NARRATIVAS VISUAIS: HISTÓRIA EM QUADRINHOS COMO … · Palavras-chave: História em Quadrinhos....
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ISSN 2176-1396
NARRATIVAS VISUAIS: HISTÓRIA EM QUADRINHOS COMO
ESTRATÉGIA DE AQUISIÇÃO DO SIGNWRITING – SISTEMA DE
ESCRITA DE LÍNGUA DE SINAIS
Cayley Guimarães 1 - UTFPR
Milton César Oliveira Machado 2 - UTFPR
Jefferson Diego de Jesus 3 - UFPR
Sueli Fernandes 4 - UFPR
Eixo – Alfabetização, Leitura e Escrita
Agência Financiadora: não contou com financiamento
Resumo
As pessoas Surdas usam a Língua de Sinais (LS) para a comunicação e outras atividades
humanas que envolvem o uso de uma língua. Isto inclui, entre outras possibilidades, a
aprendizagem da modalidade escrita, cujo uso potencializa as formas de expressão e registro da
língua, sobretudo no contexto educacional. A Libras é um sistema linguístico completo de
modalidade visual-espacial e requer um sistema de escrita adequado, capaz de mapear as
propriedades da LS e o desafio de tentar representar linearmente sua tridimensionalidade.
Dentre as especificidades do processo de alfabetização/letramento dos Surdos, está o fato do
ensino e aprendizagem de um sistema de escrita de sinais, com base na premissa que a
constituição dos sentidos na escrita decorrerá de processos simbólicos visuais, nos quais a
mediação da Língua de Sinais assume centralidade, de forma diferenciada dos
encaminhamentos adotados nos sistemas de escrita de línguas orais que se pautam nas relações
fonema-grafema. O SignWriting é um sistema de escrita adequado para a natureza visual e
espacial das LS e tem sido utilizado como importante ferramenta no processo de aquisição de
escrita de crianças Surdas. Diante desse cenário, esta pesquisa tem como objetivo apresentar
uma proposta de narrativa visual no gênero História em Quadrinhos (HQ), de modo a introduzir
o ensino de aspectos do SignWriting, de maneira mais natural e contextual. Os procedimentos
metodológicos da pesquisa envolvem o estabelecimento do contexto e situação comunicacional,
apresentação do sinal/enunciado em Libras, elementos composicionais do SignWriting e
atividades de escrita de sinais. Como resultados, apresentados foram destacadas a importância
da HQ como estratégia pedagógica adequada ao ensino da escrita de crianças e jovens surdos,
o uso da LS na narrativa visual, a seleção de sinais icônicos nas primeiras lições de SignWriting
e as atividades de prática do traçado da escrita em SignWriting adequadas à faixa etária.
1 Doutor em Ciência da Computação: UFPR. Professor da UTFPR. E-mail: [email protected] 2 Tecnólogo em Design Gráfico: UTFPR. E-mail: [email protected] 3 Mestre em Educação: Professor da UFPR. E-mail: [email protected] 4 Doutora em Educação. Professora da UFPR. E-mail: [email protected]
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Palavras-chave: História em Quadrinhos. Língua de Sinais. SignWriting. Língua de Sinais
Escrita. Narrativas visuais.
Introdução
As pessoas Surdas5 têm o direito ao acesso às possibilidades humanas: a comunicação
simbólica, as interações sociais, a aprendizagem, entre outras, em Língua de Sinais (LS). A
Língua Brasileira de Sinais (Libras), de modalidade visual-espacial, é a LS usada pelas
comunidades Surdas urbanas, brasileiras, capaz de prover funcionalidades linguísticas
complexas aos seus usuário (FERNANDES, 2012). Mais de 90% das crianças Surdas nascem
em famílias de pais ouvintes, e não tem acesso à língua materna oral e, tampouco, à aquisição
da Libras na infância, o que acarreta sérias consequências: no desenvolvimento linguístico,
intelectual, cultural e na cidadania (SKLIAR, 1999). Um processo educacional bilíngue
(BRASIL, 2008), que viabilizasse o acesso e aquisição da Libras, desde a educação infantil,
possibilitaria um desenvolvimento qualitativo semelhante ao de qualquer criança da mesma
faixa etária.
