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Faculdade de Educação DEPARTAMENTO DE ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DA EDUCAÇÃO CURSO DE LICENCIATURA EM ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DA EDUCAÇÃO MONOGRAFIA O IMPACTO DAS POLÍTICAS DE DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL E EVOLUÇÃO NA CARREIRA, NA SATISFAÇÃO DOS FUNCIONÁRIOS DA DEDHCM Maputo, Fevereiro de 2016

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Faculdade de Educação

DEPARTAMENTO DE ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DA EDUCAÇÃO

CURSO DE LICENCIATURA EM ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DA EDUCAÇÃO

MONOGRAFIA

O IMPACTO DAS POLÍTICAS DE DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL E

EVOLUÇÃO NA CARREIRA, NA SATISFAÇÃO DOS FUNCIONÁRIOS

DA DEDHCM

Maputo, Fevereiro de 2016

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Faculdade de Educação

DEPARTAMENTO DE ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DA EDUCAÇÃO

CURSO DE LICENCIATURA EM ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DA EDUCAÇÃO

MONOGRAFIA

O IMPACTO DAS POLÍTICAS DE DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL E

EVOLUÇÃO NA CARREIRA, NA SATISFAÇÃO DOS FUNCIONÁRIOS

DA DEDHCM

Monografia apresentada em cumprimento parcial dos requisitos exigidos para

obtenção de grau de Licenciatura em Organização e Gestão da Educação na

Universidade Eduardo Mondlane

Benjamim Tomás Guiamba

Supervisor

dr. António Matlombe

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DECLARAÇÃO DE HONRA

Declaro por minha honra que este trabalho, nunca foi apresentado, na sua

essência, para obtenção de qualquer grau e que constitui resultado da minha

investigação pessoal, estando no texto e nas referências bibliográficas as fontes

utilizadas.

Benjamim Tomás Guiamba

______________________________________

Maputo, Fevereiro de 2016

I

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DEDICATÓRIA

Com muito amor dedico este trabalho aos meus Pais Tomás Guiamba e Aviorda

Cofe.

Aos meus irmãos, em especial a Ana Maria, pela força e apoio prestados ao longo

da sua formação.

A minha esposa Maria Helena e filha Rita.

II

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AGRADECIMENTOS

À Deus pelo dom da vida e por colocar pessoas especiais na minha vida e me dar

a oportunidade de aprender, experimentar e viver.

Ao meu supervisor, dr. António Matlombe pelo acompanhamento e pelas

sugestões que foi dando ao longo da elaboração desta monografia.

Ao corpo docente da Faculdade de Educação, em particular do Departamento de

Organização e Gestão de Educação, pela transmissão de conhecimentos.

Aos meus colegas do curso, pelas contribuições, convivência e troca de

experiência durante a formação.

Aos meus Pais Tomás e Aviorda, embora tenham partido, pela educação

dedicação e carinho, que culminaram com este nível alcançado.

Aos meus irmãos, pelo apoio incondicional que sempre souberam dar.

À minha esposa Maria Helena e filha Rita, pelo amor, inspiração, apoio, força e

dedicação.

Por fim, agradeço a todos que directa ou indirectamente contribuiram para a

concretização desta minha caminhada académica.

III

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CIRESP – Estratégia Global da Reforma do Sector Público

DEDHCM – Direcção de Educação e Desenvolvimento Humano da Cidade de

Maputo

EGFAE – Estatuto Geral dos Funcionários e Agentes do Estados

GRH – Gestão de Recursos Humanos

SNGRH – Sistema Nacional de Gestão de Recursos Humanos

VTA – Visto do Tribunal Administrativo

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LISTA DE TABELAS E FIGURAS

Tabela I. Total dos funcionários promovidos e não promovidos.......................... 5

Figura I. Hierárquia das necessidades de Maslow............................................... 15

Tabela II. Distribuição amostral da população.................................................... 24

Gráfico 1. Resultados sobre a satisfação dos funcionários................................. 27

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Índice

Capítulo I - Introdução ...................................................................................................... 10

1.1. Formulação do problema ....................................................................................... 11

1.2. Objectivos .............................................................................................................. 13

1.2.1. Objectivo Geral ............................................................................................... 13

1.2.2. Objectivos Específicos .................................................................................... 13

1.3. Justificação ............................................................................................................. 13

Capítulo II. Revisão da Literatura ..................................................................................... 15

2.1. Política ................................................................................................................... 15

2.2. Políticas Públicas ................................................................................................... 15

2.3. Sistema de Carreira e Remunerações ..................................................................... 16

2.3.1. Promoção ........................................................................................................ 17

2.3.2. Mudança de carreira ........................................................................................ 17

2.3.3. Progressão ....................................................................................................... 17

2.4. Administração Pública ........................................................................................... 18

2.5. Desenvolvimento Profissional ............................................................................... 19

2.5.1. A essência do desenvolvimento profissional .................................................. 19

2.5.2. Algumas experiências sobre o desenvolvimento profissional ........................ 20

2.6. Qualidade e Satisfação no trabalho ........................................................................ 21

2.6.1. A motivação no local de trabalho ................................................................... 22

2.6.1.1. Maslow: A Teoria das Necessidades ....................................................... 23

2.6.2. A visão Humanista no contexto do desenvolvimento profissional ................. 26

2.7. Gestão de Recursos Humanos ................................................................................ 27

2.7.1. Caracterização da Gestão de Recursos Humanos em Moçambique ............... 28

2.7.1.1. GRH no Estado centralizado em Moçambique ........................................ 28

2.7.1.2. GRH no Estado descentralizado em Moçambique ................................... 29

Capítulo III. Metodologia ................................................................................................. 31

3.1. Tipo e métodos de pesquisa ................................................................................... 31

3.2. Caracterização do Local da realização do trabalho de campo ............................... 31

3.3. População ............................................................................................................... 31

3.4. Amostra .................................................................................................................. 32

3.5. Técnica de recolha e análise de dados ................................................................... 32

Capítulo IV. Apresentação e análise dos dados ................................................................ 33

4.1. Perguntas de caracterização da amostra ................................................................. 34

4.2. Análise das percepções dos inquiridos................................................................... 34

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Capítulo V. Conclusão e Recomendações ........................................................................ 38

5.1. Conclusão ............................................................................................................... 38

6.2. Recomendações...................................................................................................... 39

Referências Bibliográficas ................................................................................................ 40

Apêndice ........................................................................................................................... 46

Anexos .............................................................................................................................. 50

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Capítulo I - Introdução

O desenvolvimento profissional dos funcionários nas organizações é um dos

importantes factores para melhorar a sua satisfação. Segundo Chiavenato (2004),

o desenvolvimento profissional é a educação profissional que aperfeiçoa a pessoa

para uma carreira dentro de uma profissão. A educação profissional amplia e

desenvolve a pessoa tornando-a mais eficiente e produtiva.

