Movimentos Messiânicos

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Movimentos Messinicos fim do Sc XIX inicio do Sc XX.

O serto vai virar mar, o mar vai virar serto(Antonio Conselheiro)

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Prof. Wilton Silva

Messianismo o que seria ?

Partindo de Crises sociais e o surgimento de um lder carismtico, que se diz portador de uma nova viso da realidade e muitas vezes com virtudes profticas, pavimentam o caminho para o messianismo. Tanto como fenmeno religioso ou poltico, o movimento messinico baseia-se na crena de que um salvador (um emissrio ou uma encarnao de Deus) colocar fim situao de injustia e de opresso do momento e inaugurar uma nova era de justia e liberdade. Para tanto, esse lder depender da ao coletiva de um povo ou de um segmento social para tornar realidade essa nova ordem social.

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A GUERRA DE CANUDOS

A chamadaGuerra de Canudos, foi o confronto entre um movimento popular de fundo scio-religioso e o Exrcito da Repblica, que durou de 1896 a 1897, na ento comunidade de Canudos, no interior do estado da Bahia, no BrasilCanudos era uma pequena aldeia que surgiu durante o sculo 18 s margens do rio Vaza-Barris. Com a chegada de Antnio Conselheiro em 1893 passou a crescer vertiginosamente, em poucos anos chegando a contar por volta de 25 000 habitantes. Antnio Conselheiro rebatizou o local de Belo Monte, apesar de estar situado num vale, entre colinas..

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Antnio Vicente Mendes Maciel, apelidado de "Antnio Conselheiro", nascido em Quixeramobim (CE) a 13 de maro de 1830, de tradicional famlia que vivia nos sertes entre Quixeramobim e Boa Viagem, fora comerciante, professor e advogado prtico nos sertes de Ipu e Sobral. Aps a sua esposa t-lo abandonado em favor de um sargento da fora pblica, passou a vagar pelos sertes em uma andana de vinte e cinco anos. Chegou a Canudos em 1893, tornando-se lder do arraial e atraindo milhares de pessoas. Acreditava que era um enviado de Deus para acabar com as diferenas sociais e com a cobrana de tributos. Acreditava ainda que a "Repblica" (ento recm-implantada no pas) era a materializao do reino do "Anti-Cristo" na Terra, uma vez que o governo laico seria uma profanao da autoridade da Igreja Catlica para legitimar os governantes. A cobrana de impostos efetuada de forma violenta, a celebrao do casamento civil, a separao entre Igreja e Estado eram provas cabais da proximidade do "fim do mundo".

A figura de Antnio Conselheiro

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AS FASES DO CONFLITO

A PRIMEIRA EXPEDIO aconteceu no governo de Prudente de Moraes, em Novembro de 1896.Em Juazeiro, s margens do Rio So Francisco, noroeste de Canudos, corriam rumores de que, por causa do atraso de um carregamento de madeira encomendada para a construo de uma nova igreja no arraial, os conselheiristas preparavam uma invaso da cidade. Comeou, ento, a guerra, a princpio como um equvoco. Assustada com o boato, a populao pressionou o juiz local a notificar o fato ao governador do Estado, Lus Vianna, que resolveu enviar a Canudos uma expedio punitiva, composta por 104 homens, sob o comando do tenente Pires Ferreira. Este acontecimento representou o primeiro dos sucessivos vexames que foi imposto aos militares. Quando os soldados encontravam-se em Uau, j nas proximidades de Canudos, sentiram a aproximao de estranho cortejo, composto de uma fila de pessoas que rezavam entoando cnticos religiosos, carregando, frente, um estandarte do Divino, juntamente com uma grande cruz. Armados com faces, paus, trabucos, pedras, foices etc., enfim, tudo o que as circunstncias permitiam no momento, o grupo de pessoas compunha um batalho do Conselheiro, prontos para lutar e morrer por sua fantica causa. Os conselheiristas, aps quatro horas de intensa batalha, embora com muito mais perdas, puseram o inimigo a correr. Assim, tinha o trmino o episdio que ficou conhecido na Histria como a Primeira Expedio.