Adicionalmente, a criança Surda tem dificuldades em adquirir um sistema de escrita,
mesmo da língua oral, considerando-se as metodologias existentes enfatizarem relações letra-
som, para ela inacessíveis. O acesso a um sistema de escrita em LS representaria um ganho
significativo nesse processo, pois envolveria aprender um processo de registro de uma língua
visualmente, sem barreiras de ordem fisiológica para sua aprendizagem. Ao contrário do que
se imagina, o registro da LS é possível na forma escrita, e não somente na forma de vídeo, como
se costuma veicular. SignWriting, criado por Sutton, é o sistema de escrita mais usado para
registro das Línguas de Sinais no mundo, e tem sido ensinado em experiências educacionais
bilíngues (SUTTON, 2006). Os Sistemas de Escrita (i.e. uma sequência de caracteres usados
para representar simbolicamente uma língua) servem de suporte e base para a sociedade
moderna e são considerados um avanço para as LS, oferecendo possibilidades de registro de
sua literatura, preservação cultural, armazenamento e recuperação da informação, ciência,
criação e disseminação de conhecimento, comunicação e outras atividades que as visibilizam
como línguas de cultura.
5 Neste texto, a grafia Surdo/os, Surda/as em letra maiúscula segue uma convenção no campo dos Estudos
Surdos (Deaf Studies) em Educação que diferencia a surdez audiológica (letra minúscula) da experiência cultural
de Ser Surdo como grupo cultural. Do mesmo modo, o uso da letra maiúscula será empregado sempre que se
tratar da representação de produtos culturais das comunidades Surdas.
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As crianças Surdas, que teoricamente têm todas as possibilidades de se tornarem leitores
e escritores, não possuem ainda estas competências devido às suas condições sociais, familiares
e até mesmo escolares que restringem suas experiências a processos metodológicos e produtos
culturais pensados e desenvolvidos para crianças que ouvem. Para que possam adquirir a
modalidade escrita da língua, há a necessidade de um desenvolvimento natural da linguagem,
da inteligência e uma imersão de quem aprende nas práticas sociais da língua escrita
(SÁNCHEZ, 1991; HOFFMEISTER, 1999).
São ainda iniciais as experiências e metodologias envolvendo o ensino e a aprendizagem
da escrita de sinais capazes de prover à criança Surda e seus interlocutores com um suporte
educacional adequado (HOFFMEISTER, 1999; GUIMARÃES et al., 2013). Há um acervo
restrito, com poucas publicações registradas em um sistema de escrita de LS, uma situação que
priva a Comunidade Surda de um grande componente de valorização de sua Cultura (SUTTON,
2006), por meio da construção de sua identidade em uma comunidade linguística minoritária
(SKLIAR, 1999). Não se deve mais esperar que a criança Surda tenha sucesso acadêmico no
ensino e aprendizagem por meio da língua oral majoritária, que lhe é inacessível. Um chamado
claro para a criação de ferramentas em LS (JOHNSON, LIDDELL, ERTING, 1989).
O desafio de prover ferramentas para o acesso de SE de sinais para as pessoas Surdas e
seus interlocutores é urgente, e requer uma abordagem inovadora, sob risco de nos depararmos
com uma comunidade inteira sem história escrita. Entendemos que a base da sociedade moderna
é dependente da memória. Para Vygotsky (1974) a leitura deve conter uma miríade de
significados para quem aprende, senão a palavra é apenas um vazio. Para o autor, a
aprendizagem da escrita equivale à aquisição de uma nova linguagem em toda a sua função
social e individual – um letramento que, mais do que o simples ato de ler e escrever, pressupõe
um entendimento e um uso adequado de tais habilidades na sociedade e no contexto em que o
texto está inserido (LODI, 2002).
Assim, nesse trabalho, propõe-se uma abordagem na qual o letramento é um processo
em que a escrita de sinais ocorre em um contexto de uso, por meio de uma narrativa visual
desenvolvida no gênero de História em Quadrinhos (HQ) que utiliza SignWriting como sistema
de escrita da LS. Adicionalmente, apresenta um HQ em Libras como ferramenta de ensino e
aprendizagem que dá autonomia ao Surdo, debatida e avaliada por professores e alunos de um
curso de licenciatura em Letras/Libras.
