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MODELAGEM ÓTIMA DA
CONFIABILIDADE DO PROCESSO DE
TRANSFORMAÇÃO DE POLÍMEROS DE
UMA UNIDADE DE PRODUÇÃO DE
SANEANTES
Murilo Leite Alcantara (PEI-UFBA )
Isabel Sartori (PEI-UFBA )
Marcelo Embirucu de Souza (PEI-UFBA )
A indústria de saneantes tem tido uma importância cada vez maior no
setor industrial brasileiro. Uma das etapas mais importantes para a
maioria dos processos de produção de saneantes é a fabricação dos
frascos (embalagens primárias) dos proodutos. A produção destes
recipientes costuma ser feita através de processos de transformação de
polímeros como a extrusão e o sopro. Como o crescimento industrial
costuma estar atrelado ao aumento nos riscos de produção, para
aumentar a produção de forma segura faz-se necessário o uso de meios
para reduzir a ocorrência de falhas. O estudo sobre confiabilidade de
sistemas de produção pode ser utilizado como uma ferramenta para
compreender e prever o comportamento da confiabilidade das unidades
industriais. O presente trabalho estuda o comportamento da
confiabilidade de uma unidade industrial de saneantes com foco na
produção dos frascos. Os estudos feitos neste trabalho foram baseados em
três métodos de modelagem: Global Life Distribution (GLD, distribuição
de vida global), Composite Life Distribution (CDL, distribuição de vida
composta) e Optimum Composite Life Distribution (OCDL, distribuição de
vida composta ótima). As distribuições utilizadas neste trabalho foram:
exponencial, Weibull, normal, lognormal, q-exponencial e q-Weibull. Os
comportamentos de confiabilidade encontrados pelos três métodos foram
comparados com os dados experimentais de confiabilidade obtidos na
unidade industrial. A metodologia OCLD herda as potencialidades, mas
supera as limitações de ambas as metodologias GLD e CLD, pois, além de
representar bem o comportamento do sistema global, possibilita também
uma representação dos subsistemas que o compõem, e o valor calculado
para o lucro cessante demonstra a oportunidade de benefício financeiro
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Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013.
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que pode ser obtido com possíveis aprofundamentos e desdobramentos
futuros do estudo realizado.
Palavras-chaves: confiabilidade; OCLD; unidade industrial;
extrusão/sopro
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1. Introdução
O presente trabalho visa estudar o comportamento da confiabilidade de uma unidade industrial de
produtos de limpeza (saneantes), importante setor industrial brasileiro, tanto do ponto de vista
econômico quanto de saúde pública.
O elevado número de doenças originadas da falta de higiene é um dos responsáveis pela crescente
utilização de meios preventivos como os saneantes. As vendas mundiais de produtos de limpeza
em 2010 foram de aproximadamente US$ 148,9 bilhões (EUROMONITOR, 2011) e o Brasil
contribuiu com 6,2% dessas vendas (ABIPLA, 2011). No grupo dos BRIC (Brasil, Rússia, Índia e
China), o Brasil se destaca com 32% da participação em 2010, atrás apenas da China. O mercado
brasileiro dos produtos de limpeza, que era de R$ 9 bilhões em 2003, registrou cerca de R$ 13,5
bilhões no ano de 2010 (ABIPLA, 2011), com o setor crescendo mais do que o PIB brasileiro
(IBGE, 2011). Aumentar a produtividade pode aumentar os riscos na produção, já que, em geral,
para aumentar a produtividade sem aumentar os riscos é necessário um processo com altos níveis
de confiabilidade (Sartori, 2012). As técnicas e estudos sobre confiabilidade são utilizados como
uma ferramenta para a tomada de decisões de gestão, fornecendo informações que auxiliam na
implementação de políticas que minimizem os custos e riscos envolvidos nos processos de
produção.
