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    FIDES REFORMATA XIX, N 1 (2014): 21-33

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    NODEIXEMOSDECONGREGAR-NOS:

    ENFRENTANDOOPROBLEMADAEVASODEMEMBROSAlderi Souza de Matos*

    RESUMO

    Um das situaes que mais afetam as igrejas evanglicas e afligem osseus lderes o afastamento de membros. Tal fenmeno no recente, mastem se agravado nos ltimos anos, constituindo-se num grande desafio nombito pastoral. So variadas as causas que levam as pessoas a abandonaremsuas igrejas e tais causas precisam ser conhecidas, analisadas e enfrentadas.

    Este artigo se prope a discutir essa questo dos pontos de vista histrico ebblico, propondo, ao mesmo tempo, medidas que podem ser tomadas paraatenuar essa dificuldade.

    PALAVRAS-CHAVE

    Eclesiologia; Evaso de membros; Liderana da igreja; Ministrio pas-toral; Ps-modernidade.

    INTRODUO

    Um neologismo tem se tornado comum nos ltimos anos fidelizao.Trata-se de um termo da rea de publicidade e marketing que traduz um de-sejo de empresas em diferentes ramos de atividade: o de que seus clientes ouconsumidores se mantenham fiis a elas e a seus produtos. Especialmente emsetores nos quais existe forte concorrncia, trata-se de um alvo buscado comcrescente intensidade. Evidentemente, a fidelidade das pessoas a um determi-nado fornecedor ou prestador de servios pode no ter quaisquer implicaesticas. Se algum cliente da pizzaria a ou b e utiliza os servios dessa ou

    * O autor tem o grau de Doutor em Teologia (Th.D.) pela Escola de Teologia da Universidade deBoston. professor de teologia histrica no CPAJ e historiador da Igreja Presbiteriana do Brasil.

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    daquela companhia de telefonia celular, isso no tem maiores consequnciasfora da rea mercadolgica. Em outras esferas, todavia, a fidelidade adquireuma importncia muito maior, como o caso da poltica partidria. No Brasil,h muito tempo um bom nmero de polticos tem se envolvido com uma pr-tica condenvel: a troca frequente de partidos, geralmente por motivos poucoelogiveis. Eles se filiam a uma legenda, elegem-se por ela e depois, movidos

    por interesses muitas vezes questionveis, simplesmente se transferem paraoutra. Em anos recentes tm sido aprovadas leis visando coibir a chamadainfidelidade partidria.

    Pois bem, esse um tema que tambm interessa de perto s igrejas evan-glicas. um fato conhecido que muitas delas, se no todas, experimentamum considervel xodo de membros. Muitas vezes feito um grande esforono sentido de atrair novos adeptos, para depois perder parte deles pelos mais

    diferentes motivos. Muitos lderes parecem no estar preparados para lidar comessa realidade e so escassos os materiais publicados que tratam do assuntodesde uma perspectiva pastoral. O objetivo deste artigo analisar essa questodos pontos de vista histrico e bblico, bem como propor estratgias a seremtomadas para amenizar esse problema.

    1. DIMENSO HISTRICA

    O problema da evaso de seguidores j pode ser visto no Novo Testa -mento, desde a poca do ministrio de Jesus. bem conhecido o episdio em

    que, depois de um discurso contundente do Mestre, muitos de seus discpulosdeixaram de segui-lo (Jo 6.66). Na igreja primitiva, o abandono da comunhocrist geralmente estava associado apostasia, desero da f, sendo conde-nado vigorosamente. essa a atitude do autor da 1 Epstola de Joo, que serefere aos desertores como anticristos e acrescenta: Eles saram do nossomeio; entretanto no eram dos nossos; porque, se tivessem sido dos nossos,teriam permanecido conosco; todavia, eles se foram para que ficasse mani-festo que nenhum deles dos nossos (1Jo 2.19). Na 1 Epstola a Timteo,Paulo afirma que, nos ltimos tempos, alguns apostatariam da f (1Tm 4.1).

    importante lembrar que os primeiros cristos entendiam estar vivendo nosltimos dias. Assim, a realidade da apostasia era algo contemporneo, e nosomente futuro. A epstola aos Hebreus lida muito diretamente com a proble-mtica do abandono da f, exortando os crentes a perseverarem no evangelho(2.1-3; 3.12-13; 6.11-12). A certa altura, o autor deixa claro que a desero dacomunidade crist era uma realidade naqueles dias, mas apela aos seus leito-res para que resistam contra isso: No deixemos de congregar-nos, como costume de alguns; antes, faamos admoestaes e tanto mais quanto vedesque o Dia se aproxima (10.25).

