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    UNIVERSIDADE FEDERAL DE SO JOO DEL REICINCIAS ECONMICAS

    Gilmar Aparecido de Oliveira AlmeidaMatrcula: 110700044

    UM ESTUDO SOBRE A CRISE AMERICANA DE 2008 SOB A TICA DA TEORIADOS CICLOS ECONMICOS DA ESCOLA AUSTRACA

    So Joo del Rei

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    Gilmar Aparecido de Oliveira Almeida

    UM ESTUDO SOBRE A CRISE AMERICANA DE 2008 SOB A TICA DA TEORIA

    DOS CICLOS ECONMICOS DA ESCOLA AUSTRACA

    Monografia apresentada para obteno decrditos da disciplina de Monografia II docurso de Cincias Econmicas daUniversidade Federal de So Joo Del-Rei.Orientador: Prof. Dr Alexandre Dalmeida

    So Joo del Rei

    2015

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    Gilmar Aparecido de Oliveira Almeida

    UM ESTUDO SOBRE A CRISE AMERICANA DE 2008 SOB A TICA DA TEORIA

    DOS CICLOS ECONMICOS DA ESCOLA AUSTRACA

    Monografia apresentada para obteno decrditos da disciplina de Monografia II docurso de Cincias Econmicas daUniversidade Federal de So Joo Del-Rei.Orientador: Prof. Dr Alexandre Dalmeida

    Prof. Dr. Alexandre Rodrigues dAlmeida (UFSJ)

    Prof. Dra. Patrcia Alves Rosado Pereira (UFSJ)

    So Joo del Rei

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    RESUMO

    A crise econmica que eclodiu nos Estados Unidos da Amrica em 2008 e se espalhou

    pelo mundo todo um importante foco de pesquisas para a cincia econmica. Opresente trabalho analisa a crise com base na teoria dos ciclos econmicos da EscolaAustraca de Economia examinando mais detalhadamente o papel do sistema bancriona formao da bolha e em seu posterior estouro. Usa-se a interao entre trsinstrumentos de anlise elaborados por Garrison (2001): Os Tringulos de Hayek, afronteira de possibilidade de produo e de um grfico que representa o equilbrio entreoferta e demanda de poupana. Com base na anlise, v-se que a reduo artificial dataxa de juros aliada s inovaes financeiras expandiram significativamente o crditosem que houvesse lastro em poupana. A partir disso observa-se que o comportamentodessas variveis da economia, primeiramente no consonante com o movimento de Boom

    e Bust. Conclui-se que a expanso do crdito contribuiu de forma importante para aformao do ciclo econmico tal como descrito pela teoria da Escola Austraca.

    Palavras Chave: Crise de 2008. Escola Austraca. Ciclos Econmicos. ReservasFracionrias

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    LISTA DE GRFICOS

    Grfico 1- Economia em EquilbrioPoupana, Fronteira dePossibilidade de produo e tringulo de Hayek

    09

    Grfico 2- Economia em EquilbrioPoupana, Fronteira dePossibilidade de produo e tringulo de Hayek aps aumento dapoupana voluntria

    16

    Grfico 3- Estrutura de Capital aps expanso de crdito sem lastro empoupana

    17

    Grfico 4- Taxa bsica de juros dos Estados Unidos da Amrica 23

    Grfico 5- Emprstimos ao setor privado 24Grfico 6- Taxa de juros para Hipotecas de 30 anos para os EstadosUnidos da Amrica 2000-2009. Em %.

    27

    Grfico 7- Preo dos imveis nos Estados Unidos da Amrica. 2000-2011em US$.

    28

    Grfico 8- : ndice S&P500 que mede a variao do preo das aes para osetor de Petrleo e gs, minerao, construo e engenharia e alimentos0% para o ano de 2001 a 2010.

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    SUMRIO

    1 INTRODUO 06

    2 REFERENCIAL TERICO 07

    3 METODOLOGIA 11

    4 FORMULAO DOS CICLOS 13

    4.1 O Crescimento com Base em Poupana Genuna e o CrescimentoBaseado em Crdito no Lastreado

    13

    4.2 O Perodo de Reajuste da Estrutura de Produo. Chega a Recesso 18

    5 A CRISE DE 2008 22

    5.1 O Incio do Boom de 2002 22

    5.2 A Reduo Artificial da Taxa de Juros 22

    5.3 A Expanso do Crdito e as Inovaes Financeiras 25

    5.4 O Comportamento do Setor Imobilirio 26

    5.5 O Comportamento das Variveis de Carter Geral 29

    6 CONCLUSO 32

    REFERNCIAS 34

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    1 INTRODUO

    A crise americana de 2008 foi caracterizada pela expanso desenfreada daatividade imobiliria no perodo que vai de 2002 a 2008. Este perodo foi marcado pela

    substancial reduo dos juros, contribuindo para intensa expanso do crdito. Alm

    disso, as inovaes financeiras ocorridas neste perodo foram responsveis para que

    grande parte destes recursos fosse canalizada para o mercado imobilirio, atravs das

    inovaes do sistema financeiro. As instituies financeiras se alavancaram muito,

    sendo que as facilidades de concesso de financiamentos contriburam para a elevao

    dos preos dos imveis. Assim sendo, o movimento especulativo foi aos poucos se

    elevando, de forma que em determinado momento, a oferta tornou-se maior que a

    procura, de modo que o queda do preo dos imveis tornou-se inevitvel. Em

    consequncia, os bancos que detinham enorme quantidade de hipotecas apresentaram

    forte reduo em seus ativos, desencadeando uma contrao do crdito que culminou

    com a crise financeira. Torna-se importante destacar que a crise teve incio no mercado

    imobilirio e foi contagiando diversos setores, gerando um movimento de tpico ciclo

    econmico, em que um perodo de boom (fase ascendente) procedido por um bust (fase

    descendente).O estouro da crise americana desencadeou efeitos devastadores pelo mundo todo,

    incluindo a Europa. Alm disso, os pases emergentes diminuram sua velocidade de

    crescimento, sendo que o preo de suas commodities caiu, prejudicando as suas

    exportaes.

    No presente trabalho, adota-se a abordagem de que o aumento artificial do

    crdito criou distoro entre a esfera produtiva e consumo, particularmente no setor

    imobilirio, e que se alastrou para outros setores da economia americana, provocando o

    surgimento de um ciclo econmico nos EUA em 2008.

