NÃO ME OBRIGUEM A UM PARTO NORMAL: CONCEPÇÕES … · A medicalização do parto transformou o...

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1 “NÃO ME OBRIGUEM A UM PARTO NORMAL”: CONCEPÇÕES DE CORPO E DIREITO DE ESCOLHA DE MULHERES GESTANTES QUE OPTAM PELA CESÁREA ELETIVA 1 . Jaqueline Cardoso Portela-UFBA 2 ([email protected]) Palavras-Chave: Parto; Cesariana; Ciberespaço. O processo de gestação e parto, para as Ciências Sociais, não se reduz a fenômenos naturais e meramente fisiológicos. Apresentando-se como processos que abrangem dimensões históricas, culturais e sociais tem significados construídos com base na experiência social, modificando-se conforme variáveis de classe, sexo, gênero ou sexualidade (PAIM, 1998). Dessa forma, as concepções de gestação e parto são construídas com base em modelos sócio históricos legitimados e valorizados no âmbito de uma determinada sociedade, sendo mutáveis ao longo do tempo conforme as transformações das instituições sociais. O modelo hegemônico de assistência ao parto no Brasil é o tecnocrático, nele a medicalização do parto é sinônimo de modernidade, segurança e ausência de dor. Os reflexos do predomínio do modelo tecnocrático no Brasil são representados pelas altas taxas de cesarianas, sobretudo as cesarianas eletivas, tornando o país o campeão de cesáreas no mundo. Porém, estudos 3 apontam que a cultura da cesárea está associada a maior necessidade de UTI neonatal e maiores complicações tanto para mãe quanto o bebê. Por consequência, esta realidade intervencionista da assistência ao parto no Brasil passou a sofrer questionamentos por parte de ativistas e do próprio governo, refletindo no surgimento do movimento de humanização do parto, na proposta de um novo modelo de assistência ao parto. O fortalecimento de modelo de humanização do parto supõe um acirramento do embate entre os modelos de assistência ao parto tecnocrático e humanizado, 1 Trabalho apresentado na 30ª Reunião Brasileira de Antropologia, realizada entre os dias 03 e 06 de agosto de 2016, João Pessoa/PB. 2 Licenciada em Ciências Sociais pela Universidade Federal da Bahia, mestranda do Programa de Pós- Graduação em Ciências Sociais da Universidade Federal da Bahia (PPGCS-UFBA) e orientanda da Prof.ª Dr.ª Elena Calvo-Gonzalez. 3 Pesquisa Nascer no Brasil: inquérito nacional sobre o parto e nascimento é o primeiro estudo nacional de base epidemiológica que descreve a atenção ao parto e nascimento. Publicada na plataforma Scielo, Cadernos de Saúde Pública vol.30 supl.1 Rio de Janeiro 2014. Acesso em 06/12/2015 http://www6.ensp.fiocruz.br/nascerbrasil/wpcontent/uploads/2014/11/sumario_executivo_nascer_no_bras il.pdf

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“NÃO ME OBRIGUEM A UM PARTO NORMAL”: CONCEPÇÕES DE

CORPO E DIREITO DE ESCOLHA DE MULHERES GESTANTES QUE

OPTAM PELA CESÁREA ELETIVA1.

Jaqueline Cardoso Portela-UFBA2

([email protected])

Palavras-Chave: Parto; Cesariana; Ciberespaço.

O processo de gestação e parto, para as Ciências Sociais, não se reduz a

fenômenos naturais e meramente fisiológicos. Apresentando-se como processos que

abrangem dimensões históricas, culturais e sociais tem significados construídos com

base na experiência social, modificando-se conforme variáveis de classe, sexo, gênero

ou sexualidade (PAIM, 1998). Dessa forma, as concepções de gestação e parto são

construídas com base em modelos sócio históricos legitimados e valorizados no âmbito

de uma determinada sociedade, sendo mutáveis ao longo do tempo conforme as

transformações das instituições sociais.

O modelo hegemônico de assistência ao parto no Brasil é o tecnocrático, nele a

medicalização do parto é sinônimo de modernidade, segurança e ausência de dor. Os

reflexos do predomínio do modelo tecnocrático no Brasil são representados pelas altas

taxas de cesarianas, sobretudo as cesarianas eletivas, tornando o país o campeão de

cesáreas no mundo. Porém, estudos3 apontam que a cultura da cesárea está associada a

maior necessidade de UTI neonatal e maiores complicações tanto para mãe quanto o

bebê. Por consequência, esta realidade intervencionista da assistência ao parto no Brasil

passou a sofrer questionamentos por parte de ativistas e do próprio governo, refletindo

no surgimento do movimento de humanização do parto, na proposta de um novo

modelo de assistência ao parto.

