Monografia emanuela silva, jogo simbólico
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VISÕES ACERCA DO JOGO SIMBÓLICO E SUA PRESENÇA NA PRÁTICA DE
UMA INSTITUIÇÃO DE EDUCAÇÃO INFANTIL
Emanuela Gonçalves da Silva Aluna do curso de Pedagogia do Instituto Superior de Educação Vera Cruz Maria Paula Zurawski Orientadora
RESUMO
O jogo simbólico é uma atividade essencial na vida da criança, pois no ato de brincar ela tem oportunidade de estabelecer diferentes vínculos entre as características do papel assumido, suas competências, as características de outros papéis e as relações com a realidade. Buscando na literatura pedagógica fundamentação para esta importância, encontram-se as visões, até certo ponto distintas, de dois autores: Fröebel e Vygotsky. Ambos acreditam que a brincadeira é uma atividade de extrema importância para as crianças em idade pré-escolar, mas enquanto Fröebel apresenta a brincadeira como a principal atividade da infância, exclusiva deste período e relacionada a um estado de ingenuidade e pureza, Vygotsky crê que a brincadeira seja um fator importante para o desenvolvimento porque, na idade pré-escolar, a criança é marcada por mudanças que provocam uma revolução que implica em alterações qualitativas em sua vida. Assim, para Vygotsky, brincar é mais do que uma atividade para ter prazer, é uma atividade em que a criança transporta para o seu mundo imaginário o que compreende do mundo real, buscando entendê-lo. Embora opostas, a visão de Fröebel sobre o jogo infantil, mais naturalista, e a de Vygotsky, mais sócio-histórica, podem fundamentar a prática de uma professora de crianças de 5 a 6 anos numa instituição de Educação Infantil.
Palavras-chave: Jogo simbólico. Fröebel. Vygotsky.
1 INTRODUÇÃO
Por que as crianças brincam? Por que elas ficam tão entretidas durante as brincadeiras?
Nós, professores, podemos encontrar alguma chave para a compreensão de como as crianças
pensam e se desenvolvem, observando as suas brincadeiras? Muitos estudiosos da infância se
fizeram essas perguntas, mas elas continuam sendo de grande interesse e nos intrigando.
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Para Fröebel, educador alemão do século XIX e criador dos jardins de infância, “a
brincadeira é a fase mais alta do desenvolvimento da criança, pois ela é a representação auto-
ativa – representação do interno da necessidade e do impulso interno” (FRÖEBEL apud
ARCE, 2004). O autor valoriza muito a brincadeira e a apresenta como uma atividade
exclusiva da infância, relacionada a um estado de ingenuidade e pureza.
Além de ver a brincadeira como algo de suma importância para a vida da criança,
Fröebel a associa a algo prazeroso. Para ele, “ao brincar a criança se sente feliz, encontra paz
e harmonia nessa atividade” (FRÖEBEL apud ARCE, 2004).
Anos depois, durante os primeiros anos pós-revolução russa, o psicólogo Lev
Semenovich Vygotsky pesquisou o papel da educação no desenvolvimento infantil. Nesse
sentido, afirma, de maneira oposta a Fröebel: “a criança não brinca para chegar a um resultado
que satisfaça alguma necessidade, uma vez que a brincadeira é uma das atividades humanas
que têm uma razão em si mesma” (VYGOTSKY, 1998, p.123). A brincadeira, para Vygotsky,
é uma atividade que envolve muito mais do que o prazer. Ao brincar, a criança transporta para
sua atividade o que compreende sobre a atividade do homem e suas relações sociais e de
trabalho.
Neste trabalho apresentarei uma pesquisa na qual analisarei uma série de situações
envolvendo crianças de seis anos no ato de brincar e entrevista com sua professora, buscando
compreender o que pensa sobre jogo simbólico. As análises serão feitas à luz das principais
idéias de Fröebel e Vygotsky em relação à brincadeira.
2 AS PRINCIPAIS IDÉIAS DE L. S. VYGOTSKY E FREDERIC FRÖEBEL EM
RELAÇÃO AO JOGO SIMBÓLICO
Antes de confrontar as idéias de Fröebel e Vygotsky, não podemos nos esquecer do
contexto social e cultural em que Fröebel viveu e seu pioneirismo, considerando que ele
formulou concepções em uma época em que a Psicologia ainda não havia surgido no campo
da ciência.
O foco central de comparação concentra-se nas distintas concepções dos dois autores a
respeito do jogo simbólico.
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A concepção de Fröebel é fundamentada na idéia de uma lei eterna e divina, que guia
o desenvolvimento de todos os seres na Terra. Para o autor, Deus é o principio de tudo e a
vida do homem deve buscar harmonia com a divindade e com todas as criações divinas.
Sendo assim, depois do homem perceber que há uma essência divina em cada coisa
que existe sobre a Terra, ele deve procurá-la no interior de si mesmo para então cultivá-la e
exteriorizá-la em suas criações. Desde a primeira infância, o homem deve estar em contato
com a divindade para obter harmonia com Deus e a natureza.