O problema aqui investigado insere-se no contexto de uma indústria de pequeno/médio porte que
produz saneantes domissanitários e o foco do trabalho é a modelagem das falhas das máquinas
(dos tipos sopradora e extrusora/sopradora) de transformação de polímeros que são utilizadas na
produção das embalagens primárias (comumente chamadas de frascos), utilizadas no envase do
saneante. Alguns estudos recentes sobre confiabilidade têm sido feitos com o foco na extrusão de
diversos tipos de produtos. A maioria deles, no entanto, estuda o comportamento de produtos ou
instrumentos de um processo (Sheikh et al., 2004; Younas et al., 2008; Salem e Sene, 2011), e
poucos trabalhos focam-se no processo de produção propriamente dito. Além disto, a maioria
destes estudos arbitra uma distribuição, usualmente a Weibull (Younas et al., 2008; Salem e
Sene, 2011), como modelo para representar a confiabilidade, estimando seus parâmetros para
ajustá-la aos dados do sistema. Um abordagem mais completa consiste no ajuste de diversas
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distribuições, usualmente apenas as clássicas (p.e.: Sheikh et al., 2004; Crookston et al., 2011),
aos dados do sistema global seguido pela seleção daquela que melhor representa o
comportamento da confiabilidade do sistema. Rausand (2004) e Birolini (1999) modelam a
confiabilidade de sistemas através da composição da confiabilidade dos subsistemas. Sartori
(2012) otimizou este método de composição dos subsistemas através de re-estimativas dos
parâmetros.
O objetivo deste trabalho é estudar o comportamento da confiabilidade dos processos de extrusão
e sopro de uma unidade industrial transformadora de polímeros, aplicando novas metodologias de
estimativa de confiabilidade. Para a modelagem das falhas, o presente estudo avalia, além das
distribuições de vida clássicas, a utilização de duas distribuições generalizadas que foram
recentemente aplicadas à área de confiabilidade: a q-exponencial e a q-Weibull. A metodologia
de composição ótima da confiabilidade proposta por Sartori (2012) foi aplicada na determinação
da confiabilidade de cada máquina transformadora. O modelo gerado a partir desta metodologia,
chamado de distribuição de vida composta ótima (OCLD, Optimum Composite Life Distribution),
foi comparado com outros métodos de determinação da confiabilidade de sistemas.
2. Materiais e Métodos
2.1. Breve descrição do processo
A linha de produção da unidade industrial estudada trabalha com oito tipos de produtos em sua
linha de produção: água sanitária; alvejante; detergente; lava-louça; amaciante; desinfetante;
multiuso; e sabão-gel. A empresa utiliza um processo de produção que consiste
simplificadamente em quatro etapas, como pode ser observado na Figura 1: produção de frascos
(embalagens primárias); formulação dos saneantes; envase; e estocagem.
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Figura 1 - Produção dos saneantes
Pré-formas de PET
ou
PEAD granulado
Produção dos
Frascos
Envase Estocagem
Formulação
Fonte: Alcântara (2013)
Devido à maior importância atribuída pelos responsáveis da planta em estudo, este trabalho tem
como foco o processo de produção dos frascos. Este processo possui cinco máquinas de
transformação de polímeros. A máquina 1 utiliza pré-formas de poli(tereftalato de etileno) [PET,
Poly(Ethylene Terephthalate)] e o seu processo de fabricação consiste simplificadamente nos
processos de pré-aquecimento e sopro. As quatro máquinas restantes (máquinas 2, 3, 4 e 5) são
do tipo extrusora/sopradora, e utilizam como matéria-prima PEAD granulado. Estas quatro
máquinas são do mesmo fabricante e se diferenciam principalmente devido ao modelo do
equipamento. O modelo das máquinas 2 e 3 produz embalagens com alça e as máquinas 4 e 5 são
de outro modelo, que produz embalagens sem alça. Durante o processo de produção das
embalagens, diversas operações unitárias são utilizadas, tais como: turbo-aspiração; vasos e
tanques; filtragem; transporte por rosca sem fim; fusão de sólidos; filtragem; extrusão e operação
com tréfila e mandril; moldagem; corte com facas.
