Morfologia Urbana

19
1 RESUMO DE MORFOLOGIA URBANA E DESENHO DA IDADE  ,  JOSÉ L  AMAS RESUMO MORFOLOGIA URBANA E  DESENHO  DA  CIDADE JOSÉ M. RESSANO GARCIA LAMAS GONÇALO  AMÉRICO #6954 | FA-UTL | 2009/10 | L  ABORATÓRIO DE PROJECTO II 

Transcript of Morfologia Urbana

Page 1: Morfologia Urbana

5/7/2018 Morfologia Urbana - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/morfologia-urbana-559aba78df3b0 1/19

 

1

RESUMO DE MORFOLOGIA URBANA E DESENHO DA C IDADE  ,  JOSÉ L AMAS 

RESUMO 

MORFOLOGIA  URBANA 

E DESENHO DA CIDADEJOSÉM. RESSANO GARCIA LAMAS 

GONÇALO AMÉRICO #6954 | FA-UTL | 2009/10 | L ABORATÓRIO DE PROJECTO II 

Page 2: Morfologia Urbana

5/7/2018 Morfologia Urbana - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/morfologia-urbana-559aba78df3b0 2/19

 

2

RESUMO DE MORFOLOGIA URBANA E DESENHO DA C IDADE  ,  JOSÉ L AMAS 

 “A arquitectura deverá estar presente e intervir, qualquer que seja a escalaou o tempo de intervenção, desde a vasta região á pequena habitação.” 

José Lamas

Page 3: Morfologia Urbana

5/7/2018 Morfologia Urbana - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/morfologia-urbana-559aba78df3b0 3/19

 

3

RESUMO DE MORFOLOGIA URBANA E DESENHO DA C IDADE  ,  JOSÉ L AMAS 

CAPÍTULO 2 – A  MORFOLOGIA URBANA 

A  MORFOLOGIA URBANA O termo morfologia utiliza-se para designar o estudo da configuração e da estrutura

exterior de um objecto. É a ciência que estuda as formas, interligando-as com os fenómenosque lhes deram origem. O conhecimento do meio urbano implica necessariamente aexistência de instrumentos de leitura que permitam organizar e estruturar os elementosapreendidos, e uma relação objecto-observador.

Portanto, podemos clarificar três pontos: - a morfologia urbana é o estudo da formado meio urbano nas suas partes físicas exteriores, ou elementos morfológicos, e na suaprodução e transformação no tempo; - um estudo da morfologia urbana ocupa-se da divisãodo meio urbano em partes e da articulação destes entre si com o conjunto que definem. Oque remete para a necessidade de identificação e clarificação dos elementos morfológicos,quer em ordem à leitura ou análise do espaço quer em ordem à sua concepção ou produção;- um estudo do morfológico deve ter em conta os níveis ou momentos de produção do

espaço urbano.

A  FORMA URBANA Então a noção de “forma urbana” corresponderia ao meio urbano como arquitectura,

ou seja, um conjunto de objectos arquitectónicos ligados entre si por relações espaciais, aarquitectura será assim a chave da interpretação correcta e global da cidade como estruturaespacial.

Pode-se definir a forma urbana como: aspecto de realidade ou modo como seorganizam os elementos morfológicos que constituem e definem o espaço urbano,relativamente à materialidade dos aspectos de organização funcional quantitativa e dosaspectos qualitativos e figurativos.

- Aspectos quantitativos: todos os aspectos da realidade urbana que podem ser

quantificáveis e que se referem a uma organização quantitativa: densidades, superfícies,fluxos etc.

- Aspectos de organização funcional: relacionam-se com as actividades humanas:habitar, instruir-se, tratar-se, comerciar, etc, e também com o uso de uma área, espaço ouedifício, ouseja, o tipo de uso do solo.

- Aspectos qualitativos: referem-se ao tratamento dos espaços, ao conforto e àcomodidade do utilizador. Nos edifícios poderão ser a insonorização, o isolamento térmico, acorrecta insolação, e no meio urbano pode ser o estado dos pavimentos, a adaptação aoclima, a acessibilidade, etc.

- Aspectos figurativos: os aspectos figurativos relacionam-se essencialmente com acomunicação estética.

Nos vários contextos históricos os elementos morfológicos são semelhantes: rua e

praça, edifícios, fachadas e planos marginais, monumentos isolados. As diferenças resultamdo modo como esses elementos se posicionam, se organizam e se articulam entre si paraconstituir o espaço urbano.

A forma terá de se relacionar com a função de modo a permitir o desenvolvimentoeficaz das actividades que nela se processam.

Se os três princípios básicos da arquitectura – função, construção e arte – estãosempre presentes na arquitectura e na cidade, já o peso que cada um deles assume noprocesso criativo pode sofrer alterações entre duas posições extremas. Uma posição “funcionalista”, segundo a qual uma forma física que corresponde logicamente aos problemasfuncionais do contexto é bela, uma vez que a beleza é uma qualidade inerente a todo osistema bem resolvido, “FORM FOLLOWS FUNCTION”. Ou então o “antifuncionalismo”, queaceita que a concepção da forma seja ditada de modo independe por outros objectivos, para

criar a emoção ou o embelezamento da estrutura. Ou seja, a própria função também se

Page 4: Morfologia Urbana

5/7/2018 Morfologia Urbana - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/morfologia-urbana-559aba78df3b0 4/19

 

4

RESUMO DE MORFOLOGIA URBANA E DESENHO DA C IDADE  ,  JOSÉ L AMAS 

adapta à forma, ou a mesma função pode coexistir e processar-se em formas diferentes, “FUNCTION FOLLOWS FORM”.

Por exemplo, qualquer equipamento, como os cinemas ou os teatros, deve antes domais, funcionar, ou seja, centram-se no funcionamento do programa. A estética funcionalistaestende-se ao desenho de interiores, à decoração, ao desenho industrial, à moda e aovestiário, o bom funcionamento torna-se por si só um item de qualidade. A organização

funcionalista das cidades anulou as considerações morfológicas. O zonamento e a atribuiçãode uma função exclusiva a cada parcela do território tornaram-se métodos universais dourbanismo, produzindo cidades monótonas e pouco estimulantes, sem lugar para a surpresa,a complexidade e a emoção. O funcionalismo foi, sem dúvida, uma teoria urbanística earquitectónica, mas foi, antes do mais, uma estratégia de representação desenhada econstruída, traduziu-se mais pela imagem estética, gráfica e espacial do que por umacorrelação exacta da forma com a função. Por outro lado uma mesma função pode existirconvenientemente em formas distintas, a reutilização de antigos edifícios tem permitidoobter excelentes resultados no grau de utilização, significado estético e quantidadeambiental. A concepção da forma não se esgota na correspondência a uma ou mais funções,tem também motivações mais complexas e profundas. A forma arquitectónica é a maneiracomo as partes ou estratos se encontram dispostos no objecto e também o poder deexplicitar e evidenciar esta disposição. É unicamente através da figura que podemosdescobrir o sentido do fenómeno e reconstruir a totalidade, a pluralidade dos seus elementosconstrutivos e das suas proposições. O que caracteriza a obra arquitectural é de naturezaeminentemente figurativa. Entende-se por aspectos figurativos, os aspectos da forma quesão comunicáveis através dos sentidos. E “figura”, ao poder de comunicação estética daforma, ou seja, ao modo como se organizam as diferentes partes que constituem a forma,com objectivos de comunicação. Os valores estéticos só são comunicáveis através dossentidos e que, apesar das características da forma não se resumirem aos aspectossensoriais, estes são determinados na sua compreensão.