Em toda a obra A Educação do homem, citada por Arce (2004), perceberemos a
constante comparação do desenvolvimento da criança com uma semente: “a criança para
Fröebel é como uma semente a ser cultivada” (ARCE, 2004). Todo homem, após ser
cultivado como “semente”, deveria atingir seu autoconhecimento e a aceitação de seu lugar na
Terra. Para Fröebel, o principio a partir do qual todos os homens seriam iguais se encontrava na relação entre infância e natureza. Somente conhecendo as relações entre infância, natureza e Deus é que poderíamos presentear cada individuo com autoconhecimento e a aceitação do seu lugar aqui na em nossa sociedade (FRÖEBEL apud ARCE, 2004).
As idéias de Fröebel contribuíram significativamente para que o brincar passasse a ser
visto com seriedade, ganhando significação na sociedade e reconhecimento da importância
para o desenvolvimento infantil.
Além de valorizar a brincadeira como uma atividade de suma importância, Fröebel
também a associa ao prazer. O pensamento de Fröebel baseia-se numa concepção natural e
universal da infância, ou seja, na idéia de que este é um período pelo qual todas as crianças
passam, independentemente da época ou lugar em que nascem, das influências que recebem e
da cultura em que estão inseridas.
Para o autor, o brincar é a atividade principal desta faixa etária e forma privilegiada da
criança expressar seu mundo interior, de se conhecer e de se harmonizar com a tríade da
Unidade Vital – Homem, Deus e Natureza. A brincadeira, além de proporcionar que a criança
descubra a essência divina, também leva o adulto, que observa a criança brincando, a
descobrir como essa essência está inserida nos planos do Criador para os seres humanos.
No inicio do século XX, após a Revolução Russa, Lev Semenovich Vygotsky
pesquisou o desenvolvimento infantil e também a brincadeira e os brinquedos.
Ao contrário de Fröebel, que apresenta uma concepção natural e universal de infância,
Vygotsky via a infância e seu desenvolvimento fortemente ligados à educação, a sociedade e
ao momento histórico no qual a criança vive. Ou seja, mesmo crianças que vivem na mesma
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época histórica podem apresentar diferentes processos de desenvolvimento em conseqüência
das diferenças econômicas, históricas, sociais e culturais existentes em suas atividades.
Tanto para Fröebel como para Vygotsky, a brincadeira também é a atividade principal
das crianças em idade pré-escolar. Mas o autor tem uma visão totalmente diferente da
fröebeliana. A brincadeira somente se constitui como atividade principal porque essa idade é
marcada por uma mudança de fase que provoca uma revolução que implicaria alterações
qualitativas na vida da criança.
Segundo Vygotsky, A brincadeira é a atividade principal da infância porque cria uma zona de desenvolvimento proximal da criança, ou seja, no brinquedo a criança realiza ações que estão além do que sua idade lhe permite realizar, agindo no mundo que a rodeia tentando apreendê-lo (apud ARCE, 2004).
Quando a criança brinca, utiliza-se da imaginação para realizar operações que são
impossíveis de realizar sozinha, em razão de sua idade. A criança reproduz, ao brincar,
situações reais do mundo em que vive, mas para que essas situações possam ser vivenciadas,
utiliza-se das ações de caráter imaginário, entrando em cena o faz-de-conta. Para entender isto
melhor, pode-se dar o exemplo de quando a criança brinca de boneca. Ao brincar, a criança
repete situações ou acontecimentos presentes da vida adulta, como amamentar o bebê. Por
isso, o papel do brinquedo para Vygotsky, “é muito mais a lembrança de alguma coisa que
realmente ocorreu do que a imaginação” (apud ARCE, 2004). É por meio da brincadeira que
ela compreende coisas sobre o mundo que a cerca, sobre a atividade do homem e suas
relações sociais e de trabalho: Na brincadeira a criança cria uma ruptura entre a ação e o significado do brinquedo. No brinquedo, o pensamento encontra-se separado dos objetos e a ação da criança surge a partir das idéias e não das coisas. Um pedaço de madeira para a criança pode se tornar uma mamadeira ou um boneco, mas nem todos os objetos podem se transformar em qualquer outra coisa porque é extremamente difícil para a criança separar o pensamento do objeto. Aqui vale ressaltar que a criança não realiza essa ruptura antes de iniciar a brincadeira e nem depois de encerrá-la, essa ação ocorre somente durante a atividade. Antes ou depois da brincadeira, o objeto que ela havia nomeado como outra coisa tem a sua própria função e o que ela nomeou durante a brincadeira deixa de ser considerado após o término da atividade (VYGOTSKY,1998, p.128).
Por fim, para Vygotsky (1998, p. 133) “o brinquedo não é o aspecto predominante da
infância, mas é o fator primordial para o desenvolvimento da criança”. Apesar de a relação brinquedo – desenvolvimento poder ser comparada à relação instrução-desenvolvimento, o brinquedo fornece ampla estrutura básica para mudanças das necessidades e da consciência (VYGOTSKY, 1998. p.135).
