Nada e Coisa Nenhuma
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NADA
E COISA
NENHUMA
Ernesto Kramer
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Ernesto Kramer
v 2k14
DISTRIBUIR MEUS LIVROS NO PIRATARIA
OBS! Isto no se aplica a editoras comerciais
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N
EM
G
ARAPO
N
EM
C
ACHAA
NO DEIXES QUE O SILNCIO
FIQUE SEM PALAVRAS
Ter que procurar tema estarfora de tema. Minha cabea,descansando, no assume.Passou todo um dia, inteiro,
quase sem me dar conta.Descanso bem, levanto cedo,mas no quero pensar emtrabalho. Nem tenho tema.
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Um dia desses quando no hmais nada a fazer e no temoutra opo que escrever,sem que alguma outra coisatenha prioridade. Coisa rara.Assim mesmo, acaba o papel.
Estou num lugar bom, tran-quilo e limpo, aprovisionadode minhas necessidades. Na-da do que penso que deveria
estar fazendo possvel fazer.Nem sentido de culpa possoter. Um dia de descanso.
Escrevendo para aproveitar
de preencher espao, fazendolistas das coisas que no con-sigo, no consigo fazer, noconsigo conseguir, no consi-
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ver. Que o escrito justifique
socialmente minha existncia.Muitos pretendero que a co-erncia se reflita em umacontinuidade temtica. Noquero, nem pretendo, nem
me interessa anotar toda asequncia do filme, nem nadaem especial. Sim me interes-sa relacionar as palavras emuma forma legvel e preten-
dendo faz-las compreens-veis. o menos que podepretender uma pessoa queescreve.
Como estas anotaes notm a finalidade de ser umtratado sobre qualquer coisa,me reservo a liberdade de en-
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trar ou no em mais ou me-nos detalhes sobre qualquerassunto e de levar as descri-es at onde eu disponha,sem nenhum outro compro-misso que escrever uma
quantidade de pginas quepossam ser multicopiadas,dando-lhes o formato de umlivro que possa ser mostrado.Sendo assim, a temtica
permanece ampla e variada,sem cair na tentao de es-crever um abstruso tratadoque esmice intelectualmentealgum tema especializado.
Alm do mais, so coisas quea gente vai vivendo ao pas-sar, sem que sua importnciasupere o fato de que so
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acontecimentos atuais pr-prios da atividade diria e ba-nal no mbito onde se acha aminha presena.
Os flashes da existncia diria
vo se intercalando no labordas anotaes. O trabalhono pode ser constante e comdedicao exclusiva ou abso-luta. O que a gente desenvol-
via dias atrs se esvai na faltade hbito e constncia. Acon-tecimentos externos mudamos mbitos de mentao e aconcentrao se v afetada
pela presena de outras pes-soas, com atividades que sedesenvolvem no mesmo lugaronde eu me encontro. So-
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mente noite est tudo tran-quilo. Agora no o momentode escrever, ainda que a dis-posio esteja presente. En-to a gente opta por dormirno horrio de luz natural,
quando h tanto barulho emovimento, e acorda s noite, quando tudo est tran-quilo e d para pensar seminterferncias, disperses ou
desvios.
Os acontecimentos acontecemao meu redor, enchendo deanedotas meu perambular.
Algumas podem aparecer pora, usadas em algum exercciode descrio, nesta lnguabastante comum para um
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grupo humano calculado emmais de duzentos milhes depessoas; realmente uma pe-quena minoria humana.
Fazendo o exerccio de contar
o conto a algum, pode au-mentar a nitidez da lembran-a ainda fresca em seu passopela memria. Apoio-me nes-ta tcnica para tentar tecer
um relato que, em todo caso,ser imperfeito. Sucedem-seepisdios que reforam minhasegurana em algumas afir-maes de reiterada confir-
mao, como o extremo au-mento da violncia e da de-linquncia aqui, nesta cidade,e nos mbitos que me tocacontatar diariamente.
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Surge a pergunta sobre comoseria ter tempo para escrever.Como conseguir seguir o fioda trama sem ter que mepreocupar de produzir outracoisa que no sejam letras,
palavras, frases, pargrafos,captulos, folhas e mais folhasescritas, sem interferncia dapanela de presso que cozi-nhou as batatas. Alis, sem-
pre passo a maior fomequando me dedico a escreverdemais.
