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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGRICULTURA E BIODIVERSIDADE MORTALIDADE E COMPORTAMENTO DE Aedes aegypti (Diptera: Culicidae) RESISTENTE A PIRETRÓIDES EXPOSTO AO ÓLEO ESSENCIAL DE Aristolochia trilobata L. (Piperales: Aristolochiaceae) INDIRA MORGANA DE ARAÚJO SILVA 2017

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGRICULTURA E BIODIVERSIDADE

MORTALIDADE E COMPORTAMENTO DE Aedes aegypti

(Diptera: Culicidae) RESISTENTE A PIRETRÓIDES EXPOSTO

AO ÓLEO ESSENCIAL DE Aristolochia trilobata L. (Piperales:

Aristolochiaceae)

INDIRA MORGANA DE ARAÚJO SILVA

2017

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGRICULTURA E BIODIVERSIDADE

INDIRA MORGANA DE ARAÚJO SILVA

MORTALIDADE E COMPORTAMENTO DE Aedes aegypti (Diptera: Culicidae)

RESISTENTE A PIRETRÓIDES EXPOSTO AO ÓLEO ESSENCIAL DE Aristolochia

trilobata L. (Piperales: Aristolochiaceae)

Dissertação apresentada à Universidade

Federal de Sergipe, como parte das exigências

do Curso de Mestrado em Agricultura e

Biodiversidade, área de concentração em

Agricultura e Biodiversidade, para obtenção do

título de “Mestre em Ciências”.

Orientador

Prof. Dr. Leandro Bacci

SÃO CRISTÓVÃO

SERGIPE – BRASIL

2017

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FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA CENTRAL

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

S586m

Silva, Indira Morgana de Araújo

Mortalidade e comportamento de Aedes aegypti (Diptera: Culicidae) resistente a

piretróides exposto ao óleo essencial de Aristolochia trilobata L. (Piperales:

Aristolochiaceae) / Indira Morgana de Araújo Silva – São Cristóvão, 2017.

54 f.: il.

Dissertação (Mestrado em Agricultura e Biodiversidade) – Programa de Pós-

Graduação em Agricultura e Biodiversidade, Universidade Federal de Sergipe,

2017.

Orientador: Prof. Dr. Leandro Bacci

1. Aedes aegypti – Comportamento. 2. Aedes aegypti - Mortalidade. 3. Essências

e óleos essenciais. 4.Inseticidas. I. Bacci, Leandro, orient. II. Título.

CDU: 595.771:665.52/.54

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INDIRA MORGANA DE ARAÚJO SILVA

MORTALIDADE E COMPORTAMENTO DE Aedes aegypti (Diptera: Culicidae)

RESISTENTE A PIRETRÓIDES EXPOSTO AO ÓLEO ESSENCIAL DE Aristolochia

trilobata L. (Piperales: Aristolochiaceae)

Dissertação apresentada à Universidade

Federal de Sergipe, como parte das exigências

do Curso de Mestrado em Agricultura e

Biodiversidade, área de concentração em

Agricultura e Biodiversidade, para obtenção do

título de “Mestre em Ciências”.

APROVADA em 27 de fevereiro de 2017.

Prof. Dra. Ana Paula Albano Araújo

UFS

Prof. Dr. Flávio Gabriel Bianchini

IFES

Prof. Dr. Leandro Bacci

UFS

(Orientador)

SÃO CRISTÓVÃO

SERGIPE – BRASIL

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Aos que são tudo pra mim nessa Terra,

Anselmo, Diva, Inaê e

Joaninha (in memorian).

Amo vocês.

Dedico

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AGRADECIMENTOS

A Deus, pois a Ele toda honra e toda glória. Sem Ele nada dá certo.

Ao Programa de Pós-Graduação em Agricultura e Biodiversidade (PPGAGRI), à

Universidade Federal de Sergipe – UFS, à Fundação de Apoio à Pesquisa e à Inovação

Tecnológica do Estado de Sergipe (FAPITEC), à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal

de Nível Superior (CAPES) e ao Conselho Nacional de Pesquisa (CNPq) pelo apoio logístico

e financeiro.

À disponibilidade e proveitosa contribuição da banca avaliadora.

Ao meu orientador Prof. Dr. Leandro Bacci por todo ensinamento e conhecimento,

palavras de incentivo e dedicação. A minha co-orientadora Prof. Dra. Ana Paula Albano Araújo

por ser “nossos braços” durante todos esses anos e por toda ajuda sempre dedicada. Serei

eternamente grata a vocês por tudo.

Ao Prof. Dr. Paulo Fellipe Cristaldo pelo apoio, direcionamentos e contribuição para a

elaboração dessa dissertação.

Ao Prof. Dr. Marcelo Coutinho Picanço por toda colaboração e parceria fundamental

para a execução e obtenção desse trabalho, pela concessão do Laboratório de Manejo Integrado

de Pragas na Universidade Federal de Viçosa - UFV, pela orientação e conselhos, e por toda

receptividade de sempre.

Ao Prof. Dr. Gustavo Ferreira Martins pelo fornecimento essencial das populações do

A. aegypti utilizadas nessa dissertação, pela parceria, confiança e disponibilidade.

Aos meus amigos incondicionais e insubstituíveis: meu pai Anselmo, minha mãe Diva,

minha irmã Inaê e minha vó Joaninha (in memorian), por todo apoio, amor e bondade. Vocês

são minhas motivações e nunca esquecerei o que vocês fizeram por mim durante toda a minha

trajetória-UFS. A minha prima e companheira de “apê”, Ingrid, pelos momentos de

descontração e companheirismo importantes durante minha vida-UFS.

A todos os amigos da Clínica Fitossanitária (Alisson, Ana Paula, Ane Caroline, Ângela,

Bruna, Carlisson, Cecília Beatriz, Emile, Lucas, Ruan, Victor, Wallace e, aos novatos, Everson,

Gabriel e Lucas) pela dedicação e ajuda de sempre na manutenção dos insetos, nos

experimentos (principalmente nos de “TL”) e nas tabulações dos dados. Obrigada a Alisson,

Ana Paula, Emile, Ruan e Abraão pelos trabalhos e convívio em Viçosa. Obrigada a Alisson,

Ana Paula e Emile por também terem me recebido tão bem na casa de vocês quando era preciso

otimizar tempo. A Luizinho, que já é de coração de nossa equipe MIP, por toda amizade, luz e

ajuda. Obrigada pelo carinho, palavras de conforto e encorajamento de todos vocês.

A minha grande amiga Ane, por toda amizade, pelas ajudas, conselhos, orações e as

palavras sempre animadoras e de fé.

Aos meus parceiros-amigos dentro e fora da UFS, Carlisson, Bruna e Cecília Beatriz

pelos conselhos, ajuda e amizade. A Carlisson também pelas caronas e direcionamentos.

Ao Elizeu de Sá, por me orientar na UFV durante meus primeiros experimentos com o

Aedes aegypti. E à Janaína por me ensinar a manter a criação dos insetos e pela paz que sempre

transmitia.

Às meninas do Departamento de Zootecnia - UFS, Juciara e Juliana, por toda

disponibilidade e ajuda quando era preciso usar o gás carbônico para os bioensaios.

Aos velhos amigos de curso pela torcida, mesmo à distância, Jefferson, Hércules, Flávia

e Alanna.

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BIOGRAFIA

INDIRA MORGANA DE ARAÚJO SILVA nasceu em Aracaju - SE, em 16 de março

de 1992. Cresceu e viveu até os dois anos de idade no povoado Triunfo – SE, passando a morar

por 15 anos em Simão Dias – SE. Se mudou para a cidade de Aracaju no ano de 2009, onde

vive atualmente. Filha de José Anselmo de Oliveira e Diva de Araújo Silva.

Finalizou o Ensino Médio em 2009 e se formou em Engenharia Agronômica pela

Universidade Federal de Sergipe, em São Cristóvão, SE, em 20 de fevereiro de 2015.

Em 15 de março de 2015 iniciou o mestrado pelo Programa de Pós-Graduação em

Agricultura e Biodiversidade, na Universidade Federal de Sergipe.

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SUMÁRIO

Página

LISTA DE FIGURAS .......................................................................................................................... i

LISTA DE TABELAS ......................................................................................................................... ii

RESUMO ............................................................................................................................................. iii

ABSTRACT ......................................................................................................................................... iv

1. INTRODUÇÃO GERAL ................................................................................................................. 05

2. REVISÃO DE LITERATURA ........................................................................................................ 06

2.1. Aedes aegypti: IMPORTANTE VETOR DE DOENÇAS TROPICAIS .................................. 06

2.1.1. ASPECTOS MORFO-FISIOLÓGICOS ........................................................................... 07

2.1.2. CAPACIDADE VETORIAL ............................................................................................ 08

2.1.3. COMPORTAMENTO ...................................................................................................... 09

2.2. ESTRATÉGIAS DE CONTROLE DO A. aegypti ................................................................... 10

2.2.1. CONTROLE QUÍMICO ................................................................................................... 11

2.2.1.1. RESISTÊNCIA A INSETICIDAS ............................................................................ 11

2.2.1.2. CUSTO ADAPTATIVO DA RESISTÊNCIA ......................................................... 12

2.2.2. CONTROLE ALTERNATIVO ........................................................................................ 13

2.3. PLANTAS BIOATIVAS .......................................................................................................... 13

2.3.1. ÓLEOS ESSENCIAIS DE PLANTAS ............................................................................ 13

2.3.2. ÓLEOS ESSENCIAIS PARA CONTROLE DE A. aegypti ............................................ 14

2.3.3. FAMÍLIA ARISTOLOCHIACEAE ................................................................................. 15

2.3.3.1. Aristolochia trilobata ............................................................................................... 16

3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................................. 17

4. ARTIGO 1: ALTERNATIVA AO CONTROLE DE Aedes aegypti RESISTENTE A

PIRETRÓIDE: EFEITOS KNOCKDOWN E SUBLETAIS DE MONOTERPENOS

BIOINSETICIDAS .............................................................................................................................. 29

Resumo ............................................................................................................................................ 29

Abstract ........................................................................................................................................... 31

4.1. Introdução ................................................................................................................................. 31

4.2. Material e Métodos ................................................................................................................... 31

4.2.1. Populações de A. aegypti estudadas .................................................................................. 31

4.2.2. Obtenção dos bioinseticidas e do piretróides .................................................................... 32

4.2.3. Bioensaios ......................................................................................................................... 33

4.2.3.1. Toxicidade .............................................................................................................. 33

4.2.3.2. Tempo letal ............................................................................................................ 33

4.2.3.3. Comportamento de natação de larvas .................................................................... 34

4.2.4. Análises estatísticas .......................................................................................................... 34

4.3. Resultados ................................................................................................................................ 34

4.3.1. Caracterização química do OE ......................................................................................... 34

4.3.2. Bioensaios ......................................................................................................................... 35

4.3.2.1. Toxicidade .............................................................................................................. 35

4.3.2.2. Tempo letal ............................................................................................................ 35

4.3.2.3. Comportamento de natação das larvas ................................................................... 35

4.3.2.3.1. Deslocamento e velocidade ...................................................................... 36

4.3.2.3.2. Orientação das larvas ................................................................................ 36

4.3.2.3.3. Atividade larval ........................................................................................ 36

4.4. Discussão .................................................................................................................................. 37

4.5. Conclusões ................................................................................................................................ 38

4.6. Referências Bibliográficas ....................................................................................................... 39

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................................... 54

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i

LISTA DE FIGURAS

Figura Página

1 Fórmula estrutural plana dos compostos majoritários encontrados no OE de A.

trilobata. (1) ρ-cimeno, (2) limoneno, (3) linalol e (4) acetato de sulcatila ...... 44

2 Esquema de síntese química do acetato de sulcatila. (1) sulcatona, (2) sulcatol

e (3) acetato de sulcatila .................................................................................... 45

3 Mortalidade (%) (± EPM) de larvas L3 e fêmeas adultas de A. aegypti

resistentes a piretróides expostas às CLs90 (das larvas L3 susceptíveis) e DLs90

(das fêmeas adultas susceptíveis) da deltametrina, do OE de A. trilobata e dos

seus compostos majoritários após 48 horas de exposição. Histogramas

seguidos pela mesma letra minúscula, para comparação das mortalidades das

larvas, e maiúsculas, para comparação das mortalidades das fêmeas adultas,

não diferem entre si, pelo teste de Tukey à p < 0,05. * O acetato de sulcatila

não foi testado sobre larvas de A. aegypti resistentes, uma vez que não foi

possível obter a CL90 para larvas susceptíveis .................................................. 48

4 Curvas de sobrevivência e tempo médio necessário para matar 50% (TL50) da

população susceptível (A) e resistente a piretróides (B) de larvas/pupas e

população de fêmeas adultas susceptível (C) e resistente a piretróides (D) de

A. aegypti expostas ao ρ-cimeno e deltametrina. Foram utilizadas as CLs90

para larvas/pupas e as DLs90 para fêmeas adultas determinadas nos bioensaios

de toxicidade .................................................................................................... 49

5 Trilhas representativa do deslocamento de larvas L3 de A. aegypti,

susceptíveis e resistentes a piretróides, expostas imediatamente e por 48 horas

às CLs20 (para larvas L3 de A. aegypti susceptíveis à piretróides) do inseticida

deltametrina, do OE de A. trilobata e dos seus compostos majoritários .......... 50

6 Deslocamento (m) (±EPM) e velocidade (±EPM) (pixels/s x 10-2) de larvas

L3 de A. aegypti, susceptíveis e resistentes a piretróides, expostas

imediatamente e por 48 horas de exposição às CLs20 (para larvas L3 de A.

aegypti susceptíveis à piretróides) do inseticida deltametrina, do OE de A.

trilobata e dos seus compostos majoritários. * médias não diferem do controle

pelo teste de Dunnett à p < 0,05 ....................................................................... 51

7 Meandro (deg/mm) (±EPM) e velocidade angular (±EPM) (deg/s) de larvas

L3 de A. aegypti, susceptíveis e resistentes a piretróides, expostas

imediatamente e por 48 horas de exposição às CLs20 (para larvas L3 de A.

aegypti susceptíveis à piretróides) do inseticida deltametrina, do OE de A.

trilobata e dos seus compostos majoritários. * médias não diferem do controle

pelo teste de Dunnett à p < 0,05 ....................................................................... 52

