MONOGRAFIA Silvério

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Estudo da atuao do profissional fonoaudilogo e sua relao com o Programa de Conservao Auditiva em empresas que apresentam o rudo como agente agressor.

Study of Clinical Audiologist Professional Perfomance and its relation to the Hearing Preservation Program in companies which present noise as aggressive agent.

Luciana Oliveira Tiensoli Ferreira (3),

(1)

, Marina Gabriela Simes

(2)

, Silvrio Domingos

(1) MESTRE EM CINCIAS DA SADE; DOCENTE DO CURSO DE FONOAUDIOLOGIA IZABELA HENDRIX. (2) ESTUDANTE DE FONOAUDIOLOGIA DO CENTRO UNIVERSITRIO METODISTA IZABELA HENDRIX. (3) ESTUDANTE DE FONOAUDIOLOGIA DO CENTRO UNIVERSITRIO METODISTA IZABELA HENDRIX. DO CENTRO UNIVERSITRIO METODISTA

rea: Audiologia Tipo de Pesquisa: Artigo Original Ttulo Resumido: Estudo da atuao do Fonoaudilogo no PCA em Empresas com agente agressor, o rudo.

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RESUMO Objetivo: o objetivo deste estudo verificar se as empresas pesquisadas implementaram o Programa de Conservao Auditiva, quais as atribuies do fonoaudilogo junto a equipe multidisciplinar que conduz o PCA e conhecer a realidade deste profissional em empresas que implantaram este Programa. Mtodos: foram avaliadas 13 empresas de Vespasiano/MG que tm o agente fsico rudo, com a aplicao de um questionrio com questes abertas e fechadas que deveriam ser respondidos principalmente pelo fonoaudilogo, ou na ausncia deste, por componentes do SESMT (Servio Especializado de Segurana e Medicina do Trabalho) das empresas. Resultado: Embora o profissional fonoaudilogo atue na maioria das empresas pesquisadas, o trabalho deste restringe-se a realizar exames audiomtricos e orientar os trabalhadores quanto ao uso do EPA(Equipamento de Proteo Auditivo) e a orientao sobre conservao auditiva. Concluso: Os resultados encontrados contriburam para melhor compreenso de como as empresas de Vespasiano/MG tm implementado o Programa de Conservao Auditiva, bem como a atuao, participao e a realidade do profissional fonoaudilogo nas empresas pesquisadas. DESCRITORES: Rudo ocupacional; Perda auditiva provocada por rudo; Riscos ocupacionais; Servios de sade do trabalhador.

3 ABSTRACT Purpose: the objective of this study is to verify if the researched companies had implemented the Program of Auditory Conservation, and which are the attributions of the clinical audiologist in the multidisciplinary team that leads the PCA, and to know the reality of this professional in companies who had implanted this Program. Method: 13 plants from Vespasiano City, which have the noise as a physical agent, were evaluated through a questionary, with open / close questions, that should be answered mainly by the clinical audiologist, or in his absence by a component from the SESMT of the plant. Result: Although the clinical audiologist acts in the majority of the researched companies, his work is restricted to carry out audiomtric examinations and to guide the workers regarding the use of the EPA (Auditory Protection Equipment), and the orientation on auditory conservation. Conclusion:

The results had contributed for a better understanding on how the companies in Vespasiano/MG have implemented the Program of Auditory Conservation, as well as the performance, participation and the reality of the clinical audiologist in the researched companies. KEYWORDS: Noise, occupational; Hearing loss, noise-induced; Ocupational risks; Occupational health services.

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INTRODUO O principal objetivo de um Programa de Conservao Auditiva - PCA na empresa a conservao da sade do trabalhador, ou seja, prevenir que os trabalhadores expostos aos nveis de rudo contnuo, intermitente ou de impacto, perigosamente altos, desenvolvam Perda Auditiva Induzida pelo Rudo