    Essa problemtica continuou existindo nos trs primeiros sculos da eracrist, o perodo em que o cristianismo era considerado uma religio ilegal

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    (religio illicita). As duas principais causas de afastamento da igreja eram ofascnio das heresias ou das religies alternativas e o temor das perseguies.Muitos cristos deixavam a igreja catlica, a corrente principal do cristia-nismo, considerada ortodoxa, fiel ao legado de Cristo e dos apstolos, parase unir a manifestaes heterodoxas como o gnosticismo, o montanismo, omarcionismo e outros movimentos. A literatura crist antiga est repleta dealuses a esses grupos e aos males que causavam igreja e seus fiis.

    No contexto das perseguies, muitas delas restritas e localizadas, e ou-tras amplas e gerais, um grande nmero de pessoas abandonava a comunidadecrist. Elas o faziam justamente para no serem submetidas aos sofrimentosresultantes da ao repressora do estado. Porm, cessada a perseguio, surgiaum difcil problema pastoral a ser enfrentado pelos bispos, os lderes da igreja.Muitos desses indivduos que haviam negado a Cristo e se entregue idolatria

    e outras prticas, arrependiam-se e manifestavam o desejo de retornar igreja.As atitudes dos bispos variavam em relao a tais pessoas: alguns deles, ado-tando uma postura tolerante, reintegravam-nas com relativa facilidade; outros,conhecidos como rigoristas, submetiam-nas a um longo e rduo processo dereinsero na comunidade crist. Em alguns casos, esse processo podia durar avida inteira e o indivduo somente era readmitido comunho no seu leito demorte, caso tivesse se mantido fiel at ento. Essa situao viria a resultar nodesenvolvimento do sacramento da penitncia, que visava lidar com a realidadedo pecado na vida dos batizados.1

    Com o advento da era constantiniana, no incio do quarto sculo, mar-cada pela aliana da igreja com o estado e pelo surgimento do cristianismocomo religio oficial do Imprio Romano, o problema da desero tomounovos contornos. Agora, sendo a igreja majoritria e aliada ao poder civil,era altamente desejvel permanecer nela, e muito arriscado deix-la. Surgiuassim uma inverso de situaes: enquanto nos trs primeiros sculos muitosabandonavam a igreja para no serem perseguidos, agora essa desero quese tornou passvel de castigo, principalmente no caso dos heterodoxos. Um

    bispo espanhol, Prisciliano, e alguns de seus seguidores, foram os primeirosindivduos a serem executados por heresia na histria do cristianismo, em 385.2

    Tal situao perdurou ao longo de toda a Idade Mdia. No contexto dacristandade, ou seja, a sociedade europeia fortemente influenciada pelaIgreja Romana, o problema do abandono da igreja ou da f ficou relativa-mente minimizado. Todas as pessoas eram batizadas na infncia e se tornavam

    1 Ver: WALKER, Williston. Histria da igreja crist. 2 vols. So Paulo: Aste, 1967, vol. 1,p. 136-39; KELLY, J. N. D.Doutrinas centrais da f crist. So Paulo: Vida Nova, 1994, p. 149-51,

    163-66.2 DOUGLAS, J. D. (ed. geral). The New International Dictionary of the Christian Church. 2 ed.

    Grand Rapids: Zondervan, 1978, p. 804.

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    nominalmente crists. Os sditos de um estado eram ao mesmo tempo membrosda nica igreja. Cidadania e f se equivaliam. Nesse contexto, no havianenhuma tentao ou oportunidade para abandonar a comunidade eclesial.Essa realidade se alterou profundamente com o surgimento da Reforma Pro-testante. Esse movimento rompeu a cristandade e introduziu o princpio dadiversidade religiosa no contexto do cristianismo europeu. Tal fato incentivouo trnsito das pessoas de uma confisso religiosa para outra. Alm disso, oadvento de uma mentalidade secularizante, associada com o Renascimentoe o Humanismo, levou muitas pessoas a simplesmente rejeitarem qualquerreligiosidade institucional.

    Curiosamente, por um bom tempo as novas igrejas protestantes mantive-ram a mentalidade hegemnica do catolicismo medieval. Em todas as naesou regies protestantes havia uma igreja oficial, fosse ela luterana, reformada ou

    anglicana, e os adeptos de outros grupos eram submetidos a diversas restri-es. A nica exceo eram os anabatistas, que rejeitavam qualquer associaoentre a igreja e o estado. Esse sistema se transferiu para as colnias inglesasda Amrica do Norte, onde cada colnia tinha a sua prpria igreja oficial e osdissidentes sofriam srias limitaes e at mesmo rigorosas punies, comofoi o caso dos quacres em Massachusetts. Finalmente, com a independnciaamericana e a consagrao da norma constitucional de separao entre igrejae estado, surgiu o fenmeno conhecido como denominacionalismo, ou seja,uma situao em que as mais diversas confisses religiosas tm exatamente

    o mesmo status e plena igualdade diante da lei, ningum podendo ser punidopor pertencer a este ou aquele grupo confessional, ou a nenhum deles.3

    Evidentemente essa situao estimulou ainda mais a infidelidade ecle-sistica. Como as pessoas tinham muitas opes religiosas, e no sofriamnenhuma sano se transitassem de uma para outra, esse fato passou a ocorrercom frequncia. Outras pessoas, por diferentes razes, simplesmente deixavamsuas comunidades de origem e no se filiavam a nenhuma outra, optando poruma vida irreligiosa.

