MODELAGEM MATEMÁTICA DA EXTRAÇÃO DE ÓLEO DE GIRASSOL POR...

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UNIJUÍ - UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL. DISSERTAÇÃO DE MESTRADO MODELAGEM MATEMÁTICA DA EXTRAÇÃO DE ÓLEO DE GIRASSOL POR SOLVENTE JOÃO HENRIQUE BLEY Ijuí, RS – Brasil 2007

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UNIJUÍ - UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO

RIO GRANDE DO SUL.

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

MODELAGEM MATEMÁTICA DA EXTRAÇÃO DE

ÓLEO DE GIRASSOL POR SOLVENTE

JOÃO HENRIQUE BLEY

Ijuí, RS – Brasil

2007

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JOÃO HENRIQUE BLEY

MODELAGEM MATEMÁTICA DA EXTRAÇÃO DE ÓLEO DE GIRASSOL

POR SOLVENTE.

Dissertação apresentada ao Programa

de Pós-Graduação em Modelagem

Matemática da Universidade Regional

do Noroeste do Estado do Rio Grande

do Sul, como requisito parcial para a

obtenção do grau de Mestre em

Modelagem Matemática.

Orientador: Prof. Dr. Gilberto Carlos Thomas.

Ijuí

2007

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UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO

GRANDE DO SUL.

DeFEM – DEPARTAMENTO DE FÍSICA, ESTATÍSTICA E MATEMÁTICA.

DeTEC – DEPARTAMENTO DE TECNOLOGIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MODELAGEM MATEMÁTICA

A comissão examinadora, abaixo assinada, aprova a dissertação

MODELAGEM MATEMÁTICA DA EXTRAÇÃO DE ÓLEO DE GIRASSOL POR SOLVENTE

Elaborada por

JOÃO HENRIQUE BLEY

Como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre em

Modelagem Matemática

COMISSÃO EXAMINADORA

______________________________________

Prof. Dr. Gilberto Carlos Thomas – DeFEM - UNIJUI (Orientador)

______________________________________

Prof. Dr. Gilmar de Oliveira Veloso – DeFEM - UNIJUI

______________________________________

Prof. Dr. Valdeci José Costa – UNIPLAC/SC

Ijuí, 01 de fevereiro de 2007.

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HOMENAGENS

Ao Prof. Dr. Gilberto Carlos Thomas, pelo exemplo profissional e humano, por ter me dado a oportunidade de desenvolver este

trabalho, pela orientação, grande amizade, dedicação, consideração e respeito, minha gratidão.

Aos meus queridos pais Bruno (in memorian) e Ana Maria, meus irmãos Tânia e Flávio,

Dedico.

À Esposa Adriana, por tudo que representa na minha vida,

Ofereço.

Aspira a vencer e vencerás, mas lembra-te de que vencer sem abrir os caminhos da vitória para os outros é avançar para o

tédio da inutilidade sob o frio da solidão. (Francisco C. Xavier, pelo espírito de Emmanuel)

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AGRADECIMENTOS

À minha esposa Adriana, pelo apoio, compreensão, amor e

entusiasmo emprestados ao compreender que era necessária a transposição

de mais esta etapa. Obrigado também, pela mão a me amparar nas quedas.

Ao meu orientador Prof. Dr. Gilberto Carlos Thomas, pela paciência,

disponibilidade para orientação, estímulo, amizade e apoio.

À minha mãe Ana Maria, símbolo de coragem e persistência, você foi

forte e amiga para me estimular nas minhas caminhadas, me incentivar nos

desafios e me aplaudir nas vitórias.

Ao meu pai Bruno, ausente pela vontade divina, presente em nossos

corações. Lembro-me com saudades da sua generosidade, sua fé, seu

estímulo aos estudos e, principalmente, da sua bondade. Ainda hoje aprendo

muito com o senhor.

Aos meus irmãos Tânia e Flávio, vocês sabem do meu apreço e

gratidão por tudo que temos em comum: a amizade, o carinho, ...

À empresa GIOVELLI - Indústria de Óleos Vegetais, em especial aos

senhores Ademar Antônio Giovelli e Ademar Antônio Giovelli Júnior, pelo

apoio incondicional a esta pesquisa.

A todos os professores do Mestrado e funcionários do DEFEM da

Sede Acadêmica de Ijuí e do Campus de Santa Rosa, do Laboratório do DBQ

e do Núcleo de Alimentos do Campus de Santa Rosa.

Aos colegas do curso pelo carinho e amizade.

A FAPERGS – Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio

Grande do Sul.

A todos que direta ou indiretamente auxiliaram na conclusão deste

trabalho.

A Deus, por mais esta conquista.

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SUMÁRIO

LISTA DE SÍMBOLOS............................................................................ix

ÍNDICE DE FIGURAS ...........................................................................xii

ÍNDICE DE TABELAS .......................................................................... xv

RESUMO ..........................................................................................xvii

ABSTRACT ......................................................................................xviii

INTRODUÇÃO ....................................................................................01

1. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ..............................................................03

1.1 A Cultura do Girassol e suas Características .................................03

1.1.1 Utilização da cultura e sua importância .....................................04

1.1.2 Características botânicas ..........................................................06

1.1.3 Clima, preparo do solo e semeadura ..........................................09

1.1.4 Colheita e armazenagem ...........................................................10

1.2 Uso do Girassol na Alimentação ...................................................11

1.3 Processos Industriais de Extração de Óleo Vegetal .......................13

1.3.1 Métodos de extração de óleo .....................................................14

1.4 Processo Industrial de Extração de Óleo de Girassol .....................16

1.4.1 Etapas da preparação da matéria-prima e extração ....................17

1.5 A produção de Biodiesel ...............................................................27

1.6 Modelos Matemáticos Aplicados à Extração ..................................31

1.6.1 Modelo para instalação industrial do tipo “Rotocell” .................31

1.6.2 Modelo 2D para instalação “De Smet” .......................................33

1.6.3 Modelo de estágios ideais ..........................................................35

1.7 Métodos de Discretização de EDP’s e de Solução de EDO’s ...........37

1.7.1 Método de diferenças finitas .....................................................38

1.7.1 Método de linhas .......................................................................42

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1.7.2 Método de Euler ........................................................................42

1.7.3 Métodos de Séries de Taylor ......................................................43

1.7.4 Métodos de Runge-Kutta ...........................................................45

1.8 Colocação do Problema ................................................................47

2. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL ..................................................50

2.1 Equipamentos Utilizados ..............................................................51

2.1.1Extrator laboratorial de leito fixo ...............................................51

2.1.2 Extrator laboratorial do tipo “soxhlet” ......................................53

2.1.3 Extrator laboratorial “etéreo” ....................................................54

2.1.4 Separador de solvente ...............................................................56

2.1.5 Caldeira, balanças, estufa e demais equipamentos .....................56

2.2 Procedimentos Experimentais Adotados .......................................59

2.2.1Determinação das concentrações de óleo ...................................59

2.2.2 Determinação do coeficiente de equilíbrio entre fases ...............63

2.2.3 Determinação das porosidades ..................................................64

2.2.4 Determinação das massas específicas ........................................67

2.2.5 Determinação do diâmetro médio das partículas .......................69

2.3 Resultados Obtidos Experimentalmente .......................................69

2.4 Comparação de Resultados com Dados de Outras Oleaginosas ......81

3. MODELO MATEMÁTICO E PROGRAMA COMPUTACIONAL ..............83

3.1 Esquema Físico ............................................................................83

3.2 Equações do Modelo .....................................................................87

3.3 Métodos de Solução e Algoritmo ..................................................93

3.4 Descrição do Programa FIXEDBED ...............................................99

4. SIMULAÇÕES NUMÉRICAS ...........................................................102

4.1 Efeitos na Simulação para Diferentes Porosidades “Bulk” ...........105

4.2 Resultados para Diferentes Porosidades Poro das Partículas .......107

4.3 Influência do Diâmetro das Partículas ........................................109

4.4 Conseqüências do Uso de Volumes Diferentes de Solvente .........111

4.5 Alteração Simultânea de Características da Matéria-prima .........112

4.6 Comparativo entre Regime Básico e Melhor Simulação ..............115

CONCLUSÃO ....................................................................................117

REFERÊNCIAS .................................................................................119

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LISTA DE SÍMBOLOS

pa - área específica de contato entre as fases poro e “bulk” ( 1−m ).

vA - área transversal do extrator leito fixo ( 2m ).

olB - massa do balão ou Becker com óleo ( g ).

vB - massa do balão ou Becker vazio ( g ).

mB - massa do balão ou Becker com micela ( g ).

C - concentração do óleo da fase “bulk” (adimensional).

pC - concentração do óleo da fase poro (adimensional).

olmC - concentração percentual de óleo na micela (%).

vC - massa do cesto, recipiente de matéria-prima, vazio ( g ).

C - concentração média do óleo no reservatório de micela (adimensional).

LC - concentração de óleo na micela na saída do extrator (adimensional).

C - camada do leito de extração (adimensional).

pd - diâmetro médio das partículas de matéria-prima (m ).

ABD - coeficiente de difusão na fase “bulk” ( sm /2 ).

dE - constante de equilíbrio entre a fase sólida e poro (adimensional).

bε - porosidade externa (fase “bulk”) da matéria-prima (adimensional).

pε - porosidade interna (fase poro) da matéria-prima (adimensional).

Tε - porosidade total do leito (adimensional).

Ng - fração mássica de óleo na matéria-prima (adimensional).

ENg - fração mássica de óleo extraída da matéria-prima (adimensional).

ix

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RNg - fração mássica de óleo residual na matéria-prima (adimensional).

mg - fração mássica de óleo na micela (adimensional).

tmg - concentração de óleo na micela ao longo do tempo (t) de extração, onde

t = 0,...,70 minutos (adimensional).

Mnρ - massa específica da matéria-prima ( 3/ cmg ).

mρ - massa especifica da micela ( 3/ cmg ).

olρ - massa específica do óleo de girassol ( 3/ cmg ).

heρ - massa específica do solvente hexano ( 3/ cmg ).

Sρ - massa específica da fase sólida da matéria-prima ( 3/ cmg ).

spρ - massa específica média, das fases; sólida e poro, no equilíbrio ( 3/ cmg ).

∑ρ - massa específica do leito contendo matéria prima e solvente ( 3/ cmg ).

−fk coeficiente de transferência de massa entre as fases poro e “bulk” ( sm / ).

L - altura do leito fixo ( m ).

buM - massa de micela “bulk” ( g ).

heM - massa de amostra de hexano ( g ).

NM - massa da fase sólida de amostra da matéria-prima ( g ).

RnM - massa de amostra de matéria-prima resídua ( g ).

nM - massa de amostra de matéria-prima ( g ).

mM - massa de amostra de micela ( g ).

olmM - massa de óleo existente na micela ( g ).

RolM - massa de óleo remanescente na matéria-prima após a extração ( g ).

olM - massa de amostra de óleo ( g ).

∑M - massa do leito carregado com matéria-prima e solvente ( g ).

pM - massa de proveta volumétrica ( g ).

iM - massa do extrator laboratorial, carregado com a matéria-prima e com

solvente até o nível inferior daquela, no início da extração ( g ).

x

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sM - massa do extrator laboratorial, carregado com a matéria-prima e com

solvente até o nível superior daquela, no início da extração ( g ).

IM - massa do extrator laboratorial, carregado com a matéria-prima e com

micela até o nível inferior daquela, no final da extração ( g ).

SM - massa do extrator laboratorial, carregado com a matéria-prima e com

micela até o nível superior daquela, no final da extração ( g ).

N - fase sólida da matéria-prima (adimensional).

sq - fluxo de entrada de micela no reservatório ( sm /3 ).

SQ - fluxo de saída de micela do reservatório ( sm /3 ).

TQ - fluxo total ( sm /3 ).

heV - volume de amostra de hexano ( 3cm ).

MnV - volume de amostra de matéria-prima ( 3cm ).

mV - volume de amostra de micela ( 3V- volume de amostra de micela (

3

-

3

d).

mV3

3

3

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ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1.1 Plantação de Girassol ..............................................................04

Figura 1.2 Produção e processamento de soja, por Região do Brasil ...........13

Figura 1.3 Esquema dos processos da extração de óleo de girassol ...........17

Figura 1.4 Silo de armazenagem com secador acoplado ............................18

Figura 1.5 Sistema de aeração acoplado a silo ..........................................19

Figura 1.6 Sementes de girassol com casca ...............................................20

Figura 1.7 Sementes de girassol com 10% - 12% de cascas .......................20

Figura 1.8 Laminador para sementes oleaginosas .....................................21

Figura 1.9 Componentes do laminador para sementes oleaginosas ............21

Figura 1.10 Prensa para oleaginosas do tipo “expeller” ..............................22

Figura 1.11 Extrator industrial do tipo “Rotocell” ......................................24

Figura 1.12 Esquema do extrator industrial do tipo “Rotocell” ..................25

Figura 1.13 Dessolventizador industrial ....................................................26

Figura 1.14 Esquema do dessolventizador industrial ................................27

Figura 1.15 Distribuição de empresas com Selo Combustível Social ou com

processo de análise (março 2006 – MDA) ................................29

Figura 1.16 Mini Usina de Biodiesel – 2.000 litros/dia ..............................30

Figura 1.17 Planta Industrial de Biodiesel, em Floriano-PI, capacidade de

processamento de 180.000 litros/dia .....................................30

xii

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Figura 1.18 Esquema de processos do extrator “De Smet” .........................33

Figura 1.19 Esquema de um estágio de equilíbrio .....................................36

Figura 1.20 Esquema de equilíbrio em múltiplos estágios .........................37

Figura 2.1 Esquema físico do extrator laboratorial de Leito Fixo ................52

Figura 2.2 Extrator laboratorial de Leito Fixo ............................................53

Figura 2.3 Extrator laboratorial “Soxhlet” .................................................54

Figura 2.4 Extrator laboratorial “Etéreo” ...................................................55

Figura 2.5 Separador de solvente ..............................................................56

Figura 2.6 Caldeira flamotubular ..............................................................57

Figura 2.7 Balança analítica .....................................................................58

Figura 2.8 Chapa de aquecimento .............................................................58

Figura 2.9 Esquema dos níveis de micela e volume total ...........................66

Figura 2.10 Evolução massa especifica da micela x tempo de extração ......72

Figura 2.11 Evolução média da massa específica da micela .......................72

Figura 2.12 Evolução da concentração de óleo na micela em função do

tempo de extração ..................................................................76

Figura 2.13 Evolução média da concentração de óleo na micela em função do

tempo de extração ..................................................................76

Figura 2.14 Massa específica da micela de girassol x concentração mássica

percentual de óleo ..................................................................81

Figura 3.1 Esquema principal dos processos no leito fixo ..........................85

Figura 3.2 Esquema porosidades e transferência óleo entre fases ..............85

Figura 3.3 Representação da área de contato ( pa ) entre as fases ...............86

Figura 3.4 Aumento de pa pela divisão da partícula ..................................87

Figura 3.5 Esquema da divisão da zona de extração em camadas .............94

Figura 3.6 Fluxograma das ligações do programa principal .......................99

Figura 3.7 Arquivo de dados iniciais ....................................................... 100

xiii

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Figura 4. 1 Variação da concentração de óleo na micela. Comparativo entre

a simulação numérica e experimental .................................. 103

Figura 4.2 Variação da concentração de óleo na micela pelo tempo em três

camadas do leito .................................................................. 104

Figura 4.3 Variação do pC em função do tempo em três camadas .......... 105

Figura 4.4 Concentração de óleo na micela (C ) na saída do extrator em

função do tempo para diferentes porosidades “bulk” ( bε ) ...... 106

Figura 4.5 Concentração de óleo na matéria-prima em função do tempo para

diferentes porosidades “bulk” ( bε ) ......................................... 107

Figura 4.6 Concentração de óleo na micela na saída do extrator pelo tempo

para diferentes porosidades poro ( pε ) ................................... 108

Figura 4.7 Concentração de óleo na matéria-prima pelo tempo para

diferentes porosidades internas ( pε ) ..................................... 109

Figura 4.8 Concentração de óleo na micela pelo tempo na saída do extrator

para diferentes diâmetros das partículas ( pd ) ....................... 110

Figura 4.9 Variação do pC pelo tempo para diferentes diâmetros das

partículas ( pd ) ..................................................................... 111

Figura 4.10 Variação da concentração de óleo na micela pelo tempo na saída

do extrator para diferentes volumes de solvente ( bV ) ............. 112

Figura 4.11 Variação da concentração de óleo na micela pelo tempo na saída

do extrator para diferentes porosidades “bulk” ( bε ), poro ( pε ),

área de contato ( pa ) e diâmetro das partículas ( pd ) ............... 113

Figura 4.12 Variação da concentração de óleo na matéria-prima pelo tempo

para diferentes bε , pε , pa e pd ............................................. 114

Figura 4.13 Variação de C experimental e, em pC e C para o regime

básico e para a simulação mais eficiente, pelo tempo ............ 116

xiv

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ÍNDICE DE TABELAS

Tabela1.1 Composição percentual de ácidos graxos dos principais óleos

vegetais comestíveis ...............................................................05

Tabela 1.2 Altura máxima atingida por plantas de girassol .......................07

Tabela 1.3 Composição percentual de óleo na semente de girassol, avaliação

em Três de Maio, Ijuí e Passo Fundo, safra 2005/2006 ..........08

Tabela 1.4 Produtividade de variedades de girassol em Kg/ha, avaliação em

Três de Maio, Ijuí e Passo Fundo, safra 2005/2006 ................08

Tabela 1.5 Rendimento de variedades de girassol em Kg de óleo/ha, em Três

de Maio, Ijuí e Passo Fundo, safra 2005/2006 .......................09

Tabela 1.6 Composição média de sementes secas de girassol ...................12

Tabela 1.7 Composição de aminoácidos essenciais dos farelos oleaginosos e

do padrão FAO .......................................................................12

Tabela 2.1 Massa específica do solvente hexano ........................................70

Tabela 2.2 Massa específica da micela em função do tempo de extração ....71

Tabela 2.3 Massa específica do óleo bruto de girassol ...............................73

Tabela 2.4 Massa específica da matéria-prima girassol .............................73

Tabela 2.5 Concentrações de óleo e constante de equilíbrio .......................74

Tabela 2.6 Concentração de óleo na micela em função do tempo ...............75

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Tabela 2.9 Massa específica da micela de girassol x concentração mássica de

óleo na micela: calculados .....................................................80

Tabela 2.10 Comparativo entre características da soja, arroz e girassol,

preparados para extração .......................................................82

Tabela 3.1 Dados iniciais (DADOSGIR.txt) .............................................. 101

xvi

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RESUMO

Dada a importância do setor de extração de óleos vegetais para o

agronegócio no Brasil, voltada à produção de alimentos ou para a produção

de combustível vegetal, este trabalho visa dar uma contribuição para as

indústrias que estão se lançando no processamento da semente de girassol.

Foi desenvolvido um extrator laboratorial de leito fixo para pesquisas

experimentais de características da matéria-prima e do campo de extração

com uso de solvente e, um modelo matemático que simula as condições do

extrator laboratorial. As simulações experimentais levam em consideração

condições semelhantes às da indústria como fluxo contínuo de solvente e

controle de temperatura de extração. As equações diferenciais parciais do

modelo foram semi-discretizadas pelo método de linhas e através de

aplicativo em linguagem C, as equações discretizadas são resolvidas pelo

método de Runge-Kutta de 4ª ordem. Foram comparados os resultados

experimentais com os do modelo para a validação deste último. Outras

simulações numéricas realizadas demonstram propriedades do campo de

extração quando se variam as porosidades da matéria-prima, o que por

conseqüência, provocam alterações nos diâmetros das partículas de matéria-

prima, densidades e área específica de contato entre as porosidades interna

e externa.

Palavras-chave:

Extração de óleo, girassol, modelagem, solvente, biodiesel.

xvii

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ABSTRACT

Concerning the importance of the vegetable oil extraction sector to

the agribusiness in Brazil, turned either to the food or to vegetable fuel

production, this work aims to give a contribution to the industries that are

starting to work with the sunflower seed processing. A laboratory fixed bed

extractor was developed for experimental researches about the

characteristics of the raw material and the solvent extraction field, as well as

a mathematical model that simulates the conditions of the laboratory

extractor. The experimental simulations consider conditions similar to the

industrial ones such as continuous solvent flow and extraction temperature

control. The differential partial equations of the model were discretized by

the method of lines and through an application in C language, the

discretized equations are solved by the 4th order Runge-Kutta method. The

experimental results were compared to the ones of the model in order to

validate it. Other accomplished numeric simulations demonstrate properties

of the extraction field when the porosities of the raw material are varied, as

consequence, they provoke alterations in the diameters of the raw material

particles, densities and specific contact area between the internal and

external porosities.

Key-words:

Oil extraction, sunflower, modelling, solvent, biodiesel.

xviii

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INTRODUÇÃO

No Brasil e no mundo tem-se uma área industrial voltada à extração

de óleos vegetais como óleo de soja, canola, milho, mamona, arroz e girassol.

Tradicionalmente essas instalações industriais estão voltadas à produção de

óleo comestível, todavia, atualmente está havendo altos investimentos na

extração em escala industrial para a fabricação de biodiesel.

Na tentativa de procurar alternativas que assegurem a sobrevivência

num mercado globalizado e muito competitivo, observa-se que as indústrias

de óleos vegetais começam a investir em programas de melhoria da

qualidade e eficiência. Nos últimos anos alguns trabalhos de pesquisa

cuidaram da modelagem matemática da extração de óleo de soja em diversos

tipos de extratores industriais (MOREIRA, 1998; THOMAS, 1999 e 2003;

VELOSO, 1999; PIVA, 2001). Este trabalho de pesquisa, no entanto, realiza a

modelagem do processo com o girassol, e poderá em momento futuro dar

suporte às indústrias para tomadas de decisões acerca de características de

matérias-primas, cultivares, instalações industriais e outras.

Ainda são poucas as indústrias brasileiras que estão fabricando o

óleo vegetal de girassol. Estas indústrias de óleo usam instalações contínuas

de grande porte com predominância de equipamentos de extração por

solvente do tipo “Rotocell”, “De Smet” e “Crown-Model”. Nota-se à

necessidade de modelos matemáticos que descrevem este processo com

eficácia de forma a poder otimizar os equipamentos e o processo de extração.

Para a modelagem dos processos de extração nesses equipamentos, faz-se

necessário o entendimento de extratores de complexidade menor como o

extrator de “Leito Fixo”, equipamento laboratorial, pois em geral os

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extratores assemelham-se ao leito fixo, atuando em um sistema contra

corrente cruzado (CCC).