Ocupacional(1). Sabe-se que a perda auditiva ocupacional um dos mais graves problemas sociais do trabalhador brasileiro. Caracteriza-se por diminuio gradual da acuidade auditiva num perodo de, geralmente, 6 a 10 anos de exposio a elevados nveis de presso sonora (2). Em outra pesquisa encontramos relato sobre os efeitos no-auditivos, como alteraes no sistema neurolgico, no aparelho circulatrio, aparelho digestivo, sistema endcrino, sistema imunolgico e no psiquismo(3). Outro aspecto importante descrito na literatura que o rudo torna-se fator de risco da perda auditiva ocupacional se o nvel de presso sonora e o tempo de exposio ultrapassarem certos limites. A NR-15 da Portaria n 3.214/78, nos Anexos 1 e 2, estabelece os limites de tolerncia para a exposio a rudo contnuo ou intermitente e para rudo de impacto, vigentes no Pas. Como regra geral, tolerada exposio de, no mximo, oito horas dirias a rudo, contnuo ou intermitente, com mdia ponderada no tempo de 85 dB(A) , ou uma dose equivalente. No caso de nveis elevados de presso sonora de impacto, o limite de 130dB(A) ou 120dB(C)(4). Embora se argumente que o objetivo principal de um programa de conservao auditiva seja a preservao da audio dos trabalhadores atravs da criao de um ambiente de trabalho mais saudvel e seguro, e no apenas o cumprimento de regras governamentais e/ou a reduo de custos das

5 compensaes trabalhistas, devemos reconhecer que a legislao um forte motivador para existncia destes programas(5). O PCA previsto pela NR 9 (PPRA) e pelo Anexo I do Quadro II da NR 7 (PCMSO) do Ministrio do Trabalho. Est disposto na NR 9 que todos os empregadores e instituies com trabalhadores admitidos como empregados so obrigados a elaborar e implementar um Programa de Preveno de Riscos Ambientais (PPRA), visando preservao da sade e da integridade dos trabalhadores, caso estejam expostos a agentes agressores capazes de trazer prejuzo sade destes indivduos. Este programa dever estar integrado com o Programa de Controle Mdico e Sade Ocupacional (PCMSO)(6,7). Antes de ser colocado em prtica um PCA, uma auditoria deve ocorrer. Nesta auditoria deve haver: verificao de que as regras para o PCA esto sendo indicadas e so conhecidas por todos que administram ou participam do programa; indicao de um responsvel pela implementao do programa; estabelecimento do papel dos supervisores; discusso das avaliaes de risco; criao de mtodos para avaliao dos resultados das medidas de risco; identificao das medidas prioritrias que sero tomadas, bem como sua freqncia; discusso sobre os tipos de EPI's auriculares a serem utilizados; avaliao dos controles administrativos e de engenharia a serem tomados e estabelecimento de prioridades; determinao da freqncia, metodologia e temas dos treinamentos(4). Assim, para que o PCA seja implementado com sucesso, O Comit Nacional de Rudo e Conservao Auditiva lanou no Brasil o Boletim n. 6, as diretrizes bsicas de um Programa de Conservao da Audio (PCA), com recomendaes mnimas para a sua elaborao, contendo as seguintes etapas: reconhecimento e avaliao de riscos para a audio, gerenciamento audiomtrico, medidas de

6 proteo coletivas, medida de proteo individual, educao e motivao, gerenciamento dos dados e avaliao do programa(8). Outra descrio na literatura inclui: medio e anlise da exposio do trabalhador ao rudo, controle do rudo por medidas coletivas e individuais, instruo e motivao dos empregados s prticas de conservao auditiva, avaliao da audio dos trabalhadores e a avaliao e eficincia do programa(9). Conforme descrito na literatura(10), o PCA prev a atuao de uma equipe multiprofissional, pois so necessrias medidas de engenharia, medicina,

fonoaudiologia, treinamento e administrao e prev a reduo dos nveis de presso sonora encontrados nos ambientes de trabalho, como medida efetiva de preveno. O autor enfatiza que conhecimentos atualizados de acstica devem estar disponveis para que sejam adotadas medidas tcnicas e economicamente viveis no tratamento das principais fontes de rudo, que estejam causando leses auditivas. A caracterstica multidisciplinar do PCA faz com que as habilidades, conhecimentos e as experincias de cada profissional envolvido no programa sejam aproveitadas, integrando os trabalhadores expostos e aumentando o sucesso do programa. O fonoaudilogo um profissional que detm conhecimentos importantes a respeito da audio do ser humano e habilidades para trabalhar com a preveno de problemas relacionados sade da comunicao. Assim, ele um elemento importante na equipe multidisciplinar que deve conduzir o PCA. Desta maneira, esta pesquisa teve como objetivo verificar se as empresas pesquisadas implementaram o Programa de Conservao Auditiva, quais as atribuies do fonoaudilogo em relao ao PCA e conhecer a realidade deste profissional nas empresas pesquisadas.

