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    Polmica Movimentos culturais de juventude 1

    Capa

    Polmica

    Antonio Carlos Brando

    Milton Fernandes Duarte

    Movimentos culturais de juventude

    Logo Moderna

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    Polmica Movimentos culturais de juventude 2

    Fronts

    Movimentos culturais de juventude

    Antonio Carlos Brando

    Milton Fernandes Duarte

    Formados em Histria pela Universidade de So Paulo

    Professores de Histria de Ensino Fundamental e Mdio

    ! edi"o

    Edi"o reformulada

    #! impresso

    Logo Moderna

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    Critos

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    Polmica Movimentos culturais de juventude 4

    $s nossas fam%lia& amigos e alunos 'ue&direta ou indiretamente&

    contri(u%ram para a reela(ora"oe a continuidade esta o(ra)

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    Sumrio

    INTRODU!O"#*o"+es gerais de cultura

    ,imens+es da cultura

    $#- .uerra Fria e a sociedade de consumo norte/americana0etrocesso cultural do Macartismo-fluncia material da sociedade norte/americana

    %#- cultura 1ovem dos anos 23Mitos de uma gera"o.era"o beat

    s anos 23 no 5rasil6 a influncia cultural estrangeira- c7anc7ada nos anos 23Per%odo desenvolvimentista

    *o (alan"o da (ossa nova4 rocknrollc7ega ao 5rasil'#4s estopins de uma dcada e8plosiva

    4s negros lutam por seus direitosEs'uenta a .uerra Fria,a can"o de protesto ao folk rockE8ploso (rit9nica6 os 5eatles e os 0olling Stones

    (#0adicali:a"o dos movimentos 1ovensCr;nica musical da contracultura0adicali:a"o dos movimentos estudantis

    -ssimila"o ou destrui"o)#4s anos anguardas art%sticas?uadro pol%tico ps/

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    "$#Um mundo interativo glo(ali:ado- informati:a"o da sociedadeCyberpunks

    "%#4s anos I3 no 5rasil6 da lama pol%tica ao caos da periferia (rasileira4s caras/pintadas

    4pop(rasileiro4 pa%s do real4 mangue beat

    "- individuali:a"o tecnolgica da cultura 1ovem- individuali:a"o da cultura 1ovem transformada em cultura tecnolgica

    C4*SD,E0-JKES FD*-DS

    5D5LD4.0-FD-

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    Introdu-o

    4s inGmeros movimentos de transforma"o social& se1am eles radicais ouutpicos& 'ue as Gltimas dcadas viram surgir tiveram como principais articuladoresos 1ovens) Dsso se deve no apenas ao seu poder de mo(ili:a"o 'ue no foi

    nada pe'ueno & mas& principalmente& nature:a das ideias 'ue colocaram emcircula"o& ao modo como as veicularam e ao espa"o de interven"o cr%tica 'uea(riram) 4s 1ovens no foram apenas novos atores 7istricos 'ue surgiram na cenado 1 tumultuado de(ate pol%tico/cultural das Gltimas dcadas) Com um novodiscurso e uma nova prtica social& eles possi(ilitaram o e8erc%cio mais sistemticode um tipo de cr%tica social 'ue& at ento& nunca se vira ou ouvira)

    ,essa forma& o 1ovem s considerado maduro 'uando se torna mais sereno ese insere na estrutura da sociedade& como cidado consciente das normas e dosvalores do sistema social em 'ue vive& em(ora ainda possa continuar alerta e cr%tico

    dos costumes de seu tempo)-pesar de terem uma viso de mundo divergente da dos adultos& os 1ovens sse manifestaram mais declaradamente a partir dos anos 23& 'uando surgiu ac7amada cultura da 1uventude& nos Estados Unidos& refle8o da e8panso docapitalismo em (usca de novos mercados consumidores)

    E foi atravs dos meios de comunica"o 'ue essa cultura se difundiu no interiordesses mercados)

    Ligadas e8panso do capitalismo e evolu"o dos meios de comunica"o&no de estran7ar 'ue essas manifesta"+es atravessassem fronteiras e c7egassemtam(m ao nosso pa%s& influenciando muitos de nossos movimentos culturais&

    especialmente no campo da mGsica NOovem .uarda& Aropiclia etc)) Esse fen;menotrou8e consigo uma grande variedade de novos elementos 'ue aca(aramcontri(uindo para a forma"o de importantes propostas de anlise e transforma"oda sociedade (rasileira) Por isso& alguns cap%tulos deste livro so especialmentededicados s principais manifesta"+es sociais e culturais ocorridas no 5rasil nesseper%odo)

    >ale di:er 'ue a ideia de 'ue 1uventude ca(e sempre o papel de renova"oda ordem social (astante limitada) *o devemos nos es'uecer dos movimentos1uvenis 'ue 1 nasceram conservadores& como o CCC NComando de Ca"a aos

    Comunistas& 'ue com(atia os estudantes de es'uerda no final da dcada de QI

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    Levando isso em conta& escrever em poucas pginas a nature:a dessesmovimentos culturais& ou mesmo contar um pouco de sua 7istria& no tarefa dasmais simples)

    ,rogas& misticismo& pacifismo& ecologia& feminismo& revolu"o se8ual&manifesta"+es estudantis& greves& passeatas& (arricadas e confrontos6 eis alguns

    dos pontos 'ue iro compor nossa (reve anlise desse 'uadro e8plosivo do ps/guerra) Eles se tornaram parte integrante de vrios movimentos 1uveniscontempor9neos& desde a 1uventude transviada e os (eats dos anos 23& passandopelos 7ippies da dcada de QI

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    "# No-.es /erais de cultura

    - CULAU0-O4>EM&-P-0AD0,4S-*4S23& TUMEEMPL4,EC4M4-CULAU0-P4,ESE0-4MESM4AEMP4C4*AESA-,40-

    EC4ME0CD-L& P40UML-,4A0-*SF40M-*,44SP-,0KES

    ,-S4CDE,-,E& C4*AESA-*,4& EP404UA04-LDME*A-*,4UM-P4,E04S-D*,VSA0D-CULAU0-L)

    4 ser 7umano distingue/se dos outros animais pela capacidade de criar& depensar& ordenar seus pensamentos e suas a"+es& pro1etar no futuro essas a"+es e&acima de tudo& transmitir suas e8perincias s gera"+es futuras) Aodo essecon7ecimento e essa cria"o 7umana rece(em o nome de cultura)

    - cultura surge das rela"+es 'ue os seres 7umanos travam entre si e com omeio em 'ue vivem& em (usca da prpria so(revivncia) T um produto do tra(al7o

    do 7omem e de tal forma inerente sua vida 'ue podemos afirmar 'ue no e8isteser 7umano sem cultura& nem 'ue todo ser 7umano produto de sua cultura) Emoutras palavras& o 7omem produto e produtor da cultura)

    -pesar disso& no e8iste um s indiv%duo 'ue domine todos os elementos outra"os culturais da sociedade em 'ue vive) -ssim& encontram/se diferentesmanifesta"+es culturais de indiv%duo para indiv%duo& ou de grupo para grupo& dentrode uma mesma sociedade e entre sociedades diferentes) - participa"o na cultura seletiva e dependente de vrios fatores& tais como fai8a etria& se8o& condi"+essocioecon;micas& e8perincia escolar e outros)

    - cultura compreende os (ens materiais& como utens%lios& ferramentas&

    moradias& meios de transporte& comunica"o e outrosR e tam(m os (ens nomateriais& como as representa"+es sim(licas& os con7ecimentos& as cren"as e ossistemas de valores& isto & o con1unto de normas 'ue orientam a vida emsociedade)

    - produ"o cultural um documento vivo da 7istria da 7umanidade) ,esde apr/7istria at nossos dias& o 7omem fa: cultura& manifestando por meio dela o seucon7ecimento e a sua viso de mundo) Por e8emplo& a figura de um animal pintadanuma caverna pr/7istrica uma manifesta"o cultural& tanto 'uanto a famosa torreEiffel& em Paris& ou os avi+es supers;nicos)

    - cultura apresenta formas e caracter%sticas diferentes no espa"o e no tempo)Por e8emplo& o namoro no 5rasil atual (astante diferente do namoro no 5rasil dosculo D) E& mesmo nos dias atuais& ele diferente 'uando se trata da :ona ruralou da ur(ana)

    *as sociedades industriais da atualidade& 7 institui"+es especificamentevoltadas para a pes'uisa cient%fica e responsveis pelos avan"os tecnolgicos a 'uevimos assistindo) E estes& no campo das comunica"+es& vm propiciando umadifuso cultural cada ve: mais intensa& o 'ue acelerou o ritmo das mudan"asculturais& so(retudo para as Gltimas gera"+es do sculo ) Em per%odos 7istricosanteriores& as mudan"as levavam sculos para ocorrer)

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    Podemos concluir 'ue o ritmo das reformas sociais depende do acesso snovas tecnologias& o 'ue torna falsa a ideia de 'ue 7averia culturas superiores eculturas inferiores) Elas so apenas diferentes entre si)

    -s manifesta"+es culturais tm& cada uma& o(1etivos 'ue nem sempre soatingidos) Por e8emplo& ao pensar em nossa medicina& ficamos deslum(rados com

    seus Gltimos avan"os& ao mesmo tempo 'ue nos damos conta de 'ue temos&tam(m& 'uest+es de saGde no solucionadas) 4 mesmo se verifica na culturaind%gena e8istem prticas medicinais suficientes para resolver seus pro(lemas desaGde& mas& como ns& tam(m depara com doen"as 'ue no consegue curar)

    Comparando esses dois universos distintos a medicina ind%gena e a nossa& podemos concluir 'ue no 7 nada 'ue nos autori:e a considerar asuperioridade de uma cultura so(re a outra)

    Dimens.es da cultura

    Cultura erudita-o analisar o 0enascimento& movimento cultural surgido no norte da Dtlia nos

    sculos D> e >& perce(emos 'ue ele estava ligado a uma determinada parcela dapopula"o da Europa a (urguesia)

    Essa classe social era formada por comerciantes 'ue tin7am como o(1etivoprincipal o lucro o(tido com o comrcio de especiarias vindas do 4riente) -(urguesia no apenas con'uistou novos espa"os sociais e econ;micos& mastam(m procurou resgatar ou fa:er renascer antigos con7ecimentos da culturagreco/romana) ,a% o nome 0enascimento)

    Esse segmento da sociedade assimilou tais con7ecimentos e acrescentououtros& ampliando seu universo cultural) Por e8emplo& ao tentar reviver o teatro deSfocles e Eur%pedes N'ue viveram na .rcia antiga& os poetas italianos do sculo>D su(stitu%ram a simples declama"o pela recita"o cantada dos te8tos&acompan7ada por instrumentos musicais) ,essa forma& aca(aram por criar um novognero a pera)

    ,esde sua origem& a (urguesia preocupou/se com a transmisso docon7ecimento) -ssim& ao lado das universidades& 'ue 1 e8istiam desde a DdadeMdia& foram surgindo as academias e as ordens profissionais Nde advogados&mdicos& engen7eiros e outros) Com esse processo de escolari:a"o e difusointelectual& a cultura da elite (urguesa tomou corpo& desenvolvendo/se com (ase emtcnicas racionali:adas e cient%ficas) 4u se1a& a cultura erudita passou a secaracteri:ar por ser mais ela(orada& acadmica& produ:ida por intelectuais comoescritores& artistas em geral& cientistas& tecnlogos) ,essa forma& esse tipo decultura elitista no por estar restrito classe rica& mas por ser produ:ido ecompreendido apenas por um pG(lico restrito e escolari:ado)

