendas e modas Francezas
84
A vida social daqueles que queriam alcanccedilar o patamar civilizado deveria se
adequar ao que era o modelo a vida social europeia Alencastro nos conta sobre a
inauguraccedilatildeo em 1850 de uma linha regular de navio a vapor entre Liverpool na
Inglaterra e o Rio de Janeiro Dessa forma os horaacuterios deveriam estar adequadamente
sincronizados Os navios ingleses atracavam no porto do Rio com tal pontualidade
saindo todo dia 24 do mecircs para chegar exatamente no dia 21 do mecircs seguinte mexendo
com o imaginaacuterio de toda a corte
A acircnsia pela modernidade e pelo status civilizado eacute o maior motor para o
consumo de bens como o reloacutegio Assim principalmente apoacutes a segunda metade do
seacuteculo XIX a demanda desse tipo de bem aumenta em grande escala do mesmo modo
que profissionais para suprir a demanda tanto no que diz respeito agrave venda quanto no que
diz respeito a concertos
- 5 de outubro de 1852 Satildeo Paulo Aurora Paulistana
- 15 de outubro de 1852 Satildeo Paulo Aurora Paulistana
JOSErsquo PHILIPPE SALMAN mora | dor na rua de Satildeo Bento nuacutemero 16
participa | ao respeitavel publico e especialmente | aos seus freguezes que
elle tem para | vender um completo sortimento do | oculos de todas as
qualidades lunetas | vidros avulsos oculos de alcance di- | tos para theatro
bengallas ampc ampc | na mesma casa continua-se a vender | e concertar
relogios de todas as qua- | lidades
O poder sobre seu proacuteprio tempo ultrapassa os limites do urbano e as fronteiras
das cidades Inventar maacutequinas para as lavouras que natildeo prescindisse de um maquinista
eacute retirar o homem do trabalho braccedilal subtrair o agente da arte mecacircnica para que seu
tempo pudesse ser investido em artes liberais mais dignificantes
Em anuacutencios jaacute analisados notamos muitas vezes que o diferencial das novidades
maquinais era o tempo gasto no trabalho dessas maacutequinas Quando fora anunciado as
machinas de costura textualmente se fala natildeo somente da perfeiccedilatildeo de seus trabalhos
mas tambeacutem da economia de tempo para que o trabalho seja efetivado
- 29 de julho de 1887 Satildeo Paulo Correio Paulistano
85
[] Os Senhores Alfaiates sapateiros selleiros correeiros etc| tambem
encontraratildeo nesta casa as mais aperfeiccediloadas machinas jaacute|com accessorios
que soacute a mechanica do progresso hodierno|poderia adeptar para que taes
machinas produzam trabalhos|maravilhosos natildeo soacute pela perfeiccedilatildeo como pelo
pouco tempo comsumido|e pelo pequeno incommodo de quem as menejar
para produzirem|taes resultados []
Quando se anunciam as machinas importadas por Engelberg Siciliano amp
Companhia maacutequinas para lavoura a preocupaccedilatildeo em especializar o maquinaacuterio da
aacuterea econocircmica que movimentava o comeacutercio interno e externo do Brasil via-se como
melhoramento dos trabalhos a economia de tempo gasto nele como fator importante
- 27 de fevereiro de 1889 Satildeo Paulo Correio Paulistano
[] Atenuando consideravelmente a penosa lide da lavagem do cafeacute
proporciona ao fazendeiro uma grande economia de tempo em relaccedilatildeo
aacutequelle prejudicial systema []
O trabalho aacuterduo penoso que antes era feito pelos braccedilos e corpos do fazendeiro
(e de seus escravos e posteriormente empregados) poderia ser atenuado pelo uso das
machinas que lhe renderia uma grande economia de tempo se comparado com outros
systemas jaacute ultrapassados pela excepcional mechanica hodierna
O homem livre dono de seu tempo para conquistar o poder de ter seus passos
marcados pelo reloacutegio em suas matildeos se dirigia agraves lojas de iniacutecio que tinha uma vasta
gama de produtos a serem adquiridos
Neste momento ainda nota-se que o artigo eacute vendido em algumas lojas natildeo
especializadas como no caso do anuacutencio de 5 de outubro de 1852 do jornal Aurora
Paulistana em que o senhor Joseacute Philippe Salman aleacutem de vender outros artigos
destinados agrave vida cultural da proviacutencia tambeacutem concertava e vendia relogios Mas
assim com aconteceu com a fotografia torna-se notaacutevel a necessidade de fundar um
novo comeacutercio no Brasil lojas especializadas em reloacutegios com um nome relacionado
ao artigo tatildeo especial e que necessitaria de profissionais especializados O lexema jaacute
fazia parte da liacutengua portuguesa desde o seacuteculo XVIII como nos atesta CUNHA mas eacute
no seacuteculo XIX que se faz maior uso dessa palavra nos anuacutencios de jornais e nas placas
em frente agraves lojas brasileiras Relojoaria
86
- 14 de outubro de 1874 Campinas A Mocidade
RELOJOARIA || DO || REGULADOR CAMPINENSE ||Penteado amp Nunes
|| LARGO DA MATRIZ VELHA Nuacutemero 39|| Acaba de receber um
completo sortimento de relogios de parede e algibeira de lindos gostos sendo
vendidos por commodo preccedilo affianccedilados por um anno Rcebeu mais lindo
sortimento de pince-nez tanto de vidro de cor como de grao despertadores
correntes de ouro prata plaquet | Relogios | Para torres ou fazendas
encarregando-se os donos do estabelecimento da sua collocaccedilatildeo e
affianccedilando a boa marcha por cinco annos|| CONCERTOS PERFEITOS E
AFFIANCcedilADOS|| POR UM ANNO
Neste anuacutencio se faz perceber o cuidado que se tinha na manufatura desse tipo de
artefato e que vem re-afirmar o que mencionei anteriormente sobre os reloacutegios de
algibeira ser destinados agraves elites aos homens de bem Por se tratar de uma relojoaria
ou seja uma loja especializada em reloacutegios aleacutem de comercializar o produto
comercializa todo o tipo de material relacionado como as correntes que prendem os
reloacutegios agrave roupa de seu usuaacuterio Mas natildeo satildeo quaisquer tipos de correntes satildeo correntes
de ouro de prata ou no pior dos casos revestidas com plaquecirc Claro que essa gradaccedilatildeo
de valor monetaacuterio refletia o valor que era preciso desprender ao portador de dado
artefato
A partir do momento em que o homem deixa de ser dependente da hora natural
imposta pela luz do sol e dentro de uma comunidade civilizada onde as
responsabilidades excediam agraves horas do dia noite adentro eacute de extrema necessidade o
desenvolvimento de mecanismos que possibilitem a vida social noturna Iluminaccedilatildeo
artificial eacute a saiacuteda Archotes luz de velas foram por anos a fio utilizados pelas
sociedades que vieram antes da chegada do lampiatildeo que iluminavam os passeios
puacuteblicos e as residecircncias do seacuteculo XIX
O lexema liga-se pelo radical com lacircmpada que chegou atraveacutes do latim agrave liacutengua
portuguesa O original grego eacute λαμπάς (lampaacutes) no nominativo singular possuindo
uma raiz diferente para as demais declinaccedilotildees com a adiccedilatildeo de uma dental sonora (δ)
desta forma a raiz para as demais formas declinadas que natildeo o nominativo eacute λαμπαδ-
Liddell and Scott define o lexema da seguinte forma
87
λαμπάς άδος ἡ (λάμπω) a torch Aesch Soph etc a beacon-light
Aesch - later an oil-lamp NT Anth 2 metaph of the sun Soph Eur
etc ἡ ἐπιοῦσα λ the coming light ie the next day Eur II the torch-
race like λαμπαδηδρομία Hdt λαμπάδα δραμεῖν to run the race
Ar (Liddle amp Scott Greek-English Lexicon)
Os lampiotildees do seacuteculo XIX nada mais eram do que pequenas tochinhas dentro de
invoacutelucros de vidro muito rudimentares ou ainda pequenos candeeiros que tinham
como combustiacutevel oacuteleo azeite e posteriormente kerosene que serviam sobretudo para
iluminaccedilatildeo de interiores
As cidades que nos servem para anaacutelise de seus anuacutencios em nosso trabalho
possuiacuteam no seacuteculo XIX uma precaacuteria iluminaccedilatildeo puacuteblica que foi sendo melhorada
paulatinamente atraveacutes dos anos Mas quando olhamos para as vidas particulares de
dentro das casas dos cidadatildeos brasileiros oitocentistas lhes eram oferecida a
possibilidade da aquisiccedilatildeo de lampeotildees agravequeles que desejassem comprar imbuiacutedos do
sentimento civilizada e de descolamento do que eacute ruacutestico
- 17 de maio de 1874 Campinas A Mocidade
ATTENCcedilAtildeO|| Attenccedilatildeo [espaccedilo] Attenccedilatildeo|| Prospero Bellinfanti
participa ao respeitavel publico campeneiro que recebeu um grande e
completo sortimento de generos norte americanos constando de machinas de
costura com todos os pertences linhas agulhas e oleos arados completos
separados de zinco para cafeacute machinas para manteiga ditas para cafeacute
gaiolas de arame e muitos outros artigos de mesma procedencia| Na mesma
casa encontra-se lampeotildees de todos os tamanhos tocidas vidros para os
mesmos e Kerosenes fogotildees de ferro completo camas de ferro banheiras
tens de cosinhas estanhados francezes torradores para cafeacute de todos os
tamanhos e grande sortimento de cestos de vime| O Propretario deste
estabelecimento te aacute Rua da ponte sem Santa Cruz Nuacutemero 15 uma officina
de caldeireiro e funileiro aonde se encarrega de todas as obras com cobre
zinco folha etc| Faz os mais perfeitos alambiques para distilaccedilatildeo de
espiritos| Incumbe-se de qualquer encanamento em casas etc | Faz
banheiras de folha de todas as dimensotildees| Assenta bombas simples e de
pressatildeo levando a agua onde se quizer| Faz finalmente todas as obras
88
concernentes aacute profissatildeo acudindo aos chamados para qualquer parte onde
seus serviccedilos forem precisos| Concerta e renova todos os objetos estragados|
Tudo por preccedilos commodos
O dono desse estabelecimento aleacutem de comerciante voraz tendo em vista a
quantidade e diversificaccedilatildeo de seus produtos estes importados e de manufatura proacutepria
ainda se propagandeia como um profissional versaacutetil Assentador de bombas drsquoaacutegua
essa machina que pode levar aacutegua para onde se quizer tambeacutem trabalha com os
encanamentos internos agraves casas Se a aacutegua jaacute estava dentro das casas algo que era
retirado da natureza a luz deveria tambeacutem estar dentro e individualizada
O puacuteblico poderia comprar o produto lampeatildeo assim como seu combustiacutevel o
kerosene neste estabelecimento comercial O novo produto combustiacutevel teve o lexema
adotado pela liacutengua portuguesa segundo CUNHA em 1873
querosene sm (Quim) liacutequido resultante da destilaccedilatildeo do petroacuteleo |
kerosene 1873 | Do fr keacuterosegravene do gr keros cera (Cunha 2010)
Contudo podemos notar a existecircncia de propagandas do produto em anuacutencios
anteriores agrave dataccedilatildeo estipulada pelo lexicoacutegrafo
- 07 de julho de 1870 Campinas Gazeta de Campinas
Abrio-se| O QUE Eacute QUE ABRIO-SE|| A Casa commercial de Francisco
Alvaro de Souza Camargo o qual participa a seus parentes amigos e
freguezes que acaba de receber um completo sortimento de ferragens
drogas tintas miudezas de armarinho kerosene chaacute cecircra sementes de
hortaliccedilas etc|Recommenda aos amadores um bonito sortimento de
espingardas rewolvers facas de caccedila etc etc|Espera merecer confianccedila das
pessoas que honrarem seu novo estabelecimento estando o annunciante
resolvido a vender por commodos preccedilos|Rua Direita canto da Cadecirca
Como bem atesta Cunha sobre a procedecircncia do lexema Kerosene tem sua raiz
em κηρός (keroacutes)
κηρός ὁ bee-wax Lat Cera Od Pl (Liddle amp Scott Greek-English
Lexicon)
89
O kerosene eacute o produto mais pastoso obtido com a destilaccedilatildeo do petroacuteleo que
liquefeito torna-se um combustiacutevel seguro diferenciando-se da forma como a raiz da
palavra foi concebida no grego O produto que foi em meados do seacuteculo XIX
produzido em escala industrial foi o principal fator para a decadecircncia do mercado de
oacuteleos produzidos pela induacutestria baleeira
Entretanto tatildeo largos eram os passos dos avanccedilos tecnoloacutegicos e tatildeo apressados
que em curtos espaccedilos de tempo uma novidade era trocada por outra Assim do anuacutencio
citado acima datado de 1870 em que o kerosene era vendido para que servisse de
combustiacutevel para os lampeotildees dezoito anos depois um prazo de tempo muito curto
diga-se de passagem temos o anuacutencio de um paquete a vapor que possuiacutea sua
iluminaccedilatildeo interna a luz electrica
- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio Paulistano
REAL COMPANHIA | DE | Paquetes a vapor | DE | SOUTHAMPTON || O
MAGNIFICO VAPOR | TAGUS | Sahiraacute no dia 19 de Maio as 4 horas | da
tarde com escalas pelo | Rio de Janeiro| Bahia | Pernambuco | Lisboa | Vigo
e | Saouthampton | O paquete a vapor | NILE | Esperado de Southampton e
escalas no | dia 1 de Junho || Sahiraacute depois da indispensavel demo- | ra para |
Montevideacuteo e | BuenosAyres || Todos estes vapores satildeo illumidaos a luz |
electrica || N B ndash Na agencia tomam-se seguros | sobre as mercadorias
embarcadas por | estes vapores || Para passageiros carga e mais informaccedilotildees |
com os agentes | Holworthy Ellis amp Companhia || RUA DE SANTO
ANTONIO 40 | SANTOS
A iluminaccedilatildeo puacuteblica eleacutetrica chega agrave cidade de Satildeo Paulo somente no ano de
1891 deacutecada final do seacuteculo
Como demonstraccedilatildeo de civilizaccedilatildeo Satildeo Paulo investia em siacutembolos urbanos que
embelezavam a cidade Construiacuteram-se praccedilas lojas como as que anunciam nos jornais
palacetes que transformavam os passeios puacuteblicos A primeira mudanccedila quanto agrave
iluminaccedilatildeo puacuteblica ocorrida na capital paulista ocorreu na rua Baratildeo de Itapetininga no
centro da cidade que era repleta por um centro comercial fervilhante disposto a socorrer
os quereres da elite emergente paulistana
90
Para dar conta das demandas dos clientes nas cidades ou no campo a
comunicaccedilatildeo entre as partes interessadas em firmar negoacutecio era imprescindiacutevel Os
jornais se apresentavam como uma ferramenta utiliacutessima para por em contato os
vendedores e seu puacuteblico Contudo havia negoacutecios que demandariam um contato mais
urgente e direto O telegrapho nasce da necessidade do contato imediato
- 14 de outubro de 1874 Campinas A Mocidade
PEDE-SE TODA||ATTENCcedilAtildeO|| Aos senhores fazendeiros|| Ferreira Novo amp
Filho participaratildeo aos senhores fazendeiros e negociantes que continuatildeo a
comprar cafegrave em maior quantidade do que faziam ateacute hoje achando-se para
isso habilitados por acabarem de contractar com algumas das principais casas
exportadoras a fazerem grandes compras Nosso systema de compras seraacute
Comprar toda e qualquer quantidade de cafegrave quando beneficiado o prompto
recebemos ou com poucos dias de demora depois da venda| Pedimos a todos
os senhores fazendeiros qua quando tenhatildeo cafegrave em qualquer quantidade
promptoe queiratildeo vender a bondade de nos procurarem pagando sempre no
dia da venda maior preccedilo que permitir o estado do cafegrave nos principais
mercados do paiz da America e da Europa habilitando-nos para podermos
fazer tatildeo grande vantagem aos senhores lavradores o telegrapho que acaba
de collocar em comunicaccedilatildeo diaria esta florescente cidade com aqueles
principaes mercados
A fim de incrementar os negoacutecios agriacutecolas dos territoacuterios produtores de cafeacute a
disponibilizaccedilatildeo de um artigo tatildeo moderno quanto o telegrapho eacute mais uma mostra que
atesta o quanto moderno se queria e se poderia ser o homem de negoacutecios da eacutepoca
mesmo no campo Estar conectado ao mercado agilizava os negoacutecios garantindo
rentabilidade maior inclusive economizando o tempo tatildeo valorizado
Entre 1854 e 1858 juntamente com as estradas de ferro foram esticados os
primeiros fios telegraacuteficos As linhas telegraacuteficas que em 1873 percorriam 3460
quilocircmetros em solo brasileiro vecirc-se avolumar de forma extraordinaacuteria chegando em
1888 a 18000 quilocircmetros com direito a conexotildees submarinas com a Europa (SODREacute
1998)
91
8 Para garantir a vida
Haacute de se levar em consideraccedilatildeo um dos motores propulsionais de organizaccedilatildeo
ideoloacutegica em funcionamento no Brasil do seacuteculo XIX Havia na eacutepoca um discurso
positivista corrente na ateacute entatildeo corte um discurso que soacute cresce com o passar dos
anos Com a independecircncia do paiacutes em 1822 o sentimento antilusitano e o ideal de
fundaccedilatildeo de uma naccedilatildeo autocircnoma soacute vem a se tornar mais pujante com a aproximaccedilatildeo
da metade do seacuteculo O sentimento lusoacutefobo leva agrave troca de nomes de batismos por
nomes ora indiacutegenas ora por nomes de grandes pensadores e celebridades do mundo
antigo grego e latino E o Brasil elege um novo modelo ideal jaacute citado neste trabalho
quando tratamos do lexema machina A Franccedila torna-se para o Brasil um paradigma de
civilizaccedilatildeo de naccedilatildeo a ser copiada quando possiacutevel Desta sorte nos relata Alencastro
ldquoautores franceses e ciacuterculos francoacutefilosrdquo vecircm influenciar correntes de pensamento e
praacuteticas sociais principalmente na eacutepoca do Segundo Reinado seriam eles o
positivismo o kardecismo e a homeopatia Aqui entatildeo noacutes chegamos ao ponto que mais
interessa a esta seccedilatildeo O positivismo eacute sem duacutevida como sabemos a base para os
experimentos cientiacuteficos e os experimentos ligam-se as inovaccedilotildees da medicina Assim
a pajelanccedila e curandeirismo datildeo lugar a tratamentos atraveacutes de drogas ou tratamentos
homeopaacuteticos que faziam uso de magnetismo mas que tambeacutem poderiam fazer uso de
preparados de ervas podendo ser enquadrados no substantivo droga Esses preparados e
drogas eram comercializados em drogarias ou pharmacias
O lexema jaacute fazia parte da liacutengua portuguesa desde o seacuteculo XVII como nos
atesta CUNHA
farmaacutecia sf local em que se estocam e se vendem medicamentos tratado
cientiacutefico sobre os medicamentos XVII Do lat tard Pharmacia deriv do
gr Pharmakeacuteia () (Cunha 2010)
Como notamos pela designaccedilatildeo dada por Cunha farmaacutecia se relaciona a
medicamento sendo o local de estoque e venda desses medicamentos A mesma
associaccedilatildeo faz Aureacutelio
92
farmaacutecia Sf1 Parte da farmacologia que trata da maneira de preparar
caracterizar e conservar os medicamentos 2 Estabelecimento onde se
preparam e vendem medicamentos 3 Profissatildeo do farmacecircutico 4 Coleccedilatildeo
de medicamentos 5 Conjunto de medicamentos que se tecircm em casa num
coleacutegio numa reparticcedilatildeo etc para uso no tratamento de leves indisposiccedilotildees
ou em primeiros socorros (Aureacutelio 1988)
Ao associar farmaacutecia com medicamento somos impelidos a ter uma visatildeo positiva
com relaccedilatildeo ao sentido atribuiacutedo ao lexema pois medicamento eacute hoje dicionarizado
como substacircncia ou preparo que se utiliza como remeacutedio e remeacutedio tem um sentido
beneacutefico carregando consigo a ideia desse benefiacutecio como algo que sara as doenccedilas
dor ou males aquilo que serve pra curar10
Quando usado metaforicamente essa ideia
de benefiacutecio tambeacutem se faz presente Da mesma forma natildeo se dava no grego ao menos
natildeo especificamente Pharmacia como bem atesta Cunha tem como raiz φαρμακεία
(pharmakeacuteia) lexema ao qual Liddell and Scott dicionarizam como a seguir
φαρμακεία ἡ (φαρμακεύω) the use of drugs potions spells Plat 2
poisoning witchcraft Lat veneficium Dem II remedy cure Arist (Liddle
amp Scott Greek-English Lexicon)
Claro que o sentido que chegou ao portuguecircs fazia parte jaacute no grego do
significado do lexema mas eacute preciso esclarecer que esse sentido eacute posterior agrave adoccedilatildeo da
palavra pelos gregos sentido este que se agregou ao lexema com o advento da medicina
na Greacutecia antiga por volta do seacuteculo V aC Aleacutem do sentido ligado agrave medicina ndash
remedy cure ndash agravequele tempo podia-se associar o lexema a toda e qualquer poccedilatildeo
utilizada em ritos miacutesticos como a palavra poccedilatildeo nos dias de hoje que remete a
ciecircncias obscuras Dessa forma Liddell and Scott em seu dicionaacuterio nos datildeo o sentido
de witchcraft (feiticcedilaria) spells (feiticcedilo encanto) tambeacutem presente no significado do
lexema em sua origem Mesmo ao sentido dado pelos helenistas de drugs estaacute
claramente ligado o sentido de veneno
10
remeacutedio sm 1 Aquilo que combate o mal a dor ou uma doenccedila 2 Aquilo que serve para curar ou
aliviar dor ou enfermidade 3 Recurso expediente soluccedilatildeo 4 Ajuda auxiacutelio socorro proteccedilatildeo 5
Correccedilatildeo retificaccedilatildeo emenda 6 Jur Meio adequado e liacutecito para se alcanccedilar determinado fim de
direito (Aureacutelio 1988)
93
Se recordarmos a trageacutedia de Euriacutepedes Medeia ndash representada pela primeira vez
em 431 a C ndash a protagonista que inclusive nomeia a peccedila para se vingar da traiccedilatildeo
imposta pelo seu amado Jasatildeo tece um plano funesto A heroiacutena trama contra a vida da
filha de Creonte regente de Corinto Glauce enviando-lhe por intermeacutedio dos proacuteprios
filhos um presente envenenado vestimentas e uma ldquocoroardquo aos quais incutiu um
φάρμακον (phaacutermakon) um veneno Ao enviar esse presente agrave sua rival Medeia
conscientemente condena seus proacuteprios filhos agrave morte ao terem contato com o
φάρμακον assim como a Creonte pai da viacutetima principal que ao ver a filha sofrendo
as dores causadas pelo veneno corre para socorrecirc-la entrando tambeacutem em contato com
o ardil da heroiacutena condenando-se agrave morte O mensageiro relata o que ocorreu no castelo
de Creonte para Medeia e para o puacuteblico dizendo o seguinte
ldquoὂλωλεν ἡ τύραννος ἀρτίως κόρη
Κρέων θrsquo ὁ φύσας φαρμάκων τῶν σῶν ὓποrdquo
A essa passagem Flaacutevio Ribeiro de Oliveira traduz para o portuguecircs belamente
desta forma
ldquoMorre haacute pouco a jovem soberana
e o pai Creonte pelas drogas tuasrdquo
Entenda-se que essa droga nada mais era do que um preparado nocivo destinado a
pocircr fim a vida de uma pessoa e que foi extremamente bem sucedido
Medeia era uma forasteira uma baacuterbara levada agrave Corinto por Jasatildeo apoacutes a
incursatildeo deste e demais heroacuteis denominados argonautas que partiram da Greacutecia para a
Coacutelquida visando agrave obtenccedilatildeo do Velo de Ouro A traiccedilatildeo agrave famiacutelia e agrave paacutetria pela honra
do amado a fazia esperar nada mais do que a reciprocidade por parte do heroacutei mas este
de modo egoiacutesta e oportunista vecirc no matrimocircnio com a filha do rei coriacutentio a
possibilidade de engrandecimento pessoal
A accedilatildeo de Medeia pode ser vista de forma repugnante pocircr fim a vida de sua rival
e filhos Contudo devemos ressaltar que eram tambeacutem filhos de Jasatildeo objeto de sua
revolta e se deixarmos de lado o politicamente correto e tentarmos olhar o fado de
Medeia pelo seu prisma entenderemos que o mecanismo usado natildeo deixa de ser um
94
remeacutedio para seus males Ela que havia por amor a Jasatildeo deixado a paacutetria depois de
trair seu pai e matado seu irmatildeo na fuga agora tinha a timeacute (a honra) ultrajada ao ser
vilipendiada e trocada por interesses pessoais do heroacutei Algo a estava fazendo mal Seu
coraccedilatildeo e sua honra estavam feridos era preciso um remeacutedio para suas dores e impelida
pela sua natureza feminina pocircs em accedilatildeo duas coisas das quais era perita o dolo e a arte
maacutegica na fomentaccedilatildeo de seu plano ardiloso11
Entendendo desta forma podemos ligar o lexema pharmacia ao que vise o bem
estar das pessoas O remeacutedio de Medeia foi um remeacutedio muito amargo mas que para a
heroiacutena era o mais certo a se tomar
Apoacutes esta breve digressatildeo podemos voltar ao nosso assunto central A vida
humana eacute desde sua origem atacada por pequenos animais parasitas pestes
Dentre os anuacutencios coletados haacute a propaganda de produtos destinados agrave
exterminaccedilatildeo de pestes como pulgas mosquitos e percevejos Num grau de comparaccedilatildeo
muito reduzido esses venenos para outros seres vivos se ligam ao remeacutedio de Medeia
Usam-se esses venenos para por fim a algo que nos faz mal ou incomodam Ainda hoje
se fala em remeacutedio para ratos Assim temos a associaccedilatildeo mais clara dos sentidos do
lexema pharmacia ao sentido original no grego temos o sentido mais expandido
presente no entendimento atual
O anuacutencio citado acima diz o seguinte
- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio Paulistano
Mosquitos || PERCEVEJOS PULGAS ETC || desapparecem infallivemente
com o uso | do bem conhecido e verdadeiro 60 6 | || Orsquo DA PERSIA || Chegou
nova remessa aacute || Pharmacia Ypiranga || Nuacutemero 25 ndash RUA DIREITA ndash
Nuacutemero 25 || EM || SAtildeO PAULO || Preccedilo de um pacote 1$000 || A duacutezia
9$000 || Cada pacote do verdadeiro Poacute da | Peacutersia leva detalhada ex- |
plicaccedilatildeo de seu uso || Remette-se para o interior
Na Pharmacia Ypiranga vendia-se um veneno para essas pragas que faziam com
que desaparecessem ldquoinfallivementerdquo e que natildeo era prerrogativa dos centros urbanos
pois deixa-se claro que agrave eacutepoca ldquoRemette-se para o interiorrdquo
11
Medeacuteia Euriacutepedes (2006) - pg 173 texto analiacutetico sobre a trageacutedia assinado pela equipe de filoacutelogos
