Neomondo 18

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UM OLHAR CONSCIENTE www.neomondo.org.br Ano 2 - Nº 18 - Janeiro 2009 - Distribuição Gratuita NEOMON DO Crise Mundial Desafio 10 Bradesco Pé quente 34 e Neo Portal Neomondo Informação 18

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um olhar consciente

www.neomondo.org.br

Ano 2 - Nº 18 - Janeiro 2009 - Distribuição Gratuita

NeoMoNdo

Construindo 2009

Crise Mundial Desafio

10

Bradesco Pé quente

34

Um olhar consciente

InstitutoInstituto

NeoMondo

NeoMondo

Portal Neomondo Informação

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neo mondo - Julho 2008 2

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Seções

Diretor Executivo: Oscar Lopes LuizConselho Editorial: Oscar Lopes Luiz, Takashi Yamauchi, Liane Uechi, Eduardo Sanches, Marcio Thamos, Terence Trennepohl, João Carlos Mucciacito, Dilma de Melo Silva, Artaet Martins e Natascha TrennepohlRedação: Liane Uechi (MTB 18.190), Gabriel Arcanjo Nogueira (MTB 16.586) e Rosane Araújo (MTB 38.300)Estagiário: Caio César de Miranda MartinsRevisão: Professor Antonio Colavite FilhoDiretora de Redação: Liane Uechi (MTB 18.190)Diretora de Arte: Renata Ariane RosaProjeto Gráfico: Instituto Neo Mondo

Correspondência: Instituto Neo MondoRua Caminho do Pilar, 1012 - sl. 22 - Santo André – SPCep: 09190-000Para falar com a Neo Mondo:[email protected]@neomondo.org.brtrabalheconosco@[email protected] anunciar: [email protected]. (11) 4994-1690Presidente do Instituto Neo Mondo:[email protected]

Expediente PublicaçãoA Revista Neo Mondo é uma publicação do Instituto Neo Mondo, CNPJ 08.806.545/0001-00, reconhecido como Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP), pelo Ministério da Justiça – processo MJ nº 08071.018087/2007-24.

Tiragem mensal de 30 mil exemplares com distribuição nacional gratuita e assinaturas.Os artigos e informes publicitários não representam necessariamente a posição da revista e são de total responsabilidade de seus autores. Proibido reproduzir o conteúdo desta revista sem prévia autorização.

Perfilsocial e ambiental, os grandes desafios do milênioDesenvolvimento sustentável, para o governo, respeita o potencial de cada região.

eCONOMiAentendo a crise mundialo que há de real e de factóide na crise internacional.

a arte de vencer obstáculos a grande lição que os paraatletas brasileiros deixam para o Brasil.

Dica de livro e glossário46

06 10

artigo:espaço Verde urbanocenas da cidade – Paulalyn.

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um olhar consciente da amazônia.

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neo mondo - Janeiro 2009 3

artigo: a crise e o meio ambiente. os impactos da crise nas questões ambientais.

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artigo: o Japão e a crise econômica. os impactos da crise na dura realidade dos brasileiros no Japão.

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esPOrte

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artigo: as lições de atlante na folhinha do autoeletétricoos conhecimentos ocultos de nosso calendário.

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Portal neo mondonovo Portal de notícias é lançado pelo instituto neo mondo.

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artigo: normas brasileiras de responsabilidade social e ambientalentendendo o porquê das normas e das suas exigências.

esPeCiAl

reconstruindo o Vale Do itajaíespecialista defende um planejamento estratégico da ocupação urbana, com bases técnicas, como forma de evitar novas tragédias.

teCNOlOGiA 20

MeiO AMBieNte

natura planeja neutralizar emissão de gasesProjeto carbono neutro vem proporcionando redução nas emissões a cada ano. meta para 2009 é manter o ritmo.

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coop ampliará investimentos sociais e ambientaisa maior cooperativa de consumo da américa latina considera as ações socioambientais como princípios da organização.

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artigo: novos tempos de velhas crisescrise trará mudança na forma de comunicação empresarial com a sociedade.

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Basf seguirá investindo na política de sustentabilidadeProteção climática sustentável será um dos alvos para o próximo ano.

30 Bradesco capitalização mantém o pé quenteVincular produtos com ações socioambientais promove ganhos a sociedade.

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unicamp desenvolve novas tecnologiasuniversidade cria empresa para viabilizar projeto e ampliar o seu alcance social.

38 artigo: os efeitos do Pré-salcomo garantir que a descoberta dessa verdadeira mina signifique algo de proveitoso para os brasileiros.

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artigo: o “novo velho” acordo ortográfico e suas alteraçõesPesquisas mostram que seriam necessários 10 anos para adaptação às novas regras.

41 esPAÇO VerDe UrBANO42

fisCAl DA flOrestA

44

Cah
Typewriter
Entendendo a Crise Mundial
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Editorial

Um olhar consciente

InstitutoInstituto

NeoMondo

NeoMondo

O grande prazer do jornalismo está no aprendizado diário e na possibilidade de acesso e

contato com pessoas que dedicam sua vida em busca do conhecimento, de novas soluções e da execução de grandes obras, que tornem a vida e o planeta sustentável. E é gratificante descobrir que o empreendedorismo, a capacidade de reconstrução, a boa vontade, o profundo conhecimento técnico e o interesse real pelo desenvolvimento dessa nação movem muitos brasileiros. E para a sorte do Brasil, eles são muitos. Cabe a nós, enquanto veículo de comunicação, dar-lhes espaço e tornar audíveis as suas vozes. É o que temos feito nessa nossa, ainda curta, jornada. Nesse segundo ano de existência da Revista Neo Mondo, continuamos a trazer aos nossos leitores informações claras, objetivas e imparciais, mas com uma indisfarçável tendência às abordagens e visões que primam pelo desenvolvimento social, com premissas de sustentabilidade ambiental.Nessa primeira edição de 2009, buscamos explicações e interpretações da crise econômica sem precedentes que se globalizou e atingiu indistintamente a todos. Nossa motivação foi esclarecer, do modo mais acessível, as questões que estão envolvidas nesse assunto. Acreditamos que conhecer o que nos

afeta é a primeira forma de reagir ao pessimismo, que definitivamente, não traz soluções.Uma de nossas posturas sistemáticas na revista é mostrar que a utilização do conhecimento técnico e do planejamento é essencial na construção diária do nosso país. Nessa mesma linha, conheceremos a opinião de especialistas que indicam como o Vale do Itajaí deveria ser reconstruído de modo a evitar novas tragédias como a ocorrida em novembro último.Também visitamos o planejamento de grandes organizações nacionais para entender como a questão socioambiental será tratada nesse ano que se inicia.E como 2009 promete exigir de nós a qualidade da superação, não poderíamos deixar de resgatar no passado recente, o exemplo dos paraatletas brasileiros, campeões na arte de sobrepor dificuldades e que encheram de orgulho a Pátria mãe, na última Paraolimpíada. “Construindo 2009” é o nosso tema central e fazê-lo com critério e ética é responsabilidade de cada um de nós. Boa leitura! E um ótimo 2009!

Liane UechiDiretora e Redaçã[email protected]

neo mondo - Janeiro 20094

Construindo

2009

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5neo mondo - agosto 2008

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neo mondo - Janeiro 20096

Desenvolvimento sustentável, para o governo, respeita o potencial de cada região. Gabriel Arcanjo Nogueira

Perfil

O correto é incluir para crescer; brasileiro precisa

acreditar na sua potencialidade“”

O slogan “Brasil um país para todos” é diretriz de trabalho do ministério de Desenvolvimento social – mDs, que tem no comando o mestre em Direito Processual, político experiente no legislativo e executivo, Patrus ananias de sousa, que reservou um tempo para neo mondo entre seus compromissos de início de ano. com orçamento de r$ 33 bilhões em 2009 (foram r$ 29 bilhões em 2008),

o ministro tem um recado especial para os leitores da revista: “nossa gente é nosso maior investimento, e o desenvolvimento do País se faz com qualidade e sustentabilidade. as obras do Pac são instrumentos de melhoria de vida para as pessoas”.

Os grandes desafios do Milênio SOCIAL E AMBIENTAL,

Neo Mondo - Como o governo vê o País sob o ângulo da sustentabilidade e do desenvolvimento socioambiental? Patrus - O governo do presidente Lula tem se pautado por promover o desen-volvimento integral e integrado, con-siderando aspectos econômico, social, ambiental, cultural e político. A própria criação do Ministério do Desenvolvi-mento Social e Combate à Fome (MDS) é decorrente disso. O governo acredita que os recursos das políticas sociais não são gastos, mas investimentos, que re-tornam para a sociedade proporcionan-do mais coesão social, mais segurança, mais desenvolvimento. Por muitos anos prevaleceu no Brasil a lógica de que era necessário fazer crescer o bolo para de-pois dividir. Agora estamos conseguin-do inverter essa equação; mostramos que o correto é incluir para crescer me-diante um modelo de desenvolvimento

sustentável, com apoio aos processos de desenvolvimento local, respeitan-do o potencial de cada região. O que nos possibilita promover o encontro do social com o ambiental, duas questões que se apresentam como os dois princi-pais desafios para este milênio. Neo Mondo - Lula fechou o ano de 2008 com índice de aprovação de 73%, recor-de para um presidente brasileiro. Como o senhor avalia esse desempenho? Patrus - Penso que o presidente Lula deixará sua marca na história do Brasil, sobretudo porque tem feito o brasi-leiro acreditar na sua potencialidade, acreditar no Brasil, graças em grande parte às suas políticas sociais, que cum-prem um papel importante no proces-so de redução das desigualdades que estamos conseguindo alcançar. O Pro-grama de Aceleração do Crescimento

(PAC) vai nessa direção, por ser um conjunto de obras de infraestrutura, com forte dimensão social, não só pela geração de trabalho e renda, mas tam-bém por investir em urbanização de vilas e favelas e obras de saneamento básico, promovendo integração das questões econômicas com questões sociais e ambientais. Neo Mondo - O PAC leva em conta a sustentabilidade? Patrus - O PAC é um bom exemplo da proposta de integração das políticas, na perspectiva de buscar estimular o desenvolvimento integral e integrado e também considerando o desafio de promover a integração das cidades. É importante observar que no PAC os invetimentos necessários em infraes-trutura não se apresentam como um fim, mas como um instrumento de melhoria de vida das pessoas. Com in-vestimento global na ordem de R$ 504 bilhões, vai estimular o crescimento do País com qualidade e sustentabilidade. Uma de suas estratégias é o Plano de Qualificação Setorial da Construção Civil (Planseq), voltado para o Bolsa Família. A proposta é capacitar 185 mil pessoas,

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Os grandes desafios do Milênio

neo mondo - Janeiro 2009 7

SOCIAL E AMBIENTAL,

dentre os beneficiários do Bolsa Família, para qualificação de mão-de-obra para o setor e também para que possam aproveitar as oportunidades de empre-go geradas a partir das obras do PAC. Neo Mondo - Como o senhor coloca as ações de seu ministério na perspectiva do desenvolvimento sustentável do País? Patrus - Tenho dito que os dois prin-cipais desafios que se nos colocam nesse início de milênio são justamente as questões social e ambiental. Temos de investir de maneira vigorosa em políticas ambientais. Afinal, a degra-dação ambiental também provoca degradação econômica e social. Procu-ramos trabalhar com as perspectivas que nos permitam enfrentar a dialética apresentada às políticas ambientais de preservar os ecossistemas, mas também de possibilitar a vida digna às pessoas. Dentre essas ações, podemos desta-car, por exemplo, os investimentos na agricultura familiar e o programa de construção de cisternas de capta-ção de água de chuva, considerando as específicas do MDS. Além das ações de cooperativismo e desenvolvimento local que explore e respeite o potencial de cada região. Também é importante considerar intervenções urbanas que se preocupem com integração das cidades de modo a promover o equilíbrio entre homem e meio ambiente.

Neo Mondo - Quais as perspectivas e ex-pectativas para 2009 e daqui para a frente? Patrus - Fechamos 2008 com importan-tes conquistas na área social. Executa-

mos no MDS um orçamento de R$ 29 bilhões que nos permitiu avançar nas áreas de Assistência Social, Segurança Alimentar e Nutricional, Transferência de Renda e Inclusão Produtiva. Para 2009, o ministério conta com um orça-mento de R$ 33 bilhões, confirmando a decisão do presidente de continuar manter e ampliar os investimentos nas políticas sociais. Se ainda não são os re-cursos para viabilizar efetivamente tudo do que precisamos fazer para resgatar nossa grande dívida social, é sinal de que estamos fazendo o máximo, dentro do razoável e dos limites da responsa-bilidade fiscal, para superar os proble-mas sociais acumulados ao longo da nossa história. Estamos, com os recursos disponíveis, consolidando uma rede de proteção e promoção social cujos resultados abrem grandes perspectivas para o País. Sabemos que o cenário internacional, em função da crise gerada no cerne do sistema capitalista, lança uma sombra sobre essas conquistas. No entanto, o presidente Lula tem reafir-mado seu compromisso com os pobres e anuncia medidas importantes para que possamos ampliar nossos horizontes na direção do desenvolvimento integral e integrado que assegure a todos um pa-tamar comum de direitos e oportunida-des. O próprio aumento do orçamento do ministério para 2009 comprova isso.

Neo Mondo - Que mensagem o se-nhor tem para o leitor da Neo Mondo?

Patrus - Digo aos leitores que observem, atentamente, as palavras do presidente Lula, que tem dito, várias vezes, que os pobres não podem mais pagar as contas. Suas palavras têm sido sempre seguidas de ações voltadas para proteção e promoção dos mais pobres porque acreditamos que só podemos enfrentar nossos problemas se trabalhamos de maneira integrada e na perspectiva de incluir para crescer. Nossa gente é nosso maior investimento. Agora, por exemplo, o mundo, a partir de um grave erro no cerne do sistema financeiro do mundo capitalista, sofre com a ameaça de uma crise econômica. Essa situação impõe a todos a necessidade de refletir sobre o momento que estamos vivendo, para buscar alternativas mais sustentáveis de desenvolvimento, na qual os países de-vem ser respeitados em sua soberania. O Brasil não está de fora do risco, embora nossa economia já tenha demonstrado que está mais forte e com mais condições de reação do que em tempos anteriores. Nossa economia está dando sinais claros de estabilidade. Ainda assim adotamos necessárias providências, implementadas especialmente pelas autoridades da área econômica, em conformidade com as diretrizes presidenciais. Mas sabemos também que um dos pontos que temos a nosso favor é o elevado potencial de nosso mercado interno que durante muitos anos foi ignorado no país e os investimentos nas políticas sociais estão mudando esse quadro.