    2. NO BRASILComo sobejamente conhecido, dois tipos de igrejas protestantes fo-

    ram implantadas no Brasil no sculo 19: aquelas constitudas de imigranteseuropeus, como a anglicana e a luterana, e aquelas surgidas como resultadoda atividade missionria europeia e norte-americana (congregacionais, pres-

    biterianos, metodistas, batistas, episcopais e outros). Embora imperasse nopas a unio entre igreja e estado, sendo a Igreja Romana a religio oficial doimprio, entre as igrejas protestantes, principalmente as de origem missionria,

    3 Ver: ELWELL, Walter A. (ed.).Enciclopdia histrico-teolgica da Igreja crist. Em 1 volume.So Paulo: Vida Nova, 2009, p. 409-412.

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    ocorria na prtica o fenmeno do denominacionalismo, que se consagroudefinitivamente com o advento da Repblica.

    Por muito tempo houve considervel trnsito de membros entre as de-nominaes tradicionais, o que era visto com certa naturalidade. Ningum seespantava ou se afligia se um presbiteriano passava a frequentar uma igreja

    batista, ou um congregacional se tornava metodista. Por causas das afinidadesentre essas igrejas, tais transferncias no chegavam a chocar. Isso ocorriainclusiva com pastores: no incio do sculo 20, dois ministros metodistas deigual sobrenome, Manoel de Arruda Camargo e Jovelino Moraes de Camargo,serviram a igreja presbiteriana por alguns anos, sem que isso causasse qualquerestremecimento entre as duas denominaes.4Muito diferente era a situaoem que o afastamento de membros ocorria num contexto conflitivo, quer comoresultado de cismas, adeso a grupos considerados heterodoxos ou quebra de

    padres doutrinrios e ticos. A seguir, so examinados alguns desses casosem conexo com a igreja presbiteriana brasileira.

    2.1 Cises ou cismas

    Historicamente, a ocorrncia de divises nas igrejas tem sido uma causaimportante para o afastamento de membros. O primeiro cisma ocorrido noincipiente presbiterianismo nacional foi aquele associado ao Dr. Miguel VieiraFerreira (1837-1885), engenheiro pertencente a uma famlia aristocrtica doMaranho. Em abril de 1874, ele foi recebido por profisso de f e batismo pelo

    Rev. Alexander Blackford, na Igreja Presbiteriana do Rio de Janeiro. Poucosmeses depois foi eleito presbtero e acompanhou o missionrio em algumasviagens evangelsticas. O pastor seguinte daquela igreja, Rev. Dillwin M.Hazlett, estando envolvido com outras atividades, entregou-lhe o plpito comfrequncia. Dotado de um temperamento mstico, que anteriormente o havialevado a envolver-se com o espiritismo, o Dr. Miguel comeou a fundamentarseu ensino em sonhos e vises, pretendendo ter revelaes diretas de Deus. Emfevereiro de 1879, ele foi suspenso do presbiterato. Em setembro daquele anoretirou-se da igreja com 27 pessoas, muitas delas de sua famlia, criando a Igreja

    Evanglica Brasileira, uma pequena denominao que existe at os dias de hoje.5

    Esse episdio foi objeto de vrias anlises do professor mile Lonard, que oconsiderou um caso de iluminismo protestante.6Do ponto de vista pastoral,

    4 LESSA, Vicente Themudo.Anais da 1 Igreja Presbiteriana de So Paulo (1863-1903). 2 ed.So Paulo: Cultura Crist, 2010, p. 224, 322s, 559; FERREIRA, Histria da Igreja Presbiteriana doBrasil. 2 vols. 2 ed. So Paulo: Casa Editora Presbiteriana, 1992, p. 76.

    5 Ver: LESSA, 2010, p. 144-47; MATOS, Alderi S. Os pioneiros presbiterianos do Brasil(1859-1900): missionrios, pastores e leigos do sculo 19. So Paulo: Cultura Crist, p. 461-63.

    6 Ver: LONARD, mile-G. O protestantismo brasileiro. 3 ed. So Paulo: Aste, 2002, p. 76-79;idem, O iluminismo num protestantismo de constituio recente. So Paulo: Cincias da Religio, 1988.Iluminismo aqui significa o apelo a revelaes diretas de Deus.

