Nestor_Bendo_Geracao de Abacos Para Dimensionamento de Secoes de Pilares Solicitadas Por Flexao...
-
Upload
dierle-rocha-costa -
Category
Documents
-
view
44 -
download
33
description
Transcript of Nestor_Bendo_Geracao de Abacos Para Dimensionamento de Secoes de Pilares Solicitadas Por Flexao...
-
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEAR CENTRO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ESTRUTURAL E CONSTRUO CIVIL
NESTOR ELEUTRIO PAIVA BEND GERAO DE BACOS PARA DIMENSIONAMENTO DE SEES DE PILARES
SOLICITADAS POR FLEXO COMPOSTA
FORTALEZA 2011
-
ii
NESTOR ELEUTRIO PAIVA BEND
GERAO DE BACOS PARA DIMENSIONAMENTO DE SEES DE PILARES SOLICITADAS POR FLEXO COMPOSTA
Monografia submetida Coordenao do Curso de Engenharia Civil, da Universidade Federal do Cear, como requisito parcial para obteno do grau de Engenheiro Civil. Orientadora: Professora Dra. Magnlia Maria Camplo Mota
FORTALEZA 2011
-
iii
NESTOR ELEUTRIO PAIVA BEND
GERAO DE BACOS PARA DIMENSIONAMENTO DE SEES DE PILARES SOLICITADAS POR FLEXO COMPOSTA
Monografia submetida Coordenao do Curso de Engenharia Civil, da Universidade Federal Cear, como requisito parcial para obteno do grau de Engenheiro Civil. Aprovada em ___/___/___
BANCA EXAMINADORA
______________________________________________________________ Professora Doutora Magnlia Maria Camplo Mota (Orientadora)
Universidade Federal do Cear UFC
______________________________________________________________ Professor Doutor Joaquim Eduardo Mota
Universidade Federal do Cear UFC
______________________________________________________________ Professor Doutor Augusto Teixeira Albuquerque
Universidade Federal do Cear UFC
-
iv
Dedicado inteiramente minha famlia, que me proveu tudo o que um filho poderia precisar
-
v
AGRADECIMENTOS
Aos meus pais Joo Bend e Jovane Paiva, que me deram a vida e a educao que
hoje tenho. minha grandssima famlia, que me ensinou que mesmo irmos so diferentes
entre si.
s minhas irms, Antonia Alanne e Joane Alinne, por me encherem de alegria e
orgulho.
Aos meus grandes amigos, Adonias, Andr, Antonio Marcos, Carina, Dcyo,
Fbio, Filipe, Jennifer, Jennysson, Jorge, Juscelino Filho, Mateus, Paulo Henrique, Renata,
Samanta, Sheldon, Wesley e Wilker, por tornarem a infncia mais alegre e ensinarem o valor
da amizade e do respeito mtuo.
s professoras (tias) do Ensino Fundamental, especialmente Francisca Tavares,
Isabel Arago, Maria das Graas e Socorro Martins, pela dedicao e proteo do eterno mais
jovem da turma.
Aos amigos que fiz no ensino mdio em Sobral (a cidade que fica no centro do
universo!), especialmente Domitila, Emerson, Helton, Jacimara, Lucas, Lucinara, Marcellus,
Marly, Pedro Henrique, Rita Irene, Ridner, Saulo, Tamises e Vincius, que me influenciaram
na escolha da Engenharia Civil como carreira (E ainda bem que no fiz Computao, como
queria!).
s minhas tias, Joana, Edina e Olga Paiva, por tornarem possvel minha vinda de
Santa Quitria para Fortaleza em 2006.
Aos amigos que aqui fiz, especialmente Adelino, Carlos David, Francisco Alan,
Iuri Arago, Iuri Barcelos, Jhonatas, Jos Graciano, Luiz Antonio, Pedro Ygor, Raul e Thiago
Bomfim, que entraram na instituio comigo em 2006, por seu companheirismo em
momentos adversos. Aos demais colegas (a maioria das duas turmas seguintes 2007 e
2008), que enfrentam os mesmos desafios que eu, e que no esto aqui listados, pois seu
nmero imenso (Por que ser que Cabo Vicento! Cabo Vicento! sempre ecoa na minha
cabea?).
Aos colegas do Centro Acadmico e do PET, por sua amizade e momentos de
descontrao. s amigas da Coordenao, Leonildes e Selimar, por sua simpatia e auxlio no
momento da concluso de curso. Ao Chiquinho, por me ajudar vrias vezes quando fiquei
preso no Campus.
s minhas tias Erotildes Bend e Eridan Paiva, e s minhas madrinhas Benedita
Bend e Francisca Paiva por seu apoio moral e financeiro em tempos de dificuldade e tambm
nos momentos de felicidade.
-
vi
Ao professor Silvrano Dantas, e aos colegas do Laboratrio de Mecnica dos
Solos e Pavimentao, pela amizade e pela oportunidade de trabalhar em sua pesquisa em
2009.
Aos professores Evandro Parente Junior, John Kennedy e Felipe Loureiro, por
ensinar a ter respeito pelo que fao, e por ensinar o valor de uma boa conversa com um
mestre.
professora Magnlia, por sua amizade, e por definir a rea de atuao que
pretendo seguir.
Ao professor Joaquim e seu pai, Dr. Hugo Mota, que me permitiram estagiar em
sua empresa e adquirir experincia em nosso campo de trabalho.
Aos meus sogros, Joo e Ins, por seu carinho e amizade, e ao meu cunhado, Joo
Vitor, por me levar de volta minha infncia sempre que o vejo.
minha esposa, Meiriciana, que esteve comigo e acreditou em mim quando eu
mesmo pensava em desistir. Ao meu filho, Antonio Saulo, por ser um pequeno tubaro no
meio do cardume, me mantendo focado ao resultado sem me perder.
E a todos os que contriburam, de uma forma ou de outra, para a realizao deste
trabalho.
-
vii
Pensar o trabalho mais pesado que h,
e talvez seja essa a razo para to poucos
se dedicarem a isso.
Henry Ford
-
viii
RESUMO
Pilar um elemento estrutural geralmente vertical que recebe aes predominantemente de compresso, podendo estar submetido flexo composta reta ou oblqua. No dimensionamento de pilares de concreto armado flexo composta comum o emprego de diagramas adimensionais de esforos resistentes em funo da taxa mecnica de armadura, dado que os mesmos abrangem grande faixa de valores de esforos resistentes e de sees transversais. O presente trabalho mostra como gerar bacos adimensionais para sees retangulares simtricas predefinidas, variando o cobrimento, a quantidade e a disposio das armaduras. Foi confeccionada uma planilha em Microsoft Excel que obtm os bacos para sees retangulares submetidas flexo composta reta. A planilha foi validada com exemplos apresentados na literatura consultada, e mostrou ser uma ferramenta adequada para o uso por parte de estudantes engenharia e profissionais da rea, adicionando mais possibilidades ao dimensionamento e verificao de pilares de concreto armado.
Palavras-Chave: dimensionamento, pilares, bacos adimensionais.