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MTODOS Trata-se de um estudo transversal, observacional e descritivo, realizado em outubro de 2006 em 13 das maiores empresas privadas da rea de metalurgia, siderurgia, mecnica e cimenteira, que tem como agente de risco o rudo, situadas no Distrito Industrial de Vespasiano, Minas Gerais. O propsito do estudo era de pesquisar todas 16 empresas de Vespasiano/MG que se enquadravam nos padres estabelecidos para a pesquisa; entretanto, 03 (trs) empresas no se disponibilizaram a responder o questionrio. Foram entregues 13 questionrios com 13 questes fechadas e abertas referentes atuao do fonoaudilogo nestas empresas e sobre o Programa de Conservao Auditiva (Anexo 1). Para responder ao questionrio tivemos como foco preferencial o fonoaudilogo e, na ausncia deste, o mdico do trabalho, engenheiro ou higienista do trabalho, profissionais que so responsveis pelo PPRA, PCMSO e PCA. Elaborou-se um banco de dados, com todas as informaes disponveis no questionrio. A analise foi realizada atravs da distribuio em tabelas, contendo nmeros absolutos, percentuais e figuras, para melhor visualizao das diferentes respostas. Em algumas das empresas visitadas, no foi possvel obter resposta do questionrio por um dos profissionais previstos, sendo necessrio solicitar ao tcnico de segurana do trabalho para responder ao questionrio. As visitas s empresas foram agendadas previamente por telefone, e realizadas por dois estudantes de graduao em fonoaudiologia, sob a orientao de uma docente do Centro Universitrio Izabela Hendrix do Curso de Fonoaudiologia. Apresentamos os objetivos do estudo e a obteno por escrito do termo de

8 consentimento livre esclarecido (Anexo 2) ao responsvel pelo preenchimento do questionrio. Este presente estudo recebeu parecer favorvel n 029/06 do Comit de tica em Pesquisa do Centro Universitrio Izabela Hendrix.

9 RESULTADOS Observa-se pela tabela 1 as questes relacionadas s caractersticas gerais das empresas, sendo que 85% das empresas avaliadas so Metalrgicas, 8% so siderrgicas e 8% so Cimenteiras. Na tabela 2 verifica-se que 54% das empresas avaliadas so classificadas no grau de risco IV e 46% so classificadas no grau de risco III. Na tabela 3 foi verificado que 58% dos responsveis pelo preenchimento dos questionrios das empresas avaliadas foram os profissionais de fonoaudiologia e que 62% tiveram como responsveis os mdicos do Trabalho, Engenheiros e Tcnicos de Segurana, que correspondem a 14% cada um. Observou-se, tambm, que em algumas empresas, havia mais de um responsvel pelo preenchimento. Quanto s informaes sobre o contrato com o fonoaudilogo, 92% das 13 empresas pesquisadas contam com o servio deste profissional. Entretanto, todos so de prestao de servios, ou seja, servio terceirizado. Em relao implantao do PCA, observa-se na tabela 4 e 5 respectivamente que 62% das empresas avaliadas no implantaram o PCA. J nas 5 empresas (38%) que possuem este programa, 23% esto na faixa de 2 a 4 anos de implantao do PCA , 8% tm menos de 2 anos de existncia do programa e 8% esto na faixa de 4 a 6 anos de existncia do programa. Verifica-se, na tabela 6, que 41% das empresas avaliadas possuem como profissional responsvel pelo gerenciamento do PCA o Mdico do Trabalho, seguido pelo engenheiro de segurana em 25% das empresas, pelo profissional fonoaudilogo em 17% e pelo tcnico de segurana tambm em 17% das empresas. importante salientar que algumas empresas trabalham com mais de um profissional responsvel pelo gerenciamento do PCA.

10 A tabela 7 mostra que as equipes do PCA das empresas avaliadas so compostas, em sua maioria, pelo Tcnico de Segurana (48%), seguido pelo Mdico do Trabalho (22%) e pelo Engenheiro de Segurana (17%). Pode-se observar que o fonoaudilogo est presente em apenas 9% das equipes das empresas. Nas questes relacionadas com a participao do Fonoaudilogo nas empresas avaliadas, na tabela 8, observa-se que em 8% das empresas o fonoaudilogo gerencia o PCA, em 38%, realiza exames audiomtricos e em 54% das empresas, o fonoaudilogo realiza exames audiomtricos e orienta quanto ao uso de EPI auditivo. Referente aos Equipamentos de Proteo Individual auditivo, na tabela 9 verifica-se que, das empresas avaliadas, 79% responderam que Tcnicos de Segurana so os responsveis pela indicao de aquisio do EPI auditivo, seguido pelo Engenheiro de Segurana 14% e em 7% das empresas o Fonoaudilogo. importante salientar que nas empresas pesquisadas, no existe um s profissional responsvel pela indicao de aquisio do EPI auditivo. Foi possvel observar nestas empresas os tcnicos e engenheiros de segurana do trabalho como responsveis pela indicao, em outras o tcnico de segurana e fonoaudilogo, e nas demais o mdico do trabalho e tcnico de segurana. A tabela 10 mostra que em 61% das empresas, a escolha dos EPIs auditivos, feita atravs de avaliao do ambiente de trabalho e em outras 23%, avalia-se mais a qualidade e a eficcia do EPI. Em 8%, optam pelo conforto de seus colaboradores e outras 8% das empresas realizam pesquisas para saber qual o E.P.I. mais adequado a seus colaboradores. Observa-se na tabela 11, que 37% das empresas avaliadas utilizam protetores tipo concha, 34% utilizam os de Insero de silicone e 29% os de Insero

