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Perspectivas 2019 Balanço 2018 Perspectivas 2019 Balanço 2018 Ranking dos Maiores Laticínios do Brasil Ranking dos Maiores Laticínios do Brasil Yakult 50 anos de Brasil Yakult 50 anos de Brasil Fazer Melhor Tecnologia, Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação em Produtos Lácteos Artigos Tecnicos ' 3 Quem é Quem na Indústria de Laticínios Ano XXIII - Nov/Dez 2018 - nº 135 - R$ 30,00 - www.revistalaticinios.com.br - ISSN 1678-7250

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Perspectivas 2019Balanço 2018

Perspectivas 2019Balanço 2018

Ranking dos Maiores Laticínios

do Brasil

Ranking dos Maiores Laticínios

do Brasil Yakult 50 anos de Brasil

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Quem é Quemna Indústria de Laticínios

La cíniostiAno XXIII - Nov/Dez 2018 - nº 135 - R$ 30,00 - www.revistalaticinios.com.br - ISSN 1678-7250

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Editorial

Velhos desafios e esperança em novo cenário políticoUm ano repleto de incertezas para todos os setores da economia, não poderia ser diferente para o setor de

leite e produtos lácteos, que já é reconhecidamente complexo no Brasil. Não fossem as dificuldades na produ-ção leiteira enfrentadas dos últimos anos, 2018 trouxe um agravante adicional para o setor – a paralização dos caminhoneiros, tendo como consequência a alta nos preços do leite e em toda cadeia produtiva por um curto período, mas com reflexos para os lácteos em geral. Veja em artigos de especialistas desta edição a avaliação de 2018 e as perspectivas que eles têm para o próximo ano.

Antes das eleições, a inércia do atual governo e a incerteza em relação a quem seria eleito gerou reflexos negativos em todos os setores da economia e, após as eleições, ainda pairam dúvidas do que virá pela frente com o Congresso e o presidente eleitos. Porém, como se diz, brasileiro não desiste nunca, grande parte da po-pulação e empresas apostam em mudanças positivas. Que venham investimentos e, em especial, para o setor do leite, que ocorram também estímulos aos produtores para que um novo cenário se desenhe e seja possível aproveitar o potencial que esse setor apresenta.

Além dos artigos com análise e entrevistas com especialistas de entidades relacionadas ao setor lácteo , trazemos nas primeiras páginas desta edição, entrevista com Anne Napoli, diretora de marketing da Vigor, que fala de um grande investimento da empresa em campanha inédita, que engloba mídias sociais e televisão para aumentar o portfólio da empresa na cesta básica dos consumidores.

Abrindo a seção Fazer Melhor, que traz artigos técnicos da área acadêmica, en-trevistamos Glaucia Pastore, professora titular de Bioquímica da FEA/UNICAMP, que fala da importância de investimentos na área de pesquisa de alimentos para explorar um verdadeiro tesouro que temos, o de ingredientes que proporcionam inúmeras funcionalidades naturalmente disponíveis no Brasil.

Sabemos que existem muitos desafios para superar em 2019, mas desejamos a todos nossos parceiros que tenham energia e sucesso em suas empreitadas. Afinal, se enfrentamos um ano turbulento e incerto como foi 2018, teremos força e boa vontade para transformar esperança em bons tempos.

Feliz 2019!

Luiz Souza

Diretor e Editor

Ano XXIII - nº 135 - novembro/dezembro 2018www.revistalaticinios.com.br

ISSN 1678-7250

Diretor-EditorLuiz José de Souza

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Redação- Editora AssistenteJuçara Pivaro

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PublicidadeLuiz Souza

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AssinaturaAssinatura anual - R$ 180,00 (6 edições)

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CEP 05639-150, São Paulo, SP, BrasilTel.: (11) 3739-4385 / (11) 94556-4570 - Luiz Souza

[email protected] opiniões e conceitos emitidos em artigos assinados

não representam necessariamente a posição da revista Indústria de Laticínios.

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Projeto Gráfico e DiagramaçãoFábio Ruiz

Comitê Editorial• Adriana Torres Silva – Tecnolat/Ital

• Adriano Gomes da Cruz - IRFJ• Airton Vialta - DG/Ital

• Ana Lidia C. Zanele Rodrigues - Allegis Consultoria

• Antônio Fernandes de Carvalho - UFV• Ariene Gimenes Van Dender - Tecnolat/Ital

• Darlila Aparecida Gallina - Tecnolat/Ital• Izildinha Moreno - Tecnolat/Ital

• José Alberto Bastos Portugal - Embrapa Pecuária Sudeste

• Junio Cesar J. de Paula - Epamig/ILCT • Mucio Furtado - DuPont/Danisco

• Neila Richards - UFSM• Patrícia Blumer Zacarchenco – Tecnolat/Ital

• Sebastião César Cardoso Brandão - UFV/Amazing Foods

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Alibra....................................37

Allenge..................................13

Anhembi Borrachas.............25

Arsopi...................................23

B&B Inox...............................83

Casa das Desnatadeiras......43

Dairy Vision..........................56

Daxia....................................65

Doremus.......................3ª capa

Granolab.................................5

Hiper Centrifugation...........15

Horizonte Amidos................17

Nilko.....................................47

Rousselot..............................11

Sig Combibloc................2ª capa

Sooro.......................................9

TetraPak........................4ª capa

Tovani Benzaquen...............31

Trepko...................................61

WellFood..............................57

Sumário

4

Anunciantes

• Entrevista Anna Napoli, diretora de marketing da Vigor fala de inédita campanha multiformas lançada pela empresa...............................................................................................8

• Empresas & NegóciosLançamentos e inovações no mercado de lácteos........14

• LaticínioYakult comemora 50 anos no Brasil..............................18

• Guia de fornecedoresEspaço para empresas divulgarem seus produtos e serviços.............................................................................24

• Matéria de capa- Balanço de 2018 e perspectivas para 2019..................26- Os maiores laticínios do Brasil.....................................27

• Análise- Incertezas de 2018 e esperança de melhoras no próximo ano - Valter Galan - Sócio do MilkPoint Mercado............................................................29

• Mercado- Pesquisa Kantar WorldPanel.........................................32- O fragmentado mercado de lácteos.............................36

• Balanço - Balanço do mercado do leite em 2018 e expectativas para 2019 - Rafael Ribeiro de Lima Filho –Zootecnista, msc. - Scot Consultoria....................................................38- Desempenho do setor de leite em 2018 e perspectivas para 2019 - Glauco Rodrigues Carvalho e Denis Teixeira da Rocha, do Núcleo de Pesquisa Socioeconômica da Embrapa Gado de Leite................40- Oferta enxuta e consumo enfraquecido marcam o mercado em 2018 - Natália Grigol, pesquisadora da Equipe Leite Cepea............................................................44

• Produtor- Ano difícil para o leite - Roberto Jank - Leite Brasil....46

• Visão- Crise econômica e esperança - João Lúcio Barreto Carneiro, presidente do SILEMG.....................................48

- Estabilidade de mercado em 2018 e expectativa de crescimento de consumo em 2019................................51

• Ideias- Setor lácteo gaúcho confia na retomada da competitividade - Alexandre Guerra - presidente do Sindilat/RS.........................................................................52

• Consumo- O que pauta o mundo e as Américas na indústria de bebidas lácteas.............................................................54 • Tendência- Sig conveniência em embalagem da Nestlé..............58

• Embalagem- A arte de harmonizar visual e conteúdo ...................60

• Fornecedor em foco - GsPak Americas instala fábrica no Brasil...................68

• Perfil- Kerry – Soluções avançadas para as indústrias.........70- Tate & Lyle – Soluções para desafios das indústrias de alimentos......................................................................72

• PainelMovimento do mercado do setor de leite e derivados.........................................................................74

• Fazer Melhor....................................................................77-Entrevista técnica - Glaucia Pastore, professora titular de Bioquímica da FEA/UNICAMP fala do potencial da diversidade dos ingredientes brasileiros......................78-Plasma a frio como tecnologia para processamento de leite e derivados...........................................................80-Elaboração de queijo Minas Frescal probiótico reduzido em lactose.........................................................84-Perspectivas do uso de metodologias projetivas no processamento e comercialização de produtos lácteos................................................................92

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Edição 137 - Março/Abril - Edição Especial - deadline: 25/03GUIA DE FORNECEDORES – ANUÁRIO DO COMPRADOR DA INDÚSTRIA DE LATICÍNIOSO Guia de Fornecedores é uma obra de consulta anual, referência para as indústrias de leite e derivados, que traz ampla listagem de empresas fornecedoras e produtos que disponibilizam ao mercado. Informações divididas em cadernos setoriais: Embalagens, Ingredientes e Aditivos, Máquinas e Equipamentos, Refrigeração e Transpor te, Equipamentos para Laboratórios e Serviços. Ampla listagem de empresas fornecedoras, com endereços e logotipos junto aos dados.INGREDIENTE - ADOÇANTES PARA LÁCTEOS.CATEGORIA - RAIO X DA PRODUÇÃO DE QUEIJO PARMESÃO - Processos, mercado e legislação.Destaque - Per fil dos principais fornecedores de cada segmento, com entrevistas com as empresas e divulgação da linha de produtos.Prévia da Fispal Tecnologia 2019 - Novidades que acontecerão na edição comemorativa dos 35 anos da feira, releases de lançamentos e destaques das empresas expositoras da feira, entrevista com organizadores, lista de expositores.

Edição 136 - Janeiro/Fevereiro - deadline: 30/01 PANORAMA DO SETOR LÁCTEOINGREDIENTE - LACTOSE - Propriedades benéficas para quem pode consumir e aplicações.CATEGORIA - RAIO X DO QUEIJO GORGONZOLA - Processos, mercado e legislação.

Pauta 2019 - 6 EDIÇÕES BIMESTRAIS - 2 EDIÇÕES ESPECIAIS

Edição 141 – Novembro/Dezembro - deadline: 30/10Os 100 MAIORES LATICÍNIOS – QUEM É QUEM + PERSPECTIVAS 2020Ranking dos maiores laticínios Estatísticas do mercado consumidor - Principais categorias.INGREDIENTE - FERMENTOS PARA LÁCTEOS - Funções e novas soluções para o processo de fermentação.CATEGORIA - RAIO X DA PRODUÇÃO DE MANTEIGA - Processos, mercado e legislação.

Edição 139 – Julho/Agosto - Edição Especial - deadline: 18/06INGREDIENTES E SOLUÇÕES PARA PRODUTOS LÁCTEOSNovos desenvolvimentos das empresas fornecedoras de ingredientes que possibilitam inovar produtos lácteos.INGREDIENTE - AMIDO - Tipos e aplicações em lácteos.CATEGORIA - RAIO X DA PRODUÇÃO DE QUEIJOS FINOS - Processos, mercado e legislação.Guia de Expositores da Fi 2019 – Food ingredients South AmericaProdutos e lançamentos dos expositores – releases de produtos, ar tigos técnicos e entrevistas – Pré-Show FiGuia dos Expositores da Minas Láctea – ExpomaqProdutos e lançamentos na feira – releases e entrevistas.Cobertura Fispal Tecnologia 2019Tiragem adicional para distribuição na Minas Láctea - Expomaq e na Fi – Food Ingredients

Edição 138 - Maio/Junho - deadline: 24/05EMBALAGENS – TECNOLOGIAS EM MÁQUINAS E EQUIPAMENTOSNovas funções das embalagens, recursos digitais e inovações para o setor de leite e produtos lácteos.Releases de expositores com lançamentos e destaques no evento, entrevistas, destaques das empresas expositorasINGREDIENTE - SORO DE LEITE - Características e aplicações.CATEGORIA - RAIO X DA PRODUÇÃO DE REQUEIJÃO E OUTROS QUEIJOS FUNDIDOS - Processos, mercado e legislação.Guia de Expositores Fispal TecnologiaCirculação na Fispal TecnologiaEdição comemorativa de 23 anos da revista

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Ano XXII - Mar/Abr 2018 - nº 131 - R$ 60,00 - www.revistalaticinios.com.br - ISSN 1678-7250

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20192019Guiade FornecedoresGuia

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Guia dos ExpositoresFi - Food IngredientsGuia dos ExpositoresFi - Food Ingredients

Guia dos ExpositoresExpomaq-Minas LácteaGuia dos ExpositoresExpomaq-Minas Láctea

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Edição 140 – Setembro/Outubro - deadline: 13/09TECNOLOGIAS EM MÁQUINAS E EQUIPAMENTOSNovos sistemas e tecnologias para as indústrias do setor de laticíniosINGREDIENTE - ESTABILIZANTES - O papel do ingrediente em laticínios.CATEGORIA - RAIO X DA PRODUÇÃO DE IOGURTES E SOBREMESAS - Processos, mercado e legislação.Destaque - Perfil dos principais fornecedores de cada segmento, com entrevistas com as empresas e divulgação da linha de produtos.Circulação no Dairy Vision e Seminário ABIQ.Cobertura Minas Láctea - Expomaq - Produtos e novidades dos expositores em embalagens, ingredientes, máquinas, equipamentos, laboratórios e serviços.Cobertura Fi 2019 - Novidades das empresas fornecedoras de ingredientes em soluções para produtos lácteos.

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Entrevista

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Aumentar o número de categorias do portfólio da empresa na cesta de compras do consumidor de três para seis produtos é o objetivo da Vigor ao lançar campanha inédita, que une mídias

distintas – online com offline. Para isso, a empresa investiu R$ 50 milhões na campanha multiplataformas e espera também crescer fora do eixo sudeste do Brasil.

Na mídia digital, a marca Vigor estará nos principais portais e nas redes sociais, com forte presença no Google, YouTube e Facebook. Criada pela agência Ginga, toda a estratégia digital

gerará um alcance de mais de 50 milhões de pessoas por mês. Na TV, as ações terão Fausto Silva, animador do programa ‘Domingão do Faustão’, como garoto propaganda. Anne Napoli, diretora de

marketing da Vigor conta mais detalhes sobre a ação inovadora da empresa.

Estratégia ousada e inovadora

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Anne Napoli é graduada em Administração pela European Busi-ness Program e pelo Insead. Possui 25 anos de experiência no mercado de produtos de consumo na área de marketing. Liderou projetos de de-finições estratégicas em marketing, projetos de inovação, comunicação com abrangência regional e inter-nacional. Atuou em empresas como Unilever e Danone, assumindo, em dezembro de 2011, a diretoria de marketing da Vigor.

Anne Napoli, diretora de marketing da Vigor

Revista Indústria de Laticínios - A Vigor lançou cam-panha multiplataformas inédita. Quais são os principais objetivos dessa campanha? A ação já nasceu com a ideia de trabalhar online e offline?

• Anne Napoli - Toda a campanha tem como objeti-vo apresentar a Vigor como grande marca de alimentos, mostrando aos consumidores a variedade do nosso por-tfólio, que conta com mais de 100 produtos e 32 catego-rias. Além dos já conhecidos Grego, Requeijão e Queijo Ralado, temos muitos outros tipos de iogurtes, linha de queijos especiais e infantil, e muitos produtos de mer-cearia, que incluem sucos, achocolatados e produtos para passar no pão. Com isso, nosso intuito é aumentar o número de categorias na cesta de compras do consu-midor, de três para seis. Além disso, queremos crescer em áreas geográficas fora do eixo sudeste.

Desde o início da campanha sabíamos que precisa-ríamos somar, de forma estratégica, as forças do offline e do online. Só dessa forma conseguiríamos estar ali-nhados ao nosso objetivo de expansão nacional, e nos comunicar com todos os municípios do Brasil e com di-ferentes públicos.

“Desde o início da campanha sabíamos que

precisaríamos somar, de forma estratégica,

as forças do offline e do online.”

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Entrevista

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RiL - Quanto tempo levou o processo de criação, quantas empresas participaram da campanha e qual foi o investimento?

• Anne Napoli - Começamos a desenvolver a cam-panha no início deste semestre. Trata-se de um gran-de projeto da Vigor, no qual estamos investindo mais de R$ 50 milhões, que conta com o envolvimento das agências DM9, Ginga, Agência 96 e Ketchum.

RiL - Quais ações estão previstas na mídia digital e

na TV? Quais os formatos terão nesses meios de comu-nicação?

• Anne Napoli - Na televisão, teremos ações de merchandising no horário mais nobre do domingo, pa-trocinando o quadro Vídeo Cassetadas do programa Domingão do Faustão. São inserções focadas em re-

forçar o conhecimento da marca e de seu portfólio. No paralelo, contaremos com Fausto Silva como embaixa-dor da promoção “Descubra Que É Vigor” nos intervalos comerciais da programação da Rede Globo, durante o período de duração da promoção. Tudo isso será muito bem envelopado com materiais de apoio nos principais pontos de venda do país.

No digital, estaremos presentes nos principais por-tais e redes sociais para divulgar a campanha #Descu-braVigor de forma segmentada, com o apoio de inteli-gência programática e de geolocalização, ferramentas que nos ajudarão a alcançar o consumidor quando esti-ver próximo ou dentro de um ponto de venda. Também trabalharemos com celebridades especialmente esco-lhidas para se comunicarem com os diferentes perfis de consumidores da marca: Mateus Solano, Fernanda Souza e Maisa Silva.

RiL - As promoções via smartphones, que incorporam

apoio de inteligência programática e geolocalização aconte-cerão nos supermercados. Como funcionará esse sistema?

• Anne Napoli - A inteligência de geolocalização nos permitirá identificar a localização dos consumidores quando estiverem dentro de pontos de venda. Dessa forma, ao usar seus dispositivos – smartphones, tablets, entre outros aparelhos – dentro da loja, o consumidor será impactado com a comunicação da Vigor dentro das redes sociais.

“Toda a nossa comunicação digital visa atrair, informar, engajar e

manter um canal de relacionamento com atuais e

novos consumidores e seguidores da marca.”

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Entrevista

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RiL - Essas ações trarão algum tipo de benefício para os pontos de venda? A empresa vai procurar parcerias com redes de supermercados?

• Anne Napoli - Além de a campanha movimen-tar o mercado e atrair os consumidores diretamente para o varejo, a estratégia de geolocalização auxilia na conversão de uma comunicação em vendas den-tro de cada loja. São ações que beneficiam direta-mente o ponto de venda e, por isso, a importância do abastecimento das lojas com os produtos da marca.

RiL - Por quanto tempo a campanha permanecerá no

ar? Durante esse período, a Vigor deverá ganhar número significativo de seguidores nas mídias sociais?

• Anne Napoli - A campanha estará no ar de outu-bro de 2018 a março de 2019 e o período de duração da promoção é de 2 de outubro de 2018 a 2 de fevereiro de 2019. Toda nossa comunicação digital visa atrair, informar, engajar e manter um canal de relaciona-mento com atuais e novos consumidores e segui-dores da marca. Durante a campanha, utilizaremos estratégias para impactar o público brasileiro com uma comunicação focada em nos apresentar como marca de alimentos que oferece um portfólio varia-do de consumo. Tudo isso somado a uma inteligência

que facilita a conversão em vendas. Após a campanha, seguiremos um trabalho estratégico para manter uma comunicação cada vez mais consistente e eficiente.

RiL - Qual a expectativa da empresa sobre impacto da

campanha? Quanto a empresa estima crescer em vendas?• Anne Napoli - Nossa expectativa é que nosso fatu-

ramento cresça a duplo dígito. RiL - A Vigor tem uma trajetória de inovações lançadas

no mercado. Quais produtos já se destacam pela caracterís-tica inovadora?

Anne Napoli - A Vigor é uma marca e companhia que tem a inovação como DNA e, durante toda sua trajetória, buscou trazer produtos que atendessem às necessidades dos consumidores. O grande marco da história da marca foi a inauguração da categoria de io-gurte grego no Brasil. Em 2012, trouxemos ao mercado um produto realmente inovador e mudamos definitiva-mente o conceito de iogurte no país. Depois disso, ele-vamos o padrão de todo o nosso portfólio, investindo ainda mais em qualidade e comunicação. Ampliamos a linha de Vigor Grego e não paramos de lançar novas ver-sões e sabores da categoria. Em 2017, revolucionamos novamente o mercado de grego com o lançamento do Vigor Grego Pedaços, um iogurte grego com generosos pedaços naturais de frutas, sem corantes nem aroma-tizantes, nas versões Damasco, Coco e Cranberry que, neste ano de 2018, foi ampliada com os novos sabores Morango e Maçã com Canela.

Outro produto muito inovador que podemos desta-car é a Vigor Mix, blend que une manteiga e margarina em um só produto. Estamos falando de um produto ex-clusivo da Vigor, que entrega o sabor presente da man-teiga e a cremosidade da margarina.

RiL - Qual a visão da empresa sobre o consumo de pro-dutos lácteos pelas famílias brasileiras? A empresa trabalha com qual projeção de consumo para os próximos cinco anos?

• Anne Napoli - A indústria láctea trabalha com pro-dutos muito presentes no dia a dia do consumidor, cujo consumo se dá em todos os momentos do dia, desde o café da manhã até o jantar. A relação do brasileiro com esse tipo de produto é bastante próxima, e isso é o que torna esse setor tão forte no Brasil.

“Após a campanha, seguiremos um trabalho estratégico para manter

uma comunicação cada vez mais consistente

e eficiente.”

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Empresas & Negócios

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Dedicada a proporcionar cada vez mais variedade para seu público, a Polenghi, empresa queijeira pertencente ao grupo francês Groupe Savencia Fromage & Dairy, lança dois novos sabores de Polenguinho: Peito de Peru Li-ght e Quatro Queijos, além de reformular a receita do Polenguinho Cheddar.

O novo Polenguinho Peito de Peru Light é uma opção leve e com um to-que a mais de sabor em comparação à já conhecida versão Light, enquanto que o Polenguinho Quatro Queijos é uma opção ainda mais saborosa para aqueles que querem ter seu momento de indulgência sem perder a nutri-ção. Os dois novos sabores juntam-se às versões Cheddar, Original, Light e Zero Lactose Light, todos com novas embalagens e fórmulas, com redução de sódio e ainda maior cremosidade.

Para este lançamento a Polenghi ouviu seus consumidores por meio de uma pesquisa que revelou que seu consumidor buscava um lanchinho saudável, mas sem abrir mão do sabor. “Os novos sabores de Polen-

guinho foram criados a partir de uma iniciativa da marca para trazer aos seus consumidores sabores democráticos e que pudessem oferecer variações de cardápio na hora do lanchinho”, conta Ana Paula Trecenti, gerente de marcas da Polenghi.

Os lançamentos chegam com a campanha Po-lenguinho, “O Lanchinho do Bem”, que está no ar, e ressalta que o Polenguinho é um aliado dos consumidores, já que é um snack nutritivo, deri-vado do leite e que ao mesmo tempo proporciona versatilidade e praticidade, perfeito para todas as idades e gostos.

A Quatá Alimentos, marca referência no segmento de leites e queijos, com 28 anos de mercado, diversifica ainda mais a oferta de produtos aos consumidores com o lançamento de Creme de Queijo Minas Frescal, queijos em fatias e Requeijão cremoso, que podem ser aplicados facilmente em pães, torradas, bolachas ou ainda serem utilizados na culinária em geral, com aquele toque de praticidade, tão necessária nos dias de hoje.

Entre os novos produtos, a grande aposta da marca está no Creme de Queijo Minas Frescal Quatá. Todos os benefícios do tra-dicional queijo fresco, tão consumido pelos brasileiros, está dis-ponível agora na versão cremosa, para espalhar no pão ou na tor-rada, além de ser usado em molhos, strogonoff e sobremesas.

Ainda pensando na praticidade, mas sem abrir mão da qualidade, a Quatá lança os queijos já fatiados, em embalagens de 150 gramas, nas versões mussarela e prato. Com fatias finas e sol-

tinhas, eles são uma boa pedida em salgados, sanduíches e petiscos em geral e ainda incrementam aquela pizza, carne, torta ou risoto.

A marca apresenta ainda a nova versão de 200 gramas do tradicional Requeijao, que chega muito mais cremoso e o Requeijão Light, com 40% menos gorduras totais e 37% menos caloreias, sem perder sabor e textura.

“Estes novos produtos demonstram a preocupação da Quatá em suprir a necessidade apontada pelos consumi-dores, que exigem cada vez mais praticidade na hora de cozinhar, mas não querem abrir mão da qualidade dos produtos que consomem”, revela Eduardo Rizzo, gerente de marketing da Quatá Alimentos.

Quatá diversifica linha de produtos lácteos e aposta na praticidade

Polenghi apresenta novos sabores e reformulações para a linha Polenguinho

Quando se fala em Danette, é impossível não recordar a tradicional música que acompanhou a tra-jetória do produto. "Danette, Danone, pronto para comer" foi cantada durante muito tempo por ninguém menos que Gustavo Borges, um dos nadadores brasileiros mais premiados da história nacional.

Nada mais justo, então, do que trazê-lo de volta para regravar o jingle no momento em que a marca, líder em sobremesas prontas refrigeradas, se prepara para lançar uma novidade no mercado: o Danette Criações. Para celebrar esse lançamento, Gustavo revisita as raízes da marca e entrou no estúdio para emprestar sua voz mais uma vez para Danette. A ação com o Gustavo Borges foi idealizada pela agência Spark.

O novo produto combina o sabor único de Danette, com uma cre-mosidade nova e uma textura ideal para se passar. O item pode ser combinado com pão, com torrada, tapiocas, frutas e outras inúme-ras possibilidades. A estratégia de lançamento do produto foi ideali-zada pela Spark, empresa especializada em ativação de marcas por meio das redes sociais de influenciadores e personalidades.

Danette volta às suas origens e renova seu jingle tradicional

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Empresas & Negócios

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A empresa passou a disponibilizar o Queijo Mussarela Piracanjuba, fatiado, nas versões 500g e 1kg em embalagem termoformada, com abre fácil e com validade de três meses. “Enxergamos a oportunidade de atender esse público com um produto de qualidade, prático, em embalagem econômica, e que vai facilitar o dia a dia de quem precisa utilizar uma quantidade maior de queijo. Até então, só tínhamos a embalagem de 150g fatiada”, afirma o diretor de re-frigerados da Piracanjuba, Cláudio Costa.

Os queijos vêm em embalagens com atmosfera modificada, que auxiliam na conservação do produto e evitam que as fatias “grudem” umas nas outras, ficando sempre soltinhas. “O material utilizado confere a segurança e a resis-tência de que o alimento precisa. O resultado é maior durabilidade, sem riscos de contaminações externas. É a reconhecida qualidade dos produtos Piracan-juba, aliada a tecnologias de envase de última geração”, explica Cláudio.

Queijo Reino fatiadoO Queijo Reino Piracanjuba, sucesso de vendas na Região Nordeste do país, também ganhou

uma nova versão. A partir de agora, ele pode ser encontrado fatiado, na embalagem de 150g, ide-al para lanches, aperitivos e outras receitas. “É um queijo de sabor único e especial, com textura firme, que se derre-te facilmente na boca. Sua maturação leve meses, o que lhe confere um sabor inconfundível. Além de atender os consu-midores do Nordeste, que já conhecem esse tipo de queijo, queremos que ele fique conhecido em todo Brasil”, finaliza o Diretor.

O projeto das embalagens foi desenvolvido pela equipe interna de design da Piracanjuba.

Piracanjuba amplia opções de queijos fatiados

Atenta ao franco crescimento do mercado de proteína e à busca dos consumidores por pro-dutos mais saudáveis, a pioneira em iogurte grego no Brasil traz ao mercado o Vigor Grego Pro-tein, seu primeiro iogurte ultraproteico. Enriquecido com 13 gramas de proteína por porção de 130 gramas, a novidade oferece também os atributos Zero Gorduras, Zero Lactose e Zero Adição de Açúcares, trazendo em sua formulação somente adoçantes naturais. Mantendo o sabor e a cremosidade já reconhecidos da marca, o produto chega nas versões Tradicional e Morango.

O lançamento é direcionado às pessoas que procuram inserir a proteína de forma prática nas refeições diárias, para suporte a uma alimentação saudável e saborosa. Dentre as diversas funções que exerce na regulação do organismo, alguns dos benefícios do nutriente são aumen-to da saciedade e manutenção e ganho de massa muscular.

