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NARRATIVA DO MONITOR DE SECAS DO MÊS DE JULHO DE 2017 Condições Meteorológicas do Mês de Julho de 2017 O mês de julho, climatologicamente, é um dos meses mais chuvosos do setor leste do Nordeste do Brasil (NEB), com precipitações mensais acima de 150 mm em toda faixa litorânea leste, desde a Bahia até o Rio Grande do Norte, conforme pode ser observada na Figura 1(b). Os maiores índices pluviométricos concentram-se no setor leste da Paraíba, Pernambuco e Alagoas, com valores superiores a 250 mm. Por outro lado, é um dos meses mais secos na parte central e oeste da Região, onde a climatologia da precipitação mensal é inferior a 25 mm. As maiores precipitações acumuladas no mês de julho/2017 ocorreram no setor leste do NEB, com valores superiores a 300 mm nas mesorregiões do Litoral Leste, Zona da Mata e Agreste dos estados do Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e Alagoas, e superiores a 200 mm no Litoral de Sergipe e Bahia. Também ocorreram chuvas significativas, acima de 100 mm, no litoral do Maranhão, centro-leste do Ceará, Sertão da Paraíba e de Pernambuco, conforme o mapa da precipitação observada na Figura 1(a). No centro e sul dos estados do Maranhão, Piauí, Ceará e Rio Grande do Norte, bem como no oeste de Pernambuco e Bahia os valores dos acumulados mensais foram inferiores a 25 mm, sendo que no sul do Maranhão e Piauí e oeste da Bahia não foram registradas precipitações. Chuvas acima da média foram registradas no setor leste do NEB, com valores de anomalia superiores a 200 mm no Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, e Alagoas, bem como chuvas acima de 100 mm no noroeste do Ceará e sul da Bahia. Chuvas abaixo da média ocorreram em todo oeste do Nordeste e em pontos isolados dos estados do oeste e norte do NEB, sendo que os maiores desvios negativos, com redução de mais de 100 mm foram observados no noroeste do Maranhão, como pode ser verificado na Figura 3(c). Figura 1. Espacialização da precipitação (mm) no mês de julho no NEB: (a) Precipitação acumulada - (b) Climatologia - (c) Anomalia de precipitação. Fonte: http://proclima.cptec.inpe.br/~rproclima/Moni_NE/precobsclim07.gif (c) (b) (a)

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NARRATIVA DO MONITOR DE SECAS DO MÊS DE JULHO DE 2017

Condições Meteorológicas do Mês de Julho de 2017

O mês de julho, climatologicamente, é um dos meses mais chuvosos do setorleste do Nordeste do Brasil (NEB), com precipitações mensais acima de 150 mm emtoda faixa litorânea leste, desde a Bahia até o Rio Grande do Norte, conforme pode serobservada na Figura 1(b). Os maiores índices pluviométricos concentram-se no setorleste da Paraíba, Pernambuco e Alagoas, com valores superiores a 250 mm. Por outrolado, é um dos meses mais secos na parte central e oeste da Região, onde a climatologiada precipitação mensal é inferior a 25 mm.

As maiores precipitações acumuladas no mês de julho/2017 ocorreram no setorleste do NEB, com valores superiores a 300 mm nas mesorregiões do Litoral Leste,Zona da Mata e Agreste dos estados do Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco eAlagoas, e superiores a 200 mm no Litoral de Sergipe e Bahia. Também ocorreramchuvas significativas, acima de 100 mm, no litoral do Maranhão, centro-leste do Ceará,Sertão da Paraíba e de Pernambuco, conforme o mapa da precipitação observada naFigura 1(a). No centro e sul dos estados do Maranhão, Piauí, Ceará e Rio Grande doNorte, bem como no oeste de Pernambuco e Bahia os valores dos acumulados mensaisforam inferiores a 25 mm, sendo que no sul do Maranhão e Piauí e oeste da Bahia nãoforam registradas precipitações.

Chuvas acima da média foram registradas no setor leste do NEB, com valores deanomalia superiores a 200 mm no Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, eAlagoas, bem como chuvas acima de 100 mm no noroeste do Ceará e sul da Bahia.Chuvas abaixo da média ocorreram em todo oeste do Nordeste e em pontos isolados dosestados do oeste e norte do NEB, sendo que os maiores desvios negativos, com reduçãode mais de 100 mm foram observados no noroeste do Maranhão, como pode serverificado na Figura 3(c).

Figura 1. Espacialização da precipitação (mm) no mês de julho no NEB:(a) Precipitação acumulada - (b) Climatologia - (c) Anomalia de precipitação.Fonte: http://proclima.cptec.inpe.br/~rproclima/Moni_NE/precobsclim07.gif

(c)(b)(a)

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Síntese do Traçado do Monitor das Secas de Julho de 2017

Em uma pré-análise, foram considerados os índices SPI e SPEI para 3, 4, 6, 12,18 e 24 meses, com maior detalhamento para os estados do Ceará (CE), Rio Grande doNorte (RN), Paraíba (PB), Pernambuco (PE) e Bahia (BA), em virtude de umaquantidade maior de pontos e informações que esses estados da região Nordeste doBrasil (NEB) apresentam. No intuito de compensar o déficit de informações, tanto paraesses estados quanto para as demais áreas do NEB, foram utilizadas, de forma ampla, osseguintes produtos de apoio: climatologia da precipitação mensal, precipitaçãoobservada, anomalia de precipitação do mês de julho (e dos meses anteriores), bemcomo, o índice de saúde da vegetação (VHI). Com isso, áreas do NEB, onde há poucospontos de informações, foram analisadas, além de complementar as áreas onde adensidade de informações é maior.

