Módulo 01 cultura_da_soja

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Marcio Claro de Oliveira – Engº Agrônomo – CREA/BA 60323 – e-mail: [email protected] 1. CULTURA DA SOJA: - BOTÂNICA: → Glycine max (L) Merrill → Família: Leguminosa - Rica em proteína – 45 a 50%; DESCRIÇÃO DA PLANTA: - Sistema radicular: - axial; - nódulos. - Caule: Herbáceo, ereto, pubescente, ramificado. - Folhas: - Duas cotiledonares; - Duas simples (opostas); - Trifolioladas (alternadas). - Flores: → Completas (estandarte, asas, quilha); → Inflorescência (8 – 40 flores). - Fruto: → Vagem (3 sementes por vagem, algumas variedades podem ocorrer 4 sementes por vagem); - Semente: Forma variável. - Hábito ou tipo de crescimento: a) Determinado: O caule termina com um racemo terminal. Em solos férteis não se recomenda plantar uma variedade determinada. b) Indeterminado: Não apresenta o racemo terminal. c) Semindeterminado, indeterminado: 60 a 70% da altura final, no início do florescimento. - OUTRAS CARACTERÍSTICAS: - Abscisão tardia (a folha fica retida pela planta característica indesejável); Deiscência (característica indesejável).

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Apostila de soja

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1. CULTURA DA SOJA:

- BOTÂNICA: → Glycine max (L) Merrill

→ Família: Leguminosa

- Rica em proteína – 45 a 50%;

DESCRIÇÃO DA PLANTA:

- Sistema radicular: - axial;

- nódulos.

- Caule: Herbáceo, ereto, pubescente, ramificado.

- Folhas: - Duas cotiledonares;

- Duas simples (opostas);

- Trifolioladas (alternadas).

- Flores: → Completas (estandarte, asas, quilha);

→ Inflorescência (8 – 40 flores).

- Fruto: → Vagem (3 sementes por vagem, algumas variedades podem ocorrer 4 sementes por vagem);

- Semente: Forma variável.

- Hábito ou tipo de crescimento:

a) Determinado: O caule termina com um racemo terminal. Em solos férteis não se recomenda plantar uma variedade determinada.

b) Indeterminado: Não apresenta o racemo terminal.

c) Semindeterminado, indeterminado: 60 a 70% da altura final, no início do florescimento.

- OUTRAS CARACTERÍSTICAS: - Abscisão tardia (a folha fica retida pela planta – característica indesejável); Deiscência (característica indesejável).

- Estádios de desenvolvimento (FEHR e CAVINESS, 1977): Uma folha é considerada completamente desenvolvida, quando a folha do nó acima se estende suficientemente, de tal modo que os dois bordos de cada folíolo não estejam se tocando.

- Composição das sementes: Proteínas 45 a 50%, gorduras ± 21%, carboidratos ± 34%, constituintes biologicamente ativos como ácidos fético, saponinas, inibidores da tripsina, etc.

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- Tóxicos quando ingeridos por vários animais;

- Soja crua causa inibição do crescimento;

- Defesa metabólica contra insetos, invasão bacteriana;

- Enzimas – As lipoxigenases são consideradas de maior importância.

→ FOTOPERIODISMO:

- A soja floresce, em condições de campo, somente quando os dias são diminuídos abaixo do valor crítico para a variedade sendo denominada planta de dias curtos;

- Existem variedades que apresentam um período de juvenilidade bastante longo, independente do fotoperiodismo.

- O fotoperiodismo é o fator mais importante na determinação da proporção relativa entre os períodos vegetativos e reprodutivos, influenciado, também no período de florescimento até a formação da vagem e, daí até a maturação, no número de nós e na altura da planta.

→ VARIEDADES DE SOJA:

1º) Critérios para escolha:

- Adaptação ao local de cultivo;

- Maturação na área de cultivo;

- Altura da planta e da inserção da 1º vagem;

- Acamamento das plantas;

- Deiscência das vagens;

- Resistência a pragas e doenças;

- Qualidade da semente;

- Fertilidade do solo;

- Escalonamento das sementes e da colheita.

2º) Período Juvenil:

- Cultivares introduzidas – menor período vegetativo;

- Até que se complete o período juvenil, a planta não sofre indução ao florescimento, mesmo que seja cultivada sob dias curtos, abaixo do mínimo crítico varietal.

- Soja com período juvenil curto é mais produtiva: – Se semeada em período estreito e em solos de elevada fertilidade;

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- Soja com período juvenil longo é mais produtiva: - Em plantios antecipados Pois vai se desenvolver mais é a mais utilizada na região.

→ FATORES QUE INTERFEREM NO DESENVOLVIMENTO DA SOJA:

- Comprimento do dia;

- Temperatura: - 18 a 21°C – Germinação 5 a 7 dias;

- Ideal – 25°C;

- Extremos – 10°C e 38°C;

- T - teor de óleo;

- T - simbiose;

- T – Aumenta o período vegetativo.

- Precipitação pluviométrica: O problema não é a falta de chuva e sim a sua distribuição;

- Época de semeadura: Na época das chuvas (Final de outubro, novembro e início de dezembro).

- População de plantas: 200 a 500 mil / plantas / ha, (devido a sua alta plasticidade)

- Cálculo da população de plantas por hectare (PPha):

Referente a 1 hectare (10000 m²)

PPha = (10000 / espaçamento entre linhas) X nº plantas/m nº plantas requeridas por metro.

(que varia de 0,45 a 0,50 cm)

→ INOCULAÇÃO DE SEMENTES DE SOJA:

- Fatores limitantes da fixação:

a) Qualidade do inoculante:

- Deve ser de firmas idôneas;

- Transportar a baixas temperaturas – abaixo dos 10ºC;

- Armazená-los em geladeira ou câmara fria;

- Observar o prazo de validade;

OBS. As sementes que forem inoculadas deverão ser plantadas no mesmo dia.

IMPORTANTE: Para melhor eficiência da operação, deve-se sempre aplicar primeiro o fungicida, depois os micronutrientes (Mo e Co) e somente depois o inoculante.

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IMPORTANTE: Quando as formulações forem via seca (pó), adicionar antes do fungicida 600 ml de água por 100 Kg de sementes. Um detalhe importante, é que o volume final da mistura (fungicida, micronutriente e inoculante) nunca ultrapasse 600 ml por 100 kg de sementes.

b)aFatores adversos do solo:

- pH – 6,0 a 6,5 Quando o pH está nessa faixa todos os outros fatores já deverão estar corrigidos.

- Bom suprimento de macro e micronutrientes;

- Ausência de elementos tóxicos como Al3+ e Mn2+;

- Condições propícias de aeração e umidade.

c) Estirpe de Rhizobium nativo:

- É ineficiente e compete com o melhorado;

- Bradyrhyzobium japonicum → específico para soja;

- Pico máximo de fixação vai até o enchimento do grão.

- Avaliação da FBN – Fixação Biológica de Nitrogênio:

- Nódulos maiores e em menor número (ideal);

- Mais de meio centímetro de diâmetro e de coloração rósea (avermelhada) bem forte;

- 1º semana após a germinação, já se observa a formação de nódulos;

→ Métodos de inoculação:

Inoculante comercial:

- É o método mais eficiente e barato;

- Forma de pó, mais também tem líquido;

- 50 Kg de semente com 200 ml de água, sobre lona ou piso cimentado à sombra + 200 g de inoculante;

- Uso de betoneira – tomar cuidado com danos mecânicos nas sementes.

Uso de nódulos macerados; Não são recomendados Uso de solo onde se planta soja;

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Cuidados gerais:

- Na aquisição do inoculante, com o armazenamento entre outros;

- Cuidado com os fatores do solo;

- Com avaliação dos nódulos;

- E danos mecânicos.

→ CORREÇÃO DO SOLO – CALAGEM:

1º) Solos com teor de argila maior que 20% e Ca + Mg menor que 20 meq/ 100 cm³;

NC = (Al X 2) + [ 2- (Ca + Mg)] X ƒ Fator de correção do PRNT do calcário

Necessidade de calcário (100/PRNT)

2º) Solos com teor de argila maior que 20% e Ca + Mg maior que 2,0 meq/ 100 cm³;

NC = (2 X Al) X ƒ Fator de correção do PRNT do calcário

*aPreço Efetivo do Calcário (PEC):

PEC = VCF X 100 ÷ PRNT

Valor do calcário na fazenda inclui o custo do transporte

OBS: O calcário deve ser incorporado pelo menos três (3) meses antes da semeadura.

3º) Solos com teor de argila menor que 15%:

NC = (2 X Al) X ƒ ou;

NC = [2 – (Ca + Mg)] X ƒ

→ GESSO AGRÍCOLA:

- Como fonte de enxofre e cálcio – 100 a 200 Kg/ ha;

- Minimizar a acidez;

- Saturação por alumínio maior que 20% e/ ou teor de Ca < 0,5 meq/ 100 cm³.

QUANTIDADES: - Arenosos: 700 Kg/ ha; - Média: 1200 Kg/ ha; - Argiloso: 2200 Kg/ ha; - Muito argiloso: 3200 Kg/ ha.

2. INSTALAÇÃO DA LAVOURA:

1) Umidade e Temperatura do solo: Para a germinação e a emergência da plântula, a semente de soja, requer absorção de água de, pelo menos, 50% do seu peso seco, ou

OBS: Utilizar a que for maior das duas.

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seja, deve haver adequadas umidade e aeração do solo e a semeadura deve propiciar o melhor contato possível entre solo e semente. A temperatura média do solo mais adequada para a semeadura da soja gira em torno de 20 a 30°C, sendo 25°C a ideal para uma emergência rápida e uniforme.

2) Cuidados na semeadura – Referentes às máquinas (plantadeiras) de semeaduras.

- Mecanismos de semeadura – Especialmente o tipo de dosador de semente, do controlador de profundidade e do compactador de sulco:

a) Tipo de dosador de semente: Destacam-se os de disco horizontal e os pneumáticos. Os pneumáticos apresentam maior precisão, ausência de danos à semente e são mais caros, nos de disco horizontal, que são mais comuns, são indicados os com linhas duplas de furos (alvéolos), por garantir melhor distribuição das sementes ao longo do sulco.

b) Limitador de profundidade: O sistema com roda flutuante acompanha melhor o relevo do solo, mantendo sempre a mesma profundidade de semeadura.

c) Compactadores de sulco: O tipo em “V” aperta o solo contra a semente, eliminando as bolsas de ar sem compactar a superfície do solo sobre a linha de corte do sulco, como ocorre com o tipo de roda única traseira.

3) Velocidade de operação da semeadora: Influi na uniformidade de distribuição e nos danos provocados às sementes. a velocidade ideal de deslocamento está entre 4 a 6 Km/h, dependendo, principalmente, da uniformidade da superfície do terreno.

4) Profundidade: Entre 3 a 5 cm.

5) Posição semente / adubo: Deve ser distribuído ao lado e abaixo da semente, pois o contato direto poderá até matar a plântula.

6) Compatibilidade dos produtos químicos: Seguir as recomendações do Engenheiro Agrônomo, pois doses excessivas de fungicidas e herbicidas prejudicam tanto a germinação quanto o desenvolvimento inicial da plântula.

7) Época de semeadura: Tem alta influência no rendimento da cultura da soja, devido na sensibilidade térmica e foto período, ou seja, evitar a exposição da lavoura a variações climáticas limitantes para a cultura.