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3 APRESENTAÇÃO DAS OBSERVAÇÕES REALIZADAS EM UMA INSTITUIÇÃO
DE EDUCAÇÃO INFANTIL NO MUNICÍPIO DE ITAPECERICA DA SERRA
As observações foram realizadas em uma creche situada no município de Itapecerica
da Serra, SP. Essa instituição atende crianças de 1 a 6 anos. Cada sala tem duas professoras e
aproximadamente 25 crianças.
É um local agradável. Possui um amplo jardim. Tem um parque com o chão coberto
de areia, escorregador, balanço e túnel. Possui também um salão com um palco para
apresentações das crianças e festas realizadas pela escola. As salas são pequenas, com vários
cartazes espalhados de maneira organizada pela sala, produções dos alunos e fotos dos
mesmos.
Como as crianças ficam na escola o dia todo, o horário é dividido em duas etapas. No
período da manhã, a educadora realiza as atividades pedagógicas, contemplando os eixos
Linguagem Oral e Escrita, Matemática, Natureza e Sociedade, Artes Visuais, Movimento e
Música. No período da tarde, a educadora contempla o brincar, programando sua rotina com
brincadeiras livres, brincadeiras de roda, brincadeiras dirigidas e faz-de-conta.
As observações foram realizadas com as crianças do 3º estágio – crianças de 5 e 6
anos. Em todas as observações, notei que o faz-de-conta é vivenciado entre as crianças. A
professora brinca com seus alunos e os alunos se expressam através das brincadeiras.
Relatarei a seguir três situações de faz-de-conta que observei nessa escola.
3.1 Primeira situação
A primeira situação observada foi relacionada ao faz-de-conta de médico. As crianças
estavam sentadas em roda e a professora iniciou uma conversa:
Professora: O que se encontra em um hospital?
Aluno 1: Cama, remédio, TV.
Aluno 2: Aquele negócio que faz assim.
Professora: Injeção? (o aluno sinaliza com a cabeça confirmando.)
Aluno 3: Soro, mala.
Professora: Mala? Mas quem usa mala?
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Aluno 3: O médico.
Professora: Então muito bem, agora nós vamos nos organizar para brincar. O que
precisamos fazer para transformar a sala em um hospital?
Aluno 4: Precisamos arrumar as camas.
Professora: Então eu vou escolher quem vai arrumar, está bem?
Alunos: Sim.
A professora solicitou a quatro crianças que arrumassem duas mesas e colocassem
dois colchonetes em cima das mesmas para servirem de maca. A outras quatro, que
arrumassem as cadeiras para ser o local de espera e, a uma outra, que colocasse uma cadeira
ao lado de cada maca para ser o local do acompanhante.
Após a arrumação da sala, a professora conversou com os alunos, explicando que,
como a turma é grande, eles teriam que se dividir para que todos pudessem brincar; portanto,
alguns seriam médicos, outros, os pacientes e haveria, ainda, uma atendente. Ela perguntou
quem gostaria de ser o médico e, rapidamente, quase todos os alunos levantaram a mão. Então
a professora elegeu oito crianças para serem os médicos e uma para ser a atendente.
Depois da escolha dos papéis, iniciou-se a brincadeira. Enquanto os médicos se
posicionavam em suas macas com suas injeções e remédios, a atendente chamava a primeira
paciente.
Atendente: O que você tem?
Paciente: Estou com dor aqui – aponta para a garganta.
Atendente: Você vai para a sala da Nathalia. Você vai tomar uma picadinha (risos).
A paciente se encaminhou para a maca e a “médica” começou a examiná-la.
Médica: Abre a boca - ela colocou um palito de sorvete na boca da paciente - Você vai
ter que tomar esse remédio aqui de quatro em quatro horas.
Enquanto a “médica” Nathalia terminava de examinar a paciente, a “médica” Nicolly
atendia uma menina que chegou falando:
Paciente: Estou grávida e estou passando mal.
Depois, ela fingiu desmaiar e a acompanhante a colocou em cima da maca.
Médica: Seu filho está nascendo, aperta, aperta.
Paciente: Ai, ai, ai. Vai nascer.
A médica fingiu segurar uma criança.
Médica: Seu filho nasceu, toma. É um menino.
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Todas as crianças que eram pacientes passaram no hospital e receberam seus
remédios. A maioria delas contou que estava com dor na garganta e tomou injeção. Algumas
crianças, enquanto aguardavam serem chamadas, ficaram brincando nas cadeiras. Eles
começaram a cantar e ficaram conversando.
Passado um tempo, a professora sugeriu que mudassem os personagens, ou seja, quem
era médico, passou a ser paciente, e vice-versa. Os alunos concordaram e trocaram
rapidamente.
A atendente chamou o primeiro paciente, que era a professora. Ela foi encaminhada a
passar com o médico João Vitor.