É necessário ressaltar que, para o traçado deste mapa, é considerada a secafísica, levando-se em conta, principalmente, os índices SPI e SPEI, de curto e longoprazo, sem analisar as informações dos reservatórios.

Ao comparar o mapa validado no mês de junho de 2017, na figura 2 (a), com omapa validado do mês de julho de 2017, na figura 2 (b), verificaram-se algumasmudanças no traçado geral (figura 2), tais como:

Figura 2. Mapas do Monitor de Secas do Nordeste em 2017: (a) Junho; (b) Julho.

(a) (b)

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No estado do Maranhão, os maiores acumulados de precipitação foramregistrados no extremo norte do estado, com valores acima de 50 mm, e os menoresacumulados, no centro e sul do estado. Apesar da pouca precipitação registrada emjulho, houve pequenas modificações com relação ao mês anterior, apenas uma pequenaexpansão da seca fraca (R0) no oeste do estado, com impactos de curto prazo (C). Apermanência de grande parte do estado sem seca relativa é justificada por esse serperíodo da estação seca, e o normal é que se tenha pouca chuva durante o mês de julho.

No Piauí, houve uma pequena expansão da seca fraca (S0) para o norte, naregião de divisa com o Ceará. Nas outras áreas do estado não houve modificaçãoconsiderável, devido o mês de julho fazer parte da estação seca, onde naturalmente já seespera pouca precipitação. O estado permanece sem seca relativa na parte norte e nasoutras regiões com seca variando de fraca (S0) a excepcional (S4), sendo a maiorintensidade da seca no setor leste e menor no setor oeste. Quanto aos impactos da seca,todas as áreas se encontram com seca de curto e de longo prazo (CL), devido a poucaquantidade de precipitação nos últimos dois meses.

No Ceará, houve uma pequena expansão para norte na área de seca fraca (S0) enas demais áreas não houve modificações consideráveis. Permanecendo o norte semseca relativa e as outras áreas do estado com seca variando com intensidade de fraca(S0) a seca extrema (S3). Em relação aos impactos, onde antes era apenas de longoprazo (L) passou a ser de curto e longo prazo (CL), devido a pouca quantidade dechuvas ocorridas nos últimos dois meses. Ressaltando que esse é o períodonormalmente seco no estado.

No Rio Grande do Norte, as precipitações de julho reduziram a intensidade daseca na região do Agreste Potiguar de seca excepcional (S4) para seca extrema (S3), ena região Leste Potiguar a intensidade reduziu de seca grave (S2) para seca fraca (S0). Aregião Central e Oeste Potiguar permaneceram sem alterações na intensidade da seca,isso porque as poucas precipitações não foram suficientes para amenizar a severidade daseca, que permanece com intensidade variando de seca moderada (S1) a seca extrema(S3). Os impactos na região Central e Oeste Potiguar são de curto e longo prazo (CL), ena região do Agreste e Leste Potiguar passaram a ser apenas de longo prazo (L), devidoàs precipitações observadas no último mês.

Na Paraíba, as chuvas que ocorreram no mês de julho contribuíram para aredução da intensidade da seca nas regiões do Agreste e da Mata. No Agreste e na parteleste da Borborema, onde antes tinha seca excepcional (S4) reduziu para intensidade deseca extrema (S3), na Mata que antes tinha seca fraca (S0) em toda a extensão passou ater áreas sem seca. No Sertão e parte oeste da Borborema não ocorreram modificaçõessignificativas na intensidade da seca, apenas a região que antes tinha seca apenas delongo prazo (L), passou a ter seca de curto e longo prazo (CL). Na Mata e parte leste doAgreste a seca apresenta impacto, apenas, de longo prazo.

Em Pernambuco, devido aos acumulados de precipitação de julho, houveexpansão da área sem seca para a Mata Norte e também para o setor sul do Agreste.

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Houve redução na intensidade da seca na divisa com a Paraíba, onde antes tinha secaexcepcional (S4) passou a ter seca extrema (S3). Nas outras regiões do estado nãoocorreram mudanças significativas devido às chuvas ocorridas em julho e permanece aintensidade da seca variando de grave (S2) a excepcional (S4). Quanto aos impactos, nocentro e sul do Agreste os impactos são de apenas longo prazo (L) e no Sertão osimpactos são de curto e longo prazo (CL).

Alagoas permanece sem seca relativa em praticamente todo o estado,excetuando-se o extremo oeste, onde ainda tem seca com intensidade variando de fraca(S0) a moderada (S1), com impactos apenas de longo prazo (L).

Sergipe é o estado da Região Nordeste onde se apresenta a melhor situação coma relação às secas. Em praticamente todo estado não se tem registros de seca, apenas noestremo oeste permanece seca fraca (S0) com impacto de longo prazo (L), indicandoque essa região está saindo de um período de seca.

Na Bahia, as chuvas que ocorreram no mês de julho se concentraram na faixaleste do estado e contribuíram para expansão da área sem seca nessa região, que vaidesde o sul até litoral norte. No entanto, no extremo oeste, houve uma expansão da áreade seca grave (S2) e de seca extrema (S3), devido à diminuição das chuvas e aoaumento das temperaturas nessa região. O estado permanece com seca variando de secafraca (S0) no setor leste, até seca excepcional (S4) no centro e norte do estado. Quantoaos impactos, apenas na divisa com Sergipe os impactos são de longo prazo, em todasas áreas do estado os impactos são de curto e longo prazo (CL).

Para o traçado do mapa, referente ao mês de junho, foram utilizadas asconsiderações feitas no processo de autoria e validação pelos representantes da ANA-DF, AESA-PB, APAC-PE, ARESTech, ENPARN-RN, FUNCEME-CE, INEMA-BA,SEMARH-SE e UEMA-MA.