Monografia Eneadra Pedagogia 2008

90
UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS VII A VISÃO DO EDUCANDO SOBRE O ENSINO DE ARTE NO COLÉGIO ESTADUAL TEIXEIRA DE FREITAS Por ENEANDRA DA SILVA BATISTA

description

Pedagogia 2008

Transcript of Monografia Eneadra Pedagogia 2008

Page 1: Monografia Eneadra Pedagogia 2008

UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB

DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS VII

A VISÃO DO EDUCANDO SOBRE O ENSINO DE ARTE NO

COLÉGIO ESTADUAL TEIXEIRA DE FREITAS

Por

ENEANDRA DA SILVA BATISTA

SENHOR DO BONFIM

Page 2: Monografia Eneadra Pedagogia 2008

JUNHO DE 2008

ENEANDRA DA SILVA BATISTA

A VISÃO DO EDUCANDO SOBRE O ENSINO DE ARTE NO

COLÉGIO ESTADUAL TEIXEIRA DE FREITAS

Trabalho monográfico apresentado ao

Departamento de Educação Campus VII da

Universidade do Estado da Bahia – UNEB,

como pré-requisito para conclusão do curso

de Licenciatura em Pedagogia.

Orientadora: Cláudia Maísa Antunes Lins.

Page 3: Monografia Eneadra Pedagogia 2008

ENEANDRA DA SILVA BATISTA

A VISÃO DO EDUCANDO SOBRE O ENSINO DE ARTE DO

COLÉGIO ESTADUAL TEIXEIRA DE FREITAS

Aprovada em: 03 de julho de 2008

BANCA EXAMINADORA:

Beatriz de Souza Barros Simone Vanderley

Prof.(a) Avaliador (a) Prof. (a). Avaliador (a)

Page 4: Monografia Eneadra Pedagogia 2008

Profª. Cláudia Maísa Antunes Lins

(Orientadora)

Page 5: Monografia Eneadra Pedagogia 2008

DEDICATÓRIA

A Deus por sua presença forte em minha vida.

A minha família pelo apoio em todos os momentos.

Aos meus amigos que direta ou indiretamente ajudaram-me neste caminho.

A minha orientadora Maísa pelo apoio e pelo carinho com que me orientou.

Page 6: Monografia Eneadra Pedagogia 2008

AGRADECIMENTOS

Ao Departamento de Educação Campus VI I;

Aos funcionários que contribuíram com a minha permanência no Campus;

A todos os professores pelas suas contribuições em cada semestre;

A professora Maísa pela maravilhosa orientação;

Page 7: Monografia Eneadra Pedagogia 2008

“A história fez a sua parte, os homens que a construíram deixaram suas

marcas e, sejam elas quais forem, o que realmente une passado e presente é a

existência da arte.”

(Carmen Lúcia A. Biasoli)

Page 8: Monografia Eneadra Pedagogia 2008

BATISTA, Eneandra da Silva, A visão do educando sobre o ensino de arte no Colégio Estadual Teixeira de Freitas. Monografia de Conclusão de Curso de Pedagogia Licenciatura Plena, Habilitação em Educação Infantil e nas Séries Iniciais, apresentada a Universidade do Estado da Bahia, Campus VII, Senhor do Bonfim – BA, 2007 - 63fls.

RESUMO

A presente pesquisa objetivou perceber a concepção que os educandos do Colégio Estadual Teixeira de Freitas têm sobre o ensino de arte e qual a importância do ensino desta disciplina para estes alunos. O ensino de arte tem avançado no que se refere à pesquisa, mais estes avanços pouco espaço tem encontrado no ambiente escolar, muitas vezes por desconhecimento do professor. O dialogo com vários teóricos foi importante para que conhecêssemos a fundo o tema e o relacionássemos com o que os entrevistados disseram através da metodologia utilizada, a entrevista estruturada e o questionário, no qual obtivemos resultados satisfatórios para a interpretação do problema, onde foi detectado que, por mais que os alunos sintam prazer com nas aulas de arte as mesmas não estão contribuindo de uma forma significativa na vida dos educandos.

Conceitos – chaves: A arte do contexto social ao educacional, a arte – educação instrumento importante na formação do educando, a formação de professores no ensino de arte.

Page 9: Monografia Eneadra Pedagogia 2008

SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO............................................................................................ 11

CAPÍTULO I...................................................................................................... 13

A ARTE EDUCAÇÃO NO QUADRO BRASILEIRO.........................................13

1.1. A Trajetória do ensino de arte na história brasileira.................................. 17

CAPÍTULO II..................................................................................................... 25

A ARTE NA ESCOLA....................................................................................... 25

2.1 A arte do contexto social ao educacional .................................................. 25

2.2. A arte-educação instrumento importante na formação do educando....... 30

2.3. A formação de professores no ensino de arte........................................... 35

CAPITULO III.................................................................................................... 39

TRILHA METODOLOGICA............................................................................... 39

3.1.Lócus da Pesquisa...................................................................................... 42

3.2.Sujeitos Entrevistados da Pesquisa............................................................ 43

3.3.Instrumentos da Pesquisa.......................................................................... 43

CAPÍTULOVI..................................................................................................... 45

ANALISANDO E INTERPRETANDO OS DADOS............................................ 45

4.1. Perfil dos estudantes pesquisados............................................................ 46

4.1.1. Faixa etária............................................................................................. 46

4.1.2. Gênero.................................................................................................... 46

4.2.A arte na sala de aula: o que a escola tem ensinado................................. 47

4.3.A concepção dos educandos sobre o ensino de arte................................. 49

4.4. A significação do ensino de arte para o educando.................................... 51

4.5. A formação do professor............................................................................ 52

Page 10: Monografia Eneadra Pedagogia 2008

CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................................. 54

REFERÊNCIAS......................................................................................... 57

APÊNDICES............................................................................................. 61

Page 11: Monografia Eneadra Pedagogia 2008

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Faixa Etária.................................................................................... 46

Gráfico 2 – Gênero............................................................................................47

Page 12: Monografia Eneadra Pedagogia 2008

APRESENTAÇÃO

Este trabalho monográfico “A visão do educando sobre o ensino de arte no

Colégio Estadual Teixeira de Freitas”, no município de Senhor do Bonfim, nasce da

problematização da questão de como a instituição escolar tem contribuído com a

formação dos educandos através das aulas de arte, os objetivos desse trabalho são:

Perceber a concepção que estes educandos têm sobre o ensino de arte e identificar

a importância da mesma para os mesmos.

A história do processo de desenvolvimento do ser humano na terra foi

contada inúmeras vezes pela arte que se produziu e se produz na sociedade. Ao

longo de milhares de anos a arte teve o seu significado modificado de acordo com os

objetivos de cada época, através desta arte produzida, além de podemos conhecer

as diversas culturas de povos antigos e atuais podemos também desenvolver as

nossas próprias percepções a cerca de nós mesmos e do mundo que nos cerca.

O ensino da arte, no entanto vem nos mostrar a importância que a mesma

tem para a sociedade e as várias possibilidades em aprendizagem e

desenvolvimento que a arte pode proporcionar ao educando. A arte não foi incluída

por acaso no currículo escolar, várias foram às lutas travadas por arte-educadores

interessados na área para conseguir a sua obrigatoriedade na Lei de Diretrizes e

Bases nº 5692/71 e reafirmada na forma da LDB de nº 9394/96, mas ainda assim

continuou sendo tratada com descaso na instituição escolar, poucas são as escolas

que contam com profissionais especializados na área para assumir as matérias. Este

trabalho não visa resolver os problemas referentes ao seu ensino mais vem de uma

maneira humilde tentar chamar a atenção para esse problema, problematizando e

provocando reflexões.

A presente pesquisa esta dividida em quatro capítulos que incorpora um

estudo situado referente os ensino de arte na escola.

O primeiro capítulo vem nos situar quanto à arte e o seu ensino no cotidiano

do ser humano no que se refere a sua história e a importância, seguido da

11

Page 13: Monografia Eneadra Pedagogia 2008

problemática que nos conta como surgiu o problema e quais os objetivos que foram

traçadas partir deste problema e por fim sua relevância.

O segundo capítulo é de caráter teórico, dialogamos ao longo deste capítulo

com autores como: Duarte Jr., Barbosa, Assis, Fischer entre outros que nos

ajudaram a compreender este tema, tanto no que se refere ao campo específico da

arte, como no que tange a pesquisa em educação.

No terceiro capítulo encontramos a metodologia que reafirma os objetivos da

pesquisa, nos esclarece o conceito do que é pesquisa através de Lakatos e a linha

epistemológica seguida, nos situa a cerca de onde ocorrerá a pesquisa (lócus), quais

os sujeitos entrevistados e os instrumentos de pesquisa utilizado que nos ajudou a

alcançar os objetivos traçados.

No quarto capítulo deste trabalho situa-se a análise de dados e as

interpretações, as falas dos sujeitos entrevistados e as suas concepções sobre o

ensino de arte e a importância que a mesma tem para os sujeitos. Neste capítulo

iremos obter as primeiras impressões acerca do confronto entre o diálogo que

tivemos com os teóricos como Duarte Jr., Mae Barbosa, entre outros que acreditam

que arte-educação auxilia no desenvolvimento dos educandos, com a fala dos

discentes colhidas através dos instrumentos de pesquisa.

E por último a conclusão que nos mostram os resultados obtidos a partir da

comparação entre as concepções de teóricos e entrevistados, onde fazemos também

uma reflexão sobre o ensino da arte, como acontece e as questões que se colocam

pauta hoje sobre a importância da desta na formação humana.

12

Page 14: Monografia Eneadra Pedagogia 2008

CAPÍTULO I

A ARTE - EDUCAÇÃO NO QUADRO BRASILEIRO

Ouvir música, ir ao teatro, ao cinema, assistir a filmes e admirar paisagens é

para nós seres humanos algo tão natural como respirar. Quem nunca ouviu uma

música em outro idioma e mesmo sem entender o que é cantado se emocionou só

em ouvi - lá ou ao assistir um filme se viu tão envolvido que imaginou ser o próprio

protagonista? Assim é a arte, deixa a imaginação fluir, os sentimentos falarem, nos

transporta para outro lugar, segundo COSTA (2004, p. 135):

A arte penetra em nós através da porta da sensibilidade, mantendo aberto esse canal com nossa natureza mais intuitiva e profunda. A cada emoção ou prazer que resulta do contato com o belo, nossos sentidos se renovam e se apuram num processo infindável de recriação. A cada momento de arte nos tornamos mais aptos à capacitação da beleza do mundo e de seus significados.

Portanto a arte não só nos ajuda a lidarmos com os nossos sentimentos,

nossas emoções mais também nos auxilia a compreender o mundo que nos cerca.

Muitas obras de arte, por exemplo, serviam para contar a história do ser humano e o

seu processo de desenvolvimento na terra.

Ao longo dos anos junto com o processo de desenvolvimento da terra nós

aprendemos a sermos seres humanos, a vivermos em sociedade agir, falar vestir de

acordo com a mesma, aprendemos a perceber e a vivenciar o mundo em que

estamos inseridos, segundo Duarte Jr. (2004, p.26) nós nos tornamos indivíduos

quando:

Em decorrência de um processo educativo cujo principal veículo é a linguagem. Por ela aprendemos a ordenar o mundo numa estrutura significativa e adquirimos as “verdades” da comunidade onde devemos viver. Tal processo educacional primário –aprendemos a ser humano – é chamado de socialização, por alguns autores. A criança é socializada: adquire uma linguagem e, com ela, uma determinada forma de falar, pensar e agir, segundo a cultura em que está.

13

Page 15: Monografia Eneadra Pedagogia 2008

Em contato com a sua comunidade o homem aprende de uma maneira

informal através das experiências vividas com outras pessoas, e de uma maneira

formal por meio principalmente da escola.

Estamos inseridos em uma sociedade “civilizada”, capitalista que prioriza a

produção de bens de consumo e que é dividida em classes onde se instalam

situações de diferentes formas de exploração e opressão, se constituindo uma

relação de dominantes e dominados. A instituição escolar é um local responsável

pela transmissão dos conhecimentos adquiridos ao longo dos anos em uma

sociedade às novas gerações, portanto todo conhecimento que seja considerado

importante para se manter a sistema capitalista será ensinado nas instituições

escolares de acordo com Brandão (2002, p.67): “(...) ‘o fim da educação’ são os

interesses da sociedade, ou de grupos sociais determinados, através do saber que

forma a consciência que pensa o mundo e qualifica o trabalho do homem educado”.

