Monografia "A formação do professor contador, uma análise dialética e epistemológica"

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GRUPO EDUCACIONAL IUNI UNIVERSIDADE DE CUIABÁ – UNIC – UNIDADE BARÃO UNIÃO PARA O DESENVOLVIMENTO DA PÓS GRADUAÇÃO - UNIPOS A FORMAÇÃO DO CONTADOR PROFESSOR UMA ANÁLISE DIALÉTICA E EPISTEMOLÓGICA

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Como se forma a atividade de docente na profissão contábil, sob um ótica científica.

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  • 1. GRUPO EDUCACIONAL IUNI UNIVERSIDADE DE CUIAB UNIC UNIDADE BAROUNIO PARA O DESENVOLVIMENTO DA PS GRADUAO - UNIPOSA FORMAO DO CONTADOR PROFESSORUMA ANLISE DIALTICA E EPISTEMOLGICA LEONARDO ADAM POTH

2. LEONARDO ADAM POTHA FORMAO DO CONTADOR PROFESSOR UMA ANLISE DIALTICA E EPISTEMOLGICAEspecializao Lato Sensu em Metodologia e Didtica do Ensino SuperiorMonografia apresentada para concluso docurso Didtica do Ensino Superior daUNIPS Unio para o Desenvolvimento daPs Graduao, como parte das exignciaspara obteno do ttulo de Especialista emDidtica, sob coordenao da Prof. MS Mariado Socorro de Ges e orientao ministradapela Prof. Esp. Maria Aparecida EmicoKajiura Rosa. Cuiab - MT Dezembro de 20102 3. POTH, L. A.; A Formao do Professor Contador: Uma anlise dialtica eepistemolgica. Monografia apresentada ao curso de Especializao em Didtica doEnsino Superior da Universidade de Cuiab / UNIC Unio para o desenvolvimento daps-graduao / UNIPS. Cuiab, MT: Dezembro de 2010.3 4. ______________________________________________________________________VERSOS DE ORGULHOUbiqidadeEsts em tudo que pensoEsts em tudo quanto imagino;Ests no horizonte imenso,Ests no gro pequeninoEsts na ovelha que pasce,Ests no rio que correEsts em tudo que nasce,Ests em tudo que morre.Em tudo ests, nem repousas, ser to esmo e diverso!(Eras no incio das coisas,Sers no fim do universo.)Ests na alma e nos sentidosEsts no sentido, estsNa letra, e, os tempos cumpridos,No cu, no cu estars.Manoel Bandeira 4 5. DEDICATRIA E AGRADECIMENTOSDedico com toda gratido o presente trabalho a Universidade de Cuiab, quefoi aquela que acreditou em meu potencial docente e cedeu a oportunidade impar daprtica desta carreira to gratificante. Em especial a Professora Mestre Maria doSocorro Ges, pioneira no programa de expanso universitria.A todos os mestres que, com tanto empenho, despertaram-nos a importnciada educao superior e o interesse sublime pela carreira, abrindo-nos portas para odesenvolvimento da profisso docente.A Edgar Ado Poth (1924-2009), meu eterno professor, em todos os sentidos.Agradecimento especial a Flavio Campos de Oliveira, pelo incentivoincondicional.Aos fiis companheiros de jornada. 5 6. SUMRIOVersos de Orgulho ...................................................................................... 04Dedicatria e Agradecimentos.....................................................................05Resumo ....................................................................................................... 08Resumn .....................................................................................................09Introduo ................................................................................................... 10Projeto Inicial .............................................................................................. 15UNIDADE I .................................................................................................. 191.1. Trabalho como Produto Humano .........................................................191.2. Evoluo do Ensino de Contabilidade no Brasil...................................24UNIDADE II ................................................................................................. 282.1. Perfil do Profissional ............................................................................ 282.2. As bases de Formao ........................................................................ 312.3. Significados de ser Professor de Contabilidade .................................. 332.4. Gnese da Profisso: Crise de Identidade .......................................... 35UNIDADE III ................................................................................................ 393.1. Conhecimento Contbil e Legislao de Ensino .................................393.2. A prtica organizacional da Docncia em Contabilidade ....................413.3. Currculo do Curso e Dimenses da Docncia .................................... 43UNIDADE IV ............................................................................................... 494.1. Metodologia e o Professor ................................................................... 494.1.1. Introduo .........................................................................................494.1.2. Jogos de Empresa............................................................................. 514.1.3. Raciocnio, Sistematizao e Prtica ...............................................534.1.4. Mtodos Quantitativos ..................................................................... 564.1.5. Mtodo do Caso ...............................................................................574.2. Qualidade no Ensino Superior de C. Contbeis .................................. 584.3. Prxis no Ensino Contbil: Mudana de Paradigmas .......................... 626 7. UNIDADE V ................................................................................................ 675.1. Crtica Prtica do Construtivismo ......................................................675.2. A responsabilidade social do profissional liberal atuante em educao 71Anexo: Relato de Experincia Ser Professor antes dos 25 anos ............73Lista de Quadros ......................................................................................... 78Consideraes Conclusivas ........................................................................ 79Referncias Bibliogrficas ..........................................................................807 8. Resumo: O presente trabalho foi redigido com o objetivo de analisar o processo deformao do professor contador. Sabemos que o referido fato um tanto quantocontraditrio, j que nas bases de formao do bacharel em Cincias Contbeis, noh nenhuma disciplina que contemple tal formao, tampouco, despertado ointeresse nato para a atividade docente. Essa aptido ou necessidade determinadapor fenmenos sociais, interesses de pequenos grupos, convites pessoais e atmesmo como uma segunda atividade. A vocao docente grande incgnita numaprofisso to prtica e aparentemente tcnica como a contabilidade. precisotransparece-la como uma cincia social, aplicada s necessidades da prpriasociedade. A interpretao destas propostas e metodologias o desafio do presentetexto, enfocando primordialmente as novas tendncias de mercado para adaptao doprofessor. Adequado torna-se a complementao do ttulo Uma anlise dialtica eepistemolgica, j que trabalharemos as origens da formao profissional, histrico eevoluo da cincia e engajamento da docncia e sua prtica no ensino superior. Esteestudo esta estruturado em cinco unidades, onde na primeira, caracterizamos otrabalho como condio inerente da humanidade e a evoluo do ensino dacontabilidade; na segunda o questionamento de qual seria o perfil desejado para aconsolidao de uma base de formao prpria adequada, significando o que serprofessor universitrio; na terceira os primrdios da contabilidade como cincia eorganizao curricular; na quarta onde se encaixa a docncia, quais as metodologiasde sucesso adotadas ou esperadas e por onde comea a busca pela qualidade numuniverso to paradigmtico e positivista e finalmente na ltima unidade traaremos umacrtica construtiva a aplicao do construtivismo nos pensares da prtica pedaggicacontempornea, enfocando a responsabilidade social do professor a partir de suaescolha em exercer a profisso, que no pode ser vista como mera atividade,anexando uma experincia emprica, tecendo a concluso dos fatos.Palavras-Chave: Contabilidade / Docncia / Vocao / Formao.8 9. RESUMNEl documento ha sido elaborado con el objetivo de analizar el proceso de la formacindel profesorado en Contabilidad. Sabemos que este hecho es algo contradictorio, yaque las bases para la formacin de la licenciatura en Contabilidad, no hay disciplinaque abarca esta formacin, ya sea, est atrayendo el inters que a la enseanza. Estacapacidad est determinada por la necesidad o fenmenos sociales, los intereses depequeos grupos, invitaciones personales, e incluso como una segunda actividad. Lagran incgnita es la enseanza de la vocacin como una profesin como lacontabilidad, aparentemente tcnico y prctico. Necesitamos que surge como unaciencia social, aplicada a las necesidades de la sociedad misma. La interpretacin deestas propuestas y metodologas es el desafo de este texto, centrndoseprincipalmente en el mercado nuevas tendencias de la adaptacin a la maestra. Seconvierte en adecuada para complementar el ttulo "Un anlisis dialctico yepistemolgico" desde los orgenes de la labor de formacin, la historia y evolucin dela ciencia y el compromiso con la enseanza y la prctica de la enseanzasuperior. Este estudio est estructurado en cinco unidades, que en un principiocaracteriz el trabajo como una condicin inherente a la evolucin de la humanidad y laenseanza de la contabilidad, la segunda la cuestin de cul sera el perfil deseadopara la consolidacin de una base de una formacin adecuada en s, es decir, que va aser profesores de universidad, en el inicio de la contabilidad de terceros como unaorganizacin de la ciencia y el currculo, el cuarto en el que se inscribe en laenseanza, las metodologas exitosas adoptadas o previstas son y dnde comienza labsqueda de calidad en un universo tan y paradigma positivista y, finalmente, la ltimaunidad trazamos una crtica constructiva de pensar acerca de la aplicacin delconstructivismo en la prctica pedaggica contempornea, centrndose en laresponsabilidad social de la maestra de su preferencia en la ocupacin, que no puedeser mirado como meraactividad adjuntando una experiencia emprica, eltejido constatacin de los hechos.Palabras Clave: Contabilidad / Enseanza / Vocacional / Formacin. 