Em muitas organizações, entretanto denota-se que o desenvolvimento profissional

não tem sido tomado pelas lideranças, como sendo um processo importante na

satisfação dos funcionários. De acordo com as constatações obtidas na

problematização da pesquisa, foi visto que o desenvolvimento profissional é

caracterizado por inúmeras dificuldades, no que tange ao processamento de actos

administrativos, concretamente as promoções e progressões nas carreiras

profissionais.

É neste contexto que se elaborou a presente pesquisa, que procura analisar o

impacto das políticas de desenvolvimento profissional e evolução na carreira, na

satisfação dos funcionários administrativos da Direcção de Educação e

Desenvolvimento Humano da Cidade de Maputo (DEDHCM), pois como já foi

referido, a satisfação é um indicador importante para o desempenho das

organizações no seu todo. Para consecução desta pesquisa foi feita a revisão da

literatura que versa sobre o tema e administrado um questionário, como

instrumento para a recolha de dados.

Esta pesquisa está estruturada da seguinte maneira: no primeiro capítulo para

além da introdução, faz-se a formulação do problema, objectivos e a justificativa,

que descrevem as principais razões que motivaram a realização do presente

estudo. No segundo capítulo discute-se a revisão da literatura, onde se evidenciam

os principais conceitos e estudos realizados nesta área. No terceiro capítulo

explica-se a metodologia usada para a recolha de dados e sua análise. Finalmente

o quarto e o quinto capítulos apresentam a análise dos dados e a conclusão

respectivamente.

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1.1. Formulação do problema

O processo de reformas na administração pública moçambicana tem alcance

profundo na área do desenvolvimento de recursos humanos. Neste contexto, o

desempenho dos profissionais do aparelho do Estado em Moçambique tem sido

foco de análise, principalmente no que tange ao desenvolvimento nas carreiras

profissionais dos funcionários. Efectivamente, o desenvolvimento profissional,

mais do que uma visão teórica, pressupõe um exercício de aplicação prática, isto

é, a implementação do preceituado na lei, que normalmente deve ocorrer de uma

forma estruturada e organizada, nas diversas instituições do Estado.

A abordagem desta pesquisa está orientada para a evolução dos funcionários nas

carreiras profissionais, entendida, como o mecanismo de crescimento vertical e

horizontal dos funcionários, à luz do estatuído pelos instrumentos legais.

A questão que se levanta nesta pesquisa, tem a ver com a implementação dos

dispositivos legais para a promoção, mudança de carreira e progressão dos

funcionários no aparelho do Estado moçambicano, que é caracterizada, muitas

vezes, por morosidade e outras deficiências estruturais por parte do sistema de

gestão dos recursos humanos.

Julga-se, por isso, que seja importante analisar a manifestação dos problemas ora

identificados, pois a questão do melhor enquadramento dos funcionários na

carreira, contribui muito para a sua satisfação e desempenho.

Especificamente, a problematização desta pesquisa observa a questão de

funcionários que permanecem vários anos na mesma carreira, categoria, classe e

escalão, quer dizer, sem se beneficiarem das mudanças preconizadas na lei. Este

problema é agravado pela falta de informação e do conhecimento, das normas que

regem o desenvolvimento profissional, por parte de funcionários, principalmente

dos categorizados na classe Única (U) (vulgarmente chamados por pessoal

menor).

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Para concretizar o problema desta pesquisa, foi feita um levantamento na

DEDHCM, onde se concluiu que 39% dos funcionários estavam em situação

irregular. A tabela demonstra a disposição dos casos anotados:

Tabela I. Total de Funcionários promovidos e não romovidos

Total dos

Funcionários 1453 Total dos Funcionários

Problemáticos 565

Promoções

Aguardam VTA 79

Não abrangidos 50

Mudança de carreira 213

Total 342

Progressões

Aguardam VTA 223

Não abrangidos 108

Total 223 Fonte: Dados recolhidos na DRH/DECHCM

Outra situação problemática no contexto do desenvolvimento profissional é

abordada na esfera da satisfação dos funcionários, em função do seu bom

desempenho, devidamente estatuído pelo chamado “Bónus de rendibilidade”.

Com este bónus, em princípio, anualmente os funcionários classificados com

comportamento “Muito Bom” seriam especialmente remunerados, o que na

prática não acontece.

No campo de nomeação de corpos directivos, há que destacar a situação da

demora no processo de emissão de Títulos de Provimento a partir do Tribunal

Administrativo (TA), o que faz com que os directores propostos para as escolas,

permaneçam longo período de espera, para a regularização da sua situação

profissional e salarial.

Finalmente, a pesquisa tem a considerar os problemas relacionados com o

desenvolvimento profissional, através da formação e capacitação. Neste contexto

constata-se que tais formações não têm sido regulares e planificadas, isto é, não

existem critérios definidos que regulam quando e como devem ser realizadas as

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capacitações de funcionários. Resultando em disparidades entre funcionários em

termos de benefícios de formações e capacitações.

Os problemas aqui arrolados e, evidentemente outros relacionados, constituíram a

motivação para a elaboração desta pesquisa, a qual, se orienta pela seguinte

pergunta de investigação:

Qual é a satisfação dos funcionários administrativos da DEDHCM, em

relação às políticas de Desenvolvimento Profissional e evolução na carreira?

1.2. Objectivos

1.2.1. Objectivo Geral

Contribuir para o melhoramento do processo de gestão das carreiras dos

funcionários administrativos da DEDHCM e, consequentemente, a sua

satisfação.

1.2.2. Objectivos Específicos

Identificar as políticas de desenvolvimento de Recursos Humanos na

Administração Pública em Moçambique;

Analisar a percepção dos funcionários administrativos, em relação às

politícas de desenvolvimento profissional e evolução na carreira.

1.3. Justificação

O desenvolvimento profissional é uma área sensível no contexto da gestão de

Recursos Humanos. É neste âmbito que o Plano Quinquenal do Governo (PQG)

2015 – 2019, valoriza o desenvolvimento profissional ao instituir no seu pilar

número 2, a necessidade de se desenvolver o capital Humano.

O Desenvolvimento Profissional visa o aperfeiçoamento do desempenho dos

funcionários e aumento da produtividade nas organizações. Portanto, investir no

desenvolvimento de pessoas significa melhorar a qualidade de serviços prestados.

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Outrossim, este estudo é visto como “termómetro” de análise do grau de

cumprimento das normas e dispositivos legais estatuídos na área de

desenvolvimento profissional dos funcionários, no sector de educação e na

DEDHCM em particular, pois tentam relacionar o impacto da implementação de

tais dispositivos, na satisfação dos funcionários.

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Capítulo II. Revisão da Literatura

Este capítulo visa discutir a revisão literária e inicia por se debruçar sobre os

seguintes conceitos chave: Política, Políticas Públicas, Administração Pública,

Gestão de Recursos Humanos, Desenvolvimento Profissional, Qualidade e

Satisfação dos Funcionários.