O médico, ao examinar a professora, começa a dizer:
Médico: Quantos dedos têm aqui?
Paciente: Cinco.
Médico: Vamos ter que tirar um raio-x.
Paciente: Está bem.
Médico: Ai, seu raio-x está muito mal.
Acompanhante: Doutor, qual é o estado dele?
Médico: Ele vai ter que ficar internado por três dias, o pulmão dele não está nada bem.
E ele terá que tomar todos esses remédios aqui, antes de dormir e quando acordar.
Enquanto a professora estava sendo examinada, alguns alunos começaram a dispersar
e brincar de outras coisas. A segunda brincadeira foi de guerra, mas a professora percebeu
rapidamente que a brincadeira estava seguindo outro rumo e resolveu interromper, pedindo
para que todos sentassem em roda e, em seguida, pedindo para que todos organizassem essa
sala.
3.1.1 Análise da primeira situação
Pelo início da conversa entre os alunos e a professora, percebe-se que as crianças já
conhecem as coisas mais importantes que há dentro de um hospital, porque falam dos objetos
que vêem em todos hospitais que já freqüentaram, como cama, remédio, televisão, injeção,
soro e a mala do médico. Também sabem como funciona e de que maneira é organizado o
local para eles brincarem.
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A escolha dos papéis não ocorreu de uma forma espontânea entre as crianças, pois a
professora elegeu o que cada um iria ser durante a brincadeira. As crianças, a meu ver,
deveriam, primeiro, ter a oportunidade de explorar todos os brinquedos e depois escolher o
que gostariam de ser no momento da brincadeira, exercitando livremente a escolha e o
revezamento de papéis. Quando a professora impõe o que cada aluno vai ser durante a
brincadeira, a criança acaba não desenvolvendo a capacidade de escolha; ela sempre vai ser o
que pedirem para ela interpretar, mesmo se não for de sua vontade.
Durante a manutenção do jogo, as crianças trouxeram assuntos do mundo real para o
mundo imaginário através de suas falas, lembranças e ações. É o que observamos, por
exemplo, no diálogo entre a “médica” Nicolly e sua “paciente” grávida, de quem acaba
fazendo o parto. Na época da observação, as crianças puderam ter contato com algumas
professoras grávidas que trabalhavam no local. O acompanhamento de uma gravidez sempre
gera muita curiosidade entre as crianças. Além disso, seus diálogos podem atestar que essas
crianças já houvessem acompanhado as próprias mães ou pessoas próximas a consultas com
obstetras. Outra hipótese também é a de que essas crianças tenham presenciado cenas de
atendimento a gestantes ou partos na televisão, nas quais a representação de situações do
cotidiano são bastante realistas e impactantes. As cenas assistidas pelas crianças são
rapidamente incorporadas a suas brincadeiras.
As representações do jogo eram alimentadas por objetos disponibilizados para a
brincadeira, como as caixas de injeção e as seringas de brinquedo. Os objetos ajudam a criar
um cenário, que por sua vez, alimenta a imaginação das crianças. É nesse cenário que surgem
enredos e conversas muitas vezes surpreendentes, atestando o que Vygotsky fala sobre o fato
de, na brincadeira, a criança parecer ser mais velha do que na verdade é:
Médico: Quantos dedos têm aqui?
Paciente: Cinco.
Médico: Vamos ter que tirar um raio-x.
Paciente: Está bem.
Médico: Ai, seu raio-x está muito mal.
Acompanhante: Doutor, qual é o estado dele?
Médico: Ele vai ter que ficar internado por três dias, o pulmão dele não está nada bem.
E ele terá que tomar todos esses remédios aqui, antes de dormir e quando acordar.
Nessa transcrição, a criança representa fielmente o papel do médico, incorporando
suas falas e ações em sua representação, além de agir como se tivesse uma idade superior à
que possui.
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A regra gerada e mantida em toda a brincadeira foi a de uma ou mais crianças fingirem
fielmente que estavam passando mal, para então serem levados ao hospital, acompanhados
por um colega, onde eram medicados.
A professora esteve presente durante toda a brincadeira. No primeiro momento ela
ficou observando as crianças e depois brincou com eles, deitando na maca e fingindo ser
medicada, assim como todas as outras crianças.
3.2 Segunda situação
Nessa segunda situação, observei as crianças brincando de faz-de-conta de
cabeleireiro. Notei que para realizar a atividade de faz-de-conta, a professora utilizou a
mesma estratégia inicial. Antes de iniciar a brincadeira, sentou-se com os alunos em roda.
Professora: Hoje nós vamos brincar de cabeleireiro. Trouxe a caixa com os
brinquedos, mas falta organizarmos a sala para ficar parecida com um salão de cabeleireiro,
então como podemos fazer? O que podemos trazer a mais para dentro da sala?
Aluno: Tia, a gente pode pegar aqueles potinhos e encher com água e também pegar o
espelho?
Professora: Hum, bem lembrado. Faltaram o espelho e os potes com a água. Como nós
podemos organizar a sala?