    A relevncia do tema se deve ao fato de que a citada crise ainda no foi

    totalmente debelada, sendo que atualmente o mundo ainda sente os seus efeitos, o que a

    coloca como uma das crises que mais produziu turbulncias na histria do capitalismo.

    Ela que comeou nos EUA e acabou se tornando mundial, ampliando seus efeitos. H a

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    necessidade de se entender estes mecanismos geradores de crise, de forma que as

    instituies possam se precaver e atuar para impedir a formao de tais ciclos.

    O objetivo geral do presente trabalho mostrar que a reduo artificial dos juros

    na economia americana na primeira dcada do novo milnio, aliada s inovaesfinanceiras, ao ampliar o crdito sem a correspondncia do aumento natural da

    poupana, foram os principais responsveis pela crise que ocorreu nos Estados Unidos

    em 2008. Alm disso, tm-se por objetivos especficos mostrar como as variveis que

    disseminaram a crise para os demais setores (Taxa de juros para Hipotecas de 30 anos e

    Preo dos imveis nos Estados Unidos) se comportaram de acordo com o preconizado

    pela teoria dos ciclos econmicos da Escola Austraca e mostrar como as variveis da

    economia americana, de carter geral: (Mercado de aes setores: Petrleo e gs,

    minerao, construo e engenharia e alimentos) tiveram seu comportamento

    semelhante ao setor imobilirio.

    Aps a introduo foi exposto no captulo 2 o referencial terico. No captulo 3

    foi exposto a metodologia. No captulo 4 mostrou-se como uma economia cresce com

    bases slidas e como ela entra em um ciclo econmico. No captulo 5 foi mostrado como

    se deu o processo de inovaes no mercado financeiro e como as variveis da economia

    americana se comportaram. Em seguida tm-se a concluso e a referncia.

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    2 REFERENCIAL TERICO

    Em consonncia com os objetivos neste trabalho, a inteno de fazer um

    paralelo entre a teoria do ciclo econmico da escola austraca e a crise americana de2008. A opo por esta escola deve-se ao fato de que ela admite uma formulao terica

    que no somente permite prever a formao do ciclo, como evitar a formao do mesmo.

    A seguir apresenta-se a formulao terica que procura sustentar tal afirmao.

    Inicialmente, importa reportar aos tringulos de Hayek (1934). Esses tringulos

    so um instrumental desenvolvido pelo autor como forma de demonstrar um processo de

    produo levando em conta o fator tempo. No tringulo de Hayek (1934), a base

    representa o tempo que um processo de produo leva dos primeiros estgios produtivos

    ao consumo final. A altura equivale ao consumo e a inclinao da hipotenusa a taxa de

    juros. Quanto mais achatado o tringulo, mais intensiva em capital a economia, pois

    passa a haver mais estgios de produo e a base do tringulo fica mais longa. Sendo

    assim uma reduo na taxa de juros baseada no aumento da propenso a poupar dos

    agentes econmicos reduz de forma relativa o consumo, alonga a estrutura de produo

    e a economia torna-se mais capital-intensiva.

    No que concerne taxa de juros, Rothbard (2012)1diz que a taxa de juros deve

    refletir a preferncia temporal dos agentes econmicos, ou seja, o quanto eles esto

    dispostos a postergar o consumo presente para consumir mais no futuro. Um pas com

    alta preferncia temporal pode iniciar processos produtivos de longo prazo, pois h

    recursos poupados suficientes para que o consumo seja postergado at que os produtos

    fiquem prontos. Como h abundncia de oferta de poupana e pouca procura, a taxa de

    juros tende a ser mais baixa. Pases com baixa preferncia temporal tendem a depender

    mais de poupana vinda do estrangeiro como investimento ou emprstimos.

    Por sua vez, Garrison (2001) faz uma integrao entre os tringulos de Hayek, afronteira de possibilidade de produo e um grfico que relaciona a oferta e a demanda

    de poupana.

    1O autor no cita, mas estas consideraes sobre a taxa de juros tem referncia na Teoria Neoclssica da

    determinao da taxa de juros a Teoria dos fundos Emprestveis.

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    Grfico 1: Economia em Equilbrio Poupana, Fronteira de Possibilidade deproduo e tringulo de Hayek.

    Fonte: Garrison (2001) (Adaptado pelo autor).

    Os trs instrumentos interagem da seguinte forma: Se uma sociedade como um

    todo decide investir mais em bens de capital, deve diminuir o seu consumo e poupar

    mais. Isso far com que o tringulo de Hayek se torne mais longo e mais achatado pela

    queda no consumo e aumentos dos estgios de produo. Haver ento um deslocamento

    para baixo da curva de oferta de poupana e o novo equilbrio implicar em uma taxa de

    juros mais baixa.

    A Escola Austraca relaciona o aparecimento dos ciclos com uma

    descoordenao entre a taxa de juros praticada e a taxa natural (que seria aquela que

    equilibra poupana disponvel e a demanda por poupana). Se a taxa de juros cai sem

    que a preferncia temporal tenha aumentado, ou a demanda por crdito tenha diminudo,

    isso significa que o crdito est sendo criado de forma artificial.

    Esse instrumental ser usado para mostrar como, segundo a teoria da Escola

    Austraca, uma tentativa de mudar esta estrutura sem uma diminuio relativa do

    consumo em relao ao investimento inevitavelmente levar a uma distoro no setor

    produtivo que com o tempo se mostrar insustentvel.

    Sendo assim, a escola austraca advoga que o ciclo econmico ocorre aps a

    criao de crdito sem o correspondente lastro em poupana real. Este processo cria a

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    iluso de que projetos de longo prazo so viveis, eles comeam a ser executados e

    quando a bolha estoura, tem de ser liquidados.

    Outro ponto importante da distino realizada por Rothbard (2012) entre ciclo e

    flutuao. Esta ltima definida como sendo especfica de um setor. Essas alteraesdecorrem daquilo que o autor denomina de mudanas nos dados econmicos,

    provenientes, por exemplo, de alteraes nas preferncias dos consumidores, ou mesmo

    de descobertas de novos recursos naturais, enquanto outros chegam ao fim.

    Por sua vez, ciclo ocorre em diversos setores. Neste caso, ele afirma que no se

    trata de meras mudanas nos dados econmicos, como no caso anterior, mas de

    alteraes na esfera monetria. Isto porque a moeda tem a propriedade de criar um elo

    com todas as atividades econmicas, ou seja, a capacidade de afetar vrios setores ao

    mesmo tempo. Assim sendo, a queda econmica tende a ser generalizada e ocorre

    geralmente aps um perodo de boom.