2.1. Política

Política é uma palavra de origem grega, politiké pelo Latim política, que se usa

para designar a organização da “polis”, cidade. Na visão de Arendt (1993),

política “trata-se da convivência entre diferentes”, pois a política “baseia-se na

pluralidade dos homens”, portanto, ela deve organizar e regular o convívio dos

diferentes.

Segundo Chiavenato (2004), políticas são regras estabelecidas para governar

funções e assegurar que elas sejam desempenhadas de acordo com os objectivos

desejados.

Heywood (2010), define política no sentido lato, como a actividade através da

qual as pessoas fazem, preservam e emendam as regras gerais sobre as quais

vivem.

Nas três definições fica claro que qualquer Política é uma linha de orientação. No

caso vertente, a política de Promoção e Progressão na carreira enquadra-se numa

área mais específica que é Política Pública, conceito que passamos a descrever.

2.2. Políticas Públicas

Não existe uma única, nem melhor, definição sobre o que são políticas públicas.

Por exemplo, para Pedone (1986), Políticas Públicas são o nexo entre teoria e

acção do Estado ou o que os governos fazem, porque o fazem e que diferença faz

a acção governamental para a sociedade.

Na mesma esteira, Azevedo (2003), define que Políticas Públicas são todas as

acções que um governo leva a cabo, com todos os impactos de suas omissões.

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Para Lopes e Amaral (2008), Políticas Públicas são um conjunto de acções e

decisões do governo, voltadas para a solução (ou não) de problemas da sociedade.

Na análise do pesquisador, os autores citados consideram que políticas públicas

são as acções e planos que o governo traça com vista ao alcance do bem-estar da

sociedade e do interesse público, assumindo-se, deste modo, que o

desenvolvimento profisssional e evolução na carreira dos funcionários públicos é

tarefa do governo, cabendo a este definir as melhores políticas e a melhor maneira

de sua implementação.

Uma das políticas públicas aprovadas pelo Estado, para o desenvolvimento

profissional dos funcionários na Função Pública em Moçambique é o Sistema de

Carreiras e Remunerações (SCR), introduzido pelo Decreto nº 64/98, de 3 de

Dezembro e reformulado em 2009, através do Decreto nº 54/2009, de 8 de

Setembro. Tal sistema prevê uma evolução periódica dos funcionários na carreira,

através da promoção, mudança de carreira e progressão, em função do tempo de

serviço ou aquisição de nível académico ou técnico profissional. (anexo I)

Pela sua profundidade regulamentar, no que concerne às promoções, mudanças de

carreira e progressões, na secção seguinte, discute-se o Sistema de Carreira e

Remunerações.

2.3. Sistema de Carreira e Remunerações

O Sistema de Carreira e Remunerações constitui uma reforma estrutural profunda,

no âmbito da Administração Pública Moçambicana. A aprovação deste sistema

enquadra-se no programa do governo moçambicano, que defende a

profissionalização da função pública e a institucionalização de mecanismos de

valorização do mérito técnico profissional dos funcionários.

De acordo com o Sistema de Carreira e Remunerações, a evolução na carreira dos

funcionários procede-se de duas formas:

Promoção (vertical);

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Progressão (horizontal).

2.3.1. Promoção

A promoção é a mudança para a classe ou categoria seguinte da respectiva

carreira profissional e opera-se para o escalão a que corresponda o vencimento

imediatamente superior, de acordo com o Decreto já aludido. Tal promoção

depende da verificação cumulativa dos requisitos seguintes:

Tempo mínimo de 3 anos completos de serviço efectivo na classe ou

categoria em que está enquadrado;

Média da avaliação de desempenho não inferior a regular, nos últimos 3

anos, na classe e categoria;

Aprovação em concurso, de acordo com o qualificador da respectiva

carreira;

Existência de disponibilidade orçamental.

Um exemplo elucidativo da evolução vertical é a passagem da classe de estagiário

“E”, para a “C”, que é a categoria imediatamente seguinte e depende apenas da

permanência de 2 anos de serviço na classe em que o funcionário está enquadrado

e da avaliação de desempenho.

2.3.2. Mudança de carreira

A mudança de carreira acontece quando o funcionário conclui um determinado

nível académico ou técnico profissional correspondente ao exigido nos

qualificadores profissionais, de acordo com o artigo 35 do Estatuto Geral dos

Funcionários e Agentes do Estado (EGFAE). Portanto a mudança de carreira pode

ser visto como um mecanismo de crescimento vertical do funcionário.

2.3.3. Progressão

É a mudança de escalão dentro da respectiva faixa salarial e depende da

verificação cumulativa dos seguintes requisitos:

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Tempo mínimo de 3 anos de serviço efectivo no escalão em que está

posicionado;

Avaliação de potencial;

Existência de disponibilidade orçamental.

A progressão dos funcionários nas carreiras profissionais não carece de concurso,

cabendo apenas a instituição proceder a avaliação de potencial dos funcionários,

no final de cada ano e organizar os processos para a sua efectivação.

Em suma, o debate sobre os conceitos de promoção, mudança de carreira e

progressão estão inseridas no contexto mais amplo da administração pública, que

a seguir se discute com maior profundidade.

2.4. Administração Pública

Segundo Meirelles (2002), a administração pública pode ser definida como a

prestação de serviços para a comunidade, com o objectivo de atender as

necessidades colectivas. Esta definição converge com a apresentada por Arezzo

(1999), pois a define como o conjunto de actividades directamente relacionadas

com a execução de tarefas ou incumbências consideradas de interesse público.

Oliveira (1975), entretanto apesar de, em certa medida convergir com os

conceitos de Meirelles (2002) e Arezzo (1999), apresenta porém um

distanciamento, pois no sentido subjectivo define-a como o conjunto de orgãos e

pessoas jurídicas. Uma outra abordagem conceitual da administração pública é a

definição de Denhardt (2008), que enfatiza que trata-se de gestão de processos de

mudança que visam lograr os valores societários definidos publicamente.

Portanto, de um modo geral, entende-se que a administração pública envolve as

instituições, pessoas e bens, com vista a satisfação do interesse público, abrange

ainda a planificação, direcção, controlo e coordenação, que apoiam a acção do

Estado, na percepção de que tudo concorre para o Desenvolvimento Profissional.

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2.5. Desenvolvimento Profissional

De acordo com Chiavenato (2004), desenvolvimento profissional é um processo

de aquisição de conhecimento, melhoramento e aperfeiçoamento dos

profissionais, ao longo do processo de trabalho, como a melhor maneira do

funcionário adquirir e elevar o nível de expectativas no trabalho, com vista a

enfrentar os desafios profissionais que se lhe oferecem.