Ministro Patrus: “Nossa gente é nosso maior investimento”

Bruno spada/ mDs

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08 neo mondo - Janeiro 2009

D ada a magnitude e o alcance da atual crise econômica, o mundo sem dúvida sofrerá uma signifi-

cativa desaceleração econômica - de grau e duração incertos -, afetando profunda-mente todos os aspectos da sociedade mundial. Das muitas áreas que serão impactadas pela desaceleração, destaca-se, em particular, o meio ambiente. Por estarem intimamente ligados ao ritmo de consumo dos recursos naturais, esforços significativos para diminuir o declínio ambiental se mostrarão muito caros.

no geral, o crescimento estável da economia mundial - em sua a maior parte impulsionado pela fenomenal expansão econômica na china, Índia e outras na-ções - exigia um aumento correspondente na demanda de todas as formas de ener-gia, especialmente de combustíveis fósseis (petróleo, carvão e gás natural), causado-res do efeito estufa.

o resultado, não muito surpreen-dente, era a previsão de um dramático aumento na emissão de dióxido de car-bono (co2), a principal fonte dos gases responsáveis pelas mudanças climáticas do efeito estufa. o aumento na taxa de emissão desses gases precipitaria altera-ções climáticas globais, resultando em secas persistentes, no aumento da ativi-dade de tempestades, e num significativo aumento do nível do mar.

ao mesmo tempo, porém, a escalada no preço do petróleo - causada pelo forte au-mento da demanda - juntou-se à crescente conscientização dos riscos do aquecimento global, resultando em impulso inédito nos investimentos em energias alternativas. muitos governos, empresas de energia e in-vestidores capitalistas de risco anunciaram planos de injetar altas somas no desenvol-vimento de combustíveis alternativos, bem como em melhores métodos para a obten-ção de energia eólica e solar.

como a atual crise econômica afeta-rá este cenário? há tanto boas quanto más notícias.

O lado boma boa notícia é que os tempos econô-

micos difíceis levarão as pessoas a dirigir e voar menos, consumindo menos ener-gia e diminuindo a expectativa quanto à emissão de gases causadores do efeito estufa. se a crise econômica se aprofun-dar, os consumidores ao redor do mundo devem cortar viagens e uso de energia, consumindo menos petróleo e diminuin-do as emissões de co2.

O lado ruimhá, também, uma desvantagem nisso

tudo. a mais grave é o risco de que investi-dores capitalistas deixem de aportar dóla-res em projetos energéticos inovadores.

os governos também podem ter um período difícil no levantamento de fun-dos para projetos energéticos alterna-tivos. na verdade, os líderes de alguns países já pedem, devido à crescente crise econômica, um abrandamento nos es-forços pela diminuição das emissões de gases causadores do efeito estufa. É pre-visto que os líderes europeus implemen-tem um plano detalhado para atingir esse objetivo o mais rápido possível.

ainda não está claro se a crise irá fa-zer mais bem ou mal ao meio ambiente. no curto prazo, ela certamente deve di-minuir o aumento nas emissões de dióxi-do de carbono. Vai, também, causar um atraso no desenvolvimento de projetos ambientalmente perigosos. mas, se a crise frear o desenvolvimento de ener-gias alternativas por qualquer período de tempo, ela acabará cancelando os efeitos positivos. muitos esperam e observam o que acontece nos mercados financeiros globais. Do mesmo modo, o veredicto é ainda incerto sobre o derradeiro impacto da crise sobre o meio ambiente.

Assessor da Qualidade, Meio Ambiente, Responsabilidade Social e Ouvidoria. Engenheiro com mestrado

em Qualidade e Pós-graduação em Gestão Ambiental.

Artaet Arantes da Costa Martins

e o meio ambienteOs impactos da crise nas questões ambientais.

A Crise Mundial

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neo mondo - outubro 2008 A

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eCONÔMiCA MUNDiAl

neo mondo - Janeiro 200910

O que há de real e de factóide na crise internacional e como o Brasil poderá superar esse período.Liane Uechi

economia

ENTENDENDO A CRISE

O ano de 2008 terminou e o novo se iniciou tendo como tema a crise econômica mundial. as-

suntos e termos técnicos como subpri-me, bolha, bolsa de valores em baixa e outros termos do “economês” passaram a bombardear os noticiários, ressoando mais alto que os fogos de artifício que brindaram as festas de réveillon. o ci-

dadão se vê numa corrente de expectati-vas negativas que crescem à medida que notícias como demissões em massa, fé-rias coletivas, cortes de investimentos, fechamentos de unidades, dentre ou-tros, começam a entrar nos lares brasi-leiros, não apenas via notícias jornalís-ticas, mas também pela porta da frente. apesar de tantos comentários, ainda há

um desconhecimento do que gerou essa crise e dos seus reais impactos para a sociedade brasileira.

o economista e assessor do gabinete da reitoria da universidade Federal do Pampa, no rio Grande do sul, eduardo mauch Palmeira, traduziu para a revista neo mondo, os principais pontos refe-rentes a essa crise sem precedentes.

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neo mondo - Janeiro 2009 29neo mondo - Dezembro 2008 15

Neo Mondo: Qual o fator responsável pela crise econômica? Onde começou?EMP: Começou nos Estados Unidos, que demonstraram ao resto do mundo que a sua dita supremacia econômica e política não era tão sólida assim. A falta de transparência administrativa e a maneira como grandes empresas americanas demonstram seus pare-ceres contábeis, leva a crer que não existe seriedade por parte de seus dirigentes. O que causa estranheza, pois não faz muito tempo era comum escutarmos por parte da imprensa americana que o Brasil não era um país confiável contabilmente. Porém, um fato merece ser lembrado: a falên-cia da Enron, então considerada uma potência empresarial, que em 2001 pediu concordata e, dez dias depois, o Congresso Americano descobriu que a empresa possuía uma dívida aproximada de 22 bilhões de dólares. Em diversos artigos, foi considerada a falência mais importante da história empresarial americana. A Enron era a sétima maior empresa dos Estados Unidos e uma das maiores empresas de energia do mundo. No Brasil, a Enron mantinha participações na CEG/CEGRio, no Gasoduto Brasil / Bolívia, na Usina Termoelétrica de Cuiabá, na Eletrobolt, na Gaspart e na Elektro. Isso nos leva a refletir sobre a atitude que tomou conta de milhares de inves-tidores que, na busca de lucros rápidos e fáceis, apostaram em empresas que não foram capazes de corresponder às expectativas. O fato de que os bancos americanos financiaram seguimentos a descoberto, principalmente no ramo imobiliário, onde as classes menos favorecidas daquele país adquiriram imóveis sem ter condições de pagar, foi o estopim da crise.

Neo Mondo: Sendo assim, essa era uma crise previsível?EMP: O Prêmio Nobel de economia de 2008, Paul Krugman, nos idos de 1997/98, já alertou sobre a formação de uma “bolha”, mas nem o governo americano nem as empresas acredita-ram no brilhante economista. O resul-tado é essa crise que desencadeou não só os problemas no setor financeiro americano, mas também no segmento

automobilístico, que há vários anos demonstra em seus balanços prejuízos. A teoria liberal de que o mercado se auto-regula é uma falácia. O certo é que não existe almoço de graça, alguém sempre irá pagar a conta, de uma forma ou de outra.Os economistas não possuem “bola de cristal” para prever o futuro, mas é possível dizer que o fim da atual crise financeira mundial está muito distante.

Neo Mondo: Por que a crise nos EUA se tornou internacional?EMP: A crise tornou-se internacional em função da globalização imposta pelos EUA. Os americanos possuem um padrão de consumo em massa de produtos e serviços. Com a redução desse consumo, os EUA afetam o comércio globalizado, influindo direta-mente no PIB - produto interno bruto dos demais países exportadores.

Neo Mondo: Por que as Bolsas de Valores foram afetadas?EMP: Há uma história que ilustra bem o que aconteceu no mercado de ações. Chama-se “Os Burros e o Mercado”:“Uma vez, num pequeno e distante vi-larejo, apareceu um homem anuncian-do que compraria burros por R$10,00 cada. Como havia muitos burros na re-gião, os aldeões iniciaram a caçada. O homem comprou centenas de burros a R$10,00 e, como os aldeões dimi-nuíram o esforço na caça, o homem anunciou que pagaria R$20,00 por cada burro. Todos, novamente foram à caça, mas os burros foram escassean-do e os aldeões desistiram da busca. A oferta aumentou então para R$25,00 e a quantidade de burros tornou-se tão pequena que já não havia mais interesse em caçá-los. O homem então anunciou que compraria cada burro por R$50,00. Como precisava viajar deixou seu assistente cuidando dos negócios. Na ausência do homem, o assistente propôs aos aldeões: - Sabem os burros que o homem comprou de vocês? Eu posso vendê-los a vocês a R$35,00 cada. Quando o homem vol-tar da cidade, vocês vendem a ele pe-los R$50,00 que ele oferece e ganham uma boa bolada. Os aldeões

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12 neo mondo - Janeiro 2009

economia

pegaram suas economias e compraram todos os burros do assistente. Os dias se passaram e eles nunca mais viram nem o homem nem o seu assistente, somente burros por todos os lados”. De modo semelhante, o mercado de ações foi afetado, diante da bolha imobiliária. Ocorreu uma epidemia de calotes e hipotecas cobradas que, por sua vez, fez com que os títulos anco-rados nessas hipotecas, que circulam no mercado, despencassem de valor, gerando um ciclo vicioso que levou a uma crise jamais vista.

Neo Mondo: Há, nesse início de ano, uma previsão bastante negati-va de desaceleração no crescimento. Esse ambiente pessimista, no Brasil, tem fundamento ou tem um pouco de “alarmismo”?EMP: Os comentários são vários, mas creio que o Brasil está fazendo mais alarde do que o necessário. É claro que as dificuldades existem, mas o mundo inteiro vinha consumindo de forma exagerada, baseada nas regras de consumo dos EUA. O setor produti-vo vai sentir o reflexo da crise mundial sim, mas se as empresas revisarem os seus planejamentos estratégicos, com certeza, passarão por esta crise e sobreviverão para colher bons frutos ao longo dos próximos anos.

Neo Mondo: Quais os setores da economia brasileira que mais serão atingidos?EMP: Os setores automobilístico e de metal-mecânico, que por sua vez afe-tam os segmentos ligados a extração de minérios. Também é claro, o merca-do financeiro, pois este reduziu a libe-ração de crédito, freando o consumo de bens e serviços. Mas acredito que os países emergentes sairão fortaleci-dos desta crise. A China há dez anos

tem demonstrado um crescimento de 10% a 12% e deve agora reduzir a patamares de 6% a 7%, o que é aceitá-vel. O grupo BRIC (Brasil-Rússia-Ìndia-China) não sofrerá tanto porque têm o consumidor interno. Embora os EUA sejam o maior consumidor mundial têm outros países que podem substi-tuir, em parte, o consumo americano.

Neo Mondo: Medida como a demissão em massa, adotada por algumas em-presas, é a melhor saída para enfren-tar esse período de crise?EMP: Não me parece à melhor opção, mas é sem dúvida a mais rápida e, por isso, normalmente adotada por nossas empresas. Todos os dias somos infor-mados pela mídia sobre demissões e anúncios de férias coletivas que se multiplicam pelo mundo com a inter-rupção da produção e o fechamento de fábricas. Os EUA já eliminaram 1,2 milhões de vagas em apenas três meses. A Europa anuncia 10 mil novas demissões a cada dia. O mercado de trabalho entrou em recessão agravado pela escassez do crédito. Sem ele, são afetadas as duas pontas dinâmicas da economia: produção e consumo. Assim, o ciclo que empurra a econo-mia – produção, emprego, consumo – entrou em colapso, e pode modificar a forma de pensamento econômico conhecida até hoje.

Neo Mondo: Os avanços sociais e ambientais poderão ser ameaçados pela crise? EMP: Devemos observar que existe uma crise de sustentabilidade, onde o modelo imposto pelos EUA faz com que os países explorem os recursos naturais até exaustão. A visão que estes pregam é que os recursos do planeta estão aí para serem consumi-dos. Trata-se de uma visão utilitarista,

em função de majorar a produção e os lucros, sem responsabilidade sócio-econômica-ambiental e nem respeito com as gerações futuras. A exploração da terra para novos biocombustíveis atinge diretamente a segurança ali-mentar de muitos povos. O acesso às fontes de vida (terra, sementes, água, biodiversidade) e aos recursos naturais (em particular os da energia) já é o maior risco de conflitos e guerras. A ONU publicou recentemente estudo que mostra que a falta de água cria o risco de conflitos em 46 países, o que leva a crer que a próxima crise poderá ser a da Água.

Neo Mondo: Como o Brasil e os brasi-leiros devem enfrentar essa crise?EMP: Vamos situar a dificuldade onde ela é real. Não dá para estendê-la para o resto da economia brasileira. Esta crise atinge primeiramente as grandes empre-sas exportadoras. As pequenas empre-sas sofrerão com o efeito “dominó”, uma vez que estas são fornecedoras de serviços, peças, equipamentos, etc. Ela está impactada diretamente no merca-do financeiro e o cenário ficou grave para os especuladores das Bolsas de Valores. Para o cidadão comum deixo uma mensagem que li há poucos dias: “Crise não existe! Desligue a televisão e trabalhe. Você se surpreenderá com os resultados”. Quem sabe assim podemos superar esse período conturbado? Sem esquecer que alguém vai lucrar e muito com estes acontecimentos.