da Kaktos
95
Esses estabelecimentos com a profusatildeo de medicamentos descobertos e
desenvolvidos recebem de fora do paiacutes ou de pharmaceuticos nacionais uma vasta
gama de remeacutedios e tem na imprensa a maior ferramenta para que se faccedilam conhecer
- 28 de fevereiro de 1875 Campinas A Mocidade
NOVA||PHARMACIA CAMPINENSE|| 31 - Rua do Commercio - 31||Tendo
este estabelecimento recebido um grande sortimento de drogas acha-[s]e em
condicccedilotildees de satisfazer quaesquer pedidos e receituarios medicos que lhe
forem dirigidos| Garante-se a boa qualidade das drogas e promptidatildeo nas
remessas que lhe forem pedidas esperando por isso a concorrencia do
respeitavel publico
Diferentemente do caso citado anteriormente com relaccedilatildeo ao lexema machina
que para nomear o agente o profissional que poria em praacutetica a teacutecnica de se operar o
maquinaacuterio o neologismo machinista foi criado na liacutengua portuguesa no caso de do
lexema pharmacia o substantivo que denomina o agente teacutecnico jaacute existia no grego
uma palavra complexa criada atraveacutes da incorporaccedilatildeo ao radical um sufixo agentivo
φαρμα^κ-ευτικός ή όν A of or by means of drugs or pharmacy
ldquoκάθαρσιςrdquo PlTi89b ἡ -κή (sc τέχνη) = φαρμακεία opp surgery
Gal15425 DL 385 ldquoφ ἰατρόςrdquo one who prescribes drugs GalThras24
(Perseus online)
Eacute bem provaacutevel que a derivaccedilatildeo no grego tenha se dado por conversatildeo A
primeira citaccedilatildeo em outro dicionaacuterio especializado em grego antigo o dicionaacuterio Liddell
and Scott eacute de um diaacutelogo platocircnico Timeu quando Platatildeo prognostica o natildeo uso de
medicamentos que possam prolongar a vida de uma pessoa doente pois seria
antinatural Eacute de costume desse dicionaacuterio usar de uma certa cronologia para distribuir
suas citaccedilotildees nas entradas lexicais quase como um trabalho etimoloacutegico A obra
platocircnica data do seacuteculo V a C logo sendo anterior a segunda citaccedilatildeo feita por Liddell
and Scott quando fala sobre Diogenes Laertius filoacutesofo de vida pouco conhecida que
viveu no seacuteculo III a C e ainda agrave terceira citaccedilatildeo Galen estudioso que trouxe muitas
contribuiccedilotildees agraves ciecircncias como fisiologia anatomia patologia e farmacologia
96
Conhecido como Galen de Pergamo viveu nasceu em 129 d C e morreu em 217 d C
Este romano que possuiacutea descendecircncia grega foi muito influenciado pelo grande nome
da medicina grega Hipoacutecrates Pela distacircncia temporal entre as citaccedilotildees do dicionaacuterio eacute
bem certo que se possa atestar o desdobramento dos sentidos deste lexema de um
adjetivo para um substantivo
Notamos pelo sentido dicionarizado por Liddell o alcance do lexema agraves classes de
palavras adjetivo e substantivo como aquilo concernente agraves drogas agrave farmaacutecia assim
como o lexema nomeia aquele que prescreve drogas Esse lexema eacute adotado pelo latim
contudo preservando apenas seu caraacuteter adjetivo
pharmăceutĭcus a um adj φαρμακευτικός I of or belonging to drugs
pharmaceutical Cael Aur Tard 5 10 126 (Perseus online)
Na liacutengua portuguesa o lexema retoma o sentido presente no grego antigo
adotado para nomear o profissional farmacecircutico
- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio Paulistano
Medico e pharmaceutico | Doutor Ulysses Cruz || com longa pratica de
hospitaes e for- | mado em ambas as faculdades de medi- | cina do Brazil eacute
encontrado em seu con- | sultorio na rua do Thezouro nuacutemero 9 | sobrado do
meio dia as 3 da tar- | de e sua residecircncia para o largo do | Arouche nuacutemero
39 || ESPECIALIDADE || Molestias de crianccedilas de senhoras da | pelle e
shyphiliticas Gratis aos pobres
O anunciante eacute uma figura que pode traduzir muito bem o pensamento que
perpassa o seacuteculo XIX acircnsia de se alcanccedilar o estatuto de naccedilatildeo por isso munir os
cidadatildeos com subsiacutedios para um ldquobem viverrdquo formar meacutedicos no proacuteprio territoacuterio
assim como farmacecircuticos aleacutem de figurar como exemplo do sentimento antilusitano
que traz em seu nome ldquoGilberto Freire observou a mudanccedila dos nomes cristatildeos para
nomes gregos e romanos e depois ingleses e franceses na sequecircncia da desruralizaccedilatildeo
das classes dominantes no seacuteculo XIXrdquo12
O meacutedico e pharmaceutico preserva de certa
forma a dicotomia entre o novo e o descolamento com a tradiccedilatildeo em seu nome Ulysses
12
Alencastro Vida Privada e Ordem Privada no Impeacuterio In Histoacuteria da Vida Privada no Brasil
97
Cruz Se por um lado o primeiro nome remete ao heroacutei grego conhecido por suas
navegaccedilotildees no retorno para casa e que eacute um heroacutei pagatildeo por outro a cristandade ainda
permanece com o sobrenome que remete a uma das figuras mais fortes do cristianismo
a cruz Esse fato ilustra muito bem o periacuteodo de transiccedilatildeo experimentada no seacuteculo XIX
O meacutedico e farmacecircutico Ulysses Cruz que possui um vasto curriacuteculo eacute
ldquoformado em ambas as faculdades de medicina do Brazilrdquo de certo a faculdade de
medicina da Bahia e a do Rio de Janeiro visto que a faculdade de medicina de Satildeo
Paulo ainda natildeo havia sido fundada vem fazer a conhecer seu trabalho pelo anuacutencio de
jornal praticando aleacutem de tudo um trabalho filantroacutepico ldquoGratis aos pobresrdquo uma
praacutetica bastante usual agrave eacutepoca
O movimento cientiacutefico de desenvolvimento de descobertas e a tentativa de sanar
certas debilidades na naccedilatildeo em organizaccedilatildeo que era o Brasil no seacuteculo XIX impulsiona
as mentes para o trabalho de criaccedilatildeo desse novo paiacutes O discurso ufanista com relaccedilatildeo agraves
inovaccedilotildees se faz presentes na teacutecnica meacutedica assim como apontado nas ldquoteacutecnicas
maquinaisrdquo O anuacutencio analisado anteriormente data de 1888 mas anteriormente a essa
data pharmaceuticos jaacute se propunham a curar com maestria as doenccedilas que assolavam a
populaccedilatildeo
- 4 de marccedilo de 1853 Satildeo Paulo Aurora Paulistana
CURA CERTA | e em pouco tempo de todas as enfermidades provenientes de
vicio san- | guineo como ndashescrophulas tube[r]- | culos lepra syphylis etc
etce [ilegiacutevel] | particular as affecccediloens de pape[ilegiacutevel] | em seu principio ||
Etienne Lagarde || Pharmaceutico e cirurgiatildeo das faculdades | Pariz e do
Rio de Janeiro ex-preparad[o] | do Curso de Chimica da escola de medic[i]- |
na e pharmacia de Poi[furo]iers membro da s[o]- | ciedade medica da mesma
cidade e corres- | pondente de algumas sociedades scientificas || Attenccedilacirco ||
A experiencia junto aacute perseveranccedila qu[e] | hoje tem sido meus uacutenicos guias
no trata[men]- | to das enfermidades acima mencionadas os | caracteres
horriveis que ellas apresentatildeo | desgostos que sobrevem as pessoas que satildeo
de | las attacadas deviatildeo naturalmente attrahir | attenccedilatildeo de todo o homem
amigo da huma- | nidade || Antigamente estas enfermidades se consi- |
deravatildeo com um principio contagioso o que | obrigava os doentes a buscar
longe das povo- | accedilotildees uma morada tranquilla que lhes permi- | tisse esperar
com paciencia a hora que [o] | Creador tivesse determinado para pocircr term[]| a
todos os seus soffrimentos hoje porem assim | natildeo acontece os progressos
98
que tem feito [a] | sciencia medica com os numerosos trabalhos | e
investigaccedilotildees da chimica tem em fim intro- | duzido na therapeutica e posto aacute
disposiccedilatildeo | dos homens da sciencia um meio prophilati- | cos contra estas
crueis enfermidades fazendo | assim esperar uma prompta cura a todos |
aquelles que o quizerem abraccedilar || Penetrado do sentimento o mais sincero da
| philantropia do amor aacute sociedade offereccedilo o[s] | meus recursos meacutedicos e
pharmaceuticos ad- | quiridos por um aturado e longo estudo da na- | tureza
humana Ersquo pois com os medicamen- | tos preparados por minhas proacuteprias
matildeos qu[e] | me proponho a curar a todos aquelles que m[e] | quizerem
procurar || Estou certo que os epithetos de ndash charlatatildeo | e especulador ndash ser-
me-hatildeo lanccedilados por al- | guns ao lerem este meu annuncio porem natildeo | seraacute
por homens sensatos que serei assim [ilegiacutevel] | xado O sabio indaga
consulta ouve [ilegiacutevel] | entre voacutes (como eu creio) existe algum
rec[ilegiacutevel] | conhecimento recebei de antematildeo toda a mi- | nha gratidatildeo || A
voacutes enfermos eu dirijo meus offereci- | mentos eu saberei consolar-vos e
talvez da[r]- | vos a panaceacutea beneacutefica da saude que tan[furo] | desejaes || Seja
o reconhecimento o fructo de meu[s] | trabalhos e o uacutenico tributo que desejo
obte[r] | daquelles que me quizerem honrar com sua[s] | consultas|| Dirijatildeo-se
ao Hotel Paulistano na rua d[e] | Satildeo Bento nuacutemero 35
Notemos mas sem nos aprofundar que a nomeaccedilatildeo das moleacutestias assim como
grande parte do leacutexico ligado agrave medicina eacute proveniente de radicais gregos como por
exemplo lepra presente neste anuacutencio Eacute enorme a quantidade de nomes de doenccedilas as
quais os meacutedicos farmacecircuticos e novos remeacutedios prometem curar desta sorte natildeo nos
deteremos demoradamente em cada um desses nomes a natildeo ser que seja preciso para
elucidar um ou outro ponto As fichas presentes nos apecircndices detalharatildeo cada uma das
ocorrecircncias destes lexemas
Tratando especificamente do anuacutencio notamos que assim como no nome do
farmacecircutico no anuacutencio anterior a presenccedila de um nome afrancesado e neste caso natildeo
tem a ligaccedilatildeo com o cristianismo Eacute difiacutecil determinar com certeza a nacionalidade deste
anunciante contudo pela sua formaccedilatildeo e retoacuterica podemos inferir que se trate de um dos
casos citados por ALENCASTRO de adoccedilatildeo de nomes franceses O pharmaceutico e
cirurgiatildeo formado pelas faculdades de Paris e do Rio de Janeiro e que tem em seu
curriacuteculo ainda os cursos de chimica e pharmacia propotildee seu trabalho agrave sociedade
paulistana com um discurso mais que ufanista sobre sua arte sua teacutecnica Ele que possui
uma formaccedilatildeo superior de peso se propotildee a curar as moleacutestias da sociedade paulistana
99
do seacuteculo XIX pondo em praacutetica seus conhecimentos assim como suas proacuteprias matildeos
ldquoErsquo pois com os medicamen- | tos preparados por minhas proacuteprias matildeos qu[e] | me
proponho a curar a todos aquelles que m[e] | quizerem procurarrdquo O discurso de
Etienne Lagarde parafraseia sua profissatildeo expressa anteriormente Cirurgiatildeo eacute um
lexema que possui sua raiz em um lexema grego χειρουργία (cheirougiacutea)
dicionarizado da seguinte forma
χειρουγία ἡ a working by hand practice of a handicraft or art skill herein
Plat etc II a handicraft Id - esp the practice of chirurgery surgery
(Liddle amp Scott Greek-English Lexicon)
O discurso do pharmaceutico mostra o quanto sua segunda profissatildeo estaacute
encarnada em si tanto na praacutetica meacutedica quanto na fomentaccedilatildeo de medicamentos Aleacutem
de servir como corporificaccedilatildeo do pensamento nacional a construccedilatildeo de uma naccedilatildeo
pelas matildeos de seus cidadatildeos Um trabalho que somente nos dias que lhe eram atuais
poderia ser feito visto que o anunciante dispotildee duas formas de tratamento agraves doenccedilas
uma anterior uma forma como enfrentariam as doenccedilas que ldquoobrigava os doentes a
buscar longe das povoaccedilotildees uma morada tranquilla que lhes permitisse esperar com
paciencia a hora que [o] Creador tivesse determinado para pocircr term[]a todos os seus
soffrimentosrdquo ligada fortemente ao fado estipulado pelo ldquoCreadorrdquo e o seu tempo
quando o homem tenta por forccedila de seu ceacuterebro poderosos e suas matildeos haacutebeis tomar as
reacutedeas de sua existecircncia Assim em seu tempo eacute possiacutevel que seja dito ldquohoje porem
assim natildeo acontece os progressos que tem feito [a] sciencia medica com os numerosos
trabalhos e investigaccedilotildees da chimica tem em fim introduzido na therapeutica e posto aacute
disposiccedilatildeo dos homens da sciencia um meio prophilaticos contra estas crueis
enfermidadesrdquo
Por se tratar de um texto criado tendo como pano de fundo a medicina e seus
avanccedilos no combate agraves doenccedilas e reforccedilando o que fora dito acima aleacutem dos nomes
das doenccedilas o texto se constroacutei utilizando-se uma gama de palavras de raiacutezes gregas
neologismos adotados no seacuteculo XIX no geral para dar conta das novas praacuteticas
meacutedicas e que o nosso cirurgiatildeo faz uso indiscriminado pois haacute de se pensar o quanto
esses novos lexemas faziam parte da vida cotidiana dos leitores desse anuacutencio
100
Aleacutem das palavras pharmaceutico e cirurgiatildeo analisadas haacute pouco temos ainda
therapeutica que provecircm do verbo grego θεραπεύω (therapeacuteuo) + o sufixo κή o
mesmo utilizado nos exemplos dados anteriormente para neologismos presentes no
grego que carregavam junto agraves palavras o sentido de tecnicidade e prophilatico de
προφυλάσσω (prophylaacutesso)
θεραπεύω f ndashεύσω (θεράπων) to be an attendant do service Od 2 to
do service to the gods Lat colore deos Hes Hdt Att - to do service or
honour to onersquos parents or masters Eur Plat 3 to serve court pay court
to τινά Hdt Ar etc and in bad sense to flatter wheedle Thuc to
conciliate Id τὸ θεραπεῦον = οἱ θεραπεύοντες Id 4 of things to
consult attend to Lat inservire Id ἡδονὴν θερ to indulge one`s love of
pleasure Xen τὰς θύρας τινὸς θερ to wait at a great man`s door Id
II to take care of provide for men of the gods Thuc estv 3 θερ τὸ
σῶμα to take care of one`s person Lat cutem curare Plat 4 to treat
medically to heal cure Thuc Xen 5 θ ἡμέρην to observe a day keep
it as a feast Hdt θ τὰ ἱερά = Lat sacra procurare Thuc 6 of land to
cultivate Xen δένδρον θερ to train a tree Hdt (Liddle amp Scott
Greek-English Lexicon)
Notamos dentre o vasto campo de sentidos da palavra (que de certa forma
preservam o sentido de assistecircncia) as possibilidades de traduccedilatildeo dadas em ldquo3 to take
care of one`s personrdquo e ldquo4 to treat medically to heal curerdquo sentidos esses presentes
no entendimento da palavra uma vez adotada pela liacutengua portuguesa Cunha nos daacute o
momento da adoccedilatildeo deste lexema na liacutengua portuguesa assim como o sentido com o
qual foi adotado
terapecircutica sf lsquoparte da medicina que estuda e potildee em praacutetica os meios
adequados para aliviar ou curar doenccedilasrsquo | the- XIX | do fr theacuterapeutique
deriv do lat tard therapeutica e este do gr therapeutikeacute de therapeacuteuo lsquoeu
curorsquo () (Cunha 2010)
Podemos entrever no texto do anuacutencio a distinccedilatildeo a que se faz do que viria a ser a
chamada therapeutica por ele citado Somente em seu tempo natildeo anteriormente eacute que
101
atraveacutes dos desenvolvimentos da sciencia medica poderiam ser introduzidos na arte de
aliviar ou curar doenccedilas que eacute a therapeutica um meio prophilatico contra as
moleacutestias que danavam a sociedade novecentista paulistana A ideia de profilaxia pode
ser notada e atestada pela quantidade de tocircnicos elixires xaropes como os prometidos
pelo pharmaceutico Lagarde os quais fariam ldquocirurgicamenterdquo
Como jaacute adiantado acima prophilatico tem sua origem no verbo grego
προφυλάσσω (prophilaacutesso) uma palavra composta pelo lexema φυλάσσω (assistir e
guardar defender guardar) + a preposiccedilatildeo πρό preposiccedilatildeo esta que tambeacutem foi
adotada pela liacutengua portuguesa sendo muito utilizada em formaccedilotildees de palavras com o
sentido jaacute presente no grego de anterioridade em defesa de ou por Dessa forma temos
o sentido de προφυλάσσω
προφυλάσσω Att ndashττω f ξω to keep guard before to guard a place or
house c acc h Hom (in the Ep 2 pl imperat προφύλχθε for
προφυλάσσετε) Xen προφυλάσσειν ἐπί τινι to keep guard over a
person or place Hdt - absol to be on guard keep watch ἡ
προφυλάσσουσα (sc ναῦς) = προφυλακίς Id - Med to guard
oneself to be on one`s guard take precautions Id Thuc - c acc To be on
one`s guard or take precautions against Lat Cavere Hdt Xen (Liddle amp
Scott Greek-English Lexicon)
Segundo Cunha prophilatico eacute um lexema incorporado agrave liacutengua portuguesa no
seacuteculo XIX sendo para noacutes um poderoso exemplo de como a arte meacutedica estava se
desenvolvendo a ponto de influenciar a linguagem cotidiana Em seu dicionaacuterio
etimoloacutegico Cunha no explana o verbete
profilaxia Sf lsquoemprego de meios para evitar doenccedilasrsquo | prophilaxia 1873 | do
fr prophilaxie deriv do lat cient prophylaxis e este do gr prophyacutelaxis
lsquoprecauccedilatildeorsquo || profilaacutetico | prophilactico 1858 | do fr prophylactiqque do gr
prophylaktikoacutes (Cunha 2010)
O verbete atesta que o lexema teve sua primeira ocorrecircncia em 1858 mas
notamos pela dataccedilatildeo do anuacutencio que a palavra jaacute fazia parte do jargatildeo meacutedico em datas
anteriores agrave citada pelo lexicoacutegrafo
102
Podemos ainda apontar alguns usos lexicais neste anuacutencio que escapam agrave
linguagem meacutedica ou especializada um uso lexical que pode espelhar o niacutevel de
conhecimento do ldquomedico e pharmaceuticordquo Etienne Lagarde Seu discurso eacute todo
carregado de um ufanismo quanto agrave arte como jaacute mostrado anteriormente A pessoa que
se dispotildee a ter essa arte como profissatildeo segundo o anunciante nada mais eacute do que um
amante da populaccedilatildeo um amigo da humanidade por dela cuidar e quem sabe sarar
Assim ldquopenetrado do sentimento o mais sincero da philantropia do amor aacute sociedaderdquo
eacute que ele pode oferecer seus trabalhos Notemos que o substantivo philantropia vem
parafraseado logo em seguida de modo explicativo Ainda como demonstraccedilatildeo de seu
belo vocabulaacuterio sobre as possiacuteveis descrenccedilas daqueles que teriam contato com o
anuacutencio ele diz ldquoEstou certo que os epithetos de ndash charlatatildeo e especulador ndash ser-me-
hatildeo lanccedilados por alguns ao lerem este meu annuncio ()rdquo Penso que a escolha de
certos lexemas para a fomentaccedilatildeo de seu discurso como philantropia que logo vem
parafraseado ou mesmo epithetos em vez de qualquer outra palavra como cognome
ou ainda uma paraacutefrase para o lexema eacute feita para de certa forma mostrar ao puacuteblico
que a pessoa que anuncia tem um niacutevel consideraacutevel de instruccedilatildeo Pela palavra ele
demonstra o que fora anunciado quanto a sua formaccedilatildeo ldquocirurgiatildeo das faculdades
Pariz e do Rio de Janeiro ex-preparad[o] do Curso de Chimica da escola de
medic[i]na e pharmacia de Poi[furo]iersrdquo
As preocupaccedilotildees com a sauacutede puacuteblica refletem-se nas tentativas de contenccedilatildeo de
pestes como explanado anteriormente havendo tambeacutem a preocupaccedilatildeo com a sauacutede
pessoal como acabamos de notar nos anuacutencios que analisamos e ainda na profusatildeo de
elixires e tocircnicos vendidos logicamente nas pharmacias
A maioria dos anuacutencios onde aparece o lexema pharmacia que faz parte de nosso
corpus faz propaganda dos novos xaropes elixires e tocircnicos que satildeo verdadeiros
remeacutedios maacutegicos contra os mais variados tipos de moleacutestias os quais poderia assolar a
populaccedilatildeo brasileira do seacuteculo XIX
O lexema elixir chega agrave liacutengua portuguesa atraveacutes do aacuterabe segundo Cunha No
aacuterabe o lexema possuiacutea um sentido muito ligado ao misticismo e a faceta maacutegica
atribuiacuteda aos medicamentos em uma eacutepoca em que a medicina ainda natildeo possuiacutea um
status teacutecnico nessa cultura Contudo no grego o sentido era de medicamento
103
elixir sm bebida medicamentosa balsacircmica ou confortadora XVIII Do fr
Eacutelixir deriv Do deriv Do aacuter Eliksir pedra filosofal e este do gr Kseron
medicamento (Cunha 2010)
Segundo o lexicoacutegrafo a primeira ocorrecircncia deste lexema na liacutengua portuguesa
foi no seacuteculo XVIII mas como dito pelo pharmaceutico Etienne Lagarde somente com
ldquoos progressos que tem feito [a] | sciencia medicardquo no seacuteculo XIX eacute que se podem
encontrar anuacutencios de elixires como o seguinte
- 03 de janeiro de 1889 Satildeo Paulo Correio Paulistano
Grande descoberta|O maior sucesso da eacutepoca que atravessaacutemos eacute a descoberta
do prodigioso vegetal cujo vegetal em si a acccedilatildeo maravilhosa de destruir
todos os virus de syphilitico A descoberta deste remedio que eacute Vegetal
Por|Excellencia eacute a verdadeira Maravilha Do Seculo XIX Os
saacutebios|estudos de muitos annos e as sucessivas experiecircncias do illustrado e
intelligente|senhor M Morato deram em resultado que o grande remedio
pura exclusiva|e unicamente vegetal a que deu o nome de ldquoExilir depurativo
de M Moratordquo|cura completa e rapidamente toda syphilis curo o
rheumatismo com uma|felicidade espantosa cura a asthma e usado
convenientemente tem com | espanto de centenas de pessoas curado o
terrivel mas a|Morphegravea |A grande descoberta deste explendoroso remeacutedio eacute
a felicidade da|humanidade eacute o passo mais gigantesco dado na medicina
Procurar ldquoExilir|depurativo de M Moratordquo propagado por Doutor
Carlos|Agente Depositaacuterio Em Satildeo Paulo|Peixoto Estella amp Companhia|Rua
de Satildeo Bento nuacutemero 11| Preccedilos|20 Exilir ndash frasco 5$000 Duzia 50$000
O medicamento revolucionaacuterio ldquoa verdadeira Maravilha Do Seculo XIX rdquo
adveacutem de uma ldquoGrande descobertardquo que pode ser vista como o maior sucesso da eacutepoca
que atravessavam destinado a destruir todos os viacuterus syphiliticos O anuacutencio ainda faz
propaganda do aacuterduo trabalho em que essa descoberta se fundou pois essa maravilha se
deve aos ldquosaacutebios|estudos de muitos annos e as sucessivas experiecircnciasrdquo e que
figuravam segundo o anunciante ldquoo passo mais gigantesco dado na medicinardquo
Se por um lado o texto vem dar agrave luz o conhecimento de um novo e
revolucionaacuterio medicamento therapeutico destinado a curar toda syphilis
rheumatismos asthmas a descoberta ainda se enraiacuteza em estudos e praacuteticas
104
experimentais anteriores visto que agrave eacutepoca (1889) experiecircncias jaacute davam conta de
fomentaccedilotildees de medicamentos sinteacuteticos Dessa forma temos o discurso ligado agrave
descoberta ligado agrave novidade de um lado e de outro temos o discurso ligado ao jaacute
conhecido e que de certa forma daacute seguranccedila Assim o medicamento eacute de origem
vegetal ldquopura exclusiva|e unicamente vegetalrdquo
Os elixires como medicamento prophilatico e therapeuticos destinavam-se a sarar
as doenccedilas e assim dar novas forccedilas revitalizar tonificar os debilitados Dessa forma
forma-se como um sinocircnimo um neologismo adotado segundo Cunha em 1858
Tonico para tambeacutem dar nome a esse tipo de medicamento alimentiacutecio
- 01 de fevereiro de 1888 Campinas Diaacuterio de Campinas
O Elixir alimenticio Ducro e muito agradavel ao paladar e as pessoas a quem
mais repugnam os alimentos o tomam ateacute por gosto| Eacute um tonico
poderosissimo aconselhado para as mulheres e a crianccedilas delicadas os
velhos os convalescentes em que desperta o appetite e restabelece as forccedilas|
Convem sobretudo nos paizes quentes onde as forccedilas diminuem pela
transpiraccedilatildeo e onde se esta sujeito a molestias contagiosas - Para mais
detalhes leia-se o prospecto que acompanha cada vidro| Pariz 20 Place des
Vosges|| E EM TODAS AS PHARMACIAS
Como dito acima e seguindo com nossos estudos Cunha nos daacute verbete
tom Sm tensatildeo tono altura de um som tonalidade | XIV toom XV | do lat
Tonus -i deriv Do gr Toacutenos muacutesculo tendatildeo tendatildeo intensidade forccedila
energia tensatildeo de uma corda som de instrumento () tocircnico adj relativo
ao tom tonifica ou daacute energia diz-se do elemento que recebe o acento de
intensidade 1858 do fr tonique deriv do gr tonikoacutes () (Cunha 2010)
A associaccedilatildeo elixir = tonico quando se diz o Elixir Ducro eacute um tonico
poderosiacutessimo eacute o que nos leva a fazer uma associaccedilatildeo sinoniacutemica entre os lexemas
Dessa forma haacute um desdobramento de sentidos em ambos os lexemas dando-lhes novos
sentidos Se por um lado temos no dicionaacuterio Aureacutelio (1988) a denominaccedilatildeo de elixir
105
elixir S m 1 confeiccedilatildeo farmacecircutica de xaropes com alcoolatos 2 bebida
deliciosa balsacircmica ou confortadora 3 Fig Aquilo que tem efeito maacutegico
ou miraculoso filtro (Aureacutelio 1988)
E de tocircnico
tocircnico Adj 1 relativo a som (1) 2 que tonifica ou daacute energia 3 gram Diz-
se do elemento (vogal siacutelaba) que recebe acento de intensidade ou icto
sm4 medicamento ou cosmeacutetico tocircnico revigorante (Aureacutelio 1988)
Temos nos sentidos de ambos os lexemas significaccedilotildees que se tocam levemente
no que diz respeito agrave accedilatildeo do medicamento no corpo daquele que o ingere se tomarmos