Em função do acima exposto, este trabalho faz, no primeiro capítulo

uma incursão nos aspectos atuais e passados que envolvem a cultura do

girassol; na aplicação do girassol na alimentação; na produção de Biodiesel;

nos processos de extração de óleos vegetais; no processo de extração

industrial do óleo de girassol; nos modelos matemáticos existentes aplicados

a extração de óleo vegetal e; em métodos de discretização de Equações

Diferenciais Parciais e de resolução de Equações Diferenciais Ordinárias.

A totalidade dos equipamentos utilizados nos experimentos é descrita

e demonstrada no segundo capítulo. Dentre eles destacamos: o extrator

laboratorial de leito fixo; extrator “etéreo”; balança analítica; caldeira;

multímetros com termopares; extrator tipo “soxhlet” e separador de solvente.

Os resultados experimentais, bem como a descrição dos métodos

empregados é, também, arrolada neste capítulo. Através deles, foram

determinadas as porosidades da matéria-prima; as massas específicas do

óleo de girassol, do solvente hexano, da micela e da matéria-prima; a

concentração do óleo na micela forte e durante o processo de extração; as

concentrações de óleo da matéria-prima utilizada, dentre outras.

No Capítulo 3, é descrito o Modelo Matemático adaptado ao extrator

laboratorial de leito fixo utilizado nos procedimentos experimentais: seu

esquema físico; as equações do modelo, os métodos utilizados na sua

resolução e o algoritmo de cálculo.

No último capítulo são abordadas as simulações numéricas

realizadas, através da inserção dos dados experimentais obtidos, usando o

modelo matemático proposto e variando parâmetros relativos ao processo de

extração e à matéria-prima. Discutem-se, ainda, os resultados obtidos nas

simulações numéricas e em comparação com as simulações laboratoriais.

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1 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA: O GIRASSOL, PROCESSOS DE

EXTRAÇÃO, BIODIESEL, MODELOS MATEMÁTICOS E MÉTODOS DE

RESOLUÇÃO.

Através deste capítulo é feita uma breve incursão nos aspectos

históricos e contemporâneos que envolvem a cultura do girassol e suas

características (item 1.1), aplicação do girassol na alimentação (item 1.2), os

processos industriais de extração de óleos vegetais (item 1.3), o processo

industrial de extração do óleo de girassol (item 1.4), a produção de biodiesel

(item 1.5), modelos matemáticos aplicados à extração (item 1.6) e, métodos

de discretização de Equações Diferenciais Parciais e de solução de Equações

Diferenciais Ordinárias (item 1.7).

1.1 A Cultura do Girassol e suas Características

O girassol (fig. 1.1) é uma planta originária das Américas que foi

utilizada como alimento pelos índios americanos em mistura com outros

vegetais como o milho e o trigo. Ainda pode ser encontrado no estado

selvagem em planícies da América do Norte, no noroeste do Canadá.

Pelo menos uma referência (SANTIM, 2005) menciona que o cultivo

do girassol teve início no Sudoeste dos Estados Unidos cerca de 3.000 anos

a.C. Segundo o autor, evidências indicam que um tipo de girassol doméstico

existiu na pré-história e pode ter sido domesticado em período anterior ao

milho na América do Norte.

Inicialmente as plantas eram ramificadas, apresentavam várias

hastes. O girassol de haste única surgiu como o resultado de uma mutação

do tipo selvagem ramificado e foi selecionado pelos índios para este caráter.

Por volta do século XVI o girassol teria sido levado para a Europa e

Ásia (ABOISSA, 1999) onde era utilizado como hortaliça e planta

ornamental. Posteriormente, a União Soviética, no século XIX, desenvolveu a

planta com altos teores de óleo, tendo início a produção de óleo em escala

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comercial. Desde então o girassol ocupa lugar de destaque na produção de

óleo comestível.

Figura 1.1 – Plantação de Girassol

1.1.1 Utilização da cultura e sua importância

Hoje, o girassol é uma das quatro maiores culturas oleaginosas

produtoras de óleo vegetal comestível em utilização no mundo (GIOVELLI,

2003). Os maiores produtores mundiais são a Rússia, a Argentina e os

Estados Unidos. O girassol é uma planta versátil, da qual tudo se aproveita.

As hastes e as folhas podem servir para adubação verde ou pra fazer silagem

para alimentar animais; as raízes do tipo pivotante geram abundante

reciclagem de nutrientes, além da matéria orgânica deixada no solo.

Em consórcio com a apicultura, das flores, podem ser extraídos de

20 a 40 kg de mel por hectare de cultura (ABOISSA, 1999); elas originam as

sementes, que podem ser usadas para consumo humano ou animal. Das

sementes é extraído um óleo de primorosas qualidades nutricionais, cuja

comparação com alguns dos principais óleos vegetais comestíveis pode ser

vista na tabela 1.1. O óleo de girassol é avaliado como um dos de melhores

características nutricionais, principalmente, por causa de seu elevado

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- possibilitar o aproveitamento da capacidade ociosa da indústria de

extração;

- permitir o uso da terra em épocas diferentes das tradicionais;

- alavancar a produção de combustível vegetal, já que o país começa a

investir pesado nessa nova matriz energética.

Em síntese, a cultura do girassol é uma das que mais dá alternativas

para os agricultores. É auxiliar para alavancar a produção de mel, produz

grãos para a alimentação de gado, aves e consumo humano. O óleo extraído

das sementes tem ótimas qualidades nutricionais e terapêuticas. Atende a

necessidade de rotacionar culturas, com vantagens sobre outras plantas

devido à sua menor suscetibilidade à seca e a temperaturas baixas,

especialmente quando a produção visa o mercado de óleo e de silagem.

1.1.2 Características botânicas

A planta de girassol pertence ao gênero Helianthus. Compreende 49

espécies, sendo 12 destas, espécies anuais e 37 espécies perenes (GIOVELLI,

2003). Muitas espécies foram domesticadas. Duas destas, H. annuus L., o

girassol comum, e H. tuberosus L., são usadas para alimentação humana e

animal, devido ao óleo e à proteína dos grãos. Igualmente, algumas espécies

de girassóis são aplicados como plantas ornamentais.

As cultivares selecionadas para consumo humano e animal, são

plantas anuais, em regra de haste única e com a floração na extremidade

superior. A haste tem entre 0,5 m e 3,0 m de altura, com diâmetro, entre

1cm e 10 cm.

Estudos realizados apontam que em torno da décima semana após o

plantio a planta atinge sua altura máxima. Para quatro cultivares

acompanhados; AGROBEL, Catissol, H250 e H251 (JUNCO, et al., 2006),

obteve-se os resultados que estão na tabela 1.2, sendo que a variedade

Catissol apresentou a maior altura dentre as estudadas.

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O girassol tem um sistema de raízes do tipo pivotante explorativo, o

que propicia a exploração de que grande volume de solo. Observações

realizadas a campo, demonstraram que a raiz principal atinge 1,5 m ou

mais, com certa facilidade. Se o solo não é compactado ou ácido, as raízes o

penetram com vigor, beneficiando a reciclagem de nutrientes, uma menor

suscetibilidade à seca e maior resistência ao tombamento de plantas.

Tabela 1.2 Altura máxima atingida por plantas de girassol.

Genótipo Altura atingida (m)

AGROBEL 1,20

Catissol 1,65

H250 1,42

H251 1,47

Fonte: JUNCO, et al., 2006.

O principal agente polinizador do girassol é a abelha produtora de

mel. O movimento do pólen pela força do vento é prejudicado devido ao seu

peso elevado, ainda que ocorra, com menor intensidade.

A planta se adapta a diferentes ambientes, pois aceita tanto altas

quanto baixas temperaturas. Entre 18ºC e 33ºC a produção não sofre

alterações significativas de rendimento. As geadas são prejudiciais na época

do florescimento, afetando a floração e a mobilidade do agente polinizador

principal, a abelha.

Entre alguns genótipos implementados em culturas no Rio Grande do

Sul, uns se destacam na potencialidade para a produção de óleo. Segundo

pesquisas realizadas (MARQUES, et al., 2006), temos cultivares que já

atingem próximo de 47% de óleo no grão.

Levando em consideração o percentual de óleo na semente de cada

cultivar, bem como a produtividade de cada uma por hectare de cultura,

chegamos às mais rentáveis em termos de produção de óleo por área

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plantada, entre as mais cultivadas em lavouras no Rio Grande do Sul na

safra 2005 e 2006.

Tabela 1.3 Composição de óleo na semente de girassol, avaliação em Três de

Maio, Ijuí e Passo Fundo-RS, 2005/2006.

Fonte: MARQUES, et al., 2006.

Tabela 1.4 Produtividade de variedades de girassol em Kg/ha, avaliação

em Três de Maio, Ijuí e Passo Fundo-RS, safra 2005/2006.

Fonte: MARQUES, et al., 2006.

Genótipos Teor de óleo (%)

Genótipos Teor de óleo (%)

EMBRAPA 122 42,5 V 20038 42,57

AGROBEL 960 45,5 VDH 487 46,25

M 734 41,1 MG 52 45,25

AGROBEL 959 44, 8 MG 50 44,20

V 03005 45,64 BRHS 8 39,47

V 20044 46,44 BRHS 9 38,97

Genótipos Produtividade (Kg/ha)

Genótipos Produtividade (Kg/ha)

EMBRAPA 122 1.089,0 V 20038 1.823,6

AGROBEL 960 1.463,1 VDH 487 1.840,7

M 734 2.187,1 MG 52 2.083,0

AGROBEL 959 2.139,6 MG 50 1.949,2

V 03005 1.521,7 BRHS 8 1.875,7

V 20044 1.759,1 BRHS 9 1.535,2

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Tabela 1.5 Produção de óleo de girassol em Kg/ha, avaliação em Três de

Maio, Ijuí e Passo Fundo-RS, safra 2005/2006.

Fonte: MARQUES, et al, 2006.

1.1.3 Clima, preparo do solo e semeadura

O girassol, muitas vezes, produz satisfatoriamente em locais em que

outras oleaginosas se apresentam seriamente prejudicadas, devido à

profundidade e ramificação das raízes, mas, não é uma planta altamente

resistente à seca. Mesmo sendo resistente a períodos de falta de água, há

duas fases em que sua falta resulta em acentuada diminuição na produção

de grãos: na floração e no enchimento de grãos.

O solo não necessita ter alta fertilidade para o girassol produzir

(SANTIM, 2005). Todavia, é importante que o solo não seja muito ácido ou

duro. O pH do solo não pode ser inferior a 5,0, logo, o preparo do solo deve

corrigir este elemento antecipadamente, caso esteja presente. Da mesma

forma o solo deve ser macio de forma a propiciar o crescimento e alcance de

boa profundidade pelas raízes.

No Sul do país, enquanto safra de verão, a semeadura deve ocorrer

prioritariamente entre 15 de julho e final de agosto. Para a safrinha, semeia-

se em dezembro ou janeiro.

Genótipos Rendimento de óleo (Kg /ha)

Genótipos Rendimento de óleo (Kg/ha)

EMBRAPA 122 464,5 V 20038 804,2

AGROBEL 960 667,8 VDH 487 875,5

M 734 900 MG 52 922,1

AGROBEL 959 957,8 MG 50 857,2

V 03005 684,4 BRHS 8 783,6

V 20044 791,3 BRHS 9 645,3

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Um dos fatores que afetam a produção de grãos por área é a

população de plantas, a qual pode ser variada alterando-se a distância entre

linhas e/ou entre plantas. No entanto, a definição da melhor população

(GIOVELLI, 2003), que no caso do girassol se situa entre 50 e 55 mil plantas

por hectare, depende de diversos fatores tais como: características da

cultivar, condições de solo e clima, disponibilidade de irrigação, tipo da

utilização da produção, etc. Para o plantio são necessários de 25 a 50 kg de

sementes por hectare, dependendo do cultivar e da população de plantas a

ser obtida, colocando-se de 3 a 6 sementes por metro na linha e um

espaçamento entre linhas que pode variar entre 50 e 90 cm. A profundidade

de plantio deve ficar entre 3 e 5 cm.

A germinação ocorre a temperaturas maiores que 4ºC, não obstante,

o nascimento uniforme das plantas exige temperaturas superiores a 8ºC.

Mesmo a temperaturas elevadas vai haver um bom desenvolvimento da

planta, mas, neste caso há uma modificação no teor e na composição do óleo

(ABOISSA, 1999).

Quando a planta está enchendo os grãos ou após chuvas, se

ocorrerem ventos fortes, pode ocasionar a quebra de plantas o que prejudica

a qualidade dos grãos e a eficiência da colheita. Precipitações com granizo

intenso, principalmente na fase de maturação, podem provocar a queda dos

grãos. Em fases anteriores, como no crescimento da planta, por exemplo,

pode destruir toda a massa folhar, causando prejuízos que podem

comprometer a produção em sua totalidade.

1.1.5 Colheita e armazenagem

A colheita é predominantemente mecanizada, imprescindível em

áreas maiores, podendo ser feita tanto pela colheitadeira de cereais, como

soja e trigo, quanto pela de milho, com pequenas adaptações, permitindo

uma maior eficiência no aproveitamento das máquinas e implementos.

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Visando a colheita, deve-se planejar o plantio, escalonado de acordo

com a capacidade de colheita, para que toda a área seja colhida no ponto

ideal ou próximo a ele. A capacidade de transporte também deve ser

planejada uma vez que, pelo fato do grão de girassol ser bem mais leve que

outros grãos oleaginosos como a soja, a capacidade de transporte é metade

da realizada para a soja, por exemplo.

A colheita ocorre de 100 a 120 dias após o plantio, e a planta

apresenta-se com coloração castanha, com os grãos apresentando ao redor

de 15% de umidade. A umidade máxima tolerável para a colheita é de 17%,

não devendo ser inferior a 13%. Se o produto for colhido com umidade

maior, segundo GIOVELLI (2003), dificulta a limpeza do produto e aumenta

a quebra de grãos.

A armazenagem deve ser feita em silos secos, bem ventilados e livres

do acesso de roedores. Um máximo de 11% de umidade é tolerável nos grãos

armazenados visando evitar a ocorrência de bolores, o que deprecia o

produto e o torna inadequado ao consumo. O controle da umidade e

temperatura dos grãos é controlado com o uso de secadores e aeradores

acoplados aos silos.

1.2 Uso do Girassol na Alimentação

O óleo extraído das sementes é o principal produto do girassol. A

qualidade do óleo para a alimentação humana está ligada à composição em

ácidos graxos. Quanto maior a quantidade de ácidos graxos ingeridos,

melhores os efeitos para a saúde humana.

O ácido linoléico é um ácido essencial ao homem e precisa ser

ingerido pois o organismo não consegue sintetizá-lo. Ele está presente em

maior quantidade em grãos de girassol produzidos sob temperaturas mais

amenas, ao redor de 20ºC. As características de clima da Região Sul do

Brasil favorecem um maior índice de ácido linoléico nos grãos de girassol

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A principal característica dos ácidos graxos polinsaturados (ácido

linoléico) é sua capacidade de prevenir doenças cardiovasculares, o que vem

reforçar a importância da ingestão de óleos com altos teores de ácidos graxos

polinsaturados como é o caso do óleo de girassol.

A semente de girassol contém, também, elevado teor de proteína

(tab. 1.6), com boa concentração de aminoácidos essenciais (tab. 1.7).

Produtos protéicos, derivados do girassol, podem ser utilizados como

Tabela 1.6 - Composição média de sementes secas de girassol.

Componente Água Proteína Óleo Carboidratos Cinzas

Percentual médio 4.8 24.0 42.3 19.9 4.0

Mineral Cálcio Fósforo Ferro Sódio Potássio

Teor em mg/100g 120.0 837.0 7.1 30.0 920.0 Fonte: ABOISSA, 1999.

Tabela 1.7- Composição de aminoácidos essenciais dos principais

farelos oleaginosos e do padrão FAO (em g/100g).

Aminoácidos FAO Girassol Soja Amendoim Canola

Isoleucina 6,3 4,3 4,5 3,4 4,0 Leucina 8,8 6,4 7,8 6,4 6,8 Lisina 7,0 3,6 6,4 3,5 5,7

Metionina 3,4 1,9 1,3 1,1 2,1 Fenilanina 5,7 4,4 4,9 5,0 4,0 Treonina 5,1 3,7 3,8 2,6 4,4

Triptofano 1,7 1,4 1,3 1,0 - Valina 6,8 5,1 5,0 4,2 5,2

Fonte: ABOISSA, 1999.

suplementos nutricionais, é o caso da proteína texturizada, que dá origem à

“carne” de girassol à semelhança com a de soja, e o “leite” de girassol, de

sabor bem mais agradável que o de soja. Sem contar, o farelo bruto da

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extração de óleo que pode compor rações para animais devido à sua

concentração protéica.

1.4 Processos Industriais de Extração de Óleos Vegetais

A partir da segunda metade do século XX houve uma grande

expansão na produção de soja no Brasil. Juntamente com o grande

incremento na produção, houve uma corrida para a industrialização do

produto, agregando significativos valores ao produto final. Primeiramente,

indústrias de porte reduzido esmagavam pequenas quantias de matéria-

prima, contudo, impulsionadas pelo incentivo à exportação e produção cada

vez maior, imperou a necessidade de investimentos em alta tecnologia,

alterando o porte e capacidade de extração das empresas.

Atualmente o Rio Grande do Sul lidera o setor de extração de óleo,

tendo capacidade de extração superior a estados como São Paulo e Paraná.

Figura 1.2 - Produção e processamento de soja,

por Região do Brasil, em 2003.

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Ultimamente, vem crescendo a capacidade de processamento na

região Centro-oeste do Brasil, alavancada pela produção de soja que também

cresce a cada ano, e pela implementação de uma nova matriz energética com

consumo assegurado para todo o combustível vegetal (biodiesel) que possa

ser fabricado.

1.4.1 Métodos de extração de óleos

As indústrias utilizam equipamentos para extração conforme suas

necessidades e características operacionais de produção. Entre os métodos

operacionais utilizados pelas fábricas destacam-se três considerados

fundamentais: de prensagem, misto descontínuo e extração por solvente

contínuo (MIYASAKA et al., 1981; RICKELS, 1965; THOMAS, 2003;

VELOSO, 1999).

O processo de prensagem utiliza prensas de metal que comprimem a

matéria-prima extraindo dela o óleo. Hodiernamente esta tecnologia é

utilizada por indústrias de pequeno porte, para extração de pequenas

quantidades de óleo. Esta modalidade consome bastante tempo, energia

elétrica e mão-de-obra, deixando alto residual de óleo (4% a 5%) no farelo,

razão do elevado custo do produto final. Não obstante, o óleo produzido é de

qualidade superior quando a matéria-prima não sofre aquecimento na sua

preparação e, com isso, o óleo guarda todas as suas melhores características

para a alimentação humana.

No processo misto descontínuo retira-se com solvente o óleo

remanescente na matéria-prima que passou por uma prensagem. Este

processo foi muito utilizado no século passado, contudo, atualmente é pouco

utilizado. O principal inconveniente que apresenta é o baixo rendimento para

aplicação em escala industrial, onerando o custo do produto final. Após a

prensagem inicial o processo pode ser direcionado para dois métodos: de

enriquecimento ou de infusão.

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∗ Método de enriquecimento – usa recipientes verticais fixos do tipo “panela”

normalmente agrupados em conjuntos de 6 a 8. Na parte inferior dos

recipientes existe um filtro (peneira) que comporta a matéria-prima e

possibilita a passagem da micela. A matéria-prima é introduzida em série

nos recipientes e o solvente transita pelas “panelas”, uma após a outra. A

matéria-prima fica estacionada durante o processo.

∗ Método de infusão – A matéria-prima previamente preparada é colocada em

recipientes fixos que a seguir são fechados. O solvente é introduzido sobre a

matéria-prima e é agitado por um dispositivo de movimentação para facilitar

a passagem do óleo para o solvente, formando a micela. Os primeiros

extratores que se utilizaram o método de infusão não possuíam agitadores,

essa tarefa era feita manualmente com a introdução de um bastão de

madeira no interior do recipiente para “mexer” até desobstruir as peneiras.

Por esse motivo, ainda hoje esse tipo de extrator é conhecido, entre

industriais que desde longa data trabalham com extração, pelo nome de

“extrator cutuca”, em alusão ao fato de que se utilizava uma haste para,

literalmente “cutucar” o conteúdo do recipiente. O método caiu em desuso

pelo alto custo operacional, já que o rendimento é pequeno, pois em

intervalos de tempo era preciso drenar a micela, introduzir vapor quente no

farelo resultante para evaporar o resíduo de solvente, dessolventizar e após,

retirar o farelo. Somente após esses passos, poderia se iniciar novo processo

delongando um tempo hoje não comportado por indústrias competitivas.

O processo de extração por solvente contínuo é o método que

apresenta uma eficiência superior para obtenção de óleo, principalmente

para oleaginosas que não apresentam alta concentração de óleo. Este

processo é utilizado pela maciça maioria das grandes instalações industriais,

pois em comparação com outros processos proporciona uma economia de

energia elétrica, bem como uma redução de aproximadamente 30% do custo

de mão-de-obra (THOMAS, 1999).

É considerável, também, a diminuição do consumo de solvente com a

utilização desse método. O solvente e a matéria-prima entram

continuamente no extrator que opera em sistema contra corrente cruzado

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(CCC), possibilitando saída constante de micela enriquecida de óleo na

extremidade oposta a de entrada de solvente. Os principais extratores, por

solvente em sistema contínuo, utilizados no Brasil foram desenvolvidos com

tecnologia estrangeira (THOMAS, 2003; PIVA, 2001; VELOSO, 1999), como

os equipamentos: “Hildebrandt”, “Rotocell”, “De Smet” e “Crown-Model”, este

último, hoje é fabricado no Rio Grande do Sul, pela empresa Intecnial e

exportado para vários paises.

1.5 Processo Industrial de Extração de Óleo de Girassol

Descreve-se aqui o método empregado pelas indústrias que

apresenta resultados satisfatórios em termos de rendimento econômico. Um

processo misto (prensa/solvente) faz-se necessário em função da grande

quantidade de óleo (38% a 47%) existente na semente de girassol e da

quantidade de matéria-prima processada. Pequenas indústrias podem obter

êxito realizando extrações somente por prensa, num processo lento, inviável

para empresas com necessidade de processamento maior, em virtude da

demanda de consumo e recebimento de oleaginosa.