11 de espuma. importante salientar que a maioria das empresas utiliza mais de um tipo de E.P.I. Relativo a realizao de treinamentos aos colaboradores, quanto preveno de problemas auditivos e uso de EPI, foi verificado que todas as empresas avaliadas oferecem treinamentos a seus colaboradores, incluindo aquelas que no possuem o PCA. A tabela 12 mostra que em 72% das empresas, os temas dos treinamentos so relacionados utilizao dos E.P.I.s auditivos e em 28% realizam treinamentos relativos a conhecimentos do mecanismo auditivo e sua preservao. Verifica-se na tabela 13 que em 44% das empresas pesquisadas o profissional tcnico de segurana o responsvel pelo treinamento, seguido pelo fonoaudilogo com 37%, o engenheiro de segurana em 11% e o mdico do trabalho em 7%. Nas respostas analisadas, observamos que mais de um profissional divide a responsabilidade pelos treinamentos nas empresas.

12 DISCUSSO O foco de nossa pesquisa foi desenvolver um estudo da atuao do profissional fonoaudilogo e sua relao com Programa de Conservao Auditiva em empresas que apresentam o rudo como agente agressor. A pesquisa foi realizada em empresas que se enquadravam no grupo com o grau de risco III e IV. Quanto maior o risco existente nas empresas, maior sua classificao, de acordo com a classificao nacional de atividades econmicas, descrito no quadro I da NR 4 - Servios Especializados em Engenharia de Segurana e em Medicina do Trabalho(11). Portanto, observamos, atravs dos dados coletados, que a maioria das empresas so do tipo metalrgicas; o grau de risco encontrado predominou no risco IV. De acordo com a anlise das respostas obtidas no questionrio, referente questo do responsvel por seu preenchimento, apuramos que um profissional de fonoaudiologia, respondeu por sete empresas, que contam com servios mdicos ocupacionais terceirizados. Foi possvel observar que, apesar de quase a totalidade das empresas contratarem profissionais fonoaudilogos, a participao destes, na maioria dos casos, se restringe apenas em realizar exames de audiometria e a orientar quanto ao uso de E.P.I auditivo. Observamos, ainda, que mais da metade das empresas pesquisadas no implantaram o programa e quase a totalidade das que o implantaram, no cumprem todas as etapas previstas para sua implementao, conforme as recomendaes mnimas para a elaborao de um PCA. Portanto, observamos que estas empresas realizam parcialmente as etapas previstas conforme anlise dos dados, o gerenciamento audiomtrico e medidas de proteo individual. Assim, entendemos que essas empresas ainda no esto em conformidade com a legislao que

13 regulamenta os procedimentos a serem adotados em ambientes que possuem agente de rudo elevado, a organizar, sob sua responsabilidade, um Programa de Conservao Auditiva PCA(6-12). Dessa forma, constatamos que a estrutura ideal ainda est longe de ser a realidade de todas as empresas, pois apenas em um questionrio, foi possvel detectar com clareza a aplicao do PCA sob a responsabilidade de um profissional fonoaudilogo, que assume a responsabilidade pelo gerenciamento do programa, realiza consultoria e participa ativamente da equipe multidisciplinar, composta pelos profissionais da rea de sade e segurana, de manuteno, da gerncia industrial e de recursos humanos da empresa, conforme recomendao descrita em literatura sobre as etapas de implementao do PCA(6). Conforme anlise das respostas obtidas no questionrio referente ao responsvel pela indicao do E.P.I auditivo, observamos que a maioria das empresas atriburam esta funo ao Tcnico de Segurana do Trabalho, de acordo com a NR 6(11) , em conformidade com a legislao que atribui a um componente do quadro do SESMT esta responsabilidade. Em relao s questes referentes aos EPIs auditivos utilizados, a maioria das empresas responderam que usam protetores tipo concha, atribuindo a responsabilidade pelo treinamento quanto ao uso dos EPIs auditivos aos profissionais de Fonoaudiologia e Tcnicos de Segurana. Observamos, ainda, que todas as empresas oferecem treinamento, cujos temas esto relacionados quanto ao uso do EPI auditivo. Estes achados condizem com a literatura que descreve sobre a utilizao de EPI no mbito do programa, que dever considerar as Normas Legais e Administrativas em vigor(6). Esta pesquisa proporcionou conhecer a realidade do profissional

