Monografia Elizangela Pedagogia 2010

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA-UNEB DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO CAMPUS VII – SENHOR DO BONFIM ELIZANGELA BRASILEIRO DE DEUS CONTRIBUIÇÕES DA LUDICIDADE NO PROCESSO DE FORMAÇÃO DOCENTE

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Pedagogia 2010

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA-UNEB

DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO

CAMPUS VII – SENHOR DO BONFIM

ELIZANGELA BRASILEIRO DE DEUS

CONTRIBUIÇÕES DA LUDICIDADENO PROCESSO DE FORMAÇÃO DOCENTE

SENHOR DO BONFIM2010

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ELIZANGELA BRASILEIRO DE DEUS

CONTRIBUIÇÕES DA LUDICIDADENO PROCESSO DE FORMAÇÃO DOCENTE

Monografia apresentada como requisito para Conclusão do

Curso de Pedagogia: Docência e Gestão de Processos

Educativos da Universidade do Estado da Bahia. UNEB,

Departamento de Educação Campus VII.

Orientador Profº Pascoal Eron Santos de Souza

Senhor do Bonfim - Bahia2010

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ELIZANGELA BRASILEIRO DE DEUS

CONTRIBUIÇÕES DA LUDICIDADENO PROCESSO DE FORMAÇÃO DOCENTE

APROVADA _________ DE _____________________ DE 2010

ORIENTADOR:

___________________________________________________

PROFESSOR PASCOAL ERON SANTOS DE SOUZA

AVALIADOR ( A ): _________________________________________

AVALIADOR ( A ): __________________________________________

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À Deus, Autor da minha vida

À meus pais pela educação, pelo cuidado e amor.

À meus irmãos: Erizan, Manoel, Hugo, Eleilma (AMIGA), pelo apoio, incentivo e principalmente pelo carinho.

À minha irmã Eliane (in memória), eternamente amada!

À minhas sobrinhas, Julliane e Geysa “minhas monitoras”, pela torcida.

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AGRADECIMENTOS

À Deus, Autor da minha vida, pela saúde, pela força, pela sua proteção e por esta

oportunidade.

À minha mãe, minha AMIGA, muito amada, companheira de todas as horas, que

esteve presente durante toda essa caminhada, que está presente em todos os

momentos da minha vida, pelas suas orações, pelo seu carinho e pelo seu amor!

À minha sobrinha Julliane, pelo companheirismo, por ouvir as minhas inquietações

com os trabalhos acadêmicos, por estar sempre ao meu lado me incentivando.

À Universidade do Estado da Bahia- UNEB Departamento de Educação CAMPUS

VII.

Aos professores do Curso de Pedagogia: Ana Maria, Beatriz Barros, Claudia Maísa,,

Elizabete Barbosa, Elizabete Gonçalves, Helder Amorim, Jader Rocha, Joanita

Moura, Lílian Teixeira, Maria da Conceição Curaçá, Ozelito Souza Cruz, Ricardo

Amorim, Rita Braz, Rita Carneiro, Romilson do Carmo, Sandra Fabiana, Simone

Wanderley, Suzzana Alice, Zozina.

Em especial ao meu orientador, Professor Pascoal Eron pela sua competência,

compromisso, profissionalismo e pela oportunidade de compartilhar o seu saber.

Aos colegas da turma de Pedagogia 2006.1, pelos trabalhos realizados juntos, pelo

aprendizado e pelas amizades.

Aos colegas de trabalho, que me acompanharam durante este período pela

colaboração.

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RESUMO

O presente trabalho monográfico discute sobre as contribuições da ludicidade no processo de formação docente, na perspectiva dos (as) professores (as) das séries iniciais do ensino fundamental, com a finalidade de refletir sobre a importância do lúdico no desenvolvimento da criança, em seus aspectos cognitivo, afetivo, físico e social. Entendendo que o professor é agente importante no processo educativo, acreditamos ser pertinente articular discussões referentes à formação docente. Inicialmente apresentamos uma abordagem significativa em relação ao nosso objeto de estudo, contextualizando a temática. Em seguida fundamentamos com embasamento teórico em autores que nos deram respaldo para discussão de alguns conceitos chave. A metodologia deste trabalho norteou-se mediante pesquisa qualitativa, na qual utilizamos alguns instrumentos para coleta de dados como questionário fechado e questionário aberto. Os resultados obtidos mostraram a visão dos educadores sobre as contribuições da ludicidade no processo de formação docente.

CONCEITOS–CHAVE: Ludicidade, Formação Docente, Professor.

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 01 - Gênero ............................................................................................... 35

FIGURA 02 - Faixa etária .........................................................................................35

FIGURA 03 - Nível de escolaridade ........................................................................36

FIGURA 04 - Área de formação ..............................................................................36

FIGURA 05 - Jornada de trabalho / Carga horária ................................................37

FIGURA 06 - Tempo de atuação na área docente ................................................38

FIGURA 07 - Formação continuada .......................................................................38

FIGURA 08 - Ludicidade no curso de formação acadêmica ...............................39

FIGURA 09 - Curso de capacitação na área de ludicidade .................................40

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO....................................................................................................... 10

CAPITULO I

1.LUDICIDADE/CONTEXTUALIZANDO.............................................................. 12

1.1 Importância da Ludicidade no desenvolvimento da criança.................... 12

1.2 Contribuições da Ludicidade no Processo de Formação Docente.......... 13

CAPÍTULO II

2. DISCUTINDO OS CONCEITOS CHAVE.......................................................... 19

2.1 Ludicidade..................................................................................................... 19

2.2 Formação Docente........................................................................................ 24

2.3 Professor........................................................................................................ 28

CAPÍTULO III

3. CAMINHOS METODOLÓGICOS..................................................................... 30

3.1 Tipo de Pesquisa.......................................................................................... 30

3.2 Lócus de Pesquisa........................................................................................ 31

3.3 Sujeito da Pesquisa....................................................................................... 31

3. 4 Instrumentos e Coletas de Dados............................................................... 32

3.4.1 Questionário Fechado....................................................................... 32

3.4.2 Questionário Aberto.......................................................................... 32

CAPÍTULO IV

4- ANALISANDO OS DADOS DA PESQUISA ................................................... 34

4.1 Análise dos Questionários Fechados................................................... 34

4.1.1 Gênero dos sujeitos............................................................................. 34

4.1.2 Faixa etária............................................................................................ 35

4.1.3 Nível de escolaridade.......................................................................... 35

4.1.4 Área de formação................................................................................. 36

4.1.5 Jornada de trabalho / Carga horária................................................... 37

4.1.6 Tempo de atuação na área docente.................................................. 37

4.1.7 Formação continuada / Cursos de capacitação............................... 38

4.1.8 Ludicidade no Curso de formação acadêmica ................................. 39

4.1.9 Cursos de capacitação na área de ludicidade .................................. 40

4.2 Analisando as falas dos sujeitos........................................................ 40

4.2.1 Conceituando Ludicidade ................................................................... 40

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4.2.2 Ludicidade na formação acadêmica ................................................. 42

4.2.3 Buscando aprimoramento através da formação continuada ......... 44

4.2.4 A visão dos educadores em relação ao lúdico o processo de ensino-

aprendizagem ......................................................................... 45

4.2.5 Uma análise dos educadores sobre a ludicidade no processo de formação

docente ........................................................................................ 46

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................................. 50

REFERÊNCIAS.................................................................................................... 53

APÊNDICES......................................................................................................... 56

INTRODUÇÃO

No decorrer do processo de formação acadêmica no curso de Pedagogia

tivemos a oportunidade de estudar sobre várias temáticas na área da educação e

que perpassam o contexto social, através de discussões, questionamentos,

articulação de idéias e embasamento teórico através das aulas e constantes

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pesquisas para realização de trabalhos acadêmicos. Por exercer a ação docente e

ter a oportunidade de estar em sala de aula percebendo as questões que permeiam

o processo de aprendizagem e desenvolvimento da criança, buscamos pesquisar

sobre ludicidade já em alguns projetos anteriores, na perspectiva de um estudo mais

aprofundado nesta área.

O presente trabalho monográfico apresenta-se com a finalidade de refletir

sobre a ludicidade no processo de ensino-aprendizagem e no desenvolvimento da

criança no contexto escolar, entendendo que o educador é agente importante no

processo educativo, buscamos desenvolver este trabalho tendo como nosso objeto

de estudo as contribuições da ludicidade no processo de formação docente na

perspectiva dos professores das séries iniciais do ensino fundamental.

Inicialmente, no Capítulo I apresentamos considerações sobre o nosso

objeto de estudo, contextualizando sobre a importância da ludicidade no

desenvolvimento da criança e as contribuições da ludicidade no processo de

formação docente.

No Capítulo II, fundamentamos explanando sobre alguns conceitos chave

com embasamento teórico em autores que nos deram respaldo para discussão

dentre eles: Almeida (2003), Candau (1997), Ferreiro (2001), Kishimoto (2009),

Libâneo (1985), Maluf (2003), Nascimento (1997), Piaget (1988), Pimenta (2006),

Reis (2003), Santos (1997), Saviani (2006), Vigotsky (1994), entre outros.

No Capítulo III, a metodologia mostrando os caminhos que nortearam esta

pesquisa, ressaltando que este trabalho realizou-se mediante constantes pesquisas

e estudos sobre à temática e a utilização de instrumentos como o questionário

fechado e o questionário aberto para coleta de dados

No Capítulo IV, apresentamos o resultado desta pesquisa obtido mediante a

aplicação de questionário com os nossos sujeitos de pesquisa, mostrando a relação

dos sujeitos com o nosso objeto de estudo.

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Por fim, as Considerações finais sobre este trabalho, mostrando o resultado

da pesquisa.

CAPÍTULO I

1. LUDICIDADE / CONTEXTUALIZANDO

1.1 Importância da Ludicidade no desenvolvimento da criança

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No contexto escolar, diante das constantes transformações que o mundo

vem passando nas diversas áreas que o homem vive, é necessário um novo olhar

em relação ao processo de ensino-aprendizagem, possibilitando uma aprendizagem

que envolva outros saberes inerentes à formação humana, desenvolvendo uma

prática educativa pautada em valores que perpassam o convívio sócio cultural do

individuo, como a ludicidade, a criatividade e a sensibilidade. Tais saberes já não

podem mais ser vistos como algo que a escola não deva se preocupar ou valorizar,

pois os mesmos são considerados como impulsionadores da auto-realização e

exercem papel importante na construção da personalidade da criança.