os sentidos de forma o mais aberta quanto possiacutevel o elixir conforta enquanto bebida
balsacircmica lenitiva e o tonico daacute energia revigora Contudo se tomarmos o sentido de
equivalecircncia que o anunciante faz entre os dois lexemas notamos no uso uma
aproximaccedilatildeo muito maior do que a dicionarizada O tonico tem atributos dados pelo
dicionaacuterio apenas ao elixir ldquoO Elixir alimenticio Ducro e muito agradavel ao paladar e
as pessoas a quem mais repugnam os alimentos o tomam ateacute por gostordquo e se o elixir ldquoEacute
um tonico poderosiacutessimordquo logo tambeacutem eacute muito agradavel ao paladar Mas segundo
o dicionaacuterio Aureacutelio somente o elixir pode ter o atributo de bebida deliciosa Da
mesma forma o elixir eacute mais do que um medicamento destinado a dar somente o
conforto afinal ele eacute um tonico poderosiacutessimo que ldquodesperta o appetite e restabelece as
forccedilasrdquo Assim o medicamento therapeutico eacute destinado para os ares brasileiros pois
este faz parte dos ldquopaizes quentes onde as forccedilas diminuem pela transpiraccedilatildeo e onde
se esta sujeito a molestias contagiosasrdquo
E aqui temos o gancho para tratarmos de um assunto jaacute mencionado em capiacutetulos
anteriores sucintamente das praacuteticas sociais e das correntes de pensamento dos
brasileiros do seacuteculo XIX influenciados por iguais franceses Apesar de natildeo
abertamente notamos nos discurso do anunciante anterior a vertente meacutedica que
rapidamente foi divulgada na eacutepoca a homeophatia Fundamentada nos estudos
hipocraacuteticos que acreditava que a sauacutede se associa aos quatro humores e estes ao meio
em que vive o homem de modo que o clima pode influenciar na sauacutede deste homem
assim a homeophatia entendia a condiccedilatildeo humana Natildeo haacute menccedilatildeo clara a essa praacutetica
no discurso do anunciante poreacutem quando este diz que o elixir convecircm sobretudo nos
106
paizes quentes podemos mais que rapidamente ligar as crenccedilas tidas pelos homeopatas
ao anunciante
A homeophatia fazia grande sucesso entre os cidadatildeos brasileiros do seacuteculo XIX a
ponto de em Campinas cidade do uacuteltimo anuacutencio de cada cinco meacutedicos atuantes na
cidade dois eram homeopatas13
Essa filosofia meacutedica era demasiadamente nova agrave
eacutepoca Cunha data a entrada desse lexema na liacutengua portuguesa de 1858
homeo- elem comp do gr homoios da mesma natureza igual semelhante
que se documenta em alguns compostos introduzidos a partir do seacutec XIX na
linguagem cientiacutefica internacional () homeopatia | -thia 1858 | Do fr
homeacuteopathie deriv do al Homoumlopathie voc criado em 1796 pelo meacutedico
alematildeo SCFHahnemann () (Cunha 2010)
O Aureacutelio o dicionariza da seguinte forma
homeopatia S f Med Sistema terpecircutico criado por Christian Friederich
Samuel Hahnemann (1755-1843) que consiste em tratar as doenccedilas por meio
de substacircncias ministradas em doses diluiacutedas a ponto de se tornarem por
vezes infiniteacutesimas capazes de produzir em indiviacuteduos satildeos quadros
cliacutenicos semelhantes aos que apresentam os doentes a serem tratados ()
(Aureacutelio 1988)
A homeophatia veio associar-se no Brasil agrave fitoterapia nacional Dessa forma ldquopor
meio da homeopatia ndash e da valorizaccedilatildeo da fitoterapia tropical - a medicina cientiacutefica
europeia vinculava-se agrave medicina popular indiacutegena e afro-brasileira14
rdquo
Temos assim de um lado o pensamento cientiacutefico dos quiacutemicos que produzem
seus medicamentos tambeacutem se utilizando da fitoterapia sendo influenciados por
pensamentos homeopaacuteticos Assim como temos os que tecircm um pensamento claro de sua
praacutetica e anuncia
- 15 de outubro de 1852 Satildeo Paulo Aurora Paulistana
- 31 de outubro de 1852 Satildeo Paulo Aurora Paulistana
13
Alencastro Vida Privada e Ordem Privada no Impeacuterio In Histoacuteria da Vida Privada no Brasil
14 Idem
107
HOMŒOPATHIA PURA | RUA DIREITA NUacuteMERO 17 | O medico-
cirurgiatildeo Joseacute Maria de | Souza tem a honra de declarar a to- | das aquellas
pessoas que quizeres | honrar com sua confianccedila que elle se | acha
novamente residindo nesta ci- | dade rua Direita nuacutemero 17 onde continuacutea |
a exercer a sua profissatildeo pelo syste- | ma homœopathico e onde seraacute encon- |
trado a qualquer hora do dia ou da | noite O annunciante tambem arran- | ca
lima e chumba dentes e faz todas | as outras operaccedilotildees que diz respeito | a
esta arte com a maior perfeiccedilatildeo|| Os pobres seratildeo tratados gratuita- | mente
A praacutetica philantropica eacute muito comum entre os homeopatas da eacutepoca tratando
dos enfermos pobres gratuitamente Alencastro nos relata que o pensamento dos
homeopatas era ldquofazer no Brasil lsquonovos Matusaleacutens [] e concorrendo para o bem
geral da humanidaderdquo Com o advento dessa praacutetica meacutedica fundam-se no Brasil do
seacuteculo XIX escolas destinadas a formar novos praticantes assim como a fomentaccedilatildeo de
toda uma bibliografia que assistisse a esse puacuteblico
- 05 de fevereiro de 1867 Satildeo Paulo Correio Paulistano
NA CASA GARRAUX || LARGO DA SEacute || Encontra-se os artigos seguintes
||Papel para desenho || Papel de luto || Papel de peso || Papel almasso || Papel
florete || Papel Hollanda || Papel de phantasia || Papel de cartas || Enveloppes
brancos || Enveloppes de cores || Enveloppes de luto || Enveloppes
commerciaes || Enveloppes forrados de panno || Cartotildees de visita || Ditos para
casamentos || Tinteiro de vidro || Tinteiro de crystal || Tinteiro de bronze ||
Tinteiro ricos de phantasia || Pennas de accedilo de varias qualidades || Pennas de
ave || Sinetas || Canivetes || Pacas de cortar papel || Lacre || Obreiras ||
Imagens || Quadros de devoccedilatildeo || Desenhos || Albuns para desenhos || Aacutelbuns
para photographia || Quadros para photographia || Carteiras || Estojos de
viagem || Caixas de perfumaria || Caixas de papelaria || Caixas de costura com
musica || Caixa de mathematicas || Caixas de tintas || Tintas de escrever ||
Livro de direito || Livros de litteratura || Livros de devoccedilatildeo || Livros de
educaccedilatildeo || Livros de homœopathia || Livros de missa || Horas Marianas ||
Livros de luxo para presentes || Objectos de phantasia para presentes || Lapis ||
Baralho de cartas || Baralhos de cartas de phantasia || Bengallas || Livros para
apontamentos || Stereoscopos || Folhinhas do anno || Pastas || E muito mais
objectos || Grande sortimento de papel pintado | para forrar casas fabricados
em Paris | desde 500 reacuteis a peccedila para cima | Guarniccedilatildeo roda-peacute paisagens
108
etc | Esta casa recebe directamente da Europa todos seus livros e mercado- |
rias e destrsquoarte poacutede offerecer aacutes pessoas que a Ella se dirigem considera- |
veis vantagens
Assim na casa Garraux dentre vaacuterias outras literaturas e materiais de papelaria
podia-se encontrar Livros de homœopathia
Seguindo a ordem natural dos neologismos que possuem uma histoacuteria de uso
abundante como eacute loacutegico medicamentos adjetivado pelo neologismo criado a partir do
substantivo homeopathia homeopathicos
- 26 de maio de 1872 Campinas Gazeta de Campinas
Medicamentos Homeopathicos|No estabelecimento do Roso amp Filho em
liquidaccedilatildeo aacute rua do Commercio nuacutemero 45 encontra-se sempre grande
sortimento destes medicamentos em tinturas globulos e opodeldoc de
Bryonia Rhux para rheumatismo do laboratoio do doutor Cochrane amp
Pinho do Rio de Janeiro bem assim livros homeopathicos
Esses remeacutedios concorriam pela preferecircncia do puacuteblico com os medicamentos
produzidos pelos quiacutemicos fitoteraacutepicos licenciados pela junta de Hygiene do Imperio
do Brazil15
vendidos nas pharmacias destinados aos tratamentos das mesmas moleacutestias
como o rheumatismo diabete cystites epilepsia gonorrhea16
e muitas outras
Munindo a populaccedilatildeo brasileira de possibilidades de cura agraves doenccedilas mesmo aos
pobres que natildeo podendo pagar pelo tratamento tinham a sauacutede assegurada pelos
philantropos eacute que se poderia garantir uma civilizaccedilatildeo disposta a avanccedilar em direccedilatildeo ao
status de naccedilatildeo que o paiacutes queria alcanccedilar
15
Nos apecircndices estatildeo as fichas das palavras analisadas neste trabalho Notaratildeo que na ficha destinada
ao lexema hygiene haacute uma recorrente menccedilatildeo a junta de hygiene do Imperio do Brazil nos anuacutencios de
medicamentos natildeo homeopaacuteticos Podemos entender essa menccedilatildeo como um aval de um oacutergatildeo puacuteblico
a fomentaccedilatildeo de medicamentos a partir de uma praacutetica que possa ser vista como mais cientiacutefica em
oposiccedilatildeo agraves praacuteticas homeopaacuteticas
16 Ver apecircndices
109
9 Conclusotildees
O trabalho natildeo daacute conta de todas as entradas lexicais levantadas que satildeo
apresentadas nos apecircndices Essas estatildeo postas na sessatildeo para servir de amostragem do
corpus Poreacutem julgamos que o retrato mesmo que 34 das entradas lexicais e a
influecircncia dessas adoccedilotildees no leacutexico da Liacutengua Portuguesa alcanccedilou o que nos
propusemos a fazer quando foi pensado o projeto
Tentamos neste trabalho e esperamos que a contento apontar alguns movimentos
da sociedade brasileira rumo agrave civilidade em seu projeto de naccedilatildeo
Comungamos da crenccedila muito bem apresentada por KRISTEVA (1969) em sua
Histoacuteria da Linguagem quando esta dizendo sobre as novas formas de entendermos o
homem apresenta-nos uma nova ferramenta a linguagem nos ensina
ldquoQuanto agrave concepccedilatildeo da linguagem como ltltchavegtgt do homem e da histoacuteria social
como via de acesso agraves leis do funcionamento da sociedade essa talvez constitua uma das mais
importantes caracteriacutesticas da nossa eacutepocardquo
Acreditamos que desenvolver o raciociacutenio a partir da historiografia da evoluccedilatildeo
humana dentro da perspectiva eurocecircntrica nos deixa perceber alguns passos escolhidos
assim como os discursos que foram adotados para jusificar aqueles passos Mostramos
como o imaginaacuterio de projeto de naccedilatildeo ocorrido em Portugal de certa forma se repete
no Brasil do seacuteculo XIX O discurso que atrela civilidade e modernidade eacute recorrente
nos dois momentos
A escolha por partir dos anuacutecios de jornais acreditamos conseguiu dar conta da
proposta de levantar uma amostragem real dos discursos que corriam como ideaacuterio no
Brasil
Entatildeo atraveacutes dos discursos ocorridos no seacuteculo XIX tentamos explanar um
pouco da histoacuteria social brasileira Notamos as passagens do velho para novo quando
as leis que se faziam operantes natildeo deixam de existir mas se modificam ora se
modificando totalmente ora se complementando e se expandindo Artefatos novos para
velhos trabalhos palavras formadas por raiacutezes morfoloacutegicas antigas para nomear a
novidade E dessa forma temos pelo estudo da linguagem uma possibilidade de leitura
de um mundo
110
Pode-se chegar a determinados pontos por diversos caminhos Verdade
Escolhemos trabalhar com os lexemas de base morfoloacutegica grega por uma equaccedilatildeo ateacute
que bem faacutecil de entender Sabemos que as inovaccedilotildees tecnoloacutegicas satildeo os motores mais
importantes para os avanccedilos do homem no processo civilizatoacuterio E as tecnologias ateacute
meados do seacuteculo XX buscavam no grego as suas terminologias Assim as ligaccedilotildees
ficam expliacutecitas e justificamos o trabalho
111
10 Bibliografia
- ALBERT P e Terrou F Histoacuteria da Imprensa Traduccedilatildeo de Edison Darci Heldt Satildeo
Paulo Martins Fontes 1990
- ALENCASTRO L F (Org 1997) Histoacuteria da Vida Privada no Brasil vol II
Impeacuterio a corte e a modernidade nacional Satildeo Paulo Companhia das Letras (cap 1)
- ALMEIDA Gladis Maria de Barcellos O percurso da terminologia de atividade
praacutetica agrave consolidaccedilatildeo de uma disciplina autocircnoma
httpwwwgelhospedagemdesiteswsestudoslinguisticosvolumes32htmmesaredomr00
4htmestudoslinguisticosvolumes32htmmesaredomr004htm
- ALVES Joseacute Eustaacutequio Diniz Anaacutelise de conjuntura teoria e meacutetodo
httpwwwieufrjbrapartepdfsanaliseconjuntura_teoriametodo_01jul08pdf
- ALONSO Angela Ideias em movimento a geraccedilatildeo 1870 na crise do Brasil-Impeacuterio
ndash Satildeo Paulo Paz e Terra 2002
- ATHAYDE Wesley Rodrigues As Artes Liberais E Mecacircnicas Uma via para o
conhecimento da Sapiecircncia segundo Hugo de Satildeo Viacutetor Dissertaccedilatildeo apresentada ao
Departamento de Filosofia da Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica de Satildeo Paulo 2009
- BECHARA Evanildo Moderna Gramaacutetica Portuguesa Rio de Janeiro Lucerna
2007
- BOLIacuteVAR Adriane Anaacutelisis Del Discurso Y Compromiso Social Universidad Central de
Venezuela Texto online sem publicaccedilatildeo in
fileCUsersHpDownloadsiv20Adriana20Bolivar20-20ACDpdf
- CAcircMARA Joaquim Mattoso Estrutura da Liacutengua Portuguesa Petroacutepolis Editora
Vozes 2005
112
- CAMOtildeES Luiacutes de Os Lusiacuteadas Ediccedilatildeo comentada pelo prof Otoniel Mota 13deg
ediccedilatildeo Editora Melhoramentos
- CIAPUSCIO E G Los Teacuterminos em el Texto Hacia una Tipologiacutea de los Textos de
Especialidad in Textos Especializados y Terminologiacutea Barcelona Institut Universitari
de Linguumliacutestica Aplicada Universitat Pompeu Fabra 2003
- CUNHA A G Dicionaacuterio Etimoloacutegico da Liacutengua Portuguesa 4ordf Ed Revista pela
nova ortografia Rio de Janeiro Lexikon 2010
- EURIacutePEDES Medeia Traduccedilatildeo e organizaccedilatildeo Flaacutevio Ribeiro de Oliveira Satildeo Paulo
Odysseus Editora 2006 ndash (Coleccedilatildeo Kouacuteros)
- FAIRCLOUGH Norman Language and Power British Library Cataloguing in
Publication 1941
- FERREIRA Aureacutelio Buarque de Holanda Dicionaacuterio Aureacutelio Escolar da Liacutengua
Portuguesa Rio de Janeiro Nova Fronteira 1988
- FREITAS Fernanda Simplicio Petri Branco de et SILVA Jorge Luacutezio Matos Um
Manifesto Imageacutetico A Imagem Como Contribuiccedilatildeo Para A Construccedilatildeo Do Ser
Poliacutetico E Intervenccedilatildeo Poliacutetico-Social Satildeo Paulo 2018 Artigo sem publicaccedilatildeo
- GONCcedilALVES Rodrigo Tadeu et Basso Renato Miguel Histoacuteria da liacutengua ndash
Florianoacutepolis LLVCCEUFSC 2010
- GUEDES MARYMARCIA e BERLINCK Rosane de Andrade (orgs) E os preccedilos
eram commodos Anuacutencios de Jornais Brasileiros do Seacuteculo XIX Satildeo Paulo
Humanitas FFLCH USP 2000
- HERNANDEZ Marcos Martinez Historia Del Leacutexico Romaacutenico Madri Biblioteca
Romacircnica Hispaacutenica Editorial Gredos 1974
113
- Iliacuteada de Homero vol I Homero traduccedilatildeo de Haroldo de Campos introduccedilatildeo e
organizaccedilatildeo Trajano Vieira ndash 4 Ed ndash Satildeo Paulo Arx 2003
- KRISTEVA Julia Histoacuteria da Linguagem Coleccedilatildeo Signos 6 Traduccedilatildeo Maria
Margarida Barahoma Lisboa Ediccedilotildees 70 1969
- LIDDELL and SCOTT An Intermediate Greek-English Lexicon The seventh edition
of Liddell and Scottrsquos Greek-English Lexicon Oxford University Press printed in India
by Gopsons Paper Ltd Noid ndash 201 301
- MELO Joseacute Marques de Histoacuteria social da imprensa fatores socioculturais que
ratardaram a implantaccedilatildeo da imprensa no Brasil Joseacute Marques de Melo ndash Porto
Alegre EDIPUCRS 2003
- MELO Joseacute Marques de Sociologia da Imprensa Brasileira a implantaccedilatildeo Prefaacutecio
de Luiz Beltratildeo Petroacutepolis Vozes 1973
- Odisseia Homero ediccedilatildeo biliacutengue traduccedilatildeo posfaacutecio e notas de Trajano Vieira
ensaio de Italo Calvino ndash Satildeo Paulo Ed 34 2011
- ORLANDI E P (1990) Terra agrave Vista Discurso do Confronto Velho e Novo Mundo
CampinasSatildeo Paulo Ed Unicamp Cortez
____________ (1999) Anaacutelise do Discurso ndash Princiacutepios e Procedimentos Campinas
Pontes
- PEREIRA Rui Abel Unidades Greco-Latinas na Liacutengua Portuguesa Dissertaccedilatildeo de
Mestrado defendida na Universidade Catoacutelica Portuguesa 2005
- PEREIRA Terezinha Maria Scher Histoacuteria e linguagem em Os Lusiacuteadas
fileCUsersHpDownloads49613-Texto20do20artigo-60952-1-10-
2013010820(1)pdf
114
- RANAURO Hilma LEXICOGRAFIA E INCORPORACcedilAtildeO ORTOGRAacuteFICA DE
EMPREacuteSTIMOS[1] a soluccedilatildeo brasileira Texto online sem publicaccedilatildeo in
httpwwwfilologiaorgbrhilmaranaurolexicograficaeincorporacaohtml (11032019
agraves 930 hrs)
- RIBEIRO Darcy O Processo Civilizatoacuterio Satildeo Paulo Companhia das Letras
Publifolha 2000
- RODRIacuteGUEZ-TAPIA Sergio Los textos especializados semiespecializados y
divulgativos una propuesta de anaacutelisis cualitativo y de clasificacioacuten cuantitativa
UNED Revista Signa 25 (2016) pags 987-1006
- SILVA Maxwel F O Embate Entre Artes Liberais E Artes Mecacircnicas E O Discurso
Da Educaccedilatildeo Profissional No Brasil No Final Do Seacuteculo XIX E Iniacutecio Do Seacuteculo XX
Revista Temas em Educaccedilatildeo Joatildeo Pessoa v23 n1 p160-168 jan-jun 2014
- Syndicate of the University of Cambridge Reading Greek Cambridge Typeset in
Bembo 1999
- SHWARCZ L M (1998) As Barbas do Imperador ndash D Pedro II um monarca nos
troacutepicos Satildeo Paulo Companhia das Letras
- SOUZA Francisco Antonio de Novo Diccionario ndash Latino-Portuguez Rio de Janeiro
Livraria H Antunes sd
- SOUZA Patriacutecia Aparecida Guimaratildees de As personagens das cartas de Aacutelvares de
Azevedo
- Syndicate of the University of Cambridge Reading Greek Cambridge Typeset in
Bembo 1999
- VIEIRA Faacutebio Antunes O Impeacuterio e o Renascimento Caroliacutengio uma abordagem
UNIMONTES CIENTIacuteFICA Montes Claros v12 n12 - jandez 2010
115
-VIRGIacuteLIO Eneida brasileira traduccedilatildeo poeacutetica da epopeia de Puacuteblico Virgiacutelio Maro
Virgiacutelio organizaccedilatildeo Paulo Seacutergio de Vasconcellos et al traduccedilatildeo Manuel Odorico
Mendes - Campinas SP Editora da UNICAMP 2008
- WUumlSTER Eugen Introduccioacuten la Teoriacutea General de la Terminologiacutea y a la
Lexicografiacutea Terminoloacutegica Barcelona Institut Universitari de Linguumliacutestica Aplicada
Universitat Pompeu Fabra 1998 (Responsable de la edicioacuten M Teresa Cabreacute)
101 Bibliografia online
httpwwwperseustuftseduhoppertextdoc=Perseus3Atext3A19990400573A
entry3Dw28rolo2Fgion ndash dia 21092018 agraves 2050hrs
httpwwwperseustuftseduhoppertextdoc=Perseus3Atext3A19990400573A
entry3Dfarmakeutiko2Fs ndash 09072018 agraves 1532hrs
httpwwwperseustuftseduhoppertextdoc=Perseus3Atext3A19990400593A
entry3Dpharmaceuticus - 09072018 agraves 1611hrs
httpenwikipediaorgwikiGalen - 09072018 agraves 1653hrs
httpptwikipediaorgwikiHomeopatia - 23072018 agraves 1346hrs
httpwwwinfoescolacomquimicaquerosene - 2307 agraves 1732hrs
httpwwwgelhospedagemdesiteswsestudoslinguisticosvolumes32htmmesaredom
r004htmestudoslinguisticosvolumes32htmmesaredomr004htm (25032019)
httpsptwikipediaorgwikiRenascenC3A7a_carolC3ADngia
116
httpwwwmuseudaenergiaorgbrmedia6315311pdf
httpwwwgelhospedagemdesiteswsestudoslinguisticosvolumes32htmmesaredom
r004htmestudoslinguisticosvolumes32htmmesaredomr004htm (2503)
httpsptwikipediaorgwikiRenascenC3A7a_carolC3ADngia
117
11 Apecircndices
111 Lexemas ligados agrave cultura
PALAVRA BIOGRAPHIA
ENTRADA NO DICIONAacuteRIO
ETIMOLOacuteGICO
- bio- elem Comp do Gr biacuteos lsquovidarsquo
que se documenta em numerosos
compostos da linguagem cientiacutefica
internacional a partir do seacutec XIX ()
biografia | -phia 1825 ()
ENTRADA NO DICIONAacuteRIO
COMUM
biografia Sf descriccedilatildeo ou histoacuteria da
vida de uma pessoa
PERIOacuteDICO
DATA
E
CIDADE DE ORIGEM
- 25 de abril de 1852 Aurora Paulistana
Satildeo Paulo
ATTENCcedilAtildeO | A Farrapeida| Recebem-
se nesta typogra|phia assignaturas para um
| opusculo que breve sahiraacute aacute | luz com o
titulo acima e con- | teraacute cerca de 120
paginas Ersquo | um poema em que se descre-
| vecirc a biographia dos princi- | paes
membros do partido - | Venda-grande ndash
118
nesta provin- | cia e dividido em 5 cantos
dos quaes estatildeo jaacute na typogra- | phia os
tres primeiros cujos titulos satildeo | I A
CARA-SUGEIDA | precedida de uma
estampa | representando um individuo |
desejando surprehender os | segredos de
uma bella Con- | deccedila | II A
CARRONrsquoIHEI- | DA ou as magicaturas
pre- | cedida igualmente de uma ca- |
ricatura | III A JANISTROQUEI- | DA
ou factos historicos bio- | graphia
completa de um ca- | valheiro muito
conhecido a | caricatura que precede este |
canto eacute muito curiosa | Preccedilo de cada
exemplar | 1$ reis pagos ao receber o |
exemplar
PALAVRA EPITHETO
ENTRADA NO DICIONAacuteRIO
ETIMOLOacuteGICO
epiacuteteto sm lsquopalavra ou frase que
qualifica pessoa ou coisarsquo lsquocognomersquo |
epytheton XVI | do fr eacutepithegravete deriv do
lat epitheton ndashi e este do gr epiacutetheton
()
119
ENTRADA NO DICIONAacuteRIO
COMUM
epiacuteteto sm 1 palavra ou frase que
qualifica pessoa ou coisa 2 V cognome
PERIOacuteDICO
DATA
E
CIDADE DE ORIGEM
- 4 de marccedilo de 1853 Satildeo Paulo Aurora
Paulistana
CURA CERTA | e em pouco tempo de
todas as enfermidades provenientes de
vicio san- | guineo como ndashescrophulas
tube[r]- | culos lepra syphylis etc etce
[ilegiacutevel] | particular as affecccediloens de
pape[ilegiacutevel] | em seu principio ||
Etienne Lagarde || Pharmaceutico e
cirurgiatildeo das faculdades | Pariz e do Rio
de Janeiro ex-preparad[o] | do Curso de
Chimica da escola de medic[i]- | na e
pharmacia de Poi[furo]iers membro da
s[o]- | ciedade medica da mesma cidade e
corres- | pondente de algumas sociedades
scientificas || Attenccedilacirco || A experiencia
junto aacute perseveranccedila qu[e] | hoje tem sido
meus uacutenicos guias no trata[men]- | to das
enfermidades acima mencionadas os |
caracteres horriveis que ellas apresentatildeo |
desgostos que sobrevem as pessoas que
satildeo de | las attacadas deviatildeo naturalmente
attrahir | attenccedilatildeo de todo o homem amigo
da huma- | nidade || Antigamente estas
enfermidades se consi- | deravatildeo com um
120
principio contagioso o que | obrigava os
doentes a buscar longe das povo- | accedilotildees
uma morada tranquilla que lhes permi- |
tisse esperar com paciencia a hora que [o]
| Creador tivesse determinado para pocircr
term[]| a todos os seus soffrimentos hoje
porem assim | natildeo acontece os progressos
que tem feito [a] | sciencia medica com os
numerosos trabalhos | e investigaccedilotildees da
chimica tem em fim intro- | duzido na
therapeutica e posto aacute disposiccedilatildeo | dos
homens da sciencia um meio prophilati- |
cos contra estas crueis enfermidades
fazendo | assim esperar uma prompta cura
a todos | aquelles que o quizerem abraccedilar
|| Penetrado do sentimento o mais sincero
da | philantropia do amor aacute sociedade
offereccedilo o[s] | meus recursos meacutedicos e
pharmaceuticos ad- | quiridos por um
aturado e longo estudo da na- | tureza
humana Ersquo pois com os medicamen- | tos
preparados por minhas proacuteprias matildeos
qu[e] | me proponho a curar a todos
aquelles que m[e] | quizerem procurar ||
Estou certo que os epithetos de ndash
charlatatildeo | e especulador ndash ser-me-hatildeo
lanccedilados por al- | guns ao lerem este meu
annuncio porem natildeo | seraacute por homens
sensatos que serei assim [ilegiacutevel] | xado
O sabio indaga consulta ouve [ilegiacutevel] |
entre voacutes (como eu creio) existe algum
rec[ilegiacutevel] | conhecimento recebei de
antematildeo toda a mi- | nha gratidatildeo || A
121
voacutes enfermos eu dirijo meus offereci- |
mentos eu saberei consolar-vos e talvez
da[r]- | vos a panaceacutea beneacutefica da saude
que tan[furo] | desejaes || Seja o
reconhecimento o fructo de meu[s] |
trabalhos e o uacutenico tributo que desejo
obte[r] | daquelles que me quizerem
honrar com sua[s] | consultas|| Dirijatildeo-se
ao Hotel Paulistano na rua d[e] | Satildeo
Bento nuacutemero 35
PALAVRAS SYSTEMA
ENTRADA NO DICIONAacuteRIO
ETIMOLOacuteGICO
sistema sm conjunto de elementos
materiais ou ideais entre os quais se possa
encontrar ou definir alguma relaccedilatildeo
meacutetodo processo | sys- 1810 | do fr
Systegraveme deriv Do lat Tard Systema e
este do gr Syacutestema
ENTRADA NO DICIONAacuteRIO
COMUM
sistema Sm1 conjunto de elementos
materiais ou ideias entre os quais se possa
encontrar ou definir alguma relaccedilatildeo 2
disposiccedilatildeo das parts ou dos elementos de
um todo coordenados entre si e que
122
funcionam como estrutura organizada 3
reuniatildeo de elementos naturais da mesma
espeacutecie que constituem um conjunto
intimamente relacionado 4 o conjunto
das instituiccedilotildees poliacuteticas eou sociais e dos
meacutetodos por elas adotados encarados quer
do ponto de vista teorico quer do de sua
aplicaccedilatildeo praacutetica 5 reuniatildeo coordenada e
loacutegica de priciacutepiosou ideacuteias
relacionadasde modo que abranjam um
campodo conhecimento 6 conjunto
ordenados de meios ou ideacuteias tendente a
um resultado plano meacutetodo 7 teacutecnica ou
meacutetodo empregado para um fim preciacutepuo
8 modo maneira forma 9 complexo de
regras ou normas 10 haacutebito particular
costume 11 anat conjunto de oacutergatildeos
compostos do mesmo tecido e que
desempenham funcotildees similares 12
