Modelo Nosológico Kraepeliniano

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Modelo Classificatório Nosológico Kraepeliniano Modelos Diagnósticos 2 [email protected]. br

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Modelo Classificatório

Nosológico Kraepeliniano

Modelos Diagnósticos [email protected]

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Nosotaxonomia, Nosografia e

Nosologia NOSOTAXONOMIA (noso + táxon) –

classificação de enfermidades, doenças ou condições patológicas, quaisquer que sejam os critérios empregados.

NOSOGRAFIA nosos + graphos) – Classificação de enfermidades usando como téxon (critério classificatório) dados descritivos de sua forma, de sua aparência.

NOSOLOGIA (nosos + logos) – classificação de enfermidades empregando como táxon dados sobre sua explicação (etiopatogenia).

Esta nota é importante porque muitos dicionários, inclusive médicos, ignoram

estes dados lingüísticos essenciais.

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Transição do Nosográfico para o

Nosológico

No fim do século XIX, em 1883, quando surgiu a primeira edição do Compêndio de Psiquiatria de EMIL KRAEPELIN, sua nosotaxia acompanhara o avanço dos últimos anos, mas não apresentava, ainda, qualquer formulação qualitativamente importante, nem apontava para uma transformação radical dos paradigmas diagnósticos nosográficos; as categorias diagnósticas e os critérios classificatórios eram bastante conservadores, nessa primeira edição. Acontece que nas sete reedições seguintes, as modificações foram muito significativas e sua classificação se faez cada vez mais nosológica.

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As características da taxonomia nosoló-gica (etiológica) de Kaepelin, tal como as conhecemos hoje, apenas começaram a ser desenhadas na segunda edição de seu compêndio (em 1887), talvez pela influência de Krafft-Ebing dada pela incorporação dos seus conceitos clínicos de psiconeurose (nas cinco primeiras classes), de degenerescência psíquica (nas classes seis e oito), a separação das psicoses agudas das crônicas e inclusão das inversões sexuais e da loucura moral entre as interrupções do desenvolvimento.

O conceito de paranóia foi bem delimitado por Kaepelin, que o caracterizou como: 1) desenvolvimento lento e sinuoso, promovido desde o interior da pessoa, de um sistema delirante prolongado e inamovível; 2) conservação plena da claridade e ordem do pensamento, da vontade e da ação. A paranóia corresponde aos delírios intelectuais sistematizados, de Magnan.

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A nosotaxia kraepeliana da primeira edição é a seguinte:

  Estados depressivos: melancolia simples

e delirante. Estados crepusculares: estados de sono

patológico (hipnose, sonambulismo, embriaguez comatosa); estados crepusculares histéricos e epiléticos; estupor e êxtase; demência aguda.

Estados de excitação: melancolia agitada; mania; estados de excitação dos deliria (febril e alcoólico).

Psicose periódica: mania periódica; melancolia periódica; loucura circular.

Delírio sistematizado primário. Demência paralítica. Estados de fraqueza psíquica: anomalias

evolutivas (idiotia, imbecilidade, debilidade mental e inversão sexual); loucura moral e delírio querelante; estado neurastênico (obsessões); estados de fraqueza psíquica secundária.

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Nosologia da 2ª edição

I.Melancolia: simples, agitada, com estupor. II. Mania. III. Delírio: febril, tóxico e transitório. IV. Estados de Esgotamento agudo: delírio agudo,

delírio do colapso, confusão astênica, demência aguda.

V. Wahnsinn: depressivo, expansivo, alucinatório. VI. Loucura periódica e circular: loucura periódica

(mania, melancolia, Wahnsinn); loucura circular. VII. Loucura (Verrücktheit) sistematizada:

depressiva (delírio alucinatório de perseguição, delírio de perseguição combinatório, delírio hipocondríaco, delírio querelante); expansiva (delírio de grandeza alucinatório, combinatório e “loucura (Verrücktheit) originária”.

VIII. Neuroses Gerais: loucura neurastênica (obsessão), loucura histérica, loucura epilética.

IX. Intoxicações crônicas: alcoolismo, morfinismo, cocainismo.

X. Demência paralítica. XI. Estados de enfraquecimento: demência senil, lesões cerebrais, estados de enfraquecimento secundário.

XII. Suspensão do desenvolvimento psíquico: idiotia, cretinismo, debilidade mental constitucional (incluindo loucura moral e loucura impulsiva), inversão sexual.

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Foi só na quinta edição (em 1896) que a nosologia de Kraepelin assumiu forma relativamente estável, embora continuasse a ser modificada a cada edição, sem perder o sentido geral nosológico a que ora se definira.

Bergeret aponta e eliminação dos últimos vestígios da nosografia francesa (principalmente a influência analítico-descritiva de Pinel e Esquirol) e o aparecimento da influência de Griesinger, através de Kahlbaum e, este, de Krafft-Ebbing. Estabeleceu um primeiro nível novo. As doenças mentais foram divididas em duas grandes categorias: as congênitas e as adquiridas (conceitos que vieram a evoluir para endógeno e exógeno).