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    3 METODOLOGIA

    Dados os objetivos propostos para este estudo, tem-se como base a pesquisabibliogrfica que permitiu a construo do embasamento terico tendo como foco

    a teoria dos ciclos econmicos da Escola Austraca. Alm disso, a pesquisa

    bibliogrfica permitiu uma reviso de literatura pertinente ao tema proposto, pela qual

    foi feito um resgate da origem e efeitos da crise de 2008. Sobre a perspectiva austraca

    consultou-se em diversos autores como Soto, Rothbard, Garrison, Hayek, Harris etc.

    Para a avaliao das inovaes do mercado financeiro serviu de fonte o trabalho de

    Cludio Gontijo. Foi utilizada a pesquisa documental, que proporcionou o acesso base

    de dados e levantamento de informaes sobre o que se passou na economia americana

    no perodo. Analisa-se mais propriamente o setor de construo e o setor financeiro

    relacionado a este j que estes foram os setores onde a crise teve incio. Para isto

    examina-se ndices tais como: Taxa bsica de jutos da economia americana;

    Emprstimos ao setor privado; Taxa de juros para Hipotecas de 30 anos para os Estados

    Unidos; ndice Case Shiller que o indicador mais utilizado nos Estados Unidos para

    mensurar o valor dos imveis; No entanto, como os ciclos tem carter geral, usa-se

    tambm o ndice S&P500 que mostra o comportamento das aes de setores inteiros da

    economia. Neste caso, utilizam-se os setores de Construo e engenharia, Petrleo e gs,

    Alimentos e Minerao. Opta-se por estes pelo importante peso que possuem dentro da

    economia americana e pela distncia que os separa do consumidor final.

    O estudo aqui proposto tem como mtodo de analise a estatstica descritiva, mais

    precisamente da anlise tabular e grfica das variveis relevantes ao estudo. A estatstica

    descritiva o conjunto de mtodos para organizao, apresentao e descrio de

    dados representativos do comportamento de uma varivel, onde se utilizam tabelas,

    grficos e medidas que resumem a distribuio desta varivel.

    Os dados da Taxa bsica de jutos da economia americana; Emprstimos ao setor

    privado; Taxa de juros para Hipotecas de 30 anos para os Estados Unidos; ndice Case

    Shiller foram retirados do site do Federal Reserve Saint Louis.

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    O ndice S&P500 foi retirado da ferramenta interativa de formulao de grficos

    do site do jornal Financial Time.

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    4 A FORMULAO DOS CICLOS

    Para que se entenda de forma mais aprofundada as distores que levam ao ciclo

    econmico, ser utilizado mais uma vez o modelo de Garrison (2001), que utiliza da

    integrao entre os tringulos Hayekianos, a fronteira de possibilidade de produo e um

    grfico que relaciona oferta e demanda de poupana. Com base nesse modelo,

    inicialmente, ser estudado o crescimento baseado em poupana genuna, Em seguida, o

    crescimento calcado em crdito no lastreado. Desta forma, tm-se o objetivo de

    evidenciar como ambos afetam de forma diferente a formao de ciclos na economia.

    4.1 O Crescimento com Base em Poupana Genuna e o Crescimento Baseado em

    Crdito no Lastreado

    Segundo Samuelson e Nordhaus (2009, p.604)

    Os pases que tem altas taxas de poupana e investimento tambm tem taxasde crescimento per capta superiores em mdia. A longo prazo, grandesaumentos na poupana e nos investimentos so uma das rotas mais seguras

    para se aumentar o crescimento.

    Um aumento na quantidade de poupana leva a uma estrutura produtiva maiscapital intensiva, o que faz com que a quantidade seja maior e qualidade melhor. Assim

    o crescimento baseado em poupana aumenta a velocidade do desenvolvimento

    econmico. O processo se d da seguinte forma:

    A primeira coisa que ocorre em uma economia que aumenta de forma sustentvel

    seu crescimento um aumento na taxa de poupana por parte das empresas (reinvestindo

    uma parte maior de seus lucros ao invs de repass-los aos acionistas para que estes

    usem em consumo), e/ou por parte das famlias que em virtude de um fator psicolgico,

    social ou de qualquer outro tipo, passam a poupar mais.2

    O primeiro efeito deste aumento de poupana que as indstrias de primeira

    ordem, que trabalham diretamente com o consumidor passam a ter perdas contbeis e

    acmulo de estoques. Os preos relativos dos bens de consumo tendem a cair. Esta

    2Como exemplo podemos citar a China. Por inmeros fatores que no nos cabe citar agora, a poupanadas famlias subiu de 28% a 53% de 1970 a 2009.

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    queda no preo relativo dos bens de consumo torna os salrios reais maiores. o

    chamado Efeito Ricardo3.

    Efeito Ricardo o nome dado por Hayek (1975, p. 14) ao efeito descrito por

    David Ricardo em que se diz que um aumento real nos salrios causado pelo aumento dapoupana e por consequncia a reduo do preo dos bens de consumo leva os

    empresrios a usar mais capital na produo para reduzir os custos. Como resultado a

    economia torna-se mais capital-intensiva e com a maturao dos investimentos a

    produo aumenta fazendo com que os preos caiam (lembrando que no sec. XIX

    vigorava o padro ouro e o crescimento levava a uma suave deflao) e os salrios

    voltem a subir em termos reais, fazendo com que o efeito seja observado novamente.

    Hayek no define Efeito Ricardo somente como a substituio de mo de obra

    por capital, mas como a substituio de Mtodos de produo mais diretos por mtodos

    de produo mais indiretos (de setores mais afastados do consumo final). Um exemplo

    que podemos dar a este respeito, o agricultor que adquire um trator ao invs de cavar o

    solo com um arado. A produo do trator envolve uma cadeia de produo mais

    complicada e mais longa portanto, pode-se dizer que um meio de produo mais

    indireto e mais capital-intensivo. Este tipo de troca se torna vivel quando a taxa de

    juros cai.

    Os outros dois efeitos causados pelo aumento da poupana so a disparidade de

    lucros entre as diferentes etapas da cadeia produtiva (aumenta o das etapas mais

    afastadas e cai o das etapas prximas ao consumo) e a diminuio das taxas de juros

    sobre o preo de mercado dos bens de capital.

