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NEIVA TAMANINI TRABALHO DE CONCLUSÃO DE ESTÁGIO ANÁLISE DO SETOR DE CONTAS A RECEBER DA EMPRESA SOARESCIM INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE CALÇADOS LTDA. TIJUCAS (SC) 2007 UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS CURSO DE ADMINISTRAÇÃO

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NEIVA TAMANINI

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE ESTÁGIO

ANÁLISE DO SETOR DE CONTAS A RECEBER

DA EMPRESA SOARESCIM INDÚSTRIA E

COMÉRCIO DE CALÇADOS LTDA.

TIJUCAS (SC)

2007

UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS CURSO DE ADMINISTRAÇÃO

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NEIVA TAMANINI

Trabalho de Conclusão de Estágio

ANÁLISE DO SETOR DE CONTAS A RECEBER DA EMPRESA SOARESCIM INDÚSTRIA E

COMÉRCIO DE CALÇADOS LTDA.

Trabalho de Conclusão de Estágio desenvolvido para o Estágio Supervisionado do Curso de Administração do Centro de Ciências Sociais Aplicadas da Universidade do Vale do Itajaí – CECIESA – Gestão Campus Tijucas.

TIJUCAS - SC, 2007

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Dedico este trabalho à minha mãe Maria das Neves, pela educação e confiança a mim dispensada durante toda minha vida. A meu esposo Jederson, pelo apoio e paciência durante esta caminhada. A meus irmãos que não mediram esforços para a realização deste sonho.

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Agradeço primeiramente a Deus, fonte inesgotável de sabedoria e amor. A minha mãe pela educação e amor incondicional. A meu esposo Jederson, pelo companheirismo, apoio e dedicação. A meus irmãos, Neuza, Nilsa, Nilton e Nirio, que não mediram esforços para me ajudar em todas as dificuldades, pessoas as quais serei eternamente grata. As minhas amigas, Juliana, Priscila, Graziele e Mônica, pela amizade e palavras de conforto nos momentos difíceis. A minha orientadora Profª. Jaqueline de Fátima Cardoso, pelos ensinamentos transmitidos e apoio na realização deste trabalho. Aos colegas de trabalho que contribuíram na execução desse estudo. A Soarescim, agradeço a oportunidade, a contribuição e o incentivo na minha formação acadêmica.

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EQUIPE TÉCNICA

a) Nome do Estagiário

Neiva Tamanini

b) Área de Estágio

Administração Geral

c) Professor Responsável por Estágios

Profª. Jaqueline de Fátima Cardoso

d) Supervisor de campo

Adalberto Carlos Soares

e) Orientador de Estágio

Profª. Jaqueline de Fátima Cardoso

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DADOS DE IDENTIFICAÇÃO DA EMPRESA

a) Razão social

Soarescim Ind. e Com. de Calçados Ltda

b) Endereço

Rua Emílio Mazera, 56 – Tajuba I / São João Batista - SC

c) Setor de desenvolvimento do estágio

Contas a Receber

d) Duração do estágio

240 horas aula

e) Nome e cargo do supervisor de campo

Adalberto Carlos Soares

Diretor Administrativo

f) Carimbo e visto da empresa

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AUTORIZAÇÃO DA EMPRESA

TIJUCAS 06 de novembro de 2007

A empresa Soarescim Ind. e Com. de Calçados LTDA, pelo presente instrumento autoriza

a Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, a publicar, em sua biblioteca, o Trabalho de

Conclusão de Estágio executado durante o Estágio Supervisionado, pela acadêmica Neiva

Tamanini.

______________________________

Maurino Cim

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RESUMO

O objetivo principal deste trabalho consiste em analisar o setor de contas a receber da empresa Soarescim Ind. e Com. de Calçados Ltda, com vistas a aprimorar os seus processos e as suas políticas de crédito e cobrança. Para isto, foram propostos alguns objetivos específicos tais como: identificar as atividades desenvolvidas no setor de contas a receber; descrever os processos do setor; propor melhorias para os processos; identificar as políticas para concessão de crédito e cobrança e aprimorar essas políticas. A metodologia aplicada teve como tipologia de estágio a avaliação formativa. O universo da pesquisa compreendeu todos os colaboradores da empresa. Os instrumentos de coletas de dados utilizados foram à observação participante, uma entrevista semi-estruturada com o diretor administrativo, e uma entrevista não estruturada com o encarregado e o auxiliar do setor comercial e o encarregado do setor de programação e controle da produção. Os dados desse trabalho foram analisados através da análise de conteúdo. O resultado da pesquisa revelou que a empresa necessita rever certas políticas de crédito e cobrança, bem como formalizá-las, e também implementar melhorias para os processos desenvolvidos no setor de contas a receber.

PALAVRAS-CHAVE: processos; políticas de crédito; políticas de cobrança.

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LISTA DE ILUSTRAÇÃO

Figura 1: O processo da administração financeira......................................................................... 24

Figura 2: Exemplo de fluxograma vertical .................................................................................... 44

Figura 3: Exemplo de fluxograma parcial ou descritivo ............................................................... 45

Figura 4: Exemplo de fluxograma global ou de colunas ............................................................... 46

Figura 5: Simbologia do fluxograma parcial ou descritivo ........................................................... 47

Figura 6: Simbologia do fluxograma global ou de colunas........................................................... 48

Figura 7: Organograma da empresa. ............................................................................................. 54

Figura 8: Fluxograma do processo de análise e concessão de crédito........................................... 63

Figura 9: Fluxograma do processo de cobrança ............................................................................ 67

Figura 10: Fluxograma proposto para melhorar o processo de análise e concessão de crédito .... 69

Figura 11: Fluxograma proposto para melhorar o processo de cobrança...................................... 72

Figura 12: Ficha de Cadastro......................................................................................................... 76

Figura 13: Ficha do cliente ............................................................................................................ 79

Figura 14: Histórico de duplicatas recebidas................................................................................. 80

Quadro 1: Plano de ação para as políticas de crédito e cobrança. ................................................. 85

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 11

1.1 OBJETIVO GERAL E OBJETIVOS ESPECÍFICOS.......................................................................... 12

1.2 JUSTIFICATIVA ...................................................................................................................... 12

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA........................................................................................... 14

2.1 ADMINISTRAÇÃO .................................................................................................................. 14

2.2 ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO........................................................................................... 16

2.3 ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS........................................................................... 18

2.4 ADMINISTRAÇÃO DE MARKETING ......................................................................................... 19

2.5 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA .............................................................................................. 20

2.6 ADMINISTRAÇÃO DE CONTAS A RECEBER.............................................................................. 25

2.6.1. Análise e concessão de crédito.................................................................................... 26

2.6.2 Mortalidade das empresas no Brasil............................................................................ 27

2.6.3 Política de crédito ........................................................................................................ 28

2.6.4 Política de cobrança..................................................................................................... 31

2.7 ORGANIZAÇÃO, SISTEMAS E MÉTODOS (OSM)...................................................................... 35

2.7.1 Processos...................................................................................................................... 39

2.7.2 Fluxograma .................................................................................................................. 40

3 MÉTODO.................................................................................................................................. 49

3.1 CARACTERIZAÇÃO DO TRABALHO......................................................................................... 49

3.2 UNIVERSO DA PESQUISA....................................................................................................... 50

3.3 COLETA DE DADOS................................................................................................................ 50

3.4 TRATAMENTO E ANÁLISE DOS DADOS................................................................................... 52

4 CARACTERIZAÇÃO DA EMPRESA .................................................................................. 53

4.1 A EMPRESA........................................................................................................................... 53

4.2 ESTRUTURA ORGANIZACIONAL............................................................................................. 54

4.3 PRODUTOS FABRICADOS....................................................................................................... 55

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4.4 MERCADO EM QUE ATUA......................................................................................................55

4.5 PRINCIPAIS CONCORRENTES.................................................................................................. 56

4.6 FORNECEDORES.................................................................................................................... 56

5 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS ....................................................................58

5.1 IDENTIFICAÇÃO DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS PELO SETOR DE CONTAS A RECEBER...... 58

5.2 DESCRIÇÃO DOS PROCESSOS DO SETOR DE CONTAS A RECEBER............................................ 60

5.2.1 O processo de análise e concessão de crédito ............................................................. 60

5.2.2 O processo de cobrança ............................................................................................... 64

5.3 PROPOSIÇÃO DE MELHORIAS PARA OS PROCESSOS................................................................ 68

5.3.1 Propostas de melhorias para o processo de análise e concessão de crédito............... 68

5.3.2 Proposta de melhoria para o processo de cobrança.................................................... 70

5.4 POLÍTICAS PRATICADAS PARA CONCESSÃO DE CRÉDITO E COBRANÇA................................... 73

5.5 PLANO DE AÇÃO.................................................................................................................... 84

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................................... 87

REFERÊNCIAS .......................................................................................................................... 89

ANEXOS ...................................................................................................................................... 93

APENDICE ............................................................................................................................... 935

DECLARAÇÃO .......................................................................................................................... 99

ASSINATURA DOS RESPONSÁVEIS .................................................................................. 100

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1 INTRODUÇÃO

A administração financeira pode ser considerada um dos pilares básicos de qualquer

organização, pois as demonstrações financeiras proporcionam uma visão ampla da situação da

mesma. Considerando que o mercado está cada dia mais competitivo e em constante processo de

mudança, é importante que as organizações estejam preparadas para tomar decisões diante de

situações que possam comprometer suas finanças ou até mesmo sua existência.

Com a evolução das tecnologias de informação, a conjuntura administrativa requer novas

formas e organização de trabalho, e um maior controle dos recursos financeiros. Pois todas as

atividades organizacionais envolvem recursos financeiros e se orientam para maximização dos

lucros dos sócios ou acionistas.

A área de contas a receber busca a redução do índice de perdas bem como um maior

controle sobre as atividades de concessão de crédito até o recebimento da venda, buscando atingir

o objetivo principal da organização.

Dessa forma as políticas de crédito e cobrança servem para nortear os procedimentos

internos da empresa, permitir que esta efetue vendas a prazo a seus clientes de modo seguro e

garantir o recebimento dos créditos concedidos pela organização na data do vencimento.

Neste contexto, este trabalho consiste em analisar o setor de contas a receber da empresa

Soarescim Ind. e Com. de Calçados Ltda., com vistas a aprimorar os seus processos e as suas

políticas de crédito e cobrança.

A Soarescim Ind. e Com. de Calçados Ltda, uma empresa que foi fundada em 08 de

março de 1998, pelos senhores Maurino Cim e Valmir Soares, estabelecida na cidade de São João

Batista no Estado de Santa Catarina. Que nos últimos anos vem crescendo aceleradamente a uma

taxa de 40% ao ano, conta atualmente com aproximadamente sete mil clientes e oitenta

fornecedores. Devido a este rápido crescimento, observa-se que há algumas dificuldades quanto à

análise e liberação de crédito, e um controle eficaz sobre as cobranças das vendas realizadas a

prazo.

Além dos riscos de atraso e de perdas por falta de pagamento, as vendas a prazo provocam

despesas adicionais com análise de crédito e cobrança. Apesar dos riscos e custos, a maior parte

das vendas no mercado é realizada á crédito. Diante desta realidade, é natural que o setor de

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contas a receber da empresa, se importe com o crédito concedido a seus clientes e interaja com o

setor de marketing, pois as políticas de crédito envolvem procedimentos de seleção de clientes e

cobrança, compondo importante elemento para a formação e a manutenção de uma carteira de

cliente saudável.

1.1 Objetivo geral e objetivos específicos

O objetivo geral do trabalho consiste em analisar o Setor de Contas a Receber da empresa

Soarescim Ind. e Com. de Calçados Ltda, com vistas a aprimorar os seus processos e as suas

políticas de crédito e cobrança.

Os objetivos específicos são:

- Identificar as atividades desenvolvidas pelo setor de contas a receber.

- Descrever os processos do setor.

- Propor melhoria para os processos.

- Identificar as políticas praticadas para concessão de crédito e cobrança.

- Aprimorar as políticas para concessão de crédito.

- Aprimorar as políticas de cobrança.

1.2 Justificativa

Este estudo justifica-se pela necessidade que a empresa Soarescim Ind. e Com. de

Calçados Ltda, tem em estruturar o setor de contas a receber. A Soarescim é uma empresa nova

que vem crescendo aceleradamente nos últimos anos, desta maneira precisa contar com maior

controle dos dados e que estes possibilitem mais segurança na tomada de decisão.

A originalidade deste trabalho apresenta-se pelo fato de ser a primeira vez que a

Soarescim abre campo para este tipo de estudo.

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A importância do referido estudo, se dá pelo fato da empresa estar em processo de

crescimento e estar interessada em estruturar o setor de contas a receber, para que desta forma

consiga obter informações e administrar a empresa de maneira eficaz. Para a acadêmica, este

estudo é importante para seu desenvolvimento pessoal e profissional.

Este estudo se torna viável, pois a estagiária trabalha no setor de contas a receber da

empresa e terá acesso a todas as informações necessárias para a realização do trabalho.

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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Neste capítulo serão apresentados os principais fundamentos teóricos para a elaboração

desse trabalho. Serão abordados temas referentes à administração geral, administração da

produção, administração de marketing, administração financeira, administração de contas a

receber e OSM.

2.1 Administração

A administração é importante em toda a cooperação organizada, como nas famílias,

igrejas, clubes, associações, empresas e tantas outras organizações. Administrar é a ação de

dirigir os negócios, de gerir bens. O administrador interpreta os objetivos propostos pela

organização e transforma-os em ação.

Megginson, Mosley e Pietri (1998) defendem que a administração é necessária em todas

as atividades organizadas e em todos os tipos de organização. Uma organização existe todas as

vezes que duas ou mais pessoas interagem para atingir certo objetivo.

Administração vem do latim, ad (junto de) e ministratio (prestação de serviço) e significa a ação de prestar serviço ou ajuda. Modernamente, administração representa não somente o governo e a condução de uma empresa, mas também todas as atividades com o planejamento, organização, direção e controle da ação empresarial. (CHIAVENATO, 1986, p. 03)

De acordo com Megginson, Mosley e Pietri (1998), os conceitos e técnicas de

administração sempre foram usados, porem o pensamento administrativo se desenvolveu

lentamente, por vários motivos. Primeiramente, desde a antiguidade até um período mais

moderno, as atividades industriais e comerciais não eram vistas como profissões admiráveis.

Depois, os primeiros economistas e cientistas políticos não se importavam com os aspectos

administrativos e empreendedores das empresas. E por fim os próprios administradores não

auxiliaram no desenvolvimento da administração, ao considerar sua profissão uma arte e não uma

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ciência. No entanto, observa-se que mesmo o conhecimento de administração ter se desenvolvido

vagarosamente, muitos conceitos são usados até hoje nas organizações.

Para Maximiano (2000), administração é essencial a qualquer situação que envolva

pessoas utilizando recursos para alcançar algum resultado, sua finalidade é garantir a realização

dos objetivos pelo bom emprego dos recursos.

Para atingir os objetivos da organização o administrador coordena esforços de terceiros

conseguindo com que eles façam o que é necessário para o desenvolvimento das atividades.

Lacombe e Heilborn (2003) abordam que uma das principais funções do administrador é

alcançar objetivos por meio de esforços coordenados de outras pessoas, visto que na era da

informação esta capacidade é prioritária, uma vez que o conhecimento está na mente das pessoas

e o administrador precisa ser hábil para transformar conhecimento em resultados.

Conforme Silva (1997), há quatro processos administrativos onde o administrador

desempenha suas funções, o de planejar, organizar, dirigir e controlar.

• Planejamento: sugeri que os administradores pensem antecipadamente em seus

objetivos e atos.

• Organização: Os administradores coordenam os recursos humanos e materiais da

organização

• Liderança: Descreve como os administradores dividem e influenciam os

subordinados, para realizar tarefas e alcançarem objetivos;

• Controle: Quando os administradores procuram garantir que a organização caminhe

em direção de seus objetivos.

O êxito de uma organização depende de sua administração, se esta for eficaz a empresa se

desenvolverá rapidamente, já se a administração for ineficiente a organização corre o risco de se

extinguir.

Megginson, Mosley e Pietri (1998) afirmam que o sucesso ou o fracasso das organizações

dependem unicamente da capacidade de seus administradores desempenharem suas funções de

maneira eficaz.

Após breve explanação sobre administração geral, será abordado o tema administração da

produção.

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2.2 Administração da produção

A administração da produção de uma organização envolve todos os fatores baseado nos

conhecimentos gerais da administração que são o planejamento, organização, direção e controle.

Silva (1997, p. 96) considera que “administração da produção é a especialização

administrativa que trata do planejamento, organização, direção e controle do setor de produção de

uma empresa”.

Todas as organizações, sejam elas com ou sem fins lucrativos, tem em comum um sistema

produtivo ou operacional que utiliza recursos humanos e materiais, para produzir um bem ou um

serviço.

Segundo Megginson, Mosley e Pietri (1998, p. 536), “produção é a atividade que inclui

projetar, operar e controlar um sistema para transformar recursos humanos, financeiros e físicos

em produtos ou serviços necessários”.

Para as organizações que visam maior desenvolvimento e lucratividade é importante obter

capacidade de criar um bem ou serviço que desperte o interesse e satisfaça as necessidades dos

clientes.