    Foto W pg) Q#Legenda6Concerto de uma or'uestra sinf;nica em >iena& Xustria)

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    Essa cultura erudita ou superior& tam(m designada cultura de elite& foi sedistanciando da cultura da maioria da popula"o& pois era feita pela e para a(urguesia)

    - cultura popular& por sua ve:& mais pr8ima do senso comum& maisidentificada com ele& produ:ida e consumida pela prpria popula"o& sem

    necessitar de tcnicas racionali:adas e cient%ficas) T uma cultura transmitida emgeral oralmente& registrando as tradi"+es e os costumes de determinado gruposocial) ,a mesma forma 'ue a cultura erudita& a cultura popular alcan"a formasart%sticas e8pressivas e significativas)

    Em seu sentido mais radical& a arte popular tam(m con7ecida por folcloree&como tal& caracteri:a/se pelo anonimato& por o(edecer a conven"+es fi8as e por nosofrer a a"o de modismosR portanto& dura no tempo e transmitida sem mudan"aspor gera"+es sucessivas& tradu:indo sua maneira de pensar& sentir e agir)

    Foto W pg) Q#

    Legenda6Mascarados durante a Festa do ,ivino) Pirenpolis)

    Cultura de massa0 a industriali1a-o da cultura- partir do final do sculo D& a industriali:a"o em larga escala atingiu

    tam(m os elementos da cultura erudita e da popular& dando in%cio indGstriacultural)

    4 incessante desenvolvimento da tecnologia& cada ve: mais sofisticada&principalmente nos meios de comunica"o Nfotografia& disco& cinema& rdio& televisoetc)& passou a atingir um grande nGmero de pessoas& dando origem c7amada

    cultura de massa)-o contrrio das culturas erudita e popular& a cultura de massa no est ligada

    a nen7um grupo social espec%fico& apesar de a (urguesia utili:/la em seu proveitopara o(ter lucro na sua comerciali:a"o) Ela transmitida de maneiraindustriali:ada& para um pG(lico generali:ado& de diferentes camadassocioecon;micas) Forma/se& ento& um enorme mercado de consumidores empotencial& atra%dos pelos produtos oferecidos pela indGstria cultural) Esse mercadoconstitui a c7amada sociedade de consumo)

    Foto W pg) QYLegenda6C7acrin7a N-(elardo 5ar(osa& um fen;meno de comunica"o de massano 5rasil entre as dcadas de QI

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    -o divulgar produtos culturais de diferentes origens Nerudita e popular& acultura de massa possi(ilita seu con7ecimento por diferentes camadas sociais&criando tam(m um campo esttico prprio e atraente voltado para o consumogenerali:ado da sociedade)

    Cultura 2o2ular individuali1adaE8iste& no entanto& um tipo de cria"o cultural 'ue no se identifica com os trsacima descritos Nde elite& folclrica e de massa& como por e8emplo as mGsicas de-doniram 5ar(osa& Caetano >eloso& C7ico Science& para s citar alguns e8poentesdo universo musical) Essa produ"o menos comple8a 'ue a da cultura erudita& no an;nima como a do folclore& nem resulta do tra(al7o de e'uipes como na culturade massa) -o contrrio& ela(orada por mGsicos& escritores& dramaturgos& cineastasetc)& cu1a e8presso personali:ada e criativa& e consegue manter um v%nculo com alinguagem popular)

    0esta lem(rar 'ue esses 'uatro tipos poss%veis de e8press+es culturais no

    constituem uma diviso r%gidaR 7 comunica"o entre elas& 'ue se influenciammutuamente& s ve:es com resultados estticos feli:es& outras ve:es nem tanto)-ssim& os meios eletr;nicos inspiram artistas de vanguarda Npor e8emplo na v%deo/arte ou na mGsica eletr;nicaR a cultura de massa incorpora o folclore No carnavalpara turista ou a arte de elite Npor e8emplo& na adapta"o televisiva de grandesromances clssicosR a cria"o cultural individuali:ada muitas ve:es fa: a ponteentre a cultura erudita e a popular& e assim por diante)

    Cultura jovem

    Com a e8ploso demogrfica e a e8panso econ;mica dos Estados Unidos&durante e aps a DD .uerra Mundial& a popula"o adulta norte/americanapermaneceu com valores morais arcaicos e preconceituosos& o 'ue criou um va:io euma insatisfa"o na 1uventude& principalmente da classe mdia)

    *esse conte8to& surgiu uma cultura prpria da 1uventude& refle8o de suastendncias comportamentais de revolta) Essa cultura foi e8pressa principalmentepela mGsica& de forma individuali:ada ou em pe'uenos grupos) - partir da% come"oua se configurar um mercado consumidor constitu%do (asicamente por 1ovens dediferentes classes sociais)

    Em(ora inicialmente fora dos padr+es preconi:ados pela sociedadeesta(elecida& a cultura 1ovem passou a ser devidamente assimilada e comerciali:adapela indGstria cultural& 'ue a divulgou pelos meios de comunica"o& tornando/auniversal)

    Mas foi somente a partir dos anos

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    Mesmo se opondo industriali:a"o da cultura& por meio da indGstria cultural'ue esses movimentos 1ovens aca(am se e8pandindo e se dei8ando assimilar) Porum lado& introdu:em temas e 'uest+es at ento ignorados ou pouco discutidos pelamaioria da sociedade& como por e8emplo drogas& se8o& racismo& ecologia& pacifismo)Por outro lado& evidenciam o aspecto transformador da cultura 1ovem 'ue&

    e8pressando uma viso cr%tica da realidade& aca(a por modific/la& mesmo estandosu(metida a um r%gido processo de industriali:a"o e comerciali:a"o)

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    $# A 3uerra Fria e a sociedadede consumo norte4americana

    - CULAU0-O4>EMS4F0EUD*FLUZ*CD-,4C4*SE0>-,40DSM4P4L[ADC4ES4CD-L*40AE/-ME0DC-*4& M-0C-,4

    PEL4-*ADC4MU*DSM4,-.UE00-F0D-EP40UMESADL4,E>D,-5-SE-,4*4C4*SUMDSM4)

    Com o fim da DD .uerra Mundial NQI#I/QIY2& os Estados Unidos seconverteram na maior potncia do mundo capitalista) En'uanto os demais pa%sessa%ram arrasados& os norte/americanos sofreram perdas muito pouco significativasRalm disso& desfrutavam uma vantagem especial6 7aviam tomado parte de umaguerra internacional sem 'ue seu territrio estivesse na rea de conflito)

    Aerminada a guerra& o presidente Harr\ S) Aruman NQIY2/QI2 e seus

    consultores estavam conscientes de 'ue o desmantelamento da economia de guerrae a desmo(ili:a"o dos militares poderiam tra:er uma nova crise econ;mica para osEstados Unidos como a 'ue ocorreu no in%cio da dcada de QI#3 & pois seusprincipais mercados consumidores Nos pa%ses europeus encontravam/seeconomicamente arrasados aps o conflito)

    Dnternamente& Aruman criou o -to de Emprego de QIY

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    Dndependentemente da veracidade de seus pressupostos& a ,outrina Arumanvin7a para ficar& mesmo com um grande nGmero de cidados norte/americanosdiscordando da pol%tica e8terna da ,outrina e e8pressando grande preocupa"ocom a possi(ilidade de uma nova guerra internacional de resultados imprevis%veis)*a verdade& a pol%tica e8terna norte/americana nunca levou muito a srio o mito de

    uma conspira"o comunista internacional) ?ueria& segundo alguns autores& imporsua pol%tica imperialista de um modelo econ;mico multinacional& fundamental para amanuten"o da supremacia econ;mica e8terna dos Estados Unidos) Dsso fica clarocom a aplica"o do Plano Mars7all aos pa%ses da Europa 4cidental e ao Oapo& apartir do fornecimento de emprstimos e investimentos de grandes grupos industriaisdos Estados Unidos para assegurar um mercado e8terno aos produtos norte/americanos)

    Retrocesso cultural do Macartismo*o plano interno& a .uerra Fria e o papel dos Estados Unidos como na"o

    imperialista afetaram o pa%s de mGltiplas maneiras) Correntes pol%ticasconservadoras come"aram a e8plorar as angGstias da .uerra Fria para 'uestionar aseguran"a interna do pa%s diante dos comunistas& desencadeando o fen;menoc7amado de Macartismo) Em QI23& o senador Oosep7 McCart7\& do Partido,emocrata& responsvel pelo Comit de -tividades -ntiamericanas& denunciava apresen"a de 32 comunistas no ,epartamento de Estado -mericano) So( o sloganantes morto 'ue comunista& esse senador promoveu uma verdadeira in'uisi"o&levando p9nico a todos os setores da vida norte/americana)

    4 Comit de -tividades -ntiamericanas tin7a a fun"o de investigar a atua"o

    de indiv%duos suspeitos de atividades comunistas& considerados traidores einimigos dos Estados Unidos) Esta(elecendo uma verdadeira a"o de ca"a s(ru8as& ele agiu principalmente no setor cultural do pa%s)

    Foto W pg) 3Legenda6Carta: alemo do ps/guerra& anunciando a c7egada do Plano Mars7all)

    4 cinema& a televiso e o rdio foram totalmente devassados& e centenas decarreiras& arrasadas) -tores como 0o(ert Aa\lor& .ar\ Cooper& Oo7n ]a\ne& .inger0ogers e 0onald 0eagan fa:iam profiss+es de f patritica delatando seuscompan7eiros de profisso) Entre as v%timas algumas presas& outras postas emlistas negras& o 'ue praticamente impedia a atua"o profissional do artista &figuravam nomes como ,as7iel Hammett& um dos maiores romancistas policiais detodos os tempos& autor& entre outros& de Falco malts) -t mesmo C7arles C7aplin o genial Carlitos teve de se e8ilar NC7aplin se vingaria no filme Um rei em NovaYork& produ:ido em QI2B& na Dnglaterra) Dsso sem falar nos teatrlogos Aennessee]illiams e 5ertolt 5rec7t& alm do ator e diretor 4rson ]elles) Uma das mel7orescr%ticas ao Macartismo feitas pelo cinema norte/americano est no filme Testa!eferro por acaso& de QIB

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    viso mais cr%tica da sociedade norte/americana) Em QI2Y& finalmente& McCart7\ foiafastado da dire"o do Comit da C9mara e do Senado& aps desferir ata'uescontra o E8rcito e o general .eorge Mars7all) Mas os efeitos do Macartismo so(rea li(erdade de e8presso foram devastadores& sendo fcil imaginar 'uanto essecomportamento pre1udicou a pes'uisa acadmica e a atividade cultural norte/

    americana& implantando no s o medo& mas tam(m a mediocridade)

    A5lu6ncia material da sociedade norte4americana4 desempen7o da economia norte/americana possi(ilitou& desde meados da

    dcada de QIY3& a ela(ora"o e a difuso de uma cultura de consumo para umaclasse mdia (ranca) Com o pa%s perto do pleno emprego e uma economia voltadapara o apoio material aos seus aliados da DD .uerra Mundial e ao Oapo& mil7+es denorte/americanos viram/se livres da condi"o de su(sistncia em 'ue seencontravam na dcada de QI#3) ,essa forma& terminado o conflito mundial& restavaaos fa(ricantes e s agncias de pu(licidade encora1ar os cidados a consumir cada

    ve: mais& para 'ue a economia interna do pa%s no dei8asse de crescer)