2.2. Dados de falha e informações econômicas
Para a realização do presente estudo, foram utilizados os dados operacionais de um período de
oito meses (maio a dezembro de 2011). Em uma rotina normal de trabalho, a unidade industrial
em estudo funciona de segunda a sexta e, nestes dias, toda a produção de embalagens é parada
das cinco horas da tarde às sete horas da manhã do dia seguinte e no intervalo do meio dia a uma
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hora da tarde (horário de almoço), totalizando nove horas diárias de produção. As considerações
feitas na geração do banco de dados de confiabilidade a partir dos dados brutos fornecidos pela
empresa estão detalhadas em Alcântara (2013).
Os dados fornecidos pela empresa possuem 64 tipos diferentes tipos de falhas. As falhas foram
classificadas em cinco grupos. Quatro destes grupos equivalem aos modos de falha que
apresentam maior frequência ou que resultam em maior tempo de parada da planta. O quinto
grupo consiste nos demais modos de falha que possuem frequência de ocorrência muito baixa
(menor do que 1%) e nas paradas para as quais não foram identificados os modos de falha. A
Tabela 1 descreve as falhas pertinentes a cada modo de falha.
Tabela 1 - Modos de falha da produção dos frascos
Modos de Falha Descrição
Falha no molde São falhas no molde que ocasionaram parada por motivos tais como: isolamento das
cavidades; vazamento de água no molde; ajustes no molde; troca dos moldes; troca dos
anéis dos moldes.
Falha no filtro São falhas no filtro que ocasionaram parada por motivos tais como: troca da tela; troca
do filtro; limpeza do filtro.
Falha na faca de corte Dentro deste grupo estão incluídos: falha na bucha de corte; falha no cabo da faca; falha
ou troca da faca; ajuste dos cortes; troca dos anéis de corte.
Falha na tréfila Dentro deste grupo estão incluídas: troca da tréfila; manutenção da tréfila; limpeza da
tréfila.
Falhas não
determinadas ou
esporádicas
Neste grupo estão incluídas as paradas relativas às falhas sem informação explícita do
motivo da falha, os motivos de falha que resultaram em menos de um por cento do
tempo total de produção ou com frequencia de incidência menor ou igual a três vezes ao
mês,tais como: problemas na torre de resfriamento; vazamento de ar ou água (com
exceção de vazamentos no molde); troca de óleo; falha no mandril; limpeza da cabeça
da máquina; falha na vareta do sopro; falha no sistema de ar comprimido; lâmpada
queimada; falha no extrator; falha na mangueira; falha elétrica; quebra de parafusos;
falha na bobina; falha no cabo da resistência; falha na válvula; falha na rosca.
Fonte: Próprio autor
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Conforme ressaltado por Sartori (2012), os estudos sobre confiabilidade são instrumentos
importantes na implementação de políticas que minimizem os custos e reduzam o lucro cessante
anual referente às paradas da planta ocasionada por falhas.
A Figura 2 mostra o tempo máximo de operação (TMO) e suas divisões. Uma parcela em torno
de treze por cento deste tempo é referente a manutenções corretivas ocasionadas por falhas não
previstas, e apresenta também a análise da distribuição destas falhas segundo os grupos aos quais
elas pertencem. É importante ressaltar que os modos de falha relativos ao filtro, à tréfila e à faca
de corte não resultaram em grandes períodos de tempo de parada da fábrica, fato que poderia
justificar sua inclusão no grupo de falhas não determinadas ou esporádicas. Entretanto, estes
modos de falha apresentam altos índices de ocorrência em algumas máquinas e, por isso, foram
classificados como um dos modos de falha estudados no presente trabalho.
Dentro da parcela do TMO referente às falhas, o grupo das falhas não determinadas ou
esporádicas se destaca com aproximadamente metade do valor total. Este alto valor pode ser
justificado pela grande quantidade de falhas com baixa frequência. Segundo o critério de seleção
mostrado na Tabela 1, as falhas com incidência menor do que um por cento ou com incidência
menor ou igual a três vezes ao mês são consideradas dentro do grupo de falhas não determinadas
ou esporádicas.