Da mesma forma a extração somente com uso de solvente

demonstrou, em outra empresa, ser inviável dada à dificuldade de extração

total do óleo, dispêndio de volume superior de solvente, demora no processo

e, conseqüentemente, aumento dos custos operacionais.

Assim, a extração é feita em um processo misto que envolve duas

etapas:

1 – Prensagem.

2 – Uso de solvente.

Para tanto, a matéria-prima, que são as sementes de girassol, passa

por uma série de processos preparatórios, conforme Figura 1.6, e descrições

a seguir.

16

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1.5.1 Etapas da preparação da matéria-prima e extração

Figura 1.3 – Esquema dos processos da extração de óleo de girassol.

SECAGEM E ARMAZENAMENTO DA

MATÉRIA-PRIMA

DESSOLVENTIZAÇÃO DO FARELO E

DESTILAÇÃO DA MICELA

ROMPIMENTO E SEPARAÇÃO DA

CASCA

EXTRAÇÃO POR SOLVENTE

PREPARAÇÃO

EXTRAÇÃO POR PRENSAGEM

AQUECIMETO A VAPOR

LAMINAÇÃO

Reduzir a umidade a níveis entre 8% e 11%.

Retirar a camada externa

da semente, onde não

existe óleo.

Diminuir a espessura do

miolo das sementes.

Tornar o óleo menos

viscoso para facilitar a

extração.

Retirada parcial do óleo para facilitar a

extração por solvente e diminuir o volume da

massa.

Retirada do restante do óleo após prensagem

Separar o solvente que restou no farelo.

Separar o óleo da micela.

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Secagem e armazenamento da matéria-prima: A pratica usual é de

realização de somente uma safra de girassol por ano. Normalmente ela se

estende nos meses de dezembro a fevereiro, dependendo da época de plantio

e da cultivar empregada. Todavia, a indústria processa a matéria-prima

durante todo o ano. Esse fato impõe a necessidade de armazenagem dos

grãos de girassol, para uso de acordo com a capacidade de extração da

indústria no transcorrer do ano.

Para que a armazenagem seja considerada eficiente ela não deve

ocasionar a perda das características do grão pela formação de bolores,

fungos e apodrecimento. Com vistas a isso, deve haver uma secagem do grão

até que este atinja níveis de umidade entre 8% e 11%. A secagem é realizada

através da passagem forçada de ar quente e seco em equipamentos próprios

para esta finalidade. Após a secagem os grãos ficam depositados em silos

onde a umidade e temperatura dos grãos é controlada através da aeração

(passagem forçada de ar pela massa de grãos).

Figura 1.4 – Silo de armazenagem com secador acoplado.

18

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Figura 1.5 – Sistema de aeração acoplada a silo.

Rompimento e separação da casca: A casca do girassol não possui

óleo e é um empecilho para o contato do solvente com o miolo que o contém.

Por estas duas razões esse volume é retirado da semente na primeira fase de

preparação da mesma para a extração, através do descascador ou

descorticador. Esse equipamento rompe a casca que é separada em seguida

com o uso de ar forçado, eis que ela é muito leve.

Todavia, nem toda a casca é retirada. Tem-se um cuidado para que

em torno de 10% a 12% das mesmas permaneçam na matéria-prima para

evitar que a mesma se torne muito densa e suscetível a formar uma massa

com pouca porosidade, o que vem a acarretar dificuldade de percolação da

micela no extrator por solvente e, conseqüentemente, ineficiência de

extração.

As cascas retiradas do girassol são utilizadas na composição de

adubos orgânicos ou, na própria indústria, como combustível para caldeiras.

Laminação: Esta fase de preparação da matéria-prima é também

muito importante, pois influencia diretamente a eficiência da extração.

Através da laminação se faz uma expansão do miolo do grão para obtenção

de flocos com espessura aproximada ente 0,25 mm e 0,35 mm.

19

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Figura 1.6 – Sementes de girassol com casca.

Figura 1.7 – Sementes de girassol com 10% - 12% de cascas.

Com este procedimento a área de contato da matéria-prima com o

solvente aumenta, bem como, ocorre um rompimento de células e bolsões

que contém óleo, facilitando a dissolução do mesmo.

Algumas oleaginosas, como a soja, por exemplo, necessitam um pré-

cozimento, antes de ingressar no laminador, para dar maior plasticidade à

semente, facilitando o processo. Entretanto, o miolo da semente de girassol,

já descascada, possui naturalmente esta plasticidade e vai diretamente, após

a descorticação e separação da casca, para o laminador.

20

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Figura 1.8 – Laminador para sementes oleaginosas, capacidade de 300t/dia.

Figuras 1.9 – Componentes do laminador para sementes oleaginosas.

1- Ajuste de fluxo de alimentação

2- Alimentador

3- Ajuste da espessura da lâmina

4- Portas removíveis

5- Mancais bipartidos

6- Coletor de amostras e degrau

par inspeção

7- Homogeneizador e distribuidor

de fluxo

8- Sensor de presença de produto

9- Direcionador de fluxo

10- Sensor de acumulação de

produto sobre o cilindro

11- Limpador dos cilindros

12- Amortecedor de vibração.

21

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O laminador é um equipamento com dois cilindros que giram em

sentidos opostos, e estão colocados um ao lado do outro, a uma distância

igual àquela que se deseja obter a espessura dos flocos da matéria-prima. A

regulagem da distância entre os laminadores, e conseqüentemente, da

espessura dos flocos, se dá através de pressão hidráulica.

Aquecimento a vapor: É utilizado um vapor com pouca umidade para

que esta não seja incorporada à massa laminada que está sendo direcionada

à prensa. Este aquecimento é necessário com vistas a diminuir a viscosidade

do óleo, tornando-o mais solúvel, facilitando o processo de extração.

Também é importante para deixar a matéria-prima em temperatura próxima

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A prensa deve dar vazão a quantidades de matéria-prima que

venham a suprir a demanda do extrator contínuo por solvente, para onde a

torta formada pela prensa é conduzida. Para alimentar um extrator por

solvente de grande porte, são necessárias, de 1 a 20 prensas do tipo

“expeller” com capacidade de 10 ton/h cada uma.

O óleo extraído nesta fase é canalizado para depósito ou refino.

Extração por solvente: É aquela onde a mesma ocorre pela passagem

ou percolação de solvente/micela através da matéria-prima. O método de

percolação está baseado no princípio do umedecimento permanente da

massa de oleaginosa com o solvente utilizado.

O solvente não pode deixar gosto ou cheiro, tanto no óleo quanto no

farelo, deve se separar do óleo e farelo com o uso de temperaturas não muito

elevadas para não prejudicar esses produtos e oferecer possibilidade de

recuperação, não pode agredir o material das instalações da indústria e não

deve se misturar com água. Dentre vários solventes testados desde o

Séc. XIX, o hexano é o que mais se aproxima destas características, sendo o

mais empregado na extração de óleos comestíveis.

O hexano possui uma faixa de ebulição entre 64ºC e 70ºC, e massa

específica em torno de 0,67 g/cm³ a 15ºC. Estes dados são considerados na

extração, na parte experimental deste trabalho e nas simulações numéricas.

A indústria pode utilizar qualquer extrator industrial por solvente,

dentre os vários existentes no mercado: “De Smet”, “Rotocell”, “Crown-

Model”, etc. Esses extratores podem variar em tamanho e capacidade de

extração de 100 a 10.000 ton/dia.

Em uma instalação industrial que processa girassol na região, é

utilizado um extrator do tipo “Rotocell” com capacidade de processamento de

350 toneladas de matéria-prima por dia. O mesmo compõe-se de uma

carcaça circular, à prova de gás, com um piso cônico para drenagem,

dividido em setores por cavaletes radiais para separação da micela. O rotor

interno é dividido em 18 vagões em forma de tronco de pirâmide cuja base

inferior é ligeiramente maior para facilitar o descarregamento. Cada vagão

23

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tem uma porta inferior perfurada presa por dobradiças que, durante a

rotação é apoiada por roletes sobre trilhos. A velocidade de rotação é

regulável de acordo com a necessidade, ficando entre 50 e 90 minutos para

cada volta completa dos vagões, tempo em que a matéria-prima fica no

extrator, na extração de óleo de girassol.

O carregamento dos vagões se dá por uma tremonha oriunda da

saída de torta da prensa “expeller”. Para a descarga dos vagões após seu giro

completo, uma seção de descarga, onde o trilho de apoio está interrompido,

permite que a porta inferior do vagão se abra, e pela força da gravidade, a

matéria-prima, já praticamente sem óleo é despejada. Após a descarga, a

tampa é fechada pelo movimento contínuo do rotor e o contato novamente

com os trilhos. Durante o processo a massa de matéria-prima fica imóvel em

relação às paredes do vagão.

Ininterruptamente, o solvente é lançado em forma de aspersão sobre

a matéria prima, em contra corrente em relação a esta, percolando na

mesma.

Figura 1.11 – Extrator do tipo “Rotocell”.

Os últimos vagões, antes da descarga do resíduo/farelo, não mais

recebem o banho de micela, para drenar ao máximo a mesma. Antes da zona

de drenagem o solvente que percola é praticamente puro, eis que está

operando em contra corrente, coletado no reservatório inferior e bombeado

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para a seção anterior. Assim, de cinco a oito vezes, de etapa em etapa, a

micela é bombeada sobre a matéria-prima. Após, a micela concentrada vai

para a destilação, passando por uma tela filtrante de resíduos e, o farelo do

girassol vai para dessolventização, visando à separação de solvente que nele

possa haver.

Figura 1.12- Esquema do extrator industrial do tipo “Rotocell”.

Dessolventização do farelo e destilação da micela: Ambos, micela e

farelo, após a extração, estão carregados com uma grande parcela de

solvente.

A micela é processada através do aquecimento da mesma a

temperaturas superiores as de ebulição do solvente. Com essa destilação

obtém-se o óleo bruto de girassol, que é encaminhado para refinaria ou

Alimentador de matéria-prima

Sentido de rotação dos vagões

Seção de carregamento de matéria-prima

Descarga do farelo

Vagões

Seção de drenagem de micela

Entrada de solvente

25

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depósito, e o hexano, que vai ser reutilizado pela indústria para nova

extração.

Figura 1.13 – Dessolventizador industrial

O solvente que preenche as porosidades internas do resíduo de

matéria-prima (farelo), após a extração do óleo, precisa ser retirado. O termo

“de-solventizar”, compreende essa fase, na indústria. O farelo também é

dessolventizado com uso de temperaturas superiores as de ebulição do

solvente hexano, fazendo com que o mesmo evapore, proporcionando

eficiente remoção do solvente e completa operação de tostagem conservando

as características nutricionais do farelo, para utilização na alimentação

animal.

26

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Figura 1.14 - Esquema do dessolventizador industrial.

1.5 A Produção de Biodiesel

Além de todas as qualidades do girassol, já apresentadas, essa

cultura tem alto potencial para a produção de combustível vegetal

(biodiesel). O Biodiesel é um combustível biodegradável derivado de fontes

renováveis, que pode ser produzido a partir de gorduras animais ou de óleos

vegetais, existindo dezenas de espécies vegetais no Brasil que podem ser

utilizadas, tais como girassol, mamona, dendê (palma), babaçu, amendoim,

pinhão manso e soja, dentre outras. O girassol apresenta um alto índice de

óleo no grão, sendo a oleaginosa que apresenta um dos melhores

rendimentos para a produção de combustível.

No Brasil, o Rio Grande do Sul apresenta condições adequadas ao

processamento industrial de oleaginosas. O país desenvolve pesquisas sobre

o biodiesel há quase cinqüenta anos e já dispõe de grande tecnologia para a

produção em escala comercial. Atualmente, o país tem como meta usar cada

vez mais combustíveis renováveis, menos poluentes e buscando livrar-se da

atual dependência dos combustíveis fósseis, cujas reservas, estima-se,

devem acabar durante este século.

Entrada de farelo umedecido com micela.

Saída de farelo, tostado, com 16% de umidade e livre de hexano.

Sentido do fluxo de farelo.

Sentido do fluxo de vapor.

Passagem lateral para vapor/gases.

Facões agitadores Pisos com furos para circulação ascendente de vapores/gases e descendente de farelo

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A preocupação pelo uso de combustíveis que não agridam o meio

ambiente vem ao encontro do uso do biodiesel. Ele é biodegradável, isto é,

pode ser decomposto ou destruído sem se acumular no ambiente, emitindo

menos poluentes e gases causadores do efeito estufa que é responsável por

mudanças climáticas em todo o planeta.

Além das vantagens econômicas e ambientais, há o aspecto social, de

fundamental importância. O cultivo de matérias-primas e a produção

industrial de biodiesel, ou seja, a cadeia produtiva do biodiesel tem grande

potencial de geração de empregos, promovendo, dessa forma, a inclusão

social, especialmente quando se considera o amplo potencial produtivo da

agricultura familiar. No Semi-Árido brasileiro e na região Norte, a inclusão

social é ainda mais premente. Segundo o Ministério de Desenvolvimento

Agrário (MDA), o biodiesel será um importante instrumento de geração de

renda no campo. Neste local, a renda anual líquida de uma família a partir

do cultivo de cinco hectares, pode variar entre R$ 2,5 mil e R$ 3,5 mil. Além

disso, a área pode ser consorciada com outras culturas, como o feijão e o

milho.

Em 23 de dezembro de 2003 o Governo Federal implantou o

Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel (PNPB), com a instituição

do selo de combustível social, que objetiva a implementação de forma

sustentável, técnica e economicamente, da produção do Biodiesel, com

enfoque na inclusão social e desenvolvimento regional, via geração de

emprego e renda.

A partir dessas ações governamentais passaram a eclodir diversos

projetos de indústrias para suprir a demanda inicial de biodiesel, para

incorporar 2% ao óleo diesel. Com isso, ainda no primeiro semestre de 2006

já se atingiu produção necessária para que essa meta esteja efetivada em

2007, ao invés de 2008 como inicialmente se propunha. O B2, óleo diesel

com 2% de biodiesel, já representa uma realidade no Brasil. O B5, com

adição de 5% de biodiesel, certamente será alcançado em período anterior a

2013, prazo legalmente estabelecido como meta pelo programa.

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Figura 1.16 - Mini Usina de Biodiesel – 2.000 litros/dia. Existem dez em

operação, sendo uma em Varginha-MG (Fonte: Tecbio)

F

Figura 1.17 – Indústria de Biodiesel, em Floriano-PI, processamento de

180.000 litros/dia. Proprietária: Brasil Ecodiesel (Fonte: Tecbio)

30

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1.6 Modelos Matemáticos Aplicados à Extração

1.6.1 Modelo para instalação industrial do tipo “Rotocell”

A estrutura principal do extrator do tipo “Rotocell” bem como a

cinemática de seu funcionamento foi descrita no item 1.5. Um modelo

matemático e aplicativo para este tipo de equipamento foram desenvolvidos

por THOMAS (1999). O esquema físico deste modelo foi elaborado apoiado no

modelo de leito fixo de MAJUMDAR, et al., 1995 e MOREIRA, 1998 (o modelo

para leito fixo será abordado no capítulo referente ao modelo matemático

usado neste trabalho). No modelo utilizado para o extrator “Rotocell” são

considerados alguns fenômenos dentre os quais cabe destacar:

- processo de carregamento da matéria-prima com micela forte.

- drenagem da micela da matéria-prima na saída do extrator.

- difusão do óleo na fase “bulk” na direção vertical;

- transferência do óleo da fase poro para a fase “bulk”.

- transferência do óleo da fase sólida para a fase poro;

- fluxo CCC da micela e da matéria-prima no extrator;

- distribuição não uniforme das concentrações de óleo das fases “bulk” e

poro pelo vagão;

- regime transiente de funcionamento;

São consideradas as seguintes hipóteses no modelo:

- na etapa de carregamento, a micela forte preenche instantaneamente os

espaços dentro das partículas e entre as partículas;

- durante o preenchimento da fase poro, estabelece-se o equilíbrio entre as

concentrações de óleo contidas na fase sólida e poro;

- a concentração de óleo na fase poro em uma partícula é uniforme;

- a temperatura é uniforme em todo o campo de extração;

- cada vagão é um conjunto de colunas verticais, entre as quais não ocorre

transferência de massa;

31

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- a quantidade volumétrica de óleo que sai das partículas, é substituída por

uma mesma quantidade volumétrica de hexano;

- na etapa de carregamento não ocorre transferência de massa entre a fase

poro e a fase “bulk”;

-as porosidades “bulk” e poro da matéria-prima são constantes;

- a velocidade e a viscosidade da micela são constantes;

- a difusão do óleo pela fase “bulk” é considerada somente ao longo de cada

coluna da seção.

Todas essas hipóteses e fenômenos tornaram esse modelo bastante

complexo, incluindo equações em derivadas parciais. As condições de

contorno do modelo também são complexas, denotando as peculiaridades do

sistema de fluxos contra corrente cruzados.

As equações basilares do modelo matemático são:

- Equação da continuidade do óleo na fase “bulk”, para cada j-ésima coluna:

( ) ( )j

pjpf

b

bjAB

jj CCakzC

Dz

UCC−

−++−=

εε

∂∂

∂∂

∂τ∂ 1

2

2

(1.1)

- Equação da continuidade do óleo na fase poro, para cada j-ésima coluna:

)()1(

jpj

Epp

pfpj CCakC

d

−−=∂

−+ εετ (1.2)

- Equação da concentração média do reservatório de micela:

⎟⎠⎞

⎜⎝⎛ ∑ −=

−=

+−=

pmj

pmjmsj

b

m CLCVAU

dCd bvm

)1(2

1)2(22)(ε

τ (1.3)

sendo: pa a área de contato da partícula de matéria-prima, jC a

concentração do óleo na fase “bulk”, pjC a concentração do óleo na fase

poro, mC a alteração da concentração na bolsa da seção “m”, ABD o

coeficiente de difusividade, dE a constante de equilíbrio entre as fases sólida

e poro, bε a porosidade “bulk” da matéria-prima, pε a porosidade poro da

matéria-prima, fk o coeficiente de transferência de massa, τ o tempo, U a

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velocidade da micela por seção de lavagem, bV o volume de qualquer bolsa, z

a coordenada vertical do leito.

No sistema de equações formado((1.1), (1.2) e (1.3)) foi aplicado o

método de linhas para semi-discretização, encontrado em LAMBERT (1993),

e o método de Runge-Kutta para a resolução.

1.6.2 Modelo evolutivo 2D para instalação industrial “De Smet”

O modelo matemático para este tipo de equipamento foi

desenvolvidos por VELOSO (1999), que descreveu o extrator de fita “De

Smet”, com sendo do tipo longo, na horizontal, formado por um grupo de

chapas de seção retangular, com uma tremonha de entrada e outra de saída.

Não tem divisões ou canecas, a matéria-prima é transportada em uma

esteira de tela de aço inoxidável, apoiada em roletas laterais. Para extração

utiliza o método de lavagem por percolação, sendo a micela drenada por

gravidade entre as partículas de matéria-prima.

Figura 1.18 – Esquema de processos do extrator “De Smet”.

Entrada de micela forte junto com matéria prima

Entrada de matéria prima

Saída de matéria prima

Entrada de solvente puro

Entrada de micela fraca vinda da drenagem

Saída de micela forte

Matéria prima depositada sobre a esteira

Esteira perfurada

Tubo de micela forte na última seção

Bombas de micela

Bolsas de micela

33

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A matéria-prima entra enchendo o corpo do extrator e sobe através

da tremonha até por volta de 2 metros de altura, próximo da superfície

superior do extrator. Os níveis de matéria-prima são mantidos constantes,

existindo na entrada do extrator uma comporta que regula a altura da

massa. Em cada seção são aplicados rastelos para tornar a massa mais

permeável e permitir uma melhor percolação.

O modelo físico que dá suporte a dedução das equações admite:

- na seção de carregamento, depois do preenchimento da fase poro ocorre o

“congelamento” dos processos de transferência de massa;

- os valores das porosidades bε e pε são constantes durante a extração;

- a concentração de óleo é uniforme pelo volume das bolsas;

- a difusão de óleo pela fase “bulk” ocorre nas direções vertical e horizontal;

- não existe separação física entre as seções que contém a matéria-prima;

- a viscosidade da micela é constante;

- as concentrações de óleo nas fases sólida e poro estão em equilíbrio pela

constante dE .

- as paredes celulares das partículas da matéria-prima estão totalmente

rompidas;

- a velocidade da micela nas seções é constante.

A dedução das equações do modelo matemático, assim como em

THOMAS (1999), utiliza o tratamento clássico para misturas em

escoamentos multifásicos. Todavia, sutis diferenças podem ser vistas nas

equações principais, basicamente em função da inexistência de separação

física entre as seções de lavagem.

A primeira delas pode ser verificada na equação para a variação de

concentração da micela “bulk” (1.04), em que se adiciona uma derivada de

segunda ordem ( 2

2

xC

∂∂

) no termo difusivo, espelhando a ocorrência da difusão

horizontal no leito de extração. A segunda diferença está no acréscimo de

um termo de variação de concentração (xCu∂∂θ ) em função do possível arraste

34

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de matéria-prima entre as seções, embora o próprio modelo o despreze, por

desconsiderar a sua ocorrência.

( ) ( )xCuCCak

zC

xC

Dz

CVC p

pfb

bABm ∂

∂−−

−+⎟

⎟⎠

⎞⎜⎜⎝

⎛++−= θ

εε

∂∂∂

∂τ∂ 1

2

2

2

2

(1.4)

A equação para a variação da concentração do óleo na porosidade

interna da matéria-prima (1.05) apresenta a terceira mudança, também

ocasionada pela inexistência de separação entre as seções de lavagem, em

que o termo (x

Cup

∂∂ ) denota o possível arraste de matéria-prima entre seções

diferentes e, conseqüentemente, também sua porosidade interna.

dd Epp

p

Epp

ppf

px

CuCCakC)1()1(

)(εεεετ −+−+

∂∂

−−

−=∂

∂ (1.5)

Neste modelo também foi aplicado o método de linhas para semi-

discretização das equações, transformando-as em EDO’s e posteriormente

para a resolução, o método de Runge-Kutta.

1.6.1 Modelo de estágios ideais

Este modelo considera os estágios como etapas de separação em que

entram em contato duas fases diferentes, matéria-prima e solvente. Se, em

cada estágio a transferência do soluto para o solvente se dá até o equilíbrio

entre as fases, tem-se o “estágio ideal” (ou teórico). Em THOMAS (2003) e

VELOSO (1999), foi minudenciado este modelo, encontrado, também, em

FOUST, et al. (1982), que em linhas gerais compreende o que a seguir é

exposto:

Se as duas fases permanecem em contato por período necessário de

tempo, acabam por atingir o equilíbrio e, posteriormente, não há mais a

transferência líquida dos componentes (óleo/solvente) entre elas.

