Monografia Vana Diniz SAÚDE BUCAL TAREFA DO PROFESSOR

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SAÚDE BUCAL: TAREFA DO PROFESSOR? “ESTUDO DE CASO SOBRE O PROGRAMA SAÚDE NA ESCOLA EM DUAS INSTITUIÇÕES DO NORTE FLUMINENSE”. VANA CRISTHINE DE SOUZA DINIZ GHIORZI UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE FLUMINENSE DARCY RIBEIRO – UENF CAMPOS DOS GOYTACAZES / RJ 2008

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SAÚDE BUCAL: TAREFA DO PROFESSOR?

“ESTUDO DE CASO SOBRE O PROGRAMA SAÚDE NA ESCOLA EM DUAS

INSTITUIÇÕES DO NORTE FLUMINENSE”.

VANA CRISTHINE DE SOUZA DINIZ GHIORZI

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE FLUMINENSE

DARCY RIBEIRO – UENF

CAMPOS DOS GOYTACAZES / RJ

2008

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VANA CRISTHINE DE SOUZA DINIZ GHIORZI

SAÚDE BUCAL: TAREFA DO PROFESSOR?

“ESTUDO DE CASO SOBRE O PROGRAMA SAÚDE NA ESCOLA EM DUAS

INSTITUIÇÕES DO NORTE FLUMINENSE”.

Monografia apresentada ao Centro de Biociências

e Biotecnologia da UENF como parte das

exigências para obtenção do grau de licenciado

em Ciências Biológicas

Orientadora:

Sílvia Alícia Martinez

Campos dos Goytacazes

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE FLUMINENSE DARCY RIBEIRO

CENTRO DE BIOCIÊNCIAS E BIOTECNOLOGIA

LICENCIATURA EM BIOLOGIA

SAÚDE BUCAL: TAREFA DO PROFESSOR?

“ESTUDO DE CASO SOBRE O PROGRAMA SAÚDE NA ESCOLA EM DUAS

INSTITUIÇÕES DO NORTE FLUMINENSE”.

Vana Cristhine de Souza Diniz Ghiorzi

Orientadora: Sílvia Alicia Martinez

Comissão Examinadora

____________________________________________________

Jorge Hudson Petretski Doutor em Ciências ( Biologia Celular )

____________________________________________________

João Carlos de Aquino Almeida Doutor em Ciências ( Biofísica )

____________________________________________________

Sílvia Alicia Martinez Doutora em Educação

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Ao autodidata Cis Pereira de Souza com quem tive o privilégio de conviver toda minha infância e

receber os ensinamentos que para sempre marcaram minha vida. Em memória de meu avô.

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Agradecimentos

Ao Marcos Ghiorzi, meu companheiro, pelas intermináveis horas de abandono...

A Professora Ivone de Souza Diniz, minha primeira e sempre professora, pelos sábios

ensinamentos, por seu incentivo constante e amor sem medida, minha querida mãe.

A Pedro Diniz pelo afeto silencioso, meu pai.

Ao Professor Doutor Jorge Hudson Petretski por doar-se na revisão deste trabalho, presença

importante na banca, pelos valiosos conselhos, pelo apoio e a gentileza de sempre.

Ao Professor Doutor João Carlos de Aquino Almeida por disponibilizar seu tempo na avaliação

deste trabalho e pelos inteligentes questionamentos ao participar da banca, brindando-nos com

sua agradável presença.

A Professora Doutora Lílian Bahia por sua contribuição na pesquisa de fontes bibliográficas.

A Kátia Seabra, Secretária da Coordenação da Licenciatura em Biologia, pela amizade, apoio e

palavras de incentivo nas horas difíceis dessa jornada.

A todos os professores que participaram dessa pesquisa, protagonistas deste estudo.

As diretoras dos CIEPs, Lourdes Bernadete Ribeiro, Adriana Machado Barbosa, Regina Lúcia

Franco da Silveira por nos aceitar, dar crédito ao nosso trabalho e com ele cooperar sem

restrições.

Aos alunos dos CIEPs, meus queridos pacientes impacientes.

As funcionárias da Biblioteca da Faculdade de Odontologia de Campos, Bianca Ferreira,

Miriam Lobo e Nylara de Paula, pela gentileza e prestimosidade.

As cabos do CBMERJ, Cláudia Rocha e Maria Luíza Pereira por sua colaboração nas diversas

fases desse trabalho.

A Maria Fernanda Caetano pelo auxílio nos caminhos do micro, na arrumação da monografia,

inserção dos gráficos e no sufoco de várias horas.

A Francieli Terra e Ewaldo Alves pelo fundamental apoio e amizade nos momentos que

antecederam a apresentação deste.

A Professora Doutora Sílvia Alícia Martinez, meu especial agradecimento, respeito, carinho e

admiração. A você Sílvia que aceitou orientar-me. Precisou. Partiu. Alçou vôos maiores.

Regressou. Audaz, resgata-me. Aponta os caminhos. Obrigada por acreditar em mim.

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No fundo de cada utopia, não há somente um sonho; há também um protesto.

Oswald de Andrade, 1966.

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SUMÁRIO

Índices dos gráficos e quadros

Índices de abreviaturas

Resumo

Abstract

1- Introdução...................................................................................................................... 1

1.1 – Objetivos.................................................................................................................... 4

1.1.1 – Objetivo Geral..................................................................................................... 4

1.1.2 – Objetivos Específicos.......................................................................................... 4

2- Justificativa.................................................................................................................... 5

3- Revisão da Literatura..................................................................................................... 8

3.1 – Promoção de Saúde..................................................................................................... 9

3.2 – Educação em Saúde.................................................................................................. 11

3.3 – Educação em Saúde na Escola.................................................................................. 13

3.4 – Doença Cárie: “só há prevenção com educação...”................................................... 15

3.5 - O Programa Saúde na Escola –PSE – a caminho da promoção da saúde ................. 19

3.5.1– Histórico ........................................................................................................... 19

3.5.2– Bases Conceituais ............................................................................................ 22

3.5.3- Objetivos ........................................................................................................... 22

4 - Materiais e Métodos .................................................................................................... 24

5 – Resultados ................................................................................................................... 27

5.1 – Resultados obtidos no inquérito epidemiológico sobre cárie dentária em escolares

dos CIEPs pesquisados ................................................................................................. 27

5.2 – Leitura analítica do questionário aplicado aos professores nos CIEPs

pesquisados..................................................................................................................... 31

6 – Discussão .................................................................................................................... 53

7 – Conclusões .................................................................................................................. 68

8 - Referências bibliográficas ........................................................................................... 71

9 – Bibliografia complementar ......................................................................................... 77

10 – Anexos ...................................................................................................................... 78

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ÍNDICE DOS GRÁFICOS

Gráfico 1- Proporção de escolares relacionados à quantidade de lesões cariosas existentes

por faixa etária no ano de 2006 no CIEP Sol ...................................................................... 28

Gráfico 2- Proporção de escolares relacionados à quantidade de lesões cariosas existentes

por faixa etária no ano de 2006 no CIEP Lua ..................................................................... 28

Gráfico 3- Percentual dos componentes dos índices ceo e CPO-D no ano de 2006 no CIEP

Sol ........................................................................................................................................ 29

Gráfico 4- Percentual dos componentes dos índices ceo e CPO-D no ano de 2006 no CIEP

Lua ....................................................................................................................................... 29

Gráfico 5- Distribuição dos professores segundo a escolaridade ........................................ 31

Gráfico 6- Percentual de professores que obtiveram informações relativas à saúde e higiene

bucal em sua formação escolar ............................................................................................ 32

Gráfico 7- Distribuição dos professores por nível de escolaridade em que os conteúdos

saúde e higiene bucal foram estudados ............................................................................... 33

Gráfico 8- Percentual de professores que trabalham o conteúdo saúde e higiene corporal

com os alunos ...................................................................................................................... 34

Gráfico 9- Freqüência com que os alunos levantam dúvidas sobre o conteúdo saúde e

higiene corporal ................................................................................................................... 35

Gráfico 10- Percentual de professores que trabalham o conteúdo saúde e higiene bucal com

os alunos .............................................................................................................................. 36

Gráfico 11- Distribuição dos recursos pedagógicos utilizados pelos professores ao trabalhar

o conteúdo saúde e higiene bucal ........................................................................................ 37

Gráfico 12- Freqüência com que os alunos se interessam pelo conteúdo saúde e higiene

bucal .................................................................................................................................... 38

Gráfico 13- Fontes das quais os professores adquiriram conhecimentos em saúde e higiene

bucal .................................................................................................................................... 39

Gráfico 14- Opinião dos professores quanto à integração profissional entre professores e o

cirurgião dentista ................................................................................................................ 40

Gráfico 15- Conhecimento dos professores com relação à higiene bucal dos alunos no

período em que estes se encontram na escola ..................................................................... 41

Gráfico 16- Conhecimento dos professores em relação à ingestão de alimentos pelos alunos

fora dos horários das principais refeições na escola ........................................................... 42

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Gráfico 17- Conhecimento dos professores sobre a relação antibiótico x cárie dentária

.............................................................................................................................................. 43

Gráfico 18- Conhecimento dos professores relativos à cárie dentária como doença

transmissível ........................................................................................................................ 44

Gráfico 19- Conhecimento dos professores sobre a influência da dieta na saúde dos

dentes.................................................................................................................................... 45

Gráfico 20- Conhecimento dos professores sobre a freqüência da ingestão dos alimentos em

relação à saúde dos dentes ................................................................................................... 46

Gráfico 21- Auto-percepção dos professores quanto ao hábito da escovação .................... 47

Gráfico 22- Auto-percepção dos professores quanto ao uso do creme dental .................... 48

Gráfico 23- Auto-percepção dos professores quanto ao uso do fio dental ......................... 49

Gráfico 24- Auto-percepção dos professores quanto ao uso do palito ............................... 50

Gráfico 25- Auto-percepção dos professores quanto ao uso de enxaguantes bucais .......... 51

Gráfico 26- Auto-percepção dos professores quanto ao uso do flúor ................................ 52

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ÍNDICE DOS QUADROS

Quadro1- Índice ceo e CPO-D do ano de 2006 no CIEP Sol ........................................... 27

Quadro 2- Índice ceo e CPO-D do ano de 2006 no CIEP Lua ......................................... 27

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LISTA DE ABREVIATURAS

CBMERJ – Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro

Ceo – índice que mede o ataque de cárie dentária à dentição temporária. Suas iniciais

significam respectivamente: dentes cariados (c), com extração indicada (e) e obturados (o).

CIEPs – Centros Integrados de Educação Pública

CPO-D – índice que mede o ataque de cárie dental à dentição permanente. Suas iniciais

significam respectivamente: dentes cariados (C), perdidos (P), obturados (O) e a unidade de

medida que é o dente (D).

DOERJ – Diário Oficial do Estado do Rio de Janeiro

PSE – Programa Saúde na Escola

SEDEC – Secretaria de Estado de Defesa Civil do Estado do Rio de Janeiro

SEE – Secretaria de Estado de Educação do Estado do Rio de Janeiro

SES – Secretaria de Estado de Saúde do Estado do Rio de Janeiro

SUB – SEDEC – Sub Secretaria de Estado de Defesa Civil do Estado do Rio de Janeiro

UENF – Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro

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RESUMO

A educação em saúde na escola já passou por muitas fases. Hoje o novo olhar é sobre

uma escola que promova saúde considerando cada indivíduo influenciado pelo ambiente em

que vive, as formas de convivência com a família e com a sociedade, alimentação e nutrição

adequadas, oportunidades de aprendizagem e de aquisição de conhecimentos, acesso ao lazer,

ao trabalho e a segurança, a importância dada à conservação dos recursos naturais e a

responsabilidade global para com o planeta. O Programa Saúde na Escola (PSE), implantado

nos CIEPs do Estado do Rio de Janeiro, apresenta-se como uma oportunidade de somar às

atividades próprias da escola, a construção de um conhecimento compartilhado que visa à

promoção da saúde. Com nossa atenção focada nos professores pela sua importância na

formação de cidadãos, o objetivo da pesquisa foi o de identificar, conhecimentos percepções e

práticas voltadas para saúde e saúde bucal, com vistas a observar se suas contribuições

pedagógicas são favoráveis para o desenvolvimento biopsicossocial e cultural dos escolares e

indiretamente para as ações do PSE. Para este estudo foram selecionados 2 Centros Integrados

de Educação Pública, escolas públicas de tempo integral onde o PSE está implantado, situado

em dois municípios vizinhos no norte fluminense, Campos dos Goytacazes e São Fidélis. O

estudo foi realizado em duas fases. Realizou-se na primeira fase um inquérito epidemiológico

das condições de saúde bucal dos escolares através de exames clínicos. Na segunda fase, um

questionário com questões fechadas foi aplicado aos professores para diagnosticar ações

pedagógicas básicas favoráveis ao desenvolvimento de hábitos saudáveis em seus alunos

relacionados à saúde e saúde bucal e aqueles relativos a sua autopercepção do tema. Conclui-se

que o índice de placa bacteriana depositada sobre a superfície dentária assim como o índice de

cárie dentária é elevado nestes escolares. O movimento das escolas em direção à promoção da

saúde, destacando-se a saúde bucal, representada neste estudo pelos professores, caminha de

forma lenta em direção a uma Escola Promotora de Saúde. O Programa Saúde na Escola que

traz as bases e as propostas para trabalhar as questões sociais mais significativas na promoção

do homem, também vive, nestes CIEPs, em busca de sustentabilidade a partir de caminhos

próprios que não sejam estritamente as políticas de governo que tendem a ser mais ou menos

descontinuadas a cada mudança de gestão.

Palavras-chave: Promoção de Saúde; Programa Saúde na Escola; Educação em Saúde;

Saúde Bucal; Escola Promotora de Saúde; Centros Integrados de Educação Pública.

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Abstract

The education in health at school has been went by a lot of phases. Today the new

glance is on a school that promotes health considering each person influenced by the

environment in that he/she lives, the coexistence forms with the family and with the society,

feeding and nutrition adapted, learning opportunities and of acquisition of knowledge, access to

the leisure, to the work and the safety, the importance given to the conservation of the natural

resources and the global responsibility to the planet. The Health Program in the School (PSE),

implanted in CIEPs of the State of Rio de Janeiro comes as an opportunity to add to the own

activities of the school, the construction of a knowledge shared that it seeks the promotion of

the health. With our attention focused in the teachers by his/her importance in the citizens'

formation, the objective of the research was to identify knowledge perceptions and practices

returned for the health and buccal health, with views to observe if their pedagogic attributions

are favorable for the development biopsicossocial and cultural of the scholars and indirectly for

the actions of PSE. For this study 2 Integrated Centers of Public Education were selected,

public schools of integral time where PSE is implanted, located in two neighboring municipal

districts in the fluminense north, Campos of Goytacazes and São Fidélis. The study was

accomplished in two phases. It was used in the first phase an epidemic inquiry of the conditions

of the scholars' buccal health through clinical exams. In the second phase, a questionnaire with

closed subjects was applied the teachers to diagnose basic pedagogic actions favorable to the

development of healthy habits in their students related to the health and buccal health and those

relative ones his/her solemnity-perception of the theme. It is ended that the index of bacterial

plate deposited on the dental surface as well as the index of dental decay is high in these school

ones. The movement of the schools towards the promotion of the health, standing out the

buccal health, acted in this study by the teachers, he/she walks in a slow way towards a School

Promoter of Health. The Health Program in the School that brings the bases and the proposals

to work the more significant social subjects in the man's promotion, also lives, in this CIEPs, in

search of sustainability starting from own roads that you/they are not strictly government's

politics that tend to be discontinued more or less to each administration change.

Word-key: Promotion of Health; Program Health in the School; Education in Health; Buccal

health; School Promoter of Health; Integrated centers of Public Education.

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1. INTRODUÇÃO

Sem dúvida não estamos diante do simples; é da complexidade que se trata. O

simples é mais facilmente ordenável e em geral não é dotado de ambigüidade; a

complexidade é própria das estruturas caóticas.

Piaget, 1970

A realização deste estudo visa conhecer um pouco da experiência pedagógica dos

professores sob a ótica do Programa de Saúde na Escola – PSE - que almeja não apenas a

educação em saúde como a promoção integral do indivíduo. Tendo como local de pesquisa

dois Centros Integrados de Educação Pública – CIEPs e como tema central à saúde bucal, a

escolha desse estudo foi estimulada pelo desejo de chamar a atenção de todos para uma saúde

bucal que não está somente ligada à prática odontológica, mas que dela transcende. Essa nova

saúde bucal se relaciona com os aspectos sociais e envolve a educação, instrumento de

transformação social, em busca de qualidade de vida da comunidade.

O aspecto que emerge como situação problema é a conscientização do professor em

relação ao tema “promoção de saúde bucal na escola” e como ele se concretiza na prática

pedagógica cotidiana. O professor trabalha temas relacionados à saúde e higiene bucal? Esta

indagação surgiu de nosso contato direto com escolares dos CIEPs onde atuamos como

cirurgiã dentista do quadro de oficiais de saúde do Corpo de Bombeiros Militar do Estado do

Rio de Janeiro. Nestes CIEPs, o PSE representa um modelo de programa de promoção de

saúde na escola. Pudemos constatar através de atendimento na clínica odontológica instaladas

nestas escolas, a negligência ou mesmo inexistência de cuidados com a saúde bucal

evidenciados por uma grande quantidade de placa bacteriana sobre os dentes, reflexo da falta

de hábitos de higiene oral. Observamos no cotidiano escolar uma freqüente ingestão de

alimentos açucarados tais como balas, pirulitos, chicletes, entre outros, fora dos horários das

principais refeições. Por último constatamos através de levantamento epidemiológico um

elevado índice de cárie dentária nos alunos destes CIEPs.

Delineada toda a realidade, tornou-se necessário avançar em busca de possíveis respostas

às nossas indagações fortemente assentadas no pressuposto de que saúde bucal é questão

social relevante que afeta a vida do escolar e de seus familiares. Segundo o que afirma

Rebecca (2005), a cárie dentária se deixada a seu próprio curso pode causar além de dor,

problemas de mastigação, fala e aprendizado, afetando os indivíduos de forma

desproporcional, sendo as crianças de classes menos favorecidas aquelas que possuem mais

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dias de restrições em suas atividades escolares se comparadas às das classes mais favorecidas.

Segundo nossa própria observação, os CIEPs em questão são escolas situadas em áreas

periféricas das cidades, regiões de grandes carências socioeconômico e culturais.

O trabalho que desenvolvemos ao longo de anos na clínica odontológica levou-nos à

frustrante, mas valiosa descoberta de ver que o modelo clássico de se tratar cáries dentárias

não foi nem é capaz de manter o controle das doenças bucais ou de evitar que as pessoas

percam seus dentes. O levantamento bibliográfico fez ver que uma nova filosofia de abordar

saúde de forma multidisciplinar permeia cárie e patologias bucais e nesta concepção a figura

do professor é ressaltada como importante recurso não odontológico para promoção de saúde

bucal. De acordo com Franchin e col (2005, p.105-106), os professores, pelo maior convívio

com os escolares, são fundamentais para educação em saúde bucal porque observam,

percebem os problemas e orientam os alunos visando melhorar a aprendizagem e obter ganho

em qualidade de vida. Com a visão de que saúde bucal não se dissocia de saúde em geral e

que a infância é uma etapa da vida propícia para se despertar a formação, as noções e os

hábitos de higiene, é importante para que a educação tenha sucesso, o somatório de todos os

esforços que inclua meios de comunicação, profissionais de saúde e professores,

principalmente os de ensino infantil e fundamental.

