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Edição 39 * 1 de Janeiro de 2020 * Mensal * Gratuita Director: Carlos Mesquita

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Edição 39 * 1 de Janeiro de 2020 * Mensal * GratuitaDirector: Carlos Mesquita

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2 - Nova Costa de Oiro - Março de 2020Publicidade

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Nova Costa de Oiro - Março de 2020 - 3

Nesta edição

Na «Nova Costa de Oiro» não seutiliza a Reforma Ortográfica de

1990-2008, indevidamente chamada«Acordo Ortográfico».

Sumário

Ficha Técnica:Director e Editor: Carlos MesquitaColaboradores nesta edição: Ana Custódio, Artur de Jesus, Associação Filatélicae Numismática Gil Eanes - Lagos / Nelson Azevedo, Carlos Conceição, Hugo Pal-ma, José António Nunes, José Francisco Rosa e Laurinda PiresProprietário:JL, UnipessoaL, Lda/Carlos ConceiçãoSede Social, Administração, Redacção e Editor:Rua D. Xavier, nº6 – 8600-754 LagosCapital Social da Empresa Proprietária:JL, Unipessoal, Lda/Carlos Conceição com 100% do capital socialNa Internet em: http://www.novacostadeoiro.comCorreio electrónico: [email protected]

Editorial

Celebrar a PrimaveraPágina 4 - Memória - Nova Costa de Oiro - Março de 1996Páginas 6 a 11 - A Abrir / Tema de CapaEm Barão de São João - O «pulmão verde» de LagosPágina 14 - A Abrir / Tema de Capa - O Zoo de LagosPágina 15 - A Abrir / Tema de Capa - A Mata NacionalPáginas 16 e 17 - A Abrir / Tema de Capa - A cultura dos abacatesPáginas 18 e 19 - Olhares- Postais da cidade de LagosPáginas 20 e 21 - Lagos ontem e hojePonte na Ribeira de Bensafrim e a Porta do PostigoPáginas 24 e 25 - Gente da nossa terraDom Sebastião - Memórias e Espaços em Lagos,Por Artur de JesusPágina 26 - Ruas da nossa terraA Avenida Dom Sebastião, em LagosPágina 27 - A Nova Costa de Oiro no YOUTUBEPáginas 28 e 29 - Conhecimento - Exposição AstrofotografiaNo Centro de Ciência Viva de LagosPáginas 30 e 31 - ColeccionismoEtiquetas postais (ATMS) e Selos clássicos de PortugalPor Nelson AzevedoPágina 32 - Clube das Comisquices - A «misteriosa» cataplanaPor EpicuroPágina 35 - O Cantinho do PoderMascarilhas e MascarinhasPáginas 36 e 37 - O imprevisto aconteceu e...O relógio indiscretoPor José Francisco RosaPágina 38 - Leituras - Um Algarve Outro - contado de boca em bocaGlória MarreirosPágina 39 - Leituras - A Arquitectura, uma CausaJosé VelosoPágina 40 - Músicas - O Auditório Municipal de LagosUm espaço votado ao abandonoPágina 41 - Músicas - Damos-lhe música no SPOTIFYPágina 42 - Em Abril, na Nova Costa de Oiro

O Equinócio da Pri-mavera acontece no dia20 de Março, no hemis-fério norte do Planeta Ter-ra, altura em que é Outo-no, no hemisfério sul.

Neste dia, que marcao início da Primavera (a estação do anoque é normalmente associada ao reflo-rescimento da flora terrestre), a noite e odia têm a mesma duração.

Para celebrarmos a chegada da Pri-mavera, fomos até à aldeia de Barão deSão João, do concelho de Lagos, tema aque damos destaque nesta edição daNova Costa de Oiro.

Recordamos um pouco da história dalocalidade, tendo caminhado com tempoe com tranquilidade pelas suas ruas,cumprimentando amigos de longa data.E, assim, registámos em fotografia e ví-deo as imagens que agora partilhamos.

Estivemos na Mata Nacional, o «pul-mão verde» de Lagos. Aí, e usufruindoda tranquilidade do local, sentados a es-cutar o chilrear da passarada, veio-nos àideia que poderão ser muitos os lacobri-genses que não desfrutam da beleza des-te «recanto» de Lagos. Ou, tão pouco,os que a conhecem...

No entanto, nem tudo «são rosas»nesta ex-freguesia. O cultivo intensivo deabacates tem provocado polémica eceleuma, que trazemos às nossas pági-nas. Mas, a surpresa maior da reporta-gem aconteceu na viagem de volta a La-gos quando, na «carreira» da Onda, co-nhecemos um amante da fotografia e damúsica de acordeão. Viajar em transpor-tes públicos pode ser gratificante...

Reservo uma última palavra para o ex-celente texto do nosso colaborador Arturde Jesus, que nesta edição fala de El-reiDom Sebastião e nos leva por aquela quepode ser uma fantástica viagem pelasmemórias e espaços do «Desejado».

Desfrutai dos nossos textos, fotos evídeos! E das muitas belezas de Lagos,também!

Carlos Mesquita

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4 - Nova Costa de Oiro - Março de 2020Memória / Março 1996

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Nova Costa de Oiro - Março de 2020 - 5Publicidade

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6 - Nova Costa de Oiro - Março de 2020

Em Barão de São João

O «pulmão verde» de LagosA abrir / Tema de capa

A aldeia de Barão de São João, daUnião de Freguesias de Barão de SãoJoão e Bensafrim desde 2013 (foi nesseano que se impôs a agregação das duasfreguesias), localiza-se no concelho deLagos.

Tem uma área de 51,75 km² e 895habitantes (de acordo com os dados dosCensos de 2011). A sua densidadepopulacional é de 17,3 h/km², o que lhepermite ser classificada como uma Áreade Baixa Densidade (portaria 1467-A/2001).

A Norte, é limitada pela freguesia daBordeira (que integra o concelho de Al-jezur); a Nascente está Bensafrim (noconcelho de Lagos); a Sul encontram-se as freguesias de São Gonçalo deLagos e da Luz (também do concelhode Lagos); por último, a Poente, encon-tram-se as freguesias de Barão de SãoMiguel, de Budens e de Vila do Bispo(estas pertencendo ao vizinho concelhode Vila do Bispo).

No concelho de Lagos, Barão de SãoJoão é um lugar ímpar. Esta é uma loca-lidade pacata, bonita e harmoniosa, ondese cruzam pessoas das mais diversasproveniências, gostos, formas de estar »»

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Em Barão de São João

O «pulmão verde» de LagosA abrir / Tema de capa

»» e de viver, num convívio tranquilo, apa-rentemente assente no respeito recípro-co e na diversidade cultural, social e eco-nómica dos muitos que aqui aportam eque a escolhem como lar.

Numa das ruas, a caminho da MataNacional, uma «avó» dirige-se-nos. Devoz doce, pausada, talvez curiosa por nosver a fotografar e a filmar, «mete conver-sa». Fala do tempo e da chuva que nãocai. E respondemos das favas que, poressa razão, não irão nascer, e do quantogostamos de as comer, acompanhadaspor peixe frito. Sentimos tristeza na suavoz e quase pressentimos a lágrima noseu rosto enrugado quando nos diz queno tempo em que o seu marido era vivofavas não faltavam, favas, muitas favas,para comer e oferecer aos vizinhos.«Agora, já não tenho, menino»...