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    vale destacar a temeridade dos missionrios em ordenar ao presbiterato esseindivduo recm-convertido e posteriormente confiar-lhe o plpito.

    Posteriormente, com o cisma de 1903, que resultou no surgimento daIgreja Presbiteriana Independente, um nmero muito maior de membrosdeixou a igreja presbiteriana sinodal, gerando incontveis amarguras poranos a fio. A partir da dcada de 1960, o movimento de renovao espirituale posteriormente as influncias neopentecostais continuaram a produzir divi-ses e afastamento de membros. Por sua natureza e por seu carter coletivo,esse tipo de evaso dificilmente pode ser sanado, embora ocorram casos emque as pessoas acabam se decepcionando com o grupo separatista e fazem ocaminho de volta.

    2.2 Adeso a outros grupos religiosos

    Outro motivo para a evaso de membros tem sido o retorno confissoreligiosa original ou a filiao a outros grupos, evanglicos ou no. So umtanto comuns nos anais da histria presbiteriana os casos em que membrosvindos do catolicismo retornavam velha igreja ou ingressavam nas fileirasespritas. Porm, com mais frequncia os lderes lamentam a adeso de fiisa seitas protestantes, como sabatistas, pentecostais e outros movimentos.7Um exemplo interessante pode ser visto no primeiro livro de atas do conselhoda Igreja Presbiteriana de Guarapuava, no interior do Paran, organizada em1889. Em maio de 1921, o conselho dessa igreja excluiu do seu rol 12 pessoas

    por terem se filiado Igreja Presbiteriana Independente, 14 Igreja Luterana,23 aos sabatistas e duas aos espritas.8 importante lembrar que muitos dessesindivduos residiam fora da sede e recebiam escassa assistncia pastoral, um

    problema comum na poca. Alm disso, tais deseres provavelmente ocor-reram ao longo de vrios anos. No caso das adeses Igreja Luterana, todosos envolvidos eram de origem alem.

    Em sua histria do presbiterianismo brasileiro, Jlio Andrade Ferreira serefere ao duro golpe sofrido pela Igreja Presbiteriana do Brs, em So Paulo,quando foi implantada no mesmo bairro a Congregao Crist no Brasil.9Em

    outro lugar ele fala das visitas do Rev. Roberto Frederico Lenington a PontaGrossa, no Paran, onde os adventistas andavam dizimando o rebanho.10Obviamente, essas incurses proselitistas acabavam por afastar membrosindividuais e famlias inteiras de muitas igrejas presbiterianas.

    7 Diversos pastores escreveram livros ou opsculos combatendo esses grupos. Por exemplo:Jernimo Gueiros, A heresia pentecostal; Alcides Nogueira, Heresias sabatistas.

    8 Atas da Sesso da Igreja Presbiteriana de Guarapuava (1889-1927), 07.05.1921, fl. 168s.9 FERREIRA, Jlio A.Histria da Igreja Presbiteriana do Brasil. 2 vols. 2 ed. So Paulo: Casa

    Editora Presbiteriana, 1992, vol. 2, p. 202.10 FERREIRA, 1992, vol. 2, p. 130. Na mesma pgina, ele afirma que o Rev. George Landes

    visitava todo o litoral de Santa Catarina, j atacado por adventistas.

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    2.3 Abandono da f

    Um terceiro fator motivador de abandono das fileiras das igrejas era arenncia f, por diferentes motivos. Particularmente lamentadas eram asdeseres resultantes da quebra dos padres ticos das igrejas evanglicas, em

    especial na forma de vcios e adultrio. Um caso ilustrativo o do Dr. AntnioTeixeira da Silva (1863-1917), advogado natural de Tiet e irmo de D. Ale-xandrina Braga, me do Rev. Erasmo Braga. Ele era formado pela Faculdadede Direito de So Paulo, foi diretor do Liceu de Artes e Ofcios e lecionou porvrios anos no Curso Comercial Superior do Mackenzie College. Em 1900, foirecebido por profisso de f por seu sobrinho na Igreja Presbiteriana de Niterie se tornou um dos primeiros membros da Igreja Presbiteriana Unida de SoPaulo. Por alguns anos, revelou-se vigoroso propagandista da f evanglica,

    pregando em praas pblicas e escrevendo folhetos e livros. Sua principal

    obra foi O catolicismo romano e o cristianismo puro(1902), que teve grandecirculao. Foi um dos organizadores da Aliana Evanglica da capital paulistae um dos lderes iniciais do Esforo Cristo.11