Nos primeiros anos de vida da criança, ocorrem mudanças importantíssimas

em relação a tudo o que se refere à capacidade de movimento dos seres humanos.

A criança passa de uma situação de total dependência das pessoas que cuidam a

uma completa autonomia, do movimento descoordenado e incontrolado ao controle

quase que total dos seus movimentos. Segundo Oliveira (2001) nos falta assumir em

teoria e na prática a construção de concepções claras, de um ideário que expresse a

essência pedagógica, formativa, singular para o momento de vida no qual se

encontra a criança.

Segundo Almeida (2003), “O ato educativo não é uma ação inconsciente,

espontânea, mas um ato consciente, histórico e planejado” (p.44) Por isso é

fundamental que antes de concretizá-lo, definam-se metas, prioridades,

considerando para isso o tipo de individuo que se deseja formar, o tipo de

conhecimento e valores que se deseja transmitir estabelecendo os meios

necessários para concretização desse processo.

1.2 Contribuições da Ludicidade no Processo de Formação Docente

Entender a educação como um processo historicamente produzido e o papel

do educador como agente desse processo, implica repensar a formação docente.

Santos (1997), ao adentrar nas questões referentes à docência enfatiza que uma

das formas de repensar os cursos de formação, é introduzir na base de sua

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estrutura curricular um novo pilar, além dos cursos teóricos, da prática, destaca a

formação lúdica. Percebendo assim, que a ludicidade tem sido enfocada como uma

alternativa para a formação do ser humano.

A ludicidade, portanto, implica na formação do professor por estar ligada

diretamente com o lado humano, ontológico, permitindo a ele um estado de

inteireza e de estar pleno naquilo que faz. Sendo assim, é possível notar a

importância da ludicidade no processo de formação docente. Santos (1997) ainda

ressalta que ”a formação lúdica deve possibilitar ao futuro educador conhecer-se

como pessoa, saber de suas possibilidades e limitações, desbloquear suas

resistências e ter uma visão clara sobre a importância do jogo e do brinquedo para a

vida da criança, do jovem e do adulto “(p.14).

Em relação à expressão lúdica, entende-se que esta, não é manifestação

pura da criança, uma vez que é impregnada da cultura existente, considera-se que a

ludicidade, para além da finalidade de propiciar a inserção dos códigos de linguagem

artística e ainda que tenha como objetivo moldar o gosto dos alunos, deve-se ter

também como intenção, o prazer e momentos que valorizem a liberdade de

expressão e a espontaneidade.

Almeida (2003), destaca o papel da ludicidade na formação da criança:

A educação lúdica além de contribuir e influenciar na formação da criança e do adolescente, possibilitando um crescimento sadio, um enriquecimento permanente, integra-se ao mais alto espírito de uma prática democrática, enquanto investe em uma produção séria do conhecimento. Sua prática exige a participação franca, criativa, livre, crítica, promovendo a interação social e tendo em vista o forte compromisso de transformação e modificação com o meio (p.57).

Assim, o termo lúdico denota prazer, ausência de tensão e de conflito.

Lúdico também se liga à criatividade, à arte, à poesia, à construção e desconstrução

da realidade, envolve um espaço-tempo pautado na imaginação, inventividade,

fantasia e desejo.

A Instituição escolar, portanto, deve estar atenta ao seu papel e

responsabilidade junto ao educador no intuito de viabilizar um processo educativo

que garanta e oportunize à criança desenvolver-se no seu aspecto físico, emocional,

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cognitivo. É importante que desde a pré-escola sejam oferecidas às crianças

atividades onde elas tenham a oportunidade de estar em contato com a ludicidade.

Segundo Piaget (1988), A atividade lúdica é o berço obrigatório das atividades

intelectuais da criança, sendo, por isso, indispensável à prática educativa. Quando

as crianças participam de atividades lúdicas, manifestam-se nelas novas buscas de

conhecimento e seu aprendizado será muito prazeroso.

Maluf (2003); ressalta a importância do professor neste processo:

É necessário apontar o papel do professor na garantia e enriquecimento da brincadeira como atividade social do universo infantil. As atividades lúdicas precisam ocupar um lugar especial na educação. Entendendo que o professor é figura essencial para que isso aconteça, criando os espaços, oferecendo materiais adequados e participando de momentos lúdicos (p.31)

A educadora Ferreiro (2001), já apontava para a importância de se oferecer

à criança ambientes agradáveis onde se sinta bem e a vontade, pois a criança

deverá se sentir como integrante do meio em que está inserida. Para Almeida

(2003), não basta ter um ambiente profícuo para esse trabalho, com muita riqueza

de materiais; é preciso ter professores, educadores preparados para essa nova

concepção de escola. Além de sua formação acadêmica (domínio de conhecimento

específico), é fundamental que os professores redescubram seu papel de

pesquisadores, buscando conhecimentos novos, por meio de leituras, cursos,

entrevistas, palestras, ações que lhes darão embasamento para o novo.

A ação docente sem dúvida necessita de constantes reflexões, pois esse

fazer pedagógico revela que a formação do educador requer articulações entre os

diferentes saberes da formação e os saberes da prática. O docente deve procurar

alternativas que aprimorem sua ação, neste aspecto a formação continuada é

importante, pois ela oportuniza essa atualização de conhecimentos, meios

inovadores para facilitar a ação pedagógica, e permite reflexão sobre a prática

educativa.

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Candau (1997), sobre formação continuada lembra que:

A formação continuada não pode ser concebida como meio de acumulação (de cursos, palestras, seminários, de conhecimentos ou técnicas ), mas através de um trabalho de reflexibilidade crítica sobre as práticas e de (re) construção permanente de uma identidade pessoal e profissional em interação mútua (p.64).

Diante disso, percebemos a importância sobre a formação docente e

continuada do educador não como acúmulo de cursos, mas com o propósito de

repensar a sua prática pedagógica. Santos (1997), nas suas discussões sobre

ludicidade, salienta que a formação do educador ganharia em qualidade se, em sua

sustentação estivessem presentes os três pilares: a formação teórica, a formação

pedagógica e como inovação a formação lúdica. A autora citada ainda enfatiza

“quanto mais o adulto vivenciar sua ludicidade maior será a chance deste

profissional trabalhar com a criança de forma prazerosa“ (SANTOS, 1997, p.14).

É importante que o educador perceba que o papel da ludicidade na prática

educativa vai além do simples brincar, seus objetivos buscam a dimensão da

experiência vivenciada pelo ser humano que se expressa no individual, no coletivo,

no interior e exterior de cada indivíduo. Esse momento lúdico, vivenciado por cada

indivíduo é uma experiência única e pessoal que se constitui em um aprendizado.

Através do brincar a criança prepara-se para aprender. Brincando ela

aprende novos conceitos, adquire novas informações e têm um crescimento

saudável. Segundo Santos (1999), “do ponto de vista pedagógico, o brincar tem se

revelado como uma estratégia poderosa para a criança aprender. Toda

aprendizagem que o brincar proporciona é importantíssima para a formação da

criança em todas as etapas de sua vida. Segundo Maluf (2008):

As atividades lúdicas são instrumentos pedagógicos altamente importantes, mais do que entretenimento, são um auxilio indispensável para o processo ensino-aprendizagem, que propicia obtenção de informações em perspectivas e dimensões que perpassam o desenvolvimento do educando. A ludicidade é

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uma tática insubstituível para ser empregada como estímulo ao aprimoramento do conhecimento e no progresso das diferentes habilidades (p.42)

O brincar ajuda a criança no seu desenvolvimento físico, afetivo, intelectual e

social, pois através das atividades lúdicas, a criança forma conceitos, relaciona

idéias, estabelece relações lógicas, desenvolve a expressão oral e corporal, reforça

as habilidades sociais, reduz a agressividade, integra-se na sociedade e constrói

seu próprio conhecimento. Portanto ao valorizar as atividades lúdicas, ainda a

percebemos como uma atividade natural, espontânea e necessárias a todas as

crianças, tanto que o brincar é um direito da criança reconhecido em declarações,

convenções e leis a nível mundial.

No Estatuto da criança e do adolescente (BRASIL, 1990), é explicitado o

direito ao lazer à diversão e a serviços que respeitem a condição peculiar da criança

e do adolescente como pessoas em desenvolvimento.

É importante ressaltar que todas as atividades das quais as crianças

participam ou pelas quais se interessam, constituem verdadeiros estímulos, que

enriquecem os estímulos perceptivos e operatórios, funções estas que combinadas

com as estimulações psicomotoras, definem alguns aspectos básicos que são

condições para o domínio quer seja da leitura ou da escrita. É nesse processo que

entra o professor, que contribui para as práticas educativas e para que estas

realmente aconteçam, é necessário que os educadores busquem aprimorar seu

conhecimento.

A ludicidade usada no processo educativo é um instrumento que oportuniza

o desenvolvimento do potencial criador do aluno e reflete sua convivência cultural.

Nas atividades lúdicas estão presentes as funções educativas, pois contribuem para

ajudar na formação de sua personalidade, implicando portanto, sempre em alguma

aprendizagem.

Segundo Kishimoto (2009):

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Quando as situações lúdicas são intencionalmente criadas pelo adulto com vista a estimular certos tipos de aprendizagem, surge a dimensão educativa. Desde que mantidas as condições para a expressão do jogo, ou seja, a ação intencional da criança para brincar, o educador está potencializando as situações de aprendizagem. (p.36)

A utilização de recursos lúdicos no processo de aprendizagem possibilita ao

educador desenvolver através de jogos e brincadeiras atividades de leitura e escrita,

em matemática e em outras áreas. O brinquedo envolve regras que são originadas e

representadas pela criança através da ligação com o objeto, por isso que o

brinquedo é a riqueza do imaginário infantil. O jogo entra para contribuir, pois ele é

uma atividade de caráter lúdico,assim como a brincadeira, os dois são sinônimo de

divertimento que pouco se diferenciam, o jogo mantém relações profundas entre as

crianças e as fazem aprender, a viver e a crescer conjuntamente nas relações

sociais.