Kwasnicka (1995) defende que a partir dos sistemas econômicos que formam a sociedade,

para garantir a sobrevivência, as organizações devem buscar a satisfação das necessidades do

consumidor, para definir seu produto. A procura pela preferência dos clientes se dá pelas

informações de mercado, através de investigação de necessidades ou tendências de

comportamento de uma sociedade.

Para gerir a produção o administrador relaciona – se com áreas principais de produção que

são: planejamento da produção, controle de produção, controle da qualidade, movimentação de

materiais e peças, layout, controle de estoques, estudo do trabalho e manutenção.

Silva (1997) define que para conduzir a produção o administrador necessita envolver-se

em oito áreas principais de produção:

• Planejamento da produção: decidir antecipadamente o que deve ser feito para alcançar

determinado objetivo;

• Controle de produção: verificar se o que foi planejado está sendo executado;

• Controle da qualidade: determina as causas relevantes de variações de qualidade;

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• Movimentação de materiais e peças: tem como finalidade a organização dos materiais

e peças para manter o melhor ritmo da produção;

• Layout: significa a classificação dos departamentos e a instalação adequada dos

equipamentos possibilitando a maior e melhor produção;

• Controle de estoques: Evita o desperdício e a falta de recursos de materiais;

• Estudo do trabalho: é a aplicação de técnicas e práticas para atender não só a empresa

como às necessidades sociais e pessoais do trabalhador;

• Manutenção: tem como objetivo prestar alguns serviços auxiliares no processo de

produção.

Em uma organização, o processo de administração da produção envolve o auxilio várias

atividades como Almoxarifado, ferramentaria, manutenção, apontamento de mão-de-obra e

armazenagem.

De acordo com Kwasnicka (1995), há muitas atividades que auxiliam no processo de

produção de uma organização:

• Almoxarifado: controla entradas e saídas dos materiais, controle de estoques e

inventários;

• Ferramentaria: distribuir, conservar e controlar as ferramentas e dispositivos

necessários para que as maquinas possam operar;

• Manutenção: é responsável em manter os equipamentos em todas as facilidades em

andamento;

• Apontamento de mão-de-obra: é uma atividade que vai gerar informações a várias

áreas da empresa – pessoal, produção, métodos e sistemas;

• Armazenagem: é a atividade responsável por guardar o produto acabado, que pode

ocorrer em várias fazes do processo produtivo.

Cada organização busca a melhor forma para produzir seus bens ou serviços, para se

conservar no mercado e atender seus clientes de maneira eficaz.

Depois de breve comentário sobre administração da produção, será abordado o tema

administração de recursos humanos.

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2.3 Administração de recursos humanos

As organizações são edificadas por pessoas. E consequentemente os resultados de uma

empresa depende da boa atuação e desempenho das pessoas que nela trabalham.

Conforme (Iacocca apud Lacombe e Heilborn, 2003), as operações de negócios podem

ser resumidas em três fatores: pessoas, produtos e lucros. As pessoas vêm em primeiro lugar. Se a

empresa não dispuser de uma boa equipe não poderá fazer muito com o resto.

A administração de recursos humanos evoluiu com o passar dos anos, recentemente está

se tornando planejador e causador de mudanças nas empresas.

Dessler (2003) afirma que a administração de RH sofreu várias mudanças ao decorrer dos

anos, no início o departamento de recursos humanos administrava os pagamentos, planos de

benefícios e controlava admissões e demissões. Depois o departamento de recursos humanos

passou a exercer um papel maior na organização, aplicando testes e entrevistas para auxiliar na

seleção, treinamento e promoção de funcionários. Atualmente, está se tornando planejador e

causando mudanças, pois para o mesmo autor, o que contribui para uma empresa ser competitiva

são funcionários bem treinados e comprometidos.

Megginson, Mosley e Pietri (1998) abordam que a administração de recursos humanos é

um aspecto muito importante da administração, pois planeja as necessidades dos colaboradores,

recrutamento, seleção, treinamento e desenvolvimento. Bem como recompensa o desempenho

dos mesmos.

A administração de recursos humanos se empenha para conseguir novos profissionais no

mercado de trabalho, e se esforça para preparar, adaptar, desenvolver e incorporá-los na

organização.

Kwasnicka (1995) define que a administração de recursos humanos busca atrair

profissionais no mercado de trabalho. E, além disso, também prepara , adapta, desenvolve e

incorpora os funcionários de acordo com o perfil de profissional que a organização precisa.

Conforme Silva (1997), existem quatro áreas importantes do setor de recursos humanos:

• Recrutamento e seleção: atrair ou procurar pessoas que possuam qualificações

necessárias para preencher o cargo existente na empresa;

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• Treinamento de pessoal: tem como objetivo tornar o funcionário apto ao desempenho

de determinados serviços ou tarefas da empresa;

• Cargos e salários: avalia cargos e remunera os funcionários pelos serviços prestados

para a empresa;

• Assistência e benefícios: se preocupa com as normas legais dos funcionários,

garantindo benefícios oferecidos a eles bem como a seus dependentes.

A administração de recursos humanos abrange tanto os interesses da organização como os

interesses dos indivíduos que nela estão envolvidos.

Segundo Chiavenato (2002), a ARH (administração de recursos humanos) não é um fim

em si mesma, mas um meio de conseguir a eficiência e a eficácia das organizações por meio das

pessoas, proporcionando condições adequada para que estas alcancem seus objetivos pessoais.

Posterior ao breve comentário sobre administração de recursos humanos, será abordado

de forma sucinta sobre a administração de marketing.

2.4 Administração de marketing

De acordo com Kotler (2003), a administração de marketing é definida como a análise, o

planejamento, a implementação e o controle de programas desenvolvidos para estabelecer e

manter trocas favoráveis com compradores-alvo para alcançar os objetivos organizacionais.

Na visão de Las Casas (1997), administração de marketing consiste em estabelecer

objetivos, planejar, coordenar e integrar as atividades de marketing, igualmente motivando os

responsáveis com a execução do plano.

De acordo com a definição dos autores acima, o marketing precisa ser entendido de

maneira que não se tenha a impressão, que ele é responsável apenas por realizar vendas e

propagandas. O marketing desenvolve muitas atividades na organização com a finalidade de

satisfazer os desejos e as necessidades dos clientes.

Kotler (2003 p. 03) define “marketing como um processo administrativo e social pelo

qual indivíduos e grupos obtêm o que necessitam e desejam, por meio da criação, oferta e troca

de produtos e valor com os outros”.

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Para atender os desejos e necessidades dos consumidores serão verificadas as principais

funções do marketing nas organizações.

Kwasnicka (1995) afirma que a função do marketing está associada em realizar atividades

importantes como, especificar qual produto ou serviço é desejado por quais grupos de clientes

que tomam decisões sobre preços, escolhendo o sistema de canal de distribuição e administrando

o esforço promocional.

Segundo Martins (2006), cada vez mais as organizações se esforçam para satisfazer as

necessidades e desejos de seu público-alvo, para isso a empresa interage com o ambiente interno

e externo através de seu profissional de marketing que define o composto de Marketing.

Kotler (2003) defende que mix de marketing é tudo aquilo que a empresa pode fazer para

influenciar a demanda de seu produto. As diferente possibilidades podem ser agrupadas em

quatro grupos de varáveis conhecidas como ´4 Ps´. Que são:

• Produto: combinação de bens e serviços que a empresa apresentar para os mercados-

alvo;

• Preço: expressa a quantia de dinheiro que os clientes vão pagar para obter um produto;

• Praça: envolve as atividades da empresa que tornam o produto disponível aos

consumidores-alvos;

• Promoção: são as atividades que comunicam os pontos fortes do produto e convencem

os clientes-alvo a comprá-lo.

2.5 Administração financeira

A administração financeira envolve a gestão de recursos financeiros, ou seja, como

conseguir os recursos e onde aplicá-los.

Lemes Junior, Rigo e Cherobim (2005, p. 04) defendem que “administração financeira é a

arte e a ciência de administrar recursos financeiros, para maximizar a riqueza dos acionistas”.

Conforme Gitman (1997), a administração financeira é a arte ou ciência de administrar

fundos. E ocupa-se do processo, instituições, mercados e instrumentos envolvidos na

transferência de fundos entre pessoas, empresas e governo.

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Kwasnicka (1995) aborda que a administração financeira visa à valorização da empresa e

de que forma as decisões podem ser tomadas para maximizar essa valorização.

A administração financeira visa administrar os recursos financeiros de forma que os

investidores de uma empresa obtenham um retorno satisfatório em relação aos riscos assumidos

com as suas atividades.

Lemes Junior, Rigo e Cherobim (2005) afirmam que o objetivo da administração

financeira é a maximização da riqueza dos acionistas que investiram recursos nas empresas.

Na visão de Sanvicente (1987), o objetivo principal nas decisões de administração

financeira é conseguir a maior rentabilidade possível sobre os investimentos efetuados por

acionistas na empresa.

A administração financeira vem se tornando uma função importante para as organizações,

com a finalidade de utilizar controles financeiros, e desta forma assessorar toda a empresa, para

que esta disponha de recursos financeiros suficientes para honrar seus compromissos.

Sanvicente (1987) defende que a função financeira, tem a finalidade de assessorar a

empresa como um todo proporcionando-lhe os recursos monetários exigidos.

De acordo com Braga (1989), nas grandes organizações, a função financeira costuma ser

exercida por três executivos: o vice-presidente de finanças, o diretor tesoureiro e o diretor de

controle.

• O vice-presidente de finanças é o principal executivo da área financeira, formula a

política financeira global da empresa, coordena as atividades do tesoureiro e do

controller.

• O tesoureiro desenvolve funções executivas, mantém relações externas com bancos e

outros credores e é responsável pela liquidez da empresa.

• O controller desenvolve funções de assessoria, envolve-se com todas as áreas da

empresa, é o inspetor dos assuntos financeiros e preocupa-se constantemente com a

rentabilidade da empresa.

Na concepção de Hoji (2000), as atividades empresariais utilizam recursos monetários,

logo, estas são conduzidas para obter lucro. Ainda para o mesmo autor, o administrador

financeiro tem as funções de realizar análises e planejamento financeiro, tomar decisões de

investimento e de financiamento.

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• Realização de análises e planejamento financeiro: diz respeito em coordenar,

monitorar e avaliar todas as atividades da organização, mediante dados financeiros,

assim como definir o volume de capital necessário.

• Tomada de decisões de investimento: consiste na alocação dos recursos financeiros a

projetos de investimento cujos benefícios virão em longo prazo.

• Tomada de decisões de financiamento: são decisões tomadas para captar recursos

financeiros para o financiamento das operações da empresa.

Na visão de Gitman (1997, p. 04), “os administradores financeiros administram ativamente

as finanças de todos os tipos de empresas, financeiras ou não financeiras, privadas ou públicas,

grandes ou pequenas com ou sem fins lucrativos”.

Gitman (1997) define que servindo como ponto de partida para análises e também como

base para planejamento dos negócios e elaboração de orçamentos, as demonstrações financeiras

fornecem uma visão panorâmica da situação da empresa. Ainda para o autor, as demonstrações

financeiras apresentam uma visão ampla da situação da empresa, e as atividades do administrador

financeiro podem ser relacionadas a essas demonstrações.

A administração financeira relaciona-se com as diversas áreas da empresa e participa das

decisões que afetam o lucro e a disponibilidade de caixa. A administração financeira consiste em

um conjunto de funções, sendo as principais: administração do fluxo de fundos, análise e controle

dos resultados financeiros e econômicos da empresa, planejamento e controle orçamentário,

auditoria interna, contabilidade geral e contabilidade de custos, administração de sistemas e

procedimentos, administração de impostos.

Kwasnicka (1995) defende que de forma geral as principais atividades da organização da

função financeira são: administração do fluxo de fundos, análise e controle dos resultados

financeiros e econômicos da empresa, planejamento e controle orçamentário, auditoria interna,

contabilidade geral e contabilidade de custos, administração de sistemas e procedimentos e

administração de impostos.

• Administração do fluxo de fundos: consiste na obtenção de fundos, custódia de

recursos monetários e outros valores, pagamento dos compromissos da empresa e

elaboração do orçamento de caixa.

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• Análise e controle dos recursos financeiros e econômicos da empresa: diz respeito ao

controle do comportamento das receitas e dos custos como novos investimentos,

aumento do capital social e levantamento de grandes empréstimos.

• Planejamento e controle orçamentário: a princípio coordena e elabora o orçamento

operacional que envolverá todas as atividades da organização. Comparando os dados

planejados, com os valores efetivamente realizados, apurando as variações

orçamentárias e examina as suas causas.

• Auditoria interna: examina a documentação que serviu de base para os lançamentos

contábeis, este órgão certificará ao administrador financeiro que os números

apresentados nos demonstrativos contábeis correspondem à realidade.

• Contabilidade geral e contabilidade de custos: possibilita o controle orçamentário, o

plano de contas adotado pela contabilidade deve harmonizar-se com a nomenclatura

dos itens orçados.

• Administração de sistemas e procedimentos: consiste na organização de métodos e

procedimentos contábeis para desenvolvimento e acompanhamento de sistemas de

informação financeira.

• Administração de impostos: diz respeito ao cálculo e controle de impostos, os estudos

e projetos considerarão conseqüência dos impostos e incentivos fiscais sobre os

resultados da empresa.

Sanvicente (1987) Aborda que a Figura 1, representa esquematicamente a circulação de

dinheiro dentro de uma empresa, e também diz respeito aos contatos da empresa com o ambiente

externo, através das entradas e saídas de dinheiro.

Conforme demonstra a Figura 1, a atividade da empresa está representada pelo retângulo

central que envolve a movimentação interna de dinheiro. À esquerda e à direita do retângulo

central está o setor da economia em que atuam a oferta e a procura dos recursos que

administração financeira deve conseguir para apoiar as atividades da empresa.

O processo da administração financeira (Figura 1) em uma empresa inicia-se com a

entrada de recursos monetários, proveniente do sistema econômico em que a empresa está

inserida. A empresa busca conseguir os recursos financeiros necessários para apoiar as atividades

da empresa, e esses recursos podem ser obtidos através de empréstimos e financiamentos; de

contas a receber da própria empresa; do recebimento da venda de ativos imobilizados;

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Figura 1: O processo da administração financeira. Fonte: Sanvicente (1987, p. 25)

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de desinvestimento do mercado de capitais, Open Market, CDB entre outros; e por meio de

recursos próprios, integralização e aumento de capital. Os recursos podem seguir tanto para o

caixa da empresa quanto para bancos, e posteriormente estes recursos serão utilizados para

pagamento do principal e encargos de empréstimos e financiamentos; aplicação no mercado de

capitais Open Marke, CDB e outros; pagamentos aos fornecedores; pagamento de pessoal;

pagamento de impostos; pagamentos de dividendos e saída de acionistas; pagamentos de

arrendamentos e pagamentos de ativos imobilizados. Originando, desta maneira, as saídas de

dinheiro da empresa para o sistema econômico.

Para atingir os objetivos propostos, as questões relacionadas a contas a receber serão mais

detalhadas em função de se tratar do tema deste trabalho.

2.6 Administração de contas a receber

A administração de contas a receber é uma função financeira que trata da entrada de

dinheiro nas empresas. Esta auxilia na obtenção de informações para propiciar uma visão geral

dos valores a receber ao administrador financeiro.

De acordo com Hoji (2000), as contas a receber são geradas pelas vendas a vista ou a

prazo que são realizadas após a concessão de crédito.

Silva (1999) afirma que contas a receber são valores a receber de clientes, decorrentes dos

produtos, serviços ou bens do ativo permanente vendidos pela empresa e ainda não recebidos.

Conforme os autores citados contas a receber são todos os direitos que a empresa possui,

correspondente à venda de mercadorias, prestação de serviços ou venda de bens do ativo

permanente.

Segundo Zdanowics (1995), a administração de contas a receber é a maneira que a

empresa adota para cobrar créditos junto aos clientes.

Gitman (1997) defende que contas a receber é conseqüência da concessão de crédito de

uma organização para seus clientes, que envolve o estabelecimento e a administração da política

de crédito, a qual compreende o processo de seleção, determinação de padrões e condições de

crédito, e a política e cobrança.

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Com a administração de contas a receber, a empresa controla seus recebimentos, e

automaticamente tem condições de obter informações sobre os valores a receber, quem deixou de

efetuar o pagamento na data prevista e as contas que estão para vencer.

Vender à prazo leva a empresa a conceder crédito a seus clientes e para isto, é relevante

que se utilize algumas ferramentas como: análise e concessão de crédito, política de crédito e

política de cobrança. Para que a empresa não venha a ter prejuízos com maus pagadores.

2.6.1. Análise e concessão de crédito

Em busca pela ampliação das vendas é comum a realização do financiamento da

mercadoria através da concessão de crédito da parte da empresa para o cliente. A empresa de

certa forma financia parte de seu ativo, e é nesse momento que surge a necessidade de uma prévia

análise da capacidade do cliente em efetuar o pagamento, e desta forma concluir se será possível

conceder ou não o crédito.

Lemes Junior, Rigo e Cherobim (2005) afirmam que o crédito é a disposição de alguém

ceder parte de seu patrimônio provisoriamente ou prestar serviços a outras pessoas, com a

perspectiva de receber o pagamento depois do prazo estipulado.