biolcoodenaccedilatildeo hierarquica dos seres
vivos em um esquema loacutegico e metoacutedico
segundo o princiacutepio de subordinaccedilatildeo dos
caracteres 13 comun conjunto particular
de instrumentos e convenccedilotildees adotados
com o fim de dar um informaccedilatildeo 14 fiacutes
parte limitada do universo sujeita a
observaccedilatildeo imediata ou mediata e que
em geral pode caracterizar-se por um
conjunto finito de variaacuteveis associadas a
grandezas fiacutesicas que a identificam
univocamente 15 geolconjunto de
terrenos que correspondem a um periacuteodo
geologico 16 ling conjunto de elementos
123
linguiacutesticos solidaacuterios entre si 17 ling a
proacutepria lingua quando encarada sob um
aspecto estrutural 18 muacutes qualquer seacuterie
determinada de sons consecutivos ()
PERIOacuteDICOS
DATAS
E
CIDADES DE ORIGEM
- 24 de abril de 1870 Campinas Gazeta
de Campinas
PHOTOGRAPHIA CAMPINENSE DE
HENRIQUE ROSENI|28-RUA
DIREITA-28|Tira-se retratos todos os dias
e por todos os systemas Para familia - os
preccedilos satildeo reduzidos consideravelmente
- 29 de setembro de 1870 Campinas
Gazeta de Campinas
E Athouguia cirurgiatildeo dentista aprovado
pela academia de medicina do Rio de
Janeiro colloca dentaduras pelos systemas
melhores e mais mdernos (como jaacute
annunciou) limpa e chumba os dentes
cariados cauteriza-os com antecedencia
afim de tirar-lhes toda a sensibilidade
nervosa tira os defeito provenientes de
uma maacute regularidade desses orgatildeos cura
124
todas as molestias da bocca e faz
obturadores apparelhos essenciaes tanto
para o asseio da mesma como para a boa
pronunciaccedilatildeo tendo pleno conhecimento
das molestias e de sua applicaccedilatildeo offerece
seus prestimos gratuitamente aacutes pessoas
menos abastadas Quem precisar dirija-se
ou por escripto ao largo da Matriz Velha
junto do sino grande
- 25 de fevereiro de 1872 Campinas
Gazeta de Campinas
Grande sortimento de garampos para
prender o cabello novo systhema Em
casa de Leon Hertz -66
- 08 de agosto de 1872 Campinas Gazeta
de Campinas
ESPECIALIDADE|| Acha-se aberto no
largo da Matriz-nova nuacutemero 2C um
armazem de assucar de todas as
qualidades|Recebe-se mensalmente
grande porccedilatildeo de assucar de Pernambuco
das melhores qualidades desde o alvo
125
fino ateacute o mascavo|Recebe assucar
refinado de 1ordf e 2ordf qualidade pelo
processo de crestalisaccedilatildeo bastante
conceituado entre os que conhecem esses
systemas de clarear depurar e
cristalisar|Recebe igualmente refinado a
braccedilos pelo systhema comum e das mais
acreditadas refinaccedilotildees do Rio de
Janeiro|Vende-se o assucar cruacute de meia
arroba para mais havendo grande
abatimento comprando em saccos|
Vende-se o refinado tambem de meia
arroba para mais havendo grande
abatimento comprando embarricada
- 14 de junho de 1874 Campinas A
Mocidade
O retratista photographo Evaristo
Brasileiro de Campos Mello esperando
uma nova officina que lhe vem
directamente da Europa previne a seus
amigos e fregezes que continuaraacute a tirar
retratos por qualquer systema pelos
preccedilos do costume garantindo um grande
melhoramento em seu trabalho espernado
por isso merecer sempre confianccedila deste
cavalheiro e generoso povo Campineiro|
A 5000 A DUZIA
126
- 14 de outubro de 1874 Campinas A
Mocidade
PEDE-SE TODA||ATTENCcedilAtildeO|| Aos
senhores fazendeiros|| Ferreira Novo amp
Filho participaratildeo aos senhores
fazendeiros e negociantes que continuatildeo a
comprar cafegrave em maior quantidade do que
faziam ateacute hoje achando-se para isso
habilitados por acabarem de contractar
com algumas das principais casas
exportadoras a fazerem grandes compras
Nosso systema de compras seraacute
Comprar toda e qualquer quantidade de
cafegrave quando beneficiado o prompto
recebemos ou com poucos dias de
demora depois da venda| Pedimos a todos
os senhores fazendeiros qua quando
tenhatildeo cafegrave em qualquer quantidade
promptoe queiratildeo vender a bondade de
nos procurarem pagando sempre no dia da
venda maior preccedilo que permitir o estado
do cafegrave nos principais mercados do paiz
da America e da Europa habilitando-nos
para podermos fazer tatildeo grande vantagem
aos senhores lavradores o telegrapho que
acaba de collocar em comunicaccedilatildeo diaria
esta florescente cidade com aqueles
127
principaes mercados
- 21 de outubro de 1874 Campinas A
Mocidade
Photographia
Campinense||DE||HENRIQUE ROSEN||
50 - RUA DIREITA - 50||Em
consequencia de novos melhoramentos
introduzidos no salatildeo de vidro deste bem
conhecido estabelecimento photographico
o mais antigo da provincia tira-se de hoje
em deante retratos perfeitos das 7 horas da
manhatilde ateacute 5 da tarde e com qualque[r]
tempo sendo preferidos os dias cobertos
e chuvosos| Trabalha-se todos os dias e
por todos os systemas Especialidades -
Retratos coloridos a Crozat e aquarela
Esmaltados Bombeacute Cabinet e Mezzo
Tinto dos quaes os ultimos imitando
porcellana foratildeo introduzidos nesta
provincia pelo annunciante e satildeo tirados
soacutemente no estabelecimento do mesmo|
Os retratos da phptographia simples tiratildeo-
se ainda pelo preccedilo baratiacutessimo de 6$000
a duzia pagando adeantado| O
annunciante esera conrinuar a merecer a
affluencia e valiosa protecccedilatildeo dos seus
numerosos amigos e freguezes - convida
128
ao respeitavel publico em geral para
examinar sua extense e variada galeria|
CASA FILIAL A PHOTOGRAPHIA
CAMPINENSE|| Satildeo Joatildeo do Rio-Claro||
20 - RUA DO COMMERCIO - 20|| (Perto
da Collectoria)
- 01 de fevereiro de 1888 Campinas
Diaacuterio de Campinas
Officina de espingardeiro||RUA
GENERAL OZORIO 102 A|Nesta antiga
e muito conhecida officina continuam-se a
trabalhar com perfeiccedilatildeo e solidez em
consertos de armas de fogo de qualquer
systema| Envernizam-se espingardas
com perfeiccedilatildeo tal de competir comas
novas Bem como fabricam-se qualquer
peccedila nova e tudo que diz respeito a essa
arte| Facas de prata trabalhadas aacute
capricho| Garante-se a maxima perfeiccedilatildeo
na execuccedilatildeo dos trabalhos que a esta casa
forem confiados|| PRECcedilOS MODICOS||
BALTHASAR BRUNI|| RUA GENERAL
OZORIO 102 A|| CAMPINAS
- 10 de dezembro de 1828 Satildeo Paulo O
129
Farol Paulistano
Joatildeo Francisco Espingardeiro de Paris
avisa|ao Respeitavel Puacuteblico drsquoesta
Cidade que elle tem| um sortimento de
espingardas de um novo systema|
chamado Pistatildeo cuja superioridade eacute
incontestavel a|respeito das de
pedra_Tambem poem as de pedra|ao
systema novo e faz com o maior cuidado
todos os| concertos de sua profissatildeo sua
residecircncia eacute na Rua| do Rozario nuacutemero
24
- 22 de janeiro de 1879 Satildeo Paulo
Correio Paulistano
PHOTOGRAFIA|AMERICANA|RUA
DA IMPERATRIZ|Satildeo PAULO| O
propretaacuterio deste estabelecimento de
volta de sua viagem aacute Europa continua a
trabalhar no mesmo estabelecimento o
qual se acha augmentado com machinas e
utensiacutelios os| mais modernos|Neste
estabelecimento que conta 16 annos de
existencia (o mais antigo deste proviacutencia)
continua-se a trabalhar por todos|os
sistemas de photografias desde o retrato
130
em a|mais pequena miniatura ateacute o
tamanho natural|Encarrega-se de mandar
pintar em Pariz pelos melhores pintores
qualquer retrato em|busto ou corpo
inteiro a oleo pastel ou aquarella
bastando para isso um pequeno retrato|da
pessoa que se quizer retratar|Trabalhar-se
todos os dias das 10 horas da manhatilde aacutes 4
horas da tarde natildeo importa o tempo
chuvoso|OS SENHORES
PHOTOGRAFOS|encontraratildeo neste
estabelecimento tudo que eacute mister aacute
mesma arte e pelos preccedilos do Rio de
Janeiro|Retratos de ateacute Reacuteis 5$ a duacutezia
- 13 de julho de 1879 Satildeo Paulo Correio
Paulistano
SALAtildeO CONIMBRICENSE|30 A ndash Rua
da Imperatriz ndash 30 A| Neste bem montado
estabelecimento encontraratildeo as
excelentiacutessimas famiacutelias um grande
e|variado sortimento de posticcedilos de
cabelos de todas as cores como sejam
tranccedilas coques|caeche-peignes topetes e
grampos frisados penteados pelos
systemas mais modernos|Os preccedilos satildeo
sempre mais baratos do que em qualquer
outra parte|SALAtildeO
131
CONIMBRICENSE|30 A ndash Rua da
Imperatriz ndash 30 A|Joseacute da Cunha
Fachadas|Satildeo Paulo
- 27 de fevereiro de 1889 Satildeo Paulo
Correio Paulistano
Engelberg Siciliano amp
Companhia|Machinas para
lavoura|privilegiadas pelo governo
imperial|Satildeo Paulo|No empenho de tornar
cada vez mais conhecidas as vantagens
que sobre|quaesquer outras offerecam as
nossas excellentes machinas para a
lavoura|chamamos a atenccedilatildeo do senhores
fazendeiros para o seguinte|descascador
de cafeacute do ldquoengelbergrdquo|O descascador
ldquoEngelbergrdquo eacute o unico que absolutamente
natildeo quebra cafeacute|apresentando aleacutem desta
incontestavel vantagem outras muitas
taes como--|grande simplicidade e
solidez dispensando os tantos concertos
que satildeo|precisos em outras beneficio
perfeitissimo devido ao seu excepcional e
|unico systema pelo qual o cafeacute se
descasca brandamente sem estragar-se
conservando por muito tempo a sua cocircr
natural e sendo por isso muito apreciado e
procurado em todos os mercados natildeo se
132
perde nenhum gratildeo de cafeacute porque a palha
sahe de tal modo moiacuteda que eacute impossivel
envolver cafeacute algum|natildeo acontecendo o
mesmo com outros descascadores os
quaes apezar de|moerem o cafeacute deixam a
palha quase inteira envolvendo-se nella
grande|quantidade de gratildeos que afinal se
perdem por na poderem ser
separados|occupa menor forccedila do que
qualquer outro descascador para
beneficiar a|mesma quantidade havendo
aleacutem disso grande economia de lenha e
tempo| Enfim os numerosos attestados
que recebemos diariamente de
illustrados|fazendeiros e as experiencias
feitas por muitas vezes em cotejo com
outras|machinas em cujas experiencias
tem-se observado que os nossos
descascadores|sugmentam a safra ateacute dez
por cento satildeo elementos mais que
sufficientes para | comprovar o que
dizemos|E se isso ainda natildeo focircr bastanto
nos obrigamos a pagar a quantia de reacuteis
50$000|por arroba de cafeacute que sahir
quebrado de nossa machina condiccedilatildeo essa
que nos | poderaacute impor qualquer
comprador|Ainda mais -- faremos
prezente de um descascador de qualquer
tamanho|dos de nossa invenccedilatildeo a quem
quizer nos dar em troca o cafeacute que sobrar
do cotejo com outro descascador de
differente systema tomando-se como
base|quantidade egual de cafeacute em cocircco
133
calculada para dar dez mil
arrobas|beneficiadas|Quer isto dizer que o
nosso descascador nas primeiras mil
arrobas de cafeacute que | beneficia jaacute
proporciona para o fazendeiro uma
economia cujo valor eacute superior|ao seu
custo|Diante de vantagem tatildeo reaes e
incontestaveis excusado eacute encarecer os
meritos desta machina e para sua
significativa importancia nos limitamos a
reclamar em|geral a attenccedilatildeo da lavoura
do paiz a favor da qual revertem os seus
beneficios|Ventilador de cafeacute em
cocircco|Apartador de pedras|Esta machina
tambem muito simples de tatildeo solida
construcccedilatildeo como a|precedente torna se
egualmente necessaria por ser de grande
vantagem e de|reconhecia utilidade
notadamente nas fazendas situadas em
terrenos|pedregosos|Atenuando
consideravelmente a penosa lide da
lavagem do cafeacute proporciona
ao|fazendeiro uma grande economia de
tempo em relaccedilatildeo aacutequelle
prejudicial|systema|O nosso ndash Ventilador
para cafeacute em cocircco ldquoApartador de pedrasrdquo
duas machinas|adaptadas nrsquouma soacute peccedila
pelo que dispensa completamente o antigo
ventilador|para cafeacute em cocircco preencheu
perfeitamente a lacuna que existia na
lavoura|e tanto eacute isso verdade que
continuamos a receber constantemente
pedidos dessa excellente uacutenica e tatildeo
134
invejada machina|Machina de beneficiar
arroz Evaristo Conrado|Este prodigioso
producto da machina eacute superior a todo o
encocircmio que se lhe|possa fazer e para
comprovar o que avanccedilamos basta nos-aacute
lembrar o imenso|sucesso que acaba de
obter nos Estados Unidos da America
onde cauzou|assombro a sua apresentaccedilatildeo
um publico organizando-se desde logo
uma|companhia com o elevado capital de
um milhatildeo de dollars para desenvolver
o|seu fabrico em grande escala conforme
reclama a procura|A superioridade desta
machina sobre qualquer outra eacute tatildeo
sensiacutevel que a tornaunica no mundo De
uma solidez e simplicidade extremas
dispensa o serviccedilo|de machinista
profissional para dirigil-a sem prejudicar
nem mesmo de leve|este resultado-- natildeo
quebra arroz brune-o com admiraacutevel
perfeiccedilatildeo e|toda a casca pondo-a em
condiccedilotildees de prestar-se a diversos
msisters de grande|utilidade|Aleacutem disto a
machina ldquoEvaristo Conradordquo soacute occupa
um pequeno espaccedilo para | seu
funccionamento quando as outras
existentes sobre serem deficientes
em|seus resultados satildeo de grandes
complicaccedilotildees e de preccedilo
extraordinariamente|maior sendo ainda de
dispendiosissima montagem
135
- 15 de outubro de 1852 Satildeo Paulo
Aurora Paulistana
HOMŒOPATHIA PURA | RUA
DIREITA NUacuteMERO 17 | O medico-
cirurgiatildeo Joseacute Maria de | Souza tem a
honra de declarar a to- | das aquellas
pessoas que quizeres | honrar com sua
confianccedila que elle se | acha novamente
residindo nesta ci- | dade rua Direita
nuacutemero 17 onde continuacutea | a exercer a sua
profissatildeo pelo syste- | ma homœopathico
e onde seraacute encon- | trado a qualquer hora
do dia ou da | noite O annunciante
tambem arran- | ca lima e chumba dentes
e faz todas | as outras operaccedilotildees que diz
respeito | a esta arte com a maior
perfeiccedilatildeo|| Os pobres seratildeo tratados
gratuita- | mente
- 5 de fevereiro de 1867 Satildeo Paulo
Correio Paulistano
ATTENCcedilAtildeO || Chegou aacute rua da
136
Imperatriz nuacutemero 4 os seguintes |
instrumentos de musicas os quaes seratildeo
ven- | didos a preccedilos ainda menores que os
do Rio | de Janeiro || Grandes sortimentos
de clarinetas de eacutebano e | buxo com 13
10 e 17 chaves em si b || Ditas de eacutebano
com 13 chaves em doacute e laacute || Grandes
sortimentos de palhetas para as mes- |
mas e requinta || Flautins de eacutebano e
buxo com 4 5 e 6 cha- | vecircs de prata e
diversos tons || Completo sortimento de
instrumentos de me- | tal para banda
militar e orchestra sendo tudo | pelo
systema sax o mais moderno que ha ||
Arvores de campainhas bumbos flautas
di- | versas cavaletes para rabecatildeo
estandartes para | violatildeo-cello surdinas
para rabeca metronomos | para marcar
compasso differentes bocaes para |
instrumentos de metal violotildees diapasatildeo
nor- | mas etc etc | Na mesma casa ha
sempre grande sortimento | de musicas
para piano e canto orchestra e to- | dos os
instrumentos || N B Para qualquer
instrumento comprado | nesta casa ha
methodos e escallas
PALAVRA THEATRO
137
ENTRADA NO DICIONAacuteRIO
ETIMOLOacuteGICO
teatro Sm orig local onde se
representam obras dramaacuteticas oacuteperas etc
exta arte de representar o palco | the-
XV | do lat Theatrum -e ()
ENTRADA NO DICIONAacuteRIO
COMUM
teatro Sm 1 edifiacutecio onde se
apresentam obras dramaacuteticas oacuteperas etc
2 A arte de representar o palco 3
coleccedilatildeo das obras dramaacuteticas de um autor
eacutepoca ou naccedilatildeo 4 lugar onde se passa
algum acontecimento memoraacutevel palco
()
PERIOacuteDICO
DATA
E
CIDADE DE ORIGEM
- 01 de outubro de 1879 Satildeo Paulo O
Constituinte
THEATRO SAtildeO JOSEacute|Companhia
Lyrica Italiana|EMPRESA ANGELO
FERRARI|O empresaacuterio Angelo Ferrari
desejando corresponder ao graciozo
convite de muitas pessoas drsquoessa culta
cidade de Satildeo Paulo resolveu dar uma
seacuterie de 12 reacutecitas apresentando nrsquoeste
numero as operas mas applaudidas de seu
repertorio incluindo O GUARANY do
138
distincto CARLOS GOMES|As
apreiaccedilotildees da imprensa drsquoesta cocircrte cuja
critica tem-se referido aacute exhibiccedilatildeo de cada
opera dispensa elogio aos artistas que
compotildee o elenco da companhia e cujos
nomes satildeo sobejamente conhecidos tanto
na Europa como na America|Aos
illustriacutessimos senhores A L Garraux amp
Companhia podem dirigir-se os|senhores
que assignaram para as 12 reacutecitas que
devem comeccedilar nos pri|meiros dias de
Novembro e aquelles senhores acham-se
auctorisados para|receberem a respectiva
entrada|O elenco eacute composto dos artistas
da companhia jaacute conhecidos|pelas
publicaccedilotildees nas folhas drsquoesta cocircrte
inclusive a primeira dama|soprano Maria
Durand e o primeiro tenor F Tamagno A
orchestra|contando haacutebeis professores e
regida pelo distincto
maestro|CAVALHEIRO N BASSI |Rio
de Janeiro 26 de sentembro de 1870|A
Ferrari
- 5 de outubro de 1852 Satildeo Paulo
Aurora Paulistana
- 15 de outubro de 1852 Satildeo Paulo
Aurora Paulistana
139
JOSErsquo PHILIPPE SALMAN mora | dor
na rua de Satildeo Bento nuacutemero 16 participa
| ao respeitavel publico e especialmente |
aos seus freguezes que elle tem para |
vender um completo sortimento do |
oculos de todas as qualidades lunetas |
vidros avulsos oculos de alcance di- | tos
para theatro bengallas ampc ampc | na
mesma casa continua-se a vender | e
concertar relogios de todas as qua- |
lidades
- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio
Paulistano
Theatro Satildeo Joseacute || GRANDE
COMPANHIA | DE | OPERA-COMICA
E OPERETAS | DO | Theatro SantrsquoAnna
da Cocircrte || EMPREZA HELLER ||
Continuaccedilatildeo dos festejos da | Aboliccedilatildeo ||
HOJE || HOJE || Terccedila-feira 15 de Maio
de 1888 || 4ordf reacutecita de assignatura ||
Representar-se-ha pela primeira vez |
nesta capital a opera-comica fantastica | de
grande espectaculo em 3 actos e 7 |
quadors de Dumanoir e d Ennery tra- |
ducccedilatildeo de Eduardo Garrido ә do doutor
Mo- | reira Sampaio musica original do
dis- | tincto maestro brazileiro Miguel
140
Cordozo || O Ramo de Ouro || Tiacutetulo dos
quadros || 1 a heranccedila do tio Andreacute 2 a
caccedilada | real 3 a Burra de Martinho 4 o
poder | do Ramo 5 O genio e a fada 6 o
amo | de Branca 7 o palaacutecio encantado ||
Os scenarios novos satildeo devidos ao ha- |
bil pincel do distincto scenographo Car- |
rancine || Os vestuarios satildeo todos novos e
riquis- | simos feitos nas officinas do
theatro | SantrsquoAnna sob a direcccedilatildeo do
senhor Lisboa | e de Mm Victorina
Pezanna || Todos os adereccedilos novos
feitos tam- | bem nas officinas do theatro
sob a direc- | ccedilatildeo dos senhores Joseacute Dias e
Jardim || A musica eacute ensaiada pelo
maestro da | comanhia do senhor Miguel
Cardoso e pelo | distincto professor
Tavares || Todas as cabelleiras satildeo feitas
pelo | muito habil cabelleireiro do theatro
o | senhor Joatildeo Lima Campos || Mise-em-
scene do artista HELLER || Arsquos 8frac12
horas|| Os bilhetes aacute venda na Casa
Garraux | ateacute aacutes 4 horas da tarde e das 5
horas em | diante na bilheteria do theatro
|| Preccedilos || Camarote e 1ordf e 2ordf ordem
15$000 || Camarote e 3ordf ordem 8$000 ||
Poltronas 3$000 || Cadeiras 2$000 ||
Galeria 1$000 || AMANHAN || Quarta-
feira 16 de Maio | 5ordf Reacutecita de
assignatura | com a opera comica em 3
actos | e 4 quadras || OS SIGNOS DE
CORNEVILLE
141
PALAVRA PHILANTROPIA
ENTRADA NO DICIONAacuteRIO
ETIMOLOacuteGICO
-fil(o)- -fil(o) fil(o)- elem Comp
derivados do grego mas de eacutetimos
distintos (i) -fil(o)- do gr Phil(o)- de
phiacutelos amigo que ocorre em vaacuterios
compostos jaacute formados no proacuteprio grego
como filosofo por exemplo e em muitos
outros introduzidos na linguagem
cientiacutefica internacional a partir do seacutec
XVIII () -fil(o)- do gr phyl(o)- de
phyacutelon phyle tribo grupo de famiacutelias da
mesma raccedila bem menos frequentedo que
os dois elementos anteriores ocorre em
alguns poucos vocs da linguagem
cientiacutefica internacional () filantropia (i)
| XVIII ph- XVIII | do fr philanthropie
deriv do gr philanthropiacutea
ENTRADA NO DICIONAacuteRIO
COMUM
filantropia sf 1 amor agrave humanidade
humanitarismo [Antocircn misantropia (1)
antropofobia] 2 caridade (1)
142
PERIOacuteDICO
DATA
E
CIDADE DE ORIGEM
- 4 de marccedilo de 1853 Satildeo Paulo Aurora
Paulistana
CURA CERTA | e em pouco tempo de
todas as enfermidades provenientes de
vicio san- | guineo como ndashescrophulas
tube[r]- | culos lepra syphylis etc etce
[ilegiacutevel] | particular as affecccediloens de
pape[ilegiacutevel] | em seu principio ||
Etienne Lagarde || Pharmaceutico e
cirurgiatildeo das faculdades | Pariz e do Rio
de Janeiro ex-preparad[o] | do Curso de
Chimica da escola de medic[i]- | na e
pharmacia de Poi[furo]iers membro da
s[o]- | ciedade medica da mesma cidade e
corres- | pondente de algumas sociedades
scientificas || Attenccedilacirco || A experiencia
junto aacute perseveranccedila qu[e] | hoje tem sido
meus uacutenicos guias no trata[men]- | to das
enfermidades acima mencionadas os |
caracteres horriveis que ellas apresentatildeo |
desgostos que sobrevem as pessoas que
satildeo de | las attacadas deviatildeo naturalmente
attrahir | attenccedilatildeo de todo o homem amigo
da huma- | nidade || Antigamente estas
enfermidades se consi- | deravatildeo com um
principio contagioso o que | obrigava os
doentes a buscar longe das povo- | accedilotildees
uma morada tranquilla que lhes permi- |
tisse esperar com paciencia a hora que [o]
143
| Creador tivesse determinado para pocircr
term[]| a todos os seus soffrimentos hoje
porem assim | natildeo acontece os progressos
que tem feito [a] | sciencia medica com os
numerosos trabalhos | e investigaccedilotildees da
chimica tem em fim intro- | duzido na
therapeutica e posto aacute disposiccedilatildeo | dos
homens da sciencia um meio prophilati- |
cos contra estas crueis enfermidades
fazendo | assim esperar uma prompta cura
a todos | aquelles que o quizerem abraccedilar
|| Penetrado do sentimento o mais sincero
da | philantropia do amor aacute sociedade
offereccedilo o[s] | meus recursos meacutedicos e
pharmaceuticos ad- | quiridos por um
aturado e longo estudo da na- | tureza
humana Ersquo pois com os medicamen- | tos
preparados por minhas proacuteprias matildeos
qu[e] | me proponho a curar a todos
aquelles que m[e] | quizerem procurar ||
Estou certo que os epithetos de ndash charlatatildeo
| e especulador ndash ser-me-hatildeo lanccedilados por
al- | guns ao lerem este meu annuncio
porem natildeo | seraacute por homens sensatos que
serei assim [ilegiacutevel] | xado O sabio
indaga consulta ouve [ilegiacutevel] | entre
voacutes (como eu creio) existe algum
rec[ilegiacutevel] | conhecimento recebei de
antematildeo toda a mi- | nha gratidatildeo || A
voacutes enfermos eu dirijo meus offereci- |
mentos eu saberei consolar-vos e talvez
da[r]- | vos a panaceacutea beneacutefica da saude
que tan[furo] | desejaes || Seja o
144
reconhecimento o fructo de meu[s] |
trabalhos e o uacutenico tributo que desejo
obte[r] | daquelles que me quizerem
honrar com sua[s] | consultas|| Dirijatildeo-se
ao Hotel Paulistano na rua d[e] | Satildeo
Bento nuacutemero 35
145
112 Lexemas ligados agraves tecnologias
PALAVRA ASPHALTO
ENTRADA NO DICIONAacuteRIO
ETIMOLOacuteGICO
Asfalto sm lsquodesignaccedilatildeo comum aos
pirobetumes asfaacutelticos utilizados para
pavimentaccedilatildeo de estradas e
impermeabilizaccedilatildeorsquo | -ph- XVI | do fr
Asphalte deriv Do b lat Asphaltus e
este do Gr aacutesphaltos lsquoasfalto betumersquo
ENTRADA NO DICIONAacuteRIO
COMUM
Asfalto s m 1 designaccedilatildeo comum aos
pirobetumes asfaacutelticos naturais ou
artificiais utilizados para a pavimentaccedilatildeo
de estradas e impermeabilizaccedilatildeo 2
pavimentaccedilatildeo asfaacuteltica asfaltamento
PERIOacuteDICO
DATA
E
CIDADE DE ORIGEM
- 15 de junho de 1852 Aurora Paulistana
Satildeo Paulo
Flecheux participa ao publico que elle |
estabeleceo sua fabrica drsquoasphalto no
caminho | de S Caetano e estaacute prompto
para executar | os trabalhos que se lhe
encommendarem Ro- | ga portanto as
146
pessoas que precisarem desta | nova
industria hajatildeo de dirigir-se aacute fabrica |
ou deixar os seus nomes em casa do
Senhor Ce- | lestino Bouroult rua do
Rosario para ser pro- | curado | Avisa
igualmente que os annuncios | feitos pelo
Senhor Bastide satildeo nullos porque o |
annunciante eacute o unico dono e proprietaacuterio
| da dita fabrica
PALAVRAS BICYCLETA
ENTRADA NO DICIONAacuteRIO
ETIMOLOacuteGICO
cicl(o)- elem Comp do gr Kyklo- de
kyacuteklos ciacuterculo que se documenta em
alguns compostos formados no proacuteprio
grego (como ciacuteclico) e em muitos outros
introduzidos a partir do seacutec XIX na
linguagem erudita () bicicleta sfveiacuteculo
constituiacutedo por um quadro montado em
duas rodas alinhadas uma atraacutes da outra
XIX Do fr bicyclette ||
ENTRADA NO DICIONAacuteRIO
COMUM
bicicleta (eacute) sf 1 veiacuteculo constituiacutedo por
um quadro (14) montado em duas rodas
originariamente grades alinhadas uma
147
atraacutes de outra e com raios metaacutelicos e que
eacute dotado de selim e manobrado por
guidom e pedais ()
PERIOacuteDICOS
DATAS
E
CIDADES DE ORIGEM
- Dezembro de 1898 Satildeo Paulo A
Notiacutecia
BICYCLETAS| Monarch e
[Ppiao]|Fortes Resistentes Elegantes|
Vende-se em prestaccedilotildees semanaes
PALAVRA ELECTRICA
ENTRADA NO DICIONAacuteRIO
ETIMOLOacuteGICO
ele(o)tr(o)- elem Comp do gr Elektro-
de elektron acircmbar amarelo que se
documenta em numerosos vocs Eruditos
