NEUROSE OBSESSIVA E PSICOSE TRAÇOS E CARACTERÍSTICAS1

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ANAIS DO III CONGRESSO INTERNACIONAL DE PSICOLOGIA e IX SEMANA DE PSICOLOGIA 18 a 21 Setembro de 2007 ISSN: 1678352X 1 NEUROSE OBSESSIVA E PSICOSE: TRAÇOS E CARACTERÍSTICAS 1 Otávio Akio Tomita Mori 2 - Universidade Estadual de Maringá Tatiane Bastos Trevizan 3 - Universidade Estadual de Maringá Viviana Carola Velasco Martinez 4 - Universidade Estadual de Maringá Gustavo A. R. Mello Neto 5 - Universidade Estadual de Maringá O presente trabalho surgiu dentro do “Laboratório de estudos e pesquisas em psicanálise e civilização”, coordenado pelos professores Viviana C. Velasco Martinez e Gustavo A. R. Mello Neto, do Departamento de Psicologia, da Universidade Estadual de Maringá. No Laboratório se realiza o estudo da teoria psicanalítica com a finalidade de formular periodicamente temas de pesquisa, havendo concluído recentemente o da histeria. Sendo assim, este trabalho faz parte de um novo projeto de pesquisa maior intitulado: “O discurso psicanalítico sobre a neurose obsessiva depois de Freud“. Trata-se de analisar a produção sobre a neurose obsessiva de modo geral, e também de abordar, na forma de sub-projetos, temas específicos em torno da neurose obsessiva. Propomos, então, analisar o discurso psicanalítico sobre a neurose obsessiva na sua relação com as manifestações psicóticas. Para isso, foi feito um levantamento no banco de dados eletrônicos da American Psychology Association (APA) – PsyInfo e o software de procura do International Journal of Psycho-analysis (IJPA), órgão científico da IPA, Bireme, da Sociedade Brasileira de Psicanálise; e a Biblioteca Virtual Latino-americana de Psicanálise. Para a busca de textos utilizamos as palavras-chave neurose obsessiva e psicanálise, obsessive neurosis and psychoanalysis e, ainda, neurosis obsesiva e psicoanálisis. Os artigos foram obtidos, através do Programa de Comutação Bibliográfica, da Biblioteca Central da Universidade Estadual de Maringá e a maioria deles estão em inglês, outros em espanhol e poucos em português. A idéia da existência de traços psicóticos na neurose obsessiva surgiu na observação do caso de Freud, conhecido como “o homem dos ratos” (1921/1969). Também Lacan nos forneceu dados para iniciar esta pesquisa, com o seu conceito de “foraclusão”, isto é, a rejeição do significante do Nome-do-Pai para fora do registro do simbólico, sendo esse fracasso da metáfora paterna, essa falha na operação de castração, o que conferiria à psicose sua condição essencial. Contudo, mesmo sendo uma característica que define a psicose, no homem dos ratos, Freud se refere em certos momentos em que o paciente cria uma nova realidade, numa tentativa de lidar com o conflito, o que indica a presença de elementos psicóticos na neurose obsessiva. Também no caso Schreber, apesar das marcantes características psicóticas, encontramos aspectos próprios de uma neurose obsessiva, tais como comportamentos místicos e religiosos. 1 Financiamento: CCH, PPG e Departamento de Psicologia da Universidade Estadual de Maringá 2 Aluno do quinto ano do curso de Psicologia, da Universidade Estadual de Maringá. [email protected] 3 Aluna do quinto ano do curso de Psicologia, da Universidade Estadual de Maringá. [email protected] 4 Professora doutora do Departamento de Psicologia, orientadora, UEM. [email protected] 5 Professor doutor do Departamento de Psicologia, coordenador da pesquisa, UEM [email protected]