Ao conceder crédito, a empresa presta serviços ou entrega mercadorias a um cliente, e este

compromete-se a pagar o valor correspondente em uma data futura.

Braga (1989) aborda que a concessão de crédito para um cliente gera riscos e despesas

com análise de crédito, cobrança e recebimento, mas aumentam as vendas e conseqüentemente

maximiza a rentabilidade da empresa.

Lemes Junior, Rigo e Cherobim (2005) defendem que através da concessão de crédito as

empresas aumentam o número de vendas, mas por outro lado, conceder crédito é um fator de

risco para as organizações, pois pode haver perdas com devedores duvidosos.

De acordo com os autores Braga (1989), e Lemes Junior, Rigo e Cherobim (2005), o

objetivo da concessão de crédito a um cliente é aumentar as vendas e maximizar a rentabilidade

da empresa, mas por outro ângulo, há de se ter cautela na concessão de crédito para a empresa

não ter prejuízos com clientes inadimplentes.

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Na concepção de Sanvicente (1987), a importância do crédito, é a possibilidade de valer-

se dos serviços e os fatores de produção, sem o pagamento de seu uso até o momento em que a

utilização dos fatores já estiver trazendo rentabilidade própria, que permita remunerar os

fornecedores dos serviços e produtos oferecidos à empresa.

Conforme Santos (2001, p. 44), “análise de crédito é uma técnica de previsão que permite

à empresa estimar a capacidade de pagamento em curto prazo do pretendente ao crédito”.

Hoji (2000) define que a análise e concessão de crédito não se limitam a novos clientes. A

situação dos clientes já cadastrados deve ser acompanhada constantemente, observando os

aspectos de compras anteriores, como a pontualidade, capacidade de pagamento e situação

financeira. A venda a prazo realizada sem os devidos cuidados tem grande probabilidade de se

tornar um valor não recebível.

Na visão de Sanvicente (1987), é relevante que contas a receber preocupe-se com crédito

concedido aos clientes da empresa, e interaja com a área de marketing, já que a política de crédito

compreende diretrizes e procedimentos de seleção de clientes, cobrança e descontos, compondo

importante elemento para atingir os objetivos de vendas.

A formação e a manutenção de uma carteira de clientes saudável dependem diretamente

de uma análise de créditos eficiente. Para gerir as tarefas de concessão de crédito é utilizada uma

política de crédito.

2.6.2 Mortalidade das empresas no Brasil

Segundo a pesquisa do Sebrae - Fatores Condicionantes e Taxa de Mortalidade de

Empresas no Brasil (2004), no País as juntas comerciais registram a abertura de

aproximadamente 470 mil novas empresas, todos os anos. No entanto muitas dessas novas

empresas não ultrapassam o quarto ano de vida, 49,4% morrem com até dois anos de existência,

56,4% com três anos, e 59,9% com até quatro anos de mercados. Além de buscar identificar o

índice de mortalidade das empresas no país, a pesquisa procurou também saber as causas do

fechamento prematuro das empresas brasileiras.

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O Sebrae apurou em sua pesquisa, que a causa principal da morte prematura das

empresas, está atrelada a falhas gerenciais, destacam-se problemas como falta de planejamento na

abertura do negócio, falta de capital de giro, problemas financeiros, ponto comercial inadequado

e falta de conhecimento sobre gestão. Posteriormente, vêm as causas econômicas conjunturais e

a alta tributação.

No entanto pesquisas atuais mostram que houve um decréscimo na taxa de mortalidade

nas micro e pequenas empresas, de acordo com a pesquisa do Sebrae (2007). Esta pesquisa

apurou que as micro e pequenas empresas brasileiras estão vivendo mais. O levantamento, que

analisou vários aspectos de 14.181 empresas ativas e inativas de todas as regiões do país, entre os

anos de 2003 e 2005, destaca que 78% dos empreendimentos abertos nesse período permanecem

no mercado. O resultado é considerado positivo, quando comparado com o obtido em pesquisa

anterior.

A melhora significativa na taxa de sobrevivência das empresas é atribuída a dois fatores: a

elevação do nível educacional dos empreendedores e o aumento da busca por mais informações

para abertura e gestão dos negócios.

2.6.3 Política de crédito

Lacombe (2003) afirma que política são declarações escritas a respeito das intenções da

empresa relacionadas a um determinado assunto. Estas indicam os modos de se alcançar os

objetivos principais da organização. As políticas são definidas de forma ampla, orientando as

decisões mais importantes e a formulação dos objetivos setoriais e das normas.

As políticas de crédito são técnicas que permitem que a empresa efetue vendas a prazo

para seus clientes de forma segura.

Conforme Santos (2001), o conjunto das condições que a empresa executa suas vendas a

prazo institui sua política de crédito comercial. Que conseqüentemente, por meio de seus diversos

elementos afeta de modo significativo sua participação no mercado, seu capital de giro, sua

situação de caixa e sua rentabilidade.

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As políticas de crédito fixam parâmetros para a decisão de crédito na organização,

baseando-se em informações obtidas de fontes que podem ser, desde empresas prestadoras deste

tipo de serviço, como Serasa e também informações obtidas por meio de pesquisa junto ao

próprio cliente, bancos e outros fornecedores que o mesmo trabalha.

Conforme o próprio site descreve, a Serasa é uma das maiores empresas do mundo em

análises e informações para decisões de crédito e apoio a negócios, atua com completa cobertura

nacional e internacional, por meio de acordos com as principais empresas de informações de

todos os continentes. A Serasa possui o maior banco de dados da América Latina sobre

consumidores, empresas e grupos econômicos, sendo assim, a Serasa participa da maioria das

decisões de crédito e de negócios tomadas no Brasil, respondendo on-line/real-time, a 3,5

milhões de consultas por dia, demandadas por mais de 300 mil clientes diretos e indiretos.

Segundo Braga (1989), uma política de crédito mais rígida envolverá despesas menores

com o departamento de crédito e cobrança, menor perdas e atrasos das duplicatas, porém as

vendas também diminuirão. Uma política de crédito liberal provocaria efeito contrário. Ainda

para o autor, os padrões de crédito da empresa, definem os critérios mínimos para a concessão de

crédito a cada cliente. Se a empresa considerar a possibilidade de afrouxar os seus padrões de

crédito, alguns aspectos básicos devem ser levados em consideração: incrementos no volume de

vendas, no investimento em duplicatas a receber e nas perdas com devedores incobráveis.

De acordo com Braga (1989), é preciso haver um equilíbrio, se a política de crédito de

uma empresa for demasiadamente severa a conseqüência será impedimento das vendas, mas por

outro lado, se for muito branda facilitará as vendas e tornará difícil o recebimento.

Para Sanvicente (1987, p. 159), “deve ser estabelecido o limite de crédito, ou seja, o valor

que a empresa está disposta a financiar. Esta decisão deve levar em conta o risco de perda

assumido pela empresa, em vista da probabilidade de não pagamento”.

Nas organizações destaca-se cada vez mais a importância de uma política de crédito bem

formulada de acordo com as necessidades da mesma, pois dependendo da posição adotada,

ocorrem variações no volume de vendas, nas despesas gerais de crédito e no investimento em

contas a receber.

Com a análise de crédito, é possível avaliar o potencial de pagamento pontual do

pretendente ao crédito, e para que o analista de crédito possa fazer esta análise há várias técnicas

que podem ser utilizadas, uma dessas dimensões-chaves é denominadas os “C`s” do crédito, a

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saber: caráter, capacidade, capital, colateral, condições e conglomerado, as quais são

conceituadas de acordo com os autores Gitman (1997) e Braga (1989), conforme segue :

• Caráter: refere-se à intenção do devedor em liquidar seus débitos, independente de

haver ou não condições de fazê-lo. Diz respeito ao histórico do cliente quanto ao

cumprimento de suas obrigações financeiras, contratuais, morais e éticas. As

informações obtidas junto a bancos, fornecedores e agências especializadas permitem

conhecer os hábitos de pagamento dos clientes.

• Capacidade: diz respeito ao potencial do cliente para quitar o crédito solicitado, tem

haver com a competência dos administradores e com a capacidade de produção e de

vendas da empresa. São as possibilidades que o cliente possui para saldar suas dívidas

utilizando o fluxo de caixa gerado por suas operações. Para que seja possível

identificar esta capacidade do cliente saldar seus compromissos faz-se necessário um

estudo das demonstrações financeiras e outras informações financeiras adicionais.

• Capital: O capital diz respeito aos aspectos financeiros da empresa, compreendendo

aos bens e recursos possuídos e a solidez financeira do cliente, conforme indicada pelo

patrimônio líquido da empresa.

• Collateral: é o montante de ativos colocados à disposição pelo cliente para garantir o

crédito, ou seja, compreende as garantias reais ou pessoais oferecidas para cobrir o

crédito. As garantias pessoais compreendem o aval e a fiança, já as garantias reais

incluem a alienação fiduciária, hipoteca, penhor e anticrese. Neste estágio da análise

normalmente obtém-se conhecimentos sobre a intenção e a capacidade de pagamento

do cliente, então busca-se informações sobre as garantias oferecidas pelo tomador do

empréstimo.

• Condições: relativas a fatores externos e macroeconômicos, envolvendo: sazonalidade

do produto, efeitos da moda, essencialidade do produto, sensibilidade do ramo de

atividades a problemas de liquidez e o porte da empresa em relação as outras empresa.

• Conglomerado: situação das demais empresas do grupo e também dos controladores

que poderá justificar a concessão de crédito a uma empresa em má situação ou arrastar

à insolvência a uma boa empresa.

Na concepção de Braga (1989), a concessão de crédito demandará uma análise dos

demonstrativos financeiros do cliente, até mesmo das demais empresas do grupo, atentando-se

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para a lealdade dos dados apresentados, além disso, também será necessário consultar as fontes

de referência cadastral, como fornecedores, bancos e agências especializadas. Também é

importante visitar as instalações da empresa e entrevistar os seus principais executivos para poder

fazer uma avaliação do grau de organização e sua capacidade gerencial. Ainda para o autor, não

se pode levar muito tempo no levantamento e análise dessas informações, pois o cliente pode

desistir da compra ou os custos das investigações tornam-se muito alto em relação ao crédito a

ser concedido.

2.6.4 Política de cobrança

Seqüencialmente ao processo de crédito está a cobrança, que tem como finalidade

transformar efetivamente em recebimentos as vendas efetuadas a vista ou a prazo. Neste

momento o cliente já é possuidor do crédito, é quando a empresa pode conferir se este vai honrar

com o compromisso ou não.

Para Lemes Junior, Rigo e Cherobim (2005), cobrança é a efetivação do recebimento de

valores representativos de vendas, realizadas a vista ou a prazo. Ainda para o mesmo autor,

cobrar é tão importante quanto vender, pois o ciclo operacional só se finaliza quando o valor da

venda é recebido.

As políticas de cobrança são procedimentos adotados para fazer com que os recebimentos

dos créditos ocorram nas datas de vencimento previstas e que estejam imediatamente à disposição

da empresa. De acordo com Gitman (1997), a política de cobrança de uma organização é o

conjunto de procedimentos adotado para o recebimento dos créditos da empresa na data do

vencimento.

Hoji (2000, p. 133) aborda que “a política de cobrança deve ser implementada em

conjunto com a política de crédito. Não deve ser facilitada demasiadamente a concessão de

crédito para, posteriormente, ter de aplicar rigidez na cobrança, ou vice-versa”.

Braga (1989) afirma que o volume de trabalho e a eficiência do departamento de cobrança

dependerão da política de crédito da empresa ser rigorosa ou liberal, da qualidade das análises

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realizadas pelo departamento de crédito, da agilidade com que as providências contra clientes em

atraso forem tomadas e do poder de pressão da empresa sobre tais clientes.

Existem algumas formas que são utilizadas para efetuar a cobrança. A cobrança pode ser

feita pro meio bancário e em carteira, esta é feita por meio do cobrador ou pelo representante da

empresa. Algumas apresentam maior ou menor eficiência, o mesmo acontece com o custo

relativo à sua utilização, porém cabe ao setor de cobrança analisar qual se adequará mais as suas

necessidades, e trará resultados mais eficientes.

Hoji (2000) considera a cobrança bancária mais eficiente e com custo menor para a

empresa. Também apresenta a vantagem de que se, ocorrer atraso o banco não dispensa encargos

moratórios, e se não for efetuado o pagamento e o sacador der esta instrução, poderá encaminhar

para protesto.

Lemes Junior, Rigo e Cherobim (2005) também afirma que é por meio de cobrança

bancária que há o maior volume de cobranças formais, e ressalta ainda a importância de negociar

com a instituição financeira, levando em consideração, custo operacionais e eficiência do serviço.

Alguns tipos de cobrança bancária são citados por Lemes Junior, Rigo e Cherobim

(2005), cobrança simples, caução de títulos e desconto de títulos.

• Cobrança simples: a empresa remete ao banco um relatório contendo os dados da

empresa devedora e do título, o banco processa, e assim que ocorrer o recebimento o

valor é creditado na conta da empresa.

• Cobrança caução de títulos: acontece no mesmo sistema da cobrança simples, porém

com uma diferença, o valor dos títulos representa garantia para empréstimos obtidos

pela empresa na instituição financeira.

• Cobrança desconto de títulos: ocorre quando a empresa toma um empréstimo da

instituição, e assim o valor correspondente ao recebimento dos títulos, ficará para

quitar o empréstimo.

Já a cobrança em carteira é feita diretamente no cliente por meio de cobradores ou

representantes da empresa, estes são informados sobre os valores e vencimentos, e autorizados a

efetuar a cobrança. Hoji (2000) considera que este tipo de cobrança oferece maior risco de

atrasos, maiores custos, pois nem sempre o pagamento é feito no vencimento.

Lemes Junior, Rigo e Cherobim (2005) aborda que a cobrança em carteira acarreta

maiores custos e também mais flexibilidade no pagamento, quanto a eficiência reforça que é

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discutível. Há alguns casos em que o próprio cliente prefere este tipo de procedimento de

cobrança. É importante ressaltar sobre a rigidez com que os controles devem ser feitos, pois há

risco de extravio de dinheiro.

Gitman (1997) defende que se uma dívida não for paga em seu vencimento, com o passar

do tempo os esforços de cobrança tornam-se mais pessoais e rigorosos. No processo de cobrança

os meios mais utilizados são: cartas, telefonemas, visitas pessoais, uso de agências de cobrança e

protesto judicial.

• Cartas: após alguns dias do vencimento de uma duplicata, normalmente a empresa

envia uma carta recordando o cliente de sua obrigação. Se mesmo assim o cliente não

pagar a duplicata dentro de certo período após o envio da primeira carta, outra carta

mais enfática é remetida ao cliente.

• Telefonemas: se mesmo com o envio das cartas o cliente não efetuar o pagamento do

título pendente, pode-se ligar para o mesmo e insistir para que o pagamento seja

realizado prontamente. Se o cliente tiver uma boa justificativa, é possível que se faça

um acordo para estender o prazo de pagamento. Caso todas as tentativas anteriores

fracassarem, o advogado da empresa pode entrar em contato com o devedor.

• Visitas pessoais: esta é uma técnica de cobrança muito mais utilizada com relação à

liberação de crédito a consumidores; no entanto, nada impede que seja utilizada por

fornecedores industriais. Solicitar que um vendedor ou um cobrador visite um cliente,

pode auxiliar de maneira eficiente o processo de cobrança conseguindo que o

pagamento da dívida seja realizado imediatamente.

• Uso de agência de cobrança: uma organização pode repassar as duplicatas incobráveis

á uma agência de cobranças ou a um escritório de advocacia, para conseguir receber

seus créditos. Em geral, esse procedimento é muito caro para o credor, uma vez que,

está condicionado ao pagamento de encargos ou comissões aos advogados.

• Protesto judicial: no processo de cobrança a alternativa mais severa é o protesto

judicial, sendo de uso especializado de uma agência de cobrança. O protesto judicial é

caro e, além disso, pode forçar o devedor a pedir concordata, diminuindo a

probabilidade de futuras negociações com ele, sem assegurar o recebimento final da

importância devida. Dessa forma considera-se mais viável a cobrança de forma

amigável, demonstrando ao devedor às vantagens que terá com uma boa reputação.

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Seguido o raciocínio de Gitman (1997), a empresa precisa ter cautela para não ser

demasiadamente agressiva ao efetuar suas ações de cobrança, ou o cliente pode irritar-se e mudar

de fornecedor.

Uma cobrança eficiente começa por um bom trabalho preventivo antes de fazer a venda.

Com um cadastro completo do cliente, uma análise de crédito profissional, um estudo de

aprovação competente, rapidez em efetuar a cobrança junto a clientes inadimplentes e a

capacidade que a empresa tem em pressionar este tipo de cliente.

De acordo com o que foi citado anteriormente por Hoji (2000), que uma política de

cobrança deve ser implementada em conjunto com a política de crédito, portanto vale ressaltar

que as políticas de cobrança, são efetivamente, procedimentos utilizados para receber os créditos

concedidos aos clientes de uma organização.

2.6.4.1 Títulos de crédito

Os títulos de crédito são a expressão do crédito que a empresa concede a um cliente, é por

meio dele que o credor tem o direto de recebimento do seu investimento.