Ao destacar a figura do professor como principal ator para o sucesso dos programas

escolares nos reportamos a Bastos e col (2003), que atribuem isto ao grau de formalização de

atitudes que há entre os membros da escola como instituição social. Segundo Granville-

Garcia e col (2007, p.32), o professor tem o importante papel de educar, motivar e despertar

nos alunos o interesse em manter cuidados necessários com a saúde geral e a saúde bucal em

particular. Fato a ser considerado uma vez que conhecimentos sobre saúde bucal, mesmo

quando veiculados na grande mídia, não atingem a população como um todo e dificilmente

produzem conhecimento ou atitudes relacionados com a apreensão de hábitos saudáveis de

higiene bucal. O professor auxilia o cirurgião dentista ao falar sobre higiene bucal, ao

observar o aluno ou ao informar os pais sobre qualquer distúrbio percebido gerando uma

interação multidisciplinar que se transforma em benefício da comunidade.

A saúde bucal é estudada no contexto escolar dos CIEPs onde o PSE está implantado

tendo como principal coadjuvante o professor, que segundo Franchin e col (2005), por meio

de suas ações pedagógicas desperta no aluno, através da vivência escolar, o desenvolvimento

de suas potencialidades físicas, psíquicas, cognitivas e sociais, melhorando suas condições de

aprendizagem e qualidade de vida.

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Este estudo visa apresentar-se como mais uma sugestão dentre tantas, para que a

promoção de saúde bucal se realize em todo contexto escolar, não ficando restrita ao

consultório odontológico. Mudar a visão do sujeito do trabalho em saúde bucal de apenas a

figura do dentista para uma equipe multidisciplinar, visando promover e recuperar a saúde do

escolar, é a idéia que defendemos. Esta não é outra senão a concepção do Programa Saúde na

Escola, um programa cujo objetivo principal é: construir, de forma compartilhada, os

conceitos e as diretrizes das Escolas Promotoras de Saúde nos CIEPs do Estado do Rio

de Janeiro (www.saudenaescola.rj.gov.br).

Page 17: Monografia Vana Diniz  SAÚDE BUCAL TAREFA DO PROFESSOR

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1.1. OBJETIVOS

1.1.1. OBJETIVO GERAL

Realização de um inquérito epidemiológico de saúde bucal junto aos escolares de dois

CIEPs, levando-se em consideração o índice de cáries nesta população. A partir dos

resultados obtidos, identificar o nível de conhecimento e o grau de conscientização dos

professores dos CIEPs Sol e Lua1, quanto ao seu papel de coadjuvante nas ações de promoção

de saúde bucal realizadas nestas escolas pelo PSE na comunidade escolar e seu entorno.

1.1.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Realizar exame clínico odontológico em alunos dos CIEPs

Coletar informações junto aos professores a respeito do conhecimento de cárie

dentária como doença infecciosa.

Conhecer a percepção dos professores quanto à noção de cuidados com sua própria

higiene bucal.

Identificar possíveis ações pedagógicas por parte do professor em relação a estimular a

higiene bucal nos alunos.

Conhecer a percepção do professor como multiplicador e educador em saúde bucal

dentro do contexto escolar dos CIEPs.

Identificar a importância dada por professores às questões de saúde bucal na escola.

1 Nomes fictícios dados às Instituições estudadas como forma de manter o anonimato.

Page 18: Monografia Vana Diniz  SAÚDE BUCAL TAREFA DO PROFESSOR

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2. JUSTIFICATIVA

Não tenho caminho novo, o que tenho de novo é o jeito de caminhar...

Thiago de Mello,1965.

A concepção de saúde e de promoção de saúde modificou-se ao longo do tempo, tanto

quanto a visão do processo ensino-aprendizagem, possibilitando uma nova maneira de se

considerar educação e saúde. O Programa Saúde na Escola (PSE) é um referencial na

construção dessa forma compartilhada e ampliada de se tratar educação e saúde. Nele estão

inseridos os conceitos e diretrizes das Escolas Promotoras de Saúde a serem processados nos

CIEPs do Estado do Rio de Janeiro onde está implantado.

O desenvolvimento de ações que promovam saúde, educação e cultura, exige a

participação de todos os profissionais da saúde, da educação, assim como da comunidade. O

professor, pelo contato diário e a influência que exerce sobre os alunos é protagonista no

auxílio ao cirurgião dentista para que as atuações do PSE se desenvolvam e tenham

continuidade. O envolvimento dos professores nesse processo em favor da construção de

escolas promotoras de saúde parece restrita aos conteúdos dos livros e de determinadas

matérias. A primeira justificativa para este estudo está, portanto, na necessidade de

conscientizar o professor de sua importância em participar de maneira mais abrangente de

forma a contribuir com o avanço do PSE na escola na busca de melhores condições físicas,

psíquicas e sociais dos alunos. No campo da saúde bucal especificamente, espera-se que o

professor tenha uma noção básica de saúde e higiene bucal, o auto cuidado com a boca, o

conhecimento de cárie dentária como doença, que assim como outras doenças infecciosas

pode ser transmitida, mas também, controlada. Ao dominar estes conhecimentos poderá ser

um importante agente a subsidiar o cirurgião dentista nas ações de promoção, proteção e

recuperação da saúde do escolar.

Nas escolas ainda há uma tendência de se alimentar a reprodução de modos antigos de

educação em saúde e saúde bucal. Os conceitos de anatomia, patologia e biologia, muitas

vezes são as coleções de saberes acessíveis à maioria dos professores e sistemas de ensino,

para explicar as ações de promoção e cuidados com a saúde. Um segundo argumento em

defesa deste estudo decorre da constatação da descontinuidade da educação em saúde nas

escolas, ficando as ações pedagógicas voltadas para ações individuais e pontuais que

dependem do conhecimento, da consciência e da visão do professor e por outro lado da

predominância de velhos discursos e queixas para justificar a inexistência de ação. Isto se

Page 19: Monografia Vana Diniz  SAÚDE BUCAL TAREFA DO PROFESSOR

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reflete no próprio escolar que se mostra com pouca habilidade em cuidar de sua saúde

apresentando-se com unhas grandes e sujas, andando descalço, cabelos com piolhos, micoses

e feridas infectadas na pele, sem falar na falta de hábitos de higiene bucal e o alto índice de

cárie dentária. Além disso, não demonstram nenhum cuidado com a manutenção do prédio

escolar nem se preocupam em evitar o desperdício de materiais e bens de consumo, não

permitindo o convívio em um ambiente saudável. Não se trata de responsabilizar somente o

professor por estas mazelas porque as fontes de educação são variadas e vão além da

educação formal. Trata-se de chamar a atenção para a re-organização de seu trabalho didático

incorporando em sua prática, urgentemente, as questões sociais como temas transversais.

Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs Brasil,1998), apresentam os temas

transversais como uma abertura para abordar questões sociais e complementar a

interdisciplinaridade do currículo. Em seu capítulo 8 destacam que “o compromisso com a

construção da cidadania pede necessariamente uma prática educacional voltada para a

compreensão da realidade social e dos direitos e responsabilidades em relação à vida pessoal,

coletiva e ambiental”.

Já no capítulo 9 afirmam que a educação em saúde é plenamente justificável na escola,

pois esta se destaca como local ideal para promoção de atividades e transmissão de

mensagens sobre saúde. Os professores ao detectarem eventos que fogem à normalidade física

e emocional dos alunos devem encaminhar estes ao sistema básico de saúde.

Ao mesmo tempo em que este estudo adquire um propósito em considerar o grande

potencial ainda tímido dos professores em contribuir mais efetivamente com o PSE na busca

das bases de uma escola promotora de saúde, ele também nos leva a outra reflexão. É preciso

que os profissionais de saúde envolvidos no Programa Saúde na Escola repensem sua

participação em todo esse processo médico–pedagógico. A visão parcelada do ser humano

não cabe mais nos dias de hoje na nova e ampla promoção de saúde que já não admite a visão

dentocêntrica na qual o indivíduo é visto como uma coleção de dentes. Necessário se faz re-

organizar nosso trabalho em saúde bucal para ao invés de tratarmos os dentes tratarmos

indivíduos com dentes. Dessa forma é que a atenção em saúde bucal pode evoluir de cuidados

com a cárie e a doença periodontal para o cuidado com a saúde como um todo como pretende

o PSE.

Os esforços deste estudo são no sentido de contribuir para difundir as experiências e os

conhecimentos com ele acumulados nos espaços de discussões e reflexões dos meios

escolares dos CIEPs onde está implantado o PSE assim como no próprio PSE. A

Universidade Estadual do Norte Fluminense – UENF tem responsabilidade na participação

Page 20: Monografia Vana Diniz  SAÚDE BUCAL TAREFA DO PROFESSOR

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desses debates visto que a promoção de saúde na escola é uma questão social que urge ser

enfocada. Os cursos de formação pedagógica, de acordo com Iervolino (2000, p.87), carecem

desenvolver um currículo formal obrigatório ainda durante a formação acadêmica e

continuado durante a carreira profissional, com o apoio de órgãos governamentais em que

neles esteja inserida uma visão mais humanística do professor voltada para a valorização de

programas de prevenção, educação e promoção de saúde.

Page 21: Monografia Vana Diniz  SAÚDE BUCAL TAREFA DO PROFESSOR

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3. REVISÃO DA LITERATURA

Inicio a apresentação deste capítulo com um pouco de história.

Em quase toda minha vida venho mantendo contato com a instituição escola,

vivenciando diferentes papéis: aluna, estagiária, professora, filha de professora e diretora e

atualmente como cirurgiã dentista do Corpo de Bombeiros (CBMERJ), atuo no Programa

Saúde na Escola, desenvolvido em CIEPs.

Estudei em escolas públicas a maior parte do tempo e também em particulares. Vivi as

duas realidades. Cursei uma Faculdade particular, a Faculdade de Odontologia de Campos.

Atualmente sou graduanda em Licenciatura em Biologia pela Universidade Estadual do Norte

Fluminense. Sei que a desvalorização do professor é uma verdade inegável para todos, mas

preciso seguir acreditando na importância de seu papel na melhoria da qualidade de vida das

pessoas. Preciso dizer que meu olhar tem duas dimensões: a de educador e de cirurgião

dentista educador.

Apesar desta parte fundamentar meu trabalho apresentando um exame dos assuntos

escritos sobre o tema, foi um dos últimos que escrevi. Ao final, dei-me conta que ele poderá

contribuir no entendimento de que a educação em saúde bucal na escola, destacando a figura

do professor, pode e deve colaborar para a promoção de saúde na comunidade escolar através

de um trabalho multidisciplinar entre aquele e a equipe de saúde bucal do PSE.

Os textos a serem apresentados não têm a pretensão de provocar desinteresse no leitor

mais experiente, nem tampouco afastar aqueles que desconhecem o assunto devido a um

aprofundamento complexo. Estes textos são um relato de minha própria leitura. Procurando

atentar a diferentes leitores com seus variados interesses, compreendendo desde já o papel

social da escola na construção de hábitos que favoreçam a saúde e em especial aqui, a saúde

bucal, elegeu-se um roteiro com finalidade didática, que permita enfocar o campo de

aplicação da Promoção de Saúde na Escola.

Os temas eleitos são:

3.1 Promoção de Saúde

3.2 Educação em Saúde

3.3 Educação em Saúde na Escola

3.4 Doença Cárie: “só há prevenção com educação”.

3.5 O Programa Saúde na Escola a caminho da promoção da saúde

Page 22: Monografia Vana Diniz  SAÚDE BUCAL TAREFA DO PROFESSOR

9

3.1. PROMOÇÃO DE SAÚDE

O termo promoção de saúde citado pela primeira vez em 1974 por Mark Lalonde,

ministro da saúde e do bem-estar do Canadá, destacou por aquela ocasião que o ambiente, o

comportamento dos indivíduos e seu estilo de vida são as causas da doença e morte e não

somente suas características biológicas (BASTOS et al 2003, p.121).

Ainda assim, Nadanosvsky (2000), afirma que as formas de prevenir doenças nos dias

de hoje, se baseiam em informar as pessoas sobre doenças específicas através de meios de

comunicação de massa tentando persuadi-las a mudar de comportamento.

Promoção de saúde não é sinônimo de educação em saúde, como muitos entendem.

O novo movimento rumo à promoção de saúde, utiliza-se da educação em saúde para

melhor equipar os indivíduos para que eles próprios façam suas escolhas e que estas sejam as

mais saudáveis. Paralelamente, a promoção de saúde tenta fazer com que essas escolhas sejam

as mais fáceis (MILIO 1983, citado por NADANOVSKY 2000, p. 295).

Podemos afirmar que promoção de saúde é um movimento amplo em busca de

qualidade de vida das pessoas que considera que para ser saudável a ausência de doença não é

necessária nem tão pouco suficiente. Os fatores sociais, econômicos e psicológicos é que irão

determinar o binômio saúde-doença, não estando estes condicionados aos serviços médicos ou

medidas eficientes de saúde pública. As ações de promoção de saúde consideradas como uma

nova saúde pública não tem apenas o serviço médico como atividade de saúde; estão

presentes na escola, no local de trabalho, no comércio e na indústria.

Segundo Valadão (2004, p. 22), a promoção de saúde se efetiva através de cinco áreas

de ação que mutuamente contribuem para a melhoria da saúde da população. Estas incluem:

educação em saúde, intervenções clínicas, políticas públicas de saúde, organização das

comunidades em prol da aquisição de práticas saudáveis e a criação de ambientes favoráveis à

saúde. Valadão acrescenta que sendo a escola um espaço social, ela representa um local

perfeito para a promoção da saúde visto que as políticas educacionais que nela se

desenvolvem, visam à satisfação do indivíduo e da coletividade. A escola de ensino

fundamental é um espaço que agrega em si todos os aspectos favoráveis à promoção da saúde.

Como não poderia ser diferente, esta nova filosofia de abordar a saúde de forma

multidisciplinar permeia a cárie e as patologias bucais.

Page 23: Monografia Vana Diniz  SAÚDE BUCAL TAREFA DO PROFESSOR

10

Em se tratando de saúde bucal, Nadanovsky (2000, p.296-304) explica que dentro

desse novo paradigma que é a promoção de saúde, a prevenção de doenças bucais para ser

efetiva precisa considerar a estratégia populacional, a abordagem de fatores de risco comuns e

a ação intersetorial como descrito a seguir.

Cárie e doenças periodontais são doenças de alta abrangência, justificando a adoção de

estratégia de base ampla para prevenir enfermidades orais baseadas na mudança de normas

sociais de consumo de açúcar, higiene oral e disponibilidade de flúor. Esta estratégia

populacional apresenta o inconveniente de precisar de longo tempo para se obter resultados

positivos.

A maioria das doenças possuem determinantes comuns e conhecidos como privações

de ordem econômica, social, falta de educação, moradia, desemprego. Num outro nível temos

outros fatores que são causas comuns a várias doenças seja a dieta, o fumo, o álcool, a higiene

pessoal e oral. Ao invés de compartimentalizarmos as ações para combate a doenças

específicas torna-se mais apropriado inseri-las no contexto de outras que são determinadas por

normas sociais de comportamento como é o caso da cárie dental. Dessa forma, melhorar a

higiene bucal e reduzir o consumo de açúcar são aspectos que devem ser trabalhados de forma

ampla para melhorar a saúde em geral e não especificamente voltados para a doença cárie.

A promoção de saúde no campo intersetorial acontece quando engloba várias redes da

sociedade como a própria escola que é uma grande aliada do cirurgião dentista para melhorar

a qualidade de vida das pessoas. Professores e pais são fortes aliados do cirurgião dentista

para influenciar os hábitos alimentares e higiênicos das crianças. Também os currículos das

escolas são ótimas oportunidades de ensinar a higiene oral dentro dos conteúdos de higiene

em geral.

A importância da escola em influenciar a saúde desde há muito é conhecida e por isso

programas de educação em saúde tem existido em seu meio. Devido à falta de efeitos

satisfatórios dos programas de educação em saúde escolares, teve início na década de 80 o

conceito de escolas promotoras de saúde. A meta dessas escolas é atingir estilos de vida

saudáveis para a população escolar por meio do desenvolvimento do ambiente físico e social

seguro que conduza à saúde (NADANOVSKY 2000, p.306).

A importância da escola é fortalecida por ser uma instituição social com certo grau de

formalização de atitudes dos membros que a compõe sendo o professor fundamental para que

os programas escolares tenham sucesso (BASTOS et al 2003, p. 123). E para que a promoção

de saúde se efetive na escola, Valadão (2004, p.62) considera essencial romper com os limites

Page 24: Monografia Vana Diniz  SAÚDE BUCAL TAREFA DO PROFESSOR

11

das ciências da saúde através da troca de idéias, acatando a participação de novos atores

dentro e fora da comunidade escolar.

3.2 EDUCAÇÃO EM SAÚDE

É melhor tentar e falhar do que preocupar-se e ver a vida passar. É melhor tentar, ainda que em vão,

do que sentar-se fazendo nada até o final. Eu prefiro na chuva caminhar, que em dias tristes, em casa me

esconder. Prefiro ser feliz, embora louco, que em conformidade viver...

Luther King, Jr(1929-1968).

Em nossa sociedade, o modo de pensar – fazer educação em saúde, ainda

baseia–se nas idéias positivistas, quer os agentes em saúde tenham ou não consciência disto.

A filosofia positivista de Augusto Comte, a qual ele se referiu como “estado superior do

pensamento” à época de seu surgimento no século XIX, assumiu, a partir de então a

configuração de ser a grande direcionadora de toda ação humana ao pregar o correto modo de

agir. Primeiro se tem conhecimento para depois agir de forma correta sem erros considerando

que só há um modo de ser e de nenhum outro será. Toda essa educação positiva ainda hoje

serve de justificativa para as práticas que visam à prevenção de doenças e a aprendizagem

sanitária satisfatória. Essas idéias vão povoar a conduta humana ditando normas,

recomendando quais práticas são maléficas ou benéficas. É a medicalização: dos ambientes

físicos, dos sentimentos, das emoções, da sociedade (BOTAZZO 2003, p. 19).

Os projetos educativos ainda hoje continuam a transmitir conhecimentos da classe que

os “domina” para uma população “leiga” cujas experiências anteriores são rejeitadas para dar

lugar a um conhecimento novo. Esta forma de educação assume uma postura autoritária de

detenção de poder e controle social.Visa uma mudança de comportamento sem levar em

consideração que “comportamentos saudáveis” podem ser transitórios ou até contraditórios

dependendo do tempo e do espaço. Desconsidera que ter bem estar está diretamente vinculado

às relações inter-subjetivas estabelecidas nos processos culturais de cada sociedade,

atribuindo a falta de saúde a riscos que as pessoas correm por decidirem por livre escolha, por

irresponsabilidade ou por ignorância (MEYER et al 2006, p. 1335-36).

Em meio a estas inquietações e a esse modo ultrapassado de se educar em saúde,

ganha espaço uma forma de pensar as atuações, que nos alerta a incluir em nossos projetos

educativos, o conjunto de dimensões que envolve o binômio saúde-doença considerando sua

complexidade e suas interferências. É preciso considerar que os indivíduos recebem

Page 25: Monografia Vana Diniz  SAÚDE BUCAL TAREFA DO PROFESSOR

12

influências de todo tipo sejam elas intencionais ou não e vindas de muitas e diferentes

instâncias e meios sociais. Nosso olhar volta-se para o indivíduo como fruto de uma cultura,

no qual o seu corpo e o estado de saúde ou doença são produtos de uma construção lingüística

e cultural e não simplesmente matéria biológica (MEYER et al 2006, p. 1337).