... não existe almoço de graça, alguém sempre irá pagar a conta, de uma forma ou de outra“

O economista Eduardo Mauch Palmeira

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neo mondo - Janeiro 2009 13

O ano de 2008 se encerrou com crise econômica sem precedente, abalando todos os países. no Ja-

pão não poderia ser diferente.considerada pelos especialistas como

a segunda maior economia do mundo, a Bolsa nikkei sofre altos e baixos com os-cilações do dólar, do euro e o iene super valorizado, o que torna as exportações de produtos japoneses inviáveis. Quem pode comprar?

as empresas apelam para demissões, milhares de empregos temporários de-saparecem, não há perspectiva de novas contratações.

o governo do país está atento, pro-mete ajuda às indústrias que permitirem a permanência dos ex-empregados nas residências. e acena também com um subsídio de alguns mil ienes para as com-pras do ano novo.

mas, isso é pouco. nao irá resolver a situação, cada vez mais grave.

os partidos da coalizão no poder pro-puseram a soma de 20 bilhões de dólares para medidas emergenciais contra o de-semprego, destinadas, principalmente, a trabalhadores temporários e universitários prestes a se formarem, que estão ameaça-dos pela crise.

o pacote econômico pretende garantir trabalho a 1,4 milhão de pessoas e ampliar critérios para inscrição no seguro desem-

prego. e, também, garantir auxílio às em-presas que contratarem como fixos os fun-cionários temporários, modalidade mais comum entre as empresas japonesas.

incluiu ainda empréstimos para cus-tear despesas com aluguel residencial pois, uma vez demitidos, os desempre-gados também ficam sem moradia. em tóquio, o numero dos homeless, sem teto, cresceu 15% somente nesta virada de 2008 para 2009.

a situação torna-se ainda mais dificil para os trabalhadores brasileiros que vie-ram para o Japão buscando a realização de um sonho. as empreiteiras não con-tratam, as indústrias estão demitindo em massa. na cidade de hamamatsu, onde se concentram muitos dos 333.000 dekasse-guis, houve até manifestação dos desem-pregados que sairam às ruas em protesto pela perda do emprego e da moradia.

esse dado torna a realidade mais som-bria. o trabalhador reside em alojamento da empresa e, com a demissão, tem que desocupar o local.

há casos de famílias vivendo em ten-das, dentro de carros ou em estações de trem. estamos no inverno, com tempera-turas próximas a zero grau. a imprensa noticia que grupos de voluntários, ligados a diferentes credos religiosos, têm feito mapeamento dos sem-teto, e levado a eles agasalhos e alimentos.

Dilma de Melo Silva

são medidas paliativas e alguns que-rem esperar um pouco mais na esperança de que as coisas melhorem, de que as me-didas governamentais colaborem...

se tomarmos como indicador a situa-ção das escolas para filhos de brasileiros, veremos que o futuro não é alentador. em 2008 existiam no Japão 98 escolas autori-zadas a funcionar pelo ministério da edu-cação Brasileiro. cerca da metade já fechou e as restantes têm de 40% a 50% de vagas preenchidas para 2009. as famílias volta-ram ao Brasil, ou então as crianças foram com um dos pais ou parente, deixando as escolas sem alunos.

o ano de 1990 ficará como marco por ter sido o período mais promissor dos dekasseguis, mas infelizmente 2008, ano da comemoração do centenário da imigra-ção Japonesa no Brasil, ficará na memória de todos como o ano em que os sonhos terminaram...e o ano de 2009...um ponto de interrogação.

Correspondente especial de Quioto – Japão

Professora doutora da Escola de Comunicações e Artes da

Universidade de São Paulo, socióloga pela FFLCH\USP, mestre pela Universidade

de Uppsala, Suécia, e Professora convidada para ministrar aulas sobre

Cultura Brasileira na Universidade de Estudos Estrangeiros.

O JapãoOs impactos da crise na dura realidade dos brasileiros no Japão.

e a crise econômica

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Da Redação

A ARTE DE VENCER

OBSTÁCULOS

neo mondo - Janeiro 200914

A grande lição que os paraatletas brasileiros deixam para o Brasil.

Neste momento de crise econômica mundial e expectativas pessimis-tas, vale olhar para um passado re-

cente e descobrir que são nas dificuldades que se escondem os caminhos da supera-ção. a Paraolimpíada de Pequim, ocorrida em setembro de 2008, registrou imagens que merecem ser revistas e gravadas como um emblema para 2009. o exemplo dos

paraatletas brasileiros, que surpreenderam pelos resultados, mostra que a capacidade de superação e a força do trabalho ainda são os melhores aliados para vencer qual-quer crise. esses atletas são experts em transformar obstáculos, dificuldades e des-crença em metais valiosos.

Prova maior dessa excepcional performance foi vista em 2008, quan-

do o Brasil alcançou a 9ª posição no ranking da Paraolimpíada de Pequim. nesse evento, com menos assédio da mídia, os brasileiros trouxeram no peito 16 ouros, 14 pratas e 17 meda-lhas de bronze, quebrando paradigmas e comprovando que a eficiência trans-cende as limitações físicas, sociais e da visibilidade.

Lucas Prado, recordista mundial do Atletismo

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De grão em grão...

Deficiência eficiente

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responsável pela conquista de cinco medalhas em Pequim, o nadador andré Brasil ensina que a mais importante lição está na dedicação e na seriedade com que são realizados os projetos de vida. aos três meses, ele foi vítima de poliomielite que o deixou com uma seqüela na perna esquerda. Para amenizar seus efeitos, o médico sugeriu que ele se dedicasse à natação. iniciou treinan-do com pessoas não-portadoras de deficiências e posteriomente, descobriu que poderia competir como paraatleta. “muita gente não sabe que ele compete na categoria para atletas com baixo grau de deficiência física, mas quando tomam conhecimento, se surpreen-dem. sua excelente atuação também motiva outras pessoas porta-doras de deficiência” – destaca Joana Bueno, uma das responsáveis pelo instituto superar, organização que agencia alguns dos princi-pais paraatletas brasileiros, entre eles andré Brasil.

Para Joana, os bons resultados obtidos por esses atletas vem abrindo espaço para novos atletas.

a história do recordista mundial nos 100m e 200m, lucas Prado, que ganhou nove das dez competições que participou em Pequim, também se asse-melha à do nadador. após perder a vi-são em 2006, desenvolveu habilidades antes desconhecidas. aceitou o convite de um amigo parataleta para dedicar-se ao esporte, porque vislumbrou a pos-sibilidade de viajar e conhecer novos lugares, como sempre quis. “sempre gostei de quebrar barreiras e quando percebi que poderia ir além, aproveitei.

É emocionante demais ouvir as vozes e tentar imaginar o que está se passando e ao mesmo tempo, relembrar de todo o caminho que enfrentei para alcançar este resultado” – disse Prado.

ele é um grande incentivador da prática para-esportiva, visando manter uma trajetória de ascensão, de vitórias e valorização. “não sou imbatível, quero que outras pessoas corram contra o tempo, não contra mim, e que batam novos recordes. Precisamos de mais atletas de ponta para obter mais investimentos. esta-mos fazendo a nossa parte” – afirmou.

André Brasil, destaque da Natação brasileira

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Daniel Dias, recordista mundial de natação

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... Ainda falta visibilidadeDe acordo com Joana Bueno, do ins-

tituto superar, o preconceito tem diminu-ído aos poucos, porém, ainda falta visibi-lidade. “o comitê Paraolímpico Brasileiro levou para a cobertura de Pequim 26 pro-fissionais, somente um representava a mí-dia impressa e, mesmo assim, tínhamos pouco espaço nos telejornais” – ressalta.

ela conta que a pouca divulgação também se deu nos demais países, frus-trando os leitores, internautas e especta-dores que esperavam mais informações sobre as provas.

“Durante as competições, um editor de esporte de um grande jornal brasileiro negou-se a publicar os resultados da Pa-raolimpíada, alegando que não se tratava

de esporte, mas de responsabilidade so-cial” – lamenta Joana.

contudo, ela diz que os resultados mu-daram este quadro e quem confirma isso é lucas Prado: “antes dos bons resultados nenhum veículo de comunicação se inte-ressava. agora, são várias solicitações de entrevistas” – revela ele.

segundo a representante do supe-rar, esta exposição, mesmo que tardia e ainda limitada, é importante para o fortalecimento e o desenvolvimento de novas parcerias com empresas que co-meçam a enxergar o patrocínio desses atletas por um novo prisma. suas mar-cas estarão relacionadas à garra, deter-minação, persistência.

De acordo com Francisco sogari, jor-nalista e Fundador Presidente do institu-to Gabi, que atende pessoas portadoras de necessidades especiais, a pessoa com deficiência carrega um grande estigma, causado por uma série de “nãos” que lhe são impostos pela sociedade, o que repri-me a capacidade de pensar, sentir e agir. “É preciso dar as condições para que eles desenvolvam seus potenciais criativos e espontâneos, e uma das formas de se fa-zer isso é investir no esporte. ele é um importante aliado para que essas pesso-as respondam a esse estímulo, por vezes mais lento, mas real” – afirma sogari.

“o desempenho da delegação brasi-leira na Paraolimpíada teve um simbolis-mo muito especial para todos os que lu-tam pela causa: a superação dos limites e a convicção do potencial transformado em resultados” – conclui.

Que todo esse esforço sirva como li-ção para 2009.

Daniel Dias, competindo na natação

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17neo mondo - Janeiro 2009

Márcio Thamos

denado por Júpiter a sustentar nos próprios ombros todo o peso da abóbada celeste foi um grande conhecedor dos mistérios do céu estrelado e, segundo poetas antigos, ensinou aos homens a ciência dos astros e sua regu-laridade perfeita. o titã atlante é, sem dúvi-da, e em todos os sentidos, um dos maiores benfeitores da humanidade. sem a força excepcional de seus músculos seríamos fa-talmente esmagados pela queda abissal das altas esferas, e sem a impressionante juste-za de seus ensinamentos jamais teríamos a nossa formidável folhinha de todo dia.

os mais antigos calendários se basea-vam nas revoluções da lua. com suas fases enigmáticas e brilho intenso estampando o céu noturno das cidades de outrora, é natural que ela tenha atraído logo a aten-ção dos primeiros observadores interessa-dos na constância solene dos corpos side-rais. assim como o espaço entre o nascer e o pôr do sol estabelece naturalmente a duração do dia, a lunação, isto é, o perí-odo compreendido entre duas luas novas sugere a noção do mês. mas o ciclo solar, embora mais difícil de se perceber, não demorou a ser estudado e adotado como referência para o ano, ainda na antiguida-de remota. ao longo de séculos e milênios, sumérios, babilônios, egípcios, helenos e romanos contribuíram para a instituição e o aprimoramento do refinado sistema de marcação do tempo que, com relativamen-te poucas adaptações, adotamos até hoje.

na folhinha do autoelétrico

Os conhecimentos ocultos de nosso calendário.

As lições de Atlante

2009

Doutor em Estudos Literários. Professor de Língua e Literatura Latinas

junto ao Departamento de Linguística da UNESP-FCL/CAr,

credenciado no Programa de Pós-Graduação em Estudos Literários da

mesma instituição. Coordenador do Grupo de Pesquisa

LINCEU – Visões da Antiguidade Clássica.

J aneiro é mês de ganhar “folhinhas”, o calendário, editado em formatos di-versos, imprescindível na programa-

ção das atividades do ano que se inicia. Fui trocar a bateria do carro, que andava meio arriada, e recebi, como cortesia do autoelé-trico, minha primeira folhinha deste ano. coisa corriqueira, que a gente prende na porta da geladeira, esquece em qualquer gaveta, ou simplesmente joga fora. mas o calendário condensa uma sabedoria an-cestral e representa um grande avanço nos passos da humanidade, vim pensando en-quanto voltava para casa com a bateria do carro tinindo...

o calendário estabelece a organização e, por conseguinte, o domínio do tempo pelo homem – o tempo, essa força abstrata e natural, continuamente em fuga, que dei-xa as marcas mais concretas em nossa vida. e a vida, que é por princípio movimento, encontra no calendário sua medida. uma medida que relaciona, a partir de regulari-dades observáveis, os eventos humanos às revoluções dos astros, convertidos desde então em pontos de referência no céu. o calendário nos põe a todos em sintonia cós-mica, regrando nossa atuação telúrica de acordo com a animação celestial. símbolo do eterno recomeço, ele nos inspira a ideia de uma verdadeira comunhão universal. a astronomia foi sempre filosófica.

o mito de atlante, ou muito comumente atlas, é bastante conhecido. o gigante con-

uma curiosidade é que os nomes dos meses em nosso calendário vêm do latim. mas setembro não é o mês sete, outubro não é o mês oito, novembro não é o mês nove e dezembro não é o mês dez... É que, segundo a tradição, no tempo de rômulo, o calendário latino tinha apenas dez me-ses, começando o ano em 1º. de março. Posteriormente, o rei numa Pompílio teria acrescentado os meses de janeiro e de fe-vereiro, fixando para roma um calendário de doze meses.

Pensando no desenvolvimento huma-no duramente perseguido pelos estudiosos antigos que nos legaram um conhecimento tão notável – que mal notamos em nosso dia-a-dia –, estou com vontade de mandar fazer uma moldura e pendurar em lugar de destaque na parede da sala a singela folhi-nha que ganhei no começo do ano.

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Portal

O instituto neo mondo estará lan-çando em fevereiro seu Portal na rede mundial de computadores.

nele, os visitantes terão acesso a farto con-teúdo informativo. o instituto edita duas revistas socioambientais voltadas ao públi-co adulto e infantil: a neo mondo e a neo mondo Kids. todo material publicado nas revistas, desde a primeira edição em junho de 2007, estará disponível no Portal, orga-nizado de acordo com editorias: economia, saúde, tecnologia, educação, meio ambien-te, social, comportamento, etc.

o objetivo é facilitar a consulta desse material, que tem tido forte de-manda e procura por parte de escolas, universidades, institutos de pesquisas, dentre outros.

no portal, desenvolvido pela em-presa Plyn! interativa, foi utilizada uma gama de tons de verde e amarelo para manter a identidade visual da ne-omondo, muito próxima aos conceitos de brasilidade. “realizamos também

Novo Portal de notícias é lançado pelo Instituto Neo Mondo, atendendo a demanda por pesquisas de conteúdo socioambiental.Liane Uechi

utilizados na revista, ampliando, dessa forma, o espaço para as notícias, agendas de eventos e outras programações relati-vas às temáticas sociais e ambientais .

o presidente do instituto, oscar lo-pes luiz, afirma que esse investimento reforça a missão da organização que tem como objetivo conscientizar a sociedade, através da informação e do conhecimen-to, de que as práticas de responsabili-dade social e ambiental geram desen-volvimento sustentável, prosperidade e crescimento para os povos e nações.

