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Arquitetura Paisagísta dezembro/2014
ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 8ª Edição nº 009 Vol.01/2014 dezembro/2014
Arquitetura Paisagísta
Ully Gobitsch Paixão - [email protected]
MBA Master em Arquitetura
Instituto de Pós-Graduação e Graduação – IPOG
Belém, PA, 07 de março de 2014
Resumo
O desenvolvimento deste artigo se deu pela ambição em por à vista que a arquitetura
paisagística no Brasil vai além de um simples capricho ao projeto arquitetônico. A pesquisa
surgiu do questionamento de qual seria a importância do projeto paisagístico.
Objetivando identificar sua peculiaridade. Adotando uma pesquisa simples de modalidade
bibliográfica, baseada no artigo de Maria Francisca Machado Lima, sobre “Estéticas da
Paisagem e Arquitectura Paisagística”, fundamentando-se cerca de 70% no artigo
mencionado e os demais 30% distribuídos em pesquisas realizadas na internet, livros e
revista. Os resultados indicam a problemática em identificar que o paisagismo deixou de ser
apenas um “artigo de luxo” na arquitetura , para apenas embelezar o meio. Conclui-se que é
possível viabilizar o uso da arquitetura paisagística para valorização do local, agregação de
áreas verdes em metrópoles, bem como na ajuda ao meio mais sustentável.
Palavras-chave:Paisagismo. Arquitetura Paisagística. Projeto Paisagístico.
1. Introdução
O motivo pelo qual essa pesquisa foi incitada se deu pelo deslumbramento em espaços verdes,
como praças e jardins. Na busca por mais conhecimento surgiu a ideia de explorar como a
arquitetura paisagística se evidencia perante o projeto arquitetônico, uma vez que é possível
desenvolver-se grandes projetos nesta área, como já foram feitos no Brasil e em outros países,
com grande paisagistas e arquitetos-paisagistas de renome. Com o intuito de exteriorizar aos
demais pesquisadores, curiosos, estudantes e afins, a abundância que o tema tem a apresentar
para contribuição na contínua evolução da arquitetura paisagística, esta pesquisa procura fazer
conhecer a importância do uso da vegetação em todo e qualquer espaço (interior e exterior).
Há trabalhos realizados na mesma linha de pesquisa, em especial o artigo de Maria Francisca
Machado Lima, que contribui extraordinariamente para este artigo, sob o título: “Estéticas da
Paisagem e Arquitetctura Paisagística”.
2. O meio ambiente natural
De uma forma legal, meio ambiente é “o conjunto de condições, leis, influências e interações
de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas
formas” (art. 3º, I, da Lei nº. 6.938/81, que dispõe sobre a Política Nacional do Meio
Ambiente).
Meio ambiente é um conjunto de unidades ecológicas que funcionam como um sistema
natural, e incluem toda a vegetação, animais, microorganismos, solo, rochas, atmosfera e
fenômenos naturais que podem ocorrer em seus limites. Meio ambiente também compreende
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recursos e fenômenos físicos como ar, água e clima, assim como energia, radiação, descarga
elétrica, e magnetismo.
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Nas últimas décadas tem sido a grande preocupação de todas as comunidades do planeta, seja
pelas mudanças provocadas pela ação do homem na natureza, seja pela resposta que a
natureza dá a essas ações.
Figura 01: Meio ambiente
Fonte: Google imagens
A expressão meio ambiente (milieu ambiance) foi utilizada pela primeira vez pelo naturalista
francês Geoffrey de Saint-Hilaire em sua obra Études progressives d´un naturaliste, de 1835,
onde milieu significa o lugar onde está ou se movimenta um ser vivo, e ambiance designa o
que rodeia esse ser.
3. Paisagismo
O paisagismo é determinado atualmente como arquitetura de paisagem, sendo definido como
a arte e a técnica de promover o projeto, planejamento, gestão e preservação de espaços livres,
urbanos ou não. É uma arte assim como a própria arquitetura, um campo multidisciplinar.
Apesar de ser normalmente associado à jardinagem pelo público leigo, a arquitetura
paisagística envolve todos os possíveis elementos constituintes da paisagem ecológica, sejam
eles naturais ou não.
