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CURSO ON-LINE – ECONOMIA P/ EPPGG - MPOG PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI
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Economia
Aula 1
Caros (as) alunas,
Iniciamos hoje a nossa primeira aula do curso subdividido nas matéria de
Microeconomia, Macroeconomia e Economia do Setor Público, destinado à
preparação para a prova de Especialista em Políticas Públicas do MPOG.
Nesta aula abordaremos os conceitos pertinentes aos tópicos 1 e 2 do edital,
sendo assim destacados:
Tópico 1: Escassez, eficiência produtiva e alocativa, curva de possibilidade de
produção e custos de oportunidade;
Tópico 2: Teoria elementar do funcionamento do mercado: função demanda,
função oferta, equilíbrio de mercado e excedente do consumidor.
Em referência ao tópico 2, gostaria de previamente fazer algumas ressalvas:
O título “Teoria elementar do funcionamento do mercado” nos leva ao
entendimento de que a possível cobrança de questões pertinentes a este assunto
sejam superficiais. Acontece no entanto que não podemos confiar plenamente na
banca examinadora, motivo pelo qual optei por estender a análise da oferta e da
demanda às chamadas elasticidades, ou seja, a forma pela qual consumidores e
produtores reagem, no que se refere ao consumo, às diferentes variações nos
preços dos bens ou serviços ofertados.
No exame das questões cobradas nos últimos certames, seja para EPPGG,
seja para concurso congêneres, verificamos a necessidade de uso do instrumental
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matemático para a resolução de algumas questões. Sendo assim, optamos por
decifrar algumas fórmulas utilizadas, especialmente aquela relativa ao conceito da
derivada.
Aos conhecedores da matemática os cálculos serão elementares e muitas
vezes até quem sabe enfadonhos, de qualquer maneira, para aqueles que não
possuem grande familiaridade com o assunto, acredito eu, poderão se sentir mais
confortáveis, tendo nas mãos a possibilidade de resolução de qualquer uma das
últimas questões cobradas em concursos que se utilizaram deste conhecimento em
seu enunciado.
Deixo ainda em anexo algumas fórmulas matemáticas que vezes podem vir a
serem solicitadas na resolução de questões.
É devido a necessidade de aprendizado das fórmulas que esta primeira aula
se tornou mais “encorpada”. Entendo que as próximas deverão ser mais reduzidas,
de forma a tornar mais “light” os estudos.
Um grande abraço
Francisco
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1. Escassez, eficiência produtiva e alocativa, curva de possibilidade de produção, custos de oportunidade.
Previamente a abordagem dos conceitos pertinentes ao nosso tópico inicial,
torna-se primeiro necessário abordarmos “aquilo” que se chama economia.
De acordo com Vasconsellos (2002, pág. 21), a economia pode ser definida
como a ciência social que estuda como o indivíduo e a sociedade decidem utilizar
recursos produtivos escassos, na produção de bens e serviços, de modo a distribuí-
los entre as várias pessoas e grupos da sociedade com o objetivo de satisfazer as
necessidades humanas.
Conforme verificamos pela própria interpretação da definição da economia, a
sociedade encontra-se na responsabilidade de decidir como utilizar os recursos
produtivos escassos. Esta questão é abordada porque os indivíduos possuem
necessidades ilimitadas, renovadas pelo crescimento populacional e pelo desejo de
melhoria dos padrões de vida.
A escassez é a variável que traz o contexto de todo o estudo econômico. Se
não existisse a escassez, não haveria a necessidade de se estudar fenômenos
econômicos como a inflação, que é a subida de preços ocasionada ou pelo excesso
de demanda sobre a oferta ou pela própria falta de oferta de bens e serviços
escassos.
A disponibilidade de bens limitados na economia está também relacionada
aos chamados fatores de produção econômicos, que são aqueles representados
pela mão-de-obra dos trabalhadores, pela terra (espaço para a produção) e pelo
capital, que é o recurso utilizado para a realização de investimentos.
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A Eficiência Produtiva
A eficiência produtiva refere-se à mobilização dos fatores de produção
presentes em uma economia, independentemente do seu estágio de
desenvolvimento e de seus padrões culturais - seja uma tribo indígena da região
amazônica que ainda não tenha entrado em contato com o que convencionamos
chamar de civilização, seja uma moderna nação industrializada. Todas os países
dispõem dos mesmos recursos, mesmo em estágios diferenciados de
desenvolvimento. Estes países ainda defrontam-se com a exigência de mobilizá-los
segundo os máximos padrões possíveis de eficiência.
A busca por eficiência produtiva decorre, conforme vimos, devido à escassez
dos recursos, no sentido de que o suprimento de todos eles é finito ou limitado. Além
disso, o conceito econômico de escassez tem a ver com as ilimitáveis necessidades
sociais. Estas superam a dotação de recursos: os agentes buscam sempre ampliar
seus níveis de satisfação, através de maior suprimento e de maior variedade de
bens e serviços. Mais ainda: buscam produtos de qualidade cada vez mais apurada
e de desempenho cada vez mais avançado. Ao mesmo tempo, procuram aprimorar
os recursos e empregá-los de tal forma que se minimizem as taxas ocorrentes de
ociosidade (que é a má utilização dos recursos) e desemprego (mão-de-obra não
empregada), maximizando assim os retornos com a produção de bens e serviços
.Em resumo, podemos dizer que a busca pela eficiência produtiva pressupõe
as seguintes condições:
• A utilização de todos os recursos disponíveis, no sentido de que não se
observe a indesejável ocorrência de quaisquer formas de subemprego ou de
desemprego. Esta condição acaba por implicar na ausência de capacidade
ociosa. Entre os chamados economistas clássicos é conceitualmente
chamado de pleno-emprego dos recursos;
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• A existência de mobilização e a combinação dos recursos disponíveis sob
padrões ótimos de desempenho e de organização do processo produtivo, de
forma que não seja observado o subaproveitamento do potencial máximo
disponível de recursos escassos.
De forma conceitual, a eficiência produtiva é alcançada quando, além de
estarem plenamente empregados e não ociosos, os recursos escassos estão
operando no limite máximo de seus potenciais. Assim somente se considera que
uma economia está operando na plenitude de sua eficiência produtiva quando as
possibilidades de produção são mobilizadas em seus níveis mais elevados.
Uma vez alcançado este limite, não é possível aumentar a produção pela
utilização de recursos que tenham permanecido ociosos (posto que se encontram
plenamente empregados) nem pela reorganização do modo pelo qual os recursos
estão sendo utilizados (uma vez que o sistema está operando nos limites mais
avançados da capacitação técnica conhecida).
Eficiência (eficácia) Alocativa
A eficácia alocativa está também relacionada à escassez de recursos e às
ilimitáveis necessidades sociais. Dado o conflito entre a escassa disponibilidade de
meios e a multiplicidade crescente de necessidades a atender, não basta que os
recursos estejam empregados segundo padrões de máxima eficiência produtiva:
este é um requisito necessário, mas não suficiente. Além dele, coloca-se a questão
da eficiência alocativa, que diz respeito à escolha dos bens e serviços finais, de
consumo e de capital, que a economia produzirá.
Considerando que são escassos os recursos e ilimitáveis as
necessidades manifestadas pela sociedade, é conceitualmente impossível produzir
todos os bens e serviços requeridos para satisfazer a todas as necessidades sociais
efetivamente existentes e a todos os desejos individuais. A escassez implica
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escolhas, sendo que as escolhas implicam em custos de oportunidade - expressão
que, neste caso, tem a ver com os desejos e as necessidades que deixam de ser
atendidos sempre que outros são priorizados.
Atuando como agente econômico, o governo reduz o poder aquisitivo da
sociedade, por tributos diretos e indiretos. Com a receita tributária, investe em infra-
estrutura econômica e social e na produção de bens e serviços públicos e semi-
públicos. Quanto a sua atuação podem ser levantados vários pontos intimamente
ligados à questão da eficiência alocativa.
De forma conceitual, considera-se que o resultado da ação produtiva
preenche as condições da eficácia alocativa quando:
• O processo de alocação dos recursos tende a uma escala de prioridades que
satisfaça às exigências mínimas requeridas pelos diferentes grupos sociais da
nação. Assim, por serem escassos os recursos, certamente não será possível
atender à totalidade dos desejos manifestados por todos os grupos sociais;
• Uma vez satisfeitas as requisições mínimas vitais da sociedade, os recursos
ainda disponíveis são destinados à produção de um conjunto dado de
produtos, cuja diversificação seja suficientemente ampla, abrangendo as
demais exigências manifestadas pela sociedade.
