Musica ás vezes me pergunto

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ÁS VEZES ME PERGUNTO (DadoVilla-Lobos/Renato Russo/Renato Rocha) Às vezes me pergunto O que está acontecendo O velho virou novo E a gente nem ta vendo. Quem olha até parece Que há algo se movendo Nesses ares de mudança O que é que muda Eu não entendo. Não tem saída Não tem mistério Que importa Quem compõe o mistério. Aparece toda hora Quem melhore nossa vida Troca o curativo Mas mexe na ferida. Pois é tudo igual O que muda é o endereço Se o bar troca de dono Se estipula um novo preço. Não tem saída Nem mistério Desse jeito Todo mundo quer ser O dono do império. Parece que com o tempo Está-se andando pra frente Mas se olhar pra trás Não há nada diferente. Qualquer que seja o rei Que ocupe o trono A história se repete E viva o novo dono. Não tem saída Nem mistério Desse jeito Eu vou parar no cemitério. (Música da banda “Os Eles”) DIAS MELHORES Jota Quest (Rogério Flausino) Vivemos esperando Dias melhores Dias de paz, dias a mais Dias que não deixaremos pra trás Vivemos esperando O dia em que seremos melhores Melhores no amor, melhores na dor Melhores em tudo Vivemos esperando O dia em que seremos para sempre Vivendo esperando Dias melhores pra sempre. PERFEIÇÃO Vamos celebrar a estupidez humana; a estupidez de todas as nações. O meu país e sua corja de assassinos, covardes, estupradores e ladrões. Vamos celebrar a estupidez do povo, nossa polícia e televisão. Vamos celebrar nosso governo e nosso estado que não é nação. Celebrar a juventude Eros e Thanatos, \persephone e Hades. Vamos celebrar nossa tristeza, vamos celebrar nossa vaidade. Vamos celebrar como idiotas; a cada fevereiro e feriado, todos os mortos nas estradas; os mortos por falta de hospitais. Vamos celebrar nossa justiça, a ganância e a difamação. Vamos celebrar os preconceitos, o voto dos analfabetos; comemorar a água podre, e todos os impostos; queimadas, mentiras e seqüestros; nosso castelo de cartas marcadas; o trabalho escravo, nosso pequeno universo; todo hipocrisia e toda afetação; todo roubo e toda a indiferença. Vamos celebrar epidemias: é a festa da torcida campeã. Vamos celebrar a fome; não ter a quem ouvir; não se ter a quem amar. Vamos alimentar o que é maldade; vamos machucar um coração; vamos celebrar nossa bandeira; nosso passado de absurdos gloriosos; tudo que é gratuito e feio; tudo que é normal. Vamos cantar juntos o hino nacional (a lágrima é verdadeira). Vamos celebrar nossa saudade e comemorar a nossa solidão. Vamos festejar a inveja, a intolerância e a incompreensão. Vamos festejar a violência e esquecer a nossa gente, que trabalhou honestamente a vida inteira e agora não tem mais direito a nada. Vamos celebrar a aberração de toda a nossa falta de bom senso; nosso descaso por educação. Vamos celebrar o horror de tudo isso – com festa, velório e caixão. Está tudo morto e enterrado, já que também podemos celebrar a estupidez de quem cantou esta canção. Venha, meu coração está com pressa.Quando a esperança está dispersa, só a verdade me liberta. Chega de maldade e ilusão. Venha, o amor tem sempre a porta aberta. E vem chegando a primavera. Nosso futuro recomeça. Venha, que o que vem é perfeição. Renato Russo (Legião Urbana) SOS, Brasil Há muito tempo que eu queria te dizer, ouça Vontade de te ver também Não vale se esconder Verdades sempre vêm E as coisas que passei Já ficaram para trás Eu tenho que viver. A minha ansiedade cada vez aumenta mais Eu to vendo na cidade, ódio, amor, guerra e paz Alguém da sua idade no caminho encontrei Falando dos atalhos descobertos pelos reis O rei da sua história e até o rei sol Todos eles dizem que existe uma lei Mas eles não sabem de uma coisa que eu sei Mas eles não sabem de uma coisa que eu sei. Cachorro magro e criança na rua, corra Pra tentar salvar alguém Mulher bonita e feitiço da lua Seu relax me faz bem A gente avança e também recua No balanço desse trem Desempregado a luta continua Resistindo esse vai-e-vem. Rua é a escola Rua pra jogar bola Nua pedindo esmola Agora eu vou contar O que ninguém nunca ouviu O futuro é agora, SOS Brasil. (Cidade Negra)

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ÁS VEZES ME PERGUNTO(DadoVilla-Lobos/Renato Russo/Renato Rocha)Às vezes me perguntoO que está acontecendoO velho virou novoE a gente nem ta vendo.