    Eis, segundo Soto (2012 p.280-305) passo a passo o que ocorre em um aumento

    da velocidade de crescimento que tem como causa o aumento da poupana voluntria:

    1 H uma queda relativa na venda de bens de consumo e as empresas dos primeiros

    estgios comeam a sofrer perdas contbeis.

    3Nas palavras de RICARDO (1823 p.41): todo aumento de salrios ou, o que a mesma coisa, toda

    queda nos lucrosreduzir o valor relativo das mercadorias produzidas com capital de natureza durvel,e elevar proporcionalmente o valor relativo das produzidas com capital mais perecvel. Uma reduo nossalrios ter precisamente o efeito contrrio.

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    2O setor de bens de consumo sofre um desinvestimento uma vez que os empresrios

    passam a no investir a mesma proporo que antes investiam, empresas marginais

    quebram, h um aperto no emprego e o setor demite.

    3 O acmulo de estoques dos bens de consumo leva a uma queda relativa de seu preo.4 Os salrios reais aumentam em forma relativa (bens de consumo sobem mais

    lentamente do que os salrios, ou mesmo caem enquanto estes sobem).

    5Efeito Ricardo os empreendedores passam aproduzir com mtodos mais indiretos e

    mais capital-intensivos por causa da alta do preo da mo de obra (em relao aos bens

    de capital), mas principalmente por causa da queda da taxa de juros que torna tais

    mtodos economicamente vantajosos.

    6 A taxa de juros baixa o que faz com que o valor da Bolsa suba moderadamente.

    Projetos de estgios mais afastados do consumo final at ento inviveis, tornam-se

    viveis.

    7Aumenta o preo dos bens de capital (em relao aos bens de consumo) em funo da

    queda da taxa de juros e do efeito Ricardo (maior demanda). A produo de bens de

    capital aumenta.

    8 A mo de obra e os recursos liberados pela retrao nos primeiros estgios de

    produo so realocados nos setores mais afastados de produo que esto em expanso.

    9A estrutura produtiva alonga-se e torna-se mais capital intensiva. Como resultado a

    economia cresce mais rpido do que antes. Aumentam os itens disponveis para

    consumo em termos absolutos, aumentando o padro de vida da populao.

    Observando o grfico nmero 1 que mostra uma economia em estado de

    equilbrio e o grfico 2 que mostra a mesma economia aps o aumento de poupana, este

    o comportamento das variveis:.

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    Grfico 2 Economia em Equilbrio Poupana, Fronteira de Possibilidade de

    produo e tringulo de Hayek aps aumento da poupana voluntria.

    Fonte: Garrison (2001) (Adaptado pelo autor).

    As mudanas em relao economia em equilbrio mostrada no grfico 1so:Queda na taxa de juros de i para i, aumento dos estgios de produo de cinco para oito,

    aumento da proporo de bens de capital em relao a bens de consumo na fronteira de

    possibilidades de produo. Com isso a economia passa a crescer a uma velocidade

    maior. O inverso tambm verdadeiro. Se houver uma diminuio na quantidade de

    poupana, a taxa de juros sobe, devido mudana na preferncia temporal dos agentes

    (que aumentaram sua preferncia por bens presentes em relao a bens futuros) haver

    aumento na produo de bens de consumo na FPP e um tringulo menos achatado e

    com menos estgios de produo. A economia ento crescer mais devagar.

    Para que se explique melhor a deformao e a descoordenao que ocorrem na

    estrutura do Capital devido a uma expanso de crdito no lastreada em poupana tm-

    se o grfico que mostra a economia aps a queda artificial da taxa de juros:

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    Grfico 3: Estrutura de Capital aps expanso de crdito sem lastro em poupana.

    Fonte: Garrison (2001) (Adaptado pelo autor).

    Alguns aspectos a considerar:

    a) As estruturas em tom mais escuro foram acrescentadas economia, pois com a taxa

    de juros mais baixa, os setores mais capital-intensivos ficam muito atraentes (efeito

    Ricardo). Projetos que no so viveis taxa natural de juros passam a ser viveis no

    novo arranjo com a taxa artificialmente menor (a taxa caiu de i para i)Estes so os

    chamados malinvestiments.

    b) Os empresrios produzem o equivalente a A na Fronteira de Possibilidades de

    Produo. Ao passo que os consumidores continuam consumindo em A. A escassez

    de bens de consumo com o passar do tempo leva inflao. Como no houve

    restrio ao consumo para financiar os estgios de produo de ordens superiores, a

    oferta passa a superar a demanda. A situao que equilibraria o mercado se encontra

    no ponto D, mas este est fora da FPP. Isso significa que o ponto que equilibraria o

    nvel de consumo e investimento, supera a quantidade de recursos disponvel e

    portanto o arranjo econmico no perodo do Boom insustentvel longo prazo

    quando esta escassez de recursos se tornar evidente.

    c)

    Inicia-se uma espcie de Cabo de Guerra por recursos entre setores mais prximos

    do consumidor (que no diminuram de tamanho) e novos setores mais afastados do

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    consumo final. A briga por crdito, mo de obra e recursos eleva os salrios,

    diminui o desemprego e eleva o preo dos recursos naturais. Se no ocorrer nova

    injeo de crdito, a taxa de juros se eleva e os projetos de ordens superiores

    mostram-se inviveis e so interrompidos.d) Com o passar do tempo, trs coisas podem acabar com o perodo de euforia do Boom

    e iniciar o perodo de correo. 1 Os Bancos receosos de continuarem se

    expandindo no mesmo ritmo, passam conceder emprstimos com menos velocidade

    do que os emprstimos atuais so quitados. 2 A Inflao fora os bancos a cobrarem

    uma maior taxa de juros (devido a um maior prmio por inflao esperada) ou a

    autoridade monetria eleva a taxa de juros parando de injetar dinheiro no

    interbancrio, ou simplesmente injetando quantidades menores de dinheiro. Para que

    um perodo de Boom continue so necessrias crescentes doses de crdito extra que

    permanentemente distoram a percepo dos agentes econmicos 3 Ningum

    interrompe as crescentes injees creditcias e a economia entra num processo de

    hiperinflao que se no for detido pode levar ao fim da moeda.

    4.2O Perodo de Reajuste da Estrutura de Produo. Chega a Recesso.

