MONDRIAN, Piet - Neoplasticismo Na Pintura e Na Arquitetura (1)
Mondrian Final
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Transcript of Mondrian Final
Piet Mondrian
Abstracção como Expressão da Realidade
Licenciatura em Arte Multimédia
3º Ano | 1º Semestre
2014/2015
FBAUL
Alexandre Eduardo Manta Alagôa dos Santos Claro
Figura 1
Piet Mondrian (1872 - 1944)
Tableau with Yellow, Black, Blue and Grey | 1923
Óleo sobre Tela | 54,5 cm x 53,5 cm
Museu Colecção Berardo - Centro Cultural de Belém, Lisboa
Resumo
O seguinte ensaio pretende analisar e interpretar a obra Tableau with Yellow, Black,
Blue and Grey realizada por Piet Mondrian em Paris no ano de 1923.
A pintura corresponde a um extenso conjunto de obras abstractas que emergem da
aplicação de uma série de teorias, pensamentos e filosofias aprendidas e estudadas pelo
pintor (por exemplo a Teosofia), assim como também criadas e desenvolvidas pelo
mesmo ao longo da sua carreira, dando então origem ao seu próprio estilo - o
Neo-Plasticismo - que tinha como pincipais preocupações a representação da
Universalidade e a procura de uma essência espiritual na arte.
O trabalho está estruturado em dois capítulos principais, sendo que o primeiro
aborda a evolução do artista desde a sua fase naturalista até à abstracção, com o intuito de
relevar pontos importantes para uma melhor compreensão da obra em anásile; o segundo
trata especificamente a pintura Tableau with Yellow, Black, Blue and Grey, relacionando-a
ainda com obras de outros artistas.
O objectivo do ensaio incide portanto na interpretação da obra Tableau with Yellow,
Black, Blue and Grey e na sua relação com noções e ideias paralelas a alguns conceitos
do Neo-Plasticismo.
Índice
Introdução ............................................................................... 1
Percurso até à Abstracção ....................................................... 3Antes de Paris | Natureza e Cor .................................... 3Paris e o Cubismo.......................................................... 6Abstracção .................................................................... 8Conclusão dos vários Períodos ................................... 11
Análise do Tableau ............................................................... 14
Conclusão ............................................................................. 18
Bibliografia ........................................................................... 20
Catálogo de Imagens ............................................................. 21
Introdução
Piet Mondrian é considerado como um dos artistas mais importantes e
revolucionários da pintura abstracta e da própria arte contemporânea, principalmente
devido à aliança conceptual que desenvolveu entre a sua pintura e teorias e pensamentos
filosóficos aliados à Teosofia e a outras ideologias, o que resulta na criação do
Neo-Plasticismo. Este novo estilo caracterizava-se pelo uso de elementos básicos da
pintura - linha, plano, cor primária - para evocar uma relação/oposição de
verticalidade/horizontalidade (através da perpendicularidade da linha) e de cor/não-cor
(através das cores primárias e do branco, cinzento e preto) com a finalidade de revelar
uma essência pura das coisas. O Abstraccionismo de Mondrian afasta-se de qualquer
representação realista ou figurativa e preocupa-se somente com a ligação com a
Universalidade.
O objectivo do trabalho é então expor e analisar algumas destas preocupações
presentes na arte abstracta de Mondrian assim como algumas possíveis interpretações da
obra Tableau with Yellow, Black, Blue and Grey (1923).
O trabalho está divido em duas partes - “O Percurso até à Abstracção” e “Análise do
Tableau” - sendo que na primeira se salientam pontos importantes presentes em cada fase
de Mondrian e na segunda é interpretada a obra em questão, sendo esta ainda relacionada
com outras pinturas de Mondrian como também a de outros artistas.
Apesar do propósito essencial do ensaio não consistir numa síntese biográfica do
percurso artístico de Piet Mondrian, uma breve referência aos vários períodos ou fases da
carreira do pintor é necessária para uma melhor compreensão de Tableau with Yellow,
Black, Blue and Grey, assim como de alguns dos princípios do próprio estilo
Neo-Plasticista, no qual a obra se insere. Assim, no primeiro capítulo, “O Percurso até à
Abstracção”, que se encontra dividido em quatro subcapítulos, será elaborada uma
referência às fases artísticas mais importantes do pintor, desde o seu período naturalista à
influência de características Pós-Impressionistas, de seguida à assimilação do estilo
Cubista e ainda a sua gradual aproximação à arte abstracta. No final deste capítulo será
ainda efectuada uma reflexão deste caminho até à Abstracção onde serão levantadas
questões relevantes como a ideia de Destruição, de Simplificação, de Relação entre
Opostos, entre outras, presentes ao longo da sua jornada e no seu estilo Neo-Plasticista,
as quais permitirão um melhor esclarecimento da obra em análise no capítulo seguinte.
Em “Análise do Tableau” será finalmente tratada a pintura de Mondrian Tableau with
Yellow, Black, Blue and Grey. Serão discutidas algumas ideias como a ambiguidade
espacial, a linha e a grelha, a sobreposição e o escondimento de formas, a relação entre a
própria superficie da tela e a composição pictórica, entre outros, e ainda referidas
algumas obras de outros artistas como Kandinsky e Malevich, como do próprio Mondrian.
A relação entre estes dois capítulos, um focado no geral e outro no particular, será de
complementar várias noções e ideias significativas e fundamentais para o entendimento
da arte e do pensamento de Mondrian.
__________________(1)Ver figura 2, 3, 6 e 9 nas páginas 21, 23 e 24 no Catálogo de Imagens.(2)Ver figuras 4, 5, 6 e 7 nas páginas 22 e 23 do Catálogo de Imagens.
Percurso até à Abstracção
Antes de Paris | Natureza e CorO período inicial de Mondrian (até cerca de 1908) caracteriza-se pelo seu estilo
naturalista ou figurativo centrado na representação da realidade com o recurso às regras
da cor e da perspectiva como evocação de tridimensionalidade no espaço pictórico e
como ilusão de profundidade na composição, regras completamente opostas (ou talvez
melhor dizendo diferentes) às presentes durante o seu período Neo-Plasticista, no qual se
enquadra a obra em análise mas que, contudo, são importantes e interessantes para revelar
a evolução do pintor.
