MODELAGEM COMPUTACIONAL

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  • PROJETO DE GRADUAO

    MODELAGEM E SIMULAO DE UM SISTEMA DE AR CONDICIONADO AUTOMOTIVO

    Por Ilton Melo Salviano

    Braslia, 21 de Maro de 2006.

    UNIVERSIDADE DE BRASILIA

    FACULDADE DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECANICA

  • ii

    UNIVERSIDADE DE BRASILIA

    Faculdade de Tecnologia Departamento de Engenharia Mecnica

    PROJETO DE GRADUAO

    MODELAGEM E SIMULAO DE UM SISTEMA DE AR CONDICIONADO AUTOMOTIVO

    POR

    Ilton Melo Salviano

    Relatrio submetido como requisito final para obteno do grau de Engenheiro Mecnico.

    Banca Examinadora

    Prof. Joo Manoel Dias Pimenta, UnB/ ENM (Orientador)

    Prof. Jos Luiz A. F. Rodrigues, UnB/ ENM

    Prof. Alessandro Borges, UnB/ ENM

    Braslia, 21 de Maro de 2006.

  • iii

    Dedicatria

    Dedico este trabalho aos meus pais, Ana Regina Melo Salviano e Bento Medeiros

    Salviano e aos meus irmos Ilan Melo

    Salviano e Ilnei Melo Salviano.

    Ilton Melo Salviano

  • iv

    Agradecimentos

    Primeiramente, agradeo a Deus por ter me dado uma famlia espetacular que me

    proporciona momentos inesquecveis e uma fonte inesgotvel de carinho, amor e incentivo.

    Meu pai, Bento e minha me, Ana Regina, so pessoas que me fazem acreditar em um mundo

    onde no haja preconceitos e que a dignidade a maior virtude de um homem. Meu irmo

    Ilan, que uma pessoa muito especial na minha vida, que me incentiva e me diz que sou

    sempre capaz, proporcionando-me fora de vontade e superao, para que possa sempre

    traar o caminho correto. E meu irmo caula, Ilnei, uma pessoa fundamental para que me

    sinta bem e um grande irmo, com o qual j compartilhei momentos memorveis nesta vida.

    Agradeo a vocs, meus irmos, pelos grandes momentos vividos at hoje e que certamente

    mais viro, vocs so parte essencial em minha vida, sem vocs, ela no faz sentido.

    Ao meu orientador, Joo Pimenta, uma pessoa que acreditou no meu trabalho em

    momentos que at mesmo eu duvidei, co-autor de diversas partes deste trabalho e um

    incentivador.

    Muito obrigado nao brasileira que investiu em meu aprendizado, mostrando que

    mesmo em momentos de dificuldade, esse grande e maravilhoso povo pode fornecer, atravs

    de trabalho rduo, conhecimento para pessoas que tm a obrigao de devolver este favor.

    E finalmente, quero agradecer aos meus companheiros de curso, entre eles, Rafael

    Surfista, Xamuska, Bulacha, Frentico, Jeque Jones, Tch, Mich, Turtle, Juninho, Zinu

    Franzino, Pet, Kbecinha, Phelps, Olho, Boco, Pira, Kpeta, Joselito, Ratinho, Taka,

    Rrrrrrrronaldinhooooooo, Carlinha, Francis, Pasta, Gumercinda, Judeu, Fernandinha, F,

    Bin laden, Du mato, Kbea, Amigo, Minino amarelo, Fsforo, Lover Boy, Timb, Tathy,

    Poli, Ed, alm dos vrios outros amigos que no lembro agora, mas que ficam guardados no

    corao. Estes foram fundamentais para que eu no perdesse momentos importantes da

    minha vida durante o curso de engenharia.

    Ilton Melo Salviano

  • v

    RESUMO

    O desenvolvimento de uma modelagem matemtica de um sistema de ar condicionado automotivo em regime permanente, juntamente com uma simulao em Fortran foram realizados com o objetivo de se analisar o desempenho do sistema estudado e dos fluidos refrigerantes aplicados nele. Uma modelagem especfica para o sistema de climatizao automotiva foi desenvolvida, baseando-se em dados de fabricantes e em trabalhos recentemente publicados, juntamente com uma simulao que inclui um compressor do tipo swash plate, um condensador do tipo micro channels, uma vlvula de expanso termosttica e um evaporador do tipo cooling coil. As variveis de desempenho do sistema, como a capacidade de refrigerao, a vazo mssica de refrigerante e o Coeficiente de Performance, foram obtidas e analisadas, de acordo com os casos propostos. Nestes casos, alguns parmetros foram mantidos constantes e outros foram variados. No caso 1, a rotao do compressor foi variada e os outros parmetros foram mantidos constantes. No caso 2, a temperatura do ar no evaporador foi variada enquanto os outros parmetros foram mantidos constantes. No caso 3, a velocidade do ar no evaporador foi variada e os outros, mantidos constantes. Os fluidos refrigerantes utilizados para a anlise, em todos os casos, foram o R12 e o R22, bem como dois compressores do fabricante DELPHI, o CVC 125 e o CVC 165. Concluiu-se que o refrigerante R12 superior ao R22, em relao performance energtica, pois proporcionou maiores valores dos parmetros de eficincia analisados. Dentre os compressores, o CVC 125 se mostrou mais eficaz, pois consome menos energia e possui parmetros de desempenho superiores. Palavras-chave: Ar condicionado, automotivo, compressor, capacidade, desempenho,

    modelagem, simulao.

    ABSTRACT

    The development of a mathematical approach of an automotive air conditioning system in steady state, along with a simulation in Fortran, were made with the objective of analyzing the performance of the studied system and the refrigerants used in it. An specific modeling to the air conditioning system was developed, based in manufacturer data and in recently published papers, along with a simulation that includes a swash plate type compressor, a micro channels type condenser, a thermostatic expansion valve and a cooling coil type evaporator. The performance variables of the system, as the refrigeration capacity, the refrigerant mass flow rate and the Coeficient of Performance, were obtained and analyzed, according to the proposed cases. In these cases, some parameters were kept constant and others, not. In case 1, the compressor rotational speed was varied and the other parameters were kept constant. In case 2, the air temperature in the evaporator was varied while the other parameters were kept constant. In case 3, the air speed in the evaporator was varied and the others, not. The refrigerants used in the analysis, for all the cases, were the R12 and the R22, as well as two compressors from the manufacturer DELPHI, the CVC 125 and the CVC 165. It was concluded that the refrigerant R12 is superior to the R22, in relation to the energetic performance, because it provided greater eficiency parameters values. Amongst the compressors, the CVC 125 was more eficient, because it cosumes less energy and it has superior performance parameters. Keywords: Air conditioning, automotive, compressor, capacity, performance, modeling,

    simulation.

  • vi

    SUMRIO

    1 INTRODUO......................................................................................1 1.1 O ESTUDO PROPOSTO E SUA IMPORTNCIA................................................................ 1 1.2 REVISO BIBLIOGRFICA ......................................................................................... 3 1.3 OBJETIVO DO TRABALHO .......................................................................................... 7 1.4 METODOLOGIA ........................................................................................................ 7 1.5 ESTRUTURA DO TRABALHO ....................................................................................... 8

    2 CONCEITOS TERICOS........................................................................9 2.1 O CICLO DE COMPRESSO A VAPOR........................................................................... 9

    2.1.1 DESEMPENHO DO CICLO PADRO DE COMPRESSO A VAPOR ................................12 2.2 A PSICROMETRIA ....................................................................................................14

    2.2.1 PROCESSOS PSICROMTRICOS NO CONDICIONAMENTO DE AR ..............................16 2.3 FLUIDOS REFRIGERANTES .......................................................................................17

    2.3.1 CLOROFLUORCARBONOS (CFCs).........................................................................18 2.3.2 HIDROCLOROFLUORCARBONOS (HCFCs) .............................................................19 2.3.3 HIDROFLUORCARBONOS (HFCs).........................................................................20 2.3.4 HIDROCARBONETOS (HCs) ................................................................................21

    2.4 SISTEMA DE AR CONDICIONADO AUTOMOTIVO..........................................................21 2.4.1 OPERAO DETALHADA DO SISTEMA ..................................................................22 2.4.2 COMPRESSOR ...................................................................................................24 2.4.3 CONDENSADOR.................................................................................................26 2.4.4 RECEPTOR ........................................................................................................27 2.4.5 VLVULA DE EXPANSO .....................................................................................28 2.4.6 EVAPORADOR ...................................................................................................29 2.4.7 GRUPO CONDICIONADOR ...................................................................................29 2.4.8 REFRIGERANTES PARA SISTEMAS DE REFRIGERAO AUTOMOTIVA .......................30

    3 MODELAGEM MATEMTICA ...............................................................32 3.1 BALANO DE MASSA E ENERGIA PARA UM SISTEMA DE CLIMATIZAO AUTOMOTIVA ....32

    3.1.1 BALANO DE MASSA..........................................................................................32 3.1.2 BALANO DE ENERGIA .......................................................................................34

    3.2 FLUIDOS DE TRABALHO...........................................................................................36 3.2.1 AR ...................................................................................................................36 3.2.2 FLUIDOS REFRIGERANTES..................................................................................37

    3.3 MODELAGEM DO SISTEMA DE AR CONDICIONADO AUTOMOTIVO .................................40 3.3.1 COMPRESSOR DO TIPO SWASH PLATE .................................................................40 3.3.2 CONDENSADOR DO TIPO MICRO CHANNELS .........................................................41 3.3.3 VLVULA DE EXPANSO TERMOSTTICA ..............................................................44 3.3.4 EVAPORADOR DO TIPO COOLING COIL ................................................................45

    4 SIMULAO COMPUTACIONAL..........................................................49 4.1 VISO GERAL DA SIMULAO ..................................................................................49 4.2 PRINCIPAIS ROTINAS, FUNES E MDULOS EMPREGADOS........................................50 4.3 FLUXOGRAMAS .......................................................................................................54

    5 RESULTADOS E ANLISES.................................................................60 5.1 CASOS DE ESTUDO .................................................................................................60

    5.1.1 CASO 1 ............................................................................................................60 5.1.2 CASO 2 ............................................................................................................61 5.1.3 CASO 3 ............................................................................................................61

    5.2 RESULTADOS E ANLISE DO CASO 1.........................................................................62 5.3 RESULTADOS E ANLISE DO CASO 2.........................................................................67 5.4 RESULTADOS E ANLISE DO CASO 3.........................................................................69 5.5 VALIDAO DA SIMULAO NUMRICA .....................................................................72