Por se localizar afastada da linha dacosta marítima lacobrigense e por aquise encontrar a Mata Nacional que tem oseu nome, Barão de São João é comoque o «pulmão verde» do concelho deLagos. Este não é, definitivamente, o lu-gar do turismo massificado, apelidado dode «Sol e Praia», que acorre a Lagos e àPraia da Luz, nos cálidos meses do »»

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Em Barão de São João

O «pulmão verde» de LagosA abrir / Tema de capa »»

»» Verão. Os turistas que se cruzam con-nosco nas ruas, os que marcham pelaMata, ou os que nos saudam simpatica-mente das suas bicicletas, com os seussotaques germânicos, britânicos, gaule-ses, parecem-nos sinceramente felizespor estarem aqui, a desfrutar da belezae da Natureza desta terra, deste Algarveoutro, deste recanto de Lagos, curiosa-mente pouco conhecido e apreciado pe-los que habitam neste concelho.

É curioso o topónimo «Barão de SãoJoão». Que «Barão» terá dado o nomeao local? Quem foi?

Nesta questão não há, nem pode ha-ver, uma certeza absoluta. E tudo o quese possa dizer ou especular sobre a ori-gem do nome da localidade não deverápassar disso mesmo: uma especulação.

Por um lado, e após leitura atenta do«Estudo Histórico - Monográfico - A Fre-guesia de São João (do concelho de La-gos), da autoria de José António Martins»,para concluirmos que a «Povoação deSão João Baptista irrompe no tecido só-cio-económico Lacobrigense, a partir domomento em que Lagos é elevado a con-celho (século XIV). Não será uma certe-za, mas um ponto de partida para a sua»»

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Em Barão de São João

O «pulmão verde» de LagosA abrir / Tema de capa

»» inclusão como parte integrante doConcelho de Lagos.

A titularidade de Barão de São Joãodeverá ser datada do século XVI, umavez que este título nobiliárquico será con-substanciado em 1475, não se conhecen-do documentação que refira que a Povo-ação de São João Baptista seja tituladano século XV [...]».

Por outro lado, recorremos à publica-ção de João Velhinho, no site do Centrode Estudos Marítimos e Arqueológicos deLagos (CEMAL) para encontrarmos umaoutra possível explicação quanto à ori-gem do nome do local: «Contrariamenteao que se possa pensar, o topónimo Ba-rão de S. João não deve a sua origem aum nobre que lhe deu o nome. Barão vemdo árabe Bahr / Bahron que significa la-goa. Em 1873, Pinho Leal na obra “Por-tugal Antigo e Moderno descreve o se-guinte fenómeno quando se refere à lo-calização da aldeia de Barão de S. João:- está “...Situada em uma campina queno Inverno se torna sapal...”

A este sapal terão os árabes chama-do Lagoa, Bahr, Bahron.

Na faixa que vai de Budens a Bensa-frim pode-se ainda hoje, através dos ves-tígios arqueológicos, constatar a fortepresença e a influência muçulmana naactual toponímia».

«Na povoação de B.S.J. a presençados árabes pode ser atestada tanto pelotopónimo Alcântara, (a poente da povoa-ção) que em árabe significa a passagemou ponte, como pelo achado de silos sub-terrâneos, para cereais, no Cerro doMouro nas proximidades da Escola »»

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Em Barão de São João

O «pulmão verde» de LagosA Abrir / tema de capa

»» Primária, segundo o testemunho oralque recolhemos».

Sobre Barão de São João, lê-se na«Corografia ou Memória Estadistica, eTopográfica do Reino do Algarve», deJoão Baptista da Silva Lopes, publicadaem 1841, que «[...] localizada a 1 leg.N.N.O. de Lagos, situada em huma cam-pina que no Inverno se torna sapal;freguezia que há muito anda anexxa aBensafrim, de que fica distante 1/2 l a O.A sua povoação he unida, nãoexcendendo 1/2 legoa os cazaes maislonge. Os fructos são os mesmos que osdas outras freguezias vizinhas; mais ter-ras de sementeira do que fazendas. temalgumas colmeias e alguma caça miúdado que provê a cidade, assim como delenha e carvão. O parroco manda humcapellão dizer missa á igreja, que temprópria nos domingos e dias santos, e vailá mesmo administrar-lhe os sacramen-tos. A fabrica tem 16 alqueires de trigo, e2300 réis em foros; e a irmandade do S.S.40 alqueires de trigo [...]».

Voltamos, agora, ao livro de José An-tónio Martins: «Entre 1933 e 1975 asquestões relacionadas com a vivênciaquotidina da Freguesia centram-se naprocura de melhores condições de vidapara a população residente e na capta-ção de meios financeiros para o colmatar

de situações de penúria dos próprioshabitantes».

Na década de 30 do século XX, asmaiores preocupações dos locais assen-tavam na construção do edifício da Jun-ta de Freguesia (que veio a ser edificadoem 1944) e no Posto Escolar. Nos anos»»

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Em Barão de São João A Abrir / tema de capa

O «pulmão verde» de Lagos

»» 40, um ciclone destruiu os campos dapovoação e os membros da Junta mani-festavam a necessidade de se construiruma escola primária.

Um novo relógio foi inaugurado na Igre-ja, nos anos 50. Por essa altura, foi feitauma petição para a criação de mais uma«carreira» de camionetas de passageiros.

Após a Revolução de 25 de Abril de1974, e com a instituição do Poder LocalDemocrático, os membros da Assembleiade Freguesia de Barão de São João (talcomo as restantes de Portugal) passa-ram a ser eleitos por voto secreto, uni-versal e directo, contribuindo, assim, parao bem-estar dos seus fregueses.

Em 2013, a Freguesia de Barão deSão João foi extinta, encontrando-se nosnossos dias agregada a Bensafrim.

Se bem que distando apenas cerca deuma dezena de quilómetros de Lagos,pode dizer-se que Barão de São João érelativamente mal conhecida pela largamaioria dos habitantes deste concelho. E,com muito para ver e desfrutar aqui, valebem prolongada visita a esta linda terra.

Ver vídeo no nosso canal de YOUTU-BE, clicando na seguinte ligação:

https://youtu.be/o8pQgluvHdY

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Em Barão de São JoãoA abrir / Tema de capa

O Zoo de Lagos

Uma das atracções de Barão de SãoJoão, é o Parque Zoológico de Lagos. Foiinaugurado em 16 de Novembro de 2000,embora a sua construção se tenha inici-ado no final do ano de 1997.

Segundo os seus promotores, «O de-sign dos espaços, o movimento de terras,a plantação de árvores, o transporte detroncos e pedras e um cuidado extremonos pormenores de acordo com as espé-cies, fizeram com que o Parque Zoológi-co de Lagos, tivesse o reconhecimento deque hoje usufrui, pelo Bem Estar dos Ani-mais residentes, simplicidade arquitectó-nica e chamamento à reflexão».

Esclarecem ainda os seus proprietá-rios que «O Zoo de Lagos participa emvários EEP’s (Programas de reproduçãoem cativeiro para espécies em perigo deextinção), através da EAZA (AssociaçãoEuropeia de Zoos e Aquários) e tambémem acções de sensibilização de visitan-tes, nomeadamente campanhas ambien-tais, exposições, etc. Participa também,

directamente, em projectos de Conser-vação, em colaboração com diversasONG’S».

Em virtude de muitas escolas e turis-tas solicitarem visitas à Quinta Figueiras(nos anos 90), onde hoje está o Zoo deLagos, «partir para esta aventura de Con-servação, Educação e Protecção da Na-

tureza, foi um passo natural. [...]Assim, todos os amantes da Nature-

za podem desfrutar deste espaço de La-zer, simultaneamente Educativo e Con-servacionista».

No Zoo de Lagos existem mais de 150espécies de animais, oriundos de 5 conti-nentes, neste espaço merecedor de visita.

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Nova Costa de Oiro - Março de 2020 - 15

Em Barão de São João A abrir / Tema de capa

A Mata Nacional

A Mata Nacional de Barão de SãoJoão, o «pulmão verde» do concelho deLagos, tem uma área de 207 hectares,estendendo-se ao longo do sopé da Ser-ra do Espinhaço de Cão.