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NEUROSE OBSESSIVA E PSICOSE: TRAÇOS E CARACTERÍSTICAS1

Otávio Akio Tomita Mori2 - Universidade Estadual de Maringá Tatiane Bastos Trevizan3 - Universidade Estadual de Maringá Viviana Carola Velasco Martinez4 - Universidade Estadual de Maringá Gustavo A. R. Mello Neto5 - Universidade Estadual de Maringá O presente trabalho surgiu dentro do “Laboratório de estudos e pesquisas em psicanálise e civilização”, coordenado pelos professores Viviana C. Velasco Martinez e Gustavo A. R. Mello Neto, do Departamento de Psicologia, da Universidade Estadual de Maringá. No Laboratório se realiza o estudo da teoria psicanalítica com a finalidade de formular periodicamente temas de pesquisa, havendo concluído recentemente o da histeria. Sendo assim, este trabalho faz parte de um novo projeto de pesquisa maior intitulado: “O discurso psicanalítico sobre a neurose obsessiva depois de Freud“. Trata-se de analisar a produção sobre a neurose obsessiva de modo geral, e também de abordar, na forma de sub-projetos, temas específicos em torno da neurose obsessiva. Propomos, então, analisar o discurso psicanalítico sobre a neurose obsessiva na sua relação com as manifestações psicóticas. Para isso, foi feito um levantamento no banco de dados eletrônicos da American Psychology Association (APA) – PsyInfo e o software de procura do International Journal of Psycho-analysis (IJPA), órgão científico da IPA, Bireme, da Sociedade Brasileira de Psicanálise; e a Biblioteca Virtual Latino-americana de Psicanálise. Para a busca de textos utilizamos as palavras-chave neurose obsessiva e psicanálise, obsessive neurosis and psychoanalysis e, ainda, neurosis obsesiva e psicoanálisis. Os artigos foram obtidos, através do Programa de Comutação Bibliográfica, da Biblioteca Central da Universidade Estadual de Maringá e a maioria deles estão em inglês, outros em espanhol e poucos em português. A idéia da existência de traços psicóticos na neurose obsessiva surgiu na observação do caso de Freud, conhecido como “o homem dos ratos” (1921/1969). Também Lacan nos forneceu dados para iniciar esta pesquisa, com o seu conceito de “foraclusão”, isto é, a rejeição do significante do Nome-do-Pai para fora do registro do simbólico, sendo esse fracasso da metáfora paterna, essa falha na operação de castração, o que conferiria à psicose sua condição essencial. Contudo, mesmo sendo uma característica que define a psicose, no homem dos ratos, Freud se refere em certos momentos em que o paciente cria uma nova realidade, numa tentativa de lidar com o conflito, o que indica a presença de elementos psicóticos na neurose obsessiva. Também no caso Schreber, apesar das marcantes características psicóticas, encontramos aspectos próprios de uma neurose obsessiva, tais como comportamentos místicos e religiosos. 1 Financiamento: CCH, PPG e Departamento de Psicologia da Universidade Estadual de Maringá 2 Aluno do quinto ano do curso de Psicologia, da Universidade Estadual de Maringá. [email protected] 3 Aluna do quinto ano do curso de Psicologia, da Universidade Estadual de Maringá. [email protected] 4 Professora doutora do Departamento de Psicologia, orientadora, UEM. [email protected] 5 Professor doutor do Departamento de Psicologia, coordenador da pesquisa, UEM [email protected]

