Módulo 3 -...

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1 201 Módulo 3 Atividades Adicionais Português 1. (MACK) Sobre Lima Barreto, é incorreto afirmar que: a) apresenta, em sua obra, aspectos característicos dos subúrbios do Rio de Janeiro. b) sua linguagem afasta-se dos modelos “bem-com- portados” da literatura do final do século XIX. c) seus personagens são, muitas vezes, representan- tes das camadas menos favorecidas da sociedade. d) critica a sociedade burguesa de uma forma ríspi- da, agressiva, sem qualquer manifestação de hu- mor, sátira ou ironia. e) é estudado como pré-modernista, pois se posicio- na de forma crítica diante de um Brasil considera- do velho em suas instituições. 2. (USF) Pode-se entender o Naturalismo como uma particularização do Realismo, que: a) se volta para a natureza a fim de analisar-lhe os processos cíclicos de renovação. b) pretende expressar com naturalidade a vida sim- ples dos homens rústicos nas comunidades primi- tivas. c) defende a arte pela arte, isto é, desvinculada de compromissos com a realidade social. d) analisa as perversões sexuais, condenando-as em nome da moral religiosa. e) estabelece um nexo de causa e efeito entre alguns fatores sociológicos e biológicos e a conduta das personagens. 3. (FCC) Em Os Sertões, de Euclides da Cunha, a natureza: a) condiciona o comportamento do homem, de acordo com as concepções do determinismo cien- tífico de fins do século XIX. b) é o objeto de uma descrição romântica impregnada dos sentimentos humanos do autor. c) funciona como contraponto à narração, ressaltando o contraste entre o meio inerte e o homem agressivo. d) é tema da primeira parte da obra, A Terra, mas não funciona como elemento determinante da ação. e) é cenário desolador, dentro do qual vivem e lutam os homens, que podem transformá-la, sem que se- jam por ela transformados. 4. (PAS-UFLA) Sobre a obra “O Mulato”, de Aluísio Azevedo, constituem aspectos relevantes os citados nas seguintes alternativas, exceto: a) crítica social. c) aspecto sexual. b) triunfo do mal. d) tolerância racial. 5. (PAS-UEPA) Em Camilo Pessanha, simbolista, assim como nos ultrarromânticos, depara-se com um pessi- mismo que se faz expressão de um eu lírico atormen- tado pela própria existência. Para esse eu lírico, a pró- pria existência é sua inimiga, a barbárie individualista do eu contra o próprio eu, ou ainda contra quem ama. Baseado nessa afirmação, assinale a estrofe camiliana que mais se aproxima da barbárie individualista da luta do eu contra si mesmo ou contra quem lhe é próximo. a) “Ó minha pobre mãe ! ... Não te ergas mais da cova. Olha a noite, olha o vento. Em ruína a casa nova... Dos meus ossos o lume a extinguir-se breve.” b) “Chorai arcadas Do violoncelo Convulsionadas Pontes aladas De pesadelo...” c) “Em redor do teu vulto é como um véu! Quem as esparze – quanta flor! – do céu, Sobre nós dois, sobre os nossos cabelos?” d) “Ao longo da viola morosa Vai adormecendo a parlenda Sem que, amadornado, eu atenda A lenga-lenga fastidiosa.” e) “Fez-no bem, muito bem, esta demora: Enrijou a coragem fatigada ... Eis os nossos bordões da caminhada, Vai se rompendo o sol: vamos embora.” (PAS-UEPA) Leia o texto a seguir para responder à ques- tão 6. Respirando os ares da modernidade literária, a esté- tica simbolista revela-se uma reação artística à referen- cialidade que violentamente restringe a palavra poética ao mundo das coisas e conceitos. No intuito de libertar

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Módulo 3

Atividades Adicionais Português

1. (MACK) Sobre Lima Barreto, é incorreto afirmar que:

a) apresenta, em sua obra, aspectos característicos dos subúrbios do Rio de Janeiro.

b) sua linguagem afasta-se dos modelos “bem-com-portados” da literatura do final do século XIX.

c) seus personagens são, muitas vezes, representan-tes das camadas menos favorecidas da sociedade.

d) critica a sociedade burguesa de uma forma ríspi-da, agressiva, sem qualquer manifestação de hu-mor, sátira ou ironia.

e) é estudado como pré-modernista, pois se posicio-na de forma crítica diante de um Brasil considera-do velho em suas instituições.

2. (USF) Pode-se entender o Naturalismo como uma particularização do Realismo, que:

a) se volta para a natureza a fim de analisar-lhe os processos cíclicos de renovação.

b) pretende expressar com naturalidade a vida sim-ples dos homens rústicos nas comunidades primi-tivas.

c) defende a arte pela arte, isto é, desvinculada de compromissos com a realidade social.

d) analisa as perversões sexuais, condenando-as em nome da moral religiosa.

e) estabelece um nexo de causa e efeito entre alguns fatores sociológicos e biológicos e a conduta das personagens.

3. (FCC) Em Os Sertões, de Euclides da Cunha, a natureza:

a) condiciona o comportamento do homem, de acordo com as concepções do determinismo cien-tífico de fins do século XIX.

b) é o objeto de uma descrição romântica impregnada dos sentimentos humanos do autor.

c) funciona como contraponto à narração, ressaltando o contraste entre o meio inerte e o homem agressivo.

d) é tema da primeira parte da obra, A Terra, mas não funciona como elemento determinante da ação.

e) é cenário desolador, dentro do qual vivem e lutam os homens, que podem transformá-la, sem que se-jam por ela transformados.

4. (PAS-UFLA) Sobre a obra “O Mulato”, de Aluísio Azevedo, constituem aspectos relevantes os citados nas seguintes alternativas, exceto:

a) crítica social. c) aspecto sexual.b) triunfo do mal. d) tolerância racial.

5. (PAS-UEPA) Em Camilo Pessanha, simbolista, assim como nos ultrarromânticos, depara-se com um pessi-mismo que se faz expressão de um eu lírico atormen-tado pela própria existência. Para esse eu lírico, a pró-pria existência é sua inimiga, a barbárie individualista do eu contra o próprio eu, ou ainda contra quem ama.Baseado nessa afirmação, assinale a estrofe camiliana que mais se aproxima da barbárie individualista da luta do eu contra si mesmo ou contra quem lhe é próximo.

a) “Ó minha pobre mãe ! ... Não te ergas mais da cova. Olha a noite, olha o vento. Em ruína a casa nova...Dos meus ossos o lume a extinguir-se breve.”

b) “Chorai arcadasDo violonceloConvulsionadasPontes aladasDe pesadelo...”

c) “Em redor do teu vulto é como um véu!Quem as esparze – quanta flor! – do céu,Sobre nós dois, sobre os nossos cabelos?”

d) “Ao longo da viola morosaVai adormecendo a parlendaSem que, amadornado, eu atendaA lenga-lenga fastidiosa.”

e) “Fez-no bem, muito bem, esta demora:Enrijou a coragem fatigada ...Eis os nossos bordões da caminhada,Vai se rompendo o sol: vamos embora.”

(PAS-UEPA) Leia o texto a seguir para responder à ques-tão 6.

Respirando os ares da modernidade literária, a esté-tica simbolista revela-se uma reação artística à referen-cialidade que violentamente restringe a palavra poética ao mundo das coisas e conceitos. No intuito de libertar

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a linguagem poética, o Simbolismo explora diversos re-cursos sensoriais a fim de sugerir mistérios. Simbolista, Alphonsus de Guimaraens escreve muitos textos que apelam para o símbolo visual, a imagem, carregado de insinuações de misticismo e morte.

6. Marque a alternativa cujos versos se relacionam ao comentário acima.

a) Queimando a carne como brasas,Venham as tentações daninhas,Que eu lhes porei, bem sob as asas,A alma cheia de ladainhas.

b) Quando Ismália enlouqueceu,Pôs-se na torre a sonhar...Viu uma lua no céu,Viu outra lua no mar.

c) Encontrei-te. Era o mês... Que importa o mês? agosto,Setembro, outubro, maio, abril, janeiro ou março,Brilhasse o luar, que importa? ou fosse o sol já posto,No teu olhar todo o meu sonho andava esparso.

d) Lua eterna que não tiveste fases,Cintilas branca, imaculada brilhas,E poeiras de astros nas sandálias trazes...

e) Venham as aves agoireiras,De risada que esfria os ossos...Minh’alma, cheia de caveiras,Está branca de padre-nossos.

7. (PAS-UEPA) Leia os excertos abaixo e construa uma correlação de sentido entre os mesmos.

Carpe diemQue faço deste dia, que me adora?Pegá-lo pela cauda, antes da horaVermelha de furtar-se ao meu festim?Ou colocá-lo em música, em palavra,Ou gravá-lo na pedra, que o sol lavra? Força é guardá-lo em mim, que um dia assimTremenda noite deixa se ela ao leitoDa noite precedente o leva, feito Escravo dessa fêmea a quem fugiraPor mim, por minha voz e minha lira.

(Mas já de sombras vejo que se cobreTão surdo ao sonho de ficar – tão nobre.Já nele a luz da lua – a morte – mora,De traição foi feito: vai-se embora.)

Mário Faustino

“Cantem outros a clara cor virenteDo bosque em flor e a luz do dia eterno...Envoltos nos clarões fulvos do oriente,Cantem a primavera: eu canto o inverno.

[...]Cantam a vida, e nenhum deles senteQue decantando vai o próprio inferno.

Cantam esta mansão, onde entre prantosCada um espera o sepulcral punhadoDe úmido pó que há de abafar-lhe os cantos...

Cada um de nós é a bússola sem norte.Sempre o presente pior do que o passado.Cantem outros a vida: eu canto a morte.”

Alphonsus de Guimaraens

Como se depreende da leitura dos versos de Mário Faustino e Alphonsus de Guimaraens, a relação do Homem com a vida e com a morte tem produzido, ao longo da história, diversas atitudes culturais. Analise os comentários abaixo, fundamentados nessa diver-sidade cultural, e assinale a alternativa correta.

a) Nos versos de Alphonsus, há imagens sensuais, à beira do erotismo, cuja origem está no paganismo greco-latino e, nos de Mário Faustino, imagens cristãs de religiosidade medieval.

b) Enquanto Alphonsus usa pares opositivos como primavera/inverno e vida/morte para metaforizar seu desencanto pela existência material, Mário opõe claridade e escuridão para exprimir suas ideias poéticas.

c) A noção de transitoriedade das coisas está presente nos versos de Mário Faustino, que tematizam o Carpe Diem, mas não nos versos de Alphonsus, que tematizam a morte.

d) A conclusão a que Mário Faustino chega, ao final de seu poema, contradiz de forma total a percep-ção de Alphonsus de Guimaraens sobre o tema.

e) As imagens da natureza usadas pelos dois poetas para falar sobre a vida e a morte resgatam a visão cultural do século XVIII, época do Arcadismo, por associar o cenário às noções de equilíbrio e per-feição.

(PAS-UEPA) Leia texto a seguir para responder à questão 8.

“Como aludido, Ricardo Reis é um poeta doutrinário. Ele considera a existência humana um jogo em que, por definição, sairemos derrotados – o xeque-mate nos é aplicado pelas mãos hábeis e insondáveis do Destino.”

OLIVEIRA, Paulo. In Revista Discutindo Literatura.Ano 1. Ed. 2a.

8. Segundo a citação acima, Ricardo Reis – heterônimo pagão de Fernando Pessoa – põe a existência humana nas mãos das forças irrevogáveis do Destino. Há mo-

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mentos em que seus versos inflamam-se de tamanha consciência da brevidade da vida, que beiram um pessimismo esnobe por considerar-se único sabedor de que tudo passa. Deste modo investe-se de certo didatismo e convida o leitor a atentar para a consciên-cia de que nada somos, de que nada sabemos. Com base na citação e na afirmação anterior, interprete os versos em que o poeta, afastando-se dessa linha, pro-põe uma meta apenas para si próprio.

a) Ninguém, na vasta selva virgemDo mundo inumerável, finalmenteVê o Deus que conhece.

b) Seja qual for o certo, Mesmo para com essesQue cremos sejam deuses, não sejamosInteiros numa fé talvez sem causa.

c) Deixemos, Lidia, a ciência que não põe Mais flores do que a Flora pelos mesmos camposNem dá de Apolo ao carroOutro curso que Apolo.

d) Quero ignorado, e calmo Por ignorado, e próprioPor calmo encher meus dias.De não querer mais deles.

e) Não te destines que não és futura.Quem sabe se, entre a taça que esvazias,E ela de novo enchida, não te há sorteInterpõe o abismo?