O lúdico, assim, propicia a facilidade para a aprendizagem, o

desenvolvimento pessoal, social e cultural, bem como colaborador para a boa saúde

mental, também como facilitador dos processos de socialização, comunicação e

expressão, além de construtor do conhecimento, pois à medida que a criança

interage com os objetos e com outras pessoas constrói relações e conhecimento

sobre o mundo em que vive.

Almeida (2003), “ainda afirma que educar ludicamente tem um significado

muito profundo e está presente em todos os segmentos da vida” (p.11). Portanto é

importante que o professor descubra e trabalhe a dimensão lúdica que existe em

sua essência, no seu trajeto cultural de forma que venha aperfeiçoar a sua prática

pedagógica.

Diante do contexto apresentado sobre a importância das atividades lúdicas

na formação da personalidade da criança, no processo de aprendizagem e

construção do conhecimento nas relações e interações sociais, enfim, em vários

aspectos de seu desenvolvimento, e entendendo que o professor é agente desse

processo acreditamos ser pertinente o estudo dessa temática, trazendo a seguinte

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questão: Quais as contribuições da ludicidade no processo de formação docente na

perspectiva dos professores (as) das séries iniciais do Ensino Fundamental?

Portanto o nosso estudo tem como objetivo identificar quais as contribuições

da ludicidade no processo de formação docente na perspectiva dos professores (as)

das séries iniciais do Ensino Fundamental.

A construção desta pesquisa é relevante, pois busca um estudo aprofundado

sobre a temática aqui abordada, trazendo discussões significativas, no intuito de

contribuir para uma reflexão sobre a formação docente repensando a prática

pedagógica.

CAPÍTULO II

2. DISCUTINDO OS CONCEITOS - CHAVE

Neste capítulo faremos uma abordagem teórica do nosso objeto de estudo,

explanando sobre alguns conceitos-chave como ludicidade, formação docente,

professor, na perspectiva de dimensionarmos um novo olhar, pautado numa

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aprendizagem que envolva saberes inerentes à formação humana, implicando

valores que perpassam o convívio social e cultural da criança. Apresentaremos um

estudo mais aprofundado sobre ludicidade, percebendo sua importância no processo

de desenvolvimento da criança. Entendendo que o professor é agente desse

processo, é relevante as discussões sobre a preparação e formação dos

educadores.

2.1 Ludicidade

A palavra lúdico vem do latim ludus e significa brincar. Neste brincar estão

incluídos os jogos, brinquedos e divertimentos e é relativa também à conduta

daquele que joga, que brinca, que se diverte. O lúdico faz parte da atividade humana

e caracteriza-se por ser espontâneo. Na atividade lúdica não importa somente o

resultado, mas a ação, o movimento vivenciado. Segundo Luckesi (2002) o que

caracteriza o lúdico “é a experiência de plenitude que ele possibilita a quem o

vivencia em seus atos” (p. 96).

A abordagem deste tema nos remete a discussões referentes à infância, por

serem as atividades lúdicas a essência da infância. Retomando um pouco a história

e a evolução do homem na sociedade, notamos que nos diferentes contextos sociais

e culturais de variadas épocas existia uma visão diferenciada de infância, mas a que

mais predominou foi a da criança como ser inocente, inacabado, incompleto. A

criança nem sempre foi considerada como é hoje, antigamente ela não tinha

existência social era considerada miniatura do adulto, seu valor era relativo, com

base na classe social a que pertencia. Nas classes altas era educada para o futuro

e nas classes baixas o valor da criança iniciava quando ela podia ser útil ao trabalho

colaborando na geração da renda familiar.

Os jogos e brinquedos, embora sendo um elemento sempre presente na

humanidade desde seu inicio, também não tinham a conotação que têm hoje, eram

vistos com o objetivo de distração, do recreio. No entanto hoje a visão de infância,

dos jogos e brinquedos é totalmente diferente, em um contexto social que

apresenta-se com outros valores e conceitos.

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Kishimoto (2009) referindo-se a infância, ressalta que:

Hoje a imagem de infância é enriquecida, também, com o auxílio de concepções psicológicas e pedagógicas, que reconhecem o papel de brinquedos e brincadeiras no desenvolvimento e na construção do conhecimento infantil (p.21)

A instituição escolar, portanto deve estar atenta para a importância do

brinquedo, das brincadeiras e a utilização de jogos educativos como instrumentos

que podem auxiliar no processo de ensino aprendizagem, sendo que, ao mesmo

tempo que possibilita dinamizar as aulas estará contribuindo positivamente para o

desenvolvimento da criança no seu aspecto físico, intelectual e suas interações no

convívio social.

Santos (1997), em suas discussões sobre a temática, afirma:

Educar não se limita a repassar informações ou mostrar apenas um caminho, aquele caminho que o professor considera o mais correto, mas é ajudar a pessoa a tomar consciência de si mesma, dos outros e da sociedade.é aceitar-se como pessoa e saber aceitar os outros. E oferecer várias ferramentas para que a pessoa possa escolher entre muitos caminhos, aquele que for compatível com seus valores, sua visão de mundo e com as circunstâncias adversas que cada um irá encontrar. Educar é preparar para a vida (p.11)

A ludicidade exerce um papel importante no processo educativo, pois

interage de forma positiva na aprendizagem da criança, sem impor uma

aprendizagem sistemática, mecânica, conteudista, mas criando uma base sólida, um

alicerce para a construção de conhecimentos e desenvolvimento do indivíduo nas

suas interações sociail. “A educação consiste, pois, de uma prática social que

envolve o desenvolvimento dos indivíduos no processo de sua relação ativa com o

meio natural e social. (LIBÂNEO, 2000, p.114)

É importante a utilização de mecanismos que envolvam a criança permitindo

uma interação e socialização no seu convívio dentro do contexto escolar. Ferreiro

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(2001), atenta para esta questão ressaltando que toda educação infantil teria por

finalidade provocar uma autêntica participação das crianças em sua própria

educação. Desta forma, o educador deve proporcionar momentos prazerosos de

aprendizagem, promovendo atividades lúdicas, utilizando recursos pedagógicos

como jogos educativos, brincadeiras, visando despertar o interesse e a participação

da criança no seu processo de formação e aprendizagem.

Kishimoto(2009),apresenta discussões sobre esses recursos na educação

Na vida da criança, para além do entretenimento, o jogo ganha espaço através da focalização de suas propriedades formativas consideradas sob perspectivas educacionais e progressistas, que valorizam a participação ativa do educando no seu processo de formação (p.166)

Para Maluf (2003): “A busca do saber torna-se prazerosa quando a criança

aprende brincando. E é possível através do brincar, formar indivíduos com

autonomia motivados por muitos interesses e capazes de aprender rapidamente”. (p.

09). Portanto, é importante que o educador introduza na prática de sala de aula a

ludicidade como um meio que contribui para tornar a aprendizagem algo prazeroso,

envolvendo uma dimensão de conhecimentos valorosos e significativos.

A ludicidade utilizada na prática educativa deve ser vista de forma

significativa, criando um ambiente alfabetizador, oportunizando a criança construir

conhecimentos através das atividades propostas, viabilizando um processo de

interação dentro da sala de aula, no qual a criança possa desenvolver suas funções

psicológicas, intelectuais, potencializar a interação social, percebendo-se como um

indivíduo sociável.

Cabe à instituição escolar junto ao professor promover este momento lúdico

no decorrer das aulas, durante o desempenho das atividades, relacionando e

interligando os conteúdos pedagógicos propostos pela escola, na perspectiva de

desenvolver uma metodologia que envolva os indivíduos no processo de

aprendizagem, disponibilizando tempo para proporcionar interações sociais dentro

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do contexto escolar. “Os conteúdos veiculados durante as brincadeiras infantis, bem

como os temas de brincadeiras, as oportunidades para interações sociais e o tempo

disponível são todos fatores que dependem basicamente do currículo proposto pela

escola “(KISHIMOTO, 2009, p.39).

A aprendizagem da criança está relacionada ao seu desenvolvimento, pois a

medida em que a criança aprende ela está se desenvolvendo intelectualmente,

cognitivamente, desenvolvendo o raciocínio, por isso é importante que o processo

de aprendizagem seja realizado dentro de uma proposta que vislumbre o potencial

de desenvolvimento infantil. Segundo Vigotsky (1994) “A aprendizagem e o

desenvolvimento estão estreitamente relacionadas, sendo que as crianças se inter-

relacionam com o meio objetal e social, internalizando o conhecimento advindo de

um processo de construção” (p.103). É importante que o professor utilize objetos

concretos para que as crianças possam manipular, recursos pedagógicos educativos

para favorecer a aprendizagem. Kishimoto (2009), afirma:

Ao permitir a ação intencional (afetividade), a construção de representações mentais (cognição), a manipulação de objetos e o desempenho de ações sensório-motoras (físico) e as trocas nas interações (social), o jogo contempla várias formas de representação da criança ou suas múltiplas inteligências, contribuindo para o desenvolvimento infantil. (p.36)

É importante que o professor realize sua prática docente utilizando recursos

que propicie o desempenho da criança, na construção do conhecimento através de

materiais pedagógicos educativos que permitam a interação com outras crianças

com trabalhos que estimulem sua criatividade. Kishimoto (2009), fala sobre a

importância de o professor estar trabalhando com jogos e trabalhos artísticos na

escola, para que possa ser produzidos caminhos para a construção de uma

pedagogia da criança ajudando-a a elaborar os seus conceitos para organizá-los em

seus pensamentos.

O desenvolvimento dessas atividades tem uma papel significativo, pois

estimulam o interesse, instiga a criança à participar desse momento lúdico,

prazeroso, que investe na aquisição de conhecimentos, potencializando a

aprendizagem. Maluf (2003) afirma que “quanto mais a criança participa de

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23

atividades lúdicas novas buscas de conhecimentos se manifestam, seu aprendizado

será sempre mais prazeroso” (p.32). Desta forma é importante que o professor

desperte o prazer e a busca pelo conhecimento.