O fortalecimento de modelo de humanização do parto supõe um acirramento do

embate entre os modelos de assistência ao parto tecnocrático e humanizado,

1 Trabalho apresentado na 30ª Reunião Brasileira de Antropologia, realizada entre os dias 03 e 06 de

agosto de 2016, João Pessoa/PB. 2 Licenciada em Ciências Sociais pela Universidade Federal da Bahia, mestranda do Programa de Pós-

Graduação em Ciências Sociais da Universidade Federal da Bahia (PPGCS-UFBA) e orientanda da Prof.ª

Dr.ª Elena Calvo-Gonzalez. 3 Pesquisa Nascer no Brasil: inquérito nacional sobre o parto e nascimento é o primeiro estudo nacional

de base epidemiológica que descreve a atenção ao parto e nascimento. Publicada na plataforma Scielo,

Cadernos de Saúde Pública vol.30 supl.1 Rio de Janeiro 2014. Acesso em 06/12/2015

http://www6.ensp.fiocruz.br/nascerbrasil/wpcontent/uploads/2014/11/sumario_executivo_nascer_no_bras

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evidenciando o conflito entre esses dois modelos de assistência. Dentro desse bojo, o

ciberespaço, qual seja, blogs; sites e redes sociais é entendido como espaço de

sociabilidade e construção simbólica e tem papel fundamental onde anseios,

reivindicações, demandas, argumentações e construções sociais acerca dos modelos de

assistência ao parto são expostos e compartilhados.

Este paper, através de uma etnografia de páginas da rede social facebook pró-

cesarianas, tenciona analisar as noções sobre corporeidade e o direito de escolha em

relação à via de parto de grupos de mulheres que defendem a cesárea. Argumento que

existe uma hierarquização de transformações corporais que são classificadas enquanto

“adequadas” e “inadequadas” a partir do momento em que elas se adaptam, ou não, a

um ideal de corpo feminino idealizado pela sociedade. Enquanto as marcas deixadas

pela cirurgia cesariana são ressignificadas remetendo a memória afetiva, as marcas

deixadas pelo parto normal são negativadas e devem ser evitadas. Concluo, através da

noção de corpos plásticos (Sanabria, 2013), que a cirurgia cesariana é representada

dentro do universo pesquisado enquanto meio legítimo de evitar transformações

corporais “inadequadas”, como evitar danos ao períneo, não comprometendo o futuro

bem-estar sexual.

Modelos de Assistência ao parto no Brasil:

Conforme estudos de cunho antropológicos, o parto até séculos atrás era vivido

na esfera do privado e do feminino (Melo, 2013; Carneiro, 2011; Maia,2008. Diniz,

2001). Contudo, ao longo dos séculos, o parto passou progressivamente do âmbito

familiar e acolhedor, norteado pela assistência das parteiras4, para o modelo de

assistência obstétrica e hospitalar restrito ao domínio dos conhecimentos médicos e

tecnológicos. A medicalização do parto transformou o processo de gestação e o parto

em objetos do conhecimento e da prática da medicina, realizado por médico com o

apoio de um intenso aparato tecnológico e fármaco-químico. Na percepção do corpo

feminino enquanto máquina o principal objeto do médico passa a ser o útero e seu

produto em detrimento da visão da mulher enquanto ser dotado de uma unidade (Maia,

2008)

4 Nome dado às mulheres que desempenhava papel central no trabalho de parto e o pós-parto das

gestantes.

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Todo esse processo impulsionou a modificação da experiência do parto

enquanto evento da esfera familiar e íntima para se tornar um evento dominado por

intervenções médicas, institucionalizado nos hospitais. Como resultado, o parto

medicalizado se tornou sinônimo de modernidade, segurança e ausência de dor. Tal

modelo de assistência ao parto tem sido denominado de modelo “tecnocrático”. Esse

modelo tecnocrático de assistência ao parto é hegemônico no Brasil e resulta em dois

tipos de partos: o parto normal vaginal traumático, dado o excesso de intervenções

médicas5, ou uma cesárea

6. (Maia, 2008; Carneiro, 2011).