- Sistema de orientação: respeita o esquilíbrio vertical e também as cimas decima/baixo, esquerda/direita, etc., que permitem ao homem orientar-se na cidade. É como

um “sexto sentido”, que numa cidade dependerá fundamentalmente dos sistemas dereferência: marcas ou monumentos, zonas ou bairros, etc.- Sistema visual: É através da visão que se constrói a parte mais importante da

imagem da cidade, no entanto, o sistema de observação do espaço urbano, pressupõe omovimento e a apreensão do espaço em sequência visual.

- Sistema táctil: Aqui se incluem todas as percepções térmicas e de fricção com aatmosfera: o vento, as correntes de ar, o calor, o frio, que também são importantes navivência, compreensão e caracterização da cidade.

- Sistema olfactivo: Este sistema pertence essexncialmente à experiência da cidade,embora seja um factor de menor controlo e incidência no desenho da forma urbana, tal comotem sido analisada.

PRODUÇÃO E FORMA DA CIDADE E PRODUÇÃO FORMA DO TERRITÓRIO A expressão território designa a extensão da superfície terrestre na qual vive um

grupo humano, ou melhor, o espaço construido pelo homem, em oposição ao quepoderíamos designar por espaço natural, e que não terá sido humanizado. A forma humananão pode ser desligada do seu suporte geográfico, ou seja, o território preexistente constituisempre um elemento determinante na criação arquitectónica.

A paisagem humanizada e a paisagem natural adquiriram qualidades figurativas,foram carregadas com atributos de beleza, capazes de provocar a emoção estética, permiteentão considerar que as operações sobre a paisagem são também do domínio arquitectónico-urbanístico.

Page 5: Morfologia Urbana

5/7/2018 Morfologia Urbana - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/morfologia-urbana-559aba78df3b0 5/19

 

5

RESUMO DE MORFOLOGIA URBANA E DESENHO DA C IDADE  ,  JOSÉ L AMAS 

DIMENSÕES ESPACIAIS NA MORFOLOGIA URBANA A compreensão e concepção das formas urbanas ou do território coloca-se a

diferentes níveis, diferenciados pelas unidades de leitura e de concepção. Dimensão sectorial: É a mais pequena unidade, ou porção de espaço urbano, com

forma própria. Uma infinidade de elementos que organizados entre si, definem a formaurbana (edifícios, o traçado, estrutura verde, mobiliário urbano).

Dimensão urbana: Pressupõe uma estrutura de ruas, praças ou formas de escalasinferiores. Os elementos morfológicos têm de ser identificados com as formas a escalasdiferentes e a análise da forma necessita do movimento e dos vários percursos (traçados epraças, quarteirões e monumentos, jardins e áreas verdes).

Dimensão territorial: A forma estrutura-se através da articulação de diferentesformas à dimensão urbana. A forma das cidades define-se pela distribuição dos seuselementos primários ou estruturantes (bairros, grande infra-estruturas viárias e grandeszonas verdes). Tricart define três escalas principais na paisagem urbana: escala da rua,escala do bairro e a escala da cidade inteira. Estas categorias estabelecidas permitemsistematizar o conhecimento do espaço urbano. O desenho urbano – por necessidades daestrutura mental e operativa humana organiza a forma pela adição e composição doselementos morfológicos, ou formas de escalas inferiores. Esta classificação pretende clarificara leitura do território, articulando-a com os diferentes níveis de produção do espaço.

OS ELEMENTOS MORFOLÓGICOS DO ESPAÇO URBANO Solo: É a partir do território existente e da sua topografia que se desenha ou

constrói a cidade. O pavimento é um elemento de grande importância no espaço urbano,contudo de uma grande fragilidade e sujeito a inúmeras mudanças.

Os edifícios: É através dos edifícios que se constitui o espaço urbano e seorganizam os diferentes espaços identificáveis e com “forma própria”: a rua, a praça, o beco,a avenida, etc. Os edifícios agrupam-se em diferentes tipos, decorrentes da sua função eforma. Esta interdependência é um dos campos mais sólidos em que se colocam as relaçõesentre cidade e arquitectura.

O lote: O edifício não pode ser desligado do lote ou da superfície do solo que ocupa,este é a génese e fundamento do edificado. A forma do lote é condicionante da forma doedifício e consequentemente, da forma da cidade.

O quarteirão: O quarteirão é um contínuo d edifícios agrupados entre si em anel, ousistema fechado e separado dos demais, é o espaço delimitado pelo cruzamento de três oumais vias e subdivisível em lotes para construção de edifícios. O quarteirão agrega eorganiza os outros elementos da estrutura urbana: o lote e o edifício, o traçado e a rua, e asrelações que estabelecem com os espaços públicos, semipúblicos e privados.

A fachada: A relação do edifício com o espaço urbano processa-se pela fachada. Sãoas fachadas que exprimem as características distributivas, o tipo de edificado, ascaracterísticas e linguagem arquitectónica, um conjunto de elementos que irão moldar aimagem da cidade.

O logradouro: O logradouro constitui o espaço privado do lote não ocupado porconstrução, as traseiras, o espaço privado separado do espaço público pelo contínuoedificado. É através da utilização do desenho do logradouro que se faz parcialmente aevolução das formas urbanas do quarteirão até ao bloco construído.

O traçado da rua: Assenta num suporte geográfico preexistente, regula adisposição dos edifícios e quarteirões, liga os vários espaços e partes da cidade, e confunde-se com o gesto criador. O traçado estabelece a relação mais directa de assentamento entre acidade e o território. É o traçado que define o plano, intervindo na organização da formaurbana a diferentes dimensões.

A praça: A praça é um elemento morfológico das cidades ocidentais e distingue-sede outros espaços, que são resultado acidental de alargamento ou confluência de traçados. Apraça pressupõe a vontade e o desenho de uma forma e de um programa. É um elemento

morfológico identificável na forma da cidade e utilizável no desenho urbano na concepçãoarquitectónica.

Page 6: Morfologia Urbana

5/7/2018 Morfologia Urbana - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/morfologia-urbana-559aba78df3b0 6/19

 

6

RESUMO DE MORFOLOGIA URBANA E DESENHO DA C IDADE  ,  JOSÉ L AMAS 

O monumento: O monumento é um facto urbano singular, elemento morfológicoindividualizado pela sua presença, configuração e posicionamento na cidade e pelo seusignificado. O monumento desempenha um papel essencial no desenho urbano, caracteriza aárea ou bairro e torna-se pólo estruturante da cidade.

A árvore e a vegetação: Caracterizam a imagem da cidade, têm individualidadeprópria, desempenham funções precisas: são elementos de composição e do desenho

urbano, servem para organizar, definir e conter espaços.O mobiliário urbano: Situa-se na dimensão sectorial, na escala da rua, não

podendo ser considerado de ordem secundária, dado as suas implicações na forma eequipamento da cidade. É também de grande importância para o desenho da cidade e a suaorganização, para a qualidade do espaço e comodidade.

Evolução do TerritórioA cidade como qualquer organismo vivo, encontra-se em contínua modificação. O

tempo é fundamental para compreender o território como objecto físico e também paraposicionar a intervenção do arquitecto. A evolução das formas urbanas põe duas ordens dequestões: a primeira relacionada com o desenvolvimento urbano, o estudo morfológicopressupõe a consideração do crescimento urbano, que é indissociável ao estudo das cidades;e a segunda relativamente à reutilização de partes da cidade, as políticas de recuperação,reabilitação e restauro de áreas urbanas pressupõe diferentes usos e consequentesmodificações da imagem e da forma.

A disciplina do urbanismo tem como objectivo dominar o território e os seusmecanismos de transformação: construir, adaptar ou conservar o espaço. O espaço já nãopode ser construído sem planos e projectos da sua implementação.

Poète estabelece o conceito de persistência, que afirma que a análise histórica dacidade revela existirem elementos em contínua transformação e elementos que não semodificam totalmente e persistem, como os monumentos, traçados, vias e a estruturafundiária. À escala da rua, as transformações são facilmente visíveis, desde a montra da lojaao mobiliário urbano, já à dimensão urbana, o tipo de modificações é mais lento e de maior

profundidade, novas ruas, novos edifícios, etc.