Na teoria apresentada por Almeida (2006), os títulos de créditos são descritos como

literais, porque valem exatamente o valor neles declarado. São caracterizados pela existência de

uma obrigação literal.

Os títulos de crédito mais usados são: letra de câmbio, nota promissória, cheque e

duplicata, porém, neste trabalho serão abordados apenas dois deles, cheque e duplicata.

O cheque é um título de crédito bastante utilizado nas relações comerciais, porém também

apresenta riscos. Segundo Almeida (2006), o cheque é o título de crédito revestido de

determinadas formalidades legais contendo uma ordem de pagamento à vista, passada em favor

próprio ou de terceiro.

O cheque é uma ordem de pagamento, uma promessa de conversão do crédito em

dinheiro, atendendo a algumas formalidades legais.

Tavares (1988) também conceitua cheque como uma ordem de pagamento à vista, e ainda

destaca a existência de três sujeitos, o sacado, sacador e o favorecido, sendo nesta ordem, o

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primeiro a pessoa que emite o cheque, o segundo, a pessoa a quem o cheque é dirigido e em

terceiro a pessoa a quem é destinado o pagamento.

O outro título de crédito tão usado quanto o cheque, é a duplicata. Almeida (2006)

descreve que a duplicata pode ser considerada como um título de crédito que é originada de uma

compra ou venda comercial ou da prestação de serviços.

Os requisitos essenciais para emissão de duplicata, previstos em lei, citados por Almeida

(2006):

• a denominação “duplicata”, a data de sua emissão e o número de ordem;

• o número da duplicata;

• a data certa do vencimento, ou a declaração de ser a duplicata à vista;

• o nome do domicílio do devedor e do comprador;

• a importância a pagar em algarismos e por extenso;

• a praça de pagamento;

• a cláusula à ordem;

• a declaração do reconhecimento de sua exatidão e de sua obrigação de pagá-la, a ser

assinada pelo comprador, como aceite cambial;

• a assinatura do emitente.

Para que a duplicata tenha validade comercial, assumindo seu papel de título líquido,

certo e negociável, deverá a mesma atender aos requisitos descritos acima.

Para melhor compreensão do desenvolvimento deste trabalho, bem como as formas de

acompanhamento dos processos desenvolvidos no setor de contas a receber da empresa

Soarescim Ind. e Com. de Calçados Ltda, se faz necessário a explanação sobre OSM -

Organização, Sistemas e Métodos.

2.7 Organização, sistemas e métodos (OSM).

Segundo Oliveira (2000), organização é a ordenação e a junção de atividades e recursos,

visando alcançar os objetivos e resultados estabelecidos.

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De acordo com Chinelato Filho (2000), organização é a atividade voltada para a

estruturação harmoniosa dos recursos disponíveis, com a intenção de gerar uma ação sistêmica

eficiente e, desta maneira, alcançar a esperada eficácia de conjunto.

Na concepção dos autores Oliveira (2000) e Chinelato Filho (2000), organização é a

ordenação dos recursos disponíveis, com a finalidade de atingir os objetivos estabelecidos.

Sistema é um conjunto de elementos que tem influência mútua, e esse conjunto formado é

capaz de realizar um trabalho integrado buscando um mesmo objetivo.

Na visão de O`Brien (2004), sistema pode ser definido como um grupo de elementos em

interação que formam um todo unificado, ou seja, é um grupo de partes inter-relacionadas que

trabalham juntas para alcançar um objetivo comum recebendo insumos e produzindo resultados

em um processo organizado de transformação.

Oliveira (2000) define que sistema é um conjugado de partes interagentes e

interdependentes, que juntos formam um todo unitário com determinado objetivo e efetuam

determinada função. É uma forma de melhor conhecer, analisar, intervir e racionalizar os

sistemas administrativos, bem como, criá-los e implantá-los. Os componentes do sistema são:

• Os objetivos: refere-se tanto aos objetivos do usuário, quanto aos objetivos do próprio

sistema. O objetivo é a razão de existência do sistema, ou seja, é a intenção para a qual

o sistema foi criado.

• As entradas do sistema: seu desempenho caracteriza as forças que fornecem para o

sistema o material, a informação e a energia para a operação ou o processo, o mesmo

provocará determinadas saídas do sistema que precisar estar em harmonia com os

objetivos estabelecidos.

• O processo de transformação do sistema: é a função que permite a transformação de

um insumo (entrada) em um produto, serviço ou resultado (saída). Esse processo

admite que os elementos interajam entre si com a intenção de produzir as saídas

desejadas.

• As saídas do sistema; as saídas do sistema correspondem aos resultados do processo de

transformação, ou seja, elas são as finalidades para as quais se uniram objetivos,

atributos, e relações do sistema. Deste modo, as saídas precisam ser coerentes com os

objetivos do sistema; tendo em vista o processo de controle e avaliação, as saídas

devem ser quantificáveis, de acordo com parâmetros previamente fixados.

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• Os controles e as avaliações do sistema: são utilizados especialmente para averiguar se

a saídas estão coerentes com os objetivos estabelecidos.

• A retroalimentação, ou realimentação, ou feedback do sistema: pode ser definido como

a reintrodução de uma saída sob a forma de informação . A realimentação é um

processo de comunicação que reage a cada entrada de informação, incorporando o

resultado da ação resposta desencadeada por meio de nova informação, a qual afetará

seu comportamento subseqüente e assim consecutivamente. A realimentação é uma

ferramenta de controle, em que as informações realimentadas são decorrentes das

divergências constatadas entre as respostas de um sistema e os parâmetros previamente

estabelecidas. Deste modo, o objetivo do controle é minimizar as discrepâncias, bem

como propiciar condições para que esse sistema se torne auto-regulador.

Para Araújo (2001), a finalidade dos sistemas de informação em uma empresa, é

proporcionar os fluxos de informação e estabelecer uma conexão com o processo decisório na

organização.

Chinelato Filho (2000) aborda que método refere-se à economia de esforços, tempo e

movimentos por meio da simplificação do trabalho, obtendo como resultados diretos, o aumento

da produtividade e a redução de despesas.

Na visão de Ferreira (2000), método é a maneira de agir, é o processo ou técnica de

ensino, um procedimento organizado que conduz a um determinado resultado.

Para Chinelato Filho (2000) e Ferreira (2000), método diz respeito aos procedimentos a

ser seguidos em direção à busca de um objetivo, é o processo ou técnica de ensino é a maneira de

proceder.

Cury (2000) aborda que organização, sistemas e métodos, é uma das funções da

administração responsável por modelar a empresa, envolvendo a institucionalização de uma

infra-estrutura ajustada com os propósitos do empreendimento e, complementarmente a definição

dos processos e métodos de trabalho. Desta forma, a função de organização, sistemas e métodos,

têm como meta final a renovação organizacional, através da manipulação da empresa como um

sistema social, aberto, em constante harmonia com as demandas de seu meio ambiente.

Chinelato Filho (2000) define que organização sistemas e métodos, é uma função que tem

como atividade assessorar, facilitar o trabalho, bem como espalhar os recursos tecnológicos de

racionalização e estruturação da mesma.

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Após a conceituar OSM, serão abordadas algumas definições sobre quais são as

atividades de OSM, em uma organização na visão de Cury (2000). Desta maneira OSM deve:

1. Auxiliar a administração estratégica, através de reuniões, seminários, painéis contando

com a real participação das gerência envolvidas:

a) Para definir as políticas, estratégias e diretrizes gerais da organização,

compreendendo aspectos como filosofia e estilo administrativo, lucratividade,

tamanho da empresa, linha de produtos e mercados atendidos.

b) A fim de propiciar a modelagem organizacional, em virtude das estratégias

constituídas e abrangendo opções quanto à estrutura orgânica da empresa.

c) No sentido de manter, constantemente, feedback:

- externo, para analisar o impacto na organização de forças tecnológicas, políticas,

econômicas ou valores sociais.

- interno, com objetivo de avaliar as atividades dos administradores, em todos os

níveis, a aptidão dos empregados, a eficiência das operações e a própria cultura da

organização.

2. Desenvolver projetos de interferências organizacionais, através da análise

administrativa, propondo-se identificar problemas e seus motivos, com a participação

direta dos usuários envolvidos, com intuito de estudar e propor a implementação de

mudanças imprescindíveis para a empresa.

3. Redesenhar processos empresariais.

4. Auxiliar os órgãos da empresa, com relação à administração, organização & métodos.

5. Trabalhar em equipe, com a área de sistemas, e aplicar recursos de informática na

solução de problemas organizacionais.

6. Implementar estudos e projetos especiais, relativos à administração e organização.

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2.7.1 Processos

Ao conceituar OSM falou-se em processos, e para melhor compreensão do

desenvolvimento deste trabalho, se faz necessário o entendimento deste termo.

Cruz (1998) defende que processo é a maneira pela qual um conjunto de atividades cria,

trabalha ou transforma matéria-prima com o objetivo de produzir bens ou serviços, de qualidade

garantida, para ser disponibilizada ao mercado. Ainda para o mesmo autor, o processo tem a

função de produzir bens ou serviços de forma organizada, repetitiva e sempre com a mesma

qualidade.

Na concepção de Chiavenato (2000), processo é uma série de atividades estruturadas e

medidas, com o objetivo de resultar em um produto específico para uma determinada clientela.

Conseqüentemente é a ordenação específica das tarefas que devem ser executadas, com um

começo, um fim e entradas e saídas claramente identificadas. É uma estrutura para ação.

De acordo com Cury (2000), processo pode ser definido como um conjunto de atividades

ou etapas que recebem insumos como, materiais, informações, pessoas, máquinas e métodos, e

geram produtos ou serviços, com valor agregado. Ainda para o mesmo autor, qualquer que seja o

trabalho que uma organização estiver desenvolvendo, esta atividade necessita integrar a um

processo.

Para os autores Cruz (1998), Chiavenato (2000) e Cury (2000), processo é um conjunto de

tarefas ou etapas que tem como finalidade resultar em um produto ou serviço específico, para

atender a um determinado cliente ou mercado.

Segundo (Rummler e Brache apud Cury, 2000), existem várias classificações de processo,

no entanto podem ser identificados três tipos principais, que são: processo de clientes, processos

administrativos e processos de gerenciamento.

• Processo de clientes: consiste em produzir um produto ou serviço para um cliente

externo da empresa.

• Processos administrativos: fazem produtos e serviços que não são percebidos pelos

clientes externos, no entanto, são importantes para o gerenciamento dos negócios.

• Processos de gerenciamento: diz respeito às decisões que os gerentes devem tomar

para apoiar os processos de negócios.

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(Harry Miller apud Araujo, 2001) aborda que há vários objetivos para os estudos de

processos, e estes levariam a um objetivo mais amplo, ligado a todo trabalho operacional da

empresa. Os objetivos são:

identificar cada fase do processo;

• constatar as vantagens em alterar a seqüência das operações;

• buscar adequar as operações(passos) às pessoas que as executam; e

• identificar a necessidade de treinamento para o trabalho específico de processo.

Ainda para o mesmo autor, para cumprir com os objetivos propostos o gerente precisa

dispor de uma intensa capacidade analítica, pois tudo precisa ser feito passo a passo.

2.7.2 Fluxograma

Uma das ferramentas mais conhecidas e utilizadas para que os processos administrativos

possam ser analisados é a elaboração de fluxogramas.

Oliveira (2000) afirma que fluxograma é a representação gráfica que apresenta a rotina de

trabalho de maneira sintética, caracterizando as operações, os responsáveis e unidades

organizacionais envolvidos no processo.

Segundo Chinelato Filho (2000), fluxograma é a representação gráfica que mostra o

movimento e a operação das pessoas, documentos, ou insumos entre diferentes unidades da

organização. Ainda para o mesmo autor, por meio dos fluxogramas pode-se visualizar, de

maneira mais rápida e clara, a seqüência de operações de um processo, observando assim se estão

sendo efetuadas do modo mais eficiente e pelas pessoas mais indicadas.

O fluxograma, de modo geral, procura mostrar de forma sintética e clara a seqüência de

operações de um processo.

Oliveira (2000) define que o fluxograma objetiva principalmente padronizar a

representação dos métodos e os processos administrativos; obter maior rapidez na descrição dos

métodos administrativos, bem como, facilitar a leitura e seu entendimento; localizar e identificar

facilmente os aspectos mais importantes; maior flexibilidade e melhor grau de análise dos

processos.

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Para Cury (2000), a utilização do fluxograma apresenta uma série de vantagens, a saber:

• admiti observar como realmente funciona todos os elementos de um sistema de

maneira geral, facilitando a análise de sua eficácia;

• compreensão mais simples e objetiva, comparado à métodos descritivos;

• propicia a localização das deficiências, pela fácil visualização dos passos, transportes,

operações e formulários;

• permite ser aplicado a qualquer sistema, do mais simples ao mais sofisticado; e

• proporciona o rápido entendimento de qualquer alteração que se proponha nos

sistemas existentes, por mostrar declaradamente as modificações realizadas.

De acordo com Oliveira (2000), o analista de sistemas, organização e métodos pode

utilizar-se dos três tipos principais de fluxogramas, os quais são: fluxograma vertical, fluxograma

parcial ou descritivo, e fluxograma global ou de coluna.

Fluxograma Vertical: este é denominado também como folha de análise, folha e

simplificação do trabalho ou diagrama de processo. Este ainda, é geralmente destinado à

representação de rotinas simples. Seus aspectos básicos são: facilitar a descrição das rotinas e dos

procedimentos existente; reduzir as divergências entre entrevistador e entrevistado; estruturar a

proposição de novos sistemas. (Figura 2)

Fluxograma parcial ou descritivo: este tipo fluxograma mostra-se mais complexo, ou seja,

possui maior número de símbolos do que os demais tipos de fluxogramas. Tornando difícil a

visualização dos documentos manuseados por uma única unidade organizacional. Aspectos

básicos, a saber: descreve o curso de ação e os tramites dos documentos; é mais usado para

levantamentos; é mais difícil de elaborar que o fluxograma vertical; geralmente mais utilizado

para rotinas que envolvem poucas unidades organizacionais. (Figura 3)

Fluxograma global ou de coluna: este fluxograma oferece uma visão global do fluxo de

trabalho, e por este motivo, as organizações o utilizam com mais freqüência. Seus aspectos são:

pode ser usado no levantamento, como também, na descrição de novas rotinas e procedimentos;

demonstra com maior nitidez, o fluxo de informações e documentos; proporciona maior

versatilidade, principalmente por obter maior variedade de símbolos. (Figura 4)

A simbologia utilizada no fluxograma vertical está representada na Figura 2, juntamente

com o exemplo de fluxograma vertical.

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Os símbolos empregados no fluxograma parcial ou descritivo estão representados na Figura 5. Já

os símbolos aplicados no fluxograma global ou de colunas podem ser encontrados na Figura 6.

2.7.2.1 Análise pelo fluxograma

Oliveira (2000) aborda que ao realizar uma análise pelo fluxograma, o analista deve

certificar-se de que todas as fases foram relacionadas, e também saber o que cada uma significa.

Para isto, deve-se aplicar as seguintes perguntas:

• Que é feito? Para que serve essa fase?

Com esta questão é possível constatar se todas as fases foram relacionadas e se são

conhecidas às utilidades de cada uma delas.

• Por que essa fase é necessária? Tem ela alguma influência no resultado final da rotina

analisada? Há, realmente, uma necessidade absoluta dessa fase?

Ao ser constatado que as respostas a essas perguntas não são positivas, a fase deverá

ser eliminada.

• Onde essa fase deve ser feita? Será que a mudança do local em que essa fase está sendo

realizada não permitirá maior simplificação da rotina? Tal mudança de local é viável?

Nesta questão é necessário verificar se a mudança de local onde a fase está sendo feita

economizará tempo e evitará transporte. Se isto se confirmar, deve-se alterar a ordem

de execução e eliminar as fases desnecessárias.

• Quando essa fase deve ser feita? A seqüência está corretamente fixada?

As respostas a essas questões aprimoram a sustentação do analista no estudo realizado.

• Quem deve executar a fase? Há alguém mais bem qualificado para executá-la? Seria

mais lógico ou conveniente que outra pessoa realizasse essa fase?

Essas questões permitem conferir a extensão da transferência de autoridade e de

responsabilidade dentro da organização.

• Como a fase está sendo executada?

A resposta a esta questão permite encontrar um meio mais fácil de executar a fase.

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O fluxograma tem como objetivo demonstrar a seqüência de uma tarefa, permitindo a

visualização dos movimentos incoerentes e a dispersão de recursos materiais e humanos.

Constitui o fundamento básico de todo o trabalho racionalizado, pois não basta fazer sua divisão,

sendo necessário bem dispô-lo no tempo e no espaço.

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Figura 2: Exemplo de fluxograma vertical Fonte: Oliveira (2000, p. 252)

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Figura 3: Exemplo de fluxograma parcial ou descritivo Fonte: Oliveira (2000, p. 256)

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Figura 4: Exemplo de fluxograma global ou de colunas Fonte: Oliveira (2000, p. 277)

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Figura 5: Simbologia do fluxograma parcial ou descritivo Fonte: Oliveira (2000, p. 254)

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Figura 6: Simbologia do fluxograma global ou de colunas Fonte: Oliveira (2000, p. 257)

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3 MÉTODO

Neste capítulo encontra-se a definição dos procedimentos adotados para o

desenvolvimento do trabalho. Podem ser aqui identificados, a caracterização do trabalho, o

universo de pesquisa, como foram coletados e analisados os dados do trabalho, bem como o

tratamento e a análise dos mesmos.