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Figura 2 - Análise das falhas: (a) análise do tempo máximo de operação (TMO); (b) análise do
tempo indisponível ocasionado por falha
(a)
(b)
Fonte: Próprio autor
Como a fábrica está ativa durante nove horas por dia, apenas de segunda a sexta, o seu TMO
semanal é de quarenta e cinco horas, resultando em um TMO anual de aproximadamente duas
mil e trezentas horas. O tempo indisponível ocasionado por falhas é de aproximadamente treze
por cento, ou aproximadamente trezentas horas anuais de máquinas paradas.
A Tabela 2 mostra um detalhamento dos tempos indisponíveis ocasionados por falhas para cada
máquina individualmente, a produção horária de frascos, produção cessante devido às paradas
ocasionadas por falhas, o lucro por embalagem e o lucro cessante de cada máquina. Somando os
montantes de todas as máquinas chega-se a um valor aproximado de R$ 215.600,00 de lucro
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cessante provocado pelas paradas das máquinas devido às falhas, o que mostra a importância
econômica do estudo de confiabilidade.
Tabela 2 - Tempo indisponível ocasionado por falhas para cada máquina e lucro cessante
Máquina
(M)
Tempo de
parada (%)
Tempo de parada
anual (h)
Produção
(frascos/hora)
Produção cessante
de frascos (10³)
Lucro por
frasco (R$)
Lucro
cessante
(mil R$)
1 27,36 82,08 680 55,82 0,33 18,35
2 10,71 32,13 750 24,10 1,32 31,86
3 22,10 66,30 570 37,79 2,79 105,3
4 32,25 96,75 100 9,675 1,17 11,30
5 7,580 22,74 1720 39,12 1,25 48,87
Fonte: Próprio autor
2.3. Abordagens de modelagem
Uma das formas mais simples de modelar a confiabilidade de um sistema consiste em selecionar
arbitrariamente uma distribuição para representar os dados. Este método envolve várias
considerações e pode não representar bem o comportamento da confiabilidade do sistema.
Segundo Sartori (2012), este é um dos métodos mais utilizados atualmente na prática, devido à
sua simplicidade. Aqueles que optam por esta metodologia costumam ter maior preferência pela
distribuição exponencial. Esta distribuição possui taxa de falha constante, o que resulta em
expressões mais simples para análises de confiabilidade.
No presente trabalho, serão analisadas diversas distribuições para selecionar as expressões que
melhor ajustam a confiabilidade de cada sistema, além de algumas distribuições clássicas, tais
como: exponencial; Weibull; normal; e lognormal. Distribuições generalizadas, das quais as
distribuições clássicas são um caso especial, são uma possibilidade quando se deseja empregar
distribuições mais complexas. Distribuições estatísticas generalizadas recentemente
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desenvolvidas no âmbito da mecânica estatística não-extensiva, proposta por Tsallis (1988), são
conhecidas como q-distribuições. Assi, no contexto deste trabalho também serão utilizadas as q-
distribuições: q-exponencial; e q-Weibull. Segundo Nadarajah e Kotz (2007), as q-distribuições
foram encontradas em vários fenômenos físicos e sociais e em sistemas complexos artificiais.
Segundo Picoli et al. (2009), elas geralmente resultam em melhores ajustes de sistemas
complexos em comparação às distribuições clássicas.
As diversas distribuições analisadas serão tratadas através de três diferentes métodos de
modelagem de dados. Na Global Life Distribution (GLD, distribuição de vida global), a
modelagem é relativamente simples. Ela consiste basicamente no ajuste das distribuições a todos
os dados disponíveis. Isto é feito com o objetivo de encontrar os parâmetros que melhor
representam a confiabilidade do sistema e, com o resultado do ajuste das diferentes distribuições,
selecionar aquela que obteve a melhor representatividade dos dados. Como mostrado na literatura
(Birolini, 1999; Rausand, 2004; Sartori, 2012), a confiabilidade de sistemas pode ser determinada
através da composição da confiabilidade dos seus subsistemas, a chamada Composite Life
Distribution (CLD, distribuição de vida composta). Neste método, os dados são divididos em
subsistemas para que seja possível realizar ajustes das confiabilidades individuais de cada um
deles. A partir das expressões de confiabilidade de cada subsistema, faz-se uma composição
destas a fim de encontrar uma expressão capaz de representar o sistema global. Este método de
modelagem representa bem os subsistemas, mas pode não ser o melhor conjunto para representar
os dados do sistema global. Sartori (2012) propõe um método alternativo para melhorar os
resultados obtidos através da CLD, conhecido como Optimum Composite Life Distribution
(OCLD, distribuição de vida composta ótima). Este método consiste basicamente na otimização
dos parâmetros obtidos pela metodologia da CLD. Através de re-estimativas de parâmetros, esta
modelagem ajusta a expressão composta aos dados do sistema global, resultando em uma melhor
representatividade do comportamento da confiabilidade dos dados do sistema global em função.