Os baldios da Câmara Municipal deLagos, situados nas freguesias de Ben-safrim e de Barão de São João, foramsubmetidos nos anos de 1933 e de 1934ao regime florestal parcial, chamado Pe-rímetro Florestal de Barão de São João.

Entre 1936 e 1956, este local foi alvode um plano de arborização, custeadopelo Estado Português e que visava aprodução de madeira.

Inicialmente, o coberto florestal eraconstituído por pinhal manso de diferen-tes idades (com uma área de 160 hecta-res) e por acacial (com 47,7 hectares).

Tinha, igualmente, pequenos bosque-tes de cedro do Buçaco e de cipreste deMonterey (no interior do pinhal) e umaárea de eucalipto, no acacial.

Não é tarefa fácil observar a fauna do

local. Na Primavera, os coloridos abelha-rucos (Merops apiaster) deixam-se ver eouvir, com alguma regularidade, bemcomo pegas azuis (Cyanopica cooki).Nesta altura do ano também é possívelverem-se alguns casais de perdizes co-muns (Alectoris rufa) e poupas (Upupaepops).

Raposas, sacarrabos, coelhos, lebrese javalis também já foram avistados nal-gumas vezes em que estivemos neste lo-cal, em busca dos deliciosos cogumelosselvagens, como o Amanita caesarea (oamanita-dos-césares), ou o Cantharelluscibarius (o cantarelo).

No Verão de 1982, um violento incên-dio florestal destruiu esta Mata Nacionalquase por completo, bem como outrasáreas de floresta próximas.

Actualmente, existem aqui três bar-ragens, que poderão ser usadas no com-bate aos fogos florestais.

Dispõe de um parque de merendas,que pode ser utilizado para piqueniques,

bem como um parque infantil. Tem, ain-da, um Circuito de Manutenção, equipa-mento que pode ser usado sem quais-quer custos.

Nos limites desta Mata Nacional fo-ram instaladas várias unidades de aero-geradores eólicos, produtoras da chama-da «energia eléctrica não poluente» e re-novável.

Esta Mata Nacional acolheu no pas-sado dia 09 de Fevereiro, o XXV Corta-Mato Barão São João+Campeonato Re-gional de Corta Mato Veteranos, eventoque contou com a presença de 276 atle-tas, originários na sua maioria da regiãoalgarvia.

Duas últimas notas: a primeira paradestacar a limpeza da zona, que nas nos-sas visitas pareceu irrepreensível (comdestaque positivo para as instalações sa-nitárias).

A outra, para criticar o estado de de-gradação do placard informativo desteespaço, que já é quase ilegível.

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Em Barão de São JoãoA abrir / Tema de capa

A cultura dos abacates

A monocultura cultura intensiva deabacateiros, que em Barão de São João,concelho de Lagos, ocupa cerca de 300hectares de terrenos agrícolas, tem sidomotivo de várias críticas e de preocupa-ções manifestadas não só nos órgãos doPoder Local, como também em sessõespúblicas que têm tido lugar nesta ex-fre-guesia do concelho lacobrigense.

O grupo «Terra Saudável», um movi-mento de cidadãos criado com o objecti-vo de lutar contra a proliferação de mono-culturas que consideram ser prejudiciaispara os solos e para o ambiente e quetêm um elevado consumo de água, de-clara que é uma orientação da tutela queestá a impedir que as explorações de aba-cate tenham de ser sujeitas a Avaliaçãode Impacto Ambiental (AIA), contra a von-tade de outras entidades oficiais.

O mesmo foi afirmado em reunião daAssembleia Municipal de Lagos (AML),em 25 de Fevereiro de 2019, por um an-tigo autarca de Bensafrim: «as várias en-

tidades com responsabilidades sobre oassunto (Agência Portuguesa do Ambi-ente, Comissão de Coordenação e De-senvolvimento Regional do Algarve, Di-recção Regional de Agricultura e Pescasdo Algarve, Instituto da Conservação daNatureza e Florestas do Algarve, etc.)“empurram” as situações de umas para

as outras».Por seu turno, e segundo artigo pu-

blicado no «Sul Informação», em 21 deNovembro de 2019, que se reproduz, ogrupo «Terra Saudável», dá um exemploconcreto de uma exploração que, alega-damente, está a pôr em causa a disponi-bilidade de água e a contaminar os »»

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Em Barão de São João A abrir / Tema de capa

A cultura dos abacates

»» aquíferos com glifosato, em Barão deSão João, desde 2018. Esta plantação,asseguram, «implica impactos negativospara os recursos hídricos, bem comooutros factores ambientais».

«A preparação do terreno para queesta plantação pudesse acontecer, comas necessárias despedregas (remoção

de rochas) e mobilização dos solos, temcomo consequência a redução da capa-cidade de infiltração dos solos, o que vaireduzir a disponibilidade hídrica subter-rânea e vai afectar a qualidade da águados aquíferos», disse o “Terra Saudável”.

«Junta-se a isto a utilização de pesti-cidas como o glifosato, algo que já co-

meçou a contaminar os lençóis freáticos.Aliás, este grupo tem provas de que acontaminação já está a ocorrer, uma vezque através de analises à água, levadasa cabo em 2018, os níveis de glifosatomostraram ser superiores em 25 vezesaos permitidos por legislação comunitá-ria», acrescentou».

Em declarações ao jornal «Público»,em artigo da autoria de Idálio Revez, pu-blicado em 19 de Novembro de 2018,João Costa, da Direcção Regional deAgricultura, em Faro, esclareceu que oresultado do estudo feito pelos serviçosdo Ministério da Agricultura sobre as pra-gas e doenças que atingem o abacateiro«têm muito pouco significado», «o quefaz com que haja poucas probabilidadesde ocorrência de poluição ambiental».

Em 2020, não obstante as muitas crí-ticas e contestações, a monocultura doabacate continua viçosa por terras de Ba-rão de São João, no Algarve que enfren-ta seca severa e extrema.

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18 - Nova Costa de Oiro - Março de 2020

«Postais» de LagosOlhares

Sem comentários. E quem faz cumprir o Decreto-Lei n.º 82/2019? (Rua da Porta de Portugal - Lagos)

Parque Dr. Júdice Cabral ao abandono (Lagos) Parque Dr. Júdice Cabral ao abandono (Lagos)

Porto de Pesca de Lagos (vista do Mercado da Avenida) Rossio de São João (Lagos)

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«Postais» de Lagos Olhares

Estacionamento abusivo (Rua 25 de Abril - Lagos) Estacionamento abusivo (Praça do Infante - Lagos)

Rua da Porta de Portugal (Lagos) Há meses assim (Rua Dr. Faria e Silva/Rua dos Ferreiros)

Obra de conservação da Muralha de Lagos (Início da obra: Maio de 2019. Prazo de conclusão: 120 dias. 120 dias???)

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20 - Nova Costa de Oiro - Março de 2020

Lagos ontem e hojeOlhares

Ponte na Ribeira de Bensafrim

A Ribeira de Bensafrim, que nasce naSerra do Espinhaço de Cão e que desa-gua no Oceano Atlântico, na cidade deLagos, é atravessada por três pontes.

Destas, a mais antiga é a Ponte D.Maria, que foi construída em data des-

conhecida.A pedonal, que se mostra na imagem,

permite a travessia da Ribeira de Bensa-frim em direcção ao local onde hoje selocaliza a Marina de Lagos.

Foi antecedida por duas outras pon-

tes que possibilitavam a passagem de ve-ículos automovéis e que foram demoli-das, dando origem a esta que aqui seencontra actualmente.

Pela terceira ponte acede-se à EN125, em direcção a Este.