    No incio de 1906, o Dr. Teixeira da Silva comunicou ao conselho dasua igreja que tinha descrido do evangelho e vivia na transgresso do stimomandamento, pedindo o seu desligamento do rol de comungantes.12Por v-rios anos esteve afastado da f. Porm, segundo os registros da poca, durantea enfermidade que o levou morte, mostrou-se contrito e arrependido.13Oslivros de atas das primeiras igrejas presbiterianas esto repletos de registrosde demisso de membros por motivos semelhantes. Por outro lado, algunsse afastavam simplesmente por terem deixado de crer, sem terem cometidoalguma transgresso moral. Em sua obra clssica sobre o presbiterianismonacional, o historiador Vicente Themudo Lessa se refere a vrios indivduosque ingressaram na igreja, mas no perseveraram na f. Entre outros, elemenciona o mdico e cientista Vital Brasil Mineiro da Campanha; o jornalistae poeta Tefilo Barbosa; o candidato ao ministrio e mais tarde advogadoRandolfo Campos; Ricardo Figueiredo, diretor de O Estado de So Paulo, e

    Agnelo Costa, advogado, poltico e jornalista no Maranho.14

    3. O CENRIO ATUAL

    Como se percebe, a evaso de membros um fenmeno antigo no pro-testantismo brasileiro, porm nos ltimos anos adquiriu propores alarmantes.O censo de 2010 realizado pelo IBGE revelou um contingente de quatro

    11 MATOS, 2004, p. 483.

    12 1 Livro de Atas da Sesso, Igreja Presbiteriana Unida de So Paulo, 04.01.1906, fl. 175s.13 LESSA, 2010, p. 537; O Estandarte, 01.02.1917, p. 11.14 LESSA, 2010, p. 183, 359, 433, 533, 563.

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    milhes de evanglicos que declararam no estar filiados a nenhuma igreja.No se trata de pessoas que deixaram de abraar a f crist e evanglica. Elascontinuam a se considerar crists ou evanglicas, mas no julgam necessriauma vinculao eclesistica. Para designar esses indivduos, foi criado noBrasil h alguns anos o neologismo desigrejados, correspondente ao inglsunchurched. Um estudo recente sobre o assunto foi feito por Idauro Cam-

    pos, pastor congregacional em Niteri e professor em diversos seminrios daregio. Sua dissertao de mestrado em Cincias da Religio no SeminrioTeolgico Congregacional do Estado do Rio de Janeiro foi publicada com ottuloDesigrejados: teoria, histria e contradies do niilismo eclesistico.15As referncias bibliogrficas arroladas por esse autor revelam o vasto nmerode estudos que tm se voltado para o tema nos ltimos anos.16

    Sua pesquisa revela duas causas principais para o fenmeno dos sem-

    -igreja. Muitos membros deixam as igrejas evanglicas, principalmente neo-pentecostais, por se decepcionarem com lderes autoritrios, controladores,vidos por dinheiro, prestgio e poder.17Essas pessoas se ressentem da explo-rao espiritual, emocional e financeira a que foram submetidas por pastores

    15 CAMPOS, Idauro.Desigrejados: teoria, histria e contradies do niilismo eclesistico. SoGonalo, RJ: Editora Contextualizar, 2013. Prefcio de Augustus Nicodemus Lopes.

    16 Por exemplo: AGRESTE, Ricardo.Igreja? T fora. Santa Brbara DOeste, SP: Socep, 2009;

    AZEVEDO, Israel Belo de. Gente cansada de igreja. So Paulo: Hagnos, 2010; BARNA, George.Revoluo. So Paulo: Abba Press, 2007; BITUN, Ricardo.Mochileiros da f. So Paulo: Editora Re-flexo, 2011; BOMILCAR, Nelson. Os sem-igreja. So Paulo: Mundo Cristo, 2012; BRABO, Paulo.Bacia das almas: confisses de um ex-dependente de igreja. So Paulo: Mundo Cristo, 2009; CSAR,Marlia de Camargo.Feridos em nome de Deus. So Paulo: Mundo Cristo, 2009; DARAJO FILHO,Caio Fbio. Aos desigrejados e aos que no sofrem de amnsia e outros textos. Disponvel em: www.caiofabio.net; FERNANDES, Carlos. Desigrejados: fenmeno que cresce. Cristianismo Hoje, edio 37,ano 7, 2013, p. 18-25; FERNANDES, Danilo. Srie: Desigrejados. Disponvel em: www.genizahvirtual.com.br; GOIS, Antnio e SCHWARTSMAN, Hlio. Cresce o nmero de evanglicos sem ligao comigrejas.Folha de So Paulo, 15 ago. 2011. Disponvel em: www1.folha.uol.com.br; JACOBSEN, Waynee COLEMAN, Dave.Por que voc no quer ir igreja. Rio de Janeiro: Sextante, 2009; KIMBALL,