A novidade chega ao mercado no momento em que o consumo de produtos ultraproteicos cresce cada vez mais no Brasil, seguindo a tendência mundial. O que contribui para essa pers-pectiva positiva é um cenário de procura por alimentação saudável e refeições baseadas em alto teor de proteínas e baixo teor de carboidratos. Somado a isso está o fato de que iogurtes são indicados como fontes de proteína pela maioria dos profissionais de nutrição.

De acordo com Tatiane Brandão, Gerente de Marketing da Vigor, o Vigor Grego Protein é des-tinado a quem busca a proteína como aliada de saúde e bem-estar, por meio de alimentos práticos, de qualidade e confiáveis. A executiva explica que a categoria atende a uma grande parte da população, seja ela praticante ativa de exercícios físicos ou não. “Ainda é comum associá-la exclusivamente ao objetivo de ganho de massa muscular, mas a categoria vai muito além disso. Não é à toa que o segmento de alimentação saudável está crescendo tanto. Sabemos que uma boa parte dos consumidores já conhe-ce a importância da proteína para o dia a dia e estamos trazendo para eles uma opção de sabor e cremosidade únicos”, comenta Tatiane.

Vigor investe no segmento de Alta Proteína e lança Vigor Grego Protein

Como parte da estratégia de crescimento do Laticínios Xandô está a ampliação da linha de produtos com alta qualidade. A companhia, já tradicional na produção de leites Tipo A, Suco de Laranja 100% Natu-ral e Creme de Leite Fresco, optou por um produto imprescindível na alimentação dos brasileiros, o Queijo Minas Frescal.

“Sabemos que é um dos alimentos mais consumidos no país. Feito com Leite Xandô, nosso produto apresenta um sabor diferenciado, devido ao frescor do leite que é produzido e envasado dentro da própria Fazenda Colorado e proveniente de um único rebanho. Nosso objetivo é ampliar a linha de produtos com

extrema qualidade, levando toda a pureza do queijo da fazenda para a mesa dos consumidores”, explica Alexandre Wolff, Dire-tor Geral da Xandô.

Para Alexandre, o grande diferencial do produto é sua maté-ria prima - leite integral Xandô com sua textura mais cremosa que dará um toque especial ao queijo. “Queremos reconectar as pessoas aos valores de uma vida mais simples, natural e acima de tudo saudável”, complementa.

O Queijo Minas Frescal compõe a linha Xandô que, além dos leites Tipo A, possui produtos especiais pasteurizados, sem con-servantes e sem aditivos. A novidade está disponível em emba-lagens 500g.

Chega ao mercado o Queijo Minas Frescal feito com leite Xandô

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Yakult comemora 50 anos no BrasilO produto que conquistou o consumidor brasileiro é fruto de pesquisa do médico Minoru

Shirota, que constatou a importância da prevenção de doenças e descobriu uma espécie de lactobacilos benéficos à saúde intestinal. Hoje, a Yakult é uma empresa baseada em três alicerces: ‘Medicina Preventiva’, ‘Longevidade através dos intestinos sadios’

e ‘Boa saúde’ a um custo acessível a todos’

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o Ya

kultA empresa tem um belo início e

sua trajetória é fundamentada em muitos estudos no segmen-to a que se propõe a atuar. Sua

história começa no princípio do Século XX, quando o Japão vivia um cenário de muita pobreza, falta de saneamento e escassez de alimentos. Um jovem médico, Minoru Shirota, investiu em pesquisas alternativas para minimizar o alto índice de mortalida-de infantil por meio de um intestino mais saudável, já que se trata do principal órgão responsável pela absorção de nutrientes e mantê-lo sadio poderia contribuir para a longevidade.

Em 1930, após anos de contínuas pes-quisas, o médico e pesquisador selecionou uma espécie de lactobacilos resistente à acidez do estômago e que, ao chegar vivo e em grande quantidade ao intestino, inibia a proliferação de bactérias nocivas e pro-movia o equilíbrio da microbiota intestinal. Esse microrganismo revolucionou todos os conceitos da área de saúde na época e foi denominado Lactobacillus casei Shirota, em homenagem ao seu descobridor. Em 1935, o médico desenvolveu o Leite Fermentado com Lactobacillus casei Shirota, um alimen-to que poderia ser acessível a qualquer pes-soa e, em 1955, fundou a empresa Yakult Honsha, em Tóquio, e o Instituto Central Yakult, em Kyoto. Em 1967, o Instituto foi transferido para a cidade de Kunitachi, Tó-quio, onde atualmente são realizados inú-meros estudos relacionados aos microrga-nismos e sua relação com a saúde.

Para que o produto estivesse acessível para o maior número de pessoas, mesmo nos lugares mais longínquos, Minoru Shirota contou com a participação das mulheres, que foram essenciais para que muitas pessoas conseguissem consumir o produto diariamente. Afinal, eram as mulheres que cuidavam da saúde de suas famílias e iam de porta em porta explicar os benefícios do Leite Fermentado Yakult. Assim, em 1963, surgiu o sistema de venda porta a porta - as Yakult Ladies, e as atividades dessas mulheres tornaram-se essenciais para a empresa até os dias atuais.

Em 1968, iniciou-se a comercialização do Leite Fermentado Yakult com o atual forma-to do frasco com a silhueta acentuada, reco-nhecido no mundo inteiro. O formato carac-terístico desse frasco foi desenvolvido para facilitar o consumo por crianças pequenas e idosos, que podem ‘segurar o frasco pela cin-tura’ e não beber o conteúdo de uma vez só, tomando aos poucos, sem correrem o risco de engasgar.

No BrasilO Brasil foi o primeiro país a receber uma

fábrica da Yakult fora da Ásia, inaugurada em 1968, na cidade de São Bernardo do Campo (SP) – até então, somente Taiwan tinha uma fábrica da empresa, além do Japão. Em 1966, após a aquisição de um terreno de 405 mil m2 do qual a fábrica só ocupou 3% do total da

área, a Yakult inaugurou a primeira unidade fabril no Brasil, com a presença do fundador da empresa. A maior parte do terreno conti-nua intocada, até hoje, para contribuir para a preservação da Mata Atlântica.

Com a inauguração, a empresa também implantou o sistema de venda porta a porta pelas Yakult Ladies – sistema único da Yakult –, convidando as donas de casa a fazer dis-tribuição do produto nas regiões onde elas moravam. Dessa forma, a Yakult possibilitou que essas mulheres tivessem um negócio lucrativo sem perder a disponibilidade para exercer os importantes papéis em suas ca-sas, como mães e cuidadoras da família.

Em 1973, a Agência Fuji iniciou as ativi-dades comerciais e os consumidores do Rio de Janeiro passaram a receber os produtos da Yakult, também por meio da venda porta a porta. Em 1979, o leite fermentado come-çou a ser comercializado também no varejo, como ocorre até hoje. Em 1999, a empresa inaugurou uma segunda fábrica na cidade de Lorena, interior de São Paulo, para onde todas as linhas de produção foram transferi-das nos anos seguintes.

Em janeiro de 2013, a Yakult ampliou a área fabril e inaugurou o Complexo Indus-trial de Lorena, com 35 mil m² de área cons-truída, em 440 mil m² de área total, o que demandou investimentos da ordem de R$ 40 milhões. Com a ampliação, a unidade brasi-leira passou a ter a única fábrica da compa-nhia no mundo a produzir toda a linha de produtos na mesma planta fabril. Ao com-pletar 50 anos de Brasil, a Yakult é a marca preferida de milhões de consumidores e tra-balha para manter essa relação de confiança, que passa de geração em geração.

Venda diretaApesar de atuar no varejo desde 1979, a

venda direta é muito importante para a em-presa. “No Brasil, são cerca de cinco mil co-merciantes autônomas que levam os produ-tos diariamente para a casa de milhões de consumidores. As comerciantes autônomas que praticam a venda porta a porta são im-portantes para o negócio, porque estão mais próximas dos consumidores e, com isso, ex-plicam o valor científico dos nossos produ-

tos. As comerciantes são, em geral, morado-ras da região onde distribuem os produtos da Yakult e possuem um bom relacionamen-to com as pessoas. Em épocas comemorati-vas como Dia das Mães, dos Pais e das Crian-ças, a empresa realiza algumas ações com o objetivo de estreitar ainda mais os laços de amizade que essas comerciantes já conquis-taram pela união da tradição e qualidade dos produtos da Yakult. Embora até hoje essa for-ça de vendas seja formada por mulheres, já temos vários homens atuando como comer-ciantes autônomos da Yakult também”, ex-plica Eishin Shimada, presidente executivo da Yakult do Brasil.

Uma vantagem da combinação de venda domiciliar e do Leite Fermentado Yakult é que possibilita explicar pessoalmente a real fina-lidade de consumo do produto, pois o Leite Fermentado Yakult não é simplesmente um alimento, mas sim um alimento funcional com o exclusivo probiótico Lactobacillus casei

Eishin Shimada, presidente executivo da Yakult no Brasil

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Shirota, que ajuda a manter o equilíbrio da microbiota intestinal de consumidores de todas as idades. E também, através de visita constante nas casas de clientes, podemos relembrar o consumo diário deste produto para que Lactobacillus casei Shirota sempre esteja presente no intestino.

No início das operações da Yakult, as tecnologias implantadas eram basica-mente o know-how de fermentação para produzir um Leite Fermentado com 200

milhões de lactobacilos por grama na época (16 bilhões de Lactobacillus casei Shirota em um frasco). Atualmente, o leite fermentado Yakult 40 – lançado em 2001 – contém 500 milhões de Lactobacillus casei Shirota por gra-ma (40 bilhões de Lactobacillus casei Shirota em um frasco).

Em comparação com a legislação atual sobre Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade de Leites Fermentados (Instrução Normativa nº 46/2007), que preconiza apenas 1 milhão de microrganismos por grama nos leites fermentados, a tecnologia da Yakult é única e bem diferente das outras fabricantes. Por isso, basta tomar um frasco de Leite Fer-mentado Yakult por dia para que os consumi-dores possam ingerir quantidades suficientes do probiótico Lactobacillus casei Shirota.

ProduçãoNo primeiro ano da empresa no Brasil,

1968, a venda média diária era de aproxima-damente nove mil frascos por dia em apenas três meses de comercialização. Atualmen-te, a unidade brasileira produz diariamente uma média de 2 milhões de frascos das três versões de leite fermentado: Leite Fermen-tado Yakult – com 16 bilhões de Lactobacillus casei Shirota, indicado para toda a família; Yakult 40 – lançado em 2001, no Brasil – con-tém 40 bilhões de Lactobacillus casei Shirota e é dirigido a consumidores de idade avançada e vida agitada; Yakult 40 light – possui a mes-ma quantidade de lactobacilos do Yakult 40, 40 bilhões de Lactobacillus casei Shirota, que foi lançado em 2016, no Brasil, para pessoas

com estilo de vida moderno e que se preocu-pam com o consumo menor de calorias.

A linha produzida pela Yakult inclui o ali-mento com extrato de soja Tonyu, a bebida láctea fermentada Yodel, o Suco de Maçã Yakult, os alimentos adicionados de nu-trientes essenciais Taffman EX e Hiline F, a sobremesa láctea fermentada Sofyl e as três versões de leite fermentado com o exclusivo Lactobacillus casei Shirota.

PesquisasBasicamente, todos os estudos científicos

e desenvolvimento dos produtos são centra-lizados na sede central no Japão. No Institu-to Central Yakult, em Kunitachi, Tóquio, mais de 300 cientistas desenvolvem pesquisas constantes com microrganismos e sua rela-ção com a saúde.

O presidente executivo da Yakult ressal-ta: “a filosofia e missão de nossa empresa é contribuir para uma vida saudável e alegre das pessoas no mundo inteiro, com o con-sumo do Lactobacillus casei Shirota presente em nossos leites fermentados, que foi de-senvolvido através de pesquisas contínuas da ciência da vida. E, para fazer com que os consumidores entendam a importância de manter a saúde, é importante divulgarmos o conceito de ‘medicina preventiva’ e ‘longevi-dade através de intestinos sadios’ – que cha-mamos de Shirotaismo – em cada país onde estamos presentes. Neste sentido, a maior conquista da nossa empresa ao longo desses

50 anos de história no Brasil é que consegui-mos explicar para a população brasileira as ações benéficas do Lactobacillus casei Shirota, conhecido como probiótico, na manutenção da saúde. Nesses 50 anos também consegui-mos estruturar a rede de distribuição de nos-so produto em todo o país, desde a área tro-pical no Norte e Nordeste até a região do sul”.

Para seguir a filosofia da empresa no Brasil e em todos os países em que atua, a Yakult fortalecerá muito mais sua estrutura de dis-tribuição, principalmente o canal porta a porta. Também reforçará a alta qualidade e a segurança nos produtos. Para isso, temos um planejamento de investimentos na ordem de R$ 60 milhões para os próximos cinco anos no Brasil e parte dessa verba será destinada para modernização e otimização das insta-lações e dos equipamentos do Complexo Fa-bril de Lorena.

Eficiência até no espaço sideralRecentemente, os primeiros resultados

de uma pesquisa da empresa foram divulga-dos. A Yakult Honsha (matriz da multinacio-nal japonesa, com sede em Tóquio) e a Japan Aerospace Exploration Agency (JAXA) estu-daram os efeitos do probiótico Lactobacillus casei Shirota nas funções imunológicas e na microbiota intestinal dos astronautas sub-metidos a ambientes fechados de microgra-vidade. Os cientistas confirmaram que a cepa Lactobacillus casei Shirota mantém as mesmas funções de probiótico em ambiente espacial

Fachada da primeira fábrica, localizada em São Bernardo do Campo

Perecíveis lácteos - Crédito Ignácio CostaAMIS

Linha de produtos Yakult no Brasil

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que as amostras armazenadas na Terra. Os resultados foram publicados no jornal on--line Scientific Reports, integrante da revista científica britânica Nature (https://www.na-ture.com/articles/s41598-018-29094-2).

Durante o experimento, intitulado ‘Es-tação Espacial Internacional ‘Kibo’ – Ava-liação da estabilidade por experimento a bordo no Módulo Experimental Japonês’, os cientistas verificaram a quantidade de bactérias viáveis nas amostras, as proprie-dades de fermentação da cepa, as infor-mações genéticas e os efeitos imunomo-dulatórios do probiótico Lactobacillus casei Shirota liofilizado, preparado para inges-tão e armazenado por um mês na Estação Espacial Internacional (ISS) ‘KIBO’ Japan Experiment Module (módulo de experiên-cia do Japão).

Os astronautas que atuam na ISS (Estação Espacial Internacional) são afetados por fa-tores específicos do espaço, como a micro-gravidade e a radiação cósmica, além de rea-lizarem inúmeras missões em um ambiente isolado e fechado. As pesquisas na Medici-na Espacial já indicaram que, ao ficar por muito tempo no espaço, que é um ambiente de estresse complexo, ocorre alteração do equilíbrio da imunidade com diminuição da função das células imunológicas. E para ter sucesso no voo espacial com tripulação é ne-cessário manter a saúde mental e física dos astronautas, o que inclui a resistência imu-nológica, para que possam ter o melhor de-sempenho em suas importantes tarefas.

Exemplos como a pesquisa fora do espa-ço do Planeta Terra comprovam o DNA e o espírito pioneiro e de pesquisa que a Yakult preserva ao completar 50 anos. Empenho ge-neroso, pois contempla a saúde e o bem-es-tar de seus consumidores.

Complexo Fabril de Lorena

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Guia de Fornecedores

PZL - Dos queijos aos crioscópios

Garantir que cooperativas possam entregar um leite de qualidade às casas brasileiras tem sido a missão da PZL, desde 1950. Fabricante de Crioscópios, a PZL nasceu como Laticínios Londrina e produzia os Queijos Piazzalunga. A partir da experiência no ramo,

o então proprietário, Pedro Piazzalunga viu uma oportunidade. Ao perceber como era difícil comprar leite puro, Seu Pedrinho, como era conhecido, lançou uma marca pioneira na América Latina,

focada na produção de Crioscópios eletrônicos para análise de leite. Anos depois, rebatizada de PZL, a marca continua sua tradição em oferecer produtos robustos aos laticínios. Hoje, a PZL oferece quatro opções de Crioscópios, que garantem rastreabi-

lidade da análise e fornecem todas as informações necessárias para avaliar a qualidade do leite.

A PZL é a única do mercado brasileiro a oferecer assistência técnica de fábrica.PZL – Tecnologia em equipamentosRua Belgica, 355 – Londrina – PR – CEP: 86046-280 - Tel: 43 3337-0008www.pzltecnologia.com.br

Competência e expansão

Especialistas em consultoria técnica, sem pretensão de mudar seu foco, foram conduzidos por sua competência a alçar vôos mais altos, tornando-se fabricantes

de equipamentos com alta tecnologia.

A Alitec iniciou suas atividades em 1992, em São Paulo (SP), com a proposta de oferecer apenas Consultoria Técnica para indústrias, porém seus clientes passaram a apontar novos rumos possíveis para a empresa, que iniciou a trajetória em fornecimento de peças e serviços para equipamentos de processo, inclusive, para Homogeneizadores de Alta Pressão.

“Não demorou muito para sermos procurados para fabricar um Homogeneizador para o Grupo Saintgobain (Santa Marina). A partir desse momento, começou a nossa história na fabricação de Homogeneizadores de Alta Pressão. Em 2004, mudamos para sede própria, em Pindamonhangaba (SP)”, informa Valentim B. de Paula, diretor executivo da empresa.

A Alitec ampliou mais ainda sua linha de equipamentos, incluindo: Bombas Centrífugas, Bombas Alternativas de Pistões, Plantas para processamento de Aromas e Emulsões, Acessórios em Aço Inoxidável para indústrias de laticínios.

Atualmente, além da área de alimentos, atende também as indústrias os setores: farmacêutico, química, entre outros.A expansão da Alitec não foi somente para o mercado brasileiro, hoje, fornece para o mercado externo, com ênfase nos países do

Mercosul e América Central. Entre os países importadores estão Peru, Chile, Venezuela, Colômbia e Argentina.Entre as conquistas mais significativas da empresa, de Paula destaca: “a fábrica com sede própria, aliança com parceiros de ponta e

a venda de um Homogeneizador de Alta Pressão com características especiais para o Laboratório Pfyzer da Argentina”. Segundo o diretor executivo da Alitec, os três últimos anos foram de total expectativa, em razão das dificuldades econômicas no

Brasil. ‘Porém, acreditamos que o próximo ano será coroado por um recomeço, excelentes expectativas de crescimento no Brasil e com oportunidades muito atrativas para as indústrias nacionais”, conclui.

Alitec Rua Bananal, 179 - Pindamonhangaba/SP - CEP 12414-300 - (12) 3649-1361 / (12) 3649-1362www.alitec.com.br - [email protected]

ALLENGE R. ARABUTÃ, 427 90240-470 - PORTO ALEGRE - RS Tel: (51) 3337-8822 Fax: (51) 3337-6122 E-mail: [email protected] www.allenge.com.br

ANHEMBI R. MAJOR BASILIO, 348 03181-010 - SÃO PAULO - SP Tel: (11) 2601-3311 Fax: (11) 2601-0992 E-mail: [email protected] www.anhembiborrachas.com.br

B&B INOX R. JOSÉ PAULO DA SILVA, 40 37480-000 - LAMBARI - MG Tel: (35) 3271-4720E-mail: [email protected]

DOREMUS R. STA. MARIA DO PARÁ, 32 E 42 07175-400 - GUARULHOS - SP Tel: (11) 2436-3333 Fax: (11) 2436-3334 E-mail: [email protected] www.doremus.com.br

HIPER CENTRIFUGATION R. PASCHOAL CIOLFI, 404/422 13060-066 - CAMPINAS - SP Tel: (19) 3227-7977 E-mail: [email protected]

NILKO ARMÁRIOSAV. MARINGÁ, 190083325-360 – PINHAIS – PRTel: 41 3661-1800 – Cel: 41 99225-2745E-mail: nilko.com.br/armários/armá[email protected]

ROUSSELOTR. STO AGOSTINHO, 280 - DISTRITO DE ARCADAS13908- 080 – AMPARO – SP - Tel: (19) 3907-9000E-mail: [email protected] www.rousselot.com

SIG COMBIBLOC R. FUNCHAL, 418 CJTO 14º ANDAR 04551-060 - SÃO PAULO - SP Tel: (11)3028-6744 Fax: (11) 3028-6745 E-mail: [email protected] www.sig.biz/brasil

SOORO ROD. BR 163 KM 282,8 85960-000 - MAL. CÂNDIDO RONDON – PR Tel: (45) 3284-5300 E-mail: [email protected]

TETRA PAK AV. DAS NAÇÕES UNIDAS, 4777 - 10º ANDAR 05477-000 - SÃO PAULO - SP Tel: (11) 5501-3200 Fax: (11) 5501-3342 E-mail: [email protected] www.tetrapak.com.br

TREPKO R. BRASHOLANDA, 240, GALPÃO 183322-070 – PINHAIS – PRTel: (41) 3513-5100 / 5110 / [email protected] www.trepko.com

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Matéria de capa

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Balanço de 2018 e Perspectivas 2019

Um ano turbulento, que incorpo-rou até fatos inéditos, como a paralização de caminhoneiros com consequência direta para

o setor de leite, 2018 foi marcado por diver-sas dificuldades para os produtores. Como define Valter Galan – Sócio do Milkpoint – Mercado, em seu artigo nesta edição: “um ano cheio de incertezas e de altos e baixos, tanto em função de fatores externos à ca-deia leiteira, o mais marcante foi a greve de caminhoneiros, em maio, quanto por conta da própria oscilação da economia do país, que patinou bastante ao longo do ano e fez claudicar a recuperação do consumo que apontava no início do ano” .

Ao iniciar 2018 com preços baixos e custos de produção em alta, o lucro foi pouco. Quando os preços apontavam para recuperação, a greve de caminhoneiros teve reflexos, causando perdas na produção, além de afetar a alimentação dos rebanhos. “Isso fez com que os preços do leite UHT, no atacado saltassem, de R$2,40 em maio para R$3,14 em junho, alta de 31% na média nacional segundo dados do Cepea. No mesmo período, os preços do leite longa vida ao consumidor registraram aumento de 15,6%, segundo o IBGE ”, informam Glauco Rodrigues Carvalho e Denis Teixeira da Rocha, do Núcleo de Pesquisa Socioeconômica da Embrapa Gado de Leite.

Com a economia em recuperação ainda mais devagar do que se deseja e a quadro político trazendo insegurança, o consumo re-traiu, enfraquecendo a demanda para o setor de produtos lácteos.

As perspectivas para 2019 estão direta-mente relacionadas com a recuperação da economia e da taxa de câmbio. Como mencio-na Rafael Ribeiro, da Scot Consultoria: “Para o primeiro semestre de 2019, o quadro mais ajustado entre oferta de leite e a demanda é um fator positivo para as valorizações no mercado de leite brasileiro. Além disso, a ex-pectativa é de continuidade do crescimento da demanda interna, porém, o consumo ain-da deverá ficar em níveis de antes da crise. Outro ponto positivo para as margens da ati-vidade é com relação aos custos com alimen-tação concentrada no ano que vem. A maior oferta no Brasil e principais produtores de-verão pressionar para baixo, por exemplo, os preços da soja e farelo de soja no mercado in-ternacional, que já vem pressionando”.

EMPRESAS Receita Líquida em R$ milhões) Lucro Líquido (R$ milhões) Origem do Capital ESTADO

1 NESTLÉ 2 14.007,0 - SU SP

2 PIRACANJUBA 2.913,3 81,2 BR GO

3 VIGOR* 2465,9 26,7 BR SP

4 ITAMBÉ 2465,8 4,8 BR MG

5 EMBARÉ 1160,1 24,7 BR MG

6 LATICINIOS JUSSARA 794,3 1,3 BR SP

7 LEITE BETÂNIA 707,6 9,2 BR CE

8 YAKULT 487,2 41,0 JP SP

2 Valores estimados por Valor 1000 - * Dados extraídos de balanço consolidado

Fonte: Valor 1000 – As 1000 Maiores e Melhores Empresas do Brasil – Edição 2018

EMPRESAS VALOR (em R$ milhões) Lucro Ajustado (R$ milhões) Origem do Capital ESTADO

1 NESTLÉ 1,8 4477,4 NI SU SP

2 LATICÍNIOS BELA VISTA 3,6 2957,8 22,3 BR GO

3 ITAMBÉ ALIMENTOS 3,6 2475,0 0,7 BR MG

4 VIGOR 3, 8 2407,4 5,4 BR SP

5 EMBARÉ 3,6 1177,8 BR MG

6 LATICÍNIO JUSSARA 3,6 806,5 BR SP

1 Vendas estimadas pela revista - 3 Vendas extraídas de demonstração contábil - 6 Informações ajustadas calculadas pela revista - 8 Ebitda publicado pela empresa NI – Não informa-do- Obs: As empresas cujas demonstrações não foram encerradas em dezembro tiveram os valores de suas vendas, o patrimônio e outros indicadores ajustados para o nível de preços de dezembro de 2016

Fonte: Exame – Edição Especial – Melhores & Maiores – As 1000 Melhores & Maiores – Edição 2018

Quem é Quem nas Indústrias de LaticíniosRanking dos Maiores Laticínios em 2018

21º RANKING MAIORES EMPRESAS DE LATICÍNIOS DO BRASIL - 2017

Class (1)

Empresas/Marcas

Recepção leite (mil litros) Número produtores leiteLitros de leite

por produtor/dia

2016 2017Var. % total 2016 2017

Var. %2016 2017

Var. %

Produtores Terceiros Total Produtores Terceiros Total 2017/2016 2017/2016 2017/2016

1ª NESTLÉ 995.000 695.000 1.690.000 1.048.000 646.400 1.694.400 0,3 4.439 3.898 -12,2 614 735 19,6

2ªLATICÍNIOS BELA VISTA

916.860 177.028 1.093.888 869.357 452.971 1.322.328 20,9 6.159 6.633 7,7 408 358 -12,2

3ª UNIUM (3) 600.382 368.372 968.754 679.654 460.003 1.139.657 17,6 1.819 1.520 -16,4 904 1.222 35,1

4ª CCPR/ITAMBÉ 989.000 115.000 1.104.000 939.444 56.209 995.653 -9,8 4.705 4.314 -8,3 576 595 3,3

5ª EMBARÉ 389.121 194.737 583.858 382.813 186.472 569.285 -2,5 1.840 1.667 -9,4 579 627 8,3

6ª AURORA 453.000 0 453.000 475.000 13.000 488.000 7,7 6.000 5.520 -8,0 207 235 13,7

7ª CCGL 345.928 10.332 356.260 437.203 1.870 439.073 23,2 4.619 4.302 -6,9 205 278 35,3

8ª JUSSARA 288.104 89.417 377.521 297.186 97.546 394.732 4,6 3.505 3.495 -0,3 225 232 3,2

9ª DANONE 219.989 128.611 348.600 178.837 199.814 378.651 8,6 278 213 -23,4 2.168 2.294 5,8

10ª VIGOR 257.277 54.060 311.337 254.802 57.873 312.675 0,4 1.259 1.184 -6,0 560 588 5,0

11ª DPA BRASIL 31.999 211.936 243.935 39.495 206.943 246.438 1,0 114 131 14,9 769 824 7,1

12ª CENTROLEITE 211.499 0 211.499 217.851 0 217.851 3,0 3.504 3.832 9,4 165 145 -12,4

13ª FRIMESA 204.227 9.936 214.163 204.945 9.368 214.313 0,1 3.412 2.859 -16,2 164 196 19,4

14ªCONFEPAR/

CATIVA183.678 11.949 195.627 180.293 11.811 192.104 -1,8 2.161 2.036 -5,8 233 242 3,9

TOTAL DO RANKING (2)

6.086.064 2.341.748 8.152.442 6.204.880 2.273.431 8.605.160 5,6 43.814 41.604 -5,0 381 407 7,1

Estimativa da capacidade instalada de processamento de leite das empresas do ranking 2017 (mil litros/ano) = 13.849.769

(1) Classificação base recepção (produtores + terceiros) no ano de 2017 das empresas que responderam a pesquisa(2) O total de terceiros não inclui o leite recebido de participantes do ranking devido a duplicidade(3) Intercooperação de Lácteos das Cooperativas Frisia, Castrolanda e CapalFonte: LEITE BRASIL, CNA, OCB, CBCL, VIVA LÁCTEOS, EMBRAPA/Gado de Leite e G100

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Matéria de capa

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Análise

O ano de 2018 foi cheio de incer-tezas e de altos e baixos, tanto em função de fatores externos à cadeia leiteira (o mais marcan-

te foi a greve dos caminhoneiros, em maio) quanto por conta da própria oscilação da economia do país, que patinou bastante ao longo do ano e fez “claudicar” a recuperação de consumo que apontava no início do ano.