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Nova Costa de Oiro - Março de 2020 - 21

Lagos ontem e hoje Olhares

A Porta e o Largo do Postigo

Ao cimo das Rua Conselheiro Joa-quim Machado (de São Sebastião), da daCapelinha (mais conhecida por «Rua dosBurros»), da António Crisógno dos San-tos, da José Vieira, da Torrinha e da doCemitério localizava-se o baluarte da

«Porta do Postigo».Este foi um dos nove baluartes qua-

drangulares - pentagonais, com orelhõese rampas de acesso para artilharia pe-sada da muralha que cerca a cidade deLagos.

De acordo com o site «De Lagos»(Fototeca Municipal de Lagos), o «Balu-arte da Porta do Postigo», foi «demolidonos finais dos anos 20 do séc XX, paradar lugar ao Largo da Porta do Postigo(ou Largo da Torrinha)».

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22 - Nova Costa de Oiro - Março de 2020Publicidade

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Nova Costa de Oiro - Março de 2020 - 23Publicidade

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24 - Nova Costa de Oiro - Março de 2020

LacobrigensesGente da Nossa Terra

D. Sebastião

Na História Local não apenas é justodestacar as memórias dos naturais dossítios, mas, igualmente, as daqueles quederam o seu contributo para a constru-ção e valorização desses mesmos locais.A personalidade histórica sobre a qualnos deteremos é um desses casos. Criti-cado por uns, estimado por outros, foiuma personalidade fulcral na valorizaçãode Lagos enquanto centro político e mili-tar do Algarve. Referimo-nos ao penúlti-mo Rei da 2.ª Dinastia Portuguesa – deAvis -, D. Sebastião.

A vida de alguém é sempre um per-curso, marcado por etapas, onde as me-mórias que se vão construindo e os espa-ços experienciados ganham um significa-do fundamental. Foi, assim, também, como Rei D. Sebastião, nascido em Lisboa,em 1554, e que pereceu, ou terá desapa-recido em terras de Marrocos, em 1578,na fatídica Batalha de Alcácer-Quibir.

Tratou-se de uma figura marcante,não só na História nacional, mas na daprópria Lagos. Foi ele que elevou Lagosà categoria de Cidade, no ano de 1573,ano em que visitou o Algarve pela primei-ra vez. Vamos acompanhar o trajecto doMonarca.

A 2 de Janeiro desse ano, o Rei dei-xou a Cidade de Évora rumo ao Algarve.Passou por Viana do Alentejo, Cuba,Beja, Entradas, Castro Verde, Cabeços,

Memórias e Espaços em Lagos

Almodôvar, Ourique, Messejana, Colos,Odemira, Odeceixe, Aljezur e entrou emLagos no dia 19, recebido por gentes dearmas, mulheres e crianças, no meio dedisparos de salvas e exercícios militares.Diz-nos João Cascão (que acompanhouo Rei e escreveu uma Relação sobre estajornada) que: El-Rei entrou pela RuaNova, que é larga e bem assombrada eestava bem cheia de móvel; havia por elainfinidade de gente, tanta que não haviaporta, nem parede, nem barco no rio quenão estivesse cheio e dizem que de todoo Algarve acudiu aqui gente.” Feitas asorações na Igreja Matriz, recolheu-se oRei aos seus aposentos, na Casa doAlcaide-Mor, tendo, ainda nesse dia, re-cebido o Bispo do Algarve.

No dia 20 de Janeiro, D. Sebastiãoassistiu a uma missa no Mosteiro fran-ciscano da Vila e, depois da refeição,correram-se touros em sua homenagem.O próprio Rei participou nos festejos.Seguiu-se uma visita à pequena Fortale-za do Pinhão (em rochedo na Praia domesmo nome), que dispunha de boa ar-tilharia e cuja bateria baixa poderia baterbem navios que por ali passassem. Viu,depois, detalhadamente as obras de for-tificação. No dia seguinte, D. Sebastiãoouviu missa na Ermida de Nossa Senho-ra da Piedade e rumou ao Cabo de SãoVicente, tendo regressado a Lagos no dia

23 de Janeiro. Diz o autor da Relação daJornada régia que: Por todas as aldeiaspor onde El-Rei passou, o receberam àida para o Cabo de S. Vicente e à vindacom alguma gente de cavalo e de pé. Eos por quem passou são os seguintes:Espichel, Vale do Boi, Almodana, Budes,a Figueira, a Raposeira, Aldeia do Bispo.Destacou, ainda, o autor, que Algumasdestas aldeias são muito boas, e em to-das vivem lavradores ricos, por seremterras de muito pão, - são de 30, 40, 50vizinhos e com casas sobradadas.

Tendo entrado em Lagos, o rei pas-seou de barco pela costa até Alvor e, re-gressado, passeou-se a cavalo pela Vila.No dia 24 de Janeiro, D. Sebastião vol-tou à Ermida de Nossa Senhora da Pie-dade (onde assistiu à missa), tomou umarefeição em Lagos, despachou e ouviumúsica. Aproveitando a maré favorável,o Rei partiu para Vila Nova de Portimão,a bordo de um bergantim, que o Gover-nador do Algarve mandara vir de Sines.

No reinado de D. Sebastião, a únicaVila que foi elevada a Cidade foi, preci-samente, Lagos. O Rei, elevado peloseu espírito cruzadista e desejoso deintervir em terras norte-africanas, ter-se-á apercebido do valor estratégico deLagos e da sua ampla baía, como basede operações. O privilégio foi confirma-do pelo último Rei da Dinastia, o tio »»

Tríptico Alusivo à Batalha de Alcácer-Quibir - 1980 - Autoria: João CutileiroD. Sebastião - Autoria: João Cutileiro

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Nova Costa de Oiro - Março de 2020 - 25

Lacobrigenses Gente da Nossa Terra

D. Sebastião»» de D. Sebastião, o Cardeal-Rei D.Henrique, através de carta passada emLisboa, no dia 19 de Maio de 1579.

D. Sebastião regressou, nesse mes-mo ano de 1573 a Sagres e a Lagos (Se-tembro) e novamente em Agosto e Outu-bro de 1574. Em finais de Junho de 1578,esteve pela última vez em Lagos e daírumou para a sua derradeira jornada, noNorte de África.

Encarnando os valores cruzadistasque sempre defendeu, o Rei morreu naBatalha de Alcácer-Quibir, em Marrocos,travada a 4 de Agosto de 1578. Contudo,se o Rei homem morreu, no mesmo mo-mento nasceu um Rei mítico que alimen-tou a alma portuguesa até aos nossosdias. Nos momentos mais críticos da vidanacional, D. Sebastião tornou-se um sím-bolo de resistência aos invasores, daesperança messiânica, da restauraçãopatriótica, de um regresso às glórias per-didas de um país amargurado pela de-cadência e pela nostalgia de uma sau-dade infinita.

As Terras do Infante (o cruzado Hen-rique que também sonhou e batalhou noNorte de África e nem sempre de formavitoriosa), sobretudo os territórios de Vilado Bispo e de Lagos, ainda guardammuitas memórias das passagens do jo-vem Rei D. Sebastião, que podem serrecordadas nos rochedos de Sagres enas ruas da nossa Cidade.

Em pleno centro histórico de Lagos,junto ao Monumento de Leopoldo de Al-meida em honra do Infante D. Henrique(1960) e diante do antigo cais, destaca-se no local dos antigos paços dos Go-vernadores do Algarve a notável JanelaManuelina, a partir de onde o Rei teráassistido a uma missa antes de partir comas suas tropas para África. Não muitolonge, o renomado escultor João Cutilei-ro deixou-nos um notável Monumentoevocativo da fatídica batalha, onde o reiperdeu a vida (Jardim da Constituição).

Contudo, o Monumento mais emble-mático da Cidade em honra do Rei, en-

Fontes e Bibliografia:- CORRÊA, Fernando Cecílio Calapez, “A Cidade e o Termo de Lagos no Perí-

odo dos Reis Filipes”, Lagos, Centro de Estudos Gil Eanes, 1994, pp.29 e 30.- “Itinerários de D. Sebastião”, Prefácio, Compilação e Notas de Joaquim

Veríssimo Serrão, Lisboa, Academia Portuguesa da História, 1987,pp.331,332,333,334, 339,340 e 474.

