Monografia - Patr cia Barreto Perfeito...2015/09/01  · ASPECTOS PSICOSSOCIAIS DO PACIENTE ADULTO...

42
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI - UNIVALI CENTRO DE EDUCAÇÃO DA UNIVALI – BIGUAÇU CURSO DE PSICOLOGIA PATRÍCIA BARRETO PERFEITO ASPECTOS PSICOSSOCIAIS DO PACIENTE ADULTO PORTADOR DE FIBROSE CÍSTICA BIGUAÇU 2007

Transcript of Monografia - Patr cia Barreto Perfeito...2015/09/01  · ASPECTOS PSICOSSOCIAIS DO PACIENTE ADULTO...

Page 1: Monografia - Patr cia Barreto Perfeito...2015/09/01  · ASPECTOS PSICOSSOCIAIS DO PACIENTE ADULTO PORTADOR DE FIBROSE CÍSTICA Este Trabalho de Conclusão de Curso foi considerado

UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI - UNIVALI

CENTRO DE EDUCAÇÃO DA UNIVALI – BIGUAÇU

CURSO DE PSICOLOGIA

PATRÍCIA BARRETO PERFEITO

ASPECTOS PSICOSSOCIAIS DO PACIENTE ADULTO PORTADOR DE

FIBROSE CÍSTICA

BIGUAÇU

2007

Page 2: Monografia - Patr cia Barreto Perfeito...2015/09/01  · ASPECTOS PSICOSSOCIAIS DO PACIENTE ADULTO PORTADOR DE FIBROSE CÍSTICA Este Trabalho de Conclusão de Curso foi considerado

PATRÍCIA BARRETO PERFEITO

ASPECTOS PSICOSSOCIAIS DO PACIENTE ADULTO PORTADOR DE

FIBROSE CÍSTICA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito para obtenção do grau de Bacharel em Psicologia da Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, no Curso de Psicologia.

BIGUAÇU

2007

Page 3: Monografia - Patr cia Barreto Perfeito...2015/09/01  · ASPECTOS PSICOSSOCIAIS DO PACIENTE ADULTO PORTADOR DE FIBROSE CÍSTICA Este Trabalho de Conclusão de Curso foi considerado

PATRÍCIA BARRETO PERFEITO

ASPECTOS PSICOSSOCIAIS DO PACIENTE ADULTO PORTADOR DE

FIBROSE CÍSTICA

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi considerado aprovado, atendendo os requisitos parciais

para obtenção do grau de Bacharel em Psicologia na Universidade do Vale do Itajaí no Curso de

Psicologia.

Biguaçu, 27 de junho de 2007.

Banca Examinadora

___________________________________________

Dra. Luciana Martins Saraiva – Orientadora

___________________________________________

Msc. Henry Dario Cunha – Membro

___________________________________________

Msc. Paulo César Nascimento - Membro

Page 4: Monografia - Patr cia Barreto Perfeito...2015/09/01  · ASPECTOS PSICOSSOCIAIS DO PACIENTE ADULTO PORTADOR DE FIBROSE CÍSTICA Este Trabalho de Conclusão de Curso foi considerado

Dedico este trabalho à minha mãe, por tudo que fez e faz por mim e meus irmãos em todos os sentidos das nossas vidas; à tia-mãe Sandra por todo incentivo que me dá para prosseguir de cabeça erguida nessa caminhada; aos meus irmãos Ginho e Lise que de uma maneira ou de outra contribuíram para meu crescimento contribuindo para a conclusão deste trabalho. Ao meu noivo Thiago que sempre me ouviu, me apoiou e me incentivou nessa jornada, mesmo que muitas vezes deixasse de ficar com ele para prosseguir na realização deste.

Page 5: Monografia - Patr cia Barreto Perfeito...2015/09/01  · ASPECTOS PSICOSSOCIAIS DO PACIENTE ADULTO PORTADOR DE FIBROSE CÍSTICA Este Trabalho de Conclusão de Curso foi considerado

AGRADECIMENTOS

Agradeço em primeiro lugar a Deus por ter me proporcionado o dom da vida. Agradeço a

minha mãe por todo o empenho que fez para que eu conseguisse atingir meus objetivos, que

nunca mediu esforços para que eu me tornasse a pessoa que sou, que sempre me apoio nas

minhas escolhas, no entanto, buscando sempre que fosse pelo caminho do bem, para que eu não

me machucasse com as conseqüências da vida, que sempre lutou, batalhou para que hoje eu

pudesse estar aqui concluindo este trabalho, onde sempre me incentivou para que eu superasse

meus limites. A minha família por sempre terem apoiado as decisões por mim tomadas e sempre

me incentivaram a persistir com os meus sonhos para que um dia eles se tornassem realidade,

meus irmãos Ginho e Lise, Vó Dalva, Tia Sandra, Tia Lina, Tio Walta, Dudi, Madi, Tia Lica, Tio

Sandro, Má, Carol, Tio Teco, Tia Nany, Gabi. Ao meu noivo Thiago que sempre ficou ao meu

lado me ajudando a prosseguir nesse caminho, nunca deixando que eu desistisse dos meus tão

sonhados objetivos. Ao meu pai, que mesmo tão perto está tão distante, mas que com certeza

torcendo para que minha vida seja cheia de alegrias e novas conquistas a cada dia. Ao Nilton,

meu padrasto por tanto ânimo quando ia me buscar na faculdade às 13h, mas que sempre chegava

cedo e ficava dormindo dentro do carro embaixo da Figueira, por tantas trocas de idéias, por

tantas opiniões e tantos aprendizados passados, sempre me dizendo: “olha o foco, não perde o

foco, Patty”.

A minha orientadora, professora doutora Luciana Martins Saraiva que desde o primeiro

momento abraçou meu desafio e, com toda sua dedicação, paciência, segurança, me ajudou em

toda essa trajetória acadêmica, desde a aula de Técnicas de Entrevista e Diagnóstico, a conclusão

deste trabalho e por fim ainda, o término do Estágio Supervisionado em Psicologia Clínica. Aos

membros da banca examinadora professor Henry Dario Cunha e Paulo César Nascimento por

terem aceitado o convite para participarem da banca examinadora e por todas as contribuições

que proporcionaram maior enriquecimento a este trabalho.

As minhas grandes e eternas amigas, Dani e Jana, as quais estiveram comigo ao longo

desses cinco anos, que carregarei para sempre em meu coração, e, principalmente, merecendo

todo o destaque possível, um agradecimento especial a minha também eterna amiga Chris, que

estará sempre em meus pensamentos e também em meu coração, seguindo comigo nessa nova

caminhada, a amiga que, durante a semana conversávamos sobre os assuntos da faculdade e

Page 6: Monografia - Patr cia Barreto Perfeito...2015/09/01  · ASPECTOS PSICOSSOCIAIS DO PACIENTE ADULTO PORTADOR DE FIBROSE CÍSTICA Este Trabalho de Conclusão de Curso foi considerado

finais de semana saíamos com nossos respectivos noivos (Thiago e Gu), para tentar esquecer um

pouco a correria do dia-a-dia ou como muitas vezes aconteceu trocarmos opiniões sobre nossos

TCCs, pois ambas se interessaram pelo mesmo tema, por isso muitas trocas de idéias, de opiniões

e acima de tudo de muito ensinamento e aprendizado.

Enfim, a todos aqueles que de uma maneira ou de outra sempre me incentivaram, que de

certa forma fizeram e fazem parte da minha vida e estão sempre torcendo pelo meu sucesso. Que

nossos caminhos continuem se cruzando nessa árdua caminhada.

Enfim, gostaria de dizer obrigada a todos e que amo cada um de vocês!!

Page 7: Monografia - Patr cia Barreto Perfeito...2015/09/01  · ASPECTOS PSICOSSOCIAIS DO PACIENTE ADULTO PORTADOR DE FIBROSE CÍSTICA Este Trabalho de Conclusão de Curso foi considerado

“Se tentou e fracassou, se planejou e viu seus planos ruírem, lembre-se de que os maiores homens da história foram produtos da coragem, e a coragem bem sabemos, nasce no berço da adversidade”.

(Autor desconhecido)

Page 8: Monografia - Patr cia Barreto Perfeito...2015/09/01  · ASPECTOS PSICOSSOCIAIS DO PACIENTE ADULTO PORTADOR DE FIBROSE CÍSTICA Este Trabalho de Conclusão de Curso foi considerado

RESUMO

PERFEITO, P. B. Aspectos psicossociais do paciente adulto portador de fibrose cística.

Biguaçu, 2007, 44. Trabalho de Conclusão de Curso em Psicologia – Universidade do Vale do

Itajaí, 2007.

A mucoviscidose, mais conhecida como fibrose cística (FC), é uma doença crônica, sem cura, a qual afeta as glândulas exócrinas, provocando alterações nos pulmões, pâncreas e intestino. Com o avanço da medicina, muitos pacientes sobrevivem até a idade adulta, e para que estes tenham uma melhora na qualidade de vida é importante atentar-se ao seu aspecto psicossocial. O paciente com FC tem uma diminuição na qualidade de vida, devido às limitações físicas ocorridas com a evolução da doença. Esse estudo teve como objeto os impactos psicossociais da FC no paciente adulto. O método utilizado foi do tipo qualitativo e utilizou a metodologia de análise de conteúdos. A coleta de dados foi realizada por meio de entrevista semi-estruturada com dois adultos portadores de FC. A partir da verbalização dos entrevistados, se obteve nove categorias sobre o que impactou na vida desses pacientes. São elas: convívio com a doença, compreensão da doença, enfrentamento da doença, apoio familiar, sentimentos, adesão ao tratamento, momentos difíceis, rotina e escolha do parceiro. Uma vez que identificou-se que a FC impacta na vida do indivíduo adulto, assim como nas demais etapas da vida, uma abordagem multiprofissional deve se fazer presente no tratamento desses pacientes.