fonoaudilogo nas empresas de Vespasiano/MG, cuja funo em quase todas as

14 empresas pesquisadas, no exercida de acordo com suas atribuies e deveres. Os achados de nossa pesquisa no vo ao encontro com a literatura que descreve a funo da rea de medicina e fonoaudiologia como: planejar, atualizar e conduzir os exames audiomtricos em concordncia com as normas legais (PPRA e PCMSO)(6,7) que descreve como seguir as recomendaes do Comit Nacional de Preveno Auditiva quanto ao diagnstico, interpretao e conceitos mdico-administrativos dos usurios de protetores auditivos. Ressaltamos, ainda, que a atuao do fonoaudilogo nas empresas no deve se limitar a realizar exames audiomtricos e treinamentos. Compete ao profissional fonoaudilogo possuir conhecimento suficiente sobre as etapas do PCA, que so, reconhecimento e avaliao de riscos para a audio, gerenciamento audiomtrico, medidas de proteo coletivas, medida de proteo individual, educao e motivao, gerenciamento dos dados e avaliao do programa que, conforme literatura, so requisitos bsicos para a implementao do PCA(8), bem como experincia profissional na rea de audio ocupacional, estar atualizado sobre os regulamentos vigentes, ser capacitado em proteo auditiva atravs de cursos de especializao/atualizao, que so conhecimentos pertinentes para agir sobre todas os contedos relacionados operao e administrao do PCA. No podemos deixar de relatar as dificuldades encontradas para realizar esta pesquisa de campo. Por no conhecermos nenhum responsvel da rea de sade e segurana do trabalho, bem como administradores nas empresas de Vespasiano, tivemos que, por vrias vezes, nos dirigir a elas para nos apresentar e viabilizar o preenchimento dos questionrios. Por se tratar de informaes de alta relevncia, que dizem respeito sade do trabalhador e envolver questes relacionadas legislao, as empresas ficavam na dvida quanto ao preenchimento do questionrio. Entretanto, conseguimos obter os dados, aps apresentar o termo de

15 compromisso livre e esclarecido com todas as normas estabelecidas pelo Comit de tica e Pesquisa do Centro Universitrio Metodista Izabela Hendrix, no qual relatava que as informaes eram sigilosas. A partir deste estudo, acreditamos ser possvel haver uma mudana em relao participao do profissional fonoaudilogo nas empresas com uma atuao mais efetiva junto equipe multidisciplinar que conduz o PCA. Para isto, sugerimos que o fonoaudilogo faa parte do quadro do SESMT (Servios Especializados em Engenharia de Segurana e Medicina do Trabalho) das organizaes, conforme descrito no Quadro II, anexo da NR 4(11) - Dimensionamento do SESMT, que determina quais e quantos profissionais devem atuar de acordo com o grau de risco destas organizaes e neste caso, nossa sugesto vale para empresas que contenham agentes de risco capaz de lesar a audio do trabalhador. No basta a vontade do fonoaudilogo em desenvolver um bom trabalho nas organizaes para gerenciar o PCA, se no houver uma boa interao da equipe multidisciplinar e um suporte administrativo que, conforme descrito por Kwitko(13) significa tanto o reconhecimento da necessidade das aes de sade e segurana no trabalho, como a alocao de recursos materiais e financeiros para que os programas nesta rea sejam desenvolvidos. O mesmo autor em sua obra, relata que o administrador deve entender que os efeitos da perda auditiva nos trabalhadores, pode trazer efeitos negativos na produtividade, problemas legais e de reparao. necessrio que os fonoaudilogos se organizem para atuarem com mais efetividade nas empresas e desenvolvam estratgias capazes de trazer benefcios para as organizaes e assim, serem reconhecidos como profissionais

indispensveis em seu quadro de colaboradores.

16 CONCLUSO Diante das respostas apresentadas pelas empresas do Distrito Industrial de Vespasiano, Minas Gerais, pode-se constatar que, apesar do fonoaudilogo ser um profissional presente nas empresas, ele no atua, na maioria das vezes, como responsvel pelo gerenciamento do PCA e no um membro presente em todas as equipes que o compem. O fonoaudilogo participa como orientador e como um profissional que apenas realiza os exames audiomtricos.