Figura 02: Paisagismo
Fonte: http://escrevendoaoleu.blogspot.com.br/2012_07_01_archive.html
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De início essa ideia surgiu como uma simples ornamentação do ambiente, introduzindo mais
tarde estudos mais avançados na área, tornando-se parte da arquitetura.
O paisagismo tornou-se totalmente técnico, sendo aplicado para melhorar a estética,
funcionalidade, segurança, conforto e privacidade dos ambientes. Passa longe da simples
intuição, exige conhecimento técnico das plantas, transformando ambientes em paisagem. Os
jardins têm se adequado à modernidade, aos novos estilos arquitetônicos e enfatizando a real
necessidade e benefícios de sua criação. o paisagismo ao longo do tempo foi abarcando
escalas e propostas maiores, chegando a se confundir com o desenho urbano e incorporando
as variáveis sócio-econômicas relativas aos problemas em questão.
4. Paisagismo no Brasil
A introdução do paisagismo no Brasil foi tardia se comparada ao que ocorreu no mundo
oriental. Com poucas exceções, os primeiros grandes espaços verdes só apareceram no século
XVIII. O Passeio Público do Rio de Janeiro, por exemplo, um antigo charco, foi aterrado e
ajardinado em 1783. Porém, havia tantas regras para a sua utilização que o local acabou sendo
abandonado.
O Passeio Público é, oficialmente, o mais antigo parque urbano do Brasil destinado a servir à
população. Criado por ordem do vice-rei Luís de Vasconcelos de Sousa, foi projetado por
mestre Valentim da Fonseca e Silva segundo um traçado geométrico, inspirado nas tradições
de desenho do jardim clássico francês. A história documentada iniciou-se com a chegada de
Dom João VI, em 1807, que destinou ao Jardim Botânico do Rio de Janeiro a vocação de
cultivar espécies para a produção de carvão, matéria-prima para a fabricação de pólvora.
Até meados do século XIX, influenciados pelas mulheres, membros da corte solicitavam aos
cônsules e embaixadores, sementes e mudas de espécies floríferas para ornamentar os jardins
dos palacetes que se localizavam no bairro São Cristóvão, no Rio de Janeiro. Com isso
chegaram ao Brasil algumas espécies como: agapantos, roseiras, copos-de-leite, dálias,
jasmins, lírios e craveiros, entre outras.
Figura 03: Agapanto
Fonte: Google Imagens
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A palmeira-imperial (Roystonea oleracea), originária da Venezuela e da Colômbia, chegou ao
Brasil trazida pelos portugueses libertados da Ilha de Maurício. Sementes dessa espécie foram
presenteadas ao príncipe D. João VI, que as plantou no Horto Real. Já a palmeira-real
(Roystonea regia), nativa de Cuba e Porto Rico, de porte mais baixo e estipe mais grosso, foi
introduzida quase um século depois.
Em 1859, Dom Pedro I contratou o engenheiro hidráulico francês August Marie Glaziou,
integrante de uma missão francesa, que foi o principal paisagista do Império e que ocupou o
cargo de Diretor Geral de Matas e Jardins. Entre as suas obras destacam-se o Campo de
Santana e a Quinta da Boa Vista, no Rio de Janeiro. Esse paisagista utilizou, pela primeira
vez, árvores floríferas no paisagismo.
Somente no final do século XVIII é que, no Brasil, com a tentativa de reaproximarem-se do
meio ambiente, os jardins foram adaptados em particularidades, buscando estimular a
sensibilidade à paisagem. Essa preocupação levará à integração dos elementos da flora no
próprio traçado da cidade como reação e, ao mesmo tempo, solução ao problema do
adensamento urbano.
O paisagismo no Brasil definiu-se no século XIX, a partir do surgimento de uma rede
consolidada de cidades, grandes e médias, e com influência européia, mais precisamente
francesa e inglesa e, sob forte influência nacionalista, assumiu uma identidade própria.
O grande marco do paisagismo no país foi o surto de nacionalismo decorrente do pós-guerra.
Seguindo essa linha, chegariam aos jardins as ideias do famoso e conceituado paisagista
Roberto Burle Marx, defendendo o uso da flora tropical. Hoje os paisagistas brasileiros se
espelham nos seus grandes e magníficos jardins tropicais.