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UMA SEGUNDA EXPEDIO foi comandada pelo major Febrnio de Brito, e foi cinco vezes mais poderosa do que a primeira, com seus 550 homens. Estrategicamente, utilizou o Monte Santo como base de operaes e ponto de partida da ofensiva militar. A segunda expedio permaneceu por quinze dias na cidade, antes de marchar contra Canudos. Ento, tudo aconteceu muito rpido: ao se aproximar de Canudos, bastaram apenas dois longos dias para que a expedio, igualmente mal articulada, fosse posta a correr, depois de ter sido surpreendida pelo inimigo numa emboscada nos morros prximos do arraial dos rebeldes.PARA A TERCEIRA EXPEDIO Apenas um homem seria capaz de acabar com essa angustiante situao: o bravo veterano, coronel Moreira Csar, com seus 47 anos de idade, paulista de Pindamonhangaba, que chefiaria um contingente de 1300 homens, formando, assim, a Terceira Expedio contra Canudos."L vo dois cartes de visitas ao conselheiro", disse, ao se aproximar de Canudos, quando ordenou o disparo de dois tiros de um dos seus dois canhes Krupp. Durante sua marcha, o maior medo do coronel Moreira Csar era que os conselheiristas abandonassem a cidade, o que o privaria, naturalmente, da inevitvel glria de derrot-los em combate. O precipitado otimismo do coronel e de seus subordinados aumentava, a medida em que se aproximavam da cidade: "Vamos tomar a cidade sem disparar mais um tiro, toma-la-emos baioneta!".Essa expedio terminou com a morte do prprio Moreira Csar, rendendo mais uma vergonha desproporcional para o exercito da jovem republica

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A QUARTA EXPEDIO haveria de ser muito maior e mais equipada, e no deveria ter a mnima piedade dos revoltosos do serto, incapazes de compreender as "maravilhas" que o regime republicano prometia gerar. Foram mobilizados para a nova investida, inicialmente, mais de 5000 homens, reunidos de batalhes desde o Rio Grande do Sul, at o Amazonas. Dessa vez, as foras foram divididas em duas colunas: a primeira, como as duas anteriores se concentraria em Monte Santo; enquanto a segunda, comandada pelo general Cludio Savaget, partiria de Aracaj para Canudos, essa era a grande novidade. Foi necessria a presena do prprio ministro da guerra na poca, o marechal Carlos Machado Bittencourt, para levantar o moral das tropas, pois, num dado momento, a avassaladora fora reunida para esmagar o arraial de Canudos, com mais de 5000 homens, se viu atrapalhada e impotente como as expedies anteriores.Respectivamente:Carlos Machado Bittencourt

Moreira Csar (Corta cabeas)

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Nas palavras de Euclides da Cunha:Canudos no se rendeu. Exemplo nico em toda a Histria, resistiu at o esgotamento completo. Expugnando palmo a palmo, na preciso integral do termo, caiu no dia 5, ao entardecer, quando caram seus ltimos defensores, que todos morreram. Eram quatro apenas: um velho, dois homens feitos e uma criana, na frente dos quais rugiam raivosamente 5.000 soldados.

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Os momentos finais

A estratgia do marechal Bittencourt no consistia em grandes manobras tticas, ou no aumento de tropas, mas sim na constante regularizao do abastecimento das tropas conciliada com a utilizao racional do contingente de soldados veteranos j em combate. Foi dessa forma que o exrcito comeou a ganhar a guerra, revertendo a sua situao crtica. E o final da guerra estava bem prximo: veio o cerco Canudos, juntamente com um impiedoso bombardeio, seguido pelo inevitvel massacre e incndio do arraial. As degolas praticadas - as conhecidas "gravatas vermelhadas" tornaram-se uma prtica clebre, aplicadas no pescoo dos conselheiristas. Calcula-se que morreram, ao todo, 15.000 pessoas na Guerra de Canudos. Quase nada sobrou daquela cidade-santurio que tinha sonhou ser a Jerusalm dos confins do mundo, e acabou num mar de sangue, reduzida a escombros, cadveres e cinzas