Portanto é importante que os educadores percebam o valor, do brincar, na

vida da criança, entendendo que os recursos pedagógicos como jogos educativos,

trabalhos artísticos, objetos concretos, o brinquedo, a brincadeira são essenciais

para potencializar o desempenho na aprendizagem. Pois através do brincar a

criança pode construir conhecimentos desenvolvendo habilidades de coordenação

motora, relacionar idéias, trabalhando assim o raciocínio lógico, visando tornar o

ambiente alfabetizador agradável e prazeroso, no qual a criança sinta-se a vontade

para participar e interagir.

Santos (1997), também reforça sobre a concepção do brincar:

Brincar ajuda a criança no seu desenvolvimento físico, afetivo, intelectual e social, pois, através das atividades lúdicas, a criança forma conceito, relaciona idéias, estabelece relações lógicas, desenvolve a expressão oral e corporal, reforça habilidades sociais, reduz a agressividade, integra-se na sociedade e constrói seu próprio conhecimento (p.20)

É relevante ressaltar o papel do professor nesse processo, pois segundo

Almeida (2003) “O sentido real, verdadeiro, funcional da educação lúdica, está

garantido se o educador estiver preparado para realizá-lo, Nada será feito se ele não

tiver um profundo conhecimento e pré disposição para levar isso adiante” (p.63),

sendo assim é fundamental a intervenção do professor na realização destas

atividades.

A ludicidade é essencial na aprendizagem e no desenvolvimento infantil,

desta forma, o educador que apresenta-se como facilitador do processo ensino-

aprendizagem, dentro da instituição escolar, deve estar preparado para o seu fazer

pedagógico, possibilitando dentro desta perspectiva o desenvolvimento da criança,

mediante a utilização de atividades lúdicas que contribuam para potencializar o seu

aprendizado.

Page 24: Monografia Elizangela Pedagogia 2010

24

O educador, sendo agente importante no processo educativo, deve estar

atento a sua função, buscando aprimorar seus conhecimentos, investindo na sua

formação, visando o aperfeiçoamento da ação docente através de cursos de

capacitação e formação continuada, para que ele possa ter acesso à conhecimentos

que sejam pertinentes à sua área de atuação propiciando assim, o desenvolvimento

de um trabalho significativo, pautado em uma aprendizagem que seja direcionada ao

desenvolvimento do educando, envolvendo valores que perpassam o convívio social

e que sejam inerentes à sua formação.

2.2 Formação Docente

As discussões sobre formação de professores apresentam-se hoje como

tema de destaque em variados cenários. Da parte dos órgãos governamentais,

nunca houve tanta ênfase na função dos professores como agentes das mudanças

requeridas pela nova ordem mundial. A formação docente emerge com a

necessidade de se ter pessoas capacitadas para dar continuidade e desenvolver a

prática de ensino dentro da instituição escolar. Conforme Pimenta (2006):

Os próprios professores de variadas formas, mostram a premência por ações de formação que dêem conta de atender as reais necessidades da escola, que se apresenta real, multifacetada, carregada de ambigüidade e contradições, a semelhança da sociedade (p.167)

Diante das constantes transformações que o mundo vem passando, nas

diversas áreas, frente aos avanços tecnológicos, a globalização, é imprescindível a

busca por conhecimentos que aprimorem o trabalho docente. A formação de

profissionais da educação é essencial para o desenvolvimento da prática educativa

e deve fazer parte da carreira do educador. Reis (2003,p.41), salienta que “a

formação continuada não pode estar vinculada somente ao acúmulo de

conhecimentos”. O educador deve estar atento ao desenvolvimento da ação docente

no cotidiano repensando a sua prática.

Page 25: Monografia Elizangela Pedagogia 2010

25

O docente deve buscar alternativas que contribuam para o aprimoramento

da ação pedagógica, neste aspecto é importante ressaltar a formação continuada

como um elemento indispensável no processo educativo, pois oportuniza ao

educador atualizar seus conhecimentos através de cursos, seminários, palestras,

não visando apenas o acúmulo de saberes, mas na perspectiva de uma visão

reflexiva sobre a prática pedagógica, percebendo que a formação de professores

requer articulações entre os diferentes saberes da formação/ teoria e prática/ ação

pedagógica.

A Lei de Diretrizes e Base da Educação Nacional 9.394/96, promulgada em

1996 traz em seu texto, no Artigo 61, a seguinte definição:

Art. 61- A formação de profissionais da educação, de modo a atender aos objetivos dos diferentes níveis e modalidades de ensino e às características de cada fase de desenvolvimento do educando, terá como fundamentos:

I- a associação entre teoria e prática, inclusive mediante a capacitação em serviço;

II-aproveitamento da formação e experiência anteriores em instituição de ensino e outras atividades.

É importante ressaltar sobre o texto apresentado no Artigo 61 (inciso I) da

Lei de Diretrizes e Base da Educação Nacional (LDB) que fala sobre “a associação

entre teoria e prática”, esta associação é imprescindível, pois, na instituição escolar,

na prática de sala de aula, o educador, através dos conhecimentos teóricos

adquiridos no processo de formação, poderá potencializar a ação docente

articulando os saberes da teoria e da prática ”É através da prática que o professor

realiza, no cotidiano da escola, em contato com alunos concretos, que a sua

competência adquire um sentido mais pleno, porque incorpora a realidade situada e

datada historicamente” (LELIS, 1989, p.20). Portanto, a formação do professor é

importante para o desenvolvimento da ação educativa.

É fundamental para atuar na área educacional, o preparo do professor

através do processo de formação, pois a aquisição de conhecimentos teóricos são

relevantes para o desenvolvimento da prática. Conforme Reis (2003), “a teoria é

importante na formação de todo profissional, mas deve ser direcionada para a

Page 26: Monografia Elizangela Pedagogia 2010

26

prática para os problemas reais do dia-a-dia das escolas, favorecendo uma reflexão

e intervenção na prática pedagógica” (p.31). Este direcionamento é importante na

perspectiva de trabalhar com conhecimentos que perpassam o convívio sócio-

cultural do educando.

No que se refere à formação do professor para atuar na educação básica a

Lei de Diretrizes e Base da Educação no Artigo 62, TÍTULO VI, Dos Profissionais da

Educação, fala sobre a formação de docentes para atuar na educação básica,

estabelecendo:

Art.62 A formação de docentes para atuar na educação básica far-se-á em nível superior, em curso de licenciatura, de graduação plena, em Universidades e institutos superiores de educação, admitida, como formação mínima para o exercício do magistério na educação infantil e nas primeiras séries do ensino fundamental, a oferecida em nível médio, na modalidade normal.

Portanto, faz-se necessário que os educadores tenham esta formação

admitida como mínima para atuar nas séries iniciais do ensino fundamental

apresentada na Lei de Diretrizes e Base da Educação Nacional 9.394/96, explicita

no Artigo 62 “(...) far-se-á em nível superior, em curso de licenciatura, de graduação

plena, em Universidades e institutos superiores de educação, admitida, como

formação mínima para o exercício do magistério (...)”

A formação docente deve oportunizar ao educador conhecimento e

preparação assegurando o desenvolvimento da prática pedagógica, permitindo

adquirir habilidades e competências necessárias para o exercício e desempenho da

prática educativa, pois, “a formação dos professores deve ser vista como um

trabalho de constante reflexão, construção e reconstrução da identidade pessoal e

profissional” (REIS, 2003, p.42). É importante esta reflexão por parte do educador

visando um ensino de qualidade, pautada em uma aprendizagem que envolva

saberes, princípios e valores inerentes à formação do indivíduo.

Além da aquisição de conhecimentos teóricos específicos na sua área os

curso de formação deve oportunizar ao educador uma visão ampla em relação aos

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27

conhecimentos e saberes inerentes ao exercício da ação docente e também ter

uma postura de pesquisador, levantando questionamentos, fazendo indagações e

reflexões sobre a sua prática pedagógica. Segundo Candau (1997), ”A formação de

professores supõe um enfoque multidimensional. Nela o cientifico, o político e o

afetivo devem estar intimamente articulados entre si e o pedagógico.” A autora

citada ainda refere-se ao domínio do educador em uma área específica, ressaltando

que “o domínio consistente de uma área específica, supõe uma adequada

compreensão da construção do seu objeto dos diferentes enfoque metodológicos

possíveis e suas respectivas bases epistemológicas” (CANDAU, 1997,p.46).

Candau (1997), nesta linha de pensamento, ainda enfatiza:

A dimensão política em intima relação com a científica, supõe uma perspectiva clara do papel social do conhecimento em questão, do tipo de sociedade e de homem que se quer ajudar a construir, da realidade que se quer compreender, desvelar e transformar. Supõe também uma consciência crítica sobre o papel da ciência da educação e do professor na sociedade em que vivemos. Quanto à dimensão afetiva, afirma que ensinar supõe interação humana, envolvimento emocional, prazer, compromisso (p.46).

Desta forma, percebemos os vários aspectos que podem ser articulados no

processo de formação docente, os níveis e área de conhecimentos, as dimensões

que podem ser abrangidas dentro desta proposta de formação, envolvendo uma

diversidade de saberes, em vários aspectos, o político, o científico, o pedagógico, o

afetivo.

Nascimento (1997), sobre formação de professores, ressalta que:

A formação de professores deve ser compreendida como um processo global e precisa assegurar a formação integral da pessoa, do cidadão, do profissional. No entanto é possível verificar que as estratégias de formação, que tem sido utilizado com mais freqüência em nosso país têm estado voltadas, preferencialmente, para a formação do profissional, de uma forma praticamente pautada da formação da pessoa e do cidadão (p.76)

Page 28: Monografia Elizangela Pedagogia 2010

28

Dentro de uma perspectiva de formação de professores para atuar nas

séries iniciais vale ressaltar as discussões de Santos (1997), quando a autora

menciona além da formação teórica, da prática aponta a formação lúdica como uma

forma de repensar os cursos de formação docente, ressaltando que ludicidade na

formação deve possibilitar ao futuro educador conhecer-se como pessoa, saber de

suas possibilidades e limitações favorecendo o desempenho da prática pedagógica.