    Foto W pg) Legenda6 Macartismo 4 Comit de -tividades -ntiamericanas inicia asinvestiga"+es so(re supostas atividades comunistas na indGstria do cinema) Oac L)]arner& da ]arner 5rot7ers& a primeira testemun7a e& ao lado dele& est Paul >)Mc*utt& consel7eiro dos produtores) Mem(ros do comit direita6 0icgard >ail&Oo7n Mc,o_ell& O) Parnell A7omas& 0ic7ard *i8on e Oo7n ]ood)

    4 norte/americano de classe mdia devia acreditar na prosperidade econ;micado pa%s) Aoda a economia e o avan"o cient%fico dos anos de guerra se voltavamagora para o lar) Um universo mgico de fa(ulosas m'uinas Neletrodomsticossurgia para resolver todos os pro(lemas do 7omem comum& em(ora alguns dessesaparel7os fossem suprfluos e totalmente inGteis) 4 consumismo era o mel7orant%doto contra o comunismo& servindo de propaganda e mostrando ao mundo todaa a(und9ncia e superioridade material do povo norte/americano)

    4 rdio e a televiso mostravam o 7omem negro tal como o mundo (ranco opreferia fiel& o(ediente e prestativo servidor do patro (ranco) 4s negroscirculavam na traseira dos ;ni(us& a maioria dos Estados no l7es dava o direito devoto& e nen7um deles se atrevia a fre'uentar uma escola de (rancos oudeterminados 7otis& lanc7onetes& cinemas e casas de espetculos)

    ,entro desse conte8to& come"aram a surgir movimentos sociais pela igualdadedos direitos civis entre negros e (rancos& so( a lideran"a de pastores protestantesnegros& como Martin Lut7er `ing) - partir de QI22& em Montgomer\& no estadosulista do -la(ama& esse pastor iniciou a organi:a"o de um movimento de protestocontra a discrimina"o racial 'ue iria a(alar a sociedade norte/americana no in%cioda dcada de QI

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    uma das principais armas dos seus inimigos internacionais& na (atal7a ideolgica da.uerra Fria)

    -pesar de o mercado consumidor norte/americano& na dcada de QI23& ter serestringido praticamente a uma classe mdia (ranca& o consumismo aca(ou see8pandindo) Para demonstrar esse avan"o& (asta lem(rar 'ue 7avia nos Estados

    Unidos& em QIY@& apro8imadamente um mil7o de televisores e& em QI23& mais decinco mil7+es de receptores de tev foram instalados& saltando esse nGmero paraalgo em torno de Q3 mil7+es de aparel7os em meados da dcada) Aodo esseconsumismo est intimamente ligado ao desenvolvimento tecnolgico e cient%fico dapoca) Esse aumento de receptores foi conse'uncia da utili:a"o de transistoresNOapo 'ue& su(stituindo as vlvulas eletr;nicas& redu:iram no s o taman7o& mastam(m os custos do televisor e& ainda de 'ue(ra& diminu%ram o a'uecimento dosaparel7os) 4 vi!eotape& desenvolvido nessa poca& foi outro grande saltotecnolgico& ampliando os recursos da linguagem televisiva e mel7orando a'ualidade da programa"o)

    4s Estados Unidos do ps/guerra& o(cecados pela a'uisi"o de (ens deconsumo& criaram uma variedade de institui"+es consumistas 'ue iam desde ossupermercados at as garrafas de Coca/Cola) Esse estilo de vida consumista ematerial do 7omem mdio norte/americano surgido na dcada de QI3& fruto de umapropaganda intensiva nos meios de comunica"o de massa& aca(ou sendosinteti:ado na e8presso american "ay of lifeNestilo de vida americano)

    E8portado para os demais pa%ses capitalistas do mundo& incluindo o 5rasil&esse estilo de vida aca(ou se tornando um elemento importante na e8panso domercado e8terno dos Estados Unidos) Esses pa%ses tam(m se 7a(ituaram a (e(er

    Coca/Cola& a comprar e usufruir eletrodomsticos& alm de empurrar seus carrin7osentre as prateleiras dos supermercados Nprincipal institui"o consumista do ps/guerra) ,essa forma& alm de assegurar uma supremacia norte/americana nomercado internacional& o estilo de vida americano se tornou um dos principaiselementos influenciadores da cultura mundial do ps/guerra)

    - .uerra Fria e a sociedade de consumo tam(m foram os grandesresponsveis pela defini"o dos par9metros da pol%tica norte/americana) 4s doisprimeiros presidentes do ps/guerra& Harr\ S) Aruman NQIY2/QI2 e ,_ig7 ,)Eisen7o_er NQI2#/QI

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    pol%ticos) Como uma imagem vale mais 'ue mil palavras& a televiso destronou ordio& sen7or a(soluto nas dcadas de QI#3 e QIY3)

    - cultura consumista norte/americana prosperou num mercado em rpidocrescimento) Como as limitadas am(i"+es dos anos #3 deram lugar s grandesesperan"as da era do ps/guerra& a fam%lia de dois fil7os tornou/se inade'uada para

    o estilo de vida consumista da sociedade norte/americana) - e8ploso demogrfica&fonte de preocupa"o nos pa%ses su(desenvolvidos& garantia para os EstadosUnidos uma demanda de consumidores em constante aumento) 4s soldados devolta a casa Ne as suas noivas estavam decididos a recuperar o tempo perdido6 apopula"o aumentou ## entre QIY3 e QI

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    %# A cultura jovem dos anos ',

    - CULAU0-O4>EM,4S-*4S23 ESA->-D*ADM-ME*AELD.-,--4$%C&N$%''E$OU>E*AU,EA0-*S>D-,-)-MVSDC-

    E4CD*EM-ESA-5ELECE0-MP-,0KESC4MP40A-ME*A-DS,EO4>E*S

    ?UE?UESAD4*->-M,EF40M-D*.Z*U-ED00E>E0E*AE4SP-,0KESC4*SE0>-,40ES,-S4CDE,-,E*40AE/-ME0DC-*-)

    4 consumo musical& nas dcadas anteriores ao surgimento do rocknroll&dividia/se de maneira compartimentali:ada no mercado6 mGsica para (rancosNgrandes gravadoras 'ue visavam ao mercado nacional e mGsica para negrosNpe'uenas gravadoras com alcance regional) .rande parte da popula"o ur(ana(ranca consumia mGsica erudita ebou mGsica popular rom9ntica NFran Sinatra& 5ingCros(\ etc)& ou& ento& mGsicas mais rpidas no (alan"o dilu%do das grandes

    or'uestras (rancas de s"ingN.lenn Miller& 5enn\ .oodman& Aomm\ ,orse\ etc))-t ento& os fil7os dessa classe mdia (ranca no diferiam grandemente dos pais'uanto ao gosto musical e ao estilo de vida) S a partir do surgimento do rocknroll'ue& efetivamente& se nota a caracteri:a"o de uma cultura 1ovem)

    Por volta de QI23& as pe'uenas gravadoras e8ploravam dois importantesmercados espec%ficos6 o rhythm an! bluesnegro e a mGsica dos (rancos rurais countryan!"estern& tam(m to marginali:ada 'uanto a mGsica negra& pois eraa mGsica dos (rancos po(res) ,a unio desses dois tipos de mGsica surgiria o estiloc7amado rocknroll& transformando todos os es'uemas das grandes gravadorasNo(rigadas a recorrer s pe'uenas gravadoras na (usca de novos valores adaptados

    ao novo estilo musical e& num sentido mais amplo& a prpria cultura norte/americanae mundial)

    Por ser um estilo composto de elementos de origem diversa mGsica negrae mGsica (ranca & o rocknroll tam(m seria encarado& na racista sociedadenorte/americana de ento& como race musicNmGsica de negro) E& e8atamente poressa 'ualidade& ele foi incorporado por outro grupo 'ue come"ava a se manifestarno cenrio dessa sociedade6 a 1uventude)

    Segundo alguns autores& o rocknrollfuncionou como uma inverso psicolgicana rela"o entre dominador N(ranco e dominado Nnegro 'ue prevalecia na

    sociedade norte/americana) - cultura promovida pela 1uventude& a partir dorocknroll& seria uma forma de os 1ovens de classe mdia (ranca se colocarem comooprimidos em rela"o sociedade esta(elecida por seus pais& assumindo& mesmo'ue inconscientemente& certos valores da cultura negra como (andeira)

    -pesar do estilo contestatrio do rocknroll& essa cria"o de (ase negra Nbluese rhythm an! blues foi uma mercadoria estili:ada pelas grandes gravadoras evendida ao pG(lico (ranco a partir de meados da dcada de QI23) *a grandemaioria dos casos& trata/se de cpias Ncovers 'ue cantores (rancos fa:em&co(rindo material originalmente de mGsicos negros& 1 'ue o mercado nacionalnorte/americano ofereceu& no in%cio& uma certa resistncia em aceitar o estiloagressivo de alguns 1ovens valores negros do rocknroll) So (vias& portanto& asra:+es por 'ue o primeiro rockde sucesso& 0oc around t7e cloc NQI2Y& era de

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    um simptico (ranco de ca(elos louros c7amado 5ill Halle\& o mesmo acontecendocom a superestrela do rocknroll& Elvis Presle\) ,esco(erto por uma pe'uenagravadora& a Sun 0ecords& em QI2Y& Elvis aca(ou sendo contratado pela 0C- >ictorem QI22) Ele fe: a s%ntese perfeita dos elementos da mGsica (ranca com o rhythman! blues) Cantando com a vo: rouca e sensual de um negro& a(riu camin7o para a

    apari"o& em 9m(ito nacional& de rocknrollers negros como C7uc 5err\& Little0ic7ard e Fats ,omino) 4 rocknroll (ranco& alm de Elvis& apresentou tam(malgumas figuras (ril7antes como Carl Perins& Oerr\ Lee Le_is e 5udd\ Holl\& entreoutros)

    Foto W pg) @Legenda6Elvis Presle\& o primeiro grande mito do rocknroll& com vo: sensual e um1eito prprio de re(olar)

    - partir de ento& a indGstria cultural norte/americana desenvolveu/se a mil por

    7ora) .ravadoras& rdios& cinema e televiso& perce(endo o mercado 'ue se a(riacom o rocknrolle seu estilo de vida& voltaram/se para essa emergente cultura1ovem& estimulando cada ve: mais o seu consumo)

    - televiso seria a Gltima a entrar nessa festa& mas nem por isso a menosinteressada em faturar com os 1ovens) 4s primeiros programas musicais voltadospara a 1uventude foram os c7amados -merican 5andstand& 'ue nada mais eram do'ue festin7as de rocknrolltransmitidas ao vivo) -pesar da apresenta"o de algunssho"sna tev& com mGsicos famosos& apenas a partir de QI2< surgiriam programasespec%ficos de mGsica 1ovem& nos 'uais Elvis Presle\ aca(aria sendo alvo de

    polmica da conservadora sociedade norte/americana) - partir de seu terceiro sho"na televiso& l pelos idos de QI2B& ele passou a ser focali:ado apenas da cinturapara cima& 1 'ue sua maneira re(olativa de dan"ar era considerada o(scena e suainfluncia so(re a 1uventude poderia se tornar desagregadora) *otamos& portanto& afor"a dos meios de comunica"o e da censura oficial ou no oficial& 'ue& ao setornarem elementos de controle e transforma"o da cultura& ditam os limites dere(eldia permitidos pela sociedade& para 'ue essa cultura possa ser comerciali:adasem o perigo de a(alar os valores da ordem social esta(elecida)