Ponte (2007), analisa o desenvolvimento profissional no contexto da educação e

afirma que está ligado ao processo de aquisição e aperfeiçoamento dos

professores no que se refere ao processo de ensino e aprendizagem e à relação

destes com os alunos.

No contexto desta pesquisa acha-se que o entrosamento entre Chiavenato (2004) e

Ponte (2007) faz sentido, se tomarmos em conta que o desenvolvimento

profissional é a aquisição de conhecimento, que acontece através do processo de

formação e capacitação dos funcionários ao longo da sua carreira, que se

concretiza na instituição escolar através da evolução dos funcionários na carreira,

em função do seu desempenho.

Portanto é necessário que ao longo da carreira profissional o funcionário se

beneficie de promoção, mudança de carreira e progressão, para melhorar o

desempenho e aumentar a produtividade no trabalho.

2.5.1. A essência do desenvolvimento profissional

As organizações precisam de profissionais capacitados para o alcance das suas

metas e objectivos. Nesse sentido, necessitam não somente de um processo

selectivo adequado, mas também de um trabalho contínuo com os funcionários,

aperfeiçoando-os no desempenho das suas funções. Essa necessidade de

desenvolvimento profissional tem sido reforçada pelos avanços tecnológicos e

pelas mudanças sócio-económicas, que levam o indivíduo a buscar, adquirir, rever

e actualizar seus conhecimentos.

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O desenvolvimento profissional é um processo complexo, baseado no

construtivismo individual ou de natureza colaborativa, apoiado em saberes

pedagógicos e científicos. Por outro lado, assume-se tendo como base as

necessidades das organizações, que o desenvolvimento profissional é importante

na superação do sentimento de desânimo e de injustiça.

É frequente encontrar na bibliografia o conceito de desenvolvimento profissional

como equivalente a formação permanente e virado para o professor. Conforme

salienta Day (2001), o desenvolvimento profissional docente não exclui a

formação contínua, na forma de cursos, mas aborda-o num contexto de

aprendizagem mais vasto. Esta visão é reforçada por Imbernón (2002), ao referir

que aceitar o desenvolvimento profissional como equivalente a formação

contínua, seria aceitar uma definição muito restritiva, pois a formação passaria a

ser a única via para o desenvolvimento profissional. No entanto, para além da

formação docente, segundo o mesmo autor, é necessário acrescentar a situação

laboral (remuneração, ambiente de trabalho, estabilidade e promoção profissional,

estrutura organizativa e de gestão), a qual facilita o desenvolvimento da carreira.

Portanto, o desenvolvimento profissional pressupõe duas vertentes, a primeira

assente na formação profissional constante e, a segunda, relacionada com as

condições de trabalho e com a valorização profissional através da evolução na

carreira.

2.5.2. Algumas experiências sobre o desenvolvimento profissional

Sendo o desenvolvimento profissional um importante factor para a satisfação e

desenvolvimento dos funcionários ao longo da carreira, são trazidos neste estudo

as experiências de Cabo Verde, Portugal e Brasil como exemplos de países que

tem esta vertente de desenvolvimento profissional bem estruturada. Nestes países

o desenvolvimento profissional foi aprovado por Leis e Decretos, tendo em conta

a evolução da administração pública e as necessidades locais devidamente

enquadradas nas políticas públicas e regionais. Por exemplo, em Portugal as

políticas e reformas da administração pública culminaram com a introdução do

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plano de carreiras e remunerações e consequentemente dos mecanismos para o

desenvolvimento profissional, fundamentada através da Lei n.º 12-A/2008, de 27

de Fevereiro. (anexo II)

Acto contínuo, no Brasil, segundo Santos (1996), o desenvolvimento profissional

está descentralizado por níveis de Estados Federais, isto quer dizer que os

diferentes estados têm autonomia para legislarem procedimentos específicos de

desenvolvimento profissional a partir de leis gerais emanadas pelo governo

central.

Por último, no contexto das experiências de outros países, esta pesquisa faz

menção do caso de Cabo Verde, pois foi visto como o que mais se identifica com

o contexto moçambicano, uma vez que o desenvolvimento profissional obedece

os requisitos como habilitações académicas, formação profissional e tempo de

serviço, de acordo com o Decreto-Lei nº 9/2013, de 26 de Fevereiro. (anexo III)

Em toda a experiência ressalta a preocupação de melhorar a qualidade de

prestação de serviços públicos, com o pressuposto de que, tal só pode ser

conseguido com a satisfação dos funcionários. Neste sentido debate-se na secção

seguinte a qualidade e satisfação no trabalho.

2.6. Qualidade e Satisfação no trabalho

Segundo (Ferreira et. al., 2010), a satisfação no trabalho é o conjunto de

sentimentos positivos ou negativos, que o indivíduo manifesta em relação ao seu

trabalho, resultante da comparação entre o que é esperado de uma situação e o que

se consegue obter dela. Este conceito converge com o apresentado por Robbins

(2002), que define a satisfação no trabalho “como a atitude geral de uma pessoa

em relação ao trabalho que realiza”. Portanto, na visão de Robbins o homem

possui uma reacção activa às situações diferentes de trabalho, o que contribui para

a sua produtividade.

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Para Rego (2001), a satisfação no trabalho está relacionada ao tratamento de

justiça e respeito a que o trabalhador é submetido. Por sua vez, Fraser (1996)

apresenta satisfação no trabalho como um estado pessoal, subjectivo, dinâmico e

constantemente modificável por condições intrínsecas e extrínsecas do

trabalhador.

Mediante as discussões apresentadas pelos autores supracitados, percebe-se que,

todos, com excepção de Fraser (1996), fazem uma abordagem de satisfação no

trabalho, como um aspecto emocional, relacionado com o trabalho que a pessoa

realiza o que corresponderia para Frazer (1996) a motivação intrínseca e está

relacionada com o grau de entrega e profissionalismo que os funcionários

apresentam nos seus sectores de trabalho e extrínseca, que é a estrutura e

flexibilidade dos regulamentos de desenvolvimento profissional na carreira dentro

da organização.

Portanto, a motivação dos funcionários está intimamente ligada com o ambiente

do trabalho que se desenvolve no seu local de trabalho, tema que a seguir

discutimos.

2.6.1. A motivação no local de trabalho

Segundo Robbins & Coulter (1998), motivação é a vontade de exercer altos níveis

de esforço para alcançar os objectivos organizacionais, condicionados pela

capacidade do esforço de satisfazer alguma necessidade individual. Uma

definição parecida é apresentada por Vergara citado por Fiorelli (2004), que

define motivação como sendo uma força, uma energia, que nos impulsiona na

direcção de alguma coisa que nasce das nossas necessidades interiores. Já para

Weiss (1991), motivação é “a energia ou impulso que mobiliza os recursos de

uma pessoa para alcançar uma meta, portanto, a motivação vem de dentro. Tem

como sinônimos: anseio, ânsia, aspiração, vontade, desejo, necessidade, impulso e

demanda”.