9 10. INTRODUO O processo de apropriao e construo de novos conhecimentos paradesenvolver novas prticas sociais tem evidenciado a discusso do tema da formaonas mais diferentes reas da produo humana. Os procedimentos de especializaopara alguns tipos de trabalho tm se constitudo como indispensveis para o exerccioda atividade e se configurado como formao continuada. No mbito do ensino superior de Cincias Contbeis, cujo currculo,estabelecido pela Resoluo 03/92 do CFE, est organizado predominantemente comas contribuies dos conhecimentos das cincias scio-econmicas, os problemasmais amplos do mundo real so sublimados, ficando circunscritos reflexo e resoluo de problemas somente no que se refere aos aspectos imediatos organizao. Esse fato tem contribudo para inibir a reflexo da ao no cotidiano daatividade de ensino, no favorecendo a articulao desses conhecimentos com oconjunto das relaes sociais. As questes didtico-pedaggicas, como preocupaesterico-prticas que possibilitam a reflexo das aes do dia-a-dia no processo ensino-aprendizagem, ainda no so tomadas como fundamentais nesta rea de ensino.Neste contexto, as teorias da educao, assim como as contribuies da sociologia, dapsicologia e da filosofia apresentam-se como descoladas da realidade da formao doprofessor de contabilidade. Este fato, a ser evidenciado pela pesquisa, contribui paraque a sua percepo de mundo, de sujeito e do fenmeno educativo fique restrita aoconjunto dos limites de sua formao. As contribuies das cincias humanas sovistas por estes, na maioria das vezes, de forma desintegrada da anlise dosfenmenos sociais. Nas ltimas dcadas, marcadas sobretudo pela internacionalizao daeconomia, as organizaes esto restringindo a ocupao de cargos e funes formao especializada, exigindo competncias e habilidades para as mais diferentesatividades. Mediante essas trs constataes, este estudo, ao discutir a formao doprofessor de contabilidade, poder contribuir para a visualizao do ensino dacontabilidade como mediador entre a nova base da realidade social e as exigncias deprofissionais especializados para atuarem na gesto dos negcios da organizao,assim como na operacionalizao da produo de bens e servios.10 11. Em nossa cultura, a formao e a especializao do bacharel em cinciascontbeis so certificadas pelo processo de escolarizao. Assim, ao educar o cidado,princpio primeiro da universidade, esta deveria nortear tambm as relaes deproximidade entre as necessidades do contexto social e a construo deconhecimentos para prticas sociais de incluso. No entanto, a inter-relao entreeducao e trabalho na rea da contabilidade muitas vezes tem se restringido transmisso dos conhecimentos contbeis com nfase no tecnicismo associado aoscontedos mecanicistas, moldando a formao do profissional da contabilidade nosmoldes da racionalidade tcnica.Refletir sobre o trabalho do professor de contabilidade como atividade socialimplica o comprometimento com a melhoria desse nvel de ensino. Requer, ainda,reconhecer o percurso dessa formao visando contribuir para uma trajetria de vidapessoal e profissional que identifique o professor como sujeito de saberes que oconstitua pelo estatuto da profisso de professor, compreendendo-se como sujeito deinterveno e, dialeticamente, como capaz de repensar-se e de refazer-se, o que prprio da fragilidade e finitude da natureza humana, na parcialidade dos seus saberes.A formao do professor de contabilidade implica, portanto, a dimenso e aproposio de prticas pedaggicas com carter inovador que permitam a apropriaodo seu trabalho por meio da reflexo das suas aes. Reflexo que possibilitar areconstituio de teorias e prticas, associando-as aos procedimentos de crtica,criatividade e autonomia na apreenso da realidade circundante, para a promoo deuma educao entendida como prtica social no contexto dos arranjos sociais que seefetivam. No se cogita o afastamento da formao tcnica especfica; pelo contrrio,supe-se agregar a esses fundamentos um referencial mais amplo para a formao docontador. Logo, discutir a formao do professor de contabilidade implica detectar osatuais problemas nos quais o conhecimento contbil exerce fator de responsabilidadesocial como participante na busca de alternativas.Portanto, a formao do professor de contabilidade dever articular o que prprio da funo docente com a realidade do trabalho da contabilidade, possibilitandoque situaes de trabalho se convertam simultaneamente em situaes de formao.Tais articulaes devero tornar possvel a extenso das dimenses da gesto doconhecimento contbil para abranger as mudanas que ocorrem em contextoshistricos.11 12. Ao discutir a formao do professor de contabilidade, no estamos nos referindo aalgo no existente, no estamos abstraindo uma realidade para pensar sua concretude,estamos compreendendo-o como ser genrico que sofre as influncias do ambiente eao mesmo tempo em que o modifica alterando as suas relaes em busca designificados para sua vida.So significados que atingimos pelo (...)acesso a um saber que lhe permita, por um lado, conhecer as relaes sociais que determinam seu modo de vida, sua concepo de mundo, sua conscincia e, por outro, participar ativamente do processo de construo da sociedade atravs do trabalho e da participao poltica (KUENZER, 1988, p. 105).Os graves problemas ocorridos no ensino brasileiro, especialmente naformao profissional doestudante de Cincias Contbeis e os desafioscontemporneos de fazer cincia, como tambm a busca por novos caminhos ao seestudar o ensino superior de contabilidade, sugerem modificaes na formaoacadmica da rea contbil, ou seja, atravs de uma olhar crtico, faz-se necessriauma mudana metodolgica. Uma mudana na metodologia de ensino que torne aprtica como referncia para o ensino da Contabilidade, conhecimentos adquiridosatravs da experincia profissional de algum que j colocou anteriormente os seusps dentro de uma organizao empresarial e sentiu os prazeres e os dissabores departicipar do processo decisrio, no somente levando para a sala de aula merasteorias criadas no ambiente acadmico e muito distantes da realidade. SegundoAlarco (1996, apud Marion, 1998) nesta interao que reside essncia da relaoteoria-prtica no mundo profissional dos professores; relao entre o saber documentale o saber experimental, que atravs do ciclo reflexivo (prtica / reflexo) conduz aodesenvolvimento da competncia profissional.Considerando o problema em discusso, no poder ser adotada umametodologia fixa, determinada e sem abertura para tantas possibilidades novas quesurgem, a cada momento, na procura de se produzir um novo conhecimento, sonecessrias as formas mais variadas de ensino, partindo da perda de constrangimento12 13. por parte dos docentes e uma aceitao do lado discente.Fazendo uma anlise das prticas educativa e pedaggica h umanecessidade de transformar as concepes e prticas educativas, que ultimamentevem prevalecendo um ensino para memorizao que conduz passividade do aluno. necessrio aplicar um processo ensino aprendizagem voltado a uma educao dirigidaao conhecimento e a formao de cidados, que prepara o indivduo para desenvolversua personalidade, transformar o mundo e se transformar.Existem muitos professores bons nos cursos de Cincias Contbeis, mas comcerteza isso fruto de um talento nato e somente isso no supre a carncia que existe,pois como sugere Valcemiro Nossa (1999) se o corpo docente no estiver qualificadopara ensinar a matria com dedicao e compromisso qualquer disciplina que fordada, o professor d o que sabe e da maneira como sabe.Ele ainda esclarece que: No ensino da Contabilidade, geralmente grande parte dos professores recrutada entre profissionais de sucesso em seu ramo de atuao que, em sua maioria, esto despreparados para o magistrio, no tendo noo do que exigido para formao de alunos. O professor no deve estar preocupado apenas em passar para o aluno os conhecimentos que sabe, mas fazer o aluno aprender a aprender e para isso preciso estar preparado.O estar preparado passa pela qualificao do corpo docente das IES e, nointuito de reforar o presente argumento, citamos ainda Mazzotti (2001: 130) que diz: Enquanto no conseguirmosqualificar todos os professores dos cursos de Cincias Contbeis e obter todos os outros recursos necessrios para a criao do curso ideal que desejamos ou imaginamos, precisamos realizar as mudanas que julgamos necessrias e aceitar todas as correes de rota, sempre que necessrio.13 14. Verifica-se que os esforos para a melhoria do ensino e do exerccio daprofisso contbil vm de todos os lados docentes, discentes e IES, mas necessrio incentivar o estudante para a pesquisa e criao de opinies prprias,onde no sofra influncias de professores ou autores, pois o homem e o cidado solivres para formar suas prprias convices. Temos vrios professores que porquestes de preferncia referenciam alguns autores e suas opinies, mas durante ocurso de Cincias Contbeis, os estudantes devem cobrar de cada professor e emcada disciplina uma variedade de opes em relao s bibliografias e os materiaisdisponibilizados onde possam tambm contestar as citaes, fato este que possibilita aparticipao nas aulas, no como meros expectadores e sim como formadores doconhecimento em sala de aula. Esperamos que a pesquisa tenha um fundo prtico e que possa acima de tudoser esclarecedora gama de docentes da cincia contbil. 14 15. PROJETO1. Tema:A Formao do Contador Professor: uma anlise dialtica e epistemolgica.2. Delimitao temtica:A avaliao acadmica e procedimental do bacharel em cincias contbeis naprtica docente do ensino superior. A questo tecnicista, a gnese da profissoacompanhada da evoluo deste nvel de ensino. O desafio da docncia numa visoatual refletida nas bases epistemolgicas e sobre uma tica construtivista.3. Problema de pesquisa:Qual a importncia da qualificao de mtodos didticos para um profissionalvoltado s cincias sociais e sem habilidade especfica e formao para a transmissode conhecimentos? De que forma dar-se- esse processo com eficcia?4. Justificativa:A realizao de uma pesquisa que identifique a importncia da qualidade doensino superior em contabilidade chamada a se adaptar e responder s exignciasde uma poca em que as possibilidades novas que se abrem seguem lado a lado coma emergncia de novos desafios e profundas perturbaes. Deve avanar para quepossa responder aos desafios evolutivos do mundo do trabalho. Formar o cidado, com a potencialidade de desenvolvimento social, cultural,econmico e poltico da sociedade implica articular a universidade com as demaisinstituies sociais. A universidade no pode estar fora ou parte da sociedade, ela uma instituio social. Hoje, o ensino-aprendizagem idealizado, planejado e indispensvel que sejaefetivado atravs do desenvolvimento das competncias e habilidades de todos osenvolvidos no processo: professores e alunos. Neste contexto, fizemos uma reflexo sobre o ensino da Contabilidade, inserindoneste trabalho os quatro pilares da educao; o grande desafio: ensino deContabilidade; o professor de Contabilidade e sua formao, metodologias no ensinode Contabilidade e formao continuada do profissional da Contabilidade.15 16. 