Música Brasileira e Trovadorismo

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    Artigos-->A Lrica Trovadoresca na Msica Popular Brasileira -- 01/02/2007- 05:25 (ALZENIRM. A. RABELO MENDES)

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    A Lrica Trovadoresca na Msica Popular BrasileiraMaria Alzenir Alves Rabelo Mendes

    A Lrica Trovadoresca na Msica Popular Brasileira

    A lrica trovadoresca medieval, exemplificada nas cantigas de amor e de amigo, nas cantigas deescrnio e de maldizer,permanece nas diversas formas e estilos da poesia e da msica brasileiras.Vinculada tradio oral, essa expresso artstica foi disseminada entre povos de tempos e territriosdiversos atravs dos jograis, homens do povo, cantadores andarilhos que, nas suas peregrinaes,romarias e procisses, entoavam ao som do alade, da flauta e da viola as composies de autoria

    prpria ou dos trovadores e menestris. Estes ltimos eram msicos profissionais conceituados dacorte, enquanto os primeiros eram compositores de origem nobre.No percurso de tempos e geografias, as cantigas lricas foram sendo modificadas. Porm, forampreservados os aspectos pertinentes a sua origem grega: uma poesia composta para ser cantada aosom da lira, em que o texto potico mantm a interseco com o texto musical, uma regularidademtrica e rtmica, nas construes estrficas em sextilhas, em dcimas, e nos versos emparelhados.Nesse trabalho, objetivamos demonstrar a presena do Trovadorismo na msica popular brasileira,destacando os traos da poesia medieval nas letras de trs msicas contemporneas, atravs dainterpretao de canes que resgatam o sentido das cantigas de amigo e cantigas de amor, nos seusaspectos formais e temticos. Concentramo-nos mais nos aspectos temticos, considerando que acantiga, nem mesmo quando se destinava ao registro escrito, era elaborada em um molde fixo,

    justificando-se, talvez nesse dado, a flexibilidade do molde.Para tanto, lanamos mo de leituras sobre as canes Queixa de Caetano Veloso, considerada pelacrtica como uma cantiga de amor, e Sozinho, de Peninha, como uma cantiga de amigo e Incelenapro amor ritirante, de Elomar Figueira. Esta ltima trata-se da juno de tipos diferentes de cantigas ese distancia das duas primeiras, no somente pela mescla de tipologias, mas tambm pela ambientaono universo do sertanejo e pela maior fidelidade ao registro oral. Antes, porm, faremos uma incurso

    no contexto geral do Trovadorismo, suas origens e caractersticas.O surgimento Trovadorismo, na Pennsula Ibrica, se deu no sculo XI, momento em que a Europaalcanou o pice do feudalismo, modelo econmico sustentado na relao de senhorio e vassalagem,to bem representada nas cantigas de amor. O perodo tambm marcado pelas Cruzadas, expediesguerreiras, empreendidas por cristos e mulumanos, sob o argumento de libertar os lugares deadorao que se encontravam sob o domnio rabe. Razo pela qual o homem amado das cantigas deamigo est sempre distante.No perodo medieval, a transmisso cultural se dava, quase sempre, por meio da oralidade, atravs dos

    jograis, recitadores e cantadores de origem comum que, diferente dos trovadores, nobres quecompunham por prazer, andavam pelas aldeias, nas romarias e cortejos, fazendo demonstraes de seurepertrio potico e musical, ou mesmo na lida tangendo animais, ou realizando negcios (SARAIVA &LOPES, 1995).Da extensa produo literria de Portugal, dos sculos XII ao XIV, chegaram at nossos dias os textosque compem o Cancioneiro da Ajuda, o Cancioneiro da Biblioteca Nacional, e o Cancioneiro daVaticana. Avultuam nessas coletneas as obras de monarcas portugueses, com destaque para a obra deD. Diniz (1279-1325), o rei trovador, encontradas em um fragmento de pergaminho na Torre do Tombo.A D. Diniz, alm da herana potica, atribuda a ordem para que fossem organizadas as antologias

    contendo sua vasta produo ltero-musical e a de seu av, D. Afonso X, bem como de outrostrovadores de linhagem real.Vale lembrar que nem sempre a composio e a letra de uma cantiga eram feitas por um nico autor.Muitas melodias, compostas por pessoas do povo, como os j citados jograis, eram adaptadas s letrascompostas pelos trovadores e menestris, aos quais era dado o status de artistas superiores pelousufruto do ttulo de nobre ou por serem poetas que estavam sob as graas da corte.No Brasil, a herana trovadoresca se faz presente da entrada do povo portugus nas terras de

