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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO Monalisa Nogueira Barreto casa EPS EDIFÍCIO RESIDÊNCIAL EM PAINÉIS MONOLÍTICOS DE POLIESTIRENO EXPANDIDO Natal/RN 2017

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE TECNOLOGIA

DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA

CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO

Monalisa Nogueira Barreto

casa EPS EDIFÍCIO RESIDÊNCIAL EM PAINÉIS MONOLÍTICOS DE POLIESTIRENO EXPANDIDO

Natal/RN

2017

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Monalisa Nogueira Barreto

casa EPS EDIFÍCIO RESIDÊNCIAL EM PAINÉIS MONOLÍTICOS DE POLIESTIRENO EXPANDIDO

Trabalho Final de Graduação submetido ao Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito para obtenção do título de Arquiteta e Urbanista.

Orientador: Prof. Dr. José Jefferson de Sousa

Natal/RN

2017

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Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN

Sistema de Bibliotecas – SISBI

Catalogação da Publicação na Fonte - Biblioteca Central Zila Mamede

Barreto, Monalisa Nogueira.

Casa EPS: edifício residencial em painéis monolíticos de poliestireno

expandido / Monalisa Nogueira Barreto. - 2017.

130 f. : il.

Monografia (graduação) - Universidade Federal do Rio Grande do

Norte, Centro de Tecnologia, Curso de Arquitetura e Urbanismo. Natal,

RN, 2018.

Orientador: Prof. Dr. José Jefferson de Sousa.

1. Tecnologia construtiva - Monografia. 2. Painéis monolíticos -

Monografia. 3. Projeto residencial - Monografia. 4. Construções em EPS -

Monografia. 5. Poliestireno expandido - Monografia. I. Sousa, José

Jefferson de. II. Título.

RN/UF/BCZM CDU 692.2

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Monalisa Nogueira Barreto

casa EPS EDIFÍCIO RESIDÊNCIAL EM PAINÉIS MONOLÍTICOS DE POLIESTIRENO EXPANDIDO

Trabalho Final de Graduação submetido ao Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito para obtenção do título de Arquiteta e Urbanista.

Orientador: Prof. Dr. José Jefferson de Sousa

Aprovação em 08 de Dezembro de 2017

__________________________________________________________________________________

Professor orientador – UFRN

__________________________________________________________________________________

Examinador interno – UFRN

__________________________________________________________________________________

Examinador externo

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Ao meu Pai, por todo o infinito amor dado.

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AGRADECIMENTOS

Ao decidir um dia qual seria a minha profissão, acordo desde então almejando,

entre outros sonhos de vida, a sua realização e lutando por ela: A primeira grande luta foi

passar no processo seletivo e iniciar a graduação; a segunda, foram os incansáveis

trabalhos acadêmicos que acabo de concluir . Prestes a iniciar a terceira grande batalha,

não é difícil reconhecer todos os que contribuíram para a superação destes obstáculos

aparentemente inalcançáveis.

Ao meu Deus, o responsável por todos os outros motivos de agradecimento que

seguirão- por minha existência e me conceder fé, força, condições e oportunidades- para

- buscar e almejar meus ideais.

Ao meu avô, que mesmo sem o encargo, por amor escolheu ser meu pai e com

muita afeição, ternura e carinho demonstrou o sentido puro da vida. A lembrança do

sonho de ver sua neta graduada foi mais forte que qualquer presença física.

Às três mulheres da minha vida, as mais fortes que conheci. Minha avó, por seu

exemplo de superação e todos os cuidados com meu bem estar e preocupações com as

noites de sono perdidas. Minha mãe, por me dar a vida e todo o suporte que necessitei,

por depositar propósitos bons e acreditar no meu potencial. Minha irmã, por seu exemplo

de força de uma jovem mulher contemporânea.

Ao meu namorado, pelo amor, incentivo, ajuda e principalmente compreensão em

face aos momentos de stress e ausência, durante toda a graduação.

Às colegas de faculdade, em especial as amigas Arqfriends, pelos momentos de

convivência, apoio, companheirismo e partilha de conhecimentos. Aos amigos de escola,

vida social e trabalho, pelas demonstrações de amizade e carinho, e compreensão pela

ausência durante o desenvolvimento deste. Aos mestres de escola e universidade, em

especial Jefferson - ao aceitar me orientar, por compartilharem seus conhecimentos que

- contribuírem para minha formação. Meu muito obrigada!

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RESUMO

Os processos construtivos convencionais, compostos de alvenaria de tijolos

cerâmicos, por exemplo, amplamente utilizado, vem ao longo do tempo contribuindo

para a geração de um sério dano ambiental com a produção de resíduos sólidos, como

também, para uma perpetuação de uma prática que, se por um lado não exige uma

qualificação apurada da mão de obra, termina por contribuir para uma baixa

produtividade na construção civil. Contrapondo-se a esta prática, os painéis monolíticos

de poliestireno expandido (EPS) são uma opção bastante interessante e que vem sendo

usado na construção de edificações diversas. O sistema de painéis monolíticos de EPS é

um conjunto integrado de painéis modulares, com função estrutural e/ou de fechamento,

compostos por placas de poliestireno expandido pré-fabricados, montadas entre duas

malhas de aço galvanizado eletrossoldadas e revestidas com micro concreto. Assim, este

trabalho tem por objetivo demonstrar a relevância da implementação de novas

tecnologias e do desenvolvimento de projetos com esse sistema construtivo, através do

resultado final de projeto arquitetônico para uma residência unifamiliar, localizada na

praia de Jacumã, Município de Ceará Mirim, estado do Rio Grande de Norte. Para tanto,

utilizou-se de pesquisas de fundamentação teórica sobre o processo construtivo e

estudos de referência em projetos arquitetônicos executados com a tecnologia. O

trabalho resultou na proposta de uma edificação que quebra paradigmas de sistemas

autoportantes e une as qualidades construtivas e de desempenho do sistema com

princípios de habitabilidade e estética.

Palavras-Chave:

Tecnologia construtiva; painéis monolíticos de poliestireno expandido; EPS; projeto

residencial.

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ABSTRACT Conventional construction processes, composed of masonry of ceramic bricks, for

example, widely used, come over time contributing to the generation of serious

environmental damage with the production of solid waste, as well as to a perpetuation of

a practice that, if on the one hand it does not require an accurate qualification of the

workforce, ends up contributing to a low productivity in the construction industry. Contrary

to this practice, monolithic expanded polystyrene (EPS) panels are a very interesting

option and have been used in the construction of various buildings. EPS's monolithic

panel system is an integrated set of modular panels with structural and / or closing

function, composed of prefabricated expanded polystyrene panels, mounted between

two galvanized steel meshes welded and coated with micro concrete. The objective of

this work is to demonstrate the relevance of the implementation of new technologies and

the development of projects with this constructive system, through the final result of an

architectural project for a single family dwelling, located on the beach of Jacumã, Ceará

Mirim Municipality, state of Rio Grande do Norte. For that, we used researches of

theoretical foundation on the construction process and reference studies in architectural

projects executed with the technology. The work resulted in the proposal of a building that

breaks paradigms of self-supporting systems and unites the constructive and

performance qualities of the system with principles of habitability and aesthetics.

Key words:

Constructive technology; monolithic expanded polystyrene panels; EPS; residential

project.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Poliestireno sob a forma granulada ............................................................................................. 22

Figura 2: Blocos de Poliestireno expandido ................................................................................................. 22

Figura 3: Camadas dos painéis (1-microconcreto;2-malha de aço galvanizado;3-bloco de

EPS com treliça de ferro galvanizado) ........................................................................................................... 24

Figura 4: Estrutura dos painéis............................................................................................................................ 25

Figura 5: Projeto de corte dos blocos de EPS ............................................................................................. 25

Figura 6: Formato da alma de EPS ................................................................................................................... 26

Figura 7: Malha de tela Soldada ........................................................................................................................ 26

Figura 8: Fixação das telas de aço através de grampos ....................................................................... 27

Figura 9: Painéis prontos ........................................................................................................................................ 27

Figura 10: Painéis básicos, duplos, curvos, escadas e lajes ............................................................... 28

Figura 11: Blocos de escada ................................................................................................................................ 28

Figura 12: Painéis de laje e de base ................................................................................................................. 29

Figura 13: Tipos de reforços ................................................................................................................................. 30

Figura 14: Fundação tipo radier ......................................................................................................................... 33

Figura 15: Painel fixado nos arranques da fundação tipo radier ...................................................... 34

Figura 16: Grampeador para amarração dos painéis nos arranques ............................................ 34

Figura 17: facilidade de instalação dos painéis ......................................................................................... 34

Figura 18: Painéis alinhados com réguas de alumínio .......................................................................... 35

Figura 19: Abertura de sulcos no EPS com soprador térmico ........................................................... 36

Figura 20:Instalações elétricas e hidráulicas ............................................................................................... 37

Figura 21: Instalação de quadro de energia ................................................................................................ 37

Figura 22: Detalhe de solução de instalações ............................................................................................ 38

Figura 23: Projeção de microcimento com equipamento .................................................................... 39

Figura 24: Laje com painéis de EPS ................................................................................................................. 40

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Figura 25: Cobertura de laje inclinada apoiada diretamente sobre os painéis ......................... 40

Figura 26: Laje Fácil .................................................................................................................................................. 41

Figura 27: Laje treliçada com preenchimento de isopor ....................................................................... 41

Figura 28: Casa Vila Maresias ............................................................................................................................. 43

Figura 29: Volumetria de projeto Vila Maresias .......................................................................................... 43

Figura 30: Planta Baixa, Térreo e 1° pavimento Vila Maresias. .......................................................... 44

Figura 31: Planta Baixa, Cobertura e Terraço Vila Maresias. ............................................................... 45

Figura 32: Corte longitudinal, projeto Vila Maresias ................................................................................. 45

Figura 33: Corte transversal, projeto Vila Maresias .................................................................................. 46

Figura 34: Perspectiva Vila Maresias com destaque para madeira e vidro ................................ 47

Figura 35: Proteção com painéis deslizantes, Vila Maresias ............................................................... 47

Figura 36: Jardim interno, projeto Vila Maresias ........................................................................................ 48

Figura 37: Soluções de eficiência ...................................................................................................................... 50

Figura 38: Casa Alphaville Dom Pedro ........................................................................................................... 51

Figura 39: Planta Baixa subsolo, Casa Alphaville ...................................................................................... 52

Figura 40: Planta Baixa térreo, Casa Alphaville .......................................................................................... 53

Figura 41: Planta baixa pavimento superior, Casa Alphaville ............................................................. 53

Figura 42: Perspectiva Casa Alphaville Dom Pedro ................................................................................. 54

Figura 43: Circulação vertical, Casa Alphaville ........................................................................................... 55

Figura 44: Execução de fundação e sistema construtivo, casa Alphaville .................................. 55

Figura 45: Área de lazer, Casa Alphavillle ...................................................................................................... 56

Figura 46: Casa Alphaville, destaque para madeira, vidro e vedação ........................................... 57

Figura 47: Proteção com brises verticais, Casa Alphaville ................................................................... 58

Figura 48: Utilização de Terraço semi-sombreado, Casa Alphaville ............................................... 58

Figura 49: Solução para condensadores, Casa Alphaville ................................................................... 59

Figura 50: Mecanismo de coleta e tratamento de águas pluviais e cinzas ................................. 60

Figura 51: Residencial Schneider ...................................................................................................................... 61

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Figura 52: Planta Baixa, Térreo ........................................................................................................................... 62

Figura 53: Planta Baixa, Pav. Superior ............................................................................................................. 62

Figura 54: Corte transversal e longitudinal ................................................................................................... 63

Figura 55: Paredes autoportantes em painéis monolíticos de EPS ................................................. 64

Figura 56: Vigas em concreto armado e laje de vigotas e fôrma de isopor ................................ 64

Figura 57: Escada em concreto armado engastada em painel de EPS ....................................... 65

Figura 58: Detalhe de amarração dos painéis em obra ........................................................................ 66

Figura 59: Execução de Cobertura em EPS ................................................................................................. 67

Figura 60: Lareira executada em painéis de EPS ..................................................................................... 67

Figura 61: Fachada, projeto Beto Rocha........................................................................................................ 68

Figura 62: Esquema de localização: Brasil; Rio Grande do Norte; Ceará Mirim; Condomínio

Bosque da Praia ......................................................................................................................................................... 71

Figura 63: Acessos ao Condomínio Bosque da Praia ............................................................................. 72

Figura 64: Vista áerea do condomínio Bosque da Praia, Jacumã ................................................... 73

Figura 65: Imagem de satélite da situação do empreendimento ..................................................... 73

Figura 66: Planta de situação .............................................................................................................................. 74

Figura 67: Limites do lote ....................................................................................................................................... 75

Figura 68: Curvas de vível do lote ...................................................................................................................... 76

Figura 69: Mapa de zonas Bioclimáticas do Brasil ................................................................................... 77

Figura 70: Recomendações do Guia Hotel sustentável Sebrae ........................................................ 78

Figura 71: Rosa dos ventos predominantes ao dia sobre o lote ....................................................... 79

Figura 72: Rosa dos ventos predominantes à noite sobre o lote ...................................................... 79

Figura 73: Carta solar aplicada ao lote ........................................................................................................... 80

Figura 74: Mapa de Macro Zonas de Ceará Mirim................................................................................... 82

Figura 75: Croquis de parâmetros projetuais voltados à harmonia espacial ............................. 89

Figura 76: Croquis de parâmetros projetuais referentes à estratégia sentido de lar .............. 90

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Figura 77: Croqui de parâmetros projetuais referente a estratégia de opção e flexibilidade

............................................................................................................................................................................................. 90

Figura 78: Inserção de malha GRID sobre o lote ....................................................................................... 94

Figura 79: Relação de eixos estruturais com o lote e a carta solar ................................................. 95

Figura 80: Zoneamento do pavimento superior ........................................................................................ 96

Figura 81: Zoneamento pavimento térreo .................................................................................................... 97

Figura 82: Sobreposição de zoneamento com carta solar .................................................................. 98

Figura 83: Sobreposição de zoneamento com ventilação predominante dia ........................... 98

Figura 84: Proposta 01 de distribuição dos ambientes ....................................................................... 100

Figura 85: Proposta 01 de volumetria ........................................................................................................... 100

Figura 86: Proposta 02 de distribuição dos ambientes ....................................................................... 101

Figura 87: Proposta 02 de volumetria ........................................................................................................... 101

Figura 88: Proposta 03 de distribuição dos ambientes ....................................................................... 102

Figura 89: Proposta 03 de volumetria ........................................................................................................... 102

Figura 90: Planta de cobertura e locação com recuos ....................................................................... 106

Figura 91: Planta de Layout Pavimento Térreo........................................................................................ 107

Figura 92: Planta de Layout Pavimento Superior ................................................................................... 109

Figura 93: Solução volumétrica da fachada ............................................................................................. 110

Figura 94: Soluções volumétricas da área de lazer .............................................................................. 110

Figura 95: Eixos estruturais ................................................................................................................................ 112

Figura 96: Análise de esquadria no térreo, fachada Leste em solstício de inverno ............. 116

Figura 97: Análise de esquadria pavimento superior, fachada Leste em Equinócio ........... 117

Figura 98: Análise de esquadria pavimento térreo, fachada Oeste em Equinócio............... 117

Figura 99: Análise de pele de vidro da fachada Norte em Solstício de Inverno .................... 118

Figura 100: Análise de pele de vidro da fachada Norte em Solstício de verão ...................... 119

Figura 101: Simulação de coeficiente de pressão de vento Sul em planta baixa ................ 120

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Figura 102:Simulação de coeficiente de pressão de vento Sul em fachadas Leste e Oeste

.......................................................................................................................................................................................... 120

Figura 103: Simulação de coeficiente de pressão de vento Leste em planta baixa ............ 121

Figura 104: Simulação de coeficiente de pressão de vento Leste em fachada Leste........ 121

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LISTA DE TABELAS E QUADROS

Tabela 1: Características exigíveis para o EPS Isopor® .................................................................. 23

Tabela 2: Resumo dos precedentes arquitetônicos de estudos de caso .............................. 70

Tabela 3: Prescrições Gerais básicas para toda Área Urbana exceto as Áreas

Especiais ....................................................................................................................................................................... 83

Tabela 4: Prescrições Urbanísticas da minuta de convenção do condomínio .................. 85

Tabela 5: Programa de necessidades ........................................................................................................ 87

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .............................................................................................................................................................. 15

1. ENTENDENDO A TECNOLOGIA CONSTRUTIVA EM EPS ........................................................... 20

1.1 HISTÓRICO ................................................................................................................................................. 20

1.2 BLOCO DE POLIESTIRENO EXPANDIDO ................................................................................... 21

1.3 OS PAINÉIS ................................................................................................................................................. 24

1.3.1 Tipos e aplicações dos painéis ............................................................................................... 27

1.3.2 Reforços em malha ....................................................................................................................... 29

1.3.3 Adaptabilidade com outros sistemas .................................................................................. 31

1.4 TÉCNICA E ETAPAS DE CONSTRUÇÃO ...................................................................................... 32

1.4.1 Preparação do terreno e fundação .............................................................................................. 32

1.4.1 Fixação de barras e estabilização inferior ......................................................................... 33

1.4.2 União dos painéis e estabilização superior ...................................................................... 35

1.4.3 Abertura dos caminhos com soprador térmico ............................................................. 36

1.4.4 Instalações ......................................................................................................................................... 37

1.4.5 Revestimento .................................................................................................................................... 38

1.4.6 Apoio da laje sobre os painéis................................................................................................. 40

2. REFERÊNCIAS PROJETUAIS ....................................................................................................................... 42

2.1 ESTUDOS INDIRETOS .......................................................................................................................... 42

2.1.1 Vila Maresias, SP ............................................................................................................................ 43

2.1.2 Casa Alphaville Dom Pedro, SP ..................................................................................................... 51

2.2 ESTUDO DIRETO ........................................................................................................................................... 61

2.2.1 Residência Beto Rocha, Novo Hamburgo/RS ........................................................................ 61

2.3 COMPILAÇÕES DOS ESTUDOS DE CASO ...................................................................................... 69

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3. CONDICIONANTES PROJETUAIS ............................................................................................................ 71

3.1 Área de intervenção ............................................................................................................................... 71

3.2 Condicionantes físico ambientais ................................................................................................... 75

3.3 Condicionantes legais e normativas ............................................................................................. 81

3.3.1 Plano Diretor Participativo de Ceará Mirim - RN ............................................................ 81

3.3.2 Minuta de convenção de condomínio: normas construtivas .................................. 84

3.4 Condicionantes funcionais ................................................................................................................. 86

3.4.1 Público Alvo ....................................................................................................................................... 86

3.4.2 Programa de necessidades ...................................................................................................... 86

4. METODOLOGIA E PROCESSO PROJETUAL....................................................................................... 88

4.1 Habitabilidade e estratégias projetuais ....................................................................................... 89

4.2 Conceito ....................................................................................................................................................... 91

4.3 Partido arquitetônico ............................................................................................................................. 92

4.4 Modularidade e sistema estrutural ................................................................................................. 93

4.5 Zoneamento ............................................................................................................................................... 96

4.6 Evolução da Proposta ........................................................................................................................... 99

5. CASA EPS – MEMORIAL JUSTIFICATIVO .......................................................................................... 103

5.1 Requisitos Gerais de desempenho ............................................................................................. 103

5.2 Sistema Construtivo e Desempenho Estrutural.................................................................... 111

5.3 Sistemas Prediais ................................................................................................................................. 113

5.4 Conforto Ambiental .............................................................................................................................. 115

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS......................................................................................................................... 122

REFERÊNCIAS .......................................................................................................................................................... 124

APÊNDICES ............................................................................................................................................................... 129

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INTRODUÇÃO

Há anos, a construção civil no Brasil se apoiou no sistema de vedação em alvenaria

de tijolos e estrutura em concreto armado. Esse tipo de construção foi difundido em todo

o país e consolidado no mercado por sua tradição e confiabilidade, mantendo-se nos

dias de hoje como o mais usual. Entretanto, esse método é caracterizado por sua

produção artesanal; tornando a mão de obra onerosa devida o prolongamento da

construção; ambientalmente ineficaz, em detrimento do uso excessivo de água e

produção de resíduos; e suscetível a patologias relacionado a pouca padronização. (PET

CIVIL, 2015)

Em resposta aos prejuízos causados pela construção artesanal, nos últimos anos, o

mercado da construção de edifícios, em busca de métodos construtivos mais

racionalizados, investe em novas tecnologias. A racionalização do processo construtivo é

a maneira de dotar a indústria civil de capacidade de produtividade, de construtividade,

baixo custo e desempenho ambiental.

