Neologismos na Música Popular Brasileira

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FACULDADE UNIDA DE SUZANO UNISUZ CURSO DE LETRAS DAYANE ALVES DE ARRUDA QUÉSIA ALVES DE SOUZA DOMINGUES TIAGO ERASMO DE MOURA NEOLOGISMOS NA MÚSICA POPULAR BRASILEIRA

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FACULDADE UNIDA DE SUZANOUNISUZ

CURSO DE LETRASDAYANE ALVES DE ARRUDA

QUÉSIA ALVES DE SOUZA DOMINGUESTIAGO ERASMO DE MOURA

NEOLOGISMOS NA MÚSICA POPULAR BRASILEIRA

Suzano2010

TIAGO ERASMO DE MOURA

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NEOLOGISMOS NA MÚSICA POPULAR BRASILEIRA

Monografia apresentada como requisito parcial para obtenção de nota em Língua Portuguesa sob a orientação da professora Dra. Alba Lúcia Romeiro Tambelli.

Suzano2010

SUMÁRIO

Page 3: Neologismos na Música Popular Brasileira

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INTRODUÇÃO....................................................................................................6

1 RENOVAÇÃO DO LEXICO – CRIAÇÃO DE PALAVRAS EM PORTUGUÊS..7

2 CLASSIFICAÇÃO DOS NEOLOGISMOS........................................................9

2.1 Neologia fonológica.......................................................................................9

2.2 Neologismos sintáticos:.................................................................................9

2.3 Neologismos formados por derivação prefixal............................................. .7

2.4 Neologismos formados por derivação sufixal:.............................................11

2.5 Neologismos formados por derivação parassintética..................................12

2.5.1 Derivação regressiva................................................................................13

2.5.2 Abreviação:..............................................................................................13

2.5.3 Composição.............................................................................................13

2.6 A composição sintagmática.........................................................................14

2.7 Processo de redução..................................................................................15

3 ESTUDO DE CASO.......................................................................................16

3.1 Everybodygente..........................................................................................16

3.2 Futeboleiro..................................................................................................16

3.3 H2homem....................................................................................................16

3.4 Inclassificáveis............................................................................................17

REFERÊNCIAS.................................................................................................18

ANEXO 1...........................................................................................................19

ANEXO 2...........................................................................................................20

ANEXO 3...........................................................................................................21

ANEXO 4...........................................................................................................23

INTRODUÇÃO

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6

Essa pesquisa tem como objetivo elucidar os processos de neologismo,

esclarecendo como ocorre a formação de novas palavras, pois é fato já constatado

que as línguas vivas estão permanentemente renovando seu acervo lexical.

Esse estudo será realizado a partir da constatação, reconhecimento,

descrição e análise da criação de novas palavras na música popular brasileira, que

tem sido terreno fértil para propagação desse fenômeno lingüístico por meio de um

número significativo de compositores conscientes e adeptos da liberdade de criação

lexical da sua língua-mãe.

Os fundamentos teóricos dessa pesquisa foram embasados nas obras de

Ieda Maria Alves, Criação Lexical (1994), de Valter Kehdi, Formação de palavras em

português (2002) e Maria Nazaré Laroca, Manual de Morfologia do português

(2003).

1 RENOVAÇÃO DO LEXICO – CRIAÇÃO DE PALAVRAS EM PORTUGUÊS

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O léxico da língua portuguesa é composto por palavras herdadas do latim,

que pouco a pouco foi incorporando palavras de outras origens e formando

vocábulos de nosso próprio idioma.

Segundo Alves (1994) esse fenômeno denomina-se neologismo, ou seja, toda

palavra ou expressão de criação recente, ou até mesmo um novo sentido ou

significado atribuído a uma palavra já existente no léxico.

No século XVIII, o português sofreu grande influência francesa, no cotidiano

de uma forma geral. Hoje, em virtude da supremacia da língua inglesa por conta da

influência econômica, como canal de comunicação e nos campos técnicos e

científicos, os neologismos surgem quase sempre em inglês, devendo ser

morfologicamente adaptados aos demais idiomas.

