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ISSN 2176-1396
NAVEGANDO NO LETRAMENTO
Izabel da Silva Bragança 1 - SEMED
Valéria Regina de Souza Alves 2 - SEMED
Leoguinéia do Nascimento3 - SEMED
Glaceane Melo dos Santos4 - SEMED
Grupo de Trabalho - Didática: Teorias, Metodologias e Práticas.
Agência Financiadora: não contou com financiamento
Resumo
O projeto “Navegando no Letramento” foi realizado em uma escola municipal da cidade de
Manaus, com os alunos do 2º ano do Ensino Fundamental. Ele nasceu da necessidade dos alunos
reconhecerem as frutas e os peixes que fazem parte da região Amazônica e para que os alunos
da referida série melhorassem suas habilidades de leitura, interpretação de texto e de escrita,
através de práticas que fugissem do tradicionalismo presente em muitas salas de aula, evitando
o aprendizado mecânico e sem significado para os estudantes. Buscamos enfatizar o processo
do letramento de maneira exploratória nas atividades práticas, teóricas e lúdicas, que foram as
propostas elaboradas pelo planejamento escolar na observação do cotidiano e na vivência
educacional dos alunos. Empregamos o lúdico com as frutas e os peixes da região amazônica,
para identificá-las e explorá-las através da construção do conhecimento e o letramento, pois, de
acordo com Delval, 2002, a criança encara o jogo como uma atividade livre e divertida, uma
maneira alegre de aprender, interligada com a natureza. Para alcançarmos nossos objetivos,
utilizamos como ferramenta as tecnologias da informação atuais, entre outras. Utilizamos a
contextualização dos conteúdos ministrados e exploramos os livros “Fábula Apólogos
Amazônica” de Adriana e Creuza Barbosa, As Frutas do Meu Quintal de Ana Peixoto que se
interligou de forma interdisciplinar no olhar reflexivo sobre a importância do desenvolvimento
educacional garantindo assim uma qualidade de ensino. Os alunos e os pais foram muito
participativos e aprenderam bastante sobre as frutas e os peixes da nossa região, e do meio
1 Licenciada em Ciências Naturais pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM). Especialista em
Psicopedagogia pela Faculdade Salesiana Dom Bosco (FSDB). Professora do Ensino Fundamental na Secretaria
Municipal no Município de Manaus, Graduanda em Fonoaudiologia na FAMETRO. E-mail:
[email protected] 2 Licenciada em Pedagogia, atua como docente nas séries iniciais do Ensino Fundamental na Secretaria Municipal
de Educação em Manaus, e-mail: [email protected] 3 Graduada em Normal Superior pela Universidade Estadual do Amazonas (UEA). Professora do Ensino
Fundamental, na Escola Municipal Santo Agostinho, Especialista em Gestão e Supervisão Educacional pela
Universidade do Amazonas (UEA). E-mail: [email protected] 4 Especialista em Docência das Séries Iniciais do Ensino Fundamental pela Faculdade Tahirih; Cursando o curso
Especialização em Educação Especial e Politicas de Inclusão. Graduada em Licenciatura Plena em Pedagogia pela
Universidade Federal do Amazonas, habilitada em Supervisão Escolar e Orientação Educacional. Atuou como
coordenadora do Telecentro até 2016, atualmente é Assessora Pedagógica da Semed-DDZO.
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ambiente. Seu aprendizado significativo resultou na elaboração de jogos, produção textual,
história em quadrinhos, dobraduras, pesquisas, pintura, desenho, produção de desenhos e
mudanças de comportamento em relação ao meio ambiente. Embora, o foco principal fosse às
crianças, os pais também participaram e contribuíram para e na execução do projeto.
Palavras-chave: Contextualização. Letramento. Atividades lúdicas.
Introdução
O projeto “Navegando no Letramento” nasceu após observações realizadas em sala de
aula de que uma grande parte dos alunos do 2º ano apresentava muita dificuldade no processo
de aquisição das habilidades de leitura e de escrita, sendo assim, o referido projeto teve o intuito
de inovar e estimular o processo de aprendizagem de uma maneira dinâmica e prazerosa visando
ampliar e dar um novo significado ao processo de aprendizagem por meio do lúdico e da
contextualização e interdisciplinaridade dos conteúdos ministrados em sala de aula.