8 Atividade de larvas L3 de A. aegypti, susceptíveis e resistentes a piretróides,

expostas imediatamente e por 48 horas às CLs20 (para larvas L3 de A. aegypti

susceptíveis à piretróides) do inseticida deltametrina, do OE de A. trilobata e

dos seus compostos majoritários. * médias não diferem do controle pelo teste

de Dunnett à p < 0,05 ....................................................................................... 53

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ii

LISTA DE TABELAS

Tabela Página

1 Composição química do OE de A. trilobata caracterizado por CG/EM/DIC ..... 43

2 Toxicidade do inseticida deltametrina, do OE de A. trilobata e dos seus

compostos majoritários sobre larvas L3 de A. aegypti susceptíveis à

piretróides após 48 horas da exposição ............................................................. 46

3 Toxicidade do inseticida deltametrina, do OE de A. trilobata e dos seus

compostos majoritários sobre fêmeas adultas de A. aegypti susceptíveis à

piretróides após 48 horas da exposição .............................................................. 47

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iii

RESUMO

SILVA, Indira Morgana de Araújo. Mortalidade e comportamento de Aedes aegypti

(Diptera: Culicidae) resistente a piretróides exposto ao óleo essencial de Aristolochia

trilobata l. (Piperales: Aristolochiaceae). São Cristóvão: UFS, 2017. 80p. (Dissertação –

Mestrado em Agricultura e Biodiversidade).*

O Aedes aegypti é vetor de graves arboviroses como dengue, febre amarela, Zika e

Chikungunya, porém inúmeros casos de resistência à piretróides tem sido identificados em

populações desse vetor em vários países. Nesse trabalho, objetivamos analisar os efeitos letais

e subletais do óleo essencial de Aristolochia trilobata e seus compostos majoritários sobre A.

aegypti. O óleo essencial de A. trilobata foi obtido por hidrodestilação em aparelho Clevenger

e analisado quimicamente por cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de massa e a um

detector de ionização de chamas (CG/EM/DIC). Foram utilizadas as populações de A. aegypti

PPCampos e Oiapoque, susceptível e resistente a piretróides, respectivamente. Os bioensaios

foram desenvolvidos com larvas e adultos para obtenção das concentrações/doses e tempos

letais, e apenas com larvas para avaliação do comportamento de natação desses indivíduos.

Foram identificados e quantificados 25 compostos no óleo essencial de A. trilobata, os quais

representaram 98,72% da composição total. Dentre os bioinseticidas, o composto mais tóxico

foi o limoneno, para as larvas, e o óleo essencial de A. trilobata, para os adultos, da população

susceptível. Já as larvas e adultos da população resistente apresentaram mortalidade de

aproximadamente 100% quando tratadas com o composto ρ-cimeno. Esse composto também

causou rápida redução da sobrevivência dos indivíduos da população resistente, com tempo

letal de 9,54 h e 0,08 h para matar 50% das larvas-pupas e fêmeas adultas, respectivamente. Os

tratamentos modificaram o comportamento de natação de larvas das duas populações e, de

forma geral, reduziram suas taxas de deslocamento e velocidade, assim como causaram maior

desorientação de natação. Dessa forma, nossos resultados apontam possíveis alternativas ao

controle de larvas e adultos de A. aegytpi, inclusive resistente a piretóides, e esclarece sobre os

efeitos de inseticidas sobre o comportamento de larvas deste mosquito e suas possíveis

consequências no fitness de populações naturais.

Palavras-chave: Aristolochia trilobata, efeito subletal, óleo essencial de planta, ρ-cimeno,

toxicidade.

___________________

* Comitê Orientador: Leandro Bacci – UFS (Orientador), Ana Paula Albano Araújo – UFS (Co-

orientadora).

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iv

ABSTRACT

SILVA, Indira Morgana de Araújo. Mortality and behavior of Aedes aegypti (Diptera:

Culicidae) resistant to pyrethroids exposed to the essential oil of Aristolochia trilobata l.

(Piperales: Aristolochiaceae). São Cristóvão: UFS, 2017. 80p. (Thesis - Master of Science in

Agriculture and Biodiversity).*

The Aedes aegypti is a vector of severe arboviruses such as dengue, february yellow, Zika and

chikungunya, and other examples of resistance to pyrethroids have been identified in vector

populations in several countries. In this work, we aim to analyze the effects of lethal and

subtleties of the essential oil of Aristolochia trilobata and its major compounds on A. aegypti.

The essential oil of A. trilobata was obtained by hydrodistillation in Clevenger apparatus and

chemically analyzed by gas chromatography coupled to mass spectrometry and a flame

ionization detector (GC / MS / DIC). They populations of A. aegypti susceptible PPCampos and

resistant to pyrethroids Oiapoque were used. The bioassays were developed with larvae and

adults to obtain concentrations/doses and lethal times, and only with larvae to evaluate the

swimming behavior of these individuals. Twenty-five compounds were identified and

quantified in the essential oil of A. trilobata, which represented 98.72% of the total composition.

Among the bio-insecticides, the most toxic compound was limonene, for larvae, and the

essential oil of A. trilobata, for adults, of the susceptible population. However, as larvae and

adults of the resistant population showed approximately 100% mortality when treated with the

ρ-cymene compound. This compound also caused a reduction in the survival of individuals in

the resistant population, with a lethal time of 9.54 h and 0.08 h to kill 50% of larvae and adult

females, respectively. The treatments modified the larval swimming behavior of the both

populations and, in general, reduced their rates of displacement and velocity, as well caused

greater disorientation of swimming. Thus, our results show possible alternatives to control

larval and adult of A. aegytpi, including resistant to pyrethroids, and clarify the effects of

insecticides on the behavior of larvae of this mosquito and its possible consequences on fitness

of natural populations.

Key words: Aristolochia trilobata, sublethal effect, plant essential oil, p-cymene, toxicity.

___________________

* Supervising Committee: Leandro Bacci – UFS (Orientador), Ana Paula Albano Araújo (Co-

orientadora) – UFS.

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5

1. INTRODUÇÃO GERAL

O mosquito Aedes aegypti (Diptera: Culicidae) é vetor de diversas doenças que vêm

causando, a nível global, elevados índices de mortalidade humana, danos sociais e altos custos

econômicos (Sachs, 2002; Shepard et al., 2011). No Brasil, a dengue - transmitida pelo A.

aegypti - vem posicionando o país na liderança do rancking dos países com maior número de

casos da doença (Guzman e Harris, 2015; WHO, 2012). Os elevados índices de casos da dengue

são em grande parte devido ao comportamento de adaptação do A. aegypti e às condições

ambientais favoráveis a sua sobrevivência (Silva Júnior e Pimenta Júnior, 2008). Desta forma,

é fundamental que o combate às doenças transmitidas pelo A. aegypti seja focada

principalmente no controle direto desse vetor.

Por décadas, o A. aegypti foi controlado por inseticidas organossintéticos (Allan, 2011;

Tauil, 2001). Esse método é eficiente e emergencial e foi fundamental para o combate a

epidemias durante o século XX na Europa (Curtis e Lines, 2000) e na década de 50 no Brasil

(Consoli e Oliveira, 1998). No entanto, o uso intenso e inadequado desses inseticidas tem sido

relatado na literatura por selecionar populações resistentes do A. aegypti ao longo do tempo

(Collet et al., 2016; Strode et al., 2008).

Os piretróides se destacam nesse sentido, ocasionando casos de resistência em

populações de A. aegypti em várias regiões tropicais e subtropicais em todo o mundo (Dusfour

et al., 2015; Lima et al., 2011; Martins et al., 2009; Martins et al., 2012). Esses produtos atuam

no sistema nervoso central (SNC) e periférico (SNP), mais especificamente nos canais de sódio

do axônio. Porém, modificações coordenadas por mutações metabólicas tem favorecido a

atuação destoxificativa de complexos enzimáticos e a insensibilização do sítio alvo (Ishak,

2015). Esse último tipo de mutação gera a resistência conhecida como “Knockdown” e é uma

das mais frequentes resistências encontradas em populações de A. aegypti expostas

intensivamente a DDT e piretróides (Davies, 2007).

Nos últimos anos, inúmeros estudos têm sido realizados na tentativa de buscar maneiras

mais eficientes para o controle do A. aegypti, utilizando-se compostos bioativos extraídos de

plantas medicinais e aromáticas (Pavela, 2015; Silva et al., 2007; Yu et al., 2014; Zuharah et

al., 2015). Além da eficiente bioatividade desses constituintes em diversos insetos-praga

(Bakkali et al., 2008; Isman, 2000; Isman et al., 2011; Nerio et al., 2010; Yang et al., 2005;),

esses bionseticidas apresentam degradabilidade elevada, composição química acentuada e

atividade biológica complexa, o que dificulta casos de resistência em insetos (Isman, 2000;

Isman, 2006; Pavela et al., 2013; Pavela, 2014).

Mais do que conhecer os efeitos letais dos inseticidas, é importante investigar os efeitos

subletais uma vez que mudanças no comportamento e outros aspectos biológicos podem

impactar o fitness. Alguns estudos veem demonstrando o efeito de metabólitos secundários no

comportamento de repelência, oviposição e alimentação de A. aegypti (Benelli, 2016;

Noosidum et al., 2008; Klocke, 1987; Yu et al., 2014). No entanto, pouco se sabe sobre a

eficiência dos metabólitos secundários como agentes reguladores de aspectos comportamentais

de natação de larvas do A. aegypti.

O óleo essencial da planta medicinal e aromática Aristolochia trilobata possui potencial

inseticida registrado para formigas cortadeiras do gênero Atta e Acromyrmex (Oliveira, 2014)

e para os cupins-praga Cryptotermes brevis e Nasutitermes corniger (Santos, 2016). No entanto,

estudos mais aprofundados utilizando os metabólitos secundários de A. trilobata sobre o vetor

da dengue A. aegypti ainda não são conhecidos.

Dessa forma, neste estudo nosso objetivo foi avaliar os efeitos letais e subletais do óleo

essencial de A. trilobata e dos seus compostos majoritários sobre A. aegypti susceptível e

resistente a piretróides.

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6

2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1. Aedes aegypti: importante vetor de doenças tropicais

Cerca de 16% de todas as doenças em humanos são causadas por agentes etiológicos

que são transmitidos por mosquitos ou pernilongos, o que inclui 200 espécies de insetos da

ordem Diptera (Eldridge e Edman, 2000). Esse dado é preocupante uma vez que o mundo tem

enfrentado pandemias, principalmente devido ao aumento populacional desses mosquitos

vetores. Entre as principais doenças de importância epidemiológica, destacam-se aquelas

transmitidas pelo A. aegypti, tais como a febre amarela, Chikungunya, Zika e dengue (WHO,

2014).

Nas últimas décadas, tais doenças têm sido consideradas um problema de ordem de

saúde pública (Figueiredo, 2007; Gubler, 2002) e estão associadas às condições de clima e

favoráveis para a sobrevivência dos seus vetores. Surtos de arboviroses têm sido mais

frequentes em áreas quentes e chuvosas (Blair et al., 2000) e naquelas que passaram por

urbanização não planejada (Gubler, 2002; Pignatti, 2004; Vasconcelos et al., 2001). Por essas

razões, essas doenças têm acometido números crescentes de pessoas a cada ano (Kuniholm et

al., 2006).

A febre amarela, por exemplo, atinge atualmente 44 países e acarreta de 675 a 30.000

mortes ao ano (Labeaud et al., 2011). Em 2013, o vírus da Chikungunya alcançou o Hemisfério

Ocidental, mais especificamente em Saint Martin e em 2014 já havia se espalhado por 22 países

da América Central e do Sul e o Caribe, culminando em centenas de milhares de ocorrências

(Morrison, 2014). Outra doença que também tem ganhado repercussão e gerado preocupação é

a causada pelo Zika vírus (ZiKV). Esse vírus é emergente desde 2007 e em 2013 foi relatado

causando grande epidemia na Polinésia Francesa (Cao-Lormeau et al., 2014; Ioos et al., 2014).

A dengue também é considerada uma doença severa e ocasiona cerca de 390 milhões de casos

anualmente, sendo desse total, 96 milhões relacionados a expressão aparente da doença em

algum nível de gravidade (Bhatt et al., 2013).

Estima-se que de 50 a 100 milhões de novos casos de dengue deverão ainda ocorrer

anualmente em mais de 100 países (WHO, 2012; WHO, 2010; WHO, 2009). A febre do dengue,

que é o tipo clássico, pode se manifestar de formas mais severas por meio da dengue

hemorrágica e da síndrome do choque (Gubler, 2002). Essa doença pode ocasionar cerca de 20

mil casos de mortes ao ano (Wyse, 2011). Nas Américas, inclusive no Brasil, durante as décadas

de 50 a 70, a epidemia da dengue passou a ser controlada por meio de campanhas de erradicação

do mosquito A. aegypti. No entanto, logo após 1970 e por negligências de alguns países, o

mosquito voltou a elevar suas taxas populacionais e a representar um risco de saúde pública,

passando a ter, nos trópicos, uma distribuição global (Pinheiro, 1989). Com isso, novos surtos

foram comuns nessas regiões com reinfestações dentro de 3 a 5 anos (WHO, 2009). Assim, a

dengue é caracterizada atualmente por causar epidemias e pandemias nas Américas, África,

Ásia, Europa e Austrália (Monath, 1994; Teixeira, 2005) e ser endêmica em todas as regiões da

Organização Mundial de Saúde (OMS) com exceção daquelas europeias (WHO, 2009).

O Brasil é o país com o maior número de casos da dengue em todo o mundo (Guzman

e Harris, 2015; WHO, 2012). Do total de ocorrências da dengue encontradas em toda América

Latina, 70% é oriundo do Brasil (Siqueira, 2005). E desde 2010 circulam os quatro sorotipos

do vírus da dengue, sendo por isso considerado um país hiperendêmico com registro de mais

de um milhão de relatos da doença (Nogueira e Eppinghaus, 2011). De 2012 para 2013 o Brasil

apresentou oscilações quanto as incidências da dengue por região. O Nordeste, por exemplo,

obteve a maior queda significativa entre as regiões de um ano para o outro, com redução de

44%, já o Centro-Oeste, por sua vez, sofreu o maior aumento (Brito, 2015). Em termos de óbitos

por dengue considerados pela OMS, a região Sul apresentou os menores índices em todos os

anos de 2009 a 2013, em contrapartida o Sudeste exibiu os maiores valores de casos letais

(máxima de 8% em 2010) (Brito, 2015). Apesar dos esforços para combatê-la, a dengue

aumentou sua ocorrência nas últimas três décadas em aproximadamente 30 vezes (WHO, 2012).