Os conhecimentos durante muito tempo não foram transmitidos igualmente,

os filhos das pessoas de classes dominantes iam a escola aprender a pensar,

restando aos filhos das classes dominadas aprenderem execução de tarefas. Com o

ensino de arte, não foi diferente, a mesma para a elite brasileira era vista como

sinônimo de status, por outro lado os filhos de pessoas das classes mais pobres

aprendiam o ofício da arte para o sustento de sua família futuramente.

Na modernidade os conhecimentos importantes são aqueles fornecidos pela

ciência. Os conhecimentos científicos tornaram-se a pedra fundamental do saber e

agir humano e a razão por sua vez trasformou-se o pilar básico dessa sociedade. O

sistema capitalista se institui e se fortalece no contexto da idade moderna e a lógica

de funcionalismo desse sistema entra nas escolas inspirado por um discurso

tecnicista implantado nas fábricas no auge da industrialização tendenciando o

fortalecimento aos processos de homogeneização. E como escola não é uma

instituição separada da sociedade age a partir desses princípios capitalistas. Nessa

perspectiva Duarte Jr. (2004, p.31) nos diz:

(...) as escolas se orientam no sentido do conhecimento objetivo, racional da vida. De certa forma, a escola se dirige atualmente à transmissão de conhecimentos tidos como ‘universais’, isto é, validos para qualquer indivíduo em qualquer parte do mundo. A escola tem como função a comunidade de fórmulas científicas que, espera-se

14

Page 16: Monografia Eneadra Pedagogia 2008

habilitem o sujeito a conhecer racionalmente o mundo e nele operar produtividade.

A sociedade em si necessita de mão-de-obra especializada para atender as

necessidades exigidas pelas grandes empresas existentes é nada melhor do que se

utilizar da educação para “preparar” essas pessoas para exercer a função em que

lhes for designada, conforme Bobbit (apud SILVA, 2001,p.23) ao escrever sobre o

currículo“ propunha que a escola funcionasse da mesma forma que qualquer outra

empresa comercial ou industrial” assim as escolas seriam grandes moldes de

empresas.

Segundo Althusser ( apud SILVA, 2001, p.31) para que o sistema capitalista

continue vigente em nossa sociedade e não seja contestado se faz necessário que

instituições reproduzam as “maravilhas” deste sistema, seja através de ideologias ou

da repressão ao dizer que:

A permanência da sociedade capitalista depende da reprodução de seus componentes propriamente econômicos (força de trabalho, meios de produção) e da reprodução de seus componentes ideológicos. Além da continuidade das condições de sua produção material, a sociedade capitalista não se sustentaria se não houvesse mecanismos e instituições encarregadas de garantir que o status quo não fosse contestado. Isso pode ser garantido através da força ou de convencimento, da repressão ou de ideologia.

Assim continuaremos seguindo um modelo empresarial onde cada indivíduo

tem a sua função, atividades são realizadas de maneira individual, mecânica e

sistematizadas, e esse modelo e apresentado e inserido nas instituições escolares.

Nas escolas encontramos currículos fragmentados, cada disciplina tem

horário para começar e terminar, é são classificadas por importância, portanto as

mais importantes têm mais tempo, os conteúdos também são fragmentados mesmo

que estejam correlacionados, a hora do recreio também os alunos podem liberar um

pouco as suas emoções através de conversas e brincadeiras mais ao soar o sino

todos deverão voltar para a classe e assumir as suas funções tudo devidamente

cronometrado.

15

Page 17: Monografia Eneadra Pedagogia 2008

Nesse sentido a escola tem funcionado com aparelho ideológico do estado,

lançando mão de instrumentos tecnicista que nascem num contexto de produção de

uma ciência com uma concepção de valores de um sistema capitalista.

Diante do que expusemos a acerca da estrutura escolar atual onde se

encaixaria o sentir, as emoções dos educandos? Como expressar o que sentimos

em uma ”rede” organizada para treinar pessoas, a saber, e agir de forma racional

quase que mecânica. No sistema capitalista a instituição escolar vem como uma

grande formadora profissionais, onde os alunos são depositados e treinados a copiar

respostas prontas, resultando então na enorme valorização dada a razão e

esquecendo-se da emoção. Acabamos por não termos espaço para a criação

copiamos e repetimos ”verdades” impostas pela sociedade em que vivemos.

O autor Duarte Jr. (2004, p. 24) compara a escola a uma caixa de Skinner

quando diz: “(...) A campainha toca, os alunos se sentam e passam a escrever um

sem-números de palavras, cuja significação não compreender bem”. Em seu livro

Desenvolvimento da Capacidade Criadora, Lowenfeld também comenta sobre a

grande valorização que a escola vem dando ao desenvolvimento intelectual uma

ênfase em detrimento da emoção e da sensibilidade quando diz:

Em nosso sistema educacional a maior ênfase incide sobre a aprendizagem da informação dos fatos. Em grande escala, a aprovação ou reprovação num exame ou curso a passagem de ano ou mesmo a permanência na escola depende do domínio ou da memorização de certos fragmentos de informação os quais já são conhecidos do professor. Assim, a função do sistema escolar parece consistir em criar pessoas que possam armazenar fragmentos de informações e depois possam repeti-los a um sinal dado. (Lowenfeld, 1989 p. 15)

Não estou querendo afirmar que o desenvolvimento intelectual da criança não

seja importante, mas o que coloco em questão é esse sistema que busca o

desenvolvimento através de acúmulo de informações que para o educando não faz

sentido algum formando segundo Larrosa (2001, p. 02) sujeitos de informação:

(...) O sujeito da informação sabe muitas coisas passa seu tempo buscando informação, o que mais o preocupa é não ter bastante informação, cada vez sabe mais, cada vez mais, cada vez esta melhor informado, porém com essa obsessão pala informação e pelo saber(mas saber não no sentido de ‘sabedoria’, mas no sentido de estar ’informado)o que consegue é que nada lhe aconteça.

16

Page 18: Monografia Eneadra Pedagogia 2008

Um sistema mecanizado onde todos devem estar prontos em suas carteiras a

darem respostas “certas” quando forem solicitados pelos professores sem levar em

consideração os seus sentimentos, emoções e experiências e acima de tudo sem

incentivá-los a buscar respostas, a questionar, a exprimir os seus sentimentos

construindo assim o seu conhecimento.

O ensino de arte deveria ser nestas escolas uma área que auxiliasse os

educandos na construção dos seus conhecimentos, mais acabou por se tornar uma

matéria sem importância, aplicadas por professores que não tem nenhum

conhecimento na área ou precisam completar a sua carga horária.

Segundo Duarte Jr. (2004, p.12):

A arte-educação não significa o treino de alguém para se tornar artista, não significa a aprendizagem de uma técnica, num dado ramo das artes. Antes, quer significar uma educação que tenha arte como uma de suas principais aliadas. Uma educação que permita uma maior sensibilidade para como mundo que cerca cada um de nós.

O ensino de arte vem para trazer emoção para o currículo tão racionalizado,

somos seres humanos, portanto somos constituídos de razão e emoção, e a arte

proporciona trabalhar este lado emocional, quer trabalhar a compreensão do mundo

em que se vive olhado com os olhos da emoção, dos sentimentos.

A realidade do ensino de arte não é um fato recente, é uma história que

acontece há vários anos na educação brasileira e que agora teremos a oportunidade

de conhecer.

1.1. A trajetória do ensino da arte na história brasileira

Uma retrospectiva, na história do ensino de arte no Brasil nos ajudará a

compreender que a educação sempre foi uma das grandes máquinas de dominação

a serviço da elite e que o ensino de arte serviu e serve para que a mesma continue.

Desde a colonização o povo brasileiro foi vítima de um sistema castrador mais

em algumas épocas lutou e conseguiram liberdade para exprimir os seus ideais.

17

Page 19: Monografia Eneadra Pedagogia 2008

Como estou falando de arte vamos nos utilizar da nossa imaginação e voltar

alguns anos no tempo exatamente no ano de 1530 quando a colonização iniciou-se

em nosso país. O Brasil era um país repleto de animais, florestas e águas

cristalinas, junto com esta paisagem viam-se também diversos índios em suas

tarefas cotidianas e os famosos colonizadores ocupadíssimos em dividir as terras

em capitanias hereditárias mantendo os indígenas como escravos.

Essa visão tornar-se-ia completa com a chegada dos padres jesuítas e o seu

trabalho pedagógico e missionário que segundo Biasoli (2004, p.47) tinha dois

objetivos: o primeiro era pregar a fé católica seguido pela garantia da unidade

política, por meio da educação,  a arte seria um instrumento fortíssimo para

conseguir atingi-los. Da cultura indígena sempre faz parte a música, dança e a

pintura, para esse povo a arte representava o seu modo de ser e viver e foram

implantando cantos católicos, danças litúrgicas e dramatizações com textos bíblicos

que os jesuítas dominaram os índios e impuseram a sua cultura. (BRANDÃO 1984,

p.20).

Em 1759 os jesuítas foram expulsos do cenário brasileiro por Marques de

Pombal, agora era ele quem dava as “cartas” por aqui, cartas estas que reduziu o

ensino da arte ao simples ensino de desenho e “aulas régias”. Brinquet (apud

BIASOLI 2004, p. 50) descreve como sendo “aulas que se constituíam no primeiro

tipo de ensino público, eram classes esparsas e as avulsas dadas por professores

pagos pelo governo e não obedeciam a nenhum plano estabelecido” ao relacionar

com os dias atuais notem que o descaso com que a aula de arte é tratada atravessa

séculos.

A arte também estava presente no ano de 1808, quando chegou ao Brasil o

rei de Portugal com seus imensos barcos atracados em nosso porto fugindo das

ameaças de Napoleão Bonaparte. O rei chegando aqui tratou de realizar logo

diversas mudanças principalmente no setor cultural criando a Imprensa Régia, a

Biblioteca Pública, Museu Real entre outros.

A educação sofreu transformações e com ela o ensino de arte, foi

implantando nessas aulas o ensino de ofícios artísticos e mecânicos criados

segundo modelos vindos de Paris de acordo com Biasoli (2004, p.52) e assim

18

Page 20: Monografia Eneadra Pedagogia 2008

percebe-se que bastante antiga a prática de se aplicar modelos internacionais na

educação brasileira sem levar em consideração a sua cultura.

No período Imperial uma missão Francesa chega ao Brasil com o seu estilo

Neoclássico e o projeto de montar uma escola de arte destinada as elites brasileiras,

restaram às classes populares aulas de arte realizadas através de exercícios formais

na educação primária e secundária.

O trabalho manual sempre foi muito discriminado por ser uma prática de

artesãos, mas segundo Barbosa esse conceito foi mudando quando passou a

significar ser um símbolo de refinamento para as elites quando diz:

Uma vez que a arte como criação, embora atividade manual, chegou a ser moderadamente aceita pela sociedade com o símbolo de refinamentos, quando praticada pelas classes abastadas para preencher as horas de lazer, acreditamos que, na realidade, ‘o preconceito contra a atividade manual teve uma raiz mais profunda, isto é, o preconceito contra o trabalho, gerado pelo hábito português de viver de escravos’. (BARBOSA, 2005 p.27)

Para a elite brasileira a arte se tornou na prática de lazer, apreciação do belo

e símbolo de status conceito ainda bastante forte em nossa sociedade e para a

população o ensino de arte seria ao mais um meio de mecanizar as pessoas.

No período republicano período marcado pela instituição da primeira

constituição em 1891 e pelos partidos liberais o ensino de arte foi alvo de uma

disputa de ideais entre liberais e positivistas, os liberais liderados por Rui Barbosa

acreditavam que através do ensino de arte a população poderia se tornar capaz de

exercer atividades profissionais por meio de ensino artístico, já os positivistas tinham

a convicção de que o ensino da arte poderia educar a mente, Biasoli (2004, p. 57),

nos explica melhor quando diz:

Na concepção positivista, a arte é considerada um veículo poderoso para desenvolver o raciocínio e, ensinada pelo método positivo subordina a imaginação à observação, possibilitando a identificação das leis que regem as formas (...). ‘Já os liberais deslumbrados com a indústria norte-americana lutam a favor da resolução industrial no país e da conseqüente capacitação profissional de seus cidadãos, enfatizando o ensino artístico técnico voltado para o desenho geométrico’.

19

Page 21: Monografia Eneadra Pedagogia 2008

Concluindo este trecho da história obtivemos como resultado a implantação

nas escolas do desenho geométrico juntamente com a cópia a arte servindo como

instrumento de capacitação de pessoas para o trabalho.

A década de 1920 foi uma época em que considero um momento importante

na educação brasileira à mesma foi contagiada por educadores intelectuais

verdadeiramente sedentos de uma melhoria no sistema educacional e junto com

este estava o ensino de arte.