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Autores dos século cuja trabalho fomentou ou integrou luta pelo paradigma etiológico:

Babinski (1857-1932 Baillarger (1809-1890) Bayle (1799-1858) Betchrev (1857-1927) Broca (1824-1880) Charcot (1825-1893) Chiarughi (1759-1820) Feuschterleben (1806-1849) Georget (1797-1828) Griesinger (1779-1868) Guislain (1797-1860) Heinroth (1773-1843) Huss (187-1890) Jackson (1835-1911) Kahlbaum (1828-1899) Kandinski (1849-1889) Korsakov (1854-1900) Hufeland (1762-1836) Kraft-Ebbing (1840-1902) Laségue (1816-1883) Le Bon (1841-1931) Magnan (1835-1912) Maudsley (1836-1918) Morel (1809-1873) Noguchi (1876-1928) Parchappe (1800-1866) Pavlov (1849-1836) Pritchard (1785-1848) cr Reil (1759-1853) Scipion Pinel (1795-1859) Sechenov (1829-1905) Sherrington (1857-1952) Wernicke (1848-1905)

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Na sexta edição, publicada em 1899, veio à luz aquela que é considerada a classificação mais importante, porque delineava os essencial da nosologia kraepeliniana na psiquiatria de todo o mundo. Em linhas gerais, a sexta edição da classificação de KRAEPELIN é a seguinte:

 

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Modelo Nosológico Kraepeliniano

Nosologia da 6ª edição (1889) Loucuras infecciosas (delírios febril e

infeccioso, enfraquecimento infeccioso); Loucuras de esgotamento (delírio agudo,

amência, neurastenia adquirida); Intoxicações; Loucuras tireogênicas; Demência praecox; Demência paralítica; Loucura das lesões cerebrais; Loucuras de involução (melancolia,

delírio de prejuízo pré-senil, demência senil);

Loucura maníaco-depressiva; Paranóia; Neuroses Gerais; Estados psicopáticos (loucura

degenerativa); Interrupção do desenvolvimento

psíquico.

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A classificação de Kraepelin foi sofrendo sucessivas revisões, a cada edição de seu compêndio que escrevia (um volume de 380 páginas na primeira edição, 1883; quatro volumes, totalizando 2.500 páginas na última edição, 1913). A classificação desta última edição de Kraepelin, reproduzida por Sollé-Sagarra e Leonhard, é a seguinte:

A 13ª edição ALTERAÇÕES NOS TRAUMATISMOS

CRANIANOS: a) Delírio traumático; b) Epilepsia traumática; c) Defeitos psíquicos tramáticos.

ALTERAÇÕES PSIQUICAS EM OUTRAS ENCEFALOPATIAS ORGÂNICAS: a) tremores, abscessos, cisticercose; b) Esclerose lobar e esclerose múltipla; c) Doenças germinais (coréia de Hungtington, esclerose tuberosa, idiotismo amaurótico, doença de Neuzbacher, doença de Wilson, pseudo-esclerose); d) Encefalites (inclusive a encefalite epidêmica; hidrocefalia); e) Insolação.

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ALTERAÇÕES MENTAIS NAS INTOXICAÇÕES:

A – Intoxicações exógenas: 1 – Alcoolismo (a) embriaguez; b) embriaguez agitada; c) alcoolismo crônico; d) delírio alcoólico de ciúme; e) delirium tremens; f) alucinação alcoólica; g) psicose de Korsakow, h) epilepsia alcoólica). 2 – Intoxicações crônicas por alcalóides: (a) morfinismo, opiomania, codeísmo, heroinismo, dioninismo); b) cocainismo (com morfinismo ou sem ele). 3 – Outras intoxicações crônicas: a) Intoxicações com clorofórmio, petróleo, benzina, hidrato de cloral, paraldeído, bromo, trional, veronal, chumbo, mercúrio, sulfureto de carbono, haxixe). b) Ergotismo, pelagra, beribéri (com sintomas mentais). 4 – Intoxicações agudas: a) Gases (óxido de carbono, gás de iluminação, óxido nitroso, ácido sulfúrico, etc.); b) Medicamentos (atropina, iodofórmio, quinina, ácido salicílico, tropacoaína, etc.); c) Outros tóxicos (fungos, anilina, dinitropoluol, toluidina, etc.).

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B – Intoxicações endógenas: 1 – Por produtos metabólicos (a) delírio anêmico; b) delírio eclâmptico; c) psicose na diabetes; d) delírio na colemia (ictirícia grave); e) delírio nos transtornos circulatórios; f) delírio nas caquexias (carcinoma, anemias graves, etc.); g) asfixia por calor; h) delírio por fome e sede, delírio por colapso (pneumonia, erisipela). 2 – Intoxicações endócrinas (doenças endócrinas): A – Psicoses tirogênicas (1) doença de Basedow; 2) mixedema; 3) cretinismo; B – debilidade mental nas doenças 1) da hipófise (gigantismo, distrofia adiposogenital, nanismo); 2) da epífisis (macrogenitosomia precoce, obesidade): 3) da cápsula supra-renal (pseudo-hermfroditismo, doença de Addison); 4) das glândulas sexuais (eunucoidismo, gigantismo, virilidade); 5) do timo (idiotismo tímico, estado tímico-linfático); 6 – insuficiências pluriglandulares.