    6 CONCLUSES FINAIS........................................................................74

    REFERNCIAS........................................................................................76

    ANEXOS.................................................................................................79

  • vii

    LISTA DE FIGURAS

    Figura 1. Arranjo esquemtico do ciclo de compresso a vapor. ...............................................10 Figura 2. Diagrama (a) temperatura-entropia e (b) presso-entalpia (Dias, 2004)......................10 Figura 3. O diagrama presso-entalpia (My Space, 2004)........................................................11 Figura 4. Aspecto do diagrama presso-entalpia em um ciclo padro de compresso a vapor.......11 Figura 5. Parmetros relevantes do ciclo de compresso a vapor..............................................12 Figura 6. Ciclo de Compresso a Vapor com subresfriamento e superaquecimento......................14 Figura 7. Carta psicromtrica. ..............................................................................................15 Figura 8. Esquema tpico de um processo de condicionamento de ar.........................................16 Figura 9. Desenho esquemtico de uma carta psicromtrica. ...................................................17 Figura 10. Sistema de ar condicionado automotivo (Hulsey, 2004). ..........................................22 Figura 11. Circuito percorrido pelo fluido refrigerante (Bede, 2005, modificado). ........................24 Figura 12. Compressor do tipo Swash Plate (Toyota, 2002). ....................................................25 Figura 13. Compressor do tipo Vane (Toyota, 2002). ..............................................................25 Figura 14. Compressor do tipo Scroll (Toyota, 2002). .............................................................26 Figura 15. Condensador do tipo micro channels (Frigidair, 2005)..............................................27 Figura 16. (a) receptor e (b) esquema da disposio interna no receptor (DENSO, 2004). ...........27 Figura 17. Vlvula de expanso do tipo caixa (DENSO, 2004). .................................................28 Figura 18. Vlvula de Expanso do tipo conexo por juntas (Frigidair, 2005). ............................28 Figura 19. Evaporador para sistema de climatizao automotiva (Frigidair, 2005). .....................29 Figura 20. Unidade Condicionadora (Esi Group, 2004).............................................................30 Figura 21. Ciclo Padro de Compresso a Vapor utilizado na anlise do sistema. ........................32 Figura 22. Esquema de um Compressor considerando o balano de massas...............................33 Figura 23. Esquema de um Condensador considerando o balano de massas. ............................33 Figura 24. Esquema de uma Vlvula de Expanso considerando o balano de massas.................33 Figura 25. Esquema de um Evaporador considerando o balano de massas. ..............................34 Figura 26. Diagrama dos parmetros de entrada e sada da rotina menu...................................50 Figura 27. Diagrama dos parmetros de entrada, intermedirios e de sada do compressor. ........51 Figura 28. Diagrama dos parmetros de entrada, intermedirios e de sada do condensador........52 Figura 29. Diagrama dos parmetros de entrada, intermedirios e de sada do evaporador. ........53 Figura 30. Diagrama dos parmetros de entrada e sada da rotina sistema................................53 Figura 31. Diagrama dos parmetros de entrada e sada da rotina impresso. ...........................54 Figura 32. Fluxograma da sub-rotina compressor ...................................................................55 Figura 33. Fluxograma da sub-rotina condensador..................................................................56 Figura 34. Fluxograma da sub-rotina valvula. ........................................................................57 Figura 35. Fluxograma da sub-rotina evaporador. ..................................................................58 Figura 36. Fluxograma da sub-rotina sistema.........................................................................59 Figura 37. Vazo mssica de refrigerante no compressor versus a rotao do compressor...........62 Figura 38. Potncia exigida no compressor versus a rotao do compressor. .............................63 Figura 39. Capacidade de refrigerao do evaporador versus a rotao do compressor. ..............64 Figura 40. Coeficiente de Performance versus a rotao do compressor. ...................................65 Figura 41. Calor rejeitado no condensador versus a rotao do compressor. ..............................66 Figura 42. Capacidade de refrigerao versus a temperatura do ar no evaporador......................67 Figura 43. COP versus a temperatura do ar no evaporador. .....................................................68 Figura 44. COP versus a velocidade do ar no evaporador.........................................................70 Figura II- 1. Curvas de eficincia do compressor CVC 125 .......................................................82 Figura II- 2. Curvas de eficincia do compressor CVC 165 .......................................................82 Figura II- 3. Diagrama dos compressores CVC 125 e CVC 165. ................................................83 Figura IV- 1. Fluxograma da simulao geral. ......................................................................112 Figura IV- 2. Fluxograma da sub-rotina compressor..............................................................113 Figura IV- 3. Fluxograma da sub-rotina condensador. ...........................................................114 Figura IV- 4. Fluxograma da sub-rotina evaporador. .............................................................115 Figura IV- 5. Fluxograma da sub-rotina valvula. ...................................................................116 Figura IV- 6. Fluxograma da sub-rotina sistema. ..................................................................116 Figura IV- 7. Fluxograma da sub-rotina impresso................................................................117

  • viii

    LISTA DE TABELAS

    Tabela 1. Propriedades dos refrigerantes clorofluorcarbonados (Calm e Hourahan, 2001). ...........19 Tabela 2. Propriedades dos refrigerantes hidroclorofluorcarbonados (Calm e Hourahan, 2001).....20 Tabela 3. Propriedades dos refrigerantes hidrofluorcarbonados (Calm e Hourahan, 2001)............20 Tabela 4. Propriedades dos refrigerantes hidrocarbonetos (Calm e Hourahan, 2001)...................21 Tabela 5. Classificao da vlvula de expanso do tipo conexo por juntas................................28 Tabela 6. Comparao da capacidade de refrigerao e COP (Maclaine-cross, 1999)...................31 Tabela 7. Comparao de COP (Joudi et al., 2003). ................................................................31 Tabela 8. Valores adotados no caso 1. ..................................................................................60 Tabela 9. Valores adotados no caso 2. ..................................................................................61 Tabela 10. Valores adotados no caso 3..................................................................................61 Tabela 11. Resultados da simulao realizada no caso 1 para o compressor CVC 125..................66 Tabela 12. Resultados da simulao realizada no caso 1 para o compressor CVC 165..................67 Tabela 13. Resultados da simulao realizada no caso 2 para o compressor CVC 125..................69 Tabela 14. Resultados da simulao realizada no caso 2 para o compressor CVC 165..................69 Tabela 15. Resultados da simulao realizada no caso 3 para o compressor CVC 125..................71 Tabela 16. Resultados da simulao realizada no caso 3 para o compressor CVC 165..................71 Tabela I- 1. Constantes para a equao da massa especfica do lquido (Downing, 1974). ...........79 Tabela I- 2. Constantes para a equao do vapor de presso (Downing, 1974). .........................79 Tabela I- 3. Constantes para a equao de estado (Downing, 1974). ........................................80 Tabela I- 4. Constantes para a equao de estado (continuao) (Downing, 1974).....................80 Tabela I- 5. Constantes para a equao de capacidade calorfica (Downing, 1974). ....................81 Tabela I- 6. Constantes X e Y para as equaes de entalpia e entropia (Downing, 1974). ............81 Tabela II- 1. Informaes sobre os compressores utilizados na anlise......................................82

  • ix

    LISTA DE SMBOLOS

    Smbolos Simples A rea [m]

    0A constante determinada por Jabardo para o

    compressor (2002)

    valA ,0 mnima rea de vazo atravs do orifcio da

    vlvula [m]

    1A constante determinada por Jabardo para o

    compressor (2002)

    0B constante determinada por Jabardo para o

    compressor (2002)

    1B constante determinada por Jabardo para o

    compressor (2002)

    VA constantes determinada por Jabardo para a vlvula (2002)

    VB constantes determinada por Jabardo para a vlvula (2002)

    1C taxa de capacidade calorfica do fluido

    refrigerante [kW/K]

    2C taxa de capacidade calorfica do ar [kW/K]

    minC mnima capacidade calorfica [kW/K]

    maxC mxima capacidade calorfica [kW/K]

    refC razo entre minC e maxC

    vazoC coeficiente de vazo da vlvula

    COP Coeficiente de Performance g acelerao da gravidade [m/s] H coeficiente de transferncia de calor por

    conveco [W/mK] j fator de Stan-Colburn h entalpia especfica [kJ/kg]

    AK parmetro determinado por Jabardo (2002) m frao de espao nocivo do compressor m& vazo mssica [kg/s] n rotao do compressor [rpm] NR Nmero do fluido Refrigerante NUT nmero de unidades de transferncia P presso [MPa] p presso [MPa] PG Propriedades Geomtricas PTA Propriedades Termodinmicas do Ar

    cdq calor rejeitado [kJ/kg]

    evq efeito de refrigerao [kJ/kg]

    cdQ& taxa de calor rejeitado [kW]

    evQ& capacidade de refrigerao [kW]

    u velocidade do ar [m/s]

    dV volume deslocado pelo compressor [m]

    x ttulo

    w trabalho especfico de compresso [kJ/kg]

    cpW& potncia do compressor [kW]

    Letras Gregas variao entre duas grandezas similares efetividade de um trocador de calor

    0 eficincia global de uma superfcie aletada

    c eficincia de compresso [%]

    V eficincia volumtrica do compressor [%]

    ref massa especfica do refrigerante [kg/m]

    volume especfico [m/kg] sobrescrito 0 estado de referncia subscrito 1 suco do compressor 2 descarga do compressor 3 entrada do condensador 4 sada do condensador 5 entrada da vlvula de expanso 6 sada da vlvula de expanso 7 entrada do evaporador 8 sada do evaporador ar ar asp aspirado no compressor car Carnot cd condensador cp compressor d deslocado des descarga do compressor desu desuperaquecimento dep desuperaquecimento ev evaporador ent entrada f aleta i interno l lquido med mdio mix mistura o externo ref fluido refrigerante sai sada v volume constante val vlvula

  • 1

    1 INTRODUO

    Este captulo apresenta informaes sobre o

    estudo proposto e sua importncia, uma

    reviso bibliogrfica sobre o assunto estudado,

    alm dos objetivos e da metodologia a ser

    adotada.

    1.1 O ESTUDO PROPOSTO E SUA IMPORTNCIA

    Os sistemas de climatizao automotiva vm se tornando itens essenciais de conforto e segurana

    em veculos de passageiros. Na Frana, por exemplo, este acessrio era includo em 15% dos veculos

    produzidos em 1995, sendo que no ano 2000, este valor era de 60%. Na Europa, 70% dos veculos

    produzidos em 2003 estavam equipados com ar condicionado. Estudos mostram que em 2010,

    provvel que, na Europa, 90% dos veculos j venham equipados, de fbrica, com sistema de

    climatizao (Barbusse e Gagnepain, 2003).

    No Brasil, cerca de 2,2 milhes de veculos foram produzidos no ano de 2004, sendo 42% desses

    automveis equipados com sistemas de climatizao. Com a tendncia de aumento na produo de

    veculos para 2005 (cerca de 2,3 milhes de automveis), a quantidade de carros com equipamento de

    climatizao deve ser maior na linha de produo (Stuani, 2004).