Quem olha até parece Que há algo se movendoNesses ares de mudançaO que é que mudaEu não entendo.

Não tem saídaNão tem mistérioQue importa Quem compõe o mistério.

Aparece toda horaQuem melhore nossa vidaTroca o curativo Mas mexe na ferida.

Pois é tudo igualO que muda é o endereçoSe o bar troca de donoSe estipula um novo preço.

Não tem saída Nem mistérioDesse jeitoTodo mundo quer ser O dono do império.

Parece que com o tempoEstá-se andando pra frenteMas se olhar pra trásNão há nada diferente.

Qualquer que seja o reiQue ocupe o tronoA história se repeteE viva o novo dono.

Não tem saídaNem mistérioDesse jeito Eu vou parar no cemitério.(Música da banda “Os Eles”)

DIAS MELHORESJota Quest (Rogério Flausino)Vivemos esperandoDias melhoresDias de paz, dias a maisDias que não deixaremos pra trásVivemos esperandoO dia em que seremos melhoresMelhores no amor, melhores na dorMelhores em tudoVivemos esperandoO dia em que seremos para sempreVivendo esperandoDias melhores pra sempre.

PERFEIÇÃO

Vamos celebrar a estupidez humana; a estupidez de todas as nações. O meu país e sua corja de assassinos, covardes, estupradores e ladrões. Vamos celebrar a estupidez do povo, nossa polícia e televisão. Vamos celebrar nosso governo e nosso estado que não é nação. Celebrar a juventude Eros e Thanatos, \persephone e Hades. Vamos celebrar nossa tristeza, vamos celebrar nossa vaidade.

Vamos celebrar como idiotas; a cada fevereiro e feriado, todos os mortos nas estradas; os mortos por falta de hospitais. Vamos celebrar nossa justiça, a ganância e a difamação. Vamos celebrar os preconceitos, o voto dos analfabetos; comemorar a água podre, e todos os impostos; queimadas, mentiras e seqüestros; nosso castelo de cartas marcadas; o trabalho escravo, nosso pequeno universo; todo hipocrisia e toda afetação; todo roubo e toda a indiferença. Vamos celebrar epidemias: é a festa da torcida campeã.

Vamos celebrar a fome; não ter a quem ouvir; não se ter a quem amar. Vamos alimentar o que é maldade; vamos machucar um coração; vamos celebrar nossa bandeira; nosso passado de absurdos gloriosos; tudo que é gratuito e feio; tudo que é normal. Vamos cantar juntos o hino nacional (a lágrima é verdadeira). Vamos celebrar nossa saudade e comemorar a nossa solidão.

Vamos festejar a inveja, a intolerância e a incompreensão. Vamos festejar a violência e esquecer a nossa gente, que trabalhou honestamente a vida inteira e agora não tem mais direito a nada. Vamos celebrar a aberração de toda a nossa falta de bom senso; nosso descaso por educação.Vamos celebrar o horror de tudo isso – com festa, velório e caixão. Está tudo morto e enterrado, já que também podemos celebrar a estupidez de quem cantou esta canção.

Venha, meu coração está com pressa.Quando a esperança está dispersa, só a verdade me liberta. Chega de maldade e ilusão. Venha, o amor tem sempre a porta aberta. E vem chegando a primavera. Nosso futuro recomeça. Venha, que o que vem é perfeição.Renato Russo (Legião Urbana)

SOS, Brasil

Há muito tempo que eu queria te dizer, ouça Vontade de te ver tambémNão vale se esconderVerdades sempre vêmE as coisas que passeiJá ficaram para trásEu tenho que viver.

A minha ansiedade cada vez aumenta maisEu to vendo na cidade, ódio, amor, guerra e pazAlguém da sua idade no caminho encontreiFalando dos atalhos descobertos pelos reisO rei da sua história e até o rei solTodos eles dizem que existe uma leiMas eles não sabem de uma coisa que eu seiMas eles não sabem de uma coisa que eu sei.

Cachorro magro e criança na rua, corraPra tentar salvar alguémMulher bonita e feitiço da luaSeu relax me faz bemA gente avança e também recuaNo balanço desse tremDesempregado a luta continuaResistindo esse vai-e-vem.