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O fato piora quando se considera que a doença tem avançado para regiões antes consideradas

imunes (CDC, 2010). No Brasil, em 2010 já haviam 1,2 milhões de casos da dengue apontados

(Conass, 2011). Em 2015 (até a semana epidemiológica 30) os registros de casos subiram para

um pouco mais de 1,3 milhões.

De modo geral, enfermidades ocasionadas por agentes etiológicos transmitidos por

mosquitos e pernilongos vetores acarretam também problemas sociais e econômicos (Sachs,

2002). Entre as despesas geradas aos governos estão os custos diretos e indiretos com

hospitalização dos pacientes, mortalidade, morbidade, tempo e perda de capital produtivo.

Estima-se que aproximadamente US $ 2,1 bilhões por ano são direcionados para o controle

apenas da dengue nas Américas (Shepard et al., 2011). Isso faz confirmar a necessidade de

maiores estudos, prevenção e controle de doenças em humanos causadas por arboviroses em

todo o mundo.

2.1.1. Aspectos morfo-fisiológicos

O mosquito A. aegypti Linneau, 1762 (Diptera: Culicinae) possui um desenvolvimento

holometábolo com os estádios de larva e pupa ocorrendo em ambientes aquáticos e o estádio

adulto em ambiente terrestre (Gomes et al., 2006). Em condições ambientais favoráveis, o

desenvolvimento de imaturo para adulto pode durar cerca de 10 dias (Gomes et al., 2006).

Os ovos do A. aegypti, geralmente elípticos ou ovais, podem ser ovipositados pela fêmea

adulta individualmente ou em conjunto (Consoli e Oliveira, 1998), geralmente distribuídos em

locais distantes entre si (Corbet e Chadee, 1993). Esse comportamento de “oviposição aos

saltos” da fêmea parece contribuir para o sucesso reprodutivo e dispersão de A. aegypti, além

de uma diminuição do risco de predação. A oviposição ocorre nas primeiras horas do dia e ao

entardecer (Clements, 1999; Consoli e Oliveira, 1994). À partir de estímulo ambiental

suficiente, as larvas eclodem com aproximadamente 48 horas (Silva Júnior e Pimenta Júnior,

2008). Isso acontece com o auxílio de um dente quitinoso na região chamada de clípeo, que é

responsável por romper a estrutura do ovo (Consoli e Oliveira, 1998).

A fase de ovo é considerada a de maior tolerância da espécie, uma vez que quando seco

pode apresentar uma sobrevivência de até aproximadamente um ano, devido a sua capacidade

de quiescência (Silva e Silva, 1999) e cutícula de cera, que se formam entre doze a treze horas

após a oviposição. Essas características conferem aos ovos uma tolerância às condições físicas

e químicas, como a inseticidas ou cloro (Rezende et al., 2008).

Com a eclosão, as larvas passam pelos estádios L1, L2, L3 e L4, o que dura de 5 a 7

dias, até a formação da pupa. As larvas são caracterizadas por possuírem a cabeça e tórax mais

robustos que o abdômen. Em todo o corpo, de formato vermiforme, há a distribuição de cerdas,

que são importantes órgãos sensoriais que facilitam a flutuação no meio aquático. Esse

comportamento é típico da fase larval, uma vez que nesta fase é necessário se manter na

superfície da água para respirar por meio do sifão e espiráculos (Consoli e Oliveira, 1998). O

nado das larvas geralmente ocorre de forma serpenteada, ou seja, em “S” (Forattini, 2002). As

larvas podem se alimentar de resíduos orgânicos, bactérias, fungos ou algas encontradas na

água, por meio de escovas palatais e do aparelho bucal mastigador.

As pupas geralmente são maiores, porém nadam menos ativamente, do que as larvas,

apresentam um formato de vírgula e não se alimentam durante este período. A fase de pupa

dura em torno de 2 a 3 dias (Consoli e Oliveira, 1998).

As formas aquáticas (ovos, larvas e pupas) são comuns em uma variedade de criadouros

naturais que contenham preferencialmente água limpa e parada (Almeida, 2003; Tauil, 2001).

No entanto, também podem ser encontradas em reservatórios artificiais e domiciliares

(Donalísio e Glasser, 2002; Lozovei, 2001; Maciel-de-Freitas, 2007), como por exemplo:

pneus, caixas d’agua e vasos de plantas (Consoli e Oliveira, 1994; Natal, 2002).

Os adultos de A. aegypti são reconhecidos por sua coloração típica escura acompanhada

de faixas branco-prateadas no tórax e nas pernas (Forattini, 2002; Lozovei, 2001). Os adultos

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dessa espécie apresentam dimorfismo sexual: os machos possuem antenas plumosas e as fêmeas

possuem antenas filiformes ou monoliformes pilosas.

Os adultos de A. aegypti são altamente adaptados a ambientes antropizados. A

alimentação é baseada em sangue, exclusivamente para as fêmeas após acasalamento, como

também em carboidratos vegetais, néctar ou seiva, tanto para fêmeas quanto para machos (Scott

et al., 1993). Açúcares são importantes aos indivíduos dessa espécie, por serem uma fonte

nutricional que confere maior longevidade e permite energia suficiente para o voo (Tsunoda et

al. 2010). Porém, as fêmeas modificam sua fonte de alimento pela necessidade de formação dos

ovos a partir de proteínas e albumina (Telang e Wells, 2004) encontradas no sangue humano e

de outros mamíferos e aves (Rozendaal, 1997). Em geral, a fêmea se alimenta de mais de um

hospedeiro no mesmo ciclo gonotrófico (Barata et al., 2001; Forattini, 2002; Scott et al., 2002).

2.1.2. Capacidade vetorial

A capacidade vetorial significa o quão fácil um determinado vetor é infectado, consegue

replicar e transmitir um patógeno, como um vírus (Rodhain e Rosen, 1997). O A. aegypti

apresenta grande potencial de se disseminar passivamente por extensas áreas em todo o mundo.

Tal característica torna o A. aegypti um potencial vetor de diferentes doenças tropicais, como

por exemplo: a dengue (Albuquerque et al., 2012), febre amarela, chikungunya (Albuquerque

et al., 2012; Vargas et al., 2010) e a Zika (Caron et al., 2012; Hayes, 2009; Medlock et al.,

2012).

O sucesso vetorial de A. aegypti também é altamente dependente da capacidade que as

fêmeas possuem em localizar seus hospedeiros via correntes de ar, podendo identificar odores,

dióxido de carbono e calor corporais (Forattini, 2002). Aspectos morfofisiológicos, ecológicos

(Kelly e Thompson, 2000), genéticos (Klowden, 1990) e de capacidade de aprendizado (Alonso

e Schuck-Paim, 2006) também podem influenciar diretamente a relação vetor-hospedeiro,

trazendo assim maiores impactos epidemiológicos.

Diversos fatores fisiológicos contribuem para a habilidade intrínseca que o A. aegypti

possui para transmitir um agente etiológico. Por exemplo, este inseto possui um complexo

salivar eficiente para neutralizar o sistema hemostático de seus hospedeiros (Mans, 2011) e que

expressa proteínas juntamente com colágeno salivar e assim aumenta o sucesso do seu repasto

sanguíneo (Chagas et. al 2014).

No entanto, tão importante quanto compreender o potencial vetor do A. aegypti, dada a

sua capacidade epidemiológica, é também entender a origem desse potencial pela sua relação

com o vírus transmitido. O A. aegypti é refratário a infecção aos Flavivirus, desenvolvendo

modificações genéticas que o ajudam no processo de proteção. No entanto, os vírus também

passam por um processo de coevolução difusa, no qual novos artifícios burlam os mecanismos

celulares de defesa anti-virais do mosquito (Amaral e Dansa-Petretski, 2012).

De uma forma geral, a relação vírus-Aedes é bastante íntima, e tanto a virulência quanto

a resistência que envolvem ambas as espécies certamente são dependentes dessa relação

(Amaral e Dansa-Petretski, 2012). Alguns artifícios de tal interação podem estar relacionados

com o mecanismo imune do genoma do mosquito pelo RNAi, que tem a função repressora a

transgenes, como podem ser aqueles oriundos de infecção viral (Amaral e Dansa-Petretski,

2012). Outra estratégia está relacionada a capacidade de adsorção dos vírus por parte das células

do intestino do mosquito (Black iv et al., 2002) ou as barreiras pelas glândulas salivares desses

insetos (Bennett et al., 2002). Porém, uma vez ocorrida a infecção, o A. aegypti poderia estar

sendo “manipulado” pelo vírus da dengue. De acordo com Lima-Camara et al. (2011) e Maciel-

Freitas et al. (2011), mosquitos infectados com vírus da dengue aumentaram a locomoção e o

índice de picada em comparação com o grupo controle (sem o vírus).

Quando a infecção do vetor pelo vírus da dengue ("Dengue Virus"; DENV) ocorre,

inicia-se o período do ciclo patógeno-hospedeiro chamado de extrínseco. Nesse período, o

mosquito ao se alimentar do sangue de algum hospedeiro virulento, passa a adquirir o vírus que

inicialmente se instala em seu intestino e posteriormente em suas glândulas salivares (Mcbride

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e Bielefeldt-ohmann, 2000). A partir desse momento, torna-se possível a continuidade do ciclo

por meio da infecção de um novo hospedeiro. O A. aegypti tem potencial para infectar, em

média, 300 pessoas ao longo do seu ciclo de vida (Mcbride e Bielefeldt-Ohmann, 2000).

A fase seguinte do ciclo infeccioso, conhecida como intrínseca, ocorre em humanos ou

outros mamíferos. A incubação do vírus na fase extrínseca dura cerca de 8 a 12 dias, sendo a

partir desse período que o vetor se torna virulento ininterruptamente. Já o período de incubação

do vírus na fase intrínseca ocorre de 3 a 15 dias após infecção e o período de virulência ocorre

um dia antes do aparecimento dos primeiros sintomas, se estendendo até o fim da febre, em

geral por volta do 6º dia (Mafra e Lemos, 2009).

De uma maneira geral, a epidemiologia da dengue depende das características próprias

do inseto, porém, o meio em que o inseto vive também possui considerável relevância (Bennett

et al., 2002; Black iv et al., 2002). A ocupação inadequada dos grandes centros urbanos,

associado a sistemas de coleta de lixo e saneamento ineficientes, combinado com a capacidade

de colonização do A. aegypti a diversos ambientes contribuem para uma acelerada distribuição

geográfica do vírus transmitido pelos indivíduos dessa espécie (Kuno, 1995; Tauil, 2002).

Dessa forma, táticas mais eficientes e promissoras de combate à doença são aquelas focadas no

manejo do vetor da doença, o A. aegypti.

2.1.3. Comportamento

O desempenho ótimo das atividades e a sobrevivência de organismos são dependentes

das condições externas nas quais eles se encontram. Desta forma, variações nas condições

externas (por ex.: temperatura, xenobióticos, disponibilidade de recurso, riscos de predação e

competição) podem desencadear modificações consideráveis nas características fisiológicas

e/ou comportamentais. E da mesma forma, podem ser cruciais para a sobrevivência do

indivíduo ou impactar de maneira significativa o seu fitness (Atkinson, 1995; Barrera et al.,

2006; Kingsolver e Huey, 2008; Nijhout et al., 2010; Yanoviak, 2001).

Dessa forma, a capacidade de adaptação e de modificação de hábitos, metabolismo e

comportamentos podem ser fundamentais para a manutenção dos indivíduos em ambientes com

condições sub-ótimas. Um organismo pode, por exemplo, regular as taxas de catabolismo ou

anabolismo dependendo do resultado de seu forrageamento (Padmanabha et al., 2012) ou então

migrar para regiões com condições mais adequadas para sua sobrevivência e sucesso

reprodutivo (Ngoc et al., 2010).

Assim como os demais insetos, o A. aegypti é um animal ectodérmico e também sofre

influência das condições externas para o seu desenvolvimento fisiológico (Aznar et al., 2015),

busca de parceiros sexuais, localização de alimento (Davis, 1994; Farjana e Tuno, 2013) e

oviposição (Chadee, 2012; Day, 2016). Para que o sistema reprodutor da fêmea produza os

ovos, após a alimentação sanguínea, a temperatura torna-se essencial. Em regiões tropicais, a

digestão do sangue pela fêmea leva de dois a três dias, porém, em áreas de clima temperado,

esse processo pode durar mais de uma semana (Clements, 1996).

Os mosquitos do A. aegypti possuem comportamento de busca por hospedeiros e as

respostas sensoriais são ativadas por níveis específicos de gás carbônico do ambiente (Majeed

et al, 2014). Além disso, os adultos possuem a capacidade de lidar com as variações ao longo

do dia e sazonais em relação a essas concentrações atmosféricas (Guerenstein e Hildebrand,

2008). Esses insetos utilizam a luz solar polarizada sobre a lâmina d’água para localizar seus

sítios de oviposição mais adequados (Wellington, 1974).

Essas propriedades fisiológicas e comportamentais estão relacionadas ao meio no qual

o A. aegypti vive e são relevantes principalmente porque estão associadas direta e indiretamente

com o potencial vetor e o ciclo gonotrófico das doenças transmitidas por ele. Porém, tais

habilidades do adulto podem ser mitigadas a depender não apenas dos fatores externos que

envolvem essa fase do ciclo de vida, mas também, fases joviais do mesmo.

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A natação das larvas do A. aegypti torna-se, portanto, o comportamento principal pelo

qual esses insetos podem explorar adequadamente seu meio em busca de recursos ou condições

mais adequadas (abióticas e de defesa).

Alterações na temperatura e disponibilidade de alimento ofertadas às larvas do A.

aegypti já foi relatado na literatura por reduziram o tamanho das asas em adultos e modificaram

sua alometria (Reiskind e Zarrabi, 2012). Esses fatores também foram suficientes para mudar

o tamanho do corpo de mosquitos (Fajana e et al., 2012). O menor tamanho do corpo desses

insetos, dado a variações na alimentação durante a fase jovial, em laboratório, ocasionou menor

fecundidade (Farjana e Tuno, 2013) e maior busca por hospedeiros (Farjana e Tuno, 2012).

Além disso, ambientes com elevada competição coespecífica de larvas ocasionaram, da mesma

forma, menor massa de fêmeas de A. aegypti emergentes (Barrera et al., 2006).