Em resumo, podemos dizer que a eficiência produtiva e alocativa devem
funcionar em conjunto, de forma a que sejam atingidos os objetivos de otimização na
produção de bens e serviços a partir da escassez dos insumos produtivos. De outra
forma, esta produção deve primar pela eficiência alocativa, e forma a atender os
desejos e necessidades da sociedade.
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A Curva de Possibilidade de Produção
Uma boa forma de representação da alocação escassa dos bens e serviços
produzidos na economia pode ser expressa pela chamada Curva de Possibilidade
de Produção.
A CPP mostra as alternativas de produção feitas pela sociedade,
considerando a plena utilização dos recursos produtivos, o chamado por nós de
pleno emprego dos recursos.
Conforme afirma Vasconsellos (2002, pág. 28), trata-se de um conceito
eminentemente teórico, que permite ilustrar como a limitação de recursos leva à
necessidade de a sociedade fazer opções ou escolhas entre as alternativas de
produção.
Um exemplo teórico quase sempre utilizado para a ilustração da CPP refere-
se a escolha de produção entre bens de consumo, alimentos, e a produção de bens
de capital, por exemplo, canhões.
Venhamos as seguintes alternativas de produção:
Tabela 1
Considerando os dados da tabela acima, chegamos a formatação da Curva de
Possibilidades de Produção.
Alternativas de Produção Canhões (milhares)
Alimentos (toneladas)
A 25 0 B 20 30 C 15 45 D 10 60 E 0 70
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Gráfico 1 – Curva de Possibilidade de Produção
A CPP representa as diferentes escolhas produtivas na qual um país pode
fazer considerando os recursos escassos existentes. De acordo com a análise da
curva, verifica-se que a sociedade deverá escolher, em determinado momento do
tempo, um dos pontos representados pelas letras A, B, C, D, E.
Conforme podemos perceber, no ponto “A” a sociedade decide alocar todos
os seus recursos na produção de canhões. De forma inversa, no ponto “E” a esta
destina seus recursos somente à produção de alimentos.
Como pode ser constatado em uma análise minuciosa da CPP, verifica-se a
existência de pontos localizados fora da linha de fronteira. No ponto “F” a sociedade
está subutilizando os seus recursos produtivos, desconsiderando o preceito
econômico de eficiência produtiva e alocativa.
O ponto “G”, diferentemente dos demais pontos localizados sobre a linha de
fronteira da CPP, representa um ponto intangível de ser obtido pela sociedade
através do processo produto, isto devido à escassez de recursos disponíveis para
Alimentos
Canhões 0 10 15 20 25
70 60 45 30
D
C
B
A
E
F
G
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tal. Assim, mesmo que a sociedade seja eficiente em termos alocativos e produtivos,
não poderá beneficiar-se de tal produção.
O custo de oportunidade associado à produção
Para entendermos o conceito de custo de oportunidade, podemos
inicialmente raciocinar em termos pessoais. Imaginemos qual é o nosso custo de
oportunidade de estarmos aqui, neste momento, estudando economia para um
determinado concurso. Sem precisarmos ter a mente muito fértil, podemos imaginar
que poderíamos estar em casa relaxando, com a família, tomando uma cerveja ou
mesmo fazendo nada. Assim, o custo de oportunidade de estarmos estudando é
representado pelo o que deixamos de fazer ao optarmos em passar no concurso.
Compreendido? Então vamos à aplicação deste conceito quando analisado na CPP.
As opções realizadas pela sociedade quanto à alocação dos recursos
escassos, dentro do processo produtivo na economia, implica em que esta deixe de
ter a oportunidade de produzir outros bens. É a própria escolha de deixar de produzir
canhões em benefício da produção de alimentos.
É importante considerarmos que o custo de oportunidade não é, pelo menos
neste momento, um custo que implique no dispêndio de recursos financeiros. Uma
outra questão importante é a de que a consideração do custo de oportunidade só é
feita quando considerado que a economia esta trabalhando com o pleno-emprego
dos recursos, ou seja, em todos os pontos constantes na linha da CPP.
O conceito de custo de oportunidade é muito aplicado dentro do mundo das
finanças. O aporte de recursos financeiros em projetos de investimentos por
empresas públicas e privadas implica com que estas deixem de ganhar a
remuneração na forma de juros com a aplicação dos recursos no mercado
financeiro.
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A nossa análise do custo de oportunidade não se estende, neste momento, à
consideração do custo de oportunidade como sendo o custo do dinheiro, mas tão
somente como sendo o custo imposto à sociedade por conta de esta deixar de
produzir determinados bens ou serviços em benefício de outros.
Teoria Elementar do Funcionamento do Mercado
Conforme verificamos, a utilização dos recursos produtivos da economia deve
basear-se nos princípios da eficiência produtiva e alocativa. A produção obtida visa
atender às necessidades da sociedade, especialmente no que se refere a demanda
por bens e serviços.
A teoria elementar de funcionamento do mercado procura demonstrar como
consumidores e produtores interagem com o objetivo de atingir o maior bem-estar
possível, considerando a série de variáveis envolvidas no processo decisório.
A escassez de recursos leva ao fenômeno da precificação de tudo o que é
produzido, especialmente porque sem este estímulo, os chamados ofertantes de
produtos não teriam interesse em produzir.
Não obstante, a mesma precificação gera resultados diretos sobre o consumo
de bens e serviços, tornando-os menos desejados a todo o momento em que os
preços tendam a subir.
A partir do próximo tópico abordaremos os conceitos pertinentes às funções
oferta e demanda, verificando como variações nos preços e nos demais bens
tendem a impactar o chamado equilíbrio de mercado, que seria aquele em que
consumidores e produtores chegam a um “consenso” teórico quanto aos preços e
quantidades negociadas.
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Função de Demanda (Curva de Demanda)
A demanda ou também chamada de Procura pode ser definida como as
várias quantidades de um determinado bem ou serviço que os consumidores
estarão dispostos e aptos a adquirir, em função dos vários níveis de preços
possíveis, em determinado período de tempo. Ou seja, a demanda é a correlação
entre as diversas quantidades procuradas de um bem, com os diversos níveis de
preços apresentados.
A demanda é dependente de uma série de variáveis, dentre as quais o
preço do bem X (PX), a renda dos consumidores (R), o preço dos outros bens (PY)
assim como os gostos dos consumidores (G).
DX = f (PX,R, PY, G), sendo a demanda dada em função dos parâmetros
anteriores.
A Lei da Demanda1 diz que há uma correlação inversa entre preços e
quantidades demandadas, coeteris paribus (expressão latina que significa tudo o
mais constante, como a renda do consumidor, os preços de outros bens e as
preferências dos consumidores). Quanto maior for o preço, menor será a
quantidade demandada do bem que o consumidor estará disposto a adquirir e
vice-versa.
Perceba o gráfico que se segue:
Sendo assim, corroboramos a informação de que existe uma relação
inversa entre o preço e quantidade demandada, o que nos leva a interpretar,
1 Não se trata de uma lei em sentido explícito, mas sim se uma máxima da economia.
P
Q
10
5
20 40
AB
Quanto maior o preço, menor a quantidade demandada (coeteris paribus).
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conforme o gráfico acima, que a curva (representada neste caso por uma reta por
ser uma definição aproximada da economia) apresenta uma declividade
(inclinação) negativa.
A curva de demanda é negativamente inclinada devido ao efeito conjunto de
três fatores: o efeito substituição, o efeito renda e a utilidade marginal do produto:
Efeito substituição: se um bem X possui um substituto Y, ou seja, outro bem
similar que satisfaça a mesma necessidade, quando seu preço aumenta, coeteris
paribus, o consumidor passa a adquirir o bem substituto Y, reduzindo-se assim
demanda pelo bem X. Exemplo: se o preço do fósforo subir demasiadamente, os
consumidores passam a consumir isqueiro, reduzindo assim a demanda por fósforo;
Efeito renda: quando aumenta o preço de um bem, tudo o mais constante
(renda do consumidor e preços de outros bens constantes), o consumidor perde
poder aquisitivo e a demanda pelo produto diminui;
Utilidade Marginal: quanto maior a quantidade de um produto que o
consumidor pode adquirir, menor será a utilidade ou satisfação adicional (marginal)
de um aumento do consumo, o que o levará a reduzir a quantidade demandada.
Exemplo: o primeiro copo de água, para quem está com muita sede, proporciona
uma certa satisfação (utilidade); o segundo copo proporcionará uma satisfação
adicional, mas com uma utilidade marginal menor, sendo assim sucessivamente.
Pense se isso não é verdadeiro!
Considerações quanto às variações de preços e impactos na quantidade demandada Até o presente momento dissemos que elevações nos níveis de preços
tendem a diminuir a quantidade demandada. A questão é que existem exceções a
esta regra. São os chamados bens de Veblen e bens de Giffen.