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Língua de Sinais, escrita e leitura
A falta de aquisição na tenra idade da Libras impede a criança Surda de aprender
conceitos cotidianos (MAcNAMARA, 1982). Consequentemente, a criança não aprende a fazer
perguntas para clarificar dúvidas, e assim não formam relações que possam alterar suas
estruturas cognitivas: combinando, comparando, inferindo, deduzindo e extrapolando
conhecimentos antigos e novos, em um processo mental que é mediado pelas experiências
sociais e linguísticas. A língua é mais do que um meio de comunicação (SÁNCHEZ,1991). A
língua inclui uma função reguladora do pensamento e é essencial para o desenvolvimento
intelectual, pois permite criar primeiro conceitos concretos, que depois servirão de bases para
a criação de conceitos abstratos (VYGOTSKY, 1974).
A falta da aquisição da língua materna é uma barreira para o desenvolvimento intelectual
que acarreta consequências severas: a inabilidade de realizar tarefas cotidianos de ações
inteligentes; a inabilidade de aprender e planejar; a dependência única e exclusiva das situações
concretas e visuais; dificuldades de socialização entre outras. As crianças Surdas crescem em
uma realidade em que há pouco material escrito em língua de sinais (LODI, 2002).
Johnson, Liddell e Erting (1989) argumentam que não basta apresentar à criança Surda
conceitos na língua oral e esperar que elas possam criar conceitos na sua própria cultura. Este
modelo monolíngue tem privado as crianças Surda de conquistas mais elevadas quando
comparadas com suas colegas não-Surdas. Já Petito (1994) nos diz que a criança Surda possui
em si e a seu dispor todos os dispositivos, sistemas, capacidades e mecanismos de aquisição de
língua, sobretudo a de sinais. Mas, para que atingir o seu potencial elas devem ser imersas na
LS como língua materna, para que tenham os benefícios do desenvolvimento intelectual. Temos
Cummins (1984) que propõe uma teoria de interdependência – uma interação entre a língua de
instrução e o tipo de competência que a criança desenvolveu em sua língua antes da educação
formal. Os autores Nover e Andrews (1998) nos dizem que à criança Surda deve ser oferecida
a possibilidade de criar seu próprio conhecimento, e o conhecimento em sua própria língua, o
que inclui o uso de um sistema de escrita em língua de sinais. O processo de letramento é
dependente da constituição de seu sentido na língua de sinais.
Se a questão da alfabetização segue sendo objeto de pesquisa e reflexão no campo de
aquisição da modalidade escrita da língua oral como segunda língua por aprendizes surdos (L2),
fazemos ideia dos complexos desafios das reflexões envolvendo a aquisição, ensino e
aprendizagem da escrita em língua de sinais (FERNANDES, 2006). Apesar da temática da
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aquisição da escrita ser recorrente e de diversas experiências serem desenvolvidas em
decorrência das políticas de inclusão de Surdos em salas regulares, os níveis de aprendizado e
desenvolvimento continuam aquém do esperado e inferior ao das crianças não-Surdas (ALLEN,
1986). Para a pessoa Surda, a premissa de um ambiente de letramento que potencialize o contato
com os símbolos da escrita não se aplica.
Fernandes (2006) pontua que, ao se discutir práticas de letramento na educação de
Surdos, temos como duplo desafio promover práticas que permitam a aquisição e
desenvolvimento da língua de sinais, como língua materna, além da vivência de experiências
que possibilitem a apropriação de um sistema de escrita pelas crianças Surdas pela via visual,
e não oral-auditiva como ocorre com as demais crianças. Dito de outra forma, a incursão no
mundo da escrita não se dará pela oralidade, mas por processos visuais de significação que têm
na língua de sinais seu principal elemento fundador.
A inserção social da língua materna inicia o processo de desenvolvimento intelectual da
criança e é, portanto, essencial que cada criança traga para o letramento a sua própria
experiência nas vivências de letramento na infância. Para fazer uso de tais experiências, o
educador deve entender a maneira em que a criança aprende não somente as matérias de uma
determinada disciplina, mas deve buscar também saber como ela se apropria de seus
componentes sociais, culturais e linguísticos (CAGLIARI, 1989).