Portanto, tais alterações nas fases joviais do inseto podem gerar adultos menos

competitivos ou resultar na própria morte do organismo. Em laboratório, estágios imaturos do

A. aegypti e Aedes albopctius, tiveram suas mortalidades aumentadas quando expostos

simultaneamente à temperatura de 35ºC e à elevada taxa nutricional (Farjana et al, 2012). Da

mesma forma, as larvas do A. aegypti na presença do predador Toxorhynchites splendens foram

mais vulneráveis, devido a sua natação mais ativa, e portanto, mais arrisacada, do que as larvas

dos mosquitos A. albopictus e Anopheles sinensis, o que poderia ser justificado pela “hipótese

de sensibilidade a ameaça” (Helfman, 1989; Zuharah et al., 2015).

Porém, ainda é pouco conhecido como inseticidas (seus efeitos subletais) podem alterar

direta ou indiretamente a percepção de tais condições ambientais por parte do A. aegypti e,

consequentemente, seu comportamento, como o de natação de suas larvas, ao ponto de afetar

as habilidades normais ou adaptativas do mesmo frente às variadas condições de seu meio.

Até o momento, sabe-se que os princípios ativos de inseticidas organossintéticos

deltametrina, imidaclopride e spinozinas reduzem os movimentos e natação de larvas de quarto

instar do A. aegypti (Tomé et al., 2014) e que larvas de A. aegypti resistentes a piretróides

apresentam diferentes padrões de comportamento de natação dependendo das concentrações do

inseticida (Marriel et al., 2016).

Contudo, os efeitos subletais de óleos essenciais oriundos de plantas bioinseticidas sobre

a natação (variáveis quantitativas) de larvas de A. aegypti ainda não é conhecido, tão pouco

sobre a alteração desse comportamento em populações de A. aegypti já influenciadas por custos

adaptativos, como, possivelmente, as resistentes.

Portanto, nós investigamos de que forma moléculas bioinseticidas e a deltametrina de

plantas podem alterar a capacidade de locomoção de larvas de A. aegypti susceptíveis e

resistentes a piretróides. Assim, sugerimos como tais xenobióticos podem afetar o

comportamento natural ou adaptativo de natação, e consequentemente, o forrageamento,

proteção, competitividade e fitness do A. aegypti no ambiente.

2.2. Estratégias de controle do A. aegypti

Segundo a OMS mosquitos vetores podem ser controlados por métodos mecânicos,

biológicos, ambientais, químicos, além de genéticos (WHO, 2012). Porém, as principais formas

de combate se baseiam na utilização de inseticidas organossintéticos (Duque et al., 2009;

Guzman et al., 2010), uma vez que a utilização de vacinas possui algumas limitações, como

necessidade de estudos mais conclusivos (Villar et al, 2015).

O uso de inseticidas organossintéticos tem, há algumas décadas, se mostrado ineficiente

para a regulação populacional de vetores como o A. aegypti. A seleção de populações resistentes

têm sido apontada como a principal causa dessa ineficiência (Lima et al., 2011). Dessa forma,

há necessidade de estudos e desenvolvimento de novos inseticidas que apresentem mecanismos

de ação variados e maior eficiência, principalmente a longo prazo.

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2.2.1. Controle químico

Em termos de saúde pública, a utilização de inseticidas é o tipo de controle mais

corriqueiro para o manejo de populações de insetos vetores de patógenos (Rose, 2001). O

controle da dengue, por exemplo, ainda é estreitamente ligado ao controle do vetor

especialmente por inseticidas organossintéticos (Allan, 2011; Tauil, 2001). Essa tática tornou-

se comum desde o século XX alicerçada pelo desenvolvimento da indústria química da Segunda

Guerra Mundial (Giannini, 2001).

As classes de inseticidas usadas segundo recomendações da OMS para controle de

larvas do A. aegypti são as benzoilureias (diflubenzuron e novaluron), análogos de hormônio

juvenil (piriproxifen), espinosinas, organofosforados e carbamatos (WHO, 2012). Em relação

aos adultos pode-se citar os inseticidas de ação neurotóxica como os organofosforados e

piretróides, à exemplo da deltametrina e cipermetrina (Baldacchino et al., 2015).

No entanto, o uso intensivo e inadequado desses produtos por muitas décadas resultou

em seleção de indivíduos resistentes encontrados no Brasil, Sul da Ásia e América (Carvalho

et al., 2004; Chediak, M. et al., 2016; Polson et al., 2010;). Além disso, alguns desses inseticidas

apresentam instabilidade química com alta toxicidade mesmo em baixas concentrações, como

por exemplo os temefós (Ware, 2000).

As vias de exposição pelas quais os organofosforados atuam é por ingestão e contato

(Becker et al., 2003). Esses inseticidas agem nas sinapses do sistema nervoso e inibem

irreversivelmente a ação da enzima acetilcolinesterase que tem o papel de hidrolisar o

neurotransmissor acetilcolina. Como a atuação da acetilcolisterase é inibida o impulso nervoso

passa a ser contínuo no inseto, o que leva esse à morte por excitação e exaustão (Becker et al.,

2010). Já os piretróides atuam a nível de neurônio e nos canais de sódio do inseto (Hemingway

et al., 2004). Nesse sentido, permitem que tais canais permaneçam abertos, ocorrendo a

despolarização da membrana, e resultando na passagem contínua do impulso nervoso, o que

leva à convulsão e paralisia seguida de morte, mais conhecido como efeito “knockdown”

(Becker et al., 2010).

2.2.1.1. Resistência a inseticidas

Um dos graves entraves para o combate à importantes arboviroses que atingem o homem

é a resistência de populações de insetos vetores, como o A. aegypti (WHO, 2012). A resistência

em populações dessa espécie tem sido relacionada a utilização inadequada de inseticidas

organossintéticos (Ranson et al., 2010; WHO, 2012; Zahran e Abdelgaleil, 2011). O uso

frequente desses produtos gera pressão de seleção considerável sobre indivíduos de uma

população e com isso há a seleção daqueles resistentes a doses que normalmente seriam letais

para a maioria dos indivíduos (Hemingway e Ranson, 2000).

A resistência depende tanto do manejo do produto inseticida, quanto das características

intrínsecas dos organismos-alvo, como por exemplo a variabilidade genética (Hemingway e

Ranson, 2000). Por meio da pressão de seleção há o aumento na frequência de genes

anteriormente raros na população. Essa tendência pode ser verificada mais facilmente, dentro

de um curso evolutivo, em organismos como os insetos, uma vez que esses possuem

características reprodutivas como ciclo de vida curto e número de descendentes elevado.

A resistência pode ocorrer por meio de alterações bioquímicas, fisiológicas ou

comportamentais. No primeiro caso, a resistência é baseada em três possíveis atividades:

aumento da expressão de genes; aumento da atividade de enzimas envolvidas no metabolismo

de xenobióticos; ou mutações em neurorreceptores e em canais de sódio (Martin et al., 2003).

A base molecular dessas atividades pode estar associada a mutações em regiões estruturais dos

genes responsáveis pela codificação de proteínas que são alvo dos inseticidas, resultando em

menores chances de ligação do inseticida no inseto (Hemingway e Ranson, 2000). As principais

proteínas envolvidas nesse tipo de resistência são as monooxigenases dependentes do citocromo

P450, as esterases e as glutationas S-transferases (Ranson, 2002). Em última instância, pode

ocorrer a redução do poder de penetração do pesticida, aumento da capacidade sequestrante de

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moléculas tóxicas, insensibilidade aos compostos tóxicos e/ou aumento da destoxificação

celular (Casida et al., 1998; Ranson et al., 2002).

Na resistência fisiológica geralmente ocorrem modificações na exocutícula do inseto,

que na maioria das vezes é dependente da presença de determinadas proteínas ou da fase de

vida do mesmo. Além disso, nesse tipo de resistência também pode haver o sequestro de

substâncias tóxicas (Soderlund et al., 2003). Já em relação a resistência comportamental,

considera-se que o inseto é resistente a determinado produto tóxico quando ele possui melhor

capacidade de evita-lo por superior percepção (Yu et al., 2008).

Casos de resistência já foram verificados em populações de A. aegypti em regiões

tropicais e subtropicais de todo o mundo, inclusive em diferentes regiões do Brasil. Nesse

processo, os produtos envolvidos são os principais inseticidas organossintéticos empregados

para controle desse vetor, como o temefós (Braga et al., 2004; Chediak et al., 2016; Polson et

al., 2011) e piretróides (Martins et al., 2009).

Como forma de contornar tal problema, vários produtos químicos e biológicos

alternativos passaram a ser empregados. Assim, um inibidor da síntese de quitina, o

diflubenzuron, pertencente ao grupo das benzoil-fenil-uréias (BPU`s), foi empregado como

substituinte do temefós (Ministério da Saúde, 2010). Outra alternativa, passou a ser a utilização

da bactéria transgênica, Bacillus thuringiensis sorovariedade israelensis (Bti) desde 2001

(Braga e Valle, 2007). Porém, problemas quanto ao uso desses produtos já foram verificados,

seja porque os novos inseticidas organossintéticos recomendados estavam sendo empregados

em campo sem estudos prévios (Braga e Valle, 2007) ou por já terem sido verificados casos de

resistência relativos a utilização deles (Paris et al., 2010; Paul et al., 2005; Rivero et al., 2010).

Dessa forma, existe uma crescente busca por alternativas de controle que sejam mais

eficientes. Entre elas, a utilização de inseticidas botânicos, a base de óleos essenciais ou

moléculas desses, pode representar uma medida promissora ao controle de A. aegypti. Esses

compostos bioativos possuem uma ampla diversidade química e têm a capacidade de agir sobre

variados sítios e mecanismos de ação no inseto (Rattan, 2010). Assim, há maiores chances de

retardo da resistência em populações de A. aegypti submetidas a esses compostos (Isman, 2000).

Associado a esses fatores, tem sido relatado que populações resistentes a determinados

inseticidas, tendem a estar em desvantagem na ausência desses ou quando na presença de outras

moléculas com diferentes mecanismos de ação (Haubruge e Arnaud, 2001; Mckenzie e

Batterham, 1994), ainda que exista a possibilidade de resistência cruzada entre os compostos

referidos (Després et al., 2007). Isso pode ser justificado pelo chamado custo adaptativo e pela

teoria de alocação de recursos.

Nesses processos, indivíduos resistentes possuem menos chances de desenvolver outras

estratégias de resistência (Haubruge e Arnaud 2001; Mckenzie e Batterham, 1994). O aumento

da síntese de enzimas destoxificativas, por exemplo, pode prover energia adicional, resultando

na elevação das taxas metabólicas (maior consumo de O2), o que geralmente ocasiona

desbalanço nas trocas gasosas, e com isso, desvantagens adaptativas aos insetos resistentes por

alterar diversos outros processos fisiológicos (Guedes et al., 2005).

2.2.1.2. Custo adaptativo da resistência O custo adaptativo geralmente está associado à presença de um determinado gene que

pode proporcionar uma vantagem adaptativa ao indivíduo que o possui na presença de uma

determinada condição que seria desfavorável para a maioria da população. Porém, a presença

de tal vantagem, acarreta alterações em alocação e uso de recurso, e pode conferir uma

desvantagem na ausência da condição de pressão de seleção (Coustal et al., 2000; Guedes et

al., 2005). Sob efeito pleiotrópico, a presença do gene pode permitir que o custo para sua

manutenção interfira no metabolismo normal do indivíduo de modo a deixa-lo menos

competitivo que os susceptíveis (Gould, 1998).

Especificamente em A. aegypti resistentes a piretroídes já foi verificada menor taxa de

eclosão de ovos e alterações no ciclo circadíaco de fêmeas, além de diferenças reprodutivas

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como menor quantidade de ovos ovipositados, e menor competitividade em situação

interespecíca, quando comparado à indivíduos susceptíveis (Brito et al., 2013).

2.2.2. Controle alternativo

Entre os produtos ecologicamente viáveis e eficazes para controle de pragas estão os

óleos essenciais extraídos de plantas medicinais e/ou aromáticas, os quais podem ser usados

para combate a diversos culicídeos (Pavela, 2015). Outras formas de controlar o mosquito A.

aegypti que tem ganhado destaque são as técnicas de manipulação genética (Horn e Wimmer,

2003; Moreira e Ghosh et al., 2002; Speranca e Capurro, 2007). No entanto, nesse caso em

específico, há que se considerar outras questões como custo adaptativo.

Com isso, identificar novas estratégias que reduzam a possibilidade de disseminação e

evolução de quadros de arboviroses na população mundial é essencial. E para tanto, ratifica-se

a carência de ampliação de atividades interdisciplinares que sejam efetivas contra o mosquito

transmissor da dengue (Marshall, 2010).

2.3. Plantas bioativas

2.3.1. Óleos essenciais de plantas

Estudos focados na busca por formas alternativas de controle de pragas vêm recebendo

um forte investimento nos últimos 50 anos a partir dos problemas ocasionados pelas formas

tradicionais de controle químico (Isman e Grieneisen, 2014; Nerio et al., 2010). Com isso, os

recursos naturais passaram a ganhar um novo sentido como potenciais agentes inseticidas. Entre

eles, estão as substâncias obtidas de algumas plantas que possibilitam com segurança e eficácia,

quando manejadas adequadamente, o desenvolvimento de produtos que são viáveis para o

controle de pragas (Knaak e Fiuza, 2010).

Os óleos essenciais (OEs), por exemplo, são substâncias extraídas de plantas medicinais

e/ou aromáticas, sendo definidos como substâncias aromatizantes, voláteis e que podem

apresentar-se isoladas ou misturadas entre si, desterpenadas ou concentradas e retificadas

(ANVISA, 2007). Os OEs são produzidos e armazenados em variados órgãos e estruturas

vegetais, tais como tricomas glandulares, dutos de resina e cavidades secretoras (Fahn, 2000).

Os compostos presentes nos OEs são oriundos do metabolismo secundário de plantas.

Essas substâncias apresentam potencial repelente, atraente e/ou tóxico a insetos, uma vez que

são pertencentes ao mecanismo de defensa química de vegetais em resposta ao ataque de

herbívoros (Aguiar-Menezes, 2005; Simas et al., 2004). Além dessas utilidades, os OEs têm

sido constantemente aproveitados nos mais diversificados setores: medicinal, farmacêutico, de

perfumaria, de cosméticos, de alimentos e de limpeza (Bizzo, 2009; Isman, 2000; Isman, 2011;

Souza et al., 2010).