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Essa relação entre as duas patologias, verificamos também no material pesquisado. Dada a diversidade dos argumentos e enfoques, organizamos as idéias dos autores na forma de categorias temáticas em torno das semelhanças entre a neurose obsessiva e a psicose; o caráter anal na neurose obsessiva e na psicose; a transferência e as defesas e, finalmente apontamos a angústia psicótica característica também da neurose obsessiva. Semelhanças entre a neurose obsessiva e a psicose Andreucci (1968) aponta em seu artigo “Considerações sobre a dinâmica de campo em regressões severas de pacientes limítrofes e psicóticos no processo analítico” que a onipotência, comum em quadros neuróticos obsessivos, aparece também em casos psicóticos. A autora afirma que em casos psicóticos a onipotência é utilizada na criação de uma outra realidade, eliminando, assim, a realidade que é frustrante. Já no caso de neurótico obsessivo, a onipotência permite transformar a realidade em fantasia, ignorando apenas um fragmento da realidade, para assim satisfazer seus desejos (lembremos de Freud nas Neuropsicoses de defesa). Uma outra semelhança que pode ser apontada, diz respeito ao ato compulsivo. Em “Obsessive-compulsive disorders in neurosis and psychosis” Lang (1997) sustenta que o ato compulsivo, característico na neurose, também pode aparecer na psicose, pois estes atos completam as necessidades básicas do ser humano para a segurança. , Complementando, Telles (1979), em seu artigo “Mecanismos de defesas na neurose obsessiva: formação reativa, anulação e isolamento”, aponta que as repetições do neurótico obsessivo são para anular o sentido real que permanece no inconsciente, assim lhe dá um sentido oposto. Rovaletti (2003) em “A objetivação do tempo no mundo obsessivo” afirma que a compulsão aprisiona o neurótico obsessivo, se tornando “objeto de um mandato que lhe é imposto” (p.407). Lang (1997), no mesmo artigo citado acima, descreve o caso de uma paciente psicótica, que primeiramente foi diagnosticada como uma neurótica obsessiva, pois apresentava compulsões e rituais. Ao longo da análise, quando o terapeuta conseguiu trabalhar conteúdos internos e estruturantes, a paciente apresentou uma transferência psicótica, que até então se apresentava como neurótica. Assim, o autor conseguiu identificar sua real estrutura, e esta foi encaminhada para uma instituição de tratamento de pacientes psicóticos. O delírio também pode ser considerado uma característica semelhante entre as duas patologias. Lang (1997) afirma que o delírio no psicótico é apresentado como uma característica da estrutura psíquica construída na infância, e que pode ser encarado como um componente de defesa quando o indivíduo não tem mais controle das situações em que se encontra. Telles (1979), por sua vez, apresenta que o neurótico obsessivo, assim como o psicótico, pode também apresentar delírios, pois os mecanismos de defesas (formação reativa, isolamento e anulação) tentam excluir uma parte da realidade, além desses mecanismos o neurótico obsessivo constrói uma outra realidade com a finalidade de mascarar o conflito que está reprimido. Caráter anal: neurose obsessiva e psicose A analidade é talvez o componente que mais aproxima a neurose obsessiva das psicoses. E haveria tal proximidade que não seria possível fazer uma distinção do limite entre as duas patologias, podendo afirmar que a “fronteira” entre elas é quase inexistente. De início citamos Abraham (1970), que faz a divisão da fase sádico-anal em um nível mais

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primitivo e outro posterior, sendo esta divisão importante para os argumentos dois autores. Bouvet (2005), no artigo “O ego na neurose obsessiva. Relação de objeto e mecanismos de defesas” discute a relação do ego e do objeto na neurose obsessiva, partindo do ponto de regressão da libido para a fase anal. Green com “Analidade primária na relação anal” (1964), aborda o tema analidade e utiliza como referência a divisão elaborada por Abraham, assim tenta entender porque o objeto anal seria o ponto divisório entre a neurose e a psicose. Abraham (1970) afirma que devido a essa relação de semelhança entre as duas psicopatologias com a fase sádico-anal, alguns sintomas, característicos da neurose obsessiva, podem aparecer na melancolia, da mesma forma que sintomas característicos da melancolia podem aparecer na neurose obsessiva. O autor aponta que é comum aparecerem casos de melancolia com sintomas obsessivos, assim como também é comum neuróticos obsessivos apresentarem quadros depressivos. De acordo com o autor, as semelhanças não ficam apenas nos sintomas, mas atingem também os períodos de quiescência, chamados “intervalos livres”, que ocorrem entre dois períodos da doença. Afirma que no intervalo livre da melancolia, sua formação de caráter coincide inteiramente com a formação de caráter neurótica obsessiva. Nesse período, segundo o autor, os psicóticos maníaco-depressivos apresentam as mesmas características do neurótico obsessivo, como por exemplo, a ordem e a limpeza. Bouvet (2005) retoma dois casos clínicos para demonstrar que a sintomatologia se encontra muito adulterada e que é possível confundir diferentes psicopatologias. Para tornar um pouco mais fácil a identificação delas é necessário que o terapeuta esteja atento às relações objetais do paciente, que então podem expressar a adaptação do indivíduo ao mundo. Discussões sobre a transferência e as defesas Na terceira e última categorização, além dos autores já mencionamos nas outras duas categorias temos ainda Parfitt (1999) e Hashimoto (1996). Todos estes autores, ao longo de seus textos, elucidaram que as diferenças podem ficar claras durante o tratamento, principalmente em relação à transferência. Hashimoto, em “Transference neurosis, transference borderline, and transference psychosis” (1996) aponta a coexistência de transferência neurótica, borderline e psicótica num quadro de neurose obsessiva compulsiva; e assinala que na psicose é possível observar reações psicóticas, desestruturantes e delirantes, além da agressividade presente. Isso implica que a transferência neurótica ficará em segundo plano. Outros autores vão fazer menção à característica um tanto delirante das idéias obsessivas que tomam conta do pensamento do obsessivo, como Parfitt, em “Notes on some technical problems in a case of obsessional neurosis” (1999). Da mesma maneira, encontrarão uma semelhança em torno da angústia, pois é marcante a angústia psicótica na obsessão. Angústia psicótica indica que, em ambos os quadros, o sofrimento, a angústia é realmente intensa, por isso a denominação de angústia psicótica; decorrente dessa angústia, encontramos intolerância e aversão às mudanças, daí a dificuldade na clínica de lidar com a neurose obsessiva, mesmo que não seja um psicose. Telles (1979) no seu o artigo “Mecanismos de defesas na neurose obsessiva: formação reativa, anulação e isolamento”, afirma que os neuróticos obsessivos têm aversão a mudanças, e por isso procuram à morte, pois essa é a única forma que pode ser considerada como algo estável, já que a vida representa constantes mudanças.