9. (PAS-UFV) Leia atentamente o poema:

Um beijoFoste o beijo melhor da minha vida,Ou talvez o pior...Glória e tormento,Contigo à luz subi do firmamento,Contigo fui pela infernal descida!

Morreste, e o meu desejo não te olvidaQueimas-me o sangue, enches-me o pensamento,E do teu gosto amargo me alimento,E rolo-te na boca malferida.

Beijo extremo, meu prêmio e meu castigo,Batismo e extrema-unção, naquele instantePor que, feliz, eu não morri contigo?

Sinto-te o ardor, e o crepitar te escuto,Beijo divino! E anseio, delirante,Na perpétua saudade de um minuto...

BILAC, Olavo. Poesias. São Paulo: Martin Claret, 2002. p. 208.

É correto afirmar que, no poema acima, uma das ca-racterísticas da poética de Olavo Bilac é:

a) a angústia de conviver com a certeza da morte.b) a forte presença de um experimentalismo poético.c) a melancolia decorrente da impossibilidade do

amor.d) a liberdade e flexibilidade quanto ao aspecto for-

mal do poema.e) o conflito entre o amor carnal e as sensações abs-

tratas.

10. (PAS-UFLA) Considerando a narrativa de “O Mulato”, de Aluísio Azevedo, estão corretas as alternativas seguintes, exceto:

a) é anticlerical, projetada na figura do padre e de-pois cônego Diogo, devasso, hipócrita e assassino.

b) opõe-se ao preconceito racial, que é o assunto de toda a trama.

c) critica a sociedade através da sátira impiedosa dos tipos de São Luís.

d) triunfa o bem, já que, no desfecho, os criminosos são punidos.

11. (PAS-UFV) Leia o poema abaixo, de Olavo Bilac:

Língua portuguesaÚltima flor do Lácio, inculta e bela, És, a um tempo, esplendor e sepultura:Ouro nativo, que na ganga impuraA bruta mina entre os cascalhos vela...

Amo-te assim, desconhecida e obscura,Tuba de alto clangor, lira singela,Que tens o trom e o silvo da procelaE o arrolo da saudade e da ternura!

Amo o teu viço agreste e o teu aromaDe virgens selvas e de oceano largo!Amo-te, ó rude e doloroso idioma.

Em que da voz materna ouvi: “meu filho!”E em que Camões chorou, no exílio amargo,O gênio sem ventura e o amor sem brilho!

BILAC, Olavo. Poesia. Rio de Janeiro: Agir, 1980. p. 86.

A expressão metafórica usada para se referir à lín-gua portuguesa é:

a) exílio amargo.b) amor sem brilho.c) última flor do Lácio.d) gênio sem ventura.

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12. (PAS-UPE) Considerando o texto, assinale a alterna-tiva correta.

a) O soneto, nas suas quatro estrofes, traduz um sentimento subjetivo e uma métrica despreo-cupada com a forma comum aos textos de Olavo Bilac e de outros autores parnasianos, como Alberto de Oliveira.

b) “Última flor do Lácio” é uma expressão que demons-tra o quanto a poesia de Bilac, claramente de na-tureza parnasiana, cuidadosamente metrificada, apresenta a mesma atenção no trato com o voca-bulário erudito.

c) O eu lírico, em todas as estrofes, por meio de ver-sos pouco metrificados e linguagem desatenta à sintaxe lusitana, faz uma ode à língua portuguesa, enfocando o amor à pátria.

d) No poema de Olavo Bilac, a língua portuguesa é homenageada. Da mesma maneira, em quase to-dos os seus poemas, Cruz e Sousa também tece homenagens à língua portuguesa e à maneira europeia de ver a vida.

e) O eu lírico, em vários versos do poema, adjetiva o idioma português com palavras que deixam transparecer a despreocupação da estética par-nasiana em relação à métrica poética.

13. (PAS-UNIUBE)

O Conto da ilha desconhecida“(...) Não valia a pena ter se preocupado tanto. O sol havia acabado de sumir-se no oceano quando o ho-mem que tinha um barco surgiu no extremo do cais. Trazia um embrulho na mão, porém vinha sozinho e cabisbaixo. A mulher da limpeza foi esperá-lo à pran-cha, mas antes que ela abrisse a boca para se inteirar de como lhe tinha corrido o resto do dia, ele disse, Está descansada, trago aqui comida para os dois, E os ma-rinheiros, perguntou ela, Não veio nenhum, como po-des ver, Mas deixaste os apalavrados, ao menos, tor-nou ela a perguntar, Disseram-me que já não há ilhas desconhecidas, e que, mesmo que as houvesse, não iriam eles tirar-se do sossego dos seus lares e da boa vida dos barcos de carreira para se meterem em aven-turas oceânicas, à procura de um impossível, como se ainda estivéssemos no tempo do mar tenebroso, E tu, que lhes respondeste, Que o mar é sempre tenebroso, E não lhes falaste da ilha desconhecida, Como pode-ria falar-lhes eu duma ilha desconhecida, se não a co-nheço, Mas tem certeza que ela existe, Tanta como a de ser tenebroso o mar, Neste momento, visto daqui, com aquela água cor de jade e o céu como um incên-dio, de tenebroso não lhe encontro nada, É uma ilusão

tua, também as ilhas às vezes parecem que flutuam sobre as águas, e não é verdade, Que pensas fazer, se te falta a tripulação, Ainda não sei, Podíamos ficar a viver aqui, eu oferecia-me para lavar os barcos que vêm à doca, e tu, E eu, Tens com certeza um mestre, um ofício, uma profissão, como agora se diz, Tenho, tive, terei se for preciso, mas quero encontrar a ilha des-conhecida, quero saber quem sou eu quando nela es-tiver, Não o sabes, Se não sais de ti, não chegas a saber quem és, O filósofo do rei, quando não tinha que fa-zer, ia sentar-se ao pé de mim, a ver-me passajar as peúgas dos pajens, e às vezes dava-lhe para filosofar, dizia que todo o homem é uma ilha, eu, como aquilo não era comigo, visto que sou mulher, não lhe dava importância, tu que achas, Que é necessário sair da ilha para ver a ilha, que não nos vemos se não nos saí-mos de nós, Se não saímos de nós próprios, queres tu dizer, Não é a mesma coisa. (...)”

José Saramago

No trecho anterior, encontram-se as seguintes ca-racterísticas, exceto:

a) o autor vale-se exclusivamente da vírgula e do pon-to, abolindo os sinais convencionais de pontuação.

b) frequentemente, a fala do narrador se mistura à fala das personagens, isolada apenas pela vírgula.

c) há uma atmosfera onírica, criada pelo Surrealis-mo ou pelo realismo fantástico.

d) a visão do homem que tinha um barco está asso-ciada diretamente à razão.

14. (PAS-UNIUBE) Alberto Caeiro, heterônimo de Fer-nando Pessoa, é o poeta da simplicidade natural da vida, e, para ele, o mundo se reduz àquilo que pode ser captado pelos sentidos. Assinale os versos que melhor ilustram o contato do autor com a natureza:a) Eu não sei o que é que os outros pensarão lendo isto;

Mas acho que isto deve estar bem porque o pensosem estorvo,Nem ideia de outras pessoas a ouvir-me pensar; Porque o penso sem pensamentos.Porque o digo como as minhas palavras o dizem.

(A Espantosa Realidade das Cousas)

b) A guerra, como todo humano, quer alterar.Mas a guerra, mais do que tudo, quer alterar ealterar muito.E alterar depressa.

(A Guerra)

c) Falas de civilização, e de não dever ser,Ou de onde dever ser assim.Dizes que todos sofrem, ou a maioria de todos.Com as cousas humanas postas desta maneira.

(Falas de Civilização)

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d) Seja o que for que esteja no centro do Mundo,Deu-me o mundo exterior por exemplo de Reali-dade,E quando digo “isto é real”, mesmo de um senti-mento,Vejo-o sem querer em um espaço qualquer exterior,Vejo-o com uma visão qualquer fora e alheio a mim.

(Seja o que For)

e) O meu olhar é nítido como um girassol.Tenho o costume de andar pelas estradasOlhando para a direita e para a esquerda.

(Guardador de Rebanhos)

15. (PAS-UEPA) Leia com atenção os versos a seguir do heterônimo Álvaro de Campos.

“Não: não quero nada.Já disse que não quero nada.

Não me venham com conclusões!A única conclusão é morrer.

Não me tragam estéticas!Não me falem em moral!

Tirem-me daqui a metafísica!Não me apregoem sistemas completos, não meenfileirem conquistasDas ciências (das ciências, Deus meu, das ciências!) –Das ciências, das artes, da civilização moderna!

Álvaro de Campos

Agora, assinale a alternativa que corresponde ao que esses versos expressam.

a) Revelam a percepção do mundo e a tendência do ser humano em transformar em símbolos o que vê, sendo incapaz, por isso, de compreender o seu verdadeiro significado.

b) Apresentam uma leitura do destino de Portugal, partindo do fenômeno das navegações até a construção do mito do encoberto – o misterioso desaparecimento de D. Sebastião.

c) Desenvolvem tema emprestado dos clássicos greco-latinos, como é o da brevidade da vida que remete à busca imediata do prazer.

d) Demonstram o desencanto existencial, particulari-zado na expressão de um eu lírico que se considera vítima da modernidade – para ele, o conhecimento é uma forma de barbárie contra o indivíduo.

e) Definem um erotismo poderoso que nega o pla-tonismo amoroso e busca, na curta existência, os prazeres materiais da vida.

16. (MACK) Texto para a questão 16.

5

10

“Para um homem se ver a si mesmo, são necessá-rias três cousas: olhos, espelho e luz. Se tem espe-lho e é cego, não se pode ver por falta de olhos; se tem espelho e olhos, e é de noite, não se pode ver por falta de luz. Logo, há mister luz, há mister espelho e há mister olhos. Que cousa é a conversão de uma alma, senão entrar um homem dentro em si e ver-se a si mesmo?Para esta vista são necessários olhos, é necessária luz e é necessário espelho. O pregador concorre com o espelho, que é a doutrina; Deus concorre com a luz, que é a graça; o homem concorre com os olhos, que é o conhecimento.”

Nos três primeiros períodos (linha 1 à linha 6), en-contra-se:

a) a seguinte sequência de relações: finalidade, con-dição, condição e conclusão.

b) uma passagem do particular para o geral em “três cousas” e seu aposto.

c) uma particularização da ideia de homem.d) a indeterminação do sujeito sintático em “não se

pode ver”.e) uma expressão repetida, “é mister”, que significa

“é indispensável”.

(PAS-UFPB) Para responder às questões 17 e 18, leia o texto abaixo.

Marabá1 Eu vivo sozinha; ninguém me procura!

Acaso feituraNão sou de Tupá!

Se algum dentre os homens de mim não se esconde:5 – “Tu és”, me responde,

“Tu és Marabá!” Meus olhos são garços, são cor das safiras,Têm luz das estrelas, têm meigo brilhar;Imitam as nuvens de um céu anilado,

10 As cores imitam das vagas do mar!

Se algum dos guerreiros não foge a meus passos:“Teus olhos são garços”,

Responde anojado; “mas és Marabá: Quero antes uns olhos bem pretos, luzentes,

15 Uns olhos fulgentes,Bem pretos, retintos, não cor d’anajá!”É alvo meu rosto da alvura dos lírios,Da cor das areias batidas do mar;As aves mais brancas, as conchas mais puras

20 Não têm mais alvura, não têm mais brilhar.

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Se ainda me escuta meus agros delírios:“És alva de lírios”,

Sorrindo responde, “mas és Marabá:Quero antes um rosto de jambo corado;

25. Um rosto crestadoDo sol do deserto, não flor de cajá.”Meu colo de leve se encurva engraçado,Como hástea pendente do cacto em flor;Mimosa, indolente, resvalo no prado,

30 Como um soluçado suspiro de amor!

“Eu amo a estatura flexível, ligeira,Qual duma palmeira”,

Então me respondem: “tu és Marabá:Quero antes o colo da ema orgulhosa,

35 Que pisa vaidosa,Que as flóreas campinas governa, onde está.”Meus loiros cabelos em ondas se anelam,O oiro mais puro não tem seu fulgor;As brisas nos bosques de os ver se enamoram,

40 De os ver tão formosos como um beija-flor!

Mas eles respondem: “Teus longos cabelos,São loiros, são belos,

Mas são anelados; tu és Marabá: Quero antes cabelos, bem lisos, corridos,

45 Cabelos compridos,Não cor d’oiro fino, nem cor d’anajá.”

E as doces palavras que eu tinha cá dentroA quem nas direi?