8) Diversificação de cultivares: O emprego de duas ou mais cultivares, de diferentes ciclos, na mesma propriedade, são eficientes para diminuir os riscos de perda de rendimento causados principalmente por variações climáticas, com isso pode-se ampliar os períodos críticos da cultura (floração, enchimento de grãos e maturação), havendo menor prejuízo se ocorrer deficiência ou excesso hídrico, os quais atingirão apenas uma parte da lavoura.

9) Cálculo da quantidade de sementes e regulagem da semeadura: É necessário que se conheça o poder germinativo (% germinação) das sementes, para isso é realizado um teste de campo, onde são coletadas 4 amostras representativas de 100 sementes que

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deverão ser semeadas a uma profundidade de 3 a 5 cm, em solo preparado, em 4 fileiras de 4 metros cada, é necessário manter o solo com uma umidade constante para favorecer a emergência das plântulas. Aproximadamente 10 dias após a semeadura (plântulas com o 1º par de folhas completamente aberto), faz a contagem em cada fileira considerando apenas as vigorosas. O percentual de emergência em campo será a média aritmética do número de plantas emergidas nas quatro repetições de 100 sementes.

% emergência campo = ∑ plantas emergidas ÷ 4

O número de plantas / metro a ser obtido é estimado em relação à população de plantas/ ha e o espaçamento utilizado.

Nº plantas/ m = {população plantas/ ha X espaçamento (m)} ÷ 10000 Referente a um hectare.

Cálculo do número de sementes / m de sulco:

Nº sementes/ m = (nº de plantas / m X 100) ÷ % emergência campo

Para estimar a quantidade de sementes que será gasta (Q) por hectare, em Kg/ ha:Peso de 100 sementes (g) Nº de plantas que se deseja/ m.

Q = {(1000 X P X D) X 1,1} Fator de segurança, com acréscimo de 10% no nº de sementes

G X E Espaçamento utilizado em “cm”

% de germinação (emergência) em campo

IMPORTANTE: A semeadora sempre terá que ser regulada para semear o número desejado de sementes / metro já acrescida do fator de segurança.

→ Tratamento de sementes de soja – para 100 Kg de sementes (Padrão FMR):

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→ Tratamento de sementes – para 100 kg de sementes (Padrão Sementes Oilema):

→ Aplicação de defensivos agrícolas:

A) Trangênico – Herbicidas:

B) Convencionais – Herbicidas:

Fungicida: Derosal plus = 200 ml

Inseticida: Monceren = 150 gStandak = 100 ml

Inoculante e micronutriente: 1 dose de inoculante(líquido ou turfa)Cofermol (Cobre, ferro e molibidênio) = 100 ml/ ha.

2 l/ ha de Roundap Read (Glyphosathe)

Se necessário

1,5 Kg de Roundap Read (Glyphosathe)

WG

Folha largaa) 0,4 l/ ha de Pivot;b) 0,4 l/ ha de Cobra;

c) 20 g de Pacto.

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C) Inseticidas:

D) Fungicidas:

3. PLANTIO DIRETO NA PALHA:

Plantio direto é um sistema de semeadura no qual a semente é colocada diretamente no solo não revolvido, usando-se máquinas especiais ou adaptadas, sobre os restos das culturas anteriores ou por culturas implantadas para esse fim.

Vantagens do sistema de plantio direto (PD) na palha:a) Controle da erosão: O plantio direto mantém a superfície do solo sempre protegida

pela cobertura morta dos restos de cultura e de plantas daninhas, que absorvem o impacto direto das gotas da chuva, reduzem a dispersão e o arraste de partículas de solo através da enxurrada, melhorando o poder de infiltração de água, evitando a formação de crostas.

b) Redução do tempo de plantio: O PD reduz o tempo entre a colheita e o plantio subseqüente, permitindo o estabelecimento da segunda cultura rapidamente. Isto porque o terreno continua firme após as chuvas, possibilitando o tráfego de máquinas sobre o solo protegido.

a) Junto com a 1º aplicação de Herbicidas, 300 ml de Thiodan;

b) 2º aplicação ou aplicação para folha estreita, 50 ml de Nomolt.

c) Pré-florada: 50 ml de Nomolt;d) Florada: 60 ml de Tamaron + 300 g de

Larvin.

e) Enchimento de grãos: 1 l de Conect e;1 l de Lannate

Floração

0,5 l de Opera;0,4 l de Derosal 500

R5.1

0,5 l de Folicur;0,35 l de Derosal 500

R5.5

0,5 l de Systhane

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c) Consumo de combustível: O menor número de operações envolvendo máquinas de plantio direto reduz até ⅓ o consumo de combustível, em comparação com as exigências do plantio convencional.

d) Conservação da umidade no solo: A redução da evaporação sob a camada de restos vegetais contribui para a permanência da umidade no solo por mais tempo, favorecendo o estabelecimento inicial mais rápido da cultura e auxiliando a suportar períodos curtos de seca.

e) Melhoria das condições físicas e químicas do solo: O não revolvimento e o acúmulo de restos culturais na superfície permitem maior estabilidade dos agregados do solo. A decomposição dos restos culturais pelos microorganismos é de grande importância para o desenvolvimento das plantas e equilíbrio químico dos nutrientes do solo, aumentando a vida biológica, aumentando a aeração e infiltração de água, melhorando assim o aproveitamento dos fertilizantes pelas culturas, trazendo retorno através de maiores produtividades.

f) Redução populacional das plantas daninhas: O acúmulo de palha na superfície do solo atua como agente físico e bioquímico nas alterações de germinação das plantas daninhas. Após 5 a 6 anos do sistema implantado, pode-se reduzir o consumo de herbicidas, diminuindo o custo de produção.

4. FENOLOGIA DA SOJA:

→ DESCRIÇÃO DOS ESTÁDIOS DE DESENVOLVIMENTO DA SOJA: O conhecimento dos estádios de desenvolvimento de uma cultura possibilita identificar as suas características morfológicas, inter-relacionando-as com a fisiologia da planta e as condições climáticas, auxiliando na tomada de decisão quanto às práticas culturais, aplicação de insumos e tratamentos fitossanitários, entre outros.

→ FASE VEGETATIVA:

- VE – Emergência, cotilédones acima da superfície do solo;

- VC – Cotilédones expandidos, com as folhas unifolioladas abertas de tal modo que os bordos destas folhas não se estejam tocando;

- V1 – Primeiro nó, folhas unifolioladas expandidas, com a primeira folha trifoliolada aberta de tal modo que os bordos de cada folíolo não se estejam tocando;

- V2 – Segundo nó, primeiro trifólio expandido e a segunda folha trifoliolada aberta de tal modo que os bordos de cada folíolo não se estejam tocando;

- V3 – Terceiro nó, segundo trifólio expandido e a terceira folha trifoliolada aberta de tal modo que os bordos de cada folíolo não se estejam tocando;

- Vn – Enésimo (último) nó antes da floração.

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→ FASE REPRODUTIVA:

- R1 – Início da floração, até 50% das plantas com uma flor;

- R2 – Floração plena, maioria dos racemos com flores abertas;

- R3 – Final da floração, vagens com até 1,5cm;

- R4 – Maioria das vagens do terço superior com 2 a 4 cm;

- R5.1 – Grãos perceptíveis ao tato a 10% da granação;

- R5.2 – Maioria das vagens com granação de 11 a 25%;

- R5.3 – Maioria das vagens entre 26 a 50% de granação;

- R5.4 – Maioria das vagens entre 51 a 75% de granação;

- R5.5 – Maioria das vagens entre 76 a 100% de granação;

- R6 – Vagens com 100% de granação e folhas verdes;

- R7.1 – Início a 50% de amarelecimento de folhas e vagens;

- R7.2 – Entre 51 a 75% de folhas e vagens amarelas;

- R7.3 – Mais de 76% de folhas e vagens amarelas;

- R8.1 – Início a 50% de desfolha;

- R8.2 – Mais de 51% de desfolha a pré-colheita;

- R9 – Ponto de maturação de colheita.

FONTE: RITCHIE, et. al. 1982, (adaptado por J. T. Yorinori, 1996).

5. DEFICIÊNCIA DE NUTRIENTES:

- NITROGÊNIO: A lavoura de soja com deficiência de nitrogênio vai perdendo a cor verde-escuro, passando a verde-pálido com um leve amarelado e, dias mais tarde, todas as folhas tornam-se amarelas. Este sintoma aparece primeiro nas folhas inferiores, mas espalha-se rapidamente pelas folhas superiores.

- FÓSFORO: Os sintomas de deficiência de fósforo são caracterizados nas folhas maduras por uma cor verde-escuro, mas os sintomas principais são o crescimento lento, com plantas raquíticas, de folhas pequenas e muitas vezes verde-escuro azuladas.

- POTÁSSIO: O aparecimento dos sintomas visuais começa com um mosqueado amarelado nas bordas dos folíolos das folhas da parte inferior da planta, áreas cloróticas avançam para o centro dos folíolos, dando-se então o início da necrose

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das áreas mais amareladas nas bordas dos folíolos, com o aumento progressivo do sintoma.

- CÁLCIO: A deficiência de cálcio é caracterizada pela redução de crescimento do tecido meristemático no caule, na folha e na ponta da raiz. A deficiência normalmente aparece primeiro nas folhas novas e nos pontos de crescimento (meristema apical) provavelmente como conseqüência da imobilidade do cálcio na planta.

- MAGNÉSIO: Causa inicialmente uma cor verde-pálido nas bordas, passando após para uma clorose marginal nas folhas mais velhas, e com o decorrer do tempo a clorose avança para dentro, entre as nervuras. O amarelecimento começa pelas folhas basais e, com o aumento dos sintomas de deficiência, as folhas jovens também são atingidas.

- ENXOFRE: Sintomas similares aos da deficiência de nitrogênio, porém iniciam-se nas folhas novas, clorose geral das folhas incluindo as nervuras, folhas velhas amareladas e necrosadas, plantas deficientes são pequenas e de caule fino.

- BORO: Desenvolvimento anormal e lento dos pontos de crescimento, folíolos das folhas mais novas enrugados, mais espessas e com cor verde-azulada escura, clorose entre as nervuras do dorso do folíolo, morte dos pontos de crescimento.

- COBRE: A deficiência de cobre geralmente causa necrose nas pontas dos folíolos das folhas novas. Essa necrose prossegue pelos bordos dos folíolos, resultando em folhas com aparência de perda de turgidez e de água, parecendo que secaram.

- FERRO: No estádio inicial do desenvolvimento dos sintomas, as áreas entre as nervuras do folíolo das folhas de soja passam a apresentar cor amarelada, na medida em que ocorre uma evolução na severidade da deficiência, também as nervuras ficam amarelas e, finalmente, toda a folha fica quase branca, manchas necróticas de cor marrom podem surgir na margem dos folíolos, próximo às bordas.

- MANGANÊS: Exceto as nervuras, as folhas de soja tornam-se verde-pálido e passam para amarelo-pálido. Área necrótica marrons desenvolve-se nas folhas à medida que a deficiência torna-se mais severa. Os sintomas são visíveis primeiro nas folhas novas, enquanto que na de magnésio as folhas velhas são as primeiras a serem afetadas.

- ZINCO: Os folíolos com deficiência de zinco ficam menores, com áreas cloróticas entre as nervuras, sendo estes sintomas mais severos nas folhas basais. Os tecidos cloróticos tendem a ficar de cor marrom ou cinza e morrem prematuramente.