Rua é a escolaRua pra jogar bolaNua pedindo esmolaAgora eu vou contarO que ninguém nunca ouviuO futuro é agora, SOS Brasil.(Cidade Negra)

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PACATO CIDADÃO(Samuel Rosa/ Chico Amaral)Pacato cidadão, te chamei a tençãoNão foi a tóa nãoC’est fini la utopia mas a guerra todo diaDia a dia nãoTracei a vida inteira planos tão incríveisTramo a luz do SolApoiado em poesia e em tecnologiaAgora à luz do solPra que tanta leve, tanto tempo pra perderQualquer coisa que se queira saber quererTudo bem, dissipação de vez em quando é bãoMisturar o brasileiro com o alemãoPra que tanta sujeira nas ruas e nos riosQualquer coisa que se suje tem que limparSe você não gosta dele, diga logo a verdadeSem perder a cabeça, sem perder a amizadeConcertar o rádio e o casamentoCorre a felicidade no asfalto cinzentoAbolir a escravidão do caboclo brasileiroNuma mão educação, na outra dinheiroPacato cidadão da civilização

ESMOLAUma esmola pelo amor de DeusUma esmola, meu, por caridadeUma esmola pro ceguinho, pro meninoEm toda a esquina tem gente só pedindo

Uma esmola pro desempregadoUma esmolinha pro preto pobre doenteUma esmola pro que resta do BrasilPro mendigo, pro indigente

Ele que pede, eu que dou, ele só pedeO ano é mil novecentos e noventa e talEu to cansado de dar esmolaQualquer lugar que eu passe é isso agora

Eu to cansado, meu bom de dar esmolaEssa quota miserável de avarezaSe o pais não for pra cada umPode estar certo não vai ser pra nenhum

Não vai não, não vai não, não vai nãoNo hospital, no restaurante.No sinal, no MorumbiNo Mário Filho, no MineirãoMenino me vê, começa logo a pedirMe dá, me dá, me dá um dinheiro aí!(Samuel Rosa, Chico Amaral/SKANK)

QUE PAÍS É ESTE(Renato Russo)

Nas favelas , no SenadoSujeira pra todo ladoNinguém respeita a ConstituiçãoMas todos acreditam no futuro da naçãoQue país é esteNo Amazonas, no Araguaia, na Baixada Fluminense, Mato Grosso, nas Geraes e no Nordeste tudo em pazNa morte eu descanso mas o sangue anda soltoManchando os papéis, documentos fiéisAo descanso do patrãoQue país é esteTerceiro mundo se forPiada no exteriorMas o Brasil vai ficar ricoVamos faturar um milhãoQuando vendermos todas as almasDos nossos índios em um leilãoQue país é este

BALANÇA BRASILAh, meu Brasil, a cidade foi pro marRio de Janeiro RedentorBraços abertos para que chegar.Eu vi o céu no azul dos olhos da meninaPeguei a estrada pra VitóriaFui rever minha capixaba.

Ah, meu Brasil, salvador é logo aliBahia boa tem canoa, mulher boaE a gente à toaMeu samba reggae arrasou lá no SergipeEm Alagoas, Pajuçara praia lindaOh, meu Nordeste.

Ah, meu Brasil naquela noite em PernambucoOlinda linda RecifeFazer amor na areia de boa Viagem, no céuE a tietagem em Itamaracá

Ah, meu Brasil, forrobodó na ParaíbaMeu Rio Grande NatalFole arretado, quadrilha pra todo ladoSão João cai animado no forró de lá.

Balança BrasilAdoro te ver contenteBalança BrasilO sonho de tanta genteBalança BrasilSacode esse meu paísPra gente ser feliz.

Ah, meu Brasil, São Luis do MaranhãoCai no reggae de vezLá o Brasil foi pra JamaicaNo Piauí quase casei em TeresinaTem a Jorgete, a Lizinete, a Bernadete, a Carolina.

Ah, meu Brasil, chegando em Belém do ParáArrebentei no carimbo, no cirinbóE no merengue.No Amazonas, em Goiás, no Mato GrossoFui bóia-fria, fui caboclo, vi a faunaQue colosso.

Ah, meu Brasil, são Paulo não é só garoaMeu Rio Grande do SulTem a bombacha, o fandango, tem a raçaO chimarrão, boa cachaça, Oh meu Paraná.

Ah, meu Brasil, de lá de Santa CatarinaVoei pra Minas GeraisMina calada, por demais desconfiadaMui amada, minha doce namorada.