- JESUS, Artur Vieira de, “Vila do Bispo – Lugar de Encontros”, Volume I, Vila doBispo, Câmara Municipal de Vila do Bispo, pp. 96-99.

- LAMEIRA, Francisco I.C., “Inventário Artístico do Algarve – A Talha e a Imagi-nária”, XI – Concelho de Lagos, Faro, Secretaria de Estado da Cultura – DelegaçãoRegional do Algarve, 1994, pp. 232 e 233.

- LOUREIRO, Francisco de Sales, “Uma Jornada ao Alentejo e ao Algarve”, S.l.,Livros Horizonte, 1984, pp.62,63 e 97-105.

Memórias e Espaços em Lagos

contra-se na Praça Gil Eanes. É tambémda autoria de João Cutileiro e foi inaugu-rado em 1973.

Por fim, o nosso Itinerário Sebásticopor Lagos, conduz-nos a um espaço im-provável, por ser menos óbvio: a Igrejade São Sebastião. No interior da nave,perto da Capela-Mor, num altar lateral,do lado direito (antes do acesso à Sa-cristia), ergue-se imponente, extrema-mente expressiva e dramática, uma ima-gem do Senhor Crucificado, da 2.ª meta-de do Século XVI, em madeira e com asassinaláveis dimensões de 1,83m x1,54m. O seu autor e proveniências sãodesconhecidas. Esta impressionante re-presentação do Senhor Jesus Cristo,

sereno, resplendente, em sofrimento eagonia, no seu acto sacrifical em reden-ção dos homens, recorda-nos a imagemcongénere que encontramos no Coro doMosteiro dos Jerónimos (Lisboa), ou asimagens da mesma tipologia sevilhanas.No tema que temos estado a tratar, estanotável peça artística merece destaquepelo facto de constar ter integrado a ex-pedição militar que rumou a Alcácer-Quibir. Terá assim ido e regressado deum momento fulcral na nossa Históriacolectiva, servindo de mais um importan-te memorial desse importante e decisivofacto da nossa vida nacional.

Artur Vieira de Jesus,Licenciado em História

A janela de estilo manuelino Senhor Crucificado, Igreja S. Sebastião

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26 - Nova Costa de Oiro - Março de 2020

Conhecer e visitarRuas da Nossa Terra

A Avenida Dom Sebastião

A Avenida Dom Sebastião, em Lagos,tem o seu início na Estrada Nacional 125e término na Rua da Ameijeira.

As ruas Frei Miguel Contreiras, JoséFilipe Fialho e D. João III são suas trans-versais.

A figura de Frei Miguel Contreiras (ofrade espanhol a quem os livros de His-tória atribuem a fundação da Misericór-dia de Lisboa no século XV) é controver-sa q.b. e pode não passar de uma fraudehistórica. Recorde-se que em 2009, a Câ-mara Municipal de Lisboa chegou a pon-derar mudar o nome da transversal como seu nome, à Avenida de Roma.

Dom João III (nascido em Lisboa, em7 de Junho de 1502 e falecido em 11 deJunho de 1557), apelidado de «o Piedo-so» e «o Colonizador», foi Rei de Portu-gal e dos Algarves de 1521 até morrer.

José Filipe Fialho foi um beneméritolocal.

Dom Sebastião (Lisboa, 20 de Janei-ro de 1554 – Alcácer-Quibir, 4 de Agostode 1578), «o Desejado» e «o Adormeci-do», foi Rei de Portugal e dos Algarvesde 1557 até ao seu desaparecimento,conforme biografia que pode ser lida naspáginas 24 e 25 desta edição.

Clicar nesta ligação para ver vídeo:https://youtu.be/Tj-oMoCilGk

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Nova Costa de Oiro - Março de 2020 - 27

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A Nova Costa de Oiro no YOUTUBE Vídeos

A Nova Costa de Oiro criou e dispõede um canal de vídeo, na plataformaYOUTUBE.

Aqui, os leitores da revista podemaceder aos nossos vídeos, não só de en-trevistas, como também de espectáculose outros eventos em que estivemos pre-sentes ou locais que visitámos.

Nesta edição, destacamos os vídeosda localidade de Barão de São João eda Avenida Dom Sebastião, em Lagos.

Encontram-se ainda disponíveis asgravações da Ria de Alvor, do Paul do La-gos, da aldeia de Espiche, bem como aentrevista a Duarte Silva, encenador darevista à portuguesa «Isto é Revista!» e

o resumo do espectáculo do Clube Ar-tístico Lacobrigense, que se realizou noCentro Cultural de Lagos.

O nosso canal no Youtube pode seracedido clicando na ligação abaixo:

https://www.youtube.com/channel/UCjkSBP_M6mNMcujXQRhDFTQ

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28 - Nova Costa de Oiro - Março de 2020

Foi inagurada no passado dia 29 deJaneiro, no Centro de Ciência Viva, deLagos, a Exposição de Astrofotografia, In-sight Astronomy Photographer of theYear.

São 40 as fotografias premiadas nacompetição internacional, que é promo-vida pelo Royal Observatory Greenwich,do Reino Unido.

Segundo informação do Centro de Ci-ência Viva, de Lagos, «A Insight Astro-nomy Photographer of the Year é a mai-or competição internacional do género,mostrando fotografias fenomenais do céunocturno e do universo, obtidas por umacomunidade global de talentosos Astro-fotógrafos e chega ao Centro CiênciaViva de Lagos fruto de uma parceria como Exploratório – Centro Ciência Viva deCoimbra, organizador e produtor da ex-posição e o Royal Observatory de Gre-enwich é o promotor do concurso».

Fundado em 29 de Janeiro de 2009,o Centro de Ciência Viva de Lagos é

«uma iniciativa da Câmara Municipal deLagos e da Agência Ciência Viva – Agên-cia Nacional para a Cultura Científica eTecnológica, no sentido de se constituirem todo o território nacional uma Redede Centros que visa a divulgação cientí-

fica e tecnológica junto do grande públi-co e a criação de contextos adequadosà formação de animadores e professo-res, ao apoio às escolas, à colaboraçãoentre instituições científicas, empresas,autarquias e instituições educativas, »»

Centro de Ciência Viva de Lagos

Exposição AstrofotografiaConhecimento

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Nova Costa de Oiro - Março de 2020 - 29

Centro de Ciência Viva de Lagos

Exposição AstrofotografiaConhecimento

»» e o desenvolvimento e produção derecursos e conteúdos para a educaçãoformal e não formal».

Localizado na Rua Dr. Faria e Silva,34, em Lagos, (na «Casa Fogaça», umantigo solar setecentista, de traça pom-

balina) - este espaço de promoção daCultura Científica e Tecnológica e tam-bém pode ser acedido através do últimopiso do Mercado Municipal da Avenidados Descobrimentos.

O Centro de Ciência Viva de Lagos

merece visita atenta e prolongada, no se-guinte horário: de terça-feira a domingo,das 10:00h às 18:00h.

Está encerrado à segunda-feira e nosdias 24, 25 e 31 de Dezembro, e 1 deJaneiro.

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30 - Nova Costa de Oiro - Março de 2020

Coleccionar é aprender e...Coleccionismo

Etiquetas postais (ATMS)

As primeiras etiquetas em Portugaltêm inicio em 1981, as chamadasFRAMAS.