com a noccedilatildeo de eletricidade em razatildeo da
propriedade que possui o acircmbar de
quando atritado atrair pequenos corpos
que lhe estatildeo proacuteximos esse fenocircmeno
que os cientstas do seacutec XVII atribuiacuteram a
um fluido foi posteriormente
indentificado como um novo tipo de
energia a eletricidade () ele(c)trico |
148
electr- 1813 ()
ENTRADA NO DICIONAacuteRIO
COMUM
eletrico adj 1 Relativo ou pertencente agrave
eletricidade 2 que se move ou se potildee em
funcionamento pela eletriciade ()
PERIOacuteDICO
DATA
E
CIDADE DE ORIGEM
- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio
Paulistano
REAL COMPANHIA | DE | Paquetes a
vapor | DE | SOUTHAMPTON || O
MAGNIFICO VAPOR | TAGUS | Sahiraacute
no dia 19 de Maio as 4 horas | da tarde
com escalas pelo | Rio de Janeiro| Bahia |
Pernambuco | Lisboa | Vigo e |
Saouthampton | O paquete a vapor | NILE
| Esperado de Southampton e escalas no |
dia 1 de Junho || Sahiraacute depois da
indispensavel demo- | Ra para |
Montevideacuteo e | BuenosAyres || Todos
estes vapores satildeo illumidaos a luz |
electrica || N B ndash Na agencia tomam-se
seguros | sobre as mercadorias
embarcadas por | estes vapores || Para
passageiros carga e mais informaccedilotildees |
com os agentes | Holworthy Ellis amp
Companhia || RUA DE SANTO
149
ANTONIO 40 | SANTOS
PALAVRAS HYDRAULICOS
ENTRADA NO DICIONAacuteRIO
ETIMOLOacuteGICO
hidr(o)- elem comp do gr hydro- de
hyacutedor-atos aacutegua quese documenta em
vocs formados no proacuteprio grego como
hidrofobia por exemplo e me vaacuterios
outros introduzidos na linguagem
cientiacutefica internacional a partir do seacutec
XIX () hidraacuteulico adj | hy- 1813 | do
lat hidrualicus deriv do gr hydraulikoacutes
()
ENTRADA NO DICIONAacuteRIO
COMUM
hidraacuteulico Adj1 referencia a qualquer
movimento de liacutequidos especialmente a
aacutegua 2 relativo agrave hidraacuteulica ()
PERIOacuteDICOS
DATAS
E
CIDADES DE ORIGEM
- 22 de janeiro de 1879 Satildeo Paulo
Correio Paulistano
FABRICA|de mosaicos hydraulicos de
Betons agglo|meacutereacutes brancos e de cores
proacuteprios para|terreiros de cafeacute calccediladas
varan|das corredores vestiacutebulos egrejas
150
etc
PALAVRAS KEROSENE
ENTRADA NO DICIONAacuteRIO
ETIMOLOacuteGICO
querosene sm (Quim) liacutequido resultante
da destilaccedilatildeo do petroacuteleo | kerosene 1873 |
Do fr keacuterosegravene do gr keros cera
ENTRADA NO DICIONAacuteRIO
COMUM
querosene Sm quiacutem Liacutequido resultante
da destilaccedilatildeo do petroacuteleo com
temperatura de ebuliccedilatildeo entre 150 e 300
graus centesimais fraccedilatildeo entre a gasolina
e o oacuteleo diesel usado como combustiacutevel e
como base de certos inseticiacutedas ()
PERIOacuteDICOS
DATAS
E
CIDADES DE ORIGEM
- 17 de maio de 1874 Campinas A
Mocidade
ATTENCcedilAtildeO|| Attenccedilatildeo [espaccedilo]
Attenccedilatildeo|| Prospero Bellinfanti participa
ao respeitavel publico campeneiro que
recebeu um grande e completo sortimento
de generos norte americanos constando
de machinas de costira com todos os
151
pertences linhas agulhas e oleos arados
completos separados de zinco para cafeacute
machinas para manteiga ditas para cafeacute
gaiolas de arame e muitos outros artigos
de mesma procedencia| Na masma casa
encontra-se lampeotildees de todos os
tamanhos tocidas vidors ara os mesmos e
Kerosenes fogotildees de ferro completo
camas de ferro banheiras tens de
cosinhas estanhados francezes torradores
para cafeacute de todos os tamanhos e grande
sortimento de cestos de vime| O
Propretario deste estabelecimento te aacute Rua
da ponte sem Santa Cruz Nuacutemero 15 uma
officina de caldeireiro e funileiro aonde
se encarrega de todas as obras com cobre
zinco folha etc| Faz os mais perfeitos
alambiques para distilaccedilatildeo de espiritos|
Incumbe-se de qualquer encanamento em
casas etc | Faz banheiras de folha de
todas as dimensotildees| Assenta bombas
simples e de pressatildeo levando a agua onde
se quizer| Faz finalmente todas as obras
concernentes aacute profissatildeo acudindo aos
chamados para qualquer parte onde seus
serviccediloes forem precisos| Concerta e
renova todos os objetos estragados| Tudo
por preccedilos commodos
- 07 de julho de 1870 Campinas Gazeta
152
de Campinas
Abrio-se| O QUE Eacute QUE ABRIO-SE||
A Casa commercial de Francisco Alvaro
de Souza Camargo o qual participa a seus
parentes amigos e freguezes que acaba
de receber um completo sortimento de
ferragens drogas tintas miudezas de
armarinho kerosene chaacute cecircra sementes
de hortaliccedilas etc|Recommenda aos
amadores um bonito sortimento de
espingardas rewolvers facas de caccedila etc
etc|Espera merecer confianccedila das pessoas
que honrarem seu novo estabelecimento
estando o annunciante resolvido a vender
por commodos preccedilos|Rua Direita canto
da da Cadecirca
- 08 de agosto de 1872 Campinas Gazeta
de Campinas
PRESUNTOS|| Carne secca Assucar
Vinhos e Louccedila|| 15-RUA DIREITA-15||
Largo do Rosario|| SAMPAIO ||
Chegaram ultimamente novos generos de
todas as qualidades por preccedilos muito
commodos Velas de composiccedilatildeo de
sebo kerosene azeite doce licores e
153
charutos a comissatildeo assim como
chrystaes da Bohemia porcellanas
caticcedilaes de Leclopate e cera em velas| 15-
RUA DIREITA-15
- 17 de maio de 1874 Campinas A
Mocidade
ATTENCcedilAtildeO|| Attenccedilatildeo [espaccedilo]
Attenccedilatildeo|| Prospero Bellinfanti participa
ao respeitavel publico campineiro que
recebeu um grande e completo sotimento
de generos norte americanos constando
de machinas de costira com todos os
pertences linhas agulhas e oleos arados
completos separadores de zinco para cafeacute
machinas para manteiga ditas para
cafeacutegaiolas de arame e muitos outros
artigos da mesma procedencia| Na mesma
casa encontra-se lampeotildees de todos os
tamanhos torcidas vidros para os
mesmos e Kerozenes fogotildees de ferro
completo camas de ferro banheiras trens
de cozinhas entanhados frencezes
torradores para cafeacute de todo os tamanhos e
grande sortimento de cestos de vime| O
Proprietario deste estabelecimento te aacute
Rua da ponte em Santa Cruz Nuacutemero 15
uma officina de caldeireiro aonde se
154
encarrega de todas as obras em cobre
zinco folha etc| Faz os mais perfeitos
alambiques para destilaccedilatildeo de espiritos|
Incumbe-se de qualquer encanamento em
casas etc| Faz banheiras de folha de todas
as dimensotildees| Assenta bombas simples e
de pressatildeo levando a agua onde se
quizer| Faz finalmente todas as obras
concernentes aacute sua profissatildeo acudindo
aos chamados para qualquer parte onde
seus serviccedilos forem precisos| Concerta e
renova todos os objetos estragados| Tudo
por preccedilos commodos
PALAVRAS LAMPEAtildeO
ENTRADA NO DICIONAacuteRIO
ETIMOLOacuteGICO
lacircmpada sf aparelho de iluminaccedilatildeo |
XII lampaa XIV | Do lat Lampăda -ae
de lampas -ădis e este do gr Lampaacutes -
ados archote () lampiatildeo | -peatildeo 1813
|()
ENTRADA NO DICIONAacuteRIO
COMUM
lampiatildeo Sm 1 Tipo de laterna de
grandes dimensotildees eleacutetrica ou
reservatoacuteria para combustiacutevel portaacutetil ou
155
fixa em um teto esquina ou parede 2 p
ext Poste de iluminaccedilatildeo das ruas
PERIOacuteDICOS
DATAS
E
CIDADES DE ORIGEM
- 17 de maio de 1874 Campinas A
Mocidade
ATTENCcedilAtildeO|| Attenccedilatildeo [espaccedilo]
Attenccedilatildeo|| Prospero Bellinfanti participa
ao respeitavel publico campeneiro que
recebeu um grande e completo sortimento
de generos norte americanos constando
de machinas de costira com todos os
pertences linhas agulhas e oleos arados
completos separados de zinco para cafeacute
machinas para manteiga ditas para cafeacute
gaiolas de arame e muitos outros artigos
de mesma procedencia| Na mesma casa
encontra-se lampeotildees de todos os
tamanhos tocidas vidors para os mesmos
e Kerosenes fogotildees de ferro completo
camas de ferro banheiras tens de
cosinhas estanhados francezes torradores
para cafeacute de todos os tamanhos e grande
sortimento de cestos de vime| O
Propretario deste estabelecimento te aacute Rua
da ponte sem Santa Cruz Nuacutemero 15 uma
officina de caldeireiro e funileiro aonde
se encarrega de todas as obras com cobre
zinco folha etc| Faz os mais perfeitos
156
alambiques para distilaccedilatildeo de espiritos|
Incumbe-se de qualquer encanamento em
casas etc | Faz banheiras de folha de
todas as dimensotildees| Assenta bombas
simples e de pressatildeo levando a agua onde
se quizer| Faz finalmente todas as obras
concernentes aacute profissatildeo acudindo aos
chamados para qualquer parte onde seus
serviccedilos forem precisos| Concerta e
renova todos os objetos estragados| Tudo
por preccedilos commodos
PALAVRA LITROS
ENTRADA NO DICIONAacuteRIO
ETIMOLOacuteGICO
litro sm unidade fundamental de
capacidade de sistema meacutetrico decimal
equivalente agrave capacidade de um deciacutemetro
cuacutebico o conteuacutedo de um litro 1844 do
fr Litre do fr Ant litron deriv Do lat
Med Litra e este do gr Liacutetra peso de
doze onccedilas litro | 1836 sc |
ENTRADA NO DICIONAacuteRIO
COMUM
litro Sm1 unidade de medida de
capacidade igual a um deciacutemetro cuacutebico
[Siacutemb l] 2 garrafa de litro
157
PERIOacuteDICO
DATA
E
CIDADE DE ORIGEM
- 05 de julho de 1887 Satildeo Paulo Correio
Paulista
Alcatratildeo de Guyot|Gordon de Guyot
Purifica o sangue augmenta o apetite
levanta as forccedilas e eacute efficaz|em todas as
doenccedilas dos pulmocirces catarrhas da bexiga
e|affecccedilocirces das mucosas|O Alcatracirco de
Guyot foi experimentado som vantagem
real nos|principatildees hospitatildees de Franccedila
da Beacutelgica e Espanha|Durante os calocircres
e em tempo epidemico eacute uma
bebida|hygienica e preservadora Um soacute
vidro basta para preparar doze|litras
drsquouma bebida salutarissima|O Alcatracirco de
Guyot Authentico eacute vendido em vidras
trazendo|na rotulo e com trez cores a
assgnatura|Venda a varejo na mor parte
das pharmacias Fabricaccedilatildeo em atacado
Casa L Frere
PALAVRAS MACHINAS
ENTRADA NO DICIONAacuteRIO
maacutequina sf Qualquer utensiacutelio ou
158
ETIMOLOacuteGICO instrumento | machina 1572 | do lat
Machina deriv Do gr Dor Machana
meio engenhoso para se conseguir um
fim
ENTRADA NO DICIONAacuteRIO
COMUM
maacutequina Sf 1 Aparelho ou instrumento
proacuteprio para comunicar movimento ou
para aproveitar pocircr em accedilatildeo ou
transformar uma energia ou agente
natural 2 O conjunto orgacircnico das peccedilas
dum instrumento maquinismo
mecanismo 3 veiacuteculo locomotor 4
utensiacutelio instrumento 5 fig Estrutura
orgacircnica e harmocircnica 6 fig Construccedilatildeo
importante complexa ou suntuosa 7 fig
Entidade ou organismo complexo 8 fig
Multiplicidade de coisas que se
relacionam entre si 9 fig Pessoa sem
ideacuteias proacuteprias e que procede como
autocircmato ()
PERIOacuteDICOS
DATAS
E
CIDADES DE ORIGEM
- 14 de junho de 1870 Campinas Gazeta
de Campinas
KX|Vende-se uma machina propria para
marcar papel cartatildeo de visita e
casamento e bem assim um sortimento de
159
cartotildees bordados e dourados tudo de 1ordf
qualidade Para tratar com o QUIM
SIMOtildeES
- 28 de janeiro de 1872 Campinas
Gazeta de Campinas
BEacuteLIER HIDRAULIQUE (Machinas
para suspender agua) ||Na Imperial
Officina Machina de AC Sampaio
Peixoto construe-se as machinas acima
de diversos tamanhos para suspender agua
a qualquer altura|Estas Machinas satildeo de
muita vantagem para quem tem agua
distante da moradia podendo com o
emprego dellas trazel-a para aonde
quizer e trabalham noite e dia sem ser
necessario meio algum para movel-a se
natildeo a propria agua que entrando por um
tubo escapa parte e pela compressatildeo do ar
daacute impulso a que fica em outro fazendo-a
subir a altura desejada|Satildeo de contruccedilatildeo
simples e duravel o que se garante| Na
officina acima construiu-se uma muito
pequena que estaacute exposta ali para quem
quizer vecircr e trabalha perfeitamente bem
suspendendo 23 pollegadas cubicas de
agua por minuto aacute altura de 18 peacutes (25
palmos)
160
- 17 de maio de 1874 Campinas A
Mocidade
ATTENCcedilAtildeO|| Attenccedilatildeo [espaccedilo]
Attenccedilatildeo|| Prospero Bellinfanti participa
ao respeitavel publico campineiro que
recebeu um grande e completo sotimento
de generos norte americanos constando
de machinas de costira com todos os
pertences linhas agulhas e oleos arados
completos separadores de zinco para cafeacute
machinas para manteiga ditas para
cafeacutegaiolas de arame e muitos outros
artigos da mesma procedencia| Na mesma
casa encontra-se lampeotildees de todos os
tamanhos torcidas vidros para os
mesmos e Kerozenes fogotildees de ferro
completo camas de ferro banheiras trens
de cozinhas entanhados frencezes
torradores para cafeacute de todo os tamanhos e
grande sortimento de cestos de vime| O
Proprietario deste estabelecimento te aacute
Rua da ponte em Santa Cruz Nuacutemero 15
uma officina de caldeireiro aonde se
encarrega de todas as obras em cobre
zinco folha etc| Faz os mais perfeitos
alambiques para destilaccedilatildeo de espiritos|
Incumbe-se de qualquer encanamento em
casas etc| Faz banheiras de folha de todas
161
as dimensotildees| Assenta bombas simples e
de pressatildeo levando a agua onde se
quizer| Faz finalmente todas as obras
concernentes aacute sua profissatildeo acudindo
aos chamados para qualquer parte onde
seus serviccedilos forem precisos| Concerta e
renova todos os objetos estragados| Tudo
por preccedilos commodos
- 22 de janeiro de 1879 Satildeo Paulo
Correio Paulistano
PHOTOGRAFIA|AMERICANA|RUA
DA IMPERATRIZ|Satildeo PAULO| O
propretaacuterio deste estabelecimento de
volta de sua viagem aacute Europa continua a
trabalhar no mesmo estabelecimento o
qual se acha augmentado com machinas e
utensiacutelios os| mais modernos|Neste
estabelecimento que conta 16 annos de
existencia (o mais antigo deste proviacutencia)
continua-se a trabalhar por todos|os
sistmas de photografias desde o retrato
em a|mais pequena miniatura ateacute o
tamanho natural|Encarrega-se de mandar
pintar em Pariz pelos melhores pintores
qualquer retrato em|busto ou corpo
inteiro a oleo pastel ou aquarella
bastando para isso um pequeno retrato|da
162
pessoa que se quizer retratar|Trabalhar-se
todos os dias das 10 horas da manhatilde aacutes 4
horas da tarde natildeo importa o tempo
chuvoso|OS SENHORES
PHOTOGRAFOS|encontraratildeo neste
estabelecimento tudo que eacute mister aacute
mesma arte e pelos preccedilos do Rio de
Janeiro|Retratos de ateacute Reacuteis 5$ a duacutezia
- 05 de julho de 1879 Satildeo Paulo Correio
Paulistano
LENHA RACHADA POR
MACHINA|Vende-se a 3$000 a carrada
posta em casa do comprador e a 2$600 na
fabrica aacute|Travessa da Mooacuteca proximo a
rua do Braz|Recebem se encomendas no
Cafeacute Americano e Cafeacute de Londres|A
fabrica tendo obtido grandes
melhoramento estaacute prompta a fazer
forenecimentos com toda a pontualidade
possiacutevel
-12 de julho de 1879 Satildeo Paulo Correio
Paulistano
163
ESTRADA DE FERRO DE Satildeo
PAULO|Vende-se uma machina fixa de
forccedila de 10 cavallos para ver e mais
informaccedilotildees|dirijam-se ao chefe da
estaccedilatildeo nas officinas da companhia na
Luz| As pessoas que a pretenderem
comprar faratildeo sua propostas em cartas
fechadas a esta superintendencia|Satildeo
Paulo 11 de Julho de 1879|W Speers
Superintendente
- 29 de julho de 1887 Satildeo Paulo Correio
Paulistano
Machinas de costura|A Frederico
Schulze amp Companhia|Impotadores de
Machinas de Costura|Pedem ao
respeitavel publico se digne visitar o seu
estabele|cimento para examinar o que haacute
de melhor em machinas de|costura dos
afamados auctores e com todos os
aperfeiccediloamentos|uacuteteis adoptados pela
technica moderna| Os seus preccedilos satildeo
extremamente moacutedicos e ao alcance
de|todas as bolsas Aqui encontraraacute
sempre o publico grande sortimento|de
machinas para tocar aacute matildeo aacute peacute aacute|peacute e
matildeo com caixa ou sem| caixa proacuteprias e
164
perfeitas para todas as costuras desde a
mais fina|cambraia ateacute o mais en corpado
algodatildeo|Os Senhores Alfaiates
sapateiros selleiros correeiros etc|
tambem encontraratildeo nesta casa as mais
aperfeiccediloadas machinas jaacute|com
accessorios que soacute a mechanica do
progresso hodierno|poderia adeptar para
que taes machinas produzam
trabalhos|maravilhosos natildeo soacute pela
perfeiccedilatildeo como pelo pouco tempo
comsumido|e pelo pequeno incommodo
de quem as menejar para produzirem|taes
resultados Todas as machinas de nosso
estabelecimento satildeo garan|tidas porque soacute
importaremos o que houver de bom
solido elegante|e perfeito nesta industria
Tambeacutem ahi encontraraacute o
respeitavel|publico artigos concerneto aacutes
machinas de costura como
agulhas|retroz oleo almotolias correias
peccedilas avulsas etc tudo de | superior
qualidade a preccedilo moacutedico| Rua de Satildeo
Bento 62| Satildeo Paulo
- 27 de fevereiro de 1889 Satildeo Paulo
Correio Paulistano
Engelberg Siciliano amp
165
Companhia|Machinas para
lavoura|privilegiadas pelo governo
imperial|Satildeo Paulo|No empenho de tornar
cada vez mais conhecidas as vantagens
que sobre|quaesquer outras offerecam as
nossas excellentes machinas para a
lavoura|chamamos a atenccedilatildeo do senhores
fazendeiros para o seguinte|descascador
de cafeacute do ldquoengelbergrdquo|O descascador
ldquoEngelbergrdquo eacute o unico que absolutamente
natildeo quebra cafeacute|apresentando aleacutem desta
incontestavel vantagem outras muitas
taes como--|grande simplicidade e
solidez dispensando os tantos concertos
que satildeo|precisos em outras beneficio
perfeitissimo devido ao seu excepcional e
|unico systema pelo qual o cafeacute se
descasca brandamente sem estragar-se
conservando por muito tempo a sua cocircr
natural e sendo por isso muito apreciado e
procurado em todos os mercados natildeo se
perde nenhum gratildeo de cafeacute porque a palha
sahe de tal modo moiacuteda que eacute impossivel
envolver cafeacute algum|natildeo acontecendo o
mesmo com outros descascadores os
quaes apezar de|moerem o cafeacute deixam a
palha quase inteira envolvendo-se nella
grande|quantidade de gratildeos que afinal se
perdem por na poderem ser
separados|occupa menor forccedila do que
qualquer outro descascador para
beneficiar a|mesma quantidade havendo
aleacutem disso grande economia de lenha e
166
tempo| Enfim os numerosos attestados
que recebemos diariamente de
illustrados|fazendeiros e as experiencias
feitas por muitas vezes em cotejo com
outras|machinas em cujas experiencias
tem-se observado que os nossos
descascadores|sugmentam a safra ateacute dez
por cento satildeo elementos mais que
sufficientes para | comprovar o que
dizemos|E se isso ainda natildeo focircr bastanto
nos obrigamos a pagar a quantia de reacuteis
50$000|por arroba de cafeacute que sahir
quebrado de nossa machina condiccedilatildeo
essa que nos | poderaacute impor qualquer
comprador|Ainda mais -- faremos
prezente de um descascador de qualquer
tamanho|dos de nossa invenccedilatildeo a quem
quizer nos dar em troca o cafeacute que sobrar
do cotejo com outro descascador de
differente systema tomando-se como
base|quantidade egual de cafeacute em cocircco
calculada para dar dez mil
arrobas|beneficiadas|Quer isto dizer que o
nosso descascador nas primeiras mil
arrobas de cafeacute que | beneficia jaacute
proporciona para o fazendeiro uma
economia cujo valor eacute superior|ao seu
custo|Diante de vantagem tatildeo reaes e
incontestaveis excusado eacute encarecer os
meritos desta machina e para sua
significativa importancia nos limitamos a
reclamar em|geral a attenccedilatildeo da lavoura
do paiz a favor da qual revertem os seus
167
beneficios|Ventilador de cafeacute em
cocircco|Apartador de pedras|Esta machina
tambem muito simples de tatildeo solida
construcccedilatildeo como a|precedente torna se
egualmente necessaria por ser de grande
vantagem e de|reconhecia utilidade
notadamente nas fazendas situadas em
terrenos|pedregosos|Atenuando
consideravelmente a penosa lide da
lavagem do cafeacute proporciona
ao|fazendeiro uma grande economia de
tempo em relaccedilatildeo aacutequelle
prejudicial|systema|O nosso ndash Ventilador
para cafeacute em cocircco ldquoApartador de pedrasrdquo
duas machinas|adaptadas nrsquouma soacute peccedila
pelo que dispensa completamente o antigo
ventilador|para cafeacute em cocircco preencheu
perfeitamente a lacuna que existia na
lavoura|e tanto eacute isso verdade que
continuamos a receber constantemente
pedidos dessa excellente uacutenica e tatildeo
invejada machina|Machina de beneficiar
arroz Evaristo Conrado|Este prodigioso
producto da machina eacute superior a todo o
encocircmio que se lhe|possa fazer e para
comprovar o que avanccedilamos basta nos-aacute
lembrar o imenso|sucesso que acaba de
obter nos Estados Unidos da America
onde cauzou|assombro a sua apresentaccedilatildeo
um publico organizando-se desde logo
uma|companhia com o elevado capital de
um milhatildeo de dollars para desenvolver
o|seu fabrico em grande escala conforme
168
reclama a procura|A superioridade desta
machina sobre qualquer outra eacute tatildeo
sensiacutevel que a tornaunica no mundo De
uma solidez e simplicidade extremas
dispensa o serviccedilo|de machinista
profissional para dirigil-a sem prejudicar
nem mesmo de leve|este resultado-- natildeo
quebra arroz brune-o com admiraacutevel
perfeiccedilatildeo e|toda a casca pondo-a em
condiccedilotildees de prestar-se a diversos
msisters de grande|utilidade|Aleacutem disto a
machina ldquoEvaristo Conradordquo soacute occupa
um pequeno espaccedilo para | seu
funccionamento quando as outras
existentes sobre serem deficientes
em|seus resultados satildeo de grandes
complicaccedilotildees e de preccedilo
extraordinariamente|maior sendo ainda de
dispendiosissima montagem
PALAVRAS MACHINISTA
ENTRADA NO DICIONAacuteRIO
ETIMOLOacuteGICO
maquina sf Qualquer utensiacutelio ou
instrumento | machina 1572 | di lat
Machina deriv Do gr Dor Machana
meio engenhoso para se conseguir um fim
() maquinista 1813 do fr machiniste
169
ENTRADA NO DICIONAacuteRIO
COMUM
maquinista s 2 g 1 pessoa que inventa
constroacutei ou conduz maacutequinas
principalmente locomotivas e maacutequinas de
navios a vapor 2 teat Contra-regra ou
operaacuterio encarregado da manipulaccedilatildeo dos
mequinismos de um teatro
PERIOacuteDICOS
DATAS
E
CIDADES DE ORIGEM
- 27 de fevereiro de 1889 Satildeo Paulo
Correio Paulistano
Engelberg Siciliano amp
Companhia|Machinas para
lavoura|privilegiadas pelo governo
imperial|Satildeo Paulo|No empenho de tornar
cada vez mais conhecidas as vantagens
que sobre|quaesquer outras offerecam as
nossas excellentes machinas para a
lavoura|chamamos a atenccedilatildeo do senhores
fazendeiros para o seguinte|descascador
de cafeacute do ldquoengelbergrdquo|O descascador
ldquoEngelbergrdquo eacute o unico que absolutamente
natildeo quebra cafeacute|apresentando aleacutem desta
incontestavel vantagem outras muitas
taes como--|grande simplicidade e
solidez dispensando os tantos concertos
que satildeo|precisos em outras beneficio
perfeitissimo devido ao seu excepcional e
|unico systema pelo qual o cafeacute se
170
descasca brandamente sem estragar-se
conservando por muito tempo a sua cocircr
natural e sendo por isso muito apreciado e
procurado em todos os mercados natildeo se
perde nenhum gratildeo de cafeacute porque a palha
sahe de tal modo moiacuteda que eacute impossivel
envolver cafeacute algum|natildeo acontecendo o
mesmo com outros descascadores os
quaes apezar de|moerem o cafeacute deixam a
palha quase inteira envolvendo-se nella
grande|quantidade de gratildeos que afinal se
perdem por na poderem ser
separados|occupa menor forccedila do que
qualquer outro descascador para
beneficiar a|mesma quantidade havendo
aleacutem disso grande economia de lenha e
tempo| Enfim os numerosos attestados
que recebemos diariamente de
illustrados|fazendeiros e as experiencias
feitas por muitas vezes em cotejo com
outras|machinas em cujas experiencias
tem-se observado que os nossos
descascadores|sugmentam a safra ateacute dez
por cento satildeo elementos mais que
sufficientes para | comprovar o que
dizemos|E se isso ainda natildeo focircr bastanto
nos obrigamos a pagar a quantia de reacuteis
50$000|por arroba de cafeacute que sahir
quebrado de nossa machina condiccedilatildeo essa
que nos | poderaacute impor qualquer
comprador|Ainda mais -- faremos
prezente de um descascador de qualquer
tamanho|dos de nossa invenccedilatildeo a quem
171
quizer nos dar em troca o cafeacute que sobrar
do cotejo com outro descascador de
differente systema tomando-se como
base|quantidade egual de cafeacute em cocircco
calculada para dar dez mil
arrobas|beneficiadas|Quer isto dizer que o
nosso descascador nas primeiras mil
arrobas de cafeacute que | beneficia jaacute
proporciona para o fazendeiro uma
economia cujo valor eacute superior|ao seu
custo|Diante de vantagem tatildeo reaes e
incontestaveis excusado eacute encarecer os
meritos desta machina e para sua
significativa importancia nos limitamos a
reclamar em|geral a attenccedilatildeo da lavoura
do paiz a favor da qual revertem os seus
beneficios|Ventilador de cafeacute em
cocircco|Apartador de pedras|Esta machina
tambem muito simples de tatildeo solida
construcccedilatildeo como a|precedente torna se
egualmente necessaria por ser de grande
vantagem e de|reconhecia utilidade
notadamente nas fazendas situadas em
terrenos|pedregosos|Atenuando
consideravelmente a penosa lide da
lavagem do cafeacute proporciona
ao|fazendeiro uma grande economia de
tempo em relaccedilatildeo aacutequelle
prejudicial|systema|O nosso ndash Ventilador