2.3 Professor

A instituição escolar, espaço formal da educação, implica à responsabilidade

e o compromisso para com a sociedade de desempenhar a prática educativa,

pautada em valores que perpassam o convívio social, viabilizando um processo de

aprendizagem que possibilite ao individuo desenvolver suas funções intelectuais,

morais e a prática social. Segundo Libâneo (2000):

A educação consiste, pois, de uma prática social que envolve o desenvolvimento dos indivíduos no processo de sua relação ativa com o meio natural e social, mediante a atividade cognoscitiva necessária para tornar mais produtiva, afetiva, criadora, a atividade humana prática.(p.114)

A prática educativa, dentro do contexto escolar realiza-se mediante a

transmissão, assimilação e construção de conhecimentos, esta prática, por sua vez

requer um mediador, um facilitador do processo de aprendizagem. Segundo Libâneo

(1985) “O professor é o elemento mediador entre um aluno ser educável e a

sociedade, através do processo de transmissão/assimilação ativa dos

conhecimentos.” (p.49).

O professor é agente importante no processo educacional, a ele cabe a

função de desenvolver a prática de sala de aula. Para Arroyo (2007), “ser professor

é muito mais ser profissional da prática do que do discurso“ (p.152), exercendo o

papel de facilitador, promovendo no ambiente de sala de aula as interações sociais

através de atividades que oportunizem a integração dos indivíduos no processo de

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29

aprendizagem permitindo uma aquisição de conhecimentos que auxiliem no

desenvolvimento da sua criticidade, interpretação e questionamento de idéias.

O papel do professor como agente de valores é uma construção pessoal e

original. Estes valores pessoais resultam de um conjunto de fatores que envolvem

entre outros, a competência dos docentes para ensinar determinada disciplina, sua

maneira de se relacionar com os alunos nas situações de sala de aula e sua postura

como pessoa e como profissional (CASTRO, 2001, p.114). Promovendo, assim um

espaço de construção de conhecimentos e aquisição de valores. Segundo Moura

(2001):

O sujeito professor é membro da comunidade e a representa com a incumbência de promover a interação de seus membros de modo que eles possam adquirir códigos culturais que lhes permita executar e partilhar tarefas coordenadas pelo conhecimento comum dos sujeitos (p.144)

A “ação docente” e o “sujeito professor” estão fortemente relacionados uma

vez, que o professor apresenta-se neste contexto como agente, que interage, que

direciona, que cria meios, viabilizando na sala de aula, o processo educativo.

CAPÍTULO III

3. CAMINHOS METODOLÓGICOS

O pesquisador com o seu olhar de investigador em busca de conhecimentos,

informações sobre a temática estudada na perspectiva de obtenção de dados que

sejam analisados, buscando uma possível resposta de questionamentos, traça

Page 30: Monografia Elizangela Pedagogia 2010

30

caminhos utilizando-se de alguns instrumentos que permitam desenvolver sua

pesquisa de forma investigadora, sem ter a preocupação de buscar evidências que

comprovem hipóteses definidas, mas com o intuito de perceber a visão dos sujeitos

em relação à problemática, o significado que eles dão ao assunto pesquisado.

Utilizamos assim, alguns instrumentos que nos possibilitaram o contato com o

ambiente e os sujeitos envolvidos na pesquisa.

3.1 Tipo de Pesquisa

A pesquisa qualitativa, muito usada nas pesquisas educacionais nas últimas

décadas, tem como uma das características investigar os significados que os

envolvidos dão ao assunto pesquisado. Estes significados são obtidos por meio de

palavras e de observações junto ao sujeito de pesquisa, percebendo o contexto no

qual está inserido, suas interações no convívio social.

Ludke e André (1986), ressaltam que:

A pesquisa qualitativa estabelece o contato direto prolongado do pesquisador com o ambiente e a situação em que está sendo estudada.. O material obtido nessa pesquisa é rico em descrições de pessoas, situações e acontecimentos. (p. 11-12).

Sendo todos os dados da pesquisa relevantes, na qual o pesquisador deve

ter uma atenção especial ao maior número de elementos presentes nas situações de

estudo. Para realizar a pesquisa qualitativa deve-se levar em conta fatos reais,

fundamentados em questões metodológicas com a finalidade de observar e analisar

os dados coletado junto aos sujeitos envolvidos na pesquisa. Segundo Lakatos

(1991), “pesquisa é um procedimento formal, com método de pensamento reflexivo

que requer um tratamento científico e se constitui no caminho para conhecer a

realidade ou para descobrir verdades parciais.” (p.155).

Este tipo de pesquisa permite a análise dos resultados numa visão

diferenciada que considera a situação contextual dos sujeitos pesquisados,

Page 31: Monografia Elizangela Pedagogia 2010

31

considerando-os seres complexos e uma atitude de pesquisador, que procura

desenvolver compreensões sem se apoiar em teoria já constituída.

3.2 Locus da Pesquisa

O locus da pesquisa propicia ao pesquisador uma vivência que traz

interações entre o pesquisador e o sujeito, oportunizando espaço para investigação,

diálogo, para que consiga perceber a realidade existente.

O locus foi Colégio Municipal Manoel Ricardo de Almeida, situado no

Município de Campo Formoso-BA. Seu espaço físico é composto por 06 salas de

aulas, diretoria, secretaria, sala de professores, cantina, pátio para recreação,

quadra esportiva. A Instituição atende alunos da Educação Infantil e Ensino

Fundamental, funciona nos turnos matutino e vespertino. A referida instituição foi

escolhida como lócus por possibilitar o desenvolvimento desta pesquisa., na qual já

tivemos a oportunidade de realizar outros trabalhos acadêmicos durante o curso de

pedagogia.

3.3 Sujeito da Pesquisa

O sujeito de pesquisa é uma fonte de informação para o pesquisador, pois

através de suas ações e discursos, é que o pesquisador terá respaldo para poder

desenvolver a sua pesquisa. Os sujeitos desta pesquisa foram 10 (dez) professores

(as) das séries iniciais do Ensino Fundamental, do Colégio Municipal Manoel

Ricardo de Almeida.

3.4 Instrumento de Coleta de Dados

Para alcançar o objetivo proposto foram utilizados alguns instrumentos, que

nos auxiliaram na coleta de dados e obtenção de resultados para o desenvolvimento

e análise desta pesquisa.

3.4.1 Questionário fechado

Page 32: Monografia Elizangela Pedagogia 2010

32

O questionário fechado é um instrumento importante para o desenvolvimento

da pesquisa qualitativa, ele foi relevante para a realização deste trabalho pois nos

permitiu traçar o perfil dos sujeitos envolvidos na pesquisa , obtendo dados como

faixa etária , nível de escolaridade dos sujeitos, área de formação, tempo de atuação

na área docente , entre outros.

Marconi e Lakatos (1996) definem o questionário como:

Um instrumento de coleta de dados, constituído por uma série ordenada de perguntas que devem ser respondida sem a presença do investigador. Em geral o pesquisador envia o questionário pelo correio ou por um portador, depois de preenchido o pesquisado, devolve-o do mesmo modo. (p.88)

Este instrumento enriquece as informações, pois possibilita uma visão da

realidade e contexto dos sujeitos envolvidos na pesquisa.

3.4.2 Questionário aberto

O questionário aberto é uma forma de adquirirmos as respostas dos sujeitos

investigados, sem influenciá-los, no qual os pesquisados se sentem mais livres para

responderem as perguntas. Visto que nos permite uma coleta de dados do problema

pesquisado.

Através da aplicação do questionário aberto com questões norteadoras

sobre a temática mediante a análise de dados podemos perceber a visão dos

educadores/sujeitos desta pesquisa em relação ao nosso objeto de estudo, suas

perspectiva, suas interações e conhecimentos sobre o assunto abordado, Os dados

obtidos através do questionário foram relevantes e significativos para análise e

desenvolvimento deste trabalho.

Page 33: Monografia Elizangela Pedagogia 2010

33

CAPÍTULO IV

4. ANALISANDO OS DADOS DA PESQUISA

A pesquisa apresentada realizou-se mediante a aplicação de alguns

instrumentos que foram relevantes para a obtenção dos dados que serão aqui

Page 34: Monografia Elizangela Pedagogia 2010

34

apresentados. O questionário fechado foi de extrema importância, pois nos

possibilitou traçar um perfil dos sujeitos, baseado em dados obtidos através de suas

respostas no questionário, favorecendo a configuração do perfil dos sujeitos,

destacando aspectos como: faixa etária, nível de escolaridade, formação, tempo de

atuação na área docente, entre outros. O questionário aberto constitui-se como

instrumento fundamental para a realização desta pesquisa, pois conseguimos

perceber a relação dos sujeitos com o nosso objeto de estudo, a sua visão e

reflexão sobre as questões que norteiam esta pesquisa.

Inicialmente apresentaremos o resultado e o percentual dos dados obtidos

no questionário fechado, e por fim analisaremos as informações conseguidas com a

aplicação de questionários abertos.

4.1 Análises dos Questionários Fechados

4.1.1 Gênero dos sujeitos

Os sujeitos envolvidos na pesquisa, apresentou um percentual em relação

ao gênero: 100% são do sexo feminino. Percebe-se que o resultado desta pesquisa

revela que na educação, nas séries iniciais do ensino fundamental tem uma

presença mais forte de mulheres atuando nesta área.

100%Feminino

FIGURA 01/ GÊNERO

4.1.2 Faixa etária

Page 35: Monografia Elizangela Pedagogia 2010

35

Os dados obtidos em relação à faixa etária, demonstra uma diversidade em

relação a idade das docentes, 10% tem idade entre 20 e 25 anos. 10% entre 26 e 30

anos, 20% entre 31 e 35 anos, 40% entre 36 e 40 anos, 20% entre 41 e 45 anos.

10%

10%

20%

40%

20%

Entre 20 e 25 anosEntre 26 e 30 anosEntre 31 e 35 anosEntre 36 e 40 anosEntre 41 e 45 anos

FIGURA 02/ FAIXA ETÁRIA

4.1.3 Nível de escolaridade

A docência é uma atividade que requer do educador um nível de

escolaridade para o exercício de suas atividades pedagógicas. A Lei de Diretrizes e

Base da Educação Nacional 9.394/96, promulgada em 1996 traz em seu texto no

Artigo 62 referente a formação do educador para atuar nas séries iniciais da

educação básica “(...) far-se-á em nível superior, em curso de licenciatura, de

graduação plena, em Universidades e institutos superiores de educação, admitida,

como formação mínima para o exercício do magistério (...)” Dentre os sujeitos

envolvidos nesta pesquisa 70% tem nível superior / graduação e 30% pós

graduação.