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3. Resultados e discussão
3.1. Ajuste da confiabilidade segundo a distribuição de vida global (GLD)
Como descrito anteriormente, a distribuição de vida global (GLD) toma utiliza todos os dados de
falha, independentemente do modo de falha. Todas as cinco máquinas foram modeladas através
da abordagem GLD.
Para a determinação da distribuição que melhor represente a confiabilidade das máquinas, foram
feitos ajustes dos dados com as distribuições exponencial, q-exponencial, Weibull, q-Weibull,
normal e lognormal, cujas expressões das respectivas confiabilidades podem ser encontradas em
outras referências (p.e., Sartori, 2012). A probabilidade de falhas (P) foi estimada através da
aproximação medianranks, também conhecida como aproximação de Benard, segundo a
definição proposta por Johnson (1950):
0.3
0.4
iP i
n
(1)
onde n é o tamanho da amostra e i é o número de ordenamento quando os tempos de falha são
ordenados de forma crescente.
Os parâmetros das distribuições foram estimados utilizando o coeficiente de determinação (R²)
como critério de ajuste. As distribuições, e seus respectivos parâmetros, que melhor se ajustaram
aos dados das diferentes máquinas na Tabela 3 e na Figura 3, que compara os ajustes com os
dados de planta com os dados experimentais.
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Tabela 3 - Melhores distribuições para a GLD das cinco máquinas
Máquina
(M)
Distribuições
Parâmetro
de forma ( )
Parâmetro
de escala ( )
Desvio
padrão
(σ)
Média
(μ)
Parâmetro
"q"
Coef. De
Determinação
(R²)
1 q-Weibull 1,056 7,592 - - 1,370 0,9939
2 Lognormal - - 1,589 1,889 - 0,9953
3 Lognormal - - 1,420 1,538 - 0,9952
4 q-Weibull 1,518 1,607 - - 1,726 0,9824
5 Weibull 1,067 31,75 - - - 0,9858
Fonte: Próprio autor
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Figura 3 - Ajuste das distribuições propostas pela GLD par cada equipamento: (a) máquina 1; (b)
máquina 2; (c) máquina 3; (d) máquina 4; (e) máquina 5
Fonte: Próprio autor
As expressões do comportamento da confiabilidade estimadas segundo a metodologia proposta
da GLD resultaram em bons ajustes para os dados de falha das máquinas como pode ser
verificado pelos coeficientes de determinação acima de “0,98”. Esta metodologia conseguiu
resultados ainda melhores para as máquinas: Um; Dois; Três. Resultando em coeficientes de
determinação acima de “0,99”.
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3.2. Ajuste da confiabilidade segundo a distribuição de vida composta (CLD)
Nesta abordagem os modelos da confiabilidade das máquinas são obtidos através da composição
das distribuições dos dados de falha de cada subsistema. Como todos os subsistemas estão em
série para os cinco equipamentos (Figura 4), a composição é o resultado da multiplicação da
confiabilidade de cada subsistema.