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Canudos no existe mais. No obstante, a vila do Conselheiro, alm de ter sido destruda pela guerra, tambm foi alagada, em 1968, pelas guas do Aude de Cocorob. Como o mapa acima nos mostra, existe uma cidadezinha que leva o nome da histrica Canudos, a 10 km da cidade original. L existe, hoje, o "Centro de Convivncia" da Igreja Catlica, que consiste num local destinado reunies e festinhas, administrado pela irm Cirila, que guarda muitos objetos da histria de Canudos. L se encontra a cruz de Antnio Conselheiro, aquele cruzeiro que se encontrava em frente da igreja velha, que foi alagada. A madeira encontra-se cheia de fendas, necessitando de cuidados para no apodrecer. A cruz encontra-se deitada no cho, sendo a mais importante relquia encontrada no arraial.

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A POLITICA DAS SALVAES

A Poltica das Salvaes foi uma das principais marcas do governo de Hermes da Fonseca. A vitria deste trouxe os militares novamente para o centro da poltica nacional, j que o mesmo era Marechal e desde Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto, os dois primeiros presidentes do Brasil, os militares no ocupavam o maior cargo poltico nacional. Caracterizada pela tentativa dos militares de destituir as oligarquias polticas locais, de acordo com o projeto do presidente Hermes da Fonseca. Nasceu como uma proposta de enfrentar a Campanha Civilista de Ruy Barbosa nas disputas eleitorais, mas seu crescimento e aplicao se deram mesmo aps o resultado das eleies. A execuo da Poltica das Salvaes tratava-se de nomear interventores militares nos estados brasileiros para enfraquecer os cafeicultores.

GOVERNO HERMES DA FONSECA(1910-1914)

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CONTESTADO

A formao da Regio A regio do interior de Santa Catarina e Paran desenvolveu-se muito lentamente a partir do sculo XVIII, como rota de tropeiros que partiam do Rio Grande do Sul em direo So Paulo.No sculo XIX algumas poucas cidades haviam se desenvolvido, principalmente por grupos provenientes do Rio Grande, aps a Guerra dos Farrapos, dando origem a uma sociedade baseada no latifndio, no apadrinhamento e na violncia. Aps a Proclamao da Repblica, com a maior autonomia dos estados, desenvolveu-se o coronelismo, cada cidade possua seu chefe local, grande proprietrio, que utilizava-se de jagunos e agregados para manter e ampliar seus "currais eleitorais", influenciando a vida poltica estadual. Havia ainda as disputas entre os coronis, envolvendo as disputas por terras ou pelo controle poltico no estado.

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A FERROVIA
Em 1908 a empresa norte americana Brazil Railway Company recebeu do governo federal uma faixa de terra de 30Km de largura, cortando os 4 estados do sul do pas, para a construo de uma ferrovia que ligaria o Rio Grande do Sul a So Paulo e ao mesmo tempo, a outra empresa coligada passaria a explorar e comercializar a madeira da regio, com o direito de revender as terras desapropriadas ao longo da ferrovia.

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A Situao Social
Enquanto os latifundirios e as empresas norte americanas passaram a controlar a economia local, formou-se uma camada composta por trabalhadores braais, caracterizada pela extrema pobreza, agravada ainda mais com o final da construo da ferrovia em 1910, elevando o nvel de desemprego e de marginalidade social. Essa camada prendia-se cada vez mais ao mandonismo dos coronis e da rgida estrutura fundiria, que no alimentava nenhuma perspectiva de alterao da situao vigente. Esses elementos, somados a ignorncia, determinaram o desenvolvimento de grande religiosidade, misticismo e messianismo.