As propriedades físico-químicas dos OEs se baseiam em alta volatilidade, associado a

baixo peso molecular e uma diversidade elevada de compostos (Alves, 2001; Bakkali et al.,

2008; Souza et al., 2010). A constituição dos OEs é complexa e formada, principalmente, por

hidrocarbonetos como monoterpenos, acompanhados pelos sesquiterpenos, fenilpropanóides,

compostos oxigenados e aromáticos (Nerio et al, 2010). O OE de uma determinada espécie

vegetal pode conter de 20 a 80 constituintes (Regnault-Roger et al., 2012) ou até centenas deles

(Bakkali et al., 2008; Nerio et al., 2010).

A composição química diversificada e em concentrações e interações diferentes assume

papel decisivo sobre a eficácia dos OEs como produtos atraentes ou repelentes (Knaak e Fiuza,

2010), além de dificultar os casos de seleção de indivíduos resistentes dentro de uma população

(Bakkali et al., 2008; Rattan, 2010; Souza et al., 2010; WHO, 2012). Além disso, os OEs podem

ainda ser seletivos a organismos não-alvo, persistirem pouco no ambiente e na cadeia trófica

(Isman, 2006).

Os OEs podem agir em insetos através de algumas rotas bioquímicas específicas e assim

causar alterações que levam os insetos a um quadro de intoxicação, seja ele letal ou sub-letal.

Entre os sítios de ação mais comuns se tem o sistema nervoso (SN) desses organismos, mais

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especificamente as sinapses, por exemplo. Nesse caso, pode-se citar a atuação de alguns

compostos de OEs como terpinen-4-ol, 1,8-cineol, S-carvona, linalol, fenchona, γ-terpineno e

geraniol agindo sobre a enzima acetilcolinesterase (AChE). Outro sítio de ação no SN podem

ser os canais de cloro-GABA. Nesse caso, compostos de OEs como o timol podem atuar

bloqueando o sinal nervoso entre os neurônios (Priestley et al., 2003).

Embora existam algumas informações sobre os possíveis sítios e mecanismos de ação

de OEs sobre insetos, essa área de estudo ainda é bastante recente e complexa, carecendo de

novas pesquisas. Isso acontece principalmente devido à grande complexidade e interações

químicas entre os constituintes dos óleos essenciais e sua relação com as variadas respostas

biológicas que podem causar nos organismos-alvo (Rattan, 2010).

A composição química de determinados OEs pode variar de planta para planta dentro

de uma mesma espécie, formando assim quimiotipos, e interespecificamente, dependendo não

somente de condições genéticas, mas também ambientais, como por exemplo: os tratos

culturais, forma de cultivo e estocagem dos órgãos vegetais das plantas aromáticas, bem como

a extração, armazenamento e manipulação do OE obtido (Regnault-Roger et al., 2012). Dessa

forma, tal variação química e as interações moleculares tornam a atuação dos OEs e de seus

constituintes sobre insetos bastante complexa e difícil de ser identificada e especificada (Rattan,

2010).

Contudo, de forma mais geral, é possível identificar a toxicidade de OEs por meio de

modificações no comportamento e sobrevivência do inseto. Assim, os OEs podem causar

deterrência, declínio do consumo alimentar, prolongamento de um estádio de vida, deformações

e esterilidade (Costa et al., 2006), deficiência respiratória, diminuição de fecundidade (Attia et

al., 2013) ou em última instância, morte (Costa et al., 2006). Essas alterações são subletais ou

letais e são ambas importantes a nível de controle de insetos pragas, uma vez que o manejo de

insetos prejudiciais é voltado para a população, refletindo na descendência e não

necessariamente no indivíduo (Gallo et al., 2002).

Assim, os OEs configuram-se como um recurso alternativo e podem ser considerados

como uma estratégia fundamental de controle de pragas por contribuir para geração de uma

cadeia produtiva de inseticidas botânicos (Cutler, 1988; Gallo et al., 2002). Os bioinseticidas

são as principais alternativas aos inseticidas organossintéticos, os quais podem apresentar uma

série de efeitos negativos à nível social, ambiental e ainda podem contribuir para casos de

geração de populações de A. aegypti resistentes, como aqueles já verificados na Ásia e América

Latina (Lima et al., 2011; Martins et al., 2009).

No que se refere ao controle de vetores como culicídeos, algumas pesquisas mostraram

o potencial tóxico de compostos oriundos de plantas bioativas. Para o manejo do A. aegypti

vários testes sob condições ambientais controladas comprovaram eficácia de plantas inseticidas

como larvicidas e adulticidas dessa praga (Pavela, 2015).

2.3.2. Óleos essenciais para controle de A. aegypti

O uso inadequado dos inseticidas organossintéticos e a pressão de seleção que esses

inseticidas podem promover nas populações de A. aegypti tem aumentado em cerca de 10 a

15% o interesse de desenvolver e empregar inseticidas botânicos para o controle de A. aegypti

(Isman, 2000). Desta forma, nas últimas décadas os OEs têm sido amplamente investigados

sobre seu potencial larvicida (Isman e Grieneisen, 2014).

De acordo com Pavela (2015), considerando Concentração Letal para matar 50% da

população (CL50) de culicídeos ≤ 100 ppm, as principais famílias de plantas estudadas são, em

ordem de representatividade: Lamiaceae, Cupressaceae, Rutaceae, Apiaceae e Myrtaceae,

sendo seus constituintes mais comuns, o 1,8-cineol, timol, ρ-cimeno, α- e β-pineno, δ-3-careno,

sabineno, limoneno e trans-anetol.

As formas de aplicação de OEs sobre A. aegypti consistem na diluição em solventes,

aplicação tópica e fumigação. Os óleos essenciais podem agir nos insetos por meio de ingestão,

absorção cutânea (Ketoh et al., 2005) e/ou vias respiratórias (Yang et al., 2005).

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OEs que possuem em sua composição substâncias formadas por um número maior de

ligações duplas serão possivelmente mais capazes de proporcionar toxicidade (Santos et al.,

2010) e poderão ser aplicados topicamente, uma vez que tenderão a ser mais lipofílicos. Simas

e colaboradores (2004) ao estudarem sobre a atividade larvicida de mono- e sesquiterpenos

notaram que monoterpenos eram menos tóxicos a larvas de A. aegypti que os sesquiterpenos,

justamente por lipofilicidade.

Alguns trabalhos têm sido desenvolvidos com o objetivo de comparar a toxicidade de

OEs relacionando-a com a sua estrutura e introdução de determinados grupos químicos. Lima

et al (2014) relatam que a presença de ligações duplas, misturas racêmicas, anéis aromáticos e

ligações conjugadas e exoligações duplas em análogos do composto majoritário rotundifolona

da Mentha x villosa ou ainda a disposição de certas cetonas nesses compostos favoreciam ao

potencial larvicida sobre A. aegypti. Por outro lado, a adição de heteroátomo, hidroxila ou

substituição de ligações duplas por epóxido diminuem a potência larvicida de uma coleção de

monoterpenos sobre A. aegypti (Santos et al., 2011). Essas alterações, embora químicas,

resultam em modificações físicas, como aumento ou diminuição de polaridade, e portanto

modificações na potência larvicida dos OEs.

A alta diversidade de compostos que os óleos essenciais possuem associado as suas

demais características benéficas (ex. evitar a resistência Rattan, 2010), já é um grande

motivador para o desenvolvimento de novos estudos. Os OEs podem tanto ser fontes geradoras

de novas moléculas passíveis de síntese como podem também ser promissores inseticidas

botânicos (Cutler, 1988; Gallo et al., 2002).

Até o momento, nenhum teste foi realizado com plantas da família Aristolochiaceae

sobre o A. aegypti, muito menos que permitisse a comparação quanto ao nível de resistência ou

aptidão entre diferentes populações desse vetor.

2.3.3. Família Aristolochiaceae

A família Aristolochiaceae - aristos, que significa “melhor” e lochios, “expulsão de

placenta” (González, 2004; Stevens et al., 2009) - descrita por Jussieu (1789) é pertencente a

ordem Piperales (Neinhuis et al., 2005) e engloba atualmente quatro gêneros - Aristolochia,

Thottea, Euglypha e Holostylis - distribuídos por áreas tropicais, subtropicais e temperadas

(González, 1990). Tais gêneros enquadram cerca de 600 espécies (WU et al., 2005), sendo que

o gênero mais representativo é o Aristolochia (Barros e Araújo, 2012) com 400 a 500 espécies

(González, 2011). No Brasil existem 90 espécies de Aristolochiaceae e apenas no dominínio da

Floresta Atlântica, 49 (Barros e Araújo, 2012).

Diversas espécies de Aristolochiaceae são encontradas nos variados estados brasileiros

(Lorenzi e Matos, 2002). Em Sergipe, as plantas dessa família são comumente utilizadas para

produção de cachaça (Santos et al., 2013).

As plantas do gênero Aristolochia são caracterizadas pela presença de folhas simples,

alternas e pecioladas; seus ramos são lisos; as flores desse gênero são isoladas, hermafroditas e

zigmorfas; os frutos são do tipo capsular cilíndrico, com sementes achatadas, ventralmente lisas

e dorsalmente verrugosas. Tais plantas são trepadeiras, herbáceas e perenes (Nascimento et al.,

2010).

As espécies do gênero Aristolochia são utilizadas com maior incidência na Ásia e

América, representando metade e um terço da utilização total dessas espécies, respectivamente

(Heinrich et al., 2009). Tais espécies estão distribuídas principalmente nas Américas do Norte

e Sul, Ásia e África (Nascimento et al., 2010; Wu et al., 2005). A maior parte do uso de espécies

de Aristolochia é voltada para o tratamento de problemas relativos a distúrbios gastrointestinais,

com destaque para diarreias (Heinrich et al., 2009). Outras aplicações recorrentes remetem-se

ao uso dessas espécies para picadas de animais venenosos e pacientes com problemas

ginecológicos, ou ainda para tratamento de malária (Neuwinger, 2000; Wiart, 2000),

leishmaniose, asma, e como composto abortivo (Messiano et al., 2008).

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Tais atividades são descritas associadas aos constituintes de óleos essenciais e extratos

das plantas desse gênero, entre eles, flavonóides, benzenóides, terpenóides, éter dimetil e

lignanas (Wu et al., 2005), ou ainda devido aos compostos nitrogenados, aristoloquinas e ácidos

aristolóquios. Em um levantamento realizado por Heinrich (2009), 32 espécies dentre as 99 do

gênero Aristolochia estudadas apresentavam ácidos aristolóquicos.

Entretanto, a presença de ácidos aristolóquicos, predominantemente o I e II (Zhou et al.,

2004), é crucial para o desenvolvimento de uma série de complicações médicas (principalmente

renais) por serem carcinogênicos e nefrotóxicos (Ioset et al., 2002). Provavelmente, esses

ácidos estariam se ligando a proteínas celulares e DNA devido a redução do grupo nitro pelo

citocromo P450 e, assim, gerando toxidez em humanos (Ioset et al., 2002).

Constituintes do metabolismo secundário de espécies do gênero Aristolochia já

mostraram bioatividade sobre bactérias e fungos (Heinrich et al., 2009). Quanto ao potencial

inseticida, os OEs de A. baetica foram letais ou afetaram o desenvolvimento do ciclo biológico

normal e a produção da enzima α-amilase da espécie praga de grãos armazenados Tribolium

castaneum (Jbilou et al., 2008). Além disso, extratos da planta A. argentina Gris. apresentaram

atividade significativa sobre Sitophilus oryzae (Broussalis et al., 1999). As lagartas curuquerê

oriental Spodoptera litura e a lagarta-da-soja Anticarsia germatalis também foram susceptíveis

a A. tagala (Baskar et al., 2011) e A. malmeana (Messiano et al., 2008), respectivamente. Da

mesma forma, as atividades de A.aff. orbicularis tiveram efeito repelente para Sitophilus

zeamais (Rauscher et al., 2001).

2.3.3.1. Aristolochia trilobata

A. trilobata podem ser popularmente conhecidas como mil-homens ou milone, jarrinha,

jiboinha, papo-de-peru, dentre outros nomes (Lorenzi e Matos, 2009). A planta A. aristolochia

ocorre naturalmente em terrenos sombrios e ligeiramente úmidos de margens de matas e rios.

Outros ambientes comuns são florestas ombrófilas, mangues, região com dunas e zonas de

restinga (Nascimento et al., 2010). Aristolochia trilobata é encontrada naturalmente nas

Américas Central e do Sul (Heinrich et al., 2009).

Os constituintes da A. trilobata possuem uso distribuído por todo o mundo. Metabólitos

secundários de raízes, tubérculos e folhas da planta aromática A. trilobata são habitualmente

empregados como compostos medicamentosos, agindo como antinflamatórios (Mors et al.,

2000; Ruffa et al., 2002; Wu et al., 2004) e analgésicas (Honychurch, 1986; Lans, 2007) e para

o combate da atividade de fosfolipases encontrados em venenos de cobra (Honychurch, 1986;

Wu et al., 2004). A atividade biológica da planta A. trilobata já foi testada para algumas

bactérias como Escherichia coli e Staphylococcus aureus (Camporese et al., 2003) e há relatos

contra fungos (Fenner et al., 2006).

No que se refere ao controle de insetos, A. trilobata e seus compostos majoritários

isolados demonstraram atividade rápida e eficiente sobre formigas cortadeiras Atta sexdens e

Acromyrmex balzani. As misturas binárias dos compostos majoritários do óleo essencial de A.

trilobata agiram nas espécies de formiga de forma sinérgica e aditiva (Oliveira, 2014). Aqui,

analisamos se o óleo essencial de A. trilobata pode ser eficaz para o controle de A. aegypti

devido ao seu elevado potencial bioativo.