N ÍVEI S DE PRODUÇÃO DO ESPAÇO A prática do planeamento organiza-se em níveis de actuação determinados pela

própria natureza dos métodos, objectivos e conteúdos, e escala dos problemas e dimensãogeográfica das intervenções. Podemos distinguir três níveis de produção do espaço:

- Nível de Planeamento – Programação – Planificação: O arranque de todo oplaneamento é uma fase de determinação de objectivos socioeconómicos, a programaçãoaparece como etapa preliminar das acções do urbanismo, na qual se fixa o programa a serexecutado no futuro.

- Nível urbanístico – O plano: Trata-se de precisar os objectivos no espaço e notempo e de espacializar com maior pormenor a execução dos propósitos anteriores, implica a

definição das morfologias urbanas e a consideração das possibilidades físicas do território.-Nível de construção – O projecto: Executa-se a construção do território de

acordo com os objectivos e programa definidos, é a fase de construção, preparada peloprojecto e concretizada na obra.

URBANISMO E ARQUITECTURA O que diferencia o urbanismo da arquitectura não é a dimensão espacial nem o

escalão da intervenção, mas a acção político-administrativa a conduzir no tempo e no jogode forças económicas e sociais. O urbanismo implica a condução de um plano no tempo e no  jogo de agentes e actores políticos, económicos e sociais, também tem como objectivo amediação e resolução dos conflitos entre os interesses públicos e privados que disputam afruição do espaço urbano. O desenho urbano e o desenho de edifícios não são mais que dois

momentos de uma mesma disciplina: a arquitectura, intervindo em diferentes momentos ecom distintos processos, mas com um único instrumento fundamental: o desenho.

Page 7: Morfologia Urbana

5/7/2018 Morfologia Urbana - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/morfologia-urbana-559aba78df3b0 7/19

 

7

RESUMO DE MORFOLOGIA URBANA E DESENHO DA C IDADE  ,  JOSÉ L AMAS 

CAPÍTULO 3 – FORMAS DA CIDADE E DESENHO URBANO ATÉ AO

PERÍODO MODERNO 

A  LIÇÃO DO  PASSADO

As áreas históricas são áreas de sedimentação e acumulação, enriquecidos por sucessivoscontributos durante séculos e gerações, que seria impossível substituir ou igualar, a cidade do passado

enriquece a memória e a cultura, aferindo e testando o pensamento urbanístico actual.

Pode-se identificar dois denominadores comuns que caracterizam o desenho urbano até ao

período moderno:

- O espaço urbano organiza-se em tipos identificáveis e reconhecíveis como a rua, a

praça, a avenida, o beco, etc.

- Existe coerência entre os vários elementos morfológicos que compõem um espaço.

Por exemplo, a rua é definida pelos edifícios e constitui com estes uma unidade.

A  MORFOLOGIA  URBANA  NA GRÉCIA  E EM  ROMA

CIDADES GREGAS Os espaços públicos significantes estão ligados à religião e ao poder “democrático”. Pode-se

apontar alguns princípios da lógica da formação do espaço urbano grego:

- A colocação de edifícios singulares em composição orgânica assimétrica, mas inter-

relacionadas por distâncias e vazios e em situação predominante na estrutura urbana. Os equipamentos

são muito cuidados e organizados para acolher as funções públicas.

- As áreas residenciais, bastante modestas, sem tratamento especial, organizam-se em

evidente contraste com os lugares públicos. A arquitectura da rua é de grande simplicidade. O tecido

habitacional é uniforme e é ordenado sem pretensões tanto por traçados reguladores e repetitivos

como por traçados irregulares e orgânicos.

A quadrícula grega é um meio de organização fundiária do solo para construir habitação, e não

um princípio de composição urbana. Esta quadrícula sobrepõe-se indiferentemente à topografia,

obrigando à construção de terraços e plataformas, para encaixe dos edifícios. Pode-se, então, evidenciar

algumas características deste período, a relação dos monumentos como peças fortes da estrutura

urbana com o tecido habitacional envolvente, regular e uniforme, a utilização da combinação de

geometrias orgânicas com quadrículas regulares, os efeitos da monumentalidade sem recurso à

perspectiva axiais e a valorização do monumento através da leitura em escorço, perspectiva oblíqua e o

seu posicionamento em cota superior à do observador.

Na Grécia, a constituição do quarteirão vai de par com a utilização da quadrícula, cada quadra

corresponde ao que se poderia designar por quarteirão, essencialmente residencial.

CIDADES ROMANAS Existe um forte sentido religioso no plano da cidade romana. É nas colónias romanas que maior

utilização se faz da quadrícula, quer por razões fundiárias quer pela facilidade de construção e utilização

de mão-de-obra barata. É em Roma que se coloca pela primeira vez, e com pleno sentido, a

regulamentação urbanísticas. O poder imperial faz-se representar através de grandes obras,

monumentos e grandes infra-estruturas. O zonamento é já consequência da hierarquia social e técnicas

de organização social, a procura de espaço e a necessidade de expansão induzem a construir em altura.

É aos romanos que se deve a invenção da “obra de arte” ou infra-estrutura utilitária, a ponte, o

aqueduto, etc.

Page 8: Morfologia Urbana

5/7/2018 Morfologia Urbana - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/morfologia-urbana-559aba78df3b0 8/19

 

8

RESUMO DE MORFOLOGIA URBANA E DESENHO DA C IDADE  ,  JOSÉ L AMAS 

O quarteirão romano é também fundamentalmente residencial e subdivide-se em parcelas,

cada qual ocupada por uma villa, é também o muro ou a fachada que segue o traçado da rua. O

quarteirão não tem logradouro ou horta, no seu interior, os espaços livres correspondem a pátios.

A  FORMA URBANA MEDIEVAL

A formação das cidades medievais deve-se a várias origens: antigas cidades romanas

reocupadas, burgos que se formaram na periferia da cidade romana, cidades que se formaram pelo

crescimento de centros rurais, entre outros. A formação da cidade medieval vai processar-se

organicamente por desenvolvimento das antigas estruturas romanas ou pela fundação de cidades novas

organizadas segundo um plano regulador. Gradualmente, novos conceitos de desenho vão tomando

lugar: abandona-se a escala monumental das cidades romanas em favor de uma morfologia mais

intimista, culminando na forma e escala das pequenas cidades medievais, cujo desenvolvimento se

apoia em classes sociais.

As Muralhas: É a muralha que delimita a cidade e caracteriza a sua imagem e forma.

As ruas: A rua é o elemento base do espaço urbano medieval e vai preencher quase todo o

interior do perímetro urbano. Servem a circulação e o acesso aos edifícios, e delimitam quarteirões, que

se subdividem em logradouros e em edifícios.

A praça e o mercado: O mercado corresponde à principal razão da cidade como lugar de trocas

e serviços. É um espaço aberto e público por excelência, prolongando-se pelas ruas. A praça é

geralmente irregular e resulta mais de um vazio aberto, tem funções importantes do comércio e reunião

social.

Edifícios singulares: São elementos física e ritualmente dominantes, embora não estruturem

traçados. Contrapõem ao perímetro amuralhado a sua forma e significação.

O quarteirão medieval: Os edifícios vão concentrar-se na periferia ou no perímetro do

quarteirão, em contacto directo com a rua, deixando livre a zona posterior de cada lote, esse espaço

livre é utilizado para hortas e jardins privados. O quarteirão deixa de ser apenas um meio de loteamentoe divisão cadastral do solo, para se constituir também como elemento morfológico do espaço urbano.