Figura 4 - Diagrama de blocos para a modelagem CLD
Filtro Molde Tréfila FacaNão determinada
ou esporádica
Fonte: Próprio autor
De modo semelhante à abordagem anterior, foram feitos ajustes de todas as distribuições e foi
escolhida aquela que melhor representa o sistema. Na modelagem CLD estes ajustes são feitos
individualmente para cada subsistema, aplicando o método da GLD cinco vezes, uma para cada
subsistema. Os melhores ajustes podem ser observados na Tabela 4, mostrados também na Figura
5, juntamente com os dados reais. Devido à pequena importância de alguns modos de falha para
as demais máquinas 1, 3, 4 e 5, uma abordagem mais simplificada foi adotada para elas. Os
modos de falha com índice de ocorrência menor ou igual a três eventos foram considerados como
falhas não determinadas ou esporádicas. Desta forma, a modelagem CLD das máquinas 4 e 5 foi
feitos apenas com os subsistemas falha no filtro e falhas não determinadas ou esporádicas. Na
máquina 1 foram considerados apenas os subsistemas falha no molde e falhas não determinadas
ou esporádicas, e o subsistema falha na tréfila não foi considerado na modelagem CLD da
máquina 3.
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Tabela 4 - Ajuste das distribuições dos subsistemas das máquinas (M) 1, 2, 3, 4 e 5
Modo de Falha
Distribuição
Parâmetro
de forma ( )
Parâmetro
de escala ( )
Desvio
padrão (σ)
Média
(μ)
Parâmetro
"q"
R²
M
Falha no Molde q-Weibull 1,253 3,180 - - 1,655 0,9820 1
Falhas não
determinadas ou
esporádicas
q-Weibull 1,474 25,89 - - 1,280 0,9825 1
Falha no Filtro Weibull 0,7603 158,9 - - - 0,9427 2
Falha no Molde q-Weibull 1,570 39,00 - - 1,471 0,9707 2
Falha na Tréfila q-Weibull 0,8743 16,12 - - 1,511 0,9831 2
Falha na Faca
de corte
Lognormal - - 3,742 2,642 - 0,9303 2
Falhas não
determinadas ou
esporádicas
Lognormal -
-
1,316
2,769
-
0,9935
2
Falha no Filtro Normal - - 12,33 111,8 - 0,8996 3
Falha no Molde Normal - - 49,92 70,87 - 0,9789 3
Falha na Faca
de corte
q-Weibull 1,483 1,561 - - 1,666 0,9912 3
Falhas não
determinadas ou
esporádicas
q-Weibull 49,51 39,85 - - 1,966 0,9100 3
Falha no Filtro Normal - - 46,61 62,92 - 0,9467 4
Falhas não
determinadas ou
esporádicas
q-Weibull 2,576 0,8544 - 1,854 0,9711 4
Falha no Filtro q-Weibull 1,216 62,92 - - 1,184 0,9911 5
Falhas não
determinadas ou
esporádicas
q-Weibull 1,032 35,27 - - 1,142 0,9873 5
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Fonte: Próprio autor
Figura 5 - Ajuste das distribuições propostas pela CLD: (a) máquina 1; (b) máquina 2; (c)
máquina 3; (d) máquina 4; (e) máquina 5
Fonte: Próprio autor
Como podem ser observados na Tabela 5, os resultados obtidos com a aplicação das expressões
obtidas pela modelagem da CLD não foram capazes de representar bem os dados de todas as
máquinas. Apesar desta modelagem ser capaz de representar os subsistemas, ela nem sempre é
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capaz de representar bem os dados globais das máquinas, como pode ser visto especialmente nos
modelos das máquinas 2 e 4.
Tabela 5 - Coeficientes de determinação das representações obtidas com as expressões
encontradas segundo a modelagem da CLD
Máquina (M) Coeficiente de determinação (R²)
1 0,9386
2 0,6525
3 0,9569
4 0,8523
5 0,9812
Fonte: Próprio autor
3.3. Otimização da distribuição de vida composta (OCLD)
Como mostrado nos resultados anteriores, a modelagem GLD é capaz de representar bem os
dados globais de falha, mas não é capaz de representar os subsistemas. A abordagem CLD é
capaz de descrever bem os subsistemas, mas muitas vezes resulta em uma descrição ruim dos
dados globais de falha. A modelagem proposta pela OCLD é uma tentativa de encontrar um
ajuste que possua, simultaneamente, uma boa representatividade para os subsistemas e também
uma melhor representatividade do sistema como um todo.