    Devido grande diversificao e s demandas do mercado consumidor, o sistema de climatizao

    automotivo est constantemente em desenvolvimento, para atender s necessidades impostas pelo

    mercado. Alm dessa exigncia, alteraes climticas acarretadas por emisses de gases aceleraram

    mudanas e melhorias neste sistema, para que o meio ambiente no fosse mais afetado pela emisso de

    componentes qumicos nocivos.

    Com o aumento na demanda por veculos equipados com sistemas de climatizao, vrias

    ferramentas se tornaram importantes e muito utilizadas para se analisar o desempenho desses sistemas.

    Programas computacionais e aparatos experimentais so desenvolvidos para se obter resultados que

    mostrem caractersticas relevantes do sistema em questo. Atravs de modelos avanados, pode-se

    analisar o sistema como um todo ou apenas determinados componentes, seja para a previso do

    desempenho de novos projetos, seja para avaliar teoricamente as conseqncias de modificaes

    construtivas ou para avaliar novos fluidos refrigerantes.

    Atualmente, atravs de comandos no painel do veculo, os passageiros podem controlar

    determinados itens interessantes para seu conforto. Como exemplo, podem controlar a temperatura do

    interior do automvel, sendo possvel aumentar ou diminuir a mesma, podem controlar o fluxo de ar

    no interior do automvel, fazendo com que a sensao de conforto trmico seja mais ou menos

    intensa, alm de outras caractersticas que proporcionam bem estar.

  • 2

    Grandes mudanas j foram realizadas no sistema de ar condicionado automotivo, criado em 1940,

    com o intuito de sempre melhorar o sistema para que os passageiros pudessem desfrutar dessa

    ferramenta com o mximo de benefcios. Com a insero da eletrnica no sistema, at mesmo por

    meio de computadores se tornou possvel controlar as caractersticas do ar no interior de um veculo e

    obter informaes detalhadas dessas caractersticas. Um exemplo disso o controle de temperatura

    computadorizado, que ajuda a manter a temperatura desejada no interior do veculo.

    Durante os anos 80, uma grande mudana ocorreu na refrigerao automotiva. Estudos realizados

    nessa dcada comprovaram que os fluidos refrigerantes utilizados nos sistemas de climatizao,

    quando expostos atmosfera, eram nocivos camada de oznio. Esses refrigerantes derivam da classe

    dos CFCs (Clorofluorcarbono) e quando so liberados para a atmosfera, causam a depleo da

    camada de oznio. Esses CFCs so compostos de cloro, flor e carbono e quando entram em contato

    com a estratosfera, so decompostos pelos raios ultravioletas, sendo, ento, liberado o cloro que, por

    sua vez, reage com o oxignio presente no oznio, fazendo com que ocorra a formao de oxignio e

    de monxido de cloro. Este ciclo de decomposio do oznio se repete vrias vezes.

    Como conseqncias dessas descobertas, vrias polticas ambientais foram criadas para se

    controlar a utilizao e o manuseio desses refrigerantes. Em 1987, 46 pases se reuniram no Canad

    para o Programa de Proteo ao Meio Ambiente, sob o comando das Naes Unidas, e assinaram o

    Protocolo de Montreal (UNEP, 2000). Esse Protocolo tinha como objetivo diminuir e controlar a

    utilizao de substncias qumicas que causavam impactos ambientais.

    Com o Protocolo de Montreal e as emendas que o seguiram, as empresas, montadoras e

    fornecedores desses refrigerantes se viram com dificuldades e precisaram rever toda a tecnologia

    empregada no sistema de climatizao que usava os CFCs, com a inteno de se desenvolver novas

    alternativas que fossem econmica e financeiramente viveis.

    No Brasil, em 7 de junho de 1990, foi promulgado o Decreto Federal N 99.280, de 06/06/90 e em

    1997, entrou em vigor o Decreto 41.629 (CETESB, 1998), ambos com a finalidade de se extinguir a

    utilizao de refrigerantes com Potencial de Destruio de Oznio (ODP). O ODP (Ozone Depletion

    Potential) um indicador normativo, relativo ao valor unitrio do R11 (tricloromonofluormetano),

    tomado como referncia, que indica a capacidade dos refrigerantes em destruir as molculas de oznio

    da estratosfera, sendo calculado por meio da razo entre o potencial de destruio de molculas de

    oznio de um determinado refrigerante e o potencial do R11 (Dias, 2004).

    No segundo semestre de 1996, o Brasil comeou a utilizar um refrigerante alternativo ao R12

    (Diclorodifluormetano: refrigerante mais utilizado nos sistemas de climatizao automotiva at ento),

    o R134a (tetraclorofuormetano: refrigerante utilizado atualmente), que considerado uma substncia

    com ODP nulo. Isso ocorreu por meio da resoluo n 13/95 da legislao brasileira aprovada pelo

    Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA). Fato que acarretou um consumo de R12 nulo, a

    partir de 1997.

  • 3

    Atualmente, no Brasil, o grande problema est relacionado com fugas, recargas ou substituio dos

    refrigerantes. Em 2003, foram liberados US$ 26,7 milhes, a serem desembolsados em parcelas bi-

    anuais (a primeira era prevista para 2003, no valor de US$ 9,3 milhes e as seguintes seriam

    disponibilizadas mediante resultados) para colocar em prtica o Plano Nacional de Eliminao dos

    CFCs no Brasil, que visa reduzir, ao valor mnimo, os prejuzos causados pelos CFCs.

    Atravs de aparatos experimentais e de simulaes computacionais, foram realizados estudos com

    refrigerantes de ODP nulo, a fim de se desenvolver melhores sistemas de climatizao para veculos.

    Com isso, a ferramenta computacional tornou-se muito importante, e amplamente utilizada, no

    processo de procura por novas alternativas que fossem ambientalmente corretas e eficientes. Isso

    ocorreu, pois essa ferramenta possui baixo custo, alm de fornecer resultados coerentes com os obtidos

    experimentalmente.

    1.2 REVISO BIBLIOGRFICA

    Dentre os gases presentes na estratosfera, o oznio um dos mais consumidos e produzidos, sendo

    essa produo realizada de maneira constante. O desenvolvimento na Terra s se tornou possvel, pelo

    fato da camada de oznio filtrar grande parte dos raios ultravioletas provenientes da radiao solar.

    Durante milhares de anos, essa camada permaneceu inalterada, tendo isso ocorrido pelo fato da

    composio atmosfrica ser bastante estvel na estratosfera. Mas em 1986, o satlite Nimbus-7,

    atravs de fotografias, verificou que a camada de oznio estava sofrendo modificaes devido a

    reaes instveis, reaes essas atribudas atividade humana, que estava lanando gases nocivos

    camada.

    Com essa descoberta, a ateno foi voltada para a depleo do oznio estratosfrico por gases

    reativos a ele, fazendo com que vrios pases se reunissem para assinar um acordo (Protocolo de

    Montreal) no qual se comprometiam a eliminar os gases que causavam algum efeito negativo ao meio

    ambiente. Um dos gases a serem banidos era o R12, muito utilizado como fluido refrigerante na

    indstria de climatizao automobilstica.

    Mas, mesmo antes da determinao de que os gases nocivos camada de oznio deveriam ser

    banidos, muitas providncias j haviam sido tomadas. A indstria automobilstica tomou algumas

    medidas para diminuir a emisso de R12, dentre elas: a reduo de cargas de R12; a introduo de

    tcnicas de deteco de vazamentos com hlio; e o uso de melhores materiais nas mangueiras e juntas

    do sistema de climatizao (Kern e Wallner, 1988).

    Kern e Wallner (1988) descreveram os impactos do protocolo na indstria do ar condicionado

    automotivo, sabendo que os veculos eram equipados com sistemas de climatizao que utilizavam

    fluidos refrigerantes que causavam algum tipo de dano camada de oznio. Tal estudo analisou o

    consumo e emisso do R12, alm de caractersticas gerais do sistema de ar condicionado automotivo.

  • 4

    Os principais pases afetados com a necessidade de reduo de emisso de R12 para a atmosfera eram

    os Estados Unidos e o Japo, pases que possuam a maior taxa de consumo desse fluido refrigerante.

    De acordo com Barbusse e Gagnepain (2003), o vazamento de fluido refrigerante do sistema de ar

    condicionado automotivo responsvel por uma boa parte dos efeitos nocivos ao meio ambiente.

    Sabe-se que a quantidade de refrigerante neste tipo de sistema gira em torno de 775 g, podendo variar

    entre 650 g e 900 g, dependendo do tamanho e da potncia do ar condicionado. Levando-se em

    considerao uma expectativa de vida de 12 anos para os veculos, sendo os dois ltimos anos sem

    manuteno, a quantidade de refrigerante que emitida para a atmosfera chega a 232 g/ano por

    veculo ou 30% da carga inicial do sistema.

    Vrias empresas de climatizao montaram grandes grupos de pesquisas, tanto na rea

    experimental quanto na computacional, para que alternativas fossem desenvolvidas, com o intuito de

    eliminar os efeitos negativos ao meio ambiente, sem perder em economia e em desempenho.

    Para Lorentzen e Pettersen (1992), substncias que j possuem um papel no ecossistema, como o

    dixido de carbono, podem ser utilizadas em sistemas de climatizao, sem que haja danos ao meio-

    ambiente e performance dos sistemas. Por meio de um prottipo experimental de um sistema de

    climatizao automotiva, eles mostraram que o gs carbnico (dixido de carbono) um excelente

    refrigerante e consideram que o uso de tais substncias nos sistemas de refrigerao seria uma soluo

    completa para os problemas ambientais encontradas nas diferentes reas da refrigerao.

    Mas outras substncias tambm foram consideradas, tendo em vista a necessidade de se banir gases

    nocivos ao ambiente. Maclaine-cross e Leonardi (1997) mostraram que os hidrocarbonetos (HCs)

    podiam economizar por volta de 20% da energia gasta nos sistemas que operam com outros

    refrigerantes, nocivos camada de oznio. De acordo com os autores, o R600a (isobutano) tem

    metade do vazamento, da perda de presso e da presso de condensao, em relao ao R12 e ao

    R134a. Isso pode acarretar em desenvolvimento de novos sistemas de climatizao automotiva,

    visando um menor consumo de energia, podendo-se utilizar compressores com menor potncia e mais

    compactos, por exemplo.

    Em um outro estudo, Maclaine-cross (1999) mostrou que os HCs se destacavam como uma

    soluo vivel e eficiente. Alm de possurem boas propriedades, poderiam ser utilizadas misturas de

    dois ou mais HCs, ou at mesmo misturas com outras substncias que no fossem hidrocarbonetos.