Os reflexos do predomínio do modelo tecnocrático no Brasil são representados

pelas altas taxas de cesarianas, tornando o país o campeão de cesáreas no mundo. O

aumento no crescimento das taxas de cesáreas começou nos anos 1970, a proporção do

total de partos feitos no sistema público de saúde passou de 15% em 1970 para 31% em

1980 e não parou mais de crescer (Maia, 2008). Como consequência desses dados, há

algumas décadas o número excessivo de cesarianas no Brasil tornou-se um dado

alarmante, principalmente por contrariar a recomendação da Organização Mundial da

Saúde que estabelece um limite de 15% de cesarianas no total de partos. No Brasil essa

taxa chega a 52% do total, podendo chegar a 88% nos hospitais particulares7.

Dentro do modelo tecnocrático de assistência ao parto, a cesariana ou extração

fetal representa a expressão máxima da intervenção médica no processo de parturição.

Anteriormente considerada um procedimento de exceção, sendo indicada apenas em

situação de risco para mãe e/ou feto, na atualidade é um procedimento cirúrgico na

maioria das vezes programado8, sem real indicação médica de nenhum risco definido,

cuja escolha é frequentemente atribuída à gestante (MANDARINO, 2009). Segundo

Maia (2008), a cesárea seria o “padrão ouro” desta forma de assistência, por ser um

procedimento que dá ênfase à técnica, padronizado, de forma que todos os partos se

tornem muito parecidos, em oposição à imprevisibilidade inerente ao parto normal.

5 São procedimentos como o uso de enema prévio (lavagem intestinal), tricotomia (raspagem dos pelos

pubianos), ocitocina (hormônio sintético para acelerar as contrações), ruptura da bolsa, episiotomia (corte

na musculatura perineal), analgesia. (Carneiro, 2011). 6 Cirurgia em que o médico obstetra realiza um corte no abdome e no útero da mulher para retirar o bebê

através desse espaço. 7 FIOCRUZ, 2014. Pesquisa Nascer no Brasil. Acesso em 06/12/2015

<http://www6.ensp.fiocruz.br/nascerbrasil/wpcontent/uploads/2014/11/sumario_executivo_nascer_no_br

asil.pdf> 8 São as chamada cesariana eletivas. Este tipo de cesárea acontece quando a cirurgia é agendada antes da

gestante entrar em trabalho de parto.

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Dentro deste índice elevado de cesarianas, as cesarianas eletivas são as mais

criticadas. Estudos apontam que a cesárea eletiva está associada a maior necessidade de

UTI neonatal e maiores complicações tanto para mãe quanto o bebê9. Os altos índices

de cesarianas eletivas no Brasil estão ligados ao medo da mulher da dor do parto

normal; crença de que o parto vaginal afrouxa os músculos da vagina e interfere na

satisfação sexual; crença de que o parto vaginal é mais arriscado para o bebê do que

uma cesárea; uso da cesárea para a realização de laqueadura tubária; e a associação

entre parto vaginal e “imprevisibilidade” e parto cesáreo e segurança (MAIA, 2010;

MENDONÇA, 2013; CARNEIRO; 2011).

A realidade da assistência intervencionista ao parto no Brasil passou a sofrer

questionamentos e reflexões por parte de ativistas e do próprio governo. Com intuito de

modificação do predomínio do modelo tecnocrático surgiu no Brasil, partir dos anos

2000, diversos movimentos organizados em prol da “humanização” do parto

(CARNEIRO, 2008; 2011; 2015).

O conceito de humanização do parto é amplo e polissêmico10

, e envolve os

conhecimentos, as práticas e as atitudes que objetivam promover parto e nascimentos

saudáveis, que garantam a privacidade, a autonomia e o protagonismo da mulher. Tendo

como objetivo predomínio de procedimentos comprovadamente benéficos e que evitem

intervenções desnecessárias, sendo capazes de prevenir a morbi-mortalidade materna e

fetal (MAIA, 2008). Os primeiros núcleos em prol da humanização do parto surgem na

década de 80 no Brasil, formados por profissionais de saúde inspirados por práticas

tradicionais de parteiras e índios (DINIZ, 2001). Contudo, é na década de 90, com a

fundação da Rede de Humanização do Parto e do Nascimento (Rehuma), composta por

profissionais de saúde, em sua maioria enfermeiras e médicos obstetras, assim como

integrantes do movimento de mulheres e feminista, que o movimento pela humanização

do parto ganha força.