    Seis efeitos Microeconmicos explicam a reverso do Boom sustentado porcrdito no lastreado em poupana e sua inevitvel transformao em recesso segundo

    Soto (2012 p. 321).

    1 A alta no preo dos fatores de produo originais (crdito, salrios e matrias

    primas). Como na expanso artificial no houve a poupana prvia, e, portanto no

    houve restrio ao consumo, h uma guerra de procura entre os setores de bens de

    consumo e os setores em etapas superiores. Em uma expanso com poupana genuna

    isso no ocorre por que o setor de consumo se contrai e libera recursos para os demais

    2 Inflao causada pela expanso de crdito e pelo aumento da procura dos bens

    de consumo. Como os salrios esto subindo e o desemprego est baixo, os

    trabalhadores seguem consumindo na mesma proporo Consumo/Poupana que antes,

    enquanto as empresas so iludidas pela taxa de juros artificialmente baixa. Sendo assim,

    os bens de consumo aumentam de preo.

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    3 Aumento Relativo da Taxa de Lucro contbil dos setores mais prximos do

    consumo final. Com o arrefecimento da expanso de crdito, a realidade vai se impondo

    e as etapas superiores de produo vo se mostrando inviveis (s eram viveis taxa de

    juros artificialmente baixa). Os setores prximos ao consumo por apresentarem demandareal, sofrem menos no perodo de crise. No necessariamente apresentam lucro, mas

    esto relativamente em melhor situao do que os demais setores.

    4 Efeito Ricardo ao inverso. Como foi dito o efeito Ricardo leva aos empresrios a

    buscar mtodos de produo mais capital-intensivos quando cai a taxa de juros. Agora

    que a taxa de juros volta a subir, os projetos na parte mais extrema da cadeia de

    produo mostram-se insustentveis e tem incio a busca por mtodos menos Capital-

    intensivos. Comenta sobre isso (ROTHBARD, 2012, p.54):

    Se esse fosse o efeito de uma queda verdadeira nas preferncias temporais ede um aumento na poupana, no haveria problema nenhum, e a novaestrutura alongada da economia poderia sustentar-se indefinidamente. Masessa transferncia produto da expanso do crdito bancrio. Logo o dinheironovo comea a descer dos muturios empresariais para os fatores de

    produo: nos salrios, nos aluguis, nos juros. Porm, a menos que aspreferncias temporais tenham mudado, e no h qualquer motivo para acharque isso tenha acontecido, as pessoas logo gastaro suas rendas maiores nasantigas propores entre investimento e consumo. Em suma, as pessoas logorestabelecero as antigas propores, e a demanda vai se transferir das ordenssuperiores, onde estavam, para as ordens inferiores. As indstrias de bens decapital vero que seus investimentos foram equivocados: que aquilo que eles

    julgaram lucrativo na verdade no , porque no h demanda de seusconsumidores empreendedores. As ordens superiores de produo revelaram-se um desperdcio, e os mal-investimentos tm de ser liquidados.

    5 Aumento das taxas de juro dos crditos para um nvel que chega a ser superior

    ao que tinham antes do incio da expanso de crdito. Se deixado ao natural, o

    mercado tende a elevar a taxa de juros ao novo equilbrio entre oferta e demanda de

    poupana. Como uma grande quantidade de poupana foi desperdiada em projetos

    insustentveis sem real demanda (como as quatro milhes de casas no vendidas e as 2,9

    milhes de casas desocupadas que havia nos EUA em janeiro de 2008 segundo Gontijo

    (2008,p.24). No entanto assim que comeou o turbilho financeiro ps quebra do banco

    Lehman Brothers, o 4 maior banco de investimentos dos EUA4, o Federal Reserve

    4Ironicamente esta instituio nunca emprestou um centavo sequer para compradores de casas. No entantoestava cheia dos derivativos baseados em Hipotecas e que tiveram seu valor reduzido a zero quandochegou a crise.

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    iniciou novas injees de dinheiro no mercado interbancrio o que fez a taxa de juros

    cair para 0,25%, patamar em que ainda se encontra at hoje.

    6. O aparecimento de perdas contbeis nas empresas das etapas relativamente mais

    afastadas do consumo: 2007 foi o ano das quebras de construtoras nos EUA. Emseguida a maior parte das empresas situadas em setores superiores da produo

    amargaram grandes perdas. Os financiadores destes setores, os Bancos de investimento e

    em menor escala os Bancos de Depsitos tambm amargaram enormes perdas. Todos os

    setores que cresceram com o Boom devido a uma demanda artificial, agora apresentam

    grandes perdas.

    Sobre a Recesso Skousen (2007), citado por Soto (2012 p.331) assinala que:

    Na etapa recessiva, ocorrem os seguintes efeitossobre o preo dos produtosdas diferentes etapas: primeiro, as maiores descidas de preos e no empregoocorrem normalmente nas empresas que se dedicam s atividades maisafastadas do consumo. Em segundo lugar, caem tambm os preos dos

    produtos das etapas intermedirias, se bem que em menor proporo. Emterceiro lugar, os preos de mercado se reduzem globalmente, embora emmenor proporo; e em quarto lugar e ltimo lugar, o preo dos bens deconsumo tambm tende a cair, embora em uma proporo muito menor doque a ocorrida no restante dos bens de que falamos. Alm disso, possvelainda que o preo dos bens de consumo, em vez de baixar, suba, se nosencontrarmos em um ambiente de recesso inflacionria.5

    A respeito da crise, o que ocorre em seguida que aumenta a taxa de poupanapor famlias mais receosas de gastar o mesmo ocorre com as empresas que retm lucros

    ao invs de repass-los aos acionistas. Os setores mais afastados dos bens de consumo se

    mostram insustentveis e quebram. Empresas terminam com projetos inconclusos, ou

    com projetos concludos, mas que no possuem os bens de capital complementares que

    seriam necessrios para seu funcionamento. Estes setores tambm demitem o que leva a

    uma contrao da massa salarial total prejudicando todos os setores da economia (com

    intensidades distintas).

    Uma vez que a economia volte a apresentar sua estrutura de produo em acordo

    com a preferncia temporal dos consumidores, ocorre a recuperao. Ativos

    desvalorizados e empresas falidas so leiloados e os novos compradores do a eles nova

    utilidade. Bens de Capital conversveis a outros usos (so a minoria) so empregados em

    5Ver Mark Skousen, The Structure of Production, ob. cit., p. 304.