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6. PRAGAS DA CULTURA DA SOJA:

1) PRAGAS INICIAIS:

- Percevejo Castanho da Raiz (Scaptocoris castanea / Scaptocoris carvalhoi)

As ninfas são de coloração branca e os adultos possuem coloração castanha, com aproximadamente 8 mm de comprimento. Nos períodos mais secos aprofundam até 1,70 m. Possuem pernas anteriores adaptadas para a escavação. O acasalamento ocorre no solo. Os ovos são de coloração creme, de forma ovalada e com a superfície lisa e brilhante.

DANOS: Através da alimentação nas raízes, impede o crescimento das plantas que, quando atacadas, tornam-se amareladas, definham e algumas podem até morrer se o ataque ocorrer no início de seu desenvolvimento. Ocorrem em reboleiras e os danos podem diferir em relação à fertilidade do solo.

- Corós da Soja (Phyllophaga cuyabana e Liogenys sp.)

Os adultos são besouros ovalados, castanho escuro, com cerca de 1,2 a 1,5 cm (Liogenys sp.) e 1,5 a 2,0 cm (Phyllophaga cuyabana). Os ovos são brancos e depositados isoladamente no solo, na camada superficial. As larvas são brancas, com três pares de pernas torácicas, robustas, atingindo até 3,5 cm de comprimento.

DANOS: As larvas se alimentam das raízes, causando redução de crescimento da planta, folhas amarelas e murchas. Quando o ataque é na fase inicial pode ocorrer morte das plantas.

- Lagarta Elasmo (Elasmopalpus lignosellus)

A lagarta apresenta coloração variando do verde-azulado ao róseo, com listras transversais marrom e cabeça pequena também marrom. Pode atingir 15 mm no máximo e se caracteriza por formar um abrigo feito de seda, detritos e partículas do solo. O adulto é uma micro-mariposa cinza e é muito atraída por focos luminosos.

DANOS: Penetram na planta de soja à altura do colo, cavando uma galeria ascendente no interior do caule, alimentando-se do mesmo. As plantas atacadas inicialmente murcham, podendo morrer imediatamente levando as falhas de estande ou sofrer agravamento de danos sob a ação de chuvas, vento ou implementos agrícolas, que tombam as plantas.

- Patriota (Diabrotica speciosa)

Os adultos medem entre 4 e 5 mm, apresentam cor geral verde, com seis manchas amarelas ou alaranjadas sobre as asas. No campo, a maior parte dos adultos de Diabrotica speciosa concentra-se na parte superior das plantas. A postura é realizada no solo, com cerca de 30 ovos por massa. Esta larva, conhecida como “larva-alfinete” alimenta-se de raízes de plantas.

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DANOS: Normalmente ocorrem em reboleiras. Atacam exclusivamente as folhas da soja, de preferência as folhas mais novas e tenras, perfurando-as e deixando-as rendilhadas. Quando o ataque é muito intenso, pode causar atraso no desenvolvimento das plantas.

- Vaquinha (Cerotoma arcuata)

O adulto apresenta coloração bege, com quatro manchas marrom-escuras, duas grandes e duas pequenas, em cada asa anterior. A larva é branca com cabeça preta.

DANOS: As larvas alimentam-se de nódulos de rizóbium, podendo diminuir a produção. Os adultos se alimentam de folhas, mas podem atacar vagens e flores.

- Vaquinha (Maecolaspis calcarifera)

O adulto apresenta cor verde metálica e mede cerca de 5 mm. O abdômen é afilado sendo o tórax ainda mais estreito. Os adultos danificam as folhas, mas geralmente não causam perdas na produção em soja.

DANOS: Desfolhador na fase adulta, no entanto comprometem a produção em altas populações.

- Lagarta da Soja (Anticarsia gemmatalis)

As lagartas podem apresentar coloração totalmente verde, pardo-avermelhada ou preta, com estrias brancas sobre o dorso e são caracterizadas pela presença de cinco pares de falsas pernas abdominais. O adulto é uma mariposa de coloração variando entre cinza, marrom, bege, amarelo ou azul claro, tendo sempre presente uma linha transversal unindo as pontas do primeiro par de asas.

DANOS: Durante a fase inicial as lagartas raspam o tecido foliar. A partir do terceiro estágio consomem o limbo foliar e as nervuras, deixando pequenos buracos nas folhas, provocando reduções da área foliar e da taxa fotossintética.

- Lagarta Falsa-Medideira (Pseudoplusia includens)

As lagartas apresentam coloração verde-claro, com uma série de linhas brancas longitudinais espalhadas sobre o dorso. Apresentam apenas três pares de falsas pernas na região abdominal e, no seu deslocamento, parecem medir palmos. A mariposa apresenta cor marrom, com duas manchas prateadas em cada uma das asas do primeiro par. As asas posteriores também são marrons.

- Spodoptera eridania

As lagartas apresentam cor cinza escura à castanha com três listras longitudinais, alaranjadas e triângulos pretos no dorso do corpo. As mariposas são de cor cinza, com uma mancha preta na parte central das asas anteriores.

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DANOS: As lagartas se alimentam de vagens e grãos podendo se alimentar de folhas. Em alguns anos tem causado altas desfolhas e/ou danos às vagens.

- Spodoptera cosmioides

As lagartas nos primeiros estádios possuem coloração marrom, passando a preta com listras longitudinais brancas e marrons, nos últimos estágios apresentam coloração preto-brilhante com pontuações douradas sobre o dorso, distribuídas em duas linhas longitudinais de cor alaranjada. As mariposas apresentam asas anteriores pardas, com riscos ou desenhos brancos, e as posteriores são de coloração branca. Os ovos são depositados em massas nas folhas.

DANOS: As lagartas se alimentam de vagens e grãos, podendo se alimentar de folhas. Em alguns anos tem causado altas desfolhas e/ ou danos às vagens.

- Lagarta Enroladeira (Omiodes indicata)

A lagarta é de cor verde claro, tendendo ao amarelo nos primeiros estádios e verde mais acentuado nos últimos estádios. A fase de pupa ocorre nas próprias folhas enroladas pelo inseto. Os adultos são de coloração amarelada, com três estrias transversais escuras nas asas anteriores.

DANOS: Essa lagarta se diferencia das demais por dobrar e unir as folhas de soja com fios de seda para sua proteção.

- Lagarta – das – Maças (Heliothis virecens)

A lagarta é de coloração variável, variando de creme, verde, amarelada, parda ou rósea com pintas escuras pelo corpo, apresentam micro-espinhos nas pintas salientes do corpo. As mariposas possuem hábitos noturnos e durante o dia ficam escondidas entre as folhas das plantas, apresentam coloração marrom-clara e apresentam três listras brancas transversais na largura das asas. Os ovos são depositados isoladamente nas folhas.

DANOS; Em geral consomem as vagens, mas podem se alimentar de folhas da soja.

2) PERCEVEJOS:

- Percevejo Marrom (Euschistus heros)

O adulto é marrom escuro, com espinhos pontiagudos, apresentam uma mancha branca no dorso na forma de “meia-lua”. Os ovos apresentam coloração bege, normalmente com 6 a 15 ovos, dispostos em duas ou três linhas paralelas. Durante seu desenvolvimento passa por cinco estádios ninfais, nos quais apresentam coloração marrom suave (às vezes esverdeada, amarelada, castanha ou acinzentada) uniforme. A partir do terceiro estádio passam a sugar os grãos de soja.

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DANOS: Os percevejos sugam a seiva nos ramos, hastes ou vagens, injetam toxinas e/ ou inoculam fungos que provocam manchas nos grãos. Quando sugam ramos, causam a “retenção foliar”.

- Percevejo Verde-Pequeno (Piezodorus quildinii)

O adulto é de cor verde, com 9 mm de comprimento, apresenta uma listra transversal marrom-avermelhada na parte dorsal do tórax próximo a cabeça. Os ovos são de coloração preta, com cerca de 15 a 20 ovos. As ninfas inicialmente são avermelhadas e pretas e passam a coloração esverdeada com manchas pretas e rosadas. A partir do terceiro estádio, começam a causar danos aos grãos de soja.

DANOS: Os percevejos sugam a seiva nos ramos, hastes e vagens, injetam toxinas e/ ou inoculam fungos que provocam manchas nos grãos.

- Percevejo Verde (Nezara viridula)

Os ovos são depositados na face inferior das folhas de soja, em massas regulares, de forma hexagonal (semelhantes a pedaços de favos de abelhas), contendo cerca de 50 a 100 ovos. As ninfas são pretas com manchas amarelas no abdômen. O adulto é verde com 12 a 17 mm, tendo manchas avermelhadas nos últimos segmentos das antenas.

DANOS: Iguais aos outros percevejos.

- Percevejo Acrosterno (Chinavia sp.)

Os adultos medem de 11 a 15 mm, são de coloração geral verde, semelhante ao Nezara viridula, porém tem as antenas verdes. As ninfas apresentam coloração variada, com manchas brancas, pretas e alaranjadas distribuídas pelo corpo.

DANOS: Iguais aos outros percevejos.

- Percevejo Barriga-Verde (Dichelops melancanthus / D. furcatus)

Os adultos medem de 9 a 12 mm, sendo que a espécie Dichelops melancanthus e menor do que a Dichelops furcatus. Geralmente tem abdômen esverdeado, daí o nome “Barriga-Verde”. As ninfas são marrons acinzentadas. Os ovos são verdes claros, colocados sobre as folhas ou vagens, em massas de cerca de 14 ovos.

DANOS: Iguais aos outros percevejos.

- Percevejo Edessa (Edessa meditabunda)

Os adultos medem de 11 a 14 mm de comprimento. São de coloração verde escuro com as asas pretas. Os ovos são verde claro. As ninfas têm coloração verde-amarelada, com antenas e pernas de cor semelhante.

DANOS: Iguais aos outros percevejos.

- Percevejo Tianta (Thyanta perditor)

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Os adultos desta espécie medem de 9 a 11 mm de comprimento e tem duas extensões laterais no pronoto. As fêmeas são esverdeadas, enquanto que os machos são pardos.

DANOS: Iguais aos outros percevejos.

- Mosca Branca (Bemisia spp.)

Os adultos são de coloração amarela com as asas brancas. Localizam-se preferencialmente na face inferior das folhas, onde ovipositam, em média, 150 ovos por fêmea. As ninfas são transparentes, ovais, medem de 0,3 a 0,7 mm, as pupas são amarelo-esbranquiçadas, e apresentam os olhos avermelhados.

DANOS: Os adultos e ninfas deste inseto se alimentam da seiva das plantas podendo levá-las à morte ou queda de produção. Durante a alimentação, as ninfas excretam um “melado” que favorece o desenvolvimento de “fumagina” um fungo negro que cresce sobre as folhas que se tornando preta, absorvem muitas radiação solar, provocando “queima” e quedas das folhas da soja.

- Tamanduá da soja (Sternechus subsignatus): Praga secundária de pouca expressão, mais presente na região.

→ AMOSTRAGEM DE INSETOS – PANO DE BATIDA (1 X 0,50 – 0,60 m; 6 Amostras / 10 ha.)

1º) Estádio vegetativo: Tratar a lavoura quando o desfolhamento for cerca de 30% ou quando o nº de lagartas maiores que 1,5 cm for superior a 40 por amostragem;

2º) Estádio reprodutivo: Fazer o controle quando o desfolhamento se aproximar de 15% ou quando o nº de lagartas maiores que 1,5 cm for superior a 40 por amostragem;

3º) Controle de percevejos: Controlar os percevejos quando existirem vagens maiores que 0,5 cm até o amarelecimento das folhas, a partir de 4 percevejos maiores que 0,5 cm por amostragem.