O ramo d’acácia na fronte de um homem50 Jamais cingirei:

Jamais um guerreiro da minha arasoia Me desprenderá:

Eu vivo sozinha, chorando mesquinha,Que sou Marabá!

DIAS, Gonçalves. Poesia lírica e indianista.São Paulo: Ática, 2003, p. 89-91.

Glossárioagros: melancólicos.

anajá: tipo de palmeira do Maranhão.

anojado: aborrecido.

arasoia: saiote usado por índios no ritual do matrimônio.

beija-flor: coaraciaba em Tupi: “cabelos dos raios do sol”.

crestado: moreno.

feitura: criatura.

garços: verde-azulados.

jambo: fruto cortado do jambeiro.

Marabá: em Tupi, mestiço de europeu com índio.

mesquinha: infeliz.

Tupá: Tupã. Deus, o Todo Poderoso.

17. Quanto ao uso dos conectivos Se e mas na segunda e na terceira estrofes do poema, pode-se afirmar:

I. O conectivo Se, nas duas ocorrências, introduz ora-ções que expressam fatos de natureza hipotética.

II. O conectivo mas, nas duas ocorrências, introduz argumento contrário ao apelo da jovem da tribo.

III. O conectivo mas, na terceira estrofe, introduz a fala de um jovem da tribo que revela aceitar a condição mestiça de Marabá.

Está(ão) correta(s) apenas:

a) Ib) IIc) IIId) I e IIe) II e III

18. Em “Imitam as nuvens de um céu anilado,” (verso 9), a expressão “de um céu anilado” apresenta o mesmo comportamento sintático da expressão destacada no verso:

a) “Meu colo de leve se encurva engraçado,” (verso 27)b) “ ‘És alva de lírios,’ ” (verso 22)c) “ ‘Quero antes um rosto de jambo corado;’ ” (verso 24)d) “As brisas nos bosques de os ver se enamoram,”

(verso 39)e) “Se algum dentre os homens de mim não se es-

conde:” (verso 4)

19. (PAS-USP) Na frase “Na literatura, como na natureza, nada se ganha e nada se perde, tudo se transforma”, o termo como expressa a ideia de:

a) causa.b) finalidade.c) tempo.d) comparação.e) condição.

(PAS-UFPB)

A vereança de Itaguaí, entre outros pecados de que é arguida pelos cronistas, tinha o de não fazer caso dos dementes. Assim é que cada louco furioso era trancado em uma alcova, na própria casa, e, não curado, mas descurado, até que a morte o vinha de-fraudar do benefício da vida; os mansos andavam à solta pela rua. Simão Bacamarte entendeu desde

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logo reformar tão ruim costume; pediu licença à câ-mara para agasalhar e tratar no edifício que ia cons-truir todos os loucos de Itaguaí e das demais vilas e cidades, mediante um estipêndio, que a câmara lhe daria quando a família do enfermo o não pudesse fazer. A proposta excitou a curiosidade de toda a vila, e en-controu grande resistência, tão certo é que dificilmente se desarraigam hábitos absurdos, ou ainda maus. A ideia de meter os loucos na mesma casa, vivendo em comum, pareceu em si mesma um sintoma de demên-cia, e não faltou quem o insinuasse à própria mulher do médico.

ASSIS, Machado de. O alienista. In: Os melhores contos de Machado de Assis/Seleção Domício Proença Filho.

14 ed. São Paulo: Global, 2002, p. 93-95.

20. Considerando as relações sintático-semânticas es-tabelecidas pelos termos destacados no texto, é correto afirmar:

a) a expressão “Assim é que” introduz uma oração que estabelece uma relação de condição.

b) a expressão “até que” denota uma ideia de inclusão.c) a expressão “desde logo” indica uma noção de

temporalidade.d) o conectivo “para” introduz uma oração de fun-

ção adverbial expressando ideia de direção.e) o termo “mediante” introduz uma estrutura ora-

cional, indicando noção de causalidade.

21. (PAS-UNIUBE) No período “Ele então chegava mais cedo do trabalho, para ver a moça adormecer o filho.”, os termos sublinhados estabelecem, respectivamente, relações de:

a) conclusão e causa.b) modo e consequência.c) tempo e finalidade.d) conclusão e temporalidade.

22. (PAS-UFPB) Leia o fragmento:

“Estava hospedado há dois dias em casa do Campo; esse tempo levara ele a entregar cartas e encomen-das. À noite, fatigado e entorpecido pelo calor, mal ti-nha ânimo para dar uma vista de olhos pelas ruas da cidade.”

Considerando as relações sintático-semânticas dos termos nesse fragmento, é correto afirmar:

a) a expressão “há dois dias” funciona como com-plemento do verbo estar.

b) a expressão “esse tempo” funciona como sujeito do verbo levar.

c) o termo “ele” funciona como objeto direto, com-plementando o sentido do verbo levar.

d) a expressão “fatigado e entorpecido pelo calor” exprime uma circunstância de causa em relação à oração “mal tinha ânimo”.

e) a expressão “para dar uma vista de olhos” comple-menta o sentido do verbo ter, indicando direção.

23. (PAS-UFV) “Portanto, sua missão deve ser evocar, inspirar, infiltrar sentimentos.”

Nessa sentença, o termo “portanto” pode ser subs-tituído, sem prejuízo de sentido, por:

a) depois. c) porque.b) contudo. d) logo.

24. (PAS-UNIUBE) A relação de sentido estabelecida entre as orações encontra -se corretamente indicada em:

a) Eles ainda são miniaturas de gente, mas já repre-sentam um bom filão no mercado da tecnologia. (concessão)

b) A web anda tão importante que balança o reinado da televisão na vida das crianças. (intensidade)

c) [...] o número de crianças de 6 a 11 anos com celu-lar cresceu 68% nos últimos cinco anos, segundo pesquisa divulgada no mês de janeiro.[...] ( classifi-cação)

d) Dados apontam que meninos e meninas usam o celular de maneira diferente: elas preferem usar para fazer ligações e enviar mensagens de texto [...]. (finalidade)

e) [...] elas preferem usar para fazer ligações e enviar mensagens de texto, ao passo que eles tendem mais a acessar a internet, baixar jogos, músicas e vídeos. (sequenciação)

25. (FUVEST)

“Maria das Dores entra e vai abrir o comutador.Detenho-a: não quero luz.”

Os dois-pontos (:) usados anteriormente estabele-cem uma relação de subordinação entre as orações. Qual tipo de subordinação?

a) Temporal. d) Concessiva.b) Final. e) Conclusiva.c) Causal.

26. (IBMEC) Assinale a alternativa correta considerando o período abaixo.

Saímos apressados daquela reunião.

a) Tem-se predicação verbal, já que o núcleo do predicado é “saímos” – verbo intransitivo.

b) Tem-se predicação nominal, já que o núcleo do predicado é “apressados” – predicativo do sujeito.

c) Tem-se predicação verbal, já que o núcleo é “saí-mos” e “apressados” é um complemento nominal.

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d) Tem-se predicação verbo-nominal, já que “saímos” e “apressados” constituem núcleos do predicado.

e) Tem-se predicação verbo-nominal, já que apre-senta dois núcleos: “saímos” e “reunião”.

27. (FUVEST) Considerando-se a relação lógica existen-te entre os dois segmentos dos provérbios citados a seguir, a lacuna não poderá ser corretamente preenchida pela conjunção mas apenas em:

a) Morre o homem, .......... fica a fama.b) Reino com novo rei, .......... povo com nova lei.c) Por fora bela viola, .......... por dentro pão bolorento.d) Amigos, amigos! .......... negócios à parte.e) A palavra é de prata, .......... o silêncio é de ouro.

28. (FIC) Nos três itens a seguir são apresentadas algu-mas orações independentes. Você deverá reuni-las num único período, utilizando as conjunções ade-quadas e fazendo demais ajustes de pontuação e de tempos verbais. Siga as orientações entre parên-teses. A ordem das orações no período pode ser a mesma da sequência em cada item.

a) O combate ao trabalho infantil entrou na lista dos programas sociais (principal)

b) os programas sociais estão vendo as verbas min-guar (adjetiva ao último termo de a)

c) (o combate ao trabalho infantil) foi uma das ban-deiras de campanha do atual governo (oposi-ção/concessão à sequência anterior)

29. (IBMEC) Assinale a alternativa incorreta com relação a este fragmento da letra da música “Verdade chi-nesa” – texto de Carlos Colla e Gilson.

“Senta, se acomoda, à vontade, tá em casaToma um copo, dá um tempo, que a tristeza vai passarDeixa, pra amanhã tem muito tempoO que vale é o sentimentoE o amor que a gente tem no coração”.

(http://emilio-santiago.letras.terra.com.br/letras/45703)

a) Os dois primeiros versos são compostos exclusi-vamente por orações coordenadas assindéticas.

b) A palavra “que” aparece três vezes no texto. No segundo verso é uma conjunção coordenativa; já no quinto verso é um pronome relativo.

c) A primeira oração do segundo verso consiste numa metonímia.

d) Aparecendo duas vezes no texto, a palavra “tempo” tem a função de objeto direto.

e) Os verbos sentar, tomar, dar e deixar aparecem flexionados na segunda pessoa do singular, no modo imperativo afirmativo e configuram, deste modo, o uso da função apelativa da linguagem.

(PAS-UFPB)

O laço de fitaNão sabes, criança? ’Stou louco de amores...Prendi meus afetos, formosa Pepita.Mas onde? No templo, no espaço, nas névoas?!Não rias, prendi-me

Num laço de fita.

Na selva sombria de tuas madeixas,Nos negros cabelos da moça bonita,Fingindo a serpente qu’enlaça a folhagem,Formoso enroscava-se

O laço de fita.

Meu ser, que voava nas luzes da festa,Qual pássaro bravo, que os ares agita,Eu vi de repente cativo, submissoRolar prisioneiro

Num laço de fita.

E agora enleada na tênue cadeiaDebalde minh’alma se embate, se irrita...O braço, que rompe cadeias de ferro,Não quebra teus elos,

Ó laço de fita!

Meu Deus! As falenas têm asas de opala,Os astros se libram na plaga infinita.Os anjos repousam nas penas brilhantes...Mas tu... tens por asas

Um laço de fita.

Há pouco voavas na célere valsa,Na valsa que anseia, que estua e palpita.Por que é que tremeste? Não eram meus lábios...Beijava-te apenas...

Teu laço de fita.[...]

ALVES, Castro. Espumas Flutuantes.São Paulo: FTD, 1997, p. 29-30.

30. Quanto à organização sintático-semântica do verso “Na valsa que anseia, que estua e palpita.” (6a estro-fe), é correto afirmar:

a) a oração que estua explica o sentido do termo valsa, estando, por isso, antecedida por vírgula.

b) o conectivo e coordena estruturas subordinadas de valores sintáticos diferentes.

c) o verso compõe-se de orações que restringem o sentido do termo valsa.

d) o uso da vírgula separando as duas primeiras ora-ções adjetivas é facultativo.

e) a ausência da vírgula entre as orações que estua e palpita constitui um desvio gramatical.

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(PAS-UFSM) Para responder às questões de núme-ros 31 a 33, leia o texto a seguir.

“BRINCADEIRAS” que machucam a alma 1

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A criançada entra na sala eufórica. Você se acomoda na mesa enquanto espera que os alunos se sentem, reti-rem o material da mochila e se acalmem para a aula começar. Nesse meio tempo, um deles grita bem alto: “Ô, cabeção, passa o livro!” O outro responde: “Peraí, espinha”. Em outro canto da sala, um garoto dá um ta-pinha, “de leve”, na nuca do colega. A menina toda produzida logo pela manhã ouve o cumprimento: “Fala, metida!” Ao lado dela, bem quietinha, outra ga-rota escuta lá do fundo da sala: “Abre a boca, zumbi!” E a classe cai na risada.

O nome dado a essas brincadeiras de mau gosto, disfarçadas por um duvidoso senso de humor, é bullying. O termo ainda não tem uma denominação em portu-guês, mas é usado quando crianças e adolescentes re-cebem apelidos que os ridicularizam e sofrem humilha-ções, ameaças, intimidação, roubo e agressão moral e física por parte dos colegas. Entre as consequências, estão o isolamento e a queda do rendimento escolar. Em alguns casos extremos, o bullying pode afetar o es-tado emocional do jovem de tal maneira que ele opte por soluções trágicas, como o suicídio.