Dessa forma, buscamos abordar a importância de uma alimentação saudável de alto valor
nutricional, usando tanto as frutas quanto os peixes da Região Amazônica, uma vez que
observamos que tais alimentos fazem parte do dia a dia da população local.
O projeto Navegando no Letramento atuou com atividades práticas e teóricas tendo
como intuito reconhecer o alimento e suas funções no organismo, idealizado a partir do cuidado
e da preparação dos mesmos, da higiene pessoal e do meio ambiente.
Buscamos também: analisar a importância dos nutrientes dos peixes e das frutas da
região Amazônica para uma vida saudável; estimular bons hábitos alimentares; identificar
peixes e frutas da Região Amazônica; valorizar os peixes e frutas da Região Amazônica como
opções de alimentação saudável; desenvolver hábitos de higiene e cuidados com o próprio
corpo e o ambiente através do lúdico; utilizar os recursos tecnológicos atuais como ferramenta
de auxilio no processo de aprendizagem, na construção de histórias em quadrinhos e atividades
diversificadas e construir um portfólio com as atividades desenvolvidas durante a execução do
projeto.
Escolhemos o título “Navegando no Letramento”, pois sempre foi nosso maior objetivo
estimular nossos alunos a adquirirem prazer em ler e escrever e assim navegarem nas águas do
conhecimento.
Iniciamos as atividades com a leitura de livros de autores regionais, dentre eles As frutas
do Meu Quintal, de Ana Maria Peixoto e Fábulas e Apólogos da Amazônia, de Creuza Barbosa
e Adriana Barbosa. Complementamos a leitura com diversos jogos elaborados e confeccionados
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pelos próprios alunos, por exemplo, Jogo da Memória com os peixes e frutas na árvore sabida;
As letras do meu nome?; Letra inicial dos nomes das frutas; Complete com a sílaba inicial os
nomes das frutas e peixes; Jogo da estatística e outros.
Decidimos fazer usos da pesquisa qualitativa com abordagem de pesquisa-ação,
utilizando observações participantes, reflexão, interpretação e análise das atividades com
alunos de três turmas do 2º ano do Ensino Fundamental.
Fundamentação Teórica
Ao aprendizado da leitura e da escrita, faz-se necessário a superação de algumas
concepções no contexto da prática pedagógica na sala de aula. E a questão principal é como se
ensinar a ler e a escrever de forma significativa, contextualizada e não mecanizada uma vez que
muitas escolas vêm produzindo quantidades enormes de leitores que identificam os tipos de
textos, porém, com enorme dificuldade para compreender o que leem, pelo fato de ainda não
nadarem na leitura de histórias para interpretar o que estão ouvindo ou lendo. Sabe-se que o
processo de leitura indica que não se deve ensinar a ler por meio de práticas centradas na
decodificação. Entende-se que se deve fazer o contrário, ou seja, oferecer aos alunos inúmeras
oportunidades de aprenderem a ler, usando os procedimentos que os bons leitores utilizam:
Um leitor competente é alguém que, por iniciativa própria, é capaz de selecionar,
dentre os trechos que circulam socialmente, aqueles que podem atender a uma
necessidade sua. Que consegue utilizar estratégia de leitura adequada para abordá-los
de forma a atender a essa necessidade (BRASIL, 1997 p. 54).
Diante disto, faz-se necessária uma mudança na concepção que se tinha até então da
leitura, ler é tudo que você pode vê absorver e interpretar, pois toda ação tem uma reação, não
sendo diferente no processo de aprendizagem.
Ler não é apenas decodificar códigos, assim como escrever não é somente juntar sílabas.
Apesar de serem apresentadas como dois sub-blocos é necessário compreendermos que a leitura
e a escrita são duas práticas que se complementam que são fortemente relacionadas, que se
modificam mutuamente no processo de letramento.