para cafeacute em cocircco ldquoApartador de pedrasrdquo
duas machinas|adaptadas nrsquouma soacute peccedila
pelo que dispensa completamente o antigo
ventilador|para cafeacute em cocircco preencheu
172
perfeitamente a lacuna que existia na
lavoura|e tanto eacute isso verdade que
continuamos a receber constantemente
pedidos dessa excellente uacutenica e tatildeo
invejada machina|Machina de beneficiar
arroz Evaristo Conrado|Este prodigioso
producto da machina eacute superior a todo o
encocircmio que se lhe|possa fazer e para
comprovar o que avanccedilamos basta nos-aacute
lembrar o imenso|sucesso que acaba de
obter nos Estados Unidos da America
onde cauzou|assombro a sua apresentaccedilatildeo
um publico organizando-se desde logo
uma|companhia com o elevado capital de
um milhatildeo de dollars para desenvolver
o|seu fabrico em grande escala conforme
reclama a procura|A superioridade desta
machina sobre qualquer outra eacute tatildeo
sensiacutevel que a tornaunica no mundo De
uma solidez e simplicidade extremas
dispensa o serviccedilo|de machinista
profissional para dirigil-a sem prejudicar
nem mesmo de leve|este resultado-- natildeo
quebra arroz brune-o com admiraacutevel
perfeiccedilatildeo e|toda a casca pondo-a em
condiccedilotildees de prestar-se a diversos
msisters de grande|utilidade|Aleacutem disto a
machina ldquoEvaristo Conradordquo soacute occupa
um pequeno espaccedilo para | seu
funccionamento quando as outras
existentes sobre serem deficientes
em|seus resultados satildeo de grandes
complicaccedilotildees e de preccedilo
173
extraordinariamente|maior sendo ainda de
dispendiosissima montagem
PALAVRAS MECHANICA
ENTRADA NO DICIONAacuteRIO
ETIMOLOacuteGICO
mecacircnico adj relativo agrave Mecacircnica parte
da Fiacutesica maquinal versado em
Mecacircnica operaacuterio que se ocupa da
conservaccedilatildeo e conserto de motores
artista artesatildeo () mecacircnica XVI Do
lat mechanica deriv do gr mechanikeacute
ENTRADA NO DICIONAacuteRIO
COMUM
mecacircnica sf 1 Ciecircncia que investiga os
movimentos e as forccedilas que os provocam
2 obra atividade ou teoria que trata de tal
ciecircncia3 o conjunto das leis do
movimento 4 estrutura e funcionamento
orgacircnico 5 aplicaccedilatildeo praacutetica dos
princiacutepios de uma arte ou ciecircncia 6
tratado ou compecircndio de mecacircnica 7
exemplar de um desses tratos ou
compecircndios 8 fig combinaccedilatildeo de meios
de recursos mecanismo ()
174
PERIOacuteDICOS
DATAS
E
CIDADES DE ORIGEM
- 12 de julho de 1828 Satildeo Paulo O Farol
Paulistano
Joatildeo Pedro Latzon tem a honra de
participar| ao respeitavel Publico que elle
proximamente che|gou de Londres aacute esta
Capital onde pertende exhi|bir algumas
Artes Liberaes ou Optica Mechanica|
com toda subtileza perfeiccedilatildeo e
delicadeza a que| eacute possiacutevel chegar na
casa da Opera desta mesma| Cidade no
dia 13 do corrente mez de Julho Todos|
os Senhores e Senhoras que quizerem
honrar o dic|to espectaculo com as suas
presenccedilas queiratildeo se| dirigir aacute casa do
Senhor Guilherme Hopkins morador| na
Ponte de Lorena desde as 10 horas da
manhatilde| ateacute as 4 da tarde do referido dia
13 onde acharaacuteotilde| os Bilhetes natildeo soacute dos
Camarotes como da Pla|tea em cuja
occasiatildeo espera o Reprezentante rece|ber a
competente esportula_Principiaraacute agraves 8
horas| NoteBem A esportula dos
Camarotes Platea| e Varanda eacute a do
costume
175
- 29 de julho de 1887 Satildeo Paulo Correio
Paulistano
Machinas de costura|A Frederico Schulze
amp Companhia|Impotadores de Machinas
de Costura|Pedem ao respeitavel publico
se digne visitar o seu estabele|cimento
para examinar o que haacute de melhor em
machinas de|costura dos afamados
auctores e com todos os
aperfeiccediloamentos|uacuteteis adoptados pela
technica moderna| Os seus preccedilos satildeo
extremamente moacutedicos e ao alcance
de|todas as bolsas Aqui encontraraacute
sempre o publico grande sortimento|de
machinas para tocar aacute matildeo aacute peacute aacute|peacute e
matildeo com caixa ou sem| caixa proacuteprias e
perfeitas para todas as costuras desde a
mais fina|cambraia ateacute o mais en corpado
algodatildeo|Os Senhores Alfaiates
sapateiros selleiros correeiros etc|
tambem encontraratildeo nesta casa as mais
aperfeiccediloadas machinas jaacute|com
accessorios que soacute a mechanica do
progresso hodierno|poderia adeptar para
que taes machinas produzam
trabalhos|maravilhosos natildeo soacute pela
perfeiccedilatildeo como pelo pouco tempo
comsumido|e pelo pequeno incommodo
de quem as menejar para produzirem|taes
resultados Todas as machinas de nosso
estabelecimento satildeo garan|tidas porque soacute
176
importaremos o que houver de bom
solido elegante|e perfeito nesta industria
Tambeacutem ahi encontraraacute o
respeitavel|publico artigos concerneto aacutes
machinas de costura como
agulhas|retroz oleo almotolias correias
peccedilas avulsas etc tudo de | superior
qualidade a preccedilo moacutedico| Rua de Satildeo
Bento 62| Satildeo Paulo
PALAVRAS OPTICA
ENTRADA NO DICIONAacuteRIO
ETIMOLOacuteGICO
oacuteptico adj sm lsquorespeitante agrave oacutepticarsquo
lsquoespecialista em oacutepticarsquo | XVI oacutetico XX |
do lat med opticus deriv do gr optikoacutes
Empregas-se modernamente com certa
frenquecircncia a var oacuteticosup1 que apresenta a
inconveniecircncia de se confundir com oacuteticosup2
lsquo relativo ou pertencente ao ouvidorsquo ||
oacuteptica lsquoparte da fiacutesica que investiga os
fenocircmenos da visatildeo e da luz | 1813 oacutetica
XX | do lat optice ndashes deriv do gr optikeacute
ENTRADA NO DICIONAacuteRIO
oacuteptica Sf 1 parte da fiacutesica que investiga
os fenocircmenos de produccedilatildeo transmissatildeo e
177
COMUM detecccedilatildeo eletromagneacutetica de comprimento
de onda compreendido aproximadamente
entre 10 Aring e 1 mm 2 tratado ou
compecircndio acerca dessa mateacuteria 3
exemplar de um desses tratados ou
compecircndios 4 aspecto ou perspectiva dos
objetos vistos 5 estabelecimento onde se
vendem eou fabricam instrumentos
oacutepticos sobretudo oacuteculos ou lunetas 6
fig Maneira de ver de julgar de sentir
conceito ou ideacuteia particular
PERIOacuteDICOS
DATAS
E
CIDADES DE ORIGEM
- 12 de julho de 1828 Satildeo Paulo O Farol
Paulistano
Joatildeo Pedro Latzon tem a honra de
participar| ao respeitavel Publico quye
elle proximamente che|gou de Londres aacute
esta Capital onde pertende exhi|bir
algumas Artes Liberaes ou Optica
Mechanica| com toda subtileza perfeiccedilatildeo
e delicadeza a que| eacute possiacutevel chegar na
casa da Opera desta mesma| Cidade no
dia 13 do corrente mez de Julho Todos|
os Senhores e Senhoras que quizerem
honrar o dic|to espectaculo com as suas
presenccedilas queiratildeo se| dirigir aacute casa do
Senhor Guilherme Hopkins morador| na
178
Ponte de Lorena desde as 10 horas da
manhatildea| ateacute as 4 da tarde do referido dia
13 onde acharaacuteotilde| os Bilhetes natildeo soacute dos
Camarotes como da Pla|tea em cuja
occasiatildeo espera o Reprezentante rece|ber a
competente esportula_Principiaraacute agraves 8
horas| NoteBem A esportula dos
Camarotes Platea| e Varanda eacute a do
costume
PALAVRA PHOSPHOREIRAS
ENTRADA NO DICIONAacuteRIO
ETIMOLOacuteGICO
foacutesforo sm orig substacircncia que
resplandece que brilha ne escuro 1813
palito provido de uma cabeccedila composta
de foacutesfora e outras substacircncias quiacutemicas
que se inflamam quando atritadas num
superfiacutecie aacutespera | phosphoro 1860 | ()
SEM REGISTRO
ENTRADA NO DICIONAacuteRIO
COMUM
Fosforeira Sf caixa onde se guardam
foacutesforos
179
PERIOacuteDICO
DATA
E
CIDADE DE ORIGEM
- 17 de setembro de 1879 Satildeo Paulo O
Constituinte
REABRIO-SE A|charutaria|Do Ponto dos
Bonds|Aacute|Rua Municipal nuacutemero
67|COM|Um variado sortimento de todos
|artigos para fumantes como
sejam|charutos de todas as marcas
cigar|ros fumos palhas para
cigarros|ponteiras para charutos e
cigarros|phosphoreiras e muitos outros
ar|tigos que achando-se em viagem
da|cocircrte para esta poderemos
breve|mente offerecer a nossos amigos
e|freguezes muitas especialidades|deste
genero o quaes sendo do|bom e melhor
venderemos por|preccedilos sem
competencia|Em poucos dias en|contraratildeo
os afa|mados cigar|ros de|Santa
Branca|CHARUTARIA|DO|Ponto dos
Bonds|Aacute|RUA MUNICIPAL NUMERO
67|Em frente ao Cafeacute Americano|SAtildeO
PAULO|Mriano amp Companhia
PALAVRAS PHOTOGRAPHIA
ENTRADA NO DICIONAacuteRIO
fot(o) elem Comp do gr Photo- de phos
180
ETIMOLOacuteGICO photoacutes luz que se documenta em
numerosos compostos introduzidos nas
liacutenguas modernas de cultura a partir do
seacutec XIX como fotografia fotometria
fotosfera etc Pelo modelo de fotografia
cuja forma abreviada foto veio a constituir
novo elemento de composiccedilatildeo formaram-
se dezenas de outros compostos tais como
fotocarta fotonovela fototeca etc ()
fotografia | photographia 1858
ENTRADA NO DICIONAacuteRIO
COMUM
fotografia Sf1 processo de formar e
fixar sobre uma emulsatildeofotossensiacutevel a
imagem dum objeto e que compreende
usualmente duas fases distintas na
primeira a emulsatildeo eacute impressionada pela
luz e sobre ela se forma por meio dum
sistema oacuteptico a imagem do objeto na
segunda a emulsatildeo impressionada eacute
tratada por meio de reagentes quiacutemicos
que revelam e fixam permanentemente a
imagem desejada 2 imagem obtida por
esse processo ()
PERIOacuteDICOS
DATAS
- 24 de abril de 1870 Campinas Gazeta
de Campinas
181
E
CIDADES DE ORIGEM
PHOTOGRAPHIA CAMPINENSE DE
HENRIQUE ROSEN|| 28-RUA
DIREITA-28||Tira retratos todos os dias e
por todos os systemas Para familia - os
preccedilos satildeo reduzidos consideravelmente
- 21 de outubro de 1874 Campinas A
Mocidade
Photographia
Campinense||DE||HENRIQUE ROSEN||
50 - RUA DIREITA - 50||Em
consequencia de novos melhoramentos
introduzidos no salatildeo de vidro deste bem
conhecido estabelecimento photographico
o mais antigo da provincia tira-se de hoje
em deante retratos perfeitos das 7 horas da
manhatilde ateacute 5 da tarde e com qualque[r]
tempo sendo preferidos os dias cobertos
e chuvosos| Trabalha-se todos os dias e
por todos os systemas Especialidades -
Retratos coloridos a Crozat e aquarela
Esmaltados Bombeacute Cabinet e Mezzo
Tinto dos quaes os ultimos imitando
porcellana foratildeo introduzidos nesta
provincia pelo annunciante e satildeo tirados
soacutemente no estabelecimento do mesmo|
Os retratos da phptographia simples
tiratildeo-se ainda pelo preccedilo baratiacutessimo de
182
6$000 a duzia pagando adeantado| O
annunciante esera conrinuar a merecer a
affluencia e valiosa protecccedilatildeo dos seus
numerosos amigos e freguezes - convida
ao respeitavel publico em geral para
examinar sua extense e variada galeria|
CASA FILIAL A PHOTOGRAPHIA
CAMPINENSE|| Satildeo Joatildeo do Rio-Claro||
20 - RUA DO COMMERCIO - 20|| (Perto
da Collectoria)
- 22 de janeiro de 1879 Satildeo Paulo
Correio Paulistano
PHOTOGRAFIA|AMERICANA|RUA
DA IMPERATRIZ|Satildeo PAULO| O
propretaacuterio deste estabelecimento de
volta de sua viagem aacute Europa continua a
trabalhar no mesmo estabelecimento o
qual se acha augmentado com machinas e
utensiacutelios os| mais modernos|Neste
estabelecimento que conta 16 annos de
existencia (o mais antigo deste proviacutencia)
continua-se a trabalhar por todos|os
sistemas de photografias desde o retrato
em a|mais pequena miniatura ateacute o
tamanho natural|Encarrega-se de mandar
pintar em Pariz pelos melhores pintores
qualquer retrato em|busto ou corpo
183
inteiro a oleo pastel ou aquarella
bastando para isso um pequeno retrato|da
pessoa que se quizer retratar|Trabalhar-se
todos os dias das 10 horas da manhatilde aacutes 4
horas da tarde natildeo importa o tempo
chuvoso|OS SENHORES
PHOTOGRAFOS|encontraratildeo neste
estabelecimento tudo que eacute mister aacute
mesma arte e pelos preccedilos do Rio de
Janeiro|Retratos de ateacute Reacuteis 5$ a duacutezia
- 05 de fevereiro de 1867 Satildeo Paulo
Correio Paulistano
NA CASA GARRAUX || LARGO DA SEacute
|| Encontra-se os artigos seguintes ||Papel
para desenho || Papel de luto || Papel de
peso || Papel almasso || Papel florete ||
Papel Hollanda || Papel de phantasia ||
Papel de cartas || Envelppes brancos ||
Enveloppes de cores || Enveloppes de luto
|| Enveloppes commerciaes || Enveloppes
forrados de panno || Cartotildees de visita ||
Ditos para casamentos || Tinteiro de vidro
|| Tinteiro de crystal || Tinteiro de bronze ||
Tinteiro ricos de phantasia || Pennas de
accedilo de varias qualidades || Pennas de ave
|| Sinetas || Canivetes || Pacas de cortar
papel || Lacre || Obreiras || Imagens ||
184
Quadros de devoccedilatildeo || Desenhos || Albuns
para desenhos || Aacutelbuns para
photographia || Quadros para
photographia || Carteiras || Estojos de
viagem || Caixas de perfumaria || Caixas
de papelaria || Caixas de costura com
musica || Caixa de mathematicas || Caixas
de tintas || Tintas de escrever || Livro de
direito || Livros de litteratura || Livros de
devoccedilatildeo || Livros de educaccedilatildeo || Livros de
homœopathia || Livros de missa || Horas
Marianas || Livros de luxo para presentes ||
Objectos de phantasia para presentes ||
Lapis || Baralho de cartas || Baralhos de
cartas de phantasia || Bengallas || Livros
para apontamentos || Stereoscopos ||
Folhinhas do anno || Pastas || E muito mais
objectos || Grande sortimento de papel
pintado | para forrar casas fabricados em
Paris | desde 500 reacuteis a peccedila para cima |
Guarniccedilatildeo roda-peacute paisagens etc | Esta
casa recebe directamente da Europa todos
seus livors e mercado- | rias e destrsquoarte
poacutede offerecer aacutes pessoas que a Ella se
dirigem considera- | veis vantagens
- 5 de fevereiro de 1867 Satildeo Paulo
Correio Paulistano
185
RETRATOS || da Augusta Familia
Imperial para albuns e | quadros tirados
ultimamente com a maior ni- | tidez e
perfeiccedilatildeo e tambem dos generaes prus- |
sianos celebres na guerra do anno proximo
| passado || Photographia academica e
commercial Rua | do Imperador nuacutemero
14
PALAVRAS PHOTOGRAPHICO
ENTRADA NO DICIONAacuteRIO
ETIMOLOacuteGICO
fot(o) elem Comp do gr Photo- de phos
photoacutes luz que se documenta em
numerosos compostos introduzidos nas
liacutenguas modernas de cultura a partir do
seacutec XIX como fotografia fotometria
fotosfera etc Pelo modelo de fotografia
cuja forma abreviada foto veio a constituir
novo elemento de composiccedilatildeo formaram-
se dezenas de outors compostos tais como
fotocarta fotonovela fototeca etc ()
fotograacutefico | photographico 1858
ENTRADA NO DICIONAacuteRIO
COMUM
fotograacutefico adj1 relativo agrave fotografia 2
fig Que lembra a fotografia pela
186
fidelidade de reproduccedilatildeo muito fiel ao
modelo
PERIOacuteDICOS
DATAS
E
CIDADES DE ORIGEM
- 21 de outubro de 1874 Campinas A
Mocidade
Photographia
Campinense||DE||HENRIQUE ROSEN||
50 - RUA DIREITA - 50||Em
consequencia de novos melhoramentos
introduzidos no salatildeo de vidro deste bem
conhecido estabelecimento
photographico o mais antigo da
provincia tira-se de hoje em deante
retratos perfeitos das 7 horas da manhatilde ateacute
5 da tarde e com qualque[r] tempo
sendo preferidos os dias cobertos e
chuvosos| Trabalha-se todos os dias e
por todos os systemas Especialidades -
Retratos coloridos a Crozat e aquarela
Esmaltados Bombeacute Cabinet e Mezzo
Tinto dos quaes os ultimos imitando
porcellana foratildeo introduzidos nesta
provincia pelo annunciante e satildeo tirados
soacutemente no estabelecimento do mesmo|
Os retratos da phptographia simples tiratildeo-
se ainda pelo preccedilo baratiacutessimo de 6$000
a duzia pagando adeantado| O
annunciante esera conrinuar a merecer a
187
affluencia e valiosa protecccedilatildeo dos seus
numerosos amigos e freguezes - convida
ao respeitavel publico em geral para
examinar sua extense e variada galeria|
CASA FILIAL A PHOTOGRAPHIA
CAMPINENSE|| Satildeo Joatildeo do Rio-Claro||
20 - RUA DO COMMERCIO - 20|| (Perto
da Collectoria)
PALAVRAS PHOTOGRAPHO
ENTRADA NO DICIONAacuteRIO
ETIMOLOacuteGICO
fot(o) elem Comp do gr Photo- de phos
photoacutes luz que se documenta em
numerosos compostos introduzidos nas
liacutenguas modernas de cultura a partir do
seacutec XIX como fotografia fotometria
fotosfera etc Pelo modelo de fotografia
cuja forma abreviada foto veio a constituir
novo elemento de composiccedilatildeo formaram-
se dezenas de outors compostos tais como
fotocarta fotonovela fototeca etc ()
fotoacutegrafo || photographo 1858 ()
ENTRADA NO DICIONAacuteRIO
COMUM
fotoacutegrafo sm aquele que pratica a
fotografia ou a exerce como profissatildeo
188
PERIOacuteDICOS
DATAS
E
CIDADES DE ORIGEM
- 14 de junho de 1874 Campinas A
Mocidade
O retratista photographo Evaristo
Brasileiro de Campos Mello esperando
uma nova officina que lhe vem
directamente da Europa previne a seus
amigos e freguezes que continuaraacute a tirar
retratos por qualquer systema pelos
preccedilos do costume garantindo um grande
melhoramento em seu trabalho espernado
por isso merecer sempre confianccedila deste
cavalheiro e generoso povo Campineiro|
A 5000 A DUZIA
- 22 de janeiro de 1879 Satildeo Paulo
Correio Paulistano
PHOTOGRAFIA|AMERICANA|RUA
DA IMPERATRIZ|Satildeo PAULO| O
propretaacuterio deste estabelecimento de
volta de sua viagem aacute Europa continua a
trabalhar no mesmo estabelecimento o
qual se acha augmentado com machinas e
utensiacutelios os| mais modernos|Neste
189
estabelecimento que conta 16 annos de
existencia (o mais antigo deste proviacutencia)
continua-se a trabalhar por todos|os
sistemas de photografias desde o retrato
em a|mais pequena miniatura ateacute o
tamanho natural|Encarrega-se de mandar
pintar em Pariz pelos melhores pintores
qualquer retrato em|busto ou corpo
inteiro a oleo pastel ou aquarella
bastando para isso um pequeno retrato|da
pessoa que se quizer retratar|Trabalhar-se
todos os dias das 10 horas da manhatilde aacutes 4
horas da tarde natildeo importa o tempo
chuvoso|OS SENHORES
PHOTOGRAFOS|encontraratildeo neste
estabelecimento tudo que eacute mister aacute
mesma arte e pelos preccedilos do Rio de
Janeiro|Retratos de ateacute Reacuteis 5$ a duacutezia
PALAVRAS RELOGIO
ENTRADA NO DICIONAacuteRIO
ETIMOLOacuteGICO
reloacutegio sm designaccedilatildeo comum a diversos
tipos de instrumentos ou mecanismos para
medir intervalo de tempo | relogeo XV |
Do lat Horologium -ii deriv Do gr
Horoloacutegion
190
ENTRADA NO DICIONAacuteRIO
COMUM
reloacutegio S m 1 Designaccedilatildeo comum a
diversos tipos de instrumentos ou
mecanismos para medir intervalos de
tempo 2 reloacutegio (1) mecacircnico dotado
em geral de rodas dentadas movidas por
pecircndulos molas eletricidade pilhas etc
e de mostrador de ponteiros
apresentando-se nas mais variadas formas
e dimensotildees()
PERIOacuteDICOS
DATAS
E
CIDADES DE ORIGEM
- 14 de outubro de 1874 Campinas A
Mocidade
RELOJOARIA || DO || REGULADOR
CAMPINENSE ||Penteado amp Nunes ||
LARGO DA MATRIZ VELHA Nuacutemero
39|| Acaba de receber u completo
sortimento de relogios de parede e
algibeira de lindos gostos sendo vendidos
pos commodo preccedilo affianccedilados por um
anno Rcebeu mais lindo sortimento de
pince-nez tanto de vidro de cor como de
grao despertadores correntes de ouro
prata plaquet | Relogios | Para torres ou
fazendas encarregando-se os donos do
estabelecimento da sua collocaccedilatildeo e
affianccedilando a boa marcha por cinco
annos|| CONCERTOS PERFEITOS E
191
AFFIANCcedilADOS|| POR UM ANNO
- 28 de agosto de 1870 Campinas Gazeta
de Campinas
MUITA ATTENCcedilAtildeO|| Offerece-se a
quantia de 50$000 a quem der noticia dos
seguintes objectos roubados na noute do
dia 8 para 9 do corrente| 5libras
esterllinas 1 alfinete de brilhante 1 par de
oculos de ouro n 24 com caixa (marca
Henrique Fox Satildeo Paulo) 1 botatildeo feito
de um dolar cujo peacute estaacute rachado 1
corrente de relogio de ouro de 14
quilates 1 abotuadura de ouro francez
para punhos tendo dois peacutes e sendo
esmaltado de preto 1 collete e uma calccedila
de casimira de cocircr bem cala uma calccedila de
casimira um pouco mais escura uma calccedila
de casimira cocircr de havana e 1 collete de
panno preto sem golla| Chama-se a
attenccedilatildeo dos senhores ourives para taes
objectos Desconfia-se que foram levados
para serem negociados com os
trabalhadores da estrada de ferro|Quem
dos mesmos souber poacutede dirigir-se a
Thomaz Gleeson alfaiate largo da Matriz
Velha em frente ao sino grande|
Campinas
192
- 14 de outubro de 1874 Campinas A
Mocidade
RELOJOARIA|| DO || REGULADOR
CAMPINENSE || Penteado amp Nunes ||
LARGO DA MATRIZ VELHA Nuacutemero
39|| Acaba de receber um completo
sortiemento de relogios de parede e
algibeira de lindos gostos sendo vendidos
pos commodos preccedilos affianccedilados por um
anno Recebeu mais lindo sortimento de
pince-nez tanto de vidro de cor como de
grao despertadores correntes de ouro
prata plaquet| Relogios| Para torres ou
fazendas encarregando-se os donos do
estabelecimento da sua collocaccedilatildeo e
affiancado a boa marcha por cinco annos||
CONCERTOS PERFEITOS E
AFFIANCcedilADOS||POR UM ANNO
- 11 de janeiro de 1829 Satildeo Paulo O
Farol Paulistano
He chegado nesta Cidade vindo de Pariacutes
Bont|te Dillon Fabricante de reloacutegios de
193
todas qualidades| e tambegravem faz todos os
concertos aos ditos reloacutegios e| traz
tambem bastantes feitos porisso faz
publico a todos| os Senhores que quizerem
utilizar-se do supplicante| para alguma
obra o que faraacute muito comodo e mora na|
Rua do Ouvidor numero 49 onde tambem
tem fazendas e modas Francezas
- 5 de outubro de 1852 Satildeo Paulo
Aurora Paulistana
- 15 de outubro de 1852 Satildeo Paulo
Aurora Paulistana
JOSErsquo PHILIPPE SALMAN mora | dor
na rua de Satildeo Bento nuacutemero 16 participa
| ao respeitavel publico e especialmente |
aos seus freguezes que elle tem para |
vender um completo sortimento do |
oculos de todas as qualidades lunetas |
vidros avulsos oculos de alcance di- | tos
para theatro bengallas ampc ampc | na
mesma casa continua-se a vender | e
concertar relogios de todas as qua- |
lidades
194
- 17 de novembro de 1852 Satildeo Paulo
Aurora Paulistana
PERDEO-SE no dia 1ordm de novem- | bro os
seguintes objetos uma corrente | de
reloacutegio de ouro quebrada uma den- |
tadura de pressatildeo de pressatildeo ar com tres
den- | tes em uma chapa de ouro tudo em
um | embrulhos e bem assim uma carteira
de | marroquim verde contendo vaacuterios pa-
| peis que soacute poacutedem servir ao dono e |
algumas notas miudas Roga-se por | isso
aacute pessoa que tiver achado os men- |
cionados objectos o obsequio de os en- |
tregar em casa do Senhor Joaquim
Sertorio | pelo que seraacute gratificado se o
exigir
- 05 de fevereiro de 1867 Satildeo Paulo
Correio Paulistano
CORBISIER | Nuacutemero 10 | RUA DA
IMPERATRIZ (isso escrito dentro de um
desenho de reloacutegio) | Garante seu trabalho
por um anno | Encarrega-se de qualquer
encom- | menda de relogios por mais |
complicada possivel || Participa ao
respeitavel publico que continuacutea | a
195
concertar relogios de todas as qualidades
| sendo a sua especialidade refazer peccedilas
quebra- | das por mais difficeis que sejam
tem em sua | casa em escolhido sortimento
de relogios de | ouro e prata que vende por
preccedilos commodos
PALAVRAS RELOJOARIA
ENTRADA NO DICIONAacuteRIO
ETIMOLOacuteGICO
reloacutegio sm designaccedilatildeo comum a diversos
tipos de instrumentos ou mecanismos para
medir intervalo de tempo | relogeo XV |
Do lat Horologium -ii deriv Do gr
Horoloacutegion || relojoaria | relogiaria XVIII
ENTRADA NO DICIONAacuteRIO
COMUM
relojoaria Sf 1 Arte de relojoeiro 2
Loja que fabrica ou conserta reloacutegios ()
PERIOacuteDICOS
DATAS
E
- 14 de outubro de 1874 Campinas A
Mocidade
RELOJOARIA || DO || REGULADOR
196
CIDADES DE ORIGEM CAMPINENSE ||Penteado amp Nunes ||
LARGO DA MATRIZ VELHA Nuacutemero
39|| Acaba de receber u completo
sortimento de relogios de parede e
algibeira de lindos gostos sendo vendidos
pos commodo preccedilo affianccedilados por um
anno Rcebeu mais lindo sortimento de
pince-nez tanto de vidro de cor como de
grao despertadores correntes de ouro
prata plaquet | Relogios | Para torres ou
fazendas encarregando-se os donos do
estabelecimento da sua collocaccedilatildeo e
affianccedilando a boa marcha por cinco
annos|| CONCERTOS PERFEITOS E
AFFIANCcedilADOS|| POR UM ANNO
- 14 de outubro de 1874 Campinas A
Mocidade
RELOJOARIA|| DO || REGULADOR
CAMPINENSE || Penteado amp Nunes ||
LARGO DA MATRIZ VELHA Nuacutemero
39|| Acaba de receber um completo
sortiemento de relogios de parede e
algibeira de lindos gostos sendo vendidos
pos commodos preccedilos affianccedilados por um
anno Recebeu mais lindo sortimento de
pince-nez tanto de vidro de cor como de
grao despertadores correntes de ouro
197
prata plaquet| Relogios| Para torres ou
fazendas encarregando-se os donos do
estabelecimento da sua collocaccedilatildeo e
affiancado a boa marcha por cinco annos||
CONCERTOS PERFEITOS E
AFFIANCcedilADOS||POR UM ANNO
PALAVRA RELOJOEIRO
ENTRADA NO DICIONAacuteRIO
ETIMOLOacuteGICO
reloacutegio sm designaccedilatildeo comum a diversos
tipos de instrumentos ou mecanismos para
medir intervalo de tempo | relogeo XV |
Do lat Horologium -ii deriv Do gr
Horoloacutegion || relojoaria | relogiaria XVIII
|| relojoeiro | relogeiro 1813
ENTRADA NO DICIONAacuteRIO
COMUM
relojoeiro Adj 1 relativo a relojoaria ou
a reloacutegio s m 2 aquele que fabrica ou
concerta reloacutegios
PERIOacuteDICO
DATA
- 29 de novembro de 1852 Satildeo Paulo
Aurora Paulistana
198
E
CIDADE DE ORIGEM
BAZAR FLUMINENSE | Rua da
