Mundo de Bolso - Múltipla Escolha - Roberto Menezes

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[email protected] MARIANA FERNANDES >> Múltipla Escolha PARAÍBA 23 a 29 de agosto de 2013 B-3 & Modo de usar Modo de ser Roberto Menezes Modo de usar Apreciar uma boa música, reconhe- cer o talento do artista e prestar atenção em seus ensinamentos, estes são pas- sos essenciais para se usar um músico que também trabalha com a arte do en- sino. Sobre o melhor modo de usar An- derson Mariano, ele fala: “que as pesso- as estejam dispostas a ouvir um músico que tem influência de diversas áreas, de diversos ritmos. No meu trabalho, eu sofro influências do rock, jazz e música erudita. Uma pessoa que tiver a mente aberta para essas diversas influências vai poder me usar melhor”. Dentro da mesma perspectiva, An- derson Mariano sugere que usar o mundo em sua melhor maneira é ob- servar o que ele tem para nos oferecer, em relação de sonoridades diferentes. “Pra mim a melhor maneira é observar a diversidade que o mundo tem a nos oferecer. Com a quantidade de coisa que existe por aí, precisamos de mui- to tempo para ouvir tudo e assimilar. Dentro deste universo musical, é isso que eu penso”. Descobri, já há algum tempo, que tem na inter- net sites especializados em enquetes. Qualquer um pode ir lá e escolher em uma das opções da- das. Geralmente tem mais três. Nada de sim ou não. Você vai com o mouse, marca a bolinha que achar mais apro- priada, depois vai lá em- baixo e envia a resposta. Às vezes é possível ver a porcentagem de cada op- ção, outras vezes não. As perguntas são várias, pra todo gosto, desde opini- ões sobre a invasão das Malvinas por pinguins in- gleses até a nota de zero a dez sobre o novo pente- ado da Rihanna. Na pági- na principal, há um ran- queamento dos maiores respondedores do mês. Eles são premiados com cupons de descontos em livrarias, milhas aéreas e outras coisas mais que eles não podem escolher. Quando alguém faz uma pergunta do tipo, “quem é o melhor: Pelé, Tostão ou Romário?, em menos de dez minutos mais de cem mil clicadas firmes decidirão quem é o melhor, com a certeza científica da estatística. Esses seres abençoados parecem que veem de um formigueiro, formigui- nhas clicantes de dedos certeiros, definem sem direito a refutação o me- lhor caminho a seguir. É claro, temos dúvi- das. Na verdade, somos seres cheios de dúvida. E pra ajudar com isso é que deveriam servir os amigos. Amigos bons são os que não se incomodam em dar a opinião, na vi- são dele, a mais sensata. Pra esquerda, pra direi- ta, pra cima, pra baixo, direto, assim não. Rara- mente há um consenso, e nem sempre o bom senso. Amigos ajudam e mui- to, pena que são poucos. Se a gente pudesse ter o parecer de todos não se- ria suficiente pra decidir se o que maioria elegeu é o correto. Talvez fosse isso o que Roberto Car- los queria quando disse querer ter um milhão de amigos: pra bem forte poder perguntar. Não vou sair por aí perguntando a eles bana- lidades. “André, cê acha que hoje faço sopa de carne, legumes ou feijão? Não é que estou lhe con- vidando, é só pra saber mesmo, cara.” Ou: “Mas menina, esse mês uso absorvente com ou sem abas? Também tem a op- ção de tampão”. Não, né? Meus amigos iriam me mandar catar coquinho, arrumar trouxa de calça jeans pra lavar. No fun- do, não decidem nada, só complicam mais, são bons plantadores de dú- vida. Isso são. Portanto resolvi pro- curar ajudas impessoais. Essas pessoas na net es- tão pouco se lixando pra mim, só pela pontuação é que me fazem este fa- vor. E acho que é aí que mora o segredo da coisa, como o que importa pra eles não são as respostas e sim a quantidade delas feitas, a opção escolhida é na lata, e é por isso que essa coisa de perguntar qualquer coisa funciona de fato. O que comer na hora do almoço? Surge a die- ta perfeita. Qual pisante pôr pra encontrar o meu amor? Vou me embora certo que vou agradar. Parecem saber de mim em suas opiniões impes- soais. E só posso dizer que estou completamen- te vidrado nesse negócio de deixar que escolham por mim. Não ter mais escolhas é tudo que pedi a Deus. Modo de ser Dedilhando as cordas da guitarra ou do violão, o som de seu trabalho ecoa e en- canta a quem escuta. Além de apresentar sua perfor- mance com os instrumentos, ele também ensina e produz música. Toda a sonoridade