Para alguns Gramáticos, os neologismos são sinais de empobrecimento e

deturpação da língua, um fator de distanciamento da fala e escrita padrão que

preservam. Além deles, pode-se dizer que existe uma rejeição por parte dos falantes

mais radicais da nossa comunidade lingüística, às inovações linguísticas, mas,

partindo do fato de que a língua é o patrimônio dos membros de uma sociedade, é

pleno o direito dos seus usuários de se utilizarem da criatividade léxica.

Os linguistas enxergam esse posicionamento como “preconceito linguístico”,

pois se baseiam na afirmativa de que toda língua muda e varia, portanto, esse

conceito de “língua pura” e “imutável”, é usado como arma de discriminação que

ignora a realidade das variações linguísticas e fere a liberdade sobre o uso da

língua. Antes, defendem os neologismos como um fenômeno necessário de

evolução e aperfeiçoamento da língua, pois afirmam que em decorrência do

progresso científico e tecnológico, há necessidade constante de criação de

neologismos que expressem com exatidão novas descobertas, novos fatos e novos

conceitos.

O neologismo traz uma grande contribuição para a formação da língua na

medida em que se observa a formação de uma língua como sendo uma síntese da

influência de todas as raças e culturas inseridas em nossa própria cultura, por

intermédio dos meios de comunicação em massa, músicas e obras literárias que se

tornam conhecidos e popularizados.

O fenômeno não ocorre apenas em nossa língua, mas em todas aquelas que,

direta ou indiretamente, sofrem uma influência externa, seja pela importação de

outras culturas ou pela dependência econômica de outro país.

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Existem, basicamente, dois processos de criação lexical: a derivação e a

composição. Ocorrem também, embora em escala menor, mas não menos

significativa, a composição, reduplicação e hibridismos.

2 CLASSIFICAÇÃO DOS NEOLOGISMOS

2.1 Neologia fonológica

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9

Trata-se da criação de um léxico sem base em nenhuma palavra já existente.

A unidade léxica é considerada como de caráter neológico, a partir do momento em

que é interpretada pelo receptor, não basta que o significante esteja de acordo com

o sistema da língua, a comunicação em si garante, ou não, a eficácia da mensagem.

A neologia conta ainda com os recursos fonológicos, que são usados com o

intuito de provocarem alterações em um item lexical já existe (thurma), ou até

mesmo alterações no significante por conta de uma relação analógica, ou seja,

motiva criação de palavras já existentes que tenham uma relação de associação.

(bebemorar).

Outro recurso também empregado é a mudança que pode ocorrer na grafia

de palavras já existentes. (xou da Xuxa)

Na neologia fonológica, existe a criação onomatopaica, que também cria léxicos

inéditos, mas buscando reproduzir sons, ruídos ou gritos.

2.2 Neologismos sintáticos:

Ao contrário dos fonológicos, os neologismos sintáticos combinam elementos

léxicos já existentes no sistema linguístico do português.

Podem ser classificados em: derivados, compostos, compostos sintagmáticos,

compostos por siglas ou acronímicos.

Vejamos agora, segundo Alves (1994) e Kehdi (2002) a classificação dos

neologismos quanto á derivação, que pode ser prefixal, sufixal ou parassintética.

2.3 Neologismos formados por derivação prefixal:

Ao unir-se a uma base, o prefixo exerce função de acrescentar-lhes variados

significados: grandeza, exagero, oposição, pequenez, repetição, entre outros.

Alguns prefixos trazem ainda uma mudança de função quando colocado antes de

um substantivo, tornando-o um adjetivo, citaremos alguns desses casos abaixo.

Dentre os prefixos de caráter negativo e opositivo destacam-se: NÃO e ANTI,

DES/IN, SEM e CONTRA, que, associados às bases adjetivas ou substantivas, tem

a função de negar-lhes o significado:

Oferecem farto café da manhã aos hóspedes e NÃO-hóspedes.

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Cuidado. Cão ANTI-social.

Surgiu a idéia de DESideologização da ciência.

INdiretamente, podemos dizer que ele tem razão.

É uma questão complicada, essa dos SEM-teto.

O Deputado apresentará um CONTRA-plano para essa questão.

Existem também, elementos neológicos constituídos de prefixos que buscam

transmitir superioridade e grandeza, como SUPER, HIPER, ULTRA, MEGA, e os

que buscam diminuir como MINI/ MICRO:

O público agora, espera por um novo SUPER-herói nas telinhas de

cinema.