Considerando condições ideais, o contato e a separação repetida entre as

fases deve levar a uma separação quase completa dos componentes.

35

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As condições de equilíbrio raramente são atingidas no extrator real,

pela dinâmica de extração, ainda assim, o estágio de equilíbrio é um modelo

necessário para o entendimento das operações em múltiplos estágios.

O número de etapas ideais necessárias para a projeção de um

equipamento extrator, somente pode ser idealizado se tivermos

conhecimento do rendimento que haverá em cada etapa, e este, por sua vez,

está intimamente ligado com o tempo de contato entre o sólido e líquido.

Logo, a eficiência de um estágio de extração real é definida pela razão entre

a alteração de concentração desse estágio real e aquele que seria atingido

caso se chegasse ao estágio ideal, o equilíbrio.

Na extração por solvente em que o mesmo é utilizado para dissolver o

soluto (óleo), parte da solução (micela) acaba por aderir à fase sólida

insolúvel da matéria-prima, ocupando espaços antes ocupado pelo óleo.

Quando a concentração da micela resultante da extração em uma fase é

igual a concentração ainda remanescente na matéria-prima, podemos definir

a existência de um equilíbrio entre as fases. Este seria o estágio ideal, que

nem sempre é alcançado.

Para uma unidade de múltiplos estágios (em CCC), inicialmente

devemos considerar um só estágio de equilíbrio.

Figura 1.19 – Esquema de um estágio de equilíbrio.

Em sentidos opostos, duas correntes entram no estágio de equilíbrio

e, duas saem. Fazendo um balanço de massa, obtemos:

∑=+ THM 20 (1.6)

onde 0M e 2H são as massas das correntes que ingressam no estágio e ∑T

é a massa total afluente.

Estágio de

Equilíbrio

H1 H2

M0 M1

36

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A massa total ∑T é uma mistura onde ocorre uma transferência de

massa entre o solvente hexano (H) e a matéria-prima (M) até que seja

estabelecido o equilíbrio. Hipoteticamente, as fases então são separadas e

saem do estágio na forma, novamente, de duas correntes 1M e 1H . Em

múltiplos estágios contracorrente é permitida uma maior recuperação do

componente desejado.

O balanço total de massa, tem a equação seguinte:

110 HMHM NN +=+ + (1.7)

Embora na extração industrial de larga escala múltiplos estágios

ideais não são facilmente atingidos pela velocidade de extração, um esquema

que representaria essa condição ideal pode assim ser concebido:

. . .

Figura 1.20 – Esquema de equilíbrio em múltiplos estágios.

1.7 Métodos de Discretização de Equações Diferenciais Parciais e de

Solução de Equações Diferenciais Ordinárias

Modelos matemáticos freqüentemente são formados por equações

diferenciais, demonstrando fenômenos das mais diversas áreas. As equações

são chamadas diferenciais (ED’s) quando envolvem derivadas das funções.

Se a ED tem apenas uma variável independente, ela é chamada Equação

Diferencial Ordinária (EDO). Porém se a ED envolve mais de uma variável

independente ela é uma Equação Diferencial Parcial (EDP).

1

H1 H2

M0 M1

2

H3

M2

N-1

HN

MN-1

N

HN+1

MN

37

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Este trabalho contempla tanto EDP’s quanto EDO’s. Sendo que as

EDP’s são semi-discretizadas, transformando-as em EDO’s, para possibilitar

os cálculos. Em função disso, alguns métodos de discretização de EDP’s e de

resolução de EDO’s são, resumidamente, aqui abordados.

Vários métodos resolvem analiticamente uma EDO, mas nem sempre

é viável se obter uma solução analítica para a equação, ainda que a teoria

nos garanta a unicidade de solução (RUGGIERO et al., 2003). Essa é a mais

forte razão para o uso de métodos numéricos, visando encontrar soluções

aproximadas para determinadas EDO’s.

1.7.1 Método de diferenças finitas

O método de diferenças finitas (MDF) é largamente difundido e

utilizado para se discretizar EDP’s. Sua compreensão não é difícil, pois são

bastante simples seus conceitos basilares.

Na opinião de CUMINATTO, et al. (2002, p.136): “O método é robusto,

isto quer dizer que os resultados produzidos podem ser considerados

corretos”. O valor final de cada ponto da função esta sujeito a pequenos

erros pois o resultado é uma aproximação. Todavia, usando passos de

cálculos pequenos e um bom recurso computacional, esta aproximação pode

ser muito precisa.

Basicamente o MDF transforma equações contínuas no espaço em

valores aproximados em pontos determinados dentro do campo em análise.

As derivadas da EDP são substituídas por combinações lineares dos valores

da função, nos pontos em que é dividido o domínio em estudo.

Sendo o domínio [0,L], temos a divisão deste domínio em espaços xΔ

por pontos ix , com i= 0,1,...n. O tamanho do elemento formado é nLx =Δ .

Em CUMINATO, et al. (2002) encontram-se explicações bastante

didáticas a cerca do tema e, em função da facilidade de interpretação são

reproduzidas, em parte, neste tópico.

38

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O espaço unidimensional fica:

0 L 0x 1x 1−ix ix 1+ix 1−nx nx

Da noção de limite, a variação de uma função )( ii xCC ≈ é dada por

xxCxxC

xC

x Δ−Δ+

=∂∂

→Δ

)()(lim0

(1.8)

Normalmente os “n” intervalos de tamanho xΔ não são infinitamente

pequenas na aplicação das diferenças finitas. Tomamos dois espaços

xΔ delimitados por três pontos nodais:

xΔ xΔ

1−ix ix 1+ix

Como o intervalo (0,L) foi dividido em “n” comprimentos xΔ , de

mesmo tamanho, pode-se chegar, para a função C , às seguintes relações:

x

xCxCx

xCxCx

xCxCxC ii

x

ii

x

ii

xi Δ

−=

Δ−

=Δ−

=⎟⎠⎞

⎜⎝⎛∂∂ −+

→Δ

→Δ

+

→Δ 2)()(lim)()(lim)()(lim 11

0

1

0

1

0 (1.9)

Para a primeira derivada, realizamos a expansão em Série de Taylor

para a função C , resultando:

in

nni

xC

nxxxC ⎟⎟

⎞⎜⎜⎝

⎛∂∂

∑−

=!

)()( (1.10)

De (1.10) se pode tirar:

:1P ...6

)(2

)( 33

2

22

1 +⎟⎟⎠

⎞⎜⎜⎝

⎛∂∂Δ

+⎟⎟⎠

⎞⎜⎜⎝

⎛∂∂Δ

+⎟⎠⎞

⎜⎝⎛∂∂

Δ+=+

ix

iiii x

CxxCx

xCxCC (1.11)

:2P ...6

)(2

)(3

33

2

22

1 +⎟⎟⎠

⎞⎜⎜⎝

⎛∂∂Δ

−⎟⎟⎠

⎞⎜⎜⎝

⎛∂∂Δ

+⎟⎠⎞

⎜⎝⎛∂∂

Δ−=−

iiiii x

CxxCx

xCxCC (1.12)

39

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O erro local de truncamento (ELT) é estimado com o uso de uma

expansão em Série de Taylor, sendo a derivada avaliada por uma expressão e

o erro desta aproximação é de ordem )( xΔ ou 2)( xΔ .

As relações de diferenças finitas podem ser, então:

I) Diferença progressiva com ELT 0[ xΔ ]

:1P ...6

)(2 3

32

2

21 +⎟⎟

⎞⎜⎜⎝

⎛∂∂Δ

−⎟⎟⎠

⎞⎜⎜⎝

⎛∂∂Δ

−Δ−

=⎟⎠⎞

⎜⎝⎛∂∂ +

ii

ii

i xCx

xCx

xCC

xC (1.13)

II) Diferença regressiva com ELT 0[ xΔ ]

:2P ...6

)(2 3

32

2

21 +⎟⎟

⎞⎜⎜⎝

⎛∂∂Δ

−⎟⎟⎠

⎞⎜⎜⎝

⎛∂∂Δ

+Δ−

=⎟⎠⎞

⎜⎝⎛∂∂ −

ii

ii

i xCx

xCx

xCC

xC (1.14)

III) Diferença central com ELT 0[ 2)( xΔ ]

:21 PP − ...6

)(2 3

3211 +⎟⎟

⎞⎜⎜⎝

⎛∂∂Δ

−Δ−

=⎟⎠⎞

⎜⎝⎛∂∂ −+

i

ii

i xCx

xCC

xC (1.15)

Para a segunda derivada a aproximação normalmente é feita com o

uso da diferença centrada originada da combinação linear dos polinômios 1P

e 2P :

21 PP + → 22

112

2

)(0)(

2 xx

CCCxC iii

i

Δ+Δ

+−=⎟⎟

⎞⎜⎜⎝

⎛∂∂ −+ (1.16)

Em aproximações de ordem superior, são usadas as seguintes

relações, obtidas através de ajustes polinomiais (KUZMIN, apud CUMINATO,

et al., 2002):

I) Diferença regressiva para a primeira derivada

3211 )(06

632 xx

CCCCxC iiii

i

Δ+Δ

+−+=⎟

⎠⎞

⎜⎝⎛∂∂ −−+ (1.17)

40

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II) Diferença progressiva para a primeira derivada

3211 )(06

236 xx

CCCCxC iiii

i

Δ+Δ

−−+−=⎟

⎠⎞

⎜⎝⎛∂∂ −−+ (1.18)

III) Diferença centrada para a primeira derivada

42112 )(012

88 xx

CCCCxC iiii

i

Δ+Δ

+−+−=⎟

⎠⎞

⎜⎝⎛∂∂ −−++ (1.19)

IV) Diferença centrada para a derivada segunda

42

21122

2

)(0)(12

163016 xx

CCCCCxC iiiii

i

Δ+Δ

−+−+−=⎟⎟

⎞⎜⎜⎝

⎛∂∂ −−++ (1.20)

No caso da discretização de uma equação aplicada à difusão

unidimensional, pode se aplicar o método explícito ou outros métodos

combinados. Para o método explícito, têm-se, dada a equação da difusão

2

2

xCD

tC

x ∂∂

=∂∂ (1.21)

Considerando a equação (1.16) por diferença centrada para a

segunda derivada

22

2

211

2

2

)(0)()(

2 xxC

xCCC

xC n

xiii

i

Δ+Δ

+−=⎟⎟

⎞⎜⎜⎝

⎛∂∂ −+ δ (1.22)

com 2δ (operador diferença central ) dada por

ni

ni

ni

nixx

ni

xx CCCCC 11 2)( −+ +−== δδδ (1.23)

O operador aplicado na equação (1.20)

422

2

22112

2

2

)(0)12/1()()(12

163016 xx

Cx

CCCCCxC

x

nxiiiii

i

Δ++Δ

−+−+−=⎟⎟

⎞⎜⎜⎝

⎛∂∂ −−++

δδ (1.24)

Na equação (1.21), aplicando-se (1.22), chegamos à forma discretizada

211

1

)(2

xCCCD

tCC iii

x

ni

ni

Δ+−

=Δ− −+

+

(1.25)

41

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O ELT é ])(,[0 2xt ΔΔ para este método explícito de um passo de cálculo de

primeira ordem. A estabilidade do método é condicionada a

2/10 ≤≤α (1.26)

para

2)( xtDx

ΔΔ

=α (1.27)

que é o parâmetro difusivo.

1.7.2 Método de linhas

O método de linhas encontrado em LAMBERT (1993) é uma

aplicação parcial da diferença centrada do método de diferenças finitas. É

chamada de semi-discretização pois conserva contínua a variável temporal,

somente discretizando a derivada espacial.

Por esse método, então, a equação da difusão (1.21), mantém o lado

esquerdo sem discretização, não toma a forma (1.25) , e sim

211

)(2

xCCCD

tC iii

x Δ+−

=∂∂ −+ (1.28)

Também pode ser dada por:

22112

)(12163016

xCCCCCD

tC iiiii

x Δ−+−+−

=∂∂ −−++ (1.29)

1.7.3 Método de Euler

O método de Euler pode ser usado para encontrar uma solução

aproximada para um problema de valor inicial, envolvendo uma EDO:

00 )(),('

yxyyxfy

==

(1.30)

42

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Conhecendo 0x e )( 00 xyy = , então calcula-se )( 0xy por:

),()(' 000 yxfxy = (1.31)

Como )(' 0xy é o coeficiente angular da reta )(0 xr que passa por

),( 00 yx , ela é conhecida:

)(')()()( 0000 xyxxxyxr −== (1.32)

Utilizando um passo h para incremento de x ;

)(')()(, 0010111 xhyyxryxyxxh kk +==≈−= + (1.33)

ou seja,

),( 0001 yxhfyy += (1.34)

Repetindo-se o raciocínio para ),( 11 yx ,

),( 1112 yxhfyy += (1.35)

E, sucessivamente para k= 0,1,2...., o Método de Euler fica:

),(1 kkkk yxhfyy +=+ (1.36)

1.7.4 Métodos de Séries de Taylor

Teoricamente, os métodos que usam séries de Taylor são capazes de

resolver qualquer ED. No entanto, para séries de ordem mais levada, o

cálculo das derivadas totais envolvidas é extremamente complicado, do

ponto de vista computacional..

Se temos os valores aproximados de nyyy ,...,, 21 para ),(xy em

nxxx ,...,, 21 .

Sendo y suficientemente “suave” (RUGGIERO et al., 2003), a série de

Taylor de )(xy em torno de nxx = é:

43

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1)1()(2

)()!1(

)()(!

)(...!2

)()(''))((')()( ++

−+

+−++−

+−+= kn

xk

kn

nk

nnnnn xx

kyxx

kxyxxxyxxxyxyxy ξ

com xξ entre nx e x . (1.37)

Assim,

!))((...

!2)()(''))((')()( 1)(

21

11 kxxxyxxxyxxxyxyxy

knnnknn

nnnnnn−

++−

+−+≅ ++++ (1.38)

Se )( jny representa a aproximação para a j-ésima derivada da função

)(xy em )(: )(n

jx xyx e nn xxh −= +1 , teremos:

!...

2''')( )(

2

11 khyhyhyyyxy

kk

nnnnnn ++++=≈ ++ (1.39)

sendo o erro de truncamento (ELT) dado por:

1)1(

)!1()(

)( ++

+= kx

k

n hk

yxELT n

ξ (1.40)

Cabe salientar que, se a função tiver derivada maior que (k+1)

contínua no intervalo R dos pontos sobre os quais é feita a discretização,

então existe |)(| )1(1 xymáxT k

Rxk+

∈+ = o que é uma majorante para o ELT, pois

11

11

1)1(

)!1()(|)(| +

++

++ =

+≤⇒∈∀≤ k

kk

nxkxk hC

khT

xELTRTy ξξ (1.41)

Existindo uma constante 1C tal que 11|)(| +< p

n hCxELT então, o

método numérico é de ordem p onde 1C pode depender das derivadas da

função que define a ED.

Logo, os métodos de série de Taylor são de ordem k. Assim,

considerando-se o método de ordem 1=k , temos:

nnn yhyy ′+=+1 onde 21n 2

)()ELT(x 1 h

ynx +

′′=+

ξ (1.42)

que é o Método de Euler.

44

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Dessa forma conclui-se que o Método de Euler é um método de

Séries de Taylor de ordem 1. Este método é também chamado de método de

Runge-Kutta de 1ª ordem.

1.7.5 Métodos de Runge-Kutta

Os métodos de Runge-Kutta utilizam Séries de Taylor eliminando o

cálculo de derivadas de f(x,y), tornando o método computacionalmente

aceitável. Três propriedades distintas caracterizam os métodos de Runge-

Kutta:

1- São métodos de um estágio. Para determinar 1=ny a única informação

necessária é o ponto anterior, nn yx ;

2- São expansíveis em séries de Taylor, concordando com seus termos

até kh (sendo h o passo e k a ordem do método);

3- Não requerem o cálculo de qualquer derivada da f(x,y), sendo

necessário o cálculo da mesma em vários pontos.

Assim, os Métodos de Runge-Kutta difundem a solução em um

intervalo, pela combinação de discretizações da Equação Diferencial

Ordinária em aproximações discretas de primeira ordem, usando cada

informação anterior obtida para obter uma expansão em Série de Taylor da

função em ordens superiores. Significa que ao se expandir a função em uma

Série de Taylor, e truncar a série no 2o termo, resulta um erro de ordem

O(h2). O método busca reduzir a ordem de erro, gerando uma seqüência de

formulações de 1a ordem para a avaliação do valor aproximado da função

solução da EDO de ordem “n”, assim resultando Métodos de Runge-Kutta

até a nésima ordem.

Realizando as expansões em Séries de Taylor, à luz das propriedades

anteriores, chega-se aos mais conhecidos métodos de Runge-Kutta, cujas

deduções não são aqui realizadas, haja vista, serem amplamente conhecidos

e difundidos, estando disponíveis em qualquer obra de Cálculo Numérico.

45

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Método de Runge-Kutta de 1ª ordem:

),(1 nnnn yxhfyy +=+ (1.43)

Este método também é conhecido pelo nome de Método de Euler, já

deduzido anteriormente.

Para o qual o erro de truncamento, ELT = 0(h²).

Método de Runge-Kutta de 2ª ordem:

),(2

),(21 nnnnnnn hyhxfhyxfhyy ′++++=+ (1.44)

Com ELT = 0(h³).

Outra denominação deste método, utilizada usualmente é: Método de

Euler Melhorado.

Método de Runge-Kutta de 3ª ordem:

3211 94

31

92 kkkyy nn +++=+ (1.45)

Cujo ELT = 0(h4).

sendo:

),(1 nn yxhfk = (1.46)

)2

,2

( 12

kyhxhfk nn ++= (1.47)

).43,

43( 23 kyhxhfk nn ++= (1.48)

Método de Runge-Kutta de 4ª ordem:

É o mais utilizado para a maioria das aplicações apresentando uma

elevação de precisão na avaliação da função y(x), solução da EDO.

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),22(61

43211 kkkkyy nn ++++=+ (1.49)

ELT = 0(h5).

onde:

),(1 nn yxhfk = (1.50)

)2

,2

( 12

kyhxhfk nn ++= (1.51)

nxhfk (3 = )22,

2kyh

n ++ (1.52)

).,( 34 kyhxhfk nn ++= (1.53)

1.8 Colocação do Problema

Alguns aspectos importantes deste capítulo são levados em conta

para a proposição do problema:

- A importância do setor agrícola e de extração de óleos vegetais para

a economia do Brasil, Estado e Região.

- O crescimento progressivo do cultivo do girassol e sua alta

concentração de óleo.

- A dificuldade que as grandes indústrias de extração de óleo vegetal

de girassol encontram para a realização de uma extração eficiente,

que conjugue rapidez, economia e grande volume de processamento .

- A inexistência de alguns dados relativos ao girassol na literatura

pesquisada.

- O método mais eficiente de extração de óleo de girassol que é usado

por grandes indústrias, com duas etapas: primeiro por prensa e em

seguida com solvente.

47

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- O uso de temperatura da micela em torno de 50ºC dentro do

extrator nas instalações industriais.

- A configuração dos extratores industriais de grande porte que

possuem conjuntos de vagões ou seções que comportam a matéria-

prima, semelhantes a um leito fixo, atuando em sistema contra

corrente cruzado (CCC).

- A necessidade de modelos matemáticos que simulem a extração de

óleo vegetal de girassol, adaptáveis às instalações industriais, visando

melhorar a eficiência das mesmas, com o objetivo final de uma maior

competitividade no mercado, cada vez mais globalizado e exigente.

Ante o exposto, propõe-se ao seguinte:

1) Montar um equipamento laboratorial de leito fixo, passo a passo,

compreendendo os seus componentes e sua função no processo de

extração.

2) Ajustar o equipamento de acordo com as necessidades impostas

pelos experimentos, como por exemplo, o controle de massas,

volumes e de temperatura, visando resultados em condições

semelhantes às da indústria.

3) Através de experimentos determinar características do solvente,

micela, óleo bruto de girassol e da matéria-prima (já prensada,

preparada para ingresso no extrator por solvente) a serem aplicadas

no modelo matemático.

4) Também através de simulações experimentais, analisar a variação

da concentração de óleo na micela durante o processo de extração no

leito fixo, para posterior comparação com as simulações numéricas.

5) Elaborar um esquema físico do extrator laboratorial construído,

desenvolver e ajustar o modelo matemático para leito fixo encontrado

na literatura.

48

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6) Desenvolver um algoritmo de cálculo e aplicativo para solução do

modelo com características do equipamento laboratorial.

7) Realizar simulações numéricas e comparações dos resultados com

os resultados do equipamento laboratorial.

49

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2 PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

A extração do óleo do girassol, conforme já exposto anteriormente,

passa por duas etapas principais: prensagem e uso de solvente. A

preparação da matéria-prima para ingresso no extrator industrial por

solvente a deixa com características peculiares cujos dados não são

encontradas na literatura. Essas características são necessárias para

aplicação no modelo matemático de extração e foram determinadas

experimentalmente.

Os extratores industriais modernos, como o do tipo “Rotocell”, por

exemplo, é composto por várias seções de lavagem (vagões) que se

assemelham a um leito fixo, operando um sistema contra corrente cruzado

(CCC). Por esse motivo, foi utilizado um extrator de leito fixo nesta pesquisa,

que auxilia na determinação das características da matéria-prima preparada

para a extração por solvente e no entendimento dos fenômenos do processo,

visando dar contribuições para aprimorar os modelos matemáticos

aplicados a extratores industriais.

O uso de uma temperatura da micela em torno de 50°C dentro do

extrator é uma peculiaridade na indústria, visando uma melhor solubilidade

do óleo. Os dados existentes na literatura pesquisada (ABRAHAM, et al.,

1998; MAJUMDAR, et al., 1995 e THOMAS, 2003) não se ativeram a essa

particularidade, foram feitos à temperatura ambiente, são relativos a outras

oleaginosas e, referem-se a experimentos realizados com procedimentos

diferentes. O equipamento de leito fixo usado neste trabalho permitiu o uso

de temperatura semelhante à situação real que ocorre nas indústrias.