Ah, meu Brasil, vou pra avenida com vocêsDo carnaval eu sou freguêsAcho que eu vou morar no Rio de vez.

Balança Brasil....Michael Sillivan/ Carlinhos conceição

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QUASE SEM QUERERLetra e música: Renato Russo e Daddo Villa-LobosInterpretação: Legião UrbanaTenho andado distraídoImpaciente e indecisoE ainda estou confusoSó que agora é diferenteEstou tranqüilo e tão contente.

Quantas chances desperdiceiQuando o que eu mais queriaEra provar pra todo o mundoQue eu não precisavaProvar nada pra ninguém

Me fiz em mil pedaçosPra você juntarE queria sempre acharExplicação pro que eu sentiaComo um anjo caídoFiz questão de esquecerQue mentir pra si mesmoÉ sempre a pior mentira.

Mas não sou maisTão criança a ponto de saber tudoJá não me preocupoSe eu não sei porquêÀs vezes o que vejoQuase ninguém vêE eu sei que você sabeQuase sem quererQue eu vejo o mesmo que você.

Tão concreto e tão bonitoO infinito é realmenteUm dos deuses mais lindosSei que às vezes usoPalavras repetidasMas quais são as palavrasQue nunca são ditas?

Me disseram que você Estava chorando E foi então que percebiComo lhe quero tantoJá não me preocupoSe eu não sei porquêÀs vezes o que eu vejoQuase ninguém vêE eu sei que você sabeQuase sem quererQue eu quero o mesmo que você.

HERDEIRO DA PAMPA POBRE(Vaine Darde e Gaúcho da Fronteira)

Que pampa é essa que recebo agoraCom a missão de cultivar raízesSe desta pampa que me fala a históriaNão me deixaram nem sequer matrizesPassam nas mãos da minha geraçãoHeranças feitas de fortunas rotasCampos desertos que não geram pãoOnde a ganância anda de rédeas soltas

Se for preciso eu volto a ser caudilhoPor esta pampa que ficou pra trásPorque eu não quero deixar pro meu filhoA pampa pobre que herdei do meu pai

Herdei um campo onde o patrão é reiTendo poderes sobre o pão e as águasOnde esquecido vive o peão sem leiDe pés descalços cabrestiando mágoasE o que hoje herdo da minha lei xiruaÉ um desafio que a minha idade afrontaPois me deixaram com a guaiaca nua Para pagar uma porção de contas.

ÍNDIOS(Renato Russo)

Que me dera, ao menos uma vez,Ter de volta todo o ouro que entregueiA quem conseguiu me convencerQue era prova de amizadeSe alguém levasse embora até o eu não tinha.Quem me dera, ao menos uma vez,Esquecer que acreditei que era por brincadeiraQue se cortava sempre um pano-de-chãoDe linho nobre e pura seda.Quem me dera, ao menos uma vez,Explicar o que ninguém consegue entender:Que o que aconteceu ainda está por virE o futuro não é mais como era antigamente.Quem me dera, ao menos uma vez,Provar que quem tem mais do que precisa terQuase sempre se convence que não tem o bastanteE fala demais por não ter nada a dizer.Quem me dera, ao menos uma vezQue o mais simples fosse visto como o mais importante,Mas nos deram espelhosE vimos um mundo doenteQue me dera, ao menos uma vez,Entender como um só Deus ao mesmo tempo é trêsE esse mesmo deus foi morto por vocêsÉ só maldade então, deixar um Deus tão tristeEu quis o perigo e até sangrei sozinho.Entenda – assim pude trazer você de volta para mim,Quando descobri que é sempre só vocêQue me entende do início ao fimE é só você que tem a cura para o meu vícioDe insistir nessa saudade que eu sintoDe tudo o que ainda não vi.Quem me dera, ao menos uma vezAcreditar por um instante em tudo que existeE acreditar que o mundo é perfeitoE que todas as pessoas são felizes.Quem me dera, ao menos uma vez,Fazer com que o mundo saiba que seu nomeEstá em tudo e mesmo assimNinguém lhe diz ao menos obrigado.Quem me dera, ao menos uma vez,Como a mais bela tribo, dos mais belos índios,Não ser atacado por se inocente.Eu quis o perigo e até sangrei sozinho.Entenda assim pude trazer você de volta para mimQuando descobri que é sempre só vocêQue me entende do início ao fimE é só você que tem a cura para o meu vícioDe insistir nessa saudade que eu sintoDe tudo que eu ainda não vi.Nos deram espelhos e vimos um mundo doenteTentei chorar e não consegui