Sob esta ótica, a relação educativa com as pessoas preza pelo diálogo e valoriza a

sabedoria prática dos indivíduos e comunidades que produzem resultados significativos em

usuários e agentes educativos. Passa-se a considerar que as pessoas não são vulneráveis, mas

podem estar vulneráveis a alguns agravos e não a outros sob determinadas condições, em

algum momento de suas vidas. Esta nova maneira de reorganizar o campo da educação em

saúde sob a perspectiva da vulnerabilidade permite gerar mudanças nas condições de vida das

pessoas. Para que os processos educativos tenham sentido, as experiências mais ou menos

patogênicas devem estar ligadas às relações inter-subjetivas dos sujeitos de acordo com seus

padrões culturais já estabelecidos socialmente, permitindo que a possibilidade de adoecer seja

trazida para o mundo real do sujeito (MEYER et al 2006, p.1342).

A educação em saúde sob esta perspectiva considera que a possibilidade das pessoas

adoecerem é o resultado da soma de fatores individuais, coletivos e contextuais. A mera

transmissão de conhecimentos técnico-científicos de forma racional que tentam persuadir o

indivíduo a agir desse ou daquele modo, como nos discursos positivistas, não é suficiente para

mudar comportamentos. A educação em saúde mais abrangente, é que nos orienta para

escolhas político-pedagógicas significativas as quais buscam um ponto de intersecção dentre

as diversidades dos sujeitos que se reflita em cumplicidade com a auto proteção e da

coletividade. Diferentemente do que ainda hoje se processa nos projetos educativos, a

educação que se propõe não é aquela que torna iguais os diferentes modos de ser e de viver

das pessoas, mas aquela que busque uma convergência entre os desiguais (MEYER et al

2006, p.1344).

Esta aproximação entre saúde e educação não é espontânea. Ela depende de intenções

das instituições através de planejamentos, políticas públicas, alocação de recursos e

implementação de projetos em prol de melhores condições de vida. Os resultados satisfatórios

não são obtidos a curto espaço de tempo. Envolvem profundas mudanças de valores sociais e

atitudes num processo amplo de transformação da sociedade (VALADÃO, 2002).

Page 26: Monografia Vana Diniz  SAÚDE BUCAL TAREFA DO PROFESSOR

13

3.3. EDUCAÇÃO EM SAÚDE NA ESCOLA

Educar em saúde nos dias de hoje só adquire sentido quando se tem como perspectiva

uma melhor qualidade de vida. As formas tradicionais de educação em saúde já não atingem

os objetivos propostos diante dos muitos desafios que surgem neste campo. Precisamos

considerar a grande diversidade humana, as mudanças de valores e as transformações

ocorridas nos estilos de vida das pessoas como processos causadores de experiências mais ou

menos promotoras de bem estar.

No campo da saúde bucal um programa pioneiro foi implantado nas escolas brasileiras

nos anos 50 do séc XX pelo Serviço Especial de Saúde Pública / Ministério da Saúde. Este

programa chamado de sistema incremental, tinha por base a prevenção de cáries dentárias e

assistência curativa tratando àquelas já existentes. Como apoio a estas ações existia um

programa educativo cuja finalidade seria somar todos os esforços em prol da mudança de

comportamentos. Conforme acrescentou Pinto (1992), o programa tinha como pilar a

epidemiologia, atuando em escolares sobre suas necessidades acumuladas e por faixa etária.

O sistema incremental não surtiu os efeitos esperados pelo poder público e foi retirado

das escolas nestas permanecendo somente as ações preventivas (CRUZ et al 2005, p.109).

Diante de ações educativas fracassadas que não suprem as necessidades atuais, há uma

busca incessante por recursos para diminuir a vulnerabilidade das pessoas de forma que estas

ações atinjam seus objetivos e não gerem frustrações por não terem cumprido o resultado

esperado. Para isso precisamos compreender que os fatores que interferem nas escolhas

saudáveis de vida e de saúde dos indivíduos não se dão isoladamente, são constituídos por

múltiplas dimensões biológica, social e cultural. Ao entendermos que estes fatores

influenciam nas atitudes e práticas de uma vida mais ou menos saudável podemos perceber

que intervir nas questões de saúde e doença deveria ser uma escolha saudável de todos nós

(MINISTÉRIO DA SAÚDE 2002, p.11-12).

Em todo processo educativo em saúde torna-se necessário direcionar o ensino

aprendizagem para a construção e incorporação de conhecimentos em lugar de decorar

conceitos. A aprendizagem se dá com a resolução de problemas que gera o desenvolvimento

de atitudes para a prática de uma vida mais saudável. Os conhecimentos só terão sentido se

quando incorporados impulsionem as pessoas a refletir e tomar iniciativas a favor de escolhas

saudáveis que visem o seu bem estar e da sociedade (IERVOLINO 2000, p.31).

Na escola não é diferente. Os conhecimentos, as atitudes as aptidões e práticas

adquiridas são grandes valores dos quais a sociedade se beneficia. É na escola que a saúde

Page 27: Monografia Vana Diniz  SAÚDE BUCAL TAREFA DO PROFESSOR

14

adquire um sentido social quando vivenciada como um tema transversal que, se levada à

realidade do aluno, aumenta a importância do professor e da escola na formação da cidadania

(BRASIL,1998).

De acordo com a contextualização, o tema saúde, assim como outros podem apresentar

diversos significados. Esta mobilidade é que permite ao aluno uma participação ativa no

processo de aprendizagem levando-o a ampliar suas potencialidades pessoais e sociais. Da

forma como é tratada a saúde na escola, ela não toma o lugar das tarefas específicas da

educação, pois se tratadas assim não teriam sentido. A saúde na escola só adquire sentido se

trabalhada nas diversas áreas do conhecimento através de seus conceitos, informações e do

valor que se atribui a este tema, porque saúde por si só já é uma tema relevante que permeia o

cotidiano escolar (MINISTÉRIO DA SAÚDE 2002, p.10).

O professor é um educador em saúde não só quando desenvolve os conteúdos do

currículo, mas também de maneira não formal ao implementar projetos, observar as

necessidades emergentes dos alunos ou participando de campanhas que visem promover o

bem estar da comunidade. A educação em saúde na escola interpõe-se nas escolhas dos

professores quando selecionam os currículos, ao transmitir conceitos e valores em suas aulas,

no processo de avaliação, através da metodologia e das situações didáticas criadas por eles

(MINISTÉRIO DA SAÚDE 2002, p. 8).

De acordo com Valadão (2004, p. 110), a aprendizagem em saúde faz parte da

vivência escolar e está presente nas experiências educativas processadas pela escola e

inerentes a seu currículo. Por outro lado não se pode dizer o mesmo da assistência individual

e a aplicação de tecnologias, as quais são específicas do setor de saúde e não fazem parte do

currículo escolar.

A complexidade dos temas relacionados à saúde faz com que seu conteúdo não possa

ser esgotado por nenhuma disciplina isolada. A transversalidade é considerada o recurso mais

importante para se trabalhar a promoção de saúde na escola porque integra a vivência escolar

à construção de conhecimentos significativos e não meramente informativos e restritos ao

universo das disciplinas. A problematização da realidade utilizada como recurso na educação

em saúde permite que este tema adquira sentido na experiência de ensinar e aprender,

traduzindo-se em oportunidades de convivência na escola que permitam o confronto de idéias,

gerem curiosidades, motivação e abram caminho para novos conhecimentos (VALADÃO

2004, p. 91).

Para Iervolino (2000, p. 36), o objetivo maior da educação em saúde na escola não

deve ser a simples transmissão de informações e sim a capacitação dos indivíduos e

Page 28: Monografia Vana Diniz  SAÚDE BUCAL TAREFA DO PROFESSOR

15

coletividade levando-os a refletir sobre as bases sociais de suas vidas que são as condições de

trabalho, moradia, lazer, auto-estima, amor, entre outros e estabelecer uma relação entre estas

e a doença que se instalou em seu corpo afetando sua vida no bairro, na fábrica, na escola e na

comunidade.

3.4. DOENÇA CÁRIE: SÓ HÁ PREVENÇÃO COM EDUCAÇÃO

Não é objetivo deste estudo o aprofundamento sobre a doença cárie. Porém

expor alguns conceitos faz-se necessário tendo em vista os questionamentos do nível de

percepção em saúde bucal dos professores pesquisados, por ser o problema de saúde bucal

mais encontrado em adolescentes em idade escolar, pelo quase nenhum conteúdo encontrado

em livros didáticos e por considerar que numa comunidade escolar, ao se incentivar uma

higiene bucal correta, cárie e doença periodontal poderão ser controladas.

Doenças da cavidade bucal como cárie e doenças periodontais afetam a qualidade de

vida das pessoas porque interferem na auto estima, na alimentação, na nutrição e na saúde

geral, devido à importância que tem os dentes em preparar os alimentos para digestão e para o

consumo de uma dieta balanceada. Além disso, os dentes são fatores de inclusão social. A

sociedade atual valoriza a aparência física dos sujeitos enquanto que por outro lado, as dores

causadas por problemas dentários afastam as pessoas do trabalho e as crianças das escolas

(KELLY et al 2000, MOYNIHAN 2002, citados por BEZERRA E TOLEDO 2003, p. 43).

De acordo com Rebecca (2005, p.32-35), crianças e adolescentes são mais afetados

por cáries que pela doença periodontal. Doenças bucais como as cáries podem trazer grandes

malefícios às crianças e adolescentes interferindo no ato de alimentar-se, dormir e na

aprendizagem e também afetando a auto-estima dos escolares. Os pais devem manter sob seu

controle o que os filhos ingerem, visto que estes passam grande parte do dia na escola;

dispensar cuidados com uma boa higiene bucal assim como também estar conscientes das

lesões traumáticas dentárias que as crianças poderão sofrer ao praticar esportes, andar de

bicicletas entre outros.

A cárie é a doença infecciosa mais prevalente em seres humanos e afeta 97% da

população (Berg, 2005), sendo transmissível e proveniente do desequilíbrio da microbiota

bucal nativa claramente afetada pela presença do açúcar na dieta (CAULFIELD, 2005).

De acordo com Groisman e Medeiros (2003, p.107), a cárie é uma doença multifatorial

na qual a placa bacteriana cariogênica é o fator diretamente relacionado com as lesões

Page 29: Monografia Vana Diniz  SAÚDE BUCAL TAREFA DO PROFESSOR

16

enquanto outros fatores poderão influenciar e modular a atividade da doença, dentre os quais

destaca-se a presença de grande quantidade de carboidratos na dieta assim como sua

freqüência de ingestão. Há também os fatores socioeconômicos e culturais que podem ser

chamados de indicadores de risco, porque influenciam indiretamente os indivíduos quanto à

sua dieta, higiene oral, uso do flúor, aumentando ou diminuindo a susceptibilidade em relação

à doença cárie.

Ainda segundo Groisman e Medeiros (2003, p.109-110) os indicadores de risco que

agem de forma indireta no desenvolvimento das lesões cariosas são:

• Fatores relacionados à saúde em geral como: as doenças gerais, deficiências físicas,

senilidade, os quais podem alterar o fluxo salivar ou contribuir para uma higiene bucal

deficiente.

• Fatores epidemiológicos: podem detectar a presença da doença cárie ou a falta de

políticas públicas traduzida em uma população com alto índice de cáries no presente e

em sua história pregressa.

• Fatores clínicos: dentes recém erupcionados, com fissuras e sulcos profundos, raízes

expostas, são mais susceptíveis às lesões cariosas.

• Fatores socioeconômicos: as condições de desemprego, moradia precária, falta de

saneamento básico, baixo nível de escolaridade, falta de acesso aos serviços de saúde

bucal, podem influenciar no desenvolvimento de lesões cariosas em regiões sem

abastecimento de água fluoretada ou insuficiente uso de produtos fluoretados.

De forma direta temos como fatores que contribuem para o desenvolvimento das lesões

cariosas:

• Fatores bioquímicos de desmineralização do esmalte dentário: grande quantidade de

placa bacteriana sobre a superfície do dente, dieta rica em carboidratos, redução do

fluxo salivar, baixa capacidade tampão da saliva e a ausência de fluoretos na cavidade

bucal facilitando a desmineralização.

O equilíbrio ou o desequilíbrio entre estes fatores é que vai gerar todo o processo saúde-

doença e, portanto, para que os indivíduos tenham saúde bucal é preciso que tenham saúde de

modo geral, não considerando-se a boca parte separada do todo (ASSAF & PEREIRA, 2003).

Meneghim (2003), baseando-se em vários autores, afirma que a cárie dentária é

considerada uma endemia da era moderna, exacerbada a partir da revolução industrial pela

alta produção e consumo de produtos açucarados observando-se que teve sua prevalência

Page 30: Monografia Vana Diniz  SAÚDE BUCAL TAREFA DO PROFESSOR

17

baixa quando o açúcar não era manufaturado e em épocas de restrições alimentares de

sacarose, como nas guerras.

Freire e col (1996) citado por Mialhe e Pereira (2003, p.216), comentam que a

disponibilidade acentuada da sacarose entre as populações menos favorecidas, por se tratar de

uma poderosa fonte de energia adquirida com poucos recursos financeiros, facilita a

multiplicação de bactérias cariogênicas ocorrendo um agravamento da doença.

Embora as lesões cariosas se desenvolvam em virtude do acúmulo de bactérias

cariogênicas depositadas sobre a superfície dentária e consumidoras de açúcar, que os

convertem em ácidos, o fator mais importante no controle da doença não se deu pela

diminuição do consumo de açúcar, mas pelo uso do flúor em suas diversas formas de

aplicação sistêmica ou tópica. Entre estes constam a fluoretação das águas de abastecimento

público, o uso em massa de cremes dentais fluoretados e a promoção de projetos coletivos

feitos pelos municípios (CURY 2001, citado por MENEGHIM 2003, p.301).

O flúor interfere no processo de desmineralização e remineralização da estrutura dentária

diminuindo a perda de mineral pelo dente durante os ataques ácidos e permitindo a adição

destes minerais novamente à superfície que os perdeu. Além disso, através de sua presença

ocorrem mudanças na ecologia da cavidade bucal diminuindo o número e o potencial

cariogênico dos microorganismos relacionados ao desenvolvimento das lesões cariosas

(GROENEVELD,1991; SYMPOSIUM, 1991; BELTRAN,1988; HOROWITZ,1974; citados

por PINTO 1992, p.275).

Devido à complexidade no controle dos vários fatores que interagem para que o

desenvolvimento das lesões cariosas se processe, o olhar sobre a maneira de abordar esse

processo dinâmico que é a cárie, vem mudando. Os programas de saúde bucal estão centrados

na promoção de saúde bucal no qual o indivíduo é visto como um todo. A esta nova filosofia

são incorporadas a prevenção aliada ao tratamento curativo, dando ênfase a ações preventivo-

educativas principalmente em programas de saúde bucal para crianças desenvolvidos em

escolas e que vem tendo resultados positivos (FLÓRIO e PEREIRA 2003, p.423).

O desenvolvimento de habilidades pessoais favoráveis à saúde bucal pretende levar o

educando a mudanças de comportamentos essenciais a manutenção, recuperação e promoção

de saúde bucal (PETRY & PRETTO 1999, p. 372).

Assim, Valadão (2004), comenta que as contribuições da educação em saúde na

escola para a promoção de saúde na comunidade aumentam os conhecimentos, mexem um

pouco com as atitudes, mas não mudam os comportamentos das pessoas. Uma exceção a esta

regra está na saúde bucal, na qual a percepção das crianças em relação à higiene tem efeito

Page 31: Monografia Vana Diniz  SAÚDE BUCAL TAREFA DO PROFESSOR

18

positivo em razão da alta prevalência de cáries que por sua própria natureza gera dor e ainda,

por acharem os tratamentos odontológicos desconfortáveis.

A educação em saúde bucal envolve uma atenção ampla na qual os aspectos

preventivos, curativos, biopsicossociais e ambientais se interpõem, nos dando uma visão do

processo saúde/doença no indivíduo de modo global (PETRY & PRETTO 1999, p. 372).

É necessário levar em consideração não apenas a doença, mas o doente e a maneira

como este atua sobre ela, ou seja, a forma como a comunidade encara o problema. Mas nem

sempre foi este o pensamento predominante. A educação em saúde bucal em todo o mundo,

sempre foi pautada pela transmissão vertical de informações não se preocupando com doentes

que se comportavam como meros receptores de informações (TAMIETTI et al 1998, p.35 -

36).

Hoje o novo modelo de atenção à saúde bucal tem por fim transformar a visão fatalista

tradicionalmente cultivada do processo saúde/doença e levá-los a perceber que possuir bons

ou maus dentes não é questão apenas de hereditariedade, mas das vinculações que se

estabelecem entre os fatores biológicos e sociais. O desenvolvimento progressivo da saúde

bucal levou a concluir que a educação em saúde só tem sentido se for uma educação para a

vida, tendo como um dos princípios a participação ativa da comunidade na construção de

saberes em saúde, aproveitando toda sua experiência anterior e assumindo juntos o

compromisso de melhorar e que esses ganhos são para o bem de todos (CARDOSO et al

2006, p. 47).

A educação em saúde bucal se desenvolvida em escolas resgata as experiências e

saberes da comunidade escolar habilitando-a para resolver seus próprios problemas (FLORES

2003, p. 744).

Entretanto para que o processo educativo transcorra da forma como se aspira, e atinja

os objetivos almejados, deve se esperar que: seu desenvolvimento transcorra sem

interrupções; esteja em conformidade com a realidade da comunidade a qual se propõe e haja

participação ativa da comunidade envolvida. Neste caso, os programas educativos tem nos

pais e professores sua grande estratégia de êxito (CAMPOS & GARCIA 2004, p. 58 ).

Os estímulos contínuos, segundo Santos et al (2002), é que consolidam as

informações. Para Petry & Pretto (1999), é preciso sempre cultivar o desejo de aprender,

estimular a atenção e o interesse para tomar atitudes e assim obter resultados favoráveis a uma

boa saúde; fazer nascer e crescer do íntimo, condições propícias à aprendizagem e esta,

quando alcançada, irá proporcionar satisfação em ter aprendido fazendo com que os

indivíduos a ela mobilizem todas as suas forças e seu tempo.

Page 32: Monografia Vana Diniz  SAÚDE BUCAL TAREFA DO PROFESSOR

19

Diante do exposto, e face à ineficiência do tratamento odontológico clássico em

manter sob controle as doenças bucais que atingem a população, considera-se importante

lançar mão de recursos não odontológicos para a promoção de saúde bucal. Os professores,

pelo maior convívio com os escolares, são fundamentais para a educação em saúde bucal

porque observam, percebem problemas e orientam os alunos visando melhorar a

aprendizagem e obter ganho em qualidade de vida. Com a visão de que saúde bucal não se

dissocia da saúde geral e que a infância é uma etapa da vida propícia para se despertar a

formação, as noções e os hábitos de higiene, é importante para que a educação tenha sucesso,

o somatório de todos os esforços que inclua: meios de comunicação, profissionais de saúde e

os professores; principalmente os de ensino infantil e fundamental (FRANCHIN et al 2005,

p.103).

Uma pedagogia compartilhada entre os membros da comunidade escolar, deve

alicerçar a educação em saúde onde todos desempenham o seu papel, orientando-se por

preceitos que seriam: melhorar a habilidade, a aptidão, criatividade, o auxílio mútuo e

aumentar as possibilidades de encontrar soluções para as dificuldades dos educandos;

aproveitamento da bagagem cultural e todo o saber acumulado dos indivíduos, para iniciar e

dar continuidade às práticas educativas; tornar claro o papel do professor como orientador da

aprendizagem; tornar os ambientes educativos saudáveis e descontraídos para que quando os

eventos educativos se processem, seus participantes exponham suas idéias com naturalidade;

realização de educação dinâmica e dialógica, crítica ao invés de fatalista e finalmente, o

esforço em se tirar proveito do conhecimento obtido em termos de transformação da realidade

em função dos indivíduos (TAMIETTI et al 1998, p. 36).