3.1 Caracterização do trabalho

O tipo de estágio utilizado neste trabalho foi a avaliação formativa, que é o tipo de estágio

empregado para analisar a situação da empresa. Segundo Roesch (1996, p. 67) “neste tipo de

projeto, o propósito é melhorar ou aperfeiçoar sistemas ou processos. A avaliação formativa

normalmente implica um diagnóstico do sistema atual e sugestões para sua reformulação”.

A avaliação formativa se ajusta a este trabalho, pelo fato de identificar problemas,

podendo assim visualizar oportunidades para sugerir melhorias a organização.

Este trabalho utiliza a abordagem qualitativa, pois para Roesch (1996, p. 146) “a pesquisa

qualitativa é apropriada para a avaliação formativa, quando se trata de melhorar a efetividade de

um programa, ou plano”.

Na visão de Richardson (1999), a pesquisa qualitativa pode ser definida como a tentativa

de compreender minuciosamente os significados e características situacionais apresentadas pelos

entrevistados, ao invés de utilizar a produção de medidas quantitativas de características ou

comportamentos.

Esta abordagem é apropriada, pois este trabalho fez uma análise do setor de contas a

receber da empresa Soarescim Ind. e Com. de Calçados Ltda, com vistas a aprimorar os seus

processos e as suas políticas de crédito e cobrança.

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3.2 Universo da pesquisa

O universo da pesquisa constitui-se de todos os funcionários da empresa Soarescim Ind. e

Com. de Calçados Ltda, desta maneira envolveu um total de 560 pessoas. Os elementos

pesquisados foram: o diretor administrativo, o encarregado e o auxiliar do setor contas a receber,

o encarregado e o auxiliar do setor comercial e o encarregado do setor de programação e controle

de produção, totalizando seis elementos.

3.3 Coleta de dados

A coleta de dados utilizou dados primários, que são fontes primárias ou diretas de dados

brutos, ou seja, dados que nunca foram coletados, tabulados ou analisados. E dados secundários,

que são dados que a empresa já obtém e serão disponibilizados à acadêmica.

Roesch (1996) define que é possível trabalhar com dados existentes na forma de

arquivos, banco de dados, índices ou relatórios. Estes são denominados de dados secundários,

diferentemente dos dados primários que são colhidos diretamente pelo pesquisador.

A coleta dos dados primários foi feita por meio de observação participante de forma

aberta. Tendo em vista que a acadêmica trabalha na empresa objeto deste estudo. Roesch (1996)

define que através da observação participante o pesquisador tem autorização para observar,

entrevistar e participar no ambiente em estudo, o mesmo pode realizar sua pesquisa na empresa e

todos sabem a respeito de seu trabalho.

Gil (1994) defende que a observação participante consiste na participação real do

observador no ambiente pesquisado, ou seja, é a técnica pela qual se atinge ao conhecimento da

vida de um grupo a partir do interior dele mesmo.

Como fonte de dados primários, foi aplicada uma entrevista semi-estruturada com o

diretor administrativo da Soarescim, no dia 09 de agosto do ano de 2007, conforme roteiro anexo.

Este tipo de entrevista foi utilizado para que a acadêmica pudesse entender o ponto de vista do

entrevistado a cerca das políticas de crédito e cobrança praticadas na empresa.

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Para registrar a entrevista feita com o diretor administrativo, foi utilizado um gravador de

voz. Desta forma a acadêmica pode conduzir a entrevista de maneira mais tranqüila, e dar mais

atenção ao entrevistado, sem se preocupar em fazer anotações, além de não perder nenhum

detalhe da entrevista.

Também foi aplicada uma entrevista não estruturada com o encarregado e o auxiliar do

setor comercial e o encarregado do setor de programação e controle de produção, nos dias 10, 13

e 14 do mês de agosto do ano de 2007. Foi utilizado este tipo de entrevista, por se tratar de

setores da empresa que possuem forte relação com o setor de contas a receber, que a acadêmica

não atua, e apenas obtinha um conhecimento superficial. Para não influenciar os entrevistados

sob um ponto de vista equivocado, a cerca dos processos, foi necessário realizar uma conversa

informal, apenas orientada por tópicos que foram definidos antes do início da entrevista. Tais

como:

• Qual o tratamento dispensado aos pedidos de clientes que chegam à empresa?

• Para que setor o pedido segue após ser cadastrado?

• Após ser realizada a análise de crédito, qual o tratamento dispensado aos pedidos dos

clientes?

• Quais os procedimentos necessários para que um pedido seja liberado para produção?

A entrevista não estruturada, também foi registrada por um gravador de voz, para que

nenhum detalhe da conversa fosse perdido. Assim, as dúvidas que foram surgindo puderam ser

esclarecidas por meio de uma conversa com a pessoa responsável pelo setor.

Na visão de Gil (1994), a entrevista é uma forma de diálogo, que em um dos lados se

apresenta o investigador, com o propósito de levantar dados, e em outro se apresenta o

entrevistado como fonte de informação, disposto a colaborar com a pesquisa.

Roesch (1996) aborda que entrevistas semi-estruturadas utilizam-se questões abertas,

desta maneira, admite que o entrevistador entenda e possa captar a perspectiva dos participantes

da pesquisa.

Já a entrevista não estruturada, conforme demonstra Andrade (2006), acontece de maneira

informal orientada apenas por tópicos que são definidos antes do início da entrevista.

A coleta dos dados secundários foi realizada por meio da análise documental de relatórios

emitidos pelo setor de contas a receber e pelo cadastro de clientes.

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Richardson (1999) aborda que análise documental consiste em um conjunto de operações

que visam estudar e analisar as informações contidas em um determinado documento.

Optou-se por usar dados primários e secundários, pois esta pesquisa pretende levantar

dados que ainda não foram coletados pela empresa e também trabalhar com dados que a

organização já possua.

3.4 Tratamento e análise dos dados

Ao concluir a coleta de dados, em uma pesquisa de caráter qualitativo, o pesquisador

necessita organizar todo material arrecadado para posteriormente interpretar.

As entrevistas aplicadas para coletar os dados deste trabalho, foram transcritas pela

acadêmica, para que estas pudessem ser utilizadas.

Na concepção de Roesch (1996), ao encerrar sua coleta de dados, o pesquisador tem uma

grande quantidade de notas de pesquisa ou de depoimentos, que se concretizaram na forma de

textos, os quais terão que ser organizado para depois interpretados.

Os dados deste trabalho foram analisados através da técnica da análise de conteúdo. Pois,

foi necessário fazer a análise de conteúdo das entrevistas realizadas, da observação participante e

dos documentos pesquisados.

Para (Berelson apud Gil, 1994), análise de conteúdo é uma técnica de investigação que,

por meio de uma descrição objetiva, sistemática e quantitativa do conteúdo palpável das

comunicações, tem como objetivo a interpretação destas mesmas comunicações.

Ricardson (1999) defende que categorização é a operação pela qual se pode fazer a

classificação dos dados adotando determinados critérios.

As categorias para efeito da análise de conteúdo deste trabalho foram: processos e política

de crédito e cobrança.

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4 CARACTERIZAÇÃO DA EMPRESA

Neste capítulo será apresentada a empresa Soarescim Ind. e Com. de Calçados Ltda.

4.1 A empresa

A empresa foi fundada em 1° de março de 1998, fruto do sonho de dois primos, Maurino

Cim e Valmir Soares, de montar seu próprio empreendimento, já que ambos trabalhavam no

ramo calçadista. Assim, em um pequeno galpão com 50 metros quadrados, nasceu a Soarescim

Ind. e Com. de Calçados Ltda, localizada na Rua Emílio Mazera n° 56, bairro Tajuba I, cidade de

São João Batista, Estado de Santa Catarina.

Após um início de dificuldades, erros e acertos, a empresa progrediu e os irmãos Edilson

Jaci Soares e Adalberto Carlos Soares foram convidados a fazer parte da sociedade.

Com valores batizados pela ética, qualidade e comprometimento com seus clientes e

colaboradores, a empresa vem traçando um caminho de sucesso, contando hoje com marcas

fortes no mercado nacional e internacional e fazendo do produto BÁRBARA KRÁS e

BÁRBARA KIDS referências de qualidade e confiança no mercado calçadista.

No período de 2004 a 2006 a empresa cresceu aproximadamente um percentual de 40%

ao ano conforme os faturamentos:

- Faturamento do ano de 2004: R$ 18.235.000,00

- Faturamento do ano de 2005: R$ 25.971.000,00

- Faturamento do ano de 2006: R$ 38.189.000,00

A empresa tem como missão: “Proporcionar conforto e prazer às pessoas que desejam

andar na moda, sendo uma empresa forte, ética e dinâmica, capaz de gerar resultados para os seus

sócios, colaboradores e comunidade”.

A visão da empresa consiste em: “Tornar-se referência nacional na produção de calçados

femininos com os mais altos padrões tecnológicos, capacitando profissional e comprometendo-o

com a qualidade e a satisfação plena”.

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4.2 Estrutura organizacional

A estrutura organizacional da Soarescim está representada no organograma conforme

ilustra a Figura 7:

Figura 7: Organograma da empresa. Fonte: Com base em dados secundários.

DIRETORIA GERAL

Contabilidade

Consultoria

Jurídico

Gestão

Técnica

Gerente Administrativo Gerente de Produção Gerente de Marketing

Faturamento

Contas a receber

Contas a pagar

Custos

Compras

PCP

Recursos Humanos

Informática

Corte

Revisão

Dist. materiais

Esteiras (1, 2, 3, 4)

Cont. qualidade

Expedição

Manutenção

Almoxarifado

Estudo de mercado

Desenv. produto

Vendas

Distribuição

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A empresa conta atualmente com cerca 560 funcionários diretos e outros 250 indiretos,

que prestam serviços terceirizados para a empresa.

O tipo de estrutura organizacional utilizada pela Soarescim é a staff-and-line, que segue as

características básicas da estrutura linear, demonstrando claramente a unidade de comando e o

princípio de escalonamento hierárquico, diferenciando–se desta pela existência do órgão de staff.

O órgão de staff tem como função assessorar e aconselhar os diretores da empresa.

Na Soarescim, as atividades são agrupadas de acordo com as funções, por tanto, a

departamentalização da empresa é funcional.

4.3 Produtos fabricados

A empresa produz e comercializa, calçados femininos adultos com numeração do 33 ao

39 e infanto-juvenil, cujo numeração, vai do 28 ao 36, todos confeccionados em material

sintético. Os produtos são elaborados em diversos estilos, tais como:

• Linha básica: sandálias com solados baixos e sandálias rasteiras;

• Linha casual: sandálias com sola anabela baixa, média e alta;

• Linha clássica: sandálias com saltos altos e modelos mais elaborados.

4.4 Mercado em que atua

Para melhor atender aos seus clientes, a estratégia de vendas da Soarescim está ancorada

em escritórios de representações comerciais espalhados por todo o Brasil, com forte presença nas

regiões Norte e Nordeste do país. A empresa conta com aproximadamente sete mil clientes em

todo o país, dentre estes, destacam-se:

• Y. Yamada S/A – Belém – PA

• Ponte Irmão – Belém – PA

• Casa Pio – Fortaleza – CE

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• Grupo Pontal – São Paulo – SP

• Rede Calcenter - Cuiabá – MT

• Grupo Claudino S/A – Teresina – PI

A empresa utiliza como critério, a segmentação demográfica para atender o consumidor

final. Trabalhando com as variáveis, sexo e renda familiar. Desenvolve seus produtos para o

público consumidor de mulheres das classes C e D. No norte e nordeste, devido ao poder

aquisitivo ser menor que nas outras regiões do país, o produto da Soarescim atinge também a

classe B.

4.5 Principais concorrentes

Os principais concorrentes da empresa são as marcas que atuam no mesmo segmento, ou

seja, atingem o mesmo público alvo. Entre eles, os principais são:

• Ramarim

• Via Marte

• Bebecê

• Via Scarpa

• Calçados Ala

4.6 Fornecedores

A Soarescim está localizada no pólo calçadista de São João Batista, em Santa Catarina

(próximo ao maior pólo produtor de calçados femininos do Brasil, que é o Estado do Rio Grande

do Sul), a empresa possui uma logística favorecida devido à facilidade no abastecimento de

matéria-prima. Contando com aproximadamente 80 fornecedores, dentre eles os principais são:

• Endutex do Brasil – fornecedor de material sintético para cabedal.

• Hot Solados – fornecedor de solados em Poliuretano.

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• Fortik – fornecedor de adesivos.

• LLV metais – fornecedor de fivelas e enfeites para cabedal.

• Navalhas Multicort – fornecedor de matrizes.

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5 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS

Neste capítulo será apresentada a análise dos dados para atender aos objetivos da

pesquisa.

5.1 Identificação das atividades desenvolvidas pelo setor de contas a receber

Neste item será respondido ao primeiro objetivo específico deste trabalho, que é

identificar as atividades desenvolvidas no setor de contas a receber da empresa Soarescim Ind. e

Com. de Calçados Ltda.

O setor de contas a receber foi o local em que a acadêmica realizou seu estágio, esta

divisão é composta por dois colaboradores, um denominado encarregado de contas a receber, ou

seja, o colaborador responsável pelo setor, e o outro auxiliar de contas a receber.

Compete ao setor de contas a receber, fazer análise de crédito, bem como, realizar o

controle e a cobrança dos créditos concedidos aos clientes da Soarescim Ind. e Com. de Calçados

Ltda. As atividades desenvolvidas pelo setor de contas a receber da empresa são:

• Fazer análise de crédito junto ao banco de dados do Serasa.

• Solicitar maiores informações aos representantes sobre as condições do cliente em

quitar o crédito solicitado.

• Buscar informações comerciais junto aos fornecedores do pretendente ao crédito.

• Decidir pela liberação ou cancelamento do crédito para clientes e possíveis clientes da

empresa.

• Analisar e comparar relatórios de contas recebidas.

• Analisar e comparar relatórios de contas a receber e percentual de inadimplência.

• Gerar e transmitir remessas de títulos destinados à cobrança bancária.

• Conferir diariamente se todos os títulos destinados à cobrança bancária foram

registrados no banco.

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• Enviar relatórios aos escritórios de representações dos títulos destinados à cobrança em

carteira.

• Imprimir e enviar as duplicatas, referente aos títulos destinados à cobrança em carteira,

aos escritórios de representações.

• Remeter relatórios dos títulos com pagamentos em atraso aos escritórios de

representações.

• Realizar a cobrança dos títulos em atraso junto aos escritórios de representações de

cada região, e se necessário for entrar em contato com o cliente.

• Expedir aos escritórios de representações, relatórios de cobrança de cheques

devolvidos por saldo insuficiente.

• Realizar a cobrança dos cheques devolvidos junto aos escritórios de representações da

região correspondente ao cheque.

• Baixar diariamente no sistema da empresa, todos os títulos recebidos por meio de

pagamentos bancários.

• Fazer a impressão de relatórios de conferência, para verificar se todos os títulos foram

baixados adequadamente no sistema da empresa.

• Enviar diariamente aos escritórios de representações, um relatório dos títulos recebidos

por meio de pagamentos bancários.

• Conciliar os títulos destinados à cobrança bancária que estão no sistema do banco com

o sistema da empresa, para verificar se há alguma coisa em desacordo.

• Baixar diariamente no sistema da empresa, todos os títulos recebidos por meio de

pagamentos em carteira.

• Fazer a impressão de relatórios de conferência, para verificar se todos os títulos foram

baixados adequadamente no sistema da empresa.

• Lançar no sistema da empresa todos os cheques destinados aos pagamentos dos títulos

em cobrança carteira.

• Verificar se todos os cheques estão preenchidos de maneira correta.

• Imprimir relatórios para conferência dos cheques lançados no sistema, com relação à

data e o valor do cheque.

• Controlar as contas bancárias, por meio da verificação dos extratos.

• Localizar diariamente os depósitos feitos pelos clientes na conta da empresa.

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• Baixar os títulos com os depósitos localizados.

• Encaminhar diariamente para contabilidade os documentos referentes ao recebimento

dos títulos por meio de cobrança bancária.

• Enviar semanalmente para a contabilidade os recibos referentes ao recebimento dos

títulos destinados à cobrança em carteira.

• Oferecer atendimento aos clientes para esclarecer qualquer dúvida em relação aos

valores das parcelas, data e forma de pagamento referente à mercadoria comprada.

Bem como realizar negociações para pagamentos avista e eventuais prorrogações da

data de vencimento dos títulos.

• Dar suporte aos escritórios de representações.

• Calcular e emitir o relatório de comissão de cada representante; e também esclarecer

qualquer dúvida do mesmo com relação à sua comissão.

5.2 Descrição dos processos do setor de contas a receber

Nesta etapa será atendido o segundo objetivo específico deste trabalho, que é descrever os

processos do setor de contas a receber da Soarescim Ind. e Com. de Calçados Ltda.