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Bens de Veblen:
Os bens de Veblen são bens de consumo de alto valor agregado, muitas
vezes associado à idéia de ostentação, tais como jóias, automóveis de luxo e obras
de arte.
Para estes consumidores, como o padrão de ostentação é o preço, quanto
mais alto forem estes, maior será a procura pelos bens.
A constatação do economista Thorstein Veblen fica muito bem ilustrada
através de uma citação retirada de sua obra mais famosa, a teoria da classe ociosa:
“A base sobre o qual a boa reputação em qualquer comunidade industrial altamente organizada finalmente repousa é a força pecuniária, e os meios de demonstrar força pecuniária e, mercê disso, obter ou conservar o bom nome, são o ócio conspícuo (notável) e um consumo conspícuo de bens”. Parênteses nosso.
Pode-se dizer que a curva de demanda de Veblen apresenta inclinação
positiva, ou seja, quanto maior o preço, maior a quantidade demandada.
Bens de Giffen:
Os bens de Giffen são produtos de baixo valor, mas que representam muito
do consumo e conseqüentemente do orçamento das famílias de mais baixa renda.
Sua interpretação é a de que caso ocorra uma elevação nos preços destes bens,
haverá um aumento na quantidade demandada.
A interpretação para tal situação é a de que como ocorreu um aumento no
preço do bem, sobrará menos renda disponível. Considerando que estes bens ainda
são mais baratos que os demais bens, o consumidor demandará maior quantidade
do próprio bem2.
2 A descoberta devida a Robert Giffen foi realizada quando da análise feita pelo economista em uma
pequena comunidade rural da Inglaterra. A comunidade tinha como seu alimento principal a batata, hoje
vulgarmente chamada de batata inglesa.
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Distinção entre demanda e quantidade demandada
Embora tais termos tendam a serem utilizados como sinônimos, estes
possuem interpretações diferentes. Por demanda entendemos toda a escala ou
curva que relaciona os diferentes preços e quantidades dos bens transacionados
na economia. Por quantidade demandada devemos entender um ponto da curva
que relaciona o preço e a quantidade demandada de um determinado bem.
No gráfico a seguir, a curva de demanda esta indicada pela letra D, sendo
que a quantidade demandada é relacionada ao preço P0 e a quantidade Q0.
Caso o preço aumentasse para P1, haveria uma diminuição na quantidade
demandada e não na demanda. Ou seja, as alterações da quantidade
demandada ocorrem ao longo da mesma curva de demanda.
No gráfico abaixo a curva da demanda inicial está indicada por D0. Caso
ocorresse um aumento na renda dos consumidores, coeteris paribus, a demanda
irá se deslocar para a direita D1, indicando que o consumidor estaria disposto a
adquirir maiores quantidades de bens e serviços.
P
Q
P0
Q0 Q1
D
P1
P
Q
P0
Q1 Q0
D0
P1
D1
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Verificamos que movimentos da quantidade demandada ocorrem ao longo da
mesma curva de demanda (D0), devido somente a mudanças no preço do bem.
Quando a curva de demanda se desloca (devido a variações da renda ou de outras variáveis, que não o preço do bem), temos um deslocamento da demanda (e não da quantidade demandada).
Função de Oferta (Curva de Oferta)
Pode-se conceituar a curva de oferta como as várias quantidades de bens e
serviços que produtores estão dispostos a oferecer no mercado aos mais
variados níveis de preços. Ao contrário da função demanda, a função oferta
representa a correlação positiva (direta) entre quantidade ofertada e nível de
preços.
Distinção entre oferta e quantidade ofertada
A oferta representa o total de bens e serviços oferecidos por determinada
empresa. Esta mesma oferta é dependente de uma série de variáveis, tais como o
preço do bem a ser vendido (PX), preço dos insumos (produtos utilizados na
produção) (PINS), a tecnologia empregada no processo produtivo (T) bem como o
preço dos demais bens.
Podemos demonstrar a função oferta da seguinte maneira:
P
Q
10
5
20 40
O0
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OX = f (PX, PINS., T, PY), sendo a oferta dada em função dos parâmetros
anteriores.
Assim como ocorre na análise da demanda, as variações na quantidade
ofertada são derivadas tão somente de alterações no preço do produto, conforme
exposto pelo mesmo gráfico acima.
Já as variações na oferta de bens e serviços são devidas a outros fatores que
não a mudança de preços. Um bom exemplo pode ser derivado, por exemplo, da
descoberta de nova bacia exploratória de petróleo em águas profundas brasileiras.
Neste caso ocorrerá o deslocamento da curva de oferta para baixo e para direita, de
acordo com o gráfico seguinte.
Equilíbrio entre demanda e oferta – o mercado de concorrência
perfeita
Nesta parte da análise trataremos as curvas de oferta e demanda como se
fossem retas, ok? Faremos isso pelo fato de estarmos utilizando uma
aproximação, que torna mais fácil à análise da dinâmica entre preços e
quantidades na relação existente entre a demanda e a oferta de bens e serviços.
Uma outra questão a ser considerada a partir de agora é a que refere-se à
definição do mercado no qual ocorrem as trocas entre consumidores e
P
Q
10
5
20 40
O0
O1
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produtores. Para fins de análise, estas realizar-se-ão dentro do chamado
mercado de concorrência perfeita3, mercado que melhor representa as
negociações existentes entre consumidores e produtores.
Determinação do Preço de Equilíbrio de Mercado
A interação entre a demanda e a oferta por bens e serviços determina o
preço e a quantidade de equilíbrio no mercado.
As negociações entre consumidores e produtores funcionam da seguinte
maneira: Quando ocorre um excesso de oferta de bens frente à demanda, existe
uma tendência natural a que ocorra uma sobra de produtos no mercado. Esta
sobra tende a puxar os preços dos produtos para baixo.
De forma inversa, quando ocorre um excesso de demanda frente a uma
mesma oferta existe a tendência de que os preços negociados dos produtos
subam. É o que chamaríamos de escassez de bens.
3 Elucidaremos de forma mais precisa o mercado de concorrência perfeita dentro da aula que abordará as estruturas dos mercados de bens. Uma outra consideração é a de que o mercado de concorrência perfeita é uma abstração teórica, ou seja, este é pouco factível, existindo na economia apenas aproximações deste tipo de mercado, como por exemplo o mercado de produtos hortifrutigranjeiros.
P
Q PEQUIL.
O
D
QEQUILEquilíbrio entre a oferta e a demanda por bens.
Excesso de oferta
Excesso de demanda
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Em algumas questões de concurso a definição das curvas de demanda e
de oferta é feita a partir de uma formatação matemática. Como a maior parte das
vezes consideramos a oferta e a demanda como sendo uma reta, a sua
formatação é propriamente a equação de uma reta (todos se lembram como é a
formatação matemática de uma reta?). Senão vejamos:
Demanda = QD = 120 – 4PX
Sendo:
QD = quantidade demandada e PX o preço do bem X;
Oferta = Qo = -20 + 3PX
Sendo:
Qo = quantidade ofertada e PX o preço do bem X.
No equilíbrio, como a oferta deve ser igual à demanda, temos os seguintes
níveis de preço e quantidades:
QD = 120 – 4PX = Qo = -20 + 3PX;
120 – 4PX = -20 + 3PX
-7 PX = -140
PX = 20
Substituindo PX = 20 em qualquer uma das duas equações, temos a
quantidade de equilíbrio exatamente igual a 40.
Outras variáveis que afetam a Demanda
Além do preço do próprio bem (por exemplo, bem X), a demanda é afetada
por mudanças em outras variáveis. Alterações na renda dos consumidores, nos
preços dos bens substitutos (ou concorrentes), nos preço dos bens complementares
(camisa social e gravata, café e leite, etc.) e nas preferências ou hábitos dos
consumidores, impactam diretamente a demanda pelo bem X.
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Variações na Renda dos consumidores A renda dos consumidores representa o poder de compra destes nos diversos
mercados. Aumentos da renda, por exemplo, devem elevar a demanda por um
determinado bem ou serviço já consumido. Em situações como esta, conceituamos o
bem demandado como sendo o chamado bem normal.
Os bens normais:
Os bens normais são aqueles que quando ocorre um aumento na renda dos
consumidores, a demanda pelo bem também aumenta. De forma gráfica temos:
Podemos verificar que em função do aumento da renda a e conseqüente
elevação da demanda, o preço do bem tende a aumentar. Mas porque o preço
aumenta? A resposta é devida ao fato de que a oferta do bem continua a mesma,
ocasionado assim um excesso de demanda que leva ao aumento do preço do bem.