Os cuidados com a higiene nas crianças e adolescentes em idade escolar devem ter o

auxílio de pais e professores porque menores ainda não respondem por seus atos. A prevenção

de doenças e a educação em saúde bucal são, portanto, atribuições do cirurgião dentista e do

sistema educacional (PINHEIRO et al 2005. p. 298).

3.5. O PROGRAMA SAÚDE NA ESCOLA A CAMINHO DA PROMOÇÃO DA SAÚDE

3.5.1. HISTÓRICO

A história do Programa Saúde na Escola confunde-se com a própria história dos

CIEPs, escolas com propostas inovadoras de educação em tempo integral,

transdiciplinaridade, exploração de várias formas de linguagem como expressão do aluno e

Page 33: Monografia Vana Diniz  SAÚDE BUCAL TAREFA DO PROFESSOR

20

com gestão democrática envolvendo a comunidade em seu projeto político pedagógico

(OLIVEIRA, 2006).

Conforme explica Xavier (2001), o Programa Especial de Educação, projeto que

norteou a implantação e gestão dos CIEPs, visava um processo educativo de forma integral

onde o aprendizado ultrapassasse os conteúdos e promovesse o desenvolvimento do indivíduo

em outras áreas: intelectual, cultural, moral e cívica. A proposta pedagógica original dos

CIEPs inclui propiciar a todos uma escola plena, de horário integral com ensino de boa

qualidade, onde dentre tantas atividades de atenção ao escolar encontra-se a assistência à

saúde.

O Programa Saúde na Escola (PSE), foi criado quando da construção dos CIEPs no

Estado do Rio de Janeiro nos anos 80 do séc XX, a partir das idéias do professor e

antropólogo Darcy Ribeiro, de se oferecer educação integral em tempo integral a todos das

comunidades onde estas escolas se situam. Assim, já naquela época, Darcy Ribeiro preconiza

o trabalho de uma equipe de saúde junto ao corpo docente desenvolvendo ações curativas e

educativas dentro dos CIEPs (www.saudenaescola.rj.gov.br).

“O Livro dos CIEPs,” lançado em 1986, mostrava como seria a vida nos CIEPs. Pela

primeira vez a assistência médica hospitalar tornava-se conteúdo de um projeto educativo que

superava os muros da escola indo ao encontro das necessidades da comunidade. Em seu plano

inicial, falava-se em medicina preventiva sem, no entanto, descuidar-se da assistência curativa

que incluíam serviços oftalmológicos, nutricionais, odontológicos e psicológicos. Esperava-se

que os diversos profissionais de saúde envolvidos fossem capazes de participar plenamente do

processo médico pedagógico destinado às melhorias físicas, psíquicas e sociais dos alunos,

garantindo-lhes condições para adaptarem-se e vencerem na vida (RIBEIRO 1986, p. 115).

O Livro dos CIEPs traz publicado o regimento interno do CIEP. Em seu título IV fala

da assistência à saúde conforme transcrevemos:

ART 56 – A todos os seus estudantes, os CIEPs oferecem atendimento médico e odontológico

essencial na perspectiva de melhores condições do rendimento escolar.

ART 57 – Os CIEPs atuarão no sentido de educação para saúde, desenvolvendo não só

programas de saúde, integrantes do currículo, que atinjam seu alunado, mas também aqueles

que beneficiem a comunidade em que se inserem.

ART 58 – A assistência à saúde prestada diretamente aos estudantes dos CIEPs, de atenção

primária, é realizada por médicos, enfermeiros, dentistas, nutrólogos e outros profissionais da

área (RIBEIRO 1986, p.147).

Page 34: Monografia Vana Diniz  SAÚDE BUCAL TAREFA DO PROFESSOR

21

Durante os anos de 1983-1986 e 1991-1994 nas duas gestões do Governador Leonel

Brizola, foram construídos e postos em funcionamento 506 CIEPs, escolas com administração

e proposta pedagógica próprias. Ao longo dos anos várias unidades foram sendo

municipalizadas e já em 1987, no governo de Moreira Franco, o projeto pedagógico dos

CIEPs foi desarticulado, como também o espaço físico dessas escolas ocupados para outros

fins. Em 1994 o projeto que norteou a implantação e gerência dos CIEPs sofre novo golpe

com a eleição de Marcelo Alencar ao governo do Estado do Rio de Janeiro (CAVALIERE,

2003).

Somente no ano de 2000, com o projeto de revitalização dos núcleos de saúde dos

CIEPs é que o governo da época implanta originalmente o Programa Saúde na Escola /

Escolas Promotoras de Saúde, firmando parcerias entre as Secretarias de Estado de Educação-

SEE, Defesa Civil - SEDEC2 e Saúde -SES. Pôs-se em prática o PSE, através de várias ações

de planejamento, implantação e capacitação dos profissionais envolvidos no programa, tendo

em sua concepção que a escola é ambiente de formação da cidadania, centrada no eixo

educação – cultura – saúde. A escola é um local de transformação social, que cada vez mais

amplia suas ações para assumir a condição de prestadora de serviço à comunidade como

unidade promotora de saúde (www.saudenaescola.rj.gov.br).

No ano de 2003, com a necessidade de normatização das atividades das secretarias

parceiras do programa, publica-se em diário oficial por meio de atos dos secretários de

educação, saúde e defesa civil, a resolução conjunta SEE-SEDEC-SES nº 77 de 28 de

fevereiro (ANEXO II). Nesta parceria, a secretaria de educação fornece o espaço físico

responsabilizando-se por sua manutenção e de forma fundamental na capacitação dos médicos

e dentistas para o desenvolvimento de ações pedagógicas em saúde voltadas para os alunos,

funcionários e para a comunidade do entorno escolar. Todos os profissionais de saúde que

atuam no PSE são militares concursados da SEDEC, responsável pela estrutura

organizacional do PSE, que envolve coordenação geral, coordenação médica e odontológica,

e as sub-coordenações. A secretaria de saúde disponibiliza os medicamentos distribuídos nas

consultas além de parte do material didático utilizado nas atividades de educação em saúde.

Durante os anos que se seguiram, o PSE sofreu várias reestruturações organizacionais

e também desestruturações de acordo com os governos que se sucederam, estando hoje as

atividades curativas, preventivas e de promoção de saúde muito dependentes da consciência

de cada equipe de saúde e da parceria firmada entre esta e a direção dos CIEPs.

2 Atualmente Sub-Secretaria de Estado de Defesa Civil como parte da Secretaria de Estado de Saúde.

Page 35: Monografia Vana Diniz  SAÚDE BUCAL TAREFA DO PROFESSOR

22

3.5.2. BASES CONCEITUAIS

O programa Saúde na Escola – PSE destina-se ao atendimento prioritário de crianças e

adolescentes matriculados nos CIEPs, incorporando o conceito de saúde como tema

transversal, com o objetivo maior de motivar a todos na busca de melhor qualidade de vida.

Adota o modelo de atenção integral à saúde que envolve ações de promoção, proteção e

recuperação. Realiza assistência básica além de triagem e encaminhamento para a rede básica

de saúde de acordo com a complexidade dos casos. Todos os profissionais de saúde e da

educação devem estar envolvidos no processo.

A equipe de saúde dos CIEPs é constituída por um médico, um cirurgião dentista, um

auxiliar de enfermagem e um auxiliar de consultório dentário, os quais devem atuar em

conjunto, desenvolvendo atividades de promoção de saúde e prestando atendimento à

comunidade. Além dos profissionais já citados, as equipes multidisciplinares originalmente

eram compostas por fonoaudiólogo, psicólogo, assistente social, nutricionista e enfermeiro,

atuando de forma interdisciplinar (DOERJ, 12 DE MARÇO 2003, p. 16 e 17).

Em todas as edificações de CIEPs há uma unidade chamada centro médico localizado

no pavimento térreo e destacado do corpo do edifício. Este centro de saúde está constituído

por um consultório odontológico, um consultório médico, uma sala de enfermagem, uma sala

de espera e um banheiro, planejados para ser de múltipla utilidade (RIBEIRO 1986, p.116).

Neste centro deveriam ser desenvolvidas assistência preventiva, curativa e atividades de

educação em saúde que pretende fazer de cada aluno ou morador da comunidade um agente

disseminador de boas normas sanitárias.

3.5.3. OBJETIVOS

O principal objetivo do PSE é construir de forma compartilhada, os conceitos e as

diretrizes das Escolas Promotoras de Saúde nos CIEPs do Estado do Rio de Janeiro.

Tem por objetivos específicos:

• O desenvolvimento de ações de prevenção primária, por meio de ações educativas e

sanitárias. (ANEXO III)

• A capacitação de profissionais de saúde, educação, alunos, familiares e comunidade

no que concerne à promoção de saúde, à prevenção de agravos e a recuperação da

saúde em idade escolar.

• Implementação de atividades de ensino e de vivência da escola relacionados às

necessidades da comunidade local.

Page 36: Monografia Vana Diniz  SAÚDE BUCAL TAREFA DO PROFESSOR

23

• Assistência clínica básica e encaminhamento dos casos de maior complexidade aos

centros de saúde mais próximos.(ANEXO IV)

• Discussão de temas de auto-preservação, como o das doenças sexualmente

transmissíveis, AIDS, gravidez precoce, uso indevido de drogas, prevenção às várias

formas de violência e exploração sexual, valendo-se sempre que possível de

campanhas e palestras que mobilizem a comunidade (www.saudenaescola.rj.gov.br).

O Programa Saúde na Escola constitui-se numa ferramenta de relevante importância

para as populações carentes do Estado do Rio de Janeiro devido à distribuição e localização

dos CIEPs na geografia do estado, além de sua inserção estratégica nas comunidades

localizadas à margem da urbanização e do progresso. A presença de profissionais de saúde da

secretaria de defesa civil, valendo-se da boa imagem do Corpo de Bombeiros do Estado do

Rio de Janeiro, que é uma instituição militar, constituem fortes argumentos para sua defesa e

manutenção.

O PSE é o retrato de positiva iniciativa dos governos do Estado do Rio de Janeiro,no

sentido de reunir esforços para alcançar um bem maior: a solidariedade. Acreditamos que se

mais bem reestruturado poderá servir de modelo para outras escolas e programas que visem

proporcionar promoção de saúde.

Page 37: Monografia Vana Diniz  SAÚDE BUCAL TAREFA DO PROFESSOR

24

4. MATERIAIS E MÉTODOS

A pesquisa foi realizada com alunos do ensino fundamental e professores que

lecionam em dois CIEPs das cidades vizinhas de Campos dos Goytacazes e São Fidélis,

situadas ao norte do Estado do Rio de Janeiro.

O CIEP SOL é uma escola pública mantida com verbas do governo do estado do Rio

de Janeiro, atendendo no ano de 2006, ano da pesquisa, 480 alunos matriculados e 400 alunos

freqüentando, que ficam na escola no período de 8:00 às 17:00 horas.

O CIEP LUA é uma escola pública municipalizada mantida com verbas municipais,

atendendo no ano de 2006, ano da pesquisa, 167 alunos matriculados e 164 alunos

freqüentando, que ficam na escola no período de 7:00 às 17:00 horas.

Nestes CIEPs, o Programa de Saúde na Escola na área da saúde bucal está ativado

tendo como implementadores oficiais cirurgiões dentistas e atendentes de consultório dentário

do Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro.

A pesquisa foi desenvolvida em duas fases:

Fase 1 – Inquérito Epidemiológico.

A pesquisa realizada com os escolares visa fazer um diagnóstico das condições de

saúde bucal avaliando a intensidade do ataque da cárie dental aos elementos dentários. Neste

estudo procuramos utilizar o índice CPO que não se restringe a medir a ocorrência da doença

cárie e sim o seu grau de severidade.

Em saúde bucal, o número total de indivíduos atacados pela cárie tem pouco valor, já

que não fornece uma idéia da intensidade do ataque de cáries. Sendo assim é fundamental

conhecer o número médio de lesões por indivíduo que pode ter de 1 a 32 dentes afetados.

Usamos então um índice para estabelecer estas diferenças de intensidade de ataque de cárie. O

índice CPO-D mede o ataque de cárie à dentição permanente. Suas letras significam: (C)

cariado, (P) perdido, (O) obturado e (D) a unidade de medida que é o dente. Os fatores (O) e

(P) representam a história passada, enquanto (C) faz parte da história presente que se reflete

na necessidade de se intervir clinicamente. O índice ceo corresponde ao CPO-D na dentição

decídua e inclui os dentes cariados (c), com extração indicada (e) e obturados (o). O CPO-D

foi publicado em 1937 por Klein e Palmer e é o índice odontológico mais utilizado como

referência ao diagnosticar cáries e avaliar programas de saúde bucal. É um índice apenas de

cárie dental utilizado em crianças e adolescentes, nas regiões de alta prevalência de cáries. O

CPO-D só diagnostica cáries de coroa. Para cáries radiculares, típicas de pessoas idosas é

utilizado outro índice específico. O CPO-D é um poderoso espelho da inexistência de

Page 38: Monografia Vana Diniz  SAÚDE BUCAL TAREFA DO PROFESSOR

25

cuidados de saúde em geral e da saúde bucal, em especial nas camadas de baixa renda, que

reflete a mortalidade dentária ao longo do tempo (PINTO 2000, p.181-86).

O levantamento feito em escolares ocorreu entre setembro e novembro de 2006

incluindo crianças de todas as séries do ensino fundamental com idades entre 6 e 12 anos.

Estas idades foram analisadas porque por volta dos 6 anos surgem na cavidade bucal em

posição posterior a dentição decídua, os primeiros molares permanentes3. A erupção continua

com a idade, passa pela fase de dentição mista com decíduos e permanentes presentes na

cavidade bucal. Posteriormente vai ocorrendo a esfoliação dos dentes decíduos e erupção de

outros permanentes até que toda dentição se complete. Por volta dos 12 anos de idade os

incisivos, os caninos, os pré-molares, os primeiros e segundos molares permanentes

encontram-se presentes na cavidade bucal. Dessa forma Pinto (2000, p.182), explica que,

devido ao crescente número de dentes cariados que são reflexos dos vários ataques de cárie ao

longo da vida, os resultados do índice CPO devem ser expressos por grupos etários.

No CIEP SOL, foram examinados 193 escolares; 48,25% do total daqueles que

freqüentavam a época. No CIEP LUA, foram examinados 75 escolares; 45,73% do total

daqueles que freqüentavam a época.

Os exames foram todos feitos em ambiente clínico, os consultórios odontológicos dos

CIEPs, utilizando além da luz natural, a luz artificial do refletor odontológico. Todos os

exames foram feitos por um único examinador após a profilaxia prévia dos dentes, secagem

com jatos de ar, uso de espelho plano e sonda exploradora curva. Todos os pontos acima

citados são os sugeridos para estudos epidemiológicos nacionais e foram rigorosamente

observados.Embora atualmente haja controvérsias quanto ao uso da sonda exploradora nos

exames epidemiológicos, sob alegação desta causar danos ao esmalte das fissuras, Chan

(1993) apud Pinto (2000), argumenta sua utilidade na detecção de cáries de dentina, margens

de restaurações e locais que não se permite somente o alcance visual. Também para remover

detritos e placa bacteriana de fóssulas e fissuras dentais ( PITTS et al 1997 apud PINTO 2000,

p.179-80 ).

Pinto (2000, p.183), considera diversificada a condição epidemiológica em relação às

cáries dentárias no Brasil, sendo inadequado que sigamos modelos europeus para inquéritos

epidemiológicos, onde a cárie dentária possui baixa prevalência em quase todo aquele

continente. A OMS utiliza o índice CPO aos 12 anos como indicador básico para comparar o

estado de saúde bucal entre populações diversas definindo o valor 3,0 como satisfatório. Em

3 Os primeiros molares permanentes erupcionam na cavidade bucal por volta dos 6 anos de idade sem que nenhum dente da dentição decídua tenha se perdido por rizólise.

Page 39: Monografia Vana Diniz  SAÚDE BUCAL TAREFA DO PROFESSOR

26

dados referentes ao estado do Paraná, em 1996, aos 12 anos encontrou-se um CPO médio de

4,0; mas em um terço dos municípios, o índice permanecia 7,11 por pessoa, numa prevalência

muito alta.Outros estudos mostram que a prevalência de cárie é pior que a encontrada em

pesquisas do Ministério da Saúde. Em conseqüência disto é que se sugere seguir os critérios

como os recomendados para estudos epidemiológicos nacionais inclusive usando a sonda

exploradora.

Fase 2 – Trabalho com os Professores

Após essa primeira aferição em escolares, nos propomos a colher informações junto

aos professores sobre saúde, higiene corporal e saúde bucal de seus alunos e sua auto-

percepção sobre esses cuidados.

Trata-se de uma pesquisa conclusiva/descritiva, via levantamento de campo. A

finalidade é investigar e identificar se os professores dos CIEPs pesquisados tem algum

conhecimento básico sobre saúde bucal que possam se transformar em ações pedagógicas

capazes de proporcionar aos escolares a construção de escolhas mais saudáveis em relação à

saúde como um todo. Os resultados obtidos foram comparados a estudos anteriores,

encontrados nas referências bibliográficas, a cada questão proposta.

A coleta de dados foi feita através da abordagem aos professores, por meio da

aplicação de um questionário com questões fechadas, de forma que não houvesse rejeição à

participação por não disporem de muito tempo para responder. O questionário contém 14

perguntas algumas com desdobramento de acordo com a resposta dada (sim ou não). As

perguntas foram elaboradas de acordo com o conhecimento básico de saúde, higiene corporal,

saúde bucal e aplicado no 1º semestre de 2007, antes da realização de qualquer atividade

educativa programada pelo PSE. Todos os questionários foram distribuídos e recolhidos no

mesmo dia para que não houvesse nenhuma indução quanto às respostas (ANEXO I).

No CIEP SOL foram distribuídos 17 questionários, um por professor, tendo sido

devolvidos 14. No CIEP LUA foram distribuídos 14 questionários tendo sido devolvidos 14,

ou seja, todos os professores deste CIEP responderam.

De início nota-se certo receio por parte dos respondentes.Trata-se de pesquisa de aluna

da UENF ao mesmo tempo cirurgião dentista do CBMERJ. Depois, com a explicação da

finalidade da pesquisa, a informação que não é preciso identificar-se e com o conhecimento

que o pesquisador tem com as pessoas da escola, essa diferença inicial foi rompida. A direção

das escolas foi fundamental no apoio ao nosso trabalho.

Posteriormente, os resultados encontrados foram tabulados e analisados na forma de

tabelas e gráficos, de acordo com os objetivos do trabalho.

Page 40: Monografia Vana Diniz  SAÚDE BUCAL TAREFA DO PROFESSOR

27

5. RESULTADOS

5.1 RESULTADOS OBTIDOS NO LEVANTAMENTO EPIDEMIOLÓGICO SOBRE CÁRIE

DENTÁRIA EM ESCOLARES DOS CIEPs PESQUISADOS.

QUADROS 1-2 - Índices ceo e CPO-D do ano de 2006 – CIEPs Sol e Lua

Quadros 1: Índice ceo e CPO-d do ano de 2006 – CIEP Sol.

IDADE ceo CPO-d

06 anos 4,2 1,9

07 anos 4,1 2,9

08 anos 3,6 3,2

09 anos 3,6 2,7

10 anos 2,4 4,1

11 anos ,09 5,2

12 anos 0,7 6,7

Quadros 2: Índice ceo e CPO-d do ano de 2006 – CIEP Lua .