7. MONITORAMENTO DE ERVAS DANINHAS (Plantio convencional):

a) Com um quadrado de madeira de 50 cm², são coletadas 5 amostras na área (por tiro), fazendo-se um total de 20 amostras por área. O quadrado é jogado aleatoriamente na área, logo após são contadas as ervas daninhas no interior do quadrado.

OBS.: 20 pontos de coleta = 10 m².

Também é observado o estádio de desenvolvimento das ervas daninhas (ex. nº de folhas – 2 folhas). Ervas mais encontradas: Trapoeraba, guanxuma, caruru, perpétua, pé-de-galinha, corda-de-viola, fedegoso, carrapicho e maria pretinha.

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b) Tabulação dos dados: É feito um somatório dos 20 pontos de cada erva daninha, depois divide por 10, o resultado é o número de ervas daninhas em um metro quadrado da área.

Ervas daninhas por metro quadrado da área.

ED/m² = ∑ ervas daninhas (20 pontos) ÷ 10 corresponde a 10 m²

Somatório dos 20 pontos para cada erva daninha diferente

Exemplo do caminhamento da área.

→ AMOSTRAGEM:a) Pragas: 2 linhas (1 metro em cada linha) por ponto;b) Fenologia: 5 linhas (5 metros em cada linha) por ponto.

OBS. No total são 10 pontos de amostragem.

- Cálculo 1: 5 linhas vezes 5 metros = 25 metros lineares (igual a 1 amostra), isso vezes 10 pontos ou amostras (igual a 250 metros lineares).

- Cálculo 2: De posse do número de plantas encontrada em cada ponto de amostragem é realizado um somatório dos 10 pontos, em seguida divide-se por 250 para saber a quantidade de plantas por metro linear.

Ex. 1º tiro: 3 pontos fenologia e pragas; 2 pontos só pragas;

2º tiro: 2 pontos fenologia e pragas; 3 pontos só pragas;

3º tiro: 3 pontos fenologia e pragas; 2 pontos só pragas;

4º tiro; 2 pontos fenologia e pragas; 3 pontos só pragas.

Total: 10 pontos fenologia e stand; 20 pontos de pragas.

1 2 3

1 2 3 4

4

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OBS. As pragas encontradas são divididas pelo número de pontos da amostra (20). O resultado (ex. 0,05) é a porcentagem por ponto de amostragem.

8. VAZIO SANITÁRIO DA SOJA (Vai de 15/08 a 15/10):

1º) O QUE É? É uma estratégia de manejo da ferrugem asiática que consiste em um período sem plantas vivas de soja no campo.

2º) POR QUÊ? Contribui para a redução do inoculo inicial, diminuindo a possibilidade de ocorrência e sobrevivência do fungo em soja viva durante os 60 dias que antecedem o plantio da safra sequeiro (ponta verde).

3º) OBJETIVOS: Reduzir o inoculo das primeiras semeaduras diminuindo a possibilidade de ocorrência da ferrugem no período vegetativo, contribuindo na redução do número de aplicações de fungicidas necessário para o controle.

4º) O QUE FAZER? Manter áreas de produção sem cultivo de soja e sem presença de plantas vivas de soja voluntária ou tigüera, no período de 15/08 a 15/10.

OBS.: Para o controle da ferrugem deve dar preferência para aplicações preventivas a partir da floração (R1), optando por aplicações curativas apenas se a doença aparecer ainda nos estádios vegetativos.

9. DOENÇAS DA CULTURA DA SOJA:

- Ferrugem da Soja ou Asiática (Phakopsora pachyrhizi)

Sintomas: A identificação nas lavouras é facilitada pelo uso de lupa de mão de 20X de aumento, o que possibilita a visualização das estruturas reprodutivas do fungo, denominadas urédias ou pústulas. As pústulas são caracterizadas por pequenas elevações que contém os uredosporos e a sua formação é mais evidente na face inferior das plantas.

Os sintomas da ferrugem podem ser confundidos com os de Septoriose ou do Crestamento bacteriano. A diferença está na presença do halo amarelado, ao redor das pontuações, característicos destas duas doenças e ausente na ferrugem. Na medida em que aumenta a quantidade de lesões, ocorre amarelecimento generalizado das folhas e, conseqüentemente, uma aceleração da desfolha, principalmente se a doença encontrar condições favoráveis ao seu desenvolvimento. Isso, certamente, causará redução no número de vagens por planta, no número de grãos por vagem e no peso dos grãos e, assim, interferindo na produtividade. As perdas variam em função da intensidade da infecção e da fase em que ocorrem os primeiros sintomas, pois a ferrugem pode ocorrer em diferentes estádios vegetativos e reprodutivos da soja e quanto mais cedo ocorrer à infecção, maiores poderão ser os danos.

Controle: Atualmente não temos cultivares resistentes ou tolerantes a Phakopsora pachyrhizi, assim o controle químico é a ferramenta mais eficaz. Os fungicidas do

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grupo dos triazóis e estrobilurinas têm-se mostrado mais eficientes. Também se recomenda: Evitar o cultivo de soja sob pivô central na entressafra, eliminar soja “tigueira”, realizar semeadura da soja na época recomendada, evitar o prolongamento do período de semeadura, realizar monitoramento constante da lavoura, utilizar as tecnologias de aplicação recomendadas para obter boa cobertura foliar e penetração do produto no dossel da planta, respeitar as condições climáticas durante as aplicações, e utilizar fungicidas recomendados e eficientes.

- Necrose da haste da soja:

Sintomas: O sintoma desta doença inicia com uma descoloração da haste, com aspecto de encharcamento que, rapidamente, progride para o ápice da planta e adquire a coloração negra. Quando a doença ocorre na fase de plântulas, as mesmas param de crescer, devido à morte das gemas apicais e laterais e, posteriormente, acabam morrendo. Ocorrem também à deformação do limbo foliar com presença de bolhas, semelhantes ao dano causado por estirpe severa do vírus do mosaico comum da soja (VMCS) porém, no caso do VMCS não se observa o escurecimento da haste. O agente causal desta doença foi identificado como sendo um vírus do grupo carlavírus e o vetor foi confirmado como sendo a mosca branca (Bemisia argentifolli e Bemisia tabaci).

Não foi constatada a transmissão deste vírus através das sementes, sendo a sua forma de disseminação realizada apenas pelo vetor.

Controle; Cultivares resistentes e controle da mosca branca.

-Tombamento:

Sintomas causado por Rhizoctonia solani: Inicia pela formação de estrias castanho-avermelhadas na raiz, logo abaixo do nível do solo. As estrias resultam em podridão seca, de coloração castanha a castanho-avermelhada. É freqüente a ocorrência de estrangulamento do colo, abaixo do nível do solo, situação na qual as plântulas murcham e tombam ou ainda sobrevivem emitindo raízes adventícias acima da região afetada.

Sintomas caudado por Sclerotium rolfisii: Inicia logo abaixo do nível do solo, como um podridão mole (aquosa). As plântulas afetadas murcham e, ao serem puxadas, se destacam com facilidade no ponto da infecção. Sobre a área infectada pode haver o desenvolvimento de um denso micélio branco com pequenas estruturas esféricas (esclerócios) de coloração branca a castanho-escura.

Controle: Rotação de culturas, descompactação do solo e incorporação de restos culturais.

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- Mancha Alvo (Corynespora cassiicola):

Sintoma: As cultivares susceptíveis apresenta lesões nas folhas, hastes e vagens e as tolerantes apresentam somente lesões foliares com baixa severidade. Nas folhas, a doença inicia por pequenas pontuações de coloração castanho-avermelhada, com halo amarelo, que evoluem para grandes manchas arredondadas, de coloração castanho-claro, atingindo até 2 cm de diâmetro. É comum a ocorrência de anéis concêntricos, isto é, lesões com alternância de áreas castanha mais clara com áreas mais escuras, com o centro da lesão sempre mais escuro.

Controle: Cultivares resistentes ou tolerantes; rotação / sucessão de culturas com milho ou outras espécies de gramíneas e aplicação de fungicidas na parte aérea quando o nível de severidade (área foliar infectada) atingir de 10 a 15%. Os fungicidas e as dosagens podem ser os mesmos utilizados para o controle das doenças de final de ciclo (DFC).

- Mancha Parda ou Septoriose (Septoria glycines):

Sintomas: As lesões nas folhas são angulares (delimitadas pelas nervuras), de coloração castanho-avermelhadas e halo amarelado, podendo ocorrer severa desfolha até os primeiros 35 a 40 dias após a emergência. No final de ciclo, surgem pontuações pardas nas folhas verdes que, sob condições favoráveis, aumentam de tamanho e se sobrepõem (muitas vezes associadas ao crestamento foliar de cercospora) formando o complexo de doenças de final de ciclo (DFC). Provoca desfolha e maturação prematuras, com redução no rendimento de grãos.

Controle: Tratamento de sementes, rotação / sucessão de culturas, manejo do solo, adubação equilibrada (principalmente com relação ao potássio) e aplicação de fungicida na parte aérea.

- Crestamento Foliar de Cercospora e Mancha Púrpura da Semente (Cercospora kikuchii)

Sintoma: Ocorre em toda a parte aérea da planta (folha, hastes, vagens e sementes), causando redução no rendimento e na qualidade das sementes. Nas folhas, as lesões iniciam com pontuações castanho-avermelhadas, que evoluem para manchas indefinidas, sem halo amarelado. As áreas necrosadas se sobrepõem, adquirindo coloração castanho-escura. As lavouras severamente afetadas passam rapidamente da coloração verde para castanho-escura e aceleram a desfolha e a maturação. O fungo atinge a semente através da vagem, causando a mancha púrpura no tegumento.

Controle: Sementes sadias, tratamento de sementes, rotação / sucessão de culturas, manejo do solo, adubação equilibrada (principalmente com relação ao potássio) e aplicação de fungicida na parte aérea.

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- Míldio (Peronospora manshurica)

Sintoma: O fungo infecta as folhas e as vagens, afetando também os grãos em formação. Os sintomas iniciam como pequenas pontuações amarelas na face superior das folhas, que em situações severas, aumentam de tamanho e coalescem resultando em crestamento da folha. No verso da mancha amarelada, na face inferior da folha, surgem as estruturas reprodutivas do fungo, de aspecto algodonoso, com coloração bege e levemente rosada. A infecção das vagens pode resultar em apodrecimento das sementes, com desenvolvimento do fungo no tegumento, dando a elas uma coloração creme.

Controle: Cultivares tolerantes.

- Oídio (Microsphaera diffusa)

Sintoma: O fungo apresenta micélio branco que cobre a parte aérea da planta (folha, haste e vagens), caracterizando a doença. Os sintomas do oídio podem variar desde clorose, manchas ferruginosas, desfolha acentuada ou combinações destes, dependendo da reação das cultivares.

Controle: Cultivares resistentes e/ ou aplicações de fungicida na parte aérea. O uso de fungicidas é indicado a partir do momento em que a severidade da doença (área foliar infectada) atingir 20%, até o estádio R6.