5. O paisagismo de Burle Marx no Brasil
5.1. Roberto Burle Marx
Artista plástico brasileiro, de expressão internacional ao exercer a profissão de arquiteto-
paisagista. Nasceu em 1909, no estado de Pernambuco. Morou grande parte de sua vida
no Rio de Janeiro, onde estão localizados seus principais trabalhos, ainda que sua obra pode
ser encontrada ao redor do mundo. Seu primeiro projeto de jardim público foi a Praça de Casa
Forte, localizada no Recife, cidade natal de sua mãe. Com certa influência de sua mãe, que foi
pianista e cantora, acendeu seu amor pela música e pelas plantas, desde pequeno
Figura 04: Copo de leite
Fonte:
http://kmartinsp.blogspot.com.br/2010/10/o-
jardim-ozom.html
Figura 05: Dálias
Fonte: http://conversasaopedomundo.wordpress.com/2014/02/03/dalias-indiferentes/
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acompanhava-a no trato cotidiano de suas flores e demais espécies que haviam no jardim da
residência. Aprendeu a preparar canteiros e atentar para a germinação das sementes (tanto do
jardim quanto da horta).
5.2. A chegada ao Rio de Janeiro
Devido a problemas financeiros com o comércio em São Paulo, seu pai decidiu por mudarem
para o Rio de Janeiro, após período morando na casa de familiares e com resultados positivos
conseguiram adquirir um casarão no bairro do Leme, onde Burle Marx (com 8 anos) começou
a sua coleção de plantas, cultivando suas mudas.
Já com 19 anos, sofreu com problema nos olhos e a família foi para Alemanha em busca de
tratamento. Permaneceram lá de 1928 a 1929, onde Burle Marx entrou em contato com as
vanguardas artísticas. Conheceu um Jardim Botânico com uma estufa mantendo vegetação
brasileira, pela qual ficou fascinado.
As diversas exposições que visitou e, dentre as mais importantes, a de Picasso, Matisse, Paul
Klee e Van Gogh, lhe trouxeram uma nova influência: estudar pintura.
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5.3. Os projetos
Seu primeiro projeto de jardim público foi a Praça de Casa Forte, em Recife, em 1934. Nesse
mesmo ano assumiu o cargo de Diretor de Parques e Jardins do Departamento de Arquitetura
e Urbanismo de Pernambuco, onde ainda lidava com um trabalho de inspiração
levemente eclética, projetando mais de 10 praças. Nesse cargo, fez uso intenso da vegetação
nativa nacional e começou a ganhar renome, sendo convidado a projetar os jardins do Edifício
Gustavo Capanema (então Ministério da Educação e da Saúde).
Em 1935, ao projetar a Praça Euclides da Cunha (ou Praça do Internacional, ou Cactário
Madalena) ornamentada com plantas da caatinga e do sertão nordestino, buscou livrar os
jardins do "cunho europeu", semeando a alma brasileira e divulgando o "senso de
brasilidade". Seu grupo do movimento arquitetônico modernista (junto com Luiz Nunes, da
Diretoria de Arquitetura e Construção, e Attílio Correa Lima, responsável pelo Plano
Urbanístico da cidade), ganhou opositores como Mário Melo e simpatizantes como Gilberto
Freyre, Joaquim Cardozo e Cícero Dias, com os quais sempre se reunia. Em 1937 criou o
primeiro Parque Ecológico de Recife.
Figura 06: Praça de Casa Forte
Fonte: http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=1655977&page=14
Figura 07: Praça Euclides da Cunha
Fonte: http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=1655977&page=14
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Sua preponderância na Arquitetura Moderna Brasileira foi fundamental, tendo atuado nas
equipes responsáveis por diversos projetos célebres. O terraço-jardim que projetou para o
Edifício Gustavo Capanema é considerado um marco no paisagismo brasileiro, de vegetação
nativa e formas sinuosas.
A partir daí, Burle Marx passou a trabalhar com uma linguagem bastante orgânica e evolutiva,
identificando-a com a arte abstrata, o concretismo, o construtivismo, entre outras. As plantas
baixas de seus projetos lembram em muitas vezes telas abstratas, nas quais os espaços criados
privilegiam a formação de recantos e caminhos através dos elementos de vegetação nativa.