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Pode-se perceber que todos os conceitos apresentados estão interligados, pois os

autores conceituam a motivação como sendo uma força que estimula a pessoa a

agir por conta própria, buscando atender suas necessidades. Esta força veem de

dentro de cada um, podendo ser estímulada por outras pessoas.

Portanto, percebe-se que a motivação não é estabelecida de igual modo para todos

e sim para cada pessoa, pois a motivação varia de pessoa para pessoa, o que

motiva um grupo social pode não motivar o outro, diferindo-se quanto a valores,

padrão de vida, necessidades, também, o que motiva o indivíduo hoje, pode não

motivá-lo amanhã, por isso a motivação não é um processo estático, pelo

contrário, sendo dinâmico, é resultado do comportamento. A teoria mais versada

sobre motivação é a descrita a seguir.

2.6.1.1. Maslow: A Teoria das Necessidades

Esta teoria foi apresentada por Abraham Maslow na metade do século XX, como

resultado dos seus estudos sobre o comportamento humano. O professor e

psicólogo demonstrou na composição de sua pirâmide de necessidades básicas do

ser humano, que o homem é uma criatura que expande suas necessidades no

decorrer de sua vida, sendo provável conhecer o que motiva cada pessoa.

Segundo Maquiavel (1982) apud Lacombe (2005), nada pode saciar os apetites

humanos, pois a natureza nos deu a faculdade de tudo desejar, mas não nos deixa

senão provar poucas coisas, disso resulta um descontentamento permanente, e um

desgosto pelo que possuímos, o que nos faz culpar o presente, louvar o passado e

desejar o futuro, ainda que sem razão.

Achando-se importante, apresenta-se a pirâmide das necessidades de Maslow,

como mostra a figura I.

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Figura I: Hierarquia das necessidades de Maslow

Fonte: Chiavenato (2003)

Segundo Chiavenato (2006), a teoria da hierarquia das necessidades, de Abraham

Maslow defendeu a hipótese de que existe uma hierarquia de cinco necessidades

para todos os seres humanos:

Necessidades fisiológicas (ar, comida, repouso, abrigo)

As necessidades fisiológicas são satisfeitas mediante comida, bebidas, sonho,

refúgio, ar fresco, uma temperatura apropriada. Esta se transforma na prioridade

mais alta à medida que ocorra a não satisfação das demais.

Necessidades de segurança (protecção contra o perigo ou privações,

planos de assistência médica)

Uma sociedade tende a proporcionar esta segurança a seus membros. Em caso de

perigo agudo as necessidades fisiológicas são deixadas de lado, dando lugar a

segurança.

Necessidades sociais (amizade, inclusão em grupos)

O ser humano como agente social tem a necessidade de se sentir aceito por

grupos, ter amizade com colegas, enfim, relações interpessoais harmoniosas.

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Necessidades de estima/status (reputação, reconhecimento, alto respeito)

Referindo-se à necessidade do ser humano sentir-se reconhecido pela sociedade

de forma ao seu valor, serventia sendo valorizado perante outras pessoas.

Necessidades de Auto-realização

A necessidade instintiva das pessoas, de darem o máximo de si mesmas, suas

habilidades únicas. Assim, as necessidades anteriores podem ser completamente

satisfeitas, esta necessidade é uma força impulsionadora contínua, o desejo do

homem o faz como tal, de modo a desejar sempre mais, e ao mesmo tempo,

estando por poucas vezes satisfeito.

Assim diante dessas cinco necessidades expostas pela pirâmide de Maslow, vê-se

que para o ser humano as metas propostas para sua vida é o alcance de cada uma

dessas necessidades sempre começando pela base até ao topo.

Uma outra abordagem é apresentada por Gareth Morgan (1996) apud Lacombe

(2005): que sugere as seguintes medidas a serem usadas em uma organização:

i) Fisiológicas: salários e benefícios que veem implementar a questão

salarial para a sobrevivência e adequação do indivíduo no emprego,

segurança e condições agradáveis e adequadas de trabalho, para que o

mesmo possa desempenhar com clareza e objectividade suas funções;

ii) Segurança: seguro-saúde e planos de reforma, segurança no emprego;

estabelecimento e divulgação do plano de carreira, auxílios diversos

apresentados pela organização no sentido de motivar o funcionário a

respeito de sua permanência, não sentindo insegurança quanto a

desemprego e eventuais necessidades;

iii) Sociais: estímulo à interacção com os colegas de trabalho tem-se como

alternativas as actividades sociais, desportivas e reuniões fora do contexto

da organização, de forma a melhorar o clima organizacional e a

consecução de metas vigentes;

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iv) Auto-estima: cargos que permitam realização, autonomia e

responsabilidade; a partir da valorização da própria identidade mediante o

trabalho que exercita e se identifica, sentindo-se capaz e eficaz no meio

social em qual se insere;

v) Auto-realização: estímulo ao completo comprometimento. O trabalho

como dimensão importante na vida do colaborador, de forma, a ser o

complemento familiar, pois muitos dos trabalhadores são jovens e idosos,

sentindo no trabalho uma relação de feição, e interação social e sentindo-

se realizados.

Observa-se que as organizações com essas atitudes para cada uma das

necessidades destacadas acima proporcionariam para seus colaboradores uma

satisfação considerável que com certeza iria proporcionar mais retornos positivos.

2.6.2. A visão Humanista no contexto do desenvolvimento profissional

A abordagem humanística da administração surge como consequência da

experiência de Hawthorne efectuada por Elton Mayo em 1927. Esta experiência

conclui que o desempenho das pessoas depende menos dos métodos de trabalho

do que dos factores emocionais ou comportamentais. A partir deste pensamento,

as abordagens das relações humanas propuseram as teorias da motivação, estas

divididas em intrínseca e extrínseca, conforme abordado na secção 2.6. A tese

subjacente das teorias humanistas sustenta que o colaborador sente-se satisfeito

durante o desenpemho de suas actividades quando é estimulado.

Ainda sobre o ponto de vista de Elton Mayo, salienta-se que o nível de produção é

mais influenciado pelas normas do grupo do que pelos incentivos salariais e

materiais, e que a pessoa humana é motivada essencialmente pelo trabalho

conjunto e pelo reconhecimento que recebe no desempenho das suas funções,

podendo este reconhecimento ser através de capacitações e evolução na carreira

do funcionário.

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Portanto, percebe-se que toda a organização para desenvolver as suas actividades

precisa de recursos humanos satisfeitos para suprir as suas necessidades, com

vista ao alcance dos seus objectivos. Por conseguinte, esta matéria está associada

a Gestão de Recursos Humanos (GRH), que a seguir se discute.

2.7. Gestão de Recursos Humanos

Gerir recursos humanos significa falar de uma outra abordagem importante no

contexto do desenvolvimento profissional e evolução na carreira dos funcionários.