Há inúmeros exemplos de estudantes que, vítimas de bullying, têm atitudes extremadas. Em janeiro de 2003, Edmar Aparecido Freitas, de 18 anos, entrou no colégio onde tinha estudado e feriu oito pessoas com disparos de revólver calibre 38. Em seguida, matou-se. Atitude semelhante tiveram dois adolescentes norte--americanos na escola Columbine, no Colorado (EUA), em abril de 1999. Após matar 13 pessoas e deixar dezenas de feridos, eles também cometeram suicídio quando se viram cercados pela polícia. Esses casos são um alerta para os educadores. “Os meninos não quiseram atingir esse ou aquele estudante. O objetivo deles era matar a escola em que viveram momentos de profunda infelici-dade e onde todos foram omissos ao seu sofrimento“, analisa o pediatra Aramis Lopes Neto, coordenador do Programa de Redução do Comportamento Agressivo entre Estudantes, desenvolvido pela Associação Brasi-leira Multiprofissional de Proteção à Infância e à Ado-lescência (Abrapia). Pesquisa realizada em 11 escolas cariocas pela Abrapia, no Rio de Janeiro, revelou que 60,2% dos casos acontecem em sala de aula.

Como o bullying ainda é tratado como um fenômeno natural, pouquíssimas escolas conhecem e combatem o problema. Porém, sejam meninos, meninas, crianças ou adolescentes, é preciso evitar o sofrimento dos estu-dantes. A pesquisa da Abrapia revela que 41,6% das

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vítimas nunca procuraram ajuda ou falaram sobre o pro-blema, nem mesmo com os colegas. “Às vezes, o aluno, quando resolve conversar, não recebe a atenção ne-cessária, pois a escola não acha o problema grave e deixa passar”, alerta Aramis.

No caso daqueles que recorrem à família, a ajuda também não é eficaz. Se os pais reclamam, a direção e os professores tomam medidas pontuais, sem desen-volver um trabalho generalizado, permitindo que o problema se repita.“A escola não deve ser apenas um local de ensino formal mas também de formação cidadã, de direitos e deveres, amizade, cooperação e solidarie-dade. Agir contra o bullying é uma forma barata e efi-ciente de diminuir a violência entre estudantes e na sociedade”, conclui o pediatra.

Revista Nova Escola, dezembro 2004, p. 58. (adaptado)

31. Ao esclarecer a motivação dos suicidas, Aramis Lopes Neto destaca a imagem negativa de escola que os es-tudantes tinham (. 33-36). No texto, essa imagem é construída através de duas caracterizações ligadas pela conjunção “e“ que estão na forma de orações:

a) coordenadas explicativas.b) subordinadas apositivas.c) subordinadas adverbiais.d) subordinadas adjetivas.e ) coordenadas conclusivas.

32. Considere as seguintes possibilidades de colocação da oração subordinada adverbial: I. no início do período, antecedendo a oração prin-

cipal. II. intercalada, em meio à oração principal. III. após a oração principal.Analise o período a seguir.

“Às vezes, o aluno, quando resolve conversar, não re-cebe a atenção necessária, pois a escola não acha o problema grave e deixa passar” (. 50-53)

Nesse período, as orações adverbiais ocupam a(s) posição(ões) descrita(s) em:

a) I apenas.b) II apenas.c) III apenas.d) I e II.e) II e III.

33. Considere o seguinte trecho:“No caso daqueles que recorrem à família, a ajuda também não é eficaz. Se os pais reclamam, a direção e os professores tomam medidas pontuais, sem desen-volver um trabalho generalizado, permitindo que o problema se repita.“ (. 54-58)

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As águas foram crescendo, subindo e correndo, numa enchente sem fim, dia e noite, alagando, en-charcando, atolando, aumentando sem cessar, cum-prindo uma ordem misteriosa.

Ficou a lagoa encantada, cheia de luzes e de vozes. Ninguém podia morar na beira porque, a noite inteira, subia do fundo d’água um choro de criança.

Ano vai e ano vem, o choro parou e, vez por outra, aparecia um homem moço, airoso, muito claro, menino de manhã, com barbas ruivas ao meio-dia e barbado de branco ao anoitecer.

Muita gente o viu e tem visto. Foge dos homens e procura as mulheres que vão bater roupa. Agarra-as só para abraçar e beijar. Depois, corre e pula, na lagoa, desaparecendo.

Luís da Câmara Cascudo. In: Lendas brasileiras. Rio de Janeiro: Ediouro, 2000, p. 39-41. (com adaptações)

36. Assinale a opção em que a reescrita de trecho do texto mantém a relação de sentido estabelecida originalmente entre orações do parágrafo indicado nos parênteses.

a) Embora se espraie em quinze quilômetros por cinco de largura, a lagoa, antigamente, era como um braço de mar. (2o parágrafo)

b) Cresceu a lagoa por encanto, visto que cobria mato e caminho, devido ao pecado dos homens. (2o parágrafo)

c) O tacho desceu e subiu logo que foi trazido por uma Mãe d’Água, que tremia de raiva e, chorando, na sua beleza feiticeira, amaldiçoou a moça e a fez mergulhar. (7o parágrafo)

d) Como subia do fundo da água, durante a noite inteira, um choro de criança, ninguém podia mo-rar na beira da lagoa, que ficara encantada, cheia de luzes e de vozes. (9o parágrafo)

37. (PAS-UFAM) Assinale a opção em que ocorre silepse de pessoa:

a) Vossa Excelência pode ficar descansado: não vol-tarei a importuná-lo.

b) Sede franco comigo.c) Mês passado estive em São Paulo, que estava

muito fria.d) Entramos os três, em fila, cabisbaixos, na sala da

diretora.e) Coisa curiosa é gente velha! Como comem!

38. (PAS-UFAM) Os períodos a seguir (extraídos da re-vista Veja, de 10/09/2008, p. 113) estão misturados. Assinale a ordem em que eles devem ficar para que se tenha, como resultado, um parágrafo bem orga-nizado e coerente.

Nesse fragmento, I. não há verbo que peça simultaneamente objeto

direto e objeto indireto. II. a crase está diretamente relacionada com uma

ocorrência de regência nominal. III. é articulada uma relação de condicionalidade en-

tre escola e pais, de modo a levar a instituição de ensino a agir, mesmo que insatisfatoriamente.

Está(ão) correta(s):

a) apenas I. d) apenas II e III.b) apenas II. e) I, II e III.c) apenas I e III.

34. (FAAP) Na sequência “... três ou quatro léguas acima de sua foz, onde é livre ainda...”:

a) classifique a oração: “onde é livre ainda”.b) classifique morfologicamente a palavra “onde”.

35. (PAS-UFAM) Assinale a opção em que a oração su-bordinada não delimita a significação do substantivo a que se refere:

a) As buscas a que eu procedi foram inúteis.b) Político que se envolve em corrupção não merece

crédito.c) O líquido que não tem cor é a água.d) Da varanda da casa, olhou o pomar, que estava

cheio de frutos.e) Costumamos exaltar as qualidades de quem

amamos.

(PAS-UnB)Barba ruiva

Aqui está a lagoa de Paranaguá, limpa como um espelho e bonita como noiva enfeitada.

Espraia-se em quinze quilômetros por cinco de lar-gura, mas não era, tempo antigo, assim grande, pode-rosa como um braço de mar. Cresceu por encanto, cobrindo mato e caminho, por causa do pecado dos homens.

Nas Salinas, vivia uma viúva com três filhas. O rio Fundo caía numa lagoa pequena no meio da várzea.

Um dia, não se sabe como, a mais moça das filhas da viúva adoeceu e ninguém atinava com a moléstia. Ficou triste e pensativa.

Estava esperando menino e o namorado morrera sem ter ocasião de levar a moça ao altar.

Chegando o tempo, descansou a moça nos matos e, querendo esconder a vergonha, deitou o filhinho num tacho de cobre e sacudiu-o dentro da lagoa.

O tacho desceu e subiu logo, trazido por uma Mãe-d’Água, tremendo de raiva na sua beleza feiticeira. Amaldiçoou a moça, que chorava, e mergulhou.

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(1) Cerca de 16 milhões de hectares de áreas de pasto estão abandonados na Amazônia.

(2) Para deter esse avanço é vital ocupar áreas já desmatadas.

(3) O avanço da fronteira do boi e da soja derruba oito de cada dez árvores das florestas de clima da Amazônia.

(4) Subsidiar a recuperação de áreas degradadas é a abordagem econômica mais racional.

(5) Recuperar custa o dobro do que simplesmente desmatar.

(6) Com sua recuperação e uso, a produção de grãos pode crescer 30% na região sem exigir a derru-bada de uma única árvore.

a) (3) (2) (1) (6) (5) (4) d) (3) (1) (4) (6) (2) (5)b) (1) (6) (2) (5) (3) (4) e) (1) (3) (4) (5) (2) (6)c) (1) (3) (6) (4) (2) (5)

39. (PAS-UFAM) Assinale a opção em que ocorre silepse de gênero:

a) “Hão de chorar por ela os cinamomos” (Alphonsus de Guimaraens).

b) “Sobre a triste Ouro Preto o ouro dos astros chove” (Olavo Bilac).

c) “Esbraseia o Ocidente na agonia o sol” (Raimundo Correia).

d) “Está cheio de gente aqui. Tire esse povaréu da mi-nha casa. Que é que eles querem?” (Dalton Trevisan).

e) “Dizem que os cariocas somos pouco dados aos jardins públicos” (Machado de Assis).

40. (PAS-UFAM) Assinale a opção que corresponde à frase cuja redação é clara, correta, concisa e coerente.

a) O casamento bem-sucedido entre a eletrônica e a informática trouxe um monstro que aonde chega e onde passa, interrompe carreiras, destrói sonhos, envenena mentes e consome vidas, e este verdadei-ro monstro foi o desemprego institucional, o qual prometia que as máquinas que ele geraria substitui-ria o homem e lhe daria mais tempo para o lazer.

b) O casamento bem-sucedido da eletrônica com a informática, trouxe um verdadeiro monstro, que onde chega e onde passa, interrompe carreiras, destrói sonhos, envenena mentes e consome vi-das, sendo o mesmo o desemprego institucional, que, ao contrário, prometia gerar as máquinas, que substituiriam o ser humano no trabalho para dar, a este, mais tempo e lazer.

c) Ao invés de inaugurar, como parecia, a tão almeja-da era em que as máquinas assumiriam as funções do ser humano e lhe dariam mais tempo para o lazer, o casamento bem-sucedido da eletrônica

com a informática trouxe o desemprego institu-cional, um verdadeiro monstro que, aonde chega e por onde passa, interrompe carreiras, destrói so-nhos, envenena mentes e consome vidas.

d) Em vez de assumir as funções do ser humano para dar a este mais tempo para o lazer, as máquinas, fruto bem-sucedido do casamento da eletrônica com a informática, trouxe um verdadeiro monstro – o desemprego institucional, que onde chega e por onde passa interrompe carreiras, destrói so-nhos, envenena mentes e consome vidas.

e) Um verdadeiro monstro que aonde chega e por onde passa interrompe carreiras, destrói sonhos, envenena mentes e consome vidas, foi que o ca-samento bem-sucedido entre a eletrônica com a informática gerou, ao produzir o desemprego institucional, ao contrário do que prometia que as máquinas, fazendo o trabalho do ser humano, daria a este mais tempo para o lazer.

41. (PAS-UFAM) Assinale a opção correspondente à sequência em que os períodos abaixo devem ser ordenados para formarem um parágrafo coeso e coerente, como o original, tirado do livro Para filo-sofar, de diversos autores:

1. Ela adapta-se à condição do meio.2. Os seres vivos têm potencialidades que se desen-

volvem segundo suas necessidades de sobrevi-vência.

3. As aves em geral não precisam de tato e olfato no ambiente aéreo; possuem, em compensação, uma visão muito aguda.

4. Em todos esses exemplos, percebe-se uma adap-tação de organismos vivos às imposições do meio.

5. Assim, a planta colocada no canto da sala, em lu-gar de crescer em linha reta, para cima, cresce em ângulo inclinado, à procura da luz vinda da janela.