PALAVRAS-CHAVE: fibrose cística, aspectos psicossocias, análise de conteúdo.

Page 9: Monografia - Patr cia Barreto Perfeito...2015/09/01  · ASPECTOS PSICOSSOCIAIS DO PACIENTE ADULTO PORTADOR DE FIBROSE CÍSTICA Este Trabalho de Conclusão de Curso foi considerado

ABSTRACT

PERFEITO, P. B. Psycho-social aspects the adult patient carrier of cystic fibrosis. Biguaçu,

2007. 44 f. Universidade do Vale do Itajaí, 2007.

The cystic fibrosis (CF) is a chronic disease with no cure that affects exocrine glands, causing alteration in the lungs, pancreas and intestine. With the advance of medicine many patients survive until adulthood, and in order for them to have an improvement in their quality of life it is important to pay attention to their psycho-social aspect. The CF patient has decrease in his quality of life due to the physical limitations that happen during the evolution of the disease. This study objectified the psycho-social impacts of CF in the adult patient. The method used was qualitative and content analysis method was used. The collection of data was performed through semi-structured interviews with two adults carriers of CF. Based on the verbalization of the patients interviewed, nine categories of impact in their lives were detected: conviviality with the disease, comprehension of the disease, facing the disease, family support, feelings, treatment adherence, difficult moments, routine and choice of partner. Once identified that CF causes impact on the life of the adult individual, as well as in the other stages of his life, a multiprofessional approach should be present in the treatment of these patients.

KEYWORDS: cystic fibrosis, psycho-social aspects, analysis method.

Page 10: Monografia - Patr cia Barreto Perfeito...2015/09/01  · ASPECTOS PSICOSSOCIAIS DO PACIENTE ADULTO PORTADOR DE FIBROSE CÍSTICA Este Trabalho de Conclusão de Curso foi considerado

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.......................................................................................... 10 2 ASPECTOS PSICOSSOCIAIS DO PACIENTE ADULTO PORTADOR DE FIBROSE CÍSTICA.......................................................................................................... 11 2.1 A FIBROSE CÍSTICA................................................................................................ 11 2.2 ASPECTOS PSICOSSOCIAIS .................................................................................. 12 2.3 ADESÃO AO TRATAMENTO ................................................................................. 15 2.4 O PACIENTE ADULTO ............................................................................................ 16 3 METODOLOGIA DA PESQUISA............................................................................... 19 4 RESULTADO E DISCUSSÃO...................................................................................... 20 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS......................................................................................... 29 5.1 PRINCIPAIS RESULTADOS E CONTRIBUIÇÕES................................................... 29 5.2 RECOMENDAÇÕES SOBRE TRABALHO FUTURO.............................................. 30 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................. 32 APÊNDICES...................................................................................................................... 34 APÊNDICE 1....................................................................................................................... 35 APÊNDICE 2....................................................................................................................... 36 APÊNDICE 3....................................................................................................................... 37 APÊNDICE 4....................................................................................................................... 38 APÊNDICE 5 ...................................................................................................................... 39 APÊNDICE 6 ...................................................................................................................... 40 APÊNDICE 7 ...................................................................................................................... 41

Page 11: Monografia - Patr cia Barreto Perfeito...2015/09/01  · ASPECTOS PSICOSSOCIAIS DO PACIENTE ADULTO PORTADOR DE FIBROSE CÍSTICA Este Trabalho de Conclusão de Curso foi considerado

1 INTRODUÇÃO

A mucoviscidose, mais conhecida como fibrose cística (FC), é uma doença crônica,

ainda sem cura, a qual afeta as glândulas exócrinas, provocando alterações nos pulmões, pâncreas

e intestino. Com o avanço da medicina, muitos pacientes sobrevivem até a idade adulta.

No Hospital Infantil Joana de Gusmão - Florianópolis, local em que são atendidas

crianças e adolescentes portadores de fibrose cística, através de equipe interdisciplinar, o

paciente, ao atingir a idade adulta, é transferido deste centro pediátrico para outro centro de

tratamento para adultos (Hospital Nereu Ramos - Florianópolis).

Sabe-se que a tarefa principal da fase adulta é a intimidade, sendo considerada a

capacidade de integrar sua identidade com a de outra pessoa, ou seja, com um parceiro (BEE,

1997). Essa é a base para o adulto seguir a vida profissional, não esquecendo que esse

relacionamento também é o início de uma nova família. Com pacientes fibrocísticos, ocorre da

mesma forma, no entanto, com mais dificuldades, em função da rotina diferenciada que a doença

os obriga a adotar.

A contribuição deste trabalho está na possibilidade de auxiliar os pacientes portadores de

FC a entrar na vida adulta minimizando os impactos psicossociais negativos causados pela

doença.

A pesquisa apresentou como problema norteador a seguinte pergunta: “Quais os

impactos psicossociais da fibrose cística no paciente adulto?”. O objetivo geral desta pesquisa

constituiu em estudar compreender os impactos psicossociais da fibrose cística do paciente

adulto. Seus objetivos específicos foram: - descrever os aspectos psicossociais envolvidos no

tratamento da doença fibrose cística no paciente adulto e - caracterizar os aspectos psicossociais

envolvidos na vida social, familiar e laboral do paciente adulto com fibrose cística.

Trata-se de uma pesquisa empírica desenvolvida na área da Psicologia da Saúde, tendo

como subárea a Psicologia Hospitalar. O método utilizado foi do tipo qualitativo e utilizou a

metodologia de análise de conteúdos. A coleta de dados foi realizada por meio de entrevista

semi-estruturada com 2 (dois) adultos portadores de FC que realizam tratamento no Hospital

Nereu Ramos, localizado na cidade de Florianópolis.

Page 12: Monografia - Patr cia Barreto Perfeito...2015/09/01  · ASPECTOS PSICOSSOCIAIS DO PACIENTE ADULTO PORTADOR DE FIBROSE CÍSTICA Este Trabalho de Conclusão de Curso foi considerado

2 ASPECTOS PSICOSSOCIAIS DO PACIENTE ADULTO PORTADOR DE

FIBROSE CÍSTICA

2.1 A Fibrose Cística

A mucoviscidose, mais conhecida como fibrose cística (FC), é uma doença genética,

ainda sem cura, a qual afeta as glândulas exócrinas, provocando alterações nos pulmões, pâncreas

e intestino (ACAM, 2006; ANTHONY; PAXTON; BINES; PHELAN, 1999; FURTADO e

LIMA, 2003). É transmitida de maneira autossômica, ou seja, se manifesta no momento da

concepção pela transmissão e conjunção de dois cromossomos (cromossomo 7) portadores de um

gene imperfeito, sendo que um cromossomo vem da mãe e outro do pai. Porém, a doença não se

manifestou nos pais porque cada um é protegido por um cromossomo sadio, embora sejam

transmissores da doença. É uma doença predominante na raça branca, afetando ambos os sexos

(ACAM, 2006).

Quando a pessoa herda o gene da FC, vai desenvolver uma disfunção na produção das

secreções, que se tornam espessas e surgem em grande quantidade, prejudicando o bom

funcionamento dos órgãos afetados, ou seja, pulmão, pâncreas e intestino. O muco, devido a sua

forma e consistência, acaba obstruindo vários caminhos que existem no corpo humano,

impedindo ou atrapalhando a passagem de substâncias que são importantes para o crescimento e

funcionamento de algumas partes do organismo. O muco ainda prejudica o sistema digestivo,

uma vez que dificulta a digestão dos alimentos. Isso ocorre porque as substâncias (enzimas) que

deveriam passar pelos caminhos para ajudar na digestão dos alimentos não conseguem chegar até

eles para digeri-los (ACAM, 2006).

A doença pode ser detectada nos primeiros dias de vida da criança por meio do teste do

pezinho1. No caso de este aparecer alterado, é feito uma segunda coleta de sangue. Se a alteração

persistir, a criança passa a fazer o exame do suor, a partir do qual será identificado o diagnóstico

preciso de FC. No entanto, se por algum motivo, a criança não tiver realizado o teste do pezinho,

não havendo assim o diagnóstico precoce, os sintomas acabam se manifestando por volta dos 3

1 Teste do pezinho - é uma maneira de conhecer o organismo do bebê e verificar se existem doenças que podem comprometer o seu desenvolvimento normal. São coletadas gotas de sangue do calcanhar e colocadas sobre um papel de filtro. Pode, também, ser coletado sangue da veia.

Page 13: Monografia - Patr cia Barreto Perfeito...2015/09/01  · ASPECTOS PSICOSSOCIAIS DO PACIENTE ADULTO PORTADOR DE FIBROSE CÍSTICA Este Trabalho de Conclusão de Curso foi considerado

(três) anos de idade, sendo a doença detectada por meio do suor muito salgado. (ANTHONY;

PAXTON; BINES; PHELAN, 1999).

Na FC, as glândulas exócrinas produzem um muco pegajoso e espesso, que afeta o bom

funcionamento dos sistemas respiratório e digestivo, causando dificuldades para respirar, além de

originar tosse crônica e infecções por bactérias instaladas nesse muco. O muco muito espesso

evita que as enzimas digestivas cheguem ao intestino delgado e pode também obstruir os canais

condutores do fígado e trato digestivo (FURTADO; LIMA, 2003).

Esse é o motivo que obriga o paciente fibrocístico a fazer o uso de enzimas e vitaminas

todos os dias, além de manter uma alimentação saudável e beber muita água, principalmente nos

dias mais quentes e durante atividades físicas. Nesses dias, é aconselhável dar um pouco de sal

para reposição daquele perdido pelo suor excessivo. Assim, como no sistema digestivo, o muco

atinge também o sistema respiratório, bloqueando as vias pulmonares, prejudicando a passagem

de ar através dos alvéolos pulmonares, uma vez que o muco (catarro) fica retido nesses caminhos.