Aquele HIPER-mercado está com preços para abalar a concorrência.

Fique tranqüilo. Esse dispositivo é ULTRA-seguro.

Ouvi falar de uma MEGA-promoção no comércio hoje.

Foi tamanha a falta de vergonha ao usar aquela MINI-saia, para não

dizer MICRO-saia.

Para denotar quantidade, diversidade utiliza-se o prefixo

MULTI:

Essa organização leva em conta MULTI-facetas do mercado

financeiro atual.

Para indicar algo ainda inacabado utiliza-se s prefixo SEMI:

Vim para casa, mas deixei o relatório SEMI-pronto.

Já para indicar “o tempo que acaba de passar”, utiliza-se o sufixo RECÉM:

Ele é RECÉM-formado em Administração.

Para indicação de repetição, utiliza-se o prefixo RE:

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Faremos uma REestruturação completa dos seus fios.

O prefixo PRÓ indica “favorecimento”:

A prefeita tem um projeto PRÓ-emprego e PRÓ-familiar.

Os prefixos PRÉ e PÓS indicam temporalidade anterior e posterior:

O PRÉ-carnaval vai estava fervendo no baile do Copacabana.

Recomenda-se muito repouso na PÓS-cirurgia.

2.4 Neologismos formados por derivação sufixal:

Associando-se á uma palavra base, atribui-lhe uma idéia acessória e com

freqüência altera sua classe gramatical.

Os sufixos ISMO e ISTA – que passam à idéia de adesão á uma idéia de uma

personalidade ou doutrina, sempre traduzindo adesão a uma idéia, teoria, doutrina e,

até, a uma pessoa, estão dentre os mais frequentes formadores de substantivos e

adjetivos:

Esses fundamentalISMO é radical.

Ele não passa de um petISTA inflamado.

Os sufixos ÇÃO, IZAR e MENTO, formam substantivos ou adjetivos que estão

relacionadas com a ação verbal. Já o sufixo DOR, indica um responsável por uma

ação:

Disseram que foi por conta dessa formalizaÇÃO que resolveu-se

penaliZAR o organizaDOR da festa.

O desmoronamENTO transtornou o movimento da rodovia,

grande sofreDOR é o motorista que viajava em férias.

Os sufixos AÇO e ÃO recuperam sentido de valor:

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Que filmAÇO eu assisti no cinema ontem.

Aquele homem não passa de um fresCÃO.

O sufixo DROMO, indica “lugar onde”:

Fui ao camelóDROMO ontem, não tinha nada interessante.

No sambóDROMO a chapa esquentou geral.

O sufixo VEL, indica possibilidade de realização de uma ação:

Esse curso é totalmente ministráVEL.

2.5 Neologismos formados por derivação parassintética

Consiste na junção simultânea de um prefixo e um sufixo a um mesmo

radical, de maneira que, caso haja de exclusão de um ou de outro, o resultado seja

uma forma inaceitável da língua.

- Você é um DESalmADO

DES – Prefixo que indica negação

ADO – Sufixo que indica qualidade

No caso de retirada de qualquer um dos dois teríamos DESALM ou ALMADO, ou

seja, palavras sem sentido semântico.

- Quero me REfrescAR.

RE – Prefixo que indica repetição

AR – Sufixo que indica realizar o ato de.

A parassíntese também se apresenta de maneira muito produtiva nos verbos com

base substantiva:

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Embasar, enfeitar, enveredar, encanar, embelezar, entre outras.

2.5.1 Derivação regressiva

Elimina-se o vocábulo derivado o sufixo ou a desinência do derivante e ocorre

com freqüência na criação de substantivos derivados de verbos:

Ameaçar (Verbo) – Ameaça (Substantivo)

Abater (Verbo) – Abate (Substantivo)

Lutar (Verbo) – Luta (Substantivo)

2.5.2 Abreviação

Ocorre quando há emprego de apenas uma parte da palavra que substitui um

todo:

Essa cantora é MARA! – abreviação da palavra maravilhosa.

Vamos à 5º Expo-estética 2008 – abreviação da palavra exposição.

2.5.3 Composição

Segundo Kehdi (2002) é o processo de formação lexical de palavras, que

consiste na criação de palavras novas pela combinação de vocábulos, já existentes.