    Dan.Eles gostam de Jesus, mas no da igreja. So Paulo: Vida, 2011; KIVITZ, Ed Ren. Outra espiri-tualidade: f, graa e resistncia. So Paulo: Mundo Cristo, 2006; LOPES, Augustus Nicodemus. Osdesigrejados. Disponvel em: http://tempora-mores.blogspot.com.br; LOPES, Augustus Nicodemus. O queesto fazendo com a igreja: ascenso e queda do movimento evanglico brasileiro. So Paulo: MundoCristo, 2008; RODRIGUES, Denise dos Santos. Os sem religio nos censos brasileiros: sinal de umacrise de pertencimento institucional. Belo Horizonte:Horizonte, v. 10, n. 20, out.-dez. 2012, p. 1130-1153;ROMEIRO, Paulo. Decepcionados com a graa: esperanas e frustraes no Brasil neopentecostal.So Paulo: Mundo Cristo, 2005; VIOLA, Frank e BARNA, George. Cristianismo pago. So Paulo:Abba Press, 2008; idem, Reimaginando a igreja. Braslia: Editora Palavra, 2009; WAGNER, Glenn.Igreja S/A: dando adeus igreja-empresa e recuperando o sentido da igreja-rebanho. So Paulo: Vida,2003; YANCEY, Philip.Alma sobrevivente. So Paulo: Mundo Cristo, 2004; idem,Igreja: por que me

    importar?So Paulo: Vida Nova, 2008; ZGARI, Maurcio. Decepcionados com a igreja. CristianismoHoje, 2010. Disponvel em: www.cristianismohoje.com.br.

    17 CAMPOS, 2013, p. 33-50.

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    inescrupulosos. Todavia, muitas delas acabam procurando outras igrejas nasquais a liderana exercida dentro de moldes mais bblicos. O segundo grupo constitudo daqueles que renunciam s suas congregaes por no mais acre-ditarem na igreja institucional. Os porta-vozes desse movimento argumentamque o uso de templos, a existncia de ministros ordenados e o ensino por meiode prdicas, entre outros fatores, so exemplos da paganizao da igreja, do seuafastamento da simplicidade do cristianismo original.18Tais lderes propemuma espiritualidade centrada em pequenos grupos, reunies em contextosinformais e um mnimo de aparato institucional. Entre eles esto Frank Vilae George Barna, nos Estados Unidos, e Caio Fbio e Paulo Brabo, no Brasil.

    Embora tenha simpatia pelo primeiro grupo, aqueles que deixaram suasigrejas por terem sido feridos em nome de Deus, Campos discorda firmementedos proponentes de uma terceira reforma. Enquanto que a primeira, a dos

    reformadores do sculo 16, teria sido doutrinria, e a segunda, a dos pietis-tas, teria ocorrido no mbito da espiritualidade, a terceira seria eclesiolgica,implicando numa profunda reformulao da igreja institucional. Conquantoreconhea, como correto, os erros da igreja enquanto instituio, inclusiveno mbito protestante, o referido autor apresenta vrios argumentos em suadefesa: o questionamento da igreja visvel no novo na histria do cristia-nismo, tendo ocorrido muitas vezes no passado19; embora a igreja neotesta-mentria tivesse uma organizao bastante singela, j se percebem os sinais deuma institucionalizao incipiente, como as instrues a respeito dos oficiais;

    nenhuma organizao pode prescindir de alguma estruturao formal isso prprio de todo grupamento humano. Mesmo que um movimento denominesuas unidades de estaes do caminho (Caio Fbio), mais cedo ou mais tardeelas iro ter caractersticas de igrejas.

    Uma das crticas mais pertinentes feitas por Campos aos proponentesda desvinculao com a igreja tem a ver com a crise de pertencimento dasociedade ps-moderna.20A mentalidade contempornea caracteriza-se porelementos como o relativismo, o pluralismo e o individualismo exacerbados.

    Nesse contexto, so desfeitos os vnculos de lealdade com as instituies.

    Esse autor conclui: Mesmo que no percebam ou que no admitam, muitoda energia dos desigrejados vem da ps-modernidade. Antes de ser uma re-voluo (como acreditam) to somente um reflexo do momento pelo qual asociedade passa.21

    18 CAMPOS, 2013, p. 51-87.19 Campos aborda em captulos separados os seguintes exemplos: o montanismo, os pais do deserto,

    o donatismo, Pedro de Bruys e Henrique de Lausanne, Hugo Speroni, Joaquim de Fiore, os anabatistas, os

    quakers, os darbistas e o cristianismo arreligioso de Dietrich Bonhoeffer.20 CAMPOS, 2013, p. 177-189.21 CAMPOS, 2013, p. 189.

