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Educação de Jovens e Adultos: dificuldades na leitura e escrita de textos envolvendo geometria plana Autor: Reginaldo de Lima Pereira Orientadora: Marisa Rosâni Abreu da Silveira Resumo Este projeto é o fio orientador da minha pesquisa acadêmica em andamento referente a dissertação de Mestrado em Educação Matemática do NPADC/UFPA, que investiga as dificuldades na leitura e escrita de textos envolvendo a Geometria Plana dos alunos do CEFET-RR do curso integrado ao ensino médio na Modalidade de Jovens e Adultos – EJA. A pesquisa pretende, mais especificamente, apontar caminhos para minimizar as dificuldades na aprendizagem dos conteúdos da geometria plana e compreender porque os alunos da EJA apresentam essas dificuldades quando fazem uso dos registros de representação semiótica para resolver problemas por meio da formalização/objetivação da escrita. De acordo com Raymond Duval (1993), o acesso aos objetos matemáticos se dá por meio desses registros de representação, pois esses objetos não são perceptíveis fisicamente. A pesquisa para coleta de dados foi realizada de 6 a 31 de Outubro de 2008 utilizando-se das seguintes atribuições: Entrevistas, Diário de Bordo, Pré-teste, Questionários, Pós-teste e tarefas para desenvolvimento do raciocínio lógico do aluno. A análise desses dados será realizada no decorrer dos estudos até a conclusão do projeto. Palavras-chave: Dificuldades. Geometria Plana. Formalização. Objetivação. Linguagem. 1 - Introdução Há muito vem se falando das necessidades urgentes em tomadas de decisões a respeito das dificuldades de aprendizagem da Geometria Plana pelos alunos da Educação de Jovens e Adultos integrados ao Ensino Médio, oferecidos pelos Cefet’s, em geral, de todo o Brasil.Essa problemática me inquieta e pretendo refletir sobre formas de atividades pedagógicas que levem esses alunos a minimizar suas dificuldades na aprendizagem. Por outro lado, proponho investigar os motivos pelos quais esses alunos trazem consigo, desde o processo de seleção e continuam durante o decorrer do curso, esses problemas de interpretação da linguagem materna, da linguagem simbólica, culminando com a formalização em linguagem matemática. Para o desenvolvimento desse projeto, chamarei para o meu embasamento teórico autores como, Raimond Duval, Granger, Wittgenstein, Mª da Conceição F. R. Fonseca,

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Educação de Jovens e Adultos: dificuldades na leitura e escrita

de textos envolvendo geometria plana

Autor: Reginaldo de Lima Pereira

Orientadora: Marisa Rosâni Abreu da Silveira

Resumo

Este projeto é o fio orientador da minha pesquisa acadêmica em andamento referente a dissertação de Mestrado em Educação Matemática do NPADC/UFPA, que investiga as dificuldades na leitura e escrita de textos envolvendo a Geometria Plana dos alunos do CEFET-RR do curso integrado ao ensino médio na Modalidade de Jovens e Adultos – EJA. A pesquisa pretende, mais especificamente, apontar caminhos para minimizar as dificuldades na aprendizagem dos conteúdos da geometria plana e compreender porque os alunos da EJA apresentam essas dificuldades quando fazem uso dos registros de representação semiótica para resolver problemas por meio da formalização/objetivação da escrita. De acordo com Raymond Duval (1993), o acesso aos objetos matemáticos se dá por meio desses registros de representação, pois esses objetos não são perceptíveis fisicamente. A pesquisa para coleta de dados foi realizada de 6 a 31 de Outubro de 2008 utilizando-se das seguintes atribuições: Entrevistas, Diário de Bordo, Pré-teste, Questionários, Pós-teste e tarefas para desenvolvimento do raciocínio lógico do aluno. A análise desses dados será realizada no decorrer dos estudos até a conclusão do projeto. Palavras-chave: Dificuldades. Geometria Plana. Formalização. Objetivação. Linguagem.

1 - Introdução

Há muito vem se falando das necessidades urgentes em tomadas de decisões a

respeito das dificuldades de aprendizagem da Geometria Plana pelos alunos da Educação

de Jovens e Adultos integrados ao Ensino Médio, oferecidos pelos Cefet’s, em geral, de

todo o Brasil.Essa problemática me inquieta e pretendo refletir sobre formas de atividades

pedagógicas que levem esses alunos a minimizar suas dificuldades na aprendizagem. Por

outro lado, proponho investigar os motivos pelos quais esses alunos trazem consigo, desde

o processo de seleção e continuam durante o decorrer do curso, esses problemas de

interpretação da linguagem materna, da linguagem simbólica, culminando com a

formalização em linguagem matemática.