    -pesar de c7ocar os padr+es morais da poca& o rocknrolldos anos 23 noera uma mGsica politicamente enga1ada) Muito pelo contrrio& entre seus temasprincipais figurava a e8alta"o dan"a e ao ritmo da mGsica& s 7istrias de colgio&alm da descri"o de carros e relacionamentos amorosos com as garotas) C7uc5err\ foi um dos mGsicos 'ue com impressionante sensi(ilidade tra(al7aram essestemas ligados 1uventude do per%odo) Aome como e8emplo sua can"oMa\(ellene NQI22& em 'ue o autor& a partir de uma narrativa 'uasecinematogrfica& consegue descrever um rac7a de carros em decorrncia dainfidelidade da namorada) Can"+es como essa& su(lin7adas pelo ritmo frentico dasguitarras eltricas& levaram ao pG(lico os pro(lemas pessoais 'ue os 1ovensadolescentes enfrentavam na poca e para os 'uais os adultos no tin7am a menor

    sensi(ilidade),iante de tais incompreens+es& alguns grupos de 1ovens optavam pela

    delin'uncia 1uvenil& fa:endo disparar as estat%sticas de crime e violncia) *ascidos

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    antes do ata'ue& pelos 1aponeses& (ase americana de Pearl Har(or& no Hava%& emB de de:em(ro de QIYQ& 'ue provocou a entrada dos Estados Unidos na DD .uerraMundial& eles cresceram em meio ao conflito e& de certa forma& no seuprolongamento& evidenciado no fantasma da .uerra Fria) Mesmo go:ando de todosos privilgios da classe mdia (ranca norte/americana& esses 1ovens no podiam

    escapar a um sentimento de va:io e8istencial& produto de uma sociedadeconsumista e materialistaR ou a um sentimento de culpa& mesmo 'ue inconsciente&pelas desigualdades sociais e raciais dessa sociedade) 4utros& oriundos de laresdesa1ustados& refle8o da prpria guerra e da vida moderna norte/americana& eramincapa:es de se en'uadrar no estilo de vida americano) Esse 'uadro logo setornaria o(1eto de pes'uisa no campo da Sociologia& da -ntropologia e daPsicologia& 'ue pretendiam estudar e desco(rir as causas do comportamento e dacultura desviante desses grupos 1uvenis)

    Mitos de uma /era-o

    - situa"o de revolta da 1uventude forneceu farta matria para o cinema dapoca& 'ue criou uma galeria de tipos& desde o delin'uente 1uvenil 7omicida Nousuicida at o rapa: (em/intencionado& de (oa fam%lia& 'ue& por for"as al7eias suavontade& era desviado do (om camin7o) Ars filmes/c7ave refletiram com e8tremaatualidade esse pro(lema) % selvagem& de QI2#& com Marlon 5rando& descreve osmomentos vividos por uma pe'uena cidade su(itamente invadida por um (ando demoto'ueiros) T& de certa forma& uma par(ola do c7o'ue entre a sociedadeorgani:ada e o potencial selvagem de uma 1uventude sem rumo) (uventu!etransvia!a& de QI22& com Oames ,ean& revela os pro(lemas individuais dos

    re(eldes sem causa dos anos 23) Mas #ementes !a violncia& tam(m de QI22&'ue e8p+e de modo mais didtico No tema do filme a educa"o toda a carga de7ostilidade no relacionamento entre a 1uventude marginali:ada e a sociedade) -mGsica 'ue anuncia o filme 0oc around t7e cloc& o primeiro grande 7it dorocknrolle um verdadeiro 7ino de guerra dos adolescentes de ento) Essa mGsicatam(m utili:ada como uma referncia ao conflito entre professores N'uerepresentam as regras esta(elecidas pela sociedade e alunos& numa cenaaltamente sim(lica em 'ue os 1ovens re(eldes 'ue(ram toda a cole"o de discoscom 'ue o (em/intencionado mestre tenta inici/los no)a**tradicional)

    - identifica"o do pG(lico 1ovem com esse tipo de filme foi to grande 'ue asinfluncias profundas por ele e8ercidas no comportamento da 1uventude da poca sealastraram pelo mundo& incluindo o 5rasil& 'ue em QI2< e8i(iu o filme $ock aroun!the clockcom o t%tulo+o balan,o !as horas)

    - partir dos personagens desses filmes& o cinema conseguiu retratar osdilemas de uma gera"o& ao mesmo tempo 'ue ofereceu um modelo visual eideolgico para a 1uventude dos anos 23)

    4 %dolo da poca foi Oames ,ean& 'ue fe: os 1ovens do mundo todo imitaremsuas caretas& tre1eitos& roupas e corte de ca(elo) ?uatro dias aps sua morte numdesastre de carro em Y de outu(ro de QI22& 'uando ento s o mito permaneceria

    vivo& estreou em *ova or o terceiro filme importante do ator& (uventu!e transvia!a)Audo o 'ue era preciso para a produ"o de um mito e sua permanncia fora dei8adopor Oames ,ean6 imagens de seus filmes& fotos e te8tos so(re ele) - partir de um

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    dese1o coletivo da 1uventude& constituiu/se ento um fen;menoR confirmou/se 'ueOames ,ean representava algo significativo 'ue precisava continuar vivo) Eledei8ara algo em 'ue a 1uventude pudesse recon7ecer a si prpria como a for"a vitalindependente& no interior de uma sociedade repressora)

    Foto W pg) #QLegenda6Oames ,ean& um dos s%m(olos de uma 1uventude sem causa)

    4 mito cinematogrfico Oames ,ean sim(oli:ava tudo o 'ue era 1ovem&moderno& norte/americano e diferente) Ele inspirava o tra1e Nuniforme dos 1ovens&'ue& com seu 1eans apertado e sua 1a'ueta de couro preta& adotavam uma atitude dere(eldia contra a sociedade consumista& de resistncia contra as r%gidas conven"+essociais do universo adulto& e se entregavam violncia& ao uso de drogas& aorocknrolle s e8perincias se8uais)

    *o coincidncia o fato de Oames ,ean e o rocknroll terem invadido a

    imagina"o do 1ovem dos anos 23) Esses dois elementos e8pressavam umamudan"a no universo de valores da 1uventude& algo 'ue esse pG(lico no entendiacompletamente& mas a 'ue intuitivamente aderia& e 'ue a indGstria cultural da pocacome"ava a e8plorar na forma de mercadoria) ,iferentes por temperamento& OamesNOimm\ ,ean e Elvis Presle\& contudo& sa(iam 'ue estavam operando no mesmoplano) Oimm\& em sua vida particular& gostava de mGsica erudita& )a** e cantosafricanos& mas entendia Elvis e o rocknroll) Elvis& por sua ve:& conta/se& idolatravaOames ,ean& assistira uma infinidade de ve:es ao filme (uventu!e transvia!a&c7egando a decorar muitas de suas falas) Podemos di:er 'ue eles foram os dois

    principais s%m(olos dessa cultura 1ovem emergente)

    3era-o 7eatMas nem s de 1ovens transviados e rocknrollviveram os anos 23) - .uerra

    Fria e a cultura de consumo no contri(u%ram apenas para um sentimento dein'uieta"o em rela"o aos adolescentesR elas tam(m favoreceram o surgimentode um pe'ueno grupo de 1ovens universitrios 'ue& atravs de um movimentoliterrio& tentavam oferecer um estilo de vida alternativo ao mundo materialista dasociedade norte/americana)

    Em QI2B& com a pu(lica"o de %n the roa!NP na estrada& de Oac `erouac&eclodiu no mundo (urgus da -mrica de Eisen7o_er um pertur(ador fen;meno 'ue`erouac c7amou de beat) Esse termo podia sugerir a (usca de uma purifica"o doesp%rito N(eatitude& com influncia das religi+es orientais N(udismo& :en/(udismoetc)) Aam(m se referia a um estilo de vida aventureiro adotado pelos 'ue& sem eiranem (eira& andavam deriva pelas estradas da -mrica& em (usca de aventura&aproveitando/se da opulncia material do estilo de vida americano) Por Gltimo& tin7aainda conota"+es musicais referentes ao bebop e ao cool )a**)

    Ser beat& por e8tenso& significava fluncia& improviso& ausncia de normaspreesta(elecidas na vida e na arte) Significava tam(m a (usca de um envolvimento

    profundo 'ue tra: mGsica& (alan"o& li(erdade e pra:er& na procura da realidademarginal das minorias raciais e culturais no interior da sociedade norte/americana)

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    ,essa forma& o termo gera"o beat Nbeat generation& assim como a culturaprodu:ida por ela& no designa um movimento esttico/literrio organi:ado em tornode um programa de o(1etivos preesta(elecidos& mas refere/se a poetas e escritoresNOac `erouac& ]illiam S) 5urroug7s& -llen .ins(erg& La_rence Ferling7etti& .regor\Corso& .ar\ Sn\der etc) 'ue& em constante deslocamento& viviam a -mrica dos

    anos 23)*o campo da arte& os beats fi:eram uma demonstra"o consciente de 'ue apoesia e a prosa podiam ser restauradas como uma e8perincia vivida pelo prprioautor& fora de 'ual'uer padro acadmico/universitrio) Dsso tornou necessria acria"o de uma linguagem 'ue e8primisse esse contato com a sociedade da poca&como mostra -llen .ins(erg em seu poema -mrica)

    -parentemente afastados do rock Nos beats nunca esconderam sua aversopelo rocknroll adolescente dos anos 23& os autores beats seriam de grandeimport9ncia para o rock dos anos

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    Os anos ', no Brasil0a in5lu6ncia cultural estran/eira

    - D*FLUZ*CD-*40AE/-ME0DC-*-P4,ESE0PE0CE5D,-EMS[M54L4SC4M4C-0MEMMD0-*,-& ^TC-0D4C-

    E-CH-*CH-,-& E& *-SE.U*,-MEA-,E,4S-*4S23&TD*AE*SDFDC-,-C4M4M4>DME*A4,-P4ESD-C4*C0EA-&

    ,-54SS-*4>-E,404C`*04LL)

    - difuso de certos aspectos da cultura norte/americana um fatoincontestvel do nosso tempo) >ivemos no 5rasil cercados de videocassetes evideogames& comemos hot!ogs e hamburgers& tomamos Coca/Cola& escutamos)a**e rock& vestimos)eans& e os 1ovens praticam skatee surf) 4s comportamentossociais adotados pelos 1ovens atravessaram fronteiras e se esta(eleceram no 5rasil

    com os nomes de origem) Dsso ocorreu com a 1uventude transviada dos anos 23 epassou pelos hippiese pelospunks& c7egando depois aos rapperse -(sdos anosI3)

    Para sermos mais e8atos& a c7egada vis%vel de Aio Sam ao 5rasil aconteceumesmo no in%cio dos anos Y3& em condi"+es e propsitos muito (em definidos) -partir de QIYQ& o 5rasil foi literalmente invadido por miss+es de (oa vontade norte/americanas& compostas de professores universitrios& 1ornalistas& diplomatas&empresrios etc)& todos empen7ados em estreitar os la"os de coopera"o com os(rasileiros& para a con'uista de um novo mercado consumidor) Com umplane1amento cuidadoso de penetra"o ideolgica& principalmente com o cinema deHoll\_ood 'ue tentava mostrar o estilo de vida norte/americano& os Estados Unidosprocuravam assegurar/se de 'ue o 5rasil e a -mrica Latina seriam seus aliadospol%ticos e econ;micos no plano internacional)