Alguns dos temas mais frequentes neste período Naturalista correspondem a
paisagens, a naturezas mortas, e também a retratos como por exemplo Village Church
(1998), Still Life With Herring (1993), Along the Amstel (1903), Young Girl (1990-01) (1),
nos quais o pintor representa as composições com bastante detalhe.
Uma característica interessante em algumas das paisagens à beira da água incide
sobre o reflexo e a relação horizontal-vertical entre as árvores e o mar. Apesar de não ser
a intenção do pintor (penso eu), já num período inicial da sua carreira começam a estar
presentes algumas das características e noções que seriam abordadas futuramente pelo
artista e consideradas como ideias fulcrais nas próprias criações artísticas e filosóficas de
Mondrian - a relação horizontal-vertical.
Apesar de realizar algumas pinturas de indivíduos em actividades quotidianas, em
alguns retratos que produz no fim desta época Mondrian parece afastar-se de aspectos
individuais de cada sujeito e apresenta uma dimensão quase de adoração ou de meditação,
com uma especial atenção no olhar, como se pode observar principalmente em obras
como Passion-Flower ou Devotion, mas ainda em Young Girl e Woman at Prayer (2). As
duas primeiras figuras aparentam estar num estado de contemplação profunda enquanto
as duas últimas demonstram um olhar frontal, directo e íntimo, revelando aqui uma certa
relação entre interioridade e exterioridade presente nas obras.
A partir de cerca de 1907-08 Mondrian começa a ser influenciado por vários artistas
do expressionismo e/ou pós-impressionistas, talvez como Van Gogh, Seurat, entre outros,
__________________(3)Ver figura 10 na página 25 do Catálogo de Imagens.(4)BOIS, Yve-Alain, et al., Piet Mondrian. Boston: Bulfinch Press, Little, Brown and Company,1995. ISBN: 0-8212-2164-7, p. 328.(5)Ver figuras 13, 14 e 15 nas página 26 e 27 do Catálogo de Imagens.(6)Ver páginas 26, 27, 28 e 29 no Catálogo de Imagens.(7) Figuras 22 e 23, página 31 no Catálogo de Imagens.
o que resulta num tratamento e exploração da cor e dos elementos compositivos de uma
forma mais pessoal e íntima, afastando-se da aparência natural e particular das coisas e da
representação real ou detalhada dos objectos em questão, aproximando-se portanto de
uma maior liberdade na concepção artística (como se pode observar por exemplo em The
Red Cloud (3)): «In 1908, Mondrian is suddenly exposed to the art and various theories of
postimpressionism (...). From the position of Seurat and his peers, stating that it is futile
to try to “render Nature” as it is» (4)
Esta é então umas das primeiras fases de simplificação que contribuem para a
evolução artística de Mondrian, pois o pintor começa a dar significado à realidade
exterior através da relação com a sua própria interioridade e consciência, sem estar sujeito
a uma total fieldade representativa ou figurativa dos temas e assuntos que abordava.
Algumas pinturas deste período que apresentam várias destas noções são por
exemplo as diversas reproduções de Faróis (5) onde se pode notar uma grande diferença
para com as obras naturalistas no uso livre e diversificado das cores e na forma como
estão dispostas na composição, sendo que ainda se nota uma certa influência do
Pontilhismo e de outras técnicas características de pintores como Seurat (presentes
também nas pinturas das Dunas ou do Mar). É de salientar também a relação de
horizontalidade-verticalidade presente neste período, assim como no anterior. Nas várias
reproduções dos Faróis, de Igrejas e de Moinhos salienta-se uma aproximação com a
verticalidade, com a construção e portanto com o Homem, enquanto que nas pinturas do
Mar ou das Dunas se evidencia a horizontalidade e uma maior conotação com a
natureza(6). Ainda através da representação de Árvores (7), Mondrian cria uma junção
entre o horizontal, através dos ramos, e o vertical, através dos troncos, mostrando então
um equilíbrio entre as duas oposições.
Ainda neste período Mondrian realiza um tríptico com figuras femininas que, assim
como nos retratos anteriores, demonstram não um interesse em salientar qualquer acção
__________________(8) Página 30 no Catálogo de Imagens.(9) Figuras na página 37 no Catálogo de Imagens.(10) Página 33 no Catálogo de Imagens.
ou característica específica na personagem/figura representada, mas sim no captar de um
carácter contemplativo, poético ou profundo como pode ser observado em Evolução (8),
sendo esta uma das suas criações finais antes do seu contacto com o Cubismo, e no qual
Mondrian demonstra a figura feminina de uma forma vertical imponente, num estado de
imersão ou de purificação contemplativa (presente nas pinturas laterais) e possuidora de
um olhar fixo (no quadro central) sendo que a relação (da visão, desse olhar aberto e
fechado) entre as três telas transmite uma sensação quase mística, revelando uma certa
harmonia e sensibilidade entre a natureza do nu feminino (um espaço físico e exterior) e o
espiritual (espaço mental, interior).
É também interessante notar que tanto neste período como nos seguintes, Mondrian
vai tratar várias vezes alguns dos mesmos objectos ou temas (neste período temos o
exemplo dos Faróis), isto poderá ser fruto de uma insatisfação por parte do pintor (não
creio que seja o caso, ou talvez o seja), ou como uma forma de constante treino com o fim
de demonstrar diferentes resultados possíveis a partir de um mesmo objecto, ou então
devido a um simples gosto por parte do pintor. Contudo o que se evidencia aqui é a noção
de repetição como meio para a evolução do artista, ideia que, a meu ver, vai ainda estar
mais presente em futuras pinturas como por exemplo as do Cais e do Oceano (Pier and
Ocean - (9)) ou as Árvores do próprio período Cubista (10) onde se observa o tratamento
constante do mesmo assunto que demonstra e resulta na evolução do artista, tanto na
assimilação do Cubismo como no passo para a Abstracção.
__________________(11)SEUPHOR, Michel, Piet Mondrian: Life and Work. Nova Iorque: Harry N. Abrams, p. 82.(12)Como Exemplo: figuras 52 e 53 na página 44 do Catálogo de Imagens.(13)Ver figuras 25 e 26 na página 32 do Catálogo de Imagens.