- Antracnose (Colletotrichum truncatum; sin. C. dematium Var. Trucata)

Sintoma: O fungo pode causar a morte de plântulas, necrose dos pecíolos e manchas nas folhas, hastes e vagens. Nas plântulas, pode também causar necrose e manchas deprimidas nos cotilédones. Após o “fechamento” ou cobertura total da lavoura pelas plantas de soja, os primeiros sintomas observados são de estrangulamento dos pecíolos na parte sombreada. As vagens infectadas no estádio inicial de formação (R3) adquirem coloração castanho-escura a negra e ficam retorcidas e sem granar. Quando atingem a vagem durante a granação (a partir de R5. 1), as lesões iniciam com estrias negras que evoluem e atingem toda a vagem, as quais se abrem permitindo a germinação e o apodrecimento prematuro dos grãos.

Controle: Tratamento químico das sementes, incorporação dos restos culturais, rotação de culturas, adubação equilibrada (principalmente em relação ao potássio), aumento do espaçamento e diminuição de densidade de plantas. Deve ser evitado o uso de cultivadores cuja alta incidência da doença nas vagens seja freqüente. O controle químico pode ser realizado quando o nível de infecção nas vagens atingir 10% até o estádio R4.

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- Mela ou Requeima da Soja (Rhizoctonia solani / Thanatephorus cucumeris)

Sintoma: O fungo ocorre na soja e no feijão infectando toda a parte aérea (folhas, pecíolos, ramos laterais, flores e vagens). Provoca severo abortamento de flores e vagens, quando ocorre no início do desenvolvimento destas estruturas. As lesões iniciam como pontos de encharcamento, evoluindo rapidamente para grandes manchas e reboleiras de plantas mortas. As folhas e pecíolos infectados ficam pendentes ao longo da haste e caem sobre plantas vizinhas, propagando a doença.

Controle: Reduzir a população de plantas, controlar as plantas daninhas, usar rotação / sucessão de culturas com gramíneas, manter o solo coberto com palha (semeadura direta), fazer adubação equilibrada e controle químico com fungicidas.

- Podridão Vermelha da Raiz (PVR) ou Síndrome da Morte Súbita (Fusarium solani f. sp. Glycines)

Sintoma: O fungo ataca as culturas de soja e feijão, principalmente em áreas irrigadas com pivô central. O sintoma inicia como uma mancha avermelhada na raiz principal, geralmente localizada logo abaixo do nível do solo. Esta mancha aumenta de tamanho e muda para a coloração vermelho-aroxeado e, posteriormente, negro. As raízes secundárias se degradam, ficando somente parte da raiz principal. As plantas infectadas apresentam clorose e necrose entre as nervuras das folhas (folha “carijó”).

Controle: Descompactação do solo, rotação de culturas com espécies não hospedeiras e incorporação dos restos culturais.

- Podridão de Carvão ou Podridão Negra da Raiz (Macrophomina phaseolina)

Sintoma: O fungo infecta as raízes da soja após períodos de estiagem prolongada, seguido de períodos chuvosos. As plantas com raízes colonizadas enfraquecem, sofrem o ataque das doenças de final de ciclo e rapidamente entram em maturação, reduzindo o rendimento. Em casos severos, as plantas murcham e morrem prematuramente, ficando com as folhas pendentes ao longo da haste. As raízes das plantas murchas ou mortas tornam-se castanho-claras e soltam a casca (córtex) com facilidade, evidenciando a formação de pequenos pontos pretos (esclerócios) semelhantes a minúsculos pedaços de carvão que bloqueiam os canais de ascensão da seiva. Sob condições favoráveis (estiagem prolongada) esses esclerócios podem ser formados desde a base até a parte mediana da haste.

Controle: Descompactação e melhoria das condições físicas e químicas do solo e semeaduras direta com boa cobertura vegetal.

- Crestamento Bacteriano (Pseudomonas savastonoi pv. Glycinea)

Sintoma: É uma doença comum nas folhas, mas também pode ser encontrada em outros órgãos da parte aérea. Nas folhas, os sintomas iniciam como pequenas

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lesões de encharcamento, circundadas por um halo de coloração verde-amarelada. As manchas tornam-se necróticas, com contornos angulares, ficando restritas entre as nervuras secundárias. Na face inferior da folha, as machas apresentam coloração negra e brilhante. Sob condições favoráveis, as lesões coalescem formando grandes manchas que podem sofrer rasgadura em função do vento.

Controle: Uso de cultivares resistentes, sementes sadias e aração profunda para enterrar os restos culturais.

→ Manejo da Ferrugem Asiática:

Doenças complexas, como a ferrugem asiática, necessitam de medidas também complexas para o manejo adequado. Apenas o controle químico não será suficiente para garantir o potencial produtivo da lavoura.

1) Estratégias de manejo: Todas as estratégias são importantes e complementares. Mesmo as medidas mais efetivas de controle, como o uso de fungicidas, podem não ser eficazes caso o trabalho com aplicações curativas e sob alta pressão da doença. O sucesso no manejo da doença depende da conscientização regional no cumprimento ao vazio sanitário (principalmente em relação à eliminação da soja tigueira) e na manutenção do inoculo o mais baixo possível. Medidas de controle como rotação de culturas, adubações equilibradas, escolha de variedades e da época de plantio auxiliam sobremaneira o controle químico.

2) Principais medidas / Recomendações:a) Vazio sanitário: Compreende duas medidas principais: Eliminação da soja

tigueira e, Regulamentação de um período sem cultivo de soja no país.b) Eliminação da soja tigueira: Representa a principal fonte de inoculo onde o fungo

Phakopsora pachyrhizi sobrevive na entressafra. Muitos agricultores não fazem eliminação da tigueira, principalmente próximo às matas, córregos e represas, o que representa um perigo potencial para a safra seguinte. A soja tigueira às margens de rodovias e estradas também perpetuam o fungo durante a entressafra.

c) Determinação de época sem cultivo de soja: Em função das dimensões continentais do Brasil, existe variação do período de vazio sanitário para cada Estado da federação. O importante é que o campo permanecesse durante 90 dias livre da cultura. Apenas nos estados do Maranhão e Bahia, o intervalo do vazio sanitário é de 60 dias (15 de agosto a 15 de setembro).

d) Tratamento de sementes: Essa técnica, com produto específico, tem auxiliado também no controle da mancha parda, principalmente nos estádios iniciais de desenvolvimento. Nos trabalhos conduzidos em casas de vegetação, verificou-se que o tratamento de sementes foi eficaz em reduzir a incidência e severidade da doença em relação à testemunha.

Além disso, no tratamento cujas sementes foram tratadas com fluquinconazol (casa de vegetação) verificou-se maior número de folhas cotiledonares e de trifólios.

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No experimento a campo, verificou-se que o tratamento de sementes não foi eficaz em conter incidência e severidade da doença, uma vez que a mesma ocorreu tardiamente. Os primeiros sintomas foram verificados somente durante o estádio fenológico de R5.1. Entretanto, os tratamentos que receberam fluquinconazol no tratamento de sementes apresentaram maior percentagem de folhas cotiledonares ativas, inclusive na avaliação realizada em R5.1, e incremento de produtividade na ordem de 186,60 a 275,40 Kg/ ha.

e) Controle químico em parte aérea: Atualmente existem apenas 2 grupos químicos registrados junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (M.A.P.A.) para o controle da doença, são eles: Triazóis e Estrobilurinas (misturas formuladas de ambos). O uso de misturas contendo grupos químicos diferentes apresenta vantagens importantes para o agricultor: Amplo espectro de ação, economia nas aplicações e redução no risco de resistência dos fungos aos fungicidas.

Os triazóis são fungicidas amplamente utilizados na cultura da soja, que atuam como inibidores da biossíntese de esteróis (IBE). O ergosterol é uma substância lipídica essencial para a constituição da membrana plasmática da grande maioria dos fungos, com a função de conferir estruturas e seletividade.

Já as estrobilurinas atuam inibindo a síntese de energia (ATP). Em relação ao fungo, o principal benefício dos estrobilurinas é inibir a germinação dos esporos, evitando a penetração do fungo nos tecidos do hospedeiro. Desta forma, as aplicações devem necessariamente ser realizadas de forma preventiva.

A opção pelo uso de misturas formuladas nas primeiras aplicações, desde que realizadas de forma preventiva, pode garantir a efetividade do controle químico, onde as estrobilurinas atuam efetivamente inibindo a germinação dos esporos e os triazóis nas fases iniciais de desenvolvimento das hifas de eventuais esporos não controlados pelas estrobilurinas.

f) Momento de aplicação: Algumas instituições recomendam aplicações preventivas dos fungicidas baseada somente em estádios fenológicos, enquanto que outras recomendam o monitoramento e aplicação assim que detectados os primeiros sintomas. Basear-se somente no estádio fenológico é arriscado, uma vez que a maioria das recomendações sugere aplicações preventivas em R1 a R2. Assim, o monitoramento regional e da lavoura são fundamentais.

Por outro lado, aplicações após a constatação dos primeiros sintomas representam um risco incomensurável, uma vez que o agricultor pode perder completamente o controle da situação, seja pelo tamanho da área a ser tratada, seja pela impossibilidade de pulverização imposta por condições ambientais (principalmente por períodos chuvosos contínuos).

Trabalhos realizados comprovam que a perda causada pela ferrugem asiática pode representar, em média, 1,37 sacos/ Há-1, por dia de atraso na aplicação.

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FONTE: Luiz Henrique Carregal P. Silva; Hercules Diniz Campos; FESURV – Rio Verde – GO; in: Boletim Passarela da Soja, Fundação BA, Abril de 2009, Ano 01, nº 01, www.fundacaoba.com.br, fone: (77) 3613 – 8029, pg. 19.

→ Manejo do Mofo Branco em soja:

O mofo branco, causado por Sclerotinia sclerotiorum (Lib.) de Bary, é uma das doenças mais antigas da soja e, recentemente, tem aumentado sua ocorrência e níveis de dano nas áreas do cerrado, com perdas de até 40% na cultura.

O fungo tem um círculo de hospedeiros que abrange pelo menos 408 espécies e 278 gêneros e 75 famílias de plantas. Seus danos manifestam-se com maior severidade em áreas com clima chuvoso, associado à alta umidade relativa do ar. A manutenção da umidade do solo é fundamental para o desenvolvimento da doença.

No Brasil, a doença ocorre também em algodão, girassol, feijão, canola, tomate, ervilha, pepino. Sclerotinia sclerotiorum, pertence a um grupo de fungos habitantes do solo, que tem várias fontes de nutrição e causam podridão nos tecidos infectados. Alguns isolados podem diferir quanto à virulência, conferindo diferentes graus de severidade às plantas.

Os apotécios, resultado da germinação carpogênica de escleródios, são a maior fonte de inoculo do fungo, pois produzem uma grande quantidade de ascósporos que, ejetados, são facilmente transportados pelo vento e podem infetar plantas em um raio de 50 a 100 m da fonte produtora. Para que a germinação ocorra os escleródios devem receber luz suficiente e temperatura entre 10 a 25°C; caso contrário, só ocorre a germinação miceliogênica, de potencial epidêmico muito mais reduzido. Uma das maneiras de se restringir a luz para os escleródios é através da cobertura do solo com palha. Bons resultados tem sido conseguidos com cobertura de Brachiaria ruziziensis.

As plantas que tem seu sistema radicular atacado pelo fungo, exibem sintomas reflexos na parte aérea, caracterizado pelo amarelecimento e necrose internerval do limbo foliar (folha carijó). Os sintomas característicos da doença são necrose na haste e murcha seguida da seca das folhas, enquanto os sinais são crescimento de micélio cotonoso e branco (mofo) na superfície dos tecidos lesionados e a presença de inúmeros escleródios pretos e grandes.