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Andreucci, por sua vez, em “Considerações sobre a dinâmica de campo em regressões severas de pacientes limítrofes e psicóticos no processo analítico” (1968), desenvolve a idéia de que o psicótico também tem aversão a mudanças, mas que esta aversão seria a de que este tem medo da aniquilação total, ou seja, tem medo da desestruturação interna, que podem ser provocadas em mudanças ocorridas no cotidiano. Também perante os mecanismos de defesa e transferência, que poderão levar o obsessivo a situações que possam ser psicotizantes, é possível, na clínica, nos perguntar sobre a identidade do paciente, bem como sobre sua relação com a realidade. Transferência e defesas, apesar de estarem presentes os mesmos elementos, tanto transferenciais, como defensivos, na psicose eles aparecem de maneira muito mais intensa, porém menos carregadas de fantasias. Conclusões Vimos que grande parte dos autores, depois de Freud, concordam em apontar a presença de algumas características clássicas da neurose obsessiva e da estrutura psicótica em ambos os quadros, tais como os rituais e os delírios. Devemos mencionar que Freud já o havia apontado em “Notas sobre um caso de neurose obsessiva” (1921/1969), no conhecido caso do “homem dos ratos”, da mesma maneira que em “Observações psicanalíticas sobre um caso de paranóia (Dementia paranóides)” (1911-1913/1969), “caso Schreber”. Em “O homem dos ratos”, Freud se refere a um paciente que já sofria de sintomas obsessivos desde a infância, mas que estes sintomas aumentaram nos últimos quatro anos do paciente antes do início da análise. Os principais sintomas apresentados pelo paciente eram os medos de que algo de muito ruim pudesse acontecer a seu pai ou a mulher de quem gostava. Em um determinado momento é possível identificar, através da descrição deste caso, a presença de delírios no paciente. Isto se mostra, por exemplo, na passagem em que o paciente parece estabelecer uma outra realidade, característica da psicose, com isso pudemos retirar a idéia de traços psicóticos em neuróticos obsessivos. A passagem mencionada está abaixo transcrita:

No peito do amante enfurecia-se a batalha entre o amor e ódio, e o objeto desses dois sentimentos era a única e mesma pessoa. A batalha era representada numa forma plástica por seu ato compulsivo e simbólico de remover a pedra da estrada, pela qual a dama iria passar, desfazendo depois esse ato de amor mediante a restituição da pedra ao lugar onde estivera, de modo que o carro viesse a acidentar-se nela e a dama se ferisse. (Freud, 1909/1969, p.194).