    Mesmo um pouco antes disso& o cinema 7oll\_oodiano 1 reali:ava uminterc9m(io com o 5rasil) Em QI#I& acompan7ada do con1unto 5ando da Lua&Carmem Miranda& com seus tra1es (aianos t%picos& via1ava para os Estados Unidos),epois de cator:e meses voltava pela primeira ve: ao 0io de Oaneiro& sendorece(ida por cinco mil pessoas& com aplausos mas tam(m com cr%ticas6 >oltouamericani:ada) Seguiram/se mais 'uin:e anos de -mrica do *orte& tre:e filmes&

    trinta discos& alm de marcante atua"o no rdio e na televisoR tudo isso fe: deCarmem Miranda um s%m(olo dos trpicos americanos N5rasil& M8ico& Cari(e& umamistura estili:ada de ritmos e dan"as latinas Nsam(a& c7orin7o& rum(a& calipso eoutros& (em ao gosto 7oll\_oodiano)

    4utro personagem nascido nessa poca foi nosso con7ecido ^ Carioca&papagaio verde/amarelo criado pelo produtor norte/americano de desen7osanimados& ]alt ,isne\& depois de uma viagem ao 5rasil) ^ Carioca& falador eesperto como todo (om (rasileiro& teve sua estreia mundial no filme +l./ amigos0& emQIY)

    -pesar da apro8ima"o dos Estados Unidos durante a dcada de QIY3& osinvestimentos norte/americanos em nosso pa%s no foram muito significativos) 4spa%ses su(desenvolvidos ainda eram encarados apenas como fornecedores de

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    produtos primrios Nmatrias/primas e produtos agr%colas para os pa%sesdesenvolvidos)

    - partir da dcada de QI23 7averia uma fantstica difuso da cultura norte/americana& 1 'ue vrios pa%ses& entre eles o 5rasil& possu%am canais e cone8+esnacionais Nfrutos da industriali:a"o e crescimento ur(ano& respectivamente 'ue

    podiam rece(er espontaneamente certos padr+es de consumo e reprodu:ir ainfluncia do estilo de vida americano)

    A c8anc8ada nos anos ',*os anos 23& essa forte influncia estrangeira foi primeiramente sentida na

    produ"o cinematogrfica (rasileira& 'ue aca(ou criando certos la"os dedependncia com a indGstria cinematogrfica internacional principalmente anorte/americana a partir das c7anc7adas da -tl9ntida e dos filmes da >era Cru:&com a participa"o de artistas como 4scarito& .rande 4telo& ,erc\ .on"alves&-nselmo ,uarte& Oos Le_go\& ]ilson .re\& Eliana Macedo& ^ Arindade& ^e:

    Macedo e outros)Muitas das c7anc7adas produ:idas giravam ao redor dos gneros dos filmes

    norte/americanos como os musicais& os policiais& os (angue/(angues& asreconstitui"+es de pocas & destacando/se 1atar ou correr& % barbeiro 2ue sevira& Nem #anso nem -alila& entre outros) Parodiando filmes estrangeiros& muitosdesses filmes atra%ram a aten"o do pG(lico mais modesto& pois neles se encontravao 'ue no estava presente no modelo estrangeiro6 o cotidiano em anedotastipicamente cariocas ou& ento& o 1eito de falar e de se comportar do 7omemsimples (rasileiro)

    Foto W pg) #BLegenda6Cena de filme produ:ido pela -tl9ntida& 3arnab4/ tu 4s meu) QI2) ,ire"ode Oos Carlos 5urle) Com .rande 4telo& 4scarito e Fada Santoro)

    4s filmes de c7anc7ada representaram a primeira e8perincia de longadura"o na produ"o de uma srie de filmes para o mercado nacional) Suascondi"+es de produ"o caracteri:avam/se por um es'uema industrial 'ue seautossustentava com suas compan7ias cinematogrficas& utili:ando tcnicas poucosofisticadas e com custos (astante redu:idos)

    Nem #anso nem -alila NQI2Y& de Carlos Manga& pode ser considerado oponto m8imo da evolu"o da c7anc7ada) ,epois de anos a(sorvendo os maisdiversos elementos e8tra%dos do circo& do carnaval& do teatro de revista& do rdio edo cinema estrangeiro& a c7anc7ada come"ava a sofrer a concorrncia de um novomeio de comunica"o6 a televiso)

    Dmplantada no 5rasil em QI23& a televiso terminou a dcada com 'uaseseiscentos mil aparel7os& tendncia sempre crescente e determinante na 'ueda defre'uncia de espectadores aos cinemas) -final& para 'ue assistir s c7anc7adasem cinemas& 'uando se podia desfrutar a imagem dos seus astros em programas

    televisivos=Mas outros fatores aliaram/se televiso para mudar o cinema (rasileiro) -

    rea"o nacionalista contra a invaso econ;mico/cultural estrangeira& 'ue aca(aria

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    se acentuando durante o governo Ouscelino `u(itsc7e NQI2

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    dos ve%culos de comunica"o de massa nas grandes cidades (rasileiras& entre os'uais a televiso)

    Audo isso contri(uiu para uma influncia mais acentuada da culturaestrangeira& principalmente a norte/americana& 'ue foi incorporada cultura nacionalpelas camadas mdias ur(anas e propiciou o surgimento de novos movimentos

    culturais)Entre esses movimentos podemos destacar o surgimento do Concretismo comsua poesia de vanguarda) 4s concretistas no 'ueriam apenas e8primirsentimentos e ideias em sua poesia) Como o pa%s estava em pleno processo deur(ani:a"o e na era dos modernos meios de comunica"o de massa& elespreferiam e8plorar os sons das palavras& os efeitos visuais do poema& os espa"osem (ranco do papel e os lemas das campan7as pu(licitrias) -lguns c7egaram adi:er 'ue a poesia no seria mais feita com versos) Um e8emplo da poesia concretada poca o poema Coca/Cola NQI2B& de ,cio Pignatari& uma cr%tica social epol%tica propaganda multinacional)

    Mas na mGsica 'ue surge um movimento 'ue& tam(m so( a influncia doconcretismo& funcionaria como uma s%ntese e um lema para essa poca a 5ossa*ova)

    No 7alan-o da 7ossa nova4 in%cio da dcada de QI23 foi fortemente marcado pela presen"a do sam(a/

    can"o) Em(ora ten7a surgido efetivamente na dcada de QIY3 Ncom -ve Maria nomorro& de Herivelto Martins& em QIY& foi s nos anos 23 'ue esse estilo musicalatingiu sua for"a total a partir de >ingan"a& de Lupic%nio 0odrigues& em QI2Q)

    Com intrpretes como -delino Moreira& Oair -morim& Evaldo .ouveia& *elson.on"alves& Oamelo& Cau(\ Pei8oto e a musa do sam(a/can"o& Ma\sa& entreoutros& esse gnero alcan"a sua poca de glria)

    4 sam(a/can"o foi uma mistura do sam(a de rai: com os padr+es ur(anos deconsumo) Essa can"o de salo& como a definia Cartola& por meio de autorescomo Lupic%nio 0odrigues& ,orival Ca\mmi& Ooo de 5arro etc)& come"ava a rece(erinfluncias da mGsica rom9ntica norte/americana Nde (ase 1a::%stica& principalmentecom intrpretes como ,ic Farne\ e LGcio -lves& propiciando a gnese do 'ue seriao movimento (ossa/novista)

    Foto W pg) YQLegenda6Ooo .il(erto e seu violo& s%m(olos do intimismo (ossa/novista)

    Com a (ossa nova iniciou/se uma nova etapa na mGsica popular (rasileira& 'ueiria satisfa:er um pG(lico mais 1ovem& em sua maioria universitrios& das classesmdias ur(anas) Congregando um certo nGmero de cantores e instrumentistas muitotalentosos& cu1a identidade residia na forma intimista de cantar e tocar osinstrumentos& os (ossa/novistas foram se multiplicando) MGsicos e compositorescomo Ooo .il(erto& 0o(erto Menescal& Carlos L\ra& -nt;nio Carlos Oo(im& >inicius

    de Moraes& Oo7nn\ -lf& Silvia Aeles& *ara Leo foram os principais responsveis peloin%cio do movimento) Em QI2@ foi gravado o primeiro disco de (ossa nova Chega!e sau!a!e& por Ooo .il(erto) *esse mesmo ano surgiu uma mGsica mais

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    e8pressiva ,esafinado& de -nt;nio Carlos Oo(im e *e_ton Mendon"a & 'uemarcou o in%cio da 5ossa *ova6

    - prpria letra da mGsica torna/se um manifesto do movimento& pois tra: ae8plica"o do comportamento antimusical dos (ossa/novistas) Esteticamentevinculada a um am(iente pe'ueno& a vo: passaria a ser usada na lin7a da fala

    normal& sem alternar com gritos e sussurros& sem a necessidade de se recorrer ae8pedientes vocais oper%sticos& (em diferente do estilo grandilo'uente do sam(a/can"o e seus intrpretes) - ausncia de grandes arrou(os melodramticose8pressava um novo comportamento do mGsico e do intrprete ao aproveitar aspossi(ilidades oferecidas pelas grava"+es e pelo poder da radiodifuso e dateleviso)

    >emos& ento& 'ue o prprio desenvolvimento tecnolgico dos meios decomunica"o de massa no 5rasil& durante os anos 23& possi(ilitou 'ue a vo:espremida no cantin7o c7egasse a alguns mil7+es de ouvidos nos centros ur(anosdo pa%s) -o artista a(ria/se o campo para integrar as influncias do )a** norte/

    americano Nbebope cool )a**& de um modo mais consistente e nacional& mGsica(rasileira& 'ue& a partir de uma 7armonia mais comple8a& c7amava a aten"o parauma rela"o mais %ntima e mais rica entre o som da vo: Ncantor e o da or'uestra ouinstrumento) ,esse modo& a (ossa nova s poderia fa:er parte de um 'uadro 'ueevidenciasse o crescimento e refinamento dos meios de comunica"o de massa& ae8panso do mercado e da produ"o de discos& resultado da prpria ascenso dascamadas mdias ur(anas da sociedade)

    O rocknrollc8e/a ao Brasil

    - 1uventude (rasileira& porm& no tin7a apenas a (ossa nova) Oornalistasassustados c7amavam a aten"o para a euforia e a loucura provocada pelo filmenorte/americano $ock aroun! the clock& lan"ado no mercado (rasileiro em QI2

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    os 1ovens desfilavam com seus carr+es envenenados e suas lam(retas) Ltam(m estavam as duas (oates da moda6 a Canguru e a Oa:: Hot) *elas no 7aviaor'uestras& apenas a continuidade da vitrola secreta N)ukebo8 tocando pil7as dediscos) *o fim da noite& 'uando as discuss+es so(re rocknrollc7egavam ao fim& osre(eldes entravam em seus carros e come"avam mais uma roleta paulista& uma

    corrida a toda velocidade& 'ue no respeitava sinal ou cru:amento) Colocando suavida em perigo& alguns 1ovens transviados Nfil7os da classe mdia alta e8pressavamsua re(eldia contra uma sociedade de valores provincianos 'ue se industriali:ava)-lguns imitavam Oames ,ean no filme (uventu!e transvia!a& 'ue precipitava seucarro em um a(ismo& saltando antes do desastre) - fac"o mais violenta desses1ovens divertia/se 1ogando seus automveis contra outros em movimento& parao(rig/los a desviar/se)