Existe uma classe de bens cuja demanda varia em sentido inverso às
variações da renda. São os chamados bens inferiores.
Os bens inferiores:
Os bens inferiores são bens em que à medida que ocorrem aumentos na
renda, a demanda por estes bens diminui. Os casos mais clássicos de bens
D0 D1
O0
P1 P0
Q0 Q1
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inferiores são a passagem de ônibus e a carne de segunda. No caso da passagem,
como o consumidor possui mais renda, ele tenderá a utilizar os recursos extras para
realizar a compra de um automóvel ou mesmo aumentar a demanda por táxi. Esta
ação tomada pelo consumidor levará ao menor consumo de passagens.
No caso da carne de segunda, o aumento da renda leva os consumidores a
aumentarem o consumo de carne de primeira, já que agora estes possuem mais
recursos.
Alterações nos preços de outros bens A demanda de um bem ou serviço também pode ser influenciado pelos
preços de outros bens e serviços.
Bens substitutos:
Quando há uma relação direta entre preço de um bem e quantidade de outro
bem, coeteris paribus, eles são chamados de bens substitutos. Imaginemos o caso
do aumento do preço da margarina. Considerando que os demais fatores que
alteram a demanda do consumidor não se alterem, o resultado será um aumento da
demanda por manteiga, em substituição à demanda por margarina, agora mais cara.
Bens complementares:
Os bens complementares são aqueles em que o aumento do preço do bem X
tende a diminuir o consumo do bem Y. Um exemplo de bens complementares são o
pão e a manteiga. Caso ocorra um aumento no preço do pão o resultado será a
diminuição da demanda por manteiga.
Alterações nas preferências, hábitos e gostos dos consumidores
A demanda de um bem ou serviço também sofre a influência dos hábitos,
preferências e gostos dos consumidores. O exemplo que melhor elucida estas
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variáveis, no que concerne às decisões dos consumidores, é representada por
campanhas de marketing que estimulam a mudança de hábitos ou gostos.
Algum de nós bebia tanta Soda Limonada ou mesmo Sprite, em comparação
com o consumo de bebidas tipo H2OH ou Aquários Fresh?
São exatamente estes tipos de estímulo que alteram a demanda de
consumidores.
Algumas conclusões que devem ser fixadas:
Bens de Giffen e bens de Veblen são anomalias à teoria da oferta e demanda. O resultado da análise destes bens é feita diante de alterações no preço do próprio bem.
A conceituação dos bens normais e inferiores está relacionada a alterações na renda dos consumidores.
A análise dos bens substitutos e complementares se dá quando verifica-
se o resultado na demanda de um bem diante de alterações no(s) preço(s) de outros bens.
Observações finais do tópico de oferta e demanda
O resultado da interação entre a oferta e a demanda de bens e serviços é
impactada por uma série de variáveis, conforme verificamos anteriormente. Não
obstante, o grau de impacto destas medidas é representado pelo o que chamamos
de elasticidade, que representa a sensibilidade das alterações ocorridas nos preços
e na renda dos consumidores frente à oferta e a demanda.
De acordo com o edital do concurso, não existe menção explícita a cobrança
dos conceitos de elasticidade. Além disto, o mesmo edital solicita a chamada teoria
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elementar do funcionamento do mercado, o que, a princípio, sinaliza a não
necessidade de aprofundamento dos conceitos pertinentes à elasticidade.
Ressaltamos entretanto que se trata apenas de uma suposição, de forma que
é melhor não confiarmos muito. Diante deste imbróglio, fizemos a opção de estender
a análise completa do conceito de elasticidade, inclusive porque o ponto seguinte
cobrado no edital refere-se às estruturas do mercado de bens, que trazem no seu
bojo o conhecimento prévio dos conceitos de elasticidade de oferta e de demanda.
Elasticidades
Considerando as informações acima, iniciamos nossa análise com a
abordagem da chamada elasticidade preço da demanda. Informamos que
representaremos a demanda e a oferta, vezes como uma curva (definição mais
precisa, conforme vimos), vezes como uma reta, o que facilitará algumas
interpretações e conclusões.
Elasticidade preço da demanda A elasticidade preço de demanda é a resposta relativa da quantidade
demandada de um bem X às variações dos preços do bem X. Em outras
palavras, é a variação percentual na quantidade procurada do bem X em relação
a uma variação percentual no preço do bem X. Como a correlação entre preços e
quantidade demandada é inversa, o resultado encontrado é negativo (lembre-se
que a inclinação da curva de demanda é negativa), sendo seu resultado expresso
em módulo.
Podemos representar simbolicamente tal conceito da seguinte forma:
EPD = ΔQ/Q(média) ΔP/P(médio)
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Utilizamos o conceito de quantidade e preços médios devido as seguintes
questões:
Quando a variação no preço é positiva, ou seja, passa de 4(quatro) para
cinco unidades monetárias, a elevação percentual é de 25%. Ressalta-se que a
elasticidade deve ser medida sempre em módulo.
A fórmula de cálculo neste caso é (Pfinal – Pinicial)/Pinicial =
)4/)45(( − = 0,25 ou 25%
Já quando a variação no preço for negativa, passando de 5 para 4 reais, o
resultado será a queda de 20%.
)5/)54(( − = 0,20 ou 20%
O cálculo da elasticidade considerando as médias de variação do preço e
da quantidade exemplificam a característica da reta de demanda.
Em termos gráficos temos:
A elasticidade igual a “3” serve de referência para analisarmos qual a
sensibilidade da demanda as variações nos preços dos bens e serviços.
50 100
4
5
Se realizarmos a simples divisão demonstrada
acima, variação da quantidade (ΔQ/Qmédio)
dividida pela variação no preço (ΔP/Pmédio),
chegaremos a seguinte resposta:
3)5,4/)45/(()75/)10050(( =−−
A
B
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A curva de demanda pode ser classificada como:
Inelástica: Quando a variação na quantidade demandada é menor do que
a variação nos preços dos produtos. EPD < 1
Exemplos de produtos com demanda inelástica: (sal, remédios de uso
controlado)
Elástica Unitária: Quando a variação na quantidade demandada é igual à
variação nos preços dos produtos. EPD = 1
Exemplos de produtos com elasticidade unitária, exatamente, são difíceis
de se classificar.
Elástica: Quando a variação na quantidade demandada é maior do que a
variação nos preços dos produtos. EPD > 1
Exemplos de produtos que apresentam demanda elástica: (bens de luxo,
inclusive aqueles referentes aos bens de Veblen)
Fatores que influenciam o grau de elasticidade - preço da demanda
Disponibilidade de Bens Substitutos Quanto mais substitutos houver para um bem, mais elástica será sua
demanda, pois pequenas variações em seu preço, para cima, por exemplo, farão
com que o consumidor passe a adquirir seu substituto, provocando uma queda na
demanda mais que proporcional à variação do preço do bem.
Essencialidade (utilidade) do bem
O consumidor considera um bem como sendo essencial quando este é
pouco sensível às variações no seu preço. Bens essenciais costumam serem
representados por curvas de demanda inelástica.
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Importância do bem no orçamento do consumidor
Quanto mais significativo o peso do bem no orçamento do consumidor,
mais sensível ele será as alterações no preço do bem. Um bom exemplo é o caso
da carne para as famílias de mais baixa renda.
As variações nos preços dos bens e serviços sobre a curva demanda
tendem a impactar no resultado das vendas dos produtores.
A elasticidade preço de demanda e a receita total
A receita total é obtida pela multiplicação entre o preço do bem e a
quantidade demandada (vendida) do mesmo bem.
RT = P X Qd
Considere inicialmente o caso de uma curva de demanda inelástica, em
que a variação percentual na quantidade demandada é inferior a variação
percentual no preço do bem.
Vejamos a tabela abaixo:
Tabela 2
Preço do Bem quantidade demandada RT (em milhares de reais)
P1 = 10 Qd = 200 2000
P2 = 12 Qd = 180 2160
Var. no preço = 20% Var. na quantidade = -10% Var. na RT = 8%
Verifica-se que no caso da demanda inelástica, alterações positivas nos
preços tendem a aumentar a receita total obtida pelos produtores. De forma
inversa, alterações negativas nos preços tendem a diminuir a receita total.
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Já no caso da demanda elástica o resultado é o inverso. Alterações
positivas nos preços tendem a diminuir a receita total dos produtores, assim como
variações negativas tendem a aumentar a receita total.