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O Messianismo na Regio Os movimentos messinicos so aqueles que se apegam a um lder religioso ou espiritual, um messias, que passa a ser considerado "aquele que guia em direo salvao". Os "lderes messinicos" conquistam prestgio dando conselhos, ajudando necessitados e curando doentes, sem nenhuma pretenso material, identificando-se do ponto de vista scio econmico com as camadas populares. Na regio sul, a ao dos "monges" caracterizou o messianismo, sendo que o mais importante foi o monge Joo Maria, que teve importante presena no final do sculo passado, poca da Revoluo Federalista (1893-95).O monge Joo Maria Durante muitos anos apareceram e desapareceram diversos "monges", confundidos com o prprio Joo Maria. Em 1912 surgiu na cidade de Campos Novos, no interior de Santa Catarina, o monge Jos Maria. Aconselhando e curando doentes a fama do monge cresceu, a ponto de receber a proteo de um dos mais importantes coronis da regio, Francisco de Almeida. Vivendo em terras do coronel, o monge recebia a visita de dezenas de pessoas diariamente, provenientes de diversas cidades do interior. Proteger o monge passou a ser sinal de prestgio poltico, por isso, a transferncia de Jos Maria para a cidade de Taquaruu, em terras do coronel Henrique de Almeida, agudizou as disputas polticas na regio, levando seu adversrio, o coronel Francisco de Albuquerque, a alertar as autoridades estaduais sobre o desenvolvimento de uma "comunidade de fanticos" na regio.Durante sua estada em Taquaruu, Jos Maria organizou uma comunidade denominada "Quadro Santo", liderada por um grupo chamado "Os Doze pares de Frana", numa aluso cavalaria de Carlos Magno na Idade Mdia, e posteriormente fundou a "Monarquia Celestial".

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O CONFRONTO (1912-16)

Ao iniciar a Segunda dcada do sculo, o pas era governado pelo Marechal Hermes da Fonseca, responsvel pela "Poltica das Salvaes", caracterizada pelas intervenes poltico-militares em diversos estados do pas, pretendendo eliminar seus adversrios polticos. Alm da postura autoritria e repressiva do Estado, encontramos outros elementos contrrios ao messianismo, como os interesses locais dos coronis e a postura da Igreja Catlica no sentido de combater os lderes "fanticos".O primeiro conflito armado ocorreu na regio de Irani, ao sul de Palmas, quando foi morto Jos Maria, apesar de as tropas estaduais terem sido derrotadas pelos caboclos. Os seguidores do monge, incluindo alguns fazendeiros reorganizaram o "Quadro Santo" e a Monarquia Celestial; acreditavam que o lder ressuscitaria e o misticismo expandiu-se com grande rapidez. Os caboclos condenavam a repblica, associando-a ao poder dos coronis e ao poder da Brazil Railway.

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No final de 1913 um novo ataque foi realizado, contando com tropas federais e estaduais que, derrotadas, deixaram para trs armas e munio. Em fevereiro do ano seguinte, mais de 700 soldados atacaram o arraial de Taquaruu, matando dezenas de pessoas. De maro a maio outras expedies foram realizadas, porm sem sucesso.A organizao das Irmandades continuou a se desenvolver e os sertanejos passaram a Ter uma atitude mais ofensiva. Sua principal lder era uma jovem de 15 anos, Maria Rosa, que dizia receber ordens de Jos Maria. Em 1 de setembro foi lanado o Manifesto Monarquista e a partir de ento iniciou-se a "Guerra Santa", caracterizada por saques e invases de propriedades e por um discurso que vinculava pobreza e explorao Repblica.A partir de dezembro de 1914 iniciou-se o ataque final, comandado pelo General Setembrino de Carvalho, mandado do Rio de Janeiro a frente das tropas federais, ampliada por soldados do Paran e de Santa Catarina. O cerco regio de Santa Maria determinou grande mortalidade causada pela fome e pela epidemia de tifo, forando parte dos sertanejos a renderem-se, sendo que os redutos "monarquistas" foram sucessivamente arrasados.O ltimo lder do Contestado, Deodato Manuel Ramos foi preso e condenado a 30 anos de priso, tendo morrido em uma tentativa de fuga.

O termino do conflito

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General Setembrino de Carvalho

O monge e suas Beatas, uma delas estima-se que seja Maria Rosa

Presidente Hermes da Fonseca

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O vaqueano, Maria Rosa, O trem, Capito Kirk, Nega Jacinta, Miguel Lucena Boaventura (sucessor de Joo Maria), Frei Rogrio, Henrique Wolland, Bonifcio Papudo e Coronel Joo Gualberto.

Arte do cartunista Andr Camargo:

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