    *o 0io de Oaneiro& o ponto de encontro dessa 1uventude era o (ar Mau C7eiro&no -rpoador N:ona sul da cidade& onde centenas de lam(retas estacionavam naavenida da praia ao cair da tarde) 4s re(eldes sem causa vin7am de vrios (airros

    da cidade e& de madrugada& com suas garotas na garupa& iam para a 5arra daAi1uca) Mas eram poucos os partidrios da violncia gratuita) Em geral& os 1ovenstransviados (rasileiros e8pressavam por meio da mGsica e das roupas N1a'uetas decouro e)eansapertado o seu protesto contra os valores das antigas gera"+es)

    -pesar dessa agita"o praticada por alguns grupos de 1ovens das classesmdias ur(anas& 'ue tin7am poder a'uisitivo suficiente para importar a emergentecultura do rocknroll& a 1uventude (rasileira ainda no possu%a um espa"o prpriopara a produ"o da sua mGsica& coisa 'ue s aconteceria no in%cio da dcada deQI

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    '# Os esto2ins de uma d;cada eE*AU,E*40AE/-ME0DC-*-& *-P0DMED0-MEA-,E,4S

    -*4S-,4SPEL-.UE00-,4>DEA*EPEL-S

    LUA-S,EM-0AD*LUAHE0`D*.) E*A0EA-*A4&-D00E>E0Z*CD-E-,ESC4*A0-J4,404C`*04LL SE0E>DA-LD^-0-M

    C4M4.0-*,ESUCESS4,4S.0UP4S50DA*DC4S5E-ALESE04LLD*.SA4*ES)

    ,epois de seu apogeu entre os anos de QI2< e QI2@ & o rocknrollcome"ou a se esva:iar& nos Estados Unidos& como meio de e8presso e revolta deuma gera"o) - energia dessa mGsica aca(ou sendo& cada ve: mais& assimilada poruma eficiente indGstria cultural 'ue apenas se interessava em e8pandir seu mercado

    para uma mGsica 1ovem) Para isso& vrios modismos em matria de dan"as e ritmosforam lan"ados6 surf music& t"ist& calipso& c7/c7/c7& hullygullyetc)& invadindo asdiscotecas norte/americanas recentemente criadas) Essa comerciali:a"o tam(mtin7a como ttica uma maior apro8ima"o entre adolescentes e adultos& favorecendoo surgimento de astros como Paul -na e *eil Sedaa& 'ue apelavam para umrocknroll mais consum%vel& sem tanta agressividade& com a predomin9ncia de(aladas rom9nticas mais tradicionais)

    Esse esfriamento criativo do rocknrollcome"ou a repercutir entre os prpriosartistas negros& 'ue& a partir de uma fuso de ra%:es dos gospelse dos spiritualsNmGsicas das igre1as negras protestantes com elementos da can"o rom9ntica

    (ranca& criaram um tipo mais suave de mGsica vocal& retomando a lin7a adotada porgrupos vocais como A7e Platters& com seu sucesso 4nl\ \ou NQI22) Aratava/se deuma mGsica so( medida para ser aceita por um grande pG(lico (ranco) - partir deQI2I& 5err\ .ord\ capitali:a esse novo som& construindo em torno de si umapoderosa empresa& 'ue iria dominar o setor da c7amada black musicNmGsica negradurante a dcada de QI

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    Conferncia Sulista de Lideran"a Crist& 'ue funcionou como organi:adora dascampan7as de deso(edincia civil Npol%tica implantada com sucesso por Ma7atma.and7i contra o dom%nio (rit9nico so(re a [ndia em QIY/QIYB) Em QI

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    continuassem a demonstrar preconceitos raciais) Proi(iu a discrimina"o no registrode eleitores e esta(eleceu como re'uisito para o direito de voto dos negros aapresenta"o do diploma da ietn NQI

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    Em agosto do mesmo ano& outro c7o'ue6 os alemes orientais ergueram oMuro de 5erlim& s%m(olo da diviso entre os mundos capitalista e comunista) 4utrofato importante& ocorrido tam(m nesse ano& foi a e8ploso de uma (om(a de 23megatons& de fa(rica"o sovitica& )233 ve:es mais poderosa 'ue a (om(aat;mica lan"ada em QIY2 so(re Hiros7ima& no Oapo& o 'ue demonstrou a corrida

    nuclear entre as duas superpotncias)- con'uista espacial foi outra corrida imposta por `enned\ aos EstadosUnidos) -o sa(er 'ue os soviticos estavam mais avan"ados& pois 7aviam colocadoo primeiro astronauta em r(ita Nuri .agarin& em QIietn do Sul) Em QI2Y& depois de muitosconflitos& os acordos de .ene(ra tin7am determinado a partil7a da Dndoc7ina& antigoterritrio francs no sudeste asitico& em Estados independentes6 Laos& Cam(o1a e o

    >ietn& dividido em duas partes na altura do paralelo QB) 4 norte& governado porcomunistas& assumiu a denomina"o de 0epG(lica Popular ,emocrtica do >ietndo *orte& com capital em Hani) O o >ietn do Sul& capital Saigon& seriaadministrado por um governo provisrio de orienta"o pr/capitalista) 4 tratado de.ene(ra ainda esta(elecia a reali:a"o de elei"+es livres NQI2ietn do *orte de Ho C7i Min7 Naliadosdos soviticos& o envolvimento dos Estados Unidos no conflito do Sudeste -siticotornou/se cada ve: maior& provocando vrias manifesta"+es de protesto da1uventude norte/americana no decorrer da dcada)

    Moralmente inaceitvel para grande parte da sociedade norte/americana&principalmente depois 'ue a tev come"ou a mostrar o conflito& a .uerra do >ietnprovocou in'uieta"+es e infindveis discuss+es no pa%s& mesmo aps seu trmino)-final& esse grande erro feriu tre:entos mil 7omens e matou mais de sessenta mil&traumati:ando toda uma sociedade) -lgumas reavalia"+es 7istricas feitasprincipalmente pelo cinema& com timos filmes como 9airNQIBI& de Milos FormanR+pocalypse no"NQIBI& de Francis Ford CoppolaR PlatoonNQI@ietn)

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    Mas no foi apenas a .uerra do >ietn 'ue contri(uiu para aumentar a tensoentre os Estados Unidos e a Unio Sovitica nos anos

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    mGsica popular da pocaR o gosto pelo am(%guo& pelo m%stico& pelo religioso tam(mse fa:ia presente& mostrando toda a influncia dos poetas beatsso(re o compositor)Mas o verdadeiro %dolo de 5o( ,\lan era o cantor ]ood\ .ut7rie& veterano dascausas tra(al7istas dos anos #3 'ue& no final da dcada de QI23& se encontravaa(andonado num 7ospital de *ova or)

    Como muitos outros 1ovens norte/americanos do seu tempo& 5o( ,\lanmostrava/se desencantado com o mundo 'ue os 7omens constru%ram6 ol7ando asua volta& lendo 1ornais e vendo noticirios da tev& ele sentia 'ue as coisas noestavam to maravil7osas como as pessoas no poder apregoavam) ,\lan tin7a nocotidiano das manc7etes e reportagens dos 1ornais e revistas a fonte de matria/prima para as suas can"+es& nas 'uais o compositor denunciava os sen7ores deescravos e os sen7ores da guerra da -mrica) Com isso& transformou/se numaespcie de porta/vo: da 1uventude norte/americana& principalmente a partir dosucesso de 5lo_in in t7e _ind NQIeloso e outros integrantes da Aropiclia& 'ue sentiram na pelea vaia e a incompreenso das plateias nacionalistas de es'uerda& 'ue ac7avam aguitarra eltrica um s%m(olo da domina"o cultural estrangeira so(re a mGsicapopular (rasileira)

    -pesar de tudo& 5o( ,\lan alcan"ou um sucesso fulminante& no s comoartista mas& tam(m& como l%der de uma gera"o) Considerado o poeta m8imo damGsica de protesto& ele influenciou os 5eatles e praticamente todos os letristasimportantes da 7istria do rock) Musicalmente& seu interesse pelo rockeltrico foiuma das principais fontes para o desenvolvimento do folk rock NA7e 5andR A7e5\rdsR Countr\ Ooe and t7e Fis7R 5uffalo SpringfieldR Cros(\& Stills& *as7 and oungRSimon and .arfunelR Creedence Clear_ater 0evivalR Oames Aa\lor etc))

    =

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    come"aram a recuperar sua capacidade de produ"o e seu poder de compra&assimilando o estilo de vida consumista dos norte/americanos)

    Foi na Dnglaterra& em virtude de suas prprias liga"+es 7istricas& 'ue todaessa influncia cultural esteve mais presente& propiciando a e8ploso de uma cultura1ovem em 'ue estudantes oriundos& em sua maioria& das classes tra(al7adoras

    escol7eram o rocknroll como porta de acesso ao mundo da cultura ocidental),eram assim o primeiro passo para a renova"o radical desse estilo de mGsica&criando o som 'ue ficaria con7ecido simplesmente como rock)

    *a dcada de QI23& por pro(lemas de distri(ui"o e pela censura daprograma"o radiof;nica Ncontrolada pela estatal 55C& o rocknroll levou algunsanos para c7egar ao 0eino Unido) Sem uma infraestrutura 'ue o divulgasse Nrdios&!isc)ockeys& sho"setc)& os 1ovens ingleses s tin7am os discos importados) Esseva:io foi preenc7ido pela onda skiffle& imita"o do blues norte/americano) Essemovimento deu ao rock(rit9nico sua slida (ase de blues& com pioneiros como -le8`orner e Oo7n Ma\all)

    ?uando o rocknrollnorte/americano atingiu com maior intensidade o mercado(rit9nico& no in%cio da dcada de QI

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    Por trs do sucesso desses con1untos ingleses& estava uma revolu"o culturalem 'ue implodia a moral vitoriana) - Dnglaterra 7avia dei8ado de ser o centro docapitalismo mundial desde a Primeira .uerra Mundial NQIQY/QIQ@& no possuindomais o imprio colonial 'ue l7e dava sustenta"o necessria para manter seu poder7egem;nico so(re o mundo)

    -ps as dificuldades de reconstru"o do pa%s& as novas gera"+es inglesas&gra"as forte influncia do american "ay of life& despertavam para o pra:erindividual e o consumo) ,ivertiam/se entre os conflitos de mo!sNorigem do grupoA7e ]7o e rockers& 'ue opun7am (asicamente dois estilos de vida) 4s mo!sNderivado de modern& moderno eram 1ovens de classe mdia 'ue vestiamternin7os de lapela& camisas de colarin7o redondo e primavam por um visual (emcomportado& andavam em suas lam(retas c7eias de acessrios cromados e ouviam(asicamente mGsica negra dos anos

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    (# Radicali1a-o dos movimentos jovens

    - SE.U*,-MEA-,E,4S-*4SDME*A4SO4>E*SEPEL-C4*A0-CULAU0-& C4M4SHDPPDES E4PSDC4,ELDSM4)