e musicalidade do potiguar Anderson Mariano é desta- que no “Modo de ser e Modo de usar” desta semana. Inclinação para o uni- verso musical ele tinha des- de criança, nas brincadei- ras que inventava com os amigos. Mas na verdade, a vontade de seguir os pas- sos do pai falava mais alto. Anderson lembra que desde pequeno, quando indagado qual seria sua profissão, ele respondia sem titubear: “eu vou ser dentista”. “Desde cedo eu dizia que queria se- guir a carreira de meu pai”, conta. E foi o que realmente fez: prestou vestibular para Odontologia, passou e ad- quiriu uma guitarra. Se antes, quando não possuía instrumento al- gum, a sonoridade entrava em sua vida por meio das brincadeiras, depois de ad- quirir uma guitarra a mú- sica passou a ser frequente em seu dia a dia. “Como a Universidade estava em gre- ve e as aulas demoraram a começar, resolvi aprender a tocar. Aquilo tomou uma proporção grande em minha vida, tanto que quando as aulas iniciaram, comecei a perceber que a Odontolo- gia não era muito o que eu imaginava. Eu achava uma área bonita, mas para quem tem talento para trabalhar com aquilo. Durante o curso eu ficava me perguntando se eu realmente estava no lugar certo, minha cabeça sempre na música. Ainda levei o curso durante um pouco mais de dois anos, até tomar a decisão de não continuar na Odontologia. Fiz vestibular para a música e passei. Eu percebi que ser feliz eu precisava trabalhar com a música”. O curso de bacharelado foi em violão erudito, mas, em paralelo, Anderson con- tinuou com as aulas de gui- tarras, fez cursos de aperfei- çoamento, cursos técnicos, etc. O ofício da música co- meçou cedo e, mesmo ainda na faculdade, ele começou a mostrar o seu talento em bandas de bailes, em sho- ws e em suas performances em barzinhos da cidade. Já mostrando indícios que a vida acadêmica fazia parte de seus planos futuros, ele também dava aulas de gui- tarra. “Ainda estava apren- dendo os primeiros acor- des quando alguns amigos já chegaram pedindo para que eu transmitisse a eles o pouco do que eu sabia. Eu gostava de fazer isso”. Opor- tunidades para ministrar aulas não faltaram e An- derson foi ganhando expe- riência. “Enquanto a noite eu continuava me apresen- tando, trabalhando como músico freelancer, durante o dia eu estava trabalhan- do na parte didática. Minha história ela sempre teve es- sas duas faces, o lado do instrumentista e o lado do professor”. Uma terceira face tam- bém existe na trajetória de Anderson Mariano. O mú- sico também atua como produtor musical. “Acabei de produzir um disco inti- tulado ‘Janaína’, feito com composições de um poeta de Brasília, o Claus Paranaiba. Estou iniciando a produção do segundo CD dele. Este é um trabalho que venho fa- zendo e que gosto de desen- volver. É uma outra vertente do meu trabalho que eu cur- to. Gosto de estar dentro do estúdio gravando e dirigindo gravação”. Atualmente, Anderson Mariano é professor do cur- so de licenciatura em Músi- ca e no de Música Popular, ambos da UFPB e com ha- bilitação em guitarra, e seu dinamismo continua inten- so. Para o músico, projetos não faltam. “Estou fazendo três shows. Um de violão solo, que apresentei recen- temente na Energisa e em Pernambuco e vou apresen- tar novamente no dia 02 de setembro na sala Radegun- dis Feitosa (UFPB). Este é um show instrumental no qual toco composições mi- nhas e alguns arranjos que fiz de música popular. Tam- bém faço parte da banda da cantora Eleonora Falcone. Com ela, estou desenvolven- do um trabalho novo, o qual apresentamos no Festival de Areia: um show com violon- celo, acordeon, violão, per- cussão e a Eleonora Flacone na voz. Um terceiro trabalho que estou desenvolvendo é instrumental com um grupo chamado ‘Anderson Mariano Quarteto’, formado por Xis- to Medeiros (baixo), Helinho Medeiros (teclado e acorde- on) e Chiquinho Mino (bate- ria). Em breve vai existir uma agenda para este grupo”. Dinâmico, comprome- tido, dedicado, descrever Anderson Mariano é falar de seu relacionamento com a música e com o seu tra- balho. Sobre o seu modo de ser ele fala: “sou uma pes- soa bem caseira que gosta de ficar em casa estudando. Este é um dos pontos prin- cipais. Meu modo de ser é este, gosto de estudar e me dedicar ao trabalho, Mas também curto conversar com os amigos, sempre de uma maneira tranquila”. Anderson Mariano