Bem que no posso lavar
roupa, pois os baldes estoocupados com barro, com aargila que uso para produzirartigos de cermica. Tambmno posso seguir cozinhando
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porque ainda no tenho bas-tante gua filtrada. Ento,que/como se pode escrever,entre pulos e peidos? Pr al-gumas palavras em um papeltorna-se labor do acaso e os
temas ficam longe duma me-ditao profunda, condiciona-dos aos fatos ou aconteci-mentos de qualquer idiotamomento de um dia a dia no
planejado nem querido.
Assim no resta muito maisque sonhar aquela histriaaos pedaos, buscando inu-
tilmente um lugar onde possacriar as condies que nodificultem ou impeam o de-
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senvolvimento da atividadedesejada.
Ento, no possvel, poragora, coordenar uma hist-ria. Nem h tempo para rever
as anotaes acumuladas du-rante anos. Se no fosse coi-sa de sobrevivncia imediata,de tempo disponvel em geral,existe o domstico que absor-
ve o tempo usado na batalhapela sobrevivncia diria. Otempo de descanso pouco eo lazer praticamente no exis-te. Escrever algo vlido im-
possvel e o pouco que escre-vo intil. Tudo o que faono passa dum esforo exa-
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gerado para sobreviver emcondies precrias.
Almoo pouco e cedo. Logodurmo at as trs. Agora te-nho que comear o dia de no-
vo e esquecer tudo o quepensei que ia anotar hoje.
OIMPOSSVEL INTIL
Quando acaba meu dia, tarde noite, poderia escrever setivesse mais energia e inspi-rao, tudo junto, nestemesmo momento, para apro-veitar de aumentar as anota-es. Gostaria de escrever aimaginao, pr as imagensem papel, com palavras, com
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representaes figurativasdas formas e cores e movi-mentos e sons e cheiros, sen-saes que compem nossapercepo do mundo. Gosta-ria descrever a dinmica de
um processo que seria umahistria. No teria princpionem fim ou, mais bem, come-a no fim e acaba com o co-meo, ainda que no bem
assim, porque chegando aofinal pode comear direta-mente de novo e descobrirque pode seguir lendo comose no tivesse fim nem prin-
cpio. Moebius explica. algoque est projetado de ante-mo e condiciona o clssico
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final de um livro a um comeoj escrito e lido.
Em cmbio, alm de esvaziaro cinzeiro e desligar a luz, svou rede pra dormir, cansa-
dssimo por um dia menos devida.
Comea outro dia. Fresco.Nebulosidade parcial. Tem
que usar camiseta. A casa es-t cheia de formigas ou estousonhando que estou dentrode um formigueiro. No cabemais nada. Somente formi-
gas. So as formigas ou eu eminhas coisas, umas dentro eoutras fora de casa, ou vice-versa.
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Anotar tudo o que a gentefaz, enumerar cada ato, soas intenes. Comear a sairda rede, seguindo com bebero resto do caf frio de onteme enxaguar a cafeteira. Co-
mear a matar formigas eanotar as projees dos atosseguintes, ou aquilo que agente poderia estar fazendono existindo formigas, como
curtindo outro momento deum dia estpido qualquer.
Fazer contas, lavar roupa,anotar sonhos, preparar mais
barro para trabalhar na pro-duo, fazer a comida, ascompras e, agora mesmo, in-ventar a histria do extermi-
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nador de formigas. No fa-zendo mais do que o anotado.Agora tem que cuidar da guados filtros, mas antes devolavar as mos cobertas de ca-dveres de formigas.
Outro dia inteiro pintando aspeas produzidas, sem erros.Empacotar e estocar o que para vender. Cansado, sem
dormir, consumindo p deguaran, caf e erva matepara seguir funcionando. Sin-to-me acabado. No possofazer mais nada.
Assim como a gente vive.Uma corrida contnua atrs dotempo necessrio para ganhar
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dinheiro. Alheio a toda utopiana vivncia diria. O nicodesejo permitido pelo sistema poder ter alguma vez muitomais dinheiro do que a gentepossa fazer ou ganhar. Tan-
to, que deixe a gente em pde igualdade ou ainda melhor,superior, a qualquer um des-ses outros poucos que temtanto, tantssimo mais que
muitos outros. Quem no temsorte, dizem, no tem acessoa essas oportunidades. A sor-te se demonstra ganhando.No ganhou, porque no
teve sorte. Isto no utopia, roubo, enganao e explo-rao de terceiros, numa civi-lizao decadente.