IDADE ceo CPO-d

06 anos 5,3 2,7

07 anos 4,5 2,4

08 anos 2,8 3,5

09 anos 3,5 3,5

10 anos 2,0 5,1

11 anos 0,85 4,7

12 anos 1,2 6,7

Page 41: Monografia Vana Diniz  SAÚDE BUCAL TAREFA DO PROFESSOR

28

Os quadros acima ilustram o crescente ataque de cárie aos dentes permanentes e a diminuição

deste ataque aos dentes decíduos correlacionados à idade do escolar. Aos 12 anos observamos

um CPO-D 6,7 nos dois CIEPs, bastante elevado para os padrões da OMS.

GRÁFICOS 1-2 - Proporção de escolares dos CIEPs Sol e Lua por necessidades de tratamento

de lesões cariosas de acordo com a idade no ano de 2006.

Gráfico 1: Proporção de escolares do CIEP Sol por necessidades de tratamento de lesões

cariosas de acordo com a idade no ano de 2006.

Gráfico 2: Proporção de escolares do CIEP Lua por necessidades de tratamento de lesões

cariosas de acordo com a idade no ano de 2006.

Estes gráficos ilustram o aumento das lesões cariosas com o aumento da idade nos dois

CIEPs estudados. O caráter acumulativo da cárie dentária está relacionado com o aumento da

idade quando esta doença não está sob controle (NAVARRO 1996, p.154).

10 0

20

30

40

Sem Lesões Até 5 Lesões Mais de 5 Lesões

B 5 a 9 anos

C 10 a 14 anos

010 20 3040

Sem Lesões Até 5 Lesões Mais de 5 lesões

B 5 a 9 anos

C 10 a 14 anos

Page 42: Monografia Vana Diniz  SAÚDE BUCAL TAREFA DO PROFESSOR

29

O aumento progressivo das lesões cariosas de acordo com a idade deve-se à ausência ou

busca tardia de orientação de um profissional de saúde bucal, ao aumento de infecções por

microorganismos patogênicos, ao aumento do número de dentes erupcionados na boca, aos

hábitos dietéticos e a falta de higiene oral (BERKOWITZ 1975; WALTER e COL 1987;

COUTO e COL 1998 citados por FLÓRIO e PEREIRA, 2003 p. 414).

GRÁFICO 3-4 - Porcentagem dos componentes dos índices ceo e CPO-D no ano de 2006 nos

CIEPs Sol e Lua.

Gráfico 3: Porcentagem dos componentes dos índices ceo e CPO - D no ano de 2006 - CIEP Sol

Gráfico 4: Porcentagem dos componentes dos índices ceo e CPO - D no ano de 2006 - CIEP Lua

020

40

60

80

100

ceo CPO-d

Cariados

Perdidos

Obturados

%

020 40 60 80

100

ceo CPO-d

Cariados

Perdidos

Obturados

%

Page 43: Monografia Vana Diniz  SAÚDE BUCAL TAREFA DO PROFESSOR

30

Estes gráficos foram obtidos separando o total de cada amostra em três categorias:

cariados perdidos e obturados na dentição decídua e na permanente. Ele retrata de forma clara a

situação que se encontram os escolares dos CIEPs Sol e Lua no ano de 2006.

Para o CIEP Sol, observa-se pelo gráfico muitos dentes cariados na dentição decídua, padrão

que se repete na dentição permanente com crescente elevação do número de dentes cariados.

Muitos dentes decíduos perdidos por cárie ou por esfoliação natural e poucos dentes obturados.

Isto pode ser devido à falta de acesso ao serviço curativo-preventivo que não funcionava

integralmente neste CIEP.

Para o CIEP Lua este padrão se repete, apenas observamos um maior número de dentes

obturados. Isto pode ser devido ao maior acesso ao serviço de saúde bucal pelos estudantes.

É durante o início da vida escolar entre os 5 e 7 anos que começa na boca a erupção dos dentes

permanentes e com ela a história da cárie dentária nesta dentição que iniciará com zero dentes

atacados e irá crescendo progressivamente durante a vida. Os dentes vão sendo atacados,

destruídos e eliminados à medida que cuidados básicos são desprezados. Então a mortalidade

dentária será crescente no decorrer da vida dependente da intensidade dos ataques de cárie e do

grau de abandono (CHAVES 1986, p.32).

Page 44: Monografia Vana Diniz  SAÚDE BUCAL TAREFA DO PROFESSOR

31

5.2. LEITURA ANALÍTICA DO QUESTIONÁRIO APLICADO AOS PROFESSORES DOS

CIEPs PESQUISADOS.

Resultados obtidos na pergunta número 1:

GRÁFICO 5 - Grau de escolaridade.

No CIEP SOL, 57% dos professores possuem graduação, 36% curso normal e 7% não

responderam.

Gráfico 5: Grau de escolaridade dos professores - CIEP Sol

0%0%0%0%

36%

57%

7% 2º Grau

Especialista

Mestre

Outros

Curso Normal

Graduação

Não Opinou

No CIEP LUA, 57% dos professores possuem graduação, 22% curso normal, 7% possuem

ensino médio, 7% são mestres e outros 7% ainda cursando a graduação.

Gráfico 5: Grau de escolaridade dos professores - CIEP Lua

7%

22%

57%

0% 7% 7% 0% 2º grau

Normal Graduado Especialista Mestre Outros Não respondeu

Page 45: Monografia Vana Diniz  SAÚDE BUCAL TAREFA DO PROFESSOR

32

Resultados obtidos na pergunta número 2:

GRÁFICO 6 – Informação sobre o conhecimento obtido pelos professores relativos à “saúde e

higiene bucal” em sua formação escolar.

No CIEP SOL, 64% responderam que obtiveram conteúdos em sua formação, 29% não obtiveram e 7% não responderam.

Gráfico 6: Informação sobre conhecimentos obtidos pelos professores relativos á saúde e higiene bucal em sua formação escolar - CIEP Sol

relativos á saúde e higiene bucal em sua formação escolar

7%

29%

64%

Não Respondeu

Não

Sim

No CIEP LUA, 50% responderam a esta questão afirmativamente e 50% negativamente.

Gráfico 6: Informação sobre conhecimentos obtidos pelos professores relativos à saúde e higiene bucal em sua formação escolar – CIEP Lua

50%50%

Sim

Não

Page 46: Monografia Vana Diniz  SAÚDE BUCAL TAREFA DO PROFESSOR

33

GRÁFICO 7 – Diz respeito ao nível escolar no qual estes conteúdos foram estudados pelos professores que responderam afirmativamente a questão anterior. No CIEP SOL, 26% estudaram na escola de 1ª a 4ª séries4, 26% na escola de 5ª a 8ª séries, 12%

no 2º grau ou correspondente e 36% não obtiveram estes conteúdos.

Gráfico 7: Nível escolar que obteve conteúdos relativos à saúde e higiene bucal – CIEP Sol

No CIEP LUA, 21% estudaram na escola de 1ª a 4ª séries, 17% na escola de 5ª a 8ª series, 8%

no 2º grau ou correspondente, 4% em outros níveis escolares não relatados e 50% não

obtiveram estes conteúdos.

Gráfico 7: Nível escolar que obteve conteúdos relativos à saúde e higiene bucal – CIEP Lua

26%

26%

12% 0%

36%

Escola de 1ª a 4ª série

Escola de 5ª a 8ª série

2º grau ou correspondente

Outros

Não obteve

21%

17%

8%4%

50%

Escola de 1ª a 4ª série Escola de 5ª a 8ª série 2º grau ou correspondente

Outros Não obteve

Page 47: Monografia Vana Diniz  SAÚDE BUCAL TAREFA DO PROFESSOR

34

Resultados obtidos na pergunta número 3:

Hoje seria de 2º ao 5º ano. Neste trabalho manteremos a denominação anterior, visto que era a

vigente quando da aplicação do questionário.

GRÁFICO 8 – Quando interrogados se trabalham o conteúdo “saúde e higiene corporal” com

os alunos os professores do CIEP SOL e os do CIEP LUA foram unânimes e 100%

responderam sim.

Gráfico 8: Trabalha o conteúdo Saúde e Higiene Corporal com seus alunos? – CIEP Sol

Sim; 100%

Gráfico 8: Trabalha o conteúdo Saúde e Higiene Corporal com seus alunos? – CIEP Lua

100%

4 Hoje seria de 2º ao 5º ano. Neste trabalho manteremos a denominação anterior, visto que era a vigente quando da aplicação do questionário.

Page 48: Monografia Vana Diniz  SAÚDE BUCAL TAREFA DO PROFESSOR

35

Resultados obtidos na pergunta número 4:

GRÁFICO 9 – A freqüência com que os alunos levantam dúvidas sobre o conteúdo “saúde e

higiene bucal” foi questionada aos professores.

No CIEP SOL, 79% respondeu que ocasionalmente seus alunos levantam dúvidas, 14%

disseram que freqüentemente e 7% disseram que sempre os alunos levantam dúvidas.

Gráfico 9: Freqüência com que os alunos levantam dúvidas sobre o conteúdo Saúde e

Higiene Bucal – CIEP Sol

No CIEP LUA, 72% respondeu que ocasionalmente, 14% freqüentemente, 7% disseram sempre

e outros 7% disseram que nunca seus alunos levantam dúvidas.

Gráfico 9: Freqüência com que os alunos levantam dúvidas sobre o conteúdo Saúde e

Higiene Bucal – Lua

dado.

7%14%

72%

7%Sempre

Freqüentemente

Ocasionalmente

Nunca

7%14%

79%

0%

Sempre

Frequentemente

ocasional

nunca

Page 49: Monografia Vana Diniz  SAÚDE BUCAL TAREFA DO PROFESSOR

36

Resultados obtidos na pergunta número 5:

GRÁFICO 10 – Trabalha o conteúdo “saúde e higiene bucal” com seus alunos?

No CIEP SOL, 100% dos professores afirmam trabalhar este conteúdo com seus alunos.

Gráfico 10: Trabalha o conteúdo Saúde e Higiene Bucal com seus alunos? CIEP Sol

100%

No CIEP LUA, 93% afirmam que sim e 7% não trabalham o conteúdo com os alunos. Estes

quando perguntados o porquê não responderam.

Gráfico 10: Trabalha o conteúdo Saúde e Higiene Bucal com seus alunos? CIEP Lua

7%

93%

Não

Sim

Page 50: Monografia Vana Diniz  SAÚDE BUCAL TAREFA DO PROFESSOR

37

GRÁFICO 11 - Informação sobre quais recursos pedagógicos o professor utiliza para trabalhar

o conteúdo “saúde e higiene bucal”.

Recursos pedagógicos utilizados por professores do CIEP SOL: 40% através de exposição oral,

32% livros, revistas e folhetos, 12% filmes, 8% pesquisa feita pelos alunos, 4% aulas práticas e

4% não respondeu.

Gráfico 11: Recursos pedagógicos utilizados pelos professores ao trabalhar "Saúde e

Higiene Bucal" – CIEP Sol

40%

8%32%

4%

12%

0%

4%

Exposição Oral Pesquisa feita pelos alunos Livros, revistas, folhetos

Aulas práticas Filmes Outros

Não opinou

Recursos pedagógicos utilizados por professores do CIEP LUA: 38% através de exposição oral,

27% livros, revistas e folhetos, 16% pesquisa feita pelos alunos, 11% aulas práticas e 8%

filmes.

Gráfico 11: Recursos pedagógicos utilizados pelos professores ao trabalhar "Saúde e

Higiene Bucal" – CIEP Lua

ao trabalhar "Saúde e Higiene Bucal"

38%

16%27%

11%8% 0%

Exposição oral Pesquisa feita pelos alunos

Livros, revistas Aulas práticas, oficinas

Filmes Outros

Page 51: Monografia Vana Diniz  SAÚDE BUCAL TAREFA DO PROFESSOR

38

GRÁFICO 12 – Os professores foram interrogados sobre a freqüência com que os alunos se

interessam pelo conteúdo “saúde e higiene bucal”.

No CIEP SOL, 50% dos professores responderam que os alunos se interessam com freqüência,

28% às vezes e 22% disseram que sempre os alunos se interessam.

Gráfico 12: Frequência com que os alunos se interessam pelo conteúdo "Saúde e Higiene

Bucal" - CIEP Sol.

28%

0%50%

22%

Às vezes

Nunca

Com freqüência

Sempre

No CIEP LUA, 31% dos professores responderam que os alunos se interessam com freqüência,

54% responderam às vezes e 15% disseram que sempre os alunos se interessam.

Gráfico 12: Frequência com que os alunos se interessam pelo conteúdo "Saúde e Higiene

Bucal" - CIEP Lua .

31%

54%

15% 0%

Com freqüência Às vezes Sempre Nunca

Page 52: Monografia Vana Diniz  SAÚDE BUCAL TAREFA DO PROFESSOR

39

Resultados obtidos na pergunta número 6:

GRÁFICO 13 – Informação sobre a(s) fonte(s) de aquisição de conhecimento pelos professores

em “saúde e higiene bucal”.

No CIEP SOL, 35% responderam que foi a família, 26% através de livros e revistas, 15% com

o cirurgião dentista, 12% com a televisão, 4% com colegas, 4% no ensino fundamental e 4%

não respondeu.

Gráfico 13: Fonte de aquisição de conhecimento sobre Saúde Bucal dos professores –

CIEP Sol

No CIEP LUA, 27% responderam que foi o cirurgião dentista, 24% a família, 20% o ensino

fundamental, 14% em livros e revistas, 7% com a televisão, 4% com colegas e 4% não

respondeu.

Gráfico 13: Fonte de aquisição de conhecimento sobre Saúde Bucal dos professores –

CIEP Lua

Bucal dos professores.

20%

0%

14%

24%4%

7%

0%

4%

27%

Ensino Fundamental Ensino Médio Livros, Revistas

Família Colegas TV

Outros Não opinou Cirurgião Dentista

Bucal dos professores4%

0%

4%

35%

26%

12%

0%

4% 15%

Ensino Fundamental Ensino Médio Livros, revistas

Família Colegas Tv

Outros Não opinou Cirurgião Dentista

Page 53: Monografia Vana Diniz  SAÚDE BUCAL TAREFA DO PROFESSOR

40

Resultados obtidos na pergunta número 7:

GRÁFICO 14 – Opinião dos professores quanto à integração profissional entre professores e o

cirurgião dentista.

No CIEP SOL, 43% dos professores responderam que às vezes há integração, 36% disse não

haver, 14% disse sim, que há integração e 7% não respondeu.

Gráfico 14: Opinião dos professores quanto à integração profissional entre professores e

dentistas – CIEP Sol

No CIEP LUA, 36% dos professores respondeu que às vezes há integração, 36% disse não

haver, 21% disse sim, que há integração e 7% não respondeu.

Gráfico 14: Opinião dos professores quanto à integração profissional entre professores e

dentistas – CIEP Lua

43%

7% 36%

14%

Às vezes

Não opinou

Não

Sim

36%

7%21%

36%Às vezes Não opinou Não

Sim

Page 54: Monografia Vana Diniz  SAÚDE BUCAL TAREFA DO PROFESSOR

41

Resultados obtidos na pergunta número 8:

GRÁFICO 15 – Os professores foram interrogados com relação à higiene bucal dos alunos. Se

estes escovam os dentes pelo menos uma vez no período em que estão na escola.

No CIEP SOL, 36% responderam sim, 36% responderam não, 21% não sabem e 7% não

responderam.

Gráfico 15: Seus alunos escovam os dentes no período que estão na escola? CIEP Sol

No CIEP LUA, 79% responderam sim e 21% não sabem.

Gráfico 15: Seus alunos escovam os dentes no período que estão na escola? CIEP Lua

Não opinou

0% 21%

79%

Não Não Sei Sim

36%

7%21%

36%Não Não opinou Não sabe Sim

Page 55: Monografia Vana Diniz  SAÚDE BUCAL TAREFA DO PROFESSOR

42

Resultados obtidos na pergunta número 9:

GRÁFICO 16 – Os professores foram interrogados se os alunos alimentam-se fora dos horários

reservados para este fim e até mesmo dentro da sala de aula.

No CIEP SOL, 72% responderam que sim, 21% responderam que não e 7% não responderam

Gráfico 16: Seus alunos se alimentam dentro da sala de aula, fora do horário de recreio?

CIEP Sol

No CIEP LUA, 72% responderam que sim e 28% responderam que não.

Gráfico 16: Seus alunos se alimentam dentro da sala de aula, fora do horário de recreio?

CIEP Lua

7%

21%

72%

Não opinou

Não

Sim

28%

72% Não

Sim

Page 56: Monografia Vana Diniz  SAÚDE BUCAL TAREFA DO PROFESSOR

43

Resultados obtidos na pergunta número 10:

GRÁFICO 17 – Antibiótico causa cárie dental?

No CIEP SOL, 57% responderam sim, 36% responderam não e 7% não responderam.

Gráfico 17: Antibiótico causa cárie dental? CIEP Sol

No CIEP LUA, 57% responderam sim e 43% responderam não.

Gráfico 17: Antibiótico causa cárie dental? CIEP Lua

57%

43% Sim

Não

7%

36%57%

Não opinou Não

Sim

Page 57: Monografia Vana Diniz  SAÚDE BUCAL TAREFA DO PROFESSOR

44

Resultados obtidos na pergunta número 11:

GRÁFICO 18 – Auto-percepção de cárie dental como doença transmissível.

No CIEP SOL, 79% responderam não, 14% sim e 7% não responderam.

Gráfico 18: Auto-percepção da cárie como doença transmissível – CIEP Sol

No CIEP LUA, 57% responderam não e 43% sim.

Gráfico 18: Auto-percepção da cárie como doença transmissível – CIEP Lua

43%

57%

Sim

Não

7%14%

79%

Não opinou Sim

Não

Page 58: Monografia Vana Diniz  SAÚDE BUCAL TAREFA DO PROFESSOR

45

Resultados obtidos na pergunta número 12:

GRÁFICO 19 – A dieta alimentar influencia a saúde dos dentes?

No CIEP SOL, 79% responderam que sim, 14% responderam não e 7% não responderam.

Gráfico 19: Influência da dieta alimentar na saúde dos dentes - CIEP Sol

No CIEP LUA, 100% dos professores responderam que sim.

Gráfico 19: Influência da dieta alimentar na saúde dos dentes - CIEP Lua

Sim; 100%

7%14%

79%

Não opinou

Não

Sim

Page 59: Monografia Vana Diniz  SAÚDE BUCAL TAREFA DO PROFESSOR

46

Resultado obtido na pergunta número 13:

GRÁFICO 20 – A freqüência na ingestão de alimentos influencia a saúde dos dentes?

No CIEP SOL, 79% responderam que sim, 14% responderam não e 7% não responderam.

Gráfico 20: Influência da freqüência da ingestão de alimentos na Saúde dos dentes –

CIEP Sol

No CIEP LUA, 93% responderam que sim e 7% responderam não.

Gráfico 20: Influência da freqüência da ingestão de alimentos na Saúde dos dentes –

CIEP Lua

7%

93%

Não

Sim

7%14%

79%

Não opinou

Não

Sim

Page 60: Monografia Vana Diniz  SAÚDE BUCAL TAREFA DO PROFESSOR

47

Resultado obtido na pergunta número 14:

O que o professor usa ao realizar a própria higiene bucal e com que freqüência.

GRÁFICO 21 – Auto-percepção de cuidados com a saúde bucal, quanto ao hábito da

escovação.

No CIEP SOL, 57% dos professores responderam escovar os dentes três vezes ao dia, 36%

escovam mais de três vezes ao dia e 7% não respondeu.

Gráfico 21: Auto-percepção de cuidados com a Saúde Bucal, quanto ao hábito de

escovação – CIEP Sol

No CIEP LUA, 57% dos professores responderam escovar os dentes três vezes ao dia e 43%

mais de três vezes ao dia.