Figura 08: Jardim Edifício Gustavo Capanema
Fonte: http://quintaldicasa.blogspot.com.br/2012/08/burle-marx.html
Figura 09: Jardim Edifício Gustavo Capanema
Fonte: http://quintaldicasa.blogspot.com.br/2012/08/burle-marx.html
5.4. A modernidade
A grande inovação de Burle Marx em paisagismo foi a de criar, dentro de uma estética ligada
ao Modernismo, um paisagismo tropical. Dentro desta nova proposta estética,a valorização da
flora brasileira teve papel fundamental. Devido à forte influência cultural européia, plantas
exóticas costumavam predominar nos jardins brasileiros.
Burle Marx trouxe para seus projetos grande número de plantas brasileiras nunca utilizadas
anteriormente, muitas ignoradas ou desconhecidas em seu potencial estético. Sua curiosidade
e preocupação com a flora brasileira levou-o a numerosas expedições científicas através de
florestas e matas brasileiras coletando, analisando, descobrindo novas plantas e introduzindo-
as em paisagismo.
Ele está sempre à procura de uma ordem, um ritmo, uma associação de volumes ou texturas,
aonde.a intenção humana em reorganizar elementos da natureza cria uma paisagem construída
que é uma obra de arte: "Eu não quero criar um jardim que seja uma imitação da natureza.
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Um jardim tem que ser sempre um evento estético", afirma. Neste sentido, o projeto
paisagístico busca a criação de um novo mundo, de uma nova realidade.
Porém na arquitetura moderna, em termos de composição plástica, havia principalmente uma
preocupação projetual com questões relacionadas apenas com os edifícios, e não com o
espaço livre envolvente. Não havia uma resposta equivalente em termos plásticos e estéticos
para o tratamento do espaço livre, que é parte e não complemento do conjunto arquitetônico
(Adams, 1991). O paisagismo de Burle Marx traz uma resposta estética para as soluções
trazidas pela arquitetura moderna brasileira. Ao explicar seus princípios de desenho, ele diz:
"Eu acredito que as palavras de Mies van der Rohe têm uma grande importância: com o
mínimo de meios, dizer o máximo". Burle Marx se refere a famosa frase de Mies, "menos é
mais", um dos lemas da arquitetura moderna. Porém ao invés de criar uma paisagem
monótona, pela qual a arquitetura moderna tem sido criticada, Burle Marx chega a soluções
de desenho exuberantes através da maestria no uso dos materiais naturais. Em seus jardins,
formas curvilíneas e sensuais coexistem em harmonia e beleza com a linha reta. Sensualidade
é sempre uma qualidade de seus projetos; que podem ser encontradas em muitas cidades do
Brasil e no exterior.
Ao longo desses anos, Burle Marx e sua equipe, vêm desenvolvendo um sem número de
projetos paisagísticos, como o Parque Municipal de Ilhéus, na Bahia, e o Parque das
Mangabeiras em Belo Horizonte. Este último tem a importância de ter englobado uma área
verde de preservação em pleno tecido urbano. Do início dos anos 1990 se destacam projetos
não só no Brasil mas também no exterior, como por exemplo um grande parque em Kuala
Lumpur e a Praça Rosa de Luxemburgo, em Berlim. Um dos trabalhos mais importantes então
desenvolvido por eles é o projeto do Jardim Botânico de Fortaleza, no Ceará. Esta área
pertenceu durante muitos anos a uma empresa particular, posteriormente doada à
Universidade Federal do Ceará. Hoje em dia esta área possui a maior e mais importante
coleção de carnaubeiras no Brasil, e, por interesse e iniciativa de Burle Marx, irá se
transformar numa área de uso público para visitação e pesquisa. Este projeto engloba
conceitualmente questões que sempre nortearam seu trabalho: uma preocupação de caráter
preservacionista, educacional e cultural, com ênfase também no aspecto estético.
Figura 10: Parque das Mangabeiras – Belo Horizonte/MG
Fonte: http://portalpbh.pbh.gov.br/pbh/contents.do?evento=conteudo&idConteudo=60155&chPlc=60155
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6. A arquitetura Paisagista:
Resumidamente, é a arquitetura de paisagem; definida como a arte e a técnica de promover o
projeto, planejamento, gestão e preservação de espaços livre.
De início a ideia surgiu como uma simples ornamentação do ambiente, introduzindo mais
tarde estudos mais avançados na área, tornando-se parte da arquitetura.