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Tudo isto, sem que as anota-es sejam realmente impor-tantes. So feitas para noperder o costume de escrevere para que no me seja todifcil faz-lo quando possa
me dedicar primariamente afazer uma grande quantidadede anotaes. Agora no pos-so fazer isso, quando priorizoordenar a roupa que est
acima da cama, separando oque preciso lavar e o que ain-da d pra usar, enquanto olho- de reolho - meia garrafa devinho Borgonha, meu preferi-
do.
Optei por um caf-da-manhleve. Fazendo caf novo, ten-
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tando pensar nas compraspendentes. Vou remover obarro de trs baldes. Comeaa fazer calor. Cafena na ca-bea e cigarro na mo es-querda. A direita escreve por
escrever. Anota por anotar,para no perder o costume -como j dito -, para chegarum pouco mais perto daquiloque queria estar fazendo com
mais frequncia, com outrotema.
O servio de sobrevivnciaficou bastante adiantado. Se
eu no o fizer, no poderiasobreviver. At deu pra traba-lhar nas anotaes e pareceque h alguma ideia por trs
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do que escrevi hoje. Tenhoque dispor de mais tempo pa-ra isto, se no, toda minhavida vai embora e no podereiterminar. A onde dificulta.Queria t-lo tudo publicado,
publicao estrela, a posteriorintroduo ao que deve se-guir, que so as anotaes doque no est publicado ainda.O que s est no rascunho e
na ideia. O que se quer che-gar a fazer.
por a a chave que abre ideia central. A obra do so-
brevivente que queria escre-ver e nada mais. Somenteescrever, sem nunca parar defaz-lo. Tentando desespera-
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damente cumprir esse anelo,escrevia em todo e qualquermomento possvel, sobrequalquer assunto ou total-mente sem assunto, com oaf de seguir escrevendo para
no ficar sem escrever. No isso o que o pintor faz, quan-do trabalha pintando suasobras? Minha obra escrita. outra tcnica, outra maneira
de usar a composio criativa. uma coisa diferente, mastambm arte e to difcil defazer ou entender e, comoqualquer arte, apresenta difi-
culdade ou facilidade de in-terpretao.
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Assim se ingressa no mundoda literatura, at involuntari-amente, como simples conse-quncia do fato de escrever,que no simples. outronvel de intelectualizao que
a conversa ou a discussocomum, falada. Escrever paraser lido; estar por cima dacomunicao oral. Crculo res-trito quantidade de exem-
plares que possam ser con-feccionados. Leitores ocasio-nais tentando entender o quehavia na cabea de quem es-creveu aquilo por acaso.
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E tu, com meu livro na mo,que pensas, que sentes, quefazes? Onde ests? Te comu-nicas ou te trumbicas? Qual teu caso?
No est claro como se che-gar a publicar. Mereceriauma histria aparte. No mepreocupo disso agora; primei-ro tenho que escrever muito,a mo. Logo tenho que ircompondo na mquina de es-crever. Mais de alguma coisater que ser modificada aopassar toda esta matria a
um primeiro original digitado,provavelmente ainda no de-finitivo.
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A onde est minha loucura.Sofro por no poder fazer oque no pode ser feito. To-talmente infantil, imaturo.Subdesenvolvido. Desnutridomental. A est Maia, desfigu-
rando a vida do homem.
divertido: no lembro dadata exata de hoje e no seique horas que . Est escuro,
comeando a noite do quenaquele tempo era.
Pois interessante escreverdesta maneira. Como no
lembro do que estava escre-vendo o outro dia, quandodormi esgotado e esvaziadode contedo, agora me sinto
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vazio ao comear. a ondereside a grande vantagem dosistema, que se pode valer detoda a estrutura de uma ln-gua, dos costumes e das con-venes, para estruturar um
escrito, multicopiar e distri-bu-lo, ficando eu agoramesmo com a ntima certezaque muita gente vai ler istosimplesmente porque uma
passagem pertencente a umtodo e no porque esteja tointeressada no que est es-crito aqui; porque se o tivessesabido antes, nem passava
por estas letras que nada tempara acrescentar obra, seno mais outra pgina to-
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talmente dispensvel comoesta.
Postas assim as coisas, no de estranhar que sinta certaresistncia, ntima, interna,
de entrar em tema. comose aquilo no devesse mepreocupar, como se no fossebem por a.
Tento lembrar se houve al-gum tipo de compromisso aoiniciar o trabalho. Comigomesmo, s que ia escreverum livro, enchendo-o da mai-
or quantidade possvel de ma-terial legvel. Com respeito aoleitor, devo crer que sua ex-pectativa possa ser satisfeita.