Para as simulações experimentais foram utilizadas diversas amostras

de matéria-prima preparadas e fornecidas pela empresa Giovelli Indústria de

Óleos Vegetais Ltda, de Guarani das Missões - RS. Tais amostras referem-se

a grãos colhidos nas safras 2004/2005 e 2005/2006 na Região Noroeste do

estado do Rio Grande do Sul.

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2.1 Equipamentos Utilizados

Além do extrator de leito fixo, foram necessários uma série de

equipamentos auxiliares para a execução das simulações experimentais nas

condições requeridas de controle de temperatura, massas, volumes,

densidades, concentrações, porosidades, etc. Os experimentos foram

realizados em aparelhos montados nos Laboratórios de Química da UNIJUI –

Campus Santa Rosa/RS e do Núcleo de Alimentos do Pólo de Modernização

Tecnológica da UNIJUI – Campus Santa Rosa/RS. Esses equipamentos são

descritos a seguir.

2.1.1 Extrator laboratorial de leito fixo

Com o apoio da FAPERGS - Fundação de Amparo à Pesquisa do

Estado do Rio Grande do Sul, Projeto nº 04/0394.3, esse equipamento foi

concebido para esta pesquisa, suas características e funcionamento são

conforme esquema demonstrado (fig. 2.1), permitindo o controle de

temperatura do processo de extração, massas, volumes e porosidades,

possibilitando dados confiáveis equiparados aos produzidos em situação

real, na indústria.

A matéria-prima é depositada no interior da câmara de extração, um

cilindro de metal vertical (D), com 0.14 metros de diâmetro interno e 0.6

metros de altura. Esta coluna é provida de um cesto de tela, que retém a

matéria-prima, deixando fluir a micela, sendo montada sobre uma balança

eletrônica (J), com uma viga, de forma que o seu conteúdo pode ter sua

massa registrada a qualquer momento do processo.

A micela circula continuamente por uma bomba centrífuga (B),

percolando pelo leito da coluna através da força da gravidade. Esta micela ao

sair da coluna entra num reservatório (A), a qual é recirculada pela bomba

por tempo estipulado (usou-se nesta pesquisa 70 minutos) de acordo com a

necessidade para a completa extração, propiciando que sejam coletadas

51

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amostras de micela em intervalos de tempos regulares (adotou-se 10

minutos) através da válvula (L) situada na parte inferior do equipamento.

Após ser impulsionada pela bomba, a micela passa pelo fluxômetro

(C) e por uma serpentina (E), que é submersa em água aquecida e mantida

por uma caldeira à temperatura constante (50ºC para este trabalho, similar

à indústria). As temperaturas da micela entrando e saindo da coluna são

medidas pelos termômetros (F), (G), (H) e (I), submergidos nos fluxos

líquidos. A taxa de fluxo da micela é mantida constante mantendo um peso

constante do líquido na coluna com uma troca constante na entrada, que é

controlado pelo fluxômetro (C) e por um medidor de nível do leito (K).

Figura 2.1 – Esquema físico do extrator laboratorial de Leito Fixo.

52

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Figura 2.2 - Extrator Laboratorial de Leito Fixo.

2.1.2 Extrator laboratorial “soxhlet”

O extrator do tipo “soxhlet” (fig. 2.3), foi usado para determinar a

quantidade de óleo presente em pequenas amostras de matéria-prima (5g)

ou, o óleo remanescente em amostras de matéria-prima já utilizadas no

extrator laboratorial de leito fixo. Este equipamento utiliza solvente através

de refluxo capaz de solubilizar todo o óleo presente no cereal. É composto de

três partes essenciais: Câmara de vaporização (balão de fundo chato),

Bomba de recirculação

Reservatório de solvente/micela

Balança

Serpentina

Cesto para matéria-prima

Câmara de extração

Alimentação de solvente/micela

Fluxômetro

53

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câmara de extração e condensador. O solvente é aquecido no balão, colocado

sobre uma chapa de aquecimento, e evaporando, sobe para a câmara de

extração onde está a amostra do cereal, parte do solvente condensa na

câmara de extração e o restante sobe até o condensador. Ao condensar, o

solvente desce, entrando em contato com a amostra, retirando o óleo da

mesma e, quando o nível de mistura fica acima de um pequeno sifão lateral

ao extrator, retorna ao balão, reiniciando o processo. Esse procedimento

garante que, a cada novo ciclo, há sempre solvente puro entrando em

contato com a amostra de matéria-prima, sendo que, o óleo fica depositado

na câmara de vaporização.

Figura 2.3 - Extrator “soxhlet”.

2.1.3 Extrator laboratorial “etéreo”

Também com apoio da FAPERGS, Projeto n° 05/1813.6, no

transcorrer da pesquisa, foi adquirido um extrator do tipo “etéreo”, marca

Câmara de vaporização

Câmara de extração

Condensador

Sifão de retorno

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VELP SCIENTIFICA, modelo SER 148 – Solvent Extraction- (fig. 2.4). Através

dele foi possível, com maior rapidez e segurança, obter o percentual de óleo

em porções de matéria-prima ou de micela. No mesmo, pode-se operar com

três amostras ao mesmo tempo.

Figura 2.4 - Extrator “etéreo”

A extração é feita em três ciclos programados eletronicamente:

imersão, lavagem e recuperação. Durante a imersão, pelo tempo

programado, o cartucho (C) que comporta a matéria-prima fica dentro do

copo (S) com solvente e este, sobre o aquecedor (A). Após esta etapa, o

cartucho é suspenso e, por período estipulável, recebe banho contínuo de

solvente puro que cai pela gravidade do condensador. A última etapa

consiste na recuperação do solvente, quando se coloca o registro (R) na

posição horizontal, retendo o mesmo em reservatório próprio.

Painel de programação

Copo para solvente (S)

Cartucho para matéria-prima (C)

Condensador Registro para recuperação do solvente (R)

Regulagem de imersão (I)

Aquecedor (A)

55

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2.1.4 Separador de solvente

O separador rotativo de solvente (fig. 2.5) – aparelho ROTA-VAPOR

modelo LABOROTA 4000, de marca “HEIDOLFH” foi utilizado para separar o

óleo do solvente, ambos contidos na micela resultante das simulações no

extrator laboratorial de leito fixo. Em cada experimento foram utilizados 5,75

litros de solvente hexano e o descarte desse material encareceria e

dificultaria a pesquisa em virtude de seu custo e dificuldade de aquisição.

Este aparelho usa, além de temperatura e condensador, uma bomba de

vácuo para apressar o processo de separação.

Figura 2.5 - Separador de solvente.

2.1.4 Caldeira, balança, estufa e demais equipamentos

A Caldeira Flamotubular (fig. 2.6) – de marca VILERI, modelo VL-12 –

Projeto ABNT-NBR 227-1974, capacidade de 200Kg/h e pressão de Trabalho

de 8Kgf/cm², usa combustível sólido (lenha) e foi empregada para aquecer a

água que manteve o sistema de extração à temperatura média de 50ºC.

Solvente reaproveitado

Micela

Condensador

56

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O extrator laboratorial de leito fixo foi montado sobre uma Balança

Comercial – marca URANO, modelo UDC-15000/5, capacidade máxima de

15 Kg e precisão de 5 g. Com ela foi possível determinar as massas da

matéria-prima utilizada, solvente, porosidade total, poro e “bulk”.

Figura 2.6 - Caldeira Flamotubular.

Para determinar as massas de pequenas amostras de matéria-prima,

solvente, micela, óleo, provetas, copos de Becker, filtros de papel qualitativo

para extração, balões, etc, foi utilizada uma Balança Analítica (fig 2.7). O

equipamento empregado é de marca GIBERTINI modelo E4ES-B, igualmente

adquirida com apoio da FAPERGS (Projeto n° 05/1813.6), com precisão de

até 0,1 mg e capacidade máxima de 240g.

Para apoiar e aquecer o balão do extrator “soxhlet” e para evaporar o

hexano presente nas amostras de micela tiradas do extrator durante o

processo no equipamento laboratorial de leito fixo foi empregada uma Chapa

de aquecimento (fig. 2.8) - marca VELP Científica, com regulagem de

temperatura ente 0°C e 350°C, alimentada com energia elétrica. Como

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outros já citados, esse equipamento foi patrocinado pela FAPERGS (Projeto

n° 05/1813.6).

Figura 2.7 - Balança Analítica.

Figura 2.8 - Chapa de aquecimento.

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Uma Estufa de secagem e esterilização - marca J.PROLAB, modelo

JP102, intervalo de regulagem de temperatura de 0°C a 350°C foi empregada

para secagem da matéria-prima, balões e Becker, bem como para evaporação

de solvente ainda presente no óleo extraído nos extratores “soxhlet”, “etéreo”

e do separador de solvente rota-vapor.

Vários outros utensílios foram necessários para os experimentos,

dentre eles destacam-se: Copos de Becker de 50 ml, 250 ml e 800 ml;

provetas de 100 ml e 20 ml; funis; recipientes com tampa de 1, 2 e 5 litros;

papel de filtro qualitativo; dessecador com sílica-gel, para resfriamento das

amostras e recipientes, submetidos à estufa até a temperatura ambiente,

sem a presença de umidade e; multímetros digitais marca MINIPA, modelo

ET-2040, com termopares para medir as temperaturas da micela no interior

do reservatório, água da caldeira, bem como entrada e saída do extrator de

Leito Fixo.

2.2 Procedimentos Experimentais Adotados

Os procedimentos realizados dependeram e variaram de acordo com

os equipamentos utilizados e a característica da matéria-prima a ser

determinada.

2.2.1 Determinação das concentrações de óleo

Foram determinados quatro tipos diferentes de concentrações de óleo:

na matéria-prima girassol ( Ng ) antes da simulação no extrator de leito fixo,

quando a mesma tem a concentração das amostras que vão para o extrator

real na indústria; na matéria-prima residual (farelo) após extração no leito

fixo ( RNg ); na micela forte, no final do processo de extração ( mg ) e; em

amostras de micela coletadas em tempos regulares durante a extração ( tmg ).

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Para a determinação das concentrações de óleo na matéria-prima

foram utilizados o extrator soxhlet (fig. 2.3) e o extrator etéreo (fig. 2.4).

A técnica com extrator “soxhlet” incluiu as seguintes etapas:

- Secar em estufa a 105°C, por uma hora, um balão vazio de fundo chato

com rolha esmerilhada próprio para montagem do aparelho “soxhlet”.

Esfriar em dessecador por meia hora e pesar o balão ( vB ).

- Colocar 150 ml de solvente hexano no balão.

- Determinar uma massa aproximada de 5g de matéria-prima ( nM ) ou

resíduo ( RnM ) dentro do papel filtro e colocar no câmara de extração.

- Montar o aparelho, colocar sobre a chapa de aquecimento, ligar a torneira

para a água circular no condensador. Extrair o óleo por duas horas,

observando se não há perda de hexano nas conexões.

- Retirar o papel filtro com matéria-prima do extrator e deixar a câmara de

extração se encher de hexano para reaproveitamento.

- Desmontar o aparelho e colocar o balão com óleo na estufa, a

temperatura de 105°C, por uma hora, para secagem e evaporação do

restante de hexano.

- Esfriar o balão com óleo ( olB ) no dessecador por meia hora e,

posteriormente, determinar sua massa.

- Repetir a secagem e esfriamento até que a massa seja constante.

- Calcular a fração de óleo na amostra de matéria-prima ( Ng ), ou na

amostra residual de matéria-prima ( RNg ) pelas fórmulas:

n

volN M

BBg )( −= (2.1)

Rn

volRN M

BBg

)( −= (2.2)

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sendo: olB - massa do balão + óleo; vB - massa balão vazio; nM - massa da

amostra de matéria-prima; RnM - massa de amostra de matéria-prima

residual após extração no extrator de leito fixo.

A técnica com extrator “etéreo” (fig. 2.4) consistiu dos seguintes

procedimentos:

- Secar em estufa a 105°C, por uma hora, três Copos de Becker próprios do

aparelho extrator etéreo. Esfriar em dessecador por meia hora e

determinar a massa dos copos de Becker ( vB ).

- Colocar 70 ml de solvente hexano em cada Becker.

- Determinar a massa de três amostras (aproximadamente 5g) de matéria-

prima ( nM ) ou resíduo ( RnM ) dentro do papel filtro qualitativo e colocar

nos cartuchos para matéria-prima, conectando-os no extrator.

- Ligar o aparelho, programando para que o mesmo realize 30 minutos de

imersão (I), 60 minutos de lavagem (W) e 10 minutos para a recuperação

do solvente (R). O tempo necessário para este aparelho foi determinado

através de vários ensaios, uma vez que o próprio fabricante não

disponibiliza instruções relativas à matéria-prima girassol.

- Desligar o aparelho e colocar os Copos de Becker com óleo na estufa, a

temperatura de 105°C, por uma hora, para secagem e evaporação do

restante de hexano.

- Esfriar os Becker com óleo ( olB ) no dessecador por meia hora e,

posteriormente, determinar suas massas.

- Repetir a secagem e esfriamento até que a massa seja constante.

- Calcular a fração de óleo na amostra de matéria-prima ( Ng ), ou na

amostra residual de matéria-prima ( RNg ) pelas fórmulas (2.1) e (2.2).

sendo: olB - massa do Copo de Becker + óleo;

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Segundo já aludido, durante as simulações de extração no

equipamento laboratorial de leito fixo foram coletas amostras de micela a

intervalos de 10 em 10 minutos para estudar as variações de concentração

de óleo nas mesmas ( tmg ), no decorrer do tempo do procedimento, bem como

na micela forte ao final do processo ( mg ). A determinação das concentrações,

nesse caso, foi estabelecida por dois métodos; com uso de Becker e chapa de

aquecimento ou, com o extrator “etéreo”. Para o primeiro caso os

procedimentos foram:

- Secar um Copo de Becker de 50 ml por uma hora em estufa a 105ºC.

Deixar esfriar em dessecador por 30 minutos e determinar a massa do

Becker vazio ( vB ).

- Colocar em torno de 15 ml de micela no Becker, registrando a massa

resultante ( mB ).

- Levar o Becker à chapa de aquecimento para que evapore o hexano. Após,

deixar na estufa por uma hora, a 105ºC, para que algum solvente ainda

existente possa ser eliminado.

- Esfriar o Becker no dessecador por meia hora e determinar a massa do

copo com óleo ( olB ). Ao final, calcular a concentração de óleo na micela,

pela fórmula:

100.vm

voltm BB

BBg

−−

= (2.3)

sendo: tmg – concentração de óleo na micela ao longo do tempo (t) de

extração, onde t = 0,...,70 minutos. mg – concentração aos setenta minutos

ou, concentração final.

Para determinar a concentração de óleo na micela através do extrator

etéreo, utilizou-se somente, no aparelho, a programação de recuperação de

solvente, com as seguintes rotinas:

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- Secar um dos Copo de Becker próprios do extrator por uma hora em

estufa a 105ºC. Deixar esfriar em dessecador por 30 minutos e

determinar a massa do Becker vazio ( vB ).

- Colocar em torno de 15 ml de micela no Becker e anotar a massa

resultante ( mB ).

- Ligar o aparelho, programando para que o mesmo realize somente a

recuperação do solvente (R), por 10 minutos. Após, deixar na estufa por

uma hora, a 105ºC, para que resquícios de solvente sejam eliminados.

- Esfriar o Becker no dessecador por meia hora e determinar a massa do

copo com óleo ( olB ). Calcular a concentração de óleo na micela, pela

fórmula (2.3).

2.2.2 Determinação do coeficiente de equilíbrio entre as fases

A constante de equilíbrio ( dE ) é o coeficiente que relaciona o

comportamento da troca de óleo entre as fases sólida e poro durante o fluxo

da fase que possui a maior concentração, para a de menor concentração.

Após um período de extração - determinado experimentalmente como sendo

por volta de 50 minutos - em que o sistema entra em equilíbrio, não há mais

troca de óleo da fase sólida e poro da matéria-prima para a fase “bulk”, esta

última representada pela micela que percola no leito. Isso se dá por que as

concentrações das três fases são iguais, no equilíbrio.

Para o cálculo do coeficiente dE é necessário conhecer a concentração

mássica de óleo remanescente na matéria-prima ( RNg ), após atingido o

equilíbrio, e a concentração mássica de óleo na micela resultante do

processo ( mg ). Os procedimentos para determinação dessas duas grandezas

( RNg e mg ) foram descritos no item 2.2.1 e, com esses resultados calcula-se a

constante de equilíbrio pela relação:

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m

RN

d gg

E = (2.4)

2.2.3 Determinação das porosidades

As porosidades foram determinadas nas simulações com o extrator

laboratorial de leito fixo. A matéria-prima é caracterizada (MAJUMDAR, et

al., 1995; THOMAS, 1999) como sendo um meio poroso classificado em duas

partes: a porosidade “bulk” ( bε ), que é composta pelos poros canalizados

existentes entre as inúmeras partículas de matéria-prima; a porosidade poro

( pε ), porosidade interna, de cada partícula da matéria-prima. Durante a

extração do óleo a micela percorre com facilidade a porosidade “bulk”

(porosidade externa) e fica estagnada na fase poro. A percolação da micela

na fase “bulk” faz com que sua concentração de óleo se altere por convecção,

difusão e por transferência molecular com a fase poro. Na fase poro, a

concentração de óleo se altera por transferência molecular com a fase sólida

da matéria-prima.

A soma dos espaços porosos internos resultam no volume poro da

matéria-prima ( pV ), os externos, formam o volume “bulk” ( buV ) e o restante é

o volume sólido ( NV ). Assim, uma amostra de matéria-prima possui um

volume total ( ∑V ), representado pela soma dos volumes sólido, poro e “bulk”,

que pode ser expresso pela fórmula:

pbN VVVV ++=∑ (2.5)

Com os volumes acima descritos pode-se calcular as porosidades poro

( bε ), “bulk” ( bε ) e total ( Tε ), relacionadas aos respectivos volumes:

=VVb

bε (2.6)

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pN

pp VV

V+

=ε (2.7)

+=

VVV pb

Tε (2.8)

Durante a simulação no extrator laboratorial de leito fixo foram

determinados os volumes e porosidades, cujo procedimento consistiu em:

- Separar uma porção de matéria-prima com massa exata de 1 Kg, colocar

no cesto do extrator e calcular o volume atingido no cilindro ( ∑V ).

- Medir um volume de 5,75 litros de solvente (volume adotado nos

experimentos).

- Colocar o cesto no cilindro de extração, previamente disposto sobre a

balança e, carregado com solvente até o nível inferior do cesto, não

atingindo a matéria-prima. Anotar a massa inicial no nível inferior ( iM ).

- Colocar o restante do solvente no reservatório, acionar a bomba de

recirculação até o solvente atingir o nível superior da matéria-prima.

Desligar a bomba e anotar a massa do conjunto ( sM ).

- Após 70 minutos de extração em que a matéria-prima esteve sempre

coberta pela micela em circulação contínua, desligar a bomba e fechar a

válvula abaixo do compartimento de extração, controlar o nível superior

que deve estar na altura da matéria prima e anotar a massa do conjunto

( SM ).

- Abrir a torneira existente na parte inferior do extrator e deixar drenar a

micela, coletando-a, até que atinja o nível inferior da matéria-prima,

quando novamente a torneira é fechada. Anotar a massa do conjunto no

nível inferior final ( IM ).

Com os dados coletados nos experimentos calcula-se os volumes

poro, “bulk” e sólido, da seguinte maneira:

- A diferença entre a massa inicial no nível inferior e a massa inicial no

nível superior, representa a massa de hexano que preencheu os espaços

porosos “bulk” e poro da matéria-prima. Assim:

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he

isbup

MMVV

ρ−

=+ (2.9)

onde: pV - é o volume poro, buV - é o volume “bulk”, heρ - é a massa específica

do hexano, sM – é a massa inicial do conjunto estando o hexano no nível

superior da matéria prima, iM - é a massa inicial do conjunto estando o

hexano atingindo o nível inferior da matéria-prima.

Figura 2.9 - Esquema dos níveis de matéria-prima, solvente,

micela e volume total.

- A diferença entre as massas do nível superior e inferior no final do

processo representa a massa do volume “bulk”, sendo que o volume poro

retém micela, encharcando a matéria-prima. Os volumes inicial e final

superior são iguais pela transferência equivolumétrica entre as fases,

contudo, as massas são diferentes, pois inicialmente a porosidade “bulk”

era preenchida com hexano e ao final, por micela concentrada. Dessa

forma:

___ Nível superior

___ Nível inferior

---

∑V ---

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m

ISbu

MMV

ρ−

= (2.10)

onde: SM - é a massa do conjunto no final do processo de extração, com a

micela estando no nível superior da matéria-prima, IM - massa do conjunto

no final do processo de extração, estando a micela no nível inferior da

matéria-prima, mρ - é a massa específica da micela resultante da extração.

- O resultado do cálculo do volume “bulk” pode ser confrontado com o

volume recolhido pela torneira no final do processo, conforme descrito

anteriormente.

- O volume poro resulta da diferença entre a soma das porosidades -

volume de hexano usado entre os níveis superior e inferior - e o volume

“bulk”. Logo:

bubupp VVVV −+= )( (2.11)

ou

m

IS

he

isp

MMMMV

ρρ−

−−

= (2.12)

- Tendo calculado os volumes poro, “bulk” e total, as porosidades bε , pε , e

Tε são encontradas pelas fórmulas (2.6), (2.7) e (2.8).

2.2.4 Determinação das massas específicas

As massas específicas da matéria-prima, solvente e micela são

necessárias para cálculo dos volumes, das porosidades e como dados de

entrada no aplicativo que resolve o modelo. Para a matéria-prima girassol a

mesma foi determinada quando dos experimentos no extrator laboratorial de

leito fixo. Para isso seguiram-se os seguintes passos:

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- Determinar a massa do cesto cilíndrico, que comporta a matéria-prima,

usado no extrator e anotar ( vC ).

- Separar uma amostra ( nM ) de 1 Kg de matéria-prima preparada para

entrar no extrator, colocar no cesto cilíndrico e calcular o volume ( MnV )

atingido pela amostra.

- Determinar a massa do cesto com amostra ( vC + nM );

- Calcular a massa específica pela fórmula:

Mn

vnv

V C-)M+ C (

=Mnρ (2.13)

A massa específica do solvente hexano utilizado foi determinada com

o uso de provetas volumétricas e balança de precisão. Foi adotado o seguinte

procedimento:

- Determinar a massa de uma proveta volumétrica e anotar ( pM ).

- Colocar 100 ml de hexano na proveta, tampar, evitando a evaporação, e

registrar a massa ( pM + heM ).