Segundo Carneiro (2011) o grupo de mulheres que busca parir de forma mais

“natural” possível é heterogêneo. Essas mulheres querem ser “a mulher que dá à luz e

não só mais uma mulher no hospital”, buscando escapar do modelo padrão de atenção

9 FIOCRUZ, 2014. Pesquisa Nascer no Brasil. Acesso em 06/12/2015

<http://www6.ensp.fiocruz.br/nascerbrasil/wpcontent/uploads/2014/11/sumario_executivo_nascer_no_br

asil.pdf>

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Diniz, 2001.

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dada ao nascimento, do timing dos hospitais, dos manuais obstétricos e, se possível, da

cesariana eletiva.

O fortalecimento da popularização do movimento de humanização do parto no

Brasil, ao longo das últimas décadas, como alternativa de assistência ao parto acarretou

no embate contemporâneo entre os modelos de assistência ao parto tecnocrático e

humanizado, evidenciando o conflito entre esses dois modelos de assistência.

(MENDONÇA, 2013). Nesta nova configuração, o ciberespaço, qual seja, blogs; sites e

redes sociais é entendido como espaço de sociabilidade e construção simbólica, mais do

que mero meio de comunicação. Segundo nos relata Carneiro (2011) em sua tese, o

mundo cyber tem papel fundamental no processo de informação, popularização e

ativismo do modelo de humanização do parto no Brasil. Entre suas informantes,

frequentadoras de cursos de preparação para o parto humanizado, a maioria tinha

ouvido falar de parto humanizado pela internet, por meio de sites, blogs e redes sociais.

Partindo desse pressuposto, esses espaços se configuram como uma esfera pública

digital, onde anseios, reivindicações, demandas, argumentações e construções sociais

acerca dos modelos de assistência ao parto são expostos e compartilhados.

Cibercultura e Modelos de Assistência ao parto:

Entendida como espaço de sociabilidade, mais do que mero meio de comunicação, a

internet configura-se em espaço onde se desenvolvem práticas culturalmente

determinadas. Segundo Carvalho (2015), o crescimento exponencial do uso da internet e

da Comunicação Mediada por Computador (CMC) na vida cotidiana implica em novas

formas de representação social. A esse locus Gibson citado por Carvalho ( 2015)

cunhou o nome de “ciberespaço”, qual seja, espaço simbólico que abriga um leque

muito vasto de atividades de caráter societário, e que é palco de práticas e

representações dos diferentes grupos que o habitam. Os fenômenos e práticas sociais,

políticas e culturais que se articulam dentro do ciberespaço denomina-se cibercultura.

Partindo dessa noção de ciberespaço enquanto construção de ciberculturas dos

diferentes grupos que o habitam, podemos exemplificar a emergência de grupos de

discussões de mulheres na internet em prol do parto humanizado e grupos de mulheres

em prol da cesariana como um fenômeno desse processo. Esse embate público

estabelecido no âmbito do ciberespaço configura-se como parte do embate social e

científico mais amplo sobre os modelos de assistência à gestação e parto no Brasil,

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assim como do direito à escolha do tipo de parto por parte da mulher, espelhando um

espaço fundamental para as análises de como as mulheres defensoras de ambos os

modelos de assistência ao parto se relacionam, respondem e se posicionam com relação

a discursos, informações e argumentos que permeiam esse embate. Diversos estudos

mostram a importância da internet enquanto espaço de legitimação, reprodução e

construção de discursos referentes aos modelos de assistência ao parto (CARVALHO,

2015; MENDONÇA, 2013; CARNEIRO, 2011; DINIZ, 2001).

Através de uma pesquisa etnográfica virtual das páginas da rede social facebook

“Não me obriguem ao um parto normal-2” e “Mães, Cesárea & Cia” busco analisar

neste paper as noções de corporeidade e direito de escolha de parto de um grupo de

mulheres que se posicionam enquanto defensoras do parto cesariana. Os resultados

preliminares apresentados neste paper faz parte de minha pesquisa de mestrado

intitulada “Não me obriguem a um parto normal”: concepções de corpo, autonomia e

direito de escolha de mulheres gestantes que optam pela cesárea eletiva.

Grupos pró-cesárea: páginas em defesa das cesarianas eletivas.