70%

30%

Nivel Superior/GraduaçãoPós Graduação

FIGURA 03 / Nível de escolaridade

Page 36: Monografia Elizangela Pedagogia 2010

36

O percentual aqui apresentado nos permite perceber que as professoras

buscam aprimoramento para sua ação docente através da formação acadêmica,

pois 70% das educadoras tem nível superior e 30% buscaram ampliar estes

conhecimentos dando prosseguimento aos seus estudos através do curso de pós-

graduação. Sendo que 10% tem especialização em Língua Portuguesa, 10%

Psicopedagogia e 10% em Gestão escolar para coordenação pedagógica.

4.1.4 Área de Formação dos Educadores

A formação docente, apresentada nesta pesquisa como conceito chave é um

elemento fundamental para a atuação do educador e para aprimoramento do seu

fazer pedagógico. Os índices obtidos no questionário fechado revelam que 80% das

educadoras tem formação na área de pedagogia, 20% tem formação em área

específica (História ).

80%

20%

Formação em PedagogiaFormação Area Específica (História)

FIGURA 04 / Área de Formação

É relevante ressaltar a área de formação das educadoras, pois o percentual

da pesquisa nos mostra que 80% tem formação acadêmica na área de pedagogia o

que possibilita ao educador sentir se mais preparado e ter um melhor embasamento

para atuar nas séries iniciais.

4.1.5 Jornada de trabalho / Carga horária

A carga horária de trabalho é um fator importante que pode interferir na

qualidade do ensino. Os professores precisam ter um momento para que possam

planejar e organizar suas aulas, um tempo disponível para pesquisa, poder atualizar

seus conhecimentos através de cursos de capacitação e formação continuada. A

Page 37: Monografia Elizangela Pedagogia 2010

37

pesquisa demonstra que 40% exercem jornada de trabalho com carga horária de 20

horas e 60% no regime de 40 horas semanais.

40%60%

20 Horas 40 Horas

FIGURA 05 Jornada de trabalho / Carga horária

4.1.6 Tempo de atuação na área docente

Os dados obtidos revelam que as educadoras atuam na área docente há

alguns anos, permitindo uma experiência significativa na docência. 30% estão entre

os que tem até 5 anos de trabalho nesta área, 10% entre 6 e 9 anos, 30% entre 10

e 14 anos, 30% mais de 20 anos.

30%

10%

30%

30%

Até 5 anosEntre 6 e 9 anosEntre 10 e 14 anosEntre 15 e 20 anosMais de 20 anos

FIGURA 06 Tempo de atuação na área docente

Os saberes da experiência se fundam no trabalho cotidiano e no

conhecimento de seu meio. São saberes que brotam da experiência e são por ela

validados. Incorporam à vivência individual e coletiva sob a forma de habilidades, de

saber fazer e de saber ser. É através desses saberes que os professores julgam a

Page 38: Monografia Elizangela Pedagogia 2010

38

formação que adquiriram, a pertinência ou realismo dos planos e das reformas que

lhes são propostas e concebem o modelo de excelência profissional.

(CANDAU,1997, p.59).

4.1.7 Formação continuada / Cursos de capacitação

A formação docente requer constantes reflexões sobre sua prática,

implicando por parte do educador uma busca por ampliar e atualizar seus

conhecimentos. A formação continuada é essencial para a docência. Os dados

obtidos mostram que apenas 10% participa com freqüência, 40% participa um vez

por ano, 40% raramente participa e 10% nunca participa de algum tipo de curso de

capacitação.

10%

40%

40%

10%

Participa com frequenciaParticipam uma vez por anoRaramente participaNunca participa

FIGURA 07 / Formação continuada/ Cursos de capacitação

Nascimento (1997), por formação continuada , compreende:

Toda e qualquer atividade de formação do professor que está atuando nos estabelecimentos de ensino , posterior a sua formação inicial, incluindo-se aí os diversos cursos de especialização e extensão oferecidos pelas instituições de ensino superior e todas as atividades de formação propostas pelos diferentes sistemas de ensino. (p.70).

Os dados obtidos apresentam um percentual insignificante em relação a

oportunidade e participação das educadoras nos cursos de formação continuada.

4.1.8 Ludicidade no curso de formação acadêmica

Page 39: Monografia Elizangela Pedagogia 2010

39

Através das explanações feitas sobre ludicidade, nosso objeto de estudo, na

perspectiva de estar buscando um aprofundamento e mais conhecimento na área

devido a sua importância na vida da criança e entendendo que o professor é agente

importante neste processo, é imprescindível a ludicidade na formação do educador .

O percentual apresentado mostra um resultado significativo, 70% das docentes

tiveram a oportunidade de estudar sobre ludicidade nos cursos de formação

acadêmica, 30% não tiveram essa formação.

70%

30%

Estudaram ludicidade na formação acadêmica Não estudaram ludicidade na formação acadêmica

FIGURA 08 / Ludicidade nos cursos de formação acadêmica

4.1.9 Cursos de capacitação na área de ludicidade

Os dados obtidos em relação a participação das professoras em cursos

revelam que 50% já participaram de cursos na área de ludicidade e 50% nunca

participaram de cursos nesta área.

Page 40: Monografia Elizangela Pedagogia 2010

40

50%50%

Participaram de curso na área de ludicidadeNão participaram de curso na área de ludi-cidade

FIGURA 09 / Curso de capacitação na área de ludicidade

É importante que o educador busque aprimorar sua prática pedagógica,

participando de cursos, nos quais, possa adquirir conhecimentos inerentes à sua

prática de sala de aula, ressaltando que os conhecimentos na área de ludicidade

são relevantes, uma vez, que contribuem para o processo de ensino aprendizagem

e o desenvolvimento da criança.

4.2 ANALISANDO AS FALAS DOS SUJEITOS

A relação dos sujeitos com o objeto de pesquisa

Os resultados aqui apresentados foram obtidos através do questionário

aberto aplicado aos sujeitos envolvidos nesta pesquisa. Os resultados não são

afirmações com caráter de verdade absoluta, mas questões para serem refletidas.

4.2.1 Conceituando ludicidade

No decorrer da pesquisa buscamos um estudo mais aprofundado sobre

ludicidade e vimos que está relacionada ao lúdico, palavra que se origina do latim e

significa brincar, neste brincar estão incluídos os jogos, brinquedos, as brincadeiras.

Percebemos a importância das atividades lúdicas na vida da criança, no seu

processo de formação e desenvolvimento cognitivo, social, motor e no aspecto

físico. Ao abordar sobre ludicidade nos referimos à criança por serem as atividades

lúdicas a essência da infância. No contexto escolar enfatizando principalmente nas

séries iniciais, na qual a criança está na fase de descobertas, de desenvolvimento, o

Page 41: Monografia Elizangela Pedagogia 2010

41

trabalho com atividades lúdicas são de grande importância, pois exercem um papel

fundamental neste processo.

Através do questionário aberto utilizamos algumas questões norteadoras

relacionadas à temática, e buscamos inicialmente o conceito de ludicidade na

perspectiva das docentes das séries iniciais. Para preservar a identidade das

docentes utilizaremos um código para identificar sua fala: a letra P seguida do

número indo arábico.

“Acredito que é mais um instrumento de trabalho. Porque o docente tem a liberdade de utilizar jogos, brincadeiras e materiais concretos em sua prática, com o objetivo de desenvolver o raciocínio e a interpretação dos conteúdos propostos”. (P.01)

“Sem dúvida ludicidade é indispensável nas primeiras séries do Ensino Fundamental, è um período em que a criança viaja no mundo da imaginação. Portanto o brincar na escola auxilia na descoberta da aprendizagem”. (P.02)

“Que é um processo importante, que não pode faltar na sala de aula, principalmente nas séries iniciais”. (P.05)

“Palavra usada para o trabalho feito com jogos e brincadeiras a fim de Incentivar os alunos a terem mais prazer ao aprender”.(P.09)

É importante ressaltar sobre a fala de P02 quando enfatiza ”Sem dúvida

ludicidade é indispensável nas primeiras séries do ensino fundamental”, podemos

perceber que a professora reconhece a importância da ludicidade na prática

educativa. P.05 reforça o conceito de P.02, afirmando “que não pode faltar na sala

de aula principalmente nas séries iniciais” (P.05).

Existe uma ligação na fala de P01 e P.09 quando destacam os jogos, as

brincadeiras como um instrumento que pode auxiliar no trabalho de sala de aula.

P.04 também conceitua de forma semelhante, “que tem a ver com lúdico, relativo a

jogos”. Em relação ao jogo, Kishimoto (2009), afirma: ”O jogo não pode ser visto

apenas como divertimento ou brincadeira para desgastar energia, pois ele favorece

o desenvolvimento físico, cognitivo, afetivo, social e moral”. A autora citada ainda

enfatiza o uso do jogo com fins pedagógicos: “O uso do brinquedo / jogo educativo

com fins pedagógicos remete-nos para a relevância desse instrumento para

Page 42: Monografia Elizangela Pedagogia 2010

42

situações de ensino-aprendizagem e de desenvolvimento infantil”. (Kishimoto,2009,

p.36)

O conceito de P.03 e P.10, refere-se a ludicidade como “algo que torna as

aulas alegres, divertidas, prazerosas” e que pode tornar a “aprendizagem

agradável”. P07 e P.08 falam de ludicidade como um meio que possibilita a criança a

“compreender o mundo de forma alegre e significativa”, tornando “a aprendizagem

atraente e eficaz”.

Percebe-se que P.06 através de sua fala, “O lúdico é uma necessidade do

ser humano em qualquer idade (...), “facilita a aprendizagem e o desenvolvimento

pessoal, social e cultural”, está plenamente de acordo com o que diz Santos, (1997):

A ludicidade é uma necessidade do ser humano em qualquer idade e não pode ser vista apenas como diversão. O desenvolvimento do aspecto lúdico facilita a aprendizagem, o desenvolvimento pessoal, social e cultural, colabora para uma boa saúde mental, prepara para o estado interior fértil, facilita os processos de socialização, comunicação, expressão e construção do conhecimento. (p.12).