A psicologia experimental, método americano, foi aplicada em escola

experimental brasileira e supervisionado por pesquisadores acreditava-se que a arte

não era algo que se podia ser ensinado e sim expressado com base na imaginação

da criança. Nessa fase muitos são os intelectuais que se interessam pelo

desenvolvimento infantil através da arte mais foi por meio dos ideais de Mário de

Andrade e Anita Malfatti que a arte infantil começou a ser valorizada e em 1948 a

primeira escolinha de arte foi criada por Augusto Rodrigues, porém todo esse sonho

de transformação é interrompido pela era Vargas.

Uma época em que pessoas eram impedidas de se manifestarem de toda e

qualquer maneira, que para os olhos do governo parecesse suspeita. Assim foi este

período marcado por conflitos e pela diminuição de professores interessados em

escrever sobre o ensino de artes, Augusto Rodrigues não se deixa abater e com a

sua escolinha continua oferecendo aulas de desenho e pintura a crianças e jovens

desenvolvendo a auto-expressão ganhando reconhecimento de artistas e

educadores, mais tarde essa escola se tornaria também um centro de treinamento

de artes.

De acordo com Biasoli (2004, p.66):

A repercussão das práticas desenvolvidas leva o Governo Federal a permitir, depois de 1958 a criação de classes experimentais de arte nas escolas primárias e secundárias. Até alguns convênios são formados com instituições de ensino privado para reparar professores interessados numa educação criativa.

O ensino de arte, mais uma vez ganha a atenção dos governantes, mas

continua a ocupar o cargo de complemento, uma distração para alunos nas horas

vagas.

20

Page 22: Monografia Eneadra Pedagogia 2008

O período que começa no governo de Juscelino Kubitschek (1955 – 1960) e

vai até o governo de Getúlio Vargas, com o golpe militar em 1964, marcou

duramente a nossa educação principalmente no que se refere ao ensino da arte.

O decreto da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1961 é

instituído no Brasil e com ela nasce na Universidade de Brasília o desejo de se

estudar, o ensino de arte estudo esse que é marcado por diversos debates e

discursos a cerca da área mais que infelizmente são interrompidos por causa das

mudanças políticas de 1964, época em que artistas são proibidos de expressar os

ideais e que o ensino de arte continuou sendo relegado ao conceito de atividade

extra classe.

O ensino de arte com LDB. Nº 5692/71 torna-se obrigatória nas escolas,

depois de tantas lutas iniciadas desde a década de 20, mas não do jeito que se

imaginava, segundo Duarte Jr. (2004, p. 80).

Na escola oficial a arte sempre entrou pela porta dos fundos e, ainda assim de maneira disfarçada. Teve ela de se disfarçar tanto que se tornou descaracterizada  deixou de ser arte. Virou tudo: desenho geométrico, artes manuais, artes industriais, artes domésticas e etc. Tudo menos arte.

Na realidade a arte na Lei de Diretrizes e Bases nº 5692/71 veio novamente

como instrumento de produção de mão-de-obra para as grandes empresas só que

agora garantida por lei na instituição escolar, o ensino de arte foi relegada às

disciplinas menos importantes seguindo um currículo tecnicista.

Os educadores por sua vez tinham que fazer um curso de habilitação de dois

anos mais por não dominarem todas as linguagens artísticas (plásticas, teatro,

música etc.) tentava ensiná-la de uma maneira superficial, de acordo com o PCN

(2001, p. 29).

 Os professores de Educação Artística, capacitados inicialmente em cursos de curta duração, tinham como única alternativa seguir documentos oficiais (guias curriculares) e livros didáticos em geral, que não explicavam fundamentos, orientações teórico-metodologicas ou mesmo bibliografias específicas.

Durante o final da década de 70 e começo da década de 80 iniciou-se o

movimento Arte-Educação que visava conscientizar e organizar grupos de

21

Page 23: Monografia Eneadra Pedagogia 2008

professores de arte tanto da educação formal quanto informal para discutir sobre a

valorização e aprimoramento do profissional dentro da instituição escolar, o

movimento ganhou força e diversos eventos foram realizados para rever a posição

da arte nas escolas segundo BIASOLI (2004, p. 76)

Em 20 de dezembro de 1996 foi instituída no Brasil a Lei de nº 9394/96, na

qual consta que: “O ensino de arte constituirá componente curricular obrigatório, nos

diversos níveis de educação básica, de forma a promover o desenvolvimento cultural

dos alunos”. (PCN, 2001, p. 30)

Depois de uma década de instituída a LDB nº 9394/96 continuou sendo

ensinada com os mesmos objetivos e métodos, os alunos continuaram sentados em

suas carteiras assistindo a duas horas de aula (no máximo) semanais compostas

por conteúdos geralmente artes plásticas (pinturas e desenhos) ou desenho

geométrico a serem reproduzidas pelos alunos.

Agora relembremos nossos tempos de escola. Todos nós temos lembrança

do que passamos na escola algumas boas e outras ruins, o recreio, os colegas e os

professores e principalmente as aulas, algumas consideradas de extrema

importância pela escola como a aula de Português e Matemática e outros menos

importantes Educação Física e Educação Artística, mais quero especificamente falar

das aulas de Educação Artística, aulas que para alguns alunos são sinônimos de

divertimento para outros de bagunça.

Essas aulas se caracterizavam por acontecerem na sexta-feira para alunos do

Ensino fundamental I, dia em que o aluno só permanece na escola metade do tempo

normal que é preenchido com desenhos mimeografados de alguns personagens de

datas comemorativas que segundo Duarte Jr. (2004,p.82) “esconde uma sutil

imposição de valores e sentidos”. Outra atividade comum, que ocorre nas aulas de

Artes e o famoso papel ofício em branco aonde o aluno irá “desenvolver”  a sua

criatividade usando lápis comum, borracha e lápis de cor (se tiver) ao seu término o

aluno guarda o seu criativo desenho e leva para casa com um pequeno visto da

professora ou uma mensagem: Que lindo!

22

Page 24: Monografia Eneadra Pedagogia 2008

Com o Ensino Fundamental II não é diferente com a proximidade de datas

comemorativas pedi-se aos alunos que confeccionem: cartazes, cartões, pequenos

objetos manuais e até livros com dicas de como se devem dançar determinados

estilos de músicas, tudo com um padrão estético determinado pelo professor.

Na escola que estudei passei por todos os processos citados acima e

confesso que na época achava divertido às vezes meio boba confeccionando todos

os anos, um caderno onde teria que escolher um estilo de música, fazer desenhos

de pessoas dançando aquela música e escrever abaixo como fazer para dança - lá.

Ensinar a disciplina arte me pareceu menos importante ainda, pois trabalhar

com a mesma implica em ter que programar aulas e não cumpri-las, já que naquele

dia foi marcada uma reunião bem no meu horário da aula de arte. Para nós

professores da disciplina cabia: decorar a escola em datas comemorativas assim

como organizar peças teatrais e coreografias para festas juninas e de finais de ano

com uma ou duas aulas por semana, começar os famosos trabalhos manuais e não

terminá-los porque o sinal tocou e a próxima aula é mais importante, sem esquecer

das aulas de recuperação que deveriam ser feitas com antecedência para não

atrapalhar os alunos no seu estudo das matérias mais importantes.

Foi observando estas duas realidades (como aluna e “professora”) que

comecei a concordar com PORCHER (1989, p. 13) quando diz que:...”A Educação

Artística divide com a Educação Física o privilégio de serem rejeitadas,

explicitamente ou não, ao se ingressar no território da escola”. As aulas de arte são

consideradas muitas vezes uma verdadeira piada entre alunos e professores de

outras disciplinas isso é revoltante tendo em vista a importância da arte para as

nossas vidas.

Diante deste quadro percebo que a escola através das aulas de arte não tem

contribuído com o desenvolvimento do educando de uma maneira que o mesmo

possa expressar-se artisticamente de acordo com os seus sentimentos, emoções e

experiências construindo os seus conhecimentos de forma crítica e reflexiva, agindo

e interagindo com mundo em que vive.

23

Page 25: Monografia Eneadra Pedagogia 2008

Baseado neste problema sinto-me instigada a investigar primeiro sobre qual a

concepção que os discentes do Colégio Estadual Teixeira de Freitas têm sobre o

ensino de arte na escola e qual a importância do ensino de arte para os mesmos e

assim alcançar os meus objetivos que são:

Perceber qual a concepção que estudantes têm sobre o ensino da arte;

Identificar qual a importância da mesma (arte) para estes.

Pretendo ter como conceitos-chave: A Arte do contexto social ao educacional;

a arte-educação instrumento importante na formação do educando e a formação dos

professores em arte, para ao final desta pesquisa reunir algumas questões, que

possam contribuir com o trabalho de futuros pesquisadores acadêmicos, assim

como trazer provocações, sobre o ensino da arte no espaço escolar pretendendo

interagir com educação, arte-educação e comunidade em geral interessada pelo

tema sobre as questões pertinentes.

24

Page 26: Monografia Eneadra Pedagogia 2008

CAPÍTULO II

A ARTE NA ESCOLA

2.1 A arte do contexto social ao educacional

Escrever sobre arte e não citar a presença da mesma na sociedade ao longo

dos anos poderia parecer sem lógica, já que desde o início da sua existência o ser

humano produziu e produz arte como uma forma de satisfazer as suas necessidades

no meio social, necessidades essas que mudaram de acordo com o processo de

desenvolvimento humano e acompanhando este processo mudou-se também o

objetivo de fazer arte, como nos diz Sauders (1998, p.130):

A arte é um fenômeno cultural, inventada há milhões de anos pelos seres humanos para satisfazer algumas de suas necessidades. Como as necessidades mudam através dos séculos, assim também mudaram os objetivos da arte.

A autora Barbosa (2007, p.10) também afirma que a arte está inserida na

sociedade quando diz que:

Apesar de ser um produto da fantasia e da imaginação, a arte não está separada da economia, política e dos padrões sociais que operam na sociedade. Idéias, emoções, linguagens diferem de tempos em tempos e de lugar para lugar e não existe visão desinfluenciada e isolada.

Para estes dois autores a produção de arte está ligada à sociedade e seus

objetivos mudam de acordo com as transformações ocorridas neste meio mesmo

que seja um produto imaginário, as obras de arte produzidas sejam elas arte visual,

música, dança e teatro ao longo de milhões de anos sempre esteve relacionado à

sociedade, conforme SAUNDERS (1998, p.14) ”Um dos mais antigos objetivos da

arte era o de manter viva a história dos povos como parte de sua sobrevivência”.

25

Page 27: Monografia Eneadra Pedagogia 2008

Para arte já foi dada várias significações, em alguns períodos da história a

arte era produzida para a realização de rituais mágicos ou com fins religiosos os

egípcios, por exemplo, acreditavam que o homem poderia obter a felicidade após a

morte através de objetos de arte, segundo Janson (1996, p.24):

(...) o homem pode obter sua própria felicidade após a morte, equipando sua sepultura com uma espécie de replica sombria de seu ambiente cotidiano para o prazer de seu espírito, o Ka, e assegurando que o Ka1 viesse a ter um corpo para habitar (seu próprio cadáver mumificado ou como substituto uma estátua de si próprio).

Em outras épocas em diferentes contextos históricos que o significado da arte

vai ganhando outros sentidos em povos a utilizaram como um meio de decoração,

de acordo com Sauders (1998, p.131):

A arte era usada para a indústria. Os gregos e os romanos serviram-se dela para fins religiosos e também na decoração de suas paredes, em pequenos apartamentos onde jardins eram pintados para dar a impressão de se estar ao ar livre.

Atualmente descrever o significado da arte para a sociedade em que vivemos

é um tanto complexo, já que estamos repletos de informações, de acordo com

Sauders (1998, p.136), vivemos em um mundo com:

(...) sistema sócio-politico-econômico e a confusão com os valores éticos, morais e espirituais, o desequilíbrio entre os que tem e os que não tem as pessoas de estômago cheio as de estômago vazio, as sociedades tribais vivendo ao longo das civilizações industriais; as nações industrializadas partindo para a era espacial a constante ameaça de uma auto destruição e a auto matização desrespeitando a vida humana.

As diferenças culturais, sociais e econômicas no mundo sempre existiram,

mas no momento atual parecem estar mais acentuadas e visíveis a todo o mundo

causando certo desconforto no que se refere a conviver com tudo isso, os artistas do

século XX e XXI através das suas obras vêm fazer comentários críticos e sociais.