O ambiente de aprendizagem deve fazer sentido e apresentar um contexto, de forma que
sirva para a criação coletiva do texto cotidiano, que eventualmente se tornará simbólico. O
letramento ocorre nas interações mediadas, e a compreensão e o entendimento estão no uso do
texto – não são meras fragmentações das palavras, as quais, fora de contexto, não fazem sentido
– o que nos trás as várias possibilidades de aprendizagem de leitura e escrita. Concordamos
com Schneuwly (2002) quando nos diz da “sedimentação” no sentido dado por Vygotsky
(1974): o comportamento humano é sedimentado em camadas sucessivas nas quais as novas
são construídas com base nas anteriores. Isto pode ser construído com narrativas visuais. Então,
antes das letras, o primeiro conhecimento é o da palavra: o texto e o contexto são pertinentes à
cultura em que a criança se encontra. Procede-se então a uma ampliação de visão de mundo, e
a habilidade da criança sentir, pensar e agir sobre este mundo.
Os Surdos se apropriam do conhecimento prioritariamente pela experiência visual.
Assim, um ambiente de letramento deve oportunizar atividades de leitura, principalmente na
fase inicial, contextualizadas em referências visuais, em que a Língua de Sinais tem destaque,
na compreensão dos sentidos mobilizados pelo texto. A leitura de imagens conduzirá o processo
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de reflexão e de inferências sobre a leitura da palavra, por meio da mediação da língua de sinais
como língua materna (FERNANDES, 2006)
As narrativas visuais são um caminho comum a ser trilhado, seja por crianças Surdas,
ou não. Há, no entanto, diferenças decorrentes da forma de apropriação do sentido mediado
pela palavra. A narrativa visual proposta em HQ não apresenta texto da língua oral – apresenta
o personagem falando em língua de sinais, e o SignWriting. O sistema de escrita se difere do
desenho pela associação simbólica que a criança Surda faz do sinal com a sua forma grafada.
Assim, o desenho é algo no mundo sobre o qual se podem tecer comentários. Já quando as
grafias representam possibilidades de significados linguísticos, a criança que escreve e lê
desenvolve uma intencionalidade, um ponto crucial no letramento, segundo Ferreiro e
Teberosky (2008). Estes autores nos dizem que a aquisição da leitura e da escrita são mais
relacionadas à cultura, deixando claro que o processo de apropriação da língua escrita formal
ocorre nas práticas sociais com o mundo de leitura e escrita, no mundo das história lidas,
contadas – o que nos leva a propor uma metodologia de contexto de língua, conforme
apresentado mais adiante.
Importância de um sistema de escrita para a Língua de Sinais
Sistemas de escrita servem para várias funções: eles reproduzem a fala, pensamentos e
conceitos abstratos. Eles são as ferramentas humanas de conhecimento, necessários para o
desenvolvimento da ciência, disseminação da informação, permitem a expressão de conceitos
abstratos, dos sonhos; eles estão enraizados na necessidade humana de se comunicar no tempo
e no espaço; eles ajudam a organizar nossas vidas, registrar pensamentos, sentimentos,
descobertas – a escrita preenche funções humanas e significados específicos que requerem
ações analíticas deliberadas capazes de construir uma estrutura interna. Mais do que transmitir
ideias, a escrita transmite nossa maneira de ver, sentir, interpretar e pensar o mundo (STUMPF,
2005).
Escrita e leitura são processos inter-relacionados – quem lê deve, inicialmente,
reconhecer o código necessário para a escrita. Uma das habilidades da leitura é a de poder
decodificar o sistema de escrita. A aquisição deste código é contingente no fato do leitor se
considerar escritor, segundo Ferreiro e Teberosky (2008). Portanto, temos a necessidade de um
sistema de escrita para as línguas de sinais que esteja em relação direta com o processo de
pensamento da pessoa Surda. Tal visão do processo é usualmente associada à alfabetização:
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“[...] condition nécessaire, bien que non suffisante, de la comprehension des textes [...]”6,um
passo que não se produz sem instruções explícitas, um processo que tem implicações positivas
na aprendizagem da escrita. Porém, considera-se que não faz sentido uma alfabetização que
não seja também letramento – que venha em forma de um conhecimento cultural compartilhado,
uma das formas que a pessoa Surda tem de buscar a sua inclusão social e seus direitos básicos
de cidadania (OBSERVATOIRE NATIONAL DE LA LECTURE, 1998).