6. Por motivo semelhante, as minhocas não têm olhos, mas são dotadas de tato e olfato muito apu-rados, necessários ao ambiente onde vivem.

a) 3 – 5 – 2 – 4 – 6 – 1 d) 6 – 4 – 3 – 5 – 1 – 2b) 3 – 1 – 2 – 5 – 6 – 4 e) 2 – 5 – 1 – 6 – 3 – 4c) 4 – 2 – 3 – 5 – 1 – 6

42. (PAS-UFAM) Assinale a opção que corresponde à fra-se cuja redação é clara, correta, concisa e coerente.a) As grandes descobertas científicas de Galileu, Ke-

pler, Descartes, Newton e muitos outros, durante o século XVII provocaram uma profunda revisão na concepção ocidental do cosmo, já que de um Uni-verso medieval, finito e limitado, passamos a outro muito maior, cuja a força principal era a gravidade.

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b) A contratação dos artistas plásticos parintinenses envolvidos com a criação e idealização das ale-gorias, das indumentárias individuais e de gru-pos, apresenta diferentes características, pois o contrato, estabelece um pagamento total por tarefa executada pelos mesmos, correspondente à criação de duas ou mais alegorias.

c) Dentre as várias lendas que houveram durante a História da Amazônia, uma das mais persistentes e que mais incendiou a imaginação dos conquis-tadores foi a do El Dorado, país fabuloso situado em algum lugar do noroeste amazônico, de cujo se dizia ser rico e cheio de tesouros.

d) Em 1720 os portugueses começaram a ouvir falar do tuchaua Ajuricaba, a maior personalidade indí-gena do vale do rio Negro, sendo que, no começo, os mesmos não o hostilizaram, pois não esperavam que sua luta se propagasse de forma tão organiza-da, graças as táticas de guerrilha empregadas.

e) A Internet, que nunca foi estável, passa agora por um processo de metamorfose mais acelerado, pois a rede já não se resume a um gigantesco arquivo ou máquina planetária de comunicação, abrigando um crescente número de programas que podem ser acessados remotamente pelos usuários.

(PAS-UNIUBE) Texto para a questão 43.

A era das pandemias e a desigualdadeO MUNDO está diante das primeiras “pestes globali-

zadas”, cuja velocidade de contágio, sem precedentes, é inversamente proporcional à lentidão da política e do direito.

A aceleração do trânsito de pessoas e de mercado-rias reduz os intervalos entre os fenômenos patológicos de grande extensão em número de casos graves e de paí-ses atingidos, ditos pandemias. Assim, tratar a pande-mia gripal em curso como um espetáculo pontual é um grande equívoco.

As pandemias vieram para ficar e suscitam ao menos dois debates estruturais: as disfunções dos sistemas de saúde pública dos países em desenvolvimento e a inope-rância da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Na ausência de quebra de patentes de medicamentos e de vacinas, perecerá um grande número de doentes que, se tratados, poderiam ser salvos. O mundo desen-volvido terá então, deliberadamente, deixado morrer milhões de pobres. Sob fortes pressões políticas, a OMS tem divulgado com entusiasmo doações de tratamen-tos e descontos aos países menos avançados na compra do oseltamivir, o famoso Tamiflu, fabricado pela Roche, até então o único tratamento eficaz contra o vírus A (H1N1).

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Mas essa pretensa generosidade é absolutamente in-significante diante da possível contaminação de um terço da humanidade. (...) É preciso que os Estados de-senvolvam as condições para produzi-lo.

O mesmo ocorre em relação à insuficiência de kits para diagnóstico: com a progressão da pandemia, é provável que não sejamos capazes sequer de contar os mortos, ou seja, aqueles que comprovadamente foram vítimas desse vírus. A prevenção da doença traz um pro-blema adicional, que é a pressa: os mais nefastos efeitos da vacina contra o A (H1N1) ocorrerão nos primeiros paí-ses a generalizá la, que serão, infelizmente, os latino-ame-ricanos, até agora os mais atingidos pela doença.

Assim, a deplorável desigualdade econômica mundial distribui também desigualmente o peso das urgências sa-nitárias. Os pobres portam o fardo mais pesado, eis que a pandemia gripal vem juntar-se a outras doenças endêmi-cas, como paludismo, tuberculose e dengue, cuja subsis-tência deve-se às adversas condições de trabalho e de vida, sobretudo em grandes aglomerações urbanas, não raro em condições de habitação promíscuas, numa rotina que favorece largamente a contaminação. Caso o fenô-meno se agrave, novas restrições, além do controle do Tamiflu, podem ser necessárias, a exemplo da limitação de reuniões públicas e aglomerações, que já foi adotada em países próximos, como a Argentina.

A pandemia pode trazer, ainda, a estigmatização de grupos de risco ou de estrangeiros, favorecendo a cultura da insegurança, pois o medo é tão contagioso quanto a doença.

Por tudo isso, urge revisar o papel da OMS no siste-ma internacional e retomar o debate sobre a criação de um verdadeiro sistema de vigilância epidemiológica no Brasil, apto a regular a eventual necessidade de res-trições a direitos humanos e a organizar a gestão das pandemias com a maior transparência possível.

Caso contrário, seguirá atual o que escreveu Albert Camus, em 1947, no grande romance “A Peste”: “Houve no mundo tantas pestes quanto guerras. E, contudo, as pestes, como as guerras, encontram sempre as pessoas igualmente desprevenidas”.

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43. A partir do funcionamento dos elementos linguísticos constitutivos do texto, só não se pode afirmar que:a) no quinto parágrafo, o uso do sinal indicativo de

crase em “à insuficiência” revela a ocorrência da preposição a exigida pela regência de “em relação”.

b) o elemento “então” desempenha diferentes fun-ções, em suas duas ocorrências, no quarto pará-grafo (linhas18 e 23).

c) o pronome “cuja” (linha 2) remete, por coesão, a “velocidade” (linha 2), considerando-se o desen-volvimento das ideias do texto.

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d) na linha 1 do sexto parágrafo, a conjunção “assim”, por ser de colocação flexível na oração, poderia ser deslocada para depois de “distribui”, sem al-terar a relação de sentidos entre os termos a que se refere.

e) no trecho “... perecerá um grande número de doentes que, se tratados, poderiam ser salvos.” (linhas 16 e 17), as vírgulas foram empregadas para isolar uma oração adverbial.

44. (PAS-UFSM) Leia o texto abaixo, tirado do livro Amazônia, a terra e o homem, de Araújo Lima:

A opinião crítica – precipitada, tumultuosa, claudi-cante pela deficiência de análise e observação – tem os-cilado sempre, ao definir a região amazônica, entre os arroubos de exaltação otimista e os libelos de um pessi-mismo fulminador. Daí, duas definições antinômicas ex-primirem, em fórmulas sintéticas, o radicalismo desses juízos extremados: Inferno verde ou Paraíso verde.

Nem inferno, nem paraíso.A enormidade imensurável, os latifúndios inviola-

dos, as impérvias terras sem dono, toda essa vastidão territorial ilimitada, que dominam selvas espessas e in-términas, projeta-se num babilonismo sugestivo, até à mente dos que de longe observam, envolvendo-a na dúvida, no mistério, no terror.

Desse erro de visão atordoada sobressaem as len-das, as fábulas, as superstições, toda essa trama de percepções errôneas e deformadas, que a ignorância e o pavor inspirado por tais paragens fantásticas en-tretecem no cérebro dos observadores longínquos e desavisados.

Ficam os forasteiros perplexos ante o esplendor da natureza opulenta e grandiosa, que se esboça nas li-nhas imprecisas, mal definidas, fugidias da paisagem em seu conjunto panorâmico. E, ao assalto dessas sensações, irrompe a explosão lírica, inspirada pela fascinação do colorido, gerando um superlativismo contagioso, enfático, retórico, que contamina quase todos os descritores desses cenários.

Em sã verdade, a região é mal vista, pouco conhe-cida, erroneamente interpretada. Persiste indecifrá-vel, mas desastrosamente deturpada na significação de sua essência, de seus atributos, de seus recursos.

O texto acima, considerado em seu conjunto, possui como ideia predominante a seguinte informação:

a) a região amazônica não tem sido compreendida em sua verdadeira essência pelos que a estudam.

b) a região amazônica é um verdadeiro celeiro de lendas e mitos, sendo por isso chamada de Paraíso ou Inferno.

c) os que a visitam, chamados de forasteiros, ficam deslumbrados com a exuberância de sua natureza.

d) os latifúndios – grandes extensões de terra nas mãos de uma só pessoa – não podem ser descon-siderados por quem estuda a região amazônica.

e) a natureza amazônica, por sua beleza e grandio-sidade, faz eclodir expressões líricas em quem a avista.

(PAS-UFSM) Para responder às questões de núme-ros 45 e 46, leia a crônica de Nílson Souza, publica-da na edição de 24/05/07 do Jornal Zero Hora.

Letras viradas1

5

10

15

20

25

30

35

Quando questionei a senhora da faxina semanal por ter colocado vários dos meus livros de cabeça para baixo na estante, ela me deu uma explicação ao mesmo tempo ingênua e sincera para sua desajeitada operação:

− Dessas coisas de bê e cê eu não entendo nada! Mas eles estão bem limpinhos.

Estavam mesmo. E, evidentemente, não me custou nada recolocá-los na ordem correta. Gosto de tê-los per-filados como soldados à espera de uma convocação. Não disponho do tempo que gostaria de ter para colocar a leitura em ordem também, mas de vez em quando paro por alguns minutos diante da exposição de títulos e passo em revista os meus autores preferidos − para ter certeza de que ainda estão lá. Escritores e poetas são espíritos inquietos, costumam desaparecer nas horas furtivas da noite, especialmente quando alguém leva um livro emprestado e esquece de devolvê-lo.

O que não desaparece da vida dos brasileiros é a chaga (ou praga?) do analfabetismo.

Agora surge, nos bastidores do governo federal, essa ideia estapafúrdia de premiar com dinheiro a criança pobre que passar de ano na escola. O que assusta não é apenas a possibilidade de pressão sobre os professores por parte de pais necessitados ou gananciosos. Acredito até que, se a proposta vingar, os professores saberão se defender para manter a sua autonomia. Mas há um risco muito grande de que as crianças se transformem em ví-timas deste pretendido mercantilismo educacional. Elas, sim, podem ser alvo de pressão e até de coerção física por parte de tutores autoritários.

Ora, é translúcido que a educação não deve ficar atrelada à remuneração. Crianças e adolescentes têm que ser conquistados pelos benefícios culturais e sociais do aprendizado, não podem ser subornados para estu-dar. Na sociedade consumista em que vivemos, tornou-se rotineiro dizer aos jovens que eles precisam estudar para ter um bom emprego e para ganhar dinheiro no futuro. Mas há outras razões tão fortes quanto essas. Quem

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40

45

estuda adquire conhecimento e autonomia para tomar suas próprias decisões. Quem estuda passa a entender melhor o mundo. Quem estuda melhora a autoestima, torna-se um indivíduo mais íntegro e mais responsável. Quem estuda conquista liberdade para fazer escolhas.

Não há dinheiro que pague isso.Quem não estuda − seja por falta de oportunidade, de

conscientização ou de vontade − nem se dá conta de que García Márquez, Isabel Allende e Mario Quintana talvez prefiram ficar empoeirados e de cabeça para baixo.

45. Julgue se verdadeiro (V) ou falso (F) o que se afirma.

( ) Nas duas ocorrências, linhas 8 e 11, a palavra or-dem contribui para o sentido expressando a ideia de disposição organizada de objetos, no caso, os livros.

( ) Na linha 11, a expressão de vez em quando, indi-cadora de tempo, introduz uma oração subordi-nada adverbial.

( ) O emprego do travessão, linha 13, destaca um segmento linguístico composto por duas orações coordenadas.

A sequência correta é:

a) V – V – V.b) F – V – F.c) F – V – V.d) V – F – V.e) F – F – F.

46. Na organização do período em que se identifica o aspecto econômico como a motivação mais fre-quente para o estudo (. 35-37), recorreu-se à coor-denação para encadear duas orações subordinadas nas quais se expressa linguisticamente a ideia de:

a) explicação.b) conclusão.c) condição.d) finalidade.e) consequência.

47. (MACK) Leia o seguinte trecho:

“Não verás separar ao hábil negrodo pesado esmeril a grossa areia...”

Os dois versos constroem-se explorando uma figura de estilo chamada:

a) hipérbole.b) prosopopeia.c) hipérbato.d) pleonasmo.e) polissíndeto.

48. (FGV-RJ) Considere a seguinte estrofe:

“Há uma canção que já não fala,que se recolhe dolorida.Onde, o lábio para cantá-la?Onde, o tempo de ser ouvida?”