O controle desse patógeno em diversas culturas tem sido difícil devido a sua capacidade de formar estruturas de resistência (escleródios), que garantem sua sobrevivência por vários anos, mesmo em condições adversas, limitando a utilização de práticas como a rotação de culturas. Não há disponibilidade de cultivares resistentes e o controle químico depende do acerto de doses, ingredientes ativos e tempo de aplicação apropriados. Testes preliminares mostram a existência de fungicidas com boa eficiência de controle, que devem ser mais bem estudados para subsidiar seu registro e recomendação.

Como uma das principais formas de infecção ocorre pelos ascósporos nas flores da soja, as plantas devem estar protegidas por fungicidas principalmente entre os estádios R1

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e R4. O uso de cultivares de porte ereto, com pouco engalhamento e folhas pequenas pode melhorar a aeração da cultura, dificultando o desenvolvimento da doença, além de facilitar a penetração de fungicidas pulverizados no dossel das plantas. O desenvolvimento de cultivares resistentes ao mofo branco é possível, pois fontes de resistência já foram identificadas.

Outra importante medida de controle é o uso de sementes de boa qualidade sanitária, livres da presença de escleródios e infestação de micélio no tegumento. Também o tratamento de sementes com fungicidas recomendados deve ser realizado.

O controle biológico de Sclerotinia sclerotiorum em soja através da aplicação de agentes de biocontrole é viável e necessita de estudos. Isolados de Trichoderma spp. são conhecidos há muito tempo como um potencial agente biológico de controle de doenças, em muitas espécies de plantas, causadas por fungos fitopatogênicos habitantes do solo. Para um efetivo controle biológico desses organismos, o crescimento de hifas de Trichoderma spp. diretamente no solo é importante para sua multiplicação e colonização dos escleródios de S. sclerotiorum. Para isso, a presença de palha da no solo também é importante para garantir as condições adequadas de temperatura, sombreamento e umidade para o estabelecimento desses agentes de biocontrole.

OBS: Fungo mofo branco: Sclerotinia sclerotiorum, classe Ascomycetes, ordem Leotiales.

FONTE: Maurício Conrado Meyer, Embrapa Soja, Goiânia – GO; in: Boletim Passarela da Soja, Fundação BA, Abril de 2009, Ano 01, nº 01, www.fundacaoba.com.br, fone: (77) 3613 – 8029, pg. 16, e-mail: [email protected]

10.Conceitos básicos da tecnologia de aplicação de defensivos na cultura da soja:

a) Princípio básico: Não existe uma solução única que atenda todas as necessidades, é necessário que a tecnologia seja ajustada para cada condição de aplicação.

O estudo das características dos alvos deve incluir a análise de outros fatores, como movimentação das folhas, estádio de desenvolvimento das plantas, cerosidade, pilosidade, rugosidade, face da folha em que a cobertura é mais importante (superior/ inferior) e arquitetura geral da planta. A posição e o formato das folhas apresentam importância fundamental. Estes fatores são fundamentais para a definição da retenção das gotas nas folhas e na própria eficiência de penetração dos defensivos nos tecidos vegetais.

Para melhorar a cobertura de uma aplicação devem-se adotar gotas mais finas ou volumes maiores; na aplicação de volumes mais baixos, as gotas mais finas devem ser preferidas, para que se consiga uma boa cobertura com a calda pulverizada e se a escolha recair sobre as gotas maiores, o volume de calda deve ser igualmente aumentado para que se possa garantir um nível mínimo de cobertura para o tratamento.

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Para reduzir o tamanho das gotas, as pontas de jato plano (leque) podem ser substituídas pelas pontas de jato duplo (duplo leque) ou cônico vazio; a pressão de trabalho das pontas pode ser aumentada e um adjuvante espalhante (surfactante) pode ser adicionado à calda. Para aumentar o tamanho das gotas, as pontas de jato plano (leque) podem ser substituídas pelas pontas de pré-orifício ou indução de ar; a pressão de trabalho pode ser reduzida e um adjuvante pode ser adicionado à calda (óleo ou espessantes de calda, cuja ação produza gotas de maior tamanho). No caso do volume de calda, sua variação deve ser feita tanto pela troca das pontas como pela variação da velocidade de deslocamento do pulverizador.

b) Condições climáticas: Gotas muito finas e finas:

- Temperatura abaixo de 25°C;- Umidade relativa acima de 70%.

Gotas finas ou médias:- Temperatura entre 25°C a 28°C;- Umidade relativa entre 60 a 70%;

Gotas médias ou grossas:- Temperatura entre 28ºC a 30ºC;- Umidade relativa entre 50 a 60%.

OBS: O início da manhã, o final da tarde e a noite são períodos onde a umidade relativa é maior e a temperatura é menor, sendo considerada mais adequada para as aplicações.

→ Manejo de plantas daninhas em plantio direto na soja:

Basicamente existem duas grandes etapas no uso de herbicidas. A primeira envolve o manejo das plantas daninhas que antecedem a semeadura da cultura, é conhecida popularmente como dessecação. A segunda etapa diz respeito aos produtos de pré e pós-emergência utilizados na cultura instalada.

O “manejo” ou “dessecação”, antecedendo o Plantio Direto, é fundamental para um bom desenvolvimento das lavouras. A eliminação das plantas daninhas antes da semeadura permite que a cultura tenha um desenvolvimento inicial rápido e vigoroso.

Trabalhos tem demonstrado que aplicações seqüenciais, onde são aplicados antecipadamente herbicidas sistêmicos, tais como o glyphosate e 2,4D, e após 15 a 20 dias, na véspera ou na data da semeadura, são aplicados herbicidas de contato como o paraquat, paraquat + diuron, diquat e flumioxazin, proporcionam maior eficiência no controle das plantas daninhas e permite a semeadura no limpo. A segunda aplicação serve fundamentalmente para corrigir problemas de rebrotas e de novos fluxos de plantas daninhas já emergidas por ocasião da semeadura. O primeiro fluxo que emerge no verão é normalmente o de maior densidade e o que tem maior potencial de prejudicar a produtividade das culturas, uma vez que emerge antes ou junto com a cultura. Por isso, o controle do primeiro fluxo de plantas

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daninhas que emerge é fundamental para reduzir a interferência das mesmas sobre a produtividade das culturas que se estabelecerão posteriormente.

Têm-se verificado que em áreas com grande cobertura vegetal (40 a 50% de cobertura do solo) as culturas que são semeadas em períodos muito curtos após a operação de dessecamento apresentam clorose das folhas no período inicial, com redução no desenvolvimento vegetativo. E isso pode implicar em queda de produtividade.

Foram comparadas as dessecações seqüenciais iniciadas 20 dias antes da semeadura com as dessecações realizadas 7 dias antes da semeadura e dessecações realizadas no dia da semeadura (sistema aplique – plante), em todos os casos o nível de infestação girava em torno de 60 a 100%. Para a dessecação feita 20 dias antes da semeadura resultaram em aumento da produtividade da soja de 6,8 sacas/ ha e 7,8 sacas/ ha, quando comparada com as dessecações feitas 7 dias antes e na data da semeadura. Desta forma, pode ser concluído que a soja que emergiu e teve o seu desenvolvimento inicial em meio à cobertura vegetal (7 dias antes da semeadura e sistema aplique – plante) não totalmente dessecada tiveram a produtividade reduzida.

Vantagens do controle químico de plantas daninhas (PD):- Método prático, rápido e eficiente de controle;- Evita a interferência das PD desde o início do ciclo da cultura;- Permite controlar PD em épocas chuvosas onde a capina é impraticável;- Reduz danos às raízes e folhas das culturas;- Reduz danos à estrutura do solo, pela ausência de revolvimento do solo;- Permite o uso de melhor arranjo de plantas da cultura;- Permite melhor distribuição da mão-de-obra na propriedade;- Vantajoso em situações de escassez de mão-de-obra, ou por esta ser dispendiosa;- Pode ser aplicado na fileira das culturas onde não é possível capinar;- Permite o controle eficiente de espécies perenes e arbustivas;- Oferece rapidez de controle em grandes áreas;- Benefícios adicionais como dessecantes ou desfolhantes: facilita a colheita, colheita antecipada e grão mais secos e limpos.

Desvantagens do controle químico de plantas daninhas (PD):- Custo geralmente elevado;- Pode ocasionar poluição ambiental;- Pode contribuir para resíduos nocivos nos alimentos;- Pode fornecer riscos para humanos e animais;- Pode deixar resíduos tóxicos para culturas subseqüentes;- Pode ocasionar danos a cultura próxima por deriva;- Pode selecionar biótipos de plantas daninhas resistentes;- Método exige maior conhecimento técnico para aplicação.

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FONTE: FLECK, N. G. Princípios do controle de plantas daninhas. Porto Alegre, UFRGS, 1992. 70p.

11. ESTRATÉGIAS DE MANEJO DE PLANTAS DANINHAS EM SOJA TOLERANTE A GLYPHOSATE:

1) A época de controle em pós-emergência é significativamente influenciada pela complementação ou não da dessecação no dia do plantio.

2) Quando a complementação da dessecação é realizada, uma única aplicação de glyphosate entre os 28 e 42 dias após a emergência da soja (DAE) foi suficiente para garantir as melhores produtividades.

3) Quando a dessecação não é realizada as perdas de produtividade causada pela mato-competição é linear, as melhores produtividades só são obtidas quanto mais precoce é realizado o controle na pós-emergência o que irá resultar em mais uma aplicação de glyphosate para complementar essa aplicação precoce.

- Estratégias de controle de plantas daninhas (PD):

a) Utilizando única aplicação de glyphosate em pós-emergência:

A estratégia de uma única aplicação na pós-emergência, a dose a ser aplicada de glyphosate nessa situação será baseada nas espécies a serem controladas sendo que a época de aplicação mais adequada será entre os 28 e 35 dias após a emergência da soja (DAE) desde que a complementação da dessecação seja realizada na véspera ou no dia do plantio quando da presença plantas daninhas emergidas antes da soja. Caso a complementação da dessecação no dia do plantio não é realizada para o controle de PD já emergidas a época de controle em pós-emergência é antecipada para evitar a matocompetição, a aplicação de glyphosate em estádios muito precoces da soja necessitará de uma segunda aplicação entre 20 e 30 dias após a primeira aplicação.

b)bAplicação seqüencial de glyphosate em pós-emergência:

A aplicação seqüencial na pós-emergência, a dose a ser aplicada de glyphosate nessa situação será baseada principalmente nas espécies a serem controladas sendo que a época de aplicação mais adequada será nos estádios mais precoces das plantas daninhas e da soja sendo a primeira aplicação realizada entre os 7 e 14 DAE desde que a complementação da dessecação seja realizada na véspera ou no dia do plantio.

c)aEstratégias utilizando outros herbicidas: Com a introdução da soja transgênica resistente ao glyphosate, o uso desse produto se tornou possível durante todo o ciclo da cultura o que promoveu alterações em relação às tendências verificadas na comunidade infestante até então. Estratégias no manejo de plantas daninhas eficaz é a utilização de herbicidas residuais no dia do plantio (plante e aplique). A adição de um herbicida residual no dia do plantio apresenta algumas vantagens em relação às misturas de glyphosate com pós-emergentes.

