Museu da Misericórdia
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Museu da Santa Casa de Misericórdia da Vila da Ericeira
JOSÉ JOAQUIM DURÃO PADILHA
Por João Pedro da Silva Henriques Gil
Pela segunda metade do século XIX chegou à Ericeira o pintor José Joaquim Durão Padilha.
Homem ligado às artes decorativas, cenógrafo e músico, acompanhou um grupo teatral que
aqui veio representar e por cá ficou quando a sua companhia terminou as apresentações
contratadas. Durão Padilha e a sua irmã Emília que com ele aqui viveu, eram filhos de um
oficial Miguelista readmitido no exército regular, após a convenção de Évora Monte (Maio de
1834).
Aproveitando os seus dotes musicais, decidiu a filarmónica da terra oferecer-lhe o lugar vago
de regente musical, cargo que foi imediatamente aceite. Durante mais de dez anos exerceu
essa actividade complementada com trabalhos de pintura e retoque em diversas casas da
Ericeira incluindo as dependências da Santa Casa de Misericórdia que necessitavam de urgente
restauro.
Figura 1 - A escadaria de acesso ao Coro Alto
Retoque dos caixotões do tecto da Igreja, decoração de algumas paredes interiores de que são
exemplo a escadaria de acesso ao coro alto e a Sala do Despacho tornaram-no suficientemente
conhecido e apreciado e as encomendas de trabalho em moradias particulares da melhor
sociedade ericeirense não se fizeram esperar. Infelizmente o não cumprimento de algumas
cláusulas remuneratórias não satisfeitas, foram aumentando o desespero de quem, vivendo da
sua arte, se via em situações de grande amargura: “essa pequena parte da gratificação mensal
que me foi oferecida, e que nunca se deu…fui iludido por esses homens sem coração… e
merecia eu por ventura tal prémios. Eu que os enchi de toda a casta de favores, que fiz sempre
por eles toda a sorte de sacrifícios!…”.
Figura 2 - Sala do Despacho
Profundamente entristecido com a terra, José Joaquim Padilha, abandonou-a sabendo-se da
sua presença em Trancoso no ano de 1869 onde exerceu a mesma actividade musical e
decorativa.
Guardou a Ericeira algumas manifestações do seu trabalho. Infelizmente já demolidas umas ou
profundamente alteradas outras, recordamos aqui as casas beneficiadas pela graciosidade,
frescura, gosto e arte de Durão Padilha, até que trabalho mais profundo se possa consagrar à
sua Obra.
Figura 3 - Casa Barros Duarte Ferreira