Nos versos 3 e 4 do texto, há exemplo de uma figura de linguagem, especificamente de uma figura de construção, conhecida como:

a) elipse.b) anacoluto.c) pleonasmo.d) hipérbato.e) silepse.

49. Leia o trecho a seguir:“(...)De repente voltou-se pra negra velha que vinha trô-pega atrás, enorme trouxa de roupas na cabeça.”

O fragmento anterior apresenta:

a) aliteração expressiva, que intensifica o modo de andar da personagem.

b) antítese na caracterização da “negra velha”.c) eufemismo na caracterização de “trouxa de roupas”.d) uso de expressão irreverente na caracterização

da avó.e) tempo e modo verbais que expressam ações contí-

nuas no passado.

(UFC) Texto para a questão 50.

Meio-dia (2)O sol tomba,

vertical,dos edifícios.

Ardem os muros perfilados.

Os objetos vomitam cores,embriagados.

O vermelho dos sinais ri,em chamas,

para os carros.

Na calçada,a luz lambe

as coxas da garota,penetra no blue-jeans

dos manequins,irriga de calor

a angústia dos homens.

(Tudo se queima,tudo se consome,

tudo arde infinito.)

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15201201

Ó súbita revelação:o sol me aponta

o carvão íntimodas coisas,

negrocoração

batendo na claridade.Adriano Espínola, Beira-Sol. Rio de Janeiro:

Topbooks, 1999. págs. 72 e 73

50. Sobre os recursos estilísticos usados em “Meio-dia (2)”, marque V ou F, conforme a afirmativa seja verda-deira ou falsa.

I. ( ) Existe antropomorfização de coisas. II. ( ) Verifica-se a presença de hipérboles. III. ( ) Constata-se cruzamento de sensações.A sequência correta se encontra na alternativa:

a) F – V – V d) V – F – Fb) V – V – F e) V – V – Vc) F – F – V

(PAS-UnB) Texto para a questão 51.

Texto I1

5

Foi a partir de meados do decênio de 1950 que o es-paço moderno divisado por Tarsila [nos anos 1920] pôde encontrar horizonte cultural propício; generalizava-se e fortificava-se num substrato social graças ao amplo programa de modernização do país. A elaboração teóri-ca de Ferreira Gullar junto ao grupo neoconcreto e tam-bém as reflexões estéticas de Hélio Oiticica (1937-1980) testemunhavam o quanto as artes visuais eram capazes de incitar um pensamento de compreensão do Brasil.

S. Salzstein. Uma dinâmica da arte brasileira: modernidade, instituições, instância pública. In: R. Basbaum (Org.).

Arte contemporânea brasileira. Rio de Janeiro:Rios Ambiciosos, 2001, p. 383.

Texto II1

5

10

Hélio Oiticica queria que sua arte se confundisse com a vida. Já não lhe interessava pontuar a existência com objetos altamente diferenciados – obras de arte –, a solicitar do observador uma atitude contemplativa e distanciada (...). A todo momento, somos lembrados de que as formas precisam adquirir uma realidade parti-cular, e incessantemente vemos o Brasil aflorar nessas construções capengas que remetem às favelas, às nossas habitações rudimentares. Para Hélio Oiticica, a Man-gueira era uma espécie de suma da sociedade brasileira, oscilando entre uma utopia salvadora e uma precarie-dade violenta e dolorosa.

Rodrigo Naves. Hélio Oiticica: entre violência e afeto.In: O vento e o moinho: ensaios sobre a arte moderna e

contemporânea. São Paulo: Companhia das Letras,2007, p. 86-87.

Hélio Oiticica. Nildo da Mangueira comParangolé P4 capa 1, 1964.

51. A imagem mostrada serve, na construção que arti-cula as ideias dos textos I e II, de argumento para o seguinte trecho:a) “... fortificava-se num substrato social graças ao

amplo programa de modernização do país.” (texto I, . 4-5).

b) “... as artes visuais eram capazes de incitar um pen-samento de compreensão do Brasil.” (texto I, . 8-9).

c) “... interessava pontuar a existência com objetos altamente diferenciados...” (texto II, . 2-3).

d) “... vemos o Brasil aflorar nessas construções ca-pengas...” (texto II, . 7-8).

52. (PAS-UFPB) Leia com atenção o texto abaixo extraído de um ensaio publicado na revista Veja.

Razões para amar o congressoRoberto Pompeu de Toledo

– O nobre senador está mentindo.– Vossa Excelência me desculpe, mas eu o considero

culpado.Como é que alguém pode ser a um tempo “nobre”

e “mentiroso”? Como pode merecer as pompas do tra-tamento de “excelência” seguidas do opróbrio de uma sentença de culpa? Nestes tempos em que, como pou-cas vezes, talvez nunca, o público tem acompanhado as sessões do Senado, alguns se chocam com uma eti-queta parlamentar que combina rapapés de salão com desaforos de botequim. Então o Senado é isso? Para tais pessoas, se é isso, não passaria de templo da hipocrisia. O lugar onde a torpeza se traveste de cava-lheirismo, e o xingamento se disfarça em galanteio.

Sim, na linguagem do Senado a “nobreza” pode vir junto com a “mentira”, a “excelência” com a “culpa”, mas vamos lá – isto não é defeito, mas virtude. Come-cemos do começo. Que é um Parlamento? É, em últi-ma análise, a alternativa civilizacional à guerra civil.

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Ou, para usar um conceito da psicanálise, a sublima-ção da guerra civil. Mais esmiuçadamente, é o artifício inventado pelas sociedades, ao atingir certo grau de aprimoramento, para resolver seus conflitos sem re-correr à violência.

Se o Parlamento foi feito para parlamentar, a dis-puta tem de ser com a arma da palavra. E, ao se con-frontar com palavras, se se trata de pessoas iguais, todas merecem tratamento de distinção, diferente-mente do que ocorre na sociedade em geral, onde al-guns são tratados por “senhor” ou “senhora” e mere-cem as honrarias do “por favor” e do “obrigado” enquanto para outros basta um “ô Zé, vai no banco pagar isto”, ou “ô Maria, traz um café”. O Parlamento é o lugar onde pessoas diferentes se tratam compulso-riamente como iguais e onde pessoas que não se res-peitam batem-se compulsoriamente com respeito.

Adaptado de Veja, 9 de maio, 2001.

Opróbrio = desonra, injúria

Este texto apresenta os seguintes recursos de orde-nação lógica das ideias:

(1) apresentação de uma situação concreta para ilustrar o tema em debate

(2) questionamento do tema(3) afirmação de um ponto de vista(4) explicação de uma ideia por definição

De acordo com esses recursos, numere os trechos a seguir, estabelecendo as devidas relações:

( ) Sim, na linguagem do Senado a “nobreza” pode vir junto com a “mentira”, a “excelência” com a “culpa”, mas vamos lá – isto não é defeito, mas virtude.

( ) Para tais pessoas, se é isso, não passaria de tem-plo da hipocrisia. O lugar onde a torpeza se traveste de cavalheirismo, e o xingamento se disfarça em ga-lanteio.

( ) – O nobre senador está mentindo. – Vossa Excelência me desculpe, mas eu o considero culpado.

( ) Como é que alguém pode ser a um tempo “nobre” e “mentiroso”? Como pode merecer as pompas do tratamento de “excelência” seguidas do opróbrio de uma sentença de culpa?

A sequência correta é:

a) 3, 2, 4, 1b) 2, 1, 3, 4 c) 4, 1, 2, 3d) 1, 4, 2, 3e) 3, 4, 1, 2

53. (PAS-UFVMJ) Destas passagens dos contos de Marce-lino Freire, do livro Contos negreiros, assinale a que não corresponde às ideias contidas entre parênteses.

a) “Coisa mais sem vida é um nome assim, sem gente.” (expressa a inferioridade que a personagem sente em relação aos que sabem escrever).

b) “E o rim não é meu? Logo eu que ia ganhar dez mil, ia ganhar.” (expressa desejo em ser livre e dono de si mesmo).

c) “Cachorro a gente enterra em qualquer canto.” (expressa compreensão da precariedade das condi-ções materiais para a realização dos sonhos).

d) “Violência é a gente naquele sol e o cara dentro do ar condicionado.” (expressa assombro pela desigualdade de condições econômicas entre brancos e negros).

(PAS-UFAM) Leia com atenção o texto abaixo, ex-traído da obra Por uma política do ensino da língua, de José Augusto Carvalho, para responder às ques-tões de números 54 e 55:

“Linguisticamente, não há uma língua ou um dia-leto que se possa rotular de superior a outra língua ou a outro dialeto. Cada língua é apenas diferente de ou-tra, e cada língua é adequada ao grupo social que a fala, na medida em que ela lhe basta, na medida em que tudo aquilo que é necessário dizer, nesse grupo social, pode ser dito sem problemas nessa língua.”

54. Assinale o item de que consta afirmação verdadeira em relação ao correto entendimento do texto:

a) todos os grupos sociais são linguisticamente au-tossuficientes, embora alguns falem língua su-perior à dos outros.

b) as línguas são superiores aos seus dialetos, em-bora diferentes deles, mas não há língua ou dia-leto que não possibilite aos seus usuários a ex-pressão de todas as suas ideias.

c) como toda língua basta ao grupo social que a fala, as línguas diferem umas das outras.

d) não é possível afirmar, do ponto de vista linguís-tico, que há línguas inferiores, pois todas satisfa-zem igualmente às necessidades de expressão de seus falantes.

e) linguisticamente não há línguas inferiores, a des-peito de que todas bastam a que seus usuários exprimam tudo aquilo que necessitam dizer.

55. A assertiva de que, linguisticamente, não há língua superior a outra está baseada em que:

a) as línguas apenas diferem entre si.b) cada língua supre cabalmente a necessidade de

expressão de seus usuários.

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c) não há línguas inferiores, pois todas possuem igual-mente dialetos.

d) não se pode rotular de inferior uma língua que é apenas diferente de outra.

e) não há grupos sociais superiores e inferiores.

(PAS-UEG) Leia o texto para responder às questões 56 e 57.

A caminho de casa, entro num botequim da Gávea para tomar um café junto ao balcão. Na realidade es-tou adiando o momento de escrever. A perspectiva me assusta. Gostaria de estar inspirado, de coroar com êxito mais um ano nesta busca do pitoresco ou do irrisório no cotidiano de cada um. Eu pretendia apenas recolher da vida diária algo de seu disperso conteúdo humano, fruto da convivência, que a faz mais digna de ser vivida. Visava ao circunstancial, ao episódico. Nesta persegui-ção do acidental, quer um flagrante de esquina, quer nas palavras de uma criança ou num incidente domés-tico, torno-me simples espectador e perco a noção do essencial. Sem mais nada para contar, curvo a cabeça e tomo meu café, enquanto o verso do poeta se repete na lembrança: “Assim eu quereria o meu último poema”. Não sou poeta e estou sem assunto. Lanço então um último olhar fora de mim, onde vivem os assuntos que merecem uma crônica.

SABINO, Fernando. “A última crônica”. In: Elenco de cronistas modernos. Rio de Janeiro: José Olympio, 2007, p. 258.

56. O fragmento acima apresenta a concepção predo-minante de crônica como um gênero textual que:

a) busca os fatos pequenos e cotidianos como ponto de partida de sua atividade literária.

b) tem como objetivo principal discutir teoricamente o processo da escrita.

c) recupera os episódios da infância em um breve relato.

d) remete à memória individual e aos anseios do escritor.

57. O verso “Assim eu quereria o meu último poema” é uma citação do poema de Manuel Bandeira intitulado “O meu último poema”. Essa relação estabelecida entre dois textos denomina-se:

a) paralelismo. c) intertextualidade.b) paráfrase. d) comparação.

(PAS-UEG) Leia o soneto abaixo para responder às questões 58 e 59.

Neste mundo é mais rico, o que mais rapa:Quem mais limpo se faz, tem mais carepa:Com sua língua ao nobre o vil decepa:O Velhaco maior sempre tem capa.

Mostra o patife da nobreza o mapa:Quem tem mão de agarrar, ligeiro trepa;Quem menos falar pode, mais increpa:Quem dinheiro tiver, pode ser Papa.

A flor baixa se inculca por Tulipa;Bengala hoje na mão, ontem galorpa:Mais isento se mostra o que mais chupa.

Para a tropa do trapo vazo a tripa,E mais não digo, porque a Musa topaEm apa, epa, ipa, opa, upa.