17 REFERNCIAS 1 . Regazzi RD, Servilieri KM, Sartorelli EM, Lima LB, Carlos AL, Freitas EQ, et alResponsabilidade de todos. Proteo 2005; 168:94-6. 2 . Nudelmann AA, Costa EA, Seligman J, Ibagez RN. PAIR: perda auditiva induzida pelo rudo. Rio de Janeiro: Revinter; 2001. p. 1-16. 3 . World Health Organization. International classification of impairments, disabilities and handicaps. Geneva: World Health Organization; 1980. 4 . Segurana e Medicina do Trabalho. NR-15- Atividades e Operaes Insalubres. Aprovada pela Portaria n 3, de 01-07-94. Republicada em 15-02-95. 59 ed. So Paulo (SP): Ed.Atlas S.A; 2006. 5 . National Institute for Occupational Safety and Health, NIOSH. Criteria for a Recommended Standard - Occupational Noise Exposure. U.S. Department of Health and Human Services - Public Health Service Centers for Disease Control and Prevention - Revised Criteria 1998. 6 . Segurana e Medicina do Trabalho. NR-9-Programa de Preveno de Riscos Ambientais. Aprovada pela Portaria n 25, de 29-12-94. Republicada em 15-02-95. 59 ed. So Paulo (SP): Ed.Atlas S.A; 2006. 7 . Segurana e Medicina do Trabalho. NR- 7 - Programa de Controle Mdico de Sade Ocupacional. Aprovada pela Portaria n 24, de 29-12-94. Despacho da SSST, de 01-10-96. 59 ed. So Paulo (SP): Ed.Atlas S.A; 2006. 8 . Comit Nacional de Rudo e Conservao Auditiva. Boletim n 6. Recomendaes mnimas para a elaborao de um PCA. So Paulo: Comit Nacional de Rudo e Conservao Auditiva; 1999. 9 . American Academy of Otolaryngology/Head and Neck Surgery Foundation. Guide for conservation of hearing in noise. Washington DC: American Academy of Otolaryngology; 1988.

18 10. Gerges SNY. Rudo: fundamentos e controle.3 ed. Florianpolis (SC): Imprensa Universitria da Universidade Federal de Santa Catarina; 1992. 11. Segurana e Medicina do Trabalho. NR-4-Servios Especializados Em Engenharia de segurana e em Medicina do Trabalho. Aprovada pela Portaria n 06, de 12-09-90. Republicada em 15-02-95. 59 ed. So Paulo (SP): Ed.Atlas S.A; 2006. 12. Ministrio da Previdncia e Assistncia Social.OS/INSS n 608, de 05/08/1998. Aprova Norma Tcnica sobre Perda Auditiva Neurossensorial por Exposio Continuada a Nveis Elevados de Presso de Origem Ocupacional. Ministrio da Previdncia e Assistncia Social. Braslia (DF); 1998. 13. Kwitko A. Coletnea 1, So Paulo (SP) ed. LTR, 2001. P. 49-52.

19 TABELAS Tabela 1: Distribuio em nmeros absolutos e percentuais das 13 empresas pesquisadas segundo o Tipo (rea de atuao). Tipo NA Metalrgica 11 Siderrgica 1 Cimenteira 1 Total 13 NA Nmero Absoluto % 85% 8% 8%

Tabela 2: Distribuio em nmeros absolutos e percentuais das 13 empresas pesquisadas segundo o Grau de Risco. Grau de risco III IV NA 6 7 % 46% 54%

20 Total 13 NA Nmero Absoluto

Tabela 3: Distribuio em nmeros absolutos e percentuais dos responsveis pelo preenchimento dos questionrios nas 13 empresas pesquisadas. Responsvel NA Questionrio Fonoaudilogo 8 Mdico do Trabalho 2 Engenheiro de Segurana 2 Tcnico de Segurana 2 Total 14 NA Nmero Absoluto % 58% 14% 14% 14%

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Tabela 4: Distribuio em nmeros absolutos e percentuais quanto a implantao do PCA Implantou PCA Sim No Total NA Nmero Absoluto NA 5 8 13 % 38% 62%

22

Tabela 5: Distribuio em nmeros absolutos e percentuais quanto ao tempo de existncia do PCA. H Quanto Tempo (anos) NA 0 --| 2 1 2 --| 4 3 4 --| 6 1 Total 5 NA Nmero Absoluto % 20% 60% 20%

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Tabela 6: Distribuio em nmeros absolutos e percentuais quanto ao responsvel pelo

gerenciamento do pesquisadas.