Coloca-se a questão se o planeamento urbano medieval terá sido fruto do acaso ou de

princípios de urbanismo aplicados ao crescimento orgânico. Admite-se que não existiram regras

estéticas (no sentido definido a partir do renascimento) que determinassem o desenho urbano, mas

existiram outras regras, aplicadas ao modo de colocar edifícios aos processos construtivos, à unidade de

materiais e formas.

O DESENHO URBANO NO RENASCIMENTO E NO BARROCO

O Renascimento estabeleceu um quadro intelectual de mudança e oposição ao misticismo

medieval, assumindo um novo estilo na pintura, na escultura, na arquitectura e no urbanismo. Do séculoXV em diante, o desenho de arquitectura, as teorias estéticas e os princípios de urbanismo irão

obedecer a ideias semelhantes – sendo a principal o desejo de ordem e disciplina geométrica.

A arquitectura absorve primeiro as novas ideias nas realizações, enquanto o urbanismo se

desenvolve apenas em termos teóricos, desde a concepção da cidade ideal aos tratados de arquitectura

e desenho de cidades.

A urbanística renascentista vai de início manifestar-se em alguns campos específicos:

construção de sistemas de fortificações, modificação de zonas da cidade com a criação de espaços

públicos ou praças e arruamentos rectilíneos, reestruturação de cidades pelo rasgamento de uma nova

rede viária e construção de novos bairros e expansões urbanas.

As fortificações: As estratégias de defesa vão apoiar-se em muralhas e na distância entre o

sistema de fortificações. Assim se criaram complexos sistemas de fossos, rampas, baluartes e muralhas,

estes sistemas assumem uma grande importância física e visual.

Page 9: Morfologia Urbana

5/7/2018 Morfologia Urbana - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/morfologia-urbana-559aba78df3b0 9/19

 

9

RESUMO DE MORFOLOGIA URBANA E DESENHO DA C IDADE  ,  JOSÉ L AMAS 

A rua: A rua renascentista será um percurso rectilíneo que mantém a função de acesso aos

edifícios, mas será, pela primeira vez, eixo de perspectiva, traço de união e de valorização entre

elementos urbanos, deixa de ser apenas um percurso funcional, para se tornar visual decorativo e de

aparato.

O traçado recticular: A quadrícula continua a servir as necessidades distributivas, de

organização habitacional e divisão cadastral, adapta-se na perfeição ao ideal renascentista deuniformização estética e disciplina racional do espaço e permite a hierarquização das diferentes ruas.

A praça: A praça é entendida como um recinto ou lugar especial, é o lugar público, onde se

concentram os principais edifícios e monumentos. A praça adquire valor funcional e político-social, e

também o máximo valor simbólico e artístico.

A fachada: A fachada dos edifícios vai autonomizar-se como elemento do espaço urbano, quer

pelo cuidado no seu desempenho e organização, quer como elemento da própria composição

urbanística. O desenho urbano prolonga-se pelo desenho das fachadas, admitindo-se que os

construtores as respeitem e construam o interior do edifício com perfeita liberdade.

Os edifícios singulares: O s edifícios de valor e significação social, política ou religiosa vão

adquirir grande individualidade e expressão no seu posicionamento urbano, por norma a fechar lados

de praças. O edifício torna-se peça do sistema urbano e autonomiza-se até ser ele próprio gerador da

forma urbana.

O monumento: O monumento não se destina a mobilar, completar o espaço ou encher um

vazio, ele é gerador do próprio espaço urbano, sem o qual perderia parte da sua razão de ser. As praças

são pontuadas com monumentos, mas estes fazem parte integrante da praça e do seu significado.

O quarteirão: A partir do barroco, torna-se uma figura delimitada por vias e que se subdivide

em lotes e edificações. O quarteirão vai assumir formas, dimensões e volumes diferentes, consoante o

seu posicionamento na estrutura urbana, este será sempre ocupado na periferia pela construção,

embora possa variar na capacidade e espaço livre interior. Torna-se um sistema a três dimensões, mais

complexo e figurativo do que o simples loteamento.

Espaços verdes: É no período clássico barroco que se estrutura a arte da jardinaria como umcampo específico de arquitectura da paisagem e de organização territorial. A urbanística adquire novos

instrumentos na utilização dos elementos vegetais e na ampliação so seu território de intervenção dos

 jardins e parques.

O sistema assim constituído por traçados rectilíneos, quadrículas, praças, monumentos e zonas

arborizadas, em que os espaços urbanos são definidos pelos edifícios e as suas fachadas, é de uma

grande coerência. A utilização e combinação sistemática destes elementos perdurará com variações

durante todo o século XVIII e pelo século XIX, até ao advento da cidade moderna.

DESENHO E FORMAS URBANAS NO SÉCULO  XI X

O desenho urbano vai continuar as regras tradicionais de composição do espaço e derelacionamento das suas partes, ou elementos morfológicos. A ruptura morfológica que se processa no

século XIX é de dimensão, escala e forma geral da cidade, a cidade deixa de ser uma entidade física

delimitada para alastrar pelo território, dando início ao aparecimento de ocupações dispersas e à

indefinição dos perímetros urbanos.

Coincidindo com os fenómenos de industrialização, a evolução das estratégias militares e o

aparecimento de novas armas determinaram, a partir do início do século XIX, alterações na organização

das cidades e ocupação do território. A compressão das construções no interior dos perímetros

fortificados torna-se desnecessária e permite alterar o entendimento da cidade, consistindo na

destruição das muralhas e aproveitamento da área desocupada para a construção de anéis viários

envolventes.

As primeiras realizações de subúrbio datam finais do século XVIII, estes geraram a proliferação

a extensão do solo construído com modificação dos modelos espaciais e urbanísticos. A rua passa a ser

Page 10: Morfologia Urbana

5/7/2018 Morfologia Urbana - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/morfologia-urbana-559aba78df3b0 10/19

 

10

RESUMO DE MORFOLOGIA URBANA E DESENHO DA C IDADE  ,  JOSÉ L AMAS 

um mero percurso, a praça deixa de ser um espaço reservado ao encontro, o quarteirão é abandonado,

enquanto a baixa densidade e a casa unifamiliar se revelam sem força nem estrutura para constituir o

espaço urbano. A arborização e a vegetação substituem as relações do edificado com o espaço público.

O edifício vai situar-se no meio do lote, é individualizado e envolvido por jardins e deixa de contactar

directamente com a rua.

Na segunda metade do século XIX, vão aparecer propostas de diferentes organizações e formasurbanas alternativas à cidade burguesa e industrial, são os bairros ou cidades especializadas para os

trabalhadores, ou o lazer e o recreio, as morfologias encontradas aproximam-se das realizações

suburbanas, dadas as disponibilidades de solo que permitem a apropriação de áreas livres.

PARIS DE HAUSSMANN As transformações de Haussmann em Paris incidem fundamentalmente no casco velho da

cidade. São renovações com novos traçados, reestruturação fundiária, construção de infra-estruturas,

equipamentos e espaços livres, obedecendo a um triplo objectivo:

- Circulação fácil e cómoda dentro da cidade.

- Eliminação da insalubridade e degradação dos bairros.

- Revalorização e reenquadramento dos monumentos.A expressão da Paris de Haussmann é mais barroca do que oitocentista. Os elementos

utilizados são: o traçado em avenida, a praça como lugar de confluência de vias e placa giratória das

circulações, quase sempre em rotunda e o quarteirão que é determinado como produto residual de

vários traçados, sendo então compacto, e apenas com um saguão no seu interior.

BARCELONA DE CERDÁ O plano desenha uma grelha ortogonal, com módulos ou quarteirões de 113 m de lado e vias

de 20 m de perfil. O sistema é cortado por diagonais que confluem numa grande praça. A quadrícula

regular estende-se até aos municípios vizinhos e envolve a velha cidade medieval. As diagonais são

desenhadas sobrepondo-se ao plano quadriculado e fazendo surgir quarteirões irregulares e outros

largos e praças. O plano de Cerdá vai quebrar também regras de composição clássico-barrocas. Os

espaços-tipo identificáveis – a rua, a praça, o parque, a avenida ainda permanecem mas não se

organizam obrigatoriamente a partir do perímetro dos quarteirões, já que os edifícios se dispõem

livremente no interior das quadrículas. 