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4. ARTIGO

ALTERNATIVA AO CONTROLE DE Aedes aegypti RESISTENTE A PIRETRÓIDES:

EFEITOS KNOCKDOWN E SUBLETAIS DE MONOTERPENOS BIOINSETICIDAS

Periódico a ser submetido: Plos One

RESUMO

O mosquito Aedes aegypti é alvo de intenso controle por ser vetor de vírus que causam várias

doenças, principalmente em regiões tropicais. Devido ao uso indiscriminado de inseticidas,

populações provenientes de diferentes regiões têm apresentado resistência a piretróides. Neste

estudo, analisamos os efeitos letais e subletais do óleo essencial (OE) de Aristolochia trilobata

e seus compostos majoritários sobre A. aegypti. Bioensaios foram conduzidos utilizando-se

larvas e fêmeas adultas de uma população susceptível e uma resistente a piretróides. Nossos

resultados mostraram que a toxicidade e alterações comportamentais dos diferentes compostos

são dependentes da fase do ciclo de vida dos insetos. O monoterpeno ρ-cimeno causou alta

mortalidade tanto em larvas como em fêmeas adultas de A. aegypti, inclusive daqueles

provenientes da população resistente a piretróides. Os monoterpenos limoneno e linalol

acarretaram efeitos subletais nas larvas causando mudanças no padrão de natação, o que pode

resultar em diminuição do fitness e maior vulnerabilidade a diferentes fatores de stress sob

condições naturais. Desta forma, este estudo ressalta o potencial de utilização do OE de A.

trilobata, ρ-cimeno e limoneno para o controle de A. aegypti e revela a importância de se

analisar os efeitos subletais para a dinâmica populacional do mosquito A. aegypti.

Palavras-chave: Aristolochia trilobata, efeito subletal, óleo essencial de planta, ρ-cimeno,

toxicidade.

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ABSTRACT

Alternative to control of Aedes aegypti resistant to pyrethroid: knockdown and subletal

effects of bioinseticid monoterpens

The Aedes aegypti mosquito is intensely controlled because it is a vector of viruses that cause

innumerous diseases, especially in tropical regions. Due to the indiscriminate use of

insecticides, populations from different regions have been resistant to pyrethroids. In this study,

we analyzed the lethal and sublethal effects of Aristolochia trilobata essential oil (OE) and its

major compounds on A. aegypti. Bioassays were conducted using larvae and adult females from

a susceptible and a pyrethroid resistant population. Our results showed that the toxicity and

behavioral changes to different compounds are dependent on the insect life cycle phase. The

monoterpene p-cymene caused high mortality in both larvae and adult A. aegypti females,

including those from the pyrethroid resistant population. The monoterpenes limonene and

linalool caused a sublethal effect in the larvae causing changes in the swimming pattern, which

can decrease fitness and increase vulnerability to different stressors under natural conditions.

Thus, this study highlights the potential of A. trilobata OE, p-cymene and limonene for the

control of A. aegypti and reveals the importance of analyzing the sublethal effects for the

population dynamics of the A. aegypti mosquito.

Key words: Aristolochia trilobata, sublethal effect, plant essential oil, p-cymene, toxicity.

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4.1. Introdução

Os insetos são os principais vetores de patógenos nas regiões tropicais, causando

doenças graves que resultam em elevada mortalidade e gastos econômicos [1,2]. O mosquito

Aedes aegypti (Diptera: Culicidae) é considerado o mais importante vetor de doenças virais

para o homem, incluindo a dengue, febre amarela urbana, Zika e Chicungunya [3–6]. Nas

últimas décadas, o controle de A. aegypti tem sido feito basicamente por meio de inseticidas

[7,8], principalmente piretróides [9], os quais representam hoje a classe de inseticida mais

utilizada por área [10]. No entanto, populações de A. aegypti em diversas regiões do mundo,

têm apresentado resistência a este grupo de inseticidas, limitando ainda mais seu controle [11–

13].

Estudos têm relatado a ocorrência de custos associados à resistência, com consequente

redução do fitness dos indivíduos resistentes em ambiente livre do fator de seleção ou quando

expostos a outros tipos de moléculas bioativas [14,15]. Neste sentido, uma alternativa ao

controle de populações resistentes de A. aegypti é a utilização de misturas complexas de

compostos bioativos que apresentem diferentes mecanismos e sítios de ação de inseticidas,

como é o caso dos OEs de plantas [16–20]. De fato, alguns estudos têm demonstrado que

populações de A. aegypti, incluindo aquelas resistentes, podem ser controladas por meio desses

produtos [21,22]. Além da eficiência desses bioinseticidas, o uso desses compostos pode ainda

apresentar outras características vantajosas, como por exemplo, seletividade aos organismos

não-alvo, baixo poder residual e demanda de mais tempo para seleção de resistência devido à

sua complexidade de compostos [16,23]. Contudo, os efeitos subletais dos bioinseticidas nas

diferentes fases do ciclo de vida de A. aegypti resistentes a piretróides ainda é pouco conhecido.

A seleção de resistência aos inseticidas pode interferir em características da história de

vida dos organismos, culminando em trade-offs ecológicos [24]. Assim, é importante que a

seleção de novas moléculas para controle de insetos resistentes seja fundamentada não apenas

nos efeitos letais em si, mas também na análise dos efeitos subletais em diferentes fases do ciclo

de vida dos indivíduos. Tais efeitos podem desencadear mudanças comportamentais que

resultem em alteração do fitness desses indivíduos quando sujeitos a diferentes pressões bióticas

e abióticas em situações naturais.

Aqui, avaliamos os efeitos letais e subletais do OE de Aristolochia trilobata e dos seus

componentes majoritários, sobre populações resistente e susceptível de A. aegypti. A

mortalidade de larvas e adultos e o comportamento de natação das larvas foram analisados em

indivíduos tratados com os bioinseticidas e do piretróide deltametrina. A compreensão dos

níveis de toxicidade e dos efeitos subletais dos bioinseticidas (alterações comportamentais),

principalmente para populações resistentes, pode fornecer informações que permitam um

controle mais eficiente deste vetor.

4.2. Material e Métodos

4.2.1. Populações de A. aegypti estudadas

Populações de A. aegypti utilizadas nos experimentos (N=2) foram provenientes do

município de Campos dos Goytacazes (cepa PPCampos - população susceptível a piretróides)

e do Instituto Oswaldo Cruz (geração F2 Oiapoque - população resistente a piretróides) -

município do Rio de Janeiro, RJ, Brasil.

As populações foram criadas de acordo com metodologia descrita por Marriel et al.

(2016). As larvas das populações de A. aegypti foram mantidas, isoladamente, em bandejas

plásticas (6 L) contendo 5 L de água (livre de cloro) e foram alimentadas com ração animal

(Fed: Reptolife, Alcon Pet, Camburuí, SC, Brasil e DoCat Carne: Nutriane Alimentos LTDA,

Viana, ES, Brasil). Os adultos foram acondicionados, separadamente por população, em gaiolas

de plástico (20 cm de altura x 18 cm de ϕ) recobertas por organza. Solução de sacarose

embebida em algodão foi oferecida diariamente para alimentação. Os insetos foram mantidos

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sob condições de temperatura, umidade e fotoperíodo controlados (26 ± 2oC, 60 ± 2% e 12:12

L).

4.2.2.Obtenção dos bioinseticidas e do piretróide

O OE foi extraído dos caules de plantas de A. trilobata coletadas em área de manguezal,

no município de Pirambu, Sergipe, Brasil (10o40’42”S, 36o52’25”W). A média anual de

temperatura e precipitação pluviométrica da região é de 26o C e 1.650 mm, respectivamente,

com período chuvoso de março a agosto [26]. O material coletado foi seco em estufa à 60 ± 1oC

por 4 dias [27]. Em seguida, o OE foi obtido por meio de hidrodestilação em aparelho do tipo

Clevenger [28] e foi separado da fase aquosa, sendo armazenado em frasco âmbar, sob

temperatura de -4oC.

A análise dos componentes do OE foi realizada por CG/EM/DIC (GCMSQP2010 Ultra,

Shimadzu Corporation, Kyoto, Japão) equipado com um injetor automático AOC-20i

(Shimadzu). As separações foram realizadas em uma coluna capilar de sílica fundida Rtx®-

5MS Restek (5%-difenil-95%-dimetilpolisiloxano) com 30 m x 0,25 mm de diâmetro interno,

0,25 mm de espessura de filme, em um fluxo constante de Hélio 5.0 com taxa de 1,0 ml min-

1.A temperatura de injeção foi de 280 °C, 1,0 μL (10 mg ml-1) de amostra e foi injetado, com

uma razão de split de 1:30. A programação de temperatura do forno iniciou-se a partir de 50 °C

(isoterma durante 1,5 min), com um aumento de 4 °C min-1, até 200 °C, em seguida, a 10 °C

min-1 até 300 °C, permanecendo por 5 min. Para o CG/EM as moléculas foram ionizadas por

ionização por elétrons com energia de 70 eV. Os fragmentos foram analisados por um sistema

quadrupolar programado para filtrar fragmentos/íons com m/z na ordem de 40 a 500 Da e

detectados por um multiplicador de elétrons. O método de ionização para o CG/DIC foi

realizado pela chama proveniente dos gases hidrogênio 5.0 (30 ml min-1) e ar sintético (300 ml

min-1). As espécies coletadas e a corrente elétrica gerada foram amplificadas e processadas. O

dados foram processados no software CG PostrunAnalysis (Labsolutions- Shimadzu).

A identificação dos constituintes foi realizada com base na comparação dos índices de

retenção da literatura [29]. Para tanto, foi utilizada a equação de Van den Dool e Kratz (1963)

[30] em relação a uma série homóloga de n-alcanos (nC9- nC18). Também foram usadas três

bibliotecas do equipamento (WILEY8, NIST107 e NIST21), as quais permitiram a comparação

dos dados dos espectros com aqueles constantes das bibliotecas, por meio de um índice de

similaridade de 80%.

Foram considerados como majoritários, os compostos do OE de A. trilobata que

apresentaram proporções acima de 6% da composição química total: ρ-cimeno, limoneno,

linalol e acetato de sulcatila (ver Fig. 1). Estes compostos foram adquiridos através de padrões

comercializados pela empresa Sigma-Aldrich® (Steinheim, Germany), com exceção do acetato

de sulcatila que foi sintetizado por meio da redução química do composto 6-metil-5-hepten-2-

ona (sulcatona, 500 mg, 3,97 mmol, Sigma Aldrich®) (Fig. 2). Para isso, a sulcatona foi

solubilizada em 10 ml de metanol com adição de NaBH4 (160 mg, 3,97 mmol). A mistura foi

mantida sob agitação magnética à temperatura ambiente por uma hora. A reação foi

interrompida com adição de 1 ml de água destilada. A extração do produto obtido [(±)-6-metil-

5-hepten-2-ol 2 (sulcatol)] foi realizada com acetato de etila (20 ml), o qual foi removido por

rotaevaporação. O sulcatol, por sua vez, foi completamente seco com N2 com rendimento de

98% (500 mg, 3,91 mmol) e, posteriormente, tratado com piridina (1 ml) e anidrido acético (1

ml) por 24 horas, à temperatura ambiente. Em seguida, foram adicionados à mistura reacional

4 ml de HCl 10% e então extraído, com acetato de etila (20 ml), o 2-acetil 6-metil-5-hepteno

(acetato de sulcatila). O solvente foi removido por rotaevaporação. O acetato de sulcatila foi

completamente seco com N2 e apresentou rendimento de 83% (550mg, 3,24mmol).

O piretróides deltametrina (K-othrine 25 CE, 25 g i.a./L, concentrado emulsionável,

Bayer S.A.®, Estrada da Boa Esperança, Belford Roxo, Rio de Janeiro, Brasil) foi obtido

comercialmente.

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33

4.2.3. Bioensaios

Os bioensaios de toxicidade foram conduzidos inicialmente para determinar as curvas

de concentração e dose-mortalidade para larvas e adultos da população susceptível, usando: i)

OE de A. trilobata; e seus compostos majoritários, ii) ρ-cimeno, iii) limoneno, iv) linalol e v)

acetato de sulcatila; vi) piretróide deltametrina. O controle foi feito usando tensoativo ou

solvente. As CL90 (larvas) e DL90 (fêmeas adultas), obtidas para a população susceptível, foram

então utilizadas para avaliar a toxicidade destes compostos sobre a população resistente. O

tempo letal foi estimado para ambas as populações, considerando-se apenas os compostos que

mostraram toxicidade para larvas e adultos da população resistente. Posteriormente, bioensaios

comportamentais foram feitos a fim de avaliar os efeitos subletais de todos os tratamentos sobre

ambas as populações.

Em todos os casos, nos bioensaios para larvas de A. aegypti, os tratamentos OE de A.

trilobata e seus compostos majoritários foram diluídos em água destilada com o tensoativo

dimetilsulfóxido à 0,2% (ppm). Já nos bioensaios com adultos, as diluições destes tratamentos

foram feitas em acetona (µg/ mg do inseto). Testes preliminares realizados com indivíduos de

A. aegypti mostraram que o tensoativo dimetilsulfóxido não altera o comportamento normal de

natação das larvas (3º instar - L3) e que a acetona não afeta a sobrevivência das fêmeas adultas

do A. aegypti.

Todos os experimentos foram realizados conforme as recomendações da Organização

Mundial de Saúde [11,31,32].

4.2.3.1.Toxicidade

Os bioensaios de toxicidade para obter as curvas de concentração e dose-mortalidade

foram realizados com larvas (L3) e fêmeas adultas da população susceptível a piretróides.

As larvas foram expostas aos tratamentos por contato e ingestão, em solução aquosa.

Cada unidade amostral consistiu em 10 larvas de A. aegypti em 100 ml de solução do

tratamento, acondicionados em pote plástico de 140 ml fechado. Foram feitas oito repetições

por tratamento x população. Já os adultos foram expostos aos tratamentos por contato. Nesse

caso, cada unidade experimental consistiu em dez fêmeas de A. aegypti tratadas, acondicionadas

em pote de plástico coberto por organza e tampa perfurada (3 cm ϕ). Os tratamentos foram

aplicados (0,5 µL) na região torácica dos mosquitos, com o auxílio de microseringa de 10 μL

(Hamilton, Reno, NV, USA). Para a aplicação, as fêmeas foram previamente sedadas com CO2

e manipuladas sobre mesa de gelo seco à 4o C. Foram feitas quatro repetições por tratamento x

população.

Posteriormente, bioensaios com a mesma metodologia foram feitos para larvas e adultos

da população resistente a piretróides, à exceção de que tais insetos foram expostos a todos os

tratamentos utilizando-se apenas as concentrações e doses necessárias para matar 90% dos

indivíduos da população susceptível (ver Tabela 2).

Em todos os casos, as avaliações de mortalidade foram feitas após 48 h de exposição

dos insetos aos tratamentos.