Segundo Hampton (1991), gestão de recursos humanos é o conjunto de

actividades dedicadas a identificar as necessidades da organização, para

seleccionar as pessoas a ocupar os postos de trabalho, determinar seu trabalho,

treiná-las, avaliar o seu desempenho e administrar a sua recompensa.

Diferentemente de Hampton (1991), Abramovici at al. (1989), enfatiza mais o

aspecto gerencial de recursos humanos ao referir-se a interpretação de regras de

ordem jurídica, no que concerne ao estatuto social do pessoal, incluindo a

efectivação do pagamento de salários, a garantia dos direitos de licença

disciplinar, a ligação com os organismos de providência social, de aposentação e

de administração de trabalho.

Analisados os conceitos, o pesquisador considera que Hampton (1991), está

melhor enquadrado na pesquisa, pois fala de gestão de recursos humanos como

processo de selecção, desenvolvimento e manutenção dos funcionários nas

instituições o que na prática significa o desenvolvimento profissional.

De facto, olhando o caso de Moçambique, a gestão de recursos humanos, rege-se

pelo Estatuto Geral dos Funcionários e Agentes do Estado (EGFAE) e do

respectivo Regulamento, estando sujeita por isso a uma série de condicionalismos

legais.

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2.7.1. Caracterização da Gestão de Recursos Humanos em Moçambique

A gestão de recursos humanos em Moçambique desde 1975, altura da

independência, sofreu várias alterações. O documento mais importante foi a

publicação do Estatuto Geral dos Funcionários do Estado (EGFE) em 1987, pelo

Decreto nº 14/87 de 20 de Maio. (anexo IV)

Após vários anos, outros instrumentos foram sendo aprovados com destaque para

o Decreto nº 55/2007, de 8 de Novembro, que aprova o Sistema Nacional de

Gestão de Recursos Humanos (SNGRH); este que conheceu 2 (dois) momentos

historicamente determinantes: a centralização e a descentralização.

A centralização correspondeu o estilo de governação que vigorou em

Moçambique logo depois da independência, e a descentralização iniciou nos anos

90 com o movimento de multipartidarismo e economia do mercado, sendo ainda

um processo em curso. A seguir descrevemos com mais profundidade tais

momentos.

2.7.1.1. GRH no Estado centralizado em Moçambique

O 1º momento vigorou nos primeiros anos após à independência. A partir desta

altura, Moçambique foi conhecendo uma evolução jurídica em especial no sector

laboral. O Conselho de Ministro aprovou através do Decreto n.º 16/78, de 21 de

Outubro, as Normas de Trabalho e Disciplina no aparelho do Estado, que em

suma cingiam-se nas questões mais prementes da GRH na nova noção. (anexo V)

Segundo Oliveira (1994) centralização é a maior concentração do poder decisório

na alta administração de uma organização. Este conceito converge com o

apresentado por Cury (2009) que define centralização como sendo a redução dos

centros de decisão, localizando-os próximos à alta administração. As decisões

são, então, transmitidas por meio de ordens expressas, emanadas de um único

centro, a administração estratégica.

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Desta forma, estamos perante a centralização quando o Estado executa suas

tarefas por meio dos órgãos e agentes integrantes da Administração Directa.

A aprovação em 1985, da Lei nº 8/85, de 14 de Dezembro, trouxe mudanças no

que tange ao funcionamento das empresas públicas e privadas. Esta Lei previa a

criação a breve prazo de um estatuto específico para regular o funcionamento da

administração pública.

Importa referir que o ponto mais alto da mudança do processo de centralização

para a descentralização, teve o seu marco importante com a aprovação através do

Decreto nº 14/87, de 20 de Maio, do Estatuto Geral dos Funcionários do Estado

(EGFE), que regula a administração e GRH do aparelho do Estado

2.7.1.2. GRH no Estado descentralizado em Moçambique

O segundo momento é caracterizado pela descentralização cujo expoente máximo

foi a aprovação da Constituição da República em 1990.

Segundo Oliveira (1990), a descentralização é a menor concentração do poder

decisório na Alta Administração da empresa, sendo mais distribuído pelos seus

diversos níveis hierárquicos; não significando uma separação física de uma

organização. Stoner e Freeman (1992) corroboram com essa afirmação,

considerando que a descentralização é a delegação de poder e autoridade dos

níveis mais altos para os mais baixos da organização.

Na visão de Chiavenato (1994) descentralização é definida como sendo o grau em

que a autoridade é distribuída através da organização, assim sendo, a

descentralização é maior quanto mais a autoridade é delegada e distribuída aos

níveis mais baixos da hierárquia da organização.

Portanto, considera-se a descentralização de Recursos Humanos, a delegação de

autoridade para níveis hierárquicamente inferiores, vertical e horizontalmente.

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A Constituição da República de 1990, trouxe várias mudanças uma das quais foi a

aprovação do Decreto nº 49/94, de 19 de Outubro, que introduz reformas de GRH,

atribuindo competências ao Governador da Provincia na GRH. (anexo VI)

Neste contexto, é importante fazer-se referência do lançamento oficial da

Estratégia Global da Reforma do Sector Público em Moçambique (CIRESP), à 25

de Junho de 2001. Com base no CIRESP, vária legislação foi aprovada, com

principal destaque para o Decreto nº 30/2001, de 30 de Outubro, que aprova as

Normas de Funcionamento dos Serviços da Administração Pública.

Ainda como base legal para a descentralização da GRH, foi aprovada a Lei nº

8/2003, de 19 de Maio, Lei dos Órgãos Locais do Estado e o respectivo

regulamento, através do Decreto nº 11/2005, de 5 de Abril, que potenciam a

desconcentração de GRH para o nível Provincial e Distrital, tendo a expressão

mais visível da descentralização a aprovação do Decreto nº 5/2006, de 12 de

Abril, que delega competências de GRH aos governadores provinciais e

administradores distritais. (anexo VII)

Este debate finaliza o capítulo da revisão literária que permitiu potenciar o

trabalho de campo da presente pesquisa. Desta forma o capítulo que segue explica

os procedimentos metodológicos deste estudo.

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Capítulo III. Metodologia

Este capítulo aborda aspectos relativos aos procedimentos metodológicos

utilizados na realização da pesquisa e caracteriza as estratégias utilizadas no

processo de recolha e análise de dados.

Segundo Amaral (1999), a metodologia é a parte do trabalho onde se descreve, de

forma clara, as técnicas e processos empregues numa pesquisa.

3.1. Tipo e métodos de pesquisa

A pesquisa assumiu uma abordagem qualitativa, descritiva, pois a satisfação que

se pretendeu avaliar é um resultado qualitativo. Segundo Gil (1996) os métodos

qualitativos procuram fazer uma análise descritiva das características duma

determinada população ou fenómeno.