Há um equívoco ao se pensar que as línguas de sinais não possuem um sistema de
escrita, e que pouco se pode ganhar com o seu uso pelas crianças Surdas que falam Libras. A
Libras é um sistema linguístico completo de modalidade visual-espacial, e requer um sistema
de escrita adequado, capaz de mapear as propriedades da língua de sinais e o desafio de tentar
representar linearmente uma língua tridimensional. Portanto, pode-se pensar que a aquisição de
um sistema de escrita e o letramento são processos interconectados: a alfabetização deve se
desenvolver no contexto de uso e de significados de práticas sociais de leitura e escrita, ou seja,
de atividades de letramento, em um processo e um comportamento social valorizado. O uso de
um sistema de escrita adequado para as línguas de sinais é um processo que aumenta as
habilidades linguísticas e cognitivas, promovendo assim uma valorização da identidade e da
Cultura Surda.
Há alguns sistemas de escrita propostos para as línguas de sinais tais como Mimographie
notation (BÉBIAN, 1825); Stokoe notation (STOKOE, 1960); D’Sign (JOUISON, 1995); Neve
notation (NEVE, 1982); HamNoSys (HANKE, 2004); SignWriting (SUTTON, 2006); no Brasil
temos a Escrita das Línguas de Sinais - Elis (BARROS, 2008), o Sistema de Escrita para Libras
- SEL (LESSA-DE-OLIVEIRA, 2012) entre outros. Apesar dessas possibilidades de registro,
por ser de uso universal, o SignWriting é o sistema sobre o qual focaremos nossos estudos.
No âmbito pedagógico, o debate situa-se nas especificidades do processo de
alfabetização dos surdos, já que a escrita de sinais constituiria um elemento mediador na
apropriação da escrita alfabética, posto que o aprendizado do português pelos estudantes surdos
tem como premissa que a constituição dos sentidos na escrita decorrerá de processos simbólicos
visuais, nos quais a mediação da língua de sinais assume centralidade. Esse pressuposto
demanda um processo metodológico que difere dos encaminhamentos adotados no ensino de
português como língua materna, os quais se pautam nas relações entre fonema-grafema pelos
falantes nativos.
6 Tradução livre: “[…] condição necessária, embora não suficiente, da compreensão dos textos […]”.
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São significativos os estudos desenvolvidos em diferentes países sobre as
especificidades do processo de letramento dos surdos (SÁNCHEZ, 1991; HOFFMEISTER,
1999; FERNANDES, 2006), os quais propõem desconsiderar o domínio das relações letra-som
como pressuposto para o acesso à escrita. Para os pesquisadores, a questão é simples: admitir a
língua de sinais como simbolismo mediador no aprendizado da escrita e adotar
encaminhamentos metodológicos utilizadas no ensino de segundas línguas para estrangeiros
possibilitará a inserção dos surdos em práticas de letramento, nos mesmos moldes dos demais
estudantes. Ler sem estar “alfabetizado” corresponde à realidade de sujeitos que tem uma língua
não-alfabética como língua materna e dominam a escrita de uma segunda língua alfabética,
ainda que não se comuniquem oralmente por meio dela (FERNANDES, 2006).
Nesse sentido, o sistema de escrita visual direta SignWriting representa um elemento
mediador entre a primeira língua, a Língua de Sinais, e a escrita alfabética do português como
segunda língua, contribuindo para a complexificação das funções psicológicas superiores
(memória, abstração, generalização, metalinguagem etc.) das crianças surdas, bem como
potencializando seu letramento. Em que pesem os inúmeras aspectos positivos relativos à
acessibilidade e inclusão que a sistematização e difusão de um sistema de escrita da língua de
sinais para a comunidade surda brasileira oportunizaria, são ainda precárias as publicações e
suportes informacionais registrados em SignWriting.
Do ponto de vista dos suportes informacionais que veiculam o SignWriting, há total
carência e precariedade de produtos. Justifica-se, desse modo, a criação de narrativa visual, do
gênero história em quadrinhos que contempla sinais em Libras, para a aquisição da escrita da
língua de sinais, por se tratar de um recurso inovador como processo intermediário na aquisição
da escrita alfabética pelos surdos. A narrativa visual possibilita o estabelecimento de novas
relações para a construção do conhecimento e novas formas de atividade mental, considerando-
se o potencial dos meios eletrônicos de informação e comunicação, para complementar e
aperfeiçoar o processo de ensino e aprendizagem de estudantes surdos.