A conseqüência desse processo é uma tosse natural, justamente para remover o muco do caminho

por onde o ar deve passar. Na FC, essa tentativa de remover o muco acaba provocando uma tosse

muito forte. Caso o muco esteja contaminado por bactérias, torna-se muito mais pegajoso e

espesso, havendo a necessidade do uso de remédios específicos para desprendê-lo dos pulmões

(ACAM, 2006).

2.2 Aspectos Psicossociais

É freqüente que, no início do diagnóstico, ocorra à falta de conhecimento sobre a

doença, afetando o convívio da família por não conseguir assessorar a criança de maneira até

então almejada (BENTLEY, 1999; FURTADO; LIMA, 2003).

O impacto inicial do diagnóstico gera nos pais a ansiedade e medo. Muitas vezes eles expressam a incredulidade com relação ao diagnóstico, o receio da perda dos filhos de imediato. Essas fases enfrentadas pela família, descritas como as reações iniciais dos pais (choque, incredulidade, confusão, medo, raiva, conflito, tensão), apresentam duração variável e uma negação prolongada tem reflexo em toda a família, impedindo uma adaptação bem sucedida. (FURTADO; LIMA, 2003).

A aceitação da doença vem com o conhecimento que se obtém a seu respeito, ou seja, na

medida em que o conhecimento aumenta, a aceitação também começa a ser maior. A partir do

Page 14: Monografia - Patr cia Barreto Perfeito...2015/09/01  · ASPECTOS PSICOSSOCIAIS DO PACIENTE ADULTO PORTADOR DE FIBROSE CÍSTICA Este Trabalho de Conclusão de Curso foi considerado

momento em que a família aprende a lidar com a doença do filho, o que traz resultados visíveis, é

que seus membros passam a se sentir seguros em relação ao problema. A existência de uma

doença crônica afeta toda a família e traz consigo ocasiões difíceis, com avanços e retrocessos

nas relações entre seus membros (FURTADO; LIMA, 2003).

O cuidado à criança com doença crônica consome da família energia e tempo e retira sua privacidade, pode também provocar isolamento social e emocional. Se a família tem conhecimento da doença, o tratamento e os recursos disponíveis, seus níveis de estresse e ansiedade podem diminuir significativamente (FURTADO; LIMA, 2003).

É de extrema importância a participação da família no desenvolvimento da criança, pois

a família é a fonte de socialização primária do indivíduo e é quem irá contribuir para a formação

da personalidade do sujeito (BENTLEY, 1999). A família é o elo da criança; logo, ela deve estar

sempre preparada para enfrentar a situação da doença, sem que esta provoque desorganização no

âmbito familiar (OLIVEIRA, 2000).

Segundo Oliveira (2000), ao abordar uma doença crônica, é inviável considerar somente

os aspectos que influenciam diretamente a pessoa doente. A doença faz parte do contexto familiar

e, assim, modifica as relações de todos os seus membros (OLIVEIRA, 2000).

É uma responsabilidade muito grande ter um filho com FC, pois as possibilidades de

complicações graves causam nos pais tensão e depressão que podem ser constantes. Nesse caso, é

importante que haja uma relação boa entre os membros da família, principalmente no momento

do diagnóstico, mas também posteriormente, quando este não causa mais medos e ansiedades,

evitando conflitos familiares que possam vir a prejudicar o empenho do filho enfermo em aderir

ao tratamento da melhor forma possível. No entanto, para que isso ocorra é necessário que os pais

saibam realmente o que é a doença, bem como, seu tratamento e as conseqüências deste

(BENTLEY, 1999).

A FC atinge sistemas no corpo humano, exigindo um cuidado complexo e uma atenção

contínua para a promoção de uma condição clínica estável do paciente. Nesse caso, é obrigatório

o envolvimento da família que convive com essa doença desde a fase do diagnóstico, com

profundas alterações em suas rotinas, voltando sempre sua atenção ao filho doente. Logo, passa a

viver sempre com ansiedades e medos, os quais podem ser significativamente reduzidos quando a

família está preparada para prover os cuidados com o filho (FURTADO; LIMA, 2003).

Page 15: Monografia - Patr cia Barreto Perfeito...2015/09/01  · ASPECTOS PSICOSSOCIAIS DO PACIENTE ADULTO PORTADOR DE FIBROSE CÍSTICA Este Trabalho de Conclusão de Curso foi considerado

Os cuidados do paciente com fibrose cística exigem dos pais e, principalmente do responsável pelo cuidado (caso representado geralmente pela mãe), um tempo maior do que aquele dispensado às outras atividades no âmbito familiar. Essa dedicação mostra-se como uma dificuldade pelo fato de a mãe ter, além desses cuidados, outras obrigações (FURTADO; LIMA, 2003).

Percebe-se, então, a mudança na rotina familiar. Esse cuidado centraliza-se na mãe,

reforçada pelo vínculo mãe-filho. Assim, a mãe aprende a cuidar, preocupando-se em fazer as

tarefas corretamente. O convívio diário com a doença aumenta o conhecimento sobre esta,

aperfeiçoando a visão dos familiares acerca dos aspectos clínicos e emocionais apresentados pelo

enfermo (FURTADO; LIMA, 2003).

Nesses casos, a mulher-mãe deixa de lado seus outros compromissos, como o trabalho

fora de casa. A atenção volta-se para o lar, para cuidar do filho doente; logo, a mãe não tem como

dividir seu tempo entre as duas atividades, pois é requisitada em tempo absoluto ao cuidado do

filho, incapacitando a vivência de outra atividade que não a da casa. Com isso, ocorrem as

dificuldades de relacionamento intra e extrafamiliar, podendo então prejudicar vida particular da

mãe em função da doença do filho (FURTADO; LIMA, 2003).

Intervenções psicológicas exigem estratégias importantes e quanto mais cedo à família é acolhida e aprende estratégias que beneficiam o tratamento do filho e o cotidiano familiar, mais fácil será para o paciente se adaptar a sua condição e ter uma vida mais próxima da normal e com mais qualidade de vida (DUFF, 2001).

Geralmente, as crianças reagem satisfatoriamente em seu relacionamento com a doença,

mas essa relação é influenciada pela forma como a família enfrenta a situação, como é o caso da

adesão ao tratamento. Muitas vezes, a criança adere ao tratamento, mas a família não,

contribuindo para o avanço da doença (DUFF, 2001).

Pacientes que estão na adolescência sofrem distúrbios emocionais, em virtude do

período em que se encontram, sendo esta uma etapa de diversas transformações, em nível

biológico, físico, social e cultural. Muitas vezes esses pacientes com FC isolam-se do meio social

para evitar a ansiedade de serem comparados com adolescentes saudáveis (PFEFFER; PFEFFER

e HODSON, 2003).

Com essas dificuldades então, os jovens buscam nos pais a expectativa de que eles assumam a responsabilidade e adesão do tratamento. Por outro lado, sabe-se que um dos mais importantes e freqüentes fatores que interferem nos resultados positivos de um

Page 16: Monografia - Patr cia Barreto Perfeito...2015/09/01  · ASPECTOS PSICOSSOCIAIS DO PACIENTE ADULTO PORTADOR DE FIBROSE CÍSTICA Este Trabalho de Conclusão de Curso foi considerado

programa de educação á a qualidade da relação comunicativa entre os jovens e seus pais. A preocupação com as dificuldades causadas pela doença reforça os cuidados protetores dos pais e tende a neutralizar as iniciativas dos jovens (OLIVEIRA, 2000).

No caso de pacientes adolescentes, existem aqueles que aceitam e os que não aceitam o

adiamento da tão sonhada independência, a fim de tratar a doença. Para os que não aceitam,

predominará o desejo de “viver normalmente”, desconsiderando as limitações impostas pela

condição de doentes (OLIVEIRA, 2000).

2.3 Adesão ao Tratamento

As ótimas probabilidades de recursos médicos e os desafios do desenvolvimento da FC

são acompanhados por um repertório de comportamentos nomeado de adesão ao tratamento. A

adesão é percebida na obediência do paciente à opinião, à informação ou ao cuidado médico,

seguindo instruções para medicações, dietas e/ou fisioterapia. Essa rotina altera qualquer estilo de

vida, principalmente o dos jovens. A não-adesão ao tratamento é identificada pela recaída da

função do órgão tratado (OLIVEIRA, 2000).

Entre as táticas utilizadas para adesão ao tratamento, se destaca a educação de pacientes

em programas educativos, que visam informar todas as características da doença ao enfermo.

Existem instruções que empregam abordagens educativas amplas, envolvendo os pacientes

jovens e seus familiares (OLIVEIRA, 2000).

Pacientes fibrocísticos precisam de uma dieta balanceada, caracterizada pela ingestão de

alimentos saudáveis. Pelo fato de a sociedade exigir padrões de belezas avaliados como ideais,

pacientes, principalmente do sexo feminino, adquirem distúrbios alimentares. Assim, é comum

verificar distúrbios alimentares em adolescentes e crianças fibrocísticos (PFEFFER; PFEFFER e

HODSON, 2003).

Com o decorrer do tempo e o crescimento, constituem a sobrevivência a uma circunstância potencial fatal e ao agravamento desta condição, involuntariamente da qualidade do tratamento. A ampliação da capacidade de compreensão que ocorreu na adolescência trouxe as seguintes implicações: conscientização de ser doente, maior conhecimento da doença, descoberta de preconceito, vergonha de ser diferente, hospitalização rotineira e faltas à escola (OLIVEIRA, 2000).