CAPÍTULO 4 – A  URBANÍSTICA FORMAL 

No final do século XIX, o urbanismo constitui-se como disciplina autónoma, sínteseartística e técnica, do conhecimento e intervenção na cidade.

Page 11: Morfologia Urbana

5/7/2018 Morfologia Urbana - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/morfologia-urbana-559aba78df3b0 11/19

 

11

RESUMO DE MORFOLOGIA URBANA E DESENHO DA C IDADE  ,  JOSÉ L AMAS 

STUBBEN, CAMILLE SITTE E UNDWIN O aparecimento do urbanismo como disciplina é acompanhado por trabalhos teóricos

incidindo sobre o desenho urbano que tiveram grande sucesso e influenciaram fortemente asua época. Três autores importantes a reter são: Stubben, Camillo Sitte e Undwin. 

A obra de Stubben estuda uma selecção de exemplos característicos da urbanística

oitocentista, preocupa-se em isolar os problemas e resolvê-los através de modelos.Camillo Sitte introduzirá uma orientação diversa, baseada fortemente nos princípios

compositivos e arquitectónicos medievais. Critica a rigidez e falta de imaginação nostraçados repetitivos dos planos de expansão alemães, que considera mais determinado porquestões, como o tráfego e as infra-estruturas, e menos preocupados com os resultadospaisagísticos, ambientais e morfológicos.

Unwin reflecte sobre a problemática do “irregular” e o “regular”. O seu método apoia-se tanto em exemplos criteriosamente escolhidos como em trabalhos pessoais. Aí dá-se umdos primeiros passos na ruptura da cidade tradicional, pela reformulação das relações da ruacom o lote e o edifício. O discurso de Edwin é preciso e sistemático, libertado do empirismodos seus antecessores, e procura o equilíbrio entre as necessidades funcionais e osobjectivos estéticos na cidade.

A ESCOLA FRANCESA: URBANI SMO FORMAL E TRADIÇÃO PARISIENCE A escola francesa é caracterizada pela utilização de traçados clássicos, de

quadrículas, praças e perspectivas – trabalhadas a aguarela e carvão, em impressionantesdesenhos que fixavam o ordenamento visual. Estas características fariam do Urbanismo umartigo de exportação, prestigiando a irradiação da cultura francesa.

A urbanística francesa estabelecia a metodologia da realização dos planos. Abordavamatérias pluridisciplinares, preocupando-se com o “ser” que considerava distinto da forma –mas aceitava a “forma” como o produto final do urbanismo, privilegiando o desenho comométodo de trabalho. A escola francesa teve um papel preponderante pelo debate teórico,realização de planos, e pela irradiação internacional. Exportou saber e formação e os seusurbanistas trabalharam na organização de muitas cidades pelo mundo.

As “cidades novas” de colonização europeia são realizadas ao lado das cidadesmarroquinas sem as destruir. Inovadoras para a época são as relações entre a expansão portraçados, afrancesada, e a cidade marroquina, respeitada como um todo, sem qualqueratravessamento viário, vindo a constituir uma unidade urbana. A expansão europeia éessencialmente um esquema de traçados, de localizações funcionais e de disposiçõesedificadas segundo as regras e regulamentos que definem a construção ao longo dessesmesmos traçados.

TONY GARNER E A CIDADE INDUSTRIAL  A Cidade Industrial terá sido ponto de referência para aqueles que, sem visionarem a

ruptura com a cidade tradicional, propunham a sua evolução e adaptação, ponto de

referência pela metodologia utilizada, pelo carácter científico com que os problemas sãotratados e pelo o sentido morfológico-arquitectónico das propostas. Precisa organizaçãodistributiva e das actividades tipologia construtiva sistematizada e relacionada com amorfologia urbana, permanência da relação traçado/rua/lote/edifício, são, entre outras,propostas de Garner. Transpõe no terreno o princípio de zonamento funcional, que permite àcidade fragmentar-se por áreas distintas, o sector residencial é atravessado por uma viacentral organiza-se em “quarteirões” regulares; cada lote tem sempre um lado para a rua eentre a fachada do edifício e a rua existe um pequeno jardim que envolve a construção.

MARCEL POÈTE E A INVESTIGAÇÃO URBANA Marcel Poète encontra-se na base do ensino e da investigação urbana em França,

para Poète o urbanismo deve assentar no profundo conhecimento da história urbana e na

evolução da cidade como facto construído. Procura o futuro da cidade no passado e nopresente.

Page 12: Morfologia Urbana

5/7/2018 Morfologia Urbana - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/morfologia-urbana-559aba78df3b0 12/19

 

12

RESUMO DE MORFOLOGIA URBANA E DESENHO DA C IDADE  ,  JOSÉ L AMAS 

Ele trabalha na perspectiva do urbanismo que, antes de traçar o plano, exigeconhecer o objecto da intervenção. Institucionaliza uma prática que se inicia com a análise efinaliza na proposta.

AGACHE E O PLANO DO RIO DE JANEIRO Agache pertence ao conjunto de arquitectos que iniciam a divulgação do urbanismo

como prática e ciência de estudo e intervenção nas cidades, ele desenvolve um método euma técnica operacional que assentam na estruturação da cidade a partir do zonning e doplano-director. O zonning é a repartição racional das necessidades da vida urbana:habitação, trabalho, lazer, permitindo regularmente o mercado fundiário, bloqueando a sobredensificação, definindo o bairro e controlando o crescimento urbano. Fixa também adensidade e os tipos de habitação predominantes em cada bairro, assim contribuindo para adefinição da sua forma.

A macroestrutura da cidade é uma alternância de áreas construídas e zonas livrescomo ao nível urbano, a morfologia será a alternância de cheios e vazios, nos quarteirões,arruamentos e praças. O plano-director define a estrutura urbana e os elementos funcionaisda cidade hierarquizados nas suas posições no território. Os perímetros urbanos definem oslimites das áreas a construir e são determinados pelas distâncias ao centro e pelostransportes.

Para Agache, a “unidade de vizinhança” ultrapassa a noção de bairro e define-secomo associação de famílias ou indivíduos criada por ligações de vizinhança.

Aspectos das propostas de Agache que sintetizam a urbanística formal: ametodologia é essencialmente morfológica – tende a operar na forma urbana pela função,dimensão e aspectos de comunicação estética; os instrumentos de trabalho e deordenamento da cidade são o traçado, o quarteirão, a praça e o edifício; os edifícios e osseus elementos – fachada, lote e volume – são determinados na continuidade edesenvolvimento das intenções do plano, plano e projecto são dois momentos em sequênciade um mesmo processo de desenho da cidade.

FARIA DA COSTA E OS BAIRROS DE ALVALADE E DO AREEIRO Os bairros de Alvalade e do Areeiro resultam da política desenvolvimentista deDuarte Pacheco – de expansão planeada de Lisboa em terrenos expropriados, livres derestrições fundiárias e com forte controlo público e municipal. Ambos representam umexemplo equilibrado entre a cidade tradicional e os princípios da urbanística moderna, comoa organização distributiva das funções e dos equipamentos, a hierarquização viária, adesprivatização do solo, a libertação do interior dos quarteirões para espaço colectivo e aszonas livres e arborizadas. Todo o bairro se organiza através de tipologias urbanas precisas:as vias, que se hierarquizam em avenidas, ruas, impasses e caminhos de peões, as praças elargos, localizados no cruzamento de vias, os quarteirões, lugar de disposição dos edifícios,são utilizados no seu interior como zonas de jardim, estacionamento e equipamento, ospasseios de dimensão hierarquizada que, ao longo da avenida de Roma, reinterpretam e

adaptam a imagem dos rendents de Le Corbusier.É evidente a introdução das inovações urbanísticas modernas, e só na aparência a

estrutura de Alvalade se assemelha à de outros bairros reticulados de Lisboa. A primeiradiferença reside na utilização de princípios da unidade de vizinhança adaptados ao sistemaproposto.