O modelo encontrado pela abordagem CLD é utilizado como estrutura de modelo para re-estimar
os parâmetros utilizando os dados globais do sistema. Aplicando tal procedimento, são obtidos os
resultados mostrados na Tabela 6 e na Figura 6.
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Tabela 6 - Re-estimativa proposta pela modelagem OCLD
Modo de Falha
Distribuição
Parâmetro
de forma ( )
Parâmetro
de escala ( )
Desvio
padrão (σ)
Média
(μ)
Parâmetro
"q"
M
Falha no Molde q-Weibull 1,494 0,4963 - - 1,947 1
Falhas não
determinadas ou
esporádicas
q-Weibull 1,724 7,743 - - 1,606 1
Falha no Filtro q-Weibull 0,8215 158,3 - - 1,140 2
Falha no Molde q-Weibull 2,037 44,48 - - 1,990 2
Falha na Tréfila q-Weibull 0,9830 4,695E-08 - - 2,000 2
Falha na Faca de
corte
Lognormal - - 1,969 2,345 - 2
Falhas não
determinadas ou
esporádicas
Lognormal - - 1,441 3,927 - 2
Falha no Filtro Normal - - 14,49 138,2 - 3
Falha no Molde Normal - - 30,75 85,28 - 3
Falha na Faca de
corte
q-Weibull 1,623 1,533 - - 1,698 3
Falhas não
determinadas ou
esporádicas
q-Weibull 47,60 16,42 - - 1,985 3
Falha no Filtro Normal - - 31,06 75,17 - 4
Falhas não
determinadas ou
esporádicas
q-Weibull 2,352 1,096 - - 1,850 4
Falha no Filtro q-Weibull 4,364 28,22 - - 1,752 5
Falhas não
determinadas ou
esporádicas
Weibull 0,7590 49,44 - - - 5
XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas Produtivos
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Fonte: Próprio autor
Figura 6 - Ajuste das distribuições propostas pela OCLD par cada equipamento: (a) máquina 1;
(b) máquina 2; (c) máquina 3; (d) máquina 4; (5) máquina 5
Fonte: Próprio autor
Apesar de utilizar a mesma estrutura de modelo obtida pela modelagem CLD, a OCLD resultou
em uma melhor representação, como pode ser constatado pelos elevados valores do coeficiente
de determinação (R²) mostrados na Tabela 7.
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Tabela 7 - Coeficientes de determinação das representações obtidas com as expressões
encontradas segundo a modelagem da OCLD
Máquina (M) Coeficiente de Determinação (R²)
1 0,9945
2 0,9920
3 0,9969
4 0,9874
5 0,9909
Fonte: Próprio autor
3.4. Análises e comparações finais
Uma das formas mais utilizadas por profissionais da área de confiabilidade para encontrar uma
expressão para a confiabilidade de sistemas é a GLD-exponencial. Esta modelagem é bem
simples e consiste na realização de um ajuste GLD considerando apenas a distribuição
exponencial, cujos resultados obtidos para o caso sob análise podem ser encontrados na Tabela 8,
comparados às abordagens utilizadas nas seções anteriores.
Tabela 8 - Comparação dos métodos de modelagem
Máquina (M) GLD-exponencial (R²) GLD (R²) CLD (R²) OCLD (R²)
1 0,9818 0,9939 0,9386 0,9945
2 0,9460 0,9953 0,6525 0,9920
3 0,9637 0,9952 0,9569 0,9969
4 0,8862 0,9824 0,8523 0,9874
5 0,9845 0,9858 0,9812 0,9909
Fonte: Próprio autor
As modelagens GLD-exponencial e CLD resultaram em coeficientes de determinação abaixo de
0,98 para a maioria dos casos (máquinas 2, 3 e 4, no caso da GLD-exponencial, e máquinas 1, 2,
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3 e 4, no caso da CLD). Como também pode ser observado na Tabela 8 através dos elevados
valores dos coeficientes de determinação, a GLD e a OCLD resultaram em boa representação do
comportamento da confiabilidade dos dados globais em todos os casos. A OCLD, além da
vantagem de descrever o comportamento de cada subsistema, se destacou por ser a melhor
metodologia em todos os casos com exceção da máquina 2, cuja modelagem proposta pela GLD
resultou em um R² maior. As expressões que melhor representam cada equipamento podem ser
observadas na Tabela 9.