Paris e o CubismoEm 1911, a descoberta do estilo de Cezanne e a sua influência em Picasso e Braque,
e ainda mais tarde a viagem de Mondrian a Paris em 1912 (considerada na altura a cidade
central das vanguardas) resultam no seu contacto com a pintura cubista, o que vai ser de
grande importância para a carreira artística do pintor. É através de uma exposição de arte
de 1911 em Amsterdão, na qual Mondrian também mostrou alguns dos seus quadros, que
existe a primeira aproximação à pintura cubista:
A partir do contacto com o Cubismo Analítico, principalmente com os trabalhos de
Picasso e Braque (12), Mondrian vai começar a descontruir a forma e a introduzir uma
estrutura esquemática nas suas pinturas, afastando-se gradualmente da figuração e
desencadeando, portanto, o processo até à abstracção.
Mondrian adopta então algumas características dos cubistas como a desconstrução
ou o rompimento da forma, a introdução de uma estrutura simplificada e esquemática, a
decomposição dos motivos numa aglomeração de planos, a composição oval, a diluição
entre fundo e forma, uma redução da cor centrada no uso de tons cinzentos e ocres, como
pode ser observado em algumas das suas primeiras pinturas após o contacto e influencia
do cubismo, por exemplo Still Life with Ginger Pot I e Still Life with Ginger Pot II (13).
Contudo, Mondrian apropria-se destas componentes e aprendizagens Cubistas (analíticas)
para desenvolver uma linguagem estética própria (paralela aos estudos e teorias
Kickert was a resourceful man, rich, and prodigiously active. In 1910 hefounded the Cricle of Modern Art (Moderne Kunstkring), wich held annualinternational art exhibitions in Amsterdam. Mondrian was a member of themanaging commitee, which included Toorop, Sluyters, and Kickert himself. Thefirst exhibition, held in October, 1911 at the Municipal Museum, in honor ofPaul Cézanne, showed 28 of the latter’s canvases, as well as works by Braque,Picasso, Derain, Dufy, Redon, Vlaminck, and others. Here are the titles of thepaintings Mondrian exhibited: 92, Flowers, 93, Landscape of Dunes, 94, Dunes,95, Mill, 96 Church, 97, Evolution (11)
__________________(14) Figuras presentes na página 21, 31, 33 e 34 no Catálogo de Imagens.
filosóficas referentes à procura pela representação da universalidade) que, através do uso
de linhas ortogonais que resultam numa espécie de grelhas esquemáticas, procurava uma
aproximação à essência do objecto e um enfâse da plenitude da superfície, sem qualquer
finalidade de criar noção de volume no objecto, diferenciando-se portanto do cubismo de
Picasso ou Braque.
Mondrian afasta-se do uso da linha como definidora da fragmentação do objecto,
que era característica do Cubismo e que está presente nos seus primeiros trabalhos deste
período (como Still Life with Gingerpot II), para embarcar num longo processo de
eliminação da figura tornando-a numa relação de linhas diagonais e curvas e mais tarde
apenas horizontais e verticais, progressivamente tornando a forma (do objecto) num
elemento secundário à própria composição
Mondrian volta então a alguns temas recorrentes dos seus vários períodos artísticos
antecedentes, como por exemplo as árvores, mas agora trata-as evidenciando a sua
influência cubista. Esta evolução pode ser notada na sequência de obras - Figuras 2; 22;
28; 29; 30; 31; 32 (14) - onde se observa uma gradual simplificação, descontrução e até
destruição do objecto desde a sua representação detalhada do período naturalista (figura 2)
até à influência do cubismo, de tal forma que nas últimas versões a árvore já é quase
imperceptível, deixando assim, a própria forma/figura da árvore, de ser o elemento
principal da obra e tornando-se num motivo completamente diferente e transformado de
si mesmo. É então o contacto com o Cubismo que permite a Mondrian embarcar num
caminho para a essência da pintura, possibilitando ao pintor um afastamento da
representação de objectos e uma aproximação ao abstraccionismo.
__________________(15)Ver figuras 35, 36, 37, 38, 39 nas páginas 36 e 37 do Catálogo de Imagens.(16)Ver figuras 40, 41 e 42 nas páginas 38 e 39 do Catálogo de Imagens
AbstracçãoDepois da sua interiorização do Cubismo Analítico, Mondrian afasta-se do trabalho
de Braque e Picasso que caminhavam em direcção ao Cubismo Sintético, o qual
Mondrian considerava como um retorno à representação da forma e da aparência (e
portanto à individualidade) do objecto.
Em 1914 Mondrian regressa à Holanda ainda com intenção de voltar a Paris
brevemente, contudo, com o desabrochar da guerra e com a invasão da bélgica, Mondrian
é obrigado a ficar no seu país durante uns anos.
Durante a sua permanência na Holanda reproduz diversas pinturas de fachadas de
igrejas e realiza vários estudos do ritmo do mar e da relação entre o cais e o oceano (15).
Estas composições (principalmente nas composições Pier and Ocean) definem-se pelo
ritmo das linhas, que parecem evidenciar um estado inicial da grelha resultante da
verticalidade (ligada ao cais e ao ser humano) e da horizontaliade (ligada ao mar e ao
natural), que começam a ter uma presença cada vez mais significativa nas suas obras e
cuja relação/oposição se torna gradualmente um ponto fulcral na sua arte e filosofia
Neo-Plasticista. Estes desenhos e pinturas entituladas Pier and Ocean são consideradas
como o início da transição para a abstracção (16).