5. Objetivos: Identificar a evoluo histrica do ensino da contabilidade. Propor uma nova prxis pedaggica pautada nas linhas construtivistas voltada para o ensino contbil. Aprimorar a capacidade didtica do docente atravs de um estudo dirigido sobre a nova realidade da educao superior no Brasil. Inserir a conscincia da responsabilidade social no ensino da contabilidade e a qualidade do ensino para melhor interpretao da cincia e sua importncia na sociedade em geral. Identificar aspectos ticos que possam colaborar neste processo, norteando todo o processo de ensino-aprendizagem.6. Consideraes Tericas Iniciais O ensino superior de Contabilidade surgiu da necessidade de continuar oprocesso de evoluo do ensino comercial que tinha como primeira escola a FundaoEscola de Comrcio lvares Penteado iniciada em 1902. A criao do curso deCincias Contbeis se deu atravs do Decreto-Lei 7.988, de 22/09/45, e foi tido como omarco da criao dos cursos de Cincias Contbeis no Brasil, devendo se destacarque na realidade o citado Decreto-Lei criou o curso de Cincias Contbeis e Atuariais,conferindo aos formandos o grau de Bacharel em Cincias Contbeis e Atuariais.Numa anlise legal e crtica, a criao dos cursos de Cincias Contbeis se deuefetivamente com o advento da Lei 1.401 de 31/07/51, que desdobrou o curso deCincias Contbeis e Atuariais em dois, possibilitando aos concluintes receberem ottulo de Bacharel em Cincias Contbeis. A Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional LDB, de n 9.394, emitidaem dezembro de 1996, trouxe profundas mudanas para a educao e apresentavrios artigos que tratam especificamente dos profissionais da educao para todas asreas. O grande desafio da educao contbil adequar seus aprendizes demandada realidade econmica com responsabilidade e competncia. A linha educacional quetem sido adotada impossibilita o aluno a criar e o torna reprodutor de idias entendidas 16 17. como verdades absolutas. O contador deve ser capaz de desenvolver, analisar eimplantar sistemas de informao contbil e controle gerencial e exercer com ticasuas atribuies. Alm disso, deve estar integrado com os problemas da sociedade eassumir uma postura de maior autonomia e participao na sociedade.A fim de formar profissionais capacitados a agregar valor no mercado detrabalho, a universidade deve expandir sua interveno para alm dos aspectostcnicos. O ensino deve, alm de propiciar o aprendizado da Contabilidade, quer anvel terico, quer a nvel prtico, preparar o profissional para enfrentar a realidade,atravs do desenvolvimento de aptides humanas, tais como criatividade, flexibilidade,capacidade de relacionar-se, trabalhar em equipe, dentre outras.O ensino, ao ser compreendido como um processo de dialogia, segundo LAFFIN(UFSC,2001), tem a intencionalidade de ajudar o aluno a entender as diferentesrelaes de saberes dos sujeitos histricos. Nesta perspectiva, inferimos que aintencionalidade do professor de Contabilidade a de ensinar e de aprender e, assim,consideramos como atributos da identidade profissional desse professor: o domnio dos conhecimentos especficos de sua rea de atuaoapropriados na sua formao inicial e continuada para relativizar os conhecimentosproduzidos pela sociedade, tornando-se sujeito capaz de transformar a realidadesocial; o trabalho docente que enfatiza a articulao dos contedos contbeis comas demais reas do saber, superando a concepo meramente do saber-fazer; a profissionalizao que mantm implicaes diretas com a formao doprofissional da Contabilidade com um perfil crtico ao novo contexto; a insero nas foras em favor da valorizao de uma poltica salarial, dascondies de trabalho e com o vnculo na carreira de formao inicial e continuada; a compreenso do ensino-pesquisa-extenso como indissociveis do seutrabalho.Para o autor, tais atributos do professor de Contabilidade nos ajudam a refletirsobre a formao do professor que ensina Contabilidade e a destacar como primordiala necessidade do estabelecimento de um dilogo entre a sua formao inicial e ocarter essencial da docncia por meio da reflexo-ao e da reflexo de sua aodocente. 17 18. 7. MetodologiaO mtodo a ser empregado ser o interpretativo, com procedimento de anlisedo material de pesquisa para reflexes crticas dos resultados obtidos.8. Cronograma de AtividadesCom previso de realizao no prazo de oito meses, este estudo cumprir asatividades abaixo propostas nos prazos fixados na tabela.atividades Nov/ DezMai/ Jun/Jul/ Ago/Set/ Out/10 /1009 0909 09 09 09Levantamento bibliogrficoXSeleo e leitura de textos XResenhas e fichamentos XDefinio dos captulos eXincio da redao damonografiaReviso geral dos resultados Xe releitura dos captulos.Redao das consideraesXfinais.Reviso final e ajustesXEntrega da monografiaX18 19. UNIDADE I 1.1. Trabalho como Produto Humano 1.1.1. A multidimensionalidade do Gnero Humano O homem arte, o homem artista, a arte-homem o homem pleno de todos oshomens, porque simultaneamente constri amplas relaes de produtividade ouesvazia-se em perdas reparveis. Mesmo assim, constitui-se em sntese de totalidadee diversidades. Assim, o gnero humano, na sua individualidade, rene a suacoletividade e a sua cultura. E desde que seja possibilitada a ele, nas dimenses doconhecimento, uma determinada busca, de sentidos e significados por qualquer objetodo conhecimento, definido ou indefinido, esta se converter na enunciao de umaobjetividade, de uma pluralidade, de uma referncia. Saramago enfatiza que:sentido e significado nunca foram a mesma coisa; osignificado fica-se logo por a, direto, literal, explcito,fechado em si mesmo, unvoco, por assim dizer, ao passoque o sentido no capaz de permanecer quieto, fervilhade sentidos segundos, terceiros, de direes irradiantesque se vo dividindo e subdividindo em ramos e ramilhos,at se perderem de vista, o sentido de cada palavraparece-me com uma estrela quando se pe a projetarmars vivas pelo espao fora, ventos csmicos, aflies(SARAMAGO, 1997, p. 134). O homem se comunica por meio da palavra, espalhando sentidos esignificados, buscando sempre a inquietude frente s possibilidades de todosusufrurem a totalidade cultural produzida pelos prprios homens. Mesmo asimplicaes reducionistas de objetividade derivadas da prpria subjetividade humana,designao de cincia ou arte, so superadas pela permevel referncia do pensar emalgo ainda ausente. Essa projeo de realidade nica no gnero humano ecaracterstica essencial do ser que constri artefatos na relao que se estabelece 19 20. entre o ser de reflexo e o ser que busca conhecer pelo pensar, momento audaciosoda singularidade humana, a transgresso do instinto para o ser de reflexo, atransgresso entre o dilema de ser um e o de ser muitos.1.1.2. O Complexo desafio de produzir-se HumanoO homem, como um ser que trabalha, produz no somente para ele mesmo,mas produz, nesse processo, a transformao do mundo em que vive. , portanto, otrabalho do homem que o distingue de outros animais, pela ao transformadora darealidade existente. Logo, o trabalho, como ao dirigida e intencional, produz o prpriohomem. Nesse processo, ele estabelece relaes de convivncia social, nas quaisaprende a dominar a natureza, gerando novas expectativas nas formas de prover suaexistncia. essa essncia que caracteriza o homem e o diferencia das demaisespcies. Dessa maneira, o trabalho intencional e dirigido que forma o homem livre, ohomem que fundamenta sua liberdade na perspectiva do seu trabalho. A suaimportncia pode ser verificada a partir da concepo de que: O trabalho um processo de que participam o homem e a natureza, processo em que o ser humano, com sua prpria ao, impulsiona, regula e controla seu intercmbio material com a natureza como uma de suas foras (...) Atuando assim sobre a natureza externa e modificando-a, ao mesmo tempo modifica sua prpria natureza. (MARX, 1980, p. 202).Pelo modo primitivo de produo, o homem produziu socialmente com outroshomens a sua existncia, extraindo bens da natureza e, ao produzir bens em excesso,estabeleceu a diviso do trabalho. Ao apropriar-se da produo excedente, criou apropriedade privada, instalando um determinado modo de produo, caracterizado deum lado, por aqueles que produzem e, de outro, pelos que vivem da produoexcedente. Esse sistema denominado capitalismo um processo de exploraosofisticado, em que grandes contingentes de seres humanos so divididos em classessociais, nas quais uns poucos possuem os meios de produo e, por conseguinte, so20 21. os donos do capital, e a grande maioria so os possuidores apenas da fora detrabalho como modo de prover a sua existncia, ou seja, os trabalhadores, osproletrios, os assalariados.No conjunto das circunstncias, para produzir a sua existncia, o trabalhadorno se realiza como gnero humano, como individualidade, por no ser detentor doconhecimento do processo de produo do trabalho. Em primeiro lugar, porque no lhe permitido dominar todo o processo que torna estanque a produo, o que no lhepossibilita conhecer a realidade sobre a qual executa determinado trabalho. Emsegundo lugar, porque no retornam ao trabalhador os benefcios da produo, massomente novas e maiores exigncias lhe so requisitadas. O trabalho tornou-se, assim,opresso, e no um fator de amplas aprendizagens e desenvolvimento humano, fatoque subjuga o trabalhador, fazendo-o incapaz.Em outros perodos histricos, no mundo contemporneo, as formas do homemprover sua existncia esto diretamente ligadas s suas condies materiais, as quaispossibilitam seu pleno desenvolvimento. As mudanas na forma de produzir trabalhodecorrem da superao dos estgios do conhecimento produzido pelo homemuniversal, implementado numa sociedade e por ela aceito e que, no entanto, refaz acultura do trabalho, do emprego e da ocupao. A produo do conhecimento e suautilizao pelo homem promovem incluses e excluses nas maneiras de gerir otrabalho, refletindo em avanos e recuos aquilo que prprio do trabalho humano. Adescoberta do fogo, a revoluo industrial e, atualmente, a utilizao da informtica edas maneiras de se apropriar e de fazer circular o conhecimento mostram que ohomem vem produzindo formas de substituir o trabalho, como esforo fsico. Assim, asubstituio de diferentes formas do trabalho humano por processos tecnolgicosconstitui tambm mudanas conceituais na concretizao efetiva do trabalho. Noentanto, desde as mais rsticas formas at as mais robotizadas maneiras de produzirtrabalho, antes de seu resultado, de seu produto, est a essncia humana que oprojetou, donde se volta a afirmar que homem e trabalho so indissociveis.O que instiga a discusso de alternativas possveis e que sejam ao mesmotempo no agressivas condio humana a questo da mera substituio do esforofsico pela mquina. Essa transposio linear , em ltima anlise, a substituio dafora de trabalho humano por processos mecnicos sofisticados que incluem aexcluso do homem de contextos mais abrangentes. Defende-se impetuosamente21 22. contra o desconforto pleno em casos de manuteno do dispndio de esforo fsico naproduo de trabalho, pois que o homem pode aproveitar a sua capacidade criativa naelaborao de outras atividades infinitamente superiores mecanizao. O avessodessa transposio que, mesmo longe das operaes mecnicas, o homem precisater intimidade com as diferentes formas de lidar com a produo de novos saberes eassim ficar distante da linearidade das novas ocupaes originadas pela obsoletizaodo esforo fsico. Essa transposio linear e excludente porque no produziu umcontingente de trabalhos, de empregos, de ocupaes para o homem substitudo; asrelaes do conhecimento permaneceram estanques e, nesse sentido, reconceituartrabalho, emprego, ocupao, sem a sua existncia concreta, apenas renomear avelha retrica, promessa no realizvel do capital.O sujeito, para ser capaz de gerir seu prprio destino, precisa estar inseridonum contexto e estar de posse de suas experincias prvias, portanto, no deslocadode uma realidade da qual queira participar. Assim, ao mesmo tempo que capaz deinterpretar o momento presente e dar significados construo de um projeto desociedade, necessita ressignificar os fenmenos sociais e estar ciente da delicadaconsumao de mudanas estruturais do vir a ser.Estar de posse de experincias prvias atribui ao sujeito a condio dedetentor de algum saber, mesmo que artificial, porm no expropriado, o que lhegarante a disponibilidade de articulao frente s situaes de adversidade. Em vistadisso, na intranqilidade de estar inserido no mundo do trabalho, do emprego, daocupao, poder buscar alternativas reais de prover sua existncia na sistematizaode seus saberes. Por outro lado, a inflexibilidade das instituies