Para o desenvolvimento desse projeto, chamarei para o meu embasamento teórico

autores como, Raimond Duval, Granger, Wittgenstein, Mª da Conceição F. R. Fonseca,

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Michael Foucault, Lúcia Santaella, Pierre Bourdieu e outros que, sem sombra de dúvidas,

irão me orientar no transcorrer de minha dissertação de Mestrado.

As reflexões realizadas no período de minha vida acadêmica e profissional me

motivaram a vários momentos de indagações sobre o ensino e a aprendizagem dos alunos

da Educação de Jovens e Adultos do CEFET-RR. O questionamento, motivo dessa

dificuldade de apreender os conteúdos ensinados na Geometria Plana, bem como os

problemas que fazem com que esses alunos muitas vezes, se afastem da sala de aula sem

nenhuma explicação aparente, são os fios condutores de minha pesquisa.

Essas dificuldades podem estar na forma de abordagem do professor ao promover

o ensino desses conteúdos matemáticos. As minhas inquietações perduram e serão

evidenciadas a partir do processo investigativo dessa pesquisa, na qual buscarei no

referencial teórico adequado a tentativa de minimizá-las.

Muitas das minhas indagações surgiram a partir das experiências com esses alunos

que, uma vez aprovados no processo seletivo, buscam no curso, uma forma de se

profissionalizarem e exercerem a profissão tão sonhada, como também, serem inseridos no

mercado de trabalho como profissional Técnico de nível médio e também com o

certificado de conclusão do ensino médio regular.

Ao final dessa investigação, pretendo adquirir meios para apontar caminhos de

minimizar as dificuldades do ensino-aprendizagem dos alunos da EJA. Essa minha

proposta de pesquisa é caracterizada de natureza qualitativa nos termos descritos por Marli

André (2005), que entende ter um ambiente natural como sua fonte direta de dados e o

pesquisador como seu principal instrumento.

2 - Levantamentos de Literaturas

A Literatura levantada para dar embasamento teórico à pesquisa está pautada nos

seguintes teóricos que colaborarão com suas idéias, tais como:

André, Marli Elza;Dalmazo, Afonso, trata das abordagens qualitativas na pesquisa

em educação;

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Bourdieu, Pierre, analisa o processo de eliminação e seleção dos alunos no interior

da escola;

Charles Sander Peirce discute as bases de sua doutrina dos signos ou semiótica;

Damm, Regina Flemming, corrobora e explica a teoria de Duval;

Gilles G. Granger, trata do processo de objetivação e formalização na linguagem

matemática, do estilo na construção do objeto matemático e das estruturas da

linguagem;

Ludwig Josef Johann Wittgenstein aborda a certeza subjetiva dos limites da

linguagem, dos sentidos das proposições e das regras matemáticas;

Maria da Conceição F. R. Fonseca, analisa e discute as conflitivas demandas e

contribuições do ensino da matemática na EJA;

Michael Foucault trata da representação, da escrita das coisas, do discurso e da

linguagem;

Raymond Duval apresenta os registros de representação semiótica na matemática.

Santaella, Lúcia aborda a questão dos símbolos semióticos, da percepção e dos

signos como tríade (em si mesmo, em conexão com o objeto e como representação

para o interpretante).

3 - Problema

O problema de pesquisa está sustentado nas seguintes perguntas:

Por que os alunos da Educação de Jovens e Adultos têm dificuldades de

formalizar/objetivar por meio da escrita os cálculos para resolver problemas de

Geometria Plana?

Quais as dificuldades de visualizar e identificar os elementos das figuras

geométricas?

4 - Hipótese

A pesquisa de campo foi realizada no intuito de detectar o que os alunos da

Educação de Jovens e Adultos do ensino técnico integrado ao ensino médio do CEFET-

RR, possam apontar, por meio de registros solicitados em questionários, entrevistas, tarefas

de sala de aula, pré-teste e pós-teste, realizados durante o período da observação em sala de

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aula, como também, as causas pelas quais existem as dificuldades de construir e formalizar

os conceitos da Geometria Plana.

Após as análises realizadas dos dados coletados, terei condições de apontar

caminhos que possam minimizar essas dificuldades de aprendizagem, tendo como base de

apoio, o referencial teórico que dará o suporte necessário para obtenção das considerações

finais da pesquisa.

5 - Objetivos

5.1. Geral:

Desenvolver, no processo ensino-aprendizagem dos alunos dos cursos técnicos

integrados ao ensino médio na modalidade de Jovens e Adultos do CEFET-RR, estratégias

de ensino e de pesquisa para minimizar as dificuldades de construção dos conceitos de

Geometria Plana por meio da formalização/objetivação da escrita.