-
ix
LISTA DE FIGURAS
Figura 2.1 Flexo Reta e Flexo Oblqua ............................................................................. 4
Figura 2.2 Flexo Simples e Flexo Composta .................................................................... 5
Figura 2.3 Comprimento de flambagem do pilar .................................................................. 7
Figura 2.4 Comprimentos de Flambagem para cada situao de vinculao ......................... 8
Figura 2.5 Classificao quanto posio em planta ........................................................... 9
Figura 2.6 Situao de projeto da excentricidade inicial e da fora normal em pilares
(CARVALHO, 2009) ........................................................................................................... 13
Figura 2.7 Aproximao em apoios extremos (adaptada da NBR 6118 (ABNT, 2003)) ..... 14
Figura 2.8 Imperfeies geomtricas globais (adaptada da NBR 6118 (ABNT, 2003)) ...... 15
Figura 2.9 Imperfeies geomtricas locais (adaptada da NBR 6118 (ABNT, 2003)) ........ 16
Figura 3.1 Rotina para obteno de diagramas de interao e bacos adimensionais .......... 22
Figura 3.2 Seo genrica empregada na planilha .............................................................. 23
Figura 3.3 Diagrama tenso-deformao parbola-retngulo do concreto .......................... 25
Figura 3.4 Diagrama tenso-deformao bilinear do ao ................................................... 25
Figura 3.5 Domnios e Regies de Deformao (adaptada de SANTOS, 1994) .................. 27
Figura 3.6 Deformaes na Regio I ................................................................................. 28
Figura 3.7 Deformaes na Regio II ................................................................................ 29
Figura 3.8 Deformaes na Regio III ............................................................................... 29
Figura 3.9 Resultante e sua posio (adaptada de SANTOS, 1994) ............................. 31
Figura 3.10 Casos para o clculo de e (adaptada de SANTOS, 1994) ......................... 32
Figura 3.11 Esforos resistentes da seo transversal ......................................................... 34
Figura 3.12 Entradas da Planilha-Base .............................................................................. 37
Figura 3.13 Iterao da planilha para uma posio da Linha Neutra ................................... 38
Figura 3.14 Interface da Planilha-Resumo ......................................................................... 39
Figura 3.15 baco gerado pela planilha............................................................................. 39
Figura 4.1 Seo do Exemplo 01 ....................................................................................... 40
Figura 4.2 Entradas do Exemplo 01 na Planilha-Base ........................................................ 41
Figura 4.3 Entradas do Exemplo 01 na Planilha-Resumo ................................................... 41
Figura 4.4 baco do Exemplo 01 ...................................................................................... 42
Figura 4.5 Seo do Exemplo 02 ....................................................................................... 43
Figura 4.6 Entradas do caso para a Planilha-Base .............................................................. 44
Figura 4.7 Entradas do caso para a Planilha-Resumo ......................................................... 44
-
x
Figura 4.8 baco gerado para o caso ................................................................................. 44
-
xi
SUMRIO
1 INTRODUO .............................................................................................................. 1
1.1 Objetivos ........................................................................................................... 2
1.2 Metodologia ...................................................................................................... 2
1.3 Estrutura do trabalho ......................................................................................... 3
2 DIMENSIONAMENTO DE PILARES ........................................................................... 4
2.1 Flexo Composta Normal e Oblqua .................................................................. 4
2.2 Elementos geomtricos do dimensionamento de pilares ..................................... 5
2.2.1 Dimenses mnimas .......................................................................... 5
2.2.2 Cobrimento mnimo das armaduras ................................................... 6
2.2.3 Armaduras longitudinais mximas e mnimas na seo ..................... 6
2.2.4 Comprimento efetivo de flambagem ................................................. 6
2.2.5 ndice de Esbeltez e Raio de Girao ................................................ 8
2.3 Classificao dos pilares .................................................................................... 9
2.4 Considerao dos efeitos de segunda ordem .................................................... 11
2.5 Esforos nos pilares ......................................................................................... 12
2.5.1 Excentricidades ............................................................................... 12
2.6 Mtodos de clculo dos Efeitos de Segunda Ordem ......................................... 18
2.6.1 Mtodo do Pilar-Padro com Curvatura Aproximada ...................... 18
2.6.2 Mtodo do Pilar-Padro com Rigidez Aproximada ...................... 20
2.6.3 Mtodo do Pilar-Padro Acoplado a Diagramas M, N, 1/r ............... 20
2.6.4 Mtodo Geral Processo Exato ...................................................... 20
3 PLANILHA PARA GERAO DE BACOS ............................................................. 22
3.1 Geometria da seo proposta ........................................................................... 22
3.2 Clculo dos esforos nos materiais .................................................................. 24
3.2.1 Relaes constitutivas dos materiais ................................................ 24
3.2.2 Domnios de Deformao e Regies de Deformao ....................... 26
3.2.3 Curvatura ........................................................................................ 30
3.2.4 Esforo resistente de clculo do concreto ........................................ 30
-
xii
3.2.5 Esforos resistentes nas armaduras .................................................. 33
3.3 Equilbrio da seo transversal......................................................................... 34
3.4 Planilha-Base .................................................................................................. 36
3.5 Planilha-Resumo ............................................................................................. 38
4 EXEMPLOS DE APLICAO .................................................................................... 40
4.1 Exemplo 01 ..................................................................................................... 40
4.2 Exemplo 02 ..................................................................................................... 42
5 CONCLUSO .............................................................................................................. 45
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS .................................................................................. 46
-
1
1 INTRODUO
Pilares so elementos estruturais lineares cuja dimenso predominante se encontra
na direo vertical, estando assim submetidos principalmente a esforos de compresso axial
ou flexocompresso. A funo dos pilares na estrutura transmitir os esforos verticais das
lajes e vigas para as fundaes, bem como os esforos laterais causados pelo vento
(CARVALHO, 2009).
O dimensionamento de pilares uma importante atividade do clculo estrutural,
dada a elevada suscetibilidade dos pilares (e, consequentemente, das estruturas como um todo)
a possveis erros de execuo, sendo que alguns deles so considerados na fase de projeto
como hipteses de clculo, caso das excentricidades acidentais, por exemplo.
O dimensionamento adequado dos pilares exigido principalmente pelo perigo de
queda brusca de resistncia perante a presena de momentos fletores, que podem levar
flambagem da pea. A flambagem um fenmeno de instabilidade onde o estado de
deformao da estrutura influi no clculo dos esforos internos, caracterizando no-
linearidade geomtrica e invalidando o princpio da superposio de efeitos. Este fenmeno
denominado efeito de segunda ordem (CARVALHO, 2009).
O objetivo do dimensionamento de pilares manipular sua geometria e
caractersticas dos materiais de modo que sejam obtidas dimenses compatveis com as
exigncias arquitetnicas e de projeto estrutural, ao mesmo tempo em que se limitam os
valores dos Esforos Solicitantes de Clculo, de modo que, preferencialmente, obtenham-se
carregamentos limites em pelo menos um dos materiais, aproveitando ao mximo sua
resistncia. O objetivo da verificao de pilares obter, para a seo em questo, os esforos
resistentes de clculo, que devem superar os esforos solicitantes de clculo apresentados no
problema.
Tanto para o dimensionamento como para a verificao, bacos que forneam os
diagramas de interao que contenham os esforos limites podem ser usados, facilitando os
processos de clculo por serem empregados normalmente diagramas adimensionais.
bacos para dimensionamento de sees de pilares so equaes de superfcie que
fornecem o valor do esforo normal adimensional (), dos momentos fletores adimensionais
( e ), e taxa mecnica de armadura (), representadas em plano cartesiano por suas
curvas de nvel. Estas equaes fornecem os limites de resistncia de uma dada seo
transversal em funo de suas caractersticas fsicas e geomtricas, sendo que os valores so
-
2
transformados em adimensionais de modo a possibilitar o emprego de um mesmo baco para
representar vrias sees semelhantes (condio esta que garantida pela prpria geometria e
pela disposio das barras da armadura longitudinal).
Durante o perodo de graduao dos estudantes de engenharia, os professores das
disciplinas referentes a Estruturas de Concreto ensinam o uso destes bacos para
dimensionamento de sees de concreto solicitadas por flexo composta, j que no h
disponibilidade de programas de baixo custo para faz-lo (CARVALHO, 2009). No entanto,
os bacos existentes so poucos e restritos, com apenas algumas distribuies de armadura e
cobrimentos.
1.1 Objetivos
Como motivao para este trabalho, tem-se a gerao de bacos de flexo
composta reta para pilares com seo retangular macia com arranjo simtrico de armadura
num meio computacional familiar aos estudantes e engenheiros, o MICROSOFT EXCEL. O
que se pretende obter uma planilha que contenha os bacos e que possa ser empregada
facilmente para obter resultados os mais fieis possveis, aumentando significativamente a
quantidade de bacos disponveis e contemplando arranjos de armadura que o prprio usurio
proponha, permitindo uma anlise mais econmica e qualitativa dos mesmos.
Completado este objetivo ter-se- em mos um meio prtico e didtico para obter
o diagrama de resistncia para uma dada seo transversal, que deve ser testado por meio de
exemplos com disposies de armadura tipicamente adotadas pelos calculistas.
1.2 Metodologia
Para obter a planilha de clculo foram estudados desde maio de 2011 captulos de
livros contendo a formulao bsica do equilbrio de sees de pilares, caracterizando uma
pesquisa bibliogrfica exploratria.
Foi gerada uma planilha que implementa novos bacos a partir de uma seo
predeterminada, e ento validaram-se os bacos resultantes, caracterizando-se tambm uma
pesquisa analtica com estudo comparativo qualitativo.
-
3
1.3 Estrutura do trabalho
Este trabalho est dividido em cinco captulos, sendo o primeiro esta introduo, a
qual contextualiza o problema, os objetivos, metodologia e a estrutura do trabalho.
O segundo captulo trata dos conceitos fundamentais do dimensionamento de
pilares, definindo as caractersticas geomtricas, os esforos que devem ser calculados para
seu dimensionamento e os mtodos de clculo empregados para dimensionamento de pilares.
Apresentados os mtodos de dimensionamento, o terceiro captulo traz a planilha
para gerar bacos a partir da geometria de uma seo transversal. Segue no quarto captulo
uma srie de exemplos de aplicao da planilha citada e a discusso dos resultados.
O quinto captulo traz as concluses e sugestes para trabalhos futuros.
-
4
2 DIMENSIONAMENTO DE PILARES
2.1 Flexo Composta Normal e Oblqua
A flexo normal caracteriza-se quando o momento fletor atuante na seo
transversal tem a direo de um dos eixos centrais principais de inrcia. Caso contrrio, tem-
se flexo oblqua. Os eixos centrais so os que passam pelo centroide da seo, enquanto que
as direes principais de inrcia se caracterizam por conterem os extremos momentos de
inrcia da seo, sendo sempre ortogonais entre si. Tambm se encontra uma direo principal
de inrcia sempre que o produto de inrcia () para esta direo nulo (CARVALHO,
2009). Assim sendo todo eixo de simetria um eixo principal de inrcia. Ocorre tambm
flexo normal sempre que o momento solicitante perpendicular a um eixo de simetria da
seo. Nas demais situaes, ocorre flexo oblqua (Figura 2.1).
Para o clculo de concreto armado, a flexo normal muito vantajosa, pois
trabalha-se com menos equaes de equilbrio e a declividade da Linha Neutra (LN) na seo
conhecida, sendo sempre perpendicular ao eixo de simetria (CARVALHO, 2009).