Figura 11: Croqui de Projeto Paisagístico
Fonte: http://www.drjardim.com.br/salvador-patamares/piscina-e-jardim.asp
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O paisagismo hoje em dia é totalmente técnico, sendo aplicado para melhorar a estética,
funcionalidade, segurança, conforto e privacidade dos ambientes. Onde há necessidade de
manter as funções vitais da paisagem urbana através dos espaços verdes. O conceito de
espaço verde urbano e respectivos usos e funções sofreram profundas alterações ao longo do
tempo, sendo aceita sua importância pelos múltiplos benefícios que lhe estão associados ao
nível da manutenção da funcionalidade ecológica da paisagem urbana e consequentemente o
bem-estar físico e psicológico da população urbana.
7. Meio Ambiente e sustentabilidade
A obrigação imprescindível de espaços verdes urbanos é uma verdade absoluta inquestionável
e que ocorre paralelamente ao crescimento das cidades. Os espaços verdes urbanos, quer
públicos quer privados, assumem uma crescente importância nas políticas regionais e
municipais, procurando-se uma lógica de estrutura verde continua no espaço urbano a qual
estabelece uma relação de continuidade com o espaço natural envolvente.
A sustentabilidade ambiental e ecológica é a manutenção do meio ambiente do planeta Terra,
é manter a qualidade de vida, manter o meio ambiente em harmonia com as pessoas. É cuidar
para não poluir a água, separar o lixo, evitar desastres ecológicos, como queimadas e
desmatamentos. O próprio conceito de sustentabilidade é para longo prazo, significa cuidar
de todo o sistema, para que as gerações futuras possam aproveitar.
É importante que a sustentabilidade do meio ambiente seja cada vez uma prioridade para os
políticos no poder, para que a conservação do meio ambiente possa ser alcançada.
8. A importância do Projeto Paisagístico
Deve-se enfatizar junto ao projeto arquitetônico a necessidade de se realizar um projeto
paisagístico completo, em vez de se partir para a execução do jardim baseado apenas em um
rápido esboço. Certamente, alguns irão argumentar que não é preciso, pois são muitos
detalhes que aumentam o custo e desperdiçam tempo. Entretanto, as grandes diferenças vistas
nos resultados finais e na renovada satisfação do cliente provam que o que merece ser feito
tem de ser bem feito.
Um projeto paisagístico sempre leva em conta: o estilo arquitetônico daquele ambiente, o seu
clima predominante, as características do solo, a topografia, a disponibilidade hídrica, a
beleza das plantas e a presença de crianças, adultos ou animais domésticos. Enfim, tudo o que
se espera do espaço.
http://www.der.ro.gov.br/wp-
content/uploads/2013/06/jaru-principal-
2.jpg
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8.1. As fases do Projeto Paisagístico
Para atingir esses objetivos, torna-se absolutamente necessária uma perfeita comunicação
entre cliente e profissional. O talento e a sensibilidade do paisagista capacita-o a perceber
inclusive detalhes não expressos diretamente.
É elaborado, então, um anteprojeto para que sejam discutidos os pormenores da execução e
objetivos finais da obra. O intuito é sempre ser fiel ao compromisso entre a intenção do
proprietário e arte do paisagista. Para aqueles que tem dificuldade em imaginar o resultado
final, principalmente por não conhecerem todas as plantas e materiais sugeridos, devemos
contar com as fotos das espécies, vasos e materiais expostos neste anteprojeto. A experiência
profissional permite ainda sugerir novas ideias, que oferecem beleza, funcionalidade e
simplificação nos procedimentos de manutenção.
Após apresentação, discussão e ajustes no anteprojeto, o paisagista elaborará o projeto
executivo. Ele se diferencia do anterior porque possui, além de precisão na escala, todos os
elementos necessários à inteira compreensão e execução.
O cliente começa a ter certeza de que suas ideias foram traduzidas em um desenho e a seguir
serão materializadas. Com a implantação do jardim, o que estava no desenho vai se tornando
realidade.
9. Conclusão
O Brasil é um verdadeiro paraíso de vegetação, com uma flora tão rica quanto bela para os
profissionais do paisagismo. Helicônias, bromélias, açaizeiros e espécies de palmeiras (como
fênix e rabo de raposa) são exemplos de como no país a matéria-prima é abundante.