Durante estas duas últimas fases artísticas - o período de assimilação do cubismo
analítico em Paris e a seguinte evolução na Holanda - Mondrian começa a desenvolver
uma arte focada nesta redução do detalhe que se afasta das aparências e da cópia da
natureza ou da realidade, e que procura a representação da essência do objecto, excluindo
as suas particularidades ou aparências individuais, ou seja, Mondrian procura através da
arte uma relação espiritual com o Universal, numa sintonia metafísica entre interioridade
e exterioridade. O artista procura a possibilidade de um retorno da pintura à própria
superfície da tela e não à função de captura ou duplicação do real, sendo que, desta forma,
o artista abandona uma visão primordial da natureza como ponto de referência para a
criação de uma arte pura e bela e parte portanto do seu próprio interior, da sua alma:
__________________(17) SEUPHOR, Michel, Piet Mondrian: Life and Work. Nova Iorque: Harry N. Abrams, p. 117.(18)Ver figuras 43 e 44 na página 40 do Catálogo de Imagens(19)Ver figura 45 na página 40 do Catálogo de Imagens(20)Ver figuras 46 e 47 na página 41 do Catálogo de Imagens(21)BOIS, Yve-Alain, et al., Piet Mondrian. Boston: Bulfinch Press, Little, Brown and Company,1995. ISBN: 0-8212-2164-7, p. 342
Mondrian começa então a desenvolver a sua arte abstracta a partir de relações entre
linhas perpendiculares de diferentes espessuras e formas como o rectângulo ou o
quadrado (formas criadas a partir da perpendicularidade - da relação vertical-horizontal).
Sendo, nesta fase, uma das suas principais preocupações a oposição entre forma e fundo.
As primeiras experiências que Mondrian realiza entituladas Composition with color
planes (18) revelam que a representação de rectângulos, formados por diferentes cores e
tamanhos e a sua colocação num espaço branco originavam numa certa noção de
profundidade. Nas seguintes pinturas, Mondrian recorre ao uso da perpendicularidade da
linha - a grelha - que surge como forma de unificar os vários rectângulos/quadrados à
superfície da tela, independentemente da diferença de cor ou tamanho entre eles. Em
Composition with Color Planes and Gray Lines (19) observa-se então o uso da grelha
através da intersecção das linhas cinzentas mais escuras e mais claras que originam numa
discontinuidade das mesmas.
É com as composições de 1919 (os chamados Checkerboards)(20), que Mondrian
transmite de uma forma mais precisa a sua preocupação em fundir fundo e forma,
rejeitando a oposição entre ambos e como forma de evidenciar a superficie plana da tela;
fá-lo através da linha como um elemento contínuo ou infinito sendo a sua
perpendicularidade criadora do descontínuo, do finitio - o plano. Contudo, Yve
Alain-Bois discute que durante o período Neo-Plasticista, Mondrian abandona esta
rejeição devido à arbitrariadade e subjectividade características da composição:
The interior of things shows through the surface; thus as we look at thesurface the inner image is formed in our soul. It is this inner image that shouldbe represented. For the natural surface of things is beautiful, but the imitation ofit is without life. Things give us everything, but the representation of things givesus nothing (17)
But why does Mondrian renounce this mode of abolishing the figure/groundopposition (the all over distribution as soon as he finds it - only to return to it,differently, at the very end of his life?
Because he has just received from the “checkerboards” the confirmationthat for an artist it is impossible to reject entirely the arbitrariness ofcomposition. Composition is unavoidable, thus indispensable, to painting (21)
Paralelamente a estas novas experiências e preocupações, surge a criação da revista
De Stijl criada por Van Doesburg e pelo próprio Mondrian (à qual se vão juntar vários
artistas como Bart van der Leck, Vilmos Huszar, Robert van 't Hoff, entre outros) e por
conseguinte a criação do estilo Neo-Plasticista pelo próprio Mondrian, estilo que vai
influenciar e ser seguido por vários artistas dentro e fora do grupo De Stijl, como Van
Doesburg.
O Neo-Plasticismo surge como um novo estilo estético que tinha como principal
preocupação a representação da Universalidade e o abandono da particularidade, da
representação da natureza através de meios figurativos ou realistas, rejeitando as
aparências. O estilo tinha como principais elementos plásticos o uso da linha horizontal e
vertical, do plano (quadrado ou rectangular) e ainda as cores primárias (vermelho, azul,
amarelo) e a não-cor (branco, cinzento, preto).
É no Neo Plasticismo que Mondrian vai desenvolver múltiplas obras, nas quais vai
aplicar toda uma imensa fusão de pensamentos, ideias, teorias e filosofias que foi
aprendendo, estudando e desenvolvendo ao longo dos seus vários períodos (ou fases)
enquanto pintor e ser humano.
Devido à sua imensa complexidade, dificuldade e magnitude serão abordados e
analisados no seguinte subcapítulo e ainda no capítulo final (através da obra Tableau with
Yellow, Black, Blue and Grey), de uma forma breve e simplificada, alguns dos conceitos
inerentes aos princípios estéticos e filosóficos do Neo-Plasticismo e da sua concepção
artística.
Conclusão dos vários períodosUma das primeiras ideias que quero salientar que está presente ao longo destas
várias transições incide na Destruição como via para a Criação. Ou seja, cada período ou
fase de Mondrian é o resultado da Destruição de elementos (características, componentes)
presentes no seu antecedente. Numa fase inicial, Mondrian destrói os detalhes
característicos do seu período naturalista através do uso livre da cor. De seguida, a
viagem a Paris e a influência do cubismo dão origem à desconstrução e à
desmaterialização da forma. Por último a exploração de uma pintura sem qualquer
referente natural ou figurativo através de uma busca pela representação do Universal.
Este método Destrutivo é o que possibilita a Mondrian uma aproximação ao
abstraccionismo e à criação dos vários conceitos fundamentais à maturidade do artista. É
ainda curioso salientar que a pintura de Mondrian evolui precisamente de uma forma
oposta ao de aplicar tinta na tela, isto é, através de um processo de simplificação, que
progressivamente reduz a obra de arte a elementos compositivos básicos como a linha, o
plano e a cor primária.
Com o abstraccionismo próprio do seu Novo Estilo, Mondrian abandona a
preocupação com a particularidade de cada forma, de cada objecto, de cada coisa, para se
focar numa arte que permite uma interecção espiritual com a essência da realidade, com o
universo, com o conjunto de todas as coisas.
E assim, outra ideia que quero salientar tem a ver com a noção de Dualidade.