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    setores e funes para os quais ainda possuam utilidade. A grande quantidade de

    recursos que no pode ser aproveitada fica ociosa.

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    5 A CRISE DE 2008

    Nesta etapa do presente trabalho, faz-se um paralelo entre o que ocorreu na crise

    de 2008 e a teoria da escola austraca.

    5.1 O Incio do Boomem 2002

    Durante toda a segunda metade da dcada de 1990 a economia americana

    experimentou altos nveis de crescimento, baixa inflao e baixssimo desemprego. No

    entanto boa parte deste crescimento era parte de uma bolha que se formava na bolsa de

    valoresNasdaqem empresas de tecnologia de internet. No ano de 2001 a bolsa tem um

    crash e a economia entre em recesso no segundo trimestre de 2001.

    A recesso agravada com o pnico ps ataques de onze de setembro e o Banco

    Central resolve intervir injetando na economia via Open Market6, dezenas de bilhes de

    dlares no sistema financeiro. Essa foi a maneira de curar a recesso de 2001. A ideia

    era reanimar os mercados despejando uma farta quantidade de crdito a uma baixa taxa

    de juros. Segundo a perspectiva da escola austraca isso s aprofunda a descoordenao

    entra a poupana disponvel e a percepo dos agentes econmicos que so induzidos acrer que h mais poupana do que de fato h. Isso retarda os ajustes necessrios e

    prolonga oBoomtrazendo uma recesso maior depois. Para mostrar como a inteno era

    mesmo a de re-inflar os mercados, temos a citao de um artigo da poca do economista

    Paul Krugman (2002) em que ele aconselha ao presidente do Federal Reserve: "Alan

    Greenspan precisa criar uma bolha imobiliria para substituir a bolha Nasdaq".

    5.2 A Reduo Artificial da Taxa de Juros

    Observa-se que a bolha das empresaspontocom estourou em 2001 e que o Banco

    Central reagiu derrubando as taxas de juros a um nvel entre 1% e 2%. Como o Banco

    Central americano ajusta sua taxa bsica em operaes Open Market, para derrubar a

    6Operao de mercado aberto onde neste caso, o Banco Central comprou ttulos e injetou dlares no

    sistema bancrio.

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    taxa e mant-la baixa por tanto tempo foi necessrio uma srie de injees de dinheiro

    no sistema interbancrio. Essas injees de recursos foram sendo abrandadas e a taxa do

    segundo semestre de 2004 ao segundo semestre de 2007 subiu at alcanar o patamar de

    5,25%. Esse foi o abrandamento da expanso do crdito que estourou a bolha. Durante acrise, o Banco Central para socorrer o sistema bancrio derrubou a taxa para 0,25% e a

    mantm desta forma at a presente data, conforme grfico 4.

    Grfico 4: Taxa bsica de juros dos Estados Unidos da Amrica

    Fonte: Apud Federal Reserve

    Ao contrrio de outras escolas econmicas, a escola austraca defende que o

    dinheiro recm-criado pelo Federal Reserve (FED) e introduzido no sistema bancrio

    que o multiplicou, se expande de forma gradual distorcendo os preos relativos edescoordenando a economia como um todo. O aumento da quantidade de dinheiro

    seguido de inflao, quem recebe este dinheiro novo primeiro fica mais rico, pois o

    recebe antes do aumento de preos. E quem recebe este dinheiro por ltimo (geralmente

    os trabalhadores assalariados e pessoas mais pobres) fica mais pobre.

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    A maneira que o Federal Reserve tem de baixar a taxa de juros injetando

    dinheiro no mercado interbancrio 7 como dito anteriormente. Os Bancos, que ento

    ficaram com excesso de reservas foram em busca de oportunidades de negcios e

    passaram a investir em uma nova modalidade de produto financeiro que transformavaimveis, eminentemente ativos ilquidos, em ativos com alta liquidez. O nmero de

    emprstimos para todo o setor privado aumentou vertiginosamente como podemos ver

    no grfico 5:

    Grfico 5: Emprstimos ao setor privado:

    Fonte: Apud Federal Reserve

    V-se que a inclinao vertical do grfico indica a velocidade com que o crdito

    est sendo concedido. Ou seja, a inclinao mostra a intensidade da expanso. Oabrandamento do rtimo de expanso de crdito em 2001 e em 2007/2008 estourou as

    bolhas respectivamente a das empresaspontocome a dos imveis. H uma forte relao

    7Este o mercado onde os bancos emprestam e tomam emprstimos. Quando a atividade econmica intensa, a taxa de juros sobe, pois os bancos estando em rpida expanso ficam sem recursos e recorrem aointerbancrio. Com o aumento da demanda, aumenta a taxa cobrada pelos bancos emprestadores. O BancoCentral injetou progressivas quantidades de dinheiro no interbancrio e o aumento da oferta derrubou ataxa cobrada pelos bancos.

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    entre o comportamento da taxa de juros do banco central e o startda forte expanso do

    crdito a partir de 2002.

    5.3 A Expanso do Crdito e as Inovaes Financeiras

    Assim ocorria durante o perodo de formao da bolha imobiliria. O banco

    comercial oferecia uma hipoteca a um cliente seguro classificado como prime que

    possua bom histrico de crdito, geralmente dava uma entrada etc. O Banco comercial

    ento fazia um seguro com esta hipoteca em empresas semi-estatais 8government-

    sponsored private corporation e essas empresas ou o prprio Banco transformavam

    esta hipoteca em uma Mortgage-backed security (MBS), uma hipoteca com seguro no

    caso de calote. Como as agncias semi-estatais asseguravam essas hipotecas e era

    consenso que o governo iria salva-las em caso de quebra, estas hipotecas obtinham das

    agncias qualificadoras de risco9AAA ou AA de forma que obtinham o chamado grau

    de investimento e podiam ser vendidas a fundos mais conservadores no que diz respeito

    ao risco.

    Outra inovao financeira do tipo MBS que tornou-se popular no perodo foi a

    CDO (Collateralized Debt Obrigation) 10 que era dividida em trs partes chamadas

    tranches: A mais segura que geralmente obtinha AAA das agncias. E a segunda que adepender dos ativos recebia uma nota que ia de BB a AAA. A terceira era vendida a

    fundos de risco e nem sequer recebia qualificao. Conforme os clientes iam pagando

    suas hipotecas mensalmente, o ativo rendia ao investidor que comprara o CDO uma

    quantidade em lucros.

