Monolitos | Gabriel Giucci

Gabriel Giucci

MONOLITOS

Gabriel Giucci | Monolitos

Monolitos

Os desenhos de Gabriel Giucci se inserem numa busca comum a boa parte da produção contemporânea: fazer uso da diversidade de refe-rências, muitas vezes contraditórias entre si, em um corpo de trabalho. O artista baseia-se em citações clássicas e modernas para dar vida a bustos e minitotens, em que representação e forma se tornam única vi-sualidade. A exploração da técnica do desenho realista se funde em monolitos em sua materialidade bruta, evidenciando a clareza de Giucci em sua pesquisa artística. Para ele, a convivência de polaridades diver-gentes em sua obra aporta o trabalho ao campo da experiência sensível para além dos limites da arte.

Em sua primeira exposição individual, o jovem artista apresenta a sé-rie de desenhos em grafite Monolitos. Solitários, em duplas ou em trios, bustos enigmáticos e esculturas-totens são lapidados em mármore ne-gro. Propriedades escultóricas como peso, forma, densidade e textura são fortes elementos presentes nos desenhos de Giucci. Contudo, é no momento de maior aproximação à obra que estas propriedades se con-vertem em desmatéria, possibilitando o alcance de suas várias camadas de significação.

Giucci conduz esta série de trabalhos tendo como pilar de interesse a inquietude na arte contemporânea provocada pelo desenho de traço re-alista e a persistência técnica no estudo das expressões humanas. A escolha por feições orientais – e, assim sendo, por uma etnia com carac-terísticas faciais semelhantes, carregada de simbologias culturais – evi-dencia a atenção do artista às minúcias da fisionomia.

Os trabalhos apresentados nesta exposição causam, à primeira vista, uma estranheza dúbia ao olhar: a união de elementos díspares e seu impacto visual fazem a obra adentrar em um terreno do profundo, até mesmo sombrio, que nos remete a monumentos memoriais ou vestígios de uma história. Este incômodo se dilui a partir da percepção da obje-tividade com que Giucci realiza seus desenhos. Os rostos apropriados de periódicos e os monolitos que se esfarelam devido à fragilidade dos materiais adotados são indícios de uma pesquisa com referenciais na história da arte e no pensamento contemporâneo – e fazem da obra uma constante citação a tempo, memória e representação.

Beatriz Lemos


Mono 1, 2011 grafite s/ papel 100 x 70 cm


Mono 10, 2011 grafite s/ papel 73,5 x 70 cm


Mono 11, 2011 grafite s/ papel 73,5 x 70 cm

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