“hoje, a internet é um manancial va-lioso de informações e um incontestável veículo de comunicação que, quando bem utilizado, pode fomentar boas práticas” – defendeu lopes luiz.

o Portal já traz logo na sua inauguração mais de 300 matérias jornalísticas publica-das pela revista neo mondo, cujo diferencial está na abordagem de diversos temas sob o prisma socioambiental e de desenvolvimento social. o leitor poderá conhecer a opinião de

uma arte gráfica para a topo do portal com imagens e ilustrações interligadas aos conceitos de sustentabilidade e responsabilidade social. a cada acesso no site uma imagem diferente é visua-lizada” - explicou Beto rades, da Plyn. há espaços para pesquisar por palavras, temas ou ainda categorias e editorias. também foi criado um campo para su-gestões de pautas. serviços anteriores prestados pelo antigo site, como down-load integral das edições das revistas bem como a apresentação do planeja-mento anual, continuam a ser disponibi-lizados em projeto gráfico leve, moderno e de fácil leitura e pesquisa.

outra novidade será a inserção de no-tícias atualizadas através de parcerias com outros veículos de comunicação, institutos de pesquisa, fundações e agências de notí-cias, permitindo dinamismo e atualização. também serão disponibilizados, após fil-tragem, materiais de divulgação encami-nhados à redação e que não puderam ser

Tecnologia

Neo MoNdoFonte de Pesquisa

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Neo MoNdoFonte de Pesquisa

cerca de 800 entrevistados, fontes de renome e de qualificação inquestionável, que expõem nas matérias suas análises e visões. também estarão disponíveis os conteúdos dos arti-culistas da revista neo mondo, todos espe-cialistas em suas áreas de atuação, que abor-dam de forma criteriosa assuntos relevantes da atualidade.

temas como esportes inclusivos, valores na educação, soluções tecnológicas de susten-tabilidade, transportes alternativos, norma-tizações sociais e ambientais, saúde pública, responsabilidade social, energia, turismo eco-lógico, segurança alimentar, cultura e artes, etc, assim como cadernos especiais sobre a água, a amazônia, a educação, a Gestão mu-nicipal, a poluição industrial, dentre outros, podem ser pesquisados no Portal.

INCLUSÃO

ao disponibilizar mais essa ferramenta de informação e pesquisa, o instituto neo mondo avança em sua proposta de criar canais de divulgação, discussão e fomento

será possível conhecer, com detalhes, a proposta do instituto em criar um veículo de comunicação interessante e lúdico, direcionado para crianças. a revista neo mondo Kids propõe dis-cussões de temas sociais e ambientais para o público infanto-juvenil e pode ser utilizado como apoio pedagógico, em sala de aula. Vinculados aos con-teúdos estão jogos e brincadeiras, as-sim como convites para participar de campanhas humanitárias e ecológicas, alimentação saudável, reciclagem e muito mais, num processo de grande interação. Junto com a revista, o pro-fessor recebe o manual com dicas de aplicação do conteúdo nas classes.

em linguagem própria, com recur-sos visuais atrativos, a equipe da neo mondo Kids formada por profissionais de comunicação e de pedagogia explo-ram de um forma proativa questões que permitirão formar futuros cidadãos mais conscientes e éticos.

de posturas que contribuam para um novo modelo de gestão e de práticas sociais, tanto no mundo corporativo quanto nos demais segmentos da sociedade, alicerça-das no desenvolvimento sustentável.

É indiscutível que a rede global de in-formação, mais conhecida por internet, facilitou e mudou a forma de comunicar e aceder à informação, assumindo-se como um lugar de lazer, de divertimen-to, de comércio e serviços, de educação, de investigação, de informação e, sobre-tudo, de comunicação. Dados do iBoPe//netratings revelam que no Brasil cerca de 25 milhões de pessoas estão conec-tadas à internet em suas casas. se con-siderarmos o mundo, esse número pode chegar a 825 milhões de pessoas.

ESPAÇO INFANTIL

a primeira revista infantil socio-ambiental do Brasil, a neo mondo kids, também recebeu cuidados espe-ciais no Portal, com um hotsite, onde

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Reconstruindo

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Especialista defende um planejamento estratégico da ocupação urbana, com bases técnicas, como forma de evitar novas tragédias.Liane Uechi

Meio Ambiente

O VALE DO ITAJAÍ

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O VALE DO ITAJAÍ

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U m dos grandes desafios de 2009 será a reconstrução do Vale do itajaí, em santa catarina, atin-

gido por torrenciais chuvas que provoca-ram enchentes e deslizamentos, causando destruição, mortes e prejuízos enormes a região. o Vale do itajaí é formado por 53 municípios agrupados em quatro micror-regiões: Blumenau, itajaí, ituporanga e rio do sul. Vidas foram ceifadas, centenas de casas foram danificadas, outras destruí-das. a fúria das águas arrasou vias públi-cas, pontes, estradas, escolas, hospitais, etc. o prejuízo econômico contabilizando setores como indústrias, comércio, turis-mo e agricultura são de altíssimo porte.

TRAGÉDIA ANUNCIADAum agravante nesses acontecimentos

está exatamente nas condições previsíveis dessa ocorrência. o presidente da associa-ção dos engenheiros e arquitetos do mé-dio Vale do itajaí (aeamVi), engenheiro Juliano Gonçalves, disse que o ocorrido foi uma tragédia anunciada e denunciada siste-maticamente por diversos órgãos técnicos, como a aeamVi, que realizou estudos que apontavam para a necessidade emergencial da desocupação de áreas de riscos. Para ele, o fenômeno das enchentes poderia ter sido evitado ou pelo menos minimizado, atra-vés de obras de engenharia de prevenção e de eficientes sistemas de monitoramento de cheias. “a culpa não foi da chuva, mas da falta de planejamento e de aplicação de conhecimento técnico na ocupação urbana. se mantivermos o mesmo modelo, atingi-

remos, no futuro, resultados semelhantes e até mais graves” – afirmou Gonçalves.

HISTÓRIA RECORRENTEa história mostra que o Vale do itajaí

vem sofrendo de forma recorrente com enchentes, de proporções distintas e que agora foram agravadas pelas alterações climáticas. a região já registrou grandes enchentes, como as de 1983/84 e o desli-zamento de 1990.

mas Gonçalves analisa que as causas dessa tragédia tiveram origem em um conjunto de fatores, nos quais além das características naturais como a topografia acidentada, a declividade das encostas e o tipo de solo, estão também sérios fa-tores socioambientais como as ocupações desordenadas, as ocupações em áreas de risco e de preservação, a irregularidade das construções, as grandes intervenções no meio ambiente sem obras de arrimo e de drenagem, o descaso com as normas técnicas de engenharia e de urbanismo, as alterações significativas na drenagem natural diminuindo a infiltração, e o des-matamento indiscriminado.

Desse modo, na visão técnica do espe-cialista, essas ocorrências revelam a falta de um eficiente planejamento contextual e in-tegrado entre as diferentes áreas do conhe-cimento; a ausência da engenharia pública, que permitiria às populações mais pobres o acesso aos serviços técnicos; a falta de políticas eficientes de fiscalização e de um abrangente programa habitacional social. aponta ainda a ausência de eficientes pro-

A solução para evitar novas ocorrências de acordo com a Associação dos Engenheiros e Arquitetos do Médio Vale do Itajaí (AEAMVI) passa necessa-riamente pela elaboração de planejamento estratégico contextual e integra-do entre as diferentes áreas do conhecimento, capaz de contemplar:• a desocupação das áreas de risco e degradadas ambientalmente e das

áreas de preservação, para sua posterior recomposição;• a relocação gradativa de centenas de famílias para outros locais, median-

te um novo programa habitacional abrangente e contextualizado;• uma política habitacional social que inverta a lógica de quanto menor a

renda, maior a periculosidade e insalubridade da edificação;• o controle geotécnico das encostas e a fiscalização da ocupação do solo; • um novo modelo de legislação urbanística;• a implementação imediata de um programa de engenharia pública no

Estado e nos municípios, garantindo o acesso das classes menos favoreci-das aos serviços técnicos de engenharia;

• obras de infra-estrutura, de saneamento básico e ambiental e,• eficientes sistemas de alerta, monitoramento e contenção de cheias.

PROPOSTAS TÉCNICAS DA AEAMVI

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22 neo mondo - Janeiro 2009

Meio Ambiente

A cidade de Brusque, também no Vale do Itajaí, optou pelo caminho das soluções técnicas e especializadas na reconstrução da cidade após as enchentes de 1983 e 1984 e na última enchente já pode sentir os benefí-cios dessa escolha. O prefeito, na época, Ciro Marcial Roza, buscou ajuda técnica para enfrentar esses fenômenos. O Instituto de Hidrografia do Paraná e da Universidade Federal de Santa Maria-RS, realizaram um traba-lho científico de onde saíram propostas e recomendações para minimizar os efeitos de uma possível enchente.Roza explica que entre as soluções estavam o içamento da Ponte Arthur Schlösser, que foi elevado em 1,80m ; a construção de uma nova Ponte Irineu Bornhausen, sem os pilares na calha do Rio. Obra que foi executada utilizando uma tecnologia adotada na Itália, que são as pontes estaiadas. Também foram executados os ser-viços de desassoreamento da calha do rio Itajaí Mirim, que possuía muitas formações rochosas conhecidas como “itaipavas” e que foram explodidas. A recomposição da cobertura vegetal dos taludes (barrancas do rio) e a construção de um canal extravasor, que no caso de Brusque optou-se pela projeção e construção de avenidas expressas às margens do Rio que atin-giram dupla finalidade: melhorar o fluxo do trânsito no centro da cidade e servir como canal para o escoamento das águas, em casos de enchentes.

Todo o projeto exigiu grande investimento e por isso, ainda está sendo realizado, mesmo com mudanças de gestores municipais.

Roza diz que os resultados falam por si. “Em 1984, com uma precipi-tação pluviométrica de 130 milímetros, o centro da cidade ficou 1 metro abaixo da água. Em novembro último, choveu mais de 200 milímetros em Brusque e o centro não foi atingido” – disse o prefeito. Mais ainda assim, a cidade sofreu com deslizamentos e desmoronamentos que atingiram cerca de 600 casas, das quais 250 foram destruídas ou condenadas. Assim, como as demais cidades atingidas, por motivos da ocupação urbana em áreas de riscos.

O CASO BRUSQUE jetos de saneamento ambiental e de drena-gem urbana; a falta de obras de infra-estru-tura e ineficiência dos sistemas de alerta, monitoramento e contenção de cheias.

“não se trata de buscar culpados, mas de entender os processos que levaram a esta tragédia anunciada, para que possamos corrigir as ações futuras “ – disse. são exa-tamente esses critérios citados por ele, que dizem respeito ao planejamento, ocupação urbana e desenvolvimento, que devem ser revistos com embasamento técnico, para a reconstrução do Vale do itajaí.

Gonçalves defende que esse projeto deveria servir de exemplo para todo o país, onde as cidades vivem situações limítro-fes de insustentabilidade. “Para tanto, os governos precisam criar projetos de de-senvolvimento, com parâmetros técnicos e não políticos. Planos de governo são excelentes para a gestão administrativa, mas não servem para o desenvolvimento da sociedade, pois são de curtíssimo prazo. Precisamos pensar a médio e longo prazo” – defendeu o especialista.

ele alega que os problemas sociais transformam-se em prejuízos incalcu-láveis para o desenvolvimento do país. Prova maior pode ser verificada nas se-qüelas das enchentes, que apontam que r$ 500 milhões em riqueza deixaram de ser gerados em uma semana, além dos investimentos que serão necessários para a reconstrução.

Foto: Wilson Dias/aBr

Situação das estradas atingidas por queda de bar-reira no município depois dos temporais no Vale do Itajaí, em Santa CatarinaSituação das ruas atingidas por enchentes

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23 Neo Mondo - Janeiro 2009

“A culpa não foi da chuva, mas da falta de planejamento e de aplicação de

conhecimento técnico na ocupação urbana”“”

PROCESSO DE RECONSTRUÇÃOThiago Galvão, coordenador de ações de

prevenção de riscos, da Secretaria Nacional de Programas Urbanos – SNPU, do Ministé-rio das Cidades, explicou que foi criado um grupo técnico cientifico para estudo das ações de reconstrução. Segundo ele, cabe ao grupo analisar as possíveis causas e interferências humanas, mapeamentos, planos de preven-ção e monitoramento de riscos, planos de obras e projetos. Fazem parte desse grupo: a equipe da Ação de Prevenção de Riscos/SNPU, FAPESC, EPAGRI-CIRAM, MCIDA-DES, IPT, CPRM, UDESC, UFSC, UNISUL, UNIVILLE, FURB, UDESC e UNIVALE.

O Ministério das Cidades está envolvido nesse processo através de duas vertentes: a Reconstrução, através de apoio à elaboração de obras de habitação, com recursos da or-dem de aproximadamente 140 milhões e a participação no Grupo Técnico-Científico.

Galvão informa que a reconstrução se-guirá as seguintes etapas:• Ação Estrutural: que começaram por

obras de estabilização de encostas, ga-rantindo a segurança dos trabalhos, re-moção das famílias de áreas de risco para assentamentos urbanos em locais segu-ros e congelamento dessas áreas críticas. Essa ação está sendo desenvolvida pela SNH/MCIDADES e COHAB/SC.

• Ações não-estruturais: trata-se de uma fase importante do trabalho que, infeliz-mente, não pode ser realizada em curto

espaço de tempo, pela complexidade do fenômeno, que envolve o estudo sobre os condicionantes geológicos-geotécni-cos e dinâmica fluvial do Vale do Itajaí, revisão de métodos de mapeamento, cursos de treinamento de equipes muni-cipais e mapeamentos expeditos. Tam-bém está prevista a implementação de sistemas de monitoramento (previsão meteorológica, modelos de chuva-escor-regamentos, monitoramento fluvial) e a elaboração de planos de obras, projetos de contenção; elaboração de planos pre-ventivos de defesa civil e de contingên-cia.Segundo Galvão, com esses cuidados o que se pretende é minimizar os im-pactos trágicos dessas ocorrências.

Ele revela que as principais dificulda-des encontradas estão na escolha de locais adequados para implantação de novos as-sentamentos, na revisão dos métodos já aplicados diante da amplitude do ocorrido e na definição das ações a serem desenvol-vidas, visto que demandam visão mais sis-têmica do processo.

Foto: Wilson Dias/ABr

Canal Extravasor no Centro do Brusque

Casa destruída por deslizamento de terra causado pelos temporais que atingiram o mu-nicípio no Vale do Itajaí, em Santa Catarina

Foto: Wilson Dias/ABr

Os moradores da região afetada pelas chuvas improvisam meio de locomoção

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Projeto Carbono Neutro vem proporcionando redução nas emissões a cada ano. Meta para 2009 é manter o ritmo.