Vejamos o exemplo abaixo:
Tabela 3
Preço do Bem quantidade demandada RT (em milhares de reais)
P1 = 10 Qd = 200 2000
P2 = 12 Qd = 150 1800
Var. no preço = 20% Var. na quantidade = -25% Var. na RT = -10%
Por último, no caso da demanda com elasticidade unitária, em que os
impactos em termos de variação no preço são iguais aos impactos em termos de
variação na quantidade demandada, o resultado sobre a variação na receita total
será nulo.
A correta determinação da elasticidade da demanda permite com que o
governo e as empresas tenham condições de prever qual será o comportamento
dos consumidores diante de mudança nos preços dos produtos.
Considerando assim o aspecto pertinente ao cálculo da elasticidade,
inicialmente realizado a partir das médias de preços e quantidades, tivemos
condições de “eliminar” possíveis distorções geradas pelas variações no próprio
preços e quantidade demandada. Este “pulo do gato” se fez necessário porque,
conforme vimos, a melhor representação da demanda não é uma reta, mas sim
uma curva, conforme o próprio nome diz : Curva de Demanda.
Entendamos o porquê dessa diferença entre reta e curva, considerando o
gráfico abaixo:
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As variações percentuais (ou também medidas em termos de distância nos
eixos) na quantidade demandada não são iguais às variações ocorridas no preço.
A passagem do ponto A, localizado na curva de demanda D0, para o ponto B,
provoca uma variação na quantidade menor do que a variação de queda do preço
do bem. Já na passagem do ponto B para o ponto C, a variação na quantidade é
maior do que a variação de queda do preço. Perceba que estas informações
também são válidas caso partíssemos do ponto C.
A idéia da fórmula da elasticidade preço de demanda utilizada por nós
anteriormente, estava em transformar a parte da curva de demanda que vai de A
até C em uma reta, conforme o gráfico abaixo:
A melhor maneira de corrigirmos possíveis distorções geradas por cálculos
imprecisos de elasticidade é utilizando o conceito matemático chamado derivada,
P
Q
A
B
CD0
P
Q
A
B
CD0
O espaço existente entre a curva
e a reta, é justamente o que
causa os problemas de
calcularmos a elasticidade sem
utilizarmos o preço e a
quantidade média demandada.
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que pode ser entendido como o cálculo que procura medir a variação de
determinada variável (no nosso caso a quantidade demandada) devido às
variações de outra variável (neste caso o preço do bem).
A fórmula básica de cálculo da elasticidade preço de demanda é
representada pela seguinte fórmula:
0
0
PP
EpDΔ
Δ
= ; de outra forma temos:
PQx
QPEpD
ΔΔ
=0
0 , sendo:
QΔ = variação da quantidade (quantidade final menos a quantidade inicial);
0Q = quantidade inicial;
PΔ = variação do preço (preço final menos preço inicial);
0P = preço inicial.
Uma vez visto que a fórmula de cálculo da elasticidade padrão não é
crível, necessitamos utilizar o conceito da derivada, que permite que sejam feitos
cálculos com fins de medir a elasticidade diante de mínimas variações nos preços.
São as chamadas variações infinitesimais nas quantidades derivadas de variações
infinitesimais nos preços.
A diferença inicial em termos da fórmula vista acima é tão simplesmente a
retirada do delta (Δ) e a colocação da letra “d”, que é a representação da própria
derivada (ou que mede à variação tanto do preço quanto da quantidade).
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dPdQx
QPEpD
0
0=
Assim, passamos a considerar dQ como a derivada (ou variação) da
quantidade e dP como a derivada do preço.
Com o uso da derivada, não existe problema em se calcular a elasticidade da
demanda seja ela uma curva ou uma reta. Vejamos o caso de uma demanda linear
(uma reta), que muitas vezes é solicitada em questões de concurso que versam
sobre elasticidade:
Qd = a – bP;
a = quantidade máxima consumida caso o preço seja igual a zero. É
interpretada também como sendo uma constante, ou seja, independentemente de
variações no preço, esta contínua constante;
b = coeficiente angular da reta (lembra-se dele na fórmula da reta?);
P = preço inicial.
A representação gráfica da demanda linear nós já conhecemos, mas de
qualquer maneira, podemos estender as suas pontas até que estas toquem os
eixos dos preços e das quantidades.
P
Q
A
B
C
0
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30
Aplicando-se valores para os parâmetros (a = 10, b = 2), temos a seguinte
fórmula para a demanda.
Qd = 10 – 2P, valendo considerar que como a quantidade demandada
depende negativamente dos preços, o sinal negativo é utilizando a frente do
parâmetro b.
Veja que se considerarmos que a quantidade demandada seja igual a zero,
encontramos o preço máximo a ser cobrado pelo produto.
0 = 10 – 2P;
P = 5
De outro modo, caso o preço seja igual a zero, a quantidade máxima
demandada será igual a 10. Os pontos que cortam os eixos do preço e da
quantidade são, respectivamente, 5 e 10.
Agora, utilizando a fórmula da elasticidade vista por nós na página anterior,
temos os seguintes resultados para os pontos A, B e C da reta:
P
Q
A
B
C
0
5
10
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dPdQxEpDA 0
5= , Só um instante, estamos dividindo 5 por zero? É isso
mesmo? Então o resultado desta divisão é infinito4? Sim, é infinito!
Conforme podemos perceber, o ponto A representa o ponto em que a
quantidade demandada é igual a zero. Assim, colocando-se os valores na fórmula
chegamos ao resultado do primeiro termo e da própria elasticidade, que será infinita
(∞ ).
AEpD = ∞
Podemos agora calcular a elasticidade no ponto B, que é o ponto mediano da
curva de demanda. Um jeito fácil de calculá-lo é simplesmente verificando quais são
os pontos medianos do eixo da quantidade demandada e do eixo dos preços.
Conforme o gráfico da página anterior, o ponto médio do eixo dos preços é
igual a 2,5, enquanto o ponto médio do eixo da quantidade é igual a 5. Vejamos no
gráfico:
O resultado da elasticidade preço de demanda para o ponto B será:
4 Todo é qualquer número dividido por zero é igual a infinito.
P
Q
A
B
C
0
5
10
2,5
5
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dPdQxEpDB 5
5,2=
Mas, como calculamos a derivada dPdQ
? Vejamos como ela fica estruturada:
dPPd )210( −
, já que Q é a própria fórmula da demanda.
Conforme se depreende da fórmula, estamos buscando saber qual é a
variação na quantidade demandada diante de variações no preço do bem.
O parâmetro 10 é uma constante, ou seja, mesmo variando o preço do bem
este permanece igual. A partir desse conceito podemos concluir que a derivada
(variação) de 10(dez) em função de variações no preço será igual a zero! Ok?
Matematicamente temos:
dPd )10(
= 0
Já para calcularmos a variação da segunda parte da demanda frente às
variações no preço, temos que conhecer a chamada derivada da potência. Esta é
assim desenvolvida:
Q = -2P, neste caso desconsideramos a primeira parte da fórmula somente
para fins de entendimento e também porque já sabemos qual é o resultado da
derivada de uma constante.
Definamos “-2P” como sendo um parâmetro X qualquer. Este mesmo X
está elevado a que potência? A potência 1, lembra-se? Logo podemos dizer que
“X” é a mesma coisa que “X1”.
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Agora temos que Q = X1 ou simplesmente “Xn” , sendo “n” as diversas
potências existentes. (1,2,1/2,1/3 etc).
Com estas informações, temos que o cálculo da derivada de “X” será feito
da seguinte forma:
=dPXd n )(
n *Xn-1 ;
O que fizemos foi tão simplesmente “jogar” o “n” lá de cima para frente do “X”,
e, conjuntamente, mantê-lo lá em cima diminuído de uma unidade.
Se aplicarmos esta fórmula para o nosso “X” verdadeiro, que na verdade é
igual a -2P, temos o seguinte resultado da sua derivada:
112*1)2( −−= PdP
Pd = -2, já que todo numero elevado a zero, inclusive P (P0),
é igual a 1.
Se quiséssemos realizar o cálculo da função de demanda como um todo,
teríamos o seguinte resultado:
dPPd
dPd
dPPd )2()10()210(
−=−
, considerando que só não colocamos o sinal
negativo dentro dos parênteses do (2P) pelo fato de ele já está representado pelo
sinal negativo na equação.
O resultado desta derivada será = 0 - 2 = -2, conforme vimos separadamente
acima.
Agora é o seguinte, não tem mais como dizer que você não sabe calcular uma
derivada, não é?
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Esta derivada é conhecida como sendo a derivada da diferença algébrica das
funções. Se a demanda acima fosse um bem de Giffen, por exemplo, teríamos uma
função do tipo Q = 10+2p, já que no caso dos bens de Giffen, o aumento do preço
tende a aumentar o consumo pelo mesmo bem. Na mesma medida, como agora
temos um sinal positivo na frente da variável “2P”, ao derivarmos está função
demanda como um todo, estaremos realizando a chamada derivada da soma
algébrica das funções.