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    Uma ressalva que se pode fazer a esse valioso estudo o fato de deixar deconsiderar outros fatores igualmente importantes no processo de desigrejao,como aqueles que foram considerados acima na histria do presbiterianismo

    brasileiro. Alm da decepo com lderes abusivos e com doutrinas e prticasheterodoxas, e alm do questionamento ideolgico da igreja como instituio,a realidade que muitas pessoas continuam deixando as suas congregaes

    por participarem de movimentos cismticos, se sentirem atradas por igrejasmais empolgantes, no se submeterem disciplina quando envolvidas com

    prticas conflitantes com a f crist ou simplesmente por passarem a nutrirdvidas acerca do evangelho.

    4. PERSPECTIVAS PASTORAIS

    Este artigo no tem em vista simplesmente apresentar uma perspectiva

    histrica do problema da evaso de membros e fazer um breve diagnsticodesse mal que acomete muitas igrejas, mas propor aes preventivas e correti-vas que podem ser empreendidas pelos lderes cristos. A evaso de membros um fenmeno complexo e multifacetado, decorrente de uma grande multi-

    plicidade de fatores. Existem participantes ou frequentadores que iro deixara congregao no importa o que se faa em relao a eles, mas certo quemuitos deixaro de faz-lo se forem tomadas atitudes adequadas em relaoaos problemas que enfrentam ou aos questionamentos que nutrem com relao igreja. A seguir, so apontados alguns elementos a serem considerados por

    aqueles que se preocupam com esse desafio.

    4.1 Autocrtica

    Em primeiro lugar, pastores e presbteros precisam admitir que suas igrejasno so perfeitas e podem ter caractersticas que tendero a afastar alguns deseus integrantes. O tradicionalismo, as formas rgidas de culto e organizao,a incapacidade de se adaptar a novas realidades, a falta de abertura para odilogo e outros fatores correlatos esto presentes em muitas igrejas e acabam

    por gerar insatisfao e finalmente evaso. Algum disse que muitas vezes a

    igreja fica eternamente respondendo perguntas que as pessoas no esto fazen-do e, por outro lado, deixa de responder as que elas esto levantando. Isso daos fiis a percepo de que suas necessidades, dvidas e carncias no estosendo supridas. Se bem verdade, desde uma perspectiva reformada, que oalvo precpuo da igreja a glria de Deus e no a satisfao de necessidades,

    por outro lado a igreja tem o dever de ministrar aos seus participantes em suascarncias espirituais, emocionais, relacionais e outras.

    Outro aspecto crucial diz respeito s oportunidades que as pessoas, todasas pessoas, devem ter na igreja de exercer os ministrios e dons confiados

    por Deus. Aqui, dois erros extremos podem ocorrer, um de falta e outro deexcesso. Existem membros que se frustram porque raramente tm espao para

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    fazer alguma coisa, para dar a sua contribuio. Por exemplo, aquela pessoaque nunca tem a oportunidade de fazer uma orao no culto pblico ou de terqualquer outra participao na liturgia. Ou ento quem nunca recebe um convite

    para exercer algum cargo, emitir uma opinio ou colaborar em alguma reana qual tem conhecimento ou experincia. Todavia, tambm existe o perigooposto, que sobrecarregar as pessoas com atividades, deixando-as exaustase sem tempo para outros interesses, sejam eles familiares ou comunitrios. ORev. Erasmo Braga era crtico dessa tendncia das igrejas de sua poca, tendose referido a esse problema em vrios de seus escritos.22

    Os dirigentes precisam ser sensveis e receptivos em relao s reivindica-es e solicitaes legtimas de seus fiis, evitando assim uma evaso desneces-sria. Para isso, preciso ouvi-los com frequncia, exercer o dilogo constantee, assim, realizar as correes nas normas e prticas que se faam necessrias,

    tendo em vista o bem-estar e a continuidade da participao dos membros.

    4.2 Discipulado

    Em muitas igrejas locais se verifica uma grande ironia, um grande pa-radoxo. Essas igrejas fazem um enorme e aprecivel investimento na reada evangelizao, da atrao de novas pessoas e famlias para o evangelhode Cristo. O pastor prega e ensina com frequncia a respeito do assunto, sooferecidos cursos sobre como evangelizar, utilizam-se publicaes ricas eestimulantes sobre o tema, incentiva-se o evangelismo pessoal e em grupos.