As máquinas foram distribuidas daseguinte forma:

001-Set 81 a Abr 88- Portimão002-Dez 81 a Jul 87-Lisboa Terreiro

do Paço003-Set 81 a Abr 88-Faro004-Mai 81 R.Ex, Stb 81 a Nov 85

Lisboa St Marta005-Set 81 a Dez 85 Vila Real Stº

António006-Set 81 a Abr 88 Albufeira007-Set 81 a Abr 88 Lagos008-Dez 85 a Fev 90 Lisboa Aeropor-

to009-Jan 86 a Fev 90 Funchal010-Jul 87 a Fev 90 Lisboa Restau-

radoresAs taxas usadas em 1981 :7$00-

8$50-27$00-33$50A taxa de 7$00 é hoje a mais procu-

rada e de maior valor.

As máquinas imprimiam qualquer va-lor múltiplo de 000,5 até 999,5.

O papel das Framas é fosforescentee tem a inscrição: correios e telecomuni-cações de Portugal.

É uma área da filatelia queaprecio,mas que está ainda muito poucoexplorada.

A imagem corresponde a 10 carim-bos das máquinas acima referidas,maisum carimbo dos serviços de filatelia Lis-boa.

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Nova Costa de Oiro - Março de 2020 - 31

Coleccionar é aprender e... Coleccionismo

Selos clássicos de Portugal

Desenhado por Francisco de BorjaFreire, sendo o último trabalho do artis-ta, ele seguiu uma caracteristica de man-ter a efígie sempre virada para o lado es-querdo.

Teve uma tiragem de 2.192.400 se-los, 1 cunho.

A 6 de Março de 1863, um oficio di-zia:

«Participo a Vª.S.ª que, a fim de fa-cilitar a composição dos portes dascorrespondências, se estão cunhandosellos de 10 réis com tinta amarella,os quaes brevemente começarão a serdistribuidos ás AdministraçõesCentraes.

Deus guarde a V.ªS.ªSub-Ispecção Geral dos Correios

e Postas em 6 de março de 1863A.H.O.M»Selo de D-Luis 10 Reis Amarelo

Associação Filatélica eNumismática Gil Eanes - Lagos

Nelson Azevedo

Email de contacto:[email protected]

«Os nossos objectivos são a pro-moção e dinamização do coleccionis-mo em todas as vertentes.

Organizamos Encontros todos os2ºs Domingos do mês, para trocas».

Esta Associação tem página noFacebook, que pode ser acedida clican-do na ligação abaixo:

https://www.facebook.com/pg/As-sociação-Filatética-e-Numismática-Gil-Eanes-Lagos-299499500752800/

D. Luís I - 1ª emissão de 1862-64 - O selo de 10 REIS(Amarelo-Amarelo laranja)

Informação complementar:

Francisco de Borja Freire

Nasceu em Lisboa no ano de 1791e morreu também na mesma cidade em1869.

Era sobrinho do gravador Ciprianoda Silva Moreira, e em 1814 foi admiti-do como praticante de abridor da Casada Moeda, tendo-lhe sucedido proviso-riamente e depois por concurso em1828.

Em 1830 foi nomeado segundoabridor da Casa da Moeda.

Em 1836 foi a Londres aperfeiçoar-se com o artista Taylor, tendo regres-sado em 1837.

Em 1842, por falecimento de JoséAntónio do Vale foi nomeado interina-mente primeiro abridor e confirmadoem 12 de Outubro de 1853.

Foi reformado a 7 de Dezembro de1864.

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32 - Nova Costa de Oiro - Março de 2020

Clube das cosmiquicesGastronomias

A «misteriosa» cataplana

A cataplana, que é uma panela metá-lica constituída por duas partes cônco-vas que se encaixam com uma dobradi-ça e que têm dois fechos laterais, é umdos utensílios mais icónicos da e na gas-tronomia algarvia.

Dadas as suas características únicase não obstante não serem hermeticamen-te fechadas, acabam por funcionar de for-ma semelhante às panelas de pressão.Por essa razão, deve ter-se o máximo cui-dado ao abri-la na mesa, pois os vapo-res da cocção que dela emanam atingemtemperaturas de cozedura superiores a100º centígrados podem provocar quei-maduras na face e, sobretudo, nos olhosdos mais incautos.

O momento da abertura da catapla-na costuma ser de algum deslumbramen-to e até de espanto para os comensais,

tal como tivemos oportunidade de verifi-car muitas vezes quando a servimos.

Designam-se também por «catapla-na», os alimentos confeccionados nestapanela, que é habitualmente feita de alu-mínio e coberta a cobre. Temos, assim,as designadas «cataplanas de bivalves»,«de peixe e de marisco», ou a «de per-diz e conquilhas», entre muitas outras.

As origens da cataplana são desco-nhecidas. Citamos o livro «Cataplana Al-garvia» - edição do Turismo de Portugal- Algarve - (cuja descarga em PDF podeser feita clicando nesta ligação: https://cataplanalgarvia.pt/images/Livro/Cataplana_Algarvia_PT_Web.pdf :

«De uma forma mais fundamentada,mas não documentada, supõe-se que asua proveniência e difusão no sul dePortugal tenha sido resultado do domí-

nio árabe, havendo indícios do mesmotipo de confecção noutras regiões quetiveram influência desses povos. De fac-to, a cozedura hermética a vapor, de for-ma lenta e a temperaturas baixas, pró-pria da cataplana, é encontrada num ou-tro recipiente, a tajine de barro, usada tra-dicionalmente por alguns povos do Nor-te de África».

Recordamos Hermano Baptista, quemais do que cozinheiro, procurava criarum certo «efeito cénico» nos pratos queapresentava. E que melhor do que umaperfumada cataplana para provocar for-te impressão nos comensais?

Presumimos que este pioneiro do tu-rismo Algarvio em muito terá contribuídopara a divulgação desta linda e eficazpanela (não só na Estalagem e posteri-ormente Hotel de São Cristóvão, bemcomo na Quinta das Palmeiras, em La-gos), como também em diversos banque-tes que realizou na nossa região, no nos-so País e um pouco por todo o Mundo.

A receita que ora apresentamos é«Perdiz com conquilhas».

Faz-se uma marinada de 24 horascom a perdiz. Para tal, usa-se alho esma-gado, folha de louro, tomilho, pimenta pre-ta moída, pouco sal, um fio de azeite ebom vinho tinto (se o vinho não for exce-lente para se beber, também não terá qua-lidade para ser usado na marinada).

Verte-se azeite na cataplana, na qualse «sela» a carne da perdiz. Adiciona-secebola picada e deixa-se fritar. A marina-da é colocada após a selagem da carne.

Após cerca de 45 a 50 minutos de co-zedura em lume brando, verifica-se a co-zedura da carne e rectificam-se os tempe-ros. Há que ter atenção ao sal, uma vezque as conquilhas irão salgar mais a con-fecção. Com a carne praticamente cozinha-da, juntam-se os bivalves e mal estesabram, é flambeada com uma aguardentevínica velha, envelhecida em carvalho.Esta cataplana pode ser servida em camade metade de batata doce assada.

Bom apetite!Epicuro

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Nova Costa de Oiro - Março de 2020 - 35

O Cantinho do Poder

Mascarilhas e MascarinhasFicção / Humor

Gerado o tal acampamento, que foimontado na avenida das descobertas,tendo sido emanado o manuscrito dos 10mandamentos para cumprir em 2020 noburgo, em Fevereiro emergiram os fol-guedos populares.

Nada como outrora em que se mistu-ravam imensas mascarinhas. Agora, ape-nas vislumbramos uma ténue voltinha decarroças na terra do Luís Profecias paradar a impressão de folia.

No ano em curso, a novidade foi acontenda entre mascarinhas e mascari-lhas sob a avaliação do júri formado pe-los comendadores Joaquim Xaiota, Ma-demoiselle Vargas e Romeu Pacote.

À volta do moinho sem vento, na ter-ra do antigo regedor Luís Profecias, deum lado perfilavam-se personagens comvestes negras, à boa maneira dos zor-ros, mas que mesmo disfarçados, o povodesunhava-se para acertar nos nomes.Escutavam-se palpites, como os casosde Beto das Comendas, Zé Frutuoso,Carlos Repescado, Júlio dos Registos,Marretas, todos do partido do diálogo.