Gráfico 21: Auto-percepção de cuidados com a Saúde Bucal, quanto ao hábito de

escovação – CIEP Lua

0%

0%

0%

57%

43%

Nunca 1 x dia 2 x dia 3 x dia Mais de 3 x dia

0%

0%

0%

57%36%

7%Nunca 1 x dia 2 x dia 3 x dia mais de 3 x dia Não opinou

Page 61: Monografia Vana Diniz  SAÚDE BUCAL TAREFA DO PROFESSOR

48

GRÁFICO 22 – Auto-percepção de cuidados com a saúde bucal quanto ao uso do creme dental.

No CIEP SOL, 64% dos professores utilizam o creme dental três vezes ao dia, 28% mais de

três vezes ao dia e 7% não respondeu.

Gráfico 22: Auto-percepção de cuidados com Saúde Bucal quanto ao uso de creme dental

– CIEP Sol

No CIEP LUA, 57% dos professores utilizam o creme dental três vezes ao dia e 43% mais de

três vezes ao dia.

Gráfico 22: Auto-percepção de cuidados com Saúde Bucal quanto ao uso de creme dental

– CIEP Lua

0%

0%

0%

57%

43%Nunca

1 x dia

2 x dia

3 x dia

Mai de 3 x dia

0%

0%

0%

65%

28%

7%

Nunca1 x dia2 x dia3 x diamais de 3 x dianão opinou

Page 62: Monografia Vana Diniz  SAÚDE BUCAL TAREFA DO PROFESSOR

49

GRÁFICO 23 – Auto-percepção de cuidados com a saúde bucal quanto ao uso do fio dental. No CIEP SOL, 72% dos professores responderam que usam o fio dental mais de uma vez ao

dia, 7% uma vez ao dia, 7% ocasionalmente, 7% nunca usam e 7% não responderam.

Gráfico 23: Auto-percepção de cuidados com Saúde Bucal quanto ao uso do fio dental –

CIEP Sol

No CIEP LUA, 50% dos professores responderam que usam o fio dental mais de uma vez ao

dia, 36% uma vez ao dia e 14% ocasionalmente.

Gráfico 23: Auto-percepção de cuidados com Saúde Bucal quanto ao uso do fio dental –

CIEP Lua

0% 14%

36%50%

Nunca Ocasionalmente 1 x dia Mais de 1 x dia

7% 7%7%

72%

7%

Nunca 1 x dia Ocasionalmente Mais de 1 x dia Não opinou

Page 63: Monografia Vana Diniz  SAÚDE BUCAL TAREFA DO PROFESSOR

50

GRÁFICO 24 – Auto-percepção de cuidados com a saúde bucal quanto ao uso do palito.

No CIEP SOL, 44% não responderam, 28% usam ocasionalmente e 28% nunca usaram.

Gráfico 24: Auto-percepção de cuidados com Saúde Bucal quanto ao uso do palito – CIEP

Sol

No CIEP LUA, 14% não responderam, 7% usam ocasionalmente, 65% nunca usaram e 14%

usam freqüentemente.

Gráfico 24: Auto-percepção de cuidados com Saúde Bucal quanto ao uso do palito – CIEP

Lua

65%7%

14%

14%

Nunca Ocasionalmente Freqüentemente Não opinou

28%

28%0%

44% Nunca

Ocasionalmente

Freqüentemente

Não opinou

Page 64: Monografia Vana Diniz  SAÚDE BUCAL TAREFA DO PROFESSOR

51

GRÁFICO 25 – Auto-percepção de cuidados com a saúde bucal quanto ao uso de enxaguastes

bucais.

No CIEP SOL, 36% usam freqüentemente, 28% ocasionalmente, 22% nunca usam e 14% não

respondeu.

Gráfico 25: Auto-percepção de cuidados com Saúde Bucal quanto ao uso de enxaguantes

bucais – CIEP Sol

No CIEP LUA, 36% usam freqüentemente, 57% ocasionalmente e 7% nunca usam.

Gráfico 25: Auto-percepção de cuidados com Saúde Bucal quanto ao uso de enxaguantes

bucais – CIEP Lua

7%

57%

36%NuncaOcasionalmenteFreqüentemente

22%

28%36%

14%

Nunca

Ocsionalmente

Freqüentemente

Não opinou

Page 65: Monografia Vana Diniz  SAÚDE BUCAL TAREFA DO PROFESSOR

52

GRÁFICO 26 – Auto-percepção de cuidados com a saúde bucal quanto ao uso do flúor.

No CIEP SOL, 47% usam através do creme dental, 29% aplicações feitas pelo cirurgião

dentista, 12% através de bochechos, 6% ingestão de água fluoretada e 6% não respondeu.

Gráfico 26: Auto-percepção de cuidados com Saúde Bucal quanto ao uso do flúor - CIEP

Sol

No CIEP LUA, 56% usam através do creme dental, 19% aplicações feitas pelo dentista, 19%

em soluções para bochechos e 6% não respondeu.

Gráfico 26: Auto-percepção de cuidados com Saúde Bucal quanto ao uso do flúor - CIEP

Lua

56%

19%

0%

19%6%

Na pasta dental Em soluções de bochecho Ingerindo água fluoretada

Aplicação pelo dentista Não opinou

47%

12% 6%

29%

6%Na pasta de dente

Bochechos

Ingestão água fluoretada

Através do dentista

Não opinou

Page 66: Monografia Vana Diniz  SAÚDE BUCAL TAREFA DO PROFESSOR

53

6. DISCUSSÃO

O inquérito epidemiológico realizado para medir o índice de cárie dentária nos CIEPs

Sol e Lua, apesar de ser um estudo de caráter quantitativo, não deixa de chamar a atenção do

pesquisador sobre importância dos fatores sociais influenciando a saúde bucal destas

comunidades, situadas em áreas geográficas desfavorecidas. Os fatores sociais também ditos

ambientais podem nos ajudar a entender o porquê da falta de cuidados com a saúde e a saúde

bucal. Pudemos observar no cotidiano escolar, e mencionamos: o tamanho da família, a baixa

renda, falta de emprego dos pais, moradia precária, baixo grau de instrução, falta de flúor na

água de abastecimento público e a falta de estruturação da família no controle e prevenção de

doenças bucais.

Destacamos a influência dos colegas na formação de atitudes e valores em relação à

saúde bucal. As experiências positivas que acontecem quando da visita ao dentista do

consultório do CIEP, são disseminadas pelos alunos e aos poucos vão atingindo toda

comunidade escolar. Por tudo isso nos parece importante utilizar a escola como um meio

social para se promover à saúde bucal sem jamais deixar de perceber que os escolares não

vivem isolados do mundo e que suas escolhas são diretamente influenciadas por estes fatores

sociais.

Embora não tenhamos medido, observamos de forma direta uma enorme quantidade

de placa bacteriana depositada sobre a superfície dentária dos escolares, resultado da falta de

uso de métodos de higiene bucal. Como se não bastasse, a maioria que vai ao consultório da

escola quando perguntados, respondem que não usam creme dental devido à falta de recursos

dos pais para adquiri-los. Isto demonstra que estão desprovidos de qualquer fonte de

fluoretos, já que o creme dental é considerado um método bastante abrangente de se veicular

flúor à cavidade bucal por atingir as massas.

Navarro (1996), ao pesquisar alunos de escolas públicas da cidade de São Paulo,

enfatiza que é primordial ensinar práticas de higiene oral nas escolas, as quais considera locais

bastante viáveis e dos quais já se conhecem resultados positivos e concretos neste assunto.

Desta forma defende que a educação, o estímulo e a supervisão são fatores essenciais para que

as crianças em idade escolar desenvolvam os hábitos de higiene oral. Para ele, os estudantes

são abertos a novos conhecimentos, influenciam-se mutuamente e o ambiente escolar é

favorável a essas práticas.

Page 67: Monografia Vana Diniz  SAÚDE BUCAL TAREFA DO PROFESSOR

54

Outro ponto que mereceu atenção é o tipo e a freqüência do alimento ingerido, seja ao

observar crianças no pátio, na sala de aula ou quando estes estão grudados aos dentes,

detectados no momento em que o escolar vai até ao consultório odontológico do CIEP.

Blinkhorn (1982) citado por Mialhe e Pereira (2003), afirma que a mãe de baixa renda

compensa sua ausência, ao apanhar os filhos na escola, oferecendo doces como forma de

afeto, assim como continuam a oferecê-los e a ingerí-los em casa. Estes alimentos são os

preferidos porque segundo Freire (1994) apud Mialhe (2003) são mais baratos.

A grande maioria dos alunos destes CIEPs reside em bairros adjacentes à escola e se

caracteriza por apresentar baixo nível sócio-econômico

Ainda segundo Mialhe e Pereira (2003), citando Mendonza e Col (1995) estudando a

atividade de cáries em escolares observaram forte associação entre esta e a freqüência da

ingestão de alimentos como salgadinhos, biscoitos e bebidas açucaradas e outros tipos de

guloseimas. Quanto maior a freqüência de ingestão de alimentos rapidamente fermentáveis e

de consistência pegajosa, maior a atividade de cárie dentária.

Não podemos deixar de comentar sobre o baixo nível de instrução das mães que nos

procuram no consultório do CIEPs que sabemos, assim como outros fatores já citados, tem

direta relação com o índice de cárie encontrado nos escolares.

Mialhe e Pereira (2003, p. 219) citam o estudo de Maltz e Silva (2001), que ao

selecionar uma amostra de 1000 alunos de escolas públicas e privadas avaliaram o nível de

escolaridade dos pais e observaram que existe uma forte correlação entre escolares com índice

CPO-D maior que 4 e pais com pouca instrução

Se consideramos o perfil epidemiológico da cárie dentária nos CIEPs Sol e Lua que

apresentam no ano de 2006 um CPO-D igual a 6,7, pode-se afirmar que apresentam os dois

CIEPs uma prevalência de cárie muito alta quando os dados são comparados ao que preconiza

a Organização Mundial de Saúde - OMS, em relação a esta doença para os anos de 2000 e

2010.

A meta da OMS para o ano de 2000 seria um CPO-D aos 12 anos, igual ou menor que

3,0 enquanto que para o ano de 2010 a meta é um CPO-D menor que 1,0 (OMS 1984; 1994

apud BASTOS e COL 2003 ).

A nível de população, o índice CPO-D é o resultado da soma de todos os dentes

atacados pela cárie dividido pelo número de indivíduos (alunos) examinados e é expresso por

uma média. Como as lesões de cárie aumentam com a idade, recomenda-se um cálculo

também por faixa etária (KLEIN e PALMER, 1937 apud PEREIRA & COL 2003).

Page 68: Monografia Vana Diniz  SAÚDE BUCAL TAREFA DO PROFESSOR

55

Os dados obtidos no estudo acima após analisados, mostraram-se bastante

significativos. Seus resultados foram fundamentais geradores da pesquisa com os professores.

Em análise dos resultados de todos os questionários aplicados aos professores dos

CIEPs SOL e LUA, verificou-se que mais da metade ou 57% dos profissionais de cada

escola possui graduação. Em outros níveis de escolaridade encontramos diferenças. No CIEP

SOL o curso normal corresponde a 36% e 7% não respondeu. No CIEP LUA o curso normal

corresponde a 22%, 2º grau 7%, mestrado 7% e outros 7% estão cursando a graduação

(GRÁFICO -5).

Segundo Valadão (2002), o acesso à educação formal está diretamente ligado às

condições de saúde das pessoas e coletividades. Saúde e educação são dimensões vinculadas à

qualidade de vida e vida cidadã. É a escola o local onde promoção do próprio ser humano

acontece. A educação amplia os recursos e oportunidades individuais nas situações do

cotidiano estendendo os benefícios às outras pessoas da sociedade.

Em outro questionamento procura-se obter respostas sobre a formação escolar do

professor em relação à presença de conteúdos ligados à saúde e higiene bucal no currículo

escolar (GRÁFICOS – 6 e 7).

Neste item, 64% dos professores do CIEP SOL respondeu positivamente enquanto no

CIEP LUA esta mesma resposta foi encontrada em 50% destes. A partir das respostas

positivas procuramos saber dentro desta parcela em que nível escolar adquiriram

conhecimentos sobre saúde e higiene bucal. Observamos que o nível de escolaridade que mais

contribuiu para essa formação foi à escola de 1ª a 4ª série do fundamental. Poucos afirmaram

ter tido este conteúdo ao cursar o magistério e uma parcela insignificante ao cursar o curso

superior.

Vasconcelos (2002) apud Medeiros et al (2004), observou em estudo feito na cidade

de Belo Horizonte que a maior parte dos professores de 1ª a 4ª série daquele município nunca

tiveram oportunidade de estudar conteúdos ligados à saúde bucal em sua formação escolar.

Medeiros (1983) apud Medeiros (2004); Moimaz (1992); Milanezi et al (1996); Santos,

Rodrigues Garcia (2002); Santos, Rodrigues Garcia (2003), deixam claro a necessidade de

melhor formar os professores do ensino fundamental nos aspectos da saúde bucal para que

possam cumprir seu papel de agente educativo em saúde junto aos escolares. Franchin et al

(2005), mencionam a falta de capacitação dentre várias dificuldades relatadas por professores

como impedimento para que se tornem agentes multiplicadores de saúde. De acordo com

Granville-Garcia (2007), é preocupante a falta de instrução relacionada ao tema higiene e

Page 69: Monografia Vana Diniz  SAÚDE BUCAL TAREFA DO PROFESSOR

56

saúde bucal durante a formação pedagógica. Uma falta de percepção dos professores quanto

ao seu papel na saúde pode transferir conhecimentos irreais aos alunos.

Torna-se necessário uma revisão curricular para uma melhor formação pedagógica ou

mesmo a capacitação sobre este tema (BOGUS et al: 1990 apud GRANVILLE-GARCIA

2007).

Quando questionados se trabalham o conteúdo saúde e higiene corporal com os alunos

todos os professores responderam que sim (GRÁFICO – 8).

De acordo com Valadão (2002), conteúdos sobre saúde e doenças, já no século

passado, foram agregados ao currículo nas disciplinas Higiene e Puericultura, hoje Ciências

Naturais ou Biologia. Com a lei 5692/71 de diretrizes e bases da educação, o tema saúde

tornou-se obrigatório no currículo com a denominação de Programas de Saúde. Sua finalidade

era despertar a criança e o adolescente para o desenvolvimento de hábitos saudáveis de

utilização prática para preservar sua saúde e a dos outros. Com a nova lei 9394/96 de

diretrizes e bases da educação e os Parâmetros e Referenciais Curriculares Nacionais

(PCNS), saúde e orientação sexual tornaram-se temas mais expressivos para a aprendizagem

do aluno. São tratados como temas transversais que contribuem para a formação do ser como

um todo e repercutem em melhoras em sua vida pessoal e da coletividade. A escola trabalha

os temas saúde e orientação sexual de muitas formas em seu cotidiano, seja através dos

currículos, nas formas de relações interpessoais, através de projetos ou até mesmo quando

omite questões relevantes5.

Parreira e Teixeira (2002), nos falam que a elaboração dos PCNS é a realização de um

sonho de integrar saúde e educação e contribuir na formação continuada dos professores para

que se estruture uma nova cultura de saúde que vise obter qualidade de vida. Para que os

professores trabalhem os PCNS é necessária uma reflexão de suas práticas de saúde assim

como de alunos, funcionários e toda comunidade escolar. Os próprios PCNS cooperam para

que o professor dê sentido às questões de saúde que permeiam o dia a dia da escola, cujo

cenário é próprio para as trocas de conhecimentos entre alunos, pais, professores e

comunidade. Em outras épocas, quando da implantação vertical e obrigatória dos programas

de saúde, as ações de saúde na escola eram dirigidas apenas para a higiene pessoal. Hoje,

devido a sua importância na sociedade e às questões emergenciais que afloram, saúde deixou

de ser tema específico e passou a ser tratado como tema transversal. São as situações

concretas do cotidiano que surgem e o professor precisa organizar e ao mesmo tempo

5 O currículo nulo refere-se a tudo aquilo que os alunos não tem oportunidade de aprender sob a responsabilidade da escola. São as ditas ausências (MOREIRA 1994, p. 4-5).

Page 70: Monografia Vana Diniz  SAÚDE BUCAL TAREFA DO PROFESSOR

57

estimular as aprendizagens nas quais saúde é concebida como um direito, valorizando a sua

promoção.

Em outra questão procuramos saber dos professores com que freqüência os alunos

levantam dúvidas sobre saúde e higiene bucal.

Nos dois CIEPs pesquisados os professores, em sua maioria, responderam que só

ocasionalmente isto ocorre (GRÁFICO – 9).

Isto denota desinteresse pelas questões de sua saúde bucal ou mesmo aprendizagem

deficiente da importância desta para sua saúde como um todo, podendo mesmo ser influência

do meio cultural do qual o aluno participa.

Em um estudo feito por Tamietti e col (1998, p.44), com alunos de 5ª a 8ª séries numa

escola pública de Belo Horizonte, que possui equipe odontológica, constatou-se

desconhecimento de cuidados para manutenção da saúde bucal. Foram apontadas como

causas as formas tradicionais de educação que não despertam o interesse dos alunos,

desconsideram sua capacidade cognitiva e trabalham transmitindo conhecimentos como

ordens e como se estes fossem verdades incontestáveis.

Em outro estudo feito por Flores e Drehmer (2003, p.751), em escolas públicas de

bairros de Porto Alegre, dados coletados concluem que adolescentes consideram doença

somente as enfermidades que o impedem de realizar atividades rotineiras. No entanto cárie e

doença periodontal são considerados problemas comuns, aceitos como normais e decorrentes

de situações de desequilíbrio. Isto não desperta qualquer interesse por parte dos alunos em

relação a dúvidas porque para eles são doenças habituais. O tédio da rotina escolar e as

características comportamentais da adolescência também concorrem para esta indiferença

entre os jovens.

Os professores foram então questionados se trabalham o conteúdo “saúde e higiene

bucal” com os alunos, quais os recursos pedagógicos utilizados e com que freqüência os

alunos manifestam interesse pelo tema (GRÁFICOS 10, – 11, – e 12).

No presente estudo a maior parte dos professores dos CIEPs pesquisados respondeu

transmitir informações sobre saúde e higiene bucal para os alunos. Uma pequena parcela disse

não transmitir estas informações, porém não justificou quando perguntado o porquê.

Os professores afirmam que as informações são transmitidas principalmente através da

exposição oral em sala de aula, seguido de livros, revistas, folhetos informativos ou cartazes.

Outros recursos pedagógicos usados em ordem do mais para o menos usado são

respectivamente: pesquisa feita pelos alunos, filmes e aulas práticas.

Page 71: Monografia Vana Diniz  SAÚDE BUCAL TAREFA DO PROFESSOR

58

Contraditoriamente, Vasconcelos et al (2001) apud Medeiros (2004), nos fala que em

sua pesquisa 64% dos professores nunca abordaram conteúdos referentes à saúde e higiene

bucal em sala de aula. Dos 36% restantes, 8% o fizeram de vez em quando. Como

justificativa alegaram não serem estes conteúdos parte do currículo, falta de tempo e falta de

conhecimento sobre o assunto.

De acordo com Iervolino (2000), em estudo feito com professores das escolas

municipais da cidade de Vargem Grande Paulista, observou-se que apesar dos professores já

terem ampliado a sua visão de saúde, eles ainda estão vinculados à sua fase higienista. Isto é

explicado pela má formação pedagógica obtida remetendo-os à falta de cuidados destes para

com os problemas e ações de saúde na escola. A conservação do patrimônio, prevenção de

acidentes e alimentação saudável continuam a ser tratados juntamente com a transmissão de

conceitos de higiene, sem falar que problemas de saúde bucal quase nunca são percebidos por

estes.