Rosane Araújo

representa o início de um processo sistemá-tico de prestação de contas do que estamos fazendo, das nossas conquistas diante do que nos comprometemos a fazer”, declarou alessandro carlucci, diretor-presidente, por meio da assessoria da natura.

a diminuição foi possível graças à ex-pansão de iniciativas que a empresa já vinha adotando e que culminaram na criação do Programa, lançado em novembro de 2007.

algumas dessas medidas foram: a utiliza-ção de refil nos produtos, a incorporação da me-todologia de avaliação de ciclo de Vida (acV) para embalagens, a vegetalização das fórmulas (substituição do óleo mineral por vegetal), o lan-çamento da tabela ambiental e a utilização de Pet reciclado e álcool orgânico, entre outras.

Empresa pioneira no desenvolvi-mento sustentável, a natura plane-ja para 2009 dar seqüência ao Proje-

to carbono neutro, por meio do qual vem reduzindo a emissão de Gees, gases que provocam o efeito estufa, e compensando a emissão do que não foi possível reduzir.

Para se ter uma idéia, só em 2007, a empre-sa reduziu em 7% as emissões de Gees (também expressos em co

2 equivalentes) na comparação

com 2006. sua produção passou de um índice de 4,40 kg de co

2 equivalentes emitidos para

cada kg de produto fabricado para 4,09 kg de co

2e/kg de produto. a meta do programa é al-

cançar uma redução de 33% até 2011.“estes resultados estão alinhados com

as nossas expectativas. e essa divulgação

Naturaplaneja neutralizar emissão de gases

além de buscar a redução dos índi-ces de emissão de gases, o Projeto car-bono neutro visa compensar as emis-sões que não foram passíveis de redução por meio do financiamento de projetos de reflorestamento e de geração de ener-gia limpa e renovável.

em 2008, cinco projetos foram esco-lhidos para efetivarem a compensação, e a seleção ocorreu a partir do relacionamento histórico da empresa com algumas insti-tuições e por meio do edital-piloto que a natura lançou (confira quadro).

Para 2009, também foi aberto edital para escolha de outros cinco projetos, mas os selecionados ainda não foram divulga-dos pela empresa.

especial - Planos socioambientais para 2009

Extração de castanha em uma das comunidades extrativistas que trabalha com a Natura. Projeto Carbono Neutro considerou desde a extração da matéria-prima de embalagens e ingredientes para quantificar a emissão de gases de seu processo produtivo.

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Natura

O que é?Dentro de sua política de desenvolvimento sustentável, a

Natura lançou o Projeto, em novembro de 2007, visando reduzir as emissões de GEEs, gases que produzem o efeito estufa, e neu-tralizar o que não pôde ser reduzido por meio de projetos de compensação ambiental.

O primeiro passo do Projeto foi a realização de um in-ventário para se chegar à emissão total de GEEs direta e indi-reta, considerando desde a extração da matéria-prima utilizada em ingredientes e embalagens.

Através deste estudo, chegou-se à emissão total de 179,6 mil toneladas de CO2.

Em 2008, a empresa investiu em cinco projetos, que permiti-ram a compensação de 224 mil toneladas de CO2 equivalente, uma compensação superior ao emitido pela empresa no ano anterior.

Além dos ganhos ambientais, todos os projetos incluíram ações sociais para geração de renda das comunidades envolvidas.

O esforço no combate ao aquecimento global foi recon-hecido e a Natura foi a primeira empresa da América Latina convidada a integrar o Climate Neutral Network, fórum virtual global para apresentação e discussão de cases de corporações ou governos envolvidos com as mudanças climáticas.

Confira o resumo dos projetos apoiados em 2008.

1) Recomposição da paisagem e Sistemas Agroflorestais Parceiro: Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPE), Pontal do

Paranapanema (SP). Quantidade de compensação: 60 mil toneladas de CO2

equivalentes em 30 anos (tempo estimado para o cresci-mento da floresta).

Resumo: O projeto pretende restaurar 184 hectares de áre-as degradadas com o plantio de mais de 80 espécies nativas, formando corredores ecológicos entre o parque Estadual do Morro do Diabo e a Estação Ecológica Mico Leão Preto.

2) Recuperação e conservação dos recursos naturais em assen-tamentos rurais

Parceiro: Instituto Ecológica, OSCIP da Região de Cantão (TO). Quantidade de compensação: 60 mil toneladas de CO2e em

20 anos (tempo estimado para o crescimento da floresta).

Resumo: Serão recuperados 150 hectares de áreas degra-dadas, com o plantio de 167 mil mudas de espécies nativas em Áreas de Preservação Permanente e Reservas Legais em dois assentamentos rurais localizados na região do Cantão.

3) Uso de biomassa renovável em indústrias cerâmicas Parceiro: Ecológica Assessoria. Quantidade de compensação: 60 mil toneladas de CO2e. Resumo: Promoverá a utilização de biomassa renovável para ge-

ração de energia em duas indústrias cerâmicas em São Miguel do Guamá (PA) e duas indústrias cerâmicas em Cristalância e Paraíso do Tocantins (TO).

Muitas cerâmicas têm como combustível a energia térmica vinda da queima da lenha nativa.

4) Cooperativas de Pequenas Centrais Hidrelétricas Parceiro: Pequenas Centrais Hidrelétricas: Ceriluz – PCH Linha Três Leste – Ijuí (RS); CRERAL – PCH Cascatas de Andorinhas – Erechim (RS); Cooperluz – PCH Caraguatá - Santa Rosa (RS). Quantidade de compensação: 14 mil toneladas de CO2e. Resumo: O projeto de compensação para a Natura gira em

torno destas três pequenas centrais hidrelétricas. O ganho ambiental está no tipo de energia gerada, limpa e de menor impacto na natureza. Diferentemente das grandes hidrelétricas, cuja atividade depende do alagamento de grandes áreas, as PCHs trabalham com reservatórios míni-mos, que não provocam alteração no ambiente.

5) Troca de óleo combustível por biomassa (cavaco de madei-ra a base de pinnus e eucalyptus) certificada com manejo sustentável

Parceiro: AMC Têxtil, Jaraguá do Sul (SC). Quantidade de compensação: 30 mil toneladas de CO2e. Resumo: Batizado de Prosubio, o projeto contempla a troca

de combustível não-renovável “fóssil”, o óleo BPF1A, pelo cavaco de madeira à base de pinnus e eucalyptus, uma bio-massa renovável de emissão reduzida de GEEs. Este cavaco de madeira é um insumo energético de uma madeira certificada pelo Forest Stewardship Council (FSC), o que garante que sua retirada seja feita por meio do manejo florestal sustentável.

Projeto Carbono Neutro – Natura

Disponibilizar produtos em refis foi uma das iniciativas da empresa que contribuiu para redução do impacto ambiental de sua produção.

Centro integrado de pesquisa, produção e logística da Natura, localizado no município de Cajamar, em São Paulo.

Divulgação Divulgação Divulgação

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neo mondo - Janeiro 200924

especial - Planos socioambientais para 2009

COOP ampliará investimentos

SOCIAIS e AMBIENTAIS

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A maior cooperativa de consumo da América Latina considera as ações socioambientais como princípios da organização.Liane Uechi

neo mondo - Janeiro 2009 27

de suas organizações nacionais que se filiam à aci, no caso do Brasil, a or-ganização das cooperativas Brasilei-ras, com suas diretrizes refletidas em âmbito estadual pela organização das cooperativas do estado de são Paulo. “o sétimo princípio é o do compromis-so com a comunidade – onde trabalha-mos para o desenvolvimento sustentá-vel de nossa comunidade” – informou o presidente.

Para organizar e consolidar essa pos-tura, foi criado o Planeta coop, que fun-ciona como o braço de responsabilidade social, ambiental e cultural da cooperati-va. seu principal papel é promover o re-lacionamento com os diversos públicos: colaboradores, cooperados, fornecedores, comunidade e imprensa.

Para a coop, a responsabilidade social abarca a questão ambiental, que recebe ênfase nas ações de: coletas seletivas de lixo, de óleo de cozinha e de pilhas e ba-terias; de rotulagem ambiental e de utili-zação de gás de refrigeração não agressivo à camada de ozônio.

A maior cooperativa de consumo da américa latina, a cooP, com 26 unidades espalhadas

em onze cidades do estado de são Pau-lo, atendendo a uma população de mais de quatro milhões de pessoas, assume, há muitos anos, uma forma diferen-ciada de trabalho, na qual a adoção de práticas de responsabilidade social foi vinculada ao seu processo produtivo. o presidente da cooP, antonio José monte, esclarece que esse princípio faz parte da doutrina cooperativista. “Para nós, a responsabilidade social vai além da sustentabilidade do negócio, pois sacramenta o nosso conceito de coope-rativismo, cuja proposta é ser uma em-presa econômica voltada para o social” – explicou monte.

De fato, essa forma de atuação está prevista nos princípios cooperativistas adotados pela aliança cooperativa in-ternacional (aci) em manchester – in-glaterra, em 23 de setembro de 1995. estes preceitos são adotados pelas co-operativas de todo o mundo através

COOP ampliará investimentos

monte explicou que para o ano de 2009, além das atividades do Planeta coop, os programas já desenvolvidos serão ampliados. “colocaremos em prá-tica um projeto grandioso no que se re-fere a coleta seletiva, com estações de

O presidente da COOP, Antonio José Monte

SOCIAIS e AMBIENTAIS

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28 neo mondo - Janeiro 2009

reciclagem instaladas em todas as uni-dades coop (exceto Faria lima) e uma forte campanha de conscientização so-bre a importância da prática da recicla-gem” - divulgou.

o Projeto mexa-se – circuito de saú-de e atividade física também deve rece-ber um up grade, pois está vinculado à promoção de qualidade de vida dos coo-perados, que poderão praticar atividades físicas com acompanhamento de profis-sionais da área de saúde, em diversas unidades da coop. outro ponto consi-derado importante é a conscientização e mobilização, realizados através de ciclos de palestras.

monte defende que o movimento cooperativo tem sido o pioneiro no desenvolvimento e na prática da res-ponsabilidade social, isso porque sua estrutura organizacional e democrática permite olhar além dos ganhos finan-ceiros e considerar também como prio-ridade valores e princípios sociais, que já estão arraigados no coração do mo-delo empresarial corporativo há mais de 150 anos. “Desde o seu início, as co-operativas tiveram conta de que suas ações afetam a grande maioria de seus membros, incluídos aí os trabalhado-res, a comunidade e o entorno no qual operam” – disse o presidente da coop.

Por essa contexto, monte garante que não se espera dessas ações, neces-sariamente, um retorno em termos de negócios, já que elas não são utilizadas como ferramenta de marketing. “Pre-tendemos, apenas – estar integrados ao movimento cooperativista mundial – cumprindo de forma atuante nosso pa-pel”- concluiu.

especial - Planos socioambientais para 2009

PRINCIPAIS AÇÕES AMBIENTAIS DA COOP

• Coleta Seletiva de Lixo, com uma média de 850 toneladas/ano nos dois últi-mos anos e com estimativa, para 2008 (ainda não fechado), do total de 1.300 toneladas. Trata-se de um grande desafio ambiental, tendo-se em conta que a geração de resíduos em um auto-serviço é uma constante e a sua adequada destinação contribui para a preservação do meio ambiente, tarefa à qual se dedicam cooperativas de todo o mundo. Além de se reduzir a carga de resí-duos nos aterros sanitários, existe ainda o aspecto social, pois estas coletas são entregues à Cooperativas de Reciclagem, que, através de uma seleção mais avançada, geram fonte de renda para os seus cooperados.

• Coleta de óleo de cozinha em quantidade não mensurada. Um recipiente de coleta é deixado à disposição dos cooperados para descarte de óleo usado, ao invés de eliminá-los pelo esgoto, com danos à própria rede e ao meio ambiente. Paralelamente, uma campanha de conscientização é realizada através de cartazes e da revista da Coop, conclamando os coo-perados e visitantes a esta prática. O material arrecadado é retirado por uma Ong para a produção de sabão.

• Coleta de pilhas e baterias nas cidades onde existem órgãos responsáveis pela coleta de pilhas e baterias. A Coop disponibiliza em suas unidades recipientes para que os cooperados possam descartar esse material alta-mente tóxico, sem prejudicar o meio ambiente.

• Rotulagem ambiental: vem sendo realizado progressivamente, conforme a atualização de suas embalagens de marca própria “Coop Plus”, cujos produtos somam 468 itens nos segmentos: Pet Shop, Limpeza, Perfumaria, Bebidas, Alimentação, entre outros. A rotulagem ambiental indica se a embalagem é de alumínio, aço, vidro ou papel, facilitando a separação dos materiais na coleta seletiva.

• Gás de refrigeração não agressivo à camada de ozônio.

Plantio de árvores realizado com as crianças do Instituto Janeth Arcain.

26 unidades espalhadas em 11 cidades de São Paulo.

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neo mondo - Janeiro 2009 29

M uitas atividades têm sido reali-zadas em nome do social e da defesa do meio ambiente pelas

empresas, mas poucas têm o conhecimen-to das normas vigentes sobre o tema: res-ponsabilidade social e ambiental.

no ano de 2004, o cFc – conselho Fe-deral de contabilidade editou a resolução nº 1.003/04, estabelecendo que a partir de 01/01/2006, todas as organizações e insti-tuições deveriam elaborar o Balanço social e ambiental e editou a norma nBc – norma Brasileira de contabilidade t - 15, estabele-cendo parâmetros de apresentação contá-bil, no sentido de uniformizar a informação dentro dos padrões de contabilidade, pois se trata do ‘’balanço social e ambiental’’.

Por outro lado, a aBnt – associação Brasileira de normas técnicas editou, no ano de 2004, a norma nBr 16.001 – norma de responsabilidade social e posteriormen-te a nBr 16.002 – norma de equipe de au-ditoria, estabelecendo formas e parâmetros de análise e de avaliação da responsabili-dade social e ambiental, definindo assim, regras e diretrizes para a certificação.

ao mesmo tempo está em processo de elaboração a norma da iso - international or-ganization for standardization, que definirá a norma internacional de responsabilidade so-cial, denominada de iso 26.000, a qual será mais uma das exigências internacionais para comercialização de produtos e serviços.

assim, o tema responsabilidade so-cial e ambiental, passa por uma série de exigências e procedimentos para sua vali-dação e certificação, deixando de ser um ato de simples benemerência ou filantro-pia, mas com ações de responsabilidade com a sociedade, comunidade e governo.