Este paper irá analisar duas páginas da rede social facebook que tem como objetivo

a defesa da cirurgia cesariana. São elas: “Não me obriguem a um parto normal” e

“Mães, cesáreas & Cia”. O header, bem como o avatar das páginas, remetem a cirurgia

cesariana e a gravidez.

Figura I- Header e avatar da página “Não me obriguem a um parto normal”

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Figura II- Header e avatar da página “Mães, Cesárea & Cia”

Na descrição curta da página “Não me obriguem a um parto normal”, lê-se: “Página

de mães, médicos, psicólogas criada para casais esclarecendo a realidade do

atendimento ao parto, riscos, o momento mágico que é ter um filho!” e na descrição

curta da página “Mães, Cesárea & Cia”, lê-se: “Página que envolve todo o universo

materno, desde a gravidez, partos e criação, sem preconceitos ou julgamentos por via de

parto e maternagem. Mães Reais”.

Estas duas páginas tem em comum a defesa da cirurgia cesariana, principalmente a

cesariana eletiva, enquanto via de parto, desde que seja a vontade da mulher e sua

escolha. As postagens envolvem informações e procedimentos da cirurgia cesariana,

discussões acerca dos modelos de assistência ao parto tanto tecnocrático quanto

humanizado; relatos de partos; dia a dia da maternidade; compartilhamento de dúvidas

sobre criação e saúde dos filhos, questões que envolvem as mulheres no pré-parto, parto

e pós-parto. As publicações das páginas envolvem um leque amplo de assuntos,

questionamentos e discussões, sendo necessária uma análise ampla para abarcar todo

universo. Para este paper irei analisar duas questões que são recorrentes dentre as

publicações, quais sejam, as noções sobre transformações corporais e o direito de

escolha em relação a via de parto.

Cicatriz do amor: hierarquizações das transformações corporais.

A gestação e o parto são considerados eventos socioculturais e fenômenos

fisiológicos, produzidos no corpo feminino que em sua maioria acarreta transformações

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corporais. Como nos relata Paim (1998), as marcas inscritas no corpo feminino após as

experiências da gravidez, do parto e aleitamento parecem deixar o registro da função

social considerada ideal neste universo simbólico.

As mulheres costumam evidenciar as marcas que ficaram em seus corpos como

evidencia da experiência e da coragem do processo de parturição. A exaltação das

marcas corporais do processo de parto é recorrente entre as postagens das páginas

analisadas, como a denominação da cicatriz da cirurgia cesariana como a “cicatriz do

amor”.

Figura III- página “Mães, Cesárias & Cia”, 06/01/2016.

Esta postagem veio acompanhada de um texto, de autoria da administradora da

página, que evidenciava as transformações corporais como resultados de um processo

de entrega da mulher ao processo de parturição:

[...] pessoas insensíveis dirão com um tom

sarcástico que a cesárea é uma cirurgia, logo, o que

essa mãe teve foi a extração do feto.

Qual é o prazer de negar a uma mãe a

nomenclatura do nascimento do filho (a)?

[...]Eu gestei meu filho por longos noves meses

difíceis...

Senti enjôos, muita azia e mal estar.

Vi minha barriga ganhando estrias de presente da

gestação, meus cabelos caindo, minha pele oleosa

e o meu peso aumentando.

[...] Me lembro que senti um medo absurdo de

morrer quando entrei de cadeira de rodas no centro

cirúrgico, meu coração doía tanto, eu tremia, batia

queixo...

Vi toda aquela aparelhagem, tantos médicos

[...]Só saí do meu mundo cheio de medo quando o

médico disse: "pode vir pai, é agora..."

Olhos arregalados, coração doendo, garganta

arranhando com aquela vontade de chorar

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Me esqueci da cesárea, da anestesia, do bisturi, das

sete camadas cortadas, dos acessos do soro e das

instruções passadas a mim, de que não podia

levantar a cabeça...(rsrs)

(..)Fiquemos com a nossa cirurgia...

A nossa cirurgia do AMOR... da VIDA... da

GRATIDÃO, da DOAÇÃO... Fiquemos com o

nosso renascimento. (grifo meu)

Os comentários de seguidoras da página demonstram concordância com exaltação da

cicatriz da cesariana enquanto transformação corporal, resultado da entrega da mulher

ao processo de parturição:

“Minha cicatriz é a forma mais linda de

mostrar que eu gestei o amor”

“Também não tenho vergonha da minha

cicatriz não... msm ela sendo Qse

imperceptível, tenho orgulho isso sim, foi

por ela que saiu o meu bem mais

precioso.”