O ser humano nasce e desenvolve-se no mundo através de uma constante e
inevitável relação entre Universal e Particular. Como seres vivos e como espécie
apresentamos uma natureza do nosso organismo idêntica e uma anatomia semelhante,
contudo apresentamos características e traços individuais, personalidades únicas e
diferentes de todos os outros. Há uma constante modelação do corpo e da mente através
da exteriorização do interior (a consciência de nós próprios, a descoberta da alma, do
espírito, do indivíduo) e da interiorização do exterior (a importância da experiência, da
prática, do contacto com o mundo, com a sociedade, com outros seres), assim como um
conflito constante entre a razão e o instinto, o físico e o espiritual, pois apesar de sermos
seres pensantes, racionais conscientes de nós próprios, membros de comunidades, de um
conjunto, somos ao mesmo tempo animais, meras criaturas com vontades e desejos
próprios, possuidores de individualidade, com capacidades tanto egoístas como altruístas.
Todos nós somos criados a partir da Natureza, contudo, a nossa evolução histórica revela
um progressivo afastamento e uma procura pela libertação e emancipação da natureza de
tal modo que há uma crescente ambição pela parte do homem num controlo do ambiente
que o rodeia e pela transformação do que é natural em artificial e mecânico. Como
consequência, a própria paisagem torna-se numa criação humana e natural, numa
Dualidade. Sendo assim, somos ao mesmo tempo criaturas pertencentes à Natureza como
opostos e alheios a ela - compatíveis e incompatíveis.
É entao através da horizontalidade/verticalidade e da cor/não-cor que Mondrian
pretende evocar uma união entre todas estes conceitos e ideas referidos e discutidos ao
longo da análise deste capítulo: Universal/Particular, Dualidade/Individualidade,
Interior/Exterior, Humano/Natureza, Masculino/Feminino, Destruição/Criação,
Simples/Complexo, Corpo/Mente, Instinto/Razão, Espiritual/Fisico, Forma/Fundo,
Bem/Mal, etc... - sendo que a sua relação e oposição possuem e transmitem um equilíbrio
que, segundo o artista, possibilitam a criação de uma essência pura na arte.
Todas estas noções vão sendo desenvolvidas ao longo da carreira artística do pintor
desde os retratos iniciais (que revelam uma preocupação com a intimidade do ser através
do olhar e do rosto), às representações de árvores, faróis e dunas (que começam a
evidenciar a sua preocupação com a horizontalidade/verticalidade), à assimilação do
cubismo (que permite um abandono gradual com a preocupação da figura), à captação do
ritmo do mar e do cais, à introdução da grelha (como forma de abulir a relação
forma/fundo), até ao uso dos elementos básicos da pintura (linha e cores primárias), que
ganham significado e dão origem e ao culminar do Neo-Plasticismo.
Para Mondrian a natureza é possuidora de um poder estétito muito maior do que
qualquer tentativa de a imitar, desta forma, para representar esta beleza estética intrínseca
ao que é natural há que procurar uma expressão plástica que se afaste precisamente da sua
imitação, da sua aparência, sendo então a representação dessa realidade apenas possível
através da sua oposição, ou seja, da Abstracção, pois só a partir de uma harmonia,
sintonia e de um conviver entre contrários é possivel alcançar uma beleza pura, um
equilíbrio natural, uma calma física e espiritual. Desta forma, Mondrian acredita que
apenas e somente através da arte absctracta é possível exprimir a realidade com toda a sua
essência pura, e nunca através de uma representação realista, figurativa, objectual ou
materiaslista da natureza, pois isso resultaria numa mera aparência, numa particularidade,
e o que se pretende é exprimir o Universal - o todo. Penso que se poderá então concluir
que a arte de Mondrian transcende a dimensão estética e adquire um carácter ético,
filosófico, poético, metafísico e espiritual.
Análise do Tableau
Numa primeira observação da obra Tableau with Yellow, Black, Blue and Grey de
Mondrian, a composição aparenta e demonstra uma grande simplicidade através do uso
de linhas rectas negras horizontais e verticais que delimitam o contorno de cores
primárias e criam como que formas geométricas básicas - quadrado/rectângulo. Contudo,
a pintura abstracta de Mondrian é o resultado de um longo processo de desenvolvimento
de ideias e pensamentos com extrema complexidade, como é discutido no capítulo
anterior deste ensaio.
Os quadrados (e/ou rectângulos) da pintura são definidos como se estivessem
parcialmente escondidos pelos limites do próprio quadro e como se se estendessem “para
lá” da tela. Aqui começa então a surgir uma noção de profundidade e/ou espacialidade na
obra definida não por qualquer característica perspéctica ou de volume mas pela
sobreposição (o tal escondimento) das formas (a forma do quadrado formado pela própria
tela e as formas geométricas que constituem a composição) e a repetição dos elementos
compositivos (linhas horizontais-verticais e as formas geométricas por elas formadas -
quadrado).
A relação/oposição da horizontalidade e da verticalidade entre as linhas negras
e o seu prolongamento no espaço da tela, através do paralelismo e da perpendicularidade,
originam na sua definição como um contorno criador de formas geométricas como o
quadrado, sendo que, por sua vez, tanto linhas como formas geométricas, na intersecção
com os limites da tela (que formam também um quadrado), transmitem então uma ideia
de interrupção, como que se estivessem cortadas pelas margens do quadro, o que poderá
ainda transportar para a ideia do incompleto.
Como seres humanos, recorremos à imagem para construir o mundo que nos rodeia e
assim a nossa experiência visual e noção (conhecimento, familiaridade) prévia de
determinadas formas e/ou objectos criam em nós uma tendência para completar e
imaginar o que nos é apresentado como incompleto (ou por vezes quebrado), para
conseguirmos “fechar” a própria forma, preencher aquele vazio, dár-lhe a forma que lhe
pertence, e imaginá-la e recriá-la na sua totalidade.
Sendo que a relação entre horizontalidade e verticalidade das linhas tem uma
consequência na origem de um contorno de formas, e sendo que essas linhas contornais
se prolongam no espaço da obra até aos limites da tela, é criada ainda, aliada a esta ideia
do “incompleto”, a noção de repetição das formas num espaço ilusório exterior à própria
obra artística. Ou seja, existe não só um reconhecimento (e por consequência uma
prolongação) das formas que nos aparentam estar tapadas (escondidas, incompletas) pelas
margens da tela como também se evidencia uma tendência para repeti-las no espaço
devido ao cruzamento das linhas entre si e à intersecção-interrupção das linhas com os
limites da composição através desse prolongamento horizontal-vertical da linha.