De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1997, p. 52), a leitura
e a escrita “são práticas que permitem ao aluno construir seu conhecimento sobre os diferentes
gêneros, sobre os procedimentos mais adequados para lê-los e escrevê-los e sobre as
circunstâncias do uso da escrita”.
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Ter uma vida saudável é optar por uma qualidade de vida longe das doenças que cercam
a humanidade. Para isso é necessário prevenir e ter ciência de que uma alimentação saudável é
essencial.
Os alimentos fornecem nutrientes indispensáveis à vida e ao crescimento físico quando
ingeridos de forma correta. A alimentação normal deve ser quantitativamente suficiente e
qualitativamente completa além de harmoniosa em seus componentes, adequada á sua
finalidade e ao organismo que se destina (SCHILLING, 1995).
A normalidade ao se ingerir uma alimentação requer conhecimentos com relação ao
valor nutricional que tais alimentos oferecem ao organismo. Frutas, verduras, legumes e peixes
contêm vitaminas, fibras, nutrientes e outros compostos assistenciais a defesas naturais do
corpo. Porém, ter hábitos saudáveis de alimentação não é algo corriqueiro e fácil de adquirir.
São inúmeras as opções e facilidades de se ter no cotidiano falsas delícias que envolvem o
paladar de uma forma prazerosa e ao mesmo tempo prejudicial. A criança é o principal alvo
dessa ação por ainda não ter desenvolvido a consciência do correto, seja pela atitude de seus
familiares ou pela vivência na escola e em outros contatos sociais.
A escola é um espaço privilegiado para a promoção da saúde e desempenha papel
fundamental na formação de valores, hábitos e estilos de vida. Entre eles destaca-se o hábito de
alimentação e sua relação com a nutrição, o bem-estar físico, mental e emocional.
A escola também é considerada como um espaço de promoção de saúde que interage
com a comunidade e tem maiores chances de encontrar soluções para os problemas. Neste
contexto, a escola é um ambiente favorável para que programas de educação em saúde sejam
aplicados, pois a saúde está inserida em todas as dimensões da mesma (DAVANÇO et al.,
2004). Uma melhor qualidade de vida virá com a adoção de hábitos saudáveis, tornando aptos
tanto crianças quanto jovens a adotarem de forma correta comportamentos que promovem a
saúde individual, familiar e comunitária.
A busca por uma qualidade de alimentação pode estar presente no currículo escolar em
uma aula dinâmica a partir da leitura de fábulas, dessa forma a criança aprende de maneira
lúdica seja através de histórias ou até mesmo de uma música não só alimentar-se de forma
correta, mas de onde retiramos os produtos que chegam até á nossa mesa.
O envolvimento dos alunos em atividades lúdicas e práticas educativas desencadeou a
questão do manuseio das cascas das frutas e manuseio correto dos peixes, focando a
contextualização com os jogos e os vídeos assistidos. Tais atividades se interligam ao
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desenvolvimento do currículo escolar seguindo eixos temáticos ligados a jogos de maneira
interdisciplinar abrangendo com ênfase o ensino da leitura e da escrita. Segundo Piaget (apud
DELVAL, 2002, p. 91):
O jogo e, principalmente, o jogo simbólico permite a transformação da realidade por
assimilação as necessidades do ego e, deste ponto de vista, desempenha um papel
fundamental, porque proporciona a criança um meio de expressão própria e lhe
permite, a demais, resolver por meio dele conflitos que se apresentem no mundo dos
adultos. Para a criança, o jogo é uma atividade livre e, principalmente, um alegre meio
de novas aprendizagens, intimamente ligadas á natureza do ser vivo em crescimento.
Vygotsky discute o papel do brinquedo na vida da criança porque, através do ato de
brincar, cria-se uma situação de transição entre a ação da criança com objetos concretos e suas
ações com significados. Brincar faz parte do aprendizado, tão importante para Vygotsky, pois,
segundo ele, é essencial para o desenvolvimento humano e se dá sobre tudo, pela interação
social:
No brincar a criança está sempre acima de sua idade média, acima de seu
comportamento diário. Assim, na brincadeira de faz-de-conta, a criança manifesta
certas habilidades que não seriam esperadas para sua idade. Nesse sentido, a
aprendizagem desperta vários processos internos de desenvolvimento; entretanto o
aprendizado adequadamente organizado resulta em desenvolvimento que, de outra
forma seriam impossíveis de acontecer (VYGOTSKY apud OLIVEIRA, 2002, p.