5.2. Específicos:

_Elaborar atividades e tarefas que envolvam questões do seu cotidiano com

aplicação na Geometria Plana;

_ Aplicar pré-teste com o objetivo de detectar as dificuldades de interpretação e de

formalização dos conteúdos de Geometria Plana;

_ Aplicar pós-teste com o objetivo de identificar os avanços de melhoria da

aprendizagem dos conteúdos de Geometria Plana;

_ Realizar as análises e apresentar os resultados obtidos por meio dos dados

coletados na pesquisa.

_ Analisar os registros dos alunos que serão coletados a partir dos questionários,

entrevistas e tarefas desenvolvidas em sala de aula.

_ Analisar os problemas de linguagem dos sujeitos da pesquisa, que serão

detectados por meio de resoluções de problemas geométricos aplicados em sala de aula.

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6 - Justificativa

Este Projeto de Pesquisa será aplicado no CEFET-RR por ser uma escola onde

absorve alunos que pretendem obter os conhecimentos necessários para qualificação em

um curso profissionalizante; por ter ultrapassado a faixa etária de escolaridade; por querer

tornar o sonho de ser um profissional qualificado e inserido no mercado de trabalho.

Ao longo dos anos temos observado que, a grande maioria dos candidatos que

pleiteiam uma vaga nos cursos oferecidos pelo CEFET-RR já apresenta, no Processo

Seletivo, certa dificuldade em resolver as questões propostas de Português e Matemática

no nível de ensino fundamental, em especial, de Geometria Plana, e, por conseguinte, os

aprovados continuam a apresentá-la em maior intensidade quando se remete à disciplina de

Matemática do ensino médio. Por essa razão é que estou propondo realizar esse trabalho de

pesquisa focando as questões de formalização dos conteúdos de Geometria Plana aplicados

às turmas de 1º ano do Ensino Médio integrados ao Ensino Técnico na Modalidade de

Jovens e Adultos. Neste sentido, tomando o embasamento teórico citado acima, ao final da

pesquisa tentarei apontar caminhos e estratégias de ensino e aprendizagem para que

venham minimizar essa problemática.

7 - Metodologia

_ Lócus de Pesquisa:

Essa pesquisa foi aplicada no Centro Federal de Educação Tecnológica de Roraima,

por ser uma Instituição que já trabalha com essa modalidade de Ensino e também onde

tenho vínculo empregatício.

_ Sujeitos da Pesquisa:

Os sujeitos escolhidos para participar dessa pesquisa, são alunos de duas turmas do

Módulo II dos cursos de Enfermagem e Análises Clínicas (Laboratório) do CEFET-RR que

ingressaram no primeiro semestre de 2008, ambas com 35 alunos por turma.

_Coleta de Dados:

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A pesquisa foi realizada no período de 6 a 31 de Outubro de 2008, e teve como

formas de desenvolvimento da pesquisa as seguintes atribuições:

1. Na semana de 6 a 16 de Outubro foi reservada para ministrar aulas expositivas

sobre Geometria Plana.

2. Pré – Teste – foi aplicado no dia 17 de Outubro.

3. Entrevista direcionada – foi realizada nos dias 20 e 21 de Outubro.

4. Questionário com perguntas direcionadas – foi aplicado nos dias 22 e 23 de

outubro

5. Pós-Teste – foi aplicado no dia 24 de Outubro.

6. As tarefas relacionadas com a Geometria Plana – foram aplicadas nos dias 27 e

28 de Outubro.

7. Análises dos dados coletados – foram realizadas de 29 a 31 de Outubro.

8 - Cronograma

ATIVIDADES / PERÍODOS Set Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun

1 Levantamento de literatura X

2 Montagem do Projeto X

3 Coleta de dados X

4 Tratamento dos dados X X

5 Elaboração do Relatório Final X X

6 Revisão do texto X

7 Entrega do trabalho e Qualificação X

8. Revisão e Correção da Dissertação X X X

9. Defesa da Dissertação X

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9 – Análises dos Dados Coletados

A análise dos dados coletados no período de 6 a 31 de Outubro de 2008, será

realizada no decorrer dos estudos, conforme cronograma mencionado no item 8 deste

projeto.