Assim, a noção de incompleto e de repetição remetem ambos não só para a ideia de
um espaço que continua para lá dos limites da tela como também transmitem a ideia de
que Tableau with Yellow, Black, Blue and Grey é apenas uma representação cortada, um
fragmento, uma parte de um todo, e é neste sentido que Tableau with Yellow, Black, Blue
and Grey ganha inevitalvelmente um certo carácter de espacialidade e profundidade.
É a fusão entre todos estes elementos e características - a horizontalidade e
verticalidade das linhas, o seu prolongamento e repetição (através do paralelismo e da
perpendicularidade); a tendência do olhar, da mente e imaginação humana para o
completar do incompleto; juntamente com a intersecção e interrupção das linhas, das
formas e cores com os limites da tela - que cria um avançar da própria tela em direcção ao
observador, um afastamento dos elementos compositivos, um recuar (para uma
profundidade quase infinita) do cinzento claro, quase branco, que contrasta com o preto
da grelha e ainda um prolongamento e/ou repetição deste “fragmento” no exterior do
quadro, possibilitando então a criação de uma espacialidade e profundidade ilusórias na
própria obra e fora dos limites dela.
Esta noção da intersecção ou interrupção de elementos da composição (linhas ou
formas) com os limites da tela e ainda da sopreposição das formas como uma
identificação de profundidade, espacialidade ou continuação “para lá” dos limites da tela
está também presente em várias outras obras de Mondrian deste seu período
Neo-Plasticista, assim como em vários outros pintores do abstraccionismo. Contudo,
apesar de uma das principais preocupações do artista ser a superfície da tela, estas são
caracteristicas próprias da subjectividade da composição pictórica.
Na obra literária On The Humanity of Abstract Painting, Meyer Schappiro aborda
____________(22) Ver figura 50 na página 43 do Catálogo de Imagens.(23) SCHAPIRO, Meyer,Mondrian: On the Humanity of Abstract Painting. Nova Iorque: GeorgeBraziller, 1995. ISBN: 0-8076-1370-3. pp. 29-30.(24) Ver figura 49 na página 42 do Catálogo de Imagens.(25) BLOTKAMP, Carel,Mondrian: The Art of Destruction. Tradução de Barbara Potter Fasting.Londres: Reaktion Books, 1994. ISBN: 0-948462-61-2, p. 226; 228
várias questões desenvolvidas e mencionadas neste ensaio, as quais serviram não só como
influencia mas também para a própria compreensão de conceitos e questões relacionados
às obras de Mondrian. O autor, na sua análise à obra Composition with Four Lines and
Gray(22), refere que apesar das linhas da composição se cruzarem apenas no canto
superior esquerdo, a sua relação horizontal-vertical e o seu prolongamento no espaço,
ainda que muito reduzido, são suficientes para supormos não só que estamos perante um
quadrado que está em parte escondido mas também que funciona como uma parte
pertencente a um todo, transmitindo então a importância das ideias de escondimento, do
incompleto e da repetição para a criação de uma espacialidade interior anteriormente
referidas:
Ainda na obra literária Art Of Destruction, de Carol Blotkamp, é referido que na
obra Composition with Red (24) existe uma linha horizontal central que atravessa a
composição de linhas que formam uma espécie de degrau/escadote e se interliga com as
linhas horizontais à direita, criando alguma ambiguidade espacial:
Only at the upper left corner of the square is the angle closed; but its verticaland horizontal lines cross at that point and are prolonged just enought for us tosuppose that what we first perceived as a parly masked square belongs to alarger whole, a lattice or grid (23)
(...) in the Composition with Red, certain lines stand out in relation to others.There is, for example, an unmistakable ladder-like construction (...). This figureis not isolated: the upper and lower rungs are elongated and there is acontinuous horizontal line running across the ladder that serves to link it to thetwo verticals on the right. Nevertheless, the impression is that it is a separateintity, and it is possible to visualize it as either in front of or behind thehorizontal line. To my mind, this represents a degree of spatial ambiguity. (25)
____________(26)Ver figura 54 na página 45 do Catálogo de Imagens(27)Ver figura 55 na página 45 do Catálogo de Imagens
Em Kandinsky está tambem presente a linha como definidora de uma característica
espacial e de profundidade, como por exemplo na obra Composição V (26), através da
espessura e dinâmica da linha que percorre a zona superior da pintura desde o centro até
ao canto superior direito. E finalmente em Kazimir Malevich, na sua obra Suprematist
Painting(27) penso que também podemos observar uma certa noção de espaço,
profundidade e continuação através da sobreposição das formas ao centro e ainda na parte
inferior pelo contacto dos elementos compositivos com os limites da pintura.
Conclusão
A pintura Tableau with Yellow, Black, Blue and Grey inserida no estilo
Neo-Plasticista é então o resultado de um longo progresso artístico de Mondrian. A sua
Abstracção revela uma preocupação extrema com conceitos e ideias ligados tanto à
concepção artística como à própria vida humana e à realidade da natureza que a envolve.
A beleza estética procurada pelo pintor reside não só numa arte visualmente apelativa
mas também na sua ligação conceptual com filosofias e teorias desenvolvidas pelo
mesmo. Mondrian pretende através destes elementos aparentemente básicos - linha, cor,
plano - evocar uma série de relações de oposição como a horizontalidade/verticalidade
que, segundo o artista, eram a única maneira possível de exprimir uma essência pura na
arte. A pintura de Mondrian abrange portanto a Universalidade, afastando-se do
individual e das particularidades de cada coisa, pois para o artista é apenas e somente a
partir da abstracção que a realidade pode ser representada, pois a cópia da natureza
resulta apenas numa mera aparência. O desenvolvimento do pintor permite então observar
estas várias noções a ganharem forma até à criação do Neo-Plasticismo.
No primeiro capítulo foi explorada a evolução de Mondrian através de várias noções
e ideias como a dimensão espiritual presente em alguns retratos que transmitiam uma
relação interior-exterior através do olhar, e o reflexo das árvores no mar que evocava a
relação horizontal-vertical. De seguida a influência da arte pós-impressionista que
permitiu o tratamento da tela com mais liberdade em temas como os Faróis, a Igreja, as
Dunas e o Mar, aludindo de novo para um confronto horizontal-vertical e ainda de
natureza-homem. A absorção da arte cubista que permitiu ao pintor um afastamento
gradual da forma, como é perceptível em composições como as árvores, e que
possibilitaram a Mondrian perseguir uma arte afastada da observação prévia de objectos,
de coisas, da realidade. Assim o artista começou a desenvolver uma arte que partia de si
próprio, do seu interior, dando origem ao seu novo estilo através de meios abstractos.