Isso talvez se explique pelo fato de a profissão ainda não ser regulamentada no Brasil. Só há
um curso de graduação em Composição Paisagística no País, na Faculdade de Belas Artes da
UFRJ. Mas existem cursos técnicos em paisagismo, além do mesmo fazer parte da grade
curricular das faculdades de Arquitetura, e ainda assim, mesmo com estes cursos mais
técnicos para colaborar na formação do profissional paisagista, infelizmente ainda o
confundem com “jardinagem”. E para agravar a situação, as pessoas não têm a cultura do
verde.
De um lado, muitos profissionais não se interessam em buscar mais conhecimento na área, do
outro os clientes também não estão acostumados a investir. Como maior causador desta
dificuldade estão os clientes, por não terem interesse em investir neste ramo da arquitetura,
pois acham que estarão gastando só com “plantas”. Como ocorre por várias vezes, a primeira
solicitação dos clientes é que se arranquem as árvores do local, por atrapalharem no terreno.
A escassez de paisagistas acaba prejudicando a concepção de muitos projetos, por
conseguinte, o projeto paisagístico deve estar amarrado ao arquitetônico desde o princípio,
fazendo questão de chamar a atenção para as peculiaridades da região. É preciso ficar atento,
Figura 11: Maquete eletrônica de Projeto Paisagístico
Fonte: http://www.der.ro.gov.br/?attachment_id=5132
Figura 12: Projeto Paisagístico
Fonte:
http://www.arqplant.com/Planejamento%20Ambiental%20Urbano/PAR
QUE%20ECOLOGICO%20DO%20MANGUEZAL_NUTRE.htm
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não se trata apenas de uma questão estética, mas da escolha da vegetação que melhor se ajuste
ao clima.
O mercado está acostumado a pagar bem e valorizar os projetos de arquitetura, então porque
os projetos de paisagismo que são tão complexos não tem a mesma valorização por parte do
contratante? Está na hora do mercado reconhecer essa importancia e dar o devido tratamento
na hora de precificar o projeto. É incrível como ainda nos dias de hoje existem pessoas que
confundem o paisagista como sendo o jardineiro. Embora o paisagista e jardineiro sejam
complementares, na hora da implantação eles são diferentes na atuação, e é preciso educar
esse mercado sobre essa realidade.
Os jardins estão se adequando à vida moderna, aos novos estilos arquitetônicos e dando
ênfase à necessidade e benefícios, como a diminuição do ar, sonora e visual, amenizando
temperaturas e melhoria dos espaços coletivos. Gerando assim, conforto e bem estar.
Quem procura um profissional para solucionar a questão paisagismo, busca beleza estética,
reencontrando a natureza e um maior contato com verde e valorizando significativmente o
valor do seu imóvel.
A prática profissional do arquiteto paisagista é bastante ampla, abrangendo de projetos para proteção e
recuperação de áreas naturais e o redesenho de espaços livres em áreas rurais e urbanas, a pequenos pátios e
quintais residenciais. (ABAP)
Em residências ou áreas comerciais a natureza ajuda a espantar o estresse. Fumaça, carros,
concreto, buzina, etc., hoje é só o que se vê nas ruas das grandes cidades. A correria do dia a
dia, a ausência do natural, do verde, faz com que as pessoas se estressem com mais facilidade.
Uma boa maneira para estar mais próximo da natureza em meio a isso tudo é projetar
residências e escritórios com plantas ou, se houver espaço, investir em um belo jardim.
Principalmente em cidades grandes, como exemplo São Paulo, as pessoas sentem muita
necessidade de ver mais o verde, de estar em um lugar mais arejado, mais agradável, sem
tanto cimento, tanto concreto. A decoração com plantas deixa o ambiente mais leve, bonito e
agradável. Em ambiente de empresas ou escritórios, que são geralmente mais sérios, um vaso
com planta ou um pequeno jardim podem dar outro astral ao espaço.
As pessoas sentem que o ambiente está melhor e conseguem aproveitar mais o dia a dia no
trabalho. Olhar para uma planta, levantar de vez em quando para regá-la, ver nascer uma flor.