Para Laroca (2003), a composição pode ser classificada em vocabular ou

sintagmática.

A composição vocabular é a junção de duas ou mais palavras, que pode ser

com ou sem redução de estrutura mórfica das bases:

Palavra 1 + Palavra 2 = Palavra 3

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Ela pode ser feita de duas maneiras:

a) Por justaposição - Uma palavra ao lado da outra para formar uma nova palavra de

bases simples ou presas, não há perca de morfemas.

EX: Vale transporte, seguro-desemprego, células tronco, agricultura,

homossexual, hidroterapia.

b) Por aglutinação – A junção de palavras onde um dos elementos perde-se uma

letra ou morfema.

EX: Planalto (plano + alto)

c) Por Truncamento – A junção com fragmentação de bases (neologismos).

EX: Showmício (show + comício)

Portunhol (português + espanhol)

Cantriz (cantora + atriz)

2.6 A composição sintagmática

Ocorre quando os membros integrantes constituem uma única unidade léxica.

EX: Cesta básica, crimes de colarinho branco, condomínio fechado.

Esses exemplos são sintagmas em vias de lexicalização. Que ainda podem

sofrer o processo de derivação.

EX: Pró-cesta básica, anticrimes de colarinho branco.

2.7 Processo de redução

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Consiste na subtração de um morfe ou uma unidade da palavra-base. E pode

ser classificada em redução vocabular ou sintagmática.

a) A redução vocabular pode ser divida em:

Derivação regressiva- substantivos deverbais

EX:agito (agitar), dança (dançar).

Abreviação

Ex: Fotografia = Foto

Microcomputador = micro

Flagrante = Flagra

b) A redução sintagmática ou acronímia é a combinação de letras iniciais das

palavras que compõem o sintagma.

EX: AIDS (acrônimo inglês- Síndrome da Imuno deficiência adquirida)

CUT (central única de trabalhadores)

PT (partido dos trabalhadores)

Uma vês criadas podem formar derivados.

EX: anti- AIDS

Pró- CUT

Petista

3 ESTUDO DE CASO

Análise de neologismos encontrados nas músicas compostas por Carlinhos

Brown e Arnaldo Antunes, cujas letras estão disponíveis no anexo desta monografia.

3.1 Everybodygente

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Essa música de Carlinhos Brown usa o termo “everybodygente” como uma

forma de convidar a todos a viver de forma leve, sem rancor, que os problemas que

acontecem em nossas vidas são passageiros.

Neologismo por composição de justaposição, pois os termos associados não

apresentam perda de fonema e conservam sua individualidade. Realizado pela

junção de:

Everybody – estrangeirismo

Gente – substantivo

3.2 Futeboleiro

Em “futboleiro” Carlinhos mostra como o brasileiro é um povo quente, que não

é chamado de país do futebol e do carnaval à toa, todos já nascem jogando, e

vivendo carnaval e futebol.

Neologismo por derivação sufixal, uma vez que ao substantivo (radical) se

acrescenta o sufixo EIRO que transmite a idéia de alguém que concretiza

determinada ação. Realizado pela junção de:

Pelado + eiro= peladeiro

Futebol+ eiro =futeboleiro

3.3 H2homem

A música H2omem nos faz refletir na água como símbolo da constituição do

homem. A água bate na pedra até furá-la, assim o homem antigo o fazia, com suas

expressões grafadas em pedras, daí temos uma similaridade entre água e o homem.

Neologismo por composição de aglutinação, uma vez que existe a inserção de um

símbolo químico dentro de um substantivo que sofre modificações sonoras.

H2O – símbolo químico

Homem – substantivo

3.4 Inclassificáveis

Page 15: Neologismos na Música Popular Brasileira

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A música INCLASSIFICÁVEIS de Arnaldo Antunes apresenta o

multiculturalismo existente no Brasil, não há uma só raça, ou uma só crença, é uma

mistura de povos e culturas.

Neologismo por truncamento, pois acopla duas palavras já existentes no léxico.