- Calcular a massa específica através da fórmula:

he

phephe V

MMM −+=

)(ρ (2.14)

onde: heρ - massa específica do solvente hexano, pM - massa de proveta

volumétrica com tampa, heM - massa de amostra de solvente, heV - volume de

amostra de solvente.

Para a micela, foi usado o mesmo procedimento, apenas

substituindo-se o hexano pela mesma. Assim, o cálculo se dá por:

m

pmpm V

MMM −+=

)(ρ (2.15)

sendo: mρ - massa específica da micela, mM - massa de amostra de micela,

mV - volume de amostra de micela.

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Da mesma forma foi calculada a massa específica do óleo bruto de

girassol produzido nos experimentos:

ol

polpol V

MMM −+=

)(ρ (2.16)

onde: olρ - massa específica do óleo, olM - massa de amostra de óleo,

olV - volume de amostra de óleo.

2.2.5 Determinação do diâmetro médio das partículas

O diâmetro das partículas é um fator importante que influencia no

processo de extração por solvente. Se as partículas são muito grandes, a

área de contato do hexano com a porosidade interna diminui, prejudicando a

eficiência da extração e, a porosidade “bulk” aumenta ocasionando

diminuição da massa específica da matéria-prima, o que diminui também, a

quantidade de óleo por unidade de volume da oleaginosa preparada.

A verificação do diâmetro médio das partículas se deu com o uso de

paquímetro. Foram feitas inúmeras medidas em várias amostras, de lotes

diferentes matéria-prima preparada para ingresso no extrator industrial. Ao

final, chegou-se a uma média geral entre 2 e 3 milímetros, isto é:

.0025,0 md p ≅

2.3 Resultados Obtidos Experimentalmente

Os resultados dos experimentos demonstram valores semelhantes

àqueles encontrados na bibliografia consultada para massas específicas do

óleo de girassol, micela e solvente hexano. Para as porosidades poro, “bulk” e

total, coeficiente de equilíbrio entre as fases poro e sólida e, massa específica

da matéria-prima, não existem parâmetros de comparação referentes ao

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girassol, entretanto, os dados diferem, em muito, daqueles encontrados para

a soja ou arroz.

Massa específica do solvente hexano: A bibliografia (THOMAS, 1999 e

VELOSO, 1999) aponta que o hexano comercial tem aproximadamente 0,671

g/cm3 de massa específica. Pequenas variações nas massas específicas

podem acontecer dependendo da refinaria fornecedora do produto. Em

média, a determinação experimental, conforme a tabela 2.1, encontrou como

resultado o valor de 0,669366 g/cm3, indicando que os resultados e

procedimentos adotados estão corretos.

Tabela 2.1- Massa específica do solvente hexano (em g/cm3).

A1 A2 A3 A4 A5 A6 A7 A8 MÉDIA

heV 100 100 100 100 100 100 100 100 100

heM 67,04 66,909 66,97 66,95 66,909 66,837 67,021 66,856 66,936

heρ 0,670 0,669 0,669 0,669 0,669 0,668 0,670 0,668 0,6693

Fonte: Experimentos

onde: heρ - massa específica do solvente hexano, heM - massa de amostra de

hexano (g), heV - volume de amostra de hexano (cm³), A[1..8] – amostras.

Massa específica da micela: Foi calculada a alteração gradual da

massa específica da micela durante o processo de extração no equipamento

laboratorial. Os resultados refletem a pequena alteração que ocorre na

massa específica durante a passagem do óleo da matéria-prima para o

solvente. Todavia, como a micela forte possui em torno de 4,7% de óleo, da

massa específica do solvente puro para a massa específica da micela forte

ocorre tão somente uma alteração de 0,007 g/cm³, em média. Considerando

a volatilidade do hexano e, conseqüentemente, da micela, por vezes a

determinação dessa sutil diferença torna-se difícil sem equipamentos

sofisticados.

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No gráfico (fig. 2.11) a seguir, torna-se bem perceptível, a variação da

massa específica em função do tempo de extração, bem como as dispersões

de alguns resultados dada a dificuldade de precisá-los, conforme já exposto.

Na tabela 2. 2, estão os dados coletados que embasam o gráfico.

Massa específica do óleo: A massa específica calculada para o óleo

bruto de girassol, produzido durante as simulações experimentais, mostra

resultados semelhantes aos pesquisados (tab. 2.3). ARAÚJO, et l. (2006)

aponta um valor de 0,923 g/cm³, em INOUE, et al. (2005), tem-se 0,91

g/cm³, enquanto que a média das amostras calculadas experimentalmente

foi de 0,9032 g/cm³.

Tabela 2.2- Massa específica da micela em função do tempo de extração.

mρ - Massa específica em g/cm³

t E1 E2 E3 E4 E5 E6 E7 E8

10 0,6739 0,6738 0,6736 0,6728 0,6618 0,6725 0,6734 0,6735

20 0,6740 0,6740 0,6739 0,6741 0,6722 0,6740 0,6734 0,6748

30 0,6742 0,6743 0,6743 0,6744 0,6748 0,6725 0,6734 0,6748

40 0,6750 0,6747 0,6748 0,6749 0,6750 0,6748 0,6744 0,6755

50 0,6754 0,6755 0,6754 0,6756 0,6768 0,6757 0,6753 0,6759

60 0,6754 0,6758 0,6761 0,6760 0,6772 0,6757 0,6759 0,6762

70 0,6750 0,6758 0,6761 0,6760 0,6771 0,6760 0,6739 0,6763

MÉDIAS

t 10 20 30 40 50 60 70

mρ 0,67285 0,67379 0,67433 0,67480 0,67570 0,67604 0,67603

Fonte: experimentos.

onde: t – tempo, 0..70 minutos, E[1..8]- experimentos.

71

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0,668

0,669

0,67

0,671

0,672

0,673

0,674

0,675

0,676

0,677

0,678

0 10 20 30 40 50 60 70

Tempo (min)

Mas

sa e

spec

ífica

(g/c

m3 )

Figura 2.10 – Evolução da massa específica da micela em função do tempo

de extração - experimental.

0,668

0,669

0,67

0,671

0,672

0,673

0,674

0,675

0,676

0,677

0 10 20 30 40 50 60 70

Tempo (min)

Mas

sa e

spec

ífica

(g/c

m3 )

Figura 2.11 – Evolução média da massa específica da micela.

72

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Tabela 2.3 Massa específica do óleo bruto de girassol (g/cm³).

A1 A2 A3 A4 A5 A6 A7 A8 MÉDIA

olV 100 100 100 100 100 100 100 100 100

olM 90,49 89,61 90,10 90,35 91,01 90,47 90,14 90,42 90,32

olρ 0,905 0,896 0,901 0,903 0,910 0,905 0,901 0,904 0,9032

Fonte: Experimentos.

onde: olρ - massa específica do óleo, olM - massa de amostra de óleo (g), olV -

volume de amostra de óleo (cm³), A[1..8] - amostras.

Massa específica da matéria-prima: estes resultados (tab. 2.4) são da

matéria-prima preparada para extração por solvente em instalação industrial

e refletem a grande porosidade interna e externa das amostras, pois a massa

específica é pequena. Não se encontram dados na literatura acerca desta

característica do girassol para que se possa estabelecer comparações.

Tabela 2.4 Massa específica da matéria-prima girassol (g/cm³).

A1 A2 A3 A4 A5 A6 A7 A8 MÉDIA

MnV 2463 2463 2486 2390 2445 2440 2460 2450 2449

nM 1000 1000 1000 1000 1000 1000 1000 1000 1000

Mnρ 0,406 0,406 0,402 0,418 0,409 0,410 0,406 0,408 0,4083

Fonte: Experimentos.

onde: Mnρ - massa específica da matéria-prima, nM - massa da mostra de

girassol (g), MnV - volume da mostra (cm³), A[1..8] - amostras.

Concentrações de óleo na matéria-prima, micela e constante de

equilíbrio entre as fases: O girassol pode chegar a render de 38 % a 47 % de

sua massa, em óleo (MARQUES, et al., 2006). As amostras utilizadas,

prontas para ingressarem no extrator por solvente, apresentam

aproximadamente a metade desse percentual, pois parte do óleo já foi

73

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extraído na prensa “expeller”. Os resultados da tabela 2.5 são de

características que não estão disponíveis na literatura e são utilizados como

dados de entrada no aplicativo que resolve o modelo matemático.

Tabela 2.5 Concentrações de óleo na matéria-prima, micela e constante de

equilíbrio entre as fases sólida e poro.

E1 E2 E3 E4 E5 E6 E7 E8 MÉDIA

nM 1000 1000 1000 1000 1000 1000 1000 1000 1000

molM 165,7 160,0 148,9 145,3 139,8 131,4 140,1 143,8 146,9

ENg 0,166 0,160 0,149 0,145 0,139 0,131 0,140 0,144 0,1469

RnM 5,060 5,042 5,022 5,051 5,005 5,018 5,007 5,081 5,0359

RolM 0,190 0,189 0,229 0,222 0,186 0,189 0,201 0,187 0,1993

RNg 0,037 0,037 0,046 0,044 0,037 0,038 0,040 0,037 0,0396

Ng 0,203 0,209 0,195 0,202 0,177 0,169 0,180 0,181 0,1895

mg 0,045 0,044 0,053 0,052 0,045 0,047 0,048 0,046 0,0475

dE 0,825 0,856 0,867 0,843 0,831 0,806 0,827 0,803 0,8337

Fonte: Experimentos.

onde: nM - massa de amostra de matéria-prima (g), molM - massa de óleo na

micela (g), ENg - fração mássica de óleo extraída da matéria-prima, R

nM -

massa de amostra de matéria prima residual (g), RolM - massa de óleo

remanescente na porção de matéria-prima (g), RNg - fração mássica de óleo

residual na matéria-prima, Ng - fração mássica total de óleo na matéria-

prima ( ENg + R

Ng ), mg - fração mássica de óleo na micela, dE - constante de

equilíbrio entre as fases sólida e poro, E[1..8] - experimentos..

Variação do percentual de óleo na micela durante a extração: As

amostras de micela coletadas em intervalos regulares durante as simulações

de extração no leito fixo são importantes para estudar a evolução da

74

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passagem de óleo da matéria-prima para o solvente, comparar com os

resultados fornecidos pelo modelo e dar suporte à indústria para a tomada

de decisões acerca do tempo de extração a ser submetida a matéria-prima.

Os resultados denotam um gradiente de extração maior nos primeiros

10 minutos do processo, quando a maioria do óleo passa a compor a micela.

Na tabela 2.6 e na figura 2.12, estão demonstradas as variações do campo

de extração.

Tabela 2.6 Concentração percentual de óleo na micela em

função do tempo de extração.

olmC - Concentração de óleo na micela (%)

t E1 E2 E3 E4 E5 E6 E7 E8

10 3,3062 3,6790 3,4871 3,3766 3,3211 3,1824 3,2052 3,4131

20 3,8579 3,8777 3,9113 3,8302 3,6241 3,7273 3,8730 3,7885

30 4,3411 4,1197 4,2611 4,3627 3,9742 4,0365 4,1450 4,3105

40 4,5220 4,4546 4,5312 4,5309 4,3418 4,3822 4,5831 4,4887

50 4,6018 4,5123 4,5462 4,5835 4,4277 4,4771 4,6304 4,5013

60 4,6322 4,5072 4,5460 4,5835 4,4436 4,5109 4,6319 4,5108

70 4,6241 4,5100 4,5461 4,5834 4,4928 4,5111 4,6303 4,5014

MÉDIAS

t 10 20 30 40 50 60 70

olmC 3,3713 3,8112 4,1938 4,4791 4,5350 4,5432 4,5499

Fonte: experimentos.

onde: t – tempo em minutos, E[1..8] - experimentos..

75

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0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

3,5

4

4,5

5

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70

Tempo (min)

Con

cent

raçã

o (%

)

Figura 2.12 – Evolução da concentração de óleo na micela em função do

tempo de extração.

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

3,5

4

4,5

5

0 10 20 30 40 50 60 70

Tempo (min)

Con

cent

raçã

o (%

)

Figura 2.13– Evolução média da concentração de óleo na micela em função

do tempo de extração.

76

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Porosidades da matéria-prima : As porosidades poro ( pε ) e “bulk” ( bε )

têm relação direta com a eficiência do processo de extração. Os resultados

experimentais para essas grandezas estão na tabela 2.7.

Tabela 2.7- Porosidades do girassol preparado para extração por solvente.

E1 E2 E3 E4 E5 E6 E7 E8 MÉDIA

pV 364 307,2 372,3 350 456 481 352 353 379,43

buV 1645 1620 1540 1610 1543 1535 1590 1574 1582,12

NV 454 535,8 573,7 430 446 424 518 523 488,06

∑V 2463 2463 2486 2390 2445 2440 2460 2450 2449,62

pε 0,445 0,364 0,393 0,449 0,505 0,531 0,404 0,403 0,4370

bε 0,668 0,658 0,619 0,674 0,631 0,629 0,646 0,642 0,6459

Tε 0,816 0,782 0,769 0,820 0,817 0,826 0,789 0,786 0,8009

Fonte: Experimentos.

Massa específica da micela de girassol em função da concentração de

óleo da mesma: Na indústria a eficiência do processo de extração e o correto

preparo da oleaginosa, são aferidos pela concentração de óleo na micela que

sai do extrator. Os sistemas CCC dos extratores modernos possibilitam que

a micela forte tenha entre 15% e 30% de óleo, dependendo da oleaginosa

empregada, preparo da matéria-prima e proporção de solvente utilizada.

Várias vezes ao dia são coletadas amostras de micelas e

determinadas suas concentrações de óleo, em laboratório, para ver se a

extração tem o rendimento esperado. Essas verificações representam um

custo adicional para a indústria e requerem tempo. Às vezes, descobre-se

que o processo não está sendo eficiente, 1 ou 2 horas depois da coleta de

77

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micela para o teste, pela demora do procedimento de determinação da

concentração de óleo presente na mesma.

Visando auxiliar o trabalho das indústrias, foram realizados alguns

experimentos para determinar as massas específicas de micelas com as mais

variadas concentrações de óleo. Em massas aleatórias de óleo bruto de

girassol previamente aferidas foram adicionadas porções diferentes de

solvente hexano, homogeneizadas as misturas, verificadas as novas massas

das micelas formadas, bem como seus volumes. A seguir calculadas suas

massas específicas com a fórmula (2.15). Os resultados estão na tabela 2.8.

Tabela 2.8- Massa específica x Concentração percentual mássica

de óleo na Micela.

Amostra olmM mM mV mρ ol

mC

A1 0,5328 33,558 50 0,6712 1,58

A2 1,6010 33,830 50 0,6766 4,73

A3 1,9072 20,682 30 0,6894 9,22

A4 1,9972 17,257 25 0,6903 11,57

A5 2,8972 14,079 20 0,7040 20,58

A6 15,8270 37,221 50 0,7444 34,46

A7 13,2635 36,754 50 0,7351 36,08

A8 11,0872 28,470 38,5 0,7395 38,94

A9 15,8270 32,810 43,3 0,7577 48,24

A10 13,6635 26,804 35 0,7658 50,97

A11 14,8635 24,021 29,5 0,8143 61,88

A12 24,5988 30,452 36 0,8458 80,77

Fonte: Experimentos.

78

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sendo: olmM -massa de óleo na micela (g), mM -massa de micela (g), mV -volume

de micela (cm³), mρ -massa específica de micela (g/cm³), olmC -concentração

mássica de óleo na micela (%).

Para confirmar a exatidão dos resultados experimentais, tendo

presentes as massas específicas do solvente hexano e do óleo bruto de

girassol, foram calculadas algumas massas específicas com concentrações

de óleo pré-estipuladas, pela fórmula:

1]100/)/)100(/[( −−+= heolmol

olmm CC ρρρ (2.17)

onde: olρ - massa específica do óleo de girassol (g/cm³), heρ - massa específica

do solvente hexano (g/cm³).

Posteriormente foram interpolados os valores obtidos com a fórmula

(2.17) entre as massas específicas do solvente hexano (concentração de óleo

igual a 0%) e do óleo bruto de girassol (concentração de óleo igual a 100%) e

estabelecida uma relação matemática (2.18), com a qual é possível calcular

em poucos segundos a concentração de óleo em uma porção de micela de

girassol de qualquer massa específica.

Com este processo simples, mas eficiente, a indústria pode saber,

logo após o momento da coleta de micela, o desempenho da extração, tendo

a mão apenas um densímetro ou uma proveta volumétrica e balança

analítica de precisão.

A função criada:

22,6014,253.185,530)( 2 −+−= mmmolmC ρρρ ; (2.18)

tem domínio entre 0,67 e 0,91 e imagem entre 0 e 100. Através dela foi

construída uma classificação que relaciona várias massas específicas de

micelas de óleo de girassol/hexano com suas respectivas concentrações

mássicas de óleo. Essas relações estão na tabela 2.9.

Os dados obtidos experimentalmente se coadunam com os valores

calculados. Estes confirmam aqueles e, vice-versa. Um comparativo entre

ambos pode se visualizado na figura 2.14.

79

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Tabela 2.9- Massa específica da micela de girassol ( mρ ) x Concentração mássica de óleo na micela ( ol

mC ).

mρ (g/cm³) olmC (%) mρ (g/cm³) ol

mC (%) mρ (g/cm³) olmC (%)

0,670 0 0,704 14,17 0,732 25,83

0,673 1,88 0,705 14,58 0,733 26,25

0,676 3,49 0,706 19,09 0,734 32,78

0,679 5,09 0,707 19,59 0,735 33,25

0,680 4,17 0,708 20,09 0,736 33,72

0,681 5,63 0,709 20,59 0,737 34,19

0,682 6,69 0,710 21,09 0,739 35,13

0,683 7,22 0,711 21,59 0,740 35,60

0,684 7,74 0,712 22,09 0,741 36,07

0,685 8,27 0,713 22,59 0,742 36,54

0,686 8,80 0,714 23,08 0,743 37,00

0,687 9,32 0,715 23,58 0,744 37,46

0,688 9,84 0,716 24,07 0,745 37,93

0,689 10,37 0,717 24,56 0,746 38,39

0,690 10,89 0,718 25,06 0,747 38,85

0,691 11,41 0,719 25,55 0,748 39,31

0,692 11,93 0,720 26,04 0,749 39,77

0,693 12,45 0,721 26,52 0,750 40,23

0,694 12,96 0,722 27,01 0,760 44,75

0,695 13,48 0,723 27,50 0,770 49,16

0,696 13,99 0,724 27,98 0,780 53,46

0,697 14,51 0,725 28,47 0,790 57,66

0,698 15,02 0,726 28,95 0,800 61,76

0,699 15,53 0,727 29,43 0,810 65,74

0,700 16,04 0,728 29,91 0,830 73,40

0,701 16,55 0,729 30,39 0,860 84,09

0,702 17,06 0,730 30,87 0,890 93,82

0,703 17,57 0,731 31,35 0,910 100 Fonte: Cálculos conforme equação 2.18.

80

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0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

0,67 0,69 0,71 0,73 0,75 0,77 0,79 0,81 0,83 0,85 0,87 0,89 0,91Massa Específica (g/cm³)

Con

cent

raçã

o (%

)

CálculoExperimentosPolinômio

Figura 2.14– Massa específica da micela de girassol x concentração

mássica percentual de óleo.

2.4 Comparação de Resultados com Dados da Soja e Arroz

A comparação dos resultados experimentais, relativos ao girassol

preparado para extração, com dados referentes à soja e ao arroz permite

compreender as variações nos tempos de extração, que são diferenciados de

uma para outra espécie.

A baixa massa específica da matéria-prima do girassol denota que

suas porosidades são elevadas. Ainda que as diferenças de massas

específicas não sejam tão salientes, as porosidades determinadas de

amostras de girassol são acentuadamente maiores do que as do arroz e da

soja, descritas na literatura (MAJUMDAR et al., 1995 e THOMAS, 2003). Na

tabela 2.10 é feita uma comparação entre as porosidades, massas específicas

e constantes de equilíbrio entre a fase poro e sólida do girassol, da soja e do

arroz.

81

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Tabela 2.10- Comparativo entre características da soja , arroz e girassol,

preparados para extração.

Girassol Soja Arroz

bε 0,6459 0,321 0,400

pε 0,4370 0,366 0,300

dE 0,8337 0,190 0,203

Mnρ 0,4083 0,564 0,592

bε - porosidade “bulk”, Mnρ - massa específica da matéria-prima (g/cm3).

dE - constante de equilíbrio, pε - porosidade poro.

82

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3 MODELO MATEMÁTICO E PROGRAMA COMPUTACIONAL

Neste capítulo é demonstrado o esquema físico da extração em leito

fixo (3.1), as equações utilizadas na modelagem (3.2), o método de solução

empregado com tópicos do algoritmo de cálculo (3.3) e uma sucinta

descrição do programa (3.4). Os modelos para leito fixo propostos por

MAJUMDAR, et al. (1995) e MOREIRA (1998), aqui são considerados, com as

adaptações necessárias dadas às particularidades do equipamento utilizado

na pesquisa.

3.1 Esquema Físico da Extração em um Leito Fixo

O leito fixo (Fig. 2.1) é um sistema constituído de uma coluna vertical

dentro da qual é depositada uma carga de partículas sólidas de matéria-

prima como, por exemplo: girassol, que permanecem imóveis durante o

processo de extração. O solvente entra no topo desta coluna e percola entre

as partículas extraindo o soluto (óleo) contido nelas.

Cada partícula de matéria-prima é constituída por duas fases, a fase

poro ( pε ) (porosidade interna da partícula) e a fase sólida ( N ), ambas

contendo certa quantidade de óleo. Os espaços entre as partículas de

matéria-prima formam a fase ou porosidade “bulk” ( bε )(porosidade externa

ou do leito), onde ocorre a percolação da micela.

Existe um equilíbrio entre a concentração de óleo contida na

porosidade interna da matéria-prima e na sua fase sólida. À medida que o

solvente percola por entre as partículas, entrando em contato com o óleo da

fase poro, por difusão, este se transfere para a micela, buscando um

equilíbrio entre as concentrações dessas duas fases, poro e “bulk”.

Em função da contínua busca pelo equilíbrio que se dá no processo,

entre as porosidades interna e externa, a concentração da fase poro diminui.

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Isto faz com que, também continuamente, uma nova relação de equilíbrio se

dá entre a fase poro e a fase sólida da matéria-prima ocorrendo a

transferência de óleo da matriz sólida para a fase poro.

Portanto, de maneira contínua, o óleo abandona a fase sólida da

matéria-prima e se transfere para a fase poro e, desta, por sua vez para a

fase “bulk”.