L
N
L
N
a) FLEXO RETA b) FLEXO OBLQUA
Figura 2.1 Flexo Reta e Flexo Oblqua
A flexo composta ocorre quando, alm do momento fletor atuante na seo, h
tambm uma fora normal atuante, seja ela de trao ou de compresso. Quando ocorre o
esforo normal aplicado ao CG da pea, sem presena de momento fletor, tem-se trao ou
compresso centrada. A Figura 2.2 mostra as flexes simples e composta.
-
5
Md
CG
Md
CG
Nd
a) FLEXO SIMPLES b) FLEXO COMPOSTA
Figura 2.2 Flexo Simples e Flexo Composta
Para o caso do concreto armado, entretanto, no se pode aplicar os conceitos
acima diretamente, pois ocorre fissurao em parte da seo e a presena da rea de ao influi
sobre o clculo dos momentos de inrcia (CARVALHO, 2009).
2.2 Elementos geomtricos do dimensionamento de pilares
2.2.1 Dimenses mnimas
O item 13.2.3 da NBR 6118 (ABNT, 2003) relaciona as dimenses limites que
devem ser obedecidas para o dimensionamento de pilares, afirmando que, de maneira geral,
no devem ser admitidos em projeto pilares macios com dimenso mnima menor que
19 , a no ser que suas cargas solicitantes sejam majoradas por um coeficiente adicional
, de acordo com a Tabela 2.1 abaixo. A norma proibitiva quanto a pilares com rea de
seo transversal menor que 360 cm.
Tabela 2.1 Valores do coeficiente adicional (adaptada da Tabela 13.1 da NBR 6118 (ABNT, 2003))
b (cm) 19 18 17 16 15 14 13 12
1,00 1,05 1,10 1,15 1,20 1,25 1,30 1,35
Onde:
= 1,95 0,05;
a menor dimenso da seo transversal do pilar.
-
6
2.2.2 Cobrimento mnimo das armaduras
Os itens 6 e 7 da NBR 6118 (ABNT, 2003) so dedicados a especificar as
caractersticas necessrias estrutura e ao concreto para garantir a proteo da armaduras e a
durabilidade de elementos estruturais quando no so empregados aditivos e produtos
protetores, como a relao gua/cimento mais adequada e a resistncia caracterstica ideal
para o cobrimento das armaduras em cada caso.
O cobrimento das armaduras uma varivel relevante para o dimensionamento,
pois um dos limites de posicionamento das armaduras na seo. Os bacos existentes na
literatura so, inclusive, limitados a certos valores de cobrimento.
2.2.3 Armaduras longitudinais mximas e mnimas na seo
A armadura mnima a ser considerada em sees de pilares e tirantes, de acordo
com o item 17.3.5 da NBR 6118 (ABNT, 2003), deve ser:
, = 0,15
0,4% (2.1)
Onde:
o valor da Fora Normal Solicitante de Clculo;
a resistncia trao de clculo do ao;
a rea da seo transversal do pilar.
O valor mximo da armadura na seo transversal de pilares deve ser, j incluindo
a sobreposio das armaduras na regio de emenda por traspasse, segundo a norma:
, = 8% (2.2)
A recomendao para a taxa mnima de armadura feita sobre a considerao de
um momento mnimo que provocaria fissurao no concreto simples, sendo obedecidas as
condies para abertura de fissuras. A recomendao para a armadura mxima feita sobre a
condio de validade dos ensaios de aderncia e funcionamento conjunto dos materiais, alm
da exequibilidade do elemento estrutural.
2.2.4 Comprimento efetivo de flambagem
Comprimento efetivo de flambagem a distncia entre os pontos de momento
nulo (pontos de inflexo) do elemento estrutural em sua configurao deformada quando
-
7
submetido ao seu carregamento crtico. O comprimento de flambagem dependente da
condio de vinculao das extremidades do pilar.
Para um pilar vinculado em ambas as extremidades, a NBR 6118 (ABNT, 2003)
exige que o comprimento de flambagem seja o menor entre os seguintes valores (Figura 2.3):
+
(2.3)
Onde:
a distncia entre as faces internas dos elementos estruturais que vinculam o
pilar;
a altura da seo transversal do pilar medida na direo em questo;
a distncia entre os eixos dos elementos estruturais que vinculam o pilar.
l0 l
h/2
h/2
h l0+h
Figura 2.3 Comprimento de flambagem do pilar
A vinculao do pilar pode ser feita por vigas ou por lajes, no mudando a
analogia em funo da situao. No entanto, para diferentes vinculaes das extremidades, os
valores obtidos devem ser multiplicados por um coeficiente, dado para cada situao
apresentada na Figura 2.4:
-
8
L
le = 2L
le = 0,7L
le = 0,5L
Figura 2.4 Comprimentos de Flambagem para cada situao de vinculao
2.2.5 ndice de Esbeltez e Raio de Girao
O ndice de esbeltez de um pilar uma grandeza adimensional que depende de
suas dimenses e das condies de vinculao das suas extremidades, sendo definido como a
razo entre o comprimento de flambagem () e o raio de girao da seo transversal (),
como mostra a equao (2.4):
=
(2.4)
Onde:
=
(2.5)
Quanto maior o ndice de esbeltez de um pilar em uma dada direo, mais
provvel a ocorrncia de flambagem nesta direo. Para sees simtricas, como as
-
9
retangulares, definido para as duas direes, como mostram as equaes (2.6) a (2.9)
abaixo:
=,
(2.6)
=,
(2.7)
=
(2.8)
=
(2.9)
2.3 Classificao dos pilares
Carvalho (2009), com o intuito de sistematizar o estudo e melhorar a abordagem
do dimensionamento, classifica os pilares em relao a dois critrios, a saber:
Quanto posio em planta: central, lateral e de canto (Figura 2.5);
Quanto esbeltez: curto, medianamente esbelto, esbelto e muito esbelto.
a) PILARINTERNO
b) PILAR DEBORDA
c) PILAR DECANTO
Figura 2.5 Classificao quanto posio em planta
-
10
2.3.1.1 Classificao quanto posio em planta
A localizao do pilar em planta determina como as excentricidades do
carregamento vertical em relao seo devero ser consideradas, e a partir da o tipo de
solicitao presente no mesmo. Pilares centrais so solicitados por compresso centrada,
pilares laterais so solicitados por flexo composta reta e pilares de canto por flexo composta
oblqua (CARVALHO, 2009).
Esta classificao embasada na continuidade das rotaes entre vigas e pilares:
nos vos centrais as rotaes so pequenas, significando transmisso de pouco ou nenhum
momento fletor da viga para o pilar, enquanto que nas extremidades das vigas h rotaes
maiores, indicando transmisso de momentos fletores para os pilares de extremidade.
A NBR 6118 (ABNT, 2003), em seu item 14.6.7.1, especifica que pode ser
desprezada a transmisso de momento nos pilares centrais (considerando que as vigas so
simplesmente apoiadas nestes) e que deve haver transmisso de uma parcela do momento
fletor que seria considerado quando houvesse engastamento perfeito em pilares de
extremidade. Esta parcela deve ser proporcional rigidez de cada elemento considerado
(CARVALHO, 2009). O clculo deste momento proporcional ser mais detalhado na seo
2.5.1.
2.3.1.2 Classificao quanto esbeltez
A considerao da flambagem e dos efeitos de segunda ordem em pilares feita a
partir do valor de seu ndice de esbeltez (), como j explicado na seo 2.2.5, e enunciado
por Carvalho (2009). De acordo como o autor, a abordagem para considerao dos efeitos de
segunda ordem tem maior ou menor simplificao para determinados valores deste ndice. O
autor ainda faz a classificao dos pilares em curtos ( ), medianamente esbeltos
( < 90 ), esbeltos ( 90 < < 140 ) e muito esbeltos ( 140 < 200), dando
nomenclatura e didtica classificao da NBR 6118 (ABNT, 2003). A norma admite pilares
com ndice de esbeltez maior que 200 apenas no caso de postes solicitados por apenas 10% da
resistncia do concreto ().
As recomendaes da norma para cada um destes intervalos de ndice de esbeltez
foram resumidas no Quadro 2.1.
-
11
2.4 Considerao dos efeitos de segunda ordem
Conforme o item 15.8.2 da NBR 6118 (ABNT, 2003), a anlise dos efeitos locais
de segunda ordem dispensvel para pilares curtos, quando o ndice de esbeltez for menor
que o limite . Os efeitos de segunda ordem so responsveis por reduzir a resistncia do
pilar frente ao crescimento dos esforos solicitantes. O valor de dado por:
=25+ 12,5
(2.10)
Quadro 2.1 Recomendaes da NBR 6118 (ABNT, 2003) (adaptado de CAMPOS FILHO, 2011)
ndice de
Esbeltez
Considerao
dos Efeitos
de Segunda
Ordem
Processo de Clculo
Considerao
da Fluncia Exato
Aproximado
por
Diagramas
(M, N, 1/r)
Simplificado
Dispensvel
90
Obrigatria Dispensvel Permitido
Permitido Dispensvel
140 Proibido Obrigatria
200 Obrigatria Proibido
Onde:
35 90;
a excentricidade de primeira ordem;
a altura da seo transversal do pilar, medida no plano da estrutura em estudo.