Em união de facto com Tin Tin Cora-do, os Manos Dupond (Vai Treze e Barri-gas), Tony Tocas e Sains Martins, do par-tido dos barões.

Do outro lado da barricada, desfila-vam as mascarinhas armadas até aosdentes, em sinal de poder. Sussurravamos curiosos que ali estavam camufladoso Paulo Doce D’ Amêndoa, o Hulk Maçã,o Paulo Kings, a Sarita Cenoura, a San-dra Azeitona, o Carlos Remédios, o Car-litos Digital e o Luís Profecias, prata dacasa, e ainda o Duarte Postal e o JoãoContas.

Com o duelo eminente entre o pas-sado e o presente, no meio da confusão,entram em cena duas irmãs gémeas, demãos dadas, simbolizando a paz.

Vestidas de rosa, Quinita e Afonsinhado Condado evitaram os confrontos.

Foram aclamadas, por unanimidade,e como um relâmpago, foram todos jun-tos para a bailação.

Aparentemente, sem ressentimentos,mascarilhas e mascarinhas divertiram-seà brava. E assim vai o Carnaval por cá.

Mas atenção, ó gente do burgo, quea realidade é outra. Quem o diz são oscronistas marafados.

Alegadamente em sintonia, AranhaNegra, Ká Ká das Crónicas e Toni FalasSantas alertam que há broncas danadasno partido do diálogo.

Estes três mosqueteiros de notíciaspreparam-se para fazer explodir a bom-ba. Por isso, os nossos comendadores de

serviço vão estar de pestana levantada.Ordem para que ninguém deixe es-

capar o próximo episódio do Cantinho doPoder!

Os Comendadores

em duelo pacificado por duas manas vestidas de rosa

Todas as Histórias, são pura fic-ção.Qualquer semelhança entre Per-sonalidades e Lugares existen-tes no texto, e Personalidadese Lugares da vida real, não pas-sam de pura coincidência.

Capa do livro «O Cantinho do Poder», da AJEA Edições - 2003

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36 - Nova Costa de Oiro - Março de 2020

O imprevisto aconteceu e...Memória

José Francisco Rosa

A Nova Costa de Oiro tem o grato pra-zer e a honra de publicar em exclusivoalgumas memórias de um lacobrigensede 95 anos, compiladas em trabalho decirculação restrita. Este é um revisitar deLagos em décadas passadas, de traqui-nices e tropelias. Mas, e acima de tudo,é um importante registo hisórico, quepode e deve servir para memória futura.

O seu autor é José Francisco Rosa,nascido em Lagos, a 21 de Fevereiro de1924 e que completou os seus estudosem Lisboa, tendo ingressado no ensinoaos 20 anos, como Mestre do Ensino Téc-nico Profissional.

O relógio indiscreto…O imprevisto aconteceu quando

o relógio tocou e a mentira feneceu e...

Como já se considerava um homen-zinho, visto ter completado 16 anos, co-

meçou a ficar mais tempo com os ami-gos na cidade, depois do jantar.

Morava um pouco afastado do centroda cidade e, por esse motivo, depois »»

Detalhe do relógio de Laura da Conceição Rosa, mãe do autor

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Nova Costa de Oiro - Março de 2020 - 37

O imprevisto aconteceu e... Memória

O relógio indiscreto…O imprevisto aconteceu quando

o relógio tocou e a mentira feneceu e...

O relógio de Laura da Conceição Rosa, mãe do autor, ainda funciona em 2020

»» de ter estado nalgum bailarico, ter as-sistido a um filme ou ainda ter estado numensaio da filarmónica, ou jogando umapartida de bilhar, a cavaqueira continua-va por mais tempo e, por isso, regressa-va a casa já bastante tarde.

Residia num primeiro andar e, sem-pre que saía à noite, ficava no patamarda escada um candeeiro de petróleo,para que quando regressasse a casapudesse subir as escadas com algumailuminação, visto o prédio ainda não pos-suir electricidade.

Numa certa noite, já um pouco tar-de, regressou ao seu lar mas, ao procu-rar o candeeiro para o acender, este nãose encontrava no patamar, como de cos-tume.

Descalçou-se e, pé ante pé, foi su-bindo as escadas, dirigindo-se para oquarto de seus pais, pois de certeza quelá estaria o candeeiro.

Sorrateiramente, procurando não fa-zer barulho, acendeu-o, mas sua mãe,inquieta por ele não aparecer tinha-sedeitado, acordada. Quando o pressentiuno quarto perguntou-lhe: — Filho, quehoras são?

Ele, todo lampeiro, respondeu-lhe:—Mãe, ainda não é meia-noite!... Mas,

nesse preciso momento, o imprevistoaconteceu: o relógio da sala bate duas ba-daladas, tlão, tlão... E a sua mãe respon-de-lhe: — Isto é que é meia-noite?

Todo envergonhado, nem respondeu,e de cabeça baixa pega no candeeiro evai para o seu quarto.

José Francisco Rosa(Memória dos anos 40)

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38 - Nova Costa de Oiro - Março de 2020Leituras

Um Algarve outrocontado de boca em boca

Capa do livro «Um Algarve Outro - contado de boca em boca»

Glória Marreiros (fotografia de arquivo Nova Costa de Oiro)

O livro «Um Algarve Outro - Contadode boca em boca», da autoria de GlóriaMarreiros, foi publicado no início dosanos 90, do século XX.

Passadas cerca de três décadas apósa sua primeira edição, esta obra conti-nua a fazer parte do lote seleccionadode algumas (poucas) que têm lugar cati-vo à cabeceira, e às quais dedicamosgratos e repetidos momentos de leitura.

Aqui estão as «estórias, ditos, mezi-nhas, adivinhas» de um Algarve, que é ooutro que não o do turismo massudo emassificado, o actual Algarve sem almanem coração. Aqui está e é este o Algar-ve genuíno, o das raízes e dos saberespopulares, dos conhecimentos que setransmitem ou se transmitiam pela orali-dade.

Brilhante e vibrante, «cheirando a ter-ra», numa recolha sensível e atenta daimensa sabedoria de um Povo a quem aeducação escolar livre e crítica foi nega-da por muitos anos, este «Algarve Ou-tro» é uma inspiradora viagem ao âma-go da «alma» e das gentes da nossa re-gião. É, assim e por essa razão, um livroque nos acompanha no dia-a-dia e cujaleitura se recomenda vivamente.

Glória Maria Marreiros da Cunha é na-tural de Marmelete, concelho de Monchi-que, onde nasceu a 26 de Agosto de1929. Frequentou a escola primária emLagos e, na mesma cidade, em ensinoparticular, estudou francês, piano e con-tabilidade.

Antifascista desde tenra idade, foi ca-sada com o engenheiro Henrique Perei-ra da Cunha (1932-2010), também eleresistente antifascista, que foi preso em1964 e libertado em 1967.

O percurso profissional de Glória Mar-reiros iniciou-se na área da saúde, sen-do Parteira diplomada pela Faculdade deMedicina de Coimbra e concluído o cur-so de enfermagem psiquiátrica da esco-la do Hospital psiquiátrico Sobral Cid.

Glória Marreiros é, acima de tudo,amiga carinhosa e fraterna do

Carlos Mesquita

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Nova Costa de Oiro - Março de 2020 - 39Leituras

A Arquitectura, uma CausaFoi apresentado no dia 07 de Dezem-

bro de 2019, na Casa Manuel TeixeiraGomes, em Portimão, o livro «A Arqui-tectura, uma Causa», que apresenta aobra escrita do arquitecto lacobrigenseJosé Veloso, que foi publicada entre 1979e 2018, nos jornais da região (edição Ins-tituto Manuel Teixeira Gomes - ISMAT).