Antes da greve dos caminhoneiros, tínha-mos um cenário de preços bastante baixos na cadeia, que fizeram crescer muito pouco a nossa produção e sustentaram uma rela-tiva recuperação de consumo. No “pós-gre-ve”, como mostra o gráfico 1 (que apresenta a dinâmica de preços do leite UHT), os pre-ços subiram bastante e muito rapidamente (em função da ruptura de estoques no vare-jo e da falta de leite no campo) o que ajudou a fazer o consumo começar a recuar, mas criou um novo cenário, bem mais favorável, para o crescimento da produção.

Incertezas de 2018 e esperança de melhoras no próximo ano

Valter Galan - Sócio do MilkPoint Mercado

Neste novo cenário de preços mais altos, o indicador Receita Menos Custo da Ração (RMCR), que mede a relação de troca entre o leite e o concentrado (milho + farelo de soja) saiu de um patamar desfavorável para níveis melhores, passando a incentivar o cresci-mento da produção de leite. O gráfico 2 mos-tra claramente esta reversão de tendência, com a evolução deste indicador antes e de-pois da greve e comparando os números de 2018 com os do ano passado e com médias históricas.

Assim, estimamos (os dados oficiais de produção ainda não são disponíveis) que a produção brasileira de leite deve começar a se recuperar no terceiro trimestre do ano (com crescimento de 1% a 1,2% em relação ao mesmo trimestre de 2017) e com recupe-ração um pouco maior no quarto trimestre do ano, atingindo variação positiva de 2 a 3% sobre o mesmo período de 2017, fechando o ano com crescimento médio bastante pe-queno em relação a 2017 (entre 0,5 e 1%).

Um fator relevante a se destacar sobre o momento atual de 2018 e as perspectivas até o final do ano são as importações. A entrada de lácteos importados foi menor que em 2017 até o momento, principalmente pelos baixos

Gráfico 1. Dinâmica de preços do leite UHT no ataca-do, do leite spot e do leite ao produtorFonte: elaborado pelo MilkPoint Mercado com base em dados próprios e do Cepea

Empresa Receita Líquida(em R$ milhões)

Lucro Líquido(R$ milhões)

Origem doCapital Sede

1 Nestlé 2 21.068 - SU SP

2Laticínios Bela Vista

(Piracanjuba)2.913 81 BR GO

3 Castrolanda 2.746 78 BR PR

4 Vigor 2.371 20 BR SP

5 Cooperativa Frisia 2.345 81 BR PR

6 CCPRMG2 1.577 - BR MG

7 Embaré 1.160 25 BR MG

8 Laticínio Jussara 794 1 BR SP

9 Betânia Lácteos 708 12 BR CE

10 Yakult 487 41 JP SP

11 Forno de Minas 316 3 BR SP

12 Cooprata 306 9 BR MG

13 Tangará Foods 303 -18 BR ES

14 La Sereníssima 286 21 AG SP

15 Laticínio Aviação 248 22 BR MG

16 Pic Nic 209 13 BR PR

17 Barbosa & Marques 184 -2 BR MG

18 Alibra Ingredientes 171 20 BR SP

19 Matilat 164 -21 BR SP

20 Coapil 149 3 BR GO

21 Trevo Alimentos 139 15 BR MG

22 Sooro 123 11 BR PR

23Asperbras Alimen-

tos Lácteos99 -1 BR MG

24Relat Laticínios

Renner82 16 BR RS

2 – Valor estimado por Melhores do Agronegócio; - Dado não fornecido ou que não se aplica à empresaFonte: Globo Rural – Melhores do Agronegócio - As 500 maiores empresas do Agro 2018

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Análise

preços internos até a greve, mas começam a dar sinais de reação, principalmente em função da forte elevação dos preços por aqui (como mostra o gráfico 1). Os volumes importados em setembro/2018 já foram quase 20% maiores do que no mesmo mês de 2017 e existe uma perspectiva de que este crescimento siga até o final do ano e no início de 2019, em função, principalmente, da relação de preços entre os importados e o produto nacional, que indica competitivi-dade dos lácteos estrangeiros.

No resumo do ano de 2018, temos então como principais direcionadores de merca-do os seguintes pontos:

• Consumo: começou o ano em recupe-ração, mas tende a fechar 2018 sem cres-cimento, ou com crescimento pouco sig-nificativo

• Produção de leite: vem acelerando no pós-greve, em função dos aumentos de preços. No entanto, por conta de um pri-meiro semestre muito ruim, deve fechar o ano estável ou cm crescimento pequeno em relação a 2017.

• Preços: começaram o ano bastante baixos e aumentaram fortemente no pós greve. Tendem a cair até dezembro, mas terminam o ano em patamares bem mais elevados dos observados no início do pe-ríodo

• Importações: também reverteram o cenário verificado no início do ano, quan-do eram pouco atrativas e tinham volumes em recuo. A alta dos preços internos fez aumentar a competitividade dos volumes importados

2019 – o que esperar?Certamente 2019 será um ano de grandes

incertezas, tanto no campo político, com um novo governo assumindo as rédeas do país e buscando operacionalizar as importantes mudanças estruturais que devem ser feitas, quanto no campo econômico.

Algumas coisas são menos incertas e po-derão ajudar a entender como andará o mer-cado de leite e derivados:

• Condições de produção de leite: ape-sar das possíveis quedas que ainda deve-rão acontecer até o final deste ano, os pre-ços médios aos produtores devem abrir 2019 melhores (isto é, mais altos) do que em 2018. Este fator, isoladamente, já justificaria uma sinalização de recuperação mais forte da produção no ano que vem, mas é associado a uma melhor condição de preço de milho e soja para o primeiro semestre de 2019 (pelo menos, no cenário de hoje, os contratos fu-turos da BMF/B3 e da Bolsa de Chicago, a si-nalização é de recuo destes preços). Assim, devemos ter uma condição de produção de leite mais robusta em 2019

• Importações: como já mencionado ante-riormente, 2019 tende a começar com preços mais altos do que em 2018 aqui no mercado brasileiro. Ao mesmo tempo, as condições de oferta & demanda do mercado internacional apontam, pelo menos para o primeiro se-mestre de 2019, para preços internacionais dos lácteos estáveis. Se a taxa de câmbio não apresentar variações muito relevantes (este é um ponto praticamente impossível de pre-

Gráfico 2. Evolução do indicador Receita Menos Custo da Ração (RMCR)

Fonte: elaborado pelo MilkPoint Mercado com base em dados do DERAL/SEAB/PR e do Cepea

ver!), continuaremos com competitividade elevada das importações, sinalizando para um aumento dos volumes importados de lácteos em 2019

• Consumo: se economia brasileira crescer em 2019 (os experts do mercado apontam para projeções de crescimento do PIB entre 2 e 2,5% no próximo ano), ela trará consigo o consumo de lácteos, que vem de 3 anos con-secutivos de quedas. A sinalização é, portan-to, positiva neste aspecto, mas com elevado grau de incerteza

Assim, no “fritar dos ovos”, 2019 sinaliza ser um ano mais positivo para a cadeia lác-tea nacional, com produção e consumo em recuperação, apesar da constante ameaça dos lácteos importados. No entanto, deve-se considerar o enorme grau de incerteza deste cenário, dadas as variáveis políticas e econô-micas envolvidas, e seguir “par e passo”, dia-riamente, para onde aponta o mercado.

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Valter Galan - Sócio do MilkPoint Mercado

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Mercado

Leites - 2o Quadrimestre - 2018

Principais movimentações da categoria de Leites e o impacto da greve dos ca-minhoneiros Principais movimentações nas embalagens Desempenho e tendências dentro de Leites Especiais Leite em Pó é o único segmento que consegue crescer, a greve dos caminhonei-

ros não apresentou queda no consumo, o impacto foi no preço médio. UHT cresce em volume na GSP e no LE+IRJ, as demais regiões apresentam retra-

ção. No Nordeste o segmento vêm sendo substituído por Leite em Pó. A indústria segue com muitos lançamentos, e o consumidor busca benefícios.

Será que está claro… enriquecido, adicionado, fortificado? Mais informação para o consumidor que busca benefícios, porém são muitas

opções com grandes diferenças de preço

Leite em Pó é o único segmento que consegue crescer, UHT se man-teve estável. UHT cresce em volume na GSP e no LE+IRJ, as demais regiões apre-

sentam retração. No Nordeste o segmento vêm sendo substituído por Leite em Pó. A greve dos caminhoneiros não apresentou queda no consumo de

leites, o impacto foi no preço médio. A indústria segue com muitos lançamentos com leites especiais, e o

consumidor que busca benefícios está disposto a experimentar. Mas será que está claro para ele o que é enriquecido, adicionado, fortificado?

Marcas e Segmentos com valor agregado

Embalagens

Pesquisa Kantar WorldPanel

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Mercado

Tabela 1086 - Número de informantes e Quantidade de leite cru, resfriado ou

não, adquirido e industrializado, no mês e no trimestre, por tipo de inspeção

Variável - Número de informantes (Unidades)

Brasil

Tipo de inspeção - Total

Referência temporal - Total do trimestre

Trimestre

1º trimestre 2018 2º trimestre 2018

1923 1921Fonte: IBGE - Pesquisa Trimestral do Leite

Tabela 1086 - Número de informantes e Quantidade de leite cru, resfriado ou não,

adquirido e industrializado, no mês e no trimestre, por tipo de inspeção

Variável - Quantidade de leite cru, resfriado ou não, adquirido (Mil litros)

Brasil

Tipo de inspeção - Total

Referência temporal - Total do trimestre

Trimestre

1º trimestre 2018 2º trimestre 2018

6005729 5468519Fonte: IBGE - Pesquisa Trimestral do Leite

Tabela 1086 - Número de informantes e Quantidade de leite cru, resfriado ou não, adquirido e industrializado, no mês e no

trimestre, por tipo de inspeção

Variável - Quantidade de leite cru, resfriado ou não, adquirido - percentual do total geral

Brasil

Tipo de inspeção - Total

Referência temporal - Total do trimestre

Trimestre

1º trimestre 2018 2º trimestre 2018

100 100Fonte: IBGE - Pesquisa Trimestral do Leite

Dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística)

Tabela 1086 - Número de informantes e Quantidade de leite cru, resfriado ou não, adquirido e industrializado, no mês e no

trimestre, por tipo de inspeção

Variável - Quantidade de leite cru, resfriado ou não, industrializado (Mil litros)

Brasil

Tipo de inspeção - Total

Referência temporal - Total do trimestre

Trimestre

1º trimestre 2018 2º trimestre 2018

5999603 5452434Fonte: IBGE - Pesquisa Trimestral do Leite

Tabela 1086 - Número de informantes e Quantidade de leite cru, resfriado ou não, adquirido e industrializado, no mês e no

trimestre, por tipo de inspeção

Variável - Quantidade de leite cru, resfriado ou não, industrializado - percentual do total geral

Brasil

Tipo de inspeção - Total

Referência temporal - Total do trimestre

Trimestre

1º trimestre 2018 2º trimestre 2018

100 100Fonte: IBGE - Pesquisa Trimestral do Leite

Notas

1 - Até o 4º trimestre de 2005 os dados das Unidades da Federação com menos de 4 (quatro) informantes estão desidentificados com o caracter X. A partir do 1º trimestre de 2006 a desidentificação passou a ser feita para menos de 3 (três) informantes.

2 - Os dados relativos ao ano de 2017 são preliminares até a divulgação dos dados do 1º trimestre de 2018.

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Mercado

O mercado de lácteos no Brasil e historicamente pulverizado de-vido ao alto número de peque-nos produtores locais, barrei-

ras logísticas da cadeia refrigerada e força de marcas menores em algumas regiões do país. Por estes motivos, entre outros, grandes fabricantes brasileiros de alimen-tos preferem focar em categorias de lácte-os com barreiras menores e potencial de exportação. É um dos motivos que levou a Brasil Foods a vender as marcas Batavo e Elege para que assim pudesse focar no mercado de carnes, uma estratégia similar a da JBS de vender a marca Vigor ao grupo mexicano Lala.

Em contrapartida, há forte interesse de fabricantes internacionais, como o Grupo Lactalis que adquiriu a divisão de lácteos da BRF, expandir suas operações geografi-camente. Esta expansão para outras regi-ões fora dos principais países da Europa se dá por diversos motivos. O primeiro deles é o comportamento dos consumidores que estão se tornando mais sensíveis aos pre-ços de produtos como leites e iogurtes e, cada vez mais, optando por marcas pró-prias de varejistas que sejam mais acessí-

O fragmentado mercado de lácteos

Caroline Kurzweil, Analista de Alimentos & Nutrição da Euromonitor International

veis sem perder qualidade. Enquanto isto, no Brasil, consumidores ainda preferem marcas mais premium em categorias como iogurtes e queijos, o que representa oportunidades para fabricantes internacionais que estão sendo “engolidos por” marcas próprias em seus países de origem.

Outros países, como Rússia e Itália, tam-bém apresentam uma pulverização do seg-mento de lácteos por motivos similares aos vistos no Brasil. Em ambos os países, a bar-reira da logística refrigerada e significativa; a Rússia pelo seu tamanho e a Itália, pela infra-estrutura carente de investimento e melho-ria. A alta fragmentação do mercado também é observada em outras nações europeias, mas por motivos diferentes, como é o caso da Suíça e do Reino Unido. Nestes dois países, assim como nos Estados Unidos, os grandes fabricantes de lácteos vêm perdendo uma parcela significativa da participação de mer-cado para as marcas próprias de varejistas, que entraram para competir acirradamente em preço e qualidade. Em contrapartida, isto leva estas grandes empresas de lácteos a di-versificarem seus investimentos em outras regiões, como é o caso da Lactalis entrando fortemente no Brasil por meio de aquisições.

É bastante comum que empresas da ca-tegoria de leite também foquem em outras categorias correlatas, como iogurtes e lei-te condensado, uma vez que as cadeias de fornecedores e produtivas são parecidas. As maiores empresas de lácteos do mundo atuam em diversas categorias, como, por exemplo, a Nestlé e a Lactalis que produzem desde leite em pó ate queijos premium por meio de suas diversas subsidiárias. No Brasil também há marcas tradicionalmente brasi-leiras, como a Vigor (agora do grupo mexica-no Lala), que são players relevantes tanto em queijos quanto em iogurtes, por exemplo.

Este é um outro motivo que leva o merca-do de lácteos a ser mais fragmentado do que outras categorias de alimentos.

Fonte: Euromonitor International

Globalmente, é esperado que este movi-mento de fragmentação do mercado conti-nue, especialmente com o fortalecimento de marcas próprias e com a criação de no-vas ocasiões de consumo para os produtos lácteos. Hoje, o setor compete também com snacks devido ao alto teor proteico dos pro-dutos lácteos, uma tendência relacionada a crescente demanda dos consumidores por um estilo de vida saudável. Com estes no-vos momentos e funcionalidades, empre-sas menores com propostas diferenciadas também vêm ganhando relevância, como é o caso da Verde Campo com o iogurte Whey, adquirida pela Coca-Cola em 2015 e estre-ando a entrada da fabricante de bebidas no mercado de lácteos.

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Balanço

Balanço do mercado do leite em 2018 e expectativas para 2019

Rafael Ribeiro de Lima Filho –Zootecnista, msc. - Scot Consultoria

A retomada da produção no país, desde 2017, e a deman-da interna patinando, devido à crise econômica, foram fa-

tores de dificuldade para a evolução dos preços do leite (matéria-prima) e deriva-dos neste ano, mesmo durante o período de entressafra.

A intensidade da alta no preço pago ao produtor, até maio, ficou aquém do previsto pelos agentes do mercado, em função do consumo ruim. Segundo le-vantamento da Scot Consultoria, consi-derando a média nacional, houve alta de 8,6% no preço do leite pago ao produtor nos primeiros cinco meses de 2018 (ja-neiro a maio).

Com a greve dos caminhoneiros no final de maio e começo de junho, a cap-tação de leite foi prejudicada. Esta me-nor disponibilidade de matéria-prima e a maior concorrência entre os laticínios fizeram o preço do leite subir 11,7% no acumulado dos três pagamentos seguin-tes. Veja a figura 1.

Para o produtor, apesar da valorização mé-dia do leite de 21,3%, no acumulado de janeiro a agosto, pico de preços (em algumas regiões a alta superou os 40% neste período), as mar-gens da atividade (resultados econômicos) ficaram pressionadas, principalmente para quem não se planejou com relação as com-pras dos insumos.

Segundo o Índice Scot Consultoria de Cus-tos de Produção, os custos da atividade subi-ram, em média, 4,0% em 2018, puxados pela alta do milho (+60,5% out/18 x out/17) e do fa-relo de soja (+32,4% out/18 x out/17).

Desta forma, o produtor de leite que não se planejou com relação as compras dos insu-mos, principalmente a alimentação concen-trada, teve a margem prejudicada pelas altas dos custos de produção da atividade.

Peso da safra

O mercado virou. Depois de sete meses em alta, os preços do leite ao produtor caíram no pagamento de setembro, referente a produção entregue em agosto. O aumento da captação (safra) e a demanda patinando na ponta final da cadeia pressionaram os preços em todos os elos da cadeia ao longo de setembro.

Segundo o Índice Scot Consultoria de Cap-tação de Leite, em agosto o volume captado de leite (média nacional) aumentou 3,7%, em relação a julho deste ano. Em setembro, o au-mento foi de 0,8% na captação de leite (mé-dia nacional) e a expectativa é de que em es-tados como minas Gerais, São Paulo e Goiás, por exemplo, os volumes captados continuem crescentes até janeiro de 2019.

Desta forma, a maior oferta de matéria-pri-ma (leite cru) prevista para os próximos me-ses tende a pressionar as cotações em todos os elos da cadeia do leite em curto e médio prazos.

Do lado da demanda, com as festas de fi-nais de ano, espera-se uma maior movimen-tação nos mercados de creme de leite, man-teiga, queijos e leite condensado, no entanto, a demanda por leite fluido sazonalmente é menor neste período.

Para 2019

Para o primeiro semestre de 2019, o quadro mais ajustado entre oferta de leite e a deman-da é um fator positivo para as valorizações no mercado de leite brasileiro.

Além disso, a expectativa é de continuida-de do crescimento da demanda interna, po-rém, o consumo ainda deverá ficar em níveis de antes da crise.

Outro ponto positivo para as margens da atividade é com relação aos custos com ali-mentação concentrada no ano que vem. A maior oferta no Brasil e principais produtores deverá pressionar para baixo, por exemplo, os preços da soja e farelo de soja no mercado in-ternacional (já vem pressionando).

No Brasil, as cotações em reais dependerão do câmbio, que por sua vez já sinalizou um patamar mais baixo e menores oscilações em 2019 após o resultado das eleições para presi-dente no país.

No caso do milho, espera-se se um cená-rio de preços mais calmos, diferentemente de 2018. A pressão de baixa deverá ser maior no final do segundo trimestre de 2019, quando a colheita da segunda safra (2018/2019) ganha força no país.

Para o produtor, a sugestão é planejamen-to, principalmente com relação a compra dos itens que compõe os custos de produção da atividade, para fugir dos riscos, especialmente considerando as incertezas político-econômi-cas em ano de eleições no país.

É preciso melhorar sempre a produtividade e os indicadores zootécnicos e econômicos da atividade, bem como otimizar as margens no período de alta de preço do leite.

Figura 1. Preço do leite pago ao produtor (média nacional ponderada de 18 estados pesquisados), em R$ por litro, sem o frete.* estimativasFonte: Scot Consultoria – www.scotconsultoria.com.br

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Rafael Ribeiro de Lima Filho –Zootecnista, msc. - Scot Consultoria

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Balanço

Em 2017, a produção de leite sob inspeção voltou a crescer depois de dois anos consecutivos de que-da. Entretanto, essa retomada da

produção não foi consistente, com a que-da da produção já no primeiro semestre de 2018 na comparação com o mesmo perío-do de 2017 (Figura 1). As razões para esse enfraquecimento da produção remontam ainda à 2017, com um segundo semestre em que os custos de produção começa-ram a subir e os preços do leite recuaram acentuadamente. Os aumentos dos preços de itens ligados à alimentação do rebanho (concentrado, produção de volumosos e sal mineral) e de energia e combustível foram os principais responsáveis pela elevação de 16,7% no Índice de Custo de Produção de Leite da Embrapa (ICPLeite), no período de outubro de 2017 a setembro de 2018. Já nos preços do leite ao produtor, a expressiva redução registrada, principalmente, no ter-ceiro trimestre de 2017, foi motivada pelo aumento da oferta do produto no mercado brasileiro, que não foi totalmente absorvida pelos consumidores, visto que o consumo de lácteos vem reagindo lentamente em função da conjuntura econômica do País.

Desempenho do setor de leite em 2018 e perspectivas 2019

Por Glauco Rodrigues Carvalho e Denis Teixeira da Rocha,Do Núcleo de Pesquisa Socioeconômica da Embrapa Gado de Leite

Preço do leite e relação de trocaNesse cenário, o ano de 2018 iniciou com

preços do leite em patamares historicamente baixos associados a custos de produção cres-centes, fazendo com que a relação de troca ao pecuarista, medida pela quantidade de litros de leite necessária para compra DE saca de 60 kg de concentrado atingisse 45 litros em mar-ço, alta de 41% em um ano, comprometendo a rentabilidade do produtor. No segundo tri-mestre de 2018, os preços do leite apresen-taram uma recuperação mais acentuada em função da entressafra, potencializada pelos efeitos da greve dos caminhoneiros ocorrida no final de maio. Essa greve afetou a produ-ção primária com perdas de produção e com-prometimento da alimentação dos animais, paralisou as atividades da indústria e consu-miu os estoques dos laticínios e dos varejis-tas. Isso fez com que os preços do leite UHT no atacado saltassem de R$2,40 em maio para R$3,14 em junho, alta de 31% na média nacio-nal segundo dados do Cepea. No mesmo perí-odo, os preços do leite longa vida ao consumi-dor registraram aumento de 15,6%, segundo o IBGE. Essas valorizações também refletiram

nos preços do leite ao produtor, com aumento de 13% entre junho e julho. Entretanto, esse movimento de alta mais expressiva perdeu força rapidamente com os preços na indústria e no varejo começando a recuar já em agosto, enquanto que o preço ao produtor começou a cair em setembro (Figura 2).

Balança comercial Um fator que não tem afetado tanto o

mercado interno neste ano é a importação de produtos lácteos, que tem se mantido em patamares menores que nos anos anteriores. De janeiro a setembro de 2018, o Brasil im-portou, em média, 7,0 mil toneladas por mês de leite em pó, principal produto de nossa ba-lança comercial de lácteos. Em 2017, essa mé-dia mensal foi de 9,6 mil toneladas, enquanto que em 2016 foi ainda maior, de 13,8 mil tone-ladas. No geral, as importações brasileiras de leite e derivados somaram US$ 341 milhões no acumulado dos nove primeiros meses de 2018, queda de 27,6% em relação a 2017, sen-do leite em pó e queijos os principais produ-tos internalizados. Além da demanda inter-na enfraquecida, a desvalorização da taxa de câmbio e o alinhamento do preço brasileiro ao internacional, no período mais recente, estão contribuindo para um menor volume de importação. As exportações, por sua vez, também estão menores que no ano anterior, totalizando US$43 milhões entre janeiro a se-tembro de 2018, redução de 50,3%. Queijos, leite condensado e creme de leite foram os principais produtos exportados pelo Brasil, sendo responsáveis por 81% dos embarques.

Figura 2. Preços do leite recebidos pelo produtor na “Média Brasil” líquida do Cepea (considera os estados de Bahia, Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul e não contém frete e impostos), em valores reais (deflacionados pelo IPCA de agosto/18).Fonte: Cepea.

Figura 1. Variação na produção brasileira de leite inspecionado de 2014 a 2018Nota: *Variação do primeiro semestre de 2018 em relação ao mesmo período de 2017.Fonte: IBGE (Pesquisa Trimestral do Leite), elaborado pela Embrapa. Tabela 1. Balança comercial brasileira de leite e derivados – importação, exportação e saldo: acumulado do período de janeiro a setembro de

2018 (valores em mil US$)

Produto Importação Exportação SaldoLeite em Pó $179.832,39 $1.824,22 -$178.008,18

Queijos $96.771,72 $13.537,54 -$83.234,17

Leite Condensado $0,00 $12.584,09 $12.584,09

Creme de Leite $0,00 $8.699,48 $8.699,48

Demais produtos lácteos $64.022,98 $6.351,33 -$57.671,65

TOTAL $340.627,09 $42.996,66 -$297.630,43Fonte: SECEX/MDIC, elaborado pela Embrapa

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Balanço

Perspectivas para o mercado do leite em 2019

O mercado brasileiro de leite mostra-se mais equilibrado em termos de oferta e de-manda do produto. Isso porque a expansão da produção nacional tende a ficar relati-vamente estável em 2018, na comparação com o ano passado, o volume de importa-ção está menor e apesar do consumo estar fraco, não há um excedente de produção que possa levar a uma queda muito acen-tuada nos preços. Nesse cenário, a expecta-tiva é que o próximo ano inicie com preços do leite ao produtor em patamares mais elevados que os valores recebidos no come-ço de 2018. Outro fator positivo para os pro-dutores é a previsão de elevada produção de grãos na safra 2018/2019, contribuindo para um recuo nos custos de alimentação das vacas, sobretudo concentrados a base de milho e soja. Esse preço do leite ao pro-dutor mais alto associado a redução no pre-ço de importantes insumos deve melhorar a rentabilidade das fazendas e culminar em expansão da produção de leite em 2019.

Por outro lado, ainda existem incerte-zas sobre o desempenho do setor lácteo no âmbito do consumo. O crescimento da demanda por leite e derivados é fortemen-te influenciado pela economia. Com o fra-co desempenho econômico do Brasil nos últimos anos é difícil que tenhamos um crescimento muito forte na demanda no curto prazo. Mas há espaço para expansão do consumo, pois existe uma demanda re-primida que se arrasta dos anos recentes e algum crescimento econômico poderá ajudar nas vendas de lácteos. As previsões iniciais de PIB para 2019 estão em torno de 2,5%, o que ainda é baixo, mas é o maior crescimento desde 2013 quando o PIB avançou 3,0%. Dessa forma, o cenário para o próximo ano sugere ligeira recuperação da oferta e da demanda proporcionando,

Glauco Rodrigues Carvalho

Denis Teixeira da Rocha

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inclusive, alguma melhoria nas margens dos laticínios, que se encontram baixas desde meados de 2016. O que falta de fato para me-lhorar o desempenho econômico brasileiro e alavancar a demanda de alimentos e lácteos é confiança, que virá apenas com medidas concretas em relação às reformas, ao papel do Estado, o ambiente de negócios e a esta-bilidade institucional. São questões que po-dem ajudar no crescimento econômico via investimentos e consumo das famílias. O desempenho econômico está muito atrelado as expectativas dos empresários e dos con-sumidores. Veremos se o próximo presidente do País consegue avançar nessa agenda.

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Balanço

Oferta enxuta e consumo enfraquecido marcam o

mercado em 2018Natália Grigol, pesquisadora da Equipe Leite Cepea

O m e r c a d o de leite, em 2018, tem se caracteriza-

do pelo contexto simul-tâneo de oferta enxuta no campo e demanda

enfraquecida na prateleira. Essa conjuntura é tanto reflexo da “crise de 2017” como tam-bém sua continuação, à medida em que a produção foi afetada pelos baixos preços do ano passado e o consumo continua fragili-zado em decorrência do panorama econô-mico. Esses dois fatores de oferta e deman-da têm se equilibrado para formar o preço do leite recebido pelo produtor, hora com um pesando mais sobre o outro e hora com um atenuando os efeitos do outro.