SignWriting
O trabalho de Stokoe (1960) foi pioneiro em identificar alguns parâmetros das línguas
de sinais, tais como configuração de mão, contato (locação), orientação da palma da mão,
movimentos locais e globais e expressões não manuais. Por sua vez, Sutton (2006), em meados
dos anos 70, propôs o SignWriting como um sistema de escrita para as línguas de sinais, que
vem sido adotado no mundo inteiro. Esses elementos constitutivos do sinal, articulados com as
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mãos, olhos, partes do corpo, ocupam o espaço tridimensional, de forma simultânea. Assim, o
grande desafio do registro escrito repousa na forma de representação de cada um desses
elementos no espaço, já que não se apresentam de forma linear como os signos acústicos das
línguas orais. O SignWriting preserva as características tridimensionais das línguas de sinais ao
contemplar várias representações para os diversos parâmetros da fonologia proposta por Stokoe
(1960). A figura 1 nos mostra uma configuração de mão em três orientações diferentes. Alguns
dos símbolos são icônicos, e permitem uma melhor associação com o sinal representado.
Figura 1 – Exemplo de SignWriting: configuração de mão à direita e o símbolo correspondente à esquerda.
Fonte: Sutton (2006).
Conforme vimos na Figura 1, o SignWriting se adequa à representação das línguas orais,
quaisquer que sejam elas. Mas, apesar dos diversos aspectos relacionados à acessibilidade e
inclusão que uma sistematização e disseminação de um sistema de escritas em língua de sinais
possa trazer para a pessoa Surda, há poucas publicações em escrita de sinal, e menos ainda
textos, ferramentas e metodologias em SignWriting, sendo os mesmos considerados precários
(STUMPF, 2005).
Stumpf (2005) nos mostra que o SignWriting é, para o surdo, visualmente fonético;
permite operações metalinguísticas em relação à Libras; permite a transmissão direta do
pensamento para a escrita; é mais espontâneo e coerente; fortalece a autoestima; ajuda a
construir a identidade Surda; é limitado apenas pela sofisticação da pessoa que vai usar. O
desafio de introduzir a escrita na escola é grande, pois há uma carência de material adequado;
e a autora conclui que o uso de um sistema de escrita em língua de sinais é um marco importante
na educação do Surdo.
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Narrativa Visual: a História em Quadrinhos em Libras
As HQs fazem parte de nosso cotidiano, e têm sido usadas para divulgar e produzir
cultura e conhecimento. Quando as HQs são usadas como ferramentas pedagógicas, elas
deixam de ser apenas ilustrativa ou um meio de diversão, tornando-se uma maneira de melhorar
a compreensão e de tornar o processo de ensino e aprendizagem mais prazeroso. Considera-se
que uma HQ se caracteriza pelo uso de balões com texto, mas a maioria contém textos da língua
oral (GOMES e GOMES, 2015). Porém, sendo a língua de sinais de modalidade visual espacial,
ela se adequa ao gênero, uma vez que a sinalização pode ser representada visualmente – e esta
é a base da ferramenta proposta: HQ em Libras para ensino de SignWriting.
Pensando a Libras em seus aspectos de enunciação e discurso, a compreendemos como
atividade social, histórica e cognitiva, com papel comunicacional, e escolhemos o gênero HQ
para apresentar o sistema de escrita a ser aprendido (OLIVEIRA e BRANCO, 2015). Toppel,
Camargo e Chicória (2015, p. 10581) apontam uma série de vantagens do uso de HQ para o
ensino de Física, por exemplo: “[...] a facilidade de leitura, a forma de disposição quadrinizada,
os desenhos ilustrativos e o enredo tornam as HQs uma leitura divertida e ao mesmo tempo um
estímulo para o conhecimento”. O HQ em nossa proposta poderia ser classificada pelos autores
como sendo Construtivista, uma vez que foi desenvolvida para levar conhecimento ao aprendiz.
Este uso é fundamental para a autonomia da pessoa Surda, que pode aprender de maneira
divertida, criando o seu conhecimento.