132).
Através dos jogos criados na elaboração do projeto observar-se-á a interação das
crianças em aprender a dinâmica, despertando assim a curiosidade para aprender a jogar,
trabalhando dessa forma a motricidade e o interesse em aprender brincando.
O meio ambiente também contribui quando oferece ao homem grande variedades de
alimento cabendo-lhe uma seleção criteriosa desses alimentos e cuidado também com a própria
natureza. Isso nos dá possibilidades de reconstrução de uma nova concepção de sociedade e
natureza onde a escola e os sujeitos que as compõe tornam-se promotores de valores sócios
ambientais e culturais (SANTOS, 2007).
Não basta apenas retirar o que a natureza proporciona, mas também preservá-la ao
despertar para a formação de uma consciência sustentável que é a capacidade de recuperação
do planeta pelo uso racional dos recursos, bem como a agregação de valores sociais,
econômicos e culturais.
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Método de Estudo
Decidimos fazer usos da pesquisa qualitativa com abordagem de pesquisa-ação,
utilizando observações participantes, reflexão, interpretação e análise das atividades com
alunos de três turmas do 2º ano do Ensino Fundamental. Esta modalidade de abordagem foi
escolhida porque possibilita que se tenha um contato direto com a situação estudada, nesse caso,
a dificuldade dos alunos em lerem e produzirem textos e a necessidade dos mesmos ampliarem
seus conhecimentos sobre os peixes e as frutas típicas da região que fazem parte, a Região
Amazônica.
De acordo com Barbier (2002, p. 54):
a pesquisa-ação reconhece que o problema nasce, num contexto preciso, de um grupo
em crise. O pesquisador não o provoca, mas constata-o, e seu papel consiste em ajudar
a coletividade a determinar todos os detalhes mais cruciais ligados ao problema, por
uma tomada de consciência dos atores do problema numa ação coletiva.
Além disso, torna possível para o pesquisador intervir dentro de uma problemática
social, analisando-a e anunciando seu objetivo de forma a mobilizar os participantes,
construindo novos saberes, dando condições ao docente de refletir criticamente sobre suas
ações.
Desenvolvimento
De forma interdisciplinar ajudamos nossos alunos a ampliar seus conhecimentos com
elaboração de frases, construção e reprodução de textos orais e jogos, a partir da apresentação
das frutas e dos peixes que fazem parte da tradição culinária Amazônica, buscando resgatar a
valorização da nossa terra.
Visando a socialização entre pais, alunos e professores o desenvolvimento do projeto
Navegando no Letramento teve duas etapas que se iniciaram em casa e estenderam-se até a sala
de aula.
A primeira etapa do projeto consistiu na apresentação do mesmo para os pais e alunos
do 2º ano do Ensino Fundamental por meio de slides com o esboço do que iria acontecer durante
as próximas aulas. Os envolvidos foram sensibilizados quanto à importância da participação
efetiva de ambos para que os objetivos fossem alcançados.
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Ressaltamos aos pais que sua participação ativa no cotidiano escolar de seus filhos os
estimula a se esforçarem e se dedicarem mais nos estudos uma vez que se sentem amados e
apoiados quando isso acontece, o que inevitavelmente leva a uma melhora significativa no
desempenho escolar dos alunos, lembrando que “uma das principais funções da família é a
função educacional e, que esta é a responsável por transmitir à criança os valores e padrões
culturais do meio social em que está inserido” (OLIVEIRA, 1993, p. 92).
A segunda etapa do projeto se dividiu em nove fases. Optamos por fazer assim, pois
consideramos que teríamos melhor aproveitamento das atividades realizadas em sala de aula do
que se fizéssemos mais de uma atividade por vez.
A primeira fase da segunda etapa consistiu na leitura dos livros “Fábulas e apólogos da
Amazônia”, das escritoras amazonenses Adriana e Creuza Barbosa e “As frutas do meu
quintal”, de Ana Peixoto, além de literaturas infantis diversificadas (Figura 1).