Portanto, a ludicidade exerce um papel importante no desenvolvimento do

indivíduo, pois ela interage e auxilia no seu desenvolvimento em vários aspectos,

colaborando não apenas para realização de atividades prazerosas, mas sendo

direcionada à construção de conhecimentos e dos processos de socialização.

4.2.2 Ludicidade na formação acadêmica

Através dos conceitos concernentes à ludicidade, apresentados pelas

docentes, é possível perceber que elas reconhecem o papel da ludicidade na prática

educativa e no processo de desenvolvimento da criança. Diante da importância das

atividades lúdicas na vida da criança, e entendendo que o educador é agente

importante nesse processo, levantamos o seguinte questionamento: No processo de

formação acadêmica quais as contribuições que você teve na área de ludicidade

(embasamento teórico, prática)? Qual a sua análise sobre esses conhecimentos

para o desenvolvimento da prática docente?

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43

“Apenas na parte prática. A mesma contribui para as aulas ficarem mais interessantes e prazerosas, facilitando a aprendizagem dos alunos”. (P.01)

“Embora já enxergasse ludicidade como conteúdo, na pedagogia o processo de formação acadêmica contribuiu para fortalecer a metodologia adquirir mais conhecimento nesta área”.(P.02)

“Foi através deste embasamento teórico e prático que tive mais conhecimento na área. Pois as atividades lúdicas descansam e divertem os alunos e tornam as aulas mais descontraídas quando são bem desenvolvidas”. (P.03)

“Jogos e brincadeiras resgatando a cultura de forma interessante, pois os mesmos trazem valores culturais, respeito e conhecimento no meio em que vive. Portanto o lúdico torna-se um conhecimento necessário para abordar objetivos em todas as disciplinas”. (P.08)

“A contribuição foi teórica. Todo professor deve refletir sobre a prática em sala de aula e o trabalho com ludicidade é uma estratégia bem interessante que prende a atenção envolvendo os alunos de maneira descontraída sem cobranças duras”. (P.09)

Na fala de P.01 e P08 é ressaltado a contribuição que tiveram na prática, e

é feito uma análise sobre esse conhecimento para á prática docente, falando sobre

as contribuições nas aulas. ”Contribuiu para as aulas ficarem mais interessantes e

prazerosas, facilitando a aprendizagem dos alunos”(P.01). “Portanto o lúdico torna-

se um conhecimento necessário para abordar objetivos em todas as disciplinas”

(p.08). P.07 também faz uma análise sobre a contribuição para a prática educativa,

”facilita a integração dos conteúdos e oferece oportunidade para o exercício da

liberdade, o aluno aprende brincando, facilitando assim a aprendizagem e tornando

a mesma consistente e duradoura”. Santos (1997), ressalta “quanto mais vivências

lúdicas forem proporcionadas nos currículos acadêmicos, mais preparado o

educador estará para trabalhar com a criança”(p.21).

P.06 Faz uma análise: “Educar exige alegria e esperança como também

pesquisa e reflexão crítica da prática” assim argumentou nosso Mestre Paulo Freire.

Na minha concepção o espaço- tempo da educação deveria ser recheado de

encantamento, alegria e liberdade de expressão (...).

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44

Nas respostas de P.02 e P.03 afirma-se que foi através do curso de

formação acadêmica que “tiveram mais conhecimento na área”. P.04, P.05 e P.10

dizem que “não tiveram essa formação”.

Diante de todo esse contexto apresentado sobre ludicidade, sua importância

e o papel que exerce na formação da criança, percebendo a relevância de ludicidade

no processo de formação docente, entendemos que todo educador deveria ter a

oportunidade de estudar e adquirir conhecimento nesta área durante o processo de

formação acadêmica. Santos (1997) discute com propriedade sobre a temática e ao

adentrar nas questões referentes a formação docente ressalta, “ Uma das formas de

repensar os cursos de formação é introduzir na base da sua estrutura curricular

como pilar a formação lúdica”(p.13)

4.2.3 Buscando aprimoramento através da formação continuada

Através das respostas obtidas no questionário aberto podemos constatar

que 30% das docentes não tiveram um estudo na área de ludicidade em sua

formação. Sabemos que a formação do educador não se resume ao curso de

formação inicial, mas é uma busca constante por conhecimentos que aprimorem a

sua prática através dos cursos de formação continuada. Nesta linha de pensamento

buscamos saber das educadoras, quais outras contribuições de ludicidade elas

tiveram (cursos, oficinas, seminários) na área de ludicidade, no decorrer do processo

de formação docente.

“Em oficinas durante jornadas pedagógicas e no curso PROLETRAMENTO1, tive a oportunidade de aprimorar como, por exemplo, trabalhar com jogos, músicas, dinâmicas e muitas outras brincadeiras”. (P.02)

“Brinquedoteca – UNOPAR2”. (P.06)

“Oficinas: confecção de jogos, brinquedos, brincadeiras, também músicas e danças”. (P.08)

Em relação a oportunidade de participar de cursos, palestras, seminários na

área de ludicidade, através das respostas, vimos que P.01, P.03 .e P.09 já

participaram somente de palestras, P.04, P.05 e P.10, já tiveram a oportunidade de

participar de oficinas. É importante que os educadores estejam buscando ampliar

seus conhecimentos para aprimorar o desenvolvimento da prática educativa.

_______________________________________

1Curso de capacitação de professores voltado para alfabetização/Letramento. 2A docente refere-se a um curso, do qual participou da Universidade Norte do Paraná.

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45

Santos (1997), reforça este pensamento afirmando, “quanto mais o adulto

vivenciar sua ludicidade maior será a chance de este profissional trabalhar com a

criança de forma prazerosa”(p.14) . Portanto, quanto mais conhecimentos e

experiência vivenciadas pelos educadores mais preparados eles se sentirão para

atuarem em sala de aula.

4.2.4 A visão dos educadores em relação ao lúdico no processo de ensino-

aprendizagem

As discussões até aqui apresentadas, enfocaram a relevância da ludicidade

na formação docente, em cursos de formação continuada. Diante disso, buscamos

perceber a visão das docentes em relação ao lúdico no processo de ensino-

aprendizagem:

“De suma importância para a atuação da prática docente, é essencial para os educandos no que diz respeito ao seu desenvolvimento cognitivo e motor”. (P.01)

“Como qualquer outra disciplina as atividades relacionadas ao lúdico devem ser inseridas em projetos pedagógicos e planejamentos, pois desperta na criança o gosto e o interesse para aprender com o mundo das descobertas”. (P.02)

“O lúdico não pode deixar de existir no processo de ensino-aprendizagem uma vez que é uma importante fonte de motivação”. (P.05)

“O lúdico é de extrema importância na vida da criança, é preciso que os profissionais nesta área tenham acesso ao conhecimento para repassarem sua prática e assim estejam conscientes da importância do lúdico na vida de seu aluno”. (P.06)

“Favorável. O lúdico é responsável pelo desenvolvimento físico, moral e cognitivo da criança. Por isso deve ser trabalhado de forma bastante significativa”. (P.08)

“Vejo como algo imprescindível no trabalho de sala de aula. Os jogos e brincadeiras é uma forma de atrair a atenção e o interesse pelo conteúdo trabalhado”. (P.09)

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Existe uma coerência de pensamentos na fala de P.01 e P.08, sobre a visão

em relação ao lúdico no processo de aprendizagem, destacam um dos aspectos

mais importantes que a ludicidade possibilita na vida da criança: o desenvolvimento

físico, moral, cognitivo e motor, concordando com afirmação de Santos (1997) “O

desenvolvimento do aspecto lúdico facilita a aprendizagem, o desenvolvimento

pessoal, social e cultural “(p.12).

Na fala dos sujeitos P.02, P.05 e P.09 também são enfatizados aspectos

importantes como o gosto, o interesse e o despertar à atenção dos alunos para a

aprendizagem, percebendo as atividades lúdicas como uma fonte de motivação.

P.03 e P.04 destacam o “brincar”, percebendo as atividades lúdicas como um meio

que possibilita aprendizagem através do brincar. Maluf (2003), reforça esta visão em

relação ao brincar, “a busca do saber torna-se prazerosa quando a criança aprende

brincando.”(p.09)

P.07 e P.10 vêem o lúdico como algo que auxilia na aprendizagem, que

ajuda o professor na sua prática docente. Nas falas de P.01 [ludicidade é] “De suma

importância para atuação da prática docente” e P.06”O lúdico é de extrema

importância na vida da criança”, notamos que a visão das docentes em relação ao

lúdico no processo de ensino aprendizagem é de algo imprescindível para a prática

docente.

4.2.5 Uma análise sobre a ludicidade no processo de formação docente

Diante da explanação apresentada, das argumentações sobre a temática da

pesquisa, para finalizar buscamos saber qual a análise das educadoras sobre a

ludicidade no processo de formação docente do educador (importância,

contribuições...) para o desenvolvimento da prática docente em sala de aula.

“É importante que o educador amplie seus conhecimentos e valorizem a ludicidade, pois a mesma só tem a contribuir no processo de formação dos educandos como: respeitar regras, interagir com os colegas, dividir atividades, cumprir com combinados, divertir-se durante as aulas, descobrir novas sensações e acima de tudo entender os conteúdos propostos pelo sistema de uma maneira mais simples, porém eficaz”. (P.01)

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“O educador deve buscar formação na ludicidade, principalmente o professor de séries iniciais, pois deve estar bem preparado e atuar com segurança em sua prática pedagógica. Como qualquer conteúdo o lúdico deve ser levado a sério”. (P.02)

“É de grande importância tanto pelo fato de participar de momentos alegres e prazerosos no trabalho coletivo, como para aprimorar e adquirir mais conhecimentos para trabalhar em sala de aula”. (P.08)

“Sendo o lúdico um trabalho bem divertido, tanto alunos como professores, irão desenvolver um trabalho mais significativo. Os educadores deveriam ter a oportunidade de participar mais de oficinas e cursos e dispor de materiais para realizar um trabalho com maior diversidade”. (P.09)

Em sua análise sobre a ludicidade no processo de formação docente e suas

contribuições para prática educativa, P.01 diz: “É importante que o educador amplie

seus conhecimentos e valorize a ludicidade”, P02 reforça a fala de P01, enfatizando,

“O educador deve buscar formação na ludicidade, principalmente o professor de

séries iniciais”(P.02). Através da fala das professoras podemos perceber o valor que

elas atribuem a ludicidade na formação docente.