Crilouros = criolo + louro

Guaranisseis = guarani + nisseis

Judárabes = judeus + árabes

Orientupis = orientais + tupis

Ameriquítalos = americanos + ítalos

Iberibárbaros = ibéricos + bárbaros

Ciganagôs = ciganos +nagôs

Egipciganos = egípcios + ciganos

Tupinamblocos = tupinambá +caboclos

Yorubárbaros =Yorubá + bárbaros

REFERÊNCIAS

ALVES, Ieda Maria. Neologismo-criação lexical. 2ª. ed. São Paulo: Ática, 1994.

KEHDI, Valter. Formação de Palavras em Português. 3°. ed. São Paulo, 2002.

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LAROCA, Maria Nazaré de Carvalho. Manual da Morfologia do Português. 3°.

ed. Campinas -SP, 2003.

ANEXO 1

Everybodygente – Carlinhos Brown

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Nós acordamos mais leves que o ar

Só as estrelas a testemunhar

Lembra que o tempo parou pra nós dois

Na na na na, Na na na na 2X

Um, um milhão, infinito ou mais

Todas as calmas descançam em paz

Lembra que a guerra acabou pra nós dois,

pra nós dois...

Na na na na, Na na na na 2X

Meu herói mais ninguém

O revólver não lhe fica bem

Meu professor diz que amor

Vai e volta depois

Everybodygente cha la la la la

cha la la la la, la la la la la la

(10X)

ANEXO 2

Futeboleiro – Carlinhos Brown

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Ê, ê, ê, ê, ê, ê Eu sou um brasileiro e mando um beijo pra você.

Do Verde mata

Do Preto mulata

Do Lar tropical cal cal cal cal

Sou peladeiro

Sou futboleiro

Meu grito de guerra

É o grito de Gol, gol, gol, gol, gol

Faz um!

Mais um!

Faz um!

Mais um!

Ê, ê, ê, ê, ê, ê Eu sou um brasileiro e mando um beijo pra você

ANEXO 3

H2omem – Arnaldo Antunes

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Composição: Arnaldo Antunes / Hélder Gonçalves

A gota caiu na poça

A poça caiu na lagoa

A lagoa caiu no mar

e aqui se fez

a pessoa

a pessoa caiu na outra

a outra caiu na outra

a gota caiu na gota

e o mar se fez

da garoa

Agá dois homem

pra dentro da boca da boca da boca do rio

correndo escorrendo pra dentro do copo vazio

e do copo cheio transbordando, embalando o navio

chovendo, jorrando, enxurrando, enchendo o cantil

Agá dois homem

pra beber e tomar banho

Agá dois homem

pra nadar e fazer sopa

Agá dois homem

pra molhar a plantação

contra a cabeça pedra

contra a cabeça ferro

contra a certeza inquestionável

Agá dois homem

pra lavar a roupa suja

Agá dois homem

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pra furar a pedra dura

Agá dois homem

pra chover sobre o sertão

ANEXO 4

Inclassificáveis – Arnaldo Antunes

Page 21: Neologismos na Música Popular Brasileira

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Composição: Arnaldo Antunes

que preto, que branco, que índio o quê?

que branco, que índio, que preto o quê?

que índio, que preto, que branco o quê?

que preto branco índio o quê?

branco índio preto o quê?

índio preto branco o quê?

aqui somos mestiços mulatos

cafuzos pardos mamelucos sararás

crilouros guaranisseis e judárabes

orientupis orientupis

ameriquítalos luso nipo caboclos

orientupis orientupis

iberibárbaros indo ciganagôs

somos o que somos

inclassificáveis

não tem um, tem dois,

não tem dois, tem três,

não tem lei, tem leis,

não tem vez, tem vezes,

não tem deus, tem deuses,

não há sol a sós

aqui somos mestiços mulatos

cafuzos pardos tapuias tupinamboclos

americarataís yorubárbaros.

Page 22: Neologismos na Música Popular Brasileira

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somos o que somos

inclassificáveis

que preto, que branco, que índio o quê?

que branco, que índio, que preto o quê?

que índio, que preto, que branco o quê?

não tem um, tem dois,

não tem dois, tem três,

não tem lei, tem leis,

não tem vez, tem vezes,

não tem deus, tem deuses,

não tem cor, tem cores,

não há sol a sós

egipciganos tupinamboclos

yorubárbaros carataís

caribocarijós orientapuias

mamemulatos tropicaburés

chibarrosados mesticigenados

oxigenados debaixo do sol