PCA das 13 empresas

Responsvel pelo PCA Mdico do Trabalho Engenheiro de segurana Fonoaudilogo Tcnico de Segurana Total NA Nmero Absoluto

NA 5 3 2 2 12

% 41% 25% 17% 17%

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Tabela 7: Distribuio em nmeros absolutos e percentuais quanto a composio da equipe do PCA das 13 empresas pesquisadas. Composio da Equipe NA PCA Tcnico de Segurana Mdico do Trabalho Engenheiro de Segurana Fonoaudilogo Outros Total NA Nmero Absoluto 11 5 4 2 1 23 % 48% 22% 17% 9% 4%

Tabela 8: Distribuio em nmeros absolutos e percentuais quanto a funo do Fonoaudilogo nas 13 empresas pesquisadas. Funo Fonoaudilogo na Empresa NA %

25 Orientaes quanto uso EPI + exames Exames audiomtricos Gerenciamento do PCA Total NA Nmero Absoluto 7 5 1 13 54% 38% 8%

Tabela 9: Distribuio em nmeros absolutos e percentuais quanto a responsabilidade pela

indicao para aquisio do E.P.I. auditivo nas 13 empresas pesquisadas. Responsvel pela Indicao do NA E.P.I. Tcnico de Segurana Engenheiro de Segurana 11 2 % 79% 14%

26 Fonoaudilogo Total NA Nmero Absoluto 1 14 7%

Tabela 10: Distribuio em nmeros absolutos e percentuais quanto a escolha do E.P.I. auditivo nas 13 empresas pesquisadas. Escolha do E.P.I. Avaliao Ambiental Qualidade e Eficcia Pesquisa aos trabalhadores Conforto Total NA Nmero Absoluto NA 8 3 1 1 13 % 61% 23% 8% 8%

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Tabela

11:

Distribuio

em

nmeros

absolutos e percentuais quanto aos E.P.I.s utilizados. E.P.I.'s utilizados Tipo concha Insero Silicone Insero Espuma Total NA Nmero Absoluto NA 13 12 10 35 % 37% 34% 29%

28

Tabela

12:

Distribuio

em

nmeros

absolutos e percentuais quanto aos temas dos treinamentos nas 13 empresas

pesquisadas. Temas de Treinamento Conhecimento biolgico Uso dos EPI Reciclagem Total NA Nmero Absoluto NA 4 13 1 18 % 22% 72% 6%

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Tabela 13: Distribuio em nmeros absolutos e percentuais sobre quem realiza os

treinamentos. Quem realiza Treinamentos Tcnico de Segurana Fonoaudilogo Engenheiro de segurana Mdico do Trabalho Total NA Nmero Absoluto NA 12 10 3 2 27 % 44% 38% 11% 7%

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ANEXO IAvaliao fonoaudiolgica em situao ocupacional Q - 01 - 00 Empresa:................................................................................................................................................................... Q - 01 - 01 Tipo: 1 ( ) Metalrgica 2( ) Siderrgica 3( ) outros ......................................................................... ) Higienista do Trabalho; Q - 01 - 02 Grau de Risco: 1 = I ( ) ; 2 = II ( ) ; 3 = III ( ) ; 4 = IV ( ) Q 02 - 00 Profissional responsvel pelo questionrio: 1=( ) Eng. de Segurana; 2=(

3=( ) Medico do Trabalho; 4=( ) fonoaudilogo; 5=( ) Outros....................................................................... Q 03 - 00 H contrato com fonoaudilogo nesta empresa: ( ) Assinale 1 = sim , 2 = no Q 04 - 00 - Esta empresa implantou o Programa de Conservao Auditiva: ( ) Assinale 1 = sim , 2 = no Q 04 - 01 H quanto tempo:............................................................. Q 04 - 02 Em caso positivo, marque quem (so) o (s) responsvel (is) pelo gerenciamento do PCA: 1=( 2=( ) Higienista do Trabalho; 3=( ) Medico do Trabalho; 4=( ) fonoaudilogo; 5=( Q 04 - 03 A equipe do Programa de Conservao Auditiva composta por quais profissionais: 1=( ) Eng. Segurana; ) Outros........................ ) Eng. Segurana;