O coeficiente obtido como se mostra a seguir:
a. Para pilares biapoiados sem cargas transversais:
= 0,6 + 0,4
0,40 (2.11)
Com e sendo os momentos de primeira ordem nos extremos do pilar.
o momento de maior valor absoluto ao longo do elemento e deve ter o mesmo sinal de
se tracionar o mesmo lado que aquele e o sinal contrrio caso no o faa.
b. Para pilares biapoiados com cargas transversais significativas ao longo
da altura:
-
12
= 1,0 (2.12)
c. Para pilares em balano:
= 0,80+ 0,20
0,85 (2.13)
Sendo o momento de primeira ordem no engaste e o momento no meio do
vo.
d. Para pilares com momentos menores que o estabelecido no item
11.3.3.4.3 da NBR 6118 (ABNT, 2003):
= 1,0 (2.14)
2.5 Esforos nos pilares
2.5.1 Excentricidades
Para o clculo dos esforos solicitantes, devem ser consideradas no projeto
excentricidades que representam a distncia de aplicao do Esforo Normal Solicitante de
Clculo em relao ao centro geomtrico do pilar, gerando os Momentos Fletores Solicitantes
de Clculo. Segundo Carvalho (2009) as excentricidades devem ser conhecidas por
representarem os diversos fatores que influem no dimensionamento. As excentricidades assim
definidas so classificadas em:
a. Excentricidade inicial: resulta da presena da ligao monoltica entre
as vigas e os pilares laterais e de canto. A ligao transmite momentos fletores ao pilar,
gerando a excentricidade, que pode ser obtida a partir das expresses (2.15) e (2.16) abaixo:
=
(2.15)
=
(2.16)
A excentricidade inicial ocorre em pilares independentemente da esbeltez e em
ambas as direes, dependendo apenas da presena ou no de momento solicitante (Figura
2.6). Esta de excentricidade deve ser associada s demais (CARVALHO, 2009).
Considera-se para o clculo que a estrutura seja de ns fixos (estrutura
contraventada) e submetida apenas a aes verticais (CARVALHO, 2009).
Na verificao dos mximos esforos em um pilar de edifcio, devem ser
consideradas duas situaes, uma delas na extremidade do pilar (onde a excentricidade de
primeira ordem maior que a de segunda ordem esta nula se o pilar for biapoiado) e outra
-
13
numa seo intermediria (onde a excentricidade de segunda ordem maior). De acordo com
Carvalho (2009), deve ser escolhida a mais crtica destas duas situaes.
y y y y
x x x x
eix
eiy eiy
eix
ei
Nd Nd
Nd Nd
a) PILARINTERNO
b) PILAR DEBORDA
c) PILAR DECANTO
Figura 2.6 Situao de projeto da excentricidade inicial e da fora normal em pilares (CARVALHO, 2009)
Na situao de extremidade, a excentricidade inicial se apresenta como na
equao (2.15) ou a equao (2.16), e deve ser somada excentricidade acidental de
desaprumo (exposta no subitem c), ou considerada a excentricidade mnima estabelecida pela
norma (subitem d). Na seo intermediria h excentricidade de segunda ordem e a
excentricidade inicial passa a ter um valor reduzido ponderado por (sendo este fator
calculado como na equao (2.11) para pilares biapoiados), portanto, segundo a igualdade
(2.17) abaixo:
= (2.17)
O item 14.6.7 da NBR 6118 (ABNT, 2003) traz uma formulao aproximada de
obter o momento proveniente da solidariedade com as vigas, advinda da teoria estudada na
Disciplina de Anlise de Estruturas, tomando o momento fletor como uma frao do momento
de engastamento perfeito, supondo que os elementos estruturais envolvidos (viga e dois
tramos de pilar) sejam construdos com o mesmo material, tendo assim o mesmo mdulo de
elasticidade. A formulao da norma mostrada nas equaes (2.18) a (2.20) abaixo:
Momento na extremidade da viga:
, = +
+ + (2.18)
-
14
Momento no tramo superior do pilar:
, =
+ + (2.19)
Momento no tramo inferior do pilar:
, =
+ + (2.20)
Onde:
, e a rigidez de cada elemento no n considerado;
= /, sendo o momento de inrcia de cada elemento e o comprimento do
elemento, conforme a Figura 2.7;
o momento de engastamento perfeito na ligao viga-pilar;
, o momento na extremidade inferior do pilar superior;
, o momento da extremidade superior do pilar inferior.
linf/2
lsup/2
lviga
Figura 2.7 Aproximao em apoios extremos (adaptada da NBR 6118 (ABNT, 2003))
b. Excentricidade de forma: em virtude muitas vezes de exigncia
arquitetnica, comum que os eixos de vigas e pilares venham a no coincidir, de modo que
gerada uma excentricidade puramente geomtrica.
De acordo com Carvalho (2009) necessrio cuidado adicional quando forem
empregados programas de clculo que incluam as excentricidades de forma automaticamente,
evitando o aumento exagerado do momento fletor atuante nos pilares.
c. Excentricidade acidental: A NBR 6118 (ABNT, 2003) parte do
princpio que no h perfeio geomtrica na execuo de estruturas, incluindo no clculo as
imperfeies de posio e forma das peas, imperfeies estas chamadas excentricidades
acidentais.
-
15
As excentricidades acidentais so agrupadas na NBR 6118 (ABNT, 2003) em dois
grupos: imperfeies geomtricas globais e imperfeies geomtricas locais. As imperfeies
globais so consideradas como sendo um desaprumo da estrutura como um todo, calculado
como nas equaes (2.21) e (2.22):
qa
H
n Figura 2.8 Imperfeies geomtricas globais (adaptada da NBR 6118 (ABNT, 2003))
=1
100 (2.21)
= 1+
1
2
(2.22)
Onde:
o desaprumo de um elemento vertical contnuo;
,= 1/400 para estruturas de ns fixos;
,= 1/300 para estruturas de ns mveis;
,= 1/200;
a altura total da edificao em metros;
o nmero de prumadas de pilares.
A NBR 6118 (ABNT, 2003) no recomenda que o desaprumo seja superposto ao
carregamento de vento, devendo ser tomado entre eles o mais desfavorvel, que gere maior
momento na base da construo.
As imperfeies locais so computadas em apenas um lance de pilar, sendo
considerado o efeito do desaprumo ou da falta de retilineidade, como mostrado na Figura 2.9.
-
16
l
l
l
l
l
l
l/2
ea ea
q 1 q 1
a) FALTA DERETILINEIDADE
b) DESAPRUMO
Figura 2.9 Imperfeies geomtricas locais (adaptada da NBR 6118 (ABNT, 2003))
O clculo de feito a partir da expresso (2.23):
=1
100 , (2.23)
Para o caso da falta de retilineidade, temos:
=
2 (2.24)
E, para o desaprumo:
= (2.25)
Sendo:
o desaprumo de um elemento vertical contnuo;
a altura de um pavimento;
,= 1/300 para imperfeies locais;
,= 1/200.
d. Excentricidade de primeira ordem mnima: segundo o item 11.3.3.4.3
da NBR 6118 (ABNT, 2003), pode-se substituir a considerao das imperfeies geomtricas
em um lance de pilar pela considerao da excentricidade mnima de primeira ordem, dada
pela equao (2.26), desde que a excentricidade mnima seja superior imperfeio
considerada.
, = 0,015+ 0,03 (2.26)
Onde a altura da seo transversal na direo considerada, em metros.
-
17
H autores que interpretam que esta excentricidade deve substituir no s a
imperfeio geomtrica considerada, mas a soma desta com a excentricidade inicial, de
acordo com o especificado no item 15.8.3.3.2. H referncia na NBR 6118 (ABNT, 2003), no
item 11.3.3.4.3, que o momento mnimo substitui o oriundo das imperfeies geomtricas
quando for maior que este. Neste trabalho, no h interesse em definir qual destas
recomendaes deve ser seguida, mas Carvalho (2009) afirma que o prprio projetista o
responsvel por adotar a interpretao que achar mais desfavorvel.
e. Excentricidade de segunda ordem: proveniente dos efeitos da
flambagem, sendo considerada em pilares cujo ndice de esbeltez supere o valor de dado
pela equao (2.10). De acordo com Carvalho (2009), para reproduzir os efeitos da
flambagem, admite-se que a compresso no pilar atue com uma excentricidade , existente
mesmo em pilares centrais, o que faz com que eles sofram flexo composta em lugar de
compresso centrada. O clculo desta excentricidade ser visto mais adiante.
f. Excentricidade suplementar devido fluncia: prevista para incluir no
clculo a fluncia do concreto, conforme a recomendao prevista no item 15.8.4 da NBR
6118 (ABNT, 2003). obrigatrio calcular esta excentricidade para pilares com ndice de
esbeltez maior que 90, e o procedimento exposto em Carvalho (2009) para obteno da
mesma acrescentar excentricidade de segunda ordem o valor mostrado na equao (2.27):
=
+
1 (2.27)
Onde:
= (10 )/ ;
e so os valores caractersticos dos esforos solicitantes devido s aes
permanentes;
a excentricidade acidental (imperfeies geomtricas);
o coeficiente de fluncia;
o mdulo de elasticidade do concreto;
o momento de inrcia da seo bruta de concreto segundo a direo analisada.
O estudo apresentado sobre excentricidades resumido pelo Quadro 2.2.