Partindo do conceito de racionalização como a “simplificação e aperfeiçoamento

de uma técnica, de modo que melhore o rendimento” (AURÉLIO, 2014), entende-se

racionalização construtiva como: “um conjunto de ações que visam substituir as práticas

convencionais por tecnologias que visam eliminar o empirismo das decisões” (RIBEIRO,

2002). Desta forma, diversas técnicas – vem sendo – desenvolvidas como o steel frame,

concreto-PVC, wood frame, pré-fabricados de concreto e painéis em EPS e introduzidos

no processo produtivo de construção -, no esforço de torná-lo - mais eficiente e

industrializado.

Já muito utilizado - em diversos países, o sistema construtivo em painel de EPS

(Poliestireno Expandido, conhecido como isopor®) vem se fortalecendo no segmento e -

se consolidando pela inovação, tecnologia e ecoeficiência. A Tecnologia surgiu na Itália

antes da Primeira Guerra Mundial, foi aprimorada nos Estados Unidos e durante os anos

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70 e 80 e “chegou ao Brasil em 1990, mas só agora, com o boom da construção civil, está

se tornando conhecida” (MARTINS, 2017).

Essa tecnologia consiste basicamente de painéis monolíticos modulares pré-

fabricados que - utilizam placas feitas com telas de aço galvanizado unidas por treliças

de ferro galvanizado, dispostas a cada 15 cm, e recheadas com EPS – podem receber no

canteiro de obras barras metálicas adicionais para sustentação extra. Os recortes

necessários para colocar portas, janelas e instalações elétricas e hidráulicas são feitos

rapidamente no próprio canteiro, depois que os painéis estão fixados na base –

baldrame, por exemplo - e em seguida, erguidos. Para o acabamento, uma camada de

argamassa de cimento de 4,0 cm de espessura é lançada com a ajuda de uma máquina

ou manualmente que envolve a malha quadriculada de 5x5cm de ferro galvanizado.

O sistema de tubulações de hidráulica, esgoto e elétrica são instalados entre os

painéis e a tela metálica antes da aplicação de argamassa, evitando quebra de paredes

ou pisos depois de executados. (MARTINS, 2017).

O sistema possibilita sua aplicação em prédios de até cinco pavimentos, podem ser

empregados para executar tanto paredes quanto coberturas inclinadas em residências,

prédios comerciais, industriais e casas populares, principalmente no sul e sudeste do

Brasil (GONSALVES, 2016).

Tendo em vista que a habitação é para a comunidade em geral, a obra mais

importante ou, para muitos, a única edificação que é concretizada ao longo da vida,

neste trabalho a implementação do processo construtivo em painéis de EPS será

realizada em um exemplo de habitação unifamiliar -, pois se acredita que, ao alcançar a

confiabilidade necessária por parte dos usuários quanto ao processo de construção

utilizado, se tornará mais fácil atingir o público empresarial e órgãos públicos, por

exemplo.

A região Nordeste se destaca nos últimos anos por seu crescimento em relação ao

País, segundo dados do IBGE Info 2010, a região avançou 0,5, - na participação

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percentual no Produto Interno Bruto brasileiro de 2002 a 2010. Atualmente, após um

cenário de estagnação no setor da construção civil, o mercado imobiliário potiguar

retoma aos poucos seu desempenho e atividades. No Nordeste, há predominância

construtiva de processos extremamente artesanais e a aplicação de um sistema

construtivo industrializado é, ainda, incipiente e não há registros da utilização dos painéis

modulares na construção civil no Rio Grande do Norte.

Em meio a um cenário de diminuta industrialização no processo de construção civil

do estado, o universo de estudo a ser trabalho será a cidade de Ceará Mirim, litoral no

Rio Grande do Norte. O recorte espacial, por sua vez, é a praia de Jacumã, satisfazendo

os aspectos relevantes como as especificidades climáticas de uma região litorânea. O

projeto acadêmico será desenvolvido em terreno particular localizado no Condomínio

Bosque da Praia, Rodovia 306, Bairro Praia de jacumã, Ceará-mirim- RN. O

empreendimento foi escolhido por possuir uma área de conservação ambiental e Selo

Verde de construção, ademais, o acesso ao condomínio e terreno, auxilia para que

processo de concepção de projeto se torne mais próximo da realidade.

Neste contexto, o presente trabalho tem como objeto de estudo o uso do sistema

construtivo em painéis de EPS em projeto arquitetônico de residência unifamiliar

litorânea. Através do objetivo geral de empregar uma tecnologia construtiva a um projeto

arquitetônico, pretende-se alcançar os objetivos específicos de:

a) Apontar as características do sistema construtivo em EPS como uma nova

tecnologia a ser empregada de forma mais difundida no projeto de arquitetura.

b) Identificar as diretrizes/aspectos de desempenho a serem atendidas pelo projeto

de residência litorânea e pela tecnologia construtiva empregada.

c) Desenvolver projeto específico para o sistema proposto e expor uma

representação gráfica que melhor se adeque as fases construtivas e elementos do

sistema.

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Uma das justificativas para desenvolvimento deste trabalho - ocorreu ao longo do

curso de Arquitetura e Urbanismo, onde a autora teve oportunidade de tomar

conhecimento sobre técnicas de construção industrializadas, em contrapartida, foram

raras as possibilidades de aplicação das tecnologias em seus projetos acadêmicos,

devido ao déficit de informações e/ou falta de aplicabilidade prática, como também o

curto tempo disponível para pesquisas aprofundadas, gerando insegurança. Essa

deficiência, somada à aptidão pessoal pelo tema, desencadeou o interesse por aplicar

um novo método- e tecnologia construtiva ao trabalho final de graduação.

Apesar da grande quantidade de pesquisas desenvolvidas para utilização e

implementação de novos processos construtivos no Brasil, há pouca iniciativa por parte

dos arquitetos de adotar tais tecnologias em seus projetos. Por se tratar de um sistema

construtivo industrializado e modulado, exige que, para sua utilização, o projeto preveja a

aplicação antecipada e seja desenvolvido diretamente para esse método construtivo. O

emprego de uma nova tecnologia construtiva como a de painéis em EPS em um projeto

residencial, no estado do Rio Grande do Norte, pode auxiliar na disseminação de seu uso

na região e despertar nos profissionais de arquitetura a mesma iniciativa, além de

contribuir para o processo de retomada do mercado imobiliário potiguar.

Por ser um sistema relativamente novo no Brasil, sua utilização estimula a corrida

das indústrias e dos fornecedores, aumentando a oferta de sistemas disponíveis no

mercado, tornando a tecnologia mais acessível. “Tal competição tende a uma redução

no preço dos produtos facilitando o acesso e sucessivamente estimulando o consumidor

final a considerar relevantes, diversos fatores na hora de escolher um determinado

sistema” (ALVES, 2015). Dessa maneira o presente trabalho se justifica também pela

oportunidade de, através do resultado do projeto arquitetônico e exposição de suas

vantagens, a população local se tornar mais favorável à adoção de construção com

novas tecnologias. Acredita-se que o sistema construtivo com paredes levantadas a partir

de painéis produzidos em EPS (isopor®) e malha de aço, seja positivo para o universo e

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área de estudo a se trabalhar – litorânea. Por conseguinte, espera-se que o usuário se

beneficie de residência econômica, alto desempenho em segura, qualidade térmica, e

ecoeficiência que o sistema promete oferecer.

Para atingir os objetivos do projeto, alguns procedimentos metodológicos foram

determinados e o desenvolvimento do mesmo será divido em quatro fases principais. A

primeira constitui a fundamentação teórica voltada principalmente ao processo

construtivo em painéis monolíticos de EPS com o objetivo de fundamentar e

compreender as características, materiais, o uso e aplicação da tecnologia construtiva a

ser inserida no projeto de arquitetura. Na segunda etapa, o trabalho se utiliza do método

analítico de estudos de caso, diretos e indiretos, através dos quais será possível

evidenciar de forma qualitativa, em projetos arquitetônicos as variantes esplanadas

acima. A terceira fase progride no tocante ao desenvolvimento e elaboração do projeto

para o qual foi adotada a metodologia de Laert Neves em seu livro Adoção do Partido na

Arquitetura. Primeiramente, a partir da fase analítica, através das condicionantes que

restringem e dão limites ao processo projetual, seguido dos procedimentos projetuais, os

quais direcionam o desenvolvimento do projeto a partir do conceito projetual, seguido da

adoção de um partido arquitetônico, concepção formal e funcional. Por fim, a quarta e

última se refere ao memorial justificativo, que contempla todas as informações e

detalhamentos necessários à compreensão do projeto.

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1. ENTENDENDO A TECNOLOGIA CONSTRUTIVA EM EPS

1.1 HISTÓRICO

A tecnologia construtiva em paineis monolíticos de EPS (Poliestireno Expandido,

conhecido como isopor®) tem sua origem em um projeto italiano de industrialização da

construção, desenvolvido para regiões sujeitas a terremotos. A proposta tinha o intuito de

criar uma estrutura monolítica autoportante que agregasse elementos de isolamento

térmico e acústico totalmente estanque as intempéries (ISOLITE, 2001). O sistema foi

desenvolvido por uma empresa italiana chamada Monolite, por volta do ano de 1980 e

que, na ocasião, o denominou também de Método Monolite e recebeu homologação

italiana (Certificato d`Idoneita Técnica) emitida em 1985 pelo Instituto Giordianos. (ALVES,

2015)

Desde a sua criação, a Monolite passou a implantar unidades de produção em

diversos países e hoje possui vinte e três linhas de produção espalhadas pelo mundo.

Está presente na Itália, Portugal, Espanha, Rússia, Turquia, Líbia, Egito, Equador, Bósnia,

Argentina, Chile, Venezuela, Guatemala, Costa Rica, México, Panamá, Nigéria,

Moçambique, França, Malásia, Qatar e Filipinas e Brasil (ALVES, 2015).

O EPS (poliestireno expandido) já vinha sendo utilizado na construção civil brasileira

com crescente aceitação, sendo empregado em juntas de dilatação, caixão perdido,

isolamento e fundação de estradas. Recentemente, o material vem ganhando grande

participação na execução de lajes (LUEBE, 2004). Contrariamente ao pensamento de se

tratar de um sistema prematuro, o sistema construtivo com paredes levantadas a partir

de painéis produzidos em EPS e malha de aço chegou ao Brasil por volta do ano 1990,

quando foi submetido a análises do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São

Paulo) que apresentou resultados positivos. Apesar de não existir condições tão

desfavoráveis, o sistema se adaptou de forma satisfatória com a utilização em formas

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arquitetônicas variadas e em razão de suas vantagens e facilidades de execução

explanadas por seus fornecedores, construtores e adeptos, o processo construtivo

difunde-se.

Sua ecoeficiencia é justificada pela obra limpa com baixa produção de resíduos,

baixa contaminação de solo, água e ar, e economia de água na execução e por ser

composto de material 100% reciclável. A garantia de o material possuir propriedade

retardante a chama, com eficiência termo/acústica, inerente e resistente à agressão de

agentes biológicos conferem segurança ao método. Por fim, características como

facilidade de fixar as tubulações, facilidade de transporte em virtude de se tratar de um

material leve e compacto, disponibilidade em diversas espessuras conferem inovação e

economia através da racionalização da construção com redução de desperdícios de

material, redução do consumo de aço, otimização do tempo da construção, elevada

produtividade e serialização da construção (JJ DESIGN, 2016).

1.2 BLOCO DE POLIESTIRENO EXPANDIDO

Com o intuito de compreender aspectos de segurança, habitabilidade e

sustentabilidade, é importante falar dos materiais que compõe o sistema, que se

resumem ao poliestireno expandido (EPS), aço galvanizado e concreto. Dentre eles, o

produto que mais se destaca em volume e inovação - em relação aos sistemas

construtivos mais comumente utilizados hoje no Brasil-, é o EPS.

EPS é a sigla internacional do Poliestireno Expandido de acordo com a definição da

norma DIN ISO-1043/78. No Brasil, é mais conhecido como “Isopor ®”, marca registrada

pela empresa Knauf. É um plástico celular rígido, derivado do petróleo através da

polimerização do estireno em água. Basicamente, diferentes tipos de polimerização de

compostos químicos irão gerar os conhecidos: PVC, amido, proteínas, borracha sintética.

Para melhorar as propriedades do poliestireno, particularmente sua resistência ao fogo,

aditivos são acrescentados em sua fase de polimerização, apresentando-se então o

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material sob a forma granulada, de aspecto vítreo (ABRAPEX, 2016), como é possível

visualizar na Figura 1.

Figura 1: Poliestireno sob a forma granulada

FONTE: João Paulo de Oliveira Alves, 2015.

Para obtenção dos blocos de EPS (Figura 2), o material é submetido à ação de

vapor saturado, produzindo uma expansão de 20 a 50 vezes o volume inicial dos

grânulos de poliestireno vítreo. “A espuma termoplástica resultante contém 98% de ar e

2% em volume de matéria sólida na forma de poliestireno, o que garante ao EPS suas

propriedades físicas peculiares” conforme ABRAPEX (2016, p.5).

Figura 2: Blocos de Poliestireno expandido

FONTE: João Paulo de Oliveira Alves, 2015.

São fabricados sete diferentes tipos de EPS, cujas propriedades básicas têm os

seguintes valores da Tabela 1. Para os painéis monolíticos de concreto, se utilizam do

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tipo 7 que possui maior densidade aparente mínima e nominal, resistência mínima a

flexão e à cisalhamento; e menores valores de condutividade térmica.

Tabela 1: Características exigíveis para o EPS Isopor®

Propriedades Norma Unid. Tipos de EPS Isopor®

Método de ensaio

Tipo 1

Tipo 2

Tipo 3

Tipo 4

Tipo 5

Tipo 6

Tipo 7

Densidade aparente nominal

NBR 11949

kg/m³ 10 12 14 18 22,5 27,5 32,5

Densidade aparente mínima

NBR 11949

kg/m³ 9 11 13 16 20 25 30

Condutividade térmica máxima

(23°C)

NBR 12094

W/m.k - - 0,042 0,039 0,037 0,035 0,035

Tensão por compreensão com deformação de 10%

NBR 8082 KPa ≥33 ≥42 ≥65 ≥80 ≥110 ≥145 ≥165

Resistencia mínima à flexão

ASTM C-203

KPa ≥50 ≥60 ≥120 ≥160 ≥220 ≥275 ≥340

Resistência mínima ao cisalhamento

EN-12090 KPa ≥25 ≥30 ≥60 ≥80 ≥110 ≥135 ≥170

Flamabilidade (se material classe F)

NBR 11948

Material retardante à chama

FONTE: Knauf Industries, 2017.

Os produtos finais de EPS são inodoros, não contaminam o solo, água e ar, são

100% reaproveitáveis e recicláveis e podem voltar à condição de matéria-prima.

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1.3 OS PAINÉIS

A tecnologia construtiva é composta basicamente por um sistema integrado de

painéis modulares que possuem função estrutural e de fechamento. As placas de

poliestireno expandido (EPS) têm faces planas ou com baixo relevo, são monolíticas e

possuem dimensões de 1.20 mm de largura, espessura de 50 mm, 80 mm, 100mm e

120mm de espessura - a altura tem a capacidade de ser alterada no processo de

fabricação. Estas são estruturadas com telas de aço baixo carbono, com fios

galvanizados de 2,1 mm de diâmetro e malha 50 mm x 50 mm ou 150 mm x 50 mm,

posicionadas em suas duas faces. As placas são interligadas entre si por conectores de

aço médio carbono galvanizados com 2,76 mm de diâmetro, eletrosoldados às telas,

formando uma treliça. Posteriormente, no processo construtivo, recebem, em cada uma

de suas faces, uma camada de microconcreto de fck = 25 MPa com espessura mínima

de 3,5 cm (TECHNE, 2012), ilustrado na Figura 4.