Tabela 9 - Expressões que melhor representam a confiabilidade de cada equipamento
Máquina (M) Expressão
1
2
3
4
5
Fonte: Próprio autor
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A Figura 7 mostra o comportamento da confiabilidade dos equipamentos calculados pelos
métodos paramétricos aqui empregados (incluindo aqueles da Tabela 9), comparando-os aos
dados reais. Em relação à máquina 1, observa-se que as modelagens OCLD e GLD resultaram em
uma boa representação do comportamento dos dados reais. Por outro lado, a modelagem CLD
começa a sofrer distorções a partir de aproximadamente 5,5 horas, sendo capaz de representar
bem cerca de 36% dos dados. A modelagem exponencial é fiel ao comportamento dos dados até o
tempo em torno de 17 horas e é capaz de representar bem aproximadamente 68% dos dados. As
modelagens OCLD e GLD também resultaram em uma boa representação para as máquinas 2 e 3.
A modelagem CLD, por sua vez, embora tenha conseguido acompanhar bem o comportamento
da máquina 3, não conseguiu representar adequadamente o comportamento da máquina dois em
nenhum período. A modelagem exponencial sofreu distorções para os dados de ambas as
máquinas, representando bem os dados até os tempos de 11,5 horas para a máquina 2 e de 9 horas
para a 3, resultando, respectivamente, em cerca de 67% e 73% de dados bem representados. A
máquina 5 foi a única para a qual todas as modelagens conseguiram representar bem o
comportamento da confiabilidade, apenas com pequenas distorções na cauda das distribuições. A
máquina 4 não foi bem representada pela modelagem CLD, mesmo nos primeiros instantes, nem
pela modelagem exponencial, neste caso a partir de 1,5 horas, que só conseguiu representar bem
cerca de 15% dos dados analisados.
Todos os métodos de modelagem, com exceção da CLD, foram capazes de representar o
comportamento da confiabilidade das máquinas para pequenos períodos de tempos. Já quando
analisados os períodos de tempo maiores, a GLD-exponencial começa a sofrer desvios. Apenas as
abordagens OCLD e a GLD não sofreram grandes distorções nos casos estudados, com exceção
das máquinas 4 e 5, para as quais todas as modelagens sofreram distorções nos períodos finais. É
importante ressaltar que há uma maior concentração de dados nos períodos iniciais, o que
justifica uma representação melhor nestes períodos.
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Figura 7 - Ajuste das modelagens GLD, GLD-exponencial, CLD e OCLD para os equipamentos:
(a) máquina 1; (b) máquina 2; (c) máquina 3; (d) máquina 4; (e) máquina 5
Fonte: Próprio autor
4. Conclusão
Neste trabalho foi estudado e analisado o comportamento da confiabilidade de uma unidade
industrial de saneantes através das abordagens de modelagem GLD, CLD e OCLD aplicadas a
dados de parada da produção de frascos, utilizando tanto distribuições clássicas quanto
generalizadas: exponencial; Weibull; lognormal; normal; q-exponencial; q-Weibull. Tomando os
valores de R² como base de comparação, a abordagem OCLD, dentre aquelas empregadas, é a
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que melhor representa os dados das máquinas, tanto para o sistema global quanto para seus
subsistemas. Embora a abordagem GLD consiga uma boa descrição global do sistema, ela não é
capaz de fornecer a descrição dos seus subsistemas. Além disso, em sua forma mais
popularmente utilizada no âmbito industrial, a GLD-exponencial, a representação pode não ser
boa mesmo na descrição dos dados globais de falha. A abordagem CLD, por outro lado, apesar de
fornecer a descrição dos subsistemas, apresenta resultados muitas vezes ruins na descrição do
sistema global.
AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem à Como Limpa Ltda pelo apoio técnico e ao CNPq pelo apoio financeiro.
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