1 Réplica do ambiente onde o falecido vivia construída na sepultura.

26

Page 28: Monografia Eneadra Pedagogia 2008

É assim nos perguntamos o que seria arte? Como ela consegue atravessar o

tempo independente da cultura, política e econômica que esta vivendo determinada

civilização?

A autora FREITAS (2006, p.4) define arte “como um trabalho de pensamento,

um pensamento emocional e específico que o ser humano produz com relação ao

seu lugar no mundo”. E assim a arte seria então uma forma de entender e de se

expressar de uma maneira íntima, pessoal, emocional e racional ao mesmo tempo

através da arte o ser humano pode expressar o seu papel no mundo em que vive

assim como liberar essa expressão para outras pessoas através do seu trabalho

artístico.

Conforme Fischer a arte não só é uma forma de liberação emocional mais

também auxilia o homem a compreender esta realidade a suportá-la e por fim a

transformá-la quando diz:

Só a arte pode fazer todas essas coisas. A arte pode elevar o homem de um estado de fragmentação a um de ser íntegro total. A arte capacita o homem para compreender a realidade e o ajuda não só a suportá-la como a transformá-la, aumentando-lhe a determinação de torná-la mais humana e mais hospitaleira para a humanidade. A arte, ela própria é uma realidade social. (1987, p.56-57)

Inspirada por este campo epistemológico o PCN (2001, p.45) de arte interage

com esta definição de Ernest Fischer ao entender que a arte é:

(...) um modo privilegiado de conhecimento e aproximação entre os indivíduos de culturas distintas, pois favorece o reconhecimento de semelhanças e diferenças expressas nos produtos artísticos e concepções estéticas num plano que vai além do discurso verbal.

Por outro lado DEHEINZELIN (1993, p.91) não se arrisca a tentar definir arte,

ela declara que “arte é um vasto campo de conhecimento humano, certamente o

mais misterioso e belo de todos.” A autora percebe a arte como sendo um campo

misterioso que nos convida a usufruirmos das suas maravilhas.

De acordo com Barbosa (apud FREITAS 2006, p.01) por meio da arte o ser

humano percebe o ambiente em que vive e age sobre ele ao dizer que:

27

Page 29: Monografia Eneadra Pedagogia 2008

Por meio da Arte é possível desenvolver a percepção e a imaginação apreender a realidade do meio ambiente, desenvolver a capacidade crítica, permitindo ao indivíduo analisar a realidade percebida e desenvolver a criatividade de maneira a mudar a realidade que foi analisada.

Descoberta as maravilhas que a arte proporciona ao ser humano ajudando-o

a compreender e transformar o mundo que o cerca, assim como a apreciar e

respeitar a arte de outras culturas ficará fácil compreender o porquê da mesma (arte)

ter sido introduzida no currículo da instituição escolar, já que a escola visa formar

pessoas capazes de compreender, agir e interagir na sociedade de uma forma

crítica e reflexiva, DUARTE JR. (2004, p.66) diz que: ”a arte não possibilita apenas

um meio do mundo dos sentimentos, mas também a sua educação”.

Por mais que falemos o quanto à arte no ambiente escolar é importante, e

que a mesma tenha o seu lugar nos currículos das escolas brasileiras garantido pela

Lei de nº9394/96, a arte continua sendo vista como uma disciplina sem importância

e com uma atividade de entretenimento para os educandos entre uma disciplina e

outra considerada mais importante.

O descaso que presenciamos nas instituições escolares em relação à arte em

educação é um reflexo de um processo histórico contado no primeiro capítulo deste

trabalho onde o ensino de arte era privilegiado apenas das classes dominantes e

quando as classes mais pobres tiveram a oportunidade de conhecê-la, a mesma foi

modificada sendo aplicada de forma mecânica e técnica. Segundo DUARTE JR.

(2004, p.29) “com o processo de civilização não houve somente a divisão do pensar

e do agir, as classes dominantes têm idéias, as dominadas as executam”.

A sociedade atual é capitalista é tem como um dos seus pilares a

racionalidade, o saber objetivo, não há tempo ou espaço para serem perdidos com

subjetividades e expressões de sentimentos e emoções, diante desta realidade e de

acordo com Duarte Jr. é normal que as escolas se orientam no sentido de preparar

os cidadãos para atuarem nas mesmas:

28

Page 30: Monografia Eneadra Pedagogia 2008

(...) o fim último de nosso ensino sempre foi a produção de mão-de-obra: o adestramento do individuo para exercício de uma profissão(técnica) lá fora, no mercado de trabalho. Nunca tivemos, por aqui uma educação humanista, pois ela não interessa ao modelo industrialista de desenvolvimento adotado por nós. A escola sempre foi vista como linha de produção em que se fabricam indivíduos mecanicamente adaptados as exigências do industrialismo.(DUARTE JR.,2004, p.80)

O ambiente escolar ganha a função de uma grande produtora de mão-de-

obra para o mundo, todo aquele que entrar na mesma será treinado a reproduzir

respostas e entregá-las quando se for necessário.

As aulas de artes tornaram-se mais um meio de mecanização do trabalho

humano com os seus desenhos prontos, cópias de quadros famosos, apresentações

de teatro em datas comemorativas. Segundo Barbosa (1998, p.82) esta é uma

realidade presente tanto em escolas públicas quanto particulares quando declara

que:

(...) o estilo da arte escolar é o mesmo, tanto em escolas particulares quanto nas públicas, apesar do uso de material mais diversificado nas primeiras. Atividades são em geral centralizadas em trabalhos de ateliê e subordinadas mesmo uso do ‘pseudo-original’ de sucata, aos mesmos temas convencionais, aos mesmos símbolos culturais e comerciais (natal, Dia das mães etc..) à mesma relação, supostamente nova entre expressão pictórica ou expressão plástica e dramatização.

Em nossas escolas sejam elas públicas ou particulares o material

apresentado em matéria de arte-educação nada mais é que metodologias antigas

com novas roupagens são materiais didáticos utilizados há décadas com uma

linguagem atual e desenhos coloridos de acordo com BARBOSA (1998, p.83).

Essa é a realidade contada é conhecida por todos os freqüentadores de

uma sala de aula nas aulas de arte. Mas como seria uma verdadeira arte-educação?

Como os alunos se beneficiariam com elas?

29

Page 31: Monografia Eneadra Pedagogia 2008

2.2. A arte-educação instrumento importante na formação do educando

As aulas de educação artística para uma turma são sinônimos de atividades

fáceis e horas de descontração. Este é o momento que o aluno encontra para se

expressar mesmo que de maneira limitada, já que as atividades são meras cópias

de modelos expostos pelos professores mais mesmos assim alguns tentam deixar

traços individuais em seus trabalhos seja através de cores ou formas.

Esse é o tipo de aula que geralmente causa certo desconforto nos

professores da disciplina por se tratarem de aulas em que os alunos sentem-se mais

livres para transitarem na sala e manterem conversas com os colegas, o docente

tem a sensação de descontrole da turma, por isso de acordo com Strazzacappa dá-

se prioridade a atividades de artes plásticas, já que os alunos têm que executá-las

sentados:

Os cursos de Educação Artística, cujo carácter ‘menos formal’ poderia possibilitar maior mobilidade das crianças em sala de aula, tendem a priorizar os trabalhos de artes plásticas (desenho, pintura e algumas vezes escultura), atividades onde o aluno tem que permanecer sentado. Embora a LDB 9394/96 garanta o ensino de Artes como curricular obrigatório da Educação Básica representado por várias linguagens (música, dança, teatro e artes visuais) raramente a dança, a expressão corporal, a mímica e o teatro são abordados, seja pela falta de especialista na área nas escolas, seja despreparo do professor. (STRAZZACAPPA 2007, p.2).

Segundo Strazzacappa o ensino de arte na escola possui uma característica

menos formal que possibilita maior movimento dos educandos em sala de aula,

mais o que sempre se priorizou em sala foram os exercícios de artes plásticas

algumas descritas acima pela autora, pois são atividades que o aluno executa

sentado, portanto sem fazer barulho ou qualquer movimento.

Nestas aulas o conteúdo restringe-se a copias de desenhos, decoração de

sala de aula e confecções de cartões em datas comemorativas sob a supervisão e

aprovação do professor de arte, tudo de acordo com os padrões de beleza

estabelecidos por ele. Sobre isso Duarte Jr. nos diz que (2004, p.86):

30

Page 32: Monografia Eneadra Pedagogia 2008

(...) A imitação e o adestramento atingem aí, raias do delírio, pois o que importa, para muitos professores, é o aluno seguir o modelo dado por eles. É copiar a ‘arte’ proposta pelo mestre: fazer um desenho igual ao que está na lousa, pintar uma figura mimeografada, recortar contornos já traçados, escrever um poema baseado em outro dado etc.

Com modelos de aulas como este o ensino de arte vem sendo desenvolvida

de maneira incompleta ou totalmente incorreta, conforme Fusari e Ferraz (2000,

p.16) quando diz:

Na prática, a educação Artística vem sendo desenvolvida nas escolas brasileiras de forma incompleta, quando não incorreta. Esquecendo ou desconhecendo que o processo de aprendizagem e desenvolvimento do educando envolve múltiplos aspectos, muitos professores propõem atividades às vezes totalmente desvinculadas de um verdadeiro do ensino de arte.

Mas se o que se tem visto nas salas de aula não são aulas de arte como

seriam então? O que seria arte-educação?

Antes de obtermos definições sobre o que seria arte-educação considero

importante sabermos como surgiu esta terminologia arte-educação e qual a sua

significação, conforme Biasoli (2004, p.87):

A arte-educação constituiu, no Brasil, um movimento surgido no final da década de 1970, organizado fora da educação escolar, que buscava novas metodologias de ensino e aprendizagem da arte nas escolas por meio de uma concepção de ensino de arte com base numa ação educativa mais criadora, mais ativa e que envolvesse o aluno de forma mais direta, mais correta.

Atualmente o termo é conhecido pela maioria das pessoas envolvidas com o

ensino de arte, que se denominam arte-educadores, estes por sua vez buscam

através de conhecimentos melhorarem a sua prática pedagógica.

Agora o que seria arte-educação? O autor Duarte Jr. (2004, p.72) nos expõe

o que seria uma real arte-educação ao dizer que:

(...) arte-educação não significa o treino para alguém se tornar um artista. Ela pretende ser uma maneira mais ampla de se abordar o fenômeno educacional considerando-o não apenas como transmissão simbólica de conhecimento, mais como um processo formativo do humano. Um processo que envolve a criação de um

31

Page 33: Monografia Eneadra Pedagogia 2008

sentido para a vida, e que emerge desde os nossos sentimentos peculiares.

O autor pontua que arte-educação vem como um meio de formar os

indivíduos, não como uma transmissão de conhecimentos onde o professor ensina e

aluno aprende, mas dá a arte em valor formativo, a arte para ser útil na educação

precisa dar ao aluno a oportunidade de criar e lidar com os seus próprios

sentimentos.

Conforme LOWENFELD (1989) a escola foi dada a função de transmitir aos

alunos informações fragmentadas e estas informações deveriam ser repetidas a um

sinal dado para Duarte Jr. a arte-educação não é verdadeira se ocorrida em um

sistema educacional como esse descrito por Lowenfeld.

Uma outra autora que nos ajudaria a compreender o conceito de arte-

educação seria Freitas (2006, p.1) quando diz que:

A arte-educação enquanto conhecimento a ser construído, linguagem a ser experimentada e fruída, a expressão a ser externalizada e refletida estaremos considerando a arte como área de conhecimento com características únicas e imprescindíveis ao desenvolvimento do ser humano. Um ser dotado de uma subjetividade, que não pode ser ignorados no processo de ensino e aprendizagem da arte que tanto busca quebras de dicotomias.

Ao definir arte-educação Freitas acredita que arte é uma área de

conhecimento que precisa ser construída, mais que se experimentada no ambiente

escolar proporciona ao educando o desenvolvimento de características únicas do

ser humano, portanto trabalhar arte em modelo escolar onde os discentes ficam em

suas carteiras com a função de armazenar informações como foi descrito por

Lowenfeld seria inexeqüível.

A autora ASSIS (2001, p.14) define arte-educação como “um instrumento

poderoso de organização do individuo no seu tempo e em seu meio. Ela instiga sua

intuição na medida em que reconhecendo as necessidades, lhe propõe elementos

para especulações dos seus sentidos”.

32

Page 34: Monografia Eneadra Pedagogia 2008

Na opinião de Fusari e Ferraz (apud BIASOLI, 2004, p.87) a arte-educação

vem para valorizar o professor de arte e colocar em discussão a maneira de realizar

o seu trabalho em sala de aula, ajudando assim na conscientização sobre a sua

importância profissional e política na sociedade.