    Quando os bancos passaram a multiplicar o dinheiro recebido pelo Federal

    Reserve e a expandir o crdito, houve imensa presso(poltica e econmica) para incluir

    nestes financiamentos securitizados clientes que no podiam comprovar renda ou dar

    entrada. Eram os chamados NINJA (No Income, No job, No Assets) que significa Sem

    renda, sem emprego e sem ativos. Tinha incio a disseminao do chamado Subprime.

    8Empresas privadas, mas com garantias do governo caso falissem e administradas pelo mesmo.9Standard & Poor's ,Fitch eMoody's10A CDO pode conter qualquer ativo que renda pagamentos mensais. Desde dvida de carto de crdito, aaluguis ou no caso hipotecas. As que se tornaram populares foram as hipotecrias.

    http://en.wikipedia.org/wiki/Mortgage-backed_securityhttps://pt.wikipedia.org/wiki/Moody%27shttps://pt.wikipedia.org/wiki/Moody%27shttp://en.wikipedia.org/wiki/Mortgage-backed_security
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    As taxa de juros das hipotecas subprime comeava em um patamar, e havia uma espera

    de dois ou trs anos para que o tomador ascendesse classe Prime que possua juros

    bem menores. Com a aproximao da crise a estagnao do preo dos imveis, esse

    segmento viu a taxa de juros aumentar e boa parte devolveu a casa aos bancos.Os Subprime eram misturados com os ativos Prime, securitizados e vendidos

    como ativos seguros a todo mercado financeiro. Segundo Gontijo (2008, p. 17)

    Geraram-se, assim, CDOs com crditos hipotecrios subprime, colocados emtranches diferenciadas. As mais elevadas recebiam grau AAA porque estavamcredenciadas a receber os primeiros pagamentos dos muturios. As tranchesinferiores traziam consigo cupons elevados para compensar o risco maiselevado. Atravs da mistura de crditos subprime com crditos de primeiralinha e a transferncia do risco, quase 80% das tranches com hipotecassubprime obtinham grau de investimento (grau A ou ainda mais elevado).

    Com bancos expandindo o crdito imobilirio e vendendo as hipotecas

    securitizadas aos investidores, o preo dos imveis disparou e ocorreu o Boom da

    construo.

    5.4 O Comportamento do Setor Imobilirio

    O valor de mercado dos bens de capital tende a ser igual ao valor do fluxo das

    receitas esperadas, descontado pela taxa de juros, sendo assim o preo dos bens de

    capital aumenta quando a taxa de juros baixa.11Estima-se que aps uma reduo de 8,5%

    a 5,5%12na taxa de juros, um bem de capital tem uma valorizao de 54,54%. As casas

    podem ser consideradas como bens de capital sendo que o valor que pode ser cobrado

    como aluguel seria o equivalente ao retorno. Uma casa tem durabilidade enorme e pode

    durar geraes. Foi essa a variao da taxa de juros para hipotecas observada o que

    elevou o valor das casas enquanto bens de capital. Como a reduo da taxa de juros foi

    realizada de forma artificial, ou seja, sem que isso refletisse uma mudana na preferncia

    temporal da sociedade, pela teoria quando a taxa voltasse a subir o preo das casas

    tenderia a cair.

    11A equao com que se calcula o preo dos bens de capital

    =

    (1)

    12As taxas foram baseadas no grfico 6

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    Grfico 6: Taxa de juros para Hipotecas de 30 anos para os Estados Unidos da

    Amrica 2000-2009. Em %.

    Fonte: Apud Federal Reserve

    O valor dos juros de uma hipoteca de 30 anos reduziu-se cerca de 29%. Isso fez

    com que os CDOs baseados em hipotecas se valorizassem refletindo a queda da taxa dejuros. Tal valorizao fez com que eles se tornassem objeto de especulao. No entanto,

    podemos observar que no foi a elevao da taxa de juros das hipotecas que estourou a

    bolha em 2007/2008. A explicao deve ser buscada antes na inadimplncia dos clientes

    subprime como ser explicado a seguir.

    O ndice Case Shiller o indicador mais utilizado nos Estados Unidos para

    mensurar o valor de casas13.

    13Segundo Harris (2013. P. 51)

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    Grfico 7: Preo dos imveis nos Estados Unidos da Amrica. 2000-2011 em US$.

    Fonte: Apud Federal Reserve

    Podemos observar que o valor dos imveis subiu mais do que o dobro do que

    indica a equao que mensura a alta dos bens de capital explicada anteriormente. Isso se

    deve ao fato da intensa procura especulativa dos agentes econmicos que esperavam queos imveis subissem ainda mais no futuro14.

    Com o fim da alta dos imveis os clientessubprime, que dependiam desta alta do

    preo para refinanciar o imvel a juros mais baixos, no conseguiram honrar os

    pagamentos e devolveram os imveis. Os bancos e empresas que antes tinham os CDOs

    rendendo dinheiro todo ms passaram a possuir imveis devolvidos que no rendiam

    nada. Com o aumento da oferta de imveis e o aperto no crdito caiu o preo desses e

    muitos clientes com hipotecas em dia resolveram entregar a casa, pois a dvida tornara-se muito superior ao valor do imvel. Com isso o preo das residncias despencou.

    Segundo (HARRIS, 2013. P.41) No momento em que o preo dos imveis comeou a

    cair, muitos proprietrios de hipotecas que tinham condio de continuar pagando,

    14Durante 2006, 22% das residncias adquiridas (1,65 milho de unidades) o tinham sido com propsitos

    de investimento, enquanto 14% (1,07 milho) eram casas de frias. Em 2005, esses dados eram de 28% e

    12%, respectivamente (BERNER, 2007. Apud GONTIJO 2008)

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    preferiram devolver a casa ao banco, pois o valor da dvida era muito superior ao valor

    do imvel. Com isso, a oferta de imveis ficou ainda maior que a demanda o que

    pressionou ainda mais os preos para baixo. Os bancos que antes tinham hipotecas a

    receber, agora possuam inmeros imveis com o preo em queda. O ativo do balanodos bancos encolheu enquanto o passivo continuava da mesma forma.