-
18
Quadro 2.2 Resumo do emprego das excentricidades (adaptado de CARVALHO, 2009)
Excentricidade Situaes de uso Expresses de Clculo
Inicial Em Pilares Laterais
ou de Canto
Pilar Lateral:
= /
Pilar de Canto:
= /,
= /
Sees
intermedirias:
=
De Forma Imposio de
projeto Obtida das plantas de forma
Acidental () Todas Seo Extrema:
/
Seo
Intermediria:
/2
=1
100
1
200
Mnima
Todas, se maior
que as imperfeies
geomtricas ou de
primeira ordem
,= 0,015 + 0,03 ( em metros)
De Segunda
Ordem Sempre que >
< < 90
=
,
(,)
90 < 140
=
Grficos M, N,
1/r
140 < 200
Processo geral
Suplementar Sempre que > 90 =
+
1, =
2.6 Mtodos de clculo dos Efeitos de Segunda Ordem
De acordo com Carvalho (2009) existem alguns mtodos para clculo dos efeitos
de segunda ordem, variando em preciso e grau de complexidade dos clculos. Os mtodos
mais simplificados so de emprego limitado, mas os mais sofisticados exigem emprego de
programao computacional. Os mtodos de clculo sero abordados neste trabalho apenas a
ttulo de apresentao.
2.6.1 Mtodo do Pilar-Padro com Curvatura Aproximada
De acordo com Carvalho (2009), os mtodos aproximados tentam identificar a
seo mais solicitada e obter expresses que calculem o efeito de segunda ordem. Como
-
19
hipteses de clculo, tem-se: a flecha mxima funo da curvatura da pea; a no-
linearidade geomtrica considerada de forma aproximada por uma senoidal; a curvatura
dada pela segunda derivada da linha elstica da barra; a no-linearidade fsica considerada a
partir do clculo aproximado da curvatura na seo crtica.
O emprego do Mtodo do Pilar-Padro com Curvatura Aproximada permitido
apenas para pilares com 90, conforme explicitado no Quadro 2.1, sendo a forma de
clculo da excentricidade de segunda ordem dada pela equao (2.28):
= 1
10 (2.28)
Onde o comprimento de flambagem da pea e 1/ a curvatura mxima na
seo crtica, calculada de forma aproximada pela frmula (2.29) obtida a partir das
deformaes no Estado Limite ltimo, apresentada na NBR 6118 (ABNT, 2003) e vlida para
ao CA-50:
1
=
0,005
( + 0,5) (2.29)
Com:
( + 0,5) 1;
a altura da seo da direo considerada;
= /( ) o valor adimensional da fora normal.
A expresso final para o clculo da excentricidade de segunda ordem ser dado
pela equao (2.30):
=0,005
( + 0,5)
10 (2.30)
Como mostrado no Quadro 2.2.
Assim o clculo do momento total mximo, que inclui o momento de primeira
ordem, para pilares curtos e medianamente esbeltos ( 90), ser dado pela igualdade (2.31):
,= , +
10
0,005
( + 0,5) , , (2.31)
Onde:
dado pela equao (2.11);
o esforo normal de clculo;
, o momento de primeira ordem para o caso;
, o momento mnimo de primeira ordem para o caso.
-
20
2.6.2 Mtodo do Pilar-Padro com Rigidez Aproximada
feito com base nas mesmas hipteses que o mtodo anterior, mas com a
diferena que a no-linearidade fsica considerada por uma expresso aproximada da
rigidez. Este mtodo tambm empregado para clculo de pilares com 90, mas sempre
com seo retangular constante com armadura simtrica e constante ao longo do eixo
(CARVALHO, 2009).
O momento total mximo no pilar dado pela expresso (2.32):
,= ,
1
120 /
, , (2.32)
Com a rigidez calculada aproximadamente pela equao (2.33):
= 32 1+ 5 ,
(2.33)
As variveis pertinentes j foram todas previamente definidas.
Percebe-se que o problema recursivo, exigindo clculo iterativo, sem maiores
dificuldades desde que a convergncia esteja assegurada.
2.6.3 Mtodo do Pilar-Padro Acoplado a Diagramas M, N, 1/r
Para pilares esbeltos com < 140 , Carvalho (2009) afirma que pode ser
empregado o Mtodo do Pilar-Padro com curvatura real, valendo a mesma equao (2.28).
No entanto, pelo efeito de segunda ordem se apresentar bastante elevado no caso, o clculo da
rigidez no feito pelas deformaes no ELU. A rigidez da pea no atingir o valor mximo
antes da instabilidade.
O autor traz um baco condicionado a esta situao de instabilidade, que j
considera o efeito de segunda ordem, e trazendo como sada o valor da taxa mecnica de
armadura (). Como este no um baco de Estado Limite ltimo condicionado ruptura
por deformao excessiva, no entra no escopo deste trabalho.
2.6.4 Mtodo Geral Processo Exato
Para clculo da carga crtica de flambagem, de acordo com a NBR 6118 (ABNT,
2003), item 15.8.3.2, deve ser efetuada discretizao adequada do elemento para realizar uma
-
21
anlise de segunda ordem no-linear, sob a considerao da relao momento-curvatura real
em cada seo e a considerao da no-linearidade geomtrica de maneira no aproximada.
Este mtodo deve ser empregado obrigatoriamente para pilares muito esbeltos
( > 140), sendo dispensvel seu uso em caso de esbeltez menor. O mtodo tambm
indicado para pilares de seo varivel e submetidos a cargas laterais (CARVALHO, 2009).
As equaes diferenciais que relacionam o momento atuante e a curvatura podem
ser resolvidas por processos aproximados, j que podem no ter soluo direta, ou por
carregamentos incrementais, acompanhando a variao de rigidez e o ponto onde a curva de
carga deslocamento atinge seu valor mximo para a direo considerada (CARVALHO,
2009).
-
22
3 PLANILHA PARA GERAO DE BACOS
Neste captulo ser mostrada a teoria (etapas e hipteses) que embasa a planilha
para gerao de bacos adimensionais, e a planilha resultante propriamente dita.
De acordo com Santos (1983), ao trabalhar com grandezas adimensionais, fato
que a variao das mesmas diminui. Tabelas dimensionais teriam de abranger uma faixa de
valores imensa, na ordem de 10, enquanto trabalhar com os valores reduzidos de zero a 2,0
consegue traduzir a mesma variao, e s vezes at mais. Outra grande vantagem das
grandezas adimensionais que elas tornam o problema linear: a variao da rea de ao
necessria para resistir a um par de solicitaes (, ) em relao ao no linear.
Quando tratamos com as variveis , e (ou ), h linearidade, como ser visto adiante.
Para a gerao de bacos adimensionais e diagramas de interao h uma rotina de
trabalho com passos simples, mostrada na Figura 3.1.
Figura 3.1 Rotina para obteno de diagramas de interao e bacos adimensionais
3.1 Geometria da seo proposta
Estudar a geometria da seo o passo inicial para obteno do seu diagrama de
interao. O conhecimento da forma da seo e das posies e reas das armaduras
fundamental para obter os esforos resistentes ltimos da mesma. Este trabalho se fundamenta
sobre as sees retangulares, com disposio simtrica de armaduras, submetida a apenas um
momento fletor que resulte em flexo reta.
A disposio de armaduras adotada feita ao longo da profundidade da seo,
sempre simtrica em relao sua vertical. A rea de ao em cada camada de armaduras
denominada . A poro comprimida da seo est sempre no topo da mesma, ou seja, deve
haver um pr-processamento por parte do usurio para posicionar a seo adequadamente
planilha para que seu uso seja considerado vlido. O usurio pode modificar a posio e a
Passo 1: Geometria da
Seo Proposta
Passo 2: Posio da Linha Neutra
Passo 3: Clculo das deformaes
na Seo
Passo 4: Clculo das Tenses nos
Materiais
Passo 5: Clculo de e
Passo 6: Variao da Taxa Mecnica
de Armadura
Passo 7: Obteno dos valores de e
Passo 8: Variao da Posio da Linha Neutra e volta ao Passo 3
Passo 9: Obteno da Planilha-
Resumo
Passo 10: Gerao do Grfico
-
23
quantidade das armaduras para configurar uma disposio ao longo do permetro. A seo
genrica empregada mostrada na Figura 3.2.
d'
hy
hx
Md
Nd
d
diAsi
d'
Figura 3.2 Seo genrica empregada na planilha
A profundidade relativa ao topo a varivel bsica de posio de qualquer ponto
da seo, sendo definida por:
=
(3.1)
Onde:
: Profundidade do ponto em relao ao topo da seo;
: Altura da seo.
A profundidade relativa ao cobrimento das armaduras () dada por:
=
(3.2)
A profundidade relativa da Linha Neutra ento:
=
(3.3)
Devem ser inseridos como entradas o nmero de barras em cada camada, a bitola
das barras inseridas nesta camada, sua profundidade em relao ao topo () e o cobrimento
destas armaduras (). O cobrimento considerado o mesmo nas quatro faces da seo. O
-
24
estudo para garantir o espaamento adequado entre as armaduras no feito no
processamento, sendo necessrio que o usurio verifique as condies de detalhamento em
ps-processamento.
3.2 Clculo dos esforos nos materiais
O clculo de uma seo transversal levado ao Estado Limite ltimo (E.L.U.)
exige que os esforos resultantes sejam obtidos como a soma referente ao maior esforo
possvel obtido em cada um dos materiais empregados para aquela condio do E.L.U.