O PCN (1998, p. 19) de arte vem nos dizer que ao se produzir arte e

conhecer produções de outras culturas, os educandos terão a oportunidade de

compreender a variedade de valores que orientam as diversas sociedades

enriquecendo e diversificando a sua imaginação além é claro dele (aluno) se

perceber na sociedade como um agente transformador, ao dizer que:

Produzindo trabalhos artísticos e conhecendo essa produção nas outras culturas, o aluno poderá compreender a diversidade de valores que orientam tanto seus modos de pensar e agir como os da sociedade. Trata-se de criar um campo de sentido para a valorização do que lhe é próprio e favorecer o entendimento da riqueza e diversidade da imaginação humana. Além disso, os alunos tornam-se capazes de perceber sua realidade cotidiana mais vivamente, reconhecendo e decodificando formas, sons, gestos, movimentos que estão à sua volta. O exercício de uma percepção crítica das transformações que ocorrem na natureza e na cultura pode criar condições para que os alunos percebam o seu comprometimento na manutenção de uma qualidade de vida melhor.

Com tantas oportunidades de conhecimento e desenvolvimento propostas

pelo conceito de ensino de arte, se incluído corretamente na sala de aula teremos

educandos, mais sensíveis ao que acontece no mundo em que os rodeia e também

mais aberto no que se refere à disponibilidade de aprender, pois segundo

LOWENFELD (1989, p.17 e 18 )

O homem aprende através dos sentidos. A capacidade de ver, sentir, ouvir, falar e saborear, proporciona os meios para estabelecer uma interação do homem e o meio (...) Os programas das escolas tendem a descuidar do simples fato de que o homem –e também a criança - aprende através dos cinco sentidos. O desenvolvimento da sensibilidade perceptiva deveria pois converter –se em uma das partes mais importantes para desenvolver a sensibilidade e maior a capacidade de aguçar todos os sentidos, maior será, também a oportunidade de aprender.

De acordo com ASSIS (2001, p.15) o refinamento dos sentidos será

possível através da interação entre programa-educador-educando baseado em

33

Page 35: Monografia Eneadra Pedagogia 2008

pilares que são: o pensar arte, saber arte, fazer arte e crescer com arte, a autora nos

diz que um programa bem elaborado com um professor que se preocupe com seus

alunos e esteja interado com os mesmos e de fundamental importância para se

tornar o que ela chama de “um indivíduo pleno”.

No campo de conhecimento em arte-educação atualmente contamos com

pesquisadores empenhados em desenvolver trabalhos para auxiliar o professor em

sua prática em sala de aula Ana Mae Barbosa, doutora nesta área desenvolveu a

proposta Triangular. Segundo a autora a proposta surgiu como uma forma de

aproximar o ver do fazer, “a triplicação para a aprendizagem da arte o fazer pelo ver

ou contextualizar” BARBOSA(acessado em 2008,p.5), a proposta triangular surgiria

em um contexto onde os educadores da área estavam com medo de levar a cópia

para a sala, mais esta não se resumia a uma cópia, o aluno teria que ver a obra de

arte, contextualizá-la e só depois produzir a sua própria arte, por isso foi chamada

de proposta triangular pois está baseado em três pilares: VER, CONTEXTUALIZAR

e FAZER.

A proposta triangular traz para a sala de aula obras de arte para serem

conhecidas, analisadas e para a partir daí os educandos produzirem as sua próprias

obras de arte não como processo de cópia, mais de acordo com a sua visão e

experiências individuais. O autor DUARTE JR. (2005, p.103) nos diz que a “através

da arte somos levados a conhecer a nossas experiências vividas, que escapam à

linearidade da linguagem”, portanto cada um tem a um jeito particular de observar,

analisar e fazer arte, cada pessoa passa por diferentes experiências de vida e se de

alguma maneira essas experiências sejam iguais cada ser humano tem um jeito

único de significá-las.

Segundo LEÃO (2003) essa proposta foi resultado de estudos realizados

pela professora Babosa com referência em trabalhos desenvolvidos por

pesquisadores ingleses e americanos preocupados com um currículo que visasse

não só o desenvolvimento do aluno, mas também as suas necessidades e os seus

interesses deixando assim de ser uma aula incompreendida ou um mero

passatempo.

34

Page 36: Monografia Eneadra Pedagogia 2008

Arte na educação não só pode modificar o ser humano, como pode também

ajudá-lo na sua identificação cultural, segundo Barbosa (apud BIASOLI, 2004, p.91):

A arte na educação como expressão pessoal e como cultura é um importante instrumento para a identificação cultural e o desenvolvimento. Pelas Arte, é possível desenvolver a percepção e a imaginação, aprender a realidade percebida e desenvolve a criatividade de maneira a mudar a realidade que foi analisada.

Exposta as possibilidades que o ensino de arte abre e proporcionar ao

educando discutiremos a seguir qual o papel do professor de arte neste contexto.

2.3. A formação de professores no ensino de arte

Sempre ouvimos falar em preparação de professores para atuarem na

educação básica. Quando preparados para atuar no Ensino Fundamental I muitas

são as disciplinas que orientam o professor a buscar novas metodologias para o

ensino das matérias consideradas importantes poucas são as vezes que o nome

arte e mencionada ao longo dos cursos de formação de professores,

especificamente no magistério2, uma talvez duas no máximo.

Já os professores que irão atuar no Ensino Fundamental II a situação torna-

se mais complicada com cargas horárias incompletas as aulas de Educação

Artística servirão para preencher às vinte horas semanais e o famoso “tapa buracos“

e assim encontramos docentes despreparados no que se refere ao ensino de arte,

de acordo com Duarte Jr.(2004,p.81-82):

O próprio professor de arte é visto com um ‘pau pra toda obra’, como ‘ um quebra galho’. Frequentemente ele é obrigado a ceder suas aulas para aulas de reposição de outras disciplinas, quando não lhe é delegada a incumbência de ‘decorar’ a escola e os carros alegóricos para as festividades cívicas. Neste sentido faz-se totalmente inócua a disciplina educação artística já que toda a estrutura física, burocrática e ideológica da escola organizada na direção da imposição do cerceamento da criatividade.

2 Curso extinto pela LDB 9394/96 .

35

Page 37: Monografia Eneadra Pedagogia 2008

Quando não está ocupado com a decoração da escola, o professor de arte

se ocupa em programar atividades para a turma uma atividade são aquelas já tão

conhecidas de quem freqüentou uma aula de arte: desenho, recorte, colagem,

reprodução de músicas, ASSIS (2001, p.10) nos diz que: “organizar atividades

educativas que envolva as artes vai muito além da cópia e do colorir desenhos já

prontos, da confecção de enfeites e da decoração da sala, da reprodução mecânica

de músicas”.

De acordo com Assis o professor de arte não estará organizando uma

atividade realmente educativa desta forma, mais infelizmente é o que vemos

acontecer em sala, devido um despreparo do professor que assume a disciplina,

sem um curso de conhecimento na área, este professor aplica atividades que muitas

das vezes ele mesmo no seu período escolar viu com os seus respectivos

professores.

Por muitas vezes o professor até tenta mudar as práticas vigentes a

adotando e novas metodologias, objetivos estratégias e livros com edições

renovadas, mais por falta de conhecimento na história do ensino de arte acaba

levando para sala de aula práticas bastantes antigas apresentadas como novas,

conforme nos diz Barbosa (1998, p. 81).

A falta de conhecimento sobre o passado está levando os arte-educadores brasileiros a valorizarem excessivamente o ‘novo’..Tudo o que é considerado novidade é adotado entusiasticamente. Objetivos, métodos e estratégias supostamente ‘novos’ vêm sendo sucessivamente introduzidas nas salas de arte em que haja qualquer preocupação com sua inter-relação.

Não se deve esquecer também que no quadro de docentes que lecionam na

área de arte apenas um professor é responsável em trabalhar todas as áreas que

compreendem a arte-educação, conforme Duarte Jr. (2004, p.82):

(...) educação artística ‘compreende as áreas de música, teatro e artes plásticas’. Ocorre, porém, que é impossível formar-se um professor que domine integralmente as três áreas, e isto gera deficiências no trabalho efetivamente desenvolvido. O ideal seria, certamente a constituição de uma equipe de professores em que cada um se responsabilizasse por uma área especifica. Ideal talvez impraticável a contar o total abandono da educação em que estamos, em termos de verbas oficial.

36

Page 38: Monografia Eneadra Pedagogia 2008

Esta e a situação atual do professor de arte, mas o que é ser um professor e

o qual o papel no ensino de arte? Segundo Fusari e Ferraz (2000, p.49) o professor

de arte é um profissional que atua “através de uma pedagogia mais realista e mais

progressista, que aproxime os estudantes do legado cultural e artístico da

humanidade, permitindo, assim que tenham conhecimento dos aspectos mais

significativos da nossa cultura, em diversas manifestações” o profissional que atua

na área de arte deve estar consciente do seu papel e da importância do mesmo na

formação do educando.

Conforme Assis (2001, p.16):

O professor, o arte-educador, portanto é o mediador do processo educativo na infância e adolescência e precisa estar apto a reconhecer a integridade destas questões e trabalhá-las primeiro em si próprio para que possa ver no outro, estar no outro e viver no outro, ou seja, para que possa, dentro das exigências da contemporaneidade, participar do processo do aluno.

O arte-educador segundo Assis deve estar preparado para auxiliar o aluno no

seu processo de educação mais para isso ele deve se preparar primeiro trabalhando

todas as questões expostas pela autora só assim ele estará apto para iniciar o seu

trabalho.

Para que os discentes tenham uma verdadeira formação em arte dentro da

educação os profissionais de ensino ligados à arte-educação têm que se prepararem

na área, porque não se pode ensinar aquilo que não se sabe. Como um

do/tt/file_convert/557ca711d8b42ab4218b5219/document.docente irá realizar o seu

trabalho se não está preparado para tal?

Conforme Fusari e Ferraz (2000, p.50) para o professor desenvolver um bom

trabalho em arte-educação se faz necessário que o mesmo desenvolva ações como:

Estudar, participar de cursos, buscar informações, discutir, aprofundar reflexões e praticas com os colegas docentes. É importante participar ainda das associações de professores de arte-educadores, o que contribui para a atualização e o desenvolvimento profissional e o político em todos os níveis de ensino.

37

Page 39: Monografia Eneadra Pedagogia 2008

A autora ASSIS (2001, p.16) nos diz que a aprendizagem cognitiva é

importante aprendizagem esta que ela classifica como sendo “conhecimento e

sensibilidade”, mais que outros itens como: princípios e qualidade, a criatividade e

flexibilidade, paciência e sabedoria, alegria e coerência e por último discernimento e

equanimidade são importantes também para essa formação.

Mas só participar de atividades descritas acima não basta, freqüentar teatros

assistindo a peças e musicais, ir a exposições de arte conhecendo as diferentes

formas artísticas, bem como os artistas que produziram época , contexto, conhecer

as artistas locais, regionais, nacionais e internacionais são atividades

importantíssimas a serem praticadas pelo professor de arte para melhor auxiliar o

educando em sala de aula.

Biasoli (2004, p.109) pensa que:

(...) se o professor pensar a arte como área específica do conhecimento humano, se identificar e dominar os conteúdos dessa área do conhecimento e se sua ação teórico-prática artística e estética estiver conectada com uma concepção de arte e com consistentes propostas pedagógicas, já não haverá aqueles obstáculos que tanto dificultam a prática educacional em arte e a elaboração de um corpo de conhecimento específico que realmente de sustentação a prática pedagógica do professor de arte.

Com o sistema escolar que possuímos não podemos ter uma arte-educação

cem por cento eficientes, mas se tivermos professores capacitados e sensíveis,

conhecedores da área que estão atuando poderão melhorar o quadro da educação

brasileira beneficiando assim os nossos educandos.

38

Page 40: Monografia Eneadra Pedagogia 2008

CAPÍTULO III

TRILHA METODOLÓGICA

A pesquisa aqui apresentada obteve como objetivo identificar a concepção e

a importância do ensino de arte para os educandos do Colégio Estadual Teixeira de

Freitas, para isso buscamos ouvir a voz desses estudantes através de instrumentos

de pesquisas que possibilitou ir a campo obter respostas que nos ajudou a desenhar

a problematização.

De acordo com Ander-Egg (apud LAKATOS 1990, p.15) a pesquisa “é um

procedimento reflexivo sistemático, controlado e crítico, que permite descobrir novos

fatos e dados, relações ou leis em qualquer campo de conhecimento”.