“A minha tmb foi ponto de plástica. Até o

terceiro dia estava lindinha. Rsrsrs mas a

partir daew, foi sofrido. Abriu, vazou,

inchou e por fim cicatrizou. Tive

queloides(acho que é esse o nome). Mas

não me incomodo nem um pouco. Foi

graças a ela que meu príncipe veio ao

mundo.”

Outra postagem também demonstra a ressignificação da cicatriz da cesariana

como algo de positivo no processo de parturição. Na postagem podemos ver uma

imagem de uma mulher com o bebê entre as pernas e a cicatriz da cirurgia cesariana em

evidência, seguido do seguinte texto:

EU CARREGO UMA CICATRIZ

A cicatriz que eu carrego no meu corpo pode não

ser linda de aparência, mas é linda e rica em

significados.[...]

Essa cicatriz é um orgulho porque?

Porque ela me proporciona lembranças sem

igual, únicas, que carregarei comigo até o último

dia da minha vida[...]

Ela é só um detalhe perto da imensidão que é a

maternidade, mas me sinto realizada porque

através dela eu pude me tornar mãe (...)

E é ao olhar essa cicatriz que eu posso dizer

todos os dias - Eu te amo filha!

E agradeço a Deus por guiar as mãos dos

médicos do mundo todo que fazem parto

cesariana, salvando vidas, e/ou simplesmente

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respeitando a vontade de cada mãe, na sua

escolha de dar a luz.

[...]

Eu me orgulho da minha cicatriz!![...]

As demais pessoas que te criticam por você tê-la

em seu corpo... bem, ignore, elas não sabem o

real significado, essas pessoas são superficiais.

Ame seu corpo e ame suas cicatrizes, cada uma

tem um significado que importa somente a você.

Eu carrego e amo minha cicatriz!!

Figura IV- página “Mães, Cesáreas & Cia”, do dia

01/01/2016

Ao analisar estas postagens concordo com o argumento de Paim (1998) ao

verificar em sua pesquisa que as mulheres que sofreram transformações corporais por

conta do processo de parturição as associam a experiência que maternidade deixou em

seus corpos. As marcas parecem ficar como um registro do status de mulher adulta,

alcançado através da maternidade. A cicatriz ao ser associada ao “amor”, “maternidade”

é positivada enquanto consequência “necessária” e “tolerável” da transformação do

corpo feminino. Devendo ser exaltada enquanto sinônimo de “coragem” e “entrega” da

mulher ao evento de parturição.

Contudo, faz-se necessário uma análise critica em torno das marcas permanentes

inscritas no corpo feminino em decorrência do parto. Enquanto a cicatriz da cesariana é

relacionada a uma memória afetiva, existem transformações corporais que são

associadas a uma visão negativa dentro do universo de pesquisa.

As transformações corporais que podem ser provocadas pelo parto vaginal,

como a cicatriz da episiotomia ou do períneo, são vistos como consequências negativas

e que devem ser evitadas. Nesse sentido, a escolha pela cirurgia cesariana é justificada

por conta da prevenção por parte dessas mulheres de possíveis transformações corporais

indesejáveis.

Uma publicação da página “Não me obriguem a um parto normal-2” retrata a

relação entre parto normal e as consequências “negativas” que esse tipo de parto pode

ocasionar no corpo da mulher.

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Figura V- página “Não me obriguem a um parto normal 2”, 24/02/2016

Nesta publicação é compartilhado um comentário de outra página, não identificada, em

que a mulher relata as transformações corporais que ocorreram em seu corpo em

decorrência do parto normal. Seguem alguns comentários de seguidoras:

“Ain, ‘parto normal é melhor para a mulher’.

Não, obg! Melhor pra mim é meu filho saudável

em meios braços e meu brinquedinho

funcionando. Kkkkkk”

“kkkkkkkk depois dizem ‘fiquei mais

apertadinha’ uhum... Seeeeeei”

“Depois de 3 PC meu brinquedo tá intacto.

Graças. Rsrsrsrsrsrs”

“Prefiro cesárea mil vezes”

“kkkkkkkk. Quebrou o brinquedo. O meu está

intaquito.”