(SANTOS,1994).
Desta forma, devem ser dados do problema as resistncias ltimas de cada
material, bem como seus respectivos diagramas tenso-deformao, para que assim possamos
calcular a parcela da resistncia (esforo normal e momento fletor ltimos) correspondente a
cada material.
No entanto, para a gerao de um baco genrico, apenas a caracterstica do ao
deve ser previamente um dado de entrada, j que a deformao ltima do ao interfere na
resoluo do problema, como ser visto no subitem 3.2.1.2.
A planilha gerada para este trabalho abrange o problema genrico e plota como
sada tambm um caso especfico escolha do usurio.
3.2.1 Relaes constitutivas dos materiais
3.2.1.1 Diagrama tenso-deformao do concreto
De posse da resistncia caracterstica do concreto, deve se calcular tenso de
clculo , levando em conta o coeficiente de minorao e o Efeito Rsch, resultando na
equao (3.4):
= 0,85
(3.4)
O diagrama tenso-deformao do concreto assume a forma retangular-parablica
mostrada na Figura 3.3.
-
25
s cd
ececu
s c
Figura 3.3 Diagrama tenso-deformao parbola-retngulo do concreto
Onde a equao (3.5) representa o trecho parablico (SANTOS, 1994).
= 4 (4 ) (3.5)
O valor de adotado neste trabalho dado na equao (3.6) (SANTOS, 1994).
= 3,5 (3.6)
O limite de emprego desta igualdade, e, por conseguinte, deste trabalho como um
todo, de 50 .
3.2.1.2 Diagrama tenso-deformao do ao
Ser adotado o diagrama bilinear empregado por Santos (1994) e mostrado na
Figura 3.4, que tem por equaes constitutivas as igualdades (3.7), (3.8) e (3.9).
fyd
esesueyd
s s
Figura 3.4 Diagrama tenso-deformao bilinear do ao
= 0 || (3.7)
-
26
= || > (3.8)
= 210 (3.9)
Estas equaes so vlidas tanto para a trao como para a compresso, alterando-
se apenas o limite de ruptura, que de 10 na trao e de 3,5 na compresso
(respeitando o limite do concreto).
3.2.2 Domnios de Deformao e Regies de Deformao
Caracteriza-se a runa da seo transversal para qualquer solicitao quando as
deformaes especficas ltimas de pelo menos um dos materiais so atingidas, sendo a
deformao ltima do concreto de 2 na compresso centrada e de 2 a 3,5 na flexo,
e a deformao ltima do ao de 10 tanto em trao como em compresso. Por
convenincia, doravante, quando no especificado, as deformaes estaro em .
Para estudar a ruptura da seo transversal, portanto, devemos variar a posio da
Linha Neutra e verificar qual dos materiais rompe primeiro no caso em questo. Da so
definidos seis Domnios de Deformao, tipos particulares de ruptura dependentes da
solicitao ltima em cada material.
No Domnio 1, por exemplo, a ruptura comandada pelo ao na camada inferior,
que est a 10, e no h encurtamento da seo; no Domnio 2, tambm o ao est a 10,
mas h encurtamentos na seo, e assim por diante. Ficam definidos trs polos de runa e trs
Regies que englobam os seis Domnios, como mostrado na Figura 3.5 (SANTOS, 1994).
Para obter as deformaes em um ponto qualquer da seo so empregadas
equaes de compatibilidade, levando em conta que as deformaes so constantes para uma
mesma fibra paralela Linha Neutra, bastando ento calcular a variao das deformaes em
relao LN (SANTOS, 1994).
Para simplificar o trabalho, devemos calcular as deformaes sempre em relao a
um mesmo ponto, no importa em que Domnio esteja solicitada a seo. O ponto mais
conveniente a fibra mais comprimida, que neste trabalho ser considerada sempre no topo
da seo transversal. Como nossa anlise engloba trs casos, correspondentes aos polos de
runa, vamos estud-los separadamente.
-
27
2 3,5
2-10
1
2
2a2b
3
4
4a
5
C
B
A
alongamentos (-) encurtamentos (+)
eyd
2 3,5
2-10
Regio III
Regio I
C
B
A
alongamentos (-) encurtamentos (+)
Regio II
DOMNIOS DE DEFORMAO
REGIES DE DEFORMAO
hy
hy
3hy/7
3hy/7
Figura 3.5 Domnios e Regies de Deformao (adaptada de SANTOS, 1994)
Na Regio I, correspondente ao Domnio 5, o diagrama de deformaes
semelhante ao apresentado na Figura 3.6, sendo o encurtamento na borda superior da seo
e o mnimo encurtamento da seo (que ocorre em sua base). Todas as retas que definem
as deformaes passam pelo ponto B (polo de runa), onde a deformao 2.
Pela Hiptese de Navier-Bernoulli, as deformaes variam linearmente,
permitindo que empreguemos semelhana de tringulos para obter a deformao na fibra
genrica (SANTOS, 1994):
=
2
37
=14
7 3 =
147 3
(3.10)
-
28
2
B
ec
ec0
di
x
Linha Neutra externa seo
esdi
hy
3hy/7
Figura 3.6 Deformaes na Regio I
Como as deformaes de interesse normalmente atuam sobre o ao, usaremos a
notao para a deformao na fibra genrica. Ainda por semelhana de tringulos, tem-
se, para a fibra genrica:
=
(3.11)
Substituindo-se o valor de da equao (3.10) na equao (3.11):
=14( )
7 3 (3.12)
Santos (1994) afirma que se deve ter cuidado ao empregar estas equaes em
rotinas, pois quando = 2 , tende ao infinito. A planilha gerada neste trabalho, entretanto,
no se limita com este problema de implementao, pois se limita posio da LN a =
10000.
Na Regio II, referente ao polo de runa A e englobando os Domnios 3, 4 e 4a,
temos um diagrama de deformaes como o da Figura 3.7:
Observando a Figura 3.7, percebe-se que a deformao na fibra genrica dada
por:
= 3,5
(3.13)
-
29
A
ec=3,5
esdidi
x
Linha Neutra
hy
Figura 3.7 Deformaes na Regio II
Que idntica equao (3.11) com = 3,5. Alm do mais, para > ,
resulta negativo automaticamente.
Por fim, na Regio III, a deformao no ao constante e igual a 10, gerando
um diagrama como o presente na Figura 3.8:
C
ecesdi di
x Linha Neutra
10
d'
hy-d'
Figura 3.8 Deformaes na Regio III
Da Figura 3.8, tem-se:
=10
=
10( )
=10( )
1 (3.14)
A equao que relaciona e :
=
10
=10
=10
1 (3.15)
-
30
3.2.3 Curvatura
A curvatura do eixo da pea numa dada seo transversal uma grandeza
dimensional dada pela equao (3.16) (SANTOS, 1994).
1
=
(3.16)
Onde:
1/: curvatura, medida em () ou (), por exemplo;
: diferena entre as deformaes em duas fibras genricas quaisquer da
seo;
: distncia entre as fibras medida perpendicularmente Linha Neutra.
Como mais vantajoso trabalhar com adimensionais, Santos (1994) definiu a
curvatura adimensional nos termos da equao (3.17):
= 1000 1
(3.17)
Tomadas como fibras relevantes o topo da seo e a linha neutra, e aplicando
equao (3.16):
1
= 0
=
(3.18)
Substituindo (3.18) em (3.17):
= 1000 = 1000
(3.19)
com em nmero puro. Para em , tem-se (SANTOS, 1994):
=
(3.20)
O autor preocupa-se com o caso em que = 0, pois = 0 e a equao (3.20)
fica invalidada. A planilha no sofre com esta dificuldade, pois a varivel comea o
clculo iterativo com o valor de 0,1.
3.2.4 Esforo resistente de clculo do concreto
A parcela do esforo normal resistida pelo concreto e a parcela do momento fletor
resistida pelo concreto ficam determinadas quando obtemos a resultante das tenses no
concreto () e seu ponto de aplicao () em relao fibra mais encurtada (SANTOS,
1994).
-
31
Quando no possvel empregar diagramas de tenso-deformao simplificados,
o clculo destas duas incgnitas parte muito trabalhosa, exigindo integraes numricas ou
processos lentos. Para contornar esta dificuldade, Santos (1994) definiu dois coeficientes
adimensionais, a saber:
=
(3.21)
e
=
(3.22)
Onde:
: Esforo normal resistido pelo concreto reduzido adimensional;
: Momento fletor resistido pelo concreto reduzido adimensional;
: Parcela do esforo normal resistido exclusivamente pelo concreto;
: Posio do esforo normal descrito acima em relao ao topo da seo.
Os valores de e so obtidos a partir de e , e usados para o clculo do
equilbrio da seo, visto mais adiante. Ainda necessrio calcular e , o que feito
obtendo-se as tenses em cada fibra comprimida do concreto (lembrando mais uma vez que
no se considera que o concreto trabalhe trao) e integrando sobre a rea comprimida da
seo, conforme mostram as equaes (3.23) e (3.24) e a Figura 3.9.