Page 17: Monografia - Patr cia Barreto Perfeito...2015/09/01  · ASPECTOS PSICOSSOCIAIS DO PACIENTE ADULTO PORTADOR DE FIBROSE CÍSTICA Este Trabalho de Conclusão de Curso foi considerado

As famílias de pacientes com FC necessitam igualmente de orientações e atenção. A

mãe, por estar mais envolvida com a doença do filho e sendo quem mais o protege, e também o

pai, devido ao seu afastamento, que pode ocasionar depressão na mãe, por se sentir sozinha com

determinadas dificuldades trazidas pela própria doença. A família está diretamente relacionada

com a saúde e o bem-estar da criança. Quanto mais saudável for o grupo familiar, melhor será o

desenvolvimento da criança com FC (PFEFFER; PFEFFER e HODSON, 2003).

Os pacientes, quando crianças, têm mais dificuldades em aceitar a doença, mesmo que

pouco entendam a seu respeito. Os adolescentes, por sua vez, começam a aceitar a enfermidade, e

alguns se sentem capazes de se organizar a ponto de assumirem a responsabilidade por seu

tratamento, no que se refere à questão de remédios, não significando que eles consigam realizar

todas as tarefas necessárias, mas de forma geral, os adolescentes possuem uma maior

compreensão sobre sua doença. Os pacientes adultos, por sua vez, são encorajados cada vez mais

a colaborar e a aderir ao tratamento (BRYON, 2006).

2.4 O Paciente Adulto

A fase adulta envolve um processo de separação psicológica dos pais, sendo este um

processo muito importante. A pessoa adulta necessita transferir seu apego até então centralizado

nos pais a um ou mais companheiros (BEE, 1997).

A tarefa principal dessa fase é a intimidade, considerada a capacidade de integrar sua

identidade com a de outra pessoa. Nesse contexto, a principal tarefa psicossocial do início da fase

adulta é estabelecer vínculos estreitos, de mútuo compromisso e enriquecimento com outra

pessoa. No entanto, para que essa tarefa seja cumprida, precisa-se encontrar um parceiro, sujeito

com quem se pode ter apego e segurança. Essa é a base principal para o adulto seguir a vida

profissional, não esquecendo que esse relacionamento também é o início da família nuclear na

qual será educada a próxima geração de crianças. Adultos assumem o papel de sustentar a si e aos

membros da família economicamente, ou seja, o papel de ser profissional (BEE, 1997).

Com o avanço da medicina, muitos pacientes sobrevivem até a idade adulta, e para que

estes tenham uma melhora na qualidade de vida é importante atentar-se ao seu aspecto

psicossocial. O paciente com FC tem uma diminuição na qualidade de vida, devido às limitações

Page 18: Monografia - Patr cia Barreto Perfeito...2015/09/01  · ASPECTOS PSICOSSOCIAIS DO PACIENTE ADULTO PORTADOR DE FIBROSE CÍSTICA Este Trabalho de Conclusão de Curso foi considerado

físicas ocorridas com a evolução da doença. Além disso, existem diferenças de gêneros em

pacientes fibrocísticos (OLIVEIRA, 2000).

Os homens podem sofrer maiores ansiedades relacionadas ao cumprimento do papel de provedor da casa e problemas a nível comportamental, devido às limitações trazidas pela doença e à cultura no qual estamos inseridos. Já as mulheres, principalmente na adolescência, utilizam o mecanismo de defesa chamada negação. Estas passam normalmente mais tempo hospitalizadas do que o homem, ainda que seus problemas físicos não sejam tão severos (PFEFFER; PFEFFER e HODSON, 2003).

O paciente com FC, ao alcançar a idade adulta, é transferido do centro pediátrico para

um centro de tratamento de adultos. É nesse momento que o tratamento passa por um período

difícil, pois essa mudança vem acompanhada de ansiedades e medos tanto nos pacientes quanto

na família. Com esse avanço da idade, a situação fica cada vez mais grave, verificando-se, assim,

um declínio da auto-estima, desconforto e frustração com a situação social e pouco empenho com

o tratamento (PFEFFER; PFEFFER e HODSON, 2003).

A doença crônica interfere no desenvolvimento físico, aumenta a dependência em

relação aos pais e perturba o desenvolvimento emocional, sociais, familiares, morais e cognitivas.

Além disso, o estresse causado pela circunstância pode beneficiar o advento de psicopatologias,

como depressão, ansiedade generalizada e confusão mental (OLIVEIRA, 2000).

A sexualidade e fertilidade são fatores importantes para os pacientes com FC. “Nesse

caso, os problemas giram em torno da imagem corporal, da intimidade, fertilidade reduzida,

medo de gerar uma criança com a doença ou de morrer durante a infância do filho” (PFEFFER;

PFEFFER e HODSON, 2003).

A experiência de se viver doente interfere no desenvolvimento psicológico do indivíduo,

diminuindo questionamentos esperados em relação aos valores apresentados pela família e pela

sociedade. Essa é uma condição na qual o paciente se sente controlado pela doença, pelos pais e

pelos médicos, fazendo assim surgir os conflitos (ANTHONY; PAXTON; BINES; PHELAN,

1999).

Os adultos têm uma concepção contrária de que estão mais saudáveis do que realmente

estão. Os adolescentes e sua família acreditam que a doença vai melhorar com o passar do tempo.

Existem outras crenças, na qual uma delas é lidar com a morte ocasionando o medo de morrer e o

aparecimento de queixas somáticas por parte dos pacientes (PFEFFER; PFEFFER e HODSON,

2003).

Page 19: Monografia - Patr cia Barreto Perfeito...2015/09/01  · ASPECTOS PSICOSSOCIAIS DO PACIENTE ADULTO PORTADOR DE FIBROSE CÍSTICA Este Trabalho de Conclusão de Curso foi considerado

De acordo com Bryon (2006), quanto mais passa o tempo, ou seja, quanto mais o

paciente se aproxima do final da vida, torna-se mais difícil seguir os procedimentos terapêuticos.

Isso ocorre pelo fato de os doentes estarem mais perto da possibilidade de morte. Logo, a

importante intervenção que se faz nesse período é a comunicação entre os pacientes, pais e

equipe de trabalho.

Page 20: Monografia - Patr cia Barreto Perfeito...2015/09/01  · ASPECTOS PSICOSSOCIAIS DO PACIENTE ADULTO PORTADOR DE FIBROSE CÍSTICA Este Trabalho de Conclusão de Curso foi considerado

3 METODOLOGIA DA PESQUISA

Esta pesquisa utilizou o método qualitativo, que é o “método que fornece uma

compreensão profunda de certos fenômenos sociais apoiados no pressuposto da maior relevância

do aspecto subjetivo da ação social” (HAGUETTE, 1999, p. 63). Dedica-se a considerar a origem

dos fenômenos sociais, o significado que os indivíduos dão as suas ações, de acordo com suas

relações e com o contexto social em que vivem (CHIZZOTTI, 1991). Os sujeitos desta pesquisa

foram 2 (dois) adultos portadores de FC que realizam tratamento no Hospital Nereu Ramos,

localizado na cidade de Florianópolis – SC. As entrevistas semi-estruturadas (apêndice 2 e 3),

foram realizadas a partir de indicação da médica responsável por esses pacientes, e foram

coletadas na ocasião da consulta com a equipe de saúde. Os dados da pesquisa foram analisados

segundo a técnica da Análise de Conteúdo (BARDIN, 1991), cujo objetivo consistiu em levantar

as temáticas de maior relevância para o estudo e, posteriormente, classificadas as respostas dos

sujeitos.

Os dados foram decompostos em 9 (nove) categorias (Análise Categorial), a partir das

verbalizações dos 2 (dois) entrevistados (E1 e E2), então apresentados na tabela abaixo conforme

legenda. Foram analisados os diferentes elementos de percepção dos pacientes adultos com FC

em relação à vivência como portadores da doença. Foi tomada em consideração a totalidade

dessas percepções, passando-as pelo crivo da classificação e do cadastramento segundo a

freqüência da presença (ou da ausência) de itens de sentido.

Abaixo encontram-se os dados de identificação dos 2 (dois) entrevistados:

E1 – Entrevistado do sexo masculino, 20 anos, profissional autônomo, trabalha na roça

numa propriedade particular, sendo esta propriedade de um tio. Seus pais faleceram quando tinha

15 (quinze) anos, mora sozinho no interior do Estado longe de sua família (tios e irmãos) desde

que seus pais faleceram. Seu diagnóstico foi dado quando tinha 6 (seis) meses de idade.

E2 – Entrevistada do sexo feminino, 28 anos, graduada em pedagogia, trabalha em casa

corrigindo trabalhos e teses. Seu pai é falecido e sua mãe casou-se novamente e saiu de casa para

morar com o atual marido. Desde então mora com 2 (dois) irmãos, no qual um deles também tem

o diagnóstico de FC. Sempre teve problemas pulmonares, mas o diagnóstico da fibrose cística foi

dado quando ela já estava com 24 anos.

Page 21: Monografia - Patr cia Barreto Perfeito...2015/09/01  · ASPECTOS PSICOSSOCIAIS DO PACIENTE ADULTO PORTADOR DE FIBROSE CÍSTICA Este Trabalho de Conclusão de Curso foi considerado

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Abaixo é apresentada a tabela “ANÁLISE CATEGORIAL” com as respectivas 9 (nove)

categorias.

Tabela 1: Análise Categorial 1

Convívio com a doença

E1 - “Sei do diagnóstico da doença desde os 6 meses de

idade”.

E2 – “Descobri a 4 anos atrás”.

2

Compreensão da doença

E2 – [...] “a FC sempre fez parte da minha vida, desde

que eu me conheço por gente, só não sabia que era FC,

sempre tive sintomas” [...]; E2 – [...] “doença sem cura”

[...].