A mistura enriquecida sai do leito através do fundo perfurado e é

continuamente recirculada até que se estabeleça uma condição de equilíbrio

estacionária entre as três fases da matéria-prima, ocasião em que a extração

está concluída.

Por conseguinte, no modelo de leito fixo que está ligado à extração de

óleo de girassol, os fenômenos considerados são:

- transferência do óleo contido na fase sólida para a fase poro;

- percolação da micela pela matéria-prima;

- transferência do óleo da fase poro para fase “bulk”;

- difusão pela coluna;

- refluxo da micela.

As hipóteses simplificadoras implantadas no modelo matemático são

as seguintes:

- no interior da partícula, na fase poro, a concentração de óleo é

uniforme;

- não existem gradientes de concentrações radiais na fase “bulk”;

- as porosidades das partículas e do leito são constantes e uniformes;

- a temperatura é constante e uniforme;

- durante o processo de extração não há geração de calor na mistura;

- as paredes celulares da matéria-prima estão totalmente rompidas.

84

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Figura 3.1 - Esquema principal dos processos no leito fixo.

Concebe-se (MAJUMDAR, et al., 1995; MOREIRA, 1998; THOMAS,

2003 e VELOSO, 1999) que os meios porosos da matéria-prima e as relações

de troca se dão de acordo com o esquema apresentado na (fig. 3.2), sendo:

Figura 3.2 – Esquema das porosidades da matéria-prima e transferências

de óleo entre as fases.

Entrada de solvente / micela

Sentido da difusão do óleo na fase “bulk”.

Fragmento do leito com partículas de matéria-prima.

Saída de micela

Reservatório de micela Bomba de recirculação

85

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fluxo de micela (1), difusão do óleo da fase poro (2), fase poro (3), fase

sólida da matéria-prima e passagem do óleo para a fase poro (4), partícula

de matéria-prima (5).

Impende suscitar que, se a porosidade “bulk” ( bε ) é grande, a

percolação é facilitada e a extração é mais rápida, porém a concentração

na saída do extrator é menor, aumentando a vazão de micela e consumo

para o seu bombeamento. Se, ao invés, a porosidade poro é grande ( pε ),

há uma retenção maior de micela ao final do processo, aumentando os

gastos com dessolventização, porém, a taxa de extração é mais favorável

com uma maior concentração na micela.

Ao analisar as porosidades da matéria-prima e as relações de troca

entre as fases, deve-se considerar, também, a área específica de contato ( pa )

entre as fases poro e “bulk”, pois ela é de salutar importância no processo de

extração. Quanto maior é o tamanho da partícula, menor a área específica

de contato, o que prejudica a difusão entre as porosidades, eis que a micela

não alcança, com eficiência, as cavidades internas cercadas por grandes

volumes sólidos de matéria-prima. Ao fazer a divisão em partículas menores,

é multiplicada a área de contato com porosidades internas. Logo, quanto

menor a partícula, maior o pa , e maior é a difusão do soluto entre as duas

fases. Para melhor compreensão, as figuras 3.3 e 3.4, demonstram as áreas

específicas de contato, bem como o seu aumento, pela divisão da partícula

de matéria-prima.

Figura 3.3 – Representação da área específica de contato ( pa ) entre as fases

poro e “bulk”.

86

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Figura 3.4 – Representação do aumento da pa entre as fases, pela divisão da

partícula.

A determinação do pa é difícil de ser realizada. Sem equipamentos

eletrônicos sofisticados isso se torna inviável de maneira direta pois, o

conhecimento das porosidades interna e externa não é suficiente,

necessita-se conhecer qual o somatório das áreas de acesso às porosidades

internas e relacioná-la com a área total das partículas.

Para determinar o valor do pa a ser utilizado neste trabalho, foram

feitas simulações numéricas com base nos demais dados da matéria-prima

obtidos experimentalmente usando-se, num primeiro momento, para o pa

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hipoteticamente, consideraram um fluxo constante de solvente puro no leito

de extração, o que é inviável econômica e operacionalmente em instalação

real. Neste trabalho, realizaram-se adaptações, com o acréscimo de uma

equação para o cálculo da concentração média de óleo no reservatório de

micela, em função do refluxo de micela por diversas vezes pelo leito, através

de uma bomba de recirculação.

As equações são obtidas com base no esquema de extração (fig 3.1) e

tendo em vista os balanços de massa para a micela e óleo no elemento do

volume de altura zΔ , dado por Az ⋅Δ , sendo A a área da secção transversal

do extrator experimental de leito fixo.

Equação da continuidade da fase micela “bulk”.

Consideram-se os seguintes fluxos entrando e saindo no elemento

volume de controle em estudo:

1. Vazão de massa ingressando através da secção transversal em z:

[ ]zsbv UA 1ρε (3.1)

2. Vazão de massa saindo através da secção transversal em z + Δz:

[ ]zzsbv UA

Δ+1ρε (3.2)

A vazão mássica de contribuição da transferência da massa do soluto

(óleo) da fase “bulk”, no elemento de volume é dada por:

)()1( 1 CCazAK ppbvf −−Δ ρε (3.3)

Realizando o balanço de massa para o elemento de volume resulta:

(vazão mássica da micela entrando pela face z + vazão da contribuição pela

difusão da fase poro para a “bulk”) = (vazão mássica da micela de saída

através da face z + Δz).

Com Δz tendendo a zero e reordenando a equação resulta:

( )CCakz

Uppf

b

bs −−

=∂∂

εε1 (3.4)

88

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Esta equação é sujeita as seguintes condições de contorno:

Para: z = 0, os UU = , quando t = 0...tf.

Tanto a equação quanto a condição de contorno podem ser tomadas

como grandezas adimensionais usando:

o

s

UU

U = , z = x . L , L

tU .0=τ . (3.5)

Resultando:

⎟⎟⎠

⎞⎜⎜⎝

⎛ −−=

∂∂

b

bpfp

o

CCKaUL

zU

εε1

)( (3.6)

Usando os grupos adimensionais (Sherwood, Peclet):

;AB

pf

Ddk

Sh = ;0

AB

pin D

dUPe =

in

f

PeSh

Uk

=0

(3.7)

Assim, tem-se a equação final:

( )CCPeShLa

zU

pin

pb

b −−

=∂∂ )(

1εε

. (3.8)

Equação da continuidade das espécies na fase “bulk”.

A equação da continuidade de óleo na fase “bulk” é caracterizada por

expressar a variação da concentração de óleo na micela pelo tempo, no

elemento de volume:

( ) +⎟⎠

⎞⎜⎝

⎛Δ−

+−=∂∂

Δ ++− z

CCDCUCU

tC

z iibABbiiii

ib

111 εεε (3.9)

+ ⎟⎠⎞

⎜⎝⎛

Δ− −

zCC

D iibAB

1ε + ( ) ( )ipipfb CCazK −Δ−ε1

Da qual resulta:

( )CCakzC

Dz

UCt

Cppf

b

bAB −⎟⎟

⎞⎜⎜⎝

⎛ −++−=

εε

∂∂∂

∂∂ 1

2

2

(3.10)

Aplicando a mesma troca de variáveis feita anteriormente:

89

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( )CCakxC

LD

xVC

LUC

LU

ppfb

bABoo −⎟⎟⎠

⎞⎜⎜⎝

⎛ −++−=

εε

∂∂∂

∂τ∂ 1

2

2

2 (3.11)

Então:

( )CCLaUk

zC

LUD

xUCC

ppo

f

b

b

o

AB −⎟⎟⎠

⎞⎜⎜⎝

⎛ −++−=

εε

∂∂∂

∂τ∂ 1

2

2

(3.12)

Todavia:

LPed

LUD

in

pAB −=0

e in

f

PeSh

Uk

=0

(3.13)

Logo, temos:

( ) ( )CCPeShLa

xC

Ld

PexUCC

pin

pb

bp

in

−⎟⎟⎠

⎞⎜⎜⎝

⎛ −++−=

εε

∂∂

∂∂

∂τ∂ 11

2

2

(3.14)

Equação da continuidade da espécie “óleo” na fase poro:

A fase poro mantém-se em equilíbrio com a fase sólida e, ao mesmo

tempo, sofre uma operação de transferência de óleo para a fase micela

“bulk”, buscando um constante equilíbrio, também, com esta fase. Temos

então a equação inicial:

( ) ( )CCaktN

tC

ppfpp

p −−−−=∂

∂∂εε 1 (3.15)

Contudo:

t

C

CN

tN p

p ∂

∂∂

∂∂

= (3.16)

Com a substituição e fatorando resulta:

( ) ( ) 01 =−+⎥⎥⎦

⎢⎢⎣

⎡−+

∂CCak

CN

tC

ppfp

pbp

∂∂εε (3.17)

Usando das mesmas substituições de variáveis como fora feito para

as outras equações e reorganizando, obtém-se:

90

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( ) ( ) 01 =−+⎥⎥⎦

⎢⎢⎣

∂∂

−+∂

∂CCaK

CNC

LU

ppfp

pbpo εετ

; (3.18)

Assim:

( ) ( )( ) 01 =−+⎥⎥⎦

⎢⎢⎣

⎡−+

∂CCLa

UK

CNC

ppo

f

ppb

p

∂∂εε

τ; (3.19)

Dividindo a equação por bε e substituindo pelos grupos

adimensionais convenientes resulta:

( )( ) 0111 =−+

⎥⎥⎦

⎢⎢⎣

∂∂

⎟⎟⎠

⎞⎜⎜⎝

⎛ −+

∂CCLa

PeSh

CNC

ppibpb

bp

εεε

τ (3.20)

O número de Sherwood (Sh) é dado por:

42,034,0Re4,2 ScSh = válido para 0,08 < Re < 0,125 (3.21)

42,069,0Re44,0 ScSh = válido para 0,125 < Re < 5000 (3.22)

A relação de equilíbrio, entre o óleo residual do grão, N, e a

concentração de óleo na micela poro, pC , obtida experimentalmente para a

matéria-prima girassol, é dada por: pCN 8337,0= .

Equação da concentração média da micela no reservatório:

Em processo contínuo a micela é bombeada do reservatório e percola

pelo leito de extração, retornando ao reservatório com concentração

aumentada, até o estabelecimento do equilíbrio. A concentração média da

micela no reservatório representa a concentração “bulk” inicial para cada

nova percolação da micela pelo leito. A concentração média no reservatório é

deduzida baseada na lei da conservação de espécie, no caso, óleo. A

concentração C , durante τΔ , varia de acordo com:

)(τττ

CCVb −Δ+

(3.23)

91

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sendo: bV - volume de micela no reservatório; C - concentração de óleo no

reservatório.

A entrada de óleo no reservatório é dada por:

τπε Δ2RUC bL (3.24)

A saída:

τπε Δ2RUC b (3.25)

Considerando a conservação do óleo na micela e vAR =2π - área

transversal do leito fixo, tem-se:

τπετπετττ

Δ−Δ=−Δ+ 22)( RUCRUCCCV bbLb (3.26)

Trabalhando a equação (3.26) obtém-se:

b

Lvb

VCCAUCC )()( −

=Δ−

Δ+ε

τ

τττ

(3.27)

Passando ao limite 0→Δτ , resulta:

b

Lvb

VCCAU

dCd )( −=

ετ

(3.28)

Então tem-se as seguintes equações do modelo matemático usado

neste trabalho:

( )CCPeShLa

zU

pin

pb

b −−

=∂∂ )(

1εε

, (3.8)

( ) ( )CCPeShLa

xC

Ld

PexUCC

pin

pb

bp

in

−⎟⎟⎠

⎞⎜⎜⎝

⎛ −++−=

εε

∂∂

∂∂

∂τ∂ 11

2

2

, (3.14)

( )( ) 0111 =−+

⎥⎥⎦

⎢⎢⎣

∂∂

⎟⎟⎠

⎞⎜⎜⎝

⎛ −+

∂CCLa

PeSh

CNC

ppinbpb

bp

εεε

τ, (3.20)

b

Lvb

VCCAU

dCd )( −=

ετ

. (3.28)

92

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3.3 Métodos de Solução e Algoritmo

Como no extrator de leito fixo a matéria-prima fica estática na coluna

de extração e a micela se movimenta no sentido vertical, em tese, não há

diferenças de concentração de óleo em pontos diversos localizados em uma

mesma altura do extrator. Essa é uma simplificação adotada no modelo: não

existem gradientes de concentrações radiais na fase “bulk”.

Pode-se inferir que para cada altura do leito, durante o processo de

extração, haverá uma concentração diferente de óleo na micela, em função

da percolação da micela pela gravidade e da difusão do óleo em sentido

ascendente. Significa que se for dividida a zona de extração em “n” camadas

(cortes na horizontal), têm-se “n” concentrações diferentes na micela. Estas

concentrações de cada camada são inter-relacionadas com as da camada

anterior e da posterior.

A partir das concepções acima, e à luz dos métodos para resolução

de Equações Diferenciais Ordinárias (EDO’s) e de discretização de Equações

Diferenciais parciais (EDP’s), optou-se por usar o método de linhas, para

semi-discretizar as derivadas parciais contínuas relativas ao espaço,

substituindo-as por fórmulas descontínuas de diferenças. Em seguida, para

resolução das EDO’s resultantes, utilizar o método de Runge-Kutta de 4ª

ordem.

Para utilização deste método e implementação do algoritmo de cálculo

foi salutar o particionamento do leito de extração em “n” camadas de

espaçamento constante (fig. 3.5). E, para viabilizar o método de linhas,

inseriu-se mais duas falsas camadas: a camada “0”, anterior a primeira e a

camada “n+1”, posterior a última. A concentração média no reservatório (C )

nos dá a concentração inicial ( 0C ) na falsa camada “0” ( 0C ).

93

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Figura 3.5 – Esquema da divisão da zona de extração em camadas.

onde, para a “i – ésima” camada, temos: iC - camada; iC - concentração

“bulk”, piC - concentração poro e, iU - velocidade na entrada da camada. O

uso do esquema nos dá:

iC para i = 0, ..., n+1; (3.29)

piC para i = 1, ..., n; (3.30)

iC para i = 0, ..., n+1; (3.31)

iU para i = 1, ..., n+1. (3.32)

Discretizando as derivadas espaciais do sistema de ED’s (Equações

(3.8), (3,14) e (3,20),

o termo: ( )x

UC∂

∂ torna-se x

CUCU iiii

Δ− +− 11 , (3.33)

o termo: 2

2

xCi

∂∂ torna-se 2

11 2x

CCC iii

Δ+− −+ , (3.34)

1+nC

pCCC 111 ,,

piii CCC ,,

pnnn CCC ,,

C

iU

1+iU

nU

1+nU

2U

sq

sQ

1U

94

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o termo: dxdU torna-se

xUU ii

Δ−+1 . (3.35)

Considera-se, também, o uso de números adimensionais, já

incorporados às equações do sistema, e variáveis adimensionais: 0U

UU s= ,

Lzx = ,

LtU 0=τ , onde: sU - velocidade real, oU - velocidade inicial,

x - distância real, L - altura do leito.

A velocidade de percolação da micela no leito (equação 2.8) é uma

relação não dependente do tempo (não inclui derivadas temporais), logo:

xCCShKUU ipiii Δ−+=+ )(.11 (3.36)

Substituindo-se a relação anterior (3.37) nas equações discretizadas,

para cada uma das camadas do esquema de extração (fig. 3.5), tem-se um

sistema de equações diferenciais ordinárias:

..................................................................................................

111112012

212011 )(.

)2(.

)(fxCCShK

xCCC

Kx

CUCUddC

p ≡Δ−+Δ

−−+

Δ−

111131 )(. ϕ

τ≡−= CCShK

ddC

pp (3.37)

.................................................................................................

22221223

223122 )(.

)12(.

)(fxCCShK

xCCC

Kx

CUCUd

dCp ≡Δ−+

Δ−−

+Δ−

222232 )(. ϕ

τ≡−= CCShK

ddC

pp (3.38)

..................................................................................................

. . .

...................................................................................................

iipiiiiiiiiii fxCCShK

xCCC

Kx

CUCUddC

≡Δ−+Δ

−−+

Δ−

= −++− )(.)2(

.)(

1211

211

τ

iipiipi CCShK

ddC

ϕτ

≡−= )(.3 (3.39)

....................................................................................................

95

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A falsa camada “n+1”, que está além da última camada de matéria-

prima, foi acrescida somente para facilitar os cálculos e, possui a mesma

concentração “bulk” que a anterior. Logo:

ττ ddC

ddC nn =+1 (3.40)

com isso temos a condição de contorno:

0=dxdC (3.41)

Os dados iniciais são conhecidos. A concentração “bulk” na falsa

camada 0C é nula eis que é representada pelo solvente puro. Já, a

concentração poro é a quantidade de óleo existente na matéria-prima

utilizada.

As condições iniciais são:

iCC = , i = 1 ... n; (3.42)

pip CC = , i= n+2 ... 2n+2; (3.43)

iCC = , i = n+1; (3.44)

0=∂∂τ

iC , i = n. (3.45)

A variação da concentração de óleo ( iC ) pelo tempo, no refluxo

contínuo da micela pode ser representada por:

∫ −=Δ−

Δ+L

Ss

b CQdzzCL

QVCC0

),( ττ

τττ

(3.46)

Logo:

∫ −=L

b

S

b

Si

VCQdzzC

LVQ

dCd

0),( τ

τ (3.47)

Assim:

∫+

−+

=L

S

Ssi

bSs

Si

QQqCdzzC

LVQqQ

dCd

0

2 )(),(1()(

ττ

(3.48)

96

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onde: T

Si Q

QCC = , com: sq - fluxo de entrada, SQ - fluxo de saída, TQ - fluxo

total, bV - volume do reservatório de micela.

Nas equações do sistema (3.39) os coeficientes K1, K2 e K3 são

calculadas inicialmente e são mantidas constantes, por:

inb

pb

PeLa

K.

.)1(1 ε

ε−= (3.49)

).(2 LPed

Kin

p= (3.50)

)8337,01(

1

3

p

in

p

p PeLa

K

ε

ε

+= (3.51)

Outras variáveis intermediárias são dadas por:

μρpd

S =1 (3.52)

ABDS

ρμ

=2 (3.53)

0UL

t ff

τ= (3.54)

LaA p=1 (3.55)

p

AB

dDA =2 (3.56)

ABDLA =3 (3.57)

μρpdU

A 04 = (3.58)

Através do 4A equação (3.58), tem-se o número de Reynolds inicial.

97

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Sendo: 4A < 0,125, 42,034,0Re ScSh =

4A ≥ 0,125, 42,069,0Re442,0 ScSh = . (3.59)

Assim, para cada camada do leito, no sistema de equações, verifica-se

a condição do número de Reynolds, através da relação:

1Re SU i= , (3.60)

após, o número de Sherwood (Sh) por (3.59) e, ainda, as velocidades em

cada seção pela fórmula:

)(11 ipiiii CCdxShKUU −+=+ . (3.61)

Na seqüência, para a obtenção da variação da concentração “bulk”

em cada camada ( if ) são necessários dois valores intermediários, a e b,

dados por:

iiii CUCUa 11. +− −= (3.62)

.)/()2( 2211 dxKCCCb iii −+ +−= (3.63)

Desse modo calcula-se if por:

)(1 ipiii CCShKbx

af −++Δ

= . (3.64)

E, para a ultima equação:

nn ff =+1 . (3.65)

Já, para a variação da concentração poro em cada camada ( iϕ ) usa-

se a expressão:

)(3 ipii CCShK −−=ϕ . (3.66)

Para a utilização do método de Runge-Kutta, o intervalo de

integração: 0... ft é dividido em subintervalos:

0,...,1; 1,...,2; 2,...,3; 3,...,4; ..... m-1,...,m; m,...tf.

onde tf é o tempo final e m é o número inteiro imediatamente anterior a tf.

São utilizados 200 passos de integração (constantes) por subintervalo e,

98

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cada intervalo tem como dados iniciais os resultados obtidos no cálculo do

intervalo anterior.

3.4 Descrição do Programa FIXEDBED

O algoritmo de cálculo implementado em Linguagem C++, o qual

denominamos FIXEDBED, foi adaptado do programa utilizado por MOREIRA

(1998), tendo como modificação principal a recirculação de micela no leito e

o acúmulo da concentração “bulk”. O mesmo pode ser utilizado para simular

extrações, visando detectar se a eficiência do processo será satisfatória para

determinada matéria-prima, podendo-se variar parâmetros como

concentração de óleo, porosidade poro, porosidade “bulk”, altura da camada

de matéria-prima no extrator, área específica de contato entre as fases poro

e “bulk”, fluxo de solvente, volume do reservatório, dentre outras. O

programa principal é ligado a arquivos de dados iniciais e de resultados.

Figura 3.6 – Fluxograma das ligações do programa principal.

Os dados iniciais ficam armazenados no arquivo DADOSGIR.txt e são

lidos pelo programa para fazer a simulação.

FIXEDBED Programa principal

RESULTADOS NA TELA

RESULTGIR.txt

DADOSGIR.txt

99

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Figura 3.7 – Arquivo de dados iniciais DADOSGIR.txt.

As variáveis do arquivo de dados iniciais usadas como operadores no

programa têm seus significados demonstrados na tabela 3.1.

Os resultados das simulações numéricas são armazenados no

arquivo RESULTGIR.txt e demonstradas na tela.

O programa principal tutora todos os cálculos da simulação. Para

isso, lê os dados iniciais, realiza os cálculos preliminares e posteriormente

chama a função RKDUMB para resolver o sistema de equações diferenciais

por Runge-Kutta. A integração por Runge-Kutta, por sua vez requer a

chamada de outras duas funções: DERIVS e RK4. A função DERIVS calcula

as derivadas e RK4 realiza um passo de integração com o auxílio da

primeira.

Outras funções auxiliares também são usadas para informar quando

ocorre algum erro de abertura de arquivo ou processamento e para reservar

e liberar espaços para vetores e matrizes.

100

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Tabela 3.1 – Dados iniciais (arquivo DADOSGIR.txt)

Operador Símbolo Unidade Significado

n n - Número de camadas do leito fixo.

Lr L m Altura da matéria-prima no leito fixo.

tp t s Tempo de extração.

dt dt - Passo de variação de tempo.

ap pa m-1 Área específica de contato entre as fases poro e “bulk”.

dp pd m Diâmetro médio da partícula.

esb bε - Porosidade externa (“bulk”).

esp pε - Porosidade interna (poro).

dif ABD m²/s Coeficiente de difusão da fase “bulk”.

vis η Pa.s Viscosidade da fase “bulk”.

den mρ Kg/m³ Massa específica da micela.