=
(3.23)
=
(3.24)
Linha Neutra
xy
dy
a Rcc
s c
hx
hy
Figura 3.9 Resultante e sua posio (adaptada de SANTOS, 1994)
-
32
Dado o Domnio em que se encontra a seo na ruptura, o concreto pode estar
parcial ou totalmente comprimido, fato j expresso no clculo de . Alm do mais, quando
a deformao no concreto atinge o valor de 2 (escoamento), a funo que define suas
tenses de compresso muda de parbola para retngulo, assim definindo quatro casos de
estudo para o clculo de e , detalhados na Figura 3.10.
LN
s c
-
33
=
(3.25)
=
(3.26)
definido como o encurtamento mnimo da seo, ocorrendo na base da seo
para o caso de , e na LN para < , sendo nulo neste caso. Assim, as integrais nas
equaes (3.25) e (3.26) podem ser reescritas simplesmente como:
=
(3.27)
=
(3.28)
Os quatro casos definidos na Figura 3.10 ficam resumidos a dois: estado elstico e
estado plstico, dependendo apenas do escoamento do concreto. Santos (1994) efetuou todas
as integraes pertinentes para a seo retangular e aplicou os resultados s definies de e
, equaes (3.21) e (3.22). Para o estado elstico, valem as equaes (3.29) e (3.30):
=(6 )
(6 )
12 (3.29)
=(8 )
(24 16 4 + 3 )
48 (3.30)
Para o estado plstico, valem as equaes (3.31) e (3.32):
=12 8
(6 )
12 (3.31)
=16 32 + 24
(24 16 4 + 3
)
48 (3.32)
A nulidade de no interfere no emprego de nenhuma destas frmulas,
conforme j foi mostrado por Santos (1994). evidente que deve ser no nulo, o que
sempre garantido na planilha.
3.2.5 Esforos resistentes nas armaduras
Os esforos resistentes nas armaduras so de clculo muito mais simples do que
no concreto, pois no so necessrias integraes. Basta calcular as deformaes em cada
barra, a partir das quais se obtm as tenses nas mesmas empregando as equaes (3.7) e
(3.8). O clculo destas deformaes foi feito no subitem 3.2.2. A fora nas armaduras de uma
camada (chamada de neste trabalho) ser dada pela equao (3.33):
-
34
= (3.33)
O momento de cada uma destas foras em relao ao centroide da seo
transversal (chamado de neste trabalho) ser dado pela equao:
= (0,5 ) (3.34)
Onde = 0,5 a distncia do centroide da seo transversal borda
tracionada (ou menos encurtada), conforme Santos (1994).
3.3 Equilbrio da seo transversal
De posse dos valores de , (ou e ), e (estes dois ltimos para cada
camada de armaduras), as equaes de equilbrio para a resistncia ltima da seo podem ser
finalmente escritas. A soma destes esforos melhor compreendida com o auxlio da Figura
3.11.
hy
hx
c2=0,5hy
di
Asi
L NNd
Md
Rcc
As1s sd1
Asis sdi
Asns sdn
Figura 3.11 Esforos resistentes da seo transversal
O equilbrio da seo transversal escrito nas equaes (3.35) e (3.36):
= +
(3.35)
= 0,5 + (0,5 )
(3.36)
-
35
Trabalhando com adimensionais, teremos (SANTOS, 1994):
=
+
(3.37)
= 0,5
+
(0,5 )
(3.38)
Com os adimensionais mostrados em Santos (1994):
=
(3.39)
=
(3.40)
=
(3.41)
=
(3.42)
=
(3.43)
=
(3.44)
Podemos escrever as equaes (3.37) e (3.38) como mostrado nas equaes (3.45)
e (3.46):
= +1
(3.45)
= 0,5 +1
(0,5 )
(3.46)
Santos (1994) expressa a relao entre e , mostrada na equao (3.47):
=
(3.47)
Que permite reescrever as igualdades (3.45) e (3.46) como segue nas equaes
(3.48) e (3.49):
= +
(3.48)
-
36
= 0,5 +
(0,5 )
(3.49)
Os valores de , e dependem da posio da linha neutra na seo, para uma
dada posio desta ltima fica comprovada a linearidade entre , e em uma mesma seo
transversal.
Duas variveis auxiliares na planilha so definidas nas equaes (3.50) e (3.51):
1 =1
(3.50)
2 =1
(0,5 )
(3.51)
Ambas so constantes para uma mesma posio da linha neutra, justificando seu
uso para reduzir as frmulas empregadas na planilha.
3.4 Planilha-Base
Com a formulao acima mostrada foi possvel gerar a planilha para uma seo
retangular simtrica genrica de concreto armado, sendo estipulado um mximo de 30
camadas de armadura, com o cobrimento de armaduras desejado pelo usurio. Os dados de
entrada da Planilha-Base so mostrados na Figura 3.12.
-
37
Figura 3.12 Entradas da Planilha-Base
So feitas iteraes com diferentes posies de linha neutra (LN), e para cada
posio varia-se a taxa mecnica de armadura (), obtendo assim os valores do esforo
normal reduzido adimensional () e do momento fletor reduzido adimensional (). A primeira
posio da LN = 0,1, variando desta a = 2 de 0,05 em 0,05; a partir da, de 0,25 em
0,25 at = 3 ; da, de 0,5 em 0,5 at = 4 ; ento, = 5 , = 10, = 100, =
1000 e = 10000 completam as cinquenta iteraes feitas pela planilha. Como exemplo de
trecho de planilha que abrange uma iterao, apresenta-se a Figura 3.13.
GEOMETRIA DAS ARMADURAS:
Camada i: n Barras: bi: Bitola (mm): f (mm) As,unit (cm)
1 2 0,1000 25 10 0,785
2 12,5 1,227
3 16 2,011
4 20 3,142
5 25 4,909
6
7
8
9 bx (in) Domnio bx (fim)
10 Regio III 0 2 0,233
11 Regio II 0,233 3 0,565
12 Regio II 0,565 4 0,9
13 Regio II 0,9 4a 1
14 Regio I 1 5 10000
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25 Fi = Fora nas Armaduras
26 Mi = Momento das foras nas Armaduras em relao ao centroide da seo
27
28
29
30 2 0,9000 25
Razo d'/h = d =
0,1
1 =1
(
)
2 =1
[ 0,5
]
=
=
=
=
=
-
38
Figura 3.13 Iterao da planilha para uma posio da Linha Neutra
Os quatro valores de taxa mecnica de armadura no canto inferior direito da
Figura 3.13 correspondem s situaes de projeto, a saber: taxas mxima e mnima
regulamentadas pela NBR 6118 (ABNT, 2003), taxa de projeto para a seo da planilha-
resumo (item 3.5) e situao de Concreto Simples (teoricamente sem necessidade de
armadura).
3.5 Planilha-Resumo
Plotados em um grfico, os valores obtidos diretamente das iteraes geraro uma
srie de retas, uma para cada posio da LN variando a taxa de armadura. No entanto, os
bacos so comumente traados levando em conta a resistncia ltima para uma dada taxa de
armadura, obrigando assim o tratamento dos dados e sua organizao por este critrio.
Ao fim do tratamento, os grficos gerados so curvas, como esperado das
envoltrias de resistncia de uma dada seo para cada taxa de armadura.
A planilha-resumo faz a verificao de uma seo de projeto, com dimenses e
solicitaes dadas pelo usurio (sendo as armaduras as mesmas selecionadas na planilha
base), plotando o ponto correspondente s solicitaes na mesma srie de curvas que
representam a resistncia da seo. Isso facilita a interpretao dos resultados, se levarmos em
conta que uma das 24 curvas plotadas no baco gerado a curva resistente de projeto da seo
Iterao: 1 Camada i: n Barras: bi: ei () ssdi Bitola: Asi Fi Mi w = n = m =
1 4 0,25 -2,308 -434,8 20 12,566 -5463,639 -1365,910 0,05 0,0072 0,0265
Posio de Linha Neutra: 2 0 0 1,538 323,1 0 0,000 0,000 0,000 0,10 -0,0428 0,0265
3 0 0 1,538 323,1 0 0,000 0,000 0,000 0,15 -0,0928 0,0265
bx = 0,1 4 0 0 1,538 323,1 0 0,000 0,000 0,000 0,20 -0,1428 0,0265
5 0 0 1,538 323,1 0 0,000 0,000 0,000 0,25 -0,1928 0,0265
Domnio: 2 6 0 0 1,538 323,1 0 0,000 0,000 0,000 0,30 -0,2428 0,0265
7 0 0 1,538 323,1 0 0,000 0,000 0,000 0,35 -0,2928 0,0265
8 0 0 1,538 323,1 0 0,000 0,000 0,000 0,40 -0,3428 0,0265
Clculo das Deformaes: 9 0 0 1,538 323,1 0 0,000 0,000 0,000 0,45 -0,3928 0,0265
bi e () 10 0 0 1,538 323,1 0 0,000 0,000 0,000 0,50 -0,4428 0,0265
Topo: 0,00 1,538 11 0 0 1,538 323,1 0 0,000 0,000 0,000 0,55 -0,4928 0,0265
Linha Neutra: 0,10 0,000 12 0 0 1,538 323,1 0 0,000 0,000 0,000 0,60 -0,5428 0,0265
Base: 1,00 -13,846 13 0 0 1,538 323,1 0 0,000 0,000 0,000 0,65 -0,5928 0,0265
14 0 0 1,538 323,1 0 0,000 0,000 0,000 0,70 -0,6428 0,0265
Curvatura adimensional majorada: 15 0 0 1,538 323,1 0 0,000 0,000 0,000 0,75 -0,6928 0,0265
16 0 0 1,538 323,1 0 0,000 0,000 0,000 0,80 -0,7428 0,0265
q = 15,385 17 0 0 1,538 323,1 0 0,000 0,000 0,000 0,85 -0,7928 0,0265
18 0 0 1,538 323,1 0 0,000 0,000 0,000 0,90 -0,8428 0,0265
Encurtamento Mnimo da Seo: 19 0 0 1,538 323,1 0 0,000 0,000 0,000 0,95 -0,8928 0,0265
20 0 0 1,538 323,1 0 0,000 0,000 0,000 1,00 -0,9428 0,0265
ec0 = 0 21 0 0 1,538 323,1 0 0,000 0,000 0,000
22 0 0 1,538 323,1 0 0,000 0,000 0,000 Mnimo: 0,15 -0,0927 0,0265
Clculo de h: Clculo de h': 23 0 0 1,538 323,1 0 0,000 0,000 0,000 Mximo: 0,95 -0,8976 0,0265
24 0 0 1,538 323,1 0 0,000 0,000 0,000 Projeto: 0,85 -0,7927 0,0265
h = 0,05720 h' = 0,00207 25 0 0 1,538 323,1 0 0,000 0,000 0,000
26 0 0 1,538 323,1 0 0,000 0,000 0,000 C.S.: 0,00 0,0572 0,0265
As = 25,1327 27 0 0 1,538 323,1 0 0,000 0,000 0,000
Soma 1 = -1,0000 28 0 0 1,538 323,1 0 0,000 0,000 0,000
Soma 2 = 0,0000 29 0 0 1,538 323,1 0 0,000 0,000 0,000
30 4 0,75 -10,000 -434,8 20 12,566 -5463,639 1365,910
-
39
e outras duas delas so a representao da resistncia para as taxas de armadura mnima e
mxima normatizadas.