Figura 3: Camadas dos painéis (1-microconcreto;2-malha de aço galvanizado;3-bloco de EPS com treliça de ferro galvanizado)

FONTE: Luis Gomes, adaptado por Fábio Flaks

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Figura 4: Estrutura dos painéis

FONTE: Ricardo Gonsalves, 2017.

As chapas EPS que compõem a alma dos painéis são cortadas de acordo com a

especificação de cada projeto. Sua composição final é bastante leve, pesando entre 2,5

kg/m2 a 4 kg/m2 (antes da aplicação da argamassa). Uma maneira de entender esses

valores é relacionar as mesmas dimensões de alvenaria simples, que podem chegar a

120 kg/m2. (ALVES, 2015)

Figura 5: Projeto de corte dos blocos de EPS

FONTE: Alves, 2015.

As formas do poliestireno expandido utilizado no painel conferem um desenho

estrutural inteligente ao revestimento: os painéis de EPS podem ser ondulados,

retangulares ou duplos, e sua utilização, será determinada pela capacidade de se

preencher as cavidades, por onde corre o fio da malha de aço e da armadura de reforço,

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com argamassa (Figura 6). Dessa maneira a forma do EPS confere ao painel a

característica de “micropilares” (ALVES, 2015).

Figura 6: Formato da alma de EPS

Fonte: Paredes Betel, 2014.

As malhas utilizadas no sistema construtivo – ilustradas na Figura 7 são produzidas

com aço de alta resistência, com tensão última superiores a 600 MPa, com limite de

escoamento, fyk > 600 N/mm2 e limite de ruptura, ftk > 680 N/mm2. O aço utilizado

poderá ser do tipo comum, zincado, galvanizado a quente e inoxidável, adequados às

necessidades de aplicação e que garantam estabilidade e integridade ao longo do

tempo (ALVES, 2015).

Figura 7: Malha de tela Soldada

Fonte: Termotécnica

As duas telas de aço eletro soldadas de bitola entre 2,1mm a 5mm e malha à partir

de 5 cm x 5 cm, podendo variar de acordo com cada projeto, fazem um sanduíche da

peça e são presas por grampos de aço. (TECHNE, 2012)

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Figura 8: Fixação das telas de aço através de grampos

FONTE: Alessandra cabral, 2015.

Figura 9: Painéis prontos

FONTE: Alessandra cabral, 2015.

1.3.1 Tipos e aplicações dos painéis

O sistema construtivo de painéis de EPS, não se restringe apenas ao tipo de painel

“básico e plano” descrito anteriormente. A tecnologia construtiva se expande a outros

elementos monolíticos, os quais podem ser empregados para executar, além de paredes,

unidades como lajes e escadas, por exemplo, com a possibilidade de formas variadas.

O componente de painel único pode ser utilizado como vedação, divisórias,

coberturas e paredes estruturais para edifícios de até seis pavimentos. Os painéis duplos

consistem na união de dois painéis básicos através de dois conectores horizontais

criando uma cavidade interna a ser preenchida por concreto. Os painéis curvos possuem

grandes dimensões e espessuras, são fabricados de forma plana com cavidades que

conferem maleabilidade, facilmente transportado e dobrado manualmente no canteiro

de obras, ou por um equipamento semiautomático e pneumático.

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Figura 10: Painéis básicos, duplos, curvos, escadas e lajes

FONTE: M2 Emmedue, 2012.

O painel de escada, de rápida e fácil instalação, é composto por um bloco

monolítico de EPS com cavidades de espera para treliças de aço galvanizado e rodeado

pela malha de ferro galvanizado (Figura 11). Assim como os componentes de vedação,

posteriormente recebem camada de microconcreto e qualquer material de revestimento.

Figura 11: Blocos de escada

FONTE: M2 Emmedue, 2012.

O painel de laje é formado por uma placa de EPS com calhas de espera para

instalação de ferragem, as quais criam vigotas de concreto armado e pode ser utilizado

para construir lajes de piso e de cobertura.

Outra tipologia é o painel de base, também constituído por painel de EPS com a

particularidade de possuir calhas de espera nos dois eixos horizontais e muito próximas

entre si. Este painel pode ser utilizado como base para radie, e laje de piso a ser

reforçada em duas direções horizontais.

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O transporte e içamento dos painéis podem ser manuais, e os mesmos devem ser

armazenados na posição horizontal com pilhas de no máximo 20 painéis, em locais

secos e limpos.

Figura 12: Painéis de laje e de base

FONTE: M2 Emmedue, 2012.

1.3.2 Reforços em malha

A partir do estudo e levantamento de informações acerca do sistema construtivo

em painéis monolíticos de EPS, é possível perceber a relevância da malha de aço

galvanizado, apesar desta poder passar despercebida em relação à significância em

volume e inovação de aplicabilidade do EPS no sistema construtivo. A malha é

responsável por muitos aspectos característicos do sistema, como sua propriedade

autoportante e por fases de execução do sistema construtivo: fundamental para

amarração entre os painéis através de sobreposição e como estrutura de apoio para

execução da instalação hidráulicas e elétrica.

O Sistema possui três tipos básicos de reforços, concebidos com malha de arame

de aço galvanizado, da mesma malha de aço utilizada nos painéis: reforço L, reforço Liso

e reforço U. O objetivo do uso destes reforços, juntamente com o recobrimento em

concreto, é formar uma estrutura única, interligando toda a montagem e fortalecer

possíveis pontos críticos da estrutura. Esses reforços são instalados à tela do painel com

arame ou grampo galvanizados.

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Figura 13: Tipos de reforços

FONTE: Termotécnica, 2014.

O reforço com armadura tipo “L” é aplicado em todo encontro de paredes

perpendiculares, cantos de paredes ou paredes em T. Assim como especifica Techne

(2012) “são aplicados reforços com armadura tipo L e Lisa tanto na face interna, quanto

na face externa, na altura total do pé-direito, com fixação feita em arame recozido”.

Já o reforço “liso”, é utilizado em aberturas de portas e janelas e cantos. Com

dimensões de 30 cm x 60 cm, a armadura é disposta diagonalmente em relação aos fios

do painel em suas duas faces (TECHNE, 2012). Este procedimento é previsto para

absorver tensões comuns nesses pontos e eventuais trincas onde estão presentes os

acúmulos de esforços, este reforço também é utilizado em painéis que perderam seu

traspasse e em recortes para passagens de tubulações hidráulicas e elétricas.

Por fim, o reforço “U” é empregado em todo o perímetro interno das aberturas

(portas, janelas, passagem de ar-condicionado, etc.). São armaduras com o formato de

vergas e contra vergas de tela em U fixadas com arame recozido, evitando assim que o

revestimento dos painéis seja aplicado diretamente no EPS e para neutralizar os esforços

de corte e esmagamento localizados (TECHNE, 2012).

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1.3.3 Adaptabilidade com outros sistemas

O sistema permite ser utilizados com outros processos construtivos que, assim

como os painéis monolíticos de EPS, sejam executados in loco e possuam elementos e

materiais semelhantes. O principal deles é o concreto armado, tendo em vista que

partilham dos mesmos materiais para atingirem formas e resistência a carga e força.

Além de se utilizar da armadura e concreto, possui a possibilidade de execução moldado

in loco, permitindo a união dos seus elementos com outros componentes do sistema

construtivos em EPS e preservando a sua característica principal de homogeneidade – a

qual confere propriedades importantes dos painéis monolíticos, como resistência a

abalos sísmicos.

Em virtude da propriedade autoportante da tecnologia construtiva em EPS e de sua

baixa densidade, quando necessária à utilização de outro sistema construtivo, este último

operará como um reforço, possuindo dimensões mínimas. Um exemplo comum é a

utilização de vigas chatas de concreto armado para corroborar lajes a vencer grandes

vãos, acima de 6 m.

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1.4 TÉCNICA E ETAPAS DE CONSTRUÇÃO

1.4.1 Preparação do terreno e fundação

Antes do início da obra se procedem aos serviços comuns de limpeza, como

capina, escavação e aterro, se necessários. A preparação das fundações é feita, de

acordo com o cálculo estrutural. À depender do tipo de terreno, podem ser adotados

diferentes tipos de fundação: fundação tipo laje radier com (18 cm de altura, por

exemplo); sapata corrida de 40 cm de largura e 15 cm de profundidade nos projetos

simples, ou então uma fundações especial se as condições de sondagem do terreno ou

arquitetônicas não forem favoráveis. (TECHNE, 2012).

A fundação geralmente é do tipo radier, executado com concreto fck = 20 MPa, com

espessura de 18 cm, obedecendo as especificações de projeto, assentado sobre lastro

drenante de 5 cm de brita no 1, impermeabilizada com manta de PAD de 200 g/m². A

resistência característica do concreto é definida em razão dos aspectos de durabilidade e

resistência estrutural, conforme NBR 6.118. A armadura do radier é geralmente

constituída por tela de aço CA-60 soldada com malha de 10 cm x 10 cm. Pode ser

simples ou dupla, dependendo do projeto estrutural, que considera as tensões atuantes e

as condições do solo no local de implantação da obra. (TECHNE, 2012).

Sistemas hidrossanitários, elétricos, de comunicação, segurança e outros, que

venham a interferir no radier, são posicionados antes de iniciar a concretagem da

fundação. A tubulação é aterrada e nivelada ao solo para lançamento do concreto do

contra piso. Feito o contra piso, este servirá como pavimento para que os trabalhos

possam ser desenvolvidos com mais limpeza e eficiência. (MONOLITE,2017).

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Figura 14: Fundação tipo radier

FONTE: Monolite, 2017.

Após o término das instalações de esgoto, juntamente com a armadura da

fundação, deverão ser posicionados os arranques de aço na vertical (na tela do radier),

que ficarão à espera da fixação dos painéis. Estes possuem dimensões de 3,4 mm a 5

mm com 50 cm de comprimento, destes 30 cm deve ficar acima do piso para

ancoragem, que alinhados pelo gabarito da obra serão dispostos a 20 cm de distancia

entre si-(ALVES, 2015). Essas barras de aço podem ser engastadas posteriormente,

perfurando a fundação e fixando-as com graute ou produto equivalente, com o mínimo

de 10 cm de engastamento e ancoragem mínima de 50 cm para os painéis, conforme a

locação e as definições do projeto- (TECHNE, 2012).

1.4.1 Fixação de barras e estabilização inferior

Após a concretagem da fundação, se inicia o processo de montagem da base e

alinhamento e aprumo dos painéis para o levantamento de paredes. O montador deve

fixar os painéis nos arranques previamente colocados com o auxílio de um grampeador

com grampos de aço CA 60 (o mesmo que prende a malha aos painéis) ou

simplesmente com arame recozido e torquês. Os painéis têm abas de malha de aço que

se sobrepõem, para que sejam solidarizadas ao painel vizinho. (MONOLITE,2017)

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Figura 15: Painel fixado nos arranques da fundação tipo radier

FONTE: Monolite, 2017

Figura 16: Grampeador para amarração dos painéis nos arranques

FONTE: Termotécnica, 2014.

O trabalho de montagem poderá ser facilitado com a numeração dos painéis. O

painel é manuseado e colocado na posição por um funcionário apenas, o que simplifica

e acelera a montagem e, também, dispensa a formação de equipes de trabalhos

especiais. (ALVES, 2015)

Figura 17: facilidade de instalação dos painéis

FONTE: Monolite, 2017

Para garantir o prumo e alinhamento das paredes, utilizam-se réguas que são

fixadas, horizontalmente nos painéis, a cerca de 2 m do piso, como ilustrado Figura 18. As

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escoras reguláveis são colocadas na diagonal e perpendicular às réguas, reguladas para

garantir a verticalidade dos painéis. Segundo MONOLITE (2017) é recomendável o uso

de réguas de alumínio, que também podem ser substituídas, sem qualquer prejuízo, por

sarrafos de madeira. Caso os painéis sejam aplicados num segundo piso, os processos

se repetem, não havendo necessidade de arranques (a própria tela dos painéis verticais

poderá fazer essa função). (COELHO, 2015).

Figura 18: Painéis alinhados com réguas de alumínio

FONTE: Monolite, 2017

1.4.2 União dos painéis e estabilização superior

Os painéis são amarrados entre si por meio de transpasse das abas da malha de

tela eletrossoldada, que devem ser sobrepostas ao painel ao lado. Como explanado

anteriormente essa união pode receber reforço de peças de telas estruturais tipo L ou

tipo Lisa.

Em relação às aberturas de vão e esquadrias, os painéis, sob consulta, são

fornecidos com qualquer tipo de abertura de portas e janelas, conforme projeto

arquitetônico. No entanto, as aberturas podem ser feitas no canteiro obra, que são

realizados cortando-se o painel com maquita na medida desejada. Neste ultimo caso, os

reforços devem ser projetados para que ocorram estes cortes, (MONOLITE,2017).

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1.4.3 Abertura dos caminhos com soprador térmico

Com a todos os painéis e reforços instalados, a fase seguinte é o posicionamento

das tubulações de elétrica e hidráulica embutidas. No processo construtivo, as

instalações são simples, a operação é rápida e limpa, pois não ocorrem quebras de

material para abertura de roços, como nos processos tradicionais.

Para disposição das instalações elétrica e hidráulica, deve-se projetar o

posicionamento das passagens. Primeiramente é desenhado o percurso das instalações

na placa de EPS por spray. Com o ar quente, o EPS se funde com facilidade e utilizando-

se um soprador térmico (pistola de ar quente). Seguindo o traçado feito no painel, abrem-

se os sulcos - cavidades por onde são passados, na parte posterior da malha de aço, os

materiais que compõem a instalação, (ALVES, 2015). Como alternativa ao gerador de ar

quente, pode-se utilizar também um maçarico a gás, que recebe um tubo metálico na

ponta (objetivando cobrir a chama viva que poderá queimar o EPS). (MONOLITE,2017).

Figura 19: Abertura de sulcos no EPS com soprador térmico

Fonte: Monolite. 2017.

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1.4.4 Instalações

Figura 20:Instalações elétricas e hidráulicas

Fonte: Termotécnica, 2014

Após a abertura dos sulcos, os tubos devem ser colados sob da tela de aço,

montando-se todo o conjunto antes da etapa de revestimento, de maneira que o

diâmetro dos tubos embutidos nas paredes não pode ser maior que a espessura interna

do EPS (Figura 20). As saídas de hidráulica e caixas para instalação elétrica devem ser

fixadas na malha de aço e reguladas para que fiquem no mesmo plano da face

concluída do revestimento, como demonstrado na Figura 21 (COELHO, 2015). No caso

de tubos rígidos ou semi-rígidos, quando necessário, corta-se a tela metálica com um

alicate e no final, fecha-se novamente a tela para segurar a tubagem. Uma sofisticação

admitida pelo sistema é o aterramento dessa malha, criando uma gaiola de Faraday e

para projetos de multipavimentos recomenda-se a utilização de shafts, pois facilita o

acesso e a manutenção dos sistemas elétrico e hidráulico. (MONOLITE,2017)

Figura 21: Instalação de quadro de energia

Fonte: Téchne, 2012.

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Os detalhes da união dos dutos a outras peças do sistema são executados de

forma usual a todos os projetos de instalações elétricas ou hidráulicas. Além disso, estas

peças não influenciam na eficácia da estrutura autoportante devido a pequena área que

ocupam no interior do painél. Quando houver a necessidade de manutenção das

instalações hidráulicas, esta será feita da mesma forma em que é feita para a alvenaria

de tijolos cerâmicos, ou seja, quando a falha estiver no interior da alvenaria será

necessário a quebra de uma das camadas de revestimento em argamassa estrutural.

Após o conserto deve-se repor novamente a malha de aço e o microconcreto, bem como

os revestimentos finais. (LUEBLE, 2004)

Figura 22: Detalhe de solução de instalações

Fonte: Ricardo Gonsalves, 2017.

1.4.5 Revestimento

O revestimento é aplicado em duas camadas: a primeira preenche a superfície do

EPS com micro cimento, a segunda se refere ao revestimento final e convencional.

Inicialmente se executa as mestras (ou taliscamento) que servem para demarcar as

áreas de projeção, delimitando a espessura final do microconcreto, e como apoio para a

régua utilizada no sarrafeamento. As mestras devem estar alinhadas e aprumadas para

garantir o acabamento da camada de microconcreto até facear com a malha de aço

(espessura mínima de 3,5 cm), nas duas faces do painel. Esse cuidado é importante para

que a parede não apresente retração diferencial nas faces revestidas. O microconcreto é

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projetado no espaço definido pelas mestras. A projeção deve começar sempre de baixo

para cima e a espessura de 3,5 cm do microconcreto é obtida por camadas: cada

camada de projeção deve ter espessura de no mínimo 0,5 cm e no máximo 2,0 cm, sem

excesso e de forma a evitar o retrabalho. (TECHNE, 2012)

Figura 23: Projeção de microcimento com equipamento

Fonte: Téchne, 2012

Após a projeção, é feito o sarrafeamento com régua de alumínio tipo H, no sentido

vertical e de baixo para cima, evitando que o microconcreto excedente caia no chão.

Esse primeiro sarrafeamento tem como objetivo principal retirar o excesso de material

projetado na parede e promover uma regularização inicial. Se for verificada a existência

de falhas na aplicação do microconcreto após o sarrafeamento, deve-se refazer a

projeção, corrigindo tais irregularidades. (TECHNE, 2012)

Após a cura total dessa primeira camada, inicia-se a colocação dos batentes e

caixilhos, nesse momento as escoras (instaladas no processo de fixação dos painéis)

podem ser retiradas, pois as paredes já possuem característica autoportante. Uma vez

fixados, nivelados e aprumados, os batentes e caixilhos devem ser protegidos, para que

não sejam danificados pela argamassa projetada da segunda e última camada. Os

revestimentos seguem os mesmos procedimentos comuns a maiorias dos sistemas

construtivos, seja em áreas secas, com aplicação de textura nas paredes externas; gesso

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ou massa corrida com pintura nas internas; ou ainda, nas áreas molhadas, o

assentamento de qualquer tipo de revestimento, por exemplo (LUEBLE, 2004).