Portanto, os assuntos social e am-biental ganham um destaque nas ações empresariais e nos procedimentos e comportamentos do cidadão, com refle-xos na economia e nas nossas atitudes, levando-nos a avaliação e quebra de pa-radigma sobre o tema social, pois a vi-são do processo passa obrigatoriamente pelo aspecto democrático em que vive-mos, onde devemos respeitar os poderes constituídos e suas normas.

com este quadro, as instituições do ter-ceiro setor como associações e fundações que atuam na área social e ambiental, tam-bém terão que se enquadrar neste cenário, não cabendo mais as campanhas de bene-merência ou de assistencialismo, devendo propor um novo pacto social e ambiental, em conformidade às normas vigentes.

as organizações por sua vez, na necessi-dade de obter a certificação social e ambien-tal, terão que direcionar seus investimentos para assegurar a aplicação e resultados so-ciais e ambientais junto a comunidade em que venha a atuar, garantido seu mercado e ganhos de competitividade.

Takashi Yamauti

mas neste processo, caso as institui-ções do terceiro setor e os conselhos mu-nicipais não tenham se preparado, ade-quando seus procedimentos para atuar de forma organizada e legalizada, ambos estarão perdendo a grande oportunidade de melhorar a qualidade de vida da comu-nidade local.

Preocupado com este quadro, estare-mos a partir deste momento introduzindo e veiculando através desta publicação, as normas e os procedimentos a serem ob-servados no tema responsabilidade social e ambiental e ao mesmo tempo criando uma linha direta de orientação através da internet, através do site www.siai.org.br .

acompanhe a evolução e os procedi-mentos das normas de responsabilidade social e ambiental, pois eles serão exi-gidos por muitas empresas e segmentos, inclusive do poder publico, com leis municipais de responsabilidade social e ambiental”,

de Responsabilidade Social e Ambiental (I)

Takashi Yamauchi é especialista em Terceiro Setor, Consultor do Sistema de Apoio

Institucional – SIAI e Consultor da Comissão de direito

do Terceiro Setor da OAB Seccional Pernambuco.

Participou do grupo de estudos para a formulação da Norma ABNT 16001.

Entendendo o porquê das normas e das suas exigências.

Normas Brasileiras

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BASFSeguirá Investindo na Política de Sustentabilidade

neo mondo - Janeiro 200930

Proteção climática sustentável será um dos alvos da gigante química

para o próximo ano.Rosane Araújo

de euros, o que representa um terço de seu orçamento.

“a sustentabilidade é intrínseca à his-tória da BasF. ao longo dos últimos anos, ela tem se fortalecido cada vez mais. em 2004 foi lançada a estratégia BasF 2015, a qual evidenciou esse foco por meio da diretriz assegurar o Desenvolvimento sustentável, colocando esse tema em igual importância aos demais: econômico, equi-pe e clientes.

essa estratégia acompanha a tendên-cia de mercado na qual as empresas, além de serem sustentáveis nas práticas dos negócios, precisam comunicar, de forma transparente, seu posicionamento quanto aos temas de sustentabilidade”, comentou o vice-presidente da empresa para a amé-rica do sul, rui Goerck.

Tão impressionantes quanto os números de seu faturamento e os diversos ramos de atuação na

indústria química são os investimentos realizados pela BasF na área de sus-tentabilidade. a empresa química, líder mundial, investiu, só em 2007, 25 mi-lhões de reais na gestão de saúde, segu-rança e meio ambiente em suas unidades da américa do sul.

enquanto os planos para 2009 es-tão sendo traçados, o balanço das ações da empresa indica que seu foco na área de sustentabilidade está voltado para o desenvolvimento de tecnologias para proteção climática, eficiência energética e conservação de recursos e matérias-primas recicláveis. o investimento nes-tes setores soma cerca de 400 milhões

o pioneirismo das ações sustentáveis mostra resultados. nos últimos cinco anos, na américa do sul, a empresa já comemora reduções importantes: 28% no consumo de água por tonelada produzida, 35% na ge-ração de resíduos por tonelada produzida, 12,7% na geração de efluentes, 14,3% nas emissões de co2 por tonelada de produto vendido e 22% nas emissões de poluentes para a atmosfera – e os procedimentos de rotina já estão abaixo dos limites legais.

além disso, cerca de 7.500 cami-nhões deixaram de circular pela rodo-via Presidente Dutra, em 2007, em de-corrência do uso do modelo ferroviário para o transporte de matérias-primas e produtos do complexo químico de Guaratinguetá para o Porto de santos e vice-versa.

especial - Planos socioambientais para 2009

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Eficiência energética é foco de programa

neo mondo - Janeiro 2009 29

de processos industriais, implantação de gestão de eficiência na geração e distribui-ção de vapor, gestão técnica e operacional no tratamento de águas de torres de resfria-mento e caldeiras, redução de descarte de água e de descarga de vapor de caldeiras, conscientização do uso racional de energias e utilidades por meio de cursos, palestras e campanhas, entre outras medidas.

ainda na área de eficiência energética, a empresa investe em pesquisas que permitem o desenvolvimento de produtos inovadores.

na construção civil, por exemplo, a BasF dispõe de diversas opções de espu-

uma das atuais prioridades da políti-ca de sustentabilidade da BasF são ações voltadas para a eficiência energética. Des-de 2002, foram investidos direta e indire-tamente cerca de 9 milhões de reais e, em 2008, a empresa iniciou um Programa de eficiência energética no Brasil. entre as medidas adotadas neste contexto estão: melhoria em isolamento térmico em linhas de vapor, caldeira, reatores e trocadores de calor, recuperação de condensados de vapor

Tecnologia aliada à sustentabilidade - Basf transforma garrafas PET em resina utilizada na fabricação de tintas. Cerca de 250 milhões de garrafas já foram retiradas do meio ambiente

Plantio de mudas em uma das cooperativas parceiras do Projeto Mata Viva.

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32 neo mondo - Janeiro 2009

O que é?Empresa química líder mundial, tem em seu portfólio de produtos desde químicos, plásticos, produtos de performance, pro-dutos para agricultura e química fina até petróleo e gás natural.

É detentora da marca Suvinil, de tintas imobiliárias.

NúmerosPossui 95 mil colaboradores e contabilizou mais de 58 bilhões de euros em vendas em 2007. Suas ações são atualmente nego-ciadas nas bolsas de valores de Frankfurt (BAS), Londres (BFA) e Zurique (AN).

A empresa tem planos para investir, aproximadamente, 200 milhões de euros entre 2008 e 2012 na América do Sul. A maioria desses investimentos será desti-nada à modernização e expansão de seus processos produtivos e manutenção de infra-estrutura na região.

Entre 2000 e 2006, a BASF destinou cer-ca de R$ 14,8 milhões para a manutenção de seus projetos de responsabilidade social.

Ações e projetos junto às comunidades ex-ternas, citados em seu balanço social 2007, perfazem um total de investimentos supe-rior a R$ 3 milhões.

Algumas das ações contínuas da empresa na área de sustentabilidade Por meio da marca de tintas imobiliárias

Suvinil, a BASF passou a produzir resinas para a fabricação de tintas e vernizes a par-tir de garrafas PET. Em cinco anos, foram retiradas cerca de 250 milhões de garrafas PET do meio ambiente;

Um dos principais produtos desenvol-vidos pela empresa, o EcobrasTM é um plástico de fonte renovável e compostá-vel, um combinado de Ecoflex® (plástico totalmente biodegradável e compostá-vel da BASF) e um polímero vegetal a base de milho. Durante a decomposição, o EcobrasTM comporta-se como um composto orgânico normal. Versátil, o plástico pode ser aplicado em embala-gens injetadas, filmes para a produção de tubetes para reflorestamento, saco-

las plásticas, embalagens para cosméti-cos, entre outras alternativas. Criação da Fundação Espaço ECO, inau-

gurada em junho de 2005, o primeiro cen-tro de excelência para ecoeficiência apli-cada na América Latina. Trata-se de uma parceria da BASF com a GTZ (agência do governo alemão para a cooperação inter-nacional) e com o apoio da Prefeitura de São Bernardo do Campo, SENAI – Servi-ço Nacional de Aprendizagem Industrial e SESI – Serviço Social da Indústria. Atua nos três pilares da sustentabilidade – eco-nômico, ambiental e social – ao transmitir conhecimento e tecnologia para aplicação de soluções em ecoeficiência, educação ambiental e reflorestamento. Em dezembro de 2008, a Fundação teve sua análise de ecoeficiência certificada pelo instituto alemão TÜV Rheinland, um dos mais importantes órgãos certificadores do mundo. A metodologia permite avaliar os impactos de um produto, processo ou serviço, desde a retirada da matéria-prima até a disposição dos rejeitos.

A BASF

O Neopor é uma das inovações da Basf na

área de eficiência energética. O material

isolante contém finas partículas de grafite

que agem como absorventes e refletores

infravermelhos ajudando a preservar recur-

sos e proteger o clima, pois proporciona a

redução do consumo de energia.

mas isolantes térmicos que economizam energia para aquecimento ou resfriamento de ambientes, sendo para uso industrial ou somente para conforto residencial.

outro campo explorado é o desen-volvimento de plásticos especiais para a indústria automobilística que permitem a produção de carros mais seguros e leves, portanto, mais econômicos. a empresa ainda possui aditivos para combustíveis que melhoram a eficiência de queima.

e as pesquisas não param por aí. na agro-indústria a BasF está desenvolvendo produto que requer menor quantidade de fertilizantes.

outro estudo em andamento tem es-tudado células solares orgânicas, célula de

combustível, materiais de armazenagem de hidrogênio ediodos emissores de luz (leDs) orgânicos.

Programa Mata Viva é braço no ambiente rural

Fora dos laboratórios de pesquisa, os pro-jetos da BasF abrangem também os ambien-tes rurais. o Programa mata Viva de adequa-ção e educação ambiental conta com o apoio de cooperativas agrícolas e produtores rurais para fornecimento de apoio técnico e orienta-ção no que diz respeito à recuperação de áreas de preservação permanente degradadas de propriedades rurais e educação ambiental das comunidades envolvidas.

Por meio dele, a empresa planeja recupe-rar, até o final de 2009, aproximadamente 350 hectares em 35 propriedades rurais de 14 mu-nicípios brasileiros, plantadas apenas em 2008 mais de 300 mil mudas de espécies nativas. o programa também deverá capacitar novos pro-fissionais para ampliar sua rede de atuação.

seu primeiro desafio, em 1984, foi a re-cuperação da mata ciliar do rio Paraíba do sul, em área localizada em sua principal uni-dade na américa do sul, o complexo Quími-co de Guaratinguetá, em são Paulo. Durante estes anos já foram recuperados mais de 128 hectares de área, com o plantio de 200 mil mudas de espécies nativas na região.

em 2004, a mata ciliar se tornou sala de aula e passou a receber estudantes e professores.

especial - Planos socioambientais para 2009

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neo mondo - setembro 2008 A

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neo mondo - Janeiro 2009

Vincular produtos com ações socioambientais promove ganhos à sociedade.Liane Uechi

As previsões pessimistas que rondam o mercado financeiro passam longe de quem é “pé quente”, e, por isso

mesmo, o Bradesco capitalização acredita em bons resultados e planeja suas ações socioambientais com o mesmo entusiasmo

com que foram iniciadas em 2008. o diretor geral da Bradesco capitalização, norton Gla-bes labes, disse que o grande destaque no ano passado foi o lançamento do “Pé Quente Bradesco amazonas sustentável”, título de capitalização criado em parceria com a Fun-

BRADESCO CAPITALIZAÇÃO

Mantém o “ PÉ QUENTE”

dação amazonas sustentável e que reverte parte do valor arrecadado para programas e projetos de conservação ambiental e desen-volvimento sustentável da Fundação. até dezembro do ano passado, foram comercia-lizados mais de 330 mil títulos.

Foto: carlos reichert

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especial - Planos socioambientais para 2009

Norton Glabes Labes, Diretor geral da Bradesco Capitalização

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a aceitação desse tipo de produto, que é vinculado à ações socioambien-tais, demonstra os benefícios de uma nova postura empresarial, que passa a caminhar por uma via de duas mãos: ao investir parte de seus resultados na preservação do meio ambiente, na pro-moção do acesso à educação ou na difu-são de conhecimento para prevenção de doenças e, dessa forma contribuir efe-tivamente para a qualidade de vida do brasileiro, o Bradesco abriu portas para novos negócios e ampliou sua linha de produtos, que por sua vez, geraram no-vas ações sociais e ambientais. Desta forma está instaurado um ciclo no qual toda a sociedade ganha, como preconiza os conceitos de sustentabilidade.

labes explica que há uma ampla gama de produtos nessa linha, como o “Pé Quente Bradesco sos mata atlân-tica”, fruto de parceria com a Funda-

ção sos mata atlântica; o “Pé Quente Bradesco instituto ayrton senna”, em parceria com o instituto ayrton senna; e o “Pé Quente Bradesco o câncer de mama no alvo da moda”, lançado jun-tamente com o instituto Brasileiro de controle do câncer (iBcc) e que des-tina recursos para o desenvolvimento de projetos de prevenção, diagnóstico precoce e tratamento do câncer. to-dos eles já estão no mercado há alguns anos e com excelente aceitação. o Bra-desco conseguiu dessa forma, com cria-tividade, vincular estreitamente ao seu negócio - produtos financeiros -, práti-cas de responsabilidade social. “além disso, continuaremos a nossa tarefa de difundir no mercado os benefícios de se comprar um título de capitalização como forma de economizar dinhei-ro com direito a prêmios regulares” – disse labes.

VIA DE DUAS MÃOS

“ PÉ QUENTE”Foto: carlos reichert

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36 neo mondo - Janeiro 2009

Para o ano de 2009, a Bradesco ca-pitalização dará seqüência aos progra-mas já conduzidos nos últimos anos até porque têm tido boa aprovação pelo consumidor brasileiro e ainda atendem aos princípios do Bradesco de desen-volver produtos que contribuam para a sustentabilidade . “o sucesso da li-

nha Pé Quente demonstra que a em-presa está no caminho certo. e, além disso, revelam o interesse e a dispo-sição do brasileiro em contribuir para projetos sérios de caráter ambiental e social, fortemente comprometidos com o desenvolvimento do país” – afirmou o diretor.