Após cada leitura realizada para as crianças, as incentivávamos a interpretar, de forma
oral, as histórias que ouviram. Para instigá-las, fazíamos perguntas diversas levando-as a
relembrarem a história e destacarem as partes que consideraram mais importantes.
Figura 1—Realização de leituras
Fonte: As autoras
Na segunda fase apresentamos através do recurso data-show as histórias em slides no
programa Power Point e também em vídeos e novamente instigávamos as crianças a
interpretarem oralmente as histórias.
Na terceira etapa do projeto, exibimos vídeos educativos sobre os peixes e frutas da
Região Amazônica e de seus nutrientes. Os vídeos permitiram que fosse possível entender
melhor as explicações que antes ficavam apenas no imaginário dos alunos durante as aulas
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ministradas pelas professoras. Assim o uso de vídeos deu mais significado ao que estava sendo
ensinado, pois, de acordo com MORAN (2002, p. 29) o vídeo:
Desenvolve um ver entrecortado com múltiplos recortes da realidade através dos
planos- e muitos ritmos visuais: imagens estáticas e dinâmicas, câmera fixa ou em
movimento, uma ou várias câmeras, personagens quietos ou movendo-se, imagens ao
vivo, gravadas ou criadas no computador. [...]. O ver está, na maior parte das vezes,
apoiando o falar, o narrar, o contar histórias. A fala aproxima o vídeo do cotidiano, de
como as pessoas se comunicam habitualmente. Os diálogos expressam a fala
coloquial, enquanto o narrador (normalmente em off) "costura" as cenas, as outras
falas, dentro da norma culta, orientando a significação do conjunto. A narração falada
ancora todo o processo de significação.
Diante do fato de que o ver e o narrar aproximam o vídeo do cotidiano, pudemos fazer
melhor proveito desta tecnologia para ensinar nossos alunos a ver de modo diferente os
conteúdos ministrados em sala de aula.
Em continuidade ao projeto, realizamos o reconto de histórias através de desenhos e
textos.
Para começar a atividade, colocamos os alunos sentados no chão formando um círculo,
e combinamos com eles as fases do trabalho de leitura e reconto que aconteceriam
posteriormente.
Após cada leitura, conversamos com as crianças sobre a história ouvida, sobre o a parte
mais interessante pra elas e abrimos espaço para que perguntassem algo ou fizessem apenas
comentários sobre o que mais gostaram na história.
Então, incentivamos os alunos a retomarem oralmente o texto lido e em seguida,
solicitamos que desenhassem a história, da sua maneira, utilizando o programa “Paint Brush”,
no Telecentro da escola.
Após a produção dos desenhos no programa “Paint Brush”, utilizamos o programa Br
Office, para reproduzir as histórias que eles desenharam. Em outro momento, os alunos
apresentaram para os colegas os textos produzidos.
Na quinta fase do projeto Navegando no Letramento, também no Telecentro,
disponibilizamos imagens de peixes da Região Amazônica, e solicitamos que os alunos
produzissem frases sobre os mesmos utilizando o programa Br Office.
Optamos por utilizar o computador como uma ferramenta de aprendizagem, pois
segundo Moran (2012), as Tecnologias da Informação e Comunicação ajudam na maneira de
estudo e colaboram para uma nova aprendizagem, fazendo com que a forma com que o
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conhecimento é transmitido ganhe uma nova estrutura. A utilização dos recursos tecnológicos
facilita o processo de aprendizagem e promove condições melhores para a aquisição do
conhecimento, pois torna possível ao aluno realizar diversas atividades de maneira mais simples
e objetiva.
Na sexta fase do projeto, orientamos os alunos a pesquisarem na internet as principais
características das frutas e dos peixes da Região Amazônica para então classifica-los de acordo
com os dados obtidos na pesquisa.
Dando sequência ao projeto, contamos, através de slides, a história do “O cardinal e o
acará disco”, que faz parte do livro Fábulas e Apólogos da Amazônia, das autoras amazonenses
Creuza Barbosa e Adriana Barbosa.