De seguida o segundo e último capítulo permitiu aludir o leitor para algumas
análises e interpretações possíveis da obra Tableau with Yellow, Black, Blue and Grey de
1923.
Conclui-se então que a arte de Mondrian transmite uma série de princípios morais e
espirituais que englobam a relação do Ser, e do que é ter/ser Ser num mundo onde tudo se
complementa e tudo se opõe, incluido nós próprios. A nossa vida evolui numa constante
relação entre interior e exterior, entre Individual e Universal. Assim, uma das
características mais interessantes da imagem, da pintura, da arte, é ela continuar a
pronunciar-se mesmo que o seu criador já não esteja presente, e ainda ter a possibilidade
de transmitir ideias e noções que possam também elas ter um impacto imprevisível no
observador, originando interpretações e relações opostas ou complementares ao próprio
conceito inicial desenvolvido pelo seu autor.
Bibliografia
BLOTKAMP, Carel, Mondrian: The Art of Destruction. Tradução de Barbara Potter
Fasting. Londres: Reaktion Books, 1994. ISBN: 0-948462-61-2
BOIS, Yve-Alain, et al., Piet Mondrian. Boston: Bulfinch Press, Little, Brown and
Company, 1995. ISBN: 0-8212-2164-7
DEICHER, Susanne, Piet Mondrian: 1872-1944: Construção sobre o Vazio. Tradução de
Maria Conceição Vieira. Koln: Taschen, 2006. ISBN: 978-3-8228-0932-7
DUNLOP, Ian, Piet Mondrian. London: Knowledge Publications, 1967.
HENKELS, Herbert, From Figuration to Abstraction. Londres: Thames and Hudson,
1988. ISBN: 0-500-27512-2
HOLTZMAN, Harry; JAMES, Martin S., The New Art, The New Life: The Collected
Writings of Piet Mondrian. Londres: Thames and Hudson, 1987. ISBN: 0-500-60011-2
SCHAPIRO, Meyer,Mondrian: On the Humanity of Abstract Painting. Nova Iorque:
George Braziller, 1995. ISBN: 0-8076-1370-3
SCIAM, Michael, Piet Mondrian: An Explanation of the Work [Em linha]. [Consultado
06-12-14; 07-12-14; 08-12-14] Disponível em <URL:
http://www.pietmondrian.info/an-explanation/an-explanation-of-the-work-bis.html>
SEUPHOR, Michel, Piet Mondrian: Life and Work. Nova Iorque: Harry N. Abrams.
SYLVESTER, David, About Modern Art: Critical Essays, 1948-97. Londres : PIMLICO,
1997. ISBN: 0-7126-7353-9
Catálogo de Imagens
Figura 2
Piet Mondrian
Village Church
Guache sobre Papel
c. 1898
75 cm x 50 cm
Figura 3
Piet Mondrian
Still-Life with Herring
Óleo sobre Tela montado sobre
Cartão
1893
66,5 cm x 74,5 cm
Stedelikj Museum, Amsterdão.
Figura 4
Piet Mondrian
Devotion
Óleo sobre Tela
1908
94 cm x 61 cm
Haags Gemeentemuseum, The Hague
Figura 5
Piet Mondrian
Passion-Flower
Aguarela sobre Papel
c. 1908
72,5 cm x 47,5 cm
Haags Gemeentemuseum, The Hague
Figura 6
Piet Mondrian
Young Girl
c. 1900-01
53 cm x 44 cm
Haags Gemeentemuseum, The Hague
Figura 7
Piet Mondrian
Woman at Prayer
Lapis sobre Papel
c. 1908
82 cm x 60 cm
Colecção Privada
Figura 8
Piet Mondrian
Trees on the Gein:
Moonrise
Óleo sobre Tela
1908
79 cm x 92,5 cm
Haags
Gemeentemuseum,
The Hague
Figura 9
Piet Mondrian
Along the Amstel
Óleo sobre Tela
1903
Figura 10
Piet Mondrian
The Red Cloud
c. 1907-08
Óleo sobre Cartão
64,5 cm x 64,9 cm
Haags
Gemeentemuseum,
The Hague
Figura 11
Piet Mondrian
Woods near Oele
Óleo sobre Tela
1908
128 cm x 158 cm
Haags
Gemeentemuseum,
The Hague
Figura 12
Piet Mondrian
Church at Domburg
Óleo sobre Tela
1911
114 cm x 75 cm
Haags Gemeentemuseum, The Hague
Figura 13
Piet Mondrian
Lighthouse in Westkapelle
Óleo sobre Tela
1909
39 cm x 29 cm
Galleria d’Arte Moderna, Milão
Figura 14
Piet Mondrian
Lighthouse at Westkapelle
Óleo sobre Tela
c. 1909
135 cm x 75 cm
Haags Gemeentemuseum, The Hague
Figura 15
Piet Mondrian
Lighthouse in Westkapelle
Óleo sobre Tela
1908 - 09
71 cm x 52 cm
Haags Gemeentemuseum, The Hague
Figura 16
Piet Mondrian
Dune I
Óleo sobre Cartão
1909
30 cm x 40 cm
Haags Gemeentemuseum,
The Hague
Figura 17
Piet Mondrian
Dune II
Óleo sobre Tela
1909
37,5 cm x 46,5 cm
Haags Gemeentemuseum,
The Hague
Figura 18
Piet Mondrian
Sea After Sunset
Óleo sobre Cartão
1909
63,5 cm x 76 cm
Haags Gemeentemuseum,
The Hague
Figura 19
Piet Mondrian
Molen (Mill); Mill in Sunlight
Óleo sobre Tela
1908
114 cm x 87 cm
Haags Gemeentemuseum,
The Hague
Figura 20
Piet Mondrian
Windmill
Óleo sobre Tela
1911
150 cm x 86 cm
Haags Gemeentemuseum,
The Hague
Figura 21. Piet Mondrian, Evolução, 1911, Óleo sobre Tela, Tríptico.