Quanto a presença de características neuróticas obsessivas na psicose, devemos citar o caso Schreber, no qual algumas relações sobre a paranóia e a neurose obsessiva podem ser feitas. Uma das relações que podemos mencionar diz respeito à criação de um mundo substituto pelo paciente, ignorando apenas um fragmento da realidade, característica neurótica obsessiva. De acordo com o autor, o contato do paciente com a realidade permanecia se restringindo às áreas que lhe agradavam, como política, arte, literatura, ciência, etc. A partir destas constatações, freudianas e pós freudianas, podemos afirmar que há uma relação muito próxima entre certas manifestações psicóticas na obsessão e vice-versa.

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Abraham (1970) afirma que devido a essa relação de semelhança entre as duas psicopatologias com a fase sádico-anal, alguns sintomas, característicos da neurose obsessiva, podem aparecer na melancolia, da mesma forma que sintomas característicos da melancolia podem aparecer na neurose obsessiva. Mas podemos apontar que considerar apenas os sintomas dessas duas patologias não seria de grande valia para um diagnóstico, e que é preciso que os terapeutas tenham cautela para realizá-lo. Trata-se, antes de considerar outros fatores, sobretudo em torno daquilo que aproxima ambos os quadros. Sem dúvida esse estudo tem grandes implicações na clínica, não só em termos de diagnóstico, mas de tratamento, pois a transferência, que aparece de forma muito mais intensa na psicose e menos carregada de fantasias que na neurose, permitira, entre outros elementos, fazer as distinções. Palavras-chave: neurose obsessiva, psicose, psicanálise. REFERENCIAS ABRAHAM, K. Teoria psicanalítica da libido. Tradução: Christiano Monteiro Oiticica. 6a edição. Rio de Janeiro: Imago, 1970. ANDREUCCI, I. T. C. Considerações sobre a dinâmica de campo em regressões severas de pacientes limítrofes e psicóticos no processo analítico. In: Revista brasileira de psicanálise. Vol. 2, ano 1968. p: 219-230. BOUVET, M. Ego na neurose obsessiva. Relação de objeto e macanismo de defesa. In : Obsessiva neurose. São Paulo: Escuta Ltda, 2005. FREUD, Sigmund.(1909). Notas sobre um caso de neurose obsessiva. In: Edição Standand Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago, 1969. vol. X. ______.(1908). Caráter e erotismo anal. In: Edição Standand Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago, 1969. vol. IX. ______.(1917-1919). História de uma neurose infantil. In: Edição Standand Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago, 1969. vol. XVII. ______. (1923-1924). A perda da realidade na neurose e na psicose. In Edição Standand Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago, 1969. vol. XIX. ______. (1923-1925). Neurose e psicose. In: Edição Standand Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago, 1969. vol. XIX.

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GREEN, A. A analidade primária na relação anal. In: Obsessiva neurose. São Paulo: Escuta Ltda, 2005. HASHIMOTO, M. Transference neurosis, transferece borderline, transference psychosis. In: Tokai J. Exp. Clin. Med. Vol. 21, ano 1996. p. 185-194. LANG, H. Obsessive-compulsive disorders in neurosis and psychosis. In: Journal of the american academy of psychoanalysis. Vol. 25, ano 1997. p. 143-150. LEBOVICI, S. Evolution de la nevrose obsessionnelle de l'enfant et de l'adolescent (Evolution of obsessional neurosis in children and adolescents). Neuropsychiatrie-de-l'Enfance-et-de-l'Adolescence. Vol 33(11-12) Nov-Dec 1985, 469-474. PB PUBLISHER: Netherlands: Elsevier Science, 1985.Gilbert Diatkine. Les obsessions chez l'enfant (Child obsessions). PARFITT, A. G. Notes on some technical problems in a case of obsessional neurosis. In: Journal of child psychotherapy. Vol. 25. 1999. p. 115-139. ROVALETTI, M. L. A objetivação do tempo no mundo obsessivo. In Berlinck, Manoel Tosta (org.). Obsessiva neurose. São Paulo: Escuta, 2005. TELLES, V. S. Mecanismos de defesa na neurose obsessive: formação reativa, anulação e isolamento. In: Jornal de psicanálise. Vol. 11, ano 1979. p. 34-41.