1.4.6 Apoio da laje sobre os painéis

Depois de fase de acabamento, interna e externa, é colocada a laje de cobertura, ou

do pavimento seguinte. Uma das possibilidades para coberturas é a laje treliçada

unidirecional de EPS de 10 cm, em alguns casos, empregam uma malha de 3,4 mm de

15 cm x 15cm em pontos onde o vão é maior (Figura 24), mas não há necessidade do

uso da malha em todas as peças da obra -deve-se seguir, em todo caso, a orientação do

calculista (COELHO, 2015). Os painéis de cobertura inclinados (Figura 25) podem receber

as telhas diretamente sobre o concreto desempenado e em processo de cura, evitando

assim todo o madeiramento de sustentação do telhado (MONOLITE,2017).

Figura 24: Laje com painéis de EPS

FONTE: Ricardo Gonsalves, 2017.

Figura 25: Cobertura de laje inclinada apoiada diretamente sobre os painéis

FONTE: Ricardo Gonsalves, 2017.

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Outra opção é a laje de EPS, chamada pelos fornecedores de laje fácil, deve ser

aplicada diretamente sobre as paredes e tem espessura de 90mm a 300mm. Esta

dispensa a utilização das vigas concretadas e trabalha como fôrma para as vigas e

enchimento da laje ao mesmo tempo, reduzindo o tempo de montagem e riscos de

perdas (ALVES, 2015).

Figura 26: Laje Fácil

Fonte: Paredes Betel, 2014.

A utilização de laje confeccionada por vigotes de concreto, é outra possibilidade,

com placas de EPS em substituição a tavela cerâmica, apoiados sobre viga de

cintamento de 3cm de altura, executadas sobre as paredes. (LUEBLE, 2004).

Figura 27: Laje treliçada com preenchimento de isopor

Fonte: Paredes Betel, 2014.

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2. REFERÊNCIAS PROJETUAIS

Este capítulo contempla o referencial empírico, no qual são apresentados estudos

de referência em projetos arquitetônicos, com o objetivo de compreender em obras

construídas o que já foi estudado de forma teórica, somar informações ainda não

levantadas e contribuir com o desenvolvimento do trabalho. Os estudos são divididos

em duas categorias: diretos (realizados in loco) e indiretos (através de pesquisas em sites

e revistas), que seguem duas vertentes de relevância: àquelas que se utilizam dos painéis

monolíticos de concreto e aquelas que exercem uso similar ao projeto a ser

desenvolvido, ou ainda aquelas que agregam as duas características.

Cada estudo será analisado sobre princípios preestabelecidos- que nortearão

as análises e - possíveis rebatimentos na elaboração do projeto, como: programa de

necessidades e solução espacial; sistema estrutural e circulação vertical; sistema

construtivo, materiais e recursos; conforto do usuário, e por fim sustentabilidade.

2.1 ESTUDOS INDIRETOS

Os estudos indiretos são o projeto Villa Maresias, na cidade de São Sebastião- e

uma residência no condomínio Alphaville São Pedro em Campinas-., ambas situadas no

Estado de - São Paulo, e se diferenciam, principalmente, em relação a localização. O

primeiro, situa-se em uma praia do litoral e o segundo em um condomínio residencial

urbano. Os projetos atendem simultaneamente o perfil de projeto residencial com a

utilização da tecnologia construtiva em painéis monolíticos de EPS, quando - serão

analisados aspectos comuns de zoneamento funcional, relações espaciais dos

ambientes, dimensões, soluções que visem maior conforto do usuário, adequações ao

sistema construtivo e estrutura utilizada.

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2.1.1 Vila Maresias, SP

No litoral paulista, a residência está localizada em frente à praia é de autoria do

arquiteto Luiz Paulo Machado de Almeida em primeira fase, e recebeu ajustes e projeto

de interiores da Arquiteta Fernanda Azevedo. A obra foi iniciada em 2011 e finalizada em

2014.

Figura 28: Casa Vila Maresias

FONTE: ICP Engenharia e Construções, 2017.

O projeto compreende uma residência unifamiliar localizada na praia de Maresias,

município de São Sebastião- SP com 1.830 m² de área construída, em um terreno de

3.060 m², é o maior projeto entre os nove pilotos implementados em um condomínio

fechado.

Figura 29: Volumetria de projeto Vila Maresias

FONTE: Bruno Nitzke, 2010.

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A vila Maresias se destaca por ser a primeira residência no Brasil a receber o selo

referencial GBC Brasil Casa® do Green Building Council Brasil. A certificação, destinada a

domicílios sustentáveis, unifamiliares ou multifamiliares, de baixo, médio ou grande porte,

que possuem alto desempenho econômico, social e ambiental.

PROGRAMA DE NECESSIDADES E SOLUÇÃO ESPACIAL

Apesar de se tratar de uma residência unifamiliar, o programa de necessidades é

bastante completo e extenso, contando com 11 suítes e um infraestrutura completa de

uma casa de praia para receber muitos hóspedes.

O projeto conta com 35 ambientes distribuídos em setores como acessos, lazer,

serviço, circulações, suítes e setor técnico dispostos em dois pavimentos, cobertura e

terraço técnico.

Figura 30: Planta Baixa, Térreo e 1° pavimento Vila Maresias.

FONTE: Bruno Nitzke, 2010.

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Figura 31: Planta Baixa, Cobertura e Terraço Vila Maresias.

FONTE: Bruno Nitzke, 2010.

SISTEMA ESTRUTURAL E CIRCULAÇÃO VERTICAL

Para atender ao extenso programa de necessidades, o projeto se verticalizou em 3

pavimentos, apesar da horizontalidade ser dominante no contexto formal. O sistema

estrutural desse projeto se resume ao próprio sistema construtivo: o sistema de painéis

em EPS e concreto armado, o qual foi dimensionado para atuar com propriedade

autoportante. Acrescida a tecnologia construtiva se utilizou de vigas metálicas e

fundação em sapata corrida.

A circulação vertical é satisfeita através de escadas de diferentes formatos – em

forma de bumerangue do térreo para o 1° pavimento e linear do segundo pavimento

para a cobertura e terraço técnico-, dispostas no mesmo eixo vertical.

Figura 32: Corte longitudinal, projeto Vila Maresias

FONTE: Bruno Nitzke, 2010.

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Figura 33: Corte transversal, projeto Vila Maresias

FONTE: Bruno Nitzke, 2010.

SISTEMA CONSTRUTIVO, MATERIAIS E RECURSOS

Destaca-se a utilização da tecnologia construtiva de painéis monolíticos de EPS e

argamassa armada, considerado o grande diferencial do projeto, principalmente para a

obtenção da certificação de sustentabilidade. A tecnologia foi empregada nas paredes e

lajes e os 3.500 m² de paredes foram erguidas em apenas 8 meses. No processo

construtivo, utilizou-se somente cimento CP III, que apresenta maior impermeabilidade e

durabilidade. Além disso, as propriedades do cimento de baixo calor de hidratação e alta

resistência à expansão auxiliaram para uma construção mais rápida.

Dentre os principais materiais utilizados no projeto, a madeira e o vidro se

evidenciam. O conjunto madeira e vidro são aplicados principalmente nas aberturas e

proteções: o primeiro material na função de permeabilidade visual, de iluminação e

ventilação em janelas e “peles”, enquanto que o segundo como proteção para radiação

solar e coberturas, como caramanchões e painéis deslizantes. Na obra, se fez uso de

madeira Cumaru devidamente legalizada e certificada.

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Figura 34: Perspectiva Vila Maresias com destaque para madeira e vidro

FONTE: Bruno Nitzke, 2010.

CONFORTO DO USUÁRIO

Como era objetivo da construção receber a certificação de residência sustentável,

muitas diretrizes de conforto foram guias para o projeto.

A residência possui alto desempenho de isolamento térmico e acústico, obtido

através do processo construtivo com painéis de EPS, com um índice de redução

acúsctica de 37 dB. A ventilação cruzada permitida pelas grandes aberturas laterais e a

especificação de elementos de controle da isolação direta - como películas em todas as

janelas e portas e painéis vazados e pergolados-, oferecem proteção contra incidência

solar e contribuem para uma maior eficiência e conforto térmico da edificação.

Figura 35: Proteção com painéis deslizantes, Vila Maresias

FONTE: Bruno Nitzke, 2010.

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O conforto abrange também questões de umidade, tendo em vista o alto

desempenho de estanqueidade obtido através da tecnologia construtiva, pois o EPS é

inerte por não absorver água, além de possuir propriedades antifungicidas.

Além disso, o sistema de ar condicionado foi projetado com desumidificador e filtro

das impurezas do ar, já que a residência está localizada na praia e há muita poeira.

“Jardins verticais internos foram projetados para aumentar a umidade interna, além de

grandes aberturas de vidros para integração entre o interior e o exterior”, explica a

engenheira Lourdes Cristina em entrevista para o Universo Jabotá (2014).

Figura 36: Jardim interno, projeto Vila Maresias

FONTE: Bruno Nitzke, 2010.

SUSTENTABILIDADE

Para o Projeto Vila Maresias, com grandes dimensões, foi instalado um sistema de

armazenamento e reaproveitamento de águas pluviais recolhidas do telhado que filtra e

as encaminha para uma cisterna. Após o tratamento, a água é reutilizada em bacias

sanitárias e no sistema de irrigação. Destaca-se neste último sua eficiência através do

uso de gotejamento e de paisagismo com plantas nativas de baixo consumo. Na

residência, foram utilizados medidores de vazão setorizados, metais eficientes para

chuveiros e torneiras (com vazão específica) e sanitários com duplo fluxo de descarga.

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Em relação à eficiência quanto ao plano de gerenciamento de resíduos: foram

contratadas empresas especializadas na coleta e descarte, para o resíduo inevitável, que

ao final, 88% do total do resíduo gerado foram reciclados.

O projeto conta também com uma produção de 10% da energia necessária e água

quente através da instalação de sistemas de placas fotovoltaicas, -20 placas com

capacidade de gerar até 240 w/placa, para produção de energia elétrica e placas solares

para aquecimento de água. Somado a isso, a residência apresenta uma eficiência de

37% em redução de consumo de energia através da instalação de lâmpadas LED e

eletrodomésticos mais eficientes com tecnologia “Inverter” e selo de consumo de energia,

letra A.

O aproveitamento de recursos naturais como alternativas ao resfriamento e

iluminação artificial contribuem para economia energética necessária como a

implementação de um grande jardim no terraço, que, por sua vez, contribuiu para

controlar a temperatura no interior da casa. O isolamento termo-acústico da envoltória

alcançado através do uso dos painéis estruturados de EPS imprimiu alto rendimento ao

sistema de ar condicionado o uso da fachada com paredes de vidro combinadas com

concreto claro, que permitem aproveitamento da luz natural; grandes aberturas para

iluminação e ventilação natural com isolamento térmico nos vidros e aplicação de

película da 3M (película para vidro que combinam 200 camadas que reduzem a

transparência dos vidros e incidência de Sol) e de pergolados.

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Figura 37: Soluções de eficiência

FONTE: Bruno Nitzke, 2010.

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2.1.2 Casa Alphaville Dom Pedro, SP

Figura 38: Casa Alphaville Dom Pedro

FONTE: Mariana Orsi, 2016.

Construída no condomínio Alphaville em campinas - SP, assinado pela arquiteta

Teresa D’Ávila, com revisão da arquiteta Cristina Hana Shoji e projeto paisagístico da

arquiteta Renata Kassis a obra teve início em 2014 e foi entregue em outubro 2015, num

total de 16 meses de execução.

O projeto residencial unifamiliar conta com uma área de 450 m² em um terreno de

apenas 594 m². A residência se conceituou por ser a primeira da América latina a

conquistar o nível Silver do selo internacional Leed for Homes (Leadership In Energy And

Environmental Design), tornando-se referencia para construções sustentáveis. O selo

LEED for Homes trata-se de um selo ambiental internacional concedido pelo USGBC

(U.S.Green Building Council), reconhecido em 154 países e que já validou mais de 56 mil

unidades no mundo.

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PROGRAMA DE NECESSIDADES E SOLUÇÃO ESPACIAL

Segundo arquiteta Teresa d’Ávila, “a implantação impôs uma construção em Y, a

fim de aproveitar o terreno com mínimas intervenções na topografia original, permitindo

ainda abertura a um amplo horizonte visual, na face nordeste”. (ARCO, 2016).

Com 450 metros quadrados de área construída dispostos em 3 pavimentos, a

residência ficou dividida nos seguintes ambientes: lavanderia, dependências do filho,

garagem, academia de ginástica no andar inferior com saída para o jardim e área da

piscina, com cisterna de 10 mil litros de água, horta e casa de bombas e irrigação (Figura

39). Além disso, há ainda quarto de hóspede, sala de estar, sala de jantar, lavabo, home

theater e cozinha no térreo (Figura 40); e, no piso superior (Figura 41), suíte do casal com

closets, escritório, varanda com mirante e acesso à sala técnica, além de abrigo para

caixas d'água.

Figura 39: Planta Baixa subsolo, Casa Alphaville

FONTE: ARCO, 2016.

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Figura 40: Planta Baixa térreo, Casa Alphaville

FONTE: ARCO, 2016.

Figura 41: Planta baixa pavimento superior, Casa Alphaville

FONTE: ARCO, 2016.

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SISTEMA ESTRUTURAL E CIRCULAÇÃO VERTICAL

Figura 42: Perspectiva Casa Alphaville Dom Pedro

FONTE: Mariana Orsi, 2016.

Devido a intenção de preservar a topografia original do terreno e não realizar

grandes modificações, a residência se diferencia por conter um pavimento em subsolo,

além de outros dois pavimentos, térreo e superior, contabilizando uma volumetria em 3

níveis, atendendo ao programa de necessidades em um terreno 598 m². A circulação

vertical do projeto se resume a uma escada na área central, enclausurada e

independente dos ambientes de convívio, que se repete no mesmo eixo vertical em todos

os pavimentos.

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Figura 43: Circulação vertical, Casa Alphaville

FONTE: Mariana Orsi, 2016.

Assim como o referencial projetual anterior, o sistema construtivo em painéis

monolíticos de concreto é autoportante e assume a função estrutural, com a diferença de

não utilização de nenhum outro sistema estrutural adicional. No que diz respeito a

fundação, o projeto faz uso de radiêr e, onde há diferença de nível do terreno, sapata

corrida.

Figura 44: Execução de fundação e sistema construtivo, casa Alphaville

FONTE: ARCO, 2016.

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SISTEMA CONSTRUTIVO, MATERIAIS E RECURSOS.

A obra, como já citado, fez uso da tecnologia construtiva de painéis monolíticos de

EPS em toda a sua vedação interna e externa, porém não foi possível obter informações

sobre o uso do sistema na circulação vertical, cobertura e lajes. A vedação em painéis de

EPS prevalece em toda a edificação como o material mais utilizado, variando o

revestimento a ela aplicado. A maioria dos revestimentos foram utilizados devido ao

baixo impacto ambiental que proporcionam alto conteúdo reciclado e baixo índices de

compostos orgânicos voláteis (COVs). O revestimento da fachada em pedra castelato

com base cimentícia e mais 70% de material reciclado em sua composição; e madeira

legalizada Forest StewardshipCouncil ( FSC ). Outro destaque é a utilização de pisos

drenantes nas calçadas e pavimentação da área de piscina, , para atendimento da área

permeável exigida e o vidro que se encontra presente em toda a edificação através,

principalmente, das esquadrias, Figura 45. Na Figura 46 é possível perceber,

semelhantemente ao projeto anterior, a relação entre madeira e vidro. Nesse projeto,

entretanto, a madeira foi utilizada com o papel de revestimento, enquanto que o uso do

vidro é mais contido em comparação com a casa Vila Maresias.

Figura 45: Área de lazer, Casa Alphavillle

FONTE: Mariana Orsi, 2016.

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Figura 46: Casa Alphaville, destaque para madeira, vidro e vedação

FONTE: Mariana Orsi, 2016.

CONFORTO DO USUÁRIO

Em entrevista para LCP Engenharia e Construções (2017) a os antigos usuários

relatam que sofriam com problemas como barulho e calor excessivo em sua residência.

A concepção do projeto iniciou quando o cliente tomou conhecimento do sistema

construtivo de painéis monolíticos de concreto utilizada na Europa e estados Unidos e se

interessou principalmente por suas propriedades que garantiam qualidades térmicas,

antifúngicas e acústicas. Além dos benefícios gerados pelo processo construtivo, a obra

conta com tecnologias que analisam o gás radônio, proporcionando melhoria na

qualidade do ar e saúde dos moradores, aliado ao uso de exaustores para cozinha e

banheiros, medidores de CO2 e fumaça.

Como estratégias de conforto ambiental para o usuário, o projeto utilizou-se de vãos

internos que privilegiam ventilação cruzada e iluminação natural, todas elas com

lumeeira de 2,50 metros e instalação de brises nas janelas da face mais sujeita à

insolação, visível na Figura 47. Externamente destaca-se o uso de com terraço

parcialmente sombreado, com jardim e grandes esquadrias protegidas com películas

(Figura 48).

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Figura 47: Proteção com brises verticais, Casa Alphaville

FONTE: Mariana Orsi, 2016

Figura 48: Utilização de Terraço semi-sombreado, Casa Alphaville

FONTE: Mariana Orsi, 2016

Acrescenta-se ainda a solução para a implantação de condicionadores. Em

substituição a laje técnica, o receptáculo permite a ventilação das máquinas, ao mesmo

tempo em que atua como proteção solar e composição da varanda.

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Figura 49: Solução para condensadores, Casa Alphaville

FONTE: Mariana Orsi, 2016

SUSTENTABILIDADE

Entre as diretrizes sustentáveis que garantiram à casa a certificação, estão o

sistema construtivo de painel de argamassa armada com miolo de EPS, patenteado

como Ecogrid pela LCP Engenharia e Construções.

Um dos principais destaques do projeto está na redução de 50% a 60% no

consumo de água com o aproveitamento de água da chuva, o tratamento de 'água cinza'

(água do chuveiro e máquina de lavar) para posterior uso em bacias sanitárias, lavagem

de áreas externa e rega do jardim – realizada por gotejamento sob a superfície. O

paisagismo do jardim privilegia espécies nativas, demandando baixa manutenção e

menor consumo de água.

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Figura 50: Mecanismo de coleta e tratamento de águas pluviais e cinzas

FONTE: ARCO, 2016.