restringe a um grandecontingente humano o acesso s mais diversificadas formas de promover a suaempregabilidade, o que tem implicaes na redistribuio de subsdios para que outrosampliem proposies iniciais. O acesso a que nos referimos mantm estreita relaocom a educao inicial de qualidade e com projetos de formao continuada, que socondio indispensvel na garantia do direito de livre arbtrio. No se considera atransferncia linear de responsabilidades para o trabalhador na produo de suaempregabilidade, e sim, o desafio que se apresenta para a gerao de trabalho nabusca da eqidade de responsabilidades, nas questes sociais macro abrangentes,assim como na estrutura de mundo e no estado geral das coisas hoje existentes. nessa perspectiva de eqidade que precisa ser acessado o conhecimento pelo homem22 23. trabalhador, que pode vir a ser o cidado produtivo, aquele capaz de apreender e geriruma realidade que tem como regra a transitoriedade permanente (MENEGASSO apudLAFFIN: 1998, p. 174). No mundo contemporneo, ao se buscar uma relao entre trabalho, empregoe ocupao, relevante considerar ainda a emergncia de outra situao conexa aoconceito de empregabilidade: o real enfrentamento do homem o desafio dodesemprego. Na sociedade atual, indubitvel que fatores econmico-financeiros,custo versus qualidade, continuidade do empreendimento, entre outros, fazem partedas determinaes que aumentam o ndice do desemprego e que, no mesmo eixo,produzem o surgimento da empregabilidade como barganha do trabalho assalariado,do subemprego e da no ocupao. A precria situao do trabalhador que necessitaprover sua existncia configura-se no desafio de prover sua empregabilidade. Otrabalhador apresenta-se muitas vezes sem condies igualitrias para a apropriaodos novos saberes, da mesma forma que se defronta com a ausncia inconcebvel dasprerrogativas sociais dadas como condies necessrias constituio de suacondio cidad e identidade. Essas condies apontam para a co-responsabilidadedas instituies culturalmente institudas, assim como imperativa tambm aparticipao de toda asociedadeorganizadacontra a deteriorao daindissociabilidade humana. O movimento do homem, da sua cultura e dos seus empreendimentosaproximou e soldou o potencial do trabalho ao estatuto do emprego, de forma que vemse tornando corrente a substituio de um conceito por outro. Os vestgios dessadeformao - no h vagas - encontram-se expressos vista em inmeros avisos emcomunicaes de toda ordem, em diversas organizaes. Na verdade H VAGAS,todavia nos falta qualificao e como diria SHINYASHIKI: O mundo corporativo virou um mundo de faz-de-conta, a comear pelo processo de recrutamento. contratado o sujeito com mais marketing pessoal. As corporaes valorizam mais a auto-estima do que a competncia. (Revista Isto, 2008, em entrevista a Vanucci). 23 24. 1.2. Evoluo do Ensino de Contabilidade no Brasil De forma sinttica, a evoluo da contabilidade est associada ao progresso dahumanidade, logo , em alguns pontos, uma conseqncia da histria da civilizao,sobretudo no campo econmico. Schmidt (2000, p.12) assevera que a Contabilidade de manifestou antes dohomem desenvolver a civilidade. Assim como o homem progrediu, tambm aContabilidade, necessria ao progresso da humanidade, perseguiu essa evoluo.Para o autor (op. cit.), isso revela que, como outros ramos do conhecimento ligados sociedade, a Histria do Pensamento Contbil produto do meio social de seususurios, em termos de espao e de tempo. Ocorreu a reforma da Aula de Comrcio da capital imperial, com o Decreto n.769, de 9.08.1854. Essa reforma materializou-se com o Decreto n. 1763, de14.05.1856, que deu novos estatutos Aula de Comrcio da Corte, formando um cursode estudos denominado Instituto Comercial do Rio de Janeiro. Grandes mudanasocorreram na grade curricular, mantendo-se a durao do curso em dois anos. Ocontedo foi distribudo em quatro cadeiras, sendo a primeira de Contabilidade eEscriturao Mercantil. A comparao desses Estatutos com o Regulamento contido noDecreto n. 456/1846 revela a profundidade das mudanas promovidas na Aula deComrcio. Aps esse perodo, iniciou-se uma nova fase para o ensino, com grandesmudanas e a expanso do ensino comercial, entre 1889 e 1931. Essas mudanasforam motivadas por uma combinao de fatores: crescimento econmico causadopelo aumento na produo e crescimento da urbanizao, principalmente da cidade deSo Paulo. Bacci (2002) estudou a evoluo da Contabilidade no Brasil, enfatizando ainfluncia da legislao na profisso contbil, os esforos para o reconhecimento daprofisso e para a criao dos rgos de classe. Apontou como conseqncias dalegislao sobre a profisso a padronizao das demonstraes contbeis, anecessidade da fiscalizao do exerccio da profisso pelos rgos de classe e acriao no sculo XX dos cursos tcnicos, profissionalizantes e superiores. Leite (2005) pesquisou a evoluo do ensino da Contabilidade no Brasil, cujopano de fundo a situao econmica e social, e seus reflexos na educao. O autor24 25. (op. cit.,p.49-53) observou que o ensino mdio literrio era considerado maisimportante do que o comercial profissionalizante, pois a classe dominante entendia quetal ensino era reservado s camadas inferiores da populao. A dcada de 50 do sculo XIX foi palco de outros eventos importantes para oensino comercial e contbil brasileiro. Saes e Cytrynowicz (2001) apontaram grandes mudanas no ensino comercialbrasileiro a partir da Proclamao da Repblica, e iniciaram mencionando a extino doInstituto Comercial do Rio de Janeiro, substitudo pela Academia de Comrcio do Riode Janeiro. Por meio do Decreto no. 1339, de 9.01.1905, essa Academia foi declaradade utilidade pblica e seus diplomas oficialmente reconhecidos. Os ttulos dos diplomasconcedidos abrangiam dois nveis, j que a Academia possua dois cursos: um de formao geral e prtico, que habilitava para as funes de guarda-livros,perito judicial e empregos da rea da Fazenda. Esse curso possua diversasdisciplinas, de formao geral e comercial, inclusive Escriturao Mercantil; outro de nvel superior, cujo ingresso considerava o curso geral como preparatrio,habilitava os candidatos para os cargos de agentes-consultores, funcionrios dosMinistrios das Relaes Exteriores, aturios das seguradoras, chefes de contabilidadede Bancos e de grandes empresas comerciais. Esse curso possua disciplinas voltadas formao comercial, alm das especficas de Contabilidade do Estado eContabilidade Mercantil Comparada. O Decreto-lei no. 1535, de 23.08.1939, mudou a denominao do Curso de PeritoContador para Curso de Contador. Ao encerrar as mudanas nos cursosprofissionalizantes, o Decreto-lei no. 6141, de 28.12.1943, estabeleceu as bases deorganizao e de regime do ensino comercial, desdobrando-o em dois ciclos: oprimeiro com um curso comercial bsico e um segundo com cinco cursos de formao,denominados cursos comerciais tcnicos, dentre eles o de Contabilidade. Na mesmadata, o Decreto n 14373 regulamentou a estrutura dos cursos de formao do ensinocomercial.______________________________________________________________________Saes e Cytrynowicz (2001) apontaram 1902 como ano de extino do Instituto Comercial do Rio de Janeiro, sem especificar a qualinstituio se referiam: a criada pelo Decreto no. 1763, de 14.05.1856, ou a criada pelo Decreto Legislativo no. 98, de 23.07.1894.Rodrigues (1984) e Bielinski (2000) informaram a promulgao do Decreto no.832, de 7.05.1902 como ato de extino do InstitutoComercial. O relato de Bielinski (2000), com base em documentos da poca, citados em seu estudo, permite inferir que o InstitutoComercial extinto em 1902 foi aquele criado em 1894. 25 26. nesse cenrio que surge o curso superior de Cincias Contbeis e Atuariais,por meio do Decreto-lei n. 7988, de 22.09.1945, com durao de quatro anos,concedendo o ttulo de Bacharel em Cincias Contbeis aos seus concluintes. Em suaprimeira edio, a grade curricular do curso tinha como disciplinas especficas:ContabilidadeGeral, Organizao eContabilidadeIndustrial e Agrcola,Organizao e Contabilidade Bancria, Organizao e Contabilidade de Seguros,Contabilidade Pblica e Revises e Percia Contbil. A Lei no. 1401, de 31.07.1951, desdobrou o curso de Cincias Contbeis eAtuariais nos cursos de Cincias Contbeis e de Cincias Atuariais, e instituiu diplomasdistintos para ambos os cursos. Essa lei permitiu, em seu art. 3 que os cursos fossemconcludos em trs anos, desde que as condies de oferta e os horrios assim opermitissem. Esse normativo excluiu a disciplina Organizao e Contabilidade deSeguros do curso de Cincias Contbeis e manteve as demais disciplinas contbeisdeterminadas pelo Decreto-lei n. 7988/45. O Parecer CFE n. 397/62 promoveu uma grande mudana no ensino de Cinciascontbeis, ao dividir esses cursos nos ciclos de formao bsica e profissional. Asdisciplinas contbeis foram concentradas no ciclo de formao profissional, comContabilidade Geral, Contabilidade Comercial, Contabilidade de Custos e Auditoria eAnlise de Balanos. A Resoluo CFE sem nmero, de 8.02.1963, fixou os mnimosde durao do curso de Cincias Contbeis e ratificou o Parecer CFE no. 397/62. Os anos 1960 e o incio dos anos 1970 foram o cenrio do Milagre Econmico, eda Ditadura Militar. A partir da metade da dcada de 1970, sucederam-se as criseseconmicas, em razo das constantes altas do preo do petrleo. Os anos 1980 foramconsiderados a Dcada Perdida. No houve, no perodo mencionado, mudanas noensino superior de Contabilidade por comando legal. A Resoluo CFE n. 03, de 3.10.1992, fixou os contedos mnimos e a duraodos cursos de Graduao. Para Cincias Contbeis, a durao estabelecida foi de2.700 horas/aula, integralizadas no mximo em sete e no mnimo em quatro anos parao perodo diurno e cinco para o noturno. Fixou tambm normas para que as instituiesde ensino superior elaborassem os currculos para o curso de Cincias Contbeis,definindo o perfil do profissional a ser formado. A Resoluo n. 03/92 trouxecontribuies para o ensino da Contabilidade no Brasil, ao introduzir vrias novidades.26 27. A anlise de seu teor revela que os currculos plenos foram elaborados para estimularo conhecimento terico e prtico e permitir o competente exerccio da profisso, comvistas s atribuies especficas conferidas por meio do diploma, em mbito nacional.Procurou, ainda, assegurar condies para o exerccio profissional com competncia etica perante a sociedade. Concentrando-nos na graduao, outra conseqncia relevante foi a mudana dadenominao da at ento chamada rea de Administrao e Turismo da CAPESpara rea de Administrao, Cincias Contbeis e Turismo, em 2007 (CAPES, 2007).Essa alterao reflete o esforo j empreendido pelos pesquisadores contbeisbrasileiros. um marco importante, mas revela maior responsabilidade na continuidadedo trabalho que vem sendo desenvolvido pela comunidade cientfica contbil brasileira.27 28. UNIDADE II2.1 Perfil do Profissional No basta conhecer o perfil desejado do profissional pelo mercado, mas simbuscar atravs de pesquisas alternativas para que tais habilidades possam serdesenvolvidas durante a graduao, ou pelo menos parte delas. Em se tratando daprofisso contbil, alm de se ter emprego/trabalho praticamente garantido, aspesquisas mostram que a remunerao ou honorrios so significativos, estando afrente de diversas outras profisses. Geralmente, h uma tendncia de reduo dosempregos diretos na agropecuria e indstrias, setores estes que caracterizaram-secomo as melhores oportunidades neste sculo que termina. Fala-se que nos EstadosUnidos, por exemplo, nos prximos dez anos, estes dois setores representaro nomais que dois por cento dos empregos daquela economia, ficando para o comrcio eservios o grande carrasco.Na concepo de Echeverria (1999, p. 88):Nesse segmento empresarial privado, vejo o espao parao profissional da Contabilidade, pois, onde houver umaempresa, haver um Contador. Seja na sua criao, ou noacompanhamento de seu desenvolvimento, a empresaobrigatoriamente contar com este profissional. Poderatuar ainda como auditor (checando a sade dasempresas) ou em atividades voltadas ContabilidadeAdministrativa. Por repetidas vezes, temos tambm falado que a contabilidade a nicaprofisso que oferece um leque amplo de alternativas profissionais, permitindo mais deduas dezenas de opes de especializao. 