    Algumas das vantagens dos HCs so: desempenho, compatibilidade com leo mineral, baixa

    toxicidade e impacto ambiental nulo.

    Maclaine-cross (1999) mostrou, tambm, que alguns HCs so naturalmente abundantes e com uma

    elevada pureza. Ele tambm concluiu que a reduo nos gastos, com a adoo de HCs como fluidos

    refrigerantes para sistemas de climatizao automotiva, seria de 50%.

    Com essa necessidade crescente de se desenvolver novos sistemas com fluidos refrigerantes

    alternativos aos nocivos camada de oznio, vrios programas computacionais foram desenvolvidos

  • 5

    desde ento, fazendo com que a ferramenta computacional se tornasse uma grande aliada ao processo

    de descoberta de fluidos refrigerantes ambientalmente corretos. Alm disso, no desenvolvimento de

    um sistema de ar condicionado automotivo, a simulao computacional proporciona reduo de custos

    e mo de obra de forma considervel.

    Um dos primeiros programas computacionais criados para analisar o desempenho de um sistema de

    ar condicionado automotivo data de 1972 (Lee e Yoo, 2000). Recentemente, Huang et al. (1999)

    propuseram uma anlise computacional do sistema de climatizao automotiva, envolvendo o circuito

    percorrido pelo fluido refrigerante e a cabine do veculo, alm de utilizar condies transientes no

    tratamento do problema.

    Lee e Yoo (2000) desenvolveram um programa computacional que simulava o desempenho de um

    evaporador do tipo laminado, de um condensador de fluxo paralelo, alm da anlise do circuito como

    um todo, feita atravs da juno de cada anlise dos componentes do sistema, em regime permanente.

    Muitos componentes j foram testados e utilizados no sistema de climatizao automotiva.

    Variados tipos de trocadores de calor, compressores, junes e mangueiras j foram testados para que

    no ocorressem danos ambientais e perdas de eficincia. Muitos pesquisadores estudaram

    extensivamente para melhorar as eficincias dos trocadores de calor usados neste sistema, que so

    geralmente restritos por questes de espao e peso (Lee e Yoo, 2000).

    De acordo com Lee e Yoo (2000), os tipos de trocadores mais utilizados nos sistemas de ar

    condicionado automotivo so o evaporador do tipo laminado e o condensador de fluxo de ar paralelo.

    A vlvula de expanso mais utilizada a termosttica e o compressor mais aplicado o compressor do

    tipo swash plate, um compressor com dimenses reduzidas.

    Alm da importncia dada aos componentes do sistema, um outro fator importante a comparao

    feita entre os resultados da simulao numrica com os resultados experimentais. Lee e Yoo (2000)

    compararam os resultados obtidos em suas anlises computacionais do sistema de climatizao

    automotiva com os resultados de uma bancada experimental. Os resultados da simulao numrica

    concordam com os resultados experimentais em uma taxa de variao de 7%.

    Uma outra comparao, mas neste caso, entre o gs carbnico e o R134a como refrigerantes, foi

    realizada por Brown et al. (2001), atravs da simulao de um sistema de ar condicionado automotivo

    com os fluidos refrigerantes citados, sendo que o sistema que utilizava R134a possua um compressor,

    um condensador, uma vlvula de expanso e um evaporador. J no sistema com o gs carbnico, alm

    dos componentes citados, havia ainda trocadores de calor nas linhas de lquido e suco. Com essa

    anlise, eles mostraram que o Coeficiente de Performance (COP) do R134a era superior ao COP do

    gs carbnico em 21% e, em alguns casos, essa superioridade chegou a 34%.

    Joudi et al. (2003) analisaram o valor do COP para dois fluidos refrigerantes: o R12 e a mistura

    R290/R600a. A comparao de COP foi feita para duas temperaturas ambientes (40C e 50C) e para

    duas cargas trmicas (2000 W e 3000 W). Em termos de desempenho, a mistura em questo foi

  • 6

    considerada um timo substituto para o R12. Dentre outras concluses, o sistema que possui

    R290/R600a como fluido refrigerante acarreta um conforto trmico mais rpido para o passageiro,

    quando comparado com o sistema que utiliza R12. Alm disso, o consumo de potncia do sistema com

    R290/R600a pouco superior ao sistema com R12.

    Outro trabalho recente que realizou uma anlise em regime permanente foi o de Jabardo et al.

    (2002), onde um modelo computacional foi desenvolvido para analisar um sistema de ar condicionado

    automotivo equipado com um compressor do tipo swash plate de capacidade varivel, uma vlvula de

    expanso termosttica, um evaporador e um condensador de fluxo de ar paralelo com micro canais.

    Atravs de comparaes de resultados de simulaes numricas com resultados experimentais,

    obtiveram variaes de 10%, na maioria dos casos, entre as anlises computacionais e experimentais,

    chegando ao mximo de 20% de variao entre os resultados obtidos.

    Nas anlises computacionais e nas experimentais, alguns fatores so de extrema importncia para o

    sistema e seu estudo. Os sistemas de climatizao utilizados em automveis so caracterizados por

    uma significante variao na carga trmica, que depende, basicamente, da hora do dia e do nmero de

    passageiros da cabine do veculo (Jabardo et al., 2002).

    De acordo com Jabardo et al. (2002), o sistema deve fornecer conforto sobre condies altamente

    transientes, tendo, ainda, que ser compacto e eficiente. Outro fator de complexidade do sistema o

    fato do compressor ser acionado atravs do motor trmico do veculo, o que determina a alta gama de

    rotaes que este compressor deve suportar. Este ltimo fator faz com que a capacidade de

    refrigerao seja afetada.

    Alguns parmetros so essenciais anlise do conjunto e afetam, de maneira direta, o sistema de ar

    condicionado. Esses parmetros so a temperatura, a umidade, a taxa de fluxo de ar na entrada do

    evaporador, a temperatura e velocidade do ar na entrada do condensador e a velocidade do

    compressor.

    Como visto, h parmetros de grande importncia para o sistema. De acordo com Joudi et al.

    (2003), para que um refrigerante seja capaz de substituir o R12 em um sistema de climatizao

    automotiva, necessrio respeitar alguns critrios, relacionados com esses parmetros. Um desses

    critrios a taxa de compresso. Quanto mais baixa a taxa de compresso, menor a tendncia do

    compressor de permitir o vazamento de vapor alta presso para o lado de baixa presso. Essa baixa

    taxa de vazamento de vapor acarreta uma maior eficincia volumtrica do compressor.

    Recentemente, Dias (2004) desenvolveu um programa computacional que simulava um sistema de

    ar condicionado automotivo com os fluidos refrigerantes R12, R134a e alguns hidrocarbonetos. Nesta

    simulao, foi implementado um programa computacional para comparar o desempenho energtico

    dos refrigerantes alternativos com o R134a, por meio de um ciclo padro de compresso a vapor, e

    outro, para analisar um sistema real de refrigerao automotiva com esses refrigerantes. De acordo

  • 7

    com o autor, alguns hidrocarbonetos mostraram boa aplicabilidade nos sistemas de refrigerao em

    questo, enquanto outros tiveram desempenho insatisfatrio, quando comparados com o R134a.

    1.3 OBJETIVO DO TRABALHO

    O presente trabalho tem como objetivo principal simular, por meio de um programa

    computacional, um sistema de climatizao automotiva em regime permanente com condies de

    operao variadas, utilizando-se dois fluidos refrigerantes, o R12 e o R22 e dois compressores do tipo

    swash plate, do fabricante DELPHI, modelos CVC 125 e CVC165.

    Alm do objetivo principal, alguns outros objetivos secundrios so relevantes ao estudo realizado,

    tais como a modelagem matemtica do problema, em regime permanente, dos diversos tipos de

    equipamentos utilizados na climatizao automotiva, sendo eles, o compressor de capacidade varivel

    do tipo swash plate, um condensador de fluxo de ar paralelo com micro-canais, uma vlvula de

    expanso termosttica e um evaporador.

    Alm da simulao e da modelagem matemtica, pretende-se comparar os resultados obtidos pela

    simulao numrica com resultados experimentais, publicados na literatura, para validar o programa

    desenvolvido.

    1.4 METODOLOGIA

    Para a execuo do projeto e a concretizao dos objetivos descritos, algumas etapas sero

    realizadas. Tendo em vista a simulao computacional do sistema de climatizao automotiva, tem

    que se realizar uma modelagem matemtica de cada componente pertencente ao sistema, para que a

    implementao possa ser feita. Essa modelagem e a simulao sero feitas para um regime

    permanente.

    Com o modelo matemtico desenvolvido, a implementao do programa computacional ser

    realizada, sendo desenvolvido um cdigo fonte em linguagem FORTRAN (Compaq Visual Fortran 6,

    1999), que ser responsvel pela simulao numrica a ser realizada. Com esse cdigo fonte, relatrios

    de resultados sero emitidos com os resultados pertinentes aos casos estudados.

    Posteriormente, as condies de operao devem ser determinadas, i.e, alguns casos de operao

    devem ser determinados e utilizados, para que se possa obter resultados e analis-los. Com a

    determinao dos casos a serem estudados e com o cdigo fonte implementado, relatrios de

    resultados sero emitidos com os valores das variveis mais importantes pro sistemas e esses sero

    utilizados para se comparar e validar o programa computacional desenvolvido.

    Essa comparao ser realizada com publicaes recentes de resultados experimentais e numricos

    encontrados por outros autores, tendo em vista determinar a eficincia do programa computacional

    desenvolvido.

  • 8

    1.5 ESTRUTURA DO TRABALHO

    Tendo em vista a elaborao de um estudo completo e conciso, faz-se necessrio um

    demonstrativo da organizao da estrutura do presente trabalho.

    No Captulo 1, mostrado o contexto histrico relevante ao estudo proposto, bem como a sua

    importncia, alm de se mostrar o que j foi publicado em relao ao assunto estudado e determinar

    uma metodologia a ser seguida, com a inteno de se obter resultados satisfatrios. O objetivo

    principal do trabalho discutido, bem como os objetivos secundrios, relevantes para a anlise do

    problema.

    No Captulo 2, sero mostrados os conceitos tericos envolvidos no sistema de climatizao

    automotiva. O ciclo padro de compresso a vapor e seus elementos mais importantes sero analisados

    e os conceitos relativos a eles, abordados. Os processos psicromtricos sero mostrados e discutidos,

    relatando os conceitos tericos importantes e relevantes ao estudo realizado. Alm disso, os ciclos

    padro de ensaio automotivo sero analisados, tendo em vista a apresentao de conceitos tericos

    existentes.