5.2.1 O processo de análise e concessão de crédito

O processo de análise e concessão de crédito, conforme ilustra a Figura 8, inicia-se no

momento em que os pedidos chegam à empresa, então os mesmos são impressos, conferidos e

consultados no sistema para verificar se são de clientes já cadastrados ou se são de clientes novos.

Se o pedido for de um cliente já cadastrado, verifica-se se este possui alguma pendência, como

parcela em atraso ou cheque devolvido, se o cliente não obtiver nenhuma restrição deste tipo, o

pedido é liberado e então é encaminhado para ser registrado no sistema da empresa. Este

procedimento leva em torno de 10 minutos.

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Porém, se o cliente possuir alguma parcela em atraso ou cheque devolvido, o pedido é

encaminhado ao setor de contas a receber e este fica responsável pela cobrança das pendências.

No primeiro momento é realizado um contato com o representante comercial, que verifica a

situação do cliente, e então decide se vai se responsabilizar pela venda da mercadoria, se a

resposta for afirmativa, o setor de contas a receber envia para ao representante um documento de

autorização de venda, no qual o representante comercial fica responsável pela venda do produto

ao cliente, conforme anexo, então o pedido é liberado para ser registrado no sistema da empresa.

O representante tem 24 horas para dar o retorno para a empresa.

No entanto, se o representante não se responsabilizar pela venda, este deverá tentar uma

renegociação com o cliente, na qual o mesmo propõe que o cliente pague a mercadoria

antecipadamente, caso as condições sejam aceitas o pedido é liberado, se isto não o correr o

pedido é cancelado e posteriormente registrado no sistema da empresa. Este procedimento

necessita de 48 horas, pois o representante comercial precisa entrar em contato com o cliente.

Quando o setor comercial constata que o pedido é de um cliente novo, o mesmo é

encaminhado para o setor de contas a receber que irá consultar o banco de dados do Serasa, e se

as informações obtidas forem suficientes o crédito é aprovado e o pedido é liberado, então o

mesmo volta par o setor comercial para ser cadastrado e depois é encaminhado para ser registrado

no sistema da empresa. Este procedimento leva em torno de 10 minutos.

No entanto, se na consulta ao banco de dados do Serasa, o analista de crédito encontrar

protestos, cheques devolvidos, baixo índice de pagamento em dia, ou ainda, data de fundação

menor que dois anos, é necessário que o representante comercial seja consultado. Dessa maneira,

o representante vai à busca de maiores informações sobre o cliente, este pode optar por ficar

responsável pela venda mercadoria, se a resposta for afirmativa, o setor de contas a receber envia

para ao representante um documento de autorização de venda, no qual o representante comercial

fica responsável pela venda do produto ao cliente, conforme anexo, então o pedido é liberado e o

mesmo volta par o setor comercial para ser cadastrado e depois é encaminhado para ser registrado

no sistema da empresa. O representante tem 24 horas para dar retorno à empresa.

Se o representante julgar que não deve se responsabilizar pela venda, o mesmo tentará

fazer uma nova negociação com o cliente, na qual o representante sugere que o cliente pague a

mercadoria antecipadamente, caso as condições sejam aceitas o pedido é liberado, se isto não o

correr o pedido é cancelado então o pedido volta par o setor comercial para ser cadastrado e em

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seguida registrado no sistema da empresa. Este procedimento necessita de 48 horas, pois o

representante comercial precisa entrar em contato com o cliente.

Logo depois que é realizada a análise de crédito, os pedidos são registrados no sistema da

empresa, Se a descrição dos produtos e preços estiver de acordo com o sistema da empresa os

pedidos são liberados para o PCP - programação e controle da produção, em 24 horas, caso

algum dos itens esteja em desconformidade o representante é comunicado em tem 24 horas para

responder.

Depois de resolvidas todas as pendências os pedidos são enviados para o PCP, que por sua

vez recebe os pedidos, gera os lotes de produção, emite as ordens de serviço e as ordens de

compra. São necessários 48 horas para realizar estas ações. Nessa fase do processo os pedidos

não têm mais nenhuma pendência a ser resolvida, as mesmas têm que ser solucionadas nas fases

anteriores.

As ordens de compra são enviadas ao setor de compras, que irá checar se a matéria-prima

necessária para a produção dos lotes está disponível no estoque da empresa, se a resposta for

positiva, os materiais são agrupados e dá início ao processo produtivo, a mercadoria é produzida

e encaminhada para a expedição, quando o pedido do cliente está pronto para ser despachado à

expedição comunica ao faturamento, para que este emita a nota fiscal que seguirá com o produto

até à loja do cliente. Estes procedimentos ocorrem normalmente em 20 dias.

Entretanto, se ao receber as ordens de compras, o setor de compras verificar que não

possui no estoque a matéria-prima necessária para a produção dos lotes, este tem que comprar a

matéria prima, aguardar até que a mesma chegue na empresa, dar entrada no almoxarifado e

então os materiais são agrupados para dar início ao processo produtivo. Este procedimento leva

em torno de 15 dias, e acontece nos períodos de troca de coleção, ou seja, duas vezes ao ano. Isso

ocorre porque os produtos a serem confeccionados utilizam materiais novos, que a empresa não

possui em estoque.

O menor tempo de execução desse processo é de 24 dias, e o maior tempo é de 42 dias.

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Figura 8: Fluxograma do processo de análise e concessão de crédito Fonte: Dados primários

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5.2.2 O processo de cobrança

O processo de cobrança, conforme ilustra a Figura 9, inicia-se quando o funcionário

responsável pelo faturamento recebe os pedidos da expedição, então este consulta o sistema da

empresa para verificar se o cliente adquiriu alguma pendência financeira no tempo em que o

pedido estava sendo produzido. Se o cliente não apresentar nenhuma pendência, o pedido deverá

ser faturado, gerando desta forma a nota fiscal e as parcelas de cobrança. Em seguida é realizada

a conferência do faturamento e enviado o romaneio de faturamento para o representante, para que

este saiba quais pedidos foram despachados. Esse procedimento leva 1 dia, ou seja, todos os

pedidos que ficam prontos durante o expediente só são liberados para a transportadora no fim da

tarde.

Se o cliente apresentar alguma pendência financeira no período em que o pedido estava

em produção, então o pedido é encaminhado ao setor de contas a receber para que seja feita a

cobrança do título em atraso. Desse modo, é realizada uma consulta ao sistema de empresa para

verificar qual a pendência do cliente, para que o representante seja informado através de um e-

mail, então este entra em contato com o cliente. O representante tem 48 horas para entrar em

contato com o cliente e dar retorno para a empresa.

Se o cliente liquidar a parcela em atraso o pedido é faturado e a mercadoria é enviada ao

cliente. O pedido fica bloqueado, aguardando a liquidação do título por no máximo 10 dias. Após

esse prazo o pedido é cancelado e a mercadoria fica no estoque.

Assim que os pedidos são faturados, o sistema da empresa emite as notas fiscais, que

seguirão com a mercadoria produzida até a loja do cliente, e também as parcelas de cobrança.

Dessa maneira, se a forma de pagamento escolhida pelo cliente for cobrança bancária, o

colaborador do setor de contar a receber vai gerar uma remessa para transmissão dos títulos on-

line, logo após fará a transmissão dos títulos à agência bancária. Esse procedimento é realizado

três vezes por semana e leva em média 20 minutos. A agência bancária por sua vez, enviará os

boletos de cobrança para os clientes da empresa. O tempo necessário para que o banco entregue

os boletos no endereço dos clientes é de 10 dias.

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Depois que o cliente recebe o boleto, se este fizer o pagamento na data de vencimento do

título, é feito a baixa do mesmo no sistema e o dinheiro fica no caixa, à disposição da empresa.

Este procedimento é realizado todos os dias na parte da manhã e leva 30 minutos para ser feito.

Caso o cliente não efetue o pagamento do título na data de seu vencimento, a empresa

aguarda que o pagamento seja realizado em 10 dias, se isso não ocorrer neste período, os

colaboradores do setor de contas a receber ligam para o cliente para efetuar a cobrança, e se

depois de 10 dias o cliente não tiver efetuado o pagamento é enviado um e-mail para que o

representante agende uma visita com o cliente para negociar a sua dívida. O tempo que o

representante leva para agendar a visita e ir até a loja do cliente é de 15 dias.

Se mesmo com a visita do representante, o cliente não efetue o pagamento da parcela em

atraso, após 60 dias de negociações, o titulo é enviado para uma agência de cobrança, que tentará

receber a pendência amigavelmente por mais 60 dias.

No entanto se a agência de cobrança não obtiver sucesso com a cobrança amigável, o

título é encaminhado para protesto judicial, e se ainda assim o pagamento não for realizado a

dívida poderá ser executada, ou seja, a empresa pode pedir que um bem do cliente vá à penhora

para efetuar a cobrança da dívida. É importante ressaltar que a Soarescim Ind. e Com. de

Calçados Ltda, empresa foco desse trabalho, jamais chegou a essa estância, os casos de

inadimplências são resolvidos em sua grande maioria, no momento em que o representante

comercial visita o cliente para realizar a cobrança dos títulos em atraso. Poucos foram os casos

em que foi necessário o uso de uma agência de cobrança, e ainda assim, quando estas foram

utilizadas, os títulos foram recebidos através de cobrança amigável.

Quando o cliente escolhe a forma de pagamento em carteira, os colaboradores do setor de

contas a receber emitem as duplicatas em 1 dia, e as enviam por sedex, aos representantes

comerciais de cada região, os mesmos recebem a correspondência em 3 dias.

Depois disso, os vendedores agendam uma visita ao cliente para recolher os cheques pré-

datados, esses procedimentos levam em torno de 15 dias para acontecer. Se o cliente entregar os

cheques ao representante na data combinada, este envia os cheques para a fábrica pelo correio,

que leva em torno de 3 dias para fazer a entrega, então os títulos são baixados e os cheques

lançados no sistema da empresa, que leva em torno da 15 minutos para realizar esta ação. Depois

de lançados no sistema, os cheques ficam no caixa da empresa. Porém, se o cliente não entregar

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os cheques para o representante na data combinada, o título pendente será cobrado da mesma

forma que os títulos enviados para cobrança bancária.

O tempo mínimo para execução é de 11 dias e 50 minutos, e o máximo de 176 dias e 50

minutos.

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Figura 9: Fluxograma do processo de cobrança Fonte: Dados primários

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5.3 Proposição de melhorias para os processos

Neste item será respondido ao terceiro objetivo específico, que é propor melhorias para os

processos desenvolvidos no setor de contas a receber da empresa Soarescim Ind. e Com. de

Calçados Ltda.

5.3.1 Propostas de melhorias para o processo de análise e concessão de crédito

Ao analisar o processo e análise e concessão de crédito, constatou-se que se faz necessário

alterar a seqüência de uma das tarefas. A atividade na qual pretende-se alterar a seqüência é a de

cadastro dos clientes novos. Atualmente a empresa cadastra os clientes novos depois que é feito à

análise de crédito, sendo assim não é feito nenhum registro da consulta ao Serasa no sistema da

empresa. Sugere-se que seja incluída mais uma atividade neste processo, na qual consiste em

registrar no sistema da empresa a análise realizada no banco de dados do Serasa. Com isto será

possível manter um histórico de informações que se obteve dos clientes em consultas anteriores, e

então fazer um acompanhamento constante sobre a conduta de pagamento de cada cliente.

Desse modo, o processo de análise e concessão de crédito proposto é ilustrado na Figura

10.

Portanto, de acordo com o que foi proposto, o setor comercial verifica que o pedido é de

um cliente novo, então este deve ser cadastrado e depois encaminhado para o setor de contas a

receber, que irá consultar o banco de dados do Serasa e registrar a consulta realisada no banco de

dados do Serasa no sistema da empresa, para que seja possível manter um histórico de

informações que se obteve dos clientes em consultas anteriores, e fazer um acompanhamento

constante sobre a conduta de pagamento de cada cliente. Se as informações obtidas na consulta

ao banco de dados do Serasa forem suficientes, o crédito é aprovado e o pedido é liberado, sendo

assim, o mesmo volta para o setor comercial e encaminhado para ser registrado no sistema da

empresa. Não há alteração no tempo de execução dessas tarefas.

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Figura 10: Fluxograma proposto para melhorar o processo de análise e concessão de crédito Fonte: Dados primários

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5.3.2 Proposta de melhoria para o processo de cobrança

Diante das informações obtidas após fazer a análise no processo de contas a receber da

empresa Soarescim, verificou-se que é necessário realizar uma alteração de tempo para execução

das atividades de cobrança de títulos vencidos.

Deve ser feito o monitoramento dos títulos vencidos diariamente, e a cobrança dos

mesmos deverá ocorrer a partir do quinto dia após o vencimento, se o pagamento não acontecer

depois de 5 dias, será enviado um e-mail para que o representante agende uma visita com o

cliente para negociar a sua dívida. O tempo que o representante leva para agendar a visita e ir até

a loja do cliente também deverá ser reduzido para 10 dias.

Se mesmo com a visita do representante, o cliente não efetue o pagamento da parcela em

atraso, após 45 dias de negociações, o titulo será enviado para uma agência de cobrança, que

tentará receber a pendência amigavelmente por mais 45 dias. Sendo assim, o processo de

cobrança proposto é ilustrado na Figura 11.

De acordo com o que foi proposto, se o cliente não efetuar o pagamento do título na data

de seu vencimento, a empresa aguardará que o pagamento seja realizado em 5 dias, caso isso não

ocorra neste período, os colaboradores do setor de contas a receber ligam para o cliente para

efetuar a cobrança. Se depois de mais 5 dias o cliente ainda não tiver efetuado o pagamento, será

enviado um e-mail para que o representante agende uma visita ao cliente para negociar a dívida.

Se mesmo com a visita do representante, o cliente não efetue o pagamento da parcela em

atraso, após 45 dias de negociações, o titulo é enviado para uma agência de cobrança, que tentará

receber a pendência amigavelmente por mais 45 dias.

No entanto se a agência de cobrança não obtiver sucesso com a cobrança amigável, o

título é encaminhado para protesto judicial, e se ainda assim o pagamento não for realizado a

dívida poderá ser executada, ou seja, a empresa pode pedir que um bem do cliente vá à penhora

para efetuar a cobrança da dívida.

Quando o cliente escolhe a forma de pagamento em carteira, o prazo para o representante

agendar a visita e passar na loja do cliente para recolher os cheques pré-datados deve ser de no

máximo 10 dias. Se o cliente entregar os cheques ao representante na data combinada, este envia

os cheques para a fábrica pelo correio que leva em torno de 3 dias para fazer a entrega, então os

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títulos são baixados e os cheques lançados no sistema da empresa, que leva em torno da 15

minutos para realizar esta ação. Depois de cumprir com esses procedimentos os cheques ficam no

caixa à disposição da empresa.

No entanto se o cliente não entregar os cheques para o representante na data combinada, o

título pendente será cobrado da mesma forma que os títulos enviados para cobrança bancária.

Como foi proposto, o tempo de execução deste processo foi alterado, deste modo, o tempo

mínimo é de 11 dias e 50 minutos e o tempo máximo é de 131 dias e 50 minutos. No tempo

mínimo não houve alterações, porém no tempo máximo foi possível propor a redução de 45 dias

no processo de cobrança.

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Figura 11: Fluxograma proposto para melhorar o processo de cobrança. Fonte: Dados primários

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5.4 Políticas praticadas para concessão de crédito e cobrança

Nesta fase do trabalho serão apresentadas as políticas praticadas pela Soarescim Ind. e

Com. de Calçados para concessão de crédito e cobrança, e também serão feitas algumas

propostas para aprimorar essas políticas. Tais questões estão relacionadas aos objetivos

específicos quarto, quinto e sexto.

Para responder a esses objetivos específicos, foi realizada uma entrevista com o diretor

administrativo da Soarescim e também utilizou-se a observação participante da estagiária, que é

funcionária da empresa, objeto deste estudo, a qual ocupa o cargo de encarregado do setor de

contas a receber.

As políticas praticadas para concessão de crédito e cobrança são:

a) Para os lojistas que pretendem manter relação comercial com a Soarescim, se faz

necessário obter data mínima de dois anos de fundação da empresa.

Esta política foi instituída com base na pesquisa do Sebrae do ano de 2004, que mostra

que 49,4% das empresas fundadas nos anos de 2000, 2001 e 2002 encerraram suas atividades

com menos de dois anos de fundação. Aos clientes que não atingem a data mínima de dois anos

de fundação da empresa, o crédito só é liberado se a loja fizer parte de uma rede que já é cliente

cadastrado na Soarescim e tem um histórico de pagamentos em dia. Caso contrário se faz

necessário que o possível cliente faça o pagamento a vista. Há algumas situações em que o

representante comercial já conhece o possível cliente e se responsabiliza pela venda.

Diante da realidade da organização, da realidade do país em relação à mortalidade das

empresas com até dois anos de fundação, da experiência da acadêmica na área e da bibliografia

consultada, essa política deve permanecer como está.

b) O crédito não deverá ser liberado para possíveis clientes que possuem protestos.