3

Enfrentamento da doença:

negação

E1- [...] “não queria ficar pensando muito que eu tinha a

doença, pensava que se eu não pensasse a doença ia

embora, sabia que ela não iria, mas era um jeito de eu

não lembrar da existência dela, mas a partir dos meus 15

anos tenho seguido tudo certinho até porque sei que

depende de mim e não quero mais ficar internado”; E1 -

“Não tenho vergonha e nem problema em falar que tenho

FC” [...].

E2 – [...] “resolvi viver os 6 anos que me faltavam com

muita intensidade, e é isso que eu estou fazendo desde

aquela época até hoje” [...]; E2 – [...] “se em 4 anos de

tratamento já melhorei bastante, imagina se eu tivesse

descoberto com 4 anos de idade o que eu tinha, poderia

estar bem melhor”.

4

Apoio familiar

E1- “Eu sempre fiz tudo que minha mãe mandava nunca

me interessei muito, sabia que tinha a doença, o que era e

o que deveria fazer, mas nunca fiz nada por conta

própria” [...]; E1- “Meus pais sempre lutaram para tentar

Page 22: Monografia - Patr cia Barreto Perfeito...2015/09/01  · ASPECTOS PSICOSSOCIAIS DO PACIENTE ADULTO PORTADOR DE FIBROSE CÍSTICA Este Trabalho de Conclusão de Curso foi considerado

me salvar, faziam de tudo” [...].

5

Sentimentos:

medo, raiva, alívio

E1 – [...] “sei que depende de mim e não quero mais ficar

internado” (se referindo ao tratamento).

E2 – [...] “dependo disso para sobreviver” [...]; E2 - “Foi

horrível, e ao mesmo tempo um alívio” [...] (se referindo

ao tratamento e a descoberta do diagnóstico

consecutivamente).

6

Adesão ao tratamento

E1 – “Eu sempre fiz tudo que minha mãe mandava” [...];

E1 – “Até meus pais falecerem minha mãe que cuidava de mim, do meu tratamento, sempre deixei isso com ela, não queria ficar pensando muito que eu tinha a doença, pensava que se eu não pensasse a doença ia embora, sabia que ela não iria, mas era um jeito de eu não lembrar da existência dela, mas a partir dos meus 15 anos tenho seguido tudo certinho até porque sei que depende de mim e não quero mais ficar internado”.

E2 – “O tratamento é chato, mas faço certinho porque sei

que dependo disso para sobreviver, já vira rotina, tantas

inalações, quais remédios e quantidade por dia” [...]; E2

– [...] “já estava acostumada a ficar bastante tempo

internada, mas dessa vez era diferente porque acabava de

descobrir realmente o que eu tinha e que não era uma

coisa simples e sim uma doença sem cura”; E2 – [...]

“Fico internada de 3 em 3 meses”.

7

Momentos difíceis

E1 – “O momento mais difícil foi minha internação de 48

dias, isso em 2002, quando eu estava bem mal, quase

morri”.

E2 – “O momento mais difícil foi à internação onde

descobri o diagnóstico, pois entrei no hospital sem saber o

que eu tinha e sai sabendo que tinha pouco tempo de vida.

Nessa internação fiquei 2 meses no hospital” [...].

Page 23: Monografia - Patr cia Barreto Perfeito...2015/09/01  · ASPECTOS PSICOSSOCIAIS DO PACIENTE ADULTO PORTADOR DE FIBROSE CÍSTICA Este Trabalho de Conclusão de Curso foi considerado

8

Rotina

E1 – “Minha rotina é trabalho, trabalho e trabalho,

sempre trabalhei. Já fiz muita festa agora não quero

mais” [...].

E2 – [...] “tenho que trabalhar em casa, pois como sou

professora era ruim trabalhar fora porque tossia muito em

sala de aula e de vez em quando estava internada, então

era ruim me manter no quadro pedagógico” [...]; E2 –

“Minha rotina é normal, desde quando meus amigos

souberam que tenho FC a única coisa que não faço com

ele é marcar coisas em longo prazo” [...].

9 Escolha do Parceiro -

Amor

E1 – Não comenta sobre relacionamento.

E2 – [...] “Tenho uma namorada” [...].

1 - Convívio com a doença: E1 diz que convive com a doença desde pequeno, pois seu

diagnóstico foi dado quando tinha seis meses de idade. E2 diz que convive com a doença faz

pouco tempo, pois seu diagnóstico foi dado há quatro anos atrás.

Nesse sentido, Furtado e Lima (2003), mencionam que o impacto inicial do diagnóstico

gera ansiedade e medo, logo, a existência de uma doença crônica afeta toda família e suscita

momentos difíceis com avanços e retrocessos nas relações entre seus membros, pode, também,

provocar isolamento social e emocional. Muitas vezes se expressa a incredulidade com relação

ao diagnóstico. A experiência de se viver doente interfere no desenvolvimento psicológico do

indivíduo, diminuindo questionamentos esperados em relação aos valores apresentados pela

família e pela sociedade.

2 - Compreensão da doença: E1 não fala sobre o que compreende da doença. E2 diz que mesmo

que seu diagnóstico tenha sido tardio, há quatro anos atrás, a doença sempre fez parte da sua vida,

mesmo não sabendo que era fibrose cística, porque sempre teve sintomas. Esta ainda refere que

sabe que a FC é uma doença sem cura.

Para poder compreender a doença, é necessário que se saiba o conceito da mesma.

Assim, a Associação Catarinense de Assistência ao Mucoviscidótico - ACAM define a fibrose

cística sendo uma doença sistêmica, genética autossômica recessiva, crônica e progressiva; ainda

Page 24: Monografia - Patr cia Barreto Perfeito...2015/09/01  · ASPECTOS PSICOSSOCIAIS DO PACIENTE ADULTO PORTADOR DE FIBROSE CÍSTICA Este Trabalho de Conclusão de Curso foi considerado

sem cura, a qual afeta as glândulas exócrinas, provocando alterações nos pulmões, pâncreas e

intestino. É uma doença predominante na raça branca, na qual afeta ambos os sexos.

Deste modo, na FC, as glândulas exócrinas produzem um muco pegajoso e espesso, que

afeta o funcionamento dos sistemas respiratório e digestivo, causando dificuldades para respirar,

além de originar tosse crônica e infecções por bactérias instaladas nesse muco.

As autoras Furtado e Lima (2003), mencionam que a aceitação da doença vem com o

conhecimento que se obtém a seu respeito, ou seja, na medida em que o conhecimento aumenta a

aceitação também começa a ser maior.

3 - Enfrentamento da doença: E1 fala que não queria ficar pensando que tinha a doença, pois

achava que se não pensasse no assunto, este poderia ir embora, mesmo sabendo que isso não

poderia acontecer. No entanto, quando completou 15 (quinze) anos de idade seus pais faleceram e

ele teve que assumir seu tratamento, ainda coloca que segue o tratamento corretamente porque

sabe que depende dele mesmo e não quer mais ficar internado. O E1 ainda refere que não tem

vergonha e nenhum problema em falar que tem a doença. E2 diz que desde quando seu

diagnóstico foi dado, ela resolveu viver os seus seis anos que lhe restam intensamente e é isso

que tem feito desde aquele momento até os dias atuais.

O que acontece com E1 é exatamente o que menciona Bryon (2006), ou seja, este refere

que os pacientes, quando crianças, têm mais dificuldades em aceitar a doença, mesmo que pouco

entendam a seu respeito. Os adolescentes, por sua vez, começam a aceitar a enfermidade, e

alguns se sentem capazes de se organizar a ponto de assumirem a responsabilidade por seu

tratamento, no que se aborda à questão de remédios, não significando que eles consigam realizar

todas as tarefas necessárias, mas de forma geral, os adolescentes possuem uma maior

compreensão sobre sua doença. Já os pacientes adultos, são encorajados cada vez mais a

colaborar e a aderir ao tratamento.

Entrementes, existem autores que mencionam que os adultos têm uma concepção

contrária de que estão mais saudáveis do que realmente estão. Os adolescentes e sua família

acreditam que a doença vai melhorar com o passar do tempo. Existem outras crenças, na qual

uma delas é lidar com a morte ocasionando o medo de morrer e o aparecimento de queixas

somáticas por parte dos pacientes (PFEFFER; PFEFFER e HODSON, 2003).

Page 25: Monografia - Patr cia Barreto Perfeito...2015/09/01  · ASPECTOS PSICOSSOCIAIS DO PACIENTE ADULTO PORTADOR DE FIBROSE CÍSTICA Este Trabalho de Conclusão de Curso foi considerado

4 - Apoio familiar: E1 fala que seus pais sempre lutaram pela sua sobrevivência, faziam de tudo

para ele. Refere ainda que sempre fez tudo que sua mãe mandava, pois nunca se preocupou com

seu tratamento, sabia que tinha a doença mas não tinha vontade de fazer as coisas por conta

própria. E2 em nenhum momento fala que obteve apoio familiar.

O autor Bentley (1999) diz que é de extrema importância à participação da família no

desenvolvimento da criança, pois é essa família a fonte de socialização primária do indivíduo e é

quem irá contribuir para a formação da personalidade do sujeito. Ao mesmo tempo, Oliveira

(2000), refere que a família é o elo da criança; logo, ela deve estar sempre preparada para

enfrentar a situação da doença, sem que esta provoque desorganização no âmbito familiar.

Deste modo, a luta pela identidade, o grupo de pares, e a busca da independência acabam

comprometendo a adesão. Frente a estas dificuldades, os adolescentes projetam nos pais a

expectativa de que eles assumam a responsabilidade do tratamento (OLIVEIRA e GOMES,

1998).