Segundo Maluf (2003):

A formação de um profissional nesta área precisa ser melhor embasada, com conhecimentos que vivenciem experiências lúdicas, que atuem como estímulos para aplicar seus poderes de habilidades, que desabrochem naturalmente em uma variedade de maneira de explorar a si próprio e o ambiente que se encontra (p.11)

Nas falas de P.04 e P.07, a ludicidade no processo de formação docente, é

considerada “importante”, pois percebem que ela contribui na aprendizagem “pois

motiva e desperta o interesse do aluno para aprender”. P.05 e P.10 em sua análise

referem-se a ludicidade no processo de formação como um “suporte rico,

motivador”, e “facilitador no processo de ensino-aprendizagem”.

Na fala de P.03 e P.08 ressaltam-se as contribuições para a prática.

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”Muito importante, pois hoje posso estar adaptando à realidade dos alunos e trabalhando todo conhecimento que tive, junto com eles através da prática”.(P. 03)

“É de grande importância tanto pelo fato de participar de momentos alegres e prazerosos no trabalho coletivo como para aprimorar e adquirir mais conhecimento para o trabalho em sala de aula”.(P. 08)

Na análise feita pelos sujeitos P.03 e P.08 sobre a ludicidade no processo de

formação docente é enfatizado a importância dos conhecimentos adquiridos e das

experiências vivenciadas durante esse processo reconhecendo o valor das

atividades lúdicas para a atuação em sala de aula, na qual o educador pode estar

colocando em prática os conhecimentos teóricos.

É relevante destacar a fala de P.09 “Os professores deveriam ter a

oportunidade de participar mais de oficinas e cursos e dispor de materiais para

realizar um trabalho com maior diversidade”. O educador deve estar constantemente

buscando atualizar seus conhecimentos, é importante que seja oportunizado e

oferecido aos educadores cursos de capacitação, formação continuada na qual

possam estar ampliando seu saber pedagógico, adquirindo conhecimentos que

sejam inerentes à formação humana, com valores que perpassam o convívio social.

Segundo Santos (1997). “A grande maioria das instituições educacionais ainda é

pautada numa prática que considera a idéia do conhecimento-repetição sob uma

ótica comportamentalista” (p.11). A formação lúdica se assenta em pressupostos

que valorizam a criatividade, o desenvolvimento da criança nos aspectos físico,

cognitivo, social, afetivo e na construção do conhecimento.

Para Santos (1997), “A formação do educador, a nosso ver, ganharia em

qualidade se, em sua sustentação, estivessem presentes os três pilares: a formação

teórica, a formação pedagógica, e como inovação a formação lúdica”, (p.14). Esta

pesquisa norteou-se na perspectiva de estar contribuindo para uma reflexão sobre

essa temática. Assim, tem a pretensão de despertar um novo olhar sobre o lúdico no

processo de aprendizagem no contexto escolar.

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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A ludicidade usada no processo educativo como instrumento pedagógico,

exerce um papel importante, que vai além do simples brincar, seus objetivos buscam

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a dimensão da experiência vivenciada pelo ser humano que se expressa no

individual, no coletivo, no interior e exterior de cada indivíduo, oportunizando o

desenvolvimento do potencial criador do aluno, a construção de conhecimentos, da

personalidade e auxiliando no desenvolvimento da criança em vários aspectos

como: cognitivo, afetivo emocional, sensório-motor, físico e nas interações sociais.

A abordagem desta temática nos remete a discussões referentes à infância,

por serem as atividades lúdicas a essência da infância. No entanto percebemos que

nos diferentes contextos sociais e culturais de variadas épocas existia uma visão

diferenciada de infância, antigamente ela não tinha uma existência social. Os jogos,

os brinquedos, as brincadeiras que se apresentam como atividades de caráter lúdico

também não tinham a conotação que se tem hoje, eram vistos apenas como

diversão. Hoje, o papel das atividades lúdicas na vida da criança é reconhecido com

o auxílio de concepções psicológicas e pedagógicas que percebem a importância do

brincar na infância.

Os estudos realizados mostraram o valor do brincar na vida da criança,

permitindo perceber que através do brincar a criança pode construir conhecimentos,

desenvolver-se e interagir no convívio social por meio de atividades lúdicas

realizadas no ambiente escolar. O lúdico aplicado à prática pedagógica não apenas

contribui para o aprendizado da criança, mas possibilita ao educador tornar as aulas

dinâmicas e prazerosas.

Diante das considerações e explanações referentes à ludicidade no

desenvolvimento da criança, é fundamental que nas séries iniciais as atividades

lúdicas estejam presentes no processo de aprendizagem. É importante que o

educador perceba que o lúdico, enquanto recurso pedagógico, deve ser visto de

forma significativa criando um ambiente alfabetizador, pois, os brinquedos, os jogos

educativos constituem-se como instrumentos pedagógicos que contribuem para

potencializar a construção e aquisição de conhecimentos.

À instituição escolar, portanto, junto aos educadores, deve assegurar o

tempo e o espaço para que o trabalho lúdico seja vivenciado em sala de aula,

criando mecanismos que envolvam e desperte o interesse da criança, percebendo

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que as atividades lúdicas interagem de forma positiva, sem impor uma

aprendizagem mecânica, mas contribuem para criar uma base sólida para a

construção de conhecimentos.

O professor exerce um papel importante neste processo apresentando-se

como mediador, agente facilitador, que interage na prática educativa. Diante do

contexto apresentado, é imprescindível por parte do educador a busca por aquisição

de conhecimentos na área de ludicidade, para que ele possa desenvolver a sua

prática pedagógica viabilizando uma aprendizagem que envolva valores inerentes à

formação do educando, oportunizando a criança desenvolver-se e interagir no

convívio social.

Mediante a pesquisa realizada podemos perceber através das análises feita

pelas docentes, o conceito que elas têm sobre ludicidade. A análise sobre os

conhecimentos adquiridos na formação acadêmica para o desenvolvimento na

prática de sala de aula. A visão em relação às atividades lúdicas no processo de

ensino-aprendizagem. E uma análise sobre a ludicidade no processo de formação

docente.

As docentes conceituam ludicidade como instrumento pedagógico

indispensável nas séries iniciais, que não pode faltar no processo educativo, no qual

o professor pode utilizar jogos, brinquedos, brincadeiras, tornando as aulas

dinâmicas e prazerosas. Considerando os conhecimentos da teoria e da prática

adquiridos na formação acadêmica, como relevantes para o desenvolvimento da

prática pedagógica.

Em relação às atividades lúdicas no processo de ensino aprendizagem as

docentes ressaltam que são imprescindíveis no trabalho de sala de aula, consideram

essencial para o desenvolvimento da criança em vários aspectos como motor,

afetivo, moral e cognitivo, ressaltando que é tão importante como qualquer

disciplina, e, portanto, deveriam ser incluídas em projetos pedagógicos e

planejamentos.

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Na análise feita pelas educadoras sobre ludicidade no processo de formação

docente, é enfatizado a importância do educador estar buscando ampliar e aprimorar

seus conhecimentos, destacando que o professor deve buscar formação na

ludicidade, principalmente o professor de séries iniciais, para que possa desenvolver

melhor a sua prática, ressaltando as contribuições para o desenvolvimento do

educando, referindo-se a ludicidade como um suporte rico, motivador e facilitador do

processo de ensino-aprendizagem.

Esta pesquisa é relevante, pois foram aqui apresentadas discussões que

podem estar contribuindo para que possamos dimensionar um novo olhar sobre a

ludicidade no processo de aprendizagem e consequentemente na formação

docente, visando uma aprendizagem que envolva valores inerentes à formação do

educando.

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Page 56: Monografia Elizangela Pedagogia 2010

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APÊNDICES

QUESTIONÁRIO FECHADO

Perfil do educador

1-Gênero:

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( ) feminino ( ) masculino

2- Faixa etária:

( ) entre 20 e 25 anos ( ) entre 36 e 40 anos ( ) entre 26 e 30 anos ( ) entre 41 e 45 anos ( ) entre 31 e 35 anos ( ) mais de 50 anos 3-Nível de escolaridade;

( ) nível médio( ) nível superior/ graduação( ) pós graduação

4-Área de formação:

( ) pedagogia( ) área especifica ________________________

5-Jornada de trabalho / carga horária:

( ) 20hs ( ) 40hs ( ) 60hs 6-Tempo de atuação na área docente:

( ) até 5 anos ( ) entre 15 e 20 anos ( ) entre 6 e 9 anos ( ) mais de 20 anos( ) entre 10 e 14 anos

7-Formação continuada: cursos de capacitação:

( ) participa com freqüência( ) participa uma vez por ano( ) raramente participa( ) nunca participa

8- Você teve a oportunidade de estudar sobre ludicidade no curso de formação acadêmica:

( ) Sim ( ) não

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9-Você já participou de cursos de capacitação na área de ludicidade:

( ) Sim ( ) não

QUESTIONÁRIO ABERTO

1- Qual o conceito que você tem sobre Ludicidade:____________________________________________________________________________________________________________________

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____________________________________________________________________________________________________________________

2- No processo de formação acadêmica quais as contribuições que você teve na área de ludicidade ( embasamento teórico, prática ) ? Qual a sua análise sobre esses conhecimentos para o desenvolvimento na prática docente:__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

3--No decorrer do seu processo de formação docente quais outras contribuições de ludicidade você teve ( Cursos, oficinas, palestras, seminários): ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

4- Qual a sua visão em relação ao lúdico no processo de ensino-aprendizagem? _________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

5- Que análise você faz sobre a ludicidade no processo de formação docente do educador ( importância , contribuições ...) para o desenvolvimento da prática docente em sala de aula: __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________