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Mas como ningum vai saberdisto antes de l-lo e eu nosei quem vai ler, posso medar - aqui e agora - o luxo deescrever, enquanto chove forade casa, cortou a energia el-
trica e no deveria perder ofio do escrito para conservarcerta coerncia. Pois, afinal, oque escrever?
Mas no se trata de escreversobre o ato de escrever. Apa-rentemente est fora de te-ma. Surge a o aparente com-promisso com certa coerncia
temtica, da qual o ocasionalleitor possa se beneficiar naeleio de seus interesses.Mais nada. Ou simplesmente
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estou usando certos fatos deminha vida para escrever semfim, sempre com a comodida-de de no ter compromissonem de ter que fazer umgrande esforo de imagina-
o, que a fico exigiria.Tambm no est fcil, napenumbra, com apenas duasvelas e sem inspirao.
Nada a declarar.
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CAPTULO APARTE
Tema: toda e qualquer coisaque queira recordar, comopode ser o prazer de escreversimplesmente pelo fato defazer isso mesmo que o leitorest lendo. E tem que termemria para tanta nada.Garantido. Grata a experi-ncia que me possibilitou asupervivncia at este pontoe que me permite seguir so-brevivendo escrevendo.
Ento, antes de mais nada,
caf, depois de fazer tudo oque tinha pra fazer, produo,manuteno, proviso e aindafalta uma limpeza na cozinha.
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Nada do que foi usado paracomer ou preparar comida foilimpo depois do uso. Pareceum assunto trivial, mas nodeixo de tomar em conta quedurante doze horas no tive
um perodo de descanso, sal-vo alguns minutos intercala-dos entre uma ocupao pra-ticamente contnua.
O trabalho intenso. Exigemovimentao contnua. Ficarquieto, escrever, um des-canso. Vou viajar amanh,me ausentar por trs dias.
Tambm tenho que deixartudo preparado para sair cedosem pensar, sem necessidadede esperar que a conscincia
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acorde e se faa presentelembrando tudo o que h paralevar.
Levanto-me zumbi e compressa. Tenho que ter tudo no
ponto de pegar e levar, parano esquecer nada aqui emcasa. Ainda que quisessedormir, descansar, sonhar ou,pelo menos, escrever.
Voltei ao meio dia e dormi umpouco antes de comer umpouco. Li uma deliciosa cole-o de oito contos de cincia
fico. So antigos, prviosaos primeiros vos tripuladosda ltima civilizao antes dofim da Era Vulgar. Li rapida-
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mente as letras, sintetizei aspalavras, elaborei algumasimagens baseadas no texto, etentei filosofar sobre o dia dedescanso que a gente senteque deve desfrutar quando
est cansado. Alcancei a medeliciar com as estupidezesaparentemente inteligentesdos escritores, escolhidos en-tre os melhores de sua poca.
No posso fazer crtica liter-ria agora.
Minhas pernas pesam comose estivessem caladas com
pesadas botas. Houve bastan-te trabalho fsico realizado.Pelo menos, est feito. Var-rer, lavar e banhar com bac-
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tericida a casa recm pintadacom uma demo de cal vir-gem, previamente fumigadacom o barati-mosquicida.
Amanh vou encerar, antes
de mudar a ela, a duas qua-dras daqui. Mas sempre per-siste a vontade de escreverantes de dormir e seguir jun-tando mais pginas, engros-
sar a obra; porque no se tra-ta de um mero folheto ou ca-derninho. algo mais volu-moso, complexo e completo,que possa dar espao a um
humor mais divertido. U.
Em algum momento podereiinsistir neste tema, poderei
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voltar sobre ele e detalharalguns aspectos dentro de ou-tro contexto e assim exerceralgumas comparaes comtempos da Era Vulgar, quandoeste escrito comeou a ser
lido.
Agora mesmo me apraz maisdedicar minha ateno a es-cutar os barulhos fora de ca-
sa. Distingo um sapo, grilos eoutros que no reconheo.Um motor, ao longe, de umveculo a gasolina. Poderiadesligar a luz eltrica e acen-
der uma vela, ou dormir pen-sando que todos neste Plane-ta esto razoavelmente bemalimentados, que possuem a
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roupa que lhes necessria,e no lhes falta lugar paraviver dentro de normas pa-dronizadas de higiene e segu-rana; mais outros detalhesque so a base de todo esse
imenso esforo por preservara nossa vida neste Planeta.