    F4D*ESSECE*X0D4?UE4M4>DME*A4ESAU,-*ADLSE,ESA-C4U*4MU*,4D*AED04&-4C4*AESA-0

    4SSDSAEM-SC-PDA-LDSA-EC4MU*DSA-)

    Em meados da dcada de QI

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    utopia dos 7ippies a constru"o de um para%so a'ui e agora& de pa: e amor)Para tanto& era fundamental criar seu prprio estilo de vida e cair fora do mundomaterialista e racional da sociedade moderna& o 'ue significava gan7ar outro espa"of%sico e mental) ,a% a cria"o das comunidades 7ippies e a desco(erta do misticismoe do psicodelismo das drogas& principalmente o LS, Ncido lisrgico)

    Foto W pg)

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    (ranca) Oanis nasceu no Ae8as& mas esteve ligada ao rockde So Francisco& cidade'ue& como Liverpool na Dnglaterra& assistiu a uma prolifera"o de grupos etendncias musicais desde o con1unto com 'ue Oanis tra(al7ou& o 5ig 5rot7er andt7e Holding Compan\& at o rock latino de Carlos Santana& com seus ritmosdan"antes e sua variada percusso)

    Mas a tendncia mais t%pica do roc de So Francisco foi o c7amado aci! rockNrockcido& 'ue procurava& com a cria"o de espa"os musicais amplos e a(stratos&e com o emprego de estran7as sonoridades& reprodu:ir os sons e ru%dos& os climase sugest+es emocionais da e8perincia psicodlica com as drogas) 4s grupos maisfamosos dessa audaciosa aventura so o Oefferson -irplane& A7e ,oors& de OimMorrison& e o .rateful ,ead& de Oerr\ .arcia Nguru psicodlico da cena musicalnorte/americana) Eles foram& de certa forma& os principais divulgadores do cidolisrgico NLS, e de suas alegadas virtudes teraputicas de viagens interiores&criando um estilo de rock inspirado na e8perincia li(eradora da droga& c7amadopsicodelismo)

    *a Dnglaterra& o LS, tam(m influenciou a cria"o musical& rompendo (arreirase estruturas culturais& alm de e8pandir ainda mais a percep"o musical) 4 famosoLP #gt: Peppers& considerado um divisor de guas na carreira dos 5eatles e na7istria do rock& possu%a uma forte influncia do movimento psicodlico6 ru%dos detodos os tipos& do (adalar de sinos s palmas e inter1ei"+es da plateia de um7ipottico circo onde tocava a (anda do Sargento Pimenta) 4 disco apresentavauma mistura de rockcom variados estilos musicais& 'ue iam do )a** tradicional mGsica indianaR misturava (anda de fanfarra& sitares indianos e cordas ocidentaisnuma e8u(er9ncia or'uestral 'ue unia a guitarra eltrica aos sons de mGsica

    concreta de vanguarda& pr/fa(ricada em estGdio)- influncia do psicodelismo nesse LP dos 5eatles pode ser demonstrada a

    partir da can"o Luc\ in t7e s\ _it7 diamonds NLuc\ no cu com diamantes& cu1asletras iniciais do t%tulo NLS, foram interpretadas como sendo uma aluso direta droga& algo 'ue Oo7n Lennon desmentiria mais tarde) Segundo Oo7n& ele no 7aviapensado em nada disso 'uando escreveu a can"o) Ela foi feita a partir de umdesen7o de seu fil7o Oulian& na poca com Y anos) Se1a como for& era uma letrapontuada por imagens estran7as e fantsticas& 'ue apelavam para um surrealismot%pico do movimento psicodlico)

    Mas o aci! rockingls& ou hea! musicNmGsica de ca(e"a& tin7a no grupo PinFlo\d& so( o comando de S\d 5arrett NQI

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    do mundo6 Estados Unidos& Dnglaterra& 5rasil& Ac7ecoslov'uia& Pol;nia& C7ina&Oapo etc)

    4 Maio de

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    cr%tica& reforma econ;mica 'ue limitasse o plane1amento centrali:ado na (urocraciado Estado& a(oli"o da censura e democrati:a"o da vida pol%tica)

    Foto W pg)

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    -((ie Hoffman& os yippiesmisturavam a pol%tica da nova es'uerda americana comas ideias da contracultura& reivindicando& entre outras coisas& a legali:a"o damacon7a& direito de voto para maiores de Q anos e veto desse direito a partir dos23 anos)

    - nfase cultural dos protestos tornava/se cada ve: mais pol%tica& dando in%cio&

    segundo alguns autores& a um processo de assimila"o dos movimentos decontracultura 'ue& apesar de sua radicalidade& come"aram a aceitar as regras dosistema) Mesmo assim& os Estados Unidos eram sacudidos pelo aumento dainsatisfa"o entre os negros& principalmente aps o assassinato de Martin Lut7er`ing& em a(ril de QIietn& os 1ovens usavam as 1a'uetas de soldados mortos no >ietn& com os furosde (alas e manc7as de sangue& e& a partir da%& as indGstrias passaram a fa(ricar1a'uetas com furos e tinta parecendo sangue& para vend/las em grandesmaga:ines)

    4s grandes festivais de rock prosseguem at 7o1e& mas sem a for"a de]oodstoc) *o mesmo ano de QI

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    reprimindo e destruindo o 'ue se considerava uma invaso e amea"a ao (em/estarpG(lico)

    ,essa forma& o final da dcada de QI

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    Por fim& 7avia as preocupa"+es ecolgicas por um maior e'uil%(rio entre o7omem e a nature:a& denunciando a polui"o atmosfrica e sonora& fa:endo asociedade perce(er os estragos provocados pela e8plora"o desenfreada doplaneta) Portanto& apesar do seu fim& a contracultura dos anos

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    )# Os anos (, no Brasil0 en/ajamentoou cultura de massa

    -SP0D*CDP-DSC400E*AESCULAU0-DS,4S-*4SEM.U-0,-EA04PDC-LDSM4

    ,E>EMSE0E*AE*,D,-S*4C4*AEA4,E0-,DC-LD^-J4P4L[ADC-,4P-[S-*AESE,EP4DS,4.4LPEMDLDA-0,EQI

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    criada a Confedera"o *acional dos Ara(al7adores -gr%colas) 4 de(ate pol%ticonacional via (ril7ar um vel7o ta(u6 a reforma agrria)

    Aam(m setores da classe mdia ur(ana progressista participavam& comamplos segmentos& do movimento social& no 'ual estudantes e intelectuaisassumiam posi"+es favorveis s reformas sociais& desenvolvendo uma intensa luta

    de milit9ncia pol%tica e cultural) - U*E NUnio *acional dos Estudantes& ainda emplena legalidade& discutia as 'uest+es nacionais e as perspectivas de transforma"o'ue mo(ili:avam o pa%s)

    Esse per%odo de governo& entre QI 0ecord de So Paulo NQI

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    Um e8emplo significativo da refle8o pol%tico/social feita por esse tipo demGsica enga1ada pode ser constatado na letra da can"o Pedro pedreiro NQI

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    - fase dos festivais iniciou/se em QI E8celsior de So Pauloorgani:ando o D Festival de MGsica Popular) 4s vencedores foram Edu Lo(o e>inicius de Moraes com a mGsica -rrasto& na interpreta"o de Elis 0egina) *oano seguinte& a A> 0ecord organi:ou o DD Festival de MGsica Popular& no 'ual C7ico5uar'ue& com - (anda& e .eraldo >andr& com ,isparada& empataram em

    primeiro lugar) Em QI

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    ]anderlea& - Aernurin7a) *o eram s apelidos e sim verdadeiras marcasregistradas& no sentido comercial do termo& ao lado do nome do programa e de seus%m(olo6 4 cal7am(e'ue)

    Foto W pg) BB

    Legenda6- turma da Oovem .uarda arrom(ando a festa)

    - resposta do pG(lico veio rpida e fulminante) Em pouco tempo& as tardes dedomingo eram da turma da Oovem .uarda6 Oordans& 4s >ips& 4s Dncr%veis& 4sFevers& .olden 5o\s& 0enato e seus 5lue Caps Ncon1unto 'ue teve em seu in%cio aparticipa"o de Erasmo Carlos& Oerr\ -driani& ]anderle\ Cardoso& Martin7a&0osemar\& Eduardo -raG1o& 0onnie >on& Leno e Lilian& ,eno e ,ino& alm de muitosoutros) Esses 1ovens assumiram rapidamente todos os postos das paradas desucesso da poca) - nova moda entrava nos lares& nos ouvidos e nos guarda/roupas) Para os rapa:es& a onda era usar ca(elos compridos influncia dos

    5eatles e cal"as colantes (icolores& com a indispensvel (oca/de/sino) -minissaia era a pe"a (sica da garota papo/firme& acompan7ada por (otas de canoalto e cintos coloridos) - 1uventude adolescente consumia (oa parte dessesprodutos& lan"ados por uma agncia de pu(licidade 'ue& com uma campan7apu(licitria (em/articulada& procurava e8plorar esse novo mercado consumidor 'uese a(ria com a e8panso dos meios de comunica"o e o desenvolvimento ur(anodo pa%s)

    *o auge da Oovem .uarda& em QI

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    preocupados com o papel da arte na conscienti:a"o das desigualdades sociais ena resistncia ao regime militar do pa%s) Essa diviso entre cultura enga1ada ecultura de consumo ou arte alienada se pro1etou& de in%cio& entre os pG(licos dosprogramas 4 Fino da 5ossa e Oovem .uarda) Mais tarde& foi transposta para osfestivais& na oposi"o entre os defensores da mGsica de protesto e os tropicalistas)

    *o mesmo momento em 'ue se iniciava a decadncia da Oovem .uarda 'ue teve seu gran finaleem 1aneiro de QI

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    Cinema NovoEntre os vrios cinemas novos do mundo Nitaliano& francs& alemo etc) 'ue se

    desenvolveram nos anos

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    'uando o espa"o pol%tico l7es era oferecido de maneira paternalista) Marcado poruma narrativa fragmentada e inovadora& isso tudo serviu de est%mulo para oAropicalismo)

    Contradi-.es antro2o5/icas do Tro2icalismo

    Em QI 0ecord& Caetano >eloso e.il(erto .il irromperam no de(ate cultural da poca& causando polmica com suasmGsicas -legria& alegria e ,omingo no par'ue& respectivamente) -compan7adospelas guitarras dos 5eat 5o\s e dos Mutantes& incorporaram dados modernos eatuais geleia geral (rasileira& real"ando a mistura de arca%smo e moderni:a"o&fundindo os elementos tradicionais da mGsica popular (rasileira com a modernidadeda vida ur(ana e sua cultura de consumo& a partir de um discurso de carterfragmentrio e descentrado& como num filme de .lau(er 0oc7a)

    Dnspirado no Manifesto Pau/5rasil da Semana de -rte Moderna de QI& dopoeta 4s_ald de -ndrade& o Aropicalismo criou uma esttica antropofgica

    contempor9nea& 'ue procurava deglutir os movimentos de vanguarda vindos de forano primitivismo da cultura popular (rasileira& a partir de uma rela"o de contrastesentre o moderno e o arcaico& o m%stico e o industriali:ado& o primitivo e otecnolgico) Suas alegorias e sua linguagem metafrica criavam um 7umor cr%ticoNpardia& 'ue tentava superar a polari:a"o entre as posi"+es estticas defensorasda cultura enga1ada e as da cultura de massa)