Conforme Lüdke (1986, p.1):

Para de realizar uma pesquisa é preciso promover o confronto entre os dados, as evidências, as informações coletadas sobre determinado assunto e o conhecimento teórico acumulado a respeito dele. Em geral isso se faz a partir do estudo de um problema, que ao mesmo tempo desperta o interesse do pesquisador e limita sua atividade de pesquisa a uma determinada porção do saber, a qual ele se compromete a construir naquele momento.

A pesquisa vem como um meio de esclarecermos a situação de um

determinado problema. Através da pesquisa, questões referentes a um determinado

assunto são reunidas e confrontadas com os dados colhidos ao longo do processo

de busca.

O problema deste trabalho surgiu a partir de vivências e inquietações

pessoais, primeiro como educanda onde tive a oportunidade de construir os meus

primeiros conceitos em relação a arte através de atividades de desenhos, recorte,

colagem e pinturas, era um dos momentos mais prazerosos que sentia no ambiente

escolar e que maravilha era pintar, desenhar e colar, estas eram as aulas mais

esperadas da semana, nos sentíamos livres para transitar e conversar, era o nosso

39

Page 41: Monografia Eneadra Pedagogia 2008

momento onde a nossa individualidade era posta nos vários trabalhos sugeridos

pelos professores de Educação Artística.

Nesse sentido, numa perspectiva mais progressista da educação, essas

atividades descritas são problematizadas e consideradas como atividades

tradicionais, e de acordo com nossa atual compreensão elas realmente trazem essa

perspectiva, ainda assim nos sentíamos bem com elas, por que pintávamos,

colávamos, desenhávamos.

A questão que se coloca não é a negação dessas atividades, a arte-

educação que gostaríamos de dialogar, inspirada principalmente em Mae Barbosa e

Duarte Jr. refere-se a uma arte que contribua com o desenvolvimento do educando,

onde o mesmo possa com a ajuda do professor construir os seus próprios caminhos

de conhecimento de uma forma crítica e reflexiva. A autora Barbosa, por exemplo,

nos sugere uma proposta triangular que auxilia o aluno no que se refere a conhecer

uma obra, contextualizá-la e produzir a sua própria obra, por outro lado temos o

autor Duarte Jr. (2005, p.103) que nos diz que por meio da arte somos capazes de

conhecer experiências vividas que vão além da linguagem. Portanto a arte e o seu

ensino têm muito a enriquecer no que se refere ao desenvolvimento do ser humano.

Outra forma de descrever, perceber as aulas de arte-educação foi olhar a

nossa práxis, nossa prática docente. Trabalhar com arte foi reviver os momentos

prazerosos que havia vivido na época de escola, só que agora com a

responsabilidade de estar à frente da turma, ou seja, de sofrer todo o desconforto

em ter a diretora a observar a “bagunça” da classe e ter os horários “roubados” para

reuniões e atividades consideradas mais importantes para a escola.

No processo de nossa formação, ensino superior, mesmo com um currículo

contendo poucas disciplinas envolvendo arte, mais uma vez obteve a oportunidade

de estudá-la, só que agora de uma forma mais intensa e científica. Conhecer as

possibilidades que o ensino de arte pode proporcionar ao ser humano e o

movimento da arte-educação iniciado na década de 70 despertou em mim a

possibilidade em tornar-me uma arte-educadora.

40

Page 42: Monografia Eneadra Pedagogia 2008

Esta pesquisa esta baseada em experiências vividas e observações de

como ocorrem as aulas de arte na escola compreendendo as como fenômenos

complexos e dinâmicos o que nos fez optar por apresentar uma perspectiva

epistemológica inspirada na fenomenologia, já que segundo Mansini (1991, p.63):

A pesquisa fenomenológica, portanto, parte da compreensão de nosso viver - não de definições de conceitos – da compreensão que orienta a atenção para aquilo que se vai investigar. Ao percebermos novas características do fenômeno, ou ao encontrarmos no ouro interpretações, ou compreensões diferentes, surge para nós uma nova interpretação que levará a outra compreensão.

A pesquisa fenomenológica se origina a partir da vivência dos indivíduos onde

no decorrer da mesma (pesquisa) serão percebidas questões que nos levará a

diversas compreensões e interpretações (MANSINI, 1991).

Este trabalho caracterizou-se como uma pesquisa qualitativa por ter buscado

uma descrição do fenômeno a partir da escuta da nossa fala, fazendo a memória de

nossa experiência como discente e das fala dos adolescentes entrevistados que

através dos instrumentos de pesquisa, a entrevista estruturada e o questionário, foi

possível descrever como acontecem as aulas de Educação Artística. Para que isso,

o pesquisador foi a campo colher o esses referidos dados e priorizou no processo

desta coleta a visão dos sujeitos entrevistados, portanto temos uma qualitativa em

que nos aventuramos a fazer um ensaio etnográfico, quando nos propomos a

descrever esse fenômeno no caso da nossa pesquisa, aulas de Educação Artística.

Segundo André (2005) para se realizar uma pesquisa com técnica etnográfica

deve haver uma interação entre pesquisador e o objeto da pesquisa, valorizando

mais o processo do que os resultados finais é essa pesquisa buscou realizar um

ensaio deste tipo de técnica.

E assim a presente pesquisa visou oferecer a importância devida ao problema

pesquisado que partiu de vivências pessoais primeiramente, passando pelo dialogo

com teóricos que nos auxiliaram a compreender melhor o tema e que através dos

instrumentos e técnicas de pesquisa pudemos ir a campo investigar os sujeitos e ter

conhecimento das suas falas, para só então confrontá-las com os conhecimentos

41

Page 43: Monografia Eneadra Pedagogia 2008

fornecidos pelos teóricos que vieram a contribuir para uma resposta satisfatória a

problematização.

3.1 LÓCUS DA PESQUISA

O Colégio Estadual Teixeira de Freitas é uma instituição escolar pública que

oferece a Educação Básica (Ensino Fundamental I, II e o EJA) nos turnos Matutino,

Vespertino e Noturno.

A escola em questão localiza-se na zona urbana da cidade de Senhor do

Bonfim–Bahia e atualmente e mantida pelo Governo do Estado da Bahia e possui

em sua estrutura física com: 5 (cinco) banheiros,1(uma) cozinha,11(onze) salas de

aula,1 (uma )sala de Ciências,1(uma ) sala de Matemática,1(uma) sala de

Vídeo,1(uma) biblioteca,1(uma)sala de coordenação,1(uma) secretaria,1(uma)sala

de direção , 1(uma )quadra e 1 ( um) auditório .

O quadro de funcionários é composto por: 2 (duas) coordenadoras, 1 (uma)

diretora, 2(duas) vice-diretoras, 1(uma) secretária, 8(oito) assistentes administrativas

e 8 pessoas no apoio distribuídas nos serviços de merendeira e auxiliar de serviços

gerais para atender ao número de 1.134 alunos.

A escolha do lócus de pesquisa se deu pelo fato de ser um Colégio onde

estudei e obtive minhas primeiras impressões sobre arte nas aulas de Educação

Artística, voltar foi reviver de certa maneira minha infância e adolescência. A visão

dos corredores, do pátio, das salas foi evocado na minha mente como se tudo

acontece a minha frente, os lugares, conversas, as trocas de materiais de arte nas

aulas de pinturas, os jograis e recitações de poesias nos dias das mães, as

apresentações com danças de quadrilhas nas festas juninas e os corais na festas

natalinas, experiências como essas tornaram-se inesquecíveis e revivê-las foi

inexplicável.

42

Page 44: Monografia Eneadra Pedagogia 2008

3.2 SUJEITOS ENTREVISTADOS DA PESQUISA

Os sujeitos da pesquisa foram educandos do Colégio Estadual Teixeira de

Freitas pertencentes a duas turmas de 8º séries, série escolhida devido já terem

passado pelas aulas de arte no Ensino Fundamental I bem como pelas aulas de

arte, de quinta a sétima séries, experiências com o ensino de arte. Os entrevistados

são todos adolescentes com idades compreendidas entre 13 e 18 anos que residem

tanto em bairros na cidade de Senhor do Bonfim como: Pêra, Bosque e Gambôa

quanto em distritos com: Umburanas e Tanquinho.

Junto com esses sujeitos nos propomos a descrever o acontecer das aulas de

Educação Artística. Ver estes educandos em sala de aula desenvolvendo trabalhos

artísticos, foi como me ver há anos atrás executando atividades bem parecidas em

aulas com muito barulho, lápis de cores passando entre os colegas, todos colocando

em formas e cores a sua singularidades nestes trabalhos, ouvir estes alunos e como

se estivesse tentando descobrir se as emoções que sentia são parecidas com que

esses alunos sentem.

3.3 INSTRUMENTO DA PESQUISA

Para a coleta e análise dos dados optamos pela entrevista estruturada e o

questionário. A entrevista estruturada de acordo com BARROS; LEHFELD (2000,

p.91) é uma entrevista que contém questões que são previamente formuladas pelo

entrevistador, um roteiro prévio, sem possibilidade de alterar qualquer questão.

Uma etapa foi importante, pois antecedeu a entrega dos questionários, uma

entrevista estruturada informal que foi realizada com os educandos de uma maneira

que suas dúvidas fossem esclarecidas sobre o porquê de se responder aquelas

questões e como elas seriam utilizadas. Essa aproximação foi importante no sentido

de buscar um caminho que os deixasse mais à vontade. Capitar as primeiras

impressões sobre a turma foi de extrema importância, já que algumas falas

43

Page 45: Monografia Eneadra Pedagogia 2008

encontradas na entrevista foram reafirmadas nos questionários favorecendo assim

os resultados finais desta pesquisa.

O questionário escolhido consiste no semi-aberto, ou seja, a combinação de

questões abertas e fechadas que foi dividido em dois momentos: no primeiro

momento o entrevistado respondeu questões fechadas que segundo BARROS;

LEHFELD (2000, p.90) “são aquelas que questões que apresentam categorias de

alternativas de respostas fixas” que nos ajudou a estabelecer um perfil do

entrevistado (a) e no segundo momento foram respondidas as questões abertas que

ainda de acordo com BARROS; LEHFELD (2000, p.90) “são aquelas que levam o

informante a responder livremente com frases o orações”, questões estas que nos

auxiliaram a conhecer o discurso dos mesmos resultando em um questionário com

10(dez) questões.

Segundo Fachin (1993, p. 121):

O questionário consiste num elenco de questões que são apreciadas e submetidas a certo número de pessoas com o intuito de obter respostas para a coleta de informações. E para que a coleta de informações seja significativas, cabe verificar os meios de como, quando e onde obter as informações.

O questionário foi um instrumento importante por facilitar, caracterizar e obter

as respostas necessárias à pesquisa com maior precisão dos fatos e por sua rápida

e objetiva prática de aplicação. No nosso caso específico os adolescentes foram

solicitados a falar sobre as aulas de arte, como acontecem e qual a importância. O

que possibilitou descrevê-las e refletir acerca dessas experiências.

44

Page 46: Monografia Eneadra Pedagogia 2008

CAPÍTULO IV

ANALISANDO E INTERPRETANDO DADOS

No presente capítulo foram analisados e interpretados os dados colhidos a

partir dos instrumentos de pesquisa, a entrevista estruturada e o questionário, que

foi devidamente respondido pelos alunos entrevistados.

Uma conversa antes da entrega do questionário foi fundamental para que os

mesmos se sentissem mais seguros para responder o questionário, primeiramente

me identifiquei pelo nome e falei que era uma antiga aluna do colégio esclareci

sobre o que estava fazendo no Colégio, em que eles poderiam me ajudar e

oralmente citei algumas questões para que também oralmente eles tentassem me

responder, algumas perguntas foram feitas sobre o que deveriam fazer e quando

tudo foi esclarecido os questionários foram entregues, as possíveis dúvidas que

surgiram no decorrer do mesmo foram sendo respondidas.

Foi proposto pela direção que os alunos respondessem os questionários nos

dias das aulas de Educação Artística, por se tratar de duas turmas de 8ª séries os

mesmos foram respondidos em dias diferentes. A primeira turma recebeu o

questionário dia 10 de abril de 2008 e a segunda dia 13 de abril de 2008, em uma

sala foram recolhidos 26 questionários e em outra 30, somando um total de 56

questionários respondidos.

Das questões fechadas todos os questionários foram considerados, mas no

que se refere às questões abertas, foram selecionadas 28%, ou seja, 16

questionários por acreditar que um número superior a este as respostas repetem-se.

Quando analisadas as questões foram utilizadas de acordo com cada

categoria criada, portanto não segue a seqüência em que foram perguntadas aos

estudantes.