Bógus, Bicudo e Westphal (1990) apud Iervolino (2000), pesquisando estudantes do

magistério, observaram que os professores trabalham educação em saúde escolhendo um tema

que acham importante e os explicam aos alunos terminando por transmitir conceitos sem levar

em consideração a contextualização.

Quanto à freqüência com que os alunos manifestam interesse pelo tema, há diferença

entre as respostas dos dois grupos de professores estudados. No CIEP SOL, 50% dos

professores disseram que os alunos com freqüência se interessam pelo tema. Já no CIEP

LUA, 54% disseram que só às vezes este interesse se manifesta. Os que disseram que os

alunos sempre se interessam foram 22% no CIEP SOL e 15% no CIEP LUA.

De acordo com Egypto et al (2002), através da aprendizagem escolar o aluno pode

aprender a posicionar-se diante de questões fundamentais, vencer a indiferença, agir e intervir

diante de situações que interferem na vida privada e coletiva. Ele pode obter valores, aceitar

ou questionar normas, adotar atitudes todas estas permeadas de dimensão pessoal e social.

O que o aluno aprende depende das possibilidades de seu pensamento desenhadas naquela

fase de seu desenvolvimento; das suas experiências anteriores e do ensino que recebe no

momento. A intervenção pedagógica deve se ajustar a esta situação de forma que o professor

desafie os alunos na medida em que este desafio não seja tão fácil nem tão difícil a ponto de

não se efetuar o processo educativo. É o professor que deve buscar a conexão do que

apresenta ao aluno com aquilo que ele já possui de experiências e saberes. Se a aprendizagem

se efetivar, o aluno constrói uma boa imagem de si como alguém capaz. Se a aprendizagem

Page 72: Monografia Vana Diniz  SAÚDE BUCAL TAREFA DO PROFESSOR

59

não se concretiza, o ato de aprender será negativo, gerando medo e o aluno manifesta isto com

desinteresse.

Meyer (2006, p.1337-1344), fala que em diferentes experiências educativas práticas no

campo de educação e saúde, a implementação de programas com temas como drogas, álcool,

tabaco, práticas sexuais desprotegidas, gravidez na adolescência, nutrição ou trânsito, com

raras exceções, não mudam comportamentos das pessoas. Isto nos alerta para desviar o foco

de atenção da questão central em educação que é a mudança de comportamento. Necessita-se

visualizar que a educação é um conjunto de processos pelos quais os indivíduos vão se

transformando em sujeitos de uma cultura reconhecendo a existência de várias instituições

sociais mais ou menos formais envolvidas no processo de educar. No sentido mais amplo a

educação em saúde precisa ser pensada como um caminho para escolhas político-pedagógicas

significativas para um dado grupo ou contexto. Não se objetiva a homogenização das formas

de pensar ou levar a vida, mas uma cumplicidade na busca de proteção.

Quando os professores foram perguntados quanto à fonte de aquisição de

conhecimento em saúde e higiene bucal, observa-se variações do perfil das respostas entre os

professores dos dois CIEPs pesquisados (GRÁFICO –13).

No CIEP SOL a fonte que mais contribuiu foi a família, seguida da leitura de livros e

revistas, depois o cirurgião dentista e a seguir outros como a televisão, colegas e ensino

fundamental respectivamente. No CIEP LUA, o cirurgião dentista vem em primeiro lugar

seguido da família, ensino fundamental, livros e revistas, televisão e colegas respectivamente.

Importa observarmos que o papel da escola como fonte de informações sobre saúde

bucal não vem nos primeiros lugares entre os professores dos dois CIEPs. No presente

trabalho a escola representou a fonte de contribuição em aquisição desses conhecimentos para

20% dos professores do CIEP LUA. No CIEP SOL, apenas 4% dos professores afirmam ser a

escola a fonte de aquisição desses conhecimentos. Nas duas escolas, só o ensino fundamental

foi citado. Isto é preocupante já que é interessante para a escola e para os alunos que o

professor tenha conhecimento adequado sobre saúde incluindo a saúde bucal devido a sua

interação diária com os alunos e as oportunidades que tem de influenciá-los negativamente

caso não dominem o assunto.

Em relação à questão se há integração profissional entre cirurgiões dentistas e

professores, ambos os grupos de professores relataram em sua maioria que só às vezes ocorre

esta integração. Somente uma pequena parcela afirma haver esta integração ficando a resposta

não em posição intermediária nos dois grupos (GRÁFICO – 14).

Page 73: Monografia Vana Diniz  SAÚDE BUCAL TAREFA DO PROFESSOR

60

Isto nos leva a re-pensar nosso trabalho no Programa de Saúde na Escola -PSE-, o

qual desenvolvemos dentro destes CIEPs buscando promover saúde bucal através de ações

básicas de saúde e saúde bucal, sejam elas preventivas, curativas ou até mesmo no convívio

com a comunidade escolar.

Medeiros et al (2004), afirmam a importância do trabalho multidisciplinar entre

cirurgiões dentistas e professores nas escolas, para a promoção de saúde bucal com vistas à

educação em saúde.

Ferraz (2002) apud Franchin et al (2005), observam que mesmo que professores se

mostrem capacitados para educação em saúde bucal não há integração entre escola, família,

equipes de saúde e ação política, o que facilitaria o desempenho dos professores.

Quando perguntados se o aluno escova os dentes no período que está na escola,

chama-nos a atenção dois fatos: (GRÁFICO – 15).

O primeiro é que no CIEP LUA, 79% dos professores respondeu que sim. Isto pode se

justificar porque neste CIEP, que é municipalizado, cada aluno possuía àquela época sua

escova de dentes identificada com seu nome no cabo, e doada pela prefeitura. Os alunos de 2ª

a 6ª feira realizavam a escovação após o almoço servido na escola. A escovação seria feita nos

lavatórios do térreo que ficam ao lado do refeitório às vistas do professor e sob a supervisão

da ACD- auxiliar de consultório dentário do PSE.

O outro fato é que no CIEP SOL, que não é municipalizado, 36% dos professores

respondeu que sim. Isto parece contraditório ao observar as condições sócio-econômico e

culturais dos alunos e de seus pais que desconhecem o uso da escova de dentes por não terem

condições de adquiri-la ou não darem valor ao ato da escovação, como nos mostra a prática

profissional. Os alunos que vão ao consultório odontológico destes CIEPs não possuem o

hábito da escovação, muitas vezes só sendo realizada por nós na consulta odontológica.

Observamos um alto índice de placa bacteriana quando da realização de exames clínicos.

Permanece nestas comunidades a cultura da não higienização bucal e a perda dos dentes é tida

como processo natural e gradativo.

Nos dois CIEPs pesquisados, 21% dos professores não tem a percepção se seus alunos

fazem a escovação diária na escola. Isto parece demonstrar que higiene e saúde da boca não é

fundamental ou mesmo não diz respeito às suas tarefas.

Se o professor assume uma postura de dar significado ao ato da escovação como algo

importante e inerente ao processo de aprendizagem, os alunos o imitarão, o que mostra a

capacidade de influência que o professor exerce sobre os alunos (ROCHA, PEREIRA 1994,

citados por FRANCHIN et al 2005).

Page 74: Monografia Vana Diniz  SAÚDE BUCAL TAREFA DO PROFESSOR

61

Sutcliffe (1983) apud Freire, Melo (1996), afirma que a prática de higiene bucal está

direcionada à menor incidência de cárie embora não haja relação de causa e efeito, já que a

cárie é uma doença multifatorial. Pais ou crianças que já tem hábitos de higiene bucal são

mais conscientes em adquirir outros hábitos básicos de prevenção em saúde.

Barros et al (2001), considera a importância da higiene bucal na prevenção de doenças

bucais em nossos dias, preconizando o uso de métodos preventivos eficazes que tenham

alcance coletivo e impacto na sociedade como o é o uso da escova para limpeza das

superfícies dentais.

Já Chaves (1986), relaciona escovação à promoção de saúde bucal na medida em que

aquela provê o indivíduo de melhores condições para resistir ao ataque de cáries conseguindo-

se assim um ambiente favorável à sua saúde bucal e conseqüentemente à saúde como todo.

Em um estudo clínico com escolares de uma escola pública estadual da cidade de São

Paulo, Navarro (1996), conclui que há necessidade de enfatizar o ensino de práticas de

higiene bucal em escolares em estabelecimentos de ensino. Preconiza que sua implementação

é viável e que pode alcançar resultados positivos concretos em Saúde Pública.

Numa outra questão que se refere ao ato dos alunos ingerirem alimentos com

freqüência e fora dos horários das principais refeições, não se nota diferença nas respostas

entre os CIEPs. A maioria respondeu que sim (GRÁFICO – 16).

Freire e Melo (1996, p.219), citam o estudo de Blinkhorn (1982) feito com crianças

que freqüentam creches, no qual observou-se que a área de residência influencia as condições

de saúde bucal e os hábitos alimentares quanto ao consumo de açúcar durante o dia. Ao

apanharem seus filhos na escola os pais oferecem-lhe doces como forma de compensação de

sua ausência bem como permitem que continuem o consumo em casa, com o mesmo objetivo.

Pais de nível sócio-econômico mais elevado tem predisposição em acatar

recomendações nutricionais em geral e relativas a diminuição do uso de sacarose na dieta

(PERSSON e SAMUELSSON 1984, citados por FREIRE , MELO 1996).

Freire Melo (1996), pesquisando creches na cidade de Goiânia concluíram que as

condições de saúde bucal de crianças com índices elevados de cárie tem relação muito mais

com os fatores externos à escola, ou seja, àqueles de dentro de seus lares. Isto devido ao curto

tempo que as crianças permanecem dentro das creches. O alto índice de cáries é então

atribuído à alta ingestão de carboidratos em seus lares, à falta de acesso aos fluoretos no

creme dental e na água de abastecimento, assim como a falta de informação dos pais sobre

saúde bucal.

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62

Por outro lado, no estudo que realizamos, as crianças permanecem nos CIEPs por um longo

período diariamente. Como observado por nós in loco, dentro da escola há um alto consumo e

alta freqüência de ingestão de alimentos açucarados adquiridos por eles próprios fora do

ambiente escolar. Há que se considerar não só o fator açúcar como condicionante do alto

índice de cárie dentária encontrada nos alunos dessas escolas. Porém este tem um grande peso

quando somado às privações nos quais vivem essas comunidades e sua herança cultural.

Caufield et al (2005), apontam a cárie dentária como doença do homem moderno e que vem

aumentando devido às dietas ricas em sacarose.

Os professores foram questionados se os antibióticos causam cáries (GRÁFICO – 17).

Nos dois CIEPs a maioria dos professores mantém este pensamento. Este questionamento foi

feito em virtude de não raro escutarmos pessoas na clínica que para justificar a falta de

cuidados com a saúde bucal sua ou de um filho pronunciam a seguinte frase: -“Ele(a) tomou

muito antibiótico quando pequena(o) e seus dentes estragaram”.

O fato de a maior parte dos professores responder sim a esta pergunta, mostra que

acreditam neste mito, o qual é passado de geração em geração. Isto é preocupante. O

professor diz em questionamento anterior passar conteúdos sobre saúde bucal para os alunos,

mas desconhece as reais causas das lesões cariosas. Poderá ocorrer uma transmissão

equivocada de informações perpetuando a cultura do senso comum que não deve ser negada,

mas que não explica o processo carioso e suas causas de maneira adequada.

Estudos como os de Tamietti et al (1998, p.38-41), em uma escola pública de Belo

Horizonte procuraram investigar esta questão junto aos adolescentes alunos dessa escola e

observaram que 80% destes consideram antibiótico causador de cáries dentárias. Ele comenta

sobre o antibiótico tetraciclina, que se tomado por crianças ou grávidas nos períodos de

calcificação dos dentes, afeta a estrutura dental que apresenta manchamentos intrínsecos mais

ou menos escurecidos de acordo com a intensidade e o período das doses. Outros antibióticos,

se usados nos períodos pré-eruptivos, não afetam em nada a calcificação dentária. Talvez essa

crença de se atribuir ao antibiótico o poder de causar cáries venha de uma má interpretação ou

desconhecimento da população dessas informações, incluindo-se os professores.

A explicação para a criação deste mito também pode ser entendida pela presença de

sacarose nos antibióticos de uso infantil na forma de xaropes, que se tomados sem as devidas

medidas de prevenção, podem acelerar o processo carioso (HOLMAK et al 1989, citado por

TAMIETTI et al 1998). A análise de vários antibacterianos nacionais em solução e de uso

pediátrico feito por Neiva et al (2001) apud Mialhe e Pereira (2003), permitiu observar que

estes apresentam altas concentrações de sacarose, elevada viscosidade e ph inferior ao

Page 76: Monografia Vana Diniz  SAÚDE BUCAL TAREFA DO PROFESSOR

63

tolerado pelo esmalte dentário para o início da desmineralização, podendo se usados com

freqüência e sem os cuidados de higiene oral, levar à progressão rápida de lesões cariosas.

O conhecimento da cárie como doença infecciosa foi investigado entre os professores

(GRÁFICO –18).

De acordo com os resultados obtidos observa-se o baixo grau de conhecimento dos

professores sobre cárie como uma doença que pode ser transmitida. No CIEP SOL, apenas

14% respondeu ser a cárie doença infecciosa. Isto revela que a formação do professor ou as

fontes de aquisição de conhecimentos sobre saúde bucal podem estar ineficientes. No CIEP

LUA este número subiu para 43% mostrando que parecem estar um pouco mais informados.

A transmissibilidade da cárie foi demonstrada definitivamente em 1960 através de

estudos de Keys que a enquadrou como doença infecciosa. Há fidelidade de transmissão da

cárie dentária de mãe para filho ainda bebê, transmissão vertical, num período chamado de

primeira janela de infectividade (KEYS 1960, citado por CAULFIELD et al 2005). A

transmissão horizontal, segundo Keys (1960) apud Pinheiro et al (2005), pode ocorrer

através do uso em comum de utensílios domésticos e pelo beijo na boca. Navarro (1994) apud

Tamietti et al (1998), acrescenta ainda que o beijo pode transmitir em média 600 mil

bactérias cariogênicas comprometendo a saúde bucal da outra pessoa.

O fato do professor não considerar a cárie como doença transmissível nos leva a voltar

nossa atenção para a maneira pela qual todos nós, incluindo os cirurgiões dentistas, estamos

educando em saúde bucal. Muitas vezes, para facilitar o processo educativo ou mesmo a

comunicação com crianças, acabamos usando termos que criam conceitos distorcidos da

realidade como: -“O bichinho vai comer seu dente” ou correlacionando placa bacteriana à

“sujeira”. Desta forma conceitos inadequados poderão ser perpetuados entre a população

(SANTOS et al, 2002).

Quando questionados se a dieta alimentar pode influenciar a saúde dos dentes, a maior

parte dos professores de cada CIEP respondeu positivamente, sendo 79% os do CIEP SOL e

100% no CIEP LUA. Neste item as respostas foram satisfatórias (GRÁFICO – 19).

A dieta que corresponde a tudo o que é ingerido independente de seu valor nutritivo,

pode influenciar diretamente a saúde dos dentes. Os alimentos em contato com a superfície

dentária podem ser modificados por outros fatores presentes no meio, favorecendo ou não o

desenvolvimento das lesões cariosas (NIKIFORUK 1970, citado por BEZERRA e TOLEDO

1999).

Page 77: Monografia Vana Diniz  SAÚDE BUCAL TAREFA DO PROFESSOR

64

A seguir foram questionados sobre a freqüência da ingestão de alimentos influenciar

ou não a saúde dos dentes. No CIEP SOL e LUA as respostas positivas foram 79% e 93%

respectivamente (GRÁFICO –20).

O tempo de eliminação dos alimentos na boca diferem entre si dependendo de sua

qualidade, textura e do fluxo salivar. As frutas, verduras e bebidas são eliminadas em

aproximadamente 5 minutos. Os alimentos ricos em sacarose como as guloseimas, levam um

tempo de aproximadamente 40 minutos (BEZERRA e TOLEDO, 1999). Como observa Hase

(1999) citado por Bezerra e Toledo (1999), o tempo e a concentração que os carboidratos

permanecem na boca é importante para a manutenção ou não da higidez das estruturas

dentárias.

É importante salientar que os alunos destes CIEPs ingerem basicamente gomas de

mascar, caramelos, pastilhas, biscoitos de vários tipos, com uma alta freqüência como

observado anteriormente. Logo após a ingestão, além do fluxo salivar natural, a escovação

dentária é o método recomendado em todo mundo como forma de desarrumar a placa

bacteriana e levar flúor à cavidade bucal através do creme dental (SUTCLIEF 1996 citado por

BEZERRA e TOLEDO 1999).

Quando questionados sobre cuidados com a própria saúde bucal, quanto à conduta

escovação, nota-se que 57% dos professores do CIEP SOL e 57% do CIEP LUA dizem

escovar seus dentes 3 vezes ao dia. O CIEP LUA obteve o maior número de respostas

apontando para a escovação mais de 3 vezes ao dia, 43% enquanto no CIEP SOL foram 36%,

o que reflete as recomendações feitas pelos comerciais de televisão sobre produtos de higiene

bucal. Porém tais dados podem não refletir a conduta real de escovação. Apesar dessa

suposição as respostas foram satisfatórias nos dois grupos (GRÁFICO – 21).

Segundo Barros et al (2001), remover e desorganizar a placa bacteriana é essencial

para reduzir o índice de cárie e doenças periodontais. As escovas dentais são utilizadas com

esta finalidade e para cumprir seu papel indica-se a escovação dos dentes 3 vezes ao dia sem

pressa e cuidadosamente incluindo a escovação da língua.

A utilização do creme dental mostrou que nos dois grupos de professores 61% dizem

utilizá-lo em escovações 3 vezes ao dia, 36% mais de 3 vezes ao dia enquanto 3% não opinou

(GRÁFICO – 22).

Estes resultados são satisfatórios principalmente porque este é um meio de veicular

flúor à cavidade bucal, estando o último presente na quase totalidade de cremes dentais que

estão à venda no mercado brasileiro.

Page 78: Monografia Vana Diniz  SAÚDE BUCAL TAREFA DO PROFESSOR

65

A literatura afirma que mais de cem estudos feitos comprovam que realizar escovação

com dentifrício fluoretado reduz a incidência de cáries (WORLD HEALTH

ORGANIZATION 1994, citado por BUISCHI 1999).

Em relação ao uso do fio dental, 72% dos professores do CIEP SOL e 50% do CIEP

LUA afirmam que o utilizam mais de uma vez ao dia. Também há professores que nunca

usam ou só o fazem ocasionalmente. Porém não se sabe se o seu uso está se processando de

maneira correta. Muitos pacientes na clínica fazem diferentes alegações para justificar o não

uso do fio dental: -“Minha gengiva sangra porque o fio machuca”ou “Meus dentes são

muitos juntos e o fio não entra”. O que se observa é um desconhecimento tanto da forma

correta de uso deste método de prevenção como da morfologia dental que se hígida ou com

restaurações funcionais, sempre permite o acesso do fio dental, tão necessário na remoção da

placa bacteriana na área interproximal (GRÁFICO – 23).

Embora a prevalência de cáries e gengivites seja alta nas superfícies interproximais

devido ao acesso limitado da escova dental, requerendo um cuidado adicional na remoção da

placa bacteriana nesta região, a maior parte das pessoas não se preocupa em higienizar esta

área. O uso do fio dental vem complementar a escovação e está recomendado para remover a

placa bacteriana interproximal podendo até remover a placa depositada subgengivalmente na

região de molares (BUISCHI, 1999, p.130).