Ed dE - Constante de equilíbrio entre as fases.

Ci C - Concentração de óleo na micela.

Cp pC - Concentração de óleo na fase poro.

qs sQ m³/s Fluxo de entrada de micela no extrator.

av vA m² Área transversal do extrator.

vb bV m³ Volume de micela no reservatório.

101

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4 SIMULAÇÕES NUMÉRICAS

Com o uso do programa que resolve o modelo matemático realizaram-

se simulações numéricas de extrações de óleo vegetal de girassol nas mais

variadas condições. Esta é a principal vantagem do uso do aplicativo, eis que

pode ajudar as indústrias a prever resultados sem a necessidade de

aviltantes gastos que seriam necessários fazendo tentativas a campo em

seus extratores de grande porte.

Matérias-primas de maior ou menor qualidade puderam ser testadas,

variando as porosidades poro e “bulk” ou a concentração inicial da fase poro.

De outra parte, a área específica de contato entre as fases e o diâmetro

médio das partículas foram modificadas para verificar se o preparo da

oleaginosa para extração é o melhor. Ainda, foi possível determinar

quantidades diferentes de solvente usado no reservatório e suas influências

no processo.

Por meio dessas dinâmicas é possível apurar as melhores condições

de tempo de extração, preparo e quantidade de matéria-prima no leito, fluxo

e quantidade de solvente, para que se tenha uma extração eficiente, logo,

mais viável economicamente para a instalação industrial.

As dimensões e características do equipamento laboratorial de leito

fixo (fig.2.2) bem como os dados médios das matérias-primas como

porosidades, massas específicas, etc, obtidos experimentalmente com base

no equipamento foram usados como dados de entrada no programa (fig 3.7)

e, esse regime de funcionamento do extrator e do programa denominou-se de

regime básico. Uma ilustração comparativa entre a simulação numérica do

regime básico e a média dos resultados experimentais está demonstrada na

figura 4.1. A análise comparativa entre os dados experimentais e numéricos

revela um erro relativo médio de 3,51%.

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0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

3,5

4

4,5

5

0 10 20 30 40 50 60Tempo (min)

Con

cent

raçã

o (%

)

Numérico

Experimental

Figura 4.1 – Variação da concentração de óleo na micela (C ) pelo tempo.

Comparativo entre a simulação numérica (regime básico) e experimental.

O modelo matemático também se mostrou sensível às diferenças de

concentração nas “n” camadas do leito (foram consideradas 15 camadas). Na

figura 4.2 podem-se verificar as diferenças de concentração de óleo na

micela da primeira camada (L/15 – entrada do extrator), para a camada

intermediária (L/2 – metade da altura do extrator) e para a última camada

(L – saída do extrator).

Verifica-se que logo após o início do processo de extração já existe

uma diferença entre as concentrações (fig. 4.2). Essa diferença é maior entre

o 5º e 30º minuto de extração e diminui quando o gradiente de transferência

de óleo da matéria-prima para a micela já é pequeno, vindo a não mais

existir quando o processo de extração está findo e, o sistema já está em

equilíbrio. Neste último momento, por volta do 60° minuto, em todas as

camadas e no reservatório de micela, a concentração de óleo (C ) é a mesma.

103

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No instante em que a diferença nas concentrações entre a primeira

(L/15) e a última camada (L) é maior, observa-se uma diferença de

concentração de 5,47% (4,24% em L e 4,02% em L/15).

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

3,5

4

4,5

5

5,5

0 10 20 30 40 50 60Tempo (min)

Con

cent

raçã

o (%

)

L

L/2

L/15

Figura 4.2– Variação da concentração de óleo na micela (C ) pelo tempo em

três camadas do leito

Da mesma forma, através da simulação numérica, viu-se o

comportamento da variação da concentração de óleo na matéria prima ou

concentração poro ( pC ), diminuindo a medida que o óleo migra para a

micela. É praticamente imperceptível a diferença entre as concentrações,

para um mesmo instante de tempo, em cada camada do leito, o que significa

que a extração ocorre de maneira uniforme. Esse comportamento é mostrado

na figura 4.3, para a camada superior do leito (L/15), na camada

intermediária (L/2) e na última camada (L).

104

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0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

20

0 10 20 30 40 50 60Tempo (min)

Con

cent

raçã

o (%

)

L/15

L/2

L

Figura 4.3– Variação do pC em função do tempo em três camadas do leito.

Outras simulações numéricas foram realizadas para analisar os

efeitos de variações dos dados iniciais no resultado da extração e a seguir

são explicitadas. Num primeiro momento variou-se uma só característica da

matéria-prima, extrator ou solvente, registrando-se o comportamento

desencadeado na extração Após, fez-se alterações combinadas entre dois ou

mais dados e, novamente, foram consideradas as alterações no

comportamento do processo.

4.1 Efeitos na Simulação para Diferentes Porosidades “Bulk”

É de salutar importância analisar o resultado de mudanças na

porosidade “bulk” (externa), eis que a mesma influencia diretamente o

processo. Se a porosidade “bulk” for pequena, a percolação é dificultada,

mas haverá uma densidade maior de matéria-prima e, conseqüentemente,

105

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uma presença maior de óleo por unidade de volume. Já, sendo grande a

porosidade, a percolação e extração são facilitadas, todavia, a concentração

de óleo na micela será menor e os gastos com energia para extração de uma

mesma quantidade de óleo será superior.

Alterando-se tão somente a porosidade, a partir do regime básico,

constatou-se uma esperada variação de concentração de óleo na micela para

diferentes porosidades do leito. À medida que a porosidade aumenta,

diminui a concentração de óleo na micela. É de se registrar que pequenas

alterações (20%) nas porosidades do regime básico resultam em diferenças

substanciais nos resultados, conforme mostra a figura 4.4.

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

3,5

4

4,5

5

5,5

6

0 10 20 30 40 50 60Tempo (min)

Con

cent

raçã

o (%

)

Eb: 0.60

Eb: 0.625

Eb: 0.65

Eb: 0.675

Eb: 0.70

Figura 4.4 – Concentração de óleo na micela (C ) na saída do extrator em

função do tempo para diferentes porosidades “bulk” ( bε ).

Para a alteração da concentração de óleo na matéria prima ou

concentração poro ( pC ) os resultados com o uso de diferentes porosidades

70,0:675,0:65,0:625,0:60,0:

b

b

b

b

b

εεεεε

106

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“bulk” explicitam resultados mais próximos entre si. Verifica-se que os

mesmos são coerentes e se coadunam com o esperado à luz do coeficiente de

equilíbrio dE . A variação do pC é mostrado na figura 4.5.

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

20

0 10 20 30 40 50 60Tempo (min)

Con

cent

raçã

o (%

)

Eb: 0.60

Eb: 0.625

Eb: 0.65

Eb: 0.675

Eb: 0.70

Figura 4.5 – Concentração de óleo na matéria-prima em função do tempo

para diferentes porosidades “bulk” ( bε ).

4.2 Resultados para Diferentes Porosidades Poro das Partículas

A porosidade interna (poro) também tem um papel importante no

desempenho da extração pelos mesmos motivos elencados no item anterior

relativos a porosidade “bulk”. Se a porosidade poro for muito pequena,

haverá uma área de contato entre as fases, também pequena, dificultando

um pouco a extração. Porém, se muito grande, pressupõe uma matéria-

prima com baixa massa específica e, em conseqüência, com menor

percentual de óleo, encarecendo o processo de extração. Em função disso,

70,0:675,0:65,0:625,0:60,0:

b

b

b

b

b

εεεεε

107

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pesquisou-se a sua influência no processo, inicialmente sem variar qualquer

outro dado inicial do regime básico.

Na figura 4.6 apresenta-se o resultado da simulação para valores

substancialmente diferentes de porosidade poro. Com pε = 0,1; 0,2; 0,4;

0,55; 0,7 e 0,8, obteve-se pequenas mudanças de concentração de óleo na

micela na saída do extrator.

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

3,5

4

4,5

5

5,5

0 10 20 30 40 50 60Tempo (min)

Con

cent

raçã

o (%

)

Ep:0.10Ep:0.20Ep:0.40Ep:0.55Ep:0.70Ep:0.80

Figura 4.6 – Concentração de óleo na micela na saída do extrator pelo tempo

para diferentes porosidades poro ( pε ).

Para esta situação de variação das porosidades internas, um

comportamento modesto de mudança nos resultados é observado (fig. 4.7)

no percentual de óleo da matéria-prima. O resultado é esperado pois a

amplitude entre o melhor e o pior resultado fica em torno de 20% menor do

que os resultados obtidos para a concentração na micela, devido às

diferenças entre as porosidades e a constante de equilíbrio entre as fases.

80,0:

70,0:

55,0:

40,0:

20,0:

10,0:

p

p

p

p

p

p

ε

ε

ε

ε

ε

ε

108

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0

4

8

12

16

20

0 10 20 30 40 50 60Tempo (min)

Con

cent

raçã

o (%

)

Ep: 0.10

Ep: 0.20

Ep: 0.40

Ep: 0.70

Eb: 0.80

Figura 4.7 – Concentração de óleo na matéria-prima pelo tempo para

diferentes porosidades poro ( pε ).

4.3 Influência do Diâmetro das Partículas

O tamanho das partículas altera o resultado da extração. Quanto

maior for a partícula mais difícil é o contato do solvente com a porosidade

poro da matéria-prima, surgindo um obstáculo à passagem de óleo para a

micela. Assim, o preparo da semente oleaginosa deve ocorrer de modo a que

as partículas tenham um tamanho reduzido.

As simulações demonstraram o que se supunha: quanto menor a

partícula, mais eficiente é a extração, determinada por uma maior

concentração de óleo na micela e pela necessidade de um tempo menor de

extração. Observa-se que o patamar mais alto no percentual de óleo na

micela é atingido alguns minutos antes para a partícula com menor

80,0:

70,0:

40,0:

20,0:

10,0:

p

p

p

p

p

ε

ε

ε

ε

ε

109

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diâmetro, em comparação com a partícula de maior tamanho. As diferenças

podem ser visualizadas na figura 4.8.

Fica bem definida, também, a variação do pC para tamanhos

diferentes de partículas, a saída do óleo da matéria-prima é mais eficiente

quando o preparo da oleaginosa a transformou em fragmentos menores.

Espelha-se esse resultado na figura 4.9.

Um óbice ao uso de partículas de matéria-prima muito pequenas é a

possibilidade de que a mesma venha a passar pelos orifícios da extremidade

inferior do extrator o qual deve permitir somente a circulação de micela.

Caso as partículas passem pela peneira que retém a matéria-prima, irão

acumular na bomba de recirculação, causando entupimentos e avarias no

equipamento. Logo, a preparação das sementes deve conjugar um limite

entre um tamanho não tão grande que prejudique a extração, nem tão

pequeno que cause prejuízos aos equipamentos da indústria.

0

1

2

3

4

5

6

0 10 20 30 40 50 60Tempo (min)

Conc

entra

ção

(%)

dp: 1.0 mmdp: 1.5 mmdp: 2.0 mmdp: 2.5 mmdp: 3.0 mmdp: 4.0 mm

Figura 4.8 – Concentração de óleo na micela pelo tempo na saída do extrator

para diferentes diâmetros das partículas de matéria-prima ( pd ).

mmdmmd

mmd

mmdmmd

mmd

p

p

p

p

p

p

0,4:0,3:

5,2:

0,2:5,1:

0,1:

110

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0

4

8

12

16

20

0 10 20 30 40 50 60Tempo (min)

Con

cent

raçã

o (%

)

dp: 1 mm

dp: 2 mm

dp: 3 mm

dp: 4 mm

Figura 4.9 – Variação do pC pelo tempo para diferentes diâmetros das

partículas ( pd ).

4.4 Conseqüências do Uso de Volumes Diferentes de Solvente

A relação entre a quantidade de solvente e de matéria-prima

utilizados tem um papel muito importante na indústria, que trabalha em

sistema contínuo. Quanto maior a quantidade de solvente por volume de

matéria-prima que ingressam no extrator, tanto maior é o gasto com energia

para bombeamento de micela e destilação (separação do óleo e do solvente).

No extrator de leito fixo, que opera um sistema descontínuo, foi utilizado

uma relação de 2,3 para 1, em termos volumétricos e, aproximadamente

3,85 para 1, em termos mássicos, já que a massa específica do solvente é

63% maior do que a média da massa específica da matéria-prima utilizada.

O ensaio numérico (fig. 4.10) revela com nitidez o que acontece na

extração real. Quanto maior é o volume de solvente utilizado para um

mmd

mmd

mmd

mmd

p

p

p

p

0,4:

0,3:

0,2:

0,1:

111

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mesmo volume de matéria-prima, menor a concentração de óleo na micela,

pois uma mesma quantidade de óleo está mais diluída em uma maior

quantidade de solvente.

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

3,5

4

4,5

5

0 10 20 30 40 50 60Tempo (min)

Conc

entr

ação

(%)

Vb: 0.004 m³Vb: 0.005 m³

Vb: 0.006 m³Vb: 0.007 m³

Vb: 0.008 m³

Figura 4.10 – Variação da concentração de óleo na micela pelo tempo na

saída do extrator para diferentes volumes de solvente. ( bV ).

4.5 Alteração Simultânea de Características da Matéria-Prima

Considerando uma extração real, tanto em extrator industrial de

grande porte, como no extrator laboratorial de leito fixo empregado, a

variação de qualquer característica da matéria-prima modifica outras.

Alterando-se o diâmetro da partícula, haverá alterações nas porosidades,

massas específicas e área de contato entre as fases, e vice-versa.

Caso se deixe uma partícula com diâmetro muito grande no preparo

da matéria-prima, isso automaticamente determina uma menor área de

contato entre a porosidade poro e externa “bulk”. Ao mesmo tempo, a

3

3

3

3

3

008,0:

007,0:

006,0:

005,0:

004,0:

mV

mV

mV

mV

mV

b

b

b

b

b

112

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alocação das partículas no leito de extração fica prejudicada, resultando em

espaços maiores entre as partículas, o que altera a porosidade “bulk” e a

massa específica da matéria-prima que ingressa no extrator. Alterando-se o

volume “bulk” em relação ao volume total do leito acarreta, também,

mudanças na porosidade interna, eis que a mesma é relacionada aos

volumes total e “bulk”.

Por tudo o que foi explanado acima, foi realizada a simulação

numérica variando-se, ao mesmo tempo, as porosidades, o diâmetro médio

das partículas e a área específica de contato entre as fases. Os resultados

corroboram o quão importante é um preparo correto da massa de oleaginosa

que ingressa no extrator, pois os resultados são, deveras, bastante díspares.

O gráfico dos resultados (fig. 4.11) permite clarear as diferenças relativas à

concentração de óleo na micela.

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

3,5

4

4,5

5

5,5

6

6,5

0 10 20 30 40 50 60Tempo (min)

Con

cent

raçã

o (%

)

Eb:0.60, -Ep:0.50, -ap:30, -dp:1.0 mm Eb:0.62, -Ep:0.45, -ap:25, -dp:2.0 mm

Eb:0.65, -Ep:0.40, -ap:23, -dp:2.5 mmEb:0.67, -Ep:0.35, -ap:20, -dp:3.0 mm

Eb:0.70, -Ep:0.30, -ap:18, -dp:4.0 mm

Figura 4.11 – Variação da concentração de óleo na micela pelo tempo na

saída do extrator para diferentes porosidades “bulk” ( bε ), poro ( pε ), área de

contato entre as fases ( pa )1 e diâmetro médio das partículas ( pd ).

0,4:18:30,0:70,0:

0,3:20:35,0:67,0:5,2:23:40,0:65,0:

0,2:25:45,0:62,0:0,1:30:50,0:60,0:

pppb

pppb

pppb

pppb

pppb

da

dada

dada

−−−

−−−

−−−

−−−

−−−

εε

εε

εε

εε

εε

113

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Vê-se que entre o melhor e o pior resultado obtido, presentes

respectivamente, na primeira seqüência de dados ( bε = 0,60...) e na última

seqüência de dados ( bε =0,70...), existe uma diferença substancial nas

concentrações de óleo e no tempo necessário para atingir o patamar mais

alto. A primeira seqüência de dados atinge a concentração maior na micela

em tempo bem inferior, mesmo tendo extraído quase o dobro de óleo.

No que tange a alteração da concentração de óleo na matéria-prima,

os efeitos servem para corroborar o que acima foi afirmado. O mais baixo

nível de óleo é atingido na primeira seqüência de dados ( bε = 0,60...),

também, num tempo bem menor. Vide figura 4.12.

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

20

0 10 20 30 40 50 60Tempo (min)

Con

cent

raçã

o (%

)

Eb:0.60, -Ep:0.50, -ap:30, -dp:1.0 mm

Eb:0.62, -Ep:0.45, -ap:25, -dp:2.0 mm

Eb:0.65, -Ep:0.40, -ap:23, -dp:2.5 mm

Eb:0.67, -Ep:0.35, -ap:20, -dp:3.0 mm

Eb:0.70, -Ep:0.30, -ap:18, -dp:4.0 mm

Figura 4.12 – Variação da concentração de óleo na matéria-prima pelo tempo

para diferentes porosidades “bulk” ( bε ), poro ( pε ), área de contato ( pa ) e

diâmetro médio das partículas ( pd ).

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A simulação revela (fig.4.12) que as duas primeiras seqüências de

dados (vermelha e verde) que se traduzem em extrações mais eficientes

deixam um resíduo maior de óleo na matéria-prima, o que numa análise

superficial seria uma incoerência. Todavia, mais uma vez o simulador

mostra sua abrangência e versatilidade. Esses resultados decorrem do fato

de que as referidas seqüências de dados somente são possíveis para

matérias-primas bem preparadas, com uma porosidade menor, partículas

menores e uma melhor justaposição das mesmas no leito, com uma massa

específica maior e uma concentração volumétrica de óleo maior, por unidade

de volume de oleaginosa preparada, ainda que a concentração mássica seja

a mesma.

Apoiando esses resultados, aqueles apresentados na figura 4.11,

revelam um percentual de óleo na micela largamente maior para as

indigitadas seqüências. Para resolver a questão do maior resíduo de óleo no

farelo, basta aumentar minimamente a proporção de solvente usado na

extração e, assim, se chega a um pequeno resíduo de óleo na matéria-prima

aliado a uma maior concentração na micela, se comparados com os demais

resultados das demais seqüências da simulação.

4.6 Comparativo entre o Regime Básico e o Melhor Resultado Simulado

Uma análise comparativa entre os resultados do regime básico

utilizado e os resultados mais eficientes conseguidos com as simulações se

mostrou necessária. Vislumbrou-se através da pesquisa numérica a

possibilidade de melhorias significativas na extração real.

Colocou-se lado a lado os dados obtidos para a variação da

concentração de óleo na micela ( pC ) e para a variação da concentração de

óleo na matéria-prima (C ), para ambas as simulações (regime básico e

resultado melhor). Ainda, foi inserido o resultado das simulações

experimentais para enriquecer a comparação, que pode ser feita por meio da

figura 4.13.

115

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Aprofundando-se o exame do gráfico verifica-se que a tentativa de

preparo de uma matéria-prima nos moldes sugeridos pela simulação

numérica mais eficiente deve ser perseguida pela indústria, possibilitando

economia de mão-de-obra, de tempo e de energia e, por conseguinte

aumento dos lucros. Isso por que, a concentração de óleo na micela é maior

e esse patamar pode ser atingido em tempo inferior.

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

0 10 20 30 40 50 60Tempo (min)

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CONCLUSÃO

O trabalho realizado mostra as potencialidades da cultura do girassol

para o salutar setor de extração de óleos vegetais na economia da Região, do

Estado e do País. Relata a dificuldade encontrada pelas indústrias para

obter eficiência na extração do óleo de girassol e, em função disso, realiza

experimentos, propõe um modelo matemático, constrói algoritmo de cálculo,

implementa um programa e faz simulações numéricas, todos baseados em

equipamento laboratorial de leito fixo, visando auxiliar o trabalho das

indústrias.

A alta concentração de óleo existente na semente de girassol é um

argumento favorável para que a mesma seja cada vez mais difundida em

plantações por todo o país, visando tanto à alimentação quanto a produção

de biodiesel. Ela aumenta o lucro das indústrias e também dos produtores,

pode ser usada para a rotação de culturas, incrementa a produção de mel e

é mais resistente ao frio e a estiagens do que outras oleaginosas.

Os procedimentos experimentais serviram para obter dados

referentes à matéria-prima e micela que não existem na literatura e,

confrontar dados encontrados sobre o óleo de girassol e o solvente hexano.

Destacam-se a determinação das porosidades da matéria-prima, a

constante de equilíbrio entre as fases poro e sólida, a variação gradual da

concentração de óleo na micela durante a extração, o controle de

temperatura da micela, em torno de 50°C, durante o processo de extração e

a determinação das massas específicas da matéria-prima, solvente hexano e

óleo bruto de girassol.

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Um importante passo foi dado para auxiliar as indústrias na

verificação da eficiência diária do seu processo de extração. Com os

experimentos e cálculos realizados criou-se uma relação simples, mas

eficiente, para se verificar em curto espaço de tempo, a concentração de óleo

na micela, tendo presente a massa específica desta. Com isso as indústrias

podem economizar em torno de duas horas no tempo de verificação da

eficiência de sua extração, podendo alterar seu regime de funcionamento,

caso o resultado não esteja satisfatório.

A simulação numérica de extração com os dados da matéria-prima e

micela determinados nos experimentos (regime básico) obteve resultados

semelhantes aos verificados no procedimento experimental, permitindo a

validação do modelo matemático empregado.

Através de simulações numéricas em que foram alteradas

características da matéria-prima, denotando um melhor preparo da mesma,

constatou-se que a eficiência do processo de extração do óleo de girassol por

solvente pode ser melhorada na indústria. Para isso são necessários ajustes

no tratamento da matéria-prima que resultem em redução da porosidade

“bulk”, na diminuição do diâmetro das partículas, com o conseqüente

aumento da área de contato entre as fases poro e “bulk”.

Para futuros trabalhos, sugere-se:

- Estudo sobre a influência da temperatura de entrada da matéria-

prima no extrator por solvente.

- A análise e escolha de cultivares que melhor se adaptem ao preparo

da matéria-prima visando uma extração mais eficiente.

- Melhoramento da tecnologia de obtenção e registro dos dados

experimentais.

- Simulações experimentais com solventes alternativos, derivados de

fontes renováveis.

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