Ao consultar o banco de dados do Serasa, se o possível cliente apresentar algum protesto,

imediatamente é enviado um e-mail para o representante comercial que o atendeu, para que este

seja informado da situação do cliente, e verifique a origem do protesto. É importante que o novo

cliente tenha uma boa relação com o representante, pois a empresa não se baseia unicamente

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pelas informações obtidas no banco de dados do Serasa. Na análise feita por meio das

informações fornecidas no Serasa são observados alguns itens como a data de fundação da

empresa, ramo de atividades, últimas consultas, percentual de pagamentos em dia e também as

datas que ocorreram os protestos. Portanto, em alguns casos em que o pretendente ao crédito

possui uma data de fundação da empresa antiga, percentual de pagamento em dia elevado, e

mesmo assim possuir algum protesto, ainda é verificado a data que ocorreu esse protesto. Se o

último protesto aconteceu a mais de um ano, o representante é alertado para buscar mais

informações sobre o cliente, se as informações forem suficientes o pedido é liberado. Porém, se

os protestos forem recentes a empresa é mais cautelosa e decide por negar o crédito. Pois, como

foi abordado por Braga (1989), e Lemes Junior, Rigo e Cherobim (2005), o objetivo da concessão

de crédito a um cliente é aumentar as vendas e elevar a rentabilidade da empresa, mas por outro

lado, é preciso ter cautela na concessão de crédito para a empresa não ter prejuízos com clientes

inadimplentes.

Perante a realidade da empresa, à bibliografia consultada e a experiência da acadêmica no

setor, essa política deve continuar como está.

c) O crédito não deverá ser liberado para possíveis clientes que possuem ocorrência de

cheque devolvido.

Quando o analista de crédito consulta o banco de dados do Serasa e constata que o

pretendente ao crédito possui cheques devolvidos, imediatamente o crédito é negado. Pois a

empresa considera um agravante quando um lojista deixa de honrar o pagamento de um cheque.

Então o representante deve ser comunicado através de um e-mail que o crédito não foi concedido,

e este tem o dever de avisar ao lojista.

Frente à situação do país, da empresa foco desse trabalho e com base na bibliografia

pesquisada, essa política não deve ser alterada.

d) Para constatar o caráter, ou a intenção do pretendente ao crédito em liquidar seus

débitos, o analista de crédito deve consultar o banco de dados do Serasa e também buscar

informações comerciais junto a outros fornecedores.

Formalmente é realizada a consulta ao banco de dados do Serasa. Posteriormente busca-se

informações comerciais sobre o pretendente ao crédito junto a seus fornecedores, através de

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contatos telefônicos. Esta busca por informações estende-se também aos representantes, que por

sua vez entram em contato com seus colegas representantes, que em muitos casos fazem parte de

um sindicato da classe, para trocar informações e se prevenirem de lojistas que agem com má

intenção.

Conforme citado na fundamentação teórica, Gitman (1997) e Braga (1989) defendem que

caráter, refere-se à intenção do devedor em pagar suas dívidas, independente de ter condições

para fazê-lo. Diz respeito ao histórico do cliente quanto ao cumprimento de suas obrigações

financeiras, contratuais, morais e éticas. As informações obtidas junto a bancos, fornecedores e

agências especializadas permitem conhecer os hábitos de pagamento dos clientes.

No entanto, observou-se que na empresa, apenas as informações principais do cadastro do

cliente são devidamente preenchidas como: razão social, CNPJ, Inscrição Estadual, Cep,

endereço, bairro, município e Estado. Também verificou-se que as informações obtidas na

consulta do Serasa não são registradas no sistema, assim a empresa não mantém um histórico das

informações que obteve do cliente em consultas anteriores. Isto ocorre igualmente com a busca

por informações comerciais junto aos demais fornecedores do pretendente ao crédito, que não são

realizadas freqüentemente. Também não são solicitadas referencias bancárias aos clientes.

Ao analisar estas situações, sugere-se que a Soarescim exija dos clientes maiores

informações para que o crédito possa ser analisado com mais segurança, para isso foi

desenvolvido um modelo de ficha de cadastro a ser utilizada, conforme ilustra a Figura 12. Deste

modo o representante deverá preencher todos os campos da ficha de cadastro e enviar para a

empresa juntamente com o pedido do cliente.

Também sugere-se que a empresa solicite a cópia do contrato social do pretendente ao

crédito, para avaliar seu capital. Pois como abordado por, Gitman (1997) e Braga (1989), o

capital diz respeito aos aspectos financeiros da empresa, compreendendo os bens e recursos

possuídos e a solidez financeira do cliente.

As informações obtidas com a análise do contrato social deverão ser anexadas ao cadastro

do cliente, bem como, todas as informações obtidas por meio de consultas no Serasa, com

fornecedores ou bancos. Para isto, sugere-se que seja desenvolvido um campo no sistema da

empresa para que estas informações sejam devidamente registradas. A obtenção desses dados irá

auxiliar o processo de análise e concessão do crédito, tornando-o mais eficaz.

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Ficha de Cadastro

Razão Social: _____________________________________________________________ Nome Fantasia:____________________________________________________________ Endereço: _______________________________________________Nº_______________ Bairro:______________________CEP:___________Caixa postal: ___________________ Cidade:_______________________________Estado:______ Telefone: ( ) __________________Fax: ( ) ___________________________________ CNPJ (MF): __________________________Insc. Estadual: ________________________ Contatos Comprador(a) ______________________________e-mail:_________________________ Telefone: ( ) __________________ Ramal _____ Financeiro_________________________________e-mail:_________________________ Telefone: ( ) __________________ Ramal _____ Composição da sociedade Nome sócio (a) % CPF ________________________________ ______ _______________________________ ________________________________ ______ _______________________________

Principais Fornecedores: Nome Telefone _________________________________________ ( ) __________________________ _________________________________________ ( ) __________________________

Dados Bancários: Banco: ______________________________ Agência: ________ Conta:_________________ Cedente: ____________________________ CPF/CNPJ:______________________________ Referências bancárias Banco: _____________________ Agencia: _______ Contato_________ Fone: ( ) ________ Cliente desde: _______________ Observações:_______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ Data: ____/____/____.

Figura 12: Ficha de Cadastro Fonte: Dados primários

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e) Para os lojistas que tiveram o crédito negado, o pedido só deverá ser produzido mediante

pagamento a vista.

Se por quaisquer motivos o crédito não for autorizado, o cliente será informado da

situação de seu pedido através do representante, que irá propor uma renegociação. A nova forma

de pagamento acontece de forma antecipada, no qual 50% do valor total do pedido deve ser

depositado para liberar a produção da mercadoria, e o restante deve ser pago no ato do

faturamento, para que finalmente o pedido seja enviado. Se o cliente não realizar o depósito em

no máximo sete dias após a renegociação, o pedido que se encontrava bloqueado passa a estar

cancelado. Esse procedimento nem sempre é seguido, e em alguns casos, o pedido é liberado para

produção, por insistência do cliente e do representante, sem que o valor tenha sido depositado

antecipado, na condição de que o depósito seja feito integral antes do faturamento, a mercadoria

acaba sendo produzida e às vezes fica no estoque por falta de pagamento, gerando desta maneira

prejuízos para a empresa.

A única garantia de pagamento que a Soarecim solicita é o depósito antecipado para

clientes que tiveram o crédito negado. No entanto Gitman (1997) e Braga (1989) abordam que o

pretendente ao crédito coloque a disposição alguma garantia real ou pessoal para cobrir o crédito

solicitado.

Neste caso, sugere-se que seja feito uma conscientização com os vendedores, para que

fique claro, que se o crédito do cliente não foi aprovado, que ele próprio não quis se

responsabilizar pela venda e o cliente ainda não aceitou cumprir a política da empresa, o pedido

não deve ser produzido sem que 50% de seu valor seja pago para a empresa.

f) Se um cliente apresentar restrições e a empresa não liberar crédito para o mesmo, o

representante deverá ser comunicado sobre a situação do cliente, se este decidir por liberar

o pedido, isto deve ser feito através do preenchimento de um documento de autorização.

Nos casos em que o cliente apresenta restrições, como, protestos, cheques sem fundo e

fundação da empresa inferior a dois anos, em primeiro lugar o representante será comunicado por

e-mail sobre a situação do cliente, dependendo das informações colhidas o crédito poderá ser

concedido através do preenchimento de um documento de autorização, conforme apresentado no

anexo. Neste documento, o representante ficará totalmente responsável pelo crédito e também

pela cobrança, inclusive aceitando o débito automático do valor gerado pela venda em suas

comissões. Observa-se que em alguns casos o representante não possui comissão para saldar o

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valor da venda, e a empresa acaba por ter que parcelar a dívida e fazer adiantamentos ao

vendedor para que este possa dar continuidade ao seu trabalho.

Para os pedidos que são liberados com autorização do representante, sugere-se que o

mesmo seja mais prudente, e quanto à empresa, esta deve fazer uma estimativa de entrada de

comissão na data prevista para o possível débito. Verificou-se também que se faz necessário

definir um limite mensal de débitos, em relação às comissões. Esta relação deverá ser feita com

base na média das comissões pagas em anos anteriores. Procedendo desta maneira, a empresa

evitará que o representante fique com o saldo negativo, e não terá que fazer adiantamentos para

que o mesmo realize seu trabalho.

g) Para os clientes que ficaram um ano ou mais, sem manter relações comerciais com a

empresa, deve-se consultar novamente o banco de dados do Serasa para que o crédito seja

liberado.

Nos casos em que o cliente fica inativo por um ano, o banco de dados do Serasa deve ser

consultado pelo analista de crédito da empresa, para verificar se o cliente não contraiu algum

protesto ou cheque devolvido. Também deve ser verificado o histórico de pagamento do cliente

no sistema da empresa. Porém, esta análise não é realizada em todos os clientes que ficam

inativos e depois voltam a comprar os produtos da empresa. Pois, quando o pedido chega à

empresa passa pelo setor comercial e se o cliente não possuir nenhuma pendência é caminhado

direto para a digitação do pedido no sistema da empresa, sem passar pelo setor de contas a

receber, no qual é responsável pela análise de crédito, então, somente é analisado novamente o

crédito dos clientes quando o representante solicita que isto aconteça. Na visão Sanvicente

(1987), é importante que o setor de contas a receber interaja com a área comercial da empresa, e

preocupe-se com o crédito concedido a seus clientes, já que a política de crédito compreende

diretrizes e procedimentos de seleção de cliente, cobrança e descontos, compondo importante

elemento para atingir os objetivos de vendas.

Para aperfeiçoamento desta política, sugere-se que o sistema da empresa disponha de uma

nova funcionalidade, e coloque automaticamente no campo das restrições, conforme destacado na

Figura 13, na ficha do cliente, um aviso do tempo em que o cliente permaneceu inativo. Sendo

assim, quando um novo pedido chegar à empresa, e a ficha do cliente for consultada, a pessoa

responsável pelo recebimento dos pedidos, visualizando o aviso envie automaticamente o pedido

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em questão para o setor de contas a receber, para que seja feita uma nova análise de crédito.

Desta forma, o analista de crédito terá a oportunidade de verificar, se no período que o cliente

ficou inativo, o mesmo não contraiu nenhum protesto ou cheque devolvido.

Além dos benefícios que trará ao setor de contas a receber, a nova funcionalidade

também beneficiará o setor comercial da empresa, deste modo, este poderá gerar relatórios e

conhecer os clientes que estão inativos e realizar promoções para que os mesmos voltem a manter

relações comerciais com a empresa.

Figura 13: Ficha do cliente Fonte: Sistema Mosimax

h) Para os clientes ativos, que compram frequentemente da empresa a análise de crédito é realizada através das informações obtidas no histórico de pagamentos do cliente. Quanto aos clientes que mantém relação comercial freqüente com a empresa, a análise de

crédito é feita somente observando o histórico de pagamento do mesmo, conforme ilustra a

Figura 14. O entrevistado argumenta que, “se o cliente vem pagando seus títulos em dia, não há

necessidade de consultar seu cadastro no banco de dados do Serasa”. No entanto, verifica-se em

algumas ocasiões que o cliente pode estar passando por uma situação difícil, seja por baixa nas

vendas, ou por contar com estoque alto de mercadoria, ou ainda estar com alto índice de

inadimplência. E por conta de falta de informações, a empresa pode vir a vender uma quantidade

elevada de mercadoria e acaba por ter dificuldades em receber.

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Hoji (2000) defende que a análise e concessão de crédito não se limitam a novos clientes.

A situação dos clientes já cadastrados deve ser acompanhada constantemente, observando os

aspectos de compras anteriores, como a pontualidade, capacidade de pagamento e situação

financeira.

Nesta situação sugere-se, fazer um trabalho junto aos vendedores, para que este fique

atento às marcas dos produtos que estão sendo vendidos na loja, se são de marcas conceituadas

ou não, analisar se a loja está com estoque em excesso, buscar mais informações sobre as vendas,

de forma discreta, com vendedores ou mesmo com funcionários da loja. Sugere-se também que

seja feito uma nova consulta no banco de dados do Serasa pelo menos uma vez por ano, para

verificar se o cliente não contraiu protestos ou cheques devolvidos. Deste modo a empresa poderá

se antecipar e promover algumas ações, diante de futuras ameaças.

Figura 14: Histórico de duplicatas recebidas Fonte: Sistema Mosimax

i) O prazo médio de pagamento oferecido aos clientes da empresa é de 90 dias.

Os prazos de pagamento são definidos pela força do mercado, ou seja, se um concorrente

oferece um prazo médio de 90 dias e a Soarescim apresenta um prazo menor, logo à empresa

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estará perdendo vendas. Isto ocorre devido ao tipo de produto que a empresa produz que são

calçados femininos, e neste ramo de atividade existe muita oferta. Então o prazo de pagamento

torna-se uma ferramenta para aumentar as vendas.

A empresa também enfrenta períodos de sazonalidade que acontecem nos meses de maio,

junho e julho, visto que nesses períodos são realizadas promoções que oferecem prazos mais

estendidos.

De acordo com o que foi citado anteriormente por Gitman (1997) e Braga (1989), as

condições são relativas a fatores externos e macroeconômicos, que envolvem sazonalidade do

produto, efeito da moda, essencialidade do produto, sensibilidade do ramo de atividades a

problemas de liquidez e o porte da empresa em relação às outras.

Diante da realidade da empresa, do mercado em que a organização atua e segundo a

bibliografia consultada, essa política deve permanecer sem alterações.

j) As formas de pagamento oferecidas pela empresa são: a cobrança bancária ou em

carteira.

Na empresa são apresentadas duas formas de pagamento. A primeira é a cobrança

bancária, é desta forma como são realizadas mais de 70% das cobranças da empresa, pois

apresenta agilidade no envio do boleto aos clientes e facilita a cobrança, e se ocorrer atraso no

pagamento, o banco não isenta a cobrança de juros e encargos. Para Hoji (2000), a cobrança

bancária apresenta maior eficiência e tem custo menor para a empresa. Também apresenta a

vantagem de que se, ocorrer atraso o banco não dispensa encargos moratórios, e se não for

efetuado o pagamento e o sacador der essa instrução, poderá encaminhar para protesto.

A segunda forma de pagamento oferecida pela empresa, é cobrança em carteira, esta é

realizada por meio dos representantes comerciais da empresa. É mais flexível e apresenta maiores

atrasos nos pagamentos. No entanto, conforme ressalta o entrevistado, “em determinadas regiões,

culturalmente os lojistas preferem pagar suas compras em cheque”. Para a empresa receber em

carteira, apesar de apresentar maior atraso, a mesma tem como negociar os cheques com bancos

ou ainda pode repassar aos seus fornecedores para liquidar débito com vencimentos para datas

futuras. De acordo com o que aborda o autor Lemes Junior, Rigo e Cherobim (2005), a cobrança

em carteira acarreta maiores custos e também mais flexibilidade no pagamento. No entanto Há

alguns casos que o próprio cliente prefere esse tipo de procedimento de cobrança.

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De acordo com o que foi apresentado pela empresa, frente à realidade do país e a

bibliografia pesquisada, esta política deve permanecer como sem alterações.

l) As cobranças dos títulos em atraso podem ser realizadas por meio dos escritórios de

representação de cada região, dos funcionários do setor de contas a receber ou através de

empresas especializadas.

A cobrança realizada via escritório de representação é utilizada quando o cliente escolhe a

forma de pagamento em carteira, pois, por se tratar da região de atuação do representante, este

fica encarregado de passar no cliente assim que a mercadoria for entregue, para recolher os

cheques devidamente pré-datados para a data programada no pedido.

Quando o cliente escolhe fazer pagamento bancário e atrasa a liquidação do título, os

funcionários do setor de contas a receber entram em contato para realizar a cobrança. Dessa

forma, é feito o primeiro contato telefônico para verificar se o cliente recebeu o boleto bancário

na data, ou se o mesmo mudou de endereço e o cadastro da empresa não foi atualizado. Neste

caso se faz necessário mandar uma segunda via do título. Após entrar em contato com o cliente

por telefone e o pagamento ainda não tiver ocorrido, o representante é avisado para que visite o

cliente para realizar a cobrança.

A cobrança feita através de agência de cobrança só é utilizada, se após algumas tentativas

de negociação por telefone e visitas pessoais do representante da empresa, não obtiverem sucesso

no recebimento dos títulos.