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IV – ALTERAÇÕES MENTAIS NAS DOEÇAS INFECCIOSAS (tifo, varíola, poliartrite, pneumonia, gripe, coréia, febre interminente, paludismo, septicemia, buberculose, raiva, lepra, tripanosomia): 1 – delírio febril e infeccioso; 2 – estados confusionais (depois de doenças infecciosas, amência); 3 – estados de debilidade infecciosas.

V – SÍFILIS: 1 – sífilis cerebral (a) neurastenia sifilítica; b) pseudoparalisia sifilítica (quadros clínicos análogos a paralisia geral progressiva); c) lues cerebral apoplética (debilidade mental sifilítica simples com paralisia); d) epilepsia sifilítica; e) formas paranóides; f) sífilis congênita (paralisia cerebral infantil, debilidade mental); 2- Paralisia Geral Progressiva (a) demencial; b) depressiva; c) expansiva; d) formas agitadas e galopante; e) tabo-paralisia; f) formas atípicas de Lissauer; g) paralisia juvenil; 3 – psicoses tabéticas.

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IV – PROCESSOS ARTEROSCLERÓTICOS E DA INVOLUÇÃO: 1 – arteroscleroses (a) demência arterosclerótica; b) encefalites subcorticais (diagnóstico anatômico); c) epilepsia tardia; d) demência apoplética. 2 – Processos pré-senis: a) formas perniciosas ( doenças de idade da regressão que conduzem rapidamente à morte, com lesões anatômicas características); b) formas catatônicas (catatonia tardia); c) formas paranóides ( que não apresentam sintomas esquizofrênicos). 3 – Psicoses senis: a) demência senil; b) presbiofenia; c) doença de Alzheimer; d) delírio senil de perseguição.

VII – EPILEPSIA GENUÍNA (imbecilidade epiléptica, demência epiléptica, estados crepusculares, status epilépticos).

VIII – ESQUIZOFRENIA. A – Demência precoce (a) forma simples; b) demência precocíssima (na idade infantil); c) hebefrênica; d) formas depressivas e estuporosas; e) forma circular e agitada; f) catatonia; g) demência; h) confusão da linguagem. B – Parafrenias: a) sistemática; b) expansiva; c) confabulatória; d) fantástica.

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IX – PSICOSES MANÍACO-DEPRESSIVAS: a) mania; b) melancolia; c) estados mistos.

X – PSICOPATIAS (incluídas as personalidades histéricas): a) nervosos; b) neurose obsessiva; c) excitáveis (com ou sem traços histéricos); d) instáveis (com ou sem traços histéricos); e) débeis de vontade (com ou sem traços histéricos); f) impulsivos (aumento dos impulsos normais), epilepsia afetiva; g) impulsivos patológicos; h) perversos sexuais (homossexuais, sádicos, masoquistas, fetichistas, exibicionistas); i) discutidores (querelantes); j) estravagantes, terorcidos; k) mentirosos; l) personalidades histéricas (caráter histérico, histeria degenerativa); m) rixentos; n) anti-sociais.

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XI – REAÇÕES PSICÓGENAS (inclui todas as reações histéricas):

A – Psicoses e neuroses situacionais: a) depressão psicógena (causa externa); b) loucura induzida; c) psicose de prisão de origem psicógena (delírio de inocência, de indulto, litigantes de prisão); Psicoses de espanto (estados confucionais passageiros causados por impressões muito fortes); e) neurose de guerra (atitude de recusar serviços na frente de combate); f) neuroses traumáticas (atitude de repulsa ante à volta ao trabalho); g) neuroses de renda; h) delírio de litigantes.

B – Estados nervosos: a) esgotamento nervoso (por excesso de trabalho e emoções); b) Neurose de angústia.

C – Reações histéricas: a) histerismo do desenvolvimento (na idade juvenil); b) histerismo alcoólico; c) histerismo traumático; d) estados crepusculares histéricos; e) estados crepusculares de Ganser; f) histérico de prisão.

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XII – PARANÓIA: a) personalidade paranóica; b) formas atenuadas e abortivas de paranóia; c) delírio de perseguição dos surdos; d) paranóia clássica (delírio de perseguição, de ciúmes, de descendência, de grandeza, religioso, de inventores, eróticos).

XIII – OLIGOFRENIAS: 1- graus diferentes: a) idiotismo; b) imbecilidade; c) debilidade mental. 2 – Mongolismo. 3 – Infantilismo.