Em parceria com a Fundação SOS Mata Atlântica foi inaugurada, em 12 de fevereiro do ano passado, na cidade de Piracicaba (SP), um vivei-ro comunitário com capacidade de produção de 250 mil mudas de ár-vores nativas de mais de 80 espécies diferentes. Elas estão sendo planta-das em propriedades da região com foco em áreas prioritárias para a res-tauração da Mata Atlântica. As árvo-res que serão plantadas no local vão permitir a neutralização completa

da emissão de CO² (gás carbônico), resultante do trabalho realizado pe-los mais de 82 mil colaboradores da Organização Bradesco.

Em todo o Brasil, o “Pé Quente Bradesco SOS Mata Atlântica” já viabi-lizou o plantio de mais de 20 milhões de árvores nativas na Mata Atlântica.

O ano passado foi um ano espe-cial para a Bradesco Capitalização. Até dezembro, o “Pé Quente Bra-desco SOS Mata Atlântica” comercia-lizou mais de 2,6 milhões de títulos,

viabilizando recursos para o plantio de 20 milhões de árvores nativas na Mata Atlântica. Já o “Pé Quen-te Bradesco Instituto Ayrton Senna” comercializou mais de 1,5 milhão de títulos de capitalização, destinando parte desses recursos para a criação de oportunidades a crianças e jo-vens dentro e fora da escola. “Esses números nos deixam otimistas de que 2009 será um ano de grandes realizações para a Bradesco Capitali-zação” – concluiu Labes.

CONTINUIDADE

RESULTADOS EXPRESSIVOS

especial - Planos socioambientais para 2009

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neo mondo - Janeiro 2009 37

E stamos iniciando um novo ano com muitas expectativas e muitas incertezas. até que ponto a crise

mundial afetará a economia nacional e consequentemente, nossos projetos so-cioambientais?

as empresas planejaram seus orçamen-tos com bastante cautela, mantendo inves-timentos de controle ambiental, segurança e continuidade operacional, mas restringin-do projetos de alto investimento na ima-gem socioambiental da organização.

nos últimos anos, a indústria, princi-palmente a química e petroquímica, criou canais de aproximação entre a sociedade e seus processos produtivos, objetivando aferir o conhecimento das pessoas com os controles existentes dentro de suas fá-bricas, tanto em relação a seus produtos como serviços. esse processo de troca de informações propiciou à sociedade discutir com maior clareza as questões ambientais

relativas aos produtos e processos quími-cos e petroquímicos.

hoje, com a forte crise instalada mun-dialmente e dificuldade de sobrevivência das indústrias nacionais frente aos grandes grupos internacionais, há a necessidade de um realinhamento de seus recursos finan-ceiros de forma a garantir a continuidade operacional, o atendimento ao mercado, a manutenção de controles ambientais e de ambientes seguros e adequados ao traba-lho de seus colaboradores.

esse realinhamento pode gerar a falsa impressão de restrições nos con-troles ambientais o que não é verdade, mesmo porque existe uma forte pressão dos organismos de fiscalização que atu-am para garantir o atendimento legal das rigorosas normas ambientais por parte das indústrias.

o que irá mudar será o modo de di-vulgar esses projetos e de interagir com a

Eduardo Sanches

sociedade durante esse período de crise. Podemos enxergar aí uma grande oportu-nidade para a sinergia entre áreas de comu-nicação e ambiental para desenvolverem projetos com a comunidade com menos recursos financeiros, mas com efetivida-de. hoje, a informação tem um fluxo mais fácil, assim como a sociedade também se mostra mais preparada para recebê-la.

são nesses momentos de crise que po-demos encontrar algumas oportunidades interessantes de um balanceamento ade-quado dos recursos para os projetos que pretendemos desenvolver. a participação da sociedade também é muito importan-te, não apenas cobrando projetos antigos, mas criando novas alternativas para que juntos possamos superar os períodos mais críticos e nos prepararmos para avançar nos momentos mais propícios.

Eduardo SanchesGerente de Meio Ambiente,

Segurança, Saúde e Qualidade de Grupo

Petroquímico. Professor universitário

de Gestão Ambiental e de Pós-Graduação (MBA).

Novos tempos de velhas crises

Crise trará mudança na forma de comunicação empresarial com a sociedade.

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neo mondo - Janeiro 200938

especial - Planos socioambientais para 2009

Unicamp desenvolve

O País precisa acordar para que não tenha de importar células solares de terceira geração da china. o

alerta, da profa. dra. ana Flávia nogueira, do instituto de Química (iQ) da unicamp, é seguido de uma explicação abalizada: “temos essa tecnologia aqui”, diz com a segurança de quem, no laboratório de na-notecnologia e energia solar (lnes), está à frente de um grupo de 15 cientistas que desenvolve novas tecnologias para apro-veitamento da energia solar.

além de acordar para o potencial de energias renováveis de que dispõe, o Bra-sil ainda carece de vontade política e de investimento em infra-estrutura, como laboratórios e equipamentos, lembra ana Flávia. longe de ser pessimista - antes ao contrário -, a profa. dra. diz “estar bastante otimista” com o momento socioambien-tal brasileiro. isto porque, “comparado ao de 10 anos atrás, tanto governo quanto população enxergam que precisamos de alternativas sustentáveis para a questão energética. não dá mais para ignorar que depender de combustíveis não renováveis não é uma boa estratégia para o pleno crescimento econômico”.

Novas TecnologiasUniversidade cria empresa para viabilizar projeto e está aberta a parcerias para ampliar o seu alcance social. Gabriel Arcanjo Nogueira

Foto: antoninho Perri

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Unicamp desenvolveNovas Tecnologias

neo mondo - Janeiro 2009 39

Para daqui a 3 anosa unicamp é exemplo de como a co-

munidade acadêmico-científica é incan-sável na busca de soluções que tornem o desenvolvimento sustentável do País uma realidade. casos das células fotoeletroquí-micas de óxido de titânio (tio2), cujos es-tudos estão mais avançados, e das células fotovoltaicas orgânicas. temas que ocu-pam o tempo de ana Flávia desde 1996, durante seu mestrado.

a cientista fala das vantagens da novi-dade, que deve constar de produtos como notebooks, celulares e brinquedos daqui a uns três anos. o preço do dispositivo é a maior vantagem em relação aos conven-cionais - até 80% menor. Para viabilizar o projeto, o lnes criou a tezca células solares, que começa suas atividades nes-te início de ano na companhia de Desen-volvimento do Pólo de alta tecnologia de campinas (ciatec). agnaldo de souza Gon-çalves, pós-doutorando no iQ da unicamp, é um dos sócios da empresa, cujo objetivo é transformar conhecimento em produtos. ele esclarece que um deles é produzir célu-las solares flexíveis de óxido de titânio. o que já é um avanço, mas ainda não é tudo, ressalta ana Flávia.

Por isso, a universidade está aberta a novas parcerias e até já iniciou contatos com a sunlab, de Bragança Paulista. a professora tem a exata noção do que pode ser feito para ampliar o alcance social da iniciativa que coordena. a constituição da tezca como spin-off - uma empresa surgi-da de um grupo de pesquisa - faz a pesqui-sadora ver com bons olhos a possibilidade de despertar o interesse de empreendedo-res dos mais diversos âmbitos, entre eles iniciativa privada, onGs, governos.

“a combinação de todos traria vanta-gens enormes. no caso da iniciativa priva-da, à qual também estamos abertos, vejo

uma vantagem a mais. É onde as coisas acontecem mais rapidamente. É só nos procurar, que faremos o contato com a te-zca”, afirma.

a profa. dra. tem como preocupação central o crescimento populacional e a de-manda cada vez maior de energia. Por isso, não tem dúvida: “Vamos sim ter de bus-car alternativas que minimizem o impacto ao planeta”. se isso for feito por todos o quanto antes, melhor.

Inconformismo X Iniciativaa profa. dra. ana Flávia não se confor-

ma como o País ainda explora muito pou-co a energia solar de que dispõe e revela aguns dados de seus estudos:• de um potencial de 10 mil mW, estão

instalados apenas 12 mW em comuni-dades isoladas, e outros 80 mW se co-nectam à rede elétrica, mas em caráter experimental;

• o lnes da unicamp já tem um protóti-po de célula solar de óxido de titânio;

• o dispositivo pode ser aplicado em roupas de uso militar;

• a equipe do lnes trabalha para aprimo-rar a eficiência das novas tecnologias;

• o momento, histórico, é de dominar essas tecnologias e tornar essas células solares baratas;

• o mercado de produtos eletrônicos por-táteis cresce de forma exponencial.

Agnaldo de Souza Gonçalves e Ana Flávia Nogueira

Para saber mais sobre as novas tecnologias de aproveitamento da energia solar, desenvolvidas na Uni-camp, acesse :

http://www.unicamp.br/unicamp/unicamp_hoje/ju/dezembro2008/capa419.php

Foto: antoninho Perri

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A notícia da descoberta de novos reservatórios de petróleo na ca-mada do pré-sal, a mais de 6.000

metros de profundidade, ganhou as man-chetes da imprensa nacional e internacio-nal no final de 2008.

essa camada, que se estende do espírito santo a santa catarina, seria responsável por um reservatório com algo entre 40 bilhões e 80 bilhões de barris de óleo de boa qualidade. isso para os menos afoitos. há outros que ou-sam falar em mais de 300 bilhões de barris.

Para se ter uma idéia do que isso signi-fica, esse número representa mais do que possui a arábia saudita, que atualmente é a maior potência mundial de petróleo. ainda que a camada do pré-sal possua o equiva-lente a 100 bilhões de barris, essa quantia já colocaria o Brasil entre os dez maiores produtores de petróleo do mundo.

o receio (se é que há) para as esferas públicas será a infra-estrutura, suficiência e bom senso na regulação, correta distri-buição de receita, geração de emprego e renda em torno dessa verdadeira mina que nos foi revelada. o governo cogita, in-clusive, a criação de uma nova estatal para administrar essas reservas, já que a Petro-bras possui capital privado e as reservas do pré-sal pertencem “ao povo brasileiro”, nas palavras do Presidente lula.

Porém, ainda pouco se falou sobre o im-pacto econômico dessa descoberta, e como

ele será “controlado”, para que as disparida-des sociais no Brasil não se agravem. em nú-meros, no ano de 2007 o pagamento de royal-ties ligados à extração do petróleo (petróleo e gás) chegou perto dos r$ 15 bilhões de reais, levando em conta uma movimentação de quase 800 milhões de barris de petróleo.

se a pior das projeções se concretizar, e tivermos na faixa do pré-sal algo em tor-no de 40 bilhões de barris, basta fazer a conta dos valores que serão arrecadados pelos cofres públicos.

É de se lembrar que a constituição Fede-ral prevê um meio ambiente ecologicamente equilibrado para as presentes e futuras gera-ções. nessa esteira, temos que garantir que essa descoberta signifique algo de proveito-so para aqueles que virão nos substituir.

a Petrobras precisará de navios, pla-taformas, refinarias, enfim, mão-de-obra qualificada para lidar com essa novidade. a empresa tem estimado que as reservas na bacia de santos são mais significativas do que na bacia de campos.

Terence Trennepohl

o estado de Pernambuco também está bem posicionado nesse cenário, em razão dos investimentos no Porto de suape. o estado tem uma grande oportunidade de se fazer presente no setor e atender a uma demanda que surgirá a partir das novas descobertas e sucessivas fases de exploração de refino. o es-taleiro atlântico sul, em suape, está em fase de construção e já recebeu vários pedidos.

ressalte-se que, com a conversão da medida Provisória no 11.786, de 25 de se-tembro de 2008, a união Federal foi auto-rizada a destinar r$ 1 bilhão ao Fundo de Garantia para a construção naval (FGcn).

certamente, num prognóstico alvissa-reiro, estamos diante de uma boa oportu-nidade para Pernambuco e para o Brasil. Vamos aproveitá-la bem!

Os efeitos do

PRÉ-SAL

Advogado de Martorelli e Gouveia Advogados

Professor da UFPEMestre e Doutorando em Direito (UFPE)

E-mail: [email protected]

Como garantir que a descoberta dessa verdadeira mina signifique algo de proveitoso para os brasileiros.

40 neo mondo - Janeiro 2009

... pouco se falou sobre o impacto econômico dessa

descoberta

“”

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neo mondo - Janeiro 2009 41

O escritor e lingüista marcos Bagno descreveu muito bem a discriminação sofrida pelo por-

tuguês falado no Brasil, em seu livro “o preconceito lingüístico: o que é, como se faz”. ele cita um mito que diz “o brasilei-ro não sabe português, só em Portugal se fala bem o português”. o fato é que a lín-gua falada no Brasil é diferente da falada pelos portugueses.

Pois bem, para acabar com esses pro-blemas de diferenciações, entra em vigor, a partir de 2009, o novo acordo ortográfico da língua portuguesa, que padroniza e muda algumas regras para uniformizar o registro escrito nos países falantes da língua.

após 19 anos de sua criação, as mu-danças finalmente saem do papel, ou me-lhor, entram de vez no papel. o principal motivo desse acordo é facilitar o inter-cambio cultural e científico entre os paí-ses de língua Portuguesa (cPlP), que são: Brasil, Portugal, cabo Verde, são tomé, Príncipe, angola, Guiné-Bissau, moçam-bique e timor leste.

mas afinal, o que mudará para os bra-sileiros? Pouca coisa. apenas 0,5% do vo-cabulário brasileiro terá mudanças. uma

das principais modificações é a inclusão oficial das letras K, W e Y no alfabeto, to-talizando assim 26 letras.

mudanças significativas em relação à acentuação são observadas no acordo. um exemplo é o desaparecimento do acento circunflexo em paroxítonas terminadas em “eem” e “oo”. Palavras como “lêem” e “vôo” agora não terão mais acentos, sendo escritas “leem” e “voo”. ainda em relação à acentuação, o sinal gráfico que diferenciava palavras como pára (do verbo parar) e para (preposição) serão, na maioria, retirados.

talvez, o que mais deixará saudade é o desaparecimento total da trema nas pa-lavras do vocabulário português. apenas palavras estrangeiras continuarão com os famosos “pingos nos us”.

mudanças mais radicais e complicadas no hífen também fazem parte do acordo ortográ-fico. Prefixos terminados em vogais passam a ser usados quando o segundo elemento se inicia por vogal idêntica à vogal do prefixo. Por exemplo, a palavra “microondas” passa a ser escrita como “micro-ondas”. Já em outros casos, na mesma condição, o hífen desapare-ce, como em “infra-estrutura” que passa a ser escrita como “infraestrutura”.