    Caramuru ao projeto nacionalizante do Modernismo. Na poesia catequtica do Padre Jos de Anchieta,

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    T me sentindo muito sozinho!No sou nem quero ser o seu dono que um carinho s vezes cai bemEu tenho os meus desejos e planos secretosS abro pra voc mais ningumPor que voc me esquece e some?E se eu me interessar por algum?E se ela, de repente, me ganha?(...)

    O tema da ausncia do ser amado somado solido confessada pelo eu-potico ao silncio da noite,que figura como mensageiro da lamentao magoada e indagativa do eu-lrico: Por que voc meesquece e some? (...) Fala que me ama / S que da boca pra fora / (...) Onde est voc agora? .

    Confisso que revela um amor j vivenciado e sem idealizaes ou sublimaes do desejo, tratado aquicomo um componente do amor comum aos mortais. Longe de ser um sentido disciplinado, o amor, parao eu-lrico, uma necessidade, experincia para a qual se mostra aberto. Na relao amorosa estoincludos, alm da manifestao carnal, os projetos de uma vida a dois.A msica Incelena pro amor ritirante, de Elomar Figueira, construda a partir da pesquisa sobre asorigens do brasileiro e vincula-se mais ao universo do sertanejo, terra e tradio oral. Enquanto nacano Sozinho, de Peninha, as marcas de oralidade se situam mais no nvel da estrutura do verso,nas repeties e anforas, na composio de Elomar, essas marcas se situam tambm no nvelfontico. O eu-lrico, nessa cantiga, o violeiro que canta sua mgoa em uma linguagem quasedialetal:Vem amiga visitA terra, o lugQue voc abandonInda ouo murmurNunca vou te deixPor Deus nosso SinhPena cumpanhra agora

    Que voc foi emboraA vida fulorOuo em toda noite iscuraComo eu a sua procuraUm grilo a cantL no fundo do terrroUm grilo violroInhambado a procurMas j pela madrugadaOuo o canto da amadaDo grilo cantadoGeme os rebanhos na auroraMugino cad a sinhoraQue nunca mais voltAo senh peo clemnciaNum canto de incelenaPro amor que ritir

    (...)

    Em Incelena pro amor ritirante, Elomar no somente resgata as cantigas medievais, mas reescreve-as, mesclando em sua composio os motivos de vrios tipos de cantiga. A incelena um cantodesignado despedida do morto, entoado sempre na presena deste nos momentos finais do velrio,tal como est posto Incelena para um poeta morto, tambm de autoria de Elomar, na qual ocantador convoca as pessoas presentes para fazerem um coro pela transio da alma do morto para ooutro mundo:Cantemo u a incelenapr sse ilustre prufessqui nessa hora imensacheg aos p do Criado

    Porm, em Incelena para um amor retirante no possvel a construo de um cenrio de velrio. Aamiga, invocada pelo trovador no est morta. Desolado, ele implora a ela pelo menos uma visita:Vem amiga visit/ A terra, o lug/ Que voc abandon. Passando, em seguida, a lamentar o fato deela ter ido embora: Pena cumpanhra agora/ Que voc foi embora. De onde inferimos que houve um