Como o setor de contas a receber só dispõe de dois colaboradores, a cobrança dos títulos

em atraso apresenta algumas deficiências, levando-se em consideração a carteira de clientes que é

composta por quase sete mil cliente e também pela quantidade de escritórios de representações

que este setor da empresa oferece suporte. Desta forma sugere-se a contratação de mais um

funcionário para o setor de contas a receber, para que os serviços sejam oferecidos de forma

rápida e eficaz.

m) Os meios e cobrança utilizados para receber os títulos em atraso são: contato telefônico,

visita pessoal, agência de cobrança e protesto judicial.

Para receber os títulos que apresentam atraso no pagamento, é realizado após 10 dias de

vencimento, um contato telefônico, o cliente é orientado sobre as providências que deve tomar

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para liquidar seu débito. Ainda assim, se depois de dez dias o cliente ainda não tiver quitado sua

dívida, é enviado um e-mail ao representante para que este agende uma visita com o cliente para

renegociar a dívida. Nos casos em que o representante fica responsável pelo crédito concedido ao

cliente, através de uma autorização formalmente preenchida no ato da liberação do pedido para a

produção, será processado o débito na comissão do representante após 60 dias de atraso dos

títulos, e o acerto com o cliente fica por conta do representante.

Para Gitman (1997), se uma dívida não for paga em seu vencimento, com o passar do

tempo os esforços de cobrança tornam-se mais pessoais e rigorosos. No processo de cobrança os

meios mais utilizados são cartas, telefonemas, visitas pessoais, uso de agências de cobrança e

protesto judicial.

Quando se trata de um caso não previsto, de um cliente que não apresentava

características que o analista de crédito pudesse prever uma situação de inadimplência, a empresa

juntamente com o representante trabalhará na recuperação do crédito. Então, a dívida deve ser

encaminhada para uma agência de cobrança especializada, e esta entra em contato com o cliente

para tentar receber as pendências amigavelmente. Porém, se depois de algumas tentativas a

agência de cobrança não obtiver sucesso, o título é encaminhado para protesto judicial. Vale

ressaltar que a empresa utilizou desse último método de cobrança pouquíssimas vezes, pois, em

geral, os clientes inadimplentes quitam seus débitos no momento em que o representante

comercial faz a visita para realizar a cobrança.

Para aperfeiçoar esta política, sugere-se que o setor de contar a receber da empresa,

acompanhe mais rigidamente, junto aos escritórios de representações, as cobranças em carteira,

fazendo que o representante agilize a visita ao cliente para recolher os cheques referentes ao

pagamento das mercadorias vendidas.

n) A taxa de juros a ser cobrada aos clientes que apresentam atraso no pagamento de seus

títulos é de 3% ao mês.

Aos clientes que tem títulos em atraso, deverá ser efetuada a cobrança de 3% de juros ao

mês. Os títulos que foram destinados à cobrança bancária, o pagamento de juros é automática, já

na cobrança em carteira os clientes apresentam maior resistência ao pagamento de juros.

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O percentual de 3% de juros ao mês, que é cobrado dos clientes que apresentam atraso no

pagamento dos títulos, foi definido com base no percentual de juros que é cobrado pelo mercado,

tais como, os fornecedores da empresa, os concorrentes e os bancos.

Perante a perspectiva do mercado brasileiro, a realidade da empresa foco deste trabalho, e

a experiência da acadêmica na área. A organização não tem condições de cobrar uma taxa de

juros menor do que a de 3%, dos clientes inadimplentes, frente aos juros que paga a seus

fornecedores, quando não tem capital para honrar um pagamento na data, ou quando necessita

recorrer a empréstimos bancários. Portanto esta política deve continuar como está.

o) O pagamento das comissões dos representantes comerciais da empresa é atrelado à

liquidez dos títulos.

Pagar a comissão aos vendedores no faturamento dos pedidos e receber o pagamento dos

títulos em uma data futura ocasionaria problemas de fluxo de caixa na empresa.

Diante da realidade da organização, do conhecimento da acadêmica na área e da

circunstância do mercado brasileiro, é inviável que a empresa pague a comissão a seus

representantes no faturamento dos pedidos, portanto essa política deve ser preservada.

As políticas de crédito e cobrança aqui registradas servirão para balizar os procedimentos

internos do setor de contas a receber, facilitando a compreensão do trabalho aos seus

colaboradores, e também auxiliará o representante comercial no momento da venda. Estas

políticas, e as respectivas sugestões de melhoria, serão implantadas na empresa após a aprovação

do diretor administrativo.

5.5 Plano de ação.

Este item apresenta o plano de ação, que foi desenvolvido com base nas informações e

resultados obtidos através da pesquisa. Este plano de ação tem como objetivo a melhoria das

políticas de crédito e cobrança praticadas na empresa Soarescim Ind. e Com. de Calçados Ltda,

conforme mostra o Quadro 1.

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Plano de Ação O que? Como? Quem vai fazer? Quando? Quanto vai custar?

Utilizar a ficha cadastral, na abertura de novos clientes.

O representante deverá preencher todos os campos da

ficha cadastral quando efetuar a venda a um novo cliente.

Representante comercial

Primeiro semestre de

2008 Sem custo.

Solicitar cópia do contrato social da empresa do pretendente ao

crédito

O representante deverá solicitar uma cópia do documento

quando realizar a venda a um novo cliente.

Representante comercial

Primeiro semestre de

2008 Sem custo.

Disponibilizar um campo no sistema da empresa para registro das análises realizadas no banco

de dados do Serasa, com fornecedores ou bancos.

Utilização de um novo software (já em desenvolvimento).

Equipe de desenvolvimento do sistema da empresa.

Primeiro semestre de

2008

Sem custo, pois a empresa está

desenvolvendo um sistema próprio.

Conscientizar os representantes dos problemas decorrentes à produção de mercadoria para

clientes que o crédito foi negado. Cujo pagamento acertado foi avista antes do faturamento.

Poderá ser realizada nas convenções com os

representantes, que se realizam uma vez a cada semestre. No

qual, este será um dos assuntos abordados.

Gerente do setor comercial

Primeiro semestre de

2008 Sem custos

Definição de um limite mensal de débito em comissão.

Fazer um levantamento da média de comissão paga em

anos anteriores e estabelecer um limite de débito em comissão

Encarregado do setor de contas a

receber

Primeiro semestre de

2008 Sem custos

Disponibilizar uma nova funcionalidade no sistema da

empresa, que mostre o tempo em que um cliente ficou inativo.

Utilização de um novo software (já em desenvolvimento).

Equipe de desenvolvimento do sistema da empresa.

Primeiro semestre de

2008

Sem custo, pois a empresa está

desenvolvendo um sistema próprio.

Realizar anualmente, uma nova análise de crédito dos clientes

cadastrados.

Consultando o banco de dados do Serasa.

Colaboradores do setor de contas a

receber

Primeiro semestre de

2008

Custo por consulta no banco de dados do Serasa R$ 7,00

Contratação de mais um colaborador para o setor de

contas a receber

Através do processo de seleção da empresa.

Setor de RH Primeiro

semestre de 2008

Custo R$ 1.024,10, salários mais

encargos.

Formalização das políticas de crédito e cobrança.

Com base no estudo elaborado. O encarregado do setor de contas a

receber.

Primeiro semestre de

2008. Sem custos

Comunicação aos representantes comerciais, das políticas de

crédito e cobrança formalizadas.

Poderá ser realizada nas convenções com os

representantes, que se realizam uma vez a cada semestre. No

qual, este será um dos assuntos abordados.

Gerente do setor comercial

Primeiro semestre de

2008. Sem custos

Quadro 1: Plano de ação para as políticas de crédito e cobrança. Fonte: Dados primários.

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Para a elaboração do plano de ação foram considerados os resultados da pesquisa e a

observação da pesquisadora, levando-se em conta também a realidade da organização para

sugerir ações viáveis e de fácil execução.

O plano de ação será apresentado ao diretor administrativo para que seja aprovado. É

importante ressaltar que os custos de execução desse plano de ação, são acessíveis, portanto, este

não é considerado um obstáculo para que o plano sugerido deixe de ser implantado no setor de

contas a receber da empresa.

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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Devido ao rápido crescimento da empresa Soarescim, observou-se que há algumas

dificuldades quanto à análise e liberação de crédito, e um controle eficaz sobre as cobranças das

vendas realizadas a prazo.

Decorrente dessa situação, surgiu o interesse em desenvolver este estudo, que teve como

principal objetivo analisar o setor de contas a receber da empresa Soarescim Ind. e Com. de

Calçados Ltda, com vistas a aprimorar os seus processos e as suas políticas de crédito e cobrança.

Para isto foram propostos alguns objetivos específicos, tais como: identificar as atividades

desenvolvidas pelo setor de contas a receber; descrever os processos do setor, propor melhoria

para os processos; identificar as políticas praticadas para concessão de crédito e cobrança e

aprimorar essas políticas. Todos os objetivos foram atingidos.

A análise para concessão de crédito tem sido um processo bastante decisivo para a

rentabilidade de uma empresa. Durante o desenvolvimento desse trabalho, foi possível verificar a

maneira mais apropriada de ser feita à análise para concessão de crédito, e a importância de saber

utilizar as informações obtidas.

Através do embasamento teórico adquirido durante a pesquisa, observou-se que a

utilização da teoria dos “C’s” do crédito, abordada neste trabalho com base em Gitman (1997) e

Braga (1989), orientam o analista de crédito, para que este saiba quais informações que devem

ser obtidas, com o objetivo de identificar a capacidade e a intenção de pagar o crédito solicitado

de cada cliente.

Depois de ser feita a análise no setor de contas a receber da empresa Soarescim, na qual o

estudo foi desenvolvido, verificou-se que a mesma possui políticas de crédito e cobrança, no

entanto, as mesmas não são formalizadas e também não são suficientes, em conseqüência disso

foram sugeridas algumas propostas de melhorias. Procurou-se ampliar o número de informações

coletadas, exigindo do cliente no momento da compra, cópia do contrato social e preenchimento

da ficha de cadastro. Desta maneira, será possível realizar análises de crédito mais eficiente,

permitindo uma decisão mais acertada. Além disso, é necessário acompanhar constantemente os

clientes ativos, logo o mesmo cuidado dispensado aos clientes novos deve existir com relação à

concessão de crédito aos clientes já cadastrados.

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Este trabalho propiciou a formalização das políticas de crédito e cobrança e também dos

processos desenvolvidos no setor de contas a receber, que vinham sendo praticados na empresa,

porém eram expostos de forma informal. Com a formalização é possível orientar os

colaboradores que já atuam no referido setor, treinar com mais eficiência novos funcionários e

também auxiliar os representantes comerciais no momento da venda.

Ao processo de cobrança sugere-se que seja feito um acompanhamento mais rigoroso. Os

títulos em atraso devem ser cobrados com maior freqüência, iniciando a cobrança no quinto dia

de atraso, através de cartas, telefonemas, visitas pessoais e agências de cobrança.

Este trabalho foi importante para a acadêmica, pois a mesma trabalha no setor de contas a

receber da empresa, sendo assim, foi possível fazer uma relação entre os fundamentos teóricos

apresentados nesta pesquisa com a realidade vivida na organização, trazendo benefícios tanto

para a empresa quanto para a acadêmica.

Portanto, fica evidente que a Soarescim Ind. e Com. de Calçados Ltda, necessita rever

certas políticas de crédito e cobrança, bem como formalizá-las e também implementar melhorias

para os processos desenvolvidos no setor de contas a receber.

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ANEXOS

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Soarescim Indústria e Comércio de Calçados Ltda. Rua: Emílio Mázera, 53 – Tajuba I CEP: 88240-000 - São João Batista – SC CNPJ: 02.414.127/0001-82 - I.E. 253.694.086 Telefone: (48) 3265-6900 - Fax 3265-6903 e-mail:[email protected]

Autorização para liberação de crédito.

Eu, (Nome Completo do Representante) autorizo a concessão de crédito ao cliente (Razão

Social), inscrito sob o CNPJ (Número do CNPJ), e sou consciente que todos os problemas em

relação ao pagamento das mercadorias que constam no pedido (Número do Pedido), estarão sob

minha responsabilidade, podendo o valor total gerado pela venda, ser deduzido de minhas

comissões.

Local e Data

_______________________ Assinatura

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APÊNDICE

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ROTEIRO DA ENTREVISTA COM O DIRETOR ADMINISTRATIVO DA SOARESCIM SOBRE AS POLÍTICAS DE CRÉDITO E COBRANÇA. 1) Para os lojistas que pretendem comprar da Soarescim pela primeira vez, é estabelecida data

mínima de fundação da empresa? Por quê? E quais os procedimentos adotados para que o crédito

seja liberado para o mesmo?

2) Quais os procedimentos adotados para liberação de crédito quando o possível cliente possui

protestos ou problemas com cheques devolvidos?

3) É estabelecido limite de crédito aos seus clientes e possíveis clientes? Como é tratada esta

questão?

4) Qual o volume de vendas que a Soarescim poderá realizar a um único cliente? É o vendedor

quem verifica esta questão?

5) Para constatar a solidez financeira da empresa pretendente ao crédito, a Soarescim solicita a

análise dos demonstrativos financeiros do possível cliente?

6) Para constatar o caráter, ou a intenção do possível cliente em liquidar seus débitos, a

Soarescim consulta alguma fonte de referência cadastral, como bancos, agências especializadas

ou fornecedores? Por quê?

7) Como é avaliada a capacidade ou potencial do cliente novo, para que o crédito solicitado seja

liquidado?

8) A Soarescim pede alguma garantia real ou pessoal de seus possíveis clientes para cobrir o

crédito solicitado, como adiantar parte do valor do pedido? E quais as garantias pedidas?

9) É feito algum tipo de avaliação do grau de organização e a capacidade gerencial da empresa

que está solicitando o crédito? Como visitas ou entrevistas com executivos do grupo?

10) Quanto aos clientes que ficaram inativos por um certo período, e voltaram a comprar da

Soarescim, de que forma o crédito é analisado?

11) Para os clientes ativos, que compram frequentemente da empresa, como é feita essa análise

de crédito? Por quê?

12) Quanto aos prazos de pagamento oferecidas aos possíveis clientes, E como esses prazos

foram estabelecidos? Tem alguma relação com o ambiente, envolvendo: sazonalidade do produto,

efeitos da moda, ou concorrentes?

13) Quais as formas de pagamento oferecidas aos clientes e possíveis clientes da Soarescim?

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14) Quais os tipos de cobrança adotados pela empresa? Por quê?

15) Quais os meios de cobrança utilizados para receber os títulos em atraso?

16) Qual o tratamento que recebem os títulos que apresentam atraso no pagamento?

17) Para os clientes que apresentam atraso nos pagamentos dos títulos, qual é a taxa de juros que

é cobrado? E a partir de quantos dias de atraso os juros deverão ser cobrados? Por quê?

18) O pagamento da comissão dos vendedores é atrelado a liquidez dos títulos? Por quê?

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TÓPICOS QUE ORIENTARAM A ENTREVISTA NÃO ESTRUTURADA.

1) Como se inicia o processo de vendas?

2) Qual o tratamento que o pedido recebe ao chegar à fábrica?

3) Descreva os procedimentos realizados no setor de contas a receber para a análise concessão de

crédito.

4) Após o crédito ser analisado, o pedido volta para o setor comercial, quais são os

procedimentos realizados?

5) Depois que os pedidos são recebidos, cadastrados e aprovados pela análise de crédito, eles são

enviados para o subgerente do departamento comercial, qual tratamento dispensado aos pedidos?

6) Posteriormente ao ser verificada a possibilidade de entrega das mercadorias, na data

programada no pedido do cliente, os pedidos são enviados para serem registrados no sistema da

empresa, qual o tratamento dispensado a estes pedidos?

7) Quais providências são tomadas no PCP para atender aos pedidos dos clientes?

8) Qual o tratamento dispensado aos pedidos no setor de faturamento?

9) Ao faturar os pedidos dos clientes, são geradas as parcelas para a cobrança da mercadoria

enviada. Quais os procedimentos de cobrança?

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Soarescim Indústria e Comércio de Calçados Ltda. Rua: Emílio Mázera, 53 – Tajuba I CEP: 88240-000 - São João Batista – SC CNPJ: 02.414.127/0001-82 - I.E. 253.694.086 Telefone: (48) 3265-6900 - Fax 3265-6903 e-mail:[email protected]

DECLARAÇÃO

A empresa SOARESCIM IND. E COM. DE CALÇADOS LTDA declara, para

devidos fins, que a estagiária NEIVA TAMANINI, aluna do Curso de Administração do

Centro de Educação Superior de Ciências Sociais Aplicadas da Universidade do Vale do

Itajaí, cumpriu com a carga horária prevista para o período de 22/02/07 a 06/11/07,

seguiu o cronograma de trabalho estipulado no Projeto de Estágio e respeitou nossas

normas internas.

São João Batista, 06 de novembro de 2007.

_____________________________________

Maurino Cim

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ASSINATURA DOS RESPONSÁVEIS

Neiva Tamanini

Estagiária

Adalberto Carlos Soares

Supervisor de campo

Jaqueline de Fátima Cardoso

Orientador de estágio

Profª. Jaqueline de Fátima Cardoso

Responsável pelo Estágio Supervisionado