28 29. 2.1.1 Competncias e Habilidades Espera-se, atualmente, que o contador esteja em constante evoluo, na buscada mesma, alm de uma srie de atributos indispensveis nas mais diversasespecializaes da profisso contbil. No sendo mais possvel, sobreviver nomomento atual com aquela postura de escriturador, guarda-livros, despachante eoutras atividades burocrticas. A funo de gerenciamento do contabilista est emevidncia. Um profissional da rea contbil um agente de mudanas, e como tal esteprofissional deve mostrar suas diversas habilidades. O contador torna-se profundoconhecedor das empresas, podendo desta forma atuar em sua continuidade ecrescimento. O contador deve buscar e revelar as informaes nas diversas atividades quecompem a empresa, j que o profissional contbil est se passando por umreprter. A funo de um reprter a busca de informaes importantes, tratar estasinformaes sem distorc-las e repass-las fidedignamente, o mais breve possvel.Neste aspecto, o profissional contbil desempenha papel semelhante. Quem detm ocontrole de informaes tem condies de avaliar, dentre diversas alternativas, a quepoder levar a empresa ao sucesso desejado. O objetivo, neste momento, mostrar oprofissional contbil atuando como um grande avaliador de situaes. um desafioonde este profissional estar atuando, tambm, como consultor. Quando osdirigentes, governo, clientes, banco e outros usurios, desejam alguma informao,esta obtida do profissional contbil. Uma outra habilidade poderia ser citada sobremaneira, a de pesquisador, vista aintensidade com que as informaes pertinentes a profisso so atualizadas. O queprecisamos aferir aqui a possibilidade de se contratar um recm formado capaz desuprir parte dessas habilidades. Nas mais diversas profisses isso no seria possvel,por isso contamos com o apoio das faculdades de Cincias Contbeis, a fim de orientarpara a nova realidade. Na verdade, como docentes, devemos estimular a interdisciplinaridade a ponto dealcanarmos o objetivo de desenvolver nos discentes o potencial de um ser crtico, queimpe suas opinies, ou seja, ainda encontramos profissionais e estudantes com umapostura retrada e submissa. Todavia, no mercado no h mais espao para 29 30. profissionais com tal postura, eis a contradio encontrada. O Contador ainda vistocomo aquele que tem o perfil de organizador de montanhas de papis, muitas vezesat escondido por detrs deles, e esta mudana, que dever ser gradual, deve partirtambm da unio de classes e entidades de classe, criando uma nova imagem quepossibilite a renovao deste perfil. 2.1.2 A tica como molde do Perfil O profissional contbil est intimamente ligado a fatores muitas vezesconfidenciais e de alta responsabilidade como cifras ativas e passivas, apuraes deresultados e lucros, atribuies patrimoniais, dentre outras. Para tanto, a conduta ticadeve estar intrnseca em sua formao, partindo do pressuposto legal da base familiar,que evidentemente, no poderia ser isenta, assim como o meio em que se relaciona,pois, h empresas e empresrios que se preocupam exclusivamente em driblar alegislao e obter vantagens financeiras sobre o recolhimento de tributos, o que muitadas vezes pressiona o comportamento do profissional. Mal sabe o empresrio dopotencial oramentrio, organizacional, custos, controle interno e auditoria que tem ocontador, podendo assim vislumbrar vantagens benficas para todos os seguimentosda sociedade que o correlaciona. Sugestiona-se que trabalhemos com o princpio de eliso fiscal, j que esta apreocupao maior que assola o empresariado. Todavia, em um campo deconscientizao mtua, papel esclarecedor do contador moderno, saber evitardesperdcios e acima de tudo, tornar claro o repasse para o consumidor no momentoda tributao, ficando assim o empresrio como repassador de quinhes da gernciagovernamental. No devemos caracterizar assim, pura e simplesmente, a conduta ticado empresariado, at porque este no o foco. Mas, fato que ao mesmo tempo queestamos to ameaados seduo da corrupo, formamos os agentes que combatemou contribuem decisivamente no processo de evitar a corrupo: auditores,investigadores de fraudes contbeis, peritos contbeis, fiscais, etc. Com todo o exposto, vale ressaltar que estudar o cdigo de tica fundamental,mas antes primordial que o discente esteja consciente no apenas dos conceitosacerca da moral, crenas, costume, sigilo entre outras, como tambm tenha dentro desi internalizado estes conceitos. S assim, o discente estar apto a entender o cdigo30 31. de tica e aplic-lo sem decorar seus artigos. A tica fluir naturalmente, devido aconscientizao desenvolvida na forma como a disciplina foi ministrada. Logo, atendncia que busquemos a valorizao do profissional contbil pelo que de valor eleagrega s organizaes.2.2 As Bases de Formao As principais bases pode-se dizer, so mais empricas do que cientficas no quese refere ao desejo inicial de tornar-se docente na rea de cincias sociais aplicadas.Relatos recentes de importantes trabalhos acadmicos relatam que a universidadebusca contratar profissionais da contabilidade e no professores-contadores, atporque, a priori, eles no existem oficialmente, j que o bacharelado pouco influi emuma formao metodolgica e didtica consistente. A prpria prtica da ps-graduaoabre espaos ou lacunas de trabalho para novas oportunidades, comocomplementao da atividade principal. Ento como estabelecer o vinculo do professorde carreira? Tem-se por base que as universidades pblicas apresentam planos decargos e carreiras bem definidos ao seu corpo docente, o que estimula de algumaforma a permanncia dos profissionais. Com o desvirtuamento da classe de professores das chamadas classes mdiasbrasileiras, em funo da queda do prestgio adquirido em meados do sculo passado,se agravou. Paulatinamente, vai atingindo a classe universitria (em questo). Asprprias instituies investem muito pouco na chamada educao continuada, ficandotoda ela a cargo dos prprios professores. Existem queixas na demasiada forma tericaem que os cursos de didtica so ministrados, principalmente no universo debacharis. Resumindo, no se feito investimento inicial em uma carreira de professorde contabilidade. Os dados recorrentes enfatizam a escassez de cursos de mestrado e doutoradona rea da contabilidade. Os cursos existentes no Brasil esto localizados nas cidadesde So Paulo (USP) e Rio de Janeiro (UFRJ). A oferta restrita de vagas e/ou de acessoe exigncias nem sempre compatveis com a formao anterior, associadas aos custosde estada nessas cidades, bem como s necessidades de dedicao exclusiva aosestudos, so fatores que se colocam como restritivos formao. Apesar de muitas31 32. instituies j disporem de diferentes tecnologias e meios de comunicao, os cursosacabam por configurar o perfil do aluno ao perfil de formao do professor.Desta forma, a falta de opes no mercado brasileiro para qualificao docente, talvez seja o maior obstculo para que o curso de CinciasContbeisalcanceo patamar de desenvolvimento prescrito pelo mercado usurio da Contabilidade (SCHMIDT, 1996, p. 332).Muitos encaram o papel do professor como uma responsabilidade social, umavez que compete a ele formar cidados que devem ser, entre outras coisas,profissionais competentes, profundos conhecedores do campo da cincia em queescolheram se formar. Dessa forma, quando inseridos no universo do ensino superior,os professores de contabilidade buscaram um tipo de formao didtica paradesenvolver as atividades de ensino, mas por no encontrarem uma correspondncia sua expectativa passaram a investir com mais afinco na formao especfica. Assim oprofessor de contabilidade, mediante sua formao inicial, de carter tcnicoespecialista, relaciona as atividades de ensino ao mero domnio das tcnicas deensino. Esse entendimento no leviano e sem origem, mas assentado em umaformao que no privilegiou a formao para ser professor de contabilidade.Tanto nos currculos que formam os profissionais da contabilidade quanto osprofissionais da administrao, percebe-se que tal formao revela no apenas umarigidez tcnica dos contedos, mas tambm uma total impermeabilidade deconhecimentos relativos ampla formao do homem contemporneo. Esse formatocurricular evidencia ainda a centralidade do processo ensino-aprendizagem na figurado professor, via transmisso de conhecimentos, recortados sua significao, inibindoconseqentemente para o aluno o desenvolvimento de atividades de pesquisa eextenso que contextualize significaes em seu processo de formao e cidadaniatanto quanto para o exerccio da profisso.O curso de Cincias Contbeis, ao ser elevado ao nvel superior, por certocontribuiu para o desenvolvimento da sociedade brasileira e mesmo ampliou a viso e32 33. o entendimento desses profissionais sobre o conhecimento contbil. No entanto, comoapresentado, o curso de formao do bacharel em Cincias contbeis, que converteu ocontador em professor de contabilidade no ensino superior, no priorizou, mediante umprocesso curricular de formao, a instrumentalizao com preocupaes de ordemterico-metodolgica, para que esses professores requeressem, e mesmo realizasseminterferncias em polticas educativas que ampliassem seu processo de formao comconseqncias nas maneiras de lidar com o ensino da cincia contbil.Aliar os conhecimentos contbeis, resultantes do processo de formao, satividades de ensino possibilita ao professor melhores formas de lidar com essaatividade. No entanto, a dissociao entre a rea contbil e a rea pedaggica parecepropiciar uma redundncia aos saberes do contador que, convertido a professor, pelosconvites derivados das redes de relacionamentos, acaba por fundar um controlepoltico do trabalho a partir de uma dada profisso.2.3 Significados de ser professor de ContabilidadeO significado de ser professor de contabilidade est ligado a uma visoqualitativa desses profissionais, que ser determinante para o aprimoramento dasCincias Contbeis, da imagem do contador e mesmo da sociedade em si. Isto implicaa articulao entre uma compreenso crtica da formao dos contadores e asnecessidades da sociedade na qual esses profissionais, individual ou coletivamente,iro desenvolver diferentes experincias em suas atividades tcnicas. Uma vez queno somente a formao tcnica ir conferir desenvolvimento profissional mas tambmo conhecimento com o qual e sobre o qual opera.O professor de contabilidade atribui tambm um significado idealista econtextualizado ao ser professor. Expressa esta viso porque se sente realizadoquando