No pensamento para dor-mir. Dormir, s o brao es-
querdo, devido posio paraescrever, na cama. Tambmno posso afirmar que a fometenha sido erradicada, porqueantes de ontem sbado e hoje
segunda feira eu mesmo pas-sei fome. No chegaram pro-vises e eu nada tinha guar-dado. Domingo consegui um
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pouco de alimento, mas tiveque viajar para isso. Paraamanh o problema est so-lucionado. Ou seja, outra vezno h tema.
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LARANJAS E PERAS CHINESAS
Nesta ordem de coisas, atlegtimo colocar ttulo a umcaptulo que nada tem a vercom seu contedo nem com o
restante da obra. Pode pare-cer divertido, ou no. Em simesmo, demonstra outra veza total falta de planejamentoe a total improvisao de uma
obra que apenas tem umafraca ideia central. Alm domais, nem com isto se de-monstra absolutamente nadae outra vez me dedico ao fa-
vorito entretenimento de es-crever pelo puro prazer defaz-lo. Tudo d no mesmo,no gera discusso nem po-
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lmica como, por exemplo, seeu afirmasse aqui coisas co-mo que o deus dos cristosno cristo. Simplesmente Deus, como o deus nico dequalquer religio monotesta.
Tivesse um plano, uma estra-tgia de pensamento, umattica prevista, uma real ca-pacidade de ser coerente com
o escrito, eu poderia estarescrevendo agora sobre te-mas mais bempensados. Masestou em nada, apenas ten-tando esclarecer as bases que
serviro para explicar o queestou vivenciando agora, semfazer outra coisa que nada e,s vezes, anotando algumas
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lembranas / memrias detempos ignorados e lugaresque nunca existiram. E solembranas, ainda que de umfuturo incerto; so tambmas lembranas de casos e coi-
sas que sempre ocorreramem todo lugar. Pois sempre,durante toda a histria denossa espcie, foram regis-tradas experincias traumti-
cas, como guerras, desgra-as, hecatombes, pestes, ter-remotos, invases, fomes,assaltos, acidentes, injustias,prepotncias, exploraes,
humilhaes, enganos, rou-bos, violaes, estupros, in-coerncias, imbecilidades e
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estupidezes, em todo e qual-quer lugar deste Planeta.
Em vez disso, na nada maisabstrata, fazendo contas do-msticas.
Eu sou escritor. O sei desdeantes de comear a tentarusar a lngua espanhola comocanal de comunicao, quan-
do j usava outra. Fui obriga-do, pelas circunstncias deminha vida, a aprender outrastrs e estudar mais outrameia dzia, desde a educao
primria, at o momento vitalatual. Algumas aprendi bas-tante bem. Agora tentoaprender a lngua do pas on-
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de minha presena se encon-tra atualmente. Estou ancora-do no Brasil de fim de mil-nio, ano eleitoral federal.
Faz favor, quero ter meu
computador ligado na redeuniversal. Mas nunca estudeiportugus. Escrevo do jeitoque me d na mente, paracoloc-lo na comunicao
global, competindo com todosos capitais existentes, em to-das suas formas e expressesde fora e poder.
Batatas cozidas, com marga-rina e shoyu. Criando o pr-ximo livro par de projetosde sobrevivncia. Ch de
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mangarataia. Instrumental naFM Educativa. Esfriando, maso barraco est resistindobem, quase tudo empapeladode jornal. De manh que bravo. O mundo inteiro vai
pirar com o heavy metal dosenhor. Sobrevivendo de tei-mosia, com escassa perspec-tiva de melhorar. Po no for-no. Se no fizer o que consu-
mo, no daria pra comprartodos os dias.
Pensando em escrever e es-crever, e sem escrever at
hoje, sem acabar o comeadoh tantos anos atrs. s ve-zes s pensando em escrever,sem motivao suficiente pa-
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ra esvaziar a caneta no papel.Os dias, as semanas, os me-ses se sucedendo, sem a ca-neta tocar papel, deixandosem anotar, sem trabalhar,complementos do que foi an-
teriormente iniciado e que es-t a, esperando pela conti-nuidade da ao empreendi-da.