Guimarães, Guardezi e Fernandes (2014), apresentam um framework computacional em
que o sinal é associado ao contexto lexical pela iconicidade, e o contexto semântico por meio
de vídeos, em um contexto de aprendizagem. O sistema proposto aqui segue esta orientação
pedagógica, em que o contexto é apresentado por meio de uma narrativa visual, que acompanha
o personagem até uma situação real de sinalização na Língua de Sinais. É feita uma
sobreposição dos símbolos relacionados do SignWriting no sinal. A narrativa visual é feita sob
a forma de ilustração em HQ desenvolvida em Libras (BONGCO, 2000). Para efeitos deste
artigo, iremos apresentar apenas recortes da narrativa, pontuando aspectos significativos para a
compreensão dos objetivos do material proposto que apresenta como procedimentos: o
estabelecimento do contexto e situação comunicacional, apresentação do sinal/enunciação em
Libras, elementos composicionais do SignWriting e atividades de escrita de sinais.
Em nosso material, a narrativa se inicia com um robô (ainda misterioso, pois não se
sabe de onde ele veio, onde ele está, o que está fazendo; seria o robô uma ameaça? Teria sido
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enviado por conhecidos? Seria hostil? etc.). Todos estes elementos da narrativa compõem o que
Sutton-Spence e Kaneko (2016) chamariam de Literatura Surda: uma literatura de efeito
estético, em LS, possuidora de uma estética visual, que possa representar e valorizar aspectos
da cultura visual. Na Figura 2, vemos que o robô vem do espaço (não se sabe se retornando, ou
se enviado por outras civilizações) mas vemos que assim que pousa ele permanece imóvel.
Figura 2 – Ilustração da História que apresenta um personagem Robô vindo do espaço.
Fonte: Os Autores.
Devido às circunstâncias externas (a queda de uma pinha), apresentado parcialmente
na figura 3, o robô é ativado, e inicia a sua jornada.
Figura 3 – Ilustração da História que apresenta um personagem.
Fonte: Os Autores.
Note-se que até este momento, nenhum texto escrito foi utilizado. Os recursos são
totalmente visuais não-verbais. O robô se reconfigura, e começa a caminhar (também ainda não
se sabe se em busca de algo específico, ou se de forma aleatória), até que chega ao Santuário
das Borboletas, mostrado na Figura 4 (permanece o mistério: o que vem a ser este santuário,
quem o construiu, para que serve?). Este local parece dedicado à preservação das borboletas
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(mas ainda persiste o mistério sobre a importância deste local. O próprio monumento do local
é uma representação estática do que seria o sinal em Libras para BORBOLETA7.
Figura 4 - O Santuário das Borboletas.
Fonte: Os Autores.
Neste momento, ao ver a borboleta, o robô reconhece em suas mãos o sinal representado
pelo monumento, sinaliza BORBOLETA em Libras e envia a mensagem para seus
interlocutores (ainda não se sabe para quem o robô está sinalizando) conforme a figura 5.
Figura 5 – O SignWriting sobreposto à mão; robô sinalizando BORBOLETA.
Fonte: Os Autores.
A partir daí, o SignWriting é apresentado, conforme a figura 6, e pode-se então, de forma
direcionada, reconhecer a escrita no próprio ato de sinalizar – considerando que o sinal
selecionado tem a característica icônica que permite associar escrita e imagem sobrepostas.
Vemos, na Figura 6, o sinal BORBOLETA e sua escrita em SignWriting. Em seguida é
7 Seguindo convenção de glosa adotada por Felipe (2007), os sinais em Libras serão grafados em caixa-alta.
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proposta a atividade de prática do traçado da configuração de mão na escrita, a partir desse
contexto narrativo. Os dois diacríticos que acompanham a configuração de mão (^^ e +)
representam o movimento das asas da borboleta e o tipo de toque, respectivamente no sistema
SignWriting.
Figura 6 – O Monumento, o sinal e a escrita de BORBOLETA em língua de sinais.
Fonte: Os Autores.
À medida que a história vai se desenvolvendo, novos personagens vão surgindo, bem
como novas situações comunicacionais com enunciados mais extensos, conforme podemos ver
na Figura 6, em que o robô vê uma borboleta amarela no meio das outras borboletas azuis, e
sinaliza A BORBOLETA AMARELA É BONITA para seus interlocutores. Novamente a
metodologia apresenta o SignWriting equivalente, e convida a criança leitora/escritora a fazer
sentido do código usado, aprendendo assim os fundamentos da escrita, praticando a escrita
proposta.