Para entender os movimentos do mer-cado de leite neste ano e antever cenários, é importante recapitular alguns fatos. De janeiro a agosto, observamos o fortaleci-mento do movimento de valorização do leite ao produtor, em consequência da me-nor oferta e acirrada competição entre as indústrias. Segundo dados do Cepea, nes-se período, houve alta acumulada de 50,3% em termos reais na “média Brasil” líquida1.

Os últimos dados da Pesquisa Trimestral do Leite mostram que o volume captado no Brasil no segundo trimestre de 2018 esteve 3,2% inferior ao do mesmo período de 2017 (figura 1). Alguns fatores podem ser listados para explicar esse cenário. Primeiramente, deve-se levar em conta que, como consequ-ência de um 2017 ruim, muitos produtores saíram da atividade e outros, descapitali-

zados, realizaram menos investimentos. A greve dos caminhoneiros, ocorrida no final de maio, também impactou fortemente a produ-ção – tanto no curto prazo, com o descarte de milhares de litros de leite, quanto no longo prazo, com a alteração no ciclo fisiológico das vacas e perdas de produtividade. Além disso, o atraso das chuvas no Sul do País limitou o crescimento da produção na safra de inverno.

O aumento dos preços no campo foi, evi-dentemente, repassado aos derivados lácte-os. O leite longa-vida, lácteo mais consumido no Brasil, se valorizou em 37,1% na “média Brasil” de janeiro a agosto (valores deflacio-nados pelo IPCA de agosto).

A partir de agosto, no entanto, os elevados patamares de preços dos derivados desesti-mularam ainda mais o consumo. Diante da incapacidade do consumidor em absorver novas altas, houve a necessidade de realizar promoções para estimular vendas dos lácte-os durante todo mês de agosto e setembro, o que, por sua vez, culminou na queda do preço ao produtor. Segundo pesquisas do Cepea, o valor médio negociado foi de R$1,4748/litro, queda de 7 centavos (ou 4,6%) em relação a agosto. Apesar da queda, o preço é 30,7% maior do que o negociado no mesmo período do ano passado, como podemos observar na figura 2 (valores deflacionados pelo IPCA de agosto de 2018).

O que, então, esperar do mercado para os próximos meses?

A lenta recuperação da economia e a insta-bilidade do cenário político têm relação dire-

ta com esse cenário de consumo fragilizado, já que a demanda por lácteos só é estimula-da quando o poder de compra do brasileiro aumenta. E, nesse sentido, não há perspec-tivas de fortalecimento para o consumo no curto prazo.

Ao mesmo tempo, é importante ficar aten-to aos indicadores de mercado. Os preços do leite longa-vida têm oscilado diariamente nas negociações entre indústria e atacado do estado de São Paulo, mas as ligeiras variações têm mostrado certa estabilidade neste mer-cado. Mesmo com o consumo enfraquecido, não há formação de estoques consideráveis. Ao mesmo tempo, os volumes negociados de leite spot se mantem estáveis, indicando que a oferta ainda segue enxuta, sem excedentes consideráveis para “inundar” o mercado.

Assim, a expectativa de agentes de merca-do é de que a tendência de queda no campo se mantenha até o final do ano. Mas essa expec-tativa se sustenta na perspectiva de aumento da produção, que ocorre tipicamente com o retorno das chuvas em setembro e outubro.

Entretanto, alguns fatores podem limitar o

crescimento da oferta, como o aumento dos custos de produção, atrelado à valorização da ração e dos grãos. Isso associado à queda na receita pode elevar ainda mais o desestímulo de produtores frente aos riscos de produção e comercialização, impactando os investimen-tos na atividade. Além disso, há possibilida-de de ocorrência do El Niño, fenômeno que impacta a distribuição das chuvas entre no-vembro e dezembro e afeta negativamente as pastagens e a safra de grãos. Diante desse cenário, a expectativa de que a produção em 2018 pode ficar estável ou até mesmo decres-cer em relação a 2017 ganha força entre agen-tes do setor.

Em resumo, a demanda enfraquecida é o fator que está pressionando as cotações no campo no momento. Mas as inseguranças acerca da oferta também devem pesar daqui para frente no processo de formação dos pre-ços ao produtor. Desse modo, não se descarta que a competição entre indústrias para ga-rantir matéria-prima possa ser um fator im-portante para diminuir a intensidade da que-da dos preços no campo nos próximos meses.

1 A “Média Brasil” considera os estados de BA, GO, MG, SP, PR, SC e RS. Os preços líquidos não incluem frete e impostos.

Figura 1. Quantidade de leite cru adquirido pela indústria de laticínios (em bilhões de litros) e variação percentual do volume captado em relação ao mesmo trimestre do ano anterior.Fonte: Pesquisa Trimestral do Leite, da IBGE.

Figura 2. Preços do leite recebidos pelo produtor na “Média Brasil” líquida do Cepea (considera os estados de Bahia, Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul e não contém frete e impostos), em valores reais (deflacionados pelo IPCA de agosto/18).Fonte: Cepea.

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Produtor

O ano de 2018 foi um ano ruim para o leite. Após três anos consecuti-vos de redução inédita da produ-ção anual brasileira, entre 2015 e

2017, 2018 ficou machucado pela greve dos caminhoneiros e teve um déficit acentuado no volume produzido no segundo trimestre. No início da seca e, como consequência da greve, os preços do leite começaram a subir, porém os grãos reagiram fortemente com o milho e soja custando 50% a mais do que no mesmo período do ano anterior. Isso de-sestimulou os produtores, que passaram a perder eficiência financeira para conseguir alimentarem seus rebanhos.

Resumindo os pontos desfavoráveis para o setor em 2018 - a greve dos caminhonei-ros foi um dos fatores que interferiram ne-gativamente no desempenho do setor. Em São Paulo, por exemplo, em decorrência da greve, a queda da produção no segundo trimestre foi acentuada e inédita. De outro lado, o preço dos grãos apresentou aumen-to de custos mais acentuado, em 2018, fren-te aos anos anteriores, com uma variação de até 50% no custo. Além desses fatores enfrentamos demanda reprimida pela crise econômica e desemprego.

Ano difícil para o leitePor Roberto Jank/Leite Brasil

Fatores favoráveisO grande número de novas operações de

produção em compost barn, em Minas Gerais e Goiás, é um fator positivo, porque inaugurou um caminho sem volta ao profissionalismo. É fácil prever que as fazendas terão ganhos em escala e produtividade. Em contrapartida, muita gente deverá deixar o setor a partir de 2019. Esse modelo de produção já atinge per-to de 10% da produção formal do Brasil. Com a desvalorização do Real, o câmbio também foi favorável para a melhor competitividade comparativa do Brasil frente ao leite impor-tado. No final deste ano, no setor industrial, um fator positivo foi o lançamento de três marcas de leite UHT sem estabilizantes, um fato inédito no Brasil, e que estimula o setor a buscar ganhos na qualidade da matéria-pri-ma e, certamente, mostrará um viés de maior profissionalismo no setor primário.

Produção de leiteO número final da produção de leite de

2018 deve ficar próximo a 2017, com 33,5 bi-lhões de litros produzidos, aproximadamente 75% formais e 25% informais. Como esperado em tempos de crise, houve redução no con-sumo de queijos e iogurtes e estabilidade no consumo de leite, que esteve com preços mui-to acessíveis ao consumidor na maior parte do ano.

Expectativas As perspectivas para 2019 dependem mui-

to da recuperação da economia e da taxa de câmbio. Possivelmente será um ano melhor, já que há três anos, temos estabilidade ou queda da produção e há sinais de recupera-ção da taxa de emprego á partir de setembro de 2018.

Mudanças Entre as mudanças que gostaríamos de ver

estão: regras mais rígidas para a qualidade de leite que entra nas indústrias, com redução dos limites da CCS e CBT; limitação da impor-tação oportunista de leite em pó, que causa confusão no mercado, é danosa para a cadeia de produção e, ao contrário do que se pensa, retarda e muito a profissionalização da pecu-ária de leite do Brasil.

Dependendo do presidente eleito, poderá haver brusca movimentação na taxa cambial. Precisamos de alguma proteção contra os efeitos disso. Não podemos esquecer que os danos do câmbio sobrevalorizado à época do Plano Real foram extremamente deletérios para a cadeia do leite.

Estímulos necessáriosPrecisamos de financiamentos mais dire-

cionados ao profissionalismo, com ganhos em escala e qualidade da matéria-prima e menos recursos com finalidade exclusiva-mente social na produção de leite. O leite é uma atividade muito sacrificante e complexa para ser utilizado como destino para recur-sos com finalidade social. As pessoas não são beneficiadas em sua dignidade e bem-estar e, por outro lado, não há contrapartidas no

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Roberto Jank - Leite Brasil

cumprimento de regras ambientais e de pro-dução formal nesse tipo de repasse de recur-sos da sociedade para o setor. É uma políti-ca fracassada. Precisamos de mais estímulos do tipo programa ‘Balde Cheio’, da Embrapa, onde produtores vocacionados são estimu-lados a atingir metas profissionais e seguir crescendo na atividade. Esses serão o modelo dos produtores do futuro.

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Visão

Crise econômica e esperançaEm entrevista, João Lúcio Barreto Carneiro, presidente do SILEMG (Sindicato da Indústria de

Laticínios do Estado de Minas Gerais), traz sua análise rica e com abordagem de variáveis que interferiram no desempenho do setor de leite em Minas Gerais e no Brasil. Carneiro ressalta a importância do setor leiteiro, o papel mais expressivo que ainda pode vir a ter no agronegócio

brasileiro e destaca que um novo governo sempre traz esperança de novos rumos para o Brasil. O presidente do SILEMG informa que a cadeia do leite vai continuar a fazer a lição de casa,

acordar cedo e trabalhar duro.

Revista Indústria de Laticínios – Como o Silemg avalia o desempenho do setor de leite e produtos lácteos no ano de 2018? João Lúcio Barreto Carneiro - É de co-

nhecimento geral que a cadeia láctea no Brasil, como de resto no mundo todo, tra-balha com margens reduzidas entre todos os elos do setor produtivo, requerendo es-calas de produção cada vez maiores. Se dificuldades na produção, industrialização e comercialização do leite e derivados são peculiares ao setor em âmbito internacio-

nal, o Brasil exige dessa cadeia cada vez mais energia e capacidade de tomada de decisão rápida, por se apresentar como mercado ain-da mais instável e volátil que nos demais pa-íses produtores, fruto de inconstância nas políticas públicas e seus reflexos na varia-ção cambial e nos humores dos investidores nacionais e estrangeiros, além dos elevados custos de produção e baixa produtividade na atividade primária. De toda forma, os núme-ros apresentados pela cadeia do leite no Brasil e em Minas Gerais nos habilitam à condição

de cadeia imprescindível ao desenvolvimen-to econômico e social, números que em 2018 serão muito parecidos com os de 2017, exce-to quanto aos custos de produção no campo e na indústria. No Brasil, a produção é de 35 billhões de litros, ocupando a 5ª posição no ranking mundial de produção, com 1,1 milhão de produtores e 4 milhões de trabalhadores. Em Minas Gerais, a produção é de 9 bilhões de litros produzidos, ocupando a 12ª posição no ranking mundial de produção, com 223 mil produtores e 1,2 milhão de trabalhadores.

O sobe e desce dos preços do leite e de seus derivados impedem que tenhamos previsibi-lidade para o segmento, ainda que com vistas a horizontes de curtíssimo prazo. Em 2018, após um início de ano titubeante, vivemos a greve dos caminhoneiros com implicações se-veras a produtores e indústrias, com perda de produção primária e ruptura no fornecimen-to da indústria aos distribuidores e varejistas. Essa lacuna nas prateleiras dos supermerca-dos teve como consequência alta nos preços do leite em todos os níveis da cadeia durante curto período, seguida de retorno aos níveis de preços anteriores à paralização provocada pela greve.

Estamos encerrando 2018 com balanços apontando para desempenho insatisfatório do setor industrial, situação que só será re-vertida a partir da retomada do crescimento da economia, da geração de emprego e renda, e o consequente fortalecimento da autoesti-ma da população, retornando ao aumento de consumo de leite e derivados que tiveram re-gistro de queda nos últimos anos.

Espero que a energia despendida na dis-puta eleitoral em curso seja, ao seu final, di-recionada em favor de políticas públicas que abriguem o crescimento econômico, o merca-do externo e a retirada do excesso de normas burocráticas que contribuem exclusivamente para a manutenção do atraso da cadeia do leite brasileira.

Sem sombra de dúvidas a grande vilã para o baixo desempenho do setor do leite e de seus derivados é a grave crise econômica pela qual estamos passando e que já dura três anos. Todo o negativismo tem origem nesse ponto e traz a reboque uma atuação desastra-da de intervenção no mercado com o tabela-mento do frete e aumentos desenfreados nos preços controlados pelo governo, tais como a energia elétrica, os combustíveis e seus refle-xos nos custos de produção.

Um capítulo muito especial e que merece toda a atenção por parte do setor público, pelo menos em Minas Gerais, é a barreira ao cres-cimento da produção de bens e serviços pela incapacidade de atendimento à demanda por energia elétrica com vistas à ampliação da produção industrial e responsabilização por perdas constantes de leite nas propriedades rurais, em razão das frequentes interrupções de fornecimento.

Merece também destaque negativo, a mo-rosidade do MAPA para aprovação de projetos de ampliação e de novas plantas industriais e de rotulagem de produtos sem RTIQ, justifi-cados pelo baixo número de funcionários que não são repostos há vários anos, além da di-ficuldade de modernização para agilização de procedimentos burocráticos e manutenção de modelos ultrapassados e impensáveis nos dias atuais, como o deslocamento de Auditor Fiscal Federal Agropecuário até às indústrias para assinatura do Certificado Sanitário In-ternacional, documento exigido nas exporta-ções de produtos de origem animal, o que há muito tempo deveria ter sido substituído pela assinatura digital.

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João Lúcio Barreto Carneiro, presidente do SILEMG

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Visão

RiL – Que mudanças o Silemg espera para o setor de leite com a troca de governo? João Lúcio Barreto Carneiro - O agro-

negócio brasileiro reivindica que não con-tinue sendo penalizado pela burocracia, leniência e excesso de regulamentos que trazem consigo o condão de aumentar cus-tos e impedir o desempenho latente que o setor leiteiro tem represado, podemos na cadeia do leite ser importantes players do mercado mundial.

E, complementando o raciocínio sobre o tema das exportações, não vislumbro possi-bilidade de crescimento da produção de lei-te sem a correspondente cota de participa-ção do Brasil entre os países integrantes do seleto grupo de países exportadores. O go-verno brasileiro tem e terá papel imprescin-dível no desembaraço burocrático para que o mercado internacional se torne realidade.

O novo presidente terá a difícil missão de iniciar a reconstrução econômica do nosso país e espero que ele invista na educação, que é a fonte única da democratização das oportunidades a todos, que invista na saú-de e na segurança pública, os três pilares para alavancar bem-estar social e base do desenvolvimento, e encare com respeito o agronegócio brasileiro.

RiL – Quais mudanças gostaria que aconte-cessem para estimular e fazer crescer o setor? João Lúcio Barreto Carneiro - Penso

que o maior desafio que temos é quanto a avanços na melhoria de qualidade do nos-so leite, que precisa evoluir para sermos competitivos frente aos concorrentes in-ternacionais. Só teremos uma cadeia forte

quando nos inserirmos no mercado interna-cional, a exemplo do ocorrido com as outras cadeias de produção de proteína animal. Os produtores de carne bovina, suína e de aves sobrevivem aos altos e baixos da economia brasileira com menos angústias, alicerçados na competência na produção e na diversifica-ção de mercados de destino de seus produtos.

RiL – Quais as expectativas da diretoria do Si-lemg para 2019? João Lúcio Barreto Carneiro - Não en-

xergo motivos para otimismo em relação ao mercado brasileiro em 2019. Será necessária a reconstrução econômica e política de nosso país e espero que aquele que for o escolhido pela população para ser o presidente tenha a capacidade de unir os brasileiros em busca de estabilidade econômica e de paz.

João Lúcio Barreto Carneiro - Os ajustes para a retomada do crescimento econômico não são feitos da noite para o dia, pelo con-trário, requerem tempo, trabalho, paciência e perseverança.

O início do novo governo traz esperança de novos rumos para o Brasil e a palavra de or-dem desse recomeço será a sinalização para as reformas tributária e da previdência que trará credibilidade e segurança aos investi-dores. No mais, a cadeia do leite vai continu-ar fazendo o que sempre fez, trabalhar duro, acordar cedo para continuar sendo, como todo o agronegócio, a locomotiva que puxa o desenvolvimento do Brasil.

Estabilidade de mercado em 2018 e expectativa de crescimento de

consumo em 2019Silmara Figueiredo – Departamento de Marketing da ABIQ (Associação

Brasileira das Indústrias de Queijos)

De forma geral, o que vimos em 2018, foi uma estagnação na pro-dução de leite até o final de se-tembro, impactada inclusive pela

greve dos caminheiros, o que gerou um au-mento significativo no preço médio da maté-ria-prima neste ano. Por outro lado, o mercado consumidor está retraído. Contudo, podemos apontar uma pequena demanda suplemen-tar por queijos finos brasileiros em virtude da queda da importação causada pelo aumento do dólar.

Se os volumes de venda de queijos estão se sustentando em relação aos do ano passa-do, as margens estão bastante comprimidas e mantêm os empresários do setor em atitude de cautela.

InvestimentosEm 2016/2017, havia uma movimentação

de laticínios internacionais com planos de se instalar no Brasil. Neste ano, percebemos uma desaceleração da internacionalização do

setor. Acreditamos que isso se deva à con-juntura. No médio prazo, pensamos que ou-tras empresas brasileiras serão compradas ou mais provavelmente, farão parcerias com fa-bricantes internacionais.

TecnologiaNa área de insumos e embalagens, os la-

ticínios queijeiros têm incorporado em seus processos atualizações tecnológicas cons-tantes que os fornecedores disponibilizam. Vemos mais investimentos em automação em algumas áreas das empresas, em análises de qualidade e gestão de dados. Apesar do cenário cauteloso, durante todo o ano, ocorre-ram aquisições e melhorias de plantas.

ExpectativasPassadas as eleições, temos a expectativa

de a economia crescer e gerar mais renda. Com isso, acreditamos que o consumo e a pro-dução de queijos devem aumentar em 2019.

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Ideias

Setor lácteo gaúcho confia na retomada da competitividade

Alexandre Guerra - presidente do Sindilat/RS

O ano de 2018 termina com um leque de incertezas e possibili-dades pela frente. Além das mu-danças que sempre se espera de

um novo governo e de sua política, o setor lácteo tem pela frente o desafio de encontrar seu ponto de equilíbrio em um país marca-do por um poder de compra diminuído, mas também por um gigante potencial de supe-ração. O setor lácteo tem como grande de-safio amenizar as oscilações constantes de preço e rentabilidade do leite e, assim, ga-rantir a permanência de milhares de produ-tores e centenas de indústrias na atividade. Mais do que isso, é preciso estimular a eco-nomia, permitir a retomada da confiança do consumidor e do investidor em um país que vira o ano marcado pela divisão ideológica, social e política. E essa será a meta central do Sindicato da Indústria de Laticínios do Rio Grande do Sul no ano que se aproxima: unir as pessoas em busca da estabilidade e do desenvolvimento.

Entendemos que se aproxima um perío-do de negociação, onde será preciso sentar com os novos dirigentes do Poder Executivo e Legislativo nas esferas estadual e nacional para trabalhar por um plano de crescimento para o setor lácteo. Não que a solução para a instabilidade atual possa vir em um passe de mágica. Contudo, é preciso muito traba-lho, organizar um planejamento estratégico que conceda ao setor capacidade de reinves-timento, modernização e competitividade.

Nesse intuito, o setor lácteo vem costu-rando estratégias para fomento à exporta-ção como ferramenta para escoamento de excedentes e maior equilíbrio entre oferta e demanda. Uma equação que promete maior ajuste de preços e remuneração ao setor. Recentemente, lideranças reuniram-se para

tentar costurar um projeto- piloto de fo-mento ao embarque de leite em pó, produto que tem muito a cres-cer no mix das indús-trias gaúchas.

Mas até sermos competitivos para nos transformarmos, de fato, em um país expor-tador, devemos também focar em um projeto que permita o embarque de produtos de va-lor agregado, como leite condensado, queijos e manteiga, como forma de permanecermos sempre no mercado externo, e não somente em momentos de excedente de produção.

É importante explicar porque o leite em pó é tão estratégico para o setor lácteo. Como o leite é um alimento vivo e perecível, sua se-cagem permite às indústrias a realização de estoques e controle da produção ofertada por ser um produto de maior validade e de logís-tica mais competitiva. Além disso, o leite em pó é um dos principais produtos de exporta-ção da cadeia láctea, permitindo a elaboração de diversos outros derivados tanto no Brasil quanto fora dele.

No primeiro semestre deste ano, o Brasil exportou 9,5 mil toneladas de produtos lácte-os, cabendo ao leite em pó uma fatia inferior a 1%. A tendência é que essa cifra aumente nos próximos anos de forma a dar mais fôlego às empresas que operam no setor. Por outro lado, o leite UHT segue com uma importância muito grande na produção gaúcha de lácteos, o que influencia diretamente no preço pago ao produtor por litro com uma participação de mais de 40% no mix total das indústrias. Por outro lado, o leite em pó já está atingindo quase o mesmo peso na produção total do Rio Grande do Sul, que remete a outros estados 60% da produção. As operações de leite UHT

ainda têm um custo maior de logística do que as de leite em pó, uma dependência que pre-cisa diminuir para garantir maior equilíbrio.

Consciente da necessidade de descentrali-zar a produção e aliviar a pressão no mercado interno, as indústrias vêm abrindo frentes de pesquisa para novos produtos. Além da expan-são do mix de queijos, as empresas também entendem a necessidade de atender a novas demandas do mercado, como a procura por itens funcionais e com alto teor de proteína. E o Brasil vem provando que é muito bom nis-so. Centenas de produtos são lançados todos os anos oferecendo aos consumidores novas opções, seja de rótulos especiais como os zero lactose, seja o altamente nutritivo whey protein.

A Região Sul deve assumir a frente nesse processo de prospecção no exterior. Dados da Aliança Láctea apontam que os três estados do Sul, unidos, totalizam 38% da produção láctea do Brasil, percentual que pode chegar a 50% até 2025. Entretanto, a região concentra menos de 15% da população brasileira, o que eleva a urgência em ganhar eficiência de escoamento.

Juntando a capacidade de produção brasi-leira com a excelência em tecnologia que se tem instalada, não resta dúvida de que, na próxima década, o Brasil tem condições de abocanhar uma fatia do mercado internacio-nal. Claro que essa porta não deve se abrir de uma hora para outra. Há muito trabalho pela frente. Com a ajuda de ações da diplomacia brasileira e com o vigor e empreendedoris-mo de nossos empresários, é possível tornar o setor um player exportador da balança co-mercial de lácteos mundial. Não mais como receptor de lácteos do Prata, mas como um exportador de leite em pó e, também, de pro-dutos de alto valor agregado.

Para isso, é essencial ganharmos em com-petitividade e reduzir custos. Isso não quer dizer minimizar rentabilidade, o que, diga-se de passagem, já está reduzida ao extremo. O que nos referimos é à obrigatoriedade de produzirmos mais com menos e isso exige investimento em genética, nutrição de ponta dos animais para melhorar a produtividade por animal e produção por propriedade, que ainda é baixa comparada com outros países exportadores, além de ajustes nos processos industriais. Afinal, especialistas apontam que, para conquistar o mercado internacional, é

preciso comercializar o produto brasileiro com preço 7% inferior ao praticado na Ocea-nia, por exemplo.

Outra questão crucial a ser enfrentada é a logística. Altamente dependente do transpor-te rodoviário para a coleta de leite nas milha-res de propriedades rurais espalhadas pelo país, a indústria tem pela frente o impasse imposto pelo novo tabelamento do frete. Um assunto espinhoso e que está longe de una-nimidade. O Sindilat entende que, por operar com um produto vivo, os laticínios têm direi-to, conforme previsto pela ANTT, a uma tabela diferenciada. A contestação segue e a ideia é garantir justiça tanto ao setor quanto aos par-ceiros e evitar blackouts como o verificado em maio deste ano durante a greve dos caminho-neiros. Episódio que expôs a alta dependên-cia do setor e já levou diversas empresas a re-pensarem seus modelos de distribuição Brasil afora. Um dos temas em análise, e que vem ganhando força, é a internalização das frotas de caminhões. Ou, ao menos, de parte delas.

O Sindilat acredita na potencialidade da indústria gaúcha, tanto que a pauta de ex-portação faz parte do planejamento da atual gestão. Sabemos que temos qualidade e tec-nologia para fazer melhor. O próximo passo é apresentar às indústrias associadas um pro-jeto-piloto de ação conjunta pela exportação que passe por ajustes técnicos e sanitários que nos habilitem a vender aos diferentes mercados. Afinal, antes de conquistar todos os clientes internacionais almejados, precisa-mos nos preparar para eles. E, agora, é hora de arregaçar as mangas.

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Alexandre Guerra - presidente do Sindilat/RS

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Consumo

O que pauta o mundo e as Américas na indústria

de bebidas lácteasNovos caminhos surgem para a indústria de bebidas lácteas. Ela está sendo moldada por

atributos com valores agregados, novas ocasiões de consumo, sabores e posicionamentos éticos.

Em nível global, a Mintel atual-mente destaca três tendências:

Inovações com valores agregadosBebidas que vêm com um valor adiciona-

do, como vitaminas, proteínas e fibras pro-vavelmente se destacarão mais no mercado e irão atrair o consumidor preocupado com a saúde.

Expandir ocasiões de consumoAs marcas poderiam incentivar o consu-

midor criando novas ocasiões de uso como no café da manhã, e para recuperação pós prática de esportes, que são oportunidades ainda não aproveitadas.

Promover posicionamentos éticosExiste a necessidade para produtores de

lácteos (especialmente aqueles que operam no segmento de leite branco) destacar as suas credenciais eticas para tranquilizar os consumidores preocupados com o bem-es-tar animal.

Para as Americas, a Mintel destaca:

Equilíbrio entre saúde e indulgênciaOs produtores de lácteos que operam no

segmento de leites saborizados poderiam equilibrar a equação indulgência/saúde para solucionar o fato da categoria ter uma ima-gem de ser cara.

Formulações NaturaisFicar por dentro dos interesses dos con-

sumidores em rótulos mais limpos, formu-lações naturais são tendências que estão sendo adotadas por consumidores de io-gurte. Como resultado, nós estamos vendo mais inovação promovendo formulações free-from e vacas alimentadas em pasto, por exemplo.

Leite fortificado feito com processo de filtragem único Iogurte para beber que melhora a beleza/pele

Granarolo G + Milk, da Itália, contém 30% menos açúcar em comparação com o leite normal graças a um processo espe-cial de filtragem. Este leite também é for-tificado com magnésio, vitamina B6 e B12

Yakult Beauty Plus +, da Coreia do Sul, é um iogurte para beber formulado com cinco ingre-dientes que contribuem para a beleza da pele, incluindo colágeno, lactobacilos patenteados e vitamina C

Focar em ocasiões de consumoMarcas de bebidas lácteas poderiam atrair

mais consumidores ao criar novas ocasiões de uso como no café da manhã, para recu-peração pós prática de esportes e on the go (para viagem), vistas como potenciais meios de crescimento. Aliás, há um grande poten-cial para bebidas lácteas posicionadas no café da manhã, já que 46% dos comprado-res de iogurte no Brasil consomem o pro-duto nessa ocasião do dia. Isso ainda não é muito explorado, já que as inovações atuais apresentam ingredientes como a aveia, que promovem a saciedade, mas não estão expli-citamente posicionadas para o consumo no café da manhã.

Bebida com manga, coco e aveia Chocolate ao leite com baixo teor de gordura

A Licuadería, da Danone, México, é uma bebida láctea fermentada com manga, coco e aveia, sendo descrita como uma combinação deliciosa e nutri-tiva feita com frutas naturais que podem ser apreciadas durante a manhã.

Horizon Organic High Protein, dos Estados Unidos, é um iogurte de chocolate ao leite com baixo teor de gordura que afirma ser feito com ingredientes simples e reconhecíveis. Cada frasco contém 15g de proteína e vitaminas A e D adicionadas. É UHT, Grau A e certificado orgâni-co USDA, além de livre de transgênicos, coran-tes artificiais, sabores, conservantes, hormônios de crescimento e antibióticos.