Mas agora voltando ao nosso primeiro cálculo, podemos, com o resultado da
derivada calculada, verificar a elasticidade de demanda no ponto B:
1255,2
=−= xEpDB
Ou seja, o resultado da elasticidade da demanda no ponto B é exatamente
igual a elasticidade unitária, BEpD = 1.
Finalmente, cabe-nos calcular a elasticidade no ponto C da curva de
demanda.
Aplicando a fórmula da elasticidade, temos:
dPdQx
QPEpDc
0
0= = 02100
=−x
Como “zero” dividido por qualquer número é igual a zero, mesmo mutiplicado
por “–2”, teremos o resultado da cEpD = 0.
Com os resultados obtidos, podemos verificar a elasticidade preço ao longo
de toda a reta de demanda.
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Conforme informado no quadrado explicativo do gráfico, a elasticidade preço
de demanda sai de zero no ponto C até o infinito no ponto A.
A teoria apresenta ainda nos apresenta outros tipos de demandas lineares,
com a diferença de que estas apresentam elasticidades constantes ao longo de toda
a sua extensão.
P
Q
A; EpDA = ∞
B; EpDB = 1
C; EpDB = 0
0
5
10
2,5
5
EpDA -B > 1
EpDB -C <1
Verifica-se que a elasticidade é crescente a partir do ponto C. Entre este ponto e o ponto B, a elasticidade é menor do que 1. A partir do ponto B a elasticidade é crescente e sempre maior do que 1, sendo que no ponto A o resultado é uma elasticidade infinita.
Ponto a ser guardado: Como a demanda que estamos analisando é
uma reta, e conforme vocês puderam (podem) comprovar acima, o resultado
do componente da fórmula da elasticidade dPdQ
é sempre o mesmo (-2). Isso
ocorre porque a inclinação da reta é sempre a mesma. Tente passar uma
reta horizontal cruzando cada um dos pontos (A,B,C), e veja se a inclinação
da reta é diferente nestes pontos!.
Se quiséssemos calcular a derivada ao longo de uma curva (e não
uma reta), teríamos diferentes resultados para componente da formula da
elasticidade dPdQ
.
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Demanda Totalmente Inelástica
É a demanda que a elasticidade preço de demanda é igual a zero (EpD = 0).
O preço pode aumentar ou diminuir que a quantidade demandada continua
exatamente a mesma.
Demanda Totalmente Elástica
Trata-se da representação da demanda feita por bens ou serviços feita por
consumidores, de tal forma que qualquer preço diferente de P, a demanda torna-se
zero.
P
Q
D
Q*
Demanda inelástica
P
Q
D
P* Demanda elástica
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Ressaltamos que esta proposição é efetivamente teórica, não existindo no
estudo econômico comprovações efetivas a respeito da existência de consumidores
que se comportam desta forma.
De qualquer maneira vale sempre dizer, se pode cair na prova, então temos
que saber, ok?
A Receita Total dos produtores (parte 2)
Voltamos à abordagem da Receita Total. Verificamos anteriormente como
a elasticidade da demanda impacta o resultado da Receita Total com venda dos
produtores. Concluímos que quando a curva de demanda é inelástica, a variação
positiva nos preços tende a aumentar a Receita Total. Quando a curva de
demanda é elástica, a resposta em termos de decréscimo percentual no consumo
tende a ser maior do que a subida nos preços, o que diminuirá as receitas
arrecadas pelos produtores. Por fim, concluímos que quando a elasticidade da
demanda for unitária, a receita dos produtores não se alterará.
Podemos utilizar a derivada para verificarmos qual seria o preço que
maximiza a Receita Total. Vamos a um exemplo:
Q = 1000 – 10P;
A receita total é produto da quantidade pelo preço;
RT = (1000 – 10P)*P
RT = (1000 – 10P2);
A derivada demonstra a que nível de preços a variação da receita total é
máxima.
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38
dPdQ
= dP
PPd )101000( 2− = P
dPPd
dPPd 201000)10()1000( 2
−=−
Caso você tenha ficado com dúvidas de como calculamos a derivada, volte 5
páginas e relembre!
Pensemos uma coisa: Se a derivada procura mostrar como a variação de
preços impacta da quantidade demandada, quando o resultado desta derivada for
igual a zero, ou seja, o aumento no preço não aumenta a receita total, é porque
esta é a receita máxima, não é?
Então façamos isso!
dPdQ
= 0 = 1000 – 20P; 1000 = 20P; P = 50;
Se P = 50, RT = 1000*(50) – 10 (50)2 = 50000 – 25000 = 25000
A receita total máxima é aquela quando P = 50. Caso P>50, variações
positivas no preço diminuirão a receita total. Já se caso P<50, aumentos no preço,
até o limite de P = 50, aumentarão a RT.
Mais uma vez: A receita total é máxima quando P = 50. Isso se deve ao fato
de que dPdQ
mostra a variação na quantidade demandada em função do preço.
O resultado entre a receita total e a elasticidade preço de demanda Conforme verificamos acima, existe um determinado preço que maximiza a
receita de vendas dos produtores. Abaixo do valor de P = 50, qualquer aumento
de preço tende a elevar a receita de vendas. Já no caso de preços acima deste
valor, a receita total tende a cair.
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A explicação para este fato se encontra na própria elasticidade preço da
demanda. Como a receita aumenta com a elevação do preço até o patamar de
50, conclui-se que a demanda é inelástica, ou seja, aumentos percentuais nos
preços são maiores do que a queda percentual nas vendas. Já no ponto P=50, a
demanda tem elasticidade unitária, já que a variação percentual positiva nos
preços é igual à variação percentual negativa na quantidade demandada. Por fim,
a variação percentual no preço que leve a um patamar maior do que P=50, fará
com a RT cai, já a que a partir deste ponto a variação percentual negativa na
quantidade demandada será maior do que a variação percentual positiva no
preço.
Imaginemos a demanda linear já verificada por nós anteriormente. A
relação entre elasticidade da demanda e receita total pode ser bem explicada por
este:
Elasticidade-renda da demanda
O coeficiente de elasticidade renda da demanda (ERD) mede a variação
percentual da quantidade da mercadoria demandada (ΔQ/Q), resultante de uma
EpD = 1
EpD > 1
EpD < 1
P, RT
Q
Conforme podemos verificar, a receita
total cresce até o ponto em que a
demanda apresenta uma elasticidade
maior do que 1. No ponto em que a
elasticidade é igual a 1, a receita total
é máxima. Finalmente, nos pontos em
que a demanda apresenta
elasticidade menor do que 1, a receita
P*
Q*
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40
variação percentual na renda do consumidor (ΔY/Y), coeteris paribus, onde Y
representa a renda dos indivíduos.
0
0
YY
DER Δ
Δ
= = RQx
QRDER Δ
Δ=
0
0
Partimos do pressuposto de que toda vez que a renda aumentar, maior
será o consumo do bem, da mesma forma que toda vez que a renda diminuir,
menor será o consumo do mesmo bem.
No entanto, existem certos produtos, conforme destaca a teoria econômica,
que fazem com que a reação do consumidor seja diferente.
Tratam-se dos bens inferiores, já detalhados por nós. Assim, toda vez que
ocorra um aumento na renda, estes tendem a ter o seu consumo diminuído. Um
caso clássico é a substituição de carne de segunda por carne de primeira, a
medida que ocorra um aumento na renda.
A elasticidade renda da seguinte forma:
Se ErD < 0, o bem é dito inferior;
Se 0 ≤ ErD ≤ 1 , o bem é dito normal;
Se ErD > 1, o bem é dito, usualmente, superior ou de luxo.
A curva de Engel A chamada curva de Engel procura demonstrar como os aumentos na renda
tendem a impactar na quantidade consumida do bem ou serviço. Caso ocorra um
aumento na renda, e considerando que estamos falando de bens normais (aumentos
na renda provocam aumentos no consumo), sua demonstração pode ser
representada conforme o seguinte gráfico:
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Conforme podemos perceber, a medida que a renda cresce a quantidade
demandada do bem também cresce inicialmente a taxas crescentes e
posteriormente a taxas decrescentes. Isto demonstra o princípio econômico da
saciedade, em que necessidades adicionais de consumo de um determinado bem
ou serviço é cada vez menor. Pense nisso, você conhece algum bem (em condições
normais) que não se encaixe nessa regra?
Elasticidade Preço Cruzada da Demanda A elasticidade preço cruzada da demanda procura medir como as variações
nos preços do bem B impactam na quantidade consumida do bem A.