A partir dos anos cinquenta, dá-se em Portugal a ruptura com a urbanística formal eo alinhamento cultural dos arquitectos pelas teses modernas, as quais já influenciaram osbairros novos, como Olivais ou Chelas.

DA URBANÍSTICA FORMAL AO NOVO URBANI SMO A produção urbanística actual, designada por Novo Urbanismo, tem centrado a sua

atenção em torno das questões da forma urbana, recuperando para a cidade espaços tão

simples quanto tradicionais: a rua ou a praça, e elementos morfológicos de desenho como aárvore alinhada ou a continuidade dos volumes construídos e das suas fachadas.

Page 13: Morfologia Urbana

5/7/2018 Morfologia Urbana - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/morfologia-urbana-559aba78df3b0 13/19

 

13

RESUMO DE MORFOLOGIA URBANA E DESENHO DA C IDADE  ,  JOSÉ L AMAS 

O “novo urbanismo” tem de comum com a “urbanística formal” a mesma vontade decontinuação com os espaços da cidade antiga, reconhecendo o valor do desenho na produçãoda cidade. Em ambos os casos se trata de princípios de arte urbana como “arte pública”, arteda rua e do jardim, e da componente estética como elemento essencial do urbanismo.

Page 14: Morfologia Urbana

5/7/2018 Morfologia Urbana - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/morfologia-urbana-559aba78df3b0 14/19

 

14

RESUMO DE MORFOLOGIA URBANA E DESENHO DA C IDADE  ,  JOSÉ L AMAS 

CAPITULO 5 – CONFIGURAÇÃO E MORFOLOGIA DA CIDADE

MODERNA 

INTRODUÇÃO – A CIDADE MODERNA A revolução industrial já tinha introduzido as primeiras grandes modificações na

cidade. A ‘’cidade moderna’’ formou-se tendo como base algumas ideias e concepçõesteóricas que são o resultado de alguns processos teóricos que tinham como base a exclusãoda cidade tradicional e a sua substituição por um novo modelo.

A avaliação dos resultados das propostas só foi possível depois da experimentaçãomassiva realizada pela ‘’urbanística operacional’’. Os aspectos mais negativos da urbanísticamoderna é a burocracia conformista que se preocupa mais com os resultados quantitativosdo que qualitativos e vão contribuir em larga escala para a destruição da vida urbana.

Existem dois períodos

-O primeiro é entre as duas grandes guerras, é o período ‘’heróico’’ das formulaçõesteóricas e experiencias. É neste período que se procede a destruição e abandono de todos oselementos urbanos tradicionais como a praça, quarteirão, e rua, propondo tipologias detorre, banda e bloco.

que interessa compreender para uma melhor percepção dagénese da cidade moderna:

- A segunda etapa vai desde o fim da segunda grande guerra ate aos anos setenta.Quantidade em detrimento da qualidade. É este período designa-se por UrbanísticaOperacional.

NOVAS TIPOLOGIAS CONSTRUTIVAS – NOVAS FORMAS URBANAS O maior problema a enfrentar era fornecer a todos os cidadãos casa em condições de

higiene e salubridade. O urbanismo moderno inicialmente é um urbanismo habitacional, nãosó pela importância da habitação mas porque dela advém as novas tipologias construtivas, obloco, a torre e o conjunto.

O alojamento toma o papel principal como unidade-base e estruturam-se assim as

tipologias habitacionais (bloco, torre, banda, complexo e moradia). São dispostas no terrenoem função de necessidades higiénicas, acessos, insolação, etc., e desta forma sãoautonomizados deixando de pertencer à estrutura do quarteirão. As ruas deixam depertencer as relações físico-espaciais e resumem-se em traçados de circulação e serviços. Oespaço público acaba por ser posto de lado e ser a resultante das exigências habitacionais.

A SIMPLIFICAÇÃO DOS PROBLEMAS A lógica do funcionalismo vai exercer grande influência na arquitectura.Com o modelo da Carta de Atenas os arquitectos forma obrigados a arrumar e isolar

as principais funções na cidade: habitar, trabalhar, lazer. A lógica funcionalista tonifica acidade por funções e determina o espaço urbano por sistemas independentes. A grandeconsequência deste processo é a autonomização e independência física dos sistemas entre si.

Esta forma de conceber a cidade era muito simplificada, seguindo em desenhoconceptual o modelo ‘’arvore’’. Projectar estes edifícios de programa repetitivo era muitosimplista também. Chegou-se ainda a criação de modelos pré-fabricados em que aimplantação do edifício era determinada em função da rapidez e economia.

PARCELAMENTO E SOLO PÚBLICO Na cidade tradicional existe uma separação entre o solo privado do solo público. Por

outro lado na cidade moderna todo o espaço pertence ao estado podendo só em rarosestados ser privatizado na área de implantação do edifício. O bairro por sua vez vai resultarda forma da parcela porque os edifícios vão ser dispostos segundo livre vontade doarquitecto

Page 15: Morfologia Urbana

5/7/2018 Morfologia Urbana - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/morfologia-urbana-559aba78df3b0 15/19

 

15

RESUMO DE MORFOLOGIA URBANA E DESENHO DA C IDADE  ,  JOSÉ L AMAS 

O FASCÍNIO PELOS EDIFÍCI OS ISOLADOS

A Carta de Atenas propõe edifícios altos e isolados ao invés da paisagem,proporcionando ar, sol, vistas e salubridade. A morfologia da cidade moderna vai assentarneste ponto, ou seja, colecções de edifício isolados não sendo uma morfologia de espaçosurbanos.

No entanto um conjunto de edifícios isolados não cria um meio urbano, ou seja, teria

de existir alguma ligação entre eles para criar um todo e uma cidade coesa. Este pontocontribuiu para aumentar a separação entre arquitectura e urbanismo.

RUPTURA COM A HISTÓRIA Não se trata apenas de alteras os materiais de construção mas sim de criar algo que

fosse liberta e oposta a qualquer continuidade histórica.A atitude anti-histórica aparece no desenho urbano pela recusa de formas que

pudesse fazer ligação com as tradicionais.

OS NOVOS MATERIAIS E TECNOLOGIAS Aparecimento dos novos materiais e tecnologias, tais como o aço, betão armado,

ferra, ascensores, etc.A cidade moderna formou-se a partir de pesquisas concretas que a certo ponto

contribuíram para a destruição da morfologia urbana antiga e na edificação e estruturação daForma Moderna da cidade.

CIDADE-JARDIM Existem formas urbanas de baixa densidade e moradias unifamiliares nos subúrbios

que se formaram nos finais do século XIX. Esta morfologia do subúrbio aparece comoalternativa a tradicional, no entanto só aparece depois da cidade-jardim.

Este conceito de cidade-jardim aparece como solução para o crescimento dasgrandes cidades. Desta forma era um novo ambiente residencial de baixa densidade compredominância de espaços verdes. Por oposição a cidade industrial existe uma integração da

casa com o campo e a cidade-jardim traduz-se num conjunto de vivendas em largos espaçosarborizados.

UNIDADE DE VIZINHANÇA Os autores que apoiaram e formularam a unidade de vizinhança apoiavam mais as

questões sociais e organização funcional da cidade e não tanto as referências do traçado aosespaços urbanos e forma urbana. Esta organização foi um dos principais factores daplanificação da cidade moderna e torna-se o motor d organização e desenho da áreahabitacional.