Aluno: Temos que colocar algumas cadeiras para os clientes e arrumar onde a gente
faz a unha e arruma o cabelo.
Professora: Então vamos organizar alguns grupos para arrumarmos a sala. Vou
escolher agora, está bem?
Alunos: Sim.
Professora: A Nathalia, a Nicoly, a Paolla e a Marina vão arrumar o local para fazerem
a unha. O Everton, o João Vitor e o Natan arrumarão o local para cortar o cabelo. A Rayanne
e o Lucas vão encher os potes com água. O Matheus e o Stalone vão arrumar o local para os
clientes esperarem. E o João Vitor Lobo vai pegar o espelho na sala da coordenadora.
As crianças se organizaram rapidamente e transformaram a sala em um grande salão
de beleza. Elas utilizaram os materiais que a professora trouxe para incrementar o salão, como
os potes de xampu, condicionador, esmaltes, pentes, perfumes etc.
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Depois que tudo ficou organizado, foi o momento de escolher os papéis. A professora
pediu para levantar a mão quem gostaria de ser cabeleireiro. Uns seis meninos levantaram a
mão e a professora aceitou. Depois ela perguntou quem gostaria de ser manicura, e, como
quase todas as meninas levantaram a mão, ela escolheu três para esse papel. No momento da
escolha, um aluno interrompeu a professora:
Aluno: Tia, para o salão ficar mais legal ainda falta massagista e barbeiro.
Aluna: É mesmo, eu posso ser a massagista?
Professora: Hum, bem lembrado. Alguém mais, fora a Aline, gostaria de ser
massagista? (Nesse momento uma menina e dois meninos levantaram as mãos.)
Professora: E quem gostaria de ser o barbeiro?
O mesmo menino que sugeriu esse papel e mais um outro colega se dispôs a assumi-
lo.
Após a escolha dos papéis, cada aluno assumiu seu posto e começaram a brincar. As
outras crianças que foram a clientela, sentaram-se nas cadeiras de espera para começarem a
ser atendidas.
As meninas chamaram a professora para fazer a unha e receber uma massagem nos
pés. Ela sentou na cadeira e a aluna começou a dizer:
Aluna: Tia, você está precisando tirar as cutículas e esse esmalte das unhas, porque
está muito feio, não pode sair com as unhas dessa maneira!
Professora: É porque eu estava sem dinheiro e não podia fazer as unhas.
Aluna: Mas você não pode fazer em casa? Minha mãe tira o esmalte das suas unhas e
pinta de novo sozinha. Uma vez ela também pintou as minhas unhas e colocou uma estrelinha
em cada unha.
Professora: Mas eu não sei fazer minhas próprias unhas, por isso eu preciso sempre de
uma manicura.
Aluna 2: Professora, você está com muitos calos no pé e essas unhas precisam ser
cortadas.
Professora: Aiai, então tratem de me deixar agora bem bonita já que vocês estão vendo
os meus defeitos (risos).
Enquanto a professora brincava com as meninas, os meninos acharam um sabonete no
armário da sala e passaram no rosto até fazer muita espuma e fingiram estarem se barbeando.
Os meninos começaram a dizer:
Aluno: Meu pai falou que só quando eu crescer que eu vou poder fazer minha barba.
Não vejo a hora de ter pêlos na cara.
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Aluno 2: Um dia eu vi meu pai fazendo a barba e ele se cortou, daí saiu muito sangue.
Eu não quero me machucar, porque senão vou acabar tendo que tomar injeção.
Além dos meninos estarem brincando de barbeiro, também havia alguns alunos que
fingiam que estavam cortando e penteando o cabelo.
As meninas praticamente tomaram um banho com a água que trouxeram para a sala.
Molharam seus cabelos e pentearam de diferentes maneiras. Uma aluna havia trazido um
batom em sua bolsa e começou a passar em todas as outras meninas.
A professora, observando a brincadeira dos alunos, chamou todos e propôs um desfile
para mostrarem como ficaram os penteados e as unhas que as meninas fizeram, Os alunos
concordaram e logo se iniciou o desfile.
A brincadeira acabou logo após o desfile de penteados.
3.2.1 Análise da segunda situação
Assim como na primeira situação, na segunda a professora utiliza a mesma estratégia
para iniciar o jogo: a roda de conversa. Parece que a professora acredita fielmente que as
situações de faz-de-conta devam se iniciar a partir de uma roda. Entretanto, sabemos que as
situações de jogo simbólico podem surgir de várias maneiras, e, nesse sentido, o professor
poderia contribuir para a ampliação do repertorio de brincadeiras das crianças organizando o
material e o espaço onde acontece o jogo. Esse tipo de intervenção poderia ser mais valioso
do que iniciar o jogo com uma roda de conversa na qual se definem os papéis de cada criança
de antemão. Antes de receber os alunos na sala, a professora poderia ter deixado o local
previamente organizado com os materiais adequados e quando as crianças chegassem, sua
função seria primeiramente a de observar como ocorreria o inicio do jogo, e depois fazer as
intervenções necessárias.
