Narelle Jubelin and Satoru Itazu, Visao, 24 Junho 1999

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  • 7/28/2019 Narelle Jubelin and Satoru Itazu, Visao, 24 Junho 1999

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    'UNDERWRITTEN',NA Lus SERPAAo basearem a suacolaborao noextraordinrio monlo-go, de extraordinriaafirmao da vida, deMol/y Bloom, no finalde Ulisses, de JamesJoyce, os artistasexaminam a figuramitolgica de Penlope

    es do oriente e do ocidente no trabalhodois artistas, um australiano e um japons

    PLSTICASpartir de JoyceH ROSENGARTEN ..

    om o projecto IN-EXTREMIS 1999 o Estado da(s) Alte(s) no final da d-ada, do sculo e do milnio, a Galeriauis Serpa, em Lisboa, props-se estimur o debate volta da globalizao e daroXimao, cada vez mais interdisciplir, que marca este momento histrico deassagem. Narelle Jubelin uma artistaustraliana, residente em Madrid, j raavelmente conhecida do pblico lis-eta: a sua obra apareceu integrada naDepois de Amanh, includaLisboa 94, e foi objecto de uma expoio notvel no Pavilho Branco, partetegrante da srie de exposies intitulaImagens de Ti'oca.A sua obra aborda sempre - aliandom elevado grau de conceptualizao aa sensibilidade plstica depurada - osradoxos e as contradices das chamas "trocas culturais". Olhando de formartica a hegemonia ocidental e o discur

    o do colonialismo, Jubellin criou metologias rigorosas de pesquisa e de realiao da obra, e utiliza frequentementemo metforas a escrita (caligrafia e texo) e os panos (tecidos, bordados, desfia-

    dos). Formas de narrar - por outras palavras, verses de narrativas - so vistas etrabalhadas como estando indissoluvelmente ligadas a histrias particulares eculturais. Assim, "traduo", na sua obra, um conceito sempre problematizado.Na actual mostra, Unwl'itten (at 26 deJunho), Narelle Jubelin no nos desaponta: a exposio revela a elegncia pristinaque geralmente se associa aos seus trabalhos, uma elegncia que por vezes contende com o contedo crtico das suas

    obras. A exposio o resultado da suacolaborao, durante uma estadia recente no Japo, com Satom ltazu. Os artistasutilizam os mtodos japoneses tradicionais de fazer papel (trs rolos em papelTosa tingidos comYajagi-zome e as extremidades de quimonos em seda: os rolospodem ser colocados em trs caixas emmadeira maravilhosamente confeccionadas) e realizam um trabalho em que fundem as noces de "oriente" e de "ocidente" atravs'da focagem em duas tradiesespecficas - uma habildade manual euma habildade intelectual.Ao basearem a sua colaborao no ex-traordinrio monlogo, de extraordinriaafirmao da vida, de Molly Bloom, no fi-nal de Ulisses, de James Joyce, os artistasexaminam tambm a figura mitolgica dePenlope, que inspirara o escritor, tecendo e desfiando enquanto esperava que omarido voltasse da sua odisseia. Exemplosupremo de um escritor masculino utilizando uma voz feminina (uma forma detraduo), o texto de Joyce o ponto departido para esta obra de "traduo". Jubelin e ltazu baseiam o "fiar" e o "desfiar"da obra em manuscritos anotados de Joyce. Traduzido para japons, o monlogode Molly Bloom/Penlope sujeito si-multaneamente a um acto de transcrioe de apagamento, materializando a flui-dez do sentido no seu percurso entre umlocal de origem e outro. O pblico convidado a sentar-se em bancos em metalcompridos, de desenho simples e depurado, e a enrolar os rolos de papel, de for-ma que a leitura se torna uma experinciano apenas intelectual mas tambm so-mtica, fsica. _

    VIS.:\O 24 de Junho de 1999