    despedida, mas sem a possibilidade de visualizao de um cenrio velrio.O cantador da Incelena ... tal qual o trovador na cantiga de amigo, encontra-se sozinho e tem comointerlocutores os elementos da natureza. O grilo violro que, como ele, procura pela amada, seuparceiro de desventura amorosa nos versos iniciais que aludem s primeiras horas da noite. Nos versosseguintes, j pela madrugada, a cantiga evoca o cenrio da alba, cano que tem por tema oamanhecer, momento em que os acometidos pelos arrebatamentos dos amores proibidos so obrigadosa se separarem.Porm o clima da alba se dissolve, pois no h amantes furtivos nem os temores das paixes fatais, talcomo devia ocorrer na cans oriunda de Provena. A cantiga readquire os motivos pastoris nacomunho sugerida pelo eu-lrico entre o seu sofrimento e a solidariedade que advm do balido dorebanho como se fosse um gemido: Geme os rebanhos na aurora/ Mugino cad a sinhora/ Que nuncamais volt.Mais uma vez o poeta refaz o molde. Em cad a sinhora a amada que nunca mais volto elevada condio de mia senhor, enquanto o eu reproduz o comportamento do vassalo. Uma nota de pesarpercorre a cantiga, e o sentimento de desiluso e abandono explicam, no refro, o sentido da incelena,como um canto de despedida, em que o cantador, munido de religiosidade, apela faz apelo providncia divina: Ao senh peo clemncia/ Num canto de incelena/ Pro amor que ritir.

    Se considerarmos o sentimento de submisso amorosa do trovador, podemos dizer que essa maisuma cantiga de amor. Entretanto, entra no cenrio a figura do tropeiro, homem que, no perodocolonial, se dedicava criao de animais de carga para comercializ-los com os senhores de engenhodo Nordeste brasileiro, regio onde se desenvolveu o ciclo da cana-de-acar. O termo tropeirotambm tem sido usado para designar os homens que percorrem estradas, sobem montanhas eatravessam rios, tangendo gado pelo serto ou transportando mercadorias.Em um caso ou noutro, o tropeiro o sertanejo, do serto do poeta, e em sua cantiga de amigo - seassim quisermos classificar a incelena - , assume a funo dos mensageiros dos amantes separados

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    Comentrios

    Juliana - 06/06/2014

    muito bommmmmm

    milenna - 25/05/ 2012

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    pela distncia. tambm o amigo, o confidente a quem o poeta confia sua histria e dele espera asnotcias da amada, talvez j morta em terras longnquas, ou viva, a percorrer outros chos comopercorreram os trovadores medievais em suas andanas por terras alheias.As canes de Caetano Veloso, Peninha e Elomar Figueira, bem como as de outros artistas brasileiros,possibilitam uma viso sobre a herana trovadoresca na msica popular brasileira. Nas msicas dessesartistas, selecionadas para a presente comunicao, encontramos pontos em comum, quanto retomada do lirismo medieval, principalmente, no apelo s temticas das cantigas de amor e cantigasde amigo.No entanto, em termos de difuso nos meios de comunicao de massa, Caetano e Peninha tm maioraceitabilidade entre o pblico de faixas-etrias e graus de instruo diversificados. No caso de Elomar,sua a motivao lrica ambienta-se no cenrio do serto, onde o violeiro o ser dotado pelo gnio eonde o canto readquire a funo primitiva de se prestar a eventos msticos ou sobrenaturais. A cantigaelomariana, embora seja muito mais arraigada s matrizes da cultura musical brasileira, no tem a

    mesma popularidade das melodias de outros artistas que tematizam o serto. Talvez porque careamosmuito mais de resgatar e difundir entre os jovens o gosto da descoberta de nossas origens.

    Referncias BibliogrficasMALEVAL, Maria do Amparo Tavares. Peregrinao e poesia. Rio de Janeiro: Ed. gora da Ilha, 1999.

    _______ (org.). Atualizaes da Idade Mdia. Rio de Janeiro: gora da Ilha/FAPERJ/UERJ, 2000.NUNES, Jos Joaquim. Cantigas dAmor dos trovadores Galego-Portugueses. Lisboa, Centro do LivroBrasileiro, 1972.SARAIVA, Antonio J. e LOPES, Oscar. A histria da Literatura Portuguesa. 16 ed. Porto Editora, 1995.SPINA, Segismundo. A Lrica Trovadoresca. So Paulo: Ed. USP, 1996.

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