consegue repassar aos acadmicos (alunos no interessante, j que aorigem alumnus significa sem luz) conhecimento e que esses sintam a vontade deaprender mais sobre contabilidade. Contudo, h indcios de uma satisfao pessoalinexplicvel sobre o ser professor de contabilidade. Apresentam um significado quereflete a um certo conformismo nas formas de ser professor face ao fazer pedaggicono apresentando, contudo, maneiras humansticas da sua atuao prtica. Esseconformismo no se relaciona com o no gostar do trabalho, mas antes o seu contrrio, 33 34. uma grande satisfao, idealismo, enfim, um conformismo que aponta para adicotomia, no sentido de equvoco, e que comporta vrios sentidos, como por exemploa valorizao em termos profissionais ou ter sido marcante em determinado momentoda vida do acadmico, ciente da imensa responsabilidade sobre cada palavra dita.A constante atualizao do profissional e o contato com a realidade social ehistrica, garantem, nas mais diversas modalidades chaves do ensino como pesquisa eextenso, um pensar ou reelaborar mais amplo da cincia, privilgio este dos queparticipam da academia.Outro fator agravante neste desafio de ser professor a desmotivao mtuaque ocorre pela falta de preparo dos egressos ao curso de cincias contbeis, comrelao a relevncia das disciplinas e a conexo inter-disciplinar que as mesmaspercorrem. A universidade precisa ser pensada como um espao de discusso, detroca de idias, de pensar a cincia como algo itinerante, porm compacto, capaz dealicerar um conhecimento secular atravs destes futuros pensantes da mesma. Outraquesto vale ser ressaltada quando citei a questo da desmotivao mtua. Sopoucos os docentes que se aventuram a interagir mais com o espao acadmico,melhorar materiais didticos e suas tcnicas e estratgias de ensino, atravs dereunies com pauta especfica. A reproduo do conhecimento um problema macroem que a contabilidade no se exclui. O tradicionalismo do docente de contabilidadeabafa muitas vezes a conversao necessria para este repensar, restringindo-se ameros processos avaliativos que visam sutilmente a devoluo dos dados por eleassistidos. No se trata de negligenciar as atividades deste professor-contador, e simde uma questo ainda mais complexa: o repensar alm da cincia, avaliar eaperfeioar a firme deciso que se inicia ao adentrar-se em sala de aula.Existem habilidades caractersticas, que no so tema neste momento dediscusso, porm, remete-nos complexidade das atividades requeridas e presentesno ensino-aprendizagem, ao mesmo tempo que nos incita reflexo sobre arepresentao que fazemos sobre o ser professor e sobre o trabalho do professor.Tambm vale citar as dificuldades relacionadas falta de estrutura de apoio, sdeficincias tecnolgicas e burocracia das instituies de ensino, alm da ausnciade unio entre o grupo de professores, alm de uma bibliografia nacional maisconsistente e atual, o que significaria uma melhoria significativa em umas das principaisrazes da cincia contbil na atualidade que o gerenciamento. A capacidade de34 35. transformar os resultados contbeis de empresas e governos, de forma legvel esimplificada, ou seja, acessvel, permite ao usurio da informao contbil uma maiorvalorizao das informaes ali colhidas, alm da identificao das ms gestes derecursos patrimoniais, este o objeto central da contabilidade.Para discusses avaliativas da matria como o enquadramento entre cincia ouarte, muitos julgam a discusso obsoleta. Se assim entendermos, no poderemos darcontinuidade evoluo deste conhecimento. Estamos subordinados ao alcance denossas atribuies tcnicas e aos escritrios com pilhas de papis que resultam emdvidas ou dores de cabea para os contratantes desses servios, quando o papel, narealidade, totalmente o inverso. Conclui-se que o professor passa a ter o dever deunir a classe contbil, alertar a sua importncia e fazer valer o real sentido de seestudar contabilidade para uma prtica eficaz.Para pensar como sujeitos de transformao no ensino superior decontabilidade, preciso uma concepo mais ampla de formao para o professor decontabilidade, que permita superar a racionalidade tcnica presente nas tcnicascontbeis e que orientam todo o fazer contbil, uma concepo que possibilite aoprofessor um apropriar-se com mais propriedade do fazer pedaggico nessa rea doconhecimento. 2.4. Gnese da Profisso: Crise de Identidade Ser contador-professor - profisso e profissionalismo - sintetiza coletividade eindividualidade, autonomia e independncia. (SACRISTN, 2002). H um misto na configurao identitria, em que as antigas identidades vo deencontro s novas exigncias de produo e em que as antigas lgicas que perduramentram em combinao e s vezes em conflito com as novas tendncias. A noo detrabalho se mostra em plena transformao, parece imerso num universo deobrigaes implcitas, de investimento pessoal, cercado de incertezas e criatividadeindividual e coletiva. (DUBAR, 2005). Com essas palavras, criou-se o consenso que ser professor d mais prestgiopara o contador, mas ao mesmo tempo, desencadeia em uma suposta crise deidentidade, j que para muitos, o contador que tente para a universidade aquele queno consegue colocao profissional em um determinado perodo de tempo. Tem-se 35 36. por base uma segunda opo, destarte so minoritrios os casos de exclusividade aprofisso docente. O desprestgio vem, na maioria das vezes, pela questo financeira eo pouco poder aquisitivo para o investimento na carreira acadmica, ter tempo paraatualizar-se, como cita em exemplo esta afirmao: O professor deve sempre estudar a teoria e ver os reflexos na aplicao prtica. O contador precisa estar atualizado com o mundo, ler pelo menos um jornal de economia, alm do jornal local. (SERRA, 2007) Ser contador mais fcil que ser professor. Professor estuda e contador pratica.O professor prestigia o contador e o contador possibilita ser professor. A experinciaprofissional e as mais variadas matizes de conhecimentos tcnicos e acadmicos,literrios e culturais simbolizam a identidade do contador-professor. A anlise sobre aprofisso docente em Contabilidade, a partir de 1986, envolve o processo construoda identidade profissional para si e para o outro em dois perodos: final do sculo XX eincio do sculo XXI. Nessa poca, o ensino superior era de carter prtico e servil snormas institudas, com conhecimentos tcnicos em favor da evoluo do capital, semprever e favorecer a formao multidimensional do ser humano (Laffin, 2005, p. 111).Acatar significava retroceder. Os bacharis, assim como os professores, perdemquando so confundidos como profissionais de segundo grau. (Hermes* citado porLaffin, 2005, p.113). A identidade dos professores de Contabilidade, na UFMG, nessapoca, parecia consolidada e reconhecida na Graduao, mas precisava consolidar-sena ps-graduao. Da surgiram os primeiros programas de mestrado da USP(Universidade de So Paulo). H uma espcie de bloqueio interno, que comporta uma identidade de oficio naorganizao. O corpo docente, de modo consciente ou inconsciente, continua aherana de ser mais contador que professor, comprometendo as perspectivas demudanas institucionais, apenas 8% dos docentes trabalha em regime de dedicaoexclusiva**.*HERMES, Gabriel. O bacharel em cincias contbeis. Braslia: Senado Federal, Centro Grfico, 1986.36 37. O curso de Cincias Contbeis para manter sua grife, deve construir nova identidade,porm a articulao entre continuar graduado e buscar a qualificao acadmica, comoresultados de compromissos internos entre identidade herdada e identidade visada nfima. A docncia superior em Contabilidade est diante de uma situao complexa eparadoxal. A identidade incorporada pelos docentes mostrou o mundo interior do curso deCincias Contbeis, construda na dualidade e na articulao entre o institucional e oindividual, entre a identidade para si e a identidade para o outro. Essa herana tendemais para a continuidade do que para a ruptura. O mundo mudou, o modo de exercer aprofisso docente precisa acompanhar as mudanas cientificas e tecnolgicas domundo contemporneo. As conquistas docentes mais recentes expressam uma espcie de identidadepluridimensional de doutores inseridos no projeto de mudanas para o curso deContabilidade. Doutores, que ao participar de diferentes comunidades acadmicas,criam possibilidades de se envolver com mais ou menos fora nas atividades, nosmodos de ver as coisas e ideais, quanto mais e maior seja o trao de identidade que oglobalize. O professor universitrio construiu sua identidade no somente pelo dilogoentre a experincia e a histria, entre uma experincia e outra e outras, o confronto dasprticas com a teoria, num movimento de desvelar, pela anlise da prtica, a teoria emao e o processo de investigao da prtica. (Pimenta et al 2003, p. 273). H umaamplitude intencional para o mundo das descobertas e da produo de conhecimentoscientficos, o que bastante positivo. O significado da docncia de profissionais liberais que se desdobram paraexercerem, simultaneamente, o magistrio e a contabilidade, so realmente invejveis,esta a viso positiva. Profisses que envolvem uma pluralidade de conhecimentoscientficos e pragmticos, desafios e complexidade. A identidade da profisso docentese desvelou, considerando que saber interrogar o real, considerar a experinciabuscar sua gnese e sentido. Os saberes prticos, quando no associado a saberestericos, desestruturam a identidade profissional. (Dubar, 2005). A prtica profissionalem Contabilidade deve ser o estmulo que desperta o interesse pela carreiraacadmica.37 38. A identidade para si foi construda na relao individual e coletiva. Ser professorprofissional viver e sobreviver da atividade acadmica. Pensando e interagindo deforma permanente, no s com o pblico interno - acadmicos, professores efuncionrios mas, especialmente, com a sociedade e com o mundo que gira entornoda atividade docente, que ultrapassa todas as formas de limitaes e de acesso dosaber. Ser professor estar presente nos locais onde as questes acadmicas, osassunto, os temas esto sendo discutidos. pensar nos semestres anteriores,contedo, metodologia, como modificar ou tratar o mesmo contedo, de mododiferenciado. captar o interesse do aluno para o que ele est fazendo, a fim deredimensionar a aprendizagem.38 39. UNIDADE III3.1. Conhecimento Contbil e Legislao de Ensino Sabemos que o conhecimento contbil determinado pelas orientaes previstase deliberadas atualmente pelo Conselho Federal de Contabilidade e de seu CPC Comit de Pronunciamentos Contbeis, que determina normas e procedimentos acercade questes inerentes ao exerccio moderno da profisso contbil. Destarte, tambmvale salientar a importncia do cdigo de tica do contabilista (resoluo 803/96),inclusive na manuteno das tcnicas de docncia, uma das especialidades relatadasdo bacharel na referida rea. Alm das referidas leis de diretrizes de bases da educao superior, magna porexcelncia, importa-nos mais nesse momento salientar o que diz o Conselho Nacionalde Educao, atravs da Cmara de Educao Superior, Resoluo 10/04, que instituidiretrizes curriculares nacionais para o curso de graduao em cincias contbeis.Art. 2 1 O Projeto Pedaggico, alm da claraconcepo do cursode graduao emCinciasContbeis, com suas peculiaridades, seu currculopleno e operacionalizao, abranger, sem prejuzode outros, os seguintes elementos estruturais:I - objetivos gerais, contextualizados