Na sexta fase do projeto, orientamos os alunos a pesquisarem na internet as principais
características das frutas e dos peixes da Região Amazônica para então classifica-los de acordo
com os dados obtidos na pesquisa.
Dando sequência ao projeto, contamos, através de slides, a história do “O cardinal e o
acará disco”, que faz parte do livro Fábulas e Apólogos da Amazônia, das autoras amazonenses
Creuza Barbosa e Adriana Barbosa.
Após a apresentação dos slides, fizemos um debate onde os alunos expressaram sua
compreensão sobre o conto e em seguida eles fizeram uma reprodução com a exploração das
imagens do conto, trabalhando oralmente a elaboração dos pensamentos, depois transcrevemos
para o quadro a reprodução no coletivo, onde foi registrada a atividade que eles escreveram e
ilustraram. Esta atividade foi realizada em equipe de 04 alunos.
Ampliando o repertório sobre o gênero em estudo por meio da leitura de imagens e do
conto original para análise de texto, para que os alunos pudessem conhecer e reconhecer o
problema que se passava com o personagem, exploramos o antes, durante e depois, com um
debate para o conhecimento do meio ambiente em que se está inserido, característica do lugar,
pessoa, animal, hábitos alimentares, qual animal poderia ser encontrado na cidade.
Em seguida, entregamos uma folha de papel em branco para cada aluno e sondamos os
seus conhecimentos sobre dobraduras. Depois, solicitamos que utilizassem o papel para
fazermos juntos uma dobradura que faz parte do cotidiano de muitos deles, que é a dobradura
de um aviãozinho. No momento em que a atividade era realizada, elucidamos as formas
geométricas que apareceram.
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Continuando a atividade, ensinamos os alunos a fazerem a dobradura do peixe acará
disco e na sequência, solicitamos que produzissem uma pequena história. (Figura 2).
Figura 2 – Produção de texto a partir da dobradura
Fonte: As autoras
Iniciamos a oitava fase do projeto, conversando com os alunos sobre o que é uma
história em quadrinhos e quais as favoritas de cada um, dialogamos sobre a linguagem de
quadrinhos e perguntamos se eles conheciam como os personagens se comunicam nos gibis.
Contamos uma história e fizemos diversos questionamentos sobre a estrutura, os formatos dos
balões, pra que serviam etc. Então, eles foram solicitados a criar a sua própria história em
quadrinhos. Primeiro criaram a história no papel para então, utilizar o computador. (Figura 3)
Então, voltamos ao Telecentro para utilizar o programa HagáQuê e para que os alunos
produzissem as história que haviam criado em sala de aula.
Figura 3 – Criação de histórias em quadrinhos
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Fonte: As autoras.
Seguindo com o projeto, solicitamos aos alunos que trouxessem de casa livros antigos
para recorte e ilustrações de frutas e de peixes variadas da nossa região (Figura 4).
Confeccionamos dados e recortamos o alfabeto móvel. De posse desse material,
confeccionamos diversos jogos, entre eles, “Jogo Pesca - Pesca sem Bomba”, “Jogo da Silabas”,
“Corrida das Frutas” entre outros.
Figura 4 – Confecção de jogos
Fonte: As autoras
Como conclusão do projeto, confeccionamos painéis com fotos para demonstrar as
atividades realizadas pelos alunos e as crianças participaram da IV Feira de Ciências, Meio
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Ambiente e Tecnologia da escola, ocasião na qual outros alunos da escola, pais e comunidade
puderam conhecer o projeto e seus resultados.
Resultados
Durante a execução do Navegando no Letramento pudemos perceber que o interesse das
crianças pelas atividades ia aumentando gradativamente assim como as dificuldades
apresentadas no início do ano letivo diminuíam com o decorrer dos meses.
Durante as leituras das fábulas e das demais histórias as crianças ficaram mais atentas e
mais solícitas para responder as perguntas e em recontar as histórias. Se antes era necessário
insistir para que participassem, agora o faziam de boa vontade.