A Figura 3.14 mostra um trecho da interface da planilha-resumo, onde possvel
alterar as dimenses da seo e as solicitaes de clculo.
Figura 3.14 Interface da Planilha-Resumo
Aps o clculo de todos os valores pertinentes, a planilha gera um grfico
adimensional, como o mostrado na Figura 3.15.
Figura 3.15 baco gerado pela planilha
GEOMETRIA DA SEO TRANSVERSAL:
GEOMETRIA DO CONCRETO:
hx = 20 cm Ac = 600 cm
hy = 30 cm fck = 30 MPa
SOLICITAES DE CLCULO:
Nd = 0,00 kN nd = 0,0000 wmn = 0,00
Md = 70,29 kNm md = 0,2144 wmx = 0,95
wd = 0,125
=> =>
-
40
4 EXEMPLOS DE APLICAO
Os exemplos aqui mostrados so idnticos aos presentes no Captulo 4 de
Carvalho (2009), sendo seus resultados comparados com os advindos da verificao feita pela
planilha como critrio de validao.
4.1 Exemplo 01
Este exemplo se apresenta na pgina 286 de Carvalho (2009).
Calcular a quantidade de armadura necessria (considerada simtrica) para
uma seo transversal retangular (Figura 4.1), com = 3 , = 30 , ao CA-50 e
momento atuante = 70,29 .
30
20
3
Mk=70,29 kN.m
Nk=0
Figura 4.1 Seo do Exemplo 01
Carvalho (2009) encontrou = 0 , = 0,255, e, correspondendo a estas
solicitaes, = 0,61 ( = 18 , ou 425).
Os valores de entrada da planilha so mostrados na Figura 4.2 e na Figura 4.3.
-
41
Figura 4.2 Entradas do Exemplo 01 na Planilha-Base
Figura 4.3 Entradas do Exemplo 01 na Planilha-Resumo
Depois que a planilha gerou todos os resultados, o baco adimensional foi
desenhado e mostrado na Figura 4.4.
GEOMETRIA DAS ARMADURAS:
Camada i: n Barras: bi: Bitola (mm): f (mm) As,unit (cm)
1 2 0,1000 25 10 0,785
2 12,5 1,227
3 16 2,011
4 20 3,142
5 25 4,909
6
7
8
9 bx (in) Domnio bx (fim)
10 Regio III 0 2 0,233
11 Regio II 0,233 3 0,565
12 Regio II 0,565 4 0,9
13 Regio II 0,9 4a 1
14 Regio I 1 5 10000
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25 Fi = Fora nas Armaduras
26 Mi = Momento das foras nas Armaduras em relao ao centroide da seo
27
28
29
30 2 0,9000 25
Razo d'/h = d =
0,1
1 =1
(
)
2 =1
[ 0,5
]
=
=
=
=
=
GEOMETRIA DA SEO TRANSVERSAL:
GEOMETRIA DO CONCRETO:
hx = 20 cm Ac = 600 cm
hy = 30 cm fck = 30 MPa
SOLICITAES DE CLCULO:
Nd = 0,00 kN nd = 0,0000 wmn = 0,04
Md = 98,41 kNm md = 0,2551 wmx = 0,95
wd = 0,664
=> =>
-
42
Figura 4.4 baco do Exemplo 01
A curva correspondente taxa de armadura mnima est muito prxima da
situao de concreto simples para esta seo, de acordo com a planilha. A taxa de armadura
de projeto est mais prxima do mximo normatizado, enquanto que o ponto correspondente
solicitao se apresenta muito prximo da curva de projeto ( 0,63, sendo = 0,664).
4.2 Exemplo 02
Este exemplo se apresenta na pgina 290 de Carvalho (2009).
Calcular as armaduras para a seo apresentada (Figura 4.5) para a seguinte
solicitao:
-
43
30
20
3
Nk
Mk
Figura 4.5 Seo do Exemplo 02
Solicitao: = 918 e = 41 .
A geometria das armaduras idntica do Exemplo 01 alterando-se apenas a
bitola das barras para 20, situao ilustrada na Figura 4.7 (o autor encontrou =
12,4 ). A Planilha-Resumo mostra a solicitao no caso (Figura 4.7). O baco gerado para
o caso mostrado na Figura 4.8.
GEOMETRIA DAS ARMADURAS:
Camada i: n Barras: bi: Bitola (mm): f (mm) As,unit (cm)
1 2 0,1000 20 10 0,785
2 12,5 1,227
3 16 2,011
4 20 3,142
5 25 4,909
6
7
8
9 bx (in) Domnio bx (fim)
10 Regio III 0 2 0,233
11 Regio II 0,233 3 0,565
12 Regio II 0,565 4 0,9
13 Regio II 0,9 4a 1
14 Regio I 1 5 10000
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25 Fi = Fora nas Armaduras
26 Mi = Momento das foras nas Armaduras em relao ao centroide da seo
27
28
29
30 2 0,9000 20
Razo d'/h = d =
0,1
1 =1
(
)
2 =1
[ 0,5
]
=
=
=
=
=
-
44
Figura 4.6 Entradas do caso para a Planilha-Base
Figura 4.7 Entradas do caso para a Planilha-Resumo
Figura 4.8 baco gerado para o caso
O ponto que representa as solicitaes corresponde a uma taxa de armadura
0,39, enquanto que = 0,425, indicando adequao dos resultados.
GEOMETRIA DA SEO TRANSVERSAL:
GEOMETRIA DO CONCRETO:
hx = 20 cm Ac = 600 cm
hy = 30 cm fck = 30 MPa
SOLICITAES DE CLCULO:
Nd = 1285,20 kN nd = 0,9996 wmn = 0,15
Md = 57,40 kNm md = 0,1488 wmx = 0,95
wd = 0,425
=> =>
-
45
5 CONCLUSO
Foi obtida uma planilha capaz de realizar a verificao de sees transversais
retangulares simtricas submetidas flexo composta reta, permitindo que o
dimensionamento de um pilar que tenha estas caractersticas seja feito com relativa facilidade.
A planilha se adequa s condies de posio das armaduras e cobrimentos de
acordo com a necessidade do usurio, aumentando significativamente a quantidade de bacos
adimensionais presentes na literatura e fornecendo meio para que estudantes e profissionais de
engenharia ampliem a preciso de seus projetos e verificaes. No entanto, necessria a
validao completa da planilha com maior quantidade de exemplos, que abranjam mais casos
de solicitao em Domnios de Deformao diferentes, para verificar a atuao desta planilha
nestas situaes.
Sugere-se para trabalhos futuros: a obteno do diagrama de resistncia exato
correspondente a um par de esforos solicitantes e a confeco de uma planilha que obtenha
os diagramas de resistncia para a flexo composta oblqua.
-
46
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS
ASSOCIAO BRASILEIRA DE NORMAS TCNICAS. NBR 6118:2003. Projeto de Estruturas de Concreto Procedimento. 1 Edio. Rio de Janeiro, 2004. 221 p. CARVALHO, R. C. Clculo e detalhamento de estruturas usuais de concreto armado, Volume 2. 1 Edio. So Paulo: Ed. PINI, 2009. 589 p. CAMPOS FILHO, A. Projeto de pilares de concreto armado. Rio Grande do Sul, 2011 SANTOS, L. M. Clculo de concreto armado, segundo a nova NB-1 e o CEB. So Paulo: Ed. LMS Ltda, 1983. SANTOS, L. M. Sub-rotinas bsicas do dimensionamento de concreto armado. So Paulo: Ed. Thot, 1994.