5 – Sentimentos: E1 refere que o tratamento depende dele mesmo e segue corretamente porque

não quer ficar internado, demonstrando assim sentimentos de medo. E2 demonstra ter esses

sentimentos em alguns momentos, quando diz que dependo do tratamento para sobreviver e que

obteve sensação de alívio quando teve o diagnóstico, pois sempre passou de médico em médico e

nunca ninguém sabia o que ela tinha e quando foi dado o diagnóstico de FC para ela, teve

sensação de alívio porque se sentia orientada.

Na teoria a esse respeito, Bentley (1999) faz referência à importância que deve haver na

relação entre os membros da família, principalmente no momento do diagnóstico, mas também

posteriormente, quando este não causa mais medos e ansiedades.

Nesse contexto, os pais de portadores de FC passam por uma ambivalência, ao tratar de

um filho adolescente portador de FC. Pois os mesmos temem em deixar o tratamento na mão de

seus filhos e estes não terem amadurecido suficientemente para cuidar de si, e ao mesmo tempo,

acham que ao chegar à fase da adolescência, seus filhos já teria autonomia para assumir essa

responsabilidade, na qual implica a sua qualidade de vida.

6 - Adesão ao tratamento: E1 fala que quando seus pais faleceram seguiu o tratamento

corretamente, pois sabe que depende dele e que ele não quer ficar internado. E2 fala que o

Page 26: Monografia - Patr cia Barreto Perfeito...2015/09/01  · ASPECTOS PSICOSSOCIAIS DO PACIENTE ADULTO PORTADOR DE FIBROSE CÍSTICA Este Trabalho de Conclusão de Curso foi considerado

tratamento é chato, mas que já está acostumada, diz que segue certinho porque sabe que depende

do tratamento para sobreviver.

O tratamento atual do portador de FC é dirigido à doença pulmonar, com a

administração de antibióticos, à doença pancreática e às deficiências nutricionais. Assim sendo, o

paciente faz uso de enzimas e vitaminas todos os dias, além de manter uma alimentação saudável

e beber muita água principalmente nos dias mais quentes e durante atividades físicas, devido à

obstrução dos canais condutores do fígado e trato digestivo, a qual o muco é responsável por

fazer com que as enzimas digestivas não cheguem ao intestino delgado.

Portanto, a adesão ao tratamento é percebida na obediência do paciente à opinião, à

informação ou ao cuidado médico, seguindo instruções para medicações, dietas e/ou fisioterapia.

Essa rotina altera qualquer estilo de vida, principalmente o dos jovens. A não-adesão ao

tratamento é identificada pela recaída da função do órgão tratado (OLIVEIRA, 2000).

7 – Momentos difíceis: E1 diz que o momento mais difícil foi em 2002 quando teve 48 dias

internado, diz que antes de ficar esse tempo internado quase morreu. E2 fala que o momento mais

difícil foi à internação, situação em que foi dado o diagnóstico. Ela conta que entrou no hospital

sem saber o que tinha e saiu sabendo que tinha pouco tempo de vida, diz que ficou dois meses

nessa internação.

A existência de uma doença crônica afeta toda família e gera momentos difíceis com

avanços e retrocessos nas relações entre seus membros. Pacientes portadores desta doença podem

ter sérias dificuldades emocionais passíveis de prevenção se forem trabalhadas as suas

capacidades físicas e mentais. Assim, é muito importante o cuidado à criança com doença

crônica consome da família energia, tempo e retira da sua privacidade. Pode, também, provocar

isolamento social e emocional. Em contrapartida, se a família tem conhecimento sobre a doença,

o tratamento e os recursos disponíveis, seus níveis de estresse e ansiedade podem diminuir

significativamente (CREPALDI e CERQUEIRA, 2002).

8 – Rotina: E1 fala que sua rotina é apenas trabalho, nesse sentido sugerindo que a doença não

altera de nenhuma forma a rotina do fibrocístico. E2 conta que sua rotina desde a descoberta do

diagnóstico se alterou em algumas coisas, não pode marcar compromissos em longo prazo, pois

no dia do suposto compromisso não sabe se estará hospitalizada, também dependo de como

Page 27: Monografia - Patr cia Barreto Perfeito...2015/09/01  · ASPECTOS PSICOSSOCIAIS DO PACIENTE ADULTO PORTADOR DE FIBROSE CÍSTICA Este Trabalho de Conclusão de Curso foi considerado

estiver o tempo também. Conta ainda que trabalha em casa pois é professora e não tem como a

manter no quaro pedagógico porque tossia muito e de vez em quando ficava internada.

A FC atinge sistemas no corpo humano, exigindo um cuidado complexo e uma atenção

contínua para a promoção de uma condição clínica estável do paciente. Nesse caso, é obrigatório

o envolvimento da família que convive com essa doença desde a fase do diagnóstico, com

profundas alterações em suas rotinas, voltando sempre sua atenção ao filho doente. Logo, passa a

viver sempre com ansiedades e medos, os quais podem ser significativamente reduzidos quando a

família está preparada para prover os cuidados com o filho. Percebe-se, então, a mudança na

rotina familiar (FURTADO; LIMA, 2003).

No entanto, de acordo com Bee (1997), adultos não portadores de doenças crônicas

assumem o papel de sustentar a si e aos membros da família economicamente, ou seja, assumem

o papel de ser profissional, nesse sentido não distorcendo as expectativas da sociedade.

9 - Escolha do Parceiro – Amor: E1 em nenhum momento comenta sobre relacionamentos

amorosos. E2 diz que tem uma namorada.

Espera-se que a tarefa principal da fase adulta seja a intimidade, considerada a

capacidade de integrar sua identidade com a de outra pessoa. Ou seja, a principal tarefa

psicossocial do início da fase adulta é estabelecer vínculos estreitos, de mútuo compromisso e

enriquecimento com outra pessoa. No entanto, para que essa tarefa seja cumprida, precisa-se

encontrar um parceiro, sujeito com quem se pode ter apego e segurança.

De acordo com as 9 (nove) categorias identificadas anteriormente, percebe-se que os 2

(dois) entrevistados viveram e vivenciam, situação então abordada pela literatura Conforme a

verbalização dos entrevistados, quanto mais precoce é dado o diagnóstico da FC, mais esse

paciente vai tentar deixar a responsabilidade de seu tratamento para seus pais, como foi o caso do

E1, que convive com a doença desde os seus 6 (seis) meses de idade e após crescer e ter idade

para assumir seus compromissos com o tratamento continuou delegando a responsabilidade do

mesmo a seus pais. No entanto, seus pais vieram a falecer quando tinha 15 (quinze) anos e este

teve que assumir suas responsabilidades sozinho, principalmente a do tratamento, pois agora não

tinha mais ninguém que fizesse por ele.

Page 28: Monografia - Patr cia Barreto Perfeito...2015/09/01  · ASPECTOS PSICOSSOCIAIS DO PACIENTE ADULTO PORTADOR DE FIBROSE CÍSTICA Este Trabalho de Conclusão de Curso foi considerado

Fontes (2005), assegura que o movimento a independência e autonomia, somando a

diminuição da tolerância, geram um comportamento nesses pacientes que se refere a sua saúde,

levando-os até mesmo, ao abandono do tratamento. Nesse sentido, os pais temem em deixar o

tratamento sob a responsabilidade de seus filhos, e que estes não tenham amadurecido

suficientemente para cuidar de si. Ao mesmo tempo, pensam que o filho ao chegar à fase da

adolescência, teria autonomia para assumir essa responsabilidade, em que implica na sua

qualidade de vida. Com isso, os pais passam por uma ambivalência.

Já E2, obteve um diagnóstico tardio, no qual já continha responsabilidades de uma

pessoa adulta, já não morava mais com seus pais, aderiu por conta própria seu tratamento;

mostrando assim que, as pessoas agem de maneiras diferentes ao saberem do diagnóstico da FC

em fases da vida diferentes, justamente o que aborda a teoria.

De conformidade com Vieira e Lima (2002), desde o início dos sintomas até a definição

do diagnóstico e tratamento, o paciente e sua família vivenciam momentos de crise, caracterizada

como um período de desestruturação e incertezas, precisando aprender a lidar com os sintomas,

procedimentos diagnósticos e terapêuticos, para assim reorganizarem suas vidas.

Neste norte, pode-se fazer uma reflexão no sentido de que, será que não é melhor obter o

diagnóstico de uma doença crônica numa fase mais avançada da vida? Isso porque a pessoa não

carregaria um estigma no decorrer de sua vida, achando que pode vir a falecer a qualquer

momento de sua vida.

Entrementes, não podemos esquecer que o diagnóstico de uma doença crônica afeta

igualmente crianças, adolescentes e/ou adultos; o que pode ser diferente nessas três fases da vida

é a maneira com que cada uma delas vai enfrentar a doença - aceitando-a e aderindo ao

tratamento ou simplesmente negando-a; logo, não sabendo lidar com a doença, em função de

viver o tempo todo ao lado da morte. Foi o que aconteceu com os entrevistados, E1 e E2; cada

um lidou com a doença de uma forma, E1 não queria ficar pensando na doença, achava que se

não pensasse sobre poderia ir embora, tanto que em nenhum momento assumiu o tratamento,

delegou este a seus pais, no entanto, seus pais vieram a falecer e ele teve que lidar com essa

doença.