O sistema de placas fotovoltaicas permite a geração de 70% da energia que será

utilizada, além de sistema de aquecimento solar para as águas de banho. Estão incluídos

no projeto instalação de brise, luminárias com lâmpadas do tipo LED e especificação de

esquadrias que garantem economia de energia, entre ações sustentáveis como

especificação de pisos e revestimentos produzidos da maneira sustentável e com

utilização de material reciclado em sua composição e de madeiras certificadas.

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2.2 ESTUDO DIRETO

Para desenvolvimento do estudo direto, foi priorizada a particularidade do uso do

sistema construtivo com painéis monolíticos de EPS e para isso se elegeu uma

edificação residencial em fase de obra, da quais será possível analisar aspectos críticos

que geram dúvidas no processo de utilização de uma tecnologia construtiva

industrializada em fase de projeto arquitetônico. Além disso, sua importância se expande

ainda a melhor compreensão materializada das relações espaciais inerentes ao edifício,

soluções formais, espaciais, funcionais, estéticas, estruturais e tecnológicas.

2.2.1 Residência Beto Rocha, Novo Hamburgo/RS

A residência é de autoria do arquiteto Dagoberto Carvalho de Rocha, está situada

no condomínio horizontal Residencial Schneider, em Novo Hamburgo-RS e encontra-se

ainda em fase de construção.

Figura 51: Residencial Schneider

FONTE: Arquivo pessoal, 2017.

A obra está sendo executada pela construtora PW Perfecta Painéis Monolíticos em

EPS que também é responsável pela fabricação dos painéis. Fundada em 2010, a

empresa trabalha desde então com a produção e construção de obras sustentáveis

utilizando unicamente a tecnologia construtiva de painéis monolíticos de concreto. A

visita técnica foi guiada pelo engenheiro responsável pela obra e dono da empresa,

Paulo Cenci.

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PROGRAMA DE NECESSIDADES E SOLUÇÃO ESPACIAL

Em um terreno de apenas 157 m² e com uma área total construída de 139,48m² o

projeto conta com um programa de necessidades simples, distribuído em dois

pavimentos: no térreo encontram-se as salas de estar/jantar, cozinha, lavabo, área de

serviço e churrasqueira; enquanto que no pavimento superior estão distribuídos dois

quartos, um banheiro, uma suíte e varanda.

Figura 52: Planta Baixa, Térreo

FONTE: Beto Rocha, 2014.

Figura 53: Planta Baixa, Pav. Superior

FONTE: Beto Rocha, 2014.

Durante a visita, Paulo Cenci explica que o projeto não foi desenvolvido pensando

em ser executado com a tecnologia construtiva e para isso foram necessários alguns

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ajustes de dimensionamento de painéis e corte dos painéis. Basicamente foram

trabalhados 3 espessuras de painéis na obra, de 80mm, 100mm e 120mm com diferentes

dimensionamentos da armadura de aço galvanizado. Ressalva ainda que qualquer

projeto arquitetônico pode ser adaptado ao processo construtivo, no entanto, quanto

mais compatível o projeto, maior economia e racionalidade da obra.

SISTEMA ESTRUTURAL E CIRCULAÇÃO VERTICAL

Figura 54: Corte transversal e longitudinal

FONTE: Beto Rocha, 2014.

Igualmente aos projetos estudados indiretamente, a tecnologia construtiva em

painéis monolíticos de EPS se aplica como autoportante, exercendo a função estrutural

da residência. Em razão da concepção de projeto não ter previsto a utilização do

processo de construção adotado, na execução foram acrescidas cintas de amarração e

vigas ”chatas” com dimensões mínimas, como pode ser visualizado na Figura 56.

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64

Figura 55: Paredes autoportantes em painéis monolíticos de EPS

FONTE: Arquivo pessoal, 2017.

Figura 56: Vigas em concreto armado e laje de vigotas e fôrma de isopor

FONTE: Arquivo pessoal, 2017.

A circulação vertical se dá através de uma escada central do tipo jacaré. Paulo

afirma que a escada não foi executada em EPS por solicitação do cliente, pois que se

tornaria um pouco mais onerosa. Explica ainda que, diferentemente dos painéis para

vedação e fundação, elementos construtivos como laje e escadas, ainda têm um custo

maior que os sistemas tradicionais.

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65

Figura 57: Escada em concreto armado engastada em painel de EPS

FONTE: Arquivo pessoal.

Do mesma maneira que ocorre a execução da escada monolítica em EPS, a

escada em concreto armado da obra é engastada diretamente na parede de painel em

EPS, sem a necessidade de elementos estruturais adicionais, além de pequenas barras

metálicas, ressalva o engenheiro.

SISTEMA CONSTRUTIVO, MATERIAIS E RECURSOS

Através do contato direto com os elementos constituintes do processo de

construção, foi possível observar melhor questões como a união dos painéis, que neste

caso se deu por transposição da malha de aço com auxílio de “arrames”, ilustrado na

Figura 58.

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Figura 58: Detalhe de amarração dos painéis em obra

FONTE: Arquivo pessoal.

Durante a visita técnica diversas dúvidas que em relação ao sistema construtivo

conseguiram ser esclarecidas, dentre elas a possibilidade de descarregar paredes

diretamente no vão livre de uma laje (sem paredes no pavimento inferior alinhadas no

eixo vertical) sem a utilização de vigas. Esse questionamento foi confirmado

positivamente em razão da leveza dos painéis.

Além disso, foi possível acompanhar a execução da laje de cobertura, que utilizou o

painel monolítico de EPS inclinado e apoiado diretamente na parede da platibanda. Essa

laje, como se pode visualizar na Figura 59, estava recebendo a camada de

microconcreto, que em virtude de inclinação horizontal do painel, pôde ser aplicada

manualmente com rapidez e facilidade. Sucessivamente a essa etapa, Paulo informa que

a laje receberá a aplicação direta de telhas em concreto moldadas in loco. Ao ser

questionado em relação a lajes impermeabilizadas, o engenheiro explica que após a

etapa de execução da camada de microconcreto, é aplicado uma fina lâmina de EPS,

seguido do reboco final com sua devida impermeabilização.

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67

Figura 59: Execução de Cobertura em EPS

FONTE: Arquivo pessoal.

Os painéis monolíticos de EPS, quando confrontados com os sistemas construtivos

auxiliares, abrangem a maioria da construção, pois além de serem utilizados em toda a

vedação interna e externa e cobertura, é também empregado em elementos como lareira

e churrasqueira, tornando a execução desses elementos mais rápida.

Figura 60: Lareira executada em painéis de EPS

FONTE: Arquivo pessoal.

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68

Em detrimento do andamento da obra, não foi possível visualizar in loco a aplicação

de outros materiais e revestimentos. No entanto, é possível perceber, através de projeto

arquitetônico, que a residência se utilizará de acabamentos convencionais como pintura,

esquadrias em alumínio e vidro e cobertura em telha de concreto.

Figura 61: Fachada, projeto Beto Rocha

FONTE: Beto Rocha, 2014.

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2.3 COMPILAÇÕES DOS ESTUDOS DE CASO

A partir da pesquisa feita direta e indiretamente nos projetos arquitetônicos é

possível se alcançar objetivo de extrair estratégias arquitetônicas e sirvam de diretrizes

para a elaboração do projeto a ser desenvolvido.

Abaixo faz um panorama resumo de que maneira os conceitos compilados foram

empregados, com a possibilidade de avaliar os pontos positivos e negativos de cada

obra e aplicar o resultado final da pesquisa no projeto a ser desenvolvido.

A partir do processo de análise doa estudos de referencia juntamente com a revisão

teórica realizada sobre a tecnologia construtiva, é possível identificar as principais

características e soluções das variáveis comuns analisadas em cada projeto e utiliza-las

como diretrizes projetuais para o trabalho.

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Tabela 2: Resumo dos precedentes arquitetônicos de estudos de caso

PROJETO VILA MARESIAS CASA ALPHAVILLE CASA BETO ROCHA

DESCRIÇÃO Localização Praia Urbano Urbano

Terreno 3.060 m² 594 m² 157 m² Área projeto 1.830 m² 450m² 139,48m²

PROGRAMA DE

NECESSIDADES E

SOLUÇÃO ESPACIAL

Programa

Sala de estar, TV, jantar, Sala íntima, home cinema, lavabo, jardim de inverno,

11 suítes, adega , copa, cozinha, área de serviço,

garagem, vestiário, tocheiro e piscina

Dependência, garagem, academia, piscina, horta, sala de estar/jantar, lavabo,

home theater e cozinha; 3 suítes,

escritório, varanda, sala técnica

Salas de estar/jantar, cozinha, lavabo, área

de serviço ,churrasqueira, 2

quartos, um bainheiro, 1 suíte e varanda

N° de pav. 4 3 2

SISTEMA ESTRUTURAL

E CIRCULAÇÃO

VERTICAL

Fundação Sapata corrida Sapata corrida;

Radiêr Radiêr

Sistema estrutural

Painéis monolíticos de EPS;

Vigas metálicas

Painéis monolíticos de EPS

Painéis monolíticos de EPS;

Cintas e vigas chatas de concreto armado.

SISTEMA CONSTRUTIVO, MATERIAIS E RECURSOS

Sistema de vedação

Painéis monolíticos de EPS Painéis monolíticos de

EPS Painéis monolíticos

de EPS Materiais e

revestimentos Madeira e vidro Madeira e vidro Vidro e alumínio.

CONFORTO DO USUÁRIO

Térmico

Ventilação natural cruzada; Alto desempenho de isolamento térmico;

Jardim no terraço para controle de temperatura

Ventilação natural cruzada;

Alto desempenho de isolamento térmico;

Alto desempenho de isolamento térmico;

Acústico Isolamento acústico

Salubridade Ausencia de umidade;

Estanqueidade da tecnologia construtiva

Ausencia de umidade; Estanqueidade da

tecnologia construtiva

Ausencia de umidade; Estanqueidade da

tecnologia construtiva

SUSTENTABILIDADE

Água

Armazenamento e uso de águas pluviais;

Peças hidráulicas com sistema de controle de

vazão;

Pisos drenantes; Armazenamento e uso

de águas pluviais; Aproveitamento de

águas cinzas;

-

Energia

Sistema de placas fotovoltaicas;

Lâmpadas e aparelhos elétricos com economia de

energia;

Produção de energia através de sistema de placas fotovoltaicas;

-

Resíduos Reciclagem de 88% do total do resíduo gerado;

Utilização de materiais e revestimentos

reciclados -

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3. CONDICIONANTES PROJETUAIS

Após as etapas de pesquisa e análise (referencial teórico e empírico), abordada

nos capítulos anteriores deste trabalho, pôde-se dar início à etapa de síntese para

aplicação do sistema construtivo estudado em projeto arquitetônico. Para isso, serão

explorados neste capítulo condicionantes projetuais que restringem ao mesmo passo

que conduzem as diretrizes projetuais.

Aqui serão analisados a área de inserção do projeto, a respeito da infraestrutura da

região e a relação com o entorno. No que diz respeito ao terreno, será apresentada a

sua localização, suas dimensões e acessos, considerando aspectos físicos e

ambientais, bem como condicionantes legais e normativas através do Plano Diretor

de Ceará Mirim e Minuta de convenção para construção condominial.

3.1 Área de intervenção

Figura 62: Esquema de localização: Brasil; Rio Grande do Norte; Ceará Mirim; Condomínio Bosque da Praia

FONTE: Google maps 2015, adaptado pela autora.

O projeto será desenvolvido no condomínio horizontal Bosque da Praia, Rodovia

306, Bairro Praia de jacumã no munícipio Ceará-mirim, Rio Grande do Norte, Figura 62 .

Algumas diretrizes orientaram a escolha da área para implementação da tecnologia

construtiva em EPS. A primeira e principal diz respeito ao potencial climático da área

litorânea, para análise de desempenho da tecnologia construtiva em relação ao conforto

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ambiental da habitação, tendo em vista que a região praiana possui especificidades

como: ventilação forte, radiação/calor intenso pela manhã e redução de temperatura no

período da noite. A segunda se relaciona com o terreno, locado em um condomínio

horizontal, para que se possa explorar todo o potencial do processo construtivo: trabalhar

com maior liberdade de formas, materiais e relações espaciais com interior e exterior,

preservando a segurança da edificação. Além disso, o condomínio residencial estreita as

relações entre os moradores e aumenta a possibilidade de visibilidade de um projeto

arquitetônico.

O condomínio encontra-se estrategicamente situado ente a cidade a qual a praia

de Jacumã pertence, Ceara Mirim, e a capital do estado, Natal. Tem acesso principal pela

BR-101, seguido da RN 306, como é possível visualizar na Figura 63.

Figura 63: Acessos ao Condomínio Bosque da Praia

FONTE: Google maps, 2015.

O empreendimento de autoria dos arquitetos Benedito Abbud e Fabiano Pereira,

Com uma área total de 161.974,05 m², oferece conforto e segurança em um lugar

paradisíaco (Figura 64) e encontra-se em evidência entre os empreendimentos do

segmento, o que aumenta ainda mais a visibilidade para o projeto proposto. Não existe

infraestrutura de apoio em seu entorno imediato, como é possível visualizar na Figura 65

retirada de satélite antes da execução do condomínio, contando apenas com serviços de

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limpeza de terreno e movimentação de terras. No entanto esse déficit é suprido pela

infraestrutura completa que o condomínio club oferece.

Figura 64: Vista áerea do condomínio Bosque da Praia, Jacumã

FONTE: Cirstina Lira, 2017.

Figura 65: Imagem de satélite da situação do empreendimento

FONTE: Google Earth, 2015.

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Figura 66: Planta de situação

FONTE: Google Earth, 2015, adaptado pela autora.

O lote a ser trabalhado encontra-se na rua projetada 8, quadra G, número 101,

como indicado na imagem Figura 66 acima (Planta da situação atual do condomínio e

seu entorno adjacente). Segundo a construtora Ecomax em seu site, “a divisão dos lotes

foi pensada de modo a aproveitar, da melhor maneira possível, a ventilação natural e tem

como prioridade a valorização das futuras casas a serem construídas”.

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3.2 Condicionantes físico ambientais

O terreno com forma irregular limita-se ao norte com a rua Projetada n°8 em 22,00

m, ao sul com extremidade lindeira do condomínio em 20,00m, a leste com lote de

terceiros em 25m e a oeste com lote de terceiros em 20,69 m, conforme Figura 67.

Figura 67: Limites do lote

FONTE: Google maps, 2015, adaptado pela autora.

O lote encontra-se livre da presença de massa vegetal, devido a serviços de

limpeza já realizados. Os limites do terreno então inseridos em desníveis topográficos

que variam de 5,0m em relação ao nível do mar. A noroeste o terreno é cortado pela cota

de nível mestra de 5,0m, retomando aos mesmos 5,0m a sudeste (Figura 68), de maneira

que a topografia não será considerada para efeito de projeto como relevante ou

condicionante física projetual, porém e será indicada, em projeto, sistema de

terraplanagem ideal para o pequeno desnível.

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Figura 68: Curvas de vível do lote

FONTE: Google maps, 2015, adaptado pela autora.

Sobre as condicionantes ambientais, primeiramente é importante o

reconhecimento da zona climática na qual o projeto está implantado, para que se possa

utilizar dos métodos da arquitetura bioclimática orientados às características climáticas

particulares. Segundo Lamberts, Dutra e Pereira (1997), a arquitetura bioclimática é uma

arquitetura que “busca utilizar, por meio de seus próprios elementos, as condições

favoráveis do clima com o objetivo de satisfazer as exigências de conforto térmico do

homem.” (LAMBERTS; DUTRA; PEREIRA, 1997, p.104). Ou seja, a arquitetura bioclimática

objetiva o bom uso dos recursos ambientais, adiando ou minimizando o consumo da

energia para prover o conforto térmico.

A norma de desempenho térmico para edificações NBR 15220 categoriza o território

brasileiro em 8 zonas biocimáticas e suas respectivas diretrizes construtivas para

habitações unifamiliares de interesse social, de acordo com as características climáticas

apresentadas em cada setor. Apesar de, a arquitetura de interesse social, não ser o

enfoque do projeto, a resolução das zonas e premissas são apropriadas para o processo.

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Na Figura 69 pode-se perceber no ícone de localização em vermelho que para litoral

leste inteiro do Rio Grande do Norte, encontra-se em Z8 (Zona Bioclimática 8).

Figura 69: Mapa de zonas Bioclimáticas do Brasil

FONTE: NBR 15.220, adaptado pela autora.

A zona bioclimática 8 é caracterizada por um clima tropical úmido (definido por

clima quente e umidade elevada), de modo que as ações a serem desenvolvidas

durante a concepção do projeto para atingir um bom nível de conforto são “controlar os

ganhos de calor, dissipar a energia térmica do interior do edifício, remover a umidade em

excesso e promover o movimento do ar, promover o uso da iluminação natural e

controlar o ruído” (CORBELLA; YANNAS, 2009, p. 39). Para se atingir tais resultados, a

norma aconselha o uso de grandes aberturas sombreadas direcionadas para os

ventos predominantes e ventilação cruzada como condicionamento térmico passivo.

A Figura 70 ilustra algumas recomendações projetuais para a zona bioclimática 8.

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Figura 70: Recomendações do Guia Hotel sustentável Sebrae

FONTE: Maranhão, 2012.

O uso da ventilação cruzada no lote- possibilitando arquitetura permeável e

orientada para os ventos predominantes, para remover o calor e refrescar os usuários

- é uma das principais diretrizes biocimáticas e está condicionado com a orientação

e configuração do mesmo. Ao sobrepor no terreno a rosa dos ventos do município de

Ceará Mirim-RN, que se encontra nas coordenadas latitude -5.63 e longitude -35.42

percebe-se que a ventilação predominante advém, de forma variada, das direções

Sul, Sudeste e Leste (Figura 71), com maior intensidade e velocidade de Sudeste e

Leste durante o dia e Sul durante a noite (Figura 72).

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Figura 71: Rosa dos ventos predominantes ao dia sobre o lote

FONTE: Projetee, 2017, adaptado pela autora.

Figura 72: Rosa dos ventos predominantes à noite sobre o lote

FONTE: Projetee, 2017, adaptado pela autora.