    O Captulo 3 ser focado na modelagem matemtica dos componentes do sistema de climatizao

    automotiva. Os balanos gerais de massa e de energia do sistema sero mostrados e cada componente

    analisado, sendo esses o compressor, o condensador, o dispositivo de expanso e o evaporador. Os

    fluidos que esto presentes no processo de climatizao (ar e refrigerante) sero discutidos tambm

    nessa etapa, sendo abordadas as caractersticas mais relevantes dessas substncias e as relaes

    matemticas que determinam as suas propriedades termodinmicas.

    No Captulo 4, a simulao numrica ser comentada, sendo mostrada uma viso geral da mesma.

    Os principais mdulos/rotinas/funes utilizados no cdigo fonte sero analisados, bem como os

    mtodos e as tcnicas usadas na implementao do cdigo. Os fluxogramas das rotinas mais

    importantes sero mostrados para que a visualizao da simulao seja feita de maneira transparente.

    No Captulo 5, os resultados relativos a cada um dos casos propostos sero mostrados, bem como

    as anlises referentes a esses resultados. Nesta etapa, uma validao do programa computacional ser

    realizada, por meio de comparaes entre os resultados obtidos e os resultados experimentais e

    numricos encontrados por outros autores.

    No Captulo 6, as concluses finais relativas aos resultados obtidos sero discutidas e comentadas,

    alm de propostas para novos trabalhos.

  • 9

    2 CONCEITOS TERICOS

    No presente captulo, o ciclo padro de compresso a

    vapor abordado, mostrando os conceitos tericos que

    o envolvem, dando nfase s variveis de performance

    do ciclo. Alm da abordagem terica do ciclo padro

    de compresso a vapor, so considerados os fluidos

    refrigerantes mais utilizados no processo de

    refrigerao por compresso e suas principais

    vantagens e desvantagens. Por fim, introduzida uma

    abordagem do sistema de climatizao automotivo,

    comentando seus principais aspectos e mostrando

    esquemas que ilustram o sistema.

    2.1 O CICLO DE COMPRESSO A VAPOR

    Dentre os sistemas de refrigerao existentes hoje, o mais utilizado o sistema de refrigerao por

    compresso, sendo aplicado em residncias, comrcios, transportes, etc. Este sistema, bem como a

    maioria dos sistemas de refrigerao ou aquecimento existentes, trabalha com mudana de fase do

    fluido refrigerante, sendo essa mudana de lquida para vapor ou vice-versa. Durante esse processo de

    mudana de estado do fluido refrigerante, ocorrem variaes nas propriedades termodinmicas do

    fluido.

    O ciclo padro de compresso a vapor considerado o mais importante ciclo, pois permite

    diferentes aplicaes em refrigerao e ar condicionado, sendo, com isso, o mais usado na prtica.

    Nele, o vapor comprimido, condensado, tendo posteriormente a sua presso diminuda de modo que

    o fluido refrigerante possa se evaporar a uma baixa presso (Stoecker e Jones, 1985).

    O ciclo em questo pode ser comparado a uma mquina trmica de Carnot operando em sentido

    inverso ao motor trmico. O ciclo de Carnot possui a maior eficincia possvel quando comparado

    com ciclos reais, pois consiste de processos reversveis. O interesse nessa comparao se d devido a

    essa alta eficincia, sendo utilizado como uma referncia para se analisar mudanas que possam

    acarretar maior ou menor eficincia nos ciclos reais.

    A Fig. (1) mostra um esquema de como os componentes do ciclo padro de compresso a vapor

    so distribudos. Analisando essa figura, nota-se que o objetivo de se retirar calor de um recinto

    fechado e transmiti-lo ao exterior, a fim de se resfriar o recinto, alcanado.

    Os diagramas de temperatura-entropia e de presso-entalpia so mostrados na Fig. (2). O diagrama

    presso-entalpia o mais utilizado na anlise do ciclo refrigerao vapor, pois vrios parmetros

    importantes desse ciclo podem ser mais facilmente determinados atravs das curvas presentes no

    diagrama. Em aplicaes de refrigerao, a entalpia uma das propriedades termodinmicas mais

    importantes, sendo determinada com maior facilidade no diagrama presso-entalpia, reforando a

    importncia da utilizao desta ferramenta grfica.

  • 10

    Figura 1. Arranjo esquemtico do ciclo de compresso a vapor.

    Os processos presentes neste ciclo padro so listados a seguir:

    1-2: Compresso adiabtica reversvel desde o estado de vapor saturado at a

    presso de condensao;

    2-3: Rejeio reversvel de calor presso constante, diminuindo a

    temperatura do refrigerante inicialmente e condensando-o depois;

    3-4: Expanso irreversvel entalpia constante desde o estado de lquido

    saturado at a presso de evaporao;

    4-1: Ganho de calor presso constante, produzindo a evaporao do

    refrigerante at o estado de vapor saturado.

    Figura 2. Diagrama (a) temperatura-entropia e (b) presso-entalpia (Dias, 2004).

  • 11

    Dada a importncia do diagrama presso-entalpia na anlise do ciclo padro de compresso a

    vapor, considere a Fig. (3) a seguir.

    Figura 3. O diagrama presso-entalpia (My Space, 2004).

    A linha isotrmica horizontal na regio de mudana de fase, pois a presso de saturao possui

    somente uma temperatura correspondente. J na regio de lquido sub-resfriado, esquerda da linha de

    lquido saturado, a linha isotrmica praticamente vertical, fazendo com que a entalpia possa ser

    determinada a partir da temperatura, independentemente da presso. Na regio de vapor

    superaquecido, direita da linha de vapor saturado, a isotrmica cai gradualmente para a direita,

    tornando-se vertical logo em seguida. Em posio ascendente, localiza-se a linha isentrpica, da direta

    para a esquerda. Nessa linha, mostra-se uma compresso adiabtica e reversvel (isentrpica),

    revelando um aumento de entalpia medida que a presso aumenta durante a compresso. direita

    ascendente da linha de vapor saturado, encontra-se a linha de volume especfico constante, indicando

    que linhas de volume especfico maior correspondem a presses gradualmente menores.

    O ciclo padro de compresso a vapor em um diagrama presso-entalpia possui o aspecto que

    mostrado na Fig. (4). O processo 1-2 representa uma compresso isentrpica, partindo do estado de

    vapor saturado at a presso de condensao. O processo 2-3 representa uma diminuio de

    temperatura seguida de uma condensao presso constante. O processo 3-4 corresponde expanso

    isentlpica. E o processo 4-1 representa o escoamento de fluido refrigerante no evaporador a uma

    presso constante at a condio de vapor saturado.

    Figura 4. Aspecto do diagrama presso-entalpia em um ciclo padro de compresso a vapor.

  • 12

    2.1.1 DESEMPENHO DO CICLO PADRO DE COMPRESSO A VAPOR

    O diagrama de presso-entalpia, como j mencionado, possui um papel importante na

    determinao de variveis essenciais para a anlise do ciclo. Essas variveis so o trabalho especfico

    de compresso, a taxa de rejeio de calor, a capacidade de refrigerao, o coeficiente de performance,

    a vazo de refrigerante e a potncia de refrigerao. A Fig. (5) mostra os parmetros mais importantes

    em um diagrama presso-entalpia para a anlise do ciclo padro de compresso a vapor.

    Figura 5. Parmetros relevantes do ciclo de compresso a vapor.

    O trabalho especfico de compresso, dado em kJ/kg, determinado pela variao de entalpia entre

    1 e 2, de acordo com a Fig. (5). Sabendo-se que a compresso ocorre de maneira adiabtica,

    desprezando-se a variao de energia cintica, a variao de energia potencial, a variao de energia

    interna e a variao mssica temporal, segue que:

    21 hhwcp = (1)

    Neste caso, a diferena de entalpia negativa, mostrando que o trabalho realizado sobre o

    sistema. No caso da condensao do fluido refrigerante, processo 2-3 da Fig. (5), o calor rejeitado,

    sendo calculado pela diferena de entalpia entre 2 e 3, desprezando-se as variaes de energia cintica

    e potencial. Portanto, o calor rejeitado, em kJ/kg, dado por:

    23 hhqcd = (2)

    A diferena de entalpia na condensao negativa, pois o calor cedido pelo refrigerante. Em

    relao ao efeito de refrigerao, processo 4-1 da Fig. (5), o calor trocado entre o fluido refrigerante

    e o fluido secundrio (gua ou ar). Este parmetro representa o efeito til do ciclo. O efeito de

    refrigerao, em kJ/kg, calculado atravs da diferena de entalpia entre 1 e 4, como a seguir:

    41 hhqev = (3)

  • 13

    A determinao de taxas instantneas de calor e trabalho, em regime permanente, pode ser

    realizada, tendo-se como parmetros os termos especficos (por kg de refrigerante) definidos acima e a

    vazo de refrigerante refm& , dada em kg/s.

    A potncia, em kW, exigida por um compressor ideal pode ser determinada pelo produto entre a

    vazo de refrigerante e o trabalho especfico de compresso, obtendo-se:

    ( )21 hhmW ref = && (4)

    De maneira similar, pode-se determinar a capacidade de refrigerao, em kW, atravs do produto

    entre a vazo de refrigerante e o efeito de refrigerao, fazendo com que:

    ( )41 hhmQ refev = && (5)

    Analogamente, determina-se a taxa de rejeio de calor no condensador, em kW, por meio do

    produto entre a vazo de refrigerante e a rejeio de calor no condensador, seguindo:

    ( )23 hhmQ refcd = && (6)

    Um outro parmetro a ser considerado o da eficincia, baseado na 2 Lei da Termodinmica. Este

    pode ser utilizado para se comparar diferentes sistemas de refrigerao. Um parmetro de eficincia

    simples utilizado para se comparar diferentes sistemas conhecido como coeficiente de performance

    (COP). O COP definido pela razo entre o efeito til do sistema e a potncia necessria. No caso do

    ciclo analisado, esse efeito til a capacidade de refrigerao e essa potncia necessria a do

    compressor. Com isso, segue que:

    necessriapotncia

    tilefeito

    hh

    hh

    W

    Q

    QQ

    QCOP

    cp

    ev

    evcd

    ev =

    ==

    =

    23

    41

    &

    &

    &&

    &

    (7)

    Quando se compara dois sistemas de refrigerao iguais ou diferentes, operando em condies

    diferentes, no se pode utilizar o COP. Uma outra maneira de se comparar esses sistemas, em uma

    mesma faixa de temperatura, utilizando-se o conceito de COP para um Ciclo de Carnot. O COP para

    o Ciclo de Carnot dado por:

    evcd

    ev

    LH

    L

    carTT

    T

    TT

    TCOP

    =

    = (8)

    onde LT a temperatura do reservatrio de baixa temperatura e HT a temperatura do reservatrio de

    alta temperatura. Operando em um ciclo de Carnot, a transferncia de calor se d quando a diferena

    de temperatura tende a zero. Neste caso, evL TT = e cdH TT = , tornando-se possvel a comparao de

    eficincia ideal.