em relaossuas inseres institucional, poltica,geogrfica e social;II - condies objetivas de oferta e a vocao docurso;III - cargas horrias das atividades didticas epara integralizao do curso; IV -formasderealizao da interdisciplinaridade;39 40. Dentre os demais incisos relatados, cabe salientar a realizao dainterdisciplinaridade. Tem-se por ideia que a questo no caberia a umsistema to tcnico e objetivo com a contabilidade. A tratar-se do ensino damesma, percebemos na prtica a verdadeira importncia social a ser elucidadaaos acadmicos em sala de aula, atingindo assim mais esta meta estrutural. Art. 3 O curso de graduao em Cincias Contbeis deveensejarcondiespara que o futuro contabilista seja capacitado a: I - compreender as questes cientficas, tcnicas, sociais, econmicase financeiras,emmbito nacional e internacional e nos diferentes modelos de organizao; II - apresentar pleno domnio das responsabilidades funcionais envolvendoapuraes,auditorias, percias,arbitragens,noesdeatividades atuariais e de quantificaesdeinformaes financeiras, patrimoniais e governamentais, com a plena utilizao de inovaes tecnolgicas; III - revelar capacidade crtico-analtica de avaliao, quanto s implicaes organizacionais com o advento da tecnologia da informao.Se essas so as condies bsicas relatadas de formao, enseja-se que oprofessor universitrio competente as tenha mais amide, principalmente noque tange a capacidade crtica de avaliao, tendo em vista a contabilidadecomo uma cincia social.Por fim transcrevemoso artigo7a fimderefletirmos sobre aimportncia da orientao docente acerca dos trabalhos de concluso de cursos(TCC) e a funo do estgio supervisionado especificamente na rea contbil:40 41. Art. 7 O Estgio Curricular Supervisionado umcomponente curriculardirecionadoparaaconsolidaodos desempenhos profissionaisdesejados, inerentes ao perfil do formando, devendocada instituio, por seus Colegiados SuperioresAcadmicos, aprovar o correspondente regulamento,comsuasdiferentes modalidadesdeoperacionalizao. 1 O estgio de que trata este artigo poder serrealizado naprpria instituiode ensino,mediante laboratrios que congreguem as diversasordens prticas correspondentesaos diferentespensamentos das Cincias Contbeis e desde quesejam estruturados e operacionalizados de acordocom regulamentao prpria, aprovada pelo conselhosuperior acadmico competente, na instituio. 2 As atividadesde estgio podero serreprogramadas ereorientadasdeacordocomosresultados terico-prticos gradualmente reveladospelo aluno, at que os responsveis pelo estgiocurricular possamconsider-loconcludo,resguardando, como padro de qualidade, os domniosindispensveis ao exerccio da profisso. 3 Optando ainstituio porincluir nocurrculo do curso degraduaoemCinciasContbeis o Estgio Supervisionado de que trataeste artigo, dever emitir regulamentao prpria,aprovada pelo seu ConselhoSuperior Acadmico,contendo, obrigatoriamente,critrios,41 42. procedimentos e mecanismos de avaliao, observado o disposto no pargrafo precedente. Como vemos, a formao terico-prtica imprescindvel. E exigvel. Estaformao revela as atitudes e procedimentos frente ao cotidiano das atividades eobrigaes contbeis, vividas desde os tempos de graduao. O professor contadordeve passar este esprito de interao da prxis, estimulando desde meados do cursoo interesse as praticas indispensveis ao exerccio da profisso. 3.2. A prtica organizacional da Docncia em Contabilidade 3.2.1. Teoria e Prtica A sociedade espera que as Instituies de Ensino Superior enviem ao mercadoum profissional preparado para enfrentar os desafios que so propostos por umaeconomia gil e competitiva. No entanto, faz-se necessrio a reflexo sobre como temsido trabalhado nas Instituies o conhecimento terico e a prtica. Consoante Bastos Paiva*: A dissociao do ensino com a realidade uma caracterstica bastante evidente. Osprofessores preocupados em cumprir com os contedos no os relacionam com a situao real de onde se originaram, separando-se , assim, cada vez mais , a teoria da prtica. O grande problema que cada disciplina deseja primeiramente defender e fazer respeitar o seu espao, quando na verdade, deveria contribuir para a derrubada das cercas que enclausuram o conhecimento.Entendemos que a prtica didtica do educador contbil reflexo das prpriasrelaes organizacionais, e implicam novas formas de construo do saber. Ocorre que 42 43. o professor, com ou sem inteno, d nfase ora ao aspecto terico, ora ao aspectoprtico. Outra preocupao mpar relatada pelo experiente Contador Olvio Koliver,que dissertando sobre as novas diretrizes curriculares, comentou sobre o quadro atualda educao contbil no Brasil:O enfoque tradicional nos cursos de graduao emContabilidade peca por restringir com grande freqncia,os estudos contbeis a um elenco de procedimentosaplicados, com prejuzo de viso ampla da Contabilidadee sua insero na dinmica socio-econmica dos nossostempos. De outra parte, tambm comum a difuso deum entendimento esttico da Contabilidade, que leva negao da necessidade da educao continuada.*PAIVA, Simone Bastos. Contadora, Especialista em pela PUC-SP, Professora de Prtica Profissional da Universidade daAmaznia - UNAMA Situaes como aqui relatadas nos levam a crer uma certa acomodao doprofissional na funo de professor universitrio no que se refere a sua prpriaformao continuada. Em alguns casos como o da Percia Contbil, por exemplo,existe a necessidade de comprovao dessas reciclagens a fim de manterem suasatividades. O professor Marion, preocupado com a qualidade do ensino da Contabilidadenas Instituies de Ensino Superior, produziu uma pesquisa sobre o ensino contbilnos Estados Unidos em comparao ao ensino no Brasil. Ao final pde concluir quenos Estados Unidos o professor um facilitador no processo ensino aprendizagem,dando grande nfase parte prtica do curso, importante observar que os alunos eos professores possuem as ferramentas necessrias para facilitar o processo deaprendizagem, o que hoje seria a necessidade primeira do sistema de informaescontbeis e o correto manejo dos mesmos. Afirmamos portanto que o instrumental aquireferido que vai alm do quadro e do giz, preconizar o ensino de excelncia emcontabilidade em nosso pas. Portanto, as quatro paredes de uma sala no devem ser 43 44. a barreira intransponvel entre o aluno e a aprendizagem, mas sim o incio de um longocaminho a ser percorrido por alunos vidos de conhecimento e professores dispostos asempre aprender, colocando como prioridade o desafio e o desenvolvimento davocao.3.3 Currculo do Curso e Dimenses da Docncia3.3.1 Currculo A estrutura curricular atual em muitas faculdades de Cincias Contbeis estbaseada no mtodo cartesiano de induo, ou seja, das partes para o todo, vai deencontro com a opinio de Mazzotti (2001:129) que segue o mtodo sistmico deensino da Contabilidade, baseado na escola norte americana e prope esse mtodoque apresenta uma viso global do curso, da cincia, da profisso e de suasaplicaes. preciso ver o conjunto, as relaes entre as partes e no isol-las, comose tivesse existncia independente.Sabemos tambm que existem atualmente no Brasil currculos distintamentecompostos para o curso de Cincias Contbeis. Vamos tomar por base a proposioda Universidade Federal do Rio Grande do Sul UFRGS no que se refere ao objetivo,organizao curricular e integralizao:OBJETIVOO Curso de Cincias Contbeis visa a formao do profissional capaz depromover a investigao e, ao mesmo tempo, capacit-lo a atender s necessidadesda iniciativa pblica e privada no mundo moderno em sua rea de interesse na CinciaContbil. ORGANIZAO CURRICULARO CURRCULO do Curso abrange uma seqncia de disciplinas e atividadesordenadas por matrculas semestrais em uma seriao aconselhada. O CURRCULOPLENO do Curso inclui as disciplinas que representam o desdobramento das matriasdo CURRCULO MNIMO complementado por outras disciplinas de carter obrigatrioou eletivo que atendem s exigncias de sua programao especfica, s44 45. caractersticas de instruo e s diferenas individuais dos alunos. O CURRCULOPLENO dever ser cumprido integralmente pelo aluno, a fim de que ele possaqualificar-se para a obteno do diploma que lhe confira direitos profissionais.INTEGRALIZAO CURRICULARA integralizao curricular obtida por meio de CRDITOS atribudos sdisciplinas em que o aluno lograr aprovao. Um CRDITO corresponde ao quocientedo total de horas-aula da disciplina por quinze (nmero de semanas por semestre). OCURRCULO PLENO do Curso de Cincias Contbeis estruturado em 08 semestres,cuja matrcula nas disciplinas que integram a listagem acompanhada de umaconselhamento em cada semestre letivo. Seguir a matrcula aconselhada a melhorforma do estudante concluir o Curso na durao prevista.Como vimos, existe uma pr-diviso dos currculos, com base no referido graude importncia ou necessidade de conhecimentos preliminares, ou seja, uma certahierarquia ou ordem de conhecimentos prvios, os chamados pr-requisitos. O quevemos com freqncia a adoo de um currculo nico, com carga horria igualmentedividida. A Universidade de Cuiab UNIC, apresentava no ano de 2008 o seguinteelenco de disciplinas como demonstra o quadro a seguir, todas obrigatrias, comoparte integrante das exigncias para o obteno do ttulo, alm das horas extracurriculares de extenso, um dos objetivos primordiais da universidade em geral (osmesmos so trabalhados tanto no regime regular quanto no modular):Quadro 1 Estrutura Curricular Bacharelado em C. Contbeis: Estrutura Curricular1 SemestreDisciplinasC.H.Contabilidade I120E. D. 1 0Filosofia60Lngua Portuguesa60Matemtica 602 SemestreDisciplinasC.H.Administrao60 45 46. Contabilidade II 120E. D. 20Estatstica 60Sociologia e Antropologia 60 3 SemestreDisciplinasC.H.Contabilidade III120E. D. 3 0Matemtica Financeira60Metodologia Cientfica 60Noes de Direito60 4 SemestreDisciplinasC.H.Contabilidade Agroindustrial 60Direito60E. D. 4 0Economia 60Psicologia Organizacional60Teoria da Contabilidade60 5 SemestreDisciplinasC.H.Aturia60E. D. 5 0Economia Brasileira60Finanas Empresariais I60Laboratrio Contbil I 60Normas e Estudos Contbeis 60 6 SemestreDisciplinasC.H.Contabilidade Avanada 60Contabilidade e PlanejamentoTributrio60E. D. 60Finanas Empresariais II60Laboratrio Contbil II 60Oramento Pblico 60 7 SemestreDisciplinasC.H.Auditoria60Contabilidade Internacional60Contabilidade Pblica60E. D. 7 0Laboratrio Contbil III 6046 47. Percia, Mediao e Arbitragem 60 8 SemestreDisciplinasC.H.Contabilidade Social e Ambiental 60Controladoria60E. D. 8 0Laboratrio Contbil IV60Mercado Financeiro e Capitais60Tpicos Especiais emContabilidade60 Neste caso especfico, os chamados E.Ds so estudos dirigidos, destinados aformao cidad e aprimoramento da cultura geral e cidadania. 