Recomendações relacionadas ao sombreamento, para aumentar o conforto

térmico e reduzir o consumo de condicionamento de ar; iluminação natural,

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80

aproveitando da luz natural abundante, gratuita e de melhor qualidade para substituir

a artificial; estão relacionadas ao percurso realizado pelo Sol durante todos os dias

do ano. Aplicando a carta solar do município de Ceará Mirim sobre o terreno (Figura

73) do projeto é possível avaliar a incidência solar e percebe-se que as fachadas

Leste e Oeste recebem radiação direta e frontal durante todo o ano, respectivamente

nos períodos da manhã e tarde. As testadas Norte e Sul recebem Sol durante todos

os horários do dia, Sendo que a Norte está exposta a radiação no equinócio e

solstício de inverno e a Sul no equinócio e solstício e verão.

Figura 73: Carta solar aplicada ao lote

FONTE: Software Solar Tool, 2017, adaptado pela autora.

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3.3 Condicionantes legais e normativas

O projeto a ser desenvolvido deve atender às exigências legais no âmbito

condominial, municipal e estadual. Neste ítem serão explanadas, através do Regimento

de normas construtivas do Condomínio Bosque da Praia; do Plano de Diretor da cidade

de Ceará Mirim-RN; as premissas legais que irão restringir e direcionar o processo

projetual. Destaca-se também a necessidade de atender à norma de desempenho de

edificações habitacionais ABNT 15575, como respaldo legal quanto à qualidade da obra.

3.3.1 Plano Diretor Participativo de Ceará Mirim - RN

O Plano Diretor de Ceará-Mirim é parte integrante do planejamento urbano

municipal que tem como objetivos principais “orientar, promover e direcionar o

desenvolvimento sustentável do Município, respeitando as suas características naturais,

em observância estrita à função social da cidade e da propriedade”. Através de

premissas, diretrizes e regras, o plano atinge o objetivo acima exposto e será mais um

guia e condicionante projetual.

O capítulo 1 do plano define o macrozoneamento do município (I – Macro-zona

Urbana; II – Macro-zona de expansão urbana; II – Macro-zona rural) que direcionará o uso

e ocupação do solo. Como é possível analisar na Figura 74 abaixo, o terreno está

implantado na Macro-Zona Urbana l (compreendendo as praias de Jacumã, Muriú e

Porto Mirim), a qual possui “características propícias a diversos usos, com infraestrutura

básica já instalada e sistema viário definido, que permite a intensificação controlada do

uso do solo.“ (Plano diretor da cidade de Ceará Mirim, 2016).

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Figura 74: Mapa de Macro Zonas de Ceará Mirim

FONTE: Plano Diretor da cidade de Ceará Mirim, 2006.

O parágrafo 5° do Artigo 15 define ainda que a Macro-zona Urbana está dividida em

Zona Adensável máxima e Zona de Adensamento Básico. No entanto, toda a cidade

encontra-se como área de adensamento básico, com exceção de um pequeno trecho de

outorga onerosa do direito de construir, que não atinge a área litorânea.

A partir disso o projeto seguirá as prescrições urbanísticas destinadas a Macro-zona

Urbana de Adensamento Básico que serão definidos pelos parâmetros de uso e

ocupação do solo definidos no capítulo III: Coeficiente de Aproveitamento, ou seja, o

índice obtido pela razão da área construída computável e a área do terreno corresponde,

que no caso é igual a 01; a Taxa de Permeabilidade do solo, que corresponde a

proporção entre a área permeável total e a área do terreno, igual 20%; e o gabarito

Máximo, o qual compreende a medida entre o nível do ponto médio da guia e o plano

horizontal que passa pelo ponto mais alto da edificação, o qual é de 02 pavimentos com

no máximo 7,5 metros.

Outras prescrições urbanísticas para a Macro-zona Urbana estão resumidas na

Tabela 3 adaptada do quadro 2 do anexo 1 do referido documento, o qual trata também

de edifícios residenciais multifamiliares, não residenciais e industriais.

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83

Tabela 3: Prescrições Gerais básicas para toda Área Urbana exceto as Áreas Especiais

Uso Índices Urbanísticos

Áre

a d

o lo

te

mín

imo

Testa

da m

ínim

a

do lote

Coerf

icie

nte

de

apro

veitam

ento

básic

o

Recuos fro

nta

is

mín

imos

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rais

e d

e f

un

dos

Ocupação

máxim

a

Perm

eab

ilização

mín

ima

Esta

cio

nam

ento

de a

uto

móvel

Residencial unifamiliar

200,00 10,00 1,0 3,00 0 ou 1,5 80 20 1 vaga para cada

unidade, salvo para

E.H.I.S FONTE: adaptado de Plano Diretor da cidade de Ceará Mirim, 2006.

A seção IV do plano trata dos estacionamentos, a qual intitula que “todo

empreendimento comercial, de serviços, habitacional ou industrial deve prever áreas

destinadas ao estacionamento ou à guarda de veículos, cobertas ou não” (Plano diretor

da cidade de Ceará Mirim, 2016). Podem ser permitidas para a vaga de estacionamento,

dimensões mínimas de 2,40m de largura e 4,50m de comprimento (Art. 71 2º. Parágrafo)

Para efeito de cálculo da área de estacionamento ou guarda, pode ser considerada

a zona decorrente do recuo frontal, sob a condição de que o recuo seja igual ou maior

que 5 metros livres, além dos espaços de passeio e acesso ao lote. (Art. 72.)

A seção V trata da acessibilidade e estabelece que devam ser atendidas as normas

de acessibilidade como estabelecido pela NBR 9050 da ABNT (Associação Brasileira de

Normas Técnicas) e demais normas em vigor (Art. 83). Para edificações residências as

regras determinadas no plano abrangem principalmente o passeio publico.

O passeio deverá possuir largura de no mínimo 1,20m para trânsito de pedestres e

em vias locais com declividade longitudinal paralela ao logradouro limítrofe e declividade

transversal de 1 a 3% em direção ao meio fio (Art. 92). Deve possuir “piso contínuo sem

ressaltes ou depressões, antiderrapante, e piso tátil indicando limites laterais do passeio

e barreiras físicas de, no mínimo, 0,25m” (Art. 85). O artigo 01 indica que qualquer

elemento pertencente à edificação, unicamente pode ser projetado sobre a área de

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84

calçada se atender a altura de 2,20m e balanço de 0,80m. Em se tratando de marquises,

admite-se altura mínima de 2,50 m e balanço máximo de 2/3 da largura da calçada.

O artigo 98 trata das condições de rebaixamento de meio fio, que é designada

somente para dar acesso ao lote e às vagas de estacionamento locadas no recuo frontal

do terreno e às faixas de travessia para pedestres. O rebaixamento deve atender as

premissas de comprimento máximo de rampa de acesso de 0,50m, inclinação máxima

de 8,33%, perpendicular ao alinhamento do lote. Além, disso “o espaço mínimo restante

do passeio ao final da rampa de ser, no mínimo, 0,80m e, no caso de não atendimento, a

rampa deve-se adequar conforme a inclinação mínima exigida pela norma vigente”

(Plano diretor da cidade de Ceará Mirim, 2016).

3.3.2 Minuta de convenção de condomínio: normas construtivas

A minuta de convenção, regularizada sob o foro da Cidade de Ceará Mirim-RN,

estabelece normas de atendimento às especificações de padronização estética e

arquitetônica dos lotes e de suas edificações. O atendimento ao referido documento se

detém às premissas relacionadas e atribuídas ao lote, as quais estabelecem regimentos

construtivos que abrangem recuos, taxa de ocupação, gabarito e outras diretrizes

construtivas além daquelas já determinadas pelo plano diretor do município.

Os recuos são medidos a partir do limite do lote e são obrigatórios tanto para o

pavimento térreo como para o pavimento superior das edificações. Para lotes irregulares,

como o cenário em questão, considera-se o limite frontal a partir daquele com menor

dimensão.

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Tabela 4: Prescrições Urbanísticas da minuta de convenção do condomínio

Padrões construtivos

Recuos Fundo e frontal:

3,00m

Laterais: 1,50 m

Taxa de ocupação

máxima

65%

Gabarito máximo 02 pavimentos

Área de construção

mínima

160m

FONTE: Minuta de convenção de condomínio Bosque da Praia.

Na faixa estabelecida como recuo frontal, será permitido uso somente de lâmina

d’água de piscinas e de jardins. Ao longo do alinhamento frontal dos lotes se admite o

uso exclusivamente de cerca viva e com altura máxima de 1,20 m. Além disso, a minuta

estipula que a construção de muros laterais a partir de uma distância de 5,00m do limite

frontal do lote, com altura máxima de 1,60 m.

No recuo de fundo é concedido o direito de construção de edículas – “construção

complementar à principal, onde, geralmente instalados a área de serviços, as

dependências de empregados ou o lazer” (E-CIVIL, 2000) – sob a condição de possuir um

único pavimento com altura máxima de 3,00m e largura de 6,00m com taxa de ocupação

inferior a 35% da taxa de ocupação da edificação principal.

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3.4 Condicionantes funcionais

3.4.1 Público Alvo

O público alvo se voltará à família proprietária do lote elegido, com o objetivo de,

através de um terreno comercial e um cliente real, o trabalho acadêmico se aproximar

ainda mais de um projeto executivo e preparar a aluna para prática do profissional de

arquitetura.

A família é constituída por um casal, mãe arquiteta e pai engenheiro civil, e dois

filhos ainda crianças, a menina com 7 e o menino com 10 anos. O casal trabalha na

capital do estado, Natal-RN, possuem 2 carros e têm férias no período de veraneiro,

todos os anos. O casal ainda não tem data definida para a execução do

empreendimento, no entanto já sabem a real finalidade do projeto para o lote: uma casa

de praia para ser utilizada nas férias de veraneio e alguns feriados e finais de semana

durante o ano para a família e amigos.

Em relação ao hábitos dos usuários, a família se considera bastante “caseira”: gosta

conhecer praias pela manhã e fazer churrasco no horário de almoço e período da tarde.

Utiliza bastante a casa durante a noite , seja no descanso ou convívio familiar, assistindo

filmes e jantando juntos.

3.4.2 Programa de necessidades

Para satisfazer as necessidades de uso temporário como lazer nos finais de

semana e utilização de maior permanência durante as férias, o programa de

necessidades abrangerá espaços da arquitetura para o entretenimento e descanso, bem

como ambientes de apoio e permanência de uso residencial.

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O programa foi definido a partir de conversas e sugestões com a família e dos

estudos de referência diretos e indiretos, principalmente o projeto Vila Maresias que

exercia o mesmo uso de casa de praia.

Para o setor de entretenimento os clientes desejam, além do grande espaço de

entretenimento que o condomínio clube oferece, uma estrutura de lazer em sua própria

casa, atuando como uma opção que preserve a intimidade da família e como uma forma

de gerar a segurança de tê-la sempre disponível.

É importante para os usuários a existência de espaços comuns de união,

convivência e descanso similares aos encontrados em sua residência fixa: como uma

grande sala de estar para abrigar a família e amigos e espaços mais íntimos como um

home teather.

Como apoio para a realização de todas as atividades realizadas durante a estadia

na residência e para serviços e manutenções que ocorrerão por profissionais durante

todo o ano, os clientes carecem de espaços de apoio/serviço também similares aos que

eles possuem em sua residência fixa.

As necessidades dos clientes encerram no setor íntimo que abrange os dormitórios:

suítes com closet para o casal e para seus dois filhos e suítes para outros familiares e/ou

amigos.

Tabela 5: Programa de necessidades

SETOR LAZER CONVIVÊNCIA ÍNTIMO SERVIÇO

AMBIENTES

Piscina externa Livving +

Lavabo 1 Suíte Master Garagem

Hidromassagem Sala de estar 3 suítes Cozinha

Área gourmet Sala de Jantar Varandas

individuais Área de serviço

Sala de jogos Terraço Home teather Dependência

FONTE: Elaborado pela autora, 2017.

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4. METODOLOGIA E PROCESSO PROJETUAL

Sintetizadas todas as condicionantes projetuais analisadas no capítulo anterior, este

tópico tratará da metodologia adotada para a o processo projetual. Inicialmente

aplica-se metodologia proposta por Laert Neves em seu livro “Adoção do partido na

Arquitetura” a partir da definição de conceito (intenção que se pretende passar com o

projeto) para guiar, mesmo que de forma abstrata, o partido arquitetônico adotado

(as soluções formais aplicadas para alcançar os objetivos do conceito).

Após a fundamentação teórico-conceitual proposta por Neves (1989), se

desenvolve estratégias fundamentadas em parâmetros projetuais específicos de

habitabilidade - conceitos humanizadores propostos por ALEXANDER et al. (1977),

modularidade e sistema estrutural. Em seguida, dá-se continuidade a metodologia de

Neves (1989) a partir da fase denominada pelo autor de “ato criador”, que consiste em

“transpor para o papel, para as plantas, na linguagem própria do desenho, a solução

arquitetônica correspondente à formulação conceitual do projeto” (NEVES, 1989. p.

12), onde são apresentadas as diferentes soluções de espaciais e volumétricas

encontradas durante a evolução das ideias do partido arquitetônico.

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4.1 Habitabilidade e estratégias projetuais

O termo habitabilidade foi adotado por Schmid (2005) ao traduzir o filósofo

alemão Bollnow. É um conceito referente à escala da edificação, o qual busca

atender às necessidades de conforto ambiental e adequação das atividades

domésticas. Além disso, o processo projetual do ambiente construído deve

considerar sensações fisiológicas e psicológicas do usuário, pois quando associadas,

revelam as reações de apego ou desprezo pelo lugar.

Esse conceito busca “um sentido de habitar que preencha as necessidades de

refúgio, isolamento, convivência, ordem e variedade.” (BARROS, 2008, p.90), com o

intuito de alcançar essas necessidades, deve-se considerar, durante a concepção

projetual, estratégias de “harmonia espacial – relação entre conforto ambiental e

privacidade, sentido de lar, opções e flexibilidade”. Em se tratando das estratégias de

harmonia espacial relacionada ao conforto ambiental e privacidade tem-se como

principais parâmetros a orientação solar para espaço externo, a forma alongada, o

gradiente de intimidade, a luz natural interna e as estratégias de privacidade,

ilustradas na Figura 75 (BARROS, 2008, p.91).

Figura 75: Croquis de parâmetros projetuais voltados à harmonia espacial

FONTE: ALEXANDER et al., adaptado por Raquel Barros, 2008.

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Para a estratégia sentido de lar, os principais parâmetros são: gradiente de

intimidade, área comum no centro, a transição na entrada, a circulação interativa, a

circulação com contraste, as vistas, a variação de pé-direito, a sequência de nichos e

o controle de aberturas pelo usuário (BARROS, 2008, p.93).

Figura 76: Croquis de parâmetros projetuais referentes à estratégia sentido de lar

FONTE: ALEXANDER et al., adaptado por Raquel Barros, 2008.

Por fim, voltado à estratégia Opções e flexibilidade têm-se a diversidade de

usuários, o gradiente de intimidade, a flexibilidade de uso, a possibilidade de

expansão, a cozinha integrada, a rigidez gradual e os materiais apropriados.

(BARROS, 2008, p.94).

Figura 77: Croqui de parâmetros projetuais referente a estratégia de opção e flexibilidade

FONTE: Raquel Barros, 2008.

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91

4.2 Conceito

A partir da analise e compilação de todos os estudos e levantamentos anteriores, e

em concordância com o objetivo principal de aplicar a tecnologia construtiva de painéis

monolíticos de EPS em um projeto arquitetônico, o conceito norteador do processo será

a União e Conversão.

A união está relacionada à capacidade de utilizar do sistema construtivo ao seu

favor e unir todos os aspectos de desempenho construtivo que um sistema

industrializado propõe com os princípios de habitabilidade. Assim, os princípios de

modularidade, segurança e racionalidade se unem a aspectos de integração,

funcionalidade, conforto do usuário e estética em um conjunto harmônico.

Em se tratando de sistemas construtivos com vedação autoportante, dentre as

vantagens de racionalidade, economia e desempenho, outros aspectos como solidez e

padronização das formas, além do uso de grande quantidade de paredes, são

comumente assimilados e utilizados. A conversão está intrinsicamente ligada à

capacidade autoportante da tecnologia construtiva, e surge do intuito de se beneficiar de

todas as vantagens apresentadas por ela, transformando o projeto habitualmente rígido e

fechado em um projeto leve e permeável.

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4.3 Partido arquitetônico

O conceito de União e Conversão proposto se concretiza projetualmente através da

fusão de todas as características e potencialidades do processo construtivo em painéis

monolíticos de EPS com as condicionantes compiladas anteriormente. Destaca-se entre

todos os parâmetros de habitabilidade citados, o uso da orientação solar, a forma

alongada, o gradiente de intimidade, a circulação interativa, o controle de aberturas pelo

usuário, a flexibilidade do uso, a integração e os materiais apropriados.

O partido arquitetônico é satisfeito através do uso de cheios e vazios e grandes

beirais em uma construção em dois pavimentos que conformam espacialmente uma

letra L que engloba uma área de lazer interna descoberta.

Relacionado ao conceito de União, área de lazer interna descoberta e envolta pela

edificação atua como ponto de unidade e integração entre o interior e exterior do edifício.

A distribuição espacial em L possibilita a maior interação de todos os ambientes

construídos com o espaço descoberto, ao mesmo tempo em que confina o a área de

lazer para o interior da edificação, dando maior privacidade.

A conversão se consolida na quebra do padrão utilizado atualmente de cubo sólido,

utilizando-se da forma alongada com cheios e vazios proporcionados através de grandes

aberturas, cortinas de vidro e pórticos de proteção solar. Além disso, a conformação

alongada aliada ao uso de balanços e grandes beirais, além de satisfazer o conceito de

união do sistema construtivo com o conforto térmico do usuário, corrobora para a

conversão da rigidez empregada em tecnologias autoportantes, gerando sensação de

leveza na composição formal.

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4.4 Modularidade e sistema estrutural

Tratando-se de sistemas de fabricação industrial, como os painéis em EPS, há

alguns fatores, contudo, que não podem ser negligenciados na concepção dos projetos

que adotem estes sistemas. Em razão do seu caráter racional a tecnologia construtiva

não pode ser posteriormente adaptada a um projeto arquitetônico e projetos

complementares, pois isto se reflete diretamente nos custos e viabilidade de produção e

não justificam seu uso.