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Tendência

Nestlé oferece conveniência com embalagens da SIG

As mudanças de perfis de consumidores exigem alternativas novas e com parceria da SIG, a Nestlé ganhou flexibilidade e introduziu embalagens com diferentes tamanhos

para as atuais necessidades de consumo.

Atender mercado em crescimen-to com embalagens que agre-gam maior conveniência e fle-xibilidade de volumes é foco de

parceria global de longo prazo da SIG e Nes-tlé, que foi ampliada para o Brasil. O início dessa parceria foi o fornecimento de uma máquina de envase para embalagens car-tonadas combiblocMidi para envase de 500 ml e 1 litro para o leite Molico e de 1 litro para Ninho UHT e Ninho Levinho da Nestlé do Brasil.

As necessidades dos consumidores vêm mudando e, no passado, apenas a embala-gem de 1 litro era suficiente para a venda no varejo, mas hoje os consumidores bra-sileiros buscam embalagens sustentáveis e também formatos e volumes que ajudem a evitar o desperdício de alimentos. Produtos lácteos saudáveis, em volumes menores que 1 litro, atendem às novas tendências de consumo, como mobilidade, estilo de vida saudável e individualização

Com as soluções flexíveis e eficientes da SIG, a Nestlé do Brasil disponibiliza a con-veniência necessária para o mercado atual. Os leites Molico e Ninho UHT são envasa-dos e comercializados na embalagem com-biblocMidi desde o começo deste ano. Com esse propósito, uma máquina de envase SIG CFA 812, com capacidade para 12.000 embalagens/hora, está em operação na fá-brica da Nestlé em Carazinho (RS), mais co-nhecida como Nestlé Sul.

Antonieta Hilst, diretora regional da SIG para a América do Sul, fala da parceria da em-presa com a Nestlé e da máquina que trou-xe flexibilidade para linha de produção para duas marcas de leite da empresa.

RiL – Fale da importância para a Sig em ter a Nestlé como um novo cliente global? Antonieta Hilst - Com certeza atender

um cliente como a Nestlé, em vários países, é muito gratificante e mostra a confiança des-sa marca tão forte nas soluções da SIG. Am-bas as empresas estão alinhadas em oferecer produtos de qualidade para o mercado e foca-das em buscar a melhor solução para o con-sumidor, seja em produtos de 1 litro ou em embalagens menores, para consumo on the go (em movimento).

RiL – Quando as embalagens de ½ litro da Nestlé foram introduzidas no mercado brasileiro e em quais regiões chegarão inicialmente? Antonieta Hilst - As embalagens estão

disponíveis no mercado, desde julho deste ano, nos pontos de venda da Nestlé, princi-palmente na região sul do Brasil.

RiL – De que forma a possibilidade de emba-lagens de 1 litro e ½ litro atendem a produtos sensíveis às flutuações do mercado? Antonieta Hilst - A embalagem de 500

ml é uma alternativa para o mercado, tanto por uma questão de preço quanto por uma questão de sustentabilidade, já que ela tem a quantidade certa de produto para o consumo

de uma ou duas pessoas, evitando o desper-dício. Já a embalagem de 1 litro atende a fa-mílias por oferecer uma melhor relação custo benefício.

RiL – A Nestlé já utiliza a alternativa de ter dois tamanhos de embalagem para leite em ou-tros países? Antonieta Hilst - Com o mesmo produto,

em dois tamanhos, na embalagem SIG, temos, por enquanto, apenas o Brasil. Porém, a Nes-tlé possui diversos produtos em embalagens de 500 ml da SIG em outros países, como por exemplo, o Coffee Mate no México, na emba-lagem combifitMidi.

RiL – Fale da tecnologia incorporada na CFA 812 e das possibilidades que traz para o mercado. Antonieta Hilst - Nossas máquinas de en-

vase permitem aos fabricantes de alimentos e bebidas manterem a produção extremamen-te flexível e eficaz em termos de custos. Com as máquinas de envase da SIG é possível usar um único equipamento para envasar dife-rentes formatos, como combibloc e combifit, considerando que os dois tipos de embalagem possuem as mesmas dimensões na base. Nos-sos equipamentos também permitem o uso de até sete diferentes volumes em um único sistema - e leva apenas alguns minutos para fazer a mudança. Além dos formatos, volumes e designs, a flexibilidade das máquinas da SIG se estende a diferentes tipos de produtos. Isso significa que é possível usar nossas máquinas de envase para bebidas não carbonatadas e produtos lácteos, além de produtos de baixa e média viscosidade, como leite condensado, creme de leite, smoothies e molhos.

No caso da CFA812, a capacidade de produ-ção é de 12.000 unidades por hora, nos volu-mes de 500 ml, 750 ml e 1.000 ml.

RiL – Quais outros perfis de consumidores a Sig pode atender com a versatilidade da CFA 812? Antonieta Hilst - A possibilidade de flexi-

bilidade do equipamento nos permite envasar de 500 ml a 1 litro, atendendo desde famílias com filhos até pessoas que moram sozinhas, com a quantidade específica, de acordo com a demanda do consumidor e com o melhor custo benefício, além de evitar desperdícios.

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Antonieta Hilst, diretora regional da SIG para a América do Sul

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Embalagem

A arte de harmonizar visual e conteúdo

Valorizar um desenvolvimento de produto alimentício que demandou conhecimento, tecnologia, empenho e tempo de profissionais especializados vai além de um bom resultado.

A forma como se apresenta ao consumidor é determinante para o sucesso de um lançamento.

É fundamental que esse produto apareça para o consumidor, que seja atraente, que esteja envol-vido em embalagem atraente e

com segurança de contaminações externas. Nesse quadro, o papel da embalagem ganha importância para conquistar o consumidor.

Os recursos para destacar produtos são inúmeros e as empresas do setor buscam soluções das mais sofisticadas às mais su-tis para atingir esse objetivo. Alessandra Souza, líder de marketing para América La-tina da Sealed Air, ressalta um dos aspectos sutis: “nossas embalagens visam sempre promover o produto e não a embalagem em si. A solução deve fazer saltar aos olhos do consumidor as características do produto e

trazer benefício para promover a qualidade do alimento. Um bom exemplo são as emba-lagens do tipo skin que trazem como principal característica a sensação de que o alimento está apenas disposto em uma superfície sem outro tipo de embalagem por cima, pois o fil-me tampa adere-se delicadamente em torno de todos os contornos do produto, sem distor-cer sua forma”.

A Sealed Air disponibiliza soluções ade-quadas para a grande maioria dos produtos lácteos, elas são projetadas de acordo com as necessidades específicas da produção. Desde sacos que permitem a maturação do queijo na própria embalagem ou pouches para produtos fluidos, até embalagens a vácuo do tipo skin para valorizar o produto e estender a vida útil. Depende apenas do tipo de produto que será embalado e das expectativas do processador. Como destaque estão as soluções Cryovac® Darfresh®, Cryovac® Grip & Tear®, Cryovac® Resselável.

A Cryovac® Darfresh® é embalagem do tipo skin para queijos porcionados de alto valor agregado. Esse sistema cria um efeito de se-gunda pele e propicia uma apresentação pre-mium, totalmente hermética e segura. Além de promover a diferenciação do produto na gôndola, pode ser exibida verticalmente.

A empresa conta também com embalagem termoencolhível a vácuo com mecanismo abre-fácil – a Cryovac® Grip & Tear® . Com três modelos de abertura oferece mais segurança e conveniência, pois elimina o uso de facas, sem contato manual ou contaminação cru-zada. Reduzindo o desperdício de alimentos. Pode ser utilizada para peças de queijos de di-ferentes tamanhos

Alternativa versátil, a Cryovac® Resselável é uma embalagem termoformada que pode ser fechada novamente depois de aberta. A solução foi projetada para produtos em pe-ças ou fatiados, que entrega conveniência ao consumidor e flexibilidade no processamento para uma ampla gama de aplicações. A propriedade abre e fecha tem como ca-racterística proteger o sabor e o frescor do alimento por mais tempo.

“Na Sealed Air um de nossos direcio-nadores de valor é exatamente a segu-rança de alimentos, por isso todas as nossas embalagens buscam entregar essa necessidade latente, de formas di-ferentes”, ressalta a líder de marketing da Sealed Air. As selagens herméticas, as funcionalidades termoencolhível, a vácuo ou o mecanismo abre-fácil são diferentes propriedades que podem ser encontradas nas soluções Cryovac e que possuem a mesma finalidade -

promover a segurança de alimentos dos pro-dutos embalados. “Nossas soluções sempre contribuem para redução no custo total da operação dos clientes, visando a otimização e melhor performance em toda a cadeia pro-dutiva até a distribuição”, afirma Alessandra.

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SealedAir Embalagens GripnTear dairy yellow block cheese opening

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SealedAir Embalagens Darfresh Cheese liso

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Embalagem

RígidasUma das categorias com maior demanda

de consumo – a de iogurtes, também requer soluções, já que um desafio desse produto é o shelf life de apenas 40 dias dos produtos. Para atender esse segmento, a Bemis de-senvolveu embalagens rígidas, que podem ser utilizadas também para requeijão e sor-vetes. A empresa conta ainda com embala-gens flexíveis para iogurtes e proteínas.

O portfólio da Bemis é bastante amplo, in-cluindo copos selos de alumínio pré-cortados para iogurte e requeijão, potes para mantei-ga, filmes laminados em bobina para tampas e decoração de bandejas tipo form-fill-seal de iogurte, sachê de leite em pó, sacos encolhí-vels para queijos em peça e filmes tipo tampa e fundo para fatiados. A empresa tem inova-ções recentes que já estão no mercado, como a tecnologia Skin. Renata Nardi, gerente de marketing da Fresh&Frozen da Bemis Latin America, cita outra inovação da empresa: “a Efeito Táctil, em embalagens flexíveis, pro-move experiência única ao consumidor, uma vez que ocorre interação sensorial com vi-são e tato, imediatamente a sensação de um produto diferenciado (artesanal e premium) é imediata”.

Além de atender categorias de lácteos, como iogurte, queijos, margarina, manteiga, requeijão, doce de leite, o portfólio da Bemis engloba soluções para cafés, biscoitos, prote-ínas, atomatados, vegetais e molhos prontos, suco em pó, temperos e condimentos, mas-sas, chocolates, carnes frescas, processadas, congeladas, refrigeradas e embutidas.

Os tipos de embalagem com maior deman-da para a empresa são os filmes laminados para tampa e decoração de bandejas de iogur-te e copos pré-formados. A gerente de marke-ting destaca: “temos visto um crescimento bastante acentuado de lançamentos de copos iogurte com alto valor agregado, decorados com rótulos termo-encolhíveis (shrink slee-ve), que dão um acabamento premium. Outro tipo de embalagem que está com uma aceita-ção muito grande no mercado é o de tampa e fundo para queijos fatiados com tecnologia de resselagem (abre e fecha)”.

DesignComo diria Vinicius de Moraes, beleza é

fundamental e o dito vale também para em-balagens. Afinal, são elas que atraem os con-sumidores. O levantamento ‘A Hora Certa de Ativar o Shopper’, divulgado pela Nielsen, mos-tra que, em média, 70% das decisões de com-pra são tomadas em frente à gôndola e que o comprador gasta em média 15 segundos para optar entre o seu produto e o do concorrente.

“Todo o trabalho da cadeia, desde a concepção da mercadoria, escolha das matérias-primas, fabricação, armazenamento, transporte, cul-mina ali: no ponto de venda. Se o seu produto não é competitivo, atraente, todo o esforço se perde. Principalmente, se é a primeira vez que o consumidor compra a sua marca ou aquele determinado item” afirma Antônio Eduardo Gomes Pereira, sócio da Obah Design.

Sem contar que além da questão estética, o design pode e deve passar pela escolha dos materiais, relação custo-benefício para que o produto chegue mais competitivo às pratelei-ras, além de levar em consideração seguran-ça alimentar, possibilidades de economia no transporte e armazenamento, entre outros aspectos a serem observados.

Os proprietários da Obah Design gostam de dizer que trabalham para o varejo. A empre-sa desenvolve conceituação de marca, naming, design gráfico, projetos técnicos e estruturais, gestão da identidade visual, materiais institu-cionais e promocionais, design de embalagens. Seja desenhando marcas, embalagens ou ma-

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Bemis - Embalagens

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Bemis Queijo Provolone Fresco Defumado

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Embalagem

teriais de ponto-de-venda, independente de segmento. A empresa já desenhou para o setor de laticínios, doces, cervejas artesa-nais, massas, molhos, condimentos, grãos, batatas, pães de queijo, salgados congela-dos, pães, chocolates, entre outros. A Obah assinou também a criação de grande varie-dade de produtos voltados ao segmento de saudabilidade, além de vários produtos de marca própria para várias redes de super-mercados. Na área de lácteos, a empresa tem como clientes: Laticínio Porto Alegre, Forno de Minas, Pães de queijo da Sobra, Verde Campo, entre outros.

Todo projeto passa por uma fase de estu-do. Pereira afirma: “olhamos para o merca-do, tendências, estudamos a concorrência, os hábitos de consumo e, a partir daí, dese-nhamos produtos pensando no seu suces-so nas prateleiras. Acreditamos no poder do design de embalagens de impulsionar as

vendas e usamos toda a nossa competência técnica, de processos, visão de funcionalida-de, criatividade e bom gosto para entregar projetos que geram retorno para os negócios. A Obah tem uma equipe multidisciplinar, cujas expertises somadas, permitem que en-treguemos - há mais de dez anos - projetos de sucesso para nossos clientes”.

O especialista ainda ressalta que é impor-tante um diagnóstico da categoria em que o produto está inserido. Checar se tem as res-postas a perguntas como: ‘este produto já existe? preciso ensinar o consumidor a con-sumi-lo? quem são os meus concorrentes? como comunicam? o que já funciona para acessar o meu consumidor final? o que pode ser melhorado? quais as tendências neste determinado segmento? Conhecer o consu-midor, seus hábitos de consumo e o mercado são fatores essenciais.

Foto: Obah Design

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É imprescindível conhecer também o que determinam as instâncias regulatórias para não cometer erros fatais como colocar no mercado um produto com informações em desacordo com a legislação vigente. Outro ponto é usar materiais que evitem contami-nação, criem barreiras e, de preferência, au-mentem o shelf life dos produtos.

Segundo Gomes Pereira, há muita solução boa no mercado brasileiro, mas ainda sofre-mos com preços e volume de produção quan-do comparado com o exterior. ‘Nosso mercado ainda não absolveu os custos de uma produ-ção em pequena tiragem ou a compra de um papel de melhor qualidade, por exemplo. Isso interfere diretamente em nossa procura, pois um produto pode deixar de ser competitivo pelos custos de embalagem e a tecnologia aplicada nele. Acredito que temos que avan-çar muito nesse quesito e será uma necessi-dade do setor de embalagens”, acrescenta.

O sócio da Obah ainda aponta: “vejo alguns nichos de mercado europeu com uma comu-nicação leve e clean, que não podemos fazer. Mas tudo tem dois lados da moeda, trazemos mais transparência e regularização nas in-formações. Estamos evoluindo muito e, com nossa diversidade, tenho certeza que sere-mos referências”.

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Assunta Napolitano Camilo, diretora da FuturePack e do Instituto de Embalagens

Foto: Obah Design

Visão crítica Para Assunta Napolitano Camilo, diretora

da FuturePack e do Instituto de Embalagens, ainda há uma clara distância entre as nos-sas embalagens de lácteos e as americanas ou europeias. Poucas empresas nacionais dão valor aos seus produtos e, consequen-temente, investem pouco em embalagens melhores, que poderiam valorizar os produ-tos lácteos.

Assunta informa: “visitamos a Sial Paris, na França, que é palco de apresentação de tendências e inovações, com um hall intei-ro dedicado a laticínios e produtos lácteos. Identificamos, claramente, as tendências que temos reportado desde 2009, que são: conveniência, estilo (sofisticação/beleza), segurança, saúde e sustentabilidade (ética) e, até aqui, notamos que há poucas embala-gens práticas, bonitas e seguras comprome-tidas com saúde e ética, no Brasil. Algumas empresas estão no caminho para entregar aos seus consumidores maior conveniência e estilo à mesa, além de maior segurança e menor impacto ambiental”.

Na visão da especialista, a crise econômi-ca poderia ter sido o motivo de investimento, pois seria uma oportunidade de diferenciação e, consequentemente, os inovadores descola-riam dos seguidores. “Porém, creio que a falta de investimento em inovação está mais rela-cionado à falta de cultura. No Brasil, poucos acreditam que inovar em embalagem pode ser uma grande saída para aumentar a com-petitividade. É a chave para o futuro. Assunta acredita que em futuro próximo: “em todos os segmentos haverá mudanças e investimento em melhores embalagens. O momento de in-vestir é agora”, ressalta Assunta.

Sustentabilidade é um aspecto da embala-gem que influi nas escolhas de consumido-res de muitos países. Porém, segundo Assun-ta, os consumidores brasileiros estão menos antenados que os dos países desenvolvidos, mas já começam a dar valor a produtos orgâ-nicos, vegamos e às embalagens com apelo sustentável. Embora, ainda sem muita clare-za, aliás aí há uma oportunidade gigante de usar a embalagem como veículo de educação de consumidores.

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Fornecedor em foco

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Nova empresa chega ao Brasil

Brasil terá a primeira fábrica de embalagens assépticas cartonadas da GsPak construída fora da China. No início de 2018, a GsPak Americas foi fundada no Brasil para cuidar diretamente dos mercados brasileiro e latino-americano com suas máquinas e equipamentos, envase e pós-envase.

A GsPak China está presente em mais de 30 países com o fornecimento de embalagens e equipamentos, operando ou através de representantes locais ou diretamente a partir da China.

A GsPak pertence ao Kinglai Group, que possui fábricas em Taiwan, China e EUA. Como referência do alto nível tecnológico do Kinglai Group e, consequentemente, da GsPak, há muitos anos a empresa de alta tecnologia Kunshan Kinglai Hygienic Materials Co., Ltd. é a fornecedora da câmara asséptica das embaladeiras Tetra Pak, fabricadas em aço inoxidável especial de alta pureza.

No BrasilEm suas primeiras ações no Brasil, a GsPak Americas tem participado de feiras de negócios e apresentado

projetos de equipamentos e embalagens para potenciais clientes em todo território nacional. Durante 2018, serão investidos US$ 5 milhões para que a empresa se apresente ao mercado e dê os primeiros passos para a construção de sua fábrica.

“Para atender adequadamente os atuais pedidos de máquinas e embalagens, a GsPak Americas está implantando um modus operandi de atendimento a clientes que garante a qualidade e os prazos continuados de entrega das embalagens contratadas, assim como também garantir a qualidade, os prazos de entrega, instalação, manutenção e assistência técnica de equipamentos de processo, envase e pós-envase”, afirma Dante Monteiro, chief sales office da empresa.

O maior mercado do mundo de embalagens cartonadas é a China, com aproximadamente 12% de participação. O Brasil é o segundo, com 8% e tem todas as condições de se tornar o segundo maior mercado da empresa chinesa por meio da GsPak Americas.

Suporte técnicoCom o objetivo de oferecer soluções completas para seus clientes no Brasil e na América Latina, a

companhia tem parcerias com outras empresas, que são: Dmom Máquinas, para manutenção e assistência técnica dos equipamentos de envase e pós-envase de embalagens cartonadas; TPS Engineering Solutions, para fornecimento, manutenção e assistência técnica de equipamentos de processo e Torfresma Industrial, para fornecimento, manutenção e assistência técnica de equipamentos de sistemas de paletização.

A previsão é de que, partir de janeiro de 2019, a GsPak Americas esteja plenamente operacional no Brasil. A primeira fase da fábrica de embalagens assépticas cartonadas da empresa permitirá uma produção de até 2 bilhões de embalagens por ano.

Para 2018, a estimativa é de que as quase 200 empresas fabricantes de produtos em embalagens assépticas cartonadas consumam algo em torno de 17 bilhões de embalagens, sendo 85% da Tetra Pak e 15% da SIG Combibloc, aproximadamente. “A expectativa da GsPak Americas é de conquistar 10% desse mercado em até cinco anos, a partir de janeiro de 2019”, informa Monteiro, que acrescenta: “A GsPak Americas veio ao Brasil para ficar. Para isso, a companhia tem sócios brasileiros que conhecem e entendem profundamente as características e a cultura da indústria brasileira, especialmente dos laticínios e fabricantes de bebidas à base de frutas, chás e ovos”.

A GsPak China, que tem 12% de participação no mercado chinês, maior do mundo em embalagens assépticas, iniciou seu processo de instalação de fábrica no Brasil com

objetivo de atender às demandas da América Latina.

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Perfil

Soluções avançadas para as indústriasLíder mundial em Taste & Nutrition, em 2018, a irlandesa Kerry completa 20 anos no Brasil com portfólio repleto de soluções inovadoras para a indústria de alimentos, bebidas e farmacêutica.

A Kerry Taste & Nutrition, é uma das maiores empresas de soluções para alimentos e bebidas da indústria, tendo como objetivo trazer sabor e nutrição aos consumidores em todo o mundo. Para isso, conta com tecnologias fundamentais que garantem sabores autênticos e produtos que oferecem melhor nutrição e bem-estar.

No Brasil, a Kerry possui seis fábricas, localizadas em Três Corações (MG), Cotia (SP), Barueri (SP), Campinas (SP), Manaus (AM) e Rialma (GO), a mais recente aquisição em junho de 2017. A companhia vem crescendo organicamente no Brasil e também por meio de aquisições.

O portfólio da empresa é composto por mais de dois mil produtos e conta com aproximadamente 1.300 colaboradores, sendo 70 na área de Pesquisa & Desenvolvimento e um Centro de Inovação que garante excelência na criação de soluções avançadas.

A Kerry tem fábricas de aromas e bases em Barueri/SP e Manaus/AM, além de uma equipe

de aromistas no Centro de Inovação em Campinas/SP. A empresa também possui área focada em nutrição com tecnologias para tornar os produtos mais saudáveis – a exemplo de soluções que permitem reduzir sal e açúcar sem afetar o paladar.

A empresa atua fortemente nos mercados de lácteos, carnes, sorveteria e bebidas, além de ser grande fornecedora para o canal foodservice, especialmente após a aquisição da Junior Alimentos, em 2014. Nesse canal, atua por meio de cinco marcas – Junior®, DaVinci Gourmet™, GoldenDipt™, Vendin™, Island Oasis™,além de desenvolver soluções customizadas para os maiores players do setor de alimentos e bebidas.

A operação da Kerry no Brasil atende, principalmente, o mercado nacional, mas é também uma base para outros países, como Argentina, Bolívia, Chile, Paraguai e Uruguai.

“Os nossos desenvolvimentos são pensados sempre nos consumidores locais, já que o objetivo da empresa é atender às necessidades dos consumidores nos países em que estamos presentes. O fato de ter presença global nos permite usar tecnologias diferenciadas suportadas pelo conhecimento da nossa equipe ao redor do mundo, para aplicações nos mercados regionais”, afirma Marcelo Marques, presidente Kerry Brasil & Cone Sul.

InovaçãoO processo de inovação começa pelo

conhecimento profundo do mercado, entendimento do consumidor final e pela educação sobre novas tecnologias disponíveis. A Kerry conta com uma grande estrutura de marketing que trabalha com ferramentas para identificar, por exemplo, as tendências globais, regionais e locais. Marques ressalta: “todo ano, publicamos as tendências de sabores doces, culinários, para bebidas e outras categorias. Nossa equipe também faz pesquisas com o consumidor final para validar conceitos e produtos com painéis sensoriais internos e externos, analisando hábitos de consumo e identificando necessidades. Por exemplo, tem aumentado significativamente a preocupação do consumidor

com o nível de ingestão de sal e açúcar. E um dos grandes desafios da indústria reduzir tais componentes sem impactar o sabor dos produtos”.

Uma das inovações de destaque no portfólio da empresa é a tecnologia TasteSense. A linha, composta por moduladores de sabor, permite garantir o sabor original de alimentos e bebidas com redução de até 40% de açúcar e/ou sal. Tal inovação restaura a experiência sensorial dos alimentos com redução e atende principalmente às necessidades dos consumidores que buscam maior saudabilidade nas refeições.

Inovar exige também alinhar as soluções à legislação do setor e, para isso, a Kerry faz, desde o início, um trabalho em conjunto com a equipe de Assuntos Regulatórios, o que permite entregar soluções completas e previamente avaliadas para seus clientes, evitando contratempos no lançamento dos produtos. Durante as avaliações prévias, são determinadas necessidades de registros ou inscrições específicas.

A Kerry conta ainda com estruturas de marketing e pesquisa que mitigam os riscos para os novos lançamentos. Os conceitos são mapeados com base nas necessidades dos consumidores e na avaliação dos concorrentes. Os produtos são validados por meio de pesquisas com painéis e focus groups dentro e fora da empresa.

PreferênciasNos últimos anos, aumentou a demanda por

frutas consideradas exóticas. Esse aumento é evidente quando se analisa a variedade de frutas disponíveis no mercado comparado com alguns anos atrás. Entre as frutas consideradas exóticas, há variedades do Norte e Nordeste do Brasil que são mais usadas para os sucos, tais como graviola, cupuaçu, cajá-manga e tamarindo.

“Além de ter incrementado a demanda por frutas in natura, o consumidor começou a procurar esses sabores nas prateleiras dos supermercados e, é nesse momento, que a Kerry poder ajudar os clientes a atenderem necessidades e desejos dos consumidores. Nosso Centro de Inovação, em Campinas, é fundamental para o desenvolvimento desses sabores regionais, já que conhecemos as matérias-primas e temos proximidade com as fontes naturais, o que nos permite desenvolver produtos de maneira ágil e assertiva”, destaca Marques.

Pesquisa, tecnologia e atenção às tendências do setor de alimentos e bebidas tornam as soluções alinhadas às necessidades das indústria do setor.

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Marcelo Marques, presidente Kerry Brasil & Cone Sul

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Perfil

Soluções para desafios das indústrias de alimentos e bebidas

Fornecedora global de ingredientes e soluções, a Tate & Lyle tem uma história de mais de 150 anos, iniciada na Inglaterra. Em sua trajetória, a empresa tem diversificado cada vez

mais suas atividades e ampliado suas operações em todo o mundo.

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Oswaldo Nardinelli, vice-presidente da Tate & Lyle para América Latina

Atualmente, o portfólio de soluções da Tate & Lyle atende a diversas necessidades da indústria alimentícia, mas seus principais mercados são os de produtos lácteos, bebidas, panificação e confeitaria, sopas, molhos e adereços. As soluções da empresa oferecem doçura, textura, estabilização e enriquecimento de fibras em produtos apreciados por milhões de pessoas todos os dias e estão ao alcance de clientes de todos os portes.

“O mercado de laticínios é uma categoria chave para a Tate & Lyle no Brasil. Basta dizer que ele apresentou taxa de crescimento médio de 7% ao ano de 2013 a 2017, segundo dados da Euromonitor. A previsão é que esse índice se mantenha até 2022. Estamos empenhados em apoiar o crescimento dos clientes desse setor, contribuindo com reformulações de produtos e o desenvolvimento de novidades”, afirma Oswaldo Nardinelli, Vice-Presidente sênior da Tate & Lyle para América Latina.

O portfólio de ingredientes e soluções é perfeitamente adequado para a indústria de lácteos. Por exemplo, quando utilizadas em um iogurte, as fibras da empresa podem aumentar os benefícios para a saúde digestiva. Seus texturizantes fornecem textura cremosa ao substituir a gordura. Os adoçantes da Tate & Lyle de baixa ou sem calorias proporcionam um sabor doce sem as calorias do açúcar, além dos estabilizantes e sistemas funcionais que possibilitam mais tempo de prateleira e até mesmo viabilizam a distribuição em temperatura ambiente, permitindo que pessoas sem refrigerador em casa tenham acesso a alimentos e bebidas com importantes fontes de nutrientes essenciais, como proteínas e cálcio.