Caio Martins

Palavras com prefixo “bem” perdem hífen e se juntam com a palavra seguinte, ocorrendo uma aglutinação. Por exemplo, palavras como “bem-feito” e “bem-querer” passam a ser escritas “benfeito” e “benque-rer”. algumas palavras compostas perdem também o hífen, como “manda-chuva” e “pára-quedista”, sendo escritas “manda-chuva” e “paraquedista”.

o governo brasileiro dará três anos para a adaptação do país, que inclui a modifica-ção dos livros didáticos. o problema é que uma pesquisa mostrou que seriam neces-sários pelo menos 10 anos para que todo o Brasil se adaptasse à nova forma de escre-ver. agora, se para os brasileiros demoraria todo esse tempo, sendo que poucas mu-danças serão feitas no vocabulário, quanto tempo seria necessário pra os portugueses se adaptarem, já que muitas palavras serão modificadas, tendo seu famoso sotaque das letras “c” e “p” (como é o caso de “acção” e “baptismo”) retirados? muito tempo.

O “NOVO VELHO”

Caio Martins é estudante de jornalismo

e estagiário no Instituto Neo Mondo.

Pesquisas mostram que seriam necessários 10 anos para adaptação às novas regras.

acordo ortográfico e suas alterações

A B C D e f g h i j

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espaço Verde Urbano

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Leitura Socioambiental da Fotografia Urbana

Pesquisa para identificar e reeducar uma sociedade de risco

por PaulaLyn

A secretaria do esporte, lazer e turismo foi responsável por um dos melhores espaços públicos para o esporte e o lazer do Brasil: o Parque da Juventude.

Dicotomias à parte, da energia deixada do passado não sobrou nada; nem ao visitar as ruínas das celas (foto ao lado) e os corredo-res suspensos (foto à dir.) que foram preservados. o parque, além de uma beleza imensa e uma paz incomensurável, possui uma área de 240 mil m² dividida em três espaços.

Para o esporte, o parque oferece quadras de vôlei, de basquete, de tênis, pista de skate e aulas gratuitas em várias modalidades esportivas.

Para os amantes da natureza e para quem busca a contemplação, visitar a pequena mata atlântica de 16 mil m², árvores ornamentais e árvores frutíferas, alamedas e bosques, é a melhor opção. e, por fim, uma área destinada à cultura, com cursos e salas com acesso gratuito à internet (Programa acessa são Paulo) (fotos à dir.).

ainda estão em desenvolvimento outros projetos, como um teatro de mais de 4,5 mil metros quadrados, com opção de palco virado para a área externa, comportando uma platéia de até 30 mil pessoas no gramado.

o córrego carajás, que cruza o parque e desemboca no rio tietê, faz parte de um plano de manejo com a sabesp que busca deixar suas águas 70% mais limpas.

PaulaLyn Carvalho é Diretora de Arte, Fotógrafa e Pesquisadora. Graduada em Comunicação: Design Gráfico e Pós-Graduada em Arte Integrativa, pesquisa e registra o socioambiental nos parques urbanos de São Paulo (Estaduais, Ecológicos etc.), Parques Nacionais e Ecológicos, APAs e Reservas do Brasil.

[email protected]

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Para saber mais:www.sejel.sp.gov.br/parquedajuventude/

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Brincar de bola, andar de bicicleta, levar seu animal de estimação para passear (veja algumas regras no site), caminhar, ou simplesmente sentar e ver o tempo passar são algumas das opções de um dos espaços do Parque da Juventude. Vale à pena conhecer para compreender melhor a capacidade que temos em transformar.

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43 neo mondo - Janeiro 2009

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neo mondo - outubro 2008A

Um Olhar Consciente da Amazônia

Fiscal da Floresta

A Revista Neo Mondo vasculha as ações e devastações da Amazônia Legal Brasileira e traz as principais novidades sobre a região.

Da Redação

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O governo anunciou a meta de re-dução do desmatamento da Ama-zônia. A proposta é reduzir à meta-de a destruição das matas até 2017. Hoje, anualmente, o desmatamen-to gira em torno de 12 mil km² e o objetivo é diminuir para menos de 6 mil km². A proposta surgiu após o Brasil ter recebido duras críticas internacionais de que o país estaria fazendo pouco para combater o aquecimento global. Atualmente, o desmatamento e as queimadas são responsáveis por 75 por cento das emissões de gases causadores do efeito estufa brasileiro.

Reduções até 2017

Um estudo, realizado pelo Minis-tério do Desenvolvimento Agrário, mostrou que a modificação das leis que regulamentam a questão fundiária amazônica levaria 1372 anos para ser aplicada em defini-tivo. Um grupo de trabalho (GT), montado pela ministra da casa civil Dilma Rousseff, terá a função de apresentar soluções para o proble-ma. De acordo com esse GT, pelo menos nove leis e três decretos te-rão de ser modificados.

Regularização fundiária inviávelEm 2004, a região sul do Brasil sofreu

com uma seca que teve como conse-qüência a perda de mais da metade da produção de soja da região. Cinco anos após o ocorrido, pesquisadores financiados pelo Global Canopy Pro-gramme descobriram que as causas da seca estariam ligadas ao desmatamen-to da Amazônia. Os estudos partiram do conceito de rios voadores (massas de umidade que nascem da transpira-ção das árvores amazônicas, locomo-vem-se em direção ao sul e causam cerca de 70% das chuvas da região).

A relação entre o desmatamento e a seca no sul do país inviável

Um relatório parcial das multas am-bientais emitidas pelo Ibama apon-ta que as autuações na Amazônia, realizadas entre 1º de Janeiro e 8 de Dezembro, acumulam um valor de R$ 1,76 bilhões. Esse valor correspon-de a 54% do total das multas aplica-das pelo órgão. As autuações variam de corte, armazenamento e transpor-te ilegal de madeira na região amazô-nica. Entre os estados da Amazônia Legal, os que acumulam maiores valo-res de multa são o Pará, Mato Grosso, Amazonas e Rondônia.

Multas aplicadas pelo IbamaO Inpe, Instituto Nacional de Pes-quisas Espaciais, informou que a de-gradação da Amazônia em 2008 foi maior que o dobro do desmatamen-to detectado. Através do sistema De-grad, foram constatados 24.932 km² de degradação, sendo Mato Grosso o estado com os maiores números, seguido por Pará e Maranhão. A di-ferença entre desmatamento e de-gradação é que o desmatamento é a supressão total da cobertura florestal, enquanto a degradação florestal é a destruição progressiva das matas.

Degradação da floresta em 2008

As pesquisas mostraram que com uma menor quantidade de árvores e, con-seqüentemente, uma menor transpira-ção, menos umidade foi levada ao sul do país, causando as secas.

Foto: luc Viatour

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Um estudo realizado pela profes-sora de Arqueologia Rita Scheel-Ybert, do Departamento de An-tropologia do Museu Nacional, mostrou que a saída dos índios tupiguaranis da Amazônia não é um evento tão recente. Foram encontradas evidências do povo no município de Arauruama (RJ) há mais de 2900 anos, mais de mil anos antes do que registrava-se até então. Esses dados mudam o paradigma a respeito das ocu-pações das regiões Sul, Sudeste e Nordeste do Brasil.

Tupiguaranis e a Migração

Um projeto, denominado “Na-vegando e Lendo”, que atua nos rios amazônicos há mais de um ano, começou a tomar força nos últimos meses. O projeto baseia-se na instalação de bibliotecas em navios passageiros para estimular a leitura das pessoas. Os livros são reunidos de acordo com as em-barcações: livros mais finos para destinos mais próximos, livros mais grossos para viagens maio-res. Quase dois mil livros já foram doados ao projeto, distribuídos em 15 embarcações diferentes.

Projeto de incentivo à leitura

O balneário ecológico mais freqüen-tado de Santarém, oeste do Pará, transformou-se em uma sala de aula para milhares de estudantes da rede municipal de ensino. O pro-jeto, chamado Escola da Floresta, é conduzido pela Secretaria Municipal de Educação e Desporto e começou em junho de 2008. O complexo ambiental de 33 hectares recebe em média 40 alunos por dia, de 5ª a 8ª séries, que são conduzidos por monitores em diversas atividades, todas relacionadas com a conscien-tização ambiental dos jovens.

Estudos florestais

O Ibama está preparando uma lista de animais silvestres que podem se tornar bichos de estimação. O pro-pósito dessa iniciativa é melhorar a fiscalização sobre o tráfico de ani-mais e permitir que as pessoas pos-sam domesticar animais da floresta sem prejudicar a biodiversidade da mata. Na maior parte, a lista será constituída de aves e alguns répteis, estando fora quaisquer nomes de mamíferos. Atualmente, a compra e a domesticação de alguns animais silvestres são permitidas, desde que tenham sido comprados por criado-res autorizados.

Uma pesquisa, desenvolvida pela Fiocruz, mostrou que a planta Uncaria tomentosa, chamada popularmente de unha-de-gato, pode ser a solução para controlar os efeitos da dengue. O remédio produzido pela planta amazôni-ca é capaz de atenuar a inflama-ção causada pela doença e ajuda a previnir complicações, como pressão baixa e hemorragia. Os resultados obtidos ainda são pre-liminares e a descoberta ainda necessita passar por diversos tes-tes, mas, pela primeira vez, há a possibilidade de se evitar as com-plicações da dengue.

Remédio de controle da dengue

A USP de Ribeirão Preto desen-volveu uma pesquisa de chá para tratar de pacientes com depres-são. Chamado de “chá do Santo Daime”, a ayahuasca, mistura de um pedaço cipó e um de arbusto, ambos originários da Amazônia, tem características alucinógenas. O projeto-piloto contou com a participação de duas mulhe-res com problemas crônicos de depressão. Em ambos os casos, houve melhoria no quadro das pacientes após tomarem uma do-sagem do chá. A idéia dos pesqui-sadores agora é continuar com o projeto, elevando o número de pacientes para 60.

Chá antidepressivo

Lista de estimação

Foto: luc Viatour

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Dica

Sugestões de Livros

e mpreendedor:É o termo utilizado para qualificar o indivíduo que detém uma forma especial e inovadora de se dedi-car às atividades de organização, administração e execução na geração de riquezas e na transforma-ção de conhecimentos em novos produtos.

Paradigma:É a representação de um padrão ou modelo a ser seguido.

e stigma:É o uso de rótulos negativos para desqualificar uma pessoa. as pessoas estigmatizadas passam

edson marques oliveira propõe um modelo de empreendedorismo social que fuja às tentações do assistencialismo do paternalismo e da simples filantropia. seu objetivo é buscar alternativas viáveis para resolver os graves problemas sociais do nosso país a partir da iniciativa das empresas unindo-se ao governo e à sociedade como um todo. neste livro, encontramos casos de sucesso e um modelo de aplicabilidade para as idéias que se expõe ao longo de toda a obra. o livro pretende ensinar ao leitor

EMPREENDEDORISMO SOCIALAutor: Edson Marques de OliveiraEditora: Qualitymark

TEORIA DO SUCESSO: EMPREENDEDORISMO E FELICIDADEAutor: Getúlio Pinto SampaioEditora: Nobel

EMPREENDEDOR COORPORATIVOAutor: Eduardo Bom AngeloEditora: Negócio

o livro “empreendedor coorporativo” é o primeiro no Brasil dedicado a tratar minuciosamente dos desafios do empreendedorismo corporativo, assunto de crucial im-portância para a economia de países emergentes, espe-cialmente no que tange à expressão criativa, a confecção de projetos e a realização de sonhos. o livro destina-se a compartilhar as experiências que o autor acumulou ao longo da carreira, especialmente no desenvolvimen-to de negócios para acionistas. são informações que mostram a importância dos intra-empreendimentos em

variados momentos do processo civilizatório. o livro está dividido em três blocos, sendo os seis primeiros capítulos destinados ao mundo do empreendedorismo corporativo, os três seguintes com visões de quatro especialistas que oferecem suas visões sobre matérias estreitamente relacionadas ao tema central e nos últi-mos quatro, sendo traçados os perfis de quatro notáveis empreendedores corporativos, vinculando o conjunto de idéias articulado anteriormente com a realidade da vida corporativa e de suas carreiras.

a disciplinar o pensar sem com isto restringir o sonhar, formando, portanto, um empreendedor que sonha com os pés no chão e é capaz de transformar a realidade que o cerca. este livro é um manual, em-bora não seja demasiadamente técnico e reflexivo, sem ser por demais teórico e enfadonho. trata-se, portanto, de um livro de fácil leitura, útil tanto para leigos quanto para especialistas que desejam enfrentar a questão social, passando da teoria à prática, transformando seus sonhos em realidade.

sucesso é a mentalidade de quem quer vencer. o livro “teoria do sucesso” é resultado de uma vasta pesquisa e intensa busca por caminhos e definições em livros, revistas e jornais. este livro ajudará as pessoas a alcançar o sucesso, ensinando-lhes o caminho da satisfação pes-soal e profissional. o autor ensina também sobre estí-mulos motivacionais, como sanar adversidades, análises

de valor, as dez regras para o sucesso, características do sucesso, competências, custos, disciplina, estratégias e táticas, fazer a diferença, fatores de produção, oportu-nidades, proatividade e produtividade. o livro fornece também, em ordem alfabética, as mais famosas frases e conceitos sobre o assunto, facilitando a busca por solu-ções e sanando eventuais dúvidas administrativas.

Í ndice Dow Jones de sustentabilidade: É o título atribuído a um grupo de companhias compostas a partir da análise de 2.500 empre-sas de 24 países que precisam comprovar sua sustentabilidade corporativa. são analisados, além dos indicadores financeiros, aspectos, como transparência, governança corporativa, relações com investidores, responsabilidade so-cioambiental e qualidade da gestão.

B olha econômica Forma-se quando há a descoberta de um mercado muito lucrativo. com o tempo, a bolha econômica cresce supervalorizada e o mercado não agüenta o au-mento da oferta, “estourando-a” e causando crises.

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Sem dúvida t ítulo de Capitalização:É um título de crédito comercializado por empresas de capitalização com o objetivo de formação de uma aplicação e também com um caráter lotérico, de sorteio de prêmios.

s ubprime:É um crédito habitacional de alto risco que se destina a uma fatia da população de renda muito baixa, que por vezes não consegue com-provar renda. o diferencial desse crédito imo-biliário é que a única garantia exigida nestes empréstimos é o imóvel.

a ser reconhecidas pelos aspectos negativos as-sociados a ela.

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