As pessoas realmente interagem com a vegetação e se sentem bem com isso. No caso de
apartamentos, utilizar a varanda, espaços pela casa, como embaixo da escada, ou fazer um
jardim de inverno pode ser uma ótima escolha para integrar a natureza a casa. Em varandas de
apartamentos, o paisagismo deixa-a convidativa, harmoniosa, bonita, além de dar mais
privacidade às pessoas que moram em prédios que são muito próximos uns dos outros.
No entanto, é nessário consultar um especialista para que ele indique a espécie ideal de planta.
Pois a escolha de espécies depende de vários fatores, entre eles, o tipo de solo, o local, a
disponibilidade da pessoa em cuidá-las, com esses parâmetros é que serão definidas. Sempre
levando em consideração os gostos do cliente.
É importante se manter uma qualidade técnica nos projetos paisagísticos e cobrar o valor que
realmente vale por todo esse esforço de conceituar, representar, projetar e implantar.
Distinguir os projetos corporativos dos residenciais, que são diferentes na forma de atender,
projetar, afinal, o paisagista precisa ser compreendido no mesmo grau de importância que um
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arquiteto pelo fato de ser o responsável por manter a fachada do empreendimento ou da
residência com um aspecto natural e esteticamente agradável, tornando-a um cartão de visitas.
Deve-se enfatizar sobre o processo evolutivo do profissional de paisagismo, no qual existem
duas escolas que norteiam o conhecimento: a escola que tem Burle Marx como referencia e a
escola que tem Benedito Abbud como referência. Na época de Burle Marx o paisagismo era
percebido como algo artístico e tinha uma conotação representativa na beleza artística do
desenho. Já na atual época de Benedito Abbud, o paisagismo é percebido pela exatidão
técnica do projeto para ser compreendido por arquitetos e engenheiros na hora da
implantação. Por isso, atualmente o valor que o mercado percebe e espera de um paisagista é
este conhecimento técnico aliado a habilidade de conceituar artisticamente o projeto, exigindo
que o paisagista se especialize a cada dia para conquistar seu valor e seu espaço no concorrido
mercado da construção civil.
O grande valor percebido no profissional é a habilidade técnica e conceitual acumulado em
seu curriculo durante os anos de experiências práticas e cursos de especialização. É
fundamental que o paisagista entenda de diversas técnicas, sobretudo a botânica, na hora de
projetar, seja em residências, empresas e, principalmente, em áreas urbanas. Isso exige estudo
abrangente que interfere na paisagem e exerce muita importância neste contexto.
É preciso esclarecer que o paisagismo, antes de ser uma arte, é uma técnica. Técnica por que
necessita conhecimentos de botânica, estudos do solo, topografia, disponibilidade hídrica,
exposição ao sol/sombra, e combate de pragas.
Assim, cada paisagismo destina-se a um determinado local, levando-se em consideração o
estilo arquitetônico do ambiente, gostos e preferências do cliente, sua disponibilidade em
cuidados, a presença de animais e crianças, luminosidade, características do solo, dentre
outros fatores que dão caráter exclusivo a cada projeto.
Por isso, um projeto paisagístico é semelhante a um projeto arquitetônico. Cada detalhe é
estudado, as plantas refletem o gosto da pessoa que lá irá conviver e tem uma simbologia.
É importante acrescentar que o paisagismo não é restrito a grandes áreas como chácaras, nem
mesmo a residências. Todo e qualquer local pode acolher plantas.
E é justamente em espaços mais limitados que os projetos ganham sua importância. O
paisagismo pode ser feito em vasos, com árvores frutíferas, exóticas, incluir fontes...
Empresas, escritórios e consultórios também merecem e comportam o paisagismo,
transparecendo primeiramente a beleza do ambiente para todos os que ali frequentam e
também a imagem da lugar/espaço.
O paisagismo pode fazer áreas nulas e sólidas se tornarem mais agradáveis aos olhos. É
responsável por fazer casas que parecem simples se tornarem em casas espetaculares, e
escritórios em ambientes agradáveis e charmosos.
Um bom paisagismo num quintal pode, inclusive, aumentar o valor de um imóvel. É
recomendável que se invista ao menos 2% do valor do imóvel em paisagismo. O investimento
na aparência de uma residência chega a aumentar até 20% o valor estimado do imóvel.
Certamente é uma área que deverá ser considerada.
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Arquitetura Paisagísta dezembro/2014
ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 8ª Edição nº 009 Vol.01/2014 dezembro/2014
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