    Ocorreram tambm neste perodo a substituio de princpios contbeis

    multicentenrios que baseavam a valorao dos ativos nos valores histricos de

    transao pelas novas Normas Internacionais de Contabilidade (NIC) pelo valor de

    mercado ou valor razovel (fair value) para aproximar o valor do ativo nos registros

    contbeis de seu valor na bolsa de valores. Com o Boom, os ativos imobilirios ou as

    hipotecas securitizadas foram inflados e os bancos apresentavam elevado patrimnio

    lquido. Quando a valorizao se inverteu e o valor dos ativos caiu bruscamente, o que

    era elevado patrimnio lquido tornou-se patrimnio lquido negativo (uma vez que o

    ativo diminuiu de valor mas o passivo permaneceu o mesmo) e em questo de meses as

    mais slidas instituies bancrias americanas estavam insolventes.

    A crise que foi gestada no sistema financeiro e comeou a se manifestar no

    mercado imobilirio. Depois ela foi se espalhando por toda a economia, com maior

    intensidade nos setores mais capital-intensivos.Nos Estados Unidos, a interrupo do Boom parece ter ocorrido devido ao do

    Federal Reserve e ao aumento crescente da inadimplncia o que fez com que os Bancos

    se tornassem mais receosos e comeassem a reverter a expanso.

    Tem incio a recesso em que a economia comea a reagir e a refletir os reais

    fundamentos econmicos que at ento no eram percebidos pelos agentes econmicos

    devido ao crdito no lastreado em poupana.

    5.5 O Comportamento das Variveis de Carter Geral

    Como afirma Rothbard (2012 p. 48) em A Grande Depresso Americana h

    que se diferenciar flutuaes econmicas de ciclos econmicos. As flutuaes ocorrem

    inevitavelmente pois a sociedade est em constante mudana e inovao. No entanto,

    chamado ciclo econmico, a crise conjunta de vrios setores econmicos de forma

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    simultnea. As flutuaes ocorrem de forma isolada, os ciclos arrastam a maior parte da

    economia.

    Ser Traado um paralelo entre o setor de construo e alguns outros setores.

    Chama a ateno que os setores mais capital intensivos ganharam mais durante o boommas perderam mais com o bust. Isso se deve ao fato de que o dinheiro criado pelo

    sistema bancrio se direciona preferencialmente para os setores mais afastados do

    consumo final.

    Grfico 8: ndice S&P500 que mede a variao do preo das aes para o setor de

    Petrleo e gs, minerao, construo e engenharia e alimentos 0% para o ano de

    2001 a 2010.

    FONTE: Financial Times (Elaborado pelo autor)

    O ndice S&P500 mensura o valor das aes de setores inteiros da economia. Foi

    escolhida propositalmente quatro setores completamente distintos sendo trs deles bem

    afastados do consumo final (Minerao, Gs e Petrleo e o setor de construo) e um

    setor prximo do consumo final. A teoria da escola austraca afirma que apesar de no

    haver uma diminuio no consumo durante um Boom, antes o contrrio, os setores de

    bens de capital se tornam muito mais atrativos devido queda da taxa de juros. Isso

    pode ser observado pelo comportamento de cada setor no grfico. O setor de construo

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    chegou a apresentar variao de 400% em relao a 2001. Nele a crise teve incio, ou

    seja, foi no setor de construo que o crdito recm-criado pelo sistema bancrio

    comeou a entrar na economia. O setor de minerao ultrapassou 200% de variao e o

    de petrleo e gs se aproximou dos 200%. J o setor de produtos alimentares, que maisprximo ao consumidor, nem subiu acentuadamente no perodo 2002-2008 nem caiu

    durante a recesso. Portanto, conclui-se que a tendncia observada est em acordo com o

    que a teoria analisada afirma.

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    6 CONCLUSO

    Inicialmente mostrou-se que a escola austraca advoga que a expanso do crdito

    no decorrente de aumento da poupana genuna por parte dos agentes econmicos

    conduz a uma descoordenao econmica, o que leva a economia para um movimento

    cclico deBoomeBust.

    Em seguida, observa-se que a crise ocorrida nos Estados Unidos da Amrica em

    2008, cujos antecedentes remontam ao incio dos anos 2000 (quando comeou o Boom),

    se encaixa nesta descrio. Isto porque a expanso de crdito observada no foi

    decorrente de um aumento da taxa de poupana, mas de reduo dos juros realizada deforma artificial.

    Assim sendo, procurou-se esclarecer que a reduo dos juros aliada a inovaes

    financeiras geraram uma crise no setor imobilirio que se espalhou para os demais

    setores caracterizando um ciclo. O preo dos imveis com a queda dos juros em 2001

    passou a subir rapidamente gerando especulao durante a dcada de 2000. A produo

    de casas se multiplicou o que fez crescer o nmero de hipotecas. Com o fim do ciclo e

    incio do perodo de crise, o preo destes imveis despencou. A demanda que era, na

    realidade, decorrente da expanso creditcia no se sustentou. Os bancos que lidavam

    com hipotecas viram o preo de seus ativos diminurem de tamanho, o que implicou em

    forte contrao do crdito. Neste sentido, os investimentos realizados no setor foram

    igualmente afetados. Sendo assim, observa-se que as variveis do setor da construo

    tiveram um comportamento tpico de ciclo econmico.

    Entretanto, comentou-se que luz da escola austraca, uma crise em determinado

    setor somente uma flutuao. Por conseguinte, havia a necessidade de examinar o

    comportamento dos demais setores. Neste sentido, constatou-se que eles igualmenteusufruram do boom no crdito de modo que tambm acabaram sendo afetados. O

    crdito para estes setores tambm foi ampliado, a exemplo do que ocorreu em setores to

    distintos como petrleo e gs e minerao. Da mesma forma, observou-se a expanso,

    ainda que muito modesta, de setores mais prximos do consumo imediato, como o setor

    de alimentos.

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    Por fim, v-se que todas as variveis acima mencionadas apresentaram

    comportamento tpico de ciclo (em intensidades distintas): inicialmente sofreram um

    movimento de boomque durou dede 2002 a 2007. Porm, a partir do final de 2007, o

    crescimento foi revertido e a economia passou a apresentar um comportamentocaracterstico de estouro de bolha, o chamado bust. Portanto, com base na teoria da

    escola austraca conclui-se que uma reduo artificial da taxa de juros, ao ampliar o

    crdito sem poupana genuna, contribuiu para a formao de um ciclo econmico na

    economia americana durante a primeira dcada do primeiro milnio.

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