Desta forma, pode-se pensar até que ponto este rapaz assumiu seu tratamento, porque no

decorrer de sua entrevista a única coisa que fala a esse respeito é que após seus pais falecerem

segue corretamente seu tratamento, pois sabe que agora depende dele mesmo. No entanto, mesmo

Page 29: Monografia - Patr cia Barreto Perfeito...2015/09/01  · ASPECTOS PSICOSSOCIAIS DO PACIENTE ADULTO PORTADOR DE FIBROSE CÍSTICA Este Trabalho de Conclusão de Curso foi considerado

com o tratamento em que se deve internar de tempo em tempo, se isolou de sua família e em

momento algum aponta as dificuldades deste tratamento. Já E2 afirma que o tratamento é

“chato”, mas que segue corretamente porque depende desse tratamento para sobreviver, coloca

ainda que fica internada a cada 3 (três) meses.

Sabe-se que crianças dependem muito dos pais, havendo uma doença crônica dependem

mais ainda, nesse sentido, os pais vivem com medo de perder seu filho, por isso é muito

importante dar o apoio à família. Ao se tratar de uma doença crônica não se deve pensar somente

no portador da doença, isso porque este faz parte de uma família, de forma que este diagnóstico

afeta toda a família do enfermo.

Segundo Bentley (1999), é uma responsabilidade muito grande se ter um filho com FC,

pois as possibilidades de complicações graves causam nestes pais tensão e depressão que

podendo ser constantes. Nesse caso, é importante que haja uma relação boa entre os membros da

família, principalmente no momento do diagnóstico, mas também posteriormente, quando este

não causa mais medos e ansiedades, evitando conflitos familiares que possam vir a prejudicar o

empenho do filho enfermo em aderir ao tratamento da melhor forma possível. No entanto, para

que isso ocorra é necessário que os pais saibam realmente o que é a doença, bem como, seu

tratamento e as conseqüências deste.

Outro fator muito importante que deve ser levado em conta é a forma como esse

diagnóstico é dado ao paciente e sua família, apontando assim, a importância da equipe

interdisciplinar para se trabalhar com a doença FC. Isso porque na equipe interdisciplinar cada

profissional percebe o paciente de acordo com sua especialidade, no entanto, há troca de

informações entre esses profissionais que ajuda numa melhor compreensão deste paciente, para

assim poder orientá-lo da melhor forma. Assim, esse tipo de equipe é importante para observar o

paciente como um todo, ou seja, não focar apenas na parte clínica, mas também na psicológica.

Por conseguinte, intervenções psicológicas são importantes para os pacientes e seus

familiares, e, quanto mais cedo esse paciente e sua família forem acolhidos, mais fácil será para o

paciente se adaptar a sua condição e ter uma vida mais próxima da normal e com mais qualidade

de vida.

Page 30: Monografia - Patr cia Barreto Perfeito...2015/09/01  · ASPECTOS PSICOSSOCIAIS DO PACIENTE ADULTO PORTADOR DE FIBROSE CÍSTICA Este Trabalho de Conclusão de Curso foi considerado

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) apresentou uma revisão da literatura sobre

a doença crônica fibrose cística, como é ser adulto portador desta doença e mais especificamente

sobre os impactos psicossociais do paciente adulto portador da fibrose cística.

A pergunta de pesquisa constituiu em identificar os impactos psicossociais sobre o

paciente adulto portador de fibrose cística. Neste sentido, pode-se dizer que a pergunta de

pesquisa deste TCC foi respondida, uma vez que, os dados e informações coletadas a partir da

verbalização dos pacientes vão ao encontro com o que diz a literatura.

Foram descritas 9 (nove) categorias a partir de entrevistas semi-estruturadas realizadas

com 2 (dois) pacientes adultos portadores de FC que realizam tratamento no Hospital Nereu

Ramos, localizado na cidade de Florianópolis. Finalmente, é proposto sugestões para

acompanhamento desses pacientes.

Nas considerações finais deste trabalho são apresentados os principais resultados e

contribuições bem como recomendações para trabalho futuro, considerando várias questões de

pesquisa e desenvolvimento suscitadas a partir dos resultados.

5.1 PRINCIPAIS RESULTADOS E CONTRIBUIÇÕES

O principal objetivo desta pesquisa constituiu em estudar compreender os impactos

psicossociais da fibrose cística do paciente adulto. As manifestações dos pacientes foram no

sentido de como é ser um adulto portador de FC, ou seja, como é crescer, conviver com uma

doença crônica.

Os objetivos específicos também foram atingidos. Foi descrever os aspectos

psicossociais envolvidos no tratamento da doença fibrose cística no paciente adulto e caracterizar

os aspectos psicossociais envolvidos na vida social, familiar e laboral do paciente adulto com

fibrose cística.

Diante da pesquisa realizada pode-se dizer que tanto o objetivo geral como os objetivos

específicos foram alcançados, uma vez que se conseguiu identificar, na literatura médica, de

enfermagem e de psicologia, como é conviver com uma doença crônica.

Page 31: Monografia - Patr cia Barreto Perfeito...2015/09/01  · ASPECTOS PSICOSSOCIAIS DO PACIENTE ADULTO PORTADOR DE FIBROSE CÍSTICA Este Trabalho de Conclusão de Curso foi considerado

Pode-se dizer que uma das principais contribuições desta pesquisa foi à sensibilização da

médica responsável pelo atendimento dos adultos portadores de FC no Hospital Nereu Ramos e

da assistente social da ACAM, que aceitaram colaborar dando a pesquisadora indicação dos

pacientes que poderiam colaborar com este trabalho.

Obteve-se também, como contribuição deste trabalho, a possibilidade de ampliação do

tema FC e ainda o adulto portador dessa doença, fazendo com que as pessoas tenham uma

compreensão maior do que é FC e dos aspectos psicossociais que estão envolvidos no adulto

portador de FC.

A partir da análise do conteúdo da verbalização dos pacientes na situação em grupo, foi

realizada uma classificação dos diferentes elementos do discurso. A classificação a partir da

verbalização dos pacientes adultos portadores de fibrose cística ocorreu em 9 (nove) categorias

delineadas convívio com a doença, compreensão da doença, enfrentamento da doença, apoio

familiar, sentimentos, adesão ao tratamento, momentos difíceis, rotina e escolha do parceiro. A

partir destas 9 (nove) categorias identificadas, percebeu-se que conviver com uma doença crônica

afeta todo o desenvolvimento psicológico desse indivíduo.

Contudo, a fase da vida que é descoberto o diagnóstico influência em como o indivíduo

prosseguirá sua vida, isso porque se percebeu que quanto mais cedo esse diagnóstico é

descoberto, o paciente tende a deixar a responsabilidade para seus pais, não tomando nenhuma

decisão por conta própria, carregando consigo um estigma ao longo de seu desenvolvimento.

A realização desta investigação proporcionou refletir sobre como auxiliar os pacientes

portadores de FC a entrar na vida adulta minimizando os impactos psicossociais negativos

causados pela doença. Proporcionou ainda reflexões diferenciadas para ajudar esses pacientes

portadores de FC e seus familiares a prosseguirem em suas caminhadas.

5.2 RECOMENDAÇÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

• É recomendado se pesquisar quais as profissões do paciente adulto portador de

fibrose cística;

• Sugere-se ainda um estudo sobre qual o impacto do trabalho no paciente adulto

portador de fibrose cística;

Page 32: Monografia - Patr cia Barreto Perfeito...2015/09/01  · ASPECTOS PSICOSSOCIAIS DO PACIENTE ADULTO PORTADOR DE FIBROSE CÍSTICA Este Trabalho de Conclusão de Curso foi considerado

• Recomendasse uma expansão do estudo de pacientes adultos portadores de fibrose

cística.

• Recomenda-se também que essa temática seja levada adiante, aprofundando-se em

uma dissertação de Mestrado e/ou Doutorado.

Page 33: Monografia - Patr cia Barreto Perfeito...2015/09/01  · ASPECTOS PSICOSSOCIAIS DO PACIENTE ADULTO PORTADOR DE FIBROSE CÍSTICA Este Trabalho de Conclusão de Curso foi considerado

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANTHONY, H.; PAXTON, S.; BINES, J.; PHELAN, P. Psychosocial predictors of adherence to nutritional. Recommendations and growth outcomes in children with cystic fibrosis. Journal of Psychosomatic Research 47 (6), 1999.

Associação Catarinense de Fibrose Cística. O que é fibrose cística. Florianópolis. Disponível em: www.acam.org.br. Acesso em: 02 de agosto 2006.

BARDIN, L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 1991.

BEE, H. O ciclo vital. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997.

BENTLEY, P. Understanding cystic fibrosis, improving life expectancy. Nurse times 95 (43),

1999.

BRYON, M. Psychological Interventions. In: Cystic Fibrosis in the 21st Century.Bush, A. Karger:London, 2006.

CHIZZOTTI, A. Pesquisa em ciências humanas e sociais. São Paulo, Cortez, 1991.

DUFF, A.J.J. Psychological interventions in cystic fibrosis and asthma. Pediatric respiratory

review 2, 350-357, 2001.

FURTADO, M. C. C; LIMA, R. G. A. O cotidiano da família com filhos portadores de fibrose cística: subsídios para a enfermagem pediátrica. Ribeirão Preto, 2003. 13. Tese de Mestrado – Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo.

HAGUETTE, T. M. F. Metodologias qualitativas na sociologia. 6. ed. Petrópolis: Vozes, 1999.

OLIVEIRA, V. Z. Comunicação médico-paciente e adesão ao tratamento em adolescentes portadores de doenças orgânicas crônicas. Rio Grande do Sul, 2000. Tese de Mestrado.

PFEFFER, P. E.; PFEFFER, J. M. e HODSON, M. E. O lado psicossocial e psiquiátrico de pacientes adolescentes e adultos com fibrose cística. Cystic Fibrosis, junho/2003. p. 61-68.