“A categoria Laticínios é muito ampla e, como é de conhecimento dos formuladores, quando é preciso fazer uma receita ou mudança de processo, cada produto apresenta suas próprias oportunidades e desafios. Nossos especialistas entendem as necessidades de cada cliente, seus objetivos e as características específicas do produto para desenvolvimento. Saber o que o cliente deseja alcançar, seja um ‘rótulo consciente’, uma textura adaptada ou uma composição geral mais saudável, por exemplo, é o ponto de partida para todas as formulações” esclarece Paulo Puelle, Director Técnico de Ingredientes e Soluções da Tate & Lyle para América Latina.

FábricasNo Brasil, a empresa possui três fábricas. Duas

estão localizadas em Minas Gerais (Juiz de Fora e Guarani), onde são produzidos estabilizantes e sistemas funcionais, capazes de garantir a alimentos a manutenção de sua estrutura e a vida de prateleira desejada. São ingredientes largamente utilizados por indústrias de sorvetes e produtos lácteos, assim como panificação industrial, cereais e snacks.

As fábricas, em Minas Gerais, fazem parte da Tate & Lyle Gemacom Tech, joint venture entre as duas empresas estabelecida em 2014. Os estabilizantes e demais ingredientes produzidos nas duas plantas são distribuídos no mercado brasileiro e exportados para países vizinhos, como Argentina, Colômbia, Chile, Equador e Paraguai.

Em Santa Rosa de Viterbo, no interior paulista, a Tate & Lyle produz ácido cítrico, que atua como conservante e pode aprimorar o sabor de alimentos e bebidas. Essas soluções são fornecidas para clientes

em toda a América Latina e em outros países, incluindo Estados Unidos, África do Sul, Irlanda, Espanha, Indonésia, Malásia, Filipinas, Singapura, Israel e Paquistão.

ParceriasOswaldo Nardinelli informa que “desde abril de

2017, a Tate & Lyle e a Sweet Green Fields (SGF) firmaram uma parceria de distribuição exclusiva para fornecer ingredientes e soluções inovadoras de estévia a clientes em todo o mundo. A parceria combina as décadas de experiência com vendas e rede de distribuição global da Tate & Lyle com o portfólio líder da SGF de ingredientes à base de estévia e cadeia de suprimentos”.

“Juntas, a Sweet Green Fields e a Tate & Lyle desenvolvem soluções baseadas em estévia para atender às necessidades de consumidores em todo o mundo, que buscam adoçantes naturais de ótimo sabor. Cada empresa traz sua própria experiência em desenvolvimento de novos produtos e aplicações - SGF com seu profundo conhecimento em agricultura e fabricação de estévia, desde a semente até o adoçante final e Tate & Lyle, com décadas de experiência em formulação de adoçantes, segurança no fornecimento e equipe robusta de especialistas”, complementa.

DesenvolvimentoUm centro de operações na América Latina da

Tate & Lyle, localizado em São Paulo, oferece suporte aos clientes para desenvolvimento de produtos e, para isso, a empresa duplicou o número de funcionários voltados para o mercado na América Latina. Além de corpo técnico, a empresa conta com profissionais especializados em nutrição, assuntos regulatórios e tendências de mercado.

A Tate& Lyle está sempre atenta aos movimentos do mercado de alimentos e constatou que, cada vez mais, os consumidores estão escolhendo produtos com ingredientes percebidos como mais simples ou de origem vegetal. O diretor técnico da empresa ressalta: “estudos de diversas empresas de pesquisa de mercado mostram que o número de lançamentos de produtos classificáveis como clean label tem crescido no Brasil, mas claro que a partir de uma base ainda pequena se comparada ao que já vemos em outros

países. Os fabricantes brasileiros de alimentos e bebidas estão atentos ao movimento que, na Tate & Lyle, definimos como mindful labeling, ou ‘rotulagem consciente’. O desafio é formular produtos com menor teor de gorduras, açúcar e sódio, em especial, e destacar tais diferenciais nas embalagens. Já temos boas respostas para esses e outros desafios”.

As necessidades e exigências dos consumidores estão em processo de mudança, principalmente no que se refere aos diversos aspectos da busca da saudabilidade. Nesse amplo cenário, a Tate & Lyle tem foco em inovação e desenvolvimento de tecnologias para superar desafios para soluções saudáveis.

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Ministra indicada para o MAPACompetência e posições polêmicas

Tereza Cristina Correa da Costa Dias, de-putada federal, foi indicada pelo presidente eleito, Jair Bolsonaro, para ocupar o cargo de Ministra da Agricultura. Formada em Enge-nharia Agronômica pela Universidade Federal de Viçosa (MG), trabalhou em diversas empre-sas multinacionais do setor de alimentos, em São Paulo. Ao retornar para Mato Grosso do Sul (MS), sua terra natal, assumiu a administra-ção dos negócios da família no Estado, moder-nizando a gestão dos negócios. Posteriormen-te, foi convidada para atuar nas diretorias da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul), da Associação dos Produtores de Sementes de Mato Grosso do Sul (Aprosul), da associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul (Acrissul) e dos Sindicatos Rurais de Sonora, Terenos e Campo Grande.

Em sua trajetória, ocupou também o cargo de Secretária de Estado de Desenvolvimento Agrário, Produção, Indústria, Comércio e Tu-rismo, no período de 2007 até 2014.

Enveredar pelo caminho da vida pública já é tradição na família de Tereza Cristina, que é bisneta de Pedro Celestino Correa da Costa e neta Fernando Correa da Costa, ex-gover-nadores de Mato Grosso, ainda no tempo em que era estado único.

Em sua atuação no Mato Grosso do Sul, Tereza Cristina trabalhou pelo desenvolvimento da área da agropecuária no Estado, além de di-versificar e modernizar os setores da indústria e do comércio. Como Secretária de Estado fez a agricul-tura do Mato Grosso do Sul crescer mais de 12% por ano. Em sua ges-tão, a Organização Mundial de Saú-de Animal (OIE) reconheceu todo o Mato Grosso do Sul como área livre de febre aftosa, promovendo uma economia de mais de R$ 80 milhões todos os anos para o Estado.

A industrialização de Mato Grosso do Sul foi outro destaque da atuação de Tereza Cristina ao atrair grandes empresas, aumentando o número de empregos durante sua gestão.

Alguns resultados na trajetória de Tereza Cris-tina mostram sua competência, como as mais de 70 mil famílias foram atendidas pela agricultura familiar e tiveram à sua disposição 200% a mais de créditos para investimentos; Mato Grosso do Sul expandiu suas exportações de US$ 1 bilhão em 2006 para US$ 5,25 bilhões em 2013; o núme-ro de turistas aumentou em média 10% ao ano; a cidade de Bonito foi eleita o Melhor Destino de Turismo Responsável do Mundo em feira mun-dial de Londres, entre diversas outras conquistas.

Alguns temas polêmicos também envolvem sua atuação na Câmara dos Deputados como líder da bancada ruralista. Como, por exemplo, seu posicionamento em relação ao projeto de lei 6299/02, que flexibiliza as normas de uso de agro-tóxico, facilitando aprovação rápida pelos órgãos de fiscalização. Conhecida como a “PL do Vene-no”, por sua forma de atuação nesse caso, Tereza Cristina foi apelidada como ‘Musa do Veneno’.

Como indicada para o Ministério da Agricul-tura, Tereza Cristina terá, entre outras, respon-sabilidades de dar o aval para a indicação do novo Ministro do Meio Ambiente, por se tratar de pasta relacionada com a área da agricultura.

Edição comemorativa da Fispal Tecnologia 2019

Mais espaços especiais para segmentos, inclusive para Laticínios

A Fispal Tecnologia, Feira Internacional de Tecnologia para as indústrias de Alimentos e Bebidas, completa 35 anos em 2019 e promove-rá uma edição ainda mais completa e com uma série de inovações para os participantes. Reali-zado pela Informa Exhibitions, entre os dias 25 e 28 de junho, no São Paulo Expo, o evento que reunirá mais de 400 expositores, terá como prin-cipal destaque a ‘Arena Fispal Tec’, novo espaço 360° para 600 participantes com painéis, pales-tras e debates.

A programação contará com o TecnoDrink, onde grandes players do mercado vão debater soluções para o crescimento e desenvolvimento do setor de bebidas; o 3° Fórum Fispal Tecnolo-gia, que recebe, entre os palestrantes, represen-tantes de grandes indústrias do País; e o Fórum de Embalagens, principal ponto de encontro desse importante segmento.

A Arena terá ainda conteúdos apresentados por entidades e associações parceiras, como ABIMAPI – Associação Brasileira das Indústrias de Biscoitos, Massas Alimentícias e Pães & Bo-los Industrializados; ABIQ - Associação Brasilei-ra das Indústrias de Queijo; e ABIS - Associação Brasileira das Indústrias e do Setor de Sorvetes; ABIA – Associação das Indústrias da Alimenta-ção; ABIAD – Associação Brasileira da Indústria de Alimentos para Fins Especiais e Congêneres.

Como apoio de conteúdo e institucional, a feira já conta com ITAL - Instituto de Tecno-logia de Alimentos, que será coordenador da Plenária de Abertura; ABRACERVA - Associação Brasileira de Cerveja Artesanal; CERVBRASIL- Associação Brasileira da Indústria da Cerveja e a Afrebras – Associação dos Fabricantes de Re-frigerantes do Brasil.

“O visitante da Fispal Tecnologia tem bastante interesse em se atualizar e conhecer as principais tendências da indústria de Alimentos e Bebidas. Por isso estamos trabalhando para oferecer uma grande variedade de temas, que vão realmente impactar de forma positiva nos negócios”, expli-ca Clélia Iwaki, diretora da Informa Exhibitions.

A parceria de sucesso com o SENAI também será ampliada para o ano que vem, já que a enti-dade estará à frente de uma nova versão do ‘De-

monstrador da Indústria 4.0’ – voltada para a in-dústria de bebidas. Retornam na próxima edição o ‘Lab de Soluções’, atração que resolve os desa-fios de empresas com a ajuda de profissionais de diversas áreas tecnológicas do Instituto, e o ‘Lou-nge de Inovação’, que reunirá 10 produtos inédi-tos e com formulação pronta para ir ao mercado.

Pelo terceiro ano consecutivo, o Instituto Mauá de Tecnologia levará para a feira os con-ceitos da indústria 4.0 através de tecnologias já disponíveis no Brasil e que podem endereçar maior produtividade e competitividade à indús-tria brasileira de alimentação.

Realizado com o apoio da Associação Brasi-leira da Embalagem (ABRE), o Lounge ABRE da Embalagem, reunirá os profissionais que atuam em agências de criação de peças e pequenos e médios fabricantes para potencializar a troca de informações e mostrar as principais tendências e soluções para o segmento. O espaço terá ainda o Circuito ABRE de Palestras, com apresentações de 20 minutos sobre novas tecnologias e design.

Outra atração confirmada é a Arena da Cer-veja Artesanal, que foi lançada na edição 2018, e voltará ainda mais completa. Idealizada em conjunto com o Instituto Cerveja Brasil, o es-paço oferecerá palestras para incentivar a troca de conhecimento sobre este crescente mercado com degustação de cervejas.

Mercado InternacionalPara ampliar a participação de expositores

e visitantes internacionais, a Fispal Tecnolo-gia promoverá uma Rodada de Negócios para o mercado externo, com a presença de tomadores de decisão em busca de novas tecnologias, pro-dutos e fornecedores, além de uma Rodada para mercado brasileiro.

Outra iniciativa para atrair esse público é a criação de uma versão em espanhol do canal de conteúdo Fispal Digital, que estará no ar a partir de janeiro de 2019.

“Nesses 35 anos demos um grande salto em termos de qualidade e quantidade na participa-ção interna. Agora, o objetivo é expandir os mer-cados e fortalecer a feira em âmbito internacio-nal”, conclui Clélia Iwaki.

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Tereza Cristina Correa da Costa Dias, deputada federal

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A Tetra Pak, empresa global de soluções para processamento e envase de alimentos, vem am-pliando sua atuação em parceria com empresas de diversos segmentos para o desenvolvimento de produtos com maior valor agregado, feitos a partir das embalagens longa vida pós-consumo. A empresa, que já tem presença no desenvolvi-mento do mercado de papel reciclado e de te-lhas ecológicas, agora também concentra esfor-ços no segmento de produtos fabricados à base de plástico, tendo como meta fortalecer a cadeia recicladora e fomentar negócios sustentáveis, ao substituir as matérias-primas convencionais por plástico-alumínio reciclados. Como parte disso, nos últimos nove meses, a empresa se aproxi-mou de 40 empresas do segmento para estudo e desenvolvimento de novos produtos, e conta 15 dos projetos idealizados em andamento.

A atuação da Tetra Pak se dá em duas frentes: desenvolvimento de mercado, com a identifica-ção de empresas e produtos que podem utilizar o material proveniente da reciclagem das emba-lagens cartonadas, e desenvolvimento técnico. Nesse caso, a atuação da equipe de especialis-tas de sustentabilidade da Tetra Pak ocorre em parceria com empresas para criar formulações, realizar testes e identificar ou adaptar equipa-mentos que permitam a fabricação de produtos em escala comercial, com maior valor agregado e bom custo-benefício. Um dos mercados que mais utilizam o plástico-aluminio reciclado como matéria-prima é o de telhas. Atualmen-te, 15 fabricantes de telhas em diversas cidades brasileiras utilizam este material provenien-te da reciclagem da embalagem cartonada na composição de seus produtos.

Já as recicladoras do papel presente nas em-balagens cartonadas somam oito empresas. “Trabalhamos para garantir que a embalagem pós-consumo seja vista como fonte de recursos e não como resíduo. Isso é essencial para que novos processos produtivos sejam estabeleci-

dos e, assim, mantenham a circularidade das ma-térias-primas”, informa Valéria Michel, diretora de Meio Ambiente da Tetra Pak.

O trabalho realizado para o desenvolvimento do mercado que trabalha com plástico também começa a render frutos. Uma das empresas que vem utilizando o material em seus produtos é a Infinitum62, localizada em Elias Fausto, no inte-rior de São Paulo. A empresa, que produz poltronas pelo processo de rotomoldagem, utiliza o material proveniente da reciclagem de aproximadamente 900 embalagens cartonadas de 1 litro para fabri-car uma poltrona com 80 cm de altura e 120 cm de largura e profundidade. Apostando no conceito de sustentabilidade, a empresa aliou qualidade, versatilidade e requinte a partir do design prático e moderno. No portfólio também há luminárias, brinquedos e outros itens de decoração desen-volvidos com material reciclado. “Enxergar essas novas possibilidades é um caminho do qual me orguilho, pois além de agregar valor para o consu-midor, contribuo com o meio ambiente”, informa José Carlos Bíscaro, fundador da Infinitum62.

Com a mesma matéria-prima, o segmento de telhas e chapas começou a ser desenvolvido em conjunto com a Tetra Pak há 20 anos, e hoje re-presenta 60% da utilização do plástio-alumínio reciclados das embalagens pós-consumo. No úl-timo ano, os parceiros da companhia em todo o país somaram a fabricação de uma média de 360 mil novas unidades. Resistente a granizo, o mate-rial também é impermeável, térmico e muito mais leve que as telhas e chapas convencionais.

“A sustentabilidade faz parte no nosso DNA e da estratégia dos nossos negócios. Nosso objetivo é fomentar todos os elos da cadeia da reciclagem por meio de iniciativas que permitam a preserva-ção dos recursos naturais, o consumo consciente, a coleta seletiva adequada e a transformação de nossas embalagens em produtos de maior valor agregado”, completa Valéria.

Tetra Pak fomenta mercado de produtos feitos com embalagens recicladas

Sebastião Barbosa assumiu como presidente da Embrapa. A cerimônia de posse aconteceu no Palá-cio do Planalto, com a participação do presidente Michel Temer, do ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Blairo Maggi, do secretário executivo do ministério que preside o conselho da empresa, Eumar Novacki, além do atual presidente, Mauricio Lopes, que encerra mandato de dois anos.

Novo presidente da Embrapa

FazerMelhor

Tecnologia, Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação em Produtos Lácteos

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Comitê Técnico Editorial

-Entrevista - Glaucia Pastore, FEA/UNICAMP - Biodiversidade brasileira favorece pesquisa

• Plasma a frio como tecnologia para processamento de leite e derivados.

• Elaboração de queijo Minas Frescal probiótico reduzido em lactose

• Perspectivas do uso de metodologias projetivas no processamento e comercialização de produtos lácteos

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Tecnologia, Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação em Produtos Lácteos

Entrevista Tecnica'

Biodiversidade brasileira favorece pesquisa

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A importância do estímulo à Ciência de Alimentos para o benefício da saúde e o potencial da biodiversidade brasilei-ra para explorar novos ingredientes são alguns dos temas abordados por Glaucia Pastore, Professora Titular de Bioquimica FEA (Faculdade de Engenharia de Ali-mentos da UNICAMP (Universidade de Campinas).

Glaucia Pastore tem uma trajetória acadêmica brilhante na área de alimentos. É formada em Biologia pela PUC/Campinas, fez mestrado e doutorado pela Faculdade de Engenharia de Alimen-tos/FEA Unicamp, em 1991, na área de Bioquímica de Alimentos, orientada pelo Professor Yong Park, com Especialização em Enzyme Technology Osaka, Japão Bolsa JiCA 1985. Fez pós-doutorado na Ohio State University – USA, em 1993, no Food Science Department. Foi chefe de departamento Ciência de Alimentos/FEA/Unicamp por duas gestões, onde também foi diretora de 1998-2002. De 2006 a 2010, ocupou o cargo e Pró-Reitora de Pesquisa 2013-2017.Atualmente, é Professora Titular de Bioquímica de Alimentos e Coordenadora do Laboratório de Bioaromas e Compostos Bioativos da entidade.

RiL - Revista Indústria de Laticínios - Como avalia a evolução de pesquisas para o setor de alimentos e bebidas na área acadêmica nos últimos anos? Houve queda substancial nos investimentos de governo para pesquisas nesse setor?

• Glaucia Pastore - É importante men-cionar que, na área da Ciência de Alimentos, o Brasil está equiparado com os melhores do

mundo. A Unicamp está em sexto lugar das melhores universidades no ranking mundial da área de Food Science. Nessa seleta lista, em primeiro lugar está Holanda, seguida pela China, que ocupa segundo, terceiro e quarto lugar e, em quinto, Bélgica. Por al-guns anos, não tivemos dificuldades com financiamentos, ocorreram novas chamadas e editais para pesquisas, além do programa

Glaucia Pastore, professora titular de Bioquímica de Alimentos e coordenadora do Laboratório de Bioaromas e Compostos Bioativos

da FEA , da UNICAMP

Ciência sem Fronteiras, que ajudou muito até ser encerrado em 2016. O atual quadro é de incerteza em relação ao novo governo. Se tiverem juízo, vão valorizar a área de Ciência de Alimentos, pois esta chega a ser estra-tégia, já que as pesquisas podem contribuir na prevenção de doenças, produção de ali-mentos que trazem nutrição, resultando por diminuir gastos com assistência médica ao

prevenir doenças. Se a equipe for inteligen-te, o novo governo apostará nessa ideia. Esperamos que evolua bem a questão de pesquisas nessa área, porque implica tam-bém em anos de dedicação dos muitos pes-quisadores focados em Ciência de Alimen-tos, uma área que não pode se relegada, principalmente pelo Brasil, que tem grande potencial para crescer nesse segmento.

RiL - Como aproveitar nossa riqueza em ingredientes? Quais são os entraves para isso?

• Glaucia Pastore - Há vários deriva-dos funcionais na biodiversidade e o Brasil tem muito para exportar. Os próximos cinco anos trarão muitos desafios, pois há espaço para conquistar. Muitos novos desenvolvi-mentos que vão para órgãos regulatórios, poderiam ser discutidos com a academia, que tem condições de checar cientificamente as propriedades dos ingredientes. Os órgãos regulatórios poderiam estabelecer parceria mais concreta com universidades e institutos para apurar alegações funcionais e outras decisões em relação a alimentos. Com essa finalidade, a indústria aciona mais a área de pesquisa do que órgãos reguladores. A ques-tão da legislação e aprovação de alegações é fundamental, pois através de vários produtos funcionais é possível prevenir inúmeras do-enças. Até na saúde animal já se utiliza fun-cionais e o resultado é fácil de constatar ao observar o significativo aumento do tempo de vida dos pets.

RiL - Exportar alimentos com valor agregado é um objetivo antigo das in-dústrias de alimentos, porém custa a se concretizar. Como vê essa questão?

Glaucia Pastore - Existe falta de sintonia entre indústrias, governo e pesquisadores acadêmicos. Há necessidade de aprovei-tamento do que a Ciência dos Alimentos produz. A sensação é que falta um ‘meio de campo’. No Brasil, temos recursos naturais maravilhosos. A população indígena, por exemplo, conhece e explora esses recursos há séculos e há necessidade de comprova-ção científica para aplicar em alimentos e medicamentos. Esse ‘meio de campo’ requer um desenho que reúna academia, indústria e governo. A Lei do Bem (Lei 11.196/05) traz incentivos fiscais às pessoas jurídicas da área de PD&I, porém precisaria haver uma apro-ximação maior entre academia e setor indus-trial. O meio acadêmico em parceria com a

indústria poderiam desempenhar esse pa-pel. Atualmente, a indústria conversa pouco com pesquisadores e todos ganhariam com uma proximidade maior.

RiL - Como cientistas de outros países enxergam as pesquisas e a disponibilida-de de ingredientes no Brasil?

• Glaucia Pastore - Eles ficam maravi-lhados, por exemplo, com nossas superfrutas e têm motivos para isso. Quando apresenta-mos papers de nossos trabalhos, imediata-mente após, procuram mais informações e detalhes. O açaí foi uma das frutas que con-quistou o mundo. No exterior, as indústrias fazem inúmeros produtos com base nessa fruta, tais como biscoitos, iogurtes, bebidas, entre outros. Em se tratando de funcionais, há também olhar muito forte para vegetais, que apresentam vários compostos bioativos que podem prevenir doenças cardiovascula-res, entre outras funções.

RiL - Quais segmentos da alimenta-ção são mais abertos para pesquisas?

• Glaucia Pastore - Panificação e lác-teos estão entre aqueles que existem mais alternativas para inovação, porque são exce-lentes veículos para ingredientes funcionais. Existem muitas pesquisas para lácteos, por-que também é de acesso fácil para o con-sumidor, como sobremesas, iogurte, bebida láctea, entre outros. Além de receptivo a in-gredientes funcionais, os lácteos, por si só já são possuem outros compostos importantes, como proteínas fosforiladas, além de amino-ácidos essenciais, cálcio, vitamina D etc.

RiL - Hoje, no Brasil, quais são os principais apoiadores das pesquisas na área da alimentação?

• Glaucia Pastore - Atualmente, as principais entidades apoiadoras são: CNPq, CAPES e Fundações estaduais de Apoio à Pesquisa. Fora dessa esfera, ainda não há apoio forte. Tivemos grande apoio das in-dústrias, por exemplo, quando foi proibida a gordura trans e a necessidade de buscar al-ternativas. Houve uma união de indústrias de alimentos, que recorreram à FEA para buscar soluções para essa questão.

RiL - Para estar tão bem conceituada internacionalmente, como é estruturada a FEA?

• Glaucia Pastore - A FEA conta com equipamentos e instrumentos de alta tec-nologia e sua estrutura é dividida em quatro departamentos: Tecnologia de Alimentos, que estuda processos, por exemplo, para desen-volvimentos de novos processos para ob-tenção de produtos inovadores e saudáveis, Ciência de Alimentos, que trata das bases científicas para processos, química analítica, microbiologia, bioquímica, biotecnologia entre outros; Engenharia de Alimentos, cujas linhas de pesquisa envolvem técnicas de extração, secagem etc e Alimentos Nutricão, que realiza experimentos com animais para avaliação nutricional, e a Ciência sensorial.

RiL - Quais tipos de eventos são reali-zados pela FEA?

• Glaucia Pastore - Além do SLACA (Simpósio Latino Americano de Ciencias de Alimentos), que acontece a cada dois anos, ocorreu em novembro, o 1º Congresso de Compostos Bioativos, um tema que desperta muito a atenção dos participantes e cresceu dentro do Slaca. Para o Slaca 2019, estamos preparando uma visão bastante abrangente sobre alimentos, que terá como tema o Futu-ro do Alimento e seu papel como protetor da saúde, sua função econômica e vamos falar muito de geopolítica na questão alimentar.

RiL - Como pesquisadora respeitada e reconhecida, o que gostaria de realizar ainda?

• Glaucia Pastore - Na minha última etapa de carreira, gostaria de poder divulgar mais o que podemos realizar para a área da alimentação no Brasil, mostrar como a indústria poderia absorver mais o trabalho dos pesquisadores brasileiros. Falta ousa-dia para nossa indústria de alimentos e te-mos inúmeras alternativas para explorar na própria cadeia de alimentos, que podem se transformar em ingredientes de alto impacto na saúde humana, com alto valor agregado.

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Tecnologia, Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação em Produtos Lácteos

Nathália M. Coutinho1, Marcello R. da Silveira1, Ramon S. Rocha4, Fábio O. Borges2, Sueli Rodrigues3, Adriano G. Cruz4

1Universidade Federal Fluminense (UFF), Faculdade de Medicina Veterinária, 2Universidade Federal Fluminense (UFF), Instituto de Física;3Universidade Federal do Ceará (UFC), Departamento de Engenharia de Alimentos; 4Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro (IFRJ), Departamento de Alimentos

Plasma a frio como tecnologia para processamento de leite e derivados.

INTRODUÇÃOO leite é um alimento rico em nutrientes, contendo

proteínas, gorduras, carboidratos, vitaminas e sais mine-rais, tornando-se um substrato ideal para a proliferação de micro-organismos e consequentemente sua deterioração (European Milk Forum, 2017). O leite cru deve apresentar baixa carga bacteriana, ausência de micro-organismos patogênicos, reduzida contagem de células somáticas, ausência de resíduos químicos e outros contaminantes, mantendo sua segurança e qualidade (Lewis, 1994; Reis et al., 2013). Mais do que 90% de todos os casos de doen-ças relacionados a leite e produtos lácteos são de origem bacteriana (Bean et al., 1996). As doenças comumente encontradas causadas pela contaminação do leite são listerioses, salmoneloses, campilobacterioses, infecção por Escherichia coli e Staphylococcus aureus, yersinioses, tuberculoses, bruceloses e infecção por Streptococcus spp. (Gurol et al., 2012; Ranadheera et al., 2017).

Métodos tradicionais como a pasteurização e o tra-tamento UHT (“ultra-high temperature”) são utilizados na indústria para o processamento térmico do leite, que tem como principal objetivo a inativação e/ou remoção de mi-cro-organismos patogênicos ou deteriorantes. Entretanto, estes métodos de descontaminação são conhecidos por induzir alterações na composição química do leite e dos seus produtos lácteos (Gurol et al., 2012; Amaral et al., 2017) causando degradação térmica e auto-oxidação das gorduras, levando à formação de compostos secundários, como aldeídos, cetonas e ácidos carboxílicos, que podem ter efeitos negativos na saúde humana (Sarangapani et al., 2017; Gavahian et al., 2018). Além disso, a oxidação

resulta em mudanças na estrutura da proteína e compo-sição de ácidos graxos, redução no valor nutricional e de-gradação da qualidade sensorial (Coutinho et al., 2018).

Atualmente novas tecnologias de processamento de alimentos, denominadas de tecnologias emergentes, vêm sendo estudadas para substituir ou complementar os tratamentos térmicos tradicionais e o plasma a frio tem sido uma alternativa de processamento térmico com a finalidade de diminuir as alterações indesejáveis aos alimentos sem comprometer suas características nutricio-nais, funcionais e sensoriais, despertando um progressivo interesse mundial em processos inovadores de baixa tem-peratura para preservação de alimentos (Wan et al., 2009; Nascimento et al., 2013).

O plasma é considerado o quarto estado da maté-ria, após o estado líquido, sólido e gasoso. Pode ser de-finido como um gás ionizado constituído por moléculas neutras, elétrons, partículas de íons positivos e negativos em proporções equilibradas, que apresentam múltiplas interações, sendo sua carga média total muito pequena, podendo considerar macroscopicamente neutra. A com-posição do gás de alimentação pode ser ar, um gás puro como hélio, nitrogênio, argônio, etc. ou uma mistura de gases, dependendo do tipo de aplicação (Niemira e Gut-sol, 2010; Niemira, 2012).