A sociologia comandava o desenho. Daqui advém duas correntes: a de raiz anglo-saxónica e a do racionalismo europeu. Ambas as correntes consideram o alojamento comoelemento base e que integrado em serviços e equipamentos constitui a unidade habitacional.

Contudo após anos de experimentações foi concluído que não se consegue impor umcarácter e nível social as habitações e o bem-estar dos habitantes estava comprometido. Asformas urbanas utilizadas foram também desadequadas. Desta experiencia foi retiradoalgumas relações entre equipamentos/população que ainda hoje são utilizados.

AS EXPERIEN CIAS HABITACIONAI S HOLANDESAS A urbanística holandesa no inicio do século XX é marcada por movimentos

progressistas. Um dos processos mais importantes no caminho para a cidade moderna é aintensa pesquisa sobre o alojamento, edifício e quarteirão que foi modificado ate nada de elerestar.

A evolução levou a supressão de um dos lados do quarteirão de modo a permitir umaligação directa com a rua, modelo em U. Após inúmeros desenvolvimentos no final o

quarteirão foi elevado ao nível de bloco habitacional.

Page 16: Morfologia Urbana

5/7/2018 Morfologia Urbana - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/morfologia-urbana-559aba78df3b0 16/19

 

16

RESUMO DE MORFOLOGIA URBANA E DESENHO DA C IDADE  ,  JOSÉ L AMAS 

AS EXPERIEN CIAS HABITACIONAI S NA EUROPA CENTRAL As condições históricas, nomeadamente as duas grandes guerras, permitiram uma

forte experimentação no campo urbanístico, arquitectónico e habitacional com a realizaçãode planos e construção de habitação social.

Os ideais dos arquitectos modernos eram o controlo urbanístico, industrialização daconstrução, produção de habitação social e sintonia entre arquitectura, gestão e política.

Tudo isto foi cumprido na Alemanha.No geral os edifícios em barras paralelas constituem o fim da evolução do quarteirão.

Numa primeira fazer libertou-se o interior, depois na segunda fase rompeu-se a continuidadeda bordadura e por fim na terceira a densidade baixa e dois lados do quarteirão sãosuprimidos. Contudo ainda subsistem alguns logradouros privados.

AS HOFF NA ÁUSTRIA Na Áustria vão-se criar também inúmeros blocos de habitação. Vão ocupar áreas que

ficam livres, completam e estabelecem ligações com traçados já delineados. O interior doquarteirão torna-se um logradouro colectivo, com equipamentos, espaço livre ou verde

A CIDADE DOS CIAM E A DA CARTA DE ATENAS Formaram-se os Congressos Internacionais de Arquitectura Moderna (CIAM) que

tinha como base comparar periodicamente as experiencias para se aprofundar certos temase encontrar soluções para problemas gerais.

Para os CIAM a nova urbanística não se podia limitar a melhorar a existente mas simcriar novas alternativas com inspirações políticas e ideológicas diferentes. Os trabalhosteóricos passaram por três fases: uma em que se debateu o problema da habitação; outraque se falou sobre o planeamento urbano sob óptica funcionalista; por fim a tentativa deultrapassar a abstracta ‘’cidade funcional’’.

UNIDADE DE COMPOSIÇÃO DA CIDADE MODERNA  

A questão da habitação é o maior problema que domina a arquitectura e urbanismodesde as duas guerras e mais intensamente desde o final da segunda. A pesquisehabitacional leva a experimentações de novas morfologias e tipologias urbanas.

Devido a questões sociais e económicas a tentativa era dar habitações a todos oscidadãos e para não gastar muito dinheiro com isso, ou seja, suprimindo todos os gastossupérfluos para não existir injustiça social. O edifício é portanto definido pelo modo deagregação dos alojamentos existindo tipologias bem definidas tais como edifícios em banda,habitação colectiva, isolados, altos, torre, etc.

É o alojamento que compõem o edifício, e agregação dos edifícios que formaconjuntos habitacionais num processo sucessivo de repetições.

A cidade passou posteriormente a ser divida nas quatro áreas elementares: trabalho,lazer, circulação e habitação. A intenção era criar uma menor complexidade funcional, visual

e ambiental.

CARTA DE ATENAS Foi uma carta editada oito anos depois de ser redigida, que sintetizava as posições

dos CIAM sobre a organização e planeamento das cidades. Apesar de ser um texto maispolémico e dogmático do que analítico e demonstrativo, estabelece critérios para a gestão dacidade.

Visto ter sido um trabalho desenvolvido em apenas oito dias, não podia ser tomadocomo um estudo em profundidade mas sim meras constatações sobre medidas que osarquitectos deveriam tomar.

Houve muitos aspectos negativos a retirar da aplicação da Carta e dos CIAM,nomeadamente a conclusão sobre o alojamento mínimo, a utilização abusiva das formas

racionais, entre outras.

Page 17: Morfologia Urbana

5/7/2018 Morfologia Urbana - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/morfologia-urbana-559aba78df3b0 17/19

 

17

RESUMO DE MORFOLOGIA URBANA E DESENHO DA C IDADE  ,  JOSÉ L AMAS 

A CIDADE FUNCIONALISTA As quatro funções principais do urbanismo são: habitar, trabalhar, recrear-se e

circular. Dessa forma iriam criar quatro áreas distintas numa cidade.

OS CENTROS HISTÓRICOS E A CI DADE ANTIGA  A carta de Atenas não defende a reabilitação nem conservação dos centros

históricos. Por outro lado aposta apenas na salvaguarda de edifícios isolados ou conjuntosurbanos.

O CONTROLO DO SOLO E A LIBERTAÇÃO MÁXI MA DE ESPAÇO LIVRE A enumeração das necessidades formuladas pela urbanística moderna chega

inevitavelmente a uma consequência política: a disponibilidade do solo em detrimento dapropriedade privada. Para que isto fosse cumprido as autoridades tiveram de criar os seuspróprios mecanismos.

Este conflito entre a propriedade pública e privada levou a necessidade do controlodo solo com predomínio do interesse público sobre o privado. Estes princípios foramconsagrados em textos e registos legais, no entanto foi ainda mais longe, a própriamorfologia urbana exigia-os, edifícios altos, espaçados uns dos outros com zonas verdesentre eles.

LE CORBUSIER, A UNIDA DE DE HABITAÇÃO E A ‘’ CIDADE RADIOSA’’ Le Corbusier tem um lugar importantíssimo no movimento moderno. Este advém do

seu trabalho realizado. Apesar do seu elevado valor em edifícios, no que toca a propostasurbanas fica um pouco mais limitado devido a ele ser um arquitecto de monumentalidade,algo que o fez deixar os planos urbanísticos.

DAS IMPLANTAÇÕES RACIONAIS À PLANTA LI VRE Os métodos racionais nos anos trinta alinhavam com rigor os edifícios pela mais

favorável orientação solar e no geral ficariam de forma perpendicular em relação a rua.Posteriormente já era utilizada a disposição meramente simplista e apenas a pensarno método mais rápido de construção e que desse mais lucros. A forma urbana tornou-se oresultado da resposta a um somatório de requisitos e obrigações que nada tinham a ver comos problemas do espaço urbano.

A reacção contra o excessivo funcionalismo e a excessiva repetição dos elementoscomeçou pela denúncia das formas urbanas. Numa primeira fase a orientação dos edifíciostorna-se mais flexível e para aumentar a complexidade da composição deixou de haverrepetições de um único modelo. Num segundo tempo a implantação dos edifícios procurouvalorizar o espaço envolvente exterior. Numa terceira altura o abandono parcial das regrasracionalista foi julgado insuficiente.

Inicialmente esta procura das formas urbanas resulta um pouco caótica e gratuita.