Tento culpar a falta de com-putador, mas no cola: nuncaescrevi diretamente em m-quina alguma. pura falta declareza e persistncia nos ob-
jetivos. Deixao, desleixo.Me deixar envolver pelos fa-tos corriqueiros da vida, pelosacontecimentos fteis, me
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acomodar no rolar do dia adia sem tentar, sem lutar.Quem l no sente, mas hdez anos nestas poucas pgi-nas.
o que o sistema faz conos-co, os militantes da sobrevi-vncia. O tempo totalmenteocupado com atividades rela-tivas ao esquema reduzido ao
mnimo essencial: respirar, sealimentar, no ficar ao relen-to, conseguir algum ingressomonetrio e manter um ende-reo. Tambm h que des-
cansar, quando se pode. Noresta oramento para financi-ar o tempo que poderia seconsiderar livre; o lazer ex-
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tremamente reduzido a mani-festaes primrias e aliena-das, em atividades longe dequalquer contedo culturalsignificativo. Jazz na FM. Co-pa do Mundo na caixa idiota.
Como dizer: mais uma anota-o. O dia a dia. A vida dagente. Os acontecimentos dodecorrer da vida. Os aciden-
tes, as mudanas de percur-so, a acumulao de conhe-cimentos e suas correspon-dentes interpretaes, com oserros e acertos que estas
produzem com frequncia.[Mais um pargrafo preenchi-do].
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Ocupao de hora vaga.
Exerccio para descrever oimprevisvel; para manteracesa a chama e ser conse-quente com o propsito. Ape-sar dos boleros da FM.
O tempo se estende por anos,esperando o melhor momentopara recomear. Tomandonotas nos intervalos, para no
esquecer a direo dos atos,sem tempo de desenvolveruma sequncia, sem espaopara as palavras que deveri-am ser impressas. Com a in-
segura sensao de que ago-ra, outra vez, aquele instan-te de recomear o que nuncafoi terminado. Indescritvel
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sensao de obrigaes nohonradas, de coisas por fazerno comeadas e o direito auma vida digna, a uma sobre-vivncia sem dores nem pe-nas que provenham de outros
humanos, nem castigos quesejam divinos.
Assim, a cada tantos anos,aparece uma oportunidade
para rascunhar um papel coma caneta e a gente anota ou-tro pouco do tanto que h pa-ra escrever. bem provvelque num caso como este
bastante perdovel que acontinuao da obra no sejaretomada desde o ltimo pon-to onde se deixou de escrever
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a vez anterior. Lembrando oescrito antes, encontro desdej justificada uma histria nolinear, sem uma narrativa deordem lgica, mas que, detodas as maneiras, possua
uma trama que mantenha oureflita uma ideia ou intenocentral.
At pensar nisto mais fcil
que usar a palavra escritacomo veculo desta manifes-tao pblica [como um li-vro]. Muitas lnguas e idiomasaprendi em minhas viagens
pelo Planeta; muitas terras vi,com seus povos, raas, cultu-ras e crenas diferentes. Oca-sionalmente aprendi deles o
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que precisava naquele precisomomento, descobrindo depasso que no tinha necessi-dade de render um Doutoradoem Filologia para um estreitoe seleto grupo de leitores, os
que tambm nada iam apro-veitar.
Muitas vezes a ortografia e/oua gramtica parecem vtimas
de lapsos [ou relapsos], aindaque possa ser que tenhamsido produzidos com o prop-sito de liberar ou flexibilizarformas no acadmicas, se-
jam estas de uso popular, in-ventadas ou tomadas por se-melhana a outras lnguas, oupor influncia da metalingua-
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gem popular hoje mais usada,a qual aplica rigidamente as-pectos muito flexveis, e todomundo se entende bastantebem entre si. Ou se entendembem porque podem flexibilizar
a comunicao, apesar da ri-gidez das normas.
Assim vou at completar algoque possa ser reconhecido
fisicamente como um livro, eque este esteja escrito; ouseja, esteja preenchido dematria escrita na maior par-te de suas pginas.
Sinto-me insistente: escrevosobre nada mesmo. Mas o atode escrever sobre no escre-
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ver nada mesmo ameaa emse constituir um fio condutorno desejado. No vamos es-capar do fato de que existecerta unidade na obra. Perfi-lam-se os alcances e limites
temticos. No se d mais doque se oferece, nem menosdo que indica a inteno doato, plenamente esclarecidano ttulo.