45

Page 47: Monografia Eneadra Pedagogia 2008

4.1. PERFIL DOS ESTUDANTES PESQUISADOS

Por se tratar de um trabalho que objetivou identificar a concepção e a

importância que as aulas de arte têm para educandos do Colégio Estadual Teixeira

de Freitas, primeiro compreendeu-se que deveria se identificar este aluno pela sua

faixa etária e gênero, com base nas informações constatamos que esta pesquisa

obteve a contribuição de adolescente e em sua maioria mulheres, conforme os

dados que veremos a seguir:

4.1.1. Faixa Etária

De acordo com os dados fornecidos 75% dos sujeitos pesquisados estão em

uma faixa etária compreendida entre 13 e 15 anos e 25% das turmas estão em uma

faixa etária compreendida entre 16 e 18 anos.

GRÁFICO 1

FAIXA ETÁRIA

4.1.2 Gênero

O que nos foi fornecido através dos questionários é que dos estudantes

questionados 51,8% são do gênero feminino e 48,2% são do gênero masculino.

46

Entre 13 e 15anos

Entre 16 e 18anos

Page 48: Monografia Eneadra Pedagogia 2008

GRÁFICO 2

GÊNERO

4.2. A arte na sala de aula: O que a escola tem ensinado.

Ao longo deste trabalho interagimos com teóricos sobre a arte e seu ensino

no sistema educacional e para melhor compreendermos como ele vem acontecendo

na escola o questionário que levamos a campo foi um instrumento de extrema

importância para interagirmos com os sujeitos em foco (educandos) e assim

alcançar os objetivos traçados.

As frases que veremos a seguir são respostas dos sujeitos pesquisados em

relação ao que o aluno tem aprendido na escola como conteúdo:

Pinto, recorto, colos-desenho etc. (AL2)3.

Desenho, aprendemos sobre os pintores famosos, e também aprendemos um pouco

sobre arte (AL 3).

3 Visando manutenção do anonimato dos entrevistados atribuímos um código (AL) acrescido de

algarismos arábicos (1, 2, 3, 4..).

47

Gênero

Feminino

Masculino

Page 49: Monografia Eneadra Pedagogia 2008

Faço os trabalhos que a professora passa. Faço as atividades e quando tem alguma

data especial fazemos as atividades em relação. Ex: o dia das mães. (AL11)

Desenha, pintar escrever (AL13).

Quando questionados sobre o que fazem e que atividades são desenvolvidas

em sala de aula as respostas dos entrevistados são bem parecidos com o modelo

de ensino de arte que vimos acontecer a tempos atrás, atividades de cópias, recorte,

colagem e desenhos ainda são desenvolvidos em sala. Pintores famosos também

são vistos, mas de uma forma mecânica e sem reflexão, prática distante da proposta

triangular de Ana Mae Barbosa que visa o ver, contextualizar e fazer (produzir) uma

obra de arte.

De acordo com Leão e ensino de arte deve estar em consonância com a

atualidade, na sala o aluno deve ser também um construtor de sua aprendizagem, o

mesmo não deve ficar apenas a disposição dos conhecimentos transmitidos pelo

professor se limitado a atividades de cópia seguindo um ensino tradicional. O

educando deve ser visto com um sujeito ativo na sua educação e não como um

objeto a ser moldado pelo professor, conforme nos diz Leão:

O ensino da arte deve estar em consonância com a contemporaneidade. A sala de aula deve ser um espelho do atelier ou um laboratório do cientista. Neles são desenvolvidas pesquisas, técnicas são criadas e recriadas, e o processo criador toma forma de uma maneira viva, dinâmica. A pesquisa e a construção do conhecimento é um valor tanto para o educador quanto para o educando, rompendo com a relação sujeito/objeto do ensino tradicional. Este processo poderá ser desafiador. Delimita-se o ponto de partida e de chegada será resultante da experimentação. Dessa forma, o ensino de arte estará intimamente ligado ao interesse de quem aprende. (acessado em 2008, p.01).

Encontramos também na fala dos entrevistados a prática das lembrancinhas

para datas comemorativas como o dia das mães, citado pelo AL 11, essa prática tem

se caracterizado por atividades subordinadas a temas convencionais e símbolos

culturais de uma matriz e a símbolos comerciais (Barbosa, 2005) uma prática que

serve a um sistema capitalista que visa formar pessoas que sirvam aos interesses

de consumo desse sistema.

48

Page 50: Monografia Eneadra Pedagogia 2008

Através de respostas dos entrevistados percebe-se claramente que a

instituição escolar parou no tempo, os professores mudaram, os alunos mudaram,

mas os conteúdos continuaram os mesmos, podem até serem aplicados de forma

diferente, porém os mesmos.

4.3. A concepção dos educandos sobre o ensino de arte

É interessante destacar que em nosso trabalho propomos uma revisão com

relação aos procedimentos de como vem acontecendo as aulas de arte, nossa

fundamentação busca alicerce nas contribuições de Barbosa, Duarte Jr., Assis entre

outros. Esses autores problematizam o ensino de arte descontextualizando. Mesmo

diante dessas problematizações percebemos através do discurso dos discentes

pesquisados que as aulas de arte são consideradas momentos em que os mesmos

sentem-se “livres” para expressarem os seus sentimentos em momento de prazer

mesmo nesse formato de colagem, pintura, desenhos, descontextualizadas e

controladas pelo professor. Vejamos como eles demonstram através das frases

selecionadas abaixo nos dizem quando perguntamos sobre se gostavam das aulas

de arte.

Por que desinvolve mas a nossa vontade de desenhar. (AL 1).

Por que é um momento que se espresa as sentimentos. (AL2).

Aprendi que a arte me faz bem e quero investir nela. (AL5)

Porquê nos ensina a sentir praser na arte e é um bom passatempo e pode ser muito ultio no futuro.(AL 6)

Porque é muito legal aprender a desenhar e as formas geométricas. (AL 7)

A arte mesmo ensinada de forma mecânica consegue despertar nos

educandos sensações e emoções. Ficou claro na fala dos alunos que os mesmos

compreendem o ensino de arte como sendo aulas desenhos, mais que ainda assim

o prazer pode estar presente. O aluno 6, por exemplo, consegue enxergar na arte

alguma utilidade para o futuro, mas com a função de simples um bom passatempo.

49

Page 51: Monografia Eneadra Pedagogia 2008

Ver o aluno como um banco para depósito de informações é uma prática

ainda bastante comum nas escolas públicas, o aluno (a) 16 deixa transparecer que

esta prática tem funcionado quando diz:

Eu gosto das aulas de arte porque tem silêncio e a professora é boa. (AL 16)

De acordo com Duarte Jr. (2006, p.165).

Decorrentes de nossa sociedade industrial, as condições de mercado influenciam o tipo de educação a que estamos submetidos, a qual contribui, sem contestação, para a formação desse tipo de pessoa que, compartimentada, movimenta-se entre uma vida profissional e um cotidiano sensível, cotidiano para o qual parece não possuir o menor treinamento com base no desenvolvimento e refinamento de sua sensibilidade.

Em sua fala o aluno (a) entende a aula de arte como sendo uma aula em que

o silêncio deve ser essencial, uma fala de conformismo. Somos treinados em nossas

escolas para servir a este sistema capitalista, portanto as emoções, as

sensibilidades que deveria ser trabalhadas nas aulas de arte não o são.

Outra fala que analisada é a do aluno (a)10 quando diz:

Desenhar, porque. Eu não sabia desenhar mas agora. Eu sei e Sai bonito. (AL 10).

Alguns educandos também entendem o ensino de arte como uma prática

apenas de desenho como o AL10. As atividades de desenho geralmente são

desenvolvidas em sala de aula por serem mais práticas, o professor entrega o papel

oficio ao aluno e deixa que o mesmo desenho livremente sentado em sua carteira,

os alunos executam a sua atividade as vezes sem um motivo aparente.

Como o aluno pode desenvolver a sua criatividade, a percepção de si mesmo e do

mundo ao seu redor através de atividades simplistas como estas?

Segundo Duarte Jr. (2006, p.185)

(...) o indivíduo criativo não é aquele que simplesmente resolve uma questão em geral proposta por outrem, mas sim aquele dotado de acuidade e da sensibilidade para descobrir um problema uma inadequação, um mau funcionamento, uma possibilidade de melhoria ali onde todos os outros não vêem qualquer dificuldade.

50

Page 52: Monografia Eneadra Pedagogia 2008

O que percebemos diante dessas questões, que inclusive nos parece

paradoxais, é “que a arte é um campo indispensável à formação humana”, de acordo

com Farias (1999, p.70) a arte-educação promove no ser humano um

desenvolvimento no campo do nível físico, emocional, mental e espiritual, ainda

segundo Farias (1999, p.71):

Desenvolvendo-se nos quatro níveis de maneira articulada, buscando competências de ponta e dando um tratamento integrador aos conhecimentos construídos, o sujeito vai definindo e aperfeiçoando sua relação com o todo. (...) Em sintonia com seu tempo, apontando alternativas que engrandecem seu ser, o sujeito se faz na história, como agente e assim, educa-se e torna-se feliz.

4.4. A significação do ensino de arte para os entrevistados

Quando os entrevistados foram questionados sobre se o Ensino Fundamental

II foi todo realizado na Escola em questão obtivemos uma porcentagem de 27% dos

educandos fizeram todo o ensino fundamental II na escola pesquisada e 21% vieram

de colégios como: Rômulo Galvão, Cazuza Torres, Júlio César, Colégio Estadual de

Senhor do Bonfim.

Este questionamento foi importante para sabermos como o ensino de arte

vem marcando e contribuindo com a vida dos entrevistados durante os quase quatro

anos de Ensino Fundamental II, perguntou-se ao estudante que atividade o havia

marcado ou que se o mesmo lembrava-se das séries anteriores nas aulas de arte e

obtivemos as seguintes respostas:

Foi, por exemplo, colar figuras e charges, cartazes, desenhar etc... (AL 4)

não. (AL 7)

Desenhar. (AL 8 )

Não por que eu não lembro. ( AL 14)

51

Page 53: Monografia Eneadra Pedagogia 2008

fazer bonequinhos nas pedrinhas e fazer bonecos de palitos de picolé e fruteiras de palitos. (AL 15).

Observa-se que os alunos vindos de outras escolas, os alunos tiveram

experiências semelhantes com relação à Educação Artística. As atividades se

repetem desenho, recorte, colagem. O que chama atenção também são os alunos 7

e 14 que não lembram nenhuma atividade que tenha marcado, ou seja, mesmo

estudando durante quase quatro anos, a disciplina Educação Artística, participou de

nenhuma experiência significativa a partir dessa área do conhecimento, que é tão

importante quanto às demais.

4.5. A formação do professor

Quando perguntados sobre se o professor de arte trabalha com outras

disciplinas foi detectado que o professor além da disciplina de Arte este professor

ensina Geografia. O que isso pode significar? O professor de arte como vem

acontecendo nas escolas geralmente é um professor que ensina outra disciplina e

que frequentemente é incumbido da tarefa por precisar completar a sua carga

horária.

Portanto contamos com professores despreparados, ensinado arte

”empurrado” por um sistema escolar e uma lei que inclui a arte no Ensino Básico,

mais que coloca todo e qualquer profissional para assumi - lá, não cuidando da

formação do professores a partir de uma política educacional que inclua e

compreenda a arte com um campo importante na formação do ser humano o

resultado desta ação são as constantes repetições de anos e anos de desenho,

recorte e colagem vistos em sala de aula aplicados por professores que passam

pela área de arte sem conhecimento algum ou com os conhecimentos que

adquiridos na época em que estudou de acordo com FUSARI E FERRAZ

(2000,p.69) “para desenvolver um bom trabalho de arte o professor precisa descobrir

quais são os interesses, vivências, linguagens, modos de conhecimento de arte e

práticas de vida de seus alunos” e atividades como estas só serão possíveis com

um professor que esteja realmente capacitado na área.

52

Page 54: Monografia Eneadra Pedagogia 2008

Está na hora das universidades que trabalham com formação de professores

investirem na implantação de cursos de licenciatura em arte e arte-educação.

53

Page 55: Monografia Eneadra Pedagogia 2008

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esta pesquisa monográfica realizada com educandos do Colégio Estadual

Teixeira de Freitas localizado na cidade Senhor do Bonfim – Bahia objetivou

perceber a concepção que os estudantes desta instituição têm sobre o ensino de

arte e identificar a importância da mesma (arte) para estes.