B
B
A
A
p
PP
DEBA Δ
Δ
=−
= B
A
A
BR P
QxQPDE
ΔΔ
=
Q
Y
Curva de Engel
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42
Quando a quantidade demandada do bem A aumentar em função do aumento
no preço do bem B, podemos considerar estes bens como sendo substitutos um do
outro. Margarina e manteiga são bons exemplos.
Já quando a quantidade demandada do bem A diminuir em função do
aumento no preço do bem B, consideramos que estes bens são complementares.
Um exemplo ilustrativo é o caso da manteiga e o pão.
Elasticidade preço da oferta
A elasticidade preço da oferta procura medir qual a sensibilidade dos
produtores diante de variações nos preços dos bens e serviços ofertados. A fórmula
de cálculo segue a mesma sistemática da elasticidade preço da demanda, com a
diferença de que o resultado sempre será positivo, ou seja, aumentos nos preços
tendem a elevar a oferta por bens e serviços.
0
0
PP
OEp Δ
Δ
= = PQx
QPOEP Δ
Δ=
0
0
Em resumo, temos que:
OEp > 1, a oferta do bem é elástica;
OEp <1, a oferta do bem é inelástica;
OEp = 1, a oferta apresenta elasticidade unitária.
Excedente do Consumidor O excedente do consumidor procura determinar qual é o excedente que o
consumidor obtém ao compra um determinado bem ou serviço.
Ficou meio sem nexo esta definição, não?
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43
Então vamos a uma outra forma de abordagem. Excedente do consumidor é a
quantia financeira que o comprador está disposto a pagar por um determinado bem
menos a quantia que ele efetivamente paga pelo bem.
O excedente procura determinar qual seria o benefício que consumidores têm
ao transacionarem no mercado. A idéia é aquela assim:
Determinado consumidor se propõe a pagar até R$ 10, 00 pelo preço de um
bem. Se o preço de mercado for R$ 5,00, seu excedente será de R$ 5,00.
Uma boa forma de representar o excedente do consumidor é através da curva
de demanda, que associa o preço do bem e as diversas quantidades demandadas.
Calculemos o excedente do consumidor a partir da seguinte função demanda:
Qd = 10 – P
O consumidor está disposto a pagar até R$ 9,00 por uma unidade. Como ele
paga R$ 2,00, o seu excedente é de R$ 7,00. Para a segunda unidade, ele está
disposto a pagar até 8, pagando R$ 2,00 novamente. Neste caso o seu excedente
passa a ser de R$ 6,00 e assim sucessivamente até o ponto que ele está disposto a
pagar apenas R$ 2,00 pela oitava unidade, não tendo assim nenhum excedente pela
compra da oitava unidade.
1 2 3 4 5 6 7 8
10 9 8 7 6 5 4 3 2
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O resultado desta negociação será o excedente do consumidor caracterizado
conforme o gráfico abaixo5:
Verifica-se que o excedente do consumidor tem como orientação a própria
curva de demanda por determinado bem, nos moldes do já estudado por nós.
E com este conceito nós damos por encerrada a nossa primeira aula. Vamos
a uma bateria de exercícios das últimas provas, especialmente as da Esaf.
Na próxima aula nos voltaremos para a análise do mercado bens bem como
voltaremos à análise das falhas de mercado, já abordadas inicialmente na aula zero.
Deixo em anexo algumas fórmulas de cálculos que podem vir a serem
necessárias, especialmente para cálculos de elasticidade.
Um grande abraço
Francisco
5 Ressalta-se que a função demanda é contínua e não discreta, para que assim não sejam levantadas dúvidas sobre a interpretação do excedente do consumidor.
P = 2
1 2 3 4 5 6 7 8
O excedente do consumidor representa o ganho auferido pelo consumidor frente a sua disposição de compras bens e serviços.
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Adendo Matemático:
Caros alunos, seguem abaixo algumas considerações matemáticas referentes
a cálculos sobre elasticidade preço de demanda, tanto para resolução de questões
que já foram solicitadas em certames, como de possíveis questões a serem
cobradas.
1. Como calcular a elasticidade preço de demanda a partir dos parâmetros
estabelecidos no gráfico abaixo:
Considerando que PQx
QPDEP Δ
Δ=
0
0 , temos:
P = OF = AE
Q = AF = 0E
QΔ = EC
PΔ = OF = AE
Logo, OEEC
AEECx
OEAEDEP ==
P F 0
E Q
B
A
C
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Temos que conhecer um pouco a relação existente entre semelhança de
triângulos, de forma a desmembrarmos possíveis respostas que sejam diferentes da
relação OEEC
encontrada na determinação da elasticidade preço da demanda.
Assim, por semelhança de triângulos , AEC≅ BFA:
AFBA
ECAC
= ; como AF = OE, temos que:
OEBA
ECAC
= ; considerando a multiplicação dos dois lados da equação por
,BAEC
chegamos as seguintes sentenças:
OEEC
BAAC
BAECx
OEBA
BAECx
ECAC
===
Como =DEP OEEC
, BAACDEP = , cabendo ressaltar que o resultado da elasticidade é
sempre negativo, só tornando-se positivo por ser calculado entre módulo.
Um bom atalho para o cálculo da elasticidade a partir de parâmetros não
numéricos é simplesmente dividir o segmento da reta da demanda que vai da
demarcação do preço de mercado até o cruzamento com o eixo das quantidades
(segmento AC no nosso caso), dividido pelo segmento da reta de demanda que
inicia-se no ponto em que P é máximo até o ponto na reta de demanda que demarca
o preço de mercado. (BA no caso acima). BAACDEP = .
2. Funções demanda não linear (função potência)
Nas funções demanda do tipo Qd = a x P-b, a elasticidade preço da demanda
é constante ao longo de toda a curva e é igual ao coeficiente –b da fórmula acima.
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A definição acima corta muito caminho, especialmente se for solicitada em
questões de concurso a elasticidade da curva. Não obstante, façamos a derivação
desta fórmula.
A elasticidade preço de demanda é calculada da seguinte forma:
dPdQx
QPDEP
0
0=
Calculemos a elasticidade a partir da função Qd = a x P-b.
dPdQ
= a x ,.dP
dPadPdaxP
dPdP b
bb −
−−
=+ já que a derivada de uma constante
é igual a zero. Continuando, temos:
dPdQ
= P
PabxxPbaxdP
dPab
bb −
−−−
−=−= 1)(. , lembrando que o x é o sinal da
multiplicação (somente por ele estar colado nas outras variáveis da fórmula.
Se jogarmos o b para frente da fórmula, chegamos a equação:
baxPPb
dPdQ −−
= , mas veja que a segunda parte da fórmula é a própria curva
de demanda, ou seja, QdPb
dPdQ −
= .
Substituindo o resultado de QdPb
dPdQ −
= na fórmula da elasticidade, temos o
seguinte resultado:
bPbQdx
QdPDEP −=
−=
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Exercícios: 1 – (APO/MPOG – ESAF/2005) Considere a seguinte função de demanda:
X = a - b.P onde X = quantidade demandada, P = preço, e “a” e “b” constantes positivas. Na
medida em que nos aproximamos do preço proibitivo, o valor absoluto do coeficiente
de elasticidade tenderá a(ao):
a) b/a
b) zero
c) 1
d) a/b
e) infinito
2 – (APO/MPOG – ESAF/2001) Considere a seguinte curva de demanda linear: p (preço) q (quantidade)
Considerando ε = valor absoluto da elasticidade preço da demanda, podemos então afirmar que:
a) ε será igual a 0,5 no ponto médio da
curva b) ε terá valor constante em todos os
pontos da curva c) ε será infinito no ponto em que q = 0 d) ε será igual a 1 no ponto em que p = 0e) ε será infinito tanto no ponto em que q
= 0 quanto no ponto em que p = 0
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3 – (APO/MPOG – ESAF/2001) Considere as seguintes equações:
Da (Pa,Pb) = 50 - 4Pa + 10 x Pb Sa (Pa, Pi) = 6 x Pa x Pi onde Da = demanda pelo bem A Sa = oferta do bem A Pa = preço do bem A Pb = preço do bem B Pi = preço do insumo I Considerando Pb = 3 e Pi = 1, podemos então afirmar que:
a) O preço de equilíbrio do bem A será
de 8; a quantidade de equilíbrio de mercado será de 48; os bens A e B são substitutos na demanda; e um aumento de 20% no preço de B resultará num aumento de 7,5% na quantidade de equilíbrio de mercado.
b) O preço de equilíbrio do bem A será de 8; a quantidade de equilíbrio de mercado será de 48; os bens A e B são complementares na demanda; e um aumento de 20% no preço de B resultará num aumento de 7,5% na quantidade de equilíbrio de mercado.
c) O preço de equilíbrio do bem A será de 8; a quantidade de equilíbrio de mercado será de 48; os bens A e B são substitutos na demanda; e um aumento de 20% no preço de B resultará num aumento de 20% na quantidade de equilíbrio de mercado.
d) O preço de equilíbrio do bem A será de 9; a quantidade de equilíbrio de mercado será de 58; os bens A e B são substitutos na demanda; e um aumento de 20% no preço de B resultará num aumento de 10,5% na quantidade de equilíbrio de mercado.