3.3.2 Dimenses da DocnciaA universidade tem que cuidar para que seus clientes (acadmicos) sejam bemorientados e qualificados como subprodutos da sua prpria marca, e, ao mesmo tempo,dispor de um corpo docente que agregue valor (ver, a propsito, Folha de So Paulo,3 de fevereiro de 2002a e 2002b) . Vincular o aluno bem-sucedido ao nome (marca)da instituio ao muito bem executada por algumas faculdades e universidades - comprovao da eficincia e qualidade do estabelecimento de ensino. Ou, de outraforma, competncia na implementao de seu marketing institucional. Nesse sentido,Martins (1989, p. 42) apropriadamente considera que A adoo do marketing, porcerto, ir contribuir para a eliminao do grande hiato que se criou entre as estruturasconservadoras e ultrapassadas, e o pensamento dinmico e progressista do meiouniversitrio.Entendemos por este raciocnio que o professor universitrio deve ter a cara ea forma das instituies de ensino superior IES que representa, o que possvel,mantendo a caracterstica humana e scio cultural de cada um, como diria outrora LevVigotski, terico da educao. Alis, o docente tambm deve pautar seu prpriomarketing. Kotler e Fox (1995) destacam que as instituies de ensino onde osprofessores so orientados aos estudantes (student-minded) provavelmentesobressair-se-o aos olhos de alunos e doadores. Esses autores vo mais alm aopropor que as instituies de ensino implementem programas de treinamento dirigidosaos docentes que ressaltem a importncia do cliente, isto , os alunos. No mesmo47 48. diapaso, Vasconcelos (2001) ressalta que os docentes tm um papel preponderante,no apenas como educadores profissionais, mas tambm como instrumentosmercadolgicos das instituies s quais esto vinculados. Existe uma necessidade inadivel de se encarar o lado do cliente (acadmico) -sob vrias dimenses e papis conforme demonstrado -, o mesmo se deve fazer emrelao ao docente. notrio que os parmetros esto mudando. Os papis sodinmicos, jamais estticos. Atualmente, cabe aos alunos, responderem, pelo menosem parte, pelo seu aprendizado. Os alunos tm, cada vez mais, um papel crtico nesseprocesso. Muitas propostas vo nessa direo, conforme examinamos. Essaresponsabilidade no pode e nem deve mais ser atribuda exclusivamente ao docente.O seu papel hoje est mais para um facilitador e orientador. O professor o formuladore o aluno o executor do processo de aprendizado. Alm disso, se fundamentalreconhecer a importncia dos discentes nesse contexto, no menos importante aposio do corpo docente. As avaliaes do trabalho dos docentes so inevitveis,alis, como acontecem em qualquer situao de compra de um bem ou servio.Quanto s presses extras, decorrentes das novas atribuies, Oliveira (1999) dizque o professor deveria desenvolver estratgias pessoais que lhe permitissem lidar damelhor forma com seus sentimentos e com as contradies oriundas da srie deexigncias que lhe so feitas explcita e implicitamente. Da mesma maneira que osdiscentes, o corpo docente tambm tem suas expectativas. O seu papel numainstituio de ensino notoriamente chave. mister conhecer a opinio dos docentescontbeis a respeito de temas e situaes que envolvem o seu trabalho. Concluindo, verificamos que as prticas docentes avaliativas neste processodimensional devem ser reavaliadas seguindo alguns critrios conforme apregoaAnselmo Ferreira Vasconcelos*, 2002:se foram obtidos avanos nos hbitos de leitura e atualizao, uma vez queestar sintonizado com o que acontece em outros centros geradores deexcelncia de ensino fundamental;avaliar se os docentes receberam algum tipo de encorajamento, instruo outreinamento para incorporar o pensamento de marketing em seu trabalho juntoaos alunos;quais os instrumentos usados pelos professores para ouvir as opinies dosalunos sobre o contedo dos seus programas;48 49. explorar como se d o processo de aconselhamento dos alunos em relao ssuas carreiras por parte do professor, fora da sala de aula, isto , se a instituioestimula essa prtica.VASCONCELOS, Anselmo Ferreira. Mestre em Administrao de Empresas pela Pontifcia Universidade Catlica de SoPaulo.UNIDADE IV4.1 Metodologia e o Professor4.1.1 Introduo No conceito universal do ser humano do livre-arbtrio sabemos que asmetodologias, aps avaliadas por um censo crtico apurado, so de escolha, domnio euso irrestrito do professor. Existem metodologias adotadas mais comumente com certaeficcia que vamos procurar relatar aqui.Por exemplo, a utilizao de jogos de empresas e dinmicas de grupo traz para a salade aula a realidade do exerccio profissional, onde as pessoas se juntam, formam suasequipes e definem seus objetivos, cumprem regras pr-definidas nas atividadesapresentadas pelos professores. So nos grupos que eles revelam suas caractersticas49 50. peculiares, como: interesse, aptides, intenes e desejos, inibies, frustraes,expectativas e medos, afirmam Albiganor e Rose Milito (2000:14).Segundo Silva (2001:41):A qualidade necessria aos cursos de Contabilidadeimpemudanadeparadigma.Isto significaabandonaro modelo emanadoda concepopedaggica tradicional e tecnicista e adotar umapedagogia que busque a autonomia e a reciprocidadeentre educadores e educandos. A formao decidados crticos, responsveis e conscientes s podeser atingida atravs de uma concepo pedaggicaque possibilite ao aluno construir o conhecimentoatravs de sua prpria experincia. Vamos entender portanto, as abordagens metodolgicas. Como bem observaMIZUKAMI (1986, p.1), para entendermos o fenmeno educativo, faz-se necessriorefletir sobre os seus diferentes aspectos: um fenmeno humano, histrico emultidimensional. Nele esto presentes tanto a dimenso humana, quanto a tcnica, acognitiva, a emocional, a sociopoltica e cultural. Conseqentemente, entendemos ofenmeno educativo como um objeto em permanente construo e com diferentescausas e efeitos de acordo com a dimenso focalizada. Estes aspectos so comparados a seguir segundo as diferentes opespedaggicas, que, para MIZUKAMI (1986, p.2-4), poderiam estar fornecendo asdiretrizes ao docente, mesmo considerando-se que a elaborao que cadaprofessor faz delas individual e intransfervel. Estas abordagens do processo deensino e aprendizagem, objeto de anlise, estaro demonstradas a seguir. Considerando-se a complexidade do tema e a necessidade de maioresinvestigaes empricas e tericas, elaborou-se um quadro comparativo, exposto noQuadro 2, que, atravs de seus aspectos comuns, procura identificar cada classificaode cada autor pesquisado, segundo as abordagens detalhadas por eles. 50 51. Quadro 2 - Resumo das diferentes abordagens do processo de ensino eaprendizagem Outro quadro interessante na concepo metodolgica atual, segundo osprincpios metodolgicos pautados na concepo curricular, est descrito a seguir: Quadro 3 Objetivos das Relaes Metodolgicas* 51 52. 4.1.2 Jogos de Empresa Na profisso contbil este mtodo pode parecer til. Os jogos de empresastiveram um grande impulso com o advento dos computadores. Eles permitiram quefossem elaborados modelos de jogos mais complexos e com um alto nvel de preciso.A introduo dos computadores permitiu, ainda, que os dados fossem processadoscom maior rapidez, tornando os jogos mais dinmicos. Atualmente as simulaes empresariais, ou jogos de empresas, so umimportante instrumento de treinamento e desenvolvimento gerencial. Os jogos deempresas so abstraes matemticas simplificadas de uma situao relacionada como mundo dos negcios.PASSOS, Ivan Carlin. et.al. Universidade Presbiteriana Mackenzie, 2003. Os participantes do jogo, individualmente ou em equipes, administram a empresacomo um todo ou parte dela, atravs de decises seqenciais. Os jogos de empresastambm podem ser definidos como um exerccio de tomada de decises em torno deum modelo de operao de negcios, no qual os participantes assumem o papel de52 53. administradores de uma empresa simulada. Os participantes podem assumir diversospapis gerenciais, funcionais, especialistas, generalistas etc. Definem objetivos emetas gerais e especficos, estratgias gerais e especficas, analisam os resultadosdas decises tomadas. Contudo, MARTINELLI (1987) elucida a eficcia de jogos de empresas noaprendizado discorrendo que muitos autores e estudiosos dos jogos de empresasafirmam que os jogos no conseguiram ainda provar, pelo menos de maneirarealmente conclusiva, serem superiores, como tcnica de ensino, em relao a outrosmtodos de ensino tradicionais. Na verdade, embora se tenha notcia de uma srie deestudos desenvolvidos neste sentido, principalmente nas dcadas de sessenta esetenta ... no se tem nenhuma prova ou evidncia incontestvel desta superioridade.Porm a maioria dos autores, embora no tenha como prov-la, concorda com a tesede que os jogos de empresas so efetivamente um meio superior de ensino. Para que o professor, dentro da construo de sua formao saiba a eficcia detais mtodos, deve observar o que diz MASETTO (1992, p.83-94), que defende aexistncia de nove princpios que demonstram o processo de aprendizagem doacadmico, situados dentro da realidade do estudante universitrio brasileiro, capazesde promover condies facilitadoras de aprendizagem. So eles:1. promover a participao;2. valorizar a experincia e a contribuio dos participantes;3. explicitar o significado;4. definir claramente objetivos e metas;5. estabelecer recursos adequados, eficientes e avaliveis;6. criar um sistema de feedback contnuo;7. desenvolver uma reflexo crtica;8. estabelecer um contrato psicolgico;9. adaptar os comportamentos do Professor a um processo de aprendizagem prpriode adultos-acadmicos. Buscando-se inovaes no ensino de contabilidade, na grande competitividade daprofisso contbil e considerando a didtica como arte e cincia simultaneamente,resgatam-se os ensinamentos de MARION (1994) que critica o ensino tradicional, ondeo aluno encarado como um agente passivo no processo de aprendizagem.Geralmente o professor prepara sua aula, seleciona o contedo, procurando repassar 53 54. o mesmo atravs de um livro-texto, quase sempre utilizando somente o quadro-negro,sendo desta maneira o maior responsvel pelo aprendizado. O estudante forado amemorizar regras, definies, procedimentos, sem entender a essncia dos mesmos.Marion defende a idia central de que o aluno deveria ser um agente ativo no processode aprendizagem, e que o professor deveria fazer com que os alunos fossempensadores-crticos, reflexivos e com capacidade de auto-iniciativa para um processocontnuo de aprendizagem no diretiva, onde o professor exerceria um papel defacilitador da aprendizagem em oposio ao ensino tradicional. Cita que o mtodo doestudo de caso seria um exemplo de uma tcnica capaz de promover uma participaodos alunos e que os chamados Jogos de Empresas propiciariam uma metodologiacapaz de introduzir os alunos no mundo dos negcios, embora afirme que seria difcilaplic-los no curso de Contabilidade. MARION et al. (1999) afirmam que o Jogo de Empresas permite ao aluno, emgrupo, tomar decises em empresas virtuais, negociando com outras empresas deoutros grupos da sala de aula ou at mesmo de outras classes, perodos e cursos. Oobjetivo deste mtodo desenvolver nos participantes de um curso a habilidade detomar decises baseadas em dados contbeis e de mercado, por meio da utilizao deum jogo em que esses participantes representam a diretoria de empresas quecompetem em um mesmo mercado. 4.1.3 Raciocnio, Sistematizao e Prtica Segundo Nrici apud Silva (1997) temos os seguintes mtodos:I. Quanto forma de raciocnio: Mtodo Dedutivo: o assunto estudado segue do geral para o particular. Mtodo Indutivo: o assunto estudado apresentado por meio de casos particulares,sugerindo-se que se descubra o princpio geral que rege os mesmos. Mtodo Analgico: quando os dados particulares apresentados permitiremcomparaes que levam a concluir, por semelhana.II. Quanto coordenao da matria: 54 55. Mtodo Lgico: quando os dados ou fatos so apresentados em ordem deantecedente e conseqente ou do menos complexo ao mais complexo. Mtodo Psicolgico: qua