Quintana nuacutemero 48 | RIO DE JANEIRO
| Co aquella denominaccedilatildeo e neste local
acaba de abrir-se um Es- | tabelecimento
que apresenta um mercado prompto
variadissimo e ao | alcance de todas as
fortunas dos ricos porque tem por onde
esco- | lher das classes menos abastadas
porque hatildeo-de encontrar bom e | barato ||
Este Estabelecimento eacute o unico de seu
genero nesta corte porque | nelle se
reuacutenem muitos dos objectos que
constituem o sortimento das | lojas de
fazendas e de armarinho de louccedila e de
ferragem de ourives | e relojoeiro de
roupa e de calccedilado de mobiacutelia de livros e
papel ampc| ampc eacute uma Bazar de variados
artefactos tanto nacionaes como es- |
trangeiros e eacute ainda o unico nesta Corte
quanto aacute modicidade dos | preccedilos porque
todos os effeitos ahi seratildeo vendidas por
custo muito | inferior ao geralmente
estabelecido || Para satisfazer
religiosamente a esta condiccedilatildeo base em
que deve | repousar a confianccedila publica
os proprietaacuterios deste Estabelecimente |
natildeo procuratildeo para sortimento de sua casa
determinados objectos elo | les compratildeo
somente quando possatildeo obter por preccedilos
muitos modicos- | e neste empenho
lanccedilaratildeo matildeo de todos os meios que lhes
199
ministratildeo | os recursos pecuniaacuterios de que
dispotildeem e a sua longa pratica de |
commercio Suas compras seratildeo sempre
feitas em primeira matildeo | nos grandes
armazeacutens por junto e com dinheiro aacute
vista natildeo aban- | donando tambem as que
vantajosamente poderem realizar em arre-
| mataccedilotildees judiciaes nrsquoAlfandega nos
Trapiches em Casa de leilatildeo | e em toda a
parte onde a palavra ndash barato ndash for uma
realidade mandaratildeo vir por sua conta
remessas de foacutera invidaratildeo emfim todas
as suas | forccedilas para que o diminuto preccedilo
das compras facilite a barateza das ven- |
das Desejao vender muito embora seja
diminutissimo o seu lucro em | cada
objecto || Nenhum dos artigos proacuteprios
das casas de seccos e molhados teraacute |
cabida em seus armazens porem ahi
acharaotilde os habitantes desta ci- | dade e os
negociantes do interior fazendas de seda
latildea linho e al- | godatildeo ndash objectos de ouro
prata e outros metaes ndash vidros crystaes
lou- | ccedila e porcellana ndash livros em todas as
linguas papel estampas e ob- | jectos
drsquoescriptorio ndash roupa chapeacuteos e calccedilados
ndash trastes para o serviccedilo e ornamentos de
casas ndash objectos de armarinho e muitos
outros tudo | barato por preccedilos fixos e
dinheiro aacute vista pois eacute incontestavel que o
| Bazar natildeo poacutede vender a praso pelos
moacutedicos preccedilos que tem esta- | belecido ||
Todas as vendas seratildeo acompanhadas de
200
uma conta a mais cir- | cunstanciada
maximeacute quando forem feitas por
intermedio de criados | ou escravos a fim
de que os Senhores compradores a possatildeo
combinar | com cataacutelogos que o Bazar for
publicando e reconhecer sempre | a
lealdade deste Estabelecimento ||
Bondade de gecircnero ndash probidade nas
transacccedilotildees ndash pontualidade nas |
encommendas ndash sortimento variadissimo ndash
e barateza das vendas eis o | progamma
do BAZAR FLUMINENSE O Publico
decidiraacutese es- | e Estabelecimento eacute digno
da sua confianccedila || Aviso aos Habitantes
dos Municipios da Provincia do | Rio de
Janeiro e das Provincias centraes || A
Direcccedilatildeo do Bazar Fluminense encarrega-
se de mandar encai- | xotar e remetter aos
seus destinos quaesquer objectos que lhe
forem | encommendados e promptamente
pagos e tambem de comprar por |
commissatildeo os que natildeo houverem neste
Estabelecimento compra a que |
drocederaacute com a mais severa economia e
de maneira que a impor- | tancia dessa
commissatildeo (que nunca excederaacute de 5 por
cento por | mais limitadas que sejatildeo as
encommendas) natildeo absorva o abatimen- |
to que a favor dos nossos freguezes se
obtiver em taes compras | e nos preccedilos
geralmente estabelecidos || As pessoas
que se dignarem honrar o Estabelecimento
com a sua | confianccedila podem dirigir-se
201
nesta Corte pessoalmente ou por escrito |
ao abaixo assignado e em Minas podem
igualmente dar suas ordens | ao Senhor
Sebastiatildeo Augusto Pinto de Souza
Director da casa filial | estabelecida na
Cidade do Ouro Preto Capital drsquoaquella
Proviacutencia || Rio de Janeiro 7 de
Novembro de 1852 || Bernardo Xavier
Pinto de Souza || N B A Direcccedilatildeo do
Bazar encarrega-se igualmente de mandar
| apromptar pelos uacuteltimos preccedilotildees tudo
que pertence ao fardamento e | uniformes
dos Senhores Officiaes da Guarda
Nacional
PALAVRA STEREOSCOPOS
ENTRADA NO DICIONAacuteRIO
ETIMOLOacuteGICO
esteacutereo sm lsquomedida de volume para
lenha equivalente a um metro cuacutebicorsquo |
estere 1881 | do fr stegravere deriv do gr
stereoacutes lsquosoacutelido firmersquo O voc ocorre na
formaccedilatildeo de inuacutemeros derivados ()
estereoscoacutepio | stereoscopo 1858 | do fr
steacutereacuteoscopie ()
202
ENTRADA NO DICIONAacuteRIO
COMUM
SEM REGISTRO
PERIOacuteDICO
DATA
E
CIDADE DE ORIGEM
- 05 de fevereiro de 1867 Satildeo Paulo
Correio Paulistano
NA CASA GARRAUX || LARGO DA SEacute
|| Encontra-se os artigos seguintes ||Papel
para desenho || Papel de luto || Papel de
peso || Papel almasso || Papel florete ||
Papel Hollanda || Papel de phantasia ||
Papel de cartas || Envelppes brancos ||
Enveloppes de cores || Enveloppes de luto
|| Enveloppes commerciaes || Enveloppes
forrados de panno || Cartotildees de visita ||
Ditos para casamentos || Tinteiro de vidro
|| Tinteiro de crystal || Tinteiro de bronze ||
Tinteiro ricos de phantasia || Pennas de
accedilo de varias qualidades || Pennas de ave
|| Sinetas || Canivetes || Pacas de cortar
papel || Lacre || Obreiras || Imagens ||
Quadros de devoccedilatildeo || Desenhos || Albuns
para desenhos || Aacutelbuns para photographia
|| Quadros para photographia || Carteiras ||
Estojos de viagem || Caixas de perfumaria
|| Caixas de papelaria || Caixas de costura
com musica || Caixa de mathematicas ||
Caixas de tintas || Tintas de escrever ||
Livro de direito || Livros de litteratura ||
203
Livros de devoccedilatildeo || Livros de educaccedilatildeo ||
Livros de homœopathia || Livros de missa
|| Horas Marianas || Livros de luxo para
presentes || Objectos de phantasia para
presentes || Lapis || Baralho de cartas ||
Baralhos de cartas de phantasia ||
Bengallas || Livros para apontamentos ||
Stereoscopos || Folhinhas do anno ||
Pastas || E muito mais objectos || Grande
sortimento de papel pintado | para forrar
casas fabricados em Paris | desde 500 reacuteis
a peccedila para cima | Guarniccedilatildeo roda-peacute
paisagens etc | Esta casa recebe
directamente da Europa todos seus livros e
mercado- | rias e destrsquoarte poacutede offerecer
aacutes pessoas que a Ella se dirigem
considera- | veis vantagens
PALAVRAS TACHYGRAPHIA
ENTRADA NO DICIONAacuteRIO
ETIMOLOacuteGICO
taqueo- (taco-) taqu(i)- elem Comp do
gr Tachy- de tachyacutes tachoacutes raacutepido
ceacutelere que se documenta em alguns
compostos introduzidos a partir do seacutec
XIX na linguagem erudita ()
taquigrafia | tachygraphia 1844 ()
204
ENTRADA NO DICIONAacuteRIO
COMUM
taquigrafia SfV estenografia = escrita
abreviada e simplificada na qual se
empregam sinais que permitem escrever
com a mesma rapidez com que se fala
taquigrafia logografia
PERIOacuteDICOS
DATAS
E
CIDADES DE ORIGEM
- 24 de abril de 1889 Satildeo Paulo Correio
Paulistano
Questionaacuterio da arte tachygraphica|
ensinada no Brasil pelo
professor|Sebastiatildeo Mestrinho| 1 O que eacute
a Tachugraphia - Eacute a Arte de escreverse
tatildeo veloz como se fala| 2 Em quantas
partes se divide a Tachygraphia -
Alphabeto terminaccedilotildees| convenccedilotildees ou
signaes particulares| 3 De quantas letras
se compotildee o Alphabeto - De 16 que satildeo
b d f g h l m n p q|r s t v x z| 4 De quantos
caracteres se compotildee as terminaccedilotildees - De
18 que satildeo - Avel| Ario Ando Asto
Anto Anccedila Arte Amos Ei Au Menta
Ismo A otilde| Bilidade A I U (para os
artigos) Em Eu| 5 Quantos alphabetos -
Um que reproduz-se por 4 formas
simples ligado | simples e composto e
circulo| 6 De onde eacute retirada a
Tachygrafia - De um circulo e seus
205
raios| 7 O que eacute Alphabeto
Tachygraphico - Eacute uma convenccedilatildeo feita
do circulo e raios| de que se compotildee os
nomes| 8 O que satildeo as terminaccedilotildees -
Uma colleccedilatildeo de caracteres que abreviatildeo
letras e|syllabas| 9 Ha regra certa ou base
na Tachygraphia Sim quando para
provarmos que|sabemos a arte Natildeo
quando acompanhamos a palavrapor que
abandonamos|a arte e abraccedilamos as
convenccedilotildees|10 Para que servem os
signaes particulares ou convenccedilotildees -
Para facilitar o|acompanhamento da
palavra|11 Quantos methodos conta a
Arte Tachygraphica - Uma infinidade
delles|Cada disciacutepulo depois de habilitado
poacutede tomar por base o circulo e crear|uma
arte|12 Qual eacute o melhor methodo
Tachygraphico ndash Aquelle que contiver
os|caracteres mais necessarios nos pontos
de mais facilidade nos traccedilos|13 Quaes
satildeo as qualidades essenciaacutees do
Tachygrapho Bom ouvido|agilidade
manual a necessaria intelligentcia e fina
penetraccedilatildeo|14 Todo homem que sabe
Tachygraphian pocircde ser Tachygrapho ndash
Natildeo por que|poacutede reunir todas as
qualidades communs e natildeo dispor da
precisa espeditez|para auxilial-os nos
conhecimentos que tem a arte|15 Para que
servem as cruzetas ou espaccedilos em branco
ndash Para indicar ponto final| oraccedilatildeo
interrompida ou falha etc|16 O nome
206
escripto em Tachygraphia poacutede variar ndash
Sim porque com o mesmo|signal
podemos traduzir nomes mui decerso
(fazendo-o pelo sentido da|oraccedilatildeo)|17
Temos masculino ou feminino ndash Natildeo ndash
Classificamos pelo sentido|18 Temos
singular ou plural ndash Natildeo ndash Distinguimos
pelo precedente e os|nuacutemeros satildeo os
mesmos|19 Temos ortographia ndash Natildeo
escrevemos pelos sons como se vecirc Casa
Quis Quaes Cossa etc que fazemos em
QZ ou QS
PALAVRA TACHYGRAPHICO(A)
ENTRADA NO DICIONAacuteRIO
ETIMOLOacuteGICO
taqueo- (taco-) taqu(i)- elem Comp do
gr Tachy- de tachyacutes tachoacutes raacutepido
ceacutelere que se documenta em alguns
compostos introduzidos a partir do seacutec
XIX na linguagem erudita ()
taquigraacutefico | tachygraphico 1844 ()
ENTRADA NO DICIONAacuteRIO
COMUM
Taquigraacutefico Adj Referente agrave
taquigrafia estenograacutefico
207
PERIOacuteDICO
DATA
E
CIDADE DE ORIGEM
- 24 de abril de 1889 Satildeo Paulo Correio
Paulistano
Questionaacuterio da arte tachygraphica|
ensinada no Brasil pelo
professor|Sebastiatildeo Mestrinho| 1 O que eacute
a Tachugraphia - Eacute a Arte de escreverse
tatildeo veloz como se fala| 2 Em quantas
partes se divide a Tachygraphia -
Alphabeto terminaccedilotildees| convenccedilotildees ou
signaes particulares| 3 De quantas letras
se compotildee o Alphabeto - De 16 que satildeo
b d f g h l m n p q|r s t v x z| 4 De quantos
caracteres se compotildee as terminaccedilotildees - De
18 que satildeo - Avel| Ario Ando Asto
Anto Anccedila Arte Amos Ei Au Menta
Ismo A otilde| Bilidade A I U (para os
artigos) Em Eu| 5 Quantos alphabetos -
Um que reproduz-se por 4 formas
simples ligado | simples e composto e
circulo| 6 De onde eacute retirada a
Tachygrafia - De um circulo e seus
raios| 7 O que eacute Alphabeto
Tachygraphico - Eacute uma convenccedilatildeo feita
do circulo e raios| de que se compotildee os
nomes| 8 O que satildeo as terminaccedilotildees -
Uma colleccedilatildeo de caracteres que abreviatildeo
letras e|syllabas| 9 Ha regra certa ou base
na Tachygraphia Sim quando para
208
provarmos que|sabemos a arte Natildeo
quando acompanhamos a palavra por que
abandonamos|a arte e abraccedilamos as
convenccedilotildees|10 Para que servem os
signaes particulares ou convenccedilotildees -
Para facilitar o|acompanhamento da
palavra|11 Quantos methodos conta a
Arte Tachygraphica - Uma infinidade
delles|Cada disciacutepulo depois de habilitado
poacutede tomar por base o circulo e crear|uma
arte|12 Qual eacute o melhor methodo
Tachygraphico ndash Aquelle que contiver
os|caracteres mais necessarios nos pontos
de mais facilidade nos traccedilos|13 Quaes
satildeo as qualidades essenciaacutees do
Tachygrapho Bom ouvido|agilidade
manual a necessaria intelligentcia e fina
penetraccedilatildeo|14 Todo homem que sabe
Tachygraphia pocircde ser Tachygrapho ndash
Natildeo por que|poacutede reunir todas as
qualidades communs e natildeo dispor da
precisa espeditez|para auxilial-os nos
conhecimentos que tem a arte|15 Para que
servem as cruzetas ou espaccedilos em branco
ndash Para indicar ponto final| oraccedilatildeo
interrompida ou falha etc|16 O nome
escripto em Tachygraphia poacutede variar ndash
Sim porque com o mesmo|signal
podemos traduzir nomes mui decerso
(fazendo-o pelo sentido da|oraccedilatildeo)|17
Temos masculino ou feminino ndash Natildeo ndash
Classificamos pelo sentido|18 Temos
singular ou plural ndash Natildeo ndash Distinguimos
209
pelo precedente e os|nuacutemeros satildeo os
mesmos|19 Temos ortographia ndash Natildeo
escrevemos pelos sons como se vecirc Casa
Quis Quaes Cossa etc que fazemos em
QZ ou QS
PALAVRA TACHYGRAPHO
ENTRADA NO DICIONAacuteRIO
ETIMOLOacuteGICO
taqueo- (taco-) taqu(i)- elem Comp do
gr Tachy- de tachyacutes tachoacutes raacutepido
ceacutelere que se documenta em alguns
compostos introduzidos a partir do seacutec
XIX na linguagem erudita ()
taquiacutegrafo | tachygrapho 1844 ()
ENTRADA NO DICIONAacuteRIO
COMUM
Taquigrafo sm V estenoacutegrafo
PERIOacuteDICO
DATA
E
- 24 de abril de 1889 Satildeo Paulo Correio
Paulistano
210
CIDADE DE ORIGEM Questionaacuterio da arte tachygraphica|
ensinada no Brasil pelo
professor|Sebastiatildeo Mestrinho| 1 O que eacute
a Tachugraphia - Eacute a Arte de escreverse
tatildeo veloz como se fala| 2 Em quantas
partes se divide a Tachygraphia -
Alphabeto terminaccedilotildees| convenccedilotildees ou
signaes particulares| 3 De quantas letras
se compotildee o Alphabeto - De 16 que satildeo
b d f g h l m n p q|r s t v x z| 4 De quantos
caracteres se compotildee as terminaccedilotildees - De
18 que satildeo - Avel| Ario Ando Asto
Anto Anccedila Arte Amos Ei Au Menta
Ismo A otilde| Bilidade A I U (para os
artigos) Em Eu| 5 Quantos alphabetos -
Um que reproduz-se por 4 formas
simples ligado | simples e composto e
circulo| 6 De onde eacute retirada a
Tachygrafia - De um circulo e seus
raios| 7 O que eacute Alphabeto
Tachygraphico - Eacute uma convenccedilatildeo feita
do circulo e raios| de que se compotildee os
nomes| 8 O que satildeo as terminaccedilotildees -
Uma colleccedilatildeo de caracteres que abreviatildeo
letras e|syllabas| 9 Ha regra certa ou base
na Tachygraphia Sim quando para
provarmos que|sabemos a arte Natildeo
quando acompanhamos a palavrapor que
abandonamos|a arte e abraccedilamos as
convenccedilotildees|10 Para que servem os
signaes particulares ou convenccedilotildees -
Para facilitar o|acompanhamento da
palavra|11 Quantos methodos conta a
211
Arte Tachygraphica - Uma infinidade
delles|Cada disciacutepulo depois de habilitado
poacutede tomar por base o circulo e crear|uma
arte|12 Qual eacute o melhor methodo
Tachygraphico ndash Aquelle que contiver
os|caracteres mais necessarios nos pontos
de mais facilidade nos traccedilos|13 Quaes
satildeo as qualidades essenciaacutees do
Tachygrapho Bom ouvido|agilidade
manual a necessaria intelligentcia e fina
penetraccedilatildeo|14 Todo homem que sabe
Tachygraphia pocircde ser Tachygrapho ndash
Natildeo por que|poacutede reunir todas as
qualidades communs e natildeo dispor da
precisa espeditez|para auxilial-os nos
conhecimentos que tem a arte|15 Para que
servem as cruzetas ou espaccedilos em branco
ndash Para indicar ponto final| oraccedilatildeo
interrompida ou falha etc|16 O nome
escripto em Tachygraphia poacutede variar ndash
Sim porque com o mesmo|signal
podemos traduzir nomes mui decerso
(fazendo-o pelo sentido da|oraccedilatildeo)|17
Temos masculino ou feminino ndash Natildeo ndash
Classificamos pelo sentido|18 Temos
singular ou plural ndash Natildeo ndash Distinguimos
pelo precedente e os|nuacutemeros satildeo os
mesmos|19 Temos ortographia ndash Natildeo
escrevemos pelos sons como se vecirc Casa
Quis Quaes Cossa etc que fazemos em
QZ ou QS
212
- 5 de junho de 1852 Aurora Paulistana
Satildeo Paulo
Post-Scriptum | Demoramos a publicaccedilatildeo
desta folha por | que pelo contrato para a
publicaccedilatildeo das dis- | cussotildees da
Assembleacutea provincial soacute nos corre | a
obrigaccedilatildeo de publical-a quando o material
| fornecido pelo tachygrapho preencha as
tres | primeiras paginas
PALAVRAS TELEGRAPHO
ENTRADA NO DICIONAacuteRIO
ETIMOLOacuteGICO
tel(e)- elem comp do gr Tele- de tele
longe ao longe de longe que se
documenta em inuacutemeros compostos
introduzidos a partir de seacutec XIX na
linguagem erudita () teleacutegrafo 1813 do
fr teacuteleacutegraphe voc criado por Miot no
final do seacutec XVIII
213
ENTRADA NO DICIONAacuteRIO
COMUM
teleacutegrafo Sm 1 Qualquer sistema
sistema de transmissatildeo de mensagens
entre pontos distantes por meio de sinais
2 casa ou lugar onde ele funciona
PERIOacuteDICOS
DATAS
E
CIDADES DE ORIGEM
- 14 de outubro de 1874 Campinas A
Mocidade
PEDE-SE TODA||ATTENCcedilAtildeO|| Aos
senhores fazendeiros|| Ferreira Novo amp
Filho participaratildeo aos senhores
fazendeiros e negociantes que continuatildeo a
comprar cafegrave em maior quantidade do que
faziam ateacute hoje achando-se para isso
habilitados por acabarem de contractar
com algumas das principais casas
exportadoras a fazerem grandes compras
Nosso systema de compras seraacute Comprar
toda e qualquer quantidade de cafegrave quando
beneficiado o prompto recebemos ou com
poucos dias de demora depois da venda|
Pedimos a todos os senhores fazendeiros
quando tenhatildeo cafegrave em qualquer
quantidade promptoe queiratildeo vender a
bondade de nos procurarem pagando
sempre no dia da venda maior preccedilo que
permitir o estado do cafegrave nos principais
mercados do paiz da America e da
Europa habilitando-nos para podermos
214
fazer tatildeo grande vantagem aos senhores
lavradores o telegrapho que acaba de
collocar em comunicaccedilatildeo diaria esta
florescente cidade com aqueles principaes
mercados
PALAVRAS TELEPHONE
ENTRADA NO DICIONAacuteRIO
ETIMOLOacuteGICO
tel(e)- elem Comp do gr Tele- de tele
longe ao longe de longe que se
documenta em inuacutemeros compostos
introduzidos a partir de seacutec XIX na
linguagem erudita () telefone | -pho-
1899 | Do fr I teacuteleacutephone O voc Jaacute se
documenta em alematildeo (Telephon) desde
1796
ENTRADA NO DICIONAacuteRIO
COMUM
telefone S m 1 Aparelho para transmitir
a distacircncia a palavra falada 2 Restr
Telefone (1) de uso corrente que consta
de um mecanismo eleacutetrico capaz de
efetuar a ligaccedilatildeo entre duas linhas e
peccedila(s) distinta(s) a emitir e receber
mensagens faladas()
215
PERIOacuteDICOS
DATAS
E
CIDADES DE ORIGEM
- 31 de dezembro de 1896 Campinas
Cidade de Campinas
LIXIVIA PHENIX|| Agente de differentes
casas de Satildeo Paulo de cujas casas tem
amostras de artigos| Tem a venda a
explendida farinha de aveia Knorr| Abre
aacutes 6frac12 da manhatilde e fecha aacutes 5 horas da
tarde| Telephone 247| Caixa postal 89|
RUA GENERAL OSORIO Nuacutemero 59||
BF NEGRAtildeO|| CAMPINAS
- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio
Paulistano
Doutor CARLOS PENNA | MEDICO
OPERADOR | ESBECIALISTA | DAS
MOLESTIAS DOS OLHOS || Consultorio
ndash Rua da Imperatriz 35 de 1 aacutes 3 horas
Telephono 190 || Residencia ndash Rua
Aurora 76 ndash Telephono nuacutemero 42 ||
Dispocirce de excellentes aposentos para o
tratamento de clientes de QUAL- | QUER
classe || Attende a chamados para
qualquer ponto da provincia
216
PALAVRA TYPOGRAPHIA
ENTRADA NO DICIONAacuteRIO
ETIMOLOacuteGICO
tipo sm orig modelo exemplar siacutembolo
ext (Tip) letra de forma de imprimir
XVII Do lat typus -i deriv Do gr tyacutepos
() tipografia | typographia 1813
ENTRADA NO DICIONAacuteRIO
COMUM
tipografia Sf 1 Arte que compreende as
vaacuterias operaccedilotildees conducentes agrave impressatildeo
de textos desde a criaccedilatildeo dos caracteres agrave
sua composiccedilatildeo e impressatildeo de modo que
resulte num produto graacutefico ao mesmo
tempo adequado legiacutevel e agradaacutevel 2
Restr Sistema de imprimir com focircrmas
em relevo impressatildeo tipograacutefica 3 Estilo
ou arranjo do texto tipograacutefico 4
Estabelecimento tipograacutefico
PERIOacuteDICO
DATA
E
- 25 de abril de 1852 Aurora Paulistana
Satildeo Paulo
217
CIDADE DE ORIGEM ATTENCcedilAtildeO | A Farrapeida| Recebem-
se nesta typogra|phia assignaturas para
um | opusculo que breve sahiraacute aacute | luz
com o titulo acima e con- | teraacute cerca de
120 paginas Ersquo | um poema em que se
descre- | vecirc a biographia dos princi- | paes
membros do partido - | Venda-grande ndash
nesta provin- | cia e dividido em 5 cantos
dos quaes estatildeo jaacute na typogra- | phia os
tres primeiros cujos titulos satildeo | I A
CARA-SUGEIDA | precedida de uma
estampa | representando um individuo |
desejando surprehender os | segredos de
uma bella Con- | deccedila | II A
CARRONrsquoIHEI- | DA ou as magicaturas
pre- | cedida igualmente de uma ca- |
ricatura | III A JANISTROQUEI- | DA
ou factos historicos bio- | graphia
completa de um ca- | valheiro muito
conhecido a | caricatura que precede este |
canto eacute muito curiosa | Preccedilo de cada
exemplar | 1$ reis pagos ao receber o |
exemplar
- 25 de abril de 1852 Aurora Paulistana
Satildeo Paulo
A Illustrissiacutema Senhora Dona Joaquina
Maria das | Dores drsquoOliveira tem uma
carta no es-| criptorio drsquoesta typographia
que ainda se | natildeo mandou entregar por
218
ignorar-se a | sua residencia
- 29 de maio de 1852 Aurora Paulistana
Satildeo Paulo
- 5 de junho de 1852 Aurora Paulistana
Satildeo Paulo
- 15 de junho de 1852 Aurora Paulistana
Satildeo Paulo
ATTENCcedilAtildeO | Typographia Liberal | de
| J R drsquoAzevedo Marques | LARGO DA
SErsquo N 3 | Joaquim Roberte drsquoAzevedo
Marques tem | a honra de participar ao
respeitavel publico | que acaba de montar
em maior escala a Ty- | pographia
Liberal se sua propriedade com | um
variado e novo sortimento de typos vi- |
nhetas emblemas florotildees ampc e com um
dos | mais aperfeiccediloados preacutelos de ferro
dos que ul- | timamente se fabricatildeo em
Paris e achando-se | por esta forma
habilitado para desempenhar | com
promptidatildeo e aceio qualquer trabalho ty- |
pographico por este offerece o seu
estabeleci | mento ao illustrado publico
desta capital e pro- | vincia a quem
assegura que alem da nitidez | e gosto que
distinguiratildeo os seus trabalhos se- | ratildeo
219
feitos com a brevidade que actualmente |
lhe proporcionatildeo os recursos do
estabeleci- | mento e pelos preccedilos os mais
commodos
- 5 de outubro de 1852 Satildeo Paulo
Aurora Paulistana
AVISO | Roga-se aos nossos assi- |
gnantes que natildeo quizerem | continuar sua
assignatura e | aacutequellas pessoas a que
ago- | ra remettemos a nossa folha | e natildeo
acceitarem o nosso affe- | recimento
tenhatildeo a bondade | de reverter aacute
typographia este | numero ou declarar ao
dis- | tribuidor que a natildeo acceitatildeo | na
entrega do seguinte
- 15 de outubro de 1852 Satildeo Paulo
Aurora Paulistana
ALUGA-SE um servente para ser- | viccedilo
dentro desta cidade quem o tiver | poacutede
comparecer nesta typographia | para
tratar a respeito
220
PALAVRA TYPOGRAPHICO
ENTRADA NO DICIONAacuteRIO
ETIMOLOacuteGICO
tipo sm orig modelo exemplar siacutembolo
ext (Tip) letra de forma de imprimir
XVII Do lat typus -i deriv Do gr tyacutepos
() tipograacutefico | typographico 1813 ()
ENTRADA NO DICIONAacuteRIO
COMUM
Tipografico adj Relativo agrave tipografia
PERIOacuteDICO
DATA
E
CIDADE DE ORIGEM
- 29 de maio de 1852 Aurora Paulistana
Satildeo Paulo
- 5 de junho de 1852 Aurora Paulistana
Satildeo Paulo
- 15 de junho de 1852 Aurora Paulistana
Satildeo Paulo
ATTENCcedilAtildeO | Typographia Liberal | de |
J R drsquoAzevedo Marques | LARGO DA
SErsquo N 3 | Joaquim Roberte drsquoAzevedo
Marques tem | a honra de participar ao
221
respeitavel publico | que acaba de montar
em maior escala a Ty- | pographia Liberal
se sua propriedade com | um variado e
novo sortimento de typos vi- | nhetas
emblemas florotildees ampc e com um dos |
mais aperfeiccediloados preacutelos de ferro dos que
ul- | timamente se fabricatildeo em Paris e
achando-se | por esta forma habilitado
para desempenhar | com promptidatildeo e
aceio qualquer trabalho ty- | pographico
por este offerece o seu estabeleci | mento
ao illustrado publico desta capital e pro- |
vincia a quem assegura que alem da
nitidez | e gosto que distinguiratildeo os seus
trabalhos se- | ratildeo feitos com a brevidade
que actualmente | lhe proporcionatildeo os
recursos do estabeleci- | mento e pelos
preccedilos os mais commodos
222
113 Lexemas ligados agrave sauacutede
PALAVRA AMENORRHEA
ENTRADA NO DICIONAacuteRIO
ETIMOLOacuteGICO
Amenorreacuteia Sf lsquoausecircncia de menorreia
ou menstruaccedilatildeorsquo | 1899 amenorrhecirca 1858
| do fr Amenorrheacutee deriv Do lat Cient
amenorrhea (ltGr a-[v A-(iv)] + men
lsquomecircsrsquo + -rhoia lsquofluxorsquo) ()
ENTRADA NO DICIONAacuteRIO
COMUM
Amenorreacuteia Sf ausecircncia de menorreia
ou menstruaccedilatildeo amenia
PERIOacuteDICO
DATA
E
CIDADE DE ORIGEM