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[email protected] FERNANDES>>

Múltipla Escolha

PARAÍBA 23 a 29 de agosto de 2013 B-3

& & & Modo de usar& & Modo de ser

Roberto Menezes

Modo de usarApreciar uma boa música, reconhe-

cer o talento do artista e prestar atenção em seus ensinamentos, estes são pas-sos essenciais para se usar um músico que também trabalha com a arte do en-sino. Sobre o melhor modo de usar An-derson Mariano, ele fala: “que as pesso-as estejam dispostas a ouvir um músico que tem infl uência de diversas áreas, de diversos ritmos. No meu trabalho, eu sofro infl uências do rock, jazz e música erudita. Uma pessoa que tiver a mente aberta para essas diversas infl uências vai poder me usar melhor”.

Dentro da mesma perspectiva, An-derson Mariano sugere que usar o mundo em sua melhor maneira é ob-servar o que ele tem para nos oferecer, em relação de sonoridades diferentes. “Pra mim a melhor maneira é observar a diversidade que o mundo tem a nos oferecer. Com a quantidade de coisa que existe por aí, precisamos de mui-to tempo para ouvir tudo e assimilar. Dentro deste universo musical, é isso que eu penso”.

Descobri, já há algum tempo, que tem na inter-net sites especializados em enquetes. Qualquer um pode ir lá e escolher em uma das opções da-das. Geralmente tem mais três. Nada de sim ou não. Você vai com o mouse, marca a bolinha que achar mais apro-priada, depois vai lá em-baixo e envia a resposta. Às vezes é possível ver a porcentagem de cada op-ção, outras vezes não. As perguntas são várias, pra todo gosto, desde opini-ões sobre a invasão das Malvinas por pinguins in-gleses até a nota de zero

a dez sobre o novo pente-ado da Rihanna. Na pági-na principal, há um ran-queamento dos maiores respondedores do mês. Eles são premiados com cupons de descontos em livrarias, milhas aéreas e outras coisas mais que eles não podem escolher.

Quando alguém faz uma pergunta do tipo, “quem é o melhor: Pelé, Tostão ou Romário?, em menos de dez minutos mais de cem mil clicadas fi rmes decidirão quem é o melhor, com a certeza científi ca da estatística. Esses seres abençoados parecem que veem de um

formigueiro, formigui-nhas clicantes de dedos certeiros, defi nem sem direito a refutação o me-lhor caminho a seguir.

É claro, temos dúvi-das. Na verdade, somos seres cheios de dúvida. E pra ajudar com isso é que deveriam servir os amigos. Amigos bons são os que não se incomodam em dar a opinião, na vi-são dele, a mais sensata. Pra esquerda, pra direi-ta, pra cima, pra baixo, direto, assim não. Rara-mente há um consenso, e nem sempre o bom senso. Amigos ajudam e mui-to, pena que são poucos. Se a gente pudesse ter o parecer de todos não se-ria sufi ciente pra decidir se o que maioria elegeu é o correto. Talvez fosse isso o que Roberto Car-los queria quando disse querer ter um milhão de amigos: pra bem forte poder perguntar.

Não vou sair por aí

perguntando a eles bana-lidades. “André, cê acha que hoje faço sopa de carne, legumes ou feijão? Não é que estou lhe con-vidando, é só pra saber mesmo, cara.” Ou: “Mas menina, esse mês uso absorvente com ou sem

abas? Também tem a op-ção de tampão”. Não, né? Meus amigos iriam me mandar catar coquinho, arrumar trouxa de calça jeans pra lavar. No fun-do, não decidem nada, só complicam mais, são bons plantadores de dú-

vida. Isso são. Portanto resolvi pro-

curar ajudas impessoais. Essas pessoas na net es-tão pouco se lixando pra mim, só pela pontuação é que me fazem este fa-vor. E acho que é aí que mora o segredo da coisa, como o que importa pra eles não são as respostas e sim a quantidade delas feitas, a opção escolhida é na lata, e é por isso que essa coisa de perguntar qualquer coisa funciona de fato.

O que comer na hora do almoço? Surge a die-ta perfeita. Qual pisante pôr pra encontrar o meu amor? Vou me embora certo que vou agradar. Parecem saber de mim em suas opiniões impes-soais. E só posso dizer que estou completamen-te vidrado nesse negócio de deixar que escolham por mim. Não ter mais escolhas é tudo que pedi a Deus.

Modo de serDedilhando as cordas da

guitarra ou do violão, o som de seu trabalho ecoa e en-canta a quem escuta. Além de apresentar sua perfor-mance com os instrumentos, ele também ensina e produz música. Toda a sonoridade e musicalidade do potiguar Anderson Mariano é desta-que no “Modo de ser e Modo de usar” desta semana.