3.2. Caracterização do Local da realização do trabalho de campo

A DEDHCM, foi criada pelo Diploma Ministerial nº 76/88, de 18 de Maio, fica

localizada na Rua Fernão Veloso nº 54, Caixa Postal 2278, no Bairro da

Malhangalene “A”, na Cidade de Maputo.

A DEDHCM é um órgão Provincial do sector da educação, que tem como

objectivos garantir a administração unitária do Sistema Nacional de Educação e o

seu desenvolvimento com base nas determinações dos planos e decisões do

Ministério da Educação e de acordo com as necessidades do desenvolvimento

territorial.

3.3. População

Para Roesch (1999), população é um grupo de pessoas que interessa entrevistar

para o propósito de um estudo. Portanto usando a definição de Roesch (1999),

compreende-se que a população é o universo donde se extrai a amostra. O

universo desta investigação é composto por 1453 indivíduos, a totalidades dos

funcionários da carreira administrativa da DEDHCM.

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Esta pesquisa limita-se apenas aos funcionários da carreira administrativa, ou seja

não inclui os da carreira docente. Com está disposição da amostra pretendeu

buscar uma amostra o mais homogénea possível.

3.4. Amostra

Do total de 1453 funcionários administrativos, foi extraída uma amostra de 111

indivíduos, seleccionados por conveniência. Esta conveniência consistiu na

administração de inqueritos apenas aos técnicos administrativos da DEDHCM

central e da Direcção Distrital, ou seja não inclui as escolas. Portanto para facilitar

o estudo, não foram arrolados na amostra, os funcionários administrativos afectos

nas escolas, assumindo-se que os da DEDHCM e Direcção Distrital seriam

representativos.

Tabela II. Distribuição amostral da população

Distrito Nº total dos Funcionários Amostra

DEDH Central 67 40

DDEC - KaMpfumu 325 11

DDEC - Nhlamankulu 189 14

DDEC - KaMaxakeni 182 12

DDEC - KaMavota 248 15

DDEC - KaMubukwana 386 12

DDEC - KaTembe 56 7

TOTAL 1453 111 Fonte: Dados recolhidos na DRH/DECHCM

3.5. Técnica de recolha e análise de dados

O desenvolvimento da pesquisa foi por meio da aplicação de um questionário

contendo 12 perguntas divididas em dois grupos que são:

1. Perguntas relacionadas com a caracterização da amostra;

2. Perguntas visando buscar a essência das percepções dos técnicos em

relação ao seu desenvolvimento profissional. Neste 2º grupo de perguntas

foram subdivididas em três categorias que são:

i. Grau de conhecimento sobre o Sistema de Carreira e

Remunerações;

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ii. Grau de satisfação dos funcionários; e

iii. Perspectiva e visão dos inqueridos sobre o desenvolvimento

profissional.

A análise de dados consistiu na interpretação quantitativa e qualitativa das

respostas dos inquiridos e recorreu à ferramenta Excel e descrição das opiniões.

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Capítulo IV. Apresentação e análise dos dados

Neste capítulo, faz-se a análise e interpretação de dados, buscando responder qual

é a satisfação dos funcionários administrativos da DEDHCM, quanto às políticas

de Desenvolvimento Profissional e evolução na carreira em vigor no sistema da

administração pública moçambicana. Note-se que dos 111 questionários

administrados, responderam 102 funcionários que correspondem à taxa de retorno

de 91,9%.

Conforme foi descrito no capítulo da metodologia, a apresentação e análise de

dados está organizada em dois grupos, que são:

i. Caracterização da amostra;

ii. Percepção dos inquiridos.

4.1. Perguntas de caracterização da amostra

As caracteristicas essenciais dos inquiridos na pesquisa demonstram o seguinte:

- Quanto ao género 54,7% são do sexo masculino e 45,3% feminino;

- Nível académico: 1,1% com nível de Mestrado; 21,4% Licenciatura; 2,2%

Bacharelato; 54,8% Médio; 15,1% Básico e 5,4% Elementar;

- Carreira: 2,2% tem a carreira Técnico Superior em Administração Pública

N1; 12,8% Técnico Superior N1; 2,2% Técnico Superior N2; 17,2%

Técnico Profissional em Administração Pública; 4,3% Técnico

Profissional; 29% Técnico; 21,5% Assistente Técnico; 5,4% Auxiliar

Administrativo e 4,2% Auxiliar.

Os dados revelam no cômputo geral, que a maioria dos técnicos administrativos

da DEDHCM, possui nível médio de formação académica e profissional.

Portanto, ainda existe escassez de pessoal altamente qualificado no sector

administrativo.

4.2. Análise das percepções dos inquiridos

Como foi explicado na secção 3.5 da metodologia, este grupo de perguntas foi

subdividido em três categorias.

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Para responder à 1ª categoria que versa sobre o nível de conhecimento dos

técnicos em relação à legislação atinente ao sistema de carreira e

remunerações, foi colocada a seguinte pergunta:

“Como se movimenta o funcionário no processo de promoção e progressão na

carreira?”

Em relação a esta questão, no que se refere à promoção, 52,2% não acertaram a

resposta, sucedendo o mesmo em relação às progressões, com 58,6%.

As respostas obtidas na presente pergunta indicam-nos que mais de metade dos

funcionários não percebe que a promoção é a movimentação vertical da categoria

profissional. Os mesmos resultados são observados em relação à movimentação

no processo de progressão, que é a movimentação horizontal do funcionário de

um escalão para o outro dentro, da mesma carreira ou categoria. Podemos deste

modo, concluir que há défice de conhecimentos quanto aos critérios de promoção

e progressão, no sistema de carreira e remunerações.

A 2ª categoria pretendeu saber a percepção dos funcionários em relação ao

desenvolvimento profissional e evolução na carreira e cingiu nas seguintes

perguntas:

i) Qual é a satisfação sobre o desenvolvimento profissional e evolução na

carreira?

ii) Já se beneficiou de alguma promoção/progressão?

iii) Em quantas capacitações participou ao longo da carreira?

A maioria dos funcionários no contexto da 1ª pergunta, desta 2ª categoria,

respondeu não satisfatório 43,7% e 22,3% pouco satisfatório.

Estes resultados corroboram com os obtidos na pergunta anterior, uma vez que a

maioria mostra-se não satisfeita, ou seja, isso faz sentido pois tem pouca

informação sobre o seu desenvolvimento profissional e evolução na carreira.

Portanto, com estes resultados, concluiu-se que há necessidade de se fazer um

trabalho de divulgação da legislação no seio dos funcionários.

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Grafico I - Apresentação dos resultados referentes a 1ª pergunta da 2ª categoria (satisfação

dos funcionários)

Em relação a 2ª pergunta, 61,8% respondeu não se ter beneficiado dos resultados

da evolução na carreira, isso quer dizer que existem muitos processos de

funcionários ainda não tramitados neste âmbito.