Em um breve entendimento da tecnologia, o plasma a frio é produzido pela ionização de gás com descargas elétricas à temperatura ambiente e à pressão atmosférica. O gás ionizado consiste de elétrons livres, íons e partículas neutras, assim como espécies reativas (como superóxido, radicais hidroxila, óxido nítrico, ozônio e outros) em cons-

tante interação, com energia elétrica suficiente para rom-per as ligações covalentes e induzir numerosas reações químicas (Liao et al., 2017; Coutinho et al., 2018).

Para aplicações no setor de alimentos, o plasma a frio possui três tipos de tratamentos: aplicação direta, semi--direta ou indireta para transformação dos produtos ali-mentícios. Estes processos são de interesse para as indús-trias, uma vez que estes podem ser utilizados para tratar alimentos a temperaturas baixas (<70ºC), e também à pressão atmosférica permitindo o contínuo controle do processo (Schlüter et al., 2013).

A tecnologia de plasma a frio demonstrou interagir com componentes alimentares como proteínas, lipídios, água, carboidratos e compostos fenólicos (Priyadarshini et al., 2018). Embora maiores taxas de fluxo de gás e maior tempo de processamento possam aumentar o nú-mero de colisões e as possibilidades das espécies reativas atuantes nos microrganismos, resultando em aumento da eficiência de descontaminação (Liao et al., 2017), porém sua influência nos parâmetros de qualidade dos produtos lácteos ainda precisa ser extensivamente estudado.

Os compostos produzidos pelo plasma frio têm sido amplamente relatados como um papel crítico na inati-vação de micro-organismos incluindo bactérias, esporos, fungos e biofilmes (Segat et al., 2016). Os efeitos antimi-crobianos do plasma a frio são principalmente devidos a interações entre espécies reativas de oxigênio (ROS) e espécies reativas de nitrogênio, levando a fortes efeitos oxidativos sobre ligações duplas na bi-camada lipídica da célula microbiana e danificando o transporte de macro-moléculas dentro e fora da célula. Essas espécies reativas podem ser consideradas os agentes mais importantes que participam da inativação de patógenos (Phan et al., 2017).

Alguns estudos utilizando a tecnologia de plasma frio confirmam seu potencial para inativar micro-organismos nocivos em vários alimentos lácteos, como queijo fatiado (Song et al., 2009; Lee et al., 2012, Yong et al., 2015); Leite UHT integral, semi-desnatado e desnatado (Gurol et al., 2012); e amostras de leite (Kim et al., 2015). Em produ-tos lácteos, a eficiência da tecnologia de plasma frio com ação antimicrobiana depende de vários fatores, incluindo as espécies do microrganismo, a potência de entrada do equipamento, tempo de tratamento, composição do gás e composição dos alimentos (Coutinho et al., 2018).

O plasma pode ser aplicado não apenas a microor-ganismos, mas também a compostos biológicos mais

simples, como enzimas endógenas do leite (fosfatase alcalina). Sua ação é semelhante à que ocorre nos mi-crorganismos, às enzimas são inativadas por reações de oxidação de peptídeos que alteram a conformação das proteínas, diminuindo sua atividade enzimática (Coutinho et al., 2018). Estudos na literatura mostraram que as ca-racterísticas físico-químicas do leite e dos produtos lácte-os não são extensivamente afetadas pelo tratamento com plasma frio (Gurol et al., 2012; Kim et al., 2015; Korachi et al., 2015; Lee et al., 2012; Segat et al., 2016, 2015; Yong et al., 2015). Algumas diferenças de cores instrumentais foram observadas, mas muitos estudos não relataram di-ferenças detectáveis pelo olho humano.

O leite tratado com plasma frio pode ter maior acidez, o que pode ser devido às reações em várias etapas de es-pécies reativas geradas por plasma. Diferenças na acidez dos líquidos tratados com plasma podem surgir de vários fatores, incluindo o volume tratado, a capacidade tampão e a fonte de plasma e o gás indutor usados. Para queijos, pode ocorrer um aumento na oxidação lipídica, induzindo sabores desagradáveis, afetando a aceitação do consu-midor. Assim, a aplicação desta tecnologia para produtos com alto teor de gordura deve ser cuidadosamente ava-liada (Coutinho et al., 2018).

O plasma frio é um recém-chegado ao campo da tec-nologia de alimentos. Algumas vantagens dos processos de plasma incluem alta eficiência de inativação microbia-na a baixas temperaturas, baixo impacto na matriz interna do produto e a ausência de água, solventes ou resíduos. O processamento do plasma é ambientalmente seguro e pode cumprir todos os padrões ecológicos, uma vez que as espécies ativas desaparecem depois que a energia do plasma é desligada (Misra et al., 2011).

No entanto, as desvantagens do processo de plasma frio para a esterilização de alimentos são evidenciadas no tratamento de alimentos volumosos e de formato ir-regular. O volume e o tamanho dos alimentos devem ser considerados porque a inativação microbiana ocorre na superfície dos alimentos e, portanto, as espécies reativas de plasma só podem penetrar nos alimentos de forma li-mitada (Song et al., 2009). A superfície áspera de alguns produtos fornece numerosos locais para os microrganis-mos se ligarem e potencialmente escaparem do trata-mento antimicrobiano (Yong et al., 2015).

Considerando a aplicabilidade do plasma frio na in-dústria de alimentos, o custo econômico associado ao uso da nova tecnologia em comparação com o tratamento

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FazerMelhor

Tecnologia, Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação em Produtos Lácteos

térmico deve ser avaliado, pois depende principalmente do investimento do equipamento, custo de energia do tra-tamento e custos gerais de produção (Barba et al., 2017).

CONCLUSÃODe forma geral, novas pesquisas são necessárias para

elucidar os efeitos do plasma frio sobre os parâmetros de qualidade microbiológica, físico-químicas e sensoriais dos produtos lácteos. Além disso, o efeito da tecnologia de plasma não térmico em comparação com tratamento térmico convencional devem ser estudados. Entretanto, pode-se considerar uma tecnologia com potencial de ser aplicada, principalmente como uma nova intervenção an-timicrobiana para a inativação de patógenos e melhoria da segurança de produtos lácteos, tendo em vista a eficá-cia dos resultados disponíveis. Nesse contexto, a aplicação do plasma a frio se constitui como uma alternativa possí-vel ao tratamento térmico convencional que é comumente utilizado nas unidades processadoras de produtos lácteos.

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Tecnologia, Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação em Produtos Lácteos

Elaboração de queijo Minas Frescal probiótico reduzido em lactose

Daniele Back, Paula Mattanna & Neila Richards

1 INTRODUÇÃO A demanda por alimentos funcionais probióticos

cresce rapidamente devido à maior conscientização dos consumidores sobre seu impacto na saúde (CHAVES & GIGANTE, 2016), e durante as últimas décadas, é signi-ficativa a atenção dada a produtos lácteos fermentados contendo probióticos (CUFFIA et al., 2017).

O queijo é um produto lácteo que apresenta potencial para carrear micro-organismos probióticos para o intesti-no humano devido as suas características químicas e físi-cas específicas quando comparadas com o leite fermenta-do, como, por exemplo, maior valor de pH, menor acidez total titulável, ambiente anaeróbio criado pela matriz de proteína-gordura, maior capacidade tamponante, maior teor de gordura, maior disponibilidade de nutrientes, menor teor de oxigênio e matriz mais densa de textura, consistência sólida, permitindo, portanto, a sobrevivência dos micro-organismos probióticos durante a maturação e armazenamento. O queijo contém uma complexa combi-nação de micro-organismos que mudam com o tempo de maturação, ou seja, inicialmente contém um grande nú-mero de bactérias ácido lácticas (BAL) e, depois, com um número crescente de outras bactérias (NSLAB) (KARIMI et al., 2012; CASTRO et al., 2015; FELICIO et al., 2016).

Para prover benefícios a saúde, uma recomendação mínima de micro-organismos probióticos tem sido suge-rida por vários pesquisadores, sendo bastantes variáveis (DIMITRELLOU et al., 2017).

Bactérias pertencentes a diferentes espécies e linha-gens dos gêneros Lactobacillus e Bifidobacterium são mais freqüentemente empregadas como suplementos probió-ticos para alimentos. A principal razão para esta escolha é o fato destes dois gêneros serem habitantes predominan-

tes do intestino humano, sendo: Lactobacillus do intestino delgado e Bifidobacterium do intestino grosso (BLAIOTTA et al., 2017).

Dentre os efeitos benéficos à saúde produzidos por bactérias probióticas, destacam-se: controle das infecções intestinais, melhor absorção de determinados nutrientes, melhor utilização de lactose e o alívio dos sintomas de intolerância a esse açúcar, inibição de micro-organismos patogênicos, redução dos níveis de colesterol, efeito anti-carcinogênico e o aumento da resposta imunológica pelo estímulo da produção de anticorpos (VASILJEVIC & SHAH, 2008; DIMITRELLOU et al., 2017).

Os micro-organismos probióticos devem apresentar células viáveis em quantidades adequadas no alimento durante toda a estocagem do produto, sendo a dose di-ária de consumo recomendada de 108-109 Unidades For-madoras de Colônia (UFC) (BRASIL, 2008), realizada atra-vés da ingestão de 100 g de produto contendo 106 – 107 UFC/g ou mL (SAAD, 2006; CUFFIA et al., 2017).

Diversos estudos comprovaram que vários tipos de queijos apresentam grande potencial para incorporação de bactérias probióticas, dentre eles o Cream Cheese (BU-RITI et al., 2007; ALVES et al., 2008), queijo fresco cremo-so (BURITI et al., 2008), Petit Suisse, (MARUYAMA et al., 2006), Cheddar (GARDINER et al., 1999; ONG & SHAH, 2009), Cottage (PARODIA, 2010) e Minas Frescal (BURITI et al., 2005a; BURITI et al., 2005b; RIBEIRO et al., 2009; SOUZA & SAAD, 2009).

O queijo Minas Frescal é um queijo de origem brasilei-ra, sendo caracterizado como um queijo fresco obtido por coagulação enzimática do leite com coalho e/ou outras enzimas coagulantes apropriadas, complementada ou não com ação de bactérias lácticas específicas. É classi-

ficado como queijo semi-gordo (25 a 44% de gordura no extrato seco), de muito alta umidade (não inferior a 55%) a ser consumido fresco, de consistência branda e macia, com ou sem olhaduras mecânicas, de cor esbranquiçada, de sabor suave a levemente ácido, sem ou com crosta fina, de forma cilíndrica e com peso de 0,3 a 5,0 Kg (BRA-SIL, 1997, 2004).

Estudos mostram, quando se trata do consumo de lei-te e seus derivados lácteos, que uma porcentagem sig-nificativa da população mundial sofre com transtornos gastrointestinais, tais como flatulência, desconforto abdo-minal, diarréia e náusea (ANTUNES & PACHECO, 2009). Este transtorno é chamado de intolerância à lactose, ou seja, é a incapacidade de digerir a lactose, o principal açú-car do leite, devido à deficiência ou ausência da enzima ß-galactosidase no sistema digestivo (ANGELIS, 2006). O tratamento da intolerância à lactose consiste basica-mente na retirada ou diminuição desse açúcar da dieta, o que leva ao desaparecimento progressivo dos sintomas. No entanto, esses indivíduos estariam deixando de usu-fruir os benefícios do leite à saúde humana (SUAREZ & SAVAIANO, 1997; CUNHA et al., 2007).

Industrialmente, a lactose pode ser reduzida do leite pelo processo de hidrólise enzimática empregando a en-zima ß-galactosidase (lactase), a qual hidrolisa a lactose em seus monossacarídeos constituintes, a glicose e a ga-lactose, facilitando sua absorção pelo intestino (GEKAS & LOPEZ-LEIVA, 1985).

Este estudo objetivou avaliar a viabilidade dos micro--organismos probióticos Lactobacillus acidophilus e Bifido-bacterium sp. adicionados a diferentes formulações de queijo Minas Frescal com baixo teor de lactose durante os 21 dias de vida-de-prateleira do produto, bem como avaliar a composição físico-química dos queijos.

2 MATERIAL E MÉTODOS2.1 Hidrólise da LactoseAntes do preparo dos queijos, o leite pasteurizado

adquirido comercialmente teve sua lactose hidrolisada pela ação da enzima ß-galactosidase Lactozym® 3000L HPG (Novozymes), nas seguintes concentrações e tempos de reação: 0,3 g/L de enzima lactase por 12 horas; 0,6 g/L de enzima lactase por 12 horas; 0,9 g/L de enzima lactase por 12 horas; 0,3 g/L de enzima lactase por 24 horas; 0,6 g/L de enzima lactase por 24 horas; 0,9 g/L de enzima lactase por 24 horas. As amostras de leite foram armazenadas em frascos de vidro esterilizados (tipo Scott)

e mantidos à temperatura de 5 + 1°C durante o período de hidrólise. Transcorrido o tempo de reação de cada for-mulação, o leite sofreu pasteurização lenta (63-65°C por 30 minutos), com o intuito de inativar a enzima.

2.2 Elaboração dos QueijosSeis formulações de queijo Minas Frescal foram pro-

duzidas a partir dos leites tratados com a enzima lactase e duas com leites não tratados, adaptando-se o procedi-mento de fabricação descrito por Furtado & Lourenço Neto (1994). As variáveis envolvidas são descritas na Tabela 1.

Após o tratamento com a enzima lactase nas concen-trações e tempos citados anteriormente, o leite de cada formulação foi aquecido a 35°C e foram adicionados 1% (p/v) de cultura probiótica (T1 a T7) contendo Lactobacillus acidophilus LA-5, Bifidobacterium sp. BB-12 e Streptococcus thermophilus (BioRich®, Chr. Hansen), 0,04% (v/v) de so-lução de cloreto de cálcio a 50% (CaCl2) e 0,08% (v/v) de coalho líquido (Ha-La®, Chr. Hansen). A coagulação foi de 45 minutos, sendo após realizado o corte da massa, me-xedura por 2 minutos, à baixa velocidade, acompanhada de igual período de descanso, por três vezes. A massa foi então dessorada e a enformagem feita em formas de fun-do perfurado para a eliminação do soro. A salga foi rea-lizada na superfície de ambos os lados dos queijos com 1% de cloreto de sódio (NaCl). Após 12 horas, foram de-senformados e acondicionados a vácuo em embalagens plásticas de polietileno e armazenados em refrigerador a 5+1ºC até o momento das análises.

Tratamentos Concentração de lactase

(g/L)

Tempo de hidrólise (horas)

Concentração de cultura

probiótica (%)

T1 0,3 12 1

T2 0,6 12 1

T3 0,9 12 1

T4 0,3 24 1

T5 0,6 24 1

T6 0,9 24 1

T7 - - 1

T8 - - -

- : sem adição.

Tabela 1 – Variáveis envolvidas na formulação dos queijos Minas frescal.

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Tecnologia, Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação em Produtos Lácteos

2.3 Análises Físico-químicasO índice crioscópico do leite foi determinado antes e

depois da ação da lactase, utilizando-se crioscópio eletrô-nico (ITR, modelo MK 540). O grau de hidrólise do leite foi determinado através da equação (1) (TREVISAN, 2008):

O teor de lactose inicial da matéria prima (leite) utili-zada nas formulações foi determinada por titulação pelo método de Lane-Eynon (BRASIL, 2006). Calculou-se a porcentagem de perda normal da lactose durante a fa-bricação dos queijos Minas dos tratamentos controle T7 e T8, para então se estimar a quantidade de lactose dos queijos que sofreram hidrólise (T1 a T6).

Os queijos foram analisados durante a primeira sema-na após a fabricação quanto aos parâmetros de acidez (titulação com NaOH 0,1N), pH (potenciômetro digital), umidade (secagem em estufa a 105°C), cinzas (incinera-ção em mufla a 550°C), gordura (butirômetro de Van Gu-lik) e proteína (método de Kjeldahl). A gordura no extrato seco (GES) foi calculada por diferença.

As determinações de acidez e pH foram feitas sema-nalmente até o 21° dia de fabricação. Todas as análises físico-químicas foram realizadas em triplicata, seguindo os métodos analíticos oficiais para controle de leite e pro-dutos lácteos (BRASIL, 2006).

2.4 Análises MicrobiológicasForam realizadas as contagens dos micro-organismos

Lactobacillus acidophilus e Bifidobacterium sp. nos dias 1, 7, 14 e 21 após a fabricação dos queijos. Porções de 25 g de queijo (em duplicata) foram homogeneizadas em 225 mL de água peptonada 0,1% (diluição 10-1), sendo pos-teriormente preparadas diluições subseqüentes, determi-nando-se o número de células viáveis em alíquota de 1 mL pela técnica pour plate.

Para a enumeração de L. acidophilus foi utilizado meio MRS-ágar adicionado de solução de maltose a 20% (IDF, 1999) e para a contagem de Bifidobacterium sp. utilizou-se

meio MRS-ágar adicionado de solução de glicose a 20% solução de dicloxacilina a 0,01%, solução de cloreto de lítio a 11,11% e de solução de cloreto de cisteína a 10% (Chr Hansen, 1999). As placas foram incubadas invertidas em jarras contendo gerador de anaerobiose Anaerobac (Probac) à 37 ºC por 72 horas (CHR. HANSEN, 1999). Após esse período de incubação foi realizada a contagem de células viáveis probióticas (em duplicata), expressa em log de unidade formadora de colônia por mL (log UFC/mL).

2.5 Análise EstatísticaOs resultados foram submetidos à análise de variância

(ANOVA) e as médias comparadas entre si pelo Teste de Tukey a nível de 5% de significância (r<0,05), utilizando--se do programa estatístico SPSS 13.0 (NORUSIS, 2005).

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO3.1 Grau de hidrólise da lactose do leiteO grau de hidrólise foi calculado através da fórmula

apresentada anteriormente (equação 1), sendo que as re-duções dos teores de lactose nos leites pasteurizados fo-ram de 50,88% para T1, 62,46% para T2, 74,03% para T3, 60,00% para T4, 72,28% para T5 e 87,72% para T6. Como esperado, observou-se que quanto maior a concentração de enzima, maior o grau de hidrólise encontrado. Quando comparados os tempos de hidrólise, os tratamentos que foram submetidos a 24 horas de reação, apresentaram um grau de hidrólise maior do que os tratamentos da mesma concentração de enzima em 12 horas de reação.

3.2 Lactose dos queijosA matéria-prima inicial (leite) utilizada na fabricação

dos queijos possuía um teor de lactose de 4,43%. Segun-do Pereda et al. (2005), o teor de lactose do leite de vaca pode variar entre 4,5 a 5,0%, no entanto existem varia-ções destes valores, pois a composição do leite sofre influ-ências como alimentação animal, raça e estações do ano.

A Figura 1 apresenta os resultados estimados de lacto-se dos queijos T1 a T6 e os valores de lactose encontrados para as formulações sem adição de lactase (T7 e T8).

Caruso & Oliveira (1999) encontraram teores de lacto-se em queijo Minas Frescal variando entre 2,36 a 2,71%, sendo semelhantes aos resultados encontrados para os tratamentos T7 e T8 deste trabalho.

As reduções dos teores de lactose dos queijos sem adi-ção de enzima lactase foram 46,05% para T7 e 44,01% para T8. Nos queijos que passaram pelo processo de hi-drólise, as reduções foram de 73,14% para T1, 79,46% para T2, 85,78% para T3, 78,10% para T4, 84,87% para T5 e 93,23% para T6. Resultado semelhante foi encontra-do por Mattanna et al. (2010), onde a redução de lactose foi de 85% em estudo com requeijão cremoso adicionado de 0,8% de enzima lactase durante 12 horas de reação a 8 + 0,5ºC. Segundo Manan et al. (1999) os sintomas de intolerância à lactose podem ser eliminados quando a lactose é reduzida em 70%. De acordo com a Resolução RDC 135/2017 os tratamentos T1 a T6 podem ser consi-derados “baixo teor de lactose” pois, apresentam quanti-dade de lactose maior que 100 mg/100 g, sendo menor que 1 g/100 g, portanto uma alternativa viável às pessoas com intolerância à lactose (BRASIL, 2017).

3.3 Características físico-químicas dos queijosO Regulamento Técnico para Fixação de Identidade e

Qualidade do Queijo Minas Frescal (BRASIL, 1997, 2004) classifica esse tipo de queijo quanto ao teor de gordura como semigordo (25,0 a 44,9% de gordura no extrato seco) e ao teor de umidade como de muito alta umidade (não inferior a 55,0%), não se referindo aos teores de pro-teína, cinzas, acidez e pH.

As médias e os respectivos desvios padrões dos parâ-metros de gordura, proteína, umidade, cinzas e gordura no extrato seco (GES) dos tratamentos T1 a T8 analisados durante a primeira semana de armazenamento encon-tram-se na Tabela 2. Os teores de gordura no extrato seco variaram de 35,22+1,19% a 40,52+1,19% e umidade de 64,71+0,08% a 71,12+0,18% estando dentro do estabe-lecido pela legislação vigente para o queijo Minas Frescal (BRASIL, 1997, 2004).

equação (1)

% Hidrólise alcançada = 350,877 x (Crioscopia final) – (Crioscopia inicial) 0,00285

Figura 1 – Teores de lactose dos queijos Minas Frescal.

Tabela 2 – Composição físico-química dos queijos Minas Frescal.

Tratamentos Gordura* Proteína* Umidade* Cinzas* GES*

T1 13,38 + 0,08 a 14,64 + 0,16 b 64,71 + 0,08 g 2,48 + 0,03 c 37,93 + 0,22 abc

T2 11,70 + 0,03 d 11,67 + 0,07 e 71,12 + 0,18 a 2,62 + 0,04 b 40,52 + 1,19 a

T3 11,94 + 0,40 d 14,60 + 0,05 bc 66,10 + 0,16 de 2,47 + 0,01 c 35,22 + 1,19 c

T4 13,11 + 0,03 ab 15,88 + 0,22 a 65,17 + 0,22 fg 2,50 + 0,01 bc 37,66 + 0,09 abc

T5 12,15 + 0,23 cd 14,75 + 0,15 b 66,52 + 0,52 d 2,13 + 0,01 d 36,30 + 0,70 bc

T6 11,53 + 0,54 d 13,19 + 0,45 d 69,93 + 0,05 b 2,24 + 0,02 d 38,35 + 1,79 ab

T7 12,98 + 0,23 abc 14,03 + 0,17 c 65,69 + 0,14 ef 2,94 + 0,09 a 37,85 + 0,68 abc

T8 12,28 + 0,46 bcd 13,04 + 0,01 d 67,61 + 0,44 c 2,51 + 0,04 bc 37,93 + 1,41 abc

Valores com letras iguais na mesma coluna não diferem significativamente (r>0,05) entre si pelo teste de Tukey.* Resultados são as médias + desvio-padrão expressos em g/100g de amostra.

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Os valores de proteína (de 11,67+0,07% a 15,88+0,22%), cinzas (2,13+0,01% a 2,94+0,09%) e gordura (de 11,53+0,54% a 13,38+0,08%) encontrados nesse estudo se assemelham aos resultados de Ribeiro et al. (2009), os quais desenvolveram um queijo Minas Frescal adicionado de Lactobacillus acidophillus a partir de retentados de ultrafiltração, obtendo valores de proteína entre 13,47% e 13,91%, cinzas de 2,3% a 2,5% e gordura de 13,0% a 13,5%.

Nas Figuras 2 e 3 são apresentadas as variações dos valores de pH e acidez titulável dos queijos (T1 a T8) du-rante os 21 dias de armazenamento. Observou-se um decréscimo significativo (r<0,05) dos valores de pH de todos os tratamentos até o 21° dia de análise. A queda do pH foi mais acentuada do 1° ao 7 ° dia, permanecendo estável até o 14º dia e decrescendo novamente ao 21° dia de análise. Valores médios de pH ficaram na faixa en-tre 6,61 a 5,23, valores estes semelhantes aos encontra-dos por Buriti et al. (2005b) (entre 6,72 a 5,37) em estudo avaliando as propriedades de queijo Minas Frescal adicio-nado de Lactobacillus acidophilus.

Concomitante à queda de pH, observou-se um au-mento da acidez dos queijos (Figura 3) durante o armaze-namento. Houve um aumento significativo (r<0,05) dos valores médios de acidez para todos os tratamentos até o 14° de armazenamento, sendo que após esse período ob-servou-se um decréscimo significativo desses valores, com exceção do tratamento T7, o qual permaneceu estável.

Os valores médios de acidez obtidos para os queijos T6 (0,13 a 0,22% de ácido lático) e T8 (0,07 a 0,18% de ácido lático), foram significativamente menores (r<0,05) que os valores encontrados para os demais tratamentos

(entre 0,17 a 0,63% de ácido lático), com exceção do últi-mo dia de análise, onde os valores de acidez de T4, T5 e T6 foram estatisticamente iguais. Da mesma forma, o pH dos tratamentos 6 e 8 foi significativamente maior que os demais, com exceção, novamente, do 21° dia., onde esses valores não diferiram significativamente (r>0,05) de T4.

A lactose é utilizada como substrato pelas bactérias láticas, sendo o ácido lático o principal produto deste metabolismo (ORDÓÑEZ, 2005). Como conseqüência do tratamento T6 possuir o menor teor de lactose dentre os tratamentos desenvolvidos, apresentou menores teores de ácido lático e maiores valores de pH. Já o tratamento T8 não passou pelo processo de quebra da lactose, porém o fato de não ter sido adicionado de cultura probiótica contribuiu para os menores valores de acidez e maior pH em relação aos demais queijos.

Verificou-se que o único tratamento que continuou a acidificação após o 14° dia foi o queijo T7, o qual não sofreu hidrólise da lactose sendo somente adicionado de cultura probiótica.

3.4 Contagens dos micro-organismos probióticosAs contagens do microrganismo Lactobacillus acido-

philus nos queijos T1 a T7 são apresentadas na Tabela 3. Pode se observar um aumento significativo da população de Lactobacillus acidophilus até o 21° dia de armazena-mento para todos os queijos, porém todos os tratamentos apresentaram contagens abaixo de 106 UFC.g-1 em pelo menos um dia de análise. As maiores contagens de L. aci-dophilus foram apresentadas no tratamento T7, as quais variaram de 5,90 a 7,58 log UFC.g-1, aumentando signifi-cativamente (r<0,05) em todos os dias de análise. O tra-

tamento T6, o qual sofreu maior porcentagem de hidrólise da lactose, apresentou menores valores de contagem de L. acidophilus nos dias 1, 7 e 14 quando comparados aos demais tratamentos, porém, no último dia de estocagem a contagem aumentou significativamente (r<0,05) para 7,88 log UFC.g-1, um aumento de aproximadamente 3 ci-clos logarítmicos.

Segundo Zacarchenco; Massaguer-Roig (2004) as contagens de células viáveis de L. acidophilus em leites fermentados na presença de Bifidobacterium apresenta-ram uma redução de 8 para 7 log UFC/mL. Vinderola et al. (2000) concluíram que L. acidophilus é mais sensível que Bifidobacterium ao pH de queijos. Estes fatores po-dem explicar a baixa contagem inicial de L. acidophilus nos queijos analisados.

As contagens de Bifidobacterium sp. durante os 21 dias de armazenamento são apresentadas na Tabela 4. Obser-vou-se um aumento significativo (r<0,05), para todos os tratamentos, da população de Bifidobacterium entre o 1° e 21° dia. Observa-se que as diferentes adições de enzima lactase aos queijos do presente estudo não afetaram a viabilidade das bifidobactérias.

Figura 2 - Valores de pH dos queijos durante os 21 dias de armazenamento.Figura 3 – Valores de acidez (expressos em % de ácido lático) dos queijos durante os 21 dias de armazenamento.