A distribuição dos papéis e de como organizar o local ocorre da mesma forma que na
primeira situação observada. A meu ver, parece que as situações de jogo simbólico
organizadas pela professora têm por trás uma concepção de que a organização do jogo e
manutenção do mesmo deva ocorrer sempre da mesma maneira, e que qualquer mudança de
interesse das crianças indica que o jogo não deu certo.
Porém, mesmo com a professora criando toda uma situação inicial, as crianças
trouxeram sua própria experiência vivida à situação recriando-as. Dessa proposta de faz-de-
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conta, as crianças de ambos os sexos participam muito, tanto as meninas, que parecem
preocupadas com a aparência quando fazem as unhas e arrumam os cabelos, quanto os
meninos, que aparentam querer imitar os pais, fingindo fazer a barba e querendo logo que
apareça algum pêlo no rosto, além de colocar em suas falas as visões que possuem sobre o
mundo que os cerca.
A professora cumpre o mesmo papel que realizou na primeira situação observada.
Primeiro, o de olhar o grupo, conferir a participação das crianças e observar como estão
envolvidos na brincadeira. Depois, o de brincar com as crianças, participando e intervindo na
medida do possível.
3.3 Terceira situação
A terceira situação de observação ocorreu no gramado da escola, com sucatas e
brinquedos mais velhos. A professora levou os alunos e sentou com eles em uma parte do
gramado. As crianças deram inicio à brincadeira escolhendo os brinquedos. Um pequeno
grupo de crianças começou a brincar com alguns pequenos potes, colocando-os no ouvido e
dizendo:
Aluna: Marido, leva a filha para escola, está ouvindo? (Ela permanece um pouco em
silêncio, como se estivesse esperando alguém dizer algo e continua.) Leva ela para escola e
entrega na mão da diretora, está bem?
A aluna se despediu no telefone e um menino começou a dizer:
Aluno: Mamãe, você vai ser minha mamãe?
Aluna: Está bem.
Aluno: Mamãe, eu estou com fome.
A criança pegou alguns potes pequenos e um palito e entregou para o menino.
Aluna: Coma isto aqui. É para comer tudo, principalmente a salada.
O menino fingia estava comendo e falava:
Aluno: A comida está ótima. Já comi tudo.
Um grupo de mais ou menos oito crianças se reuniu num outro espaço do gramado e
começou a brincar de imitar animais, mais precisamente, o lobo mau. A brincadeira deles
consistia em um menino ser o lobo e todas as outras crianças saírem correndo, dando voltas
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no gramado. Quando ele – o lobo – pegasse alguém, deveria ficar preso dentro de um túnel
que havia no gramado.
As crianças corriam, gritando o tempo todo:
Crianças: Lobo! Cuidado! Ele vai nos pegar!
O lobo saía atrás das crianças gritando o tempo todo, dizendo que ia pegar todas e
prendê-las. Durante o tempo em que corria, imitava um lobo fielmente. Fazia cara de mau e
ficava com as mãos levantadas como se fossem garras.
Ele conseguiu pegar uma menina, que gritava desesperadamente:
Aluna: Socorro! Socorro! Ele me pegou, ele vai me comer!
O lobo levou a menina ao túnel e disse:
Lobo: Você não pode mais sair daqui, agora você é minha prisioneira!
A aluna, fingindo estar chorando, disse:
Aluna: Está bem, eu não vou sair, seu Lobo.
O lobo saiu correndo atrás das outras crianças e prendeu mais algumas conversando
em seguida com elas:
Lobo: Vocês agora são os meus ajudantes, vão ter que me ajudar na floresta a caçar
criancinhas –(dá uma risada com tom maldoso.)
As crianças concordaram, e quando iniciaram sua nova brincadeira, chegou o horário
do lanche. Todos saíram correndo em direção ao banheiro imitando o lobo, indo depois em
direção ao refeitório.
3.3.1 Análise da terceira situação
A única situação observada que ocorreu de maneira oposta às outras foi esta, do início
até o final. Ao invés da brincadeira ter se iniciado com uma roda de conversa, a professora
iniciou a brincadeira distribuindo sucatas no gramado e deixando livre a escolha dos
brinquedos e dos papéis que as crianças gostariam de seguir.
A manutenção do jogo ocorreu de forma espontânea. Mais uma vez é possível
perceber como as crianças trazem experiências reais para as situações de faz-de-conta, como
por exemplo, na fala da “mãe” que recomenda ao “marido” levar a filha para a escola em
segurança – fala que deve ter presenciado a própria mãe dizer ao pai muitas vezes:
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Aluna: Marido leva a filha para escola, está ouvindo? (...) Leva ela para escola e
entrega na mão da diretora, está bem?