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e) O preço de equilíbrio do bem A será de 9; a quantidade de equilíbrio de mercado será de 58; os bens A e B são complementares na demanda; e um aumento de 20% no preço de B resultará num aumento de 10,5% na quantidade de equilíbrio de mercado.
4 – (AFC/STN – ESAF/2005) Com relação ao conceito de excedente do consumidor,
é correto afirmar que
a) o excedente do consumidor não sofre influência dos preços dos bens.
b) o excedente do consumidor pode ser utilizado como medida de ganho de bem
estar econômico com base nas preferências dos consumidores.
c) quanto maior o excedente do consumidor, menor será o bem-estar dos
consumidores.
d) o excedente do consumidor não pode ser calculado a partir de uma curva de
demanda linear.
e) a elevação das tarifas de importação aumenta o excedente do consumidor.
5 – (EPPGG/MPOF – ESAF/2002) “A quantidade demandada de um bem aumenta
quando o preço do mesmo diminui e, inversamente, diminui quando seu preço
aumenta. Assim, a demanda de um bem parece responder à chamada ‘lei da
demanda’, que diz que sempre que o preço de um bem aumenta (diminui) sua
quantidade demandada diminui (aumenta).” Embora o comportamento da grande
maioria dos bens atenda à referida “lei da demanda”, acima mencionada, há
exceções, são os chamados
a) bens substitutos.
b) bens complementares.
c) bens de Giffen.
d) bens normais.
e) bens inferiores.
6 – (EPPGG/MPOG – ESAF/2002) A curva de oferta mostra o que acontece com a
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quantidade oferecida de um bem quando seu preço varia, mantendo constante todos
os outros determinantes da oferta. Quando um desses determinantes muda, a curva
da oferta se desloca. Indique qual das variáveis abaixo, quando alterada, não
desloca a curva da oferta.
a) Tecnologia
b) Preços dos insumos
c) Expectativas
d) Preço do bem
e) Número de vendedores
7 – (EPPGG/MPOG – ESAF/2001) “O preço em uma economia de mercado é
determinado tanto pela oferta como pela procura. Colocando em um único gráfico
as curvas de oferta e procura de um bem ou serviço qualquer, a intersecção das
curvas é o ponto de equilíbrio E, ao qual correspondem o preço p0 e a quantidade
q0. Este ponto é único: a quantidade que os consumidores desejam comprar é
exatamente a quantidade que os produtores querem vender. Ou seja, não há
excesso ou escassez de oferta ou de demanda. Existe coincidência de desejos.”
(Trecho extraído do livro “Economia: micro e macro” de Marco Antonio Sandoval
de Vasconcellos, São Paulo. Atlas, 2.000 p. 66)
Dadas a função de demanda (D = 20 – 2p) e a função de oferta (S = 12 + 2p),
pede-se:
1) determinar o preço de equilíbrio (p0);
2) determinar a respectiva quantidade de equilíbrio (q0);
3) identificar se existe excesso de oferta ou de demanda, se o preço for $ 3 e
4) definir a magnitude desse excesso (q).
Indique a opção correta.
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a) 1) p0 = $ 2; 2) q0 = 16 un.; 3) excesso de oferta e 4) q = 4 un.
b) 1) p0 = $ 2; 2) q0 = 16 un.; 3) excesso de demanda e 4) q = 4 un.
c) 1) p0 = $ 4; 2) q0 = 12 un.; 3) excesso de oferta e 4) q = 8 un.
d) 1) p0 = $ 4; 2) q0 = 12 un.; 3) excesso de demanda e 4) q = 8 un.
e) 1) p0 = $ 6; 2) q0 = 10 un.; 3) excesso de oferta e 4) q = 6 un.
8 – (EPPGG/MPOG – ESAF/2003) Com base no conceito de elasticidade-cruzada
da demanda, é correto afirmar que:
a) os bens A e B são inferiores se a elasticidade cruzada da demanda do bem A em
relação ao bem B é negativa.
b) os bens A e B são complementares se a elasticidade-cruzada da demanda do
bem A em relação ao bem B é positiva.
c) os bens A e B são normais ou superiores se a elasticidade-cruzada da demanda
do bem A em relação ao bem B é positiva.
d) os bens A e B são substitutos se a elasticidade cruzada da demanda do bem A
em relação ao bem B é positiva.
e) os bens A e B são substitutos se a elasticidade cruzada da demanda do bem A
em relação ao bem B é zero.
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09 – (EPPGG/MPOG – ESAF/2003) Considere a seguinte figura:
onde P = preço e Q = quantidade demandada. Com base nas informações do gráfico
e supondo ε = elasticidade preço da demanda, é correto afirmar que:
a) ε = - AC/2
b) ε = - AC/AE
c) ε = AE/2
d) ε = AE/ACx2
e) ε = - AC/AB
10 – (FISCAL DE RENDAS/SÃO PAULO – FCC/2006) Considere a seguinte curva
de possibilidade de produção para uma determinada economia fictícia, onde Y e X
são os únicos bens produzidos na economia.
É correto afirmar:
D
A
B
C
X
Y
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a) somente o ponto A representa o pleno emprego dos fatores produtivos, pois é o
ponto mais alto da curva.
b) os pontos A e B, no curto prazo, representam maiores potenciais de crescimento
econômico, em relação ao ponto D.
c) os pontos A, B e D, representam combinações de produção de Y e X em que
todos os recursos produtivos estão sendo utilizados.
d) a economia pode atingir o ponto C se houver um aumento na disponibilidade de
seus recursos produtivos e/ou por meio de inovações tecnológicas.
e) só é possível atingir os pontos A e B, a partir do ponto D, se houver um aumento
da disponibilidade de recursos produtivos na economia.
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Gabarito Comentado:
Questão 1: letra “e” Entende-se que o preço proibitivo é aquele em que a quantidade demandada é igual
a zero. Sendo assim a elasticidade neste ponto será:
dPdQx
QPEpDc
0
0= = ∞==dPdQx
PEpDc 0
0
Lembre-se que qualquer número dividido por zero é igual a infinito, conforme visto
por nós na aula.
Questão 2: letra “c”
Trata-se do mesmo conceito pertinente à questão 2.
Questão 3: letra “a”
Substituindo os valores de Pb e de Pi, temos as seguintes funções demanda e
oferta:
Da = 50 – 4Pa +30
Sa = 6Pa
No equilíbrio Da = Sa
80 – 4Pa = 6Pa
Pa = 8
Calculando a quantidade de equilíbrio, temos
Sa = 6.8 = 48
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Verifica-se que os bens A e B são substitutos na demanda porque quando aumento
o preço do bem A, ocorre uma diminuição da quantidade demandada do mesmo
bem. De forma contrária, quando ocorre um aumento do preço do bem B, o
resultado é um aumento na demanda pelo bem A.
Finalmente, um aumento de 30% no preço de B leva a um novo preço de equilíbrio
igual a 8,6
86 – 4Pa = 6Pa
Pa = 8,6
A quantidade ofertada aumenta para 51,6. O resultado desse aumento gera um
incremento de 7,5% na quantidade de equilíbrio de mercado.
51,6/48 = 1,075.
Questão 4: letra “b” Trata-se do próprio conceito de excedente do consumidor disposto na aula.
Questão 5: letra “c”
Vide página 13 referente ao conceito de bem de Giffen.
Questão 6: letra “d”
Trata-se da diferença entre variação da quantidade ofertada e da oferta.
Questão 7: letra “a”
oferta = demanda
20 – 2p = 12 + 2p
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p = 2
Quantidade = 16
Se o preço for igual a 3, a oferta será igual a 18 e a demanda igual a 14, sendo o
excesso de oferta igual a 4.
Questão 8: letra “d”
Trata-se do conceito de elasticidade cruzada aprendido na aula.
Questão 9: letra “b” A resolução desta questão está no próprio anexo desta aula.
Questão 10: letra “d”
O aumento dos recursos produtivos aumento a capacidade de produção de uma
economia, o que permitirá esta mesma economia atingir o ponto C no gráfico em
epígrafe.