2=( ) Higienista do Trabalho; 3=( ) Medico do Trabalho; 4=( ) fonoaudilogo; 5=( ) Outros.......................... Q 05 - 00 Qual a funo de cada componente da equipe do PCA:........................................................................................... ......................................................................................................................................................................................................... Q 06 - 00 Qual a funo do fonoaudilogo nesta empresa?..................................................................................................... ......................................................................................................................................................................................................... Q 07 - 00 Quem o responsvel pela aquisio do E.P.I - protetor auditivo dos empregados desta empresa: 1=( ) Eng. De Segurana; 2=( ) Higienista do Trabalho; 3=( ) Medico do Trabalho; 4=( ) fonoaudilogo; 5=( ) Outros............................................................................. Q 08 - 00 Como feita a escolha do E.P.I auditivo.................................................................................................................... .......................................................................................................................................................................................................... Q 09 - 00 Quais so os E.P.Is auditivos utilizados: Q 09 - 01 - ( Q 09- 02 - ( ) Tipo Concha ) Insero Espuma Q 09 - 03 - ( Q - 09 - 04 - ( ) Insero Silicone ) Protetor pr moldado

Q 09 - 05 - ( ) outros ............................................... Q 10 - 00 Com qual freqncia o E.P.I auditivo trocado:........................................................................................................ ......................................................................................................................................................................................................... Q 11 - 00 - realizado treinamento relacionado audio e/ou E.P.I auditivo nesta empresa? : ( ) Assinale 1 = sim , 2 = no Q 12 - 00 Que tipo de tema abordado neste treinamento?....................................:............................................................... ......................................................................................................................................................................................................... Q 13 - 00 - Quem realiza o(s) treinamento(s)? Q 13 01 Mdico do Trabalho ( Q 13 03 Fonoaudilogo ( ) ............................................................................................................................................ ).......................................................................................................................................... Q 13 02 Higienista do Trabalho (

)......................................................................................................................................................

31Q 13 04 Engenheiro do Trabalho ( )........................................................................................................................................ Q 13 05 Outros ( )...................................................................................................................................................................

ANEXO II

TERMO DE CONSETIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Caro(a) Senhor(a) Ns, Marina Gabriela Simes, portadora do, RG MG 11573515, residente na Rua Antnio Catarino Fernandes n 62, Centro, CEP: 34400000, na cidade de Raposos, Minas Gerais, telefone de contato (031) 35431316 e Silvrio Domingos Ferreira, portador do, CPF 55969771600, RG MG 2158360, residente na Rua Joo de S, n 302, conjunto Cristina C, CEP 33110210, na cidade de Santa Luzia, Minas Gerais, telefone de contato (031) 36369779, vamos desenvolver uma pesquisa cujo ttulo : Qual e a real participao do fonoaudilogo no Programa de Conservao Auditiva. O objetivo deste estudo verificar o ndice de profissionais fonoaudilogos que atuam na equipe multidisciplinar do PCA, conhecer a realidade deste profissional em empresas que implementaram o PCA, mostrar a real participao e o papel do fonoaudilogo junto equipe que conduz o PCA. Para tanto, necessitamos que o Sr. (a), fornea informaes a respeito da sua atuao profissional, devendo ocup-lo (a), o menor tempo possvel, para responder um questionrio. Sua participao nesta pesquisa voluntria e no determinar qualquer risco ou desconforto e, no trar qualquer benefcio direto, mas proporcionar um melhor conhecimento da atuao do Fonoaudilogo no PCA. O Sr.(a). tem a liberdade de retirar seu consentimento a qualquer momento e deixar de participar do estudo em qualquer etapa do mesmo. Informo que O Sr.(a). tem a garantia de acesso, em qualquer etapa do estudo, sobre qualquer esclarecimento de eventuais dvidas. Se tiver alguma considerao ou dvida sobre a tica da pesquisa, favor entrar em contato com p Comit de tica

32 em Pesquisa (CEP) do Centro Universitrio Metodista Izabela Hendrix situado na Rua da Bahia n 2020, CEP 33.307.200, Belo Horizonte MG, fone (031) 3330.7200, e e-mail www.ihendrix.br e comunique com a coordenadora Profa Luciana Oliveira Tiensoli. No existiro despesas ou compensao pessoais para o participante em qualquer fase do estudo. Tambm no h compensao financeira relacionada sua participao. Se existir qualquer despesa adicional, ela ser absorvida pelo oramento da pesquisa. Comprometemos a utilizar os dados coletados somente para pesquisa e os resultados sero veiculados por meio de artigos cientficos em revistas especializadas e/ou em encontros cientficos e congressos, sem nunca tornar possvel sua identificao. Anexo est o consentimento livre e esclarecido para ser assinado caso no tenha ficado qualquer dvida.

Belo Horizonte, 04 de outubro de 2006