Na brincadeira do outro grupo de crianças, surge a presença do lobo mau, personagem
pelo qual todas as crianças ficam fascinadas, talvez porque esteja presente em quase todas as
histórias infantis. Os personagens “totalmente maus”, como o lobo, a madrasta e a bruxa,
oferecem oportunidades para que as crianças vivenciem, no faz-de-conta, sentimentos
normalmente controlados nas situações sociais: a raiva, a crueldade ou a ferocidade. Ao
identificar-se com esses personagens, as crianças podem “ser” maus, cruéis ou ferozes, sem
sê-los de verdade. Na situação observada, é particularmente interessante ver como todas as
crianças submetem-se a uma regra comum – ser aprisionados pelo lobo, obedecê-lo, não fugir
e tornar-se cúmplices de sua maldade, num belíssimo exemplo de jogo criado e mantido pela
vontade das próprias crianças.
Nessa situação a professora não participou, ficou somente observando as crianças
brincarem. A única coisa que fazia era chamar as crianças para ficarem mais próximos do
local que estavam, pois o gramado é amplo.
4 PESQUISA COM O EDUCADOR SOBRE JOGO SIMBÓLICO
Sabendo que, ao brincar, a criança revela sua própria forma de pensar sobre o mundo
que vive, Adriana Klisys (2008), sugere que os profissionais de educação infantil devem
garantir um espaço para que o lúdico se manifeste e que o educador deve estar presente nos
momentos da brincadeira, mediando essas situações. Além de observar, é importante que o
educador conheça a importância e tenha hipóteses sobre o jogo simbólico das crianças, o que
lhe garantirá condições de intervir, observar e ampliar seu repertório de brincadeiras.
Após realizar as observações das crianças, propus à educadora da turma uma
conversa informal sobre o que ela pensa sobre o jogo simbólico. As perguntas feitas a ela
foram:
a) por que oferece momentos de brincadeiras às crianças?;
b) qual o papel do professor nas brincadeiras?;
c) por que as crianças brincam?;
d) as crianças aprendem algo quando brincam?;
e) o que pensa sobre brincar?.
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As respostas obtidas foram as seguintes:
“Eu brinco com as crianças, porque além de ser a minha tarefa aqui na escola, brinco
para elas se divertirem. A brincadeira tem importância para as crianças, pois, quando
brincam, desenvolvem algumas capacidades como interação e a troca de informações com o
colega.
O professor tem o papel de oferecer os materiais e o espaço para a criança, e também
de ensinar às crianças como brincar, falando para tomar cuidado com o colega para não
brigarem e para não quebrarem nenhum brinquedo.
Creio que as crianças brincam porque é da natureza delas brincarem. Elas se
desenvolvem através da brincadeira e socializam suas vivências com os colegas e com a
professora”.
4.1 Análise da pesquisa com o educador sobre jogo simbólico
Durante a conversa com a professora, percebi que sua justificativa para brincar com as
crianças é “porque é a função destinada a ela”. Também coloca que “brinca para elas se
divertirem”. Numa primeira conclusão, é possível dizer que, para esta educadora, a
brincadeira tem a função de proporcionar prazer. Mais tarde, ela afirma também que, se a
brincadeira tem alguma importância para o desenvolvimento das crianças, esta é apenas de
socialização e troca com as pessoas que estão envolvidas no jogo.
A professora descreve bem o papel do educador, contando que é o de “oferecer
materiais e o espaço físico”, sem perceber que, na verdade, o papel do educador deveria ir
além. Parece não saber que o jogo é um espaço evidente de apropriação cultural, já que a
criança busca compreender o mundo que a cerca e a brincadeira é uma situação privilegiada,
na qual esse exercício se evidencia.
Entendo que a professora, além de oferecer o espaço físico para o jogo, deveria
ampliar sua compreensão do que é a natureza lúdica das situações de faz-de-conta. Isso
significaria compreender que propor as regras de um jogo e definir os papéis que as crianças
desempenharão no mesmo não garante que a brincadeira ocorra – pelo menos não da maneira
como a entendemos. Nem sempre o jogo deveria ser proposto e controlado pelo adulto, como
parece ser hábito dessa professora, mas nascer do desejo das próprias crianças. Isso não quer
dizer que o adulto deva abrir mão de seu papel mediador das situações de brincadeira. Pelo
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contrário, ele pode e deve estar presente, oferecendo subsídios para que o jogo se torne cada
vez mais uma atividade interessante e desafiadora, organizando o espaço físico e intervindo
nas horas convenientes. Mais do que isso – a professora necessita compreender o papel da
importância do jogo para criança e da competência das próprias crianças para brincar com
autonomia, escolhendo os temas das brincadeiras, revezando-se em papéis e criando seus
próprios enredos. Curiosamente, é o que acontece na terceira situação observada, que parece
ser, porém, a situação que menos interessa a professora.
Mesmo que a professora pareça saber descrever o papel do educador diante das
brincadeiras, ela também parece crer que as situações de brincadeira sejam também
oportunidades para ensinar boas maneiras às crianças. Isso fica claro quando ela diz “o
professor tem o papel de oferecer os materiais e o espaço para a criança, e também de
ensinar às crianças como brincar, falando para tomar cuidado com o colega para não
brigarem e para não quebrarem nenhum brinquedo”.