Sendo assim, no processo de concepção de projeto utilizou como diretriz a

modularidade da distribuição espacial a partir da padronização e dimensionamento dos

componentes do sistema. É importante destacar que a modularidade não funcionará

como base limitadora, e sim norteadora de formas e possibilidades.

Inicialmente, foi empregado uma malha GRID de 1,20x1.20m em planta baixa,

inserida no terreno dentro dos limites de recuos estabelecidos pelo Plano Diretor do

município (Figura 78). As dimensões são resultado da padronagem dos painéis

monolíticos integrantes do sistema construtivo, os quais possuem largura de 1,20m e

altura variável, de maneira que os cortes dos painéis se detenham apenas a abertura de

esquadrias.

Tendo em vista que o terreno possui dimensão variada ao grid somado aos recuos,

se estabeleceu pontos de partida para o início das linhas guia nos eixos X e Y em relação

ao terreno. No “eixo Y”, o Grid inicia no recuo mínimo na lateral esquerda do lote, para

que a direita resultasse em maior área livre, em detrimento de a fachada estar

perpendicular à Leste, orientação provém os ventos predominantes, como visto no

subcapítulo condicionantes Ambientais (Figura 71: Rosa dos ventos predominantes ao

dia sobre o lote). Além disso, tendo em vista que o mar encontra-se também à Leste, o

espaço livre decorrente desta variação será utilizado em favor de das visuais do usuário

para o mar, distanciando o edifício dos vizinhos e aumentando a privacidade. Em relação

ao “eixo X”, as guias do GRID forram inseridas a partir do recuo mínimo de fundos, para

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que o espaço resultante na testada frontal beneficiasse a visualização e apreciação da

fachada da obra.

Figura 78: Inserção de malha GRID sobre o lote

FONTE: Elaborado pela autora, 2017.

Além das linhas orientadoras do GRID de 1,20x1,20m foram definidos eixos

estruturais, com o objetivo de aplicar conceito de Conversão sobre o projeto. Para se

alcançar os dois pavimentos com o uso de cheios e vazios do partido projetual

utilizando-se dos painéis autoportante do sistema construtivo, foram definidos eixos de

paredes que exercerão função estrutural em uma direção, de maneira que possibilite a

utilização de balanços, vazios e outros elementos de permeabilidade como peles de

vidro na outra direção, gerando a sensação de leveza e satisfazendo o conceito.

A definição dos eixos estruturais foi resultado na análise do formato do lote e da

orientação do terreno em relação a radiação solar. Em virtude de o lote ser mais

alongado, fixar eixos de estrutura no sentido longitudinal do mesmo resulta em vãos com

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dimensões menores com uma quantidade menor de eixos (Figura 79). Não menos

importante, o lote encontra-se implantado com suas maiores testadas voltadas para

Leste e Oeste, as quais possuem maior radiação durante todo o ano. Em detrimento

desta radiação mais incisiva é aconselhado que as fachadas voltadas para estas

coordenadas sejam cegas (sem muitas aberturas), contribuindo para a implementação

dos eixos autoportantes e concedendo as fachadas Norte e Sul a possibilidade de

permeabilidade. Na Figura 79 é possível perceber a escolha de implementação de 4

eixos estruturais- A, B E C- e sua relação com a conformação do terreno e a carta solar

de Ceará Mirim.

Figura 79: Relação de eixos estruturais com o lote e a carta solar

FONTE: Software Solar Tool, 2017, adaptado pela autora.

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4.5 Zoneamento

A partir do estabelecimento da malha GRID de 1,20x1,20m e da orientação dos eixos

estruturais, partiu-se para a definição de zoneamento dos setores e ambientes. Como já

definido em partido arquitetônico, o programa de necessidades do projeto será dividido

em dois pavimentos que conformam uma letra L e englobam uma área de lazer interna

descoberta. Dessa maneira o zoneamento do projeto teve como partida a definicação

dos eixos em que os setores estariam locados.

Inicialmente se estabeleceu que o setor íntimo – composto por suíter marter, 3

demais suítes e varandas privativas – estariam disposto no pavimento superior em

detrimento da privacidade, distanciando esta zona do espaço de convívio e lazer.

Utilizando-se das estratégias de linearidade, este setor se organiza entre dois eixos

estruturais em toda alinhamento longitudianal do terreno, ao mesmo tempo que

possibilita a vista de todos os dormitórios para o mar, como pode-se visualizar na figura

Figura 80.

Figura 80: Zoneamento do pavimento superior

FONTE: Elaborado pela autora, 2017.

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Figura 81: Zoneamento pavimento térreo

FONTE: Elaborado pela autora, 2017.

No pavimento térreo utilizando-se completamente de um dos intervalos estruturais

resta dispor também de forma linear o setor de lazer – que compreende a piscina e

espaço descoberto, hidromassagem, sala de jogos e área gourmet. Condicionado as

dimensões do terreno, o setor de convivência – composto por living, lavabo, sala de estar,

sala de jantar e terraço – foi zoneado seguindo a disposição espacial do setor íntimo no

pavimento superior e permitindo uma maior área descoberta de lazer (Figura 81).

Por fim, a partir de aspectos relacionados à projeção solar e a orientação dos

ventos predominantes, justifica-se a escolha de eixos mais a leste ou a oeste para a zona

construída (setor de convivência, serviço e íntimo) e a zona descoberta. Em consonância

aos hábitos dos usuários de realização de churrascos, e consequente utilização da área

de lazer descoberta, no período vespertino; optou-se por locar o bloco construído à Leste,

para que a área descoberta recebesse Sol à tarde, proveniente da direção Oeste,

ilustrado na Figura 82. Além disso, a inserção do bloco construído a Leste reduz a

ventilação predominante, que pode tornar-se incômoda para o uso da piscina (Figura

83).

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Figura 82: Sobreposição de zoneamento com carta solar

FONTE: Software Solar Tool, 2017, adaptado pela autora.

Figura 83: Sobreposição de zoneamento com ventilação predominante dia

FONTE: Projetee, 2017, adaptado pela autora.

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4.6 Evolução da Proposta

A partir do zoneamento inicial do pavimento térreo e superior, deu-se início ao

processo de desenvolvimento da proposta buscando atender aos aspectos

organizacionais e ideais ao projeto. Foram desenvolvidas três propostas principais até o

resultado final da quarta proposta, justificada no capítulo seguinte (Memorial

Justificativo). Tendo em vista a propriedade autoportante do sistema construtivo em

painéis monolíticos de EPS, partiu-se inicialmente da concepção do pavimento superior -

em razão do setor íntimo necessitar de divisórias o setor de convivência ser mais

integrado – facilitando a o alinhamento no eixo vertical da maioria das paredes.

Na primeira proposta (Figura 84) o pavimento superior é composto por um bloco

linear a Leste com 4 suítes intercaladas por seus respectivos BWCs e closets e com

varandas à direita e hall à esquerda. Com a intenção de configuração em L do pavimento

térreo e aproveitamento da cobertura desse espaço, criou-se um terraço semi-coberto no

pavimento superior. O pavimento térreo é composto por um hall central que permite o

acesso a residência, ao setor de lazer à Oeste, com a sala de jogos e churrasqueira

cobertos e ao setor de convivência e serviço ainda indefinidos à leste. Como é possível

visualizar na figura Figura 84 e Figura 85, além dos recuos já limitados em fase de

definição da malha GRID, o recuo frontal foi utilizado em sua totalidade, seguindo a

angulação da testada frontal do lote.

. No entanto, a locação BWCs entre os dormitórios, mantinham os ambientes

estreitos e compridos. Além disso, o acesso à escada no pavimento superior se dava

pelo terraço, característica pela qual os usuários não teriam privacidade em sua

circulação devido a permeabilidade visual da testada frontal (Figura 85).

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Figura 84: Proposta 01 de distribuição dos ambientes

FONTE: Elaborado pela autora, 2017.

Figura 85: Proposta 01 de volumetria

FONTE: Elaborado pela autora, 2017.

Na segunda proposta, os BWCs dos dormitórios são deslocados para frente dos

mesmos e inseridos closets, de modo que esses ambientes de menor permanência

sirvam como barreira e maior proteção à carga térmica proveniente do Sol poente. No

pavimento térreo é inserida uma garagem coberta para garantir maior segurança e

proteção dos usuários quanto às intempéries. Na Figura 85 percebe-se que a escada da

proposta 01 corta quase que completamente a sala de jogos, a qual possui uma pele de

vidro na fachada (Figura 85). Como alternativa a minimizar a falta de privacidade da

circulação vertical, a escada foi dividida em dois lances, deslocando-se para o hall

central e ganhando um patamar de descanso e segurança como é possível visualizar

nas Figura 86 e Figura 87.

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Figura 86: Proposta 02 de distribuição dos ambientes

FONTE: Elaborado pela autora, 2017.

Figura 87: Proposta 02 de volumetria

FONTE: Elaborado pela autora, 2017.

Na proposta 03, foram realizadas alterações para que a distribuição espacial do

setor íntimo satisfizesse a conformação formal esperada: para transferir o BWC para

dentro da suíte máster e aumentar o tamanho do dormitório, reduziu-se o número de

closets, limitando-os à suíte máster localizada mais a norte e a suíte dos filhos, mais a Sul

(Figura 88). Com a intenção de integrar mais o pavimento superior com o térreo, a sala

íntima do pavimento superior foi removida, abrindo-se espaço para um mezanino com

uma passarela que dá acesso ao terraço. O Pavimento térreo foi mais bem desenvolvido,

reduzindo-se o número de ambientes e divisórias e aumentando-se os espaços

integrados. Como se pode perceber na Figura 88, além da criação do pé direito duplo na

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sala de estar, a escada ganhou uma conformação em duas direções, com a intenção de

se ressaltar esteticamente.

Figura 88: Proposta 03 de distribuição dos ambientes

FONTE: Elaborado pela autora, 2017.

Figura 89: Proposta 03 de volumetria

FONTE: Elaborado pela autora, 2017.

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5. CASA EPS – MEMORIAL JUSTIFICATIVO

Por fim, neste ultimo capítulo a proposta é representada através de uma síntese

técnica, onde são reunidas as justificativas para as escolhas e decisões projetuais que

culminaram no produto proposto.

Objetiva-se justificar a qualidade do projeto arquitetônico a partir do conjunto

normativo da ABRNT NBR 15575:2013 – Desempenho de Edificações Habitacionais, o

qual compreende: requisitos gerais; requisitos para sistemas estruturais; requisitos para

sistemas de piso; requisitos para sistemas de vedações verticais internas e externas;

requisitos para sistemas de cobertura; e requisitos para sistemas hidrossanitários. Tais

requisitos podem ser medidos a partir de parâmetros comuns relativos à segurança

(desempenho mecânico, segurança contra incêndio, segurança no uso e operação),

habitabilidade (estanqueidade, desempenho térmico e acústico, desempenho lumínico,

saúde, higiene e qualidade do ar, funcionalidade, acessibilidade, conforto tátil) e

sustentabilidade (durabilidade, manutenibilidade e adequação ambiental).

5.1 Requisitos Gerais de desempenho

IMPLANTAÇÃO DA OBRA

O terreno já havia passado por processo de análise e beneficiamento pelo

empreendimento que comercializa o lote, o qual não possui riscos de deslizamento,

enchentes, erosões, solo contaminado, proximidade com indústria ou aterro sanitário.

Em detrimento do pequeno desnível, o terreno contará com projeto mínimo de

aterro, como uma forma de prevenir recalques ou outras patologias. Assim será utilizado

um platô alinhado à cota de 5m acima do nível do mar (nível predominante em quase

toda a extensão do terreno). Este aterramento será realizado com o solo proveniente da

escavação da piscina. O platô será executado na área que compreende o radier de

fundação, a qual engloba toda a projeção de bloco construído e piso. Nos recuos frontal,

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lateral e fundo, onde se encontra a área permeável, a topografia original do lote foi

preservada.

INSERÇÃO URBANÍSTICA

O projeto foi desenvolvido com base nas características geomorfológicas do local e

a implantação da obra. O zoneamento no terreno e a conformação espacial em L e

distribuição volumétrica em dois pavimentos foi mantido. No entanto, Durante o processo

de evolução da conformação espacial dos ambientes e da volumetria, o recuo frontal

estava sendo considerado em sua plenitude (Figura 84, Figura 86 e Figura 88), ou seja,

todos os pontos da casa possuíam recuo de 3,00m em relação à testada Norte.

Na ultima proposta apresentada no capítulo anterior (Figura 88), percebeu-se que a

garagem para os carros não necessitava da permeabilidade e ventilação natural

proveniente da localização a leste, e estava em uma zona privilegiada em

desconformidade com o zoneamento inicial proposto. Dessa maneira como forma de

liberar espaço no bloco de convivência e transferir a garagem para a o setor Oeste, se fez

uso do recuo médio, ou seja, recuo de 3,00 m a partir da tangente média da testada do

lote (Figura 90). Assim, obteve-se mais espaço sem perder a visual da fachada frontal

pelo transeunte.

Os recuos laterais e de fundo seguem as premissas estabelecidas para

implementação da malha GRID de 1,20mx1, 20m (capítulo 4.1 Modularidade e Sistema

estrutural). Como é possível visualizar na Tabela 6, todos os recuos seguem as dimensões

mínimas estabelecidas pelo Plano Diretor da cidade de Ceará Mirim.

Em detrimento das prescrições, como o uso de no máximo dois pavimentos, foi

utilizado o gabarito o máximo de 7,50m, para que a edificação ganhasse altura e maior

possibilidade de vistas para o mar no pavimento superior. As áreas e índices urbanísticos

referentes ao empreendimento estão organizados a seguir:

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Tabela 6: Prescrições Urbanísticas adotadas pela casa EPS USO RESIDENCIAL

ZONA URBANA

CARATER DEFINITIVO

QUADRO DE ÁREAS

Área do Lote 475,30 m²

Área construída total 392,69m²

Área de cobertura 260,16 m²

Área de ocupação 236,96 m²

Área permeável 155,64 m²

PRESCRIÇÕES URBANISTICAS DETERMINADAS ADOTADAS

Coeficiente de aproveitamento Máximo 1 0,82

Taxa de ocupação Máximo 65% 49,85%

Taxa de permeabilidade Mínimo 20% 32,74%

Recuo Frontal/Fundos Mínimo 3,00m/3,00m 3,03m/3,00m

Recuo laterais Mínimo 1,50m/1,50m 1,50m/1,55m

Gabarito Máximo 7,50m 7,50m FONTE: adaptado de Plano Diretor da cidade de Ceará Mirim, 2006 e Minuta de Convenção de Condomínio

Bosque da Praia.

O acesso ao lote se dá pela testada frontal: para o pedestre através da calçada do

condomínio com caminho até a edificação e para os veículos através de pequeno

rebaixo em chanfro na calçada.

A implantação da edícula no recuo de fundos atende as recomendações

específicas da minuta do condomínio possuindo largura total de 6,00m e gabarito de

3,00m. Em relação à profundidade, foram utilizados os 3,00m de recuo de fundo mais um

modulo de 1,20m à frente, aumentando assim o apoio de área coberta para a área de

lazer.

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Figura 90: Planta de cobertura e locação com recuos

FONTE: Elaborado pela autora, 2017.

SOLUÇÕES FUNCIONAIS

O projeto final atende todas as necessidades físico-espaciais dos usuários, através de

grandes ambientes que unem integração e privacidade, conforto do usuário e estética,

atendendo ao conceito proposto no Capítulo 4.

A disposição dos ambientes se deu de acordo com as inter-relações entre as zonas e

funções. No pavimento térreo utilizou-se do hall como acesso principal à edificação e

elemento de articulação para conectar todos os ambientes neste piso, como também

englobar a circulação vertical – acesso aos ambientes do pavimento superior. O pé

direito duplo, presente neste ambiente, permite que os dois pavimentos se relacionem

através das visuais do mezanino. Além da centralidade do ambiente, elementos como o

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uso de porta de correr de vidro, permitem a permeabilidade e integração com o home

cinema, a sala integrada e a área de lazer externa. Em alternativa a proteção do usuário

que venha de carro em dias de chuva, um segundo acesso foi criado, conectando a

garagem à sala de jogos e logo ao hall (Figura 91).

Figura 91: Planta de Layout Pavimento Térreo

FONTE: Elaborado pela autora, 2017.

Como já mencionado, a sala de estar, jantar e cozinha integrada não possuem

divisórias internas e estão implantadas na zona mais privilegiada em razão da sua

permanência. Assim, o ambiente alongado e livre possui grandes portas à Leste e à

Oeste, possibilitando a ventilação cruzada e conforto térmico dos usuários.

Para o Home cinema, que se localiza no mesmo bloco, utilizou-se de divisória em

painéis compostos por venezianas ajustáveis de madeira maciça. O painel possibilita o

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isolamento deste ambiente, em razão de seu uso e as paredes também em venezianas

de madeiras favorecem ao desempenho acústico do ambiente, pois a irregularidade da

superfície reduz a reverberação e a parede em painel monolítico de EPS funciona como

isolante acústico.

Seguindo o zoneamento inicial e a distribuição espacial da evolução da proposta, o

setor de serviço mantem-se a sul do bloco, funcionando como apoio, ao mesmo tempo

em que interliga a cozinha à área Gourmet. A área gourmet dá acesso ao deck lateral

seco - com função de espaço de descanso e contemplação, tendo em vista que este

encontra-se sombreado em grande parte do dia, com exceção do período do meio dia –

bem como acesso ao deck de chuveiros, em nível rebaixado.

A circulação vertical é satisfeita através de uma escada do tipo cascata constituída

por bloco de EPS, que dá acesso a uma pequena passarela no pavimento superior. Esta

última interliga o terraço parcialmente coberto com a circulação dos dormitórios. Como

proteção à possível entrada de chuva, proveniente destes ambientes descobertos,

através do mezanino do hall central; foi instalada uma cortina automática de rolo,

composta com um perfil micro transvision furado de alumínio, que permite a ventilação e

transparência.