Tratamentos Dia 1 Dia 7 Dia 14 Dia 21

T1 5,83 +0,03 ABb 6,04 +0,16 Ab 6,16 +0,11 Bb 6,66 +0,37 Ba

T2 5,64 +0,05 BCb 5,57 +0,07 BCb 5,65 +0,04 Cb 6,05 +0,10 Ca

T3 5,45 +0,13 CDb 5,50 +0,08 Cb 5,11 +0,06 Dc 6,91 +0,07 Ba

T4 5,27 +0,05 Dc 5,50 +0,02 Cb 5,58 +0,04 Cb 6,11 +0,05 Ca

T5 5,50 +0,05 Cc 5,74+0,09 Bb 5,48 +0,18 Cc 6,87 +0,07 Ba

T6 4,89 +0,01 Eb 4,38 +0,01 Dd 4,80 +0,02 Ec 7,88 +0,04 Aa

T7 5,90 +0,19 Ad 6,21 +0,05 Ac 6,66 +0,13 Ab 7,58 +0,07 Aa

A, B, C, D, E Médias na mesma coluna seguidas pela mesma letra (maiúscula) não diferem significativamente entre si (r>0,05) pelo teste de Tukey.

a, b, c, d Médias na mesma linha seguidas pela mesma letra (minúscula) não diferem significativamente entre si (r>0,05) pelo teste de Tukey.

(T1 – 0,3g beta-galactosidase/l leite em 12 horas de hidrólise; T2 – 0,6g beta-galactosidase/l leite em 12 horas de hidrólise; T3 – 0,9g beta-ga-lactosidase/l leite em 12 horas de hidrólise; T4 – 0,3g beta-galactosidase/l leite em 24 horas de hidrólise; T5 – 0,6g beta-galactosidase/l leite em 24 horas de hidrólise; T6 – 0,9 g beta-galactosidase/l leite em 24 horas de hidrólise; T7 – sem adição de beta-galactosidase).

Tabela 3 – Contagens (log UFC.g-1) de Lactobacillus acidophilus nos queijos Minas Frescal durante os 21 dias de armazenamento.

Tratamentos Dia 1 Dia 7 Dia 14 Dia 21

T1 6,07 +0,07 Bb 6,13 +0,06 CDb 6,12 +0,05 Bb 6,53 +0,06 Ba

T2 6,31 +0,04 ABb 6,61 +0,06 Aba 6,57 +0,11 Aa 6,72 +0,12 Ba

T3 6,07 +0,06 Bb 6,06 +0,08 Db 6,07 +0,09 Bb 6,58 +0,37 Ba

T4 6,05 +0,08 Bb 6,59 +0,08 Ba 6,64 +0,08 Aa 6,50 +0,31 Ba

T5 6,07 +0,06 Bb 6,30 +0,14 Cb 6,08 +0,28 Bb 6,71 +0,18 Ba

T6 6,76 +0,09 Abc 6,62 +0,09 Abc 6,80 +0,10 Ab 7,90 +0,04 Aa

T7 6,33 +0,75 ABb 6,80 +0,10 Aab 6,73 +0,29 Aab 7,58 +0,10 Aa A, B, C, D Médias na mesma coluna seguidas pela mesma letra (maiúscula) não diferem significativamente entre si (r>0,05) pelo teste de Tukey.a, b, c Médias na mesma linha seguidas pela mesma letra (minúscula) não diferem significativamente entre si (r>0,05) pelo teste de Tukey.

Tabela 4 – Contagens (log UFC.g-1) de Bifidobacterium sp. nos queijos Minas Frescal durante os 21 dias de armazenamento.

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Durante todo o período de armazenamento dos queijos, as contagens de Bifidobacterium mantiveram-se sempre acima de 6 log UFC/g, em todas as formulações. Desse modo, as contagens desse microrganismo foram suficientes para conferir propriedade probiótica aos quei-jos desenvolvidos nesse estudo, considerando o consu-mo diário de 100 g de queijo contendo 106 a 107 UFC/g (SAAD, 2006).

Buriti et al. (2005b) obtiveram contagens de Lactoba-cillus acidophilus ente de 106-107 UFC.g-1 em queijo Minas Frescal, resultados também comprovados por Souza & Saad (2009) em trabalho com o mesmo tipo de queijo. Porém, neste estudo, a baixa viabilidade de L. acidophilus pode ter sofrido influência dos baixos teores de lactose dos queijos. Já as maiores contagens de Bifidobacterium sp. pode ter sido em virtude deste microrganismo ser tam-bém capaz de utilizar a galactose como fonte de carbono (CROCIANI et al., 1994). Maruyama et al. (2006), encon-traram contagens de L. acidophilus cerca de 1 ciclo log menores das apresentadas por Bifidobacterium longum em queijos petit-suisse, sugerindo que se aumentasse a percentagem da cultura de L. acidophilus para resultados mais favoráveis.

Em estudo desenvolvido por Becker (2009), os mi-cro-organismos probióticos Lactobacillus acidophilus e Bifidobacterium se mantiveram viáveis até o fim da vida--de-prateleira em iogurtes adicionados de enzima lacta-se nas concentrações de 0,2, 0,5 e 0,8%, confirmando a possibilidade do desenvolvimento destes micro-organis-mos mesmo a baixos teores de lactose, assim como neste estudo, uma vez que as concentrações de bifidobactéria mantiveram-se sempre acima de 106 UFC.g-1.

4 CONCLUSÕES A enzima lactase utilizada em concentrações de 0,3,

0,6 e 0,9 g/L reduziu de maneira eficaz o conteúdo de lactose nos queijos, uma vez que estas reduções foram superiores a 70%, estando de acordo com a legislação, sendo considerados como “baixo teor de lactose”, poden-do eliminar os sintomas de intolerância.

As contagens de Bifidobacterium sp. mantiveram-se sem-pre acima de 106 UFC.g-1, conferindo potencialidade probió-tica às formulações de queijo Minas Frescal desenvolvidas, independente da quantidade de enzima lactase adicionada.

Desta forma, os queijos Minas Frescal com teor redu-zido de lactose desenvolvidos neste estudo mostram-se como uma opção positiva para o mercado de laticínios, atendendo a demanda por uma alimentação saudável através da ingestão de probióticos e sendo, ainda, alter-nativa à pessoas com intolerância a lactose.

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FazerMelhor

Tecnologia, Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação em Produtos Lácteos

Perspectivas do uso de metodologias projetivas no processamento e comercialização de produtos lácteos

Elson Rogério Tavares Filho1, Shigeno Paiva Kuriya2, Wanessa Pires da Silva3, Valfredo de Almeida Santos1, Yasmin Janaina Duarte Sales4, Lucas Mendes Neves4, Adriano Gomes da Cruz2, Erick Almeida Esmerino4

1 Univ. Estadual de Campinas (UNICAMP), Depto. de Alimentos e Nutrição, Cidade Universitária “Zeferino Vaz”, s/n, Campinas, São Paulo 13083-862, Brasil.2 Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro (IFRJ), Departamento de Ciência e Tecnologia de Alimentos,

R. Senador Furtado, n° 121/125, Maracanã, Rio de Janeiro 20270-021, Brasil.3 Univ. Federal Fluminense (UFF), Departamento de Tecnologia de Alimentos, R. Vital Brasil Filho, nº 64, Vital Brasil, Niterói, 24320 340, Brasil

4 Univ. Fed. Rural do Rio de Janeiro (UFRuralRJ), Depto. de Tecnologia de Alimentos, Rod. BR 465, Km 07, s/n - Zona Rural, Seropédica, Rio de Janeiro, 23890-000, Brasil.

IntroduçãoOs processos que envolvem a tecnologia de alimentos,

como conservação, reformulação e desenvolvimento são constantemente aprimorados, motivados principalmente pela necessidade de sucesso no mercado e por conse-guinte sobrevivência das empresas dos setores alimentí-cios (RODRIGUES CARVALHO, 2010). Entre os setores de maior destaque na indústria de alimentos, temos os que abrangem os produtos de origem vegetal (frutas/hortali-ças, grãos/cerais e óleo e gorduras) e os produtos de ori-gem animal (ovos, mel e seus derivados, carnes e seus derivados, pescado e seus derivados), com destaque es-pecial para o setor de leite e derivados (GAVA et al., 2009). O setor de laticínios é de grande importância comercial no Brasil, com uma produção leiteira na marca de 33,6 bi-lhões de litros (FAO, 2017), e 50% desta produção desti-nada ao processamento e produção dos derivados (CRUZ et al., 2017), configurando-se como um dos parques in-dustrias mais desenvolvidos mundialmente.

Além de já consolidado, bem aceito e de reputação positiva na mente dos consumidores, os produtos lácteos são muito versáteis permitindo uma inovação constante neste segmento. Essa plurivalência permitiu aos lácteos inúmeras modificações acompanhando as reivindicações mercadológicas de seus consumidores. Inicialmente, nos anos 80 e 90, as primeiras modificações a que foram sub-

metidos foram a redução/exclusão dos teores de açúcar e gorduras da formulação, dando início à produção de pro-dutos lácteos diets e lights. Posteriormente, em meados dos anos 2000, o setor promoveu fortemente a segmen-tação dos iogurtes e leites fermentados criando outros ti-pos de bebidas como as bebidas lácteas fermentadas, be-bidas lácteas adicionadas de frutas (CANO-RUIZ; RICHTER, 1998; TSUCHIYA et al., 2006), leites fermentados e iogur-tes batidos probióticos (LITOPOULOU-TZANETAKI; TZANE-TAKIS, 2014). Atualmente, as principais transformações observadas em lacticínios é a criação de produtos “zero lactose” (PLOU et al., 2015), com enriquecimento de antio-xidantes (ARES et al., 2010), adição de fibras (BALTHAZAR et al., 2018) e redução de sódio (SILVA et al., 2018).

O estudo realizado pelo Instituto de Tecnologia de Alimentos (ITAL), intitulado de “Brasil Dairy Trends 2020”, indica que crescimento e aumento da distribuição de ren-da familiar, aumento da expectativa de vida, mudanças no comportamento de compra, preferência por alimentos funcionais, valorização do estilo de vida saudável, avan-ços na ciência e tecnologia de alimentos; popularização da informação sobre alimentação e nutrição; ativismo contrário aos alimentos e bebidas processados; e as no-vas políticas públicas seriam principais fatores relaciona-dos ao crescimento e desenvolvimento do setor de lácteos (CRUZ et al., 2017).

Contudo, para o sucesso comercial destes produtos é necessário que o produto possua, além de características sensoriais que garantam boa aceitação sensorial, uma compreensão de suas propriedades pelo mercado consu-midor que se converta em motivação de compra e sucesso comercial. Para o monitoramento do perfil sensorial, fer-ramentas que utilizam provadores treinados vêm sendo substituídas por metodologias baseadas na percepção dos consumidores (JAWORSKA et al., 2005; ESMERINO et al., 2017), entretanto, para a investigação das motivações e percepções conscientes envolvidas na compra e consu-mo dos produtos, métodos qualitativos de pesquisa, como os grupos focais, têm sido mais empregados (PIQUERAS--FISZMAN; SPENCE, 2015; ESMERINO et al., 2017).

Vários fatores estão relacionados a dificuldade dos consumidores em expressar suas motivações, muitas ve-zes subjetivas, em optar por um produto em detrimento ao outro (DONOGUE, 2000). Essa situação é considerada normal, normalmente associada às privações morais e receios em partilhar aspectos e informações consideradas pessoais e privadas. Diante destes obstáculos, as técnicas projetivas se mostram como ferramentas ímpares para en-tender as percepções e o comportamento do consumidor promovendo acesso ao lúdico e ao pessoal de forma dis-creta e privativa visando aumentar o conforto do consumi-dor e sua capacidade de compartilhar opiniões pessoais (HEYMANN; EBELER, 2016; MESÍAS; ESCRIBANO, 2018).

Baseiam-se princípio de que os desejos inconscientes e sentimentos dos consumidores podem surgir de forma es-pontânea, ambígua e não uniforme, e que muitas vezes re-fletem personalidades e atitudes importantes no processo de consumo (DONOGHUE, 2010). Como não há respostas certas ou erradas, os indivíduos são livres para responder ao estímulo ambíguo do seu próprio ponto de vista, proje-tando seu inconsciente e sentimentos em suas respostas. São geralmente classificadas em técnicas de associação, construção, preenchimento e expressão. Contudo eventu-almente alguns autores mantem a classificação primordial usada na psicologia em que, além dos quatro tipos citados anteriormente, considera as técnicas classificadas como ar-ranjo/seleção (MESÍAS; ESCRIBANO, 2018).

Nas técnicas embasadas em associação, os consumi-dores entrevistados são solicitados a indicar as primeiras palavras, imagens ou pensamentos que vem à sua men-te após apresentação de um estímulo (PACHECO et al., 2018). Na categoria de técnicas estruturadas na constru-ção, é pedido aos participantes que construam uma his-

tória ou narrativa após apresentação do estimulo visual ou verbal. Uma das abordagens desse tipo de técnica é usar imagens, como exemplo rótulos e marcas, e pessoas realizando ações ambíguas como sorrindo ou chorando. É então solicitado ao participante falar sobre a pessoa da imagem, suas atitudes, sentimentos e ações (ROASCIO - ALBISTUR; GÁMBARO, 2018).

Na categoria de preenchimento, o entrevistado é soli-citado a preencher uma frase, história, argumento ou con-versa, incompleta podendo ou não ser combinada com imagens (SASS et al., 2018). Nas técnicas embasadas em arranjo/seleção, os participantes são solicitados a classifi-car ou ordenar e explicar os fatores associados a um pro-duto, marca ou serviço. Já nas abordagens da categoria “expressão”, os participantes são convidados a dramatizar, agir, desenhar ou pintar uma situação específica. Na Ta-bela 1 estão apresentadas as principais técnicas oriundas de cada categoria e suas aplicações na área de alimentos.

Visto que a indústria de laticínios possui alta demanda por inovação, observa-se uma gama de revistas cientificas que publicam trabalhos sobre tecnologia, microbiologia e análise sensorial dos produtos lácteos, mas há poucos es-tudos que sistematizam o uso de metodologias projetivas em produtos lácteos. Portanto, o objetivo deste estudo foi analisar a literatura sobre a aplicação de metodologias projetivas em produtos lácteos, a fim de fornecer informa-ções importantes sobre os consumidores e a concepção sobre os lácteos tradicionais e reformulados.

MetodologiaA pesquisa bibliográfica foi realizada no banco de

dados SCOPUS e PUBMED utilizando o operador com as seguintes palavras-chave e funções: ( "milk" OR "dairy drinks" OR "dairy beverage" OR "cheese" OR "curd" OR "butter" OR "cream" OR "dairy desserts" OR "ice cream" OR "yogurt" OR "cream cheese" ) AND ( "projective" OR "word association" OR "projective mapping" OR "Haire’s shopping list" OR "brand personification" OR "picture sort" OR "completion sentence" OR "completion of stories" OR "role playing" OR "third person" OR "photograph respon-se" OR "drawing response" OR "collage construction" OR "storytelling" ). O filtro para busca utilizado foi “TITLE-ABS--KEY” constringindo a busca do operador para título, resu-mo e palavras-chave.

A busca foi realizada nos períodos mais antigos-2019 (previsões de lançamento). Não foram impostas restri-ções aos filtros em relação a datas, populações ou tipo de

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Tecnologia, Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação em Produtos Lácteos

intervenção (Figura 01). O objetivo foi selecionar artigos que abordassem a aplicação de metodologias projetivas em produtos lácteos ou derivados lácteos.

Foram encontrados 265 artigos na SCOPUS e 17 no PUBMED, dentre os quais os seguintes critérios foram se-guidos para inclusão: Utilizar uma ou mais das seguintes metodologias projetivas clássicas (word association, pro-jective mapping, Haire’s shopping list, brand personification, picture sort, completion sentence, completion of stories, role playing, third person, photograph response, drawing respon-se, collage construction, storytelling) em um estudo con-tendo algum dos seguintes produtos lácteos: milk, dairy drinks, dairy beverage, cheese, curd, butter cream, dairy des-serts, ice cream, yogurt e cream cheese. Foram aplicados os seguintes critérios de exclusão: artigos em outros idiomas além do inglês e estudos ou revisões que acrescentaram metodologias projetivas adaptadas.

Seguindo os critérios de inclusão e exclusão foram se-lecionados 17 trabalhos, que podem ser vistos na Tabela 2. Entre os trabalhos selecionados, observou-se uma pe-quena variedade de produtos e metodologias ainda estu-dadas, evidenciando a pouca exploração desta área.

Resultados e discussãoEntre os produtos lácteos avaliados através de técnicas

projetivas (produtos lácteos fermentados, sorvete, queijos com teor de gordura reduzido, iogurte com probióticos, queijo produzido com leite de ovelhas, sobremesa láctea, sobremesa láctea sabor chocolate com adição de antio-xidantes, queijos, chocolate meio amargo e "ao leite", iogurte funcional, leite adicionado de probiótico, queijo petit suisse, saciedade de tortas de queijo, queijo coa-lho e leites fermentados), evidenciou-se a prevalência da utilização das metodologias de mapeamento projetivo, associação de palavras e apenas um trabalho utilizando Haire's shopping list.

Esmerino et al. (2017a) utilizaram as metodologias fo-cus group, associação de palavras e mapa projetivo para investigar a percepção de consumidores sobre três cate-gorias de produtos lácteos fermentados, sensorialmente semelhantes (iogurte, bebida láctea e leite fermentado), e constataram que apesar de pequenas diferenças terem sido observadas, todas as técnicas identificaram similar-mente que a composição, atributos sensoriais, reputação

positiva e benefícios associados a estes alimentos, assim como suas formas de consumo, são os principais fatores que guiam a escolha e consumo destes produtos. Neste estudo, foi possível observar que os consumidores asso-ciavam o produto “bebida láctea” a aspectos negativos, como baixa viscosidade, textura ruim e baixo valor nutri-cional, assim como “produto light”, independente da cate-goria, como um segmento de menor qualidade sensorial quando comparado ao produto tradicional.

Pesquisadores investigaram através da ferramenta de Associação de Palavras, a apresentação de sete conceitos relacionados a sorvetes (Tradicional, Light, Zero Açúcar, Zero Gordura, Enriquecido com fibra, Enriquecido com proteínas bioativas e Enriquecido com Ômega 3), e ob-servaram que tanto as características sensoriais quanto as não sensoriais devem ser consideradas para o sucesso dos produtos reformulados, quando comparados ao pro-duto tradicional (Da Silva et al., 2014). Identificaram ainda que as informações “produto light” e o conceito de “saúde” são melhores aceitos pelo grupo de consumidores com-posto por mulheres e pessoas idosas.

Deegan et al. (2014) produziram queijos Emmental finlandeses com baixo teor de gordura e diferentes pe-ríodos de maturação utilizando leite homogeneizado a 10 MPa ou sem homogeneização (controle), e comparam com queijos tradicionais comerciais. O uso o mapa pro-jetivo foi considerado rápido e fácil pelos consumidores, e produziu de forma claros e distinta a separação dos pro-dutos em grupos, evidenciando a vantagem do processo de homogeneização, sobretudo em produtos com teor reduzido de gordura, associados normalmente à produtos de menor qualidade sensorial.

Ares; Deliza (2010a) utilizaram a Associação de Pa-lavras e a Análise Conjunta para estudar a influência da forma e cor da embalagem nas expectativas dos consu-midores de sobremesas lácteas. Ambas as metodologias forneceram uma visão interessante sobre as expectativas do consumidor geradas pelas embalagens e essas infor-mações podem ser úteis no desenvolvimento de novas embalagens. Adicionalmente, em estudo realizado por Ares e Deliza (2010b), consumidores regulares de sobre-mesas lácteas foram solicitados a extrair características de embalagens e rótulos de sobremesas lácteas usando As-sociação de Palavras e Listagem Livre, e ambas demons-

traram que: marca, formato da embalagem, cor e design do rótulo são os aspectos mais relevantes para o design da embalagem destes produtos.

Com relação às expectativas de consumidores sobre sobremesas lácteas de chocolate enriquecidas com antio-xidantes, a técnica de Associação de Palavras se mostrou muito útil para identificar três segmentos de consumido-res com diferentes expectativas e motivações em relação aos produtos, confirmou a hipótese de que as expectati-vas previas afetam o julgamento do produto final (Ares et al., 2010).

Em estudo comparativo entre as técnicas de Associa-ções de Palavras e “Hard Laddering”, Ares; Giménez; Gám-baro (2008) avaliaram as percepções dos consumidores de iogurte convencional (iogurte natural regular, iogurte de baixa caloria e baixo teor de gordura) e iogurtes fun-cionais (enriquecidos com fibras e antioxidantes), e ob-servaram que as percepções dos consumidores destes produtos foram direcionadas principalmente à saúde, nutrição, características sensoriais e prazer. Além disso, a Associação de Palavras foi mais sensível do que “Hard Laddering” em determinar as diferenças entre grupos de consumidores com diferentes atitudes em relação à saúde e nutrição.

Utilizando um equipamento do tipo “eye-tracker”, as-sociado a tarefa de Associação de Palavras para a ava-liação de rótulos de alimentos funcionais e regulares, utilizando como estímulo o leite probiótico, Oliveira et al. (2016) observaram que a expectativa em relação ao produto é fortemente influenciada pelo design gráfico e não pelo aspecto funcional dos produtos, sugerindo que o design gráfico desempenha um papel fundamental na formação de associações relacionadas à saúde.

Em estudo exploratório investigando os aspectos relacionados a diversidade regional brasileira (Nordeste e Sudeste) e as percepções dos consumidores de queijos de coalho, utilizando a técnica de Associação de Palavras, observou-se que a metodologia se mostrou promissora e útil para o desenvolvimento de estratégias de marketing considerando as diferenças intraculturais Soares et al. (2017). Através dos resultados, notou-se, por exemplo, que a utilização social (lazer com amigos ou familiar) e gastronômica (fortemente presente na cultura nordestina), assim como a forma de preparação são fatores marcantes na percepção dos consumidores de ambas as regiões brasileiras.

Recentemente, Pinto e colaboradores (2018) avalia-ram a percepção e perfil de consumidores de diferentes

tipos de leites fermentados, através de duas técnicas pro-jetivas - Associação de Palavras e Haire's shopping list, e os resultados mostraram que os consumidores de todas as variedades de leite fermentado se mostraram conscien-tes em relação à uma alimentação saudável, o que evi-dencia a reputação positiva deste tipo de produto entre a população. Adicionalmente, informações como “tradicio-nal”, “com probióticos” e “com fibras prebióticas” promo-veram efeito positivo na intenção de compra, enquanto as formulações light e sem lactose apresentaram menor intenção de compra quando comparadas aos demais ti-pos, possivelmente por estarem associadas a condições de baixa qualidade sensorial e restrições de saúde, res-pectivamente. Produtos orgânicos, segmento crescente entre todas as categorias de alimento, apresentou forte correlação com termos como “caro” e custo elevado”, além da relação com consumidores mais conscientes e preocu-pados com a saúde e bem-estar.

Conclusões A utilização de metodologias projetivas tem se mos-

trado eficaz no estudo de produtos lácteos e percepção dos consumidores a respeito destes, evidenciando-se como ferramentas valiosas na identificação de fatores in-trínsecos e extrínsecos que guiam a diferenciação, compra e consumo destes produtos. Dentre estas metodologias, destaca-se a ampla aplicação da tarefa de Associação de Palavras, associada a maior facilidade de execução, en-tendimento por parte dos participantes e análise de da-dos, embora alguns autores tenham demonstrado que os resultados obtidos por estas metodologias sejam muito semelhantes.

Os resultados obtidos demonstram que as técnicas projetivas podem ter aplicações diretas sobre: a coleta de informações sobre a expectativa de compra e consumo dos consumidores, desenvolvimento e reformulação de produtos, identificação das razões de escolha de um ali-mento em detrimento ao outro, detecção das motivações do mercado consumidor, levantamento sobre a percepção de produtos semelhantes, segmentação e determinação de estratégias de marketing direcionadas, entre outros.

Neste sentido, estas ferramentas podem ser úteis para setores e produtores da cadeia de leite e derivados iden-tificarem a percepção dos consumidores de seus consumi-dores atuais e/ou potenciais, contribuindo para o desen-volvimento de novos produtos, conceitos e embalagens, reformulação de já existentes, assim como uma promoção comercial mais alinhada às demandas atuais de mercado.

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Figura 1: Fluxograma dos critérios de inclusão e exclusão aplicados aos artigos.

Tabela 1. Técnicas projetivas observadas na literatura.

Categorias Técnicas Exemplo de aplicação

Associação Word association

Pontual et al. (2017): Expectativa de consumidores sobre pizza.

Brand personification

Banovic et al. (2016):Desenvolvimento de produtos à base de peixe.

Picture sort Friese e Hofmann(2008) : Processo de escolha de alimentos.

Projective mapping

Esmerino et al(2017): Caracterização de Iogurte Grego

Preenchimento Completion Sentence

Viana et al. (2016): Atributos importantes na escolha de Hamburguer Congelado

Completion of stories

Não encontrado

Haire’s shopping list

Pinto et al. (2018): Percepções e crenças sobre diferentes tipos de leites fermentados.

Expressão Role playing Não encontrado

Third person technique

Noble et al. (2008): Escolhas alimentares de pais para filhos.

Construção Photograph response test

Não encontrado

Drawing response test

Não encontrado

Collage construction

Costa et al. (2003)substitutos de refeições caseiras

Storytelling Fenger et al. (2015): Preferência do consumidor em produtos cárneos.

Arranjo/seleção Picture Arrangement Test

Não encontrado

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Titulo Produto Técnica projetiva Autores

Consumers' perceptions toward 3 different fermented dairy products: Insights from focus groups, word association, and projective mapping

Três produtos lácteos fermentados

Mapa projetivo e Esmerino et al. (2017)a

Study of the perception of consumers in relation to different ice cream concepts.

Sorvete Associação de palavras

Da Silva et al. (2014)

Characterization of the sensory properties and market positio-ning of novel reduced-fat cheese

Queijos com teor de gordura reduzido

Mapa projetivo Deegan et al. (2014)

Consumer-based product characterization using Pivot Profile, Projective Mapping and Check-all-that-apply (CATA): A compara-tive case with Greek yogurt samples.

Iogurte Grego Mapa projetivo Esmerino et al. (2017)b

Consumer perception of probiotic yogurt: Performance of check all that apply (CATA), projective mapping, sorting and intensity scale

Iogurte com probióticos Mapa projetivo Cruz et al. (2013)

Projective mapping in sensory analysis of ewes milk cheeses: A study on consumers and trained panel performance

Queijo produzido comleite de ovelhas

Mapa projetivo Barcenas; Pérez Elor-tondo e Albisu (2004)

Studying the influence of package shape and colour on consu-mer expectations of milk desserts using word association and conjoint analysis

Sobremesa láctea Associação de palavras

Ares e Deliza (2010)a

Identifying important package features of milk desserts using free listing and word association

Sobremesa láctea Associação de palavras

Ares e Deliza (2010)b

Consumer expectations and perception of chocolate milk desserts enriched with antioxidants

Sobremesa láctea sabor chocolate com adição de antioxidantes

Associação de palavras

Ares et al. (2010)

Perceptual mapping of apples and cheeses using projective mapping and sorting

Queijos Mapa projetivo Nestrud e Lawless (2010)

Projective mapping and descriptive analysis of milk and dark chocolates

Chocolate meio amargo e "ao leite"

Mapa projetivo Kennedy e Heymann (2009)

Understanding consumers' perception of conventional and functional yogurts using word association and hard laddering

Iogurte funcional Associação de palavras

Ares, Giménez e Gámbaro (2008)

Consumers' attention to functional food labels: Insights from eye-tracking and change detection in a case studywith probiotic milk

Leite adicionado de probiótico

Associação de palavras

Oliveira et al. (2016)

Effect of incorporation of antioxidants on the chemical, rheological, and sensory properties of probiotic petit suisse cheese

Queijo petit suisse Mapa projetivo Pereira et al. (2016)

Comparison of partial and global projective mapping with consumers: A case study with satiating cheese pies

Tortas de queijo saciante

Mapa projetivo Marcano, Ares,e Fiszman (2015)

What are the cultural effects on consumers' perceptions? A case study covering coalho cheese in the Brazilian northeast and southeast area using word association

Queijo coalho Associação de palavras

Soares et al. (2017)

Understanding perceptions and beliefs about different types of fermented milks through the application of projective techniques: A case study using Haire's shopping list and free word association

Leites Fermentados Haire's shopping list e Associação de palavras

Pinto et al.(2018)

Tabela 2: Aplicação de técnicas projetivas em produtos lácteos.

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