Inclinação para o uni-verso musical ele tinha des-de criança, nas brincadei-ras que inventava com os amigos. Mas na verdade, a vontade de seguir os pas-sos do pai falava mais alto. Anderson lembra que desde pequeno, quando indagado qual seria sua profi ssão, ele respondia sem titubear: “eu vou ser dentista”. “Desde cedo eu dizia que queria se-guir a carreira de meu pai”, conta. E foi o que realmente fez: prestou vestibular para Odontologia, passou e ad-quiriu uma guitarra.

Se antes, quando não possuía instrumento al-gum, a sonoridade entrava em sua vida por meio das brincadeiras, depois de ad-quirir uma guitarra a mú-sica passou a ser frequente em seu dia a dia. “Como a Universidade estava em gre-ve e as aulas demoraram a começar, resolvi aprender a tocar. Aquilo tomou uma proporção grande em minha vida, tanto que quando as aulas iniciaram, comecei a perceber que a Odontolo-gia não era muito o que eu imaginava. Eu achava uma área bonita, mas para quem tem talento para trabalhar com aquilo. Durante o curso eu fi cava me perguntando se eu realmente estava no lugar certo, minha cabeça sempre na música. Ainda levei o curso durante um pouco mais de dois anos, até tomar a decisão de não continuar na Odontologia. Fiz vestibular para a música e passei. Eu percebi que ser feliz eu precisava trabalhar

com a música”. O curso de bacharelado

foi em violão erudito, mas, em paralelo, Anderson con-tinuou com as aulas de gui-tarras, fez cursos de aperfei-çoamento, cursos técnicos, etc. O ofício da música co-meçou cedo e, mesmo ainda na faculdade, ele começou a mostrar o seu talento em bandas de bailes, em sho-ws e em suas performances em barzinhos da cidade. Já mostrando indícios que a vida acadêmica fazia parte de seus planos futuros, ele também dava aulas de gui-tarra. “Ainda estava apren-dendo os primeiros acor-des quando alguns amigos já chegaram pedindo para que eu transmitisse a eles o pouco do que eu sabia. Eu gostava de fazer isso”. Opor-tunidades para ministrar aulas não faltaram e An-derson foi ganhando expe-riência. “Enquanto a noite eu continuava me apresen-tando, trabalhando como músico freelancer, durante o dia eu estava trabalhan-do na parte didática. Minha história ela sempre teve es-sas duas faces, o lado do instrumentista e o lado do professor”.

Uma terceira face tam-bém existe na trajetória de Anderson Mariano. O mú-sico também atua como produtor musical. “Acabei de produzir um disco inti-tulado ‘Janaína’, feito com composições de um poeta de Brasília, o Claus Paranaiba. Estou iniciando a produção do segundo CD dele. Este é um trabalho que venho fa-zendo e que gosto de desen-volver. É uma outra vertente do meu trabalho que eu cur-to. Gosto de estar dentro do estúdio gravando e dirigindo gravação”.

Atualmente, Anderson Mariano é professor do cur-so de licenciatura em Músi-ca e no de Música Popular, ambos da UFPB e com ha-bilitação em guitarra, e seu

dinamismo continua inten-so. Para o músico, projetos não faltam. “Estou fazendo três shows. Um de violão solo, que apresentei recen-temente na Energisa e em Pernambuco e vou apresen-tar novamente no dia 02 de setembro na sala Radegun-dis Feitosa (UFPB). Este é um show instrumental no qual toco composições mi-nhas e alguns arranjos que fi z de música popular. Tam-bém faço parte da banda da cantora Eleonora Falcone. Com ela, estou desenvolven-do um trabalho novo, o qual apresentamos no Festival de Areia: um show com violon-celo, acordeon, violão, per-cussão e a Eleonora Flacone na voz. Um terceiro trabalho que estou desenvolvendo é

instrumental com um grupo chamado ‘Anderson Mariano Quarteto’, formado por Xis-to Medeiros (baixo), Helinho Medeiros (teclado e acorde-on) e Chiquinho Mino (bate-ria). Em breve vai existir uma agenda para este grupo”.

Dinâmico, comprome-tido, dedicado, descrever Anderson Mariano é falar de seu relacionamento com a música e com o seu tra-balho. Sobre o seu modo de ser ele fala: “sou uma pes-soa bem caseira que gosta de fi car em casa estudando. Este é um dos pontos prin-cipais. Meu modo de ser é este, gosto de estudar e me dedicar ao trabalho, Mas também curto conversar com os amigos, sempre de uma maneira tranquila”.

Anderson Mariano