No entanto aos poucos começa a ganhar novas formas e estrutura por si só. Desta forma amorfologia urbana é pensada como a resolução de sistemas de circulação, de habitação e deserviços, deixando de ser apenas um processo de oposição ao sistema regrado ou um novosistema caótico de aglomerados de edificado.

A planta livre foi uma conquista moderna contra as regras de composiçãopreestabelecidas. Resulta do primado da organização funcional sobre as outrascomponentes.

A ESTÉTICA DO PLAN MASSE O Plan Masse é um instrumento de apresentação gráfica dos planos e adquire neste

contexto grande importância como sistema de representação volumétrico. As relaçõesinteligíveis concentram-se no jogo de volumes e no seu equilíbrio abstracto e sensorial.

Page 18: Morfologia Urbana

5/7/2018 Morfologia Urbana - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/morfologia-urbana-559aba78df3b0 18/19

 

18

RESUMO DE MORFOLOGIA URBANA E DESENHO DA C IDADE  ,  JOSÉ L AMAS 

CAPITULO 6 – O  “NOVO URBANISMO”  

P IERRE FRANCASTEL E HENRI LEFEBVRE Vão combater o urbanismo contemporâneo e criticar a obra de Corbusier. Por um

lado questionam o desenho urbano utilizado, por outro tentar limitar ao máximo os planos

urbanísticos.

JANE JACOBS Jane jacobs tenta mostrar que a “pseudociência da construção das cidades’’ de

baseia sobre dados políticos, abstractos. Defendia ainda que o espaço verde era um vazionocivo no meio dos edifícios. Para a arquitecta a necessidade principal das cidades residia namistura de funções. Ela aproximava-se das questões da morfologia urbana e dava osprimeiros passos no sentido de recuperação das formas tradicionais do urbanismo.

ALEXANDRE Constituiu uma dos mais importantes contributos para a crítica do funcionalismo e da

cidade moderna. Fazia a distinção entre cidade natural e artificial alegando que essa

artificialidade era o erro comum dos planos urbanísticos do movimento moderno. Critica ourbanismo moderno ‘’liquidando’’ Le Corbusier e a carta de Atenas, o funcionalismo, ozoneamento e a unidade de vizinhança. Em todos os casos os alvos são as ideias e osconceitos.

GORDON CULLEN Gordon Cullen reage contra os estragos causados nos centros históricos pelas

transformações da vida moderna. Apoia-se desde logo em elementos colhidos na urbanísticaanterior à primeira guerra. A morfologia que prefere, pelo menos na sua aparência, é a dacidade medieval. A pequena escala ou dimensão sectorial, cujo universo é a rua érevalorizada como a escala humana por excelência.

LYNCH E A IMAGEM DA CIDADE Foi um trabalho inovador que sistematiza e torna ‘’cientifico’’ aquilo que antes era

subjectivo e empírico. Defende que a imagem é determinante para o comportamento social epsicológico dos habitantes. Ao contrário de cullen opera em grande escala e estabeleceligações entre elementos maiores e menores. A imagem é um importante factor deconcepção urbanística e antifuncionalista.

REALIZAÇÕES DIFERENTES E EXP ERIMENTAÇÕES NOS AN OS SESSENTA Vão surgir ideias de romper com a uniformidade e banalidade da urbanística dos

anos sessenta e tentar criar modelos diferentes abandonando e corrigindo os excesso e errosda cidade moderna, dos CIAM e da carta de Atenas.

Foi recriado o conceito de ruas e organizam os serviços e comércios abandonando a

hierarquia abstracta de centros, subcentros e esquemas de relação em ‘’arvore’’. Algunsapoiavam mais edifícios de quatro pisos, praças como espaços fechados, e uma inovação queconsistia na individualização de cada grupo de construções através da cor e das artesplásticas, desrespeitando também os eixos heliotérmicos.

Novas morfologias urbanas foram procuradas e uma das soluções encontradas seriaa da expansão urbana feita em quadrícula a partir de um embrião e que se adaptaria atopografia. O bairro volta a ter entidade individual como objecto arquitectónico, tanto pelaforma como pelo processo de criação.

ROSSI Tentativa de salvar a arquitectura do discurso esmagador da técnica e da economia.

O seu pensamento tinha como base o anonimato da função residencial formada por tiposhabitacionais que estabelecem o pano de fundo no qual sobressaem as tipologiasarquitectónicas dos equipamentos de nível superior e representativos da ordem social.

Page 19: Morfologia Urbana

5/7/2018 Morfologia Urbana - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/morfologia-urbana-559aba78df3b0 19/19

 

19

RESUMO DE MORFOLOGIA URBANA E DESENHO DA C IDADE  ,  JOSÉ L AMAS 

Utiliza o rigor da geometria e das formas puras, continuando o neo-racionalismo.Opõem-se ao funcionalismo como relação determinista entre a forma e a função,proclamando a autonomia do desenho arquitectónico. Os pontos-chave do seu pensamentoeram: a cidade é constituída por arquitectura; a forma da cidade depende da tipologia doedificado; segue uma análise morfológica; critica o funcionalismo; explica através damorfologia os diferentes fenómenos e leituras da cidade.

ROBERT KRIER E O ESPAÇO DA CIDADE Tinha a crença de que o desenho urbano podia resolver muitos dos problemas da

cidade. A cidade não é um espaço para a arquitectura mas é a própria arquitectura. Ageometria euclidiana vai desempenhar um papel fundamental no desenho urbano.

O estudo das cidades antigas vai ser essencial para a compreensão e resolução deproblemas da cidade actual. A forma física da cidade vai ser definida por quarteirões que sãoadaptados à utilização do espaço interior como espaço público ou privado. O automóvel éaceite mas em quantidades moderadas.

CULOT A sua tese era composta por três pontos essenciais: a sociedade industrial avançada

engendra inevitavelmente um processo de destruição física e social; a resistência anti-industrial; a arquitectura visa um projecto alargado, integrando as inquietações da época.

TENDÊNCIAS ACTUAIS – O NOVO URBANISMO O novo urbanismo surge com a inversão do desenho urbano, das políticas

urbanísticas e do modo de entender a cidade. O grande objectivo era aceitar a forma urbanano desenho da cidade. Apareceram reabilitações e recuperações de bairros históricos, novos jardins e praças. A criação de novos espaços de uso colectivo, a arborização e o arranjo deruas e praças, o traçado de novas vias e a morfologia urbana são mais exemplos dealterações impostas no novo urbanismo.

IBA EM BERLIM O objectivo de criar um modelo de sucesso por oposição ao do movimento modernoseguiu dois caminhos: a exposição de edifícios projectados por arquitectos proeminentes;actuações urbanas por partes da cidade. Outras teses pretendidas pelo IBA eram aconstrução de edifícios e conjuntos com os quais os habitantes se identifiquem; aimpossibilidade de planear ou construir a história com antecipação; a contribuição estética.

EXPERIÊNCIA FRANCESA No espírito do urbanismo operacional propõe a renovação urbana por um complexo

de escritórios e apartamentos. O plano de ocupação dos solos escorraça torres e podias erestabelece a rua e o lote como unidades de planeamento. Respeita a continuidade históricana sua diversidade e consagra a tradição. O bairro seria mais reconstruído do que renovado.

Já existe um grande esforço de controlo sobre o desenho do edificado em comparação comos planos dos anos sessenta.

Este novo urbanismo apela ainda para benefícios sociais e psicológicos na procura deuma vida de bairro.

NOVO URBANISMO EM PORTUGAL Devido ao regime totalitário quase todos os movimentos entraram com atraso em

Portugal. Tal como no resto da Europa o urbanismo burocrático também se instalou eprocurou em tudo apenas os fins capitalistas não pensado muito em actividades e estruturasbenéficas aos habitantes. Após a queda do regime totalitário algumas novasexperimentações puderam ser implementadas e testadas com alguma recuperação dasmorfologias tradicionais e dos espaços da cidade.