A opção de exibir vídeos sobre peixes e frutas da Região Amazônica se mostrou uma
excelente escolha, pois despertou o interesse e a curiosidade dos alunos sobre algo que apesar
de fazer parte do cotidiano deles era pouco conhecido por eles. O conhecimento causou
mudança no comportamento deles, refletindo em suas atitudes em casa. Como exemplo,
podemos citar casos de crianças que não comiam peixe ou frutas e passaram a comê-los depois
de descobrirem através dos vídeos e de pesquisa na internet seu valor nutricional.
A dificuldade detectada no início do ano letivo para ler e escrever foi aos poucos sendo
superada pela maioria dos alunos. Na atividade de produção de frases sobre os peixes da Região
Amazônica foi notável o interesse dos alunos e a felicidade ao verem na tela do computador as
suas criações. O mesmo interesse e entusiasmo foram notados na produção de pequenas
histórias a partir das dobraduras feitas por eles e na produção de histórias em quadrinhos.
Outra fase do projeto que produziu resultados muito satisfatórios foi a confecção de jogos
uma vez que antes de chegar na parte prática foi necessário que os alunos realizassem pesquisas,
produzissem frases e pequenos textos, trabalhassem suas dificuldades na aquisição da
habilidade de leitura entre outros conteúdos trabalhados de forma interdisciplinar e
contextualizada.
Considerações Finais
O desenvolvimento do Projeto Navegando no Letramento foi gratificante, pois foi
possível observar o comprometimento tanto dos pais quantos dos alunos envolvidos na
execução do mesmo.
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Durante o período de execução do projeto, pudemos perceber que os alunos e seus pais,
em sua maioria, adquiriram conhecimento sobre a importância dos nutrientes dos peixes e das
frutas da região Amazônica para uma vida saudável e assim passaram a dar valor aos mesmos
como fonte de alimentação saudável, isso ficou evidente quando uma mãe falou que sua filha
antes do projeto não gostava de peixe, mas agora o consome sem reclamar.
No decorrer do ano, vimos nossos alunos desenvolvendo hábitos de higiene e cuidado
não apenas com o próprio corpo, mas também com o ambiente. Após a análise dos prejuízos
causados pelos desperdícios de alimentos notamos que nossas crianças passaram a se preocupar
em aprender como reaproveitar os alimentos, sejam eles peixes ou frutas.
Além dessas aprendizagens, a construção de jogos e as produções contextualizadas com
as fábulas e histórias amazonenses e as demais atividades ajudaram nossos alunos a melhorarem
suas habilidades de leitura, de escrita e cálculos matemáticos.
Um dos melhores momentos durante a execução do projeto foi ser surpreendida por um
aluno soletrando e escrevendo seu próprio nome no jogo “A letra do Meu Nome”. Também foi
maravilhosos ouvir de alguns pais que seus filhos e filhas estavam recortando e compondo
histórias em casa, agradecendo por verem seus filhos despertar para a leitura com entendimento.
Momentos como estes, elevam a autoestima e impulsionam a continuar buscando maneiras
inovadoras e criativas de ensinar, com a certeza que de nada foi em vão.
Os alunos também evoluíram nas demais áreas do conhecimento, uma vez que o projeto,
embora visasse o letramento, abrangeu de forma interdisciplinar as outras áreas do currículo
escolar do 2º ano do Ensino Fundamental. Ou seja, foi satisfatório ver mudanças de
comportamento das crianças em relação aos alimentos e ao meio ambiente e principalmente vê-
las se divertirem enquanto aprendiam e ampliavam seus conhecimentos com os jogos e
softwares disponibilizados a elas. A participação e o apoio dos pais dos alunos foi uma surpresa
agradável, pois desde o momento em que conheceram o projeto incentivaram seus filhos a
participarem com empenho e dedicação. Essa interação os levou a refletir sobre sua cultura
alimentar e diversas possibilidades de desenvolverem gestos responsáveis diante da natureza
que os cerca numa proposta de uma ideia saudável que o desperdício pode ser prevenido através
da educação e a preservação do meio ambiente.
REFERÊNCIAS
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11674
BRASIL, Secretaria de Ensino Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais; Língua
Portuguesa. Brasília, 1997.
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