Page 34: Monografia - Patr cia Barreto Perfeito...2015/09/01  · ASPECTOS PSICOSSOCIAIS DO PACIENTE ADULTO PORTADOR DE FIBROSE CÍSTICA Este Trabalho de Conclusão de Curso foi considerado

VIEIRA, M. A.; LIMA, R. A. Crianças e adolescentes com Doença Crônica: Convivendo com doenças crônicas. Ver. Latino – Am. Enfermagem, 4 (v. 10) Ribeirão Preto, Jul/Ago, 2002.

Page 35: Monografia - Patr cia Barreto Perfeito...2015/09/01  · ASPECTOS PSICOSSOCIAIS DO PACIENTE ADULTO PORTADOR DE FIBROSE CÍSTICA Este Trabalho de Conclusão de Curso foi considerado

APÊNDICES

Page 36: Monografia - Patr cia Barreto Perfeito...2015/09/01  · ASPECTOS PSICOSSOCIAIS DO PACIENTE ADULTO PORTADOR DE FIBROSE CÍSTICA Este Trabalho de Conclusão de Curso foi considerado

APÊNDICE 1

Florianópolis, março de 2007.

Prezado Sr. Antônio Fernando Barreto Miranda

Diretor Geral

Hospital Nereu Ramos

Florianópolis - SC

Eu, Patrícia Barreto Perfeito, aluna do Curso de Psicologia da UNIVALI – CE Biguaçu,

sob a orientação da professora doutora Luciana Martins Saraiva, venho por meio deste

encaminhar o meu projeto de Trabalho de Conclusão de Curso para sua análise e parecer a

respeito da viabilidade do mesmo ser desenvolvido no Hospital Nereu Ramos.

A pesquisa tem como título Aspectos Psicossociais do paciente adulto portador de

fibrose cística, e tem como objetivo estudar compreender os impactos psicossociais da fibrose

cística no paciente adulto.

A referida pesquisa teve seu projeto aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da

UNIVALI. Conforme os preceitos éticos em pesquisa, informo que os dados coletados durante o

estudo serão utilizados exclusivamente para fins de pesquisa, sendo mantido sigilo sobre a

identidade dos profissionais participantes.

Comprometo-me também em fornecer a esta Instituição uma cópia do relatório final do

estudo, a fim de que possam ser divulgados seus resultados junto aos profissionais interessados.

Portanto, sua aprovação será de fundamental importância para esse estudo.

Atenciosamente,

____________________________________________________

Patrícia Barreto Perfeito – Acadêmica Pesquisadora

Page 37: Monografia - Patr cia Barreto Perfeito...2015/09/01  · ASPECTOS PSICOSSOCIAIS DO PACIENTE ADULTO PORTADOR DE FIBROSE CÍSTICA Este Trabalho de Conclusão de Curso foi considerado

APÊNDICE 2

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Vimos através desse termo de consentimento, formalizar os pressupostos éticos segundo

os quais, este projeto de pesquisa, “Aspectos Psicossociais do paciente adulto portador de

fibrose cística” está sendo realizado pela professora doutora Luciana Martins Saraiva, e pela

acadêmica Patrícia Barreto Perfeito, ambas vinculadas ao Curso de Psicologia da Universidade

do Vale do Itajaí / Centro de Educação Biguaçu / SC. O presente projeto tem como objetivo

geral: Compreender os impactos psicossociais da Fibrose Cística no paciente adulto.

Se houverem riscos e/ou desconfortos durante a realização da entrevista, os

pesquisadores estarão disponíveis para qualquer informação e esclarecimento que a (o) Sr (a)

tiver necessidade, antes e durante a realização da pesquisa. Pelo fato desta pesquisa ter única e

exclusivamente interesse científico, a mesma foi aceita espontaneamente pelo Sr (a), que no

entanto poderá desistir a qualquer momento da mesma, inclusive sem nenhum motivo, bastando

para isso, informar da maneira que achar mais conveniente, a sua desistência. Por ser voluntário e

sem interesse financeiro, o Sr (a) não terá direito a nenhuma remuneração. Os dados referentes ao

Sr (a) serão sigilosos e privados, e a divulgação do resultado visará apenas mostrar os possíveis

benefícios obtidos pela pesquisa em questão, sendo que a Sr (a) poderá solicitar informações

durante todas as fases desta pesquisa, inclusive após a publicação da mesma.

Contatos com as pesquisadoras poderão ser feitos no Curso de Psicologia da UNIVALI

pelo telefone (048) 3279-9714.

Eu, _______________________________________________________

Consisto em participar voluntariamente neste projeto de pesquisa.

Florianópolis, ______/______/______.

Page 38: Monografia - Patr cia Barreto Perfeito...2015/09/01  · ASPECTOS PSICOSSOCIAIS DO PACIENTE ADULTO PORTADOR DE FIBROSE CÍSTICA Este Trabalho de Conclusão de Curso foi considerado

APÊNDICE 3

TERMO DE COMPROMISSO DA PESQUISADORA

Eu, abaixo assinado, aluna do Curso de Psicologia da UNIVALI – CE Biguaçu, me

comprometo em realizar a pesquisa do Trabalho de Conclusão de Curso Aspectos Psicossociais

do paciente adulto portador de fibrose cística, desenvolvendo todas as atividades relacionadas

à sua concretização.

___________________________________________________

Patrícia Barreto Perfeito – Acadêmica Pesquisadora

Florianópolis, ______ /_____ /_____.

Page 39: Monografia - Patr cia Barreto Perfeito...2015/09/01  · ASPECTOS PSICOSSOCIAIS DO PACIENTE ADULTO PORTADOR DE FIBROSE CÍSTICA Este Trabalho de Conclusão de Curso foi considerado

APÊNDICE 4

TERMO DE COMPROMISSO DE UTILIZAÇÃO DE DADOS

Eu, abaixo assinado, pelo presente “Termo de Compromisso de Utilização de Dados”,

em conformidade com a Instrução Normativa no 004/2002, autora do projeto de pesquisa

intitulado: Aspectos Psicossociais do paciente adulto portador de fibrose cística, a ser

desenvolvido no período de março à junho de 2007, no Hospital Nereu Ramos, da Secretaria da

Saúde do Governo do Estado de Santa Catarina, localizado no município de Florianópolis,

comprometo-me em utilizar os dados coletados junto aos pacientes entrevistados, somente para

fins deste projeto e divulgação científica através de Artigos, Livros, Resumos, Pôsteres. Informo

também que a instituição foi previamente consultada, concordando e propiciando as condições

necessárias para a obtenção dos dados. Outrossim, comprometo-me a retornar os resultados da

pesquisa à instituição, apresentando-os aos seus representantes legais.

____________________________________________________

Patrícia Barreto Perfeito – Acadêmica Pesquisadora

Florianópolis, ______ /______ /_______.

Page 40: Monografia - Patr cia Barreto Perfeito...2015/09/01  · ASPECTOS PSICOSSOCIAIS DO PACIENTE ADULTO PORTADOR DE FIBROSE CÍSTICA Este Trabalho de Conclusão de Curso foi considerado

APÊNDICE 5

ROTEIRO DE ENTREVISTA SEMI-ESTRUTURADA

1. Dados de Identificação

Idade

Sexo

Estado Civil

Têm filhos?

Mora com quem?

2. Roteiro Tópico

01- Quanto tempo você sabe do diagnóstico da doença Fibrose Cística?

02- Qual foi sua reação no momento do recebimento do diagnóstico?

03- Quando a Fibrose Cística começou a fazer parte de sua vida?

04- Como tem sido o tratamento desde a descoberta do diagnóstico até o momento atual?

05- Como tem sido sua rotina de vida (família, lazer, trabalho, vida social), desde a

descoberta do diagnóstico até o momento atual? Q

06- Qual o impacto do diagnóstico desde aquela época até o momento atual?

07- Em que aspecto de sua vida a Fibrose Cística mais interfere?

08 - Quais foram os momentos mais difíceis desde o conhecimento da doença?

Page 41: Monografia - Patr cia Barreto Perfeito...2015/09/01  · ASPECTOS PSICOSSOCIAIS DO PACIENTE ADULTO PORTADOR DE FIBROSE CÍSTICA Este Trabalho de Conclusão de Curso foi considerado

APÊNDICE 6

CARTA DE ENCAMINHAMENTO DA DOCUMENTAÇÃO AO CEP

AO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA COM SERES HUMANOS

Prezados Senhores,

Encaminho o projeto de pesquisa intitulado: Aspectos Psicossociais do paciente adulto

portador de Fibrose Cística, para que seja analisado nesse Comitê.

Certo de sua atenção, coloco-me à disposição para esclarecer qualquer dúvida.

Atenciosamente,

_________________________________________________

Patrícia Barreto Perfeito – Acadêmica Pesquisadora

________________________________________________

Luciana Martins Saraiva, Dra. - Orientadora

Florianópolis, ______/_____/______.

Page 42: Monografia - Patr cia Barreto Perfeito...2015/09/01  · ASPECTOS PSICOSSOCIAIS DO PACIENTE ADULTO PORTADOR DE FIBROSE CÍSTICA Este Trabalho de Conclusão de Curso foi considerado

APÊNDICE 7

TERMO DE COMPROMISSO ÉTICO E DE OBEDIÊNCIA ÀS NORMA S DO HNR

Termo de Compromisso

Eu, Patrícia Barreto Perfeito, carteira de identidade no 4.816.828-9, emitida em

16/12/1999 comprometo-me a atuar dentro dos preceitos éticos ditados pelo Código de Ética, a

respeitar e obedecer às normas do Hospital Nereu Ramos, durante a realização da pesquisa:

Aspectos Psicológicos do paciente adulto portador de Fibrose Cística.

_________________________________________________

Patrícia Barreto Perfeito – Acadêmica Pesquisadora

________________________________________________

Luciana Martins Saraiva, Dra. - Orientadora

Florianópolis, ______/______/______.