178 cm x 84 cm, 184 cm x 87 cm, 178 cm x 84 cm.
Haags Gemeentemuseum, The Hague
Figura 22. Piet Mondrian, Avond (Evening); Red Tree, 1908-10
Óleo sobre Tela | 70 cm x 99 cm | Haags Gemeentemuseum, The Hague
Figura 23. Piet Mondrian, Blue Tree, c. 1908
Têmpera sobre Cartão | 75,5 cm x 99,5 cm | Haags Gemeentemuseum, The Hague
Figura 25
Piet Mondrian
Still Life with Gingerpot I
Óleo sobre Tela
1911
65,5 cm x 75 cm
Solomon R. Guggenheim
Museum, Nove Iorque
Figura 26
Piet Mondrian
Still Life with Gingerpot II
Óleo sobre Tela
1912
91,5 cm x 120 cm
Solomon R. Guggenheim
Museum, Nova Iorque
Figura 27
Piet Mondrian
Nude
Óleo sobre Tela
1912
140 cm x 98 cm
Haags Gemeentemuseum, The Hague
Figura 28
Piet Mondrian
Gray Tree
Óleo sobre Tela
1911
78,5 cm x 107,5 cm
Haags Gemeentemuseum,
The Hague
Figura 29
Piet Mondrian
Bloeiende Appelboom
(Flowering Appletree)
Óleo sobre Tela
1912
Haags Gemeentemuseum,
The Hague
Figura 30
Piet Mondrian
Bloeiende Bomen
(Flowering Trees)
Óleo sobre Tela
1912
60 cm x 85 cm
The Judith Rothschild
Foundation
Figura 31
Piet Mondrian
The Trees
Óleo sobre Tela
1912
94 cm x 69,8 cm
The Carnegie Museum of Art, Pittsburg;
Patrons Art, 1961
Figura 32
Piet Mondrian
The Tree A
Óleo sobre Tela
1912
100,5 cm x 67,5 cm
Tate Gallery
Figura 33
Piet Mondrian
Tableau No. 3;
Composition in Oval
Óleo sobre Tela
1913
94 cm x 78 cm
Stedelijk Museum
Amsterdaão
Figura 34
Piet Mondrian
Tableau No. 2.
Composition No VII
Óleo sobre Tela
1913
Solomon R.Guggenheim
Museum, Nove Iorque
Figura 35
Piet Mondrian
Church Facade 1
Lápis, carvão e tinta sobre papel
1914
63 cm x 50 cm
Haags Gemeentemuseum,
The Hague
Figura 36
Piet Mondrian
Church Facade 2
Carvão e tinta sobre papel
1914
62,5 cm x 38 cm
Colecção Privada
Figura 37
Piet Mondrian
Ocean 4
Carvão sobre papel
1914
50,4 cm x 62,6 cm
Collection E. W. Kornfeld,
Bern
Figura 38
Piet Mondrian
Pier and Ocean 3
Carvão sobre papel
1914
50,5 cm x 63 cm
Colecção Privada
Figura 39
Piet Mondrian
Pier and Ocean 4
Carvão sobre papel
1914
50 cm x 63cm
Haags Gemeentemuseum,
The Hague
Figura 40
Piet Mondrian
Pier and Ocean 4
Carvão e guache sobre papel
1915
87,9 cm x 111,7 cm
The Museum of Modern Art,
New York
Figura 41. Piet Mondrian
Compositie 10 in Zwart Wit (Composition 10 in Black and White); Pier and Ocean
1915 | Óleo sobre Tela | 85 cm x 108 cm | Kroller-Muller Museum, Otterlo
Figura 42. Piet Mondrian
Compositie in Lijn (Composition in Line)
1916-17 | Óleo sobre Tela | 108 cm x 108 cm | Kroller-Muller Museum, Otterlo
Figura 43
Piet Mondrian
Compositie No. 3;
Composition with Color Planes
Óleo sobre Tela
1917
48 cm x 61 cm
Haags Gemeentemuseum,
The Hague
Figura 44
Piet Mondrian
Compositie No. 5;
Composition with Color Planes
Óleo sobre Tela
1917
49 cm x 61 cm
The Museum of Modern Art,
Nova Iorque, The Sidney and
Harriet Janis Collection, 1967
Figura 45
Piet Mondrian
Composition with Color Planes
and Gray Lines 1
Óleo sobre Tela
1918
49 cm x 60,5 cm
Max Bill, Suiça
Figura 46
Piet Mondrian
Composition with Grid 8;
Checkerboard with Dark
Colors
Óleo sobre Tela
1919
84 cm x 102 cm
Haags Gemeentemuseum,
The Hague
Figura 47
Piet Mondrian
Composition with Grid 9;
Checkerboard with Light
Colors
Óleo sobre Tela
1919
86 cm x 106 cm
Haags Gemeentemuseum,
The Hague
Figura 48
Piet Mondrian
Composition A;
Composition with Black,
Red, Gray, Yellow, and Blue
Óleo sobre Tela
1920
Galleria Nazionale d’Arte
Moderna e Contemporanea,
Roma
Figura 49
Piet Mondrian
Composition No. I;
Composition with Red
Óleo sobre Tela
1938-39
Peggy Guggenheim
Collection, Venice
(Solomon R. Guggenheim
Foundation).
Figura 50
Piet Mondrian
Tableau; Lozenge;
Composition with Four Lines
and Gray
Óleo sobre Tela
1926
Museum of Modern Art,
Nova Iorque, Katherine S.
Dreier Bequest, 1953
Figura 51
Piet Mondrian
Lozenge Composition with
Four Yellow Lines
Óleo sobre Tela
1933
Haags Gemeentemuseum,
The Hague
Figura 52
Pablo Picasso
O Tocador de Guitarra
Óleo sobre Tela
1910
100 cm x 73 cm
Figura 53
Georges Braque
O Português
Óleo sobre Tela
1911
117 cm x 81,5 cm
Figura 54
Wassily Kandinsky
Composição V
Óleo sobre Tela
1911
190 cm x 275 cm
Figura 55
Kazimir Malevich
Suprematist Painting (with
Black Trapezium and Red
Square)
1915