4.2.3.2. Tempo letal

Os bioensaios foram conduzidos avaliando a mortalidade dos insetos, de ambas as

populações, para determinação das curvas de sobrevivência e do tempo letal (TL). Neste caso,

foram utilizados apenas os tratamentos que mostraram toxicidade tanto para larvas quanto para

fêmeas adultas da população resistente: CL90 e DL90 da deltametrina e ρ-cimeno (ver Tabela 2).

O experimento foi conduzido de acordo com a metodologia adotada nos bioensaios de

toxicidade. Foram feitas dez repetições para cada tratamento x população. A mortalidade das

larvas foi avaliada a cada: 10 min na primeira hora, 30 min de 1 h até 30 h, 120 min de 30 h até

54 h, 360 min de 54 h até 78 h e 720 min de 78 h até o final do experimento, quando das pupas

emergiram os adultos. A mortalidade das fêmeas adultas foi avaliada a cada: 5 min na primeira

hora, 10 min de 1 h até 2 h, 15 min de 2 h até 3 h, 30 min de 3 h até 6 h, 60 min de 6 h até 12

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h, 120 min de 6 h até 24 h, 240 min 24 até 48 h, 360 min de 48 h até 72 h e 720 min de 72 h até

o final do experimento, quando a mortalidade do controle atingiu 20%.

4.2.3.3. Comportamento de natação de larvas

Os bioensaios foram realizados para verificar o efeito dos tratamentos e do tempo de

exposição sobre o comportamento de natação das larvas, de ambas as populações,

considerando: (i) o deslocamento, (ii) a velocidade, (iii) a sinuosidade do trajeto percorrido

(meandro), (iv) a mudança de orientação (velocidade angular) e (v) o tempo de

repouso/movimentação das larvas.

Os experimentos foram realizados em placa de Petri (9 cm ϕ x 1,5 cm altura) contendo

20 ml de solução com os tratamentos diluídos nas CL20 determinadas para larvas susceptíveis

a piretróides. Em cada placa foi acondicionada uma única larva, que foi filmada por 10 min,

utilizando uma câmera de vídeo (Panasonic SD5 Superdynamic - modelo WV-CP504 - lente

Spacecom 1/3” 3-8 mm) acoplada a um computador. As filmagens foram realizadas

imediatamente após a exposição e 48 h após a exposição das larvas aos tratamentos. As análises

dos comportamentos foram realizadas por meio do software Ethovision XT (versão 8.5; Noldus

Integration System, Sterling, VA) e Studio 9 (Pinnacle Systems, moutain View, CA). Foram

feitas 25 repetições por população, considerando-se cada tratamento e tempo de avaliação.

4.2.4. Análises estatísticas

Análises de Próbit foram realizadas para obtenção das curvas concentração- e dose-

mortalidade para larvas e fêmeas adultas de A. aegypti susceptíveis a piretróides. Foram aceitas

as curvas cuja probabilidade de aceitação da hipótese de nulidade pelo teste χ2 fosse maior que

0,05, usando o software SAS (PROC PROBIT; SAS, 2011) [33] . As CLs e DLs estimadas por

meio dessas curvas foram comparados pelo critério da não-sobreposição dos intervalos de

confiança (IC95) com a origem do intervalo.

Os valores de mortalidade de larvas e fêmeas adultas resistentes a piretróides foram

submetidos a análise de variância (ANOVA) e comparados pelo teste de Tukey ao nível de 5%

de probabilidade, usando o software SAS (PROC GLM, com Tukey; SAS, 2011) [33] .

Para cada combinação de tratamento x população x estádio de desenvolvimento foram

obtidas curvas de sobrevivência utilizando-se estimadores de Kaplan-Meier, no programa

SigmaPlot 11.0. Por meio destas curvas foi possível estimar os tempos necessários para causar

mortalidade de 50% dos indivíduos de cada população (TL50). As curvas de sobrevivência

foram comparadas par a par pelo método Holm-Sidak, no programa SigmaPlot 11.0.

Nos bioensaios de comportamento de natação das larvas, inicialmente foi analisado o

comportamento das duas populações na ausência de tratamentos (controle) nos dois tempos de

exposição por meio de análise de variância multivariada (PROC GLM, com MANOVA; SAS)

afim de verificar possíveis diferenças intrínsecas das populações. Em seguida os dados de

comportamento de natação das larvas expostas ao controle e aos tratamentos também foram

analisados por meio de análise de variância multivariada (PROC GLM, com MANOVA; SAS).

Análises de variância univariada (ANOVA) (para cada população e tempo de exposição)

foram realizadas individualmente para os parâmetros: deslocamento, velocidade, meandro,

velocidade angular e movimentação em função dos tratamentos. Posteriormente, os dados

foram analisados pelo teste de Dunnett para comparação das médias dos controles com as

médias dos tratamentos (PROC GLM, com Dunnett; SAS).

4.3. Resultados

4.3.1. Caracterização química do OE

Foram identificados e quantificados 25 compostos no OE de A. trilobata, os quais

representaram 98,72% da composição total. Os compostos em maiores proporções foram os

monoterpenos: acetato de sulcatila (25,64%), limoneno (24,80%), ρ-cimeno (10,41%) e linalol

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(9,51%). Os demais constituintes representaram menos do que 5,3% da composição do OE de

A. trilobata (Tabela 1).

4.3.2. Bioensaios

4.3.2.1. Toxicidade

Para as larvas da população susceptível de A. aegypti, a concentração necessária dos

compostos para matar 50% dos indivíduos variou de 3,3 x 10-5 a 238,80 ppm (Tabela 2). O

inseticida deltametrina foi mais tóxico para as larvas do que o OE de A. trilobata e seus

compostos majoritários. Dentre os bioinseticidas, a maior toxicidade foi observada para o

limoneno, seguido pelo ρ-cimeno, OE de A. trilobata e linalol. O acetato de sulcatila não causou

mortalidade dos indivíduos mesmo quando aplicado na dose máxima testada (600 ppm). Este

padrão se manteve para a CL90 (Tabela 2).

Já para as fêmeas adultas da população susceptível, a deltametrina continuou sendo o

composto mais tóxico, apresentando DL50 de 3,2 x 10-8 ppm. Dentre os bioinseticidas, a DL50

variou de 12,25 a 32,81 ppm, apresentando um padrão de toxicidade distinto do observado para

as larvas: o OE de A. trilobata foi o composto mais tóxico, seguido pelo linalol, acetato de

sulcatila, limoneno e ρ-cimeno (Tabela 3).

Por outro lado, a mortalidade de larvas e fêmeas adultas da população resistente tratada

com a deltametrina (CL90 e DL90, respectivamente) não diferiu do controle, conforme esperado.

O mesmo resultado foi observado com o composto linalol (Fig. 3). No entanto, larvas e fêmeas

adultas da população resistente apresentaram elevada mortalidade (≈ 100%) quando tratados

com o composto ρ-cimeno. Mortalidade semelhante foi observada para fêmeas adultas tratadas

com limoneno. Por sua vez, o OE de A. trilobata e o acetato de sulcatila resultaram na

mortalidade de cerca de 50-60% das fêmeas adultas, porém não tiveram nenhum efeito na

mortalidade de larvas (Fig. 3).

4.3.2.2. Tempo letal

A sobrevivência das populações susceptíveis de A. aegypti expostas à deltametrina e ao

ρ-cimeno foi significativamente reduzida ao longo do tempo (larva/pupa: teste de Log-rank: 2

= 260,97; gl = 2, P < 0,001 e fêmeas adultas: teste de Log-rank: 2 = 223,50; gl = 2, P < 0,001)

(Fig. 4 A, C). As larvas desta população mostraram uma rápida redução da sobrevivência

quando expostas à deltametrina (TL50 = 0,24 h) e ao ρ-cimeno (TL50 = 0,55h), diferindo

significativamente do controle. Em menos de 10 h todos os indivíduos morreram (Fig. 4 A). As

fêmeas adultas desta mesma população, tiveram sua sobrevivência reduzida mais rapidamente

pelo ρ-cimeno (TL50 = 0,08 h) do que pela deltametrina (TL50 = 57,9 h) e o controle. Todas as

fêmeas adultas expostas ao ρ-cimeno morrem instantaneamente. Por outro lado, 34% das

fêmeas adultas expostas à deltametrina sobreviveram até o final do experimento (Fig. 4 C).

Da mesma forma, a sobrevivência das populações resistentes de A. aegypti expostas à

deltametrina e ao ρ-cimeno foi significativamente reduzida ao longo do tempo (larva/pupa: teste

de Log-rank: 2 = 394,35; gl = 2, P < 0,001 e fêmeas adultas: teste de Log-rank: 2 = 127,29;

gl = 2, P < 0,001) (Fig. 4 B, D). Nesta população, conforme esperado, em ambas as fases do

ciclo de vida (larva-pupa e fêmeas adultas), o tempo letal observado para matar 50% dos

indivíduos não diferiu (P < 0,05) entre o tratamento deltametrina e o controle. Por outro lado,

o ρ-cimeno mostrou rápido potencial para redução da sobrevivência da população, com tempo

letal de 9,54 h e 0,08 h para larva-pupa e fêmeas adultas, respectivamente (Fig. 4B, D). Todas

as fêmeas adultas expostas ao ρ-cimeno morrem instantaneamente (Fig. 4 D). E 4% das

larvas/pupas expostas a este composto sobreviveram até o final do experimento (Fig. 4 B).

4.3.1.3. Comportamento de natação das larvas

O comportamento de natação intrínseco (controle) das larvas das populações susceptível

e resistente a piretróides avaliados imediatamente ou após 48 h de natação diferiu entre as

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populações (imediatamente: Wilks’ lambda = 0,532; F = 7,73; glnum/den = 5/44; p < 0,001 e

48 h de natação: Wilks’ lambda = 0,758; F = 19,27; glnum/den = 5/44; p < 0,001) quando

submetidos à análise de variância multivariada.

Da mesma forma, os tratamentos modificaram o comportamento de natação de larvas

da população susceptível (Wilks’ lambda = 0,232; F = 20,38; glnum/den = 25/1056; p < 0,001)

e resistente (Wilks’ lambda = 0,510; F = 8,41; glnum/den = 25/1056; p < 0,001) quando

submetidos à análise de variância multivariada.

4.3.2.3.1. Deslocamento e velocidade

Houve diferenças significativas no deslocamento e na velocidade das larvas susceptíveis

(F5;288 = 26,92; p < 0,001 e F5;288 = 26,92; p < 0,001) e resistentes (F5;288 = 15,35; p < 0,001 e

F5;288 = 19,30; p < 0,001) expostas aos tratamentos. Trilhas representativas do deslocamento

das duas populações expostas aos tratamentos estão apresentadas na Fig. 5.

De forma geral, nos casos em que houve efeito significativo dos tratamentos, estes

causaram redução do deslocamento e da velocidade das larvas em relação ao controle (Fig. 6).

A taxa de deslocamento dos indivíduos da população susceptível, em ambos tempos de

exposição, foi significativamente reduzida quando expostos a todos os tratamentos, com

exceção da deltametrina que não diferiu do controle (Fig. 6 A). Já a população resistente, teve

seu deslocamento afetado por diferentes compostos dependendo do tempo de exposição.

Imediatamente após o contato, a deltametrina, ρ-cimeno e o limoneno reduziram o

deslocamento dos indivíduos. No entanto, após 48 h de exposição das larvas, este efeito foi

observado para o p-cimento, limoneno e linalol (Fig. 6 B).

A velocidade de deslocamento (Fig. 6 C,D) seguiu praticamente o mesmo padrão

descrito acima. Para a população susceptível, a exceção foi que o ρ-cimeno não teve efeito

imediatamente após o contato e o limoneno não teve efeito após 48 h de exposição. A

deltametrina aumentou a velocidade de natação imediatamente após o contato (Fig. 6 C). Já

para a população resistente, a única exceção foi que o ρ-cimeno não alterou a velocidade das

larvas resistentes após 48 h de exposição (Fig. 6 D).

4.3.2.3.2. Orientação das larvas

Houve diferenças significativas nos meandros e na velocidade angular das larvas

susceptíveis (F5;288 = 4,16; p < 0,001 e F5;288 = 5,08; p < 0,001) e resistentes (F5;288 = 5,24; p <

0,001 e F5;288 = 5,08; p < 0,001) expostas aos tratamentos.

Nos casos em que houve efeito significativo dos tratamentos, de uma forma geral, estes

causaram aumento na desorientação (aumento de meandros e da velocidade angular) das larvas

durante a natação quando comparados ao controle (Fig. 7). Larvas da população susceptível

realizaram mais meandros e maior velocidade angular de nado quando foram imediatamente

expostas ao linalol (Fig. 7 A,C). Após 48h de exposição das larvas, o OE de A. trilobata também

aumentou a velocidade angular das larvas desta população (Fig. 7 C).

Já a população resistente, apresentou mais meandros e velocidade angular

imediatamente quando expostas ao ρ-cimeno e limoneno (Fig. 7 B,D). Após 48 h de exposição

das larvas, os meandros também foram aumentados quando expostos ao linalol (Fig. 7 B).

4.3.2.3.3. Atividade larval

Houve diferenças significativas no tempo que as larvas susceptíveis (F5;288 = 8,07; p <

0,001) e resistentes (F5;288 = 10,41; p < 0,001) ficaram imóveis quando expostas aos

tratamentos.

Larvas da população susceptível tratadas com linalol, em ambos os tempos de

exposição, permaneceram por mais tempo imóveis do que aquelas do tratamento controle (Fig.

8 A,B).

Por outro lado, as larvas da população resistente quando imediatamente tratadas com

deltametrina, p-cimento e limoneno permaneceram maior proporção do tempo imóveis do que

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as larvas do controle (Fig. 8 C). Após 48h de exposição, as larvas desta população

permaneceram mais tempo imóveis quando tratadas com deltametrina, limoneno e linalol, do

que as larvas do controle (Fig. 8 D).

4.4. Discussão

A seleção de resistência de A. aegypti a inseticidas, principalmente nas regiões tropicais,

tem representado um enorme obstáculo ao controle deste importante vetor de doenças. Nossos

resultados destacam o grande potencial de toxicidade dos monoterpenos, ρ-cimeno e limoneno,

encontrados no OE de A. trilobata sobre larvas e fêmeas adultas de uma população altamente

resistente ao piretróide deltametrina. Adicionalmente, os resultados também indicam que outros

diferentes monoterpenos desencadeiam efeitos subletais, alterando os padrões comportamentais

que podem reduzir o fitness desses indivíduos em situações naturais.