Lê-se no Preâmbulo desta obra que«Os textos que aqui encontramos [...] ex-pressam o pensamento e, sobretudo, osentimento do autor por algumas das pre-missas da arquitectura e do urbanismo.Mas, acima de tudo revelam o constantecuidado, enquanto cidadão e arquitecto,para com a sua amada cidade de Lagos.Demonstram a irreverência, a acutilân-cia dos valores de uma vida, que acom-panha as transformações no pensamen-to, nas ideologias e nas actuações de umpaís. - Ana Bordalo, ISMAT».

José Paulo Velho Geraldo de Albu-querque Veloso nasceu na freguesia deSanta Maria, Lagos, a 09 de Junho de1930. Licenciou-se em Arquitectura pelaEscola Superior de Belas Artes de Lisboae passou a exercer a sua profissão emLagos, onde abriu o seu próprio «atelier».

Em 1969, participou activamente noMovimento CDE (Centro DemocráticoEleitoral). Foi candidato da CDE, porFaro, à Assembleia Nacional e, em 1975,foi candidato à Assembleia Constituinte,pelo MDP-CDE. Foi candidato do PCP,em diversas eleições para a Assembleiada República, pelo círculo de Faro.

Entre 1974 e 1976, trabalhou para oFundo de Fomento da Habitação, comocoordenador de equipas de projecto doServiço de Apoio Ambulatório Local(SAAL), com projectos construídos emdiversos concelhos algarvios, entre osquais o bairro que é conhecido como odos «Índios da Meia Praia».

José Veloso foi membro da Assem-bleia Municipal de Lagos, nas listas daAPU e da CDU, nos mandatos de 1980-1982, 1986-1989 e 1990-1993.

Foi eleito vereador da Câmara Muni-cipal de Lagos, pela APU, no mandatode 1983-1985.

«Lagos e outras terras» e «houveFASCISMO em Portugal - testemunhosde um cidadão», são duas outras obrasda autoria de José Veloso, merecedoresde atenta leitura.

Na edição de Abril da Nova Costa deOiro, iremos recorrer ao livro «Houve Fas-

cismo em Portugal», para recordar o dia25 de Abril de 1974, em Lagos, na pers-pectiva e na memória do seu autor.

Esta obra pode ser adquirida em «Li-vros da Ria Formosa», Avenida dos Des-cobrimentos - Lagos.(Fonte: Antifascistas da Resistência)

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40 - Nova Costa de Oiro - Março de 2020

(des)ConcertosMúsicas

Auditório Municipal de LagosUm espaço votado ao abandono

O Auditório Municipal de Lagos foiinaugurado em 1986.

Situa-se no Parque Dr. Júdice Cabral(Parque das Freiras), tem uma área des-tinada ao público para cerca de 2.000pessoas e um palco com 270m². Dispõede instalações de apoio (camarins, bal-neários e sanitários).

Antes de ser edificado, realizaram-seneste espaço público de Lagos inúme-ros e inesquecíveis concertos. Por aqui,e quando não era mais do que um terrei-ro de terra batida, actuaram bandas como«The Shirts», «Steve Harley & CockneyRebel» ou a portuguesa «Go Graal BluesBand».

Depois de construído, actuaram nes-te local, entre outros, os «GNR», «Xutos& Pontapés», ou Carlos do Carmo. Re-corda-se que este cantor, perante o pú-blico, manifestou a sua estupefacção pelofacto de este espaço cultural não ter sidodevidamente concluído, nem ter condi-ções dignas e condignas para receber umespectáculo musical.

Actualmente, está como as imagensmostram: ao puro e total abandono.

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Nova Costa de Oiro - Março de 2020 - 41

Damos-lhe música no SPOTIFYMúsicas

01 – Shadows and Tall Trees – U202 – Árvores – Canções Infantis03 – Primavera – The Gift04 – Primavera – Carlos Santana05 – Primavera – Mariza06 – Águas de Março – Elis Regina e António Carlos Jobim07 – Canto da Primavera – José Afonso08 – Adios Rios, Fontes – Amancio Prada09 – Verdes são os Campos – Uxía10 – Verdes são os Campos – Pedro Louzeiro11 – Au Printemps de quoi rêvais tu? – Jean Ferrat12 – Au Printemps – Jacques Brel13 – Por Morrer uma Andorinha – Carlos do Carmo14 – Primavera – Amália Rodrigues15 – A Andorinha (Instrumental) – Madredeus16 – A andorinha da Primavera – Madredeus17 – Spring – Joe Hisaishi18 – First Rose of Spring – Willie Nelson19 – You Must Believe in Spring – Bill Evans20 – You Must Believe in Spring – Carl Bagge Trio21 – Spring is Here – Bill Evans22 – It Might as Well be Spring – Frank Sinatra23 – It Might as Well be Spring – Nina Simone24 – La Primavera – Manu Chao25 – Tarde de Primavera – Chuck Foz + Daniel Barley26 – Canto de Primavera – Carlos Paredes27 – Primavera Portena – Astor Piazzolla28 – El Carnaval de Primavera - Piano Coffee29 – Primavera – Antonio Vivaldi30 – Primavera de Destroços – Mão Morta31 – Viva la Vida – Coldplay

A playlist da Nova Costa de OiroMarço de 2020

Março é o mês da Primavera, a esta-ção do ano que é normalmente associadaao reflorescimento da flora terrestre. Apóso frio do Inverno, sabe bem caminhar pelanatureza e pelos campos em flor.

No nosso leitor de MP3 escutamos aselecção musical que partilhamos comos nossos leitores no SPOTIFY, para queos passeios pelos campos de Lagos pos-sam ter outra música, que não apenas ado agradável chilrear da passarada.

Nesta lista está a música cantada porJosé Afonso (Canto da Primavera), comotambém a interpretada por outros artis-tas, caso da galega Uxía, ou de PedroLouzeiro (conhecem este lacobrigense?).

As andorinhas simbolizam a chega-da da Primavera e, assim, não poderiamfaltar nesta selecção musical: com Car-los do Carmo e Madredeus.

Jazz, há muito jazz, nesta lista musi-cal. “Bill” Evans foi um pianista norte-americano, considerado um dos maisimportantes músicos de jazz da história...

Astor Piazzola não poderia ser esque-cido, nem, tão pouco, Carlos Paredes eAntonio Vivaldi.

No hemisfério sul, este é o tempo doOutono e das «Águas de Março», com aeterna Elis: «É de pau, é de pedra»...

E que Viva a Vida (com os Coldplay)!

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42 - Nova Costa de Oiro - Março de 2020

Em Abrilna Nova Costa de Oiro

Na próxima edição...

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Em Abril, celebramos a «Liberdade».Após 48 anos de ditadura, em 25 de

Abril de 1974, um golpe de estado leva-do a cabo por militares (o Movimento dasForças Armadas - MFA) e que contoucom grande apoio popular, pôs fim à di-tadura portuguesa (o apelidado «EstadoNovo»), a mais longeva na Europa.

O ditador António de Oliveira Salazargovernou Portugal de 1932 até 1968, ten-do sido então substituído no cargo de Pre-sidente do Conselho (actualmente é de-signado de Primeiro-Ministro), por Mar-cello Caetano, que perpetuou o regimeditatorial até ao dia em que foi deposto,nessa quinta-feira do dia 25 de Abril de1974.

O regime fascista caiu no Carmo, emLisboa, mas por todo o País foram váriasas Unidades Militares que deram o seucontributo para que Portugal seja, actu-almente, um Estado Democrático. Entreestas, esteve o CICA 5 (o Centro deInstrução e Condução Auto, nº5, sedia-do em Lagos).

É do seu envolvimento e participaçãonas operações militares na Revolução daLiberdade que daremos conta na nossapróxima edição.

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