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Dentre as vantagens dessa estratégia está o manejo na prevenção de biótipos de plantas daninhas resistentes ao glyphosate. A adição de herbicidas com outros mecanismos de ação fará parte importante no manejo da resistência de biótipos como no manejo para prevenção do aparecimento de novos casos de plantas daninhas resistentes, como as que já existem (azevém e buva), com isso será de grande importância o estabelecimento de estratégias de controle para garantir a sustentabilidade não só da tecnologia como do glyphosate.

12. VISTORIA EM CAMPOS DE PRODUÇÃO DE SEMENTES:

- Amostra de ponto: É observado o número de plantas por 10 metros, para achar o número de plantas por metro linear. Ex., 74 plantas em 10 metros, 7,4 plantas por metro linear.

- São observados 6 pontos a cada 50 ha, sendo que 3 são de contagem de plantas, pragas e doenças, e 3 pontos somente de observação de pragas e doenças.

- Também são observadas misturas varietais de mesmo ciclo pela coloração da flor, vagem, pubescência, etc. Ex., flor branca ou roxa.

- A incidência de pragas, como o percevejo, lagarta da soja, lagarta enroladeira, entre outros, bem como a presença de “feijão miúdo”, ou outras ervas daninhas ou nocivas, para não inviabilizar o campo de sementes.

13. Teste de danos mecânicos em sementes de soja:

14. Teste do pH do exudato (2,4g L-1):

- Objetivo: Determinar a viabilidade das sementes em período de tempo relativamente curto. Baseia-se na diferença de pH de sementes viáveis ou não.

100 sementes Coletadas diretamente na colheitadeira.

No momento da descarga.

Hipoclorito de sódioImersão em solução de

hipoclorito de sódio à 5% (1litro de água = 50 ml).

Por um tempo de aproximadamente 10 minutos.

Coleta dos resultados (%)

Observa-se as sementes que apresentaram danos

mecânicos.

Semente com aparencia "cheia de água", inchada.

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- A avaliação da viabilidade está relacionada a eventos de deterioração, tais como, a permeabilidade das membranas e a lixiviação de solutos.

- Quando a semente embebe água, ocorre à liberação de açúcares, ácidos orgânicos e íons (inclusive H+) que contribuem para a acidificação do meio, provocando a diminuição do pH do exudato das sementes, sendo que as mais deterioradas apresentam maior lixiviação e conseqüentemente, exudatos com maior poder tampão, as sementes menos deterioradas, por sua vez, terão menor lixiviação, ocasionando menor poder tampão na água de embebição.

1º) PREPARO DA SOLUÇÃO INDICADORA:

- 2,5g de NaCO3 / litro de água;

- Fenolftaleína a 0,5% dissolvida em 50% de álcool e 50% de água;

- Misturam-se ambas as soluções na proporção de 1:1.

2º) PROCEDIMENTO:

- Utilizar bandeja com 100 compartimentos individuais, cada um com capacidade para ± 2,5ml;

- Colocar água destilada e fervida na bandeja;

- Colocar uma semente em cada compartimento da bandeja;

- Deixar as sementes embeber água por 30 minutos à temperatura de 20 a 25°C.

- Após colocar uma gota da solução nos compartimentos (com um conta gostas) da bandeja com água e semente;

- Mexer bem o exudato e, após 15 segundos, mexer novamente;

- Fazer imediatamente a avaliação.

3º) AVALIAÇÃO:

- O exudato rosa é de semente viável, enquanto que o exudato incolor é de semente morta.

4º) PRECAUÇÕES:

- Deixar um compartimento sem colocar semente para servir como referência;

- Colocando uma gota de solução na água a mesma deve tornar-se rosa forte, caso isso não ocorra, a água não é de boa qualidade (deve ser destilada e fervida por ± 5 minutos);

- Usar conta gostas.

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FONTE: PESKE, S. T. et al ; SEMENTES: Fundamentos científicos e tecnológicos; 2º edição, versão ampliada. Pelotas: Ed. Universitária UFPel, 2006.

15. TESTE DO ENVELHECIMENTO ACELERADO (41°C / 48 Horas):

- Quatro sub-amostras de 50 sementes cada;

- Classificadas em:

a) NORMAIS: Plântulas com raiz primária e adventícias bem definidas;

b) ANORMAIS: Plântulas com raízes primárias e adventícias pouco desenvolvidas, retorcidas, entre outras anormalidades;

c) MORTAS: Sementes que não chegaram a germinar.

- PROCEDIMENTOS:

A) Utiliza-se quatro folhas de germinação úmidas para cada amostras (50 sementes);

B) Cada 1 kg de folhas de germinação absorvem 2,5 litros de água;

C) As amostras são acondicionadas em GERBOX (caixas plásticas semelhantes às placas de petri), onde é colocada água destilada (40ml) por amostra em uma estufa por 48 horas, a uma temperatura de 41°C;

D) Logo após as amostras são plantadas nas folhas de germinação e são acondicionadas em um germinador por 5 dias. Logo após são feitos os testes de classificação descritos acima.

E) Cada amostra coletada recebe uma numeração que leva em consideração a variedade, a peneira de beneficiamento, o lote de beneficiamento.

OBS. Cada lote contém 496 sacos de 40Kg.

16. FUNCIONAMENTO DA UNIDADE DE BENEFICIAMENTO DE SEMENTES (UBS):

- As sementes entram na moega, passa pelo elevador da pré-limpeza, chegando à pré-limpeza, as sementes passam por peneiras classificadoras, onde são levadas para as “fitas” que as depositam nos silos (oito no total, com capacidade de armazenamento para 3000 sacos de 60Kg).

- Depois de armazenadas no silo, vai para a fita de beneficiamento para o beneficiamento propriamente dito.

- Passando pela pré-limpeza de cima, descendo ao peneirão;

- Do peneirão passa pelo elevador da helicóide, saindo da helicóide passa pela mesa de gravidade, onde são separadas sementes boas e ruins;

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- Da mesa de gravidade as sementes caem na tulha de ensaque, que é uma balança regulada para 40Kg;

- A parte de secagem de sementes é realizada por quatro secadores (semelhantes ao silo, mais com capacidade de armazenamento de 200 sacos de 60Kg) que são movidos a gás natural.

17. O QUE É BIOTECNOLOGIA AGRICOLA?

A biotecnologia agrícola utiliza a transgenia como uma ferramenta de pesquisa agrícola caracterizada pela transferência de genes de interesse agronômico (e, conseqüentemente, de características desejadas) entre um organismo doador (que pode ser uma planta, uma bactéria, um fungo, etc.) e plantas, com segurança.

EX.: MELHORAMENTO TRADICIONAL X BIOTECNOLOGIA DE PLANTAS

Planta característica desejada Doador

doadora

X cruzamento + característica desejada

Variedade comercial Variedade comercial

Nova variedade característica desejada Nova variedade

Muitas características podem ser transferidas Apenas a característica desejada é transmitida

No melhoramento tradicional, cruzam-se as espécies sexualmente compatíveis e ocorre a combinação simultânea de vários genes. Já a transgenia é uma evolução desse processo, com o objetivo de acelerá-lo e de aplicar a variedade de genes que podem ser introduzidas nas plantas. Além disso, a transgenia, como ferramenta da biotecnologia agrícola, oferece maior precisão do que os cruzamentos, pois permite a inserção de genes cujas características são conhecidas com antecedência, sem que sejam introduzidos outros genes, como acontece no melhoramento genético clássico (no cruzamento ocorre a “mistura” de metade da carga genética de cada variedade, parental). A transgenia permite um melhoramento “pontual” através da inserção de um ou poucos genes e da conseqüente expressão de uma ou poucas características desejáveis.

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- O que é Soja Roundup Ready ou RR?

É um tipo de semente de soja que foi desenvolvida pela Monsanto na década de 80 com o objetivo de tornar a vida do produtor mais simples e eficiente. Ela possui uma característica que a torna tolerante a herbicida à base de glifosato, usado para dessecação pré e pós plantio, conhecido por sua eficiência em eliminar qualquer tipo de plantas daninhas de folhas largas e estreitas, anuais e perenes, sem causar danos à cultura.

Outros benefícios trazidos pela soja RR são o aumento da produtividade, a eliminação eficiente da mato-competição e a redução no teor de impurezas e umidade nos grãos colhidos.

- Benefícios gerais do sistema RR:

a) Simplicidade: Dispensa a combinação de outros herbicidas ou aditivos para o controle de plantas daninhas na pós-emergência da cultura;

b) Flexibilidade: Pode-se aplicar o herbicida à base de glifosato (RR) entre 20 e 30 dias após a emergência da lavoura;

c) Eficiência: Amplo espectro de controle do herbicida RR em plantas daninhas de folhas largas e estreitas, anuais e perenes;

d) Residual: O herbicida RR não apresenta nenhum efeito residual para os cultivos em rotação ou sucessão;

e) Produtividade: O controle das plantas daninhas permite que a soja se desenvolva no “limpo”, proporcionando o máximo rendimento ou produtividade das variedades de soja RR;

f) Planejamento: A alta eficiência do sistema RR facilita o planejamento das operações dentro da propriedade e a otimização das máquinas e equipamentos.

→ Grupo de Maturação: Exemplo: A cultivar do grupo de maturação 6.0 é mais precoce que a cultivar do grupo 7.0, assim, a do grupo 9.2 é mais tardia que a do grupo 8.0.

Nas regiões mais próximas à linha do equador, os dias são mais curtos no verão e a soja tende a florescer mais cedo, diminuindo seu ciclo vegetativo e reduzindo a altura das plantas, principalmente nas cultivares com hábito de crescimento determinado. Para amenizar essa resposta negativa ao foto período, podem ser utilizadas cultivares com período juvenil mais longo ou de hábito de crescimento indeterminado. Geralmente, nessas regiões são plantadas cultivares do grupo de maturação 8.0 a 10.0.

Para facilitar sua identificação, os dois primeiros dígitos das cultivares Monsoy indicam o grupo de maturação.

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18. COLHEITA: Como melhorar a produção das colhedoras:

- O processo de colheita: Dentre as causas principais das elevadas perdas de grãos e de qualidade do produto colhido, podem ser citados o manejo inadequado da lavoura, o mau preparo do solo, as cultivares, a época de semeadura, os espaçamentos e estandes inadequados, a presença de plantas daninhas nas lavouras, a retenção foliar (haste verde), o retardamento da colheita, a umidade da lavoura e a falta de regulagens e manutenção das máquinas colhedoras, como os principais:

→ Diagrama de Ishikawa do processo de colheita:

Máquina Mão-de-obra

- Colhedora; - Operador + Agrônomo; - Radial/ axial; - Treinamento; - Capacidade; - Experiência; - Tamanho plataforma; - Remuneração; - Tipo plataforma; - Gratificação;

- Controle plataforma; - Responsabilidade; - Sensores perdas; - Participação; - Distribuidor palhiço; - Qualidade de vida. - Conservação; - Manutenção;

- Rodados. Colheita realizada

-Tipo de solo; - Avaliação da qualidade; - Deiscência natural; - Umidade do solo; - Aval. Perdas; - Retenção haste;

- Plantas daninhas; - Picotador; - Unif. maturação; - Resíduos área; - Peneiras; - Acamamento; - Uniformidade área; - Ventilador; - Densidade; - Declividade; - Saca-palha; - Espaçamento; - Condições lavoura. - Trilha; - Inserção da vagem;

- Plataforma; - Altura planta; - Velocidade; - Variedade; - Regulagens. - Características da Soja.