MATOS, Gregório de. Poemas escolhidos.São Paulo: Círculo do Livro, s.d.

58. Verifica-se, pela leitura do soneto, que a crítica do autor à sociedade de seu tempo é construída por meio da:

a) caracterização de condutas que, além de serem moralmente condenáveis, eram dissimuladas pe-los que as possuíam.

b) diferenciação que se costumava realizar entre as pessoas de origem humilde e as que faziam parte da aristocracia.

c) comparação entre os hábitos e valores das clas-ses sociais mais baixas e os das classes sociais mais aristocráticas.

d) alusão a comportamentos que, embora fossem considerados corretos, não eram assimilados por todos os indivíduos.

59. Em relação à estrutura do poema, constata-se uma:

a) aliteração no último verso da primeira estrofe.b) metáfora no primeiro verso da primeira estrofe.c) assonância no segundo verso da última estrofe.d) anáfora nos três versos finais da segunda estrofe.

60. (PAS-UEG) Leia o fragmento abaixo.

Meu canto de morte,Guerreiros, ouvi.Sou filho das selvas,Nas selvas cresci;Guerreiros, descendoDa tribo Tupi.

DIAS, Gonçalves. I-Juca Pirama. Disponível em:<http://educaterra.terra.comm.br/literatura/romantismo/

romantismo_17.htm>. Acesso em: 16. ago. 2011.

Do ponto de vista estético-literário e histórico, esse fragmento poético apresenta:

a) aliterações, constituindo uma parte do relato poético de um descendente da tribo Tupi.

b) anáforas, veiculando a imagem de um indígena que, desde o nascimento, é propenso à violência.

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c) rimas emparelhadas e tematiza as guerras inter-raciais em que os índios Tupi se envolviam.

d) rimas interpoladas e espelha a condição humi-lhante a que o europeu submeteu os povos indí-genas.

61. (PAS-UEG) Leia o seguinte texto:

Em um engenho sois imitadores de Cristo crucificado porque padeceis em um modo muito semelhante o que o mesmo Senhor padeceu na cruz em toda a sua pai-xão. A sua cruz foi composta de dois madeiros, e a vossa em um engenho é de três. Também ali não faltaram as canas, porque duas vezes entraram na Paixão: uma vez servindo de cetro de escárnio, e outra vez para a esponja que lhe deram o fel. [...] Cristo despido, vós despidos; Cristo sem comer, e vós famintos. Cristo em tudo mal-tratado, e vós maltratados em tudo.

VIEIRA, Padre Antônio. Sermões. In: CALDEIRA, Jorge (Org.). Brasil: a história contada por quem viu.

São Paulo: Mameluco, 2008. p. 144.

O trecho citado é uma parte dos famosos Sermões do padre jesuíta Antônio Vieira, que retratam a so-ciedade brasileira colonial do século XVII. Nesse sentido, a figura de linguagem predominante e o sujeito do texto são, respectivamente,

a) a analogia e o escravo africano.b) a ironia e os escravos indígenas.c) a sinédoque e os donos de engenho.d) o eufemismo e os trabalhadores livres.

(PAS-UEG) Leia o poema abaixo para responder à questão 62.

O incêndio de RomaRaiva o incêndio. A ruir, soltas, desconjuntadas,As muralhas de pedra, o espaço adormecidoDe eco em eco acordando ao medonho estampido,Como a um sopro fatal, rolam estateladas.

E os templos, os museus, o Capitólio erguidoEm mármore frígio, o Foro, as erectas arcadasDos aquedutos, tudo as garras inflamadasDo incêndio cingem, tudo esbroa-se partido.

Longe, reverberando o clarão purpurino,Arde em chamas o Tibre e acende-se o horizonte...– Impassível, porém, no alto do Palatino,

Nero, com o manto negro ondeando ao ombro, assomaEntre os libertos, e ébrio engrinaldada a fronte,Lira em punho, celebra a destruição de Roma.

BILAC, Olavo. O incêndio de Roma. Melhores poemas. São Paulo: Global, 2003, p. 31.

62. Verifica-se, no poema:

a) relações de distanciamento entre o título e o con-teúdo.

b) sinestesias nos versos das duas primeiras estrofes.c) aliterações nos versos das duas últimas estrofes.d) metáforas nas três últimas estrofes.

(PAS-UEG) Leia o poema abaixo para responder às questões 63 e 64.

Vila RicaO ouro fulvo do ocaso as velhas casas cobre;Sangram, em laivos de ouro, as minas, que a ambiçãoNa torturada entranha abriu da terra nobre;E cada cicatriz brilha como um brasão.

O ângelus plange ao longe em doloroso dobre.O último ouro do sol morre na cerração.E, austero, amortalhando a urbe gloriosa e pobre,O crepúsculo cai como uma extrema-unção.

Agora, para além do cerro, o céu pareceFeito de um ouro ancião que o tempo enegreceu...A neblina, roçando o chão, cicia, em prece.

Como uma procissão espectral que se move...Dobra o sino... Soluça um verso de Dirceu...Sobre a triste Ouro Preto o ouro dos astros chove.

BILAC, Olavo. Melhores poemas. São Paulo: Global, 2003, p. 105.

63. Em termos estruturais, o poema acima:

a) comporta uma anáfora em sua estrofe final.b) constitui um soneto composto em versos livres.c) possui rimas interpoladas (ABBA) em todos os

versos.d) apresenta aliterações no terceiro verso da pri-

meira estrofe.

64. No poema, o sujeito poético:

a) refere-se à enorme quantidade de prata extraída das minas de Vila Rica.

b) faz uma aproximação entre a cor dourada do sol poente e o brilho do ouro.

c) discorre sobre o início da exploração mineradora em Ouro Preto.

d) evita o uso de metáforas e valoriza o emprego denotativo das palavras.

(PAS-UEG) Leia o poema para responder à questão 65.

ConsoadaQuando a Indesejada das gentes chegar(Não sei se dura ou caroável),Talvez eu tenha medo.

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Talvez sorria, ou diga:– Alô, iniludível!O meu dia foi bom, pode a noite descer.(A noite com os seus sortilégios),Encontrará lavrado o campo, a casa limpa,A mesa posta, com cada coisa em seu lugar.

BANDEIRA, Manuel. Estrela da vida inteira. Rio de Janeiro:Nova Fronteira, 1993. p. 223.

65. Em relação à vida e à futura morte do eu lírico, os ter-mos “dia” e “noite”, no sexto verso, constituem uma:

a) aliteração.b) anáfora.c) comparação.d) metáfora.

(PAS-UEPA) Leia o texto a seguir para responder à questão 66.

O serviço militar, no Brasil, torna-se obrigatório pela homologação da Lei No. 4.375, de 17 de agosto de 1964, para brasileiros nascidos entre 1o de janeiro e 31 de dezembro, no ano em que completarem deze-nove anos de idade e consiste no exercício de ativida-des específicas desempenhadas nas Forças Armadas, durante um ano.

Caderno pedagógico, v. 7, no 1, 2010.

66. Leia as afirmativas e assinale a alternativa correta.

I. O termo “para”, em “para os brasileiros nascidos...”, tem sentido de objetividade.

II. A prestação de serviço militar é legalizada pelo Estado por um período de 12 meses.

III. As mulheres são desobrigadas do serviço militar, já que é de exclusividade masculina.

IV. O brasileiro que é admitido no serviço militar não tem a vida profissional garantida.

De acordo com as afirmativas acima, a alternativa correta é:

a) I e II.b) I e III.c) I e IV.d) II e III.e) II e IV.

(PAS-UEPA) Leia o texto a seguir para responder às questões 67 e 68.

Lampião dava a vida para estar entre os coro-néis”, contou, num depoimento ao historiador Frede-rico Pernambucano de Melo, o cangaceiro Miguel Fei-tosa, que conheceu Virgulino na década de 1920. “Vivia de coronel em coronel”, ele completa. Em 1923,

Lampião invadiu a cidade de Triunfo, na Paraíba, só para tirar de lá um homem chamado Marcolino Diniz, que tinha matado o juiz da cidade durante uma dis-cussão. A invasão da delegacia foi um serviço enco-mendado pelo sogro do assassino, José Pereira Lima, maior chefe político do interior da Paraíba naquela época. Já com pobres, mulheres e vilas indefesas, o cangaceiro não era tão camarada. Há relatos de que marcou, com ferro quente, o rosto de mulheres surpre-endidas com vestidos curtos e decotes cavados. Con-trário à construção de estradas no sertão, em pelo menos cinco ocasiões atirou em operários quando eles trabalhavam em alguma obra.

in: NARLOCH, Leandro. Guia politicamente incorreto da história do Brasil. São Paulo: Leya, 2011.

67. Sobre o texto, é correto afirmar que:

a) Lampião não praticava as atrocidades das quais era acusado pelos políticos de Brasília e do inte-rior nordestino, especialmente na Paraíba e em Pernambuco, durante a década de 1920.

b) o bando de Lampião via no seu comandante um poderoso dominador das áreas do sertão nordes-tino onde ainda prevalecia o latifúndio.

c) um dos possíveis instrumentos de dominação de classe, praticados com suas formas de violência real, principalmente assassinatos, se tornou banal com o cangaço de Lampião.

d) Lampião não gostava de ser reconhecido pelos relatos da sociedade do interior brasileiro como defensor dos oprimidos.

e) Virgulino Ferreira, o Lampião, foi uma espécie de bandido, que usou diversas modalidades de violên-cia social como forma de acabar com os adeptos da desordem no cangaço durante a década de 1920.

68. A leitura do texto nos mostra:

a) que, como fora da lei, o cangaceiro invadia cida-des e propriedades, objetivando apenas dar sus-tento aos pobres, tirando dinheiro dos ricos.

b) o herói que protestava contra a situação do ho-mem do campo em sua lida diária contra melho-res condições de vida e de seus familiares.

c) os efeitos das lutas em que prevaleciam formas de violência, envolvendo as comunidades das capitais nordestinas e seus currais políticos durante décadas.

d) que no cangaço prevalecia a justiça e a honesti-dade entre as sociedades envolvidas naquele momento histórico.

e) que Lampião, embora tido e venerado como jus-ticeiro, estava mais para ser defensor dos ricos que dos pobres.

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(PAS-UnB) Texto para a questão 69.1

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Eram 102 pessoas, 74 homens e 28 mulheres. No dia 6 de setembro de 1620, eles embarcaram no navio Mayflower, no porto de Plymouth, na Inglaterra, com destino a um continente desconhecido, a América. Eram os Pilgrim Fathers, pais peregrinos. Peregrino: vem do latim, pela junção de per, que quer dizer “através” e ager, que quer dizer “campo”. Peregrinos são aqueles que pe-rambulam por campos que não são seus. Se tivessem campos, não perambulariam. Morariam nas suas terras, cultivariam os seus campos. Fizeram a viagem em busca de terras que fossem suas porque eram sem-terra. De-sembarcaram no dia 21 de dezembro de 1620 no lugar onde hoje é a Nova Inglaterra. E fizeram o seu assenta-mento. Os habitantes do lugar, os índios, poderiam tê-los destruído. Não o fizeram. Foram generosos. Eles não acreditavam que a terra pudesse ser posse de alguém. Mas os Pilgrim Fathers queriam ser donos da terra. E fo-ram expandindo suas fronteiras. E, à medida em que expandiam as suas, as terras dos índios encolhiam. Che-garam a fazer até uso de guerra biológica: mandaram de presente para uma tribo cobertores que tinham sido usados por pessoas atacadas de varíola. A tribo inteira morreu. Os sem-terra ganharam terras.

Rubem Alves. Quarto de badulaque. São Paulo: Parábola, 2003. p. 144-5. (com adaptações)

69. Mantendo-se a coesão, a coerência e o sentido ori-ginal do texto, o trecho “Não o fizeram. Foram generosos.” (. 15) poderia ser transformado no se-guinte período simples:

a) Por solidariedade não destruíram.b) Embora generosos, não o destruíram.c) Generosos, não destruíram os peregrinos.d) A bondade dos índios impediu a sua destruição.