Observa-se que existe uma variedade de respostas em relação ao uso do palito.

Também uma parcela significativa de professores não opinou neste item. Nos dois grupos

estudados 46% nunca usou, 18% usa ocasionalmente, 7% com freqüência e 29% não opinou.

Há diferença entre os dois CIEPs. No CIEP SOL, 28% nunca usou e 28% só usa

ocasionalmente Os outros 44% não opinaram. No CIEP LUA, 65% nunca usou, 14% usa

freqüentemente, 7% ocasionalmente e 14% não opinou ( GRÁFICO – 24).

Talvez essa indecisão em usar ou não o palito dever-se ao desconhecimento da

população dos benefícios deste método quando usado de forma correta. Um fator a ser

considerado é o de nós, cirurgiões dentistas, não difundirmos seu uso. Outro motivo pela

afirmação do não uso do palito pode estar vinculado a questões de boas maneiras.

Buischi (1999, p.133), acrescenta que como a placa bacteriana interproximal em

adultos jovens fica ocultada devido à papila gengival preencher todo o espaço interproximal,

principalmente em dentes posteriores, é preconizada a utilização do palito para limpeza destas

regiões inserindo-o pela região do dente voltada para a língua, ou seja, lingual. Em adultos

nos quais o espaço interproximal já se encontra mais ampliado, o uso do palito é

recomendável em todas as faces interproximais. Quando perguntados sobre o uso de

Page 79: Monografia Vana Diniz  SAÚDE BUCAL TAREFA DO PROFESSOR

66

enxaguantes bucais há diferentes respostas nos dois grupos pesquisados quanto à freqüência

de uso (GRÁFICO –25).

No CIEP SOL, 36% usam freqüentemente, 28% ocasionalmente, 22% nunca usam e

14% não opinou. No CIEP LUA, 14% usam freqüentemente, 57% ocasionalmente e 7%

nunca usam.

No mercado existe uma variedade de enxaguantes bucais com as mais diferentes

composições. Sabemos que seu uso deve ser diário e contínuo, mas segundo Assaf (2003),

enxaguantes bucais só trarão benefícios se tiverem em sua composição substâncias de efeito

antimicrobiano que irão controlar a quantidade de placa bacteriana produzida. Duas

substâncias presentes nos enxaguantes que atendem a esta exigência são: a clorexidina um

antimicrobiano e o flúor com seu poder antimicrobiano e remineralizador.

Como observamos na clínica, o efeito antimicrobiano dos enxaguantes bucais ou

mesmo seu poder de remineralização de lesões cariosas no esmalte dental quando em sua

composição está presente o flúor, é desconhecido por grande parte das pessoas. Estes não são

usados pela população para um controle químico terapêutico da placa bacteriana, mas como

nos falam Flores e Drehmer (2003), muito mais para evitar que odores da boca possam

dificultar a convivência e causar constrangimentos entre as pessoas, garantindo-lhes boa

aparência.

Questionados sobre quais métodos lançam mão para levar flúor à cavidade bucal

houve uma diferença importante entre as respostas dos professores nos dois CIEPs . Os meios

que o professor usa quase se repetem nas duas escolas. Em primeiro lugar o creme dental

fluoretado, a seguir as aplicações feitas pelos cirurgiões dentistas e os bochechos com

soluções fluoretadas respectivamente. Um dado importante e que faz a diferença entre estes

dois grupos de professores é que no CIEP SOL uma parcela correspondente a 6% ingere água

fluoretada (GRÁFICO – 26).

O CIEP SOL localiza-se em região onde a água de abastecimento público é

fluoretada. Apesar disso uma grande parcela da população não tem acesso à água tratada e

mesmo em bairros próximos à área central da cidade continua a ingerir água de poço. Da

mesma forma professores residentes em diferentes áreas geográficas da cidade muitas vezes

não se beneficiam deste bem público quanto mais a clientela estudantil dos CIEPs que reside

em locais periféricos desassistidos.

O CIEP LUA está situado em região onde a água de abastecimento público não é

fluoretada. Além do creme dental, as veiculações de flúor à cavidade bucal se dividem entre

Page 80: Monografia Vana Diniz  SAÚDE BUCAL TAREFA DO PROFESSOR

67

as aplicações do cirurgião dentista e os bochechos fluoretados exigindo mais esforços

pessoais na sua utilização, em virtude de não terem acesso a um método de grande alcance.

Os dois grupos mostraram saber da presença do flúor no creme dental. Entretanto, de

acordo com Bowden (1995), citado por Tamietti (1998), o maior uso possível de fluoretos

através de diferentes veículos, parece ser a medida de prevenção mais preconizada contra a

cárie. De acordo com Pinto (2000), a fluoração da água de abastecimento público constitui-se

no melhor método de prevenção da cárie dentária e sua vantagem sobre os outros métodos é

que atinge grande parte da população que consome água e se beneficia sem esforços. A

combinação de métodos de uso sistêmicos com os de uso local torna o controle da cárie

dentária mais eficiente, pois segundo Beltran (1988), citado por Pinto (2000), o importante é

que o flúor esteja presente na cavidade bucal numa baixa concentração e numa alta

freqüência, mantendo reservatórios que são liberados nos momentos de desmineralização.

Page 81: Monografia Vana Diniz  SAÚDE BUCAL TAREFA DO PROFESSOR

68

7. CONCLUSÕES

Não sou um utópico, sou um idealista prático.

Mahatma Gandhi(1869-1948)

Embora os resultados do inquérito epidemiológico tenha revelado alta prevalência de

lesões de cárie cavitadas, este primeiro estudo foi feito tão somente com o objetivo de se

estabelecer um diagnóstico técnico estatístico da doença levando em conta apenas às causas

biológicas desta. As várias interpretações de “cárie,” como se dá sua evolução e as formas de

conduzir o tratamento, dependerão de todo um complexo de fatores, onde estes escolares

estão inseridos o que não faz parte deste estudo.

Sabemos que a alta prevalência de cárie dentária entre os alunos que freqüentavam as

escolas pesquisadas não pode ser explicada apenas pelas condições locais dos CIEPs naquele

momento. Ë necessário considerar-se os fatores de seu meio social tais como alta ingestão de

açúcares e o baixo acesso à água e ao creme dental fluoretado assim como a ausência de

medidas de higiene bucal em seus lares.

Os dados obtidos nos mostram a necessidade de se dar mais atenção às práticas de

higiene bucal nestes escolares, havendo viabilidade prática devido ao grande espaço físico

provido com lavatórios, que os CIEPs oferecem. Desta forma é que apesar das doenças bucais

como a cárie não representar ameaça à vida dos alunos, esta é um problema de saúde pública

devido à sua alta prevalência e aos impactos que causam a nível individual e coletivo.

Seus impactos negativos podem ser observados no cotidiano escolar, entre eles: a dor,

o desconforto, às faltas as aulas, dificuldades para mastigar, falar, sorrir, refletindo sobre a

aprendizagem e afetando suas atividades diárias.

Ainda em nosso segundo momento de pesquisa, feita com os professores, e principal

objetivo deste estudo, os resultados levam a crer que estes necessitam ampliar suas

potencialidades, traduzidas em atitudes e práticas favoráveis à qualidade de vida de seus

alunos, assumindo incisivamente o desfio de trabalhar temas significantes como a promoção

da saúde, entre os quais a saúde bucal na escola.

Nos referimos a potencialidade como uma capacidade ou poder de ação ainda virtual de

tomar para si cada vez mais um papel não considerado típico de sua formação profissional.

Não se pressupõem o professor e os demais membros da comunidade escolar como

componentes da equipe de saúde. Porém, como destaca Cavaliere (2002), as questões sociais

Page 82: Monografia Vana Diniz  SAÚDE BUCAL TAREFA DO PROFESSOR

69

atuais e suas dimensões afetivas e culturais alastraram-se pela escola mesmo que de forma

desorganizada do currículo.

Este estudo destacou a figura do professor como o principal ator na construção diária de

um conhecimento compartilhado a caminho da promoção de saúde em escolares, objetivo

maior do PSE. Diante disto conclui-se que para que uma aliança entre estas partes se

concretize, precisamos, como afirma Valadão (2004), desmistificar uma idéia muito difundida

da resistência dos professores em trabalhar temas extracurriculares de significado social. Os

professores a cada dia incorporam à sua prática pedagógica muitas vezes de forma espontânea

ou desordenada do currículo estas questões sociais relevantes, mesmo sem um projeto cultural

pedagógico.

Os resultados deste estudo demonstram que a promoção de saúde bucal na escola é

vivenciada ainda de forma tímida ou descompromissada, situação que pode estar relacionada

a problemáticas tais como:

• Desvalorização do magistério

• Carência de programas de educação continuada para aprimoramento profissional

• Falhas no sistema de ensino profissional oferecido aos professores em geral

• Falhas no setor de saúde aqui representado pelo PSE em assumir a população escolar

nas ações educativas em saúde

• Carência de alianças entre trabalhadores da saúde, professores, gestores e comunidade

escolar

Conclui-se que a participação dos professores relacionadas à promoção de saúde bucal

na escola em parceria com o PSE pode constituir-se num caminho sob determinadas

condições:

• Quando o professor associar a teoria à prática compreendendo saúde como direito de

todos, inclusive de crianças e adolescentes e seja competente para reconhecer seu

papel de educador em saúde assim como o setor de saúde representado pelo PSE seja

competente para assumir a população escolar nas ações educativas, de assistência

individual e aplicação de tecnologias.

• Ao buscar desenvolver um trabalho conjunto com os professores, que os auxilie a

refletir, opinar, participar nas questões de promoção de saúde e saúde bucal na escola,

contempladas nos objetivos do Programa Saúde na Escola –PSE.

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70

• Ao admitir a necessidade de desenvolver junto aos professores projetos que visem

introduzir na escola o auto-cuidado com a saúde geral, higiene bucal, controle da

dieta, durante o período que o aluno permanece na escola visando articular o processo

educacional a uma formação cultural e humanística deste.

A busca de adesão dos professores ao Programa Saúde na Escola é parte integrante e

indispensável no alcance de melhores índices epidemiológicos de ocorrência de doenças

bucais, dentre estas a cárie dentária, em CIEPs do Estado do Rio de Janeiro onde o PSE está

implantado, assim como para a promoção do indivíduo como cidadão.

Page 84: Monografia Vana Diniz  SAÚDE BUCAL TAREFA DO PROFESSOR

71

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22. Freire MCM Melo RB.Assistência À Saúde Bucal Nas Creches De Goiânia. ROBRAC

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23. Graville-Garcia AF, Silva JM, Guinho SF, Menezes V. Conhecimento de professores do

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26. Medeiros MID, Medeiros LADM, Almeida RVD, Padilha WWN. Conhecimentos e

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28. Meyer DEE, Mello DF, Valadão MM, Ayres JRCM. Você aprende.A gente ensina?

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29. Mialhe FL, Pereira AC. Diagnóstico da doença cárie. In: Pereira & Colaboradores.

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32. Ministério da Saúde; Valadão, Marina Marcos. Saúde na Escola.[on line]. Textos de

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Escolares Mediante Escovação Supervisionada E Motivação No Controle De Placa

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35. Oliveira TCC. Escola Pública em Tempo Integral: a experiência dos CIEPs em

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37. Pereira AC. & Colaboradores. Odontologia em saúde coletiva: planejando ações e

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38. Petry PC, Pretto SM. Educação e Motivação em Saúde Bucal. In: Kriger L. ABOPREV:

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39. Pinheiro HHC, Cardoso DG, Araújo MVA, Araújo IC. Avaliação do nível de

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40. Pinto VG. Saúde Bucal. Odontologia Social e Preventiva. 3.ed., São Paulo: Santos, 1992.

41. Pinto VG. Saúde Bucal Coletiva. 4. ed., São Paulo: Santos, 2000.

42. Rebecca S. Promoção da Saúde Bucal em Crianças e Adolescentes. Compêndio de

Educação Continuada em Odontologia 2005;v.26;5(supl.1);32-37.

43. Ribeiro D. O Livro Dos CIEPs. Rio de Janeiro: Bloch,1986.

44. Santos PA, Rodrigues JA,Garcia PPNS. Avaliação Do Conhecimento Dos Professores

Do Ensino Fundamental De Escolas Particulares Sobre Saúde Bucal. Rev. Odontol.

UNESP, São Paulo,31(2):205-214,2002.

45. Silveira EG, Silva RHH, Almeida ICS. Uma Metodologia Para Um Programa

Educativo Preventivo Em Saúde Bucal Para Escolares. Rev Paul. Odontol.v.20,n.1;p.8-16

g, 1998.

46. Site www.saudenaescola.rj.gov.br [2007 dez. 8]

47. Tamietti MB, Castilho LS, Paixão HH. Educação Em Saúde Bucal Para Adolescentes:

Inadequação De Uma Metodologia Tradicional. Arquivos em Odontologia, Belo

Horizonte, v.34, n.1,p.33-45, g 1998.

Page 89: Monografia Vana Diniz  SAÚDE BUCAL TAREFA DO PROFESSOR

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48. Valadão MM. Saúde Na Escola: um campo em busca de espaço na agenda

intersetorial.[Tese de Doutorado].São Paulo: Faculdade de Saúde Pública, Universidade de

São Paulo; 2004.

49. Xavier LN. Inovações e (Des)continuidades na Política Educacional

Fluminense(1975-1995).In:XXIV Reunião Anual da ANPED, 2001, Caxambu.Intelectuais,

Conhecimento e Espaço Público,2001.

Page 90: Monografia Vana Diniz  SAÚDE BUCAL TAREFA DO PROFESSOR

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9. BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR

1. Faria L. CIEP: A Utopia Possível. São Paulo: Livros do Tatu, 1991

2. Ribeiro D. Nossa Escola É Uma Calamidade. Rio de Janeiro: Salamandra,1984

3. Sheiham A. Mudança necessária na política de saúde bucal brasileira: “o pulo do

gato”. Jornal do site, ano III,n.45, 2ª quinzena de

2001.www.jornaldosite.com.br/arquivo/anteriores/aubrey/artaubrey

4. Weyne SC. A Construção do Paradigma de Saúde – um Desafio para as Novas

Gerações. In: Kriger L. ABOPREV: promoção de saúde bucal, 2.ed. São Paulo: Artes

Médicas, 1999.

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ANEXO I

QUESTIONÁRIO APLICADO AOS PROFESSORES

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Questionário

Universidade Estadual do Norte Fluminense – Darcy Ribeiro – UENF

Licenciatura em Biologia

1. Seu grau de Escolaridade:

( ) 2º Grau (hoje ensino médio) ( ) Curso Normal ( ) Mestre

( ) Graduado ( ) Especialista ( ) Outros – Cite: __________________

2. Durante a formação escolar você teve oportunidade de estudar conteúdos ligados à saúde e a higiene bucal como conteúdo curricular?

( ) Sim Se sua resposta é Sim

( ) Não Onde você estudou

( ) Escola de 1ª a 4ª séries ou correspondente

( ) Escola de 5ª a 8ª séries ou correspondente

( ) 2º Grau ou correspondente ensino médio

( ) Outros: Onde? _______________________________________

3. Você trabalha o conteúdo “Saúde e Higiene Corporal” com seus alunos?

( ) Sim ( ) Não

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80

4. As crianças levantam dúvidas sobre questões relativas à saúde e a higiene bucal em sala de aula?

( ) Sempre ( ) Freqüentemente ( ) Ocasionalmente ( ) Nunca

5. Você trabalha o conteúdo “Saúde e Higiene Bucal”com seus alunos?

( ) Sim ( ) Não

Se sua resposta é Sim

a) Quais os recursos pedagógicos mais utilizados por você ao

trabalhar este conteúdo? ( Se necessário marque mais de uma alternativa)

( ) Exposição oral em sala de aula

( ) Pesquisa realizada pelos alunos

( ) Livros, revistas, folhetos informativos e/ou cartazes

( ) Aulas práticas e/ou oficinas

( ) Filmes

( ) Outros. Quais? ______________________________________

b) Quando você trabalha o conteúdo “Saúde e Higiene Bucal”, as crianças manifestam interesse pelo tema?

( )Nunca ( ) Às vezes ( ) Com freqüência ( ) Sempre

Se sua resposta é Não marque na próxima página

Se sua resposta é Não

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O que o leva a não trabalhar este conteúdo? (Se necessário marque mais de uma alternativa)

( ) Não fazer parte do programa curricular da escola

( ) Não ser conteúdo dos livros adotados pela escola

( ) Não possuir conhecimentos a respeito do tema

( ) Não ter tempo disponível em sala para trabalhar este conteúdo

( ) Não achar o conteúdo importante

( ) Não ser função do professor e sim do dentista

( ) Outros motivos. _____________________________________

6. Qual fonte mais contribuiu para sua aquisição de conhecimentos em Saúde e Higiene Bucal?

( ) Família

( ) Escola de 1º grau/ ensino fundamental

( ) Escola de 2º grau/ ensino médio/curso Normal

( ) Televisão

( ) Livros, revistas, folhetos informativos

( ) Informações passadas pelo cirurgião dentista

( ) Informações adquiridas no ambiente de trabalho através de colegas

( ) Outros. Cite _______________________________________________

7. Você acha que existe integração profissional entre professores e dentistas?

( ) Sim ( ) Não ( ) Às vezes

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Com relação à higiene bucal de seus alunos

8. Seus alunos escovam os dentes pelo menos uma vez durante o período que estão na escola?

( ) Sim ( ) Não ( ) Não sei

9. Seus alunos costumam alimentar-se durante o período que estão dentro da sala de aula fora do horário do recreio?

( ) Sim ( ) Não

Com relação a você

10. Para você a cárie dental pode ser causada pelo uso de antibióticos?

( ) Sim ( ) Não

11. Para você a cárie dental é uma doença transmissível?

( ) Sim ( ) Não

12. Você acha que a dieta alimentar pode influenciar na saúde dos dentes?

( ) Sim ( ) Não

13. Você acha que a freqüência da ingestão de alimentos pode influenciar na saúde dos dentes?

( ) Sim ( ) Não

Continua na próxima página

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83

14. Ao realizar sua higiene bucal, o que você usa e com que freqüência?

( ) Escova de dente

( ) Nunca ( ) 1 vez ao dia ( ) 2 vezes ao dia

( ) 3 vezes ao dia ( ) mais de 3 vezes ao dia

( ) Pasta de Dente

( ) Nunca ( ) 1 vez ao dia ( ) 2 vezes ao dia

( ) 3 vezes ao dia ( ) mais de 3 vezes ao dia

( ) Fio Dental

( ) Nunca ( ) 1 vez ao dia ( ) Ocasionalmente

( ) mais de uma vez ao dia

( ) Palito

( ) Nunca ( ) Freqüentemente ( ) Ocasionalmente

( ) Enxaguantes bucais

( ) Nunca ( ) Freqüentemente ( Tipo: cepacol, listerine etc.)

( ) Ocasionalmente

( ) na pasta de dente

( ) em soluções para bochecho

( ) ingerindo água fluoretada

( ) Flúor

( ) através da aplicação profissional pelo dentista

Tudo o que você respondeu é de nosso grande interesse.

Muito obrigada pela sua contribuição!

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ANEXO II

RESOLUÇÃO CONJUNTA SEE – SEDEC – SES

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ANEXO III

AÇÕES EDUCATIVAS E PREVENTIVAS EM SAÚDE BUCAL

DESENVOLVIDAS NOS CIEPs PELA EQUIPE DO PSE

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ANEXO IV

AÇOES CURATIVAS EM SAÚDE BUCAL DESENVOLVIDAS

NOS CIEPs PELA EQUIPE DO PSE

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