  • 14

    Considere a Fig. (6) a seguir, que mostra um ciclo de compresso a vapor com subresfriamento e

    superaquecimento. Alm do subresfriamento do lquido (3-3), o vapor na entrada do compressor est

    superaquecido, isto , o ponto 1 no est exatamente na linha de saturao. E os processos de

    condensao e evaporao no so perfeitamente isotrmicos, ou seja, as linhas 2-3 e 4-1 so

    ligeiramente inclinadas.

    As principais diferenas entre o ciclo padro e o real residem nas perdas de carga no evaporador e

    no condensador, no sub-resfriamento do lquido que deixa o condensador e no superaquecimento do

    vapor na aspirao do compressor.

    Figura 6. Ciclo de Compresso a Vapor com subresfriamento e superaquecimento.

    2.2 A PSICROMETRIA

    A psicrometria, do grego psychro, o estudo das misturas de ar e vapor dgua, i.e. o estudo do ar

    mido (no limite, estudo de misturas binrias nas quais um dos componentes um vapor

    condensvel).

    A psicrometria um caso particularmente importante, em especial, no estudo e clculos de

    sistemas de condicionamento de ar, uma vez que o conforto trmico no depende apenas da

    temperatura, mas tambm da quantidade de vapor d'gua presente no ar. Alm da aplicao em

    sistemas de condicionamento de ar, outras podem ser relacionadas, como a condensao em

    superfcies frias, o resfriamento evaporativo.

    Com o estudo da psicrometria, faz-se necessria a definio de ar seco e ar mido. O ar seco a

    mistura de vrios gases que compem o ar atmosfrico (oxignio, nitrognio, gs carbnico, etc) e que

    formam uma mistura homognea para uma grande faixa de temperatura. J o ar mido ocorre, quando,

    alm da mistura de gases, h a presena de vapor dgua, que pode saturar temperatura ambiente e,

    ento, condensar.

    Alm dos conceitos de ar seco e ar mido, outros conceitos so importantes, tais como os de ar

    saturado e ar no-saturado. Ar saturado uma mistura de ar seco e vapor dgua saturado (estado de

    equilbrio entre o ar mido e as fases lquidas e vapor dgua). J o ar no-saturado a mistura de ar

    seco e vapor dgua superaquecido.

  • 15

    Vrios conceitos so empregados quando se analisa a mistura ar-vapor dgua: umidade relativa e

    absoluta, temperatura de bulbo seco e mido, ponto de orvalho e carta psicromtrica.

    A umidade relativa, , a razo entre a frao molar do vapor dgua no ar mido e a frao do

    vapor dgua no ar saturado mesma temperatura e presso total. De uma outra maneira, pode se

    definir umidade relativa da seguinte maneira:

    atemperaturmesmaaparaguadsaturaodepresso

    guadvapordoparcialpresso

    '

    '= (9)

    A umidade absoluta, W , definida como sendo a massa de gua contida em 1 kg de ar seco. A

    umidade absoluta pode ser determinada atravs da equao dos gases perfeitos. Nas aplicaes usuais

    de condicionamento de ar, tanto o vapor dgua quanto o ar podem ser considerados gases perfeitos.

    Isso ocorre porque, no caso do ar, a sua temperatura elevada em relao temperatura de saturao

    e, no caso do vapor dgua, a sua presso baixa em relao presso de saturao.

    A Eq. (10) mostra a relao que define a umidade absoluta.

    satatm

    sat

    pp

    p

    oardekg

    guadvapordekgW

    == 622,0

    sec

    ' (10)

    onde satp a presso de saturao e atmp a presso atmosfrica.

    A temperatura de bulbo seco definida como sendo a temperatura medida por um termmetro

    comum. A temperatura de bulbo mido definida como sendo a temperatura medida por um

    termmetro que possui um pavio molhado anexado ao seu bulbo. A temperatura do ponto de orvalho

    a temperatura na qual o vapor d'gua contido no ar se condensa. Equivale temperatura de saturao

    da gua na presso parcial do vapor contido. Todas as propriedades definidas so utilizadas, direta ou

    indiretamente, no que chamado de carta psicromtrica. A Fig. (7) mostra uma carta psicromtrica.

    Figura 7. Carta psicromtrica.

  • 16

    2.2.1 PROCESSOS PSICROMTRICOS NO CONDICIONAMENTO DE AR

    Para se estudar os processos psicromtricos no condicionamento de ar, considere o esquema tpico

    de fluxo de ar em um sistema de condicionamento de ar mostrado na Fig. (8). Note que nesse

    esquema, os dispositivos no esto dispostos da maneira real, mas essa disposio correta depende do

    tipo de equipamento, do porte da instalao, etc. Alguns elementos foram omitidos, como o filtro,

    mostrando que essa situao analisada ideal, portanto no h troca de calor pelos dutos que

    conduzem o ar.

    Figura 8. Esquema tpico de um processo de condicionamento de ar.

    Na condio E, o ar insuflado para o ambiente, onde ele recebe uma quantidade de calor por

    unidade de tempo Q& , o que acarreta a sua mudana para o estado F, sendo retornado para a entrada do

    equipamento de condicionamento. H ainda uma rejeio de calor, pois h uma necessidade de

    conservao da massa do sistema.

    Este calor que fornecido para o ar possui duas parcelas: a sensvel e a latente. A parcela sensvel

    composta de fontes que produzem aumento de temperatura, como equipamentos no ambiente,

    pessoas, radiao solar, conduo atravs de paredes, etc. J a parcela latente composta de fontes que

    produzem aumento de umidade, como pessoas, equipamentos de cozimento, banhos de laboratrio,

    etc. A quantidade de calor por unidade de tempo Q&

    conhecida como carga trmica.

    Na entrada do sistema de condicionamento, o fluxo de ar que retorna (condio F) adicionado de

    uma parcela de ar renovado (condio A). Essa renovao de ar se faz necessria, pois o metabolismo

    humano, em um ambiente fechado, acarretaria em uma diminuio na proporo de oxignio no local.

    Passando pelo ventilador, o ar de renovao e o de retorno esto misturados, resultando na

    condio B, que passa pela serpentina de resfriamento. Nessa serpentina, a temperatura e a umidade do

    ar so reduzidas. Em algumas instalaes, utiliza-se, em geral, gua gelada produzida por uma

    mquina de refrigerao nessa serpentina. Em outras, utiliza-se o prprio evaporador do circuito de

    refrigerao.

  • 17

    Uma serpentina ideal removeria toda a umidade, deixando o ar com uma temperatura baixa e

    100% de umidade (saturado). Mas isso no ocorre no processo real. Na serpentina real, o ar que sai

    (condio C) est saturado com um by-pass do ar que entra (condio B). Na sada, ambos se

    misturam, resultando em ar na condio D. O ar, em D, passa por um aquecimento (em geral com

    resistncias eltricas) para reduzir a umidade, produzindo o ar na condio E, o qual insuflado no

    local que se deseja climatizar.

    Essa situao descrita acima pode ser mostrada em uma carta psicromtrica. Considere a carta

    psicromtrica ilustrativa mostrada na Fig. (9).

    Figura 9. Desenho esquemtico de uma carta psicromtrica.

    Nas misturas que ocorrem durante o processo de condicionamento, a ar de renovao (condio A)

    misturado com o de retorno (condio F), resultando na condio B. De forma similar, no modelo

    dado para a serpentina real, ar na condio B se mistura com ar na condio C (saturado), resultando

    em ar na condio D.

    A variao de entalpia entre as condies E e F (ar insuflado e ar de retorno, respectivamente)

    corresponde ar calor que foi removido do ambiente climatizado. A variao de temperatura

    corresponde ao calor sensvel e a de umidade, ao calor latente. A variao das condies entre D e E

    ocorre em uma linha horizontal, somente com aumento de temperatura de bulbo seco, pois o

    aquecimento (feito, na maioria das instalaes, por resistncias eltricas) no adiciona gua ao ar.

    2.3 FLUIDOS REFRIGERANTES

    Os fluidos refrigerantes so lquidos utilizados para realizar o transporte de energia trmica baixa

    temperatura de um local para o outro (Stoecker & Jones, 1985). Pelo fato de existirem vrios tipos e

    classificaes de refrigerantes, a American Society of Heating, Refrigeranting and Air-Conditioning

  • 18

    Engineers (ASHRAE), na norma ANSI/ASHRAE Standard 34-1997, padronizou o tipo de

    nomenclatura a ser utilizada para os variados tipos de refrigerantes existentes.

    Esses cdigos de classificao so utilizados mundialmente, onde o mais difundido a letra R,

    que indica a denominao Refrigerante, mas h tambm outros tipos de cdigos. Pode-se usar os

    prefixos que identificam a composio qumica (CFC-, HCFC-, HFC- ou HC-), ou ainda, o

    nome do fabricante oficial do fluido refrigerante.

    Os fluidos refrigerantes devem seguir as normas estabelecidas pela Environmental Protection

    Agency (EPA), possuindo propriedades qumicas, fsicas e outras que sejam desejveis. Essas

    propriedades, no caso da refrigerao, so:

    No txico e no inflamvel;

    Alto calor de vaporizao para minimizar a quantidade de refrigerante e o tamanho do

    equipamento;

    Baixo volume especfico no estado vapor para minimizar o tamanho do compressor;

    Baixo calor especfico no estado lquido para minimizar a transferncia de calor no sub-

    resfriamento do lquido condensado;

    Baixa presso na temperatura de condensao projetada para evitar compressores de alta

    presso;

    Presso de evaporao maior que a da atmosfera para evitar entrada de ar em caso de

    vazamento.

    Alm dessas normas mencionadas anteriormente, importante que o fluido refrigerante possua

    ODP nulo e um potencial de efeito estufa (GWP) baixo. O GWP (Global Warming Potential) uma

    tentativa de fornecer uma medida simples dos efeitos radioativos relativos das emisses de vrios

    gases do efeito estufa. De acordo com Dias (2004), o ndice definido como o foramento radioativo

    cumulativo em relao a um determinado tempo decorrido, causado por uma unidade de massa de gs

    emitida no presente, expresso em relao ao de algum gs de referncia (no caso, o gs carbnico).

    2.3.1 CLOROFLUORCARBONOS (CFCs)

    Os fluidos refrigerantes clorofluorcarbonados possuem em sua estrutura qumica, molculas de

    cloro, flor e carbono. So considerados compostos halocarbnicos, pois possuem halogenos (cloro,

    flor ou bromo) em suas estruturas qumicas. A Tab. (1), mostrada a seguir, fornece dados sobre as

    propriedades dos CFCs mais importantes utilizados na indstria.

    .