(PAS-UnB) Texto para a questão 70.1

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Não apenas etnicamente mestiços. Somos cultural-mente mestiços. Dançando o Aruanã sob a Lua; rezando numa capela de Nossa Senhora de Chestokova; curva-dos sobre a almofada de renda de bilros; trocando obje-tos e valores no Moitará; depositando ex-votos aos pés dos nossos santos; sambando na avenida; contemplando a pedra barroca tocada pela eternidade do Aleijadinho; dobrando a gaita numa noite de frio, no sul; tocados pela décima corda da viola sertaneja; possuídos pelo frevo e o maracatu nas ladeiras de Olinda e Recife; atados à corda do Círio de Nazaré; o coração de tambores percu-tindo nas ruas do Pelourinho ou o sapateado do catere-tê; girando a cor e a vertigem do Boi de Parintins e de São Luís; digerindo antropofagicamente o hip-hop no caldo da embolada ou do jongo. Somos irremediavelmente

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mestiços. A lógica da homogeneização nos oprime. Por isso, gingamos o corpo, damos um passe e seguimos adiante, como num drible de futebol ou numa roda de capoeira, que, sem deixar de ser luta, tem alma de dança e de alegria.

Sérgio Mamberti. Seminário nacional de políticas públicas para culturas populares. Ministério da Cultura, Brasília, 2005, p. 23.

70. Assinale a opção em que a reestruturação do tre-cho “Não apenas (...) sob a Lua;” (.1-2) mantém coesão textual e a coerência com as ideias do texto.

a) Não somos etnicamente, mas culturalmente mes-tiços: dançando o Aruanã sob a Lua;

b) Somos não apenas etnicamente mestiços, mas também culturalmente mestiços – dançando o Aruanã sob a Lua;

c) Somos apenas étnica ou culturalmente mestiços, dançando o Aruanã sob a Lua;

d) Não somos nem étnica nem culturalmente mes-tiços; dançando o Aruanã sob a Lua.

(PAS-UPE) Texto para as questões 71 a 73.

Como será a inteligência artificial depoisdo computador Watson

Watson, o novo supercomputador da IBM, assombrou o mundo ao se comportar como um humano. Mas as máquinas ainda têm um obstáculo pela frente antes de dominar o mundo: a nossa burrice

por Pedro Burgos e Alexandre Versignassi

(1) “Watson derrota a humanidade.” Essa foi uma das manchetes para a vitória de Watson, um computador que ganhou dos melhores competidores que a raça humana tinha disponível no Jeopardy!, um jogo de perguntas e respostas da TV americana. Pudera: Jeopardy! é um jogo complexo. Para humanos, inclusive. São perguntas furti-vas, tipo: “Isso é só um nariz sangrando! Você não tem essa doença genética que já foi endêmica entre a realeza europeia. Qual é a doença?”. Watson acertou: hemofilia. Acertou essa e outras dezenas de perguntas capciosas – e, como seus concorrentes humanos, não estava ligado à internet. Tudo o que ele tinha à disposição era uma me-mória de 15 mil gigabytes com alguns milhões de textos arquivados e uma capacidade de processamento equiva-lente à de 2 800 micros caseiros. Um computadorzão bem programado, só isso. (2) Para responder perguntas nessa linha, um computador precisa entender a linguagem falada e ter um raciocínio ca-paz de fazer associações inesperadas. Até fevereiro, isso era exclusividade de humanos. Mas e agora, que perdemos para esse ser gelado? Dá para dizer que a inteligência artifi-cial está se equiparando à nossa inteligência?

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(3) O debate está pegando fogo. De um lado, há os que vi-bram com Watson e similares e acreditam que os computa-dores vão superar logo a inteligência humana. A outra cor-rente diz que, por mais complexo e surpreendente que seja o feito de um computador, ele nunca será comparável ao de uma pessoa. Seriam duas inteligências distintas. (4) O termo “computador” denunciaria isso, por sinal. Até a metade do século 20, "computador" era uma profissão. Eram pessoas responsáveis por fazer cálculos longos – como pegar um monte de dados astronômicos e calcular quando um cometa passaria de novo pela Terra. Pessoas inteligentes, claro. Mas e hoje? Bom, hoje inteligente é quem bola o programa para que o computador resolva as contas. (5) Toda vez que conseguimos delegar uma função para máquinas, a tarefa perde a nobreza. Isso aconteceu até na derrota do campeão Kasparov para Deep Blue em 1997. Enquanto os defensores da inteligência artificial come-moravam, os da humanidade saíram-se nessa linha: “Bom, xadrez é só um jogo de análise estatística bruta. Não requer inteligência de verdade”. Com a vitória no Jeopardy! pode acontecer a mesma coisa: “Computadores vão bem? Ah, o jogo não é nada de mais”. (6) Mas e se habilidades que consideramos pessoais e in-transferíveis da nossa espécie puderem ser executadas por máquinas sofisticadas? Como ficamos? Se quisermos redu-zir as habilidades do Homo sapiens a instruções de progra-mação, o talento para a poesia, por exemplo, pode ser des-crito como um programa capaz de achar uma boa combinação de palavras. E daria para definir um líder polí-tico como um sujeito com um bom software para analisar riscos e oportunidades. (7) Não é fantasia. O próprio Watson pode servir para tare-fas bem mais humanas que responder perguntas. Progra-mado adequadamente, ele pode fazer diagnósticos com mais precisão que um médico – da mesma forma que uma calculadora de bolso é mais rápida que qualquer gênio da matemática. O supercomputador tem como ouvir relatos orais de pacientes e cruzar os sintomas com o banco de da-dos de toda a literatura médica em segundos. Mas isso torna os humanos dispensáveis? Não. Por mais que uma máquina consiga feitos mirabolantes, ela vai ser sempre uma ferra-menta que depende de humanos. Um “computador médico” precisa de médicos para ser programado. Os cérebros huma-nos por trás são tão importantes que o próprio Watson errou questões por bobeira de programação. Um dos deslizes: per-guntaram qual categoria da elite do automobilismo tem o nome de uma tecla de computador. “F-1” era a resposta. Qualquer batedeira tem capacidade de processamento para cruzar uma lista de nomes de teclas com uma de categorias de corridas. Mas a coisa mais próxima que Watson tinha para dizer era “Nascar”. Falha dele? Não, dos programadores – a Fórmula 1 é solenemente ignorada nos EUA.

(8) O erro nessas horas é imaginar que as máquinas são uma espécie à parte. Computadores são só alicates e mar-telos mais complexos. E quando você marreta o dedo não é culpa da natureza do martelo, mas sua, que não soube "programar" a martelada. A vida é melhor com martelos. Com supercomputadores também. A vitória de um é uma vitória da humanidade. E sempre será, mesmo no dia em que uma máquina puder escrever um texto como este bem melhor do que a gente.

Disponível em: http://super.abril.com.br/tecnologia/como-sera-inteligencia-artificial-depois-computador-watson-625679.shtml.

Acessado em 25 de maio de 2011. (com adaptações)

71. A afirmativa que traduz a ideia global do texto está contida na alternativa:

a) a vitória do computador Watson é um forte indí-cio de que os computadores são mais inteligen-tes que os seres humanos.

b) as máquinas nunca superarão os seres humanos, uma vez que a inteligência artificial é uma exten-são de nossa inteligência.

c) as máquinas serão tão inteligentes quanto os ho-mens quando conseguirem escrever poesia e li-dar com questões políticas.

d) o fato de o computador Watson ter errado algu-mas questões durante o jogo prova que ele é me-nos inteligente que o ser humano.

e) embora tenham conseguido superar as limita-ções dos seres humanos, as máquinas nunca do-minarão o mundo.

72. Sobre o modo como se organiza o texto, analise as afirmativas a seguir:

I. além de sintetizar os conteúdos fundamentais do texto, o subtítulo diferencia-se por meio de recur-so gráfico específico.

II. centrado na informação e na exposição, o texto não apresenta elementos que possam ser toma-dos como argumentativos.

III. há presença de elementos que se contrapõe para mostrar pontos de vista divergentes quanto ao assunto.

IV. o recurso a analogias e comparações surge em passagens como “Computadores são só alicates e martelos mais complexos”.

V. a informação que origina o texto aparece no tre-cho “A vida é melhor com martelos. Com super-computadores também”.

Está correto o que se afirma em:

a) I, II e III. d) II, III e V.b) I, II e IV. e) III, IV e V.c) I, III e IV.

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73. No texto, há o confronto de duas ideias:

a) a inteligência artificial vai superar a inteligência humana;

b) nenhum computador vai conseguir superar a inteli-gência humana.

Assinale a alternativa cujo argumento está a favor da segunda ideia.

a) O novo supercomputador da IBM assombrou o mundo ao se comportar como um humano.

b) Watson acertou dezenas de perguntas complexas e nem estava ligado à internet.

c) Watson tinha uma memória de 15 mil gigabytes e uma capacidade equivalente à de 2 800 micros caseiros.

d) Em 1997, o famoso campeão de xadrez Kasparov foi vencido pelo computador Deep Blue.

e) O talento para a poesia é muito mais do que um programa capaz de achar uma boa combinação de palavras.

74. (PAS-UFAM) Assinale a alternativa correspondente à sequência em que os períodos abaixo devem ser ordenados para formarem um parágrafo coeso e coerente, como o original, que pertence a Carlos Eduardo Novaes.

1. O homem atual vive imprensado entre os dietéti-cos e os supermercados.

2. A febre de emagrecimento deveria beneficiar o desenvolvimento de pequenas quitandas e não desses monstruosos templos de consumo.

3. Numa sociedade em que ninguém quer engor-dar, o crescimento dos supermercados é um tanto contraditório.

4. Quando muito, conseguiremos uma dupla for-mada pelo Gordo e pelo Menos Gordo.

5. Acontece que o esforço para manter-se magro nas-ceu exatamente na esteira dos supermercados.

6. Mais um pouco e será impossível reviver a dupla O Gordo e O Magro.

a) 3 – 2 – 5 – 1 – 6 – 4b 1 – 3 – 2 – 5 – 6 – 4c) 1 – 2 – 3 – 5 – 4 – 6d) 6 – 4 – 3 – 5 – 1 – 2e) 3 – 5 – 2 – 4 – 6 – 1

75. (PAS-UFAM) Assinale a opção que melhor traduz a ideia central do texto abaixo.

Um chinês louro, de olhos azuisHá alguns anos, conheci em Nova Iorque um jovem

que não falava uma palavra em inglês e estava evi-dentemente perplexo com os costumes americanos. Pelo “sangue”, era tão americano como qualquer outro, pois seus pais eram de Indiana e tinham ido para a China como missionários.

Órfão desde a infância, fora criado por uma famí-lia chinesa, numa aldeia perdida. Todos os que o co-nheceram o acharam mais chinês do que americano. O fato de ter olhos azuis e cabelos claros impressionava menos que o andar chinês, os movimentos chineses dos braços e das mãos, a expressão facial chinesa e os modos chineses de pensamento.

A herança biológica era americana, mas a forma-ção cultural fora chinesa. Ele voltou para a China.

Do livro Iniciação à Sociologia, de Pérsio Santos de Oliveira.

a) A herança biológica pode influir, mas não pre-pondera sobre aquela constituída dos hábitos e costumes do meio onde, desde a infância, o indi-víduo vive.

b) Traços culturais adquiridos na infância marcam o indivíduo e o acompanham aonde quer que ele vá.

c) Não é o lugar onde se nasce, mas o lugar onde se vive que molda o perfil cultural do indivíduo.

d) A herança biológica exerce um domínio menor sobre o indivíduo.

e) A cultura é mais forte que o sangue no comporta-mento do indivíduo.

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Respostas das Atividades Adicionais

Português

1. d 15. d

2. e 16. a

3. a 17. d

4. d 18. c

5. a 19. d

6. e 20. b

7. b 21. c

8. d 22. d

9. c 23. d

10 . d 24. d

11. c 25. c

12. b 26. d

13. d 27. b

14. e

28. “O combate ao trabalho infantil entrou na lista dos progra-mas sociais que estão vendo as verbas minguar, embora este combate tenha sido uma das bandeiras de campa-nha do atual governo” ou “Embora o combate ao traba-lho infantil tenha sido uma das bandeiras de campanha do atual governo, ele entrou na lista dos programas so-ciais que estão vendo as verbas minguar”.

29. a

30. c

31. d

32. e

33. c

34. a) Oração subordinada adjetiva explicativa.b) Pronome relativo.

35. d

36. d

37. d

38. a

39. b

40. c

41. e

42. e

43. c

44. a

45. e

46. d

47. c

48. b

49. a

50. e

51. b

52. e

53. a

54. d

55. b

56. a

57. c

58. a

59. d

60. a

61. a

62. c

63. d

64. b

65. d

66. d

67. c

68. e

69. c

70. b

71. b

72. c

73. e

74. a

75. e