Os comentários em relação a esta postagem evidenciam a relação entre escolha

do tipo de parto e corporeidade. Diversos estudos retratam a relação entre sexualidade e

tipos de parto no que diz respeito a preferência da mulher (DINIZ, 2006;

MANDARINO, 2009; CARNEIRO, 2011). Diniz (2006) mostra como consequência da

assistência ao modelo tecnocrático e das práticas dolorosas presentes nas maternidades

do brasil, independente da via de parto, normal ou cesárea, as mulheres são submetidas

a marcas permanentes nos corpos: o corte por cima (cesárea) ou corte por baixo

(episiotomia). A cicatriz da cesariana não aparece como uma dificuldade para a escolha

da cirurgia cesariana, pelo contrário, é vista como superior ao parto normal. Enquanto a

preocupação em preservar a genitália feminina, algumas mulheres são levadas a

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acreditar que o parto normal é como um estupro, uma forma horrenda de vitimização

sexual.

Fica evidente que existe uma hierarquização de marcas corporais, caracterizadas

enquanto “adequadas” e “inadequadas”. A partir do momento em que elas se adaptam,

ou não, a uma ideal de corpo feminino idealizado pela sociedade. Nesse sentido, se

ressignifica cicatrizes que são associadas a uma experiência positiva de entrega da

mulher, enquanto outras “marcas” refletem uma desconstrução, por parte de mulheres

do universo pesquisado, do corpo feminino ideal que, portanto, deve ser evitadas.

Emilia Sanabria (20013), em sua pesquisa analisa como, no Brasil, as ontologias

médicas e populares brasileiras enxergam o corpo como consideravelmente plástico e

suscetível a mudanças e aperfeiçoamentos. A noção de corpo plástico pode ser

explicado pelo fato do corpo ser compreendido como maleável e plástico. Isso mostra

que, em vez de romper as fronteiras do corpo, as intervenções médicas tecnocráticas, tão

arraigadas nas práticas da medicina brasileira, são essenciais para a produção do corpo e

suas delimitações.

Edmonds e Sanabria (2016) demonstram como a plástica e as terapias hormonais

são usadas para fins não médicos, como: modular afetos ou desempenhar a força física,

no âmbito profissional abrir portas para novos mundos sociais, copiar modelos de capa

da Playboy, aumentar o desejo ou proteger um casamento. Esses usos revelam tensões

entre as normas sociais e médicas “genderizadas” da feminilidade moderna (idem, pg.

195). Ademais, os autores mostram como mulheres usam técnicas como melhoramento

da qualidade de vida para reagir às expectativas sociais e somáticas que delimitam a

passagem pelo curso da vida que envolvem a gravidez e o parto.

Para os autores, a gravidez e o parto são vistos socialmente como passíveis de

trazer riscos e causar danos iatrogênicos ao corpo da mulher, que podem ser

“corrigidos” por meio de intervenção cirúrgica. Nesse sentido, a cirurgia às vezes é

representada como um meio legítimo de evitar danos ao períneo e não comprometer o

futuro bem-estar sexual. Segundo Edmonds (2013), apesar de a cesariana evitar danos

pélvicos, ela resulta em danos estéticos no abdômen – cicatrizes e flacidez – que podem

ser reparados por plástica. Tornar a cesariana uma prática rotineira contribui, portanto,

para uma nova “necessidade” médica de cirurgias estéticas corretivas. Esse efeito

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cascata de necessidades cirúrgicas pode ser evidenciado em uma publicação de uma das

páginas analisadas.

Figura VI, página “Mães, Cesárea & Cia”, 12/03/2016.

Destaco alguns comentários:

“E se puder emenda uma abnoplastia aí

que já tá cortado. Hahaha. Essa página é

a melhor.”

“Marquei o dia, abri e colei. Tá novo, de

novo. Só faltou a abdominoplastia como

bem lembrou a (...), mas se tiver outra

vez, tô dentro tb. Rsrsr”.

Estes comentários apontam para valorização da cirurgia plástica enquanto

superioridade das intervenções médicas e reforçam o desejo de realização de outros

tipos de cirurgia para reparação do corpo. Conforme essa analise, concordo com o

argumento de Edmonds (2013) de que a cirurgia estética está sendo integrada à

obstetrícia e à ginecologia e usada para corrigir danos iatrogênicos resultantes das

práticas dominantes na saúde da mulher. Um efeito disso é que a “estética” entra em

cena como uma dimensão fundamental dos cuidados rotineiros com a saúde da mulher

no Brasil.

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