Mais uma vez, demonstra não perceber que o brincar vai muito além de oportunidade
para aprender regras de convívio. Na verdade, durante o ato de brincar as crianças
compreendem coisas que ocorrem no mundo que as cerca e sobre as atividades do homem e
suas relações sociais e de trabalho.
Por fim, a fala da professora “Creio que as crianças brincam porque é da natureza
delas brincarem” está totalmente relacionada às idéias fröebelianas, pois o pensamento do
autor baseia-se numa concepção natural e universal da infância, considerando o brincar como
espontâneo e “esperado”, independentemente das condições que sejam oferecidas às crianças
para desenvolvê-lo.
Por outro lado, é verdade que essa professora participa das brincadeiras das crianças, o
que mostra que ela dá importância para o jogo simbólico, não ficando apenas no papel de
quem o “tolera” ou “contempla”. Isso já é bastante coisa, pois muitas vezes os professores
consideram a brincadeira como uma atividade “infantil” no pior sentido, não encontrando
nenhum interesse nela e opondo-a, simplesmente, a atividades que consideram mais
importantes, geralmente as ligadas às áreas do conhecimento.
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5 CONCLUSÃO
A entrevista realizada com a professora e as observações feitas na escola atestam as
concepções acerca do jogo simbólico que a educadora traz em suas ações e falas durante as
brincadeiras.
Compreendendo a observação de Vygotsky de que o jogo simbólico não é uma
atividade que dá apenas prazer às crianças, pois há mil outras atividades que dão a elas mais
prazer do que o jogo simbólico (VYGOTSKY, 1998, p. 121), ao dizer “brinco para elas se
divertirem”, a professora mostra enxergar a brincadeira apenas como fonte de divertimento e
não como algo que possa fazer a criança relacionar vivências do mundo real com o mundo
imaginário. Embora a brincadeira seja uma atividade livre e espontânea, ela não está ligada à
“natureza da criança”, mas aos aspectos culturais que ela vivencia. Portanto, aprende-se e
aperfeiçoa-se o brincar, e essa aprendizagem é enriquecida nas interações e no convívio com
as pessoas que estão ao seu redor. Por isso o professor é tão importante nesse momento da
vida da criança, já que ele pode criar situações para que o repertório de brincadeiras se
amplie.
Porém, enquanto em grande parte das falas da educadora verificamos a influência da
concepção fröebeliana de jogo simbólico, suas ações revelam uma postura mais ativa, já que
em muitos momentos ela assume o papel de observar e de brincar com os alunos, bem como
de organizar o faz-de-conta, mesmo que (conforme vimos) de maneira algo equivocada.
Quando analisamos as observações e a entrevista, é notável o quanto o discurso da professora
pode contradizer a sua prática, e o quanto esta mesma prática pode estar influenciada por
concepções tão diferentes de brincadeira. Isto, porém, não ocorre somente com esta
professora, pois sabemos que esse “desencontro” entre teoria e prática é realidade para muitos
educadores. Reunir teoria e prática, neste caso sobre a brincadeira infantil, é algo que ocorrerá
somente a partir do momento em que se possa identificar e compreender algumas teorias
sobre o brincar, que ajudem os professores a refletir e relacioná-las a suas próprias
concepções.
Por fim, aumentar os conhecimentos dos professores sobre o papel do jogo simbólico
na Educação Infantil seria, portanto, uma tarefa de formação continuada da equipe escolar.
Nas reuniões pedagógicas, juntamente com a coordenação, poder-se-ia encontrar um espaço
interessante para esta equipe se apropriar das diferentes concepções acerca do jogo, discutir
sobre elas e tornar-se mais competente no papel de professores observadores e mediadores da
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brincadeira das crianças. Pois é esta a função primordial do professor: atuar e refletir sobre
sua ação, porque, sem refletir sobre ela, ele não poderá saber quais os erros e / ou acertos que
obteve em sua prática.
REFERÊNCIAS
ARCE, Alessandra. O jogo e o desenvolvimento infantil na teoria da atividade e no pensamento de Friederich Froebel. Caderno CEDES. Campinas,v. 24, n. 62, 2004. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-32622004000100002&lng=en&nrm=iso. Acesso em: 13 nov. 2008.
FRÖEBEL, Frederic. A educação do homem. Passo Fundo: UPF, 2001.
KLISYS, Adriana. Faz de conta que eu era... tudo que eu quiser ser – o jogo dos papéis como espaço de aprendizado social. Disponível em: http://www.forumeducacao.hpg.ig.com.br/textos/textos/metod2.htm. Acesso em: 13 nov. 2008.
VYGOTSKY, Lev Semenovich. A formação social da mente: o desenvolvimento dos processos psicológicos superiores. 6 ed. São Paulo: Martins Fontes, 1998.