- 05 de julho de 1887 Satildeo Paulo Correio
Paulistano
Tonico|Fevrifugo|Regenerador|vinho do
doutor johanno Quina Coca Extracto de
Carne e Hypophosphito|Recommendatildeo-
no nos casos que necessitatildeo toacutenicos
para|reconstruir e regenerar o organismo
arruinado por molestias|excessos
natureza do clima anemia chlorosis
amenorrhea cachxia|fluxo branco que
tanto arruinatildeo a saude das mulheres
223
pobreza de|sangue fraqueza geral
debilidade etc|H Vivien Droguista 50
Boulevard de Strasboug em Paris
PALAVRAS ANEMIA
ENTRADA NO DICIONAacuteRIO
ETIMOLOacuteGICO
anemia sfdiminuiccedilatildeo de hemoglobina do
sangue circulante 1858 Do fr aneacutemie
deriv do gr anaimiacutea || anecircmico 1871
ENTRADA NO DICIONAacuteRIO
COMUM
anemia S f Patol1 Deficiecircncia de
hemaacutecias ou hemoglobina no sangue
circulante 2 fig Debilidade fraqueza
PERIOacuteDICOS
DATAS
E
CIDADES DE ORIGEM
- 01 de fevereiro de 1888 Campinas
Diaacuterio de Campinas
PRODUCTOS DE J-P
LAROZE||APROVADOS||pela junta de
Hygiena do Brasil||2 RUA DES LIONS-
SAINT-PAUL 2 PARIS||Xarope
Depurativo| de Casca de Laranja amarga
224
aos | Ioduretos de Potassio| contra
escrephulosas cancerosas syphiliticas
tumores brancos da agrura do sangue
etc| Xarope Ferruginoso| de Casca de
Laranja e Quassia amara ao | Proto-
Iodureto de Ferro| contra as cores pallidas
chlorose anemia doenccedilas de langor
rachitismo etc| Xarope Sedativo| de
Casca de Laranja amarga ao| Bromureto
de Potassio| calmante certo contra as
nevralgias a epilepsia o hysterico
insonia das crianccedilas todas as affecccedilotildees
nervosas| Deposito em todas as boas
Drogarias e Pharmacias
- 05 de julho de 1887 Satildeo Paulo Correio
Paulistano
Tonico|Fevrifugo|Regenerador|vinho do
doutor johanno Quina Coca Extracto de
Carne e Hypophosphito|Recommendatildeo-
no nos casos que necessitatildeo toacutenicos
para|reconstruir e regenerar o organismo
arruinado por molestias|excessos
natureza do clima anemia chlorosis
amenorrhea cachxia|fluxo branco que
tanto arruinatildeo a saude das mulheres
pobreza de|sangue fraqueza geral
debilidade etc|H Vivien Droguista 50
225
Boulevard de Strasboug em Paris
- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio
Paulistano
VINHO || Tonico-Nutritivo || DEFRESNE
|| Com Peptons (Carne assimilavel) ||
FERRO E LACTO-PHOSPHATO DE
CAL NATURAES || Sendo o Vinho
Defresne drsquoum gosto | delicioso tambem
eacute o unico reconsti- | tuinte natural e
completo || Eacute o mais precioso de todos os
tonicos sob a sua influencia desvanecem-
se os | accindentes febris renasce o
appetite forta- | lecem-se os musculos e
voltam as forccedilas || Emprega-se com ecircxito
contra a inappe- | tencia os crescimentos
raacutepidos com ra- | lecoenccedilas molestias de
estomago a | anemia e [ilegiacutevel] ||
DEFRESNE Fornecedor dos Hospitaes
Paris || E todas as Pharmacias
PALAVRA ANTIPHOLOGISTICO
226
ENTRADA NO DICIONAacuteRIO
ETIMOLOacuteGICO
flox sm lsquo(Bot) gecircnero de polemoniaacuteceas
ornamentaisrsquo 1899 Do lat phlox ndashgis e
este do gr phloacutex ndashgoacutes lsquoflamarsquo | flogiacutestico
| phlo- 1844 | do fr phlogisitque do lat
cient phlogisticum voc criado pelo
quiacutemico alematildeo Becker (1628-1685)
(antiplogiacutestico SEM REGISTRO)
ENTRADA NO DICIONAacuteRIO
COMUM
antiflogiacutestico adj e sm diz-se de ou
substacircncia aplicaacutevel contra inflamaccedilotildees
antiinflamatoacuterio
PERIOacuteDICO
DATA
E
CIDADE DE ORIGEM
- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio
Paulistano
CONSTIPACcedilOtildeES e MOLESTIAS do
PEITO || XAROPE
ANTIPHOLOGISTICO BRIANT ||
PARIS Pharmacia BRIANT 150 rua de
Rivoli PARIS || As celebridades medicas
de Paris recommendatildeo ha mais de 30
annos o | XAROPE BRIANT como o
medicamento peitoral de gosto mais
agradaacutevel e | de efficacia mais certa de
Defluxos Constipaccedilotildees Catharros etc |
Este Xarope nunca [ilegiacutevel] ndash Deve-se
227
exigir a Brochura em nove linguas | com a
assignatura bem lisivel do inventor |
DEPOSITO EM TODAS AS
PRINCIPAES PHARMACIAS
PALAVRA APPOPLEXIA
ENTRADA NO DICIONAacuteRIO
ETIMOLOacuteGICO
apoplexia sf lsquo(Med) afecccedilatildeo cerebral que
se manifesta imprevistamente
acompanhada de privaccedilatildeo dos sentidos e
do movimentorsquo XVI Do lat apoplexia
deriv do gr apoplixiacutea ()
ENTRADA NO DICIONAacuteRIO
COMUM
apoplexia (cs) Sf med 1 afecccedilatildeo
cerebral que se manifesta
imprevistamente acompanhada de
privaccedilatildeo dos sentidos e do movimento 2
qualquer das afecccedilotildees resultantes da
formaccedilatildeo raacutepida de um derrame sanguiacuteneo
ou seroso no interior de um oacutergatildeo
PERIOacuteDICO
- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio
228
DATA
E
CIDADE DE ORIGEM
Paulistano
Santo JEAN de La Croix [gravura]|
AGUA | DE | MELISSA dos
CAMELITAS | BOYER | Unico successor
| dos Carmelitas | SAINTE THERESE
[gravura]| PARIS ndash 14 Rua de lrsquoAbbaye
14 ndash PARIS | EAU DES CARMES | RUE
TARANNE Nuacutemero 14 TRANSFEacuteREacuteE
14 RUE DE LrsquoABBAYE PARIS [brazatildeo]
| CONTRA | Apoplexia | Cholera | Enjocirco
do mar | Faltos | Coacutelicas | Indigestotildees |
Febre amarella etc | Ler o prospecto no
qual vai envolvido | cada vidro || Deve-se
exigir o letreiro branco e preto | em todos
os vidros | seja qual focircr o tamanho |
Desconfiar | AS | FALSIFICACcedilOtildeES | e |
Exigir a assignatura | de | [assinatura] |
DEPOSITO EM TODAS AS
PHARMACIAS | DO Universo
PALAVRA ASTHENIA
ENTRADA NO DICIONAacuteRIO
ETIMOLOacuteGICO
astenia sf debilidade fraquesa | -th-
1844 do fr Astheacutenis deriv Do gr
Astheacuteneia falta de vigor ()
229
ENTRADA NO DICIONAacuteRIO
COMUM
astenia sfmed Fraquesa orgacircnica
debilidade fraqueza [antocircn Estenia]
PERIOacuteDICO
DATA
E
CIDADE DE ORIGEM
- 29 de janeiro de 1899 Satildeo Paulo
A Notiacutecia
A EMULSAtildeO DE SCOTT|de Oleo de
Figado de|Bacalhau com Hipophos|phitos
de Cal e Soda|Eacute UM REMEacuteDIO-
ALIMENTOPOR EXCELENCIA|Porque
o Oleo de Figado de Bacalhau como
alimento eacute dum valor importantissimo-
fortalece e engorda-Como remedio rico-eacute
magnifico creador d sangue assim como
um bom remedio alterante espinha dorsal
e systema osseo e a combinaccedilatildeo destes
preciosos componentes produz o melhor
reconstituinte tonico e purificador de
sangue que a sciencia medica conhece
Natildeo te rival para todas as molestias
debilitantes ha annos emprego a
Emulsatildeo de Ha mais de 20 annos que
emprego Scott e seguro contra affecccedilotildees
do em minha clinica sempre com muito
apparelho respiratorioe para vantagem nos
casos em que eacute combater a asthenia em
230
geral Diz indicada Diz o deistincto
Doutor Joseacute o illustrado Doutor Bacellar
do Rio Justino de Mello de Paranaguaacute
Grande do Sul Cautella com Imitaccedilotildees| A
venda em todas as Drogarias
Falsificaccedilotildees e Pharmacias Exija-se a
Legitima|Scott amp Bowne Chimicos New
York EUA
PALAVRA ASTHMA
ENTRADA NO DICIONAacuteRIO
ETIMOLOacuteGICO
asma Sf doenccedila caracterizada por
ataques repetitivos de dispneia XV Do
lat Asthma -atis e este do gr Aacutesthma -
tos
ENTRADA NO DICIONAacuteRIO
COMUM
asma Sfpatol Condiccedilatildeo que se
caracteriza por acessos recorrentes de
dispneacuteia paroxiacutextica tosse e sensaccedilatildeo de
constriccedilatildeo por efeito da contraccedilatildeo
espasmoacutedica dos brocircnquios Em casos eacute
de natureza alergica
231
PERIOacuteDICO
DATA
E
CIDADE DE ORIGEM
- 03 de janeiro de 1889 Satildeo Paulo
Correio Paulistano
Grande descoberta|O maior sucesso da
eacutepoca que atravessaacutemos eacute a descoberta do
prodigioso vegetal cujo vegetal em si a
acccedilatildeo maravilhosa de destruir todos os
virus de syphilitico A descoberta deste
remedio que eacute Vegetal Por|Excellencia eacute
a verdadeira Maravilha Do Seculo XIX
Os saacutebios|estudos de muitos annos e as
sucessivas experiecircncias do illustrado e
intelligente|senhor M Morato deram em
resultado que o grande remedio pura
exclusiva|e unicamente vegetal a que deu
o nome de ldquoExilir depurativo de M
Moratordquo|cura completa e rapidamente toda
syphilis curo o rheumatismo com
uma|felicidade espantosa cura a asthma
e usado convenientemente tem com |
espanto de centenas de pessoas curado o
terrivel mas a|Morphegravea |A grande
descoberta deste explendoroso remeacutedio eacute
a felicidade da|humanidade eacute o passo
mais gigantesco dado na medicina
Procurar ldquoExilir|depurativo de M
Moratordquo propagado por Doutor
Carlos|Agente Depositaacuterio Em Satildeo
Paulo|Peixoto Estella amp Companhia|Rua
de Satildeo Bento nuacutemero 11| Preccedilos|20 Exilir
ndash frasco 5$000 Duzia 50$000
232
PALAVRA BLENORRHAGIA
ENTRADA NO DICIONAacuteRIO
ETIMOLOacuteGICO
Blen(o)- elem Comp do Gr blenno- de
bleacutenna ndashos lsquomucorsquo ou bleacutennos lsquo humor
viscosorsquo que se documenta em alguns
compostos da linguagem meacutedica
internacional a partir do seacutec XIX ()
blenorragia | bennorrhagia 1844
ENTRADA NO DICIONAacuteRIO
COMUM
Blenorragia Sf patol 1 eliminaccedilatildeo
excessiva de muco 2 V gonorreacuteia
PERIOacuteDICO
DATA
E
CIDADE DE ORIGEM
- 04 de abril de 1889 Satildeo Paulo Correio
Paulistano
Capsulas|Mathey-Caylus|Preparados pelo
doutor clin Premio Montyon|As Capsulas
Mathey ndash Caylus com Envolucro delgado
de Gluten natildeo fatigatildeo|nunca o estomago e
satildeo recommendadas pelos Professores das
Faculdades de|Medicina e os Hospitaes de
233
Paris Londres e New-York para a|cura
raacutepida dos|Corrimentos antigos ou
recentes a Gonorrhea a Blenorrhagia a
Cystite Du|Collo o Catarrho e as Molestia
da Bexigas dos oacutergatildeos genito urinarios|
Uma explicaccedilatildeo detalhada acompanha
cada Frasco|Exigir Verdadeiras Capsulas
Mathey ndash Caylus de clin amp Compagnie
de|Paris que se achatildeo em casa dos
Droguistas e Pharmaceuticos
PALAVRA CHLOROSIS
ENTRADA NO DICIONAacuteRIO
ETIMOLOacuteGICO
clor(o) elem comp do gr chloro- de
chloroacutes verde esverdeado que se
documenta em vaacuterios compostos
introduzidos a partir do seacute XIX na
linguagem cientiacutefica internacional ()
clorose | chlo- 1858 | Do fr chlorose
deriv do lat cient chlorosis -osticus ()
ENTRADA NO DICIONAacuteRIO
COMUM
clorose S f 1 Patol anemia peculiar agrave
mulher assim chamada pelo tom amarelo-
esverdeado que imprime agrave pele()
234
PERIOacuteDICO
DATA
E
CIDADE DE ORIGEM
- 01 de fevereiro de 1888 Campinas
Diaacuterio de Campinas
PRODUCTOS DE J-P
LAROZE||APROVADOS||pela junta de
Hygiena do Brasil||2 RUA DES LIONS-
SAINT-PAUL 2 PARIS||Xarope
Depurativo| de Casca de Laranja amarga
aos | Ioduretos de Potassio| contra
escrephulosas cancerosas syphiliticas
tumores brancos da agrura do sangue
etc| Xarope Ferruginoso| de Casca de
Laranja e Quassia amara ao | Proto-
Iodureto de Ferro| contra as cores pallidas
chlorose anemia doenccedilas de langor
rachitismo etc| Xarope Sedativo| de
Casca de Laranja amarga ao| Bromureto
de Potassio| calmante certo contra as
nevralgias a epilepsia o hysterico
insonia das crianccedilas todas as affecccedilotildees
nervosas| Deposito em todas as boas
Drogarias e Pharmacias
- 05 de julho de 1887 Satildeo Paulo Correio
Paulistano
235
Tonico|Fevrifugo|Regenerador|vinho do
doutor johanno Quina Coca Extracto de
Carne e Hypophosphito|Recommendatildeo-
no nos casos que necessitatildeo toacutenicos
para|reconstruir e regenerar o organismo
arruinado por molestias|excessos
natureza do clima anemia chlorosis
amenorrhea cachxia|fluxo branco que
tanto arruinatildeo a saude das mulheres
pobreza de|sangue fraqueza geral
debilidade etc|H Vivien Droguista 50
Boulevard de Strasboug em Paris
PALAVRA CHOLERA
ENTRADA NO DICIONAacuteRIO
ETIMOLOacuteGICO
coacutelera Sf ira raiva fuacuteria (Pat) doenccedila
infecciosa aguda XV Do latcholera
deriv Do gr Choleacutera
ENTRADA NO DICIONAacuteRIO
COMUM
coacutelera Sf () 4 Patol Doenccedila
infecciosa aguda contagiosa que pode
manisfestar-se sob forma epidecircmica
236
caracterizada em sua apresentaccedilatildeo
claacutessica por diarreacuteia abundante prostaccedilatildeo
e catildeimbras coacutelera-morbo
PERIOacuteDICO
DATA
E
CIDADE DE ORIGEM
- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio
Paulistano
Santo JEAN de La Croix [gravura]|
AGUA | DE | MELISSA dos
CAMELITAS | BOYER | Unico successor
| dos Carmelitas | SAINTE THERESE
[gravura]| PARIS ndash 14 Rua de lrsquoAbbaye
14 ndash PARIS | EAU DES CARMES | RUE
TARANNE Nuacutemero 14 TRANSFEacuteREacuteE
14 RUE DE LrsquoABBAYE PARIS [brazatildeo]
| CONTRA | Apoplexia | Cholera | Enjocirco
do mar | Faltos | Coacutelicas | Indigestotildees |
Febre amarella etc | Ler o prospecto no
qual vai envolvido | cada vidro || Deve-se
exigir o letreiro branco e preto | em todos
os vidros | seja qual focircr o tamanho |
Desconfiar | AS | FALSIFICACcedilOtildeES | e |
Exigir a assignatura | de | [assinatura] |
DEPOSITO EM TODAS AS
PHARMACIAS | DO Universo
237
PALAVRA CIRURGIAtildeO
ENTRADA NO DICIONAacuteRIO
ETIMOLOacuteGICO
cirurgia sf lsquo(Med) medicina operatoacuteriarsquo |
1611 celorgia XIII cilurgia XIII
selorgia XIV etc | do lat med chirurgia
deriv do gr cheirourgiacutea lsquooperaccedilatildeo
manualrsquo (gr cheir lsquomatildeorsquo e ergoacuten
lsquotrabalhorsquo V ndashERG- e QUIR(O)- ||
cirugiatildeo sm lsquooperadorrsquo | XVI celorgiatildeo
XIII solyrgiatildees pl XIV sirurgiatildees pl
XIV selergiatildeo XV etc | do lat
chirurgianus || ciruacutergico 1758 Do lat
chirurgicus
ENTRADA NO DICIONAacuteRIO
COMUM
cirurgiatildeo S m meacutedico que exerce a
cirurgia meacutedico-cirurgiatildeo operador ()
PERIOacuteDICO
DATA
E
CIDADE DE ORIGEM
- 4 de marccedilo de 1853 Satildeo Paulo Aurora
Paulistana
CURA CERTA | e em pouco tempo de
todas as enfermidades provenientes de
vicio san- | guineo como ndashescrophulas
tube[r]- | culos lepra syphylis etc etce
[ilegiacutevel] | particular as affecccediloens de
238
pape[ilegiacutevel] | em seu principio ||
Etienne Lagarde || Pharmaceutico e
cirurgiatildeo das faculdades | Pariz e do Rio
de Janeiro ex-preparad[o] | do Curso de
Chimica da escola de medic[i]- | na e
pharmacia de Poi[furo]iers membro da
s[o]- | ciedade medica da mesma cidade e
corres- | pondente de algumas sociedades
scientificas || Attenccedilacirco || A experiencia
junto aacute perseveranccedila qu[e] | hoje tem sido
meus uacutenicos guias no trata[men]- | to das
enfermidades acima mencionadas os |
caracteres horriveis que ellas apresentatildeo |
desgostos que sobrevem as pessoas que
satildeo de | las attacadas deviatildeo naturalmente
attrahir | attenccedilatildeo de todo o homem amigo
da huma- | nidade || Antigamente estas
enfermidades se consi- | deravatildeo com um
principio contagioso o que | obrigava os
doentes a buscar longe das povo- | accedilotildees
uma morada tranquilla que lhes permi- |
tisse esperar com paciencia a hora que [o]
| Creador tivesse determinado para pocircr
term[]| a todos os seus soffrimentos hoje
porem assim | natildeo acontece os progressos
que tem feito [a] | sciencia medica com os
numerosos trabalhos | e investigaccedilotildees da
chimica tem em fim intro- | duzido na
therapeutica e posto aacute disposiccedilatildeo | dos
homens da sciencia um meio prophilati- |
cos contra estas crueis enfermidades
fazendo | assim esperar uma prompta cura
a todos | aquelles que o quizerem abraccedilar
239
|| Penetrado do sentimento o mais sincero
da | philantropia do amor aacute sociedade
offereccedilo o[s] | meus recursos meacutedicos e
pharmaceuticos ad- | quiridos por um
aturado e longo estudo da na- | tureza
humana Ersquo pois com os medicamen- | tos
preparados por minhas proacuteprias matildeos
qu[e] | me proponho a curar a todos
aquelles que m[e] | quizerem procurar ||
Estou certo que os epithetos de ndash charlatatildeo
| e especulador ndash ser-me-hatildeo lanccedilados por
al- | guns ao lerem este meu annuncio
porem natildeo | seraacute por homens sensatos que
serei assim [ilegiacutevel] | xado O sabio
indaga consulta ouve [ilegiacutevel] | entre
voacutes (como eu creio) existe algum
rec[ilegiacutevel] | conhecimento recebei de
antematildeo toda a mi- | nha gratidatildeo || A
voacutes enfermos eu dirijo meus offereci- |
mentos eu saberei consolar-vos e talvez
da[r]- | vos a panaceacutea beneacutefica da saude
que tan[furo] | desejaes || Seja o
reconhecimento o fructo de meu[s] |
trabalhos e o uacutenico tributo que desejo
obte[r] | daquelles que me quizerem
honrar com sua[s] | consultas|| Dirijatildeo-se
ao Hotel Paulistano na rua d[e] | Satildeo
Bento nuacutemero 35
240
PALAVRA CYSTITE
ENTRADA NO DICIONAacuteRIO
ETIMOLOacuteGICO
Cist(i) elem Comp do lat Cystis deriv
Do Gr kyrsquo stisrsquo ndash eos ndashidos lsquobexiga
vesiacutecularsquo que se documenta em alguns
compostos introduzidos a partir do seacutec
XIX na linguagem da medicina ()
cisitite | cys- 1844 | do fr Cystite
ENTRADA NO DICIONAacuteRIO
COMUM
Cistite Sf patol inflamaccedilatildeo na bexiga
PERIOacuteDICO
DATA
E
CIDADE DE ORIGEM
- 04 de abril de 1889 Satildeo Paulo Correio
Paulistano
Capsulas|Mathey-Caylus|Preparados pelo
doutor clin Premio Montyon|As Capsulas
Mathey ndash Caylus com Envolucro delgado
de Gluten natildeo fatigatildeo|nunca o estomago e
satildeo recommendadas pelos Professores das
Faculdades de|Medicina e os Hospitaes de
Paris Londres e New-York para a|cura
raacutepida dos|Corrimentos antigos ou
recentes a Gonorrhea a Blenorrhagia a
Cystite Du|Collo o Catarrho e as
241
Molestia da Bexigas dos oacutergatildeos genito
urinarios| Uma explicaccedilatildeo detalhada
acompanha cada Frasco|Exigir
Verdadeiras Capsulas Mathey ndash Caylus de
clin amp Compagnie de|Paris que se achatildeo
em casa dos Droguistas e Pharmaceuticos
PALAVRA DARTRES
ENTRADA NO DICIONAacuteRIO
ETIMOLOacuteGICO
dartos Sm membrana que envolve os
testiacuteculos situada abaixo da pele do
escroto agrave qual adere intimamente 1858
do gr Dartoacutes (chitoacuten) membrana do
escroto por via erudita
ENTRADA NO DICIONAacuteRIO
COMUM
darto Sm AnatMembrana que envolve
os testiacuteculos situada sob a pele do
escroto agrave qual adere intimamente
PERIOacuteDICO
DATA
E
CIDADE DE ORIGEM
- 20 de julho de 1887 Satildeo Paulo Correio
Paulistano
- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio
Paulistano
242
Syfilis Adquirida ou Hereditaacuteria em todo
os periodos accidentes segundarios|e
terciaacuterios que resultatildeo drsquoella Ulceraccedilatildeo
da bocca e da garganta|gommas
exostoses carie dos ossos rheumatismos
ulceras impotencia etc etc|Scrofulas
viacutecios do sangue molestias da pelle
(Dartres ecleacutemas lepra | herpes)- Cura
certa raacutepida e radical pelos celebres
BISCOUTOS|DEPURATIVOS do
DrsquoOLLIVIER o mais poderoso anti-
syphilitico e|receitado haacute mais de 60
annos pelos mais illustrados
profissionaes|eacute o unico remedio no
mundo inteiro approvado pela Academia
de|Medicina de Paris unico premiado
com Recompensa Nacional de 24000|
Francos||Deposito Geral 62 Rua de
Rivali Paris| Em Satildeo Paulo Martins
Labre amp Companhia
- 11 de abril de 1889 Satildeo Paulo Correio
Paulistano
syfilis Adquirida ou Hereditaacuteria em todo
os periodos accidentes segundarios e|
terciaacuterios que resultatildeo drsquoella Ulceraccedilatildeo
da bocca e da garganta Gommas|
243
Exostoses Carie dos ossos
Rheumatismos Ulceras Impotencia etc
etc|Scrofulas Viacutecios do Sangue
Molestias da pelle (Dartres Eczeacutemas
Lepra | Herpes)- Cura certa raacutepida e
radical pelos celebres biscoutos
depurativos|do drsquoollivier o mais poderoso
anti-syphilitico e receitado haacute mais de 60
annos| pelos mais illustrados
profissionaes|eacute o unico remedio no
mundo inteiro| Approvado pela Academia
de Medicina de Paris unico premiado
com|Recompensa Nacional de 24000
Francos|Deposito Geral 62 Rua de
Rivolli Paris| Em Satildeo Paulo Martins
Labre amp [Companhia]
PALAVRA DIABETE
ENTRADA NO DICIONAacuteRIO
ETIMOLOacuteGICO
dianbete(s) sm e f lsquo(Med) estado
patoloacutegico que se caracteriza por um
acreacutescimo anormal do volume da urinarsquo
1813 Provavelmente do fr diabete do lat
tard diabetes e este do gr diabetes
lsquosifatildeorsquo de diabaiacutenen lsquotraspor atravessarrsquo
Modernamente com o avanccedilo das
pesquisas meacutedicas a diabetes teraacute outra
244
conceituaccedilatildeo ()
ENTRADA NO DICIONAacuteRIO
COMUM
diabetes sm e f patol 1 Siacutendrome
caracterizada por uma eliminaccedilatildeo
exagerada e permanente de urina 2 restr
V diabetes melito [var diabete] diams
diabetes accedilucarada Patol V melituacuteria
diabetes accedilucarado Patol V melituacuteria
PERIOacuteDICO
DATA
E
CIDADE DE ORIGEM
- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio
Paulistano
CURA CERTA DAS MOLESTIAS
NERVOSAS | Epilepsia ndash Hysteria |
Choreatilde | Hystero-Epilepsia | Molestias do
Cerebro | e do Espinhaccedilo | Diabete
assucarado || PELO || XAROPE DE
HENRY MURE || com Bromureto de
Potassium chimicamente puro || BOM
EXITO VERIFICADO POR 15 ANNOS
DE EXPERIENCIAS | NOS HOSPITAES
DE PARIS | Uma Noticia muito
importante seraacute dirigida a quem a pedir |
HENRY MURE em Pont-St-Esprit
(Franccedila)|| Deposito em todas as principaes
Pharmacias
245
PALAVRA ECZEacuteMAS
ENTRADA NO DICIONAacuteRIO
ETIMOLOacuteGICO
Eczema sm lsquo(patol) dermatose
inflamatoacuteria caracterizada pela formaccedilatildeo
de vesiacuteculas confluentes exsudatos e
crostasrsquo 1881 do lat Cient eczema deriv
Do Gr ekzema ndashatos ()
ENTRADA NO DICIONAacuteRIO
COMUM
Eczema Sm patol Dermatose
inflamatoacuteria caracterizada pela formaccedilatildeo
de vesiacuteculas confluentes exsudatos e
crostas e provocada por diferentes causas
PERIOacuteDICO
DATA
E
CIDADE DE ORIGEM
- 20 de julho de 1887 Satildeo Paulo Correio
Paulistano
- 15 de maio de 1888 Satildeo Paulo Correio
Paulistano
Syfilis Adquirida ou Hereditaacuteria em todo
os periodos accidentes segundarios|e
terciaacuterios que resultatildeo drsquoella Ulceraccedilatildeo
246
da bocca e da garganta|gommas
exostoses carie dos ossos rheumatismos
ulceras impotencia etc etc|Scrofulas
viacutecios do sangue molestias da pelle
(Dartres ecleacutemas lepra | herpes)- Cura
certa raacutepida e radical pelos celebres
BISCOUTOS|DEPURATIVOS do
DrsquoOLLIVIER o mais poderoso anti-
syphilitico e|receitado haacute mais de 60
annos pelos mais illustrados
profissionaes|eacute o unico remedio no
mundo inteiro approvado pela Academia
de|Medicina de Paris unico premiado
com Recompensa Nacional de 24000|
Francos||Deposito Geral 62 Rua de
Rivali Paris| Em Satildeo Paulo Martins
Labre amp Companhia
- 11 de abril de 1889 Satildeo Paulo Correio
Paulistano
syfilis Adquirida ou Hereditaacuteria em todo
os periodos accidentes segundarios e|
terciaacuterios que resultatildeo drsquoella Ulceraccedilatildeo
da bocca e da garganta Gommas|
Exostoses Carie dos ossos
Rheumatismos Ulceras Impotencia etc
etc|Scrofulas Viacutecios do Sangue
Molestias da pelle (Dartres Eczeacutemas
247
Lepra | Herpes)- Cura certa raacutepida e
radical pelos celebres biscoutos
depurativos|do drsquoollivier o mais poderoso
anti-syphilitico e receitado haacute mais de 60
annos| pelos mais illustrados
profissionaes|eacute o unico remedio no
mundo inteiro| Approvado pela Academia
de Medicina de Paris unico premiado
com|Recompensa Nacional de 24000
Francos|Deposito Geral 62 Rua de
Rivolli Paris| Em Satildeo Paulo Martins
Labre amp [Companhia]
PALAVRA ELIXIR
ENTRADA NO DICIONAacuteRIO
ETIMOLOacuteGICO
elixir sm bebida medicamentosa
balsacircmica ou confortadora XVIII Do fr
Eacutelixir deriv Do deriv Do aacuter Eliksir
pedra filosofal e este do gr Kseron
medicamento
ENTRADA NO DICIONAacuteRIO
COMUM
elixir S m 1 confeiccedilatildeo farmacecircutica de
xaropes com alcoolatos 2 bebida
deliciosa balsacircmica ou confortadora 3
Fig Aquilo que tem efeito maacutegico ou
248
miraculoso filtro
PERIOacuteDICO
DATA
E
CIDADE DE ORIGEM
- 01 de fevereiro de 1888 Campinas
Diaacuterio de Campinas
O Elixir alimenticio Ducro e muito
agradavel ao paladar e as pessoas a quem
mais repugnam os aimentos o tomam ateacute
por gosto| Eacute um tonico poderosissimo
aconselhado para as mulheres e a crianccedilas
delicadas os velhos os convalescentes em
que desperta o appetite e restabelece as
forccedilas| Convem sobretudo nos paizes
quentes onde as forccedilas diminuem pela
transpiraccedilatildeo e onde se esta sujeito a
molestias contagiosas - Para mais
detalhes leia-se o prospecto que
acompanha cada vidro| Pariz 20 Place
des Vosges|| E EM TODAS AS
PHARMACIAS
- 03 de janeiro de 1889 Satildeo Paulo
Correio Paulistano
Grande descoberta|O maior sucesso da
eacutepoca que atravessaacutemos eacute a descoberta do
249
prodigioso vegetal cujo vegetal em si a
acccedilatildeo maravilhosa de destruir todos os
virus de syphilitico A descoberta deste
remedio que eacute Vegetal Por|Excellencia eacute
a verdadeira Maravilha Do Seculo XIX
Os saacutebios|estudos de muitos annos e as
sucessivas experiecircncias do illustrado e
intelligente|senhor M Morato deram em
resultado que o grande remedio pura
exclusiva|e unicamente vegetal a que deu
o nome de ldquoExilir depurativo de M
Moratordquo|cura completa e rapidamente toda
syphilis curo o rheumatismo com
uma|felicidade espantosa cura a asthma
e usado convenientemente tem com |
espanto de centenas de pessoas curado o
terrivel mas a|Morphegravea |A grande
descoberta deste explendoroso remeacutedio eacute
a felicidade da|humanidade eacute o passo
mais gigantesco dado na medicina
Procurar ldquoExilir|depurativo de M
Moratordquo propagado por Doutor
Carlos|Agente Depositaacuterio Em Satildeo
Paulo|Peixoto Estella amp Companhia|Rua
de Satildeo Bento nuacutemero 11| Preccedilos|20 Exilir
ndash frasco 5$000 Duzia 50$000
PALAVRA EPILEPSIA