  • 19

    Tabela 1. Propriedades dos refrigerantes clorofluorcarbonados (Calm e Hourahan, 2001).

    Cdigo

    Frmula Qumica ou

    Composio da Mistura Nome

    comum

    Massa Molecular

    [g]

    Temp. Ebulio

    [C]

    Temp. Crtica

    [C]

    Presso Crtica [MPa]

    ODP GWP [100 anos]

    R11 FCCl3 137,37 23,7 198,0 4,41 1,00 4600

    R12 22 FCCl 120,91 -29,8 112,0 4,14 0,82 10600

    R13 3CClF 104,46 -81,3 28,9 3,88 1,00 14000

    R113 22 FCClFCCl 187,37 47,6 214,1 3,39 0,90 6000

    R114 22CClFCClF 170,92 3,6 145,7 3,26 0,85 9800

    R115 32CFCClF 154,47 -38,9 80,0 3,12 0,40 7200

    Esses refrigerantes foram utilizados na indstria por vrios motivos:

    So baratos;

    So no-corrosivos;

    Possuem baixa toxicidade;

    No so inflamveis;

    So compatveis com outros materiais.

    Algumas precaues devem ser tomadas quando se manuseia este tipo de refrigerante. No se deve

    liberar uma quantidade considervel perto de chamas ou de fontes de calor, pois o calor pode quebrar a

    ligao entre seus elementos, causando danos pele humana. Alm desse problema, deve-se haver

    preocupao com a inalao desse material, pois este pode ser prejudicial ao sistema respiratrio.

    Em relao a suas aplicaes, estes fluidos refrigerantes no so mais utilizados, devido aos

    grandes valores de ODP e GWP que estes possuem, fazendo com que eles sejam extremamente

    nocivos ao meio ambiente. Antes de serem banidos, o R11 era usado em Chillers centrfugos para

    aplicaes variadas, o R12 era usado em aplicaes industriais e residenciais, sendo verstil e

    geralmente usado em equipamentos do tipo rotatrios, o R113 era usado em Chillers centrfugos de

    baixa capacidade e o R114 era usado em Chillers de alta capacidade.

    2.3.2 HIDROCLOROFLUORCARBONOS (HCFCs)

    Os HCFCs so compostos por molculas de metano e etano com um halogeno, fazendo com que

    as molculas esses refrigerantes sejam consideradas parcialmente halocarbnicas. A Tab. (2) mostra

    algumas propriedades desses refrigerantes.

  • 20

    Tabela 2. Propriedades dos refrigerantes hidroclorofluorcarbonados (Calm e Hourahan, 2001)

    Cdigo

    Frmula Qumica ou

    Composio da Mistura Nome

    comum

    Massa Molecular

    [g]

    Temp. Ebulio

    [C]

    Temp. Crtica

    [C]

    Presso Crtica [MPa]

    ODP GWP [100 anos]

    R22 2CHClF 86,47 -40,8 96,2 4,99 0,034 1700

    R123 32CFCHCl 152,93 27,8 183,8 3,66 0,012 120

    R124 3CHClFCF 136,48 -12,0 122,3 3,62 0,026 620

    R141b FCClCH 23 116,95 32,0 204,2 4,25 0,086 700

    R142b 23CClFCH 100,49 -9,0 137,2 4,12 0,043 2400

    Os HCFCs possuem um tempo de vida reduzido, causando uma menor depleo ao oznio,

    quando comparados com os CFCs. Pelo fato de possurem um potencial de depleo ao oznio

    reduzido, o potencial de aquecimento global tambm reduzido. A EPA pretende extinguir o uso e o

    consumo dos HCFCs at o ano de 2030.

    Em relao a suas aplicaes, o refrigerante R22 tem como aplicao os diversos sistemas de

    climatizao residenciais e comerciais industriais, e o R123 serve como um substituto do R11 em

    aplicaes envolvendo chillers centrfugos.

    2.3.3 HIDROFLUORCARBONOS (HFCs)

    Em comparao com os HCFCs, os hidrofluorcarbonos se diferenciam pelo fato de possurem um

    ou mais tomos de hidrognio e no possurem tomos de flor em sua composio qumica. A Tab.

    (3) mostra algumas propriedades relevantes para a anlise dos HFCs.

    Tabela 3. Propriedades dos refrigerantes hidrofluorcarbonados (Calm e Hourahan, 2001)

    Cdigo

    Frmula Qumica ou

    Composio da Mistura Nome

    comum

    Massa Molecular

    [g]

    Temp. Ebulio

    [C]

    Temp. Crtica

    [C]

    Presso Crtica [MPa]

    ODP GWP [100 anos]

    R23 3CHF 70,01 -82,1 25,9 4,84 0,00 12000

    R32 22 FCH 52,02 -51,7 78,2 5,80 0,00 550

    R125 32CFCHF 120,02 -48,1 66,2 3,63 0,00 3400

    R134a 32 FCFCH 102,03 -26,1 101,1 4,06 0,00 1300

    R143a 33CFCH 84,04 -47,2 72,9 3,78 0,00 4300

    R152a 23CHFCH 66,05 -24,0 113,3 4,52 0,00 120

    Os HFCs, quando comparados com os CFCs, possuem um potencial de depleo ao oznio nulo

    e um GWP reduzido. De acordo com o Protocolo de Montreal, a restrio dos hidrofluorcarbonos

  • 21

    ocorre pelo fato de possurem um GWP elevado para sistemas de refrigerao, considerando-se o fato

    desses sistemas possurem produo e consumo elevados.

    Em relao s aplicaes desse tipo de refrigerante, o refrigerante R134a o mais utilizado nos

    sistemas de refrigerao atuais. O R134a no se mistura com leos minerais e com determinados tipos

    de lubrificantes.

    2.3.4 HIDROCARBONETOS (HCs)

    Os hidrocarbonetos so caracterizados por possurem somente hidrognio e carbono em suas

    estruturas qumicas. Os HCs podem ser naturalmente obtidos atravs dos gases provenientes do

    petrleo. Quando comparados com os refrigerantes fluorcarbonados, eles possuem uma massa

    molecular significativamente menor, o que lhes proporciona propriedades de transporte superiores. A

    Tab. (4) mostra algumas propriedades desses fluidos refrigerantes.

    Tabela 4. Propriedades dos refrigerantes hidrocarbonetos (Calm e Hourahan, 2001).

    Cd. Frmula Qumica ou Composio

    da Mistura (Nome comum)

    Mas.Molec

    [g]

    TempEbu. [C]

    TempCrt. [C]

    P. Cr. [MPa]

    ODP GWP [100 anos]

    R170 33CHCH (etano) 30,07 -88,9 32,2 4,87 0,00 -20

    R290 323 CHCHCH (propano) 44,10 -42,2 96,7 1,25 0,00 -20

    R600 3223 CHCHCHCH (butano) 58,12 -0,5 152,0 3,80 0,00 -20

    R600a 323 )( CHCHCH (isobutano) 58,12 -11,7 134,7 3,64 0,00 -20

    R601 32223CHCHCHCHCH

    (pentano) 72,15 36,0 196,6 3,37 0,00 11

    R601a 3223)( CHCHCHCH

    (isopentano) 72,15 27,8 187,8 3,39 0,00 11

    Os HCs so considerados refrigerantes alternativos, sendo realizados muitos estudos para se

    utilizar estes refrigerantes nos sistemas de refrigerao. Esses gases possuem estabilidade qumica em

    temperaturas elevadas, so no-corrosivos, possuem baixa toxicidade, mas so inflamveis.

    Os hidrocarbonetos possuem potencial de depleo ao oznio nulo e potencial de aquecimento

    global nulo. Isso os caracteriza como sendo um dos melhores substitutos aos refrigerantes utilizados

    atualmente.

    2.4 SISTEMA DE AR CONDICIONADO AUTOMOTIVO

    O sistema de ar condicionado automotivo segue o mesmo processo de climatizao realizado por

    outros sistemas de refrigerao, utilizando o ciclo de compresso a vapor, tendo apenas algumas

    diferenas no funcionamento de alguns componentes. Uma das peculiaridades a maneira pela qual

    feito o acionamento do compressor. Este dispositivo conectado com o motor do veculo atravs de

  • 22

    uma correia, fazendo com que a rotao do compressor esteja sempre variando juntamente com a do

    motor, fazendo com que o regime de operao seja predominantemente transiente.

    Outra peculiaridade no funcionamento o fato do ventilador que arrefece o motor do veculo ser

    utilizado tambm para a rejeio de calor que ocorre no condensador do sistema de refrigerao. Se

    no houvesse este dispositivo para realizar a rejeio de calor, as trocas de calor entre o refrigerante e

    o ambiente seriam reduzidas, fazendo com que a condensao do fluido refrigerante fosse prejudicada.

    2.4.1 OPERAO DETALHADA DO SISTEMA

    O sistema de ar condicionado automotivo mostrado na Fig. (10), onde os seus principais

    componentes so relacionados, alm da disposio de cada um desses dispositivos atravs do motor do

    veculo.

    Figura 10. Sistema de ar condicionado automotivo (Hulsey, 2004).

    A funo primria do compressor est relacionada com o estabelecimento de um diferencial de

    presso associado ao deslocamento do fluido refrigerante. Ele admite gs com temperatura e presso

    baixas, proveniente do evaporador. Esse refrigerante comprimido e expelido pelo compressor,

    agora com temperatura e presso elevadas, para o condensador. O compressor acoplado ao motor do

    veculo por meio de uma correia, que liga a polia do eixo de manivelas polia da embreagem de

    engate eletromagntico, que montada no eixo do compressor.

    O condensador localizado na frente do radiador, na parte frontal do veculo. Por meio do sistema

    de ventilao do motor (ventoinha), o fluido refrigerante no condensador perde calor para o ar que

    vem do ambiente, diminuindo sua temperatura e transformando-se em lquido. Este ainda se encontra

  • 23

    sob considervel presso e uma troca trmica ineficiente no condensador pode acarretar em um

    aumento na presso e na temperatura do fluido refrigerante, alm da condensao incompleta do

    fluido. Se isso ocorrer, o refrigerante tender a sair antes de se encontrar totalmente lquido. Para se

    evitar isso, h um pressostato (com trs nveis) que aciona o eletroventilador do sistema de ventilao,

    fazendo com que a temperatura e, conseqentemente, a presso do refrigerante diminuam.