Figura 6 – A borboleta amarela é bonita – em Libras.
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Fonte: Os Autores.
Nos estudos realizados para a validação desse material, seguimos Dolz e Schneuwly
(2004), a perspectiva multi/interdisciplinar foi efetivada pela participação de profissionais
especialistas em Línguas de Sinais (professor surdo, linguista bilíngue), tecnólogo em desenho
gráfico e pesquisador/professor na área da Ciência de Computação, cuja abordagem teórico-
metodológica fosse consistente do ponto de vista da interlocução efetiva com a literatura na
área, cumprindo o critério de relevância social e abordagem inovadora do objeto em estudo.
Além disso, foram realizadas reuniões com psicólogas, pedagogas, professores e alunos Surdos,
no âmbito de um curso de Letras Libras, a fim de que o material fosse qualitativamente
analisado , considerando sua importância e aplicabilidade no ensino da Libras no contexto
escolar de crianças surdas.
Como aspectos positivos da avaliação, foram destacadas a HQ como estratégia
pedagógica adequada para o contexto de escolarização de crianças e jovens surdos, o fato de o
personagem robô falar Língua de Sinais, e a estratégia do uso de sinais icônicos para a
representação das primeiras lições de SignWriting, complementadas com enunciados
contextualmente significativos na narrativa visual. As atividades de prática do traçado da escrita
em SignWriting também foram consideradas fáceis e adequadas à faixa etária.
A partir dessa validação, as próximas etapas da pesquisa preveem a validação em
diferentes grupos de controle (crianças Surdas, acadêmicos do Letras Libras, professores de
Libras), analisando detalhadamente a aplicabilidade dos princípios teórico-metodológicos
pressupostos na investigação.
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Considerações Finais
A questão da alfabetização/letramento de Surdos em Língua de Sinais é uma temática
que ainda se encontra em aberto no campo aplicado. É inegável a necessidade de um sistema
de escrita para as Línguas de Sinais e o SignWriting é o sistema de escrita com maior difusão e
uso, atualmente, no cenário nacional e internacional da educação de Surdos. Contudo, há uma
carência de trabalhos que pesquisem abordagens metodológicas para o ensino e a aprendizagem
pela pessoa Surda em contextos de letramento bilíngue, ou seja, que levem em consideração a
Libras como língua materna.
Assim, esta pesquisa propõe a criação de um encaminhamento metodológico que se vale
da narrativa visual, por meio da História em Quadrinhos como gênero para apresentar um
sistema de escrita da Língua de Sinais às crianças Surdas. A Língua de Sinais é apresentada em
um contexto (fictício, no exemplo), de forma visual, com o SignWriting contemplado na
ilustração, sobrepondo-se e acompanhando o sinal/palavra/enunciado da língua, possibilitando
associações simbólicas entre os parâmetros constitutivos da Libras sinalizada (configuração de
mãos, movimento, orientação de mãos...) aos grafemas de sistema de escrita.
Neste novo universo proposto, por meio da criação de uma narrativa visual que integra
a Literatura Surda, Surdos e demais membros da comunidade assumem a perspectiva de
leitores/escritores, contribuindo para a criação coletiva de outros materiais que valorizem a
Língua de Sinais como língua de Cultura.
A narrativa visual, suas formas de apresentar a história e o uso da língua de sinais, bem
como a metodologia pedagógica proposta para o ensino do SignWriting, planejada e discutida
com membros da comunidade surda, conhecedores do SignWriting, foi abraçada e aprovada
como ferramenta que faz avançar o estado da arte no ensino e na aprendizagem da escrita de
sinais.
Certamente, uma proposta como esta deve cumprir as exigências de rigor técnico-
científico e passar por rigorosos testes de validação, por um longo período de tempo, que
permitirão apreender reflexões e possíveis mudanças no produto final. A incorporação de
testagem em participantes que não utilizam Libras como língua materna e, tampouco,
conhecessem o SignWriting, permitirá ampliar o escopo de variáveis de análise quanto ao
processo de aquisição da escrita de sinais que permitissem observar aspectos relativos à
abstração e generalização da proposta. Estas e outras questões integram nossa problemática de
pesquisa em trabalhos futuros.
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