Para o leitor um negcio re-dondo, redondo, redondo.[Odeio esta parte, prefiro ou-tra marca]. Pela capa, pelo
ttulo da obra, j sabe o queest levando. Nada sobre coi-sa nenhuma. Pegou, pagou,levou o que queria. Se achar
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alguma coisa alm do que ottulo indica, pode classific-lacomo um obsquio gratuito,um bnus, um prmio, umextra que tende a valorizar aobra e enriquecer o feliz mor-
tal que adquiriu algo por na-da.
Ento por a. Se at um li-vro em branco vendeu uma
imensa quantidade de exem-plares, mais ainda deve ven-der este, que pelo menos temalgo escrito que compreen-svel ao leitor brasileiro e at
aos portugueses, moambica-nos e alguns outros, comoaqueles que esto sendo ul-trajados na ilha de Timor Les-
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te. Contando, alm do mais,com as tradues inevitveis.E este, pelo menos, d praler. Aturar outra coisa.
Fica difcil fugir do tema, ao
mesmo tempo em que no sepode desenvolver tema al-gum, a perigo de perder anada proposta. A arte estariana fuga da proposta, para que
isto possa se manifestar emsua expresso total. S assimpoderamos cristalizar a nada.
Nem estas elucubraes po-
deriam ser admitidas, pois jso algo e no representari-am a nada. Mas no faz mal,porque no fogem do tema,
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cooperando ostensivamenteno preenchimento do espaodestinado obra.
Pouco importa ou interessa aassimilao do leitor, a no
ser que este entenda queaquilo que est lendo no temoutras intenes que aquelasmanifestadas previamente edurante todo o decorrer do
livro que comprou sabendoque ia encontrar nada. [Meincomoda a dupla negao.Nesta, o no est totalmen-te fora de lugar].
Ento comea a ser atiada acuriosidade: qual ser o vo-lume de produo alcanado?
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Ser que j tem bastante ma-terial? Quanto mais falta?
Neste ponto surgem conside-raes sobre o volume da pu-blicao, sobre a convenincia
pessoal de seguir se envol-vendo em algo que ocupa oespao do tempo livre comuma ao que no tem signi-ficado e utilidade, e nunca
teve.
Assim fcil visualizar o fimdo desempenho, ficando co-mo tarefa final a montagem
dos fragmentos acumulados,seguindo um processo lgico,passo a passo at a aprova-o final de um original que
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ser impresso, com o fim dereproduzir a maior quantidadede cpias possveis, de acordocom um mercado friamentecalculado.
FANTSTICO!
TERMINEI UM LIVRO!
Parece assim de fcil mesmo,
mas fica em p a questo davalorizao do mesmo. Poristo ser um tema em si mes-mo, torna-se impossvel aabordagem, ainda que algu-
mas dicas foram dadas.
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Mas, ser que se conseguiucumprir com o propsito ex-posto?
No ser muita empolgaoacreditar que a gente alcan-
ou o fim, ou ser que aindafalta [muito, bastante, pouco,algo mais] por agregar; jus-tamente aquilo que est fal-tando?
DE QU SE TRATA?
QUAL QUE ?
Faltam pginas por preen-cher.
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Tecnicamente precisamos deuma quantidade que seja ummltiplo de um nmero fixo,dado. Passou a mais, tem quepreencher, obrigatoriamente,para no ficar em branco, um
espao preestabelecido; oudeve cortar, para ser contidonum espao menor. Mas cor-tar no est no plano, nemcensura existe.
Alm disso tudo, muito pou-ca matria para conseguir fa-zer algo que parea um livro.Uma sada poderia ser au-
mentar o tamanho das letras,por exemplo.
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Ento a questo seguir es-crevendo, preenchendo folhasde papel at acabar. Devechegar um momento em quevoc esteja lendo uma cpiado que estou escrevendo ago-
ra, margem de nosso posi-cionamento temporal e espa-cial. Pena que este no seja oveculo mais apropriado paraestabelecer uma comunicao
mais direta. Poderia receberuma retroinformao, queno mudaria coisa nenhuma.Para isso teramos que estarna Rede, pelo menos.
Chego ao ponto em que noestou sabendo o qu mesmo.S a caneta se desliza sobre o
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papel, manejada por impulsosnervosos obedientes aos co-mandos de uma pequena par-te do prprio crebro. Quemler tudo poderia se autopro-clamar heri, sem brincadei-
ra. Posso [podemos] continu-ar, ainda seja s para reforaressa imagem. Haja saco.