A distribuição espacial dos dormitórios, banheiros e closets, bem como a circulação

comum e varandas privativas, seguem os mesmos princípios definidos na terceira

proposta do capítulo anterior (Figura 88). Esta proposta final pode ser visualizada na

Figura 92; nela é possível perceber a integração ente o pavimento superior com o térreo

e área de lazer, com todos os espaços abertos, com exceção dos dormitórios.

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Figura 92: Planta de Layout Pavimento Superior

FONTE: Elaborado pela autora, 2017.

SOLUÇÕES VOLUMÉTRICAS

A fachada transmite de forma concreta o conceito de conversão estabelecido no

capítulo 4 e segue as premissas do partido projetual através, principalmente, dos grandes

beirais de laje em balanço, espaços abertos, pele de vidro. Além disso, estratégias como

a utilização de revestimentos de destaque nas paredes longitudinais estruturais e de de

pintura branca no restante, gera a sensação de leveza e de que as lajes estão flutuando

(Figura 93).

Na área de lazer descoberta, a piscina possui papel de destaque, a começar por

sua relação com elementos do edifício como o grande pórtico do terraço e a sala de

jogos com pele de vidro, ao adentrar a mesma com o uso de hidromassagem. Estas

intersecções destacam ainda mais o conceito de união do projeto (Figura 94).

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Destaca-se também a escada da piscina, que conforma esteticamente e dá acesso

de maneira confortável e segura à piscina adulta e à piscina infantil. Elementos como a

cascata e o uso de vegetação com diferentes alturas nos recuos e dento da escada da

piscina conferiu dinamismo ao espaço (Figura 94).

Figura 93: Solução volumétrica da fachada

FONTE: Elaborado pela autora, 2017.

Figura 94: Soluções volumétricas da área de lazer

FONTE: Elaborado pela autora, 2017.

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5.2 Sistema Construtivo e Desempenho Estrutural

O material é inerte e não sofre agressão de agentes biológicos. Um dos aspectos

que garantem a durabilidade da edificação é o atendimento à ABNT NBR 6118:2014,

atendendo, por exemplo, ao cobrimento mínimo da tela eletrossoldada na parede

acabada”, afirma Alberto Foresti, gerente de construção civil da Termotécnica. “A

resistência mecânica é garantida pelas telas de aço interligadas por conectores de aço e

camada de micro concreto de pelo menos 25 Mpa”. (TEMSUSTENTÁVEL, 2017)

Os eixos estruturantes do projeto seguiram a mesma direção e quantidade prevista

no processo projetual do Capítulo 4. À medida que os ambientes foram relocados e

dimensionados, os vãos entre os eixos estruturais mudaram para atender as

necessidades de uso de cada espaço (Figura 95). Sendo assim, o vão “AB” aumentou

para 5 módulos de 1,20m da malha GRID (6,00 m totais) para atender a área de dois

carros na garagem que se encontra nesse trecho.

Já o vão “BC” foi reduzido para um total de 3 módulos (3,60 m), em virtude do

aumento da área de convivência gerado pela relocação da garagem, o espaço se será

destinado apenas a acessos e circulação.

Por fim, o vão “CB” permanece com as mesmas dimensões de 5 módulos (6,00 m),

justificado principalmente pela necessidade gerada através distribuição espacial do setor

íntimo do pavimento superior.

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Figura 95: Eixos estruturais

FONTE: Elaborado pela autora, 2017

Ao todo foram utilizados 3 dimensões de painéis monolíticos de EPS. Para os eixos

estruturais, tanto no pavimento inferior como no superior, foram pré-dimensionados

paredes com espessura de 19 cm, destas, 12 cm compreende ao bloco de poliestireno

expandido reforçado por conectores de aço médio carbono (2,76mm de diâmetro) e telas

de malha de aço baixo carbono (2,1 a 5 mm de diâmetro), ambos galvanizados. Os 7 cm

restantes compreendem as duas camadas de microconcreto (fck=25 MPa) nas laterais

do painel.

As outras paredes do pavimento inferior possuem dimensões de 17 cm, dos quais

diferencia-se do estrutural principal a espessura do bloco de poliestireno de 10 cm, com

o restante dos componentes equivalentes. Estas auxiliaram na absorção das cargas do

pavimento superior e redução do tamanho das lajes e vãos.

No pavimento superior, as paredes que estão fora dos eixos estruturais, são

compostas por painéis de 15 cm de espessura total (segue os mesmos elementos, tipo e

dimensões, salvo o bloco de EPS com 8 cm de espessura). Para as paredes que, mesmo

fora dos eixos citados, se prolongarão na platibanda da cobertura ou estão nos limites da

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laje do reservatório superior, recebem o mesmo tipo de painel de 17 cm citados

anteriormente, em detrimento dos pontos de carga e tensão as quais estão sujeitas.

A laje utilizada será a laje monolítica laje fácil, fornecida pela empresa Paredes

Betel, descrita no capítulo 1. A laje possui painel semelhante ao utilizado na vedação

vertical, com a diferença de não possuir superfície plana e as cavidades funcionarem

como espera para a armadura positiva. O projeto utiliza duas espessuras de laje no

projeto: em razão da carga, a laje do pavimento superior possui 18 cm - destes 4cm são

se recobrimento em concreto armado, 10 de laje fácil e o restante de acabamento-

enquanto que a laje da cobertura possui 15 cm de espessura total, dos quais 4cm são se

recobrimento em concreto armado, 8 de laje fácil e o restante de acabamento e

impermeabilização.

5.3 Sistemas Prediais

RESERVATÓRIO SUPERIOR

A partir da normativa NBR 5626 que trata de Instalação Predial de Água Fria de 1998

estabelece que para edificações com função residencial o consumo varia entre 150 a 400

L por pessoa,. Para o projeto em exercício admitirá 150 litros por pessoa, levando-se em

consideração o esporádico da edificação pelos usuários somados a aspectos

relacionados ao clima quente e uso de lazer e praia como a frequência de uso elementos

como piscina, lavanderia e banheiros. A NBR estabelece também, que para o uso

doméstico um reserva de 1 dia, no entanto com recomendação de 2 dias.

Para o cálculo da capacidade máxima de pessoas por quarto tem-se que 2 pessoas

por quarto para área menor que 12 m² e 3 pessoas para área maior que 12 m². Sendo

assim tem-se que para o projeto em questão, com 3 quartos maiores que 12 m, a suíte

do casal e 1 dependência de empregada, o total de 12 pessoas. Logo tem-se que 12 x

150 x 2 = 3.600 L.

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A instalação de água potável contará com reservatório superior com duas caixas

d’água de 2.000L que trabalhe com pressão positiva. O reservatório será coberto com

telha de fibrocimento e estrutura em madeira, evitando o acúmulo de água e

desenvolvimento de larvas e outros organismos, além de reduzir a radiação e ganho de

calor nas caixas d’água.

O projeto é desprovido de fossa séptica, devido o condomínio prover de

miniestação de tratamento de esgoto, de acordo com as normas respectivas normas

técnicas que tratam de projeto, construção e operação de tanques sépticos. As

instalações de esgoto impedem a retrossifonagem ou quebra do selo hídrico e caixas de

inspeção e de gordura devem ser projetadas de acordo com normatização

correspondente (NBR 8160), hermeticamente fechadas, sem risco de retorno de espuma

e rejuntadas as tampas com massa podre.

Além disso, foram criados nas varandas individuais dos dormitórios, espaços

semifechados para a locação dos condicionadores do sistema de resfriamento ativo.

Utilizando-se dos painéis em brises de madeira, a ventilação e troca de calor das

máquinas é garantida, sem atrapalhar a utilização da varanda e a estética da fachada

leste.

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5.4 Conforto Ambiental

As questões de conforto abordam diversos fatores, tais como qualidade do ar,

condições de ventilação, níveis de iluminação, configuração espacial, materiais de

acabamento. Os elementos construtivos podem ser avaliados em relação às patologias e

às questões de manutenção e higiene. Estudos mostram que o desempenho

insatisfatório do conforto térmico altera a percepção do usuário sobre os demais itens

(acústico, lumínico e ergonômico),

Dentre as estratégias passivas para garantir o desempenho lumínico e térmico, está

à utilização da permeabilidade através do uso de grandes aberturas e esquadrias. As

aberturas além de proporcionarem ventilação natural e iluminação difusa, podem

interferir no desempenho térmico da edificação, pois caso não se utilize de proteções

solares adequadas, podem permitir a entrada de radiação direta e consequentemente

aumento de carga térmica. A escolha das esquadrias e proteções solar em projeto tem o

objetivo de alcançar um estado de equilíbrio entre a capacidade de ventilação natural

cruzada e a iluminação natural difusa (consequência de céu visível). Para definir e

justificar o tipo e quantidade a ser empregada, analisou-se o diagrama de mascara de

sombra das principais e mais críticas aberturas. Para isso, foi necessário alimentar o

banco de dados do software Solar Tools com as coordenadas geográficas da cidade de

Cerá Mirim / RN, que são: latitude -5.63 e longitude -35.42, e com os respectivos azimutes

e dimensões de cada esquadria e proteção solar. A seguir, encontram-se descritas e

ilustradas as análises de eficiência de sombreamento dos protetores solares no software.

A fachada Leste da edificação possui um tipo principal de esquadria: porta de correr

em vidro e alumínio medindo dimensões de 2,30m de largura x 2,75m de altura que se

repete ao longo da mesma. No pavimento térreo as aberturas estão inseridas na sala

integrada e cozinha e possui como bloqueio parcial a insolação o muro lateral medindo

1,60m. Além do muro foi utilizou-se da marquise, proveniente do alongamento da sacada

do pavimento superior, tendo em vista que sua utilização será mais próxima do meio dia

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e a noite e não necessita de bloqueio total da radiação direta. Como pode ser visualizado

na Figura 96, a esquadria está 100% nos horários mais críticos das 10 as 12:00h, com

sombreamento entre 80 e 30% das 6 às 10:00h ,respectivamente sem perca de céu

visível, durante todo o ano.

Figura 96: Análise de esquadria no térreo, fachada Leste em solstício de inverno

FONTE: Elaborado pela autora a partir de software Solar Tool.

Ainda na fachada Leste, a mesma esquadria é aplicada em todos os dormitórios do

pavimento superior, com a função, além de acesso as sacadas com vista para o mar, de

iluminação natural e ventilação cruzada. Em detrimento do uso do ambiente no começo

da manhã, a orientação leste exige que para proteção da radiação solar direta nesse

horário, se utilize de brises horizontais com angulação. Sendo assim, foram aplicados

painéis de brises deslizantes, que permitem a flexibilidade de seu uso ou não. Os painéis

são com postos por 20 peças de brise com espessura de 10 cm e angulação de 45°. A

Figura 97 mostra que o conjunto de proteção tem eficiência de 100% no horário das 8 as

11:30h, com sombreamento entre 70 e 30% das 6 às 8:00h ,respectivamente sem perca

de céu visível, durante todo o ano.

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Figura 97: Análise de esquadria pavimento superior, fachada Leste em Equinócio

FONTE: Elaborado pela autora a partir de software Solar Tool.

A orientação Oeste possui recomendações idênticas à leste, em detrimento da

radiação mais frontal durante todo o ano. Nesta fachada utilizou-se na sala integrada e

cozinha a mesma esquadria empregada na fachada leste, com o objetivo de utilização

de ventilação cruzada. Verifica-se na que a esquadria mais exposta a radiação direta

ainda apresenta bom desempenho de proteção alto, resultado da marquise maior,

proveniente da circulação do pavimento superior de 1,80 m de profundidade. O muro

lateral não exerce função de proteção, no entanto reduz muito pouco a perda de ceú

visível e consequentemente iluminação difusa em razão de sua distância e altura de

1,60m, como pode ser visualizada na Figura 98.

Figura 98: Análise de esquadria pavimento térreo, fachada Oeste em Equinócio.

FONTE: Elaborado pela autora a partir de software Solar Tool.

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Na fachada Norte, em razão de suas qualidades quanto a iluminação natural difusa

e recomendações de grandes aberturas, utilizou-se de uma grande pele de vidro e

alumínio medindo um total de 7,66m de largura por 2,70m de altura, a qual engloba a

suíte Master e circulação lateral. O uso de uma grande marquise suspensa de 2,40m é

justificada pela qualidade de iluminação difusa e 100% e desempenho de proteção

contra a radiação solar direta das 8 as 15:00h durante o equinócio e até mesmo o

solstício de inverno (angulação solar que mais atinge a orientação Norte), ilustrado na .

Figura 99: Análise de pele de vidro da fachada Norte em Solstício de Inverno

FONTE: Elaborado pela autora a partir de software Solar Tool.

Assim como a fachada Norte, a Sul é também uma das mais adequadas para

abertura de grandes vãos e possibilidade de iluminação natural com uso de pouca

proteção solar. Fazendo uso desta característica, utilizou-se também uma grande pele de

vidro de 9,40m de largura por 2,80m de altura composta também por vidro e alumínio e

compreende o espaço do salão de jogos e do hall central. Através da Figura 100 é

possível perceber que o elemento tem como proteção uma laje de cobertura que

engloba parcialmente o terraço localizado no pavimento superior, com a intenção de se

utilizar desta mesma marquise, se prolongou a parede lateral e a laje em 2,40m, gerando

um grande pórtico de proteção. O elemento bloqueia em 100% de eficiência a incidência

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de radiação solar direta e permite 100% de céu visível livre durante todos os horários do

dia no equinócio e até mesmo no solstício de verão.

Figura 100: Análise de pele de vidro da fachada Norte em Solstício de verão

FONTE: Elaborado pela autora a partir de software Solar Tool.

Além da já citada iluminação natural, a orientação da edificação no terreno, sua

disposição geométrica e aberturas, irão definir a capacidade de diferença de pressão dos

ventos e utilização de resfriamento passivo e renovação do ar. A partir das análises físico-

ambientais desenvolvidas no capítulo 4, implantou-se o maior número possível de

aberturas na fachada Leste, possibilitando a ventilação cruzada no sentido transversal

neste setor da edificação, além de possibilitar a permeabilidade do vento para a área de

lazer, que encontra-se enclausurada pela edificação como um todo. A zona Oeste foi

desenvolvida com o intuito de ser beneficiado, principalmente, pela ventilação

proveniente da coordenada Sul.

Com o objetivo de confirmar a qualidade das decisões projetuais explicitadas acima e a

capacidade de ventilação natural do projeto, foram elaboradas análises da diferença de

pressão das fachadas e comportamento da velocidade do vento proveniente de Leste e

Sul. Através da inserção do projeto no Software Slow Design, aplicando-se as

coordenadas da Cidade de Ceará Mirim, ventilação com velocidade média de 6m/s e

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orientações adequadas da edificação no terreno, obtiveram-se as simulações a seguir

descritas e ilustradas.

Os ventos predominantes da coordenada Sul comportam-se como previsto, com

bastante pressão sendo interrompida pelo muro lidero do condomínio, o qual possui

altura significativa (Figura 101). A

Figura 102 confirma que essa ventilação começa a ganhar maior pressão no

pavimento superior da zona Oeste onde se encontra o terraço.

Figura 101: Simulação de coeficiente de pressão de vento Sul em planta baixa

FONTE: Elaborado pela autora a partir de software Slow Design.

Figura 102:Simulação de coeficiente de pressão de vento Sul em fachadas Leste e Oeste

FONTE: Elaborado pela autora a partir de software Slow Design.

Com relação aos ventos predominantes da orientação Leste, a análise confirma sua

eficiência para utilização da ventilação cruzada: a diferença de pressão existente entre as

fachadas opostas seja no pavimento térreo, seja no pavimento superior, em conjunto

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com a distribuição de abertura para entrada e saída de ar, possibilitam a remoção do

calor através da ventilação cruzada.

Figura 103: Simulação de coeficiente de pressão de vento Leste em planta baixa

FONTE: Elaborado pela autora a partir de software Slow Design.

Figura 104: Simulação de coeficiente de pressão de vento Leste em fachada Leste

FONTE: Elaborado pela autora a partir de software Slow Design.

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6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Através da construção deste trabalho final de graduação foi possível validar, em

meio ao processo de melhoria na qualidade da construção civil, o profissional arquiteto e

urbanista como intermediador das soluções disponibilizadas pelo mercado. Por se tratar

de um processo construtivo racional, esta tecnologia – quando definida sua utilização em

um projeto, seja arquitetônico ou complementar - deve respeitar as características,

propriedades do material e dimensões dos painéis, não se admitindo adaptações

posteriores, o que negaria os princípios da racionalização da construção. A conexão

entre a concepção de arquitetura e a escolha do sistema construtivo é essencial para

que o executor, proprietário, e o usuário final tenham maior possibilidade de aplicar as

novas tecnologias disponíveis e consequentemente desfrutar dos seus benefícios.

Quanto ao processo de estudo e compilação teórica, destaca-se a dificuldade de

encontrar informações em bibliografias sobre o sistema construtivo, bem como normas

de padronização do sistema construtivo, limitando a fontes como sites e catálogos dos

fornecedores.

O trabalho atendeu ao objetivo principal de empregar a tecnologia construtiva a um

projeto arquitetônico. Através dos estudos realizados no referencial teórico e analisados

durante o referencial empírico foi possível apontar as características principais do

sistema construtivo e seus benefícios como uma nova tecnologia a ser empregada de

forma mais difundida no projeto de arquitetura. Além disso, as elaborações dos capítulos

relacionados às condicionantes projetuais bem como análise de aspectos de

desempenho relacionados ao conforto satisfazem o objetivo inicial de Identificar as

diretrizes/aspectos de conforto ambiental a serem atendidas pelo projeto de residência

litorânea e pela tecnologia construtiva empregada.

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O produto final de projeto arquitetônico desenvolvido para execução em painéis

monolíticos de EPS pré-fabricados demonstrou a importância do conhecimento do

sistema construtivo destinado para o edifício, para que o projeto esteja adaptado com

informações pertinentes à empresa fornecedora das peças pré-fabricadas e à empresa

de execução competente. Além disso, destaca-se a importância da adaptabilidade do

projeto as necessidades da tecnologia construtiva, bem como das limitações e

potencialidades da mesma.

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APÊNDICES

1 -Perspectiva Fachada Frontal

3 - Perspectiva Área de lazer (vista para Norte)

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4 - Perspectiva Área de lazer (vista para Sul)