Os efeitos letais dos diferentes compostos foram dependentes do ciclo de vida dos

indivíduos de A. aegypti, o que está relacionado às características morfológicas e fisiológicas

intrínsecas de cada fase de desenvolvimento. Como esperado, a população resistente, quando

exposta à deltametrina, não apresentou mortalidade significativamente diferente da observada

no controle (Fig. 3). De forma geral, os piretróides promovem uma abertura prolongada dos

canais de sódio [34], causando forte ação excitatória no sistema nervoso dos insetos. No

entanto, as populações resistentes de A. aegypti podem apresentar resistência metabólica [ex.

enzimas do citocromo P450 [13], esterases [35] e glutathione S-transferases [36] ou de

mutações em sítios alvo de ligação dos inseticidas (mutação knockdown - Kdr), portanto, não

se intoxicando com a deltametrina. Interessantemente, nossos resultados destacam que os

monoterpenos p-cimento e limoneno mostraram alta toxicidade para indivíduos da população

resistente (Fig. 3). O ρ-cimeno agiu muito rapidamente causando elevada mortalidade (efeito

knockdown) para indivíduos de ambas as populações (Fig. 4). Destaca-se o fato de que, ao

contrário da deltametrina, que causa efeito knockdown apenas em indivíduos adultos, o p-

cimento mostrou esta eficácia também para larvas. Estes resultados evidenciam o potencial de

utilização deste composto para o controle do mosquito A. aegypti. Nossos resultados

corroboram com estudos que têm mostrado que os OEs apresentam uma eficiente ação

inseticida sobre diversas pragas [37,38]. Porém, poucos trabalhos têm avaliado o potencial

inseticida e subletal desses produtos sobre populações de insetos resistentes, incluindo A.

aegypti. No melhor do nosso conhecimento, este é o primeiro estudo a demonstrar a

bioatividade de monoterpenos presentes em OEs contra A. aegypti resistentes a deltametrina

assim como os seus efeitos subletais sobre a natação de larvas de populações resistentes.

A ocorrência de resistência em populações de insetos confere aos indivíduos uma

vantagem adaptativa sobre pressão do inseticida. No entanto, esta resistência pode, na maioria

das vezes, ser acompanhada também por um alto custo no fitness dos indivíduos [24] . Desta

forma, a resistência é acompanhada por trade-offs que envolve realocação de recursos entre a

vantagem adaptativa x custos associados, afetando processos fisiológicos, reprodutivos e/ou

comportamentais dos indivíduos de populações resistentes [39]. Especificamente para A.

aegypti, a resistência tem sido reportada na literatura por interferir na capacidade vetorial,

parâmetros biológicos (desenvolvimento, reprodução e sobrevivência), fisiológicos e também

comportamentais [24,40–42]. No presente estudo, os indivíduos de populações de A. aegypti,

susceptível e resistente a piretróides, apresentam parâmetros de desenvolvimento e

comportamento naturalmente distintos. Os indivíduos da população resistente, além de

apresentar um ciclo de vida mais curto (Fig. 4 A,B), também apresentaram uma maior atividade

de locomoção do que os indivíduos da população susceptível (Fig. 5 e 6). Redução no ciclo de

vida dos indivíduos (L3-pupa) da população resistente, observado no presente estudo, também

já foi relatado em outros estudos [40,42]. Tal diminuição no tempo de desenvolvimento é um

ponto relevante: a longo prazo, pode ocorrer um crescimento mais rápido da população

resistente. Além disso, a maior atividade de locomoção dos indivíduos resistentes poderia

aumentar, por exemplo, suas habilidades de escaparem de predadores, consequentemente

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aumentando sua probabilidade de sobrevivência e reprodução. Tais alterações no

desenvolvimento e comportamento, aumentam ainda mais a preocupação sobre a atividade

vetorial desses mosquitos [24]. Porém, aqui verificamos que sob efeito dos bioinseticidas, os

indivíduos de ambas as populações sofreram efeitos subletais, com redução de suas taxas de

deslocamento e velocidade (Fig. 6), assim como apresentaram maior desorientação de natação

(Fig. 7). Este comportamento pode indicar uma possível percepção e toxicidade dos compostos

aos indivíduos, uma vez que a redução da atividade locomotora é considerada uma estratégia

amplamente utilizada por insetos para minimizar os efeitos de toxicidade por inseticidas [43].

Embora seja conhecido que a deltametrina cause redução da atividade locomotora dos

indivíduos [25], este efeito não foi observado para a população susceptível, a qual aumentou

sua velocidade de nado quando exposta a este produto, o que poderia estar relacionado à

tentativa de fuga (Fig. 6).

As características da história de vida, assim como morfologia, fisiologia e

comportamento dos organismos podem representar adaptações para se defenderem de

predadores. Dentre estas características está o comportamento de redução da atividade de

natação de larvas de mosquito, que pode evitar sua detecção pelo predador [44], assim como

interferir na capacidade de alimentação das larvas [45]. Desta forma, a redução do

deslocamento e velocidade das larvas, de ambas as populações susceptíveis e resistentes,

tratadas com os monoterpenos de OEs poderia, à princípio, torná-las menos perceptíveis aos

predadores em situações naturais. Porém, uma vez detectadas pelo predador, sua habilidade de

escape pode estar comprometida, uma vez que além da menor capacidade de deslocamento, e

possivelmente menor frequência de busca e ingestão de recursos, ainda mostraram maior

desorientação de nado. Assim, efeitos subletais, capazes de alterar tais padrões

comportamentais, podem interagir com fatores externos no ambiente determinando a

sobrevivência e viabilidade das populações de mosquitos.

4.5. Conclusões

Nossos resultados apontam possíveis alternativas ao controle de larvas e adultos de A.

aegytpi por meio da utilização do óleo essencial de A. trilobata e seus compostos majoritários.

Este estudo ressalta o potencial de utilização do ρ-cimeno e limoneno para o controle de A.

aegypti resistente a piretróides, bem como, os efeitos subletais de diferentes monoterpenos na

redução da atividade de natação e maior desorientação das larvas dessa espécie. Este trabalho

contribui para aumentar a compreensão do efeito de pesticidas sobre o comportamento de fases

juvenis do A. aegypti e de suas possíveis consequências no fitness de populações naturais.

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Tabela 1. Composição química do OE de A. trilobata caracterizado por CG/EM/DIC.

Composto Tempo de

retenção (min)

Índice de

retençãoa

Área do pico

(%)b

Tricicleno 8,985 929 1,88±0,02

Cânfeno 9,469 944 3,24±0,012

b-pineno 10,353 973 1,05±0,02

Mirceno 10,681 984 0,68±0,03

6-Metil-5-hepten-2-ol* 10,728 985 0,64±0,08

ρ-cimeno 11,859 1020 10,41±0,03

Limoneno 12,021 1025 24,80±0,26

(Z)-b-ocimeno 12,546 1041 5,27±0,42

Linalol 14,257 1092 9,51±0,05

Acetato de sulcatila 15,220 1122 25,64±0,45

Borneol 16,568 1165 0,64±0,05

a-terpineol 17,328 1189 0,28±0,02

Acetato de bornila 20,222 1283 0,79±0,007

b-elemeno 23,345 1391 0,30±0,012

(E)-cariofileno 24,260 1424 1,15±0,03

Aromadendreno 24,633 1438 0,27±0,01

Allo-aromadendreno 25,415 1467 0,27±0,0

Germacreno D 25,922 1485 0,70±0,007

Biciclogermacreno 26,343 1501 1,52±0,02

d-cadineno 26,933 1524 0,40±0,06

Espatulenol 28,508 1586 3,04±0,10

Globulol 28,695 1594 4,29±0,13

Viridiflorol 28,903 1602 0,49±0,03

Isoespatulenol 29,971 1646 0,94±0,05

a-Cadinol 30,348 1662 0,55±0,05

Monoterpenos (%) 84,83

Sesquiterpenos (%) 13,89

Total (%) 98,72 a Índice de retenção calculado utilizando a equação de Van den Dool e Kratz 1963 em relação a uma série homóloga

de n-alcanos (nC9- nC18). b Valores (± EPM) do conteúdo dos compostos obtido pela média de três diferentes determinações e foram obtidas

por CG/EM/DIC.

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Fig 1. Fórmula estrutural plana dos compostos majoritários encontrados no OE de A.

trilobata. (1) ρ-cimeno, (2) limoneno, (3) linalol e (4) acetato de sulcatila.

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Fig 2. Esquema de síntese química do acetato de sulcatila. (1) sulcatona, (2) sulcatol e (3)

acetato de sulcatila.

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Tabela 2. Toxicidade do inseticida deltametrina, do OE de A. trilobata e dos seus

compostos majoritários sobre larvas L3 de A. aegypti susceptíveis à piretróides após 48

horas da exposição.

Tratamento N CL50 (IC95)

(ppm)

CL90 (IC95)

(ppm) Incl.a 2 P

Deltametrina 1116 3,3 x 10-5

(3,2 x 10-5-3,5 x 10-5)

5,3 x 10-5

(4,8 x 10-5-6,3 x 10-5) 6,25 0,01 0,99

A. trilobata 1360 97,38

(95,51-99,78)

113,99

(109,28-121,67) 18,7 3,31 0,18

ρ-cimeno 2229 97,89

(88,98-104,58)

167,54

(154,47-189,80) 5,48 0,93 0,81

Limoneno 2559 74,35

(72,00-76,61)

104,34

(99,33-111,30) 8,69 3,88 0,57

Linalol 2708 238,80

(233,21-244,09)

295,34

(285,97-307,94) 11,1 0,78 0,85

Acetato de sulcatila 1440 >600 -* - - - a Inclinação da curva. * Não foi possível determinar a curva de concentração mortalidade para

este composto devido à baixa toxicidade do mesmo.

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Tabela 3. Toxicidade do inseticida deltametrina, do OE de A. trilobata e dos seus

compostos majoritários sobre fêmeas adultas de A. aegypti susceptíveis à piretróides após

48 horas da exposição.

Tratamento N DL50 (IC95)

(µg/mg)

DL90 (IC95)

(µg/mg) Incl.a 2 P

Deltametrina 441 3,2 x 10-8

(2,2 x 10-8-4,8 x 10-8)

2,4 x 10-6

(1,1 x 10-6-6,6 x 10-6) 0,68 1,85 0,76

A. trilobata 471 12,25

(11,70-12,82)

18,49

(17,19-20,39) 7,16 3,36 0,18

ρ-cimeno 471 32,81

(29,08-36,95)

93,46

(78,20-117,80) 2,81 1,79 0,58

Limoneno 506 26,11

(24,54-27,66)

45,81

(42,16-50,98) 5,24 4,45 0,21

Linalol 542 16,38

(13,84-19,74)

87,71

(57,23-187,02) 1,75 0,72 0,70

Acetato de sulcatila 773 25,23

(23,73-26,74)

40,21

(37,07-44,73) 6,32 2,32 0,31

a Inclinação da curva.

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Fig 3. Mortalidade (%) (± EPM) de larvas L3 e fêmeas adultas de A. aegypti resistentes a

piretróides expostas às CLs90 (das larvas L3 susceptíveis) e DLs90 (das fêmeas adultas

susceptíveis) da deltametrina, do OE de A. trilobata e dos seus compostos majoritários

após 48 horas de exposição. Histogramas seguidos pela mesma letra minúscula, para

comparação das mortalidades das larvas, e maiúsculas, para comparação das mortalidades das

fêmeas adultas, não diferem entre si, pelo teste de Tukey à p < 0,05. * O acetato de sulcatila

não foi testado sobre larvas de A. aegypti resistentes, uma vez que não foi possível obter a CL90

para larvas susceptíveis.

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Fig. 4. Curvas de sobrevivência e tempo médio necessário para matar 50% (TL50) da

população susceptível (A) e resistente a piretróides (B) de larvas/pupas e população de

fêmeas adultas susceptível (C) e resistente a piretróides (D) de A. aegypti expostas ao ρ-

cimeno e deltametrina. Foram utilizadas as CLs90 para larvas/pupas e as DLs90 para fêmeas

adultas determinadas nos bioensaios de toxicidade.

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Fig. 5. Trilhas representativas do deslocamento de larvas L3 de A. aegypti, susceptíveis e

resistentes a piretróides, expostas imediatamente e por 48 horas às CLs20 (para larvas L3

de A. aegypti susceptíveis à piretróides) do inseticida deltametrina, do OE de A. trilobata

e dos seus compostos majoritários.

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Fig. 6. Deslocamento (m) (±EPM) e velocidade (±EPM) (pixels/s x 10-2) de larvas L3 de A.

aegypti, susceptíveis e resistentes a piretróides, expostas imediatamente e por 48 horas de

exposição às CLs20 (para larvas L3 de A. aegypti susceptíveis à piretróides) do inseticida

deltametrina, do OE de A. trilobata e dos seus compostos majoritários. * médias não

diferem do controle pelo teste de Dunnett à p < 0,05.

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Fig. 7. Meandro (deg/mm) (±EPM) e velocidade angular (±EPM) (deg/s) de larvas L3 de

A. aegypti, susceptíveis e resistentes a piretróides, expostas imediatamente e por 48 horas

de exposição às CLs20 (para larvas L3 de A. aegypti susceptíveis à piretróides) do inseticida

deltametrina, do OE de A. trilobata e dos seus compostos majoritários. * médias não

diferem do controle pelo teste de Dunnett à p < 0,05.

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Fig. 8. Atividade de larvas L3 de A. aegypti, susceptíveis e resistentes a piretróides,

expostas imediatamente e por 48 horas às CLs20 (para larvas L3 de A. aegypti susceptíveis

à piretróides) do inseticida deltametrina, do OE de A. trilobata e dos seus compostos

majoritários. * médias não diferem do controle pelo teste de Dunnett à p < 0,05.

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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente estudo revela que o óleo essencial de A. trilobata e seus compostos

majoritários além de apresentarem potencial inseticida para o controle de larvas e adultos do A.

aegypti, podem causar efeitos subletais em larvas dessa espécie, o que poderia reduzir seu

fitness e sobrevivência em condições naturais. Além disso, nossos resultados apontam a

possibilidade de utilização dos bioinseticidas testados para um manejo de resistência de A.

aegypti mais eficaz e ambientalmente mais seguro, de forma complementar ou substitutiva aos

inseticidas organossintéticos.