Ora bolas. J escrevi outras
coisas tambm. s consultara bibliografia. Mas a genteno pode estar se repetindosempre. Alm disso, a gentetambm tem que se exercitar
para que, chegando a ocasiocerta, possa possuir a disci-plina da prtica do ofcio. um ponto que o leitor me
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ajuda a desenvolver. Com-preendido?
Ento estvamos certos: noestamos desprovidos de certosentido, o que agrega certo
contedo a uma nada maisincerta. um valor adicionalque incorpora antimatria aaquela coisa nenhuma. Assimd pra ver quando a gente sai
do contexto. Certo?
Faz bem pensar que isto terum fim. Imagina s ficar avida toda s nisto. Nem a re-
ceita daquele molho de hojepode se dar. Os limites semanifestam junto definiotemtica. O interesse no as-
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sunto est decrescendo e ocompromisso com a atividadeest diminuindo. Seria bomdormir agora. Boa noite.
Lavar quinze camisetas, alm
das meias, panos de cozinha,bermudas, cuecas, e pr demolho a roupa de cama e oresto que sujou no intervalo. como cozinhar: uma ocupa-
o sem fim comparvel aocastigo de Ssifo. Pelo me-nos este ganhou a imortalida-de atravs de sua atividade,sem ter que se preocupar por
lavar roupa, cozinhar, limpara casa ou tomar banho. Sempurra a pedra pra cima domorro, deixa rolar de volta
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pra baixo, desce assobiandocom todo o tempo do mundoa seu dispor e a empurra pracima outra vez.
No d pra saber qual situa-
o melhor ou pior. Serque ele ri de nossas ocupa-es e preocupaes munda-nas? Ou ter vontade de tro-car com algum de ns, tro-
cando sua privilegiada imorta-lidade por uma morte certa?Ser que ele liberado parafazer a barba? Deve ser mi-nha prxima ocupao, antes
de tomar banho.
Feito. Ento agora d paraescrever mais um pouco, an-
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tes de comear a preparar oalmoo, o qual deveria estarpronto e consumido antes docomeo dos jogos do Campe-onato Brasileiro de Futebol.Esse no tem problema de
comentar. Total tanto nadacomo coisa nenhuma mesmo.S serve para preencher es-pao vazio, sem significadonem influncia na evoluo
humana propriamente dita. bastante similar a estaobra, com suas devidas dife-rencias de mtodo e forma deexpresso. Pessoalmente pre-
firo escrever antes que chutarbola, ainda que no dispensede um bom jogo de chutebolna caixa idiota.
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O problema, nesse contexto, que desde o comeo da co-pa do mundo estamos atra-vessando uma fase de p frio,dando zebra em todas as nos-sas preferncias e torcidas.
Fase negra, que deve ser su-perada e seremos campeesoutra vez, para alegria denossa torcida, que assim es-quecer seus problemas coti-
dianos, o pssimo desempe-nho da economia global e avenda da Telebrs.
Pra gente, pelo menos mais
interessante e entretenidoque a novela global e parecebem menos nocivo, apesar deque o anarquismo neoliberal
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esteja conseguindo penetrar oesquema desportivo, desca-racterizando totalmente asformas e fins duma competi-o honesta.
A festa do povo se transfor-mou em fonte de grandes lu-cros para fatores totalmentealheios ao torcedor ludibriadotraioeiramente. Mas isso
capitalismo total e quem capitalista que se foda; tantofaz.
Isso tranquilidade. O filho,
que estava chutando bola,vem pedir licena para almo-ar em casa de um vizinho.Rockinho besta na FM. Caf e
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fumo. Hortel pra ch secan-do. Tempo para escrever,tempo para criar alguma coisamais consistente e significati-va que isto. Hora para mudarde tema, o que implica sair
deste contexto.
Ficam aqui centos de pginasmanuscritas, comprimidas porgotas de tinta para caneta,
passadas a mquina e logocopiadas e recompostas emcomputador, em impulsos in-cansveis de um momentoem que o servio se amontoa
e no se consegue efetivarcoisa alguma e tudo nos con-duz a um desgaste, nas atu-ais circunstncias em que se
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encontra minha presena nes-te Planeta no qual os sereshumanos, todos juntos, estotentando se exterminar, acei-tando isto como uma soluototal e fatal, transladando es-
ta atitude intimidade de to-dos e cada um de seus atos,para consigo mesmo e comqualquer outra pessoa ou coi-sa.
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Ameao voltar
mais tarde
em qualquer momento
qualquer dia
de qualquer modo
com qualquer outro
devaneio
At ento
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de Nada
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