    Enfim, faz-se um vigoroso esforo para alcanar os no-crentes. Porm, tologo essas pessoas se convertem e so recebidas na igreja, elas so, por assimdizer, esquecidas e caem na rotina da vida da comunidade. Como elas j estodo lado de dentro, entende-se que no mais precisam de tanta ateno. assimque muitos novos membros depois de algum tempo acabam se decepcionando,

    perdendo o seu entusiasmo inicial e abandonando a igreja.Isso mostra a absoluta necessidade de um elemento complementar ao

    evangelismo, que o discipulado ou a integrao dos novos convertidos. Aigreja precisa criar mecanismos pelos quais aqueles que ingressaram na comu-

    nidade possam receber um acompanhamento adequado nos primeiros meses eanos de sua vida crist. Em sua autobiografia recentemente publicada, o Rev.Eber Lenz Csar, que teve vasta experincia ministerial em vrios estadosdo Brasil e na frica do Sul, mostra como as atividades de integrao foramimportantes nesse sentido.23

    22 Ver, por exemplo: BRAGA, Erasmo. The Republic of Brazil: A Survey of the Religious Situation.Londres: World Dominion Press, 1932, p. 96.

    23 CSAR, ber Lenz. Vida de pastor: lembranas de uma jornada. Rio de Janeiro: ImprimindoConhecimento, 2014, p. 156. Ver: MOORE, Waylon B.Integrao segundo o Novo Testamento. Rio deJaneiro: Juerp, 1990.

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    4.3 Pastoreio

    Tanto membros novos quanto antigos tambm precisam de uma assistnciaconstante e cuidadosa por parte dos pastores e dos presbteros regentes. Isso fazlembrar a valiosa exortao de Paulo aos lderes da igreja de feso: Atendei

    por vs e por todo o rebanho sobre o qual o Esprito Santo vos constitui bispos,para pastoreardes a igreja de Deus, a qual ele comprou com o seu prpriosangue (At 20.28). Esse cuidado inclui uma vigilncia constante que permitaidentificar os problemas ainda no seu incio, a tempo de serem adequadamentediagnosticados e tratados pastoralmente. Um caso clssico a repentina ausnciados cultos por uma pessoa ou famlia. Tal circunstncia muitas vezes sinalizaalguma dificuldade que deve ser objeto de uma interveno rpida por partedos lderes cristos. Porm, no somente estas, mas todas as pessoas devemser objeto de uma constante preocupao e zelo pastoral.

    bem conhecido o exemplo do notvel pastor puritano Richard Baxter(1615-1691). No fiel desempenho do seu encargo, esse ministro procurava seencontrar uma vez por ano com cada uma das 800 famlias que compunham asua congregao na cidade de Kidderminster, a fim de instru-las e aconselh-las.Em seu famoso clssico The Reformed Pastor, ele insistiu que os pastores pre-cisam se dedicar instruo pessoal e particular do rebanho. Disse ele: deverinquestionvel dos ministros em geral que se disponham tarefa de instruir eorientar individualmente a todos aqueles que so entregues ao seu cuidado.24

    CONCLUSOOs lderes cristos, a includos pastores, presbteros, diconos, professo-

    res de escola dominical e outros, nunca devem se esquecer de uma importantedistino no que diz respeito igreja. Por um lado, ela uma instituio, umaestrutura (organizao). Por outro lado, o conjunto dos fiis, o corpo de Cristo(organismo). O primeiro aspecto deve servir o segundo, no o contrrio. Aigreja institucional tem como um de seus propsitos ministrar s necessidadesdos fiis, contribuir para que vivam vidas plenas em Cristo, sem afastar-se da

    comunidade da f, mas estando plenamente integrados nela.Em alguns casos, a evaso de membros pode ser algo sem maioresconsequncias, como quando algum deixa uma igreja para filiar-se a outraigualmente bblica e slida. Em outras situaes, representa uma grande perda

    para a igreja e para as pessoas envolvidas. Esse tema negligenciado precisareceber maior ateno dos ministros de Deus medida que desempenham osdiferentes deveres do seu encargo. O afastamento de pessoas ou a ameaa de

    24 BAXTER, Richard.Manual pastoral do discipulado. So Paulo: Cultura Crist, 2008, p. 27. Vertambm ELLIFF, Jim. A cura de almas. In: ARMSTRONG, John (Org.). O ministrio pastoral segundoa Bblia. So Paulo: Cultura Crist, 2007, p. 151-171.

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    afastamento pode indicar problemas que elas esto enfrentando pessoalmenteou problemas da igreja como um todo. Ambos precisam ser tratados zelosa-mente, sob a direo do Esprito Santo e o ensino das Escrituras.

    ABSTRACT

    One of the problems that affect evangelical churches and frustrate theirleaders is membership withdrawal. Although this phenomenon is not recent, ithas become more acute in recent years and as such poses a serious challengein the pastoral area. There are many causes that lead people to drop out oftheir churches and such causes must be known, understood and confronted.This article has in view to discuss the issue from historical and biblical pers-

    pectives. At the same time it proposes measures that can be taken in order toallay this difficulty.

    KEYWORDS

    Ecclesiology; Membership withdrawal; Church leadership; Pastoralministry; Post-modernity.