Conforme os dados fornecidos pelos entrevistados, constatamos que tudo na

sociedade mudou, até na escola, de certa forma encontramos mudanças, mas no

que se refere ao ensino da arte a mesma continua sendo ensinada numa

perspectiva tradicional e ultrapassada. O que encontramos em sala de aula foram

velhas atividades de cópias, recorte, colagem e desenho, não estou afirmando que

atividades como estas não possam fazer parte do ensino de arte desde que com

objetivos traçados e uma metodologia adequada aplicados por profissionais que

tenham conhecimento da área, destacando também a importância do ensino de arte

e a continuidade de estudos que apontam possibilidades relativas para este ensino.

Depois de dialogarmos com tantos teóricos, percebemos que as aulas de arte

não se restringem apenas ao campo do recortar, colar, desenhar, e escrever que

mesmo com o movimento da década de 70 no que se refere ao ensino de arte a

escola aparenta ter parado no tempo.

Ao nos reportar ao capítulo II deste trabalho monográfico encontraremos os

autores com quais dialogamos, falarem sobre arte-educação. O autor Duarte Jr.

(2004) nos diz que “arte-educação não significa o treino para alguém se tornar um

artista, mais sim um processo formativo do ser humano”, um processo no qual o

indivíduo esta se desenvolvendo e se formando, Freitas (2006, p.1) nos diz que o

aluno é “um ser dotado de subjetividade, que não pode ser ignorado” e Barbosa

disponibiliza a proposta triangular para ser aplicada em sala de aula de uma maneira

prazerosa e eficaz. Trabalhos produzidos na área de arte-educação ainda são

pouquíssimos mais o pouco que temos não está sendo utilizado em sala de aula por

profissionais responsáveis pela disciplina.

54

Page 56: Monografia Eneadra Pedagogia 2008

Comprovamos que a arte mesmo sendo ensinada de forma limitada ainda e

muitas vezes contraria aos discursos dos arte-educadores, consegue despertar nos

educandos sentimentos de liberdade e de prazer e que pelo menos em um destes

alunos a arte é vista com alguma utilidade para o seu futuro, mesmo que este não

consiga identificar inicialmente qual é, que para os entrevistados estas são aulas

prazerosa, que os fazem se desprender de aulas sérias e chatas.

Encontramos também a grande valorização de valores estéticos impostos

pelo professor de arte, desvalorizando o que foi produzido pelo aluno. Ao desenhar,

pintar, colar ou recortar o aluno esta empregando a sua subjetividade, às vezes

sentimentos íntimos e pessoais são expressos através dos seus trabalhos e o

professor por falta de conhecimento na área não consegue perceber a dimensão do

que foi expresso.

No que se refere às atividades, por serem as mesmas, ao longo de muitos

anos, acabam que se tornando um processo repetitivo, resultando no desinteresse

dos alunos com a relação às aulas, e as atividades tornam-se práticas de

passatempo, atividades sem muita importância, chegando ao ponto do aluno não

conseguir lembrar de atividade interessante ou uma atividade que tenha marcado ao

longo de quase quatro anos, período que corresponde a todo o Ensino Fundamental

II. Esses dados devem servir como um sinal de alerta a todos que se interessam

pelo tema. Como estudar uma disciplina que os educandos julgam prazerosa e não

conseguir lembrar de uma atividade sequer? Talvez este seja tema para um outro

trabalho, mais o que poderia esta acontecendo?

As aulas de arte para os educandos são aulas que trabalham com o

desenvolvimento do sentimento, da fruição, trabalha com as emoções, no entanto

mesmo presente na sociedade a arte e o seu ensino não são valorizados como se

deveria e são visto até com certo preconceito. De acordo com Barbosa (1998, p.14)

para que os preconceitos em relação arte sejam desmistificados seria necessário

discutirmos “a função da arte em diferentes culturas, o papel do artista em diferentes

culturas e o papel de quem decide o que é arte e o que é arte da boa qualidade em

diferentes culturas”.

55

Page 57: Monografia Eneadra Pedagogia 2008

Ao final deste trabalho acredito ter conseguido alcançar os objetivos assim

como ter reunido algumas questões, que possam contribuir com o trabalho de

futuros pesquisadores acadêmicos, assim como trazer provocações, sobre o ensino

da arte no espaço escolar, pretendendo interagir com educação. Aqui fica uma

proposta de mudança às Secretarias de Educação Estadual e Municipal, mas em

especial aos professores que com o seu poder transformador podem realmente

através de muito estudo e dedicação mudar a realidade atual da arte-educação.

56

Page 58: Monografia Eneadra Pedagogia 2008

REFERÊNCIAS

ANDRE, Marli Eliza D. A. de. Etnografia da Prática Escolar. 12ª ed. São Paulo:

Papirus, 2005.

BARBOSA, Ana Mae. Arte-Educação na Cultura Brasileira. Recife. CEPE, 1998.

________________.Tópicos Utópicos: A multiculturalidade e os parâmetros

curriculares nacionais de 97/98. Belo Horizonte. C/Arte, 1998.

________________.A Arte–Educação no Brasil. 5ª ed. São Paulo: Perspectiva,

2005.

_________________.A multiculturalidade na Educação Estética. Disponível em

http: www.tvebrasil.com.br/salto/boletins2002/mee/meetext.htm. Acessado em 19 de

agosto de 2005.

_________________. Arte-Educação no Brasil: realidade hoje e expectativas

futuras. Tradução Sofia Fan. Disponível em: <http: www.scielo.br/scielo.php?

pid=so103-4014199890003000108script=sciarttext> Acesso em 14 de mar. de 2007.

BARROS, Aidil Jesus da Silveira. LEHFELD, Neide Aparecida de Souza.

Fundamentos de Metodologia Cientifica. Um guia para a iniciação cientifíca. 2ª

ed. São Paulo: Markron Books, 2000.

BIASOLI, Carmen Lúcia Abadie. A formação do professor de Arte. Do ensaio... a

encenação. 2 ª ed. São Paulo: Papirus. 2004.

BRANDÃO, Carlos Rodrigues. Livro Casa de Escola: cultura camponesa e

educação rural. 2 ª ed. Campinas: Papirus, 1984.

57

Page 59: Monografia Eneadra Pedagogia 2008

BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O que é educação. 41º ed São Paulo: Brasiliense,

2002.

COSTA, Cristina. Questões de Arte. O belo, a percepção estética e o fazer

artístico. 2 ª ed. São Paulo: Moderna, 2004.

DEHEINZELIN, Monique. Uma proposta curricular de educação infantil: a fome

com a vontade de comer. Salvador: Secretaria de Educação e Cultura do Estado

da Bahia, 1993.

DUARTE JÚNIOR, João Francisco. O sentido dos Sentidos a educação (do)

sensível. 4ª ed. Paraná: Criar, 2006.

________________, João Francisco. Por que Arte-Educação? 15 ª ed. São Paulo:

Papirus, 2004.

________________, João Francisco. Fundamentos estéticos da educação. 8ª ed.

São Paulo: Papirus, 2005.

FACHIN, Odelia. Fundamentos de Metodologia. São Paulo: Atlas. 1993.

FARIAS, Sérgio Coelho Borges. A arte e o domínio afetivo na educação. In: Coletânea PPGE/Programa de Pós-Graduação em Educação. v 1, n.1 – Salvador: Universidade Federal da Bahia. Faculdade de Educação. Programa de Educação em Pós-graduação, 1999.

FAZENDA, Ivani (org). MANSINI, Elicie F. Salzano. Metodologia da Pesquisa

Educacional. 2ª ed. São Paulo: Cortez, 1991.

FISCHER, Ernest. A necessidade da Arte. 9 ª ed. Guanabara Koogon. Afiliada

Tradução Leandro Konder, 1987.

FREITAS, Joselaine Borgo Fernandes de. Arte é conhecimento, é construção, é

expressão. Disponível em: http: www.revista. art. br. Acesso em: 09 de janeiro de

2006.

58

Page 60: Monografia Eneadra Pedagogia 2008

FUSARI, Maria F. de Rezende. FERRAZ, Maria Heloísa C. de T. Arte na Educação

Escolar. São Paulo: Cortez, 2000.

JANSON, H. W. JANSON, Antony. F. Iniciação à História da Arte. Tradução

Jefferson Luiz Camargo. 2 ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 1996.

LAKATOS, Eva Maria. MARCONI, Maria de Andrade. Técnica de Pesquisa:

planejamento e execução de pesquisas, amostragens e técnicas de pesquisa,

elaboração, análise e interpretação de dados. 3 ª ed. São Paulo: Atlas. 1990.

LARROSA, Jorge. Notas sobre a experiência e o saber de experiência. Palestra

proferida no 13º COLE-Congresso de Leitura do Brasil, realizado na

UNICAMP,Campinas/São Paulo, no período de 17 a 30 de julho de 2001.Disponível

em: http:www.miniweb.com.br/atualidade/INFO/ textos /saber htm. Acesso em: 15 de

maio de 2008.

LEÃO, Raimundo Matos de. Apreciação da obra de arte: a proposta triangular.

Disponível em: http: < www.futuroeducacao.org. br/apreciacaodeobradearte>.Acesso

em : 02 de maio de 2008.

LEÃO, Raimundo. A Arte no Espaço Educativo. Disponível em: http://

<www.caracol.imaginario.com/paragrafo aberto/rmlarteduca.html>. Acesso em: 02

de maio de 2008.

LOWENFELD, V.BRITTAIN, W. L. Desenvolvimento da Capacidade Criadora. São

Paulo. Mestre Jou, 1989.

LÜDKE, Menga. ANDRE, Marli E. D. A. A pesquisa em educação: abordagens

qualitativas. 9ª ed. São Paulo: EPU, 1986.

ONG. ASSIS, Sônia. A Arte ampliando possibilidades. Educação e Participação.

2ª ed. São Paul: ITAU, UNICEF e CENPEC, 2001.

59

Page 61: Monografia Eneadra Pedagogia 2008

Parâmetros Curriculares Nacionais: arte (1ª a 4ª série)/Ministro da Educação:

Secretaria da Educação Fundamental. 3 ª ed. Brasília, 2001.

Parâmetros Curriculares Nacionais: arte (5ª a 8ª série)/Ministro da Educação:

Secretaria da Educação Fundamental. Brasília. 1998.

PEIXE, Rita Inês Petrykowski. Entrevista: Conversando com Ana Mae Barbosa.

Disponível em: hppt: www.cdr.unc.br/pg/revistavirtual/numerosete/entrevista.htm.

Acesso em : 02 de maio de 2008.

PORCHER, Louis. Educação Artística: Luxo ou necessidade? 5ª ed. São Paulo:

Summus, 1989.

SAUNDERS, Robert. Pernambuco. Secretaria de Educação. DSE/Departamento

de Cultura. Arte-Educação. Perspectivas-Recife: CEPE, 1998.

SILVA, Tomaz Tadeu da. Documentos de identidade. Uma Introdução às Teorias

do Currículo. Belo Horizonte. Autêntica, 2001.

STRAZZACAPPA, Márcia. A Educação e a fábrica de Corpos: a dança na escola.

Disponível em: http: www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=s0101-

326220010001000005&1.... Acesso em: 14 de março de 2007.

60

Page 62: Monografia Eneadra Pedagogia 2008

APÊNDICE

61

Page 63: Monografia Eneadra Pedagogia 2008

UNEB - Universidade do Estado da Bahia Campus VIIQuestionário Complementar do trabalho de Conclusão de CursoCurso de Pedagogia

Perfil do estudante da 8ª série (Ensino Fundamental II) do Colégio Estadual Teixeira de Freitas.

1.Faixa Etária :( )de 13 a 15 anos( ) de 17 a 19 anos( ) de 21 a 23 anos( ) de 23 a 25 anos

2. Gênero:

( ) masculino ( ) feminino

3.As séries anteriores foram realizadas neste colégio? Se a resposta for negativa, por favor, cite o nome da escola.

4.Você estuda arte aqui na escola? Quem é o professor?___________________________________________________________________

5.Seu professor de arte além dessa disciplina ,qual outra disciplina ele ensina?

___________________________________________________________________

7.Gosta das aulas de arte?Por quê?______________________________________________________________________________________________________________________________________

8.O que você tem aprendido nas aulas de arte?

______________________________________________________________________________________________________________________________________

9.Que atividades são realizadas nas aulas de arte?______________________________________________________________________________________________________________________________________

10.E nas séries anteriores a esta que está, você lembra de como foram as atividades? Poderia citar algumas ou uma atividade que mais lhe marcou?______________________________________________________________________________________________________________________________________

Muito obrigada pela sua contribuição!

62

Page 64: Monografia Eneadra Pedagogia 2008

GRÁFICO 1

FAIXA ETÁRIA

GRÁFICO 2

GÊNERO

63

25%

75%

48,2% 51,8%