Meio Método Material

1º) Mão-de-Obra: Fornecer aos operadores um treinamento mais específico para a capacitação dos operadores, fazendo com que eles se sintam mais valorizados e produzam mais e melhor;2º) Meio e Material: Em relação ao “meio”, deve-se observar as ondulações do terreno, livre de “paus” e outros resíduos que possam afetar a colhedora durante a operação, principalmente quando se utiliza colhedoras de grande capacidade, com plataformas de 35 pés (9,14 m) ou mais de largura. Em relação ao “material”, a escolha de cultivares adaptadas para a região, implantadas na época, espaçamento e densidade de semeadura recomendadas que, além de objetivar a máxima produtividade, também possibilitem condições ótimas de colheita

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(altura de plantas, inserção da primeira vagem, não acamamento, etc.), a otimização do escalonamento de semeadura para que, com um número menor de máquinas, seja possível realizar a colheita de toda a área em capacidades operacionais compatíveis com a obtenção de baixos índices de perdas; o controle de pragas, principalmente percevejos, que dificultam a colheita em função de danos nos grãos e vagens e “retenção da haste” (que em alguns casos também pode ser uma característica varietal, uma resposta da cultura ao estresse climático sofrido, etc.), tornando a lavoura desuniforme, entre outras; são fundamentais para a realização do processo de colheita com qualidade;3º) Máquina: As máquinas colhedeiras (ou colheitadeiras) executam as etapas de corte, alimentação, trilha, separação, limpeza, e armazenamento. Elas podem ser equipadas com sistema de trilha radial (convencional) ou axial (rotor longitudinal) e plataforma de corte que variam de 15 pés (4,5 m) a 35 pés (10,5 m) de largura.

Vantagens das colhedoras axiais:a) A Redução de impureza e danificação dos grãos colhidos;b) A autolimpeza dos separadores rotativos;c) Manutenção mais fácil;d) Menor número de peças e o projeto mais compacto;e) Menores índices de perdas. Desvantagens das colhedoras axiais:a) Dificuldade de alimentação do cilindro axial em culturas leves;b) Suscetibilidade a “embuchamento” em culturas de palha longa, resistente ou úmida;c) Custo de aquisição (mais cara);d) Maior consumo horário de combustível. Principais modernizações das colhedeiras:a) Ajustar (efetuar regulagem a partir da cabine);b) Controlar automaticamente determinadas funções (altura de corte, flutuação lateral

da plataforma, manutenção da velocidade do molinete proporcional à velocidade de avanço da colhedora, etc.);

c) Monitorar o funcionamento (sensores) dos principais componentes (rotação de eixos) e das perdas de grãos nos sistemas de trilha e separação (saca-palha ou rotor) e limpeza (peneiras).

OBS: Deve ser realizadas rigorosas manutenções preventivas antes do início da safra, objetivando minimizar o risco de quebras ou interrupções por problemas de funcionamento.4º) Método: Envolve, principalmente, aspectos relacionados à regulagem da colhedeira e a avaliação do processo, verificando se o mesmo atinge a qualidade desejada ou pré-estabelecida (perda de grãos e qualidade do produto, capacidade operacional, etc.). É interessante ressaltar que estas regulagens precisam ser constantemente ajustadas (pois as condições de colheita variam durante o dia e de uma lavoura para outra) para que a eficiência de colheita seja mantida nos padrões aceitáveis. A porcentagem de perdas na plataforma de corte (94,7%), sistema de limpeza (peneiras – 2,7%) e sistema de separação (saca-palha – 2,6%) segundo pesquisa de MIZUTA (2003). Por este motivo a plataforma de corte merece cuidados especiais para se diminuir os índices de perdas na colheita, tais como:a) Trocar as navalhas quebradas e alinhar os dedos das contra-navalhas, substituindo

os que estão quebrados e ajustar folgas da barra;b) Operar, mantendo a barra de corte o mais próximo possível do solo;

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c) Operar em velocidade de deslocamento compatível com as características da lavoura de forma a proporcionar o adequado corte e recolhimento do material para o interior da máquina;

d) Utilizar velocidade do molinete em torno de 25% superior à velocidade de deslocamento da colhedora, que visualmente pode ser identificada pelo funcionamento em que o molinete toca suavemente e inclina a planta ligeiramente sobre a plataforma antes de a mesma ser cortada pela barra de corte;

e) A projeção do eixo do molinete deve ficar entre 15 a 30 cm na frente da barra de corte e a altura do molinete deve permitir que os travessões com os dentes toquem a metade superior da planta, quando a uniformidade da lavoura permitir.

FONTE: Emerson Fey, Boletim de pesquisa de soja 2009, Fundação MT, nº 13 – 2009, e-mail; [email protected]

19. REGULAGEM DAS COLHEITADEIRAS – 9750 STS JOHN DEERE

- A regulagem das colheitadeiras são realizadas com o intuito de minimizar os danos mecânicos sofridos pelas sementes na hora da colheita.

- Para isso é feito uma regulagem nos cilindros de debulha a rotações baixas (ex.: 350 a 400 RPM), bem como, com a abertura do côncavo.

- Essa regulagem é feita levando em consideração a umidade da semente no momento da colheita.

- No entanto, a abertura do côncavo proporciona uma maior perda de sementes na colheita.

- Para se fazer estas regulagens são realizados testes de dano mecânico e de perdas de semente no momento da colheita.

- Para os testes de danos mecânicos, o ideal seria que não ultrapasse 5% por amostragem, mas no entanto, cargas com 10% de danos mecânicos são aceitáveis, a depender da variedade, % de umidade, etc.

- A perda tolerável não pode ultrapassar 60Kg / ha.

20. Perdas na colheita:

1) Com um quadro (de ferro) de 1m², coletar 3 amostras a cada 2 horas de colheita, em três pontos diferentes no fundo da colheitadeira, fazendo assim, uma média das três amostras.

a) Média das amostras:

∑ das amostras ÷ 3 = nº de sementes.

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b) Cálculo de perda de sementes por hectare (PSha): Referente a 1 hectare (10000 m²)

PSha= (nº de sementes X 10000 X PG) ÷ 1000 = Kg/ha

Perda de sementes por hectare Peso do grão (Peso médio de 1000 sementes, ex. 0,14)

21. CUSTO DE PRODUÇÃO:

→ Principais itens de controle para a elaboração do custo de produção (BARROS, 2007).

1º) CUSTO OPERACIONAL: Trata-se dos custos diretos ou desembolsos realizados para a elaboração do produto. O custo operacional é constituído de insumos, operação mecânica, mão-de-obra, beneficiamento (padronização e classificação), transporte, seguros, capital de giro e arrendamento. Basicamente, o grupo que compõe o custo operacional é facilmente calculado entre a quantidade utilizada e o seu valor.

2º) CUSTO ANUAL DE RECUPERAÇÃO DO PATRIMÔNIO (CARP): Se refere à quantidade monetária que remunera a terra e o capital, sendo este entendido como a soma de máquinas e equipamentos, benfeitorias, rebanho e culturas permanentes. Deve ser coberta também a depreciação de todos esses fatores de modo que possam ser repostos ao final de sua vida útil. O CARP é simultaneamente o custo e a renda para a empresa (se o capital for próprio) ou para terceiros de quem estejam sendo arrendados os fatores de produção.

3º) CUSTO TOTAL: O custo total é a soma do custo operacional e do CARP. O valor encontrado se refere ao custo total para produzir um determinado produto.

- Principais indicadores de avaliação de sustentabilidade por atividade:

a) Retorno real investido (RR): O indicador mede o retorno por real investido para a produção de um determinado produto.

b) Sustentabilidade: O indicativo mede a sustentabilidade econômica da unidade de negócio para o médio e longo prazo. A atividade é sustentável quando a receita líquida operacional é maior que o CARP.

22. PRODUTIVIDADE MÁXIMA: RESUMO DOS FATORES PRODUTIVOS:

Quando se discute produtividade máxima, há que estar consciente de que qualquer estresse, por mínimo que seja, representa perdas, mesmo que os humanos não tenham percebido nada. Daí o fato de não haver um protocolo certeiro que possa ser aplicado. Esta aí o desafio! A produtividade máxima pode ser almejada, desde que haja a combinação de variáveis favoráveis de manejo e a tomada das decisões agronômicas corretas para reduzir o estresse.

1) Época de semeadura adequada: O estabelecimento da cultura na melhor época histórica de produtividade para cada local é obrigatório para que a cultivar possa

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Marcio Claro de Oliveira – Engº Agrônomo – CREA/BA 60323 – e-mail: [email protected]

explorar o seu potencial genético e todas as demais práticas. Daí a importância da pesquisa.

2) Eliminar o estresse causado por insetos e doenças: O monitoramento diário da lavoura é obrigatório para minimizar as perdas por impacto de pragas e doenças, mesmo os insetos prejudiciais secundários. Daí a importância de adoção de estratégias de manejo integrado também na área de produtividade máxima. A incidência de doenças representa perda de produtividade. Em áreas de produtividade máxima as perdas têm que ser ZERO.

3) Eliminar a “mato-competição”: Discutir produtividade máxima da soja implica em eliminar totalmente qualquer efeito de interferência de outras plantas (daninhas) após o estabelecimento da cultura da soja, independentemente do custo. Qualquer interferência é redução de potência.

4) Selecionar cultivares produtivas: esta é a decisão mais importante para atingir a máxima produtividade. O agricultor deve selecionar as cultivares de elevado potencial produtivo com características agronômicas que permitam superar os estresses do campo. O sistema produtivo atual de monocultura de soja tem resultado em estresse adicional, principalmente relacionado às doenças. É preciso usar informações de produtividade de várias localidades para selecionar uma cultivar.

5) Manejo do solo: Em todo o sistema de produção, o solo tem funções mais importantes do que fornecer os nutrientes possíveis de serem adicionados. O solo tem que estar em condições de proporcionar a maior aeração possível às raízes e ao mesmo tempo armazenar toda água necessária para a cultura, sendo estas condições obrigatórias para uma boa nutrição. Daí entra a importância de ter sistemas de produção que proporcionem, ao longo dos anos entrada elevada de carbono, que é o maior “potencializador” de produção. Porém, este é um processo que não está à venda, mas que é conseguido com rotação de culturas. A fertilidade do solo deve ser monitorada, pelo menos, a cada dois anos para verificar os teores dos nutrientes. A melhor época para coleta de amostras é após a colheita da safra de verão. Aproveite também para coletar amostras visando diagnosticar a presença de nematóides.

6) Diagnosticar a presença de nematóides: Os nematóides são grandes “limitadores” da produtividade da soja. A melhor prática de manejo para campos contaminados com nematóides é promover a rotação de uma cultivar resistente ao nematóide e de alto potencial produtivo, com uma espécie não hospedeira do nematóide. Hoje as cultivares de soja resistentes aos nematóides tem elevado potencial produtivo.

7) Arranjo de plantas: adequar a população e arranjo espacial às condições edafoclimáticas a variedade interfere diretamente na interceptação de luz, no índice de área foliar que não pode ser abaixo ou acima do ideal, interferindo diretamente na incidência de doenças e na eficiência do controle destas e dos insetos, além de favorecer ou não o acamamento. Para conseguir este ajuste perfeito também há dependência das condições ambientais e da qualidade operacional.

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Máxima Produtividade

Época de plantio

Manejo de insetos e doenças

Manejo de PD.

Material genéticoManejo do solo

Manejo dos nematóides

Arranjo de plantas