Esta constatação alinha-se com os resultados da pergunta que pretendia saber se

os resultados das capacitações realizadas se tinham reflectido na evolução na

carreira ou salarial. De facto, os dados apontam que 70% das capacitações

realizadas não tinham tido impacto no desenvolvimento profissional ou salarial

dos funcionários. Ainda no contexto das capacitações verifica-se que há falta de

planificação com regularidade.

Realmente a questão das capacitações é preocupante se tomarmos em conta que

dos respondentes 52,4% não se tinha beneficiado de nenhuma capacitação.

Portanto, estes dados remetem-nos à uma reflexão sobre a necessidade de se

garantir que os níveis de satisfação dos funcionários sejam tomados em conta,

mormente nos aspectos focalizados de promoção e progressão, isso é importante

como ressalva Day (2001), o desenvolvimento profissional envolve experiências

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de aprendizagem sobre as actividades que beneficiam o indivíduo assim como a

organização.

Em relação à 3ª categoria de perguntas, sobre a perspectiva dos funcionários

em relação ao seu desenvolvimento profissional e evolução na carreira a

maioria considerou que os actos administrativos não são devidamente

planificados e o tempo de espera é demasiadamente excessivo. Esta conclusão

alinha-se com a pergunta sobre o grau de satisfação dos funcionários que indicam

a insatisfação. Portanto como perspectiva apontou-se a necessidade de reduzir o

tempo de tramitação dos processos e melhoramento da planificação das acções de

capacitação.

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Capítulo V. Conclusão e Recomendações

5.1. Conclusão

A pesquisa tinha como tema: o Impacto das políticas de desenvolvimento

profissional e evolução na carreira, na satisfação dos funcionários administrativos

da DEDHCM.

Neste sentido foi possível chegar às seguintes conclusões:

i. Em relação a primeira categoria de perguntas percebe-se que os

funcionários não conhecem profundamente a legislação atinente ao

desenvolvimento profissional, especificamente no que tange à promoção e

progressão.

ii. Na segunda categoria constata-se que os funcionários não estão satisfeitos

com o desenvolvimento profissional e evolução na carreira, pois a maioria

afirma não estar a beneficiar-se dos resultados de tais processos.

iii. A terceira categoria, apresenta como motivos de insatisfação a morosidade

e a falta de planificação dos actos administrativos.

De forma geral, a partir da problematização da pesquisa os resultados apontam

que a maioria dos funcionários não está satisfeita como os níveis de evolução na

carreira.

As perspectivas que os funcionários apresentam são debatidas na secção seguinte

sobre as recomendações.

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5.2. Recomendações

Apresentadas as conclusões da pesquisa, propomos as seguintes recomendações:

i. Promover e divulgar a legislação atinente a evolução na carreira

profissional a todos os funcionários (Provincial, Distrital e escolas);

ii. Melhorar a planificação anual dos actos administrativos, de modo a

abarcar maior número possível de beneficiários;

iii. Observar o período preconizado na legislação, para a efectivação das

promoções e progressões na carreira;

iv. Incentivar a aprendizagem contínua, no sentido de se garantir que aos

funcionários aumentem os conhecimentos técnicos e profissionais.

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Amaral, W. (1999). Guia para Apresentação de Teses, Dissertações, Trabalho de

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Maputo.

Arendt, H. 2002. O que é política? [editoria, Ursula Ludz]; 3" ed. tradução de

Reinaldo Guarany. 3ª Edição. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil.

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Publicação Oficial da República de Moçambique, Maputo.

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Atribui Competências aos Administradores Distritais no âmbito da Gestão

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Aprova o Estatuto Geral dos Funcionários e Agentes do Estado. EGFAE.

I SÉRIE - Número 10. Publicação Oficial da República de Moçambique,

Maputo.

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(PCCS) para a Administração Pública. I Série, Número 12. Impresnsa

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Aprova as Normas de Funcionamento dos Serviços da Administração

Pública.

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Apêndice

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UNIVERSIDADE EDUARDO MONDLANE

FACULDADE DE EDUCAÇÃO

LICENCIATURA EM ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE EDUCAÇÃO

QUESTIONÁRIO

Este questionário tem o objectivo de recolher dados para um trabalho de pesquisa

enquadrado nas actividades do fim do curso, para obtenção do grau de

Licenciatura em Organização e Gestão de Educação na Faculdade de Educação da

Universidade Eduardo Mondlane. Os dados obtidos serão tratados de forma

confidencial.

I. DADOS DE IDENTIFICAÇÃO.

1. Sexo: Feminino

Masculino

2. Idade _______

3. Formação profisssional

__________________________________________________________________

__________________________________________________________________

__________________________________________________________________

4. Anos de experiência profissional _______

5. Nível Academico

Doutoramento Mestrado Licenciatura Bacharelato

Médio Básico Elementar

6. Em que carreira profissional está enquadrado(a)? Classe? Escalão?

__________________________________________________________________

__________________________________________________________________

__________________________________________________________________

__________________________________________________________________

39

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II. CONHECIMENTOS SOBRE A LEGISLAÇÃO

1. No processo de progressão na carreira, o funcionário movimenta-se de

forma:

Vertical

Horizontal

Vertical e Horizontal

2. No processo de promoção na carreira, o funcionário movimenta-se de

forma:

Vertical

Horizontal

Vertical e Horizontal

3. Qual é a sua opinião sobre o actual sistema de carreira em uso?

Satisfaz

Satisfaz pouco

Não satisfaz

III. SATISFAÇÃO DOS FUNCIONÁRIOS.

1. Qual é a sua satisfação sobre o seu desenvolvimento profissional e evolução

na carreira?

Muito satisfatório

Satisfatório

Pouco satisfatório

Não Satisfatório

2. Já beneficiou de alguma promoção/progressão?

Sim

Não

a) De que carreira para qual?

__________________________________________________________________

__________________________________________________________________

40

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b) Em que ano tal aconteceu? _______

c) Já se beneficiou do salário relativo a nova carreira? Sim ______ Não

________

d) Se não justifique porque?

__________________________________________________________________

__________________________________________________________________

__________________________________________________________________

3. Em quantas capacitações profissionais participou ao longo da sua carreira? ____

a) Mencione?

1. _______________________________________________________________

2. ________________________________________________________________

3. _______________________________________________________________

4. _______________________________________________________________

5. _______________________________________________________________

6. _______________________________________________________________

4. Já se beneficiou de evolução na carreira, como resultados dessas

capacitações?

Sim

Não

5. Faça as observações que gostaria de apresentar no âmbito desta matéria

de desenvolvimento na carreira?

__________________________________________________________________

__________________________________________________________________

__________________________________________________________________

__________________________________________________________________

__________________________________________________________________

__________________________________________________________________

Muito obrigado pela colaboração

Maputo, _____ de ________________ de 2015

41

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Anexos

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