    O lquido que sai do condensador enviado para o filtro acumulador secador (no caso do sistema

    de expanso ser por meio da vlvula de expanso). Esse filtro possui trs diferentes funes. A

    primeira diz respeito acumulao de uma grande parte do fluido refrigerante, funcionando como um

    tanque de reserva. Tambm exerce a funo de secador, tendo em seu interior slica gel (no caso do

    R134a), que absorve as partculas de gua, evitando que elas congelem na entrada da vlvula de

    expanso, o que acarretaria danos no funcionamento do sistema. Alm dessas funes, h ainda a

    funo de reteno de eventuais partculas slidas, que so mostrados por um visor que existe no topo

    do filtro acumulador secador. Na montagem, esse dispositivo pode ser colocado antes ou depois do

    evaporador, mas se colocado aps o evaporador, o mesmo funcionar somente como filtro e secador.

    Como no h mudana de presso e de temperatura atravs do filtro acumulador secador, o

    refrigerante chega vlvula de expanso com as mesmas propriedades com que deixou o condensador.

    A vlvula de expanso montada na entrada do evaporador e tem como funes regular o fluxo de

    refrigerante e sua expanso, provocando uma forte queda em sua presso e temperatura. Pelo fato do

    compressor estar ligado ao motor do veculo, o qual sofre variaes de rotaes, a vlvula necessita de

    uma regulagem automtica da vazo do fluido que vai para o evaporador, para que o sistema seja

    estvel, mesmo com essas variaes.

    Nos sistemas de climatizao automotiva onde o refrigerante o R12, a regulagem feita por um

    tubo capilar ligado vlvula e com a extremidade ligada nas proximidades do evaporador. J no caso

    da utilizao do R134a, essa regulagem feita por um bulbo sensvel que monitora a temperatura da

    tubulao de retorno do evaporador. Em ambos os casos, esses dispositivos percebem variaes na

    temperatura do refrigerante e controlam a abertura da vlvula, aumentando ou diminuindo a vazo do

    fluido. H, tambm, em alguns veculos, ao invs da vlvula de expanso, o tubo capilar, mas esse

    dispositivo no sensvel s variaes de temperatura, sendo sua vazo fixa.

    O evaporador est localizado, juntamente com o eletroventilador de climatizao e com os

    comandos de regulagem do sistema, no que chamado de grupo condicionador. O fluido chega ao

    evaporador no estado lquido com baixa temperatura e baixa presso. O evaporador est conectado

    vlvula de expanso por meio dos tubos de entrada e sada. O eletroventilador de climatizao aspira o

    ar do habitculo ou o externo e sopra esse ar em direo as aletas do evaporador. Como o fluido

    refrigerante que circula no evaporador est a uma temperatura mais baixa que a do ar respirado, o

    fluido se aquece e passa do estado lquido para o gasoso. Com isso, o ar aspirado cede calor ao

    evaporador, tornando-se mais frio, alm de perder umidade. Esse ar chega ao local habitado pelos

    passageiros atravs de dutos.

  • 24

    Esse ar mido, em contato com as aletas frias do evaporador, torna-se lquido, escoando para o

    fundo da caixa de ar, sendo assim, levado para fora do veculo por meio de uma mangueira.

    A Fig. (11) mostra um esquema da circulao do fluido refrigerante atravs do sistema de ar

    condicionado.

    Figura 11. Circuito percorrido pelo fluido refrigerante (Bede, 2005, modificado).

    2.4.2 COMPRESSOR

    O compressor, no sistema de climatizao automotiva, essencial, pois ele que faz com que

    ocorra a circulao do refrigerante atravs dos componentes do sistema, quando o carro est em

    funcionamento. O compressor acionado por uma correia que est ligada diretamente ao motor

    trmico do veculo.

    Todos os compressores utilizados na climatizao automotiva so do tipo de deslocamento. Com o

    passar dos anos, as necessidades a cerca dos compressores automotivos mudaram. Na dcada de 60, a

    principal necessidade era a capacidade de refrigerao que ele era capaz de fornecer. Hoje, o quanto

    menor for o seu tamanho e a sua fora motora, melhor.

    Dentre os compressores de deslocamento, h uma diviso entre os compressores alternativos ou

    rotativos. Os que so utilizados na climatizao automotiva so os compressores do tipo Swash Plate

    (alternativo), Vane (Rotativo) e Scroll (Rotativo). Apesar do compressor do tipo swash plate ser o

  • 25

    mais utilizado, os outros dois compressores esto sendo cada vez mais utilizados pelo fato de serem

    compactos e mais silenciosos.

    A Fig. (12) mostra um compressor do tipo Swash Plate e seus componentes mais importantes. Em

    relao ao seu funcionamento, a vlvula de expanso aberta quando o pisto se move para a

    esquerda. A diferena de presso entre o eixo de suco no alojamento e dentro do cilindro acarreta a

    entrada de refrigerante no cilindro por meio da vlvula de suco. Inversamente, quando o pisto se

    move para a direita, a vlvula de suco fechada e o refrigerante, pressurizado. A pressurizao

    contnua aumenta a presso do refrigerante dentro do cilindro, causando a abertura da vlvula de

    descarga. Com isso, o fluido refrigerante escoa para o condensador por meio dos tubos.

    Figura 12. Compressor do tipo Swash Plate (Toyota, 2002).

    A Fig. (13) mostra um compressor do tipo Vane e seus componentes mais importantes. No que diz

    respeito ao funcionamento do compressor, o volume interno do cilindro aumenta com a rotao do

    rotor, causando a entrada de refrigerante dentro do eixo do cilindro por meio da porta de suco. O

    refrigerante aprisionado dentro do cilindro por meio das hlices e comprimido pelo rotor. Ento

    ocorre a descarga do fluido atravs da vlvula de descarga quando este alcana a presso de sada. Este

    compressor pode acarretar 10 descargas de fluido pressurizado para cada rotao.

    Figura 13. Compressor do tipo Vane (Toyota, 2002).

  • 26

    A Fig. (14) mostra um compressor do tipo Scroll e seus componentes mais relevantes. Neste caso,

    a medida em que a espiral rotativa se movimenta, o espao entre as duas espirais tambm se move,

    causando a diminuio gradativa do volume disponvel. O refrigerante entra pela porta de suco e

    gradualmente comprimido pela rotao da espiral orbital. Ento, o refrigerante descarregado pela

    porta de descarga depois de trs rotaes. Na verdade, o fluido refrigerante liberado uma vez por

    cada rotao. Este processo extremamente silencioso e eficiente, utilizado na maioria dos carros

    pequenos e leves.

    Figura 14. Compressor do tipo Scroll (Toyota, 2002).

    2.4.3 CONDENSADOR

    O condensador um trocador de calor usado para resfriar o refrigerante gasoso que est em alta

    presso e temperatura (proveniente do compressor) e transform-lo em um refrigerante lquido. Neste

    processo, o calor dissipado pelo condensador igual a soma do calor absorvido no evaporador e o

    calor adicionado pela compresso.

    O condensador construdo com tubos e aletas e instalado na frente do veculo. Esta posio

    propicia a refrigerao por meio do eletroventilador do sistema de ventilao do carro. Nos tubos,

    escoa o fluido refrigerante e nas aletas, ocorre a dissipao de calor para o ar ambiente. Em veculos

    com motor na parte dianteira, o fluxo de ar proporcionado pela existncia do sistema de ventilao

    do motor trmico para resfriar o radiador. Em veculos com motor na parte traseira, o fluxo de ar do

    condensador fornecido por um sistema auxiliar de ventilao eltrica (cooler).

  • 27

    Os condensadores so classificados de acordo com as diferenas em suas construes (montagem

    das aletas e dos tubos). Existem trs tipos principais de condensadores utilizados na refrigerao

    automotiva, sendo eles o condensador do tipo aleta e tubo, o condensador do tipo serpentina e o

    condensador do tipo micro channels. A Fig. (15) mostra um condensador do tipo micro channels. Este

    o mais utilizado em sistemas de climatizao automotiva.

    Figura 15. Condensador do tipo micro channels (Frigidair, 2005).

    2.4.4 RECEPTOR

    O filtro acumulador secador, tambm chamado de receptor, localizado entre o condensador e a

    vlvula de expanso. Este dispositivo separa o refrigerante no estado gasoso do refrigerante no estado

    lquido atravs da diferena de peso que h entre essas fases, alm de assegurar um fluxo permanente

    de fluido refrigerante para a vlvula de expanso. Alm disso, o secador e o filtro removem a umidade

    e a sujeira do refrigerante, alm de impedir a passagem de partculas slidas.

    Qualquer umidade dentro do sistema percorrido pelo refrigerante pode causar a corroso ou o

    congelamento dentro do orifcio da vlvula de expanso e inibir o fluxo de refrigerante. A Fig. (16)

    mostra um receptor e um esquema interno da disposio dos componentes do receptor.

    Figura 16. (a) receptor e (b) esquema da disposio interna no receptor (DENSO, 2004).

  • 28

    2.4.5 VLVULA DE EXPANSO

    A vlvula de expanso possui duas funes principais, sendo uma dessas a converso de

    refrigerante no estado lquido e em alta presso e temperatura para um refrigerante em baixa

    temperatura e presso, atravs de um pequeno orifcio. A outra a de controlar a vazo de refrigerante

    que entra no evaporador de acordo com o estado do refrigerante que deixa o trocador de calor

    mencionado.

    Existem dois tipos principais de vlvulas de expanso que so utilizadas no sistema de

    climatizao automotiva, a vlvula do tipo caixa e a do tipo conexo com juntas.

    A vlvula do tipo caixa possui uma estrutura bsica que contm um diafragma, um sensor de

    temperatura e uma vlvula de alvio. A Fig. (17) mostra uma vlvula de expanso do tipo caixa.

    Figura 17. Vlvula de expanso do tipo caixa (DENSO, 2004).

    O outro tipo de vlvula de expanso, a do tipo conexo por juntas, sendo que esta possui os

    mesmos componentes da vlvula do tipo caixa, podendo ainda ser classificada por possuir ou no um

    tubo equalizador de presso. A Tab. (5) mostra essa classificao por tubo equalizador de presso.

    Tabela 5. Classificao da vlvula de expanso do tipo conexo por juntas.

    Tipo Tubo Equalizador de Presso Aplicao Equalizao de presso externa Sim Capacidade elevada Equalizao de presso interna No Capacidade baixa

    Na vlvula de expanso do tipo conexo por juntas, o refrigerante selado no bulbo do sensor de

    temperatura, o qual se encontra na sada do evaporador para detectar a temperatura do refrigerante. A

    Fig. 18 mostra esta vlvula.

    Figura 18. Vlvula de Expanso do tipo conexo por juntas (Frigidair, 2005).

  • 29

    2.4.6 EVAPORADOR

    O evaporador um trocador de calor e possui uma estrutura simples feita de tubos e aletas, assim

    como o condensador. H trs tipos de evaporadores para a climatizao automotiva, os evaporados do

    tipo serpentina, do tipo tanque simples (evaporador ST) e do tipo tanque mltiplo (evaporador MS).

    As principais funes do evaporador so remover o calor do interior do veculo e desum