    -ssim& sem incorrer no discurso militante de es'uerda& na mGsica de protestoou no comercialismo do i/i/i& a Aropiclia tra(al7ou a pol%tica e a esttica nummesmo plano& mostrando as contradi"+es da nossa moderni:a"o su(desenvolvida

    a partir de outra forma de arte) Dsso pode ser e8emplificado pela mGsica AropicliaNQIeloso& uma espcie de s%m(olo e s%ntese das ideias demovimento& pois esta(elecia uma tenso cr%tica entre o moderno e o arcaico 'uepercorre toda a letra da mGsica6 (ossa e pal7o"aR fino da (ossa Naluso aoprograma de tev e ro"aR (anda Naluso mGsica de C7ico 5uar'ue e CarmemMiranda) Essa tenso acompan7ada pelo arran1o da can"o& 'ue aca(amisturando ritmos populares (rasileiros de rai: com mGsica de vanguarda e comritmos da mGsica 1ovem& promovendo uma mistura Ncarnavali:a"o do primitivo como moderno& um verdadeiro painel cultural do 5rasil do final dos anos

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    cultura enga1ada proposta pela es'uerda& a Aropiclia pagaria o pre"o de suaousadia com seu prprio fim) 4 confronto decisivo aconteceu numa noite de QI

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    uadro 2ol:tico 2s4(*- partir de QIandr& Caetano >eloso& .il(erto .il& -ugusto 5oal& Oos CelsoMartine: Correa& .lau(er 0oc7a e muitos outros e8ilaram/se ou foram e8ilados)

    Mas o Aropicalismo& dentro de todo esse 'uadro de agita"o e repressopol%tico/cultural& mostraria sua import9ncia ao dei8ar um camin7o para a disposi"oanr'uica e re(elde& 'ue iria se refletir na e8perincia contracultural da 1uventude

    (rasileira& no in%cio da dcada de QIB3)

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    *# Os anos da incerte1a0assimila-o e rea-o

    --SSDMDL-J4,-C4*A0-CULAU0-E-S4FDSADC-J4,-CULAU0-O4>EMN$%C&P04.0ESSD>4& 9=+>Y 1=T+'E-@#C%T9A;U= F40-M?UESAD4*-,-SPEL4

    $=BB+=EPEL4PUN&& EMME-,4S,4S-*4SB3& ?UESDM54LD^-0-MUM-*4>-ESATADC-C4*A0-CULAU0-L,EC4MP40A-ME*A4C4*A0X0D-

    $C4ME0CD-LD^-J4E$P-,04*D^-J4,-CULAU0-O4>EM)

    4 avan"o do sistema so(re a contracultura& pela assimila"o de seus principaiselementos& entre eles a mGsica& tornou poss%vel& a partir de uma indGstria cultural(em/articulada& uma incorpora"o dessa contracultura cultura de consumo) 4use1a& ao mesmo tempo 'ue os 1ovens ainda deploravam o materialismo dasociedade de consumo& eles ad'uiriam sofisticados e'uipamentos de som& motos e

    carros esporte& roupas coloridas&)eansdes(otados& (i1uterias etc)4s a(alos da dcada de QIietn& a violncia racial& os

    movimentos estudantis e a contracultura fi:eram com 'ue& por e8emplo& acampan7a presidencial nos Estados Unidos& em QI

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    capitalistas decidiram adotar pol%ticas recessivas6 cortaram o gasto pG(lico erestringiram o crdito para novos financiamentos Na fim de evitar uma escaladainflacionria& levando a uma severa recesso durante os anos de QIBY e QIB2& poisessa pol%tica econ;mica provocou uma 'ueda na produ"o e no emprego)

    -pesar dessa crise na economia capitalista& a indGstria fonogrfica e8pandiu

    seu mercado& e o rockficou com a maior fatia do (olo) Aoda essa in1e"o de din7eirona indGstria fonogrfica se refletiu numa infinidade de tendncias 'ue se impuseramao longo da dcada)

    4 rock& 'ue nos anos

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    caracteri:ava o clima escatolgico ou de fim de mundo& vivido nos anos B3 e noacompan7ado pela e8panso e sofistica"o da indGstria fonogrfica do rock& cu1oponto culminante seria a !iscoth2ue)

    Foto W pg) IQ

    Legenda6 Carta: do filme %s embalos !e s

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    1ovens da dcada de QI23 pro1etaram/se na marginalidade negra do blues norte/americano para criar o rocknroll& o reggae iria se tornar uma das principaisinfluncias da mGsica pop& liderado por mGsicos como 5o( Marle\& Peter Aos7&5unn\ ]ailer& Oimm\ Cliff etc)

    Com a mGsica vin7a uma ideologia carismtica No rastafarismo&

    comportamento re(elde e anti/imperialista 'ue se e8pressava a partir daalimenta"o vegetariana& roupas coloridas e e8ticas& gan1a Nmacon7a e ca(eloscom longas tran"as) 4 rastafarismo tin7a por o(1etivo revitali:ar as formas de vidaafricanas e naturais entre os negros 1amaicanos e de todo o mundo) -creditava 'uea ra"a negra 7avia passado por todo o sofrimento da domina"o colonial do 7omem(ranco gra"as a suas prprias fra'ue:as& pois os negros teriam se afastado domodo sagrado de vida ensinado na 5%(lia& cultuando mais de um deus& matando&rou(ando e mentindo) ,a% a puni"o de Oa7 N,eus dos rastas& 'ue teria tornado osnegros po(res& incultos e oprimidos at 'ue estes redesco(rissem e aceitassem adivindade de Oa7 e seu prprio potencial para serem criaturas 7umanas 7onestas&

    'ue levassem uma vida correta)4s rastafarianos veem a civili:a"o do 7omem (ranco N5a(il;nia e seus

    instrumentos de poder N(urocracia& partidos& Dgre1a etc) como algo criado paraimpedir um modo natural da vida& permitindo a maldade e oprimindo o sagrado) Aalcr%tica pode ser constatada na letra da can"o 5a(\lon s\stem NQIBI& de 5o(Marle\)

    -pesar do castigo de Oa7& os rastas acreditavam ser o povo eleito 'uedominaria a Aerra antes do final do sculo por meio de sua principal arma6 amGsica) *o 5rasil& o reggaepassou a ter for"a a partir de QIB@& com as vers+es e

    composi"+es de .il(erto .il& Moraes Moreira& Lui: Melodia e outros) Mas foi naDnglaterra 'ue sua energia revolucionria e cativante influenciou grande parte da1uventude& determinando& de certa forma& uma volta s ra%:es africanas do rock)

    Foto W pg) IYLegenda65o( Marle\ com seu fil7o ^igg\ e p;ster de Hail Selassi& imperador daEtipia NQI#3/QIBY e fundador da seita rastafri)

    Rea-o 2unEEm *ova or& a blank generationNgera"o oca de Patti Smit7& Aom >erlaine

    Ne seu grupo Aelevision e 0ic7ard Hell Ne os >oidoids estava cansada da onda desuperficialidade e sofistica"o da cultura pop& interessando/se por uma aparnciaasctica e potica6 era o movimento minimal) 4 minimal era uma corrente art%sticaem 'ue se e8igia apenas o m%nimo do artista& com letras 'ue recuperavam asposturas e8istencialistas e beatdo ps/guerra& acompan7adas de um rock(sico esem 'uase nen7um efeito tecnolgico) ,entro desse conte8to& Malcolm McLarenNideali:ador do movimentopunke dos Se8 Pistols via o fracasso comercial de seugrupoprotopunk& o *e_ or ,olls& e voltava para Londres consciente de 'ue ainda7avia espa"o para a cria"o de um movimento contracultural& 'ue foi aproveitado

    pelos 0amones NQIB

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    contrrio& no 7averia possi(ilidade de esse movimento furar o (lo'ueio comercialimposto pelos meios de comunica"o e pelas grandes gravadoras& para criar umnovo mercado6 a 1uventude proletria dos grandes centros ur(anos)

    ,e certo modo& esse movimento seria prenunciado em QIBQ com o lan"amentodo filme 'aran)a mecEnica& so( a dire"o de Stanle\ `u(ric& (aseado no livro

    7om;nimo de -nt7on\ 5urgess) - a"o se passa na Dnglaterra& num futuro pr8imo&desolador e violento) .angues futuristas& amorais& destemidas& cruis& masirresist%veis& fa:em parte desse cenrio ao mesmo tempo repulsivo e atraente) Dssotudo a partir de um visual e8tico e um som incoerente com a a"o NmGsica eruditaem sinteti:ador) - tril7a sonora desse filme& composi"o do norte/americano ]alterCarlos& considerada uma o(ra/prima da mGsica eletr;nica dos anos B3& mostrandoum aprimoramento cada ve: maior da tecnologia musical)

    Foto W pg) I2Legenda6- fGria de um dos grupos precursores do pun roc6 os Se8 Pistols)

    Com a e8ploso do movimentopunkem QIB

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    moderno& 1 'ue a(range uma gama variada de modalidades& reciclando estilos elinguagens das dcadas anteriores)

    4 primeiro per%odo do movimentopunkterminou em QIBI& com a morte de Sid>icious& (ai8ista dos Se8 Pistols) Muitas (andas punksoriginais aceitaram o 1ogocomercial e se venderam s gravadoras& como os grupos .eneration & A7e -dverts&

    A7e ,amned e outros& sendo consideradas as primeiras (andas traidoras domovimento) - partir de QI@Q& aps esse (reve reflu8o& a manifesta"o punkressurgiu com (andas como U` Su(s NDnglaterra e ,ead `enned\s NEU-) 4movimento tomou ento outro rumo& mais conscienti:ador e ligado fai8a da1uventude proletria& 'ue continuava se re(elando contra a 7ipocrisia& o conformismoe o tdio& opondo/se a um mundo (aseado na pompa e no privilgio de alguns& no'ual os 1ovens das classes mais (ai8as tm poucas c7ances de se manifestar) Esseressurgimento desenvolveu outras correntes e estilos no interior do movimento&como o oi0 Npunkmais leve e ritmado& ligado aos sin7eads Nca(e"as raspadas&grupo de tendncia fascista& alm do har!core& do trash& do lan!fast& 'ue possuem

    vers+es cada ve: mais aceleradas do ritmopunk& 7avendo tam(m apro8ima"+escom o spee!metal Nheavy metalcom menos espa"o para solos de guitarra e com(atida e8tremamente rpida)

    Aalve: essa maior variedade e conscincia do punk& no to marcada naprimeira vaga NQIB

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    +# Os anos ), no Brasil0 do mila/reu5an:stico a7ertura 2ol:tica

    C4M4FDM,4MDL-.0EEC4*MDC4E4D*[CD4,--5E0AU0-P4L[ADC-& *4>-SF40M-S,EEP0ESS4F40-MP4SS[>EDS& C4M44SU0.DME*A4,4M4>DME*A4PUN&*-PE0DFE0D-,-S.0-*,ES

    CD,-,ESE4-P-0ECDME*A4,EMVSDC4SD*,EPE*,E*AES?UEP04PU*H-MUM-*4>-04UP-.EMESATADC-P-0--MP5)

    Com o endurecimento do regime pol%tico/militar a partir da decreta"o do -D/2&legitimando a censura prvia a todos os ve%culos de comunica"o em territrionacional& o 5rasil viveria at meados da dcada de QIB3 num verdadeiro clima deterror pol%tico& 'ue se refletiria num forte controle da produ"o cultural do pa%s),esde o final dos anos