10 – Considerações Finais

A realização desta pesquisa me permite evidenciar as dificuldades no ensino-

aprendizagem da Geometria Plana vivenciada pelos alunos do Ensino Médio Integrado ao

Ensino Técnico na Modalidade de Jovens e Adultos do CEFET-RR, fato este que vem me

inquietando há muito tempo. Estas inquietações me levaram a realizar esta pesquisa no

intuito de encontrar caminhos que possam mostrar a estes alunos formas de gostar da

Matemática, em especial, da Geometria Plana.

O caminho para minimizar essa situação, será o fio condutor para trabalhar a

Geometria Plana de forma diferenciada, como por exemplo, realizar tarefas que levem os

alunos a pensar soluções que sejam encontradas em momentos do seu próprio cotidiano e

consigam fazer a conexão de sua vivência diária com os problemas tratados em sala de

aula por meio da pesquisa. Essas conexões irão nos permitir encontrar meios que poderão

responder a muitas das indagações que foram levantadas quando da reflexão feita sobre as

dificuldades encontradas pelos alunos da EJA.

As respostas a essas indagações virão no sentido em que pudermos vivenciar

através da relação que os alunos da EJA mantiveram com os objetos de estudo da

Geometria Plana. Para tanto, preciso mantê-los senhores participantes do processo,

elevando a sua motivação para que vejam a Geometria como algo prazeroso no ato de

aprender.

Concordo com os autores que enfatizam sobre a aprendizagem, que esta não se dá

de forma instantânea, o que significa dizer que a aprendizagem é uma construção que

ocorre constantemente durante toda a nossa vida. Isso não é diferente, quando se percebe,

que os alunos da EJA devem compreender que todos têm condições de aprender e

apreender os conteúdos geométricos que são ensinados por seus professores no seu dia-a-

dia escolar.

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Com essa pesquisa, pretendo mostrar que é muito importante para ter uma

aprendizagem eficaz, estabelecer um diálogo entre professor-aluno, aluno-professor e

aluno-aluno. É na interação dialógica que buscamos aproximar as construções realizadas

pelos alunos das construções matemáticas e geométricas. Desta forma, poderemos detectar

as dificuldades de aprendizagem que os alunos da EJA apresentam durante os seus estudos

matemáticos.

Sendo assim, podemos destacar a importância e a relevância das Teorias

apresentadas nas referências bibliográficas. Com esta pesquisa, poderei apontar futuros

estudos utilizando os resultados obtidos e a teoria posta, bem como em outros níveis de

ensino, no sentido de contribuir não só com o ensino-aprendizagem, mas também apontar

caminhos em que possa minimizar as dificuldades de formalização dos conteúdos de

Geometria Plana pelos alunos da EJA.

11 - Referências

ANDRÉ, Marli Eliza; DALMAZO, Afonso. Etnografia da prática escolar. 12.ed.

Campinas: Papirus, 2005.

BOURDIEU, Pierre. Escritos de Educação. 8.Ed. Editora Vozes. São Paulo. 2006.

BOURDIEU, Pierre. Economia das Trocas Simbólicas. 5. Ed. Editora Perspectiva. São

Paulo.2003.

DAMM, Regina Flemming. Registros de Representação. Série Trilhas. São Paulo. 1999.

FONSECA, Mª da Conceição F.R. Educação Matemática de Jovens e Adultos:

especificidades, desafios e contribuições. Coleção Tendências em Educação Matemática.

Editora Autêntica. 2. Ed. 3. Reimpressão. Belo horizonte. 2007.

GRANGER, Gilles G. et al. Estructuralismo y Epistemolgía. Selección de José Sazbón.

Ediciones Nueva Visión. Buenos Aires. 1970.

GRANGER, Gilles G. Filosofia do Estilo.Tradução de Scarlett Zerbetto Marton.Editora

Perspectiva.São Paulo, 1974.

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PEIRCE, Charles S. Semiótica. 3. Ed. Editora Perspectiva. São Paulo. 2005.

RAYMOND, Duval. Registros de Representação Semiótica e Funcionamento Cognitivo da

Compreensão em Matemática. 2.Ed. Editora Papirus.Campinas. 2003.

SANTAELLA, Lucia. Semiótica Aplicada. Editora Thomson. São Paulo. 2004.

SANTAELLA, Lúcia; NÖTH, Winfried. Imagem: cognição, semiótica, mídia. Editora

Iluminuras. São Paulo. 2008.

WITTGENSTEIN, Ludwig Josef Johann. Da Certeza. Edição Bilíngüe. Tradução: Maria

Elisa Costa. Revisão: Antonio Fidalgo. Lisboa. 1969.

WITTGENSTEIN, Ludwig Josef Johann. Investigações Filosóficas. Fundação Calouste

Gulbenkian. Tradução: M. S. Lourenço. 2. Ed.São Paulo. 1985.